universidade de pernambuco (upe) - files.scire.net.br · pernambuco (upe), ... 1. código...

131
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (FCAP) CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL MAURÍCIO DE OLIVEIRA HOLANDA A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E A CONSERVAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAPIBARIBE: OS PARADIGMAS SOCIOAMBIENTAIS DO BAIXO CURSO RECIFE-PE 2012

Upload: vuongdang

Post on 10-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE)

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (FCAP)

CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL

MAURÍCIO DE OLIVEIRA HOLANDA

A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E A CONSERVAÇÃO DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO CAPIBARIBE: OS PARADIGMAS

SOCIOAMBIENTAIS DO BAIXO CURSO

RECIFE-PE 2012

Page 2: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

MAURÍCIO DE OLIVEIRA HOLANDA

A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E A CONSERVAÇÃO DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO CAPIBARIBE: OS PARADIGMAS

SOCIOAMBIENTAIS DO BAIXO CURSO

Dissertação apresentada à banca examinadora do Curso de Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável (GDLS) da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco (FCAP), Universidade de Pernambuco (UPE), como requisito para obtenção do grau de Mestre. Orientadora: Profa. Dra. Niédja Maria

Galvão Araújo e Oliveira

Linha de pesquisa: Aspectos ambientais e políticas públicas com foco no Desenvolvimento Local Sustentável (DLS)

RECIFE- PE 2012

Page 3: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Leucio Lemos

Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP/UPE

H722l Holanda, Maurício de Oliveira. A legislação ambiental e a conservação da bacia hidrográfica do Rio Capibaribe: os paradigmas socioambientais do baixo curso / Maurício de Oliveira Holanda ; orientador : Niédja Maria Galvão Araújo e Oliveira. – Recife, 2012.

127 f.: il.; tab. -

Dissertação (Mestrado) - Universidade de Pernambuco,

Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco, Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável, Recife, 2012.

1. Código florestal. 2. Desenvolvimento sustentável. 3. Legislação ambiental – Rio Capibaribe – Recife (PE). 4. Recursos naturais – Utilização. I. Oliveira, Niédja Maria Galvão Araújo e (orient). II. Título.

502.131.1(094) CDU (2007)

16-2012 Emanuella Bezerra - CRB-4/1389

Page 4: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,
Page 5: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

AGRADECIMENTOS

Este é um momento de grande realização em minha vida. Assim, torna-se

muito oportuno e satisfatório expressar meus sinceros agradecimentos a todos os

que contribuíram, de forma direta ou indireta, para idealizar, planejar, executar e

concluir mais uma etapa de minha vida, o mestrado.

“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores por meio

daquele que nos amou.” (Romanos 8.37).

Agradeço a Deus, primeiramente, a sua misericórdia divina, que se renova

todas as manhãs sobre nossa vida; segundo, pela sabedoria de vida, amor, paz e a

graça do conhecimento para que, por mim e por meio de outras pessoas,

conseguisse alcançar êxito em tudo o que faço, sendo mais que vitorioso em todos

as coisas para a glória do Seu Santo Nome.

A minha mãe, agradeço o apoio incondicional em todos os momentos da

minha vida; aos meus irmãos, o companheirismo e a colaboração importantíssima

para que este sonho fosse realizado; a minha querida esposa, que esteve ao meu

lado, em todos os momentos, apoiando-me e me ajudando em tudo,

incondicionalmente nas minhas decisões e escolhas nesta longa e árdua caminhada

do curso do mestrado. Sem seu apoio, não teria conseguido esta importante

conquista da minha vida.

Às minhas filhas, Fernanda e Letícia, bênçãos de Deus em nossa vida, que

compreenderam meu momento e estado emocional, bem como minhas

necessidades de tempo e silêncio aos estudos; agradeço, ainda, a torcida fiel nas

minhas vitórias.

A todos os funcionários do mestrado, especialmente Lidiane, Angélica, Geza

e Célia, que sempre me atenderam com toda presteza e educação.

À Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco (FCAP), o apoio e

a colaboração, especialmente à Coordenadora Geral de Pós-Graduação, Prof.ª

Derçulina Tavares Novaes, à Direção, Prof. Arandi Maciel, e a todos os professores

do mestrado, que tanto contribuíram para meu crescimento acadêmico na área de

Desenvolvimento Sustentável.

De modo muito particular e carinhoso, agradeço a estas pessoas, a quem

jamais poderia deixar de reservar um lugar especial nestes agradecimentos; minha

Page 6: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

querida mestra, Prof.ª Dra. Niédja Maria Galvão Araújo e Oliveira, que, ao longo da

minha vida acadêmica, me apoiou, acolheu-me e cuidou de mim como uma espécie

de adoção, ensinando-me e guiando-me para o puro conhecimento, sendo

instrumento de Deus para que agisse em minha vida, enriquecendo-me com sua

sabedoria; sou grato a Deus ter encontrado não só uma competente orientadora,

mas uma amiga. Ao Prof. Dr. Emanuel Leite, sua sincera amizade e ter-me dado a

honra de tê-lo na minha banca de dissertação. Ao Prof. Dr. Ronaldo Faustino,

agradeço seu ensino e toda a ajuda que me deu, gentilmente, todas as vezes que

precisei, e a honra de tê-lo na minha banca de dissertação. À Prof.ª Dra. Maria

Auxiliadora, sua grande contribuição para meu crescimento acadêmico e pessoal,

sua valorosa e sincera amizade. Sinto-me honrado por tê-la na minha banca de

dissertação,

A todos, meu carinho e meus sinceros agradecimentos.

Page 7: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

RESUMO

HOLANDA, Maurício de O. A legislação ambiental e a conservação da bacia hidrográfica do rio Capibaribe: os paradigmas socioambientais do baixo curso. 2012. Dissertação (Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local e Sustentável) – Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco, Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil, 2011.

Nesta pesquisa correlaciona-se a implementação do Código Florestal e a

efetivação do desenvolvimento local sustentável, refletindo sobre o papel do legislador na promoção de uma sociedade não só moderna, mas também ecossustentável. O tema é bastante pertinente para a promoção do desenvolvimento sustentável do baixo curso do rio Capibaribe, bem como de uma sociedade recifense mais saudável e ecologicamente correta, o que justifica sua escolha. O objetivo deste trabalho foi analisar a influência da legislação ambiental brasileira, em especial o Código Florestal, na conservação da bacia hidrográfica do Rio Capibaribe, no seu curso inferior correspondente ao município do Recife. Como principal proposta metodológica, utilizou-se pesquisa bibliográfica em livros, trabalhos acadêmicos, periódicos e em sites especializados. Para possibilitar maior aprofundamento no tema objeto deste estudo, optou-se pela abordagem qualitativa e quantitativa, com ênfase na pesquisa descritiva e entrevista. Nas áreas determinadas pela pesquisa, constatou-se que há níveis variados de poluição, bem como grande desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados, praticamente não existe fiscalização ambiental na bacia do Capibaribe e a legislação ambiental, especialmente o Código Florestal, tem sido frontalmente desrespeitada, sendo ineficaz na conservação da área de estudo desta pesquisa, principalmente em relação à mata ciliar e aos mangues. Os mais altos índices de poluição se encontram no município do Recife. Rio poluído é sinônimo de baixa qualidade ambiental, redução da flora e da fauna.

Palavras-chave: Código Florestal. Desenvolvimento sustentável. Legislação ambiental. Rio Capibaribe. Utilização dos recursos naturais.

Page 8: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

ABSTRACT

HOLANDA, Maurício de O. The environmental legislation and conservation of river basin Capibaribe: the paradigms of low socio course. 2012. Dissertation (Masters in Management of Local and Sustainable Development) – Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco, Universidade de Pernambuco, Recife, Brazil, 2011.

This research pleads analyze the correlation between the implementation of the Forest Code and the realization of sustainable local development, reflecting on the role of the legislature in promoting a society not only modern, but also eco-sustainable. The theme is quite relevant to the promotion of a recifense society healthier and environmentally friendly, which explains their relevance for sustainable development of the lower course of the river Capibaribe in Recife. The objective of the study is to analyze the influence of Brazilian environmental legislation, in particular the Forest Code, in the conservation of river basin Capibaribe in its lower course corresponding to the city of Recife. As the main methodological proposal, we used the literature in books, academic papers, periodicals and specialized websites. To enable greater depth in the subject object of this study, we opted for qualitative and quantitative approach, with emphasis on descriptive and interview. In certain areas the survey, it was found that there are varying levels of pollution and a great lack of environmental regulations on the part of respondents, there is virtually no environmental enforcement Basin Capibaribe and Environmental legislation, especially the Forest Code has been violated frontally, being ineffective in the conservation area of this research study, especially in relation to the Wetlands and riparian vegetation. The highest levels of pollution are in the city of Recife. Polluted river is synonymous with low environmental quality, reduction of flora and fauna. Keywords: Forestry Code. Sustainable development. Hydrographic basin. Environmental legislation. Capibaribe river. Utilization of natural resources.

Page 9: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Gravura representando a “venda em Recife” nos anos 1820...... 50

Figura 2 – Recife vista do espaço.................................................................. 53

Figura 3 – Manguezal no estuário do rio Capibaribe..................................... 55

Figura 4 – Manguezal muito poluído na margem direita do rio Capibaribe, centro do Recife............................................................................

56

Figura 5 – Mangue nas margens do rio Capibaribe no bairro Joana Bezerra.........................................................................................

57

Figura 6 – Vegetação nas margens do rio Capibaribe no bairro das Graças 58

Figura 7 – Mangue vermelho bastante comum no litoral brasileiro............... 59

Figura 8 – Mapa da bacia hidrográfica do rio Capibaribe.............................. 62

Figura 9 – Baixo curso do rio Capibaribe, Recife-Pernambuco..................... 63

Figura 10 – Membros da equipe itinerante coletando água do rio Capibaribe para análise: Projeto A Mata Atlântica é Aqui...............................

70

Figura 11 – Perspectiva arquitetônica do novo terminal marítimo do Recife.. 71

Figura 12 – Prédio da Conab desativado......................................................... 72

Figura 13 – Rota de navegabilidade oeste ..................................................... 73

Figura 14 – Rota de navegabilidade norte....................................................... 73

Figura 15 – Passeio de Catamarã pelo rio Capibaribe, Recife Antigo............ 74

Figura 16 – Assentamento das fundações da ponte semiperimetral.............. 75

Figura 17 – Vista do Parque Estadual de Dois Irmãos.................................... 76

Figura 18 – Percurso da Via Parque, de Apipucos ao centro do Recife 77

Figura 19 – Moradias na comunidade Caranguejo Tabaiares......................... 79

Figura 20 – Palafitas na comunidade Caranguejo Tabaiares, lixo flutuante e edifícios de classe média..............................................................

80

Page 10: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

Figura 21 – Contraste nas margens do rio Capibaribe: à esquerda, prédios no bairro de Apipucos; à direita, uma favela.................................

81

Figura 22 – Lixo em área de preservação ambiental na margem do Rio Capibaribe ao lado do Parque Santana, bairro de Casa Forte....

82

Figura 23 – Lixo nas margens do rio Capibaribe em área próxima do centro. 83

Figura 24 – Rio Capibaribe transformando-se em lamaçal.............................. 84

Figura 25 – Proprietários do Capibar, casal Maria do Socorro e André Luiz Cantanhede..................................................................................

95

Figura 26 – Vista frontal do Bar e Restaurante Capibar.................................. 96

Figura 27 – Terraço do Capibar....................................................................... 96

Figura 28 – Varanda do Capibar decorada com garrafas PET....................... 97

Figura 29 – Salão do Capibar decorado com materiais retirados do rio Capibaribe....................................................................................

98

Figura 30 – “Pesca” de lixo no rio Capibaribe................................................. 99

Figura 31 – Estofado retirado do rio................................................................ 100

Page 11: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

LISTA DE QUADRO

Quadro 1 – Unidades geológicas na bacia do rio Capibaribe........................ 54

Page 12: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição dos valores em hectares nas classes de áreas de mangue, área urbana e solo exposto/outra vegetação 1974, 1997, 2007..................................................................................

85

Tabela 2 – Resultado da aferição da qualidade da água no baixo curso do rio Capibaribe em 2009-2010 pela CPRH..................................

86

Tabela 3 – Faixa etária dos entrevistados................................................... 87

Tabela 4 – Escolaridade................................................................................ 87

Tabela 5 – Trabalho/atividade dos entrevistados.......................................... 88

Tabela 6 – Sobre a moradia.......................................................................... 88

Tabela 7 – Coleta de lixo e tratamento de esgoto na área onde reside....... 89

Tabela 8 – Doença em alguém da casa nos últimos seis meses................. 89

Tabela 9 – Utilização dos serviços de saúde ou de outro órgão da Prefeitura.....................................................................................

90

Tabela 10 – Importância do rio Capibaribe..................................................... 90

Tabela 11 – Opinião sobre a poluição no rio Capibaribe................................ 91

Tabela 12 – Opinião sobre o desenvolvimento sustentável no bairro............ 91

Tabela 13 – O que gostaria de ver a Prefeitura ou o governo do Estado fazer pela comunidade e pelo rio Capibaribe..............................

92

Tabela 14 – Conhecimento das leis federais, estaduais e municipais que tratam do meio ambiente e acesso..................................................................

92

Tabela 15 – Relação dos entrevistados com o rio Capibaribe........................ 93

Tabela 16 – Maior problema que o rio Capibaribe enfrenta na atualidade... 93

Tabela 17 – Opinião sobre a revitalização do rio Capibaribe.......................... 94

Tabela 18 – Recomposição da vegetação nas margens de rio....................... 103

Page 13: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APP Áreas de Preservação Permanente

CAPE Centro de Artesanato de Pernambuco

CIPOMA Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente

CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos

CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento

COBH Capibaribe Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CRH Conselho Estadual de Recursos Hídricos

EA Educação Ambiental

EMLURB Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IBDF Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal

MMA Ministério do Meio Ambiente

PHA Capibaribe Plano Hidroambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe

PNMA Política Nacional do Meio Ambiente

PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos

RIMA Relatório de Impacto Ambiental

RPA Regiões Político-Administrativas

SGRH Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos

SECTMA Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

SIRH Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos

Page 14: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SPHAN Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

TMP Terminal Marítimo de Passageiros

UC Unidades de Conservação

ZEIS Zonas Especiais de Interesse Social

ZEPA Zonas Especiais de Preservação Ambiental

Page 15: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 15

1.1 JUSTIFICATIVA................................................................................... 16

1.2 OBJETIVOS......................................................................................... 18

1.2.1 Objetivo geral....................................................................................... 18

1.2.2 Objetivos específicos........................................................................... 19

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO...................................................... 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................... 20

2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL............................................... 20

2.1.1 Gestão do desenvolvimento local........................................................ 21

2.1.1.1 Gestão e política ambiental................................................................. 23

2.1.2 A educação ambiental......................................................................... 27

2.2 CONCEITO DE BACIA........................................................................ 29

2.3 MEIO AMBIENTE................................................................................ 31

2.4 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL................................................................. 32

2.4.1 Código Florestal de 15 de setembro de 1965...................................... 36

2.4.2 A Lei n.º 9.433/97................................................................................ 38

2.4.2.1 Análise da Lei n.º 9.433/97: Política Nacional de Recursos Hídricos...............................................................................................

40

2.4.2.2 O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.......... 46

2.4.3 Conselho Estadual de Recursos Hídricos........................................... 46

2.4.4 Lei n.º 12.984/05.................................................................................. 47

2.4.5 Lei Municipal n.º 16.243/96.................................................................. 48

2.5 PROCESSO HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO DO CURSO INFERIOR DA BACIA DO RIO CAPIBARIBE........................................................

49

2.5.1 O município do Recife e a bacia hidrográfica do rio Capibaribe......... 52

Page 16: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

2.6 AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS FLORESTAIS..................................... 59

3 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................... 61

3.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO........................ 61

3.2 INSTRUMENTOS DE PESQUISA E COLETA DE DADOS................ 63

3.2.1 Estudo de caso.................................................................................... 65

3.2.1.2 Sujeitos da pesquisa............................................................................ 65

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 67

4.1 POLÍTICAS PÚBLICAS E INICIATIVAS DA SOCIEDADE CIVIL PARA A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAPIBARIBE...................

67

4.1.1 Água: preocupação.............................................................................. 68

4.1.2 Mobilidade urbana............................................................................... 70

4.1.3 Projeto Parque Linear do Capibaribe................................................... 77

4.2 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO BAIXO CURSO DO RIO CAPIBARIBE.......................................................................................

78

4.3 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS NATURAIS DA BACIA DO CAPIBARIBE.....................................................................

85

4.4 PESQUISA DE CAMPO...................................................................... 87

4.4.1 Entrevista com moradores próximos das margens do rio Capibaribe e com trabalhadores do Porto do Recife.............................................

87

4.4.2 A educação ambiental para a conservação e utilização do rio Capibaribe............................................................................................

94

4.4.2.1 Entrevista com proprietários do Bar e Restaurante Capibar............... 94

4.5 O NOVO CÓDIGO FLORESTAL E A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAPIBARIBE................................................................................

101

CONCLUSÃO...................................................................................... 105

REFERÊNCIAS................................................................................... 107

APÊNDICE A – Roteiro de entrevista com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe............................................................

119

APÊNDICE B – Entrevista com o representante legal do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe..................................................

120

APÊNDICE C – Questionário aplicado a 30 moradores dos bairros de Apipucos, Torre e Várzea, e a 10 trabalhadores do Porto, bairro do Recife, próximos das margens do rio Capibaribe no baixo curso....................................................................................................

124

Page 17: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

15

1 INTRODUÇÃO

A água é considerada uma substância vital aos seres vivos na Terra. Por esse

motivo, esse mineral assume a qualidade direta de bem à humanidade, considerado,

na atualidade, como um nó górdio ao desenvolvimento das espécies viventes,

principalmente a humana. Contudo, a água está cada vez mais escassa em todo o

planeta. Primeiro, pela própria distribuição na natureza: de toda a água existente na

Terra, o percentual de 97,2% é de águas salgadas dos mares e oceanos

(talassociclo). O percentual restante, 2,8%, representa a água doce (limnociclo),

distribuída de forma desigual entre as geleiras, com 2,15%; águas subterrâneas,

0,63%; vapor d’água na atmosfera, 0,005%; e nos rios e lagos 0,01% (BAIRD,

2002).

A segunda situação que gera a escassez da água é sua disponibilidade por

habitante (vazão per capita) em termos regionais e locais, e o uso/consumo

crescente. O Brasil detém 12% da totalidade da água doce do mundo, apresentando

33.900 m³/hab/ano (AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS, 2002). Contudo, assiste-se

a uma grande variedade de vazões per capita nas regiões hidrográficas brasileiras.

Fatores combinados como a precária administração ambiental e o desperdício

no uso têm comprometido as áreas bem providas de água doce. Embora a água

seja um recurso natural renovável em termos de quantidade, é não renovável em

qualidade, o que torna de extrema importância seu manejo correto, bem como a

preservação do sistema que a integra.

Os valores médios de vazão por habitante/ano estão fortemente ligados a

vários fatores além dos dois elementos principais, indivíduo e água, mais seu

balanço hídrico, qualidade da água, densidade demográfica, aspectos físicos,

políticos e socioeconômicos, que muitas vezes são ignorados, a exemplo a bacia do

rio Capibaribe no estado de Pernambuco.

A bacia apresenta um quadro de baixa disponibilidade hídrica, 428

m³/hab./ano, fortemente influenciado por sua localização geográfica; corta as áreas

de maior concentração populacional do estado, a Zona da Mata Norte e a região

metropolitana do Recife (RMR). Esse número ainda pode cair se forem levados em

consideração os fatores supracitados. A bacia do Capibaribe sofre com a omissão

pública, o descaso dos políticos e de parte da sociedade, com a ausência de um

Page 18: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

16

plano gestor que leve em consideração o sistema hídrico como área de fatores e

elementos integrados e interligados.

A RMR tem cerca de 3.898.470 habitantes (IBGE, 2011). O município do

Recife, objeto do estudo, é o mais populoso da região, com 1.546.410 habitantes;

em face disso, maior urbanização, concentração de pessoas, serviços, indústrias,

etc., e como consequência imediata, a grande geração de agentes poluentes e

impactos ambientais.

Historicamente, o rio Capibaribe era utilizado pela população recifense como

via de escoamento de seus produtos e de transporte pela própria cidade; para

execução de atividades pesqueiras; e como área onde as pessoas não favorecidas

encontravam abrigo na construção de sua moradia, ou seja, as palafitas

(GUIMARÃES, 2010).

Diante do exposto, é imprescindível a gestão ambiental sistêmica integrada

para conservação e utilização de uma das principais bacias hidrográficas de

Pernambuco, a do rio Capibaribe, sem esquecer outros importantes mananciais para

manutenção da vida em seu sentido mais amplo. Para isso, é fundamental que na

elaboração e edição da legislação voltada ao meio ambiente, especialmente em

relação à utilização e conservação dos recursos hídricos, haja um estudo minucioso

e prévio de cada tema, levando em consideração tanto as partes como a totalidade,

ou seja, com muito critério, deve-se fazer uma análise holográfica do que vai ser

legislado.

Tudo isso incita a necessidade de investigação profunda na bacia do

Capibaribe, em seu baixo curso localizado no Recife, norteando-se a pesquisa deste

modo: de que forma o atual Código Florestal, Lei n.º 12.651, de 25 de maio de 2012,

influenciará na conservação e no uso da bacia hidrográfica do rio Capibaribe.

Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo pesquisar a aplicabilidade do

Código Florestal na utilização e conservação da bacia hidrográfica no curso inferior

do Rio Capibaribe, localizado no município do Recife.

1.1 JUSTIFICATIVA

As diversas formas de uso dos recursos hídricos no recorte espacial definido

na pesquisa trazem a necessidade de estudos voltados à gestão integrada das

Page 19: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

17

políticas públicas existentes e ao norte de outras que devem listar tal legislação a fim

de subsidiar e consolidar práticas sustentáveis no curso inferior do Capibaribe.

Recife é a área alvo de estudo, porque apresenta altos índices de agentes

poluidores, sendo fundamental a leitura da perda de floresta ciliar no município.

Importante se faz frisar que o espaço já foi do domínio da mata atlântica, hoje se

visualizando apenas alguns remanescentes.

A pesquisa analisa a correlação entre a aplicação do Código Florestal e a

efetivação do desenvolvimento sustentável local, refletindo sobre o papel do

legislador na promoção de uma sociedade não só moderna, mas também

ecossustentável. O tema é bastante pertinente para a promoção de uma sociedade

recifense mais saudável e ecologicamente correta, o que justifica sua relevância

para o desenvolvimento sustentável do curso inferior do rio Capibaribe no município

do Recife.

O gerenciamento dos recursos hídricos baseado no recorte territorial das

bacias hidrográficas fortaleceu-se em 1992, por ocasião do evento preparatório para

a Rio-92, a Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente, Dublin, Irlanda,

em que foram acordados os quatro Princípios de Dublin. Diz o Princípio n.º 1:

Princípio n.º 1 - A água doce é um recurso finito e vulnerável, essencial para sustentar a vida, o desenvolvimento e o meio ambiente. Já que a água sustenta a vida, o gerenciamento efetivo dos recursos hídricos demanda uma abordagem holística, ligando desenvolvimento social com o econômico e proteção dos ecossistemas naturais. Gerenciamento efetivo liga os usos da terra aos da água nas áreas de drenagem ou aqüífero de águas subterrâneas. (ONU, 1992a, p. 4, tradução nossa, grifo no original).1

A Lei n.º 9.433 (BRASIL, 1997), de 8 de janeiro de 1997, proporcionou ao

Brasil uma nova política de recursos hídricos e organizou o sistema de gestão,

tornando realidade a gestão por bacias hidrográficas. Na atualidade, os recursos

hídricos são geridos de forma organizada por bacias hidrográficas em todo o

1 No original: “Principle N.º 1 - Fresh water is a finite and vulnerable resource, essential to sustain life, development and the environment. Since water sustains life, effective management of water resources demands a holistic approach, linking social and economic development with protection of natural ecosystems. Effective management links land and water uses across the whole of a catchment area or groundwater aquifer.

Page 20: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

18

território nacional, seja em corpos hídricos de titularidade da União, seja dos

estados.

Na revisão bibliográfica desta pesquisa, pode-se perceber que, partindo dos

conceitos de bacias hidrográficas, ratifica-se a grande importância que elas têm na

promoção de um meio ambiente ecossustentável. Nota-se também a escassez de

trabalhos voltados ao estudo da interação ambiental, especialmente recursos

hídricos, com a legislação nacional e internacional vigente, justificando esta

pesquisa.

O norteamento do trabalho deve-se à importância que a bacia hidrográfica do

rio Capibaribe representa para o estado de Pernambuco, partindo dos pressupostos

da forma de sua ocupação no processo histórico até os momentos atuais. Ressalve-

se que a referida bacia, além de acompanhar o processo histórico, localiza-se

totalmente em Pernambuco, atravessando duas zonas fisiográficas, como o Agreste

e a Zona da Mata.

Com o reconhecimento de que a bacia hidrográfica do rio Capibaribe

desempenha um papel fundamental na promoção da qualidade de vida da

sociedade pernambucana nos aspectos econômico, social, ambiental e cultural,

surgiu o interesse em fazer uma análise sobre a aplicabilidade da legislação

ambiental, especialmente do Novo Código Florestal na conservação e utilização da

bacia hidrográfica do rio Capibaribe.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Esta dissertação tem como objetivo geral analisar a aplicabilidade da

legislação ambiental brasileira, em especial o Código Florestal, na conservação da

bacia hidrográfica do rio Capibaribe no seu curso inferior, correspondente ao

município do Recife.

