universidade de brasÍlia unb faculdade de ciÊncias …

167
1 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM PPGENF CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ACERCA DA SISTEMATIZAÇAO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMEIROS QUE CUIDAM DE CRIANÇAS BRASÍLIA 2017

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1

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash UNB

FACULDADE DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM ndash PPGENF

CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA

REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ACERCA DA SISTEMATIZACcedilAO DA

ASSISTEcircNCIA DE ENFERMEIROS QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS

BRASIacuteLIA

2017

2

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash UNB

FACULDADE DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM ndash PPGENF

CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA

REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ACERCA DA SISTEMATIZACcedilAO DA

ASSISTEcircNCIA DE ENFERMEIROS QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS

Tese apresentada como requisito parcial

para a obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Doutor em

Enfermagem pelo Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Enfermagem da

Universidade de Brasiacutelia

Aacuterea de Concentraccedilatildeo Poliacuteticas Praacuteticas

e Cuidado em Sauacutede e Enfermagem

Linha de Pesquisa Processo de Cuidar

em sauacutede e enfermagem

Orientadora Moema da Silva Borges

BRASIacuteLIA

2017

3

REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ACERCA DA SISTEMATIZACcedilAO DA

ASSISTEcircNCIA DE ENFERMEIROS QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS

Tese apresentada como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em

Enfermagem pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem da Universidade de

Brasiacutelia

Aprovado em 12052017

BANCA EXMINADORA

Professora Doutora Moema da Silva Borges ndash Presidente da Banca

1ordm Membro

Universidade de Brasiacutelia - UnB

Professor Doutor Rinaldo Souza Neves - Membro Externo ao Programa

2ordm Membro

FEPECS

Professora Doutora Aline de Oliveira Silveira - Membro Externo ao Programa

3ordm Membro

Universidade de Brasiacutelia - UnB

Professora Doutora Maria Cristina Soares ndash Membro do Programa

4ordm Membro

Universidade de Brasiacutelia - UnB

Professora Doutora Maria Liz Cunhandash Membro Externo ao Programa

5ordm Membro Suplente

FEPECS

4

Dedico este trabalho a Deus a minha matildee pelo

amor incondicional ao meu pai pelo apoio diaacuterio

ao meu esposo pelo amor e cumplicidade as

minhas irmatildes pelo carinho e amizade e em

especial dedico as minhas maiores becircnccedilatildeos meus

filhos Gabriela e Eduardo que diariamente me

ensinam o que eacute AMAR de verdade

5

AGRADECIMENTO

A Deus pela sabedoria por iluminar o meu caminho e colocar pessoas tatildeo especiais em

minha vida A Universidade de Brasiacutelia e ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Enfermagem pela oportunidade de crescimento intelectual e profissional Agrave Profa Dra

Moema da Silva Borges minha eterna gratidatildeo pelo incentivo dedicaccedilatildeo paciecircncia e

sabedoria durante toda a construccedilatildeo desta pesquisa Aos membros da Banca Examinadora

pela disponibilidade e valiosas contribuiccedilotildees Aos meus pais que amo muito por terem

me guiado para o caminho certo e acreditarem em meu potencial Obrigada pela estrutura

familiar e pela educaccedilatildeo base para minha vida Ao meu marido Leandro Martins meu

grande companheiro pelo amor e apoio incondicional Por sempre me motivar a enfrentar

os desafios Aos meus filhos Gabriela e Eduardo pelos sorrisos abraccedilos e cheirinhos que

me motivam a ser melhor a cada dia A minha querida Tia Ivonir (in memorian) e primas

Josiane e Ivonise pelo constante apoio em Brasiacutelia Ao querido amigo professor Dr

Elioenai D Alves (in memorian) e sua famiacutelia pelo carinho incentivo amizade e trocas

de experiecircncias A todos que contribuiacuteram de alguma forma para a construccedilatildeo deste

sonho meus sinceros agradecimentos Muito obrigada a todos

6

[] nada eacute fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha []

Gaston Bachelard

7

RESUMO

OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas 2017 n 167 folhas Tese

(Doutorado) ndash Departamento de Enfermagem Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede

Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2017

Este estudo teve como objetivo conhecer as Representaccedilotildees Sociais de enfermeiros que

cuidam de crianccedilas hospitalizadas sobre a sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem

em dois hospitais escola da regiatildeo oeste de Mato Grosso Trata-se de um estudo

qualitativo descritivo e exploratoacuterio com base na Teoria das Representaccedilotildees Sociais de

Serge Moscovici realizado com 45 enfermeiros que atuavam na assistecircncia agrave crianccedila

hospitalizada Na coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos o primeiro foi

constituiacutedo por duas partes um questionaacuterio que possibilitou a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos

e um questionaacuterio semiestruturado que viabilizou a entrevista No segundo utilizou-se a

teacutecnica de associaccedilatildeo livre de palavras (TALP) Para anaacutelise dos dados realizou-se a

caracterizaccedilatildeo dos sujeitos utilizando o software Excel 2007 onde foi possiacutevel constatar

que os participantes eram adultos jovens predominantemente do sexo feminino e com

matildeo- de- obra qualificada Na segunda etapa o produto proveniente da teacutecnica de

associaccedilatildeo livre de palavras foi analisado pelo software EVOC que organizou as

evocaccedilotildees e apontou o provaacutevel nuacutecleo central da representaccedilatildeo social a partir de dois

estiacutemulos Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do Enfermeiro na

SAE Pode-se apreender que frente agrave primeira expressatildeo indutora os sujeitos evocaram

mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo que refletem a

dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem no atendimento agrave crianccedila sendo o proacuteprio cuidado o

provaacutevel nuacutecleo central que estrutura a representaccedilatildeo e remete a verdadeira competecircncia

do enfermeiro Para expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante

constituiacuteram o provaacutevel nuacutecleo central refletindo o entendimento do grupo sobre as

funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Na terceira etapa os

conteuacutedos verbais provenientes das entrevistas foram analisados utilizando o software

Alceste Da anaacutelise emergiram dois eixos que organizaram o conteuacutedo das representaccedilotildees

sociais dos participantes do estudo O primeiro eixo foi composto por uma classe e fez

referecircncia a dimensatildeo teoacuterica sobre a SAE O segundo eixo foi organizado por quatro

classe e faz menccedilatildeo a dimensatildeo praacutetica da SAE Aprendeu-se que as representaccedilotildees

teoacutericas natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a

existecircncia de importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees dessas duas dimensotildees

Essas representaccedilotildees natildeo contribuem para o estabelecimento de uma realidade capaz de

valorizar o cuidado de enfermagem pois natildeo satildeo capazes de conferir autonomia

profissional qualificar o cuidado e implementar mudanccedilas de paradigmas requeridos na

modernidade pela pediatria

Palavras chaves Cuidado sauacutede da crianccedila representaccedilatildeo social Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem

8

ABSTRACT

OLIVEIRA Carolina Sampaio Social Representations About the Systematization of

Care of Nurses Caring for Children 2017 167 leaves Thesis (Doctorate) - Department

of Nursing Faculty of Health Sciences University of Brasiacutelia Brasiacutelia 2017

This study aimed to know the Social Representations of nurses who care for hospitalized

children about the systematization of nursing care in two school hospitals in the western

region of Mato Grosso This is a qualitative descriptive and exploratory study based on

Serge Moscovicis Theory of Social Representations carried out with 45 nurses who

worked in the care of hospitalized children Two instruments were used in the data

collection the first one consisted of two parts a questionnaire that enabled the

characterization of the subjects and a semi-structured questionnaire that enabled the

interview In the second the technique of free association of words (TALP) was used

Data analysis was performed to characterize the subjects using the software Excel 2007

where it was possible to verify that the participants were young adults predominantly

female and with skilled labor In the second stage the product from the free word

association technique was analyzed by the EVOC software which organized the

evocations and pointed out the probable central nucleus of the social representation from

two stimuli Systematization of Nursing Assistance and Nursing Work at SAE It can be

understood that in the face of the first inductive expression the subjects more readily

evoked the words care nursing and organization which reflect the dimension of nursing

actions in the care of the child being care itself the probable central nucleus that structures

the representation And refers to the true competence of the nurse For the inductive

expression Nursing Work in Nursing Care Systematization the words knowledge

humanization and important constituted the probable central nucleus reflecting the

groups understanding of the functions developed by the nurse in systematizing care In

the third stage the verbal contents from the interviews were analyzed using Alceste

software From the analysis emerged two axes that organized the content of the social

representations of the study participants The first axis was composed of a class and

referred to the theoretical dimension on SAE The second axis was organized by four

classes and mentions the practical dimension of SAE It was learned that the theoretical

representations do not seem sufficient to anchor the care practice pointing out the

existence of important discrepancies between the representations of these two

dimensions These representations do not contribute to the establishment of a reality

capable of valuing nursing care since they are not capable of conferring professional

autonomy qualifying care and implementing paradigm changes required in modernity by

pediatrics

Keywords Care child health social representation nurse care sistematization

9

RESUMEM

OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaciones Sociales Acerca de la Sistematizacioacuten

de la asistencia de enfermeros que cuidan a los nintildeos 2017 n 167 hojas Tesis (Doctorado)

- Departamento de Enfermeriacutea de la Facultad de Ciencias de la Salud Universidad de

Brasilia Brasilia 2017

Este estudio tuvo como objetivo conocer las Representaciones Sociales de enfermeros

que cuidan de nintildeos hospitalizados sobre la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea

en dos hospitales escolares de la regioacuten oeste de Mato Grosso Se trata de un estudio

cualitativo descriptivo y exploratorio basado en la Teoriacutea de las Representaciones

Sociales de Serge Moscovici realizado con 45 enfermeros que actuaban en la asistencia

al nintildeo hospitalizado En la recoleccioacuten de los datos se utilizaron dos instrumentos el

primero fue constituido por dos partes un cuestionario que posibilitoacute la caracterizacioacuten

de los sujetos y un cuestionario semiestructurado que viabilizoacute la entrevista En el

segundo se utilizoacute la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras (TALP) Para el anaacutelisis de

los datos se realizoacute la caracterizacioacuten de los sujetos utilizando el software Excel 2007

donde fue posible constatar que los participantes eran adultos joacutevenes

predominantemente del sexo femenino y con mano de obra calificada En la segunda

etapa el producto proveniente de la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras fue analizado

por el software EVOC que organizoacute las evocaciones y apuntoacute el probable nuacutecleo central

de la representacioacuten social a partir de dos estiacutemulos Sistematizacioacuten de la Asistencia de

Enfermeriacutea y Actuacioacuten del Enfermero en la SAE Se puede aprehender que frente a la

primera expresioacuten inductora los sujetos evocaron maacutes prontamente las palabras cuidado

enfermeriacutea y organizacioacuten que reflejan la dimensioacuten de las acciones de enfermeriacutea en la

atencioacuten al nintildeo siendo el propio cuidado el probable nuacutecleo central que estructura la

representacioacuten Y remite la verdadera competencia del enfermero Para expresioacuten

inductora Actuacioacuten del enfermero en la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea

las palabras conocimiento humanizacioacuten e importante constituyeron el probable nuacutecleo

central reflejando el entendimiento del grupo sobre las funciones desarrolladas por el

enfermero al sistematizar el cuidado En la tercera etapa los contenidos verbales

provenientes de las entrevistas fueron analizados utilizando el software Alceste En el

anaacutelisis surgieron dos ejes que organizaron el contenido de las representaciones sociales

de los participantes del estudio El primer eje fue compuesto por una clase e hizo

referencia a la dimensioacuten teoacuterica sobre la SAE El segundo eje fue organizado por cuatro

clases y hace mencioacuten la dimensioacuten praacutectica de la SAE Se ha aprendido que las

representaciones teoacutericas no parecen suficientes para anclar la praacutectica asistencial

sentildealando la existencia de importantes discrepancias entre las representaciones de esas

dos dimensiones Estas representaciones no contribuyen al establecimiento de una

realidad capaz de valorar el cuidado de enfermeriacutea pues no son capaces de conferir

autonomiacutea profesional calificar el cuidado e implementar cambios de paradigmas

requeridos en la modernidad por la pediatriacutea

Palabras clave cuidado salud infantil representacioacuten social sistematizacioacuten de la

asistencia de enfermeriacutea

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 A natureza dos cuidados ldquocarerdquo por Colliegravere 199928

Quadro 2 Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989) 32

Quadro 3 Caracteriacutesticas das Abordagens de Assistecircncia agrave Crianccedila 55

Quadro 4 Caracteriacutesticas do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico 72

Quadro 5 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 89

Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do

Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 96

11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta

41

Figura 2 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Alfaro - Levefre 43

Figura 3 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo88

Figura 4 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoAtuaccedilatildeo do enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 95

Figura 5 Dendograma do corpus das representaccedilotildees sociais da SAE organizado em cinco

classes e dois eixos 104

Figura 6 Dendograma com os tiacutetulos dos eixos e classes das dimensotildees juntamente com

as palavras destacadas 105

12

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na instituiccedilatildeo

Caacuteceres ndashMT201585

Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo setor de

atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015 87

13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash MT2015

84

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes

12345 geradas pelo Alceste 104

14

LISTA DE SIGLAS

AFC Anaacutelise Fatorial de Correspondecircncia

ALCESTE Anaacutelise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de um Texto

ANVAR Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo agrave Pesquisa

CEPUNEMAT Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade do Estado de Mato

Grosso

CHD Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente

CNRS Centro Nacional Francecircs de Pesquisa Cientifica

CNS Conselho Nacional de Sauacutede

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

COREN Conselho Regional de Enfermagem

DCNENF Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem

EVOC Ensemble de Programm EspermettantlrsquoAnalyse decircs Evocations

MAE Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem

MS Ministeacuterio da Sauacutede

PE Processo de Enfermagem

RS Representaccedilotildees Sociais

SAE Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TALP Teste de Anaacutelise de Palavras

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TRS Teoria da Representaccedilatildeo Social

UCE Unidades de Contexto Elementar

UCI Unidade de Contexto Inicial

UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso

UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

UTIP Unidade de Terapia Intensiva Pediaacutetrica

15

SUMAacuteRIO

Apresentaccedilatildeo17

Introduccedilatildeo 19

1 Revisatildeo de Literatura 24

11 O Cuidado de Enfermagem 24

12 Trajetoacuteria de Construccedilatildeo de um Meacutetodo Sistematizado 29

13 A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem no Brasil ndash Aspectos Legais

35

14 Estrutura e Organizaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 37

141 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem 39

15 Dificuldades para a Implantaccedilatildeo e Desenvolvimento da SAE 45

16 A Evoluccedilatildeo do cuidado agrave Crianccedila 49

161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila 57

162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila 59

2 Referencial Teoacuterico 63

21 A teoria das Representaccedilotildees Sociais - Origem Conceitos e Definiccedilotildees 63

212 Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e Ancoragem

66

213 A Teoria do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico em Representaccedilotildees Sociais 69

3 Meacutetodo 73

31 Tipo de Estudo 73

32 Local de Estudo 73

33 Sujeitos de Estudo 75

34 Coleta de Dados 76

35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados 77

36 Aspectos Eacuteticos 81

4 Resultados e Discussatildeo 83

41 Conhecendo os Enfermeiros do Estudo que Cuidam de Crianccedilas

83

4 2 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas

88

16

421 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor

SAE88

422 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo

do Enfermeiro na SAE94

43 Conhecendo o conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem 103

44 As Dimensotildees do conhecimento e Praacutetica da SAE agrave Crianccedila Hospitalizada 106

441 Eixo 1 A Dimensatildeo do conhecimento sobre a SAE 106

442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a SAE 113

5 Consideraccedilotildees Finais 135

Referecircncias 139

Apecircndice A ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 161

Apecircndice B ndash Roteiro para Entrevista 163

Apecircndice C ndash Teste de Associaccedilatildeo Livre de Palavras 164

Anexo 1 - Parecer Consubstanciado do CEP 167

17

APRESENTACcedilAtildeO

Meu interesse pelo cuidado agrave crianccedila foi despertado ainda durante minha

formaccedilatildeo acadecircmica Em primeiro lugar foi minha paixatildeo despertada por meio das

especificidades da disciplina Sauacutede da Crianccedila aproximando a razatildeo da ciecircncia com a

emoccedilatildeo e a vibraccedilatildeo do luacutedico depois foi minha primeira aacuterea de experiecircncia

profissional onde cresci como enfermeira conquistei espaccedilos e fiz viacutenculos que se

projetam em minha trajetoacuteria profissional

A possibilidade de fazer parte da vida de uma crianccedila acompanhando seu

crescimento e desenvolvimento prevenindo doenccedilas e assistindo a famiacutelia durante as

dificuldades do processo sauacutede doenccedila eacute o que me fascina e manteacutem neste campo de

atuaccedilatildeo ateacute o momento

Hoje como docente me dedico a preparar meus alunos para se sensibilizarem e

realizarem um cuidado de enfermagem diferenciado a esta clientela individualizado e

organizado em um projeto terapecircutico que inclui a famiacutelia como parte integrante e

responsaacutevel pelo processo Uma das estrateacutegias que utilizo para atingir este propoacutesito eacute o

estiacutemulo a praacutetica do cuidado baseado no planejamento das accedilotildees de forma a atender as

necessidades especiacuteficas de cada crianccedila reduzindo o estresse relacionado ao processo

de adoecimento e internaccedilatildeo

Nessa linha argumentativa vislumbro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem (SAE) o caminho que o enfermeiro possui natildeo soacute para a humanizaccedilatildeo do

cuidado mas para o alcance de resultados especiacuteficos estiacutemulo a autoanaacutelise das accedilotildees

desenvolvidas e o iniacutecio de reflexotildees que conduzem a melhorias impactantes para a

enfermagem a crianccedila e sua famiacutelia

Acredito que organizar e fortalecer os referenciais assistenciais e o sentido do

cuidado de enfermagem prestado agrave crianccedila contribuiraacute para a reduccedilatildeo das iatrogecircnicas

tempo de internaccedilatildeo e agravos responsaacuteveis pelo aumento das taxas de morbimortalidade

neonatal e infantil bem como estimular conhecimento cientiacutefico da profissatildeo

Espero que as reflexotildees advindas neste estudo atraveacutes da compreensatildeo das RS da

SAE no cuidado agrave crianccedila de dois hospitais escolas da regiatildeo oeste do Mato Grosso (MT)

possam geram benefiacutecios aleacutem das fronteiras do meu Estado estimulando a discussatildeo

sobre a importacircncia de um meacutetodo sistemaacutetico e operacional no planejamento das accedilotildees

18

de enfermagem fortalecendo o conhecimento proacuteprio da categoria e ressignificando a

praacutetica assistencial agrave crianccedila

19

INTRODUCcedilAtildeO

Desde a deacutecada de 70 observa-se uma tendecircncia crescente na enfermagem pela busca

de atividades relacionadas agrave organizaccedilatildeo e planejamento de seus serviccedilos Os avanccedilos

cientiacuteficos associados agrave aacuterea do conhecimento da sauacutede estimulam a busca por processos

mais dinacircmicos e cooperacionais que valorizem as diferentes concepccedilotildees do ser humano

e que sejam capazes de integrar as vaacuterias dimensotildees do cuidado de forma inovadora e

criativa (NASCIMENTO KC BACKES KOERICH ERDMANN 2008)

A enfermagem utiliza um modelo de processo de trabalho que sistematiza a

assistecircncia e direciona o cuidado permitindo seguranccedila autonomia profissional e

qualidade das accedilotildees desenvolvidas denominado Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem - SAE Este meacutetodo objetiva a identificaccedilatildeo das necessidades do cliente

apresentando uma proposta de accedilotildees individualizadas de atendimento que eacute

implementada por todos os membros da equipe de enfermagem Trata-se de um processo

dinacircmico e que requer na praacutetica conhecimento teacutecnico-cientiacutefico (ALFARO-LEFEVRE

2000) (SALVADOR SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015)

A SAE constitui um instrumento flexiacutevel sustentado por accedilotildees reaccedilotildees e contiacutenuas

construccedilotildees que envolvem o profissional enfermeiro e seus clientes fundamentando a

tomada de decisatildeo a organizaccedilatildeo do cuidado e a construccedilatildeo do conhecimento a partir da

praacutetica Eacute capaz de organizar o trabalho da equipe de enfermagem em todos os niacuteveis de

sauacutede ao paciente famiacutelia ou comunidade (HORTA 1979)

A resoluccedilatildeo 358-2009 do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN que dispotildeem

sobre a implementaccedilatildeo da SAE considera que a mesma organiza o trabalho do

profissional frente ao meacutetodo sua equipe e instrumentos operacionalizando o processo

de enfermagem

Nesse enfoque a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem enquanto

metodologia cientiacutefica propotildee-se a ldquoorganizar o cuidadordquo Este objetivo eacute alcanccedilado a

partir da utilizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem (PE) meacutetodo de abordagem ao cliente

construiacutedo ou selecionado a partir de um referencial teoacuterico que possibilita e fornece

subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila as alteraccedilotildees riscos e potencialidades no

estado de sauacutede dos seus clientes (CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)

O PE pode ser denominado ainda como Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem

Processo de Enfermagem Processo de Cuidado Metodologia do Cuidado Processo de

20

Assistir Consulta de Enfermagem Seja qual for o termo utilizado trata-se de uma

organizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

Eacute uma ferramenta de grande importacircncia para a individualizaccedilatildeo do cuidado e

para subsidiar a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo da assistecircncia com base em um raciociacutenio cliacutenico

registrado de forma organizada Sua vinculaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica oferece ao enfermeiro

possibilidade de diagnosticar situaccedilotildees de sua responsabilidade e assim controlar as

mudanccedilas de estado (ALFARO-LEFEVRE 2005) (CHRISTOVAM PORTO

OLIVEIRA 2012)

Como metodologia ele proporciona as evidecircncias para embasar as accedilotildees apontar

e justificar as seleccedilotildees de determinados problemas e direcionar as atividades de cada um

dos integrantes da equipe de enfermagem aleacutem de ser um meacutetodo de registro das accedilotildees

fato que contribui para sua continuidade e visibilidade do cuidado (WESTPHALEN

CARRARO 2001)

Correlacionando o PE e o cuidado da crianccedila em ambiente hospitalar eacute importante

frisar que o modelo de cuidado utilizado pela enfermagem pediaacutetrica no Brasil atualmente

estaacute pautado na humanizaccedilatildeo da assistecircncia e tem como base as poliacuteticas puacuteblicas de

sauacutede adotadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) na perspectiva da universalidade

equidade e integralidade com a utilizaccedilatildeo de tecnologias e a valorizaccedilatildeo de crenccedilas e

modos de vida (COLETT 2001) (GAIacuteVA SCOCHI 2004) (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Considera-se entatildeo que o cuidado prestado deve estar aliado a uma visatildeo

humanista e que contemple essa atenccedilatildeo em relaccedilatildeo ao contexto social cultural e

econocircmico no qual estatildeo inseridos a crianccedila e sua famiacutelia

Em virtude das especificidades da assistecircncia pediaacutetrica que associa a intervenccedilatildeo

adequada ao niacutevel do crescimento e desenvolvimento infantil os trabalhadores de

enfermagem que prestam cuidados a este periacuteodo da vida independente do seu grau de

qualificaccedilatildeo enfrentam um quotidiano de trabalho com muitas exigecircncias e cobranccedilas

Nestes espaccedilos de atendimento a crianccedila e de trabalho multidisciplinar o

enfermeiro precisa de boa articulaccedilatildeo para estabelecer conexotildees com os saberes e

intervenccedilotildees distintas dos diversos profissionais da equipe Para Gaiacuteva e Scochi (2004)

o conhecimento deve ser compartilhado e experienciado principalmente em virtude das

caracteriacutesticas de vulnerabilidade do receacutem-nascido penso que esta conduta tambeacutem

deve se estender ao atendimento a todas as fases da infacircncia Salienta-se que um meacutetodo

21

rigoroso de trabalho se faz necessaacuterio para alcanccedilar tais objetivos facilitando as tomadas

de decisotildees que levam a melhora do quadro cliacutenico do cliente respeitando o envolvimento

familiar

Essa argumentaccedilatildeo eacute ratificada por autores que analisam que a enfermagem que

atua no cuidado agrave crianccedila deve exercer a sua funccedilatildeo utilizando meacutetodo cientiacutefico rigoroso

investigando avaliando planejando e realizando procedimentos que favoreccedilam o bem-

estar do cliente e sua famiacutelia e para atingir tal objetivo eacute necessaacuterio que o enfermeiro

esteja inserido na rede social de cuidados de forma consciente competente tanto teacutecnica

quanto cientificamente (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA 2010)

Nessa perspectiva a SAE oferece respaldo seguranccedila e o direcionamento para o

desempenho das atividades contribuindo para a credibilidade competecircncia e visibilidade

da Enfermagem e consequentemente para a autonomia e satisfaccedilatildeo profissional A SAE

eacute um caminho de autonomia para a profissatildeo pois ela representa uma estrateacutegia

reconhecida por permitir uma aproximaccedilatildeo do enfermeiro ao paciente tanto no momento

da sua elaboraccedilatildeo quanto na prestaccedilatildeo do cuidado por exigir conhecimento cientiacutefico

responsabilidade e compromisso profissional (NEVES 2010) (MENEZES PRIEL

PEREIRA 2011) (VITURI EacuteVORA 2015)

Entretanto minha experiecircncia como docente o contato com colegas de profissatildeo

atuantes na assistecircncia hospitalar e a leitura de publicaccedilotildees da aacuterea atentam para um

cenaacuterio onde se faz necessaacuterio uma maior sensibilizaccedilatildeo quanto ao emprego da SAE pelo

enfermeiro Observo uma fragmentaccedilatildeo no processo do cuidar em virtude da dicotomia

entre o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro e sua atividade praacutetica no mundo do trabalho

Falta consonacircncia entre o aprendido e o vivenciado o que favorece a perdas no referencial

pelo natildeo uso ou uso parcelado da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

A ausecircncia desta metodologia assistencial no cuidado agrave crianccedila transforma as

praacuteticas de enfermagem durante a internaccedilatildeo em meras replicaccedilotildees procedimentais ou

seja a teacutecnica pela teacutecnica (fazer sem saber) ou ateacute mesmo falhas na implementaccedilatildeo

destas como o uso de foacutermulas preacute-determinadas (fazer por fazer) natildeo individualizadas

Andrade e Vieira (2005) apontam algumas situaccedilotildees como possiacuteveis causas do

pouco ou natildeo uso da SAE nos estabelecimentos de sauacutede a falta de base cientiacutefica

conhecimento habilidade e atitudes para a fiel implementaccedilatildeo o nuacutemero reduzido de

enfermeiros nos serviccedilos o envolvimento dos enfermeiros em processos administrativos

em detrimento ao processo assistencial

22

Apoacutes um periacuteodo de reflexatildeo sobre a temaacutetica e associando-a ao ambiente e as

exigecircncias do cuidado agrave crianccedila questionei Quais seriam as causas para o natildeo uso da PE

pelos enfermeiros que assistem crianccedilas Qual a importacircncia atribuiacuteda a esta praacutetica pelos

enfermeiros pediaacutetricos Qual a representaccedilatildeo social da SAE para enfermeiros que

trabalham em setores com caracteriacutesticas tatildeo especiacuteficas

Eacute de fundamental importacircncia que toda a equipe de enfermagem compreenda e

incorpore o meacutetodo cientiacutefico no desenvolvimento do processo de cuidar cotidiano

gerando a sua competecircncia profissional Entende-se que a percepccedilatildeo da SAE pela equipe

que presta cuidado agrave crianccedila influencie na atividade terapecircutica favorecendo o bem-estar

e reforccedilando-a como uma praacutetica baseada em evidencias

Considerando a SAE como uma construccedilatildeo social para a enfermagem e aceitando

que os diversos indiviacuteduos constroem e reconstroem seus conhecimentos segundo suas

representaccedilotildees sociais sobre o objeto a partir de sentimentos atitudes conhecimentos

comportamentos e experiecircncias vivenciadas se faz necessaacuterio apreender qual a

representaccedilatildeo social a cerca desta ferramenta que subsidia as praacuteticas cotidianas do

enfermeiro no ambiente de cuidado a crianccedila

Ambiente este que em virtude das suas peculiaridades e singularidades requer uma

dinacircmica assistencial uacutenica com o uso de diversos tipos de tecnologias algumas

exclusivas e atreladas as especificidades de um corpo ainda em desenvolvimento As

representaccedilotildees sociais natildeo implicam sempre uma perspectiva de intervenccedilatildeo mas toda

intervenccedilatildeo supotildee necessariamente se considerar as representaccedilotildees sociais (RANGEL

2004)

Dessa forma por apresentar vaacuterias faces e um caraacuteter multidisciplinar a Teoria

das Representaccedilotildees Sociais - TRS inaugurada por Moscovici (1962) tem contribuiacutedo

bastante nas investigaccedilotildees da aacuterea de sauacutede pois revela grande utilidade particularmente

na enfermagem Em decorrecircncia da sua relevacircncia social da sua composiccedilatildeo polimorfa

que contempla conceitos proposiccedilotildees explicaccedilotildees originadas na vida cotidiana no curso

de comunicaccedilotildees interpessoais tecida por um conjunto de elementos de natureza diversa

como os processos cognitivos inserccedilotildees sociais fatores afetivos e sistema de valores

(SAacute 2002)

Diante destas consideraccedilotildees iniciais entende-se ser importante e justificaacutevel

proceder um estudo que desvele os processos de elaboraccedilatildeo organizaccedilatildeo e

funcionamento das Representaccedilotildees Sociais da SAE no atendimento a crianccedila pelos

23

enfermeiros Espera-se contribuir para a melhoria do cuidado prestado pois a

compreensatildeo das relaccedilotildees entre o conhecimento e a praacutetica assistencial nessa fase da vida

permeadas pelas crenccedilas e valores dos envolvidos possa fortalecer o profissional

enfermeiro garantindo-lhe autonomia e qualidade assistencial

Dessa forma este estudo tem como objetivo geral Conhecer as representaccedilotildees

sociais acerca da SAE de enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em hospitais

Pretende-se ainda atingir os seguintes objetivos especiacuteficos

1 Apreender o conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos enfermeiros acerca

SAE

2 Apreender a estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos enfermeiros

acerca da SAE

3 Identificar onde e como as representaccedilotildees foram forjadas

4 Identificar o grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE

5 Apontar quais os aspectos facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo

da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado a crianccedila

O texto esta estruturado em cinco partes organizando-se da seguinte forma

Parte I ndash Revisatildeo de Literatura Com a finalidade principal de apresentar

os conceitos a partir de uma breve discussatildeo teoacuterica do problema

Parte II - Referencial Teoacuterico Com a intenccedilatildeo principal de apresentar o

constructo teoacuterico e de validar a dimensatildeo interna da pesquisa

Parte III ndash Meacutetodo expotildee o caminho metodoloacutegico seguido a fim de

apreender as representaccedilotildees sociais relacionadas agrave SAE

Parte IV ndash Resultados e Discussatildeo revela de forma detalhada os

resultados obtidos caracterizando os personagens e explicando as

representaccedilotildees do grupo acerca da SAE aproximaccedilotildees e dificuldades

encontradas no ambiente para o desenvolvimento desta

Parte V ndash Conclusatildeo apresenta respostas aos objetivos desta pesquisa e

reflexotildees a respeito das dimensotildees que permeiam as representaccedilotildees sociais

da SAE no atendimento de crianccedilas

24

1REVISAtildeO DE LITERATURA

11 O CUIDADO DE ENFERMAGEM

A Enfermagem eacute uma arte e para realiza-la como arte

requer uma devoccedilatildeo tatildeo exclusiva um preparo tatildeo

rigoroso quanto a obra de qualquer pintor ou escultor

pois o que eacute tratar da tela morta ou do frio maacutermore

comparado ao tratar do corpo vivo o templo do espiacuterito

de Deus Eacute uma arte poder se ia dizer a mais bela das

artes

(Florence Nightingale)

Falar do cuidado eacute falar da histoacuteria de como fomos e somos cuidados o que

evidencia a dimensatildeo ontoloacutegica do cuidado elemento constituinte do ser humano Trata-

se para Heidegger (1989) do solo em que se move toda a interpretaccedilatildeo do ser humano

em sua visatildeo humanista natildeo sendo possiacutevel compreender o ser humano se natildeo nos

basearmos no cuidado O cuidado do outro requer uma atitude fundamental um modo de

agir em que a pessoa se desvincula de si proacutepria e centra-se no outro com desvelo e

solicitude (HEIDEGGER 2008)

Podemos afirmar que o ser humano eacute essencialmente um ser de necessidades a

serem satisfeitas e por isso um ser em busca de cuidado gregaacuterio social sujeito histoacuterico

que constroacutei relaccedilotildees sociais inseridas nas mais diversas condiccedilotildees culturais (BISON

2003)

O ser humano vem dotado de sacralidade dados os seus inalienaacuteveis direitos e

deveres e evolui constantemente rumo ao futuro Na trajetoacuteria histoacuterica do seu viver

molda-se mediante a cultura o meio ambiente o grupo social a que pertence introjetando

valores princiacutepios e idealizaccedilatildeo que daratildeo suporte a suas atitudes accedilotildees e opiniotildees

(BOFF 1999)

Como uma atitude e caracteriacutestica primeira do ser humano o cuidado revela a

natureza humana eacute a maneira mais concreta de ser humano Sem o cuidado o homem

deixa de ser humano desestrutura-se definha perde o sentido e morre Se ao longo da

vida natildeo fizer com cuidado tudo o que empreender acaba por prejudicar a si mesmo e

por destruir o que estiver a sua volta (BOFF 1999)

O cuidado apenas aparece quando a existecircncia de algueacutem adquire significado

Nesse sentido passamos a cuidar participar do destino do outro de suas buscas

sofrimentos e sucessos (BOFF 1999) Eacute um fenocircmeno culturalmente construiacutedo pois

25

cada povo tem sua maneira proacutepria de definir compreender e expressaacute-lo (LEININGER

1978) Eacute accedilatildeo de manutenccedilatildeo agrave vida que garante a satisfaccedilatildeo de um conjunto de

necessidades indispensaacuteveis mas que satildeo diversificadas na sua manifestaccedilatildeo (LIMA

VARGENS QUITETE MACEDO SANTOS 2008)

Para Horaacutecio (65-8 AC) apud Heidegger (2008) o cuidado eacute o permanente

companheiro do ser humano que nunca deixaraacute de amar e desse desvelar por algueacutem O

cuidado permite ao ser humano viver a experiecircncia fundamental do valor daquilo que o

cerca que tem importacircncia e definitivamente conta ou seja o valor intriacutenseco de cada

coisa

A expressatildeo cuidadocuidar tem inuacutemeros sentidos Na definiccedilatildeo de Aureacutelio

(2016) cuidado eacute sinocircnimo de atenccedilatildeo zelo desvelo responsabilidade por preocupaccedilatildeo

para com algueacutem Em Volichi (2000) tem se a descriccedilatildeo etimoloacutegica do termo mediante

diferentes culturas

1) Do latim cura tem o significado de desvelo de preocupaccedilatildeo e de inquietaccedilatildeo

pela pessoa ou objeto amado cogitare ndash cogitatus que significa cogitar

pensar mostrar interesse solicitude atenccedilatildeo bom trato

2) Do inglecircs arcaico carion tem o sentido de ter preocupaccedilatildeo sentir inclinaccedilatildeo

dar preferecircncia respeitar considerar ter afeto ter simpatia

3) Do termo goacutetico KaraKaron expressando afliccedilatildeo pesar tristeza

O verbo cuidar em portuguecircs denota atenccedilatildeo cautela desvelo zelo Assume ainda

caracteriacutesticas de sinocircnimo de palavras como imaginar meditar empregar atenccedilatildeo ou

prevenir-se Representa mais que um momento de atenccedilatildeo Eacute na realidade uma atitude de

preocupaccedilatildeo ocupaccedilatildeo responsabilizaccedilatildeo e envolvimento afetivo com o ser cuidado

(REMEN 1993 BOFF 1999 WALDOW 2001 SILVA et al 2001)

Desta forma compreende-se entatildeo que o cuidado eacute necessaacuterio aos seres humanos

a fim de permitir a continuidade da vida das pessoas dos grupos e das sociedades

pressupotildee-se que sua origem esteja relacionada a qualquer pessoa que ajude outra a ter

garantida a manutenccedilatildeo da sua vida e natildeo a um ofiacutecio ou profissatildeo (COLLIEgraveRE 1999)

Assim em seu sentido mais original o cuidado natildeo tem nenhuma relaccedilatildeo com

profissatildeo eacute uma praacutetica (COLLIEgraveRE 1999) Por profissatildeo entende-se como uma

ocupaccedilatildeo cujas obrigaccedilotildees criam e utilizam de forma sistemaacutetica o conhecimento geral

acumulado na soluccedilatildeo de problemas postulados por um cliente (MACHADO 1995)

26

O cuidado natildeo eacute proacuteprio ou privativo de nenhuma praacutetica profissional para

caracterizar-se como cuidado de enfermagem eacute necessaacuteria a apropriaccedilatildeo do cuidado

humano nato poreacutem com a intencionalidade da accedilatildeo (FILHO1997)

A praacutetica de cuidar na Enfermagem nasceu como intuiccedilatildeo feminina no seio

familiar para depois caminhar na direccedilatildeo de tornar-se uma ciecircncia humanizada

respaldada inicialmente no conhecimento de outras ciecircncias para mais recentemente

procurar fundamentaccedilatildeo em teorias proacuteprias ao que se denomina Enfermagem Moderna

(GEOVANINI 2002)

Ao longo dos seus 150 anos de trajetoacuteria desde sua fundaccedilatildeo no seacuteculo XIX a

enfermagem se fortalece como a profissatildeo voltada agrave ldquoarte e ciecircncia do cuidarrdquo Nesse

contexto a enfermagem como ciecircncia agrega e investe sistematicamente na construccedilatildeo

de uma praacutetica baseada em evidecircncias cientificamente apropriado agrave abordagem das

pessoas que necessitam de conforto bem-estar atenccedilatildeo e aliacutevio dos sofrimentos

(CESTARI 2003)

Jaacute a componente arte expressa o encontro do self com a intuiccedilatildeo com a

criatividade com a imaginaccedilatildeo (re) valorizando o ser e suas interaccedilotildees com a vida A

enfermagem ao adentrar no campo esteacutetico possibilita uma nova visatildeo sobre a praacutetica da

profissatildeo e sua relaccedilatildeo com a complexidade do ser humano Estabelece uma visatildeo

transpessoal sobre o cuidado direcionando-o para uma maior harmonia perfeiccedilatildeo e

evoluccedilatildeo assim como aquela estabelecida durante a concepccedilatildeo de qualquer atividade

artiacutestica (WALDO 2001)

O cuidado de enfermagem estaacute na maioria das vezes ligado ao conceito de sauacutede

e doenccedila uma breve revisatildeo das definiccedilotildees conceituais de cuidado e cuidar indicam esse

entrelaccedilamento descrito por diferentes teoristas

Para Peplau (1992) a enfermagem eacute terapecircutica pois auxilia o indiviacuteduo doente

eou necessitado de cuidados atraveacutes da relaccedilatildeo interpessoal apresentandondashse como um

agente especialmente preparado para reconhecer essa necessidade de ajuda e a ela

responder Newman (1991) afirma que a enfermagem eacute o estudo do cuidar na experiecircncia

de sauacutede humana Henderson (1973) insere o indiviacuteduo como foco do cuidado sendo a

enfermagem o instrumento para auxiliaacute-lo atraveacutes de atividades fundamentais que

mantenham a sauacutede recuperem-na ou contribuam para uma morte digna (POTTER

PERRY 2004)

27

O cuidado como conduta implica uma gama de atitudes e sentimentos que

permitem a quem o executa e a quem o recebe uma interaccedilatildeo capaz de produzir efeitos

extremamente beneacuteficos para ambas as partes

O cuidado de Enfermagem eacute expresso atraveacutes da garantia do aliacutevio do sofrimento

e manutenccedilatildeo da dignidade em meio agraves experiecircncias de sauacutede doenccedila vida e morte O

cuidado humano dispensado pelo enfermeiro deve atingir aleacutem dos clientes e seus

familiares a sua equipe de modo a garantir melhor relacionamento interdependecircncia

coesatildeo e competecircncia (WALDOW 2001)

Portanto o cuidado de enfermagem consiste em accedilotildees em defesa de um

funcionamento comportamental adequado que previna a doenccedila ou caso de algum

desequiliacutebrio ofereccedila uma assistecircncia que conduza a homeostase (BISON 2003)

Ele eacute complexo e demarcado por um amplo cenaacuterio de possiacuteveis accedilotildees O cuidado

de enfermagem eacute universal multidimensional e singular considerando os sistemas social

econocircmico e cultural dos envolvidos (COLLIEgraveRE 1999)

O cuidado compotildee a linguagem da enfermagem e ao visualizaacute-lo como um modo

de ser relacional e contextual caracteriza-se como a uacutenica accedilatildeo verdadeiramente

independente do enfermeiro (WALDOW 2015) Para conferir autonomia profissional o

ato de cuidar deve ser organizado de forma a respeitar a singularidade da experiecircncia do

adoecer e viver e significar um conjunto de relaccedilotildees e interaccedilotildees entre os indiviacuteduos

envolvidos no processo (FERREIRA PEREIRA SOUZA ALMEIDA 2016)

Portanto a atuaccedilatildeo da enfermagem esta compreendida em uma zona de intercessatildeo

entre o cuidado e o tratamento E embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo

de uma teacutecnica satildeo na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis

que presidem a sauacutede com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e

essenciais tanto para a manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)

Gamboa (1997) preconiza que cuidar natildeo eacute um ato uacutenico nem mesmo a soma de

procedimentos teacutecnicos ou qualidades humanas Trata-se do resultado de um processo em

que se conjugam sentimentos valores atitudes e princiacutepios cientiacuteficos com a finalidade

de satisfazer os indiviacuteduos nele envolvidos

Portanto para que o cuidado ocorra eacute mister que a intenccedilatildeo do cuidador fique

clara ou melhor seja demonstrada genuinamente por palavras e accedilotildees Esta accedilatildeo eacute repleta

de sensibilidade delicadeza solidariedade e profissionalismo pois deve excluir

preconceitos de qualquer ordem e utilizar a relaccedilatildeo interpessoal como base entre seres

28

humanos (WALDOW 2001) Nesse sentido o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai

aleacutem de procedimentos teacutecnicos engloba envolvimento e compromisso com o outro

tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada (HEIDEGGER 2008)

De acordo com Colliegravere (1999) os cuidados de enfermagem organizam-se em

duas tendecircncias segundo a sua natureza os cuidados de manutenccedilatildeo (care) que se

caracterizam por um conjunto de accedilotildees que asseguram a continuidade da vida e os

cuidados de reparaccedilatildeo ou tratamento (cure) que se organizam em torno de um conjunto

de accedilotildees dispensadas quando a vida se depara com algum obstaacuteculo Ambos satildeo

necessaacuterios para a manutenccedilatildeo humana poreacutem mudam de foco de acordo com o contexto

da sauacutede ou da doenccedila constituindo o fazer da enfermagem (COLLIEgraveRE 1999

BORGES 2011)

Quanto agrave natureza os cuidados (care) satildeo descritos no Quadro 1

Quadro 1- A natureza dos cuidados (care)

CUIDADOS CARE

Cuidados de

estimulaccedilatildeo

Despertam as capacidades fundamentais da vida seja no iniacutecio

(como mamar e respirar) ou apoacutes situaccedilotildees que diminuiacuteram essas

capacidades (como voltar a andar apoacutes um periacuteodo de coma)

Cuidados de

confortaccedilatildeo

Que fortalecem a seguranccedila fiacutesica e afetiva permitindo

aquisiccedilatildeo de confianccedila e favorecendo a renovaccedilatildeo e a integraccedilatildeo

da experiecircncia

Cuidados de parecer Que promovem a imagem de si proacuteprio e o sentimento de

pertenccedila ao grupo e satildeo fundamentais para manter o desejo de

comunicaccedilatildeo e partilha

Cuidados de

compensaccedilatildeo

Que substituem aquilo que ainda natildeo foi totalmente adquirido ou

que foi perdido assegurando as funccedilotildees vitais

Cuidados de

manutenccedilatildeo da vida

Que atendem agraves necessidades da vida cotidiana como lavar-se e

vestir-se

Cuidados de

apaziguamento

Que permitem o aliacutevio da dor e contribuem para superar melhor

os momentos de grande sofrimento facilitando a melhor

utilizaccedilatildeo dos recursos fiacutesico-afetivos e atenuando a repercussatildeo

psicomental desses momentos

Fonte Colliegravere 1999

29

A doenccedila eacute o campo de atuaccedilatildeo do enfermeiro nos cuidados (cure) Nesse domiacutenio

diferentes niacuteveis de responsabilidade satildeo estruturados 1 - atuaccedilatildeo com total autonomia

que depende apenas da decisatildeo e iniciativa do enfermeiro 2 - atuaccedilatildeo que estaacute acoplada

agrave prescriccedilatildeo do meacutedico ligado ao diagnoacutestico e tratamento da doenccedila e 3 - atuaccedilatildeo onde

as responsabilidades satildeo compartilhadas e que depende do enfermeiro para execuccedilatildeo do

tratamento (COLLIEgraveRE 1999)

Eacute necessaacuterio a distinccedilatildeo da natureza dos dois tipos de cuidado e a compreensatildeo de

que ambos satildeo importantes para o bem estar completo do indiviacuteduo natildeo devendo haver

a valorizaccedilatildeo de um sobre o outro Colliegravere (1999) considera

Quando haacute prevalecircncia do cure em sobre o care isto eacute dos

cuidados de reparaccedilatildeo negligenciando os cuidados cotidianos e

habituais haacute aniquilaccedilatildeo progressiva de todas as forccedilas vivas

da pessoa de tudo que a faz desejar reagir porque haacute

esgotamento das fontes de energia vital sejam de que natureza

forem (fiacutesica afetiva social etc) Esta aniquilaccedilatildeo pode ir ateacute

a deterioraccedilatildeo irreversiacutevel

Neste sentido a enfermagem assume uma dimensatildeo holiacutestica estabelecendo-se

como uma praacutetica de cuidado integralizadora auxiliando a fortalecer os viacutenculos entre o

sentir saber- fazer (WALDO 2001)

Salienta-se entatildeo que o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai aleacutem de

procedimentos teacutecnicos englobando o envolvimento e o compromisso com o outro

tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada Situado numa relaccedilatildeo com tudo o que

melhora as condiccedilotildees que favorecem a promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando

limitar a doenccedila e por outro em relaccedilatildeo a tudo que recupera revitaliza a pessoa doente

(BORGES 2011)

12 A TRAJETOacuteRIA DE CONSTRUCcedilAtildeO DE UM MEacuteTODO SISTEMATIZADO

A Enfermagem enquanto arte do cuidado eacute voltada agrave assistecircncia do indiviacuteduo e

das pessoas a ele relacionadas no ambiente em que estatildeo inseridos promovendo-lhes

sauacutede prevenindo agravos reabilitando e melhorando seu estado fiacutesico e mental

oferecendo-lhes conforto e respeitando sua singularidade e dignidade (HORTA 1979)

As relaccedilotildees da enfermagem com o cuidado satildeo antigas e no desenvolvimento da

profissatildeo vaacuterios paradigmas influenciaram essa relaccedilatildeo

30

O processo histoacuterico do cuidado coincidiu com a origem das espeacutecies vivas

Historicamente as mulheres satildeo os primeiros seres a praticar a medicina no sentido de

tratamento e cura em virtude das praacuteticas de agricultura que lhes conferiu a capacidade

de tratar medicar e cuidar As praacuteticas domeacutesticas determinadas pela divisatildeo sexual do

trabalho como a dedicaccedilatildeo agrave casa famiacutelia os cuidados aos idosos entre outras

capacitam a mulher em garantir ou compensar funccedilotildees vitais desde o nascimento ateacute a

morte Satildeo nas atividades de cuidar do outro que as mulheres inicialmente expressam uma

forma de relaccedilatildeo com o mundo (WALDOW 2001)

As lutas com a finalidade de assegurar a continuidade da vida utilizando-se da

proteccedilatildeo reflexa e instintiva fez o cuidado feminino se tornar objeto do xamatilde ou

feiticeiro depois do sacerdote e mais tarde do meacutedico (OGUISSO 2005)

Sobre influecircncia religiosa o cuidar foi centrado na disciplina e obrigaccedilatildeo em

realizar tarefas (CARNEIRO 2008) Dando inicialmente agrave profissatildeo uma aproximaccedilatildeo

cultural com esse cuidado natildeo profissionalizado A este respeito Alcacircntara (1963) apud

Oguisso (2005) fez referecircncias identificando o cuidado caritativo como valorizado pela

sociedade e o cuidado profissionalizado como desprestigiado Kruse (2006) afirma que

nesse momento ldquocristatildeordquo da enfermagem a atenccedilatildeo dedicada aos doentes era reconhecida

como missatildeo para alcanccedilar a vida eterna das cuidadoras

Esta prestaccedilatildeo de cuidados que inicialmente era intuitiva em virtude das

caracteriacutesticas do momento evolutivo passa a buscar a rigorosidade dos princiacutepios

cientiacuteficos atraveacutes do desenvolvimento do pensamento criacutetico fazendo com que aspectos

bioloacutegicos do ser humano se transformassem no referencial norteador da assistecircncia

(OGUISSO 2005)

Com o advento cientiacutefico e tecnoloacutegico a enfermagem passa a incorporar agrave sua

praacutetica algumas teacutecnicas e procedimentos passando a seguir normas e regras em

detrimento dos aspectos unicamente humaniacutesticos do cuidado Assim a praacutetica passou a

seguir o modelo biologicista centrado na cura da doenccedila e natildeo no sujeito (BUENO

QUEIROZ 2006)

Neste momento vigorava a valorizaccedilatildeo da teacutecnica pela teacutecnica a competecircncia da

enfermagem estava diretamente ligada agrave destreza manual e agrave rapidez no desempenho dos

procedimentos uma das qualidades do enfermeiro era a subserviecircncia A ausecircncia de

justificativas das accedilotildees desempenhadas e de questionamentos aos ldquoporquecircsrdquo a cada

31

situaccedilatildeo contribuiacuteram para a desvalorizaccedilatildeo do trabalho limitando a Enfermagem a

condutas meramente curativas (GOMES NASCIMENTO ARAUJO 2007)

Entre as deacutecadas de 40 e 60 do seacuteculo XIX a Enfermagem preocupou-se em

fundamentar suas accedilotildees conferindo-lhe cientificidade Segundo Lopes e Santos (2010)

a participaccedilatildeo de Florence Nightingale na Guerra da Crimeacuteia em 1854 foi determinante

para conferir agrave Enfermagem o estatuto soacutecio profissional que lhe faltava Suas accedilotildees

foram tatildeo significativas que originaram profundas mudanccedilas na sauacutede em todo o mundo

Sua habilidade empreendedora instaurou no campo da sauacutede processos de melhoria

contiacutenua baseados no levantamento de dados estatiacutesticos sobre os potenciais riscos de

infecccedilatildeo ou seja a sistematizaccedilatildeo de cuidados diretos com o paciente (BACKES

SCHWARTZ 2005) Com sagacidade e competecircncia Florence reestruturou os serviccedilos

de sauacutede de sua eacutepoca despertando um olhar mais apurado para o cuidar

Florence tambeacutem eacute a responsaacutevel pela fundaccedilatildeo da primeira escola de

enfermagem na Inglaterra aproximando a praacutetica da enfermagem agrave aspectos modernos e

cientiacuteficos e incentivando a criaccedilatildeo de outras escolas de enfermagem Segundo Atkinson

e Murray (1989 p6) ldquoas primeiras escolas nos EUA e Canadaacute praticamente copiaram as

escolas Nightingale da Inglaterrardquo Desta forma estimulou outras enfermeiras a

analisarem a qualidade do trabalho prestado e a re-pensarem a Enfermagem enquanto

profissatildeo

Os avanccedilos na formaccedilatildeo educacional e no cuidado prestado foram determinantes

para a qualificaccedilatildeo da assistecircncia e estimulou as enfermeiras a criarem teorias que

direcionavam as accedilotildees proacuteprias da Enfermagem ou seja a construccedilatildeo de um corpo de

conhecimentos proacuteprio do enfermeiro

Surgiram os Estudos de Caso precursores dos Planos de Cuidados propostos

como uma forma de organizaccedilatildeo e individualizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem A

primeira descriccedilatildeo do meacutetodo de estudo de caso foi publicada no Studentacutes Handbook on

Nursing Case Studies em 1929 por Deborah Maclurg Jensen com o objetivo de guiar o

estudante na elaboraccedilatildeo de estudos de caso na Escola de Enfermagem da Universidade

de Yale (NEVES 2010)

Desta forma o conhecimento proporcionado pelos Planos de Cuidados

influenciou a elaboraccedilatildeo dos processos de enfermagem Nessa eacutepoca tal processo

organizava-se em torno da doenccedila e era do ponto de vista do conhecimento especiacutefico da

enfermagem ldquoum esqueleto sem roupardquo como afirma Gordon (2002)

32

O conceito de Processo de Enfermagem - PE foi introduzido na deacutecada de 1950

como um processo sistematizado compreendendo etapas como histoacuterico planejamento e

evoluccedilatildeo Este tornou-se parte do referencial conceitual de diversos curriacuteculos de

Enfermagem no mundo e estava baseado na observaccedilatildeo e na mensuraccedilatildeo como caminho

para a anaacutelise dos dados (DOENGES MOORHOUSE GEISSLER 2003)

Conforme Pesut e Hermam (1999) apud Neves (2010) o PE tem trecircs geraccedilotildees A

primeira situa-se no decorrer das deacutecadas de 1950 a 1970 quando foi identificada como

problemas e processo A segunda ocorreu entre 1970 a 1990 com a inserccedilatildeo do

diagnoacutestico de enfermagem A terceira geraccedilatildeo situa-se a partir de 1990 seguindo ateacute os

dias de hoje esta geraccedilatildeo realiza todas as etapas do PE fazendo a especificaccedilatildeo e o teste

dos resultados

Nos anos 70 houve uma grande preocupaccedilatildeo da enfermagem com o

desenvolvimento de teorias proacuteprias como um meio de estabelecer a enfermagem como

profissatildeo (HERMIDA 2004) Espiacuterito Santo e Porto (2006) salientam que o

desenvolvimento das teorias representa uma tentativa de ampliaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de

conhecimento como um saber especiacutefico para a Enfermagem Constituem a base da

assistecircncia a ser prestada sustentando as decisotildees do enfermeiro O desenvolvimento

destes modelossistemas conceituais e teorias de enfermagem onde o cerne da

enfermagem tem sua natureza e o escopo refletidos com base em ponto de vista filosoacutefico

forneceu o foco conceitual necessaacuterio ao PE (GORDON 2002)

Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989)

Ano

primeira

publicaccedilatildeo

Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave

1952 Hildegard E

Peplau

Processo interpessoal eacute a forccedila de amadurecimento da

personalidade

1960 Faye G Abdellah

Irene L Beland

Almeda Martin

Ruth V Matheney

Os problemas dos pacientes determinam o cuidado de

enfermagem

1961 Ida Jean Orlando

O processo interpessoal alivia o sofrimento

1964 Ernestine

Weidenbach

O processo de ajuda atende as necessidades atraveacutes da

arte de cuidado individualizado

33

Continuaccedilatildeo Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952

ndash 1989)

Ano

primeira

publicaccedilatildeo

Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave

1966 Lydia E Hall O cuidado de enfermagem eacute dirigido agrave pessoa e voltado

para a auto-estima

1967 Myra E Levine O holismo eacute mantido conservando a integridade

1970 Martha E Rogers O ambiente da pessoa satildeo campos de energia que

evoluem ldquonegentropicalmenterdquo

1971 Dorothea E Orem O autocuidado manteacutem a integralidade

1971 Imogene M King As transaccedilotildees fornecem um paracircmetro de referecircncia em

direccedilatildeo ao estabelecimento de metas

1974 Sr Callista Roy Os estiacutemulos rompem um sistema adaptaacutevel

1976 Josephine G

Paterson

Loretta T Zderad

Enfermagem eacute uma experiecircncia existencial de cuidar

1978 Madeleine M

Leininger

O cuidado eacute universal e varia atraveacutes das diferentes

culturas

1979 Jean Watson O cuidado eacute ideal no sentido moral mente-corpo-alma

engajados um ao outro

1980 Dorothy E

Johnson

Os subsistemas existem em estabilidade dinacircmica

1981 Rosemarie Rizzo

Parse

Seres indivisiacuteveis e ambiente em conjunto criam a sauacutede

1989 Patricia Benner

Judith Wrubel

O cuidado eacute vital para a essecircncia da enfermagem

Estabelece o que eacute importante permitindo conexatildeo e

consciecircncia Cria possibilidade de ajuda muacutetua

Fonte POTTER PERRY Fundamentos de enfermagem 5 ed Rio de Janeiro Guanabara

Koogan 2004 p 68-80

Conforme ressalta Waldow (2001) as Teorias de Enfermagem em sua essecircncia

tinham a intenccedilatildeo de humanizar o cuidado Alguns teoacutericos defenderam a ideacuteia do

cuidado integral e incluiacuteram em seus modelos as dimensotildees bioloacutegicas e psicossociais

inclusive a espiritual e o meio ambiente enfatizando a direccedilatildeo e a prioridade das accedilotildees

para o ser humano

34

Fato eacute que a enfermagem nesta proposiccedilatildeo se aproxima da visatildeo positivista da

sauacutede produzindo uma praacutetica de cuidado dos corpos dentro de uma associaccedilatildeo de

conhecimentos baseado em teorias de enfermagem ou seja o saber proacuteprio do enfermeiro

(KRUSE 2006)

O interesse pelo PE cresceu rapidamente nas escolas de Enfermagem sendo

inicialmente utilizado com um instrumento de ensino tornando as accedilotildees de enfermagem

em acordes como o meacutetodo cientiacutefico Na deacutecada de 60 apenas poucos hospitais dos

Estados Unidos e no Reino Unido haviam implementado essa metodologia de

assistecircncia Foi na deacutecada de 70 que o PE comeccedilou a ser utilizado nos hospitais embora

ainda com dificuldades servindo principalmente como guia para normatizar a praacutetica de

enfermagem (DE LA CUESTA 1983) (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

O Processo de Enfermagem enquanto metodologia cientiacutefica propotildee-se a

organizar e sistematizar o cuidado fornece subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila

alteraccedilotildees no estado de sauacutede dos clientes que necessitam de intervenccedilotildees

individualizadas visando a reabilitaccedilatildeo dos mesmos O planejamento de uma assistecircncia

personalizada a cada cliente possibilita a adoccedilatildeo de intervenccedilotildees de acordo com as

necessidades especiacuteficas a ele considerando-o em sua singularidade e norteando o

cuidado prestado Contribuem com a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da

sauacutede do indiviacuteduo famiacutelia e comunidade (TRUPPEL et al 2009)

A SAE eacute um processo que instrumentaliza o enfermeiro para uma atuaccedilatildeo

cientiacutefica baseada em evidecircncias e contribui para solidificar a atuaccedilatildeo desse profissional

o que seraacute um diferencial dentro da equipe de enfermagem Este processo desenvolvido

atraveacutes do PE respalda o enfermeiro a realizar com maior eficaacutecia accedilotildees de supervisatildeo

de avaliaccedilatildeo e de gerenciamento dos cuidados prestados pela equipe bem como

acompanhar os resultados das accedilotildees implementadas (MUSSI et al 1997)

Para este conceito destaca-se que a SAE envolve todos os elementos do processo

de trabalho em enfermagem Assim podem-se elencar diversos componentes que

influenciam o funcionamento desse sistema ou seja o cenaacuterio de sauacutede escolhido os

recursos humanos existentes o meacutetodo de assistecircncia de enfermagem adotado e a

implantaccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem bem como seus instrumentos

(NEVES 2010)

Segundo Leopardi (2006) a SAE organiza o trabalho segundo as fases do seu

fluxo Implica tanto a definiccedilatildeo da natureza do trabalho a ser realizada Quanto a definiccedilatildeo

35

do PE desde a base teacutecnico-filosoacutefica ateacute o tipo de profissional requerido as teacutecnicas os

procedimentos os meacutetodos os objetivos e os recursos materiais para a produccedilatildeo do

cuidado Eacute a organizaccedilatildeo do trabalho de enfermagem quanto ao meacutetodo pessoal e

instrumentos de modo que seja possiacutevel a realizaccedilatildeo do PE (LEOPARDI 2006)

13 A SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENEFERMAGEM NO

BRASIL - ASPECTOS LEGAIS

As iniciativas em planejar cientificamente a assistecircncia de enfermagem no Brasil

tiveram iniacutecio na deacutecada de 50 por influecircncia Norte Americana por meio das obras de

Rogers e Henderson (GEOVANINI 2002) No ano de 1965 o Congresso Brasileiro de

Enfermagem recomendou a utilizaccedilatildeo do plano de enfermagem tendo por repercussatildeo do

cientificismo que norteava a profissatildeo num contexto histoacuterico em que a enfermagem

abria campo para a produccedilatildeo cientiacutefica (PAIM 1976) Dentro deste contexto surgiram

os teoacutericos de enfermagem que visaram a construccedilatildeo de um arcabouccedilo metodoloacutegico que

desse suporte ao planejamento da assistecircncia de enfermagem

No Brasil a sistematizaccedilatildeo das accedilotildees de enfermagem teve ecircnfase com Wanda de

Aguiar Horta a partir da publicaccedilatildeo do livro intitulado Processo de Enfermagem na

deacutecada de 70 Fundamentada na teoria das necessidades humanas baacutesicas orientada por

Maslow Wanda Horta propocircs accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas para a assistecircncia

ao ser humano Sabe-se que os estudos de Horta impulsionaram o ensino e a pesquisa do

processo de enfermagem no Brasil promovendo o desenvolvimento da metodologia

cientiacutefica (KLETEMBERG MANTOVANI LACERDA 2004)

O marco conceitual de Horta preconizou o processo de enfermagem na praacutetica

profissional Essa teoria foi considerada como a essecircncia da enfermagem e estimulou a

utilizaccedilatildeo desta nova metodologia de trabalho nas escolas de enfermagem brasileiras

(OGUISSO 2005)

A SAE foi reconhecida pelo Conselho de Enfermagem como atividade privativa

do enfermeiro segundo a Lei do Exerciacutecio Profissional nordm 7486 de 25 de junho de 1986

visando planejar a assistecircncia de enfermagem para assistir o ser humano integralmente

com accedilotildees especiacuteficas que possam colaborar para o bem-estar do indiviacuteduo famiacutelia e

comunidade Entretanto apenas em 2002 recebeu apoio legal do COFEN pela Resoluccedilatildeo

nordm 272 para ser implementada em acircmbito nacional nas instituiccedilotildees de sauacutede brasileiras

36

A Resoluccedilatildeo COFEN 2722002 ndash revogada pela resoluccedilatildeo COFEN nordm 3582009

dispotildeem sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem estabelecendo que

compete exclusivamente ao enfermeiro implantar planejar organizar executar e avaliar

o processo de enfermagem

Assim sendo esta resoluccedilatildeo possibilitou tambeacutem ordenar metodicamente e em

todos os ambientes de atenccedilatildeo agrave sauacutede o trabalho prestado pelo enfermeiro bem como

direcionar as accedilotildees da equipe de enfermagem para a promoccedilatildeo do cuidado particular e

totalitaacuterio aos clientes

Art 1ordm O Processo de Enfermagem deve ser realizado de modo

deliberado e sistematizado em todos os ambientes puacuteblicos ou

privados em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem

sect 1ordm ndash Os ambientes de que trata o caput deste artigo referem-

se a instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos de internaccedilatildeo

hospitalar instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos ambulatoriais de

sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees comunitaacuterias fabricas

entre outros

sect 2ordm ndash quando realizado em instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos

ambulatoriais de sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees

comunitaacuterias entre outros o Processo de Sauacutede de Enfermagem

corresponde ao usualmente denominado nesses ambientes como

Consulta de Enfermagem

A referida Resoluccedilatildeo define SAE como a organizaccedilatildeo do trabalho profissional

quanto ao meacutetodo para a operacionalizaccedilatildeo do processo de enfermagem e conceitua o

processo de enfermagem como um instrumento metodoloacutegico que direciona e documenta

os cuidados de enfermagem baseado em um suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados

o estabelecimento de diagnoacutesticos de enfermagem o planejamento das accedilotildees a

implementaccedilatildeo e que forneccedila a base para a avaliaccedilatildeo dos resultados alcanccedilados (COFEN

2009)

Art 3ordm O Processo de Enfermagem deve estar baseado num

suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados o estabelecimento

de diagnoacutesticos de enfermagem e o planejamento das accedilotildees ou

intervenccedilotildees de enfermagem e que forneccedila a base para a

avaliaccedilatildeo dos resultados de enfermagem alcanccedilados

Art 4ordm Ao enfermeiro observadas as disposiccedilotildees da Lei no

7498 de 25 de junho de 1986 e do Decreto no 94406 de 08 de

junho de 1987 que regulamenta incumbe a lideranccedila na

execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do Processo de Enfermagem de modo a

alcanccedilar os resultados de enfermagem esperados cabendo-lhe

privativamente o diagnoacutestico de enfermagem acerca das

37

respostas da pessoa famiacutelia ou coletividade humana em um

dado momento do processo sauacutede e doenccedila bem como a

prescriccedilatildeo das accedilotildees ou intervenccedilotildees de enfermagem a serem

realizadas face a essas respostas

Portanto a implantaccedilatildeo do processo de enfermagem requer o envolvimento

profissional para a representatividade do enfermeiro na equipe de sauacutede o que

proporciona a construccedilatildeo de sua identidade na assistecircncia e desmitifica conceitos

errocircneos quanto ao real papel do mesmo Gonccedilalves et al (2007) ressaltam que a SAE

favorece o cuidado em virtude de uma atenccedilatildeo individualizada sistemaacutetica planejada e

baseada em evidecircncias cientiacuteficas refletindo no desenvolvimento da profissatildeo como

ciecircncia e integra as aacutereas da assistecircncia ensino e pesquisa

14 ESTRUTURA E ORGANIZACcedilAtildeO DA SISTEMATIZACcedilAtildeO DA

ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

O planejamento do cuidado representa um avanccedilo para a equipe de enfermagem

por atestar a qualidade e eficaacutecia do atendimento expandir a visibilidade da atuaccedilatildeo do

enfermeiro e contribuir para a conquista do reconhecimento profissional perante o

paciente famiacutelia e membros da equipe de sauacutede Para Menezes Priel Pereira (2011) a

implantaccedilatildeo do processo de cuidado insere o enfermeiro em seu papel social e o assegura

atuar com autonomia contemplando o paciente com um cuidado qualificado

fundamentado nos princiacutepios da integralidade e humanizaccedilatildeo no conhecimento teacutecnico

cientiacutefico na responsabilidade profissional e nas relaccedilotildees interpessoais e institucionais

estabelecidas

Esta metodologia oferece suporte agrave consolidaccedilatildeo profissional o instrumento

otimiza a comunicaccedilatildeo com a equipe multidisciplinar amplia a atuaccedilatildeo do enfermeiro

organiza o serviccedilo da equipe de enfermagem e beneficia a instituiccedilatildeo e o sistema de sauacutede

que com a documentaccedilatildeo tem informaccedilotildees relevantes para utilizaccedilatildeo na assistecircncia

ensino pesquisa e desenvolvimento de planejamento para accedilotildees voltadas para a sauacutede da

populaccedilatildeo (TRUPPEL et al 2009)

O processo de enfermagem eacute baseado em princiacutepios e regras que satildeo conhecidos

por promover o cuidado de enfermagem eficiente Ele eacute definido como a dinacircmica das

accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas visando a assistecircncia ao ser humano este

38

instrumento possibilita ao enfermeiro colocar em praacutetica uma Teoria para isso precisa

estar inserido na realidade concreta de forma consciente competente teacutecnica e

cientificamente (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

A implantaccedilatildeo da SAE deve ser processo originado no conhecimento especiacutefico

fruto de uma reflexatildeo criacutetica e problematizadora acerca da organizaccedilatildeo e filosofia do

trabalho de enfermagem constitui-se um instrumento de fundamental importacircncia para

que o enfermeiro possa gerenciar e otimizar a assistecircncia de enfermagem de forma

organizada segura dinacircmica e competente (BACKES SCHWARTZ 2005)

Eacute uma atividade privativa do enfermeiro que atraveacutes de um meacutetodo e estrateacutegia

de trabalho cientiacutefico realiza a identificaccedilatildeo das situaccedilotildees de sauacutededoenccedila subsidiando

a prescriccedilatildeo e implementaccedilatildeo das accedilotildees de Assistecircncia de Enfermagem que possam

contribuir para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo em sauacutede do indiviacuteduo

famiacutelia e comunidade (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TEIXEIRA PAIM SANTO

2004)

A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indiviacuteduo

utilizando para isto seus conhecimentos e habilidades aleacutem de orientaccedilatildeo e treinamento

da equipe de enfermagem para a implementaccedilatildeo das accedilotildees sistematizadas (HORTA

1979) (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TANNURE GONCcedilALVES 2010)

A implantaccedilatildeo e o desenvolvimento da SAE nos ambientes de atuaccedilatildeo do

enfermeiro possibilitam benefiacutecios para o cliente para a profissatildeo e para a instituiccedilatildeo

Takahashi e colaboradores (2008) concluem que a assistecircncia individualizada eacute uma

prerrogativa da SAE e pressupotildee a participaccedilatildeo do paciente no processo de cuidar

mantendo sua autonomia destacam tambeacutem que o cuidado individualizado articula uma

relaccedilatildeo favoraacutevel com a equipe multiprofissional paciente e famiacutelia favorecendo a

humanizaccedilatildeo da assistecircncia

A autonomia do enfermeiro com a implantaccedilatildeoimplementaccedilatildeo do Processo de

Enfermagem eacute considerada um benefiacutecio do uso deste meacutetodo pois imprime a

possibilidade de o enfermeiro aplicar seus conhecimentos e conquistar o reconhecimento

pela qualidade do cuidado prestado ao paciente tanto na instituiccedilatildeo como junto agrave famiacutelia

refletindo seu papel na sociedade e na responsabilidade profissional (DUARTE

ELLENSOHN 2007) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

Tannure e Gonccedilalves (2010) acrescenta ainda que trabalhar dentro de uma

metodologia cientiacutefica natildeo apenas daacute autonomia agrave profissatildeo como organiza o cotidiano

39

da equipe pois permite a utilizaccedilatildeo de ferramentas apropriadas que facilitam os registros

e controles Para os serviccedilos quantificarem a assistecircncia controlar custos e facilitar a

auditoria o uso do processo de qualidade

A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada

e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila Dessa forma a

atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades individuais e

com isso promove a qualidade de vida e a prevenccedilatildeo de doenccedilas

141 Etapas e organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem

A SAE eacute um processo dinacircmico em constante avanccedilo eacutetico e legal que atende

aos princiacutepios da profissatildeo e classifica a assistecircncia de enfermagem como um meacutetodo

organizado de planejamento e implementaccedilatildeo de cuidados (CASAFUS DELLacuteACQUA

BOCCHI 2013)

Logo a SAE viabiliza ao enfermeiro atuar em diversos acircmbitos e desempenhar

atividades de assistecircncia supervisatildeo avaliaccedilatildeo e gerenciamento do cuidado para

promover mudanccedilas na atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem organiza o Processo de Enfermagem que constitui um caminho

metodoloacutegico organizado em etapas que auxilia o enfermeiro no desenvolvimento do

cuidado cientiacutefico humano e dinacircmico tendo como alicerce teorias organizacionais

(TANNURE GONCcedilALVES 2010)

De acordo com Horta (1979) o processo de enfermagem eacute uma seacuterie de accedilotildees

sistemaacuteticas visando certo resultado ato de proceder accedilatildeo de ser feito progressivamente

qualquer fenocircmeno que mostra uma continua mudanccedila no tempo como o processo de

crescimento ou uma seacuterie de accedilotildees ou operaccedilotildees que conduzem definitivamente a um

fim caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos

(HORTA 1979)

Segundo Castellanos e Castilho (2000) o PE representa a implementaccedilatildeo da SAE

elaborado a partir dos dados e levantamentos realizados pelo enfermeiro visando a

proporcionar o cuidado individualizado e de qualidade aos clientes com embasamento

cientiacutefico Por se tratar de um conjunto de elementos dispostos de uma forma determinada

e coordenados entre si para que possam funcionar como uma estrutura organizada da

40

assistecircncia de enfermagem eacute necessaacuterio engajamento natildeo soacute das equipes mas tambeacutem

da instituiccedilatildeo hospitalar

Eacute uma metodologia de soluccedilatildeo de problemas que requer habilidades cognitivas

teacutecnicas e interpessoais voltadas para a satisfaccedilatildeo das necessidades do cliente e da

famiacutelia buscando o alcance do bem-estar ou a melhoria da qualidade de vida pelo tempo

que for possiacutevel (SILVA DAMASCENO CARVALHO SOUZA 2001)

O PE geralmente eacute elaborado a partir do desenvolvimento de cinco fases

Investigaccedilatildeo Diagnoacutestico Planejamento Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo O nuacutemero de fases

em que se organiza o processo de enfermagem modifica-se de acordo com diversos

autores variando de quatro a seis fases Esta divergecircncia de opiniotildees consiste na questatildeo

de considerar a etapa de diagnoacutestico como uma etapa distinta ou consideraacute-la incluiacuteda na

primeira etapa o histoacuterico Importante se faz ressaltar que essa divisatildeo em etapas eacute uacutetil

para fins didaacuteticos sendo que na praacutetica o processo de enfermagem deve ser integrado

com suas etapas inter-relacionadas e interdependentes (ALFARO-LEFEVRE 2005)

Cianciarullo et al (2005) expotildeem que durante todo o PE o enfermeiro utiliza-se

de instrumentos baacutesicos especiacuteficos para extrair do cliente subsiacutedios que direcionem a

assistecircncia de enfermagem Aleacutem da percepccedilatildeo sensorial apurada (visatildeo audiccedilatildeo fala

tato e olfato) o enfermeiro deve saber como e o que perguntar bem como saber ouvir

Muitas vezes o paciente natildeo fornece respostas concretas e sim subsiacutedios que instigam

alertando e direcionando os questionamentos

Fase I ndash Investigaccedilatildeo Histoacuterico de Enfermagem

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PE eacute a Investigaccedilatildeo Eacute a etapa que oferece

a estrutura pela qual se justifica o plano de cuidados adotado pelo enfermeiro Possibilita

obter informaccedilotildees precisas completas e estruturadas do indiviacuteduo e do contexto em que

estaacute inserido servindo de base para as proacuteximas fases (ALFARO-LEFEVRE 2005)

(NEVES 2010)

Desta maneira Tannure e Gonccedilalves (2008) enfatiza que a pontualidade e a

autenticidade dos dados coletados contribuem na identificaccedilatildeo e delimitaccedilatildeo das

caracteriacutesticas biopsicossociais do cliente norteando o cuidado a ser estabelecido

A coleta de dados para a construccedilatildeo do histoacuterico natildeo eacute realizada apenas nesta fase

inicial mas perdura durante todo o tempo em que o cliente estiver assistido finalizando

ao momento em que este receba alta (ATKINSON MURRAY 1989) Para Alfaro-

41

LeFevre (2005) pode-se colher dados diretamente do indiviacuteduo ou obtecirc-los indiretamente

de outras fontes como pessoas prontuaacuterios ou exames

Desta forma para atingir o objetivo fim desta fase do processo a construccedilatildeo do

instrumento de coleta de dados natildeo pode ser accedilatildeo estaacutetica e pontual A elaboraccedilatildeo deste

instrumento deve ser accedilatildeo dinacircmica podendo sofrer alteraccedilotildees constantes para que atenda

os propoacutesitos da SAE

Figura 1 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta

Fonte Horta 1979

Sendo assim deve levar em consideraccedilatildeo o marco teoacuterico utilizado pelo serviccedilo

ou setor e a visatildeo dos paradigmas de enfermagem utilizados naquele espaccedilo

(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008) O instrumento deve

capturar informaccedilotildees relevantes e determinantes a todo o PE Barros (2009) complementa

que aleacutem de ser adequado ao puacuteblico a que se destina deve-se considerar as

peculiaridades da equipe de Enfermagem e as particularidades de cada Instituiccedilatildeo onde o

instrumento de coleta de dados seraacute utilizado

Os formulaacuterios satildeo importantes porque padronizam os registros e respaldam

legalmente as accedilotildees de enfermagem As anotaccedilotildees devem conter termos teacutecnicos numa

42

sequecircncia loacutegica e objetiva para que permita a continuidade do planejamento dos

cuidados prestados Satildeo tambeacutem importantes para a consulta de pesquisa e ensino fonte

de dados e para processos administrativos (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS

2006) (SILVA OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

O enfermeiro deve tambeacutem para sucesso desta fase estabelecer uma relaccedilatildeo de

confianccedila uma comunicaccedilatildeo sem ruiacutedos com o cliente de forma a capturar informaccedilotildees

relevantes Deve valer-se da eacutetica e respeitar o cliente em sua singularidade e dignidade

sua privacidade seus haacutebitos pessoais e crenccedilas mantendo em sigilo os dados obtidos

abstendo-se de preacute-julgamentos (ALFARO-LEFEVRE 2005) (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Fase II - O Diagnoacutestico de Enfermagem

A partir dos dados coletados eacute possiacutevel estabelecer o Diagnoacutestico de Enfermagem

Estes satildeo interpretaccedilotildees cientiacuteficas dos dados levantados usados para orientar o

planejamento de enfermagem a implementaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo (NANDA 2008) No

processo de elaboraccedilatildeo desta segunda fase o enfermeiro deve fundamentar-se em

evidecircncias a partir dos indicadores obtidos ao momento da investigaccedilatildeo possibilitando

a validaccedilatildeo dos seus diagnoacutesticos e intervenccedilotildees por outra pessoa (ALFARO-LEFEVRE

2005)

Segundo Tannure e Gonccedilalves (2010) o enfermeiro deveraacute ter capacidade de

anaacutelise de julgamento de siacutentese e de percepccedilatildeo ao interpretar dados cliacutenicos Alfaro-

LeFevre (2005) complementa que os erros na elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos levam a

intervenccedilotildees equivocadas e ateacute mesmo nocivas ao paciente Ainda nesta etapa eacute possiacutevel

detectar a necessidade de um cuidado multidisciplinar com a atuaccedilatildeo de profissionais de

outras aacutereas de forma a atender o cliente em sua totalidade

Uma vez identificadas agraves necessidades do cliente eacute preciso interpretaacute-las e

classificaacute-las utilizando-se de termos proacuteprios da enfermagem com informaccedilotildees

consistentes e precisas Isso possibilita uma linguagem comum a toda a equipe

consequumlentemente otimizando o tempo e permitindo um cuidado mais eficaz

(TANNURE GONCcedilALVES 2010)

O diagnoacutestico de enfermagem eacute considerado por alguns autores como uma das

etapas mais complexas causando muitas divergecircncias na sua realizaccedilatildeo O enfermeiro

encontra grande dificuldade para implementaacute-lo na sua praacutetica diaacuteria aleacutem de outros

43

profissionais de sauacutede a julgarem desnecessaacuteria (SILVA OLIVEIRA NEVES

GUIMARAtildeES 2011)

Figura 2 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Alfaro-LeFevre

Fonte Alfaro-Lefevre 2005

Fase III ndash O Planejamento da Assistecircncia

Na terceira etapa denominada Planejamento ocorre a determinaccedilatildeo das

prioridades para a resoluccedilatildeo dos diagnoacutesticos estabelecidos na fase anterior estabelecer

quais os resultados a serem alcanccedilados com o tratamento que favoreccedilam ao paciente

definir quais as intervenccedilotildees se faratildeo necessaacuterias para atender diretamente cada

diagnoacutestico de enfermagem prescrito e efetuar o registro do plano de cuidados

(ALFARO-LEFEVRE 2005)

O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao

cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste

propicia a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do

pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia (ANDRADE VIEIRA

2005)

A formalizaccedilatildeo do plano de cuidados (por meio das anotaccedilotildees) oferece subsiacutedios

que facilitam a troca de informaccedilotildees entre os agentes responsaacuteveis pelo cuidar norteia as

intervenccedilotildees a serem realizadas promove o registro de dados que possibilitem

posteriormente avaliar o cuidado prestado Servem tambeacutem como subsiacutedios que

44

propiciam a realizaccedilatildeo de pesquisas e fornecem agraves seguradoras de planos de sauacutede os

registros dos cuidados prestados a determinado cliente Assim sendo as informaccedilotildees

registradas devem ser claras e consistentes dirimindo quaisquer duacutevidas que possam

surgir (CARPENITO 2005)

Fase IV ndash A Implementaccedilatildeo da Assistecircncia

A fase de Implementaccedilatildeo eacute caracterizada pela execuccedilatildeo do plano de cuidados eacute o

momento em que o enfermeiro coloca em praacutetica as accedilotildees que foram estabelecidas na

fase de planejamento

Eacute o roteiro diaacuterio que coordena a accedilatildeo da equipe de enfermagem na execuccedilatildeo dos

cuidados decorrentes da implantaccedilatildeo do plano assistencial de enfermagem adequados as

necessidades baacutesicas e especiacuteficas de cada cliente (HORTA 1979) Para Alfaro Levefre

(2005) eacute a colocaccedilatildeo do plano em accedilatildeo eacute pensar sobre o plano eacute refletir sobre o que se

estaacute fazendo nos seguintes pontos investigar a situaccedilatildeo atual da pessoa antes de agir

realizar as intervenccedilotildees e reinvestigar para determinar as respostas iniciais comunicar e

registrar

Nesta etapa satildeo realizadas as prescriccedilotildees de enfermagem Estas devem ser

anotadas de forma que permitam um faacutecil entendimento pela equipe que iraacute colocaacute-la em

praacutetica Seu conteuacutedo deve estimular a equipe a se empenhar no cuidado prestado ao

cliente desenvolvendo o senso criacutetico Aleacutem de estabelecer o que fazer tambeacutem deve

determinar como quando onde com que frequumlecircncia e por quanto tempo as accedilotildees devam

ser realizadas (TANNURE GONCcedilALVES 2010)

Assim como os diagnoacutesticos de enfermagem as prescriccedilotildees tambeacutem devem ser

realizadas de acordo com a ordem de prioridades e grau de gravidade do cliente (SILVA

OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

Fase V ndash A Avaliaccedilatildeo de Enfermagem

A quinta etapa do processo de enfermagem eacute denominada de Avaliaccedilatildeo Segundo

Alfaro-LeFevre (2005) uma avaliaccedilatildeo criteriosa a partir de uma sensata reflexatildeo da

assistecircncia prestada ao cliente em seus pormenores confere ao enfermeiro a primazia na

qualidade do plano de cuidados

Nesta fase seraacute examinada a eficaacutecia da assistecircncia de enfermagem se estaacute

solucionando ou minimizando os problemas reais ou potenciais identificados na segunda

45

etapa Agrave medida que atendem ao que foi proposto satildeo realizados ajustes que se adequam

ao estado do cliente neste momento Conforme satildeo solucionados os problemas a

prescriccedilatildeo e respectivas intervenccedilotildees satildeo suspensas (POTTER 2004)

Carpenito (2005) refere que a anaacutelise minuciosa do plano de cuidados eacute

fundamental para atingir a excelecircncia na assistecircncia de enfermagem personalizada para

cada paciente assistido Desta forma faz-se necessaacuterio o registro de todas as atividades

realizadas bem como dos resultados alcanccedilados com as mesmas o que fundamentaria as

decisotildees no que tange ao quadro de pessoal avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do cuidado prestado

(tanto na resolutividade das necessidades do cliente quanto no custo com a realizaccedilatildeo dos

procedimentos) ou no tipo da assistecircncia oferecida

15 - DIFICULDADES PARA A IMPLANTACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO DA

SAE

Embora cientes da importacircncia da SAE na organizaccedilatildeo do serviccedilo de enfermagem

o processo de implantaccedilatildeo assim como a escolha de um referencial teoacuterico e de uma

metodologia adequada na praacutetica ainda carece de estrateacutegias e subsiacutediosevidecircncias

operacionais eficazes e comprometedoras capazes de nortear um novo perfil assistencial

Tem-se percebido empiricamente uma dicotomia entre ensino e praacutetica de

trabalho nas instituiccedilotildees gerando inseguranccedilas e descreacutedito nos estudantes e profissionais

em carreira uma vez que muitas situaccedilotildees de ensino se situam no niacutevel do ideal

sistematizado buscando a qualidade enquanto os serviccedilos deixam de atentar para estas

condiccedilotildees (ANDRADE VIEIRA 2005)

A falta de relaccedilatildeo entre os conceitos teoacutericos e a praacutetica profissional cria uma

dissonacircncia e gera conflitos na assistecircncia de enfermagem no que se refere ao uso da

metodologia que ao ser aplicada se torna de modo fracionada e distorcida dos princiacutepios

teoacutericos (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

A formaccedilatildeo acadecircmica dos enfermeiros muitas vezes contribui para que estes natildeo

busquem nem apliquem uma assistecircncia sistematizada pois durante aulas praacuteticas pode-

se perceber uma preocupaccedilatildeo maior tanto por parte de alguns docentes quanto pela

maioria dos alunos em adquirir habilidades teacutecnicas Assim deixam de levantar os

problemas de enfermagem do paciente e de planejar os cuidados ficando a assistecircncia

46

neste caso limitada a accedilotildees isoladas no decorrer de suas atividades (ANDRADE

VIEIRA 2005)

Para o desenvolvimento da SAE muito mais do que competecircncia teacutecnica eacute

preciso que os enfermeiros tenham sensibilidade para captar as necessidades emergentes

habilidade para empreender e estimular accedilotildees inovadoras e principalmente

conhecimento e capacidade estrateacutegica para envolver e comprometer criativamente os

demais profissionais da equipe de sauacutede (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

A lei do exerciacutecio profissional (no 7498 1986) prevecirc como atribuiccedilatildeo do

enfermeiro ligada agrave metodologia da assistecircncia de enfermagem o desenvolvimento da

SAE poreacutem mesmo com respaldo legal para a execuccedilatildeo da metodologia da assistecircncia

poucos efeitos tecircm-se observado no cotidiano da praacutetica

Hermida e Araujo (2006) relatam que um trabalho de fiscalizaccedilatildeo do COREN-

SP nas instituiccedilotildees de sauacutede do Estado apoacutes investimento desse oacutergatildeo em capacitaccedilatildeo

dos enfermeiros para a realizaccedilatildeo da SAE revelou que 65 das instituiccedilotildees natildeo souberam

como implantar a SAE 38 estavam em fase de implantaccedilatildeo em 15 houve relutacircncia

eou impedimento dos profissionais de sauacutede e em 10 houve impedimento por parte da

instituiccedilatildeo para o desfecho desta (HERMIDA ARAUacuteJO 2006)

Teixeira Paim e Santos (2004) colocam como dificuldades para o

desenvolvimento da SAE as condiccedilotildees de trabalho do enfermeiro tais como

desproporccedilatildeo enfermeiroleito ausecircncia de uma filosofia de trabalho distorccedilatildeo entre a

formaccedilatildeo e a praacutetica problemas referentes agraves atribuiccedilotildees do enfermeiro preocupaccedilatildeo em

conceder uma assistecircncia de qualidade sobrecarga de trabalho

Backes e Schwartz (2005) acrescentam que as resistecircncias mais comuns para a

implementaccedilatildeo da SAE satildeo os proacuteprios profissionais de enfermagem ou seja os

profissionais com mais de dez anos de formados em virtude do desestiacutemulo a criaccedilatildeo de

estrateacutegias ousadas e para os profissionais com poucos anos de formaccedilatildeo associadas agrave

inexperiecircncia e despreparo teacutecnico e gerencial

Ainda como problema decorrente da natildeo utilizaccedilatildeo de uma metodologia

assistencial eacute possiacutevel considerar o desgaste de recursos humanos Nestes casos no

momento em que o enfermeiro percebe problemas e dificuldades no funcionamento e

rendimento da sua equipe de trabalho pode em alguns casos passar a desacreditar no seu

potencial de liacuteder e gerente produzindo sensaccedilotildees de impotecircncia e frustraccedilatildeo o que por

47

sua vez proporciona maior desgaste fiacutesico e consequentemente maacute produtividade

(ANDRADE VIEIRA 2005)

A carecircncia de pessoal de enfermagemenfermeiros dificulta tambeacutem a

implementaccedilatildeo da SAE portanto se faz necessaacuterio salientar a responsabilidade das

instituiccedilotildees propiciarem todas as condiccedilotildees necessaacuterias ao enfermeiro para executar de

forma efetiva o planejamento da assistecircncia pois natildeo basta fazer eacute preciso fazecirc-lo bem

natildeo basta exigir eacute preciso oferecer condiccedilotildees (HERMIDA 2004)

Contribuindo para esta reflexatildeo Backes e Schwatz (2005) acrescentam que o tipo

de organizaccedilatildeo dos serviccedilos associado ao modelo de gestatildeo tradicional gera contradiccedilotildees

em virtude de sua estrutura riacutegida excessivamente especializada com funccedilotildees rotineiras

e pouco desafiadoras Neste sentido a enfermagem conformou-se basicamente com uma

cultura do ldquofazerrdquo sem contudo refletir acerca de novas possibilidades do ser e agir na

praacutetica assistencial e gerencial

Para a elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo de um modelo assistencial em um serviccedilo

hospitalar acredita-se ser necessaacuterio a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico do trabalho da equipe

de enfermagem ressaltando seu preparo teacutecnico-cientiacutefico sobre o processo de

enfermagem bem como a existecircncia de problemas decorrentes de uma assistecircncia natildeo

sistematizada (ANDRADE VIEIRA 2005)

Nascimento e colaboradores (2008) relatam que eacute possiacutevel perceber na praacutetica a

insatisfaccedilatildeo de membros da equipe quanto o ter que fazer a SAE ou a exclusatildeo dos

profissionais de niacutevel meacutedio que apenas executam as prescriccedilotildees sem participar de sua

elaboraccedilatildeo existe um grande desencontro de informaccedilotildees entre o que eacute relatado pelo

paciente a outro profissional e o que o enfermeiro anotou como avaliaccedilatildeo ou evoluccedilatildeo

A falta de tempo para realizar a metodologia ou uma melhor assistecircncia direta ao

paciente eacute uma constante no discurso do enfermeiro O trabalho na instituiccedilatildeo muitas

vezes compartimentalizado pouco reflexivo forccedila o enfermeiro a ocupar um espaccedilo que

natildeo favorece a percepccedilatildeo da totalidade do seu trabalho Aliado a isto o saber meacutedico

hegemocircnico institucionalizado faz com que a praacutetica de enfermagem lhe sirva de esteio

(GARCIA-SANTOS WERLANG 2013) (BENEDET GELBCKE AMANTE 2016)

Em um ambiente de trabalho onde natildeo existe planejamento das atividades nem

determinaccedilatildeo de prioridades haacute um uma perda de tempo significativa no processo de

gerenciamento levando os profissionais a refazerem as atividades realizadas sem ecircxito

Assim perde-se tempo em resolver problemas inerentes a outros profissionais da equipe

48

e quando realmente se trata de atividades que competem ao enfermeiro este natildeo mais

dispotildee de tempo para realizaacute-las (ANDRADE VIEIRA 2005) (MEDEIROS SANTOS

CABRAL 2013)

Eacute importante salientar que as proacuteprias prescriccedilotildees de enfermagem tambeacutem podem

contribuir para dificultar a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede jaacute que muitas

vezes estas natildeo refletem uma anaacutelise justa do caso sendo elaborada contendo somente

cuidados rotineiros de forma repetitivas perdendo a credibilidade junto a equipe

(SHIMIZU CIAMPONE 2002)

A enfermagem por se caracterizar como uma profissatildeo dinacircmica necessita de

uma metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo O processo de enfermagem eacute

considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo facilitando a

troca de informaccedilotildees entre enfermeiros de vaacuterias instituiccedilotildees (BORK 2003)

Conhecer o aspecto subjetivo que permeia toda essa problemaacutetica configura-se

um importante investimento acadecircmico a ser explorado do ponto de vista psicossocial

Para uma efetiva implantaccedilatildeo do PE eacute necessaacuterio haver primeiro um comprometimento

da chefia de enfermagem com a proposta promovendo reuniotildees e elaborando um plano

de accedilatildeo que incluiria a sensibilizaccedilatildeo da equipe para a importacircncia dessa metodologia o

desenvolvimento de um estudo aprofundado do tema com o envolvimento de toda a

equipe e a construccedilatildeo coletiva dos meios para viabilizar a execuccedilatildeo do processo

(HERMIDA 2004) (ANDRADE VIEIRA 2005)

Para que o enfermeiro realize o PE eacute necessaacuterio que este assuma o compromisso

com sua aplicaccedilatildeo na praacutetica e a responsabilidade em executar suas etapas orientar a

equipe aprimorar e atualizar seus conhecimentos Exigiraacute tempo e determinaccedilatildeo de todos

que compartilharem desta jornada poreacutem o resultado se traduz em crescimento individual

e consequentemente qualidade da assistecircncia

Eacute necessaacuterio investimento nas condiccedilotildees materiais de trabalho no treinamento de

pessoal na promoccedilatildeo de sessotildees de estudo entre outras e posteriormente em questotildees

mais qualitativas com a adoccedilatildeo de novas posturas profissionais para melhoria da

qualidade do atendimento (MOURA RAMOS SOUSA SILVA ALVES 2008)

49

16 ndash A EVOLUCcedilAtildeO DO CUIDADO Agrave CRIANCcedilA

Na realizaccedilatildeo do trabalho de cada profissional que cuida

da crianccedila internada natildeo basta apenas a teacutecnica e a

afeiccedilatildeo por ela Faz-se necessaacuterio tambeacutem um

ldquosentimento de infacircnciardquo assim definido por considerar

a crianccedila como sujeito de sua histoacuteria pleno de direitos

dentre os quais ressaltamos o direito ao respeito agrave

liberdade e agrave dignidade

(Beatriz Oliveira 1997)

A assistecircncia agrave crianccedila passou por transformaccedilotildees significativas desde os seacuteculos

passados ateacute a proposta de alojamento conjunto pediaacutetrico Estas alteraccedilotildees

acompanharam a modificaccedilatildeo dos conceitos sociais e sempre estiveram diretamente

relacionadas com o valor e o significado que a sociedade daacute agrave crianccedila com o modo de

produccedilatildeo e com o desenvolvimento da praacutetica meacutedica

Antigamente as crianccedilas eram tidas como adultos em miniatura e posteriormente

passaram a ser reconhecidas como indiviacuteduos uacutenicos com necessidades e capacidades

especiacuteficas (AIREgraveS 1994)

Em funccedilatildeo da percepccedilatildeo da sociedade do ldquoser crianccedilardquo nos seacuteculos passados natildeo

se registraram intervenccedilotildees sistemaacuteticas sobre a sauacutede destas A questatildeo da sauacutede de um

modo geral envolvendo uma preocupaccedilatildeo com a assistecircncia meacutedica ou com a higiene das

cidades era subalterna ou inexistente Assim natildeo havia tampouco uma poliacutetica de sauacutede

para as crianccedilas ou mesmo para o conjunto da populaccedilatildeo (ELSEN 2002)

O indiviacuteduo adulto natildeo existia socialmente fora dos limites da propriedade e a

crianccedila soacute era vista como um elemento posto a serviccedilo do poder paterno Para a famiacutelia

cujo epicentro repousava na figura do pai a crianccedila soacute poderia receber uma atenccedilatildeo

geneacuterica Nos seacuteculos passados a infacircncia natildeo era tematizada nem pela famiacutelia nem pelo

Estado A famiacutelia baseava-se na manutenccedilatildeo do patrimocircnio com isso as relaccedilotildees pessoais

e de afetividade natildeo apareciam como centrais (AIREgraveS 1994)

A reestruturaccedilatildeo do nuacutecleo familiar implicava na mudanccedila de concepccedilatildeo

desenvolvida tradicionalmente sobre a crianccedila Os cuidados gerais que a crianccedila comeccedilou

a receber no fim do seacuteculo XIX foram substituiacutedos por uma assistecircncia sistematizada

quanto a condutas alimentares disciplinares pedagoacutegicas e mesmo de vestuaacuterio (AIREgraveS

1994) Para desempenhar estes cuidados a famiacutelia precisou redefinir o papel do pai e da

matildee buscando organizar-se em novos conceitos (WHALEY WONG 2015)

50

Esta nova forma de organizaccedilatildeo familiar com o objetivo de criar e educar crianccedilas

sadias para tornarem-se fortes e produtivas era compatiacutevel com a nova ordem que se

pretendia instaurar de paiacuteses independentes voltados para a produccedilatildeo e o acuacutemulo de

capital Podemos perceber entatildeo que a concepccedilatildeo de crianccedila esteve relacionada aos

problemas que as sociedades tinham para administrar (OLIVEIRA 1997) (ELSEN

2002) O controle das doenccedilas transmissiacuteveis a prevenccedilatildeo da mortalidade infantil e

reduccedilatildeo da populaccedilatildeo eram associados agrave produtividade no trabalho e agrave prosperidade do

paiacutes

No seacuteculo XVIII os hospitais ainda estavam se organizando como nuacutecleos de

praacutetica meacutedica cliacutenica individualizada e a pediatria como especialidade meacutedica ainda natildeo

havia surgido A apreensatildeo da crianccedila pela medicina se daacute inicialmente por meio de

conhecimentos que possibilitem crescimento e desenvolvimento saudaacutevel da higiene

corporal e do ambiente da alimentaccedilatildeo dos cuidados preacute-natais e poacutes-natais imediatos

Medidas legais para protege-la dos agravos do meio ambiente comeccedilam a ser adotadas

como a regulamentaccedilatildeo do trabalho da pueacuterpera possibilitando agrave matildee cuidar da crianccedila

nos primeiros meses e a proteccedilatildeo da crianccedila contra trabalhos insalubres entre outras

medidas (ROCHA ALMEIDA 1993) (WHALEY WONG 2015)

O primeiro hospital infantil foi construiacutedo em Paris em 1802 seguido pelo

ldquoHospital for Sick Childrenrdquo em Londres que precedem os hospitais norte-americanos

e podem ser considerados como marco inicial da assistecircncia agrave crianccedila (ROCHA

ALMEIDA 1993) O precursor da pediatria foi o meacutedico Abraham Jacobi (1830 ndash 1919)

cujas realizaccedilotildees influenciaram as investigaccedilotildees cientiacuteficas e cliacutenicas das doenccedilas da

infacircncia no seacuteculo XIX motivo pelo qual eacute conhecido como o ldquopai da pediatriardquo

(WHALEY WONG 2015)

O hospital como instrumento terapecircutico mudou a percepccedilatildeo da sociedade sobre

a assistecircncia agrave sauacutede uma vez que retirou das famiacutelias a responsabilidade sobre o cuidado

dos seus doentes Para as crianccedilas as regras e teacutecnicas de isolamento eram extremamente

riacutegidas as infecccedilotildees sem o auxiacutelio dos antibioacuteticos eram graves e temidas as visitas eram

consideradas ameaccedilas ao tratamento ficando estas isoladas uma das outras e confinadas

aos seus leitos (ROCHA ALMEIDA 1993)

A internaccedilatildeo hospitalar contribuiu para a observaccedilatildeo sistematizada de sinais e

sintomas levando ao aperfeiccediloamento dos procedimentos para o diagnoacutestico e

terapecircutica Esta evoluccedilatildeo consequentemente foi afastando a famiacutelia de um envolvimento

51

com a crianccedila e os profissionais durante os episoacutedios de tratamento meacutedico O saber e a

praacutetica familiar foram ignorados pelo cientificismo da praacutetica meacutedica (ROCHA LIMA

SCHOCHI 1997) O modelo de atendimento agrave sauacutede vigente neste momento era o

hospitalocentrico bioloacutegico individual e curativo

Os registros mais antigos da enfermagem no cuidado agrave crianccedila datam de 1859

nos apontamentos de Florence Nightingale estes refletem e evoluiacuteram de acordo com a

praacutetica meacutedica e seguindo a mesma filosofia trata-se de apontamentos centrados na

puericultura como o conjunto de regras e noccedilotildees sobre a arte de criar fisiologicamente e

higienicamente crianccedilas (COLLET 2001)

A origem da enfermagem pediaacutetrica moderna aparece associada agrave pediatria

especialidade meacutedica Somente apoacutes os departamentos de pediatria terem-se estabelecido

nas escolas meacutedicas eacute que a pediatria tornou-se disciplina nos curriacuteculos das escolas de

enfermagem Contudo na maioria das escolas omitia-se a importacircncia do crescimento e

desenvolvimento das reaccedilotildees psicoloacutegicas da crianccedila e da necessidade de educar o que

fazia com que os profissionais de sauacutede estivessem aptos a cuidar da crianccedila doente mas

sem saber lidar com sua convalescenccedila ou com a prevenccedilatildeo das doenccedilas (LIMA 1996)

Posteriormente esta concepccedilatildeo foi sendo transformada a partir do momento em

que se identificou que crianccedila apresenta especificidades e reaccedilotildees que variam conforme

a idade Tal fato ocorre por estar ela em constante evoluccedilatildeo desde seu nascimento ateacute a

fase adulta ultrapassando vaacuterias etapas que se modificam por forccedila das transformaccedilotildees

inerentes ao seu crescimento e desenvolvimento (RIBEIRO ANGELO 2005)

A sauacutede infantil que emergia com as demais praacuteticas sanitaacuterias no processo de

expansatildeo capitalista apesar de jaacute se articular em termos de serviccedilos de sauacutede inclusive

utilizando uma terapecircutica cientiacutefica mantinha seu caraacuteter ideoloacutegico quanto agrave

constituiccedilatildeo de uma visatildeo de mundo adequada agraves elites dirigentes e assumia um papel

cada vez mais importante nessa estrateacutegia de controle (ELSEN 2002)

O cuidado de enfermagem agrave crianccedila evolui em linhas gerais e superficiais

baseando-se no conhecimento da medicina de forma que o conhecimento era limitado

possibilitando apenas a fundamentaccedilatildeo de algumas teacutecnicas de trabalho mantendo

contudo extremamente limitada sua autonomia no processo de trabalho Neste contexto

Rocha e Almeida (1993) colocam

[] ao final da deacutecada de 30 as enfermeiras pediatras

identificam as limitaccedilotildees do referencial teoacuterico insuficiente em

fornecer elementos para lidar com a crianccedila e ajudaacute-la um ser

52

em crescimento e desenvolvimento temporariamente afastado de

seu ambiente e da famiacutelia durante a hospitalizaccedilatildeo Passam

entatildeo a procurar no estudo do crescimento e desenvolvimento

infantil referencial teoacuterico trazido em parte da psicologia para

instrumentalizar-se e lidar com problemas de comportamento e

nas relaccedilotildees entre a crianccedila a famiacutelia e o conjunto de pessoas

que compotildeem a equipe de sauacutede (ROCHA ALMEIDA 1993

p25)

Datam da deacutecada de 70 do seacuteculo passado as mais significativas modificaccedilotildees

ligadas ao cuidado e praacuteticas de sauacutede para a crianccedila e estatildeo relacionadas ao surgimento

e valorizaccedilatildeo do sentimento de infacircncia que natildeo era estimulado ou protegido as

evoluccedilotildees das praacuteticas meacutedicas e hospitalares e ao avanccedilo de tecnologias que possibilitam

a sobrevivecircncia de crianccedilas prematuras como o surgimento das incubadoras e

respiradores (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

Com este advento as bases da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada tecircm-se

modificado nas uacuteltimas deacutecadas estas contribuiccedilotildees estimularam e desenvolveram

diferentes perspectivas de como assistir a crianccedila no processo sauacutede-doenccedila perspectivas

estas que vecircm orientando a praacutetica pediaacutetrica Elas influenciam a visatildeo dos profissionais

sobre o ser crianccedila o papel da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem

identificados os objetivos a abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-

relacionamento da equipe de sauacutede (LIMA 1996)

Este novo perfil assistencial provoca uma grande transformaccedilatildeo na assistecircncia agrave

crianccedila favorecendo um universo mais amplo aos cuidados e modificando a finalidade

do trabalho que passa a exigir do profissional a racionalidade para a recuperaccedilatildeo do corpo

anaacutetomo-fisioloacutegico poreacutem preocupando-se agora tambeacutem com estrateacutegias que busquem

o bem-estar da famiacutelia e a qualidade de vida (GAIacuteVA SCOCHI 2004)

Todo o hospital dispotildee de uma abordagem de assistecircncia agrave crianccedila que mesmo

natildeo estando expliacutecita em suas normatizaccedilotildees pode ser facilmente identificada pela

observaccedilatildeo

As normas hospitalares riacutegidas e inflexiacuteveis que se baseavam apenas na questatildeo

da contaminaccedilatildeo do ambiente hospitalar numa oacutetica microbioloacutegica das causas das

doenccedilas foram-se modificando com o passar do tempo pois foi sendo demonstrado que

os germes hospitalares eram muito mais agressivos do que os germes que provinham do

ambiente domiciliar do paciente e de seus familiares Paralelamente a psicologia

avanccedilou no atendimento dos distuacuterbios da crianccedila evidenciando que o distanciamento

53

ou a ausecircncia dos pais em eacutepocas importantes da vida da crianccedila participavam da gecircnese

desses distuacuterbios fossem eles precoces ou tardios (ROCHA ALMEIDA 1993)

(WHALEY WONG 2015)

No Brasil a partir da constituiccedilatildeo de 1988 eacute que efetivamente avanccedilou-se no

conceito da humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila com a promulgaccedilatildeo do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente (ECA) Com a Lei nordm 8069 de 13 de julho de 1990 agrave crianccedila

passa a gozar de direitos fundamentais sendo garantidos a sauacutede alimentaccedilatildeo proteccedilatildeo

educaccedilatildeo esporte lazer e cultura E aleacutem da famiacutelia o Estado como um todo possui o

dever de zelar e garantir esses direitos baacutesicos

Entre outros avanccedilos vinculados a esta proposta estaacute o direito a internaccedilatildeo

hospitalar com o acompanhamento dos familiares (BRASIL 1991)

Com a humanizaccedilatildeo do atendimento hospitalar objetiva-se

principalmente dar apoio psicoloacutegico agrave crianccedila internada e sua

famiacutelia diminuir o tempo de internaccedilatildeo reduzir o nuacutemero de

reinternaccedilotildees trocar experiecircncias com as matildees acerca do

cuidado das crianccedilas durante o tempo de permanecircncia no

hospital Com isso pretende-se preservar a indissolubilidade do

binocircmio matildee-filho reduzir o custo da internaccedilatildeo aumentar o

calor afetivo e a colaboraccedilatildeo da equipe de sauacutede criando-se um

viacutenculo entre a famiacutelia o hospital e a comunidade (ROCHA

ALMEIDA 1997)

Contudo a praacutetica da maioria das instituiccedilotildees hospitalares em nosso paiacutes continua

a do cuidado centrado na patologia com a crianccedila internada sem a presenccedila dos

familiares natildeo havendo portanto respeito pelas necessidades da crianccedila Esta realidade

vem sendo modificada em algumas instituiccedilotildees hospitalares que desenvolvem propostas

para permitir a humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada com a permanecircncia do

acompanhante durante o tratamento e o envolvimento da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila

(SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)

Vale lembrar que nem sempre as leis satildeo colocadas em praacutetica o que reforccedila a

ideacuteia de que meros dispositivos legais natildeo resolvem os problemas sociais fazendo-se

necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas que garantam o acesso aos direitos para a edificaccedilatildeo

de uma naccedilatildeo efetivamente cidadatilde (COLLET 2001)

A hospitalizaccedilatildeo altera a vida da crianccedila e de sua famiacutelia quando a proposta de

assistecircncia eacute integral portanto humanizada esta experiecircncia estressante pode ser

amenizada pelo fornecimento de certas condiccedilotildees como a presenccedila de familiares o

54

contato com outras crianccedilas a disponibilidade afetiva dos trabalhadores de sauacutede a

informaccedilatildeo as atividades recreacionais entre outras A adoccedilatildeo do alojamento conjunto

pediaacutetrico eacute uma das estrateacutegias que possibilitam a reduccedilatildeo do estresse emocional durante

a internaccedilatildeo (LIMA 1996) (SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)

Ao pensar a inserccedilatildeo da famiacutelia no ambiente hospitalar precisamos levar em

consideraccedilatildeo seus direitos e deveres bem como o papel a ser desenvolvido A burocracia

hospitalar a falta de diretrizes de planejamento e de organizaccedilatildeo de um projeto

terapecircutico comum na unidade de pediaacutetrica demostram a possibilidade de desencadear

problemas das mais variadas ordens tanto para a equipe de sauacutede como para as crianccedilas

e suas famiacutelias (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOARES ROSA HIGARASHI

MARCON MOLINA 2016)

A evoluccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da crianccedila caminhou da internaccedilatildeo hospitalar

que rompia o viacutenculo afetivo com a famiacutelia para a proposta de alojamento conjunto que

envolve os familiares na hospitalizaccedilatildeo na promoccedilatildeo da sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas a

seus filhos

As diferentes abordagens para assistir agrave crianccedila no processo sauacutede-doenccedila

orientam e influenciam a visatildeo dos profissionais sobre o que significa ser crianccedila o papel

da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem identificados os objetivos a

abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-relacionamento da equipe de sauacutede

(ELSEN 2002)

A tendecircncia atual ainda que mal definida na praacutetica eacute prestar uma assistecircncia

integral agrave crianccedila o que pode ser entendido como olhar a crianccedila em sua totalidade um

ser em crescimento e desenvolvimento que pertence a uma famiacutelia cujos membros

portanto devem ser incluiacutedos na assistecircncia Ela eacute um ser cujo processo sauacutede ndash doenccedila eacute

determinado socialmente isto eacute pertence a um grupo social que o caracteriza (COLLET

ROCHA 2001) O quadro abaixo apresenta trecircs propostas de abordagem ao cuidado da

crianccedila hospitalizada

55

Quadro 3 - Caracteriacutesticas das abordagens de assistecircncia agrave crianccedila

Aspectos

Assistenciais

Centrada na

Patologia

Centrada na

Crianccedila

Centrada na

Famiacutelia

Foco Doenccedila da crianccedila

com abrangecircncia

intra-hospitalar

Crianccedila doente com

suas caracteriacutesticas de

desenvolvimento

abrangecircncia intra-

hospitalar

Famiacutelia vivenciando

a doenccedila e

hospitalizaccedilatildeo de

uma de suas crianccedilas

abrangecircncia intra e

extra-hospitalar

Objetivos Tratar a doenccedila ou

recuperar a sauacutede da

crianccedila

Tratar a doenccedila

minimizar os traumas

da hospitalizaccedilatildeo

favorecer o

desenvolvimento da

crianccedila estimular a

participaccedilatildeo da

famiacutelia no cuidado da

crianccedila

Tratar a doenccedila

minimizar os traumas

da hospitalizaccedilatildeo

para a crianccedila e sua

famiacutelia incentivar a

co-participaccedilatildeo da

famiacutelia nas tomadas

de decisatildeo favorecer

sua integridade e

pontencializar forccedilas

Visatildeo da

Hospitalizaccedilatildeo

Evento necessaacuterio ao

diagnoacutestico e

tratamento manejado

por uma equipe de

especialistas

Evento necessaacuterio

poreacutem determinador

de estresse para a

crianccedila

Evento estressante

para a crianccedila e sua

famiacutelia que pode

determinar ruptura no

funcionamento

familiar

Caracteriacutesticas fiacutesicas

da unidade

Ecircnfase na

organizaccedilatildeo e no

funcionamento

normas e rotinas

rigorosas

estabelecidas

pobreza de decoraccedilatildeo

ou outras

caracteriacutesticas

infantis leitos

distribuiacutedos pela

enfermaria por

patologias

Maior flexibilidade

de organizaccedilatildeo e

funcionamento

decoraccedilatildeo infantil

ambiente para

recreaccedilatildeo e

caracteriacutesticas fiacutesicas

adequadas agraves

necessidades das

diferentes faixas

etaacuterias e ao conforto

do acompanhamento

leitos distribuiacutedos

conforme a idade e as

necessidades das

crianccedilas

Flexibilizaccedilatildeo de

organizaccedilatildeo e

funcionamento com

vistas tanto a

favorecer a atuaccedilatildeo

da equipe como da

famiacutelia decoraccedilatildeo

infantil local para

recreaccedilatildeo e conviacutevio

entre famiacutelia-crianccedila-

equipe

Tomada de decisotildees Vertical centrada na

figura do meacutedico

Horizontal poreacutem

centrada na equipe de

sauacutede

Horizontal

compartilhada entre a

equipe e a famiacutelia

Avaliaccedilatildeo Baseada em criteacuterios

objetivos como

evoluccedilatildeo dos sinais e

sintomas tempo de

hospitalizaccedilatildeo

estatiacutestica de alta com

Baseada nos mesmos

criteacuterios objetivos e

outros subjetivos

como o grau de

participaccedilatildeo da

crianccedila e da famiacutelia

influencias no

Baseada nos mesmos

criteacuterios objetivos e

subjetivos anteriores

e outros como

satisfaccedilatildeo e niacutevel de

funcionamento da

famiacutelia tanto no

56

a doenccedila curada

melhorada oacutebitos

comportamento

assim como no

crescimento e

desenvolvimento da

crianccedila

acircmbito hospitalar

como na busca e

utilizaccedilatildeo dos

recursos da

comunidade extra-

hospitalar

Fonte PETTENGIL RIBEIRO BORBA O cuidado centrado na crianccedila e sua famiacutelia uma

perspectiva para a atuaccedilatildeo do enfermeiro pediaacutetrico In ALMEIDA FA SABATEacuteS AL

Enfermagem pediaacutetrica a crianccedila o adolescente e sua famiacutelia no hospital p 35-37 2008

A abordagem do cuidado a crianccedila a partir da perspectiva familiar eacute parte processo

de humanizaccedilatildeo da assistecircncia A preocupaccedilatildeo com a humanizaccedilatildeo da assistecircncia

hospitalar natildeo se restringe agrave atenccedilatildeo agrave crianccedila mas integra uma nova cultura nacional de

melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais expressa por meio do

aperfeiccediloamento da gestatildeo hospitalar da melhoria da infraestrutura das instituiccedilotildees e do

fortalecimento do compromisso da equipe de profissionais de sauacutede (BRASIL 2001)

A Poliacutetica Nacional de humanizaccedilatildeo entende que para que exista humanizaccedilatildeo eacute

preciso haver a valorizaccedilatildeo da dimensatildeo subjetiva e social em todas as praacuteticas de atenccedilatildeo

agrave sauacutede fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadatildeo (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011) Esta vem se estruturando e solidifica-se por meio de

um conjunto de elementos tecnocientiacuteficos e subjetivos os quais direcionam as accedilotildees para

o cuidado com as pessoas Esta forma de cuidar deve ser iniciada no acircmbito familiar mas

ao mesmo tempo ser consolidada por accedilotildees nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede acessiacuteveis e

resolutivas (BRASIL 2001) (SILVA VIERA 2014)

Faz parte tambeacutem deste processo de valorizaccedilatildeo da integralidade e resolutividade

assistencial a construccedilatildeo das redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila e agrave sauacutede familiar

Busca-se com as redes de sauacutede a produccedilatildeo de sauacutede a co-responsabilidade dos atores

envolvidos no processo o fortalecimento do controle social com caraacuteter participativo em

todas as instacircncias gestoras do SUS compromisso com a democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de

trabalho e valorizaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede estimulando processos de educaccedilatildeo

permanente (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

A integralidade do cuidado amplamente discutida e difundida haacute tantos anos pelas

enfermeiras encontra na humanizaccedilatildeo um instrumento consolidador deste modo operante

da profissatildeo

Promover um cuidado humanizado e de qualidade a esta clientela vincula-se a

processos que natildeo se expressam por caracterizaccedilotildees e definiccedilotildees precisas e facilmente

medidas Envolver a famiacutelia no cuidado por exemplo eacute ir aleacutem da sua participaccedilatildeo na

57

divisatildeo funcional de tarefas Implica compreender a dimensatildeo social na qual as famiacutelias

estatildeo inseridas levando-se em consideraccedilatildeo suas demandas psiacutequicas emocionais

afetivas Significa apreender a famiacutelia natildeo mais de forma estereotipada e idealizada mas

na complexidade do seu processo social de sua subjetividade enfim de suas relaccedilotildees

Enfim eacute preciso que se pense coletivamente na construccedilatildeo de um projeto

terapecircutico sem estruturaccedilotildees riacutegidas com a possibilidade de repensar e refazer no

cotidiano as accedilotildees de cuidado e organizacionais (SOARES ROSA HIGARASHI

MARCON MOLINA 2016)

161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila

Existem inuacutemeras razotildees para a internaccedilatildeo de crianccedilas ou adolescentes em uma

unidade hospitalar A principal delas eacute a obtenccedilatildeo do pleno restabelecimento fiacutesico sem

agravos no estado psicoemocional aos quais estaacute clientela estaacute sujeita em decorrecircncia de

vaacuterias situaccedilotildees que lhe satildeo peculiares durante a internaccedilatildeo hospitalar como a separaccedilatildeo

dos pais os procedimentos dolorosos invasivos e desconhecidos entre outros

No entanto para que essa hospitalizaccedilatildeo seja segura no mais amplo sentido o

planejamento do cuidado deve ser feito pelo enfermeiro de modo que atenda as

caracteriacutesticas do crescimento e desenvolvimento dessa clientela e ainda seja harmocircnico

com as necessidades da famiacutelia e equipe de sauacutede favorecendo a humanizaccedilatildeo e

seguranccedila do atendimento (COLLET ROCHA 2001) (GAIacuteVA SOUZA XAVIER

2013)

Na maioria das instituiccedilotildees hospitalares ainda vigora a perspectiva biologicista

dando ecircnfase agrave doenccedila da crianccedila e ao seu tratamento Os pais satildeo obrigados a seguir uma

organizaccedilatildeo predeterminada pelos serviccedilos Natildeo existindo estiacutemulo para a participaccedilatildeo e

o envolvimento deles nas decisotildees relativas ao tratamento e aos cuidados prestados aos

filhos atuando mais como expectadores da assistecircncia (COLLET 2001)

Eacute importante salientar que o cuidado de enfermagem agrave crianccedila natildeo se restringe agrave

busca do ecircxito teacutecnico pois apesar da preocupaccedilatildeo do enfermeiro com as praacuteticas de

sauacutede por meio de accedilotildees curativistas deve-se atentar para as atitudes compreensivas no

processo de cuidar caminhando para a construccedilatildeo de novos entendimentos das situaccedilotildees

que a crianccedila e a famiacutelia enfrentam (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA

2010)

58

O modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila implementado pelo hospital implica o

desenvolvimento de accedilotildees para o cuidado tais praacuteticas para serem integrais e

possibilitarem intervenccedilotildees geradoras de bem-estar e qualidade de vida precisam ser

sistematizadas portanto o enfermeiro que atua nestes espaccedilos deve utilizar a SAE e o PE

para efetuar sua praacutetica profissional junto agrave crianccedila

A SAE em pediatria requer o planejamento e implementaccedilatildeo de accedilotildees em uma

abordagem processual que fundamente a tomada de decisotildees acerca do cuidado

(WHALEY WONG 2015) Aos enfermeiros que atuam na pediatria cabe o desafio de

adequar a SAE aacutes necessidades das crianccedilas e suas famiacutelias pois o contexto do hospital

algumas vezes provoca nos profissionais uma forte tendecircncia em focar sua atenccedilatildeo no

cliente de forma fragmentada percebendo cliente e famiacutelia a partir de uma visatildeo

dicotomizada inviabilizando uma abordagem humaniacutestica do cuidado (SOUSA

GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

Horta (1979) afirma que a variaccedilatildeo das necessidades de um indiviacuteduo para o outro

se daacute na maneira como se manifesta e como satildeo satisfeitas ou atendidas Alguns fatores

interferem na manifestaccedilatildeo ou no atendimento entre eles podem ser descritos a

individualidade a idade o sexo a cultura a escolaridade os fatores socioeconocircmicos o

ciclo sauacutede-enfermidade e o ambiente fiacutesico

A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada

e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila da crianccedila

Dessa forma a atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades

individuais e com isso promove o crescimento e desenvolvimento saudaacutevel assim como

a prevenccedilatildeo de doenccedilas (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)

Desta forma devemos considerar a SAE portanto um instrumento que

proporciona natildeo apenas uma melhora na qualidade da assistecircncia mas tambeacutem confere

ao profissional maior autonomia de suas accedilotildees o respaldo legal e ao aumento do viacutenculo

entre o profissional e o paciente (CARVALHO SILVA FERREIRA CORREA 2008)

Enquanto processo organizacional ela eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o

desenvolvimento de meacutetodos interdisciplinares e humanizados de cuidado (MOREIRA

etal2012)

Para Duran e Toledo (2011) o processo de enfermagem contribui para minimizar

complicaccedilotildees referentes ao estado de sauacutede e cuidados prescritos bem como maior

estabilidade e seguranccedila na assistecircncia prestada Por isso a seguranccedila da assistecircncia agrave

59

crianccedila deve ser preservada considerando a maior vulnerabilidade do grupo de

atendimento (GAIacuteVA SOUZA XAVIER 2013)

Neste contexto a SAE eacute de extrema importacircncia pois direciona as intervenccedilotildees

conforme as necessidades do paciente aleacutem de facilitar a avaliaccedilatildeo dos cuidados de

enfermagem Estudo desenvolvido avaliando a utilizaccedilatildeo da sistematizaccedilatildeo do cuidado

ao receacutem-nascido internado em UTI neonatal concluiu que a SAE garante a qualidade e

a organizaccedilatildeo da assistecircncia o que promove maior sobrevida e menor tempo de

permanecircncia da crianccedila na UTIN (MOREIRA etal2012)

Assim a aplicaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees de sauacutede apresenta como aspectos

positivos seguranccedila no planejamento execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das condutas de enfermagem

individualizaccedilatildeo da assistecircncia visibilidade e autonomia para o enfermeiro (SILVA

OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

Com isso a SAE acaba por se constituir um processo de qualificaccedilatildeo profissional

que aleacutem de propiciar valorizaccedilatildeo do papel do enfermeiro na Instituiccedilatildeo induz maior

qualidade da assistecircncia como poderoso veiacuteculo que requer pensamento criacutetico e criativo

para desenvolver um cuidado de excelecircncia e boa relaccedilatildeo custobenefiacutecio desenvolvendo

um ambiente de assistecircncia agrave sauacutede multidisciplinar (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013)

162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila

A implementaccedilatildeo do PE deve promover o encontro de subjetividade entre o

profissional de enfermagem e a famiacutelia da crianccedila Desse encontro surgem novas

compreensotildees e interpretaccedilotildees que contribuem para o sucesso do cuidado e a superaccedilatildeo

da crise ocorrida durante a hospitalizaccedilatildeo (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do PE aleacutem de organizar o cuidado prestado

proporciona tambeacutem melhor comunicaccedilatildeo pois evita interpretaccedilatildeo duvidosa e encoraja a

participaccedilatildeo do cliente no planejamento e na assistecircncia de enfermagem individualizada

e humanizada Auxilia ainda a definir o papel do enfermeiro junto ao cliente e a outros

profissionais de sauacutede intensificando a satisfaccedilatildeo profissional e acentuando o

desenvolvimento de habilidades cognitivas teacutecnicas e interpessoais (MOREIRA

etal2012)

60

Assim para que a accedilatildeo do profissional de enfermagem seja feita a partir de

condutas e atitudes seguras que embasem a tomada de decisotildees relacionadas ao cliente o

conhecimento constitui valor de grande importacircncia (COLLET ROCHA 2001)

(MOREIRA etal2012) No caso da crianccedila todo o arcabouccedilo de conhecimento

relacionados ao seu processo de crescer e desenvolver devem ser considerados de forma

que o cuidado a ser prestado seja significativo e faccedila alteraccedilotildees positivas no estado de

sauacutede da crianccedila e dos familiares envolvidos no processo

A baixo satildeo descritas de acordo com as fases do processo de enfermagem algumas

especificidades levantadas em bibliografias que precisam ser abordados ao momento de

organizar o gerenciamento do cuidado a crianccedila e sua famiacutelia jaacute que estas especificidades

relacionadas a clientela infantil proporcionaram maior embasamento para a tomadas de

decisotildees criacuteticas e natildeo meramente advindas de uma seacuterie de tentativas

Fase I - Histoacuterico de enfermagem

Consiste no levantamento de dados obtidos por meio de diferentes fontes de

informaccedilatildeo requer do enfermeiro habilidades diferenciadas como a capacidade de

observaccedilatildeo comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com o paciente aleacutem do conhecimento especiacutefico

(COLLET OLIVEIRA 2002) (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA 2013)

Conveacutem reunir o maior nuacutemero de informaccedilotildees possiacuteveis referentes aos aspectos

fiacutesicos sensomotores intelectuais soacutecio-afetivos da crianccedila a fim de avaliar seu niacutevel de

desenvolvimento e propor em seguida accedilotildees e encaminhamentos que favoreccedilam o seu

desenvolvimento (SCHMITZ 2005)

No histoacuterico de pediatria alguns pontos devem ser observado ao momento da

coleta da informaccedilatildeo deve ser concedido espaccedilo para a crianccedila participar da entrevista

juntamente com sua famiacutelia considerando suas colocaccedilotildees e ponto de vista a

caracteriacutestica e estrutura interna da famiacutelia deve ser coletado por meio de diagramas como

o genograma e o ecomapa o cuidador principal da crianccedila deve ser identificado no

atendimento de lactentes ou de patologias correlacionadas a injurias na gestaccedilatildeo o

histoacuterico deste periacuteodo deve ser coletado atividades recreacionais e educacionais devem

ser levantadas a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento deve ser feita comparando as habilidades

e marcos de desenvolvimento para cada estaacutegio (WHALEY WONG 2015)

61

Fase II - Diagnoacutestico de Enfermagem

Consiste no julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo famiacutelia ou

comunidade aos problemas de sauacutede processos de vida vigentes e potenciais

proporcionando a base para a seleccedilatildeo de intervenccedilotildees de enfermagem visando ao alcance

de resultados pelo qual o enfermeiro eacute responsaacutevel (CARPENITO 2005) (NANDA

2008)

Para que o enfermeiro possa realizar o diagnoacutestico faz se necessaacuterio utilizar um

sistema uacutenico de classificaccedilatildeo Existem cinco tipos de diagnoacutesticos de enfermagem (reais

de risco de bem-estar de promoccedilatildeo a sauacutede e de siacutendrome) sendo que os diagnoacutesticos

reais e de risco satildeo os mais utilizados na praacutetica (NANDA 2008)

Estudo que avaliou os diagnoacutesticos de enfermagem mais utilizados no cuidado a

crianccedila elencou nove diagnoacutesticos reais segundo a taxonomia da NANDA natildeo

relacionados a patologias como os mais utilizados Proteccedilatildeo ineficaz Comunicaccedilatildeo

verbal prejudicada Processos familiares interrompidos Mobilidade fiacutesica prejudicada

Padratildeo de sono perturbado Atividades de recreaccedilatildeo deficientes Medo Ansiedade

Tensatildeo do papel do cuidador (SILVA 2004) (SIQUEIRA 2005) (MONTEIRO

SILVALOPES 2006)

Fase III - Planejamento de Enfermagem

A formulaccedilatildeo do plano eacute a fase de tomada de decisatildeo do processo baseado no

diagnoacutestico de enfermagem especiacutefico formulado de modo que permita uma meta ou

resultado esperado (CARPENITO 2005)

Nesta fase eacute importante acrescentar ao plano de metas a participaccedilatildeo da famiacutelia

no cuidado (LIMA 1996) (COLLET 2001) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS

SILVA 2011) aleacutem de incluir as potencialidades inerentes aos recursos humanos e a

estrutura fiacutesica das unidades de cuidado agrave crianccedila Estes espaccedilos geralmente possuem uma

estrutura fiacutesica especiacutefica a infacircncia e singular frente a outras clinicas hospitalares como

brinquedotecas ambiente para a educaccedilatildeo durante a internaccedilatildeo banco de leite e lactaacuterios

etc (WHALEY WONG 2015)

Fase IV - Prescriccedilatildeo de Enfermagem

Nesta etapa da SAE o enfermeiro decide acerca das condutas a serem

implantadas objetivando uma assistecircncia personalizada e de qualidade As intervenccedilotildees

62

de enfermagem constituem-se em estrateacutegias especiacuteficas que auxiliam tanto a crianccedila

como a famiacutelia a chegar aos resultados Envolve tomada de decisatildeo do profissional na

medida em que ele indica o tipo de cuidado necessaacuterio em uma determinada situaccedilatildeo

(HORTA 1979) (CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)

A prescriccedilatildeo de enfermagem em pediatria deve incluir itens relacionados a

cuidados padronizados e comuns a todas as crianccedilas internadas cuidados especiacuteficos aos

problemas identificados atividades de estimulaccedilatildeo neuropsicomotora de acordo com o

estaacutegio de desenvolvimento do cliente orientaccedilotildees a crianccedilas e adolescentes

acompanhantes visitantes encaminhamento a outros profissionais (WHALEY WONG

2015)

Fase V - Avaliaccedilatildeo de Enfermagem

Eacute o registro realizado apoacutes a avaliaccedilatildeo do estado geral da crianccedila com o objetivo

de nortear o planejamento da assistecircncia a ser prestada e informar o resultado das

condutas de enfermagem implementadas Neste registro deve constar os problemas novos

identificados um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas

a serem abordados nas 24 horas subsequentes (CAMPEDELLI 1989)

(CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)

Alguns itens satildeo considerados importantes para a avaliaccedilatildeo dos pacientes

pediaacutetricos a caracterizaccedilatildeo da crianccedila quanto ao seu estaacutegio de desenvolvimento

(lactente preacute-escolar etc) dependecircncia para o autocuidado alteraccedilotildees observadas no

desenvolvimento reaccedilotildees emocionais observadas na crianccedila em relaccedilatildeo a interaccedilatildeo com

a famiacutelia equipe e ambiente uso de objetos preferidos (chupeta paninho brinquedo) ou

rituais (chupar dedo enrolar cabelo etc)

Compreendendo que a implementaccedilatildeo do PE promove um meacutetodo organizado e

individualizado para o cuidado de enfermagem agrave sauacutede da crianccedila por permitir o

envolvimento da crianccedila famiacutelia e das equipes de sauacutede nas diferentes etapas do processo

facilitando a continuidade dos processos e prevenindo omissotildees e repeticcedilotildees

desnecessaacuterias (MOREIRA etal2012) Cabe ao enfermeiro o desafio de adequar o

conhecimento disponiacutevel incentivar a participaccedilatildeo da equipe de enfermagem tanto no

planejamento como na implementaccedilatildeo do PE para que seu uso seja de fato efetivo na

praacutetica com resultados positivos na qualidade da assistecircncia

63

2- REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 - A TEORIA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ORIGEM CONCEITO E

DEFINICcedilOtildeES

[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam elas entre

duas pessoas ou entre dois grupos pressupotildeem

representaccedilotildees Na realidade eacute isso que as caracteriza

(Serge Moscovici)

Definida como o ldquoconjunto de conceitos frases e explicaccedilotildees originaacuterias na vida

diaacuteria durante o curso das comunicaccedilotildees interpessoaisrdquo (Moscovici 1978 p181) as

representaccedilotildees sociais englobam uma vasta gama de crenccedilas ideologias opiniotildees e

valores que satildeo socialmente construiacutedos por grupos delimitados acerca de um

determinado objeto de pesquisa presente na realidade existencial concreta As

Representaccedilotildees Sociais configuram-se como uma estrateacutegia particular de apropriaccedilatildeo

dos grupos sociais para orientar e justificar as tomadas de decisotildees em relaccedilatildeo ao objeto

de investigaccedilatildeo em estudo (MOSCOVICI 2003)

A representaccedilatildeo social designa tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito

que os engloba eacute a teoria construiacuteda para explicaacute-los bem como afirmaccedilotildees que se

originam no cotidiano atraveacutes de comunicaccedilotildees inter-individuais que contribuem para a

formaccedilatildeo de condutas e a orientaccedilatildeo das comunicaccedilotildees sociais (SAacute 2005)

O percussor do conceito das RS foi Durkheim que a partir da noccedilatildeo de

representaccedilatildeo coletiva defendida pela escola positivista de tradiccedilatildeo socioloacutegica

possibilitou a definiccedilatildeo do novo conceito Foi com o psicoacutelogo social Serve Moscovici

nas deacutecadas de 1960 e 1970 que ela ganhou uma nova configuraccedilatildeo cientiacutefica

conquistando gradativamente espaccedilo e aceitaccedilatildeo acadecircmica no campo das Ciecircncias

Humanas e das Ciecircncias Sociais Aplicadas a partir dos anos 80 tanto em niacutevel nacional

quanto internacional Essa linha de pensamento tem como pressuposto baacutesico considerar

a sociedade como um conjunto de fatos sociais ou seja as representaccedilotildees natildeo poderiam

ser reduzidas a representaccedilotildees individuais (ARRUDA 2002)

As representaccedilotildees coletivas se constituem fora da consciecircncia e estatildeo presentes

nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e os grupos em que a vida representativa se estende para

aleacutem de fenocircmenos meramente fiacutesicos e psiacutequicos implica nas maneiras de agir e pensar

64

Assim essas maneiras de pensar e agir satildeo construccedilotildees coletivas e portanto natildeo derivam

de indiviacuteduos isolados (TURA MOREIRA 2005)

Desde a origem da formulaccedilatildeo proposta por Moscovici em 1961 as

representaccedilotildees sociais satildeo caracterizadas como fenocircmenos complexos que dizem respeito

ao processo pelo qual o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no contexto

de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)

Para Abric (2003) as RS satildeo um conjunto organizado e estruturado de

informaccedilotildees crenccedilas opiniotildees e atitudes Jaacute Jodelet (2005) afirma que as RS circulam

nos discursos satildeo trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagens e imagens

midiaacuteticas cristalizadas em condutas e em organizaccedilotildees materiais e espaciais Para

Markovaacute (2006) as representaccedilotildees sociais satildeo fenocircmenos dinacircmicos e abertos e o

conceito da representaccedilatildeo social eacute formado e retransformado juntamente com a

transformaccedilatildeo da sua teoria Na perspectiva de Moreira e colaboradores (2007) elas satildeo

o equivalente em nossa sociedade aos mitos e sistemas de crenccedilas das sociedades

tradicionais podendo ser consideradas como a versatildeo contemporacircnea do senso comum

Portanto as representaccedilotildees sociais se configuram um tipo de conhecimento do

senso comum que se constroacutei a partir da influecircncia social e individual (subjetividade)

Estudar o senso comum o conhecimento popular eacute afirmar que se estaacute estudando algo

que liga a sociedade ou indiviacuteduos agrave sua cultura sua linguagem seu mundo familiar

Esse aspecto eacute justificado pela polifasia cognitiva na transformaccedilatildeo das noccedilotildees do

senso comum em noccedilotildees cientiacuteficas e vice-versa os limites e os problemas de tais

transformaccedilotildees por serem as representaccedilotildees sociais vivas tomando forma nesta tensatildeo e

conflito inerente ao pensamento e a cultura (ARRUDA 2002)

De acordo com Saacute (2005) quando aceitamos estudar as representaccedilotildees sociais

buscamos pesquisar um fenocircmeno que nos chama atenccedilatildeo a partir de sua relevacircncia

social seu valor intriacutenseco ou sua relevacircncia acadecircmica Os fenocircmenos referentes agraves

representaccedilotildees sociais podem circular por vaacuterios acircmbitos culturais ou sociais

Os fenocircmenos da representaccedilatildeo social estatildeo na cultura nas

instituiccedilotildees nas praacuteticas sociais nas comunicaccedilotildees

interpessoais e de massa e nos pensamentos individuais [] os

fenocircmenos satildeo [] difusos fugidos multifacetados em

constante movimento e presentes em inuacutemeras instacircncias da

interaccedilatildeo social (SAacute 2005p21)

65

Nobrega (2003) enfoca que as representaccedilotildees sociais satildeo elaboradas no acircmbito

dos fenocircmenos comunicacionais que repercutem sobre as mudanccedilas sociais Eacute importante

pensar os fenocircmenos das representaccedilotildees sociais em termos de status simboacutelico A esse

respeito Moscovici (2003) compreende que as RS satildeo portanto

Entidades quase tangiacuteveis que circulam cruzam-se e se

cristalizam incessantemente atraveacutes de uma fala um gesto um

encontro em nosso universo cotidiano A maioria das relaccedilotildees

sociais estabelecidas os objetos produzidos ou consumidos as

comunicaccedilotildees trocadas delas estatildeo impregnados []

Correspondem por um lado agrave substacircncia simboacutelica que entra

na elaboraccedilatildeo e por outro agrave praacutetica que produz a dita

substacircncia tal como a ciecircncia ou os mitos correspondem a uma

praacutetica cientiacutefica e miacutetica (MOSCOVICI 2003 p41)

Portanto ao abordar a constituiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais Moscovici ressalta

que este eacute um processo que preconiza trocas e composiccedilatildeo de ideacuteias as quais visam a

responder demandas individuais e coletivas Dessa forma as representaccedilotildees sociais

[] satildeo sobretudo o objeto de um permanente trabalho social

no e atraveacutes do discurso de tal modo que cada novo fenocircmeno

pode sempre ser reincorporado dentro de modelos explicativos e

justificativos que satildeo familiares e consequentemente aceitaacuteveis

Esse processo de troca e composiccedilatildeo de ideacuteias eacute sobretudo

necessaacuterio pois ele reponde agraves duplas exigecircncias dos indiviacuteduos

e das coletividades [] para construir um sistema de

pensamento e compreensatildeo e por outro lado para adotar visotildees

consensuais de accedilatildeo que lhes permitem manter viacutenculo social

ateacute mesmo a continuidade da comunicaccedilatildeo da ideacuteia

(MOSCOVICI 2003 p216)

Para tanto eacute preciso considerar que o sujeito eacute um ser permeado de crenccedilas e

valores que satildeo embutidos ao longo da sua vida a partir de suas experiecircncias e vivecircncias

socialmente compartilhadas relacionadas ao seu esforccedilo para o enfrentamento de

situaccedilotildees cotidianas as quais orientam a sua conduta e a sua comunicaccedilatildeo As RS podem

influenciar o comportamento do indiviacuteduo participante de uma coletividade dessa forma

o proacuteprio coletivo penetra dentro do pensamento individual (TURA MADEIRA SILVA

GAZE CARVALHO 2008)

O sujeito interpreta e compreende diversas situaccedilotildees nas quais se encontra mas

pode se comportar de forma diferente diante de um procedimento aparentemente idecircntico

de acordo com a sua representaccedilatildeo perante o objeto considerado e o ambiente a que ele

66

pertenccedila a partir da transformaccedilatildeo do conhecimento interaccedilotildees subjetivas e relaccedilotildees

interpessoais (OSOacuteRIO QUEIROZ 2007)

A representaccedilatildeo natildeo eacute um simples reflexo da realidade mas uma organizaccedilatildeo

significativa que depende ao mesmo tempo de fatores contingentes tais como natureza

e dificuldades colocadas pela situaccedilatildeo contexto imediato finalidade da situaccedilatildeo e de

fatores mais gerais que ultrapassam a proacutepria situaccedilatildeo como contexto social e ideoloacutegico

lugar do indiviacuteduo na organizaccedilatildeo social histoacuteria do indiviacuteduo e do grupo relaccedilotildees de

poder socialmente estabelecidas

A TRS procura esclarecer qual eacute o caminho percorrido pelas abstraccedilotildees

cientiacuteficas por ser uma teoria da crenccedila e do conhecimento de seus respectivos conteuacutedos

aproximando os problemas da teoria do pensamento social agravequeles da epistemologia O

senso comum eacute o pensamento social por excelecircncia por isso eacute o mais compartilhado e o

mais utilizado no cotidiano em qualquer sociedade (MOSCOVICI 2003)

Portanto os profissionais que atuam no cuidado hospitalar agrave crianccedila satildeo seres de

categorias e formaccedilatildeo diferentes mas que dividem o mesmo objeto e ambiente de

trabalho cada um com a sua experiecircncia e conhecimentos variados que guiam suas

condutas posturas e atitudes de abordagem atendimento e comunicaccedilatildeo interpessoal

Cada indiviacuteduo possui as suas crenccedilas e valores que norteiam seus comportamentos que

poderatildeo conduzir processos de decisatildeo

A TRS pode se manifestar neste estudo de vaacuterias maneiras devido a sua

flexibilidade diante dos diversos fenocircmenos que ocorrem em torno da SAE no

atendimento agrave crianccedila e sua famiacutelia Tanto a utilizaccedilatildeo da SAE quanto a aplicaccedilatildeo da

TRS envolvem a participaccedilatildeo de um sujeito e um objeto numa relaccedilatildeo complexa de

interdependecircncia entre os personagens que permeado pelo ambiente rico nas suas

interaccedilotildees rotineiras eacute capaz de interferir nas condutas e atitudes da equipe Neste

processo o conhecimento eacute compartilhado e agregado aos jaacute existentes construindo as

rotinas e cultura do ambiente

212 ndash Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e

Ancoragem

Para se realizar um estudo sobre as representaccedilotildees sociais eacute necessaacuterio delimitar

o objeto a ser pesquisado De acordo com Saacute (2005) o objeto de pesquisa eacute formado a

67

partir da simplificaccedilatildeo e compreensatildeo do fenocircmeno da representaccedilatildeo social pela teoria

conforme a finalidade da pesquisa A construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais inicia-se na

relaccedilatildeo de como o sujeito representa o objeto

Entretanto representar algo consiste natildeo somente em descrevecirc-lo ou reproduzi-

lo eacute reconstruiacute-lo modificaacute-lo a partir de trocas interaccedilotildees e experiecircncias humanas De

haacutebito precisa-se necessariamente das informaccedilotildees das palavras do conhecimento para

compreender ou descrever os fenocircmenos que aparecem no ambiente (ESCUDEIRO

1997)

Por meio da TRS Moscovici definiu padrotildees para analisar cientificamente o

conhecimento produzido dos processos de comunicaccedilotildees sociais denominado de ldquosenso

comumrdquo os quais refletem nas mudanccedilas e interaccedilotildees do grupo Com a aplicaccedilatildeo da TRS

esse conhecimento antes banalizado passou a ter importacircncia cientiacutefica e diversos

estudos foram desenvolvidos buscando compreender o comportamento social

(NOacuteBREGA 2001)

A interaccedilatildeo de saberes e conhecimento satildeo indispensaacuteveis para o bom

atendimento a crianccedila devido suas especialidades e fragilidades atreladas ao processo de

crescimento e desenvolvimento eacute nesta perspectiva que a TRS de Serge Moscovici

(1978) a partir de seus conceitos e definiccedilotildees possibilita englobar todo o contexto que

permeia o desenvolvimento da Assistecircncia Sistematizada de Enfermagem a esta clientela

Na dinacircmica do atendimento a crianccedila os profissionais interagem entre si para sanar as

dificuldades e necessidades relativas ao processo de internaccedilatildeo o objetivo maior consiste

em prestar atendimento seguro e de qualidade

Conforme postula a TRS natildeo existe representaccedilatildeo que natildeo seja de um objeto e de

um sujeito O sujeito se apropria e constroacutei as representaccedilotildees processos que podem ser

cognitivos do tipo emocional ou depender de uma experiecircncia particular que inclua uma

accedilatildeo no mundo Esses fenocircmenos que ocorrem de maneira cotidiana pelas accedilotildees de um

ou vaacuterios sujeitos soacute poderiam existir pela presenccedila de um objeto (MOREIRA

CAMARGO 2007)

Assim as RS tornam lsquofamiliarrsquo o que natildeo o eacute fazendo com que o objeto de

representaccedilatildeo (material ou natildeo material) a ser processado mentalmente pelos sujeitos

sociais sofra determinadas transformaccedilotildees Isto significa dizer que no processo de

formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social estatildeo presentes dois conceitos determinantes a

saber objetivaccedilatildeo e ancoragem

68

Baseado em Moscovici (1978 p76) a elaboraccedilatildeo e funcionamento de uma

representaccedilatildeo podem ser compreendidos atraveacutes dos processos de objetivaccedilatildeo e

ancoragem eles fazem com que o pensamento a ideacuteia se concretize por meio da accedilatildeo

humana O primeiro pode ser entendido como o ato de ldquoreabsorver um excesso de

significaccedilotildees materializando-asrdquo Eacute tambeacutem transplantar para o niacutevel de observaccedilatildeo o

que antes era apenas inferecircncia ou siacutembolo

Moscovici (1978) introduz assim os processos de objetivaccedilatildeo e ancoragem que

datildeo origem agraves representaccedilotildees sociais

O processo de objetivaccedilatildeo consiste na operaccedilatildeo que permite

tornar concretos os conceitos abstratos ao materializar

abstraccedilotildees em imagens ldquo A objetivaccedilatildeo eacute caracterizada como

passagem de conceitos ou ideacuteias para esquemas ou imagens

concretas os quais pela generalidade de seu emprego se

transformam em supostos reflexos do real (MOSCOVICI 1978

p289)

