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Universidade de Brasília UnB Instituto de Ciências Humanas Departamento de Serviço Social Amanda Borges de Oliveira 12/0191547 Fundo Nacional antidrogas e o financiamento de programas e ações sobre drogas no Brasil no período de 2012 a 2015 Brasília,11 de janeiro de 2017

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Universidade de Brasília – UnB Instituto de Ciências Humanas

Departamento de Serviço Social

Amanda Borges de Oliveira 12/0191547

Fundo Nacional antidrogas e o financiamento de programas e ações sobre drogas no Brasil no período de 2012 a 2015

Brasília,11 de janeiro de 2017

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AMANDA BORGES DE OLIVEIRA

Fundo Nacional antidrogras e o financiamento de programas e ações sobre drogas no Brasil no período de 2012 a 2015

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao departamento de Serviço Social – SER do Instituto de Ciências Humanas – IH na Universidade de Brasília – UnB, como requisito para obtenção de título de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Dra. Denise Bomtempo Birche de Carvalho Brasília – DF

2017

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Universidade de Brasília/UnB Instituto de Ciências Humanas/IH

Departamento de Serviço Social/SER

Amanda Borges de Oliveira

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APRESENTADO AO DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

– UnB

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________________________ Prof.ª Dra. Denise Bomtempo Birche de Carvalho

Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília (Professora Orientadora)

____________________________________________________________ Prof.a Dra. Carolina Cássia Batista Santos

Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília

____________________________________________________________ Prof.a Maria Tereza da Silva

Assistente Social – Coordenadora do Curso de Serviço Social – UNIP (Membro externo)

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Agradecimentos

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por haver-me concedido

saúde е força para superar as dificuldades durante a graduação.

Dedico à minha família, em especial às minhas irmãs Laura e Luiza, que

são como filhas para mim. Agradeço à minha mãе Antônia Borges, por sempre acreditar em mim e

por ser um exemplo de mulher batalhadora.

À Professora Dr. Denise Bomtempo Birche de Carvalho, um especial

agradecimento pela orientação, pelo apoio е confiança durante essa jornada.

À Universidade de Brasília, que me proporcionou o feliz encontro com o

curso de Serviço Social, no qual tenho grande honra em estar me formando.

Meus agradecimentos às minhas amigas e companheiras, Bruna Celly,

Letycia Souza e Jéssica Leandro, as quais tive a felicidade de conhecer e com

elas conviver.

Às minhas colegas e amigas de curso, que me ensinaram e

compartilharam momentos memoráveis durante estes quatro anos. Dentre elas

um agradecimento especial à Dariana Bogea, por estar ao meu lado durante o

processo de construção deste trabalho e por “suportar” meus momentos de

desânimo. Desejo a você, minha grande amiga, um futuro brilhante.

Agradeço imensamente a colaboração e o empenho da minha amiga

Raimunda Dias, servidora do CEAM-UnB, que fez as correções na formatação

do trabalho.

Agradeço a todos que exerceram o dom da compaixão e que me

ensinaram a ser uma pessoa melhor.

“Words are, of course, the most powerful drug used by mankind.”

(Rudyard Kipling)

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Lista de abreviaturas

CDN – Comissão de Narcóticos

CF – Constituição Federal

CGU – Controladoria Geral da União

CONENS – Conselhos Municipais de Entorpecentes

CONFEN – Conselho Federal de Entorpecentes

DCGF – Diretoria de Contencioso e Gestão do Funad

DEA – Drug Enforcement Administration

DPAPD – Diretoria de Planejamento e Avaliação de Políticas sobre Drogas

EUA – Estados Unidos da América

Funad – Fundo Nacional Antidrogas

FUNCAB – Fundo de Prevenção, Recuperação e de Combate às Drogas de

Abuso

LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias

LOA – Lei Orçamentária Anual

MJ – Ministério da Justiça

OAC – Opium Advisory Commitee

OEA – Organização dos Estados Americanos

OFSS – Orçamento Fiscal e da Seguridade Social

ONU – Organização das Nações Unidas

PNAD – Política Nacional sobre Drogas

PPA – Plano Plurianual

Senad – Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas

Siafi – Sistema Integrado de Administração Financeira

SIAFI – Sistema Integrado de Administração Financeira do governo Federal

Siconv – Sistema de Gestão de Convênios, Contratos de Repasse e Termos de

Parceria

SISNAD – Sistema Nacional Antidrogas

STN – Secretaria do Tesouro Nacional

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Lista das Quadros Quadro 1. Evolução histórica a partir da década de 30 .................................... 34

Quadro 2. Histórico da Política Nacional antidrogas Brasileira a

partir de 2002 ................................................................................................... 37

Quadro 3. Estrutura da Senad .......................................................................... 42

Quadro 4. Dimensões estratégicas e táticas .................................................... 55

Quadro 5. Valores das dotações e liquidações nas ações

0912,0920,0921 e 0923 nos anos de 2012 a 2015 ..............................................

Lista de Gráficos Gráfico 1. Adesão dos Estados e do Distrito Federal ao Programa

“Crack, é possível vencer ................................................................................. 58

Gráfico 2. Adesão dos Municípios ao Programa “Crack, é

possível vencer ................................................................................................ 58

Gráfico 3. Quantidade de Centros Regionais de Referência

implantados de 2012 a 2015 em todo o país.................................................... 69

Gráfico 4. Quantidade de vagas ofertadas anualmente para

capacitação de conselheiros municipais e lideranças comunitárias ................. 70

Gráfico 5. Quantidade de vagas ofertadas para capacitação de

lideranças religiosas e de movimentos afins .................................................... 71

Gráfico 6. Quantidade de vagas de capacitação para profissionais

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e gestores que atuam na rede de atendimento de saúde e rede de

assistência social – Curso SUPERA 2012-2015 .............................................. 72

Gráfico 7. Quantidade de vagas ofertadas entre os anos 2012 a 2015

para curso de capacitação de educadores de escolas publicas da

Educação Básica .............................................................................................. 74

Gráfico 8.Numero de capacitações realizadas 2012 a 2015 ...............................

para o Departamento de Polícia Rodoviária Federal na temática

vinculada à prevenção do uso de drogas na associação com

trânsito brasileiro .............................................................................................. 76

Gráfico 9. Quantidade de vagas ofertadas para capacitação de

profissionais e voluntários de Comunidades Terapêuticas entre

os anos de 2012 a 2015 ................................................................................... 77

Gráfico 10. Quantidade média de atendimentos feitos através

do Serviço VIVAVOZ (132) entre os anos de 2012 a 2015 .............................. 83

Gráfico 11. Numero de Leilões realizados em favor do

Funad e valores arrecadados anualmente (em R$ 1,00) ................................. 89

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Sumário

Introdução .......................................................................................................... 9

Justificativa ....................................................................................................... 12

Metodologia ..........................................................................................................

Técnicas e procedimentos de coleta e análise dos dados ............................... 14

Organização e análise de dados ...................................................................... 16

Capítulo 1 – Estado da Arte ............................................................................. 18

1.1 Era da regulamentação .............................................................................. 23

1.2 Pós-Guerra ................................................................................................. 29

Capítulo 2 – Política Nacional sobre Drogas – SISNAD ................................... 33

Capítulo 3 – Concepções e princípios do Fundo Público ................................. 45

3.1 Qual a concepção do fundo? Para que foi criado, quando e como? .......... 49

3.2 PPA 2012- 2015 ......................................................................................... 54

Capítulo 4 ...................................................................................................... 63

4.1. Análise da ação 0912 entre os anos 2012-2015 ....................................... 68

4.2 Metas qualitativas ação 0912 ..................................................................... 79

4.3 Principais deliberações feitas pelo CONAD nos anos de 2012 – 2015

(Conselho Nacional de política sobre Drogas) ................................................. 99

Considerações Finais ................................................................................. 107

Bibliografia ...................................................................................................... 110

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Introdução

Para o presente estudo, foi considerado o fenômeno social das drogas,

sua relação histórica com a humanidade, as principais medidas tomadas frente

a essa relação sócio histórica e os determinantes para a política nacional sobre

drogas adotada no Brasil atualmente.

Por meio de levantamento de literatura sobre o tema de pesquisa,

vislumbrou elaborar uma problematização do tema, perpassando a relação entre

políticas públicas na relação Estado, sociedade mediada pelo financiamento da

Política Nacional sobre Drogas – PNAD, através do Fundo Nacional Antidrogas

(Funad).

Essa pesquisa possui como objeto analisar empiricamente esta relação

teórica acima, mediante o financiamento dos programas e ações da política,

entendendo que a metodologia é como a articulação entre conteúdos,

pensamento e existência. MINAYO p.16

Para tanto, utilizou-se como instrumentos e fonte de pesquisa na coleta

de dados, pesquisa bibliográfica as legislações referentes à área de drogas,

sobretudo bibliografias sobre fundo público no Brasil, tendo em vista que o objeto

principal deste trabalho é o Funad.

Tem-se como questão de partida, como o Fundo público financia a

política e em que linhas e diretrizes são baseados a distribuição destes recursos.

Nesse sentido a questão central perpassa a construção do objeto, “Como

O Funad foi constituído e como são financiados os programas e projetos da

PNAD.”

Nesta lógica, a pesquisa é de cunho exploratório e também explicativo, na

medida em que procura explicar e analisar o fenômeno das drogas na relação

Estado x Sociedade, por meio do Funad.

A fase exploratória da pesquisa, antecede à construção do projeto e

também fazem parte posteriormente dos resultados esperados e obtidos. A

pesquisa exploratória segundo Minayo (2001), deve contar o “estado” atual sobre

o tema em questão.

O método científico permite que a realidade social seja reconstruída

enquanto um objeto do conhecimento, através de um processo de categorização

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(possuidor de características específicas) que une dialeticamente o teórico e o

empírico pág.35

Tem- se como objetivo Geral:

“Analisar o Fundo público – Funad, no financiamento da Política Nacional

sobre Drogas no período de 2012 a 2015.”

Tem-se como objetivos específicos:

1. Analisar como foi a intervenção a questão das drogas em âmbito

internacional e nacional até atingir a atual PNAD;

2. Analisar historicamente como foi constituído o Funad;

3. Mapear em quais eixos da PNAD os recursos no Funad são

distribuídos;

4. Mapear quais programas e ações a partir dos eixos da PNAD são

aplicados os recursos do Funad;

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Justificativa

Para Minayo (2001) a relevância cientifica, social e técnica da pesquisa

está, no por que ela deve ser realizada? Quais motivos a justificam? Que

contribuições para a compreensão, intervenção ou solução para o problema trará

a realização de tal pesquisa?

Nesse sentido, identificamos como principal relevância científica deste

trabalho, a possibilidade de maior inserção do Assistente Social no que diz

respeito a avaliação e monitoramento das políticas públicas, quanto ao seu

orçamento e financiamento. Pois o Assistente social enquanto profissional que

possui estas habilidades adquiridas durante o processo de formação, tem

competência para pensar, formular, avaliar e monitorar políticas públicas.

Com relação a relevância social e técnica, identifica-se a importância do

mapeamento e monitoramento dos gastos sociais com a Política Nacional sobre

Drogas, tendo em vista que somente por esta via a política e executada.

Destaca-se a viabilidade na coleta de dados da pesquisa, que foi

empreendida com muito esforço, tendo em vista que o material empírico impõem

diversas dificuldades para o encontro dos resultados esperados.

Assim, através desta análise, será possível identificar algumas das

principais mudanças a serem executadas quanto a transparência na alocação

dos recursos destinados a Política Nacional sobre Drogas.

Entende-se assim, que, a pesquisa que produz maior impacto é aquela

que articula a relevância intelectual e prática do problema investigado à

experiência do investigador (MINAYO p. 42).

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Metodologia

1. Definição do tipo de pesquisa quanto à abordagem

A pesquisa desenvolvida neste trabalho utilizou-se do método qualitativo

para análise e resultado dos dados.

Foram analisadas através dos Relatórios de Gestão da política, os

principais objetivos estratégicos e metas previstas para o quadriênio 2012-2015

na Política Nacional sobre drogas.

Quanto a abordagem qualitativa, foram empreendidos esforços em

analisar as principais referências bibliográficas a respeito do histórico das

drogas, histórico da política nacional sobre drogas, histórico dos fundos públicos

no Brasil e por fim um análise das ações desenvolvidas através do Programa

“Crack, é possível vencer” entre os anos de 2012 a 2015.

O conjunto de dados quantitativos e qualitativos, porém, não se opõem.

Ao contrário, se complementam, pois a realidade abrangida por eles interage

dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia (MINAYO, 2001 p.22).

No mesmo sentido a autora afirma ainda, que a Dialética pensa a relação

da quantidade como uma das qualidades dos fatos e fenômenos. Busca

encontrar, na parte, a compreensão e a relação com o todo e a interioridade e a

exterioridade como constitutivas dos fenômenos.

Dessa maneira, objetivou-se através da pesquisa exploratória e análise

documental fazer uma análise crítica do fenômeno, perpassando o objeto, Fundo

Nacional sobre drogas.

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2. Técnicas e procedimentos de coleta e análise dos dados

A técnica utilizada foi de pesquisa bibliográfica e análise documental por

meio das legislações pertinentes e os Relatórios de Gestão da Senad/Ministério

da Justiça, além do referencial teórico já citado.

Através da análise documental buscou-se responder as hipóteses

levantadas no projeto de pesquisa, objetivando assim, a descoberta do que está

por trás dos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está sendo

comunicado (MINAYO, 2001 p. 74).

Foi feita de forma sistemática a leitura do material coletado para a

pesquisa, sendo estes os Relatórios de Gestão dos anos de 2012 a 2015 com o

objetivo de tentar desvendar o conteúdo subjacente ao que está sendo manifesto

de forma qualitativa, no entanto sem excluir as informações estatísticas contidas

nos Relatórios (MINAYO, 2001p. 76).

Os dados primários para construção do objeto de pesquisa deste trabalho

foram os Relatórios de Gestão da Senad/MJ, compreendendo os anos de 2012

a 2015.

Para os dados secundários, foram utilizados as legislações pertinentes e

alguns teóricos que tratam sobre a temática, entendo que as teorias colaboram

para esclarecer o objeto de investigação, ajudam a levantar as questões, o

problema e a hipótese com mais propriedade e através disso permitem também

maior clareza na organização dos dados (MINAYO, 2001).

Delineados alguns dos principais dados primários e secundários utilizados

na pesquisa é importante destacar que estes serviram de parâmetro para a

elaboração do trabalho, fazendo parte assim do referencial teórico, no qual

significa um arcabouço anteriormente construído a respeito do tema.

Como sugere Minayo (2001) é a pesquisa, consequentemente, que

alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo. Portanto,

embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação.

Na medida em que o tema foi explorado e pensado, novas perspectivas e

questionamentos foram também criados, assumindo assim, que nada pode ser

intelectualmente um problema, se não tiver sido, em primeiro lugar, um problema

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da vida prática. As questões da investigação estão, portanto, relacionadas a

interesses e circunstâncias socialmente condicionadas. MINAYO 2001 p. 17

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3. Organização e análise de dados

O estudo possui como objeto analisar empiricamente esta relação teórica

acima, por meio do Funad no financiamento dos programas e ações a partir dos

eixos da PNAD (Política Nacional sobre Drogas 2005). Para tanto, é necessário

entender a concepção da política, o projeto político que a orienta

ideologicamente, seus princípios, diretrizes e metas.

O primeiro capitulo versa sobre a história das drogas na humanidade,

seus principais conceitos, como surgiu e de que maneira se iniciou a

problemática das drogas tendo em vista o paradigma em âmbito internacional a

égide do processo de comercialização. As primeiras leis antidrogas e

conferências organizadas em âmbito internacional, nas quais iniciam o período

de “Guerra às drogas” e logo depois como se deu o processo de criação e

principais particularidades das primeiras medidas implementadas no Brasil. .

No mesmo sentido inicia-se o capítulo 2, retomando os fatores que

incidiram na atual PNAD (Política Nacional sobre drogas), perpassando o seu

caráter histórico repressivo e mostrando a evolução histórica das políticas de

enfrentamento às drogas no Brasil durante o século XX, iniciando com a lei

891/1938. No início da década de 70 foi criado o Sistema Nacional de Prevenção,

Fiscalização e Repressão ao álcool e outras drogas, instituindo-se assim alguns

órgãos responsáveis pela criação de uma política nacional e também a criação

de conselhos nos âmbitos federais, estaduais e municipais. Enfim, chegarmos a

criação do primeiro Fundo Público para financiamento da política antidrogas no

Brasil, analisando assim o fenômeno das drogas como questão social.

Posteriormente a extinção criação da nova secretaria denominada Senad

(Secretaria Nacional Antidrogas) que por sua vez expressou uma estratégia

política do governo brasileiroe desencadeou uma linha de evolução do

paradigma das drogas culminando no realinhamento da Política Nacional

Antidrogas em 2006, onde destaca-se os avanços com relação a atuação do

Brasil na redução da oferta e da demanda e também mudança no tratamento de

usuários e traficantes.

Tendo em vista que o objeto desse estudo é analisar o gasto público com

a PNAD e as principais ações no campo das drogas no Brasil, o capitulo 3 aborda

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o Funad em termos de concepção, gestão e principais eixos de atuação,

retomando o caráter histórico dos Fundos Públicos e sociais no Brasil até a

constituição do Funad. Analisaremos neste capítulo como os fundos se

apresentam no PPA - Plano Plurianual, na LOA (Lei orçamentária anual), e nos

Relatórios de Gestão disponibilizados pelos órgãos de controle e monitoramento,

responsáveis pela PNAD.

Já no capítulo 4 deste trabalho, mapearemos quais programas e ações a

partir dos eixos da PNAD são aplicados os recursos do Funad, detalhando cada

meta proposta para o quadriênio de execução do Programa “Crack, é possível

vencer” que norteou as principais ações da política dentro dos eixos: prevenção

e cuidado.

A intenção deste estudo é verificar a aplicabilidade do Funad entre os

anos de 2012 a 2015 de modo comparativo. Objetivando assim, mostrar a

relação entre o volume financeiro destinado anualmente a cada ação e a

execução das metas previstas.

É explicito neste trabalho que o monitoramento dos gastos empreendidos

na PNAD deve ser constante, do inicio ao final, não levando em consideração

apenas os princípios como eficácia, eficiência na gestão e monitoramento dos

recursos, mas também na implementação do orçamento, o qual depende do

poder de atuação dos atores envolvidos na tomada de decisão da política.

Em realidade, a análise de políticas públicas conforme Santos (1987) não

consiste em nada mais do que num rótulo novo para o vetusto exercício de

investigação e formulação de teorias sociais. Melhor dizendo, a análise

contemporânea de políticas públicas trata, precisamente, da temática clássica

das teorias sociais a distribuição e redistribuição do poder, o papel do conflito,

os processos de decisão, a repartição de custos e benefícios.

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Capítulo 1 – Estado da Arte

Em busca de uma política pública mais humana e também eficiente,

atualmente o paradigma das drogas no Brasil e na maioria dos países tem

perdido o viés de problema individual e moral, para uma perspectiva de problema

socialmente construído, o qual necessita de respostas também socialmente

construídas, levando em consideração as demandas apresentadas pela nossa

sociedade e suas diversas características.

Governo e sociedade têm, ao longo dos anos, mudado suas percepções

acerca da questão das drogas. De um lado, o conceito de guerra às drogas que

norteou os esforços dos últimos anos do século passado vem perdendo força em

favor de uma abordagem que entende que a solução para o problema não se

baseia exclusivamente em repressão e em ações de redução da oferta. De outro,

há o reconhecimento explícito de que o Estado tem papel fundamental nessa

mudança de paradigma por meio da oferta de serviços integrais que buscam

modificar algumas causas estruturais que podem levar ao consumo de drogas.

Relatório de Gestão – Senad (2015)

É importante olharmos como se deu a relação do ser humano com as

drogas para melhor compreensão das políticas públicas pensadas e aplicadas

para os dias de hoje. Qual o papel que as drogas tiveram no modo que somos

hoje?As drogas sempre nos fizeram mal?Como nossos ancestrais encontraram

pela primeira vez?

As várias terminologias utilizadas atualmente ao se tratar desse assunto

precisam ser bem definidas para melhor compreensão do mesmo. O termo droga

tem origem na palavra droog (holandês antigo) que significa folha seca. Isto

porque, antigamente, a maioria dos medicamentos era à base de vegetais. Droga

UNIFESP –http://www2.unifesp.br/dpsicobio/drogas/defini.htm.1

Definição profissional: qualquer substância que é capaz de modificar a

função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de

comportamento.

1 Psicotrópico: Psico – palavra grega que significa psiquismo (o que sentimos, fazemos,

pensamos). – Trópico: relaciona-se com tropismo (ter atração por). – Psicotrópico: atração pelo psiquismo. – Droga psicotrópica: é aquela que atua sobre o cérebro, alterando de alguma forma o psiquismo.

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O termo genérico “drogas” com a interpretação atribuída pelos políticos,

pelo público, pela ONU e pela OEA (Organização dos Estados Americanos) e

pela legislação brasileira: isto é, aquelas substâncias específicas que se

encontram incluídas nos anexos das convenções internacionais sobre a matéria

e sujeitas aos controles internacionais (SILVA, 2013, p. 52).

Em nota, Rochet (2009) afirma que entendem-se por “fenômeno das

drogas na contemporaneidade” as maneiras atuais de compreender e intervir

sobre a produção, a comercialização e o consumo das diversas substâncias

psicoativas.

A grande maioria das drogas amplamente consumidas na atualidade e

que fazem parte da lista de substâncias ilícitas das Nações Unidas (ONU) são

produzidas a base de plantas com características psicoativas (SILVA, 2014).

As pinturas em cavernas já mostravam alguns tipos de drogas utilizadas

pela humanidade há milhares de séculos.Acredita-se que os seres humanos

utilizaram drogas com o objetivo de ter experiências religiosas.2 Por ocorrer na

natureza, sem necessidade de transformações químicas, o ópio terá sido

provavelmente a primeira droga descoberta pela humanidade, o que se acredita

ter ocorrido na Ásia Menor (SILVA, 2013, p. 55).

Conhecida como a Era dos remédios mágicos3 – de acordo com Silva

(2013) a cannabis e o ópio começaram a ser utilizados como medicamentos e

em rituais religiosos na Índia e no Egito há pelo menos quatro mil anos, sendo

Tebas, famosa nos tempos faraônicos por seus campos de papoula. Do Egito,

difundiu-se para o Mundo Helênico e o Oriente Médio.

Os gregos também se utilizavam dessas substâncias e entendiam que as

drogas tinham a ver com prazer, ou seja, possuíam uma sofisticada relação com

as drogas.

O ópio foi consumido pelas grandes civilizações da antiguidade: chineses,

egípcios, gregos e romanos. Ainda durante a Idade Média, os árabes

perceberam o potencial mercantil do ópio e passaram a produzir e comercializar

a planta, alastrando seu consumo para várias regiões do mundo. (SILVA, 2013).