Page 21: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

19

1.2.2 Objetivos específicos

a) Analisar os aspectos ambientais, sociais e econômicos no município do

Recife, o qual compõe o sistema hidrográfico no baixo curso.

b) Identificar as propostas do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe

sobre a fiscalização, a aplicação da legislação ambiental na bacia do

Capibaribe, em especial o Código Florestal, e as possíveis medidas

preventivas e sanativas para os impactos sofridos na área.

c) Estudar a aplicabilidade da legislação ambiental, servindo como indicador à

sustentabilidade da bacia em estudo.

d) Levantar as práticas e iniciativas da sociedade civil para a conservação da

bacia hidrográfica do rio Capibaribe.

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação divide-se em quatro seções mais a conclusão. Nesta seção

introdutória, justificou-se a escolha do tema e apresentaram-se os objetivos. Na

seção 2, faz-se a revisão da literatura sobre assuntos diretamente envolvidos na

pesquisa, aborda-se o tema desenvolvimento sustentável e educação ambiental;

conceitua-se o termo bacia, discorre-se sobre o meio ambiente e a legislação

pertinente. Apresenta-se o histórico da ocupação do curso inferior da bacia do

Capibaribe.

Na seção 3, caracteriza-se a área de estudo e descrevem-se os instrumentos

de pesquisa e a coleta de dados. Na seção 4, dividida em subseções, apresentam-

se os resultados e a discussão para facilitar a apresentação. Por fim, a conclusão.

Page 22: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

20

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta seção, apresenta-se a pesquisa teórica de estudos dirigidos à

legislação ambiental, degradação e conservação do rio Capibaribe a fim de subsidiar

a pesquisa sobre a bacia hidrográfica do rio Capibaribe no baixo curso.

Na opinião de Lakatos e Marconi (1999, p. 73), a pesquisa bibliográfica é uma

fonte de pesquisa das mais importantes. Os autores acrescentam:

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema em estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão.

Permite que o pesquisador tenha segurança quanto ao tema e os

antecedentes, uma vez que lhe dá acesso a tudo já publicado sobre o assunto.

2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A origem da expressão desenvolvimento sustentável se encontra nos estudos

da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as mudanças climáticas, nos anos

1970, provocadas pelos impactos ao meio ambiente. O desenvolvimento econômico

alienado, sem nenhum respeito ao meio ambiente, despertou a humanidade quanto

ao comprometimento de seu futuro (GONÇALVES, 2005).

Em 1983, a ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMAD) com o objetivo de rever os pontos críticos tanto do meio

ambiente quanto do desenvolvimento para que sejam discutidas e apresentadas

novas formas de cooperação internacional.

Em 1987, a comissão, presidida pela então primeira ministra da Noruega, a

médica Gro Harlem Brundtland, publicou o relatório intitulado “Nosso futuro comum”,

ou Relatório Brundtland, que apresentou a definição de desenvolvimento

sustentável: “[...] desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem

Page 23: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

21

comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem as próprias

necessidades.” (UNITED NATIONS, 1987, p. 37, tradução nossa).2

Nesse relatório a comissão deixa claro que o desenvolvimento sustentável só

é possível com a erradicação da pobreza, a população alimentada, com saúde e

habitação.

Um mundo onde a pobreza e a desigualdade é endêmica estará sempre propenso a crises ecológicas e outras. [...] Portanto, desenvolvimento sustentável requer que as sociedades atendam às necessidades humanas tanto pelo aumento do potencial produtivo como pela garantia de oportunidades iguais para todos. (UNITED NATIONS, 1987, p. 37, tradução nossa).3

O desenvolvimento sustentável pode ainda ser definido como um processo

que mobiliza indivíduos e instituições para a busca da transformação da economia e

da sociedade locais, proporcionando oportunidades de trabalho e de renda,

superando os desafios em busca da melhoria das condições de vida da população

local (MACIEL; PEDROSA; ASSUNÇÃO, 2007).

Atualmente, há mais de trezentos conceitos de desenvolvimento sustentável,

cada um direcionado ao atendimento das necessidades de governo, das ideologias,

de religião, considerando a economia e mais alguns outros. Verifica-se, no entanto,

que o conceito de desenvolvimento sustentável sugere a sustentabilidade, mas não

é uma premissa para que o foco se torne sustentável.

2.1.1 Gestão do desenvolvimento local

A discussão sobre o tema gestão do desenvolvimento local aprofundou-se

nos anos 1980. Em termos mundiais, não há consenso quanto ao conceito de

desenvolvimento local, alguns são discutíveis. De início, veja-se a definição de

desenvolvimento local feita por Coelho (1997, p. 48): “[...] plano de ação

coordenado, descentralizado e focalizado, destinado a ativar e melhorar – de

2 No original: “[…] is development that meets the needs of the present without compromising the ability of future generations to meet their own needs.”

3 No original: “A world in which poverty and inequity are endemic will always be prone to ecological and other crises. […] Hence sustainable development requires that societies meet human needs both by increasing productive potential and by ensuring equitable opportunities for all.”

Page 24: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

22

maneira sustentável – as condições de vida dos habitantes de uma localidade, e no

qual o desenvolvimento estimula a participação de todos os atores relevantes.”

O tema desenvolvimento local cresce em importância quando está em

discussão o papel dos municípios para a aceleração do desenvolvimento

econômico. Fatores culturais do desenvolvimento devem ser considerados na

discussão sobre desenvolvimento local. Como afirma Wolfe (1991, p. 62):

A questão com que, cada vez mais, iremos nos defrontar, não é se o desenvolvimento é possível, mas que tipo de desenvolvimento será e, para responder a esta pergunta, o social deverá se tornar parte do nosso foco, tanto quanto o econômico e o político.

Conforme orienta Dowbor (1999, p. 12-13):

As tendências recentes da gestão social nos obrigam a repensar formas de organização social, a redefinir a relação entre o político, o econômico e o social, a desenvolver pesquisas cruzando as diversas disciplinas, a escutar de forma sistemática os atores estatais, empresariais e comunitários. Trata-se hoje, realmente, de um universo em construção.

Para a efetivação do desenvolvimento social sustentável, a sociedade civil –

entenda-se, a família, as comunidades, as organizações voluntárias – e o local

devem estar inclusos como elementos essenciais. Nesse sentido, Wolfe (1991, p.

46) afirma:

[...] se pensarmos a sociedade civil como o lugar onde o poder reside, o campo onde as pessoas desenvolvem capacidades, que lhes permitirão desempenhar um papel nas escolhas políticas e econômicas, que suas sociedades deverão fazer, então, estamos preparando o terreno para um caminho social de desenvolvimento, que pode complementar o político e o econômico. (WOLFE, 1991, p. 46).

Conhecer a identidade dos indivíduos, sua qualidade de vida, tipos de

emprego que se criam; a visão que os gestores têm a respeito do desenvolvimento

local; as potencialidades que se podem trabalhar e valorizar; enfim, verificar os

pontos em que a cidade é forte e em quais é fraca.

Desse modo, a bacia do rio Capibaribe tem potencial para o desenvolvimento

sustentável, notadamente o baixo Capibaribe. Diferentemente do alto Capibaribe,

Page 25: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

23

que sofre com o déficit de água, o baixo curso tem o privilégio de produzir água na

própria bacia, o que permite satisfazer suas necessidades hídricas. Para tanto, faz-

se necessário trabalhar a gestão dos seus mananciais.

2.1.1.1 Gestão e política ambiental

Fundamentando-se na afirmação de Carlowitz (1713 apud FLORIANO, 2007,

p. 105, tradução do autor), segundo a qual “a natureza deve ser obrigatoriamente

utilizada com base nas suas características naturais para o bem-estar da população,

manejada e conservada com cuidado e com a responsabilidade de deixar um bom

legado para as futuras gerações”, compreende-se a gestão ambiental como a

administração dos recursos ambientais com a finalidade de preservá-los, garantindo

para as futuras gerações, um ambiente em harmonia com suas necessidades.

As políticas de gestão ambiental podem ser públicas ou privadas. Quintas

(2000, p. 17) dá sua definição de gestão ambiental pública:

[...] é um processo de mediação de interesses e conflitos entre atores sociais que agem sobre os meios físico-natural e construído. Este processo de mediação define e redefine, continuamente, o modo como os diferentes atores sociais, através de suas práticas, alteram a qualidade do meio ambiente e também como se distribuem os custos e os benefícios decorrentes da ação destes agentes.

Segundo Floriano (2007, p. 2-3): “A política ambiental privada pode ser

entendida como a declaração de uma organização, expondo suas intenções e

princípios em relação ao seu desempenho ambiental global, que provê uma

estrutura para ação e definição de seus objetivos e metas ambientais.” Já no

entendimento de Denardin, a política ambiental, de modo geral, é um conjunto de

metas e instrumentos com a finalidade de reduzir os impactos negativos no meio

ambiente, provocados pela ação antrópica. “Como toda política: possui justificativa

para sua existência; fundamentação teórica; metas e instrumentos; e, prevê

penalidades para quem não cumpre as normas pré-estabelecidas.” (DENARDIN,

2011, p. 2).

Page 26: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

24

Desde os anos 1970, quando a preocupação com o meio ambiente se

expandiu, passou-se a criar diversas políticas internacionais de gestão ambiental,

especialmente durante as conferências promovidas pela ONU.

O primeiro marco internacional relacionado com o meio ambiente foi a

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada de 5 a

16 de junho de 1972, em Estocolmo. Na ocasião, a ONU alertou os países

participantes sobre a degradação ambiental proveniente da ação do homem,

deixando a humanidade vulnerável a graves riscos. Nos itens 3 e 4, proclama:

3. [...] Ao nosso redor vemos multiplicarem-se as provas do dano causado pelo homem em muitas regiões da Terra: níveis perigosos de contaminação da água, do ar, do solo e dos seres vivos; grandes transtornos no equilíbrio ecológico da biosfera; destruição e esgotamento de recursos insubstituíveis e graves deficiências nocivas para a saúde física, mental e social do homem, no meio por ele criado, especialmente naquele em que vive e trabalha. 4. Nos países em desenvolvimento a maioria dos problemas ambientais é motivada pelo subdesenvolvimento. Milhões de pessoas continuam vivendo em um nível muito abaixo do mínimo necessário para uma existência humana decorosa, por se acharem privados de alimentação, vestuário, moradia, educação, saúde e higiene adequados. [...] Nos países industrializados os problemas ambientais estão geralmente relacionados com a industrialização e o desenvolvimento tecnológico. (ONU, 1972).

No Brasil, referente ao meio ambiente, em 1975, tem-se o Decreto-Lei n.º

1.413, de 14 de agosto, que “dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente

provocada por atividades industriais” (BRASIL, 1975); a Lei n.º 6.803, de 2 de julho

de 1980, “dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas

críticas de poluição” (BRASIL, 1980); e a Lei n.º 6.902, de 1981, de 27 de abril de

1981, que “dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção

Ambiental” (BRASIL, 1981a).

Consideram-se os anos 1980 o símbolo da conscientização ecológica, anos

em que a sociedade brasileira despertou para os perigos causados pela degradação

ambiental. Os rios e suas margens, no Brasil, eram tratados de forma separada

pelas políticas públicas urbanas e ambientais: os rios eram inclusos no planejamento

ambiental e as margens, no planejamento urbano. Segundo o entendimento de Melo

(2009), como fazem parte de um só ecossistema, naturalmente esses elementos

deveriam ser tratados em conjunto.

Page 27: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

25

Desse modo, para corrigir distorções como essas, promulgou-se a Lei Federal

n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981, que criou a Política Nacional do Meio Ambiente

(PNMA), para “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental

propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-

econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida

humana [...]” (BRASIL, 1981b).

A supracitada lei criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), com

a finalidade de assegurar o cumprimento das matérias ambientais dispostas na

legislação, tendo o órgão, esta estrutura:

- conselho superior – Conselho de Governo;

- órgão consultivo e deliberativo – Conselho Nacional do Meio Ambiente

(Conama);

- órgão central – Ministério do Meio Ambiente (MMA);

- órgão executor – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais

Renováveis (Ibama);

- órgãos setoriais – órgãos da Administração Federal, direta, indireta ou

fundacional, com a função de proteger o ambiente, em especial as

atividades em que se faz uso de recursos ambientais;

- órgãos seccionais – órgãos ou entidades estaduais com a responsabilidade

por programas ambientais ou fiscalização de atividades em que se utilizam

recursos ambientais;

- órgãos locais – entidades municipais com a responsabilidade por programas

ambientais ou fiscalização de atividades em que se utilizam recursos

ambientais.

Diante das iniciativas sociais de proteção ao meio ambiente e à legislação

existente, notadamente a PNMA, a Constituição brasileira não poderia continuar em

vacância quanto a um tema de tão grande relevância em todo o mundo

(BEHRENDS, 2011). Assim, a Constituição Federal de 1988 traz o Capítulo VI – Do

Meio Ambiente – inteiramente dedicado ao meio ambiente, o que veio fortalecer o

movimento social ambientalista.

A PNMA, visando assegurar condições para o desenvolvimento

socioeconômico, os interesses da segurança nacional e a proteção da dignidade da

vida humana, detalha os seguintes princípios no artigo 2.º:

Page 28: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

26

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

O segundo marco internacional foi a Conferência das Nações Unidas sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cnumad), também conhecida como Declaração

da Rio-ECO 92, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992 (ONU, 1992b). O

terceiro marco internacional foi a Rio+10, ou Conferência da Cúpula Mundial do

Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2002, Johannesburgo, África do Sul,

para avaliar os acordos firmados na Rio 92. A conferência foi considerada um

fracasso em relação a metas e prazos, apresentou os mesmos assuntos: “[...] os

temas abordados nessa reunião referem-se à energia limpa e renovável, às

consequências do efeito estufa, à conservação da biodiversidade, à proteção e uso

da água.” (GRANZIERA, 2009, p. 49).

O quarto marco internacional coube à Conferência das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada de 13 a 22 de junho de 2012 na

cidade do Rio de Janeiro. O Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, ao comentar os

resultados da Rio+20, na Assembleia Geral, sede de Nova York, afirmou:

A Rio+20 foi um sucesso. No Rio, vimos a evolução de um movimento global inegável para a mudança. [...] Primeiro – e mais importante –, a Rio+20 renovou e reforçou o compromisso político para o desenvolvimento sustentável. [...] o documento final reconheceu o papel que a economia verde pode desempenhar na redução da pobreza, no crescimento econômico e na preservação ambiental. Queremos aumentar a produtividade dos pequenos agricultores e parar a perda e o desperdício de alimentos. [...] Nós temos as ferramentas. Vamos usá-las para tornar este mundo sustentável para todos. (DECLARAÇÃO..., 2012).

Page 29: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

27

Contudo, A Rio+20 não despertou, entre muitos participantes, entusiasmo

semelhante ao do secretário da ONU, a exemplo do vice-presidente do Comitê

Científico do International Lake Environment Committee Foundation (Ilec) e

professor do Departamento de Biologia da State University of Texas, o cientista

Walter Rast, que veio do Japão com outros pesquisadores para participar da

conferência:

[...] fiquei desapontado com o relatório final da Rio+20. Teve uma

discussão considerável sobre metas para uma economia verde e

como ela é essencial para promover um desenvolvimento

sustentável. No entanto, o papel fundamental da água para o suporte

a essa meta não foi adequadamente iluminado. [...] houve pouca

menção às demais importâncias da água mundial e sobre a

variedade dos serviços ecossistêmicos proporcionados por sistemas

aquáticos que dão vida a um determinado ambiente. [...] a verdade é

que onde os recursos hídricos são escassos, existe pouco

desenvolvimento. [...] como exemplo os desertos, onde o

crescimento populacional é pequeno justamente pela falta de água.

Também não é coincidência que a maioria dos grupos humanos

tenha instalado sua moradia perto de fontes aquáticas, tanto para

satisfazer a necessidade do homem quando ele está com sede e

precisa cozinhar, como também para proporcionar meios de

transporte (os rios). (RAST apud CUDISCHEVITCH; FONTANETTO;

OLIVEIRA, 2012, grifos nossos).

Tal afirmação ressalta a importância da água para a preservação dos

ecossistemas, ou seja, a bacia hidrográfica do rio Capibaribe, objeto desta pesquisa.

2.1.2 A educação ambiental

O processo de degradação do meio ambiente provocada pelo homem está

intensificando-se em termos globais. Muitas catástrofes devem-se à ação do homem

na natureza. Para a degradação ambiental, muito contribuiu o modelo de

desenvolvimento econômico atual, em que o crescimento não tem controle e a

exploração dos recursos naturais é abusiva, de que decorre a perda de qualidade

ambiental, o que fez despertar a preocupação internacional (DIAS, 2002).

A preocupação de agentes da área ambiental dirige-se para os principais

problemas ambientais levantados pelo United Nations Environment Programme

Page 30: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

28

(UNEP, 2012): acelerado crescimento demográfico; urbanização acelerada;

desmatamento; poluição marinha, do ar e do solo; poluição e eutrofização de águas

interiores; perda de diversidade biológica; grandes construções civis; aumento

progressivo do consumo energético e as consequências ambientais; mudança

climática global; segurança alimentar, produção de alimentos inferior ao crescimento

da população, agricultura; falta de saneamento básico.

Vários setores da sociedade despertaram para a gravidade do problema e

têm dedicado esforços para sensibilizar o homem quanto à importância de se

preservar o meio ambiente, focando na Educação Ambiental (EA). Nesse sentido

tem havido iniciativas para o desenvolvimento de políticas ambientais interligadas às

políticas econômicas e sociais. “Vêm se multiplicando as iniciativas de utilização de

instrumentos econômicos para direcionar a atuação das forças de mercado em

sentido favorável à proteção ambiental e ao uso sustentável dos recursos naturais.”

(MAY et al., 2005, p. 9).

Empregou-se pela primeira vez a expressão educação ambiental na

Conferência de Educação realizada na Universidade de Keele, Inglaterra, em março

de 1965, onde se discutiu a necessidade de inclusão da educação ambiental no

ensino formal (DIAS, 1998).

Essa necessidade de se estabelecer programas de educação ambiental foi

reforçada durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente

Humano, realizada de 5 a 16 de junho de 1972, em Estocolmo. Na ocasião, a ONU

(1972) chamou a atenção dos 113 países participantes do evento sobre a

degradação ambiental causada pela ação do homem, trazendo sérios riscos para a

humanidade. Desse modo, em 1977, reconheceu-se a educação ambiental na

Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, em Tbilisi,

Rússia.

No Brasil, com a criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)

em 1981, a educação ambiental passou a receber incentivo do governo. Passados

onze anos, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (Cnumad), Declaração do Rio-ECO 92, a educação ambiental foi

reconhecida em definitivo como um processo indispensável para o desenvolvimento

sustentável por meio da Agenda 21 (ONU, 1992b).

Page 31: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

29

A educação ambiental no Brasil teve sua efetivação com a promulgação da

Lei n.º 9.795/99, de 27 de abril de 1999, que “dispõe sobre a Educação Ambiental e

institui a Política Nacional de Educação Ambiental” (BRASIL, 1999).

No artigo 1.º da Lei n.º 9.795/99, define-se a educação ambiental.

Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

O geógrafo brasileiro Aziz Ab' Sáber (1996, p. 47) apresenta a seguinte

definição: “Educação Ambiental é o conhecimento da estrutura, da composição e da

funcionalidade da natureza, das interferências que o homem produziu sobre esta

estrutura, esta composição e esta funcionalidade.”

2.2 CONCEITO DE BACIA

Buscando-se a melhor forma de expor os objetos aludidos nesta pesquisa,

apresentam-se os conceitos de bacia hidrográfica, sub-bacias, microbacias,

legislação ambiental, desenvolvimento sustentável e demais temas pertinentes a

este trabalho.

O ponto principal que deve nortear a gestão dos recursos hídricos é que os

diversos aspectos que influenciam na utilização desses recursos e na sua

conservação ambiental estejam integrados. Desse modo, "a bacia hidrográfica é o

palco unitário de interação das águas com o meio físico, o meio biótico e o meio

social, econômico e cultural", segundo Yassuda (1993, p. 8).

Existem vários conceitos de bacia hidrográfica, os quais não diferem tanto

entre um ou outro autor. Nesse sentido, observe-se o conceito de Botelho (1999, p.

269), para quem a bacia hidrográfica é uma “[...] área da superfície terrestre drenada

por um rio principal e seus tributários, sendo limitada pelos divisores de água”.

Comparando-se com a definição de Barrella et al. (2001):

Conjunto de terras drenadas por um rio e seus afluentes, formada nas regiões mais altas do relevo por divisores de água, onde as águas das chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram no solo para formação de nascentes e do lençol

Page 32: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

30

freático. As águas superficiais escoam para as partes mais baixas do terreno, formando riachos e rios, sendo que as cabeceiras são formadas por riachos que brotam em terrenos íngremes das serras e montanhas e á medida que as águas dos riachos descem, juntam-se a outros riachos, aumentando o volume e formando os primeiros rios, esses pequenos rios continuam seus trajetos recebendo água de outros tributários, formando rios maiores até desembocar no oceano. (BARRELLA et al., 2001, p. 138, grifos nossos).

Lima (1989, p. 11) expõe sua visão de bacia hidrográfica:

A bacia hidrográfica é um sistema geomorfológico aberto, que recebe energia através de agentes climáticos e perde através do deflúvio. A bacia hidrográfica como sistema aberto pode ser descrita em termos de variáveis interdependentes, que oscilam em torno de um padrão e desta forma, uma bacia mesmo quando não perturbada por ações antrópicas, encontra-se em equilíbrio dinâmico.

Sub-bacias são áreas de escoamento dos tributários do curso d’água

principal. Entre os estudiosos, a extensão de sub-bacias difere. Em média, elas

ocupam uma área acima de 100 km2 e abaixo de 700 km2 (FAUSTINO, 1996).

Santana (2003) afirma que as bacias têm a possibilidade de se subdividir em sub-

bacias, e o conceito de bacia hidrográfica e de sub-bacia é variável. Por

conseguinte, uma sub-bacia de menor ordem se constitui de outra que lhe é

imediatamente superior, a qual se interliga àquela de ordem superior, ou seja, de

acordo com a ordem hierárquica.

No que se refere às microbacias, não existe consenso quanto à definição e

seu uso prático (BOTELHO, 1999). Santana (2003) diz ser mais indicado adotar o

termo sub-bacia hidrográfica em razão de microbacia ser uma denominação

empírica.

As microbacias têm a totalidade de sua área com escoamento direto ao curso

principal de uma sub-bacia, segundo Faustino (1996); têm uma área inferior a 100

km2, e diversas dela formam uma microbacia. Cecílio e Reis (2006) afirmam que

microbacia é uma sub-bacia hidrográfica de área menor e sua extensão é de 10 a

20.000 ha ou 0,1 km2 a 200 km2.

A respeito da área de bacias hidrográficas, Lima e Zakia (2007) explicam:

[...] Do ponto de vista hidrológico as bacias hidrográficas são classificadas em grandes e pequenas não com base em sua superfície total, mas nos efeitos de certos fatores dominantes na

Page 33: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

31

geração do deflúvio. Define-se ‘microbacia’ como sendo aquela cuja área é tão pequena que a sensibilidade a chuvas de alta intensidade e às diferenças de uso do solo não seja suprimida pelas características da rede de drenagem.

Microbacias são unidades hidrológicas e ecológicas. Constitui-se de canais de

hierarquia de primeira, segunda e até de terceira ordem, consideradas ponto de

apoio dos processos hidrológicos, geomorfológicos e biológicos. São áreas muito

vulneráveis a frequentes perturbações, momento em que as escalas espacial,

temporal e observacional são primordiais, segundo Calijuri e Bubel (2006).

2.3 MEIO AMBIENTE

A Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981, no artigo 3.º, inciso I, define o meio

ambiente: “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,

química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.”

(BRASIL, 1981).

Já Ferreira (2006, p. 24), assim define: “Meio ambiente é o espaço onde se

desenvolvem as atividades humanas e a vida dos animais e vegetais. É um sistema

formado por elementos com o qual o homem interage, se adaptando, transformando-

o e utilizando-o para satisfazer suas necessidades.”

O termo meio ambiente é muito amplo, refere-se a tudo que existe na Terra;

assim, para facilitar o entendimento, muitos estudiosos do tema dividiram o meio

ambiente em quatro classes descritas a seguir.

Meio ambiente natural – também chamado físico, constitui-se por recursos

naturais, ou seja, água, ar, solo, flora, fauna, em que não há interferência do

homem.

Meio ambiente artificial – é fruto da ação do homem, trabalhado e modificado

por ele; construções fechadas ou abertas, edifícios, praças, ruas, entre outras.

Meio ambiente do trabalho – consideram-se os aspectos de Saúde Pública,

condições sanitárias do meio onde as pessoas trabalham; escritório, construção civil,

órgão público entre outros.

Meio ambiente cultural – concreto, quando ele se transfigura em um objeto

classificado como meio ambiente artificial: monumentos, prédios, construções,

estações, que têm a qualidade de turístico, artístico, paisagístico, arquitetônico ou

Page 34: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

32

histórico; abstrato, quando não se transfigura como meio ambiente artificial, ou seja,

a própria cultura, a língua, os costumes, o modo de relação das pessoas (social,

afetivo, profissional); “as produções acadêmicas, literárias e científicas, as

manifestações derivadas de cada identidade nacional e/ou regional, todos esses

aspectos, sem distinção, compõem abstratamente o meio ambiente cultural”

(MOURA, 2012, p. 1).

Os sistemas naturais são indispensáveis para garantir a sobrevivência do

homem. Eles fazem parte da vida do homem como extensão de seus sistemas

técnicos ou artificiais. Seu uso racional possibilita ao homem a construção de

ambientes confortáveis, favorece a produtividade e justiça, especialmente mantém

os ecossistemas e os recursos necessários ao ser humano. Contudo, alguns modos

de uso são danosos para o equilíbrio desses sistemas e tornam inviável a utilização

de outras formas (GIANSANTI, 2008). Desse modo, a atenção deve ser dirigida para

ações que visem reduzir o impacto negativo no meio ambiente e a proteção dos

recursos naturais.