A objetivaccedilatildeo eacute uma etapa importante no desenvolvimento das RS visto que ela

significa dar forma ao pensamento cognitivo agraves ideacuteias Constitui-se em trecircs fases a

seleccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo da teoria a formaccedilatildeo do nuacutecleo figurativo e a

naturalizaccedilatildeo

A primeira fase eacute a triagem de elementos a partir do campo da cultura e

especialmente normativos informaccedilotildees cientiacuteficas que satildeo apropriadas por puacuteblico

determinado de acordo com esquemas que lhes satildeo proacuteprios a seguinte satildeo elementos

que formam um conjunto coerente e imageacutetico que torna concreto aquilo que eacute abstrato

e finalmente a naturalizaccedilatildeo que consiste nos vaacuterios elementos do nuacutecleo figurativo que

satildeo coordenados e tornam-se elementos da realidade Transformam-se em evidecircncia que

orientam as percepccedilotildees e o julgamento da realidade socialmente construiacuteda (TURA

MOREIRA 2005)

A objetivaccedilatildeo pode ser definida como a transferecircncia de uma ideacuteia de um

conceito ou de uma opiniatildeo em algo concreto Cristaliza-se a partir de um processo

figurativo e social e passa a constituir um nuacutecleo figurativo de uma determinada

representaccedilatildeo seguidamente evocada concretizada e disseminada como se fosse o real

daqueles que o expressam (COELHO SILVA PADILHA 2009)

Outro processo de funcionamento da TRS eacute a ancoragem que se refere agrave

incorporaccedilatildeo de novas informaccedilotildees ao sistema de categorias sociais jaacute existentes

69

comparando-as interpretando-as e reproduzindo-as para que adquiram caracteriacutesticas e

se ajustem agraves relaccedilotildees do grupo (MOSCOVICI 2003)

A ancoragem ou seja a inserccedilatildeo do novo objeto no acervo de conhecimentos jaacute

existentes constitui-se como uma rede de significaccedilotildees em torno do objeto relacionando-

o a valores e praacuteticas sociais

A representaccedilatildeo sempre se constroacutei sobre algo jaacute pensado ou manifesto A

familiarizaccedilatildeo com o estranho pode com a ancoragem fazer prevalecer quadros de

pensamento antigos posiccedilotildees preestabelecidas utilizando mecanismos como a

classificaccedilatildeo a categorizaccedilatildeo e a rotulaccedilatildeo E classificar comparar rotular supotildee sempre

um julgamento que revela algo da teoria que temos sobre o objeto classificado (COELHO

SILVA PADILHA 2009)

Para Arruda (2002) a ancoragem daacute significado ao objeto desconhecido o natildeo

familiar torna-se familiar O indiviacuteduo recorre ao que eacute familiar para fazer uma espeacutecie

de modificaccedilatildeo da novidade traz ao terreno conhecido ancora o desconhecido neste

lugar retirando-o assim do territoacuterio natildeo familiar

Para Jodelet (2005) no processo de formaccedilatildeo das representaccedilotildees

[] a ancoragem interveacutem assegurando sua incorporaccedilatildeo ao

social [] enraiacuteza a representaccedilatildeo e seu objeto numa rede de

significaccedilotildees que permite situaacute-los em relaccedilatildeo aos valores

sociais e dar-lhe coerecircncia [] A ancoragem serve para a

instrumentalizaccedilatildeo do saber conferindo-lhe um valor funcional

para a interpretaccedilatildeo e a gestatildeo do ambiente (JODELET 2005

p38-39)

Ao procurar compreender o novo o natildeo familiar dialogamos com nossos

conhecimentos e experiecircncias anteriores preexistentes e assim ancoramos o novo em um

enquadramento de saberes (valores cogniccedilotildees afetividades) jaacute vivenciado Eacute nesse

sentido que eacute afirmado haver um contiacutenuo processo dialeacutetico de construccedilatildeo de

conhecimento pelo qual aderimos integralmente ou natildeo agraves novidades ao que nos eacute

proposto de acordo com o conhecimento e valores que tiacutenhamos

213 ndash A Teoria do Nuacutecleo Central e Perifeacuterico em Representaccedilatildeo Social

A Teoria do Nuacutecleo Central ou Teoria da Abordagem Estrutural das

Representaccedilotildees Sociais de Jean-Claude Abric pretende prioritariamente estabelecer o

70

iniacutecio e a organizaccedilatildeo da RS explicando a estruturaccedilatildeo das representaccedilotildees sociais

(ABRIC 2003)

Para o autor uma representaccedilatildeo social eacute organizada em torno de dois subsistemas

distintos quais sejam central e perifeacuterico Nesse arranjo o sistema central eacute composto

por um ou mais elementos que oferece grande dimensatildeo e solidez agrave representaccedilatildeo eacute

responsaacutevel pela unificaccedilatildeo desta sendo responsaacutevel pela significaccedilatildeo da representaccedilatildeo

social Pode ser entendido como um espaccedilo onde haacute conformidade consensual de um

grupo e que proporciona a esse grupo estabilidade coerecircncia e continuidade das

representaccedilotildees mostrando-se relativamente independente do contexto social e material

imediato (ARRUDA 2002) (ABRIC 2003)

O nuacutecleo central consiste em uma conjuntura de elementos altamente resistentes

a mudanccedilas pois estaacute ligado agrave memoacuteria coletiva conferindo significado consistecircncia e

permanecircncia agrave representaccedilatildeo (ABRIC 2003)

A volta deste elemento central estatildeo os elementos perifeacutericos aqueles que fazem

a interconexatildeo com as situaccedilotildees em que se origina a representaccedilatildeo e os modos individuais

de conhecer o mundo estas garantem a sustentaccedilatildeo configurando-se como uma espeacutecie

de componente estruturante ou seja os elementos perifeacutericos configuram-se em um

sistema que permiti ao nuacutecleo central adaptar-se agrave realidade (ARRUDA 2002) (ABRIC

2003)

Os elementos perifeacutericos contribuem para clarear o caminho conceitual teoacuterico e

metodoloacutegico do estudo das representaccedilotildees sociais Os elementos do nuacutecleo central

tendem a se apresentar como funcionais e normativos Isto implica dizer que o nuacutecleo

central tem um papel relevante para a representaccedilatildeo social uma vez que organiza as

significaccedilotildees e prescreve accedilotildees para que a representaccedilatildeo seja mantida Eacute formado pela

natureza do objeto e pelo sistema de valores e normas sociais que estabelecem o contexto

ideoloacutegico do grupo (ARRUDA 2002)

Abric (2003) coloca que no nuacutecleo central haacute uma organizaccedilatildeo dos elementos

fundantes e estabilizantes das RS dos grupos Isso acontece porque no nuacutecleo central

ocorrem as funccedilotildees fundamentais na estruturaccedilatildeo e no funcionamento das representaccedilotildees

sociais Satildeo elas

1ordf) geradora ndash ele eacute o elemento pelo qual se cria e se transforma uma

representaccedilatildeo dando significaccedilatildeo aos outros elementos constitutivos da representaccedilatildeo eacute

por essa funccedilatildeo que esses elementos tomam um sentido um valor

71

2ordf) organizadora ndash eacute ele que determina a natureza das ligaccedilotildees entre os elementos

de uma representaccedilatildeo social Eacute por ela que o nuacutecleo central se torna o elemento unificador

e estabilizador da representaccedilatildeo e

3ordf) estabilizadora ndash seus elementos satildeo os que mais resistem agraves mudanccedilas

O nuacutecleo central sustenta-se no fato de ser ele o elemento que define o significado

de uma representaccedilatildeo e ao mesmo tempo colabora para sua organizaccedilatildeo interna Ele eacute

entendido como a base comum que define a homogeneidade do grupo tendo um papel

importante na estabilidade coerecircncia e continuidade das representaccedilotildees sendo

relativamente independente do contexto social e material imediato

Jaacute o sistema perifeacuterico faz a interface entre a realidade concreta e o nuacutecleo central

Ele permite uma flexibilizaccedilatildeo em funccedilatildeo do vivido uma integraccedilatildeo das experiecircncias

cotidianas e comporta certa heterogeneidade de comportamentos e conteuacutedo Satildeo essas

caracteriacutesticas que nos permitem vislumbrar as alteraccedilotildees sutis em seus componentes

transitando entre o sistema perifeacuterico antes que venha a se constituir e integrar o nuacutecleo

central

O processo de construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais ocorre na incorporaccedilatildeo de

informaccedilotildees e fatos que ocorrem no cotidiano que as pessoas atraveacutes do seu sistema

perifeacuterico aos poucos vatildeo constituindo-se como verdades do grupo e com isso aos

poucos modificando as dimensotildees estabelecidas nos conhecimentos valores e crenccedilas

enraizadas do nuacutecleo central pois eacute no sistema perifeacuterico que se permite alienar algum

objeto ou fato social uma vez que pela sua consciecircncia permite conferir um novo

significado para esse objeto ou fato

Por sua vez os elementos do sistema perifeacuterico tambeacutem apresentam trecircs funccedilotildees

principais quais sejam (RANGEL 2004)

1ordf) ser a interface entre o nuacutecleo central e o contexto

2ordf) adaptar as representaccedilotildees diante das mudanccedilas do meio e

3ordf) preservar a representaccedilatildeo

Nesse sistema eacute possiacutevel que exista a presenccedila de elementos histoacutericos relativos

ao indiviacuteduo e que consequumlentemente atuam na constituiccedilatildeo desse sistema

caracterizando assim uma maior heterogeneidade dos conceitos em relaccedilatildeo ao grupo

72

Quadro 4 ndash Caracteriacutesticas do nuacutecleo central e sistema perifeacuterico

Nuacutecleo Central Sistema Perifeacuterico

Ligado a memoacuteria coletiva e a histoacuteria do

grupo

Permite a integraccedilatildeo das experiecircncias e das

histoacuterias individuais

Consensual define a homogeneidade do

grupo

Suporta a heterogeneidade do grupo

Estaacutevel coerente erigido Flexiacutevel suporta contradiccedilotildees

Resistente agrave mudanccedila Transforma-se

Pouco sensiacutevel ao contexto imediato Sensiacutevel ao contexto imediato

Gera a significaccedilatildeo da representaccedilatildeo e

determina sua organizaccedilatildeo

Permite a adaptaccedilatildeo agrave realidade concreta e a

diferenciaccedilatildeo do conteuacutedo protege o sistema

central

Fonte AlvesMazzotti (2007 p23)

A anaacutelise de uma representaccedilatildeo social natildeo eacute atividade simples pois deve ser

permeada pela compreensatildeo dos saberes crenccedilas e valores relacionados com aspectos

cognitivos e sociais do objeto Em funccedilatildeo disso a abordagem estrutural das

representaccedilotildees sociais abriga distintos meacutetodos de pesquisa cientiacutefica bem como

diferentes instrumentos de coleta de dados

As representaccedilotildees criadas durante as relaccedilotildees fazem com que ideacuteias se

materializem e novos conhecimentos sejam incorporados (COELHO SILVA

PADILHA 2009)

73

3 MEacuteTODO

[] natildeo eacute a pertenccedila de um sujeito a determinado grupo

social que faz com que ele se comporte socialmente da

maneira como faz mas a sua representaccedilatildeo mental dos

fatos sociais []

(Wolfgang Wagner)

31 Tipo de Estudo

Trata-se de estudo exploratoacuterio descritivo de abordagem qualitativa A pesquisa

qualitativa exige maior preocupaccedilatildeo com o aprofundamento e abrangecircncia da

compreensatildeo do objeto do que com sua generalizaccedilatildeo (MINAYO 2010) Para Marconi

e Lakatos (2009) a pesquisa descritiva se refere aos fatos que satildeo observados registrados

analisados classificados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles Isto

significa que os fenocircmenos do mundo fiacutesico e humano satildeo estudados mas natildeo

manipulados pelo pesquisador Gil (2007) refere que a pesquisa exploratoacuteria proporciona

maior familiaridade com o problema com vista a tornaacute-lo mais expliacutecito Seu

planejamento eacute bastante flexiacutevel de modo que possibilita a consideraccedilatildeo dos mais

variados aspectos relativos ao fato estudado

Foi utilizado como meacutetodo a Teoria das Representaccedilotildees Sociais (TRS) de Serge

Moscovici que eacute definida como uma forma de conhecimento do senso comum e que esta

diretamente relacionado com agrave maneira como as pessoas entendem e introjetam as

informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaboram o saber cientiacutefico

segundo sua proacutepria conveniecircncia ou de acordo com os meios e recursos que estatildeo

disponiacuteveis (MOSCOVICI 1978) A aplicaccedilatildeo da teoria de Representaccedilotildees Sociais neste

estudo vincula-se tanto as relaccedilotildees que o sujeito estabelece com o cotidiano de suas

praacuteticas quanto agrave significaccedilatildeo que este mesmo sujeito atribui ao processo de organizaccedilatildeo

planejamento e execuccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila

32 Local de Estudo

O cenaacuterio para este estudo foram as unidades de atendimento agrave crianccedila de dois

Hospitais Escolas do municiacutepio de Caacuteceres ndash MT

O municiacutepio de Caacuteceres localiza-se a 16deg 04 16 de latitude ao Sul e 57deg 40 44

de longitude ao Oeste no pantanal Matogrossense Pertence ao estado de Mato Grosso e

situa-se a 211 quilocircmetros da capital ndash Cuiabaacute Possui uma aacuterea de 24351 Km e uma

populaccedilatildeo de 87912 habitantes Seu bioma eacute Cerrado Amazocircnia e Pantanal e a principal

74

atividade econocircmica da cidade eacute a agropecuaacuteria Faz divisa com os municiacutepios de Gloacuteria

DrsquoOeste Curvelacircndia Lambari DrsquoOeste e Porto Estrela ao norte Poconeacute Porto

Esperidiatildeo e Repuacuteblica da Boliacutevia ao sul (IBGE 2006)

Os dois hospitais constituem unidades terciaacuterias filantroacutepicas gerenciados pela

mesma mantenedora cuja clientela usuaacuteria eacute de aproximadamente 80 do Sistema Uacutenico

de Sauacutede (SUS) estas unidades estatildeo credenciadas para realizaccedilatildeo de procedimentos de

alta complexidade e possuem as seguintes aacutereas de assistecircncia agrave crianccedila

Hospital A 10 leitos de atendimento ambulatorial 23 leitos de internaccedilatildeo

pediaacutetrica 10 leitos de atendimento intensivo ao neonato (UTIN) e 10

leitos de atendimento intensivo a crianccedila (UTIPED)

O Hospital B natildeo possui leitos ambulatoriais exclusivos para crianccedilas

tem 16 leitos de internaccedilatildeo pediaacutetrica 27 leitos de UTIN subdivididos em

9 de alto risco 10 para risco intermediaacuterio e 8 de baixo risco estruturados

no formato matildee canguru A unidade de tratamento intensivo pediaacutetrico

funciona com 8 leitos

A estrutura fiacutesica destes espaccedilos eacute organizado e decorado ludicamente de forma a

respeitar o sentido da infacircncia durante a internaccedilatildeo Possuem paredes com pinturas

lavaacuteveis de personagens que remetem ao universo infantil ambos os hospitais possuem

brinquedoteca estruturada com brinquedos e livros estimuladores para as diversas fases

da infacircncia e possuem calendaacuterio de atividades recreacionais desenvolvidas por

acadecircmicos dos cursos de Pedagogia Educaccedilatildeo Fiacutesica e Fisioterapia aleacutem de projetos de

extensatildeo vinculados ao curso de Enfermagem desenvolvidos em datas especiacuteficas de

celebraccedilatildeo

O hospital B ainda possui espaccedilo para recreaccedilatildeo ao sol com brinquedos de

estiacutemulo motor e sala de computaccedilatildeo para o desenvolvimento de atividades escolares e

jogos

Em ambos hospitais o uso do branco foi abolido pela equipe de sauacutede sendo

utilizado pelo corpo de enfermagem roupa privativa confeccionada nas cores verde e azul

Considerando que este estudo tem como proposta investigar as RS dos

enfermeiros que prestam atendimento agrave crianccedila entatildeo tambeacutem foram incluiacutedos os

espaccedilos sala de parto (recepccedilatildeo do neonato) e centro ciruacutergico (cirurgias pediaacutetricas)

como ambientes de pesquisa

75

A escolha dos locais para a realizaccedilatildeo do estudo foi pautada no fato de estes serem

hospitais de referecircncia para atendimentos agrave crianccedila agrave gestantes e a neonatos de alto risco

da regiatildeo por possuiacuterem a SAE implantada em todos os setores do hospital desde o ano

2000 aleacutem de constituiacuterem campo de atuaccedilatildeo da investigadora como docente

33 Sujeitos de Estudo

O nuacutecleo de enfermagem que atua no cuidado agrave crianccedila das duas unidades

hospitalares eacute composto por aproximadamente 60 enfermeiros e cerca de 250 teacutecnicos de

enfermagem

Participaram do estudo 45 enfermeiros dos setores de atenccedilatildeo agrave crianccedila dos turnos

diurno e noturno que estavam em atividade profissional no mesmo setor por no miacutenimo

seis meses e demonstraram disponibilidade em participar do estudo de acordo com a sua

aceitaccedilatildeo verbal e em seguida a manifestaccedilatildeo escrita por meio da assinatura do termo

de consentimento livre e esclarecido - TCLE (Apecircndice A)

O criteacuterio de tempo miacutenimo de seis meses de trabalho no setor de atendimento a

crianccedila foi escolhido para inclusatildeo na pesquisa pois a RS eacute a forma de conhecimento

socialmente elaborado e partilhado tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo para a

construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Para que esta construccedilatildeo

aconteccedila eacute necessaacuterio um tempo de conviacutevio para que as pessoas entendam e introjetem

as informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaborem o saber

cientiacutefico

Foram excluiacutedos os enfermeiros que trabalhavam no sistema de plantatildeo avulso

ou seja prestadores de serviccedilo pertencentes ao quadro de enfermagem do hospital mas

que por acordo institucional realizam cobertura de profissionais faltosos

esporadicamente

Ao final foram excluiacutedos 9 enfermeiros por natildeo corresponderem ao criteacuterio de

inclusatildeo tempo miacutenimo de trabalho no mesmo setor 2 por estar em gozo de feacuterias 1 por

se enquadrar no criteacuterio de exclusatildeo e 3 por incompatibilidade de agenda

76

Os 45 enfermeiros participantes ao periacuteodo da pesquisa estavam assim lotados

nas cliacutenicas das instituiccedilotildees

Espaccedilo Hospitalar Hospital A Hospital B Total

Pediatria 4 3 7

UTIN 5 4 9

UTPED 5 4 9

Ambulatoacuterio 3 2 5

Sala de Parto 4 4 8

Centro Ciruacutergico 3 4 7

Total 24 21 45

Todos os preceitos eacuteticos e legais relacionados a pesquisas utilizando sujeitos de

estudo foram respeitadas segundo os requisitos da Resoluccedilatildeo 4662012 do Conselho

Nacional de Sauacutede que trata das diretrizes e normas de pesquisa envolvendo seres

humanos

34 Coleta de Dados

Na coleta de dados foram utilizados dois instrumentos O primeiro foi composto

por perguntas que objetivaram desenhar o perfil dos entrevistados e uma entrevista

semiestruturada que abordou aspectos relacionados ao conhecimento sobre a SAE no que

se refere agrave praacutexis da enfermagem ao planejamento desenvolvimento e avaliaccedilatildeo da

assistecircncia de enfermagem ao cliente (Apecircndice B) A entrevista visou aprender o

conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos sujeitos

O segundo instrumento foi um questionaacuterio de livre associaccedilatildeo que ofereceu

suporte para o emprego da teacutecnica de livre associaccedilatildeo de palavras (TALP) que consistiu

em apresentar as expressotildees indutoras ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo

e ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo solicitando aos participantes a produccedilatildeo e a posterior

classificaccedilatildeo por ordem de prioridade de trecircs palavras expressotildees eou adjetivos que lhe

viessem agrave mente (Apecircndice C)

Os dados foram coletados no periacuteodo de maio e junho de 2015 poacutes parecer

favoraacutevel do CEPUNEMAT com preacutevio agendamento e seguiu calendaacuterio proposto

pelos enfermeiros do estudo

77

Apesar do agendamento das entrevistas segundo a disponibilidade do sujeito em

virtude de tarefas e intercorrecircncias nos setores houve a necessidade de retornar inuacutemeras

vezes ao campo para aplicar os questionaacuterios esperando pacientemente o tempo do

sujeito para respondecirc-lo

A aplicaccedilatildeo do teste de associaccedilatildeo livre de palavras - TALP (Apecircndice C) tornou

possiacutevel compreender a estrutura das representaccedilotildees sociais dos sujeitos atraveacutes das

manifestaccedilotildees reaccedilotildees evocaccedilotildees e escolhas Portanto foi solicitado que os participantes

verbalizassem em menor tempo possiacutevel as primeiras palavras adjetivos e ou expressotildees

que lhe viessem agrave mente ao ouvirem as palavras e expressotildees indutoras Sistematizaccedilatildeo

da assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE com a finalidade de

apreender as representaccedilotildees sociais dos participantes estas depois foram organizadas

pelo sujeito segundo sua percepccedilatildeo de prioridade

A entrevista foi implementada em segunda etapa com gravaccedilatildeo de aacuteudio dos

questionamentos Para Minayo (2010) a entrevista semiestruturada eacute uma teacutecnica de

pesquisa que obedece a um roteiro apropriado fisicamente e utilizado pelo entrevistador

tem uma sequecircncia clara de questotildees que facilita a abordagem e assegura sobretudo aos

investigadores menos experientes que suas hipoacuteteses ou pressupostos seratildeo cobertos na

conversa

Todas as fases da coleta e anaacutelise de dados foram realizadas pela pesquisadora

Considerando que os dois hospitais satildeo tambeacutem ambientes de trabalho da pesquisadora

atraveacutes do acompanhamento das praacuteticas de campos de estaacutegio de acadecircmicos de

enfermagem e por esta tambeacutem ser conhecida nos dois ambientes hospitalares tendo

inclusive participado da formaccedilatildeo de vaacuterios dos sujeitos da pesquisa na fase de coleta de

dados houve grande preocupaccedilatildeo em minimizar as possibilidades de vieacutes na coleta Assim

foi permitido aos enfermeiros que respondessem calmamente o questionaacuterio e entrevista

enfatizando que o resultado da avaliaccedilatildeo natildeo seria identificado

35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados

Para a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos foi utilizado o software Excel 2007 as

informaccedilotildees foram apresentadas no formato de tabelas segundo suas frequecircncias por

meio de valores absolutos e relativos

Para a anaacutelise dos dados das entrevistas utilizou-se o software ldquoAnaacutelise Lexical

por Contexto de um Conjunto de segmentos de Texto (ALCESTE) versatildeo 410 que foi

78

criado na Franccedila em 1979 por Max Reinert no CNRS (Centro Nacional Francecircs de

Pesquisa Cientifica) com apoio da ANVAR (Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo

agrave Pesquisa) O software apesar de originalmente trabalhar com a liacutengua francesa possui

dicionaacuterios em outros idiomas fato que permite sua utilizaccedilatildeo com materiais em

portuguecircs (GOMES OLIVEIRA 2005) Ele permite realizar a anaacutelise de conteuacutedo de

material diverso podendo ser entrevistas obras literaacuterias artigos de revistas entre outros

com o objetivo de quantificar o texto para extrair as estruturas mais significativas as quais

estatildeo relacionadas com a distribuiccedilatildeo de palavras anaacutelise lexical

O meacutetodo utilizado pelo Alceste eacute a Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente

(CHD) de conteuacutedo textual tendo a palavra como unidade considerando seus respectivos

contextos de ocorrecircncia (GOMES OLIVEIRA 2005) (VITORIA REGIS 2011)

O programa toma como base um uacutenico arquivo (corpus) que deve ser formatado

seguindo regras proacuteprias do software para que possua homogeneidade na sua

apresentaccedilatildeo Para um melhor aproveitamento da anaacutelise eacute essencial o seguimento dessas

regras

Devido a estrutura do programa para o reconhecimento de vocaacutebulos faz-se

necessaacuterio a padronizaccedilatildeo de expressotildees ou temas ou ateacute a mesmo a uniatildeo de palavras

atraveacutes do traccedilo subscrito o qual tambeacutem foi utilizado para substituiccedilatildeo do hifeacuten em

palavras compostas Foram retirados do texto giacuterias eou viacutecios de linguagem Foram

corrigidos tambeacutem os tempos verbais e as falas foram colocadas em uma linguagem mais

formal poreacutem com a preocupaccedilatildeo de natildeo alterar o sentido do texto Vale ressaltar que

estas alteraccedilotildees somente foram feitas com o objetivo de adequar o texto transcrito das

entrevistas para anaacutelise do software No entanto para a apresentaccedilatildeo dos resultados as

falas dos participantes satildeo utilizadas na integra exatamente como foram expressas no

momento da entrevista

A anaacutelise Alceste eacute organizada em quatro fases de operaccedilotildees (A B C D) as quais

satildeo desenvolvidas em cinco etapas principais (CAMARGO 2005) (VITORIA REGIS

2011)

1- Identificaccedilatildeo das unidades de contexto

2- Pesquisa das formas reduzidas de palavras plenas analisadas

3- Definiccedilatildeo dos quadros de dados associados

4- Pesquisa de classes de unidades de contexto

79

5- Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo das classes

1-Identificaccedilatildeo das unidades de contexto

O Alceste divide o material a ser analisado em grandes unidades denominadas

Unidades de Contexto Iniciais (UCI) que satildeo as divisotildees naturais do corpus Elas satildeo os

primeiros iacutendices de uma estrutura e satildeo assinadas pelas chamadas linhas estreladas As

linhas estreladas identificam cada UCI e possuem as informaccedilotildees que caracterizam cada

entrevistado atraveacutes das variaacuteveis escolhidas pelo pesquisador

Apoacutes reconhecer as UCI o software novamente formata e divide o texto em

segmentos de algumas linhas denominadas Unidades de Contexto Elementares (UCE)

que correspondem ao material discursivo referente agrave formaccedilatildeo das classes (CAMARGO

2005)

2-Pesquisa de formas reduzidas de palavras plenas analisadas

Nesta etapa eacute que ocorre a fase A do conjunto de operaccedilotildees de anaacutelise do

software Leitura do texto e Caacutelculo dos dicionaacuterios O Alceste prepara o corpus

reconhece as UCI faz uma primeira segmentaccedilatildeo do texto agrupa as ocorrecircncias das

palavras em funccedilatildeo de suas raiacutezes e procede o caacutelculo da frequecircncia das formas reduzidas

destas palavras (VITORIA REGIS 2011) A fase A possui trecircs sub-fases A1)

Reformataccedilatildeo e divisatildeo do texto em segmentos de tamanho similar ou as chamadas UCE

A2) Pesquisa do vocabulaacuterio e reduccedilatildeo das palavras com base em suas raiacutezes (formas

reduzidas) A3) Criaccedilatildeo do dicionaacuterio de formas reduzidas

Conveacutem lembrar que no processo descrito acima o software pode identificar

diferentes conjugaccedilotildees verbais aleacutem de diferenciar palavras que tenham apenas funccedilatildeo

sintaacutetica (pronomes artigos adveacuterbios) das com significados (verbos substantivos

adjetivos) pois ele possui dicionaacuterios acoplados inclusive de portuguecircs (NASCIMENTO

MENANDRO 2006) Satildeo com as palavras com ldquosignificadordquo que o programa trabalha

3-Definiccedilatildeo e caacutelculo dos quadros de dados associados

Neste momento eacute que se desenvolve a fase B Caacutelculo das matrizes de dados e

classificaccedilatildeo das UCE Eacute quando ocorre a seleccedilatildeo das UCE a serem consideradas e o

caacutelculo da matriz (as UCE satildeo classificadas em funccedilatildeo dos seus respectivos vocabulaacuterios)

formas reduzidas X UCE (Sub- fase B1) caacutelculo das CHD propriamente dito (Sub-fase

80

B3) obtendo-se uma classificaccedilatildeo definitiva O procedimento eacute efetuado continuamente

ateacute que natildeo resulte em novas classes (NASCIMENTO MENANDRO 2006) Nesta etapa

satildeo construiacutedos trecircs quadros de dados que possibilitaratildeo a segmentaccedilatildeo das UCE em

subconjuntos de texto ateacute a definiccedilatildeo das classes (VITORIA REGIS 2011)

4-Pesquisa das classes de unidades de contexto

Desenvolve-se nesta etapa a fase C Descriccedilatildeo das classes de UCE escolhidas Eacute

uma etapa de caacutelculo que fornece os principais arquivos de resultados Nestes arquivos

ficam as diferentes classes escolhidas sua dependecircncia mutual o vocabulaacuterio

predominante de cada uma delas as palavras estreladas e as palavras ferramentas

caracteriacutesticas sobre as quais o pesquisador basearaacute sua interpretaccedilatildeo (VITORIA REGIS

2011)

A fase C eacute dividida em trecircs sub-fases C1) comparaccedilatildeo de duas classificaccedilotildees e

redefiniccedilatildeo das classes escolhidas C2) descriccedilatildeo dos perfis das classes C3) anaacutelise

fatorial de correspondecircncia ou AFC (representaccedilatildeo das relaccedilotildees entre as classes num

plano fatorial)

O meacutetodo de classificaccedilatildeo utilizado pelo Alceste para construccedilatildeo das classes eacute o

de CHD que permite a divisatildeo do corpus de base em um nuacutemero determinado de grupos

de UCE denominado de classes

5-Descriccedilatildeo das classes e bases para a sua interpretaccedilatildeo

A fase D Caacutelculos complementares uacuteltima fase do conjunto de operaccedilotildees do

software nesse momento ele calcula e fornece as UCE mais caracteriacutesticas de cada classe

permitindo a contextualizaccedilatildeo do vocabulaacuterio tiacutepico de cada uma delas Constitui-se por

quatro subfases D1) Seleccedilatildeo das chaves de contexto e das UCE caracteriacutesticas de cada

classe D2) Pesquisa das duas de palavras e dos segmentos repetidos por classe D3)

Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Ascendente de cada classe D4) Seleccedilatildeo das palavras

caracteriacutesticas das classes

A extraccedilatildeo das UCE representativas de cada classe permite apreender o sentido

delas com a ajuda de frases reais extraiacutedas do corpus Cada UCE eacute precedida de seu

nuacutemero de ordem no corpus e do respectivo khi2 (Qui- quadrado) cuja escolha eacute feita por

ordem decrescente de associaccedilatildeo agrave classe com um grau de liberdade (VITORIA REGIS

2011)

81

O khi2 calcula a frequecircncia de apariccedilatildeo da palavra Quanto maior o khi2 mais

relevante eacute a palavra para a construccedilatildeo da classe O programa fornece entatildeo o nuacutemero de

classes resultantes da anaacutelise assim como as formas reduzidas o contexto semacircntico e as

UCE caracteriacutesticas de cada uma delas consolidada as quais seratildeo denominadas e

interpretadas

A partir deste ponto utilizando os dados quantitativos iniciou-se a anaacutelise

qualitativa do agrupamento de estratos de discursos realizados pelo software em

dimensotildees explorando e buscando compreender seu significado dentro da fala dos

sujeitos interpretando-as por inferecircncias com a literatura pesquisada embasada na Teoria

da Representaccedilatildeo Social

O produto proveniente do teste TALP foi organizado previamente construindo o

corpus para anaacutelise este entatildeo foi tratado pelo software desenvolvido por Vergegraves

denominado EVOC (Ensemble de programm espermettantlrsquoanalyse decircs evocations) que

organiza as evocaccedilotildees produzidas de acordo com as suas frequecircncias e com a ordem de

evocaccedilatildeo O cruzamento entre esses dois criteacuterios (frequecircncia e ordem das evocaccedilotildees)

possibilitou a formaccedilatildeo de um Quadro de Quatro Casas que expressa o conteuacutedo e a

estrutura das representaccedilotildees sociais para dado objeto de estudo (OLIVEIRA 2001)

As palavras que foram evocadas de forma mais frequente constituiacuteram elementos

centrais da representaccedilatildeo Assim o software Evoc permitiu vislumbrar o nuacutecleo central

em funccedilatildeo de duplo criteacuterio frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo das palavras

A partir do cruzamento dos criteacuterios de frequecircncia e evocaccedilotildees foram definidas a

relevacircncia dos elementos associados (palavras frases e expressotildees) ao termo indutor

Esses resultados foram apresentados em quatro quadrantes organizados em dois eixos O

eixo vertical contempla a frequecircncia enquanto o eixo horizontal a ordem de evocaccedilatildeo

No quadrante superior esquerdo aparece os elementos mais relevantes que surgem nos

primeiros lugares da ordem de evocaccedilatildeo com uma frequecircncia significativamente mais

elevada (nuacutecleo central) Os elementos menos niacutetidos na estrutura de representaccedilatildeo

foram designados no quadrante superior direito e inferior esquerdo constituindo a

representaccedilatildeo perifeacuterica do fenocircmeno (nuacutecleo perifeacuterico)

36 Aspectos Eacuteticos

Para a implementaccedilatildeo deste projeto foram obedecidas todas as exigecircncias e

recomendaccedilotildees do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) O projeto de pesquisa foi

82

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Estadual de Mato Grosso ndash

UNEMAT por meio do CAAE de nuacutemero 42685215700005166 e do parecer

favoraacutevel 1065610 de 14 de maio de 2015 (ANEXO 1) Todos os participantes

assinaram o TCLE

83

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados do estudo seratildeo apresentados em trecircs partes

- Na primeira parte Conhecendo os enfermeiros do estudo que cuidam de

crianccedilas foi apresentado o perfil dos enfermeiros

- A segunda parte A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que

Cuidam de Crianccedilas apresentando a estrutura central e perifeacuterica das representaccedilotildees dos

enfermeiros sobre a SAE no atendimento a crianccedila

- Na terceira parte O conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem resultante da anaacutelise de conteuacutedo das entrevistas eacute

apresentado

41 CONHECENDO OS ENFERMEIROS DO ESTUDO QUE CUIDAM DE

CRIANCcedilAS

A viagem mais importante que podemos fazer na

vida eacute encontrar pessoas pelo caminho

(autor desconhecido)

Os dados apresentados neste item descrevem os sujeitos da pesquisa e suas

principais caracteriacutesticas ligadas a formaccedilatildeo e a sua atividade nos hospitais estudados

para Jodelet (2005) ldquoquem sabe e de onde saberdquo eacute questatildeo fundamental em estudos de

Representaccedilatildeo Social

Nesta etapa 45 enfermeiros responderam ao questionaacuterio sendo que o perfil dos

participantes do estudo ficou delineado da seguinte forma Vinte e nove dos entrevistados

tinham entre 22 e 29 anos quinze tinham entre 30 e 37 anos dois tinham entre 38 e 45

anos Quanto ao sexo 42 dos entrevistados eram do sexo feminino e 03 do sexo

masculino Quanto a instituiccedilatildeo formadora 28 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica estadual

do municiacutepio da pesquisa 3 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica federal do estado onde a

pesquisa foi realizada 12 fizeram o curso em instituiccedilotildees particulares do estado de Mato

Grosso e 2 cursaram em Universidades federais fora do estado de Mato Grosso Quanto

agrave titulaccedilatildeo dos enfermeiros 17 eram graduados e 28 eram especialistas Trecircs participante

finalizaram o curso de enfermagem em 4 anos e os outros 39 dos participantes terminaram

o curso em 5 anos

84

Na tabela 1 segue a apresentaccedilatildeo do perfil dos sujeitos de acordo com o sexo

idade tipo de instituiccedilatildeo em que cursou a graduaccedilatildeo em enfermagem tempo de formaccedilatildeo

e titulaccedilatildeo

Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash

MT2015

Variaacuteveis N

Faixa etaacuteria (anos)

22 a 29 28 622

30 a 37 15 333

38 a 45

2 44

Sexo

Feminino

Masculino

42

3

933

66

Instituiccedilatildeo de Formaccedilatildeo

Publica Federal 5 111

Publica Estadual 28 622

Privada 12 266

Anos de Formaccedilatildeo

lt de 5 anos 3 66

5 anos 39 866

4 anos 3 66

Titulaccedilatildeo

Graduaccedilatildeo 17 377

Especializaccedilatildeo 28 622

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

A meacutedia de idade dos profissionais participantes da pesquisa foi de 335 anos

variando entre 22 e 45 anos sendo a faixa etaacuteria entre 22 a 29 anos agrave de maior incidecircncia

(622) Nota-se que os participantes satildeo enfermeiros adultos jovens (idade entre 22 e 37

anos) estando em fase de pleno desenvolvimento e produtividade profissional Menzani

e Bianch (2009) em estudo que apresentou o perfil de enfermeiros de todas as regiotildees do

paiacutes demonstrou o predomiacutenio de enfermeiros na faixa etaacuteria abaixo dos 40 anos (717)

atuando profissionalmente em todas as regiotildees brasileiras

Quanto ao sexo dos entrevistados foi observado que 933 por cento eram do sexo

feminino refletindo que nos dois hospitais pesquisados esta variaacutevel segue em

consonacircncia com os hospitais das outras regiotildees do paiacutes onde ainda prevalece o sexo

85

feminino como a grande matildeo de obra de trabalho da enfermagem reforccedilando a forte

influecircncia da mulher nas accedilotildees de cuidado agrave vida (NAUDERER LIMA 2005)

(MENZANI BIANCH 2009)

Na formaccedilatildeo destes profissionais eacute possiacutevel observar que a grande maioria era

proveniente do ensino puacuteblico estadual (622) levaram cerca de 5 anos para finalizar o

processo de formaccedilatildeo o que sugere que o curriacuteculo da instituiccedilatildeo formadora estava

atualizado segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem (DCNENF) que

abordam na estruturaccedilatildeo dos curriacuteculos as quatro principais dimensotildees do trabalho da

enfermagem gerencial assistencial de educaccedilatildeo e de pesquisa

A poacutes-graduaccedilatildeo do tipo especializaccedilatildeo no formato lato sensu foi a maior titulaccedilatildeo

dos envolvidos (622) Se faz importante refletir sobre estes dados no intuito de

estimular a expansatildeo de programas de mestrado e doutorados na aacuterea de enfermagem para

a regiatildeo estudada haja visto que desta forma tambeacutem se agrega qualidade a formaccedilatildeo

profissional e a prestaccedilatildeo de cuidado a sauacutede Atualmente o Estado de Mato Grosso possui

um programa de doutorado acadecircmico em enfermagem vinculados a Universidade

Federal do Mato Grosso que oferecem 12 e 5 vagas respectivamente semestrais no

campus da capital do estado

Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na

instituiccedilatildeo Caacuteceres ndash MT2015

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

6MESES

9MESES

12MESES

24MESES

36MESES

48MESES

72MESES

84MESES

96MESES

120MESES

144MESES

Seacuterie1 1 1 13 11 12 1 1 1 2 1 1

NUacute

ME

RO

DE

PA

RT

ICIP

AN

TE

S

86

Eacute possiacutevel observar que 955 dos enfermeiros jaacute trabalham nos hospitais

pesquisados a mais de 12 meses Este dado eacute importante pois aproxima o grupo do nosso

objeto de estudo Provavelmente todos os 955 jaacute vivenciaram a SAE no espaccedilo de

atendimento agrave crianccedila e conseguem pontuar e descrever esta experiecircncia

O contato prolongado com o mesmo ambiente (local pessoas rotinas etc) eacute de

grande importacircncia para a formaccedilatildeo de elos de pertenccedila grupal No estudo das RS eacute sabido

que estas vivecircncias e trocas satildeo importantes para a formaccedilatildeo e ressignificaccedilatildeo de

conceitos ou seja como o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no

contexto de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)

Outro dado que chama atenccedilatildeo neste graacutefico eacute o nuacutemero de profissionais com

tempo de trabalho na instituiccedilatildeo ateacute 24 meses representando cerca de 577 o que pode

indicar rotatividade de profissionais de enfermagem

Segundo Aquino (1991) a rotatividade eacute a flutuaccedilatildeo dos recursos humanos entre

uma organizaccedilatildeo e seu ambiente Geralmente a rotaccedilatildeo de pessoal eacute expressa por uma

relaccedilatildeo percentual entre admissotildees e as demissotildees satildeo expressas de acordo com a relaccedilatildeo

do nuacutemero meacutedio de participantes da organizaccedilatildeo no decorrer de certo periacuteodo

Esta sucessatildeo de mudanccedila na composiccedilatildeo da forccedila de trabalho revela a

movimentaccedilatildeo da forccedila de trabalho entre o mercado de trabalho e a instituiccedilatildeo

(ANSELMI DUARTE ANGERAMI 2001)

A rotatividade de equipes de sauacutede requer investimento em treinamento constante

para a formaccedilatildeo e adequaccedilatildeo do profissional dentro dos referenciais da instituiccedilatildeo

principalmente no que se refere a SAE

A frequecircncia com que ocorre a rotatividade da forccedila de trabalho pode provocar

seacuterias consequecircncias para as organizaccedilotildees pelos prejuiacutezos natildeo soacute financeiros no que se

refere agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo mas tambeacutem no tempo que seraacute gasto para convocar

selecionar e treinar um novo profissional (STANCATO ZILLI 2010)

O Graacutefico 2 demonstra que cerca de 822 dos enfermeiros atuavam no mesmo

setor de assistecircncia agrave crianccedila agrave pelo tempo maacuteximo de 1 ano O enfermeiro com maior

tempo de atuaccedilatildeo no mesmo espaccedilo de cuidado a crianccedila dos hospitais estudado o esta

por cerca de 5 anos fortalecendo a hipoacutetese de provaacutevel rotatividade de profissionais na

instituiccedilatildeo

87

Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo

setor de atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

Quando se correlaciona esta informaccedilatildeo a porcentagem de enfermeiros somente

graduados a idade e o sexo destes sujeitos eacute possiacutevel concluir que o perfil do corpo de

enfermagem que assiste as crianccedilas nestes dois hospitais eacute constituiacutedo respectivamente

de enfermeiros do sexo feminino receacutem-formados ainda natildeo especializados e com pouco

tempo de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

Os recursos humanos necessitam ser mantidos em niacuteveis suficientes para atender

a demanda de serviccedilos Uma rotatividade excessiva proveniente da intensificaccedilatildeo de

saiacuteda de profissionais provocam desequiliacutebrios na composiccedilatildeo do quadro de pessoal

acarretando custos e impondo efeitos indesejaacuteveis afetando a qualidade e a quantidade

de serviccedilos prestados e prejudicando a assistecircncia de enfermagem (STANCATO ZILLI

2010)

6MESES

7MESES

8MESES

9MESES

10MESES

11MESES

12MESES

14MESES

16MESES

24MESES

60MESES

Seacuterie1 7 5 5 5 4 4 7 3 2 2 1

NUacute

MER

O D

E P

AR

TIC

IPA

NTE

S

88

42 A ESTRUTURA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DOS ENFERMEIROS

QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS

421 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem

A construccedilatildeo social eacute sempre um processo natildeo

intencional construir um objeto socialmente

significativo eacute algo que o grupo ou seus membros

fazem e natildeo algo que tentam fazer depois de

meditar sobre eles

(Wolfgang Wagner)

O software EVOC busca atraveacutes da frequecircncia de evocaccedilotildees identificar nas

representaccedilotildees seus elementos centrais e perifeacutericos Em resposta ao termo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo a anaacutelise do corpus formado pelas

evocaccedilotildees dos 45 participantes nos dois hospitais-escola revelou que foram evocadas

135 palavras

Das 135 palavras evocadas foram selecionados pelo software 13 termos com

meacutedia da ordem de evocaccedilatildeo de 20 Foram desprezadas as evocaccedilotildees cuja frequecircncia foi

inferior a 3 sendo a frequecircncia meacutedia de 8 evocaccedilotildees A Figura 3 foi resultante da anaacutelise

combinada desses indicadores (frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo)

Figura 3 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres MT Brasil 2015

Nuacutecleo Central

Cuidado

Enfermagem

Organizaccedilatildeo

1ordf Periferia

Planejamento

Qualidade

2ordf Periferia

Assistecircncia

Comprometimento

Processo

Responsabilidade

89

A anaacutelise dos resultados dos questionaacuterios de livre associaccedilatildeo de palavras permitiu

apreender os valores as crenccedilas e a praacutetica dos participantes diante da expressatildeo indutora

percebendo os termos formadores do provaacutevel nuacutecleo central (quadrante superior

esquerdo) desta representaccedilatildeo e do sistema perifeacuterico (quadrante superior e inferior

direito) (Quadro 5)

Quadro 5 - Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermagem Caacuteceres MT Brasil 2015

OMI lt20 ge20

Frequecircncia

Media

Nuacutecleo central F Rangdagger Elementos

perifeacutericos 1

F Rang

Cuidado 17 1765 Planejamento 8 2500

Enfermagem 10 1600 Qualidade 17 2059

ge8 Organizaccedilatildeo

13 1538

Elementos de

contraste

F Rang Elementos

perifeacutericos 2

F Rang

3le

Ciecircncia 5 1200 Assistecircncia 4 2000

Humanizaccedilatildeo 3 1667 Comprometimento 4 2000

lt7 Obrigaccedilatildeo 3 1667 Processo 4 2500

Responsabilidade 3 2000

Ordem meacutedia das evocaccedilotildees frequecircncia das evocaccedilotildees dagger distribuiccedilatildeo das evocaccedilotildees

Frente agrave expressatildeo indutora ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os

sujeitos evocaram mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo

estas palavras tiveram as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o

nuacutecleo central desta representaccedilatildeo e refletem a dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem para

estes profissionais ou seja traduzem o entendimento do cuidado organizado como objeto

de trabalho da enfermagem

O termo ldquocuidadordquo obteve maior frequecircncia de evocaccedilatildeo apontando ser o

provaacutevel nuacutecleo central das representaccedilotildees sociais acerca da SAE

O cuidado de enfermagem eacute universal multidimensional singular e deve

considerar os sistemas social econocircmico e cultural dos envolvidos Assim a atuaccedilatildeo da

enfermagem estaacute compreendida em uma zona de intercessatildeo entre o cuidado e o

tratamento Embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo de uma teacutecnica satildeo

na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis que presidem a sauacutede

90

com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e essenciais tanto para a

manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)

Nessa perspectiva o cuidado de enfermagem pode ser explicado como um

conjunto de accedilotildees desenvolvidas pelo profissional de enfermagem em substituiccedilatildeo dos

cuidados que a pessoa natildeo pode temporariamente garantir a si proacutepria ou que natildeo pode

ser garantido por seu entorno social (COLLIEgraveRE 1999) A este termo reforccedila a

concepccedilatildeo do ser enfermeiro expressando sua ciecircncia e seu objeto de trabalho

O cuidado ao atendimento de sauacutede da crianccedila foi durante muitos anos pautado

na cura da doenccedila Atualmente estaacute em construccedilatildeo um modelo assistencial em que a

crianccedila deixa de ser compreendida como ser unicamente bioloacutegico que privilegia cuidado

assistencial centrado em suas especificidades e de sua famiacutelia mediante a construccedilatildeo de

redes de apoio buscando sua integralidade (ABUD GAIacuteVA 2015)

Nesta nova perspectiva o cuidado de enfermagem deve promover e restaurar o

bem-estar fiacutesico psiacutequico e social considerando aspectos intriacutensecos ligados agrave sua

condiccedilatildeo de crianccedila e reconhecendo o protagonismo familiar bem como as legislaccedilotildees

que garantem suas especificidades (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT

COLLET 2013) (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN HIGARASHI

2014)

Desta forma ao considerar o cuidado como o possiacutevel nuacutecleo central da RS da

SAE os participantes reconhecem que o cuidado constitui a verdadeira competecircncia da

enfermagem Traduz uma accedilatildeo que vai aleacutem de procedimentos teacutecnicos englobando o

envolvimento e o compromisso com o outro e portanto uma accedilatildeo humanizada que

melhora as condiccedilotildees e favorece a promoccedilatildeo e a prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando limitar

a doenccedila e promover a vida (BORGES SANTOS 2013)

Quando profissionais da enfermagem respondem agraves necessidades de cuidado e

agem responsavelmente ajudando a desenvolver restaurar ou ampliar o cuidado na

melhor maneira possiacutevel temos o cuidado autecircntico Ao agir assim os pacientes natildeo satildeo

apenas ajudados a lidar e a enfrentar a doenccedila e a incapacidade mas satildeo encorajados e

empoderados a continuar em sua busca pela plenitude humana (WALDOW 2015)

O segundo estiacutemulo respondido tambeacutem como provaacutevel termo associado ao

nuacutecleo central da RS da SAE com frequecircncia de apresentaccedilatildeo igual a dez e que fortalece

as discussotildees relacionadas ao cuidado foi a palavra Enfermagem Deve-se ressaltar que

a Enfermagem moderna tem predominacircncia do modelo humaniacutestico e suas praacuteticas

91

profissionais foram historicamente marcadas pela forte influecircncia do espiacuterito religioso

da organizaccedilatildeo militar dos princiacutepios da divisatildeo social do trabalho e mais recentemente

pela busca de conhecimento proacuteprio (ALVES COGO 2014)

Eacute por essecircncia desde o seu nascimento expressa atraveacutes do cuidado e este

cuidado durante todo o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro eacute abordado dentro de uma

dimensatildeo essencial e complexa tanto na experiecircncia de quem cuida quanto de quem

recebe o cuidado ou ateacute mesmo de quem ensina a cuidar (CASAFUS DELLrsquoACQUA

BOCCHI 2013)

A profissatildeo de enfermagem eacute regulamentada no territoacuterio brasileiro pela lei

749886 composta por trecircs classes profissionais com atribuiccedilotildees especiacuteficas e

proporcionais aos niacuteveis de complexidade assistencial e ao tempo de formaccedilatildeo de cada

categoria As inuacutemeras atribuiccedilotildees desenvolvidas por essa profissatildeo abrangem afazeres

teacutecnicos e procedimentais abordando caracteriacutesticas pessoais como lideranccedila

humanizaccedilatildeo competecircncia gerencial e inovaccedilatildeo bem como o desenvolvimento de boas

relaccedilotildees pessoais (MEIRA KURCGANT 2016)

Conveacutem ressaltar que o cuidado dispensado pelo enfermeiro agrave crianccedila envolve

tambeacutem seus familiares e sua equipe e seu singular significativo pois somente por meio

desta dinacircmica eacute possiacutevel garantir melhor relacionamento interdependecircncia coesatildeo e

competecircncia nas accedilotildees (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN

HIGARASHI 2014)

Desse modo a enfermagem contemporacircnea une a arte-ciecircncia-ideal do cuidar

possibilitando accedilotildees que beneficiam o resgate do ser humano integral fortalecendo os

viacutenculos entre o sentir-saber-fazer (ALVES COGO 2014) Assim a enfermagem

assume a proposta de abordagem global do indiviacuteduo estabelecendo-se como praacutetica de

cuidado integralizadora

A terceira palavra encontrada relacionada agrave formaccedilatildeo do nuacutecleo central desta

representaccedilatildeo foi o termo ldquoorganizaccedilatildeordquo Considerando o cuidado a marca e o nuacutecleo de

atenccedilatildeo da enfermagem eacute preciso compreender que para cuidar satildeo necessaacuterios

instrumentos e processos metoacutedicos ou seja de organizaccedilatildeo para que o desfecho da accedilatildeo

base possa ser considerado integral e resolutivo

As accedilotildees provenientes da rotina do enfermeiro devem estar voltadas para a

qualidade do cuidado de forma a abraccedilar as dimensotildees assistencial e gerencial desta

praacutetica Uma accedilatildeo cuidadora responsaacutevel perpassa pela avaliaccedilatildeo e pelo planejamento de

92

todas as condiccedilotildees que envolvem determinada intervenccedilatildeo ou seja a organizaccedilatildeo da

assistecircncia atraveacutes da adoccedilatildeo de determinado meacutetodo e o embasamento em

conhecimentos cientiacuteficos (VITURI EacuteVORA 2015)

Apreendendo os trecircs termos com maior frequecircncia de evocaccedilatildeo ldquocuidadordquo

ldquoenfermagemrdquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo e que por esta razatildeo constituem o nuacutecleo central desta

representaccedilatildeo observa-se que estes satildeo congruentes e convergem para o termo indutor da

pesquisa ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo

Tratando-se de representaccedilatildeo do nuacutecleo central ou seja daquela que se manteacutem

resistente a mudanccedilas pode-se inferir que a representaccedilatildeo analisada reflete a premissa

baacutesica das praacuteticas de enfermagem proposta por diversos referenciais da aacuterea Ou seja a

enfermagem eacute uma profissatildeo que necessita de modelo de organizaccedilatildeo para administrar

os diversos recursos necessaacuterios para o desenvolvimento do cuidado

Portanto a SAE no cuidado agrave crianccedila constitui um arqueacutetipo teoacuterico para a praacutetica

assistencial integral fazendo com que a atuaccedilatildeo dos profissionais de enfermagem seja

cientificamente coerente planejada quanto agrave identificaccedilatildeo de necessidades da crianccedila e

sua famiacutelia obtendo estabelecimento alcance de metas e avaliaccedilatildeo

O sistema perifeacuterico desta representaccedilatildeo eacute formado por duas periferias

constituiacutedas de palavras que organizam a representaccedilatildeo do nuacutecleo central As palavras da

primeira e segunda periferia seguem a moda ou o discurso politicamente correto no

momento da coleta de dados Constatou-se que foram formados por palavras que tinham

sua significaccedilatildeo atrelada agraves caracteriacutesticas desenhadas para a construccedilatildeo do perfil ideal

do contemporacircneo profissional de enfermagem salientando os benefiacutecios da aplicaccedilatildeo do

cuidado sistematizado

Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos

ldquoplanejamentordquo e ldquoqualidaderdquo remete agrave dimensatildeo avaliativa do cuidado e expressa

posicionamento positivo diante da assistecircncia de enfermagem Os termos evocados se

apresentam bem proacuteximos ao nuacutecleo central jaacute que contam com frequecircncia de anaacutelise e

ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo

O sistema perifeacuterico eacute formado por elementos mais dinacircmicos e passiacuteveis de

atualizaccedilotildees relacionado agraves caracteriacutesticas individuais e ao contexto adaptando-se agraves

situaccedilotildees especiacuteficas e contribuindo para sua organizaccedilatildeo (MOSCOVICI 2003) Pode-

se inferir entatildeo que os conceitos de planejamento e qualidade constituem complementos

93

indispensaacuteveis do sistema central do qual ele depende ou seja o cuidado sistematizado

depende de planejamento e leva agrave qualidade

A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude

positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem

As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a raiz

essencial do termo ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo e fortalecem a

importacircncia desta para o desenvolvimento do cuidado de enfermagem agrave crianccedila Os

termos que emergem na primeira periferia satildeo respectivamente meio e resposta ao

desenvolvimento do cuidado

O planejamento da assistecircncia eacute uma imposiccedilatildeo legal Ao planejar o cuidado o

enfermeiro incorpora a responsabilidade da assistecircncia O planejamento permite

diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados

orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados (CASAFUS

DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (RODRIGUES CALEGARI 2016)

Portanto o planejamento do cuidado gera qualidade assistencial A qualidade

pode ser observada e mensurada quando o planejamento do cuidado eacute fundamentado na

cientificidade nas experiecircncias individuais e coletivas e nas constantes construccedilotildees e

reconstruccedilotildees dos processos (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015)

Desta forma a SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de

base para o planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e

rotinas das unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)

Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)

ldquoassistecircnciardquo ldquocompromissordquo ldquoprocessordquo e ldquoresponsabilidaderdquo organizam a RS dos

enfermeiros acerca da SAE dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute

o cuidado Satildeo apontadas neste quadrante palavras que valorizam aspectos ligados agrave

dimensatildeo atitudinal do indiviacuteduo como requisitos importantes para o exerciacutecio do

cuidado

As palavras ldquoassistecircnciardquo e ldquoprocessordquo estabelecem relaccedilatildeo proximal como

caminho a ser seguido ou seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem

o processo de aplicaccedilatildeo da SAE no cuidado

94

A praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees

de cuidado direto e indireto As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do

cuidado condiccedilotildees voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si

As accedilotildees indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e devem organizar e

individualizar a sua assistecircncia com base no seu compromisso com os valores eacuteticos e

morais a percepccedilatildeo que este tem do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o

conhecimento das poliacuteticas de apoio agrave crianccedila em todas as suas fases da vida e sobretudo

o empenho e a responsabilidade que este esboccedila no processo de cuidar

A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que

foram evocadas e estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central poreacutem obtiveram ordem meacutedia de

evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos Com relaccedilatildeo ao termo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras ldquociecircnciardquo ldquohumanizaccedilatildeordquo e

ldquoobrigaccedilatildeordquo traduzem avaliaccedilatildeo positiva da SAE

A sistematizaccedilatildeo do cuidado por meio da rigorosidade metoacutedica expressa agrave ciecircncia

da enfermagem A aproximaccedilatildeo da SAE agrave estrateacutegia de humanizaccedilatildeo do cuidado de

enfermagem modifica o ambiente hospitalar vinculando os avanccedilos cientiacuteficos da aacuterea

agraves individualidades do cliente permeando o processo assistencial por atitudes

humaniacutesticas (RODRIGUES CALEGARI 2016)

Entretanto ainda neste quadrante a palavra ldquoobrigaccedilatildeordquo associa o

desenvolvimento do cuidado sistematizado agrave tendecircncia negativa pois o desenvolvimento

da SAE constitui parte da ciecircncia do enfermeiro A aproximaccedilatildeo da SAE ao conceito de

obrigaccedilatildeo pode estar atrelada agrave fraacutegil visatildeo do processo de trabalho da enfermagem e da

autonomia deste profissional jaacute que as demandas assistecircncias deveriam ser fortalecidas

por esta metodologia

422 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do Enfermeiro

na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

Analisando a segunda expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os sujeitos evocaram mais prontamente

as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante (Figura 4) estas palavras tiveram

as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o provaacutevel nuacutecleo central

95

desta representaccedilatildeo e refletem o entendimento do grupo sobre as funccedilotildees desenvolvidas

pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado

Figura 4 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres

MT Brasil 2015

A anaacutelise das trecircs palavras torna possiacutevel refletir que para o grupo social estudado

a atuaccedilatildeo do enfermeiro no cuidado sistematizado eacute accedilatildeo de importacircncia fundamentada

em conhecimento e que proporciona a humanizaccedilatildeo da assistecircncia (Quadro 6)

A SAE eacute um dos conhecimentos da aacuterea de enfermagem e permite atraveacutes da

pesquisa da anaacutelise loacutegica e do raciociacutenio analiacutetico desenvolver e implementar cuidados

tanto teacutecnicos como interpessoais ou de relacionamento e comunicaccedilatildeo (HUITZI

PUYADENA ETXABE IRAOLA 2014) Como conhecimento ela eacute fortalecida por

modelos e teorias que orientam e datildeo sentido a praacutetica profissional do enfermeiro com

base na experiecircncia pessoal e nos pressupostos cientiacuteficos e filosoacuteficos (RAILE

MARRINER 2010)

Portanto eacute constituiacuteda de elementos cientiacuteficos e filosoacuteficos gerais que se tornam

elementos especiacuteficos e uacutenicos que serviratildeo para definir os elementos empiacutericos e

operacionais de cada modelo conceitual (MELEIS 2012)

Nuacutecleo Central

Conhecimento

Humanizaccedilatildeo

Importante

1ordf Periferia

Planejamento

Dedicaccedilatildeo

Organizaccedilatildeo

Rotina

2ordf Periferia

Ciecircncia

Lideranccedila

96

Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Atuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAE Caacuteceres Mato Grosso 2015

OMI lt 20 gt = 20

Freq Med Nuacutecleo Central F Rang Elementos

Perifeacutericos 1

F Rang

gt

=

6

Conhecimento

Humanizaccedilatildeo

Importante

7

7

7

1000

1143

1857

Planejamento

Dedicaccedilatildeo

Organizaccedilatildeo

Rotina

17

6

6

6

2294

2167

2000

2833

Elementos de

Contraste

F Rang Elementos

Perifeacutericos 2

F Rang

3 lt =

lt 5

Administraccedilatildeo

Autonomia

Comprometimento

Resultados

3

4

5

4

1333

1500

1600

1750

Ciecircncia

Lideranccedila

5

5

2000

2000

Legenda Frequecircncia das evocaccedilotildees Ordem meacutedia das evocaccedilotildees

A palavra importacircncia evocada como atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE pode estar

relacionada a orientaccedilatildeo que esta metodologia organizada atraveacutes do processo de

enfermagem propotildeem agrave praacutetica cliacutenica do enfermeiro atraveacutes dos trabalhos de

investigaccedilatildeo intervenccedilatildeo e avaliaccedilatildeo (DURAN TOLEDO 2011) (BENEDET

GELBCKE AMANTE et al 2016) Bem como a legitimidade que esta favorece agrave

assistecircncia mediante a equipe de sauacutede e a sociedade e a garantia do exerciacutecio do direito

de decidir sobre o cuidado do ser humano com independecircncia intelectual teacutecnica e

cientiacutefica (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCH 2013)

Haacute que se salientar ainda que a evocaccedilatildeo da palavra ldquoimportacircnciardquo tambeacutem pode

ser correlacionada a funccedilatildeo exercida pela SAE na estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos serviccedilos

e ao reconhecimento desta como instrumento de planejamento do cuidado

Outro aspecto a ser observado foi a aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado a

perspectiva de humanizaccedilatildeo da assistecircncia Esta filosofia atual faz parte da realidade dos

serviccedilos de sauacutede e diz respeito agrave valorizaccedilatildeo da especificidade do indiviacuteduo e da praacutetica

integral na realizaccedilatildeo dos cuidados de enfermagem A humanizaccedilatildeo do cuidado eacute possiacutevel

atraveacutes da SAE pelo potencial de reestruturaccedilatildeo da praacutetica que esta metodologia favorece

haja visto que sua implementaccedilatildeo gera potencial de mudanccedilas na organizaccedilatildeo e

articulaccedilatildeo dos serviccedilos e dos profissionais de sauacutede (CASTILHO RIBEIRO

CHIRELLI 2009)

97

Outros estudos tambeacutem destacam as contribuiccedilotildees da SAE para a humanizaccedilatildeo da

assistecircncia considerando esta ser um processo articulador que assegura continuidade agrave

assistecircncia de enfermagem proporciona cuidado individualizado implica modificaccedilotildees

no estilo de assistir e na forma de conceber a enfermagem que passa do estilo funcional

para o estilo centrado no paciente favorecendo uma relaccedilatildeo pessoa a pessoa na qual o

cliente eacute participante na tomada de decisatildeo (DUARTE ELLENSOHN 2007)

(PEDUZZI ANSELMI 2002) (PERES CIAMPONE 2006)

A SAE no cuidado agrave crianccedila possibilita a implementaccedilatildeo da abordagem do

cuidado centrado no binocircmio crianccedila e famiacutelia estrateacutegia humanizadora pois inclui o

cliente e seu familiar no processo de tomada de decisatildeo garantindo sua autonomia

Assim as normas e regras necessaacuterias agrave organizaccedilatildeo do processo de trabalho poderatildeo

tornar-se facilitadoras da dinacircmica do trabalho na unidade pediaacutetrica ao inveacutes de se

tornarem empecilhos agrave necessaacuteria recriaccedilatildeo cotidiana da assistecircncia em cada situaccedilatildeo

singular (MOREIRA et al 2012)

Para a efetivaccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na praacutetica de enfermagem deve haver um

encontro entre profissional e cliente o qual eacute condicionado agrave disposiccedilatildeo desses sujeitos e

tambeacutem do auxiacutelio de todos os envolvidos no processo O exerciacutecio da humanizaccedilatildeo

revela-se positivo e de qualidade quando conta com a intencionalidade daquele que o faz

agregando valores e significado (SALICIO GAIVA 2006)

Contudo a SAE eacute a oportunidade que o enfermeiro tem para mostrar sua

competecircncia teacutecnica e cientiacutefica com destaque ao cuidado humanizado Acredita-se que

o conhecimento acerca deste assunto constitui-se uma arma a favor da viabilidade da

sistematizaccedilatildeo seja como forma de diferenciar a assistecircncia prestada ou pela ampla visatildeo

humanista e profissional capaz de responder agraves necessidades individualizadas de cada

paciente em especial quando se trata de crianccedilas (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013)

Desta forma o nuacutecleo central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura

atraveacutes do reconhecimento pelo grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento

especiacutefico da profissatildeo permitindo ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica

cientiacutefica e humanizada

Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos

ldquoplanejamentordquo ldquorotinardquo ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeordquo remete agrave dimensatildeo praacutetica da

SAE ou seja o desenvolvimento do processo de enfermagem

98

A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude

positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem As evocaccedilotildees se

apresentam bem proacuteximas ao nuacutecleo central pois contam com frequecircncia de anaacutelise e

ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo

Sendo estas palavras elementos do sistema perifeacuterico eacute importante ressaltar que

estatildeo relacionadas a caracteriacutesticas e ao contexto do nuacutecleo central sendo dinacircmicas e

atualizaacuteveis (MOSCOVICI 2003) Desta forma pode-se inferir que os termos ldquorotinardquo

ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeo constituem elementos complementares e necessaacuterios ao

sistema central ou seja a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE eacute conhecimento importante e

humanizador e depende de planejamento da rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo

As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a atuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAE e constituem uma sequecircncia a ser desenvolvida para estabelecer a

sistematizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem agrave crianccedila ou seja o processo de enfermagem

Desta forma os termos que emergem na primeira periferia constituem a metodologia

utilizada para sistematizar o cuidado agrave crianccedila

Atualmente existe um conjunto de estudos sobre o processo de trabalho do

enfermeiro que mostra que as atividades deste profissional perpassam pelo gerenciamento

dos serviccedilos e pelo gerenciamento da assistecircncia (FERRAZ 2000) (LIMA GUSTAVO

COELHO SCHMITZ 2000) (PEDUZZI ANSELMI 2002)(GUSTAVO LIMA

2003) (ROSSI SILVA 2005)Com base nesta concepccedilatildeo o trabalho do enfermeiro ou a

ldquorotinardquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo eacute composto por duas dimensotildees que satildeo complementares a que

faz a gestatildeo administrativa e a que faz a gestatildeo do cuidado ambas satildeo possiacuteveis em

virtude da SAE

Aproximando a rotina hospitalar do cuidado agrave crianccedila eacute importante frisar que ao

se deparar com a necessidade da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila a famiacutelia pode compreender

o hospital como um ambiente estranho que fomenta sofrimento fiacutesico e emocional Este

fato faz com que a famiacutelia se sinta esgotada pouco agrave vontade para cuidar da crianccedila e

geralmente ignorada em suas necessidades o que pode tornar a hospitalizaccedilatildeo uma

experiecircncia traumatizante (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOUSA GOMES SILVA

SANTOS SILVA 2011)

O processo de enfermagem permite que o enfermeiro aplique um referencial

teoacuterico atraveacutes de um meacutetodo para organizar cientificamente o cuidado integral

99

implementando condiccedilotildees para uma rotina de serviccedilos planejada onde por exemplo as

necessidades luacutedicas sejam observadas e garantidas

Portanto o planejamento organiza a rotina das unidades hospitalares e do proacuteprio

cuidado Rodrigues e Calegari (2006) consideram que o planejamento permite

diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados

orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados Desta forma a

SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de base para o

planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e rotinas das

unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA SILVA

VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)

De acordo com o Dicionaacuterio Aureacutelio (2016) a palavra dedicaccedilatildeo eacute substantivo

feminino que significa desprendimento de si proacuteprio em favor de outrem ou de alguma

ideacuteia eacute sinocircnimo de empregar devotar-se entregar-se aplicar-se e destinar-se Alguns

estudos da aacuterea da enfermagem concluiacuteram que o desempenho do PE no seu formato

integral ainda sofre dificuldades de diversas naturezas entre elas o pouco envolvimento

do enfermeiro e sua equipe em sua operacionalizaccedilatildeo (NEVES 2010) (GARCIA-

SANTOS WERLANG 2013) (LORENZETTI ORO MATOS GELBCKE 2015)

Portanto o termo evocado ldquodedicaccedilatildeordquo faz parte da estrutura que sustenta a

atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE Para fortalecer a implementaccedilatildeo do PE eacute preciso aleacutem do

conhecimento cientiacutefico predisposiccedilatildeo do corpo de enfermagem acreditando e

desempenhando suas funccedilotildees nesta metodologia

Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)

ldquociecircnciardquo e ldquolideranccedilardquo organizam a RS dos enfermeiros acerca da atuaccedilatildeo na SAE

dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute o conhecimento especiacutefico da

profissatildeo que permite o cuidado humanizado Satildeo apontadas neste quadrante palavras

que valorizam aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como requisitos

importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila

A palavra ldquociecircnciardquo estabelece relaccedilatildeo proximal como caminho a ser seguido ou

seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem o processo de aplicaccedilatildeo da

SAE no cuidado agrave crianccedila

No processo de profissionalizaccedilatildeo da Enfermagem buscou-se desde o iniacutecio

construir um campo de conhecimentos especiacuteficos que deveria tanto manter operantes os

sistemas de valores que caracterizavam o feminino e o cuidado como sua extensatildeo quanto

100

adquirir o estatuto de ciecircncia (BARRA NASCIMENTO MARTINS

ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)

Os conhecimentos desta profissatildeo veem sendo desenvolvido atraveacutes de vaacuterias

correntes filosoacuteficas e teoacutericas que em um grande esforccedilo atraveacutes da histoacuteria tem

perseguido o crescimento e o aprimoramento Segundo Zagonel (1996) desde Florence

em 1859 ateacute os cientistas enfermeiros contemporacircneos o desvelamento e as influecircncias

dos paradigmas de Enfermagem tecircm contribuiacutedo para a construccedilatildeo da ciecircncia de

Enfermagem com definiccedilotildees de princiacutepios teoacutericos e metodoloacutegicos formas de

implementaccedilatildeo e instrumentalizaccedilatildeo atraveacutes do conjunto de crenccedilas valores e leis de

cada teoacuterico

Entende-se que a Enfermagem soacute vem conseguindo consolidar-se como ciecircncia e

arte porque tem produzido uma linguagem especiacutefica que atribui significado aos

elementos constitutivos do seu ser saber e fazer Assim a linguagem produzida por

determinado campo do saber possibilita a compreensatildeo acerca das representaccedilotildees do

pensamento e do mundo seja como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo ou como instrumento de

accedilatildeointeraccedilatildeo (GARCIA NOBREGA 2004) (SCHAURICH CROSSETTI 2010)

Abordando a ciecircncia e o campo de atuaccedilatildeo da sauacutede da crianccedila eacute importante frisar

que uma postura criacutetica-reflexiva deve ser adotada na busca da racionalizaccedilatildeo da

aquisiccedilatildeo e da incorporaccedilatildeo de novos conhecimentos e tecnologias de cuidado em virtude

da especificidade da clientela Como jaacute mencionado anteriormente neste trabalho a

praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees de cuidado

direto e indireto

As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do cuidado minus condiccedilotildees

voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si a ldquociecircnciardquo As accedilotildees

indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e organizam a assistecircncia O cuidado

de enfermagem para dar conta da complexidade e dinamicidade das questotildees que

envolvem o estar saudaacutevel e o estar doente de indiviacuteduos eou grupos populacionais

precisa abranger aleacutem dos aspectos teacutecnico-cientiacuteficos os preceitos eacuteticos esteacuteticos

filosoacuteficos humaniacutesticos e culturais (SCHAURICH CROSSETTI 2010)

Eacute importante salientar que para a ciecircncia e o cuidado estabeleccedilam uma linha tecircnue

e continua se faz necessaacuterio tambeacutem uma avaliaccedilatildeo sob o ponto de vista eacutetico da

qualidade da assistecircncia dos benefiacutecios das limitaccedilotildees dos riscos e da adequaccedilatildeo agraves

101

necessidades desta populaccedilatildeo (BARRA NASCIMENTO MARTINS

ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)

O segundo termo evocado nesta periferia foi a palavra ldquolideranccedilardquo que eacute tida

como uma das principais competecircncias a ser desenvolvida pelo profissional da

enfermagem pois no trabalho em equipe os enfermeiros deveratildeo estar aptos a assumir

posiccedilotildees de lideranccedila Nesse contexto o liacuteder eacute envolvido pelo compromisso

responsabilidade empatia habilidade para a tomada de decisotildees comunicaccedilatildeo e

gerenciamento de forma efetiva e eficaz qualificando o serviccedilo e atendendo as

expectativas da organizaccedilatildeo (PERES TRENDO 2006) (STRAPASSON MEDEIROS

2009)

No novo estilo de organizaccedilatildeo das instituiccedilotildees de sauacutede a lideranccedila vem sendo

exigida natildeo como um modelo hierarquizado e tradicional mas abrindo espaccedilo para um

trabalho mais flexiacutevel em equipe com unidades semiautocircnomas construiacutedas a partir de

uma relaccedilatildeo de poder e confianccedila muacutetua (GAIDZINSKI PERES FERNANDES 2004)

(STRAPASSON MEDEIROS 2009)

O conhecimento eacute sem duacutevida um dos valores de grande importacircncia para o

estimular novos liacutederes uma vez que confere aos profissionais seguranccedila na tomada de

decisotildees relacionadas ao paciente agrave sua equipe e agraves atividades administrativas da unidade

(DOMIGUES CHAVES 2005)

No que diz respeito ao atendimento agrave crianccedilas hospitalizadas acredito que quando

o enfermeiro organiza sua assistecircncia de forma a inspirar e motivar seus liderados a ir

aleacutem de seus proacuteprios interesses para o bem do cliente estrateacutegias especiacuteficas de

abordagem agrave crianccedila conseguem sair dos protocolos e serem implementadas na rotina das

clinicas como por exemplo o brinquedo terapecircutico e o cuidado centrado na famiacutelia

Assim a iniciativa para assumir novas condutas e atitudes inovadoras eacute ponto

favoraacutevel para a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede pois sendo a SAE

conhecimento da aacuterea da enfermagem tambeacutem ofereceraacute suporte ao conhecimento dos

liacutederes desencadeando a certeza de estarem agindo da maneira mais correta e adequada

(DOMIGUES CHAVES 2005)

A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que

possuem ordem meacutedia de evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos poreacutem tambeacutem

estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central que estrutura a RS O termo indutor gerou as palavras

102

ldquoadministraccedilatildeordquo ldquoautonomiardquo ldquocomprometimentordquo e ldquoresultadosrdquo todas traduzindo um

potencial positivo frente a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE

O conjunto de palavras levantadas pelo grupo social fortalecem a forma

sistemaacutetica e ordenada de delimitar problemas fazer e executar planos para resolvecirc-los

e a elaboraccedilatildeo de meios para sua avaliaccedilatildeo que traduzem a profissatildeo do enfermeiro ou

seja o PE O PE eacute a uma sistemaacutetica organizada de cuidar do paciente eacute um meacutetodo a ser

seguido a fim de alcanccedilar os objetivos desejados em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de enfermagem

o qual baseia-se num modelo assistencial e deve levar em conta a especialidade agrave que estaacute

sendo dirigido (HERMIDA 2004)

Segundo Moreira e colaboradores (2012) o PE eacute percebido pelos enfermeiros

como instrumento de suma importacircncia para subsidiar o trabalho da enfermagem e

proporcionar melhor assistecircncia aos neonatos pois contribui para a evoluccedilatildeo dos

prognoacutesticos favorecendo o retorno dos pacientes ao contexto familiar o mais

precocemente possiacutevel (MOREIRA etal2012)

Aproximando-o do contexto da sauacutede da crianccedila o processo de enfermagem pode

ser o caminho para o alcance da especificidade necessaacuteria para o cuidado diferenciado a

esta fase da vida Pois aleacutem de possibilitar o envolvimento da famiacutelia no processo de

cuidado tambeacutem eacute capaz de organizar o uso do brinquedo terapecircutico atividades na

brinquedoteca praacuteticas no banco de leite manutenccedilatildeo de atividades escolares Que satildeo

medidas capazes de aliviar o sofrimento fiacutesico e psiacutequico ocasionados pela doenccedila

Neste contexto a enfermagem pediaacutetrica por lidar com questotildees fiacutesicas e

existenciais dos seres humanos que cotidianamente cuida tem no PE uma importante

contribuiccedilatildeo para a organizaccedilatildeo do seu trabalho pois possibilita compreender atraveacutes da

ciecircncia e da rigorosidade do meacutetodo a realidade do dia-a-dia no qual estamos imersos

que eacute permeada de subjetividade e objetividade

103

43 CONHECENDO O CONTEUacuteDO DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DA

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam entre

duas pessoas ou dois grupos pressupotildeem

representaccedilotildees na realidade eacute isso que as

caracterizam []

(Serge Moscovici)

A anaacutelise do discurso obtida com auxiacutelio do software ALCESTE nos permite

desvendar as dimensotildees das representaccedilotildees sociais sobre a SAE Esta RS eacute descrita pela

frequecircncia de palavras contidas nos discursos destes participantes que demonstram

relaccedilatildeo com o objeto durante todo o percurso do texto

Conforme Reinert (1999) o ALCESTE examina no texto as ressonacircncias de

sentido que se estabelecem devido as coocorrecircncias de alguns termos os quais aparecem

reunidos em certas regiotildees do discurso em certos momentos O programa define nuacutemero

criteacuterio de separaccedilatildeo de classes definindo as classes estaacuteveis que conteacutem o texto a partir

do processamento do corpus

Na operaccedilatildeo de leitura do corpus desta pesquisa o Programa Alceste reconheceu

a separaccedilatildeo destes em 45 unidades de contexto inicial (UCI) as quais correspondem ao

quantitativo de entrevistas e de sujeitos Em seguida na operaccedilatildeo de caacutelculo do dicionaacuterio

foram encontradas 20597 palavras sendo 2659 palavras diferentes com frequecircncia

meacutedia de palavras diferentes igual a 8 Nesta mesma etapa o programa permitiu a

identificaccedilatildeo de 886 palavras com frequecircncia igual a um indicando alto valor de

heterogeneidade do vocabulaacuterio

Na etapa de operaccedilatildeo de seleccedilatildeo das unidades de contexto elementar (UCE) apoacutes

a reduccedilatildeo das palavras agraves duas raiacutezes obtiveram-se 480 palavras analisaacuteveis com

frequecircncia igual a 4 e variabilidade de 9763 Essas 480 palavras foram designadas

numa mesma classe em duas classificaccedilotildees descendentes e dois sub-corpus que utilizaram

UCE com tamanhos diferentes O primeiro sub-corpus gerou 108 UCEs e eacute formado pela

classe 1 e o segundo sub-corpus gerou 172 UCEs e eacute formado pelas classes 2 3 4 e 5 A

tabela 2 ilustra a descriccedilatildeo das classes

104

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes

1 2 3 4 e 5 geradas pelo Alceste Caacuteceres ndash 2015

Classes UCE Palavras

Consideradas

1 108 98 39

2 29 42 10

3 59 82 21

4 34 47 12

5 50 55 18

Fonte Dados da Pesquisa 2015

Analisando a tabela 2 constata-se que o maior predomiacutenio textual se encontra na

classe 1 com 39 das UCEs classificadas seguida pela classe 3 com 21 O menor

predomiacutenio encontra-se na classe 2 com 10 e nas classes 4 e 5 respectivamente 12 e 18

porcento

Ainda descrevendo as classes de UCE o Programa gerou um dendograma

resultado da Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente (CHD) ilustrando a relaccedilatildeo

interclasses do corpus Eacute necessaacuterio destacar que as relaccedilotildees entre os eixos satildeo fracas

demonstrando que as cinco classes satildeo independentes ou seja os discursos dos sujeitos

quanto a SAE satildeo distintos

Classe 4

Classe 5

Classe 2

Classe 3

Classe 1

Figura 5 Dendograma do corpus das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem (SAE) organizado em cinco classes e dois eixos

Eixo 1 Eixo 2

39

10

21

12

18

105

Nesse niacutevel de anaacutelise o agrupamento de palavras de maior qui quadrado ou seja

de maior relevacircncia permitiu a conformaccedilatildeo da anaacutelise qualitativa em classes nas quais

buscou-se identificar aspectos significativos das Representaccedilotildees Sociais da SAE Foi

considerado como criteacuterio reter as palavras com miacutenimo de associaccedilatildeo agrave classe igual ou

superior a 19 de acordo com a lista de indices e seu valor em X2 qui-quadrado

A figura 6 representa o dendograma com os tiacutetulos dos eixos e das classes

juntamente com as palavras destacadas que corresponde ao poder de associaccedilatildeo das

palavras que foram mais expressivas para compor as classes

Figura 6 Dendograma com os eixos classese palavras destacadas segundo software

Alceste

Classe 4 Classe 5 Classe 2 Classe 3 Classe 1

As Dificuldades Operacionais

para a Implantaccedilatildeo

da SAE

Accedilotildees e Envolvimen-

tos para Aproximaccedilatildeo

da SAE

Praacuteticas e dinacircmicas

operacionais da

Enfermagem

A Rotina do Cuidado de

Enfermagem

A construccedilatildeo do conceito da

SAE

Falta Secretaacuteria

Coleta Correria Dados Acho

Tempo Que-se Tivesse

Muito bom Computador

Nuacutemero

Momento Aplicaccedilatildeo

Assim Porque

Ta Entatildeo

Ele Uso

Diferente Vocecirc

Maneira Paciente

Setor Experiecircncia

Centro Relatoacuterio

Nesta Periacuteodo Noturno

Natildeo Hospital

Obsteacutetrico Aqui

Dentro Box

Recebo Plantatildeo

Faculdade Exame Verifico

Emergecircncia Quadro Estatildeo

Depois Pendecircncias

Colega Solicita Dietas

Carrinho

Enfermagem Enfermeira Faculdade

Foi SAE

Curso Contato

Sei Accedilotildees

Assistecircncia Ouvi

Durante Importante

Aula

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

EIXO 2

A dimensatildeo praacutetica sobre a SAE

EIXO 1

A dimensatildeo Teoacuterica sobre a

SAE

106

Da anaacutelise de conteuacutedo emergiram dois eixos temaacuteticos o primeiro faz referecircncia

a dimensatildeo do conhecimento acerca da SAE e foi composto pela classe 1 O segundo

eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem assinala as aproximaccedilotildees e distanciamentos da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem na praacutetica cotidiana Esse eixo foi composto pelas classes 4

(Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da SAE) 5 (Accedilotildees e

envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE) 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da

enfermagem) e 3 (A rotina praacutetica do cuidado de Enfermagem) conforme demonstrado

na figura 5

Estes dois eixos contemplam os objetivos - Apontar de que modo local e

momento do percurso profissional essas representaccedilotildees foram forjadas - Identificar o

grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE - Identificar quais os aspectos

facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado

a crianccedila e Relacionar as RS apreendidas ao conhecimento e o cuidado prestado nas

clinicas de atenccedilatildeo agrave crianccedila deste estudo

44 AS DIMENSOtildeES DO CONHECIMENTO E PRAacuteTICA DA

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM Agrave CRIANCcedilA

HOSPITALIZADA

441 Eixo 1 A dimensatildeo teoacuterica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem

Classe 1- A Construccedilatildeo do Conceito da SAE

A classe 1 foi composta pelas seguintes palavras enfermagem faculdade curso

accedilotildees SAE assistecircncia e importante As palavras ldquoenfermagemrdquo ldquofaculdaderdquo e ldquocursordquo

agrupadas pelo Alceste para esta classe expressam conceitos que provavelmente

assinalam o local e o momento em que ocorreu a primeira relaccedilatildeo com a significaccedilatildeo da

sistematizaccedilatildeo da assistecircncia oferecendo sustentaccedilatildeo para a compreensatildeo deste

fenocircmeno

Pode-se inferir que o desenvolvimento das habilidades necessaacuterias para atuar no

cuidado de enfermagem iniciou durante o periacuteodo da graduaccedilatildeo sendo aprimoradas ao

longo dos anos de exerciacutecio da profissatildeo capacitando o enfermeiro a exercer um papel

107

ativo e criacutetico contribuindo de forma efetiva na tomada de decisotildees nas questotildees sociais

e institucionais (ALVES COGO 2014)

O conteuacutedo das falas indica e vincula o curso de graduaccedilatildeo em enfermagem como

elemento importante e norteador desta construccedilatildeo como sugerem os extratos

Mas nunca tinha ouvido falar de SAE fora da faculdade Foi no

curso de enfermagem nas aulas tivemos tambeacutem alguns eventos

da faculdade durante o tempo que estava estudando tipo

minicurso ou ateacute mesmo palestras que falavam sobre a SAE

(E34)

O meu primeiro contato com a SAE foi no curso de enfermagem

na faculdade foi a primeira vez que eu ouvi falar Foi nas aulas

de Evoluccedilatildeo da Enfermagem comeccedilava falando da histoacuteria da

enfermagem desde Florence e no final do semestre chegava no

conteuacutedo da SAE (E9)

Desde as mateacuterias especiacuteficas de praacutetica eacute falado e cobrado a

SAE dos alunos Sou de uma famiacutelia com muitos enfermeiros

minha matildee eacute enfermeira mas nunca antes da faculdade havia

ouvido falar na SAE (E26)

Na formaccedilatildeo moderna da enfermagem conhecimentos relacionado as concepccedilotildees

teoacutericas e filosoacuteficas da profissatildeo e estudos sobre a SAE satildeo abordados durante o periacuteodo

de graduaccedilatildeo

O processo de formaccedilatildeo do profissional enfermeiro estaacute fortemente embasado na

visatildeo transformadora com base em teorias criacuteticas que buscam sua capacitaccedilatildeo

profissional para o exerciacutecio das competecircncias gerais e especiacuteficas aleacutem de habilidades

pautadas no ponto de vista do aluno como sujeito de seu processo de formaccedilatildeo (MEIRA

KURCGANT 2016) (SOUZA MARISCAL 2016)

No periacuteodo de formaccedilatildeo profissional os estudantes de enfermagem vivenciam as

primeiras praacuteticas curriculares entrando em contato com a realidade da sauacutede brasileira

Durante essas praacuteticas eles devem utilizar o conhecimento teacutecnico-cientiacutefico abordado

anteriormente de forma teoacuterica no curso exercer atividades teacutecnicas inerentes agrave profissatildeo

e estabelecer relaccedilotildees interpessoais com os colegas e os professores o paciente e seus

familiares e os profissionais de sauacutede interagindo e atuando de forma criacutetica-reflexiva

(ALVES COGO 2014)

Este momento deve ser compreendido como um processo transformador capaz de

modificar o cotidiano dos serviccedilos de sauacutede Assim o aluno deve ser visto como um

sujeito protagonista do seu processo de ensino-aprendizagem como algueacutem que executa

108

algo aleacutem de tarefas como algueacutem que gerencia e cuida para que a partir dessas vivecircncias

no cotidiano encontre elementos motivadores no processo de ensino aprendizagem

capazes de intervir na realidade buscando novas soluccedilotildees e incitando novas formas de

cuidado (FREITAS FERREIRA 2016)

Nesse cenaacuterio o espaccedilo sala de aula desempenha papel de grande importacircncia

para a integraccedilatildeo social e a consolidaccedilatildeo das experiecircncias relacionadas agrave compreensatildeo do

cuidado sistematizado e sua relaccedilatildeo com o saberfazerser do enfermeiro Neste ambiente

acontece a construccedilatildeo destas manifestaccedilotildees a significaccedilatildeo e a ressignificaccedilatildeo destes

conceitos segundo a valorizaccedilatildeo dos sujeitos envolvidos (JODELET 2005)

Portanto experiecircncias de aprendizagem significativas e estrateacutegias de capacitaccedilatildeo

podem contribuir para mudanccedilas nas representaccedilotildees Nessa loacutegica entendendo a

representaccedilatildeo como produccedilatildeo social concretizada na accedilatildeo a interaccedilatildeo professor-aluno

pode influenciar ambos especialmente os acadecircmicos a ressignificarem e

implementarem a SAE agrave sauacutede da crianccedila

As palavras ldquoaccedilotildeesrdquo ldquoassistecircnciardquo e ldquoimportanterdquo tambeacutem elencadas entre as mais

expressivas pelo Programa Alceste para esta classe parecem expressar ligaccedilatildeo com a

construccedilatildeo do conceito da SAE jaacute que suas significaccedilotildees estatildeo associadas ao conceito

baacutesico do meacutetodo ou seja um conjunto de accedilotildees reflexivas de grande importacircncia para

os atos de enfermagem (COFEN 2009)

Sistematizar a assistecircncia eacute viabilizar a organizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem

constituindo uma abordagem eacutetica e humanizada dirigida agrave resoluccedilatildeo de problemas

atendendo agraves necessidades de cuidados de sauacutede e de enfermagem de uma pessoa

(CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)

Eacute possiacutevel inferir que os sujeitos compreendem a importacircncia da SAE para a

enfermagem enquanto profissatildeo e ciecircncia identificam seus potenciais enquanto meacutetodo

de planejamento da assistecircncia e ratificam ser esta atividade privativa do enfermeiro

A SAE eacute o trabalho do enfermeiro eacute o caminho para organizar

a assistecircncia e prestar um cuidado individualizado e

humanizado Eacute atraveacutes dela que conseguimos avaliar o

atendimento que prestamos e gerar accedilotildees baseadas na evidecircncia

do achado (E15)

Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees com

o seu cliente Assim ele consegue conhecer realmente o cliente

109

biologicamente e psicologicamente para poder traccedilar o cuidado

necessaacuterio (E21)

Sei que o enfermeiro deve fazer para todos os clientes ela deve

acontecer em todos os dias de internaccedilatildeo ou contato com o

cliente Eacute um norte para as nossas accedilotildees (E14)

O estudo sobre a SAE no Brasil mereceu destaque somente no final de 1980

quando o Decreto ndeg 9440687 que regulamenta a Lei 749886 do Exerciacutecio Profissional

de Enfermagem no paiacutes reforccedilado pela Resoluccedilatildeo 3582009 do Conselho Federal de

Enfermagem (COFEN) dispocircs sobre a implementaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem (SAE) e a institui como atividade privativa do enfermeiro

O discurso dos entrevistados vislumbra o desenvolvimento da SAE agrave organizaccedilatildeo

do trabalho da enfermagem associando o desenvolvimento do processo a praacuteticas

individualizadas e exitosas Estas representaccedilotildees se aproximam dos resultados de outra

pesquisa em que os enfermeiros envolvidos indicam que aplicar um meacutetodo de prestaccedilatildeo

de cuidados favorece a obtenccedilatildeo de resultados satisfatoacuterios aleacutem de reduzir as

complicaccedilotildees durante o tratamento (CUNHA BARROS 2005)

O uso do meacutetodo requer o pensamento criacutetico do profissional que deve estar

focado nos objetivos e voltado para os resultados de forma a atender as necessidades do

paciente e de sua famiacutelia exigindo constante atualizaccedilatildeo habilidades e experiecircncia

sendo orientado pela eacutetica e padrotildees de conduta (SILVA OLIVEIRA NEVES

GUIMARAtildeES 2011)

Portanto eacute um modo de exercer a profissatildeo com autonomia baseada nos

conhecimentos teacutecnico-cientiacuteficos no qual a categoria vem trabalhando e se

desenvolvendo nas uacuteltimas deacutecadas

Observa-se tambeacutem que para os sujeitos o conceito de cuidado apresenta-se

associado aos procedimentos e intervenccedilotildees de enfermagem desenvolvidas

cotidianamente demonstram tambeacutem compreender que a aplicaccedilatildeo da SAE eacute importante

para direcionar este fazer

No conteuacutedo das falas tambeacutem foi possiacutevel apreender que o conhecimento

relacionado agrave operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo eacute vigorante Os entrevistados conhecem as

fases do processo de enfermagem e compreendem como os diagnoacutesticos satildeo elaborados

Eacute baseado na Teoria de Wanda Horta sendo formado por fases

ligadas que te direcionam para uma assistecircncia correta (E2)

110

Ela eacute composta de fases que satildeo interligadas e geram potencial

para lidar com condiccedilotildees de doenccedila e riscos (E22)

A SAE eacute um meacutetodo constituiacutedo de fases Coleta de dados

diagnoacutestico de enfermagem planejamento prescriccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo Eacute desenvolvida pelo enfermeiro para todo cliente que

ele tem contato (E18)

Eacute com base nos dados coletados que a avaliaccedilatildeo do paciente eacute

feita entatildeo observamos se existe algum diagnoacutestico utilizando o

NANDA aiacute estabelecemos metas de pequeno meacutedio e longo

prazo para depois prescrevemos cuidado (E25)

Os diagnoacutesticos que construiacutemos datildeo credibilidade para o meu

trabalho pois mostra que a accedilatildeo que eu estou desenvolvendo eacute

baseada em achados cientiacuteficos (E36)

Para Alfaro-Levefre (2000) o meacutetodo atraveacutes do qual a estrutura teoacuterica da

enfermagem eacute aplicada agrave praacutetica eacute apresentado em cinco fases investigaccedilatildeo diagnoacutestico

de enfermagem planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo De acordo com o referencial

teoacuterico utilizado pela instituiccedilatildeo a implementaccedilatildeo da SAE atraveacutes do PE pode ser

desenvolvida variando de quatro ateacute seis fases interligadas

Eacute necessaacuterio que toda a equipe de enfermagem envolvida no processo de

implementaccedilatildeo dessa metodologia saiba quais passos deve seguir e principalmente

como cada um destes deve ser implementado em sua praacutetica diaacuteria (AMANTE

ROSSETO SCHNEIDER 2009)

O PE nos dois hospitais dessa pesquisa estaacute ancorado no referencial teoacuterico das

Teoria das Necessidades Humanas Baacutesicas de Wanda de Aguiar Horta (1979) e

desenvolvem o processo de enfermagem em 5 fases Histoacuterico Diagnoacutestico

Planejamento de Metas Prescriccedilatildeo e Prognoacutestico com auxiacutelio de um software

Este software possibilita a normatizaccedilatildeo de todo o processo de transcriccedilatildeo das

informaccedilotildees de enfermagem em prontuaacuterio eletrocircnico visa possibilitar a construccedilatildeo de

um banco de informaccedilotildees rotineiras pelo enfermeiro que estaacute habilitado atraveacutes de senha

disponibilizada pela gerencia de enfermagem Este software esta estruturado de forma

que obriga o lanccedilamento das informaccedilotildees relacionadas ao atendimento de enfermagem

impossibilitando a mudanccedila de fase ou a finalizaccedilatildeo do processo sem que a etapa anterior

esteja preenchida

Acrescento que na execuccedilatildeo deste programa pelo menos algumas informaccedilotildees

precisam ser escritas pelo enfermeiro habilitado para que abra-se a proacutexima paacutegina para

111

preenchimento Desta forma o enfermeiro natildeo tem acesso a paacutegina de diagnoacutestico sem

antes preencher a paacutegina de histoacuterico e assim sucessivamente

Pode-se deduzir que em virtude deste recurso de operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo os

discursos dos enfermeiros revelem unanimidade ao associaacute-lo a praacutetica sistemaacutetica com

fases interligadas e obrigatoacuterias Esse resultado assemelha-se aos estudos de Nascimento

et al (2008) Lopes e Jorge (2008) e Ledesma-Delgado e Mendes (2009) que igualmente

reconheceram que as accedilotildees do PE estatildeo centralizadas nas regras estabelecidas pelas

instituiccedilotildees seguindo normas e rotinas preconizadas por estes estabelecimentos em

detrimento do cuidado centrado na especificidade do cliente

Divergente deste achado tese desenvolvida por Neves (2010) indicou que no

processo de desenvolvimento do PE a etapa de diagnoacutestico geralmente eacute desvalorizada

Assim o enfermeiro executa o Histoacuterico a Evoluccedilatildeo e a Prescriccedilatildeo desconsiderando os

Diagnoacutesticos de Enfermagem dos clientes baseando-se nos diagnoacutesticos meacutedicos para

completar as etapas anteriormente realizadas

Na concepccedilatildeo do grupo as representaccedilotildees sociais associadas ao Diagnoacutestico de

Enfermagem satildeo relativas aos benefiacutecios que esta fase traz a profissatildeo estabelecendo um

caminho para a autonomia e uma ligaccedilatildeo com a ciecircncia do cuidado Neves (2010)

acrescenta que eacute importante que o enfermeiro compreenda as formas de identificaccedilatildeo de

problemas baseados em modelos praacuteticos que possam ser aplicados a realidade e que

configurem resultados positivos na assistecircncia de Enfermagem

Nos discursos os enfermeiros participantes tambeacutem identificam a SAE como

forma de comunicaccedilatildeo entre as equipes de sauacutede e a associam agrave qualidade do cuidado e

agrave reduccedilatildeo de riscos Este resultado segue em consonacircncia com os elementos constitutivos

do sistema perifeacuterico da RS ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as falas do

grupo se ancoram na visatildeo politicamente correta dos aspectos que envolve a SAE e as

praacuteticas de cuidado de enfermagem se aproximando dos debates teoacutericos do assunto

Eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Eacute como a enfermagem registra

suas accedilotildees no prontuaacuterio uma forma de dizer estivemos neste

plantatildeo (E9)

Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees do

cliente e depois registrar no prontuaacuterio Desta forma toda equipe

tem conhecimento da condiccedilatildeo de sauacutede do cliente (E4)

A SAE eacute muito importante para o dia a dia da enfermagem eacute

uma forma de oferecer uma assistecircncia de qualidade longe de

riscos e valorizando o cliente (E26)

112

Atraveacutes deste processo a enfermagem consegue traccedilar accedilotildees que

precisam ser desenvolvidas para levar o cliente a homeostasia

(E8)

A SAE eacute um instrumento utilizado pela enfermagem para

planejar o cuidado Atraveacutes deste processo a enfermagem

consegue traccedilar accedilotildees que precisam ser desenvolvidas para

levar o cliente ao bem-estar fiacutesico psicoloacutegico e espiritual (E22)

A SAE foi compreendida pelos enfermeiros participantes como importante

requisito para a documentaccedilatildeo e registro da assistecircncia desenvolvida Esse registro foi

considerado essencial para o desenvolvimento do plano de cuidados agregando

significados que conduzem as praacuteticas do enfermeiro Para Matsuda e colaboradores as

informaccedilotildees a respeito dos clientes devem ser claras objetivas frequentes e completas

de modo que possibilite o monitoramento a avaliaccedilatildeo e o (re) planejamento global e

contiacutenuo dos cuidados (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)

O que foi coletado e identificado sobre o cuidado necessita ser registrado A

ausecircncia de registros e anotaccedilotildees relativas ao cuidado prestado colabora para a deficiecircncia

na continuidade da assistecircncia

Nessa perspectiva as falas dos enfermeiros fortalecem a visatildeo de burocratizaccedilatildeo

da assistecircncia prestada sobre esta abordagem Neves (2010) esclarece que a valorizaccedilatildeo

dos registros tem por base alguns significados pois asseguram o controle e a

burocratizaccedilatildeo do cuidado reforccedilando o modelo biomeacutedico de assistecircncia ao cliente

centrado nas praacuteticas de cuidado com o corpo e natildeo com o indiviacuteduo

Outro aspecto que emergiu nesta classe sugere que a SAE significa o meio que

favorece a qualidade da assistecircncia de enfermagem sendo um instrumento de grande

importacircncia para a praacutetica profissional do enfermeiro representando a ferramenta que

daraacute suporte para a aproximaccedilatildeo de uma prestaccedilatildeo de cuidados respeitando as

especificidades do cliente

O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao

cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste

garante a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do

pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia porque norteia as accedilotildees

(ANDRADE VIEIRA 2005)

Percebe-se na fala dos enfermeiros que a finalidade de implantaccedilatildeo da SAE nas

instituiccedilotildees investigadas foi organizar o cuidado a partir da adoccedilatildeo de um meacutetodo

113

sistemaacutetico proporcionando ao enfermeiro a (re)definiccedilatildeo do seu espaccedilo de atuaccedilatildeo A

aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a possibilidade da

prestaccedilatildeo de cuidados individualizados centrada nas necessidades humanas baacutesicas e

aleacutem de ser aplicado agrave assistecircncia pode nortear tomadas de decisatildeo em diversas situaccedilotildees

vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de enfermagem

(ANDRADE VIEIRA 2005)

Deste modo pode-se inferir que as RS acerca da SAE evidenciadas nesse eixo

indicam que a construccedilatildeo do saber e a aplicabilidade da SAE foram forjados inicialmente

durante a graduaccedilatildeo de enfermagem Entre os entrevistados parecer haver consenso

acerca da importacircncia do processo de enfermagem para a qualificaccedilatildeo do cuidado a ser

prestado

442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem

O segundo eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem eacute responsaacutevel por descrever as aproximaccedilotildees e os

distanciamentos da SAE no cuidado cotidiano agrave crianccedila hospitalizada Esse eixo foi

composto pelas classes 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem) 3 (A rotina

praacutetica do cuidado de Enfermagem) 4 (Desvelando as dificuldades operacionais para a

implantaccedilatildeo da SAE) e 5 (Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE)

Classe 2 Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem

A classe 2 nomeada Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem foi

composta pelas seguintes palavras ldquosetorrdquo ldquoexperiecircnciardquo ldquocentrordquo ldquorelatoacuteriordquo ldquoplantardquo

ldquoexamerdquo e ldquoquadrordquo estas palavras correspondem agraves atividades praacuteticas de enfermagem

ou seja as palavras fazem menccedilatildeo aos processos vinculados agrave rotina assistencial dos

setores como ocorre agrave conduccedilatildeo do trabalho dos enfermeiros e como as praacuteticas satildeo

planejadas

A organizaccedilatildeo do processo de trabalho constitui um dos meios que o enfermeiro

utiliza para alcanccedilar o seu objetivo final a praacutetica de um cuidado seguro e de qualidade

(CHRISTOVAM PORTO OLIVEIRA 2012) A Lei Nordm 749886 que regulamenta o

exerciacutecio dos profissionais de enfermagem explicita em seu art 11 que a organizaccedilatildeo o

114

planejamento a coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo dos serviccedilos da assistecircncia de

enfermagem satildeo responsabilidades privativas do enfermeiro

A SAE eacute um meio para organizar a assistecircncia ela incorpora instrumentos que

devem ser utilizados no trabalho gerencial fortalecendo o planejamento a tomada de

decisotildees comunicaccedilatildeo lideranccedila a administraccedilatildeo a educaccedilatildeo permanente etc

Ressalta-se que a gestatildeo do cuidado envolve a dialoacutegica entre o saber-fazer

gerenciar e o cuidar A articulaccedilatildeo dessas duas dimensotildees deve permitir ao enfermeiro

organizar a rotina de acordo com as necessidades de sauacutede do indiviacuteduo e por meio de

accedilotildees gerenciais promover a melhoria da assistecircncia prestada (VITURI EacuteVORA 2015)

Os fragmentos dos discursos dos enfermeiros se afastam desta proposta dialoacutegica

evidenciando que o cuidado desenvolvido nas cliacutenicas eacute uma praacutetica desarticulada de um

referencial metodoloacutegico natildeo acontecendo ou acontecendo de forma seletiva para alguns

pacientes

Natildeo utilizamos a SAE na sala de parto natildeo tenho uma rotina

relacionada agrave SAE Geralmente faccedilo meu relatoacuterio para cada

cliente que tem alta tento ser bem descritiva nas accedilotildees que

aconteceram aqui relato todas as intercorrecircncias mas natildeo

temos neste setor o processo de enfermagem (E21)

Neste setor soacute acontece a SAE se o paciente tambeacutem fizer parte

da comissatildeo de curativo se natildeo fizer parte fazemos um pequeno

relatoacuterio no formato SOAP e soacute (E8)

Natildeo natildeo tenho a SAE aqui Jaacute passei por vaacuterios setores deste

hospital Faccedilo geralmente a SAE dos pacientes mais criacuteticos

(E11)

Aqui na sala de Parto o bicho pega de verdade Acho que utilizei

a SAE mesmo durante a faculdade Natildeo consigo visualizar a

diferenccedila do meu trabalho com ou sem a SAE (E6)

Os conteuacutedos apreendidos nas falas dos participantes denotam ecircnfase na

intensidade das atividades desenvolvidas por plantatildeo levando a compreender que a alta

demanda de accedilotildees e o tempo satildeo as causas do natildeo desenvolvimento ou do

desenvolvimento parcial do cuidado sistematizado Observa-se que o cuidado eacute

desenvolvido cotidianamente poreacutem sem planejamento retratando a ideia de que os

sujeitos valorizam mais as praacuteticas e decisotildees relacionadas agrave gestatildeo imediata das

115

demandas do setor sem o uso da SAE provavelmente por entenderem que o uso dela

atrasaria o processo de trabalho

Outros estudos tambeacutem levantaram como dificuldades enfrentadas por

enfermeiros a implantaccedilatildeo da SAE o nuacutemero reduzido de profissionais de enfermagem

a falta de credibilidade dos teacutecnicos de enfermagem frente agrave SAE a sobrecarga de

trabalho do enfermeiro o tempo e a falta de motivaccedilatildeo profissional (GONCcedilALVES et

al 2007) (MEDEIROS SANTO CABRAL 2013) (NEVES 2010)

Alguns autores classificam em dois niacuteveis os desafios para a trajetoacuteria de

construccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede o primeiro eacute institucional e trata da organizaccedilatildeo

e articulaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede o nuacutemero de enfermeiros a valorizaccedilatildeo por parte da

administraccedilatildeo da instituiccedilatildeo bem como os indicadores de resultado da assistecircncia No

segundo niacutevel encontram-se aqueles relacionados ao profissional e dizem respeito agrave base

cientiacutefica e conhecimentos requeridos habilidades e atitudes pautadas no compromisso

eacutetico na responsabilidade e no assumir o cuidar do ser humano (CASTILHO RIBEIRO

CHIRELLI 2009) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

A natildeo utilizaccedilatildeo da SAE pelos profissionais deve-se ao distanciamento entre o

pensar e o fazer entre teoria e praacutetica principalmente por natildeo haver uma preocupaccedilatildeo

maior com a qualidade da assistecircncia e sim com a demanda do serviccedilo (KLETEMBERG

MANTOVANI LACERDA 2004)

Considerando a sobrecarga de atividades e o escasso tempo os enfermeiros

investigados acabam por selecionar quais satildeo as crianccedilas internadas merecedores de uma

abordagem integral e individualizada Eacute importante ressaltar que a qualidade da atenccedilatildeo

agrave sauacutede articula-se agrave questatildeo da responsabilidade social dos profissionais de sauacutede e dos

serviccedilos para com os seus clientes e estaacute sob a influecircncia direta de variaacuteveis carregadas

de subjetividade daiacute urge a necessidade de decisotildees fortalecidas na rigorosidade da

ciecircncia Como fazer a escolha correta Como prever o desfecho de um quadro clinico sem

a devida avaliaccedilatildeo e planejamento

A implementaccedilatildeo de um meacutetodo cientiacutefico aprimora todos os aspectos da praacutetica

de enfermagem angariando respeito profissional assegurando documentaccedilatildeo

consistente representando o julgamento preciso e profissional dos enfermeiros cliacutenicos

contribuindo deste modo para a seguranccedila do paciente por meio da integraccedilatildeo de uma

terminologia baseada em evidecircncias para a praacutetica cliacutenica e a tomada de decisatildeo

(LUNNEY 2012) (BACKES KOERICH NASCIMENTO ERDMANN 2013)

116

O descaso com o emprego sistemaacutetico do diagnoacutestico das accedilotildees intervenccedilotildees e

resultados de enfermagem pode resultar em ausecircncia de visibilidade e de reconhecimento

profissional aleacutem de poder acarretar ausecircncia ou dificuldade de avaliaccedilatildeo de sua praacutetica

e importacircncia como profissatildeo (GARCIA NOacuteBREGA 2004)

As praacuteticas desenvolvidas pelos enfermeiros estudados estatildeo em discordacircncia com

uma grande corrente de pensadores da enfermagem que veem trabalhando com o intuito

de normatizar e universalizar a linguagem dos sistemas de classificaccedilatildeo da praacutetica do

cuidado evidenciando seus elementos atraveacutes do processo de enfermagem por considerar

esta accedilatildeo importante agrave profissatildeo (NOacuteBREGA GARCIA 2005)

Florecircncio (2009) afirma que somente haveraacute a implantaccedilatildeo da SAE nas

instituiccedilotildees se os enfermeiros se conscientizarem da importacircncia destes cuidados e

tiverem a iniciativa e as condiccedilotildees necessaacuterias para que esta seja implantada em seu local

de trabalho

Eacute preciso dedicaccedilatildeo e tempo para sua aplicaccedilatildeo aperfeiccediloamento soluccedilotildees de

problemas tomada de decisotildees para que a enfermagem consiga atingir suas metas e

promover um cuidado com este cliente (LEFEVRE 2000)

O que causa certo estranhamento eacute verificar no discurso do grupo social a

referecircncia agrave natildeo diferenciaccedilatildeo nos resultados do cuidado de enfermagem prestado de

forma sistematizada e natildeo sistematizada

Estudo sobre a anaacutelise do processo de implantaccedilatildeo da SAE identificou que o

processo de enfermagem quando natildeo eacute operacionalizado resulta em um plano de

cuidados generalizado Dessa maneira natildeo importam as individualidades e necessidades

de cada caso tornando-se apenas uma atividade burocraacutetica centrada nas praacuteticas de

cuidado com o corpo e natildeo no indiviacuteduo (NEVES 2010)

Embora a Resoluccedilatildeo COREN 2722002 tenha estipulado a obrigatoriedade da

SAE em todas as instituiccedilotildees de sauacutede percebe-se que isto natildeo eacute a realidade do grupo

social estudado a aplicabilidade da SAE ainda representa um grande desafio pois existe

conhecimento do assunto por parte do enfermeiro faltando a iniciativa em introduzir o

meacutetodo na praacutetica cotidiana

As RS desta classe desqualificam a SAE como meio de organizaccedilatildeo do cuidado e

satildeo discordantes das representaccedilotildees encontradas no eixo 1 desta pesquisa Da mesma

forma tambeacutem se afastam da estrutura perifeacuterica anteriormente representada pelo grupo

sobre a SAE atraveacutes das palavras ldquoplanejamentordquo ldquoqualidaderdquo ldquocomprometimentordquo

117

ldquoresponsabilidaderdquo A aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado agrave qualidade da assistecircncia

visiacutevel nas falas do eixo que aborda a dimensatildeo teoacuterica da SAE eacute discrepante das accedilotildees

desenvolvidas na classe dois do eixo 2 onde eacute trabalhado a dimensatildeo praacutetica do cuidado

fortalecendo dissonacircncia entre a teoria e a praacutetica para este grupo

Eacute possiacutevel que a cultura interna do serviccedilo direcione as praacuteticas e atividades

diaacuterias considerando o fluxo dos atendimentos prioritaacuterios tendo por base a rotina de

trabalho Desta forma os processos necessaacuterios para atingir as demandas do tratamento

meacutedico e dos requisitos administrativos ligados a gestatildeo da unidade e do hospital

acontecem dando a sensaccedilatildeo ao profissional de enfermagem de dever cumprido poreacutem

muito distante de uma proposta autocircnoma fortalecida em conhecimento

Classe 3 A rotina do cuidado de enfermagem

Nesta classe satildeo descritas as praacuteticas e rotinas assistenciais dos campos de estudo

ou seja a maneira como o cuidado eacute prestado agrave clientela As palavras que ganharam

destaque nas falas dos sujeitos foram ldquorecebordquo ldquoplantatildeordquo ldquoexamerdquo ldquoemergecircnciasrdquo e

ldquopendecircncias - palavras estas que associadas aos estratos das falas aproximam o cuidado

prestado a um forte potencial mecanicista pouco individualizado para as necessidades da

crianccedila

No que tange agraves praacuteticas e agrave rotina dos setores de atendimento agrave crianccedila foi

possiacutevel apreender que haacute uma grande preocupaccedilatildeo dos enfermeiros em atenderem as

demandas da unidade de internaccedilatildeo e as solicitaccedilotildees meacutedicas Esse fato pode estar

atrelado a cultura existente de que os cuidados de enfermagem representam accedilotildees que

visam auxiliar as prescriccedilotildees meacutedicas

Com a equipe de meacutedicos e residentes recebo o plantatildeo quando

tem acadecircmico de enfermagem ele tambeacutem participa Faccedilo

primeiro as coisas que tem prazo ou que satildeo de urgecircncia depois

passo para as atividades privativas faccedilo curativo passo sondas

pics depois evoluo as crianccedilas e faccedilo as admissotildees (E5)

Recebo o plantatildeo confiro o senso dos pacientes tento organizar

o espaccedilo solicito os exames necessaacuterios faccedilo os

direcionamentos faccedilo os procedimentos tipo sondas curativos

eletros e depois vou atendendo os pacientes sem parar (E40)

Recebo o plantatildeo da colega e vou logo tentando organizar os

prontuaacuterios segundo a rotina dos meacutedicos da unidade cada um

chega em um horaacuterio entatildeo vou organizando as preacute-consultas

de forma a atender a todos (E34)

118

Nightingale a percussora da enfermagem moderna preconizava que as enfermeiras

deveriam estar submetidas a uma forte organizaccedilatildeo disciplinar cuja finalidade exclusiva

era capacitaacute-las para a execuccedilatildeo inteligente das tarefas ordenadas pelos meacutedicos

constituindo assim toda a praacutetica de enfermagem A boa enfermeira deveria trazer em

seu exerciacutecio diaacuterio a aproximaccedilatildeo de adjetivos como disciplina obediecircncia e a

subserviecircncia tanto nas accedilotildees assistenciais como nas relaccedilotildees enfermagemmedicina

(LUNARDI 2004) (ANDRADE 2007)

Para considerar a afirmativa anterior eacute preciso entender que para os padrotildees

sociais da eacutepoca e para a aplicaccedilatildeo do modelo biomeacutedico nos hospitais o conhecimento

meacutedico era o uacutenico vaacutelido por ser considerado cientiacutefico desvalorizando o cuidado de

enfermagem que era destinado agrave manutenccedilatildeo e promoccedilatildeo da vida percebidos como

secundaacuterios menores sem importacircncia significativa valor econocircmico ou cientiacutefico

(PADILHA et al1997) (ANDRADE 2007) A assistecircncia de enfermagem se resumia

em dar o remeacutedio na hora certa cuidar do asseio dar alimentaccedilatildeo fazer companhia

auxiliar o paciente na ocasiatildeo das necessidades e cuidar dos mortos (PADILHA et

al1997)

Alguns profissionais permanecem com suas visotildees arraigadas num modelo

tecnicista de assistecircncia no qual os procedimentos teacutecnicos imperam sobre os aspectos

cognitivos de atenccedilatildeo Assim o conceito de cuidado para alguns profissionais ainda

persiste baseado no modelo biomeacutedico em que cuidar eacute reconhecido apenas com o fazer

objetivo O que natildeo eacute cuidado direto natildeo eacute considerado por alguns como cuidado mesmo

que supra a necessidade apresentada pelo familiar naquele momento (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Tal loacutegica tecnoburocraacutetica centrada no modelo biomeacutedico vigente engessa o

cuidado intervencionista pautado predominantemente em teacutecnicas que isolam o cliente

de forma passiva no leito tratando-o como receptor de protocolos e procedimentos

teacutecnicos invasivos e natildeo invasivos

De acordo com Nunes (1999) os profissionais enfermeiros em geral apresentam-

se enfeiticcediladas pelo poder que aparentemente a tecnologia lhes concede Deste modo

muitas vezes sua praacutetica se direciona essencialmente para o exerciacutecio teacutecnico

distanciando-se portanto dos valores morais e poliacuteticos imbuiacutedos no cotidiano de

trabalho Nesta direccedilatildeo Kletemberg Mantovani e Lacerda (2004) lembram que agindo

119

assim os enfermeiros se afastam da anaacutelise criacutetica de sua realidade e mantecircm-se na

neutralidade rotineira de execuccedilatildeo de procedimentos

A enfermagem possui um conjunto de ideias e modos de atuar que constituem o

conhecimento o saber em que se baseia sua prestaccedilatildeo de serviccedilo agrave sociedade Na deacutecada

de 50 do seacuteculo XX as enfermeiras passaram a enfatizar a aplicaccedilatildeo de princiacutepios

cientiacuteficos em seus procedimentos aumentando as reflexotildees sobre a necessidade de se

desenvolver um corpo de conhecimento especiacutefico que pudesse conferir identidade e

autonomia agrave profissatildeo A elaboraccedilatildeo dos modelos conceituais e teorias de enfermagem

objetivam descrever e caracterizar os componentes dos fenocircmenos que lhe satildeo

pertinentes e cuja finalidade eacute explicar elucidar e interpretar ou seja dizer o significado

e o porquecirc dos fatos e suas relaccedilotildees (GEOVANINI 2002)

A enfermagem atual acredita ser obrigaccedilatildeo de cada profissional de sua equipe

contribuir para o crescimento e a renovaccedilatildeo dos conhecimentos de sua aacuterea Em seu agir

tem de observar e criticar a eficiecircncia dos meacutetodos e teacutecnicas que utiliza Um corpo de

conhecimentos e procedimentos teoricamente organizados sistematizados e sempre

reformulados se constitui em base segura para a accedilatildeo eficiente (SOUZA 1988)

(ANDRADE VIEIRA 2005)

A SAE enquanto processo organizacional eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o

desenvolvimento de meacutetodosmetodologias interdisciplinares e humanizadas de cuida-

do As metodologias de cuidado sejam quais forem as suas denominaccedilotildees representam

atualmente uma das mais importantes conquistas no campo assistencial da enfermagem

(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008)

Dessa forma pode-se inferir que o grupo social entrevistado manteacutem

comportamentos em relaccedilatildeo ao cuidado das crianccedilas hospitalizadas que reforccedilam o antigo

paradigma de cuidado centrado na doenccedila na realizaccedilatildeo de procedimentos sob as ordens

meacutedicas fortemente biologicista Natildeo se identificou menccedilatildeo agrave consulta de enfermagem

ou a procedimentos especiacuteficos da enfermagem em pediatria como por exemplo o uso

do brinquedo terapecircutico ou da Escala Analoacutegica de Dor que conferem autonomia ao

cuidado

Observa-se tambeacutem grande preocupaccedilatildeo na realizaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos

Existe um envolvimento do enfermeiro em atividades que poderiam ser delegadas a

secretaacuteria da unidade ou a outro membro da equipe como por exemplo o agendamento

de exames Delegar a outros membros da equipe essas atividades que natildeo satildeo exclusivas

120

do enfermeiro propiciaria maior tempo para as atividades privativas como por exemplo

a consulta de enfermagem

Natildeo se pode negligenciar a importacircncia das teacutecnicas hospitalares muitas satildeo

indispensaacuteveis para a manutenccedilatildeo da vida para favorecer o restabelecimento do fiacutesico

Poreacutem este tipo de intervenccedilatildeo privilegiando a assistecircncia curativa torna-se cara para o

hospital e natildeo resolve as causas dos problemas de sauacutede que na maioria das patologias

poderia ser evitado ou controlado com mudanccedilas estruturais nos modos de agir e viver o

qual a vertente subjetiva da enfermagem poderia alcanccedilar atraveacutes da SAE

O enfermeiro eacute fundamental na engrenagem de uma instituiccedilatildeo de sauacutede No

ambiente hospitalar ele eacute o responsaacutevel pelo gerenciamento da maior equipe de

profissionais da aacuterea de sauacutede necessitando desenvolver habilidades que favoreccedilam a

conduccedilatildeo equilibrada de um grupo heterogecircneo transmitindo seguranccedila na tomada de

decisotildees (RIBEIRO SANTOS MEIRA 2006)

A lideranccedila eacute uma das habilidades que inevitavelmente o enfermeiro deveraacute

desenvolver independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais Entende-se como

lideranccedila um fenocircmeno grupal onde a influecircncia de um indiviacuteduo sobre os demais eacute

compartilhada entre os membros de um grupo envolvendo a relaccedilatildeo interpessoal a

comunicaccedilatildeo e culminando com o trabalho em equipe (SIMOtildeES FAacuteVERO 2003) Com

a lideranccedila o enfermeiro eacute capaz de fomentar as capacidades e potencialidades de cada

membro do grupo estimulando o trabalho em equipe e desta forma distribuindo as

atividades segundo a competecircncia e habilidades dos membros da equipe (CARDOSO

RAMOS DrsquoINNOCENZO 2011)

Pode-se deduzir no discurso dos enfermeiros que as rotinas as atividades do

plantatildeo aparentemente acontecem cumprindo os prazos a serem vencidos e os

atendimentos prioritaacuterios Natildeo foi possiacutevel apreender nas falas e existecircncia de um

planejamento assistencial de meacutedio e longo prazo tanto administrativo quanto

assistencial ou a delegaccedilatildeo de atividades

Dessa forma Ledesma-Delgado e Mendes (2009) acreditam que na estrutura

hospitalar as accedilotildeesinteraccedilotildees de cuidado do enfermeiro seguem rotinas padronizadas e

funccedilotildees instituiacutedas pelo meio mostrando-se elementos direcionadores da assistecircncia As

falas dos enfermeiros participantes sugerem priorizaccedilatildeo das atividades do dia essenciais

para tocar o plantatildeo

121

O processo de trabalho dos enfermeiros participantes remete sobretudo ao

cuidado com foco nos procedimentos teacutecnicos Sua ampliaccedilatildeo de modo a abarcar a

interaccedilatildeo profissional-cliente no contexto histoacuterico-social da relaccedilatildeo e da vida do paciente

coloca-se como um projeto possiacutevel mas em grande parte ainda por ser construiacutedo

(MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Esta condiccedilatildeo ainda eacute intensa no cenaacuterio da

sauacutede em virtude da manutenccedilatildeo do modelo biomeacutedico de atenccedilatildeo agrave sauacutede

Neste contexto as contribuiccedilotildees da enfermagem caracterizam-se como

sustentaccedilotildees das praacuteticas meacutedicas Compotildeem assim um trabalho complementar que

reforccedila a hegemonia meacutedica favorecendo o reconhecimento social do segundo em

detrimento do primeiro (SALVADOR et al 2015)

No iniacutecio do plantatildeo eu verifico se toda a unidade esta

organizada faccedilo a divisatildeo dos consultoacuterios de acordo com as

especialidades Faccedilo um check-up verificando se nada estaacute

faltando desde lacircmpadas ateacute os instrumentos para os exames

meacutedicos divido os funcionaacuterios por alas (E9)

Entatildeo eu organizo o espaccedilo deixo a equipe preparada para o

trabalho Faccedilo o acompanhamento da evoluccedilatildeo de todas as

mulheres do preacute-parto quando esta quase para nascer chamo o

plantonista ou o residente (E34)

Chego no meu plantatildeo observo o quadro de cirurgias faccedilo a

escala dos funcionaacuterios para o plantatildeo resolvo as necessidades

de materiais e protocolos organizo o quadro de cirurgias a

equipe meacutedica aqui eacute muito exigente (E13)

Nas falas emergem equiacutevocos sobre o real significado do cuidar indicando a

necessidade de revisar e transformar a praacutetica e consequentemente o papel do

profissional de enfermagem no sentido de imprimir nova caracteriacutestica agrave sua atuaccedilatildeo

para garantir o reconhecimento do cuidado de enfermagem

Quanto agrave concepccedilatildeo do cuidado este deve ir muito aleacutem da oferta de

procedimentos e teacutecnicas de enfermagem agrave crianccedila Sua definiccedilatildeo ainda eacute amplamente

debatida entre profissionais de sauacutede posto que enquanto alguns o consideram sinocircnimo

de assistecircncia outros o descrevem como essecircncia da profissatildeo (NEVES 2010)

Entretanto todas as correntes convergem que para a sua efetivaccedilatildeo eacute necessaacuterio o

conhecimento sobre o outro envolvendo relacionamento interpessoal e baseando-se na

122

cooperaccedilatildeo muacutetua a partir de valores humaniacutesticos e conhecimento cientiacutefico

(ZEFERINO et al2008)

Um cuidado autecircntico acontece quando profissionais da enfermagem respondem

agraves necessidades de seus clientes e agem responsavelmente ajudando a desenvolver

restaurar ou desenvolver o cuidado de si na melhor maneira possiacutevel Ao agir assim os

clientes natildeo satildeo apenas ajudados a lidarem e a enfrentarem a doenccedila e a incapacidade

mas satildeo encorajados e empoderados a continuarem em sua busca pela plenitude humana

(WALDOW 2015)

Faz-se preciso superar o modelo hegemocircnico vigente e ressignificar o cuidado a

forma de cuidar construindo conjuntamente o plano terapecircutico entre o ser cuidado os

cuidadores os familiares e os profissionais envolvidos (ZEFERINO et al2008)

As praacuteticas assistenciais que emergiram nos estratos estatildeo distantes das

encontradas no nuacutecleo central da RS ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo que apontam a

cientificidade como um aspecto estruturador do fazer do enfermeiro Este posicionamento

se afasta das discussotildees travadas nos espaccedilos acadecircmicos sugerindo novamente um

abismo entre a dimensatildeo teoacuterica do cuidado e a dimensatildeo praacutetica

Percebe-se que o saber da enfermagem fica limitado a discussotildees fechadas nos

cursos e programas de formaccedilatildeo O saber teoacuterico dissociado do fazer praacutetico contribui

para perpetuaccedilatildeo do modelo biomeacutedico e reforccedila o papel social da enfermagem como

ajudante de meacutedico o que prejudica o reconhecimento social do enfermeiro

O cuidado de enfermagem aplicado a partir do conhecimento cientiacutefico e natildeo

somente originado da prescriccedilatildeo meacutedica soacute eacute possiacutevel mediante a sistematizaccedilatildeo da

assistecircncia de enfermagem como ponto essencial na cientificidade de nossa praacutetica e na

evoluccedilatildeo da profissatildeo Esta provavelmente eacute a uacutenica possibilidade do enfermeiro atingir

sua autonomia profissional e constitui a essecircncia de sua praacutetica profissional (ANDRADE

2007)

Dessa forma as falas confirmam que a ampla visatildeo sobre as praacuteticas de

enfermagem que o enfermeiro possui pelas competecircncias que adquire no envolvimento

iacutentimo com o paciente enquanto ser de necessidade seu nuacutecleo social e suas relaccedilotildees

com o ambiente tornam-se limitadas e invisiacuteveis ao processo (NEVES 2010)

(SALVADOR et al 2015)

A praacutetica de enfermagem nos setores da pesquisa eacute composta por grupos de

profissionais de diversas especialidades com distintas atribuiccedilotildees que convergem para

123

um objetivo comum que eacute o bem-estar do paciente Foi possiacutevel deduzir que os princiacutepios

que orientam as praacuteticas assistenciais agrave crianccedila da equipe de enfermagem satildeo constituiacutedos

pelo cumprimento das demandas instituiacutedas pelo corpo meacutedico para determinado

paciente

Outro aspecto observado nas falas foi agrave insatisfaccedilatildeo dos enfermeiros com os

desdobramentos da aplicabilidade da SAE nos setores Os sentimentos de insatisfaccedilatildeo

ratificam os resultados de estudo em que enfermeiros justificaram o preenchimento

incompleto do histoacuterico de enfermagem com a falta de checagem das prescriccedilotildees de

enfermagem pelos teacutecnicos e com a alegaccedilatildeo da falta de conhecimento do funcionamento

do processo de enfermagem (NEVES 2010)

Ter um impresso especiacutefico bem dividido ajuda na hora de

dar continuidade na coleta de dados Mas ela [SAE]

precisa ter um espaccedilo maior na instituiccedilatildeo para que ela

possa representar algo Na maioria das vezes ela se

transforma em um monte de papel impresso no prontuaacuterio

do paciente que nem mesmo a proacutepria equipe de

enfermagem lecirc (E34)

Sabe eu ateacute fazia a SAE mas com o tempo fui observando

que eu estava solitaacuteria Escrevia e ningueacutem lia a

participaccedilatildeo da equipe de enfermagem era zero os

teacutecnicos natildeo realizam e os colegas enfermeiros natildeo liam ou

davam continuidade (E7)

Os estratos apresentados aproximam a realizaccedilatildeo da SAE a um sentido de

protocolo a ser cumprido obrigaccedilatildeo desprazer teacutedio e natildeo meacuterito que se traduzem no

empecilho para sua operacionalizaccedilatildeo

Atitudes de rejeiccedilatildeo resistecircncia desinteresse e desvalorizaccedilatildeo da SAE pela equipe

de enfermagem tambeacutem foram observadas em outros estudos (NEVES 2010) (DINIZ

CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SILVA SILVA VALADARES SILVA

LEITE 2015) e o natildeo incremento da fase de diagnoacutestico de enfermagem (DINIZ

CAVALCANTE OTONI MATA 2015) e a pluraridade de formulaacuterios (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) figuraram como fatores dificultadores

para seu desenvolvimento

Registros satildeo elementos imprescindiacuteveis no processo do cuidar humano e

precisam ser fidedignos a realidade observada desta forma possibilitam a reflexatildeo sobre

cada caso e a comunicaccedilatildeo entre os profissionais envolvidos na assistecircncia

124

Estudo desenvolvido acerca da qualidade dos registros de enfermagem conclui

que estes natildeo refletiam a atuaccedilatildeo dos profissionais os cuidados recebidos pelo cliente e

as suas respostas e considerou fundamental maiores investimentos na intenccedilatildeo de

solucionarminimizar os problemas identificados principalmente nas anotaccedilotildees de

enfermagem (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)

No cuidado agrave crianccedila os registros devem compreender a histoacuteria de sauacutede

pregressa o exame fiacutesico completo testes especiacuteficos para avaliaccedilatildeo da maturaccedilatildeo e

desenvolvimento dos sistemas e a busca por malformaccedilotildees Aspectos ligados a adaptaccedilatildeo

da crianccedila ao meio envolvimento dos pais no cuidado disposiccedilatildeo para brincar tambeacutem

satildeo informaccedilotildees que oferecem bases importantes para a construccedilatildeo do plano de cuidados

Impressos especiacuteficos podem auxiliar na coleta de dados pois a adequaccedilatildeo do

roteiro a cada fase do desenvolvimento infantil reduz as chances de exame superficial ou

incompleto aleacutem de otimizar o tempo de contato com o paciente e sua famiacutelia

Para tanto eacute necessaacuterio a determinaccedilatildeo de um referencial teoacuterico para nortear a

elaboraccedilatildeo desses impressos e coordenar as accedilotildees do enfermeiro Para Monteiro et al

(2014) os enfermeiros que atuam nos programas de sauacutede da crianccedila desenvolvem accedilotildees

de avaliaccedilatildeo e anaacutelise para identificar informaccedilotildees conduzir as accedilotildees e promover o

desenvolvimento dos programas todavia ainda aplicam suas competecircncias e

habilidades de forma desarticulada sem a integraccedilatildeo com um referencial teoacuterico

Eacute pertinente ressaltar que o modelo teoacuterico torna a atuaccedilatildeo de enfermagem

cientificamente coerente e planejada para o alcance das metas almejadas O conhecimento

cientiacutefico motiva a compreensatildeo dos determinantes que repercutem na sauacutede da crianccedila

para atuar de forma preditiva bem como fortalece as accedilotildees profissionais para a

recuperaccedilatildeo da sauacutede Entatildeo para se trabalhar de forma organizada e operacionalizar os

cuidados de enfermagem eacute necessaacuterio estar pautado em conhecimentos cientiacuteficos pois

viabiliza a tomada de decisatildeo no planejamento das intervenccedilotildees subsidiando o raciociacutenio

cliacutenico e criacutetico (MEDEIRO et al 2010) (SILVA et al 2011a)

Classe 4 Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

Nessa classe as palavras em destaque ldquofaltardquo ldquosecretaacuteriardquo ldquocoletardquo ldquocorreriardquo

ldquodadosrdquo e ldquotempordquo satildeo termos que retratam condiccedilotildees que podem representar fatores

125

dificultadores na prestaccedilatildeo do cuidado sistematizado Eacute sabido que a busca pela qualidade

da assistecircncia perpassa pela organizaccedilatildeo do cuidado a partir de condutas e atitudes

seguras que embasam a tomada de decisatildeo apropriada com ofertas adequadas dos

distintos recursos

O paciente e suas especificidades suas necessidades sua alta ou recuperaccedilatildeo

constituem a principal razatildeo da assistecircncia de enfermagem a qual deve portanto ser

realizada eficientemente com comprometimento de quem a desenvolve garantindo

qualidade do cuidado prestado e principalmente a satisfaccedilatildeo do paciente e seus

familiares (DONNERWHEELER 2004)

A falta de atenccedilatildeo agraves praacuteticas da gestatildeo de pessoas interfere diretamente no alcance

dos objetivos organizacionais principalmente no que tange agrave implementaccedilatildeo de

processos de qualidade A qualidade resulta de um comportamento positivo e concentrado

dos colaboradores Para alcanccedilar a excelecircncia e a consequente e desejada competitividade

no mercado as organizaccedilotildees precisam considerar atualmente que gerir pessoas significa

estimular o envolvimento e desenvolvimento das mesmas (BARBOSA MELO 2008)

Os estratos a seguir apontam fragilidades que os enfermeiros participantes

vivenciam cotidianamente e que satildeo considerados por eles pendencias que prejudicam a

qualidade da assistecircncia prestada e o desenvolvimento da SAE

Laacute fora tem setor que vocecirc fica digladiando com aluno e

residente por conta de cadeira e um lugar no computador A falta

de impressos de coleta de dados a condiccedilatildeo fiacutesica de alguns

pacientes a grande quantidade de atendimentos a falta de

secretaacuteria nos plantotildees do setor (E34)

A falta de tempo e as vezes a reduccedilatildeo do nuacutemero de funcionaacuterios

A falta de um impresso especiacutefico A falta de interesses dos

colegas enfermeiros tambeacutem contribui (E24)

O nuacutemero reduzido de funcionaacuterios A proacutepria falta de secretaacuteria

no setor eu preciso ficar pedindo para as secretaacuterias de outros

setores pedir o material que eu preciso quando natildeo vou eu

mesmo na farmaacutecia ou na central de materiais buscar (E2)

Estudos desenvolvidos por enfermeiros nos uacuteltimos anos apontam diferentes

dificuldades para a implantaccedilatildeo da SAE dentre elas destacam-se falta de conhecimento

por parte do enfermeiro acerca da metodologia de assistecircncia e modelos teoacutericos

deficiecircncia na abordagem da temaacutetica durante o curso de graduaccedilatildeo grande demanda de

126

serviccedilos burocraacuteticos e administrativos aleacutem da falta de pessoal e de recursos materiais

para o cuidado falta de articulaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica e influecircncias do modelo

biomeacutedicocartesiano (NEVES 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)

(DINIZ CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SOUZA COSTA CARNEIRO et

al 2015)

Na perspectiva da atenccedilatildeo a crianccedila hospitalizada Moreira e colaboradores (2012)

apontou como dificuldade para a desenvolver a SAE ao receacutem-nascido internado em

UTIN a falta de formulaacuterios especiacuteficos para os registros Com referecircncia agrave aplicaccedilatildeo da

SAE agrave crianccedila no serviccedilo de urgecircncia e emergecircncia a falta de espaccedilo e a existecircncia de

apenas um enfermeiro assistencial no setor com muitos pacientes criacuteticos na unidade

foram listados como dificuldades para a implementaccedilatildeo (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013) No espaccedilo da pediatria as inuacutemeras atividades teacutecnicas e

burocraacuteticas foram consideradas como fatores que dificultam muitas vezes a aproximaccedilatildeo

a uma dimensatildeo do cuidado que favoreccedila o desenvolvimento da SAE (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

As causas apontadas pelo grupo estudado representam em sua maioria problemas

conceituais estruturais e organizacionais Indicam a necessidade de reorganizaccedilatildeo dessa

metodologia de assistecircncia como uma das prioridades organizacionais destes hospitais

sobretudo por meio do investimento na estrutura fiacutesica na contrataccedilatildeo de recursos

humanos e na educaccedilatildeo permanente dos enfermeiros aleacutem de um trabalho de

conscientizaccedilatildeo para que os mesmos se envolvam efetivamente no processo de

implantaccedilatildeo dessa sistematizaccedilatildeo de modo a melhorar a qualidade do cuidado ao paciente

Florecircncio (2009) afirma que a SAE eacute um meacutetodo de trabalho que proporciona a

melhoria da qualidade da assistecircncia ao cliente atraveacutes do planejamento e aplicaccedilatildeo de

accedilotildees do serviccedilo da enfermagem Essas accedilotildees elaboradas e supervisionadas pelo

enfermeiro e aplicadas pela equipe em conjunto eacute o proacuteprio gerenciamento do cuidado

cabendo ao enfermeiro conhecer sua equipe e o perfil de seus clientes

Apesar de saber que com a implantaccedilatildeo de um Processo de Enfermagem seu

trabalho seraacute mais valorizado pois todos os entrevistados referiram que a SAE eacute ldquomuito

importante para o cuidadordquo o profissional enfermeiro natildeo demonstra muitas expectativas

nem interesse em iniciar ou dar continuidade ao trabalho de colegas

Entende-se que a praacutetica da SAE deveria ser parte do cotidiano de qualquer

enfermeiro a realidade observada atraveacutes dos estratos de falas eacute que estes profissionais

127

natildeo se conscientizaram da sua importacircncia Natildeo havendo conscientizaccedilatildeo natildeo haacute

cobranccedila e nem realizaccedilatildeo Com isso perde o paciente que deixa de participar ativamente

no cuidado voltado aos problemas que ele apresenta ou possa vir a desenvolver perde a

instituiccedilatildeo pois deixa de ofertar uma estrutura na qual as necessidades do cliente de sua

famiacutelia ou da comunidade sejam satisfeitas e tambeacutem perde o enfermeiro que deixa de

demonstrar o alcance da atividade da enfermagem pois natildeo aproveita as oportunidades

de aumentar a satisfaccedilatildeo profissional e estimular o aperfeiccediloamento cientiacutefico

Menezes Priel Pereira (2011) e Carvalho et al (2013) consideram que algumas

medidas satildeo essenciais para a implantaccedilatildeo e operacionalizaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees

de sauacutede de forma a tornar o cuidado mais efetivo com o olhar voltado para o bem-estar

do paciente como capacitaccedilatildeo profissional ou educaccedilatildeo permanente sensibilizaccedilatildeo e

envolvimento da equipe multidisciplinar atuante no setor adequaccedilatildeo do

dimensionamento da equipe de enfermagem valorizaccedilatildeo por parte da administraccedilatildeo da

instituiccedilatildeo conhecimento habilidades e atitudes pautadas no compromisso eacutetico e na

responsabilidade do cuidar do outro

Silva Moreira (2011) e Costa Fernandes Noacutebrega (2011) ainda ressaltam a

importacircncia da definiccedilatildeo de modelos teoacutericos no contexto em que a SAE estaacute inserida

considerando o perfil dos pacientes atendidos e das necessidades especiacuteficas do cuidado

a ser prestado para auxiliar o enfermeiro no estabelecimento de prioridades e no

atendimento das necessidades compreendendo que a definiccedilatildeo do referencial teoacuterico

requer reflexatildeo e discussatildeo entre a equipe de enfermagem acerca das teorias de

enfermagem para o conhecimento dos conceitos e proposiccedilotildees para identificar a teoria

compatiacutevel com a realidade que a SAE seraacute instituiacuteda

Na desmistificaccedilatildeo dessas fragilidades estaacute o sucesso ou insucesso para

implantaccedilatildeo da SAE buscando fatores-chave como apoio colaboraccedilatildeo e interesse das

chefias de enfermagem aleacutem do preparo rigoroso constante e sistemaacutetico dos

enfermeiros (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Entende-se que desta forma eacute

possiacutevel promover uma alianccedila aproximando os processos de cuidar e de administrar que

permitam constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando (SALVADOR

SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015) (SOARES RESCK CAMELO

TERRA 2016)

128

Classe 5 Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem

Nessa classe as palavras ldquomomentordquo ldquoaplicaccedilatildeordquo ldquoassimrdquo ldquoporquerdquo

ldquodiferenterdquo ldquomaneirardquo e ldquopacienterdquo juntamente dos fragmentos de falas sugerem as

possiacuteveis concepccedilotildees que o corpo de enfermeiros aponta como caminhos para melhorar

a implementaccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila dos setores estudados

O processo de enfermagem aplicado agrave crianccedila eacute desenvolvido de forma contiacutenua

dinacircmica e individualizada abrangendo as fases de coleta de dados diagnoacutestico

planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (RODRIGUES

AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA VALADARES

SILVA LEITE 2015)

A crianccedila eacute um ser com anseios proacuteprios sob tutela dos pais com particularidades

ligadas a essa fase da vida que devem ser avaliadas no contexto da sua individualidade

Este conhecimento e a visatildeo ampliada do enfermeiro para o processo sauacutede-doenccedila na

infacircncia auxiliam na abordagem das fases da SAE

Entre as situaccedilotildees que ao serem vivenciadas pela crianccedila satildeo consideradas

determinadoras de estresse encontram-se a doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo que podem fazer

com que a crianccedila e sua famiacutelia fiquem emocionalmente traumatizados em maior grau do

que estaacute fisicamente doente (RIBEIRO ANGELO 2005) Ao ser hospitalizada a crianccedila

encontra-se duplamente doente aleacutem da patologia fiacutesica ela sofre de outra doenccedila a

proacutepria hospitalizaccedilatildeo que se natildeo for adequadamente tratada deixaraacute marcas em sua

sauacutede mental (COLLET 2001)

Os discursos a seguir sugerem que para o sucesso da implementaccedilatildeo da SAE agrave

crianccedila sua famiacutelia e o enfermeiro deve atuar com sensibilidade e paciecircncia de forma a

reduzir o estresse e a anguacutestia do primeiro impacto da internaccedilatildeo hospitalar

Para avaliar uma crianccedila vocecirc precisa de tempo Pois tem o

momento certo de vocecirc abordar a crianccedila e o acompanhante

Muitas vezes a emoccedilatildeo da situaccedilatildeo pode dificultar a coleta da

informaccedilatildeo Vaacuterias vezes eacute preciso voltar na matildee para ter uma

resposta de um sistema por exemplo (E41)

Eu faccedilo assim vou aos poucos o paciente deu entrada eu vou

colher o histoacuterico o que natildeo for abordado em um primeiro

momento eu abordo em um segundo momento (E38)

Na minha opiniatildeo a melhor hora para fazer a abordagem de

coleta de informaccedilotildees eacute quando o paciente e o acompanhante

129

estatildeo calmos a condiccedilatildeo da crianccedila jaacute estaacute estaacutevel aiacute busco uma

cadeira e sento ao lado e faccedilo minhas perguntas (E27)

Busco deixar todos calmos ofereccedilo informaccedilotildees sobre o

procedimento Eacute difiacutecil instaurar a SAE muitas vezes as

perguntas do questionaacuterio satildeo pouco aplicaacuteveis para o momento

(E13)

Nas falas emergem a importacircncia da individualidade e integralidade do cuidado Eacute

importante refletir tambeacutem que cuidar de uma crianccedila doente requer do profissional aleacutem

do cuidado teacutecnico imprescindiacutevel o cuidado subjetivo que envolve a singularidade de

cada crianccedila a sua individualidade e a forma como ela expressa seus sentimentos e

emoccedilotildees (WOISKI ROCHA 2010)

Cada famiacutelia reage de um modo a internaccedilatildeo infantil desta forma o enfermeiro

deve deixar de ser apenas um realizador de cuidados teacutecnicos e passar a exercer tambeacutem

sua funccedilatildeo como facilitador da experiecircncia para a crianccedila e para seus pais o que se

constitui num desafio porque demanda numa mudanccedila do enfoque da assistecircncia de

enfermagem tecnicista e centrado na patologia para um enfoque centrado na crianccedila e na

famiacutelia (COLLET 2001) (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET

2013)

A experiecircncia estressante da hospitalizaccedilatildeo pode ser amenizada pelo fornecimento

de certas condiccedilotildees como presenccedila de familiares disponibilidade afetiva dos

trabalhadores da sauacutede informaccedilatildeo atividades recreacionais entre outras