Sob a forma inalada e com fins recreativos, o consumo do ópio logo atingiu

proporções preocupantes no Reino Unido, EUA e sobretudo na China, em meio

2 Retirado do documentário: The HistoryChannel – A história das drogas (2013). 3 Retirado do documentário: The HistoryChannel – A história das drogas (2013)

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ao total desconhecimento de sua capacidade de criar dependência. Outra

evolução tecnológica fundamental ocorreu em meados do século XIX, quando

se descobriram os princípios ativos – os fármacos puros – de distintas plantas,

em uma sucessão que começou com a morfina (1806), prosseguindo com a

estricnina (1817), cafeína (1820), nicotina (1828), codeína (1832), cocaína

(1860), heroína (1883) e barbitúricos (1903), entre muitos outros (SILVA, 2013).

A partir dos anos 1830, fábricas na Alemanha, Reino Unido e EUA

passaram a produzir morfina e outras drogas em grandes quantidades. Por volta

de 1840, era utilizada para praticamente qualquer problema de saúde e também

para fins recreativos, por homens e mulheres (SILVA, 2013).

No Ocidente, especialmente EUA e Reino Unido, a dependência do ópio

iniciou-se no século XIX, de duas formas. A primeira foi a rápida popularização

do uso recreativo entre intelectuais e donas de casa de classe média. A segunda

forma foi o uso medicinal do láudano e dos chamados paregóricos e “elixires”

substâncias frequentemente preparadas com ópio cru, morfina ou cocaína,

amplamente disponíveis e vendidas como cura para todos os males (SILVA,

2013).

Ressalte-se que, nos EUA, o ópio já era usado medicinalmente nos

tempos coloniais, tendo sido amplamente utilizado pelos exércitos coloniais e

britânicos durante a Guerra de Independência nos anos 1770 (SILVA, 2013).

Tal evolução foi uma consequência da expansão do comércio mundial

ocorrida no início da Era Moderna, a qual levou a um intercâmbio de diversos

produtos novos com efeitos psicoativos” (SILVA, 2013, p.58).

Contudo, o aumento do consumo e a situação de dependência de grande

parte da população chinesa fizeram com que o imperador proibisse o consumo

e a importação de ópio. A postura do imperador chinês gerou um impasse com

o Reino Unido que culminou nas guerras do ópio (1839-42 e 1856-58), com a

derrota dos chineses e a consequente concessão do porto de Hong Kong e a

legalização da importação do ópio (SILVA, 2014).

As quantidades maciças de tabaco desembarcadas nos portos

popularizaram o hábito do fumo, começando a causar um problema de saúde

pública. Prenunciando um padrão que se repetiria na China e no resto do mundo,

a partir de então, um édito da época proibindo o hábito logrou agravar ainda mais

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a situação: proibidos de fumar tabaco, os chineses passaram a fumar ópio

(SILVA, 2013).

A situação foi-se agravando progressivamente. Nos anos 1830 e 1840, o

comércio do ópio começou a espalhar-se pela costa, elevando para cerca de 4

milhões o número estimado de dependentes (1% da população) (SILVA, 2013).

De acordo com Silva (2013), o ópio era comercializado

indiscriminadamente em boticários, e era “autoministrável”, utilizado

frequentemente como analgésico, sedativo, remédio contra a febre e outros

males. Isto porque, ainda conforme a autora o uso indiscriminado, causava

dependência atingindo sobretudo as classes mais favorecidas, porém não

configurava um problema social, não despertava o interesse da opinião pública

ou dos governos.

Do outro lado do mundo os Maias no hemisfério ocidental, utilizavam

substancias psicoativas retiradas de algumas plantas em rituais na busca por

comunhão e conexão com divindades.

A biodiversidade da América explica o porquê de existirem tantas drogas

psicoativas nesta região. A folha de coca, matéria prima da cocaína, consumida

pelos indígenas andinos (Peru e Bolívia) como alimento sagrado, era utilizada

em rituais religiosos da civilização Inca, além de ser consumida como

medicamento e alimento. O comércio da folha de coca teve início com a

colonização espanhola e com a disseminação do consumo da planta pelos

camponeses e mineiros em territórios que hoje são do Peru e da Bolívia (SILVA,

2014).

O tratamento químico dessas plantas e a descoberta científica de suas

funções psíquicas levaram a expansão mundial do seu consumo e a

dependência atingiu populações em diversas áreas do planeta (SILVA, 2014).

Em um primeiro momento, o consumo desenfreado dessas substâncias

teve reflexos relevantes para a saúde pública mundial. Além de apresentar-se

como problema para a saúde da população, o consumo descontrolado de drogas

passou a ser visto também como um desafio social. Em sua maioria, pessoas

que se encontravam à margem da sociedade eram apontadas como os principais

consumidores dessas substâncias (SILVA, 2014).

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“Nos Estados Unidos, as campanhas contra certas drogas psicoativas foram, desde o início, mescladas a preconceitos, racismo e xenofobia. Drogas passaram a ser associadas a grupos sociais e minorias, considerados perigosos pela população branca e protestante, majoritária no país: mexicanos eram relacionados à maconha; o ópio vinculado aos chineses; a cocaína aos negros; e o álcool aos irlandeses.” (RODRIGUES, 2009, p. 6)

Por sua vez, a tolerância social reverteu-se no momento em que o ópio

passou a ser consumido de forma generalizada pelas classes menos

favorecidas. No Reino Unido, a Revolução Industrial popularizou o uso de drogas

para fins relaxantes entre o novo operariado – ex camponeses subitamente

proletarizados e refugiados nos subúrbios miseráveis das grandes cidades

(SILVA, 2013).

Nos anos 1860, o ópio já era reconhecido como um problema social e de

saúde; poucas décadas depois, passaria a ser também um problema de

segurança pública, conforme relatado em capítulo posterior (SILVA, 2013).

A popularização do consumo recreativo da cocaína a partir 1885, a

Companhia Parke-Davis já a fabricava sob diversas formas, para ser bebida,

fumada, inalada, injetada ou aplicada sobre a pele, tendo como garoto-

propaganda ninguém menos do que o jovem Sigmund Freud. Logo nas décadas

seguintes foi logo seguida da conscientização sobre seus efeitos colaterais e,

nos EUA, da estigmatização social e racial decorrente da prevalência entre as

populações afro-americanas do sul do país. Em pouco tempo, a substância

passou a ser associada à violência urbana e familiar, degradação moral e

desequilíbrio mental, desencadeando uma onda legiferante no país para seu

controle (SILVA, 2013).

Em sua pesquisa Silva (2014) mostra que essas drogas, frutos da

indústria farmoquímica, foram, por muitos anos, consumidas como

medicamentos, sem nenhum tipo de restrição, uma vez que não se conhecia seu

potencial nocivo. O consumo dessas substâncias psicoativas era livremente

tolerado, estando presente nos hábitos das mais diversas classes sociais

(SILVA, 2014).

Quanto à cannabis, seu prestígio entre a comunidade médica não chegou

a firmar-se em medida remotamente parecida à do ópio e da morfina. Sempre

pareceu uma substância tosca, própria de medicinas primitivas, sendo

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recomendada apenas esporadicamente como analgésico, hipnótico e

antiespasmódico (SILVA, 2013, p. 64).

Somente a partir do século XVII a questão dos entorpecentes entrou na

esfera das relações internacionais, com a utilização do comércio do ópio pelas

potências europeias, como instrumento de sua política mercantil na Ásia. China

e Índia (esta última, já sob domínio britânico) seriam as nações mais afetadas na

fase inicial. SILVA (2013)

1.1 Era da regulamentação

Novas tentativas chinesas de banir as importações e confiscar

carregamentos deram ensejo às chamadas guerras do ópio contra o Império

Britânico (1839-42 e 1856-58) (SILVA, 2013).

Silva (2013) identifica em seu texto que as pressões em prol de controles

e proibições tiveram motivações de três ordens, complementares entre si. A

primeira consistiu nas preocupações com a saúde pública, surgidas à medida

que foram sendo constatados os efeitos colaterais nefastos do ópio e dos

opiáceos para a saúde, entre os quais a dependência química.

A segunda consistiu no interesse da classe médica em obter o monopólio

sobre o receituário de drogas. A terceira correspondeu à preocupação de ordem

social com as consequências do consumo recreativo pelas classes menos

favorecidas da sociedade. A soma dessas pressões deu ensejo a uma

verdadeira cruzada moralizadora a partir do final do século XIX.

No início do século XX, em 1906, foi adotada nos EUA lei federal (Purê

Foodand DrugAct) pondo fim à indústria dos remédios de patente e exigindo que

todos os medicamentos passassem a conter rótulo listando com precisão seu

conteúdo (SILVA, 2013).

Combinadas com campanhas educativas, Silva (2013) salienta que, com

o surgimento da toxicologia, a descoberta de analgésicos mais leves –

especialmente a aspirina, em 1899 – e a elaboração da teoria bacteriológica,

resultaram em declínio súbito, substantivo e permanente do uso terapêutico do

ópio e de suas vendas em farmácias.

A escalada mundial do consumo de drogas e suas consequências para

saúde e para a sociedade levaram a comunidade internacional a instaurar a

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prática de realização de encontros diplomáticos para discutir a problemática das

drogas (SILVA, 2014).

EUA propuseram-se a estabelecer uma política global sobre o tema,

oposta à das potências coloniais européias, envolvendo países produtores e

consumidores. SILVA (2013)

A Conferência sobre o Ópio em Xangai, realizada na primeira década do

século XX, de acordo com Silvia (2013) teve, contudo, efeitos de monta,

inaugurando a era proibicionista na esfera de drogas e determinando o rumo que

seria adotado nas décadas seguintes. A autora relata que a conferência

convocada pelo presidente norte-americano Theodore Roosevelt, além de serum

gesto de solidariedade para com os Chineses, estava também acoplado a

interesses comerciais, na medida em que evolviam:

Mescla entre preocupações humanitárias e interesses comerciais; ações governamentais repressivas justificadas por cruzadas moralistas; adoção de soluções fáceis sem a análise das possíveis repercussões das medidas empregadas.

No mesmo sentido, Silva 2013 relata que ao fim do encontro, foram

adotadas resoluções exortando os países membros a cooperarem com os

esforços chineses de controle, a suprimirem gradualmente o fumo do ópio (uma

versão neutralizada da proposta original norte-americana e controlarem a

produção, distribuição e uso da morfina.

De acordo com Rochet (2009, p. 90) a iniciativa foi mais uma manobra

político-econômica do governo Roosevelt do que o resultado de preocupações

reais de Washington com relação às drogas. Os EUA estavam com problemas

comerciais com a China, decorrentes da resistência local à política comercial

agressiva dos norte-americanos. Era preciso que o ambiente se tornasse mais

ameno aos estadunidenses.

Com vistas a ter algo a apresentar durante a Conferência, mas sem

ofender a comunidade médica ou os produtores de drogas, os EUA impuseram

em 1909, às vésperas do encontro, uma proibição à importação de ópio para

fumo. Assim munidos de uma novíssima legislação, propuseram durante o

encontro, com o apoio da China, a imediata proibição do fumo do ópio. O projeto

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não prosperou, esbarrando na contraproposta britânica de “regulamentação

cuidadosa”. (Silva, 2013, apud SIMMONS, Op. cit., p. 26).

Segundo Silva (2013), esse arcabouço viria a servir de base legal para

uma política repressiva, o que para ela seria responsável pelo progressivo

agravamento da questão no mundo e pela criação de uma poderosa rede

criminosa dedicada ao contrabando das substâncias tornadas ilegais. A

Convenção de Haia foi o primeiro tratado internacional de controle de drogas,

regulamentando de forma incipiente a fabricação, comércio e uso da cocaína,

ópio e seus derivados. Constituiu o primeiro passo para a construção do

complexo arcabouço normativo internacional, fornecendo um modelo para

legislações futuras e embora constituindo um marco na evolução do tema, a

Convenção exortou muito mais obrigou pouco (SILVA, 2013).

Ainda no mesmo sentido, Silva (2013) evidencia que no momento em que

eclodiu a Primeira Guerra Mundial (1914), o documento ainda não havia entrado

em vigor. A guerra conduziu o tema, temporariamente, em direção oposta à dos

controles estipulados pela Convenção de Haia. A interrupção súbita dos

fornecimentos alemães de morfina e heroína deixou muitas nações aliadas e

neutras em risco de escassez, levando-as a expandirem suas indústrias

farmacêuticas no bojo dos esforços bélicos. Os sintéticos, muitos dos quais

desenvolvidos durante a Guerra, suplantaram temporariamente a heroína e a

cocaína, cujo consumo veio a declinar substantivamente nos anos trinta.

Em 1919, após o fim da I Guerra mundial, foi a assinado o tratado de

Versalhes, e através dele a criação da Liga das Nações, cujo papel seria de

manter a paz no mundo. A Carta foi assinada por 44 Estados. Sua criação foi

baseada na proposta feita pelo presidente estadunidense Woodrow Wilson. Com

a recusa do Congresso estadunidense em ratificar o Tratado de Versalhes, os

Estados Unidos não se tornaram membro do novo organismo (ROCHET, 2009,

p. 92).

Nesta lógica, Rochet (2009 p. 92) relata que em 1920, foi criada pela Liga

das Nações a Opium Advisory Commitee (OAC), para discutir medidas de

controle do tráfico de ópio e derivados. Reunia-se em Genebra, anualmente,

durante os anos 20, porém como afirma a autora apesar dos EUA não fazer

parte, a Liga das Nações parecia ser, o lócus para expandir o controle do

consumo de drogas, bem como de sua produção e comercialização.

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Em nota, (Silva 2013) relata que a Primeira Conferência de Genebra sobre

Drogas realizou-se em 1924, com o objetivo de considerar medidas para a

supressão do uso do ópio no Extremo Oriente. O resultado foi a decisão de abolir

as concessões para comércio de ópio, passando os governos a assumir o

controle por meio de um sistema de licenças e proibição de reexportação. A

medida aplicava-se unicamente ao ópio, omitindo-se sobre a morfina e outros

opiáceos.

Na segunda Conferência de Genebra – 1925, onde foi realizada a

Convenção Internacional do ópio, reuniram-se 45 países para discutir medidas

de controle e redução da oferta, no entanto várias cláusulas de exceção foram

inseridas e ainda de acordo com (SILVA, 2013) o documento final manteve a

liberdade dos Estados para produzir e comerciar drogas em quaisquer

quantidades, contanto que fornecessem relatórios precisos aos órgãos da Liga.

Em certa medida, infere-se que através destes relatórios informações

relevantes quanto ao que era produzido nesses países deveria servir como base

para um controle mundial, no entanto, não é evidenciado a veracidade das

informações contidas nos mesmos.

Estados produtores como Bolívia, Bulgária, Grécia, Hungria, Pérsia, Sião,

Turquia e Iugoslávia, dependentes das exportações agrícolas de papoula ou de

coca, objetavam à imposição de controles sobre matérias-primas.

Entre o início da década de 20 até meados da década de 30 uma série de documentos e tratados foram assinados por esses países, nos quais Silva (2013) faz uma relação evidenciando assim cada um deles:

– Acordo de 1925 Relativo à Fabricação, ao Comércio Interno e ao Uso

do Ópio;

– Convenção Internacional de 1925 sobre Drogas Nocivas (pela qual a

cannabis juntou-se à cocaína e ao ópio na lista das substâncias

controladas e determinou-se que os governos passassem a submeter

para uma Junta Central Permanente estatísticas anuais sobre a

produção de ópio e de folhas de coca, além da manufatura, consumo

e estoques dessas drogas e relatórios trimestrais sobre importações

e exportações);

– Convenção Internacional de 1931 para Limitar a Fabricação de

Entorpecentes (pela qual foi criada a Comissão Consultiva sobre o

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Tráfico de Ópio e Outras Substâncias Nocivas, com o objetivo de

restringir a produção mundial e estoques de drogas aos montantes

estritamente necessários para fins médicos e científicos,

acrescentando-se a requisição de se estimarem as necessidades de

drogas para fins legítimos, de se vincular um rastro burocrático à

fabricação, importação e exportação, ampliar a vigilância e impor

limites à manufatura e comércio de drogas);

– Acordo de 1931 sobre o Controle do Hábito do Fumo do Ópio no

Extremo Oriente (o primeiro instrumento voltado para uma região

específica);

– Convenção Internacional de 1936 sobre a Repressão do Tráfico Ilícito

de Drogas Nocivas (para a supressão do tráfico ilícito de drogas

perigosas, determinando punições severas para aqueles que

comercializassem drogas ilegalmente e comprometendo os Estados

Partes a impedir que os criminosos se esquivassem a ir a julgamento

por razões técnicas e a facilitar a extradição em casos de crimes

relacionados a drogas).

É importante destacar que o regime proibicionista internacional

concentrou-se, portanto, no controle e regulamentação dos cultivos, produção e

distribuição legais de drogas (restringindo-os a fins médicos e científicos) e na

eliminação dos cultivos, produção e distribuição ilegais, deixando totalmente de

lado as questões do consumo e do abuso (SILVA, 2013).

Durante o período da Liga das Nações, poucos governos latino-

americanos (entre os quais não se incluiu o Brasil) ratificaram as convenções de

Genebra de 1925 e 1931 ou cooperaram com o regime internacional de controles

(do qual nem os EUA participavam), relutando até mesmo em submeter

estatísticas (SILVA, 2013).

A retirada do Brasil da Liga em 1926, seguida por outros seis países latino-

americanos na década seguinte, reduziu ainda mais o já escasso engajamento

hemisférico com o regime internacional (SILVA, 2013).

Em nota Rochet destaca o período denominado a “A Grande Depressão”

que teve início em 1929 e persistiu ao longo da década de 1930, terminando

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apenas com a Segunda Guerra Mundial. É considerado o mais longo período de

recessão econômica do século XX. Caracterizou-se por altas taxas de

desemprego, quedas drásticas do produto interno bruto de diversos países, bem

como quedas drásticas na produção industrial e preços de ações.

Em efeito a crise instaurada, esta gerou milhões de desempregados, que

não tardaram a buscar culpados pela crise. Segundo Rochet (2009 p. 95) ganhou

corpo a crença racista de que os empregos dos brancos estavam sendo

roubados por negros e mexicanos que aceitavam trabalhar por menores salários.

Acendeu-se, então, a associação de mexicanos e negros com a maconha,

ligação considerada perigosa e imoral. Em solo norte-americano, em 1936, 48

estados já haviam aprovado medidas legais que restringiam e coibiam as

plantações de cannabis.

Durante a Segunda Guerra, é interessante foram ministradas a soldados

alemães, ingleses, italianos e japoneses doses generosas em complemento às

rações. No Pós-Guerra, passaram a ser amplamente consumidas por idosos,

donas de casa e estudantes – grupos comumente acometidos pelo tédio e

desmotivação ou pressionados a demonstrarem alto rendimento acadêmico ou

profissional. Nos anos cinquenta, foram introduzidas no mercado, com êxito

ainda maior, drogas anunciadas como remédios para “o ritmo da vida moderna”

e com efeitos semelhantes aos dos relaxantes musculares, bem como

medicamentos contra a ansiedade (SILVA, 2013).

Não surpreende que, até os anos setenta, nenhuma delegação norte-

americana estimulasse discussões nos foros internacionais sobre o

estabelecimento de controles sobre essa categoria de drogas, no qual Silva

(2013) descreve como “reversão de rotas”, pois as substancias sintéticas foram

inicialmente produzidas pelos EUA.

Tendo em vista que os EUA foram desde o princípio o signatário mais

proponente e participativo, tardaram a se posicionar a respeito das drogas

sintéticas. Este passa então a atuar como armazém mundial de drogas lícitas,

adquirindo subitamente grande poder de barganha (SILVA, 2013).

Em janeiro de 1961, setenta e três delegações se reuniram, em Nova

York, para as negociações. Após as discussões, o texto final previa a

condensação, em um único tratado, das principais.

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1.2 Pós-Guerra – 1961

Com o fim da segunda guerra mundial e a instituição da Organização das

Nações Unidas (ONU), o tema das drogas passou à responsabilidade da nova

instituição internacional, com a função de promover reuniões a respeito da

questão em geral, bem como monitorar as políticas de enfrentamento às drogas

no mundo todo.

Para Silva (2014) as leis que proibiam o consumo e o comércio de drogas

continuaram a redirecionar o mercado, incentivando o contrabando e

estimulando o envolvimento do crime organizado no comércio e na produção de

drogas. Assim a implementação dessas políticas de caráter proibicionista

somadas à estabilidade da demanda mundial por substâncias psicotrópicas

deslocaram o comércio mundial de drogas para o mercado clandestino,

incentivando o engajamento de organizações criminosas, máfias e cartéis

internacionais na produção, no comércio e na distribuição de drogas ao redor do

mundo.

Ainda de acordo com a autora referenciada acima de forma geral, o

estabelecimento da proibição às drogas e o foco das convenções internacionais

na oferta dessas substâncias acabou por deslocar o seu comércio para o

mercado clandestino, desencadeando no engajamento de organizações

criminosas e máfias nas atividades relativas. (SILVA, 2014).

A exposição dos hippies na mídia despertou o interesse dos jovens,

sobretudo em razão ao desencanto quanto à guerra do Vietnã, ao materialismo

suburbano e à segregação. Referida droga, então, passou a ser um símbolo de

rebelião, popular entre os estudantes universitários e de nível médio. Sua

aceitação era tanta que, até o ano de 1979, cerca de cinquenta e cinco milhões

de americanos já tinha experimentado alguma fórmula desse estupefaciente

(ANDRADE, 2013).

Assim, recrudescendo o controle sobre as substâncias consideradas

ilícitas, dá-se início à guerra contra as drogas com o Comprehensive Drug Abuse

Prevention and Control, de 1970, que além de regulamentar e classificar o uso

de medicamentos com base na intrínseca capacidade de dependência e abuso,

consolidou todo o arcabouço legal anteriorquanto à identificação e proscrição

das drogas consideradas ilegais (ANDRADE, 2013, p. 80).

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Ainda de acordo com Andrade (2013), esta lei incumbiu ao Drug

Enforcement Administration (DEA), vinculado ao Departamento de Justiça dos

Estados Unidos da América, a competência para indicar quais drogas seriam de

uso e comercialização proibidos.

Em suma, o autor citado acima, afirma que um dos resultados e ao mesmo

fundamento e método da guerra contra as drogas, foi a criminalização do uso e

a comercialização, concluindo assim que esta fracassou em seus objetivos, pois

não houve a redução da oferta, da demanda e também dos danos decorrentes.

Na verdade, o resultado obtido foi o extremo oposto: o crescimento

exponencial do mercado internacional de substâncias ilícitas, largamente

controlado pelo crime organizado (ANDRADE, 2013 p.90 apud. COMMISSION

OF THE EUROPEAN COMMUNITIES. A Reporton Global Illicit Drug Markets

1998-2007. Amsterdam: European Communities, 2009).