2.4 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Nesta seção abordam-se os principais pontos referentes à história da

legislação ambiental do Brasil, o que permitirá melhor entendimento sobre os

dispositivos legais e a finalidade de cada um. Em 1698, surgiram os primeiros

dispositivos legais para regulamentar o uso dos recursos naturais do Brasil, as

chamadas “Ordens Reais”.

A finalidade dessas normas, promulgadas no período 1698-1799, era

restringir o uso da madeira utilizada na indústria naval. Tais normas, arbitradas pela

Coroa Portuguesa, tinham como foco o controle do acesso a esses recursos

naturais, uma vez que, naquele tempo, o transporte marítimo era o principal meio

para transportar riquezas e de defesa do patrimônio. Dessa forma, consideravam-se

os recursos naturais “bens públicos” sujeitos a restrições determinadas pelo governo

aos donos particulares das sesmarias, que se instalavam no Brasil colonial (DEAN,

1997).

Page 35: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

33

Em 1850, o Imperador do Brasil, Dom Pedro II, sancionou a “Lei das Terras”

(Lei n.º 601/1850), para regulamentar o acesso a terra, trazendo algumas restrições

quanto ao uso das propriedades rurais (BRASIL, 1850).

Depois da Revolução de 1930, no início da era Vargas, ensejou-se o desejo

de importantes personagens do movimento republicano, ou seja, industrializar e

desenvolver o país.

[...] formalizar, em novos níveis, as condições de intercâmbio e funcionamento das forças produtivas no mercado brasileiro. Além disso, pretendia-se também, estabelecer novos padrões e valores, ou reafirmar os padrões e valores específicos das relações e instituições de tipo capitalista. (IANNI, 1986, p. 34).

A troca do modelo econômico agrário para o industrial exigiu intenso uso da

energia elétrica, o que levou à preocupação com os recursos hídricos no país.

Assim, criou-se o primeiro Código Florestal brasileiro, pelo Decreto n.º 23.793, de 23

de janeiro de 1934, vigente até 1965. Ainda em 1934, decretou-se o Código de

Minas, Decreto n.º 24.642, de 10 de julho de 1934 (BRASIL, 1934a), que vigeu até

1940, ano em que foi substituído por outro com o mesmo nome; e o Código de

Águas, Decreto Federal n.º 24.643 de 10 de julho de 1934 (BRASIL, 1934b), que,

além de outras questões, regulamenta os Terrenos Reservados – faixa de 10 e 15

metros situada na extensão das margens dos corpos hídricos. Depois de passar por

alterações, ainda está em vigor (SILVESTRE, 2008).

Ao mesmo tempo em que se regularam a apropriação, o uso e a exploração

dos recursos naturais, criaram-se diversas áreas de preservação. Em 13 de janeiro

de 1937, criou-se o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan).

Também em 1937, 14 de junho, criou-se a primeira unidade de conservação

nacional, o Parque Nacional do Itatiaia e em 10 de janeiro de 1939, o segundo

parque nacional, Parque Nacional das Cataratas do Iguaçu, ambos na era Vargas

(PEROTTO, 2007).

Depois da 2.ª Guerra Mundial, deu-se continuidade às políticas públicas de

preservação do patrimônio histórico e artístico por meio do Decreto Legislativo n.º 3,

de 13 de fevereiro de 1948, que “aprova a Convenção para a proteção da Flora, da

Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América assinada pelo Brasil

a 27 de dezembro de 1940” (BRASIL, 1948).

Page 36: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

34

Esse processo intensificou-se com a Lei n.º 4.771, de 15 de setembro de

1965, sancionada pelo presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, que

revogou o Código Florestal de 1934 e instituiu o Novo Código Florestal (BRASIL,

1965) – de que se tratará na seção 2.4.1 –, e a Lei n.º 5.197/67, de 3 de janeiro de

1967, que dispõe sobre a proteção à fauna (BRASIL, 1967); o Decreto-Lei n.º 227,

de 28 de fevereiro de 1967, substituiu o Código de Minas de 1940 pelo Código de

Mineração.

Essas leis trouxeram mudanças ao entendimento dos modos de produção e

extração dos recursos naturais notadamente no meio rural. Contudo, as mudanças

só foram apreendidas pelos produtores rurais e pelas instituições federais e

estaduais de proteção e controle dos bens naturais depois de algum tempo, e não

de imediato.

O período de 1965-1994 merece atenção porque foi nele que os recursos

florestais adquiriram importância política, econômica, social e ambiental. Destacam-

se:

ii) o significativo incremento das áreas de Unidades de Conservação, destinadas à proteção da biodiversidade; (iii) o desenvolvimento tecnológico da silvicultura nacional; e (iv) a tomada de consciência, por parte da população/sociedade civil, da importância da conservação da natureza. (PEREIRA, 2002, p. 41).

Segundo Perotto (2007), nos anos 1970, iniciou-se a ordenação do

licenciamento para empreendimentos de médio e grande porte e de atividades

florestais; deu-se o aumento da estrutura de controle e fiscalização, a exemplo da

criação do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), atual Ibama;

criaram-se as áreas protegidas, Unidades de Conservação (UC).

Em 1981, sancionou-se a Lei Federal n.º 6.938/81, que trata da Política

Nacional de Meio Ambiente, criando-se regulamentos administrativos, e, em termos

oficiais, o processo de licenciamento ambiental no Brasil, que se concretizou como

um instrumento imprescindível de controle da utilização dos recursos naturais

(BRASIL, 1981).

A promulgação da Lei n.º 9.433, em 8 de janeiro de 1997, a qual é objeto de

análise na seção 2.4.2, representa um marco legal importante – ocasião em se

Page 37: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

35

instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou-se o Sistema Nacional de

Gerenciamento dos Recursos Hídricos.

Em 1998, a fiscalização e aplicação de pena referente às infrações contra o

meio ambiente tornaram-se mais rígidas, graças à Lei de Crimes Ambientais, Lei n.º

9.605/98, de 12 de fevereiro (BRASIL, 1998), o que provocou o aumento de conflitos

urbano-ambientais motivados pelos modos de produção que causam impacto nos

recursos naturais e na zona urbana. A lei determina as sanções administrativas e

penais nas condutas e atividades danosas ao meio ambiente; determina maior rigor

na fiscalização dos modos de produção e de extração dos recursos naturais antes

sem limite.

O arcabouço jurídico ambiental procura harmonizar a relação dos homens

com a natureza, visando ao uso controlado e à conservação dos recursos naturais.

A finalidade é garantir que a sociedade faça uso racional dos recursos naturais de

modo a não prejudicar o equilíbrio do ecossistema.

Conforme o pensamento de Almeida e Rigolin (2002, p. 159): “Na Natureza,

existe uma harmonia nas relações entre os seres vivos, entre si e entre os seres

vivos e o meio ambiente. É o chamado equilíbrio ecológico. Ao quebrar essa

harmonia, o homem provoca o que chamamos de impacto ambiental.”

Em razão das mudanças ocorridas nos mais diversos setores da sociedade

do século XX, tornou-se imprescindível a adoção de meios que assegurassem a

manutenção e revitalização dos recursos naturais. Por esse motivo, o Capítulo VI da

Constituição Federal de 1988 – Do Meio Ambiente – é dedicado à questão ambiental

(ROCHA, 2010).

As novidades trazidas pela Constituição em relação aos recursos hídricos

foram muito relevantes, uma vez que boa parte das normas existentes estava

desatualizada, e não havia instrumentos indispensáveis a uma gestão eficaz

(MUÑOZ, 2000).

Uma das mudanças mais significativas trazidas pela lei fundamental do Brasil

foi a extinção da posse das águas como um bem privado (BRASIL, 2010). No artigo

22, a Carta Magna de 1988 delimitou as competências legislativas da União para

legislar sobre águas e energia. A competência dos estados para legislar disciplina-se

no artigo 26, incisos I e II. Por sua vez, o artigo 24, inciso VI, traz como competência

concorrente da União, estados e do Distrito Federal legislar sobre "florestas, caça,

Page 38: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

36

pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,

proteção do meio ambiente e controle da poluição".

À primeira vista, parece não haver harmonia entre as competências, mas não

é verdade, uma vez que a União tem a competência de legislar sobre o Direito de

Águas enquanto os estados e o Distrito Federal têm competência para legislar sobre

as normas de âmbito administrativo, ou seja, aquelas relativas ao gerenciamento

dos recursos de sua área de atuação. Dessa forma, não é permitido a eles criar,

modificar ou abolir direitos.

Deve-se entender a competência legislativa sobre águas como a capacidade

que a União tem de editar normas gerais, de âmbito nacional, relativas às águas

federais e estaduais, com o objetivo de criar, modificar ou revogar direitos sobre as

águas. Se a competência for simultaneamente da União e dos estados, à União

caberá estabelecer as normas gerais, e aos estados e Distrito Federal, adaptá-las às

questões particulares locais (GRANZIERA, 2001).

A Constituição, no artigo 26, inciso I, ampliou o domínio dos estados sobre as

águas: “Incluem-se entre os bens dos Estados: I - as águas superficiais ou

subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na

forma da lei, as decorrentes de obras da União;” que, até então, ainda não tinham

titular definido.

Desse modo, para a manutenção e melhoria da qualidade do ambiente dos

bens coletivos, em especial a água, são bem-vindas normas compatíveis com o uso

e conservação desses ambientes.

2.4.1 Código Florestal de 15 de setembro de 1965

No governo Vargas, conforme já referido, criou-se em 1934 o primeiro Código

Florestal brasileiro, para controlar o uso indiscriminado das florestas brasileiras, uma

vez que, desde a época dos colonizadores, a natureza era considerada uma fonte

inesgotável de recursos, “e as florestas não passavam de ‘obstáculos’ que impediam

o avanço do desenvolvimento” (WWF-BRASIL, 2011, p. 4).

Em 1962, o desmatamento se alargava de forma desmedida, e diante dessa

situação inquietante, o ministro da Agricultura, o pernambucano Armando Monteiro

Page 39: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

37

Filho, escreveu uma carta ao presidente Juscelino Kubitschek em que expunha a

necessidade de se elaborar um novo código:

Há um clamor nacional contra o descaso em que se encontra o problema florestal no Brasil, gerando calamidades cada vez mais graves e mais nocivas à economia do país. A agricultura itinerante continua se desenvolvendo segundo os métodos primitivos dos primeiros anos do descobrimento. Chega o agricultor, derruba e queima as matas, sem indagar se elas são necessárias à conservação da fertilidade do solo ou do regime das águas. Depois de alguns anos de exploração, renovando anualmente a queimada, como meio de extinguir a vegetação invasora, o terreno esgotado é entregue ao abandono e o agricultor, seguindo as pegadas do madeireiro que adiante derrubou as árvores para extrair as toras, inicia novo ciclo devastador idêntico ao precedente. (MONTEIRO FILHO, 1962 apud AZEVEDO, 2011).

Depois de três anos de debates, concluiu-se a reformulação do código de

1934, revogado pela Lei n.º 4.771, de 15 de setembro de 1965 – que instituiu o Novo

Código Florestal –, sancionada pelo presidente Castelo Branco.

Dentre a vegetação a ser preservada, segundo o Código Florestal de 1965,

estão as matas ciliares, que fazem parte das Áreas de Preservação Permanente

(APP). Encontram-se nas margens dos rios, lagos, córregos, represas e nascentes,

que têm várias funções ambientais.

A falta de mata ciliar provoca escassez de água, uma vez que, sem ela, a

água da chuva vai escoar pela superfície do solo, não se infiltra, o que impede o

armazenamento no lençol freático; consequentemente, reduzem-se os rios, riachos,

nascentes, os córregos; favorece o surgimento de pragas na lavoura; impede que as

espécies da flora e da fauna se desloquem, reproduzam-se e garantam a

biodiversidade da região. A mata ciliar evita a erosão do solo e o assoreamento dos

rios, impede que a terra caia no rio; assim, a água mantém-se transparente e limpa

(LORENZI, 2002). Desse modo são bem recebidas as normas que orientem sobre o

bom uso e a preservação do ambiente.

Em se tratando da Reserva Legal, o código estabelece que cada propriedade

na Amazônia deve preservar 50% da vegetação e nas outras regiões exigia-se 20%

de reserva legal. Quem já tivesse ultrapassado esse percentual, estaria

responsabilizado para a recomposição. Nos artigos 2.º e 3.º, definiu as Áreas de

Preservação Permanente (APP), com manutenção obrigatória, contudo, a

Page 40: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

38

regulamentação da dimensão dessas áreas está sempre sendo revisada e discutida

(WWF-BRASIL, 2011).

Apesar de todas as iniciativas legais para evitar o processo de ocupação

desordenada do solo brasileiro, o desmatamento prosseguia, atingindo seu maior

índice nos anos 1990. Em face disso, o presidente Fernando Henrique Cardoso

editou a Medida Provisória n.º 1.511, de 25 de julho de 1996, pela qual ampliou para

80% a preservação nas áreas de floresta, contudo, reduziu a preservação nas áreas

de cerrado da Amazônia Legal de 50% para 35% (WWF-BRASIL, 2011).

2.4.2 A Lei n.º 9.433/97

A água é vital para os seres vivos. Por esse motivo, ela assume a qualidade

direta de bem à humanidade. Contudo, é um recurso mundialmente escasso.

Primeiro, pela própria distribuição na natureza: conforme já mencionado,

correspondem a águas salgadas dos mares e oceanos (talassociclo) 97,2% de toda

a água do planeta. Os percentuais de 2,8% representam a água doce (limnociclo)

desigualmente distribuída entre as geleiras, 2,15%; águas subterrâneas, 0,63%;

vapor d’água na atmosfera, 0,005%; nos rios e lagos 0,01% (BAIRD, 2002).

Outra situação que causa a escassez da água é a disponibilidade por

habitante (vazão per capita) em termos regionais e locais, e o consumo crescente. O

Brasil é detentor de 12% de toda a água doce do mundo, apresentando 33.900

m³/hab.ano (AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS, 2002), no entanto, nas regiões

hidrográficas brasileiras, é grande a variedade de vazões per capita. Assim, os

problemas da escassez de água, na atualidade, são colocados como o “nó górdio”

que ameaça a sobrevivência humana.

Dada a importância da água, em 22 de março de 1992, a ONU (1992c)

instituiu o "Dia Mundial da Água". Nesse dia redigiu o significativo documento

Declaração Universal dos Direitos da Água. Nos artigos 1.º, 2.º e 5.º, a declaração é

incisiva quanto à preservação da água:

Art. 1.º - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos. Art. 2.º - A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela

Page 41: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

39

não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem. [...] Art. 5.º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Na Cnumad, Declaração do Rio-ECO 92, a Agenda 21 foi aprovada e

assinada por 179 países (ONU, 1992b). É um documento-base para a elaboração da

agenda de compromissos de cada país signatário no que se refere a

desenvolvimento e cooperação ambiental, visando ao desenvolvimento sustentável,

composto por 40 capítulos. O capítulo 18 da Agenda 21 reza:

A água é necessária em todos os aspectos da vida. O objetivo geral é assegurar que se mantenha uma oferta adequada de água de boa qualidade para toda a população do Planeta, ao mesmo tempo em que se preserve as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas, adaptando as atividades humanas aos limites da capacidade da natureza e combatendo vetores de moléstias relacionadas com a água. Tecnologias inovadoras, inclusive o aperfeiçoamento de tecnologias nativas, são necessárias para aproveitar plenamente os recursos hídricos limitados e protegê-los da poluição. (ONU, 1992b, cap. 18.2).

No entanto, fatores combinados como a precária administração ambiental e o

desperdício no uso desse bem vital têm comprometido também áreas bem providas

de água doce. Embora a água seja um recurso natural renovável em termos de

quantidade, não é renovável em qualidade, o que torna de extrema importância seu

manejo correto, bem como a preservação do sistema que a integra (PACHECO,

2009).

Dessa forma, diante da falta de uma efetiva intervenção do Estado nessa

área, a Lei fundamental do País, promulgada em 5 de outubro de 1988, trouxe o

norte para a modernização do processo de gestão das águas no Brasil,

estabelecendo diretrizes para a criação de um Sistema Nacional de Gerenciamento

de Recursos Hídricos, trazendo, de forma expressa, a competência da União para

definir os critérios de concessão da outorga de direitos de uso de águas no Brasil.

Corroborando com o texto constitucional, a Lei n.º 9.433/97, de 8 de janeiro

de 1997, instituiu no Brasil a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o

Page 42: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

40

Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SNGRH), dando início

a uma nova sistemática administrativa dos recursos hídricos (BRASIL, 1997).

Pelo exposto, depreende-se ser de suma importância analisar a Lei n.º

9.433/97, que veio regulamentar a política nacional de recursos hídricos no Brasil,

conforme a seguir.

2.4.2.1 Análise da Lei n.º 9.433/97: Política Nacional de Recursos Hídricos

Os recursos hídricos brasileiros, tanto no aspecto legal como no institucional,

desenvolveram-se em virtude da necessidade, dos interesses e objetivos de cada

tempo. Desse modo, como a navegação e a pesca eram atividades de grande

importância econômica para o Brasil, as Constituições de 1824 e 1891

contemplaram os recursos hídricos para garantir o direito de tais atividades

(HENKES, 2003).

Em meados do século XX, surgiu o modelo de crescimento econômico a

qualquer preço, trazendo como consequência, a utilização intensiva da água e de

modos variados. Nessa época, tal movimento atraiu muitas usinas, e estabeleceram-

se muitas centrais hidrelétricas no Brasil, o que motivou a legislação, notadamente o

Código de Águas, a proteger os recursos hídricos com a finalidade de assegurar a

produção energética – contrariamente às disposições do Código de Águas quanto à

preservação, conservação e recuperação dos recursos hídricos, as quais não foram

regulamentadas (HENKES, 2003).

Fatores como o aumento da população, o surgimento de áreas urbanas, a

industrialização, a falta de efetividade na aplicação da maior parte das legislações

hídricas e a falta de planejamento voltado para a instrução de como deve ser a

utilização dos recursos hídricos acarretaram grandes mudanças no tratamento dos

recursos hídricos brasileiros, em especial nos últimos sessenta anos.

Com o objetivo de mudar o estado de degradação desses recursos, foi de

suma importância repensar, tanto institucional como legalmente, os recursos

hídricos brasileiros, o que ocasionou, em 1997, a edição da Lei Federal n.º 9.433

(MORAES; JORDÃO, 2002).

Page 43: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

41

A Lei n.º 9.433/97, de 8 de janeiro de 1997:

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1º da Lei n.º 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei n.º 7.990, de 28 de dezembro de 1989. (BRASIL, 1997).

Essa é uma lei que vai além do regramento da utilização e gerenciamento dos

recursos hídricos; é um referencial jurídico que trouxe inovações para promoção da

sustentabilidade dos recursos hídricos no País.

Vejam-se os aspectos mais significativos da Lei n.º 9.433. No seu artigo 1.º, a

lei traz os fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Objetivos da Lei n.º 9.433/97

No artigo 2.º, a Lei n.º 9.433/97 traz os objetivos a serem alcançados com sua

edição.

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

O artigo 3.º traz as diretrizes gerais de ação para a execução da Política

Nacional de Recursos Hídricos:

Page 44: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

42

I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade; II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País; III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental; IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional; V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo; VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras.

No que se refere à articulação com os estados, o artigo 4.º da lei diz: “A

União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos

hídricos de interesse comum.” Os instrumentos da Política Nacional de Recursos

Hídricos têm o objetivo de assegurar a disponibilidade de água de boa qualidade.

Para tanto, no artigo 5.º, relacionam-se:

I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - a compensação a municípios; VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

Os artigos 6.º, 7.º e 8.º tratam dos planos de recursos hídricos, in verbis:

Art. 6.º Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos. Art. 7.º Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas e projetos e terão o seguinte conteúdo mínimo: I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos; II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo; III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais; IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis;

Page 45: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

43

V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o atendimento das metas previstas; [...] VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos; IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos. Art. 8.º Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País.

O artigo 9.º da Lei n.º 9.433/97 reza:

O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, visa a: I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas; II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes.

Cabe à legislação ambiental estabelecer as classes de corpos de água

conforme o artigo 10.º da Lei n.º 9.433/97. A classificação dos corpos de água em

classes segundo os usos preponderantes tem como parâmetro a Resolução do

Conselho Nacional de Recursos Hídricos n.º 12 (CNRH, 2000).

Segundo essa resolução, enquadramento é a determinação do patamar de

qualificação a ser alcançado ou realizado em um dado espaço do corpo d’água ao

longo do período. Em outras palavras, enquadrar um corpo d’água significa que ele

adquiriu ou manteve um nível de qualidade em um determinado momento, conforme

os usos aos quais se destina.

O objetivo da classificação dos corpos de água em classes, segundo os usos

preponderantes da água, é: a) garantir às águas qualidade que satisfaça aos mais

altos padrões de uso a que forem submetidas; b) minimizar os custos de combate à

poluição das águas, mediante ações proativas constantes. As classes de corpos de

água são determinadas pela legislação ambiental.

Hoje essas classes se definem pela Resolução do Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA, 1986) n.º 20, de 18 de junho de 1986. Essa resolução

preceitua que, enquanto não forem realizados os enquadramentos, as águas doces

serão consideradas de Classe 2, ou seja, aquelas com a seguinte destinação:

Page 46: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

44

a) ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário (esqui aquático, natação e mergulho); d) à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas; e) à criação natural e/ou intensiva de espécies destinadas à alimentação humana.

A Resolução CNRH (2001) n.º 16, de 8 de maio de 2001, no seu artigo 1.º,

diz:

A outorga de direito de uso de recursos hídricos é o ato administrativo mediante o qual a autoridade outorgante [União ou Estados] faculta ao outorgado [...] o direito de uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato, consideradas as legislações específicas e vigentes.

O artigo 12 da Lei n.º 9.433/97 estabelece que os seguintes usos de recursos

hídricos são sujeitos a outorga:

I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água.

No parágrafo 1.º, definiu em que situações o uso da água não necessita de

outorga: I – usar recursos hídricos para satisfazer as necessidades de pequenos

núcleos populacionais no meio rural; II – fazer derivação, captação e lançamento

que se consideram insignificantes; III – acumular volume de água considerado

insignificante.

Apesar de a outorga garantir o acesso e o uso da água, há casos em que o

direito de uso pode ser suspenso parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo

determinado, nas seguintes circunstâncias, de acordo com o artigo 15:

Page 47: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

45

I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; II - ausência de uso por três anos consecutivos; III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas; IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental; V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas; VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água

Pode ainda haver pagamento pelo uso de recursos hídricos. A lei ressalta que

a água é um recurso natural limitado, tem valor econômico. Dessa forma, justifica-se

cobrar pelo uso dos recursos hídricos: “I - reconhecer a água como bem econômico

e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; II - incentivar a racionalização do

uso da água; III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e

intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.” (BRASIL, 1997, art.

19).

A Lei n.º 9.433/97, no artigo 25, trata do Sistema de Informações sobre

Recursos Hídricos (SIRH), cujo objetivo é colher, trabalhar, guardar e recuperar

informações sobre recursos hídricos. Traz os seguintes objetivos no artigo 27:

I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil; II - atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território nacional; III - fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.

A dinâmica de Informações sobre recursos hídricos é um ponto de interseção

entre todos os instrumentos apresentados, pois supre análises e decisões.

O Poder Executivo Federal tem sua competência determinada na Lei n.º

9.433/97, para a efetiva realização da Política Nacional de Recursos Hídricos, a

saber:

I - Tomar providências necessárias à implementação e ao funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; II - Outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de competência; III - Implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito nacional;

Page 48: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

46

IV - Promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.

Da mesma forma, estabelece competências aos Poderes Executivos

Estaduais e do Distrito Federal.

2.4.2.2 O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh),

criado pela Lei n.º 9.433/97, está previsto no inciso XIX do artigo 21 da Constituição

Federal de 1988. A sistemática de gestão dos Recursos Hídricos foi idealizada para

alcançar os objetivos a seguir:

I - Coordenar a gestão integrada das águas; II - Arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; III - Implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos; IV - Planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; V - Promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.

O Singreh é assim composto: Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

Agência Nacional das Águas; Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do

Distrito Federal; Comitês de Bacia; órgãos dos poderes públicos federal, estaduais,

do Distrito federal e municipais, cujas competências tenham relação com a gestão

de recursos hídricos e pelas Agências de Água (BRASIL, 1997, art. 33).

2.4.3 Conselho Estadual de Recursos Hídricos

Assim como a União, os estados criaram seu Conselho de Recursos Hídricos,

cuja composição é específica em cada estado. As competências são parecidas, mas

suas resoluções se referem aos corpos de água que estão sob seu domínio.

Em Pernambuco, o órgão colegiado superior, deliberativo e consultivo do

Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado (SGRH) é o Conselho

Estadual de Recursos Hídricos (CRH), criado pela Lei Estadual n.º 11.426, de 17 de

janeiro de 1997. Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Plano

Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de Gerenciamento de

Page 49: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

47

Recursos Hídricos e dá outras providências (PERNAMBUCO, 1997). A reunião de

instalação do conselho formalizou-se em 26 de março de 1998 no Palácio do Campo

das Princesas.

O Conselho Estadual de Recursos Hídricos é gerido por uma presidência e

uma secretaria executiva. É constituído por:

[...] representantes do Poder Público, em nível Federal, Estadual e Municipal; representante da Assembleia Legislativa Estadual; representantes de entidades da sociedade civil relacionadas com recursos hídricos; representantes de organizações de usuários de recursos hídricos; e representante dos Comitês de Bacia Hidrográfica. (PERNAMBUCO, 2012).

Dentre as diversas funções e atribuições legais do CRH, é pertinente destacar

a discussão e aprovação da Política Estadual de Recursos Hídricos, e a aprovação

do plano de aplicação dos recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos

(FEHIDRO), conforme o artigo 43 da Lei Estadual n.º 12.984, de 30 de dezembro de

2005 (PERNAMBUCO, 2005).