(NASCIMENTO KC BACKES DS KOERICH MS ERDMANN 2008) Saber o

momento e forma correta de abordagem a famiacutelia eacute um fator humanizador da assistecircncia

e importante para o sucesso na instauraccedilatildeo da SAE

Conforme Noacutebrega Silva (2009) a coleta de DadosHistoacuterico de Enfermagem eacute

fase imprescindiacutevel do processo de enfermagem em que ocorre a interaccedilatildeo entre

enfermeiro e paciente para coleta de dados anamnese e exame fiacutesico Essa etapa direciona

o cuidado portanto requer habilidades e embasamento de uma teoria de enfermagem

para fundamentar a assistecircncia para a recuperaccedilatildeo da sauacutede do paciente

Esta etapa eacute parte crucial do teor cientiacutefico do processo de trabalho do enfermeiro

tornando-se indispensaacutevel o investimento dos conhecimentos teacutecnicos cientiacuteficos e

valorizaccedilatildeo desta fase do processo de enfermagem para o respaldo profissional e

desenvolvimento de um cuidado de qualidade Assim concordamos com Noacutebrega e Silva

130

(2009) quando estes afirmam que a coleta de dados natildeo pode ser um momento estaacutetico e

restrito pois ela permeia todo o processo sendo necessaacuteria inclusive para se avaliar o

diagnoacutestico de enfermagem e as accedilotildees de enfermagem ateacute se chegar agraves definiccedilotildees sobre

a condiccedilatildeo do cliente

O modo para obter informaccedilotildees relativas a estas necessidades proveacutem dentre outras

da comunicaccedilatildeo quando dados obtidos atraveacutes da interaccedilatildeo iratildeo direcionar as atividades

de enfermagem As palavras e o comportamento possuem valor significativo expressando

uma comunicaccedilatildeo desta forma tanto a linguagem verbal como a natildeo verbal influenciam

a realidade onde a crianccedila estaacute inserida mudam a percepccedilatildeo das pessoas e permitem o

estabelecimento de uma comunicaccedilatildeo efetiva (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA

2013)

No que tange agrave comunicaccedilatildeo o enfermeiro eacute um elemento articulador e integrador

por estar mais proacuteximo do paciente e detectar com mais facilidade as alteraccedilotildees que se

processam ao longo das 24 horas do dia Por isso ele deve polarizar essas interaccedilotildees e

valorizar diferentes formas de pensar a fim de vir a compreender as correlaccedilotildees e

apreender o ser humano como um ser complexo (BACKES et al 2013)

Estudos que abordam o contato da enfermagem com a crianccedila e sua famiacutelia em

ambiente hospitalar consideram a comunicaccedilatildeo um elemento integrante da qualidade de

prestaccedilatildeo do cuidado de enfermagem Reforccedilando que o enfermeiro atraveacutes da

comunicaccedilatildeo deve permitir um envolvimento seguro construtivo e compreensivo para

que a crianccedila encontre caminhos para manter as capacidades proacuteprias de sua fase de

desenvolvimento e a participar de experiecircncias que estimulem o seu crescimento (SHIN

WHITE 2005) (JANSEN SANTOS FAVERO 2010) (MARTINEZ TOCANTINS

SOUZA 2013)

Aleacutem do mais quando existe a falta de interaccedilatildeo entre pais e enfermagem a

crianccedila fica mais resistente aos cuidados e natildeo haacute cooperaccedilatildeo por parte da crianccedila

Usualmente ela fica dividida agrave espera de indicaccedilotildees natildeo verbais dos pais no tangente a

como responder ou reagir frente agraves intervenccedilotildees feitas pela equipe A aceitaccedilatildeo do

tratamento pela crianccedila estaacute diretamente ligada agrave compreensatildeo que os pais tecircm deste

processo e ao aporte afetivo fornecido pelos mesmos durante esta experiecircncia

(MARQUES etal 2014)

Neste ponto o grupo estudado demonstra compreensatildeo sobre a importacircncia da

coleta de dados e suas representaccedilotildees sobre esta fase da SAE reforccedilam que o processo

131

de comunicaccedilatildeo cuidador e cuidado natildeo eacute accedilatildeo linear acontecendo de forma articulada e

em diversos momentos da internaccedilatildeo A sensibilidade do profissional para identificar o

momento correto de intervenccedilatildeo junto agrave famiacutelia tambeacutem eacute apontado como um requisito

importante para a coleta das informaccedilotildees que satildeo base para o planejamento da assistecircncia

A qualidade dos dados coletados deve gerar potencial para diagnoacutesticos de

enfermagem coerentes e intervenccedilotildees corretas Acompanhar o estado de sauacutede da crianccedila

e traccedilar um planejamento que estimule crescimento bioloacutegico pessoal e social requer do

enfermeiro conhecimento e domiacutenio dos procedimentos que integram a consulta de

enfermagem para desempenhar um cuidar sistematizado ordenado autecircntico e soliacutecito

(RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA

VALADARES SILVA LEITE 2015)

Eacute importante visualizar na famiacutelia e particularmente na matildee a peccedila chave e

fundamental para agregar qualidade ao seu plano de cuidado pois o conhecimento das

peculiaridades fiacutesicas e emocionais da crianccedila permite agrave matildee identificar os primeiros

sinaissintomas ou reaccedilotildees apresentadas por seu filho (MARQUES etal 2014)

Aleacutem da compreensatildeo da importacircncia do contato com a famiacutelia ao momento da

coleta de dados os fragmentos de falas tambeacutem indicam que o uso de um roteiro de coleta

de dados adequado a clientela infantil eacute caminho para facilitar a implementaccedilatildeo da SAE

nos setores de atendimento agrave crianccedila Como eacute possiacutevel observar a seguir

Um instrumento melhor elaborado para que natildeo se perca tanto

tempo o aplicando e que traga espaccedilos para coletar informaccedilotildees

realmente da crianccedila eacute o caminho para o uso da SAE (E38)

O fato de vocecirc ter um instrumento que eacute o correto para aquela

fase da vida e de faacutecil visualizaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo jaacute eacute oacutetimo para o

nosso serviccedilo (E39)

Agora noacutes temos um check list mas assim ainda precisa ser

melhorado para ser realmente direcionado para a faixa etaacuteria e

desenvolvimento da crianccedila Mas ele estaacute sendo aplicado de

maneira satisfatoacuteria (E41)

Durante as entrevistas foi exposto pelos enfermeiros que nos espaccedilos em que a

pesquisa foi realizada estava em processo de implantaccedilatildeo de um novo instrumento de

coleta de dados para o atendimento a crianccedila Este impresso estava sendo testado no setor

pediatria eacute formatado segundo uma lista de checagem organizado por necessidades

132

humanas baacutesicas e era composto por cinco roteiros direcionado para as fases de

desenvolvimento infantil neonato lactante preacute-escolar escolar e adolescente

Os enfermeiros em suas falas demonstram certa confianccedila de que a reestruturaccedilatildeo

da coleta de dados ao puacuteblico infantil possa trazer benefiacutecios para a assistecircncia como a

otimizaccedilatildeo do tempo e a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees significativas para cada faixa etaacuteria

em virtude da especificidade

Estudo desenvolvido por Neves (2010) permitiu identificar que para o grupo de

enfermeiros estudados um impresso de histoacuterico de enfermagem aprofundado

padronizado e direcionado para uma clientela especiacutefica facilita o registro e a coleta de

dados do cliente reduzindo inclusive o tempo gasto pelos enfermeiros nesta etapa

Medeiros Santos Cabral (2012) reconhecem que os instrumentos especiacuteficos

favorecem a execuccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem considerando que facilita

os registros e organiza os dados Neste contexto a padronizaccedilatildeo de instrumentos para a

crianccedila promove a organizaccedilatildeo e a reduccedilatildeo da subnotificaccedilatildeo de dados sobre os cuidados

prestados e otimiza o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil

(BARBOZA BARRETO MARCON 2012)

A coleta de dados deve se constituir em um roteiro sistematizado para o

levantamento de sinais e sintomas do ser humano ser significativo para o enfermeiro e

para o cliente e possibilitar o estabelecimento dos diagnoacutesticos de enfermagem das metas

e dos objetivos a prescriccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem deve viabilizar a interaccedilatildeo

enfermeiro cliente e um cuidado profissional que forneccedila dados que suscitem hipoacuteteses

para o desenvolvimento de pesquisas colaborando com os conhecimentos proacuteprios da

profissatildeo (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS 2006) A estrutura do instrumento

de coleta deve retratar o referencial teoacuterico adotado a dinacircmica do serviccedilo o padratildeo de

organizaccedilatildeo da assistecircncia e a especificidade da clientela assistida (CHIZZOTTI 1991)

Como a faixa etaacuteria classificada como crianccedila de acordo com o Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente permite conglomerar indiviacuteduos de um a treze anos de idade eacute

importante tambeacutem que estes instrumentos possam respeitando o grau de

desenvolvimento cognitivo favorecer a participaccedilatildeo efetiva do grupo em seu inqueacuterito de

sauacutede Incluir a crianccedila neste momento compartilhar a responsabilidade nas decisotildees

relacionadas com a sua condiccedilatildeo fiacutesica fortalece sua autonomia a transformando em

sujeito ativo do seu processo sauacutede- doenccedila e valorizando suas pontuaccedilotildees acerca da vida

133

Estudos demonstram que as crianccedilas conseguem descrever as formas como satildeo

abordadas para a realizaccedilatildeo dos procedimentos e identificar como fundamentais as

explicaccedilotildees recebidas pois entenderam que natildeo deviam permanecer com duacutevidas (SHIN

H WHITE-TRAUT 2005) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

(SANTOS et al 2015) Outro estudo desenvolvido com crianccedilas na faixa etaacuteria de

escolar conclui que este grupo etaacuterio manifestou natildeo gostar quando os profissionais natildeo

conversam com eles natildeo os orientam quanto aos procedimentos que seratildeo realizados e

falam de forma imperativa para permanecerem parados (SANTOS et al2015)

Com base no exposto eacute possiacutevel afirmar que as crianccedilas satildeo as melhores fontes

de informaccedilatildeo sobre suas experiecircncias e sentimentos Elas podem expressar seus

pensamentos de diferentes formas (verbal e natildeo verbal) e para tanto eacute necessaacuterio o

enfermeiro adentrar o universo infantil utilizando estrateacutegias de aproximaccedilatildeo adequadas

para cada faixa etaacuteria como por exemplo o brinquedo terapecircutico rodas de conversas de

forma a estimular e permitir que expressem as situaccedilotildees por elas vivenciadas

Os enfermeiros participantes tambeacutem sugerem como estrateacutegia para otimizar a

SAE no cuidado a crianccedila o desenvolvimento de cursostreinamentos de orientaccedilatildeo para

o uso do novo instrumento de coleta de dados pela gestatildeo hospitalar

A gerencia vai precisar organizar um treinamento para orientar

e ateacute conscientizar todo o hospital para a importacircncia desse novo

checklist(E38)

Por ser uma estrateacutegia nova acho que seraacute importante a

realizaccedilatildeo de treinamento curso palestra para orientar como

deve ser a implementaccedilatildeo e para tirar duacutevidas mesmo (E41)

Este instrumento eacute bem diferente para mim Acredito que a

educaccedilatildeo permanente precisa olhar com maior atenccedilatildeo para o

grupo que esta aqui na ponta senatildeo acho que sem um curso ou

orientaccedilatildeo mais direta natildeo vai ter sucesso natildeo (E39)

Kobayashi e Leite (2010) afirmam que lacunas na gestatildeo de recursos humanos

alteraccedilotildees do contexto produtivo e mudanccedilas tecnoloacutegicas geram desequiliacutebrios entre

qualificaccedilotildees e trabalho Portanto os profissionais devem investir de forma contiacutenua em

qualificaccedilotildees e atualizaccedilotildees para o desenvolvimento de competecircncias Diante desta

realidade eacute mister a necessidade de investimentos na educaccedilatildeo continuada para suprir as

dificuldades e qualificar os profissionais

134

O processo educativo em serviccedilo representa um dispositivo imprescindiacutevel para a

qualificaccedilatildeo da equipe de Enfermagem na medida em que agrega conhecimento e

seguranccedila ao profissional possibilitando que ele atue de forma competente colaborativa

e independente o que consequentemente causa impacto na qualidade do atendimento

(CUCOLO PERROCA 2015)

Essa estrateacutegia favorece a conquista da excelecircncia no processo de SAE sendo

necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de treinamentos para a equipe de enfermagem e o apoio

da instituiccedilatildeo Tal investimento requer o envolvimento de toda a equipe compreendendo

que a capacitaccedilatildeo gera benefiacutecios para os enfermeiros pacientes e instituiccedilatildeo (NEVES

SHIMIZU 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)

Para que transformaccedilotildees na praacutetica da SAE agrave sauacutede da crianccedila aconteccedilam eacute

necessaacuterio que as dificuldades relacionadas agrave sua operacionalizaccedilatildeo sejam conhecidas por

todos ou seja a desorganizaccedilatildeo do trabalho em grupo o desconhecimento teoacuterico dos

profissionais sobre as etapas do processo a deficiecircncia do serviccedilo de educaccedilatildeo

permanente e o nuacutemero reduzido de recursos humanos para sua aplicaccedilatildeo (SOARES

RESCK CAMELO TERRA 2016)

Sendo assim as RS desse eixo evidenciam maior aproximaccedilatildeo com o conceito de

tratar distanciando-se do conceito de cuidar As praacuteticas assistenciais de enfermagem satildeo

desenvolvidas segundo as solicitaccedilotildees meacutedicas Diante das dificuldades cotidianas para a

real implementaccedilatildeo do processo de enfermagem estatildeo fragilidades relativas ao pouco

conhecimento da metodologia pouco envolvimento da equipe de enfermagem e deacuteficit

de recursos materiais Satildeo representaccedilotildees levantadas pelo grupo como estrateacutegias de

aproximaccedilatildeo da SAE ao cuidado da crianccedilas a abordagem e comunicaccedilatildeo respeitando o

momento familiar o uso de instrumento de coleta de dados especiacutefico e por fase de

crescimento e desenvolvimento aleacutem de treinamento e cursos operacionalizados pela

educaccedilatildeo permanente do hospital

135

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Neste estudo procurou-se a partir da apreensatildeo e anaacutelise das RS da SAE

construiacutedas por enfermeiros que cuidam de crianccedilas explorar o conhecimento destes e

sua aplicaccedilatildeo na praacutetica cotidiana

Na primeira etapa do estudo foi possiacutevel identificar que o grupo social que

prestava cuidados a crianccedilas nos dois campos de estudo no periacuteodo desta pesquisa era

formado por adultos jovens com a idade meacutedia em torno de 335 anos de idade quase que

predominantemente do sexo feminino (933) Foram graduados em cinco anos pela

instituiccedilatildeo puacuteblica estadual de Mato Grosso (622) sendo a especializaccedilatildeo no formato

lato sensu a maior titulaccedilatildeo do grupo (622)

Noventa e cinco porcento (955) dos participantes jaacute possuiacutea viacutenculo

empregatiacutecio com o hospital a mais de 12 meses todos jaacute estavam no mesmo setor de

atendimento agrave crianccedila por no miacutenimo seis meses sendo que cerca de 155 atuavam no

mesmo setor de assistecircncia agrave crianccedila pelo tempo maacuteximo de um ano

Percebeu-se assim que a forccedila de trabalho que desenvolve o cuidado agrave crianccedila eacute

constituiacuteda predominantemente por um grupo social do sexo feminino jovem e

qualificado sendo o perfil dos envolvidos proacuteximos a tendecircncia de recursos humanos de

outras regiotildees do estado e paiacutes

Na segunda etapa do trabalho aprendeu-se que a estrutura das RS relacionadas a

SAE tem como nuacutecleo central o cuidado de enfermagem sendo esta representaccedilatildeo

sustentada e organizada por duas periferias formadas pelos termos planejamento e

qualidade primeira periferia e assistecircncia compromisso processo e responsabilidade

formando a segunda periferia todas em consonacircncia com a raiz essencial do termo

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo estabelecendo relaccedilatildeo proximal com as

dinacircmicas e estrateacutegias necessaacuterias para o desenvolvimento do cuidado bem como

fortalecendo a importacircncia deste

A estrutura da RS relativas a ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagemrdquo tem o nuacutecleo central representado pelas palavras

conhecimento humanizaccedilatildeo e importante refletindo o entendimento do grupo sobre as

funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Desta forma o nuacutecleo

central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura atraveacutes do reconhecimento pelo

grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento especiacutefico da profissatildeo que permite

ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica cientiacutefica e humanizada

136

Esta representaccedilatildeo eacute sustentada na primeira periferia pelos termos planejamento

rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo que remete agrave dimensatildeo praacutetica da SAE ou seja o

desenvolvimento do processo de enfermagem E na segunda periferia pelos termos

ciecircncia e lideranccedila As palavras expressam um posicionamento positivo dos enfermeiros

a esta metodologia valorizando aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como

requisitos importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila

As estruturas das duas representaccedilotildees satildeo proacuteximas dos conceitos formados ainda

na academia fortalecida nos aspectos eacuteticos teoacutericos e estruturais que organizam este

processo se afastando da realidade vivenciada nos espaccedilos de atendimento a crianccedila Este

fato deve despertar a reflexatildeo e anaacutelise criacutetica sobre a SAE agrave crianccedila desenvolvida pelo

grupo social em virtude da aproximaccedilatildeo dos conceitos de uma praacutetica politicamente

correta distante das realidades vivenciadas nos espaccedilos de sauacutede

Nesta etapa o estudo traz implicaccedilotildees importantes para as accedilotildees de enfermagem

destinadas agrave crianccedilas visto que ilustra questotildees referentes ao desenvolvimento de

competecircncias que envolvem a assistecircncia dos enfermeiros como por exemplo a

autocriacutetica desta forma a compreensatildeo das deficiecircncias que normalmente se encontram

nos espaccedilos de sauacutede auxiliariam a preparar o cuidado agrave crianccedila com base nestas

fragilidades esta conduta de aproximaccedilatildeo da realidade tende a refletir em resultados

positivos para a crianccedila famiacutelia e enfermagem

Na terceira parte do estudo os resultados que emergiram indicam que para os

enfermeiros entrevistados as RS relacionadas agrave SAE foram inicialmente forjadas durante

o periacuteodo da graduaccedilatildeo e se organizaram em torno da argumentaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo do

cuidado de enfermagem Apreendeu-se de forma consensual que os enfermeiros

conhecem a operacionalizaccedilatildeo da SAE e que classificam-na como um importante meacutetodo

de organizaccedilatildeo e planejamento das accedilotildees de enfermagem

Poreacutem no cotidiano profissional ela eacute compartilhada a partir de aproximaccedilotildees e

distanciamentos teoacutericos natildeo favorecendo que este conhecimento tenha um objetivo

praacutetico nas intervenccedilotildees das cliacutenicas As representaccedilotildees da dimensatildeo do conhecimento

natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a existecircncia de

importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees ou seja entre a valoraccedilatildeo do saber e a

qualidade do fazer desenvolvido no cotidiano

Dessa forma as discrepacircncias teoacuterico-praacuteticas natildeo contribuem para a construccedilatildeo

de uma realidade capaz de valorizar a praacutetica do cuidado de enfermagem agrave crianccedila pois

137

natildeo satildeo capazes de conferir autonomia profissional qualificar o cuidado implementar as

mudanccedilas de paradigma do cuidado requeridos na modernidade pela pediatria

Considerando as relaccedilotildees existentes entre as representaccedilotildees do saber e as

representaccedilotildees das praacuteticas e a influecircncia mutua entre uma e outra Pode-se dizer que o

saber sobre a SAE percebido como ciecircncia e meacutetodo importante para a valorizaccedilatildeo

profissional e que as praacuteticas exercidas influenciam na representaccedilatildeo que o grupo possui

da SAE delimitando e conformando as accedilotildees de cuidado prestado as crianccedilas

As RS revelaram que os enfermeiros dos diferentes cenaacuterios reconhecem as

lacunas que comprometem o desenvolvimento da SAE no cuidado agrave crianccedila fator

positivo por favorecer o desenvolvimento de estrateacutegias no acircmbito de trabalho para a

superaccedilatildeo das dificuldades vivenciadas e contribuir na assistecircncia Sendo assim

considera-se viaacutevel a integraccedilatildeo entre os envolvidos nesse processo compreendendo a

amplitude dos aspectos que emergiram

Outro ponto a ser instigado eacute a compreensatildeo da responsabilidade compartilhada

no desenvolvimento da SAE uma vez que os caminhos para a superaccedilatildeo das dificuldades

abrangem todos os participantes do estudo Somente desta forma seraacute possiacutevel a praacutetica

assistencial organizada e humanizada com a individualizaccedilatildeo do cuidado com o

planejamento das accedilotildees e a geraccedilatildeo de conhecimento a partir da praacutetica de enfermagem

A discrepacircncia observada entre a representaccedilatildeo da dimensatildeo do conhecimento e

a dimensatildeo praacutetica denunciam a imperatividade de reimprimir a marca do cuidado dentro

desses espaccedilos de atenccedilatildeo agrave crianccedila Urge entre os enfermeiros a necessidade de

incrementar a representaccedilatildeo forjada da SAE em suas atividades diaacuterias afim de resgatar

e manter sua identidade e a valorizaccedilatildeo do trabalho da enfermagem

Ressalta-se que a aplicaccedilatildeo da SAE no atendimento infantil contribui de maneira

positiva para o acolhimento efetivo da crianccedila e sua famiacutelia na trajetoacuteria da internaccedilatildeo

hospitalar Percebe-se a importacircncia da compreensatildeo do cuidado como praacutexis do

enfermeiro e do aprimoramento do conhecimento cientiacutefico como estrateacutegia de ampliaccedilatildeo

da autonomia profissional

Destaca-se como limitaccedilatildeo deste estudo a inclusatildeo apenas de profissionais

enfermeiros condiccedilatildeo que pode limitar a compreensatildeo do fenocircmeno estudado e natildeo

permitir explorar os conceitos construiacutedos pelos demais integrantes da equipe de

enfermagem como por exemplo os teacutecnicos de enfermagem que no cotidiano de trabalho

contribuem com a RS da praacutetica do cuidado

138

Embora ciente de que uma investigaccedilatildeo desta natureza natildeo se presta a obtenccedilatildeo

de resultados conclusivos espera-se ter contribuiacutedo para o aclaramento deste importante

construto da ciecircncia da Enfermagem Espera-se que os resultados deste estudo possam

contribuir para a necessidade de repensar a praacutetica de enfermagem tendo em vista a

possibilidade de ampliar as discussotildees relacionadas ao cuidado sistematizado a crianccedilas

Vislumbra-se a possibilidade de investimentos em treinamentos e construccedilatildeo de

instrumentos de trabalho especiacuteficos para esta clientela que aproximem as demandas

diaacuterias ao meacutetodo cientifico de planejamento do trabalho

139

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161

APEcircNDICE A ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa A sua

decisatildeo de participar ou natildeo eacute uma decisatildeo sua Por favor natildeo se apresse em tomar a

decisatildeo Leia cuidadosamente as informaccedilotildees a seguir Este estudo estaacute sendo conduzido

pela Enf Ms CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr

ELIOENAI DORNELLES ALVES e coorientaccedilatildeo da Prof Dra Moema Borges Os

resultados da pesquisa seratildeo analisados e publicados mas sua identidade natildeo seraacute

divulgada sendo guardada em sigilo Natildeo existem riscos ou ressarcimentos associados a

sua participaccedilatildeo neste estudo

Apoacutes ser esclarecido(a) sobre as informaccedilotildees a seguir no caso de aceitar fazer parte do

estudo assine ao final deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra

eacute do pesquisador responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado (a) de forma

alguma

ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA

Tiacutetulo do projeto Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em

Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT

Pesquisadores responsaacuteveis Elioenai Dornelles Alves e Carolina Sampaio de Oliveira

InstituiccedilatildeoDepartamento Universidade de Brasiacutelia ndash UnB Departamento de

Enfermagem Telefones para contato (61) 3107-1976

A pesquisa possui parecer favoraacutevel do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade

Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) Tem como objetivo Conhecer as representaccedilotildees

sociais a cerca da SAE entre enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em dois

hospitais escolas da cidade de Caacuteceres MT afim de refletir sobre a importacircncia do

emprego da SAE no planejamento das accedilotildees de enfermagemOptou-se pela pesquisa

descritiva e exploratoacuteria com abordagem qualitativa O universo do estudo seratildeo as

profissionais enfermeiros (as) que trabalham na assistecircncia agrave crianccedila

Seraacute garantido o acesso a pesquisa em qualquer etapa do estudo vocecirc teraacute acesso aos

pesquisadores responsaacuteveis para esclarecimento de eventuais duacutevidas Se vocecirc tiver

alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc

de Eacutetica em Pesquisa (CEP) da UNEMAT pelo telefone (65) 3221 0000 ou pelo e-mail

cepunematbr

Se vocecirc concordar em participar do estudo seu nome e identidade seratildeo mantidos em

sigilo Ressalta-se que a presente pesquisa natildeo traraacute risco prejuiacutezos desconfortos ou

lesotildees Natildeo existe para esta pesquisa indenizaccedilotildees ou formas de ressarcimento Vocecirc tem

o direito de retirar o consentimento a qualquer momento da pesquisa

162

Consentimento de participaccedilatildeo da pessoa como sujeito

Eu ______________________________________________RGCPF

____________________ abaixo assinado fui suficientemente informado sobre as

informaccedilotildees que eu li sobre o presente estudo ldquoRepresentaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermagem de enfermeiros que prestam cuidado agrave crianccedila em

hospitais escolas da regiatildeo de Caacuteceres ndash MTrdquoe concordo em participar do estudo como

sujeito Eu discuti com as pesquisadoras sobre a minha decisatildeo em participar nesse

estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os procedimentos a

serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes Concordo voluntariamente em participar deste estudo e

poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento antes ou durante o mesmo sem

penalidades ou prejuiacutezo

Caacuteceres _____de __________________de 20___

_____________________________________

Assinatura do participante

____________________________________

Assinatura do pesquisador

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e Esclarecido deste

sujeito de pesquisa ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo

Caacuteceres ______ de ____________ de 20_____

______________________________________

Carolina Sampaio de Oliveira

CPF834 627671 - 00

Pesquisadora responsaacutevel

163

APEcircNDICE B ndash ROTEIRO PARA A ENTREVISTA

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

TIacuteTULO DO ESTUDO Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em

Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT

ROTEIRO PARA ENTREVISTA

Solicitamos que responda de forma espontacircnea as perguntas a baixo O anonimato de todas as

suas falas seraacute garantido por meio da natildeo identificaccedilatildeo dos depoentes o registro das entrevistas

seratildeo destinados apenas para fins de investigaccedilatildeo cientiacutefica

Sujeito _____________________________________ Coacutedigo ______________________

Data ______________________

Idade _____________________

Sexo______________________

Tempo de serviccedilo na Instituiccedilatildeo ____________________

Tempo de serviccedilo no setor de atendimento agrave crianccedila _________________

Titulaccedilatildeo ______________________

1- Qual o seu conhecimento sobre a SAE

1a- Qual o seu primeiro contato com a SAE

2- Como e onde vocecirc ouviu falar sobre a SAE

2 a-Fale sobre a sua rotina de trabalho

2 b- Vocecirc utiliza a SAE na sua rotina de trabalho

2 c- Relate como eacute a rotina do setor em relaccedilatildeo a SAE

3- Fale sobre sua experiecircncia com a SAE

4- Vocecirc considera que a SAE favorece o cuidado de enfermagem

5- Na sua opiniatildeo quais satildeo os aspectos que facilitam a implementaccedilatildeo da SAE no seu

cotidiano de trabalho

6- E os que dificultam

164

APEcircNDICE C - TESTE DE ASSOCIACcedilAtildeO LIVRE DE PALAVRAS

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

APEcircNDICE C

Sujeito_______________________________________ Coacutedigo_____________

Data_______________________________

Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoSistematizaccedilatildeo

da assistecircncia de Enfermagemrdquo

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoAtuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAErdquo

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

A- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que

melhor expressem Sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de Enfermagem

(1ordm Lugar) _____________________________________

(2ordm Lugar)_____________________________________

(3ordm Lugar)_____________________________________

B- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que

melhor expressem Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE

(1ordm Lugar) _____________________________________

(2ordm Lugar)_____________________________________

(3ordm Lugar)_____________________________________

165

ANEXO 1

166

167

2

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash UNB

FACULDADE DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM ndash PPGENF

CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA

REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ACERCA DA SISTEMATIZACcedilAO DA

ASSISTEcircNCIA DE ENFERMEIROS QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS

Tese apresentada como requisito parcial

para a obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Doutor em

Enfermagem pelo Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Enfermagem da

Universidade de Brasiacutelia

Aacuterea de Concentraccedilatildeo Poliacuteticas Praacuteticas

e Cuidado em Sauacutede e Enfermagem

Linha de Pesquisa Processo de Cuidar

em sauacutede e enfermagem

Orientadora Moema da Silva Borges

BRASIacuteLIA

2017

3

REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ACERCA DA SISTEMATIZACcedilAO DA

ASSISTEcircNCIA DE ENFERMEIROS QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS

Tese apresentada como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em

Enfermagem pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem da Universidade de

Brasiacutelia

Aprovado em 12052017

BANCA EXMINADORA

Professora Doutora Moema da Silva Borges ndash Presidente da Banca

1ordm Membro

Universidade de Brasiacutelia - UnB

Professor Doutor Rinaldo Souza Neves - Membro Externo ao Programa

2ordm Membro

FEPECS

Professora Doutora Aline de Oliveira Silveira - Membro Externo ao Programa

3ordm Membro

Universidade de Brasiacutelia - UnB

Professora Doutora Maria Cristina Soares ndash Membro do Programa

4ordm Membro

Universidade de Brasiacutelia - UnB

Professora Doutora Maria Liz Cunhandash Membro Externo ao Programa

5ordm Membro Suplente

FEPECS

4

Dedico este trabalho a Deus a minha matildee pelo

amor incondicional ao meu pai pelo apoio diaacuterio

ao meu esposo pelo amor e cumplicidade as

minhas irmatildes pelo carinho e amizade e em

especial dedico as minhas maiores becircnccedilatildeos meus

filhos Gabriela e Eduardo que diariamente me

ensinam o que eacute AMAR de verdade

5

AGRADECIMENTO

A Deus pela sabedoria por iluminar o meu caminho e colocar pessoas tatildeo especiais em

minha vida A Universidade de Brasiacutelia e ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Enfermagem pela oportunidade de crescimento intelectual e profissional Agrave Profa Dra

Moema da Silva Borges minha eterna gratidatildeo pelo incentivo dedicaccedilatildeo paciecircncia e

sabedoria durante toda a construccedilatildeo desta pesquisa Aos membros da Banca Examinadora

pela disponibilidade e valiosas contribuiccedilotildees Aos meus pais que amo muito por terem

me guiado para o caminho certo e acreditarem em meu potencial Obrigada pela estrutura

familiar e pela educaccedilatildeo base para minha vida Ao meu marido Leandro Martins meu

grande companheiro pelo amor e apoio incondicional Por sempre me motivar a enfrentar

os desafios Aos meus filhos Gabriela e Eduardo pelos sorrisos abraccedilos e cheirinhos que

me motivam a ser melhor a cada dia A minha querida Tia Ivonir (in memorian) e primas

Josiane e Ivonise pelo constante apoio em Brasiacutelia Ao querido amigo professor Dr

Elioenai D Alves (in memorian) e sua famiacutelia pelo carinho incentivo amizade e trocas

de experiecircncias A todos que contribuiacuteram de alguma forma para a construccedilatildeo deste

sonho meus sinceros agradecimentos Muito obrigada a todos

6

[] nada eacute fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha []

Gaston Bachelard

7

RESUMO

OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas 2017 n 167 folhas Tese

(Doutorado) ndash Departamento de Enfermagem Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede

Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2017

Este estudo teve como objetivo conhecer as Representaccedilotildees Sociais de enfermeiros que

cuidam de crianccedilas hospitalizadas sobre a sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem

em dois hospitais escola da regiatildeo oeste de Mato Grosso Trata-se de um estudo

qualitativo descritivo e exploratoacuterio com base na Teoria das Representaccedilotildees Sociais de

Serge Moscovici realizado com 45 enfermeiros que atuavam na assistecircncia agrave crianccedila

hospitalizada Na coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos o primeiro foi

constituiacutedo por duas partes um questionaacuterio que possibilitou a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos

e um questionaacuterio semiestruturado que viabilizou a entrevista No segundo utilizou-se a

teacutecnica de associaccedilatildeo livre de palavras (TALP) Para anaacutelise dos dados realizou-se a

caracterizaccedilatildeo dos sujeitos utilizando o software Excel 2007 onde foi possiacutevel constatar

que os participantes eram adultos jovens predominantemente do sexo feminino e com

matildeo- de- obra qualificada Na segunda etapa o produto proveniente da teacutecnica de

associaccedilatildeo livre de palavras foi analisado pelo software EVOC que organizou as

evocaccedilotildees e apontou o provaacutevel nuacutecleo central da representaccedilatildeo social a partir de dois

estiacutemulos Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do Enfermeiro na

SAE Pode-se apreender que frente agrave primeira expressatildeo indutora os sujeitos evocaram

mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo que refletem a

dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem no atendimento agrave crianccedila sendo o proacuteprio cuidado o

provaacutevel nuacutecleo central que estrutura a representaccedilatildeo e remete a verdadeira competecircncia

do enfermeiro Para expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante

constituiacuteram o provaacutevel nuacutecleo central refletindo o entendimento do grupo sobre as

funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Na terceira etapa os

conteuacutedos verbais provenientes das entrevistas foram analisados utilizando o software

Alceste Da anaacutelise emergiram dois eixos que organizaram o conteuacutedo das representaccedilotildees

sociais dos participantes do estudo O primeiro eixo foi composto por uma classe e fez

referecircncia a dimensatildeo teoacuterica sobre a SAE O segundo eixo foi organizado por quatro

classe e faz menccedilatildeo a dimensatildeo praacutetica da SAE Aprendeu-se que as representaccedilotildees

teoacutericas natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a

existecircncia de importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees dessas duas dimensotildees

Essas representaccedilotildees natildeo contribuem para o estabelecimento de uma realidade capaz de

valorizar o cuidado de enfermagem pois natildeo satildeo capazes de conferir autonomia

profissional qualificar o cuidado e implementar mudanccedilas de paradigmas requeridos na

modernidade pela pediatria

Palavras chaves Cuidado sauacutede da crianccedila representaccedilatildeo social Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem

8

ABSTRACT

OLIVEIRA Carolina Sampaio Social Representations About the Systematization of

Care of Nurses Caring for Children 2017 167 leaves Thesis (Doctorate) - Department

of Nursing Faculty of Health Sciences University of Brasiacutelia Brasiacutelia 2017

This study aimed to know the Social Representations of nurses who care for hospitalized

children about the systematization of nursing care in two school hospitals in the western

region of Mato Grosso This is a qualitative descriptive and exploratory study based on

Serge Moscovicis Theory of Social Representations carried out with 45 nurses who

worked in the care of hospitalized children Two instruments were used in the data

collection the first one consisted of two parts a questionnaire that enabled the

characterization of the subjects and a semi-structured questionnaire that enabled the

interview In the second the technique of free association of words (TALP) was used

Data analysis was performed to characterize the subjects using the software Excel 2007

where it was possible to verify that the participants were young adults predominantly

female and with skilled labor In the second stage the product from the free word

association technique was analyzed by the EVOC software which organized the

evocations and pointed out the probable central nucleus of the social representation from

two stimuli Systematization of Nursing Assistance and Nursing Work at SAE It can be

understood that in the face of the first inductive expression the subjects more readily

evoked the words care nursing and organization which reflect the dimension of nursing

actions in the care of the child being care itself the probable central nucleus that structures

the representation And refers to the true competence of the nurse For the inductive

expression Nursing Work in Nursing Care Systematization the words knowledge

humanization and important constituted the probable central nucleus reflecting the

groups understanding of the functions developed by the nurse in systematizing care In

the third stage the verbal contents from the interviews were analyzed using Alceste

software From the analysis emerged two axes that organized the content of the social

representations of the study participants The first axis was composed of a class and

referred to the theoretical dimension on SAE The second axis was organized by four

classes and mentions the practical dimension of SAE It was learned that the theoretical

representations do not seem sufficient to anchor the care practice pointing out the

existence of important discrepancies between the representations of these two

dimensions These representations do not contribute to the establishment of a reality

capable of valuing nursing care since they are not capable of conferring professional

autonomy qualifying care and implementing paradigm changes required in modernity by

pediatrics

Keywords Care child health social representation nurse care sistematization

9

RESUMEM

OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaciones Sociales Acerca de la Sistematizacioacuten

de la asistencia de enfermeros que cuidan a los nintildeos 2017 n 167 hojas Tesis (Doctorado)

- Departamento de Enfermeriacutea de la Facultad de Ciencias de la Salud Universidad de

Brasilia Brasilia 2017

Este estudio tuvo como objetivo conocer las Representaciones Sociales de enfermeros

que cuidan de nintildeos hospitalizados sobre la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea

en dos hospitales escolares de la regioacuten oeste de Mato Grosso Se trata de un estudio

cualitativo descriptivo y exploratorio basado en la Teoriacutea de las Representaciones

Sociales de Serge Moscovici realizado con 45 enfermeros que actuaban en la asistencia

al nintildeo hospitalizado En la recoleccioacuten de los datos se utilizaron dos instrumentos el

primero fue constituido por dos partes un cuestionario que posibilitoacute la caracterizacioacuten

de los sujetos y un cuestionario semiestructurado que viabilizoacute la entrevista En el

segundo se utilizoacute la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras (TALP) Para el anaacutelisis de

los datos se realizoacute la caracterizacioacuten de los sujetos utilizando el software Excel 2007

donde fue posible constatar que los participantes eran adultos joacutevenes

predominantemente del sexo femenino y con mano de obra calificada En la segunda

etapa el producto proveniente de la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras fue analizado

por el software EVOC que organizoacute las evocaciones y apuntoacute el probable nuacutecleo central

de la representacioacuten social a partir de dos estiacutemulos Sistematizacioacuten de la Asistencia de

Enfermeriacutea y Actuacioacuten del Enfermero en la SAE Se puede aprehender que frente a la

primera expresioacuten inductora los sujetos evocaron maacutes prontamente las palabras cuidado

enfermeriacutea y organizacioacuten que reflejan la dimensioacuten de las acciones de enfermeriacutea en la

atencioacuten al nintildeo siendo el propio cuidado el probable nuacutecleo central que estructura la

representacioacuten Y remite la verdadera competencia del enfermero Para expresioacuten

inductora Actuacioacuten del enfermero en la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea

las palabras conocimiento humanizacioacuten e importante constituyeron el probable nuacutecleo

central reflejando el entendimiento del grupo sobre las funciones desarrolladas por el

enfermero al sistematizar el cuidado En la tercera etapa los contenidos verbales

provenientes de las entrevistas fueron analizados utilizando el software Alceste En el

anaacutelisis surgieron dos ejes que organizaron el contenido de las representaciones sociales

de los participantes del estudio El primer eje fue compuesto por una clase e hizo

referencia a la dimensioacuten teoacuterica sobre la SAE El segundo eje fue organizado por cuatro

clases y hace mencioacuten la dimensioacuten praacutectica de la SAE Se ha aprendido que las

representaciones teoacutericas no parecen suficientes para anclar la praacutectica asistencial

sentildealando la existencia de importantes discrepancias entre las representaciones de esas

dos dimensiones Estas representaciones no contribuyen al establecimiento de una

realidad capaz de valorar el cuidado de enfermeriacutea pues no son capaces de conferir

autonomiacutea profesional calificar el cuidado e implementar cambios de paradigmas

requeridos en la modernidad por la pediatriacutea

Palabras clave cuidado salud infantil representacioacuten social sistematizacioacuten de la

asistencia de enfermeriacutea

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 A natureza dos cuidados ldquocarerdquo por Colliegravere 199928

Quadro 2 Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989) 32

Quadro 3 Caracteriacutesticas das Abordagens de Assistecircncia agrave Crianccedila 55

Quadro 4 Caracteriacutesticas do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico 72

Quadro 5 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 89

Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do

Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 96

11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta

41

Figura 2 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Alfaro - Levefre 43

Figura 3 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo88

Figura 4 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoAtuaccedilatildeo do enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 95

Figura 5 Dendograma do corpus das representaccedilotildees sociais da SAE organizado em cinco

classes e dois eixos 104

Figura 6 Dendograma com os tiacutetulos dos eixos e classes das dimensotildees juntamente com

as palavras destacadas 105

12

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na instituiccedilatildeo

Caacuteceres ndashMT201585

Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo setor de

atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015 87

13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash MT2015

84

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes

12345 geradas pelo Alceste 104

14

LISTA DE SIGLAS

AFC Anaacutelise Fatorial de Correspondecircncia

ALCESTE Anaacutelise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de um Texto

ANVAR Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo agrave Pesquisa

CEPUNEMAT Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade do Estado de Mato

Grosso

CHD Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente

CNRS Centro Nacional Francecircs de Pesquisa Cientifica

CNS Conselho Nacional de Sauacutede

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

COREN Conselho Regional de Enfermagem

DCNENF Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem

EVOC Ensemble de Programm EspermettantlrsquoAnalyse decircs Evocations

MAE Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem

MS Ministeacuterio da Sauacutede

PE Processo de Enfermagem

RS Representaccedilotildees Sociais

SAE Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TALP Teste de Anaacutelise de Palavras

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TRS Teoria da Representaccedilatildeo Social

UCE Unidades de Contexto Elementar

UCI Unidade de Contexto Inicial

UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso

UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

UTIP Unidade de Terapia Intensiva Pediaacutetrica

15

SUMAacuteRIO

Apresentaccedilatildeo17

Introduccedilatildeo 19

1 Revisatildeo de Literatura 24

11 O Cuidado de Enfermagem 24

12 Trajetoacuteria de Construccedilatildeo de um Meacutetodo Sistematizado 29

13 A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem no Brasil ndash Aspectos Legais

35

14 Estrutura e Organizaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 37

141 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem 39

15 Dificuldades para a Implantaccedilatildeo e Desenvolvimento da SAE 45

16 A Evoluccedilatildeo do cuidado agrave Crianccedila 49

161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila 57

162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila 59

2 Referencial Teoacuterico 63

21 A teoria das Representaccedilotildees Sociais - Origem Conceitos e Definiccedilotildees 63

212 Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e Ancoragem

66

213 A Teoria do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico em Representaccedilotildees Sociais 69

3 Meacutetodo 73

31 Tipo de Estudo 73

32 Local de Estudo 73

33 Sujeitos de Estudo 75

34 Coleta de Dados 76

35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados 77

36 Aspectos Eacuteticos 81

4 Resultados e Discussatildeo 83

41 Conhecendo os Enfermeiros do Estudo que Cuidam de Crianccedilas

83

4 2 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas

88

16

421 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor

SAE88

422 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo

do Enfermeiro na SAE94

43 Conhecendo o conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem 103

44 As Dimensotildees do conhecimento e Praacutetica da SAE agrave Crianccedila Hospitalizada 106

441 Eixo 1 A Dimensatildeo do conhecimento sobre a SAE 106

442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a SAE 113

5 Consideraccedilotildees Finais 135

Referecircncias 139

Apecircndice A ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 161

Apecircndice B ndash Roteiro para Entrevista 163

Apecircndice C ndash Teste de Associaccedilatildeo Livre de Palavras 164

Anexo 1 - Parecer Consubstanciado do CEP 167

17

APRESENTACcedilAtildeO

Meu interesse pelo cuidado agrave crianccedila foi despertado ainda durante minha

formaccedilatildeo acadecircmica Em primeiro lugar foi minha paixatildeo despertada por meio das

especificidades da disciplina Sauacutede da Crianccedila aproximando a razatildeo da ciecircncia com a

emoccedilatildeo e a vibraccedilatildeo do luacutedico depois foi minha primeira aacuterea de experiecircncia

profissional onde cresci como enfermeira conquistei espaccedilos e fiz viacutenculos que se

projetam em minha trajetoacuteria profissional

A possibilidade de fazer parte da vida de uma crianccedila acompanhando seu

crescimento e desenvolvimento prevenindo doenccedilas e assistindo a famiacutelia durante as

dificuldades do processo sauacutede doenccedila eacute o que me fascina e manteacutem neste campo de

atuaccedilatildeo ateacute o momento

Hoje como docente me dedico a preparar meus alunos para se sensibilizarem e

realizarem um cuidado de enfermagem diferenciado a esta clientela individualizado e

organizado em um projeto terapecircutico que inclui a famiacutelia como parte integrante e

responsaacutevel pelo processo Uma das estrateacutegias que utilizo para atingir este propoacutesito eacute o

estiacutemulo a praacutetica do cuidado baseado no planejamento das accedilotildees de forma a atender as

necessidades especiacuteficas de cada crianccedila reduzindo o estresse relacionado ao processo

de adoecimento e internaccedilatildeo

Nessa linha argumentativa vislumbro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem (SAE) o caminho que o enfermeiro possui natildeo soacute para a humanizaccedilatildeo do

cuidado mas para o alcance de resultados especiacuteficos estiacutemulo a autoanaacutelise das accedilotildees

desenvolvidas e o iniacutecio de reflexotildees que conduzem a melhorias impactantes para a

enfermagem a crianccedila e sua famiacutelia

Acredito que organizar e fortalecer os referenciais assistenciais e o sentido do

cuidado de enfermagem prestado agrave crianccedila contribuiraacute para a reduccedilatildeo das iatrogecircnicas

tempo de internaccedilatildeo e agravos responsaacuteveis pelo aumento das taxas de morbimortalidade

neonatal e infantil bem como estimular conhecimento cientiacutefico da profissatildeo

Espero que as reflexotildees advindas neste estudo atraveacutes da compreensatildeo das RS da

SAE no cuidado agrave crianccedila de dois hospitais escolas da regiatildeo oeste do Mato Grosso (MT)

possam geram benefiacutecios aleacutem das fronteiras do meu Estado estimulando a discussatildeo

sobre a importacircncia de um meacutetodo sistemaacutetico e operacional no planejamento das accedilotildees

18

de enfermagem fortalecendo o conhecimento proacuteprio da categoria e ressignificando a

praacutetica assistencial agrave crianccedila

19

INTRODUCcedilAtildeO

Desde a deacutecada de 70 observa-se uma tendecircncia crescente na enfermagem pela busca

de atividades relacionadas agrave organizaccedilatildeo e planejamento de seus serviccedilos Os avanccedilos

cientiacuteficos associados agrave aacuterea do conhecimento da sauacutede estimulam a busca por processos

mais dinacircmicos e cooperacionais que valorizem as diferentes concepccedilotildees do ser humano

e que sejam capazes de integrar as vaacuterias dimensotildees do cuidado de forma inovadora e

criativa (NASCIMENTO KC BACKES KOERICH ERDMANN 2008)

A enfermagem utiliza um modelo de processo de trabalho que sistematiza a

assistecircncia e direciona o cuidado permitindo seguranccedila autonomia profissional e

qualidade das accedilotildees desenvolvidas denominado Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem - SAE Este meacutetodo objetiva a identificaccedilatildeo das necessidades do cliente

apresentando uma proposta de accedilotildees individualizadas de atendimento que eacute

implementada por todos os membros da equipe de enfermagem Trata-se de um processo

dinacircmico e que requer na praacutetica conhecimento teacutecnico-cientiacutefico (ALFARO-LEFEVRE

2000) (SALVADOR SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015)

A SAE constitui um instrumento flexiacutevel sustentado por accedilotildees reaccedilotildees e contiacutenuas

construccedilotildees que envolvem o profissional enfermeiro e seus clientes fundamentando a

tomada de decisatildeo a organizaccedilatildeo do cuidado e a construccedilatildeo do conhecimento a partir da

praacutetica Eacute capaz de organizar o trabalho da equipe de enfermagem em todos os niacuteveis de

sauacutede ao paciente famiacutelia ou comunidade (HORTA 1979)

A resoluccedilatildeo 358-2009 do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN que dispotildeem

sobre a implementaccedilatildeo da SAE considera que a mesma organiza o trabalho do

profissional frente ao meacutetodo sua equipe e instrumentos operacionalizando o processo

de enfermagem

Nesse enfoque a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem enquanto

metodologia cientiacutefica propotildee-se a ldquoorganizar o cuidadordquo Este objetivo eacute alcanccedilado a

partir da utilizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem (PE) meacutetodo de abordagem ao cliente

construiacutedo ou selecionado a partir de um referencial teoacuterico que possibilita e fornece

subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila as alteraccedilotildees riscos e potencialidades no

estado de sauacutede dos seus clientes (CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)

O PE pode ser denominado ainda como Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem

Processo de Enfermagem Processo de Cuidado Metodologia do Cuidado Processo de

20

Assistir Consulta de Enfermagem Seja qual for o termo utilizado trata-se de uma

organizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

Eacute uma ferramenta de grande importacircncia para a individualizaccedilatildeo do cuidado e

para subsidiar a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo da assistecircncia com base em um raciociacutenio cliacutenico

registrado de forma organizada Sua vinculaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica oferece ao enfermeiro

possibilidade de diagnosticar situaccedilotildees de sua responsabilidade e assim controlar as

mudanccedilas de estado (ALFARO-LEFEVRE 2005) (CHRISTOVAM PORTO

OLIVEIRA 2012)

Como metodologia ele proporciona as evidecircncias para embasar as accedilotildees apontar

e justificar as seleccedilotildees de determinados problemas e direcionar as atividades de cada um

dos integrantes da equipe de enfermagem aleacutem de ser um meacutetodo de registro das accedilotildees

fato que contribui para sua continuidade e visibilidade do cuidado (WESTPHALEN

CARRARO 2001)

Correlacionando o PE e o cuidado da crianccedila em ambiente hospitalar eacute importante

frisar que o modelo de cuidado utilizado pela enfermagem pediaacutetrica no Brasil atualmente

estaacute pautado na humanizaccedilatildeo da assistecircncia e tem como base as poliacuteticas puacuteblicas de

sauacutede adotadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) na perspectiva da universalidade

equidade e integralidade com a utilizaccedilatildeo de tecnologias e a valorizaccedilatildeo de crenccedilas e

modos de vida (COLETT 2001) (GAIacuteVA SCOCHI 2004) (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Considera-se entatildeo que o cuidado prestado deve estar aliado a uma visatildeo

humanista e que contemple essa atenccedilatildeo em relaccedilatildeo ao contexto social cultural e

econocircmico no qual estatildeo inseridos a crianccedila e sua famiacutelia

Em virtude das especificidades da assistecircncia pediaacutetrica que associa a intervenccedilatildeo

adequada ao niacutevel do crescimento e desenvolvimento infantil os trabalhadores de

enfermagem que prestam cuidados a este periacuteodo da vida independente do seu grau de

qualificaccedilatildeo enfrentam um quotidiano de trabalho com muitas exigecircncias e cobranccedilas

Nestes espaccedilos de atendimento a crianccedila e de trabalho multidisciplinar o

enfermeiro precisa de boa articulaccedilatildeo para estabelecer conexotildees com os saberes e

intervenccedilotildees distintas dos diversos profissionais da equipe Para Gaiacuteva e Scochi (2004)

o conhecimento deve ser compartilhado e experienciado principalmente em virtude das

caracteriacutesticas de vulnerabilidade do receacutem-nascido penso que esta conduta tambeacutem

deve se estender ao atendimento a todas as fases da infacircncia Salienta-se que um meacutetodo

21

rigoroso de trabalho se faz necessaacuterio para alcanccedilar tais objetivos facilitando as tomadas

de decisotildees que levam a melhora do quadro cliacutenico do cliente respeitando o envolvimento

familiar

Essa argumentaccedilatildeo eacute ratificada por autores que analisam que a enfermagem que

atua no cuidado agrave crianccedila deve exercer a sua funccedilatildeo utilizando meacutetodo cientiacutefico rigoroso

investigando avaliando planejando e realizando procedimentos que favoreccedilam o bem-

estar do cliente e sua famiacutelia e para atingir tal objetivo eacute necessaacuterio que o enfermeiro

esteja inserido na rede social de cuidados de forma consciente competente tanto teacutecnica

quanto cientificamente (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA 2010)

Nessa perspectiva a SAE oferece respaldo seguranccedila e o direcionamento para o

desempenho das atividades contribuindo para a credibilidade competecircncia e visibilidade

da Enfermagem e consequentemente para a autonomia e satisfaccedilatildeo profissional A SAE

eacute um caminho de autonomia para a profissatildeo pois ela representa uma estrateacutegia

reconhecida por permitir uma aproximaccedilatildeo do enfermeiro ao paciente tanto no momento

da sua elaboraccedilatildeo quanto na prestaccedilatildeo do cuidado por exigir conhecimento cientiacutefico

responsabilidade e compromisso profissional (NEVES 2010) (MENEZES PRIEL

PEREIRA 2011) (VITURI EacuteVORA 2015)

Entretanto minha experiecircncia como docente o contato com colegas de profissatildeo

atuantes na assistecircncia hospitalar e a leitura de publicaccedilotildees da aacuterea atentam para um

cenaacuterio onde se faz necessaacuterio uma maior sensibilizaccedilatildeo quanto ao emprego da SAE pelo

enfermeiro Observo uma fragmentaccedilatildeo no processo do cuidar em virtude da dicotomia

entre o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro e sua atividade praacutetica no mundo do trabalho

Falta consonacircncia entre o aprendido e o vivenciado o que favorece a perdas no referencial

pelo natildeo uso ou uso parcelado da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

A ausecircncia desta metodologia assistencial no cuidado agrave crianccedila transforma as

praacuteticas de enfermagem durante a internaccedilatildeo em meras replicaccedilotildees procedimentais ou

seja a teacutecnica pela teacutecnica (fazer sem saber) ou ateacute mesmo falhas na implementaccedilatildeo

destas como o uso de foacutermulas preacute-determinadas (fazer por fazer) natildeo individualizadas

Andrade e Vieira (2005) apontam algumas situaccedilotildees como possiacuteveis causas do

pouco ou natildeo uso da SAE nos estabelecimentos de sauacutede a falta de base cientiacutefica

conhecimento habilidade e atitudes para a fiel implementaccedilatildeo o nuacutemero reduzido de

enfermeiros nos serviccedilos o envolvimento dos enfermeiros em processos administrativos

em detrimento ao processo assistencial

22

Apoacutes um periacuteodo de reflexatildeo sobre a temaacutetica e associando-a ao ambiente e as

exigecircncias do cuidado agrave crianccedila questionei Quais seriam as causas para o natildeo uso da PE

pelos enfermeiros que assistem crianccedilas Qual a importacircncia atribuiacuteda a esta praacutetica pelos

enfermeiros pediaacutetricos Qual a representaccedilatildeo social da SAE para enfermeiros que

trabalham em setores com caracteriacutesticas tatildeo especiacuteficas

Eacute de fundamental importacircncia que toda a equipe de enfermagem compreenda e

incorpore o meacutetodo cientiacutefico no desenvolvimento do processo de cuidar cotidiano

gerando a sua competecircncia profissional Entende-se que a percepccedilatildeo da SAE pela equipe

que presta cuidado agrave crianccedila influencie na atividade terapecircutica favorecendo o bem-estar

e reforccedilando-a como uma praacutetica baseada em evidencias

Considerando a SAE como uma construccedilatildeo social para a enfermagem e aceitando

que os diversos indiviacuteduos constroem e reconstroem seus conhecimentos segundo suas

representaccedilotildees sociais sobre o objeto a partir de sentimentos atitudes conhecimentos

comportamentos e experiecircncias vivenciadas se faz necessaacuterio apreender qual a

representaccedilatildeo social a cerca desta ferramenta que subsidia as praacuteticas cotidianas do

enfermeiro no ambiente de cuidado a crianccedila

Ambiente este que em virtude das suas peculiaridades e singularidades requer uma

dinacircmica assistencial uacutenica com o uso de diversos tipos de tecnologias algumas

exclusivas e atreladas as especificidades de um corpo ainda em desenvolvimento As

representaccedilotildees sociais natildeo implicam sempre uma perspectiva de intervenccedilatildeo mas toda

intervenccedilatildeo supotildee necessariamente se considerar as representaccedilotildees sociais (RANGEL

2004)

Dessa forma por apresentar vaacuterias faces e um caraacuteter multidisciplinar a Teoria

das Representaccedilotildees Sociais - TRS inaugurada por Moscovici (1962) tem contribuiacutedo

bastante nas investigaccedilotildees da aacuterea de sauacutede pois revela grande utilidade particularmente

na enfermagem Em decorrecircncia da sua relevacircncia social da sua composiccedilatildeo polimorfa

que contempla conceitos proposiccedilotildees explicaccedilotildees originadas na vida cotidiana no curso

de comunicaccedilotildees interpessoais tecida por um conjunto de elementos de natureza diversa

como os processos cognitivos inserccedilotildees sociais fatores afetivos e sistema de valores

(SAacute 2002)

Diante destas consideraccedilotildees iniciais entende-se ser importante e justificaacutevel

proceder um estudo que desvele os processos de elaboraccedilatildeo organizaccedilatildeo e

funcionamento das Representaccedilotildees Sociais da SAE no atendimento a crianccedila pelos

23

enfermeiros Espera-se contribuir para a melhoria do cuidado prestado pois a

compreensatildeo das relaccedilotildees entre o conhecimento e a praacutetica assistencial nessa fase da vida

permeadas pelas crenccedilas e valores dos envolvidos possa fortalecer o profissional

enfermeiro garantindo-lhe autonomia e qualidade assistencial

Dessa forma este estudo tem como objetivo geral Conhecer as representaccedilotildees

sociais acerca da SAE de enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em hospitais

Pretende-se ainda atingir os seguintes objetivos especiacuteficos

1 Apreender o conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos enfermeiros acerca

SAE

2 Apreender a estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos enfermeiros

acerca da SAE

3 Identificar onde e como as representaccedilotildees foram forjadas

4 Identificar o grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE

5 Apontar quais os aspectos facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo

da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado a crianccedila

O texto esta estruturado em cinco partes organizando-se da seguinte forma

Parte I ndash Revisatildeo de Literatura Com a finalidade principal de apresentar

os conceitos a partir de uma breve discussatildeo teoacuterica do problema

Parte II - Referencial Teoacuterico Com a intenccedilatildeo principal de apresentar o

constructo teoacuterico e de validar a dimensatildeo interna da pesquisa

Parte III ndash Meacutetodo expotildee o caminho metodoloacutegico seguido a fim de

apreender as representaccedilotildees sociais relacionadas agrave SAE

Parte IV ndash Resultados e Discussatildeo revela de forma detalhada os

resultados obtidos caracterizando os personagens e explicando as

representaccedilotildees do grupo acerca da SAE aproximaccedilotildees e dificuldades

encontradas no ambiente para o desenvolvimento desta

Parte V ndash Conclusatildeo apresenta respostas aos objetivos desta pesquisa e

reflexotildees a respeito das dimensotildees que permeiam as representaccedilotildees sociais

da SAE no atendimento de crianccedilas

24

1REVISAtildeO DE LITERATURA

11 O CUIDADO DE ENFERMAGEM

A Enfermagem eacute uma arte e para realiza-la como arte

requer uma devoccedilatildeo tatildeo exclusiva um preparo tatildeo

rigoroso quanto a obra de qualquer pintor ou escultor

pois o que eacute tratar da tela morta ou do frio maacutermore

comparado ao tratar do corpo vivo o templo do espiacuterito

de Deus Eacute uma arte poder se ia dizer a mais bela das

artes

(Florence Nightingale)

Falar do cuidado eacute falar da histoacuteria de como fomos e somos cuidados o que

evidencia a dimensatildeo ontoloacutegica do cuidado elemento constituinte do ser humano Trata-

se para Heidegger (1989) do solo em que se move toda a interpretaccedilatildeo do ser humano

em sua visatildeo humanista natildeo sendo possiacutevel compreender o ser humano se natildeo nos

basearmos no cuidado O cuidado do outro requer uma atitude fundamental um modo de

agir em que a pessoa se desvincula de si proacutepria e centra-se no outro com desvelo e

solicitude (HEIDEGGER 2008)

Podemos afirmar que o ser humano eacute essencialmente um ser de necessidades a

serem satisfeitas e por isso um ser em busca de cuidado gregaacuterio social sujeito histoacuterico

que constroacutei relaccedilotildees sociais inseridas nas mais diversas condiccedilotildees culturais (BISON

2003)

O ser humano vem dotado de sacralidade dados os seus inalienaacuteveis direitos e

deveres e evolui constantemente rumo ao futuro Na trajetoacuteria histoacuterica do seu viver

molda-se mediante a cultura o meio ambiente o grupo social a que pertence introjetando

valores princiacutepios e idealizaccedilatildeo que daratildeo suporte a suas atitudes accedilotildees e opiniotildees

(BOFF 1999)

Como uma atitude e caracteriacutestica primeira do ser humano o cuidado revela a

natureza humana eacute a maneira mais concreta de ser humano Sem o cuidado o homem

deixa de ser humano desestrutura-se definha perde o sentido e morre Se ao longo da

vida natildeo fizer com cuidado tudo o que empreender acaba por prejudicar a si mesmo e

por destruir o que estiver a sua volta (BOFF 1999)

O cuidado apenas aparece quando a existecircncia de algueacutem adquire significado

Nesse sentido passamos a cuidar participar do destino do outro de suas buscas

sofrimentos e sucessos (BOFF 1999) Eacute um fenocircmeno culturalmente construiacutedo pois

25

cada povo tem sua maneira proacutepria de definir compreender e expressaacute-lo (LEININGER

1978) Eacute accedilatildeo de manutenccedilatildeo agrave vida que garante a satisfaccedilatildeo de um conjunto de

necessidades indispensaacuteveis mas que satildeo diversificadas na sua manifestaccedilatildeo (LIMA

VARGENS QUITETE MACEDO SANTOS 2008)

Para Horaacutecio (65-8 AC) apud Heidegger (2008) o cuidado eacute o permanente

companheiro do ser humano que nunca deixaraacute de amar e desse desvelar por algueacutem O

cuidado permite ao ser humano viver a experiecircncia fundamental do valor daquilo que o

cerca que tem importacircncia e definitivamente conta ou seja o valor intriacutenseco de cada

coisa

A expressatildeo cuidadocuidar tem inuacutemeros sentidos Na definiccedilatildeo de Aureacutelio

(2016) cuidado eacute sinocircnimo de atenccedilatildeo zelo desvelo responsabilidade por preocupaccedilatildeo

para com algueacutem Em Volichi (2000) tem se a descriccedilatildeo etimoloacutegica do termo mediante

diferentes culturas

1) Do latim cura tem o significado de desvelo de preocupaccedilatildeo e de inquietaccedilatildeo

pela pessoa ou objeto amado cogitare ndash cogitatus que significa cogitar

pensar mostrar interesse solicitude atenccedilatildeo bom trato

2) Do inglecircs arcaico carion tem o sentido de ter preocupaccedilatildeo sentir inclinaccedilatildeo

dar preferecircncia respeitar considerar ter afeto ter simpatia

3) Do termo goacutetico KaraKaron expressando afliccedilatildeo pesar tristeza

O verbo cuidar em portuguecircs denota atenccedilatildeo cautela desvelo zelo Assume ainda

caracteriacutesticas de sinocircnimo de palavras como imaginar meditar empregar atenccedilatildeo ou

prevenir-se Representa mais que um momento de atenccedilatildeo Eacute na realidade uma atitude de

preocupaccedilatildeo ocupaccedilatildeo responsabilizaccedilatildeo e envolvimento afetivo com o ser cuidado

(REMEN 1993 BOFF 1999 WALDOW 2001 SILVA et al 2001)

Desta forma compreende-se entatildeo que o cuidado eacute necessaacuterio aos seres humanos

a fim de permitir a continuidade da vida das pessoas dos grupos e das sociedades

pressupotildee-se que sua origem esteja relacionada a qualquer pessoa que ajude outra a ter

garantida a manutenccedilatildeo da sua vida e natildeo a um ofiacutecio ou profissatildeo (COLLIEgraveRE 1999)

Assim em seu sentido mais original o cuidado natildeo tem nenhuma relaccedilatildeo com

profissatildeo eacute uma praacutetica (COLLIEgraveRE 1999) Por profissatildeo entende-se como uma

ocupaccedilatildeo cujas obrigaccedilotildees criam e utilizam de forma sistemaacutetica o conhecimento geral

acumulado na soluccedilatildeo de problemas postulados por um cliente (MACHADO 1995)

26

O cuidado natildeo eacute proacuteprio ou privativo de nenhuma praacutetica profissional para

caracterizar-se como cuidado de enfermagem eacute necessaacuteria a apropriaccedilatildeo do cuidado

humano nato poreacutem com a intencionalidade da accedilatildeo (FILHO1997)

A praacutetica de cuidar na Enfermagem nasceu como intuiccedilatildeo feminina no seio

familiar para depois caminhar na direccedilatildeo de tornar-se uma ciecircncia humanizada

respaldada inicialmente no conhecimento de outras ciecircncias para mais recentemente

procurar fundamentaccedilatildeo em teorias proacuteprias ao que se denomina Enfermagem Moderna

(GEOVANINI 2002)

Ao longo dos seus 150 anos de trajetoacuteria desde sua fundaccedilatildeo no seacuteculo XIX a

enfermagem se fortalece como a profissatildeo voltada agrave ldquoarte e ciecircncia do cuidarrdquo Nesse

contexto a enfermagem como ciecircncia agrega e investe sistematicamente na construccedilatildeo

de uma praacutetica baseada em evidecircncias cientificamente apropriado agrave abordagem das

pessoas que necessitam de conforto bem-estar atenccedilatildeo e aliacutevio dos sofrimentos

(CESTARI 2003)

Jaacute a componente arte expressa o encontro do self com a intuiccedilatildeo com a

criatividade com a imaginaccedilatildeo (re) valorizando o ser e suas interaccedilotildees com a vida A

enfermagem ao adentrar no campo esteacutetico possibilita uma nova visatildeo sobre a praacutetica da

profissatildeo e sua relaccedilatildeo com a complexidade do ser humano Estabelece uma visatildeo

transpessoal sobre o cuidado direcionando-o para uma maior harmonia perfeiccedilatildeo e

evoluccedilatildeo assim como aquela estabelecida durante a concepccedilatildeo de qualquer atividade

artiacutestica (WALDO 2001)

O cuidado de enfermagem estaacute na maioria das vezes ligado ao conceito de sauacutede

e doenccedila uma breve revisatildeo das definiccedilotildees conceituais de cuidado e cuidar indicam esse

entrelaccedilamento descrito por diferentes teoristas

Para Peplau (1992) a enfermagem eacute terapecircutica pois auxilia o indiviacuteduo doente

eou necessitado de cuidados atraveacutes da relaccedilatildeo interpessoal apresentandondashse como um

agente especialmente preparado para reconhecer essa necessidade de ajuda e a ela

responder Newman (1991) afirma que a enfermagem eacute o estudo do cuidar na experiecircncia

de sauacutede humana Henderson (1973) insere o indiviacuteduo como foco do cuidado sendo a

enfermagem o instrumento para auxiliaacute-lo atraveacutes de atividades fundamentais que

mantenham a sauacutede recuperem-na ou contribuam para uma morte digna (POTTER

PERRY 2004)

27

O cuidado como conduta implica uma gama de atitudes e sentimentos que

permitem a quem o executa e a quem o recebe uma interaccedilatildeo capaz de produzir efeitos

extremamente beneacuteficos para ambas as partes

O cuidado de Enfermagem eacute expresso atraveacutes da garantia do aliacutevio do sofrimento

e manutenccedilatildeo da dignidade em meio agraves experiecircncias de sauacutede doenccedila vida e morte O

cuidado humano dispensado pelo enfermeiro deve atingir aleacutem dos clientes e seus

familiares a sua equipe de modo a garantir melhor relacionamento interdependecircncia

coesatildeo e competecircncia (WALDOW 2001)

Portanto o cuidado de enfermagem consiste em accedilotildees em defesa de um

funcionamento comportamental adequado que previna a doenccedila ou caso de algum

desequiliacutebrio ofereccedila uma assistecircncia que conduza a homeostase (BISON 2003)

Ele eacute complexo e demarcado por um amplo cenaacuterio de possiacuteveis accedilotildees O cuidado

de enfermagem eacute universal multidimensional e singular considerando os sistemas social

econocircmico e cultural dos envolvidos (COLLIEgraveRE 1999)

O cuidado compotildee a linguagem da enfermagem e ao visualizaacute-lo como um modo

de ser relacional e contextual caracteriza-se como a uacutenica accedilatildeo verdadeiramente

independente do enfermeiro (WALDOW 2015) Para conferir autonomia profissional o

ato de cuidar deve ser organizado de forma a respeitar a singularidade da experiecircncia do

adoecer e viver e significar um conjunto de relaccedilotildees e interaccedilotildees entre os indiviacuteduos

envolvidos no processo (FERREIRA PEREIRA SOUZA ALMEIDA 2016)

Portanto a atuaccedilatildeo da enfermagem esta compreendida em uma zona de intercessatildeo

entre o cuidado e o tratamento E embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo

de uma teacutecnica satildeo na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis

que presidem a sauacutede com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e

essenciais tanto para a manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)

Gamboa (1997) preconiza que cuidar natildeo eacute um ato uacutenico nem mesmo a soma de

procedimentos teacutecnicos ou qualidades humanas Trata-se do resultado de um processo em

que se conjugam sentimentos valores atitudes e princiacutepios cientiacuteficos com a finalidade

de satisfazer os indiviacuteduos nele envolvidos

Portanto para que o cuidado ocorra eacute mister que a intenccedilatildeo do cuidador fique

clara ou melhor seja demonstrada genuinamente por palavras e accedilotildees Esta accedilatildeo eacute repleta

de sensibilidade delicadeza solidariedade e profissionalismo pois deve excluir

preconceitos de qualquer ordem e utilizar a relaccedilatildeo interpessoal como base entre seres

28

humanos (WALDOW 2001) Nesse sentido o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai

aleacutem de procedimentos teacutecnicos engloba envolvimento e compromisso com o outro

tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada (HEIDEGGER 2008)

De acordo com Colliegravere (1999) os cuidados de enfermagem organizam-se em

duas tendecircncias segundo a sua natureza os cuidados de manutenccedilatildeo (care) que se

caracterizam por um conjunto de accedilotildees que asseguram a continuidade da vida e os

cuidados de reparaccedilatildeo ou tratamento (cure) que se organizam em torno de um conjunto

de accedilotildees dispensadas quando a vida se depara com algum obstaacuteculo Ambos satildeo

necessaacuterios para a manutenccedilatildeo humana poreacutem mudam de foco de acordo com o contexto

da sauacutede ou da doenccedila constituindo o fazer da enfermagem (COLLIEgraveRE 1999

BORGES 2011)

Quanto agrave natureza os cuidados (care) satildeo descritos no Quadro 1

Quadro 1- A natureza dos cuidados (care)

CUIDADOS CARE

Cuidados de

estimulaccedilatildeo

Despertam as capacidades fundamentais da vida seja no iniacutecio

(como mamar e respirar) ou apoacutes situaccedilotildees que diminuiacuteram essas

capacidades (como voltar a andar apoacutes um periacuteodo de coma)

Cuidados de

confortaccedilatildeo

Que fortalecem a seguranccedila fiacutesica e afetiva permitindo

aquisiccedilatildeo de confianccedila e favorecendo a renovaccedilatildeo e a integraccedilatildeo

da experiecircncia

Cuidados de parecer Que promovem a imagem de si proacuteprio e o sentimento de

pertenccedila ao grupo e satildeo fundamentais para manter o desejo de

comunicaccedilatildeo e partilha

Cuidados de

compensaccedilatildeo

Que substituem aquilo que ainda natildeo foi totalmente adquirido ou

que foi perdido assegurando as funccedilotildees vitais

Cuidados de

manutenccedilatildeo da vida

Que atendem agraves necessidades da vida cotidiana como lavar-se e

vestir-se

Cuidados de

apaziguamento

Que permitem o aliacutevio da dor e contribuem para superar melhor

os momentos de grande sofrimento facilitando a melhor

utilizaccedilatildeo dos recursos fiacutesico-afetivos e atenuando a repercussatildeo

psicomental desses momentos

Fonte Colliegravere 1999

29

A doenccedila eacute o campo de atuaccedilatildeo do enfermeiro nos cuidados (cure) Nesse domiacutenio

diferentes niacuteveis de responsabilidade satildeo estruturados 1 - atuaccedilatildeo com total autonomia

que depende apenas da decisatildeo e iniciativa do enfermeiro 2 - atuaccedilatildeo que estaacute acoplada

agrave prescriccedilatildeo do meacutedico ligado ao diagnoacutestico e tratamento da doenccedila e 3 - atuaccedilatildeo onde

as responsabilidades satildeo compartilhadas e que depende do enfermeiro para execuccedilatildeo do

tratamento (COLLIEgraveRE 1999)

Eacute necessaacuterio a distinccedilatildeo da natureza dos dois tipos de cuidado e a compreensatildeo de

que ambos satildeo importantes para o bem estar completo do indiviacuteduo natildeo devendo haver

a valorizaccedilatildeo de um sobre o outro Colliegravere (1999) considera

Quando haacute prevalecircncia do cure em sobre o care isto eacute dos

cuidados de reparaccedilatildeo negligenciando os cuidados cotidianos e

habituais haacute aniquilaccedilatildeo progressiva de todas as forccedilas vivas

da pessoa de tudo que a faz desejar reagir porque haacute

esgotamento das fontes de energia vital sejam de que natureza

forem (fiacutesica afetiva social etc) Esta aniquilaccedilatildeo pode ir ateacute

a deterioraccedilatildeo irreversiacutevel

Neste sentido a enfermagem assume uma dimensatildeo holiacutestica estabelecendo-se

como uma praacutetica de cuidado integralizadora auxiliando a fortalecer os viacutenculos entre o

sentir saber- fazer (WALDO 2001)

Salienta-se entatildeo que o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai aleacutem de

procedimentos teacutecnicos englobando o envolvimento e o compromisso com o outro

tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada Situado numa relaccedilatildeo com tudo o que

melhora as condiccedilotildees que favorecem a promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando

limitar a doenccedila e por outro em relaccedilatildeo a tudo que recupera revitaliza a pessoa doente

(BORGES 2011)

12 A TRAJETOacuteRIA DE CONSTRUCcedilAtildeO DE UM MEacuteTODO SISTEMATIZADO

A Enfermagem enquanto arte do cuidado eacute voltada agrave assistecircncia do indiviacuteduo e

das pessoas a ele relacionadas no ambiente em que estatildeo inseridos promovendo-lhes

sauacutede prevenindo agravos reabilitando e melhorando seu estado fiacutesico e mental

oferecendo-lhes conforto e respeitando sua singularidade e dignidade (HORTA 1979)

As relaccedilotildees da enfermagem com o cuidado satildeo antigas e no desenvolvimento da

profissatildeo vaacuterios paradigmas influenciaram essa relaccedilatildeo

30

O processo histoacuterico do cuidado coincidiu com a origem das espeacutecies vivas

Historicamente as mulheres satildeo os primeiros seres a praticar a medicina no sentido de

tratamento e cura em virtude das praacuteticas de agricultura que lhes conferiu a capacidade

de tratar medicar e cuidar As praacuteticas domeacutesticas determinadas pela divisatildeo sexual do

trabalho como a dedicaccedilatildeo agrave casa famiacutelia os cuidados aos idosos entre outras

capacitam a mulher em garantir ou compensar funccedilotildees vitais desde o nascimento ateacute a

morte Satildeo nas atividades de cuidar do outro que as mulheres inicialmente expressam uma

forma de relaccedilatildeo com o mundo (WALDOW 2001)

As lutas com a finalidade de assegurar a continuidade da vida utilizando-se da

proteccedilatildeo reflexa e instintiva fez o cuidado feminino se tornar objeto do xamatilde ou

feiticeiro depois do sacerdote e mais tarde do meacutedico (OGUISSO 2005)

Sobre influecircncia religiosa o cuidar foi centrado na disciplina e obrigaccedilatildeo em

realizar tarefas (CARNEIRO 2008) Dando inicialmente agrave profissatildeo uma aproximaccedilatildeo

cultural com esse cuidado natildeo profissionalizado A este respeito Alcacircntara (1963) apud

Oguisso (2005) fez referecircncias identificando o cuidado caritativo como valorizado pela

sociedade e o cuidado profissionalizado como desprestigiado Kruse (2006) afirma que

nesse momento ldquocristatildeordquo da enfermagem a atenccedilatildeo dedicada aos doentes era reconhecida

como missatildeo para alcanccedilar a vida eterna das cuidadoras

Esta prestaccedilatildeo de cuidados que inicialmente era intuitiva em virtude das

caracteriacutesticas do momento evolutivo passa a buscar a rigorosidade dos princiacutepios

cientiacuteficos atraveacutes do desenvolvimento do pensamento criacutetico fazendo com que aspectos

bioloacutegicos do ser humano se transformassem no referencial norteador da assistecircncia

(OGUISSO 2005)

Com o advento cientiacutefico e tecnoloacutegico a enfermagem passa a incorporar agrave sua

praacutetica algumas teacutecnicas e procedimentos passando a seguir normas e regras em

detrimento dos aspectos unicamente humaniacutesticos do cuidado Assim a praacutetica passou a

seguir o modelo biologicista centrado na cura da doenccedila e natildeo no sujeito (BUENO

QUEIROZ 2006)

Neste momento vigorava a valorizaccedilatildeo da teacutecnica pela teacutecnica a competecircncia da

enfermagem estava diretamente ligada agrave destreza manual e agrave rapidez no desempenho dos

procedimentos uma das qualidades do enfermeiro era a subserviecircncia A ausecircncia de

justificativas das accedilotildees desempenhadas e de questionamentos aos ldquoporquecircsrdquo a cada

31

situaccedilatildeo contribuiacuteram para a desvalorizaccedilatildeo do trabalho limitando a Enfermagem a

condutas meramente curativas (GOMES NASCIMENTO ARAUJO 2007)

Entre as deacutecadas de 40 e 60 do seacuteculo XIX a Enfermagem preocupou-se em

fundamentar suas accedilotildees conferindo-lhe cientificidade Segundo Lopes e Santos (2010)

a participaccedilatildeo de Florence Nightingale na Guerra da Crimeacuteia em 1854 foi determinante

para conferir agrave Enfermagem o estatuto soacutecio profissional que lhe faltava Suas accedilotildees

foram tatildeo significativas que originaram profundas mudanccedilas na sauacutede em todo o mundo

Sua habilidade empreendedora instaurou no campo da sauacutede processos de melhoria

contiacutenua baseados no levantamento de dados estatiacutesticos sobre os potenciais riscos de

infecccedilatildeo ou seja a sistematizaccedilatildeo de cuidados diretos com o paciente (BACKES

SCHWARTZ 2005) Com sagacidade e competecircncia Florence reestruturou os serviccedilos

de sauacutede de sua eacutepoca despertando um olhar mais apurado para o cuidar

Florence tambeacutem eacute a responsaacutevel pela fundaccedilatildeo da primeira escola de

enfermagem na Inglaterra aproximando a praacutetica da enfermagem agrave aspectos modernos e

cientiacuteficos e incentivando a criaccedilatildeo de outras escolas de enfermagem Segundo Atkinson

e Murray (1989 p6) ldquoas primeiras escolas nos EUA e Canadaacute praticamente copiaram as

escolas Nightingale da Inglaterrardquo Desta forma estimulou outras enfermeiras a

analisarem a qualidade do trabalho prestado e a re-pensarem a Enfermagem enquanto

profissatildeo

Os avanccedilos na formaccedilatildeo educacional e no cuidado prestado foram determinantes

para a qualificaccedilatildeo da assistecircncia e estimulou as enfermeiras a criarem teorias que

direcionavam as accedilotildees proacuteprias da Enfermagem ou seja a construccedilatildeo de um corpo de

conhecimentos proacuteprio do enfermeiro

Surgiram os Estudos de Caso precursores dos Planos de Cuidados propostos

como uma forma de organizaccedilatildeo e individualizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem A

primeira descriccedilatildeo do meacutetodo de estudo de caso foi publicada no Studentacutes Handbook on

Nursing Case Studies em 1929 por Deborah Maclurg Jensen com o objetivo de guiar o

estudante na elaboraccedilatildeo de estudos de caso na Escola de Enfermagem da Universidade

de Yale (NEVES 2010)

Desta forma o conhecimento proporcionado pelos Planos de Cuidados

influenciou a elaboraccedilatildeo dos processos de enfermagem Nessa eacutepoca tal processo

organizava-se em torno da doenccedila e era do ponto de vista do conhecimento especiacutefico da

enfermagem ldquoum esqueleto sem roupardquo como afirma Gordon (2002)

32

O conceito de Processo de Enfermagem - PE foi introduzido na deacutecada de 1950

como um processo sistematizado compreendendo etapas como histoacuterico planejamento e

evoluccedilatildeo Este tornou-se parte do referencial conceitual de diversos curriacuteculos de

Enfermagem no mundo e estava baseado na observaccedilatildeo e na mensuraccedilatildeo como caminho

para a anaacutelise dos dados (DOENGES MOORHOUSE GEISSLER 2003)

Conforme Pesut e Hermam (1999) apud Neves (2010) o PE tem trecircs geraccedilotildees A

primeira situa-se no decorrer das deacutecadas de 1950 a 1970 quando foi identificada como

problemas e processo A segunda ocorreu entre 1970 a 1990 com a inserccedilatildeo do

diagnoacutestico de enfermagem A terceira geraccedilatildeo situa-se a partir de 1990 seguindo ateacute os

dias de hoje esta geraccedilatildeo realiza todas as etapas do PE fazendo a especificaccedilatildeo e o teste

dos resultados

Nos anos 70 houve uma grande preocupaccedilatildeo da enfermagem com o

desenvolvimento de teorias proacuteprias como um meio de estabelecer a enfermagem como

profissatildeo (HERMIDA 2004) Espiacuterito Santo e Porto (2006) salientam que o

desenvolvimento das teorias representa uma tentativa de ampliaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de

conhecimento como um saber especiacutefico para a Enfermagem Constituem a base da

assistecircncia a ser prestada sustentando as decisotildees do enfermeiro O desenvolvimento

destes modelossistemas conceituais e teorias de enfermagem onde o cerne da

enfermagem tem sua natureza e o escopo refletidos com base em ponto de vista filosoacutefico

forneceu o foco conceitual necessaacuterio ao PE (GORDON 2002)

Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989)

Ano

primeira

publicaccedilatildeo

Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave

1952 Hildegard E

Peplau

Processo interpessoal eacute a forccedila de amadurecimento da

personalidade

1960 Faye G Abdellah

Irene L Beland

Almeda Martin

Ruth V Matheney

Os problemas dos pacientes determinam o cuidado de

enfermagem

1961 Ida Jean Orlando

O processo interpessoal alivia o sofrimento

1964 Ernestine

Weidenbach

O processo de ajuda atende as necessidades atraveacutes da

arte de cuidado individualizado

33

Continuaccedilatildeo Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952

ndash 1989)

Ano

primeira

publicaccedilatildeo

Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave

1966 Lydia E Hall O cuidado de enfermagem eacute dirigido agrave pessoa e voltado

para a auto-estima

1967 Myra E Levine O holismo eacute mantido conservando a integridade

1970 Martha E Rogers O ambiente da pessoa satildeo campos de energia que

evoluem ldquonegentropicalmenterdquo

1971 Dorothea E Orem O autocuidado manteacutem a integralidade

1971 Imogene M King As transaccedilotildees fornecem um paracircmetro de referecircncia em

direccedilatildeo ao estabelecimento de metas

1974 Sr Callista Roy Os estiacutemulos rompem um sistema adaptaacutevel

1976 Josephine G

Paterson

Loretta T Zderad

Enfermagem eacute uma experiecircncia existencial de cuidar

1978 Madeleine M

Leininger

O cuidado eacute universal e varia atraveacutes das diferentes

culturas

1979 Jean Watson O cuidado eacute ideal no sentido moral mente-corpo-alma

engajados um ao outro

1980 Dorothy E

Johnson

Os subsistemas existem em estabilidade dinacircmica

1981 Rosemarie Rizzo

Parse

Seres indivisiacuteveis e ambiente em conjunto criam a sauacutede

1989 Patricia Benner

Judith Wrubel

O cuidado eacute vital para a essecircncia da enfermagem

Estabelece o que eacute importante permitindo conexatildeo e

consciecircncia Cria possibilidade de ajuda muacutetua

Fonte POTTER PERRY Fundamentos de enfermagem 5 ed Rio de Janeiro Guanabara

Koogan 2004 p 68-80

Conforme ressalta Waldow (2001) as Teorias de Enfermagem em sua essecircncia

tinham a intenccedilatildeo de humanizar o cuidado Alguns teoacutericos defenderam a ideacuteia do

cuidado integral e incluiacuteram em seus modelos as dimensotildees bioloacutegicas e psicossociais

inclusive a espiritual e o meio ambiente enfatizando a direccedilatildeo e a prioridade das accedilotildees

para o ser humano

34

Fato eacute que a enfermagem nesta proposiccedilatildeo se aproxima da visatildeo positivista da

sauacutede produzindo uma praacutetica de cuidado dos corpos dentro de uma associaccedilatildeo de

conhecimentos baseado em teorias de enfermagem ou seja o saber proacuteprio do enfermeiro

(KRUSE 2006)

O interesse pelo PE cresceu rapidamente nas escolas de Enfermagem sendo

inicialmente utilizado com um instrumento de ensino tornando as accedilotildees de enfermagem

em acordes como o meacutetodo cientiacutefico Na deacutecada de 60 apenas poucos hospitais dos

Estados Unidos e no Reino Unido haviam implementado essa metodologia de

assistecircncia Foi na deacutecada de 70 que o PE comeccedilou a ser utilizado nos hospitais embora

ainda com dificuldades servindo principalmente como guia para normatizar a praacutetica de

enfermagem (DE LA CUESTA 1983) (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

O Processo de Enfermagem enquanto metodologia cientiacutefica propotildee-se a

organizar e sistematizar o cuidado fornece subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila

alteraccedilotildees no estado de sauacutede dos clientes que necessitam de intervenccedilotildees

individualizadas visando a reabilitaccedilatildeo dos mesmos O planejamento de uma assistecircncia

personalizada a cada cliente possibilita a adoccedilatildeo de intervenccedilotildees de acordo com as

necessidades especiacuteficas a ele considerando-o em sua singularidade e norteando o

cuidado prestado Contribuem com a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da

sauacutede do indiviacuteduo famiacutelia e comunidade (TRUPPEL et al 2009)

A SAE eacute um processo que instrumentaliza o enfermeiro para uma atuaccedilatildeo

cientiacutefica baseada em evidecircncias e contribui para solidificar a atuaccedilatildeo desse profissional

o que seraacute um diferencial dentro da equipe de enfermagem Este processo desenvolvido

atraveacutes do PE respalda o enfermeiro a realizar com maior eficaacutecia accedilotildees de supervisatildeo

de avaliaccedilatildeo e de gerenciamento dos cuidados prestados pela equipe bem como

acompanhar os resultados das accedilotildees implementadas (MUSSI et al 1997)

Para este conceito destaca-se que a SAE envolve todos os elementos do processo

de trabalho em enfermagem Assim podem-se elencar diversos componentes que

influenciam o funcionamento desse sistema ou seja o cenaacuterio de sauacutede escolhido os

recursos humanos existentes o meacutetodo de assistecircncia de enfermagem adotado e a

implantaccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem bem como seus instrumentos

(NEVES 2010)

Segundo Leopardi (2006) a SAE organiza o trabalho segundo as fases do seu

fluxo Implica tanto a definiccedilatildeo da natureza do trabalho a ser realizada Quanto a definiccedilatildeo

35

do PE desde a base teacutecnico-filosoacutefica ateacute o tipo de profissional requerido as teacutecnicas os

procedimentos os meacutetodos os objetivos e os recursos materiais para a produccedilatildeo do

cuidado Eacute a organizaccedilatildeo do trabalho de enfermagem quanto ao meacutetodo pessoal e

instrumentos de modo que seja possiacutevel a realizaccedilatildeo do PE (LEOPARDI 2006)

13 A SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENEFERMAGEM NO

BRASIL - ASPECTOS LEGAIS

As iniciativas em planejar cientificamente a assistecircncia de enfermagem no Brasil

tiveram iniacutecio na deacutecada de 50 por influecircncia Norte Americana por meio das obras de

Rogers e Henderson (GEOVANINI 2002) No ano de 1965 o Congresso Brasileiro de

Enfermagem recomendou a utilizaccedilatildeo do plano de enfermagem tendo por repercussatildeo do

cientificismo que norteava a profissatildeo num contexto histoacuterico em que a enfermagem

abria campo para a produccedilatildeo cientiacutefica (PAIM 1976) Dentro deste contexto surgiram

os teoacutericos de enfermagem que visaram a construccedilatildeo de um arcabouccedilo metodoloacutegico que

desse suporte ao planejamento da assistecircncia de enfermagem

No Brasil a sistematizaccedilatildeo das accedilotildees de enfermagem teve ecircnfase com Wanda de

Aguiar Horta a partir da publicaccedilatildeo do livro intitulado Processo de Enfermagem na

deacutecada de 70 Fundamentada na teoria das necessidades humanas baacutesicas orientada por

Maslow Wanda Horta propocircs accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas para a assistecircncia

ao ser humano Sabe-se que os estudos de Horta impulsionaram o ensino e a pesquisa do

processo de enfermagem no Brasil promovendo o desenvolvimento da metodologia

cientiacutefica (KLETEMBERG MANTOVANI LACERDA 2004)

O marco conceitual de Horta preconizou o processo de enfermagem na praacutetica

profissional Essa teoria foi considerada como a essecircncia da enfermagem e estimulou a

utilizaccedilatildeo desta nova metodologia de trabalho nas escolas de enfermagem brasileiras

(OGUISSO 2005)

A SAE foi reconhecida pelo Conselho de Enfermagem como atividade privativa

do enfermeiro segundo a Lei do Exerciacutecio Profissional nordm 7486 de 25 de junho de 1986

visando planejar a assistecircncia de enfermagem para assistir o ser humano integralmente

com accedilotildees especiacuteficas que possam colaborar para o bem-estar do indiviacuteduo famiacutelia e

comunidade Entretanto apenas em 2002 recebeu apoio legal do COFEN pela Resoluccedilatildeo

nordm 272 para ser implementada em acircmbito nacional nas instituiccedilotildees de sauacutede brasileiras

36

A Resoluccedilatildeo COFEN 2722002 ndash revogada pela resoluccedilatildeo COFEN nordm 3582009

dispotildeem sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem estabelecendo que

compete exclusivamente ao enfermeiro implantar planejar organizar executar e avaliar

o processo de enfermagem

Assim sendo esta resoluccedilatildeo possibilitou tambeacutem ordenar metodicamente e em

todos os ambientes de atenccedilatildeo agrave sauacutede o trabalho prestado pelo enfermeiro bem como

direcionar as accedilotildees da equipe de enfermagem para a promoccedilatildeo do cuidado particular e

totalitaacuterio aos clientes

Art 1ordm O Processo de Enfermagem deve ser realizado de modo

deliberado e sistematizado em todos os ambientes puacuteblicos ou

privados em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem

sect 1ordm ndash Os ambientes de que trata o caput deste artigo referem-

se a instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos de internaccedilatildeo

hospitalar instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos ambulatoriais de

sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees comunitaacuterias fabricas

entre outros

sect 2ordm ndash quando realizado em instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos

ambulatoriais de sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees

comunitaacuterias entre outros o Processo de Sauacutede de Enfermagem

corresponde ao usualmente denominado nesses ambientes como

Consulta de Enfermagem

A referida Resoluccedilatildeo define SAE como a organizaccedilatildeo do trabalho profissional

quanto ao meacutetodo para a operacionalizaccedilatildeo do processo de enfermagem e conceitua o

processo de enfermagem como um instrumento metodoloacutegico que direciona e documenta

os cuidados de enfermagem baseado em um suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados

o estabelecimento de diagnoacutesticos de enfermagem o planejamento das accedilotildees a

implementaccedilatildeo e que forneccedila a base para a avaliaccedilatildeo dos resultados alcanccedilados (COFEN

2009)

Art 3ordm O Processo de Enfermagem deve estar baseado num

suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados o estabelecimento

de diagnoacutesticos de enfermagem e o planejamento das accedilotildees ou

intervenccedilotildees de enfermagem e que forneccedila a base para a

avaliaccedilatildeo dos resultados de enfermagem alcanccedilados

Art 4ordm Ao enfermeiro observadas as disposiccedilotildees da Lei no

7498 de 25 de junho de 1986 e do Decreto no 94406 de 08 de

junho de 1987 que regulamenta incumbe a lideranccedila na

execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do Processo de Enfermagem de modo a

alcanccedilar os resultados de enfermagem esperados cabendo-lhe

privativamente o diagnoacutestico de enfermagem acerca das

37

respostas da pessoa famiacutelia ou coletividade humana em um

dado momento do processo sauacutede e doenccedila bem como a

prescriccedilatildeo das accedilotildees ou intervenccedilotildees de enfermagem a serem

realizadas face a essas respostas

Portanto a implantaccedilatildeo do processo de enfermagem requer o envolvimento

profissional para a representatividade do enfermeiro na equipe de sauacutede o que

proporciona a construccedilatildeo de sua identidade na assistecircncia e desmitifica conceitos

errocircneos quanto ao real papel do mesmo Gonccedilalves et al (2007) ressaltam que a SAE

favorece o cuidado em virtude de uma atenccedilatildeo individualizada sistemaacutetica planejada e

baseada em evidecircncias cientiacuteficas refletindo no desenvolvimento da profissatildeo como

ciecircncia e integra as aacutereas da assistecircncia ensino e pesquisa

14 ESTRUTURA E ORGANIZACcedilAtildeO DA SISTEMATIZACcedilAtildeO DA

ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

O planejamento do cuidado representa um avanccedilo para a equipe de enfermagem

por atestar a qualidade e eficaacutecia do atendimento expandir a visibilidade da atuaccedilatildeo do

enfermeiro e contribuir para a conquista do reconhecimento profissional perante o

paciente famiacutelia e membros da equipe de sauacutede Para Menezes Priel Pereira (2011) a

implantaccedilatildeo do processo de cuidado insere o enfermeiro em seu papel social e o assegura

atuar com autonomia contemplando o paciente com um cuidado qualificado

fundamentado nos princiacutepios da integralidade e humanizaccedilatildeo no conhecimento teacutecnico

cientiacutefico na responsabilidade profissional e nas relaccedilotildees interpessoais e institucionais

estabelecidas

Esta metodologia oferece suporte agrave consolidaccedilatildeo profissional o instrumento

otimiza a comunicaccedilatildeo com a equipe multidisciplinar amplia a atuaccedilatildeo do enfermeiro

organiza o serviccedilo da equipe de enfermagem e beneficia a instituiccedilatildeo e o sistema de sauacutede

que com a documentaccedilatildeo tem informaccedilotildees relevantes para utilizaccedilatildeo na assistecircncia

ensino pesquisa e desenvolvimento de planejamento para accedilotildees voltadas para a sauacutede da

populaccedilatildeo (TRUPPEL et al 2009)

O processo de enfermagem eacute baseado em princiacutepios e regras que satildeo conhecidos

por promover o cuidado de enfermagem eficiente Ele eacute definido como a dinacircmica das

accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas visando a assistecircncia ao ser humano este

38

instrumento possibilita ao enfermeiro colocar em praacutetica uma Teoria para isso precisa

estar inserido na realidade concreta de forma consciente competente teacutecnica e

cientificamente (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

A implantaccedilatildeo da SAE deve ser processo originado no conhecimento especiacutefico

fruto de uma reflexatildeo criacutetica e problematizadora acerca da organizaccedilatildeo e filosofia do

trabalho de enfermagem constitui-se um instrumento de fundamental importacircncia para

que o enfermeiro possa gerenciar e otimizar a assistecircncia de enfermagem de forma

organizada segura dinacircmica e competente (BACKES SCHWARTZ 2005)

Eacute uma atividade privativa do enfermeiro que atraveacutes de um meacutetodo e estrateacutegia

de trabalho cientiacutefico realiza a identificaccedilatildeo das situaccedilotildees de sauacutededoenccedila subsidiando

a prescriccedilatildeo e implementaccedilatildeo das accedilotildees de Assistecircncia de Enfermagem que possam

contribuir para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo em sauacutede do indiviacuteduo

famiacutelia e comunidade (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TEIXEIRA PAIM SANTO

2004)

A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indiviacuteduo

utilizando para isto seus conhecimentos e habilidades aleacutem de orientaccedilatildeo e treinamento

da equipe de enfermagem para a implementaccedilatildeo das accedilotildees sistematizadas (HORTA

1979) (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TANNURE GONCcedilALVES 2010)

A implantaccedilatildeo e o desenvolvimento da SAE nos ambientes de atuaccedilatildeo do

enfermeiro possibilitam benefiacutecios para o cliente para a profissatildeo e para a instituiccedilatildeo

Takahashi e colaboradores (2008) concluem que a assistecircncia individualizada eacute uma

prerrogativa da SAE e pressupotildee a participaccedilatildeo do paciente no processo de cuidar

mantendo sua autonomia destacam tambeacutem que o cuidado individualizado articula uma

relaccedilatildeo favoraacutevel com a equipe multiprofissional paciente e famiacutelia favorecendo a

humanizaccedilatildeo da assistecircncia

A autonomia do enfermeiro com a implantaccedilatildeoimplementaccedilatildeo do Processo de

Enfermagem eacute considerada um benefiacutecio do uso deste meacutetodo pois imprime a

possibilidade de o enfermeiro aplicar seus conhecimentos e conquistar o reconhecimento

pela qualidade do cuidado prestado ao paciente tanto na instituiccedilatildeo como junto agrave famiacutelia

refletindo seu papel na sociedade e na responsabilidade profissional (DUARTE

ELLENSOHN 2007) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

Tannure e Gonccedilalves (2010) acrescenta ainda que trabalhar dentro de uma

metodologia cientiacutefica natildeo apenas daacute autonomia agrave profissatildeo como organiza o cotidiano

39

da equipe pois permite a utilizaccedilatildeo de ferramentas apropriadas que facilitam os registros

e controles Para os serviccedilos quantificarem a assistecircncia controlar custos e facilitar a

auditoria o uso do processo de qualidade

A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada

e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila Dessa forma a

atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades individuais e

com isso promove a qualidade de vida e a prevenccedilatildeo de doenccedilas

141 Etapas e organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem

A SAE eacute um processo dinacircmico em constante avanccedilo eacutetico e legal que atende

aos princiacutepios da profissatildeo e classifica a assistecircncia de enfermagem como um meacutetodo

organizado de planejamento e implementaccedilatildeo de cuidados (CASAFUS DELLacuteACQUA

BOCCHI 2013)

Logo a SAE viabiliza ao enfermeiro atuar em diversos acircmbitos e desempenhar

atividades de assistecircncia supervisatildeo avaliaccedilatildeo e gerenciamento do cuidado para

promover mudanccedilas na atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem organiza o Processo de Enfermagem que constitui um caminho

metodoloacutegico organizado em etapas que auxilia o enfermeiro no desenvolvimento do

cuidado cientiacutefico humano e dinacircmico tendo como alicerce teorias organizacionais

(TANNURE GONCcedilALVES 2010)

De acordo com Horta (1979) o processo de enfermagem eacute uma seacuterie de accedilotildees

sistemaacuteticas visando certo resultado ato de proceder accedilatildeo de ser feito progressivamente

qualquer fenocircmeno que mostra uma continua mudanccedila no tempo como o processo de

crescimento ou uma seacuterie de accedilotildees ou operaccedilotildees que conduzem definitivamente a um

fim caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos

(HORTA 1979)

Segundo Castellanos e Castilho (2000) o PE representa a implementaccedilatildeo da SAE

elaborado a partir dos dados e levantamentos realizados pelo enfermeiro visando a

proporcionar o cuidado individualizado e de qualidade aos clientes com embasamento

cientiacutefico Por se tratar de um conjunto de elementos dispostos de uma forma determinada

e coordenados entre si para que possam funcionar como uma estrutura organizada da

40

assistecircncia de enfermagem eacute necessaacuterio engajamento natildeo soacute das equipes mas tambeacutem

da instituiccedilatildeo hospitalar

Eacute uma metodologia de soluccedilatildeo de problemas que requer habilidades cognitivas

teacutecnicas e interpessoais voltadas para a satisfaccedilatildeo das necessidades do cliente e da

famiacutelia buscando o alcance do bem-estar ou a melhoria da qualidade de vida pelo tempo

que for possiacutevel (SILVA DAMASCENO CARVALHO SOUZA 2001)

O PE geralmente eacute elaborado a partir do desenvolvimento de cinco fases

Investigaccedilatildeo Diagnoacutestico Planejamento Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo O nuacutemero de fases

em que se organiza o processo de enfermagem modifica-se de acordo com diversos

autores variando de quatro a seis fases Esta divergecircncia de opiniotildees consiste na questatildeo

de considerar a etapa de diagnoacutestico como uma etapa distinta ou consideraacute-la incluiacuteda na

primeira etapa o histoacuterico Importante se faz ressaltar que essa divisatildeo em etapas eacute uacutetil

para fins didaacuteticos sendo que na praacutetica o processo de enfermagem deve ser integrado

com suas etapas inter-relacionadas e interdependentes (ALFARO-LEFEVRE 2005)

Cianciarullo et al (2005) expotildeem que durante todo o PE o enfermeiro utiliza-se

de instrumentos baacutesicos especiacuteficos para extrair do cliente subsiacutedios que direcionem a

assistecircncia de enfermagem Aleacutem da percepccedilatildeo sensorial apurada (visatildeo audiccedilatildeo fala

tato e olfato) o enfermeiro deve saber como e o que perguntar bem como saber ouvir

Muitas vezes o paciente natildeo fornece respostas concretas e sim subsiacutedios que instigam

alertando e direcionando os questionamentos

Fase I ndash Investigaccedilatildeo Histoacuterico de Enfermagem

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PE eacute a Investigaccedilatildeo Eacute a etapa que oferece

a estrutura pela qual se justifica o plano de cuidados adotado pelo enfermeiro Possibilita

obter informaccedilotildees precisas completas e estruturadas do indiviacuteduo e do contexto em que

estaacute inserido servindo de base para as proacuteximas fases (ALFARO-LEFEVRE 2005)

(NEVES 2010)

Desta maneira Tannure e Gonccedilalves (2008) enfatiza que a pontualidade e a

autenticidade dos dados coletados contribuem na identificaccedilatildeo e delimitaccedilatildeo das

caracteriacutesticas biopsicossociais do cliente norteando o cuidado a ser estabelecido

A coleta de dados para a construccedilatildeo do histoacuterico natildeo eacute realizada apenas nesta fase

inicial mas perdura durante todo o tempo em que o cliente estiver assistido finalizando

ao momento em que este receba alta (ATKINSON MURRAY 1989) Para Alfaro-

41

LeFevre (2005) pode-se colher dados diretamente do indiviacuteduo ou obtecirc-los indiretamente

de outras fontes como pessoas prontuaacuterios ou exames

Desta forma para atingir o objetivo fim desta fase do processo a construccedilatildeo do

instrumento de coleta de dados natildeo pode ser accedilatildeo estaacutetica e pontual A elaboraccedilatildeo deste

instrumento deve ser accedilatildeo dinacircmica podendo sofrer alteraccedilotildees constantes para que atenda

os propoacutesitos da SAE

Figura 1 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta

Fonte Horta 1979

Sendo assim deve levar em consideraccedilatildeo o marco teoacuterico utilizado pelo serviccedilo

ou setor e a visatildeo dos paradigmas de enfermagem utilizados naquele espaccedilo

(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008) O instrumento deve

capturar informaccedilotildees relevantes e determinantes a todo o PE Barros (2009) complementa

que aleacutem de ser adequado ao puacuteblico a que se destina deve-se considerar as

peculiaridades da equipe de Enfermagem e as particularidades de cada Instituiccedilatildeo onde o

instrumento de coleta de dados seraacute utilizado

Os formulaacuterios satildeo importantes porque padronizam os registros e respaldam

legalmente as accedilotildees de enfermagem As anotaccedilotildees devem conter termos teacutecnicos numa

42

sequecircncia loacutegica e objetiva para que permita a continuidade do planejamento dos

cuidados prestados Satildeo tambeacutem importantes para a consulta de pesquisa e ensino fonte

de dados e para processos administrativos (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS

2006) (SILVA OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

O enfermeiro deve tambeacutem para sucesso desta fase estabelecer uma relaccedilatildeo de

confianccedila uma comunicaccedilatildeo sem ruiacutedos com o cliente de forma a capturar informaccedilotildees

relevantes Deve valer-se da eacutetica e respeitar o cliente em sua singularidade e dignidade

sua privacidade seus haacutebitos pessoais e crenccedilas mantendo em sigilo os dados obtidos

abstendo-se de preacute-julgamentos (ALFARO-LEFEVRE 2005) (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Fase II - O Diagnoacutestico de Enfermagem

A partir dos dados coletados eacute possiacutevel estabelecer o Diagnoacutestico de Enfermagem

Estes satildeo interpretaccedilotildees cientiacuteficas dos dados levantados usados para orientar o

planejamento de enfermagem a implementaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo (NANDA 2008) No

processo de elaboraccedilatildeo desta segunda fase o enfermeiro deve fundamentar-se em

evidecircncias a partir dos indicadores obtidos ao momento da investigaccedilatildeo possibilitando

a validaccedilatildeo dos seus diagnoacutesticos e intervenccedilotildees por outra pessoa (ALFARO-LEFEVRE

2005)

Segundo Tannure e Gonccedilalves (2010) o enfermeiro deveraacute ter capacidade de

anaacutelise de julgamento de siacutentese e de percepccedilatildeo ao interpretar dados cliacutenicos Alfaro-

LeFevre (2005) complementa que os erros na elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos levam a

intervenccedilotildees equivocadas e ateacute mesmo nocivas ao paciente Ainda nesta etapa eacute possiacutevel

detectar a necessidade de um cuidado multidisciplinar com a atuaccedilatildeo de profissionais de

outras aacutereas de forma a atender o cliente em sua totalidade

Uma vez identificadas agraves necessidades do cliente eacute preciso interpretaacute-las e

classificaacute-las utilizando-se de termos proacuteprios da enfermagem com informaccedilotildees

consistentes e precisas Isso possibilita uma linguagem comum a toda a equipe

consequumlentemente otimizando o tempo e permitindo um cuidado mais eficaz

(TANNURE GONCcedilALVES 2010)

O diagnoacutestico de enfermagem eacute considerado por alguns autores como uma das

etapas mais complexas causando muitas divergecircncias na sua realizaccedilatildeo O enfermeiro

encontra grande dificuldade para implementaacute-lo na sua praacutetica diaacuteria aleacutem de outros

43

profissionais de sauacutede a julgarem desnecessaacuteria (SILVA OLIVEIRA NEVES

GUIMARAtildeES 2011)

Figura 2 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Alfaro-LeFevre

Fonte Alfaro-Lefevre 2005

Fase III ndash O Planejamento da Assistecircncia

Na terceira etapa denominada Planejamento ocorre a determinaccedilatildeo das

prioridades para a resoluccedilatildeo dos diagnoacutesticos estabelecidos na fase anterior estabelecer

quais os resultados a serem alcanccedilados com o tratamento que favoreccedilam ao paciente

definir quais as intervenccedilotildees se faratildeo necessaacuterias para atender diretamente cada

diagnoacutestico de enfermagem prescrito e efetuar o registro do plano de cuidados

(ALFARO-LEFEVRE 2005)

O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao

cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste

propicia a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do

pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia (ANDRADE VIEIRA

2005)

A formalizaccedilatildeo do plano de cuidados (por meio das anotaccedilotildees) oferece subsiacutedios

que facilitam a troca de informaccedilotildees entre os agentes responsaacuteveis pelo cuidar norteia as

intervenccedilotildees a serem realizadas promove o registro de dados que possibilitem

posteriormente avaliar o cuidado prestado Servem tambeacutem como subsiacutedios que

44

propiciam a realizaccedilatildeo de pesquisas e fornecem agraves seguradoras de planos de sauacutede os

registros dos cuidados prestados a determinado cliente Assim sendo as informaccedilotildees

registradas devem ser claras e consistentes dirimindo quaisquer duacutevidas que possam

surgir (CARPENITO 2005)

Fase IV ndash A Implementaccedilatildeo da Assistecircncia

A fase de Implementaccedilatildeo eacute caracterizada pela execuccedilatildeo do plano de cuidados eacute o

momento em que o enfermeiro coloca em praacutetica as accedilotildees que foram estabelecidas na

fase de planejamento

Eacute o roteiro diaacuterio que coordena a accedilatildeo da equipe de enfermagem na execuccedilatildeo dos

cuidados decorrentes da implantaccedilatildeo do plano assistencial de enfermagem adequados as

necessidades baacutesicas e especiacuteficas de cada cliente (HORTA 1979) Para Alfaro Levefre

(2005) eacute a colocaccedilatildeo do plano em accedilatildeo eacute pensar sobre o plano eacute refletir sobre o que se

estaacute fazendo nos seguintes pontos investigar a situaccedilatildeo atual da pessoa antes de agir

realizar as intervenccedilotildees e reinvestigar para determinar as respostas iniciais comunicar e

registrar

Nesta etapa satildeo realizadas as prescriccedilotildees de enfermagem Estas devem ser

anotadas de forma que permitam um faacutecil entendimento pela equipe que iraacute colocaacute-la em

praacutetica Seu conteuacutedo deve estimular a equipe a se empenhar no cuidado prestado ao

cliente desenvolvendo o senso criacutetico Aleacutem de estabelecer o que fazer tambeacutem deve

determinar como quando onde com que frequumlecircncia e por quanto tempo as accedilotildees devam

ser realizadas (TANNURE GONCcedilALVES 2010)

Assim como os diagnoacutesticos de enfermagem as prescriccedilotildees tambeacutem devem ser

realizadas de acordo com a ordem de prioridades e grau de gravidade do cliente (SILVA

OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

Fase V ndash A Avaliaccedilatildeo de Enfermagem

A quinta etapa do processo de enfermagem eacute denominada de Avaliaccedilatildeo Segundo

Alfaro-LeFevre (2005) uma avaliaccedilatildeo criteriosa a partir de uma sensata reflexatildeo da

assistecircncia prestada ao cliente em seus pormenores confere ao enfermeiro a primazia na

qualidade do plano de cuidados

Nesta fase seraacute examinada a eficaacutecia da assistecircncia de enfermagem se estaacute

solucionando ou minimizando os problemas reais ou potenciais identificados na segunda

45

etapa Agrave medida que atendem ao que foi proposto satildeo realizados ajustes que se adequam

ao estado do cliente neste momento Conforme satildeo solucionados os problemas a

prescriccedilatildeo e respectivas intervenccedilotildees satildeo suspensas (POTTER 2004)

Carpenito (2005) refere que a anaacutelise minuciosa do plano de cuidados eacute

fundamental para atingir a excelecircncia na assistecircncia de enfermagem personalizada para

cada paciente assistido Desta forma faz-se necessaacuterio o registro de todas as atividades

realizadas bem como dos resultados alcanccedilados com as mesmas o que fundamentaria as

decisotildees no que tange ao quadro de pessoal avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do cuidado prestado

(tanto na resolutividade das necessidades do cliente quanto no custo com a realizaccedilatildeo dos

procedimentos) ou no tipo da assistecircncia oferecida

15 - DIFICULDADES PARA A IMPLANTACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO DA

SAE

Embora cientes da importacircncia da SAE na organizaccedilatildeo do serviccedilo de enfermagem

o processo de implantaccedilatildeo assim como a escolha de um referencial teoacuterico e de uma

metodologia adequada na praacutetica ainda carece de estrateacutegias e subsiacutediosevidecircncias

operacionais eficazes e comprometedoras capazes de nortear um novo perfil assistencial

Tem-se percebido empiricamente uma dicotomia entre ensino e praacutetica de

trabalho nas instituiccedilotildees gerando inseguranccedilas e descreacutedito nos estudantes e profissionais

em carreira uma vez que muitas situaccedilotildees de ensino se situam no niacutevel do ideal

sistematizado buscando a qualidade enquanto os serviccedilos deixam de atentar para estas

condiccedilotildees (ANDRADE VIEIRA 2005)

A falta de relaccedilatildeo entre os conceitos teoacutericos e a praacutetica profissional cria uma

dissonacircncia e gera conflitos na assistecircncia de enfermagem no que se refere ao uso da

metodologia que ao ser aplicada se torna de modo fracionada e distorcida dos princiacutepios

teoacutericos (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

A formaccedilatildeo acadecircmica dos enfermeiros muitas vezes contribui para que estes natildeo

busquem nem apliquem uma assistecircncia sistematizada pois durante aulas praacuteticas pode-

se perceber uma preocupaccedilatildeo maior tanto por parte de alguns docentes quanto pela

maioria dos alunos em adquirir habilidades teacutecnicas Assim deixam de levantar os

problemas de enfermagem do paciente e de planejar os cuidados ficando a assistecircncia

46

neste caso limitada a accedilotildees isoladas no decorrer de suas atividades (ANDRADE

VIEIRA 2005)

Para o desenvolvimento da SAE muito mais do que competecircncia teacutecnica eacute

preciso que os enfermeiros tenham sensibilidade para captar as necessidades emergentes

habilidade para empreender e estimular accedilotildees inovadoras e principalmente

conhecimento e capacidade estrateacutegica para envolver e comprometer criativamente os

demais profissionais da equipe de sauacutede (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

A lei do exerciacutecio profissional (no 7498 1986) prevecirc como atribuiccedilatildeo do

enfermeiro ligada agrave metodologia da assistecircncia de enfermagem o desenvolvimento da

SAE poreacutem mesmo com respaldo legal para a execuccedilatildeo da metodologia da assistecircncia

poucos efeitos tecircm-se observado no cotidiano da praacutetica

Hermida e Araujo (2006) relatam que um trabalho de fiscalizaccedilatildeo do COREN-

SP nas instituiccedilotildees de sauacutede do Estado apoacutes investimento desse oacutergatildeo em capacitaccedilatildeo

dos enfermeiros para a realizaccedilatildeo da SAE revelou que 65 das instituiccedilotildees natildeo souberam

como implantar a SAE 38 estavam em fase de implantaccedilatildeo em 15 houve relutacircncia

eou impedimento dos profissionais de sauacutede e em 10 houve impedimento por parte da

instituiccedilatildeo para o desfecho desta (HERMIDA ARAUacuteJO 2006)

Teixeira Paim e Santos (2004) colocam como dificuldades para o

desenvolvimento da SAE as condiccedilotildees de trabalho do enfermeiro tais como

desproporccedilatildeo enfermeiroleito ausecircncia de uma filosofia de trabalho distorccedilatildeo entre a

formaccedilatildeo e a praacutetica problemas referentes agraves atribuiccedilotildees do enfermeiro preocupaccedilatildeo em

conceder uma assistecircncia de qualidade sobrecarga de trabalho

Backes e Schwartz (2005) acrescentam que as resistecircncias mais comuns para a

implementaccedilatildeo da SAE satildeo os proacuteprios profissionais de enfermagem ou seja os

profissionais com mais de dez anos de formados em virtude do desestiacutemulo a criaccedilatildeo de

estrateacutegias ousadas e para os profissionais com poucos anos de formaccedilatildeo associadas agrave

inexperiecircncia e despreparo teacutecnico e gerencial

Ainda como problema decorrente da natildeo utilizaccedilatildeo de uma metodologia

assistencial eacute possiacutevel considerar o desgaste de recursos humanos Nestes casos no

momento em que o enfermeiro percebe problemas e dificuldades no funcionamento e

rendimento da sua equipe de trabalho pode em alguns casos passar a desacreditar no seu

potencial de liacuteder e gerente produzindo sensaccedilotildees de impotecircncia e frustraccedilatildeo o que por

47

sua vez proporciona maior desgaste fiacutesico e consequentemente maacute produtividade

(ANDRADE VIEIRA 2005)

A carecircncia de pessoal de enfermagemenfermeiros dificulta tambeacutem a

implementaccedilatildeo da SAE portanto se faz necessaacuterio salientar a responsabilidade das

instituiccedilotildees propiciarem todas as condiccedilotildees necessaacuterias ao enfermeiro para executar de

forma efetiva o planejamento da assistecircncia pois natildeo basta fazer eacute preciso fazecirc-lo bem

natildeo basta exigir eacute preciso oferecer condiccedilotildees (HERMIDA 2004)

Contribuindo para esta reflexatildeo Backes e Schwatz (2005) acrescentam que o tipo

de organizaccedilatildeo dos serviccedilos associado ao modelo de gestatildeo tradicional gera contradiccedilotildees

em virtude de sua estrutura riacutegida excessivamente especializada com funccedilotildees rotineiras

e pouco desafiadoras Neste sentido a enfermagem conformou-se basicamente com uma

cultura do ldquofazerrdquo sem contudo refletir acerca de novas possibilidades do ser e agir na

praacutetica assistencial e gerencial

Para a elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo de um modelo assistencial em um serviccedilo

hospitalar acredita-se ser necessaacuterio a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico do trabalho da equipe

de enfermagem ressaltando seu preparo teacutecnico-cientiacutefico sobre o processo de

enfermagem bem como a existecircncia de problemas decorrentes de uma assistecircncia natildeo

sistematizada (ANDRADE VIEIRA 2005)

Nascimento e colaboradores (2008) relatam que eacute possiacutevel perceber na praacutetica a

insatisfaccedilatildeo de membros da equipe quanto o ter que fazer a SAE ou a exclusatildeo dos

profissionais de niacutevel meacutedio que apenas executam as prescriccedilotildees sem participar de sua

elaboraccedilatildeo existe um grande desencontro de informaccedilotildees entre o que eacute relatado pelo

paciente a outro profissional e o que o enfermeiro anotou como avaliaccedilatildeo ou evoluccedilatildeo

A falta de tempo para realizar a metodologia ou uma melhor assistecircncia direta ao

paciente eacute uma constante no discurso do enfermeiro O trabalho na instituiccedilatildeo muitas

vezes compartimentalizado pouco reflexivo forccedila o enfermeiro a ocupar um espaccedilo que

natildeo favorece a percepccedilatildeo da totalidade do seu trabalho Aliado a isto o saber meacutedico

hegemocircnico institucionalizado faz com que a praacutetica de enfermagem lhe sirva de esteio

(GARCIA-SANTOS WERLANG 2013) (BENEDET GELBCKE AMANTE 2016)

Em um ambiente de trabalho onde natildeo existe planejamento das atividades nem

determinaccedilatildeo de prioridades haacute um uma perda de tempo significativa no processo de

gerenciamento levando os profissionais a refazerem as atividades realizadas sem ecircxito

Assim perde-se tempo em resolver problemas inerentes a outros profissionais da equipe

48

e quando realmente se trata de atividades que competem ao enfermeiro este natildeo mais

dispotildee de tempo para realizaacute-las (ANDRADE VIEIRA 2005) (MEDEIROS SANTOS

CABRAL 2013)

Eacute importante salientar que as proacuteprias prescriccedilotildees de enfermagem tambeacutem podem

contribuir para dificultar a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede jaacute que muitas

vezes estas natildeo refletem uma anaacutelise justa do caso sendo elaborada contendo somente

cuidados rotineiros de forma repetitivas perdendo a credibilidade junto a equipe

(SHIMIZU CIAMPONE 2002)

A enfermagem por se caracterizar como uma profissatildeo dinacircmica necessita de

uma metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo O processo de enfermagem eacute

considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo facilitando a

troca de informaccedilotildees entre enfermeiros de vaacuterias instituiccedilotildees (BORK 2003)

Conhecer o aspecto subjetivo que permeia toda essa problemaacutetica configura-se

um importante investimento acadecircmico a ser explorado do ponto de vista psicossocial

Para uma efetiva implantaccedilatildeo do PE eacute necessaacuterio haver primeiro um comprometimento

da chefia de enfermagem com a proposta promovendo reuniotildees e elaborando um plano

de accedilatildeo que incluiria a sensibilizaccedilatildeo da equipe para a importacircncia dessa metodologia o

desenvolvimento de um estudo aprofundado do tema com o envolvimento de toda a

equipe e a construccedilatildeo coletiva dos meios para viabilizar a execuccedilatildeo do processo

(HERMIDA 2004) (ANDRADE VIEIRA 2005)

Para que o enfermeiro realize o PE eacute necessaacuterio que este assuma o compromisso

com sua aplicaccedilatildeo na praacutetica e a responsabilidade em executar suas etapas orientar a

equipe aprimorar e atualizar seus conhecimentos Exigiraacute tempo e determinaccedilatildeo de todos

que compartilharem desta jornada poreacutem o resultado se traduz em crescimento individual

e consequentemente qualidade da assistecircncia

Eacute necessaacuterio investimento nas condiccedilotildees materiais de trabalho no treinamento de

pessoal na promoccedilatildeo de sessotildees de estudo entre outras e posteriormente em questotildees

mais qualitativas com a adoccedilatildeo de novas posturas profissionais para melhoria da

qualidade do atendimento (MOURA RAMOS SOUSA SILVA ALVES 2008)

49

16 ndash A EVOLUCcedilAtildeO DO CUIDADO Agrave CRIANCcedilA

Na realizaccedilatildeo do trabalho de cada profissional que cuida

da crianccedila internada natildeo basta apenas a teacutecnica e a

afeiccedilatildeo por ela Faz-se necessaacuterio tambeacutem um

ldquosentimento de infacircnciardquo assim definido por considerar

a crianccedila como sujeito de sua histoacuteria pleno de direitos

dentre os quais ressaltamos o direito ao respeito agrave

liberdade e agrave dignidade

(Beatriz Oliveira 1997)

A assistecircncia agrave crianccedila passou por transformaccedilotildees significativas desde os seacuteculos

passados ateacute a proposta de alojamento conjunto pediaacutetrico Estas alteraccedilotildees

acompanharam a modificaccedilatildeo dos conceitos sociais e sempre estiveram diretamente

relacionadas com o valor e o significado que a sociedade daacute agrave crianccedila com o modo de

produccedilatildeo e com o desenvolvimento da praacutetica meacutedica

Antigamente as crianccedilas eram tidas como adultos em miniatura e posteriormente

passaram a ser reconhecidas como indiviacuteduos uacutenicos com necessidades e capacidades

especiacuteficas (AIREgraveS 1994)

Em funccedilatildeo da percepccedilatildeo da sociedade do ldquoser crianccedilardquo nos seacuteculos passados natildeo

se registraram intervenccedilotildees sistemaacuteticas sobre a sauacutede destas A questatildeo da sauacutede de um

modo geral envolvendo uma preocupaccedilatildeo com a assistecircncia meacutedica ou com a higiene das

cidades era subalterna ou inexistente Assim natildeo havia tampouco uma poliacutetica de sauacutede

para as crianccedilas ou mesmo para o conjunto da populaccedilatildeo (ELSEN 2002)

O indiviacuteduo adulto natildeo existia socialmente fora dos limites da propriedade e a

crianccedila soacute era vista como um elemento posto a serviccedilo do poder paterno Para a famiacutelia

cujo epicentro repousava na figura do pai a crianccedila soacute poderia receber uma atenccedilatildeo

geneacuterica Nos seacuteculos passados a infacircncia natildeo era tematizada nem pela famiacutelia nem pelo

Estado A famiacutelia baseava-se na manutenccedilatildeo do patrimocircnio com isso as relaccedilotildees pessoais

e de afetividade natildeo apareciam como centrais (AIREgraveS 1994)

A reestruturaccedilatildeo do nuacutecleo familiar implicava na mudanccedila de concepccedilatildeo

desenvolvida tradicionalmente sobre a crianccedila Os cuidados gerais que a crianccedila comeccedilou

a receber no fim do seacuteculo XIX foram substituiacutedos por uma assistecircncia sistematizada

quanto a condutas alimentares disciplinares pedagoacutegicas e mesmo de vestuaacuterio (AIREgraveS

1994) Para desempenhar estes cuidados a famiacutelia precisou redefinir o papel do pai e da

matildee buscando organizar-se em novos conceitos (WHALEY WONG 2015)

50

Esta nova forma de organizaccedilatildeo familiar com o objetivo de criar e educar crianccedilas

sadias para tornarem-se fortes e produtivas era compatiacutevel com a nova ordem que se

pretendia instaurar de paiacuteses independentes voltados para a produccedilatildeo e o acuacutemulo de

capital Podemos perceber entatildeo que a concepccedilatildeo de crianccedila esteve relacionada aos

problemas que as sociedades tinham para administrar (OLIVEIRA 1997) (ELSEN

2002) O controle das doenccedilas transmissiacuteveis a prevenccedilatildeo da mortalidade infantil e

reduccedilatildeo da populaccedilatildeo eram associados agrave produtividade no trabalho e agrave prosperidade do

paiacutes

No seacuteculo XVIII os hospitais ainda estavam se organizando como nuacutecleos de

praacutetica meacutedica cliacutenica individualizada e a pediatria como especialidade meacutedica ainda natildeo

havia surgido A apreensatildeo da crianccedila pela medicina se daacute inicialmente por meio de

conhecimentos que possibilitem crescimento e desenvolvimento saudaacutevel da higiene

corporal e do ambiente da alimentaccedilatildeo dos cuidados preacute-natais e poacutes-natais imediatos

Medidas legais para protege-la dos agravos do meio ambiente comeccedilam a ser adotadas

como a regulamentaccedilatildeo do trabalho da pueacuterpera possibilitando agrave matildee cuidar da crianccedila

nos primeiros meses e a proteccedilatildeo da crianccedila contra trabalhos insalubres entre outras

medidas (ROCHA ALMEIDA 1993) (WHALEY WONG 2015)

O primeiro hospital infantil foi construiacutedo em Paris em 1802 seguido pelo

ldquoHospital for Sick Childrenrdquo em Londres que precedem os hospitais norte-americanos

e podem ser considerados como marco inicial da assistecircncia agrave crianccedila (ROCHA

ALMEIDA 1993) O precursor da pediatria foi o meacutedico Abraham Jacobi (1830 ndash 1919)

cujas realizaccedilotildees influenciaram as investigaccedilotildees cientiacuteficas e cliacutenicas das doenccedilas da

infacircncia no seacuteculo XIX motivo pelo qual eacute conhecido como o ldquopai da pediatriardquo

(WHALEY WONG 2015)

O hospital como instrumento terapecircutico mudou a percepccedilatildeo da sociedade sobre

a assistecircncia agrave sauacutede uma vez que retirou das famiacutelias a responsabilidade sobre o cuidado

dos seus doentes Para as crianccedilas as regras e teacutecnicas de isolamento eram extremamente

riacutegidas as infecccedilotildees sem o auxiacutelio dos antibioacuteticos eram graves e temidas as visitas eram

consideradas ameaccedilas ao tratamento ficando estas isoladas uma das outras e confinadas

aos seus leitos (ROCHA ALMEIDA 1993)

A internaccedilatildeo hospitalar contribuiu para a observaccedilatildeo sistematizada de sinais e

sintomas levando ao aperfeiccediloamento dos procedimentos para o diagnoacutestico e

terapecircutica Esta evoluccedilatildeo consequentemente foi afastando a famiacutelia de um envolvimento

51

com a crianccedila e os profissionais durante os episoacutedios de tratamento meacutedico O saber e a

praacutetica familiar foram ignorados pelo cientificismo da praacutetica meacutedica (ROCHA LIMA

SCHOCHI 1997) O modelo de atendimento agrave sauacutede vigente neste momento era o

hospitalocentrico bioloacutegico individual e curativo

Os registros mais antigos da enfermagem no cuidado agrave crianccedila datam de 1859

nos apontamentos de Florence Nightingale estes refletem e evoluiacuteram de acordo com a

praacutetica meacutedica e seguindo a mesma filosofia trata-se de apontamentos centrados na

puericultura como o conjunto de regras e noccedilotildees sobre a arte de criar fisiologicamente e

higienicamente crianccedilas (COLLET 2001)

A origem da enfermagem pediaacutetrica moderna aparece associada agrave pediatria

especialidade meacutedica Somente apoacutes os departamentos de pediatria terem-se estabelecido

nas escolas meacutedicas eacute que a pediatria tornou-se disciplina nos curriacuteculos das escolas de

enfermagem Contudo na maioria das escolas omitia-se a importacircncia do crescimento e

desenvolvimento das reaccedilotildees psicoloacutegicas da crianccedila e da necessidade de educar o que

fazia com que os profissionais de sauacutede estivessem aptos a cuidar da crianccedila doente mas

sem saber lidar com sua convalescenccedila ou com a prevenccedilatildeo das doenccedilas (LIMA 1996)

Posteriormente esta concepccedilatildeo foi sendo transformada a partir do momento em

que se identificou que crianccedila apresenta especificidades e reaccedilotildees que variam conforme

a idade Tal fato ocorre por estar ela em constante evoluccedilatildeo desde seu nascimento ateacute a

fase adulta ultrapassando vaacuterias etapas que se modificam por forccedila das transformaccedilotildees

inerentes ao seu crescimento e desenvolvimento (RIBEIRO ANGELO 2005)

A sauacutede infantil que emergia com as demais praacuteticas sanitaacuterias no processo de

expansatildeo capitalista apesar de jaacute se articular em termos de serviccedilos de sauacutede inclusive

utilizando uma terapecircutica cientiacutefica mantinha seu caraacuteter ideoloacutegico quanto agrave

constituiccedilatildeo de uma visatildeo de mundo adequada agraves elites dirigentes e assumia um papel

cada vez mais importante nessa estrateacutegia de controle (ELSEN 2002)

O cuidado de enfermagem agrave crianccedila evolui em linhas gerais e superficiais

baseando-se no conhecimento da medicina de forma que o conhecimento era limitado

possibilitando apenas a fundamentaccedilatildeo de algumas teacutecnicas de trabalho mantendo

contudo extremamente limitada sua autonomia no processo de trabalho Neste contexto

Rocha e Almeida (1993) colocam

[] ao final da deacutecada de 30 as enfermeiras pediatras

identificam as limitaccedilotildees do referencial teoacuterico insuficiente em

fornecer elementos para lidar com a crianccedila e ajudaacute-la um ser

52

em crescimento e desenvolvimento temporariamente afastado de

seu ambiente e da famiacutelia durante a hospitalizaccedilatildeo Passam

entatildeo a procurar no estudo do crescimento e desenvolvimento

infantil referencial teoacuterico trazido em parte da psicologia para

instrumentalizar-se e lidar com problemas de comportamento e

nas relaccedilotildees entre a crianccedila a famiacutelia e o conjunto de pessoas

que compotildeem a equipe de sauacutede (ROCHA ALMEIDA 1993

p25)

Datam da deacutecada de 70 do seacuteculo passado as mais significativas modificaccedilotildees

ligadas ao cuidado e praacuteticas de sauacutede para a crianccedila e estatildeo relacionadas ao surgimento

e valorizaccedilatildeo do sentimento de infacircncia que natildeo era estimulado ou protegido as

evoluccedilotildees das praacuteticas meacutedicas e hospitalares e ao avanccedilo de tecnologias que possibilitam

a sobrevivecircncia de crianccedilas prematuras como o surgimento das incubadoras e

respiradores (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

Com este advento as bases da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada tecircm-se

modificado nas uacuteltimas deacutecadas estas contribuiccedilotildees estimularam e desenvolveram

diferentes perspectivas de como assistir a crianccedila no processo sauacutede-doenccedila perspectivas

estas que vecircm orientando a praacutetica pediaacutetrica Elas influenciam a visatildeo dos profissionais

sobre o ser crianccedila o papel da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem

identificados os objetivos a abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-

relacionamento da equipe de sauacutede (LIMA 1996)

Este novo perfil assistencial provoca uma grande transformaccedilatildeo na assistecircncia agrave

crianccedila favorecendo um universo mais amplo aos cuidados e modificando a finalidade

do trabalho que passa a exigir do profissional a racionalidade para a recuperaccedilatildeo do corpo

anaacutetomo-fisioloacutegico poreacutem preocupando-se agora tambeacutem com estrateacutegias que busquem

o bem-estar da famiacutelia e a qualidade de vida (GAIacuteVA SCOCHI 2004)

Todo o hospital dispotildee de uma abordagem de assistecircncia agrave crianccedila que mesmo

natildeo estando expliacutecita em suas normatizaccedilotildees pode ser facilmente identificada pela

observaccedilatildeo

As normas hospitalares riacutegidas e inflexiacuteveis que se baseavam apenas na questatildeo

da contaminaccedilatildeo do ambiente hospitalar numa oacutetica microbioloacutegica das causas das

doenccedilas foram-se modificando com o passar do tempo pois foi sendo demonstrado que

os germes hospitalares eram muito mais agressivos do que os germes que provinham do

ambiente domiciliar do paciente e de seus familiares Paralelamente a psicologia

avanccedilou no atendimento dos distuacuterbios da crianccedila evidenciando que o distanciamento

53

ou a ausecircncia dos pais em eacutepocas importantes da vida da crianccedila participavam da gecircnese

desses distuacuterbios fossem eles precoces ou tardios (ROCHA ALMEIDA 1993)

(WHALEY WONG 2015)

No Brasil a partir da constituiccedilatildeo de 1988 eacute que efetivamente avanccedilou-se no

conceito da humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila com a promulgaccedilatildeo do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente (ECA) Com a Lei nordm 8069 de 13 de julho de 1990 agrave crianccedila

passa a gozar de direitos fundamentais sendo garantidos a sauacutede alimentaccedilatildeo proteccedilatildeo

educaccedilatildeo esporte lazer e cultura E aleacutem da famiacutelia o Estado como um todo possui o

dever de zelar e garantir esses direitos baacutesicos

Entre outros avanccedilos vinculados a esta proposta estaacute o direito a internaccedilatildeo

hospitalar com o acompanhamento dos familiares (BRASIL 1991)

Com a humanizaccedilatildeo do atendimento hospitalar objetiva-se

principalmente dar apoio psicoloacutegico agrave crianccedila internada e sua

famiacutelia diminuir o tempo de internaccedilatildeo reduzir o nuacutemero de

reinternaccedilotildees trocar experiecircncias com as matildees acerca do

cuidado das crianccedilas durante o tempo de permanecircncia no

hospital Com isso pretende-se preservar a indissolubilidade do

binocircmio matildee-filho reduzir o custo da internaccedilatildeo aumentar o

calor afetivo e a colaboraccedilatildeo da equipe de sauacutede criando-se um

viacutenculo entre a famiacutelia o hospital e a comunidade (ROCHA

ALMEIDA 1997)

Contudo a praacutetica da maioria das instituiccedilotildees hospitalares em nosso paiacutes continua

a do cuidado centrado na patologia com a crianccedila internada sem a presenccedila dos

familiares natildeo havendo portanto respeito pelas necessidades da crianccedila Esta realidade

vem sendo modificada em algumas instituiccedilotildees hospitalares que desenvolvem propostas

para permitir a humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada com a permanecircncia do

acompanhante durante o tratamento e o envolvimento da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila

(SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)

Vale lembrar que nem sempre as leis satildeo colocadas em praacutetica o que reforccedila a

ideacuteia de que meros dispositivos legais natildeo resolvem os problemas sociais fazendo-se

necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas que garantam o acesso aos direitos para a edificaccedilatildeo

de uma naccedilatildeo efetivamente cidadatilde (COLLET 2001)

A hospitalizaccedilatildeo altera a vida da crianccedila e de sua famiacutelia quando a proposta de

assistecircncia eacute integral portanto humanizada esta experiecircncia estressante pode ser

amenizada pelo fornecimento de certas condiccedilotildees como a presenccedila de familiares o

54

contato com outras crianccedilas a disponibilidade afetiva dos trabalhadores de sauacutede a

informaccedilatildeo as atividades recreacionais entre outras A adoccedilatildeo do alojamento conjunto

pediaacutetrico eacute uma das estrateacutegias que possibilitam a reduccedilatildeo do estresse emocional durante

a internaccedilatildeo (LIMA 1996) (SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)

Ao pensar a inserccedilatildeo da famiacutelia no ambiente hospitalar precisamos levar em

consideraccedilatildeo seus direitos e deveres bem como o papel a ser desenvolvido A burocracia

hospitalar a falta de diretrizes de planejamento e de organizaccedilatildeo de um projeto

terapecircutico comum na unidade de pediaacutetrica demostram a possibilidade de desencadear

problemas das mais variadas ordens tanto para a equipe de sauacutede como para as crianccedilas

e suas famiacutelias (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOARES ROSA HIGARASHI

MARCON MOLINA 2016)

A evoluccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da crianccedila caminhou da internaccedilatildeo hospitalar

que rompia o viacutenculo afetivo com a famiacutelia para a proposta de alojamento conjunto que

envolve os familiares na hospitalizaccedilatildeo na promoccedilatildeo da sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas a

seus filhos

As diferentes abordagens para assistir agrave crianccedila no processo sauacutede-doenccedila

orientam e influenciam a visatildeo dos profissionais sobre o que significa ser crianccedila o papel

da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem identificados os objetivos a

abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-relacionamento da equipe de sauacutede

(ELSEN 2002)

A tendecircncia atual ainda que mal definida na praacutetica eacute prestar uma assistecircncia

integral agrave crianccedila o que pode ser entendido como olhar a crianccedila em sua totalidade um

ser em crescimento e desenvolvimento que pertence a uma famiacutelia cujos membros

portanto devem ser incluiacutedos na assistecircncia Ela eacute um ser cujo processo sauacutede ndash doenccedila eacute

determinado socialmente isto eacute pertence a um grupo social que o caracteriza (COLLET

ROCHA 2001) O quadro abaixo apresenta trecircs propostas de abordagem ao cuidado da

crianccedila hospitalizada

55

Quadro 3 - Caracteriacutesticas das abordagens de assistecircncia agrave crianccedila

Aspectos

Assistenciais

Centrada na

Patologia

Centrada na

Crianccedila

Centrada na

Famiacutelia

Foco Doenccedila da crianccedila

com abrangecircncia

intra-hospitalar

Crianccedila doente com

suas caracteriacutesticas de

desenvolvimento

abrangecircncia intra-

hospitalar

Famiacutelia vivenciando

a doenccedila e

hospitalizaccedilatildeo de

uma de suas crianccedilas

abrangecircncia intra e

extra-hospitalar

Objetivos Tratar a doenccedila ou

recuperar a sauacutede da

crianccedila

Tratar a doenccedila

minimizar os traumas

da hospitalizaccedilatildeo

favorecer o

desenvolvimento da

crianccedila estimular a

participaccedilatildeo da

famiacutelia no cuidado da

crianccedila

Tratar a doenccedila

minimizar os traumas

da hospitalizaccedilatildeo

para a crianccedila e sua

famiacutelia incentivar a

co-participaccedilatildeo da

famiacutelia nas tomadas

de decisatildeo favorecer

sua integridade e

pontencializar forccedilas

Visatildeo da

Hospitalizaccedilatildeo

Evento necessaacuterio ao

diagnoacutestico e

tratamento manejado

por uma equipe de

especialistas

Evento necessaacuterio

poreacutem determinador

de estresse para a

crianccedila

Evento estressante

para a crianccedila e sua

famiacutelia que pode

determinar ruptura no

funcionamento

familiar

Caracteriacutesticas fiacutesicas

da unidade

Ecircnfase na

organizaccedilatildeo e no

funcionamento

normas e rotinas

rigorosas

estabelecidas

pobreza de decoraccedilatildeo

ou outras

caracteriacutesticas

infantis leitos

distribuiacutedos pela

enfermaria por

patologias

Maior flexibilidade

de organizaccedilatildeo e

funcionamento

decoraccedilatildeo infantil

ambiente para

recreaccedilatildeo e

caracteriacutesticas fiacutesicas

adequadas agraves

necessidades das

diferentes faixas

etaacuterias e ao conforto

do acompanhamento

leitos distribuiacutedos

conforme a idade e as

necessidades das

crianccedilas

Flexibilizaccedilatildeo de

organizaccedilatildeo e

funcionamento com

vistas tanto a

favorecer a atuaccedilatildeo

da equipe como da

famiacutelia decoraccedilatildeo

infantil local para

recreaccedilatildeo e conviacutevio

entre famiacutelia-crianccedila-

equipe

Tomada de decisotildees Vertical centrada na

figura do meacutedico

Horizontal poreacutem

centrada na equipe de

sauacutede

Horizontal

compartilhada entre a

equipe e a famiacutelia

Avaliaccedilatildeo Baseada em criteacuterios

objetivos como

evoluccedilatildeo dos sinais e

sintomas tempo de

hospitalizaccedilatildeo

estatiacutestica de alta com

Baseada nos mesmos

criteacuterios objetivos e

outros subjetivos

como o grau de

participaccedilatildeo da

crianccedila e da famiacutelia

influencias no

Baseada nos mesmos

criteacuterios objetivos e

subjetivos anteriores

e outros como

satisfaccedilatildeo e niacutevel de

funcionamento da

famiacutelia tanto no

56

a doenccedila curada

melhorada oacutebitos

comportamento

assim como no

crescimento e

desenvolvimento da

crianccedila

acircmbito hospitalar

como na busca e

utilizaccedilatildeo dos

recursos da

comunidade extra-

hospitalar

Fonte PETTENGIL RIBEIRO BORBA O cuidado centrado na crianccedila e sua famiacutelia uma

perspectiva para a atuaccedilatildeo do enfermeiro pediaacutetrico In ALMEIDA FA SABATEacuteS AL

Enfermagem pediaacutetrica a crianccedila o adolescente e sua famiacutelia no hospital p 35-37 2008

A abordagem do cuidado a crianccedila a partir da perspectiva familiar eacute parte processo

de humanizaccedilatildeo da assistecircncia A preocupaccedilatildeo com a humanizaccedilatildeo da assistecircncia

hospitalar natildeo se restringe agrave atenccedilatildeo agrave crianccedila mas integra uma nova cultura nacional de

melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais expressa por meio do

aperfeiccediloamento da gestatildeo hospitalar da melhoria da infraestrutura das instituiccedilotildees e do

fortalecimento do compromisso da equipe de profissionais de sauacutede (BRASIL 2001)

A Poliacutetica Nacional de humanizaccedilatildeo entende que para que exista humanizaccedilatildeo eacute

preciso haver a valorizaccedilatildeo da dimensatildeo subjetiva e social em todas as praacuteticas de atenccedilatildeo

agrave sauacutede fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadatildeo (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011) Esta vem se estruturando e solidifica-se por meio de

um conjunto de elementos tecnocientiacuteficos e subjetivos os quais direcionam as accedilotildees para

o cuidado com as pessoas Esta forma de cuidar deve ser iniciada no acircmbito familiar mas

ao mesmo tempo ser consolidada por accedilotildees nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede acessiacuteveis e

resolutivas (BRASIL 2001) (SILVA VIERA 2014)

Faz parte tambeacutem deste processo de valorizaccedilatildeo da integralidade e resolutividade

assistencial a construccedilatildeo das redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila e agrave sauacutede familiar

Busca-se com as redes de sauacutede a produccedilatildeo de sauacutede a co-responsabilidade dos atores

envolvidos no processo o fortalecimento do controle social com caraacuteter participativo em

todas as instacircncias gestoras do SUS compromisso com a democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de

trabalho e valorizaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede estimulando processos de educaccedilatildeo

permanente (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

A integralidade do cuidado amplamente discutida e difundida haacute tantos anos pelas

enfermeiras encontra na humanizaccedilatildeo um instrumento consolidador deste modo operante

da profissatildeo

Promover um cuidado humanizado e de qualidade a esta clientela vincula-se a

processos que natildeo se expressam por caracterizaccedilotildees e definiccedilotildees precisas e facilmente

medidas Envolver a famiacutelia no cuidado por exemplo eacute ir aleacutem da sua participaccedilatildeo na

57

divisatildeo funcional de tarefas Implica compreender a dimensatildeo social na qual as famiacutelias

estatildeo inseridas levando-se em consideraccedilatildeo suas demandas psiacutequicas emocionais

afetivas Significa apreender a famiacutelia natildeo mais de forma estereotipada e idealizada mas

na complexidade do seu processo social de sua subjetividade enfim de suas relaccedilotildees

Enfim eacute preciso que se pense coletivamente na construccedilatildeo de um projeto

terapecircutico sem estruturaccedilotildees riacutegidas com a possibilidade de repensar e refazer no

cotidiano as accedilotildees de cuidado e organizacionais (SOARES ROSA HIGARASHI

MARCON MOLINA 2016)