É possível observar a forte influência que os EUA sempre exerceram na

condução das políticas antidrogas em âmbito internacional, imprimindo, na

maioria das vezes um caráter moralizante para as ações de enfrentamento às

drogas.

Para Feitosa e Pinheiro (2012) a Guerra as drogas instaurada pelos EUA

a partir da década de 70, em combate a repressão à produção e distribuição de

entorpecentes variou ao longo das últimas décadas, mas repousa sobre os

mesmos postulados: controle da entrada das drogas nos EUA, com o

endurecimento da repressão contra o tráfico, de modo a reduzir a oferta do

produto, e a criação de mecanismos para desestimular o uso de entorpecente,

como a prisão dos usuários, a fim de tentar reduzir a demanda.

Ressaltam-se nesse contexto, a Conferência Internacional sobre Abuso

de Drogas e Tráfico Ilícito em 1987, a Convenção contra Tráfico Ilícito de Drogas

e Substâncias Psicotrópicas em 1988 e a 17a Sessão Especial da Assembleia

Geral da ONU sobre drogas realizada em 1990. De forma geral, esses novos

marcos passaram a considerar a necessidade de abordar de forma mais

abrangente o tema das drogas, ressaltando além da repressão às drogas e às

organizações narcotraficantes, questões relativas a redução da demanda e o

tratamento de usuários (SILVA, 2016).

Embora o Brasil não esteja entre os maiores consumidores ou produtores,

para Silva (2013) o trânsito que ocorre por seu território não é inocente e tem um

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custo. Gera toda uma indústria do crime organizado, que inclui tráfico de armas,

corrupção do funcionalismo público e lavagem de dinheiro, com implicações

diretas para a segurança pública.

“O Brasil experimentou na primeira década do novo milênio um crescimento da preocupação social com o uso de drogas. Essa preocupação foi amplificada pela associação – sem qualquer base empírica – entre uso de drogas, violência urbana e uma suposta degradação de valores morais. Tal associação irresponsável alimentou o senso comum sobre o tema, reforçando a estigmatização das pessoas que usam drogas e a demanda por políticas repressivas.” (SENAD /MJ, 2016).

Silva (2013) chama atenção para o fato queas drogas são hoje apenas

um componente a mais do crime organizado transnacional, conectado a outros

delitos igualmente graves, que devem ser tratados na agenda interna e

internacional com igual empenho. Por isso relevância dessa temática estar

inserida nas agendas políticas e governamentais.

De acordo com relatório feito pela Senad /MJ (2016), é nítido que

atualmente no Brasil, as deliberações e ações planejadas tem raízes na Política

Nacional sobre Drogas (2005), evidenciando assim uma política de drogas

humanista, onde seu foco deve ser nas pessoas, e não nas drogas, entendo

assim que é preciso oferecer cuidados de saúde e apoio social, garantindo, e

não restringindo, seus direitos civis e dessa maneira deixar o senso comum

sucessivamente reproduzido a respeito das drogas no Brasil.

“Organização das Nações Unidas afirma que, entre os anos de 1998 e 2008, período de maior recrudescimento da guerra contra as drogas, o número de consumidores de substâncias derivadas do ópio experimentou um incremento de 34,5% (trinta e quatro e meio por cento), passando de doze milhões e novecentos mil para dezessete milhões trezentos e cinquenta mil usuários. O mesmo se verificou quanto aos consumidores de cocaína (de treze milhões e quatrocentos mil para dezessete milhões, vinte e sete por cento a mais) e de maconha (de cento e quarenta e sete milhões e quatrocentos mil para cento e sessenta milhões, incremento de oito e meio por cento).” (ANDRADE, 2013, p. 102).

No próximo capítulo objetiva-se tratar como se deu o processo de

elaboração das principais regulamentações sobre o uso e abuso de drogas em

âmbito Brasileiro, principais influencias para então adentrar a criação do primeiro

conselho nacional antidrogas juntamente com os órgãos responsáveis pelas

iniciativas ao combate de uso, abuso e tráfico de drogas.

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Capítulo 2 – Política Nacional sobre Drogas – SISNAD

O processo histórico que culmina na Política Nacional sobre Drogas, tem

início com a lei 6368/76, que possuía como diretriz e base a redução da oferta

de drogas no Brasil. Porém, é relevante destacar como se deu essa formação

histórica pensando as influencias sociais, econômicas, políticas e internacionais

que culminaram no modelo que utilizamos atualmente.

Como visto em capítulos anteriores, o uso de drogas pela humanidade é

milenar. Dessa maneira é necessário que algumas questões históricas sejam

retomadas para melhor compreensão dessa realidade, pois as ações

governamentais possuíam um caráter repressivo, cujo objetivo era inibir o uso

indevido de substâncias ilícitas pela restrição ao acesso às drogas, sob uma

ótica proibicionista, militarizada e repressiva como destaca Silva (2014).

Reflexões demonstram que o processo de construção política de “guerra

as drogas” teve início nos Estados Unidos, no século XIX, como viés

moral/criminal e doença. Nesse mesmo sentido Santos (2012) afirma que devido

ao exponencial crescimento da industrialização de bebidas alcoólicas nos

Estados Unidos, à extensão mercantil do consumo, as primeiras ações políticas

tiveram um caráter preventivo, promovida por grupos específicos, em especial

juristas, políticos e religiosos que ficaram à frente da política proibicionista no

país, que por sua vez constituíram-se no alicerce ideológico para as políticas

públicas sobre drogas ao redor do mundo.

Esse processo de construção política do enfrentamento ao fenômeno das

drogas teve subsídios dos movimentos populares e religiosos americanos, tais

como o Prohibition Party (1869) e a Sociedade para a Supressão do Vício (1873),

que avançaram dentro das estruturas de poder do Estado e, ao longo dos anos,

foram garantindo a implantação de leis que restringiam, cada vez mais, a

produção, o comércio e o uso de toda e qualquer droga ilícita (SILVA, 2014).

Os movimentos internacionais caminhavam na mesma ótica

proibicionista, com forte influência estadunidense. Em 1945 com o término da

Segunda Guerra Mundial é criada a Organização das Nações Unidas (ONU) que

segundo Silva (2014) é o órgão responsável por criar e colocar em prática

mecanismos que possibilitassem a segurança internacional, desenvolvimento

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econômico, definição de leis internacionais relacionados aos direitos humanos e

ao progresso social, visualiza-se de modo concreto um organismo internacional

que poderia liderar essa luta pelo controle das substâncias psicoativas no

mundo.

Esse fato, tem grande relevância na construção histórica de políticas de

enfrentamento às drogas com caráter proibicionista o que de acordo com Alves

(2009) os debates em torno da questão das drogas foram reaquecidos no plano

internacional, e logo depois do seu primeiro ano de criação em 1946, a ONU

instituiu a Comissão de Narcóticos (CDN), com a atribuição de formular políticas

para o fortalecimento do sistema de controle e repressão internacional às drogas.

Ao analisar esse movimento político sob um enfoque nacional, constata-

se que o Brasil compõe o grupo de nações signatárias das convenções

internacionais para repressão do tráfico e do uso de drogas. Essa realidade

determinou que o país assumisse uma postura internacional semelhante e

formulasse suas políticas alinhadas ao discurso proibicionista (SILVA, 2014).

A partir de 1960 as políticas de enfrentamento à questão das drogas,

evidenciam ações baseadas essencialmente na redução da oferta de drogas,

restringindo-se ao campo jurídico e/ou médico (LARANJEIRA; ROMANO, 2003).

“Nesse sentido, a ONU realizou três grandes convenções internacionais – Nova

Iorque, 1961, e Viena, 1971, 1988 – reafirmando a concepção internacional

repressiva de combate ao uso e tráfico de drogas, bem expresso pelo termo

“warofdrug”. O Brasil, enquanto signatário dessas convenções, aprovou, no ano

de 1971, a Lei 5.726, que dispõe sobre medidas preventivas e repressivas ao

tráfico e ao uso de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência

física ou psíquica.” (SANTOS; OLIVEIRA, 2012).

Enquanto no cenário internacional na década de 60 se delineava nos

Estados Unidos da América a política de “guerra contra as drogas”, no Brasil,

observa- se que uma preocupação tardia do Estado com o fenômeno do

consumo de drogas. Como afirma Santos (2012), não era objeto de preocupação

do Estado.

Um resgate na história brasileira de intervenção do Estado na questão nos

revela que apenas em 1930, O Estado Brasileiro começa a atuar efetivamente

na redução desse consumo, com a promulgação a Lei n. 891/1938. Esta Lei

propunha a internação compulsória, por tempo indeterminado, dos denominados

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toxicomaníacos. Além disso, criminalizava o porte de drogas ilícitas,

independentemente, da quantidade apreendida. Entende se assim que as

primeiras intervenções do poder público não acompanharam as necessidades

surgidas na sociedade brasileira (MACHADO, 2006).

O quadro abaixo, nos mostra a evolução histórica das políticas de

enfrentamento à questão das drogas, no Brasil, no período de 1938 a 1993.

Quadro 1. Evolução histórica a partir da década de 30

Fonte: Silva & da, Monteiro (2014, p.)

O quadro acima mostra resumidamente a evolução histórica das políticas

de enfrentamento às drogas no Brasil durante o século XX, iniciando com a lei

891/1938 citada anteriormente, seguindo pela Convenção Única sobre

Entorpecentes, por meio do Decreto n. 54.216/1964 que em sua composição

destaca: a preocupação com a saúde física e moral da humanidade,

reconhecendo que o uso médico dos entorpecentes continua indispensável para

o alívio da dor e do sofrimento e que medidas adequadas devem ser tomadas

para garantir a disponibilidade de entorpecentes para tais fins. Silva (2014)

reconhece, a partir suas pesquisas que a toxicomania é um grave mal para o

indivíduo e constitui um perigo social e econômico para a humanidade.

Nas décadas de 20 e 30, constatou-se a ocorrência do consumo de

cocaína entre os jovens de classes mais abastadas e o consumo de maconha

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entre as classes mais baixas. Essa constatação foi acompanhada por um grande

alarme social e, na tentativa de estabelecer o controle do uso de drogas, o

governo brasileiro começou a desenvolver ações para a redução da oferta de

drogas (MACHADO, 2009, p. 36).

Ainda conforme Machado (2009) já em 1924, algumas mudanças foram

introduzidas no Código Penal Brasileiro por meio do Decreto no 4.294, que

passou a propor pena de prisão para aqueles que vendessem ópio, seus

derivados e cocaína. A embriaguez que acarretasse “atos nocivos a si próprio, a

outrem ou à ordem pública” passou a ser punida com a internação compulsória

em “estabelecimento correcional adequado”.

Daí em diante é notória a adoção de medidas com viés criminalizante aos

usuários de drogas, tendo em vista as medidas tomadas em âmbito

internacional.

Compareceu também às reuniões da Organização das Nações Unidas

(ONU), realizadas em 1961, 1971 e 1988, que deram origem a convenções

internacionais que reafirmaram a necessidade de adoção de medidas de

repressão à oferta e ao consumo de drogas. Essas convenções influenciaram as

respostas elaboradas pelo governo brasileiro para abordar o fenômeno do uso

de drogas (MACHADO, p. 36).

A partir da compreensão da existência de uma relação inevitável entre o

consumo de drogas e as alterações de saúde, tornou-se uma preocupação a

necessidade de um enfoque mais específico à dimensão biológica de acordo

com Silva (2014) criou-se então a Lei no 5.726/1971 que dispõe sobre medidas

preventivas e repressivas ao tráfico e uso de substâncias entorpecentes ou que

determinem dependência física ou psíquica, na qual foi revogado pela Lei no

6.368/1976, que também dispõe sobre medidas de prevenção e repressão ao

tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem

dependência física ou psíquica, e dá outras providências como as atividades de

prevenção, fiscalização e repressão ao tráfico e uso de substâncias

entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica serão

integradas num Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão.

Esse sistema foi constituído pelo conjunto de órgãos que exerçam essas

atribuições nos âmbitos federal, estadual e municipal. Entre os objetivos do

Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão, constava o de

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formular a Política Nacional de Entorpecentes através do Conselho Federal de

Entorpecentes (CONFEN), seu órgão central (ALVES, 2009).

O Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão, institui em

1980 surgem os Conselhos Antidrogas por meio do Decreto 85.110,

denominados Conselhos de Entorpecentes (Conselho Federal – CONFEN,

Conselhos Estaduais – CONENS e Conselhos Municipais – COMENS).

Segundo Machado (2006) O CONFEN era composto por representantes

dos vários Ministérios (Justiça, Saúde, Educação e Cultura, Previdência e

Assistência Social, Fazenda e Relações Exteriores), por um representante do

Departamento da Polícia Federal, um da Vigilância Sanitária, um jurista

escolhido e designado pelo Ministério da Justiça e um médico psiquiatra

escolhido pela Associação Médica Brasileira e designado pelo Ministério da

Justiça. Seguindo o CONFEN foi um órgão normativo dos diversos assuntos e

das ações programáticas governamentais associadas ao tema drogas. A

princípio, o CONFEN abordou apenas questões relativas às drogas ilícitas e, em

meados da década de 80, passou a abordar também questões relacionadas às

drogas lícitas.

No mesmo sentido a autora salienta em sua pesquisa, que o CONFEN,

em vários momentos de sua história, esteve mais comprometido com o

desenvolvimento de ações repressivas em relação às drogas e em outros

momentos abriu a possibilidade de construção de práticas não orientadas

exclusivamente pela perspectiva repressiva (MACHADO, 2006, p. 40).

Em seus primeiros tempos, o CONFEN contou com apoio constante do

Escritório da ONU para Drogas e Crime (UNDCP),276 o qual já possuía então

estreitos vínculos com o Ministério da Justiça. Em 1987, assinou-se protocolo de

intenções, à luz do qual foram alocados recursos da ONU da ordem de U$ 12

milhões para apoiar os trabalhos do Conselho (SILVA, 2013, p. 155).

Quadro 2. Histórico da Política Nacional antidrogas Brasileira a

partir de 2002.

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Fonte: Silva Júnior F.J.G. da, Monteiro C.F.S. Reflexões sobre as políticas sobre drogas: interface (2014)

Conforme pode-se visualizar no quadro acima, em 1998, o presidente

Fernando Henrique Cardoso, por meio da Medida Provisória no 1669 de

19/06/1998, extinguiu o Conselho Federal de Entorpecentes e a Secretaria

Nacional de Entorpecentes e criou o Conselho Nacional Antidrogas (CONAD) e

a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad). Pelo Decreto no 2362 de 1906/1998,

substituído posteriormente pelo Decreto no 3696 de 21/12/2000, constituiu o

Sistema Nacional Antidrogas (SISNAD). Essa reformulação institucional na área

de drogas foi anunciada na Sessão Especial da Assembleia Geral (UNGASS)4

da Organização das Nações Unidas (ONU), dedicada ao enfrentamento do

problema mundial da droga, realizada em junho de 1998.

De acordo com Machado (2006) o CONAD e a Senad foram criados em um novo espaço institucional, não mais no Ministério da Justiça, mas no então Gabinete Militar da Presidência da República, atualmente denominado Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

4 Ungass – A sigla em inglês UNGASS significa “Sessão Especial da Assembleia-Geral das

Nações Unidas”. As sessões especiais das Nações Unidas servem para que os países possam definir metas realizáveis com relação a temas sociais, como drogas, gênero, trabalho, saúde (http://www.aids.gov.br/pagina/duvidas-frequentes-sobre-ungass)

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Em sintonia com o modelo internacional as ações Governamentais

possuíam um caráter repressivo e tinham como objetivo a chamada “redução da

oferta”, cujo objetivo era inibir o uso indevido de substâncias ilícitas pela restrição

ao acesso às drogas. Até o ano de 1998, no Brasil, ainda não possuía diretrizes

nacionais abordando à questão de prevenção ao uso de álcool e outras drogas.

MAPEAMENTO DAS INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS E NÃO-

GOVERNAMENTAIS DE ATENÇÃO ÀS QUESTÕES RELACIONADAS AO

consumo de álcool e outras drogas no Brasil (2006/2007)

Através de várias leituras sobre o processo de criação da Senad, infere-

se que esta expressou uma estratégia política do governo brasileiro em mostrar

à comunidade internacional uma postura de combate às drogas como prioridade

de governo, sendo este, um dos fatores que influenciaram a criação da

secretaria.

É notório que grandes conquistas foram alcançadas, sobretudo a partir da

compreensão da dependência química como problema de saúde. No entanto,

somente a partir dos anos 2000, pode ser observada uma nova ótica diante do

fenômeno das drogas (SILVA, 2014).

A Senad é o órgão responsável pela coordenação e articulação da

Política Nacional Antidrogas – PNAD (elaborada em 2002). A Secretaria ficou

responsável por aspectos relevantes como: prevenção, tratamento e reinserção

social dos usuários de drogas, competência também de outras esferas

governamentais (Ministérios da Saúde, Educação e Assistência Social, entre

outros). No início de suas atividades, a Senad chegou a ser dirigida por um civil,

buscou a mobilização da sociedade para debater os rumos da política pública e

tentou ser mais abrangente em sua ação, como a realização do 1º Fórum

Nacional Antidrogas, que segundo Machado (2006) contou com a presença de

mais de 2000 pessoas.

Nesse Fórum, se apresentaram os segmentos mais organizados que

atuavam na área de drogas: policiais, pessoas vinculadas às comunidades

terapêuticas, profissionais ligados às comunidades científicas e pessoas ligadas

aos projetos de redução de danos. Essa composição do Fórum se refletiu no seu

produto final: a Política Nacional Antidrogas (PNAD).

Essa participação social deu início a um debate diferenciado com relação

à criação de políticas e ações sobre drogas, fomentando a perspectiva da

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participação social como reafirmadora das ações do Estado. Conflitos de

natureza política e institucional inviabilizaram o estabelecimento de propostas

que, de fato, respondessem à dimensão do fenômeno das drogas em nosso país

(Mesquita, 2004).

Assim, por meio de Decreto Presidencial no 4.345 de 26 de agosto de

2002, foi instituída a primeira Política Nacional Antidrogas – PNAD do país, que

em seus primeiros anos de vigência tinha como agenda governamental:

Integração das políticas públicas setoriais com a Política de drogas visando

ampliar o alcance das ações. Também objetivava a descentralização das ações

em nível municipal, permitindo a condução loc das atividades da redução da

demanda, devidamente adaptadas à realidade de cada município e

estreitamento das relações com a sociedade e com a comunidade (OBID, 2008).

No ano 2004, houve um processo de realinhamento da Política Nacional

sobre Drogas (PNAD), que estava vigente até então. Esse processo foi articulado

e promovido pela Senad e aprovada a Política Nacional Sobre Drogas, na forma

do anexo a RESOLUÇÃO No 03/GSIPR/CH/CONAD.

Neste realinhamento, a Senad facilitou e promoveu um amplo processo

democrático entre sociedade e governo, levando em consideração aspectos

internacionais, nacionais e regionais, com o objetivo de dar um caráter

democrático e participativo para a PNAD, tendo em vista a democratização e

descentralização, vislumbrando assim, que a participação da sociedade seria

determinante para o sucesso da política. Legislação no Brasil sobre políticas

públicas sobre drogas (MJ/ Senad , 2010).

De acordo com a metodologia adotada no processo de realinhamento, foi

realizado o Primeiro Seminário Internacional de Políticas Públicas sobre Drogas,

reunindo assim alguns países como Canadá, Itália, Países Baixos, Portugal,

Reino Unido, Suécia e Suíça, e debatendo as experiências adotadas nas

políticas desenvolvidas por esses países, fazendo assim um paralelo entre

aspectos em comum, porém levando em consideração as singularidades

nacionais. Logo após, foram realizados seis fóruns nas cinco regiões, com a

participação da sociedade, onde foram promovidas oficinas para serem

discutidos os capítulos da PNAD, em parceria com a Senad e o Governo dos

Estados. Senad /MJ (2010)

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Por último foi realizado um Seminário Nacional de Política sobre Drogas,

nesse evento, houve a consolidação das discussões regionais para o

realinhamento efetivo da Política Nacional, garantindo o diálogo e a legítima

participação da população, com o objetivo de apresentar e sistematizar os dados

coletados no Seminário Internacional e nos fóruns regionais realizados

anteriormente, promovendo um diálogo e a participação legítima da população e

assim recebendo as demandas apresentadas pelos mesmos . Legislação no

Brasil sobre políticas públicas sobre drogas (2010).

Como resultado, o prefixo “anti” da Política Nacional Antidrogas foi

substituído pelo termo “ sobre”, já de acordo com as tendências internacionais,

com o posicionamento do governo e com a nova demanda popular, manisfetada

ao longo do processo de realinhamento da política. (Obid/Senad

http://obid.Senad.gov.br/obid/pessoas-sujeitos-drogas-e-sociedade)

Findada as discussões sobre a temática, a política foi aprovada pelo

Conselho Nacional Antidrogas (CONAD), entrando em vigor a partir dessa data

e então fazendo parte da agenda governamental.

Segundo informações divulgadas pelo Obid/Senad (2006) a Senad

coordenou um grupo de trabalho do governo que assessorou os parlamentares

no Processo que culminou na aprovação da Lei no 11.343/2006, que instituiu o

Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD), suplantando

uma legislação de trinta anos que se mostrava obsoleta e em desacordo com os

avanços científicos na área e com as transformações sociais, o que colocou o

Brasil em destaque no cenário internacional ao instituir o SISNAD e prescrever

medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de

usuários e dependentes de drogas, em consonância com a atual política sobre

drogas.

De acordo com a Lei no 11.343/2006 compatibiliza os dois instrumentos

normativos: as Leis 6.368/1976 e 10.409/2002, e os revoga a partir de sua

edição, com o reconhecimento das diferenças entre a figura do traficante e a do

usuário/dependente, os quais passaram a ser tratados de modo diferenciado e

a ocupar capítulos diferentes da lei.