As ações do CRH consideradas mais relevantes são:

Apreciação e aprovação da lei n.º 12.984/05 que dispõe sobre a Política e o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos de Pernambuco; Aprovação do Manual de fiscalização o de Recursos Hídricos; Homologação de Comitês de bacias hidrográficas e Conselhos de Usuários; Aprovação do Mapa de Zoneamento Explotável da RMR. Aprovação para normas e critérios para instituição e participação dos COBHS; Aprovação para normas e critérios para instituição e participação nos Conselhos Gestores de Açudes; Resolução sobre a obrigatoriedade de realização de Testes de Bombeamento de Produção e de Aquífero; Apreciação e aprovação da lei 14.028/2010 que dispõe sobre a criação da Apac. (PERNAMBUCO, 2012).

2.4.4 Lei n.º 12.984/05

A gestão dos recursos hídricos do estado de Pernambuco é de competência

da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectma). A secretaria, em

2004, propôs a revisão da lei estadual ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos,

o que exigiu muitas consultas e debates entre todos os envolvidos no sistema de

Page 50: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

48

gestão dos recursos hídricos, durante a elaboração do projeto de lei para

aprimoramento da política de recursos hídricos vigente. Concluído em junho de

2005, enviou-se à Assembleia Legislativa. Em 30 de dezembro de 2005, sancionou-

se a Lei n.º 12.984/05 (a nova “Lei das Águas do Estado de Pernambuco”), que

“dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Integrado de

Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências” (PERNAMBUCO,

2005).

A cobrança pelo uso da água está prevista nos artigos 23, 47 e 55, mas falta

a regulamentação por uma lei específica.

Art. 23. Compete ao órgão gestor de recursos hídricos implantar a cobrança pelo uso da água, ou delegar essa atribuição às Agências de Bacia, cabendo aos COBHs propor os valores a serem cobrados e ao CRH sua homologação. Parágrafo único. Na ausência de COBHs, caberá ao órgão gestor de recursos hídricos propor os valores a serem cobrados. [...] Art. 47. Os COBHs, colegiados consultivos e de deliberação, deverão exercer as atribuições seguintes: [...] XI - propor ao CRH valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos na bacia, na ausência de Agência de Bacias; [...] Art. 55. Compete às Agências de Bacia, no âmbito de sua área de atuação: [...] XI - propor ao respectivo ou respectivos COBHs: [...] b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos; [...].

A Lei n.º 12.984/05, no que se refere aos instrumentos e ao arranjo

institucional, assemelha-se bastante à legislação federal, com exceção do Fundo

Estadual de Recursos Hídricos.

2.4.5 Lei Municipal n.º 16.243/96

A cidade do Recife tem o Código do Meio Ambiente e do Equilíbrio Ecológico

desde 1996, por meio da Lei n.º 16.243/96, de 13 de setembro de 1996

(PREFEITURA DO RECIFE, 1996). Essa lei sofreu uma significativa modificação

pela Lei n.º 16.930, de 17 de dezembro de 2003, que acrescentou ao antigo código

do meio ambiente os critérios para o estabelecimento da Área de Preservação

Permanente no Recife e criou o Setor de Sustentabilidade Ambiental (PREFEITURA

DO RECIFE, 2003).

Page 51: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

49

2.5 PROCESSO HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO DO CURSO INFERIOR DA BACIA

DO RIO CAPIBARIBE

A palavra Capibaribe, Caapiuar-y-be ou Capibara-ybe, vem da língua tupi e

significa “rio das capivaras” ou dos “porcos selvagens”. O rio Capibaribe tem sua

nascente na Serra do Jacarará, na divisa entre os municípios de Jataúba e Poção.

Divide-se em Alto, Médio e Baixo Capibaribe, estende-se por 240 quilômetros e sua

bacia hidrográfica ocupa uma área de 5.880 quilômetros.

O rio Capibaribe percorre exclusivamente o estado de Pernambuco, e banha

42 municípios, dentre os quais, Toritama, Santa Cruz do Capibaribe, Salgadinho,

Limoeiro, Paudalho, São Lourenço da Mata e Recife. Antes de desaguar no

Atlântico, passa pelo centro de Recife, dividindo a cidade, e atravessa os seguintes

bairros: Várzea, Caxangá, Monteiro, Poço da Panela, Santana, Apipucos, Casa

Forte, Torre, Madalena, Capunga, Derby e, por trás do Palácio do Campo das

Princesas, encontra-se com o rio Beberibe, desaguando no Oceano Atlântico.

Passando por Afogados, ilha do Retiro e ilha Joana Bezerra, seu braço sul conflui

com o rio Tejipió e chega à foz no Porto do Recife (RECAPIBARIBE, 2009).

O Recife, cortado por dois rios, o Beberibe e Capibaribe, desenvolveu-se

margeando este último, área de escoamento da produção de açúcar dos engenhos,

os quais “se transformaram em povoações, e os mais próximos do porto, em bairros

da cidade” (CARVALHO, 1998, p. 23).

O viajante francês Louis-François de Tollenare, descreve os três bairros do

Recife em 1816:

O bairro da península do Recife propriamente dito é o mais antigo e movimentado, e também o mais mal edificado e o menos asseado [...] as ruas são geralmente estreitas, as casas têm de dois a quatro andares [...] A Ilha de Santo Antônio, à qual dá acesso uma ponte arruinada [...] e guarnecida de ambos os lados de pequenas lojas, tem ruas um pouco mais largas do que as do Recife. Encontra-se ali uma praça quadrada, onde estão construindo um mercado coberto [...]. O Bairro da Boa Vista, sobre o continente, é mais alegre e moderno. As ruas e as calçadas são ali mais largas, tem algumas casas bonitas habitadas por gente rica, mas que não pertencem ao comércio porquanto quase todos os negociantes moram no Recife. (DE TOLLENARE, 1992, p. 89).

Page 52: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

50

Da condição de vila desde 1709, em 1823, passou à cidade, e em 1827,

tornou-se a capital de Pernambuco. No século XIX, com suas atividades de

ancoragem, transporte e armazenagem e o desenvolvimento intenso das atividades

comerciais, o Recife tornou-se a cidade mais importante do estado, o que levou o

governo a se instalar provisoriamente na cidade.

Na Figura 1, uma visão do Recife nos anos 1820.

Figura 1 – Gravura representando a “venda em Recife” nos anos 1820

Fonte: Rugendas (1940, p. 26).

Recife ligava-se a Olinda por uma faixa de areia que se iniciava no Forte do

Brum, estendendo-se até a Praia dos Milagres em Olinda. O Istmo de Recife

funcionava como porto, onde era constante a presença de pescadores e barqueiros;

estes últimos transportavam as pessoas e mercadorias que abasteciam a população

olindense pelos rios Capibaribe e Beberibe.

As pessoas que exerciam atividades portuárias ou comerciais moravam no

bairro do Recife (TINÔCO; LAPA, 2010). Tal movimentação provocou o aumento da

população e o crescimento urbano, consequentemente, a concentração de pessoas

e de serviços.

Page 53: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

51

Essa transformação, ou melhor, o “desenvolvimento” da cidade sem que

fosse dotada de condições resultou no surgimento de agentes poluentes e em

impacto ambiental. Não houve melhoria na infraestrutura das ruas, os prédios eram

construções precárias, sem sanitários, a população sujeita à contaminação nas ruas

cheias de dejetos.

Segundo o renomado sociólogo Gilberto Freyre (2004, p. 317-318), nas

residências, em questão de higiene, o objeto mais usado era o urinol:

[...] esses urinóis, às vezes grandes, chamados ‘capitães’, outras vezes de louça, muito bonitos, cor-de-rosa, com enfeites dourados, onde as mulheres – contam as pessoas mais velhas – se sentavam fumando e conversando, nas suas camarinhas; esses urinóis eram dos aristocratas, dos burgueses mais lordes. [...] Alguns fidalgos mais comodistas, de sobrado ou de casa grande, tinham na alcova poltronas especiais, furadas no meio do assento, por baixo do qual ficava o urinol. O grosso do pessoal das cidades defecava no mato, nas praias, no fundo dos quintais, nos pés dos muros e até nas praças.

Freyre (2004), no seu relato, afirma que toda a sujeira era armazenada em

barris, a que se chamavam “tigres”, que, à noite, eram levados pelos escravos para

derramar o sujo conteúdo nas praias, nos rios – em Recife, nos rios Capibaribe e

Beberibe – ou em áreas de mato. Muitas vezes, o fundo do barril se desprendia e a

imundície se espalhava pelas ruas.

Os urubus vinham com uma regularidade de empregados das câmaras pinicar os restos de comida e de bicho morto e até os corpos de negros que a Santa Casa não enterrava direito, nem na praia, nem nos cemitérios, mas deixava no raso, às vezes um braço inteiro de fora. Com a mesma regularidade burocrática a maré subia e levava a imundície das praias. (FREYRE, 2004, p. 313).

Era intensa a sujeira nas ruas e no cais do Recife. Ao mesmo tempo em que

esses espaços serviam ao trabalho, “eram também o espaço da vadiagem, da

mendicância, das brigas, de prisões, de lazer” (SILVA, 2005, p. 21).

Sentiu-se a necessidade de expandir os três bairros do Recife. A expansão

física devia acompanhar o desenvolvimento econômico da cidade. Mangues

desmatados e sucessivos aterros cederam espaço para abertura de ruas; a

Page 54: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

52

ocupação se estende pelas margens do rio Capibaribe (LOUREIRO; AMORIM,

2000). Assim, começou o estreitamento do leito do rio.

Desse processo de urbanização, surgiram os bairros Várzea, Caxangá,

Apipucos, Monteiro, Poço da Panela, Casa Forte, Santana, Afogados, Torre,

Capunga, Madalena, Ilha do Retiro, Derby, Coelhos, Boa Vista, Santo Antônio, São

José, Ilha Joana Bezerra, Bairro do Recife e Pina.

2.5.1 O município do Recife e a bacia hidrográfica do rio Capibaribe

O local onde se situa o Recife caracteriza-se pela profusão de águas, pelos

rios e canais, diversos tipos de relevo e de vegetação, com manguezais e áreas

restantes de mata atlântica configurando-se em uma complexa formação físico-

geográfica, passando por regiões litorâneas, de baixo estuário, de planície e morros

(CARNEIRO; DUARTE; MARQUES, 2009), apesar da devastação diária. Daí a

importância de um planejamento focado no verde, que vise à redução do impacto

ambiental nos centros urbanos.

Carneiro, Duarte e Marques (2009, p. 136) descrevem o Recife:

O ambiente litorâneo demarca uma longa faixa a leste da cidade, e, em sua transição com o ambiente do baixo estuário, encontra-se a vegetação de restinga e mangue [...] por ser uma região encharcada, já que os rios estão mais próximos de seu encontro com o mar. O ambiente de planície concentra a maior área da cidade, onde os rios exercem maior importância social e encontra-se a vegetação de médio e grande portes da cidade, espécies típicas da Mata Atlântica [...]. O ambiente de morro é o mais afastado do litoral e onde, ainda hoje, encontra-se a vegetação de maior porte e em maior abundância, remanescentes de espécies da Mata Atlântica.

Na sua formação e no seu crescimento, o Recife – “uma cidade criada das

águas, do mar e dos rios” – contou com a grande contribuição do rio Capibaribe, o

principal curso d’água da bacia hidrográfica do Capibaribe. A importância do rio

cresce pelo fato de atravessar a cidade de leste a oeste, “guiando os

assentamentos” (CARNEIRO; DUARTE; MARQUES, 2009, p. 129, 137).

Page 55: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

53

Quase todos os bairros, ricos ou pobres, antigos ou novos, são atravessados por rios, canais, riachos ou córregos; ou banhados por açudes como o de Apipucos, e lagoas como a do Araçá. Inclusive, há rios que viraram canal, como o antigo rio Água Fria, hoje canal do Arruda. (CARNEIRO; DUARTE; MARQUES, 2009, p. 138).

Na Figura 2, a capital de Pernambuco vista do espaço.

Figura 2 – Recife vista do espaço

Fonte: Vieira (2012).

A capital do estado de Pernambuco, Recife, é um dos 42 municípios

integrantes da bacia hidrográfica do rio Capibaribe, a maior do agreste

pernambucano. A bacia limita-se ao norte com a bacia hidrográfica do rio Goiana e o

estado da Paraíba; ao sul, com a bacia hidrográfica do rio Ipojuca; a leste, com o

Oceano Atlântico e com as bacias hidrográficas secundárias dos rios Beberibe,

Botafogo, Pirapama, Jaboatão e Igarassu, que deságuam diretamente no mar; a

oeste, ainda com a bacia hidrográfica do rio Ipojuca e com o estado da Paraíba

(RECAPIBARIBE, 2009).

A maior parte da área da bacia do rio Capibaribe se constitui de rochas

cristalinas, com unidades sedimentares restritas ao seu baixo curso. Limita-se em

subsuperfície com a bacia sedimentar Pernambuco-Paraíba em Recife, onde ela se

Page 56: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

54

estreita. Como unidade basal, tem a Formação Beberibe. Próximo da região

metropolitana do Recife aflora a Formação Barreiras, Terciária, que se representa

por coberturas sedimentares dispersas, as quais cobrem o embasamento cristalino e

a bacia sedimentar.

No Quadro 1, apresentam-se as unidades geológicas na bacia hidrográfica do

rio Capibaribe.

Quadro 1 – Unidades geológicas na bacia do rio Capibaribe

Período Unidades Características litológicas

Sedimentos recentes Manguezais, aluviões, praias, recifes de arenito

Quaternário Terraços holocênicos Areia de praia com fragmentos de conchas Terraços pleistocênicos Areias de praia com nível espódico na base Terciário

Formação Barreiras

Areia com intercalações argilosas e siltosos e cores fortes

Cretáceo Superior

Formação Beberibe

Areia creme, grossa, com intercalações de silte

Suítes magmáticas

Granitos e granitóides

Complexo Belém do São Francisco

Ortognaisses, calcários e quartzitos

Precambriano Complexo Surubim Gnaisses bandados e micaxistos Complexo Vertentes/

metaplutônicas Ortognaisses

Complexo gnáissico-migmatítico

Gnaisses e migmatitos

Fonte: Pernambuco (2010, t. 1, v. 2, p. 23).

O uso das águas é principalmente para o abastecimento público, no entanto,

nelas se despejam efluentes domésticos, industriais e resíduos de agrotóxicos.

Dentre os municípios que integram a bacia, cerca de 80% não têm esgotamento

sanitário, e a população livra-se dos dejetos lançando-os no rio.

Desse modo, o estuário do rio Capibaribe está bastante comprometido em

razão da poluição a que é exposto. Em vista da importância do estuário, suas águas

são com frequência analisadas a fim de se detectar os níveis de contaminação.

O notável oceanógrafo californiano Donald W. Pritchard (1967, p. 3, tradução

nossa) dá sua definição de estuário: “Um estuário é um corpo de água costeiro,

semifechado, que tem conexão livre com o mar aberto, no interior do qual, a água do

Page 57: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

55

mar se dilui de forma mensurável na água doce proveniente de drenagem dos

solos.”4

Segundo Cesário (2006), o estuário do rio Capibaribe é completamente

urbano; inicia-se nas imediações da ponte da Avenida Caxangá, passando por

diversos bairros, até o centro do Recife, com uma extensão de 15 quilômetros

(Figura 3).

Figura 3 – Manguezal no estuário do rio Capibaribe

Fonte: Pernambuco (2010, t. 1, v. 2, p. 23).

Para proteger esse importante ecossistema, o Código Florestal, de 15 de

setembro de 1965, estabeleceu que o manguezal é uma Área de Preservação

Permanente, considerado um dos ambientes naturais brasileiros mais produtivos.

Seu solo é alagado, salino, rico em nutrientes e em matéria orgânica, graças à

mistura da água do mar e a água do rio na área estuarina. Sua vegetação tem

4 No original: “An estuary is a semi-enclosed coastal body of water which has a free connection with the open sea and within which sea water is measurably diluted with fresh water derived from land drainage.”

Page 58: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

56

grande resistência à salinidade da água e do solo, em um ambiente pouco

oxigenado.

Contudo, onde havia extensas áreas de manguezal, veem-se espaços

construídos e habitados, com faixas estreitas de mangue. Os aterros reduziram a

vegetação nativa e a fauna do manguezal.

Um manguezal poluído é sinônimo de devastação da flora e da fauna nativa,

que sofre com a alteração de seu habitat e começa a rarear. Essa devastação afeta

diretamente a população do litoral, uma vez que é o manguezal que lhe dá acesso a

alimentos de grande valor proteico – peixes, moluscos, camarões, caranguejos –, o

que garante sua subsistência. Conforme Bernardes (1996, p. 71): “O vazio da cidade

dos caranguejos, esmagados pelos aterros e pelos viadutos continua [...].” (Figura

4).

Figura 4 – Manguezal muito poluído na margem direita do rio Capibaribe, centro do Recife

Fonte: Calado (2011).

Page 59: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

57

Cavalcanti (2008, p. 1) assevera:

... a preservação dos manguezais é de vital necessidade, visto a sua importância natural, de filtro de resíduos existentes nas águas correntes que descem até o rio logo às suas margens, o que contribuiria para a pureza de suas águas, como também de pólo ambiental para diversos ecossistemas os quais necessitam do mangue, tanto de alimentação para aves migratórias, como de reprodução para espécies de peixes e outros frutos do mar que ali se originam e reproduzem.

Apesar da devastação nos manguezais, ainda se encontram áreas com

vegetação nativa (Figuras 5 e 6).

Figura 5 – Mangue nas margens do rio Capibaribe no bairro Joana Bezerra

Fonte: Lira (2007).

Page 60: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

58

Figura 6 – Vegetação nas margens do rio Capibaribe no bairro das Graças

Fonte: Amaral (2008).

Na várzea do Capibaribe, chama a atenção a vegetação de mangue de

grande potencial de regeneração e a vegetação secundária com espécies exóticas

(PERNAMBUCO, 2010, t. 1, v. 2).

Ao sul da bacia hidrográfica do rio, há grandes extensões de floresta palustre

ou alagada, com Rhizophora mangle (mangue-vermelho ou sapateiro), que podem

chegar a 10 metros de altura, encontrando-se em todo o litoral do Brasil (Figura 7).

Suas raízes têm membranas permeáveis que filtram a água, e impedem que o sal

passe para o interior da planta. Suporta alagamento durante longos períodos

(LEMOS, 2011).

Page 61: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

59

Figura 7 – Mangue vermelho bastante comum no litoral brasileiro

Fonte: Lemos (2011, p. 24).

2.6 AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS FLORESTAIS

A sustentabilidade de um sistema florestal depende de diversos fatores,

dentre os quais, a base é o solo. Desse modo, a qualidade do solo deve ser sempre

monitorada. Para tanto, devem-se considerar os indicadores físicos do solo, tais

como a porosidade e a massa específica do solo, estabilidade dos agregados,

retenção e infiltração de água, resistência do solo à penetração, segundo Lima,

Pillon e Lima (2007); a textura, alterações no teor de argila dispersa em água e grau

de floculação do solo (EFFGEN, 2008).

Os solos favorecem o crescimento das raízes; armazenam e fornecem água;

armazenam, fornecem e reciclam nutrientes minerais; promovem a optimização das

trocas gasosas; promovem a atividade biológica; armazenam e libertam carbono.

Page 62: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

60

O desmatamento parcial de florestas afeta diretamente a biodiversidade

regional, trazendo como consequência, a redução do fluxo gênico e extinção de

espécies da fauna e flora; e, indiretamente, modifica fatores abióticos regionais

(MARTINS, 2001).

A preservação do meio ambiente, notadamente o reconhecimento da

necessidade de se recuperar ou restaurar as áreas degradadas, com perda de

quantidade e qualidade dos corpos hídricos, ocorrência de erosão e desertificação, é

preocupação mundial no século XXI. Nesse sentido, a restauração ambiental tem

como meta a reprodução de um ambiente que chegue mais perto do natural, onde

as espécies em regeneração possam tornar-se autossustentáveis (KAGEYAMA,

GANDARA, 2003).

Existem diversas metodologias para se utilizar no processo de restauração

florestal, a exemplo de nucleação, modelos sucessionais, sistemas agroflorestais e

plantio ao acaso (BARBOSA, 2000). Contudo, nenhum pode ser adotado sem um

estudo que indique qual o mais adequado e suas variáveis para adaptação àquele

local; estudos que associem o repovoamento florestal às qualidades físicas do solo

para recuperar áreas degradadas. Desse modo, seriam fornecidos:

[...] subsídios indicativos da qualidade do solo e da influência originada pela implantação do sistema no local. [...] necessita-se de mensurações práticas sobre a interação solo-planta, no que tange os atributos físicos do solo, para validar sistemas de restauração florestal implantados e o seu monitoramento temporal. (MONTEIRO, 2010, p. 2).

Por conseguinte, na restauração do solo, deve-se ter a preocupação de

replantar a área a fim de recuperar a matéria orgânica que o enriquece. De forma

recorrente, veem-se pessoas sem o devido conhecimento científico aplicar projetos

de restauração florestal sem nenhuma avaliação.

Page 63: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

61

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

A região metropolitana do Recife (RMR) foi criada pela Lei Complementar

Federal n.º 14, de 8 de junho de 1973. Compõe-se de 17 municípios: Jaboatão dos

Guararapes, Olinda, Paulista, Igarassu, Abreu e Lima, Camaragibe, Cabo de Santo

Agostinho, São Lourenço da Mata, Araçoiaba, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Moreno,

Itapissuma, Recife, Goiana, Escada, Sirinhaém; os três últimos incluídos em 2012

(SANTOS, 2012).

Recife, a área em estudo, é o principal núcleo urbano da região metropolitana,

o município mais populoso da região, com 1.546.410 habitantes (IBGE, 2011).

Localiza-se no litoral do Nordeste, na posição central, a 800 km de Salvador (BA) e

Fortaleza (CE). Limita-se ao norte com os municípios de Olinda e Paulista; ao sul,

com Jaboatão dos Guararapes; a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com São

Lourenço da Mata e Camaragibe.

O clima é quente e úmido. A temperatura média oscila entre 24 e 27 graus;

até nos meses mais frios, julho e agosto, a temperatura média é acima de 24 graus.

Altitude de 4 metros e coordenadas geográficas: latitude S 8° 04' 03'' e longitude W

34° 55' 00''. Ocupa uma área de 219.493 km2, composta por morros, 67,43%;

planícies, 23,26%; aquáticas, 9,31%; Zonas Especiais de Preservação Ambiental

(Zepa), 5,58% e extensão de praia com 8,6 km. Divide-se territorialmente em 94

bairros, 66 Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis)5 e 6 Regiões Político-

Administrativas (RPA) assim distribuídas: RPA 1 - Centro: 11 bairros; RPA 2 - Norte:

18 bairros; RPA 3 - Noroeste: 29 bairros; RPA 4 - Oeste: 12 bairros; RPA 5 -

Sudoeste: 16 bairros; RPA 6 - Sul: 8 bairros (PREFEITURA DO RECIFE, 2012).

Na Figura 8, apresenta-se o mapa da Bacia hidrográfica do rio Capibaribe,

onde se destaca a posição da área de estudo, a capital de Pernambuco, Recife. A

Figura 9 representa o baixo curso do rio Capibaribe.

5 Consideram-se Zeis as áreas reconhecidas sem as condições necessárias que permitam os moradores viver com dignidade.

Page 64: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

Figura 8 – Mapa da bacia hidrográfica do rio Capibaribe

Fonte: Agência Condepe-Fiam (1998).

Page 65: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

63

Figura 9 – Baixo curso do rio Capibaribe, Recife-Pernambuco

Fonte: Google Earth, 2012

3.2 INSTRUMENTOS DE PESQUISA E COLETA DE DADOS

Nesta seção, apresentam-se o material utilizado e os procedimentos

realizados no desenvolvimento da pesquisa, incluindo-se a análise de documentos,

imagens e fotos.

Segundo o entendimento de Gonsalves (2001, p. 26), “metodologia significa o

estudo dos caminhos a serem seguidos, incluindo aí os procedimentos escolhidos”.

Page 66: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

64

Optou-se, para esta pesquisa, pela abordagem qualitativa, exploratória e

descritiva, com ênfase na pesquisa descritiva. Segundo Vergara (2000, p. 47): “A

pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de

determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e

definir sua natureza.”

Van Maanen (1979, p. 520) ensina que a pesquisa qualitativa “compreende

um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam descrever e decodificar

os componentes de um sistema complexo de significados” com o objetivo de

“traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social. [...] reduzir a

distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, entre contexto e ação”

A abordagem quantitativa, segundo Cavalcante e Dantas (2006, p. 2):

Deve ser representativa de um determinado universo de modo que seus dados possam ser generalizados e projetados para aquele universo. Seu objetivo é mensurar e permitir o teste de hipóteses, uma vez que os resultados são concretos e menos passíveis de erros de interpretação. Em muitos casos, criam-se índices que podem ser comparados ao longo do tempo, permitindo traçar um histórico de informação.

Neste trabalho de investigação, utilizou-se a entrevista semiestruturada,

aplicada a todos os sujeitos da pesquisa, baseada no roteiro proposto por Wesz

Júnior (2009) – APÊNDICES A e C.

Triviños (1987, p. 146) define a entrevista semiestruturada:

[...] é aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, junto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que recebem as respostas do informante. Desta maneira o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa.

Realiza-se a análise comparativa entre o estado real da bacia do rio

Capibaribe em seu baixo curso, localizado no Recife, o Código Florestal Brasileiro

de 1965 e o novo Código Florestal, Lei n.º 12.651, de 25 de maio de 2012, proposto

pelo Congresso Nacional. Dessa forma, busca-se focalizar a real situação da bacia

localizada na capital pernambucana, as ações governamentais para mitigar impactos

Page 67: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

65

atuais, a conservação e preservação da bacia e os efeitos positivos e negativos do

novo Código Florestal.

3.2.1 Estudo de caso

Para a coleta dos dados da pesquisa, optou-se pelo estudo de caso, que,

segundo Gil (2008, p. 57), “é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um

ou poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado”.