161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila

Existem inuacutemeras razotildees para a internaccedilatildeo de crianccedilas ou adolescentes em uma

unidade hospitalar A principal delas eacute a obtenccedilatildeo do pleno restabelecimento fiacutesico sem

agravos no estado psicoemocional aos quais estaacute clientela estaacute sujeita em decorrecircncia de

vaacuterias situaccedilotildees que lhe satildeo peculiares durante a internaccedilatildeo hospitalar como a separaccedilatildeo

dos pais os procedimentos dolorosos invasivos e desconhecidos entre outros

No entanto para que essa hospitalizaccedilatildeo seja segura no mais amplo sentido o

planejamento do cuidado deve ser feito pelo enfermeiro de modo que atenda as

caracteriacutesticas do crescimento e desenvolvimento dessa clientela e ainda seja harmocircnico

com as necessidades da famiacutelia e equipe de sauacutede favorecendo a humanizaccedilatildeo e

seguranccedila do atendimento (COLLET ROCHA 2001) (GAIacuteVA SOUZA XAVIER

2013)

Na maioria das instituiccedilotildees hospitalares ainda vigora a perspectiva biologicista

dando ecircnfase agrave doenccedila da crianccedila e ao seu tratamento Os pais satildeo obrigados a seguir uma

organizaccedilatildeo predeterminada pelos serviccedilos Natildeo existindo estiacutemulo para a participaccedilatildeo e

o envolvimento deles nas decisotildees relativas ao tratamento e aos cuidados prestados aos

filhos atuando mais como expectadores da assistecircncia (COLLET 2001)

Eacute importante salientar que o cuidado de enfermagem agrave crianccedila natildeo se restringe agrave

busca do ecircxito teacutecnico pois apesar da preocupaccedilatildeo do enfermeiro com as praacuteticas de

sauacutede por meio de accedilotildees curativistas deve-se atentar para as atitudes compreensivas no

processo de cuidar caminhando para a construccedilatildeo de novos entendimentos das situaccedilotildees

que a crianccedila e a famiacutelia enfrentam (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA

2010)

58

O modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila implementado pelo hospital implica o

desenvolvimento de accedilotildees para o cuidado tais praacuteticas para serem integrais e

possibilitarem intervenccedilotildees geradoras de bem-estar e qualidade de vida precisam ser

sistematizadas portanto o enfermeiro que atua nestes espaccedilos deve utilizar a SAE e o PE

para efetuar sua praacutetica profissional junto agrave crianccedila

A SAE em pediatria requer o planejamento e implementaccedilatildeo de accedilotildees em uma

abordagem processual que fundamente a tomada de decisotildees acerca do cuidado

(WHALEY WONG 2015) Aos enfermeiros que atuam na pediatria cabe o desafio de

adequar a SAE aacutes necessidades das crianccedilas e suas famiacutelias pois o contexto do hospital

algumas vezes provoca nos profissionais uma forte tendecircncia em focar sua atenccedilatildeo no

cliente de forma fragmentada percebendo cliente e famiacutelia a partir de uma visatildeo

dicotomizada inviabilizando uma abordagem humaniacutestica do cuidado (SOUSA

GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

Horta (1979) afirma que a variaccedilatildeo das necessidades de um indiviacuteduo para o outro

se daacute na maneira como se manifesta e como satildeo satisfeitas ou atendidas Alguns fatores

interferem na manifestaccedilatildeo ou no atendimento entre eles podem ser descritos a

individualidade a idade o sexo a cultura a escolaridade os fatores socioeconocircmicos o

ciclo sauacutede-enfermidade e o ambiente fiacutesico

A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada

e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila da crianccedila

Dessa forma a atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades

individuais e com isso promove o crescimento e desenvolvimento saudaacutevel assim como

a prevenccedilatildeo de doenccedilas (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)

Desta forma devemos considerar a SAE portanto um instrumento que

proporciona natildeo apenas uma melhora na qualidade da assistecircncia mas tambeacutem confere

ao profissional maior autonomia de suas accedilotildees o respaldo legal e ao aumento do viacutenculo

entre o profissional e o paciente (CARVALHO SILVA FERREIRA CORREA 2008)

Enquanto processo organizacional ela eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o

desenvolvimento de meacutetodos interdisciplinares e humanizados de cuidado (MOREIRA

etal2012)

Para Duran e Toledo (2011) o processo de enfermagem contribui para minimizar

complicaccedilotildees referentes ao estado de sauacutede e cuidados prescritos bem como maior

estabilidade e seguranccedila na assistecircncia prestada Por isso a seguranccedila da assistecircncia agrave

59

crianccedila deve ser preservada considerando a maior vulnerabilidade do grupo de

atendimento (GAIacuteVA SOUZA XAVIER 2013)

Neste contexto a SAE eacute de extrema importacircncia pois direciona as intervenccedilotildees

conforme as necessidades do paciente aleacutem de facilitar a avaliaccedilatildeo dos cuidados de

enfermagem Estudo desenvolvido avaliando a utilizaccedilatildeo da sistematizaccedilatildeo do cuidado

ao receacutem-nascido internado em UTI neonatal concluiu que a SAE garante a qualidade e

a organizaccedilatildeo da assistecircncia o que promove maior sobrevida e menor tempo de

permanecircncia da crianccedila na UTIN (MOREIRA etal2012)

Assim a aplicaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees de sauacutede apresenta como aspectos

positivos seguranccedila no planejamento execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das condutas de enfermagem

individualizaccedilatildeo da assistecircncia visibilidade e autonomia para o enfermeiro (SILVA

OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

Com isso a SAE acaba por se constituir um processo de qualificaccedilatildeo profissional

que aleacutem de propiciar valorizaccedilatildeo do papel do enfermeiro na Instituiccedilatildeo induz maior

qualidade da assistecircncia como poderoso veiacuteculo que requer pensamento criacutetico e criativo

para desenvolver um cuidado de excelecircncia e boa relaccedilatildeo custobenefiacutecio desenvolvendo

um ambiente de assistecircncia agrave sauacutede multidisciplinar (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013)

162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila

A implementaccedilatildeo do PE deve promover o encontro de subjetividade entre o

profissional de enfermagem e a famiacutelia da crianccedila Desse encontro surgem novas

compreensotildees e interpretaccedilotildees que contribuem para o sucesso do cuidado e a superaccedilatildeo

da crise ocorrida durante a hospitalizaccedilatildeo (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do PE aleacutem de organizar o cuidado prestado

proporciona tambeacutem melhor comunicaccedilatildeo pois evita interpretaccedilatildeo duvidosa e encoraja a

participaccedilatildeo do cliente no planejamento e na assistecircncia de enfermagem individualizada

e humanizada Auxilia ainda a definir o papel do enfermeiro junto ao cliente e a outros

profissionais de sauacutede intensificando a satisfaccedilatildeo profissional e acentuando o

desenvolvimento de habilidades cognitivas teacutecnicas e interpessoais (MOREIRA

etal2012)

60

Assim para que a accedilatildeo do profissional de enfermagem seja feita a partir de

condutas e atitudes seguras que embasem a tomada de decisotildees relacionadas ao cliente o

conhecimento constitui valor de grande importacircncia (COLLET ROCHA 2001)

(MOREIRA etal2012) No caso da crianccedila todo o arcabouccedilo de conhecimento

relacionados ao seu processo de crescer e desenvolver devem ser considerados de forma

que o cuidado a ser prestado seja significativo e faccedila alteraccedilotildees positivas no estado de

sauacutede da crianccedila e dos familiares envolvidos no processo

A baixo satildeo descritas de acordo com as fases do processo de enfermagem algumas

especificidades levantadas em bibliografias que precisam ser abordados ao momento de

organizar o gerenciamento do cuidado a crianccedila e sua famiacutelia jaacute que estas especificidades

relacionadas a clientela infantil proporcionaram maior embasamento para a tomadas de

decisotildees criacuteticas e natildeo meramente advindas de uma seacuterie de tentativas

Fase I - Histoacuterico de enfermagem

Consiste no levantamento de dados obtidos por meio de diferentes fontes de

informaccedilatildeo requer do enfermeiro habilidades diferenciadas como a capacidade de

observaccedilatildeo comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com o paciente aleacutem do conhecimento especiacutefico

(COLLET OLIVEIRA 2002) (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA 2013)

Conveacutem reunir o maior nuacutemero de informaccedilotildees possiacuteveis referentes aos aspectos

fiacutesicos sensomotores intelectuais soacutecio-afetivos da crianccedila a fim de avaliar seu niacutevel de

desenvolvimento e propor em seguida accedilotildees e encaminhamentos que favoreccedilam o seu

desenvolvimento (SCHMITZ 2005)

No histoacuterico de pediatria alguns pontos devem ser observado ao momento da

coleta da informaccedilatildeo deve ser concedido espaccedilo para a crianccedila participar da entrevista

juntamente com sua famiacutelia considerando suas colocaccedilotildees e ponto de vista a

caracteriacutestica e estrutura interna da famiacutelia deve ser coletado por meio de diagramas como

o genograma e o ecomapa o cuidador principal da crianccedila deve ser identificado no

atendimento de lactentes ou de patologias correlacionadas a injurias na gestaccedilatildeo o

histoacuterico deste periacuteodo deve ser coletado atividades recreacionais e educacionais devem

ser levantadas a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento deve ser feita comparando as habilidades

e marcos de desenvolvimento para cada estaacutegio (WHALEY WONG 2015)

61

Fase II - Diagnoacutestico de Enfermagem

Consiste no julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo famiacutelia ou

comunidade aos problemas de sauacutede processos de vida vigentes e potenciais

proporcionando a base para a seleccedilatildeo de intervenccedilotildees de enfermagem visando ao alcance

de resultados pelo qual o enfermeiro eacute responsaacutevel (CARPENITO 2005) (NANDA

2008)

Para que o enfermeiro possa realizar o diagnoacutestico faz se necessaacuterio utilizar um

sistema uacutenico de classificaccedilatildeo Existem cinco tipos de diagnoacutesticos de enfermagem (reais

de risco de bem-estar de promoccedilatildeo a sauacutede e de siacutendrome) sendo que os diagnoacutesticos

reais e de risco satildeo os mais utilizados na praacutetica (NANDA 2008)

Estudo que avaliou os diagnoacutesticos de enfermagem mais utilizados no cuidado a

crianccedila elencou nove diagnoacutesticos reais segundo a taxonomia da NANDA natildeo

relacionados a patologias como os mais utilizados Proteccedilatildeo ineficaz Comunicaccedilatildeo

verbal prejudicada Processos familiares interrompidos Mobilidade fiacutesica prejudicada

Padratildeo de sono perturbado Atividades de recreaccedilatildeo deficientes Medo Ansiedade

Tensatildeo do papel do cuidador (SILVA 2004) (SIQUEIRA 2005) (MONTEIRO

SILVALOPES 2006)

Fase III - Planejamento de Enfermagem

A formulaccedilatildeo do plano eacute a fase de tomada de decisatildeo do processo baseado no

diagnoacutestico de enfermagem especiacutefico formulado de modo que permita uma meta ou

resultado esperado (CARPENITO 2005)

Nesta fase eacute importante acrescentar ao plano de metas a participaccedilatildeo da famiacutelia

no cuidado (LIMA 1996) (COLLET 2001) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS

SILVA 2011) aleacutem de incluir as potencialidades inerentes aos recursos humanos e a

estrutura fiacutesica das unidades de cuidado agrave crianccedila Estes espaccedilos geralmente possuem uma

estrutura fiacutesica especiacutefica a infacircncia e singular frente a outras clinicas hospitalares como

brinquedotecas ambiente para a educaccedilatildeo durante a internaccedilatildeo banco de leite e lactaacuterios

etc (WHALEY WONG 2015)

Fase IV - Prescriccedilatildeo de Enfermagem

Nesta etapa da SAE o enfermeiro decide acerca das condutas a serem

implantadas objetivando uma assistecircncia personalizada e de qualidade As intervenccedilotildees

62

de enfermagem constituem-se em estrateacutegias especiacuteficas que auxiliam tanto a crianccedila

como a famiacutelia a chegar aos resultados Envolve tomada de decisatildeo do profissional na

medida em que ele indica o tipo de cuidado necessaacuterio em uma determinada situaccedilatildeo

(HORTA 1979) (CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)

A prescriccedilatildeo de enfermagem em pediatria deve incluir itens relacionados a

cuidados padronizados e comuns a todas as crianccedilas internadas cuidados especiacuteficos aos

problemas identificados atividades de estimulaccedilatildeo neuropsicomotora de acordo com o

estaacutegio de desenvolvimento do cliente orientaccedilotildees a crianccedilas e adolescentes

acompanhantes visitantes encaminhamento a outros profissionais (WHALEY WONG

2015)

Fase V - Avaliaccedilatildeo de Enfermagem

Eacute o registro realizado apoacutes a avaliaccedilatildeo do estado geral da crianccedila com o objetivo

de nortear o planejamento da assistecircncia a ser prestada e informar o resultado das

condutas de enfermagem implementadas Neste registro deve constar os problemas novos

identificados um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas

a serem abordados nas 24 horas subsequentes (CAMPEDELLI 1989)

(CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)

Alguns itens satildeo considerados importantes para a avaliaccedilatildeo dos pacientes

pediaacutetricos a caracterizaccedilatildeo da crianccedila quanto ao seu estaacutegio de desenvolvimento

(lactente preacute-escolar etc) dependecircncia para o autocuidado alteraccedilotildees observadas no

desenvolvimento reaccedilotildees emocionais observadas na crianccedila em relaccedilatildeo a interaccedilatildeo com

a famiacutelia equipe e ambiente uso de objetos preferidos (chupeta paninho brinquedo) ou

rituais (chupar dedo enrolar cabelo etc)

Compreendendo que a implementaccedilatildeo do PE promove um meacutetodo organizado e

individualizado para o cuidado de enfermagem agrave sauacutede da crianccedila por permitir o

envolvimento da crianccedila famiacutelia e das equipes de sauacutede nas diferentes etapas do processo

facilitando a continuidade dos processos e prevenindo omissotildees e repeticcedilotildees

desnecessaacuterias (MOREIRA etal2012) Cabe ao enfermeiro o desafio de adequar o

conhecimento disponiacutevel incentivar a participaccedilatildeo da equipe de enfermagem tanto no

planejamento como na implementaccedilatildeo do PE para que seu uso seja de fato efetivo na

praacutetica com resultados positivos na qualidade da assistecircncia

63

2- REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 - A TEORIA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ORIGEM CONCEITO E

DEFINICcedilOtildeES

[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam elas entre

duas pessoas ou entre dois grupos pressupotildeem

representaccedilotildees Na realidade eacute isso que as caracteriza

(Serge Moscovici)

Definida como o ldquoconjunto de conceitos frases e explicaccedilotildees originaacuterias na vida

diaacuteria durante o curso das comunicaccedilotildees interpessoaisrdquo (Moscovici 1978 p181) as

representaccedilotildees sociais englobam uma vasta gama de crenccedilas ideologias opiniotildees e

valores que satildeo socialmente construiacutedos por grupos delimitados acerca de um

determinado objeto de pesquisa presente na realidade existencial concreta As

Representaccedilotildees Sociais configuram-se como uma estrateacutegia particular de apropriaccedilatildeo

dos grupos sociais para orientar e justificar as tomadas de decisotildees em relaccedilatildeo ao objeto

de investigaccedilatildeo em estudo (MOSCOVICI 2003)

A representaccedilatildeo social designa tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito

que os engloba eacute a teoria construiacuteda para explicaacute-los bem como afirmaccedilotildees que se

originam no cotidiano atraveacutes de comunicaccedilotildees inter-individuais que contribuem para a

formaccedilatildeo de condutas e a orientaccedilatildeo das comunicaccedilotildees sociais (SAacute 2005)

O percussor do conceito das RS foi Durkheim que a partir da noccedilatildeo de

representaccedilatildeo coletiva defendida pela escola positivista de tradiccedilatildeo socioloacutegica

possibilitou a definiccedilatildeo do novo conceito Foi com o psicoacutelogo social Serve Moscovici

nas deacutecadas de 1960 e 1970 que ela ganhou uma nova configuraccedilatildeo cientiacutefica

conquistando gradativamente espaccedilo e aceitaccedilatildeo acadecircmica no campo das Ciecircncias

Humanas e das Ciecircncias Sociais Aplicadas a partir dos anos 80 tanto em niacutevel nacional

quanto internacional Essa linha de pensamento tem como pressuposto baacutesico considerar

a sociedade como um conjunto de fatos sociais ou seja as representaccedilotildees natildeo poderiam

ser reduzidas a representaccedilotildees individuais (ARRUDA 2002)

As representaccedilotildees coletivas se constituem fora da consciecircncia e estatildeo presentes

nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e os grupos em que a vida representativa se estende para

aleacutem de fenocircmenos meramente fiacutesicos e psiacutequicos implica nas maneiras de agir e pensar

64

Assim essas maneiras de pensar e agir satildeo construccedilotildees coletivas e portanto natildeo derivam

de indiviacuteduos isolados (TURA MOREIRA 2005)

Desde a origem da formulaccedilatildeo proposta por Moscovici em 1961 as

representaccedilotildees sociais satildeo caracterizadas como fenocircmenos complexos que dizem respeito

ao processo pelo qual o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no contexto

de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)

Para Abric (2003) as RS satildeo um conjunto organizado e estruturado de

informaccedilotildees crenccedilas opiniotildees e atitudes Jaacute Jodelet (2005) afirma que as RS circulam

nos discursos satildeo trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagens e imagens

midiaacuteticas cristalizadas em condutas e em organizaccedilotildees materiais e espaciais Para

Markovaacute (2006) as representaccedilotildees sociais satildeo fenocircmenos dinacircmicos e abertos e o

conceito da representaccedilatildeo social eacute formado e retransformado juntamente com a

transformaccedilatildeo da sua teoria Na perspectiva de Moreira e colaboradores (2007) elas satildeo

o equivalente em nossa sociedade aos mitos e sistemas de crenccedilas das sociedades

tradicionais podendo ser consideradas como a versatildeo contemporacircnea do senso comum

Portanto as representaccedilotildees sociais se configuram um tipo de conhecimento do

senso comum que se constroacutei a partir da influecircncia social e individual (subjetividade)

Estudar o senso comum o conhecimento popular eacute afirmar que se estaacute estudando algo

que liga a sociedade ou indiviacuteduos agrave sua cultura sua linguagem seu mundo familiar

Esse aspecto eacute justificado pela polifasia cognitiva na transformaccedilatildeo das noccedilotildees do

senso comum em noccedilotildees cientiacuteficas e vice-versa os limites e os problemas de tais

transformaccedilotildees por serem as representaccedilotildees sociais vivas tomando forma nesta tensatildeo e

conflito inerente ao pensamento e a cultura (ARRUDA 2002)

De acordo com Saacute (2005) quando aceitamos estudar as representaccedilotildees sociais

buscamos pesquisar um fenocircmeno que nos chama atenccedilatildeo a partir de sua relevacircncia

social seu valor intriacutenseco ou sua relevacircncia acadecircmica Os fenocircmenos referentes agraves

representaccedilotildees sociais podem circular por vaacuterios acircmbitos culturais ou sociais

Os fenocircmenos da representaccedilatildeo social estatildeo na cultura nas

instituiccedilotildees nas praacuteticas sociais nas comunicaccedilotildees

interpessoais e de massa e nos pensamentos individuais [] os

fenocircmenos satildeo [] difusos fugidos multifacetados em

constante movimento e presentes em inuacutemeras instacircncias da

interaccedilatildeo social (SAacute 2005p21)

65

Nobrega (2003) enfoca que as representaccedilotildees sociais satildeo elaboradas no acircmbito

dos fenocircmenos comunicacionais que repercutem sobre as mudanccedilas sociais Eacute importante

pensar os fenocircmenos das representaccedilotildees sociais em termos de status simboacutelico A esse

respeito Moscovici (2003) compreende que as RS satildeo portanto

Entidades quase tangiacuteveis que circulam cruzam-se e se

cristalizam incessantemente atraveacutes de uma fala um gesto um

encontro em nosso universo cotidiano A maioria das relaccedilotildees

sociais estabelecidas os objetos produzidos ou consumidos as

comunicaccedilotildees trocadas delas estatildeo impregnados []

Correspondem por um lado agrave substacircncia simboacutelica que entra

na elaboraccedilatildeo e por outro agrave praacutetica que produz a dita

substacircncia tal como a ciecircncia ou os mitos correspondem a uma

praacutetica cientiacutefica e miacutetica (MOSCOVICI 2003 p41)

Portanto ao abordar a constituiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais Moscovici ressalta

que este eacute um processo que preconiza trocas e composiccedilatildeo de ideacuteias as quais visam a

responder demandas individuais e coletivas Dessa forma as representaccedilotildees sociais

[] satildeo sobretudo o objeto de um permanente trabalho social

no e atraveacutes do discurso de tal modo que cada novo fenocircmeno

pode sempre ser reincorporado dentro de modelos explicativos e

justificativos que satildeo familiares e consequentemente aceitaacuteveis

Esse processo de troca e composiccedilatildeo de ideacuteias eacute sobretudo

necessaacuterio pois ele reponde agraves duplas exigecircncias dos indiviacuteduos

e das coletividades [] para construir um sistema de

pensamento e compreensatildeo e por outro lado para adotar visotildees

consensuais de accedilatildeo que lhes permitem manter viacutenculo social

ateacute mesmo a continuidade da comunicaccedilatildeo da ideacuteia

(MOSCOVICI 2003 p216)

Para tanto eacute preciso considerar que o sujeito eacute um ser permeado de crenccedilas e

valores que satildeo embutidos ao longo da sua vida a partir de suas experiecircncias e vivecircncias

socialmente compartilhadas relacionadas ao seu esforccedilo para o enfrentamento de

situaccedilotildees cotidianas as quais orientam a sua conduta e a sua comunicaccedilatildeo As RS podem

influenciar o comportamento do indiviacuteduo participante de uma coletividade dessa forma

o proacuteprio coletivo penetra dentro do pensamento individual (TURA MADEIRA SILVA

GAZE CARVALHO 2008)

O sujeito interpreta e compreende diversas situaccedilotildees nas quais se encontra mas

pode se comportar de forma diferente diante de um procedimento aparentemente idecircntico

de acordo com a sua representaccedilatildeo perante o objeto considerado e o ambiente a que ele

66

pertenccedila a partir da transformaccedilatildeo do conhecimento interaccedilotildees subjetivas e relaccedilotildees

interpessoais (OSOacuteRIO QUEIROZ 2007)

A representaccedilatildeo natildeo eacute um simples reflexo da realidade mas uma organizaccedilatildeo

significativa que depende ao mesmo tempo de fatores contingentes tais como natureza

e dificuldades colocadas pela situaccedilatildeo contexto imediato finalidade da situaccedilatildeo e de

fatores mais gerais que ultrapassam a proacutepria situaccedilatildeo como contexto social e ideoloacutegico

lugar do indiviacuteduo na organizaccedilatildeo social histoacuteria do indiviacuteduo e do grupo relaccedilotildees de

poder socialmente estabelecidas

A TRS procura esclarecer qual eacute o caminho percorrido pelas abstraccedilotildees

cientiacuteficas por ser uma teoria da crenccedila e do conhecimento de seus respectivos conteuacutedos

aproximando os problemas da teoria do pensamento social agravequeles da epistemologia O

senso comum eacute o pensamento social por excelecircncia por isso eacute o mais compartilhado e o

mais utilizado no cotidiano em qualquer sociedade (MOSCOVICI 2003)

Portanto os profissionais que atuam no cuidado hospitalar agrave crianccedila satildeo seres de

categorias e formaccedilatildeo diferentes mas que dividem o mesmo objeto e ambiente de

trabalho cada um com a sua experiecircncia e conhecimentos variados que guiam suas

condutas posturas e atitudes de abordagem atendimento e comunicaccedilatildeo interpessoal

Cada indiviacuteduo possui as suas crenccedilas e valores que norteiam seus comportamentos que

poderatildeo conduzir processos de decisatildeo

A TRS pode se manifestar neste estudo de vaacuterias maneiras devido a sua

flexibilidade diante dos diversos fenocircmenos que ocorrem em torno da SAE no

atendimento agrave crianccedila e sua famiacutelia Tanto a utilizaccedilatildeo da SAE quanto a aplicaccedilatildeo da

TRS envolvem a participaccedilatildeo de um sujeito e um objeto numa relaccedilatildeo complexa de

interdependecircncia entre os personagens que permeado pelo ambiente rico nas suas

interaccedilotildees rotineiras eacute capaz de interferir nas condutas e atitudes da equipe Neste

processo o conhecimento eacute compartilhado e agregado aos jaacute existentes construindo as

rotinas e cultura do ambiente

212 ndash Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e

Ancoragem

Para se realizar um estudo sobre as representaccedilotildees sociais eacute necessaacuterio delimitar

o objeto a ser pesquisado De acordo com Saacute (2005) o objeto de pesquisa eacute formado a

67

partir da simplificaccedilatildeo e compreensatildeo do fenocircmeno da representaccedilatildeo social pela teoria

conforme a finalidade da pesquisa A construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais inicia-se na

relaccedilatildeo de como o sujeito representa o objeto

Entretanto representar algo consiste natildeo somente em descrevecirc-lo ou reproduzi-

lo eacute reconstruiacute-lo modificaacute-lo a partir de trocas interaccedilotildees e experiecircncias humanas De

haacutebito precisa-se necessariamente das informaccedilotildees das palavras do conhecimento para

compreender ou descrever os fenocircmenos que aparecem no ambiente (ESCUDEIRO

1997)

Por meio da TRS Moscovici definiu padrotildees para analisar cientificamente o

conhecimento produzido dos processos de comunicaccedilotildees sociais denominado de ldquosenso

comumrdquo os quais refletem nas mudanccedilas e interaccedilotildees do grupo Com a aplicaccedilatildeo da TRS

esse conhecimento antes banalizado passou a ter importacircncia cientiacutefica e diversos

estudos foram desenvolvidos buscando compreender o comportamento social

(NOacuteBREGA 2001)

A interaccedilatildeo de saberes e conhecimento satildeo indispensaacuteveis para o bom

atendimento a crianccedila devido suas especialidades e fragilidades atreladas ao processo de

crescimento e desenvolvimento eacute nesta perspectiva que a TRS de Serge Moscovici

(1978) a partir de seus conceitos e definiccedilotildees possibilita englobar todo o contexto que

permeia o desenvolvimento da Assistecircncia Sistematizada de Enfermagem a esta clientela

Na dinacircmica do atendimento a crianccedila os profissionais interagem entre si para sanar as

dificuldades e necessidades relativas ao processo de internaccedilatildeo o objetivo maior consiste

em prestar atendimento seguro e de qualidade

Conforme postula a TRS natildeo existe representaccedilatildeo que natildeo seja de um objeto e de

um sujeito O sujeito se apropria e constroacutei as representaccedilotildees processos que podem ser

cognitivos do tipo emocional ou depender de uma experiecircncia particular que inclua uma

accedilatildeo no mundo Esses fenocircmenos que ocorrem de maneira cotidiana pelas accedilotildees de um

ou vaacuterios sujeitos soacute poderiam existir pela presenccedila de um objeto (MOREIRA

CAMARGO 2007)

Assim as RS tornam lsquofamiliarrsquo o que natildeo o eacute fazendo com que o objeto de

representaccedilatildeo (material ou natildeo material) a ser processado mentalmente pelos sujeitos

sociais sofra determinadas transformaccedilotildees Isto significa dizer que no processo de

formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social estatildeo presentes dois conceitos determinantes a

saber objetivaccedilatildeo e ancoragem

68

Baseado em Moscovici (1978 p76) a elaboraccedilatildeo e funcionamento de uma

representaccedilatildeo podem ser compreendidos atraveacutes dos processos de objetivaccedilatildeo e

ancoragem eles fazem com que o pensamento a ideacuteia se concretize por meio da accedilatildeo

humana O primeiro pode ser entendido como o ato de ldquoreabsorver um excesso de

significaccedilotildees materializando-asrdquo Eacute tambeacutem transplantar para o niacutevel de observaccedilatildeo o

que antes era apenas inferecircncia ou siacutembolo

Moscovici (1978) introduz assim os processos de objetivaccedilatildeo e ancoragem que

datildeo origem agraves representaccedilotildees sociais

O processo de objetivaccedilatildeo consiste na operaccedilatildeo que permite

tornar concretos os conceitos abstratos ao materializar

abstraccedilotildees em imagens ldquo A objetivaccedilatildeo eacute caracterizada como

passagem de conceitos ou ideacuteias para esquemas ou imagens

concretas os quais pela generalidade de seu emprego se

transformam em supostos reflexos do real (MOSCOVICI 1978

p289)

A objetivaccedilatildeo eacute uma etapa importante no desenvolvimento das RS visto que ela

significa dar forma ao pensamento cognitivo agraves ideacuteias Constitui-se em trecircs fases a

seleccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo da teoria a formaccedilatildeo do nuacutecleo figurativo e a

naturalizaccedilatildeo

A primeira fase eacute a triagem de elementos a partir do campo da cultura e

especialmente normativos informaccedilotildees cientiacuteficas que satildeo apropriadas por puacuteblico

determinado de acordo com esquemas que lhes satildeo proacuteprios a seguinte satildeo elementos

que formam um conjunto coerente e imageacutetico que torna concreto aquilo que eacute abstrato

e finalmente a naturalizaccedilatildeo que consiste nos vaacuterios elementos do nuacutecleo figurativo que

satildeo coordenados e tornam-se elementos da realidade Transformam-se em evidecircncia que

orientam as percepccedilotildees e o julgamento da realidade socialmente construiacuteda (TURA

MOREIRA 2005)

A objetivaccedilatildeo pode ser definida como a transferecircncia de uma ideacuteia de um

conceito ou de uma opiniatildeo em algo concreto Cristaliza-se a partir de um processo

figurativo e social e passa a constituir um nuacutecleo figurativo de uma determinada

representaccedilatildeo seguidamente evocada concretizada e disseminada como se fosse o real

daqueles que o expressam (COELHO SILVA PADILHA 2009)

Outro processo de funcionamento da TRS eacute a ancoragem que se refere agrave

incorporaccedilatildeo de novas informaccedilotildees ao sistema de categorias sociais jaacute existentes

69

comparando-as interpretando-as e reproduzindo-as para que adquiram caracteriacutesticas e

se ajustem agraves relaccedilotildees do grupo (MOSCOVICI 2003)

A ancoragem ou seja a inserccedilatildeo do novo objeto no acervo de conhecimentos jaacute

existentes constitui-se como uma rede de significaccedilotildees em torno do objeto relacionando-

o a valores e praacuteticas sociais

A representaccedilatildeo sempre se constroacutei sobre algo jaacute pensado ou manifesto A

familiarizaccedilatildeo com o estranho pode com a ancoragem fazer prevalecer quadros de

pensamento antigos posiccedilotildees preestabelecidas utilizando mecanismos como a

classificaccedilatildeo a categorizaccedilatildeo e a rotulaccedilatildeo E classificar comparar rotular supotildee sempre

um julgamento que revela algo da teoria que temos sobre o objeto classificado (COELHO

SILVA PADILHA 2009)

Para Arruda (2002) a ancoragem daacute significado ao objeto desconhecido o natildeo

familiar torna-se familiar O indiviacuteduo recorre ao que eacute familiar para fazer uma espeacutecie

de modificaccedilatildeo da novidade traz ao terreno conhecido ancora o desconhecido neste

lugar retirando-o assim do territoacuterio natildeo familiar

Para Jodelet (2005) no processo de formaccedilatildeo das representaccedilotildees

[] a ancoragem interveacutem assegurando sua incorporaccedilatildeo ao

social [] enraiacuteza a representaccedilatildeo e seu objeto numa rede de

significaccedilotildees que permite situaacute-los em relaccedilatildeo aos valores

sociais e dar-lhe coerecircncia [] A ancoragem serve para a

instrumentalizaccedilatildeo do saber conferindo-lhe um valor funcional

para a interpretaccedilatildeo e a gestatildeo do ambiente (JODELET 2005

p38-39)

Ao procurar compreender o novo o natildeo familiar dialogamos com nossos

conhecimentos e experiecircncias anteriores preexistentes e assim ancoramos o novo em um

enquadramento de saberes (valores cogniccedilotildees afetividades) jaacute vivenciado Eacute nesse

sentido que eacute afirmado haver um contiacutenuo processo dialeacutetico de construccedilatildeo de

conhecimento pelo qual aderimos integralmente ou natildeo agraves novidades ao que nos eacute

proposto de acordo com o conhecimento e valores que tiacutenhamos

213 ndash A Teoria do Nuacutecleo Central e Perifeacuterico em Representaccedilatildeo Social

A Teoria do Nuacutecleo Central ou Teoria da Abordagem Estrutural das

Representaccedilotildees Sociais de Jean-Claude Abric pretende prioritariamente estabelecer o

70

iniacutecio e a organizaccedilatildeo da RS explicando a estruturaccedilatildeo das representaccedilotildees sociais

(ABRIC 2003)

Para o autor uma representaccedilatildeo social eacute organizada em torno de dois subsistemas

distintos quais sejam central e perifeacuterico Nesse arranjo o sistema central eacute composto

por um ou mais elementos que oferece grande dimensatildeo e solidez agrave representaccedilatildeo eacute

responsaacutevel pela unificaccedilatildeo desta sendo responsaacutevel pela significaccedilatildeo da representaccedilatildeo

social Pode ser entendido como um espaccedilo onde haacute conformidade consensual de um

grupo e que proporciona a esse grupo estabilidade coerecircncia e continuidade das

representaccedilotildees mostrando-se relativamente independente do contexto social e material

imediato (ARRUDA 2002) (ABRIC 2003)

O nuacutecleo central consiste em uma conjuntura de elementos altamente resistentes

a mudanccedilas pois estaacute ligado agrave memoacuteria coletiva conferindo significado consistecircncia e

permanecircncia agrave representaccedilatildeo (ABRIC 2003)

A volta deste elemento central estatildeo os elementos perifeacutericos aqueles que fazem

a interconexatildeo com as situaccedilotildees em que se origina a representaccedilatildeo e os modos individuais

de conhecer o mundo estas garantem a sustentaccedilatildeo configurando-se como uma espeacutecie

de componente estruturante ou seja os elementos perifeacutericos configuram-se em um

sistema que permiti ao nuacutecleo central adaptar-se agrave realidade (ARRUDA 2002) (ABRIC

2003)

Os elementos perifeacutericos contribuem para clarear o caminho conceitual teoacuterico e

metodoloacutegico do estudo das representaccedilotildees sociais Os elementos do nuacutecleo central

tendem a se apresentar como funcionais e normativos Isto implica dizer que o nuacutecleo

central tem um papel relevante para a representaccedilatildeo social uma vez que organiza as

significaccedilotildees e prescreve accedilotildees para que a representaccedilatildeo seja mantida Eacute formado pela

natureza do objeto e pelo sistema de valores e normas sociais que estabelecem o contexto

ideoloacutegico do grupo (ARRUDA 2002)

Abric (2003) coloca que no nuacutecleo central haacute uma organizaccedilatildeo dos elementos

fundantes e estabilizantes das RS dos grupos Isso acontece porque no nuacutecleo central

ocorrem as funccedilotildees fundamentais na estruturaccedilatildeo e no funcionamento das representaccedilotildees

sociais Satildeo elas

1ordf) geradora ndash ele eacute o elemento pelo qual se cria e se transforma uma

representaccedilatildeo dando significaccedilatildeo aos outros elementos constitutivos da representaccedilatildeo eacute

por essa funccedilatildeo que esses elementos tomam um sentido um valor

71

2ordf) organizadora ndash eacute ele que determina a natureza das ligaccedilotildees entre os elementos

de uma representaccedilatildeo social Eacute por ela que o nuacutecleo central se torna o elemento unificador

e estabilizador da representaccedilatildeo e

3ordf) estabilizadora ndash seus elementos satildeo os que mais resistem agraves mudanccedilas

O nuacutecleo central sustenta-se no fato de ser ele o elemento que define o significado

de uma representaccedilatildeo e ao mesmo tempo colabora para sua organizaccedilatildeo interna Ele eacute

entendido como a base comum que define a homogeneidade do grupo tendo um papel

importante na estabilidade coerecircncia e continuidade das representaccedilotildees sendo

relativamente independente do contexto social e material imediato

Jaacute o sistema perifeacuterico faz a interface entre a realidade concreta e o nuacutecleo central

Ele permite uma flexibilizaccedilatildeo em funccedilatildeo do vivido uma integraccedilatildeo das experiecircncias

cotidianas e comporta certa heterogeneidade de comportamentos e conteuacutedo Satildeo essas

caracteriacutesticas que nos permitem vislumbrar as alteraccedilotildees sutis em seus componentes

transitando entre o sistema perifeacuterico antes que venha a se constituir e integrar o nuacutecleo

central

O processo de construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais ocorre na incorporaccedilatildeo de

informaccedilotildees e fatos que ocorrem no cotidiano que as pessoas atraveacutes do seu sistema

perifeacuterico aos poucos vatildeo constituindo-se como verdades do grupo e com isso aos

poucos modificando as dimensotildees estabelecidas nos conhecimentos valores e crenccedilas

enraizadas do nuacutecleo central pois eacute no sistema perifeacuterico que se permite alienar algum

objeto ou fato social uma vez que pela sua consciecircncia permite conferir um novo

significado para esse objeto ou fato

Por sua vez os elementos do sistema perifeacuterico tambeacutem apresentam trecircs funccedilotildees

principais quais sejam (RANGEL 2004)

1ordf) ser a interface entre o nuacutecleo central e o contexto

2ordf) adaptar as representaccedilotildees diante das mudanccedilas do meio e

3ordf) preservar a representaccedilatildeo

Nesse sistema eacute possiacutevel que exista a presenccedila de elementos histoacutericos relativos

ao indiviacuteduo e que consequumlentemente atuam na constituiccedilatildeo desse sistema

caracterizando assim uma maior heterogeneidade dos conceitos em relaccedilatildeo ao grupo

72

Quadro 4 ndash Caracteriacutesticas do nuacutecleo central e sistema perifeacuterico

Nuacutecleo Central Sistema Perifeacuterico

Ligado a memoacuteria coletiva e a histoacuteria do

grupo

Permite a integraccedilatildeo das experiecircncias e das

histoacuterias individuais

Consensual define a homogeneidade do

grupo

Suporta a heterogeneidade do grupo

Estaacutevel coerente erigido Flexiacutevel suporta contradiccedilotildees

Resistente agrave mudanccedila Transforma-se

Pouco sensiacutevel ao contexto imediato Sensiacutevel ao contexto imediato

Gera a significaccedilatildeo da representaccedilatildeo e

determina sua organizaccedilatildeo

Permite a adaptaccedilatildeo agrave realidade concreta e a

diferenciaccedilatildeo do conteuacutedo protege o sistema

central

Fonte AlvesMazzotti (2007 p23)

A anaacutelise de uma representaccedilatildeo social natildeo eacute atividade simples pois deve ser

permeada pela compreensatildeo dos saberes crenccedilas e valores relacionados com aspectos

cognitivos e sociais do objeto Em funccedilatildeo disso a abordagem estrutural das

representaccedilotildees sociais abriga distintos meacutetodos de pesquisa cientiacutefica bem como

diferentes instrumentos de coleta de dados

As representaccedilotildees criadas durante as relaccedilotildees fazem com que ideacuteias se

materializem e novos conhecimentos sejam incorporados (COELHO SILVA

PADILHA 2009)

73

3 MEacuteTODO

[] natildeo eacute a pertenccedila de um sujeito a determinado grupo

social que faz com que ele se comporte socialmente da

maneira como faz mas a sua representaccedilatildeo mental dos

fatos sociais []

(Wolfgang Wagner)

31 Tipo de Estudo

Trata-se de estudo exploratoacuterio descritivo de abordagem qualitativa A pesquisa

qualitativa exige maior preocupaccedilatildeo com o aprofundamento e abrangecircncia da

compreensatildeo do objeto do que com sua generalizaccedilatildeo (MINAYO 2010) Para Marconi

e Lakatos (2009) a pesquisa descritiva se refere aos fatos que satildeo observados registrados

analisados classificados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles Isto

significa que os fenocircmenos do mundo fiacutesico e humano satildeo estudados mas natildeo

manipulados pelo pesquisador Gil (2007) refere que a pesquisa exploratoacuteria proporciona

maior familiaridade com o problema com vista a tornaacute-lo mais expliacutecito Seu

planejamento eacute bastante flexiacutevel de modo que possibilita a consideraccedilatildeo dos mais

variados aspectos relativos ao fato estudado

Foi utilizado como meacutetodo a Teoria das Representaccedilotildees Sociais (TRS) de Serge

Moscovici que eacute definida como uma forma de conhecimento do senso comum e que esta

diretamente relacionado com agrave maneira como as pessoas entendem e introjetam as

informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaboram o saber cientiacutefico

segundo sua proacutepria conveniecircncia ou de acordo com os meios e recursos que estatildeo

disponiacuteveis (MOSCOVICI 1978) A aplicaccedilatildeo da teoria de Representaccedilotildees Sociais neste

estudo vincula-se tanto as relaccedilotildees que o sujeito estabelece com o cotidiano de suas

praacuteticas quanto agrave significaccedilatildeo que este mesmo sujeito atribui ao processo de organizaccedilatildeo

planejamento e execuccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila

32 Local de Estudo

O cenaacuterio para este estudo foram as unidades de atendimento agrave crianccedila de dois

Hospitais Escolas do municiacutepio de Caacuteceres ndash MT

O municiacutepio de Caacuteceres localiza-se a 16deg 04 16 de latitude ao Sul e 57deg 40 44

de longitude ao Oeste no pantanal Matogrossense Pertence ao estado de Mato Grosso e

situa-se a 211 quilocircmetros da capital ndash Cuiabaacute Possui uma aacuterea de 24351 Km e uma

populaccedilatildeo de 87912 habitantes Seu bioma eacute Cerrado Amazocircnia e Pantanal e a principal

74

atividade econocircmica da cidade eacute a agropecuaacuteria Faz divisa com os municiacutepios de Gloacuteria

DrsquoOeste Curvelacircndia Lambari DrsquoOeste e Porto Estrela ao norte Poconeacute Porto

Esperidiatildeo e Repuacuteblica da Boliacutevia ao sul (IBGE 2006)

Os dois hospitais constituem unidades terciaacuterias filantroacutepicas gerenciados pela

mesma mantenedora cuja clientela usuaacuteria eacute de aproximadamente 80 do Sistema Uacutenico

de Sauacutede (SUS) estas unidades estatildeo credenciadas para realizaccedilatildeo de procedimentos de

alta complexidade e possuem as seguintes aacutereas de assistecircncia agrave crianccedila

Hospital A 10 leitos de atendimento ambulatorial 23 leitos de internaccedilatildeo

pediaacutetrica 10 leitos de atendimento intensivo ao neonato (UTIN) e 10

leitos de atendimento intensivo a crianccedila (UTIPED)

O Hospital B natildeo possui leitos ambulatoriais exclusivos para crianccedilas

tem 16 leitos de internaccedilatildeo pediaacutetrica 27 leitos de UTIN subdivididos em

9 de alto risco 10 para risco intermediaacuterio e 8 de baixo risco estruturados

no formato matildee canguru A unidade de tratamento intensivo pediaacutetrico

funciona com 8 leitos

A estrutura fiacutesica destes espaccedilos eacute organizado e decorado ludicamente de forma a

respeitar o sentido da infacircncia durante a internaccedilatildeo Possuem paredes com pinturas

lavaacuteveis de personagens que remetem ao universo infantil ambos os hospitais possuem

brinquedoteca estruturada com brinquedos e livros estimuladores para as diversas fases

da infacircncia e possuem calendaacuterio de atividades recreacionais desenvolvidas por

acadecircmicos dos cursos de Pedagogia Educaccedilatildeo Fiacutesica e Fisioterapia aleacutem de projetos de

extensatildeo vinculados ao curso de Enfermagem desenvolvidos em datas especiacuteficas de

celebraccedilatildeo

O hospital B ainda possui espaccedilo para recreaccedilatildeo ao sol com brinquedos de

estiacutemulo motor e sala de computaccedilatildeo para o desenvolvimento de atividades escolares e

jogos

Em ambos hospitais o uso do branco foi abolido pela equipe de sauacutede sendo

utilizado pelo corpo de enfermagem roupa privativa confeccionada nas cores verde e azul

Considerando que este estudo tem como proposta investigar as RS dos

enfermeiros que prestam atendimento agrave crianccedila entatildeo tambeacutem foram incluiacutedos os

espaccedilos sala de parto (recepccedilatildeo do neonato) e centro ciruacutergico (cirurgias pediaacutetricas)

como ambientes de pesquisa

75

A escolha dos locais para a realizaccedilatildeo do estudo foi pautada no fato de estes serem

hospitais de referecircncia para atendimentos agrave crianccedila agrave gestantes e a neonatos de alto risco

da regiatildeo por possuiacuterem a SAE implantada em todos os setores do hospital desde o ano

2000 aleacutem de constituiacuterem campo de atuaccedilatildeo da investigadora como docente

33 Sujeitos de Estudo

O nuacutecleo de enfermagem que atua no cuidado agrave crianccedila das duas unidades

hospitalares eacute composto por aproximadamente 60 enfermeiros e cerca de 250 teacutecnicos de

enfermagem

Participaram do estudo 45 enfermeiros dos setores de atenccedilatildeo agrave crianccedila dos turnos

diurno e noturno que estavam em atividade profissional no mesmo setor por no miacutenimo

seis meses e demonstraram disponibilidade em participar do estudo de acordo com a sua

aceitaccedilatildeo verbal e em seguida a manifestaccedilatildeo escrita por meio da assinatura do termo

de consentimento livre e esclarecido - TCLE (Apecircndice A)

O criteacuterio de tempo miacutenimo de seis meses de trabalho no setor de atendimento a

crianccedila foi escolhido para inclusatildeo na pesquisa pois a RS eacute a forma de conhecimento

socialmente elaborado e partilhado tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo para a

construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Para que esta construccedilatildeo

aconteccedila eacute necessaacuterio um tempo de conviacutevio para que as pessoas entendam e introjetem

as informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaborem o saber

cientiacutefico

Foram excluiacutedos os enfermeiros que trabalhavam no sistema de plantatildeo avulso

ou seja prestadores de serviccedilo pertencentes ao quadro de enfermagem do hospital mas

que por acordo institucional realizam cobertura de profissionais faltosos

esporadicamente

Ao final foram excluiacutedos 9 enfermeiros por natildeo corresponderem ao criteacuterio de

inclusatildeo tempo miacutenimo de trabalho no mesmo setor 2 por estar em gozo de feacuterias 1 por

se enquadrar no criteacuterio de exclusatildeo e 3 por incompatibilidade de agenda

76

Os 45 enfermeiros participantes ao periacuteodo da pesquisa estavam assim lotados

nas cliacutenicas das instituiccedilotildees

Espaccedilo Hospitalar Hospital A Hospital B Total

Pediatria 4 3 7

UTIN 5 4 9

UTPED 5 4 9

Ambulatoacuterio 3 2 5

Sala de Parto 4 4 8

Centro Ciruacutergico 3 4 7

Total 24 21 45

Todos os preceitos eacuteticos e legais relacionados a pesquisas utilizando sujeitos de

estudo foram respeitadas segundo os requisitos da Resoluccedilatildeo 4662012 do Conselho

Nacional de Sauacutede que trata das diretrizes e normas de pesquisa envolvendo seres

humanos

34 Coleta de Dados

Na coleta de dados foram utilizados dois instrumentos O primeiro foi composto

por perguntas que objetivaram desenhar o perfil dos entrevistados e uma entrevista

semiestruturada que abordou aspectos relacionados ao conhecimento sobre a SAE no que

se refere agrave praacutexis da enfermagem ao planejamento desenvolvimento e avaliaccedilatildeo da

assistecircncia de enfermagem ao cliente (Apecircndice B) A entrevista visou aprender o

conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos sujeitos

O segundo instrumento foi um questionaacuterio de livre associaccedilatildeo que ofereceu

suporte para o emprego da teacutecnica de livre associaccedilatildeo de palavras (TALP) que consistiu

em apresentar as expressotildees indutoras ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo

e ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo solicitando aos participantes a produccedilatildeo e a posterior

classificaccedilatildeo por ordem de prioridade de trecircs palavras expressotildees eou adjetivos que lhe

viessem agrave mente (Apecircndice C)

Os dados foram coletados no periacuteodo de maio e junho de 2015 poacutes parecer

favoraacutevel do CEPUNEMAT com preacutevio agendamento e seguiu calendaacuterio proposto

pelos enfermeiros do estudo

77

Apesar do agendamento das entrevistas segundo a disponibilidade do sujeito em

virtude de tarefas e intercorrecircncias nos setores houve a necessidade de retornar inuacutemeras

vezes ao campo para aplicar os questionaacuterios esperando pacientemente o tempo do

sujeito para respondecirc-lo

A aplicaccedilatildeo do teste de associaccedilatildeo livre de palavras - TALP (Apecircndice C) tornou

possiacutevel compreender a estrutura das representaccedilotildees sociais dos sujeitos atraveacutes das

manifestaccedilotildees reaccedilotildees evocaccedilotildees e escolhas Portanto foi solicitado que os participantes

verbalizassem em menor tempo possiacutevel as primeiras palavras adjetivos e ou expressotildees

que lhe viessem agrave mente ao ouvirem as palavras e expressotildees indutoras Sistematizaccedilatildeo

da assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE com a finalidade de

apreender as representaccedilotildees sociais dos participantes estas depois foram organizadas

pelo sujeito segundo sua percepccedilatildeo de prioridade

A entrevista foi implementada em segunda etapa com gravaccedilatildeo de aacuteudio dos

questionamentos Para Minayo (2010) a entrevista semiestruturada eacute uma teacutecnica de

pesquisa que obedece a um roteiro apropriado fisicamente e utilizado pelo entrevistador

tem uma sequecircncia clara de questotildees que facilita a abordagem e assegura sobretudo aos

investigadores menos experientes que suas hipoacuteteses ou pressupostos seratildeo cobertos na

conversa

Todas as fases da coleta e anaacutelise de dados foram realizadas pela pesquisadora

Considerando que os dois hospitais satildeo tambeacutem ambientes de trabalho da pesquisadora

atraveacutes do acompanhamento das praacuteticas de campos de estaacutegio de acadecircmicos de

enfermagem e por esta tambeacutem ser conhecida nos dois ambientes hospitalares tendo

inclusive participado da formaccedilatildeo de vaacuterios dos sujeitos da pesquisa na fase de coleta de

dados houve grande preocupaccedilatildeo em minimizar as possibilidades de vieacutes na coleta Assim

foi permitido aos enfermeiros que respondessem calmamente o questionaacuterio e entrevista

enfatizando que o resultado da avaliaccedilatildeo natildeo seria identificado

35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados

Para a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos foi utilizado o software Excel 2007 as

informaccedilotildees foram apresentadas no formato de tabelas segundo suas frequecircncias por

meio de valores absolutos e relativos

Para a anaacutelise dos dados das entrevistas utilizou-se o software ldquoAnaacutelise Lexical

por Contexto de um Conjunto de segmentos de Texto (ALCESTE) versatildeo 410 que foi

78

criado na Franccedila em 1979 por Max Reinert no CNRS (Centro Nacional Francecircs de

Pesquisa Cientifica) com apoio da ANVAR (Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo

agrave Pesquisa) O software apesar de originalmente trabalhar com a liacutengua francesa possui

dicionaacuterios em outros idiomas fato que permite sua utilizaccedilatildeo com materiais em

portuguecircs (GOMES OLIVEIRA 2005) Ele permite realizar a anaacutelise de conteuacutedo de

material diverso podendo ser entrevistas obras literaacuterias artigos de revistas entre outros

com o objetivo de quantificar o texto para extrair as estruturas mais significativas as quais

estatildeo relacionadas com a distribuiccedilatildeo de palavras anaacutelise lexical

O meacutetodo utilizado pelo Alceste eacute a Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente

(CHD) de conteuacutedo textual tendo a palavra como unidade considerando seus respectivos

contextos de ocorrecircncia (GOMES OLIVEIRA 2005) (VITORIA REGIS 2011)

O programa toma como base um uacutenico arquivo (corpus) que deve ser formatado

seguindo regras proacuteprias do software para que possua homogeneidade na sua

apresentaccedilatildeo Para um melhor aproveitamento da anaacutelise eacute essencial o seguimento dessas

regras

Devido a estrutura do programa para o reconhecimento de vocaacutebulos faz-se

necessaacuterio a padronizaccedilatildeo de expressotildees ou temas ou ateacute a mesmo a uniatildeo de palavras

atraveacutes do traccedilo subscrito o qual tambeacutem foi utilizado para substituiccedilatildeo do hifeacuten em

palavras compostas Foram retirados do texto giacuterias eou viacutecios de linguagem Foram

corrigidos tambeacutem os tempos verbais e as falas foram colocadas em uma linguagem mais

formal poreacutem com a preocupaccedilatildeo de natildeo alterar o sentido do texto Vale ressaltar que

estas alteraccedilotildees somente foram feitas com o objetivo de adequar o texto transcrito das

entrevistas para anaacutelise do software No entanto para a apresentaccedilatildeo dos resultados as

falas dos participantes satildeo utilizadas na integra exatamente como foram expressas no

momento da entrevista

A anaacutelise Alceste eacute organizada em quatro fases de operaccedilotildees (A B C D) as quais

satildeo desenvolvidas em cinco etapas principais (CAMARGO 2005) (VITORIA REGIS

2011)

1- Identificaccedilatildeo das unidades de contexto

2- Pesquisa das formas reduzidas de palavras plenas analisadas

3- Definiccedilatildeo dos quadros de dados associados

4- Pesquisa de classes de unidades de contexto

79

5- Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo das classes

1-Identificaccedilatildeo das unidades de contexto

O Alceste divide o material a ser analisado em grandes unidades denominadas

Unidades de Contexto Iniciais (UCI) que satildeo as divisotildees naturais do corpus Elas satildeo os

primeiros iacutendices de uma estrutura e satildeo assinadas pelas chamadas linhas estreladas As

linhas estreladas identificam cada UCI e possuem as informaccedilotildees que caracterizam cada

entrevistado atraveacutes das variaacuteveis escolhidas pelo pesquisador

Apoacutes reconhecer as UCI o software novamente formata e divide o texto em

segmentos de algumas linhas denominadas Unidades de Contexto Elementares (UCE)

que correspondem ao material discursivo referente agrave formaccedilatildeo das classes (CAMARGO

2005)

2-Pesquisa de formas reduzidas de palavras plenas analisadas

Nesta etapa eacute que ocorre a fase A do conjunto de operaccedilotildees de anaacutelise do

software Leitura do texto e Caacutelculo dos dicionaacuterios O Alceste prepara o corpus

reconhece as UCI faz uma primeira segmentaccedilatildeo do texto agrupa as ocorrecircncias das

palavras em funccedilatildeo de suas raiacutezes e procede o caacutelculo da frequecircncia das formas reduzidas

destas palavras (VITORIA REGIS 2011) A fase A possui trecircs sub-fases A1)

Reformataccedilatildeo e divisatildeo do texto em segmentos de tamanho similar ou as chamadas UCE

A2) Pesquisa do vocabulaacuterio e reduccedilatildeo das palavras com base em suas raiacutezes (formas

reduzidas) A3) Criaccedilatildeo do dicionaacuterio de formas reduzidas

Conveacutem lembrar que no processo descrito acima o software pode identificar

diferentes conjugaccedilotildees verbais aleacutem de diferenciar palavras que tenham apenas funccedilatildeo

sintaacutetica (pronomes artigos adveacuterbios) das com significados (verbos substantivos

adjetivos) pois ele possui dicionaacuterios acoplados inclusive de portuguecircs (NASCIMENTO

MENANDRO 2006) Satildeo com as palavras com ldquosignificadordquo que o programa trabalha

3-Definiccedilatildeo e caacutelculo dos quadros de dados associados

Neste momento eacute que se desenvolve a fase B Caacutelculo das matrizes de dados e

classificaccedilatildeo das UCE Eacute quando ocorre a seleccedilatildeo das UCE a serem consideradas e o

caacutelculo da matriz (as UCE satildeo classificadas em funccedilatildeo dos seus respectivos vocabulaacuterios)

formas reduzidas X UCE (Sub- fase B1) caacutelculo das CHD propriamente dito (Sub-fase

80

B3) obtendo-se uma classificaccedilatildeo definitiva O procedimento eacute efetuado continuamente

ateacute que natildeo resulte em novas classes (NASCIMENTO MENANDRO 2006) Nesta etapa

satildeo construiacutedos trecircs quadros de dados que possibilitaratildeo a segmentaccedilatildeo das UCE em

subconjuntos de texto ateacute a definiccedilatildeo das classes (VITORIA REGIS 2011)

4-Pesquisa das classes de unidades de contexto

Desenvolve-se nesta etapa a fase C Descriccedilatildeo das classes de UCE escolhidas Eacute

uma etapa de caacutelculo que fornece os principais arquivos de resultados Nestes arquivos

ficam as diferentes classes escolhidas sua dependecircncia mutual o vocabulaacuterio

predominante de cada uma delas as palavras estreladas e as palavras ferramentas

caracteriacutesticas sobre as quais o pesquisador basearaacute sua interpretaccedilatildeo (VITORIA REGIS

2011)

A fase C eacute dividida em trecircs sub-fases C1) comparaccedilatildeo de duas classificaccedilotildees e

redefiniccedilatildeo das classes escolhidas C2) descriccedilatildeo dos perfis das classes C3) anaacutelise

fatorial de correspondecircncia ou AFC (representaccedilatildeo das relaccedilotildees entre as classes num

plano fatorial)

O meacutetodo de classificaccedilatildeo utilizado pelo Alceste para construccedilatildeo das classes eacute o

de CHD que permite a divisatildeo do corpus de base em um nuacutemero determinado de grupos

de UCE denominado de classes

5-Descriccedilatildeo das classes e bases para a sua interpretaccedilatildeo

A fase D Caacutelculos complementares uacuteltima fase do conjunto de operaccedilotildees do

software nesse momento ele calcula e fornece as UCE mais caracteriacutesticas de cada classe

permitindo a contextualizaccedilatildeo do vocabulaacuterio tiacutepico de cada uma delas Constitui-se por

quatro subfases D1) Seleccedilatildeo das chaves de contexto e das UCE caracteriacutesticas de cada

classe D2) Pesquisa das duas de palavras e dos segmentos repetidos por classe D3)

Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Ascendente de cada classe D4) Seleccedilatildeo das palavras

caracteriacutesticas das classes

A extraccedilatildeo das UCE representativas de cada classe permite apreender o sentido

delas com a ajuda de frases reais extraiacutedas do corpus Cada UCE eacute precedida de seu

nuacutemero de ordem no corpus e do respectivo khi2 (Qui- quadrado) cuja escolha eacute feita por

ordem decrescente de associaccedilatildeo agrave classe com um grau de liberdade (VITORIA REGIS

2011)

81

O khi2 calcula a frequecircncia de apariccedilatildeo da palavra Quanto maior o khi2 mais

relevante eacute a palavra para a construccedilatildeo da classe O programa fornece entatildeo o nuacutemero de

classes resultantes da anaacutelise assim como as formas reduzidas o contexto semacircntico e as

UCE caracteriacutesticas de cada uma delas consolidada as quais seratildeo denominadas e

interpretadas

A partir deste ponto utilizando os dados quantitativos iniciou-se a anaacutelise

qualitativa do agrupamento de estratos de discursos realizados pelo software em

dimensotildees explorando e buscando compreender seu significado dentro da fala dos

sujeitos interpretando-as por inferecircncias com a literatura pesquisada embasada na Teoria

da Representaccedilatildeo Social

O produto proveniente do teste TALP foi organizado previamente construindo o

corpus para anaacutelise este entatildeo foi tratado pelo software desenvolvido por Vergegraves

denominado EVOC (Ensemble de programm espermettantlrsquoanalyse decircs evocations) que

organiza as evocaccedilotildees produzidas de acordo com as suas frequecircncias e com a ordem de

evocaccedilatildeo O cruzamento entre esses dois criteacuterios (frequecircncia e ordem das evocaccedilotildees)

possibilitou a formaccedilatildeo de um Quadro de Quatro Casas que expressa o conteuacutedo e a

estrutura das representaccedilotildees sociais para dado objeto de estudo (OLIVEIRA 2001)

As palavras que foram evocadas de forma mais frequente constituiacuteram elementos

centrais da representaccedilatildeo Assim o software Evoc permitiu vislumbrar o nuacutecleo central

em funccedilatildeo de duplo criteacuterio frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo das palavras

A partir do cruzamento dos criteacuterios de frequecircncia e evocaccedilotildees foram definidas a

relevacircncia dos elementos associados (palavras frases e expressotildees) ao termo indutor

Esses resultados foram apresentados em quatro quadrantes organizados em dois eixos O

eixo vertical contempla a frequecircncia enquanto o eixo horizontal a ordem de evocaccedilatildeo

No quadrante superior esquerdo aparece os elementos mais relevantes que surgem nos

primeiros lugares da ordem de evocaccedilatildeo com uma frequecircncia significativamente mais

elevada (nuacutecleo central) Os elementos menos niacutetidos na estrutura de representaccedilatildeo

foram designados no quadrante superior direito e inferior esquerdo constituindo a

representaccedilatildeo perifeacuterica do fenocircmeno (nuacutecleo perifeacuterico)

36 Aspectos Eacuteticos

Para a implementaccedilatildeo deste projeto foram obedecidas todas as exigecircncias e

recomendaccedilotildees do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) O projeto de pesquisa foi

82

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Estadual de Mato Grosso ndash

UNEMAT por meio do CAAE de nuacutemero 42685215700005166 e do parecer

favoraacutevel 1065610 de 14 de maio de 2015 (ANEXO 1) Todos os participantes

assinaram o TCLE

83

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados do estudo seratildeo apresentados em trecircs partes

- Na primeira parte Conhecendo os enfermeiros do estudo que cuidam de

crianccedilas foi apresentado o perfil dos enfermeiros

- A segunda parte A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que

Cuidam de Crianccedilas apresentando a estrutura central e perifeacuterica das representaccedilotildees dos

enfermeiros sobre a SAE no atendimento a crianccedila

- Na terceira parte O conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem resultante da anaacutelise de conteuacutedo das entrevistas eacute

apresentado

41 CONHECENDO OS ENFERMEIROS DO ESTUDO QUE CUIDAM DE

CRIANCcedilAS

A viagem mais importante que podemos fazer na

vida eacute encontrar pessoas pelo caminho

(autor desconhecido)

Os dados apresentados neste item descrevem os sujeitos da pesquisa e suas

principais caracteriacutesticas ligadas a formaccedilatildeo e a sua atividade nos hospitais estudados

para Jodelet (2005) ldquoquem sabe e de onde saberdquo eacute questatildeo fundamental em estudos de

Representaccedilatildeo Social

Nesta etapa 45 enfermeiros responderam ao questionaacuterio sendo que o perfil dos

participantes do estudo ficou delineado da seguinte forma Vinte e nove dos entrevistados

tinham entre 22 e 29 anos quinze tinham entre 30 e 37 anos dois tinham entre 38 e 45

anos Quanto ao sexo 42 dos entrevistados eram do sexo feminino e 03 do sexo

masculino Quanto a instituiccedilatildeo formadora 28 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica estadual

do municiacutepio da pesquisa 3 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica federal do estado onde a

pesquisa foi realizada 12 fizeram o curso em instituiccedilotildees particulares do estado de Mato

Grosso e 2 cursaram em Universidades federais fora do estado de Mato Grosso Quanto

agrave titulaccedilatildeo dos enfermeiros 17 eram graduados e 28 eram especialistas Trecircs participante

finalizaram o curso de enfermagem em 4 anos e os outros 39 dos participantes terminaram

o curso em 5 anos

84

Na tabela 1 segue a apresentaccedilatildeo do perfil dos sujeitos de acordo com o sexo

idade tipo de instituiccedilatildeo em que cursou a graduaccedilatildeo em enfermagem tempo de formaccedilatildeo

e titulaccedilatildeo

Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash

MT2015

Variaacuteveis N

Faixa etaacuteria (anos)

22 a 29 28 622

30 a 37 15 333

38 a 45

2 44

Sexo

Feminino

Masculino

42

3

933

66

Instituiccedilatildeo de Formaccedilatildeo

Publica Federal 5 111

Publica Estadual 28 622

Privada 12 266

Anos de Formaccedilatildeo

lt de 5 anos 3 66

5 anos 39 866

4 anos 3 66

Titulaccedilatildeo

Graduaccedilatildeo 17 377

Especializaccedilatildeo 28 622

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

A meacutedia de idade dos profissionais participantes da pesquisa foi de 335 anos

variando entre 22 e 45 anos sendo a faixa etaacuteria entre 22 a 29 anos agrave de maior incidecircncia

(622) Nota-se que os participantes satildeo enfermeiros adultos jovens (idade entre 22 e 37

anos) estando em fase de pleno desenvolvimento e produtividade profissional Menzani

e Bianch (2009) em estudo que apresentou o perfil de enfermeiros de todas as regiotildees do

paiacutes demonstrou o predomiacutenio de enfermeiros na faixa etaacuteria abaixo dos 40 anos (717)

atuando profissionalmente em todas as regiotildees brasileiras

Quanto ao sexo dos entrevistados foi observado que 933 por cento eram do sexo

feminino refletindo que nos dois hospitais pesquisados esta variaacutevel segue em

consonacircncia com os hospitais das outras regiotildees do paiacutes onde ainda prevalece o sexo

85

feminino como a grande matildeo de obra de trabalho da enfermagem reforccedilando a forte

influecircncia da mulher nas accedilotildees de cuidado agrave vida (NAUDERER LIMA 2005)

(MENZANI BIANCH 2009)

Na formaccedilatildeo destes profissionais eacute possiacutevel observar que a grande maioria era

proveniente do ensino puacuteblico estadual (622) levaram cerca de 5 anos para finalizar o

processo de formaccedilatildeo o que sugere que o curriacuteculo da instituiccedilatildeo formadora estava

atualizado segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem (DCNENF) que

abordam na estruturaccedilatildeo dos curriacuteculos as quatro principais dimensotildees do trabalho da

enfermagem gerencial assistencial de educaccedilatildeo e de pesquisa

A poacutes-graduaccedilatildeo do tipo especializaccedilatildeo no formato lato sensu foi a maior titulaccedilatildeo

dos envolvidos (622) Se faz importante refletir sobre estes dados no intuito de

estimular a expansatildeo de programas de mestrado e doutorados na aacuterea de enfermagem para

a regiatildeo estudada haja visto que desta forma tambeacutem se agrega qualidade a formaccedilatildeo

profissional e a prestaccedilatildeo de cuidado a sauacutede Atualmente o Estado de Mato Grosso possui

um programa de doutorado acadecircmico em enfermagem vinculados a Universidade

Federal do Mato Grosso que oferecem 12 e 5 vagas respectivamente semestrais no

campus da capital do estado

Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na

instituiccedilatildeo Caacuteceres ndash MT2015

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

6MESES

9MESES

12MESES

24MESES

36MESES

48MESES

72MESES

84MESES

96MESES

120MESES

144MESES

Seacuterie1 1 1 13 11 12 1 1 1 2 1 1

NUacute

ME

RO

DE

PA

RT

ICIP

AN

TE

S

86

Eacute possiacutevel observar que 955 dos enfermeiros jaacute trabalham nos hospitais

pesquisados a mais de 12 meses Este dado eacute importante pois aproxima o grupo do nosso

objeto de estudo Provavelmente todos os 955 jaacute vivenciaram a SAE no espaccedilo de

atendimento agrave crianccedila e conseguem pontuar e descrever esta experiecircncia

O contato prolongado com o mesmo ambiente (local pessoas rotinas etc) eacute de

grande importacircncia para a formaccedilatildeo de elos de pertenccedila grupal No estudo das RS eacute sabido

que estas vivecircncias e trocas satildeo importantes para a formaccedilatildeo e ressignificaccedilatildeo de

conceitos ou seja como o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no

contexto de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)

Outro dado que chama atenccedilatildeo neste graacutefico eacute o nuacutemero de profissionais com

tempo de trabalho na instituiccedilatildeo ateacute 24 meses representando cerca de 577 o que pode

indicar rotatividade de profissionais de enfermagem

Segundo Aquino (1991) a rotatividade eacute a flutuaccedilatildeo dos recursos humanos entre

uma organizaccedilatildeo e seu ambiente Geralmente a rotaccedilatildeo de pessoal eacute expressa por uma

relaccedilatildeo percentual entre admissotildees e as demissotildees satildeo expressas de acordo com a relaccedilatildeo

do nuacutemero meacutedio de participantes da organizaccedilatildeo no decorrer de certo periacuteodo

Esta sucessatildeo de mudanccedila na composiccedilatildeo da forccedila de trabalho revela a

movimentaccedilatildeo da forccedila de trabalho entre o mercado de trabalho e a instituiccedilatildeo

(ANSELMI DUARTE ANGERAMI 2001)

A rotatividade de equipes de sauacutede requer investimento em treinamento constante

para a formaccedilatildeo e adequaccedilatildeo do profissional dentro dos referenciais da instituiccedilatildeo

principalmente no que se refere a SAE

A frequecircncia com que ocorre a rotatividade da forccedila de trabalho pode provocar

seacuterias consequecircncias para as organizaccedilotildees pelos prejuiacutezos natildeo soacute financeiros no que se

refere agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo mas tambeacutem no tempo que seraacute gasto para convocar

selecionar e treinar um novo profissional (STANCATO ZILLI 2010)

O Graacutefico 2 demonstra que cerca de 822 dos enfermeiros atuavam no mesmo

setor de assistecircncia agrave crianccedila agrave pelo tempo maacuteximo de 1 ano O enfermeiro com maior

tempo de atuaccedilatildeo no mesmo espaccedilo de cuidado a crianccedila dos hospitais estudado o esta

por cerca de 5 anos fortalecendo a hipoacutetese de provaacutevel rotatividade de profissionais na

instituiccedilatildeo

87

Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo

setor de atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

Quando se correlaciona esta informaccedilatildeo a porcentagem de enfermeiros somente

graduados a idade e o sexo destes sujeitos eacute possiacutevel concluir que o perfil do corpo de

enfermagem que assiste as crianccedilas nestes dois hospitais eacute constituiacutedo respectivamente

de enfermeiros do sexo feminino receacutem-formados ainda natildeo especializados e com pouco

tempo de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

Os recursos humanos necessitam ser mantidos em niacuteveis suficientes para atender

a demanda de serviccedilos Uma rotatividade excessiva proveniente da intensificaccedilatildeo de

saiacuteda de profissionais provocam desequiliacutebrios na composiccedilatildeo do quadro de pessoal

acarretando custos e impondo efeitos indesejaacuteveis afetando a qualidade e a quantidade

de serviccedilos prestados e prejudicando a assistecircncia de enfermagem (STANCATO ZILLI

2010)

6MESES

7MESES

8MESES

9MESES

10MESES

11MESES

12MESES

14MESES

16MESES

24MESES

60MESES

Seacuterie1 7 5 5 5 4 4 7 3 2 2 1

NUacute

MER

O D

E P

AR

TIC

IPA

NTE

S

88

42 A ESTRUTURA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DOS ENFERMEIROS

QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS

421 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem

A construccedilatildeo social eacute sempre um processo natildeo

intencional construir um objeto socialmente

significativo eacute algo que o grupo ou seus membros

fazem e natildeo algo que tentam fazer depois de

meditar sobre eles

(Wolfgang Wagner)

O software EVOC busca atraveacutes da frequecircncia de evocaccedilotildees identificar nas

representaccedilotildees seus elementos centrais e perifeacutericos Em resposta ao termo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo a anaacutelise do corpus formado pelas

evocaccedilotildees dos 45 participantes nos dois hospitais-escola revelou que foram evocadas

135 palavras

Das 135 palavras evocadas foram selecionados pelo software 13 termos com

meacutedia da ordem de evocaccedilatildeo de 20 Foram desprezadas as evocaccedilotildees cuja frequecircncia foi

inferior a 3 sendo a frequecircncia meacutedia de 8 evocaccedilotildees A Figura 3 foi resultante da anaacutelise

combinada desses indicadores (frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo)

Figura 3 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres MT Brasil 2015

Nuacutecleo Central

Cuidado

Enfermagem

Organizaccedilatildeo

1ordf Periferia

Planejamento

Qualidade

2ordf Periferia

Assistecircncia

Comprometimento

Processo

Responsabilidade

89

A anaacutelise dos resultados dos questionaacuterios de livre associaccedilatildeo de palavras permitiu

apreender os valores as crenccedilas e a praacutetica dos participantes diante da expressatildeo indutora

percebendo os termos formadores do provaacutevel nuacutecleo central (quadrante superior

esquerdo) desta representaccedilatildeo e do sistema perifeacuterico (quadrante superior e inferior

direito) (Quadro 5)

Quadro 5 - Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermagem Caacuteceres MT Brasil 2015

OMI lt20 ge20

Frequecircncia

Media

Nuacutecleo central F Rangdagger Elementos

perifeacutericos 1

F Rang

Cuidado 17 1765 Planejamento 8 2500

Enfermagem 10 1600 Qualidade 17 2059

ge8 Organizaccedilatildeo

13 1538

Elementos de

contraste

F Rang Elementos

perifeacutericos 2

F Rang

3le

Ciecircncia 5 1200 Assistecircncia 4 2000

Humanizaccedilatildeo 3 1667 Comprometimento 4 2000

lt7 Obrigaccedilatildeo 3 1667 Processo 4 2500

Responsabilidade 3 2000

Ordem meacutedia das evocaccedilotildees frequecircncia das evocaccedilotildees dagger distribuiccedilatildeo das evocaccedilotildees

Frente agrave expressatildeo indutora ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os

sujeitos evocaram mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo

estas palavras tiveram as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o

nuacutecleo central desta representaccedilatildeo e refletem a dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem para

estes profissionais ou seja traduzem o entendimento do cuidado organizado como objeto

de trabalho da enfermagem

O termo ldquocuidadordquo obteve maior frequecircncia de evocaccedilatildeo apontando ser o

provaacutevel nuacutecleo central das representaccedilotildees sociais acerca da SAE

O cuidado de enfermagem eacute universal multidimensional singular e deve

considerar os sistemas social econocircmico e cultural dos envolvidos Assim a atuaccedilatildeo da

enfermagem estaacute compreendida em uma zona de intercessatildeo entre o cuidado e o

tratamento Embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo de uma teacutecnica satildeo

na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis que presidem a sauacutede

90

com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e essenciais tanto para a

manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)

Nessa perspectiva o cuidado de enfermagem pode ser explicado como um

conjunto de accedilotildees desenvolvidas pelo profissional de enfermagem em substituiccedilatildeo dos

cuidados que a pessoa natildeo pode temporariamente garantir a si proacutepria ou que natildeo pode

ser garantido por seu entorno social (COLLIEgraveRE 1999) A este termo reforccedila a

concepccedilatildeo do ser enfermeiro expressando sua ciecircncia e seu objeto de trabalho

O cuidado ao atendimento de sauacutede da crianccedila foi durante muitos anos pautado

na cura da doenccedila Atualmente estaacute em construccedilatildeo um modelo assistencial em que a

crianccedila deixa de ser compreendida como ser unicamente bioloacutegico que privilegia cuidado

assistencial centrado em suas especificidades e de sua famiacutelia mediante a construccedilatildeo de

redes de apoio buscando sua integralidade (ABUD GAIacuteVA 2015)

Nesta nova perspectiva o cuidado de enfermagem deve promover e restaurar o

bem-estar fiacutesico psiacutequico e social considerando aspectos intriacutensecos ligados agrave sua

condiccedilatildeo de crianccedila e reconhecendo o protagonismo familiar bem como as legislaccedilotildees

que garantem suas especificidades (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT

COLLET 2013) (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN HIGARASHI

2014)

Desta forma ao considerar o cuidado como o possiacutevel nuacutecleo central da RS da

SAE os participantes reconhecem que o cuidado constitui a verdadeira competecircncia da

enfermagem Traduz uma accedilatildeo que vai aleacutem de procedimentos teacutecnicos englobando o

envolvimento e o compromisso com o outro e portanto uma accedilatildeo humanizada que

melhora as condiccedilotildees e favorece a promoccedilatildeo e a prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando limitar

a doenccedila e promover a vida (BORGES SANTOS 2013)

Quando profissionais da enfermagem respondem agraves necessidades de cuidado e

agem responsavelmente ajudando a desenvolver restaurar ou ampliar o cuidado na

melhor maneira possiacutevel temos o cuidado autecircntico Ao agir assim os pacientes natildeo satildeo

apenas ajudados a lidar e a enfrentar a doenccedila e a incapacidade mas satildeo encorajados e

empoderados a continuar em sua busca pela plenitude humana (WALDOW 2015)

O segundo estiacutemulo respondido tambeacutem como provaacutevel termo associado ao

nuacutecleo central da RS da SAE com frequecircncia de apresentaccedilatildeo igual a dez e que fortalece

as discussotildees relacionadas ao cuidado foi a palavra Enfermagem Deve-se ressaltar que

a Enfermagem moderna tem predominacircncia do modelo humaniacutestico e suas praacuteticas

91

profissionais foram historicamente marcadas pela forte influecircncia do espiacuterito religioso

da organizaccedilatildeo militar dos princiacutepios da divisatildeo social do trabalho e mais recentemente

pela busca de conhecimento proacuteprio (ALVES COGO 2014)

Eacute por essecircncia desde o seu nascimento expressa atraveacutes do cuidado e este

cuidado durante todo o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro eacute abordado dentro de uma

dimensatildeo essencial e complexa tanto na experiecircncia de quem cuida quanto de quem

recebe o cuidado ou ateacute mesmo de quem ensina a cuidar (CASAFUS DELLrsquoACQUA

BOCCHI 2013)

A profissatildeo de enfermagem eacute regulamentada no territoacuterio brasileiro pela lei

749886 composta por trecircs classes profissionais com atribuiccedilotildees especiacuteficas e

proporcionais aos niacuteveis de complexidade assistencial e ao tempo de formaccedilatildeo de cada

categoria As inuacutemeras atribuiccedilotildees desenvolvidas por essa profissatildeo abrangem afazeres

teacutecnicos e procedimentais abordando caracteriacutesticas pessoais como lideranccedila

humanizaccedilatildeo competecircncia gerencial e inovaccedilatildeo bem como o desenvolvimento de boas

relaccedilotildees pessoais (MEIRA KURCGANT 2016)

Conveacutem ressaltar que o cuidado dispensado pelo enfermeiro agrave crianccedila envolve

tambeacutem seus familiares e sua equipe e seu singular significativo pois somente por meio

desta dinacircmica eacute possiacutevel garantir melhor relacionamento interdependecircncia coesatildeo e

competecircncia nas accedilotildees (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN

HIGARASHI 2014)

Desse modo a enfermagem contemporacircnea une a arte-ciecircncia-ideal do cuidar

possibilitando accedilotildees que beneficiam o resgate do ser humano integral fortalecendo os

viacutenculos entre o sentir-saber-fazer (ALVES COGO 2014) Assim a enfermagem

assume a proposta de abordagem global do indiviacuteduo estabelecendo-se como praacutetica de

cuidado integralizadora

A terceira palavra encontrada relacionada agrave formaccedilatildeo do nuacutecleo central desta

representaccedilatildeo foi o termo ldquoorganizaccedilatildeordquo Considerando o cuidado a marca e o nuacutecleo de

atenccedilatildeo da enfermagem eacute preciso compreender que para cuidar satildeo necessaacuterios

instrumentos e processos metoacutedicos ou seja de organizaccedilatildeo para que o desfecho da accedilatildeo

base possa ser considerado integral e resolutivo

As accedilotildees provenientes da rotina do enfermeiro devem estar voltadas para a

qualidade do cuidado de forma a abraccedilar as dimensotildees assistencial e gerencial desta

praacutetica Uma accedilatildeo cuidadora responsaacutevel perpassa pela avaliaccedilatildeo e pelo planejamento de

92

todas as condiccedilotildees que envolvem determinada intervenccedilatildeo ou seja a organizaccedilatildeo da

assistecircncia atraveacutes da adoccedilatildeo de determinado meacutetodo e o embasamento em

conhecimentos cientiacuteficos (VITURI EacuteVORA 2015)

Apreendendo os trecircs termos com maior frequecircncia de evocaccedilatildeo ldquocuidadordquo

ldquoenfermagemrdquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo e que por esta razatildeo constituem o nuacutecleo central desta

representaccedilatildeo observa-se que estes satildeo congruentes e convergem para o termo indutor da

pesquisa ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo

Tratando-se de representaccedilatildeo do nuacutecleo central ou seja daquela que se manteacutem

resistente a mudanccedilas pode-se inferir que a representaccedilatildeo analisada reflete a premissa

baacutesica das praacuteticas de enfermagem proposta por diversos referenciais da aacuterea Ou seja a

enfermagem eacute uma profissatildeo que necessita de modelo de organizaccedilatildeo para administrar

os diversos recursos necessaacuterios para o desenvolvimento do cuidado

Portanto a SAE no cuidado agrave crianccedila constitui um arqueacutetipo teoacuterico para a praacutetica

assistencial integral fazendo com que a atuaccedilatildeo dos profissionais de enfermagem seja

cientificamente coerente planejada quanto agrave identificaccedilatildeo de necessidades da crianccedila e

sua famiacutelia obtendo estabelecimento alcance de metas e avaliaccedilatildeo

O sistema perifeacuterico desta representaccedilatildeo eacute formado por duas periferias

constituiacutedas de palavras que organizam a representaccedilatildeo do nuacutecleo central As palavras da

primeira e segunda periferia seguem a moda ou o discurso politicamente correto no

momento da coleta de dados Constatou-se que foram formados por palavras que tinham

sua significaccedilatildeo atrelada agraves caracteriacutesticas desenhadas para a construccedilatildeo do perfil ideal

do contemporacircneo profissional de enfermagem salientando os benefiacutecios da aplicaccedilatildeo do

cuidado sistematizado

Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos

ldquoplanejamentordquo e ldquoqualidaderdquo remete agrave dimensatildeo avaliativa do cuidado e expressa

posicionamento positivo diante da assistecircncia de enfermagem Os termos evocados se

apresentam bem proacuteximos ao nuacutecleo central jaacute que contam com frequecircncia de anaacutelise e

ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo

O sistema perifeacuterico eacute formado por elementos mais dinacircmicos e passiacuteveis de

atualizaccedilotildees relacionado agraves caracteriacutesticas individuais e ao contexto adaptando-se agraves

situaccedilotildees especiacuteficas e contribuindo para sua organizaccedilatildeo (MOSCOVICI 2003) Pode-

se inferir entatildeo que os conceitos de planejamento e qualidade constituem complementos

93

indispensaacuteveis do sistema central do qual ele depende ou seja o cuidado sistematizado

depende de planejamento e leva agrave qualidade

A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude

positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem

As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a raiz

essencial do termo ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo e fortalecem a

importacircncia desta para o desenvolvimento do cuidado de enfermagem agrave crianccedila Os

termos que emergem na primeira periferia satildeo respectivamente meio e resposta ao

desenvolvimento do cuidado

O planejamento da assistecircncia eacute uma imposiccedilatildeo legal Ao planejar o cuidado o

enfermeiro incorpora a responsabilidade da assistecircncia O planejamento permite

diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados

orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados (CASAFUS

DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (RODRIGUES CALEGARI 2016)

Portanto o planejamento do cuidado gera qualidade assistencial A qualidade

pode ser observada e mensurada quando o planejamento do cuidado eacute fundamentado na

cientificidade nas experiecircncias individuais e coletivas e nas constantes construccedilotildees e

reconstruccedilotildees dos processos (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015)

Desta forma a SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de

base para o planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e

rotinas das unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)

Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)

ldquoassistecircnciardquo ldquocompromissordquo ldquoprocessordquo e ldquoresponsabilidaderdquo organizam a RS dos

enfermeiros acerca da SAE dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute

o cuidado Satildeo apontadas neste quadrante palavras que valorizam aspectos ligados agrave

dimensatildeo atitudinal do indiviacuteduo como requisitos importantes para o exerciacutecio do

cuidado

As palavras ldquoassistecircnciardquo e ldquoprocessordquo estabelecem relaccedilatildeo proximal como

caminho a ser seguido ou seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem

o processo de aplicaccedilatildeo da SAE no cuidado

94

A praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees

de cuidado direto e indireto As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do

cuidado condiccedilotildees voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si

As accedilotildees indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e devem organizar e

individualizar a sua assistecircncia com base no seu compromisso com os valores eacuteticos e

morais a percepccedilatildeo que este tem do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o

conhecimento das poliacuteticas de apoio agrave crianccedila em todas as suas fases da vida e sobretudo

o empenho e a responsabilidade que este esboccedila no processo de cuidar

A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que

foram evocadas e estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central poreacutem obtiveram ordem meacutedia de

evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos Com relaccedilatildeo ao termo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras ldquociecircnciardquo ldquohumanizaccedilatildeordquo e

ldquoobrigaccedilatildeordquo traduzem avaliaccedilatildeo positiva da SAE

A sistematizaccedilatildeo do cuidado por meio da rigorosidade metoacutedica expressa agrave ciecircncia

da enfermagem A aproximaccedilatildeo da SAE agrave estrateacutegia de humanizaccedilatildeo do cuidado de

enfermagem modifica o ambiente hospitalar vinculando os avanccedilos cientiacuteficos da aacuterea

agraves individualidades do cliente permeando o processo assistencial por atitudes

humaniacutesticas (RODRIGUES CALEGARI 2016)

Entretanto ainda neste quadrante a palavra ldquoobrigaccedilatildeordquo associa o

desenvolvimento do cuidado sistematizado agrave tendecircncia negativa pois o desenvolvimento

da SAE constitui parte da ciecircncia do enfermeiro A aproximaccedilatildeo da SAE ao conceito de

obrigaccedilatildeo pode estar atrelada agrave fraacutegil visatildeo do processo de trabalho da enfermagem e da

autonomia deste profissional jaacute que as demandas assistecircncias deveriam ser fortalecidas

por esta metodologia

422 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do Enfermeiro

na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

Analisando a segunda expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os sujeitos evocaram mais prontamente

as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante (Figura 4) estas palavras tiveram

as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o provaacutevel nuacutecleo central

95

desta representaccedilatildeo e refletem o entendimento do grupo sobre as funccedilotildees desenvolvidas

pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado

Figura 4 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres

MT Brasil 2015

A anaacutelise das trecircs palavras torna possiacutevel refletir que para o grupo social estudado

a atuaccedilatildeo do enfermeiro no cuidado sistematizado eacute accedilatildeo de importacircncia fundamentada

em conhecimento e que proporciona a humanizaccedilatildeo da assistecircncia (Quadro 6)

A SAE eacute um dos conhecimentos da aacuterea de enfermagem e permite atraveacutes da

pesquisa da anaacutelise loacutegica e do raciociacutenio analiacutetico desenvolver e implementar cuidados

tanto teacutecnicos como interpessoais ou de relacionamento e comunicaccedilatildeo (HUITZI

PUYADENA ETXABE IRAOLA 2014) Como conhecimento ela eacute fortalecida por

modelos e teorias que orientam e datildeo sentido a praacutetica profissional do enfermeiro com

base na experiecircncia pessoal e nos pressupostos cientiacuteficos e filosoacuteficos (RAILE

MARRINER 2010)

Portanto eacute constituiacuteda de elementos cientiacuteficos e filosoacuteficos gerais que se tornam

elementos especiacuteficos e uacutenicos que serviratildeo para definir os elementos empiacutericos e

operacionais de cada modelo conceitual (MELEIS 2012)

Nuacutecleo Central

Conhecimento

Humanizaccedilatildeo

Importante

1ordf Periferia

Planejamento

Dedicaccedilatildeo

Organizaccedilatildeo

Rotina

2ordf Periferia

Ciecircncia

Lideranccedila

96

Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Atuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAE Caacuteceres Mato Grosso 2015

OMI lt 20 gt = 20

Freq Med Nuacutecleo Central F Rang Elementos

Perifeacutericos 1

F Rang

gt

=

6

Conhecimento

Humanizaccedilatildeo

Importante

7

7

7

1000

1143

1857

Planejamento

Dedicaccedilatildeo

Organizaccedilatildeo

Rotina

17

6

6

6

2294

2167

2000

2833

Elementos de

Contraste

F Rang Elementos

Perifeacutericos 2

F Rang

3 lt =

lt 5

Administraccedilatildeo

Autonomia

Comprometimento

Resultados

3

4

5

4

1333

1500

1600

1750

Ciecircncia

Lideranccedila

5

5

2000

2000

Legenda Frequecircncia das evocaccedilotildees Ordem meacutedia das evocaccedilotildees

A palavra importacircncia evocada como atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE pode estar

relacionada a orientaccedilatildeo que esta metodologia organizada atraveacutes do processo de

enfermagem propotildeem agrave praacutetica cliacutenica do enfermeiro atraveacutes dos trabalhos de

investigaccedilatildeo intervenccedilatildeo e avaliaccedilatildeo (DURAN TOLEDO 2011) (BENEDET

GELBCKE AMANTE et al 2016) Bem como a legitimidade que esta favorece agrave

assistecircncia mediante a equipe de sauacutede e a sociedade e a garantia do exerciacutecio do direito

de decidir sobre o cuidado do ser humano com independecircncia intelectual teacutecnica e

cientiacutefica (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCH 2013)

Haacute que se salientar ainda que a evocaccedilatildeo da palavra ldquoimportacircnciardquo tambeacutem pode

ser correlacionada a funccedilatildeo exercida pela SAE na estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos serviccedilos

e ao reconhecimento desta como instrumento de planejamento do cuidado

Outro aspecto a ser observado foi a aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado a

perspectiva de humanizaccedilatildeo da assistecircncia Esta filosofia atual faz parte da realidade dos

serviccedilos de sauacutede e diz respeito agrave valorizaccedilatildeo da especificidade do indiviacuteduo e da praacutetica

integral na realizaccedilatildeo dos cuidados de enfermagem A humanizaccedilatildeo do cuidado eacute possiacutevel

atraveacutes da SAE pelo potencial de reestruturaccedilatildeo da praacutetica que esta metodologia favorece

haja visto que sua implementaccedilatildeo gera potencial de mudanccedilas na organizaccedilatildeo e

articulaccedilatildeo dos serviccedilos e dos profissionais de sauacutede (CASTILHO RIBEIRO

CHIRELLI 2009)

97

Outros estudos tambeacutem destacam as contribuiccedilotildees da SAE para a humanizaccedilatildeo da

assistecircncia considerando esta ser um processo articulador que assegura continuidade agrave

assistecircncia de enfermagem proporciona cuidado individualizado implica modificaccedilotildees

no estilo de assistir e na forma de conceber a enfermagem que passa do estilo funcional

para o estilo centrado no paciente favorecendo uma relaccedilatildeo pessoa a pessoa na qual o

cliente eacute participante na tomada de decisatildeo (DUARTE ELLENSOHN 2007)

(PEDUZZI ANSELMI 2002) (PERES CIAMPONE 2006)

A SAE no cuidado agrave crianccedila possibilita a implementaccedilatildeo da abordagem do

cuidado centrado no binocircmio crianccedila e famiacutelia estrateacutegia humanizadora pois inclui o

cliente e seu familiar no processo de tomada de decisatildeo garantindo sua autonomia

Assim as normas e regras necessaacuterias agrave organizaccedilatildeo do processo de trabalho poderatildeo

tornar-se facilitadoras da dinacircmica do trabalho na unidade pediaacutetrica ao inveacutes de se

tornarem empecilhos agrave necessaacuteria recriaccedilatildeo cotidiana da assistecircncia em cada situaccedilatildeo

singular (MOREIRA et al 2012)

Para a efetivaccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na praacutetica de enfermagem deve haver um

encontro entre profissional e cliente o qual eacute condicionado agrave disposiccedilatildeo desses sujeitos e

tambeacutem do auxiacutelio de todos os envolvidos no processo O exerciacutecio da humanizaccedilatildeo

revela-se positivo e de qualidade quando conta com a intencionalidade daquele que o faz

agregando valores e significado (SALICIO GAIVA 2006)

Contudo a SAE eacute a oportunidade que o enfermeiro tem para mostrar sua

competecircncia teacutecnica e cientiacutefica com destaque ao cuidado humanizado Acredita-se que

o conhecimento acerca deste assunto constitui-se uma arma a favor da viabilidade da

sistematizaccedilatildeo seja como forma de diferenciar a assistecircncia prestada ou pela ampla visatildeo

humanista e profissional capaz de responder agraves necessidades individualizadas de cada

paciente em especial quando se trata de crianccedilas (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013)

Desta forma o nuacutecleo central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura

atraveacutes do reconhecimento pelo grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento

especiacutefico da profissatildeo permitindo ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica

cientiacutefica e humanizada

Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos

ldquoplanejamentordquo ldquorotinardquo ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeordquo remete agrave dimensatildeo praacutetica da

SAE ou seja o desenvolvimento do processo de enfermagem

98

A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude

positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem As evocaccedilotildees se

apresentam bem proacuteximas ao nuacutecleo central pois contam com frequecircncia de anaacutelise e

ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo

Sendo estas palavras elementos do sistema perifeacuterico eacute importante ressaltar que

estatildeo relacionadas a caracteriacutesticas e ao contexto do nuacutecleo central sendo dinacircmicas e

atualizaacuteveis (MOSCOVICI 2003) Desta forma pode-se inferir que os termos ldquorotinardquo

ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeo constituem elementos complementares e necessaacuterios ao

sistema central ou seja a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE eacute conhecimento importante e

humanizador e depende de planejamento da rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo

As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a atuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAE e constituem uma sequecircncia a ser desenvolvida para estabelecer a

sistematizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem agrave crianccedila ou seja o processo de enfermagem

Desta forma os termos que emergem na primeira periferia constituem a metodologia

utilizada para sistematizar o cuidado agrave crianccedila

Atualmente existe um conjunto de estudos sobre o processo de trabalho do

enfermeiro que mostra que as atividades deste profissional perpassam pelo gerenciamento

dos serviccedilos e pelo gerenciamento da assistecircncia (FERRAZ 2000) (LIMA GUSTAVO

COELHO SCHMITZ 2000) (PEDUZZI ANSELMI 2002)(GUSTAVO LIMA

2003) (ROSSI SILVA 2005)Com base nesta concepccedilatildeo o trabalho do enfermeiro ou a

ldquorotinardquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo eacute composto por duas dimensotildees que satildeo complementares a que

faz a gestatildeo administrativa e a que faz a gestatildeo do cuidado ambas satildeo possiacuteveis em

virtude da SAE

Aproximando a rotina hospitalar do cuidado agrave crianccedila eacute importante frisar que ao

se deparar com a necessidade da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila a famiacutelia pode compreender

o hospital como um ambiente estranho que fomenta sofrimento fiacutesico e emocional Este

fato faz com que a famiacutelia se sinta esgotada pouco agrave vontade para cuidar da crianccedila e

geralmente ignorada em suas necessidades o que pode tornar a hospitalizaccedilatildeo uma

experiecircncia traumatizante (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOUSA GOMES SILVA

SANTOS SILVA 2011)

O processo de enfermagem permite que o enfermeiro aplique um referencial

teoacuterico atraveacutes de um meacutetodo para organizar cientificamente o cuidado integral

99

implementando condiccedilotildees para uma rotina de serviccedilos planejada onde por exemplo as

necessidades luacutedicas sejam observadas e garantidas

Portanto o planejamento organiza a rotina das unidades hospitalares e do proacuteprio

cuidado Rodrigues e Calegari (2006) consideram que o planejamento permite

diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados

orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados Desta forma a

SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de base para o

planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e rotinas das

unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA SILVA

VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)

De acordo com o Dicionaacuterio Aureacutelio (2016) a palavra dedicaccedilatildeo eacute substantivo

feminino que significa desprendimento de si proacuteprio em favor de outrem ou de alguma

ideacuteia eacute sinocircnimo de empregar devotar-se entregar-se aplicar-se e destinar-se Alguns

estudos da aacuterea da enfermagem concluiacuteram que o desempenho do PE no seu formato

integral ainda sofre dificuldades de diversas naturezas entre elas o pouco envolvimento

do enfermeiro e sua equipe em sua operacionalizaccedilatildeo (NEVES 2010) (GARCIA-

SANTOS WERLANG 2013) (LORENZETTI ORO MATOS GELBCKE 2015)

Portanto o termo evocado ldquodedicaccedilatildeordquo faz parte da estrutura que sustenta a

atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE Para fortalecer a implementaccedilatildeo do PE eacute preciso aleacutem do

conhecimento cientiacutefico predisposiccedilatildeo do corpo de enfermagem acreditando e

desempenhando suas funccedilotildees nesta metodologia

Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)

ldquociecircnciardquo e ldquolideranccedilardquo organizam a RS dos enfermeiros acerca da atuaccedilatildeo na SAE

dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute o conhecimento especiacutefico da

profissatildeo que permite o cuidado humanizado Satildeo apontadas neste quadrante palavras

que valorizam aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como requisitos

importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila

A palavra ldquociecircnciardquo estabelece relaccedilatildeo proximal como caminho a ser seguido ou

seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem o processo de aplicaccedilatildeo da

SAE no cuidado agrave crianccedila

No processo de profissionalizaccedilatildeo da Enfermagem buscou-se desde o iniacutecio

construir um campo de conhecimentos especiacuteficos que deveria tanto manter operantes os

sistemas de valores que caracterizavam o feminino e o cuidado como sua extensatildeo quanto

100

adquirir o estatuto de ciecircncia (BARRA NASCIMENTO MARTINS

ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)

Os conhecimentos desta profissatildeo veem sendo desenvolvido atraveacutes de vaacuterias

correntes filosoacuteficas e teoacutericas que em um grande esforccedilo atraveacutes da histoacuteria tem

perseguido o crescimento e o aprimoramento Segundo Zagonel (1996) desde Florence

em 1859 ateacute os cientistas enfermeiros contemporacircneos o desvelamento e as influecircncias

dos paradigmas de Enfermagem tecircm contribuiacutedo para a construccedilatildeo da ciecircncia de

Enfermagem com definiccedilotildees de princiacutepios teoacutericos e metodoloacutegicos formas de

implementaccedilatildeo e instrumentalizaccedilatildeo atraveacutes do conjunto de crenccedilas valores e leis de

cada teoacuterico

Entende-se que a Enfermagem soacute vem conseguindo consolidar-se como ciecircncia e

arte porque tem produzido uma linguagem especiacutefica que atribui significado aos

elementos constitutivos do seu ser saber e fazer Assim a linguagem produzida por

determinado campo do saber possibilita a compreensatildeo acerca das representaccedilotildees do

pensamento e do mundo seja como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo ou como instrumento de

accedilatildeointeraccedilatildeo (GARCIA NOBREGA 2004) (SCHAURICH CROSSETTI 2010)

Abordando a ciecircncia e o campo de atuaccedilatildeo da sauacutede da crianccedila eacute importante frisar

que uma postura criacutetica-reflexiva deve ser adotada na busca da racionalizaccedilatildeo da

aquisiccedilatildeo e da incorporaccedilatildeo de novos conhecimentos e tecnologias de cuidado em virtude

da especificidade da clientela Como jaacute mencionado anteriormente neste trabalho a

praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees de cuidado

direto e indireto

As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do cuidado minus condiccedilotildees

voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si a ldquociecircnciardquo As accedilotildees

indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e organizam a assistecircncia O cuidado

de enfermagem para dar conta da complexidade e dinamicidade das questotildees que

envolvem o estar saudaacutevel e o estar doente de indiviacuteduos eou grupos populacionais

precisa abranger aleacutem dos aspectos teacutecnico-cientiacuteficos os preceitos eacuteticos esteacuteticos

filosoacuteficos humaniacutesticos e culturais (SCHAURICH CROSSETTI 2010)

Eacute importante salientar que para a ciecircncia e o cuidado estabeleccedilam uma linha tecircnue

e continua se faz necessaacuterio tambeacutem uma avaliaccedilatildeo sob o ponto de vista eacutetico da

qualidade da assistecircncia dos benefiacutecios das limitaccedilotildees dos riscos e da adequaccedilatildeo agraves

101

necessidades desta populaccedilatildeo (BARRA NASCIMENTO MARTINS

ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)

O segundo termo evocado nesta periferia foi a palavra ldquolideranccedilardquo que eacute tida

como uma das principais competecircncias a ser desenvolvida pelo profissional da

enfermagem pois no trabalho em equipe os enfermeiros deveratildeo estar aptos a assumir

posiccedilotildees de lideranccedila Nesse contexto o liacuteder eacute envolvido pelo compromisso

responsabilidade empatia habilidade para a tomada de decisotildees comunicaccedilatildeo e

gerenciamento de forma efetiva e eficaz qualificando o serviccedilo e atendendo as

expectativas da organizaccedilatildeo (PERES TRENDO 2006) (STRAPASSON MEDEIROS

2009)

No novo estilo de organizaccedilatildeo das instituiccedilotildees de sauacutede a lideranccedila vem sendo

exigida natildeo como um modelo hierarquizado e tradicional mas abrindo espaccedilo para um

trabalho mais flexiacutevel em equipe com unidades semiautocircnomas construiacutedas a partir de

uma relaccedilatildeo de poder e confianccedila muacutetua (GAIDZINSKI PERES FERNANDES 2004)

(STRAPASSON MEDEIROS 2009)

O conhecimento eacute sem duacutevida um dos valores de grande importacircncia para o

estimular novos liacutederes uma vez que confere aos profissionais seguranccedila na tomada de

decisotildees relacionadas ao paciente agrave sua equipe e agraves atividades administrativas da unidade

(DOMIGUES CHAVES 2005)

No que diz respeito ao atendimento agrave crianccedilas hospitalizadas acredito que quando

o enfermeiro organiza sua assistecircncia de forma a inspirar e motivar seus liderados a ir

aleacutem de seus proacuteprios interesses para o bem do cliente estrateacutegias especiacuteficas de

abordagem agrave crianccedila conseguem sair dos protocolos e serem implementadas na rotina das

clinicas como por exemplo o brinquedo terapecircutico e o cuidado centrado na famiacutelia

Assim a iniciativa para assumir novas condutas e atitudes inovadoras eacute ponto

favoraacutevel para a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede pois sendo a SAE

conhecimento da aacuterea da enfermagem tambeacutem ofereceraacute suporte ao conhecimento dos

liacutederes desencadeando a certeza de estarem agindo da maneira mais correta e adequada

(DOMIGUES CHAVES 2005)

A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que

possuem ordem meacutedia de evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos poreacutem tambeacutem

estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central que estrutura a RS O termo indutor gerou as palavras

102

ldquoadministraccedilatildeordquo ldquoautonomiardquo ldquocomprometimentordquo e ldquoresultadosrdquo todas traduzindo um

potencial positivo frente a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE

O conjunto de palavras levantadas pelo grupo social fortalecem a forma

sistemaacutetica e ordenada de delimitar problemas fazer e executar planos para resolvecirc-los

e a elaboraccedilatildeo de meios para sua avaliaccedilatildeo que traduzem a profissatildeo do enfermeiro ou

seja o PE O PE eacute a uma sistemaacutetica organizada de cuidar do paciente eacute um meacutetodo a ser

seguido a fim de alcanccedilar os objetivos desejados em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de enfermagem

o qual baseia-se num modelo assistencial e deve levar em conta a especialidade agrave que estaacute

sendo dirigido (HERMIDA 2004)

Segundo Moreira e colaboradores (2012) o PE eacute percebido pelos enfermeiros

como instrumento de suma importacircncia para subsidiar o trabalho da enfermagem e

proporcionar melhor assistecircncia aos neonatos pois contribui para a evoluccedilatildeo dos

prognoacutesticos favorecendo o retorno dos pacientes ao contexto familiar o mais

precocemente possiacutevel (MOREIRA etal2012)

Aproximando-o do contexto da sauacutede da crianccedila o processo de enfermagem pode

ser o caminho para o alcance da especificidade necessaacuteria para o cuidado diferenciado a

esta fase da vida Pois aleacutem de possibilitar o envolvimento da famiacutelia no processo de

cuidado tambeacutem eacute capaz de organizar o uso do brinquedo terapecircutico atividades na

brinquedoteca praacuteticas no banco de leite manutenccedilatildeo de atividades escolares Que satildeo

medidas capazes de aliviar o sofrimento fiacutesico e psiacutequico ocasionados pela doenccedila

Neste contexto a enfermagem pediaacutetrica por lidar com questotildees fiacutesicas e

existenciais dos seres humanos que cotidianamente cuida tem no PE uma importante

contribuiccedilatildeo para a organizaccedilatildeo do seu trabalho pois possibilita compreender atraveacutes da

ciecircncia e da rigorosidade do meacutetodo a realidade do dia-a-dia no qual estamos imersos

que eacute permeada de subjetividade e objetividade

103

43 CONHECENDO O CONTEUacuteDO DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DA

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam entre

duas pessoas ou dois grupos pressupotildeem

representaccedilotildees na realidade eacute isso que as

caracterizam []

(Serge Moscovici)

A anaacutelise do discurso obtida com auxiacutelio do software ALCESTE nos permite

desvendar as dimensotildees das representaccedilotildees sociais sobre a SAE Esta RS eacute descrita pela

frequecircncia de palavras contidas nos discursos destes participantes que demonstram

relaccedilatildeo com o objeto durante todo o percurso do texto

Conforme Reinert (1999) o ALCESTE examina no texto as ressonacircncias de

sentido que se estabelecem devido as coocorrecircncias de alguns termos os quais aparecem

reunidos em certas regiotildees do discurso em certos momentos O programa define nuacutemero

criteacuterio de separaccedilatildeo de classes definindo as classes estaacuteveis que conteacutem o texto a partir

do processamento do corpus

Na operaccedilatildeo de leitura do corpus desta pesquisa o Programa Alceste reconheceu

a separaccedilatildeo destes em 45 unidades de contexto inicial (UCI) as quais correspondem ao

quantitativo de entrevistas e de sujeitos Em seguida na operaccedilatildeo de caacutelculo do dicionaacuterio

foram encontradas 20597 palavras sendo 2659 palavras diferentes com frequecircncia

meacutedia de palavras diferentes igual a 8 Nesta mesma etapa o programa permitiu a

identificaccedilatildeo de 886 palavras com frequecircncia igual a um indicando alto valor de

heterogeneidade do vocabulaacuterio

Na etapa de operaccedilatildeo de seleccedilatildeo das unidades de contexto elementar (UCE) apoacutes

a reduccedilatildeo das palavras agraves duas raiacutezes obtiveram-se 480 palavras analisaacuteveis com

frequecircncia igual a 4 e variabilidade de 9763 Essas 480 palavras foram designadas

numa mesma classe em duas classificaccedilotildees descendentes e dois sub-corpus que utilizaram

UCE com tamanhos diferentes O primeiro sub-corpus gerou 108 UCEs e eacute formado pela

classe 1 e o segundo sub-corpus gerou 172 UCEs e eacute formado pelas classes 2 3 4 e 5 A

tabela 2 ilustra a descriccedilatildeo das classes

104

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes

1 2 3 4 e 5 geradas pelo Alceste Caacuteceres ndash 2015

Classes UCE Palavras

Consideradas

1 108 98 39

2 29 42 10

3 59 82 21

4 34 47 12

5 50 55 18

Fonte Dados da Pesquisa 2015

Analisando a tabela 2 constata-se que o maior predomiacutenio textual se encontra na

classe 1 com 39 das UCEs classificadas seguida pela classe 3 com 21 O menor

predomiacutenio encontra-se na classe 2 com 10 e nas classes 4 e 5 respectivamente 12 e 18

porcento

Ainda descrevendo as classes de UCE o Programa gerou um dendograma

resultado da Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente (CHD) ilustrando a relaccedilatildeo

interclasses do corpus Eacute necessaacuterio destacar que as relaccedilotildees entre os eixos satildeo fracas

demonstrando que as cinco classes satildeo independentes ou seja os discursos dos sujeitos

quanto a SAE satildeo distintos

Classe 4

Classe 5

Classe 2

Classe 3

Classe 1

Figura 5 Dendograma do corpus das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem (SAE) organizado em cinco classes e dois eixos

Eixo 1 Eixo 2

39

10

21

12

18

105

Nesse niacutevel de anaacutelise o agrupamento de palavras de maior qui quadrado ou seja

de maior relevacircncia permitiu a conformaccedilatildeo da anaacutelise qualitativa em classes nas quais

buscou-se identificar aspectos significativos das Representaccedilotildees Sociais da SAE Foi

considerado como criteacuterio reter as palavras com miacutenimo de associaccedilatildeo agrave classe igual ou

superior a 19 de acordo com a lista de indices e seu valor em X2 qui-quadrado

A figura 6 representa o dendograma com os tiacutetulos dos eixos e das classes

juntamente com as palavras destacadas que corresponde ao poder de associaccedilatildeo das

palavras que foram mais expressivas para compor as classes

Figura 6 Dendograma com os eixos classese palavras destacadas segundo software

Alceste

Classe 4 Classe 5 Classe 2 Classe 3 Classe 1

As Dificuldades Operacionais

para a Implantaccedilatildeo

da SAE

Accedilotildees e Envolvimen-

tos para Aproximaccedilatildeo

da SAE

Praacuteticas e dinacircmicas

operacionais da

Enfermagem

A Rotina do Cuidado de

Enfermagem

A construccedilatildeo do conceito da

SAE

Falta Secretaacuteria

Coleta Correria Dados Acho

Tempo Que-se Tivesse

Muito bom Computador

Nuacutemero

Momento Aplicaccedilatildeo

Assim Porque

Ta Entatildeo

Ele Uso

Diferente Vocecirc

Maneira Paciente

Setor Experiecircncia

Centro Relatoacuterio

Nesta Periacuteodo Noturno

Natildeo Hospital

Obsteacutetrico Aqui

Dentro Box

Recebo Plantatildeo

Faculdade Exame Verifico

Emergecircncia Quadro Estatildeo

Depois Pendecircncias

Colega Solicita Dietas

Carrinho

Enfermagem Enfermeira Faculdade

Foi SAE

Curso Contato

Sei Accedilotildees

Assistecircncia Ouvi

Durante Importante

Aula

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

EIXO 2

A dimensatildeo praacutetica sobre a SAE

EIXO 1

A dimensatildeo Teoacuterica sobre a

SAE

106

Da anaacutelise de conteuacutedo emergiram dois eixos temaacuteticos o primeiro faz referecircncia

a dimensatildeo do conhecimento acerca da SAE e foi composto pela classe 1 O segundo

eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem assinala as aproximaccedilotildees e distanciamentos da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem na praacutetica cotidiana Esse eixo foi composto pelas classes 4

(Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da SAE) 5 (Accedilotildees e

envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE) 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da

enfermagem) e 3 (A rotina praacutetica do cuidado de Enfermagem) conforme demonstrado

na figura 5

Estes dois eixos contemplam os objetivos - Apontar de que modo local e

momento do percurso profissional essas representaccedilotildees foram forjadas - Identificar o

grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE - Identificar quais os aspectos

facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado

a crianccedila e Relacionar as RS apreendidas ao conhecimento e o cuidado prestado nas

clinicas de atenccedilatildeo agrave crianccedila deste estudo

44 AS DIMENSOtildeES DO CONHECIMENTO E PRAacuteTICA DA

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM Agrave CRIANCcedilA

HOSPITALIZADA

441 Eixo 1 A dimensatildeo teoacuterica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem

Classe 1- A Construccedilatildeo do Conceito da SAE

A classe 1 foi composta pelas seguintes palavras enfermagem faculdade curso

accedilotildees SAE assistecircncia e importante As palavras ldquoenfermagemrdquo ldquofaculdaderdquo e ldquocursordquo

agrupadas pelo Alceste para esta classe expressam conceitos que provavelmente

assinalam o local e o momento em que ocorreu a primeira relaccedilatildeo com a significaccedilatildeo da

sistematizaccedilatildeo da assistecircncia oferecendo sustentaccedilatildeo para a compreensatildeo deste

fenocircmeno

Pode-se inferir que o desenvolvimento das habilidades necessaacuterias para atuar no

cuidado de enfermagem iniciou durante o periacuteodo da graduaccedilatildeo sendo aprimoradas ao

longo dos anos de exerciacutecio da profissatildeo capacitando o enfermeiro a exercer um papel

107

ativo e criacutetico contribuindo de forma efetiva na tomada de decisotildees nas questotildees sociais

e institucionais (ALVES COGO 2014)

O conteuacutedo das falas indica e vincula o curso de graduaccedilatildeo em enfermagem como

elemento importante e norteador desta construccedilatildeo como sugerem os extratos

Mas nunca tinha ouvido falar de SAE fora da faculdade Foi no

curso de enfermagem nas aulas tivemos tambeacutem alguns eventos

da faculdade durante o tempo que estava estudando tipo

minicurso ou ateacute mesmo palestras que falavam sobre a SAE

(E34)

O meu primeiro contato com a SAE foi no curso de enfermagem

na faculdade foi a primeira vez que eu ouvi falar Foi nas aulas

de Evoluccedilatildeo da Enfermagem comeccedilava falando da histoacuteria da

enfermagem desde Florence e no final do semestre chegava no

conteuacutedo da SAE (E9)

Desde as mateacuterias especiacuteficas de praacutetica eacute falado e cobrado a

SAE dos alunos Sou de uma famiacutelia com muitos enfermeiros

minha matildee eacute enfermeira mas nunca antes da faculdade havia

ouvido falar na SAE (E26)

Na formaccedilatildeo moderna da enfermagem conhecimentos relacionado as concepccedilotildees

teoacutericas e filosoacuteficas da profissatildeo e estudos sobre a SAE satildeo abordados durante o periacuteodo

de graduaccedilatildeo

O processo de formaccedilatildeo do profissional enfermeiro estaacute fortemente embasado na

visatildeo transformadora com base em teorias criacuteticas que buscam sua capacitaccedilatildeo

profissional para o exerciacutecio das competecircncias gerais e especiacuteficas aleacutem de habilidades

pautadas no ponto de vista do aluno como sujeito de seu processo de formaccedilatildeo (MEIRA

KURCGANT 2016) (SOUZA MARISCAL 2016)

No periacuteodo de formaccedilatildeo profissional os estudantes de enfermagem vivenciam as

primeiras praacuteticas curriculares entrando em contato com a realidade da sauacutede brasileira

Durante essas praacuteticas eles devem utilizar o conhecimento teacutecnico-cientiacutefico abordado

anteriormente de forma teoacuterica no curso exercer atividades teacutecnicas inerentes agrave profissatildeo

e estabelecer relaccedilotildees interpessoais com os colegas e os professores o paciente e seus

familiares e os profissionais de sauacutede interagindo e atuando de forma criacutetica-reflexiva

(ALVES COGO 2014)

Este momento deve ser compreendido como um processo transformador capaz de

modificar o cotidiano dos serviccedilos de sauacutede Assim o aluno deve ser visto como um

sujeito protagonista do seu processo de ensino-aprendizagem como algueacutem que executa

108

algo aleacutem de tarefas como algueacutem que gerencia e cuida para que a partir dessas vivecircncias

no cotidiano encontre elementos motivadores no processo de ensino aprendizagem

capazes de intervir na realidade buscando novas soluccedilotildees e incitando novas formas de

cuidado (FREITAS FERREIRA 2016)

Nesse cenaacuterio o espaccedilo sala de aula desempenha papel de grande importacircncia

para a integraccedilatildeo social e a consolidaccedilatildeo das experiecircncias relacionadas agrave compreensatildeo do

cuidado sistematizado e sua relaccedilatildeo com o saberfazerser do enfermeiro Neste ambiente

acontece a construccedilatildeo destas manifestaccedilotildees a significaccedilatildeo e a ressignificaccedilatildeo destes

conceitos segundo a valorizaccedilatildeo dos sujeitos envolvidos (JODELET 2005)

Portanto experiecircncias de aprendizagem significativas e estrateacutegias de capacitaccedilatildeo

podem contribuir para mudanccedilas nas representaccedilotildees Nessa loacutegica entendendo a

representaccedilatildeo como produccedilatildeo social concretizada na accedilatildeo a interaccedilatildeo professor-aluno

pode influenciar ambos especialmente os acadecircmicos a ressignificarem e

implementarem a SAE agrave sauacutede da crianccedila

As palavras ldquoaccedilotildeesrdquo ldquoassistecircnciardquo e ldquoimportanterdquo tambeacutem elencadas entre as mais

expressivas pelo Programa Alceste para esta classe parecem expressar ligaccedilatildeo com a

construccedilatildeo do conceito da SAE jaacute que suas significaccedilotildees estatildeo associadas ao conceito

baacutesico do meacutetodo ou seja um conjunto de accedilotildees reflexivas de grande importacircncia para

os atos de enfermagem (COFEN 2009)

Sistematizar a assistecircncia eacute viabilizar a organizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem

constituindo uma abordagem eacutetica e humanizada dirigida agrave resoluccedilatildeo de problemas

atendendo agraves necessidades de cuidados de sauacutede e de enfermagem de uma pessoa

(CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)

Eacute possiacutevel inferir que os sujeitos compreendem a importacircncia da SAE para a

enfermagem enquanto profissatildeo e ciecircncia identificam seus potenciais enquanto meacutetodo

de planejamento da assistecircncia e ratificam ser esta atividade privativa do enfermeiro

A SAE eacute o trabalho do enfermeiro eacute o caminho para organizar

a assistecircncia e prestar um cuidado individualizado e

humanizado Eacute atraveacutes dela que conseguimos avaliar o

atendimento que prestamos e gerar accedilotildees baseadas na evidecircncia

do achado (E15)

Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees com

o seu cliente Assim ele consegue conhecer realmente o cliente

109

biologicamente e psicologicamente para poder traccedilar o cuidado

necessaacuterio (E21)

Sei que o enfermeiro deve fazer para todos os clientes ela deve

acontecer em todos os dias de internaccedilatildeo ou contato com o

cliente Eacute um norte para as nossas accedilotildees (E14)

O estudo sobre a SAE no Brasil mereceu destaque somente no final de 1980

quando o Decreto ndeg 9440687 que regulamenta a Lei 749886 do Exerciacutecio Profissional

de Enfermagem no paiacutes reforccedilado pela Resoluccedilatildeo 3582009 do Conselho Federal de

Enfermagem (COFEN) dispocircs sobre a implementaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem (SAE) e a institui como atividade privativa do enfermeiro

O discurso dos entrevistados vislumbra o desenvolvimento da SAE agrave organizaccedilatildeo

do trabalho da enfermagem associando o desenvolvimento do processo a praacuteticas

individualizadas e exitosas Estas representaccedilotildees se aproximam dos resultados de outra

pesquisa em que os enfermeiros envolvidos indicam que aplicar um meacutetodo de prestaccedilatildeo

de cuidados favorece a obtenccedilatildeo de resultados satisfatoacuterios aleacutem de reduzir as

complicaccedilotildees durante o tratamento (CUNHA BARROS 2005)

O uso do meacutetodo requer o pensamento criacutetico do profissional que deve estar

focado nos objetivos e voltado para os resultados de forma a atender as necessidades do

paciente e de sua famiacutelia exigindo constante atualizaccedilatildeo habilidades e experiecircncia

sendo orientado pela eacutetica e padrotildees de conduta (SILVA OLIVEIRA NEVES

GUIMARAtildeES 2011)

Portanto eacute um modo de exercer a profissatildeo com autonomia baseada nos

conhecimentos teacutecnico-cientiacuteficos no qual a categoria vem trabalhando e se

desenvolvendo nas uacuteltimas deacutecadas

Observa-se tambeacutem que para os sujeitos o conceito de cuidado apresenta-se

associado aos procedimentos e intervenccedilotildees de enfermagem desenvolvidas

cotidianamente demonstram tambeacutem compreender que a aplicaccedilatildeo da SAE eacute importante

para direcionar este fazer

No conteuacutedo das falas tambeacutem foi possiacutevel apreender que o conhecimento

relacionado agrave operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo eacute vigorante Os entrevistados conhecem as

fases do processo de enfermagem e compreendem como os diagnoacutesticos satildeo elaborados

Eacute baseado na Teoria de Wanda Horta sendo formado por fases

ligadas que te direcionam para uma assistecircncia correta (E2)

110

Ela eacute composta de fases que satildeo interligadas e geram potencial

para lidar com condiccedilotildees de doenccedila e riscos (E22)

A SAE eacute um meacutetodo constituiacutedo de fases Coleta de dados

diagnoacutestico de enfermagem planejamento prescriccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo Eacute desenvolvida pelo enfermeiro para todo cliente que

ele tem contato (E18)

Eacute com base nos dados coletados que a avaliaccedilatildeo do paciente eacute

feita entatildeo observamos se existe algum diagnoacutestico utilizando o

NANDA aiacute estabelecemos metas de pequeno meacutedio e longo

prazo para depois prescrevemos cuidado (E25)

Os diagnoacutesticos que construiacutemos datildeo credibilidade para o meu

trabalho pois mostra que a accedilatildeo que eu estou desenvolvendo eacute

baseada em achados cientiacuteficos (E36)

Para Alfaro-Levefre (2000) o meacutetodo atraveacutes do qual a estrutura teoacuterica da

enfermagem eacute aplicada agrave praacutetica eacute apresentado em cinco fases investigaccedilatildeo diagnoacutestico

de enfermagem planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo De acordo com o referencial

teoacuterico utilizado pela instituiccedilatildeo a implementaccedilatildeo da SAE atraveacutes do PE pode ser

desenvolvida variando de quatro ateacute seis fases interligadas

Eacute necessaacuterio que toda a equipe de enfermagem envolvida no processo de

implementaccedilatildeo dessa metodologia saiba quais passos deve seguir e principalmente

como cada um destes deve ser implementado em sua praacutetica diaacuteria (AMANTE

ROSSETO SCHNEIDER 2009)

O PE nos dois hospitais dessa pesquisa estaacute ancorado no referencial teoacuterico das

Teoria das Necessidades Humanas Baacutesicas de Wanda de Aguiar Horta (1979) e

desenvolvem o processo de enfermagem em 5 fases Histoacuterico Diagnoacutestico

Planejamento de Metas Prescriccedilatildeo e Prognoacutestico com auxiacutelio de um software

Este software possibilita a normatizaccedilatildeo de todo o processo de transcriccedilatildeo das

informaccedilotildees de enfermagem em prontuaacuterio eletrocircnico visa possibilitar a construccedilatildeo de

um banco de informaccedilotildees rotineiras pelo enfermeiro que estaacute habilitado atraveacutes de senha

disponibilizada pela gerencia de enfermagem Este software esta estruturado de forma

que obriga o lanccedilamento das informaccedilotildees relacionadas ao atendimento de enfermagem

impossibilitando a mudanccedila de fase ou a finalizaccedilatildeo do processo sem que a etapa anterior

esteja preenchida

Acrescento que na execuccedilatildeo deste programa pelo menos algumas informaccedilotildees

precisam ser escritas pelo enfermeiro habilitado para que abra-se a proacutexima paacutegina para

111

preenchimento Desta forma o enfermeiro natildeo tem acesso a paacutegina de diagnoacutestico sem

antes preencher a paacutegina de histoacuterico e assim sucessivamente

Pode-se deduzir que em virtude deste recurso de operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo os

discursos dos enfermeiros revelem unanimidade ao associaacute-lo a praacutetica sistemaacutetica com

fases interligadas e obrigatoacuterias Esse resultado assemelha-se aos estudos de Nascimento

et al (2008) Lopes e Jorge (2008) e Ledesma-Delgado e Mendes (2009) que igualmente

reconheceram que as accedilotildees do PE estatildeo centralizadas nas regras estabelecidas pelas

instituiccedilotildees seguindo normas e rotinas preconizadas por estes estabelecimentos em

detrimento do cuidado centrado na especificidade do cliente

Divergente deste achado tese desenvolvida por Neves (2010) indicou que no

processo de desenvolvimento do PE a etapa de diagnoacutestico geralmente eacute desvalorizada

Assim o enfermeiro executa o Histoacuterico a Evoluccedilatildeo e a Prescriccedilatildeo desconsiderando os

Diagnoacutesticos de Enfermagem dos clientes baseando-se nos diagnoacutesticos meacutedicos para

completar as etapas anteriormente realizadas

Na concepccedilatildeo do grupo as representaccedilotildees sociais associadas ao Diagnoacutestico de

Enfermagem satildeo relativas aos benefiacutecios que esta fase traz a profissatildeo estabelecendo um

caminho para a autonomia e uma ligaccedilatildeo com a ciecircncia do cuidado Neves (2010)

acrescenta que eacute importante que o enfermeiro compreenda as formas de identificaccedilatildeo de

problemas baseados em modelos praacuteticos que possam ser aplicados a realidade e que

configurem resultados positivos na assistecircncia de Enfermagem

Nos discursos os enfermeiros participantes tambeacutem identificam a SAE como

forma de comunicaccedilatildeo entre as equipes de sauacutede e a associam agrave qualidade do cuidado e

agrave reduccedilatildeo de riscos Este resultado segue em consonacircncia com os elementos constitutivos

do sistema perifeacuterico da RS ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as falas do

grupo se ancoram na visatildeo politicamente correta dos aspectos que envolve a SAE e as

praacuteticas de cuidado de enfermagem se aproximando dos debates teoacutericos do assunto

Eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Eacute como a enfermagem registra

suas accedilotildees no prontuaacuterio uma forma de dizer estivemos neste

plantatildeo (E9)

Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees do

cliente e depois registrar no prontuaacuterio Desta forma toda equipe

tem conhecimento da condiccedilatildeo de sauacutede do cliente (E4)

A SAE eacute muito importante para o dia a dia da enfermagem eacute

uma forma de oferecer uma assistecircncia de qualidade longe de

riscos e valorizando o cliente (E26)

112

Atraveacutes deste processo a enfermagem consegue traccedilar accedilotildees que

precisam ser desenvolvidas para levar o cliente a homeostasia

(E8)

A SAE eacute um instrumento utilizado pela enfermagem para

planejar o cuidado Atraveacutes deste processo a enfermagem

consegue traccedilar accedilotildees que precisam ser desenvolvidas para

levar o cliente ao bem-estar fiacutesico psicoloacutegico e espiritual (E22)

A SAE foi compreendida pelos enfermeiros participantes como importante

requisito para a documentaccedilatildeo e registro da assistecircncia desenvolvida Esse registro foi

considerado essencial para o desenvolvimento do plano de cuidados agregando

significados que conduzem as praacuteticas do enfermeiro Para Matsuda e colaboradores as

informaccedilotildees a respeito dos clientes devem ser claras objetivas frequentes e completas

de modo que possibilite o monitoramento a avaliaccedilatildeo e o (re) planejamento global e

contiacutenuo dos cuidados (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)

O que foi coletado e identificado sobre o cuidado necessita ser registrado A

ausecircncia de registros e anotaccedilotildees relativas ao cuidado prestado colabora para a deficiecircncia

na continuidade da assistecircncia

Nessa perspectiva as falas dos enfermeiros fortalecem a visatildeo de burocratizaccedilatildeo

da assistecircncia prestada sobre esta abordagem Neves (2010) esclarece que a valorizaccedilatildeo

dos registros tem por base alguns significados pois asseguram o controle e a

burocratizaccedilatildeo do cuidado reforccedilando o modelo biomeacutedico de assistecircncia ao cliente

centrado nas praacuteticas de cuidado com o corpo e natildeo com o indiviacuteduo

Outro aspecto que emergiu nesta classe sugere que a SAE significa o meio que

favorece a qualidade da assistecircncia de enfermagem sendo um instrumento de grande

importacircncia para a praacutetica profissional do enfermeiro representando a ferramenta que

daraacute suporte para a aproximaccedilatildeo de uma prestaccedilatildeo de cuidados respeitando as

especificidades do cliente

O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao

cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste

garante a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do

pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia porque norteia as accedilotildees

(ANDRADE VIEIRA 2005)

Percebe-se na fala dos enfermeiros que a finalidade de implantaccedilatildeo da SAE nas

instituiccedilotildees investigadas foi organizar o cuidado a partir da adoccedilatildeo de um meacutetodo

113

sistemaacutetico proporcionando ao enfermeiro a (re)definiccedilatildeo do seu espaccedilo de atuaccedilatildeo A

aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a possibilidade da

prestaccedilatildeo de cuidados individualizados centrada nas necessidades humanas baacutesicas e

aleacutem de ser aplicado agrave assistecircncia pode nortear tomadas de decisatildeo em diversas situaccedilotildees

vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de enfermagem

(ANDRADE VIEIRA 2005)

Deste modo pode-se inferir que as RS acerca da SAE evidenciadas nesse eixo

indicam que a construccedilatildeo do saber e a aplicabilidade da SAE foram forjados inicialmente

durante a graduaccedilatildeo de enfermagem Entre os entrevistados parecer haver consenso

acerca da importacircncia do processo de enfermagem para a qualificaccedilatildeo do cuidado a ser

prestado

442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem

O segundo eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem eacute responsaacutevel por descrever as aproximaccedilotildees e os

distanciamentos da SAE no cuidado cotidiano agrave crianccedila hospitalizada Esse eixo foi

composto pelas classes 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem) 3 (A rotina

praacutetica do cuidado de Enfermagem) 4 (Desvelando as dificuldades operacionais para a

implantaccedilatildeo da SAE) e 5 (Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE)

Classe 2 Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem

A classe 2 nomeada Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem foi

composta pelas seguintes palavras ldquosetorrdquo ldquoexperiecircnciardquo ldquocentrordquo ldquorelatoacuteriordquo ldquoplantardquo

ldquoexamerdquo e ldquoquadrordquo estas palavras correspondem agraves atividades praacuteticas de enfermagem

ou seja as palavras fazem menccedilatildeo aos processos vinculados agrave rotina assistencial dos

setores como ocorre agrave conduccedilatildeo do trabalho dos enfermeiros e como as praacuteticas satildeo

planejadas

A organizaccedilatildeo do processo de trabalho constitui um dos meios que o enfermeiro

utiliza para alcanccedilar o seu objetivo final a praacutetica de um cuidado seguro e de qualidade

(CHRISTOVAM PORTO OLIVEIRA 2012) A Lei Nordm 749886 que regulamenta o

exerciacutecio dos profissionais de enfermagem explicita em seu art 11 que a organizaccedilatildeo o

114

planejamento a coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo dos serviccedilos da assistecircncia de

enfermagem satildeo responsabilidades privativas do enfermeiro

A SAE eacute um meio para organizar a assistecircncia ela incorpora instrumentos que

devem ser utilizados no trabalho gerencial fortalecendo o planejamento a tomada de

decisotildees comunicaccedilatildeo lideranccedila a administraccedilatildeo a educaccedilatildeo permanente etc

Ressalta-se que a gestatildeo do cuidado envolve a dialoacutegica entre o saber-fazer

gerenciar e o cuidar A articulaccedilatildeo dessas duas dimensotildees deve permitir ao enfermeiro

organizar a rotina de acordo com as necessidades de sauacutede do indiviacuteduo e por meio de

accedilotildees gerenciais promover a melhoria da assistecircncia prestada (VITURI EacuteVORA 2015)

Os fragmentos dos discursos dos enfermeiros se afastam desta proposta dialoacutegica

evidenciando que o cuidado desenvolvido nas cliacutenicas eacute uma praacutetica desarticulada de um

referencial metodoloacutegico natildeo acontecendo ou acontecendo de forma seletiva para alguns

pacientes

Natildeo utilizamos a SAE na sala de parto natildeo tenho uma rotina

relacionada agrave SAE Geralmente faccedilo meu relatoacuterio para cada

cliente que tem alta tento ser bem descritiva nas accedilotildees que

aconteceram aqui relato todas as intercorrecircncias mas natildeo

temos neste setor o processo de enfermagem (E21)

Neste setor soacute acontece a SAE se o paciente tambeacutem fizer parte

da comissatildeo de curativo se natildeo fizer parte fazemos um pequeno

relatoacuterio no formato SOAP e soacute (E8)

Natildeo natildeo tenho a SAE aqui Jaacute passei por vaacuterios setores deste

hospital Faccedilo geralmente a SAE dos pacientes mais criacuteticos

(E11)

Aqui na sala de Parto o bicho pega de verdade Acho que utilizei

a SAE mesmo durante a faculdade Natildeo consigo visualizar a

diferenccedila do meu trabalho com ou sem a SAE (E6)

Os conteuacutedos apreendidos nas falas dos participantes denotam ecircnfase na

intensidade das atividades desenvolvidas por plantatildeo levando a compreender que a alta

demanda de accedilotildees e o tempo satildeo as causas do natildeo desenvolvimento ou do

desenvolvimento parcial do cuidado sistematizado Observa-se que o cuidado eacute

desenvolvido cotidianamente poreacutem sem planejamento retratando a ideia de que os

sujeitos valorizam mais as praacuteticas e decisotildees relacionadas agrave gestatildeo imediata das

115

demandas do setor sem o uso da SAE provavelmente por entenderem que o uso dela

atrasaria o processo de trabalho

Outros estudos tambeacutem levantaram como dificuldades enfrentadas por

enfermeiros a implantaccedilatildeo da SAE o nuacutemero reduzido de profissionais de enfermagem

a falta de credibilidade dos teacutecnicos de enfermagem frente agrave SAE a sobrecarga de

trabalho do enfermeiro o tempo e a falta de motivaccedilatildeo profissional (GONCcedilALVES et

al 2007) (MEDEIROS SANTO CABRAL 2013) (NEVES 2010)

Alguns autores classificam em dois niacuteveis os desafios para a trajetoacuteria de

construccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede o primeiro eacute institucional e trata da organizaccedilatildeo

e articulaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede o nuacutemero de enfermeiros a valorizaccedilatildeo por parte da

administraccedilatildeo da instituiccedilatildeo bem como os indicadores de resultado da assistecircncia No

segundo niacutevel encontram-se aqueles relacionados ao profissional e dizem respeito agrave base

cientiacutefica e conhecimentos requeridos habilidades e atitudes pautadas no compromisso

eacutetico na responsabilidade e no assumir o cuidar do ser humano (CASTILHO RIBEIRO

CHIRELLI 2009) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

A natildeo utilizaccedilatildeo da SAE pelos profissionais deve-se ao distanciamento entre o

pensar e o fazer entre teoria e praacutetica principalmente por natildeo haver uma preocupaccedilatildeo

maior com a qualidade da assistecircncia e sim com a demanda do serviccedilo (KLETEMBERG

MANTOVANI LACERDA 2004)

Considerando a sobrecarga de atividades e o escasso tempo os enfermeiros

investigados acabam por selecionar quais satildeo as crianccedilas internadas merecedores de uma

abordagem integral e individualizada Eacute importante ressaltar que a qualidade da atenccedilatildeo

agrave sauacutede articula-se agrave questatildeo da responsabilidade social dos profissionais de sauacutede e dos

serviccedilos para com os seus clientes e estaacute sob a influecircncia direta de variaacuteveis carregadas

de subjetividade daiacute urge a necessidade de decisotildees fortalecidas na rigorosidade da

ciecircncia Como fazer a escolha correta Como prever o desfecho de um quadro clinico sem

a devida avaliaccedilatildeo e planejamento

A implementaccedilatildeo de um meacutetodo cientiacutefico aprimora todos os aspectos da praacutetica

de enfermagem angariando respeito profissional assegurando documentaccedilatildeo

consistente representando o julgamento preciso e profissional dos enfermeiros cliacutenicos

contribuindo deste modo para a seguranccedila do paciente por meio da integraccedilatildeo de uma

terminologia baseada em evidecircncias para a praacutetica cliacutenica e a tomada de decisatildeo

(LUNNEY 2012) (BACKES KOERICH NASCIMENTO ERDMANN 2013)

116

O descaso com o emprego sistemaacutetico do diagnoacutestico das accedilotildees intervenccedilotildees e

resultados de enfermagem pode resultar em ausecircncia de visibilidade e de reconhecimento

profissional aleacutem de poder acarretar ausecircncia ou dificuldade de avaliaccedilatildeo de sua praacutetica

e importacircncia como profissatildeo (GARCIA NOacuteBREGA 2004)

As praacuteticas desenvolvidas pelos enfermeiros estudados estatildeo em discordacircncia com

uma grande corrente de pensadores da enfermagem que veem trabalhando com o intuito

de normatizar e universalizar a linguagem dos sistemas de classificaccedilatildeo da praacutetica do

cuidado evidenciando seus elementos atraveacutes do processo de enfermagem por considerar

esta accedilatildeo importante agrave profissatildeo (NOacuteBREGA GARCIA 2005)

Florecircncio (2009) afirma que somente haveraacute a implantaccedilatildeo da SAE nas

instituiccedilotildees se os enfermeiros se conscientizarem da importacircncia destes cuidados e

tiverem a iniciativa e as condiccedilotildees necessaacuterias para que esta seja implantada em seu local

de trabalho

Eacute preciso dedicaccedilatildeo e tempo para sua aplicaccedilatildeo aperfeiccediloamento soluccedilotildees de

problemas tomada de decisotildees para que a enfermagem consiga atingir suas metas e

promover um cuidado com este cliente (LEFEVRE 2000)

O que causa certo estranhamento eacute verificar no discurso do grupo social a

referecircncia agrave natildeo diferenciaccedilatildeo nos resultados do cuidado de enfermagem prestado de

forma sistematizada e natildeo sistematizada

Estudo sobre a anaacutelise do processo de implantaccedilatildeo da SAE identificou que o

processo de enfermagem quando natildeo eacute operacionalizado resulta em um plano de

cuidados generalizado Dessa maneira natildeo importam as individualidades e necessidades

de cada caso tornando-se apenas uma atividade burocraacutetica centrada nas praacuteticas de

cuidado com o corpo e natildeo no indiviacuteduo (NEVES 2010)

Embora a Resoluccedilatildeo COREN 2722002 tenha estipulado a obrigatoriedade da

SAE em todas as instituiccedilotildees de sauacutede percebe-se que isto natildeo eacute a realidade do grupo

social estudado a aplicabilidade da SAE ainda representa um grande desafio pois existe

conhecimento do assunto por parte do enfermeiro faltando a iniciativa em introduzir o

meacutetodo na praacutetica cotidiana

As RS desta classe desqualificam a SAE como meio de organizaccedilatildeo do cuidado e

satildeo discordantes das representaccedilotildees encontradas no eixo 1 desta pesquisa Da mesma

forma tambeacutem se afastam da estrutura perifeacuterica anteriormente representada pelo grupo

sobre a SAE atraveacutes das palavras ldquoplanejamentordquo ldquoqualidaderdquo ldquocomprometimentordquo

117

ldquoresponsabilidaderdquo A aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado agrave qualidade da assistecircncia

visiacutevel nas falas do eixo que aborda a dimensatildeo teoacuterica da SAE eacute discrepante das accedilotildees

desenvolvidas na classe dois do eixo 2 onde eacute trabalhado a dimensatildeo praacutetica do cuidado

fortalecendo dissonacircncia entre a teoria e a praacutetica para este grupo

Eacute possiacutevel que a cultura interna do serviccedilo direcione as praacuteticas e atividades

diaacuterias considerando o fluxo dos atendimentos prioritaacuterios tendo por base a rotina de

trabalho Desta forma os processos necessaacuterios para atingir as demandas do tratamento

meacutedico e dos requisitos administrativos ligados a gestatildeo da unidade e do hospital

acontecem dando a sensaccedilatildeo ao profissional de enfermagem de dever cumprido poreacutem

muito distante de uma proposta autocircnoma fortalecida em conhecimento

Classe 3 A rotina do cuidado de enfermagem

Nesta classe satildeo descritas as praacuteticas e rotinas assistenciais dos campos de estudo

ou seja a maneira como o cuidado eacute prestado agrave clientela As palavras que ganharam

destaque nas falas dos sujeitos foram ldquorecebordquo ldquoplantatildeordquo ldquoexamerdquo ldquoemergecircnciasrdquo e

ldquopendecircncias - palavras estas que associadas aos estratos das falas aproximam o cuidado

prestado a um forte potencial mecanicista pouco individualizado para as necessidades da

crianccedila

No que tange agraves praacuteticas e agrave rotina dos setores de atendimento agrave crianccedila foi

possiacutevel apreender que haacute uma grande preocupaccedilatildeo dos enfermeiros em atenderem as

demandas da unidade de internaccedilatildeo e as solicitaccedilotildees meacutedicas Esse fato pode estar

atrelado a cultura existente de que os cuidados de enfermagem representam accedilotildees que

visam auxiliar as prescriccedilotildees meacutedicas

Com a equipe de meacutedicos e residentes recebo o plantatildeo quando

tem acadecircmico de enfermagem ele tambeacutem participa Faccedilo

primeiro as coisas que tem prazo ou que satildeo de urgecircncia depois

passo para as atividades privativas faccedilo curativo passo sondas

pics depois evoluo as crianccedilas e faccedilo as admissotildees (E5)

Recebo o plantatildeo confiro o senso dos pacientes tento organizar

o espaccedilo solicito os exames necessaacuterios faccedilo os

direcionamentos faccedilo os procedimentos tipo sondas curativos

eletros e depois vou atendendo os pacientes sem parar (E40)

Recebo o plantatildeo da colega e vou logo tentando organizar os

prontuaacuterios segundo a rotina dos meacutedicos da unidade cada um

chega em um horaacuterio entatildeo vou organizando as preacute-consultas

de forma a atender a todos (E34)

118

Nightingale a percussora da enfermagem moderna preconizava que as enfermeiras

deveriam estar submetidas a uma forte organizaccedilatildeo disciplinar cuja finalidade exclusiva

era capacitaacute-las para a execuccedilatildeo inteligente das tarefas ordenadas pelos meacutedicos

constituindo assim toda a praacutetica de enfermagem A boa enfermeira deveria trazer em

seu exerciacutecio diaacuterio a aproximaccedilatildeo de adjetivos como disciplina obediecircncia e a

subserviecircncia tanto nas accedilotildees assistenciais como nas relaccedilotildees enfermagemmedicina

(LUNARDI 2004) (ANDRADE 2007)

Para considerar a afirmativa anterior eacute preciso entender que para os padrotildees

sociais da eacutepoca e para a aplicaccedilatildeo do modelo biomeacutedico nos hospitais o conhecimento

meacutedico era o uacutenico vaacutelido por ser considerado cientiacutefico desvalorizando o cuidado de

enfermagem que era destinado agrave manutenccedilatildeo e promoccedilatildeo da vida percebidos como

secundaacuterios menores sem importacircncia significativa valor econocircmico ou cientiacutefico

(PADILHA et al1997) (ANDRADE 2007) A assistecircncia de enfermagem se resumia

em dar o remeacutedio na hora certa cuidar do asseio dar alimentaccedilatildeo fazer companhia

auxiliar o paciente na ocasiatildeo das necessidades e cuidar dos mortos (PADILHA et

al1997)

Alguns profissionais permanecem com suas visotildees arraigadas num modelo

tecnicista de assistecircncia no qual os procedimentos teacutecnicos imperam sobre os aspectos

cognitivos de atenccedilatildeo Assim o conceito de cuidado para alguns profissionais ainda

persiste baseado no modelo biomeacutedico em que cuidar eacute reconhecido apenas com o fazer

objetivo O que natildeo eacute cuidado direto natildeo eacute considerado por alguns como cuidado mesmo

que supra a necessidade apresentada pelo familiar naquele momento (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Tal loacutegica tecnoburocraacutetica centrada no modelo biomeacutedico vigente engessa o

cuidado intervencionista pautado predominantemente em teacutecnicas que isolam o cliente

de forma passiva no leito tratando-o como receptor de protocolos e procedimentos

teacutecnicos invasivos e natildeo invasivos

De acordo com Nunes (1999) os profissionais enfermeiros em geral apresentam-

se enfeiticcediladas pelo poder que aparentemente a tecnologia lhes concede Deste modo

muitas vezes sua praacutetica se direciona essencialmente para o exerciacutecio teacutecnico

distanciando-se portanto dos valores morais e poliacuteticos imbuiacutedos no cotidiano de

trabalho Nesta direccedilatildeo Kletemberg Mantovani e Lacerda (2004) lembram que agindo

119

assim os enfermeiros se afastam da anaacutelise criacutetica de sua realidade e mantecircm-se na

neutralidade rotineira de execuccedilatildeo de procedimentos

A enfermagem possui um conjunto de ideias e modos de atuar que constituem o

conhecimento o saber em que se baseia sua prestaccedilatildeo de serviccedilo agrave sociedade Na deacutecada

de 50 do seacuteculo XX as enfermeiras passaram a enfatizar a aplicaccedilatildeo de princiacutepios

cientiacuteficos em seus procedimentos aumentando as reflexotildees sobre a necessidade de se

desenvolver um corpo de conhecimento especiacutefico que pudesse conferir identidade e

autonomia agrave profissatildeo A elaboraccedilatildeo dos modelos conceituais e teorias de enfermagem

objetivam descrever e caracterizar os componentes dos fenocircmenos que lhe satildeo

pertinentes e cuja finalidade eacute explicar elucidar e interpretar ou seja dizer o significado

e o porquecirc dos fatos e suas relaccedilotildees (GEOVANINI 2002)