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Em janeiro de 2011, por meio do DECRETO No 7.426, a (Senad) foi

desvinculada do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da

República e transferida para o Ministério da Justiça como dispõem no artigo 1o:

Ficam transferidos para o Ministério da Justiça a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas – CONAD e a gestão do Funad – do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

Explicita também que suas competências serão: “Art. 38-A. À Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas compete:

I – assessorar e assistir o Ministro de Estado, no âmbito de sua competência;

II – articular e coordenar as atividades de prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas;

III – propor a atualização da Política Nacional sobre Drogas, na esfera de sua competência;

IV – consolidar as propostas de atualização da Política Nacional sobre Drogas;

V – definir estratégias e elaborar planos, programas e procedimentos, na esfera de sua competência, para alcançar os objetivos propostos na Política Nacional sobre Drogas e acompanhar a sua execução;

VI – atuar, em parceria com órgãos da administração pública federal, estadual, municipal e do Distrito Federal, assim como governos estrangeiros, organismos multilaterais e comunidades nacional e internacional, na concretização das atividades constantes do inciso II;

VII – promover o intercâmbio com organismos nacionais e internacionais na sua área de competência;

VIII – propor medidas na área institucional visando ao acompanhamento e ao aperfeiçoamento da ação governamental relativa às atividades relacionadas no inciso II;

IX – gerir o Funad, bem como fiscalizar a aplicação dos recursos repassados por este Fundo aos órgãos e entidades conveniados;

X – firmar contratos ou celebrar convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos congêneres com entidades, instituições ou organismos nacionais e, mediante delegação de competência, propor com os internacionais, na forma da legislação em vigor;

XI – indicar bens apreendidos e não alienados em caráter cautelar, a serem colocados sob custódia de autoridade ou órgão competente para desenvolver ações de redução da demanda e da oferta de drogas, para uso nestas ações ou em apoio a elas;

XII – realizar, direta ou indiretamente, convênios com os Estados e o Distrito Federal, a alienação de bens com definitivo perdimento decretado em favor da União, articulando-se com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público e da administração pública federal e estadual para a consecução desse objetivo;

XIII – gerir o Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas – OBID;

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XIV – desempenhar as atividades de Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas;

XV – executar as ações relativas ao Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, bem como coordenar, prover apoio técnico-administrativo e proporcionar os meios necessários à execução dos trabalhos do Comitê Gestor do referido Plano; e

XVI – realizar outras atividades determinadas pelo Ministro de Estado.

De acordo com o Decreto a Senad é responsável por 4 Diretorias:

1. Diretoria de Projetos Estratégicos e Assuntos Internacionais;

2. Diretoria de Articulação e Coordenação de Políticas sobre Drogas;

3. Diretoria de Contencioso e Gestão do Funad; (DCGF)

4. Diretoria de Planejamento e Avaliação de Políticas sobre Drogas;

(DPAPD).

Atualmente O SISNAD é composto pelo Ministério da Saúde, Ministério

da Educação e Ministério da Justiça, tendo em vista que cada um desses possui

competências especificas junto ao SISNAD, esse trabalho tem se como objetivo

detalhar as competências e ações desenvolvidas pelo Ministério da Justiça, que

em seu âmbito é responsável por, articular e coordenar as atividades de

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repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas; manter a

Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas informada acerca dos dados

relativos a bens móveis e imóveis, valores apreendidos e direitos constritos em

decorrência dos crimes capitulados na Lei no 11.343, de 2006, visando à

implementação do disposto nos arts. 60 a 64 da citada Lei; gerir o Funad e o

Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas.

Tendo em vista que o objeto de nosso estudo é analisar o gasto público

com políticas e ações no campo das drogas no Brasil, no próximo capitulo vamos

abordar o Funad em termos de concepção, gestão e principais eixos de atuação.

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Capítulo 3 – Concepções e princípios do Fundo Público

Esse capitulo tem como objetivo trazer uma análise do que é Fundo

Público e como ele se materializa na política Nacional sobre drogas, entendendo

a relação Estado versus Sociedade, já discutida em capítulos anteriores.

Primeiramente, é importante esclarecer o que é Fundo, pois, existe uma

diversidade enorme de conceitos e significados.

Fundo de acordo com a língua portuguesa, significa profundo, que está

abaixo do nível da superfície, denso ou compacto. Para além da definição

linguística, possui também definição filosófica, jurídica e técnica. Porém, neste

trabalho, vamos nos reter a sua definição jurídica e dessa maneira elucidar a

respeito da legislação vigente, tendo como base alguns autores que já

discorreram sobre o assunto.

A história nos mostra que no Brasil, a origem e evolução dos fundos são

visíveis a partir da primeira década do século XX, a existência, já à essa época,

de pelo menos três fundos: o Fundo de Amortização dos Empréstimos Internos

(criado pelo Decreto no 4.382, de 8/4/1902), o Fundo Naval (criado pelo Decreto

nO 20.923, de 8/1/1932) – o mais antigo fundo programático do Brasil – e o Fundo

Especial de Educação e Saúde (criado pelo Decreto no 21. 335, de 29/4/1932)

SANCHES(2005). Apud “Fundos Federais”, publicado na Revista do TCU, no 51,

jan./mar., 1992.

Ainda conforme Sanches (2005), poucas disposições sobre os fundos

foram feitas no período de 1934 a 1966, porém foram criados 14 fundos nesse

mesmo período:

Fundo Florestal, em 1934; Fundo de Reaparelhamento

Penal, em 1934; Fundo de Modernização da Lavoura, em 1937; Fundo da Marinha Mercante, em 1941; Fundo de Ensino Profissional Marítimo, em 1942; Fundo Aeronáutico, em 1945; Fundo de Assistência Hospitalar, em 1946; Fundo Agropecuário, em 1962; Fundo de Telecomunicações, em 1962; Fundo de Compensação de Variações Salariais, em 1964; Fundo do Exército, em 1965; Fundo de Seguro Rural, em 1966; Fundo de Cooperativismo,em 1966 e Fundo de Turismo, em 1966.

No mesmo sentido, a Secretaria do Tesouro Nacional (2011), ao analisar

o que é fundo, explica através de parecer que, é com o advento da Lei no 4.320,

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de 1964, seguida pela edição dos Decretos-lei no 200, de 25 de fevereiro de

1967, e sobretudo com a redação que lhe foi dada a partir do Decreto-lei no

900.de 29 de setembro de 1969, como afirma Sanches (2005) abriu caminho

para grande proliferação de fundos que ocorreu na administração brasileira,

sobretudo na União e nos Estados das regiões Sul e Sudeste.

Por consequência, é com o advento do Decreto no 93.872, de 23 de

dezembro de 1986,que se proporciona relativa densidade normativa à regência

da matéria. Entendendo assim, que foi através destes decretos, nos quais a

doutrina utilizou-se para ensaiar uma taxionomia dos fundos (STN, 2011).

É importante destacar que de maneira geral, vários autores possuem uma

definição jurídica para fundo público:

“Vinculação à realização de determinados objetivos e serviços – a aplicação das receitas deve vincular-se à realização de programas de trabalho relacionados aos objetivos definidos na criação dos fundos (Lei no 4.320, art. 71)”.

“Trata de um instrumento de administração financeira, por meio do qual

se afetam recursos a finalidades específicas” (STN, 2011).

Para além de uma visão restrita daquilo que está previsto na lei brasileira,

Salvador (2015) afirma que os chamados fundos especiais, previstos no artigo

71 da lei no 4.320/64, já citada anteriormente, e no artigo 165 da Constituição

Federal (CF) de 1988, que se refere às instancias de financiamento específicas

da administração pública, constitui fundo especial:

“O produto de receitas especificadas que, por lei, se vinculem à realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de aplicação (...) tem seus recursos alocados no orçamento e suas receitas provenientes de tributos e outras receitas públicas” (SALVADOR, 2015, p. 10).

Sanches (2005), constata em seu estudo que, embora o conceito legal

dos fundos especiais induza ao raciocínio de que tais constituem uma só espécie

de instrumento especial de programação e de execução de despesas públicas,

a atenta análise do universo de fundos institucionalizados na administração

federal e da legislação que os rege demonstra que existem caracterizações

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normativas que tentam situá-los como sendo de duas naturezas básicas: contábil

e financeira.

Em aspectos legais a definição da natureza dos fundos especiais se dá

pelo Decreto no 93.872/86 em seu art. 71:

§ 1o São Fundos Especiais de natureza contábil, os constituídos por disponibilidades financeiras evidenciadas em registros contábeis, destinados a atender a saques a serem efetuados diretamente contra a caixa do Tesouro Nacional.

§ 2o São Fundos Especiais de natureza financeira, os constituídos mediante movimentação de recursos de caixa do Tesouro Nacional para depósitos em estabelecimentos oficiais de crédito, segundo cronograma aprovado, destinados a atender aos saques previstos em programação específica.

Ao analisar essas definições, Sanches (2005) destaca que existem

problemas como a difícil compreensão dos termos, por não se referirem a

conceitos que são utilizados no dia- a- dia da administração pública, por

possuírem uma ótica eminentemente financeira das caracterizações, o que

dificulta uma percepção mais clara dessas espécies para efeitos de

programação orçamentária. Em virtude disso, o autor conclui que essa distinção

não é suficiente, sobretudo para os fins de tipificação dos fundos a partir da

natureza programática de suas operações.

Pelas práticas atuais, Sanches (2005) define os fundos especiais de

natureza financeira, aqueles cujo atos de instituição (lei de criação), não

explicitam a sua natureza (deixando implícito não se tratarem de fundos “de

natureza contábil”) e, por outro lado, definem objetivos cuja realização envolva a

execução de ações programáticas.

Em sintonia com essa definição, é possível classificar o Funad, objeto de

estudo deste trabalho, como fundo especial de natureza financeira, pois ao

operarem apenas com dotações e recursos (moeda) do caixa único do Tesouro,

individualizados em seu nome por meio de contas bancárias em

estabelecimentos oficiais de crédito, para a realização de investimentos e/ ou

custeio de programações típicas do setor público detalhadas nas LOAs, se

configura como de natureza financeira” (SANCHES, 2005, p. 279).

Conforme a constituição de 1988, os Fundos de qualquer natureza só

podem ser criados de acordo com algumas condições, nas quais Sanches (2005)

pontua como:

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a) que a criação do fundo não envolva vinculação de receita de impostos,

ressalvadas as exceções enumeradas pela própria Lei Maior (art. 167,

IV);

b) que a instituição do fundo, independentemente de sua natureza, conte

com prévia autorização legislativa (art. 167, IX);

c) que a programação do fundo conste da lei orçamentária anual (art.

165, § 5o) na forma indicada pela lei de diretrizes orçamentárias (art.

165, § 2o);

d) que a instituição e o funcionamento do fundo se dê segundo as

condições fixadas em lei complementar (art. 165, § 9o, II), tão logo

essa lei se torne disponível.

Além de serem previstos em lei, os Fundos também devem estar

regulamentados na Lei Orçamentária Anual (LOA)5, no Plano Plurianual (PPA)6

e na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)7, pois de acordo com Salvador

(2015), o objetivo principal dessas leis é integrar as atividades de planejamento

e orçamento para garantir a execução das políticas governamentais nos

municípios, nos estados, no Distrito Federal.

Segundo MAGALHÃES et. al (2004), o Fundo passa a ser um instrumento

permanente, articulador e estratégico para a gestão da política, entendendo

assim que um dos avanços que ainda precisamos realizar está na forma de lidar

com essa ideia de Fundo porque tem sido disseminada apenas uma visão

meramente contábil.

5 Lei Orçamentária Anual (LOA):Lei especial que contém a discriminação da receita e da

despesa pública, de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade.Fonte: Tesouro Nacional

6 Plano Plurianual:Lei que estabelece de forma regionalizada as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Vigora por cinco anos, sendo elaborado no primeiro ano do mandato presidencial, abrangendo até o primeiro ano do mandato seguinte.Fonte: Tesouro Nacional

7 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO):Lei que compreende às metas e prioridades da Administração Pública Federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orienta a elaboração da Lei Orçamentária Anual, dispõe sobre as alterações na legislação tributária e estabelece a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.Fonte: Tesouro Nacional

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Em complemento, Salvador (2010), diz que a expressão mais visível do

Fundo público é o orçamento público, e destaca que o estudo do mesmo deve

ser considerado como elemento importante para compreender a política social

pois é uma peça técnica que vai além de da sua estruturação contábil, refletindo

a correlação de forças sociais e os interesses envolvidos na apropriação dos

recursos públicos, bem como a definição de quem vai arcar com o ônus do

financiamento dos gastos orçamentários.

Isto porque, ainda conforme Magalhães et. al (2004), o Fundo retrata

como está a política, o que é prioritário ou não, se está sendo concretizado o que

foi proposto no Plano ou não. Caso contrário, o Plano se torna apenas uma

formalidade a ser cumprida porque a lei exige.

3.1. Qual a concepção do fundo? Para que foi criado, quando e como?

Para responder as demandas apresentadas, foi instituído pela Lei no

7.560, de 19 de dezembro de 1986, o Fundo de Prevenção, Recuperação e de

Combate às Drogas de Abuso, dispõe sobre os bens apreendidos e adquiridos

com produtos de tráfico ilícito de drogas ou atividades correlatas – Funcab.

De acordo com a redação dada pela Lei no 8.764, de 1993 em seu Art. 1o,

o Funcab deveria ser gerido pela Secretaria Nacional de Entorpecentes, cujos

recursos teriam o seu plano de aplicação e projetos submetidos à apreciação

prévia do Conselho Federal de Entorpecentes. O fundo seria gerido pelo

Conselho Federal de Entorpecentes Confen.

O 2o artigo desta lei versa sobre a constituição dos recursos do Funcab:

I dotações específicas estabelecidas no orçamento da União;

II doações de organismos ou entidades nacionais, internacionais ou

estrangeiras, bem como de pessoas físicas ou jurídicas nacionais ou

estrangeiras;

III todo e qualquer bem de valor econômico, apreendido em decorrência

do tráfico de drogas de abuso ou utilizado de qualquer forma em

atividades ilícitas de produção ou comercialização de drogas

abusivas, ou ainda, que haja sido adquirido com recursos

provenientes do referido tráfico, e perdido em favor da União

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constituirá recurso do Funcab, ressalvados os direitos do lesado ou de

terceiros de boa-fé e após decisão judicial ou administrativa tomada

em caráter definitivo.

IV recursos provenientes de emolumentos e multas, arrecadados no

controle e fiscalização de drogas e medicamentos controlados, bem

como de produtos químicos utilizados no fabrico e transformação de

drogas de abuso;

V recursos de outras origens, inclusive os provenientes de

financiamentos externos e internos.

O Art. 5o versa sobre a destinação dos recursos do Funcab:

I aos programas de formação profissional sobre educação, prevenção,

tratamento, recuperação, repressão, controle e fiscalização do uso e

tráfico de drogas;

II aos programas de educação técnico-científica preventiva sobre o uso

de drogas;

III aos programas de esclarecimento ao público, incluídas campanhas

educativas e de ação comunitária;

IV às organizações que desenvolvem atividades específicas de

tratamento e recuperação de usuários;

V ao reaparelhamento e custeio das atividades de fiscalização, controle

e repressão ao uso e tráfico ilícitos de drogas e produtos controlados;

VI ao pagamento das cotas de participação a que o Brasil esteja obrigado

como membro de organismos internacionais ou regionais que se

dediquem às questões de drogas;

VII aos custos de sua própria gestão.

No ano de 1993 a redação da lei 1986, que instituiu o Funcab foi alterada

em seus arts. 2o e 5o a despeito da constituição, destinação dos recursos do

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fundo e sua nomenclatura, que passa a se chamar Funad, convalidada pela

Medida Provisória no 1.780-9, de 6 de maio de 1999.

As principais alterações feitas foram:

Art. 2o VI – recursos oriundos do perdimento em favor da União dos bens,

direitos e valores objeto do crime de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes

ou drogas afins, previsto no inciso I do art. 1o da Lei no 9.613, de 3 de março de

1998.

Art. 5o VII – aos custos de sua própria gestão e para o custeio de despesas

decorrentes do cumprimento de atribuições da Senad;

VIII – ao pagamento do resgate dos certificados de emissão do Tesouro

Nacional que caucionaram recursos transferidos para a conta do Funad;

IX – ao custeio das despesas relativas ao cumprimento das atribuições e

às ações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF, no

combate aos crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores,

previstos na Lei no 9.613, de 1998, até o limite da disponibilidade da receita

decorrente do inciso VI do art. 2o. Parágrafo único. Observado o limite de quarenta por cento, e mediante

convênios, serão destinados à Polícia Federal e às Polícias dos Estados e do

Distrito Federal, responsáveis pela apreensão a que se refere o art. 4o, no

mínimo vinte por cento dos recursos provenientes da alienação dos respectivos

bens." (NR)

Essas mudanças resultaram no Funad que hoje é gerido pela Secretaria

Nacional Antidrogas – Senad

O Fundo Nacional,gerido pela Secretaria Nacional Políticas Sobre Drogas

(Senad), é um órgão que recebe doações de bens de valor econômico que são

apreendidos do tráfico de drogas, e, após decisão judicial transitada em julgado

são leiloados por todo o país.

De acordo com MJ (2012) essas verbas são aplicadas no

desenvolvimento de ações de repressão, tratamento, recuperação e reinserção

de dependentes de drogas no Brasil, mas também poderiam ser direcionadas

para escolas, investindo em capacitação profissional e esportes, com o objetivo

de trazer aqueles alunos que ficam o tempo que não tem aulas para dentro das

escolas.

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A Lei no 11.343/2006, dispõe sobre a tutela dos bens apreendidos que são

advindos do tráfico ilícito de entorpecentes nos artigos 62, 63:

Art. 62. Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios

de transporte, os maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer

natureza, utilizados para a prática dos crimes definidos nesta Lei, após a sua

regular apreensão, ficarão sob custódia da autoridade de polícia judiciária,

excetuadas as armas, que serão recolhidas na forma de legislação específica.

§ 1o Comprovado o interesse público na utilização de qualquer dos bens

mencionados neste artigo, a autoridade de polícia judiciária poderá deles fazer

uso, sob sua responsabilidade e com o objetivo de sua conservação, mediante

autorização judicial, ouvido o Ministério Público.

§ 2oFeita a apreensão a que se refere o caput deste artigo, e tendo recaído

sobre dinheiro ou cheques emitidos como ordem de pagamento, a autoridade de

polícia judiciária que presidir o inquérito deverá, de imediato, requerer ao juízo

competente a intimação do Ministério Público.

§ 3o Intimado, o Ministério Público deverá requerer ao juízo, em caráter

cautelar, a conversão do numerário apreendido em moeda nacional, se for o

caso, a compensação dos cheques emitidos após a instrução do inquérito, com

cópias autênticas dos respectivos títulos, e o depósito das correspondentes

quantias em conta judicial, juntando-se aos autos o recibo.

§ 4o Após a instauração da competente ação penal, o Ministério Público,

mediante petição autônoma, requererá ao juízo competente que, em caráter

cautelar, proceda à alienação dos bens apreendidos, excetuados aqueles que a

União, por intermédio da Senad, indicar para serem colocados sob uso e

custódia da autoridade de polícia judiciária, de órgãos de inteligência ou

militares, envolvidos nas ações de prevenção ao uso indevido de drogas e

operações de repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas,

exclusivamente no interesse dessas atividades.

§ 5o Excluídos os bens que se houver indicado para os fins previstos no §

4o deste artigo, o requerimento de alienação deverá conter a relação de todos os

demais bens apreendidos, com a descrição e a especificação de cada um deles,

e informações sobre quem os tem sob custódia e o local onde se encontram.

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§ 6o Requerida a alienação dos bens, a respectiva petição será autuada

em apartado, cujos autos terão tramitação autônoma em relação aos da ação

penal principal.

§ 7o Autuado o requerimento de alienação, os autos serão conclusos ao

juiz, que, verificada a presença de nexo de instrumentalidade entre o delito e os

objetos utilizados para a sua prática e risco de perda de valor econômico pelo

decurso do tempo, determinará a avaliação dos bens relacionados, cientificará a

Senad e intimará a União, o Ministério Público e o interessado, este, se for o

caso, por edital com prazo de 5 (cinco) dias.

§ 8o Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre o

respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará o valor atribuído aos bens e

determinará sejam alienados em leilão.

§ 9o Realizado o leilão, permanecerá depositada em conta judicial a

quantia apurada, até o final da ação penal respectiva, quando será transferida

ao Funad, juntamente com os valores de que trata o § 3o deste artigo.

§ 10. Terão apenas efeito devolutivo os recursos interpostos contra as

decisões proferidas no curso do procedimento previsto neste artigo.

§ 11. Quanto aos bens indicados na forma do § 4o deste artigo, recaindo

a autorização sobre veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à

autoridade de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a expedição

de certificado provisório de registro e licenciamento, em favor da autoridade de

polícia judiciária ou órgão aos quais tenha deferido o uso, ficando estes livres do

pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado

da decisão que decretar o seu perdimento em favor da União.

Art. 63. Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre o perdimento

do produto, bem ou valor apreendido, seqüestrado ou declarado indisponível.

§ 1o Os valores apreendidos em decorrência dos crimes tipificados nesta

Lei e que não forem objeto de tutela cautelar, após decretado o seu perdimento

em favor da União, serão revertidos diretamente ao Funad.

§ 2o Compete à Senad a alienação dos bens apreendidos e não leiloados

em caráter cautelar, cujo perdimento já tenha sido decretado em favor da União.

§ 3o A Senad poderá firmar convênios de cooperação, a fim de dar

imediato cumprimento ao estabelecido no § 2o deste artigo.

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§ 4o Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz do processo,

de ofício ou a requerimento do Ministério Público, remeterá à Senad relação dos

bens, direitos e valores declarados perdidos em favor da União, indicando,

quanto aos bens, o local em que se encontram e a entidade ou o órgão em cujo

poder estejam, para os fins de sua destinação nos termos da legislação vigente.

3.2. PPA 2012- 2015

O recorte temporal deste trabalho se dá através do Plano Plurianual 2012

– 2015, pois objetiva-se investigar como foram aplicados os recursos do Funad

na Política Nacional sobre Drogas nesse período.

Dessa maneira é fundamental analisar como a Política Nacional sobre

Drogas (PNAD) e Fundo, se apresentam no Plano Plurianual, na LOA (Lei

orçamentária anual), no Sistema Integrado de Administração Financeira do

governo federal (Siafi) não esquecendo de alguns relatórios de gestão desse

período.

É possível afirmar segundo Paulo (2010) que a Constituição Federal

atribuiu ao PPA um papel central de organização da ação do Estado, uma vez

que submete a elaboração dos demais documentos de planejamento e

orçamento às suas disposições.

De acordo com o artigo 165 da CF em seu primeiro parágrafo, a lei que

instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,

objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital

e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração

continuada, já em seu parágrafo quarto define que os planos e programas

nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados

em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.

Ainda conforme Paulo (2010) a introdução de um plano de médio prazo

como parte de uma política orçamentária denota a intenção clara do legislador

constituinte em proporcionar maior racionalidade à ação estatal de forma a

impulsionar o desenvolvimento, o qual se daria por dois movimentos

simultâneos:

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– O estabelecimento dos gastos governamentais a partir de uma visão

de futuro e de estratégias definidas, submetidas a aprovação do

Congresso Nacional, com força normativa;

– Viabilidade fiscal para implementação das políticas.

Vale destacar que Paulo (2010) constatou no desenvolvimento de suas

pesquisas que, a partir de 2000, toda iniciativa governamental foi organizada em

programas com foco em resultados e, inspirado no bom desempenho dos

projetos estratégicos do “Brasil em Ação”8, foi atribuído um gerente a cada

programa de governo.