Em geral, o estudo de caso se realiza simultaneamente com a observação do

pesquisador, entrevistas ou com a aplicação de questionários entre os sujeitos

envolvidos.

3.2.1.2 Sujeitos da pesquisa

Na pesquisa de campo, utilizou-se um questionário estruturado com 33

perguntas de conteúdo socioambiental (APÊNDICE C). Entrevistaram-se 30

moradores de três bairros: Apipucos (pessoas de classe socioeconômica A), Torre e

Várzea (classe C/D), e 10 trabalhadores do Porto no bairro do Recife (classe C/D),

totalizando 40 entrevistados. A seleção de 10 pessoas em cada bairro realizou-se de

forma aleatória.

A análise temática apresenta-se como uma das técnicas de análise do

conteúdo, e é por meio dela que se pretende identificar o significado dos temas que

surgirão nas entrevistas com os sujeitos desta pesquisa.

Visita ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe, ocasião em que se

realizou a entrevista pré-agendada com seu representante legal, Ricardo Braga.

(APÊNDICE B), tendo a finalidade de identificar as propostas do Comitê de Bacia

Hidrográfica do Rio Capibaribe sobre a fiscalização e a aplicação da legislação

ambiental.

Realizou-se, ainda, uma entrevista aberta ou livre com os proprietários do Bar

e Restaurante Capibar, a fim de observar in loco o trabalho de educação ambiental

desenvolvido por eles, em que conscientizam a comunidade para o bom uso e

conservação do rio Capibaribe, notadamente aqueles que dependem do rio para

sobreviver.

Page 68: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

66

Segundo Nogueira-Martins e Bógus (2004, p. 50): “A entrevista aberta é

aquela em que o pesquisador apresenta uma questão ou um tema inicial e o

entrevistado caminha por onde preferir, podendo sua fala abranger vários âmbitos

(experiências pessoais, elementos históricos, sociais e outros).” Desse modo, a

entrevista aberta ou livre dá oportunidade ao entrevistado de se expressar

livremente, de expor o que considerar relevante.

Page 69: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

67

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 POLÍTICAS PÚBLICAS E INICIATIVAS DA SOCIEDADE CIVIL PARA A BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO CAPIBARIBE

No planejamento de uma bacia hidrográfica, qualquer que seja a finalidade,

Hilhorst (1975) aconselha que se especifiquem os objetivos; selecionem-se os

instrumentos necessários para a realização dos objetivos e se utilizem tais

instrumentos. Em outras palavras:

a) conhecendo-se a situação real, formula-se a situação desejada, fase em

que se deve considerar o elemento tempo;

b) verificam-se os instrumentos disponíveis ou aqueles que sejam possível

pôr à disposição do responsável pela execução das mudanças desejadas;

na fase inicial, a depender da disponibilidade dos instrumentos, podem-se

determinar metas de maior porte, ou deixar de lado outras, que se tornam

inviáveis em razão da limitação dos instrumentos;

c) “dependendo dos efeitos da utilização dos instrumentos, os objetivos e

metas podem ser modificados e novos instrumentos podem-se tornar

disponíveis e outros abandonados.” (HILHORST, 1975, p. 98).

Nesse sentido, procurou-se identificar as ações mais recentes que

contemplam a bacia do rio Capibaribe. Atualmente, muitas iniciativas têm sido

desenvolvidas em atenção à bacia. Nesta pesquisa, abordam-se iniciativas de

órgãos públicos e da sociedade civil.

O Plano Hidroambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe (PHA

Capibaribe) é o resultado da intenção do Governo do Estado de Pernambuco de

efetivar a gestão dos recursos hídricos a fim de solucionar os graves problemas

hídricos, ambientais e socioeconômicos da bacia do Capibaribe.

Em face disso, visitou-se o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe,

para obter informações sobre o crescimento do nível de classe social versus a

degradação do Capibaribe por meio de entrevista com seus membros. O COBH

Capibaribe, criado em 23 de março de 2007, tem como finalidade, conforme o artigo

2.º de seu Estatuto Social:

Page 70: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

68

I - adotar a bacia hidrográfica como unidade físico-territorial de planejamento e gerenciamento; II - propor estudos, programas de obras e serviços de interesse coletivo, definindo prioridades e medidas preventivas de riscos ambientais sociais e financeiros, com vistas a sua integração ao Plano Estadual para a bacia; III - definir instrumental de ação que assegure gestão participativa e descentralizada dos recursos hídricos, buscando sintonia entre quantidade e qualidade na respectiva área de ação; IV - buscar sempre a compatibilização entre gestão dos recursos hídricos/ desenvolvimento regional e conservação do meio ambiente; V - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e dessedentação de animais; VI - promover a integração de ações preventivas, e de defesa, contra acidentes hidrológicos que causem riscos à segurança e saúde públicas da população da bacia; VII - assegurar a proteção dos recursos hídricos contra obras e intervenções que venham comprometer o seu uso múltiplo no presente e no futuro; VIII - estimular o desenvolvimento e a transferência de tecnologias com vistas à conservação dos recursos hídricos em sua área de abrangência; IX - estudar e propor alternativas de desenvolvimento sustentável da bacia; X - promover e apoiar a integração da gestão dos recursos hídricos com as demais políticas públicas de interface com a gestão hídrica, articulando a viabilidade técnica, econômica e financeira de programas e projetos de investimentos; e XI - apoiar a integração entre as políticas públicas municipais, estadual e federal visando o desenvolvimento sustentável da bacia. [...]. (COBH CAPIBARIBE, 2009).

Uma meta essencial consiste no desenvolvimento econômico que inclua a

qualidade de vida da população da bacia. Para tanto, é fundamental a participação

ativa da comunidade e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe (COBH

Capibaribe).

4.1.1 Água: preocupação

A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) é responsável pelo

monitoramento da qualidade da água do rio Capibaribe desde 1984. Em 2009, a

agência verificou que o estuário do rio Capibaribe apresentava-se bastante

antrópico, e a água do baixo curso do rio, que banha o município do Recife, foi

classificada como bastante poluída (PERNAMBUCO, 2010, t. 1, v. 2).

Page 71: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

69

Em 2010, a Universidade Federal de Pernambuco e o Comitê da Bacia

Hidrográfica do Rio Capibaribe (COBH Capibaribe), em conjunto, promoveram a

Avaliação Participativa da Qualidade das Águas da Bacia do Rio Capibaribe, em

comemoração à Semana da Água, com a participação de professores e alunos, sem

nenhuma pretensão de substituir o monitoramento dos órgãos competentes, mas

para fins didáticos e na intenção de incentivar a sociedade para a preservação do rio

(COBH CAPIBARIBE, 2010).

Segundo o relatório sobre a Semana da Água em 2010:

De maneira geral, os resultados obtidos, especialmente a diferença de qualidade observada nas águas antes e depois de atravessarem as áreas urbanas, comprovam claramente aquilo que as pessoas percebem em seu cotidiano: as águas da Bacia do rio Capibaribe estão fortemente poluídas, principalmente por lixo e despejo de esgotos sanitários e industriais (matadouros e casas de farinha) gerados nas cidades. (COBH CAPIBARIBE, 2010, p. 17).

A Fundação SOS Mata Atlântica, organização não governamental fundada em

1986, desenvolve o Projeto A Mata Atlântica é Aqui: Exposição Itinerante do

Cidadão Atuante, lançado em 2009. O projeto visita cidades brasileiras

disseminando informações sobre a mata atlântica, considerado o bioma mais

ameaçado do Brasil. Em 2010, quando esteve em Recife, a ONG avaliou a

qualidade da água do rio Capibaribe, classificando como regular, com 28 pontos.

Dois anos depois, em setembro de 2012, a SOS Mata Atlântica realizou outra

análise para verificar se houve alteração na água. A coleta foi feita nos pontos mais

próximos do local onde o projeto foi instalado, o Parque Dona Lindu (Figura 10).

O resultado da qualidade da água em 2012, no cotejo com 2010, foi negativo,

26 pontos, recebendo a classificação ruim. Nesses dois anos, o Capibaribe

continuou sendo utilizado para despejo de detritos, notadamente domésticos.

Em face disso, o rio Capibaribe como patrimônio natural e cultural, de grande

importância para o estado de Pernambuco, deve ser alvo da maior atenção, com

urgência, por parte dos órgãos a que cabe a responsabilidade por sua preservação.

Na sua gestão, devem-se considerar seus aspectos naturais e culturais com a

integração dos setores do planejamento urbano e ambiental; unir esforços para a

ampliação de sistemas de esgotamento sanitário e, fundamentalmente, educar a

população quanto aos prejuízos que todos têm ao jogar lixo no rio.

Page 72: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

70

Figura 10 – Membros da equipe itinerante coletando água do rio Capibaribe para análise: Projeto A Mata Atlântica é Aqui

Fonte: Fuser (2012).

Faz-se pertinente lembrar que a região costeira do Brasil sempre foi tratada

com negligência, notadamente nos municípios de grande população (como o

Recife), produzindo lixo diariamente, que vai juntar-se a outros nos ambientes

costeiros e marinhos advindos de outros rios (SUL, 2008).

4.1.2 Mobilidade urbana

Requalificação do Porto do Recife

Pernambuco foi o primeiro estado brasileiro a iniciar a reforma do Porto do

Recife e a construir, no armazém 7, o Terminal Marítimo de Passageiros (TMP) em

novembro de 2011. Essa é uma das obras a que o governo federal dá prioridade

visando à Copa do Mundo de 2014, beneficiando o Recife, que terá toda aquela área

revitalizada. O Centro de Artesanato de Pernambuco (Cape), instalado no antigo

armazém 11, inaugurou-se em 25 de setembro de 2012, e no armazém 10, será

construído o Cais do Sertão Luiz Gonzaga, prevista para dezembro a conclusão da

primeira parte.

Page 73: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

71

O Porto do Recife foi agraciado com a posição perfeita para rota de navios de

todo o mundo, com acesso fácil aos principais pontos do Grande Recife e às

principais vias para o interior ou litoral do estado. O projeto arquitetônico do Terminal

Marítimo de Passageiros foi criado em 2008 (Figura 11).

Figura 11 – Perspectiva arquitetônica do novo terminal marítimo do Recife

Fonte: Guedes (2011).

Espera-se que em 17 meses de trabalho se conclua a montagem dos 3.178

metros quadrados de área construída no novo TMP. O terminal:

[...] abrigará o espaço de lazer e serviços, com restaurantes, lanchonetes, cafés e lojas, e as salas de embarque e desembarque, com raio X, alfândega, esteiras rotativas e portões de chegada e partida. Na planta, ainda está previsto memorial do Porto do Recife, onde serão vistas fotografias, plantas e objetos do mais antigo porto de Pernambuco. Tudo com vista para o mar. (PORTO DO RECIFE, 2011).

Simultaneamente com a reforma dos armazéns, é feita a dragagem para

aprofundar os cais 7 e 8, para garantir o calado de 10 metros, que será suficiente

para receber os maiores transatlânticos. O Porto do Recife deverá contar com quatro

Page 74: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

72

cais para embarcação de passageiros. As obras de urbanização serão estendidas a

toda a área do porto.

Por parte da iniciativa privada, na reforma, está inclusa a construção de um

hotel de luxo e uma marina internacional, onde funcionava a Companhia Nacional de

Abastecimento (Conab), localizada no Cais de Santa Rita, desativada em 2007

(Figura 12).

Figura 12 – Prédio da Conab desativado

Fonte: Clemilson Campos, 2012 / JC Imagem

São 4,5 mil metros quadrados de área construída com sete pavimentos, que,

incluído o armazém 15, totalizará uma área de 10.745,17 metros quadrados. Na

demolição de ambos, utilizam-se ferramentas específicas para trabalho manual e

máquinas de acordo com o plano de demolição estudado (NOTARO, 2012). Toda a

obra deverá estar conclusa antes da Copa do Mundo de 2014.

Rio Capibaribe Navegável

A CPRH elaborou o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) com permissão

para a efetivação do Projeto Rios da Gente. Desse modo, o Governo do Estado de

Pernambuco vai pôr em execução um antigo desejo de tornar o rio Capibaribe

navegável para o transporte fluvial.

Esse projeto faz parte do Programa Rios da Gente, com orçamento de R$ 289

milhões, com verba do governo estadual e do governo federal. O governador já

Page 75: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

73

assinou o edital de licitação para a dragagem do rio, que vai ser feita em dezoito

meses, com remoção de lixo e escombros em 17 quilômetros do rio Capibaribe.

Serão duas rotas de navegabilidade: a rota Oeste (Centro, Derby, Torre e

Apipucos) e a rota Norte – Santo Antônio, São José, Boa Vista e Santo Amaro

(Figuras 13 e 14). Os bairros terão uma estação instalada para embarque e

desembarque.

Figura 13 – Rota de navegabilidade oeste

Fonte: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=819054&page=9>.

Figura 14 – Rota de navegabilidade norte

Fonte:<http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=819054&page=9>.

Page 76: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

74

Os barcos têm 23 metros de comprimento, com climatização, capacidade

para transportar 86 passageiros sentados, incluindo-se portadores de necessidades

especiais (CARVALHO, J., 2012). Estão previstas 156 viagens diárias. A conclusão

da obra está prevista para julho de 2014.

No Brasil em geral, a navegação fluvial, ainda é mínima diante do potencial de

suas bacias hidrográficas. É um dos meios de transporte mais econômicos, tanto

para movimentação de pessoas como de bens, desde que a via fluvial comporte

(calado profundo, sistema de eclusas). Com o rio navegável, espera-se mais

promoção de passeios de barco (Figura 15).

Figura 15 – Passeio de Catamarã pelo rio Capibaribe, Recife Antigo

Fonte: Nascimento (2009).

Page 77: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

75

Ponte Semiperimetral no Bairro da Iputinga

O Programa Capibaribe Melhor da Prefeitura do Recife é responsável pela

promoção de várias ações, incluindo drenagem, iluminação, pavimentação; também

a construção dos Parques de Santana, Apipucos e do Caiara. Em fins de agosto,

com o assentamento das fundações, iniciou-se a construção da ponte

semiperimetral, que terá a extensão de 280 metros e 20 metros de largura (Figura

16).

Figura 16 – Assentamento das fundações da ponte semiperimetral

Fonte: Bernardo Soares/ JC Imagem.

A ponte ligará os bairros Iputinga e Monteiro; será a principal via de ligação

das regiões oeste e norte do Recife, uma alternativa para desafogar o trânsito. É um

investimento de 43 milhões de reais, incluindo a requalificação das ruas. A

construção desse elevado é uma das etapas da reforma urbana e ambiental da

bacia do Capibaribe (ROMÃO, 2012).

Para a execução do Capibaribe Melhor, indenizaram-se e realocaram-se em

torno de 500 famílias. O programa prevê a construção de dois conjuntos

habitacionais: Capibaribe I na Iputinga e o Capibaribe II em Monteiro, com entrega

em dezembro de 2013, como também da ponte.

Page 78: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

76

Ampliação do Parque Estadual de Dois Irmãos

O governador de Pernambuco assinou em 21 de setembro de 2012 o decreto

que permite a ampliação do Parque Estadual de Dois Irmãos, situado no centro da

região metropolitana do Recife. A respeito do empreendimento, o governador

Eduardo Campos diz:

[...] este é um passo estratégico para o futuro da Cidade do Recife e para Pernambuco. Espero que a Cidade possa integrar essa reserva e essa unidade de conservação do bioma da Mata Atlântica, como também os parques dos manguezais, através do rio, que precisam ser cuidados [...] Vamos legar às futuras gerações o valor da sustentabilidade, e de um meio ambiente mais bem cuidado do que o que recebemos das gerações que nos antecederam. (CAMPOS apud PENA, 2012).

Hoje, com uma área de 387 hectares (Figura 17), o parque será ampliado

com a incorporação de uma reserva de mata atlântica, a Fazenda Brejo dos

Macacos, com 770 hectares. O investimento será de 18 milhões. O estado está

estudando a melhor forma de o local servir à população.

Figura 17 – Vista do Parque Estadual de Dois Irmãos

Fonte: <http://www.pe.gov.br/_resources/files/_modules/files/files_2574_tn_201209211955018faf.jpg>.

Page 79: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

77

O parque já abriu o aviário de 500 metros quadrados, e o hospital veterinário

terá nova estrutura técnica. Estuda-se a abertura de trilhas ecológicas de lazer e

estudo (é pertinente lembrar a necessidade de contratar guias de ecoturismo, e os

monitores passariam a auxiliar e desenvolver atividades, acompanhados pelos

guias).

4.1.3 Projeto Parque Linear do Capibaribe

O arquiteto César Barros elaborou, por iniciativa própria, o Projeto Parque

Linear do Capibaribe para ser desenvolvido em 15 quilômetros do rio, nas duas

margens, que se estende da BR-101 até a Ponte Giratória, entre o bairro de Recife e

o de São José (ALVES, 2012). Esse trecho teria dez metros de largura; em quatro

metros, construir-se-iam duas calçadas de dois metros de largura. Os seis metros se

destinariam a passeios além de bicicletas, esquetes, patins e corredores. A

concretização do projeto depende da Prefeitura (Figura 18).

Figura 18 – Percurso da Via Parque, de Apipucos ao centro do Recife

Fonte: Flora Pimentel, 2012/JC Imagem

Page 80: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

78

Na via parque, haveria píeres flutuantes no rio, margens tratadas com uma via

opcional para pedestres. Quanto aos problemas dos trechos obstruídos, a Prefeitura

negociaria com os moradores a abertura da via para os pedestres.

César Barros (apud ALVES, 2012) afirma: “Com a ciclovia sombreada

(ciclofresca), as pistas para corredores, skate, patins e patinete, espera-se diminuir a

poluição do rio. É preciso ampliar as obras de esgotamento sanitário e educar a

população para não jogar lixo no Capibaribe.” O arquiteto conclui: “Acredito numa

sociedade melhor, não creio em um futuro de cidade, Estado ou país gerido por uma

pessoa e quatro assessores. Plano de gestão precisa ser construído com a

população.”

Ao se construir às margens de rios, deve-se obedecer à legislação. A

pretensa via ocuparia 10 metros dessa área onde as edificações estão proibidas,

desse modo, atendendo ao que o Código Florestal preconiza no artigo 65, parágrafo

2.º:

Art. 65. Na regularização fundiária de interesse específico dos assentamentos inseridos em área urbana consolidada e que ocupam Áreas de Preservação Permanente não identificadas como áreas de risco, a regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da Lei n.º 11.977, de 7 de julho de 2009. [...] § 2.o Para fins da regularização ambiental prevista no caput, ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água, será mantida faixa não edificável com largura mínima de 15 (quinze) metros de cada lado. § 3.o Em áreas urbanas tombadas como patrimônio histórico e cultural, a faixa não edificável de que trata o § 2o poderá ser redefinida de maneira a atender aos parâmetros do ato do tombamento. (BRASIL, 2012a).

O projeto propõe que se preserve a flora e a fauna do manguezal e também o

plantio de outras espécies. Contudo, devem-se observar os critérios, porque existem

espécies que representam ameaça àquelas nativas.

4.2 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO BAIXO CURSO DO RIO CAPIBARIBE

Como toda cidade cortada por rios, Recife está exposta à degradação

ambiental, agravada pelas péssimas condições de vida das pessoas de baixa renda

Nela se encontram áreas sem nenhuma espécie de vegetação, ainda ocupadas por

moradias em palafitas, ou núcleos habitacionais de baixa renda (construções

Page 81: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

79

subnormais, precárias, sem nenhuma medida higiênico-sanitária), tanto nas

margens do rio Capibaribe como no litoral; em vista disso, o rio encontra-se em alto

grau de poluição em razão do que nele se lança, como lixo doméstico e dejetos.

Nas áreas determinadas pela pesquisa, constatou-se que há níveis variados

de poluição. O bairro da Caxangá, às margens do rio Capibaribe, situado a 11

quilômetros do centro do Recife, apresenta menos poluição graças a um programa

de coleta seletiva de lixo e da estação de tratamento de esgotos. Verificou-se que a

poluição nessa área tem como causa os dejetos lançados pelos moradores da área

ribeirinha. Na Ilha do Retiro e no bairro Santana, imediações do Parque de Santana,

bairros com elevada densidade populacional, a poluição é muito alta. Nesse último,

o esgoto corre direto para o rio Capibaribe. Há moradores em condições de vida

abaixo da linha de pobreza.

Um exemplo da relação do Recife com o rio Capibaribe é a Comunidade

Caranguejo Tabaiares, à margem do braço morto do rio, região central do Recife,

entre o bairro da Ilha do Retiro e Afogados, contrastando com o Sport Club do

Recife, a Universidade de Pernambuco, várias empresas comerciais e serviços

localizados nas imediações (Figura 19).

Figura 19 – Moradias na comunidade Caranguejo Tabaiares

Fonte: Jordão (2010).

Page 82: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

80

Muitos esgotos escorrem carregados de lixo flutuante, que, ao ser lançado

nas águas, impede a penetração de oxigênio e da luz solar, o que é necessário para

a fotossíntese dos seres clorofilados, que utilizam o dióxido de carbono e água a fim

de conseguir glicose por meio da luz do sol. Sem a fotossíntese, os animais não

sobrevivem, uma vez que a base de sua alimentação se encontra nas substâncias

orgânicas que as plantas verdes proporcionam. As consequências são desastrosas

para a fauna e a flora, igualmente para a população, porque esse despejo aumenta

a propagação de doenças decorrentes de vírus, bactérias e vermes.

Ainda na Comunidade Caranguejo Tabaiares, as palafitas, que avançam

sobre o leito do rio, e o “tapete” de lixo contrastam com edifícios de classe média

(Figura 20).

Figura 20 – Palafitas na comunidade Caranguejo Tabaiares, lixo flutuante e edifícios de classe média

Fonte: Caranguejo Tabaiares (2008).

Page 83: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

81

Vê-se outro contraste no bairro de Apipucos, áreas ocupadas por favela e

construções de médio e de grande porte às margens do rio (Figura 21).

Figura 21– Contraste nas margens do rio Capibaribe: à esquerda, prédios no bairro de Apipucos; à direita, uma favela

Fonte: Cesário (2006).

A degradação ao meio ambiente se estende pelas Áreas de Preservação

Permanente dos rios e riachos que drenam a bacia hidrográfica do rio Capibaribe, ou

seja, áreas consideradas de preservação permanente desde a promulgação do

Código Florestal de 1965, reafirmadas pelo Novo Código Florestal, Lei n.º 12.651, de

25 de maio de 2012, no capítulo II, artigo 4.º.

Em uma área de preservação ambiental, às margens do rio Capibaribe, zona

norte do Recife, numa demonstração total de indiferença à lei, a prática é o despejo

de lixo; tronco de árvores, vasilhames, sacos de lixo e até um corpo de cavalo

apodrecendo, que vivia na margem do rio, conforme se pode ver na Figura 22

(MISÉRIA..., 2012).

Page 84: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

82

Figura 22 – Lixo em área de preservação ambiental na margem do Rio Capibaribe ao lado do Parque Santana, bairro de Casa Forte

Fonte: Bernardo Soares, agosto 2012 /JC Imagem.

Ignoram que o Código Florestal estabelece regras para as Áreas de

Preservação Permanente, como também impõe limites para a retirada de qualquer

espécie de vegetação nas áreas próximas dos corpos hídricos.

Os moradores ribeirinhos utilizam o rio para a pesca como fonte de

alimentação e para fins comerciais; também para lazer e como via de transporte;

servem-se dele, o que é grave, para cozinha, lavanderia e banheiro; jogam os

dejetos no rio ou no canal mais próximo da moradia. Essa prática diária resulta no

acúmulo de dejetos, o que vai destruindo as fontes de recursos naturais, que os

beneficiam diretamente. É essa a troca na relação dos moradores com o rio.

É preciso um trabalho permanente de educação ambiental dirigida à

população ribeirinha, que se encontra assentada por toda a cidade. Igualmente é

preocupante o excesso de construção de edifícios, as chamadas “torres”, sem levar

em conta fatores como escala, proporção e harmonia com os espaços públicos;

edifícios concentrados como elementos intrusos em diversos pontos da cidade, a

impedir a ventilação e a visualização da paisagem, somando-se ao fato de

Page 85: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

83

descaracterizar áreas de rios, manguezais e remanescentes da mata atlântica, a

exemplo do que ocorre na bacia do Capibaribe.

A realidade das margens do rio Capibaribe no baixo curso é a ausência de

vegetação ciliar; encontram-se apenas esparsos agrupamentos de espécies de

arbustos. Na Figura 23, é visível o estado em que se encontram as margens do rio

em 2012; muito lixo e ausência de vegetação em Área de Preservação Ambiental.

Figura 23 – Lixo nas margens do rio Capibaribe em área próxima do centro

Fonte: Maia (2012)/NE10.

Segundo reportagem de 2007 do Jornal Diario de Pernambuco, nas

proximidades do bairro do Cabanga, o rio Capibaribe já apresentava indícios de

assoreamento, cuja profundidade, atualmente, não atinge dois metros, comparando-

se com a profundidade de seis metros há quarenta anos (O CAPIBARIBE..., 2007, p.

C3). Essa é uma das dificuldades a serem vencidas na execução do projeto de

navegabilidade, conforme se vê na Figura 24.

Page 86: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

84

Figura 24 – Rio Capibaribe transformando-se em lamaçal

Fonte: Artoni (2007).

Na cidade do Recife, parte da população ribeirinha e do litoral já foi realocada;

isso representaria a tão sonhada conquista da casa própria, mas o que se verifica,

depois de algum tempo, não satisfeitos com as "melhores" condições que lhes foram

oferecidas, alguns residentes vendem sua casa e retornam para uma localidade

próxima da moradia anterior. Alguns desses moradores se sentiam isolados

socialmente. Embora voltem a viver em um ambiente sem a mínima condição,

continuam a desejar melhor qualidade de vida, que o local de sua escolha tenha a

infraestrutura básica para atender às suas necessidades (PEREIRA JÚNIOR, 2008).