A enfermagem atual acredita ser obrigaccedilatildeo de cada profissional de sua equipe

contribuir para o crescimento e a renovaccedilatildeo dos conhecimentos de sua aacuterea Em seu agir

tem de observar e criticar a eficiecircncia dos meacutetodos e teacutecnicas que utiliza Um corpo de

conhecimentos e procedimentos teoricamente organizados sistematizados e sempre

reformulados se constitui em base segura para a accedilatildeo eficiente (SOUZA 1988)

(ANDRADE VIEIRA 2005)

A SAE enquanto processo organizacional eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o

desenvolvimento de meacutetodosmetodologias interdisciplinares e humanizadas de cuida-

do As metodologias de cuidado sejam quais forem as suas denominaccedilotildees representam

atualmente uma das mais importantes conquistas no campo assistencial da enfermagem

(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008)

Dessa forma pode-se inferir que o grupo social entrevistado manteacutem

comportamentos em relaccedilatildeo ao cuidado das crianccedilas hospitalizadas que reforccedilam o antigo

paradigma de cuidado centrado na doenccedila na realizaccedilatildeo de procedimentos sob as ordens

meacutedicas fortemente biologicista Natildeo se identificou menccedilatildeo agrave consulta de enfermagem

ou a procedimentos especiacuteficos da enfermagem em pediatria como por exemplo o uso

do brinquedo terapecircutico ou da Escala Analoacutegica de Dor que conferem autonomia ao

cuidado

Observa-se tambeacutem grande preocupaccedilatildeo na realizaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos

Existe um envolvimento do enfermeiro em atividades que poderiam ser delegadas a

secretaacuteria da unidade ou a outro membro da equipe como por exemplo o agendamento

de exames Delegar a outros membros da equipe essas atividades que natildeo satildeo exclusivas

120

do enfermeiro propiciaria maior tempo para as atividades privativas como por exemplo

a consulta de enfermagem

Natildeo se pode negligenciar a importacircncia das teacutecnicas hospitalares muitas satildeo

indispensaacuteveis para a manutenccedilatildeo da vida para favorecer o restabelecimento do fiacutesico

Poreacutem este tipo de intervenccedilatildeo privilegiando a assistecircncia curativa torna-se cara para o

hospital e natildeo resolve as causas dos problemas de sauacutede que na maioria das patologias

poderia ser evitado ou controlado com mudanccedilas estruturais nos modos de agir e viver o

qual a vertente subjetiva da enfermagem poderia alcanccedilar atraveacutes da SAE

O enfermeiro eacute fundamental na engrenagem de uma instituiccedilatildeo de sauacutede No

ambiente hospitalar ele eacute o responsaacutevel pelo gerenciamento da maior equipe de

profissionais da aacuterea de sauacutede necessitando desenvolver habilidades que favoreccedilam a

conduccedilatildeo equilibrada de um grupo heterogecircneo transmitindo seguranccedila na tomada de

decisotildees (RIBEIRO SANTOS MEIRA 2006)

A lideranccedila eacute uma das habilidades que inevitavelmente o enfermeiro deveraacute

desenvolver independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais Entende-se como

lideranccedila um fenocircmeno grupal onde a influecircncia de um indiviacuteduo sobre os demais eacute

compartilhada entre os membros de um grupo envolvendo a relaccedilatildeo interpessoal a

comunicaccedilatildeo e culminando com o trabalho em equipe (SIMOtildeES FAacuteVERO 2003) Com

a lideranccedila o enfermeiro eacute capaz de fomentar as capacidades e potencialidades de cada

membro do grupo estimulando o trabalho em equipe e desta forma distribuindo as

atividades segundo a competecircncia e habilidades dos membros da equipe (CARDOSO

RAMOS DrsquoINNOCENZO 2011)

Pode-se deduzir no discurso dos enfermeiros que as rotinas as atividades do

plantatildeo aparentemente acontecem cumprindo os prazos a serem vencidos e os

atendimentos prioritaacuterios Natildeo foi possiacutevel apreender nas falas e existecircncia de um

planejamento assistencial de meacutedio e longo prazo tanto administrativo quanto

assistencial ou a delegaccedilatildeo de atividades

Dessa forma Ledesma-Delgado e Mendes (2009) acreditam que na estrutura

hospitalar as accedilotildeesinteraccedilotildees de cuidado do enfermeiro seguem rotinas padronizadas e

funccedilotildees instituiacutedas pelo meio mostrando-se elementos direcionadores da assistecircncia As

falas dos enfermeiros participantes sugerem priorizaccedilatildeo das atividades do dia essenciais

para tocar o plantatildeo

121

O processo de trabalho dos enfermeiros participantes remete sobretudo ao

cuidado com foco nos procedimentos teacutecnicos Sua ampliaccedilatildeo de modo a abarcar a

interaccedilatildeo profissional-cliente no contexto histoacuterico-social da relaccedilatildeo e da vida do paciente

coloca-se como um projeto possiacutevel mas em grande parte ainda por ser construiacutedo

(MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Esta condiccedilatildeo ainda eacute intensa no cenaacuterio da

sauacutede em virtude da manutenccedilatildeo do modelo biomeacutedico de atenccedilatildeo agrave sauacutede

Neste contexto as contribuiccedilotildees da enfermagem caracterizam-se como

sustentaccedilotildees das praacuteticas meacutedicas Compotildeem assim um trabalho complementar que

reforccedila a hegemonia meacutedica favorecendo o reconhecimento social do segundo em

detrimento do primeiro (SALVADOR et al 2015)

No iniacutecio do plantatildeo eu verifico se toda a unidade esta

organizada faccedilo a divisatildeo dos consultoacuterios de acordo com as

especialidades Faccedilo um check-up verificando se nada estaacute

faltando desde lacircmpadas ateacute os instrumentos para os exames

meacutedicos divido os funcionaacuterios por alas (E9)

Entatildeo eu organizo o espaccedilo deixo a equipe preparada para o

trabalho Faccedilo o acompanhamento da evoluccedilatildeo de todas as

mulheres do preacute-parto quando esta quase para nascer chamo o

plantonista ou o residente (E34)

Chego no meu plantatildeo observo o quadro de cirurgias faccedilo a

escala dos funcionaacuterios para o plantatildeo resolvo as necessidades

de materiais e protocolos organizo o quadro de cirurgias a

equipe meacutedica aqui eacute muito exigente (E13)

Nas falas emergem equiacutevocos sobre o real significado do cuidar indicando a

necessidade de revisar e transformar a praacutetica e consequentemente o papel do

profissional de enfermagem no sentido de imprimir nova caracteriacutestica agrave sua atuaccedilatildeo

para garantir o reconhecimento do cuidado de enfermagem

Quanto agrave concepccedilatildeo do cuidado este deve ir muito aleacutem da oferta de

procedimentos e teacutecnicas de enfermagem agrave crianccedila Sua definiccedilatildeo ainda eacute amplamente

debatida entre profissionais de sauacutede posto que enquanto alguns o consideram sinocircnimo

de assistecircncia outros o descrevem como essecircncia da profissatildeo (NEVES 2010)

Entretanto todas as correntes convergem que para a sua efetivaccedilatildeo eacute necessaacuterio o

conhecimento sobre o outro envolvendo relacionamento interpessoal e baseando-se na

122

cooperaccedilatildeo muacutetua a partir de valores humaniacutesticos e conhecimento cientiacutefico

(ZEFERINO et al2008)

Um cuidado autecircntico acontece quando profissionais da enfermagem respondem

agraves necessidades de seus clientes e agem responsavelmente ajudando a desenvolver

restaurar ou desenvolver o cuidado de si na melhor maneira possiacutevel Ao agir assim os

clientes natildeo satildeo apenas ajudados a lidarem e a enfrentarem a doenccedila e a incapacidade

mas satildeo encorajados e empoderados a continuarem em sua busca pela plenitude humana

(WALDOW 2015)

Faz-se preciso superar o modelo hegemocircnico vigente e ressignificar o cuidado a

forma de cuidar construindo conjuntamente o plano terapecircutico entre o ser cuidado os

cuidadores os familiares e os profissionais envolvidos (ZEFERINO et al2008)

As praacuteticas assistenciais que emergiram nos estratos estatildeo distantes das

encontradas no nuacutecleo central da RS ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo que apontam a

cientificidade como um aspecto estruturador do fazer do enfermeiro Este posicionamento

se afasta das discussotildees travadas nos espaccedilos acadecircmicos sugerindo novamente um

abismo entre a dimensatildeo teoacuterica do cuidado e a dimensatildeo praacutetica

Percebe-se que o saber da enfermagem fica limitado a discussotildees fechadas nos

cursos e programas de formaccedilatildeo O saber teoacuterico dissociado do fazer praacutetico contribui

para perpetuaccedilatildeo do modelo biomeacutedico e reforccedila o papel social da enfermagem como

ajudante de meacutedico o que prejudica o reconhecimento social do enfermeiro

O cuidado de enfermagem aplicado a partir do conhecimento cientiacutefico e natildeo

somente originado da prescriccedilatildeo meacutedica soacute eacute possiacutevel mediante a sistematizaccedilatildeo da

assistecircncia de enfermagem como ponto essencial na cientificidade de nossa praacutetica e na

evoluccedilatildeo da profissatildeo Esta provavelmente eacute a uacutenica possibilidade do enfermeiro atingir

sua autonomia profissional e constitui a essecircncia de sua praacutetica profissional (ANDRADE

2007)

Dessa forma as falas confirmam que a ampla visatildeo sobre as praacuteticas de

enfermagem que o enfermeiro possui pelas competecircncias que adquire no envolvimento

iacutentimo com o paciente enquanto ser de necessidade seu nuacutecleo social e suas relaccedilotildees

com o ambiente tornam-se limitadas e invisiacuteveis ao processo (NEVES 2010)

(SALVADOR et al 2015)

A praacutetica de enfermagem nos setores da pesquisa eacute composta por grupos de

profissionais de diversas especialidades com distintas atribuiccedilotildees que convergem para

123

um objetivo comum que eacute o bem-estar do paciente Foi possiacutevel deduzir que os princiacutepios

que orientam as praacuteticas assistenciais agrave crianccedila da equipe de enfermagem satildeo constituiacutedos

pelo cumprimento das demandas instituiacutedas pelo corpo meacutedico para determinado

paciente

Outro aspecto observado nas falas foi agrave insatisfaccedilatildeo dos enfermeiros com os

desdobramentos da aplicabilidade da SAE nos setores Os sentimentos de insatisfaccedilatildeo

ratificam os resultados de estudo em que enfermeiros justificaram o preenchimento

incompleto do histoacuterico de enfermagem com a falta de checagem das prescriccedilotildees de

enfermagem pelos teacutecnicos e com a alegaccedilatildeo da falta de conhecimento do funcionamento

do processo de enfermagem (NEVES 2010)

Ter um impresso especiacutefico bem dividido ajuda na hora de

dar continuidade na coleta de dados Mas ela [SAE]

precisa ter um espaccedilo maior na instituiccedilatildeo para que ela

possa representar algo Na maioria das vezes ela se

transforma em um monte de papel impresso no prontuaacuterio

do paciente que nem mesmo a proacutepria equipe de

enfermagem lecirc (E34)

Sabe eu ateacute fazia a SAE mas com o tempo fui observando

que eu estava solitaacuteria Escrevia e ningueacutem lia a

participaccedilatildeo da equipe de enfermagem era zero os

teacutecnicos natildeo realizam e os colegas enfermeiros natildeo liam ou

davam continuidade (E7)

Os estratos apresentados aproximam a realizaccedilatildeo da SAE a um sentido de

protocolo a ser cumprido obrigaccedilatildeo desprazer teacutedio e natildeo meacuterito que se traduzem no

empecilho para sua operacionalizaccedilatildeo

Atitudes de rejeiccedilatildeo resistecircncia desinteresse e desvalorizaccedilatildeo da SAE pela equipe

de enfermagem tambeacutem foram observadas em outros estudos (NEVES 2010) (DINIZ

CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SILVA SILVA VALADARES SILVA

LEITE 2015) e o natildeo incremento da fase de diagnoacutestico de enfermagem (DINIZ

CAVALCANTE OTONI MATA 2015) e a pluraridade de formulaacuterios (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) figuraram como fatores dificultadores

para seu desenvolvimento

Registros satildeo elementos imprescindiacuteveis no processo do cuidar humano e

precisam ser fidedignos a realidade observada desta forma possibilitam a reflexatildeo sobre

cada caso e a comunicaccedilatildeo entre os profissionais envolvidos na assistecircncia

124

Estudo desenvolvido acerca da qualidade dos registros de enfermagem conclui

que estes natildeo refletiam a atuaccedilatildeo dos profissionais os cuidados recebidos pelo cliente e

as suas respostas e considerou fundamental maiores investimentos na intenccedilatildeo de

solucionarminimizar os problemas identificados principalmente nas anotaccedilotildees de

enfermagem (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)

No cuidado agrave crianccedila os registros devem compreender a histoacuteria de sauacutede

pregressa o exame fiacutesico completo testes especiacuteficos para avaliaccedilatildeo da maturaccedilatildeo e

desenvolvimento dos sistemas e a busca por malformaccedilotildees Aspectos ligados a adaptaccedilatildeo

da crianccedila ao meio envolvimento dos pais no cuidado disposiccedilatildeo para brincar tambeacutem

satildeo informaccedilotildees que oferecem bases importantes para a construccedilatildeo do plano de cuidados

Impressos especiacuteficos podem auxiliar na coleta de dados pois a adequaccedilatildeo do

roteiro a cada fase do desenvolvimento infantil reduz as chances de exame superficial ou

incompleto aleacutem de otimizar o tempo de contato com o paciente e sua famiacutelia

Para tanto eacute necessaacuterio a determinaccedilatildeo de um referencial teoacuterico para nortear a

elaboraccedilatildeo desses impressos e coordenar as accedilotildees do enfermeiro Para Monteiro et al

(2014) os enfermeiros que atuam nos programas de sauacutede da crianccedila desenvolvem accedilotildees

de avaliaccedilatildeo e anaacutelise para identificar informaccedilotildees conduzir as accedilotildees e promover o

desenvolvimento dos programas todavia ainda aplicam suas competecircncias e

habilidades de forma desarticulada sem a integraccedilatildeo com um referencial teoacuterico

Eacute pertinente ressaltar que o modelo teoacuterico torna a atuaccedilatildeo de enfermagem

cientificamente coerente e planejada para o alcance das metas almejadas O conhecimento

cientiacutefico motiva a compreensatildeo dos determinantes que repercutem na sauacutede da crianccedila

para atuar de forma preditiva bem como fortalece as accedilotildees profissionais para a

recuperaccedilatildeo da sauacutede Entatildeo para se trabalhar de forma organizada e operacionalizar os

cuidados de enfermagem eacute necessaacuterio estar pautado em conhecimentos cientiacuteficos pois

viabiliza a tomada de decisatildeo no planejamento das intervenccedilotildees subsidiando o raciociacutenio

cliacutenico e criacutetico (MEDEIRO et al 2010) (SILVA et al 2011a)

Classe 4 Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

Nessa classe as palavras em destaque ldquofaltardquo ldquosecretaacuteriardquo ldquocoletardquo ldquocorreriardquo

ldquodadosrdquo e ldquotempordquo satildeo termos que retratam condiccedilotildees que podem representar fatores

125

dificultadores na prestaccedilatildeo do cuidado sistematizado Eacute sabido que a busca pela qualidade

da assistecircncia perpassa pela organizaccedilatildeo do cuidado a partir de condutas e atitudes

seguras que embasam a tomada de decisatildeo apropriada com ofertas adequadas dos

distintos recursos

O paciente e suas especificidades suas necessidades sua alta ou recuperaccedilatildeo

constituem a principal razatildeo da assistecircncia de enfermagem a qual deve portanto ser

realizada eficientemente com comprometimento de quem a desenvolve garantindo

qualidade do cuidado prestado e principalmente a satisfaccedilatildeo do paciente e seus

familiares (DONNERWHEELER 2004)

A falta de atenccedilatildeo agraves praacuteticas da gestatildeo de pessoas interfere diretamente no alcance

dos objetivos organizacionais principalmente no que tange agrave implementaccedilatildeo de

processos de qualidade A qualidade resulta de um comportamento positivo e concentrado

dos colaboradores Para alcanccedilar a excelecircncia e a consequente e desejada competitividade

no mercado as organizaccedilotildees precisam considerar atualmente que gerir pessoas significa

estimular o envolvimento e desenvolvimento das mesmas (BARBOSA MELO 2008)

Os estratos a seguir apontam fragilidades que os enfermeiros participantes

vivenciam cotidianamente e que satildeo considerados por eles pendencias que prejudicam a

qualidade da assistecircncia prestada e o desenvolvimento da SAE

Laacute fora tem setor que vocecirc fica digladiando com aluno e

residente por conta de cadeira e um lugar no computador A falta

de impressos de coleta de dados a condiccedilatildeo fiacutesica de alguns

pacientes a grande quantidade de atendimentos a falta de

secretaacuteria nos plantotildees do setor (E34)

A falta de tempo e as vezes a reduccedilatildeo do nuacutemero de funcionaacuterios

A falta de um impresso especiacutefico A falta de interesses dos

colegas enfermeiros tambeacutem contribui (E24)

O nuacutemero reduzido de funcionaacuterios A proacutepria falta de secretaacuteria

no setor eu preciso ficar pedindo para as secretaacuterias de outros

setores pedir o material que eu preciso quando natildeo vou eu

mesmo na farmaacutecia ou na central de materiais buscar (E2)

Estudos desenvolvidos por enfermeiros nos uacuteltimos anos apontam diferentes

dificuldades para a implantaccedilatildeo da SAE dentre elas destacam-se falta de conhecimento

por parte do enfermeiro acerca da metodologia de assistecircncia e modelos teoacutericos

deficiecircncia na abordagem da temaacutetica durante o curso de graduaccedilatildeo grande demanda de

126

serviccedilos burocraacuteticos e administrativos aleacutem da falta de pessoal e de recursos materiais

para o cuidado falta de articulaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica e influecircncias do modelo

biomeacutedicocartesiano (NEVES 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)

(DINIZ CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SOUZA COSTA CARNEIRO et

al 2015)

Na perspectiva da atenccedilatildeo a crianccedila hospitalizada Moreira e colaboradores (2012)

apontou como dificuldade para a desenvolver a SAE ao receacutem-nascido internado em

UTIN a falta de formulaacuterios especiacuteficos para os registros Com referecircncia agrave aplicaccedilatildeo da

SAE agrave crianccedila no serviccedilo de urgecircncia e emergecircncia a falta de espaccedilo e a existecircncia de

apenas um enfermeiro assistencial no setor com muitos pacientes criacuteticos na unidade

foram listados como dificuldades para a implementaccedilatildeo (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013) No espaccedilo da pediatria as inuacutemeras atividades teacutecnicas e

burocraacuteticas foram consideradas como fatores que dificultam muitas vezes a aproximaccedilatildeo

a uma dimensatildeo do cuidado que favoreccedila o desenvolvimento da SAE (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

As causas apontadas pelo grupo estudado representam em sua maioria problemas

conceituais estruturais e organizacionais Indicam a necessidade de reorganizaccedilatildeo dessa

metodologia de assistecircncia como uma das prioridades organizacionais destes hospitais

sobretudo por meio do investimento na estrutura fiacutesica na contrataccedilatildeo de recursos

humanos e na educaccedilatildeo permanente dos enfermeiros aleacutem de um trabalho de

conscientizaccedilatildeo para que os mesmos se envolvam efetivamente no processo de

implantaccedilatildeo dessa sistematizaccedilatildeo de modo a melhorar a qualidade do cuidado ao paciente

Florecircncio (2009) afirma que a SAE eacute um meacutetodo de trabalho que proporciona a

melhoria da qualidade da assistecircncia ao cliente atraveacutes do planejamento e aplicaccedilatildeo de

accedilotildees do serviccedilo da enfermagem Essas accedilotildees elaboradas e supervisionadas pelo

enfermeiro e aplicadas pela equipe em conjunto eacute o proacuteprio gerenciamento do cuidado

cabendo ao enfermeiro conhecer sua equipe e o perfil de seus clientes

Apesar de saber que com a implantaccedilatildeo de um Processo de Enfermagem seu

trabalho seraacute mais valorizado pois todos os entrevistados referiram que a SAE eacute ldquomuito

importante para o cuidadordquo o profissional enfermeiro natildeo demonstra muitas expectativas

nem interesse em iniciar ou dar continuidade ao trabalho de colegas

Entende-se que a praacutetica da SAE deveria ser parte do cotidiano de qualquer

enfermeiro a realidade observada atraveacutes dos estratos de falas eacute que estes profissionais

127

natildeo se conscientizaram da sua importacircncia Natildeo havendo conscientizaccedilatildeo natildeo haacute

cobranccedila e nem realizaccedilatildeo Com isso perde o paciente que deixa de participar ativamente

no cuidado voltado aos problemas que ele apresenta ou possa vir a desenvolver perde a

instituiccedilatildeo pois deixa de ofertar uma estrutura na qual as necessidades do cliente de sua

famiacutelia ou da comunidade sejam satisfeitas e tambeacutem perde o enfermeiro que deixa de

demonstrar o alcance da atividade da enfermagem pois natildeo aproveita as oportunidades

de aumentar a satisfaccedilatildeo profissional e estimular o aperfeiccediloamento cientiacutefico

Menezes Priel Pereira (2011) e Carvalho et al (2013) consideram que algumas

medidas satildeo essenciais para a implantaccedilatildeo e operacionalizaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees

de sauacutede de forma a tornar o cuidado mais efetivo com o olhar voltado para o bem-estar

do paciente como capacitaccedilatildeo profissional ou educaccedilatildeo permanente sensibilizaccedilatildeo e

envolvimento da equipe multidisciplinar atuante no setor adequaccedilatildeo do

dimensionamento da equipe de enfermagem valorizaccedilatildeo por parte da administraccedilatildeo da

instituiccedilatildeo conhecimento habilidades e atitudes pautadas no compromisso eacutetico e na

responsabilidade do cuidar do outro

Silva Moreira (2011) e Costa Fernandes Noacutebrega (2011) ainda ressaltam a

importacircncia da definiccedilatildeo de modelos teoacutericos no contexto em que a SAE estaacute inserida

considerando o perfil dos pacientes atendidos e das necessidades especiacuteficas do cuidado

a ser prestado para auxiliar o enfermeiro no estabelecimento de prioridades e no

atendimento das necessidades compreendendo que a definiccedilatildeo do referencial teoacuterico

requer reflexatildeo e discussatildeo entre a equipe de enfermagem acerca das teorias de

enfermagem para o conhecimento dos conceitos e proposiccedilotildees para identificar a teoria

compatiacutevel com a realidade que a SAE seraacute instituiacuteda

Na desmistificaccedilatildeo dessas fragilidades estaacute o sucesso ou insucesso para

implantaccedilatildeo da SAE buscando fatores-chave como apoio colaboraccedilatildeo e interesse das

chefias de enfermagem aleacutem do preparo rigoroso constante e sistemaacutetico dos

enfermeiros (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Entende-se que desta forma eacute

possiacutevel promover uma alianccedila aproximando os processos de cuidar e de administrar que

permitam constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando (SALVADOR

SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015) (SOARES RESCK CAMELO

TERRA 2016)

128

Classe 5 Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem

Nessa classe as palavras ldquomomentordquo ldquoaplicaccedilatildeordquo ldquoassimrdquo ldquoporquerdquo

ldquodiferenterdquo ldquomaneirardquo e ldquopacienterdquo juntamente dos fragmentos de falas sugerem as

possiacuteveis concepccedilotildees que o corpo de enfermeiros aponta como caminhos para melhorar

a implementaccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila dos setores estudados

O processo de enfermagem aplicado agrave crianccedila eacute desenvolvido de forma contiacutenua

dinacircmica e individualizada abrangendo as fases de coleta de dados diagnoacutestico

planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (RODRIGUES

AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA VALADARES

SILVA LEITE 2015)

A crianccedila eacute um ser com anseios proacuteprios sob tutela dos pais com particularidades

ligadas a essa fase da vida que devem ser avaliadas no contexto da sua individualidade

Este conhecimento e a visatildeo ampliada do enfermeiro para o processo sauacutede-doenccedila na

infacircncia auxiliam na abordagem das fases da SAE

Entre as situaccedilotildees que ao serem vivenciadas pela crianccedila satildeo consideradas

determinadoras de estresse encontram-se a doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo que podem fazer

com que a crianccedila e sua famiacutelia fiquem emocionalmente traumatizados em maior grau do

que estaacute fisicamente doente (RIBEIRO ANGELO 2005) Ao ser hospitalizada a crianccedila

encontra-se duplamente doente aleacutem da patologia fiacutesica ela sofre de outra doenccedila a

proacutepria hospitalizaccedilatildeo que se natildeo for adequadamente tratada deixaraacute marcas em sua

sauacutede mental (COLLET 2001)

Os discursos a seguir sugerem que para o sucesso da implementaccedilatildeo da SAE agrave

crianccedila sua famiacutelia e o enfermeiro deve atuar com sensibilidade e paciecircncia de forma a

reduzir o estresse e a anguacutestia do primeiro impacto da internaccedilatildeo hospitalar

Para avaliar uma crianccedila vocecirc precisa de tempo Pois tem o

momento certo de vocecirc abordar a crianccedila e o acompanhante

Muitas vezes a emoccedilatildeo da situaccedilatildeo pode dificultar a coleta da

informaccedilatildeo Vaacuterias vezes eacute preciso voltar na matildee para ter uma

resposta de um sistema por exemplo (E41)

Eu faccedilo assim vou aos poucos o paciente deu entrada eu vou

colher o histoacuterico o que natildeo for abordado em um primeiro

momento eu abordo em um segundo momento (E38)

Na minha opiniatildeo a melhor hora para fazer a abordagem de

coleta de informaccedilotildees eacute quando o paciente e o acompanhante

129

estatildeo calmos a condiccedilatildeo da crianccedila jaacute estaacute estaacutevel aiacute busco uma

cadeira e sento ao lado e faccedilo minhas perguntas (E27)

Busco deixar todos calmos ofereccedilo informaccedilotildees sobre o

procedimento Eacute difiacutecil instaurar a SAE muitas vezes as

perguntas do questionaacuterio satildeo pouco aplicaacuteveis para o momento

(E13)

Nas falas emergem a importacircncia da individualidade e integralidade do cuidado Eacute

importante refletir tambeacutem que cuidar de uma crianccedila doente requer do profissional aleacutem

do cuidado teacutecnico imprescindiacutevel o cuidado subjetivo que envolve a singularidade de

cada crianccedila a sua individualidade e a forma como ela expressa seus sentimentos e

emoccedilotildees (WOISKI ROCHA 2010)

Cada famiacutelia reage de um modo a internaccedilatildeo infantil desta forma o enfermeiro

deve deixar de ser apenas um realizador de cuidados teacutecnicos e passar a exercer tambeacutem

sua funccedilatildeo como facilitador da experiecircncia para a crianccedila e para seus pais o que se

constitui num desafio porque demanda numa mudanccedila do enfoque da assistecircncia de

enfermagem tecnicista e centrado na patologia para um enfoque centrado na crianccedila e na

famiacutelia (COLLET 2001) (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET

2013)

A experiecircncia estressante da hospitalizaccedilatildeo pode ser amenizada pelo fornecimento

de certas condiccedilotildees como presenccedila de familiares disponibilidade afetiva dos

trabalhadores da sauacutede informaccedilatildeo atividades recreacionais entre outras

(NASCIMENTO KC BACKES DS KOERICH MS ERDMANN 2008) Saber o

momento e forma correta de abordagem a famiacutelia eacute um fator humanizador da assistecircncia

e importante para o sucesso na instauraccedilatildeo da SAE

Conforme Noacutebrega Silva (2009) a coleta de DadosHistoacuterico de Enfermagem eacute

fase imprescindiacutevel do processo de enfermagem em que ocorre a interaccedilatildeo entre

enfermeiro e paciente para coleta de dados anamnese e exame fiacutesico Essa etapa direciona

o cuidado portanto requer habilidades e embasamento de uma teoria de enfermagem

para fundamentar a assistecircncia para a recuperaccedilatildeo da sauacutede do paciente

Esta etapa eacute parte crucial do teor cientiacutefico do processo de trabalho do enfermeiro

tornando-se indispensaacutevel o investimento dos conhecimentos teacutecnicos cientiacuteficos e

valorizaccedilatildeo desta fase do processo de enfermagem para o respaldo profissional e

desenvolvimento de um cuidado de qualidade Assim concordamos com Noacutebrega e Silva

130

(2009) quando estes afirmam que a coleta de dados natildeo pode ser um momento estaacutetico e

restrito pois ela permeia todo o processo sendo necessaacuteria inclusive para se avaliar o

diagnoacutestico de enfermagem e as accedilotildees de enfermagem ateacute se chegar agraves definiccedilotildees sobre

a condiccedilatildeo do cliente

O modo para obter informaccedilotildees relativas a estas necessidades proveacutem dentre outras

da comunicaccedilatildeo quando dados obtidos atraveacutes da interaccedilatildeo iratildeo direcionar as atividades

de enfermagem As palavras e o comportamento possuem valor significativo expressando

uma comunicaccedilatildeo desta forma tanto a linguagem verbal como a natildeo verbal influenciam

a realidade onde a crianccedila estaacute inserida mudam a percepccedilatildeo das pessoas e permitem o

estabelecimento de uma comunicaccedilatildeo efetiva (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA

2013)

No que tange agrave comunicaccedilatildeo o enfermeiro eacute um elemento articulador e integrador

por estar mais proacuteximo do paciente e detectar com mais facilidade as alteraccedilotildees que se

processam ao longo das 24 horas do dia Por isso ele deve polarizar essas interaccedilotildees e

valorizar diferentes formas de pensar a fim de vir a compreender as correlaccedilotildees e

apreender o ser humano como um ser complexo (BACKES et al 2013)

Estudos que abordam o contato da enfermagem com a crianccedila e sua famiacutelia em

ambiente hospitalar consideram a comunicaccedilatildeo um elemento integrante da qualidade de

prestaccedilatildeo do cuidado de enfermagem Reforccedilando que o enfermeiro atraveacutes da

comunicaccedilatildeo deve permitir um envolvimento seguro construtivo e compreensivo para

que a crianccedila encontre caminhos para manter as capacidades proacuteprias de sua fase de

desenvolvimento e a participar de experiecircncias que estimulem o seu crescimento (SHIN

WHITE 2005) (JANSEN SANTOS FAVERO 2010) (MARTINEZ TOCANTINS

SOUZA 2013)

Aleacutem do mais quando existe a falta de interaccedilatildeo entre pais e enfermagem a

crianccedila fica mais resistente aos cuidados e natildeo haacute cooperaccedilatildeo por parte da crianccedila

Usualmente ela fica dividida agrave espera de indicaccedilotildees natildeo verbais dos pais no tangente a

como responder ou reagir frente agraves intervenccedilotildees feitas pela equipe A aceitaccedilatildeo do

tratamento pela crianccedila estaacute diretamente ligada agrave compreensatildeo que os pais tecircm deste

processo e ao aporte afetivo fornecido pelos mesmos durante esta experiecircncia

(MARQUES etal 2014)

Neste ponto o grupo estudado demonstra compreensatildeo sobre a importacircncia da

coleta de dados e suas representaccedilotildees sobre esta fase da SAE reforccedilam que o processo

131

de comunicaccedilatildeo cuidador e cuidado natildeo eacute accedilatildeo linear acontecendo de forma articulada e

em diversos momentos da internaccedilatildeo A sensibilidade do profissional para identificar o

momento correto de intervenccedilatildeo junto agrave famiacutelia tambeacutem eacute apontado como um requisito

importante para a coleta das informaccedilotildees que satildeo base para o planejamento da assistecircncia

A qualidade dos dados coletados deve gerar potencial para diagnoacutesticos de

enfermagem coerentes e intervenccedilotildees corretas Acompanhar o estado de sauacutede da crianccedila

e traccedilar um planejamento que estimule crescimento bioloacutegico pessoal e social requer do

enfermeiro conhecimento e domiacutenio dos procedimentos que integram a consulta de

enfermagem para desempenhar um cuidar sistematizado ordenado autecircntico e soliacutecito

(RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA

VALADARES SILVA LEITE 2015)

Eacute importante visualizar na famiacutelia e particularmente na matildee a peccedila chave e

fundamental para agregar qualidade ao seu plano de cuidado pois o conhecimento das

peculiaridades fiacutesicas e emocionais da crianccedila permite agrave matildee identificar os primeiros

sinaissintomas ou reaccedilotildees apresentadas por seu filho (MARQUES etal 2014)

Aleacutem da compreensatildeo da importacircncia do contato com a famiacutelia ao momento da

coleta de dados os fragmentos de falas tambeacutem indicam que o uso de um roteiro de coleta

de dados adequado a clientela infantil eacute caminho para facilitar a implementaccedilatildeo da SAE

nos setores de atendimento agrave crianccedila Como eacute possiacutevel observar a seguir

Um instrumento melhor elaborado para que natildeo se perca tanto

tempo o aplicando e que traga espaccedilos para coletar informaccedilotildees

realmente da crianccedila eacute o caminho para o uso da SAE (E38)

O fato de vocecirc ter um instrumento que eacute o correto para aquela

fase da vida e de faacutecil visualizaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo jaacute eacute oacutetimo para o

nosso serviccedilo (E39)

Agora noacutes temos um check list mas assim ainda precisa ser

melhorado para ser realmente direcionado para a faixa etaacuteria e

desenvolvimento da crianccedila Mas ele estaacute sendo aplicado de

maneira satisfatoacuteria (E41)

Durante as entrevistas foi exposto pelos enfermeiros que nos espaccedilos em que a

pesquisa foi realizada estava em processo de implantaccedilatildeo de um novo instrumento de

coleta de dados para o atendimento a crianccedila Este impresso estava sendo testado no setor

pediatria eacute formatado segundo uma lista de checagem organizado por necessidades

132

humanas baacutesicas e era composto por cinco roteiros direcionado para as fases de

desenvolvimento infantil neonato lactante preacute-escolar escolar e adolescente

Os enfermeiros em suas falas demonstram certa confianccedila de que a reestruturaccedilatildeo

da coleta de dados ao puacuteblico infantil possa trazer benefiacutecios para a assistecircncia como a

otimizaccedilatildeo do tempo e a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees significativas para cada faixa etaacuteria

em virtude da especificidade

Estudo desenvolvido por Neves (2010) permitiu identificar que para o grupo de

enfermeiros estudados um impresso de histoacuterico de enfermagem aprofundado

padronizado e direcionado para uma clientela especiacutefica facilita o registro e a coleta de

dados do cliente reduzindo inclusive o tempo gasto pelos enfermeiros nesta etapa

Medeiros Santos Cabral (2012) reconhecem que os instrumentos especiacuteficos

favorecem a execuccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem considerando que facilita

os registros e organiza os dados Neste contexto a padronizaccedilatildeo de instrumentos para a

crianccedila promove a organizaccedilatildeo e a reduccedilatildeo da subnotificaccedilatildeo de dados sobre os cuidados

prestados e otimiza o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil

(BARBOZA BARRETO MARCON 2012)

A coleta de dados deve se constituir em um roteiro sistematizado para o

levantamento de sinais e sintomas do ser humano ser significativo para o enfermeiro e

para o cliente e possibilitar o estabelecimento dos diagnoacutesticos de enfermagem das metas

e dos objetivos a prescriccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem deve viabilizar a interaccedilatildeo

enfermeiro cliente e um cuidado profissional que forneccedila dados que suscitem hipoacuteteses

para o desenvolvimento de pesquisas colaborando com os conhecimentos proacuteprios da

profissatildeo (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS 2006) A estrutura do instrumento

de coleta deve retratar o referencial teoacuterico adotado a dinacircmica do serviccedilo o padratildeo de

organizaccedilatildeo da assistecircncia e a especificidade da clientela assistida (CHIZZOTTI 1991)

Como a faixa etaacuteria classificada como crianccedila de acordo com o Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente permite conglomerar indiviacuteduos de um a treze anos de idade eacute

importante tambeacutem que estes instrumentos possam respeitando o grau de

desenvolvimento cognitivo favorecer a participaccedilatildeo efetiva do grupo em seu inqueacuterito de

sauacutede Incluir a crianccedila neste momento compartilhar a responsabilidade nas decisotildees

relacionadas com a sua condiccedilatildeo fiacutesica fortalece sua autonomia a transformando em

sujeito ativo do seu processo sauacutede- doenccedila e valorizando suas pontuaccedilotildees acerca da vida

133

Estudos demonstram que as crianccedilas conseguem descrever as formas como satildeo

abordadas para a realizaccedilatildeo dos procedimentos e identificar como fundamentais as

explicaccedilotildees recebidas pois entenderam que natildeo deviam permanecer com duacutevidas (SHIN

H WHITE-TRAUT 2005) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

(SANTOS et al 2015) Outro estudo desenvolvido com crianccedilas na faixa etaacuteria de

escolar conclui que este grupo etaacuterio manifestou natildeo gostar quando os profissionais natildeo

conversam com eles natildeo os orientam quanto aos procedimentos que seratildeo realizados e

falam de forma imperativa para permanecerem parados (SANTOS et al2015)

Com base no exposto eacute possiacutevel afirmar que as crianccedilas satildeo as melhores fontes

de informaccedilatildeo sobre suas experiecircncias e sentimentos Elas podem expressar seus

pensamentos de diferentes formas (verbal e natildeo verbal) e para tanto eacute necessaacuterio o

enfermeiro adentrar o universo infantil utilizando estrateacutegias de aproximaccedilatildeo adequadas

para cada faixa etaacuteria como por exemplo o brinquedo terapecircutico rodas de conversas de

forma a estimular e permitir que expressem as situaccedilotildees por elas vivenciadas

Os enfermeiros participantes tambeacutem sugerem como estrateacutegia para otimizar a

SAE no cuidado a crianccedila o desenvolvimento de cursostreinamentos de orientaccedilatildeo para

o uso do novo instrumento de coleta de dados pela gestatildeo hospitalar

A gerencia vai precisar organizar um treinamento para orientar

e ateacute conscientizar todo o hospital para a importacircncia desse novo

checklist(E38)

Por ser uma estrateacutegia nova acho que seraacute importante a

realizaccedilatildeo de treinamento curso palestra para orientar como

deve ser a implementaccedilatildeo e para tirar duacutevidas mesmo (E41)

Este instrumento eacute bem diferente para mim Acredito que a

educaccedilatildeo permanente precisa olhar com maior atenccedilatildeo para o

grupo que esta aqui na ponta senatildeo acho que sem um curso ou

orientaccedilatildeo mais direta natildeo vai ter sucesso natildeo (E39)

Kobayashi e Leite (2010) afirmam que lacunas na gestatildeo de recursos humanos

alteraccedilotildees do contexto produtivo e mudanccedilas tecnoloacutegicas geram desequiliacutebrios entre

qualificaccedilotildees e trabalho Portanto os profissionais devem investir de forma contiacutenua em

qualificaccedilotildees e atualizaccedilotildees para o desenvolvimento de competecircncias Diante desta

realidade eacute mister a necessidade de investimentos na educaccedilatildeo continuada para suprir as

dificuldades e qualificar os profissionais

134

O processo educativo em serviccedilo representa um dispositivo imprescindiacutevel para a

qualificaccedilatildeo da equipe de Enfermagem na medida em que agrega conhecimento e

seguranccedila ao profissional possibilitando que ele atue de forma competente colaborativa

e independente o que consequentemente causa impacto na qualidade do atendimento

(CUCOLO PERROCA 2015)

Essa estrateacutegia favorece a conquista da excelecircncia no processo de SAE sendo

necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de treinamentos para a equipe de enfermagem e o apoio

da instituiccedilatildeo Tal investimento requer o envolvimento de toda a equipe compreendendo

que a capacitaccedilatildeo gera benefiacutecios para os enfermeiros pacientes e instituiccedilatildeo (NEVES

SHIMIZU 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)

Para que transformaccedilotildees na praacutetica da SAE agrave sauacutede da crianccedila aconteccedilam eacute

necessaacuterio que as dificuldades relacionadas agrave sua operacionalizaccedilatildeo sejam conhecidas por

todos ou seja a desorganizaccedilatildeo do trabalho em grupo o desconhecimento teoacuterico dos

profissionais sobre as etapas do processo a deficiecircncia do serviccedilo de educaccedilatildeo

permanente e o nuacutemero reduzido de recursos humanos para sua aplicaccedilatildeo (SOARES

RESCK CAMELO TERRA 2016)

Sendo assim as RS desse eixo evidenciam maior aproximaccedilatildeo com o conceito de

tratar distanciando-se do conceito de cuidar As praacuteticas assistenciais de enfermagem satildeo

desenvolvidas segundo as solicitaccedilotildees meacutedicas Diante das dificuldades cotidianas para a

real implementaccedilatildeo do processo de enfermagem estatildeo fragilidades relativas ao pouco

conhecimento da metodologia pouco envolvimento da equipe de enfermagem e deacuteficit

de recursos materiais Satildeo representaccedilotildees levantadas pelo grupo como estrateacutegias de

aproximaccedilatildeo da SAE ao cuidado da crianccedilas a abordagem e comunicaccedilatildeo respeitando o

momento familiar o uso de instrumento de coleta de dados especiacutefico e por fase de

crescimento e desenvolvimento aleacutem de treinamento e cursos operacionalizados pela

educaccedilatildeo permanente do hospital

135

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Neste estudo procurou-se a partir da apreensatildeo e anaacutelise das RS da SAE

construiacutedas por enfermeiros que cuidam de crianccedilas explorar o conhecimento destes e

sua aplicaccedilatildeo na praacutetica cotidiana

Na primeira etapa do estudo foi possiacutevel identificar que o grupo social que

prestava cuidados a crianccedilas nos dois campos de estudo no periacuteodo desta pesquisa era

formado por adultos jovens com a idade meacutedia em torno de 335 anos de idade quase que

predominantemente do sexo feminino (933) Foram graduados em cinco anos pela

instituiccedilatildeo puacuteblica estadual de Mato Grosso (622) sendo a especializaccedilatildeo no formato

lato sensu a maior titulaccedilatildeo do grupo (622)

Noventa e cinco porcento (955) dos participantes jaacute possuiacutea viacutenculo

empregatiacutecio com o hospital a mais de 12 meses todos jaacute estavam no mesmo setor de

atendimento agrave crianccedila por no miacutenimo seis meses sendo que cerca de 155 atuavam no

mesmo setor de assistecircncia agrave crianccedila pelo tempo maacuteximo de um ano

Percebeu-se assim que a forccedila de trabalho que desenvolve o cuidado agrave crianccedila eacute

constituiacuteda predominantemente por um grupo social do sexo feminino jovem e

qualificado sendo o perfil dos envolvidos proacuteximos a tendecircncia de recursos humanos de

outras regiotildees do estado e paiacutes

Na segunda etapa do trabalho aprendeu-se que a estrutura das RS relacionadas a

SAE tem como nuacutecleo central o cuidado de enfermagem sendo esta representaccedilatildeo

sustentada e organizada por duas periferias formadas pelos termos planejamento e

qualidade primeira periferia e assistecircncia compromisso processo e responsabilidade

formando a segunda periferia todas em consonacircncia com a raiz essencial do termo

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo estabelecendo relaccedilatildeo proximal com as

dinacircmicas e estrateacutegias necessaacuterias para o desenvolvimento do cuidado bem como

fortalecendo a importacircncia deste

A estrutura da RS relativas a ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagemrdquo tem o nuacutecleo central representado pelas palavras

conhecimento humanizaccedilatildeo e importante refletindo o entendimento do grupo sobre as

funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Desta forma o nuacutecleo

central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura atraveacutes do reconhecimento pelo

grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento especiacutefico da profissatildeo que permite

ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica cientiacutefica e humanizada

136

Esta representaccedilatildeo eacute sustentada na primeira periferia pelos termos planejamento

rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo que remete agrave dimensatildeo praacutetica da SAE ou seja o

desenvolvimento do processo de enfermagem E na segunda periferia pelos termos

ciecircncia e lideranccedila As palavras expressam um posicionamento positivo dos enfermeiros

a esta metodologia valorizando aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como

requisitos importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila

As estruturas das duas representaccedilotildees satildeo proacuteximas dos conceitos formados ainda

na academia fortalecida nos aspectos eacuteticos teoacutericos e estruturais que organizam este

processo se afastando da realidade vivenciada nos espaccedilos de atendimento a crianccedila Este

fato deve despertar a reflexatildeo e anaacutelise criacutetica sobre a SAE agrave crianccedila desenvolvida pelo

grupo social em virtude da aproximaccedilatildeo dos conceitos de uma praacutetica politicamente

correta distante das realidades vivenciadas nos espaccedilos de sauacutede

Nesta etapa o estudo traz implicaccedilotildees importantes para as accedilotildees de enfermagem

destinadas agrave crianccedilas visto que ilustra questotildees referentes ao desenvolvimento de

competecircncias que envolvem a assistecircncia dos enfermeiros como por exemplo a

autocriacutetica desta forma a compreensatildeo das deficiecircncias que normalmente se encontram

nos espaccedilos de sauacutede auxiliariam a preparar o cuidado agrave crianccedila com base nestas

fragilidades esta conduta de aproximaccedilatildeo da realidade tende a refletir em resultados

positivos para a crianccedila famiacutelia e enfermagem

Na terceira parte do estudo os resultados que emergiram indicam que para os

enfermeiros entrevistados as RS relacionadas agrave SAE foram inicialmente forjadas durante

o periacuteodo da graduaccedilatildeo e se organizaram em torno da argumentaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo do

cuidado de enfermagem Apreendeu-se de forma consensual que os enfermeiros

conhecem a operacionalizaccedilatildeo da SAE e que classificam-na como um importante meacutetodo

de organizaccedilatildeo e planejamento das accedilotildees de enfermagem

Poreacutem no cotidiano profissional ela eacute compartilhada a partir de aproximaccedilotildees e

distanciamentos teoacutericos natildeo favorecendo que este conhecimento tenha um objetivo

praacutetico nas intervenccedilotildees das cliacutenicas As representaccedilotildees da dimensatildeo do conhecimento

natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a existecircncia de

importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees ou seja entre a valoraccedilatildeo do saber e a

qualidade do fazer desenvolvido no cotidiano

Dessa forma as discrepacircncias teoacuterico-praacuteticas natildeo contribuem para a construccedilatildeo

de uma realidade capaz de valorizar a praacutetica do cuidado de enfermagem agrave crianccedila pois

137

natildeo satildeo capazes de conferir autonomia profissional qualificar o cuidado implementar as

mudanccedilas de paradigma do cuidado requeridos na modernidade pela pediatria

Considerando as relaccedilotildees existentes entre as representaccedilotildees do saber e as

representaccedilotildees das praacuteticas e a influecircncia mutua entre uma e outra Pode-se dizer que o

saber sobre a SAE percebido como ciecircncia e meacutetodo importante para a valorizaccedilatildeo

profissional e que as praacuteticas exercidas influenciam na representaccedilatildeo que o grupo possui

da SAE delimitando e conformando as accedilotildees de cuidado prestado as crianccedilas

As RS revelaram que os enfermeiros dos diferentes cenaacuterios reconhecem as

lacunas que comprometem o desenvolvimento da SAE no cuidado agrave crianccedila fator

positivo por favorecer o desenvolvimento de estrateacutegias no acircmbito de trabalho para a

superaccedilatildeo das dificuldades vivenciadas e contribuir na assistecircncia Sendo assim

considera-se viaacutevel a integraccedilatildeo entre os envolvidos nesse processo compreendendo a

amplitude dos aspectos que emergiram

Outro ponto a ser instigado eacute a compreensatildeo da responsabilidade compartilhada

no desenvolvimento da SAE uma vez que os caminhos para a superaccedilatildeo das dificuldades

abrangem todos os participantes do estudo Somente desta forma seraacute possiacutevel a praacutetica

assistencial organizada e humanizada com a individualizaccedilatildeo do cuidado com o

planejamento das accedilotildees e a geraccedilatildeo de conhecimento a partir da praacutetica de enfermagem

A discrepacircncia observada entre a representaccedilatildeo da dimensatildeo do conhecimento e

a dimensatildeo praacutetica denunciam a imperatividade de reimprimir a marca do cuidado dentro

desses espaccedilos de atenccedilatildeo agrave crianccedila Urge entre os enfermeiros a necessidade de

incrementar a representaccedilatildeo forjada da SAE em suas atividades diaacuterias afim de resgatar

e manter sua identidade e a valorizaccedilatildeo do trabalho da enfermagem

Ressalta-se que a aplicaccedilatildeo da SAE no atendimento infantil contribui de maneira

positiva para o acolhimento efetivo da crianccedila e sua famiacutelia na trajetoacuteria da internaccedilatildeo

hospitalar Percebe-se a importacircncia da compreensatildeo do cuidado como praacutexis do

enfermeiro e do aprimoramento do conhecimento cientiacutefico como estrateacutegia de ampliaccedilatildeo

da autonomia profissional

Destaca-se como limitaccedilatildeo deste estudo a inclusatildeo apenas de profissionais

enfermeiros condiccedilatildeo que pode limitar a compreensatildeo do fenocircmeno estudado e natildeo

permitir explorar os conceitos construiacutedos pelos demais integrantes da equipe de

enfermagem como por exemplo os teacutecnicos de enfermagem que no cotidiano de trabalho

contribuem com a RS da praacutetica do cuidado

138

Embora ciente de que uma investigaccedilatildeo desta natureza natildeo se presta a obtenccedilatildeo

de resultados conclusivos espera-se ter contribuiacutedo para o aclaramento deste importante

construto da ciecircncia da Enfermagem Espera-se que os resultados deste estudo possam

contribuir para a necessidade de repensar a praacutetica de enfermagem tendo em vista a

possibilidade de ampliar as discussotildees relacionadas ao cuidado sistematizado a crianccedilas

Vislumbra-se a possibilidade de investimentos em treinamentos e construccedilatildeo de

instrumentos de trabalho especiacuteficos para esta clientela que aproximem as demandas

diaacuterias ao meacutetodo cientifico de planejamento do trabalho

139

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APEcircNDICE A ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa A sua

decisatildeo de participar ou natildeo eacute uma decisatildeo sua Por favor natildeo se apresse em tomar a

decisatildeo Leia cuidadosamente as informaccedilotildees a seguir Este estudo estaacute sendo conduzido

pela Enf Ms CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr

ELIOENAI DORNELLES ALVES e coorientaccedilatildeo da Prof Dra Moema Borges Os

resultados da pesquisa seratildeo analisados e publicados mas sua identidade natildeo seraacute

divulgada sendo guardada em sigilo Natildeo existem riscos ou ressarcimentos associados a

sua participaccedilatildeo neste estudo

Apoacutes ser esclarecido(a) sobre as informaccedilotildees a seguir no caso de aceitar fazer parte do

estudo assine ao final deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra

eacute do pesquisador responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado (a) de forma

alguma

ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA

Tiacutetulo do projeto Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em

Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT

Pesquisadores responsaacuteveis Elioenai Dornelles Alves e Carolina Sampaio de Oliveira

InstituiccedilatildeoDepartamento Universidade de Brasiacutelia ndash UnB Departamento de

Enfermagem Telefones para contato (61) 3107-1976

A pesquisa possui parecer favoraacutevel do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade

Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) Tem como objetivo Conhecer as representaccedilotildees

sociais a cerca da SAE entre enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em dois

hospitais escolas da cidade de Caacuteceres MT afim de refletir sobre a importacircncia do

emprego da SAE no planejamento das accedilotildees de enfermagemOptou-se pela pesquisa

descritiva e exploratoacuteria com abordagem qualitativa O universo do estudo seratildeo as

profissionais enfermeiros (as) que trabalham na assistecircncia agrave crianccedila

Seraacute garantido o acesso a pesquisa em qualquer etapa do estudo vocecirc teraacute acesso aos

pesquisadores responsaacuteveis para esclarecimento de eventuais duacutevidas Se vocecirc tiver

alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc

de Eacutetica em Pesquisa (CEP) da UNEMAT pelo telefone (65) 3221 0000 ou pelo e-mail

cepunematbr

Se vocecirc concordar em participar do estudo seu nome e identidade seratildeo mantidos em

sigilo Ressalta-se que a presente pesquisa natildeo traraacute risco prejuiacutezos desconfortos ou

lesotildees Natildeo existe para esta pesquisa indenizaccedilotildees ou formas de ressarcimento Vocecirc tem

o direito de retirar o consentimento a qualquer momento da pesquisa

162

Consentimento de participaccedilatildeo da pessoa como sujeito

Eu ______________________________________________RGCPF

____________________ abaixo assinado fui suficientemente informado sobre as

informaccedilotildees que eu li sobre o presente estudo ldquoRepresentaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermagem de enfermeiros que prestam cuidado agrave crianccedila em

hospitais escolas da regiatildeo de Caacuteceres ndash MTrdquoe concordo em participar do estudo como

sujeito Eu discuti com as pesquisadoras sobre a minha decisatildeo em participar nesse

estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os procedimentos a

serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes Concordo voluntariamente em participar deste estudo e

poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento antes ou durante o mesmo sem

penalidades ou prejuiacutezo

Caacuteceres _____de __________________de 20___

_____________________________________

Assinatura do participante

____________________________________

Assinatura do pesquisador

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e Esclarecido deste

sujeito de pesquisa ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo

Caacuteceres ______ de ____________ de 20_____

______________________________________

Carolina Sampaio de Oliveira

CPF834 627671 - 00

Pesquisadora responsaacutevel

163

APEcircNDICE B ndash ROTEIRO PARA A ENTREVISTA

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

TIacuteTULO DO ESTUDO Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em

Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT

ROTEIRO PARA ENTREVISTA

Solicitamos que responda de forma espontacircnea as perguntas a baixo O anonimato de todas as

suas falas seraacute garantido por meio da natildeo identificaccedilatildeo dos depoentes o registro das entrevistas

seratildeo destinados apenas para fins de investigaccedilatildeo cientiacutefica

Sujeito _____________________________________ Coacutedigo ______________________

Data ______________________

Idade _____________________

Sexo______________________

Tempo de serviccedilo na Instituiccedilatildeo ____________________

Tempo de serviccedilo no setor de atendimento agrave crianccedila _________________

Titulaccedilatildeo ______________________

1- Qual o seu conhecimento sobre a SAE

1a- Qual o seu primeiro contato com a SAE

2- Como e onde vocecirc ouviu falar sobre a SAE

2 a-Fale sobre a sua rotina de trabalho

2 b- Vocecirc utiliza a SAE na sua rotina de trabalho

2 c- Relate como eacute a rotina do setor em relaccedilatildeo a SAE

3- Fale sobre sua experiecircncia com a SAE

4- Vocecirc considera que a SAE favorece o cuidado de enfermagem

5- Na sua opiniatildeo quais satildeo os aspectos que facilitam a implementaccedilatildeo da SAE no seu

cotidiano de trabalho

6- E os que dificultam

164

APEcircNDICE C - TESTE DE ASSOCIACcedilAtildeO LIVRE DE PALAVRAS

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

APEcircNDICE C

Sujeito_______________________________________ Coacutedigo_____________

Data_______________________________

Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoSistematizaccedilatildeo

da assistecircncia de Enfermagemrdquo

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoAtuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAErdquo

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

A- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que

melhor expressem Sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de Enfermagem

(1ordm Lugar) _____________________________________

(2ordm Lugar)_____________________________________

(3ordm Lugar)_____________________________________

B- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que

melhor expressem Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE

(1ordm Lugar) _____________________________________

(2ordm Lugar)_____________________________________

(3ordm Lugar)_____________________________________

165

ANEXO 1

166

167

3

REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ACERCA DA SISTEMATIZACcedilAO DA

ASSISTEcircNCIA DE ENFERMEIROS QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS

Tese apresentada como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em

Enfermagem pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem da Universidade de

Brasiacutelia

Aprovado em 12052017

BANCA EXMINADORA

Professora Doutora Moema da Silva Borges ndash Presidente da Banca

1ordm Membro

Universidade de Brasiacutelia - UnB

Professor Doutor Rinaldo Souza Neves - Membro Externo ao Programa

2ordm Membro

FEPECS

Professora Doutora Aline de Oliveira Silveira - Membro Externo ao Programa

3ordm Membro

Universidade de Brasiacutelia - UnB

Professora Doutora Maria Cristina Soares ndash Membro do Programa

4ordm Membro

Universidade de Brasiacutelia - UnB

Professora Doutora Maria Liz Cunhandash Membro Externo ao Programa

5ordm Membro Suplente

FEPECS

4

Dedico este trabalho a Deus a minha matildee pelo

amor incondicional ao meu pai pelo apoio diaacuterio

ao meu esposo pelo amor e cumplicidade as

minhas irmatildes pelo carinho e amizade e em

especial dedico as minhas maiores becircnccedilatildeos meus

filhos Gabriela e Eduardo que diariamente me

ensinam o que eacute AMAR de verdade

5

AGRADECIMENTO

A Deus pela sabedoria por iluminar o meu caminho e colocar pessoas tatildeo especiais em

minha vida A Universidade de Brasiacutelia e ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Enfermagem pela oportunidade de crescimento intelectual e profissional Agrave Profa Dra

Moema da Silva Borges minha eterna gratidatildeo pelo incentivo dedicaccedilatildeo paciecircncia e

sabedoria durante toda a construccedilatildeo desta pesquisa Aos membros da Banca Examinadora

pela disponibilidade e valiosas contribuiccedilotildees Aos meus pais que amo muito por terem

me guiado para o caminho certo e acreditarem em meu potencial Obrigada pela estrutura

familiar e pela educaccedilatildeo base para minha vida Ao meu marido Leandro Martins meu

grande companheiro pelo amor e apoio incondicional Por sempre me motivar a enfrentar

os desafios Aos meus filhos Gabriela e Eduardo pelos sorrisos abraccedilos e cheirinhos que

me motivam a ser melhor a cada dia A minha querida Tia Ivonir (in memorian) e primas

Josiane e Ivonise pelo constante apoio em Brasiacutelia Ao querido amigo professor Dr

Elioenai D Alves (in memorian) e sua famiacutelia pelo carinho incentivo amizade e trocas

de experiecircncias A todos que contribuiacuteram de alguma forma para a construccedilatildeo deste

sonho meus sinceros agradecimentos Muito obrigada a todos

6

[] nada eacute fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha []

Gaston Bachelard

7

RESUMO

OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas 2017 n 167 folhas Tese

(Doutorado) ndash Departamento de Enfermagem Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede

Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2017

Este estudo teve como objetivo conhecer as Representaccedilotildees Sociais de enfermeiros que

cuidam de crianccedilas hospitalizadas sobre a sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem

em dois hospitais escola da regiatildeo oeste de Mato Grosso Trata-se de um estudo

qualitativo descritivo e exploratoacuterio com base na Teoria das Representaccedilotildees Sociais de

Serge Moscovici realizado com 45 enfermeiros que atuavam na assistecircncia agrave crianccedila

hospitalizada Na coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos o primeiro foi

constituiacutedo por duas partes um questionaacuterio que possibilitou a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos

e um questionaacuterio semiestruturado que viabilizou a entrevista No segundo utilizou-se a

teacutecnica de associaccedilatildeo livre de palavras (TALP) Para anaacutelise dos dados realizou-se a

caracterizaccedilatildeo dos sujeitos utilizando o software Excel 2007 onde foi possiacutevel constatar

que os participantes eram adultos jovens predominantemente do sexo feminino e com

matildeo- de- obra qualificada Na segunda etapa o produto proveniente da teacutecnica de

associaccedilatildeo livre de palavras foi analisado pelo software EVOC que organizou as

evocaccedilotildees e apontou o provaacutevel nuacutecleo central da representaccedilatildeo social a partir de dois

estiacutemulos Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do Enfermeiro na

SAE Pode-se apreender que frente agrave primeira expressatildeo indutora os sujeitos evocaram

mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo que refletem a

dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem no atendimento agrave crianccedila sendo o proacuteprio cuidado o

provaacutevel nuacutecleo central que estrutura a representaccedilatildeo e remete a verdadeira competecircncia

do enfermeiro Para expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante

constituiacuteram o provaacutevel nuacutecleo central refletindo o entendimento do grupo sobre as

funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Na terceira etapa os

conteuacutedos verbais provenientes das entrevistas foram analisados utilizando o software

Alceste Da anaacutelise emergiram dois eixos que organizaram o conteuacutedo das representaccedilotildees

sociais dos participantes do estudo O primeiro eixo foi composto por uma classe e fez

referecircncia a dimensatildeo teoacuterica sobre a SAE O segundo eixo foi organizado por quatro

classe e faz menccedilatildeo a dimensatildeo praacutetica da SAE Aprendeu-se que as representaccedilotildees

teoacutericas natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a

existecircncia de importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees dessas duas dimensotildees

Essas representaccedilotildees natildeo contribuem para o estabelecimento de uma realidade capaz de

valorizar o cuidado de enfermagem pois natildeo satildeo capazes de conferir autonomia

profissional qualificar o cuidado e implementar mudanccedilas de paradigmas requeridos na

modernidade pela pediatria

Palavras chaves Cuidado sauacutede da crianccedila representaccedilatildeo social Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem

8

ABSTRACT

OLIVEIRA Carolina Sampaio Social Representations About the Systematization of

Care of Nurses Caring for Children 2017 167 leaves Thesis (Doctorate) - Department

of Nursing Faculty of Health Sciences University of Brasiacutelia Brasiacutelia 2017

This study aimed to know the Social Representations of nurses who care for hospitalized

children about the systematization of nursing care in two school hospitals in the western

region of Mato Grosso This is a qualitative descriptive and exploratory study based on

Serge Moscovicis Theory of Social Representations carried out with 45 nurses who

worked in the care of hospitalized children Two instruments were used in the data

collection the first one consisted of two parts a questionnaire that enabled the

characterization of the subjects and a semi-structured questionnaire that enabled the

interview In the second the technique of free association of words (TALP) was used

Data analysis was performed to characterize the subjects using the software Excel 2007

where it was possible to verify that the participants were young adults predominantly

female and with skilled labor In the second stage the product from the free word

association technique was analyzed by the EVOC software which organized the

evocations and pointed out the probable central nucleus of the social representation from

two stimuli Systematization of Nursing Assistance and Nursing Work at SAE It can be

understood that in the face of the first inductive expression the subjects more readily

evoked the words care nursing and organization which reflect the dimension of nursing

actions in the care of the child being care itself the probable central nucleus that structures

the representation And refers to the true competence of the nurse For the inductive

expression Nursing Work in Nursing Care Systematization the words knowledge

humanization and important constituted the probable central nucleus reflecting the

groups understanding of the functions developed by the nurse in systematizing care In

the third stage the verbal contents from the interviews were analyzed using Alceste

software From the analysis emerged two axes that organized the content of the social

representations of the study participants The first axis was composed of a class and

referred to the theoretical dimension on SAE The second axis was organized by four

classes and mentions the practical dimension of SAE It was learned that the theoretical

representations do not seem sufficient to anchor the care practice pointing out the

existence of important discrepancies between the representations of these two

dimensions These representations do not contribute to the establishment of a reality

capable of valuing nursing care since they are not capable of conferring professional

autonomy qualifying care and implementing paradigm changes required in modernity by

pediatrics

Keywords Care child health social representation nurse care sistematization

9

RESUMEM

OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaciones Sociales Acerca de la Sistematizacioacuten

de la asistencia de enfermeros que cuidan a los nintildeos 2017 n 167 hojas Tesis (Doctorado)

- Departamento de Enfermeriacutea de la Facultad de Ciencias de la Salud Universidad de

Brasilia Brasilia 2017

Este estudio tuvo como objetivo conocer las Representaciones Sociales de enfermeros

que cuidan de nintildeos hospitalizados sobre la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea

en dos hospitales escolares de la regioacuten oeste de Mato Grosso Se trata de un estudio

cualitativo descriptivo y exploratorio basado en la Teoriacutea de las Representaciones

Sociales de Serge Moscovici realizado con 45 enfermeros que actuaban en la asistencia

al nintildeo hospitalizado En la recoleccioacuten de los datos se utilizaron dos instrumentos el

primero fue constituido por dos partes un cuestionario que posibilitoacute la caracterizacioacuten

de los sujetos y un cuestionario semiestructurado que viabilizoacute la entrevista En el

segundo se utilizoacute la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras (TALP) Para el anaacutelisis de

los datos se realizoacute la caracterizacioacuten de los sujetos utilizando el software Excel 2007

donde fue posible constatar que los participantes eran adultos joacutevenes

predominantemente del sexo femenino y con mano de obra calificada En la segunda

etapa el producto proveniente de la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras fue analizado

por el software EVOC que organizoacute las evocaciones y apuntoacute el probable nuacutecleo central

de la representacioacuten social a partir de dos estiacutemulos Sistematizacioacuten de la Asistencia de

Enfermeriacutea y Actuacioacuten del Enfermero en la SAE Se puede aprehender que frente a la

primera expresioacuten inductora los sujetos evocaron maacutes prontamente las palabras cuidado

enfermeriacutea y organizacioacuten que reflejan la dimensioacuten de las acciones de enfermeriacutea en la

atencioacuten al nintildeo siendo el propio cuidado el probable nuacutecleo central que estructura la

representacioacuten Y remite la verdadera competencia del enfermero Para expresioacuten

inductora Actuacioacuten del enfermero en la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea

las palabras conocimiento humanizacioacuten e importante constituyeron el probable nuacutecleo

central reflejando el entendimiento del grupo sobre las funciones desarrolladas por el

enfermero al sistematizar el cuidado En la tercera etapa los contenidos verbales

provenientes de las entrevistas fueron analizados utilizando el software Alceste En el

anaacutelisis surgieron dos ejes que organizaron el contenido de las representaciones sociales

de los participantes del estudio El primer eje fue compuesto por una clase e hizo

referencia a la dimensioacuten teoacuterica sobre la SAE El segundo eje fue organizado por cuatro

clases y hace mencioacuten la dimensioacuten praacutectica de la SAE Se ha aprendido que las

representaciones teoacutericas no parecen suficientes para anclar la praacutectica asistencial

sentildealando la existencia de importantes discrepancias entre las representaciones de esas

dos dimensiones Estas representaciones no contribuyen al establecimiento de una

realidad capaz de valorar el cuidado de enfermeriacutea pues no son capaces de conferir

autonomiacutea profesional calificar el cuidado e implementar cambios de paradigmas

requeridos en la modernidad por la pediatriacutea

Palabras clave cuidado salud infantil representacioacuten social sistematizacioacuten de la

asistencia de enfermeriacutea

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 A natureza dos cuidados ldquocarerdquo por Colliegravere 199928

Quadro 2 Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989) 32

Quadro 3 Caracteriacutesticas das Abordagens de Assistecircncia agrave Crianccedila 55

Quadro 4 Caracteriacutesticas do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico 72

Quadro 5 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 89

Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do

Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 96

11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta

41

Figura 2 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Alfaro - Levefre 43

Figura 3 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo88

Figura 4 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoAtuaccedilatildeo do enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 95

Figura 5 Dendograma do corpus das representaccedilotildees sociais da SAE organizado em cinco

classes e dois eixos 104

Figura 6 Dendograma com os tiacutetulos dos eixos e classes das dimensotildees juntamente com

as palavras destacadas 105

12

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na instituiccedilatildeo

Caacuteceres ndashMT201585

Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo setor de

atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015 87

13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash MT2015

84

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes

12345 geradas pelo Alceste 104

14

LISTA DE SIGLAS

AFC Anaacutelise Fatorial de Correspondecircncia

ALCESTE Anaacutelise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de um Texto

ANVAR Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo agrave Pesquisa

CEPUNEMAT Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade do Estado de Mato

Grosso

CHD Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente

CNRS Centro Nacional Francecircs de Pesquisa Cientifica

CNS Conselho Nacional de Sauacutede

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

COREN Conselho Regional de Enfermagem

DCNENF Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem

EVOC Ensemble de Programm EspermettantlrsquoAnalyse decircs Evocations

MAE Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem

MS Ministeacuterio da Sauacutede

PE Processo de Enfermagem

RS Representaccedilotildees Sociais

SAE Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TALP Teste de Anaacutelise de Palavras

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TRS Teoria da Representaccedilatildeo Social

UCE Unidades de Contexto Elementar

UCI Unidade de Contexto Inicial

UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso

UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

UTIP Unidade de Terapia Intensiva Pediaacutetrica

15

SUMAacuteRIO

Apresentaccedilatildeo17

Introduccedilatildeo 19

1 Revisatildeo de Literatura 24

11 O Cuidado de Enfermagem 24

12 Trajetoacuteria de Construccedilatildeo de um Meacutetodo Sistematizado 29

13 A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem no Brasil ndash Aspectos Legais

35

14 Estrutura e Organizaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 37

141 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem 39

15 Dificuldades para a Implantaccedilatildeo e Desenvolvimento da SAE 45

16 A Evoluccedilatildeo do cuidado agrave Crianccedila 49

161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila 57

162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila 59

2 Referencial Teoacuterico 63

21 A teoria das Representaccedilotildees Sociais - Origem Conceitos e Definiccedilotildees 63

212 Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e Ancoragem

66

213 A Teoria do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico em Representaccedilotildees Sociais 69

3 Meacutetodo 73

31 Tipo de Estudo 73

32 Local de Estudo 73

33 Sujeitos de Estudo 75

34 Coleta de Dados 76

35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados 77

36 Aspectos Eacuteticos 81

4 Resultados e Discussatildeo 83

41 Conhecendo os Enfermeiros do Estudo que Cuidam de Crianccedilas

83

4 2 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas

88

16

421 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor

SAE88

422 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo

do Enfermeiro na SAE94

43 Conhecendo o conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem 103

44 As Dimensotildees do conhecimento e Praacutetica da SAE agrave Crianccedila Hospitalizada 106

441 Eixo 1 A Dimensatildeo do conhecimento sobre a SAE 106

442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a SAE 113

5 Consideraccedilotildees Finais 135

Referecircncias 139

Apecircndice A ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 161

Apecircndice B ndash Roteiro para Entrevista 163

Apecircndice C ndash Teste de Associaccedilatildeo Livre de Palavras 164

Anexo 1 - Parecer Consubstanciado do CEP 167

17

APRESENTACcedilAtildeO

Meu interesse pelo cuidado agrave crianccedila foi despertado ainda durante minha

formaccedilatildeo acadecircmica Em primeiro lugar foi minha paixatildeo despertada por meio das

especificidades da disciplina Sauacutede da Crianccedila aproximando a razatildeo da ciecircncia com a

emoccedilatildeo e a vibraccedilatildeo do luacutedico depois foi minha primeira aacuterea de experiecircncia

profissional onde cresci como enfermeira conquistei espaccedilos e fiz viacutenculos que se

projetam em minha trajetoacuteria profissional

A possibilidade de fazer parte da vida de uma crianccedila acompanhando seu

crescimento e desenvolvimento prevenindo doenccedilas e assistindo a famiacutelia durante as

dificuldades do processo sauacutede doenccedila eacute o que me fascina e manteacutem neste campo de

atuaccedilatildeo ateacute o momento

Hoje como docente me dedico a preparar meus alunos para se sensibilizarem e

realizarem um cuidado de enfermagem diferenciado a esta clientela individualizado e

organizado em um projeto terapecircutico que inclui a famiacutelia como parte integrante e

responsaacutevel pelo processo Uma das estrateacutegias que utilizo para atingir este propoacutesito eacute o

estiacutemulo a praacutetica do cuidado baseado no planejamento das accedilotildees de forma a atender as

necessidades especiacuteficas de cada crianccedila reduzindo o estresse relacionado ao processo

de adoecimento e internaccedilatildeo

Nessa linha argumentativa vislumbro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem (SAE) o caminho que o enfermeiro possui natildeo soacute para a humanizaccedilatildeo do

cuidado mas para o alcance de resultados especiacuteficos estiacutemulo a autoanaacutelise das accedilotildees

desenvolvidas e o iniacutecio de reflexotildees que conduzem a melhorias impactantes para a

enfermagem a crianccedila e sua famiacutelia

Acredito que organizar e fortalecer os referenciais assistenciais e o sentido do

cuidado de enfermagem prestado agrave crianccedila contribuiraacute para a reduccedilatildeo das iatrogecircnicas

tempo de internaccedilatildeo e agravos responsaacuteveis pelo aumento das taxas de morbimortalidade

neonatal e infantil bem como estimular conhecimento cientiacutefico da profissatildeo

Espero que as reflexotildees advindas neste estudo atraveacutes da compreensatildeo das RS da

SAE no cuidado agrave crianccedila de dois hospitais escolas da regiatildeo oeste do Mato Grosso (MT)

possam geram benefiacutecios aleacutem das fronteiras do meu Estado estimulando a discussatildeo

sobre a importacircncia de um meacutetodo sistemaacutetico e operacional no planejamento das accedilotildees

18

de enfermagem fortalecendo o conhecimento proacuteprio da categoria e ressignificando a

praacutetica assistencial agrave crianccedila

19

INTRODUCcedilAtildeO

Desde a deacutecada de 70 observa-se uma tendecircncia crescente na enfermagem pela busca

de atividades relacionadas agrave organizaccedilatildeo e planejamento de seus serviccedilos Os avanccedilos

cientiacuteficos associados agrave aacuterea do conhecimento da sauacutede estimulam a busca por processos

mais dinacircmicos e cooperacionais que valorizem as diferentes concepccedilotildees do ser humano

e que sejam capazes de integrar as vaacuterias dimensotildees do cuidado de forma inovadora e

criativa (NASCIMENTO KC BACKES KOERICH ERDMANN 2008)

A enfermagem utiliza um modelo de processo de trabalho que sistematiza a

assistecircncia e direciona o cuidado permitindo seguranccedila autonomia profissional e

qualidade das accedilotildees desenvolvidas denominado Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem - SAE Este meacutetodo objetiva a identificaccedilatildeo das necessidades do cliente

apresentando uma proposta de accedilotildees individualizadas de atendimento que eacute

implementada por todos os membros da equipe de enfermagem Trata-se de um processo

dinacircmico e que requer na praacutetica conhecimento teacutecnico-cientiacutefico (ALFARO-LEFEVRE

2000) (SALVADOR SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015)

A SAE constitui um instrumento flexiacutevel sustentado por accedilotildees reaccedilotildees e contiacutenuas

construccedilotildees que envolvem o profissional enfermeiro e seus clientes fundamentando a

tomada de decisatildeo a organizaccedilatildeo do cuidado e a construccedilatildeo do conhecimento a partir da

praacutetica Eacute capaz de organizar o trabalho da equipe de enfermagem em todos os niacuteveis de

sauacutede ao paciente famiacutelia ou comunidade (HORTA 1979)

A resoluccedilatildeo 358-2009 do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN que dispotildeem

sobre a implementaccedilatildeo da SAE considera que a mesma organiza o trabalho do

profissional frente ao meacutetodo sua equipe e instrumentos operacionalizando o processo

de enfermagem

Nesse enfoque a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem enquanto

metodologia cientiacutefica propotildee-se a ldquoorganizar o cuidadordquo Este objetivo eacute alcanccedilado a

partir da utilizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem (PE) meacutetodo de abordagem ao cliente

construiacutedo ou selecionado a partir de um referencial teoacuterico que possibilita e fornece

subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila as alteraccedilotildees riscos e potencialidades no

estado de sauacutede dos seus clientes (CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)

O PE pode ser denominado ainda como Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem

Processo de Enfermagem Processo de Cuidado Metodologia do Cuidado Processo de

20

Assistir Consulta de Enfermagem Seja qual for o termo utilizado trata-se de uma

organizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

Eacute uma ferramenta de grande importacircncia para a individualizaccedilatildeo do cuidado e

para subsidiar a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo da assistecircncia com base em um raciociacutenio cliacutenico

registrado de forma organizada Sua vinculaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica oferece ao enfermeiro

possibilidade de diagnosticar situaccedilotildees de sua responsabilidade e assim controlar as

mudanccedilas de estado (ALFARO-LEFEVRE 2005) (CHRISTOVAM PORTO

OLIVEIRA 2012)

Como metodologia ele proporciona as evidecircncias para embasar as accedilotildees apontar

e justificar as seleccedilotildees de determinados problemas e direcionar as atividades de cada um

dos integrantes da equipe de enfermagem aleacutem de ser um meacutetodo de registro das accedilotildees

fato que contribui para sua continuidade e visibilidade do cuidado (WESTPHALEN

CARRARO 2001)

Correlacionando o PE e o cuidado da crianccedila em ambiente hospitalar eacute importante

frisar que o modelo de cuidado utilizado pela enfermagem pediaacutetrica no Brasil atualmente

estaacute pautado na humanizaccedilatildeo da assistecircncia e tem como base as poliacuteticas puacuteblicas de

sauacutede adotadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) na perspectiva da universalidade

equidade e integralidade com a utilizaccedilatildeo de tecnologias e a valorizaccedilatildeo de crenccedilas e

modos de vida (COLETT 2001) (GAIacuteVA SCOCHI 2004) (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Considera-se entatildeo que o cuidado prestado deve estar aliado a uma visatildeo

humanista e que contemple essa atenccedilatildeo em relaccedilatildeo ao contexto social cultural e

econocircmico no qual estatildeo inseridos a crianccedila e sua famiacutelia

Em virtude das especificidades da assistecircncia pediaacutetrica que associa a intervenccedilatildeo

adequada ao niacutevel do crescimento e desenvolvimento infantil os trabalhadores de

enfermagem que prestam cuidados a este periacuteodo da vida independente do seu grau de

qualificaccedilatildeo enfrentam um quotidiano de trabalho com muitas exigecircncias e cobranccedilas

Nestes espaccedilos de atendimento a crianccedila e de trabalho multidisciplinar o

enfermeiro precisa de boa articulaccedilatildeo para estabelecer conexotildees com os saberes e

intervenccedilotildees distintas dos diversos profissionais da equipe Para Gaiacuteva e Scochi (2004)

o conhecimento deve ser compartilhado e experienciado principalmente em virtude das

caracteriacutesticas de vulnerabilidade do receacutem-nascido penso que esta conduta tambeacutem

deve se estender ao atendimento a todas as fases da infacircncia Salienta-se que um meacutetodo

21

rigoroso de trabalho se faz necessaacuterio para alcanccedilar tais objetivos facilitando as tomadas

de decisotildees que levam a melhora do quadro cliacutenico do cliente respeitando o envolvimento

familiar

Essa argumentaccedilatildeo eacute ratificada por autores que analisam que a enfermagem que

atua no cuidado agrave crianccedila deve exercer a sua funccedilatildeo utilizando meacutetodo cientiacutefico rigoroso

investigando avaliando planejando e realizando procedimentos que favoreccedilam o bem-

estar do cliente e sua famiacutelia e para atingir tal objetivo eacute necessaacuterio que o enfermeiro

esteja inserido na rede social de cuidados de forma consciente competente tanto teacutecnica

quanto cientificamente (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA 2010)

Nessa perspectiva a SAE oferece respaldo seguranccedila e o direcionamento para o

desempenho das atividades contribuindo para a credibilidade competecircncia e visibilidade

da Enfermagem e consequentemente para a autonomia e satisfaccedilatildeo profissional A SAE

eacute um caminho de autonomia para a profissatildeo pois ela representa uma estrateacutegia

reconhecida por permitir uma aproximaccedilatildeo do enfermeiro ao paciente tanto no momento

da sua elaboraccedilatildeo quanto na prestaccedilatildeo do cuidado por exigir conhecimento cientiacutefico

responsabilidade e compromisso profissional (NEVES 2010) (MENEZES PRIEL

PEREIRA 2011) (VITURI EacuteVORA 2015)

Entretanto minha experiecircncia como docente o contato com colegas de profissatildeo

atuantes na assistecircncia hospitalar e a leitura de publicaccedilotildees da aacuterea atentam para um

cenaacuterio onde se faz necessaacuterio uma maior sensibilizaccedilatildeo quanto ao emprego da SAE pelo

enfermeiro Observo uma fragmentaccedilatildeo no processo do cuidar em virtude da dicotomia

entre o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro e sua atividade praacutetica no mundo do trabalho

Falta consonacircncia entre o aprendido e o vivenciado o que favorece a perdas no referencial

pelo natildeo uso ou uso parcelado da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

A ausecircncia desta metodologia assistencial no cuidado agrave crianccedila transforma as

praacuteticas de enfermagem durante a internaccedilatildeo em meras replicaccedilotildees procedimentais ou

seja a teacutecnica pela teacutecnica (fazer sem saber) ou ateacute mesmo falhas na implementaccedilatildeo

destas como o uso de foacutermulas preacute-determinadas (fazer por fazer) natildeo individualizadas

Andrade e Vieira (2005) apontam algumas situaccedilotildees como possiacuteveis causas do

pouco ou natildeo uso da SAE nos estabelecimentos de sauacutede a falta de base cientiacutefica

conhecimento habilidade e atitudes para a fiel implementaccedilatildeo o nuacutemero reduzido de

enfermeiros nos serviccedilos o envolvimento dos enfermeiros em processos administrativos

em detrimento ao processo assistencial

22

Apoacutes um periacuteodo de reflexatildeo sobre a temaacutetica e associando-a ao ambiente e as

exigecircncias do cuidado agrave crianccedila questionei Quais seriam as causas para o natildeo uso da PE

pelos enfermeiros que assistem crianccedilas Qual a importacircncia atribuiacuteda a esta praacutetica pelos

enfermeiros pediaacutetricos Qual a representaccedilatildeo social da SAE para enfermeiros que

trabalham em setores com caracteriacutesticas tatildeo especiacuteficas

Eacute de fundamental importacircncia que toda a equipe de enfermagem compreenda e

incorpore o meacutetodo cientiacutefico no desenvolvimento do processo de cuidar cotidiano

gerando a sua competecircncia profissional Entende-se que a percepccedilatildeo da SAE pela equipe

que presta cuidado agrave crianccedila influencie na atividade terapecircutica favorecendo o bem-estar

e reforccedilando-a como uma praacutetica baseada em evidencias

Considerando a SAE como uma construccedilatildeo social para a enfermagem e aceitando

que os diversos indiviacuteduos constroem e reconstroem seus conhecimentos segundo suas

representaccedilotildees sociais sobre o objeto a partir de sentimentos atitudes conhecimentos

comportamentos e experiecircncias vivenciadas se faz necessaacuterio apreender qual a

representaccedilatildeo social a cerca desta ferramenta que subsidia as praacuteticas cotidianas do

enfermeiro no ambiente de cuidado a crianccedila

Ambiente este que em virtude das suas peculiaridades e singularidades requer uma

dinacircmica assistencial uacutenica com o uso de diversos tipos de tecnologias algumas

exclusivas e atreladas as especificidades de um corpo ainda em desenvolvimento As

representaccedilotildees sociais natildeo implicam sempre uma perspectiva de intervenccedilatildeo mas toda

intervenccedilatildeo supotildee necessariamente se considerar as representaccedilotildees sociais (RANGEL

2004)

Dessa forma por apresentar vaacuterias faces e um caraacuteter multidisciplinar a Teoria

das Representaccedilotildees Sociais - TRS inaugurada por Moscovici (1962) tem contribuiacutedo

bastante nas investigaccedilotildees da aacuterea de sauacutede pois revela grande utilidade particularmente

na enfermagem Em decorrecircncia da sua relevacircncia social da sua composiccedilatildeo polimorfa

que contempla conceitos proposiccedilotildees explicaccedilotildees originadas na vida cotidiana no curso

de comunicaccedilotildees interpessoais tecida por um conjunto de elementos de natureza diversa

como os processos cognitivos inserccedilotildees sociais fatores afetivos e sistema de valores

(SAacute 2002)

Diante destas consideraccedilotildees iniciais entende-se ser importante e justificaacutevel

proceder um estudo que desvele os processos de elaboraccedilatildeo organizaccedilatildeo e

funcionamento das Representaccedilotildees Sociais da SAE no atendimento a crianccedila pelos

23

enfermeiros Espera-se contribuir para a melhoria do cuidado prestado pois a

compreensatildeo das relaccedilotildees entre o conhecimento e a praacutetica assistencial nessa fase da vida

permeadas pelas crenccedilas e valores dos envolvidos possa fortalecer o profissional

enfermeiro garantindo-lhe autonomia e qualidade assistencial

Dessa forma este estudo tem como objetivo geral Conhecer as representaccedilotildees

sociais acerca da SAE de enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em hospitais

Pretende-se ainda atingir os seguintes objetivos especiacuteficos

1 Apreender o conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos enfermeiros acerca

SAE

2 Apreender a estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos enfermeiros

acerca da SAE

3 Identificar onde e como as representaccedilotildees foram forjadas

4 Identificar o grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE

5 Apontar quais os aspectos facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo

da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado a crianccedila

O texto esta estruturado em cinco partes organizando-se da seguinte forma

Parte I ndash Revisatildeo de Literatura Com a finalidade principal de apresentar

os conceitos a partir de uma breve discussatildeo teoacuterica do problema

Parte II - Referencial Teoacuterico Com a intenccedilatildeo principal de apresentar o

constructo teoacuterico e de validar a dimensatildeo interna da pesquisa

Parte III ndash Meacutetodo expotildee o caminho metodoloacutegico seguido a fim de

apreender as representaccedilotildees sociais relacionadas agrave SAE

Parte IV ndash Resultados e Discussatildeo revela de forma detalhada os

resultados obtidos caracterizando os personagens e explicando as

representaccedilotildees do grupo acerca da SAE aproximaccedilotildees e dificuldades

encontradas no ambiente para o desenvolvimento desta

Parte V ndash Conclusatildeo apresenta respostas aos objetivos desta pesquisa e

reflexotildees a respeito das dimensotildees que permeiam as representaccedilotildees sociais

da SAE no atendimento de crianccedilas

24

1REVISAtildeO DE LITERATURA

11 O CUIDADO DE ENFERMAGEM

A Enfermagem eacute uma arte e para realiza-la como arte

requer uma devoccedilatildeo tatildeo exclusiva um preparo tatildeo

rigoroso quanto a obra de qualquer pintor ou escultor

pois o que eacute tratar da tela morta ou do frio maacutermore

comparado ao tratar do corpo vivo o templo do espiacuterito

de Deus Eacute uma arte poder se ia dizer a mais bela das

artes

(Florence Nightingale)

Falar do cuidado eacute falar da histoacuteria de como fomos e somos cuidados o que

evidencia a dimensatildeo ontoloacutegica do cuidado elemento constituinte do ser humano Trata-

se para Heidegger (1989) do solo em que se move toda a interpretaccedilatildeo do ser humano

em sua visatildeo humanista natildeo sendo possiacutevel compreender o ser humano se natildeo nos

basearmos no cuidado O cuidado do outro requer uma atitude fundamental um modo de

agir em que a pessoa se desvincula de si proacutepria e centra-se no outro com desvelo e

solicitude (HEIDEGGER 2008)

Podemos afirmar que o ser humano eacute essencialmente um ser de necessidades a

serem satisfeitas e por isso um ser em busca de cuidado gregaacuterio social sujeito histoacuterico

que constroacutei relaccedilotildees sociais inseridas nas mais diversas condiccedilotildees culturais (BISON

2003)

O ser humano vem dotado de sacralidade dados os seus inalienaacuteveis direitos e

deveres e evolui constantemente rumo ao futuro Na trajetoacuteria histoacuterica do seu viver

molda-se mediante a cultura o meio ambiente o grupo social a que pertence introjetando

valores princiacutepios e idealizaccedilatildeo que daratildeo suporte a suas atitudes accedilotildees e opiniotildees

(BOFF 1999)

Como uma atitude e caracteriacutestica primeira do ser humano o cuidado revela a

natureza humana eacute a maneira mais concreta de ser humano Sem o cuidado o homem

deixa de ser humano desestrutura-se definha perde o sentido e morre Se ao longo da

vida natildeo fizer com cuidado tudo o que empreender acaba por prejudicar a si mesmo e

por destruir o que estiver a sua volta (BOFF 1999)

O cuidado apenas aparece quando a existecircncia de algueacutem adquire significado

Nesse sentido passamos a cuidar participar do destino do outro de suas buscas

sofrimentos e sucessos (BOFF 1999) Eacute um fenocircmeno culturalmente construiacutedo pois

25

cada povo tem sua maneira proacutepria de definir compreender e expressaacute-lo (LEININGER

1978) Eacute accedilatildeo de manutenccedilatildeo agrave vida que garante a satisfaccedilatildeo de um conjunto de

necessidades indispensaacuteveis mas que satildeo diversificadas na sua manifestaccedilatildeo (LIMA

VARGENS QUITETE MACEDO SANTOS 2008)

Para Horaacutecio (65-8 AC) apud Heidegger (2008) o cuidado eacute o permanente

companheiro do ser humano que nunca deixaraacute de amar e desse desvelar por algueacutem O

cuidado permite ao ser humano viver a experiecircncia fundamental do valor daquilo que o

cerca que tem importacircncia e definitivamente conta ou seja o valor intriacutenseco de cada

coisa

A expressatildeo cuidadocuidar tem inuacutemeros sentidos Na definiccedilatildeo de Aureacutelio

(2016) cuidado eacute sinocircnimo de atenccedilatildeo zelo desvelo responsabilidade por preocupaccedilatildeo

para com algueacutem Em Volichi (2000) tem se a descriccedilatildeo etimoloacutegica do termo mediante

diferentes culturas

1) Do latim cura tem o significado de desvelo de preocupaccedilatildeo e de inquietaccedilatildeo

pela pessoa ou objeto amado cogitare ndash cogitatus que significa cogitar

pensar mostrar interesse solicitude atenccedilatildeo bom trato

2) Do inglecircs arcaico carion tem o sentido de ter preocupaccedilatildeo sentir inclinaccedilatildeo

dar preferecircncia respeitar considerar ter afeto ter simpatia

3) Do termo goacutetico KaraKaron expressando afliccedilatildeo pesar tristeza

O verbo cuidar em portuguecircs denota atenccedilatildeo cautela desvelo zelo Assume ainda

caracteriacutesticas de sinocircnimo de palavras como imaginar meditar empregar atenccedilatildeo ou

prevenir-se Representa mais que um momento de atenccedilatildeo Eacute na realidade uma atitude de

preocupaccedilatildeo ocupaccedilatildeo responsabilizaccedilatildeo e envolvimento afetivo com o ser cuidado

(REMEN 1993 BOFF 1999 WALDOW 2001 SILVA et al 2001)

Desta forma compreende-se entatildeo que o cuidado eacute necessaacuterio aos seres humanos

a fim de permitir a continuidade da vida das pessoas dos grupos e das sociedades

pressupotildee-se que sua origem esteja relacionada a qualquer pessoa que ajude outra a ter

garantida a manutenccedilatildeo da sua vida e natildeo a um ofiacutecio ou profissatildeo (COLLIEgraveRE 1999)

Assim em seu sentido mais original o cuidado natildeo tem nenhuma relaccedilatildeo com

profissatildeo eacute uma praacutetica (COLLIEgraveRE 1999) Por profissatildeo entende-se como uma

ocupaccedilatildeo cujas obrigaccedilotildees criam e utilizam de forma sistemaacutetica o conhecimento geral

acumulado na soluccedilatildeo de problemas postulados por um cliente (MACHADO 1995)

26

O cuidado natildeo eacute proacuteprio ou privativo de nenhuma praacutetica profissional para

caracterizar-se como cuidado de enfermagem eacute necessaacuteria a apropriaccedilatildeo do cuidado

humano nato poreacutem com a intencionalidade da accedilatildeo (FILHO1997)

A praacutetica de cuidar na Enfermagem nasceu como intuiccedilatildeo feminina no seio

familiar para depois caminhar na direccedilatildeo de tornar-se uma ciecircncia humanizada

respaldada inicialmente no conhecimento de outras ciecircncias para mais recentemente

procurar fundamentaccedilatildeo em teorias proacuteprias ao que se denomina Enfermagem Moderna

(GEOVANINI 2002)

Ao longo dos seus 150 anos de trajetoacuteria desde sua fundaccedilatildeo no seacuteculo XIX a

enfermagem se fortalece como a profissatildeo voltada agrave ldquoarte e ciecircncia do cuidarrdquo Nesse

contexto a enfermagem como ciecircncia agrega e investe sistematicamente na construccedilatildeo

de uma praacutetica baseada em evidecircncias cientificamente apropriado agrave abordagem das

pessoas que necessitam de conforto bem-estar atenccedilatildeo e aliacutevio dos sofrimentos

(CESTARI 2003)

Jaacute a componente arte expressa o encontro do self com a intuiccedilatildeo com a

criatividade com a imaginaccedilatildeo (re) valorizando o ser e suas interaccedilotildees com a vida A

enfermagem ao adentrar no campo esteacutetico possibilita uma nova visatildeo sobre a praacutetica da

profissatildeo e sua relaccedilatildeo com a complexidade do ser humano Estabelece uma visatildeo

transpessoal sobre o cuidado direcionando-o para uma maior harmonia perfeiccedilatildeo e

evoluccedilatildeo assim como aquela estabelecida durante a concepccedilatildeo de qualquer atividade

artiacutestica (WALDO 2001)

O cuidado de enfermagem estaacute na maioria das vezes ligado ao conceito de sauacutede

e doenccedila uma breve revisatildeo das definiccedilotildees conceituais de cuidado e cuidar indicam esse

entrelaccedilamento descrito por diferentes teoristas

Para Peplau (1992) a enfermagem eacute terapecircutica pois auxilia o indiviacuteduo doente

eou necessitado de cuidados atraveacutes da relaccedilatildeo interpessoal apresentandondashse como um

agente especialmente preparado para reconhecer essa necessidade de ajuda e a ela

responder Newman (1991) afirma que a enfermagem eacute o estudo do cuidar na experiecircncia

de sauacutede humana Henderson (1973) insere o indiviacuteduo como foco do cuidado sendo a

enfermagem o instrumento para auxiliaacute-lo atraveacutes de atividades fundamentais que

mantenham a sauacutede recuperem-na ou contribuam para uma morte digna (POTTER

PERRY 2004)

27

O cuidado como conduta implica uma gama de atitudes e sentimentos que

permitem a quem o executa e a quem o recebe uma interaccedilatildeo capaz de produzir efeitos

extremamente beneacuteficos para ambas as partes

O cuidado de Enfermagem eacute expresso atraveacutes da garantia do aliacutevio do sofrimento

e manutenccedilatildeo da dignidade em meio agraves experiecircncias de sauacutede doenccedila vida e morte O

cuidado humano dispensado pelo enfermeiro deve atingir aleacutem dos clientes e seus

familiares a sua equipe de modo a garantir melhor relacionamento interdependecircncia

coesatildeo e competecircncia (WALDOW 2001)

Portanto o cuidado de enfermagem consiste em accedilotildees em defesa de um

funcionamento comportamental adequado que previna a doenccedila ou caso de algum

desequiliacutebrio ofereccedila uma assistecircncia que conduza a homeostase (BISON 2003)

Ele eacute complexo e demarcado por um amplo cenaacuterio de possiacuteveis accedilotildees O cuidado

de enfermagem eacute universal multidimensional e singular considerando os sistemas social

econocircmico e cultural dos envolvidos (COLLIEgraveRE 1999)

O cuidado compotildee a linguagem da enfermagem e ao visualizaacute-lo como um modo

de ser relacional e contextual caracteriza-se como a uacutenica accedilatildeo verdadeiramente

independente do enfermeiro (WALDOW 2015) Para conferir autonomia profissional o

ato de cuidar deve ser organizado de forma a respeitar a singularidade da experiecircncia do

adoecer e viver e significar um conjunto de relaccedilotildees e interaccedilotildees entre os indiviacuteduos

envolvidos no processo (FERREIRA PEREIRA SOUZA ALMEIDA 2016)

Portanto a atuaccedilatildeo da enfermagem esta compreendida em uma zona de intercessatildeo

entre o cuidado e o tratamento E embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo

de uma teacutecnica satildeo na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis

que presidem a sauacutede com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e

essenciais tanto para a manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)

Gamboa (1997) preconiza que cuidar natildeo eacute um ato uacutenico nem mesmo a soma de

procedimentos teacutecnicos ou qualidades humanas Trata-se do resultado de um processo em

que se conjugam sentimentos valores atitudes e princiacutepios cientiacuteficos com a finalidade

de satisfazer os indiviacuteduos nele envolvidos

Portanto para que o cuidado ocorra eacute mister que a intenccedilatildeo do cuidador fique

clara ou melhor seja demonstrada genuinamente por palavras e accedilotildees Esta accedilatildeo eacute repleta

de sensibilidade delicadeza solidariedade e profissionalismo pois deve excluir

preconceitos de qualquer ordem e utilizar a relaccedilatildeo interpessoal como base entre seres

28

humanos (WALDOW 2001) Nesse sentido o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai

aleacutem de procedimentos teacutecnicos engloba envolvimento e compromisso com o outro

tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada (HEIDEGGER 2008)

De acordo com Colliegravere (1999) os cuidados de enfermagem organizam-se em

duas tendecircncias segundo a sua natureza os cuidados de manutenccedilatildeo (care) que se

caracterizam por um conjunto de accedilotildees que asseguram a continuidade da vida e os

cuidados de reparaccedilatildeo ou tratamento (cure) que se organizam em torno de um conjunto

de accedilotildees dispensadas quando a vida se depara com algum obstaacuteculo Ambos satildeo

necessaacuterios para a manutenccedilatildeo humana poreacutem mudam de foco de acordo com o contexto

da sauacutede ou da doenccedila constituindo o fazer da enfermagem (COLLIEgraveRE 1999

BORGES 2011)

Quanto agrave natureza os cuidados (care) satildeo descritos no Quadro 1

Quadro 1- A natureza dos cuidados (care)

CUIDADOS CARE

Cuidados de

estimulaccedilatildeo

Despertam as capacidades fundamentais da vida seja no iniacutecio

(como mamar e respirar) ou apoacutes situaccedilotildees que diminuiacuteram essas

capacidades (como voltar a andar apoacutes um periacuteodo de coma)

Cuidados de

confortaccedilatildeo

Que fortalecem a seguranccedila fiacutesica e afetiva permitindo

aquisiccedilatildeo de confianccedila e favorecendo a renovaccedilatildeo e a integraccedilatildeo

da experiecircncia

Cuidados de parecer Que promovem a imagem de si proacuteprio e o sentimento de

pertenccedila ao grupo e satildeo fundamentais para manter o desejo de

comunicaccedilatildeo e partilha

Cuidados de

compensaccedilatildeo

Que substituem aquilo que ainda natildeo foi totalmente adquirido ou

que foi perdido assegurando as funccedilotildees vitais

Cuidados de

manutenccedilatildeo da vida

Que atendem agraves necessidades da vida cotidiana como lavar-se e

vestir-se

Cuidados de

apaziguamento

Que permitem o aliacutevio da dor e contribuem para superar melhor

os momentos de grande sofrimento facilitando a melhor

utilizaccedilatildeo dos recursos fiacutesico-afetivos e atenuando a repercussatildeo

psicomental desses momentos

Fonte Colliegravere 1999

29

A doenccedila eacute o campo de atuaccedilatildeo do enfermeiro nos cuidados (cure) Nesse domiacutenio

diferentes niacuteveis de responsabilidade satildeo estruturados 1 - atuaccedilatildeo com total autonomia

que depende apenas da decisatildeo e iniciativa do enfermeiro 2 - atuaccedilatildeo que estaacute acoplada

agrave prescriccedilatildeo do meacutedico ligado ao diagnoacutestico e tratamento da doenccedila e 3 - atuaccedilatildeo onde

as responsabilidades satildeo compartilhadas e que depende do enfermeiro para execuccedilatildeo do

tratamento (COLLIEgraveRE 1999)

Eacute necessaacuterio a distinccedilatildeo da natureza dos dois tipos de cuidado e a compreensatildeo de

que ambos satildeo importantes para o bem estar completo do indiviacuteduo natildeo devendo haver

a valorizaccedilatildeo de um sobre o outro Colliegravere (1999) considera

Quando haacute prevalecircncia do cure em sobre o care isto eacute dos

cuidados de reparaccedilatildeo negligenciando os cuidados cotidianos e

habituais haacute aniquilaccedilatildeo progressiva de todas as forccedilas vivas

da pessoa de tudo que a faz desejar reagir porque haacute

esgotamento das fontes de energia vital sejam de que natureza

forem (fiacutesica afetiva social etc) Esta aniquilaccedilatildeo pode ir ateacute

a deterioraccedilatildeo irreversiacutevel

Neste sentido a enfermagem assume uma dimensatildeo holiacutestica estabelecendo-se

como uma praacutetica de cuidado integralizadora auxiliando a fortalecer os viacutenculos entre o

sentir saber- fazer (WALDO 2001)

Salienta-se entatildeo que o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai aleacutem de

procedimentos teacutecnicos englobando o envolvimento e o compromisso com o outro

tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada Situado numa relaccedilatildeo com tudo o que

melhora as condiccedilotildees que favorecem a promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando

limitar a doenccedila e por outro em relaccedilatildeo a tudo que recupera revitaliza a pessoa doente

(BORGES 2011)

12 A TRAJETOacuteRIA DE CONSTRUCcedilAtildeO DE UM MEacuteTODO SISTEMATIZADO

A Enfermagem enquanto arte do cuidado eacute voltada agrave assistecircncia do indiviacuteduo e

das pessoas a ele relacionadas no ambiente em que estatildeo inseridos promovendo-lhes

sauacutede prevenindo agravos reabilitando e melhorando seu estado fiacutesico e mental

oferecendo-lhes conforto e respeitando sua singularidade e dignidade (HORTA 1979)

As relaccedilotildees da enfermagem com o cuidado satildeo antigas e no desenvolvimento da

profissatildeo vaacuterios paradigmas influenciaram essa relaccedilatildeo

30

O processo histoacuterico do cuidado coincidiu com a origem das espeacutecies vivas

Historicamente as mulheres satildeo os primeiros seres a praticar a medicina no sentido de

tratamento e cura em virtude das praacuteticas de agricultura que lhes conferiu a capacidade

de tratar medicar e cuidar As praacuteticas domeacutesticas determinadas pela divisatildeo sexual do

trabalho como a dedicaccedilatildeo agrave casa famiacutelia os cuidados aos idosos entre outras

capacitam a mulher em garantir ou compensar funccedilotildees vitais desde o nascimento ateacute a

morte Satildeo nas atividades de cuidar do outro que as mulheres inicialmente expressam uma

forma de relaccedilatildeo com o mundo (WALDOW 2001)

As lutas com a finalidade de assegurar a continuidade da vida utilizando-se da

proteccedilatildeo reflexa e instintiva fez o cuidado feminino se tornar objeto do xamatilde ou

feiticeiro depois do sacerdote e mais tarde do meacutedico (OGUISSO 2005)

Sobre influecircncia religiosa o cuidar foi centrado na disciplina e obrigaccedilatildeo em

realizar tarefas (CARNEIRO 2008) Dando inicialmente agrave profissatildeo uma aproximaccedilatildeo

cultural com esse cuidado natildeo profissionalizado A este respeito Alcacircntara (1963) apud

Oguisso (2005) fez referecircncias identificando o cuidado caritativo como valorizado pela

sociedade e o cuidado profissionalizado como desprestigiado Kruse (2006) afirma que

nesse momento ldquocristatildeordquo da enfermagem a atenccedilatildeo dedicada aos doentes era reconhecida

como missatildeo para alcanccedilar a vida eterna das cuidadoras

Esta prestaccedilatildeo de cuidados que inicialmente era intuitiva em virtude das

caracteriacutesticas do momento evolutivo passa a buscar a rigorosidade dos princiacutepios

cientiacuteficos atraveacutes do desenvolvimento do pensamento criacutetico fazendo com que aspectos

bioloacutegicos do ser humano se transformassem no referencial norteador da assistecircncia

(OGUISSO 2005)

Com o advento cientiacutefico e tecnoloacutegico a enfermagem passa a incorporar agrave sua

praacutetica algumas teacutecnicas e procedimentos passando a seguir normas e regras em

detrimento dos aspectos unicamente humaniacutesticos do cuidado Assim a praacutetica passou a

seguir o modelo biologicista centrado na cura da doenccedila e natildeo no sujeito (BUENO

QUEIROZ 2006)

Neste momento vigorava a valorizaccedilatildeo da teacutecnica pela teacutecnica a competecircncia da

enfermagem estava diretamente ligada agrave destreza manual e agrave rapidez no desempenho dos

procedimentos uma das qualidades do enfermeiro era a subserviecircncia A ausecircncia de

justificativas das accedilotildees desempenhadas e de questionamentos aos ldquoporquecircsrdquo a cada

31

situaccedilatildeo contribuiacuteram para a desvalorizaccedilatildeo do trabalho limitando a Enfermagem a

condutas meramente curativas (GOMES NASCIMENTO ARAUJO 2007)

Entre as deacutecadas de 40 e 60 do seacuteculo XIX a Enfermagem preocupou-se em

fundamentar suas accedilotildees conferindo-lhe cientificidade Segundo Lopes e Santos (2010)

a participaccedilatildeo de Florence Nightingale na Guerra da Crimeacuteia em 1854 foi determinante

para conferir agrave Enfermagem o estatuto soacutecio profissional que lhe faltava Suas accedilotildees

foram tatildeo significativas que originaram profundas mudanccedilas na sauacutede em todo o mundo

Sua habilidade empreendedora instaurou no campo da sauacutede processos de melhoria

contiacutenua baseados no levantamento de dados estatiacutesticos sobre os potenciais riscos de

infecccedilatildeo ou seja a sistematizaccedilatildeo de cuidados diretos com o paciente (BACKES

SCHWARTZ 2005) Com sagacidade e competecircncia Florence reestruturou os serviccedilos

de sauacutede de sua eacutepoca despertando um olhar mais apurado para o cuidar

Florence tambeacutem eacute a responsaacutevel pela fundaccedilatildeo da primeira escola de

enfermagem na Inglaterra aproximando a praacutetica da enfermagem agrave aspectos modernos e

cientiacuteficos e incentivando a criaccedilatildeo de outras escolas de enfermagem Segundo Atkinson

e Murray (1989 p6) ldquoas primeiras escolas nos EUA e Canadaacute praticamente copiaram as

escolas Nightingale da Inglaterrardquo Desta forma estimulou outras enfermeiras a

analisarem a qualidade do trabalho prestado e a re-pensarem a Enfermagem enquanto

profissatildeo

Os avanccedilos na formaccedilatildeo educacional e no cuidado prestado foram determinantes

para a qualificaccedilatildeo da assistecircncia e estimulou as enfermeiras a criarem teorias que

direcionavam as accedilotildees proacuteprias da Enfermagem ou seja a construccedilatildeo de um corpo de

conhecimentos proacuteprio do enfermeiro

Surgiram os Estudos de Caso precursores dos Planos de Cuidados propostos

como uma forma de organizaccedilatildeo e individualizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem A

primeira descriccedilatildeo do meacutetodo de estudo de caso foi publicada no Studentacutes Handbook on

Nursing Case Studies em 1929 por Deborah Maclurg Jensen com o objetivo de guiar o

estudante na elaboraccedilatildeo de estudos de caso na Escola de Enfermagem da Universidade

de Yale (NEVES 2010)

Desta forma o conhecimento proporcionado pelos Planos de Cuidados

influenciou a elaboraccedilatildeo dos processos de enfermagem Nessa eacutepoca tal processo

organizava-se em torno da doenccedila e era do ponto de vista do conhecimento especiacutefico da

enfermagem ldquoum esqueleto sem roupardquo como afirma Gordon (2002)

32

O conceito de Processo de Enfermagem - PE foi introduzido na deacutecada de 1950

como um processo sistematizado compreendendo etapas como histoacuterico planejamento e

evoluccedilatildeo Este tornou-se parte do referencial conceitual de diversos curriacuteculos de

Enfermagem no mundo e estava baseado na observaccedilatildeo e na mensuraccedilatildeo como caminho

para a anaacutelise dos dados (DOENGES MOORHOUSE GEISSLER 2003)

Conforme Pesut e Hermam (1999) apud Neves (2010) o PE tem trecircs geraccedilotildees A

primeira situa-se no decorrer das deacutecadas de 1950 a 1970 quando foi identificada como

problemas e processo A segunda ocorreu entre 1970 a 1990 com a inserccedilatildeo do

diagnoacutestico de enfermagem A terceira geraccedilatildeo situa-se a partir de 1990 seguindo ateacute os

dias de hoje esta geraccedilatildeo realiza todas as etapas do PE fazendo a especificaccedilatildeo e o teste

dos resultados

Nos anos 70 houve uma grande preocupaccedilatildeo da enfermagem com o

desenvolvimento de teorias proacuteprias como um meio de estabelecer a enfermagem como

profissatildeo (HERMIDA 2004) Espiacuterito Santo e Porto (2006) salientam que o

desenvolvimento das teorias representa uma tentativa de ampliaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de

conhecimento como um saber especiacutefico para a Enfermagem Constituem a base da

assistecircncia a ser prestada sustentando as decisotildees do enfermeiro O desenvolvimento

destes modelossistemas conceituais e teorias de enfermagem onde o cerne da

enfermagem tem sua natureza e o escopo refletidos com base em ponto de vista filosoacutefico

forneceu o foco conceitual necessaacuterio ao PE (GORDON 2002)

Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989)

Ano

primeira

publicaccedilatildeo

Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave

1952 Hildegard E

Peplau

Processo interpessoal eacute a forccedila de amadurecimento da

personalidade

1960 Faye G Abdellah

Irene L Beland

Almeda Martin

Ruth V Matheney

Os problemas dos pacientes determinam o cuidado de

enfermagem

1961 Ida Jean Orlando

O processo interpessoal alivia o sofrimento

1964 Ernestine

Weidenbach

O processo de ajuda atende as necessidades atraveacutes da

arte de cuidado individualizado

33

Continuaccedilatildeo Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952

ndash 1989)

Ano

primeira

publicaccedilatildeo

Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave

1966 Lydia E Hall O cuidado de enfermagem eacute dirigido agrave pessoa e voltado

para a auto-estima

1967 Myra E Levine O holismo eacute mantido conservando a integridade

1970 Martha E Rogers O ambiente da pessoa satildeo campos de energia que

evoluem ldquonegentropicalmenterdquo

1971 Dorothea E Orem O autocuidado manteacutem a integralidade

1971 Imogene M King As transaccedilotildees fornecem um paracircmetro de referecircncia em

direccedilatildeo ao estabelecimento de metas

1974 Sr Callista Roy Os estiacutemulos rompem um sistema adaptaacutevel

1976 Josephine G

Paterson

Loretta T Zderad

Enfermagem eacute uma experiecircncia existencial de cuidar

1978 Madeleine M

Leininger

O cuidado eacute universal e varia atraveacutes das diferentes

culturas

1979 Jean Watson O cuidado eacute ideal no sentido moral mente-corpo-alma

engajados um ao outro

1980 Dorothy E

Johnson

Os subsistemas existem em estabilidade dinacircmica

1981 Rosemarie Rizzo

Parse

Seres indivisiacuteveis e ambiente em conjunto criam a sauacutede

1989 Patricia Benner

Judith Wrubel

O cuidado eacute vital para a essecircncia da enfermagem

Estabelece o que eacute importante permitindo conexatildeo e

consciecircncia Cria possibilidade de ajuda muacutetua

Fonte POTTER PERRY Fundamentos de enfermagem 5 ed Rio de Janeiro Guanabara

Koogan 2004 p 68-80

Conforme ressalta Waldow (2001) as Teorias de Enfermagem em sua essecircncia

tinham a intenccedilatildeo de humanizar o cuidado Alguns teoacutericos defenderam a ideacuteia do

cuidado integral e incluiacuteram em seus modelos as dimensotildees bioloacutegicas e psicossociais

inclusive a espiritual e o meio ambiente enfatizando a direccedilatildeo e a prioridade das accedilotildees

para o ser humano

34

Fato eacute que a enfermagem nesta proposiccedilatildeo se aproxima da visatildeo positivista da

sauacutede produzindo uma praacutetica de cuidado dos corpos dentro de uma associaccedilatildeo de

conhecimentos baseado em teorias de enfermagem ou seja o saber proacuteprio do enfermeiro

(KRUSE 2006)

O interesse pelo PE cresceu rapidamente nas escolas de Enfermagem sendo

inicialmente utilizado com um instrumento de ensino tornando as accedilotildees de enfermagem

em acordes como o meacutetodo cientiacutefico Na deacutecada de 60 apenas poucos hospitais dos

Estados Unidos e no Reino Unido haviam implementado essa metodologia de

assistecircncia Foi na deacutecada de 70 que o PE comeccedilou a ser utilizado nos hospitais embora

ainda com dificuldades servindo principalmente como guia para normatizar a praacutetica de

enfermagem (DE LA CUESTA 1983) (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

O Processo de Enfermagem enquanto metodologia cientiacutefica propotildee-se a

organizar e sistematizar o cuidado fornece subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila

alteraccedilotildees no estado de sauacutede dos clientes que necessitam de intervenccedilotildees

individualizadas visando a reabilitaccedilatildeo dos mesmos O planejamento de uma assistecircncia

personalizada a cada cliente possibilita a adoccedilatildeo de intervenccedilotildees de acordo com as

necessidades especiacuteficas a ele considerando-o em sua singularidade e norteando o

cuidado prestado Contribuem com a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da

sauacutede do indiviacuteduo famiacutelia e comunidade (TRUPPEL et al 2009)

A SAE eacute um processo que instrumentaliza o enfermeiro para uma atuaccedilatildeo

cientiacutefica baseada em evidecircncias e contribui para solidificar a atuaccedilatildeo desse profissional

o que seraacute um diferencial dentro da equipe de enfermagem Este processo desenvolvido

atraveacutes do PE respalda o enfermeiro a realizar com maior eficaacutecia accedilotildees de supervisatildeo

de avaliaccedilatildeo e de gerenciamento dos cuidados prestados pela equipe bem como

acompanhar os resultados das accedilotildees implementadas (MUSSI et al 1997)

Para este conceito destaca-se que a SAE envolve todos os elementos do processo

de trabalho em enfermagem Assim podem-se elencar diversos componentes que

influenciam o funcionamento desse sistema ou seja o cenaacuterio de sauacutede escolhido os

recursos humanos existentes o meacutetodo de assistecircncia de enfermagem adotado e a

implantaccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem bem como seus instrumentos

(NEVES 2010)

Segundo Leopardi (2006) a SAE organiza o trabalho segundo as fases do seu

fluxo Implica tanto a definiccedilatildeo da natureza do trabalho a ser realizada Quanto a definiccedilatildeo

35

do PE desde a base teacutecnico-filosoacutefica ateacute o tipo de profissional requerido as teacutecnicas os

procedimentos os meacutetodos os objetivos e os recursos materiais para a produccedilatildeo do

cuidado Eacute a organizaccedilatildeo do trabalho de enfermagem quanto ao meacutetodo pessoal e

instrumentos de modo que seja possiacutevel a realizaccedilatildeo do PE (LEOPARDI 2006)

13 A SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENEFERMAGEM NO

BRASIL - ASPECTOS LEGAIS

As iniciativas em planejar cientificamente a assistecircncia de enfermagem no Brasil

tiveram iniacutecio na deacutecada de 50 por influecircncia Norte Americana por meio das obras de

Rogers e Henderson (GEOVANINI 2002) No ano de 1965 o Congresso Brasileiro de

Enfermagem recomendou a utilizaccedilatildeo do plano de enfermagem tendo por repercussatildeo do

cientificismo que norteava a profissatildeo num contexto histoacuterico em que a enfermagem

abria campo para a produccedilatildeo cientiacutefica (PAIM 1976) Dentro deste contexto surgiram

os teoacutericos de enfermagem que visaram a construccedilatildeo de um arcabouccedilo metodoloacutegico que

desse suporte ao planejamento da assistecircncia de enfermagem

No Brasil a sistematizaccedilatildeo das accedilotildees de enfermagem teve ecircnfase com Wanda de

Aguiar Horta a partir da publicaccedilatildeo do livro intitulado Processo de Enfermagem na

deacutecada de 70 Fundamentada na teoria das necessidades humanas baacutesicas orientada por

Maslow Wanda Horta propocircs accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas para a assistecircncia

ao ser humano Sabe-se que os estudos de Horta impulsionaram o ensino e a pesquisa do

processo de enfermagem no Brasil promovendo o desenvolvimento da metodologia

cientiacutefica (KLETEMBERG MANTOVANI LACERDA 2004)

O marco conceitual de Horta preconizou o processo de enfermagem na praacutetica

profissional Essa teoria foi considerada como a essecircncia da enfermagem e estimulou a

utilizaccedilatildeo desta nova metodologia de trabalho nas escolas de enfermagem brasileiras

(OGUISSO 2005)

A SAE foi reconhecida pelo Conselho de Enfermagem como atividade privativa

do enfermeiro segundo a Lei do Exerciacutecio Profissional nordm 7486 de 25 de junho de 1986

visando planejar a assistecircncia de enfermagem para assistir o ser humano integralmente

com accedilotildees especiacuteficas que possam colaborar para o bem-estar do indiviacuteduo famiacutelia e

comunidade Entretanto apenas em 2002 recebeu apoio legal do COFEN pela Resoluccedilatildeo

nordm 272 para ser implementada em acircmbito nacional nas instituiccedilotildees de sauacutede brasileiras

36

A Resoluccedilatildeo COFEN 2722002 ndash revogada pela resoluccedilatildeo COFEN nordm 3582009

dispotildeem sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem estabelecendo que

compete exclusivamente ao enfermeiro implantar planejar organizar executar e avaliar

o processo de enfermagem

Assim sendo esta resoluccedilatildeo possibilitou tambeacutem ordenar metodicamente e em

todos os ambientes de atenccedilatildeo agrave sauacutede o trabalho prestado pelo enfermeiro bem como

direcionar as accedilotildees da equipe de enfermagem para a promoccedilatildeo do cuidado particular e

totalitaacuterio aos clientes

Art 1ordm O Processo de Enfermagem deve ser realizado de modo

deliberado e sistematizado em todos os ambientes puacuteblicos ou

privados em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem

sect 1ordm ndash Os ambientes de que trata o caput deste artigo referem-

se a instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos de internaccedilatildeo

hospitalar instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos ambulatoriais de

sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees comunitaacuterias fabricas

entre outros

sect 2ordm ndash quando realizado em instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos

ambulatoriais de sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees

comunitaacuterias entre outros o Processo de Sauacutede de Enfermagem

corresponde ao usualmente denominado nesses ambientes como

Consulta de Enfermagem

A referida Resoluccedilatildeo define SAE como a organizaccedilatildeo do trabalho profissional

quanto ao meacutetodo para a operacionalizaccedilatildeo do processo de enfermagem e conceitua o

processo de enfermagem como um instrumento metodoloacutegico que direciona e documenta

os cuidados de enfermagem baseado em um suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados

o estabelecimento de diagnoacutesticos de enfermagem o planejamento das accedilotildees a

implementaccedilatildeo e que forneccedila a base para a avaliaccedilatildeo dos resultados alcanccedilados (COFEN

2009)

Art 3ordm O Processo de Enfermagem deve estar baseado num

suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados o estabelecimento

de diagnoacutesticos de enfermagem e o planejamento das accedilotildees ou

intervenccedilotildees de enfermagem e que forneccedila a base para a

avaliaccedilatildeo dos resultados de enfermagem alcanccedilados

Art 4ordm Ao enfermeiro observadas as disposiccedilotildees da Lei no

7498 de 25 de junho de 1986 e do Decreto no 94406 de 08 de

junho de 1987 que regulamenta incumbe a lideranccedila na

execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do Processo de Enfermagem de modo a

alcanccedilar os resultados de enfermagem esperados cabendo-lhe

privativamente o diagnoacutestico de enfermagem acerca das

37

respostas da pessoa famiacutelia ou coletividade humana em um

dado momento do processo sauacutede e doenccedila bem como a

prescriccedilatildeo das accedilotildees ou intervenccedilotildees de enfermagem a serem

realizadas face a essas respostas

Portanto a implantaccedilatildeo do processo de enfermagem requer o envolvimento

profissional para a representatividade do enfermeiro na equipe de sauacutede o que

proporciona a construccedilatildeo de sua identidade na assistecircncia e desmitifica conceitos

errocircneos quanto ao real papel do mesmo Gonccedilalves et al (2007) ressaltam que a SAE

favorece o cuidado em virtude de uma atenccedilatildeo individualizada sistemaacutetica planejada e

baseada em evidecircncias cientiacuteficas refletindo no desenvolvimento da profissatildeo como

ciecircncia e integra as aacutereas da assistecircncia ensino e pesquisa

14 ESTRUTURA E ORGANIZACcedilAtildeO DA SISTEMATIZACcedilAtildeO DA

ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

O planejamento do cuidado representa um avanccedilo para a equipe de enfermagem

por atestar a qualidade e eficaacutecia do atendimento expandir a visibilidade da atuaccedilatildeo do

enfermeiro e contribuir para a conquista do reconhecimento profissional perante o

paciente famiacutelia e membros da equipe de sauacutede Para Menezes Priel Pereira (2011) a

implantaccedilatildeo do processo de cuidado insere o enfermeiro em seu papel social e o assegura

atuar com autonomia contemplando o paciente com um cuidado qualificado

fundamentado nos princiacutepios da integralidade e humanizaccedilatildeo no conhecimento teacutecnico

cientiacutefico na responsabilidade profissional e nas relaccedilotildees interpessoais e institucionais

estabelecidas

Esta metodologia oferece suporte agrave consolidaccedilatildeo profissional o instrumento

otimiza a comunicaccedilatildeo com a equipe multidisciplinar amplia a atuaccedilatildeo do enfermeiro

organiza o serviccedilo da equipe de enfermagem e beneficia a instituiccedilatildeo e o sistema de sauacutede

que com a documentaccedilatildeo tem informaccedilotildees relevantes para utilizaccedilatildeo na assistecircncia

ensino pesquisa e desenvolvimento de planejamento para accedilotildees voltadas para a sauacutede da

populaccedilatildeo (TRUPPEL et al 2009)

O processo de enfermagem eacute baseado em princiacutepios e regras que satildeo conhecidos

por promover o cuidado de enfermagem eficiente Ele eacute definido como a dinacircmica das

accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas visando a assistecircncia ao ser humano este

38

instrumento possibilita ao enfermeiro colocar em praacutetica uma Teoria para isso precisa

estar inserido na realidade concreta de forma consciente competente teacutecnica e

cientificamente (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

A implantaccedilatildeo da SAE deve ser processo originado no conhecimento especiacutefico

fruto de uma reflexatildeo criacutetica e problematizadora acerca da organizaccedilatildeo e filosofia do

trabalho de enfermagem constitui-se um instrumento de fundamental importacircncia para

que o enfermeiro possa gerenciar e otimizar a assistecircncia de enfermagem de forma

organizada segura dinacircmica e competente (BACKES SCHWARTZ 2005)

Eacute uma atividade privativa do enfermeiro que atraveacutes de um meacutetodo e estrateacutegia

de trabalho cientiacutefico realiza a identificaccedilatildeo das situaccedilotildees de sauacutededoenccedila subsidiando

a prescriccedilatildeo e implementaccedilatildeo das accedilotildees de Assistecircncia de Enfermagem que possam

contribuir para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo em sauacutede do indiviacuteduo

famiacutelia e comunidade (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TEIXEIRA PAIM SANTO

2004)

A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indiviacuteduo

utilizando para isto seus conhecimentos e habilidades aleacutem de orientaccedilatildeo e treinamento

da equipe de enfermagem para a implementaccedilatildeo das accedilotildees sistematizadas (HORTA

1979) (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TANNURE GONCcedilALVES 2010)

A implantaccedilatildeo e o desenvolvimento da SAE nos ambientes de atuaccedilatildeo do

enfermeiro possibilitam benefiacutecios para o cliente para a profissatildeo e para a instituiccedilatildeo

Takahashi e colaboradores (2008) concluem que a assistecircncia individualizada eacute uma

prerrogativa da SAE e pressupotildee a participaccedilatildeo do paciente no processo de cuidar

mantendo sua autonomia destacam tambeacutem que o cuidado individualizado articula uma

relaccedilatildeo favoraacutevel com a equipe multiprofissional paciente e famiacutelia favorecendo a

humanizaccedilatildeo da assistecircncia

A autonomia do enfermeiro com a implantaccedilatildeoimplementaccedilatildeo do Processo de

Enfermagem eacute considerada um benefiacutecio do uso deste meacutetodo pois imprime a

possibilidade de o enfermeiro aplicar seus conhecimentos e conquistar o reconhecimento

pela qualidade do cuidado prestado ao paciente tanto na instituiccedilatildeo como junto agrave famiacutelia

refletindo seu papel na sociedade e na responsabilidade profissional (DUARTE

ELLENSOHN 2007) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

Tannure e Gonccedilalves (2010) acrescenta ainda que trabalhar dentro de uma

metodologia cientiacutefica natildeo apenas daacute autonomia agrave profissatildeo como organiza o cotidiano

39

da equipe pois permite a utilizaccedilatildeo de ferramentas apropriadas que facilitam os registros

e controles Para os serviccedilos quantificarem a assistecircncia controlar custos e facilitar a

auditoria o uso do processo de qualidade

A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada

e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila Dessa forma a

atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades individuais e

com isso promove a qualidade de vida e a prevenccedilatildeo de doenccedilas

141 Etapas e organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem

A SAE eacute um processo dinacircmico em constante avanccedilo eacutetico e legal que atende

aos princiacutepios da profissatildeo e classifica a assistecircncia de enfermagem como um meacutetodo

organizado de planejamento e implementaccedilatildeo de cuidados (CASAFUS DELLacuteACQUA

BOCCHI 2013)

Logo a SAE viabiliza ao enfermeiro atuar em diversos acircmbitos e desempenhar

atividades de assistecircncia supervisatildeo avaliaccedilatildeo e gerenciamento do cuidado para

promover mudanccedilas na atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem organiza o Processo de Enfermagem que constitui um caminho

metodoloacutegico organizado em etapas que auxilia o enfermeiro no desenvolvimento do

cuidado cientiacutefico humano e dinacircmico tendo como alicerce teorias organizacionais

(TANNURE GONCcedilALVES 2010)

De acordo com Horta (1979) o processo de enfermagem eacute uma seacuterie de accedilotildees

sistemaacuteticas visando certo resultado ato de proceder accedilatildeo de ser feito progressivamente

qualquer fenocircmeno que mostra uma continua mudanccedila no tempo como o processo de

crescimento ou uma seacuterie de accedilotildees ou operaccedilotildees que conduzem definitivamente a um

fim caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos

(HORTA 1979)

Segundo Castellanos e Castilho (2000) o PE representa a implementaccedilatildeo da SAE

elaborado a partir dos dados e levantamentos realizados pelo enfermeiro visando a

proporcionar o cuidado individualizado e de qualidade aos clientes com embasamento

cientiacutefico Por se tratar de um conjunto de elementos dispostos de uma forma determinada

e coordenados entre si para que possam funcionar como uma estrutura organizada da

40

assistecircncia de enfermagem eacute necessaacuterio engajamento natildeo soacute das equipes mas tambeacutem

da instituiccedilatildeo hospitalar

Eacute uma metodologia de soluccedilatildeo de problemas que requer habilidades cognitivas

teacutecnicas e interpessoais voltadas para a satisfaccedilatildeo das necessidades do cliente e da

famiacutelia buscando o alcance do bem-estar ou a melhoria da qualidade de vida pelo tempo

que for possiacutevel (SILVA DAMASCENO CARVALHO SOUZA 2001)

O PE geralmente eacute elaborado a partir do desenvolvimento de cinco fases

Investigaccedilatildeo Diagnoacutestico Planejamento Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo O nuacutemero de fases

em que se organiza o processo de enfermagem modifica-se de acordo com diversos

autores variando de quatro a seis fases Esta divergecircncia de opiniotildees consiste na questatildeo

de considerar a etapa de diagnoacutestico como uma etapa distinta ou consideraacute-la incluiacuteda na

primeira etapa o histoacuterico Importante se faz ressaltar que essa divisatildeo em etapas eacute uacutetil

para fins didaacuteticos sendo que na praacutetica o processo de enfermagem deve ser integrado

com suas etapas inter-relacionadas e interdependentes (ALFARO-LEFEVRE 2005)

Cianciarullo et al (2005) expotildeem que durante todo o PE o enfermeiro utiliza-se

de instrumentos baacutesicos especiacuteficos para extrair do cliente subsiacutedios que direcionem a

assistecircncia de enfermagem Aleacutem da percepccedilatildeo sensorial apurada (visatildeo audiccedilatildeo fala

tato e olfato) o enfermeiro deve saber como e o que perguntar bem como saber ouvir

Muitas vezes o paciente natildeo fornece respostas concretas e sim subsiacutedios que instigam

alertando e direcionando os questionamentos

Fase I ndash Investigaccedilatildeo Histoacuterico de Enfermagem

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PE eacute a Investigaccedilatildeo Eacute a etapa que oferece

a estrutura pela qual se justifica o plano de cuidados adotado pelo enfermeiro Possibilita

obter informaccedilotildees precisas completas e estruturadas do indiviacuteduo e do contexto em que

estaacute inserido servindo de base para as proacuteximas fases (ALFARO-LEFEVRE 2005)

(NEVES 2010)

Desta maneira Tannure e Gonccedilalves (2008) enfatiza que a pontualidade e a

autenticidade dos dados coletados contribuem na identificaccedilatildeo e delimitaccedilatildeo das

caracteriacutesticas biopsicossociais do cliente norteando o cuidado a ser estabelecido

A coleta de dados para a construccedilatildeo do histoacuterico natildeo eacute realizada apenas nesta fase

inicial mas perdura durante todo o tempo em que o cliente estiver assistido finalizando

ao momento em que este receba alta (ATKINSON MURRAY 1989) Para Alfaro-

41

LeFevre (2005) pode-se colher dados diretamente do indiviacuteduo ou obtecirc-los indiretamente

de outras fontes como pessoas prontuaacuterios ou exames

Desta forma para atingir o objetivo fim desta fase do processo a construccedilatildeo do

instrumento de coleta de dados natildeo pode ser accedilatildeo estaacutetica e pontual A elaboraccedilatildeo deste

instrumento deve ser accedilatildeo dinacircmica podendo sofrer alteraccedilotildees constantes para que atenda

os propoacutesitos da SAE

Figura 1 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta

Fonte Horta 1979

Sendo assim deve levar em consideraccedilatildeo o marco teoacuterico utilizado pelo serviccedilo

ou setor e a visatildeo dos paradigmas de enfermagem utilizados naquele espaccedilo

(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008) O instrumento deve

capturar informaccedilotildees relevantes e determinantes a todo o PE Barros (2009) complementa

que aleacutem de ser adequado ao puacuteblico a que se destina deve-se considerar as

peculiaridades da equipe de Enfermagem e as particularidades de cada Instituiccedilatildeo onde o

instrumento de coleta de dados seraacute utilizado

Os formulaacuterios satildeo importantes porque padronizam os registros e respaldam

legalmente as accedilotildees de enfermagem As anotaccedilotildees devem conter termos teacutecnicos numa

42

sequecircncia loacutegica e objetiva para que permita a continuidade do planejamento dos

cuidados prestados Satildeo tambeacutem importantes para a consulta de pesquisa e ensino fonte

de dados e para processos administrativos (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS

2006) (SILVA OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

O enfermeiro deve tambeacutem para sucesso desta fase estabelecer uma relaccedilatildeo de

confianccedila uma comunicaccedilatildeo sem ruiacutedos com o cliente de forma a capturar informaccedilotildees

relevantes Deve valer-se da eacutetica e respeitar o cliente em sua singularidade e dignidade

sua privacidade seus haacutebitos pessoais e crenccedilas mantendo em sigilo os dados obtidos

abstendo-se de preacute-julgamentos (ALFARO-LEFEVRE 2005) (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Fase II - O Diagnoacutestico de Enfermagem

A partir dos dados coletados eacute possiacutevel estabelecer o Diagnoacutestico de Enfermagem

Estes satildeo interpretaccedilotildees cientiacuteficas dos dados levantados usados para orientar o

planejamento de enfermagem a implementaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo (NANDA 2008) No

processo de elaboraccedilatildeo desta segunda fase o enfermeiro deve fundamentar-se em

evidecircncias a partir dos indicadores obtidos ao momento da investigaccedilatildeo possibilitando

a validaccedilatildeo dos seus diagnoacutesticos e intervenccedilotildees por outra pessoa (ALFARO-LEFEVRE

2005)

Segundo Tannure e Gonccedilalves (2010) o enfermeiro deveraacute ter capacidade de

anaacutelise de julgamento de siacutentese e de percepccedilatildeo ao interpretar dados cliacutenicos Alfaro-

LeFevre (2005) complementa que os erros na elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos levam a

intervenccedilotildees equivocadas e ateacute mesmo nocivas ao paciente Ainda nesta etapa eacute possiacutevel

detectar a necessidade de um cuidado multidisciplinar com a atuaccedilatildeo de profissionais de

outras aacutereas de forma a atender o cliente em sua totalidade

Uma vez identificadas agraves necessidades do cliente eacute preciso interpretaacute-las e

classificaacute-las utilizando-se de termos proacuteprios da enfermagem com informaccedilotildees

consistentes e precisas Isso possibilita uma linguagem comum a toda a equipe

consequumlentemente otimizando o tempo e permitindo um cuidado mais eficaz

(TANNURE GONCcedilALVES 2010)

O diagnoacutestico de enfermagem eacute considerado por alguns autores como uma das

etapas mais complexas causando muitas divergecircncias na sua realizaccedilatildeo O enfermeiro

encontra grande dificuldade para implementaacute-lo na sua praacutetica diaacuteria aleacutem de outros

43

profissionais de sauacutede a julgarem desnecessaacuteria (SILVA OLIVEIRA NEVES

GUIMARAtildeES 2011)

Figura 2 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Alfaro-LeFevre

Fonte Alfaro-Lefevre 2005

Fase III ndash O Planejamento da Assistecircncia

Na terceira etapa denominada Planejamento ocorre a determinaccedilatildeo das

prioridades para a resoluccedilatildeo dos diagnoacutesticos estabelecidos na fase anterior estabelecer

quais os resultados a serem alcanccedilados com o tratamento que favoreccedilam ao paciente

definir quais as intervenccedilotildees se faratildeo necessaacuterias para atender diretamente cada

diagnoacutestico de enfermagem prescrito e efetuar o registro do plano de cuidados

(ALFARO-LEFEVRE 2005)

O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao

cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste

propicia a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do

pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia (ANDRADE VIEIRA

2005)

A formalizaccedilatildeo do plano de cuidados (por meio das anotaccedilotildees) oferece subsiacutedios

que facilitam a troca de informaccedilotildees entre os agentes responsaacuteveis pelo cuidar norteia as

intervenccedilotildees a serem realizadas promove o registro de dados que possibilitem

posteriormente avaliar o cuidado prestado Servem tambeacutem como subsiacutedios que

44

propiciam a realizaccedilatildeo de pesquisas e fornecem agraves seguradoras de planos de sauacutede os

registros dos cuidados prestados a determinado cliente Assim sendo as informaccedilotildees

registradas devem ser claras e consistentes dirimindo quaisquer duacutevidas que possam

surgir (CARPENITO 2005)

Fase IV ndash A Implementaccedilatildeo da Assistecircncia

A fase de Implementaccedilatildeo eacute caracterizada pela execuccedilatildeo do plano de cuidados eacute o

momento em que o enfermeiro coloca em praacutetica as accedilotildees que foram estabelecidas na

fase de planejamento

Eacute o roteiro diaacuterio que coordena a accedilatildeo da equipe de enfermagem na execuccedilatildeo dos

cuidados decorrentes da implantaccedilatildeo do plano assistencial de enfermagem adequados as

necessidades baacutesicas e especiacuteficas de cada cliente (HORTA 1979) Para Alfaro Levefre

(2005) eacute a colocaccedilatildeo do plano em accedilatildeo eacute pensar sobre o plano eacute refletir sobre o que se

estaacute fazendo nos seguintes pontos investigar a situaccedilatildeo atual da pessoa antes de agir

realizar as intervenccedilotildees e reinvestigar para determinar as respostas iniciais comunicar e

registrar

Nesta etapa satildeo realizadas as prescriccedilotildees de enfermagem Estas devem ser

anotadas de forma que permitam um faacutecil entendimento pela equipe que iraacute colocaacute-la em

praacutetica Seu conteuacutedo deve estimular a equipe a se empenhar no cuidado prestado ao

cliente desenvolvendo o senso criacutetico Aleacutem de estabelecer o que fazer tambeacutem deve

determinar como quando onde com que frequumlecircncia e por quanto tempo as accedilotildees devam

ser realizadas (TANNURE GONCcedilALVES 2010)

Assim como os diagnoacutesticos de enfermagem as prescriccedilotildees tambeacutem devem ser

realizadas de acordo com a ordem de prioridades e grau de gravidade do cliente (SILVA

OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

Fase V ndash A Avaliaccedilatildeo de Enfermagem

A quinta etapa do processo de enfermagem eacute denominada de Avaliaccedilatildeo Segundo

Alfaro-LeFevre (2005) uma avaliaccedilatildeo criteriosa a partir de uma sensata reflexatildeo da

assistecircncia prestada ao cliente em seus pormenores confere ao enfermeiro a primazia na

qualidade do plano de cuidados

Nesta fase seraacute examinada a eficaacutecia da assistecircncia de enfermagem se estaacute

solucionando ou minimizando os problemas reais ou potenciais identificados na segunda

45

etapa Agrave medida que atendem ao que foi proposto satildeo realizados ajustes que se adequam

ao estado do cliente neste momento Conforme satildeo solucionados os problemas a

prescriccedilatildeo e respectivas intervenccedilotildees satildeo suspensas (POTTER 2004)

Carpenito (2005) refere que a anaacutelise minuciosa do plano de cuidados eacute

fundamental para atingir a excelecircncia na assistecircncia de enfermagem personalizada para

cada paciente assistido Desta forma faz-se necessaacuterio o registro de todas as atividades

realizadas bem como dos resultados alcanccedilados com as mesmas o que fundamentaria as

decisotildees no que tange ao quadro de pessoal avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do cuidado prestado

(tanto na resolutividade das necessidades do cliente quanto no custo com a realizaccedilatildeo dos

procedimentos) ou no tipo da assistecircncia oferecida

15 - DIFICULDADES PARA A IMPLANTACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO DA

SAE

Embora cientes da importacircncia da SAE na organizaccedilatildeo do serviccedilo de enfermagem

o processo de implantaccedilatildeo assim como a escolha de um referencial teoacuterico e de uma

metodologia adequada na praacutetica ainda carece de estrateacutegias e subsiacutediosevidecircncias

operacionais eficazes e comprometedoras capazes de nortear um novo perfil assistencial

Tem-se percebido empiricamente uma dicotomia entre ensino e praacutetica de

trabalho nas instituiccedilotildees gerando inseguranccedilas e descreacutedito nos estudantes e profissionais

em carreira uma vez que muitas situaccedilotildees de ensino se situam no niacutevel do ideal

sistematizado buscando a qualidade enquanto os serviccedilos deixam de atentar para estas

condiccedilotildees (ANDRADE VIEIRA 2005)

A falta de relaccedilatildeo entre os conceitos teoacutericos e a praacutetica profissional cria uma

dissonacircncia e gera conflitos na assistecircncia de enfermagem no que se refere ao uso da

metodologia que ao ser aplicada se torna de modo fracionada e distorcida dos princiacutepios

teoacutericos (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

A formaccedilatildeo acadecircmica dos enfermeiros muitas vezes contribui para que estes natildeo

busquem nem apliquem uma assistecircncia sistematizada pois durante aulas praacuteticas pode-

se perceber uma preocupaccedilatildeo maior tanto por parte de alguns docentes quanto pela

maioria dos alunos em adquirir habilidades teacutecnicas Assim deixam de levantar os

problemas de enfermagem do paciente e de planejar os cuidados ficando a assistecircncia

46

neste caso limitada a accedilotildees isoladas no decorrer de suas atividades (ANDRADE

VIEIRA 2005)

Para o desenvolvimento da SAE muito mais do que competecircncia teacutecnica eacute

preciso que os enfermeiros tenham sensibilidade para captar as necessidades emergentes

habilidade para empreender e estimular accedilotildees inovadoras e principalmente

conhecimento e capacidade estrateacutegica para envolver e comprometer criativamente os

demais profissionais da equipe de sauacutede (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

A lei do exerciacutecio profissional (no 7498 1986) prevecirc como atribuiccedilatildeo do

enfermeiro ligada agrave metodologia da assistecircncia de enfermagem o desenvolvimento da

SAE poreacutem mesmo com respaldo legal para a execuccedilatildeo da metodologia da assistecircncia

poucos efeitos tecircm-se observado no cotidiano da praacutetica

Hermida e Araujo (2006) relatam que um trabalho de fiscalizaccedilatildeo do COREN-

SP nas instituiccedilotildees de sauacutede do Estado apoacutes investimento desse oacutergatildeo em capacitaccedilatildeo

dos enfermeiros para a realizaccedilatildeo da SAE revelou que 65 das instituiccedilotildees natildeo souberam

como implantar a SAE 38 estavam em fase de implantaccedilatildeo em 15 houve relutacircncia

eou impedimento dos profissionais de sauacutede e em 10 houve impedimento por parte da

instituiccedilatildeo para o desfecho desta (HERMIDA ARAUacuteJO 2006)

Teixeira Paim e Santos (2004) colocam como dificuldades para o

desenvolvimento da SAE as condiccedilotildees de trabalho do enfermeiro tais como

desproporccedilatildeo enfermeiroleito ausecircncia de uma filosofia de trabalho distorccedilatildeo entre a

formaccedilatildeo e a praacutetica problemas referentes agraves atribuiccedilotildees do enfermeiro preocupaccedilatildeo em

conceder uma assistecircncia de qualidade sobrecarga de trabalho

Backes e Schwartz (2005) acrescentam que as resistecircncias mais comuns para a

implementaccedilatildeo da SAE satildeo os proacuteprios profissionais de enfermagem ou seja os

profissionais com mais de dez anos de formados em virtude do desestiacutemulo a criaccedilatildeo de

estrateacutegias ousadas e para os profissionais com poucos anos de formaccedilatildeo associadas agrave

inexperiecircncia e despreparo teacutecnico e gerencial

Ainda como problema decorrente da natildeo utilizaccedilatildeo de uma metodologia

assistencial eacute possiacutevel considerar o desgaste de recursos humanos Nestes casos no

momento em que o enfermeiro percebe problemas e dificuldades no funcionamento e

rendimento da sua equipe de trabalho pode em alguns casos passar a desacreditar no seu

potencial de liacuteder e gerente produzindo sensaccedilotildees de impotecircncia e frustraccedilatildeo o que por

47

sua vez proporciona maior desgaste fiacutesico e consequentemente maacute produtividade

(ANDRADE VIEIRA 2005)

A carecircncia de pessoal de enfermagemenfermeiros dificulta tambeacutem a

implementaccedilatildeo da SAE portanto se faz necessaacuterio salientar a responsabilidade das

instituiccedilotildees propiciarem todas as condiccedilotildees necessaacuterias ao enfermeiro para executar de

forma efetiva o planejamento da assistecircncia pois natildeo basta fazer eacute preciso fazecirc-lo bem

natildeo basta exigir eacute preciso oferecer condiccedilotildees (HERMIDA 2004)

Contribuindo para esta reflexatildeo Backes e Schwatz (2005) acrescentam que o tipo

de organizaccedilatildeo dos serviccedilos associado ao modelo de gestatildeo tradicional gera contradiccedilotildees

em virtude de sua estrutura riacutegida excessivamente especializada com funccedilotildees rotineiras

e pouco desafiadoras Neste sentido a enfermagem conformou-se basicamente com uma

cultura do ldquofazerrdquo sem contudo refletir acerca de novas possibilidades do ser e agir na

praacutetica assistencial e gerencial

Para a elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo de um modelo assistencial em um serviccedilo

hospitalar acredita-se ser necessaacuterio a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico do trabalho da equipe

de enfermagem ressaltando seu preparo teacutecnico-cientiacutefico sobre o processo de

enfermagem bem como a existecircncia de problemas decorrentes de uma assistecircncia natildeo

sistematizada (ANDRADE VIEIRA 2005)

Nascimento e colaboradores (2008) relatam que eacute possiacutevel perceber na praacutetica a

insatisfaccedilatildeo de membros da equipe quanto o ter que fazer a SAE ou a exclusatildeo dos

profissionais de niacutevel meacutedio que apenas executam as prescriccedilotildees sem participar de sua

elaboraccedilatildeo existe um grande desencontro de informaccedilotildees entre o que eacute relatado pelo

paciente a outro profissional e o que o enfermeiro anotou como avaliaccedilatildeo ou evoluccedilatildeo