É notória alguma mudança nas orientações para elaboração do PPA

2012-2015, que vislumbram a introdução de alterações significativas na estrutura

adotada pelos últimos três planos plurianuais do Governo Federal, além de

informar que o sentido geral das mudanças é o da busca por um caráter mais

estratégico para o Plano, criando condições efetivas para a formulação, a gestão

e a implementação das políticas públicas.

Ainda de acordo com as orientações do PPA 2012-2015, e com a lei nº

12.593 de 18 de janeiro de 2012, que instituiu o Plano, houve uma mudança nas

categorias a partir das quais o Plano se organiza, no qual o binômio “Programa-

ação”, que estruturava tanto os planos plurianuais como os orçamentos, dá lugar

a Programas Temáticos.

No quadro abaixo é possível visualizar como é construído o PPA:

Quadro 3: Dimensão estratégica e Operacional do PPA 2012 – 2015.

8 Plano mais Brasil compreende o PPA 2012/2015, onde contém os programas temáticos e

estratégicos para os estados, municípios e DF, está posto neste, as diretrizes das políticas sociais para o quadriênio.

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Fonte : Revista do Serviço Público pág. 176

Ao analisar as orientações do PPA 2012-2015, seus conceitos e

estruturas, identifica-se as três dimensões observadas no quadro acima, sendo

definidas como:

• Dimensão Estratégica: é a orientação estratégica que tem como base

os Macros desafios e a visão de longo prazo do Governo Federal;

• Dimensão Tática: define caminhos exequíveis para o alcance dos

objetivos e das transformações definidas na dimensão estratégica,

considerando as variáveis inerentes à política pública tratada. Vincula

os Programas Temáticos para consecução dos Objetivos assumidos,

estes materializados pelas Iniciativas expressas no Plano;

• Dimensão Operacional: relaciona-se com o desempenho da ação

governamental no nível da eficiência e é especialmente tratada no

Orçamento. Busca a otimização na aplicação dos recursos disponíveis

e a qualidade dos produtos entregues.

As principais mudanças, pretendidas no Plano foram de reformulação dos

programas temáticos nos quais possuíam Indicadores e Objetivos. Cada

Objetivo é composto por Metas e Iniciativas que, no seu conjunto, expressam o

que será feito, em que intensidade, quais os resultados pretendidos e como será

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feito. As Iniciativas asseguram o vínculo com 10 as ações orçamentárias, agora

detalhadas apenas nas Leis Orçamentárias Anuais Mapeamento das instituições

governamentais e não-governamentais de atenção às questões relacionadas ao

consumo de álcool e outras drogas no Brasil – 2006/2007, p. 09)

Ao analisar a Lei Orçamentária Anual e os Fundos, Costa (2012) explica

que Unidade Orçamentária (UO) serve para concentrar orçamento para

determinada finalidade e descentralizar recursos para as Unidades Gestoras

(UGs) do SIAFI; pode conter um ou mais programas e ser dividida em programas

ou ações. Suas despesas são detalhadas. Explicando assim que, um Programa

na LOA é um conjunto de Ações mensurado por indicadores do Plano Plurianual

(PPA). Uma Ação é uma operação das quais resultam produtos para atender os

objetivos dos programas. Aparecem sempre como simples dotação, ou seja, um

só item de despesa.

Dessa maneira de acordo com Carvalho (2000), a vinculação de receitas

e despesas a um determinado conjunto de ações, herdada da lei no 4.320/64 (Lei

que institui os fundos especiais) abre a possibilidade de financiamento de

programas, projetos, serviços e benefícios”.

Para fazer face às despesas com a execução de suas ações, inclusive no

desempenho das atividades de Secretaria Executiva do Conselho Nacional de

Políticas sobre Drogas (Conad), a Senad dispõe dos créditos consignados no

orçamento do Funad, instituído por meio da Lei no 7.560/1986. Relatório de

Gestão (2013)

Assim, definidas as principais mudanças e o novas orientações para o

modelo de organização do PPA de 2012-2015, é possível analisar os objetivos

estratégicos para a política nacional sobre drogas (PNAD) e também a alocação

dos recursos do Funad pretendida para esse período através da Prestação de

Contas Ordinária Anual.

Seguindo o novo modelo proposto pelo PPA, foi estabelecido, em seu

Anexo I, sob o programa 2060(Coordenação de Políticas de Prevenção, Atenção

e Reinserção Social de Usuários de Crack, Álcool e outras Drogas), objetivos a

serem atingidos pelo Ministério da Justiça, por meio da execução de metas

definidas para o período. Relatório de Gestão Senad /MJ (2012, pág. 11)

O programa Crack é possível vencer, foi criado no final de 2011, no

Governo da Presidente Dilma Rousseff. Conforme os dados divulgados pelo

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Ministério da Justiça, órgão que coordena o programa em parceria com os

Ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da

Educação e da Secretaria de Direitos Humanos, visando a oferecer aos grupos

de risco irrestrito apoio em todas as suas necessidades, contribuindo, desta

forma, para a redução dos índices de consumo de drogas. O programa é uma

ação integrada que envolve três frentes de atuação: prevenção, cuidado e

autoridade.

A ações de prevenção compreendem: prevenção nas escolas

Capacitação de profissionais das redes de saúde, segurança pública, educação,

assistência social, justiça, operadores do direito, lideranças religiosas e

comunitárias, agentes do Sistema Nacional de Políticas Sobre Drogas (Sisnad)

e disseminação contínua de informações e orientações sobre crack e outras

drogas.

Já as ações de cuidado versam sobre: ampliação da oferta de serviços, a

rede SUS preparada para o atendimento, pois é em parceria com o Ministério da

Saúde, a reinserção social e apoio integral aos usuários e às famílias.

A última frente de atuação, autoridade, compreende: articulação com as

áreas de saúde e assistência social, parceria com estados e municípios para a

promoção de espaços urbanos seguros, fortalecimento das ações de inteligência

e investigação, em integração com as forças estaduais e enfrentamento ao

tráfico de drogas e ao crime organizado.

Os dois gráficos abaixo mostram a adesão ao programa pelos Estados,

municípios e Distrito Federal até o ano de 2013. Esses são os últimos dados

divulgados pelo Ministério da Justiça.

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Fonte: http://www.brasil.gov.br/observatoriocrack/balanco-programa.html

Fonte: http://www.brasil.gov.br/observatoriocrack/balanco-programa.html

Infere-se das figuras que a partir do ano de 2013 houve uma grande

adesão ao programa por parte dos Estados e Distrito Federal e também por parte

dos 133 municípios prioritários, aqueles municípios que possuem mais de 200

mil habitantes.

De acordo com o Ministério da Justiça, o programa norteia todas as ações

da Política Nacional sobre Drogas, na medida em que os eixos propostos

trabalham simultaneamente, na prevenção, no combate, na reabilitação e na

reintegração social.

Frente a essas estratégias adotadas para esse exercício, os principais

objetivos da Senad foram alinhados a metas específicas para cumprimento de

cada ação prevista no Programa Temático 2060. Foram delimitadas oito

estratégias:

1) induzir a formação e a capacitação permanente de profissionais e

lideranças comunitárias que atuam junto a usuários de álcool, crack e

outras drogas, desenvolvendo e fomentando ações voltadas para a

qualificação das intervenções junto a esse público, na perspectiva da

promoção e garantia dos direitos.

2) Desenvolver ações continuadas de prevenção do uso de drogas, por

meio da disseminação de informações atualizadas sobre o tema e a

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manutenção de canais privilegiados de interação com a sociedade, de

forma a desestimular o uso inicial, incentivar a diminuição do consumo

e diminuir os riscos e danos associados ao seu uso indevido.

3) Promover e articular o desenvolvimento de estratégias de prevenção

e reinserção social junto a segmentos populacionais específicos em

situação de vulnerabilidade social.

4) Fomentar a realização de levantamentos acerca dos padrões de

consumo de drogas e a produção de conhecimentos científicos afetos

ao tema, com vista a subsidiar a gestão da política sobre drogas no

país.

5) Promover as condições para o aperfeiçoamento dos marcos

institucionais e legais afetos à temática das drogas, bem como o

fortalecimento dos mecanismos de cooperação internacional.

6) Promover a integração entre os diferentes segmentos da sociedade e

do governo que atuam com a temática das drogas, por meio do

fortalecimento dos espaços institucionais de participação social e do

apoio às atividades desenvolvidas no âmbito das entidades de

acolhimento de usuários e dependentes de crack e outras drogas.

7) Desenvolver e modernizar os instrumentos de acompanhamento e

monitoramento do consumo e tráfico de drogas, promovendo a

socialização do conhecimento sobre o tema no país.

8) Introduzir melhorias na gestão do Funad.

De acordo com a Senad/MJ (2015), o estado do Mato Grosso do Sul

apresentou o sistema de leilões que tem sido muito exitoso e a Senad/MJ

informou a criação de um sistema federal de leilões que irá beneficiar todos os

estados na venda dos bens apreendidos do tráfico de drogas. Com a

intensificação dos leilões, uma parte da receita poderá ser revertida para a

política sobre drogas dos Estados”

O incremento para a realização de leilões do Funad e o incentivo à criação

e manutenção de conselhos estaduais e municipais foram os principais temas

debatidos durante o encontro de Conens (2015), em colegiado dos presidentes

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estaduais de políticas sobre drogas, realizado no Ministério da Justiça .MJ 2015

Também com base nesse documento, a Secretaria Nacional de Políticas sobre

Drogas, Senad/MJ, apresentou as pesquisas que estão sendo realizadas no

momento, como o III Levantamento Domiciliar sobre uso de Drogas. Foi

apresentado e discutido o marco regulatório das comunidades terapêuticas,

aprovado pelo Conad, e o sistema de fiscalização das CTs que possuem

contrato com o governo federal. Também foram discutidas as novas estratégias

para ações de prevenção ao uso de drogas. Nesse espaço de importantes

deliberações os conselhos aproveitaram o encontro para estruturar o Fórum

Nacional Permanente dos Conselhos de Políticas Públicas sobre Drogas,

incluindo a eleição de coordenadores regionais para as atividades. ( MJ 2015)

De acordo com as informações divulgadas pelo site do MJ e Obid, observa

se que a participação social nas deliberações feitas pelos conselhos, Nacional

de Política sobre Droga em grande maioria não conta com a participação da

sociedade civil organizada. (colocar fonte) Nota se que a principal forma de

participação é através das comunidades terapêuticas, por meio de editais de

chamamento público, realizados com grande frequência nos últimos anos, o que,

para Salvador (2012) mostra que as contrarreformas realizadas no aparelho do

Estado brasileiro inseriram novas formas de gestão, com a introdução da esfera

pública não estatal, representada pelas organizações sem fins lucrativos e de

interesse público, e formando assim as “parcerias” público-privadas nas

diferentes esferas de governo.

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60

Capítulo 4

Como explicado no capítulo anterior as categorias a partir das quais o

Plano Plurianual se organiza foram redesenhadas. A perspectiva de organização

pautada no binômio “Programa-Ação”, que estruturava tanto os planos

plurianuais como os orçamentos, dá lugar a Programas Temáticos , Objetivos e

Iniciativas, tornando-se a Ação uma categoria exclusiva dos orçamentos. Dessa

maneira o Plano tem como foco a organização da ação de governo nos níveis

estratégico e tático, e o Orçamento responde pela organização no nível

operacional. (ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DO PLANO PLURIANUAL,

2012-2015).

Definidos os programas e metas a partir do PPA 2012- 2015, iniciamos a

análise comparativa do orçamento previsto e aplicado pelo Funad, tendo como

base os objetivos propostos dentro do Programa Crack é Possível Vencer

(2060).

Para que a análise seja feita é relevante entender alguns conceitos

utilizados nos relatórios de execução orçamentária do Fundo: Dotação: Limite de crédito consignado na lei de orçamento ou crédito

adicional, para atender determinada despesa. Tesouro Nacional Despesa Empenhada (definição mais detalhada): O empenho

representa o primeiro estágio da despesa orçamentária. É registrado no

momento da contratação do serviço, aquisição do material ou bem, obra e

amortização da dívida. Segundo o art. 58 da Lei no 4.320/1964, empenho é o ato

emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de

pagamento pendente ou não de implemento de condição. Consiste na reserva

de dotação orçamentária para um fim específico. Os empenhos podem ser

classificados em:

– Ordinário: tipo de empenho utilizado para as despesas de valor fixo e

previamente determinado, cujo pagamento deva ocorrer de uma só

vez;

– Estimativo: empenho utilizado para as despesas cujo montante não

se pode determinar previamente, tais como serviços de fornecimento

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de água e energia elétrica, aquisição de combustíveis e lubrificantes

e outros; e

– Global: empenho utilizado para despesas contratuais ou outras de

valor determinado, sujeitas a parcelamento, como, por exemplo, os

compromissos decorrentes de aluguéis.

O empenho poderá ser reforçado quando o valor empenhado for

insuficiente para atender à despesa a ser realizada, e, caso o valor do empenho

exceda o montante da despesa realizada, o empenho deverá ser anulado

parcialmente. Ele será anulado totalmente quando o objeto do contrato não tiver

sido cumprido, ou ainda, no caso de ter sido emitido incorretamente.) Despesa Liquidada: É o segundo estágio da despesa orçamentária. A

liquidação da despesa é, normalmente, processada pelas Unidades Executoras

ao receberem o objeto do empenho (o material, serviço, bem ou obra). Conforme

previsto no art. 63 da Lei no 4.320/1964, a liquidação consiste na verificação do

direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos

comprobatórios do respectivo crédito e tem como objetivos: apurar a origem e o

objeto do que se deve pagar; a importância exata a pagar; e a quem se deve

pagar a importância, para extinguir a obrigação. Controladoria-Geral da União

(CGU).

Dadas as definições pertinentes para melhor compreensão dos Relatórios

de Gestão, a execução orçamentária e financeira do programa Crack, é possível

vencer (2060) está descrita no quadro abaixo:

Iniciamos a análise das ações previstas, montando quadros que

demonstrem os valores empreendidos através do FUNAD em determinada ação

durante os quatro anos do nosso recorte temporal.

Quadro 5. Valores das dotações e liquidações nas ações 0912,0920,0921 e 0923 nos anos de 2012 a 2015

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Código Descrição

0912

Promover e articular ações continuadas de prevenção do uso de drogas, de forma a informar, desestimularo uso inicial, incentivar a diminuição do consumo e diminuir os riscos e dados associados ao seu uso indevido.

DOTAÇÃO DESPESA ANO INICIAL FINAL EMPENHADA LIQUIDADA 2012 11.200.000,00 11.200.000,00 3.348.083,54 3.348.083,54 2013 119.845.829 119.845.829 46.129.477 2.098.164 2014 79.167.700 79.169.700 76.066.978 5.643.581 2015 133.903.543 128.903.543 46.342.328 5.190.116

0920

Capacitar de forma continuada e articulada com as Políticas Públicas relacionadas ao tema, os atores governamentais e não governamentais envolvidos nas ações voltadadas à prevenção do uso, ao tratamento e à reinserção social de usuários de crack, álcool e outras drogas e ao enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas.

DOTAÇÃO DESPESA ANO INICIAL FINAL EMPENHADA LIQUIDADA 2012 55.419.425,00 55.419.425,00 48.568.163,52 5.426.033,85 2013 ----- ----- ----- ----- 2014 ----- ----- ----- ----- 2015 ----- ----- ----- -----

0921

Apoiar a estrutura de projetos e serviços voltados ao atendimento de usuários de drogas e seus familiares, de forma articulada ao Sistema Único de Saúde e Sistema de Assistência Social.

DOTAÇÃO DESPESA

ANO INICIAL FINAL EMPENHADA LIQUIDADA

2012 107.905.524,00 109.315.524,00 15.613.901.11 610.693,41

2013 17.000.000 148.930.000 82.014.000 3.990.024

2014 ----- ----- ----- -----

2015 ----- ----- ----- -----

0923

Introduzir melhorias na gestão da política sobre drogas, tendo como subsídio a realização de levantamentos acerca dos padrões de consumo de crack e outras drogas e a produção de conhecimentos científicos afetos ao tema; aperfeiçoamento dos marcos institucionais e legais; fortalecendo os mecanismos de articulação intersetorial e cooperação internacional; modernizando os instrumentos de acompanhamento e monitoramento das ações e fomentando a criação de estruturas locais de gestão, com a ampliação dos mecanismos de participação social.

DOTAÇÃO DESPESA

ANO INICIAL FINAL EMPENHADA LIQUIDADA

2012 2.170.076,00 6.410.642,00 1.996.272,78 1.403,633,91

2013 104.221.700 104.221.700 33.352.917 3.662.851

2014 167.386.000 166.786.000 120.127.954 9.588.304 2015 187.095.235 186.295.235 103.918.071 10.940.380

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O quadro acima mostra de forma sintetizada as ações executadas entre 2012 e

2015, com vistas a atender as diretrizes na Política Nacional sobre drogas, tendo

em vista o Programa 2060 “Coordenaçãode Políticas de Prevenção, Atenção e

Reinserção Social de Usuários de Crack, Álcool e outras Drogas”.

Infere-se deste quadro que as metas quantitativas e qualitativas que

estavam previstas para execução nesse período possuem como aporte

orçamentário o Funad, e dessa maneira sua execução é condicionada as

dotações previstas e também as despesas empenhadas para cada uma delas.

É possível observar através do mesmo, que as despesas liquidadas em

cada ação nos respectivos anos são extremante inferiores aos valores

empenhados, nos mostrando assim a possibilidade ou não de execução das

ações, tendo em vista que as mesmas só podem ser executadas por meio das

dotações orçamentária disponíveis.

No decorrer deste quadriênio, como pode ser observado constam valores

totais previstos no PPA e LOA:

Dotação final : R$ 987.722.958,00

Despesa Empenhada: R$ 577.478.145,84

Despesa Liquidada: R$ 51.901.864,71

A Dotação final mostra o orçamento consignado para execução das ações

previstas no Programa 2060 – Crack é possível vencer, para os quatro anos de

vigência do PPA. Já a despesa empenhada significa o valor reservado para

aquela execução, sendo assim o primeiro estágio da meta financeira, seguido

assim pela liquidação da despesa que já havia sido empenhada.

Estas informações mostram principalmente um descompasso entre os

valores dotados e os liquidados, demonstrando assim que ocorreram problemas

na gestão e execução do orçamento previsto, gerando assim o não cumprimento

das metas prevista para a política. Ou seja, o alcance dos objetivos traçados

dependem impreterivelmente dos valores liquidados em cada ação.

No mesmo sentido, vamos analisar como se deu a execução física de

cada uma destas ações, podendo assim constatar a eficiência e eficácia ou a

falta das mesmas nos valores empreendidos na política através do Funad.

De acordo com o PPA, estavam previstas a implementação de quatro

ações, nas quais possuíam uma série de metas físicas e também financeiras. No

Decorrer destes quatro anos, os objetivos traçados foram em partes executados

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64

e através dos Relatórios de Gestão do MJ/ Senad, essas informações foram

divulgadas. Todos os dados que constam neste quadro foram retirados dos

Relatórios de Gestão divulgados pela Senad, como forma de prestação de

contas da política.

Para cada um dos quatro objetivos estratégico do quadro acima constam

ações com códigos específico que serão realizadas durante a vigência deste

PPA para a implementação do programa Crack, é possível vencer (2060).

As ações 0920 e 0921 como constam no quadro, a partir de 2013 suas

metas foram agregadas as ações 0912 e 0923 respectivamente, e apenas

estasúltimas foram referenciadas nos anos de 2013 até 2015. Por esse motivo,

vamos analisar especificamente as ações 0912 e 0923onde já constam os

valores para os quatro anos.

4.1. Análise da ação 0912 entre os anos 2012-2015

OBJETIVO 0912 – Promover e articular ações continuadas de prevenção

do uso de drogas e capacitar, de forma continuada , atores governamentais e

não governamentais envolvidos nas ações voltadas à prevenção do uso, ao

tratamento e à reinserção social de usuários de crack, álcool e outras drogas e

ao enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas.

Os quadros abaixo mostram cronologicamente as dotações Iniciais e

finais, consignada para as ações do objetivo 0912 e também as despesas

empenhadas e liquidadas em cada ano.

Ação prevista: 20R9 – Prevenção de Uso e ou Abuso de Substâncias Psicoativas.

DOTAÇÃO DESPESA ANO INICIAL FINAL EMPENHADA LIQUIDADA 2012 11.200.000,00 11.200.000,00 3.348.083,54 3.348.083,54 2013 119.845.829 119.845.829 46.129.477 2.098.164 2014 79.167.700 79.169.700 76.066.978 5.643.581 2015 133.903.543 128.903.543 46.342.328 5.190.116

Elaboração própria a partir dos relatórios dos Relatórios de Gestão dos Exercícios 2012 a 2015.MJ/Senad

Ação prevista: 4902 – Capacitação de Agentes do Sistema Nacional de Políticas sobre

Drogas

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65

DOTAÇÃO DESPESA

ANO INICIAL FINAL EMPENHADA LIQUIDADA 2012 55.419.425,00 55.419.425,00 48.568.163,52 5.426.033,85 2013 ----- ----- ----- ----- 2014 ----- ----- ----- ----- 2015 ----- ----- ----- -----

O quadro mostra a dotação prevista para capacitação de agentes do

SISNAD no ano de 2012, nas quais foram executadas 8 metas, que ao serem

somadas suas metas financeiras realizadas chegam ao valor total de R$

40.969.619 milhões, no entanto o Relatório de 2012 destaca como despesa

liquidada apenas R$ 5.426.033,85, ou seja, apenas 11,17 % do recurso

empenhado para esta ação foi utilizado no ano de 2012.

Estas continuam sendo executadas apenas como ação 0912 nos anos

seguintes

As metas previstas para esta ação estão no eixo de prevenção e possuem

como finalidade a Capacitação de: lideranças religiosas e movimentos afins;

capacitação de conselheiros municipais e lideranças comunitárias, capacitação

da Polícia Rodoviária Federal; capacitar profissionais de segurança pública;

capacitar profissionais e gestores que atuam na rede de atendimento a saúde e

rede de assistência social; capacitar profissionais e voluntários de Comunidades

Terapêuticas.

Segue abaixo as metas quantitativas entre os anos de 2012-2015:

I Implantar/manter 65 Centros Regionais de Referência no âmbito de

Instituições de Ensino Superior públicas para formação permanente

dos profissionais que atuam na segurança pública, no Ministério

Público, no Poder Judiciário e nas redes de atenção integral à saúde

e de assistência social, com usuários de Crack e outras drogas e seus

familiares – Plano Crack, É Possível Vencer!

Gráfico 3: quantidade de Centros Regionais de Referência implantados

de 2012 a 2015 em todo o país.

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66

Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios dos Relatórios de Gestão dos Exercícios 2012 a 2015.MJ/Senad

Conforme analisado no Relatório de Gestão do Exercício de 2012, foram

implantados 16 Centros de Regionais de Referencia no primeiro ano de

execução do programa com valor 8 milhões.