Page 87: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

85

4.3 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS NATURAIS DA BACIA DO

CAPIBARIBE

Melo et al. (2011), no estudo de avaliação espaço-temporal no manguezal do

baixo curso do rio Capibaribe, verificaram que houve mudanças importantes nas

classes que denominam áreas de mangue, área urbana e solo exposto/outra

vegetação entre os anos de 1974, 1997 e 2007 (Tabela 1).

Tabela 1 – Distribuição dos valores em hectares nas classes de áreas de mangue, área urbana e solo exposto/outra vegetação 1974, 1997, 2007

Anos de análise

Área de mangue

Margem direita

Margem esquerda

Área urbana Solo exposto/

outra vegetação

1974 1.079 431 648 1.458 5.171

1997 914 381 553 2.381 4.733

2007 2.341 1.423 918 1.602 4.320 Fonte: Melo et al. (2011, p. 6.590).

Em 1974, a vegetação de mangue ocupava o total de 1.079 hectares,

distribuídos 431 hectares na margem direita e 648 na margem esquerda. Em 1997,

reduziu a vegetação para 914 hectares; 381 na margem direita e 553 hectares na

margem esquerda. Já em 2007, a área com vegetação passou de 914 hectares para

2.341 hectares, na margem direita 1.423 e 918 hectares na esquerda.

O monitoramento da área de mangue revelou que o manguezal tem

capacidade de recomposição natural, contudo, tal recomposição não significa que

suas condições de conservação estejam apropriadas. Um dos fatores importantes

para a regeneração natural é a presença no local de fontes de semente, se a

destruição da vegetação nativa não foi completa.

Na classe de área urbana, entre 1974 e 1997, houve aumento da área total

ocupada, de 1.458 para 2.381 hectares. Na classe solo exposto/outra vegetação,

nesses mesmos anos, apresentou-se diminuição de 5.171 para 4.733 hectares.

Verificou-se, no entanto, que, entre 1997 e 2007, tanto a classe de área

urbana como de solo exposto/outra vegetação, tiveram redução: respectivamente,

de 2.381 para 1.602, e de 4.733 para 4.320 hectares. Tal redução favoreceu, nesse

Page 88: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

86

período, a recolonização de vegetação do manguezal nas áreas de solo

exposto/outra vegetação (MELO et al., 2011).

A bacia do rio Capibaribe se encontra hoje fortemente comprometida em

razão da deposição de dejetos, de resíduos químicos e sólidos. A expectativa é que

todas as ações desenvolvidas pelos diversos órgãos consiga recuperar seu sistema

hidrológico para que o uso do rio seja ampliado. Usando as palavras de Giansanti

(2008, p. 1), e para evitar a situação da cidade de São Paulo, “antes de deixar de

usar os rios, seria preciso mudar os tipos de uso”.

A CPRH monitora as águas do rio Capibaribe no baixo curso por meio das

duas estações de amostragem de monitoramento da cidade do Recife: Ponte da

Avenida Caxangá e Ponte na Rua Engenheiro Abdias de Carvalho (Ilha do Retiro).

No monitoramento do período em 2009-2010, verificou-se que o maior índice de

poluição se encontra na cidade do Recife (Tabela 2).

Tabela 2 – Resultado da aferição da qualidade da água no baixo curso do rio Capibaribe

em 2009-2010 pela CPRH

Estação/ Ano

Meses

Fevereiro Abril Junho Agosto Outubro Dezembro

2009

Ponte Av. Caxangá

N/dado

N/dado

Poluído

Poluído

Poluído

N/dado

2010 Muito poluído

Poluído

N/dado Muito poluído

Poluído

Poluído

2009

Ponte Rua Abdias de Carvalho

Poluído

N/dado

Muito poluído

Muito poluído

Muito poluído

N/dado

2010 Muito poluído

Poluído

N/dado

Muito poluído

Muito poluído

Muito poluído

Fonte: Observatório do Recife (2011).

Os resultados do monitoramento dessas águas mostraram que a

concentração de oxigênio dissolvido na água é baixa, com taxas elevadas de

demanda bioquímica de oxigênio, indicando a presença de matéria orgânica muito

acima do tolerável; daí o alto teor de fósforo tanto no rio como nos reservatórios.

Page 89: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

87

Ressalte-se que esses pontos onde se realizou a análise da CPRH têm elevada

densidade populacional e núcleos habitacionais de baixa renda.

4.4 PESQUISA DE CAMPO

4.4.1 Entrevista com moradores próximos das margens do rio Capibaribe e com

trabalhadores do Porto do Recife

Nas Tabelas 3 a 6, apresentam-se as informações referentes ao perfil

socioeconômico da população pesquisada: idade, escolaridade, trabalho e

condições de moradia.

PERFIL DOS ENTREVISTADOS

Tabela 3 – Faixa etária dos entrevistados

Bairros

Faixa etária

Apipucos Torre Várzea Porto do Recife

Idade 25 a 55 anos

20 a 65 anos 17 a 60 anos

21 a 57 anos

Tabela 4 – Escolaridade

Bairros

Instrução

Apipucos Torre Várzea Porto do Recife

1.º grau completo

30%

20%

3.º grau completo

60%

20%

Não estudam 20% 30%

Formação em escola/ faculdade pública ou particular

Particular 100% 20% 30% 60% Pública 80% 70% 40%

O trabalho informal é desempenhado pela maioria dos entrevistados,

seguindo-se os servidores públicos e trabalhadores avulsos.

Page 90: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

88

Tabela 5 – Trabalho/atividade dos entrevistados

Categoria Apipucos Torre Várzea Porto do Recife

Servidores públicos 60% 20% Área empresarial 40% Trabalhadores avulsos

20%

80%

Autônomos/informais 80% 100% Total 100% 100% 100% 100%

Um alto percentual mora em casa própria, o que mostra a Tabela 6. Verificou-

se que, na residência dos entrevistados de classe C/D, a tendência é morar um

número maior de pessoas.

Tabela 6 – Sobre a moradia

Situação da casa

Apipucos Torre Várzea Porto do Recife

Própria 90% 80% 90% 40%

Alugada 10% 20% 10% 60%

Número de pessoas que moram na casa

Percentual de casa dos entrevistados

70% das casas - de 4

50% das casas + de 4

80% das casas + de 4

70% das casas +de 4

Chefe da casa

% 70% 60% 40% 60%

Televisão e telefone na casa

Televisão 100% 100% 100% 100%

Telefone 100% 70% 60% 100%

Despesa geral mensal

Água, energia, alimentação, transporte, lazer, vestuário, saúde e educação

(reais) 7.000 700 600 2.000

Sobre a área onde mora

Coleta de lixo e tratamento de esgoto praticamente não existe. Tal carência

fortalece a afirmação de que as maiores fontes de poluição são os esgotos

domésticos e o lixo acumulado – quando não, os lixões irregulares (Tabela 7).

Page 91: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

89

Tabela 7 – Coleta de lixo e tratamento de esgoto na área onde reside

Bairros Apipucos Torre Várzea Porto do Recife

Coleta de lixo Sim Não Não Sim

Coleta seletiva Não Não Não Não

Tratamento de esgoto

Precário

Não

Não

Não

A comunidade enfrenta sérios problemas com assaltos e uso de drogas.

Apesar de 100% dos entrevistados terem comunicado esses problemas às

autoridades competentes, pouco foi feito.

RESULTADOS SOBRE SAÚDE

Na intenção de identificar os danos à saúde de pessoas que moram em

áreas ribeirinhas, perguntou-se se alguém da casa passou por algum problema de

saúde nos últimos seis meses (Tabela 8).

Tabela 8 – Doença em alguém da casa nos últimos seis meses

Doença em alguém que mora na casa nos últimos seis meses

Bairros Percentual de casas

Número de pessoas doentes

Doença provocada pela água ou pelo ar

Apipucos 10% 1 -

Torre 20% 1 10%

Várzea 40% 1 30%

Porto do Recife 20% 1 20%

Os entrevistados, na maioria, já precisaram ser atendidos nos serviços do

posto de saúde da Prefeitura (Tabela 9).

Page 92: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

90

Tabela 9 – Utilização dos serviços de saúde ou de outro órgão da Prefeitura

Bairros Já precisou de serviços de saúde

Precisou de outro órgão

Apipucos - 25%

Torre 80% 20%

Várzea 100% 30%

Porto do Recife 40% 25%

O RIO CAPIBARIBE

Neste bloco de tabelas, apresentam-se os resultados a respeito da bacia

hidrográfica do rio Capibaribe no baixo curso.

O rio Capibaribe é considerado importante por 100% dos entrevistados.

Perguntando-se qual é a importância que o rio tem para eles, a maioria respondeu

que o rio é importante para a qualidade de vida da população, a pesca, navegação e

preservação do mangue (Tabela 10).

Tabela 10 – Importância do rio Capibaribe

Bairros Sobre a importância do rio Capibaribe %

Apipucos Importante para a qualidade de vida da população, preservação do mangue e da navegação

90

Torre Importante para a pesca, o mangue e a navegação. 60

Várzea Muito importante para o turismo, o mangue e a navegação 40

Porto do Recife

Importante para a qualidade de vida da população, pesca e navegação

90

Sobre a poluição do rio Capibaribe, há quase unanimidade entre os

entrevistados; apenas 10% dos moradores da Várzea não consideram o rio poluído

(Tabela 11).

Page 93: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

91

Tabela 11 – Opinião sobre a poluição no rio Capibaribe

Bairros Poluição do rio Capibaribe

Sim Não

Apipucos 100%

Torre 100%

Várzea 90% 10%

Porto do Recife

100%

À pergunta se o entrevistado sabia o significado de desenvolvimento

sustentável ou se ouvira falar, a expressão só era conhecida entre os entrevistados

de Apipucos (100%) e do Porto do Recife (70%). Depois da explicitação àqueles que

desconheciam, perguntou-se se o bairro estava no caminho do desenvolvimento

sustentável. Nesse quesito a maioria dos entrevistados (por pequena margem)

considera que o bairro onde mora não está em desenvolvimento sustentável,

conforme se vê na Tabela 12.

Tabela 12 – Opinião sobre o desenvolvimento sustentável no bairro

Bairros

O bairro está no caminho do

desenvolvimento sustentável

Não está no caminho do desenvolvimento

sustentável

Apipucos 100% -

Torre 80% 20%

Várzea 10¨% 90%

Porto do Recife - 100%

Neste bloco, as perguntas permitem respostas múltiplas e espontâneas.

Seguindo-se com a pergunta sobre o que gostariam que a Prefeitura ou o Governo

do Estado fizesse por sua comunidade e pelo rio Capibaribe, a preocupação maior

foi com a limpeza do rio Capibaribe (Tabela 13).

Page 94: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

92

Tabela 13 – O que gostaria de ver a Prefeitura ou o Governo do Estado

fazer pela comunidade e pelo rio Capibaribe

Bairros

Respostas

%

Apipucos Gostaria de ver o rio limpo pela Prefeitura 100

Torre A Prefeitura limpar o rio Mais iluminação e fiscalização

80 20

Várzea Gostaria que a Prefeitura limpasse o rio

Gostaria de mais segurança e fiscalização

70

30

Porto do Recife Gostaria que a Prefeitura limpasse o rio

Fizesse um trabalho de revitalização e melhorasse a fiscalização

100

100

No quesito sobre o conhecimento das leis federais, estaduais e municipais

que tratam do meio ambiente e se têm acesso a elas, responderam não ter acesso

100% dos entrevistados dos bairros da Torre e Várzea; apenas 30% dos

entrevistados de Apipucos e 10% do Porto do Recife conhecem essas leis.

Tabela 14 – Conhecimento das leis federais, estaduais e municipais que tratam do meio ambiente e acesso

Bairros

Conhece

(%)

Não

conhece

Têm acesso

Não têm acesso

(%)

Apipucos 30 70 - 100 Torre

100

-

100

Várzea 100 - 100 Porto do Recife

10

90

-

100

Sobre trabalho de educação ambiental desenvolvido no bairro por alguma

ONG, todos os entrevistados responderam negativamente. No entanto, o

representante do Comitê de Bacias afirmou que existem várias associações e

órgãos que contribuem para a conservação e utilização da bacia hidrográfica do rio

Capibaribe.

Page 95: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

93

Existem várias. Só o Comitê da Bacia do Capibaribe tem 45 instituições, sendo 40% de governos municipais e estaduais, 40% de instituições como empresas, associações, colônia de pescadores, sindicatos e 20% de OGN. [...] O próprio Comitê [...] criou o Programa Capivara de educação ambiental na bacia do Capibaribe que, com a Universidade Rural de Pernambuco, faz um trabalho, primeiro, de capacitação de professores e gestores públicos no alto, médio e no baixo Capibaribe. Segundo, é uma mobilização social que está sendo recebida com bons resultados. (Informação verbal, grifo nosso).6

Procurou-se saber como é a relação dos entrevistados com o rio Capibaribe,

o uso que fazem dele (Tabela 15).

Tabela 15 – Relação dos entrevistados com o rio Capibaribe

Bairros Relação com o rio Capibaribe %

Apipucos Nenhum tem relação 100

Torre Pesca, passeio e utilização da água para banhar animais 70

Várzea Pesca, passeio e utilização da água para banhar animais 80

Porto do Recife

Tem relação com o rio (sem especificar)

20

A maioria dos entrevistados afirma que o rio Capibaribe se encontra bastante

poluído, considerando-se esse o maior problema do rio (Tabela 16).

Tabela 16 – Maior problema que o rio Capibaribe enfrenta na atualidade

Bairros Maior problema do rio Capibaribe %

Apipucos Poluição, por descaso do poder público e falta de educação ambiental

70

Torre Poluição 100

Várzea Poluição 100

Porto do Recife

Poluição

100

6 Informação prestada pelo presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe, Ricardo Braga, em entrevista, Recife, outubro de 2012.

Page 96: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

94

Para a revitalização do rio Capibaribe, os entrevistados indicam,

essencialmente, fiscalização e barcos ou lanchas para a retirada do lixo das águas

(Tabela 17).

Tabela 17 – Opinião sobre a revitalização do rio Capibaribe

Bairros O que é preciso para a revitalização do rio Capibaribe %

Apipucos Mais fiscalização, consciência ambiental, retirar o lixo e criar leis mais rígidas

90

Torre Fiscalização intensa Não jogar lixo no rio

90 10

Várzea Mais fiscalização Lanchas para retirar o lixo do Rio

80 20

Porto do Recife

Mais fiscalização e retirar todo o lixo

100

Desse modo, existe a expectativa de que as políticas públicas que têm como

meta a limpeza da bacia hidrográfica do rio Capibaribe, que vêm sendo debatidas

por ambientalistas, órgãos públicos e pela comunidade há tanto tempo, sejam

concretizadas e a população, finalmente, tenha o rio revitalizado. Segundo afirmou o

representante legal do Comitê na entrevista, para a revitalização, utilização e

conservação da bacia hidrográfica do rio Capibaribe, é preciso que se executem

todos os projetos relacionados com ela: “Outra coisa seria a implantação dos

projetos; o Plano Hidroambiental da Bacia do Capibaribe e o Plano de

Sustentabilidade Hídrica na Bacia. Isso seria um passo extraordinário para a

revitalização da bacia do Capibaribe em vinte anos.” No que se refere à fiscalização,

ele acrescenta: “[...] tem o fiscal cidadão, a fiscalização da Prefeitura, do estado e a

federal. Normalmente essas fiscalizações são insuficientes, ou seja, há, mas são

precárias”.

4.4.2 A educação ambiental para a conservação e utilização do rio Capibaribe

Deve-se incluir a educação ambiental nas escolas e nos mais diversos

setores da sociedade, para que se possam construir valores voltados para a

qualidade de vida e a sustentabilidade mediante programas que atendam às reais

Page 97: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

95

necessidades da sociedade contemporânea, conforme preconiza a Lei n.º 6.938/81,

artigo 2.º, inciso X.

Na capital de Pernambuco, Recife, uma iniciativa com foco na Educação

Ambiental é o Projeto ReCapibaribe. Preocupados com as péssimas condições

ambientais em que se encontrava o rio Capibaribe, os proprietários do Bar e

Restaurante Capibar, casal Maria do Socorro e André Luiz Cantanhede –

entrevistados para esta pesquisa – elaboraram o Projeto ReCapibaribe em 1994 –

que deu origem à ONG ReCapibaribe – com o objetivo de defender o rio e seu

ecossistema.

4.4.2.1 Entrevista com proprietários do Bar e Restaurante Capibar

A entrevista com os proprietários do Capibar realizou-se de modo informal em

25 de maio de 2012 no seu local de trabalho, ou seja, no bar (Figura 25).

Figura 25 – Proprietários do Capibar, casal Maria do Socorro e André Luiz Cantanhede

Fonte: Nascimento (2012).

Localizado na Rua Tapacurá, n.º 101, Casa Forte, Recife, Pernambuco, à

beira do Rio Capibaribe, o Bar e Restaurante Capibar é um ótimo lugar para quem

aprecia uma boa culinária; é um ambiente muito agradável (Figuras 26 e 27).

Page 98: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

96

Figura 26 – Vista frontal do Bar e Restaurante Capibar

Fonte: COMIDINHA..., 2011.

Figura 27 – Terraço do Capibar

Fonte: Nigro (2008).

Page 99: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

97

O Capibar tem um cardápio bastante variado, cujos pratos têm nome original,

o que desperta a curiosidade. O nome dos pratos é inspirado na realidade e em

fatos marcantes abordados nas conversas com os clientes, que também dão

sugestões.

Entre suas especialidades, o Capibar oferece um famoso arrumadinho de

nome “The impeachment”, em homenagem aos protestos políticos que valorizam a

democracia. Tem como ingredientes charque, picanha ou filé, verduras, farinha e

feijão, servidos em travessas artesanais de barro. Outro prato, o tradicional filé com

fritas, “batizado” com um nome peculiar, é o chamado “Os nobres e as putas”; as

postas de peixe de nome “As baronesas” e o composto por ovo de codorna,

azeitona, queijo coalho e vinagrete, o “Taradim da White House”, em alusão ao

presidente Bill Clinton, servido em uma cumbuca.

O bar é decorado com materiais retirados do rio, que são jogados por

pessoas que ignoram as recomendações para a preservação do meio ambiente.

Assim, ao mesmo tempo em que decoram o bar, estão limpando o rio (Figuras 28 e

29).

Figura 28– Varanda do Capibar decorada com garrafas PET

Fonte: Nigro (2008).

Page 100: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

98

Figura 29 – Salão do Capibar decorado com materiais retirados do rio Capibaribe

Fonte: Nigro (2008).

As águas do Capibaribe cortam o Recife, que se liga aos bairros por diversas

pontes, o que leva à recorrente comparação com a cidade italiana Veneza. Apesar

de sua beleza, está muito degradado em razão do acúmulo de lixo, esgotos urbanos

e industriais, que provoca o assoreamento e consequentemente diminuição do

volume de água, afetando a vegetação marginal, o que favorece o problema de

inundações.

Segundo Maria do Socorro, o ecossistema do Capibaribe está prejudicado

graças à falta de consciência da população e de ação efetiva do poder público. Ela

afirma: “Eu nasci aqui, me criei nadando nele, a minha família tirava seu sustento do

rio. Para mim, é muito triste vê-lo nestas condições.” (NASCIMENTO, 2012).

O Capibar promove eventos dos quais já participaram artistas regionais de

conceito como Nando Cordel, Mestre Salu e Arlindo dos Oito Baixos, e a renda é

revertida para a execução das atividades da ONG ReCapibaribe.

Em entrevista, Maria do Socorro Cantanhede acrescentou que “o Capibar

desenvolve um trabalho de educação ambiental entre os clientes e as escolas, nas

feiras de ciências e na ocasião de visitas ao bar feitas por alunos do ensino

fundamental, médio e superior”.

Page 101: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

99

Às segundas-feiras, o Capibar é aberto à visitação de alunos de escolas

públicas e privadas, onde eles podem ver os mais variados objetos, todos retirados

do rio: sofá, cadeiras, mesa, cama, armário, televisores, monitores de computador,

máquina de lavar roupas, fogão, enfim, tudo que preencheria uma casa. Essa foi

uma das formas que os proprietários adotaram para desenvolver seu trabalho de

conscientização ambiental.

No Capibar, não se utilizam copos descartáveis; os frequentadores trazem o

copo de casa, de modo que nenhum dos clientes joga descartável no rio; essa é

uma ação preventiva em relação à conservação do ecossistema do rio Capibaribe.

Os clientes são orientados para a preservação ambiental.

O trabalho realizado pelo Capibar, atualmente, é feito sem parceria. Contam

apenas com a colaboração da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb),

que periodicamente recolhe o lixo retirado do rio Capibaribe. Mais de 5.000 latas de

vários tipos já foram retiradas do rio. Maria do Socorro Cantanhede organiza um

mutirão com pessoas e pescadores da comunidade para coletar lixo das águas e

das margens do rio (Figuras 30 e 31).

Figura 30 – “Pesca” de lixo no rio Capibaribe

Fonte: blogeduardodematos, 6 maio 2012.

Page 102: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

100

Figura 31 – Estofado retirado do rio

Fonte: blogeduardodematos, 6 maio 2012.

Os proprietários têm convidado a sociedade para participar do trabalho de

educação ambiental realizado no bar voltado para conservação e utilização do rio

Capibaribe. Socorro Cantanhede diz que falta vontade política para que sejam

implantadas ações eficazes dirigidas ao rio Capibaribe, para uma educação

ambiental de qualidade.

Em sua opinião, a legislação vigente não é eficiente nem eficaz no que se

refere à conservação e utilização do rio Capibaribe. Acrescente-se que a fiscalização

é bastante precária, e no momento existem apenas dois órgãos de fiscalização do

rio: Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma) e a

Brigada Ambiental.

Somado a isso, a Secretaria de Meio Ambiente do Recife e o Comitê de

Bacias do Rio Capibaribe não têm desenvolvido ações significativas em prol da

educação ambiental voltadas para a conservação e utilização do rio Capibaribe,

segundo os entrevistados.

Contudo, André Cantanhede não desanima: “Eu acredito num mundo melhor,

e para isso é necessário que as pessoas lutem juntas por um mesmo ideal.” Socorro

Cantanhede conclui: “Somente quando o ser humano sair do próprio individualismo

Page 103: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

101

para lutar em prol do interesse da coletividade, aí sim, iremos conseguir mudar a

realidade que nos cerca.” (NASCIMENTO, 2012).

Na luta por respeito ao rio Capibaribe e para sua preservação, é

indispensável a disposição da coletividade.

4.5 O NOVO CÓDIGO FLORESTAL E A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO

CAPIBARIBE

Nesta seção analisa-se a correlação do Novo Código Florestal e a utilização e

conservação da bacia hidrográfica do curso inferior do Rio Capibaribe, precisamente

o município do Recife.

O novo Código Florestal Brasileiro, Lei n.º 12.651/12 (BRASIL, 2012a), foi

sancionado em 25 de maio de 2012 pela presidente Dilma Rousseff. Depois de vetar

alguns artigos, parágrafos e inciso – artigo 1.º; inciso XI do artigo 3.º; parágrafos 3.º,

7.º e 8.º do artigo 4.º; parágrafo 3.º do artigo 5.º; parágrafos 1.º e 2.º do artigo 26; e

artigos 43, 61, 76 e 77 –, a presidente Dilma Rousseff, enviou ao Congresso a

Medida Provisória n.º 571/12, para complementar o texto do novo código (BRASIL,

2012b).

O código efetivou significantes mudanças em relação à preservação

ambiental em propriedades rurais, a exemplo da Reserva Legal e as Áreas de

Preservação Permanente (APP).

Reserva Legal, segundo o Novo Código Florestal, é a área no interior da

propriedade que deve ser preservada, com sua cobertura vegetal original, dando

proteção e abrigo à fauna silvestre e à flora nativa. De acordo com o código de 1965,

a área protegida na Amazônia Legal correspondia a 80% da propriedade; no

cerrado, 35% e 20% em outras regiões. Os senadores aprovaram o texto que

continua com as especificações citadas, porém traz a possibilidade de diminuição da

reserva para 50% em estados com mais de 65% das suas áreas em reservas

ambientais, com a condição de que a restrição tenha a autorização do Conama.

Quanto às Áreas de Preservação Permanente (APP), são locais

desprotegidos, como beira de rios, cume de morros e encostas, e não podem ser

desmatados. Segundo o Novo Código Florestal, Lei n.º 12.651, de 25 de maio de

2012, no capítulo II:

Page 104: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

102

Art. 4.º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I – as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: (Incluído pela Lei n.º 12.727, de 2012) a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros; b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; [...] VII - os manguezais, em toda a sua extensão; [...]. (BRASIL. 2012, grifo nosso).

O código de 1965 determinava que se recuperasse a vegetação nesses locais

em 30 metros de mata ciliar para rios com até 10 metros de largura. O Código

Florestal de 2012 reduziu para 15 metros de recuperação de mata para rios com

largura de até 10 metros.

Com relação aos proprietários com até quatro módulos fiscais – o módulo

varia entre estados de 20 a 440 hectares –, o Senado inovou com a obrigação de

não exceder a recuperação em 20% da área da propriedade. As propriedades

maiores de quatro módulos fiscais às margens de rios terão as áreas mínimas de

matas ciliares estabelecidas pelos conselhos estaduais, respeitando o mínimo de 30

metros e máximo de 100 metros, ou seja, o limite correspondente à metade da

largura do rio.

No entanto, em 17 de outubro de 2012, a presidente Dilma vetou nove itens

da medida provisória que altera o texto do novo Código Florestal aprovada pelo

Congresso.

Os parlamentares determinaram que para propriedades de 4 a 15 módulos fiscais com cursos de água de até 10 metros de largura, a recomposição de mata ciliar seria de 15 metros. O texto original, a ser recuperado com o veto presidencial, era mais rígido e determinava que

Page 105: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

103

propriedades de 4 a 10 módulos teriam que recompor 20 metros. Os grandes proprietários também foram beneficiados pelas modificações da comissão mista, que derrubou a exigência mínima de recomposição de mata ciliar de 30 metros para 20 metros. Essa alteração foi vetada e a exigência voltou a ser de 30 metros. (MENDES, 2012).