A falta de tempo para realizar a metodologia ou uma melhor assistecircncia direta ao

paciente eacute uma constante no discurso do enfermeiro O trabalho na instituiccedilatildeo muitas

vezes compartimentalizado pouco reflexivo forccedila o enfermeiro a ocupar um espaccedilo que

natildeo favorece a percepccedilatildeo da totalidade do seu trabalho Aliado a isto o saber meacutedico

hegemocircnico institucionalizado faz com que a praacutetica de enfermagem lhe sirva de esteio

(GARCIA-SANTOS WERLANG 2013) (BENEDET GELBCKE AMANTE 2016)

Em um ambiente de trabalho onde natildeo existe planejamento das atividades nem

determinaccedilatildeo de prioridades haacute um uma perda de tempo significativa no processo de

gerenciamento levando os profissionais a refazerem as atividades realizadas sem ecircxito

Assim perde-se tempo em resolver problemas inerentes a outros profissionais da equipe

48

e quando realmente se trata de atividades que competem ao enfermeiro este natildeo mais

dispotildee de tempo para realizaacute-las (ANDRADE VIEIRA 2005) (MEDEIROS SANTOS

CABRAL 2013)

Eacute importante salientar que as proacuteprias prescriccedilotildees de enfermagem tambeacutem podem

contribuir para dificultar a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede jaacute que muitas

vezes estas natildeo refletem uma anaacutelise justa do caso sendo elaborada contendo somente

cuidados rotineiros de forma repetitivas perdendo a credibilidade junto a equipe

(SHIMIZU CIAMPONE 2002)

A enfermagem por se caracterizar como uma profissatildeo dinacircmica necessita de

uma metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo O processo de enfermagem eacute

considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo facilitando a

troca de informaccedilotildees entre enfermeiros de vaacuterias instituiccedilotildees (BORK 2003)

Conhecer o aspecto subjetivo que permeia toda essa problemaacutetica configura-se

um importante investimento acadecircmico a ser explorado do ponto de vista psicossocial

Para uma efetiva implantaccedilatildeo do PE eacute necessaacuterio haver primeiro um comprometimento

da chefia de enfermagem com a proposta promovendo reuniotildees e elaborando um plano

de accedilatildeo que incluiria a sensibilizaccedilatildeo da equipe para a importacircncia dessa metodologia o

desenvolvimento de um estudo aprofundado do tema com o envolvimento de toda a

equipe e a construccedilatildeo coletiva dos meios para viabilizar a execuccedilatildeo do processo

(HERMIDA 2004) (ANDRADE VIEIRA 2005)

Para que o enfermeiro realize o PE eacute necessaacuterio que este assuma o compromisso

com sua aplicaccedilatildeo na praacutetica e a responsabilidade em executar suas etapas orientar a

equipe aprimorar e atualizar seus conhecimentos Exigiraacute tempo e determinaccedilatildeo de todos

que compartilharem desta jornada poreacutem o resultado se traduz em crescimento individual

e consequentemente qualidade da assistecircncia

Eacute necessaacuterio investimento nas condiccedilotildees materiais de trabalho no treinamento de

pessoal na promoccedilatildeo de sessotildees de estudo entre outras e posteriormente em questotildees

mais qualitativas com a adoccedilatildeo de novas posturas profissionais para melhoria da

qualidade do atendimento (MOURA RAMOS SOUSA SILVA ALVES 2008)

49

16 ndash A EVOLUCcedilAtildeO DO CUIDADO Agrave CRIANCcedilA

Na realizaccedilatildeo do trabalho de cada profissional que cuida

da crianccedila internada natildeo basta apenas a teacutecnica e a

afeiccedilatildeo por ela Faz-se necessaacuterio tambeacutem um

ldquosentimento de infacircnciardquo assim definido por considerar

a crianccedila como sujeito de sua histoacuteria pleno de direitos

dentre os quais ressaltamos o direito ao respeito agrave

liberdade e agrave dignidade

(Beatriz Oliveira 1997)

A assistecircncia agrave crianccedila passou por transformaccedilotildees significativas desde os seacuteculos

passados ateacute a proposta de alojamento conjunto pediaacutetrico Estas alteraccedilotildees

acompanharam a modificaccedilatildeo dos conceitos sociais e sempre estiveram diretamente

relacionadas com o valor e o significado que a sociedade daacute agrave crianccedila com o modo de

produccedilatildeo e com o desenvolvimento da praacutetica meacutedica

Antigamente as crianccedilas eram tidas como adultos em miniatura e posteriormente

passaram a ser reconhecidas como indiviacuteduos uacutenicos com necessidades e capacidades

especiacuteficas (AIREgraveS 1994)

Em funccedilatildeo da percepccedilatildeo da sociedade do ldquoser crianccedilardquo nos seacuteculos passados natildeo

se registraram intervenccedilotildees sistemaacuteticas sobre a sauacutede destas A questatildeo da sauacutede de um

modo geral envolvendo uma preocupaccedilatildeo com a assistecircncia meacutedica ou com a higiene das

cidades era subalterna ou inexistente Assim natildeo havia tampouco uma poliacutetica de sauacutede

para as crianccedilas ou mesmo para o conjunto da populaccedilatildeo (ELSEN 2002)

O indiviacuteduo adulto natildeo existia socialmente fora dos limites da propriedade e a

crianccedila soacute era vista como um elemento posto a serviccedilo do poder paterno Para a famiacutelia

cujo epicentro repousava na figura do pai a crianccedila soacute poderia receber uma atenccedilatildeo

geneacuterica Nos seacuteculos passados a infacircncia natildeo era tematizada nem pela famiacutelia nem pelo

Estado A famiacutelia baseava-se na manutenccedilatildeo do patrimocircnio com isso as relaccedilotildees pessoais

e de afetividade natildeo apareciam como centrais (AIREgraveS 1994)

A reestruturaccedilatildeo do nuacutecleo familiar implicava na mudanccedila de concepccedilatildeo

desenvolvida tradicionalmente sobre a crianccedila Os cuidados gerais que a crianccedila comeccedilou

a receber no fim do seacuteculo XIX foram substituiacutedos por uma assistecircncia sistematizada

quanto a condutas alimentares disciplinares pedagoacutegicas e mesmo de vestuaacuterio (AIREgraveS

1994) Para desempenhar estes cuidados a famiacutelia precisou redefinir o papel do pai e da

matildee buscando organizar-se em novos conceitos (WHALEY WONG 2015)

50

Esta nova forma de organizaccedilatildeo familiar com o objetivo de criar e educar crianccedilas

sadias para tornarem-se fortes e produtivas era compatiacutevel com a nova ordem que se

pretendia instaurar de paiacuteses independentes voltados para a produccedilatildeo e o acuacutemulo de

capital Podemos perceber entatildeo que a concepccedilatildeo de crianccedila esteve relacionada aos

problemas que as sociedades tinham para administrar (OLIVEIRA 1997) (ELSEN

2002) O controle das doenccedilas transmissiacuteveis a prevenccedilatildeo da mortalidade infantil e

reduccedilatildeo da populaccedilatildeo eram associados agrave produtividade no trabalho e agrave prosperidade do

paiacutes

No seacuteculo XVIII os hospitais ainda estavam se organizando como nuacutecleos de

praacutetica meacutedica cliacutenica individualizada e a pediatria como especialidade meacutedica ainda natildeo

havia surgido A apreensatildeo da crianccedila pela medicina se daacute inicialmente por meio de

conhecimentos que possibilitem crescimento e desenvolvimento saudaacutevel da higiene

corporal e do ambiente da alimentaccedilatildeo dos cuidados preacute-natais e poacutes-natais imediatos

Medidas legais para protege-la dos agravos do meio ambiente comeccedilam a ser adotadas

como a regulamentaccedilatildeo do trabalho da pueacuterpera possibilitando agrave matildee cuidar da crianccedila

nos primeiros meses e a proteccedilatildeo da crianccedila contra trabalhos insalubres entre outras

medidas (ROCHA ALMEIDA 1993) (WHALEY WONG 2015)

O primeiro hospital infantil foi construiacutedo em Paris em 1802 seguido pelo

ldquoHospital for Sick Childrenrdquo em Londres que precedem os hospitais norte-americanos

e podem ser considerados como marco inicial da assistecircncia agrave crianccedila (ROCHA

ALMEIDA 1993) O precursor da pediatria foi o meacutedico Abraham Jacobi (1830 ndash 1919)

cujas realizaccedilotildees influenciaram as investigaccedilotildees cientiacuteficas e cliacutenicas das doenccedilas da

infacircncia no seacuteculo XIX motivo pelo qual eacute conhecido como o ldquopai da pediatriardquo

(WHALEY WONG 2015)

O hospital como instrumento terapecircutico mudou a percepccedilatildeo da sociedade sobre

a assistecircncia agrave sauacutede uma vez que retirou das famiacutelias a responsabilidade sobre o cuidado

dos seus doentes Para as crianccedilas as regras e teacutecnicas de isolamento eram extremamente

riacutegidas as infecccedilotildees sem o auxiacutelio dos antibioacuteticos eram graves e temidas as visitas eram

consideradas ameaccedilas ao tratamento ficando estas isoladas uma das outras e confinadas

aos seus leitos (ROCHA ALMEIDA 1993)

A internaccedilatildeo hospitalar contribuiu para a observaccedilatildeo sistematizada de sinais e

sintomas levando ao aperfeiccediloamento dos procedimentos para o diagnoacutestico e

terapecircutica Esta evoluccedilatildeo consequentemente foi afastando a famiacutelia de um envolvimento

51

com a crianccedila e os profissionais durante os episoacutedios de tratamento meacutedico O saber e a

praacutetica familiar foram ignorados pelo cientificismo da praacutetica meacutedica (ROCHA LIMA

SCHOCHI 1997) O modelo de atendimento agrave sauacutede vigente neste momento era o

hospitalocentrico bioloacutegico individual e curativo

Os registros mais antigos da enfermagem no cuidado agrave crianccedila datam de 1859

nos apontamentos de Florence Nightingale estes refletem e evoluiacuteram de acordo com a

praacutetica meacutedica e seguindo a mesma filosofia trata-se de apontamentos centrados na

puericultura como o conjunto de regras e noccedilotildees sobre a arte de criar fisiologicamente e

higienicamente crianccedilas (COLLET 2001)

A origem da enfermagem pediaacutetrica moderna aparece associada agrave pediatria

especialidade meacutedica Somente apoacutes os departamentos de pediatria terem-se estabelecido

nas escolas meacutedicas eacute que a pediatria tornou-se disciplina nos curriacuteculos das escolas de

enfermagem Contudo na maioria das escolas omitia-se a importacircncia do crescimento e

desenvolvimento das reaccedilotildees psicoloacutegicas da crianccedila e da necessidade de educar o que

fazia com que os profissionais de sauacutede estivessem aptos a cuidar da crianccedila doente mas

sem saber lidar com sua convalescenccedila ou com a prevenccedilatildeo das doenccedilas (LIMA 1996)

Posteriormente esta concepccedilatildeo foi sendo transformada a partir do momento em

que se identificou que crianccedila apresenta especificidades e reaccedilotildees que variam conforme

a idade Tal fato ocorre por estar ela em constante evoluccedilatildeo desde seu nascimento ateacute a

fase adulta ultrapassando vaacuterias etapas que se modificam por forccedila das transformaccedilotildees

inerentes ao seu crescimento e desenvolvimento (RIBEIRO ANGELO 2005)

A sauacutede infantil que emergia com as demais praacuteticas sanitaacuterias no processo de

expansatildeo capitalista apesar de jaacute se articular em termos de serviccedilos de sauacutede inclusive

utilizando uma terapecircutica cientiacutefica mantinha seu caraacuteter ideoloacutegico quanto agrave

constituiccedilatildeo de uma visatildeo de mundo adequada agraves elites dirigentes e assumia um papel

cada vez mais importante nessa estrateacutegia de controle (ELSEN 2002)

O cuidado de enfermagem agrave crianccedila evolui em linhas gerais e superficiais

baseando-se no conhecimento da medicina de forma que o conhecimento era limitado

possibilitando apenas a fundamentaccedilatildeo de algumas teacutecnicas de trabalho mantendo

contudo extremamente limitada sua autonomia no processo de trabalho Neste contexto

Rocha e Almeida (1993) colocam

[] ao final da deacutecada de 30 as enfermeiras pediatras

identificam as limitaccedilotildees do referencial teoacuterico insuficiente em

fornecer elementos para lidar com a crianccedila e ajudaacute-la um ser

52

em crescimento e desenvolvimento temporariamente afastado de

seu ambiente e da famiacutelia durante a hospitalizaccedilatildeo Passam

entatildeo a procurar no estudo do crescimento e desenvolvimento

infantil referencial teoacuterico trazido em parte da psicologia para

instrumentalizar-se e lidar com problemas de comportamento e

nas relaccedilotildees entre a crianccedila a famiacutelia e o conjunto de pessoas

que compotildeem a equipe de sauacutede (ROCHA ALMEIDA 1993

p25)

Datam da deacutecada de 70 do seacuteculo passado as mais significativas modificaccedilotildees

ligadas ao cuidado e praacuteticas de sauacutede para a crianccedila e estatildeo relacionadas ao surgimento

e valorizaccedilatildeo do sentimento de infacircncia que natildeo era estimulado ou protegido as

evoluccedilotildees das praacuteticas meacutedicas e hospitalares e ao avanccedilo de tecnologias que possibilitam

a sobrevivecircncia de crianccedilas prematuras como o surgimento das incubadoras e

respiradores (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

Com este advento as bases da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada tecircm-se

modificado nas uacuteltimas deacutecadas estas contribuiccedilotildees estimularam e desenvolveram

diferentes perspectivas de como assistir a crianccedila no processo sauacutede-doenccedila perspectivas

estas que vecircm orientando a praacutetica pediaacutetrica Elas influenciam a visatildeo dos profissionais

sobre o ser crianccedila o papel da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem

identificados os objetivos a abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-

relacionamento da equipe de sauacutede (LIMA 1996)

Este novo perfil assistencial provoca uma grande transformaccedilatildeo na assistecircncia agrave

crianccedila favorecendo um universo mais amplo aos cuidados e modificando a finalidade

do trabalho que passa a exigir do profissional a racionalidade para a recuperaccedilatildeo do corpo

anaacutetomo-fisioloacutegico poreacutem preocupando-se agora tambeacutem com estrateacutegias que busquem

o bem-estar da famiacutelia e a qualidade de vida (GAIacuteVA SCOCHI 2004)

Todo o hospital dispotildee de uma abordagem de assistecircncia agrave crianccedila que mesmo

natildeo estando expliacutecita em suas normatizaccedilotildees pode ser facilmente identificada pela

observaccedilatildeo

As normas hospitalares riacutegidas e inflexiacuteveis que se baseavam apenas na questatildeo

da contaminaccedilatildeo do ambiente hospitalar numa oacutetica microbioloacutegica das causas das

doenccedilas foram-se modificando com o passar do tempo pois foi sendo demonstrado que

os germes hospitalares eram muito mais agressivos do que os germes que provinham do

ambiente domiciliar do paciente e de seus familiares Paralelamente a psicologia

avanccedilou no atendimento dos distuacuterbios da crianccedila evidenciando que o distanciamento

53

ou a ausecircncia dos pais em eacutepocas importantes da vida da crianccedila participavam da gecircnese

desses distuacuterbios fossem eles precoces ou tardios (ROCHA ALMEIDA 1993)

(WHALEY WONG 2015)

No Brasil a partir da constituiccedilatildeo de 1988 eacute que efetivamente avanccedilou-se no

conceito da humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila com a promulgaccedilatildeo do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente (ECA) Com a Lei nordm 8069 de 13 de julho de 1990 agrave crianccedila

passa a gozar de direitos fundamentais sendo garantidos a sauacutede alimentaccedilatildeo proteccedilatildeo

educaccedilatildeo esporte lazer e cultura E aleacutem da famiacutelia o Estado como um todo possui o

dever de zelar e garantir esses direitos baacutesicos

Entre outros avanccedilos vinculados a esta proposta estaacute o direito a internaccedilatildeo

hospitalar com o acompanhamento dos familiares (BRASIL 1991)

Com a humanizaccedilatildeo do atendimento hospitalar objetiva-se

principalmente dar apoio psicoloacutegico agrave crianccedila internada e sua

famiacutelia diminuir o tempo de internaccedilatildeo reduzir o nuacutemero de

reinternaccedilotildees trocar experiecircncias com as matildees acerca do

cuidado das crianccedilas durante o tempo de permanecircncia no

hospital Com isso pretende-se preservar a indissolubilidade do

binocircmio matildee-filho reduzir o custo da internaccedilatildeo aumentar o

calor afetivo e a colaboraccedilatildeo da equipe de sauacutede criando-se um

viacutenculo entre a famiacutelia o hospital e a comunidade (ROCHA

ALMEIDA 1997)

Contudo a praacutetica da maioria das instituiccedilotildees hospitalares em nosso paiacutes continua

a do cuidado centrado na patologia com a crianccedila internada sem a presenccedila dos

familiares natildeo havendo portanto respeito pelas necessidades da crianccedila Esta realidade

vem sendo modificada em algumas instituiccedilotildees hospitalares que desenvolvem propostas

para permitir a humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada com a permanecircncia do

acompanhante durante o tratamento e o envolvimento da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila

(SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)

Vale lembrar que nem sempre as leis satildeo colocadas em praacutetica o que reforccedila a

ideacuteia de que meros dispositivos legais natildeo resolvem os problemas sociais fazendo-se

necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas que garantam o acesso aos direitos para a edificaccedilatildeo

de uma naccedilatildeo efetivamente cidadatilde (COLLET 2001)

A hospitalizaccedilatildeo altera a vida da crianccedila e de sua famiacutelia quando a proposta de

assistecircncia eacute integral portanto humanizada esta experiecircncia estressante pode ser

amenizada pelo fornecimento de certas condiccedilotildees como a presenccedila de familiares o

54

contato com outras crianccedilas a disponibilidade afetiva dos trabalhadores de sauacutede a

informaccedilatildeo as atividades recreacionais entre outras A adoccedilatildeo do alojamento conjunto

pediaacutetrico eacute uma das estrateacutegias que possibilitam a reduccedilatildeo do estresse emocional durante

a internaccedilatildeo (LIMA 1996) (SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)

Ao pensar a inserccedilatildeo da famiacutelia no ambiente hospitalar precisamos levar em

consideraccedilatildeo seus direitos e deveres bem como o papel a ser desenvolvido A burocracia

hospitalar a falta de diretrizes de planejamento e de organizaccedilatildeo de um projeto

terapecircutico comum na unidade de pediaacutetrica demostram a possibilidade de desencadear

problemas das mais variadas ordens tanto para a equipe de sauacutede como para as crianccedilas

e suas famiacutelias (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOARES ROSA HIGARASHI

MARCON MOLINA 2016)

A evoluccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da crianccedila caminhou da internaccedilatildeo hospitalar

que rompia o viacutenculo afetivo com a famiacutelia para a proposta de alojamento conjunto que

envolve os familiares na hospitalizaccedilatildeo na promoccedilatildeo da sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas a

seus filhos

As diferentes abordagens para assistir agrave crianccedila no processo sauacutede-doenccedila

orientam e influenciam a visatildeo dos profissionais sobre o que significa ser crianccedila o papel

da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem identificados os objetivos a

abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-relacionamento da equipe de sauacutede

(ELSEN 2002)

A tendecircncia atual ainda que mal definida na praacutetica eacute prestar uma assistecircncia

integral agrave crianccedila o que pode ser entendido como olhar a crianccedila em sua totalidade um

ser em crescimento e desenvolvimento que pertence a uma famiacutelia cujos membros

portanto devem ser incluiacutedos na assistecircncia Ela eacute um ser cujo processo sauacutede ndash doenccedila eacute

determinado socialmente isto eacute pertence a um grupo social que o caracteriza (COLLET

ROCHA 2001) O quadro abaixo apresenta trecircs propostas de abordagem ao cuidado da

crianccedila hospitalizada

55

Quadro 3 - Caracteriacutesticas das abordagens de assistecircncia agrave crianccedila

Aspectos

Assistenciais

Centrada na

Patologia

Centrada na

Crianccedila

Centrada na

Famiacutelia

Foco Doenccedila da crianccedila

com abrangecircncia

intra-hospitalar

Crianccedila doente com

suas caracteriacutesticas de

desenvolvimento

abrangecircncia intra-

hospitalar

Famiacutelia vivenciando

a doenccedila e

hospitalizaccedilatildeo de

uma de suas crianccedilas

abrangecircncia intra e

extra-hospitalar

Objetivos Tratar a doenccedila ou

recuperar a sauacutede da

crianccedila

Tratar a doenccedila

minimizar os traumas

da hospitalizaccedilatildeo

favorecer o

desenvolvimento da

crianccedila estimular a

participaccedilatildeo da

famiacutelia no cuidado da

crianccedila

Tratar a doenccedila

minimizar os traumas

da hospitalizaccedilatildeo

para a crianccedila e sua

famiacutelia incentivar a

co-participaccedilatildeo da

famiacutelia nas tomadas

de decisatildeo favorecer

sua integridade e

pontencializar forccedilas

Visatildeo da

Hospitalizaccedilatildeo

Evento necessaacuterio ao

diagnoacutestico e

tratamento manejado

por uma equipe de

especialistas

Evento necessaacuterio

poreacutem determinador

de estresse para a

crianccedila

Evento estressante

para a crianccedila e sua

famiacutelia que pode

determinar ruptura no

funcionamento

familiar

Caracteriacutesticas fiacutesicas

da unidade

Ecircnfase na

organizaccedilatildeo e no

funcionamento

normas e rotinas

rigorosas

estabelecidas

pobreza de decoraccedilatildeo

ou outras

caracteriacutesticas

infantis leitos

distribuiacutedos pela

enfermaria por

patologias

Maior flexibilidade

de organizaccedilatildeo e

funcionamento

decoraccedilatildeo infantil

ambiente para

recreaccedilatildeo e

caracteriacutesticas fiacutesicas

adequadas agraves

necessidades das

diferentes faixas

etaacuterias e ao conforto

do acompanhamento

leitos distribuiacutedos

conforme a idade e as

necessidades das

crianccedilas

Flexibilizaccedilatildeo de

organizaccedilatildeo e

funcionamento com

vistas tanto a

favorecer a atuaccedilatildeo

da equipe como da

famiacutelia decoraccedilatildeo

infantil local para

recreaccedilatildeo e conviacutevio

entre famiacutelia-crianccedila-

equipe

Tomada de decisotildees Vertical centrada na

figura do meacutedico

Horizontal poreacutem

centrada na equipe de

sauacutede

Horizontal

compartilhada entre a

equipe e a famiacutelia

Avaliaccedilatildeo Baseada em criteacuterios

objetivos como

evoluccedilatildeo dos sinais e

sintomas tempo de

hospitalizaccedilatildeo

estatiacutestica de alta com

Baseada nos mesmos

criteacuterios objetivos e

outros subjetivos

como o grau de

participaccedilatildeo da

crianccedila e da famiacutelia

influencias no

Baseada nos mesmos

criteacuterios objetivos e

subjetivos anteriores

e outros como

satisfaccedilatildeo e niacutevel de

funcionamento da

famiacutelia tanto no

56

a doenccedila curada

melhorada oacutebitos

comportamento

assim como no

crescimento e

desenvolvimento da

crianccedila

acircmbito hospitalar

como na busca e

utilizaccedilatildeo dos

recursos da

comunidade extra-

hospitalar

Fonte PETTENGIL RIBEIRO BORBA O cuidado centrado na crianccedila e sua famiacutelia uma

perspectiva para a atuaccedilatildeo do enfermeiro pediaacutetrico In ALMEIDA FA SABATEacuteS AL

Enfermagem pediaacutetrica a crianccedila o adolescente e sua famiacutelia no hospital p 35-37 2008

A abordagem do cuidado a crianccedila a partir da perspectiva familiar eacute parte processo

de humanizaccedilatildeo da assistecircncia A preocupaccedilatildeo com a humanizaccedilatildeo da assistecircncia

hospitalar natildeo se restringe agrave atenccedilatildeo agrave crianccedila mas integra uma nova cultura nacional de

melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais expressa por meio do

aperfeiccediloamento da gestatildeo hospitalar da melhoria da infraestrutura das instituiccedilotildees e do

fortalecimento do compromisso da equipe de profissionais de sauacutede (BRASIL 2001)

A Poliacutetica Nacional de humanizaccedilatildeo entende que para que exista humanizaccedilatildeo eacute

preciso haver a valorizaccedilatildeo da dimensatildeo subjetiva e social em todas as praacuteticas de atenccedilatildeo

agrave sauacutede fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadatildeo (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011) Esta vem se estruturando e solidifica-se por meio de

um conjunto de elementos tecnocientiacuteficos e subjetivos os quais direcionam as accedilotildees para

o cuidado com as pessoas Esta forma de cuidar deve ser iniciada no acircmbito familiar mas

ao mesmo tempo ser consolidada por accedilotildees nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede acessiacuteveis e

resolutivas (BRASIL 2001) (SILVA VIERA 2014)

Faz parte tambeacutem deste processo de valorizaccedilatildeo da integralidade e resolutividade

assistencial a construccedilatildeo das redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila e agrave sauacutede familiar

Busca-se com as redes de sauacutede a produccedilatildeo de sauacutede a co-responsabilidade dos atores

envolvidos no processo o fortalecimento do controle social com caraacuteter participativo em

todas as instacircncias gestoras do SUS compromisso com a democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de

trabalho e valorizaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede estimulando processos de educaccedilatildeo

permanente (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

A integralidade do cuidado amplamente discutida e difundida haacute tantos anos pelas

enfermeiras encontra na humanizaccedilatildeo um instrumento consolidador deste modo operante

da profissatildeo

Promover um cuidado humanizado e de qualidade a esta clientela vincula-se a

processos que natildeo se expressam por caracterizaccedilotildees e definiccedilotildees precisas e facilmente

medidas Envolver a famiacutelia no cuidado por exemplo eacute ir aleacutem da sua participaccedilatildeo na

57

divisatildeo funcional de tarefas Implica compreender a dimensatildeo social na qual as famiacutelias

estatildeo inseridas levando-se em consideraccedilatildeo suas demandas psiacutequicas emocionais

afetivas Significa apreender a famiacutelia natildeo mais de forma estereotipada e idealizada mas

na complexidade do seu processo social de sua subjetividade enfim de suas relaccedilotildees

Enfim eacute preciso que se pense coletivamente na construccedilatildeo de um projeto

terapecircutico sem estruturaccedilotildees riacutegidas com a possibilidade de repensar e refazer no

cotidiano as accedilotildees de cuidado e organizacionais (SOARES ROSA HIGARASHI

MARCON MOLINA 2016)

161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila

Existem inuacutemeras razotildees para a internaccedilatildeo de crianccedilas ou adolescentes em uma

unidade hospitalar A principal delas eacute a obtenccedilatildeo do pleno restabelecimento fiacutesico sem

agravos no estado psicoemocional aos quais estaacute clientela estaacute sujeita em decorrecircncia de

vaacuterias situaccedilotildees que lhe satildeo peculiares durante a internaccedilatildeo hospitalar como a separaccedilatildeo

dos pais os procedimentos dolorosos invasivos e desconhecidos entre outros

No entanto para que essa hospitalizaccedilatildeo seja segura no mais amplo sentido o

planejamento do cuidado deve ser feito pelo enfermeiro de modo que atenda as

caracteriacutesticas do crescimento e desenvolvimento dessa clientela e ainda seja harmocircnico

com as necessidades da famiacutelia e equipe de sauacutede favorecendo a humanizaccedilatildeo e

seguranccedila do atendimento (COLLET ROCHA 2001) (GAIacuteVA SOUZA XAVIER

2013)

Na maioria das instituiccedilotildees hospitalares ainda vigora a perspectiva biologicista

dando ecircnfase agrave doenccedila da crianccedila e ao seu tratamento Os pais satildeo obrigados a seguir uma

organizaccedilatildeo predeterminada pelos serviccedilos Natildeo existindo estiacutemulo para a participaccedilatildeo e

o envolvimento deles nas decisotildees relativas ao tratamento e aos cuidados prestados aos

filhos atuando mais como expectadores da assistecircncia (COLLET 2001)

Eacute importante salientar que o cuidado de enfermagem agrave crianccedila natildeo se restringe agrave

busca do ecircxito teacutecnico pois apesar da preocupaccedilatildeo do enfermeiro com as praacuteticas de

sauacutede por meio de accedilotildees curativistas deve-se atentar para as atitudes compreensivas no

processo de cuidar caminhando para a construccedilatildeo de novos entendimentos das situaccedilotildees

que a crianccedila e a famiacutelia enfrentam (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA

2010)

58

O modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila implementado pelo hospital implica o

desenvolvimento de accedilotildees para o cuidado tais praacuteticas para serem integrais e

possibilitarem intervenccedilotildees geradoras de bem-estar e qualidade de vida precisam ser

sistematizadas portanto o enfermeiro que atua nestes espaccedilos deve utilizar a SAE e o PE

para efetuar sua praacutetica profissional junto agrave crianccedila

A SAE em pediatria requer o planejamento e implementaccedilatildeo de accedilotildees em uma

abordagem processual que fundamente a tomada de decisotildees acerca do cuidado

(WHALEY WONG 2015) Aos enfermeiros que atuam na pediatria cabe o desafio de

adequar a SAE aacutes necessidades das crianccedilas e suas famiacutelias pois o contexto do hospital

algumas vezes provoca nos profissionais uma forte tendecircncia em focar sua atenccedilatildeo no

cliente de forma fragmentada percebendo cliente e famiacutelia a partir de uma visatildeo

dicotomizada inviabilizando uma abordagem humaniacutestica do cuidado (SOUSA

GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

Horta (1979) afirma que a variaccedilatildeo das necessidades de um indiviacuteduo para o outro

se daacute na maneira como se manifesta e como satildeo satisfeitas ou atendidas Alguns fatores

interferem na manifestaccedilatildeo ou no atendimento entre eles podem ser descritos a

individualidade a idade o sexo a cultura a escolaridade os fatores socioeconocircmicos o

ciclo sauacutede-enfermidade e o ambiente fiacutesico

A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada

e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila da crianccedila

Dessa forma a atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades

individuais e com isso promove o crescimento e desenvolvimento saudaacutevel assim como

a prevenccedilatildeo de doenccedilas (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)

Desta forma devemos considerar a SAE portanto um instrumento que

proporciona natildeo apenas uma melhora na qualidade da assistecircncia mas tambeacutem confere

ao profissional maior autonomia de suas accedilotildees o respaldo legal e ao aumento do viacutenculo

entre o profissional e o paciente (CARVALHO SILVA FERREIRA CORREA 2008)

Enquanto processo organizacional ela eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o

desenvolvimento de meacutetodos interdisciplinares e humanizados de cuidado (MOREIRA

etal2012)

Para Duran e Toledo (2011) o processo de enfermagem contribui para minimizar

complicaccedilotildees referentes ao estado de sauacutede e cuidados prescritos bem como maior

estabilidade e seguranccedila na assistecircncia prestada Por isso a seguranccedila da assistecircncia agrave

59

crianccedila deve ser preservada considerando a maior vulnerabilidade do grupo de

atendimento (GAIacuteVA SOUZA XAVIER 2013)

Neste contexto a SAE eacute de extrema importacircncia pois direciona as intervenccedilotildees

conforme as necessidades do paciente aleacutem de facilitar a avaliaccedilatildeo dos cuidados de

enfermagem Estudo desenvolvido avaliando a utilizaccedilatildeo da sistematizaccedilatildeo do cuidado

ao receacutem-nascido internado em UTI neonatal concluiu que a SAE garante a qualidade e

a organizaccedilatildeo da assistecircncia o que promove maior sobrevida e menor tempo de

permanecircncia da crianccedila na UTIN (MOREIRA etal2012)

Assim a aplicaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees de sauacutede apresenta como aspectos

positivos seguranccedila no planejamento execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das condutas de enfermagem

individualizaccedilatildeo da assistecircncia visibilidade e autonomia para o enfermeiro (SILVA

OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

Com isso a SAE acaba por se constituir um processo de qualificaccedilatildeo profissional

que aleacutem de propiciar valorizaccedilatildeo do papel do enfermeiro na Instituiccedilatildeo induz maior

qualidade da assistecircncia como poderoso veiacuteculo que requer pensamento criacutetico e criativo

para desenvolver um cuidado de excelecircncia e boa relaccedilatildeo custobenefiacutecio desenvolvendo

um ambiente de assistecircncia agrave sauacutede multidisciplinar (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013)

162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila

A implementaccedilatildeo do PE deve promover o encontro de subjetividade entre o

profissional de enfermagem e a famiacutelia da crianccedila Desse encontro surgem novas

compreensotildees e interpretaccedilotildees que contribuem para o sucesso do cuidado e a superaccedilatildeo

da crise ocorrida durante a hospitalizaccedilatildeo (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do PE aleacutem de organizar o cuidado prestado

proporciona tambeacutem melhor comunicaccedilatildeo pois evita interpretaccedilatildeo duvidosa e encoraja a

participaccedilatildeo do cliente no planejamento e na assistecircncia de enfermagem individualizada

e humanizada Auxilia ainda a definir o papel do enfermeiro junto ao cliente e a outros

profissionais de sauacutede intensificando a satisfaccedilatildeo profissional e acentuando o

desenvolvimento de habilidades cognitivas teacutecnicas e interpessoais (MOREIRA

etal2012)

60

Assim para que a accedilatildeo do profissional de enfermagem seja feita a partir de

condutas e atitudes seguras que embasem a tomada de decisotildees relacionadas ao cliente o

conhecimento constitui valor de grande importacircncia (COLLET ROCHA 2001)

(MOREIRA etal2012) No caso da crianccedila todo o arcabouccedilo de conhecimento

relacionados ao seu processo de crescer e desenvolver devem ser considerados de forma

que o cuidado a ser prestado seja significativo e faccedila alteraccedilotildees positivas no estado de

sauacutede da crianccedila e dos familiares envolvidos no processo

A baixo satildeo descritas de acordo com as fases do processo de enfermagem algumas

especificidades levantadas em bibliografias que precisam ser abordados ao momento de

organizar o gerenciamento do cuidado a crianccedila e sua famiacutelia jaacute que estas especificidades

relacionadas a clientela infantil proporcionaram maior embasamento para a tomadas de

decisotildees criacuteticas e natildeo meramente advindas de uma seacuterie de tentativas

Fase I - Histoacuterico de enfermagem

Consiste no levantamento de dados obtidos por meio de diferentes fontes de

informaccedilatildeo requer do enfermeiro habilidades diferenciadas como a capacidade de

observaccedilatildeo comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com o paciente aleacutem do conhecimento especiacutefico

(COLLET OLIVEIRA 2002) (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA 2013)

Conveacutem reunir o maior nuacutemero de informaccedilotildees possiacuteveis referentes aos aspectos

fiacutesicos sensomotores intelectuais soacutecio-afetivos da crianccedila a fim de avaliar seu niacutevel de

desenvolvimento e propor em seguida accedilotildees e encaminhamentos que favoreccedilam o seu

desenvolvimento (SCHMITZ 2005)

No histoacuterico de pediatria alguns pontos devem ser observado ao momento da

coleta da informaccedilatildeo deve ser concedido espaccedilo para a crianccedila participar da entrevista

juntamente com sua famiacutelia considerando suas colocaccedilotildees e ponto de vista a

caracteriacutestica e estrutura interna da famiacutelia deve ser coletado por meio de diagramas como

o genograma e o ecomapa o cuidador principal da crianccedila deve ser identificado no

atendimento de lactentes ou de patologias correlacionadas a injurias na gestaccedilatildeo o

histoacuterico deste periacuteodo deve ser coletado atividades recreacionais e educacionais devem

ser levantadas a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento deve ser feita comparando as habilidades

e marcos de desenvolvimento para cada estaacutegio (WHALEY WONG 2015)

61

Fase II - Diagnoacutestico de Enfermagem

Consiste no julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo famiacutelia ou

comunidade aos problemas de sauacutede processos de vida vigentes e potenciais

proporcionando a base para a seleccedilatildeo de intervenccedilotildees de enfermagem visando ao alcance

de resultados pelo qual o enfermeiro eacute responsaacutevel (CARPENITO 2005) (NANDA

2008)

Para que o enfermeiro possa realizar o diagnoacutestico faz se necessaacuterio utilizar um

sistema uacutenico de classificaccedilatildeo Existem cinco tipos de diagnoacutesticos de enfermagem (reais

de risco de bem-estar de promoccedilatildeo a sauacutede e de siacutendrome) sendo que os diagnoacutesticos

reais e de risco satildeo os mais utilizados na praacutetica (NANDA 2008)

Estudo que avaliou os diagnoacutesticos de enfermagem mais utilizados no cuidado a

crianccedila elencou nove diagnoacutesticos reais segundo a taxonomia da NANDA natildeo

relacionados a patologias como os mais utilizados Proteccedilatildeo ineficaz Comunicaccedilatildeo

verbal prejudicada Processos familiares interrompidos Mobilidade fiacutesica prejudicada

Padratildeo de sono perturbado Atividades de recreaccedilatildeo deficientes Medo Ansiedade

Tensatildeo do papel do cuidador (SILVA 2004) (SIQUEIRA 2005) (MONTEIRO

SILVALOPES 2006)

Fase III - Planejamento de Enfermagem

A formulaccedilatildeo do plano eacute a fase de tomada de decisatildeo do processo baseado no

diagnoacutestico de enfermagem especiacutefico formulado de modo que permita uma meta ou

resultado esperado (CARPENITO 2005)

Nesta fase eacute importante acrescentar ao plano de metas a participaccedilatildeo da famiacutelia

no cuidado (LIMA 1996) (COLLET 2001) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS

SILVA 2011) aleacutem de incluir as potencialidades inerentes aos recursos humanos e a

estrutura fiacutesica das unidades de cuidado agrave crianccedila Estes espaccedilos geralmente possuem uma

estrutura fiacutesica especiacutefica a infacircncia e singular frente a outras clinicas hospitalares como

brinquedotecas ambiente para a educaccedilatildeo durante a internaccedilatildeo banco de leite e lactaacuterios

etc (WHALEY WONG 2015)

Fase IV - Prescriccedilatildeo de Enfermagem

Nesta etapa da SAE o enfermeiro decide acerca das condutas a serem

implantadas objetivando uma assistecircncia personalizada e de qualidade As intervenccedilotildees

62

de enfermagem constituem-se em estrateacutegias especiacuteficas que auxiliam tanto a crianccedila

como a famiacutelia a chegar aos resultados Envolve tomada de decisatildeo do profissional na

medida em que ele indica o tipo de cuidado necessaacuterio em uma determinada situaccedilatildeo

(HORTA 1979) (CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)

A prescriccedilatildeo de enfermagem em pediatria deve incluir itens relacionados a

cuidados padronizados e comuns a todas as crianccedilas internadas cuidados especiacuteficos aos

problemas identificados atividades de estimulaccedilatildeo neuropsicomotora de acordo com o

estaacutegio de desenvolvimento do cliente orientaccedilotildees a crianccedilas e adolescentes

acompanhantes visitantes encaminhamento a outros profissionais (WHALEY WONG

2015)

Fase V - Avaliaccedilatildeo de Enfermagem

Eacute o registro realizado apoacutes a avaliaccedilatildeo do estado geral da crianccedila com o objetivo

de nortear o planejamento da assistecircncia a ser prestada e informar o resultado das

condutas de enfermagem implementadas Neste registro deve constar os problemas novos

identificados um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas

a serem abordados nas 24 horas subsequentes (CAMPEDELLI 1989)

(CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)

Alguns itens satildeo considerados importantes para a avaliaccedilatildeo dos pacientes

pediaacutetricos a caracterizaccedilatildeo da crianccedila quanto ao seu estaacutegio de desenvolvimento

(lactente preacute-escolar etc) dependecircncia para o autocuidado alteraccedilotildees observadas no

desenvolvimento reaccedilotildees emocionais observadas na crianccedila em relaccedilatildeo a interaccedilatildeo com

a famiacutelia equipe e ambiente uso de objetos preferidos (chupeta paninho brinquedo) ou

rituais (chupar dedo enrolar cabelo etc)

Compreendendo que a implementaccedilatildeo do PE promove um meacutetodo organizado e

individualizado para o cuidado de enfermagem agrave sauacutede da crianccedila por permitir o

envolvimento da crianccedila famiacutelia e das equipes de sauacutede nas diferentes etapas do processo

facilitando a continuidade dos processos e prevenindo omissotildees e repeticcedilotildees

desnecessaacuterias (MOREIRA etal2012) Cabe ao enfermeiro o desafio de adequar o

conhecimento disponiacutevel incentivar a participaccedilatildeo da equipe de enfermagem tanto no

planejamento como na implementaccedilatildeo do PE para que seu uso seja de fato efetivo na

praacutetica com resultados positivos na qualidade da assistecircncia

63

2- REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 - A TEORIA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ORIGEM CONCEITO E

DEFINICcedilOtildeES

[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam elas entre

duas pessoas ou entre dois grupos pressupotildeem

representaccedilotildees Na realidade eacute isso que as caracteriza

(Serge Moscovici)

Definida como o ldquoconjunto de conceitos frases e explicaccedilotildees originaacuterias na vida

diaacuteria durante o curso das comunicaccedilotildees interpessoaisrdquo (Moscovici 1978 p181) as

representaccedilotildees sociais englobam uma vasta gama de crenccedilas ideologias opiniotildees e

valores que satildeo socialmente construiacutedos por grupos delimitados acerca de um

determinado objeto de pesquisa presente na realidade existencial concreta As

Representaccedilotildees Sociais configuram-se como uma estrateacutegia particular de apropriaccedilatildeo

dos grupos sociais para orientar e justificar as tomadas de decisotildees em relaccedilatildeo ao objeto

de investigaccedilatildeo em estudo (MOSCOVICI 2003)

A representaccedilatildeo social designa tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito

que os engloba eacute a teoria construiacuteda para explicaacute-los bem como afirmaccedilotildees que se

originam no cotidiano atraveacutes de comunicaccedilotildees inter-individuais que contribuem para a

formaccedilatildeo de condutas e a orientaccedilatildeo das comunicaccedilotildees sociais (SAacute 2005)

O percussor do conceito das RS foi Durkheim que a partir da noccedilatildeo de

representaccedilatildeo coletiva defendida pela escola positivista de tradiccedilatildeo socioloacutegica

possibilitou a definiccedilatildeo do novo conceito Foi com o psicoacutelogo social Serve Moscovici

nas deacutecadas de 1960 e 1970 que ela ganhou uma nova configuraccedilatildeo cientiacutefica

conquistando gradativamente espaccedilo e aceitaccedilatildeo acadecircmica no campo das Ciecircncias

Humanas e das Ciecircncias Sociais Aplicadas a partir dos anos 80 tanto em niacutevel nacional

quanto internacional Essa linha de pensamento tem como pressuposto baacutesico considerar

a sociedade como um conjunto de fatos sociais ou seja as representaccedilotildees natildeo poderiam

ser reduzidas a representaccedilotildees individuais (ARRUDA 2002)

As representaccedilotildees coletivas se constituem fora da consciecircncia e estatildeo presentes

nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e os grupos em que a vida representativa se estende para

aleacutem de fenocircmenos meramente fiacutesicos e psiacutequicos implica nas maneiras de agir e pensar

64

Assim essas maneiras de pensar e agir satildeo construccedilotildees coletivas e portanto natildeo derivam

de indiviacuteduos isolados (TURA MOREIRA 2005)

Desde a origem da formulaccedilatildeo proposta por Moscovici em 1961 as

representaccedilotildees sociais satildeo caracterizadas como fenocircmenos complexos que dizem respeito

ao processo pelo qual o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no contexto

de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)

Para Abric (2003) as RS satildeo um conjunto organizado e estruturado de

informaccedilotildees crenccedilas opiniotildees e atitudes Jaacute Jodelet (2005) afirma que as RS circulam

nos discursos satildeo trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagens e imagens

midiaacuteticas cristalizadas em condutas e em organizaccedilotildees materiais e espaciais Para

Markovaacute (2006) as representaccedilotildees sociais satildeo fenocircmenos dinacircmicos e abertos e o

conceito da representaccedilatildeo social eacute formado e retransformado juntamente com a

transformaccedilatildeo da sua teoria Na perspectiva de Moreira e colaboradores (2007) elas satildeo

o equivalente em nossa sociedade aos mitos e sistemas de crenccedilas das sociedades

tradicionais podendo ser consideradas como a versatildeo contemporacircnea do senso comum

Portanto as representaccedilotildees sociais se configuram um tipo de conhecimento do

senso comum que se constroacutei a partir da influecircncia social e individual (subjetividade)

Estudar o senso comum o conhecimento popular eacute afirmar que se estaacute estudando algo

que liga a sociedade ou indiviacuteduos agrave sua cultura sua linguagem seu mundo familiar

Esse aspecto eacute justificado pela polifasia cognitiva na transformaccedilatildeo das noccedilotildees do

senso comum em noccedilotildees cientiacuteficas e vice-versa os limites e os problemas de tais

transformaccedilotildees por serem as representaccedilotildees sociais vivas tomando forma nesta tensatildeo e

conflito inerente ao pensamento e a cultura (ARRUDA 2002)

De acordo com Saacute (2005) quando aceitamos estudar as representaccedilotildees sociais

buscamos pesquisar um fenocircmeno que nos chama atenccedilatildeo a partir de sua relevacircncia

social seu valor intriacutenseco ou sua relevacircncia acadecircmica Os fenocircmenos referentes agraves

representaccedilotildees sociais podem circular por vaacuterios acircmbitos culturais ou sociais

Os fenocircmenos da representaccedilatildeo social estatildeo na cultura nas

instituiccedilotildees nas praacuteticas sociais nas comunicaccedilotildees

interpessoais e de massa e nos pensamentos individuais [] os

fenocircmenos satildeo [] difusos fugidos multifacetados em

constante movimento e presentes em inuacutemeras instacircncias da

interaccedilatildeo social (SAacute 2005p21)

65

Nobrega (2003) enfoca que as representaccedilotildees sociais satildeo elaboradas no acircmbito

dos fenocircmenos comunicacionais que repercutem sobre as mudanccedilas sociais Eacute importante

pensar os fenocircmenos das representaccedilotildees sociais em termos de status simboacutelico A esse

respeito Moscovici (2003) compreende que as RS satildeo portanto

Entidades quase tangiacuteveis que circulam cruzam-se e se

cristalizam incessantemente atraveacutes de uma fala um gesto um

encontro em nosso universo cotidiano A maioria das relaccedilotildees

sociais estabelecidas os objetos produzidos ou consumidos as

comunicaccedilotildees trocadas delas estatildeo impregnados []

Correspondem por um lado agrave substacircncia simboacutelica que entra

na elaboraccedilatildeo e por outro agrave praacutetica que produz a dita

substacircncia tal como a ciecircncia ou os mitos correspondem a uma

praacutetica cientiacutefica e miacutetica (MOSCOVICI 2003 p41)

Portanto ao abordar a constituiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais Moscovici ressalta

que este eacute um processo que preconiza trocas e composiccedilatildeo de ideacuteias as quais visam a

responder demandas individuais e coletivas Dessa forma as representaccedilotildees sociais

[] satildeo sobretudo o objeto de um permanente trabalho social

no e atraveacutes do discurso de tal modo que cada novo fenocircmeno

pode sempre ser reincorporado dentro de modelos explicativos e

justificativos que satildeo familiares e consequentemente aceitaacuteveis

Esse processo de troca e composiccedilatildeo de ideacuteias eacute sobretudo

necessaacuterio pois ele reponde agraves duplas exigecircncias dos indiviacuteduos

e das coletividades [] para construir um sistema de

pensamento e compreensatildeo e por outro lado para adotar visotildees

consensuais de accedilatildeo que lhes permitem manter viacutenculo social

ateacute mesmo a continuidade da comunicaccedilatildeo da ideacuteia

(MOSCOVICI 2003 p216)

Para tanto eacute preciso considerar que o sujeito eacute um ser permeado de crenccedilas e

valores que satildeo embutidos ao longo da sua vida a partir de suas experiecircncias e vivecircncias

socialmente compartilhadas relacionadas ao seu esforccedilo para o enfrentamento de

situaccedilotildees cotidianas as quais orientam a sua conduta e a sua comunicaccedilatildeo As RS podem

influenciar o comportamento do indiviacuteduo participante de uma coletividade dessa forma

o proacuteprio coletivo penetra dentro do pensamento individual (TURA MADEIRA SILVA

GAZE CARVALHO 2008)

O sujeito interpreta e compreende diversas situaccedilotildees nas quais se encontra mas

pode se comportar de forma diferente diante de um procedimento aparentemente idecircntico

de acordo com a sua representaccedilatildeo perante o objeto considerado e o ambiente a que ele

66

pertenccedila a partir da transformaccedilatildeo do conhecimento interaccedilotildees subjetivas e relaccedilotildees

interpessoais (OSOacuteRIO QUEIROZ 2007)

A representaccedilatildeo natildeo eacute um simples reflexo da realidade mas uma organizaccedilatildeo

significativa que depende ao mesmo tempo de fatores contingentes tais como natureza

e dificuldades colocadas pela situaccedilatildeo contexto imediato finalidade da situaccedilatildeo e de

fatores mais gerais que ultrapassam a proacutepria situaccedilatildeo como contexto social e ideoloacutegico

lugar do indiviacuteduo na organizaccedilatildeo social histoacuteria do indiviacuteduo e do grupo relaccedilotildees de

poder socialmente estabelecidas

A TRS procura esclarecer qual eacute o caminho percorrido pelas abstraccedilotildees

cientiacuteficas por ser uma teoria da crenccedila e do conhecimento de seus respectivos conteuacutedos

aproximando os problemas da teoria do pensamento social agravequeles da epistemologia O

senso comum eacute o pensamento social por excelecircncia por isso eacute o mais compartilhado e o

mais utilizado no cotidiano em qualquer sociedade (MOSCOVICI 2003)

Portanto os profissionais que atuam no cuidado hospitalar agrave crianccedila satildeo seres de

categorias e formaccedilatildeo diferentes mas que dividem o mesmo objeto e ambiente de

trabalho cada um com a sua experiecircncia e conhecimentos variados que guiam suas

condutas posturas e atitudes de abordagem atendimento e comunicaccedilatildeo interpessoal

Cada indiviacuteduo possui as suas crenccedilas e valores que norteiam seus comportamentos que

poderatildeo conduzir processos de decisatildeo

A TRS pode se manifestar neste estudo de vaacuterias maneiras devido a sua

flexibilidade diante dos diversos fenocircmenos que ocorrem em torno da SAE no

atendimento agrave crianccedila e sua famiacutelia Tanto a utilizaccedilatildeo da SAE quanto a aplicaccedilatildeo da

TRS envolvem a participaccedilatildeo de um sujeito e um objeto numa relaccedilatildeo complexa de

interdependecircncia entre os personagens que permeado pelo ambiente rico nas suas

interaccedilotildees rotineiras eacute capaz de interferir nas condutas e atitudes da equipe Neste

processo o conhecimento eacute compartilhado e agregado aos jaacute existentes construindo as

rotinas e cultura do ambiente

212 ndash Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e

Ancoragem

Para se realizar um estudo sobre as representaccedilotildees sociais eacute necessaacuterio delimitar

o objeto a ser pesquisado De acordo com Saacute (2005) o objeto de pesquisa eacute formado a

67

partir da simplificaccedilatildeo e compreensatildeo do fenocircmeno da representaccedilatildeo social pela teoria

conforme a finalidade da pesquisa A construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais inicia-se na

relaccedilatildeo de como o sujeito representa o objeto

Entretanto representar algo consiste natildeo somente em descrevecirc-lo ou reproduzi-

lo eacute reconstruiacute-lo modificaacute-lo a partir de trocas interaccedilotildees e experiecircncias humanas De

haacutebito precisa-se necessariamente das informaccedilotildees das palavras do conhecimento para

compreender ou descrever os fenocircmenos que aparecem no ambiente (ESCUDEIRO

1997)

Por meio da TRS Moscovici definiu padrotildees para analisar cientificamente o

conhecimento produzido dos processos de comunicaccedilotildees sociais denominado de ldquosenso

comumrdquo os quais refletem nas mudanccedilas e interaccedilotildees do grupo Com a aplicaccedilatildeo da TRS

esse conhecimento antes banalizado passou a ter importacircncia cientiacutefica e diversos

estudos foram desenvolvidos buscando compreender o comportamento social

(NOacuteBREGA 2001)

A interaccedilatildeo de saberes e conhecimento satildeo indispensaacuteveis para o bom

atendimento a crianccedila devido suas especialidades e fragilidades atreladas ao processo de

crescimento e desenvolvimento eacute nesta perspectiva que a TRS de Serge Moscovici

(1978) a partir de seus conceitos e definiccedilotildees possibilita englobar todo o contexto que

permeia o desenvolvimento da Assistecircncia Sistematizada de Enfermagem a esta clientela

Na dinacircmica do atendimento a crianccedila os profissionais interagem entre si para sanar as

dificuldades e necessidades relativas ao processo de internaccedilatildeo o objetivo maior consiste

em prestar atendimento seguro e de qualidade

Conforme postula a TRS natildeo existe representaccedilatildeo que natildeo seja de um objeto e de

um sujeito O sujeito se apropria e constroacutei as representaccedilotildees processos que podem ser

cognitivos do tipo emocional ou depender de uma experiecircncia particular que inclua uma

accedilatildeo no mundo Esses fenocircmenos que ocorrem de maneira cotidiana pelas accedilotildees de um

ou vaacuterios sujeitos soacute poderiam existir pela presenccedila de um objeto (MOREIRA

CAMARGO 2007)

Assim as RS tornam lsquofamiliarrsquo o que natildeo o eacute fazendo com que o objeto de

representaccedilatildeo (material ou natildeo material) a ser processado mentalmente pelos sujeitos

sociais sofra determinadas transformaccedilotildees Isto significa dizer que no processo de

formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social estatildeo presentes dois conceitos determinantes a

saber objetivaccedilatildeo e ancoragem

68

Baseado em Moscovici (1978 p76) a elaboraccedilatildeo e funcionamento de uma

representaccedilatildeo podem ser compreendidos atraveacutes dos processos de objetivaccedilatildeo e

ancoragem eles fazem com que o pensamento a ideacuteia se concretize por meio da accedilatildeo

humana O primeiro pode ser entendido como o ato de ldquoreabsorver um excesso de

significaccedilotildees materializando-asrdquo Eacute tambeacutem transplantar para o niacutevel de observaccedilatildeo o

que antes era apenas inferecircncia ou siacutembolo

Moscovici (1978) introduz assim os processos de objetivaccedilatildeo e ancoragem que

datildeo origem agraves representaccedilotildees sociais

O processo de objetivaccedilatildeo consiste na operaccedilatildeo que permite

tornar concretos os conceitos abstratos ao materializar

abstraccedilotildees em imagens ldquo A objetivaccedilatildeo eacute caracterizada como

passagem de conceitos ou ideacuteias para esquemas ou imagens

concretas os quais pela generalidade de seu emprego se

transformam em supostos reflexos do real (MOSCOVICI 1978

p289)

A objetivaccedilatildeo eacute uma etapa importante no desenvolvimento das RS visto que ela

significa dar forma ao pensamento cognitivo agraves ideacuteias Constitui-se em trecircs fases a

seleccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo da teoria a formaccedilatildeo do nuacutecleo figurativo e a

naturalizaccedilatildeo

A primeira fase eacute a triagem de elementos a partir do campo da cultura e

especialmente normativos informaccedilotildees cientiacuteficas que satildeo apropriadas por puacuteblico

determinado de acordo com esquemas que lhes satildeo proacuteprios a seguinte satildeo elementos

que formam um conjunto coerente e imageacutetico que torna concreto aquilo que eacute abstrato

e finalmente a naturalizaccedilatildeo que consiste nos vaacuterios elementos do nuacutecleo figurativo que

satildeo coordenados e tornam-se elementos da realidade Transformam-se em evidecircncia que

orientam as percepccedilotildees e o julgamento da realidade socialmente construiacuteda (TURA

MOREIRA 2005)

A objetivaccedilatildeo pode ser definida como a transferecircncia de uma ideacuteia de um

conceito ou de uma opiniatildeo em algo concreto Cristaliza-se a partir de um processo

figurativo e social e passa a constituir um nuacutecleo figurativo de uma determinada

representaccedilatildeo seguidamente evocada concretizada e disseminada como se fosse o real

daqueles que o expressam (COELHO SILVA PADILHA 2009)

Outro processo de funcionamento da TRS eacute a ancoragem que se refere agrave

incorporaccedilatildeo de novas informaccedilotildees ao sistema de categorias sociais jaacute existentes

69

comparando-as interpretando-as e reproduzindo-as para que adquiram caracteriacutesticas e

se ajustem agraves relaccedilotildees do grupo (MOSCOVICI 2003)

A ancoragem ou seja a inserccedilatildeo do novo objeto no acervo de conhecimentos jaacute

existentes constitui-se como uma rede de significaccedilotildees em torno do objeto relacionando-

o a valores e praacuteticas sociais

A representaccedilatildeo sempre se constroacutei sobre algo jaacute pensado ou manifesto A

familiarizaccedilatildeo com o estranho pode com a ancoragem fazer prevalecer quadros de

pensamento antigos posiccedilotildees preestabelecidas utilizando mecanismos como a

classificaccedilatildeo a categorizaccedilatildeo e a rotulaccedilatildeo E classificar comparar rotular supotildee sempre

um julgamento que revela algo da teoria que temos sobre o objeto classificado (COELHO

SILVA PADILHA 2009)

Para Arruda (2002) a ancoragem daacute significado ao objeto desconhecido o natildeo

familiar torna-se familiar O indiviacuteduo recorre ao que eacute familiar para fazer uma espeacutecie

de modificaccedilatildeo da novidade traz ao terreno conhecido ancora o desconhecido neste

lugar retirando-o assim do territoacuterio natildeo familiar

Para Jodelet (2005) no processo de formaccedilatildeo das representaccedilotildees

[] a ancoragem interveacutem assegurando sua incorporaccedilatildeo ao

social [] enraiacuteza a representaccedilatildeo e seu objeto numa rede de

significaccedilotildees que permite situaacute-los em relaccedilatildeo aos valores

sociais e dar-lhe coerecircncia [] A ancoragem serve para a

instrumentalizaccedilatildeo do saber conferindo-lhe um valor funcional

para a interpretaccedilatildeo e a gestatildeo do ambiente (JODELET 2005

p38-39)

Ao procurar compreender o novo o natildeo familiar dialogamos com nossos

conhecimentos e experiecircncias anteriores preexistentes e assim ancoramos o novo em um

enquadramento de saberes (valores cogniccedilotildees afetividades) jaacute vivenciado Eacute nesse

sentido que eacute afirmado haver um contiacutenuo processo dialeacutetico de construccedilatildeo de

conhecimento pelo qual aderimos integralmente ou natildeo agraves novidades ao que nos eacute

proposto de acordo com o conhecimento e valores que tiacutenhamos

213 ndash A Teoria do Nuacutecleo Central e Perifeacuterico em Representaccedilatildeo Social

A Teoria do Nuacutecleo Central ou Teoria da Abordagem Estrutural das

Representaccedilotildees Sociais de Jean-Claude Abric pretende prioritariamente estabelecer o

70

iniacutecio e a organizaccedilatildeo da RS explicando a estruturaccedilatildeo das representaccedilotildees sociais

(ABRIC 2003)

Para o autor uma representaccedilatildeo social eacute organizada em torno de dois subsistemas

distintos quais sejam central e perifeacuterico Nesse arranjo o sistema central eacute composto

por um ou mais elementos que oferece grande dimensatildeo e solidez agrave representaccedilatildeo eacute

responsaacutevel pela unificaccedilatildeo desta sendo responsaacutevel pela significaccedilatildeo da representaccedilatildeo

social Pode ser entendido como um espaccedilo onde haacute conformidade consensual de um

grupo e que proporciona a esse grupo estabilidade coerecircncia e continuidade das

representaccedilotildees mostrando-se relativamente independente do contexto social e material

imediato (ARRUDA 2002) (ABRIC 2003)

O nuacutecleo central consiste em uma conjuntura de elementos altamente resistentes

a mudanccedilas pois estaacute ligado agrave memoacuteria coletiva conferindo significado consistecircncia e

permanecircncia agrave representaccedilatildeo (ABRIC 2003)

A volta deste elemento central estatildeo os elementos perifeacutericos aqueles que fazem

a interconexatildeo com as situaccedilotildees em que se origina a representaccedilatildeo e os modos individuais

de conhecer o mundo estas garantem a sustentaccedilatildeo configurando-se como uma espeacutecie

de componente estruturante ou seja os elementos perifeacutericos configuram-se em um

sistema que permiti ao nuacutecleo central adaptar-se agrave realidade (ARRUDA 2002) (ABRIC

2003)

Os elementos perifeacutericos contribuem para clarear o caminho conceitual teoacuterico e

metodoloacutegico do estudo das representaccedilotildees sociais Os elementos do nuacutecleo central

tendem a se apresentar como funcionais e normativos Isto implica dizer que o nuacutecleo

central tem um papel relevante para a representaccedilatildeo social uma vez que organiza as

significaccedilotildees e prescreve accedilotildees para que a representaccedilatildeo seja mantida Eacute formado pela

natureza do objeto e pelo sistema de valores e normas sociais que estabelecem o contexto

ideoloacutegico do grupo (ARRUDA 2002)

Abric (2003) coloca que no nuacutecleo central haacute uma organizaccedilatildeo dos elementos

fundantes e estabilizantes das RS dos grupos Isso acontece porque no nuacutecleo central

ocorrem as funccedilotildees fundamentais na estruturaccedilatildeo e no funcionamento das representaccedilotildees

sociais Satildeo elas

1ordf) geradora ndash ele eacute o elemento pelo qual se cria e se transforma uma

representaccedilatildeo dando significaccedilatildeo aos outros elementos constitutivos da representaccedilatildeo eacute

por essa funccedilatildeo que esses elementos tomam um sentido um valor

71

2ordf) organizadora ndash eacute ele que determina a natureza das ligaccedilotildees entre os elementos

de uma representaccedilatildeo social Eacute por ela que o nuacutecleo central se torna o elemento unificador

e estabilizador da representaccedilatildeo e

3ordf) estabilizadora ndash seus elementos satildeo os que mais resistem agraves mudanccedilas

O nuacutecleo central sustenta-se no fato de ser ele o elemento que define o significado

de uma representaccedilatildeo e ao mesmo tempo colabora para sua organizaccedilatildeo interna Ele eacute

entendido como a base comum que define a homogeneidade do grupo tendo um papel

importante na estabilidade coerecircncia e continuidade das representaccedilotildees sendo

relativamente independente do contexto social e material imediato

Jaacute o sistema perifeacuterico faz a interface entre a realidade concreta e o nuacutecleo central

Ele permite uma flexibilizaccedilatildeo em funccedilatildeo do vivido uma integraccedilatildeo das experiecircncias

cotidianas e comporta certa heterogeneidade de comportamentos e conteuacutedo Satildeo essas

caracteriacutesticas que nos permitem vislumbrar as alteraccedilotildees sutis em seus componentes

transitando entre o sistema perifeacuterico antes que venha a se constituir e integrar o nuacutecleo

central

O processo de construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais ocorre na incorporaccedilatildeo de

informaccedilotildees e fatos que ocorrem no cotidiano que as pessoas atraveacutes do seu sistema

perifeacuterico aos poucos vatildeo constituindo-se como verdades do grupo e com isso aos

poucos modificando as dimensotildees estabelecidas nos conhecimentos valores e crenccedilas

enraizadas do nuacutecleo central pois eacute no sistema perifeacuterico que se permite alienar algum

objeto ou fato social uma vez que pela sua consciecircncia permite conferir um novo

significado para esse objeto ou fato

Por sua vez os elementos do sistema perifeacuterico tambeacutem apresentam trecircs funccedilotildees

principais quais sejam (RANGEL 2004)

1ordf) ser a interface entre o nuacutecleo central e o contexto

2ordf) adaptar as representaccedilotildees diante das mudanccedilas do meio e

3ordf) preservar a representaccedilatildeo

Nesse sistema eacute possiacutevel que exista a presenccedila de elementos histoacutericos relativos

ao indiviacuteduo e que consequumlentemente atuam na constituiccedilatildeo desse sistema

caracterizando assim uma maior heterogeneidade dos conceitos em relaccedilatildeo ao grupo

72

Quadro 4 ndash Caracteriacutesticas do nuacutecleo central e sistema perifeacuterico

Nuacutecleo Central Sistema Perifeacuterico

Ligado a memoacuteria coletiva e a histoacuteria do

grupo

Permite a integraccedilatildeo das experiecircncias e das

histoacuterias individuais

Consensual define a homogeneidade do

grupo

Suporta a heterogeneidade do grupo

Estaacutevel coerente erigido Flexiacutevel suporta contradiccedilotildees

Resistente agrave mudanccedila Transforma-se

Pouco sensiacutevel ao contexto imediato Sensiacutevel ao contexto imediato

Gera a significaccedilatildeo da representaccedilatildeo e

determina sua organizaccedilatildeo

Permite a adaptaccedilatildeo agrave realidade concreta e a

diferenciaccedilatildeo do conteuacutedo protege o sistema

central

Fonte AlvesMazzotti (2007 p23)

A anaacutelise de uma representaccedilatildeo social natildeo eacute atividade simples pois deve ser

permeada pela compreensatildeo dos saberes crenccedilas e valores relacionados com aspectos

cognitivos e sociais do objeto Em funccedilatildeo disso a abordagem estrutural das

representaccedilotildees sociais abriga distintos meacutetodos de pesquisa cientiacutefica bem como

diferentes instrumentos de coleta de dados

As representaccedilotildees criadas durante as relaccedilotildees fazem com que ideacuteias se

materializem e novos conhecimentos sejam incorporados (COELHO SILVA

PADILHA 2009)

73

3 MEacuteTODO

[] natildeo eacute a pertenccedila de um sujeito a determinado grupo

social que faz com que ele se comporte socialmente da

maneira como faz mas a sua representaccedilatildeo mental dos

fatos sociais []

(Wolfgang Wagner)

31 Tipo de Estudo

Trata-se de estudo exploratoacuterio descritivo de abordagem qualitativa A pesquisa

qualitativa exige maior preocupaccedilatildeo com o aprofundamento e abrangecircncia da

compreensatildeo do objeto do que com sua generalizaccedilatildeo (MINAYO 2010) Para Marconi

e Lakatos (2009) a pesquisa descritiva se refere aos fatos que satildeo observados registrados

analisados classificados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles Isto

significa que os fenocircmenos do mundo fiacutesico e humano satildeo estudados mas natildeo

manipulados pelo pesquisador Gil (2007) refere que a pesquisa exploratoacuteria proporciona

maior familiaridade com o problema com vista a tornaacute-lo mais expliacutecito Seu

planejamento eacute bastante flexiacutevel de modo que possibilita a consideraccedilatildeo dos mais

variados aspectos relativos ao fato estudado

Foi utilizado como meacutetodo a Teoria das Representaccedilotildees Sociais (TRS) de Serge

Moscovici que eacute definida como uma forma de conhecimento do senso comum e que esta

diretamente relacionado com agrave maneira como as pessoas entendem e introjetam as

informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaboram o saber cientiacutefico

segundo sua proacutepria conveniecircncia ou de acordo com os meios e recursos que estatildeo

disponiacuteveis (MOSCOVICI 1978) A aplicaccedilatildeo da teoria de Representaccedilotildees Sociais neste

estudo vincula-se tanto as relaccedilotildees que o sujeito estabelece com o cotidiano de suas

praacuteticas quanto agrave significaccedilatildeo que este mesmo sujeito atribui ao processo de organizaccedilatildeo

planejamento e execuccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila

32 Local de Estudo

O cenaacuterio para este estudo foram as unidades de atendimento agrave crianccedila de dois

Hospitais Escolas do municiacutepio de Caacuteceres ndash MT

O municiacutepio de Caacuteceres localiza-se a 16deg 04 16 de latitude ao Sul e 57deg 40 44

de longitude ao Oeste no pantanal Matogrossense Pertence ao estado de Mato Grosso e

situa-se a 211 quilocircmetros da capital ndash Cuiabaacute Possui uma aacuterea de 24351 Km e uma

populaccedilatildeo de 87912 habitantes Seu bioma eacute Cerrado Amazocircnia e Pantanal e a principal

74

atividade econocircmica da cidade eacute a agropecuaacuteria Faz divisa com os municiacutepios de Gloacuteria

DrsquoOeste Curvelacircndia Lambari DrsquoOeste e Porto Estrela ao norte Poconeacute Porto

Esperidiatildeo e Repuacuteblica da Boliacutevia ao sul (IBGE 2006)

Os dois hospitais constituem unidades terciaacuterias filantroacutepicas gerenciados pela

mesma mantenedora cuja clientela usuaacuteria eacute de aproximadamente 80 do Sistema Uacutenico

de Sauacutede (SUS) estas unidades estatildeo credenciadas para realizaccedilatildeo de procedimentos de

alta complexidade e possuem as seguintes aacutereas de assistecircncia agrave crianccedila

Hospital A 10 leitos de atendimento ambulatorial 23 leitos de internaccedilatildeo

pediaacutetrica 10 leitos de atendimento intensivo ao neonato (UTIN) e 10

leitos de atendimento intensivo a crianccedila (UTIPED)

O Hospital B natildeo possui leitos ambulatoriais exclusivos para crianccedilas

tem 16 leitos de internaccedilatildeo pediaacutetrica 27 leitos de UTIN subdivididos em

9 de alto risco 10 para risco intermediaacuterio e 8 de baixo risco estruturados

no formato matildee canguru A unidade de tratamento intensivo pediaacutetrico

funciona com 8 leitos

A estrutura fiacutesica destes espaccedilos eacute organizado e decorado ludicamente de forma a

respeitar o sentido da infacircncia durante a internaccedilatildeo Possuem paredes com pinturas

lavaacuteveis de personagens que remetem ao universo infantil ambos os hospitais possuem

brinquedoteca estruturada com brinquedos e livros estimuladores para as diversas fases

da infacircncia e possuem calendaacuterio de atividades recreacionais desenvolvidas por

acadecircmicos dos cursos de Pedagogia Educaccedilatildeo Fiacutesica e Fisioterapia aleacutem de projetos de

extensatildeo vinculados ao curso de Enfermagem desenvolvidos em datas especiacuteficas de

celebraccedilatildeo

O hospital B ainda possui espaccedilo para recreaccedilatildeo ao sol com brinquedos de

estiacutemulo motor e sala de computaccedilatildeo para o desenvolvimento de atividades escolares e

jogos

Em ambos hospitais o uso do branco foi abolido pela equipe de sauacutede sendo

utilizado pelo corpo de enfermagem roupa privativa confeccionada nas cores verde e azul

Considerando que este estudo tem como proposta investigar as RS dos

enfermeiros que prestam atendimento agrave crianccedila entatildeo tambeacutem foram incluiacutedos os

espaccedilos sala de parto (recepccedilatildeo do neonato) e centro ciruacutergico (cirurgias pediaacutetricas)

como ambientes de pesquisa

75

A escolha dos locais para a realizaccedilatildeo do estudo foi pautada no fato de estes serem

hospitais de referecircncia para atendimentos agrave crianccedila agrave gestantes e a neonatos de alto risco

da regiatildeo por possuiacuterem a SAE implantada em todos os setores do hospital desde o ano

2000 aleacutem de constituiacuterem campo de atuaccedilatildeo da investigadora como docente

33 Sujeitos de Estudo

O nuacutecleo de enfermagem que atua no cuidado agrave crianccedila das duas unidades

hospitalares eacute composto por aproximadamente 60 enfermeiros e cerca de 250 teacutecnicos de

enfermagem

Participaram do estudo 45 enfermeiros dos setores de atenccedilatildeo agrave crianccedila dos turnos

diurno e noturno que estavam em atividade profissional no mesmo setor por no miacutenimo

seis meses e demonstraram disponibilidade em participar do estudo de acordo com a sua

aceitaccedilatildeo verbal e em seguida a manifestaccedilatildeo escrita por meio da assinatura do termo

de consentimento livre e esclarecido - TCLE (Apecircndice A)

O criteacuterio de tempo miacutenimo de seis meses de trabalho no setor de atendimento a

crianccedila foi escolhido para inclusatildeo na pesquisa pois a RS eacute a forma de conhecimento

socialmente elaborado e partilhado tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo para a

construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Para que esta construccedilatildeo

aconteccedila eacute necessaacuterio um tempo de conviacutevio para que as pessoas entendam e introjetem

as informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaborem o saber

cientiacutefico

Foram excluiacutedos os enfermeiros que trabalhavam no sistema de plantatildeo avulso

ou seja prestadores de serviccedilo pertencentes ao quadro de enfermagem do hospital mas

que por acordo institucional realizam cobertura de profissionais faltosos

esporadicamente

Ao final foram excluiacutedos 9 enfermeiros por natildeo corresponderem ao criteacuterio de

inclusatildeo tempo miacutenimo de trabalho no mesmo setor 2 por estar em gozo de feacuterias 1 por

se enquadrar no criteacuterio de exclusatildeo e 3 por incompatibilidade de agenda

76

Os 45 enfermeiros participantes ao periacuteodo da pesquisa estavam assim lotados

nas cliacutenicas das instituiccedilotildees

Espaccedilo Hospitalar Hospital A Hospital B Total

Pediatria 4 3 7

UTIN 5 4 9

UTPED 5 4 9

Ambulatoacuterio 3 2 5

Sala de Parto 4 4 8

Centro Ciruacutergico 3 4 7

Total 24 21 45

Todos os preceitos eacuteticos e legais relacionados a pesquisas utilizando sujeitos de

estudo foram respeitadas segundo os requisitos da Resoluccedilatildeo 4662012 do Conselho

Nacional de Sauacutede que trata das diretrizes e normas de pesquisa envolvendo seres

humanos

34 Coleta de Dados

Na coleta de dados foram utilizados dois instrumentos O primeiro foi composto

por perguntas que objetivaram desenhar o perfil dos entrevistados e uma entrevista

semiestruturada que abordou aspectos relacionados ao conhecimento sobre a SAE no que

se refere agrave praacutexis da enfermagem ao planejamento desenvolvimento e avaliaccedilatildeo da

assistecircncia de enfermagem ao cliente (Apecircndice B) A entrevista visou aprender o

conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos sujeitos

O segundo instrumento foi um questionaacuterio de livre associaccedilatildeo que ofereceu

suporte para o emprego da teacutecnica de livre associaccedilatildeo de palavras (TALP) que consistiu

em apresentar as expressotildees indutoras ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo

e ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo solicitando aos participantes a produccedilatildeo e a posterior

classificaccedilatildeo por ordem de prioridade de trecircs palavras expressotildees eou adjetivos que lhe

viessem agrave mente (Apecircndice C)

Os dados foram coletados no periacuteodo de maio e junho de 2015 poacutes parecer

favoraacutevel do CEPUNEMAT com preacutevio agendamento e seguiu calendaacuterio proposto

pelos enfermeiros do estudo

77

Apesar do agendamento das entrevistas segundo a disponibilidade do sujeito em

virtude de tarefas e intercorrecircncias nos setores houve a necessidade de retornar inuacutemeras

vezes ao campo para aplicar os questionaacuterios esperando pacientemente o tempo do

sujeito para respondecirc-lo

A aplicaccedilatildeo do teste de associaccedilatildeo livre de palavras - TALP (Apecircndice C) tornou

possiacutevel compreender a estrutura das representaccedilotildees sociais dos sujeitos atraveacutes das

manifestaccedilotildees reaccedilotildees evocaccedilotildees e escolhas Portanto foi solicitado que os participantes

verbalizassem em menor tempo possiacutevel as primeiras palavras adjetivos e ou expressotildees

que lhe viessem agrave mente ao ouvirem as palavras e expressotildees indutoras Sistematizaccedilatildeo

da assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE com a finalidade de

apreender as representaccedilotildees sociais dos participantes estas depois foram organizadas

pelo sujeito segundo sua percepccedilatildeo de prioridade

A entrevista foi implementada em segunda etapa com gravaccedilatildeo de aacuteudio dos

questionamentos Para Minayo (2010) a entrevista semiestruturada eacute uma teacutecnica de

pesquisa que obedece a um roteiro apropriado fisicamente e utilizado pelo entrevistador

tem uma sequecircncia clara de questotildees que facilita a abordagem e assegura sobretudo aos

investigadores menos experientes que suas hipoacuteteses ou pressupostos seratildeo cobertos na

conversa

Todas as fases da coleta e anaacutelise de dados foram realizadas pela pesquisadora

Considerando que os dois hospitais satildeo tambeacutem ambientes de trabalho da pesquisadora

atraveacutes do acompanhamento das praacuteticas de campos de estaacutegio de acadecircmicos de

enfermagem e por esta tambeacutem ser conhecida nos dois ambientes hospitalares tendo

inclusive participado da formaccedilatildeo de vaacuterios dos sujeitos da pesquisa na fase de coleta de

dados houve grande preocupaccedilatildeo em minimizar as possibilidades de vieacutes na coleta Assim

foi permitido aos enfermeiros que respondessem calmamente o questionaacuterio e entrevista

enfatizando que o resultado da avaliaccedilatildeo natildeo seria identificado

35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados

Para a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos foi utilizado o software Excel 2007 as

informaccedilotildees foram apresentadas no formato de tabelas segundo suas frequecircncias por

meio de valores absolutos e relativos

Para a anaacutelise dos dados das entrevistas utilizou-se o software ldquoAnaacutelise Lexical

por Contexto de um Conjunto de segmentos de Texto (ALCESTE) versatildeo 410 que foi

78

criado na Franccedila em 1979 por Max Reinert no CNRS (Centro Nacional Francecircs de

Pesquisa Cientifica) com apoio da ANVAR (Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo

agrave Pesquisa) O software apesar de originalmente trabalhar com a liacutengua francesa possui

dicionaacuterios em outros idiomas fato que permite sua utilizaccedilatildeo com materiais em

portuguecircs (GOMES OLIVEIRA 2005) Ele permite realizar a anaacutelise de conteuacutedo de

material diverso podendo ser entrevistas obras literaacuterias artigos de revistas entre outros

com o objetivo de quantificar o texto para extrair as estruturas mais significativas as quais

estatildeo relacionadas com a distribuiccedilatildeo de palavras anaacutelise lexical

O meacutetodo utilizado pelo Alceste eacute a Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente

(CHD) de conteuacutedo textual tendo a palavra como unidade considerando seus respectivos

contextos de ocorrecircncia (GOMES OLIVEIRA 2005) (VITORIA REGIS 2011)

O programa toma como base um uacutenico arquivo (corpus) que deve ser formatado

seguindo regras proacuteprias do software para que possua homogeneidade na sua

apresentaccedilatildeo Para um melhor aproveitamento da anaacutelise eacute essencial o seguimento dessas

regras

Devido a estrutura do programa para o reconhecimento de vocaacutebulos faz-se

necessaacuterio a padronizaccedilatildeo de expressotildees ou temas ou ateacute a mesmo a uniatildeo de palavras

atraveacutes do traccedilo subscrito o qual tambeacutem foi utilizado para substituiccedilatildeo do hifeacuten em

palavras compostas Foram retirados do texto giacuterias eou viacutecios de linguagem Foram

corrigidos tambeacutem os tempos verbais e as falas foram colocadas em uma linguagem mais

formal poreacutem com a preocupaccedilatildeo de natildeo alterar o sentido do texto Vale ressaltar que

estas alteraccedilotildees somente foram feitas com o objetivo de adequar o texto transcrito das

entrevistas para anaacutelise do software No entanto para a apresentaccedilatildeo dos resultados as

falas dos participantes satildeo utilizadas na integra exatamente como foram expressas no

momento da entrevista

A anaacutelise Alceste eacute organizada em quatro fases de operaccedilotildees (A B C D) as quais

satildeo desenvolvidas em cinco etapas principais (CAMARGO 2005) (VITORIA REGIS

2011)

1- Identificaccedilatildeo das unidades de contexto

2- Pesquisa das formas reduzidas de palavras plenas analisadas

3- Definiccedilatildeo dos quadros de dados associados

4- Pesquisa de classes de unidades de contexto

79

5- Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo das classes

1-Identificaccedilatildeo das unidades de contexto

O Alceste divide o material a ser analisado em grandes unidades denominadas

Unidades de Contexto Iniciais (UCI) que satildeo as divisotildees naturais do corpus Elas satildeo os

primeiros iacutendices de uma estrutura e satildeo assinadas pelas chamadas linhas estreladas As

linhas estreladas identificam cada UCI e possuem as informaccedilotildees que caracterizam cada

entrevistado atraveacutes das variaacuteveis escolhidas pelo pesquisador

Apoacutes reconhecer as UCI o software novamente formata e divide o texto em

segmentos de algumas linhas denominadas Unidades de Contexto Elementares (UCE)

que correspondem ao material discursivo referente agrave formaccedilatildeo das classes (CAMARGO

2005)

2-Pesquisa de formas reduzidas de palavras plenas analisadas

Nesta etapa eacute que ocorre a fase A do conjunto de operaccedilotildees de anaacutelise do

software Leitura do texto e Caacutelculo dos dicionaacuterios O Alceste prepara o corpus

reconhece as UCI faz uma primeira segmentaccedilatildeo do texto agrupa as ocorrecircncias das

palavras em funccedilatildeo de suas raiacutezes e procede o caacutelculo da frequecircncia das formas reduzidas

destas palavras (VITORIA REGIS 2011) A fase A possui trecircs sub-fases A1)

Reformataccedilatildeo e divisatildeo do texto em segmentos de tamanho similar ou as chamadas UCE

A2) Pesquisa do vocabulaacuterio e reduccedilatildeo das palavras com base em suas raiacutezes (formas

reduzidas) A3) Criaccedilatildeo do dicionaacuterio de formas reduzidas

Conveacutem lembrar que no processo descrito acima o software pode identificar

diferentes conjugaccedilotildees verbais aleacutem de diferenciar palavras que tenham apenas funccedilatildeo

sintaacutetica (pronomes artigos adveacuterbios) das com significados (verbos substantivos

adjetivos) pois ele possui dicionaacuterios acoplados inclusive de portuguecircs (NASCIMENTO

MENANDRO 2006) Satildeo com as palavras com ldquosignificadordquo que o programa trabalha

3-Definiccedilatildeo e caacutelculo dos quadros de dados associados

Neste momento eacute que se desenvolve a fase B Caacutelculo das matrizes de dados e

classificaccedilatildeo das UCE Eacute quando ocorre a seleccedilatildeo das UCE a serem consideradas e o

caacutelculo da matriz (as UCE satildeo classificadas em funccedilatildeo dos seus respectivos vocabulaacuterios)

formas reduzidas X UCE (Sub- fase B1) caacutelculo das CHD propriamente dito (Sub-fase

80

B3) obtendo-se uma classificaccedilatildeo definitiva O procedimento eacute efetuado continuamente

ateacute que natildeo resulte em novas classes (NASCIMENTO MENANDRO 2006) Nesta etapa

satildeo construiacutedos trecircs quadros de dados que possibilitaratildeo a segmentaccedilatildeo das UCE em

subconjuntos de texto ateacute a definiccedilatildeo das classes (VITORIA REGIS 2011)

4-Pesquisa das classes de unidades de contexto

Desenvolve-se nesta etapa a fase C Descriccedilatildeo das classes de UCE escolhidas Eacute

uma etapa de caacutelculo que fornece os principais arquivos de resultados Nestes arquivos

ficam as diferentes classes escolhidas sua dependecircncia mutual o vocabulaacuterio

predominante de cada uma delas as palavras estreladas e as palavras ferramentas

caracteriacutesticas sobre as quais o pesquisador basearaacute sua interpretaccedilatildeo (VITORIA REGIS

2011)

A fase C eacute dividida em trecircs sub-fases C1) comparaccedilatildeo de duas classificaccedilotildees e

redefiniccedilatildeo das classes escolhidas C2) descriccedilatildeo dos perfis das classes C3) anaacutelise

fatorial de correspondecircncia ou AFC (representaccedilatildeo das relaccedilotildees entre as classes num

plano fatorial)

O meacutetodo de classificaccedilatildeo utilizado pelo Alceste para construccedilatildeo das classes eacute o

de CHD que permite a divisatildeo do corpus de base em um nuacutemero determinado de grupos

de UCE denominado de classes

5-Descriccedilatildeo das classes e bases para a sua interpretaccedilatildeo

A fase D Caacutelculos complementares uacuteltima fase do conjunto de operaccedilotildees do

software nesse momento ele calcula e fornece as UCE mais caracteriacutesticas de cada classe

permitindo a contextualizaccedilatildeo do vocabulaacuterio tiacutepico de cada uma delas Constitui-se por

quatro subfases D1) Seleccedilatildeo das chaves de contexto e das UCE caracteriacutesticas de cada

classe D2) Pesquisa das duas de palavras e dos segmentos repetidos por classe D3)

Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Ascendente de cada classe D4) Seleccedilatildeo das palavras

caracteriacutesticas das classes

A extraccedilatildeo das UCE representativas de cada classe permite apreender o sentido

delas com a ajuda de frases reais extraiacutedas do corpus Cada UCE eacute precedida de seu

nuacutemero de ordem no corpus e do respectivo khi2 (Qui- quadrado) cuja escolha eacute feita por

ordem decrescente de associaccedilatildeo agrave classe com um grau de liberdade (VITORIA REGIS

2011)

81

O khi2 calcula a frequecircncia de apariccedilatildeo da palavra Quanto maior o khi2 mais

relevante eacute a palavra para a construccedilatildeo da classe O programa fornece entatildeo o nuacutemero de

classes resultantes da anaacutelise assim como as formas reduzidas o contexto semacircntico e as

UCE caracteriacutesticas de cada uma delas consolidada as quais seratildeo denominadas e

interpretadas

A partir deste ponto utilizando os dados quantitativos iniciou-se a anaacutelise

qualitativa do agrupamento de estratos de discursos realizados pelo software em

dimensotildees explorando e buscando compreender seu significado dentro da fala dos

sujeitos interpretando-as por inferecircncias com a literatura pesquisada embasada na Teoria

da Representaccedilatildeo Social

O produto proveniente do teste TALP foi organizado previamente construindo o

corpus para anaacutelise este entatildeo foi tratado pelo software desenvolvido por Vergegraves

denominado EVOC (Ensemble de programm espermettantlrsquoanalyse decircs evocations) que

organiza as evocaccedilotildees produzidas de acordo com as suas frequecircncias e com a ordem de

evocaccedilatildeo O cruzamento entre esses dois criteacuterios (frequecircncia e ordem das evocaccedilotildees)

possibilitou a formaccedilatildeo de um Quadro de Quatro Casas que expressa o conteuacutedo e a

estrutura das representaccedilotildees sociais para dado objeto de estudo (OLIVEIRA 2001)

As palavras que foram evocadas de forma mais frequente constituiacuteram elementos

centrais da representaccedilatildeo Assim o software Evoc permitiu vislumbrar o nuacutecleo central

em funccedilatildeo de duplo criteacuterio frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo das palavras

A partir do cruzamento dos criteacuterios de frequecircncia e evocaccedilotildees foram definidas a

relevacircncia dos elementos associados (palavras frases e expressotildees) ao termo indutor

Esses resultados foram apresentados em quatro quadrantes organizados em dois eixos O

eixo vertical contempla a frequecircncia enquanto o eixo horizontal a ordem de evocaccedilatildeo

No quadrante superior esquerdo aparece os elementos mais relevantes que surgem nos

primeiros lugares da ordem de evocaccedilatildeo com uma frequecircncia significativamente mais

elevada (nuacutecleo central) Os elementos menos niacutetidos na estrutura de representaccedilatildeo

foram designados no quadrante superior direito e inferior esquerdo constituindo a

representaccedilatildeo perifeacuterica do fenocircmeno (nuacutecleo perifeacuterico)

36 Aspectos Eacuteticos

Para a implementaccedilatildeo deste projeto foram obedecidas todas as exigecircncias e

recomendaccedilotildees do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) O projeto de pesquisa foi

82

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Estadual de Mato Grosso ndash

UNEMAT por meio do CAAE de nuacutemero 42685215700005166 e do parecer

favoraacutevel 1065610 de 14 de maio de 2015 (ANEXO 1) Todos os participantes

assinaram o TCLE

83

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados do estudo seratildeo apresentados em trecircs partes

- Na primeira parte Conhecendo os enfermeiros do estudo que cuidam de

crianccedilas foi apresentado o perfil dos enfermeiros

- A segunda parte A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que

Cuidam de Crianccedilas apresentando a estrutura central e perifeacuterica das representaccedilotildees dos

enfermeiros sobre a SAE no atendimento a crianccedila

- Na terceira parte O conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem resultante da anaacutelise de conteuacutedo das entrevistas eacute

apresentado

41 CONHECENDO OS ENFERMEIROS DO ESTUDO QUE CUIDAM DE

CRIANCcedilAS

A viagem mais importante que podemos fazer na

vida eacute encontrar pessoas pelo caminho

(autor desconhecido)

Os dados apresentados neste item descrevem os sujeitos da pesquisa e suas

principais caracteriacutesticas ligadas a formaccedilatildeo e a sua atividade nos hospitais estudados

para Jodelet (2005) ldquoquem sabe e de onde saberdquo eacute questatildeo fundamental em estudos de

Representaccedilatildeo Social

Nesta etapa 45 enfermeiros responderam ao questionaacuterio sendo que o perfil dos

participantes do estudo ficou delineado da seguinte forma Vinte e nove dos entrevistados

tinham entre 22 e 29 anos quinze tinham entre 30 e 37 anos dois tinham entre 38 e 45

anos Quanto ao sexo 42 dos entrevistados eram do sexo feminino e 03 do sexo

masculino Quanto a instituiccedilatildeo formadora 28 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica estadual

do municiacutepio da pesquisa 3 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica federal do estado onde a

pesquisa foi realizada 12 fizeram o curso em instituiccedilotildees particulares do estado de Mato

Grosso e 2 cursaram em Universidades federais fora do estado de Mato Grosso Quanto

agrave titulaccedilatildeo dos enfermeiros 17 eram graduados e 28 eram especialistas Trecircs participante

finalizaram o curso de enfermagem em 4 anos e os outros 39 dos participantes terminaram

o curso em 5 anos

84

Na tabela 1 segue a apresentaccedilatildeo do perfil dos sujeitos de acordo com o sexo

idade tipo de instituiccedilatildeo em que cursou a graduaccedilatildeo em enfermagem tempo de formaccedilatildeo

e titulaccedilatildeo

Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash

MT2015

Variaacuteveis N

Faixa etaacuteria (anos)

22 a 29 28 622

30 a 37 15 333

38 a 45

2 44

Sexo

Feminino

Masculino

42

3

933

66

Instituiccedilatildeo de Formaccedilatildeo

Publica Federal 5 111

Publica Estadual 28 622

Privada 12 266

Anos de Formaccedilatildeo

lt de 5 anos 3 66

5 anos 39 866

4 anos 3 66

Titulaccedilatildeo

Graduaccedilatildeo 17 377

Especializaccedilatildeo 28 622

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

A meacutedia de idade dos profissionais participantes da pesquisa foi de 335 anos

variando entre 22 e 45 anos sendo a faixa etaacuteria entre 22 a 29 anos agrave de maior incidecircncia

(622) Nota-se que os participantes satildeo enfermeiros adultos jovens (idade entre 22 e 37

anos) estando em fase de pleno desenvolvimento e produtividade profissional Menzani

e Bianch (2009) em estudo que apresentou o perfil de enfermeiros de todas as regiotildees do

paiacutes demonstrou o predomiacutenio de enfermeiros na faixa etaacuteria abaixo dos 40 anos (717)

atuando profissionalmente em todas as regiotildees brasileiras

Quanto ao sexo dos entrevistados foi observado que 933 por cento eram do sexo

feminino refletindo que nos dois hospitais pesquisados esta variaacutevel segue em

consonacircncia com os hospitais das outras regiotildees do paiacutes onde ainda prevalece o sexo

85

feminino como a grande matildeo de obra de trabalho da enfermagem reforccedilando a forte

influecircncia da mulher nas accedilotildees de cuidado agrave vida (NAUDERER LIMA 2005)

(MENZANI BIANCH 2009)

Na formaccedilatildeo destes profissionais eacute possiacutevel observar que a grande maioria era

proveniente do ensino puacuteblico estadual (622) levaram cerca de 5 anos para finalizar o

processo de formaccedilatildeo o que sugere que o curriacuteculo da instituiccedilatildeo formadora estava

atualizado segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem (DCNENF) que

abordam na estruturaccedilatildeo dos curriacuteculos as quatro principais dimensotildees do trabalho da

enfermagem gerencial assistencial de educaccedilatildeo e de pesquisa

A poacutes-graduaccedilatildeo do tipo especializaccedilatildeo no formato lato sensu foi a maior titulaccedilatildeo

dos envolvidos (622) Se faz importante refletir sobre estes dados no intuito de

estimular a expansatildeo de programas de mestrado e doutorados na aacuterea de enfermagem para

a regiatildeo estudada haja visto que desta forma tambeacutem se agrega qualidade a formaccedilatildeo

profissional e a prestaccedilatildeo de cuidado a sauacutede Atualmente o Estado de Mato Grosso possui

um programa de doutorado acadecircmico em enfermagem vinculados a Universidade

Federal do Mato Grosso que oferecem 12 e 5 vagas respectivamente semestrais no

campus da capital do estado

Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na

instituiccedilatildeo Caacuteceres ndash MT2015

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

6MESES

9MESES

12MESES

24MESES

36MESES

48MESES

72MESES

84MESES

96MESES

120MESES

144MESES

Seacuterie1 1 1 13 11 12 1 1 1 2 1 1

NUacute

ME

RO

DE

PA

RT

ICIP

AN

TE

S

86

Eacute possiacutevel observar que 955 dos enfermeiros jaacute trabalham nos hospitais

pesquisados a mais de 12 meses Este dado eacute importante pois aproxima o grupo do nosso

objeto de estudo Provavelmente todos os 955 jaacute vivenciaram a SAE no espaccedilo de

atendimento agrave crianccedila e conseguem pontuar e descrever esta experiecircncia

O contato prolongado com o mesmo ambiente (local pessoas rotinas etc) eacute de

grande importacircncia para a formaccedilatildeo de elos de pertenccedila grupal No estudo das RS eacute sabido

que estas vivecircncias e trocas satildeo importantes para a formaccedilatildeo e ressignificaccedilatildeo de

conceitos ou seja como o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no

contexto de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)

Outro dado que chama atenccedilatildeo neste graacutefico eacute o nuacutemero de profissionais com

tempo de trabalho na instituiccedilatildeo ateacute 24 meses representando cerca de 577 o que pode

indicar rotatividade de profissionais de enfermagem

Segundo Aquino (1991) a rotatividade eacute a flutuaccedilatildeo dos recursos humanos entre

uma organizaccedilatildeo e seu ambiente Geralmente a rotaccedilatildeo de pessoal eacute expressa por uma

relaccedilatildeo percentual entre admissotildees e as demissotildees satildeo expressas de acordo com a relaccedilatildeo

do nuacutemero meacutedio de participantes da organizaccedilatildeo no decorrer de certo periacuteodo

Esta sucessatildeo de mudanccedila na composiccedilatildeo da forccedila de trabalho revela a

movimentaccedilatildeo da forccedila de trabalho entre o mercado de trabalho e a instituiccedilatildeo

(ANSELMI DUARTE ANGERAMI 2001)

A rotatividade de equipes de sauacutede requer investimento em treinamento constante

para a formaccedilatildeo e adequaccedilatildeo do profissional dentro dos referenciais da instituiccedilatildeo

principalmente no que se refere a SAE

A frequecircncia com que ocorre a rotatividade da forccedila de trabalho pode provocar

seacuterias consequecircncias para as organizaccedilotildees pelos prejuiacutezos natildeo soacute financeiros no que se

refere agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo mas tambeacutem no tempo que seraacute gasto para convocar

selecionar e treinar um novo profissional (STANCATO ZILLI 2010)

O Graacutefico 2 demonstra que cerca de 822 dos enfermeiros atuavam no mesmo

setor de assistecircncia agrave crianccedila agrave pelo tempo maacuteximo de 1 ano O enfermeiro com maior

tempo de atuaccedilatildeo no mesmo espaccedilo de cuidado a crianccedila dos hospitais estudado o esta

por cerca de 5 anos fortalecendo a hipoacutetese de provaacutevel rotatividade de profissionais na

instituiccedilatildeo

87

Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo

setor de atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

Quando se correlaciona esta informaccedilatildeo a porcentagem de enfermeiros somente

graduados a idade e o sexo destes sujeitos eacute possiacutevel concluir que o perfil do corpo de

enfermagem que assiste as crianccedilas nestes dois hospitais eacute constituiacutedo respectivamente

de enfermeiros do sexo feminino receacutem-formados ainda natildeo especializados e com pouco

tempo de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

Os recursos humanos necessitam ser mantidos em niacuteveis suficientes para atender

a demanda de serviccedilos Uma rotatividade excessiva proveniente da intensificaccedilatildeo de

saiacuteda de profissionais provocam desequiliacutebrios na composiccedilatildeo do quadro de pessoal

acarretando custos e impondo efeitos indesejaacuteveis afetando a qualidade e a quantidade

de serviccedilos prestados e prejudicando a assistecircncia de enfermagem (STANCATO ZILLI

2010)

6MESES

7MESES

8MESES

9MESES

10MESES

11MESES

12MESES

14MESES

16MESES

24MESES

60MESES

Seacuterie1 7 5 5 5 4 4 7 3 2 2 1

NUacute

MER

O D

E P

AR

TIC

IPA

NTE

S

88

42 A ESTRUTURA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DOS ENFERMEIROS

QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS

421 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem

A construccedilatildeo social eacute sempre um processo natildeo

intencional construir um objeto socialmente

significativo eacute algo que o grupo ou seus membros

fazem e natildeo algo que tentam fazer depois de

meditar sobre eles

(Wolfgang Wagner)

O software EVOC busca atraveacutes da frequecircncia de evocaccedilotildees identificar nas

representaccedilotildees seus elementos centrais e perifeacutericos Em resposta ao termo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo a anaacutelise do corpus formado pelas

evocaccedilotildees dos 45 participantes nos dois hospitais-escola revelou que foram evocadas

135 palavras

Das 135 palavras evocadas foram selecionados pelo software 13 termos com

meacutedia da ordem de evocaccedilatildeo de 20 Foram desprezadas as evocaccedilotildees cuja frequecircncia foi

inferior a 3 sendo a frequecircncia meacutedia de 8 evocaccedilotildees A Figura 3 foi resultante da anaacutelise

combinada desses indicadores (frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo)

Figura 3 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres MT Brasil 2015

Nuacutecleo Central

Cuidado

Enfermagem

Organizaccedilatildeo

1ordf Periferia

Planejamento

Qualidade

2ordf Periferia

Assistecircncia

Comprometimento

Processo

Responsabilidade

89

A anaacutelise dos resultados dos questionaacuterios de livre associaccedilatildeo de palavras permitiu

apreender os valores as crenccedilas e a praacutetica dos participantes diante da expressatildeo indutora

percebendo os termos formadores do provaacutevel nuacutecleo central (quadrante superior

esquerdo) desta representaccedilatildeo e do sistema perifeacuterico (quadrante superior e inferior

direito) (Quadro 5)

Quadro 5 - Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermagem Caacuteceres MT Brasil 2015

OMI lt20 ge20

Frequecircncia

Media

Nuacutecleo central F Rangdagger Elementos

perifeacutericos 1

F Rang

Cuidado 17 1765 Planejamento 8 2500

Enfermagem 10 1600 Qualidade 17 2059

ge8 Organizaccedilatildeo

13 1538

Elementos de

contraste

F Rang Elementos

perifeacutericos 2

F Rang

3le

Ciecircncia 5 1200 Assistecircncia 4 2000

Humanizaccedilatildeo 3 1667 Comprometimento 4 2000

lt7 Obrigaccedilatildeo 3 1667 Processo 4 2500

Responsabilidade 3 2000

Ordem meacutedia das evocaccedilotildees frequecircncia das evocaccedilotildees dagger distribuiccedilatildeo das evocaccedilotildees

Frente agrave expressatildeo indutora ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os

sujeitos evocaram mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo

estas palavras tiveram as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o

nuacutecleo central desta representaccedilatildeo e refletem a dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem para

estes profissionais ou seja traduzem o entendimento do cuidado organizado como objeto

de trabalho da enfermagem

O termo ldquocuidadordquo obteve maior frequecircncia de evocaccedilatildeo apontando ser o

provaacutevel nuacutecleo central das representaccedilotildees sociais acerca da SAE

O cuidado de enfermagem eacute universal multidimensional singular e deve

considerar os sistemas social econocircmico e cultural dos envolvidos Assim a atuaccedilatildeo da

enfermagem estaacute compreendida em uma zona de intercessatildeo entre o cuidado e o

tratamento Embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo de uma teacutecnica satildeo

na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis que presidem a sauacutede

90

com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e essenciais tanto para a

manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)

Nessa perspectiva o cuidado de enfermagem pode ser explicado como um

conjunto de accedilotildees desenvolvidas pelo profissional de enfermagem em substituiccedilatildeo dos

cuidados que a pessoa natildeo pode temporariamente garantir a si proacutepria ou que natildeo pode

ser garantido por seu entorno social (COLLIEgraveRE 1999) A este termo reforccedila a

concepccedilatildeo do ser enfermeiro expressando sua ciecircncia e seu objeto de trabalho

O cuidado ao atendimento de sauacutede da crianccedila foi durante muitos anos pautado

na cura da doenccedila Atualmente estaacute em construccedilatildeo um modelo assistencial em que a

crianccedila deixa de ser compreendida como ser unicamente bioloacutegico que privilegia cuidado

assistencial centrado em suas especificidades e de sua famiacutelia mediante a construccedilatildeo de

redes de apoio buscando sua integralidade (ABUD GAIacuteVA 2015)

Nesta nova perspectiva o cuidado de enfermagem deve promover e restaurar o

bem-estar fiacutesico psiacutequico e social considerando aspectos intriacutensecos ligados agrave sua

condiccedilatildeo de crianccedila e reconhecendo o protagonismo familiar bem como as legislaccedilotildees

que garantem suas especificidades (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT

COLLET 2013) (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN HIGARASHI

2014)

Desta forma ao considerar o cuidado como o possiacutevel nuacutecleo central da RS da

SAE os participantes reconhecem que o cuidado constitui a verdadeira competecircncia da

enfermagem Traduz uma accedilatildeo que vai aleacutem de procedimentos teacutecnicos englobando o

envolvimento e o compromisso com o outro e portanto uma accedilatildeo humanizada que

melhora as condiccedilotildees e favorece a promoccedilatildeo e a prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando limitar

a doenccedila e promover a vida (BORGES SANTOS 2013)

Quando profissionais da enfermagem respondem agraves necessidades de cuidado e

agem responsavelmente ajudando a desenvolver restaurar ou ampliar o cuidado na

melhor maneira possiacutevel temos o cuidado autecircntico Ao agir assim os pacientes natildeo satildeo

apenas ajudados a lidar e a enfrentar a doenccedila e a incapacidade mas satildeo encorajados e

empoderados a continuar em sua busca pela plenitude humana (WALDOW 2015)

O segundo estiacutemulo respondido tambeacutem como provaacutevel termo associado ao

nuacutecleo central da RS da SAE com frequecircncia de apresentaccedilatildeo igual a dez e que fortalece

as discussotildees relacionadas ao cuidado foi a palavra Enfermagem Deve-se ressaltar que

a Enfermagem moderna tem predominacircncia do modelo humaniacutestico e suas praacuteticas

91

profissionais foram historicamente marcadas pela forte influecircncia do espiacuterito religioso

da organizaccedilatildeo militar dos princiacutepios da divisatildeo social do trabalho e mais recentemente

pela busca de conhecimento proacuteprio (ALVES COGO 2014)

Eacute por essecircncia desde o seu nascimento expressa atraveacutes do cuidado e este

cuidado durante todo o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro eacute abordado dentro de uma

dimensatildeo essencial e complexa tanto na experiecircncia de quem cuida quanto de quem

recebe o cuidado ou ateacute mesmo de quem ensina a cuidar (CASAFUS DELLrsquoACQUA

BOCCHI 2013)

A profissatildeo de enfermagem eacute regulamentada no territoacuterio brasileiro pela lei

749886 composta por trecircs classes profissionais com atribuiccedilotildees especiacuteficas e

proporcionais aos niacuteveis de complexidade assistencial e ao tempo de formaccedilatildeo de cada

categoria As inuacutemeras atribuiccedilotildees desenvolvidas por essa profissatildeo abrangem afazeres

teacutecnicos e procedimentais abordando caracteriacutesticas pessoais como lideranccedila

humanizaccedilatildeo competecircncia gerencial e inovaccedilatildeo bem como o desenvolvimento de boas

relaccedilotildees pessoais (MEIRA KURCGANT 2016)

Conveacutem ressaltar que o cuidado dispensado pelo enfermeiro agrave crianccedila envolve

tambeacutem seus familiares e sua equipe e seu singular significativo pois somente por meio

desta dinacircmica eacute possiacutevel garantir melhor relacionamento interdependecircncia coesatildeo e

competecircncia nas accedilotildees (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN

HIGARASHI 2014)

Desse modo a enfermagem contemporacircnea une a arte-ciecircncia-ideal do cuidar

possibilitando accedilotildees que beneficiam o resgate do ser humano integral fortalecendo os

viacutenculos entre o sentir-saber-fazer (ALVES COGO 2014) Assim a enfermagem

assume a proposta de abordagem global do indiviacuteduo estabelecendo-se como praacutetica de

cuidado integralizadora

A terceira palavra encontrada relacionada agrave formaccedilatildeo do nuacutecleo central desta

representaccedilatildeo foi o termo ldquoorganizaccedilatildeordquo Considerando o cuidado a marca e o nuacutecleo de

atenccedilatildeo da enfermagem eacute preciso compreender que para cuidar satildeo necessaacuterios

instrumentos e processos metoacutedicos ou seja de organizaccedilatildeo para que o desfecho da accedilatildeo

base possa ser considerado integral e resolutivo

As accedilotildees provenientes da rotina do enfermeiro devem estar voltadas para a

qualidade do cuidado de forma a abraccedilar as dimensotildees assistencial e gerencial desta

praacutetica Uma accedilatildeo cuidadora responsaacutevel perpassa pela avaliaccedilatildeo e pelo planejamento de

92

todas as condiccedilotildees que envolvem determinada intervenccedilatildeo ou seja a organizaccedilatildeo da

assistecircncia atraveacutes da adoccedilatildeo de determinado meacutetodo e o embasamento em

conhecimentos cientiacuteficos (VITURI EacuteVORA 2015)

Apreendendo os trecircs termos com maior frequecircncia de evocaccedilatildeo ldquocuidadordquo

ldquoenfermagemrdquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo e que por esta razatildeo constituem o nuacutecleo central desta

representaccedilatildeo observa-se que estes satildeo congruentes e convergem para o termo indutor da

pesquisa ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo

Tratando-se de representaccedilatildeo do nuacutecleo central ou seja daquela que se manteacutem

resistente a mudanccedilas pode-se inferir que a representaccedilatildeo analisada reflete a premissa

baacutesica das praacuteticas de enfermagem proposta por diversos referenciais da aacuterea Ou seja a

enfermagem eacute uma profissatildeo que necessita de modelo de organizaccedilatildeo para administrar

os diversos recursos necessaacuterios para o desenvolvimento do cuidado

Portanto a SAE no cuidado agrave crianccedila constitui um arqueacutetipo teoacuterico para a praacutetica

assistencial integral fazendo com que a atuaccedilatildeo dos profissionais de enfermagem seja

cientificamente coerente planejada quanto agrave identificaccedilatildeo de necessidades da crianccedila e

sua famiacutelia obtendo estabelecimento alcance de metas e avaliaccedilatildeo

O sistema perifeacuterico desta representaccedilatildeo eacute formado por duas periferias

constituiacutedas de palavras que organizam a representaccedilatildeo do nuacutecleo central As palavras da

primeira e segunda periferia seguem a moda ou o discurso politicamente correto no

momento da coleta de dados Constatou-se que foram formados por palavras que tinham

sua significaccedilatildeo atrelada agraves caracteriacutesticas desenhadas para a construccedilatildeo do perfil ideal

do contemporacircneo profissional de enfermagem salientando os benefiacutecios da aplicaccedilatildeo do

cuidado sistematizado

Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos

ldquoplanejamentordquo e ldquoqualidaderdquo remete agrave dimensatildeo avaliativa do cuidado e expressa

posicionamento positivo diante da assistecircncia de enfermagem Os termos evocados se

apresentam bem proacuteximos ao nuacutecleo central jaacute que contam com frequecircncia de anaacutelise e

ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo

O sistema perifeacuterico eacute formado por elementos mais dinacircmicos e passiacuteveis de

atualizaccedilotildees relacionado agraves caracteriacutesticas individuais e ao contexto adaptando-se agraves

situaccedilotildees especiacuteficas e contribuindo para sua organizaccedilatildeo (MOSCOVICI 2003) Pode-

se inferir entatildeo que os conceitos de planejamento e qualidade constituem complementos

93

indispensaacuteveis do sistema central do qual ele depende ou seja o cuidado sistematizado

depende de planejamento e leva agrave qualidade

A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude

positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem

As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a raiz

essencial do termo ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo e fortalecem a

importacircncia desta para o desenvolvimento do cuidado de enfermagem agrave crianccedila Os

termos que emergem na primeira periferia satildeo respectivamente meio e resposta ao

desenvolvimento do cuidado

O planejamento da assistecircncia eacute uma imposiccedilatildeo legal Ao planejar o cuidado o

enfermeiro incorpora a responsabilidade da assistecircncia O planejamento permite

diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados

orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados (CASAFUS

DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (RODRIGUES CALEGARI 2016)

Portanto o planejamento do cuidado gera qualidade assistencial A qualidade

pode ser observada e mensurada quando o planejamento do cuidado eacute fundamentado na

cientificidade nas experiecircncias individuais e coletivas e nas constantes construccedilotildees e

reconstruccedilotildees dos processos (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015)

Desta forma a SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de

base para o planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e

rotinas das unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)

Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)

ldquoassistecircnciardquo ldquocompromissordquo ldquoprocessordquo e ldquoresponsabilidaderdquo organizam a RS dos

enfermeiros acerca da SAE dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute

o cuidado Satildeo apontadas neste quadrante palavras que valorizam aspectos ligados agrave

dimensatildeo atitudinal do indiviacuteduo como requisitos importantes para o exerciacutecio do

cuidado

As palavras ldquoassistecircnciardquo e ldquoprocessordquo estabelecem relaccedilatildeo proximal como

caminho a ser seguido ou seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem

o processo de aplicaccedilatildeo da SAE no cuidado

94

A praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees

de cuidado direto e indireto As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do

cuidado condiccedilotildees voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si

As accedilotildees indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e devem organizar e

individualizar a sua assistecircncia com base no seu compromisso com os valores eacuteticos e

morais a percepccedilatildeo que este tem do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o

conhecimento das poliacuteticas de apoio agrave crianccedila em todas as suas fases da vida e sobretudo

o empenho e a responsabilidade que este esboccedila no processo de cuidar

A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que

foram evocadas e estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central poreacutem obtiveram ordem meacutedia de

evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos Com relaccedilatildeo ao termo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras ldquociecircnciardquo ldquohumanizaccedilatildeordquo e

ldquoobrigaccedilatildeordquo traduzem avaliaccedilatildeo positiva da SAE

A sistematizaccedilatildeo do cuidado por meio da rigorosidade metoacutedica expressa agrave ciecircncia

da enfermagem A aproximaccedilatildeo da SAE agrave estrateacutegia de humanizaccedilatildeo do cuidado de

enfermagem modifica o ambiente hospitalar vinculando os avanccedilos cientiacuteficos da aacuterea

agraves individualidades do cliente permeando o processo assistencial por atitudes

humaniacutesticas (RODRIGUES CALEGARI 2016)

Entretanto ainda neste quadrante a palavra ldquoobrigaccedilatildeordquo associa o

desenvolvimento do cuidado sistematizado agrave tendecircncia negativa pois o desenvolvimento

da SAE constitui parte da ciecircncia do enfermeiro A aproximaccedilatildeo da SAE ao conceito de

obrigaccedilatildeo pode estar atrelada agrave fraacutegil visatildeo do processo de trabalho da enfermagem e da

autonomia deste profissional jaacute que as demandas assistecircncias deveriam ser fortalecidas

por esta metodologia

422 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do Enfermeiro

na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

Analisando a segunda expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os sujeitos evocaram mais prontamente

as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante (Figura 4) estas palavras tiveram

as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o provaacutevel nuacutecleo central

95

desta representaccedilatildeo e refletem o entendimento do grupo sobre as funccedilotildees desenvolvidas

pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado

Figura 4 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres

MT Brasil 2015

A anaacutelise das trecircs palavras torna possiacutevel refletir que para o grupo social estudado

a atuaccedilatildeo do enfermeiro no cuidado sistematizado eacute accedilatildeo de importacircncia fundamentada

em conhecimento e que proporciona a humanizaccedilatildeo da assistecircncia (Quadro 6)

A SAE eacute um dos conhecimentos da aacuterea de enfermagem e permite atraveacutes da

pesquisa da anaacutelise loacutegica e do raciociacutenio analiacutetico desenvolver e implementar cuidados

tanto teacutecnicos como interpessoais ou de relacionamento e comunicaccedilatildeo (HUITZI

PUYADENA ETXABE IRAOLA 2014) Como conhecimento ela eacute fortalecida por

modelos e teorias que orientam e datildeo sentido a praacutetica profissional do enfermeiro com

base na experiecircncia pessoal e nos pressupostos cientiacuteficos e filosoacuteficos (RAILE

MARRINER 2010)

Portanto eacute constituiacuteda de elementos cientiacuteficos e filosoacuteficos gerais que se tornam

elementos especiacuteficos e uacutenicos que serviratildeo para definir os elementos empiacutericos e

operacionais de cada modelo conceitual (MELEIS 2012)

Nuacutecleo Central

Conhecimento

Humanizaccedilatildeo

Importante

1ordf Periferia

Planejamento

Dedicaccedilatildeo

Organizaccedilatildeo

Rotina

2ordf Periferia

Ciecircncia

Lideranccedila

96

Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Atuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAE Caacuteceres Mato Grosso 2015

OMI lt 20 gt = 20

Freq Med Nuacutecleo Central F Rang Elementos

Perifeacutericos 1

F Rang

gt

=

6

Conhecimento

Humanizaccedilatildeo

Importante

7

7

7

1000

1143

1857

Planejamento

Dedicaccedilatildeo

Organizaccedilatildeo

Rotina

17

6

6

6

2294

2167

2000

2833

Elementos de

Contraste

F Rang Elementos

Perifeacutericos 2

F Rang

3 lt =

lt 5

Administraccedilatildeo

Autonomia

Comprometimento

Resultados

3

4

5

4

1333

1500

1600

1750

Ciecircncia

Lideranccedila

5

5

2000

2000

Legenda Frequecircncia das evocaccedilotildees Ordem meacutedia das evocaccedilotildees

A palavra importacircncia evocada como atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE pode estar

relacionada a orientaccedilatildeo que esta metodologia organizada atraveacutes do processo de

enfermagem propotildeem agrave praacutetica cliacutenica do enfermeiro atraveacutes dos trabalhos de

investigaccedilatildeo intervenccedilatildeo e avaliaccedilatildeo (DURAN TOLEDO 2011) (BENEDET

GELBCKE AMANTE et al 2016) Bem como a legitimidade que esta favorece agrave

assistecircncia mediante a equipe de sauacutede e a sociedade e a garantia do exerciacutecio do direito

de decidir sobre o cuidado do ser humano com independecircncia intelectual teacutecnica e

cientiacutefica (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCH 2013)

Haacute que se salientar ainda que a evocaccedilatildeo da palavra ldquoimportacircnciardquo tambeacutem pode

ser correlacionada a funccedilatildeo exercida pela SAE na estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos serviccedilos

e ao reconhecimento desta como instrumento de planejamento do cuidado

Outro aspecto a ser observado foi a aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado a

perspectiva de humanizaccedilatildeo da assistecircncia Esta filosofia atual faz parte da realidade dos

serviccedilos de sauacutede e diz respeito agrave valorizaccedilatildeo da especificidade do indiviacuteduo e da praacutetica

integral na realizaccedilatildeo dos cuidados de enfermagem A humanizaccedilatildeo do cuidado eacute possiacutevel

atraveacutes da SAE pelo potencial de reestruturaccedilatildeo da praacutetica que esta metodologia favorece

haja visto que sua implementaccedilatildeo gera potencial de mudanccedilas na organizaccedilatildeo e

articulaccedilatildeo dos serviccedilos e dos profissionais de sauacutede (CASTILHO RIBEIRO

CHIRELLI 2009)

97

Outros estudos tambeacutem destacam as contribuiccedilotildees da SAE para a humanizaccedilatildeo da

assistecircncia considerando esta ser um processo articulador que assegura continuidade agrave

assistecircncia de enfermagem proporciona cuidado individualizado implica modificaccedilotildees

no estilo de assistir e na forma de conceber a enfermagem que passa do estilo funcional

para o estilo centrado no paciente favorecendo uma relaccedilatildeo pessoa a pessoa na qual o

cliente eacute participante na tomada de decisatildeo (DUARTE ELLENSOHN 2007)

(PEDUZZI ANSELMI 2002) (PERES CIAMPONE 2006)

A SAE no cuidado agrave crianccedila possibilita a implementaccedilatildeo da abordagem do

cuidado centrado no binocircmio crianccedila e famiacutelia estrateacutegia humanizadora pois inclui o

cliente e seu familiar no processo de tomada de decisatildeo garantindo sua autonomia

Assim as normas e regras necessaacuterias agrave organizaccedilatildeo do processo de trabalho poderatildeo

tornar-se facilitadoras da dinacircmica do trabalho na unidade pediaacutetrica ao inveacutes de se

tornarem empecilhos agrave necessaacuteria recriaccedilatildeo cotidiana da assistecircncia em cada situaccedilatildeo

singular (MOREIRA et al 2012)

Para a efetivaccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na praacutetica de enfermagem deve haver um

encontro entre profissional e cliente o qual eacute condicionado agrave disposiccedilatildeo desses sujeitos e

tambeacutem do auxiacutelio de todos os envolvidos no processo O exerciacutecio da humanizaccedilatildeo

revela-se positivo e de qualidade quando conta com a intencionalidade daquele que o faz

agregando valores e significado (SALICIO GAIVA 2006)

Contudo a SAE eacute a oportunidade que o enfermeiro tem para mostrar sua

competecircncia teacutecnica e cientiacutefica com destaque ao cuidado humanizado Acredita-se que

o conhecimento acerca deste assunto constitui-se uma arma a favor da viabilidade da

sistematizaccedilatildeo seja como forma de diferenciar a assistecircncia prestada ou pela ampla visatildeo

humanista e profissional capaz de responder agraves necessidades individualizadas de cada

paciente em especial quando se trata de crianccedilas (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013)

Desta forma o nuacutecleo central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura

atraveacutes do reconhecimento pelo grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento

especiacutefico da profissatildeo permitindo ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica

cientiacutefica e humanizada

Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos

ldquoplanejamentordquo ldquorotinardquo ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeordquo remete agrave dimensatildeo praacutetica da

SAE ou seja o desenvolvimento do processo de enfermagem

98

A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude

positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem As evocaccedilotildees se

apresentam bem proacuteximas ao nuacutecleo central pois contam com frequecircncia de anaacutelise e

ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo

Sendo estas palavras elementos do sistema perifeacuterico eacute importante ressaltar que

estatildeo relacionadas a caracteriacutesticas e ao contexto do nuacutecleo central sendo dinacircmicas e

atualizaacuteveis (MOSCOVICI 2003) Desta forma pode-se inferir que os termos ldquorotinardquo

ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeo constituem elementos complementares e necessaacuterios ao

sistema central ou seja a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE eacute conhecimento importante e

humanizador e depende de planejamento da rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo

As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a atuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAE e constituem uma sequecircncia a ser desenvolvida para estabelecer a

sistematizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem agrave crianccedila ou seja o processo de enfermagem

Desta forma os termos que emergem na primeira periferia constituem a metodologia

utilizada para sistematizar o cuidado agrave crianccedila

Atualmente existe um conjunto de estudos sobre o processo de trabalho do

enfermeiro que mostra que as atividades deste profissional perpassam pelo gerenciamento

dos serviccedilos e pelo gerenciamento da assistecircncia (FERRAZ 2000) (LIMA GUSTAVO

COELHO SCHMITZ 2000) (PEDUZZI ANSELMI 2002)(GUSTAVO LIMA

2003) (ROSSI SILVA 2005)Com base nesta concepccedilatildeo o trabalho do enfermeiro ou a

ldquorotinardquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo eacute composto por duas dimensotildees que satildeo complementares a que

faz a gestatildeo administrativa e a que faz a gestatildeo do cuidado ambas satildeo possiacuteveis em

virtude da SAE

Aproximando a rotina hospitalar do cuidado agrave crianccedila eacute importante frisar que ao

se deparar com a necessidade da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila a famiacutelia pode compreender

o hospital como um ambiente estranho que fomenta sofrimento fiacutesico e emocional Este

fato faz com que a famiacutelia se sinta esgotada pouco agrave vontade para cuidar da crianccedila e

geralmente ignorada em suas necessidades o que pode tornar a hospitalizaccedilatildeo uma

experiecircncia traumatizante (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOUSA GOMES SILVA

SANTOS SILVA 2011)

O processo de enfermagem permite que o enfermeiro aplique um referencial

teoacuterico atraveacutes de um meacutetodo para organizar cientificamente o cuidado integral

99

implementando condiccedilotildees para uma rotina de serviccedilos planejada onde por exemplo as

necessidades luacutedicas sejam observadas e garantidas

Portanto o planejamento organiza a rotina das unidades hospitalares e do proacuteprio

cuidado Rodrigues e Calegari (2006) consideram que o planejamento permite

diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados

orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados Desta forma a

SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de base para o

planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e rotinas das

unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA SILVA

VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)

De acordo com o Dicionaacuterio Aureacutelio (2016) a palavra dedicaccedilatildeo eacute substantivo

feminino que significa desprendimento de si proacuteprio em favor de outrem ou de alguma

ideacuteia eacute sinocircnimo de empregar devotar-se entregar-se aplicar-se e destinar-se Alguns

estudos da aacuterea da enfermagem concluiacuteram que o desempenho do PE no seu formato

integral ainda sofre dificuldades de diversas naturezas entre elas o pouco envolvimento

do enfermeiro e sua equipe em sua operacionalizaccedilatildeo (NEVES 2010) (GARCIA-

SANTOS WERLANG 2013) (LORENZETTI ORO MATOS GELBCKE 2015)

Portanto o termo evocado ldquodedicaccedilatildeordquo faz parte da estrutura que sustenta a

atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE Para fortalecer a implementaccedilatildeo do PE eacute preciso aleacutem do

conhecimento cientiacutefico predisposiccedilatildeo do corpo de enfermagem acreditando e

desempenhando suas funccedilotildees nesta metodologia

Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)

ldquociecircnciardquo e ldquolideranccedilardquo organizam a RS dos enfermeiros acerca da atuaccedilatildeo na SAE

dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute o conhecimento especiacutefico da

profissatildeo que permite o cuidado humanizado Satildeo apontadas neste quadrante palavras

que valorizam aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como requisitos

importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila

A palavra ldquociecircnciardquo estabelece relaccedilatildeo proximal como caminho a ser seguido ou

seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem o processo de aplicaccedilatildeo da

SAE no cuidado agrave crianccedila

No processo de profissionalizaccedilatildeo da Enfermagem buscou-se desde o iniacutecio

construir um campo de conhecimentos especiacuteficos que deveria tanto manter operantes os

sistemas de valores que caracterizavam o feminino e o cuidado como sua extensatildeo quanto

100

adquirir o estatuto de ciecircncia (BARRA NASCIMENTO MARTINS

ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)

Os conhecimentos desta profissatildeo veem sendo desenvolvido atraveacutes de vaacuterias

correntes filosoacuteficas e teoacutericas que em um grande esforccedilo atraveacutes da histoacuteria tem

perseguido o crescimento e o aprimoramento Segundo Zagonel (1996) desde Florence

em 1859 ateacute os cientistas enfermeiros contemporacircneos o desvelamento e as influecircncias

dos paradigmas de Enfermagem tecircm contribuiacutedo para a construccedilatildeo da ciecircncia de

Enfermagem com definiccedilotildees de princiacutepios teoacutericos e metodoloacutegicos formas de

implementaccedilatildeo e instrumentalizaccedilatildeo atraveacutes do conjunto de crenccedilas valores e leis de

cada teoacuterico

Entende-se que a Enfermagem soacute vem conseguindo consolidar-se como ciecircncia e

arte porque tem produzido uma linguagem especiacutefica que atribui significado aos

elementos constitutivos do seu ser saber e fazer Assim a linguagem produzida por

determinado campo do saber possibilita a compreensatildeo acerca das representaccedilotildees do

pensamento e do mundo seja como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo ou como instrumento de

accedilatildeointeraccedilatildeo (GARCIA NOBREGA 2004) (SCHAURICH CROSSETTI 2010)

Abordando a ciecircncia e o campo de atuaccedilatildeo da sauacutede da crianccedila eacute importante frisar

que uma postura criacutetica-reflexiva deve ser adotada na busca da racionalizaccedilatildeo da

aquisiccedilatildeo e da incorporaccedilatildeo de novos conhecimentos e tecnologias de cuidado em virtude

da especificidade da clientela Como jaacute mencionado anteriormente neste trabalho a

praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees de cuidado

direto e indireto

As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do cuidado minus condiccedilotildees

voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si a ldquociecircnciardquo As accedilotildees

indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e organizam a assistecircncia O cuidado

de enfermagem para dar conta da complexidade e dinamicidade das questotildees que

envolvem o estar saudaacutevel e o estar doente de indiviacuteduos eou grupos populacionais

precisa abranger aleacutem dos aspectos teacutecnico-cientiacuteficos os preceitos eacuteticos esteacuteticos

filosoacuteficos humaniacutesticos e culturais (SCHAURICH CROSSETTI 2010)

Eacute importante salientar que para a ciecircncia e o cuidado estabeleccedilam uma linha tecircnue

e continua se faz necessaacuterio tambeacutem uma avaliaccedilatildeo sob o ponto de vista eacutetico da

qualidade da assistecircncia dos benefiacutecios das limitaccedilotildees dos riscos e da adequaccedilatildeo agraves

101

necessidades desta populaccedilatildeo (BARRA NASCIMENTO MARTINS

ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)

O segundo termo evocado nesta periferia foi a palavra ldquolideranccedilardquo que eacute tida

como uma das principais competecircncias a ser desenvolvida pelo profissional da

enfermagem pois no trabalho em equipe os enfermeiros deveratildeo estar aptos a assumir

posiccedilotildees de lideranccedila Nesse contexto o liacuteder eacute envolvido pelo compromisso

responsabilidade empatia habilidade para a tomada de decisotildees comunicaccedilatildeo e

gerenciamento de forma efetiva e eficaz qualificando o serviccedilo e atendendo as

expectativas da organizaccedilatildeo (PERES TRENDO 2006) (STRAPASSON MEDEIROS

2009)

No novo estilo de organizaccedilatildeo das instituiccedilotildees de sauacutede a lideranccedila vem sendo

exigida natildeo como um modelo hierarquizado e tradicional mas abrindo espaccedilo para um

trabalho mais flexiacutevel em equipe com unidades semiautocircnomas construiacutedas a partir de

uma relaccedilatildeo de poder e confianccedila muacutetua (GAIDZINSKI PERES FERNANDES 2004)

(STRAPASSON MEDEIROS 2009)

O conhecimento eacute sem duacutevida um dos valores de grande importacircncia para o

estimular novos liacutederes uma vez que confere aos profissionais seguranccedila na tomada de

decisotildees relacionadas ao paciente agrave sua equipe e agraves atividades administrativas da unidade

(DOMIGUES CHAVES 2005)

No que diz respeito ao atendimento agrave crianccedilas hospitalizadas acredito que quando

o enfermeiro organiza sua assistecircncia de forma a inspirar e motivar seus liderados a ir

aleacutem de seus proacuteprios interesses para o bem do cliente estrateacutegias especiacuteficas de

abordagem agrave crianccedila conseguem sair dos protocolos e serem implementadas na rotina das

clinicas como por exemplo o brinquedo terapecircutico e o cuidado centrado na famiacutelia

Assim a iniciativa para assumir novas condutas e atitudes inovadoras eacute ponto

favoraacutevel para a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede pois sendo a SAE

conhecimento da aacuterea da enfermagem tambeacutem ofereceraacute suporte ao conhecimento dos

liacutederes desencadeando a certeza de estarem agindo da maneira mais correta e adequada

(DOMIGUES CHAVES 2005)

A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que

possuem ordem meacutedia de evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos poreacutem tambeacutem

estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central que estrutura a RS O termo indutor gerou as palavras

102

ldquoadministraccedilatildeordquo ldquoautonomiardquo ldquocomprometimentordquo e ldquoresultadosrdquo todas traduzindo um

potencial positivo frente a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE

O conjunto de palavras levantadas pelo grupo social fortalecem a forma

sistemaacutetica e ordenada de delimitar problemas fazer e executar planos para resolvecirc-los

e a elaboraccedilatildeo de meios para sua avaliaccedilatildeo que traduzem a profissatildeo do enfermeiro ou

seja o PE O PE eacute a uma sistemaacutetica organizada de cuidar do paciente eacute um meacutetodo a ser

seguido a fim de alcanccedilar os objetivos desejados em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de enfermagem

o qual baseia-se num modelo assistencial e deve levar em conta a especialidade agrave que estaacute

sendo dirigido (HERMIDA 2004)

Segundo Moreira e colaboradores (2012) o PE eacute percebido pelos enfermeiros

como instrumento de suma importacircncia para subsidiar o trabalho da enfermagem e

proporcionar melhor assistecircncia aos neonatos pois contribui para a evoluccedilatildeo dos

prognoacutesticos favorecendo o retorno dos pacientes ao contexto familiar o mais

precocemente possiacutevel (MOREIRA etal2012)

Aproximando-o do contexto da sauacutede da crianccedila o processo de enfermagem pode

ser o caminho para o alcance da especificidade necessaacuteria para o cuidado diferenciado a

esta fase da vida Pois aleacutem de possibilitar o envolvimento da famiacutelia no processo de

cuidado tambeacutem eacute capaz de organizar o uso do brinquedo terapecircutico atividades na

brinquedoteca praacuteticas no banco de leite manutenccedilatildeo de atividades escolares Que satildeo

medidas capazes de aliviar o sofrimento fiacutesico e psiacutequico ocasionados pela doenccedila

Neste contexto a enfermagem pediaacutetrica por lidar com questotildees fiacutesicas e

existenciais dos seres humanos que cotidianamente cuida tem no PE uma importante

contribuiccedilatildeo para a organizaccedilatildeo do seu trabalho pois possibilita compreender atraveacutes da

ciecircncia e da rigorosidade do meacutetodo a realidade do dia-a-dia no qual estamos imersos

que eacute permeada de subjetividade e objetividade

103

43 CONHECENDO O CONTEUacuteDO DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DA

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam entre

duas pessoas ou dois grupos pressupotildeem

representaccedilotildees na realidade eacute isso que as

caracterizam []

(Serge Moscovici)

A anaacutelise do discurso obtida com auxiacutelio do software ALCESTE nos permite

desvendar as dimensotildees das representaccedilotildees sociais sobre a SAE Esta RS eacute descrita pela

frequecircncia de palavras contidas nos discursos destes participantes que demonstram

relaccedilatildeo com o objeto durante todo o percurso do texto

Conforme Reinert (1999) o ALCESTE examina no texto as ressonacircncias de

sentido que se estabelecem devido as coocorrecircncias de alguns termos os quais aparecem

reunidos em certas regiotildees do discurso em certos momentos O programa define nuacutemero

criteacuterio de separaccedilatildeo de classes definindo as classes estaacuteveis que conteacutem o texto a partir

do processamento do corpus

Na operaccedilatildeo de leitura do corpus desta pesquisa o Programa Alceste reconheceu

a separaccedilatildeo destes em 45 unidades de contexto inicial (UCI) as quais correspondem ao

quantitativo de entrevistas e de sujeitos Em seguida na operaccedilatildeo de caacutelculo do dicionaacuterio

foram encontradas 20597 palavras sendo 2659 palavras diferentes com frequecircncia

meacutedia de palavras diferentes igual a 8 Nesta mesma etapa o programa permitiu a

identificaccedilatildeo de 886 palavras com frequecircncia igual a um indicando alto valor de

heterogeneidade do vocabulaacuterio

Na etapa de operaccedilatildeo de seleccedilatildeo das unidades de contexto elementar (UCE) apoacutes

a reduccedilatildeo das palavras agraves duas raiacutezes obtiveram-se 480 palavras analisaacuteveis com

frequecircncia igual a 4 e variabilidade de 9763 Essas 480 palavras foram designadas

numa mesma classe em duas classificaccedilotildees descendentes e dois sub-corpus que utilizaram

UCE com tamanhos diferentes O primeiro sub-corpus gerou 108 UCEs e eacute formado pela

classe 1 e o segundo sub-corpus gerou 172 UCEs e eacute formado pelas classes 2 3 4 e 5 A

tabela 2 ilustra a descriccedilatildeo das classes

104

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes

1 2 3 4 e 5 geradas pelo Alceste Caacuteceres ndash 2015

Classes UCE Palavras

Consideradas

1 108 98 39

2 29 42 10

3 59 82 21

4 34 47 12

5 50 55 18

Fonte Dados da Pesquisa 2015

Analisando a tabela 2 constata-se que o maior predomiacutenio textual se encontra na

classe 1 com 39 das UCEs classificadas seguida pela classe 3 com 21 O menor

predomiacutenio encontra-se na classe 2 com 10 e nas classes 4 e 5 respectivamente 12 e 18

porcento

Ainda descrevendo as classes de UCE o Programa gerou um dendograma

resultado da Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente (CHD) ilustrando a relaccedilatildeo

interclasses do corpus Eacute necessaacuterio destacar que as relaccedilotildees entre os eixos satildeo fracas

demonstrando que as cinco classes satildeo independentes ou seja os discursos dos sujeitos

quanto a SAE satildeo distintos

Classe 4

Classe 5

Classe 2

Classe 3

Classe 1

Figura 5 Dendograma do corpus das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem (SAE) organizado em cinco classes e dois eixos

Eixo 1 Eixo 2

39

10

21

12

18

105

Nesse niacutevel de anaacutelise o agrupamento de palavras de maior qui quadrado ou seja

de maior relevacircncia permitiu a conformaccedilatildeo da anaacutelise qualitativa em classes nas quais

buscou-se identificar aspectos significativos das Representaccedilotildees Sociais da SAE Foi

considerado como criteacuterio reter as palavras com miacutenimo de associaccedilatildeo agrave classe igual ou

superior a 19 de acordo com a lista de indices e seu valor em X2 qui-quadrado

A figura 6 representa o dendograma com os tiacutetulos dos eixos e das classes

juntamente com as palavras destacadas que corresponde ao poder de associaccedilatildeo das

palavras que foram mais expressivas para compor as classes

Figura 6 Dendograma com os eixos classese palavras destacadas segundo software

Alceste

Classe 4 Classe 5 Classe 2 Classe 3 Classe 1

As Dificuldades Operacionais

para a Implantaccedilatildeo

da SAE

Accedilotildees e Envolvimen-

tos para Aproximaccedilatildeo

da SAE

Praacuteticas e dinacircmicas

operacionais da

Enfermagem

A Rotina do Cuidado de

Enfermagem

A construccedilatildeo do conceito da

SAE

Falta Secretaacuteria

Coleta Correria Dados Acho

Tempo Que-se Tivesse

Muito bom Computador

Nuacutemero

Momento Aplicaccedilatildeo

Assim Porque

Ta Entatildeo

Ele Uso

Diferente Vocecirc

Maneira Paciente

Setor Experiecircncia

Centro Relatoacuterio

Nesta Periacuteodo Noturno

Natildeo Hospital

Obsteacutetrico Aqui

Dentro Box

Recebo Plantatildeo

Faculdade Exame Verifico

Emergecircncia Quadro Estatildeo

Depois Pendecircncias

Colega Solicita Dietas

Carrinho

Enfermagem Enfermeira Faculdade

Foi SAE

Curso Contato

Sei Accedilotildees

Assistecircncia Ouvi

Durante Importante

Aula

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

EIXO 2

A dimensatildeo praacutetica sobre a SAE

EIXO 1

A dimensatildeo Teoacuterica sobre a

SAE

106

Da anaacutelise de conteuacutedo emergiram dois eixos temaacuteticos o primeiro faz referecircncia

a dimensatildeo do conhecimento acerca da SAE e foi composto pela classe 1 O segundo

eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem assinala as aproximaccedilotildees e distanciamentos da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem na praacutetica cotidiana Esse eixo foi composto pelas classes 4

(Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da SAE) 5 (Accedilotildees e

envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE) 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da

enfermagem) e 3 (A rotina praacutetica do cuidado de Enfermagem) conforme demonstrado

na figura 5

Estes dois eixos contemplam os objetivos - Apontar de que modo local e

momento do percurso profissional essas representaccedilotildees foram forjadas - Identificar o

grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE - Identificar quais os aspectos

facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado

a crianccedila e Relacionar as RS apreendidas ao conhecimento e o cuidado prestado nas

clinicas de atenccedilatildeo agrave crianccedila deste estudo

44 AS DIMENSOtildeES DO CONHECIMENTO E PRAacuteTICA DA

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM Agrave CRIANCcedilA

HOSPITALIZADA

441 Eixo 1 A dimensatildeo teoacuterica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem

Classe 1- A Construccedilatildeo do Conceito da SAE

A classe 1 foi composta pelas seguintes palavras enfermagem faculdade curso

accedilotildees SAE assistecircncia e importante As palavras ldquoenfermagemrdquo ldquofaculdaderdquo e ldquocursordquo

agrupadas pelo Alceste para esta classe expressam conceitos que provavelmente

assinalam o local e o momento em que ocorreu a primeira relaccedilatildeo com a significaccedilatildeo da

sistematizaccedilatildeo da assistecircncia oferecendo sustentaccedilatildeo para a compreensatildeo deste

fenocircmeno

Pode-se inferir que o desenvolvimento das habilidades necessaacuterias para atuar no

cuidado de enfermagem iniciou durante o periacuteodo da graduaccedilatildeo sendo aprimoradas ao

longo dos anos de exerciacutecio da profissatildeo capacitando o enfermeiro a exercer um papel

107

ativo e criacutetico contribuindo de forma efetiva na tomada de decisotildees nas questotildees sociais

e institucionais (ALVES COGO 2014)

O conteuacutedo das falas indica e vincula o curso de graduaccedilatildeo em enfermagem como

elemento importante e norteador desta construccedilatildeo como sugerem os extratos

Mas nunca tinha ouvido falar de SAE fora da faculdade Foi no

curso de enfermagem nas aulas tivemos tambeacutem alguns eventos

da faculdade durante o tempo que estava estudando tipo

minicurso ou ateacute mesmo palestras que falavam sobre a SAE

(E34)

O meu primeiro contato com a SAE foi no curso de enfermagem

na faculdade foi a primeira vez que eu ouvi falar Foi nas aulas

de Evoluccedilatildeo da Enfermagem comeccedilava falando da histoacuteria da

enfermagem desde Florence e no final do semestre chegava no

conteuacutedo da SAE (E9)

Desde as mateacuterias especiacuteficas de praacutetica eacute falado e cobrado a

SAE dos alunos Sou de uma famiacutelia com muitos enfermeiros

minha matildee eacute enfermeira mas nunca antes da faculdade havia

ouvido falar na SAE (E26)

Na formaccedilatildeo moderna da enfermagem conhecimentos relacionado as concepccedilotildees

teoacutericas e filosoacuteficas da profissatildeo e estudos sobre a SAE satildeo abordados durante o periacuteodo

de graduaccedilatildeo

O processo de formaccedilatildeo do profissional enfermeiro estaacute fortemente embasado na

visatildeo transformadora com base em teorias criacuteticas que buscam sua capacitaccedilatildeo

profissional para o exerciacutecio das competecircncias gerais e especiacuteficas aleacutem de habilidades

pautadas no ponto de vista do aluno como sujeito de seu processo de formaccedilatildeo (MEIRA

KURCGANT 2016) (SOUZA MARISCAL 2016)

No periacuteodo de formaccedilatildeo profissional os estudantes de enfermagem vivenciam as

primeiras praacuteticas curriculares entrando em contato com a realidade da sauacutede brasileira

Durante essas praacuteticas eles devem utilizar o conhecimento teacutecnico-cientiacutefico abordado

anteriormente de forma teoacuterica no curso exercer atividades teacutecnicas inerentes agrave profissatildeo

e estabelecer relaccedilotildees interpessoais com os colegas e os professores o paciente e seus

familiares e os profissionais de sauacutede interagindo e atuando de forma criacutetica-reflexiva

(ALVES COGO 2014)

Este momento deve ser compreendido como um processo transformador capaz de

modificar o cotidiano dos serviccedilos de sauacutede Assim o aluno deve ser visto como um

sujeito protagonista do seu processo de ensino-aprendizagem como algueacutem que executa

108

algo aleacutem de tarefas como algueacutem que gerencia e cuida para que a partir dessas vivecircncias

no cotidiano encontre elementos motivadores no processo de ensino aprendizagem

capazes de intervir na realidade buscando novas soluccedilotildees e incitando novas formas de

cuidado (FREITAS FERREIRA 2016)

Nesse cenaacuterio o espaccedilo sala de aula desempenha papel de grande importacircncia

para a integraccedilatildeo social e a consolidaccedilatildeo das experiecircncias relacionadas agrave compreensatildeo do

cuidado sistematizado e sua relaccedilatildeo com o saberfazerser do enfermeiro Neste ambiente

acontece a construccedilatildeo destas manifestaccedilotildees a significaccedilatildeo e a ressignificaccedilatildeo destes

conceitos segundo a valorizaccedilatildeo dos sujeitos envolvidos (JODELET 2005)

Portanto experiecircncias de aprendizagem significativas e estrateacutegias de capacitaccedilatildeo

podem contribuir para mudanccedilas nas representaccedilotildees Nessa loacutegica entendendo a

representaccedilatildeo como produccedilatildeo social concretizada na accedilatildeo a interaccedilatildeo professor-aluno

pode influenciar ambos especialmente os acadecircmicos a ressignificarem e

implementarem a SAE agrave sauacutede da crianccedila

As palavras ldquoaccedilotildeesrdquo ldquoassistecircnciardquo e ldquoimportanterdquo tambeacutem elencadas entre as mais

expressivas pelo Programa Alceste para esta classe parecem expressar ligaccedilatildeo com a

construccedilatildeo do conceito da SAE jaacute que suas significaccedilotildees estatildeo associadas ao conceito

baacutesico do meacutetodo ou seja um conjunto de accedilotildees reflexivas de grande importacircncia para

os atos de enfermagem (COFEN 2009)

Sistematizar a assistecircncia eacute viabilizar a organizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem

constituindo uma abordagem eacutetica e humanizada dirigida agrave resoluccedilatildeo de problemas

atendendo agraves necessidades de cuidados de sauacutede e de enfermagem de uma pessoa

(CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)

Eacute possiacutevel inferir que os sujeitos compreendem a importacircncia da SAE para a

enfermagem enquanto profissatildeo e ciecircncia identificam seus potenciais enquanto meacutetodo

de planejamento da assistecircncia e ratificam ser esta atividade privativa do enfermeiro

A SAE eacute o trabalho do enfermeiro eacute o caminho para organizar

a assistecircncia e prestar um cuidado individualizado e

humanizado Eacute atraveacutes dela que conseguimos avaliar o

atendimento que prestamos e gerar accedilotildees baseadas na evidecircncia

do achado (E15)

Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees com

o seu cliente Assim ele consegue conhecer realmente o cliente

109

biologicamente e psicologicamente para poder traccedilar o cuidado

necessaacuterio (E21)

Sei que o enfermeiro deve fazer para todos os clientes ela deve

acontecer em todos os dias de internaccedilatildeo ou contato com o

cliente Eacute um norte para as nossas accedilotildees (E14)

O estudo sobre a SAE no Brasil mereceu destaque somente no final de 1980

quando o Decreto ndeg 9440687 que regulamenta a Lei 749886 do Exerciacutecio Profissional

de Enfermagem no paiacutes reforccedilado pela Resoluccedilatildeo 3582009 do Conselho Federal de