Apenas no primeiro Relatório de Gestão consta o valor liquidado

especificamente nesta ação. De acordo com o gráfico notamos que no segundo

ano de execução teve um aumento significativo no número de implantações dos

Centros, sendo também neste ano o maior.

Até o ano de 2013, 51 Centros haviam sido implantados em diversas

regiões brasileiras, porém no Relatório de 2014 é informado que apenas 44

Centros estavam vigentes, havendo assim uma divergência.

Atraves do Relatório de 2015 é esclarecido essa contradição, mostrando

que após a publicação do Edital no 08/2014 Senad/MJ, 10 novas instituições que

submeteram projetos de formação por meio dos Centros receberam recursos da

Senad através do Funad, dessa forma, infere-se que alguns Centros não

estavam conveniados a Senad ao final de 2014.

Também em 2015, ainda atendendo ao edital no 08/2014 a Senad

manteve instrumento de parceira com 63 Centros, nos quais 53 foram

instrumentos de renovação e 10 relativos a novos Centros.

Foi executada quase 100% da meta colocada através do PPA 2012-2015.

II Ofertar 120 mil vagas de capacitação para conselheiros municipais

(drogas, educação, segurança, assistência social, tutelares, criança e

adolescente, idoso, entre outros) e lideranças comunitárias/ para atuar

na redução da demanda de drogas em suas comunidades – Plano

Crack, É Possível Vencer.

16

35

10

19

2012 2013 2014 2015

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Gráfico 4 : Quantidade de vagas ofertadas anualmente para capacitação

de conselheiros municipais e lideranças comunitárias.

Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios dos Relatórios de Gestão dos Exercícios 2012 a 2015.MJ/Senad

Este curso foi proposto na modalidade à distancia e tem por objetivo o

fortalecimento da rede fortalecimento da rede prevenção do uso de crack, álcool

e outras drogas por meio da capacitação dos diversos conselheiros municipais

e estaduais e líderes comunitários. Relatório de Gestão MJ/Senad 2015.

O valor empreendido nesta ação no primeiro ano de execução foi

R$2.200.000, de acordo com o Relatório de Gestão do ano de 2012.

Enquanto meta quantitativa, foi possível identificar nos relatórios que se

tinha a pretensão de qualificar 120 mil conselheiros e líderes comunitários. Nos

dois primeiros anos, foram abertas 40 mil vagas.

Como mostra o gráfico, no ano de 2013, não foi divulgada a quantidade

de vagas ofertadas, porém, no Relatório de Gestão, está informando que até

então já haviam sido ofertadas 80 mil vagas, o que gera uma inconsistência nos

dados ao analisarmos os anos seguintes, que demonstram valores diferentes.

No ano de 2014, foram ofertadas mais 40 mil vagas, porém no relatório

deste ano, informa que até então haviam sido ofertadas 95 mil.

Em 2015, os valores das vagas ofertadas a conselheiros e líderes

comunitários permanece o mesmo, com relação ao ano anterior.

Ao analisarmos todos os relatórios, observa-se que a meta traçada em

2012 foi cumprida ao final dos quatro anos.

40000

0

40000 40000

0

20,000

40,000

60,000

80,000

100,000

120,000

2012 2013 2014 2015

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Nos anos seguintes a 2012, não foram informados os valores financeiros

empreendidos especificamente nesta meta, dificultando assim uma melhor

análise do que foi empenhado nesta ação ano a ano.

III Ofertar 30 mil vagas de capacitação para lideranças religiosas e de

movimentos afins para atuação na prevenção do uso indevido de

drogas e outros comportamentos de risco, bem como na abordagem

de situações que requeiram encaminhamento à rede de serviços

existentes na comunidade – Planos Crack, é possível vencer.

Gráfico 5: Quantidade de vagas ofertadas para capacitação de lideranças

religiosas e de movimentos afins.

Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios dos Relatórios de Gestão dos Exercícios 2012 a 2015.MJ/Senad

O valor empreendido nesta ação especificamente, foi divulgado apenas

em 2012, no respectivo Relatório de Gestão, constando como meta financeira

realizada R$ 3.493.200.

Conforme Relatório de Gestão de 2015, que tem por objetivo dar uma

visão geral de como foram executadas as ações nos últimos quatro anos, foram

ofertadas 5 mil vagas para capacitação em 2012 e 15 mil para o ano de 2013,

porém, ao analisarmos o Relatório de Gestão de 2012 e 2013, afirma-se que 10

mil vagas foram ofertadas e executadas em cada um dos respectivos anos,

havendo assim uma divergência de informações.

Como observado no gráfico, não foram executadas as ofertas de

capacitação, pois as vagas foram transferidas para o SUPERA, em virtude da

baixa procura ao curso de capacitação para lideranças religiosas e afins.

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000

2012 2013 2014 2015

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Dessa forma a meta prevista não foi realizada como planejado em 2012.

IV Ofertar 30 mil vagas de capacitação para profissionais e gestores que

atuam na rede de atendimento de saúde e rede de assistência social

para ações de detecção do uso abusivo e dependência de substâncias

psicoativas, assim como no encaminhamento de usuários com

problemas e na realização de procedimentos de intervenção breve e

aconselhamento motivacional – Plano Crack, É Possível Vencer!

Gráfico 6: Quantidade de vagas de capacitação para profissionais e

gestores que atuam na rede de atendimento de saúde e rede de assistência

social – Curso SUPERA 2012-2015

Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios dos Relatórios de Gestão dos Exercícios 2012 a 2015.MJ/Senad

De acordo com Relatório de Gestão 2015 – MJ/Senad, o SUPERA é um

Sistema para Detecção do Uso Abusivo e Dependência de Substâncias

Psicoativas – encaminhamento, intervenção breve, reinserção social e

acompanhamento, de extensão universitária, gratuito, na modalidade de

educação à distância (EAD) é oferecido pela Universidade Federal de São Paulo,

UNIFESP.

Tinha-se como previsão a capacitação de 5 mil profissionais no ano de

2012, contudo foram ofertadas 10 mil vagas, duplicando execução da meta,

porém manteve-se a mesma meta financeira, onde foi executado

R$4.020.300,00.

Até o ano de 2013 como mostra o gráfico, foram ofertadas 15 mil

profissionais foram capacitados, sendo notória a diferença de vagas ofertadas

10000

5000

35000

15000

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000

35,000

40,000

2011.5 2012 2012.5 2013 2013.5 2014 2014.5 2015 2015.5

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70

nos dois primeiros anos comparado a 2014, onde passaram de 5 mil no ano de

2013 para 35 mil em 2014.

Porém o Relatório de Gestão de 2014, afirma que 55 mil haviam sido

capacitados até o referido ano, contudo as informações não conferem com os

anos anteriores.

Como posto no gráfico, no ano de 2015, foram ofertadas mais 15 mil

vagas, menos que a metade do ano anterior, não sendo informado no Relatório

de Gestão o por que da diminuição. No entanto a meta prevista em 2012 foi

superada, acredita-se que isso deve-se ao repasse das vagas de capacitação a

lideranças religiosas e movimentos afins para o curso SUPERA.

V Ofertar cursos de capacitação para 210 mil educadores de escolas

públicas, da Educação Básica, para o desenvolvimento de programas

e projetos de prevenção do uso de drogas e de comportamentos de

risco entre crianças, adolescentes e jovens, no contexto escolar –

Plano Crack, É Possível Vencer.

O programa é um curso de extensão universitária, gratuito, na modalidade

EAD, dirigido a educadores do ensino básico sobre temas referentes à

prevenção do uso e abuso de crack e outras drogas, no contexto escolar.

Relatório de Gestão 2015 MJ/Senad

Gráfico 7: Quantidade de vagas ofertadas entre os anos 2012 a 2015 para

curso de capacitação de educadores de escolas publicas da Educação Básica.

Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios dos Relatórios de Gestão dos Exercícios 2012 a 2015.MJ/Senad

0

50,000

100,000

150,000

200,000

2012 2013 2014 2015

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71

O programa é um curso de extensão universitária, gratuito, na modalidade

de EAD, dirigido a educadores do ensino básico sobre temas referentes à

prevenção do uso e abuso de crack e outras drogas, no contexto escolar. O curso

tem carga horária de 180h/aula, duração de 7 meses, sendo 120h/aula de teoria

para elaboração de projeto de prevenção a ser implementado, de modo prático,

na escola; e 60h/aula para implantação do projeto elaborado pelo grupo de

educadores. Relatório de Gestão 2015 MJ/Senad

Conforme análise, em 2012 estava previsto capacitar 70 mil educadores,

entretanto, foram capacitados 71.855 mil, ofertado pela Universidade de Brasília

(UnB), no qual o orçamento previsto era de R$16.200.000 e foram pagos

R$16.200.550.

Como mostra o gráfico, em 2013 foram ofertadas quase 70 mil vagas,

distribuidas entre as: Universidade de Brasília (50.000 vagas); Universidade

Federal de Juiz de Fora (10.000 vagas); e Universidade Federal de Santa

Catarina (10.000 vagas).

De acordo com o Relatório de Gestão de 2014, até então 141.770 vagas

haviam sido ofertadas para esta ação e no mesmo ano foram ofertadas mais 38

mil vagas pelas Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a Universidade

Federal de Goiás, observando assim de acordo com o gráfico um decrescimo de

52,88% na oferta de vagas no ano de 2014 comparado ao primero ano de

execuçao da ação.

No Relatório de Gestão de 2014 não consta os valores empreendidos

específicamente nesta meta, dificultando assim a averiguação da diminuiçao nas

vagas ofertadas para este ano.

No ano de 2015, através do Relatório foi divulgado que o numero total de

vagas ofertadas no período compreendido entre 2012 e 2014, foi de 204.770,

porém ao analisarmos os relatórios destes anos observamos que o numero total

de vagas foi de 179.770.

Em 2015 o curso foi deslocado para o MEC, pois visa a consolidação da

referida formação no ambito do Ministério enquanto politíca de formação

continuada. Relatório de Gestão 2015 MJ/Senad

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VI Capacitar policiais do Departamento de Polícia Rodoviária Federal na

temática vinculada à prevenção do uso de drogas na associação com

o trânsito brasileiro, bem como o desenvolvimento de habilidades em

abordagem dos condutores que apresentam sinais de consumo de

álcool ou outras drogas e o adequado uso de etilômetros.

Este curso, foi realizado em parceria com o Hospital de Clínicas da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, visou capacitar policiais rodoviários

federais para atuarem tanto na prevenção do uso de crack, álcool e outras

drogas como também na fiscalização do uso dessas substâncias psicoativas

associado à condução veicular e ao trânsito nas rodovias federais, bem como

realizar projeto de pesquisa específica, no período do projeto, para avaliar a

efetividade dessas intervenções, tanto no policial quanto no motorista e no

trânsito, como também o conhecimento das dificuldades de fiscalização de

consumo de substâncias psicoativas nas rodovias. Relatório de Gestão

Gráfico 8: Numero de capacitações realizadas 2012 a 2015 para o

Departamento de Polícia Rodoviária Federal na temática vinculada à prevenção

do uso de drogas na associação com trânsito brasileiro.

Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios dos Relatórios de Gestão dos Exercícios 2012 a 2015.MJ/Senad

Tinha-se como meta para os anos de 2012 a 2015 capacitar 3.000

profissionais através deste curso. No primeiro ano de execução, estava previsto

capacitar 1.703 profissionais, de acordo com o Relatório de Gestão de 2012 a

meta foi realizada utilizando o valor de R$ 2 milhões.

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Como observado no gráfico, no ano seguinte não possui informações

quantitativas a respeito desta meta, pois ela está no Relatório de Gestão da

Senad, como meta qualitativa.

Já em 2014, esta meta volta a constar como quantitativa, duplicando a

quantidade de profissionais capacitados quando comparado ao primeiro ano de

execução, acredita-se que essa duplicação se deu através do aumento da

despesa liquidada nas ações do Objetivo 0912 quando comparados ao primeiro

e segundo ano de execução.

Até então foram capacitados 4.161 profissionais, e no de 2015 foram

capacitados mais 1.142, mostrando assim, que a diminuição dos recursos

destinados a esta ação 0912 no de 2015, foi relevante no número de vagas

ofertadas para esses profissionais.

No entanto o Relatório de Gestão de 2015 afirma que 3.542 pessoas

capacitadas no período de 2012/2015, ultrapassando a meta prevista que era a

oferta de 3000 vagas e dessa maneira foi possível afirmar que a execução da

meta contribuiu para que os policiais estejam mais bem preparados para lidar

com motoristas que são flagrados alcoolizados ao volante.

Entre os anos de 2013 e 2015, não foram postos nos relatórios os valores

empreendidos nesta ação, assim não é possível comparar os recursos

destinados durante o quadriênio, ou associar a execução a estes.

VII Capacitar profissionais e voluntários de Comunidades Terapêuticas,

visando a reabilitação e reinserção social dos usuários de crack e

outras drogas:

Curso de extensão universitária gratuito, executado pela Universidade

Estadual Paulista (Unesp), na modalidade de EAD, para capacitação

em conceitos básicos, tratamento e reinserção social para líderes,

terapeutas e gestores de CTs.

Gráfico 9: Quantidade de vagas ofertadas para capacitação de

profissionais e voluntários de Comunidades Terapêuticas entre os anos de 2012

a 2015.

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Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios dos Relatórios de Gestão dos Exercícios 2012 a 2015.MJ/Senad

A meta prevista para os quatro anos era de 20 mil vagas ofertadas.

Em 2012 a meta física foi alcançada, capacitando assim 10 mil

profissionais e voluntários de CTs, liquidando R$ 2.300.000 para alcance da

meta anual, no entanto o valor previsto foi de R$ 2.600.000.

No ano de 2013 conforme disposto no gráfico, não foi informado o número

de vagas ofertadas pois a meta consta como qualitativa. Já em 2014 a mesma

retoma o histórico de metas quantitativas ofertando 300 vagas neste ano. A

escassa oferta de vagas ofertadas em 2014, de acordo com o Relatório de

Gestão se deu devido a baixa procura, e por isso as vagas restantes foram

transferidas para o curso SUPERA – Sistema para Detecção do Uso Abusivo e

Dependência de Substâncias Psicoativas: encaminhamento, intervenção breve,

reinserção social e acompanhamento”,na modalidade EAD, para profissionais de

saúde e de assistência social, que atuam no tratamento e reinserção social de

usuários de drogas.

VIII Ofertar capacitação presencial para a rede de saúde, assistência

social e Juizados Especiais Criminais, favorecendo o desenvolvimento

de ações integradas e articuladas entre as redes de saúde e

assistência social.

O objetivo da capacitação é auxiliar profissionais no enfrentamento diário

dos problemas decorrentes do consumo de crack e outras drogas. A capacitação

deu-se por meio dos Centros Regionais de Referência implantados para

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capacitação presencial de profissionais, desde o início do Plano Crack, é

possível vencer. Relatório de Gestão 2015

Somente no Relatório de Gestão de 2014,foi divulgado a realização física

desta meta, não informando assim o que já havia sido feito nos anos anteriores.

Então, somente em 2014, esta meta consta como quantitativa, e conforme

disposto no mesmo, haviam sido ofertadas até então 29.500 vagas, e mais 1.600

no referido ano.

No ultimo ano de execução foram ofertadas mais 22 mil vagas de

capacitação presencial. O cumprimento desta meta se deu através da

implementação dos Centros de Regionais de Referência implantados para

capacitação.

4.2 Metas qualitativas ação 0912

IX Disseminar informações à sociedade brasileira sobre o uso de drogas,

a partir de ações educativas, da elaboração de materiais e de

campanhas de caráter informativo e educativo em todos os estados e

Distrito Federal:

Esta meta foi desenvolvida em parceria com o Ministério da Saúde, onde

foram aplicadas e adaptadas ao contexto brasileiro três metodologias de

prevenção ao uso de álcool e outras drogas para formação dos professores e

profissionais de saúde, educação e assistência social (Estadual e Municipal)

educandos e famílias.

– Metodologia GoodBehavior Games, na versão brasileira do programa,

denominada Jogo Elos.

– Metodologia StrengtheningFamiliesProgramme, na versão brasileira

denominado Fortalecendo Famílias (PFF)

– Metodologia Unplugged,denominada #Tamojunto

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As metodologias listadas acima foram identificas somente no Relatório de

Gestão de 2015

No primeiro ano de execução a meta física foi 100% executada, e possuía

como meta financeira prevista o valor R$ 11.200.000,00 e foi realizada R$

3.348.083,54, ou seja apenas 29% da meta financeira foi executada nessa ação.

Nos anos seguintes as metas financeiras previstas e executadas não

foram especificadas, apenas suas metas físicas, que no ano de 2014 foram

distribuídos 595.503 exemplares, entre materiais educativos e informativos sobre

a temática drogas do Programa " Crack, É Possível Vencer!

Ao final de 2014, segundo Relatório de Gestão do mesmo ano, foi

desenvolvida uma nova cartilha com informações sobre drogas para o publico

adolescente, com objetivo de ser distribuída em 2015.

X Realização permanente de campanhas publicitárias de utilidade

pública (PUB’s) sobre o tema drogas.

As principais atuações realizadas para cumprimento desta meta foram

resumidamente postas no Relatório de Gestão de 2015, nas quais versam de

forma geral a respeito do incremento de recursos financeiros da Secretaria de

Comunicação – Secom, que disponibilizou verba a partir de 2012, própria para

as campanhas publicitárias da Senad , foi possível realizar três grandes

campanhas, quais sejam: Gaiolas (Programa Crack, é Possível Vencer) em

2013; Bebeu, Perdeu 2014; e Bebeu, Perdeu 2015, divulgando estas ações nos

principais locais

Além disto infere-se dos Relatórios de Gestão que esta meta foi realizada

em outra ação específica que versa especificamente sobre disseminar

informações à sociedade brasileira sobre o uso de drogas, a partir de ações

educativas, da elaboração de materiais e de campanhas de caráter informativo

e educativo em todos os estados e Distrito Federal.

No Relatório de Gestão de 2015 esta meta está avaliada como positiva

devido aplicação de verba publicitária exclusiva para a área de Política sobre

Drogas, numa parceria. No entanto, em nenhum Relatório de Gestão, consta os

valores financeiros empreendidos.

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XI Contribuir para o aprimoramento técnico-metodológico e a adequação

da ação conjunta entre os operadores do direito, segurança pública e

equipes multidisciplinares, visando o cumprimento de penas

alternativas e medidas socioeducativas e protetivas para diminuição

da reincidência do consumo, por meio da articulação e cooperação

com a rede de saúde, de assistência social, e outras organizações

comunitárias – Plano Crack, É Possível Vencer.

Para efetivação desta meta, foi realizado um curso, precedido de

seminários de mobilização operadores do direito, segurança pública e equipes

multidisciplinares.

Nos dois primeiros anos de execução desta ação não foi informado a

previsão de suas metas físicas e financeiras. Em 2012 ela foi posta como

quantitativa, já no segundo ano de execução ela estácomo meta qualitativae não

foi dada sua análise situacional.

Em 2014 foram realizados seminários nos estados de AM, PR, AL e SP,

mostrando neste relatório anual que persistiu a dificuldade de atrair juízes,

promotores e defensores públicos. A conclusão dada através do Relatório de

Gestão de 2015 é que no próximo ciclo do PPA 2016-2019 haja um foco na

busca de parcerias com instituições de classe e ligados ao judiciário para ofertar

formação inserida nos processos formativos já existentes para esse público no

âmbito do judiciário.

XII Criar curso técnico em reabilitação de dependência química. O

processo de formatação do curso técnico foi iniciado entre o Ministério

da Justiça e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Distrito Federal. Considerando que já foram criados cursos técnicos

em dependência de drogas no país por outras instituições, o processo

com o Instituto Federal foi interrompido e não há previsão para

retomada deste tema. Relatório de Gestão de 2015 MJ/Senad

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Observa-se esse fato descrito no Relatório de Gestão de 2015, através do

decorrer das análises. No primeiro ano de execução desta meta estava

configurada como quantitativa, no segundo e terceiro ano como qualitativa, não

sendo divulgado nesse período nenhuma de suas ações físicas e financeiras

pois não foram realizadas.

XIII Incluir a temática sobre drogas nos cursos de graduação que possuem

interface com ela.

De acordo com o Relatório de Gestão de 2015 a execução desta meta foi

repassada para o Ministério da Saúde por meio do Programa PRÓ-SAÚDE, e

instituído pelo Ministério em parceria com universidades públicas, o qual

incentiva a inclusão da temática sobre drogas nos cursos de graduação.

Assim como outras metas previstas no objetivo 0912, esta estava posta

no primeiro ano de execução, como meta quantitativa e no segundo ano, como

meta qualitativa.

Não está explicitado nos dois primeiros Relatórios de Gestão, o porque

desta mudança. No entanto, assim como a meta anterior também foi repassada

sua execução ao Ministério da Saúde. É compreensível essa mudança na

execução pois a política tem como princípio a responsabilidade compartilhada.

XIV Promover especialização de profissionais de educação, saúde e

acadêmicos de países da América Central, Caribe, América do Sul e

países de língua oficial portuguesa da África em metodologia de

pesquisa sobre a temática de drogas, fortalecendo a cooperação

internacional e contribuindo para o aprimoramento da produção

científica na região e no continente africano.

Essa meta possuía como previsão a realização de Curso de Formação à

Distância de Pesquisadores em Álcool e outras Drogas Psicoativas, com título

de especialização, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP),

unidade de Ribeirão Preto.

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Sua realização teve início apenas no ano de 2016, pois nos dois primeiros

anos constavam nos relatórios como quantitativa e no ano seguinte como

qualitativa. Somente em 2014 convênio com a USP-Ribeirão Preto estava em

fase de formalização e em processo de inserção no SICONV- Sistema de Gestão

de Convênios, Contratos de Repasse e Termos de Parceria. O Relatório de

Gestão de 2015 explica que devido a problemas burocráticos relacionados à

aprovação da proposta de convênio paracumprimento da meta em referência,

somente em 2015 o instrumento foi formalizado e que a partir de 2016 seria

iniciada sua execução.

XV Ampliação e manutenção do serviço Viva Voz (132) 24h como veículo

para prestar informações e orientações sobre crack e outras drogas

para usuários e familiares – Plano Crack, é possível vencer!

O serviço VIVAVOZ (132), é gratuito, com orientação e informações sobre

os riscos do uso indevido de drogas e seus efeitos no organismo, disponível por

24 horas, em todos os dias da semana e feriados, oportuniza a oferta de auxílio

na busca de locais de tratamento e outras informações.

O quadro abaixo mostra a quantidade de ligações feitas ao serviço no

decorrer destes quatro anos.

Gráfico 10: Quantidade média de atendimentos feitos através do Serviço

VIVAVOZ (132) entre os anos de 2012 a 2015.

Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios dos Relatórios de Gestão dos Exercícios 2012 a 2015.MJ/Senad

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Até 2014 tinha-se como objetivo triplicar a capacidade de atendimento

desse serviço, como identificado através do Relatório de Gestão do primeiro ano

de execução. Somente no ano de 2014, foi divulgada a meta alcançada no qual

foram realizados em torno de 230.000 atendimentos ao longo de 2014.