Segundo comentários entre os meios de comunicação e ambientalistas, o texto

que a Comissão Mista do Congresso havia aprovado não agradou ao governo porque

beneficiava médios e grandes produtores. De acordo com o novo Código Florestal, a

recomposição da vegetação nas margens de rios será feita conforme apresentado na

Tabela 18.

Tabela 18 – Recomposição da vegetação nas margens de rio

Tamanho da propriedade (em módulos fiscais)

Recomposição a partir da margem

Percentual do imóvel a ser reflorestado para quem tinha plantação na APP até julho/2008

0 a 1 5 metros para qualquer largura de rio

10%

1 a 2 8 metros para qualquer largura de rio

10%

2 a 4 15 metros para qualquer largura de rio

20%

4 a 10 20 metros para rios de até 10 metros de largura

-

Acima de 10 30 a 100 metros para qualquer largura de rio

-

Fonte: Adaptado de Carvalho, E. (2012).

Sobre os benefícios para a bacia trazidos pelo novo Código Florestal, o

representante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe, na entrevista para

esta pesquisa, diz que vai depender do modo como será aplicado e lembra:

Já existe um código de meio ambiente do município do Recife, que tem um capítulo específico que trata das áreas de preservação permanente, essas áreas que seriam afetadas em função do Novo Código Florestal. Se esse código for mantido, nós não teremos problemas, ou seja, o Código do Meio Ambiente e do Equilíbrio Ecológico da Cidade do Recife substituiria o novo Código Florestal em Recife. (Grifo nosso).

Segundo o Código Florestal de 2012, todos os manguezais do Brasil são

Áreas de Preservação Permanente conforme determinação da presidente. Espera-

se que essa medida contenha a especulação imobiliária de que os manguezais são

Page 106: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

104

alvo e seja garantida a sustentabilidade dos moradores dessas áreas e dos recursos

pesqueiros.

O artigo 11-A, incluso pela Medida Provisória n.º 571, determina:

Art. 11-A. A Zona Costeira é patrimônio nacional, nos termos do § 4.o do art. 225 da Constituição Federal, devendo sua ocupação e exploração dar-se de modo ecologicamente sustentável. (Incluído pela Lei n.º 12.727, de 2012). § 1.º Os apicuns e salgados podem ser utilizados em atividades de carcinicultura e salinas, desde que observados os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei n.º 12.727, de 2012). [...] II - salvaguarda da absoluta integridade dos manguezais arbustivos e dos processos ecológicos essenciais a eles associados, bem como da sua produtividade biológica e condição de berçário de recursos pesqueiros; (Incluído pela Lei n.º 12.727, de 2012). [...] § 6.º É assegurada a regularização das atividades e empreendimentos de carcinicultura e salinas cuja ocupação e implantação tenham ocorrido antes de 22 de julho de 2008, desde que o empreendedor, pessoa física ou jurídica, comprove sua localização em apicum ou salgado e se obrigue, por termo de compromisso, a proteger a integridade dos manguezais arbustivos adjacentes. (Incluído pela Lei n.º 12.727, de 2012). (BRASIL, 2012a, grifos nossos)

Contudo, entre ambientalistas e ruralistas, surgiram críticas ao artigo 11-A. De

um lado, há aqueles que consideram os apicuns e salgados partes integrantes do

manguezal; de outro lado, estão os que fazem distinção entre esses biomas e

afirmam que as pessoas estão confundindo os apicuns e salgados com manguezais.

Conforme explica o senador José Agripino Maia no Plenário: “O apicum está longe

do mangue, que se encontra nas margens do estuário, enquanto o apicum está no

meio. O mangue é vivo, tem madeira, caranguejo, peixe. O apicum não tem vida

nenhuma e pode gerar emprego.” (APICUM..., 2011).

Em face do exposto, as mudanças no novo Código Florestal, sem dúvida,

serão mais eficazes para a conservação e o uso da bacia hidrográfica do rio

Capibaribe; reiterando-se, é imprescindível o esforço conjunto dos órgãos oficiais,

organismos da sociedade civil e de toda a sociedade. Mudanças que contemplem o

interesse social de forma ampla, contrariando os interesses econômicos de um

pequeno grupo.

Page 107: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

105

CONCLUSÃO

A degradação do rio Capibaribe é um dos mais graves problemas do

município do Recife. Por maior que seja o empenho por parte de alguns segmentos

para sanar esse problema, estamos longe de alcançar o ideal, porque a falta de

aplicação da legislação ambiental com uma fiscalização efetiva por parte das

autoridades públicas, o não investimento em educação ambiental nas escolas e nos

meios de comunicação têm contribuído para que o homem seja o grande vilão desse

grave problema. Com suas ações danosas, ele tem causado grande impacto

negativo ao meio ambiente por ignorância e, na maioria das vezes, por ganância,

desrespeitando a legislação ambiental vigente no Brasil.

Desse modo, a Educação Ambiental tem um papel muito importante na

prevenção à degradação do meio ambiente. Os programas e os estudos regionais

para a restauração e preservação do rio Capibaribe devem ser executados pari

passu com a Educação Ambiental, de forma ampla, nas escolas e nos mais diversos

setores da sociedade, para que se construam valores voltados para a qualidade de

vida e a sustentabilidade, em uma convivência harmoniosa do ser humano com a

natureza, nos parâmetros do ordenamento jurídico pátrio vigente.

Diante de toda a análise feita neste trabalho, verifica-se que há um arcabouço

legal-institucional apropriado para o desenvolvimento da política pública de gestão

dos recursos hídricos no País. O Código Florestal e a Lei n.º 9.433/97 vieram

propiciar a implantação dessa política pública, regulamentando a descentralização

da tomada de decisão por meio dos respectivos conselhos e comitês de bacias

hidrográficas, porém os resultados não têm sido eficazes.

Desse modo, para a gestão dos recursos hídricos, conta-se com instrumentos

práticos e eficazes estabelecidos pela referida lei. A efetivação de tais instrumentos

cabe à sociedade brasileira e aos órgãos estatais. No entanto, não basta que se

faça uma gestão com base no modelo de gestão descentralizada e com participação

da sociedade. É imprescindível abandonar o hábito de desperdiçar água, ancorado

na concepção errônea de que ela é infinita.

A importância do rio Capibaribe é reconhecida por 100% dos moradores

entrevistados nos bairros de Apipucos, Torre, Várzea e trabalhadores do Porto do

Recife. Por ser o Capibaribe um dos mais importantes rios do estado de

Page 108: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

106

Pernambuco, toda a atenção deve estar dirigida a ele, na melhoria e na conservação

da qualidade ambiental de suas águas, visto que muitas pessoas dependem dele;

boa parte da população sobrevive da sua exploração.

Os mais altos índices de poluição se encontram no município do Recife, e um

rio poluído é sinônimo de baixa qualidade ambiental, redução da flora e da fauna

diante do seu habitat alterado além de favorecer a proliferação de vetores de

doença.

O rio é considerado poluído por 90% dos entrevistados. Em 90% das casas

nos bairros pesquisados, pelo menos uma pessoa adoeceu nos últimos seis meses,

e 60% dos casos foi doença provocada pela água.

Entre os entrevistados, é opinião dos 100% que a fiscalização do uso dos

recursos ambientais é mínima, e eles desconhecem qualquer trabalho de educação

ambiental desenvolvido por alguma ONG no bairro onde mora. O problema se

agrava em razão da falta de conscientização sobre as graves consequências da

degradação ambiental para o equilíbrio ecológico. Não existe eficiência na

fiscalização do uso e no monitoramento dos recursos hídricos em consequência da

falta de recursos financeiros e humanos. É imprescindível dotar-se de meios para

expandir as ações de controle.

O trabalho de educação ambiental desenvolvido pelos proprietários do Bar e

Restaurante Capibar, localizado às margens do rio Capibaribe no bairro de Casa

Forte, é uma iniciativa que pode ser tomada como referência.

Dessa forma, para a conservação da bacia hidrográfica do rio Capibaribe, é

necessário que a legislação ambiental pátria seja aplicada de forma efetiva, que os

gestores públicos desenvolvam políticas públicas voltadas para o desenvolvimento

sustentável, principalmente na área de Educação Ambiental, e cada pessoa faça sua

parte no processo de preservação do meio ambiente.

Page 109: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

107

REFERÊNCIAS

AB' SÁBER, A. N. Amazônia: do discurso à práxis. São Paulo: Edusp, 1996. AGÊNCIA CONDEPE-FIDEM. Bacia hidrográfica do rio Capibaribe: Pernambuco. 1998. 1 mapa, color. Escala 1:500.000. Disponível em: <http://www.srhe.pe.gov.br/ attachments/article/55/Capibaribe_atlas2006novo.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2012. AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS. A evolução da gestão dos recursos hídricos no Brasil. Brasília, DF, 2002.

ALMEIDA, Lúcia M. Alves; RIGOLIN, Tércio B. Geografia. São Paulo: Ática, 2002.

ALVES, Cleide. Uma janela para o Capibaribe: áreas de lazer. Jornal do Commercio, Recife, 2 set. 2012. Cidades, p. 4-5. AMARAL, Valéria. Rio Capibaribe, Graças-Recife-Pernambuco. 2008. 1 fotografia, color. Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/29852588@N06/3054689602/>. Acesso em: 6 set. 2012. APICUM não deve se confundir com mangue, diz Agripino Maia em debate sobre Código Florestal. Agência Senado, 6 dez. 2011. Disponível em: < http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2011/12/06/apicum-nao-deve-se-confundir-com-mangue-diz-agripino-maia-em-debate-sobre-codigo-florestal>. Acesso em: 18 jun. 2012. ARTONI, Adriano. Assoreamento do rio Capibaribe. O Mareante, 2007. 1 fotografia, color. Disponível em: <http://www.uniblog.com.br/omareante/213006/assoreamento-do-rio-capibaribe.html>. Acesso em: 9 jun. 2011. AZEVEDO, Tasso. Passado bem presente. O Globo, 23 nov. 2011. Opinião, p. 7. BAIRD, Colin. Química ambiental. 2. ed. Tradução de M. A. L. Recio e L. C. M Carrera. Porto Alegre: Bookman, 2002.

BARBOSA, J. H. C. Dinâmica da serrapilheira em estágios sucessionais de Floresta Atlântica Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ. 2000. 202 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2000. BARRELLA, Walter et al. As relações entre as matas ciliares, os rios e os peixes. In: RODRIGUES, Ricardo Ribeiro; LEITÃO FILHO; Hermógenes de Freitas (Ed.) Matas ciliares: conservação e recuperação. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2001. p. 187-207. BEHRENDS, Laura Romeu. O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2011. Disponível em: <http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/movimentoambientalista.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2012. BERNARDES, Denis. Recife: o caranguejo e o viaduto. Recife: EdUFPE, 1996.

Page 110: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

108

BOTELHO, Rosângela G. M. Planejamento ambiental em microbacia hidrográfica. In: GUERRA, A. J. T.; SILVA, A. S.; BOTELHO, R. G. M. Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. p. 173- 215. BRASIL. Congresso Nacional. Senado Federal. Decreto Legislativo n.º 3, de 13 de fevereiro de 1948. Aprova a convenção para a proteção da flora, fauna, e das belezas cênicas naturais dos países da América, assinada pelo Brasil a 27 de fevereiro de 1940. Diário do Congresso Nacional, Poder Legislativo, Brasília, DF, 14 fev. 1948, Seção 1, p. 1.505. ______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 5 de outubro de 1988. São Paulo: Saraiva, 2010. ______. Decreto n.º 24.642, de 10 de julho de 1934. Decreta o Código de Minas. Coleção de Leis do Brasil, retificado no Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Rio de Janeiro, 24 set. e 19 out. 1934a.

______. Decreto n.º 24.643, de 10 de julho de 1934. Decreta o Código de Águas. Coleção de Leis do Brasil, v. 004, p. 6791, retificado no Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Rio de Janeiro, 27 jul. 1934b.

______. Decreto-Lei n.º 1.413, de 14 de agosto de 1975. Dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 14 ago. 1975, Seção 1, p. 10.289. ______. Lei n.º 601, de 18 de setembro de 1850 [Lei de Terras]. Dispõe sobre as terras devolutas no Império, e acerca das que são possuídas por título de sesmaria sem preenchimento das condições legais, bem como por simples titulo de posse mansa e pacífica... Coleção de Leis do Brasil, 1850. ______. Lei n.º 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 16 set. 1965. ______. Lei n.º 5.197/67, de 3 de janeiro de 1967. Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 5 jan. 1967. ______. Lei n.º 6.803, de 2 de julho de 1980. Dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 3 jul. 1980, Seção 1, p. 13.210.

______. Lei n.º 6.902, de 27 de abril de 1981. Dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas, Áreas de Proteção Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 28 abr. 1981a.

______. Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 2 set. 1981b.

Page 111: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

109

BRASIL. Lei n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1.º da Lei n.º 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei n.º 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 9 jan. 1997. ______. Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 13 fev. 1998. Retificado em 17 fev. 1998. ______. Lei n.º 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 28 abr. 1999. ______. Lei n.º 12.651, de 25 de maio de 2012. Código Florestal Brasileiro. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis n.º 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória n.º 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 28 maio 2012a. ______. Medida Provisória n.º 571, de 25 de maio de 2012. Altera a Lei n.º 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis n.º 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória n.º 2.166-67, de 24 de agosto de 2001. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 28 maio 2012, retificada em 29 maio 2012b. CALADO, Orlando de Almeida. Manguezal da margem direita do rio Capibaribe no centro do Recife a refletir os maus tratos que sofre. 2011. 1 fotografia, color. Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/61722133>. Acesso em: 18 maio 2012. CALIJURI, Maria do Carmo; BUBEL, Anna Paola Michelano. Conceituação de microbacias. In: LIMA, Walter de Paula; ZAKIA, Maria José Brito (Org.) As florestas plantadas e a água: implementando o conceito de microbacia hidrográfica como unidade de planejamento. Brasília: Rima, 2006. O CAPIBARIBE está se transformando em lama. Diario de Pernambuco, 21 jun. 2007. Vida Urbana, p. C3. CARANGUEJO TABAIARES. Via lixo. 2008. Disponível em: <http://caranguejo tabaiares.blogspot.com.br/>. Acesso em: 4 set. 2012.

Page 112: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

110

CARNEIRO, Ana Rita S.; DUARTE, Mirella; MARQUES, Eliábi A. A conservação da paisagem na perspectiva de um sistema de espaços livres públicos do Recife. Paisagem Ambiente, n. 26, p. 127-141, 2009. CARVALHO, Eduardo. Entenda o que o veto presidencial mudou na MP do Código Florestal. G1, São Paulo, 18 out. 2012. CARVALHO, João. Rumo do Rio Capibaribe em debate. Jornal do Commercio, Recife, 8 out. 2012. Cidades. CARVALHO, Marcus J. M. Liberdade: rotinas e rupturas do escravismo no Recife, 1822 –1850. Recife: EDUFPE, 1998. CAVALCANTE, Vanessa; DANTAS, Marcelo. Pesquisa qualitativa e quantitativa. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Artes e Comunicação, 2006. CAVALCANTI, Andesson Amaro. Estudo da exploração sustentável do mangue. 2008. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/informe-se/producao-academica/estudo-da-exploracao-sustentavel-do-mangue/641/>. Acesso em: 5 abr. 2010. CECÍLIO, Roberto Avelino; REIS, Edvaldo Fialho. Apostila didática: manejo de bacias hidrográficas. Vitória, ES: Universidade Federal do Espírito Santo, 2006. CESÁRIO, Marília Ferreira Paes. Um estudo da viabilidade do uso turístico do rio Capibaribe no Recife. 2006. 132 p. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006. CNRH. Resolução n.º 12, de 19 de julho de 2000. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 20 jul. 2000. ______. Resolução n.º 16, de 8 de maio de 2001. Estabelece critérios gerais para a outorga de direito de uso de recursos hídricos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 14 maio 2001. COBH CAPIBARIBE. Capibaribe das águas limpas, por que não?: Semana da Água na Bacia do Capibaribe: relatório. 20 a 30 de março de 2010. Recife, 2010. Disponível em: <http://www.slideshare.net/comitecapibaribe/03-relatoriosemana dagua2010>. Acesso em: 26 abr. 2012. ______. Estatuto social. Alterado em 14 de maio de 2009. Disponível em: <http://www.apac.pe.gov.br/COBHs/capibaribe/Estatuto_Capibaribe.pdf>. Acesso em: 18 maio 2012. COELHO, Franklin D. Reestruturação econômica, políticas públicas e as novas estratégias de desenvolvimento local. São Paulo: Publicações Polis, 1997. COMIDINHA gostosa na beira do rio. 31 ago. 2011. Disponível em: <http://comerlerviajar.wordpress.com/2011/08/31/478/>. Acesso em: 6 abr. 2012.

Page 113: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

111

CONAMA. Resolução n.º 20, de 18 de junho de 1986. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 30 jul. 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/ port/conama/res/res86/res2086.html>. Acesso em: 15 fev. 2012. CUDISCHEVITCH, Clarice; FONTANETTO, Renata; OLIVEIRA, Stephanie. Gestão e políticas públicas para bacias hidrográficas. Academia Brasileira de Ciências, 9 ago. 2012. Disponível em: <http://www.abc.org.br/article.php3?id_article=2168>. Acesso em: 19 ago. 2012. DEAN, Warren. A ferro e a fogo: a história e a devastação da mata atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. DECLARAÇÃO de Ban Ki-moon à Assembleia Geral da ONU sobre os resultados da Rio+20. ONU Brasil Rio+20, 28 jun. 2012. Disponível em: <http://www.onu.org.br/rio20/tema/documento-final/>. Acesso em: 19 maio 2012. DENARDIN, Anderson Antonio. Economia ecológica: política ambiental. Pelotas, RS: Universidade Federal de Pelotas, 2011. Disponível em: < http://ich.ufpel.edu.br/ economia/professores/aadenardin/ECO3.pdf>. Acesso em: DE TOLLENARE, Louis-François. Sob o céu do Recife (1816). In: SOUTO MAIOR, Mário; SILVA, Leonardo Dantas. (Org.) O Recife: quatro séculos de sua paisagem. Recife: Fundaj; Massangana, 1992. p. 89-104. DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. 5. ed. São Paulo: Gaia, 1998. DIAS, Genebaldo Freire. Iniciação à temática ambiental. São Paulo: Gaia, 2002. DOWBOR, Ladislau. Tendências da gestão social. Saúde e Sociedade, v. 8, n. 1, p. 3-16, 1999.

EFFGEN, Emanuel Maretto. Avaliação de atributos físicos e químicos de um latossolo vermelho-amarelo distrófico sob cultivo de eucalipto e pastagem no Sul do Espírito Santo. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2008. FAUSTINO, Jorge. Planificación y gestión de manejo de cuencas. Turrialba, Costa Rica: CATIE, 1996. FERREIRA, Ivan Dutra. Meio ambiente, sociedade e educação. Brasília: Centro de Educação a Distância, UnB, 2006. FLORIANO, Eduardo Pagel. Políticas de gestão ambiental. 3. ed. rev. Santa Maria, RS: Universidade Federal de Santa Maria. Departamento de Ciências Florestais, 2007. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/77393062/serie7>. Acesso em: 6 jul. 2012. FREYRE, Gilberto. Sobrados e mucambos: decadência do patriarcado rural e desenvolvimento urbano. 15. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.

Page 114: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

112

FUSER, Daniel. Resultado do monitoramento da água do Rio Capibaribe, em Recife. 2012. 1 fotografia, color. Disponível em: <http://www.sosma.org.br/blog/ resultado-do-monitoramento-da-agua-do-rio-capibaribe-em-recife/>. Acesso em: 9 set. 2012. GIANSANTI, Roberto. Ambientes do campo e da cidade: modos de usar. [2008]. Disponível em: < http://revistaescola.abril.com.br/geografia/pratica-pedagogica/ambientes-campo-cidade-modos-usar-427244.shtml>. Acesso em: 6 jul. 2012. GONÇALVES, Daniel Bertoli. Desenvolvimento sustentável: o desafio da presente geração. Revista Espaço Acadêmico, ano 5, n. 51, mensal, ago. 2005. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/051/51goncalves.htm>. Acesso em: 3 mar. 2012. GONSALVES, Elisa Pereira. Conversas sobre iniciação à pesquisa científica. Campinas, S P: Alínea, 2001. GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito ambiental. São Paulo: Atlas, 2009. ______. Direito das águas. São Paulo: Atlas, 2001. GUEDES, Daniel. Veja como deve ficar o Porto do Recife depois da reforma. 2011. Disponível em: <http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias 2011/06/30/veja_como_deve_ficar_o_porto_do_recife_depois_da_reforma_105294.php>. Acesso em: 18 maio 2012. GUIMARÃES, Keila Danielle Souza. Conselho de Salubridade Pública de Pernambuco: um olhar médico sobre a cidade do Recife entre os anos de 1845-1850. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura Regional, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2010. Disponível em: <http://www.pgh.ufrpe.br/dissertacoes/Keila%20 Danielle.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2012. HENKES, Silviana Lúcia. Histórico legal e institucional dos recursos hídricos no Brasil. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 66, 1 jun. 2003 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/4146>. Acesso em: 5 jun. 2012.

HILHORST, Jos G. M. Planejamento ambiental: enfoque sobre sistemas. Tradução de Haydn Coutinho Pimenta. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. IANNI, Octavio. Estado e planejamento econômico no Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986. IBGE. Estimativas populacionais para os municípios brasileiros em 01. 7.2011. Rio de Janeiro, 2011. JORDÃO, Fred. Caranguejo Tabaiares hoje a tarde! 2010. 1 fotografia, color. Disponível em: <http://fredjordao.com.br/Principal/?q=pt-br/node/183>. Acesso em: 9 set. 2012.

Page 115: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

113

KAGEYAMA, Paulo Y.; GANDARA, Flávio Bertin. Restauração e conservação de ecossistemas tropicais. In: CULLEN JR, Laury; RUDRAN, Rudy; VALLADARES-PADUA, Cláudio (Org.). Métodos em estudos em biologia da conservação & manejo da vida silvestre. Curitiba: UFPR, Fundação o Boticário de Proteção à Natureza, 2003. p. 383-394. LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Técnicas de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999. LEMOS, Reinaldo Martins (Org.). Manguezais: conhecer para preservar: uma revisão bibliográfica. Brasília. Ícone, 2011. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/95206709/livromanguezais>. Acesso em: 26 jul. 2012. LIMA, Claúdia Liane Rodrigues de; PILLON, Clênio Nailto; LIMA, Ana Claúdia Rodrigues de. Qualidade física do solo: indicadores quantitativos. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 196). LIMA, Walter de Paula. Função hidrológica da mata ciliar. SIMPÓSIO SOBRE MATA CILIAR, 1., 1989, Campinas, SP. Anais... Campinas, SP: Fundação Cargill: 1989. p. 11-19. ______; ZAKIA, Maria José Brito. Hidrologia de matas ciliares. IPEF. [2007]. Disponível em: < http://www.ipef.br/hidrologia/mataciliar.asp>. Acesso em: 26 mar. 2012. LIRA, Dilson. A margem repleta de mangue. 2007. 1 fotografia, color. Disponível em: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=701640>. Acesso em: 18 maio 2012. LORENZI, Harri. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 4. ed. Nova Odessa, SP: Instituro Plantarum, 2002. v. 1.

LOUREIRO, Cláudia; AMORIM, Luiz. O mascate, o bispo, o juiz e os outros: sobre a gênese morfológica do Recife. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, ano 2, n. 3, semestral, out. 2000. p. 19-38. Disponível em: <http://www.anpur.org.br/site/revistas/ANPUR_v3n2.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2011. MACIEL, Adalberto; PEDROSA, Ivo V.; ASSUNÇÃO, Luiz Márcio (Org.). Gestão do desenvolvimento local sustentável. Recife: EDUPE, 2007.

MAIA, Benira. Lixo se acumula nas margens do Rio Capibaribe. NE10, 2012. 1 fotografia, color. Disponível em: <http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/grande-recife/noticia/2012/07/09/lixo-se-acumula-nas-margens-do-rio-capibaribe-353647.php >. Acesso em: 2 set. 2012. MARTINS, S. V. Recuperação de matas ciliares. Viçosa, MG: Aprenda fácil, 2001. MAY, P. et al. (Org.) Instrumentos econômicos para o desenvolvimento sustentável na Amazônia brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005.