Enfermagem (COFEN) dispocircs sobre a implementaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem (SAE) e a institui como atividade privativa do enfermeiro

O discurso dos entrevistados vislumbra o desenvolvimento da SAE agrave organizaccedilatildeo

do trabalho da enfermagem associando o desenvolvimento do processo a praacuteticas

individualizadas e exitosas Estas representaccedilotildees se aproximam dos resultados de outra

pesquisa em que os enfermeiros envolvidos indicam que aplicar um meacutetodo de prestaccedilatildeo

de cuidados favorece a obtenccedilatildeo de resultados satisfatoacuterios aleacutem de reduzir as

complicaccedilotildees durante o tratamento (CUNHA BARROS 2005)

O uso do meacutetodo requer o pensamento criacutetico do profissional que deve estar

focado nos objetivos e voltado para os resultados de forma a atender as necessidades do

paciente e de sua famiacutelia exigindo constante atualizaccedilatildeo habilidades e experiecircncia

sendo orientado pela eacutetica e padrotildees de conduta (SILVA OLIVEIRA NEVES

GUIMARAtildeES 2011)

Portanto eacute um modo de exercer a profissatildeo com autonomia baseada nos

conhecimentos teacutecnico-cientiacuteficos no qual a categoria vem trabalhando e se

desenvolvendo nas uacuteltimas deacutecadas

Observa-se tambeacutem que para os sujeitos o conceito de cuidado apresenta-se

associado aos procedimentos e intervenccedilotildees de enfermagem desenvolvidas

cotidianamente demonstram tambeacutem compreender que a aplicaccedilatildeo da SAE eacute importante

para direcionar este fazer

No conteuacutedo das falas tambeacutem foi possiacutevel apreender que o conhecimento

relacionado agrave operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo eacute vigorante Os entrevistados conhecem as

fases do processo de enfermagem e compreendem como os diagnoacutesticos satildeo elaborados

Eacute baseado na Teoria de Wanda Horta sendo formado por fases

ligadas que te direcionam para uma assistecircncia correta (E2)

110

Ela eacute composta de fases que satildeo interligadas e geram potencial

para lidar com condiccedilotildees de doenccedila e riscos (E22)

A SAE eacute um meacutetodo constituiacutedo de fases Coleta de dados

diagnoacutestico de enfermagem planejamento prescriccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo Eacute desenvolvida pelo enfermeiro para todo cliente que

ele tem contato (E18)

Eacute com base nos dados coletados que a avaliaccedilatildeo do paciente eacute

feita entatildeo observamos se existe algum diagnoacutestico utilizando o

NANDA aiacute estabelecemos metas de pequeno meacutedio e longo

prazo para depois prescrevemos cuidado (E25)

Os diagnoacutesticos que construiacutemos datildeo credibilidade para o meu

trabalho pois mostra que a accedilatildeo que eu estou desenvolvendo eacute

baseada em achados cientiacuteficos (E36)

Para Alfaro-Levefre (2000) o meacutetodo atraveacutes do qual a estrutura teoacuterica da

enfermagem eacute aplicada agrave praacutetica eacute apresentado em cinco fases investigaccedilatildeo diagnoacutestico

de enfermagem planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo De acordo com o referencial

teoacuterico utilizado pela instituiccedilatildeo a implementaccedilatildeo da SAE atraveacutes do PE pode ser

desenvolvida variando de quatro ateacute seis fases interligadas

Eacute necessaacuterio que toda a equipe de enfermagem envolvida no processo de

implementaccedilatildeo dessa metodologia saiba quais passos deve seguir e principalmente

como cada um destes deve ser implementado em sua praacutetica diaacuteria (AMANTE

ROSSETO SCHNEIDER 2009)

O PE nos dois hospitais dessa pesquisa estaacute ancorado no referencial teoacuterico das

Teoria das Necessidades Humanas Baacutesicas de Wanda de Aguiar Horta (1979) e

desenvolvem o processo de enfermagem em 5 fases Histoacuterico Diagnoacutestico

Planejamento de Metas Prescriccedilatildeo e Prognoacutestico com auxiacutelio de um software

Este software possibilita a normatizaccedilatildeo de todo o processo de transcriccedilatildeo das

informaccedilotildees de enfermagem em prontuaacuterio eletrocircnico visa possibilitar a construccedilatildeo de

um banco de informaccedilotildees rotineiras pelo enfermeiro que estaacute habilitado atraveacutes de senha

disponibilizada pela gerencia de enfermagem Este software esta estruturado de forma

que obriga o lanccedilamento das informaccedilotildees relacionadas ao atendimento de enfermagem

impossibilitando a mudanccedila de fase ou a finalizaccedilatildeo do processo sem que a etapa anterior

esteja preenchida

Acrescento que na execuccedilatildeo deste programa pelo menos algumas informaccedilotildees

precisam ser escritas pelo enfermeiro habilitado para que abra-se a proacutexima paacutegina para

111

preenchimento Desta forma o enfermeiro natildeo tem acesso a paacutegina de diagnoacutestico sem

antes preencher a paacutegina de histoacuterico e assim sucessivamente

Pode-se deduzir que em virtude deste recurso de operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo os

discursos dos enfermeiros revelem unanimidade ao associaacute-lo a praacutetica sistemaacutetica com

fases interligadas e obrigatoacuterias Esse resultado assemelha-se aos estudos de Nascimento

et al (2008) Lopes e Jorge (2008) e Ledesma-Delgado e Mendes (2009) que igualmente

reconheceram que as accedilotildees do PE estatildeo centralizadas nas regras estabelecidas pelas

instituiccedilotildees seguindo normas e rotinas preconizadas por estes estabelecimentos em

detrimento do cuidado centrado na especificidade do cliente

Divergente deste achado tese desenvolvida por Neves (2010) indicou que no

processo de desenvolvimento do PE a etapa de diagnoacutestico geralmente eacute desvalorizada

Assim o enfermeiro executa o Histoacuterico a Evoluccedilatildeo e a Prescriccedilatildeo desconsiderando os

Diagnoacutesticos de Enfermagem dos clientes baseando-se nos diagnoacutesticos meacutedicos para

completar as etapas anteriormente realizadas

Na concepccedilatildeo do grupo as representaccedilotildees sociais associadas ao Diagnoacutestico de

Enfermagem satildeo relativas aos benefiacutecios que esta fase traz a profissatildeo estabelecendo um

caminho para a autonomia e uma ligaccedilatildeo com a ciecircncia do cuidado Neves (2010)

acrescenta que eacute importante que o enfermeiro compreenda as formas de identificaccedilatildeo de

problemas baseados em modelos praacuteticos que possam ser aplicados a realidade e que

configurem resultados positivos na assistecircncia de Enfermagem

Nos discursos os enfermeiros participantes tambeacutem identificam a SAE como

forma de comunicaccedilatildeo entre as equipes de sauacutede e a associam agrave qualidade do cuidado e

agrave reduccedilatildeo de riscos Este resultado segue em consonacircncia com os elementos constitutivos

do sistema perifeacuterico da RS ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as falas do

grupo se ancoram na visatildeo politicamente correta dos aspectos que envolve a SAE e as

praacuteticas de cuidado de enfermagem se aproximando dos debates teoacutericos do assunto

Eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Eacute como a enfermagem registra

suas accedilotildees no prontuaacuterio uma forma de dizer estivemos neste

plantatildeo (E9)

Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees do

cliente e depois registrar no prontuaacuterio Desta forma toda equipe

tem conhecimento da condiccedilatildeo de sauacutede do cliente (E4)

A SAE eacute muito importante para o dia a dia da enfermagem eacute

uma forma de oferecer uma assistecircncia de qualidade longe de

riscos e valorizando o cliente (E26)

112

Atraveacutes deste processo a enfermagem consegue traccedilar accedilotildees que

precisam ser desenvolvidas para levar o cliente a homeostasia

(E8)

A SAE eacute um instrumento utilizado pela enfermagem para

planejar o cuidado Atraveacutes deste processo a enfermagem

consegue traccedilar accedilotildees que precisam ser desenvolvidas para

levar o cliente ao bem-estar fiacutesico psicoloacutegico e espiritual (E22)

A SAE foi compreendida pelos enfermeiros participantes como importante

requisito para a documentaccedilatildeo e registro da assistecircncia desenvolvida Esse registro foi

considerado essencial para o desenvolvimento do plano de cuidados agregando

significados que conduzem as praacuteticas do enfermeiro Para Matsuda e colaboradores as

informaccedilotildees a respeito dos clientes devem ser claras objetivas frequentes e completas

de modo que possibilite o monitoramento a avaliaccedilatildeo e o (re) planejamento global e

contiacutenuo dos cuidados (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)

O que foi coletado e identificado sobre o cuidado necessita ser registrado A

ausecircncia de registros e anotaccedilotildees relativas ao cuidado prestado colabora para a deficiecircncia

na continuidade da assistecircncia

Nessa perspectiva as falas dos enfermeiros fortalecem a visatildeo de burocratizaccedilatildeo

da assistecircncia prestada sobre esta abordagem Neves (2010) esclarece que a valorizaccedilatildeo

dos registros tem por base alguns significados pois asseguram o controle e a

burocratizaccedilatildeo do cuidado reforccedilando o modelo biomeacutedico de assistecircncia ao cliente

centrado nas praacuteticas de cuidado com o corpo e natildeo com o indiviacuteduo

Outro aspecto que emergiu nesta classe sugere que a SAE significa o meio que

favorece a qualidade da assistecircncia de enfermagem sendo um instrumento de grande

importacircncia para a praacutetica profissional do enfermeiro representando a ferramenta que

daraacute suporte para a aproximaccedilatildeo de uma prestaccedilatildeo de cuidados respeitando as

especificidades do cliente

O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao

cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste

garante a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do

pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia porque norteia as accedilotildees

(ANDRADE VIEIRA 2005)

Percebe-se na fala dos enfermeiros que a finalidade de implantaccedilatildeo da SAE nas

instituiccedilotildees investigadas foi organizar o cuidado a partir da adoccedilatildeo de um meacutetodo

113

sistemaacutetico proporcionando ao enfermeiro a (re)definiccedilatildeo do seu espaccedilo de atuaccedilatildeo A

aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a possibilidade da

prestaccedilatildeo de cuidados individualizados centrada nas necessidades humanas baacutesicas e

aleacutem de ser aplicado agrave assistecircncia pode nortear tomadas de decisatildeo em diversas situaccedilotildees

vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de enfermagem

(ANDRADE VIEIRA 2005)

Deste modo pode-se inferir que as RS acerca da SAE evidenciadas nesse eixo

indicam que a construccedilatildeo do saber e a aplicabilidade da SAE foram forjados inicialmente

durante a graduaccedilatildeo de enfermagem Entre os entrevistados parecer haver consenso

acerca da importacircncia do processo de enfermagem para a qualificaccedilatildeo do cuidado a ser

prestado

442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem

O segundo eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem eacute responsaacutevel por descrever as aproximaccedilotildees e os

distanciamentos da SAE no cuidado cotidiano agrave crianccedila hospitalizada Esse eixo foi

composto pelas classes 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem) 3 (A rotina

praacutetica do cuidado de Enfermagem) 4 (Desvelando as dificuldades operacionais para a

implantaccedilatildeo da SAE) e 5 (Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE)

Classe 2 Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem

A classe 2 nomeada Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem foi

composta pelas seguintes palavras ldquosetorrdquo ldquoexperiecircnciardquo ldquocentrordquo ldquorelatoacuteriordquo ldquoplantardquo

ldquoexamerdquo e ldquoquadrordquo estas palavras correspondem agraves atividades praacuteticas de enfermagem

ou seja as palavras fazem menccedilatildeo aos processos vinculados agrave rotina assistencial dos

setores como ocorre agrave conduccedilatildeo do trabalho dos enfermeiros e como as praacuteticas satildeo

planejadas

A organizaccedilatildeo do processo de trabalho constitui um dos meios que o enfermeiro

utiliza para alcanccedilar o seu objetivo final a praacutetica de um cuidado seguro e de qualidade

(CHRISTOVAM PORTO OLIVEIRA 2012) A Lei Nordm 749886 que regulamenta o

exerciacutecio dos profissionais de enfermagem explicita em seu art 11 que a organizaccedilatildeo o

114

planejamento a coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo dos serviccedilos da assistecircncia de

enfermagem satildeo responsabilidades privativas do enfermeiro

A SAE eacute um meio para organizar a assistecircncia ela incorpora instrumentos que

devem ser utilizados no trabalho gerencial fortalecendo o planejamento a tomada de

decisotildees comunicaccedilatildeo lideranccedila a administraccedilatildeo a educaccedilatildeo permanente etc

Ressalta-se que a gestatildeo do cuidado envolve a dialoacutegica entre o saber-fazer

gerenciar e o cuidar A articulaccedilatildeo dessas duas dimensotildees deve permitir ao enfermeiro

organizar a rotina de acordo com as necessidades de sauacutede do indiviacuteduo e por meio de

accedilotildees gerenciais promover a melhoria da assistecircncia prestada (VITURI EacuteVORA 2015)

Os fragmentos dos discursos dos enfermeiros se afastam desta proposta dialoacutegica

evidenciando que o cuidado desenvolvido nas cliacutenicas eacute uma praacutetica desarticulada de um

referencial metodoloacutegico natildeo acontecendo ou acontecendo de forma seletiva para alguns

pacientes

Natildeo utilizamos a SAE na sala de parto natildeo tenho uma rotina

relacionada agrave SAE Geralmente faccedilo meu relatoacuterio para cada

cliente que tem alta tento ser bem descritiva nas accedilotildees que

aconteceram aqui relato todas as intercorrecircncias mas natildeo

temos neste setor o processo de enfermagem (E21)

Neste setor soacute acontece a SAE se o paciente tambeacutem fizer parte

da comissatildeo de curativo se natildeo fizer parte fazemos um pequeno

relatoacuterio no formato SOAP e soacute (E8)

Natildeo natildeo tenho a SAE aqui Jaacute passei por vaacuterios setores deste

hospital Faccedilo geralmente a SAE dos pacientes mais criacuteticos

(E11)

Aqui na sala de Parto o bicho pega de verdade Acho que utilizei

a SAE mesmo durante a faculdade Natildeo consigo visualizar a

diferenccedila do meu trabalho com ou sem a SAE (E6)

Os conteuacutedos apreendidos nas falas dos participantes denotam ecircnfase na

intensidade das atividades desenvolvidas por plantatildeo levando a compreender que a alta

demanda de accedilotildees e o tempo satildeo as causas do natildeo desenvolvimento ou do

desenvolvimento parcial do cuidado sistematizado Observa-se que o cuidado eacute

desenvolvido cotidianamente poreacutem sem planejamento retratando a ideia de que os

sujeitos valorizam mais as praacuteticas e decisotildees relacionadas agrave gestatildeo imediata das

115

demandas do setor sem o uso da SAE provavelmente por entenderem que o uso dela

atrasaria o processo de trabalho

Outros estudos tambeacutem levantaram como dificuldades enfrentadas por

enfermeiros a implantaccedilatildeo da SAE o nuacutemero reduzido de profissionais de enfermagem

a falta de credibilidade dos teacutecnicos de enfermagem frente agrave SAE a sobrecarga de

trabalho do enfermeiro o tempo e a falta de motivaccedilatildeo profissional (GONCcedilALVES et

al 2007) (MEDEIROS SANTO CABRAL 2013) (NEVES 2010)

Alguns autores classificam em dois niacuteveis os desafios para a trajetoacuteria de

construccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede o primeiro eacute institucional e trata da organizaccedilatildeo

e articulaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede o nuacutemero de enfermeiros a valorizaccedilatildeo por parte da

administraccedilatildeo da instituiccedilatildeo bem como os indicadores de resultado da assistecircncia No

segundo niacutevel encontram-se aqueles relacionados ao profissional e dizem respeito agrave base

cientiacutefica e conhecimentos requeridos habilidades e atitudes pautadas no compromisso

eacutetico na responsabilidade e no assumir o cuidar do ser humano (CASTILHO RIBEIRO

CHIRELLI 2009) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

A natildeo utilizaccedilatildeo da SAE pelos profissionais deve-se ao distanciamento entre o

pensar e o fazer entre teoria e praacutetica principalmente por natildeo haver uma preocupaccedilatildeo

maior com a qualidade da assistecircncia e sim com a demanda do serviccedilo (KLETEMBERG

MANTOVANI LACERDA 2004)

Considerando a sobrecarga de atividades e o escasso tempo os enfermeiros

investigados acabam por selecionar quais satildeo as crianccedilas internadas merecedores de uma

abordagem integral e individualizada Eacute importante ressaltar que a qualidade da atenccedilatildeo

agrave sauacutede articula-se agrave questatildeo da responsabilidade social dos profissionais de sauacutede e dos

serviccedilos para com os seus clientes e estaacute sob a influecircncia direta de variaacuteveis carregadas

de subjetividade daiacute urge a necessidade de decisotildees fortalecidas na rigorosidade da

ciecircncia Como fazer a escolha correta Como prever o desfecho de um quadro clinico sem

a devida avaliaccedilatildeo e planejamento

A implementaccedilatildeo de um meacutetodo cientiacutefico aprimora todos os aspectos da praacutetica

de enfermagem angariando respeito profissional assegurando documentaccedilatildeo

consistente representando o julgamento preciso e profissional dos enfermeiros cliacutenicos

contribuindo deste modo para a seguranccedila do paciente por meio da integraccedilatildeo de uma

terminologia baseada em evidecircncias para a praacutetica cliacutenica e a tomada de decisatildeo

(LUNNEY 2012) (BACKES KOERICH NASCIMENTO ERDMANN 2013)

116

O descaso com o emprego sistemaacutetico do diagnoacutestico das accedilotildees intervenccedilotildees e

resultados de enfermagem pode resultar em ausecircncia de visibilidade e de reconhecimento

profissional aleacutem de poder acarretar ausecircncia ou dificuldade de avaliaccedilatildeo de sua praacutetica

e importacircncia como profissatildeo (GARCIA NOacuteBREGA 2004)

As praacuteticas desenvolvidas pelos enfermeiros estudados estatildeo em discordacircncia com

uma grande corrente de pensadores da enfermagem que veem trabalhando com o intuito

de normatizar e universalizar a linguagem dos sistemas de classificaccedilatildeo da praacutetica do

cuidado evidenciando seus elementos atraveacutes do processo de enfermagem por considerar

esta accedilatildeo importante agrave profissatildeo (NOacuteBREGA GARCIA 2005)

Florecircncio (2009) afirma que somente haveraacute a implantaccedilatildeo da SAE nas

instituiccedilotildees se os enfermeiros se conscientizarem da importacircncia destes cuidados e

tiverem a iniciativa e as condiccedilotildees necessaacuterias para que esta seja implantada em seu local

de trabalho

Eacute preciso dedicaccedilatildeo e tempo para sua aplicaccedilatildeo aperfeiccediloamento soluccedilotildees de

problemas tomada de decisotildees para que a enfermagem consiga atingir suas metas e

promover um cuidado com este cliente (LEFEVRE 2000)

O que causa certo estranhamento eacute verificar no discurso do grupo social a

referecircncia agrave natildeo diferenciaccedilatildeo nos resultados do cuidado de enfermagem prestado de

forma sistematizada e natildeo sistematizada

Estudo sobre a anaacutelise do processo de implantaccedilatildeo da SAE identificou que o

processo de enfermagem quando natildeo eacute operacionalizado resulta em um plano de

cuidados generalizado Dessa maneira natildeo importam as individualidades e necessidades

de cada caso tornando-se apenas uma atividade burocraacutetica centrada nas praacuteticas de

cuidado com o corpo e natildeo no indiviacuteduo (NEVES 2010)

Embora a Resoluccedilatildeo COREN 2722002 tenha estipulado a obrigatoriedade da

SAE em todas as instituiccedilotildees de sauacutede percebe-se que isto natildeo eacute a realidade do grupo

social estudado a aplicabilidade da SAE ainda representa um grande desafio pois existe

conhecimento do assunto por parte do enfermeiro faltando a iniciativa em introduzir o

meacutetodo na praacutetica cotidiana

As RS desta classe desqualificam a SAE como meio de organizaccedilatildeo do cuidado e

satildeo discordantes das representaccedilotildees encontradas no eixo 1 desta pesquisa Da mesma

forma tambeacutem se afastam da estrutura perifeacuterica anteriormente representada pelo grupo

sobre a SAE atraveacutes das palavras ldquoplanejamentordquo ldquoqualidaderdquo ldquocomprometimentordquo

117

ldquoresponsabilidaderdquo A aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado agrave qualidade da assistecircncia

visiacutevel nas falas do eixo que aborda a dimensatildeo teoacuterica da SAE eacute discrepante das accedilotildees

desenvolvidas na classe dois do eixo 2 onde eacute trabalhado a dimensatildeo praacutetica do cuidado

fortalecendo dissonacircncia entre a teoria e a praacutetica para este grupo

Eacute possiacutevel que a cultura interna do serviccedilo direcione as praacuteticas e atividades

diaacuterias considerando o fluxo dos atendimentos prioritaacuterios tendo por base a rotina de

trabalho Desta forma os processos necessaacuterios para atingir as demandas do tratamento

meacutedico e dos requisitos administrativos ligados a gestatildeo da unidade e do hospital

acontecem dando a sensaccedilatildeo ao profissional de enfermagem de dever cumprido poreacutem

muito distante de uma proposta autocircnoma fortalecida em conhecimento

Classe 3 A rotina do cuidado de enfermagem

Nesta classe satildeo descritas as praacuteticas e rotinas assistenciais dos campos de estudo

ou seja a maneira como o cuidado eacute prestado agrave clientela As palavras que ganharam

destaque nas falas dos sujeitos foram ldquorecebordquo ldquoplantatildeordquo ldquoexamerdquo ldquoemergecircnciasrdquo e

ldquopendecircncias - palavras estas que associadas aos estratos das falas aproximam o cuidado

prestado a um forte potencial mecanicista pouco individualizado para as necessidades da

crianccedila

No que tange agraves praacuteticas e agrave rotina dos setores de atendimento agrave crianccedila foi

possiacutevel apreender que haacute uma grande preocupaccedilatildeo dos enfermeiros em atenderem as

demandas da unidade de internaccedilatildeo e as solicitaccedilotildees meacutedicas Esse fato pode estar

atrelado a cultura existente de que os cuidados de enfermagem representam accedilotildees que

visam auxiliar as prescriccedilotildees meacutedicas

Com a equipe de meacutedicos e residentes recebo o plantatildeo quando

tem acadecircmico de enfermagem ele tambeacutem participa Faccedilo

primeiro as coisas que tem prazo ou que satildeo de urgecircncia depois

passo para as atividades privativas faccedilo curativo passo sondas

pics depois evoluo as crianccedilas e faccedilo as admissotildees (E5)

Recebo o plantatildeo confiro o senso dos pacientes tento organizar

o espaccedilo solicito os exames necessaacuterios faccedilo os

direcionamentos faccedilo os procedimentos tipo sondas curativos

eletros e depois vou atendendo os pacientes sem parar (E40)

Recebo o plantatildeo da colega e vou logo tentando organizar os

prontuaacuterios segundo a rotina dos meacutedicos da unidade cada um

chega em um horaacuterio entatildeo vou organizando as preacute-consultas

de forma a atender a todos (E34)

118

Nightingale a percussora da enfermagem moderna preconizava que as enfermeiras

deveriam estar submetidas a uma forte organizaccedilatildeo disciplinar cuja finalidade exclusiva

era capacitaacute-las para a execuccedilatildeo inteligente das tarefas ordenadas pelos meacutedicos

constituindo assim toda a praacutetica de enfermagem A boa enfermeira deveria trazer em

seu exerciacutecio diaacuterio a aproximaccedilatildeo de adjetivos como disciplina obediecircncia e a

subserviecircncia tanto nas accedilotildees assistenciais como nas relaccedilotildees enfermagemmedicina

(LUNARDI 2004) (ANDRADE 2007)

Para considerar a afirmativa anterior eacute preciso entender que para os padrotildees

sociais da eacutepoca e para a aplicaccedilatildeo do modelo biomeacutedico nos hospitais o conhecimento

meacutedico era o uacutenico vaacutelido por ser considerado cientiacutefico desvalorizando o cuidado de

enfermagem que era destinado agrave manutenccedilatildeo e promoccedilatildeo da vida percebidos como

secundaacuterios menores sem importacircncia significativa valor econocircmico ou cientiacutefico

(PADILHA et al1997) (ANDRADE 2007) A assistecircncia de enfermagem se resumia

em dar o remeacutedio na hora certa cuidar do asseio dar alimentaccedilatildeo fazer companhia

auxiliar o paciente na ocasiatildeo das necessidades e cuidar dos mortos (PADILHA et

al1997)

Alguns profissionais permanecem com suas visotildees arraigadas num modelo

tecnicista de assistecircncia no qual os procedimentos teacutecnicos imperam sobre os aspectos

cognitivos de atenccedilatildeo Assim o conceito de cuidado para alguns profissionais ainda

persiste baseado no modelo biomeacutedico em que cuidar eacute reconhecido apenas com o fazer

objetivo O que natildeo eacute cuidado direto natildeo eacute considerado por alguns como cuidado mesmo

que supra a necessidade apresentada pelo familiar naquele momento (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Tal loacutegica tecnoburocraacutetica centrada no modelo biomeacutedico vigente engessa o

cuidado intervencionista pautado predominantemente em teacutecnicas que isolam o cliente

de forma passiva no leito tratando-o como receptor de protocolos e procedimentos

teacutecnicos invasivos e natildeo invasivos

De acordo com Nunes (1999) os profissionais enfermeiros em geral apresentam-

se enfeiticcediladas pelo poder que aparentemente a tecnologia lhes concede Deste modo

muitas vezes sua praacutetica se direciona essencialmente para o exerciacutecio teacutecnico

distanciando-se portanto dos valores morais e poliacuteticos imbuiacutedos no cotidiano de

trabalho Nesta direccedilatildeo Kletemberg Mantovani e Lacerda (2004) lembram que agindo

119

assim os enfermeiros se afastam da anaacutelise criacutetica de sua realidade e mantecircm-se na

neutralidade rotineira de execuccedilatildeo de procedimentos

A enfermagem possui um conjunto de ideias e modos de atuar que constituem o

conhecimento o saber em que se baseia sua prestaccedilatildeo de serviccedilo agrave sociedade Na deacutecada

de 50 do seacuteculo XX as enfermeiras passaram a enfatizar a aplicaccedilatildeo de princiacutepios

cientiacuteficos em seus procedimentos aumentando as reflexotildees sobre a necessidade de se

desenvolver um corpo de conhecimento especiacutefico que pudesse conferir identidade e

autonomia agrave profissatildeo A elaboraccedilatildeo dos modelos conceituais e teorias de enfermagem

objetivam descrever e caracterizar os componentes dos fenocircmenos que lhe satildeo

pertinentes e cuja finalidade eacute explicar elucidar e interpretar ou seja dizer o significado

e o porquecirc dos fatos e suas relaccedilotildees (GEOVANINI 2002)

A enfermagem atual acredita ser obrigaccedilatildeo de cada profissional de sua equipe

contribuir para o crescimento e a renovaccedilatildeo dos conhecimentos de sua aacuterea Em seu agir

tem de observar e criticar a eficiecircncia dos meacutetodos e teacutecnicas que utiliza Um corpo de

conhecimentos e procedimentos teoricamente organizados sistematizados e sempre

reformulados se constitui em base segura para a accedilatildeo eficiente (SOUZA 1988)

(ANDRADE VIEIRA 2005)

A SAE enquanto processo organizacional eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o

desenvolvimento de meacutetodosmetodologias interdisciplinares e humanizadas de cuida-

do As metodologias de cuidado sejam quais forem as suas denominaccedilotildees representam

atualmente uma das mais importantes conquistas no campo assistencial da enfermagem

(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008)

Dessa forma pode-se inferir que o grupo social entrevistado manteacutem

comportamentos em relaccedilatildeo ao cuidado das crianccedilas hospitalizadas que reforccedilam o antigo

paradigma de cuidado centrado na doenccedila na realizaccedilatildeo de procedimentos sob as ordens

meacutedicas fortemente biologicista Natildeo se identificou menccedilatildeo agrave consulta de enfermagem

ou a procedimentos especiacuteficos da enfermagem em pediatria como por exemplo o uso

do brinquedo terapecircutico ou da Escala Analoacutegica de Dor que conferem autonomia ao

cuidado

Observa-se tambeacutem grande preocupaccedilatildeo na realizaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos

Existe um envolvimento do enfermeiro em atividades que poderiam ser delegadas a

secretaacuteria da unidade ou a outro membro da equipe como por exemplo o agendamento

de exames Delegar a outros membros da equipe essas atividades que natildeo satildeo exclusivas

120

do enfermeiro propiciaria maior tempo para as atividades privativas como por exemplo

a consulta de enfermagem

Natildeo se pode negligenciar a importacircncia das teacutecnicas hospitalares muitas satildeo

indispensaacuteveis para a manutenccedilatildeo da vida para favorecer o restabelecimento do fiacutesico

Poreacutem este tipo de intervenccedilatildeo privilegiando a assistecircncia curativa torna-se cara para o

hospital e natildeo resolve as causas dos problemas de sauacutede que na maioria das patologias

poderia ser evitado ou controlado com mudanccedilas estruturais nos modos de agir e viver o

qual a vertente subjetiva da enfermagem poderia alcanccedilar atraveacutes da SAE

O enfermeiro eacute fundamental na engrenagem de uma instituiccedilatildeo de sauacutede No

ambiente hospitalar ele eacute o responsaacutevel pelo gerenciamento da maior equipe de

profissionais da aacuterea de sauacutede necessitando desenvolver habilidades que favoreccedilam a

conduccedilatildeo equilibrada de um grupo heterogecircneo transmitindo seguranccedila na tomada de

decisotildees (RIBEIRO SANTOS MEIRA 2006)

A lideranccedila eacute uma das habilidades que inevitavelmente o enfermeiro deveraacute

desenvolver independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais Entende-se como

lideranccedila um fenocircmeno grupal onde a influecircncia de um indiviacuteduo sobre os demais eacute

compartilhada entre os membros de um grupo envolvendo a relaccedilatildeo interpessoal a

comunicaccedilatildeo e culminando com o trabalho em equipe (SIMOtildeES FAacuteVERO 2003) Com

a lideranccedila o enfermeiro eacute capaz de fomentar as capacidades e potencialidades de cada

membro do grupo estimulando o trabalho em equipe e desta forma distribuindo as

atividades segundo a competecircncia e habilidades dos membros da equipe (CARDOSO

RAMOS DrsquoINNOCENZO 2011)

Pode-se deduzir no discurso dos enfermeiros que as rotinas as atividades do

plantatildeo aparentemente acontecem cumprindo os prazos a serem vencidos e os

atendimentos prioritaacuterios Natildeo foi possiacutevel apreender nas falas e existecircncia de um

planejamento assistencial de meacutedio e longo prazo tanto administrativo quanto

assistencial ou a delegaccedilatildeo de atividades

Dessa forma Ledesma-Delgado e Mendes (2009) acreditam que na estrutura

hospitalar as accedilotildeesinteraccedilotildees de cuidado do enfermeiro seguem rotinas padronizadas e

funccedilotildees instituiacutedas pelo meio mostrando-se elementos direcionadores da assistecircncia As

falas dos enfermeiros participantes sugerem priorizaccedilatildeo das atividades do dia essenciais

para tocar o plantatildeo

121

O processo de trabalho dos enfermeiros participantes remete sobretudo ao

cuidado com foco nos procedimentos teacutecnicos Sua ampliaccedilatildeo de modo a abarcar a

interaccedilatildeo profissional-cliente no contexto histoacuterico-social da relaccedilatildeo e da vida do paciente

coloca-se como um projeto possiacutevel mas em grande parte ainda por ser construiacutedo

(MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Esta condiccedilatildeo ainda eacute intensa no cenaacuterio da

sauacutede em virtude da manutenccedilatildeo do modelo biomeacutedico de atenccedilatildeo agrave sauacutede

Neste contexto as contribuiccedilotildees da enfermagem caracterizam-se como

sustentaccedilotildees das praacuteticas meacutedicas Compotildeem assim um trabalho complementar que

reforccedila a hegemonia meacutedica favorecendo o reconhecimento social do segundo em

detrimento do primeiro (SALVADOR et al 2015)

No iniacutecio do plantatildeo eu verifico se toda a unidade esta

organizada faccedilo a divisatildeo dos consultoacuterios de acordo com as

especialidades Faccedilo um check-up verificando se nada estaacute

faltando desde lacircmpadas ateacute os instrumentos para os exames

meacutedicos divido os funcionaacuterios por alas (E9)

Entatildeo eu organizo o espaccedilo deixo a equipe preparada para o

trabalho Faccedilo o acompanhamento da evoluccedilatildeo de todas as

mulheres do preacute-parto quando esta quase para nascer chamo o

plantonista ou o residente (E34)

Chego no meu plantatildeo observo o quadro de cirurgias faccedilo a

escala dos funcionaacuterios para o plantatildeo resolvo as necessidades

de materiais e protocolos organizo o quadro de cirurgias a

equipe meacutedica aqui eacute muito exigente (E13)

Nas falas emergem equiacutevocos sobre o real significado do cuidar indicando a

necessidade de revisar e transformar a praacutetica e consequentemente o papel do

profissional de enfermagem no sentido de imprimir nova caracteriacutestica agrave sua atuaccedilatildeo

para garantir o reconhecimento do cuidado de enfermagem

Quanto agrave concepccedilatildeo do cuidado este deve ir muito aleacutem da oferta de

procedimentos e teacutecnicas de enfermagem agrave crianccedila Sua definiccedilatildeo ainda eacute amplamente

debatida entre profissionais de sauacutede posto que enquanto alguns o consideram sinocircnimo

de assistecircncia outros o descrevem como essecircncia da profissatildeo (NEVES 2010)

Entretanto todas as correntes convergem que para a sua efetivaccedilatildeo eacute necessaacuterio o

conhecimento sobre o outro envolvendo relacionamento interpessoal e baseando-se na

122

cooperaccedilatildeo muacutetua a partir de valores humaniacutesticos e conhecimento cientiacutefico

(ZEFERINO et al2008)

Um cuidado autecircntico acontece quando profissionais da enfermagem respondem

agraves necessidades de seus clientes e agem responsavelmente ajudando a desenvolver

restaurar ou desenvolver o cuidado de si na melhor maneira possiacutevel Ao agir assim os

clientes natildeo satildeo apenas ajudados a lidarem e a enfrentarem a doenccedila e a incapacidade

mas satildeo encorajados e empoderados a continuarem em sua busca pela plenitude humana

(WALDOW 2015)

Faz-se preciso superar o modelo hegemocircnico vigente e ressignificar o cuidado a

forma de cuidar construindo conjuntamente o plano terapecircutico entre o ser cuidado os

cuidadores os familiares e os profissionais envolvidos (ZEFERINO et al2008)

As praacuteticas assistenciais que emergiram nos estratos estatildeo distantes das

encontradas no nuacutecleo central da RS ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo que apontam a

cientificidade como um aspecto estruturador do fazer do enfermeiro Este posicionamento

se afasta das discussotildees travadas nos espaccedilos acadecircmicos sugerindo novamente um

abismo entre a dimensatildeo teoacuterica do cuidado e a dimensatildeo praacutetica

Percebe-se que o saber da enfermagem fica limitado a discussotildees fechadas nos

cursos e programas de formaccedilatildeo O saber teoacuterico dissociado do fazer praacutetico contribui

para perpetuaccedilatildeo do modelo biomeacutedico e reforccedila o papel social da enfermagem como

ajudante de meacutedico o que prejudica o reconhecimento social do enfermeiro

O cuidado de enfermagem aplicado a partir do conhecimento cientiacutefico e natildeo

somente originado da prescriccedilatildeo meacutedica soacute eacute possiacutevel mediante a sistematizaccedilatildeo da

assistecircncia de enfermagem como ponto essencial na cientificidade de nossa praacutetica e na

evoluccedilatildeo da profissatildeo Esta provavelmente eacute a uacutenica possibilidade do enfermeiro atingir

sua autonomia profissional e constitui a essecircncia de sua praacutetica profissional (ANDRADE

2007)

Dessa forma as falas confirmam que a ampla visatildeo sobre as praacuteticas de

enfermagem que o enfermeiro possui pelas competecircncias que adquire no envolvimento

iacutentimo com o paciente enquanto ser de necessidade seu nuacutecleo social e suas relaccedilotildees

com o ambiente tornam-se limitadas e invisiacuteveis ao processo (NEVES 2010)

(SALVADOR et al 2015)

A praacutetica de enfermagem nos setores da pesquisa eacute composta por grupos de

profissionais de diversas especialidades com distintas atribuiccedilotildees que convergem para

123

um objetivo comum que eacute o bem-estar do paciente Foi possiacutevel deduzir que os princiacutepios

que orientam as praacuteticas assistenciais agrave crianccedila da equipe de enfermagem satildeo constituiacutedos

pelo cumprimento das demandas instituiacutedas pelo corpo meacutedico para determinado

paciente

Outro aspecto observado nas falas foi agrave insatisfaccedilatildeo dos enfermeiros com os

desdobramentos da aplicabilidade da SAE nos setores Os sentimentos de insatisfaccedilatildeo

ratificam os resultados de estudo em que enfermeiros justificaram o preenchimento

incompleto do histoacuterico de enfermagem com a falta de checagem das prescriccedilotildees de

enfermagem pelos teacutecnicos e com a alegaccedilatildeo da falta de conhecimento do funcionamento

do processo de enfermagem (NEVES 2010)

Ter um impresso especiacutefico bem dividido ajuda na hora de

dar continuidade na coleta de dados Mas ela [SAE]

precisa ter um espaccedilo maior na instituiccedilatildeo para que ela

possa representar algo Na maioria das vezes ela se

transforma em um monte de papel impresso no prontuaacuterio

do paciente que nem mesmo a proacutepria equipe de

enfermagem lecirc (E34)

Sabe eu ateacute fazia a SAE mas com o tempo fui observando

que eu estava solitaacuteria Escrevia e ningueacutem lia a

participaccedilatildeo da equipe de enfermagem era zero os

teacutecnicos natildeo realizam e os colegas enfermeiros natildeo liam ou

davam continuidade (E7)

Os estratos apresentados aproximam a realizaccedilatildeo da SAE a um sentido de

protocolo a ser cumprido obrigaccedilatildeo desprazer teacutedio e natildeo meacuterito que se traduzem no

empecilho para sua operacionalizaccedilatildeo

Atitudes de rejeiccedilatildeo resistecircncia desinteresse e desvalorizaccedilatildeo da SAE pela equipe

de enfermagem tambeacutem foram observadas em outros estudos (NEVES 2010) (DINIZ

CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SILVA SILVA VALADARES SILVA

LEITE 2015) e o natildeo incremento da fase de diagnoacutestico de enfermagem (DINIZ

CAVALCANTE OTONI MATA 2015) e a pluraridade de formulaacuterios (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) figuraram como fatores dificultadores

para seu desenvolvimento

Registros satildeo elementos imprescindiacuteveis no processo do cuidar humano e

precisam ser fidedignos a realidade observada desta forma possibilitam a reflexatildeo sobre

cada caso e a comunicaccedilatildeo entre os profissionais envolvidos na assistecircncia

124

Estudo desenvolvido acerca da qualidade dos registros de enfermagem conclui

que estes natildeo refletiam a atuaccedilatildeo dos profissionais os cuidados recebidos pelo cliente e

as suas respostas e considerou fundamental maiores investimentos na intenccedilatildeo de

solucionarminimizar os problemas identificados principalmente nas anotaccedilotildees de

enfermagem (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)

No cuidado agrave crianccedila os registros devem compreender a histoacuteria de sauacutede

pregressa o exame fiacutesico completo testes especiacuteficos para avaliaccedilatildeo da maturaccedilatildeo e

desenvolvimento dos sistemas e a busca por malformaccedilotildees Aspectos ligados a adaptaccedilatildeo

da crianccedila ao meio envolvimento dos pais no cuidado disposiccedilatildeo para brincar tambeacutem

satildeo informaccedilotildees que oferecem bases importantes para a construccedilatildeo do plano de cuidados

Impressos especiacuteficos podem auxiliar na coleta de dados pois a adequaccedilatildeo do

roteiro a cada fase do desenvolvimento infantil reduz as chances de exame superficial ou

incompleto aleacutem de otimizar o tempo de contato com o paciente e sua famiacutelia

Para tanto eacute necessaacuterio a determinaccedilatildeo de um referencial teoacuterico para nortear a

elaboraccedilatildeo desses impressos e coordenar as accedilotildees do enfermeiro Para Monteiro et al

(2014) os enfermeiros que atuam nos programas de sauacutede da crianccedila desenvolvem accedilotildees

de avaliaccedilatildeo e anaacutelise para identificar informaccedilotildees conduzir as accedilotildees e promover o

desenvolvimento dos programas todavia ainda aplicam suas competecircncias e

habilidades de forma desarticulada sem a integraccedilatildeo com um referencial teoacuterico

Eacute pertinente ressaltar que o modelo teoacuterico torna a atuaccedilatildeo de enfermagem

cientificamente coerente e planejada para o alcance das metas almejadas O conhecimento

cientiacutefico motiva a compreensatildeo dos determinantes que repercutem na sauacutede da crianccedila

para atuar de forma preditiva bem como fortalece as accedilotildees profissionais para a

recuperaccedilatildeo da sauacutede Entatildeo para se trabalhar de forma organizada e operacionalizar os

cuidados de enfermagem eacute necessaacuterio estar pautado em conhecimentos cientiacuteficos pois

viabiliza a tomada de decisatildeo no planejamento das intervenccedilotildees subsidiando o raciociacutenio

cliacutenico e criacutetico (MEDEIRO et al 2010) (SILVA et al 2011a)

Classe 4 Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

Nessa classe as palavras em destaque ldquofaltardquo ldquosecretaacuteriardquo ldquocoletardquo ldquocorreriardquo

ldquodadosrdquo e ldquotempordquo satildeo termos que retratam condiccedilotildees que podem representar fatores

125

dificultadores na prestaccedilatildeo do cuidado sistematizado Eacute sabido que a busca pela qualidade

da assistecircncia perpassa pela organizaccedilatildeo do cuidado a partir de condutas e atitudes

seguras que embasam a tomada de decisatildeo apropriada com ofertas adequadas dos

distintos recursos

O paciente e suas especificidades suas necessidades sua alta ou recuperaccedilatildeo

constituem a principal razatildeo da assistecircncia de enfermagem a qual deve portanto ser

realizada eficientemente com comprometimento de quem a desenvolve garantindo

qualidade do cuidado prestado e principalmente a satisfaccedilatildeo do paciente e seus

familiares (DONNERWHEELER 2004)

A falta de atenccedilatildeo agraves praacuteticas da gestatildeo de pessoas interfere diretamente no alcance

dos objetivos organizacionais principalmente no que tange agrave implementaccedilatildeo de

processos de qualidade A qualidade resulta de um comportamento positivo e concentrado

dos colaboradores Para alcanccedilar a excelecircncia e a consequente e desejada competitividade

no mercado as organizaccedilotildees precisam considerar atualmente que gerir pessoas significa

estimular o envolvimento e desenvolvimento das mesmas (BARBOSA MELO 2008)

Os estratos a seguir apontam fragilidades que os enfermeiros participantes

vivenciam cotidianamente e que satildeo considerados por eles pendencias que prejudicam a

qualidade da assistecircncia prestada e o desenvolvimento da SAE

Laacute fora tem setor que vocecirc fica digladiando com aluno e

residente por conta de cadeira e um lugar no computador A falta

de impressos de coleta de dados a condiccedilatildeo fiacutesica de alguns

pacientes a grande quantidade de atendimentos a falta de

secretaacuteria nos plantotildees do setor (E34)

A falta de tempo e as vezes a reduccedilatildeo do nuacutemero de funcionaacuterios

A falta de um impresso especiacutefico A falta de interesses dos

colegas enfermeiros tambeacutem contribui (E24)

O nuacutemero reduzido de funcionaacuterios A proacutepria falta de secretaacuteria

no setor eu preciso ficar pedindo para as secretaacuterias de outros

setores pedir o material que eu preciso quando natildeo vou eu

mesmo na farmaacutecia ou na central de materiais buscar (E2)

Estudos desenvolvidos por enfermeiros nos uacuteltimos anos apontam diferentes

dificuldades para a implantaccedilatildeo da SAE dentre elas destacam-se falta de conhecimento

por parte do enfermeiro acerca da metodologia de assistecircncia e modelos teoacutericos

deficiecircncia na abordagem da temaacutetica durante o curso de graduaccedilatildeo grande demanda de

126

serviccedilos burocraacuteticos e administrativos aleacutem da falta de pessoal e de recursos materiais

para o cuidado falta de articulaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica e influecircncias do modelo

biomeacutedicocartesiano (NEVES 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)

(DINIZ CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SOUZA COSTA CARNEIRO et

al 2015)

Na perspectiva da atenccedilatildeo a crianccedila hospitalizada Moreira e colaboradores (2012)

apontou como dificuldade para a desenvolver a SAE ao receacutem-nascido internado em

UTIN a falta de formulaacuterios especiacuteficos para os registros Com referecircncia agrave aplicaccedilatildeo da

SAE agrave crianccedila no serviccedilo de urgecircncia e emergecircncia a falta de espaccedilo e a existecircncia de

apenas um enfermeiro assistencial no setor com muitos pacientes criacuteticos na unidade

foram listados como dificuldades para a implementaccedilatildeo (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013) No espaccedilo da pediatria as inuacutemeras atividades teacutecnicas e

burocraacuteticas foram consideradas como fatores que dificultam muitas vezes a aproximaccedilatildeo

a uma dimensatildeo do cuidado que favoreccedila o desenvolvimento da SAE (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

As causas apontadas pelo grupo estudado representam em sua maioria problemas

conceituais estruturais e organizacionais Indicam a necessidade de reorganizaccedilatildeo dessa

metodologia de assistecircncia como uma das prioridades organizacionais destes hospitais

sobretudo por meio do investimento na estrutura fiacutesica na contrataccedilatildeo de recursos

humanos e na educaccedilatildeo permanente dos enfermeiros aleacutem de um trabalho de

conscientizaccedilatildeo para que os mesmos se envolvam efetivamente no processo de

implantaccedilatildeo dessa sistematizaccedilatildeo de modo a melhorar a qualidade do cuidado ao paciente

Florecircncio (2009) afirma que a SAE eacute um meacutetodo de trabalho que proporciona a

melhoria da qualidade da assistecircncia ao cliente atraveacutes do planejamento e aplicaccedilatildeo de

accedilotildees do serviccedilo da enfermagem Essas accedilotildees elaboradas e supervisionadas pelo

enfermeiro e aplicadas pela equipe em conjunto eacute o proacuteprio gerenciamento do cuidado

cabendo ao enfermeiro conhecer sua equipe e o perfil de seus clientes

Apesar de saber que com a implantaccedilatildeo de um Processo de Enfermagem seu

trabalho seraacute mais valorizado pois todos os entrevistados referiram que a SAE eacute ldquomuito

importante para o cuidadordquo o profissional enfermeiro natildeo demonstra muitas expectativas

nem interesse em iniciar ou dar continuidade ao trabalho de colegas

Entende-se que a praacutetica da SAE deveria ser parte do cotidiano de qualquer

enfermeiro a realidade observada atraveacutes dos estratos de falas eacute que estes profissionais

127

natildeo se conscientizaram da sua importacircncia Natildeo havendo conscientizaccedilatildeo natildeo haacute

cobranccedila e nem realizaccedilatildeo Com isso perde o paciente que deixa de participar ativamente

no cuidado voltado aos problemas que ele apresenta ou possa vir a desenvolver perde a

instituiccedilatildeo pois deixa de ofertar uma estrutura na qual as necessidades do cliente de sua

famiacutelia ou da comunidade sejam satisfeitas e tambeacutem perde o enfermeiro que deixa de

demonstrar o alcance da atividade da enfermagem pois natildeo aproveita as oportunidades

de aumentar a satisfaccedilatildeo profissional e estimular o aperfeiccediloamento cientiacutefico

Menezes Priel Pereira (2011) e Carvalho et al (2013) consideram que algumas

medidas satildeo essenciais para a implantaccedilatildeo e operacionalizaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees

de sauacutede de forma a tornar o cuidado mais efetivo com o olhar voltado para o bem-estar

do paciente como capacitaccedilatildeo profissional ou educaccedilatildeo permanente sensibilizaccedilatildeo e

envolvimento da equipe multidisciplinar atuante no setor adequaccedilatildeo do

dimensionamento da equipe de enfermagem valorizaccedilatildeo por parte da administraccedilatildeo da

instituiccedilatildeo conhecimento habilidades e atitudes pautadas no compromisso eacutetico e na

responsabilidade do cuidar do outro

Silva Moreira (2011) e Costa Fernandes Noacutebrega (2011) ainda ressaltam a

importacircncia da definiccedilatildeo de modelos teoacutericos no contexto em que a SAE estaacute inserida

considerando o perfil dos pacientes atendidos e das necessidades especiacuteficas do cuidado

a ser prestado para auxiliar o enfermeiro no estabelecimento de prioridades e no

atendimento das necessidades compreendendo que a definiccedilatildeo do referencial teoacuterico

requer reflexatildeo e discussatildeo entre a equipe de enfermagem acerca das teorias de

enfermagem para o conhecimento dos conceitos e proposiccedilotildees para identificar a teoria

compatiacutevel com a realidade que a SAE seraacute instituiacuteda

Na desmistificaccedilatildeo dessas fragilidades estaacute o sucesso ou insucesso para

implantaccedilatildeo da SAE buscando fatores-chave como apoio colaboraccedilatildeo e interesse das

chefias de enfermagem aleacutem do preparo rigoroso constante e sistemaacutetico dos

enfermeiros (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Entende-se que desta forma eacute

possiacutevel promover uma alianccedila aproximando os processos de cuidar e de administrar que

permitam constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando (SALVADOR

SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015) (SOARES RESCK CAMELO

TERRA 2016)

128

Classe 5 Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem

Nessa classe as palavras ldquomomentordquo ldquoaplicaccedilatildeordquo ldquoassimrdquo ldquoporquerdquo

ldquodiferenterdquo ldquomaneirardquo e ldquopacienterdquo juntamente dos fragmentos de falas sugerem as

possiacuteveis concepccedilotildees que o corpo de enfermeiros aponta como caminhos para melhorar

a implementaccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila dos setores estudados

O processo de enfermagem aplicado agrave crianccedila eacute desenvolvido de forma contiacutenua

dinacircmica e individualizada abrangendo as fases de coleta de dados diagnoacutestico

planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (RODRIGUES

AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA VALADARES

SILVA LEITE 2015)

A crianccedila eacute um ser com anseios proacuteprios sob tutela dos pais com particularidades

ligadas a essa fase da vida que devem ser avaliadas no contexto da sua individualidade

Este conhecimento e a visatildeo ampliada do enfermeiro para o processo sauacutede-doenccedila na

infacircncia auxiliam na abordagem das fases da SAE

Entre as situaccedilotildees que ao serem vivenciadas pela crianccedila satildeo consideradas

determinadoras de estresse encontram-se a doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo que podem fazer

com que a crianccedila e sua famiacutelia fiquem emocionalmente traumatizados em maior grau do

que estaacute fisicamente doente (RIBEIRO ANGELO 2005) Ao ser hospitalizada a crianccedila

encontra-se duplamente doente aleacutem da patologia fiacutesica ela sofre de outra doenccedila a

proacutepria hospitalizaccedilatildeo que se natildeo for adequadamente tratada deixaraacute marcas em sua

sauacutede mental (COLLET 2001)

Os discursos a seguir sugerem que para o sucesso da implementaccedilatildeo da SAE agrave

crianccedila sua famiacutelia e o enfermeiro deve atuar com sensibilidade e paciecircncia de forma a

reduzir o estresse e a anguacutestia do primeiro impacto da internaccedilatildeo hospitalar

Para avaliar uma crianccedila vocecirc precisa de tempo Pois tem o

momento certo de vocecirc abordar a crianccedila e o acompanhante

Muitas vezes a emoccedilatildeo da situaccedilatildeo pode dificultar a coleta da

informaccedilatildeo Vaacuterias vezes eacute preciso voltar na matildee para ter uma

resposta de um sistema por exemplo (E41)

Eu faccedilo assim vou aos poucos o paciente deu entrada eu vou

colher o histoacuterico o que natildeo for abordado em um primeiro

momento eu abordo em um segundo momento (E38)

Na minha opiniatildeo a melhor hora para fazer a abordagem de

coleta de informaccedilotildees eacute quando o paciente e o acompanhante

129

estatildeo calmos a condiccedilatildeo da crianccedila jaacute estaacute estaacutevel aiacute busco uma

cadeira e sento ao lado e faccedilo minhas perguntas (E27)

Busco deixar todos calmos ofereccedilo informaccedilotildees sobre o

procedimento Eacute difiacutecil instaurar a SAE muitas vezes as

perguntas do questionaacuterio satildeo pouco aplicaacuteveis para o momento

(E13)

Nas falas emergem a importacircncia da individualidade e integralidade do cuidado Eacute

importante refletir tambeacutem que cuidar de uma crianccedila doente requer do profissional aleacutem

do cuidado teacutecnico imprescindiacutevel o cuidado subjetivo que envolve a singularidade de

cada crianccedila a sua individualidade e a forma como ela expressa seus sentimentos e

emoccedilotildees (WOISKI ROCHA 2010)

Cada famiacutelia reage de um modo a internaccedilatildeo infantil desta forma o enfermeiro

deve deixar de ser apenas um realizador de cuidados teacutecnicos e passar a exercer tambeacutem

sua funccedilatildeo como facilitador da experiecircncia para a crianccedila e para seus pais o que se

constitui num desafio porque demanda numa mudanccedila do enfoque da assistecircncia de

enfermagem tecnicista e centrado na patologia para um enfoque centrado na crianccedila e na

famiacutelia (COLLET 2001) (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET

2013)

A experiecircncia estressante da hospitalizaccedilatildeo pode ser amenizada pelo fornecimento

de certas condiccedilotildees como presenccedila de familiares disponibilidade afetiva dos

trabalhadores da sauacutede informaccedilatildeo atividades recreacionais entre outras

(NASCIMENTO KC BACKES DS KOERICH MS ERDMANN 2008) Saber o

momento e forma correta de abordagem a famiacutelia eacute um fator humanizador da assistecircncia

e importante para o sucesso na instauraccedilatildeo da SAE

Conforme Noacutebrega Silva (2009) a coleta de DadosHistoacuterico de Enfermagem eacute

fase imprescindiacutevel do processo de enfermagem em que ocorre a interaccedilatildeo entre

enfermeiro e paciente para coleta de dados anamnese e exame fiacutesico Essa etapa direciona

o cuidado portanto requer habilidades e embasamento de uma teoria de enfermagem

para fundamentar a assistecircncia para a recuperaccedilatildeo da sauacutede do paciente

Esta etapa eacute parte crucial do teor cientiacutefico do processo de trabalho do enfermeiro

tornando-se indispensaacutevel o investimento dos conhecimentos teacutecnicos cientiacuteficos e

valorizaccedilatildeo desta fase do processo de enfermagem para o respaldo profissional e

desenvolvimento de um cuidado de qualidade Assim concordamos com Noacutebrega e Silva

130

(2009) quando estes afirmam que a coleta de dados natildeo pode ser um momento estaacutetico e

restrito pois ela permeia todo o processo sendo necessaacuteria inclusive para se avaliar o

diagnoacutestico de enfermagem e as accedilotildees de enfermagem ateacute se chegar agraves definiccedilotildees sobre

a condiccedilatildeo do cliente

O modo para obter informaccedilotildees relativas a estas necessidades proveacutem dentre outras

da comunicaccedilatildeo quando dados obtidos atraveacutes da interaccedilatildeo iratildeo direcionar as atividades

de enfermagem As palavras e o comportamento possuem valor significativo expressando

uma comunicaccedilatildeo desta forma tanto a linguagem verbal como a natildeo verbal influenciam

a realidade onde a crianccedila estaacute inserida mudam a percepccedilatildeo das pessoas e permitem o

estabelecimento de uma comunicaccedilatildeo efetiva (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA

2013)

No que tange agrave comunicaccedilatildeo o enfermeiro eacute um elemento articulador e integrador

por estar mais proacuteximo do paciente e detectar com mais facilidade as alteraccedilotildees que se

processam ao longo das 24 horas do dia Por isso ele deve polarizar essas interaccedilotildees e

valorizar diferentes formas de pensar a fim de vir a compreender as correlaccedilotildees e

apreender o ser humano como um ser complexo (BACKES et al 2013)

Estudos que abordam o contato da enfermagem com a crianccedila e sua famiacutelia em

ambiente hospitalar consideram a comunicaccedilatildeo um elemento integrante da qualidade de

prestaccedilatildeo do cuidado de enfermagem Reforccedilando que o enfermeiro atraveacutes da

comunicaccedilatildeo deve permitir um envolvimento seguro construtivo e compreensivo para

que a crianccedila encontre caminhos para manter as capacidades proacuteprias de sua fase de

desenvolvimento e a participar de experiecircncias que estimulem o seu crescimento (SHIN

WHITE 2005) (JANSEN SANTOS FAVERO 2010) (MARTINEZ TOCANTINS

SOUZA 2013)

Aleacutem do mais quando existe a falta de interaccedilatildeo entre pais e enfermagem a

crianccedila fica mais resistente aos cuidados e natildeo haacute cooperaccedilatildeo por parte da crianccedila

Usualmente ela fica dividida agrave espera de indicaccedilotildees natildeo verbais dos pais no tangente a

como responder ou reagir frente agraves intervenccedilotildees feitas pela equipe A aceitaccedilatildeo do

tratamento pela crianccedila estaacute diretamente ligada agrave compreensatildeo que os pais tecircm deste

processo e ao aporte afetivo fornecido pelos mesmos durante esta experiecircncia

(MARQUES etal 2014)

Neste ponto o grupo estudado demonstra compreensatildeo sobre a importacircncia da

coleta de dados e suas representaccedilotildees sobre esta fase da SAE reforccedilam que o processo

131

de comunicaccedilatildeo cuidador e cuidado natildeo eacute accedilatildeo linear acontecendo de forma articulada e

em diversos momentos da internaccedilatildeo A sensibilidade do profissional para identificar o

momento correto de intervenccedilatildeo junto agrave famiacutelia tambeacutem eacute apontado como um requisito

importante para a coleta das informaccedilotildees que satildeo base para o planejamento da assistecircncia

A qualidade dos dados coletados deve gerar potencial para diagnoacutesticos de

enfermagem coerentes e intervenccedilotildees corretas Acompanhar o estado de sauacutede da crianccedila

e traccedilar um planejamento que estimule crescimento bioloacutegico pessoal e social requer do

enfermeiro conhecimento e domiacutenio dos procedimentos que integram a consulta de

enfermagem para desempenhar um cuidar sistematizado ordenado autecircntico e soliacutecito

(RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA

VALADARES SILVA LEITE 2015)

Eacute importante visualizar na famiacutelia e particularmente na matildee a peccedila chave e

fundamental para agregar qualidade ao seu plano de cuidado pois o conhecimento das

peculiaridades fiacutesicas e emocionais da crianccedila permite agrave matildee identificar os primeiros

sinaissintomas ou reaccedilotildees apresentadas por seu filho (MARQUES etal 2014)

Aleacutem da compreensatildeo da importacircncia do contato com a famiacutelia ao momento da

coleta de dados os fragmentos de falas tambeacutem indicam que o uso de um roteiro de coleta

de dados adequado a clientela infantil eacute caminho para facilitar a implementaccedilatildeo da SAE

nos setores de atendimento agrave crianccedila Como eacute possiacutevel observar a seguir

Um instrumento melhor elaborado para que natildeo se perca tanto

tempo o aplicando e que traga espaccedilos para coletar informaccedilotildees

realmente da crianccedila eacute o caminho para o uso da SAE (E38)

O fato de vocecirc ter um instrumento que eacute o correto para aquela

fase da vida e de faacutecil visualizaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo jaacute eacute oacutetimo para o

nosso serviccedilo (E39)

Agora noacutes temos um check list mas assim ainda precisa ser

melhorado para ser realmente direcionado para a faixa etaacuteria e

desenvolvimento da crianccedila Mas ele estaacute sendo aplicado de

maneira satisfatoacuteria (E41)

Durante as entrevistas foi exposto pelos enfermeiros que nos espaccedilos em que a

pesquisa foi realizada estava em processo de implantaccedilatildeo de um novo instrumento de

coleta de dados para o atendimento a crianccedila Este impresso estava sendo testado no setor

pediatria eacute formatado segundo uma lista de checagem organizado por necessidades

132

humanas baacutesicas e era composto por cinco roteiros direcionado para as fases de

desenvolvimento infantil neonato lactante preacute-escolar escolar e adolescente

Os enfermeiros em suas falas demonstram certa confianccedila de que a reestruturaccedilatildeo

da coleta de dados ao puacuteblico infantil possa trazer benefiacutecios para a assistecircncia como a

otimizaccedilatildeo do tempo e a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees significativas para cada faixa etaacuteria

em virtude da especificidade

Estudo desenvolvido por Neves (2010) permitiu identificar que para o grupo de

enfermeiros estudados um impresso de histoacuterico de enfermagem aprofundado

padronizado e direcionado para uma clientela especiacutefica facilita o registro e a coleta de

dados do cliente reduzindo inclusive o tempo gasto pelos enfermeiros nesta etapa

Medeiros Santos Cabral (2012) reconhecem que os instrumentos especiacuteficos

favorecem a execuccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem considerando que facilita

os registros e organiza os dados Neste contexto a padronizaccedilatildeo de instrumentos para a

crianccedila promove a organizaccedilatildeo e a reduccedilatildeo da subnotificaccedilatildeo de dados sobre os cuidados

prestados e otimiza o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil

(BARBOZA BARRETO MARCON 2012)

A coleta de dados deve se constituir em um roteiro sistematizado para o

levantamento de sinais e sintomas do ser humano ser significativo para o enfermeiro e

para o cliente e possibilitar o estabelecimento dos diagnoacutesticos de enfermagem das metas

e dos objetivos a prescriccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem deve viabilizar a interaccedilatildeo

enfermeiro cliente e um cuidado profissional que forneccedila dados que suscitem hipoacuteteses

para o desenvolvimento de pesquisas colaborando com os conhecimentos proacuteprios da

profissatildeo (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS 2006) A estrutura do instrumento

de coleta deve retratar o referencial teoacuterico adotado a dinacircmica do serviccedilo o padratildeo de

organizaccedilatildeo da assistecircncia e a especificidade da clientela assistida (CHIZZOTTI 1991)

Como a faixa etaacuteria classificada como crianccedila de acordo com o Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente permite conglomerar indiviacuteduos de um a treze anos de idade eacute

importante tambeacutem que estes instrumentos possam respeitando o grau de

desenvolvimento cognitivo favorecer a participaccedilatildeo efetiva do grupo em seu inqueacuterito de

sauacutede Incluir a crianccedila neste momento compartilhar a responsabilidade nas decisotildees

relacionadas com a sua condiccedilatildeo fiacutesica fortalece sua autonomia a transformando em

sujeito ativo do seu processo sauacutede- doenccedila e valorizando suas pontuaccedilotildees acerca da vida

133

Estudos demonstram que as crianccedilas conseguem descrever as formas como satildeo

abordadas para a realizaccedilatildeo dos procedimentos e identificar como fundamentais as

explicaccedilotildees recebidas pois entenderam que natildeo deviam permanecer com duacutevidas (SHIN

H WHITE-TRAUT 2005) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

(SANTOS et al 2015) Outro estudo desenvolvido com crianccedilas na faixa etaacuteria de

escolar conclui que este grupo etaacuterio manifestou natildeo gostar quando os profissionais natildeo

conversam com eles natildeo os orientam quanto aos procedimentos que seratildeo realizados e

falam de forma imperativa para permanecerem parados (SANTOS et al2015)

Com base no exposto eacute possiacutevel afirmar que as crianccedilas satildeo as melhores fontes

de informaccedilatildeo sobre suas experiecircncias e sentimentos Elas podem expressar seus

pensamentos de diferentes formas (verbal e natildeo verbal) e para tanto eacute necessaacuterio o

enfermeiro adentrar o universo infantil utilizando estrateacutegias de aproximaccedilatildeo adequadas

para cada faixa etaacuteria como por exemplo o brinquedo terapecircutico rodas de conversas de

forma a estimular e permitir que expressem as situaccedilotildees por elas vivenciadas

Os enfermeiros participantes tambeacutem sugerem como estrateacutegia para otimizar a

SAE no cuidado a crianccedila o desenvolvimento de cursostreinamentos de orientaccedilatildeo para

o uso do novo instrumento de coleta de dados pela gestatildeo hospitalar

A gerencia vai precisar organizar um treinamento para orientar

e ateacute conscientizar todo o hospital para a importacircncia desse novo

checklist(E38)

Por ser uma estrateacutegia nova acho que seraacute importante a

realizaccedilatildeo de treinamento curso palestra para orientar como

deve ser a implementaccedilatildeo e para tirar duacutevidas mesmo (E41)

Este instrumento eacute bem diferente para mim Acredito que a

educaccedilatildeo permanente precisa olhar com maior atenccedilatildeo para o

grupo que esta aqui na ponta senatildeo acho que sem um curso ou

orientaccedilatildeo mais direta natildeo vai ter sucesso natildeo (E39)

Kobayashi e Leite (2010) afirmam que lacunas na gestatildeo de recursos humanos

alteraccedilotildees do contexto produtivo e mudanccedilas tecnoloacutegicas geram desequiliacutebrios entre

qualificaccedilotildees e trabalho Portanto os profissionais devem investir de forma contiacutenua em

qualificaccedilotildees e atualizaccedilotildees para o desenvolvimento de competecircncias Diante desta

realidade eacute mister a necessidade de investimentos na educaccedilatildeo continuada para suprir as

dificuldades e qualificar os profissionais

134

O processo educativo em serviccedilo representa um dispositivo imprescindiacutevel para a

qualificaccedilatildeo da equipe de Enfermagem na medida em que agrega conhecimento e

seguranccedila ao profissional possibilitando que ele atue de forma competente colaborativa

e independente o que consequentemente causa impacto na qualidade do atendimento

(CUCOLO PERROCA 2015)

Essa estrateacutegia favorece a conquista da excelecircncia no processo de SAE sendo

necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de treinamentos para a equipe de enfermagem e o apoio

da instituiccedilatildeo Tal investimento requer o envolvimento de toda a equipe compreendendo

que a capacitaccedilatildeo gera benefiacutecios para os enfermeiros pacientes e instituiccedilatildeo (NEVES

SHIMIZU 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)

Para que transformaccedilotildees na praacutetica da SAE agrave sauacutede da crianccedila aconteccedilam eacute

necessaacuterio que as dificuldades relacionadas agrave sua operacionalizaccedilatildeo sejam conhecidas por

todos ou seja a desorganizaccedilatildeo do trabalho em grupo o desconhecimento teoacuterico dos

profissionais sobre as etapas do processo a deficiecircncia do serviccedilo de educaccedilatildeo

permanente e o nuacutemero reduzido de recursos humanos para sua aplicaccedilatildeo (SOARES

RESCK CAMELO TERRA 2016)

Sendo assim as RS desse eixo evidenciam maior aproximaccedilatildeo com o conceito de

tratar distanciando-se do conceito de cuidar As praacuteticas assistenciais de enfermagem satildeo

desenvolvidas segundo as solicitaccedilotildees meacutedicas Diante das dificuldades cotidianas para a

real implementaccedilatildeo do processo de enfermagem estatildeo fragilidades relativas ao pouco

conhecimento da metodologia pouco envolvimento da equipe de enfermagem e deacuteficit

de recursos materiais Satildeo representaccedilotildees levantadas pelo grupo como estrateacutegias de

aproximaccedilatildeo da SAE ao cuidado da crianccedilas a abordagem e comunicaccedilatildeo respeitando o

momento familiar o uso de instrumento de coleta de dados especiacutefico e por fase de

crescimento e desenvolvimento aleacutem de treinamento e cursos operacionalizados pela

educaccedilatildeo permanente do hospital

135

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Neste estudo procurou-se a partir da apreensatildeo e anaacutelise das RS da SAE

construiacutedas por enfermeiros que cuidam de crianccedilas explorar o conhecimento destes e

sua aplicaccedilatildeo na praacutetica cotidiana

Na primeira etapa do estudo foi possiacutevel identificar que o grupo social que

prestava cuidados a crianccedilas nos dois campos de estudo no periacuteodo desta pesquisa era

formado por adultos jovens com a idade meacutedia em torno de 335 anos de idade quase que

predominantemente do sexo feminino (933) Foram graduados em cinco anos pela

instituiccedilatildeo puacuteblica estadual de Mato Grosso (622) sendo a especializaccedilatildeo no formato

lato sensu a maior titulaccedilatildeo do grupo (622)

Noventa e cinco porcento (955) dos participantes jaacute possuiacutea viacutenculo

empregatiacutecio com o hospital a mais de 12 meses todos jaacute estavam no mesmo setor de

atendimento agrave crianccedila por no miacutenimo seis meses sendo que cerca de 155 atuavam no

mesmo setor de assistecircncia agrave crianccedila pelo tempo maacuteximo de um ano

Percebeu-se assim que a forccedila de trabalho que desenvolve o cuidado agrave crianccedila eacute

constituiacuteda predominantemente por um grupo social do sexo feminino jovem e

qualificado sendo o perfil dos envolvidos proacuteximos a tendecircncia de recursos humanos de

outras regiotildees do estado e paiacutes

Na segunda etapa do trabalho aprendeu-se que a estrutura das RS relacionadas a

SAE tem como nuacutecleo central o cuidado de enfermagem sendo esta representaccedilatildeo

sustentada e organizada por duas periferias formadas pelos termos planejamento e

qualidade primeira periferia e assistecircncia compromisso processo e responsabilidade

formando a segunda periferia todas em consonacircncia com a raiz essencial do termo

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo estabelecendo relaccedilatildeo proximal com as

dinacircmicas e estrateacutegias necessaacuterias para o desenvolvimento do cuidado bem como

fortalecendo a importacircncia deste

A estrutura da RS relativas a ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagemrdquo tem o nuacutecleo central representado pelas palavras

conhecimento humanizaccedilatildeo e importante refletindo o entendimento do grupo sobre as

funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Desta forma o nuacutecleo

central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura atraveacutes do reconhecimento pelo

grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento especiacutefico da profissatildeo que permite

ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica cientiacutefica e humanizada

136

Esta representaccedilatildeo eacute sustentada na primeira periferia pelos termos planejamento

rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo que remete agrave dimensatildeo praacutetica da SAE ou seja o

desenvolvimento do processo de enfermagem E na segunda periferia pelos termos

ciecircncia e lideranccedila As palavras expressam um posicionamento positivo dos enfermeiros

a esta metodologia valorizando aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como

requisitos importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila

As estruturas das duas representaccedilotildees satildeo proacuteximas dos conceitos formados ainda

na academia fortalecida nos aspectos eacuteticos teoacutericos e estruturais que organizam este

processo se afastando da realidade vivenciada nos espaccedilos de atendimento a crianccedila Este

fato deve despertar a reflexatildeo e anaacutelise criacutetica sobre a SAE agrave crianccedila desenvolvida pelo

grupo social em virtude da aproximaccedilatildeo dos conceitos de uma praacutetica politicamente

correta distante das realidades vivenciadas nos espaccedilos de sauacutede

Nesta etapa o estudo traz implicaccedilotildees importantes para as accedilotildees de enfermagem

destinadas agrave crianccedilas visto que ilustra questotildees referentes ao desenvolvimento de

competecircncias que envolvem a assistecircncia dos enfermeiros como por exemplo a

autocriacutetica desta forma a compreensatildeo das deficiecircncias que normalmente se encontram

nos espaccedilos de sauacutede auxiliariam a preparar o cuidado agrave crianccedila com base nestas

fragilidades esta conduta de aproximaccedilatildeo da realidade tende a refletir em resultados

positivos para a crianccedila famiacutelia e enfermagem

Na terceira parte do estudo os resultados que emergiram indicam que para os

enfermeiros entrevistados as RS relacionadas agrave SAE foram inicialmente forjadas durante

o periacuteodo da graduaccedilatildeo e se organizaram em torno da argumentaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo do

cuidado de enfermagem Apreendeu-se de forma consensual que os enfermeiros

conhecem a operacionalizaccedilatildeo da SAE e que classificam-na como um importante meacutetodo

de organizaccedilatildeo e planejamento das accedilotildees de enfermagem

Poreacutem no cotidiano profissional ela eacute compartilhada a partir de aproximaccedilotildees e

distanciamentos teoacutericos natildeo favorecendo que este conhecimento tenha um objetivo

praacutetico nas intervenccedilotildees das cliacutenicas As representaccedilotildees da dimensatildeo do conhecimento

natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a existecircncia de

importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees ou seja entre a valoraccedilatildeo do saber e a

qualidade do fazer desenvolvido no cotidiano

Dessa forma as discrepacircncias teoacuterico-praacuteticas natildeo contribuem para a construccedilatildeo

de uma realidade capaz de valorizar a praacutetica do cuidado de enfermagem agrave crianccedila pois

137

natildeo satildeo capazes de conferir autonomia profissional qualificar o cuidado implementar as

mudanccedilas de paradigma do cuidado requeridos na modernidade pela pediatria

Considerando as relaccedilotildees existentes entre as representaccedilotildees do saber e as

representaccedilotildees das praacuteticas e a influecircncia mutua entre uma e outra Pode-se dizer que o

saber sobre a SAE percebido como ciecircncia e meacutetodo importante para a valorizaccedilatildeo

profissional e que as praacuteticas exercidas influenciam na representaccedilatildeo que o grupo possui

da SAE delimitando e conformando as accedilotildees de cuidado prestado as crianccedilas

As RS revelaram que os enfermeiros dos diferentes cenaacuterios reconhecem as

lacunas que comprometem o desenvolvimento da SAE no cuidado agrave crianccedila fator

positivo por favorecer o desenvolvimento de estrateacutegias no acircmbito de trabalho para a

superaccedilatildeo das dificuldades vivenciadas e contribuir na assistecircncia Sendo assim

considera-se viaacutevel a integraccedilatildeo entre os envolvidos nesse processo compreendendo a

amplitude dos aspectos que emergiram

Outro ponto a ser instigado eacute a compreensatildeo da responsabilidade compartilhada

no desenvolvimento da SAE uma vez que os caminhos para a superaccedilatildeo das dificuldades

abrangem todos os participantes do estudo Somente desta forma seraacute possiacutevel a praacutetica

assistencial organizada e humanizada com a individualizaccedilatildeo do cuidado com o

planejamento das accedilotildees e a geraccedilatildeo de conhecimento a partir da praacutetica de enfermagem

A discrepacircncia observada entre a representaccedilatildeo da dimensatildeo do conhecimento e

a dimensatildeo praacutetica denunciam a imperatividade de reimprimir a marca do cuidado dentro

desses espaccedilos de atenccedilatildeo agrave crianccedila Urge entre os enfermeiros a necessidade de

incrementar a representaccedilatildeo forjada da SAE em suas atividades diaacuterias afim de resgatar

e manter sua identidade e a valorizaccedilatildeo do trabalho da enfermagem

Ressalta-se que a aplicaccedilatildeo da SAE no atendimento infantil contribui de maneira

positiva para o acolhimento efetivo da crianccedila e sua famiacutelia na trajetoacuteria da internaccedilatildeo

hospitalar Percebe-se a importacircncia da compreensatildeo do cuidado como praacutexis do

enfermeiro e do aprimoramento do conhecimento cientiacutefico como estrateacutegia de ampliaccedilatildeo

da autonomia profissional

Destaca-se como limitaccedilatildeo deste estudo a inclusatildeo apenas de profissionais

enfermeiros condiccedilatildeo que pode limitar a compreensatildeo do fenocircmeno estudado e natildeo

permitir explorar os conceitos construiacutedos pelos demais integrantes da equipe de

enfermagem como por exemplo os teacutecnicos de enfermagem que no cotidiano de trabalho

contribuem com a RS da praacutetica do cuidado

138

Embora ciente de que uma investigaccedilatildeo desta natureza natildeo se presta a obtenccedilatildeo

de resultados conclusivos espera-se ter contribuiacutedo para o aclaramento deste importante

construto da ciecircncia da Enfermagem Espera-se que os resultados deste estudo possam

contribuir para a necessidade de repensar a praacutetica de enfermagem tendo em vista a

possibilidade de ampliar as discussotildees relacionadas ao cuidado sistematizado a crianccedilas

Vislumbra-se a possibilidade de investimentos em treinamentos e construccedilatildeo de

instrumentos de trabalho especiacuteficos para esta clientela que aproximem as demandas

diaacuterias ao meacutetodo cientifico de planejamento do trabalho

139

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161

APEcircNDICE A ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa A sua

decisatildeo de participar ou natildeo eacute uma decisatildeo sua Por favor natildeo se apresse em tomar a

decisatildeo Leia cuidadosamente as informaccedilotildees a seguir Este estudo estaacute sendo conduzido

pela Enf Ms CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr

ELIOENAI DORNELLES ALVES e coorientaccedilatildeo da Prof Dra Moema Borges Os

resultados da pesquisa seratildeo analisados e publicados mas sua identidade natildeo seraacute

divulgada sendo guardada em sigilo Natildeo existem riscos ou ressarcimentos associados a

sua participaccedilatildeo neste estudo

Apoacutes ser esclarecido(a) sobre as informaccedilotildees a seguir no caso de aceitar fazer parte do

estudo assine ao final deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra

eacute do pesquisador responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado (a) de forma

alguma

ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA

Tiacutetulo do projeto Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em

Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT

Pesquisadores responsaacuteveis Elioenai Dornelles Alves e Carolina Sampaio de Oliveira

InstituiccedilatildeoDepartamento Universidade de Brasiacutelia ndash UnB Departamento de

Enfermagem Telefones para contato (61) 3107-1976

A pesquisa possui parecer favoraacutevel do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade

Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) Tem como objetivo Conhecer as representaccedilotildees

sociais a cerca da SAE entre enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em dois

hospitais escolas da cidade de Caacuteceres MT afim de refletir sobre a importacircncia do

emprego da SAE no planejamento das accedilotildees de enfermagemOptou-se pela pesquisa

descritiva e exploratoacuteria com abordagem qualitativa O universo do estudo seratildeo as

profissionais enfermeiros (as) que trabalham na assistecircncia agrave crianccedila

Seraacute garantido o acesso a pesquisa em qualquer etapa do estudo vocecirc teraacute acesso aos

pesquisadores responsaacuteveis para esclarecimento de eventuais duacutevidas Se vocecirc tiver

alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc

de Eacutetica em Pesquisa (CEP) da UNEMAT pelo telefone (65) 3221 0000 ou pelo e-mail

cepunematbr

Se vocecirc concordar em participar do estudo seu nome e identidade seratildeo mantidos em

sigilo Ressalta-se que a presente pesquisa natildeo traraacute risco prejuiacutezos desconfortos ou

lesotildees Natildeo existe para esta pesquisa indenizaccedilotildees ou formas de ressarcimento Vocecirc tem

o direito de retirar o consentimento a qualquer momento da pesquisa

162

Consentimento de participaccedilatildeo da pessoa como sujeito

Eu ______________________________________________RGCPF

____________________ abaixo assinado fui suficientemente informado sobre as

informaccedilotildees que eu li sobre o presente estudo ldquoRepresentaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermagem de enfermeiros que prestam cuidado agrave crianccedila em

hospitais escolas da regiatildeo de Caacuteceres ndash MTrdquoe concordo em participar do estudo como

sujeito Eu discuti com as pesquisadoras sobre a minha decisatildeo em participar nesse

estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os procedimentos a

serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes Concordo voluntariamente em participar deste estudo e

poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento antes ou durante o mesmo sem

penalidades ou prejuiacutezo

Caacuteceres _____de __________________de 20___

_____________________________________

Assinatura do participante

____________________________________

Assinatura do pesquisador

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e Esclarecido deste

sujeito de pesquisa ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo

Caacuteceres ______ de ____________ de 20_____

______________________________________

Carolina Sampaio de Oliveira

CPF834 627671 - 00

Pesquisadora responsaacutevel

163

APEcircNDICE B ndash ROTEIRO PARA A ENTREVISTA

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

TIacuteTULO DO ESTUDO Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em

Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT

ROTEIRO PARA ENTREVISTA

Solicitamos que responda de forma espontacircnea as perguntas a baixo O anonimato de todas as

suas falas seraacute garantido por meio da natildeo identificaccedilatildeo dos depoentes o registro das entrevistas

seratildeo destinados apenas para fins de investigaccedilatildeo cientiacutefica

Sujeito _____________________________________ Coacutedigo ______________________

Data ______________________

Idade _____________________

Sexo______________________

Tempo de serviccedilo na Instituiccedilatildeo ____________________

Tempo de serviccedilo no setor de atendimento agrave crianccedila _________________

Titulaccedilatildeo ______________________

1- Qual o seu conhecimento sobre a SAE

1a- Qual o seu primeiro contato com a SAE

2- Como e onde vocecirc ouviu falar sobre a SAE

2 a-Fale sobre a sua rotina de trabalho

2 b- Vocecirc utiliza a SAE na sua rotina de trabalho

2 c- Relate como eacute a rotina do setor em relaccedilatildeo a SAE

3- Fale sobre sua experiecircncia com a SAE

4- Vocecirc considera que a SAE favorece o cuidado de enfermagem

5- Na sua opiniatildeo quais satildeo os aspectos que facilitam a implementaccedilatildeo da SAE no seu

cotidiano de trabalho

6- E os que dificultam

164

APEcircNDICE C - TESTE DE ASSOCIACcedilAtildeO LIVRE DE PALAVRAS

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

APEcircNDICE C

Sujeito_______________________________________ Coacutedigo_____________

Data_______________________________

Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoSistematizaccedilatildeo

da assistecircncia de Enfermagemrdquo

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoAtuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAErdquo

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

A- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que

melhor expressem Sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de Enfermagem

(1ordm Lugar) _____________________________________

(2ordm Lugar)_____________________________________

(3ordm Lugar)_____________________________________

B- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que

melhor expressem Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE

(1ordm Lugar) _____________________________________

(2ordm Lugar)_____________________________________

(3ordm Lugar)_____________________________________

165

ANEXO 1

166

167

4

Dedico este trabalho a Deus a minha matildee pelo

amor incondicional ao meu pai pelo apoio diaacuterio

ao meu esposo pelo amor e cumplicidade as

minhas irmatildes pelo carinho e amizade e em

especial dedico as minhas maiores becircnccedilatildeos meus

filhos Gabriela e Eduardo que diariamente me

ensinam o que eacute AMAR de verdade

5

AGRADECIMENTO

A Deus pela sabedoria por iluminar o meu caminho e colocar pessoas tatildeo especiais em

minha vida A Universidade de Brasiacutelia e ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Enfermagem pela oportunidade de crescimento intelectual e profissional Agrave Profa Dra

Moema da Silva Borges minha eterna gratidatildeo pelo incentivo dedicaccedilatildeo paciecircncia e

sabedoria durante toda a construccedilatildeo desta pesquisa Aos membros da Banca Examinadora

pela disponibilidade e valiosas contribuiccedilotildees Aos meus pais que amo muito por terem

me guiado para o caminho certo e acreditarem em meu potencial Obrigada pela estrutura

familiar e pela educaccedilatildeo base para minha vida Ao meu marido Leandro Martins meu

grande companheiro pelo amor e apoio incondicional Por sempre me motivar a enfrentar

os desafios Aos meus filhos Gabriela e Eduardo pelos sorrisos abraccedilos e cheirinhos que

me motivam a ser melhor a cada dia A minha querida Tia Ivonir (in memorian) e primas

Josiane e Ivonise pelo constante apoio em Brasiacutelia Ao querido amigo professor Dr

Elioenai D Alves (in memorian) e sua famiacutelia pelo carinho incentivo amizade e trocas

de experiecircncias A todos que contribuiacuteram de alguma forma para a construccedilatildeo deste

sonho meus sinceros agradecimentos Muito obrigada a todos

6

[] nada eacute fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha []

Gaston Bachelard

7

RESUMO

OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas 2017 n 167 folhas Tese

(Doutorado) ndash Departamento de Enfermagem Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede

Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2017

Este estudo teve como objetivo conhecer as Representaccedilotildees Sociais de enfermeiros que

cuidam de crianccedilas hospitalizadas sobre a sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem

em dois hospitais escola da regiatildeo oeste de Mato Grosso Trata-se de um estudo

qualitativo descritivo e exploratoacuterio com base na Teoria das Representaccedilotildees Sociais de

Serge Moscovici realizado com 45 enfermeiros que atuavam na assistecircncia agrave crianccedila

hospitalizada Na coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos o primeiro foi

constituiacutedo por duas partes um questionaacuterio que possibilitou a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos

e um questionaacuterio semiestruturado que viabilizou a entrevista No segundo utilizou-se a

teacutecnica de associaccedilatildeo livre de palavras (TALP) Para anaacutelise dos dados realizou-se a

caracterizaccedilatildeo dos sujeitos utilizando o software Excel 2007 onde foi possiacutevel constatar

que os participantes eram adultos jovens predominantemente do sexo feminino e com

matildeo- de- obra qualificada Na segunda etapa o produto proveniente da teacutecnica de

associaccedilatildeo livre de palavras foi analisado pelo software EVOC que organizou as

evocaccedilotildees e apontou o provaacutevel nuacutecleo central da representaccedilatildeo social a partir de dois

estiacutemulos Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do Enfermeiro na

SAE Pode-se apreender que frente agrave primeira expressatildeo indutora os sujeitos evocaram

mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo que refletem a

dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem no atendimento agrave crianccedila sendo o proacuteprio cuidado o

provaacutevel nuacutecleo central que estrutura a representaccedilatildeo e remete a verdadeira competecircncia

do enfermeiro Para expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante

constituiacuteram o provaacutevel nuacutecleo central refletindo o entendimento do grupo sobre as

funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Na terceira etapa os

conteuacutedos verbais provenientes das entrevistas foram analisados utilizando o software

Alceste Da anaacutelise emergiram dois eixos que organizaram o conteuacutedo das representaccedilotildees

sociais dos participantes do estudo O primeiro eixo foi composto por uma classe e fez

referecircncia a dimensatildeo teoacuterica sobre a SAE O segundo eixo foi organizado por quatro

classe e faz menccedilatildeo a dimensatildeo praacutetica da SAE Aprendeu-se que as representaccedilotildees

teoacutericas natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a

existecircncia de importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees dessas duas dimensotildees

Essas representaccedilotildees natildeo contribuem para o estabelecimento de uma realidade capaz de

valorizar o cuidado de enfermagem pois natildeo satildeo capazes de conferir autonomia

profissional qualificar o cuidado e implementar mudanccedilas de paradigmas requeridos na

modernidade pela pediatria

Palavras chaves Cuidado sauacutede da crianccedila representaccedilatildeo social Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem

8

ABSTRACT

OLIVEIRA Carolina Sampaio Social Representations About the Systematization of

Care of Nurses Caring for Children 2017 167 leaves Thesis (Doctorate) - Department

of Nursing Faculty of Health Sciences University of Brasiacutelia Brasiacutelia 2017

This study aimed to know the Social Representations of nurses who care for hospitalized

children about the systematization of nursing care in two school hospitals in the western

region of Mato Grosso This is a qualitative descriptive and exploratory study based on

Serge Moscovicis Theory of Social Representations carried out with 45 nurses who

worked in the care of hospitalized children Two instruments were used in the data

collection the first one consisted of two parts a questionnaire that enabled the

characterization of the subjects and a semi-structured questionnaire that enabled the

interview In the second the technique of free association of words (TALP) was used

Data analysis was performed to characterize the subjects using the software Excel 2007

where it was possible to verify that the participants were young adults predominantly

female and with skilled labor In the second stage the product from the free word

association technique was analyzed by the EVOC software which organized the

evocations and pointed out the probable central nucleus of the social representation from

two stimuli Systematization of Nursing Assistance and Nursing Work at SAE It can be

understood that in the face of the first inductive expression the subjects more readily

evoked the words care nursing and organization which reflect the dimension of nursing

actions in the care of the child being care itself the probable central nucleus that structures

the representation And refers to the true competence of the nurse For the inductive

expression Nursing Work in Nursing Care Systematization the words knowledge

humanization and important constituted the probable central nucleus reflecting the

groups understanding of the functions developed by the nurse in systematizing care In

the third stage the verbal contents from the interviews were analyzed using Alceste

software From the analysis emerged two axes that organized the content of the social

representations of the study participants The first axis was composed of a class and

referred to the theoretical dimension on SAE The second axis was organized by four

classes and mentions the practical dimension of SAE It was learned that the theoretical

representations do not seem sufficient to anchor the care practice pointing out the

existence of important discrepancies between the representations of these two

dimensions These representations do not contribute to the establishment of a reality

capable of valuing nursing care since they are not capable of conferring professional

autonomy qualifying care and implementing paradigm changes required in modernity by

pediatrics

Keywords Care child health social representation nurse care sistematization

9

RESUMEM

OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaciones Sociales Acerca de la Sistematizacioacuten

de la asistencia de enfermeros que cuidan a los nintildeos 2017 n 167 hojas Tesis (Doctorado)

- Departamento de Enfermeriacutea de la Facultad de Ciencias de la Salud Universidad de

Brasilia Brasilia 2017

Este estudio tuvo como objetivo conocer las Representaciones Sociales de enfermeros

que cuidan de nintildeos hospitalizados sobre la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea

en dos hospitales escolares de la regioacuten oeste de Mato Grosso Se trata de un estudio

cualitativo descriptivo y exploratorio basado en la Teoriacutea de las Representaciones

Sociales de Serge Moscovici realizado con 45 enfermeros que actuaban en la asistencia

al nintildeo hospitalizado En la recoleccioacuten de los datos se utilizaron dos instrumentos el

primero fue constituido por dos partes un cuestionario que posibilitoacute la caracterizacioacuten

de los sujetos y un cuestionario semiestructurado que viabilizoacute la entrevista En el

segundo se utilizoacute la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras (TALP) Para el anaacutelisis de

los datos se realizoacute la caracterizacioacuten de los sujetos utilizando el software Excel 2007

donde fue posible constatar que los participantes eran adultos joacutevenes

predominantemente del sexo femenino y con mano de obra calificada En la segunda

etapa el producto proveniente de la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras fue analizado

por el software EVOC que organizoacute las evocaciones y apuntoacute el probable nuacutecleo central

de la representacioacuten social a partir de dos estiacutemulos Sistematizacioacuten de la Asistencia de

Enfermeriacutea y Actuacioacuten del Enfermero en la SAE Se puede aprehender que frente a la

primera expresioacuten inductora los sujetos evocaron maacutes prontamente las palabras cuidado

enfermeriacutea y organizacioacuten que reflejan la dimensioacuten de las acciones de enfermeriacutea en la

atencioacuten al nintildeo siendo el propio cuidado el probable nuacutecleo central que estructura la

representacioacuten Y remite la verdadera competencia del enfermero Para expresioacuten

inductora Actuacioacuten del enfermero en la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea

las palabras conocimiento humanizacioacuten e importante constituyeron el probable nuacutecleo

central reflejando el entendimiento del grupo sobre las funciones desarrolladas por el

enfermero al sistematizar el cuidado En la tercera etapa los contenidos verbales

provenientes de las entrevistas fueron analizados utilizando el software Alceste En el

anaacutelisis surgieron dos ejes que organizaron el contenido de las representaciones sociales

de los participantes del estudio El primer eje fue compuesto por una clase e hizo

referencia a la dimensioacuten teoacuterica sobre la SAE El segundo eje fue organizado por cuatro

clases y hace mencioacuten la dimensioacuten praacutectica de la SAE Se ha aprendido que las

representaciones teoacutericas no parecen suficientes para anclar la praacutectica asistencial

sentildealando la existencia de importantes discrepancias entre las representaciones de esas

dos dimensiones Estas representaciones no contribuyen al establecimiento de una

realidad capaz de valorar el cuidado de enfermeriacutea pues no son capaces de conferir

autonomiacutea profesional calificar el cuidado e implementar cambios de paradigmas

requeridos en la modernidad por la pediatriacutea

Palabras clave cuidado salud infantil representacioacuten social sistematizacioacuten de la

asistencia de enfermeriacutea

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 A natureza dos cuidados ldquocarerdquo por Colliegravere 199928

Quadro 2 Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989) 32

Quadro 3 Caracteriacutesticas das Abordagens de Assistecircncia agrave Crianccedila 55

Quadro 4 Caracteriacutesticas do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico 72

Quadro 5 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 89

Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do

Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 96

11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta

41

Figura 2 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Alfaro - Levefre 43

Figura 3 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo88

Figura 4 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoAtuaccedilatildeo do enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 95

Figura 5 Dendograma do corpus das representaccedilotildees sociais da SAE organizado em cinco

classes e dois eixos 104

Figura 6 Dendograma com os tiacutetulos dos eixos e classes das dimensotildees juntamente com

as palavras destacadas 105

12

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na instituiccedilatildeo

Caacuteceres ndashMT201585

Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo setor de

atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015 87

13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash MT2015

84

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes

12345 geradas pelo Alceste 104

14

LISTA DE SIGLAS

AFC Anaacutelise Fatorial de Correspondecircncia

ALCESTE Anaacutelise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de um Texto

ANVAR Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo agrave Pesquisa

CEPUNEMAT Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade do Estado de Mato

Grosso

CHD Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente

CNRS Centro Nacional Francecircs de Pesquisa Cientifica

CNS Conselho Nacional de Sauacutede

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

COREN Conselho Regional de Enfermagem

DCNENF Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem

EVOC Ensemble de Programm EspermettantlrsquoAnalyse decircs Evocations

MAE Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem

MS Ministeacuterio da Sauacutede

PE Processo de Enfermagem

RS Representaccedilotildees Sociais

SAE Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TALP Teste de Anaacutelise de Palavras

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TRS Teoria da Representaccedilatildeo Social

UCE Unidades de Contexto Elementar

UCI Unidade de Contexto Inicial

UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso

UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

UTIP Unidade de Terapia Intensiva Pediaacutetrica

15

SUMAacuteRIO

Apresentaccedilatildeo17

Introduccedilatildeo 19

1 Revisatildeo de Literatura 24

11 O Cuidado de Enfermagem 24

12 Trajetoacuteria de Construccedilatildeo de um Meacutetodo Sistematizado 29

13 A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem no Brasil ndash Aspectos Legais

35

14 Estrutura e Organizaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 37

141 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem 39

15 Dificuldades para a Implantaccedilatildeo e Desenvolvimento da SAE 45

16 A Evoluccedilatildeo do cuidado agrave Crianccedila 49

161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila 57

162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila 59

2 Referencial Teoacuterico 63

21 A teoria das Representaccedilotildees Sociais - Origem Conceitos e Definiccedilotildees 63

212 Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e Ancoragem

66

213 A Teoria do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico em Representaccedilotildees Sociais 69

3 Meacutetodo 73

31 Tipo de Estudo 73

32 Local de Estudo 73

33 Sujeitos de Estudo 75

34 Coleta de Dados 76

35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados 77

36 Aspectos Eacuteticos 81

4 Resultados e Discussatildeo 83

41 Conhecendo os Enfermeiros do Estudo que Cuidam de Crianccedilas

83

4 2 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas

88

16

421 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor

SAE88

422 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo

do Enfermeiro na SAE94

43 Conhecendo o conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem 103

44 As Dimensotildees do conhecimento e Praacutetica da SAE agrave Crianccedila Hospitalizada 106

441 Eixo 1 A Dimensatildeo do conhecimento sobre a SAE 106

442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a SAE 113

5 Consideraccedilotildees Finais 135

Referecircncias 139

Apecircndice A ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 161

Apecircndice B ndash Roteiro para Entrevista 163

Apecircndice C ndash Teste de Associaccedilatildeo Livre de Palavras 164

Anexo 1 - Parecer Consubstanciado do CEP 167

17

APRESENTACcedilAtildeO

Meu interesse pelo cuidado agrave crianccedila foi despertado ainda durante minha

formaccedilatildeo acadecircmica Em primeiro lugar foi minha paixatildeo despertada por meio das

especificidades da disciplina Sauacutede da Crianccedila aproximando a razatildeo da ciecircncia com a

emoccedilatildeo e a vibraccedilatildeo do luacutedico depois foi minha primeira aacuterea de experiecircncia

profissional onde cresci como enfermeira conquistei espaccedilos e fiz viacutenculos que se

projetam em minha trajetoacuteria profissional

A possibilidade de fazer parte da vida de uma crianccedila acompanhando seu

crescimento e desenvolvimento prevenindo doenccedilas e assistindo a famiacutelia durante as

dificuldades do processo sauacutede doenccedila eacute o que me fascina e manteacutem neste campo de

atuaccedilatildeo ateacute o momento

Hoje como docente me dedico a preparar meus alunos para se sensibilizarem e

realizarem um cuidado de enfermagem diferenciado a esta clientela individualizado e

organizado em um projeto terapecircutico que inclui a famiacutelia como parte integrante e

responsaacutevel pelo processo Uma das estrateacutegias que utilizo para atingir este propoacutesito eacute o

estiacutemulo a praacutetica do cuidado baseado no planejamento das accedilotildees de forma a atender as

necessidades especiacuteficas de cada crianccedila reduzindo o estresse relacionado ao processo

de adoecimento e internaccedilatildeo

Nessa linha argumentativa vislumbro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem (SAE) o caminho que o enfermeiro possui natildeo soacute para a humanizaccedilatildeo do

cuidado mas para o alcance de resultados especiacuteficos estiacutemulo a autoanaacutelise das accedilotildees

desenvolvidas e o iniacutecio de reflexotildees que conduzem a melhorias impactantes para a

enfermagem a crianccedila e sua famiacutelia

Acredito que organizar e fortalecer os referenciais assistenciais e o sentido do

cuidado de enfermagem prestado agrave crianccedila contribuiraacute para a reduccedilatildeo das iatrogecircnicas

tempo de internaccedilatildeo e agravos responsaacuteveis pelo aumento das taxas de morbimortalidade

neonatal e infantil bem como estimular conhecimento cientiacutefico da profissatildeo

Espero que as reflexotildees advindas neste estudo atraveacutes da compreensatildeo das RS da

SAE no cuidado agrave crianccedila de dois hospitais escolas da regiatildeo oeste do Mato Grosso (MT)

possam geram benefiacutecios aleacutem das fronteiras do meu Estado estimulando a discussatildeo

sobre a importacircncia de um meacutetodo sistemaacutetico e operacional no planejamento das accedilotildees

18

de enfermagem fortalecendo o conhecimento proacuteprio da categoria e ressignificando a

praacutetica assistencial agrave crianccedila

19

INTRODUCcedilAtildeO

Desde a deacutecada de 70 observa-se uma tendecircncia crescente na enfermagem pela busca

de atividades relacionadas agrave organizaccedilatildeo e planejamento de seus serviccedilos Os avanccedilos

cientiacuteficos associados agrave aacuterea do conhecimento da sauacutede estimulam a busca por processos

mais dinacircmicos e cooperacionais que valorizem as diferentes concepccedilotildees do ser humano

e que sejam capazes de integrar as vaacuterias dimensotildees do cuidado de forma inovadora e

criativa (NASCIMENTO KC BACKES KOERICH ERDMANN 2008)

A enfermagem utiliza um modelo de processo de trabalho que sistematiza a

assistecircncia e direciona o cuidado permitindo seguranccedila autonomia profissional e

qualidade das accedilotildees desenvolvidas denominado Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem - SAE Este meacutetodo objetiva a identificaccedilatildeo das necessidades do cliente

apresentando uma proposta de accedilotildees individualizadas de atendimento que eacute

implementada por todos os membros da equipe de enfermagem Trata-se de um processo

dinacircmico e que requer na praacutetica conhecimento teacutecnico-cientiacutefico (ALFARO-LEFEVRE

2000) (SALVADOR SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015)

A SAE constitui um instrumento flexiacutevel sustentado por accedilotildees reaccedilotildees e contiacutenuas

construccedilotildees que envolvem o profissional enfermeiro e seus clientes fundamentando a

tomada de decisatildeo a organizaccedilatildeo do cuidado e a construccedilatildeo do conhecimento a partir da

praacutetica Eacute capaz de organizar o trabalho da equipe de enfermagem em todos os niacuteveis de

sauacutede ao paciente famiacutelia ou comunidade (HORTA 1979)

A resoluccedilatildeo 358-2009 do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN que dispotildeem

sobre a implementaccedilatildeo da SAE considera que a mesma organiza o trabalho do

profissional frente ao meacutetodo sua equipe e instrumentos operacionalizando o processo

de enfermagem

Nesse enfoque a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem enquanto

metodologia cientiacutefica propotildee-se a ldquoorganizar o cuidadordquo Este objetivo eacute alcanccedilado a

partir da utilizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem (PE) meacutetodo de abordagem ao cliente

construiacutedo ou selecionado a partir de um referencial teoacuterico que possibilita e fornece

subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila as alteraccedilotildees riscos e potencialidades no

estado de sauacutede dos seus clientes (CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)

O PE pode ser denominado ainda como Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem

Processo de Enfermagem Processo de Cuidado Metodologia do Cuidado Processo de

20

Assistir Consulta de Enfermagem Seja qual for o termo utilizado trata-se de uma

organizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

Eacute uma ferramenta de grande importacircncia para a individualizaccedilatildeo do cuidado e

para subsidiar a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo da assistecircncia com base em um raciociacutenio cliacutenico

registrado de forma organizada Sua vinculaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica oferece ao enfermeiro

possibilidade de diagnosticar situaccedilotildees de sua responsabilidade e assim controlar as

mudanccedilas de estado (ALFARO-LEFEVRE 2005) (CHRISTOVAM PORTO

OLIVEIRA 2012)

Como metodologia ele proporciona as evidecircncias para embasar as accedilotildees apontar

e justificar as seleccedilotildees de determinados problemas e direcionar as atividades de cada um

dos integrantes da equipe de enfermagem aleacutem de ser um meacutetodo de registro das accedilotildees

fato que contribui para sua continuidade e visibilidade do cuidado (WESTPHALEN

CARRARO 2001)

Correlacionando o PE e o cuidado da crianccedila em ambiente hospitalar eacute importante

frisar que o modelo de cuidado utilizado pela enfermagem pediaacutetrica no Brasil atualmente

estaacute pautado na humanizaccedilatildeo da assistecircncia e tem como base as poliacuteticas puacuteblicas de

sauacutede adotadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) na perspectiva da universalidade

equidade e integralidade com a utilizaccedilatildeo de tecnologias e a valorizaccedilatildeo de crenccedilas e

modos de vida (COLETT 2001) (GAIacuteVA SCOCHI 2004) (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Considera-se entatildeo que o cuidado prestado deve estar aliado a uma visatildeo

humanista e que contemple essa atenccedilatildeo em relaccedilatildeo ao contexto social cultural e

econocircmico no qual estatildeo inseridos a crianccedila e sua famiacutelia

Em virtude das especificidades da assistecircncia pediaacutetrica que associa a intervenccedilatildeo

adequada ao niacutevel do crescimento e desenvolvimento infantil os trabalhadores de

enfermagem que prestam cuidados a este periacuteodo da vida independente do seu grau de

qualificaccedilatildeo enfrentam um quotidiano de trabalho com muitas exigecircncias e cobranccedilas

Nestes espaccedilos de atendimento a crianccedila e de trabalho multidisciplinar o

enfermeiro precisa de boa articulaccedilatildeo para estabelecer conexotildees com os saberes e

intervenccedilotildees distintas dos diversos profissionais da equipe Para Gaiacuteva e Scochi (2004)

o conhecimento deve ser compartilhado e experienciado principalmente em virtude das

caracteriacutesticas de vulnerabilidade do receacutem-nascido penso que esta conduta tambeacutem

deve se estender ao atendimento a todas as fases da infacircncia Salienta-se que um meacutetodo

21

rigoroso de trabalho se faz necessaacuterio para alcanccedilar tais objetivos facilitando as tomadas

de decisotildees que levam a melhora do quadro cliacutenico do cliente respeitando o envolvimento

familiar

Essa argumentaccedilatildeo eacute ratificada por autores que analisam que a enfermagem que

atua no cuidado agrave crianccedila deve exercer a sua funccedilatildeo utilizando meacutetodo cientiacutefico rigoroso

investigando avaliando planejando e realizando procedimentos que favoreccedilam o bem-

estar do cliente e sua famiacutelia e para atingir tal objetivo eacute necessaacuterio que o enfermeiro

esteja inserido na rede social de cuidados de forma consciente competente tanto teacutecnica

quanto cientificamente (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA 2010)

Nessa perspectiva a SAE oferece respaldo seguranccedila e o direcionamento para o

desempenho das atividades contribuindo para a credibilidade competecircncia e visibilidade

da Enfermagem e consequentemente para a autonomia e satisfaccedilatildeo profissional A SAE

eacute um caminho de autonomia para a profissatildeo pois ela representa uma estrateacutegia

reconhecida por permitir uma aproximaccedilatildeo do enfermeiro ao paciente tanto no momento

da sua elaboraccedilatildeo quanto na prestaccedilatildeo do cuidado por exigir conhecimento cientiacutefico

responsabilidade e compromisso profissional (NEVES 2010) (MENEZES PRIEL

PEREIRA 2011) (VITURI EacuteVORA 2015)

Entretanto minha experiecircncia como docente o contato com colegas de profissatildeo

atuantes na assistecircncia hospitalar e a leitura de publicaccedilotildees da aacuterea atentam para um

cenaacuterio onde se faz necessaacuterio uma maior sensibilizaccedilatildeo quanto ao emprego da SAE pelo

enfermeiro Observo uma fragmentaccedilatildeo no processo do cuidar em virtude da dicotomia

entre o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro e sua atividade praacutetica no mundo do trabalho

Falta consonacircncia entre o aprendido e o vivenciado o que favorece a perdas no referencial

pelo natildeo uso ou uso parcelado da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

A ausecircncia desta metodologia assistencial no cuidado agrave crianccedila transforma as

praacuteticas de enfermagem durante a internaccedilatildeo em meras replicaccedilotildees procedimentais ou

seja a teacutecnica pela teacutecnica (fazer sem saber) ou ateacute mesmo falhas na implementaccedilatildeo

destas como o uso de foacutermulas preacute-determinadas (fazer por fazer) natildeo individualizadas

Andrade e Vieira (2005) apontam algumas situaccedilotildees como possiacuteveis causas do

pouco ou natildeo uso da SAE nos estabelecimentos de sauacutede a falta de base cientiacutefica

conhecimento habilidade e atitudes para a fiel implementaccedilatildeo o nuacutemero reduzido de

enfermeiros nos serviccedilos o envolvimento dos enfermeiros em processos administrativos

em detrimento ao processo assistencial

22

Apoacutes um periacuteodo de reflexatildeo sobre a temaacutetica e associando-a ao ambiente e as

exigecircncias do cuidado agrave crianccedila questionei Quais seriam as causas para o natildeo uso da PE

pelos enfermeiros que assistem crianccedilas Qual a importacircncia atribuiacuteda a esta praacutetica pelos

enfermeiros pediaacutetricos Qual a representaccedilatildeo social da SAE para enfermeiros que

trabalham em setores com caracteriacutesticas tatildeo especiacuteficas

Eacute de fundamental importacircncia que toda a equipe de enfermagem compreenda e

incorpore o meacutetodo cientiacutefico no desenvolvimento do processo de cuidar cotidiano

gerando a sua competecircncia profissional Entende-se que a percepccedilatildeo da SAE pela equipe

que presta cuidado agrave crianccedila influencie na atividade terapecircutica favorecendo o bem-estar

e reforccedilando-a como uma praacutetica baseada em evidencias

Considerando a SAE como uma construccedilatildeo social para a enfermagem e aceitando

que os diversos indiviacuteduos constroem e reconstroem seus conhecimentos segundo suas

representaccedilotildees sociais sobre o objeto a partir de sentimentos atitudes conhecimentos

comportamentos e experiecircncias vivenciadas se faz necessaacuterio apreender qual a

representaccedilatildeo social a cerca desta ferramenta que subsidia as praacuteticas cotidianas do

enfermeiro no ambiente de cuidado a crianccedila

Ambiente este que em virtude das suas peculiaridades e singularidades requer uma

dinacircmica assistencial uacutenica com o uso de diversos tipos de tecnologias algumas

exclusivas e atreladas as especificidades de um corpo ainda em desenvolvimento As

representaccedilotildees sociais natildeo implicam sempre uma perspectiva de intervenccedilatildeo mas toda

intervenccedilatildeo supotildee necessariamente se considerar as representaccedilotildees sociais (RANGEL

2004)

Dessa forma por apresentar vaacuterias faces e um caraacuteter multidisciplinar a Teoria

das Representaccedilotildees Sociais - TRS inaugurada por Moscovici (1962) tem contribuiacutedo

bastante nas investigaccedilotildees da aacuterea de sauacutede pois revela grande utilidade particularmente

na enfermagem Em decorrecircncia da sua relevacircncia social da sua composiccedilatildeo polimorfa

que contempla conceitos proposiccedilotildees explicaccedilotildees originadas na vida cotidiana no curso

de comunicaccedilotildees interpessoais tecida por um conjunto de elementos de natureza diversa

como os processos cognitivos inserccedilotildees sociais fatores afetivos e sistema de valores

(SAacute 2002)

Diante destas consideraccedilotildees iniciais entende-se ser importante e justificaacutevel

proceder um estudo que desvele os processos de elaboraccedilatildeo organizaccedilatildeo e

funcionamento das Representaccedilotildees Sociais da SAE no atendimento a crianccedila pelos

23

enfermeiros Espera-se contribuir para a melhoria do cuidado prestado pois a

compreensatildeo das relaccedilotildees entre o conhecimento e a praacutetica assistencial nessa fase da vida

permeadas pelas crenccedilas e valores dos envolvidos possa fortalecer o profissional

enfermeiro garantindo-lhe autonomia e qualidade assistencial

Dessa forma este estudo tem como objetivo geral Conhecer as representaccedilotildees

sociais acerca da SAE de enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em hospitais

Pretende-se ainda atingir os seguintes objetivos especiacuteficos

1 Apreender o conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos enfermeiros acerca

SAE

2 Apreender a estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos enfermeiros

acerca da SAE

3 Identificar onde e como as representaccedilotildees foram forjadas

4 Identificar o grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE

5 Apontar quais os aspectos facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo

da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado a crianccedila

O texto esta estruturado em cinco partes organizando-se da seguinte forma

Parte I ndash Revisatildeo de Literatura Com a finalidade principal de apresentar

os conceitos a partir de uma breve discussatildeo teoacuterica do problema

Parte II - Referencial Teoacuterico Com a intenccedilatildeo principal de apresentar o

constructo teoacuterico e de validar a dimensatildeo interna da pesquisa

Parte III ndash Meacutetodo expotildee o caminho metodoloacutegico seguido a fim de

apreender as representaccedilotildees sociais relacionadas agrave SAE

Parte IV ndash Resultados e Discussatildeo revela de forma detalhada os

resultados obtidos caracterizando os personagens e explicando as

representaccedilotildees do grupo acerca da SAE aproximaccedilotildees e dificuldades

encontradas no ambiente para o desenvolvimento desta

Parte V ndash Conclusatildeo apresenta respostas aos objetivos desta pesquisa e

reflexotildees a respeito das dimensotildees que permeiam as representaccedilotildees sociais

da SAE no atendimento de crianccedilas

24

1REVISAtildeO DE LITERATURA

11 O CUIDADO DE ENFERMAGEM

A Enfermagem eacute uma arte e para realiza-la como arte

requer uma devoccedilatildeo tatildeo exclusiva um preparo tatildeo

rigoroso quanto a obra de qualquer pintor ou escultor

pois o que eacute tratar da tela morta ou do frio maacutermore

comparado ao tratar do corpo vivo o templo do espiacuterito

de Deus Eacute uma arte poder se ia dizer a mais bela das

artes

(Florence Nightingale)

Falar do cuidado eacute falar da histoacuteria de como fomos e somos cuidados o que

evidencia a dimensatildeo ontoloacutegica do cuidado elemento constituinte do ser humano Trata-

se para Heidegger (1989) do solo em que se move toda a interpretaccedilatildeo do ser humano

em sua visatildeo humanista natildeo sendo possiacutevel compreender o ser humano se natildeo nos

basearmos no cuidado O cuidado do outro requer uma atitude fundamental um modo de

agir em que a pessoa se desvincula de si proacutepria e centra-se no outro com desvelo e

solicitude (HEIDEGGER 2008)

Podemos afirmar que o ser humano eacute essencialmente um ser de necessidades a

serem satisfeitas e por isso um ser em busca de cuidado gregaacuterio social sujeito histoacuterico

que constroacutei relaccedilotildees sociais inseridas nas mais diversas condiccedilotildees culturais (BISON

2003)

O ser humano vem dotado de sacralidade dados os seus inalienaacuteveis direitos e

deveres e evolui constantemente rumo ao futuro Na trajetoacuteria histoacuterica do seu viver

molda-se mediante a cultura o meio ambiente o grupo social a que pertence introjetando

valores princiacutepios e idealizaccedilatildeo que daratildeo suporte a suas atitudes accedilotildees e opiniotildees

(BOFF 1999)

Como uma atitude e caracteriacutestica primeira do ser humano o cuidado revela a

natureza humana eacute a maneira mais concreta de ser humano Sem o cuidado o homem

deixa de ser humano desestrutura-se definha perde o sentido e morre Se ao longo da

vida natildeo fizer com cuidado tudo o que empreender acaba por prejudicar a si mesmo e

por destruir o que estiver a sua volta (BOFF 1999)

O cuidado apenas aparece quando a existecircncia de algueacutem adquire significado

Nesse sentido passamos a cuidar participar do destino do outro de suas buscas

sofrimentos e sucessos (BOFF 1999) Eacute um fenocircmeno culturalmente construiacutedo pois

25

cada povo tem sua maneira proacutepria de definir compreender e expressaacute-lo (LEININGER

1978) Eacute accedilatildeo de manutenccedilatildeo agrave vida que garante a satisfaccedilatildeo de um conjunto de

necessidades indispensaacuteveis mas que satildeo diversificadas na sua manifestaccedilatildeo (LIMA

VARGENS QUITETE MACEDO SANTOS 2008)

Para Horaacutecio (65-8 AC) apud Heidegger (2008) o cuidado eacute o permanente

companheiro do ser humano que nunca deixaraacute de amar e desse desvelar por algueacutem O

cuidado permite ao ser humano viver a experiecircncia fundamental do valor daquilo que o

cerca que tem importacircncia e definitivamente conta ou seja o valor intriacutenseco de cada

coisa

A expressatildeo cuidadocuidar tem inuacutemeros sentidos Na definiccedilatildeo de Aureacutelio

(2016) cuidado eacute sinocircnimo de atenccedilatildeo zelo desvelo responsabilidade por preocupaccedilatildeo

para com algueacutem Em Volichi (2000) tem se a descriccedilatildeo etimoloacutegica do termo mediante

diferentes culturas

1) Do latim cura tem o significado de desvelo de preocupaccedilatildeo e de inquietaccedilatildeo

pela pessoa ou objeto amado cogitare ndash cogitatus que significa cogitar

pensar mostrar interesse solicitude atenccedilatildeo bom trato

2) Do inglecircs arcaico carion tem o sentido de ter preocupaccedilatildeo sentir inclinaccedilatildeo

dar preferecircncia respeitar considerar ter afeto ter simpatia

3) Do termo goacutetico KaraKaron expressando afliccedilatildeo pesar tristeza

O verbo cuidar em portuguecircs denota atenccedilatildeo cautela desvelo zelo Assume ainda

caracteriacutesticas de sinocircnimo de palavras como imaginar meditar empregar atenccedilatildeo ou

prevenir-se Representa mais que um momento de atenccedilatildeo Eacute na realidade uma atitude de

preocupaccedilatildeo ocupaccedilatildeo responsabilizaccedilatildeo e envolvimento afetivo com o ser cuidado

(REMEN 1993 BOFF 1999 WALDOW 2001 SILVA et al 2001)

Desta forma compreende-se entatildeo que o cuidado eacute necessaacuterio aos seres humanos

a fim de permitir a continuidade da vida das pessoas dos grupos e das sociedades

pressupotildee-se que sua origem esteja relacionada a qualquer pessoa que ajude outra a ter

garantida a manutenccedilatildeo da sua vida e natildeo a um ofiacutecio ou profissatildeo (COLLIEgraveRE 1999)

Assim em seu sentido mais original o cuidado natildeo tem nenhuma relaccedilatildeo com

profissatildeo eacute uma praacutetica (COLLIEgraveRE 1999) Por profissatildeo entende-se como uma

ocupaccedilatildeo cujas obrigaccedilotildees criam e utilizam de forma sistemaacutetica o conhecimento geral

acumulado na soluccedilatildeo de problemas postulados por um cliente (MACHADO 1995)

26

O cuidado natildeo eacute proacuteprio ou privativo de nenhuma praacutetica profissional para

caracterizar-se como cuidado de enfermagem eacute necessaacuteria a apropriaccedilatildeo do cuidado

humano nato poreacutem com a intencionalidade da accedilatildeo (FILHO1997)

A praacutetica de cuidar na Enfermagem nasceu como intuiccedilatildeo feminina no seio

familiar para depois caminhar na direccedilatildeo de tornar-se uma ciecircncia humanizada

respaldada inicialmente no conhecimento de outras ciecircncias para mais recentemente

procurar fundamentaccedilatildeo em teorias proacuteprias ao que se denomina Enfermagem Moderna

(GEOVANINI 2002)

Ao longo dos seus 150 anos de trajetoacuteria desde sua fundaccedilatildeo no seacuteculo XIX a

enfermagem se fortalece como a profissatildeo voltada agrave ldquoarte e ciecircncia do cuidarrdquo Nesse

contexto a enfermagem como ciecircncia agrega e investe sistematicamente na construccedilatildeo

de uma praacutetica baseada em evidecircncias cientificamente apropriado agrave abordagem das

pessoas que necessitam de conforto bem-estar atenccedilatildeo e aliacutevio dos sofrimentos

(CESTARI 2003)

Jaacute a componente arte expressa o encontro do self com a intuiccedilatildeo com a

criatividade com a imaginaccedilatildeo (re) valorizando o ser e suas interaccedilotildees com a vida A

enfermagem ao adentrar no campo esteacutetico possibilita uma nova visatildeo sobre a praacutetica da

profissatildeo e sua relaccedilatildeo com a complexidade do ser humano Estabelece uma visatildeo

transpessoal sobre o cuidado direcionando-o para uma maior harmonia perfeiccedilatildeo e

evoluccedilatildeo assim como aquela estabelecida durante a concepccedilatildeo de qualquer atividade

artiacutestica (WALDO 2001)

O cuidado de enfermagem estaacute na maioria das vezes ligado ao conceito de sauacutede

e doenccedila uma breve revisatildeo das definiccedilotildees conceituais de cuidado e cuidar indicam esse

entrelaccedilamento descrito por diferentes teoristas

Para Peplau (1992) a enfermagem eacute terapecircutica pois auxilia o indiviacuteduo doente

eou necessitado de cuidados atraveacutes da relaccedilatildeo interpessoal apresentandondashse como um

agente especialmente preparado para reconhecer essa necessidade de ajuda e a ela

responder Newman (1991) afirma que a enfermagem eacute o estudo do cuidar na experiecircncia

de sauacutede humana Henderson (1973) insere o indiviacuteduo como foco do cuidado sendo a

enfermagem o instrumento para auxiliaacute-lo atraveacutes de atividades fundamentais que

mantenham a sauacutede recuperem-na ou contribuam para uma morte digna (POTTER

PERRY 2004)

27

O cuidado como conduta implica uma gama de atitudes e sentimentos que

permitem a quem o executa e a quem o recebe uma interaccedilatildeo capaz de produzir efeitos

extremamente beneacuteficos para ambas as partes

O cuidado de Enfermagem eacute expresso atraveacutes da garantia do aliacutevio do sofrimento

e manutenccedilatildeo da dignidade em meio agraves experiecircncias de sauacutede doenccedila vida e morte O

cuidado humano dispensado pelo enfermeiro deve atingir aleacutem dos clientes e seus

familiares a sua equipe de modo a garantir melhor relacionamento interdependecircncia

coesatildeo e competecircncia (WALDOW 2001)

Portanto o cuidado de enfermagem consiste em accedilotildees em defesa de um

funcionamento comportamental adequado que previna a doenccedila ou caso de algum

desequiliacutebrio ofereccedila uma assistecircncia que conduza a homeostase (BISON 2003)

Ele eacute complexo e demarcado por um amplo cenaacuterio de possiacuteveis accedilotildees O cuidado

de enfermagem eacute universal multidimensional e singular considerando os sistemas social

econocircmico e cultural dos envolvidos (COLLIEgraveRE 1999)

O cuidado compotildee a linguagem da enfermagem e ao visualizaacute-lo como um modo

de ser relacional e contextual caracteriza-se como a uacutenica accedilatildeo verdadeiramente

independente do enfermeiro (WALDOW 2015) Para conferir autonomia profissional o

ato de cuidar deve ser organizado de forma a respeitar a singularidade da experiecircncia do

adoecer e viver e significar um conjunto de relaccedilotildees e interaccedilotildees entre os indiviacuteduos

envolvidos no processo (FERREIRA PEREIRA SOUZA ALMEIDA 2016)

Portanto a atuaccedilatildeo da enfermagem esta compreendida em uma zona de intercessatildeo

entre o cuidado e o tratamento E embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo

de uma teacutecnica satildeo na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis

que presidem a sauacutede com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e

essenciais tanto para a manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)

Gamboa (1997) preconiza que cuidar natildeo eacute um ato uacutenico nem mesmo a soma de

procedimentos teacutecnicos ou qualidades humanas Trata-se do resultado de um processo em

que se conjugam sentimentos valores atitudes e princiacutepios cientiacuteficos com a finalidade

de satisfazer os indiviacuteduos nele envolvidos

Portanto para que o cuidado ocorra eacute mister que a intenccedilatildeo do cuidador fique

clara ou melhor seja demonstrada genuinamente por palavras e accedilotildees Esta accedilatildeo eacute repleta

de sensibilidade delicadeza solidariedade e profissionalismo pois deve excluir

preconceitos de qualquer ordem e utilizar a relaccedilatildeo interpessoal como base entre seres

28

humanos (WALDOW 2001) Nesse sentido o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai

aleacutem de procedimentos teacutecnicos engloba envolvimento e compromisso com o outro

tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada (HEIDEGGER 2008)

De acordo com Colliegravere (1999) os cuidados de enfermagem organizam-se em

duas tendecircncias segundo a sua natureza os cuidados de manutenccedilatildeo (care) que se

caracterizam por um conjunto de accedilotildees que asseguram a continuidade da vida e os

cuidados de reparaccedilatildeo ou tratamento (cure) que se organizam em torno de um conjunto

de accedilotildees dispensadas quando a vida se depara com algum obstaacuteculo Ambos satildeo

necessaacuterios para a manutenccedilatildeo humana poreacutem mudam de foco de acordo com o contexto

da sauacutede ou da doenccedila constituindo o fazer da enfermagem (COLLIEgraveRE 1999

BORGES 2011)

Quanto agrave natureza os cuidados (care) satildeo descritos no Quadro 1

Quadro 1- A natureza dos cuidados (care)

CUIDADOS CARE

Cuidados de

estimulaccedilatildeo

Despertam as capacidades fundamentais da vida seja no iniacutecio

(como mamar e respirar) ou apoacutes situaccedilotildees que diminuiacuteram essas

capacidades (como voltar a andar apoacutes um periacuteodo de coma)

Cuidados de

confortaccedilatildeo

Que fortalecem a seguranccedila fiacutesica e afetiva permitindo

aquisiccedilatildeo de confianccedila e favorecendo a renovaccedilatildeo e a integraccedilatildeo

da experiecircncia

Cuidados de parecer Que promovem a imagem de si proacuteprio e o sentimento de

pertenccedila ao grupo e satildeo fundamentais para manter o desejo de

comunicaccedilatildeo e partilha

Cuidados de

compensaccedilatildeo

Que substituem aquilo que ainda natildeo foi totalmente adquirido ou

que foi perdido assegurando as funccedilotildees vitais

Cuidados de

manutenccedilatildeo da vida

Que atendem agraves necessidades da vida cotidiana como lavar-se e

vestir-se

Cuidados de

apaziguamento

Que permitem o aliacutevio da dor e contribuem para superar melhor

os momentos de grande sofrimento facilitando a melhor

utilizaccedilatildeo dos recursos fiacutesico-afetivos e atenuando a repercussatildeo

psicomental desses momentos

Fonte Colliegravere 1999

29

A doenccedila eacute o campo de atuaccedilatildeo do enfermeiro nos cuidados (cure) Nesse domiacutenio

diferentes niacuteveis de responsabilidade satildeo estruturados 1 - atuaccedilatildeo com total autonomia

que depende apenas da decisatildeo e iniciativa do enfermeiro 2 - atuaccedilatildeo que estaacute acoplada

agrave prescriccedilatildeo do meacutedico ligado ao diagnoacutestico e tratamento da doenccedila e 3 - atuaccedilatildeo onde

as responsabilidades satildeo compartilhadas e que depende do enfermeiro para execuccedilatildeo do

tratamento (COLLIEgraveRE 1999)

Eacute necessaacuterio a distinccedilatildeo da natureza dos dois tipos de cuidado e a compreensatildeo de

que ambos satildeo importantes para o bem estar completo do indiviacuteduo natildeo devendo haver

a valorizaccedilatildeo de um sobre o outro Colliegravere (1999) considera

Quando haacute prevalecircncia do cure em sobre o care isto eacute dos

cuidados de reparaccedilatildeo negligenciando os cuidados cotidianos e

habituais haacute aniquilaccedilatildeo progressiva de todas as forccedilas vivas

da pessoa de tudo que a faz desejar reagir porque haacute

esgotamento das fontes de energia vital sejam de que natureza

forem (fiacutesica afetiva social etc) Esta aniquilaccedilatildeo pode ir ateacute

a deterioraccedilatildeo irreversiacutevel

Neste sentido a enfermagem assume uma dimensatildeo holiacutestica estabelecendo-se

como uma praacutetica de cuidado integralizadora auxiliando a fortalecer os viacutenculos entre o

sentir saber- fazer (WALDO 2001)

Salienta-se entatildeo que o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai aleacutem de

procedimentos teacutecnicos englobando o envolvimento e o compromisso com o outro

tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada Situado numa relaccedilatildeo com tudo o que

melhora as condiccedilotildees que favorecem a promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando

limitar a doenccedila e por outro em relaccedilatildeo a tudo que recupera revitaliza a pessoa doente

(BORGES 2011)

12 A TRAJETOacuteRIA DE CONSTRUCcedilAtildeO DE UM MEacuteTODO SISTEMATIZADO

A Enfermagem enquanto arte do cuidado eacute voltada agrave assistecircncia do indiviacuteduo e

das pessoas a ele relacionadas no ambiente em que estatildeo inseridos promovendo-lhes

sauacutede prevenindo agravos reabilitando e melhorando seu estado fiacutesico e mental

oferecendo-lhes conforto e respeitando sua singularidade e dignidade (HORTA 1979)

As relaccedilotildees da enfermagem com o cuidado satildeo antigas e no desenvolvimento da

profissatildeo vaacuterios paradigmas influenciaram essa relaccedilatildeo

30

O processo histoacuterico do cuidado coincidiu com a origem das espeacutecies vivas

Historicamente as mulheres satildeo os primeiros seres a praticar a medicina no sentido de

tratamento e cura em virtude das praacuteticas de agricultura que lhes conferiu a capacidade

de tratar medicar e cuidar As praacuteticas domeacutesticas determinadas pela divisatildeo sexual do

trabalho como a dedicaccedilatildeo agrave casa famiacutelia os cuidados aos idosos entre outras

capacitam a mulher em garantir ou compensar funccedilotildees vitais desde o nascimento ateacute a

morte Satildeo nas atividades de cuidar do outro que as mulheres inicialmente expressam uma

forma de relaccedilatildeo com o mundo (WALDOW 2001)

As lutas com a finalidade de assegurar a continuidade da vida utilizando-se da

proteccedilatildeo reflexa e instintiva fez o cuidado feminino se tornar objeto do xamatilde ou

feiticeiro depois do sacerdote e mais tarde do meacutedico (OGUISSO 2005)

Sobre influecircncia religiosa o cuidar foi centrado na disciplina e obrigaccedilatildeo em

realizar tarefas (CARNEIRO 2008) Dando inicialmente agrave profissatildeo uma aproximaccedilatildeo

cultural com esse cuidado natildeo profissionalizado A este respeito Alcacircntara (1963) apud

Oguisso (2005) fez referecircncias identificando o cuidado caritativo como valorizado pela

sociedade e o cuidado profissionalizado como desprestigiado Kruse (2006) afirma que

nesse momento ldquocristatildeordquo da enfermagem a atenccedilatildeo dedicada aos doentes era reconhecida

como missatildeo para alcanccedilar a vida eterna das cuidadoras

Esta prestaccedilatildeo de cuidados que inicialmente era intuitiva em virtude das

caracteriacutesticas do momento evolutivo passa a buscar a rigorosidade dos princiacutepios

cientiacuteficos atraveacutes do desenvolvimento do pensamento criacutetico fazendo com que aspectos

bioloacutegicos do ser humano se transformassem no referencial norteador da assistecircncia

(OGUISSO 2005)

Com o advento cientiacutefico e tecnoloacutegico a enfermagem passa a incorporar agrave sua

praacutetica algumas teacutecnicas e procedimentos passando a seguir normas e regras em

detrimento dos aspectos unicamente humaniacutesticos do cuidado Assim a praacutetica passou a

seguir o modelo biologicista centrado na cura da doenccedila e natildeo no sujeito (BUENO

QUEIROZ 2006)

Neste momento vigorava a valorizaccedilatildeo da teacutecnica pela teacutecnica a competecircncia da

enfermagem estava diretamente ligada agrave destreza manual e agrave rapidez no desempenho dos

procedimentos uma das qualidades do enfermeiro era a subserviecircncia A ausecircncia de

justificativas das accedilotildees desempenhadas e de questionamentos aos ldquoporquecircsrdquo a cada

31

situaccedilatildeo contribuiacuteram para a desvalorizaccedilatildeo do trabalho limitando a Enfermagem a

condutas meramente curativas (GOMES NASCIMENTO ARAUJO 2007)

Entre as deacutecadas de 40 e 60 do seacuteculo XIX a Enfermagem preocupou-se em

fundamentar suas accedilotildees conferindo-lhe cientificidade Segundo Lopes e Santos (2010)

a participaccedilatildeo de Florence Nightingale na Guerra da Crimeacuteia em 1854 foi determinante

para conferir agrave Enfermagem o estatuto soacutecio profissional que lhe faltava Suas accedilotildees

foram tatildeo significativas que originaram profundas mudanccedilas na sauacutede em todo o mundo

Sua habilidade empreendedora instaurou no campo da sauacutede processos de melhoria

contiacutenua baseados no levantamento de dados estatiacutesticos sobre os potenciais riscos de

infecccedilatildeo ou seja a sistematizaccedilatildeo de cuidados diretos com o paciente (BACKES

SCHWARTZ 2005) Com sagacidade e competecircncia Florence reestruturou os serviccedilos

de sauacutede de sua eacutepoca despertando um olhar mais apurado para o cuidar

Florence tambeacutem eacute a responsaacutevel pela fundaccedilatildeo da primeira escola de

enfermagem na Inglaterra aproximando a praacutetica da enfermagem agrave aspectos modernos e

cientiacuteficos e incentivando a criaccedilatildeo de outras escolas de enfermagem Segundo Atkinson

e Murray (1989 p6) ldquoas primeiras escolas nos EUA e Canadaacute praticamente copiaram as

escolas Nightingale da Inglaterrardquo Desta forma estimulou outras enfermeiras a

analisarem a qualidade do trabalho prestado e a re-pensarem a Enfermagem enquanto

profissatildeo

Os avanccedilos na formaccedilatildeo educacional e no cuidado prestado foram determinantes

para a qualificaccedilatildeo da assistecircncia e estimulou as enfermeiras a criarem teorias que

direcionavam as accedilotildees proacuteprias da Enfermagem ou seja a construccedilatildeo de um corpo de

conhecimentos proacuteprio do enfermeiro

Surgiram os Estudos de Caso precursores dos Planos de Cuidados propostos

como uma forma de organizaccedilatildeo e individualizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem A

primeira descriccedilatildeo do meacutetodo de estudo de caso foi publicada no Studentacutes Handbook on

Nursing Case Studies em 1929 por Deborah Maclurg Jensen com o objetivo de guiar o

estudante na elaboraccedilatildeo de estudos de caso na Escola de Enfermagem da Universidade

de Yale (NEVES 2010)

Desta forma o conhecimento proporcionado pelos Planos de Cuidados

influenciou a elaboraccedilatildeo dos processos de enfermagem Nessa eacutepoca tal processo

organizava-se em torno da doenccedila e era do ponto de vista do conhecimento especiacutefico da

enfermagem ldquoum esqueleto sem roupardquo como afirma Gordon (2002)

32

O conceito de Processo de Enfermagem - PE foi introduzido na deacutecada de 1950

como um processo sistematizado compreendendo etapas como histoacuterico planejamento e

evoluccedilatildeo Este tornou-se parte do referencial conceitual de diversos curriacuteculos de

Enfermagem no mundo e estava baseado na observaccedilatildeo e na mensuraccedilatildeo como caminho

para a anaacutelise dos dados (DOENGES MOORHOUSE GEISSLER 2003)

Conforme Pesut e Hermam (1999) apud Neves (2010) o PE tem trecircs geraccedilotildees A

primeira situa-se no decorrer das deacutecadas de 1950 a 1970 quando foi identificada como

problemas e processo A segunda ocorreu entre 1970 a 1990 com a inserccedilatildeo do

diagnoacutestico de enfermagem A terceira geraccedilatildeo situa-se a partir de 1990 seguindo ateacute os

dias de hoje esta geraccedilatildeo realiza todas as etapas do PE fazendo a especificaccedilatildeo e o teste

dos resultados

Nos anos 70 houve uma grande preocupaccedilatildeo da enfermagem com o

desenvolvimento de teorias proacuteprias como um meio de estabelecer a enfermagem como

profissatildeo (HERMIDA 2004) Espiacuterito Santo e Porto (2006) salientam que o

desenvolvimento das teorias representa uma tentativa de ampliaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de

conhecimento como um saber especiacutefico para a Enfermagem Constituem a base da

assistecircncia a ser prestada sustentando as decisotildees do enfermeiro O desenvolvimento

destes modelossistemas conceituais e teorias de enfermagem onde o cerne da

enfermagem tem sua natureza e o escopo refletidos com base em ponto de vista filosoacutefico

forneceu o foco conceitual necessaacuterio ao PE (GORDON 2002)

Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989)

Ano

primeira

publicaccedilatildeo

Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave

1952 Hildegard E

Peplau

Processo interpessoal eacute a forccedila de amadurecimento da

personalidade

1960 Faye G Abdellah

Irene L Beland

Almeda Martin

Ruth V Matheney

Os problemas dos pacientes determinam o cuidado de

enfermagem

1961 Ida Jean Orlando

O processo interpessoal alivia o sofrimento

1964 Ernestine

Weidenbach

O processo de ajuda atende as necessidades atraveacutes da

arte de cuidado individualizado

33

Continuaccedilatildeo Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952

ndash 1989)

Ano

primeira

publicaccedilatildeo

Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave

1966 Lydia E Hall O cuidado de enfermagem eacute dirigido agrave pessoa e voltado

para a auto-estima

1967 Myra E Levine O holismo eacute mantido conservando a integridade

1970 Martha E Rogers O ambiente da pessoa satildeo campos de energia que

evoluem ldquonegentropicalmenterdquo

1971 Dorothea E Orem O autocuidado manteacutem a integralidade

1971 Imogene M King As transaccedilotildees fornecem um paracircmetro de referecircncia em

direccedilatildeo ao estabelecimento de metas

1974 Sr Callista Roy Os estiacutemulos rompem um sistema adaptaacutevel

1976 Josephine G

Paterson

Loretta T Zderad

Enfermagem eacute uma experiecircncia existencial de cuidar

1978 Madeleine M

Leininger

O cuidado eacute universal e varia atraveacutes das diferentes

culturas

1979 Jean Watson O cuidado eacute ideal no sentido moral mente-corpo-alma

engajados um ao outro

1980 Dorothy E

Johnson

Os subsistemas existem em estabilidade dinacircmica

1981 Rosemarie Rizzo

Parse

Seres indivisiacuteveis e ambiente em conjunto criam a sauacutede

1989 Patricia Benner

Judith Wrubel

O cuidado eacute vital para a essecircncia da enfermagem

Estabelece o que eacute importante permitindo conexatildeo e

consciecircncia Cria possibilidade de ajuda muacutetua

Fonte POTTER PERRY Fundamentos de enfermagem 5 ed Rio de Janeiro Guanabara

Koogan 2004 p 68-80

Conforme ressalta Waldow (2001) as Teorias de Enfermagem em sua essecircncia

tinham a intenccedilatildeo de humanizar o cuidado Alguns teoacutericos defenderam a ideacuteia do

cuidado integral e incluiacuteram em seus modelos as dimensotildees bioloacutegicas e psicossociais

inclusive a espiritual e o meio ambiente enfatizando a direccedilatildeo e a prioridade das accedilotildees

para o ser humano

34

Fato eacute que a enfermagem nesta proposiccedilatildeo se aproxima da visatildeo positivista da

sauacutede produzindo uma praacutetica de cuidado dos corpos dentro de uma associaccedilatildeo de

conhecimentos baseado em teorias de enfermagem ou seja o saber proacuteprio do enfermeiro

(KRUSE 2006)

O interesse pelo PE cresceu rapidamente nas escolas de Enfermagem sendo

inicialmente utilizado com um instrumento de ensino tornando as accedilotildees de enfermagem

em acordes como o meacutetodo cientiacutefico Na deacutecada de 60 apenas poucos hospitais dos

Estados Unidos e no Reino Unido haviam implementado essa metodologia de

assistecircncia Foi na deacutecada de 70 que o PE comeccedilou a ser utilizado nos hospitais embora

ainda com dificuldades servindo principalmente como guia para normatizar a praacutetica de

enfermagem (DE LA CUESTA 1983) (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

O Processo de Enfermagem enquanto metodologia cientiacutefica propotildee-se a

organizar e sistematizar o cuidado fornece subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila

alteraccedilotildees no estado de sauacutede dos clientes que necessitam de intervenccedilotildees

individualizadas visando a reabilitaccedilatildeo dos mesmos O planejamento de uma assistecircncia

personalizada a cada cliente possibilita a adoccedilatildeo de intervenccedilotildees de acordo com as

necessidades especiacuteficas a ele considerando-o em sua singularidade e norteando o

cuidado prestado Contribuem com a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da

sauacutede do indiviacuteduo famiacutelia e comunidade (TRUPPEL et al 2009)

A SAE eacute um processo que instrumentaliza o enfermeiro para uma atuaccedilatildeo

cientiacutefica baseada em evidecircncias e contribui para solidificar a atuaccedilatildeo desse profissional

o que seraacute um diferencial dentro da equipe de enfermagem Este processo desenvolvido

atraveacutes do PE respalda o enfermeiro a realizar com maior eficaacutecia accedilotildees de supervisatildeo

de avaliaccedilatildeo e de gerenciamento dos cuidados prestados pela equipe bem como

acompanhar os resultados das accedilotildees implementadas (MUSSI et al 1997)

Para este conceito destaca-se que a SAE envolve todos os elementos do processo

de trabalho em enfermagem Assim podem-se elencar diversos componentes que

influenciam o funcionamento desse sistema ou seja o cenaacuterio de sauacutede escolhido os

recursos humanos existentes o meacutetodo de assistecircncia de enfermagem adotado e a

implantaccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem bem como seus instrumentos

(NEVES 2010)

Segundo Leopardi (2006) a SAE organiza o trabalho segundo as fases do seu

fluxo Implica tanto a definiccedilatildeo da natureza do trabalho a ser realizada Quanto a definiccedilatildeo

35

do PE desde a base teacutecnico-filosoacutefica ateacute o tipo de profissional requerido as teacutecnicas os

procedimentos os meacutetodos os objetivos e os recursos materiais para a produccedilatildeo do

cuidado Eacute a organizaccedilatildeo do trabalho de enfermagem quanto ao meacutetodo pessoal e

instrumentos de modo que seja possiacutevel a realizaccedilatildeo do PE (LEOPARDI 2006)

13 A SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENEFERMAGEM NO

BRASIL - ASPECTOS LEGAIS

As iniciativas em planejar cientificamente a assistecircncia de enfermagem no Brasil

tiveram iniacutecio na deacutecada de 50 por influecircncia Norte Americana por meio das obras de

Rogers e Henderson (GEOVANINI 2002) No ano de 1965 o Congresso Brasileiro de

Enfermagem recomendou a utilizaccedilatildeo do plano de enfermagem tendo por repercussatildeo do

cientificismo que norteava a profissatildeo num contexto histoacuterico em que a enfermagem

abria campo para a produccedilatildeo cientiacutefica (PAIM 1976) Dentro deste contexto surgiram

os teoacutericos de enfermagem que visaram a construccedilatildeo de um arcabouccedilo metodoloacutegico que

desse suporte ao planejamento da assistecircncia de enfermagem

No Brasil a sistematizaccedilatildeo das accedilotildees de enfermagem teve ecircnfase com Wanda de

Aguiar Horta a partir da publicaccedilatildeo do livro intitulado Processo de Enfermagem na

deacutecada de 70 Fundamentada na teoria das necessidades humanas baacutesicas orientada por

Maslow Wanda Horta propocircs accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas para a assistecircncia

ao ser humano Sabe-se que os estudos de Horta impulsionaram o ensino e a pesquisa do

processo de enfermagem no Brasil promovendo o desenvolvimento da metodologia

cientiacutefica (KLETEMBERG MANTOVANI LACERDA 2004)

O marco conceitual de Horta preconizou o processo de enfermagem na praacutetica

profissional Essa teoria foi considerada como a essecircncia da enfermagem e estimulou a

utilizaccedilatildeo desta nova metodologia de trabalho nas escolas de enfermagem brasileiras

(OGUISSO 2005)

A SAE foi reconhecida pelo Conselho de Enfermagem como atividade privativa

do enfermeiro segundo a Lei do Exerciacutecio Profissional nordm 7486 de 25 de junho de 1986

visando planejar a assistecircncia de enfermagem para assistir o ser humano integralmente

com accedilotildees especiacuteficas que possam colaborar para o bem-estar do indiviacuteduo famiacutelia e

comunidade Entretanto apenas em 2002 recebeu apoio legal do COFEN pela Resoluccedilatildeo

nordm 272 para ser implementada em acircmbito nacional nas instituiccedilotildees de sauacutede brasileiras

36

A Resoluccedilatildeo COFEN 2722002 ndash revogada pela resoluccedilatildeo COFEN nordm 3582009

dispotildeem sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem estabelecendo que

compete exclusivamente ao enfermeiro implantar planejar organizar executar e avaliar

o processo de enfermagem

Assim sendo esta resoluccedilatildeo possibilitou tambeacutem ordenar metodicamente e em

todos os ambientes de atenccedilatildeo agrave sauacutede o trabalho prestado pelo enfermeiro bem como

direcionar as accedilotildees da equipe de enfermagem para a promoccedilatildeo do cuidado particular e

totalitaacuterio aos clientes

Art 1ordm O Processo de Enfermagem deve ser realizado de modo

deliberado e sistematizado em todos os ambientes puacuteblicos ou

privados em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem

sect 1ordm ndash Os ambientes de que trata o caput deste artigo referem-

se a instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos de internaccedilatildeo

hospitalar instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos ambulatoriais de

sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees comunitaacuterias fabricas

entre outros

sect 2ordm ndash quando realizado em instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos

ambulatoriais de sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees

comunitaacuterias entre outros o Processo de Sauacutede de Enfermagem

corresponde ao usualmente denominado nesses ambientes como

Consulta de Enfermagem

A referida Resoluccedilatildeo define SAE como a organizaccedilatildeo do trabalho profissional

quanto ao meacutetodo para a operacionalizaccedilatildeo do processo de enfermagem e conceitua o

processo de enfermagem como um instrumento metodoloacutegico que direciona e documenta

os cuidados de enfermagem baseado em um suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados

o estabelecimento de diagnoacutesticos de enfermagem o planejamento das accedilotildees a

implementaccedilatildeo e que forneccedila a base para a avaliaccedilatildeo dos resultados alcanccedilados (COFEN

2009)