De acordo com o Relatório de Gestão de 2015, foram feitas mais de 1

milhão de ligações ao serviço entre os anos de 2012 a 2015. Como observado,

no segundo ano de execução do serviço é onde constam o maior numero de

ligações feitas, seguido do ano de 2012, 2015 e 2014 com o menor número de

acessos ao serviço prestado.

Em conformidade com o ultimo Relatório de Gestão, após avaliação

observou-se a necessidade de reformular o modelo atual desse projeto para

ampliar sua capacidade de atendimento.

Para o objetivo 0923 – Programa 2060 Crack, é possível vencer.

Após detalhar os objetivos 0912 do Programa 2060 – Crack, é possível

vencer constatou-se que de forma geral os objetivos 0923 constam como

qualitativos e para seu alcance foram estabelecidas 18 metas.

Objetivo – 0923 visa: Introduzir melhorias na gestão da política sobre

drogas, tendo como subsídio a realização de levantamentos acerca dos padrões

de consumo de crack e outras drogas e a produção de conhecimentos científicos

afetos ao tema; aperfeiçoamento dos marcos institucionais e legais; fortalecendo

os mecanismos de articulação intersetorial e cooperação internacional;

modernizando os instrumentos de acompanhamento e monitoramento das ações

e fomentando a criação de estruturas locais de gestão, com a ampliação dos

mecanismos de participação social.

20EV – Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas

8236 – Apoio a Projetos de Interesse do Sistema Nacional de Políticas

sobre Drogas

DOTAÇÃO DESPESA

ANO INICIAL FINAL EMPENHADA LIQUIDADA 2012 107.905.524,00 109.315.524,00 15.613.901.11 610.693,41 2013 17.000.000 148.930.000 82.014.000 3.990.024 2014 ----- ----- ----- -----

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2015 ----- ----- ----- -----

Ação prevista :

20IE – Gestão da Política sobre Drogas

DOTAÇÃO DESPESA

ANO INICIAL FINAL EMPENHADA LIQUIDADA 2012 2.170.076,00 6.410.642,00 1.996.272,78 1.403,633,91 2013 104.221.700 104.221.700 33.352.917 3.662.851 2014 167.386.000 166.786.000 120.127.954 9.588.304 2015 187.095.235 186.295.235 103.918.071 10.940.380

As atividades previstas nestas metas versam sobre:

– Aperfeiçoamento dos marcos institucionais e legais que condicionam

e suportam sua operacionalização da PNAD (Política Nacional sobre

Drogas)

– Desenvolvimento de estudos e de metodologias, modernização dos

mecanismos de acompanhamento e monitoramento das ações em

implementação, criação e fortalecimento das estruturas de gestão

subnacional e otimização da capacidade de articulação e organização

das ações relacionadas à prevenção do uso indevido, à reinserção

social de usuários e dependentes de drogas e à repressão da

produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas.

I Disponibilização de serviços de acolhimento destinados a atender

pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência

de substância psicoativa, que necessitem de afastamento do

ambiente no qual se iniciou/desenvolveu e/ou estabeleceu o uso,

abuso e/ou dependência de substância psicoativa, como o crack e

outras drogas, em âmbito nacional – Plano Crack, É Possível Vencer!

Em 2012 foi aberto ao orçamento fiscal, em favor do Ministério da Justiça,

crédito especial no valor de R$ 131.930.000,00, a ser executado pelo Funad para

fazer face a despesas com contratação de serviços de acolhimento para usuários

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e dependentes de crack e outras drogas, cujo edital de credenciamento e pré-

qualificação teve prazo para recebimento de propostas expirado em 2013.

Entretanto, como informado no Relatório de Gestão de 2012, o valor integral do

crédito foi reaberto, para execução em 2013, no entanto, não foram postas

informações adicionais a respeito dessa abertura de crédito.

No ano de 2013 esta meta foi designada como qualitativa, não sendo

informado a respeito do serviço prestado e também não sendo divulgado sobre

o crédito especial no valor R$ 131.930.000,00, que tinha como origem o exercício

anterior.

Já o Relatório de Gestão de 2014, evidencia que ao final de 2014, foram

disponibilizadas 1.834 vagas de acolhimento, provenientes do edital de

chamamento público 001/2013, outras 878 vagas, relativas ao edital 07/2014 e

02 (dois) convênios firmados com os estados do Rio de Janeiro e Pernambuco,

disponibilizando mais 315vagas. Ao todo, eram 371 contratos firmados entre

Senad e CTs.

De acordo com o mesmo Relatório de Gestão, consta que até o referido

ano, já haviam sido ofertadas 8.067 vagas em Comunidades Terapêuticas, tendo

sido realizado cerca de 80% da meta prevista.

É apresentado como meta para o ano seguinte, a oferta de mais 10 mil

vagas. E em de 2015, foram firmados 09 contratos ao final do exercício a Senad

disponibilizava 7425 vagas contratadas com Comunidades Terapêuticas, o que

representa 367 contratos de prestação de serviços de acolhimento ativos.

A meta de 10.000 vagas contratadas não foi atingida em sua

integralidade, esclarecendo a Senad que isso se deu por motivos de limitação

na capacidade de gestão de contratos, que são geridos centralizadamente, e

também pelo fluxo natural de descontinuidade de contratos que não atenderam

às expectativas contratadas.

Todavia ,a diminuição no numero de contratos de repasse , e

consequentemente a diminuição na oferta de vagas não foi no mesmo caminho

que o volume de recursos financeiros destinados a realização do objetivo 0923.

Esses números representam 7,96% a menos na oferta de vagas comparado ao

ano de 2014.

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II Avaliação dos serviços oferecidos no âmbito das comunidades

terapêuticas no país.

A avaliação dos serviços oferecidos pelas comunidades terapêuticas só

teve inicio em 2014, quando foi firmado termo de cooperação com o IPEA para

realização de pesquisa que irá traçar o perfil das Comunidades Terapêuticas e

seus respectivos usuários.

III Disseminação de boas práticas, por meio da identificação das

iniciativas, sistematização da metodologia e replicação dos projetos,

desenvolvidos em parceria com estados e municípios.

O projeto utilizado nesta ação foi o “Consultório na Rua” que é uma

estratégia de atenção à saúde voltada para a população em situação de rua,

exposta ao uso de substâncias psicoativas.

O Ministério da Justiça, em parceria com o Centro de Estudos e Terapia

do Abuso de Drogas da Universidade Federal da Bahia, disseminou a

metodologia Consultório de Rua na Bahia. Capacitou e supervisionou a atuação

de quatro equipes interdisciplinares nas cidades de Salvador, Camaçari e Lauro

de Freitas. Relatório de Gestão de 2015 MJ/Senad.

Em 2012, através do Relatório e Gestão foi possível identificar que a meta

financeira prevista para realização desta ação foi de R$ 20.000.000, sendo

realizado R$ 15.600.000, ou seja 78% da meta prevista, foi realizada no primeiro

ano de execução.

Entre os anos de 2013 a 2015, não foi possível identificar através dos

Relatórios os valores empreendidos e as metas físicas previstas para realização

desta.

IV Manter a atualização dos arquivos relativos ao mapeamento dos

serviços de atendimento e acolhimento de usuários de drogas,

disponibilizando-os à sociedade.

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Nos anos de 2012 e 2013, não foi possível identificar a realização desta

meta nos Relatórios de Gestão do MJ/ Senad. No primeiro ano estava como

meta quantitativa e no segundo como meta qualitativa.

Constam nos dois últimos anos que a atualização dos arquivos se dá junto

às instâncias que se vinculam ou são responsáveis pela gestão governamental

dos serviços de atenção – conselhos de drogas locais, Ministério da Saúde,

Ministério do Desenvolvimento Social – visando à atualização das informações

disponibilizadas no Portal do Observatório Brasileiro de Informações sobre

Drogas (OBID).

De acordo com o Relatório de Gestão de 2015 que não foram realizadas

novas ações relativas a esta meta em 2015 pelo fato da mesma ter sido cumprida

em 2014, com a efetiva disponibilização e atualização dos arquivos relativos ao

mapeamento dos serviços de atendimento e acolhimento de usuários de drogas

no OBID.

V Mapeamento e georreferenciamento dos serviços voltados ao

atendimento de usuários de crack, álcool e outras drogas.

Com base nos dados do primeiro Relatório de Gestão, não consta como

realizada no referido ano, e assim como outras ações do Objetivo 0912, está

como meta quantitativa no primeiro ano e qualitativa no segundo.

No entanto, o Relatório de Gestão de 2014 assinala esta meta como

atingida ainda no primeiro ano de execução, destacando que conclusão do

mapeamento e geoprocessamento de instituições de atenção a usuários de

drogas, por meio da revisão da base de dados de instituições de atenção para

os estados da Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, além do

Distrito Federal, tendo como base o levantamento de instituições realizado em

2006/2007; o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES do

Ministério da Saúde; a base de dados dos Centros de Referência em Assistência

Social – CRAS e dos Centros de Referência Especializada em Assistência Social

– CREAS do Ministério do Desenvolvimento Social – MDS.

Infere-se destas informações que existem determinadas divergências de

informações entre os Relatórios de Gestão da MJ/ Senad.

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VI Aperfeiçoar os mecanismos de capitalização do Funad, abrangendo a

localização de bens dados em perdimento em favor da União, a

agilização dos respectivos leilões, a transferência de recursos aos

estados e a fomento da tutela cautelar.

O Funad tem realizado leilões de bens móveis e imóveis, cujo perdimento

em favor da União tenha sido decretado a partir de sentenças judiciais

transitadas em julgado, além de destinar bens in natura sob as modalidades

doação e cessão.

O gráfico abaixo mostra a evolução do número de leilões realizados em

favor do Fundo juntamente com a arrecadação entre os anos de 2012 a 2015.

Gráfico 11: Numero de Leilões realizados em favor do Funad e valores

arrecadados anualmente (em R$ 1,00)

Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios dos Relatórios de Gestão dos Exercícios 2012 a 2015.MJ/Senad

As alienações têm refletido incremento nas receitas (capitalização), com

a realização direta ou indireta. No ano de 2012, foram realizados 8 leilões, nos

quais se aferiu o montante de 3,8 milhões de reais. Em 2013, foram realizados

6 leilões, com arrecadação de 4,2 milhões de reais. No período, houve acréscimo

em 20% na quantidade de bens alienados. No que tange ao fomento da

aplicação de medida cautelar de alienação, importa registrar sua crescente

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demanda, caracterizada pelo aporte financeiro transferido pelo Poder Judiciário

ao final das ações judiciais. Por sua vez, o repasse de recursos aos Estados da

Federação para realização de ações no âmbito da Política Nacional sobre

Drogas (PNAD) tem sido crescente (Relatório Anual de Avaliação do PPA 2012-

2015: ano base 2013. vol. II Tomo I – Programas Sociais – pág. 163)

Estava previsto para 2012, o aperfeiçoamento dos mecanismos de

capitalização do Funad, por meio da localização de bens dados em favor da

União e também agilização dos respectivos leilões, porém não foi encontrado no

Relatório de Gestão nenhum valor destinado ao aperfeiçoamento neste ano.

Na somatória dos quatro anos analisados, foram realizados 45 leilões em

favor do deste Fundo, somando assim cerca de R$ 23,5 milhões.

É notório o crescimento progressivo no número de leilões em favor do

Fundo Nacional, através do material empírico. Somente no segundo ano de

execução da meta houve um declínio na capitalização do fundo.

VII Apoiar a instalação de escritório regional do Escritório sobre Drogas e

Crimes das Nações Unidas (UNODC/ONU) e sua manutenção.

A previsão e execução desta meta foi realizada no ano de 2012, sendo

empreendido R$ 4.800.000 para sua instalação.

Apartir do Relatório de Gestão de 2014, foi divulgado que o escritório

estava em funcionamento e prestava apoio técnico a diversos órgãos do governo

federal, como o programa de HIV-AIDS, coordenação de saúde mental, projetos

cooperação com o DRCI, projetos com a CGU etc. No mesmo Relatório a Senad

divulgou que realizou uma contribuição voluntária no valor de dois milhões de

reais para a sua manutenção.

Já em 2015, foi firmado um Termo de Contribuição com o Escritório das

Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), da Organização das Nações

Unidas (ONU), com vistas à continuidade das operações do Escritório no Brasil,

e implantação e manutenção do Escritório de Ligação e Parceria (ELP), em

Brasília. Relatório de Gestão de 2015 MJ/Senad.

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VIII Articular a instituição de fundos sobre drogas em todas as Unidades

da Federação, assim como fomentar a sua criação no âmbito dos

municípios.

Esta meta já contava no primeiro Relatório de Gestão analisado de forma

quantitativa, porem não foi realizada. A divulgação a respeito dessa meta ocorreu

apenas em 2014, informando que até então 26 Estados da Federação e o Distrito

Federal (27 conselhos) possuem Conselhos sobre Drogas, e 12 unidades

federativas já instituíram fundos sobre drogas, a saber: Alagoas, Ceará, Distrito

Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio de Janeiro,

Rondônia, Rio Grande do Sul e Tocantins.

Em 2015, não houve nenhuma alteração em face ao ano anterior, pois

segundo o Relatório de Gestão de 2015, a constituição de fundos estaduais de

drogas não era mais uma ação avaliada como fundamental pela Senad , e

também de acordo com o mesmo Relatório os atuais mecanismos de

financiamento de projetos e fomento da política têm se mostrado suficientes, de

forma que não houve a instituição de novos fundos estaduais no período.

IX Desenvolver um sistema integrado de informações voltado para o

acompanhamento e monitoramento das ações implementadas no

âmbito da Política Nacional de Drogas

O sistema de gestão das comunidades terapêuticas, desenvolvido em

parceria com o SERPRO, é uma ferramenta que de acordo com a Senad tinha

como objetivo possibilitar uma melhor gestão das vagas de acolhimento

financiadas pela Senad por meio de contratos com comunidades terapêuticas.

Relatório de Gestão 2014.

As atividades previstas para esta meta tiveram inicio em 2014, onde

ocorreu o primeiro módulo do software, que contemplava o gerenciamento dos

contratos e cadastros de CT’s pela Senad , cadastro de acolhidos, mapa de

vaga, gerenciamento de contratos e às faturas eletrônicas. Estava previsto para

2015 integração do sistema com o setor financeiro, porém de acordo com o

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Relatório de Gestão de 2015, esta atividade não foi realizada, passando assim

para o ano de 2016.

Ao final de 2015, o sistema de gestão – SISCT, gerenciava 6639 vagas,

o que representa 89 % do total de vagas contratadas com Comunidades

Terapêuticas. Relatório de Gestão de 2015

X Firmar acordos de cooperação do Funad com Estados da Federação

e Distrito Federal

O objetivo desta meta é a capitalização do Fundo, e para isto alguns

acordos de cooperação com unidades federadas. No ano de 2012 estavam

previstos firmar 27 acordos, e apenas 2 foram realizados.

No ano de 2013, não foi informado quantos acordos foram feitos.

Já em 2014, no Relatório de Gestão constam que quinze acordos foram

feitos até o final do referido ano, permanecendo a mesma quantidade de acordos

e cooperação durante o ano de 2015.

Estes acordos implicam diretamente na capitalização do fundo.

XI Fortalecer a atuação dos conselhos estaduais, distritais e municipais

de políticas sobre drogas e incentivar a instalação de órgão ou

unidade responsável pela gestão da política sobre drogas nesses três

níveis.

Em 2012, estavam previstos a celebração de 27 instrumentos de

cooperação para a capitalização do Funad, bem como para o aporte financeiro

junto aos parceiros, visando ao fortalecimento institucional. Relatório de Gestão

de 2015

Desses 27 instrumentos previstos, foram realizados 8, no qual tinha como

meta financeira R$1.200.000 e foram gastos R$ 930.000 do valor previsto para

realização. Além disso, não é informado no Relatório de Gestão porque a meta

física e consequentemente financeira não foi completamente executadas.

No ano consecutivo não foi informado através do Relatório de Gestão a

meta física e financeira realizada, sendo possível obter estas informações

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apenas no Relatório de 2014, no qual informa que em 2013 foram transferidos

recursos do Fundo para todos os conselhos sobre drogas – cerca de R$ 100 mil

por conselho.

Em 2014 iniciou-se a execução desses convênios, chegando a 27 acordos

em 2014.

Ao final do ciclo 2012- 2015 foram formalizados 18 convênios com

conselhos estaduais (AC, AM, BA, DF, ES, GO, MS, MT, PA, PE, PI, RN, PR,

RO, RS, SC, SP e TO), representando cerca de 66% da meta prevista no

primeiro ano. Relatório de Gestão de 2015

A Senad informa no último relatório que as principais dificuldades

relacionadas a execução da meta foram: dificuldade em padronizar os objetos e

a busca de soluções efetivas em relação ao fortalecimento da atuação dos

conselhos como agentes do controle social e fóruns de discussão das políticas

sobre drogas.

XII Revisar e atualizar os marcos legais que dão suporte à

operacionalização da política sobre drogas, visando fortalecer a sua

institucionalidade e aperfeiçoar os mecanismos de incentivo para

adiminuição da oferta e consumo de drogas.

Esta meta tem como objetivo a produção de conhecimento sobre drogas,

dessa maneira, a Senad dispõe de Rede de Pesquisa sobre Drogas, formada

por pesquisadores de diferentes regiões do país, por meio da qual é possível

fomentar e compartilhar a produção científica sobre a temática de drogas, além

do fomento a projetos de pesquisa por meio de editais temáticos.

Em 2012 foi instituída a Lei no 12.681, de 4/07/2012, que criou o Sistema

Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas

(Sinesp) e a instituição da Lei no 12.683, de 09/07/2012.Essa Lei versa sobre a

indisponibilidade e alienação de bens apreendidos em favor do Funad, o que

colabora de forma significativa para a realização dos leilões por meio dos

estados conveniados ao Fundo, e como salientado no Relatório de Gestão de

2015, contribui para o enfrentamento do tráfico e o financiamento da política

sobre drogas.

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A realização desta meta teve início de fato em 2013, onde foi realizado

de acordo com a Senad o maior mapeamento e diagnóstico nacional sobre o

consumo de crack e outras drogas, objeto da parceria da Senad/MJ com a

Fundação Oswaldo Cruz, que em conjunto com a Universidade de Princeton. O

mapeamento demonstrou o quantitativo e o perfil de usuários de crack no Brasil.

Relatório de Gestão de 2013 Senad/ MJ

Em 2014, o Relatório de Gestão, informou que o Ministério da Justiça

constituiu um grupo de trabalho com integrantes de vários órgãos da

Administração Pública Federal para elaborar uma resolução que regulamenta a

atuação das comunidades terapêuticas no país.

No ultimo ano de execução, após a constituição deste grupo de trabalho

que realizou 2 audiências públicas, duas consultas públicas e repetidas reuniões,

o texto da regulamentação foi publicado no 1° semestre de 2015 no DOU- Diário

Oficial da União .

Segundo o Relatório de Gestão de 2015 o CONAD- Conselho Nacional

de política sobre Drogas participa de grupo de trabalho constituído juntamente

com o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária para discutir

critérios objetivos de distinção entre uso e tráfico de drogas na legislação penal.

XIII Fortalecimento da rede de pesquisa com financiamento sistemático

por meio de editais temáticos

A rede de pesquisa foi criada a partir do estabelecimento de um Protocolo

de Cooperação entre Brasil, representado pelo Ministério da Justiça e Portugal,

representado pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT).

A Rede de Pesquisa propicia a convergência de informações e dados,

permitindo maior interatividade entre os pesquisadores ou grupos de referência

temática, criando um espaço de discussão de questões relevantes para o

aprofundamento do conhecimento sobre álcool e/ou outras drogas e para a

realização de investigações científicas. Relatório de Gestão 2014 Senad/ MJ

Nos dois primeiros Relatórios de Gestão da Senad/ MJ , não estão

pontuados os objetivos previstos e realizados nessa meta. Apenas no Relatório

de 2014 é explicado os objetivos, porém não houve ações da Senad em 2014,

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apontando somente a previsão de renovação do convenio com a gestora da rede

de pesquisa em 2015.

O Relatório de Gestão de 2015 destaca que outubro de 2013, foi lançado

um edital para premiação de pesquisadores, trabalhos científicos e de extensão,

na temática crack e outras drogas, com as seguintes categorias: Trabalho de

Extensão dos Centros Regionais de Referência em Crack e Outras Drogas; Novo

Talento de Iniciação Científica; Pesquisador Sênior; Pesquisador Mestrado;

Pesquisador Doutorado; Tese de Doutorado; e Dissertação de Mestrado.

No mesmo Relatório a Senad afirma que devido a complexidade do tema,

foi necessário, desde o final do ano de 2014 e ao longo de 2015, a realização de

uma série de discussões e tratativas junto à Universidade Federal de Ciências

da Saúde de Porto Alegre e a Associação Mario Tannhauser de Ensino,

Pesquisa e Assistência para a consecução da IV Rede de Pesquisa, e que isso

impactou no não atingimento da meta ao final do ciclo 2012-2015.

XV Realização, de modo sistemático e periódico, de estudos

epidemiológicos relativos à população brasileira em geral e seus

estratos, em especial grupos vulneráveis (estudantes, indígenas,

população em situação de rua, sistema penitenciário, entre outros).

Foi colocado como meta pela Senad , realizar de modo sistemático e

periódico, estudos epidemiológicos acerca do consumo de drogas, seus padrões

condicionantes e efeitos sobre a população brasileira e seus diversos

segmentos.

Ao longodos ciclo 2012 – 2015, foram realizadas pesquisas e

levantamentos a respeito do tema. Destaca-se no ano de 2014, a publicação do

edital para seleção da instituição executora do III Levantamento Nacional

Domiciliar sobre o Uso de Drogas no Brasil, no qual os dados foram coletados

no ano de 2015.

Durante o ano de 2015 foram lançados alguns editais conforme o

Relatório de Gestão do ano:

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– Edital de Chamamento Público no 01/2015,para selecionar órgãos ou

entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos para a realização

de projetos de pesquisa na área de tratamento da dependência

química mediante o emprego de substâncias, em uma das seguintes

linhas de apoio: estudo básico, pré-clínico, clínico e/ou

epidemiológico. Neste, foram destinados 5 milhões de reais.

– Edital de Chamamento Público n°02/2015 destinou 800 mil reais para

selecionar órgão ou entidade pública ou privada sem fins lucrativos

para a realização de análises estatísticas sobre os dados nacionais,

com a finalidade de reportar a situação no Brasil da oferta, da

demanda de drogas e suas conseqüências, por meio da elaboração

do II Relatório Brasileiro sobre Drogas.

– I Levantamento Nacional sobre Uso de Drogas pela População

Carcerária Brasileira.( Edital de Chamamento Público no 03 de 2015.)