Page 116: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

114

MELO, José Gustavo da Silva et al. Análise espaço temporal do manguezal do baixo curso do rio Capibaribe, Recife-PE: uma contribuição para o gerenciamento ambiental. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO – SBSR, 15., 2011, Curitiba, PR. Anais... Curitiba, PR: INPE, 2011. Disponível em: <http://www.dsr.inpe.br/sbsr2011/files/p0626.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2012. MELO, Vera Lúcia Mayrinck de Oliveira. Gestão das paisagens de rios urbanos: o rio Capibaribe na cidade do Recife/PE/Brasil. In: SIMPOSIO EL ACCESO AL AGUA EN AMÉRICA: historia, actualidad y perspectivas. CONGRESO INTERNACIONAL DE AMERICANISTAS, 53., Mexico, 2009. MENDES, Priscilla. Dilma faz nove vetos ao texto do Código Florestal, anuncia ministra. G1, 17 out. 2012. Disponível em: <http://gazetaweb.globo.com/noticia.php?c=325498&e= 2>. Acesso em: 17 out. 2012. MISÉRIA à vista na área de parque. Jornal do Commercio, 30 ago. 2012. Disponível em: <http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/geral/noticia/2012/08/ 30/miseria-a-vista-na-area-de-parque-54483.php>. Acesso em: 2 out. 2012. MONTEIRO, Jerônimo. Avaliação de sistemas de restauração florestal. 2010. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, 2010. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABc74AD/avaliacao-sistemas-restauracao-florestal#>. Acesso em: 16 abr. 2012. MORAES, Danielle Serra de Lima; JORDÃO, Berenice. Quinzani. Degradação de recursos hídricos e seus efeitos sobre a saúde humana. Revista de Saúde Pública, 36, n. 3, p. 370-374, 2002. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/rsp/v36n3/ 10502.pdf>. Acesso em: 11 maio 2012. MOURA, William. A hodierna classificação do meio ambiente, o seu remodelamento e a problemática sobre a existência ou a inexistência das classes do meio ambiente do trabalho e do meio ambiente misto. 2012. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/ portal/conteudo/ hodierna-classifica%C3% A7%C3%A3o-do-meio-ambiente-o-seu-remodelamento-e-problem%C3%A1tica-sobre-exist%C3%AAnc-0 >. Acesso em: 14 jun. 2012. MUÑOZ, Hector R. (Org.). Interfaces da gestão de recursos hídricos: desafios da lei de águas de 1997. Brasília, DF: Secretaria de Recursos Hídricos, 2000. NASCIMENTO, Maria Helena. Recife Antigo: Ponte Maurício de Nassau, Igreja Madre de Deus e Paço Alfândega. 2009. 1 fotografia, color. Disponível em: <http://cidadao.dpnet.com.br/topicos/meio-ambiente/4637-catamar-recife-precisa-oferecer-passeios-pelos-rios>. Acesso em: 18 maio 2012. NASCIMENTO, Raissa. A prevenção do rio Capibaribe. Portal do Meio Ambiente, mar. 2012. Disponível em: <http://portaldomeioambiente.org.br/pma/31-por-do-sol/detail/597-09.html?tmpl=component>. Acesso em: 6 abr. 2012. NIGRO, Diego. Fotos do Capibar. 2008. Disponível em: <http://www.iteia.org.br/ fotos-do-capibar>. Acesso em: 8 abr. 2012.

Page 117: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

115

NOGUEIRA-MARTINS, Maria Cezira Fantini; BÓGUS, Cláudia Maria. Considerações sobre a metodologia qualitativa como recurso para o estudo das ações de humanização em saúde. Saúde e Sociedade, v. 13, n. 3, p. 44-57, set-dez 2004. NOTARO, Tatiana. Demolição marca etapa do porto novo. Folha de Pernambuco, Recife, 5 out. 2012.

OBSERVATÓRIO DO RECIFE. Qualidade da bacia hidrográfica do rio Capibaribe [2009-2010]. 2011. Disponível em: <http://observatoriodorecife.org.br/ cartilha2011/i0707.html>. Acesso em: 21 jun. 2012. OLIVEIRA, Maria Marly de. Como fazer pesquisa qualitativa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. ONU. Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), Rio de Janeiro, 1992. Declaração do Rio-ECO 92, 3 a 14 de junho de 1992b. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v615/v6n15a13.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2012. ______. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, 1972, Estocolmo, Suécia. Disponível em: <http://www.educacaoambiental.pro.br/victor/ unidades/DeclaraAmbienteHumano.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2012. ______. Declaração Universal dos Direitos da Água, de 22 de março de 1992. Paris, 1992c. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ ibgeteen/datas/agua/ declaracao.html>. Acesso em: 12 jun. 2012. ONU. International Conference on Water and the Environment: development Issues for the 2lst century, Dublin, Ireland, 1992. The Dublin Statement and report of the conference. Dublin, 1992a. Disponível em: <http://docs.watsan.net/Scanned_PDF_ Files/Class_Code_7_Conference/71-ICWE92-9739.pdf>. Acesso em: 8 jun. 2012. PACHECO, C. Água, recurso renovável ou não? 2009. Disponível em: <http://scienceblogs.com.br/geofagos/2009/05/agua_recurso_renovavel_ou_nao/>. Acesso em: 12 jun. 2012. PENA, Edward. Zoo terá maior área de preservação. Folha de Pernambuco, Recife, 22 set. 2012. PEREIRA, Hélio dos S. Estado actual de la informacion sobre instituciones forestales. In: ONU. FAO. Estado de la informacion forestale en Brasil. Santiago, Chile: FAO, 2002. cap. 4, p. 40-75. (Monografías de países, v. 3). Disponível em: <ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/006/AD399S/AD399S00.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2012. PEREIRA JÚNIOR, Alamy Veríssimo et al. Um estudo de caso sobre as migrações das comunidades de palafitas da região metropolitana do Recife. In: REUNIÃO ANUAL DA SBPC, 60., 2008, Campinas, SP. Anais... Campinas: SBPC, 2008. Disponível em: <http://www.sbpcnet.org.br/livro/60ra/resumos/resumos/R2166-1.html >. Acesso em: 28 abr. 2012.

Page 118: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

116

PERNAMBUCO. Lei n.º 11.426, de 17 de janeiro de 1997. Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Plano Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências. 1997. Disponível em: <http://www.pick-upau.org.br/mundo/planeta_ agua/recursos_hidricos_pe.htm>. Acesso em: 12 jun. 2012. ______. Lei n.º 12.984, de 30 de dezembro de 2005. Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências. 2005. Disponível em: <http://www.srhe.pe.gov.br/documentos/legislacao/lei_das_aguas_n_12984_de_30_de_dezembro_de_2005.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2012. ______. Secretaria de Recursos Hídricos. Conselho Estadual de Recursos Hídricos. 2012. Disponível em: <http://www.srhe.pe.gov.br/index.php?option=com_ content&&view=category&id=51&Itemid=67>. Acesso em: 12 jun. 2012. ______. Plano hidroambiental da bacia hidrográfica do rio Capibaribe. Recife, 2010. t. 1, v. 2. PEROTTO, Marco Aurélio. A influência da legislação ambiental no uso e conservação da bacia hidrográfica do rio Maquiné, RS, no período de 1964 a 2004. 2007. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007. PORTO DO RECIFE. Governador e ministro assinam ordem de serviço da construção do terminal marítimo de passageiros. 2011. Disponível em: <http://www.portodorecife.pe.gov.br/saladeimprensa/2011-11-09-1.htm>. Acesso em: 22 set. 2012. PREFEITURA DO RECIFE. Lei n.º 16.243/96, de 13 de setembro de 1996. Estabelece a política do meio ambiente da Cidade do Recife e consolida a sua legislação ambiental, mediante a instituição do Código do Meio Ambiente e do Equilíbrio Ecológico da Cidade do Recife. Modificada pela Lei n.º 16.930, de 17 de dezembro de 2003. Diário Oficial do Município de Recife, 13 e 14 set. 1996. Disponível em: <www.recife.pe.gov.br/pr/leis/1624396.doc>. Acesso em: 22 set. 2012. ______. Lei n.º 16.930, de 17 de dezembro de 2003. Ementa: Modifica o Código do Meio Ambiente e do Equilíbrio Ecológico do Recife, define os critérios para o estabelecimento da Área de Preservação Permanente no Recife e cria o Setor de Sustentabilidade Ambiental. Diário Oficial do Município de Recife, 18 dez. 2003. Disponível em: < http://www.recife.pe.gov.br/pr/secplanejamento/servicos/leis/ lei16930.html>. Acesso em: 14 ago. 2012 ______. Secretaria de Planejamento. A cidade do Recife. 2012. Disponível em: <http://www.recife.pe.gov.br/pr/secplanejamento/inforec/>. Acesso em: 26 set. 2012. PRITCHARD, Donalld W. What is estuary: physical viewpoint. In: LAUFF, George H. Estuaries. American Association for The Advancement of Science, Washington, DC, n. 83, p. 3-5, 1967.

Page 119: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

117

QUINTAS, José Silva. Por uma educação ambiental emancipatória. In: ______. Pensando e praticando a educação ambiental na gestão do meio ambiente. Brasília: Ibama, 2000. RECAPIBARIBE. Movimento para Requalificação do Rio Capibaribe. O rio Capibaribe. 2009. Disponível em: <http://recapibaribe.wordpress.com/o-rio-capibaribe/>. Acesso em: 27 ago. 2012. ROCHA, A. C. dos S. O Estatuto da Cidade e a tutela do meio ambiente artificial. Conteúdo Jurídico, 26 nov. 2010. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com br/?artigos&ver=2.29691&seo=1>. Acesso em: 30 jun. 2012. ROMÃO, Damares. PCR inicia construção da ponte semiperimetral na Iputinga. Leia Já, 27 ago. 2012. Disponível em: <http://www.leiaja.com/noticias/2012/pcr-inicia-construcao-da-ponte-semiperimetral-na-iputinga>. Acesso em: 29 ago. 2012. RUGENDAS, Johann Moritz. Viagem pitoresca através do Brasil. 2. ed. Tradução de Sérgio Milliet. São Paulo: Martins Fontes, 1940. SANTANA, Derli Prudente. Manejo integrado de bacias hidrográficas. Sete Lagoas, MG: Embrapa Milho e Sorgo, 2003. (Embrapa Milho e Sorgo. Documentos, 30).

SANTOS, Renê. Novas cidades se juntam a região metropolitana do Recife. Cidadão Repórter, 28 ago. 2012. Disponível em: <http://cidadao.dpnet.com.br/ topicos/transporte/10580-novas-cidades-se-juntam-a-regiao-metropolitana-do-recife>. Acesso em: 30 jun. 2012. SILVA, Maciel Henrique. Na casa, na rua e no rio: a paisagem do Recife oitocentista pelas vendeiras, domésticas e lavadeiras. Mneme: Revista de Humanidades, Caicó, RN, v. 7, n. 15, sem., abr./maio 2005. SILVESTRE, Maria Elisabeth Duarte. Código de 1934: água para o Brasil industrial. Revista Geo-Paisagem (on line), ano 7, n. 13, jan./jun. 2008. Disponível em: <http://www.feth.ggf.br/%C3%81gua.htm>. Acesso em: 26 maio 2012. SUL, Juliana Ivar do. Lixo marinho e política pública: uma visita ao Programa de Lixo Marinho da NOAA nos EUA. 10 nov. 2008. Disponível em: <http://www.ecodesenvolvimento.org/colunas/lixo-marinho/lixomarinho-politicapublica>. Acesso em: 26 maio 2012. TINÔCO, Waldemir Walter; LAPA, Tomás. La tecnología de la información y la comunicación al servicio de la conservación integrada: Recife, Pernambuco, Brasil = A tecnologia da informação e comunicação a serviço da conservação urbana integrada: Recife, Pernambuco, Brasil. Traducción de Giselle Andrea Osorio Ardila. Revista Bitácora Urbano Territorial, v. 16, n. 1, 35-50, enero-junio, 2010. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp? iCve= 74815074003>. Acesso em: 22 jul. 2012. TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1987.

Page 120: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

118

UNEP. 21 issues for the 21st Century: results of the UNEP foresight process on emerging environmental issues. Nairobi, Kenya: Unep, 2012. Disponível em: <

http://www.unep.org/publications/ebooks/foresightreport/Portals/24175/pdfs/Foresight_Report-21_Issues_for_the_21st_Century.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2012. UNITED NATIONS. Report of the World Commission on Environment and Development: Our common future. Oslo, Norway, 1987. A/42/427. Disponível em: < http://conspect.nl/pdf/Our_Common_Future-Brundtland_Report_1987.pdf>. Acesso em: 14 fev. 2012.

VAN MAANEN, John. Reclaming qualitative methods for organizational research: a preface. Administrative Science Quartely, v. 24, n. 4, p. 520-537, Dec. 1979.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

VIEIRA, Paulo André. As capitais brasileiras vistas do espaço. Eco Geonotícias, 7 out. 2012. Disponível em: <http://www.oeco.com.br/geonoticias/26527-as-capitais-brasileiras-vistas-do-espaco>. Acesso em: 11 out. 2012.

WESZ JÚNIOR, Valdemar J. As políticas públicas de agroindustrialização na agricultura familiar: análise e avaliação da experiência brasileira. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

WOLFE, Alan. Três caminhos para o desenvolvimento: mercado, estado e sociedade civil. In: WEFFORT, Francisco et al. A democracia como proposta. Rio de Janeiro: Ibase, 1991. p. 35-63. (Coleção Democracia).

WWF-BRASIL. Código florestal: entenda o que está em jogo com a reforma da nossa legislação ambiental. 2011. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/ arq_editor/file/camaras_setoriais/Hortalicas/26RO/cartilhaCF.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2012. YASSUDA, Eduardo Riomey. Gestão de recursos hídricos: fundamentos e aspectos institucionais. Revista de Administração Pública, v. 27, n. 2, p. 5-18, abr./jun. 1993.

Page 121: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

119

APÊNDICE A – Roteiro de entrevista com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe

1 – Identificação do entrevistado

2 – Informações sobre a Bacia Hidrográfica do rio Capibaribe

a) Existem programas de apoio à conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

b) Em sua opinião, quais os principais problemas operacionais no apoio à conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

c) Existe alguma associação ou órgão que tem contribuído para implantação de um sistema de conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

d) A sociedade tem sido convocada a participar de algum programa voltado para a conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

e) Em sua opinião, qual é a responsabilidade do Comitê de Bacias na efetivação da conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

3 – Conhecimento da legislação ambiental

a) Na opinião do Comitê de Bacias, a legislação ambiental vigente é eficiente e eficaz para a conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

b) O município do Recife tem alguma legislação específica voltada para conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

c) O Comitê de Bacias tem conhecimento das mudanças e do impacto que o Novo Código Florestal trará na conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

d) Existem cursos periódicos de capacitação e atualização dos membros de Comitê de Bacias voltados para conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

e) Existe fiscalização em toda a extensão da bacia hidrográfica do rio Capibaribe? Se existe, como ela é feita?

4 – Perguntas diversas

a) O Comitê de Bacias apoia algum programa voltado para a conservação e utilização da bacia hidrográfica do Rio Capibaribe?

b) A Secretaria de Meio-Ambiente, tanto estadual como municipal, desempenha algum programa de conservação e utilização da bacia hidrográfica do rio Capibaribe?

c) Na opinião do Comitê de Bacias, o novo Código Florestal trará benefícios ou não para a conservação e utilização da bacia hidrográfica do Rio Capibaribe?

d) Na visão do Comitê de Bacias, o que é preciso ser feito para a revitalização, utilização e conservação da bacia hidrográfica do rio Capibaribe?

Page 122: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

120

APÊNDICE B – Entrevista com o representante legal do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe

1 – IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO

Ricardo Braga – Presidente do Comitê

2 – Informações sobre a bacia hidrográfica do rio Capibaribe

a) Existem programas de apoio à conservação e utilização da bacia hidrográfica

do Capibaribe?

R- Existem sim. Existe o plano de sustentabilidade hídrica de Pernambuco, cujo

foco principal é a bacia do rio Capibaribe e também a bacia do rio Ipojuca. Outro

é o Plano Hidroambiental da bacia do Capibaribe, os dois no âmbito do estado.

b) Em sua opinião, quais os principais problemas operacionais no apoio à

conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

R- Hoje existe a Secretaria de Recursos Hídricos, a Agência Pernambucana de

Águas e Clima; ambas não existiam, então aumentou a possibilidade de um

apoio operacional. Para isso, é preciso ter projetos elaborados, o que é uma

dificuldade principalmente na área de saneamento. A captação de recursos

normalmente vem do Plano de Aceleração de Crescimento, via BNDS, CEF,

BB, ou de recursos internacionais por meio do Banco Mundial.

c) Existe alguma associação ou órgão que tem contribuído para a implantação

de um sistema de conservação e utilização da bacia hidrográfica do

Capibaribe?

R- Existem várias. Só o Comitê da Bacia do Capibaribe tem 45 instituições,

sendo 40% de governos municipais e estaduais, 40% de instituições como

empresas, associações, colônia de pescadores, sindicatos e 20% de OGN.

d) A sociedade tem sido convocada a participar de algum programa voltado para

a conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

R- Sim. O próprio Comitê faz hoje uma mobilização grande. Ele criou o

Programa Capivara de educação ambiental na bacia do Capibaribe que, com

Page 123: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

121

a Universidade Rural de Pernambuco, faz um trabalho, primeiro, de

capacitação de professores e gestores públicos no alto, médio e no baixo

Capibaribe. Segundo, é uma mobilização social que está sendo recebida com

bons resultados.

e) Em sua opinião, qual é a responsabilidade do Comitê de Bacias na efetivação

da conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

R- O Comitê de Bacia do Capibaribe é uma instância colegiada não executiva.

Tem função de propor e de decidir em alguns aspectos, como o plano de

bacias, o enquadramento dos corpos de água na bacia, cobrança e uso da

água. Ele não tem decisão sobre grandes projetos, mas influencia. O Comitê

também tem a função de apoio ou aconselhamento ao próprio Governo, por

exemplo: o Comitê de Bacia apresentou uma proposta de resolução para

regulamentação da exploração de areia em leito seco dos rios intermitentes

no semiárido nordestino em razão de um conflito identificado na Bacia do

Capibaribe que está sendo encaminhado para solução. Agora estamos

trabalhando para generalizar essa proposta para todos os rios do interior de

Pernambuco. Dessa forma, o Comitê tem o poder de decisão em alguns

casos e de apoio e aconselhamento em outros.

3 – Conhecimento da legislação ambiental

a) Na opinião do Comitê de Bacias, a legislação ambiental vigente é eficiente e

eficaz para a conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

R – Sim. Ela tem uma eficácia relativa em função do cumprimento dela e é

eficiente sobre o ponto de vista do que é previsto para que ela funcione. A

diferença é que ela é eficiente quando se diz que cobre as necessidades do

estado na área de recursos hídricos, e é menos eficaz do que eficiente

quando se vai para a aplicação, porque nesse caso não depende da lei,

depende dos agentes da lei ou de toda a sociedade.

b) O município do Recife tem alguma legislação específica voltada para

conservação e utilização da bacia hidrográfica do Capibaribe?

Page 124: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

122

R – Ele tem alguns programas na área de saneamento, tem um programa

específico na bacia de Tejipió. No caso do Recife, tem um programa chamado

“Capibaribe Melhor”, que é de sistema viário de relocações em áreas de risco

de inundação e, também, sistemas e partes marginais ao rio Capibaribe e

tratamento de esgotos em algumas áreas do rio.

c) O Comitê de Bacias tem conhecimento das mudanças e do impacto que o

novo Código Florestal trará na conservação e utilização da bacia hidrográfica

do Capibaribe?

R – Ele vem discutindo esse assunto. À medida que se discute em outros fóruns,

nós discutimos aqui também.

d) Existem cursos periódicos de capacitação e atualização dos membros de

Comitê de Bacias voltados para conservação e utilização da bacia

hidrográfica do Capibaribe?

R – não são periódicos, mas tem cursos. Nós estamos promovendo com o

Programa Capivara os chamados cursos sobre sustentabilidade

socioambiental da bacia do Capibaribe em diversas localidades, por exemplo,

Santa Cruz do Capibaribe, Limoeiro, Pau d’Alho. Vai ser dado também em

Recife.

e) Existe fiscalização em toda a extensão da bacia hidrográfica do rio

Capibaribe? Se existe, como ela é feita?

R – A fiscalização depende; tem o fiscal cidadão, a fiscalização da Prefeitura, do

estado e a federal. Normalmente essas fiscalizações são insuficientes, ou

seja, há, mas são precárias.

4 – Perguntas diversas

a) O Comitê de Bacias apoia algum programa voltado para a conservação e

utilização da bacia hidrográfica do rio Capibaribe?

R – Todos os programas mencionados antes.

Page 125: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

123

b) A Secretaria de Meio Ambiente, tanto estadual como municipal, desempenha

algum programa de conservação e utilização da bacia hidrográfica do rio

Capibaribe?

R – Pouquíssimo, praticamente nada.

c) Na opinião do Comitê de Bacias, o novo Código Florestal trará benefícios ou

não na conservação e utilização da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe?

R – Depende de como seja aplicado. Já existe um código de meio ambiente do

Município, que tem um capítulo específico que trata das áreas de preservação

permanente, essas áreas que seriam afetadas em função do novo Código

Florestal. Se esse código for mantido, nós não teremos problemas, ou seja, o

código de meio ambiente do município substituiria o Novo Código Florestal

em Recife.

d) Na visão do Comitê de Bacias, o que é preciso ser feito para a revitalização,

utilização e conservação da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe?

R – Implementar totalmente os projetos mencionados nas perguntas anteriores.

Outra coisa seria a implantação dos projetos: Hidroambiental da Bacia do

Capibaribe e o Plano de Sustentabilidade Hídrica na Bacia. Isso seria um

passo extraordinário para a revitalização da Bacia do Capibaribe em vinte

anos.

Page 126: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

124

APÊNDICE C – Questionário aplicado a 30 moradores dos bairros de Apipucos, Torre e Várzea, e a 10 trabalhadores do Porto, bairro do Recife, próximos das margens do rio Capibaribe no baixo curso

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE)

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (FCAP) Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável (GDLS)

DISSERTAÇÃO: A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E A CONSERVAÇÃO DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO CAPIBARIBE: OS PARADIGMAS SOCIOAMBIENTAIS DO BAIXO

CURSO

Bairro:

Nome: ...............................................................................................................................

RG:.......................................

Endereço:..........................................................................................................................

Grau de Instrução:

1.º grau completo ( ) 2.º grau completo ( )

3.º grau completo ( ) 1.º grau incompleto ( )

2.º grau incompleto ( ) 3.º grau incompleto ( )

Analfabeto ( )

Curso:......................................................................................................

1- Número de moradores na residência:........... É nativo ou migrante?................................ Se

migrante, de onde?....................................................

2 – Chefe da casa: ( ) Sim ( ) Não

3 – Quantos membros da família trabalham? ….......................................................................

4 – Sua residência é própria ou alugada? …...........................................

5 – Quais suas despesas mensais?

Page 127: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

125

QUADRO DE DESPESAS

Itens

Conta de água

Conta de energia

Alimentação

Transporte

Lazer

Vestuário

Saúde

Educação

6 – Qual sua profissão?...................................................................................................

7 – Tem carteira assinada? …..........................................................................................

8 – Possui:

Telefone ( ) Sim ( ) Não

Televisão ( ) Sim ( ) Não

computador ( ) Sim ( ) Não Acesso à internet? Sim ( ) Não ( )

Tratamento de esgoto ( ) Sim ( ) Não

Dispõe de:

Coleta de lixo ( ) Sim ( ) Não

Coleta seletiva ( ) Sim ( ) Não

9 – Estrutura da casa: ( ) Própria ( ) Alugada

10 – Mora próximo de:

Rio ( )

Praça ( )

Posto de saúde ( )

Escola ( )

Canal de esgoto ( )

Page 128: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

126

11 – Conhece os problemas da sua comunidade? Caso sim, cite alguns:

□Tratamento de esgoto □Falta de água □Alagamento □Assistência médica

□Escolas □Bibliotecas □Praças □Poluição sonora □Poluição do ar □Geração

de renda □Assaltados □Assassinatos □Drogas

Descreva os problemas dos itens citados:

12 - Os problemas foram levados às secretarias responsáveis? Caso sim, por que eles não

foram resolvidos em sua opinião?

13 - Nos últimos seis meses, alguém de sua família ficou doente? Caso sim, cite a doença.

14 - Você ou alguém de sua família já teve problemas relacionados com a água ou o ar?

Exemplifique algumas doenças e cite abaixo.

Page 129: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

127

15 - Você ou alguém de sua família já precisou dos serviços do posto de saúde da

Prefeitura? Caso sim, responda:

Havia médico? □Sim □ Não. Foi bem atendido? □Sim □ Não. Resolveu o problema? □Sim □

Não. Precisou comprar remédio □Sim □ Não. A Prefeitura disponibilizou o remédio □Sim □

Não.

16 - Fora o posto de saúde, você ou alguém de sua família já precisou de outro órgão da

Prefeitura ou do Estado? Caso sim, quais? Resolveu o problema?

Órgãos Resolveu o problema

17 -Você ou alguém de sua casa estuda em escola pública ou privada? Sim ( ) Não ( )

18 - Têm aulas todos os dias? Sim ( ) Não ( )

19 - Em sua opinião os professores ensinam bem? Sim ( ) Não ( )

20 - Você ou alguém de sua família conhece a história do bairro? Sim ( ) Não ( )

21 - Você acha importante o rio Capibaribe? Sim ( ) Não ( )

22 - Você acredita que o rio está poluído? Caso sim, no seu entender, o que causou essa

situação?

23 - Você acha importante a vegetação presente no seu bairro e nas margens do rio

Capibaribe?

Sim ( ) Não ( )

24 - Para você, qual é a importância do rio Capibaribe ?

Page 130: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

128

25 - Você sabe ou já ouviu falar em desenvolvimento sustentável? Sim ( ) Não ( )

[Explicar o que é desenvolvimento sustentável]

I. Você acha que o bairro está no caminho para o desenvolvimento sustentável? Sim ( ) Não ( )

26 - O que você gostaria que a Prefeitura ou o Governo do Estado fizesse pela comunidade

e pelo rio Capibaribe?

28 - Você conhece ou tem acesso às leis federais, estaduais ou municipais que tratam do meio ambiente ? Caso sim, quais?

29 - Em sua localidade, há alguma ONG? Caso sim, você já teve acesso a ela? Ela ajuda o

bairro em alguma coisa, Ela desenvolve algum trabalho de educação ambiental voltado para

o bairro e o rio Capibaribe?

30 – Você tem alguma relação com o rio Capibaribe? Caso sim, quantas vezes na semana?

Page 131: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - files.scire.net.br · Pernambuco (UPE), ... 1. Código florestal. 2. ... desconhecimento da legislação ambiental vigente por parte dos entrevistados,

129

31 – Quais os principais problemas que você identifica nessa relação?

32 – Você utiliza a água do rio Capibaribe? Caso sim, para quê?

33 – Na sua opinião, qual o maior problema que o rio Capibaribe enfrenta na atualidade?

34 – O que é preciso ser feito para revitalizar o rio Capibaribe?