– I Levantamento Nacional sobre Uso de Drogas pelos Adolescentes e

Jovens em Retrição e Privação de Liberdade no Sistema Nacional de

Atendimento Socioeducativo. (Edital de Chamamento Público no 03 de

2015)Relatório de Gestão 2015 Senad/ MJ

XVI Criação de Centros Colaboradores vinculados a hospitais

universitários nas diferentes regiões do país.

Esta meta está vinculada ao fomento e realização de levantamentos

acerca dos padrões de consumo de drogas e produção de conhecimento

cientifico afetos ao tema, com vista a subsidiar a gestão da política sobre drogas

no país.

Em 2012 foi posto como meta quantitativa a implementação e

acompanhamento das ações voltadas ao ensino, pesquisa, extensão e

desenvolvimento de metodologias de tratamento e reinserção social para

dependentes de crack e outras drogas no âmbito dos Centros Colaboradores de

São Paulo – SP e Porto Alegre – RS. Relatório de Gestão 2012 MJ/ Senad.

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De acordo com o Relatório de Gestão de 2012, estavam previstos a

criação de 2 Centros Colaboradores, nos quais foram executados, porém não

consta neste relatório os valores financeiros empreendidos nesta meta.

Já no ano de 2013 esta meta está posta como qualitativa e não foram

divulgados os resultados esperados e obtidos.

Consta no Relatório de Gestão de 2014 que, a situação do Centro

Colaborador de Porto Alegre estava com a enfermaria masculina em

funcionamento e com a reforma da enfermaria feminina concluída, e seu

funcionamento estava dependendo de custeio por parte do hospital.

Quanto ao Centro Colaborador de São Paulo, a unidade hospitalarestava

com seu projeto executivo concluído em 2014 e a construção seria realizada com

recursos do governo estadual. A Senad, ficou responsável somente pelos

recursos na compra de equipamentos e mobiliário do Centro.

No ultimo ano de execução, ambos os projetos continuaram no mesmo

patamar de execução que estavam em 2014. A Senad atribui o não cumprimento

desta meta ao compromisso de outros entes federativos.

Não foram postos em nenhum dos relatórios os custeios financeiros

durante os quatro anos de execução da meta.

XVII Instalação de um sistema de monitoramento do uso e tráfico de

drogas

Ao analisar os quatro Relatórios de Gestão, referente aos anos de 2012 a

2015, foi identificado o não cumprimento da meta proposta.

Conforme análise situacional da meta, tanto no Relatório de 2014, quanto

no de 2015, ambos afirmam que foi realizado diagnóstico dos países da América

Latina, sob a coordenação do Brasil, a fim de delimitar a situação e as diretrizes

essenciais para o estabelecimento de fontes, indicadores, metodologia,

parceiros e articulação governamental com vistas à construção de um sistema

de alerta precoce que possibilite a identificação de consumo, tráfico e surgimento

de novas drogas.

Ainda de acordo com os dois últimos relatórios o projeto encontra-se em

fase de definição de diretrizes de participação e responsabilidade junto a dois

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outros órgãos federais (Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA e

Departamento de Polícia Federal – DPF).

XVIII Articular a disseminação de linhas de pesquisa sobre a temática do

crack e outras drogas, incentivando o desenvolvimento de projetos de

iniciação científica relacionados ao tema e fomentando a formação de

novos pesquisadores nas áreas que apresentam déficits de

profissionais trabalhando com a temática de drogas.

Esta meta esta aliada ao objetivo de implantação dos Centros de

Referencia em Crack e outras Drogas (CRR), na medida em que sua execução

se deu por meio do projeto Rede de Pesquisa sobre Drogas, nos temas: medidas

socioeducativas; métodos de treinamento de equipes de saúde e assistência

social; prevenção; tratamento e reinserção social de usuários de crack e outras

drogas. Relatório de Gestão 2015 Senad/ MJ

Nos Relatório de Gestão de 2012 e 2013, a meta está estabelecida como

quantitativa e qualitativa respectivamente, e não foram feitas análises

situacionais nestes dois anos.

Além do Projeto Rede de Pesquisa sobre Drogas, está posto como meta

a ser executada pelo Relatório de Gestão de 2014, o apoio financeiro ao

Programa de Mestrado Profissional em Prevenção e Assistência a usuários de

álcool e outras drogas, conduzido pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre,

visando à formação de profissionais que exercem atividades relacionadas à

gestão pública, prevenção e assistência a usuários, tanto em ambientes

ambulatoriais quanto em internações hospitalares.

Ainda no Relatório de Gestão de 2014, foi transferido para 2015 a

execução daformação de 50 novos pesquisadores em especialização referente

ao Curso de Formação à Distância de Pesquisadores em Álcool e outras Drogas

Psicoativas.

Mediante essa transferência, apenas 35 pesquisadores foram formados

em 2015, não atingindo assim a execução prevista em 2014.

4.3 Principais deliberações feitas pelo CONAD nos anos de 2012 – 2015 (Conselho Nacional de política sobre Drogas)

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As principais deliberações contidas abaixo

A Policia Judiciaria Enfrentamento Drogas Ilegais,

O Caderno Temático de Referência: A Polícia Judiciária no

Enfrentamento às Drogas Ilegais – CTR: Drogas Ilegais representa uma iniciativa

pioneira e inédita da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) do

Ministério da Justiça e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

(PNUD) na identificação, registro, análise e disseminação de políticas públicas

eficientes da Polícia Judiciária no enfrentamento às drogas ilegais no Brasil. CRT

(2014).

De acordo com o documento, ele sintetiza “o estado da arte” sobre o tema

produzido sobre extensa revisão de pesquisas e estudos internacionais, a partir

de pesquisa de campo nas delegacias especializadas de repressão às drogas

ilegais da Polícia Judiciária nos estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro,

Pernambuco, São Paulo e Mato Grosso e da realização de grupos focais com

delegados, agentes, investigadores, comissários e escrivães das delegacias

especializadas de drogas, das delegacias especializadas de homicídio e das

delegacias distritais de vinte e um (21) estados e do Distrito Federal.

O documento foi organizado em cinco seções, que perpassam a

abordagem conceitual, metodológica, na terceira e quarta seção, Impacto das

Drogas Ilegais no Brasil e Impacto das Drogas Ilegais nos estados pesquisados,

construímos um diagnóstico da magnitude do impacto das drogas ilegais na

sociedade brasileira. Na última seção, Matriz de Boas Práticas no Enfrentamento

às Drogas Ilegais, apresentamos as boas práticas de repressão e de prevenção

às drogas ilegais implementadas pela Polícia Judiciária em diversos estados do

Brasil.

Relatório de Gestão de 2013 – Versão TCU. Senad

O Relatório de Gestão está estruturado conforme disposições da

Instrução Normativa TCU no 63/2010, da Decisão Normativa TCU nº 127/2013 e

da Portaria TCU no 175/2013, e demais orientações do órgão de controle interno

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contidas na Portaria CGU no 133/2013, que aprova a Norma de Execução no

1/2013. Relatório de Gestão 2013( pág 10)

De acordo com o a Instrução Normativa – TCU – no 63/2010 em seu art.

1o, parágrafo único para o disposto nesta instrução normativa, considera-se

Relatório de gestão: documentos, informações e demonstrativos de natureza

contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial, organizado para

permitir a visão sistêmica do desempenho e da conformidade da gestão dos

responsáveis por uma ou mais unidades jurisdicionadas durante um exercício

financeiro. A Coordenação-Geral de Recursos Humanos da Subsecretaria de

Planejamento, Orçamento e Administração, que compõe a estrutura da

Secretaria Executiva deste Ministério da Justiça (CGRH), subsidiou a elaboração

das informações sobre a gestão de pessoas em exercício nesta Senad.

Edital Chamamento Público: Comunidade Terapêutica.

O Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre

Drogas – Senad , com base no que estabelecem as Leis no 11.343, de 23 de

agosto de 2006 e de acordo com os objetivos e ações do Plano Integrado de

Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, instituído pelo Decreto no 7.179, de 20

de maio de 2010, torna público este edital, que possui como objetivo : Habilitação

e pré-qualificação de entidades com vistas à celebração de contrato para

prestação de serviços de acolhimento de pessoas com transtornos decorrentes

do uso, abuso ou dependência de substância psicoativa. EDITAL Senad (2014).

O edital dispõem sobre os serviços de acolhimento, utilização, das

obrigações relativas ao acolhimento, das entidades que poderão participar deste

edital, sobre interposição de recursos.

Este edital, e seus anexos, serão disponibilizados nos endereços

eletrônicos www.senad.gov.br, www.obid.senad.gov.br e

www.brasil.gov.br/crackepossivelvencer.

PROGRAMA: 2060 – Coordenação de Políticas de Prevenção, Atenção e Reinserção Social de Usuários de Crack, Álcool e outras Drogas.

O MJ – Senad divulgou os principais objetivos do programa:

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Promover e articular ações continuadas de prevenção do uso de drogas,

de forma a informar, desestimular o uso inicial, incentivar a diminuição do

consumo e diminuir os riscos e danos associados ao seu uso indevido. Capacitar, de forma continuada e articulada com as Políticas Públicas

relacionadas ao tema, os atores governamentais e não governamentais

envolvidos nas ações voltadas à prevenção do uso, ao tratamento e à reinserção

social de usuários de crack, álcool e outras drogas e ao enfrentamento do tráfico

de drogas ilícitas.

Apoiar a estruturação de projetos e serviços voltados ao atendimento de

usuários de drogas e seus familiares, de forma articulada ao Sistema Único de

Saúde e Sistema Único de Assistência Social.

Introduzir melhorias na gestão da política sobre drogas, tendo como

subsídio a realização de levantamentos acerca dos padrões de consumo de

crack e outras drogas e a produção de conhecimentos científicos afetos ao tema;

aperfeiçoando os marcos institucionais e legais; fortalecendo os mecanismos de

articulação intersetorial e cooperação internacional; modernizando os

instrumentos de acompanhamento e monitoramento das ações e fomentando a

criação de estruturas locais de gestão, com a ampliação dos mecanismos de

participação social.

As metas, ações e principais resultados, foram disponibilizados no site

para consulta.

Debate sobre a superpopulação carcerária

O debate qualificado entre as principais instituições do poder público

relacionadas ao tema, a sociedade civil e a academia, sobre a regulamentação

dos critérios de distinção entre tráfico e consumo de drogas e sua relação com

o tema da superlotação carcerária, motivou o PNUD a realizar o encontro

Legislação sobre drogas e superlotação carcerária no país. MJ/ Senad (2015)

As falas trazidas durante o debate abordavam questões como a

inexistência de critérios objetivos na legislação brasileira para definir a

quantidade de droga considerada consumo pessoal e a que constitui tráfico e

comercialização foram as principais pautas do painel, trazendo para reflexão a

importância de haver distinção entre usuários e microtraficantes.

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O debate que se seguiu ao painel deu oportunidade a representantes de

várias entidades manifestarem suas posições, e todos foram unânimes quanto à

relevância de prosseguir e aprofundar a discussão, de maneira a obter avanços

na qualidade da lei no que tange ao comércio e consumo de drogas.

Participantes do evento elogiaram a iniciativa e ouviram do representante

residente do PNUD declaração de apoio e comprometimento com a questão para

que mudanças nesse âmbito beneficiem, o quanto antes, milhares de pessoas

no Brasil. MJ/ Senad (2015)

Congresso internacional sobre drogas

O site Ministério da Justiça(2014) colocou em destaque a realização do 1º

Congresso Internacional de Prevenção dos Problemas Relacionados ao Uso de

Drogas (PREVINE 2014).

De acordo com o site “ O evento é organizado pela Secretaria Nacional

de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça (Senad/MJ), pela

Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério

da Saúde e pela Universidade Federal de Santa Catarina. O Congresso conta

ainda com o apoio do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes

(UNODC). Além de compartilhar conhecimento e experiências práticas sobre

drogas, o PREVINE 2014 pretende impulsionar a realização de pesquisas,

debates e políticas públicas que, fortalecendo a cidadania e os laços sociais,

protejam os jovens do uso prejudicial das drogas.” MJ (2014)

Aumenta a oferta para tratamento com as comunidades terapêuticas financiadas pelo MJ

Segundo as informações divulgadas pelo site MJ, dentro do Edital de

Chamamento Público no 1/2012 a Secretaria Nacional de Políticas sobre

Drogas/MJ assinou convênios com 31 comunidades terapêuticas, ofertando 698

vagas e posteriormente seriam assinados documentos para contratação de mais

650 vagas, com 27 comunidades terapêuticas.

Em confluência com esse documento numa próxima etapa, gestores,

profissionais e voluntários em serviço nas entidades contratadas deverão

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participar de curso para capacitação e atualização profissional oferecido pela

Senad/MJ e certificado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Os

recursos para ação são provenientes do Funad, somando R$ 132 milhões

anuais. Em cada convênio haverá o pagamento de R$ 1 mi, mensais pelos

serviços de acolhimento de adultos e R$ 1,5 mil, por mês, para crianças,

adolescentes e mães em fase de amamentação. Os convênios são válidos por

um ano, podendo ser renovados. MJ 2013

Consulta pública sobre comunidades terapêuticas

O Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD) submeteu para

consulta pública na página do Observatório Brasileiro de Informações sobre

Drogas (OBID)e do Portal do Ministério da Justiça a minuta de resolução que

regulamenta as comunidades terapêuticas no âmbito do Sistema Nacional de

Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD).

Segundo as informações contidas no site, o texto da minuta foi concebido

a partir de Grupo de Trabalho constituído para essa finalidade e composto pelos

vários segmentos que acompanham as políticas sobre drogas no país.

Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas debate uso do canabidiol.

O Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (Conad) debateu em sua

última reunião ordinária de 2014 o uso terapêutico do canabidiol e seu

enquadramento na legislação brasileira.

Dentre as falas que receberam destaque no site, diretor-presidente da

Anvisa Jaime César de Moura Oliveira disse : “O que está em análise é o

potencial terapêutico e os riscos envolvidos no uso de um dos canabinoides

encontrados nessa planta e o tipo de controle mais adequado conforme a

legislação brasileira”, lembrando que, mesmo sendo um derivado da maconha,

não há evidências de que o canabidiol cause dependência ou efeitos

alucinógenos ou psicóticos. Embora, segundo ele, faltem orientações técnicas

para balizar a prescrição médica e não se conheça o eventual efeito do uso

prolongado. MJ 2014

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Leon Lobo de Souza Garcia, Diretor de Articulação e Coordenação de

Políticas sobre Drogas da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do

Ministério da Justiça (Senad/MJ), reforçou não se trata de debate sobre o uso de

drogas, mas do uso medicinal do CDB, e destacou o papel da Secretaria na

ampliação e repercussão do debate e na articulação com as instituições

reguladoras. Para isso, o Grupo de Trabalho do Canabidiol do Conad agendará

reuniões com a Receita Federal e a Anvisa com o objetivo de facilitar o acesso

à importação da medicação. MJ 2014.

Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas esclarece seu trabalho em 2014

O Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD), divulgou

através do site sua composição: é um conselho paritário, com 13 representantes

do poder público e outros 13 da sociedade civil, que reúne especialistas e

militantes sobre o tema. Os órgãos com assento no colegiado (OAB, CFM, CFP,

CFESS, CONFEN, SBPC e UNE) indicam seus próprios representantes,

conferindo abordagens plurais e interdisciplinares aos debates e decisões

realizadas a cada três meses, podendo ser realizada reunião extraordinária.

Explanando que suas competências envolvem acompanhar e atualizar a

política sobre drogas; acompanhar e avaliar a gestão dos recursos do Funad; e

promover a integração dos órgãos da Administração, o Conselho Nacional e os

conselhos locais que compõem o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre

Drogas (Sisnad).

Além de divulgar sua composição e competências, o site informa que “O

Conad atualmente realiza amplo debate sobre a política sobre drogas.

Realizamos audiência publica com forte participação da sociedade civil sobre o

marco regulatório das comunidades terapêuticas. Recebemos contribuições da

sociedade civil, que apresentou inúmeras sugestões à proposta durante consulta

na Internet. A resolução que disciplina as campanhas de prevenção também foi

apresentada na internet e recebeu contribuições de vários segmentos. O Conad

tem realizado consultas públicas, reuniões abertas com pauta previamente

publicada e tem participado ativamente da discussão da política de drogas”.

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Conad fixa diretrizes nacionais para campanhas de prevenção de drogas prepara documento para levar à sessão da ONU de 2016.

Em audiência pública realizada na última semana de outubro deste ano,

o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad) do Ministério da Justiça

reuniu-se para debater sugestões recebidas pela sociedade civil sobre o

problema mundial das drogas – tema da sessão especial que a Organização das

Nações Unidas (ONU). MJ 2015

Conforme divulgado pelo site temas como dependência química e sistema

internacional de controle às drogas marcaram a audiência. e por fim o secretário

garantiu a participação de todos por meio da consulta pública na UNGASS 2016.

"Com as sugestões recebidas e discutidas, iremos encaminhar, pelo Conad, a

produção de um documento a ser apresentado nas instâncias internacionais" MJ

2015.

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Considerações Finais

Objetivou-se nesta pesquisa, agregar informações relevantes a Política

Nacional sobre drogas quanto ao seu orçamento e posterior financiamento dos

programas e ações postos no PPA 2012-2015.

Durante o processo de construção, exploração, e análise dos dados, o

objeto de pesquisa foi permeado por novos questionamentos, nos quais surgiram

em sua grande maioria na análise dos dados por meio dos Relatórios de Gestão.

É nesse sentido que Minayo (2001) ressalta que a linguagem construída durante

a pesquisa tem um ritmo próprio e particular, não obstante, ela funda-se em

conceitos, proposições, métodos e técnicas.

A esse ritmo denominamos ciclo da pesquisa, ou seja, um processo de

trabalho em espiral que começa com um problema ou uma pergunta e termina

com um produto provisório capaz de dar origem a novas interrogações (MINAYO,

2001, p. 25).

Na construção do projeto de pesquisa objetivou-se mapear os programas

e ações de acordo com a PNAD, nesse sentido não era previsto fazer uma

análise detalhada da execução das ações previstas para a Política Nacional

sobre Drogas nos referidos anos, porém, compreendeu-se extremamente

necessário, explorar, quantificar e qualificar as metas postas através do PPA

2012-2015 para melhor análise de como tem sido gerido os recursos

orçamentários destinados a política.

Dessa maneira, foi identificado através do Relatório de Gestão 2012

Senad/MJ quatro ações postas como norte para a execução da PNAD – Política

Nacional sobre Drogas nos anos que compreendem o PPA 2012- 2015. Essas

ações estão postas dentro dos eixos: Prevenção e Cuidado, nos quais a Senad

ficou responsável por articular de forma transversal a política.

É de suma importância destacar a dificuldade na coleta dos dados

empíricos do objeto deste trabalho: o Funad, tendo em vista que os Relatórios

de Gestão são a única ferramenta acessível para análise dos dados.

Estes Relatórios de Gestão como citado anteriormente, foram os dados

primários para elaboração da pesquisa e suporte para as conclusões deste

trabalho, assim, é possível afirmar que as informações que por muitas vezes não

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foram encontradas nestes Relatórios de Gestão revelam uma fragilidade quanto

a transparência da política e dos recursos empreendidos.

Sobretudo, as análises feitas foram necessárias para entender quais

alterações são relevantes para o aprimoramento desta política. Os Relatórios de

Gestão são então, instrumentos para democratizar o acesso a informação ao

cidadão e facilitar o processo de busca e apreensão dos seus direitos tendo em

vista que é uma das formas de controle dos serviços públicos que são ofertados

pelo Estado.

Os Relatórios não seguem a mesma linha de análise em todos os anos,

observa-se que de modo geral as metas algumas metas não foram cumpridas e

nem por isso, foram postos nos Relatórios de Gestão da Senad/MJ os motivos

que influenciaram a não realização, seja por falta de repasse financeiro ou de

pessoal. Isso demonstrou a falta de aprimoramento do processo de avaliação da

política.

Foi identificado principalmente nos Relatórios de 2012, que muitas metas

estavam postas como quantitativas e não eram informadas suas realizações

físicas e financeiras, porém nos relatórios dos anos seguintes constavam

informações de forma quantitativa para estas metas, gerando assim, uma certa

desordem com relação as informações que se tinham o objetivo de quantificar e

posteriormente qualificar.

Muitas vezes também não foi esclarecido o porquê das metas oscilarem

quanto o seu status de quantitativas ou qualitativas no decorrer dos quatro anos.

Durante o quadriênio de execução das metas, muitas foram transferidas,

no que se refere a execução física, para outros Ministérios e órgãos da

administração pública que possuem parceria com a Senad. Todavia, não é

informado nos relatórios, se o repasse também se deu na parte financeira de

execução da ação

Partindo da premissa que as políticas são executadas somente por meio

dos orçamentos dotados em lei e posteriormente empenhados, ou seja, o valor

financeiro reservado para determinado programa ou ação, os Relatórios de

Gestão divulgados pela Senad/ MJ, mostra um descompasso entre o que é

colocado à disposição, sob forma de dotação inicial, e a despesa de fato

empenhada nas ações.

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Infere-se também das análises feitas que as ações estão previstas, mas

pelo volume de recursos empenhados, existe algum problema, pois é pouco

recurso diante do que é posto pela PNAD. Não obstante, no material empírico

não existe resposta para as situações encontradas.

Foi identificado durante o processo de análise do objeto que somente no

Relatório de Gestão 2015 da Senad/MJ, foi feita uma avaliação e monitoramento

da execução física de cada meta prevista no PPA 2012-2015.

Com isso, alguns questionamentos ficam postos quanto ao processo de

prestação de contas feito pela Senad, como por exemplo: O que está

acontecendo com a gestão do Funad? Porque a despesa liquidada é ínfima com

relação a dotação prevista no PPA e na LOA? O que tem gerado esse

descompasso com relação a gestão orçamentária?

A política sobre drogas no Brasil, teve notórios avanços, principalmente a

partir de 2005, com o processo de realinhamento da política, onde foi

problematizado um novo paradigma para a política.

A conciliação com atores não governamentais, em certa medida colabora

para a visão de uma política transversal, como é colocado em vários relatórios,

porém deve-se ponderar em que medida o Estado está transferindo sua

responsabilidade às comunidades terapêuticas.

O desafio do debate das drogas no Brasil não é se devemos afrouxar as

leis da maconha, mas apresentar dados e informações e produzir uma política

passível de ser avaliada constantemente. A implementação dessa política não

ocorre espontaneamente, mas como uma ação determinada de governo. Talvez

seja inútil esperar por uma grande política nacional de drogas. Os estados e

municípios poderiam se envolver nessas ações com a ajuda comunitária. A

sociedade civil já está bastante mobilizada sobre o assunto álcool e drogas. É

necessário que os governos democraticamente eleitos mostrem a sua

capacidade de organizar uma resposta adequada a esse problema, que afeta

milhões de brasileiros.” (LARANJEIRA, 2010).

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