Art 3ordm O Processo de Enfermagem deve estar baseado num

suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados o estabelecimento

de diagnoacutesticos de enfermagem e o planejamento das accedilotildees ou

intervenccedilotildees de enfermagem e que forneccedila a base para a

avaliaccedilatildeo dos resultados de enfermagem alcanccedilados

Art 4ordm Ao enfermeiro observadas as disposiccedilotildees da Lei no

7498 de 25 de junho de 1986 e do Decreto no 94406 de 08 de

junho de 1987 que regulamenta incumbe a lideranccedila na

execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do Processo de Enfermagem de modo a

alcanccedilar os resultados de enfermagem esperados cabendo-lhe

privativamente o diagnoacutestico de enfermagem acerca das

37

respostas da pessoa famiacutelia ou coletividade humana em um

dado momento do processo sauacutede e doenccedila bem como a

prescriccedilatildeo das accedilotildees ou intervenccedilotildees de enfermagem a serem

realizadas face a essas respostas

Portanto a implantaccedilatildeo do processo de enfermagem requer o envolvimento

profissional para a representatividade do enfermeiro na equipe de sauacutede o que

proporciona a construccedilatildeo de sua identidade na assistecircncia e desmitifica conceitos

errocircneos quanto ao real papel do mesmo Gonccedilalves et al (2007) ressaltam que a SAE

favorece o cuidado em virtude de uma atenccedilatildeo individualizada sistemaacutetica planejada e

baseada em evidecircncias cientiacuteficas refletindo no desenvolvimento da profissatildeo como

ciecircncia e integra as aacutereas da assistecircncia ensino e pesquisa

14 ESTRUTURA E ORGANIZACcedilAtildeO DA SISTEMATIZACcedilAtildeO DA

ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

O planejamento do cuidado representa um avanccedilo para a equipe de enfermagem

por atestar a qualidade e eficaacutecia do atendimento expandir a visibilidade da atuaccedilatildeo do

enfermeiro e contribuir para a conquista do reconhecimento profissional perante o

paciente famiacutelia e membros da equipe de sauacutede Para Menezes Priel Pereira (2011) a

implantaccedilatildeo do processo de cuidado insere o enfermeiro em seu papel social e o assegura

atuar com autonomia contemplando o paciente com um cuidado qualificado

fundamentado nos princiacutepios da integralidade e humanizaccedilatildeo no conhecimento teacutecnico

cientiacutefico na responsabilidade profissional e nas relaccedilotildees interpessoais e institucionais

estabelecidas

Esta metodologia oferece suporte agrave consolidaccedilatildeo profissional o instrumento

otimiza a comunicaccedilatildeo com a equipe multidisciplinar amplia a atuaccedilatildeo do enfermeiro

organiza o serviccedilo da equipe de enfermagem e beneficia a instituiccedilatildeo e o sistema de sauacutede

que com a documentaccedilatildeo tem informaccedilotildees relevantes para utilizaccedilatildeo na assistecircncia

ensino pesquisa e desenvolvimento de planejamento para accedilotildees voltadas para a sauacutede da

populaccedilatildeo (TRUPPEL et al 2009)

O processo de enfermagem eacute baseado em princiacutepios e regras que satildeo conhecidos

por promover o cuidado de enfermagem eficiente Ele eacute definido como a dinacircmica das

accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas visando a assistecircncia ao ser humano este

38

instrumento possibilita ao enfermeiro colocar em praacutetica uma Teoria para isso precisa

estar inserido na realidade concreta de forma consciente competente teacutecnica e

cientificamente (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

A implantaccedilatildeo da SAE deve ser processo originado no conhecimento especiacutefico

fruto de uma reflexatildeo criacutetica e problematizadora acerca da organizaccedilatildeo e filosofia do

trabalho de enfermagem constitui-se um instrumento de fundamental importacircncia para

que o enfermeiro possa gerenciar e otimizar a assistecircncia de enfermagem de forma

organizada segura dinacircmica e competente (BACKES SCHWARTZ 2005)

Eacute uma atividade privativa do enfermeiro que atraveacutes de um meacutetodo e estrateacutegia

de trabalho cientiacutefico realiza a identificaccedilatildeo das situaccedilotildees de sauacutededoenccedila subsidiando

a prescriccedilatildeo e implementaccedilatildeo das accedilotildees de Assistecircncia de Enfermagem que possam

contribuir para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo em sauacutede do indiviacuteduo

famiacutelia e comunidade (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TEIXEIRA PAIM SANTO

2004)

A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indiviacuteduo

utilizando para isto seus conhecimentos e habilidades aleacutem de orientaccedilatildeo e treinamento

da equipe de enfermagem para a implementaccedilatildeo das accedilotildees sistematizadas (HORTA

1979) (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TANNURE GONCcedilALVES 2010)

A implantaccedilatildeo e o desenvolvimento da SAE nos ambientes de atuaccedilatildeo do

enfermeiro possibilitam benefiacutecios para o cliente para a profissatildeo e para a instituiccedilatildeo

Takahashi e colaboradores (2008) concluem que a assistecircncia individualizada eacute uma

prerrogativa da SAE e pressupotildee a participaccedilatildeo do paciente no processo de cuidar

mantendo sua autonomia destacam tambeacutem que o cuidado individualizado articula uma

relaccedilatildeo favoraacutevel com a equipe multiprofissional paciente e famiacutelia favorecendo a

humanizaccedilatildeo da assistecircncia

A autonomia do enfermeiro com a implantaccedilatildeoimplementaccedilatildeo do Processo de

Enfermagem eacute considerada um benefiacutecio do uso deste meacutetodo pois imprime a

possibilidade de o enfermeiro aplicar seus conhecimentos e conquistar o reconhecimento

pela qualidade do cuidado prestado ao paciente tanto na instituiccedilatildeo como junto agrave famiacutelia

refletindo seu papel na sociedade e na responsabilidade profissional (DUARTE

ELLENSOHN 2007) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

Tannure e Gonccedilalves (2010) acrescenta ainda que trabalhar dentro de uma

metodologia cientiacutefica natildeo apenas daacute autonomia agrave profissatildeo como organiza o cotidiano

39

da equipe pois permite a utilizaccedilatildeo de ferramentas apropriadas que facilitam os registros

e controles Para os serviccedilos quantificarem a assistecircncia controlar custos e facilitar a

auditoria o uso do processo de qualidade

A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada

e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila Dessa forma a

atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades individuais e

com isso promove a qualidade de vida e a prevenccedilatildeo de doenccedilas

141 Etapas e organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem

A SAE eacute um processo dinacircmico em constante avanccedilo eacutetico e legal que atende

aos princiacutepios da profissatildeo e classifica a assistecircncia de enfermagem como um meacutetodo

organizado de planejamento e implementaccedilatildeo de cuidados (CASAFUS DELLacuteACQUA

BOCCHI 2013)

Logo a SAE viabiliza ao enfermeiro atuar em diversos acircmbitos e desempenhar

atividades de assistecircncia supervisatildeo avaliaccedilatildeo e gerenciamento do cuidado para

promover mudanccedilas na atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem organiza o Processo de Enfermagem que constitui um caminho

metodoloacutegico organizado em etapas que auxilia o enfermeiro no desenvolvimento do

cuidado cientiacutefico humano e dinacircmico tendo como alicerce teorias organizacionais

(TANNURE GONCcedilALVES 2010)

De acordo com Horta (1979) o processo de enfermagem eacute uma seacuterie de accedilotildees

sistemaacuteticas visando certo resultado ato de proceder accedilatildeo de ser feito progressivamente

qualquer fenocircmeno que mostra uma continua mudanccedila no tempo como o processo de

crescimento ou uma seacuterie de accedilotildees ou operaccedilotildees que conduzem definitivamente a um

fim caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos

(HORTA 1979)

Segundo Castellanos e Castilho (2000) o PE representa a implementaccedilatildeo da SAE

elaborado a partir dos dados e levantamentos realizados pelo enfermeiro visando a

proporcionar o cuidado individualizado e de qualidade aos clientes com embasamento

cientiacutefico Por se tratar de um conjunto de elementos dispostos de uma forma determinada

e coordenados entre si para que possam funcionar como uma estrutura organizada da

40

assistecircncia de enfermagem eacute necessaacuterio engajamento natildeo soacute das equipes mas tambeacutem

da instituiccedilatildeo hospitalar

Eacute uma metodologia de soluccedilatildeo de problemas que requer habilidades cognitivas

teacutecnicas e interpessoais voltadas para a satisfaccedilatildeo das necessidades do cliente e da

famiacutelia buscando o alcance do bem-estar ou a melhoria da qualidade de vida pelo tempo

que for possiacutevel (SILVA DAMASCENO CARVALHO SOUZA 2001)

O PE geralmente eacute elaborado a partir do desenvolvimento de cinco fases

Investigaccedilatildeo Diagnoacutestico Planejamento Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo O nuacutemero de fases

em que se organiza o processo de enfermagem modifica-se de acordo com diversos

autores variando de quatro a seis fases Esta divergecircncia de opiniotildees consiste na questatildeo

de considerar a etapa de diagnoacutestico como uma etapa distinta ou consideraacute-la incluiacuteda na

primeira etapa o histoacuterico Importante se faz ressaltar que essa divisatildeo em etapas eacute uacutetil

para fins didaacuteticos sendo que na praacutetica o processo de enfermagem deve ser integrado

com suas etapas inter-relacionadas e interdependentes (ALFARO-LEFEVRE 2005)

Cianciarullo et al (2005) expotildeem que durante todo o PE o enfermeiro utiliza-se

de instrumentos baacutesicos especiacuteficos para extrair do cliente subsiacutedios que direcionem a

assistecircncia de enfermagem Aleacutem da percepccedilatildeo sensorial apurada (visatildeo audiccedilatildeo fala

tato e olfato) o enfermeiro deve saber como e o que perguntar bem como saber ouvir

Muitas vezes o paciente natildeo fornece respostas concretas e sim subsiacutedios que instigam

alertando e direcionando os questionamentos

Fase I ndash Investigaccedilatildeo Histoacuterico de Enfermagem

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PE eacute a Investigaccedilatildeo Eacute a etapa que oferece

a estrutura pela qual se justifica o plano de cuidados adotado pelo enfermeiro Possibilita

obter informaccedilotildees precisas completas e estruturadas do indiviacuteduo e do contexto em que

estaacute inserido servindo de base para as proacuteximas fases (ALFARO-LEFEVRE 2005)

(NEVES 2010)

Desta maneira Tannure e Gonccedilalves (2008) enfatiza que a pontualidade e a

autenticidade dos dados coletados contribuem na identificaccedilatildeo e delimitaccedilatildeo das

caracteriacutesticas biopsicossociais do cliente norteando o cuidado a ser estabelecido

A coleta de dados para a construccedilatildeo do histoacuterico natildeo eacute realizada apenas nesta fase

inicial mas perdura durante todo o tempo em que o cliente estiver assistido finalizando

ao momento em que este receba alta (ATKINSON MURRAY 1989) Para Alfaro-

41

LeFevre (2005) pode-se colher dados diretamente do indiviacuteduo ou obtecirc-los indiretamente

de outras fontes como pessoas prontuaacuterios ou exames

Desta forma para atingir o objetivo fim desta fase do processo a construccedilatildeo do

instrumento de coleta de dados natildeo pode ser accedilatildeo estaacutetica e pontual A elaboraccedilatildeo deste

instrumento deve ser accedilatildeo dinacircmica podendo sofrer alteraccedilotildees constantes para que atenda

os propoacutesitos da SAE

Figura 1 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta

Fonte Horta 1979

Sendo assim deve levar em consideraccedilatildeo o marco teoacuterico utilizado pelo serviccedilo

ou setor e a visatildeo dos paradigmas de enfermagem utilizados naquele espaccedilo

(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008) O instrumento deve

capturar informaccedilotildees relevantes e determinantes a todo o PE Barros (2009) complementa

que aleacutem de ser adequado ao puacuteblico a que se destina deve-se considerar as

peculiaridades da equipe de Enfermagem e as particularidades de cada Instituiccedilatildeo onde o

instrumento de coleta de dados seraacute utilizado

Os formulaacuterios satildeo importantes porque padronizam os registros e respaldam

legalmente as accedilotildees de enfermagem As anotaccedilotildees devem conter termos teacutecnicos numa

42

sequecircncia loacutegica e objetiva para que permita a continuidade do planejamento dos

cuidados prestados Satildeo tambeacutem importantes para a consulta de pesquisa e ensino fonte

de dados e para processos administrativos (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS

2006) (SILVA OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

O enfermeiro deve tambeacutem para sucesso desta fase estabelecer uma relaccedilatildeo de

confianccedila uma comunicaccedilatildeo sem ruiacutedos com o cliente de forma a capturar informaccedilotildees

relevantes Deve valer-se da eacutetica e respeitar o cliente em sua singularidade e dignidade

sua privacidade seus haacutebitos pessoais e crenccedilas mantendo em sigilo os dados obtidos

abstendo-se de preacute-julgamentos (ALFARO-LEFEVRE 2005) (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Fase II - O Diagnoacutestico de Enfermagem

A partir dos dados coletados eacute possiacutevel estabelecer o Diagnoacutestico de Enfermagem

Estes satildeo interpretaccedilotildees cientiacuteficas dos dados levantados usados para orientar o

planejamento de enfermagem a implementaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo (NANDA 2008) No

processo de elaboraccedilatildeo desta segunda fase o enfermeiro deve fundamentar-se em

evidecircncias a partir dos indicadores obtidos ao momento da investigaccedilatildeo possibilitando

a validaccedilatildeo dos seus diagnoacutesticos e intervenccedilotildees por outra pessoa (ALFARO-LEFEVRE

2005)

Segundo Tannure e Gonccedilalves (2010) o enfermeiro deveraacute ter capacidade de

anaacutelise de julgamento de siacutentese e de percepccedilatildeo ao interpretar dados cliacutenicos Alfaro-

LeFevre (2005) complementa que os erros na elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos levam a

intervenccedilotildees equivocadas e ateacute mesmo nocivas ao paciente Ainda nesta etapa eacute possiacutevel

detectar a necessidade de um cuidado multidisciplinar com a atuaccedilatildeo de profissionais de

outras aacutereas de forma a atender o cliente em sua totalidade

Uma vez identificadas agraves necessidades do cliente eacute preciso interpretaacute-las e

classificaacute-las utilizando-se de termos proacuteprios da enfermagem com informaccedilotildees

consistentes e precisas Isso possibilita uma linguagem comum a toda a equipe

consequumlentemente otimizando o tempo e permitindo um cuidado mais eficaz

(TANNURE GONCcedilALVES 2010)

O diagnoacutestico de enfermagem eacute considerado por alguns autores como uma das

etapas mais complexas causando muitas divergecircncias na sua realizaccedilatildeo O enfermeiro

encontra grande dificuldade para implementaacute-lo na sua praacutetica diaacuteria aleacutem de outros

43

profissionais de sauacutede a julgarem desnecessaacuteria (SILVA OLIVEIRA NEVES

GUIMARAtildeES 2011)

Figura 2 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Alfaro-LeFevre

Fonte Alfaro-Lefevre 2005

Fase III ndash O Planejamento da Assistecircncia

Na terceira etapa denominada Planejamento ocorre a determinaccedilatildeo das

prioridades para a resoluccedilatildeo dos diagnoacutesticos estabelecidos na fase anterior estabelecer

quais os resultados a serem alcanccedilados com o tratamento que favoreccedilam ao paciente

definir quais as intervenccedilotildees se faratildeo necessaacuterias para atender diretamente cada

diagnoacutestico de enfermagem prescrito e efetuar o registro do plano de cuidados

(ALFARO-LEFEVRE 2005)

O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao

cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste

propicia a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do

pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia (ANDRADE VIEIRA

2005)

A formalizaccedilatildeo do plano de cuidados (por meio das anotaccedilotildees) oferece subsiacutedios

que facilitam a troca de informaccedilotildees entre os agentes responsaacuteveis pelo cuidar norteia as

intervenccedilotildees a serem realizadas promove o registro de dados que possibilitem

posteriormente avaliar o cuidado prestado Servem tambeacutem como subsiacutedios que

44

propiciam a realizaccedilatildeo de pesquisas e fornecem agraves seguradoras de planos de sauacutede os

registros dos cuidados prestados a determinado cliente Assim sendo as informaccedilotildees

registradas devem ser claras e consistentes dirimindo quaisquer duacutevidas que possam

surgir (CARPENITO 2005)

Fase IV ndash A Implementaccedilatildeo da Assistecircncia

A fase de Implementaccedilatildeo eacute caracterizada pela execuccedilatildeo do plano de cuidados eacute o

momento em que o enfermeiro coloca em praacutetica as accedilotildees que foram estabelecidas na

fase de planejamento

Eacute o roteiro diaacuterio que coordena a accedilatildeo da equipe de enfermagem na execuccedilatildeo dos

cuidados decorrentes da implantaccedilatildeo do plano assistencial de enfermagem adequados as

necessidades baacutesicas e especiacuteficas de cada cliente (HORTA 1979) Para Alfaro Levefre

(2005) eacute a colocaccedilatildeo do plano em accedilatildeo eacute pensar sobre o plano eacute refletir sobre o que se

estaacute fazendo nos seguintes pontos investigar a situaccedilatildeo atual da pessoa antes de agir

realizar as intervenccedilotildees e reinvestigar para determinar as respostas iniciais comunicar e

registrar

Nesta etapa satildeo realizadas as prescriccedilotildees de enfermagem Estas devem ser

anotadas de forma que permitam um faacutecil entendimento pela equipe que iraacute colocaacute-la em

praacutetica Seu conteuacutedo deve estimular a equipe a se empenhar no cuidado prestado ao

cliente desenvolvendo o senso criacutetico Aleacutem de estabelecer o que fazer tambeacutem deve

determinar como quando onde com que frequumlecircncia e por quanto tempo as accedilotildees devam

ser realizadas (TANNURE GONCcedilALVES 2010)

Assim como os diagnoacutesticos de enfermagem as prescriccedilotildees tambeacutem devem ser

realizadas de acordo com a ordem de prioridades e grau de gravidade do cliente (SILVA

OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

Fase V ndash A Avaliaccedilatildeo de Enfermagem

A quinta etapa do processo de enfermagem eacute denominada de Avaliaccedilatildeo Segundo

Alfaro-LeFevre (2005) uma avaliaccedilatildeo criteriosa a partir de uma sensata reflexatildeo da

assistecircncia prestada ao cliente em seus pormenores confere ao enfermeiro a primazia na

qualidade do plano de cuidados

Nesta fase seraacute examinada a eficaacutecia da assistecircncia de enfermagem se estaacute

solucionando ou minimizando os problemas reais ou potenciais identificados na segunda

45

etapa Agrave medida que atendem ao que foi proposto satildeo realizados ajustes que se adequam

ao estado do cliente neste momento Conforme satildeo solucionados os problemas a

prescriccedilatildeo e respectivas intervenccedilotildees satildeo suspensas (POTTER 2004)

Carpenito (2005) refere que a anaacutelise minuciosa do plano de cuidados eacute

fundamental para atingir a excelecircncia na assistecircncia de enfermagem personalizada para

cada paciente assistido Desta forma faz-se necessaacuterio o registro de todas as atividades

realizadas bem como dos resultados alcanccedilados com as mesmas o que fundamentaria as

decisotildees no que tange ao quadro de pessoal avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do cuidado prestado

(tanto na resolutividade das necessidades do cliente quanto no custo com a realizaccedilatildeo dos

procedimentos) ou no tipo da assistecircncia oferecida

15 - DIFICULDADES PARA A IMPLANTACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO DA

SAE

Embora cientes da importacircncia da SAE na organizaccedilatildeo do serviccedilo de enfermagem

o processo de implantaccedilatildeo assim como a escolha de um referencial teoacuterico e de uma

metodologia adequada na praacutetica ainda carece de estrateacutegias e subsiacutediosevidecircncias

operacionais eficazes e comprometedoras capazes de nortear um novo perfil assistencial

Tem-se percebido empiricamente uma dicotomia entre ensino e praacutetica de

trabalho nas instituiccedilotildees gerando inseguranccedilas e descreacutedito nos estudantes e profissionais

em carreira uma vez que muitas situaccedilotildees de ensino se situam no niacutevel do ideal

sistematizado buscando a qualidade enquanto os serviccedilos deixam de atentar para estas

condiccedilotildees (ANDRADE VIEIRA 2005)

A falta de relaccedilatildeo entre os conceitos teoacutericos e a praacutetica profissional cria uma

dissonacircncia e gera conflitos na assistecircncia de enfermagem no que se refere ao uso da

metodologia que ao ser aplicada se torna de modo fracionada e distorcida dos princiacutepios

teoacutericos (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

A formaccedilatildeo acadecircmica dos enfermeiros muitas vezes contribui para que estes natildeo

busquem nem apliquem uma assistecircncia sistematizada pois durante aulas praacuteticas pode-

se perceber uma preocupaccedilatildeo maior tanto por parte de alguns docentes quanto pela

maioria dos alunos em adquirir habilidades teacutecnicas Assim deixam de levantar os

problemas de enfermagem do paciente e de planejar os cuidados ficando a assistecircncia

46

neste caso limitada a accedilotildees isoladas no decorrer de suas atividades (ANDRADE

VIEIRA 2005)

Para o desenvolvimento da SAE muito mais do que competecircncia teacutecnica eacute

preciso que os enfermeiros tenham sensibilidade para captar as necessidades emergentes

habilidade para empreender e estimular accedilotildees inovadoras e principalmente

conhecimento e capacidade estrateacutegica para envolver e comprometer criativamente os

demais profissionais da equipe de sauacutede (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

A lei do exerciacutecio profissional (no 7498 1986) prevecirc como atribuiccedilatildeo do

enfermeiro ligada agrave metodologia da assistecircncia de enfermagem o desenvolvimento da

SAE poreacutem mesmo com respaldo legal para a execuccedilatildeo da metodologia da assistecircncia

poucos efeitos tecircm-se observado no cotidiano da praacutetica

Hermida e Araujo (2006) relatam que um trabalho de fiscalizaccedilatildeo do COREN-

SP nas instituiccedilotildees de sauacutede do Estado apoacutes investimento desse oacutergatildeo em capacitaccedilatildeo

dos enfermeiros para a realizaccedilatildeo da SAE revelou que 65 das instituiccedilotildees natildeo souberam

como implantar a SAE 38 estavam em fase de implantaccedilatildeo em 15 houve relutacircncia

eou impedimento dos profissionais de sauacutede e em 10 houve impedimento por parte da

instituiccedilatildeo para o desfecho desta (HERMIDA ARAUacuteJO 2006)

Teixeira Paim e Santos (2004) colocam como dificuldades para o

desenvolvimento da SAE as condiccedilotildees de trabalho do enfermeiro tais como

desproporccedilatildeo enfermeiroleito ausecircncia de uma filosofia de trabalho distorccedilatildeo entre a

formaccedilatildeo e a praacutetica problemas referentes agraves atribuiccedilotildees do enfermeiro preocupaccedilatildeo em

conceder uma assistecircncia de qualidade sobrecarga de trabalho

Backes e Schwartz (2005) acrescentam que as resistecircncias mais comuns para a

implementaccedilatildeo da SAE satildeo os proacuteprios profissionais de enfermagem ou seja os

profissionais com mais de dez anos de formados em virtude do desestiacutemulo a criaccedilatildeo de

estrateacutegias ousadas e para os profissionais com poucos anos de formaccedilatildeo associadas agrave

inexperiecircncia e despreparo teacutecnico e gerencial

Ainda como problema decorrente da natildeo utilizaccedilatildeo de uma metodologia

assistencial eacute possiacutevel considerar o desgaste de recursos humanos Nestes casos no

momento em que o enfermeiro percebe problemas e dificuldades no funcionamento e

rendimento da sua equipe de trabalho pode em alguns casos passar a desacreditar no seu

potencial de liacuteder e gerente produzindo sensaccedilotildees de impotecircncia e frustraccedilatildeo o que por

47

sua vez proporciona maior desgaste fiacutesico e consequentemente maacute produtividade

(ANDRADE VIEIRA 2005)

A carecircncia de pessoal de enfermagemenfermeiros dificulta tambeacutem a

implementaccedilatildeo da SAE portanto se faz necessaacuterio salientar a responsabilidade das

instituiccedilotildees propiciarem todas as condiccedilotildees necessaacuterias ao enfermeiro para executar de

forma efetiva o planejamento da assistecircncia pois natildeo basta fazer eacute preciso fazecirc-lo bem

natildeo basta exigir eacute preciso oferecer condiccedilotildees (HERMIDA 2004)

Contribuindo para esta reflexatildeo Backes e Schwatz (2005) acrescentam que o tipo

de organizaccedilatildeo dos serviccedilos associado ao modelo de gestatildeo tradicional gera contradiccedilotildees

em virtude de sua estrutura riacutegida excessivamente especializada com funccedilotildees rotineiras

e pouco desafiadoras Neste sentido a enfermagem conformou-se basicamente com uma

cultura do ldquofazerrdquo sem contudo refletir acerca de novas possibilidades do ser e agir na

praacutetica assistencial e gerencial

Para a elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo de um modelo assistencial em um serviccedilo

hospitalar acredita-se ser necessaacuterio a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico do trabalho da equipe

de enfermagem ressaltando seu preparo teacutecnico-cientiacutefico sobre o processo de

enfermagem bem como a existecircncia de problemas decorrentes de uma assistecircncia natildeo

sistematizada (ANDRADE VIEIRA 2005)

Nascimento e colaboradores (2008) relatam que eacute possiacutevel perceber na praacutetica a

insatisfaccedilatildeo de membros da equipe quanto o ter que fazer a SAE ou a exclusatildeo dos

profissionais de niacutevel meacutedio que apenas executam as prescriccedilotildees sem participar de sua

elaboraccedilatildeo existe um grande desencontro de informaccedilotildees entre o que eacute relatado pelo

paciente a outro profissional e o que o enfermeiro anotou como avaliaccedilatildeo ou evoluccedilatildeo

A falta de tempo para realizar a metodologia ou uma melhor assistecircncia direta ao

paciente eacute uma constante no discurso do enfermeiro O trabalho na instituiccedilatildeo muitas

vezes compartimentalizado pouco reflexivo forccedila o enfermeiro a ocupar um espaccedilo que

natildeo favorece a percepccedilatildeo da totalidade do seu trabalho Aliado a isto o saber meacutedico

hegemocircnico institucionalizado faz com que a praacutetica de enfermagem lhe sirva de esteio

(GARCIA-SANTOS WERLANG 2013) (BENEDET GELBCKE AMANTE 2016)

Em um ambiente de trabalho onde natildeo existe planejamento das atividades nem

determinaccedilatildeo de prioridades haacute um uma perda de tempo significativa no processo de

gerenciamento levando os profissionais a refazerem as atividades realizadas sem ecircxito

Assim perde-se tempo em resolver problemas inerentes a outros profissionais da equipe

48

e quando realmente se trata de atividades que competem ao enfermeiro este natildeo mais

dispotildee de tempo para realizaacute-las (ANDRADE VIEIRA 2005) (MEDEIROS SANTOS

CABRAL 2013)

Eacute importante salientar que as proacuteprias prescriccedilotildees de enfermagem tambeacutem podem

contribuir para dificultar a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede jaacute que muitas

vezes estas natildeo refletem uma anaacutelise justa do caso sendo elaborada contendo somente

cuidados rotineiros de forma repetitivas perdendo a credibilidade junto a equipe

(SHIMIZU CIAMPONE 2002)

A enfermagem por se caracterizar como uma profissatildeo dinacircmica necessita de

uma metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo O processo de enfermagem eacute

considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo facilitando a

troca de informaccedilotildees entre enfermeiros de vaacuterias instituiccedilotildees (BORK 2003)

Conhecer o aspecto subjetivo que permeia toda essa problemaacutetica configura-se

um importante investimento acadecircmico a ser explorado do ponto de vista psicossocial

Para uma efetiva implantaccedilatildeo do PE eacute necessaacuterio haver primeiro um comprometimento

da chefia de enfermagem com a proposta promovendo reuniotildees e elaborando um plano

de accedilatildeo que incluiria a sensibilizaccedilatildeo da equipe para a importacircncia dessa metodologia o

desenvolvimento de um estudo aprofundado do tema com o envolvimento de toda a

equipe e a construccedilatildeo coletiva dos meios para viabilizar a execuccedilatildeo do processo

(HERMIDA 2004) (ANDRADE VIEIRA 2005)

Para que o enfermeiro realize o PE eacute necessaacuterio que este assuma o compromisso

com sua aplicaccedilatildeo na praacutetica e a responsabilidade em executar suas etapas orientar a

equipe aprimorar e atualizar seus conhecimentos Exigiraacute tempo e determinaccedilatildeo de todos

que compartilharem desta jornada poreacutem o resultado se traduz em crescimento individual

e consequentemente qualidade da assistecircncia

Eacute necessaacuterio investimento nas condiccedilotildees materiais de trabalho no treinamento de

pessoal na promoccedilatildeo de sessotildees de estudo entre outras e posteriormente em questotildees

mais qualitativas com a adoccedilatildeo de novas posturas profissionais para melhoria da

qualidade do atendimento (MOURA RAMOS SOUSA SILVA ALVES 2008)

49

16 ndash A EVOLUCcedilAtildeO DO CUIDADO Agrave CRIANCcedilA

Na realizaccedilatildeo do trabalho de cada profissional que cuida

da crianccedila internada natildeo basta apenas a teacutecnica e a

afeiccedilatildeo por ela Faz-se necessaacuterio tambeacutem um

ldquosentimento de infacircnciardquo assim definido por considerar

a crianccedila como sujeito de sua histoacuteria pleno de direitos

dentre os quais ressaltamos o direito ao respeito agrave

liberdade e agrave dignidade

(Beatriz Oliveira 1997)

A assistecircncia agrave crianccedila passou por transformaccedilotildees significativas desde os seacuteculos

passados ateacute a proposta de alojamento conjunto pediaacutetrico Estas alteraccedilotildees

acompanharam a modificaccedilatildeo dos conceitos sociais e sempre estiveram diretamente

relacionadas com o valor e o significado que a sociedade daacute agrave crianccedila com o modo de

produccedilatildeo e com o desenvolvimento da praacutetica meacutedica

Antigamente as crianccedilas eram tidas como adultos em miniatura e posteriormente

passaram a ser reconhecidas como indiviacuteduos uacutenicos com necessidades e capacidades

especiacuteficas (AIREgraveS 1994)

Em funccedilatildeo da percepccedilatildeo da sociedade do ldquoser crianccedilardquo nos seacuteculos passados natildeo

se registraram intervenccedilotildees sistemaacuteticas sobre a sauacutede destas A questatildeo da sauacutede de um

modo geral envolvendo uma preocupaccedilatildeo com a assistecircncia meacutedica ou com a higiene das

cidades era subalterna ou inexistente Assim natildeo havia tampouco uma poliacutetica de sauacutede

para as crianccedilas ou mesmo para o conjunto da populaccedilatildeo (ELSEN 2002)

O indiviacuteduo adulto natildeo existia socialmente fora dos limites da propriedade e a

crianccedila soacute era vista como um elemento posto a serviccedilo do poder paterno Para a famiacutelia

cujo epicentro repousava na figura do pai a crianccedila soacute poderia receber uma atenccedilatildeo

geneacuterica Nos seacuteculos passados a infacircncia natildeo era tematizada nem pela famiacutelia nem pelo

Estado A famiacutelia baseava-se na manutenccedilatildeo do patrimocircnio com isso as relaccedilotildees pessoais

e de afetividade natildeo apareciam como centrais (AIREgraveS 1994)

A reestruturaccedilatildeo do nuacutecleo familiar implicava na mudanccedila de concepccedilatildeo

desenvolvida tradicionalmente sobre a crianccedila Os cuidados gerais que a crianccedila comeccedilou

a receber no fim do seacuteculo XIX foram substituiacutedos por uma assistecircncia sistematizada

quanto a condutas alimentares disciplinares pedagoacutegicas e mesmo de vestuaacuterio (AIREgraveS

1994) Para desempenhar estes cuidados a famiacutelia precisou redefinir o papel do pai e da

matildee buscando organizar-se em novos conceitos (WHALEY WONG 2015)

50

Esta nova forma de organizaccedilatildeo familiar com o objetivo de criar e educar crianccedilas

sadias para tornarem-se fortes e produtivas era compatiacutevel com a nova ordem que se

pretendia instaurar de paiacuteses independentes voltados para a produccedilatildeo e o acuacutemulo de

capital Podemos perceber entatildeo que a concepccedilatildeo de crianccedila esteve relacionada aos

problemas que as sociedades tinham para administrar (OLIVEIRA 1997) (ELSEN

2002) O controle das doenccedilas transmissiacuteveis a prevenccedilatildeo da mortalidade infantil e

reduccedilatildeo da populaccedilatildeo eram associados agrave produtividade no trabalho e agrave prosperidade do

paiacutes

No seacuteculo XVIII os hospitais ainda estavam se organizando como nuacutecleos de

praacutetica meacutedica cliacutenica individualizada e a pediatria como especialidade meacutedica ainda natildeo

havia surgido A apreensatildeo da crianccedila pela medicina se daacute inicialmente por meio de

conhecimentos que possibilitem crescimento e desenvolvimento saudaacutevel da higiene

corporal e do ambiente da alimentaccedilatildeo dos cuidados preacute-natais e poacutes-natais imediatos

Medidas legais para protege-la dos agravos do meio ambiente comeccedilam a ser adotadas

como a regulamentaccedilatildeo do trabalho da pueacuterpera possibilitando agrave matildee cuidar da crianccedila

nos primeiros meses e a proteccedilatildeo da crianccedila contra trabalhos insalubres entre outras

medidas (ROCHA ALMEIDA 1993) (WHALEY WONG 2015)

O primeiro hospital infantil foi construiacutedo em Paris em 1802 seguido pelo

ldquoHospital for Sick Childrenrdquo em Londres que precedem os hospitais norte-americanos

e podem ser considerados como marco inicial da assistecircncia agrave crianccedila (ROCHA

ALMEIDA 1993) O precursor da pediatria foi o meacutedico Abraham Jacobi (1830 ndash 1919)

cujas realizaccedilotildees influenciaram as investigaccedilotildees cientiacuteficas e cliacutenicas das doenccedilas da

infacircncia no seacuteculo XIX motivo pelo qual eacute conhecido como o ldquopai da pediatriardquo

(WHALEY WONG 2015)

O hospital como instrumento terapecircutico mudou a percepccedilatildeo da sociedade sobre

a assistecircncia agrave sauacutede uma vez que retirou das famiacutelias a responsabilidade sobre o cuidado

dos seus doentes Para as crianccedilas as regras e teacutecnicas de isolamento eram extremamente

riacutegidas as infecccedilotildees sem o auxiacutelio dos antibioacuteticos eram graves e temidas as visitas eram

consideradas ameaccedilas ao tratamento ficando estas isoladas uma das outras e confinadas

aos seus leitos (ROCHA ALMEIDA 1993)

A internaccedilatildeo hospitalar contribuiu para a observaccedilatildeo sistematizada de sinais e

sintomas levando ao aperfeiccediloamento dos procedimentos para o diagnoacutestico e

terapecircutica Esta evoluccedilatildeo consequentemente foi afastando a famiacutelia de um envolvimento

51

com a crianccedila e os profissionais durante os episoacutedios de tratamento meacutedico O saber e a

praacutetica familiar foram ignorados pelo cientificismo da praacutetica meacutedica (ROCHA LIMA

SCHOCHI 1997) O modelo de atendimento agrave sauacutede vigente neste momento era o

hospitalocentrico bioloacutegico individual e curativo

Os registros mais antigos da enfermagem no cuidado agrave crianccedila datam de 1859

nos apontamentos de Florence Nightingale estes refletem e evoluiacuteram de acordo com a

praacutetica meacutedica e seguindo a mesma filosofia trata-se de apontamentos centrados na

puericultura como o conjunto de regras e noccedilotildees sobre a arte de criar fisiologicamente e

higienicamente crianccedilas (COLLET 2001)

A origem da enfermagem pediaacutetrica moderna aparece associada agrave pediatria

especialidade meacutedica Somente apoacutes os departamentos de pediatria terem-se estabelecido

nas escolas meacutedicas eacute que a pediatria tornou-se disciplina nos curriacuteculos das escolas de

enfermagem Contudo na maioria das escolas omitia-se a importacircncia do crescimento e

desenvolvimento das reaccedilotildees psicoloacutegicas da crianccedila e da necessidade de educar o que

fazia com que os profissionais de sauacutede estivessem aptos a cuidar da crianccedila doente mas

sem saber lidar com sua convalescenccedila ou com a prevenccedilatildeo das doenccedilas (LIMA 1996)

Posteriormente esta concepccedilatildeo foi sendo transformada a partir do momento em

que se identificou que crianccedila apresenta especificidades e reaccedilotildees que variam conforme

a idade Tal fato ocorre por estar ela em constante evoluccedilatildeo desde seu nascimento ateacute a

fase adulta ultrapassando vaacuterias etapas que se modificam por forccedila das transformaccedilotildees

inerentes ao seu crescimento e desenvolvimento (RIBEIRO ANGELO 2005)

A sauacutede infantil que emergia com as demais praacuteticas sanitaacuterias no processo de

expansatildeo capitalista apesar de jaacute se articular em termos de serviccedilos de sauacutede inclusive

utilizando uma terapecircutica cientiacutefica mantinha seu caraacuteter ideoloacutegico quanto agrave

constituiccedilatildeo de uma visatildeo de mundo adequada agraves elites dirigentes e assumia um papel

cada vez mais importante nessa estrateacutegia de controle (ELSEN 2002)

O cuidado de enfermagem agrave crianccedila evolui em linhas gerais e superficiais

baseando-se no conhecimento da medicina de forma que o conhecimento era limitado

possibilitando apenas a fundamentaccedilatildeo de algumas teacutecnicas de trabalho mantendo

contudo extremamente limitada sua autonomia no processo de trabalho Neste contexto

Rocha e Almeida (1993) colocam

[] ao final da deacutecada de 30 as enfermeiras pediatras

identificam as limitaccedilotildees do referencial teoacuterico insuficiente em

fornecer elementos para lidar com a crianccedila e ajudaacute-la um ser

52

em crescimento e desenvolvimento temporariamente afastado de

seu ambiente e da famiacutelia durante a hospitalizaccedilatildeo Passam

entatildeo a procurar no estudo do crescimento e desenvolvimento

infantil referencial teoacuterico trazido em parte da psicologia para

instrumentalizar-se e lidar com problemas de comportamento e

nas relaccedilotildees entre a crianccedila a famiacutelia e o conjunto de pessoas

que compotildeem a equipe de sauacutede (ROCHA ALMEIDA 1993

p25)

Datam da deacutecada de 70 do seacuteculo passado as mais significativas modificaccedilotildees

ligadas ao cuidado e praacuteticas de sauacutede para a crianccedila e estatildeo relacionadas ao surgimento

e valorizaccedilatildeo do sentimento de infacircncia que natildeo era estimulado ou protegido as

evoluccedilotildees das praacuteticas meacutedicas e hospitalares e ao avanccedilo de tecnologias que possibilitam

a sobrevivecircncia de crianccedilas prematuras como o surgimento das incubadoras e

respiradores (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

Com este advento as bases da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada tecircm-se

modificado nas uacuteltimas deacutecadas estas contribuiccedilotildees estimularam e desenvolveram

diferentes perspectivas de como assistir a crianccedila no processo sauacutede-doenccedila perspectivas

estas que vecircm orientando a praacutetica pediaacutetrica Elas influenciam a visatildeo dos profissionais

sobre o ser crianccedila o papel da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem

identificados os objetivos a abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-

relacionamento da equipe de sauacutede (LIMA 1996)

Este novo perfil assistencial provoca uma grande transformaccedilatildeo na assistecircncia agrave

crianccedila favorecendo um universo mais amplo aos cuidados e modificando a finalidade

do trabalho que passa a exigir do profissional a racionalidade para a recuperaccedilatildeo do corpo

anaacutetomo-fisioloacutegico poreacutem preocupando-se agora tambeacutem com estrateacutegias que busquem

o bem-estar da famiacutelia e a qualidade de vida (GAIacuteVA SCOCHI 2004)

Todo o hospital dispotildee de uma abordagem de assistecircncia agrave crianccedila que mesmo

natildeo estando expliacutecita em suas normatizaccedilotildees pode ser facilmente identificada pela

observaccedilatildeo

As normas hospitalares riacutegidas e inflexiacuteveis que se baseavam apenas na questatildeo

da contaminaccedilatildeo do ambiente hospitalar numa oacutetica microbioloacutegica das causas das

doenccedilas foram-se modificando com o passar do tempo pois foi sendo demonstrado que

os germes hospitalares eram muito mais agressivos do que os germes que provinham do

ambiente domiciliar do paciente e de seus familiares Paralelamente a psicologia

avanccedilou no atendimento dos distuacuterbios da crianccedila evidenciando que o distanciamento

53

ou a ausecircncia dos pais em eacutepocas importantes da vida da crianccedila participavam da gecircnese

desses distuacuterbios fossem eles precoces ou tardios (ROCHA ALMEIDA 1993)

(WHALEY WONG 2015)

No Brasil a partir da constituiccedilatildeo de 1988 eacute que efetivamente avanccedilou-se no

conceito da humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila com a promulgaccedilatildeo do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente (ECA) Com a Lei nordm 8069 de 13 de julho de 1990 agrave crianccedila

passa a gozar de direitos fundamentais sendo garantidos a sauacutede alimentaccedilatildeo proteccedilatildeo

educaccedilatildeo esporte lazer e cultura E aleacutem da famiacutelia o Estado como um todo possui o

dever de zelar e garantir esses direitos baacutesicos

Entre outros avanccedilos vinculados a esta proposta estaacute o direito a internaccedilatildeo

hospitalar com o acompanhamento dos familiares (BRASIL 1991)

Com a humanizaccedilatildeo do atendimento hospitalar objetiva-se

principalmente dar apoio psicoloacutegico agrave crianccedila internada e sua

famiacutelia diminuir o tempo de internaccedilatildeo reduzir o nuacutemero de

reinternaccedilotildees trocar experiecircncias com as matildees acerca do

cuidado das crianccedilas durante o tempo de permanecircncia no

hospital Com isso pretende-se preservar a indissolubilidade do

binocircmio matildee-filho reduzir o custo da internaccedilatildeo aumentar o

calor afetivo e a colaboraccedilatildeo da equipe de sauacutede criando-se um

viacutenculo entre a famiacutelia o hospital e a comunidade (ROCHA

ALMEIDA 1997)

Contudo a praacutetica da maioria das instituiccedilotildees hospitalares em nosso paiacutes continua

a do cuidado centrado na patologia com a crianccedila internada sem a presenccedila dos

familiares natildeo havendo portanto respeito pelas necessidades da crianccedila Esta realidade

vem sendo modificada em algumas instituiccedilotildees hospitalares que desenvolvem propostas

para permitir a humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada com a permanecircncia do

acompanhante durante o tratamento e o envolvimento da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila

(SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)

Vale lembrar que nem sempre as leis satildeo colocadas em praacutetica o que reforccedila a

ideacuteia de que meros dispositivos legais natildeo resolvem os problemas sociais fazendo-se

necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas que garantam o acesso aos direitos para a edificaccedilatildeo

de uma naccedilatildeo efetivamente cidadatilde (COLLET 2001)

A hospitalizaccedilatildeo altera a vida da crianccedila e de sua famiacutelia quando a proposta de

assistecircncia eacute integral portanto humanizada esta experiecircncia estressante pode ser

amenizada pelo fornecimento de certas condiccedilotildees como a presenccedila de familiares o

54

contato com outras crianccedilas a disponibilidade afetiva dos trabalhadores de sauacutede a

informaccedilatildeo as atividades recreacionais entre outras A adoccedilatildeo do alojamento conjunto

pediaacutetrico eacute uma das estrateacutegias que possibilitam a reduccedilatildeo do estresse emocional durante

a internaccedilatildeo (LIMA 1996) (SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)

Ao pensar a inserccedilatildeo da famiacutelia no ambiente hospitalar precisamos levar em

consideraccedilatildeo seus direitos e deveres bem como o papel a ser desenvolvido A burocracia

hospitalar a falta de diretrizes de planejamento e de organizaccedilatildeo de um projeto

terapecircutico comum na unidade de pediaacutetrica demostram a possibilidade de desencadear

problemas das mais variadas ordens tanto para a equipe de sauacutede como para as crianccedilas

e suas famiacutelias (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOARES ROSA HIGARASHI

MARCON MOLINA 2016)

A evoluccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da crianccedila caminhou da internaccedilatildeo hospitalar

que rompia o viacutenculo afetivo com a famiacutelia para a proposta de alojamento conjunto que

envolve os familiares na hospitalizaccedilatildeo na promoccedilatildeo da sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas a

seus filhos

As diferentes abordagens para assistir agrave crianccedila no processo sauacutede-doenccedila

orientam e influenciam a visatildeo dos profissionais sobre o que significa ser crianccedila o papel

da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem identificados os objetivos a

abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-relacionamento da equipe de sauacutede

(ELSEN 2002)

A tendecircncia atual ainda que mal definida na praacutetica eacute prestar uma assistecircncia

integral agrave crianccedila o que pode ser entendido como olhar a crianccedila em sua totalidade um

ser em crescimento e desenvolvimento que pertence a uma famiacutelia cujos membros

portanto devem ser incluiacutedos na assistecircncia Ela eacute um ser cujo processo sauacutede ndash doenccedila eacute

determinado socialmente isto eacute pertence a um grupo social que o caracteriza (COLLET

ROCHA 2001) O quadro abaixo apresenta trecircs propostas de abordagem ao cuidado da

crianccedila hospitalizada

55

Quadro 3 - Caracteriacutesticas das abordagens de assistecircncia agrave crianccedila

Aspectos

Assistenciais

Centrada na

Patologia

Centrada na

Crianccedila

Centrada na

Famiacutelia

Foco Doenccedila da crianccedila

com abrangecircncia

intra-hospitalar

Crianccedila doente com

suas caracteriacutesticas de

desenvolvimento

abrangecircncia intra-

hospitalar

Famiacutelia vivenciando

a doenccedila e

hospitalizaccedilatildeo de

uma de suas crianccedilas

abrangecircncia intra e

extra-hospitalar

Objetivos Tratar a doenccedila ou

recuperar a sauacutede da

crianccedila

Tratar a doenccedila

minimizar os traumas

da hospitalizaccedilatildeo

favorecer o

desenvolvimento da

crianccedila estimular a

participaccedilatildeo da

famiacutelia no cuidado da

crianccedila

Tratar a doenccedila

minimizar os traumas

da hospitalizaccedilatildeo

para a crianccedila e sua

famiacutelia incentivar a

co-participaccedilatildeo da

famiacutelia nas tomadas

de decisatildeo favorecer

sua integridade e

pontencializar forccedilas

Visatildeo da

Hospitalizaccedilatildeo

Evento necessaacuterio ao

diagnoacutestico e

tratamento manejado

por uma equipe de

especialistas

Evento necessaacuterio

poreacutem determinador

de estresse para a

crianccedila

Evento estressante

para a crianccedila e sua

famiacutelia que pode

determinar ruptura no

funcionamento

familiar

Caracteriacutesticas fiacutesicas

da unidade

Ecircnfase na

organizaccedilatildeo e no

funcionamento

normas e rotinas

rigorosas

estabelecidas

pobreza de decoraccedilatildeo

ou outras

caracteriacutesticas

infantis leitos

distribuiacutedos pela

enfermaria por

patologias

Maior flexibilidade

de organizaccedilatildeo e

funcionamento

decoraccedilatildeo infantil

ambiente para

recreaccedilatildeo e

caracteriacutesticas fiacutesicas

adequadas agraves

necessidades das

diferentes faixas

etaacuterias e ao conforto

do acompanhamento

leitos distribuiacutedos

conforme a idade e as

necessidades das

crianccedilas

Flexibilizaccedilatildeo de

organizaccedilatildeo e

funcionamento com

vistas tanto a

favorecer a atuaccedilatildeo

da equipe como da

famiacutelia decoraccedilatildeo

infantil local para

recreaccedilatildeo e conviacutevio

entre famiacutelia-crianccedila-

equipe

Tomada de decisotildees Vertical centrada na

figura do meacutedico

Horizontal poreacutem

centrada na equipe de

sauacutede

Horizontal

compartilhada entre a

equipe e a famiacutelia

Avaliaccedilatildeo Baseada em criteacuterios

objetivos como

evoluccedilatildeo dos sinais e

sintomas tempo de

hospitalizaccedilatildeo

estatiacutestica de alta com

Baseada nos mesmos

criteacuterios objetivos e

outros subjetivos

como o grau de

participaccedilatildeo da

crianccedila e da famiacutelia

influencias no

Baseada nos mesmos

criteacuterios objetivos e

subjetivos anteriores

e outros como

satisfaccedilatildeo e niacutevel de

funcionamento da

famiacutelia tanto no

56

a doenccedila curada

melhorada oacutebitos

comportamento

assim como no

crescimento e

desenvolvimento da

crianccedila

acircmbito hospitalar

como na busca e

utilizaccedilatildeo dos

recursos da

comunidade extra-

hospitalar

Fonte PETTENGIL RIBEIRO BORBA O cuidado centrado na crianccedila e sua famiacutelia uma

perspectiva para a atuaccedilatildeo do enfermeiro pediaacutetrico In ALMEIDA FA SABATEacuteS AL

Enfermagem pediaacutetrica a crianccedila o adolescente e sua famiacutelia no hospital p 35-37 2008

A abordagem do cuidado a crianccedila a partir da perspectiva familiar eacute parte processo

de humanizaccedilatildeo da assistecircncia A preocupaccedilatildeo com a humanizaccedilatildeo da assistecircncia

hospitalar natildeo se restringe agrave atenccedilatildeo agrave crianccedila mas integra uma nova cultura nacional de

melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais expressa por meio do

aperfeiccediloamento da gestatildeo hospitalar da melhoria da infraestrutura das instituiccedilotildees e do

fortalecimento do compromisso da equipe de profissionais de sauacutede (BRASIL 2001)

A Poliacutetica Nacional de humanizaccedilatildeo entende que para que exista humanizaccedilatildeo eacute

preciso haver a valorizaccedilatildeo da dimensatildeo subjetiva e social em todas as praacuteticas de atenccedilatildeo

agrave sauacutede fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadatildeo (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011) Esta vem se estruturando e solidifica-se por meio de

um conjunto de elementos tecnocientiacuteficos e subjetivos os quais direcionam as accedilotildees para

o cuidado com as pessoas Esta forma de cuidar deve ser iniciada no acircmbito familiar mas

ao mesmo tempo ser consolidada por accedilotildees nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede acessiacuteveis e

resolutivas (BRASIL 2001) (SILVA VIERA 2014)

Faz parte tambeacutem deste processo de valorizaccedilatildeo da integralidade e resolutividade

assistencial a construccedilatildeo das redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila e agrave sauacutede familiar

Busca-se com as redes de sauacutede a produccedilatildeo de sauacutede a co-responsabilidade dos atores

envolvidos no processo o fortalecimento do controle social com caraacuteter participativo em

todas as instacircncias gestoras do SUS compromisso com a democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de

trabalho e valorizaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede estimulando processos de educaccedilatildeo

permanente (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

A integralidade do cuidado amplamente discutida e difundida haacute tantos anos pelas

enfermeiras encontra na humanizaccedilatildeo um instrumento consolidador deste modo operante

da profissatildeo

Promover um cuidado humanizado e de qualidade a esta clientela vincula-se a

processos que natildeo se expressam por caracterizaccedilotildees e definiccedilotildees precisas e facilmente

medidas Envolver a famiacutelia no cuidado por exemplo eacute ir aleacutem da sua participaccedilatildeo na

57

divisatildeo funcional de tarefas Implica compreender a dimensatildeo social na qual as famiacutelias

estatildeo inseridas levando-se em consideraccedilatildeo suas demandas psiacutequicas emocionais

afetivas Significa apreender a famiacutelia natildeo mais de forma estereotipada e idealizada mas

na complexidade do seu processo social de sua subjetividade enfim de suas relaccedilotildees

Enfim eacute preciso que se pense coletivamente na construccedilatildeo de um projeto

terapecircutico sem estruturaccedilotildees riacutegidas com a possibilidade de repensar e refazer no

cotidiano as accedilotildees de cuidado e organizacionais (SOARES ROSA HIGARASHI

MARCON MOLINA 2016)

161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila

Existem inuacutemeras razotildees para a internaccedilatildeo de crianccedilas ou adolescentes em uma

unidade hospitalar A principal delas eacute a obtenccedilatildeo do pleno restabelecimento fiacutesico sem

agravos no estado psicoemocional aos quais estaacute clientela estaacute sujeita em decorrecircncia de

vaacuterias situaccedilotildees que lhe satildeo peculiares durante a internaccedilatildeo hospitalar como a separaccedilatildeo

dos pais os procedimentos dolorosos invasivos e desconhecidos entre outros

No entanto para que essa hospitalizaccedilatildeo seja segura no mais amplo sentido o

planejamento do cuidado deve ser feito pelo enfermeiro de modo que atenda as

caracteriacutesticas do crescimento e desenvolvimento dessa clientela e ainda seja harmocircnico

com as necessidades da famiacutelia e equipe de sauacutede favorecendo a humanizaccedilatildeo e

seguranccedila do atendimento (COLLET ROCHA 2001) (GAIacuteVA SOUZA XAVIER

2013)

Na maioria das instituiccedilotildees hospitalares ainda vigora a perspectiva biologicista

dando ecircnfase agrave doenccedila da crianccedila e ao seu tratamento Os pais satildeo obrigados a seguir uma

organizaccedilatildeo predeterminada pelos serviccedilos Natildeo existindo estiacutemulo para a participaccedilatildeo e

o envolvimento deles nas decisotildees relativas ao tratamento e aos cuidados prestados aos

filhos atuando mais como expectadores da assistecircncia (COLLET 2001)

Eacute importante salientar que o cuidado de enfermagem agrave crianccedila natildeo se restringe agrave

busca do ecircxito teacutecnico pois apesar da preocupaccedilatildeo do enfermeiro com as praacuteticas de

sauacutede por meio de accedilotildees curativistas deve-se atentar para as atitudes compreensivas no

processo de cuidar caminhando para a construccedilatildeo de novos entendimentos das situaccedilotildees

que a crianccedila e a famiacutelia enfrentam (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA

2010)

58

O modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila implementado pelo hospital implica o

desenvolvimento de accedilotildees para o cuidado tais praacuteticas para serem integrais e

possibilitarem intervenccedilotildees geradoras de bem-estar e qualidade de vida precisam ser

sistematizadas portanto o enfermeiro que atua nestes espaccedilos deve utilizar a SAE e o PE

para efetuar sua praacutetica profissional junto agrave crianccedila

A SAE em pediatria requer o planejamento e implementaccedilatildeo de accedilotildees em uma

abordagem processual que fundamente a tomada de decisotildees acerca do cuidado

(WHALEY WONG 2015) Aos enfermeiros que atuam na pediatria cabe o desafio de

adequar a SAE aacutes necessidades das crianccedilas e suas famiacutelias pois o contexto do hospital

algumas vezes provoca nos profissionais uma forte tendecircncia em focar sua atenccedilatildeo no

cliente de forma fragmentada percebendo cliente e famiacutelia a partir de uma visatildeo

dicotomizada inviabilizando uma abordagem humaniacutestica do cuidado (SOUSA

GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

Horta (1979) afirma que a variaccedilatildeo das necessidades de um indiviacuteduo para o outro

se daacute na maneira como se manifesta e como satildeo satisfeitas ou atendidas Alguns fatores

interferem na manifestaccedilatildeo ou no atendimento entre eles podem ser descritos a

individualidade a idade o sexo a cultura a escolaridade os fatores socioeconocircmicos o

ciclo sauacutede-enfermidade e o ambiente fiacutesico

A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada

e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila da crianccedila

Dessa forma a atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades

individuais e com isso promove o crescimento e desenvolvimento saudaacutevel assim como

a prevenccedilatildeo de doenccedilas (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)

Desta forma devemos considerar a SAE portanto um instrumento que

proporciona natildeo apenas uma melhora na qualidade da assistecircncia mas tambeacutem confere

ao profissional maior autonomia de suas accedilotildees o respaldo legal e ao aumento do viacutenculo

entre o profissional e o paciente (CARVALHO SILVA FERREIRA CORREA 2008)

Enquanto processo organizacional ela eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o

desenvolvimento de meacutetodos interdisciplinares e humanizados de cuidado (MOREIRA

etal2012)

Para Duran e Toledo (2011) o processo de enfermagem contribui para minimizar

complicaccedilotildees referentes ao estado de sauacutede e cuidados prescritos bem como maior

estabilidade e seguranccedila na assistecircncia prestada Por isso a seguranccedila da assistecircncia agrave

59

crianccedila deve ser preservada considerando a maior vulnerabilidade do grupo de

atendimento (GAIacuteVA SOUZA XAVIER 2013)

Neste contexto a SAE eacute de extrema importacircncia pois direciona as intervenccedilotildees

conforme as necessidades do paciente aleacutem de facilitar a avaliaccedilatildeo dos cuidados de

enfermagem Estudo desenvolvido avaliando a utilizaccedilatildeo da sistematizaccedilatildeo do cuidado

ao receacutem-nascido internado em UTI neonatal concluiu que a SAE garante a qualidade e

a organizaccedilatildeo da assistecircncia o que promove maior sobrevida e menor tempo de

permanecircncia da crianccedila na UTIN (MOREIRA etal2012)

Assim a aplicaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees de sauacutede apresenta como aspectos

positivos seguranccedila no planejamento execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das condutas de enfermagem

individualizaccedilatildeo da assistecircncia visibilidade e autonomia para o enfermeiro (SILVA

OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

Com isso a SAE acaba por se constituir um processo de qualificaccedilatildeo profissional

que aleacutem de propiciar valorizaccedilatildeo do papel do enfermeiro na Instituiccedilatildeo induz maior

qualidade da assistecircncia como poderoso veiacuteculo que requer pensamento criacutetico e criativo

para desenvolver um cuidado de excelecircncia e boa relaccedilatildeo custobenefiacutecio desenvolvendo

um ambiente de assistecircncia agrave sauacutede multidisciplinar (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013)

162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila

A implementaccedilatildeo do PE deve promover o encontro de subjetividade entre o

profissional de enfermagem e a famiacutelia da crianccedila Desse encontro surgem novas

compreensotildees e interpretaccedilotildees que contribuem para o sucesso do cuidado e a superaccedilatildeo

da crise ocorrida durante a hospitalizaccedilatildeo (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do PE aleacutem de organizar o cuidado prestado

proporciona tambeacutem melhor comunicaccedilatildeo pois evita interpretaccedilatildeo duvidosa e encoraja a

participaccedilatildeo do cliente no planejamento e na assistecircncia de enfermagem individualizada

e humanizada Auxilia ainda a definir o papel do enfermeiro junto ao cliente e a outros

profissionais de sauacutede intensificando a satisfaccedilatildeo profissional e acentuando o

desenvolvimento de habilidades cognitivas teacutecnicas e interpessoais (MOREIRA

etal2012)

60

Assim para que a accedilatildeo do profissional de enfermagem seja feita a partir de

condutas e atitudes seguras que embasem a tomada de decisotildees relacionadas ao cliente o

conhecimento constitui valor de grande importacircncia (COLLET ROCHA 2001)

(MOREIRA etal2012) No caso da crianccedila todo o arcabouccedilo de conhecimento

relacionados ao seu processo de crescer e desenvolver devem ser considerados de forma

que o cuidado a ser prestado seja significativo e faccedila alteraccedilotildees positivas no estado de

sauacutede da crianccedila e dos familiares envolvidos no processo

A baixo satildeo descritas de acordo com as fases do processo de enfermagem algumas

especificidades levantadas em bibliografias que precisam ser abordados ao momento de

organizar o gerenciamento do cuidado a crianccedila e sua famiacutelia jaacute que estas especificidades

relacionadas a clientela infantil proporcionaram maior embasamento para a tomadas de

decisotildees criacuteticas e natildeo meramente advindas de uma seacuterie de tentativas

Fase I - Histoacuterico de enfermagem

Consiste no levantamento de dados obtidos por meio de diferentes fontes de

informaccedilatildeo requer do enfermeiro habilidades diferenciadas como a capacidade de

observaccedilatildeo comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com o paciente aleacutem do conhecimento especiacutefico

(COLLET OLIVEIRA 2002) (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA 2013)

Conveacutem reunir o maior nuacutemero de informaccedilotildees possiacuteveis referentes aos aspectos

fiacutesicos sensomotores intelectuais soacutecio-afetivos da crianccedila a fim de avaliar seu niacutevel de

desenvolvimento e propor em seguida accedilotildees e encaminhamentos que favoreccedilam o seu

desenvolvimento (SCHMITZ 2005)

No histoacuterico de pediatria alguns pontos devem ser observado ao momento da

coleta da informaccedilatildeo deve ser concedido espaccedilo para a crianccedila participar da entrevista

juntamente com sua famiacutelia considerando suas colocaccedilotildees e ponto de vista a

caracteriacutestica e estrutura interna da famiacutelia deve ser coletado por meio de diagramas como

o genograma e o ecomapa o cuidador principal da crianccedila deve ser identificado no

atendimento de lactentes ou de patologias correlacionadas a injurias na gestaccedilatildeo o

histoacuterico deste periacuteodo deve ser coletado atividades recreacionais e educacionais devem

ser levantadas a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento deve ser feita comparando as habilidades

e marcos de desenvolvimento para cada estaacutegio (WHALEY WONG 2015)

61

Fase II - Diagnoacutestico de Enfermagem

Consiste no julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo famiacutelia ou

comunidade aos problemas de sauacutede processos de vida vigentes e potenciais

proporcionando a base para a seleccedilatildeo de intervenccedilotildees de enfermagem visando ao alcance

de resultados pelo qual o enfermeiro eacute responsaacutevel (CARPENITO 2005) (NANDA

2008)

Para que o enfermeiro possa realizar o diagnoacutestico faz se necessaacuterio utilizar um

sistema uacutenico de classificaccedilatildeo Existem cinco tipos de diagnoacutesticos de enfermagem (reais

de risco de bem-estar de promoccedilatildeo a sauacutede e de siacutendrome) sendo que os diagnoacutesticos

reais e de risco satildeo os mais utilizados na praacutetica (NANDA 2008)

Estudo que avaliou os diagnoacutesticos de enfermagem mais utilizados no cuidado a

crianccedila elencou nove diagnoacutesticos reais segundo a taxonomia da NANDA natildeo

relacionados a patologias como os mais utilizados Proteccedilatildeo ineficaz Comunicaccedilatildeo

verbal prejudicada Processos familiares interrompidos Mobilidade fiacutesica prejudicada

Padratildeo de sono perturbado Atividades de recreaccedilatildeo deficientes Medo Ansiedade

Tensatildeo do papel do cuidador (SILVA 2004) (SIQUEIRA 2005) (MONTEIRO

SILVALOPES 2006)

Fase III - Planejamento de Enfermagem

A formulaccedilatildeo do plano eacute a fase de tomada de decisatildeo do processo baseado no

diagnoacutestico de enfermagem especiacutefico formulado de modo que permita uma meta ou

resultado esperado (CARPENITO 2005)

Nesta fase eacute importante acrescentar ao plano de metas a participaccedilatildeo da famiacutelia

no cuidado (LIMA 1996) (COLLET 2001) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS

SILVA 2011) aleacutem de incluir as potencialidades inerentes aos recursos humanos e a

estrutura fiacutesica das unidades de cuidado agrave crianccedila Estes espaccedilos geralmente possuem uma

estrutura fiacutesica especiacutefica a infacircncia e singular frente a outras clinicas hospitalares como

brinquedotecas ambiente para a educaccedilatildeo durante a internaccedilatildeo banco de leite e lactaacuterios

etc (WHALEY WONG 2015)

Fase IV - Prescriccedilatildeo de Enfermagem

Nesta etapa da SAE o enfermeiro decide acerca das condutas a serem

implantadas objetivando uma assistecircncia personalizada e de qualidade As intervenccedilotildees

62

de enfermagem constituem-se em estrateacutegias especiacuteficas que auxiliam tanto a crianccedila

como a famiacutelia a chegar aos resultados Envolve tomada de decisatildeo do profissional na

medida em que ele indica o tipo de cuidado necessaacuterio em uma determinada situaccedilatildeo

(HORTA 1979) (CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)

A prescriccedilatildeo de enfermagem em pediatria deve incluir itens relacionados a

cuidados padronizados e comuns a todas as crianccedilas internadas cuidados especiacuteficos aos

problemas identificados atividades de estimulaccedilatildeo neuropsicomotora de acordo com o

estaacutegio de desenvolvimento do cliente orientaccedilotildees a crianccedilas e adolescentes

acompanhantes visitantes encaminhamento a outros profissionais (WHALEY WONG

2015)

Fase V - Avaliaccedilatildeo de Enfermagem

Eacute o registro realizado apoacutes a avaliaccedilatildeo do estado geral da crianccedila com o objetivo

de nortear o planejamento da assistecircncia a ser prestada e informar o resultado das

condutas de enfermagem implementadas Neste registro deve constar os problemas novos

identificados um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas

a serem abordados nas 24 horas subsequentes (CAMPEDELLI 1989)

(CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)

Alguns itens satildeo considerados importantes para a avaliaccedilatildeo dos pacientes

pediaacutetricos a caracterizaccedilatildeo da crianccedila quanto ao seu estaacutegio de desenvolvimento

(lactente preacute-escolar etc) dependecircncia para o autocuidado alteraccedilotildees observadas no

desenvolvimento reaccedilotildees emocionais observadas na crianccedila em relaccedilatildeo a interaccedilatildeo com

a famiacutelia equipe e ambiente uso de objetos preferidos (chupeta paninho brinquedo) ou

rituais (chupar dedo enrolar cabelo etc)

Compreendendo que a implementaccedilatildeo do PE promove um meacutetodo organizado e

individualizado para o cuidado de enfermagem agrave sauacutede da crianccedila por permitir o

envolvimento da crianccedila famiacutelia e das equipes de sauacutede nas diferentes etapas do processo

facilitando a continuidade dos processos e prevenindo omissotildees e repeticcedilotildees

desnecessaacuterias (MOREIRA etal2012) Cabe ao enfermeiro o desafio de adequar o

conhecimento disponiacutevel incentivar a participaccedilatildeo da equipe de enfermagem tanto no

planejamento como na implementaccedilatildeo do PE para que seu uso seja de fato efetivo na

praacutetica com resultados positivos na qualidade da assistecircncia

63

2- REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 - A TEORIA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ORIGEM CONCEITO E

DEFINICcedilOtildeES

[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam elas entre

duas pessoas ou entre dois grupos pressupotildeem

representaccedilotildees Na realidade eacute isso que as caracteriza

(Serge Moscovici)

Definida como o ldquoconjunto de conceitos frases e explicaccedilotildees originaacuterias na vida

diaacuteria durante o curso das comunicaccedilotildees interpessoaisrdquo (Moscovici 1978 p181) as

representaccedilotildees sociais englobam uma vasta gama de crenccedilas ideologias opiniotildees e

valores que satildeo socialmente construiacutedos por grupos delimitados acerca de um

determinado objeto de pesquisa presente na realidade existencial concreta As

Representaccedilotildees Sociais configuram-se como uma estrateacutegia particular de apropriaccedilatildeo

dos grupos sociais para orientar e justificar as tomadas de decisotildees em relaccedilatildeo ao objeto

de investigaccedilatildeo em estudo (MOSCOVICI 2003)

A representaccedilatildeo social designa tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito

que os engloba eacute a teoria construiacuteda para explicaacute-los bem como afirmaccedilotildees que se

originam no cotidiano atraveacutes de comunicaccedilotildees inter-individuais que contribuem para a

formaccedilatildeo de condutas e a orientaccedilatildeo das comunicaccedilotildees sociais (SAacute 2005)

O percussor do conceito das RS foi Durkheim que a partir da noccedilatildeo de

representaccedilatildeo coletiva defendida pela escola positivista de tradiccedilatildeo socioloacutegica

possibilitou a definiccedilatildeo do novo conceito Foi com o psicoacutelogo social Serve Moscovici

nas deacutecadas de 1960 e 1970 que ela ganhou uma nova configuraccedilatildeo cientiacutefica

conquistando gradativamente espaccedilo e aceitaccedilatildeo acadecircmica no campo das Ciecircncias

Humanas e das Ciecircncias Sociais Aplicadas a partir dos anos 80 tanto em niacutevel nacional

quanto internacional Essa linha de pensamento tem como pressuposto baacutesico considerar

a sociedade como um conjunto de fatos sociais ou seja as representaccedilotildees natildeo poderiam

ser reduzidas a representaccedilotildees individuais (ARRUDA 2002)

As representaccedilotildees coletivas se constituem fora da consciecircncia e estatildeo presentes

nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e os grupos em que a vida representativa se estende para

aleacutem de fenocircmenos meramente fiacutesicos e psiacutequicos implica nas maneiras de agir e pensar

64

Assim essas maneiras de pensar e agir satildeo construccedilotildees coletivas e portanto natildeo derivam

de indiviacuteduos isolados (TURA MOREIRA 2005)

Desde a origem da formulaccedilatildeo proposta por Moscovici em 1961 as

representaccedilotildees sociais satildeo caracterizadas como fenocircmenos complexos que dizem respeito

ao processo pelo qual o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no contexto

de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)

Para Abric (2003) as RS satildeo um conjunto organizado e estruturado de

informaccedilotildees crenccedilas opiniotildees e atitudes Jaacute Jodelet (2005) afirma que as RS circulam

nos discursos satildeo trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagens e imagens

midiaacuteticas cristalizadas em condutas e em organizaccedilotildees materiais e espaciais Para

Markovaacute (2006) as representaccedilotildees sociais satildeo fenocircmenos dinacircmicos e abertos e o

conceito da representaccedilatildeo social eacute formado e retransformado juntamente com a

transformaccedilatildeo da sua teoria Na perspectiva de Moreira e colaboradores (2007) elas satildeo

o equivalente em nossa sociedade aos mitos e sistemas de crenccedilas das sociedades

tradicionais podendo ser consideradas como a versatildeo contemporacircnea do senso comum

Portanto as representaccedilotildees sociais se configuram um tipo de conhecimento do

senso comum que se constroacutei a partir da influecircncia social e individual (subjetividade)

Estudar o senso comum o conhecimento popular eacute afirmar que se estaacute estudando algo

que liga a sociedade ou indiviacuteduos agrave sua cultura sua linguagem seu mundo familiar

Esse aspecto eacute justificado pela polifasia cognitiva na transformaccedilatildeo das noccedilotildees do

senso comum em noccedilotildees cientiacuteficas e vice-versa os limites e os problemas de tais

transformaccedilotildees por serem as representaccedilotildees sociais vivas tomando forma nesta tensatildeo e

conflito inerente ao pensamento e a cultura (ARRUDA 2002)

De acordo com Saacute (2005) quando aceitamos estudar as representaccedilotildees sociais

buscamos pesquisar um fenocircmeno que nos chama atenccedilatildeo a partir de sua relevacircncia

social seu valor intriacutenseco ou sua relevacircncia acadecircmica Os fenocircmenos referentes agraves

representaccedilotildees sociais podem circular por vaacuterios acircmbitos culturais ou sociais

Os fenocircmenos da representaccedilatildeo social estatildeo na cultura nas

instituiccedilotildees nas praacuteticas sociais nas comunicaccedilotildees

interpessoais e de massa e nos pensamentos individuais [] os

fenocircmenos satildeo [] difusos fugidos multifacetados em

constante movimento e presentes em inuacutemeras instacircncias da

interaccedilatildeo social (SAacute 2005p21)

65

Nobrega (2003) enfoca que as representaccedilotildees sociais satildeo elaboradas no acircmbito

dos fenocircmenos comunicacionais que repercutem sobre as mudanccedilas sociais Eacute importante

pensar os fenocircmenos das representaccedilotildees sociais em termos de status simboacutelico A esse

respeito Moscovici (2003) compreende que as RS satildeo portanto

Entidades quase tangiacuteveis que circulam cruzam-se e se

cristalizam incessantemente atraveacutes de uma fala um gesto um

encontro em nosso universo cotidiano A maioria das relaccedilotildees

sociais estabelecidas os objetos produzidos ou consumidos as

comunicaccedilotildees trocadas delas estatildeo impregnados []

Correspondem por um lado agrave substacircncia simboacutelica que entra

na elaboraccedilatildeo e por outro agrave praacutetica que produz a dita

substacircncia tal como a ciecircncia ou os mitos correspondem a uma

praacutetica cientiacutefica e miacutetica (MOSCOVICI 2003 p41)

Portanto ao abordar a constituiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais Moscovici ressalta

que este eacute um processo que preconiza trocas e composiccedilatildeo de ideacuteias as quais visam a

responder demandas individuais e coletivas Dessa forma as representaccedilotildees sociais

[] satildeo sobretudo o objeto de um permanente trabalho social

no e atraveacutes do discurso de tal modo que cada novo fenocircmeno

pode sempre ser reincorporado dentro de modelos explicativos e

justificativos que satildeo familiares e consequentemente aceitaacuteveis

Esse processo de troca e composiccedilatildeo de ideacuteias eacute sobretudo

necessaacuterio pois ele reponde agraves duplas exigecircncias dos indiviacuteduos

e das coletividades [] para construir um sistema de

pensamento e compreensatildeo e por outro lado para adotar visotildees

consensuais de accedilatildeo que lhes permitem manter viacutenculo social

ateacute mesmo a continuidade da comunicaccedilatildeo da ideacuteia

(MOSCOVICI 2003 p216)

Para tanto eacute preciso considerar que o sujeito eacute um ser permeado de crenccedilas e

valores que satildeo embutidos ao longo da sua vida a partir de suas experiecircncias e vivecircncias

socialmente compartilhadas relacionadas ao seu esforccedilo para o enfrentamento de

situaccedilotildees cotidianas as quais orientam a sua conduta e a sua comunicaccedilatildeo As RS podem

influenciar o comportamento do indiviacuteduo participante de uma coletividade dessa forma

o proacuteprio coletivo penetra dentro do pensamento individual (TURA MADEIRA SILVA

GAZE CARVALHO 2008)

O sujeito interpreta e compreende diversas situaccedilotildees nas quais se encontra mas

pode se comportar de forma diferente diante de um procedimento aparentemente idecircntico

de acordo com a sua representaccedilatildeo perante o objeto considerado e o ambiente a que ele

66

pertenccedila a partir da transformaccedilatildeo do conhecimento interaccedilotildees subjetivas e relaccedilotildees

interpessoais (OSOacuteRIO QUEIROZ 2007)

A representaccedilatildeo natildeo eacute um simples reflexo da realidade mas uma organizaccedilatildeo

significativa que depende ao mesmo tempo de fatores contingentes tais como natureza

e dificuldades colocadas pela situaccedilatildeo contexto imediato finalidade da situaccedilatildeo e de

fatores mais gerais que ultrapassam a proacutepria situaccedilatildeo como contexto social e ideoloacutegico

lugar do indiviacuteduo na organizaccedilatildeo social histoacuteria do indiviacuteduo e do grupo relaccedilotildees de

poder socialmente estabelecidas

A TRS procura esclarecer qual eacute o caminho percorrido pelas abstraccedilotildees

cientiacuteficas por ser uma teoria da crenccedila e do conhecimento de seus respectivos conteuacutedos

aproximando os problemas da teoria do pensamento social agravequeles da epistemologia O

senso comum eacute o pensamento social por excelecircncia por isso eacute o mais compartilhado e o

mais utilizado no cotidiano em qualquer sociedade (MOSCOVICI 2003)

Portanto os profissionais que atuam no cuidado hospitalar agrave crianccedila satildeo seres de

categorias e formaccedilatildeo diferentes mas que dividem o mesmo objeto e ambiente de

trabalho cada um com a sua experiecircncia e conhecimentos variados que guiam suas

condutas posturas e atitudes de abordagem atendimento e comunicaccedilatildeo interpessoal

Cada indiviacuteduo possui as suas crenccedilas e valores que norteiam seus comportamentos que

poderatildeo conduzir processos de decisatildeo

A TRS pode se manifestar neste estudo de vaacuterias maneiras devido a sua

flexibilidade diante dos diversos fenocircmenos que ocorrem em torno da SAE no

atendimento agrave crianccedila e sua famiacutelia Tanto a utilizaccedilatildeo da SAE quanto a aplicaccedilatildeo da

TRS envolvem a participaccedilatildeo de um sujeito e um objeto numa relaccedilatildeo complexa de

interdependecircncia entre os personagens que permeado pelo ambiente rico nas suas

interaccedilotildees rotineiras eacute capaz de interferir nas condutas e atitudes da equipe Neste

processo o conhecimento eacute compartilhado e agregado aos jaacute existentes construindo as

rotinas e cultura do ambiente

212 ndash Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e

Ancoragem

Para se realizar um estudo sobre as representaccedilotildees sociais eacute necessaacuterio delimitar

o objeto a ser pesquisado De acordo com Saacute (2005) o objeto de pesquisa eacute formado a

67

partir da simplificaccedilatildeo e compreensatildeo do fenocircmeno da representaccedilatildeo social pela teoria

conforme a finalidade da pesquisa A construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais inicia-se na

relaccedilatildeo de como o sujeito representa o objeto

Entretanto representar algo consiste natildeo somente em descrevecirc-lo ou reproduzi-

lo eacute reconstruiacute-lo modificaacute-lo a partir de trocas interaccedilotildees e experiecircncias humanas De

haacutebito precisa-se necessariamente das informaccedilotildees das palavras do conhecimento para

compreender ou descrever os fenocircmenos que aparecem no ambiente (ESCUDEIRO

1997)

Por meio da TRS Moscovici definiu padrotildees para analisar cientificamente o

conhecimento produzido dos processos de comunicaccedilotildees sociais denominado de ldquosenso

comumrdquo os quais refletem nas mudanccedilas e interaccedilotildees do grupo Com a aplicaccedilatildeo da TRS

esse conhecimento antes banalizado passou a ter importacircncia cientiacutefica e diversos

estudos foram desenvolvidos buscando compreender o comportamento social

(NOacuteBREGA 2001)

A interaccedilatildeo de saberes e conhecimento satildeo indispensaacuteveis para o bom

atendimento a crianccedila devido suas especialidades e fragilidades atreladas ao processo de

crescimento e desenvolvimento eacute nesta perspectiva que a TRS de Serge Moscovici

(1978) a partir de seus conceitos e definiccedilotildees possibilita englobar todo o contexto que

permeia o desenvolvimento da Assistecircncia Sistematizada de Enfermagem a esta clientela

Na dinacircmica do atendimento a crianccedila os profissionais interagem entre si para sanar as

dificuldades e necessidades relativas ao processo de internaccedilatildeo o objetivo maior consiste

em prestar atendimento seguro e de qualidade

Conforme postula a TRS natildeo existe representaccedilatildeo que natildeo seja de um objeto e de

um sujeito O sujeito se apropria e constroacutei as representaccedilotildees processos que podem ser

cognitivos do tipo emocional ou depender de uma experiecircncia particular que inclua uma

accedilatildeo no mundo Esses fenocircmenos que ocorrem de maneira cotidiana pelas accedilotildees de um

ou vaacuterios sujeitos soacute poderiam existir pela presenccedila de um objeto (MOREIRA

CAMARGO 2007)

Assim as RS tornam lsquofamiliarrsquo o que natildeo o eacute fazendo com que o objeto de

representaccedilatildeo (material ou natildeo material) a ser processado mentalmente pelos sujeitos

sociais sofra determinadas transformaccedilotildees Isto significa dizer que no processo de

formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social estatildeo presentes dois conceitos determinantes a

saber objetivaccedilatildeo e ancoragem

68

Baseado em Moscovici (1978 p76) a elaboraccedilatildeo e funcionamento de uma

representaccedilatildeo podem ser compreendidos atraveacutes dos processos de objetivaccedilatildeo e

ancoragem eles fazem com que o pensamento a ideacuteia se concretize por meio da accedilatildeo

humana O primeiro pode ser entendido como o ato de ldquoreabsorver um excesso de

significaccedilotildees materializando-asrdquo Eacute tambeacutem transplantar para o niacutevel de observaccedilatildeo o

que antes era apenas inferecircncia ou siacutembolo

Moscovici (1978) introduz assim os processos de objetivaccedilatildeo e ancoragem que

datildeo origem agraves representaccedilotildees sociais

O processo de objetivaccedilatildeo consiste na operaccedilatildeo que permite

tornar concretos os conceitos abstratos ao materializar

abstraccedilotildees em imagens ldquo A objetivaccedilatildeo eacute caracterizada como

passagem de conceitos ou ideacuteias para esquemas ou imagens

concretas os quais pela generalidade de seu emprego se

transformam em supostos reflexos do real (MOSCOVICI 1978

p289)

A objetivaccedilatildeo eacute uma etapa importante no desenvolvimento das RS visto que ela

significa dar forma ao pensamento cognitivo agraves ideacuteias Constitui-se em trecircs fases a

seleccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo da teoria a formaccedilatildeo do nuacutecleo figurativo e a

naturalizaccedilatildeo

A primeira fase eacute a triagem de elementos a partir do campo da cultura e

especialmente normativos informaccedilotildees cientiacuteficas que satildeo apropriadas por puacuteblico

determinado de acordo com esquemas que lhes satildeo proacuteprios a seguinte satildeo elementos

que formam um conjunto coerente e imageacutetico que torna concreto aquilo que eacute abstrato

e finalmente a naturalizaccedilatildeo que consiste nos vaacuterios elementos do nuacutecleo figurativo que

satildeo coordenados e tornam-se elementos da realidade Transformam-se em evidecircncia que

orientam as percepccedilotildees e o julgamento da realidade socialmente construiacuteda (TURA

MOREIRA 2005)

A objetivaccedilatildeo pode ser definida como a transferecircncia de uma ideacuteia de um

conceito ou de uma opiniatildeo em algo concreto Cristaliza-se a partir de um processo

figurativo e social e passa a constituir um nuacutecleo figurativo de uma determinada

representaccedilatildeo seguidamente evocada concretizada e disseminada como se fosse o real

daqueles que o expressam (COELHO SILVA PADILHA 2009)

Outro processo de funcionamento da TRS eacute a ancoragem que se refere agrave

incorporaccedilatildeo de novas informaccedilotildees ao sistema de categorias sociais jaacute existentes

69

comparando-as interpretando-as e reproduzindo-as para que adquiram caracteriacutesticas e

se ajustem agraves relaccedilotildees do grupo (MOSCOVICI 2003)

A ancoragem ou seja a inserccedilatildeo do novo objeto no acervo de conhecimentos jaacute

existentes constitui-se como uma rede de significaccedilotildees em torno do objeto relacionando-

o a valores e praacuteticas sociais

A representaccedilatildeo sempre se constroacutei sobre algo jaacute pensado ou manifesto A

familiarizaccedilatildeo com o estranho pode com a ancoragem fazer prevalecer quadros de

pensamento antigos posiccedilotildees preestabelecidas utilizando mecanismos como a

classificaccedilatildeo a categorizaccedilatildeo e a rotulaccedilatildeo E classificar comparar rotular supotildee sempre

um julgamento que revela algo da teoria que temos sobre o objeto classificado (COELHO

SILVA PADILHA 2009)

Para Arruda (2002) a ancoragem daacute significado ao objeto desconhecido o natildeo

familiar torna-se familiar O indiviacuteduo recorre ao que eacute familiar para fazer uma espeacutecie

de modificaccedilatildeo da novidade traz ao terreno conhecido ancora o desconhecido neste

lugar retirando-o assim do territoacuterio natildeo familiar

Para Jodelet (2005) no processo de formaccedilatildeo das representaccedilotildees

[] a ancoragem interveacutem assegurando sua incorporaccedilatildeo ao

social [] enraiacuteza a representaccedilatildeo e seu objeto numa rede de

significaccedilotildees que permite situaacute-los em relaccedilatildeo aos valores

sociais e dar-lhe coerecircncia [] A ancoragem serve para a

instrumentalizaccedilatildeo do saber conferindo-lhe um valor funcional

para a interpretaccedilatildeo e a gestatildeo do ambiente (JODELET 2005

p38-39)

Ao procurar compreender o novo o natildeo familiar dialogamos com nossos

conhecimentos e experiecircncias anteriores preexistentes e assim ancoramos o novo em um

enquadramento de saberes (valores cogniccedilotildees afetividades) jaacute vivenciado Eacute nesse

sentido que eacute afirmado haver um contiacutenuo processo dialeacutetico de construccedilatildeo de

conhecimento pelo qual aderimos integralmente ou natildeo agraves novidades ao que nos eacute

proposto de acordo com o conhecimento e valores que tiacutenhamos

213 ndash A Teoria do Nuacutecleo Central e Perifeacuterico em Representaccedilatildeo Social

A Teoria do Nuacutecleo Central ou Teoria da Abordagem Estrutural das

Representaccedilotildees Sociais de Jean-Claude Abric pretende prioritariamente estabelecer o

70

iniacutecio e a organizaccedilatildeo da RS explicando a estruturaccedilatildeo das representaccedilotildees sociais

(ABRIC 2003)

Para o autor uma representaccedilatildeo social eacute organizada em torno de dois subsistemas

distintos quais sejam central e perifeacuterico Nesse arranjo o sistema central eacute composto

por um ou mais elementos que oferece grande dimensatildeo e solidez agrave representaccedilatildeo eacute

responsaacutevel pela unificaccedilatildeo desta sendo responsaacutevel pela significaccedilatildeo da representaccedilatildeo

social Pode ser entendido como um espaccedilo onde haacute conformidade consensual de um

grupo e que proporciona a esse grupo estabilidade coerecircncia e continuidade das

representaccedilotildees mostrando-se relativamente independente do contexto social e material

imediato (ARRUDA 2002) (ABRIC 2003)

O nuacutecleo central consiste em uma conjuntura de elementos altamente resistentes

a mudanccedilas pois estaacute ligado agrave memoacuteria coletiva conferindo significado consistecircncia e

permanecircncia agrave representaccedilatildeo (ABRIC 2003)

A volta deste elemento central estatildeo os elementos perifeacutericos aqueles que fazem

a interconexatildeo com as situaccedilotildees em que se origina a representaccedilatildeo e os modos individuais

de conhecer o mundo estas garantem a sustentaccedilatildeo configurando-se como uma espeacutecie

de componente estruturante ou seja os elementos perifeacutericos configuram-se em um

sistema que permiti ao nuacutecleo central adaptar-se agrave realidade (ARRUDA 2002) (ABRIC

2003)

Os elementos perifeacutericos contribuem para clarear o caminho conceitual teoacuterico e

metodoloacutegico do estudo das representaccedilotildees sociais Os elementos do nuacutecleo central

tendem a se apresentar como funcionais e normativos Isto implica dizer que o nuacutecleo

central tem um papel relevante para a representaccedilatildeo social uma vez que organiza as

significaccedilotildees e prescreve accedilotildees para que a representaccedilatildeo seja mantida Eacute formado pela

natureza do objeto e pelo sistema de valores e normas sociais que estabelecem o contexto

ideoloacutegico do grupo (ARRUDA 2002)

Abric (2003) coloca que no nuacutecleo central haacute uma organizaccedilatildeo dos elementos

fundantes e estabilizantes das RS dos grupos Isso acontece porque no nuacutecleo central

ocorrem as funccedilotildees fundamentais na estruturaccedilatildeo e no funcionamento das representaccedilotildees

sociais Satildeo elas

1ordf) geradora ndash ele eacute o elemento pelo qual se cria e se transforma uma

representaccedilatildeo dando significaccedilatildeo aos outros elementos constitutivos da representaccedilatildeo eacute

por essa funccedilatildeo que esses elementos tomam um sentido um valor

71

2ordf) organizadora ndash eacute ele que determina a natureza das ligaccedilotildees entre os elementos

de uma representaccedilatildeo social Eacute por ela que o nuacutecleo central se torna o elemento unificador

e estabilizador da representaccedilatildeo e

3ordf) estabilizadora ndash seus elementos satildeo os que mais resistem agraves mudanccedilas

O nuacutecleo central sustenta-se no fato de ser ele o elemento que define o significado

de uma representaccedilatildeo e ao mesmo tempo colabora para sua organizaccedilatildeo interna Ele eacute

entendido como a base comum que define a homogeneidade do grupo tendo um papel

importante na estabilidade coerecircncia e continuidade das representaccedilotildees sendo

relativamente independente do contexto social e material imediato

Jaacute o sistema perifeacuterico faz a interface entre a realidade concreta e o nuacutecleo central

Ele permite uma flexibilizaccedilatildeo em funccedilatildeo do vivido uma integraccedilatildeo das experiecircncias

cotidianas e comporta certa heterogeneidade de comportamentos e conteuacutedo Satildeo essas

caracteriacutesticas que nos permitem vislumbrar as alteraccedilotildees sutis em seus componentes

transitando entre o sistema perifeacuterico antes que venha a se constituir e integrar o nuacutecleo

central

O processo de construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais ocorre na incorporaccedilatildeo de

informaccedilotildees e fatos que ocorrem no cotidiano que as pessoas atraveacutes do seu sistema

perifeacuterico aos poucos vatildeo constituindo-se como verdades do grupo e com isso aos

poucos modificando as dimensotildees estabelecidas nos conhecimentos valores e crenccedilas

enraizadas do nuacutecleo central pois eacute no sistema perifeacuterico que se permite alienar algum

objeto ou fato social uma vez que pela sua consciecircncia permite conferir um novo

significado para esse objeto ou fato

Por sua vez os elementos do sistema perifeacuterico tambeacutem apresentam trecircs funccedilotildees

principais quais sejam (RANGEL 2004)

1ordf) ser a interface entre o nuacutecleo central e o contexto

2ordf) adaptar as representaccedilotildees diante das mudanccedilas do meio e

3ordf) preservar a representaccedilatildeo

Nesse sistema eacute possiacutevel que exista a presenccedila de elementos histoacutericos relativos

ao indiviacuteduo e que consequumlentemente atuam na constituiccedilatildeo desse sistema

caracterizando assim uma maior heterogeneidade dos conceitos em relaccedilatildeo ao grupo

72

Quadro 4 ndash Caracteriacutesticas do nuacutecleo central e sistema perifeacuterico

Nuacutecleo Central Sistema Perifeacuterico

Ligado a memoacuteria coletiva e a histoacuteria do

grupo

Permite a integraccedilatildeo das experiecircncias e das

histoacuterias individuais

Consensual define a homogeneidade do

grupo

Suporta a heterogeneidade do grupo

Estaacutevel coerente erigido Flexiacutevel suporta contradiccedilotildees

Resistente agrave mudanccedila Transforma-se

Pouco sensiacutevel ao contexto imediato Sensiacutevel ao contexto imediato

Gera a significaccedilatildeo da representaccedilatildeo e

determina sua organizaccedilatildeo

Permite a adaptaccedilatildeo agrave realidade concreta e a

diferenciaccedilatildeo do conteuacutedo protege o sistema

central

Fonte AlvesMazzotti (2007 p23)

A anaacutelise de uma representaccedilatildeo social natildeo eacute atividade simples pois deve ser

permeada pela compreensatildeo dos saberes crenccedilas e valores relacionados com aspectos

cognitivos e sociais do objeto Em funccedilatildeo disso a abordagem estrutural das

representaccedilotildees sociais abriga distintos meacutetodos de pesquisa cientiacutefica bem como

diferentes instrumentos de coleta de dados

As representaccedilotildees criadas durante as relaccedilotildees fazem com que ideacuteias se

materializem e novos conhecimentos sejam incorporados (COELHO SILVA

PADILHA 2009)

73

3 MEacuteTODO

[] natildeo eacute a pertenccedila de um sujeito a determinado grupo

social que faz com que ele se comporte socialmente da

maneira como faz mas a sua representaccedilatildeo mental dos

fatos sociais []

(Wolfgang Wagner)

31 Tipo de Estudo

Trata-se de estudo exploratoacuterio descritivo de abordagem qualitativa A pesquisa

qualitativa exige maior preocupaccedilatildeo com o aprofundamento e abrangecircncia da

compreensatildeo do objeto do que com sua generalizaccedilatildeo (MINAYO 2010) Para Marconi

e Lakatos (2009) a pesquisa descritiva se refere aos fatos que satildeo observados registrados

analisados classificados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles Isto

significa que os fenocircmenos do mundo fiacutesico e humano satildeo estudados mas natildeo

manipulados pelo pesquisador Gil (2007) refere que a pesquisa exploratoacuteria proporciona

maior familiaridade com o problema com vista a tornaacute-lo mais expliacutecito Seu

planejamento eacute bastante flexiacutevel de modo que possibilita a consideraccedilatildeo dos mais

variados aspectos relativos ao fato estudado

Foi utilizado como meacutetodo a Teoria das Representaccedilotildees Sociais (TRS) de Serge

Moscovici que eacute definida como uma forma de conhecimento do senso comum e que esta

diretamente relacionado com agrave maneira como as pessoas entendem e introjetam as

informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaboram o saber cientiacutefico

segundo sua proacutepria conveniecircncia ou de acordo com os meios e recursos que estatildeo

disponiacuteveis (MOSCOVICI 1978) A aplicaccedilatildeo da teoria de Representaccedilotildees Sociais neste

estudo vincula-se tanto as relaccedilotildees que o sujeito estabelece com o cotidiano de suas

praacuteticas quanto agrave significaccedilatildeo que este mesmo sujeito atribui ao processo de organizaccedilatildeo

planejamento e execuccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila

32 Local de Estudo

O cenaacuterio para este estudo foram as unidades de atendimento agrave crianccedila de dois

Hospitais Escolas do municiacutepio de Caacuteceres ndash MT

O municiacutepio de Caacuteceres localiza-se a 16deg 04 16 de latitude ao Sul e 57deg 40 44

de longitude ao Oeste no pantanal Matogrossense Pertence ao estado de Mato Grosso e

situa-se a 211 quilocircmetros da capital ndash Cuiabaacute Possui uma aacuterea de 24351 Km e uma

populaccedilatildeo de 87912 habitantes Seu bioma eacute Cerrado Amazocircnia e Pantanal e a principal

74

atividade econocircmica da cidade eacute a agropecuaacuteria Faz divisa com os municiacutepios de Gloacuteria

DrsquoOeste Curvelacircndia Lambari DrsquoOeste e Porto Estrela ao norte Poconeacute Porto

Esperidiatildeo e Repuacuteblica da Boliacutevia ao sul (IBGE 2006)

Os dois hospitais constituem unidades terciaacuterias filantroacutepicas gerenciados pela

mesma mantenedora cuja clientela usuaacuteria eacute de aproximadamente 80 do Sistema Uacutenico

de Sauacutede (SUS) estas unidades estatildeo credenciadas para realizaccedilatildeo de procedimentos de

alta complexidade e possuem as seguintes aacutereas de assistecircncia agrave crianccedila

Hospital A 10 leitos de atendimento ambulatorial 23 leitos de internaccedilatildeo

pediaacutetrica 10 leitos de atendimento intensivo ao neonato (UTIN) e 10

leitos de atendimento intensivo a crianccedila (UTIPED)

O Hospital B natildeo possui leitos ambulatoriais exclusivos para crianccedilas

tem 16 leitos de internaccedilatildeo pediaacutetrica 27 leitos de UTIN subdivididos em

9 de alto risco 10 para risco intermediaacuterio e 8 de baixo risco estruturados

no formato matildee canguru A unidade de tratamento intensivo pediaacutetrico

funciona com 8 leitos

A estrutura fiacutesica destes espaccedilos eacute organizado e decorado ludicamente de forma a

respeitar o sentido da infacircncia durante a internaccedilatildeo Possuem paredes com pinturas

lavaacuteveis de personagens que remetem ao universo infantil ambos os hospitais possuem

brinquedoteca estruturada com brinquedos e livros estimuladores para as diversas fases

da infacircncia e possuem calendaacuterio de atividades recreacionais desenvolvidas por

acadecircmicos dos cursos de Pedagogia Educaccedilatildeo Fiacutesica e Fisioterapia aleacutem de projetos de

extensatildeo vinculados ao curso de Enfermagem desenvolvidos em datas especiacuteficas de

celebraccedilatildeo

O hospital B ainda possui espaccedilo para recreaccedilatildeo ao sol com brinquedos de

estiacutemulo motor e sala de computaccedilatildeo para o desenvolvimento de atividades escolares e

jogos

Em ambos hospitais o uso do branco foi abolido pela equipe de sauacutede sendo

utilizado pelo corpo de enfermagem roupa privativa confeccionada nas cores verde e azul

Considerando que este estudo tem como proposta investigar as RS dos

enfermeiros que prestam atendimento agrave crianccedila entatildeo tambeacutem foram incluiacutedos os

espaccedilos sala de parto (recepccedilatildeo do neonato) e centro ciruacutergico (cirurgias pediaacutetricas)

como ambientes de pesquisa

75

A escolha dos locais para a realizaccedilatildeo do estudo foi pautada no fato de estes serem

hospitais de referecircncia para atendimentos agrave crianccedila agrave gestantes e a neonatos de alto risco

da regiatildeo por possuiacuterem a SAE implantada em todos os setores do hospital desde o ano

2000 aleacutem de constituiacuterem campo de atuaccedilatildeo da investigadora como docente

33 Sujeitos de Estudo

O nuacutecleo de enfermagem que atua no cuidado agrave crianccedila das duas unidades

hospitalares eacute composto por aproximadamente 60 enfermeiros e cerca de 250 teacutecnicos de

enfermagem

Participaram do estudo 45 enfermeiros dos setores de atenccedilatildeo agrave crianccedila dos turnos

diurno e noturno que estavam em atividade profissional no mesmo setor por no miacutenimo

seis meses e demonstraram disponibilidade em participar do estudo de acordo com a sua

aceitaccedilatildeo verbal e em seguida a manifestaccedilatildeo escrita por meio da assinatura do termo

de consentimento livre e esclarecido - TCLE (Apecircndice A)

O criteacuterio de tempo miacutenimo de seis meses de trabalho no setor de atendimento a

crianccedila foi escolhido para inclusatildeo na pesquisa pois a RS eacute a forma de conhecimento

socialmente elaborado e partilhado tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo para a

construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Para que esta construccedilatildeo

aconteccedila eacute necessaacuterio um tempo de conviacutevio para que as pessoas entendam e introjetem

as informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaborem o saber

cientiacutefico

Foram excluiacutedos os enfermeiros que trabalhavam no sistema de plantatildeo avulso

ou seja prestadores de serviccedilo pertencentes ao quadro de enfermagem do hospital mas

que por acordo institucional realizam cobertura de profissionais faltosos

esporadicamente

Ao final foram excluiacutedos 9 enfermeiros por natildeo corresponderem ao criteacuterio de

inclusatildeo tempo miacutenimo de trabalho no mesmo setor 2 por estar em gozo de feacuterias 1 por

se enquadrar no criteacuterio de exclusatildeo e 3 por incompatibilidade de agenda

76

Os 45 enfermeiros participantes ao periacuteodo da pesquisa estavam assim lotados

nas cliacutenicas das instituiccedilotildees

Espaccedilo Hospitalar Hospital A Hospital B Total

Pediatria 4 3 7

UTIN 5 4 9

UTPED 5 4 9

Ambulatoacuterio 3 2 5

Sala de Parto 4 4 8

Centro Ciruacutergico 3 4 7

Total 24 21 45

Todos os preceitos eacuteticos e legais relacionados a pesquisas utilizando sujeitos de

estudo foram respeitadas segundo os requisitos da Resoluccedilatildeo 4662012 do Conselho

Nacional de Sauacutede que trata das diretrizes e normas de pesquisa envolvendo seres

humanos

34 Coleta de Dados

Na coleta de dados foram utilizados dois instrumentos O primeiro foi composto

por perguntas que objetivaram desenhar o perfil dos entrevistados e uma entrevista

semiestruturada que abordou aspectos relacionados ao conhecimento sobre a SAE no que

se refere agrave praacutexis da enfermagem ao planejamento desenvolvimento e avaliaccedilatildeo da

assistecircncia de enfermagem ao cliente (Apecircndice B) A entrevista visou aprender o

conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos sujeitos

O segundo instrumento foi um questionaacuterio de livre associaccedilatildeo que ofereceu

suporte para o emprego da teacutecnica de livre associaccedilatildeo de palavras (TALP) que consistiu

em apresentar as expressotildees indutoras ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo

e ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo solicitando aos participantes a produccedilatildeo e a posterior

classificaccedilatildeo por ordem de prioridade de trecircs palavras expressotildees eou adjetivos que lhe

viessem agrave mente (Apecircndice C)

Os dados foram coletados no periacuteodo de maio e junho de 2015 poacutes parecer

favoraacutevel do CEPUNEMAT com preacutevio agendamento e seguiu calendaacuterio proposto

pelos enfermeiros do estudo

77

Apesar do agendamento das entrevistas segundo a disponibilidade do sujeito em

virtude de tarefas e intercorrecircncias nos setores houve a necessidade de retornar inuacutemeras

vezes ao campo para aplicar os questionaacuterios esperando pacientemente o tempo do

sujeito para respondecirc-lo

A aplicaccedilatildeo do teste de associaccedilatildeo livre de palavras - TALP (Apecircndice C) tornou

possiacutevel compreender a estrutura das representaccedilotildees sociais dos sujeitos atraveacutes das

manifestaccedilotildees reaccedilotildees evocaccedilotildees e escolhas Portanto foi solicitado que os participantes

verbalizassem em menor tempo possiacutevel as primeiras palavras adjetivos e ou expressotildees

que lhe viessem agrave mente ao ouvirem as palavras e expressotildees indutoras Sistematizaccedilatildeo

da assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE com a finalidade de

apreender as representaccedilotildees sociais dos participantes estas depois foram organizadas

pelo sujeito segundo sua percepccedilatildeo de prioridade

A entrevista foi implementada em segunda etapa com gravaccedilatildeo de aacuteudio dos

questionamentos Para Minayo (2010) a entrevista semiestruturada eacute uma teacutecnica de

pesquisa que obedece a um roteiro apropriado fisicamente e utilizado pelo entrevistador

tem uma sequecircncia clara de questotildees que facilita a abordagem e assegura sobretudo aos

investigadores menos experientes que suas hipoacuteteses ou pressupostos seratildeo cobertos na

conversa

Todas as fases da coleta e anaacutelise de dados foram realizadas pela pesquisadora

Considerando que os dois hospitais satildeo tambeacutem ambientes de trabalho da pesquisadora

atraveacutes do acompanhamento das praacuteticas de campos de estaacutegio de acadecircmicos de

enfermagem e por esta tambeacutem ser conhecida nos dois ambientes hospitalares tendo

inclusive participado da formaccedilatildeo de vaacuterios dos sujeitos da pesquisa na fase de coleta de

dados houve grande preocupaccedilatildeo em minimizar as possibilidades de vieacutes na coleta Assim

foi permitido aos enfermeiros que respondessem calmamente o questionaacuterio e entrevista

enfatizando que o resultado da avaliaccedilatildeo natildeo seria identificado

35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados

Para a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos foi utilizado o software Excel 2007 as

informaccedilotildees foram apresentadas no formato de tabelas segundo suas frequecircncias por

meio de valores absolutos e relativos

Para a anaacutelise dos dados das entrevistas utilizou-se o software ldquoAnaacutelise Lexical

por Contexto de um Conjunto de segmentos de Texto (ALCESTE) versatildeo 410 que foi

78

criado na Franccedila em 1979 por Max Reinert no CNRS (Centro Nacional Francecircs de

Pesquisa Cientifica) com apoio da ANVAR (Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo

agrave Pesquisa) O software apesar de originalmente trabalhar com a liacutengua francesa possui

dicionaacuterios em outros idiomas fato que permite sua utilizaccedilatildeo com materiais em

portuguecircs (GOMES OLIVEIRA 2005) Ele permite realizar a anaacutelise de conteuacutedo de

material diverso podendo ser entrevistas obras literaacuterias artigos de revistas entre outros

com o objetivo de quantificar o texto para extrair as estruturas mais significativas as quais

estatildeo relacionadas com a distribuiccedilatildeo de palavras anaacutelise lexical

O meacutetodo utilizado pelo Alceste eacute a Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente

(CHD) de conteuacutedo textual tendo a palavra como unidade considerando seus respectivos

contextos de ocorrecircncia (GOMES OLIVEIRA 2005) (VITORIA REGIS 2011)

O programa toma como base um uacutenico arquivo (corpus) que deve ser formatado

seguindo regras proacuteprias do software para que possua homogeneidade na sua

apresentaccedilatildeo Para um melhor aproveitamento da anaacutelise eacute essencial o seguimento dessas

regras

Devido a estrutura do programa para o reconhecimento de vocaacutebulos faz-se

necessaacuterio a padronizaccedilatildeo de expressotildees ou temas ou ateacute a mesmo a uniatildeo de palavras

atraveacutes do traccedilo subscrito o qual tambeacutem foi utilizado para substituiccedilatildeo do hifeacuten em

palavras compostas Foram retirados do texto giacuterias eou viacutecios de linguagem Foram

corrigidos tambeacutem os tempos verbais e as falas foram colocadas em uma linguagem mais

formal poreacutem com a preocupaccedilatildeo de natildeo alterar o sentido do texto Vale ressaltar que

estas alteraccedilotildees somente foram feitas com o objetivo de adequar o texto transcrito das

entrevistas para anaacutelise do software No entanto para a apresentaccedilatildeo dos resultados as

falas dos participantes satildeo utilizadas na integra exatamente como foram expressas no

momento da entrevista

A anaacutelise Alceste eacute organizada em quatro fases de operaccedilotildees (A B C D) as quais

satildeo desenvolvidas em cinco etapas principais (CAMARGO 2005) (VITORIA REGIS

2011)

1- Identificaccedilatildeo das unidades de contexto

2- Pesquisa das formas reduzidas de palavras plenas analisadas

3- Definiccedilatildeo dos quadros de dados associados

4- Pesquisa de classes de unidades de contexto

79

5- Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo das classes

1-Identificaccedilatildeo das unidades de contexto

O Alceste divide o material a ser analisado em grandes unidades denominadas

Unidades de Contexto Iniciais (UCI) que satildeo as divisotildees naturais do corpus Elas satildeo os

primeiros iacutendices de uma estrutura e satildeo assinadas pelas chamadas linhas estreladas As

linhas estreladas identificam cada UCI e possuem as informaccedilotildees que caracterizam cada

entrevistado atraveacutes das variaacuteveis escolhidas pelo pesquisador

Apoacutes reconhecer as UCI o software novamente formata e divide o texto em

segmentos de algumas linhas denominadas Unidades de Contexto Elementares (UCE)

que correspondem ao material discursivo referente agrave formaccedilatildeo das classes (CAMARGO

2005)

2-Pesquisa de formas reduzidas de palavras plenas analisadas

Nesta etapa eacute que ocorre a fase A do conjunto de operaccedilotildees de anaacutelise do

software Leitura do texto e Caacutelculo dos dicionaacuterios O Alceste prepara o corpus

reconhece as UCI faz uma primeira segmentaccedilatildeo do texto agrupa as ocorrecircncias das

palavras em funccedilatildeo de suas raiacutezes e procede o caacutelculo da frequecircncia das formas reduzidas

destas palavras (VITORIA REGIS 2011) A fase A possui trecircs sub-fases A1)

Reformataccedilatildeo e divisatildeo do texto em segmentos de tamanho similar ou as chamadas UCE

A2) Pesquisa do vocabulaacuterio e reduccedilatildeo das palavras com base em suas raiacutezes (formas

reduzidas) A3) Criaccedilatildeo do dicionaacuterio de formas reduzidas

Conveacutem lembrar que no processo descrito acima o software pode identificar

diferentes conjugaccedilotildees verbais aleacutem de diferenciar palavras que tenham apenas funccedilatildeo

sintaacutetica (pronomes artigos adveacuterbios) das com significados (verbos substantivos

adjetivos) pois ele possui dicionaacuterios acoplados inclusive de portuguecircs (NASCIMENTO

MENANDRO 2006) Satildeo com as palavras com ldquosignificadordquo que o programa trabalha

3-Definiccedilatildeo e caacutelculo dos quadros de dados associados

Neste momento eacute que se desenvolve a fase B Caacutelculo das matrizes de dados e

classificaccedilatildeo das UCE Eacute quando ocorre a seleccedilatildeo das UCE a serem consideradas e o

caacutelculo da matriz (as UCE satildeo classificadas em funccedilatildeo dos seus respectivos vocabulaacuterios)

formas reduzidas X UCE (Sub- fase B1) caacutelculo das CHD propriamente dito (Sub-fase

80

B3) obtendo-se uma classificaccedilatildeo definitiva O procedimento eacute efetuado continuamente

ateacute que natildeo resulte em novas classes (NASCIMENTO MENANDRO 2006) Nesta etapa

satildeo construiacutedos trecircs quadros de dados que possibilitaratildeo a segmentaccedilatildeo das UCE em

subconjuntos de texto ateacute a definiccedilatildeo das classes (VITORIA REGIS 2011)

4-Pesquisa das classes de unidades de contexto

Desenvolve-se nesta etapa a fase C Descriccedilatildeo das classes de UCE escolhidas Eacute

uma etapa de caacutelculo que fornece os principais arquivos de resultados Nestes arquivos

ficam as diferentes classes escolhidas sua dependecircncia mutual o vocabulaacuterio

predominante de cada uma delas as palavras estreladas e as palavras ferramentas

caracteriacutesticas sobre as quais o pesquisador basearaacute sua interpretaccedilatildeo (VITORIA REGIS

2011)

A fase C eacute dividida em trecircs sub-fases C1) comparaccedilatildeo de duas classificaccedilotildees e

redefiniccedilatildeo das classes escolhidas C2) descriccedilatildeo dos perfis das classes C3) anaacutelise

fatorial de correspondecircncia ou AFC (representaccedilatildeo das relaccedilotildees entre as classes num

plano fatorial)

O meacutetodo de classificaccedilatildeo utilizado pelo Alceste para construccedilatildeo das classes eacute o

de CHD que permite a divisatildeo do corpus de base em um nuacutemero determinado de grupos

de UCE denominado de classes

5-Descriccedilatildeo das classes e bases para a sua interpretaccedilatildeo

A fase D Caacutelculos complementares uacuteltima fase do conjunto de operaccedilotildees do

software nesse momento ele calcula e fornece as UCE mais caracteriacutesticas de cada classe

permitindo a contextualizaccedilatildeo do vocabulaacuterio tiacutepico de cada uma delas Constitui-se por

quatro subfases D1) Seleccedilatildeo das chaves de contexto e das UCE caracteriacutesticas de cada

classe D2) Pesquisa das duas de palavras e dos segmentos repetidos por classe D3)

Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Ascendente de cada classe D4) Seleccedilatildeo das palavras

caracteriacutesticas das classes

A extraccedilatildeo das UCE representativas de cada classe permite apreender o sentido

delas com a ajuda de frases reais extraiacutedas do corpus Cada UCE eacute precedida de seu

nuacutemero de ordem no corpus e do respectivo khi2 (Qui- quadrado) cuja escolha eacute feita por

ordem decrescente de associaccedilatildeo agrave classe com um grau de liberdade (VITORIA REGIS

2011)

81

O khi2 calcula a frequecircncia de apariccedilatildeo da palavra Quanto maior o khi2 mais

relevante eacute a palavra para a construccedilatildeo da classe O programa fornece entatildeo o nuacutemero de

classes resultantes da anaacutelise assim como as formas reduzidas o contexto semacircntico e as

UCE caracteriacutesticas de cada uma delas consolidada as quais seratildeo denominadas e

interpretadas

A partir deste ponto utilizando os dados quantitativos iniciou-se a anaacutelise

qualitativa do agrupamento de estratos de discursos realizados pelo software em

dimensotildees explorando e buscando compreender seu significado dentro da fala dos

sujeitos interpretando-as por inferecircncias com a literatura pesquisada embasada na Teoria

da Representaccedilatildeo Social

O produto proveniente do teste TALP foi organizado previamente construindo o

corpus para anaacutelise este entatildeo foi tratado pelo software desenvolvido por Vergegraves

denominado EVOC (Ensemble de programm espermettantlrsquoanalyse decircs evocations) que

organiza as evocaccedilotildees produzidas de acordo com as suas frequecircncias e com a ordem de

evocaccedilatildeo O cruzamento entre esses dois criteacuterios (frequecircncia e ordem das evocaccedilotildees)

possibilitou a formaccedilatildeo de um Quadro de Quatro Casas que expressa o conteuacutedo e a

estrutura das representaccedilotildees sociais para dado objeto de estudo (OLIVEIRA 2001)

As palavras que foram evocadas de forma mais frequente constituiacuteram elementos

centrais da representaccedilatildeo Assim o software Evoc permitiu vislumbrar o nuacutecleo central

em funccedilatildeo de duplo criteacuterio frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo das palavras

A partir do cruzamento dos criteacuterios de frequecircncia e evocaccedilotildees foram definidas a

relevacircncia dos elementos associados (palavras frases e expressotildees) ao termo indutor

Esses resultados foram apresentados em quatro quadrantes organizados em dois eixos O

eixo vertical contempla a frequecircncia enquanto o eixo horizontal a ordem de evocaccedilatildeo

No quadrante superior esquerdo aparece os elementos mais relevantes que surgem nos

primeiros lugares da ordem de evocaccedilatildeo com uma frequecircncia significativamente mais

elevada (nuacutecleo central) Os elementos menos niacutetidos na estrutura de representaccedilatildeo

foram designados no quadrante superior direito e inferior esquerdo constituindo a

representaccedilatildeo perifeacuterica do fenocircmeno (nuacutecleo perifeacuterico)

36 Aspectos Eacuteticos

Para a implementaccedilatildeo deste projeto foram obedecidas todas as exigecircncias e

recomendaccedilotildees do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) O projeto de pesquisa foi

82

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Estadual de Mato Grosso ndash

UNEMAT por meio do CAAE de nuacutemero 42685215700005166 e do parecer

favoraacutevel 1065610 de 14 de maio de 2015 (ANEXO 1) Todos os participantes

assinaram o TCLE

83

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados do estudo seratildeo apresentados em trecircs partes

- Na primeira parte Conhecendo os enfermeiros do estudo que cuidam de

crianccedilas foi apresentado o perfil dos enfermeiros

- A segunda parte A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que

Cuidam de Crianccedilas apresentando a estrutura central e perifeacuterica das representaccedilotildees dos

enfermeiros sobre a SAE no atendimento a crianccedila

- Na terceira parte O conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem resultante da anaacutelise de conteuacutedo das entrevistas eacute

apresentado

41 CONHECENDO OS ENFERMEIROS DO ESTUDO QUE CUIDAM DE

CRIANCcedilAS

A viagem mais importante que podemos fazer na

vida eacute encontrar pessoas pelo caminho

(autor desconhecido)

Os dados apresentados neste item descrevem os sujeitos da pesquisa e suas

principais caracteriacutesticas ligadas a formaccedilatildeo e a sua atividade nos hospitais estudados

para Jodelet (2005) ldquoquem sabe e de onde saberdquo eacute questatildeo fundamental em estudos de

Representaccedilatildeo Social

Nesta etapa 45 enfermeiros responderam ao questionaacuterio sendo que o perfil dos

participantes do estudo ficou delineado da seguinte forma Vinte e nove dos entrevistados

tinham entre 22 e 29 anos quinze tinham entre 30 e 37 anos dois tinham entre 38 e 45

anos Quanto ao sexo 42 dos entrevistados eram do sexo feminino e 03 do sexo

masculino Quanto a instituiccedilatildeo formadora 28 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica estadual

do municiacutepio da pesquisa 3 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica federal do estado onde a

pesquisa foi realizada 12 fizeram o curso em instituiccedilotildees particulares do estado de Mato

Grosso e 2 cursaram em Universidades federais fora do estado de Mato Grosso Quanto

agrave titulaccedilatildeo dos enfermeiros 17 eram graduados e 28 eram especialistas Trecircs participante

finalizaram o curso de enfermagem em 4 anos e os outros 39 dos participantes terminaram

o curso em 5 anos

84

Na tabela 1 segue a apresentaccedilatildeo do perfil dos sujeitos de acordo com o sexo

idade tipo de instituiccedilatildeo em que cursou a graduaccedilatildeo em enfermagem tempo de formaccedilatildeo

e titulaccedilatildeo

Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash

MT2015

Variaacuteveis N

Faixa etaacuteria (anos)

22 a 29 28 622

30 a 37 15 333

38 a 45

2 44

Sexo

Feminino

Masculino

42

3

933

66

Instituiccedilatildeo de Formaccedilatildeo

Publica Federal 5 111

Publica Estadual 28 622

Privada 12 266

Anos de Formaccedilatildeo

lt de 5 anos 3 66

5 anos 39 866

4 anos 3 66

Titulaccedilatildeo

Graduaccedilatildeo 17 377

Especializaccedilatildeo 28 622

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

A meacutedia de idade dos profissionais participantes da pesquisa foi de 335 anos

variando entre 22 e 45 anos sendo a faixa etaacuteria entre 22 a 29 anos agrave de maior incidecircncia

(622) Nota-se que os participantes satildeo enfermeiros adultos jovens (idade entre 22 e 37

anos) estando em fase de pleno desenvolvimento e produtividade profissional Menzani

e Bianch (2009) em estudo que apresentou o perfil de enfermeiros de todas as regiotildees do

paiacutes demonstrou o predomiacutenio de enfermeiros na faixa etaacuteria abaixo dos 40 anos (717)

atuando profissionalmente em todas as regiotildees brasileiras

Quanto ao sexo dos entrevistados foi observado que 933 por cento eram do sexo

feminino refletindo que nos dois hospitais pesquisados esta variaacutevel segue em

consonacircncia com os hospitais das outras regiotildees do paiacutes onde ainda prevalece o sexo

85

feminino como a grande matildeo de obra de trabalho da enfermagem reforccedilando a forte

influecircncia da mulher nas accedilotildees de cuidado agrave vida (NAUDERER LIMA 2005)

(MENZANI BIANCH 2009)

Na formaccedilatildeo destes profissionais eacute possiacutevel observar que a grande maioria era

proveniente do ensino puacuteblico estadual (622) levaram cerca de 5 anos para finalizar o

processo de formaccedilatildeo o que sugere que o curriacuteculo da instituiccedilatildeo formadora estava

atualizado segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem (DCNENF) que

abordam na estruturaccedilatildeo dos curriacuteculos as quatro principais dimensotildees do trabalho da

enfermagem gerencial assistencial de educaccedilatildeo e de pesquisa

A poacutes-graduaccedilatildeo do tipo especializaccedilatildeo no formato lato sensu foi a maior titulaccedilatildeo

dos envolvidos (622) Se faz importante refletir sobre estes dados no intuito de

estimular a expansatildeo de programas de mestrado e doutorados na aacuterea de enfermagem para

a regiatildeo estudada haja visto que desta forma tambeacutem se agrega qualidade a formaccedilatildeo

profissional e a prestaccedilatildeo de cuidado a sauacutede Atualmente o Estado de Mato Grosso possui

um programa de doutorado acadecircmico em enfermagem vinculados a Universidade

Federal do Mato Grosso que oferecem 12 e 5 vagas respectivamente semestrais no

campus da capital do estado

Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na

instituiccedilatildeo Caacuteceres ndash MT2015

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

6MESES

9MESES

12MESES

24MESES

36MESES

48MESES

72MESES

84MESES

96MESES

120MESES

144MESES

Seacuterie1 1 1 13 11 12 1 1 1 2 1 1

NUacute

ME

RO

DE

PA

RT

ICIP

AN

TE

S

86

Eacute possiacutevel observar que 955 dos enfermeiros jaacute trabalham nos hospitais

pesquisados a mais de 12 meses Este dado eacute importante pois aproxima o grupo do nosso

objeto de estudo Provavelmente todos os 955 jaacute vivenciaram a SAE no espaccedilo de

atendimento agrave crianccedila e conseguem pontuar e descrever esta experiecircncia

O contato prolongado com o mesmo ambiente (local pessoas rotinas etc) eacute de

grande importacircncia para a formaccedilatildeo de elos de pertenccedila grupal No estudo das RS eacute sabido

que estas vivecircncias e trocas satildeo importantes para a formaccedilatildeo e ressignificaccedilatildeo de

conceitos ou seja como o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no

contexto de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)

Outro dado que chama atenccedilatildeo neste graacutefico eacute o nuacutemero de profissionais com

tempo de trabalho na instituiccedilatildeo ateacute 24 meses representando cerca de 577 o que pode

indicar rotatividade de profissionais de enfermagem

Segundo Aquino (1991) a rotatividade eacute a flutuaccedilatildeo dos recursos humanos entre

uma organizaccedilatildeo e seu ambiente Geralmente a rotaccedilatildeo de pessoal eacute expressa por uma

relaccedilatildeo percentual entre admissotildees e as demissotildees satildeo expressas de acordo com a relaccedilatildeo

do nuacutemero meacutedio de participantes da organizaccedilatildeo no decorrer de certo periacuteodo

Esta sucessatildeo de mudanccedila na composiccedilatildeo da forccedila de trabalho revela a

movimentaccedilatildeo da forccedila de trabalho entre o mercado de trabalho e a instituiccedilatildeo

(ANSELMI DUARTE ANGERAMI 2001)

A rotatividade de equipes de sauacutede requer investimento em treinamento constante

para a formaccedilatildeo e adequaccedilatildeo do profissional dentro dos referenciais da instituiccedilatildeo

principalmente no que se refere a SAE

A frequecircncia com que ocorre a rotatividade da forccedila de trabalho pode provocar

seacuterias consequecircncias para as organizaccedilotildees pelos prejuiacutezos natildeo soacute financeiros no que se

refere agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo mas tambeacutem no tempo que seraacute gasto para convocar

selecionar e treinar um novo profissional (STANCATO ZILLI 2010)

O Graacutefico 2 demonstra que cerca de 822 dos enfermeiros atuavam no mesmo

setor de assistecircncia agrave crianccedila agrave pelo tempo maacuteximo de 1 ano O enfermeiro com maior

tempo de atuaccedilatildeo no mesmo espaccedilo de cuidado a crianccedila dos hospitais estudado o esta

por cerca de 5 anos fortalecendo a hipoacutetese de provaacutevel rotatividade de profissionais na

instituiccedilatildeo

87

Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo

setor de atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

Quando se correlaciona esta informaccedilatildeo a porcentagem de enfermeiros somente

graduados a idade e o sexo destes sujeitos eacute possiacutevel concluir que o perfil do corpo de

enfermagem que assiste as crianccedilas nestes dois hospitais eacute constituiacutedo respectivamente

de enfermeiros do sexo feminino receacutem-formados ainda natildeo especializados e com pouco

tempo de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

Os recursos humanos necessitam ser mantidos em niacuteveis suficientes para atender

a demanda de serviccedilos Uma rotatividade excessiva proveniente da intensificaccedilatildeo de

saiacuteda de profissionais provocam desequiliacutebrios na composiccedilatildeo do quadro de pessoal

acarretando custos e impondo efeitos indesejaacuteveis afetando a qualidade e a quantidade

de serviccedilos prestados e prejudicando a assistecircncia de enfermagem (STANCATO ZILLI

2010)

6MESES

7MESES

8MESES

9MESES

10MESES

11MESES

12MESES

14MESES

16MESES

24MESES

60MESES

Seacuterie1 7 5 5 5 4 4 7 3 2 2 1

NUacute

MER

O D

E P

AR

TIC

IPA

NTE

S

88

42 A ESTRUTURA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DOS ENFERMEIROS

QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS

421 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem

A construccedilatildeo social eacute sempre um processo natildeo

intencional construir um objeto socialmente

significativo eacute algo que o grupo ou seus membros

fazem e natildeo algo que tentam fazer depois de

meditar sobre eles

(Wolfgang Wagner)

O software EVOC busca atraveacutes da frequecircncia de evocaccedilotildees identificar nas

representaccedilotildees seus elementos centrais e perifeacutericos Em resposta ao termo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo a anaacutelise do corpus formado pelas

evocaccedilotildees dos 45 participantes nos dois hospitais-escola revelou que foram evocadas

135 palavras

Das 135 palavras evocadas foram selecionados pelo software 13 termos com

meacutedia da ordem de evocaccedilatildeo de 20 Foram desprezadas as evocaccedilotildees cuja frequecircncia foi

inferior a 3 sendo a frequecircncia meacutedia de 8 evocaccedilotildees A Figura 3 foi resultante da anaacutelise

combinada desses indicadores (frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo)

Figura 3 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres MT Brasil 2015

Nuacutecleo Central

Cuidado

Enfermagem

Organizaccedilatildeo

1ordf Periferia

Planejamento

Qualidade

2ordf Periferia

Assistecircncia

Comprometimento

Processo

Responsabilidade

89

A anaacutelise dos resultados dos questionaacuterios de livre associaccedilatildeo de palavras permitiu

apreender os valores as crenccedilas e a praacutetica dos participantes diante da expressatildeo indutora

percebendo os termos formadores do provaacutevel nuacutecleo central (quadrante superior

esquerdo) desta representaccedilatildeo e do sistema perifeacuterico (quadrante superior e inferior

direito) (Quadro 5)

Quadro 5 - Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermagem Caacuteceres MT Brasil 2015

OMI lt20 ge20

Frequecircncia

Media

Nuacutecleo central F Rangdagger Elementos

perifeacutericos 1

F Rang

Cuidado 17 1765 Planejamento 8 2500

Enfermagem 10 1600 Qualidade 17 2059

ge8 Organizaccedilatildeo

13 1538

Elementos de

contraste

F Rang Elementos

perifeacutericos 2

F Rang

3le

Ciecircncia 5 1200 Assistecircncia 4 2000

Humanizaccedilatildeo 3 1667 Comprometimento 4 2000

lt7 Obrigaccedilatildeo 3 1667 Processo 4 2500

Responsabilidade 3 2000

Ordem meacutedia das evocaccedilotildees frequecircncia das evocaccedilotildees dagger distribuiccedilatildeo das evocaccedilotildees

Frente agrave expressatildeo indutora ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os

sujeitos evocaram mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo

estas palavras tiveram as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o

nuacutecleo central desta representaccedilatildeo e refletem a dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem para

estes profissionais ou seja traduzem o entendimento do cuidado organizado como objeto

de trabalho da enfermagem

O termo ldquocuidadordquo obteve maior frequecircncia de evocaccedilatildeo apontando ser o

provaacutevel nuacutecleo central das representaccedilotildees sociais acerca da SAE

O cuidado de enfermagem eacute universal multidimensional singular e deve

considerar os sistemas social econocircmico e cultural dos envolvidos Assim a atuaccedilatildeo da

enfermagem estaacute compreendida em uma zona de intercessatildeo entre o cuidado e o

tratamento Embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo de uma teacutecnica satildeo

na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis que presidem a sauacutede

90

com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e essenciais tanto para a

manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)

Nessa perspectiva o cuidado de enfermagem pode ser explicado como um

conjunto de accedilotildees desenvolvidas pelo profissional de enfermagem em substituiccedilatildeo dos

cuidados que a pessoa natildeo pode temporariamente garantir a si proacutepria ou que natildeo pode

ser garantido por seu entorno social (COLLIEgraveRE 1999) A este termo reforccedila a

concepccedilatildeo do ser enfermeiro expressando sua ciecircncia e seu objeto de trabalho

O cuidado ao atendimento de sauacutede da crianccedila foi durante muitos anos pautado

na cura da doenccedila Atualmente estaacute em construccedilatildeo um modelo assistencial em que a

crianccedila deixa de ser compreendida como ser unicamente bioloacutegico que privilegia cuidado

assistencial centrado em suas especificidades e de sua famiacutelia mediante a construccedilatildeo de

redes de apoio buscando sua integralidade (ABUD GAIacuteVA 2015)

Nesta nova perspectiva o cuidado de enfermagem deve promover e restaurar o

bem-estar fiacutesico psiacutequico e social considerando aspectos intriacutensecos ligados agrave sua

condiccedilatildeo de crianccedila e reconhecendo o protagonismo familiar bem como as legislaccedilotildees

que garantem suas especificidades (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT

COLLET 2013) (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN HIGARASHI

2014)

Desta forma ao considerar o cuidado como o possiacutevel nuacutecleo central da RS da

SAE os participantes reconhecem que o cuidado constitui a verdadeira competecircncia da

enfermagem Traduz uma accedilatildeo que vai aleacutem de procedimentos teacutecnicos englobando o

envolvimento e o compromisso com o outro e portanto uma accedilatildeo humanizada que

melhora as condiccedilotildees e favorece a promoccedilatildeo e a prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando limitar

a doenccedila e promover a vida (BORGES SANTOS 2013)

Quando profissionais da enfermagem respondem agraves necessidades de cuidado e

agem responsavelmente ajudando a desenvolver restaurar ou ampliar o cuidado na

melhor maneira possiacutevel temos o cuidado autecircntico Ao agir assim os pacientes natildeo satildeo

apenas ajudados a lidar e a enfrentar a doenccedila e a incapacidade mas satildeo encorajados e

empoderados a continuar em sua busca pela plenitude humana (WALDOW 2015)

O segundo estiacutemulo respondido tambeacutem como provaacutevel termo associado ao

nuacutecleo central da RS da SAE com frequecircncia de apresentaccedilatildeo igual a dez e que fortalece

as discussotildees relacionadas ao cuidado foi a palavra Enfermagem Deve-se ressaltar que

a Enfermagem moderna tem predominacircncia do modelo humaniacutestico e suas praacuteticas

91

profissionais foram historicamente marcadas pela forte influecircncia do espiacuterito religioso

da organizaccedilatildeo militar dos princiacutepios da divisatildeo social do trabalho e mais recentemente

pela busca de conhecimento proacuteprio (ALVES COGO 2014)

Eacute por essecircncia desde o seu nascimento expressa atraveacutes do cuidado e este

cuidado durante todo o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro eacute abordado dentro de uma

dimensatildeo essencial e complexa tanto na experiecircncia de quem cuida quanto de quem

recebe o cuidado ou ateacute mesmo de quem ensina a cuidar (CASAFUS DELLrsquoACQUA

BOCCHI 2013)

A profissatildeo de enfermagem eacute regulamentada no territoacuterio brasileiro pela lei

749886 composta por trecircs classes profissionais com atribuiccedilotildees especiacuteficas e

proporcionais aos niacuteveis de complexidade assistencial e ao tempo de formaccedilatildeo de cada

categoria As inuacutemeras atribuiccedilotildees desenvolvidas por essa profissatildeo abrangem afazeres

teacutecnicos e procedimentais abordando caracteriacutesticas pessoais como lideranccedila

humanizaccedilatildeo competecircncia gerencial e inovaccedilatildeo bem como o desenvolvimento de boas

relaccedilotildees pessoais (MEIRA KURCGANT 2016)

Conveacutem ressaltar que o cuidado dispensado pelo enfermeiro agrave crianccedila envolve

tambeacutem seus familiares e sua equipe e seu singular significativo pois somente por meio

desta dinacircmica eacute possiacutevel garantir melhor relacionamento interdependecircncia coesatildeo e

competecircncia nas accedilotildees (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN

HIGARASHI 2014)

Desse modo a enfermagem contemporacircnea une a arte-ciecircncia-ideal do cuidar

possibilitando accedilotildees que beneficiam o resgate do ser humano integral fortalecendo os

viacutenculos entre o sentir-saber-fazer (ALVES COGO 2014) Assim a enfermagem

assume a proposta de abordagem global do indiviacuteduo estabelecendo-se como praacutetica de

cuidado integralizadora

A terceira palavra encontrada relacionada agrave formaccedilatildeo do nuacutecleo central desta

representaccedilatildeo foi o termo ldquoorganizaccedilatildeordquo Considerando o cuidado a marca e o nuacutecleo de

atenccedilatildeo da enfermagem eacute preciso compreender que para cuidar satildeo necessaacuterios

instrumentos e processos metoacutedicos ou seja de organizaccedilatildeo para que o desfecho da accedilatildeo

base possa ser considerado integral e resolutivo

As accedilotildees provenientes da rotina do enfermeiro devem estar voltadas para a

qualidade do cuidado de forma a abraccedilar as dimensotildees assistencial e gerencial desta

praacutetica Uma accedilatildeo cuidadora responsaacutevel perpassa pela avaliaccedilatildeo e pelo planejamento de

92

todas as condiccedilotildees que envolvem determinada intervenccedilatildeo ou seja a organizaccedilatildeo da

assistecircncia atraveacutes da adoccedilatildeo de determinado meacutetodo e o embasamento em

conhecimentos cientiacuteficos (VITURI EacuteVORA 2015)

Apreendendo os trecircs termos com maior frequecircncia de evocaccedilatildeo ldquocuidadordquo

ldquoenfermagemrdquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo e que por esta razatildeo constituem o nuacutecleo central desta

representaccedilatildeo observa-se que estes satildeo congruentes e convergem para o termo indutor da

pesquisa ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo

Tratando-se de representaccedilatildeo do nuacutecleo central ou seja daquela que se manteacutem

resistente a mudanccedilas pode-se inferir que a representaccedilatildeo analisada reflete a premissa

baacutesica das praacuteticas de enfermagem proposta por diversos referenciais da aacuterea Ou seja a

enfermagem eacute uma profissatildeo que necessita de modelo de organizaccedilatildeo para administrar

os diversos recursos necessaacuterios para o desenvolvimento do cuidado

Portanto a SAE no cuidado agrave crianccedila constitui um arqueacutetipo teoacuterico para a praacutetica

assistencial integral fazendo com que a atuaccedilatildeo dos profissionais de enfermagem seja

cientificamente coerente planejada quanto agrave identificaccedilatildeo de necessidades da crianccedila e

sua famiacutelia obtendo estabelecimento alcance de metas e avaliaccedilatildeo

O sistema perifeacuterico desta representaccedilatildeo eacute formado por duas periferias

constituiacutedas de palavras que organizam a representaccedilatildeo do nuacutecleo central As palavras da

primeira e segunda periferia seguem a moda ou o discurso politicamente correto no

momento da coleta de dados Constatou-se que foram formados por palavras que tinham

sua significaccedilatildeo atrelada agraves caracteriacutesticas desenhadas para a construccedilatildeo do perfil ideal

do contemporacircneo profissional de enfermagem salientando os benefiacutecios da aplicaccedilatildeo do

cuidado sistematizado

Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos

ldquoplanejamentordquo e ldquoqualidaderdquo remete agrave dimensatildeo avaliativa do cuidado e expressa

posicionamento positivo diante da assistecircncia de enfermagem Os termos evocados se

apresentam bem proacuteximos ao nuacutecleo central jaacute que contam com frequecircncia de anaacutelise e

ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo

O sistema perifeacuterico eacute formado por elementos mais dinacircmicos e passiacuteveis de

atualizaccedilotildees relacionado agraves caracteriacutesticas individuais e ao contexto adaptando-se agraves

situaccedilotildees especiacuteficas e contribuindo para sua organizaccedilatildeo (MOSCOVICI 2003) Pode-

se inferir entatildeo que os conceitos de planejamento e qualidade constituem complementos

93

indispensaacuteveis do sistema central do qual ele depende ou seja o cuidado sistematizado

depende de planejamento e leva agrave qualidade

A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude

positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem

As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a raiz

essencial do termo ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo e fortalecem a

importacircncia desta para o desenvolvimento do cuidado de enfermagem agrave crianccedila Os

termos que emergem na primeira periferia satildeo respectivamente meio e resposta ao

desenvolvimento do cuidado

O planejamento da assistecircncia eacute uma imposiccedilatildeo legal Ao planejar o cuidado o

enfermeiro incorpora a responsabilidade da assistecircncia O planejamento permite

diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados

orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados (CASAFUS

DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (RODRIGUES CALEGARI 2016)

Portanto o planejamento do cuidado gera qualidade assistencial A qualidade

pode ser observada e mensurada quando o planejamento do cuidado eacute fundamentado na

cientificidade nas experiecircncias individuais e coletivas e nas constantes construccedilotildees e

reconstruccedilotildees dos processos (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015)

Desta forma a SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de

base para o planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e

rotinas das unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)

Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)

ldquoassistecircnciardquo ldquocompromissordquo ldquoprocessordquo e ldquoresponsabilidaderdquo organizam a RS dos

enfermeiros acerca da SAE dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute

o cuidado Satildeo apontadas neste quadrante palavras que valorizam aspectos ligados agrave

dimensatildeo atitudinal do indiviacuteduo como requisitos importantes para o exerciacutecio do

cuidado

As palavras ldquoassistecircnciardquo e ldquoprocessordquo estabelecem relaccedilatildeo proximal como

caminho a ser seguido ou seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem

o processo de aplicaccedilatildeo da SAE no cuidado

94

A praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees

de cuidado direto e indireto As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do

cuidado condiccedilotildees voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si

As accedilotildees indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e devem organizar e

individualizar a sua assistecircncia com base no seu compromisso com os valores eacuteticos e

morais a percepccedilatildeo que este tem do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o

conhecimento das poliacuteticas de apoio agrave crianccedila em todas as suas fases da vida e sobretudo

o empenho e a responsabilidade que este esboccedila no processo de cuidar

A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que

foram evocadas e estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central poreacutem obtiveram ordem meacutedia de

evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos Com relaccedilatildeo ao termo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras ldquociecircnciardquo ldquohumanizaccedilatildeordquo e

ldquoobrigaccedilatildeordquo traduzem avaliaccedilatildeo positiva da SAE

A sistematizaccedilatildeo do cuidado por meio da rigorosidade metoacutedica expressa agrave ciecircncia

da enfermagem A aproximaccedilatildeo da SAE agrave estrateacutegia de humanizaccedilatildeo do cuidado de

enfermagem modifica o ambiente hospitalar vinculando os avanccedilos cientiacuteficos da aacuterea

agraves individualidades do cliente permeando o processo assistencial por atitudes

humaniacutesticas (RODRIGUES CALEGARI 2016)

Entretanto ainda neste quadrante a palavra ldquoobrigaccedilatildeordquo associa o

desenvolvimento do cuidado sistematizado agrave tendecircncia negativa pois o desenvolvimento

da SAE constitui parte da ciecircncia do enfermeiro A aproximaccedilatildeo da SAE ao conceito de

obrigaccedilatildeo pode estar atrelada agrave fraacutegil visatildeo do processo de trabalho da enfermagem e da

autonomia deste profissional jaacute que as demandas assistecircncias deveriam ser fortalecidas

por esta metodologia

422 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do Enfermeiro

na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

Analisando a segunda expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os sujeitos evocaram mais prontamente

as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante (Figura 4) estas palavras tiveram

as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o provaacutevel nuacutecleo central

95

desta representaccedilatildeo e refletem o entendimento do grupo sobre as funccedilotildees desenvolvidas

pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado

Figura 4 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres

MT Brasil 2015

A anaacutelise das trecircs palavras torna possiacutevel refletir que para o grupo social estudado

a atuaccedilatildeo do enfermeiro no cuidado sistematizado eacute accedilatildeo de importacircncia fundamentada

em conhecimento e que proporciona a humanizaccedilatildeo da assistecircncia (Quadro 6)

A SAE eacute um dos conhecimentos da aacuterea de enfermagem e permite atraveacutes da

pesquisa da anaacutelise loacutegica e do raciociacutenio analiacutetico desenvolver e implementar cuidados

tanto teacutecnicos como interpessoais ou de relacionamento e comunicaccedilatildeo (HUITZI

PUYADENA ETXABE IRAOLA 2014) Como conhecimento ela eacute fortalecida por

modelos e teorias que orientam e datildeo sentido a praacutetica profissional do enfermeiro com

base na experiecircncia pessoal e nos pressupostos cientiacuteficos e filosoacuteficos (RAILE

MARRINER 2010)

Portanto eacute constituiacuteda de elementos cientiacuteficos e filosoacuteficos gerais que se tornam

elementos especiacuteficos e uacutenicos que serviratildeo para definir os elementos empiacutericos e

operacionais de cada modelo conceitual (MELEIS 2012)

Nuacutecleo Central

Conhecimento

Humanizaccedilatildeo

Importante

1ordf Periferia

Planejamento

Dedicaccedilatildeo

Organizaccedilatildeo

Rotina

2ordf Periferia

Ciecircncia

Lideranccedila

96

Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Atuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAE Caacuteceres Mato Grosso 2015

OMI lt 20 gt = 20

Freq Med Nuacutecleo Central F Rang Elementos

Perifeacutericos 1

F Rang

gt

=

6

Conhecimento

Humanizaccedilatildeo

Importante

7

7

7

1000

1143

1857

Planejamento

Dedicaccedilatildeo

Organizaccedilatildeo

Rotina

17

6

6

6

2294

2167

2000

2833

Elementos de

Contraste

F Rang Elementos

Perifeacutericos 2

F Rang

3 lt =

lt 5

Administraccedilatildeo

Autonomia

Comprometimento

Resultados

3

4

5

4

1333

1500

1600

1750

Ciecircncia

Lideranccedila

5

5

2000

2000

Legenda Frequecircncia das evocaccedilotildees Ordem meacutedia das evocaccedilotildees

A palavra importacircncia evocada como atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE pode estar

relacionada a orientaccedilatildeo que esta metodologia organizada atraveacutes do processo de

enfermagem propotildeem agrave praacutetica cliacutenica do enfermeiro atraveacutes dos trabalhos de

investigaccedilatildeo intervenccedilatildeo e avaliaccedilatildeo (DURAN TOLEDO 2011) (BENEDET

GELBCKE AMANTE et al 2016) Bem como a legitimidade que esta favorece agrave

assistecircncia mediante a equipe de sauacutede e a sociedade e a garantia do exerciacutecio do direito

de decidir sobre o cuidado do ser humano com independecircncia intelectual teacutecnica e

cientiacutefica (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCH 2013)

Haacute que se salientar ainda que a evocaccedilatildeo da palavra ldquoimportacircnciardquo tambeacutem pode

ser correlacionada a funccedilatildeo exercida pela SAE na estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos serviccedilos

e ao reconhecimento desta como instrumento de planejamento do cuidado

Outro aspecto a ser observado foi a aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado a

perspectiva de humanizaccedilatildeo da assistecircncia Esta filosofia atual faz parte da realidade dos

serviccedilos de sauacutede e diz respeito agrave valorizaccedilatildeo da especificidade do indiviacuteduo e da praacutetica

integral na realizaccedilatildeo dos cuidados de enfermagem A humanizaccedilatildeo do cuidado eacute possiacutevel

atraveacutes da SAE pelo potencial de reestruturaccedilatildeo da praacutetica que esta metodologia favorece

haja visto que sua implementaccedilatildeo gera potencial de mudanccedilas na organizaccedilatildeo e

articulaccedilatildeo dos serviccedilos e dos profissionais de sauacutede (CASTILHO RIBEIRO

CHIRELLI 2009)

97

Outros estudos tambeacutem destacam as contribuiccedilotildees da SAE para a humanizaccedilatildeo da

assistecircncia considerando esta ser um processo articulador que assegura continuidade agrave

assistecircncia de enfermagem proporciona cuidado individualizado implica modificaccedilotildees

no estilo de assistir e na forma de conceber a enfermagem que passa do estilo funcional

para o estilo centrado no paciente favorecendo uma relaccedilatildeo pessoa a pessoa na qual o

cliente eacute participante na tomada de decisatildeo (DUARTE ELLENSOHN 2007)

(PEDUZZI ANSELMI 2002) (PERES CIAMPONE 2006)

A SAE no cuidado agrave crianccedila possibilita a implementaccedilatildeo da abordagem do

cuidado centrado no binocircmio crianccedila e famiacutelia estrateacutegia humanizadora pois inclui o

cliente e seu familiar no processo de tomada de decisatildeo garantindo sua autonomia

Assim as normas e regras necessaacuterias agrave organizaccedilatildeo do processo de trabalho poderatildeo

tornar-se facilitadoras da dinacircmica do trabalho na unidade pediaacutetrica ao inveacutes de se

tornarem empecilhos agrave necessaacuteria recriaccedilatildeo cotidiana da assistecircncia em cada situaccedilatildeo

singular (MOREIRA et al 2012)

Para a efetivaccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na praacutetica de enfermagem deve haver um

encontro entre profissional e cliente o qual eacute condicionado agrave disposiccedilatildeo desses sujeitos e

tambeacutem do auxiacutelio de todos os envolvidos no processo O exerciacutecio da humanizaccedilatildeo

revela-se positivo e de qualidade quando conta com a intencionalidade daquele que o faz

agregando valores e significado (SALICIO GAIVA 2006)

Contudo a SAE eacute a oportunidade que o enfermeiro tem para mostrar sua

competecircncia teacutecnica e cientiacutefica com destaque ao cuidado humanizado Acredita-se que

o conhecimento acerca deste assunto constitui-se uma arma a favor da viabilidade da

sistematizaccedilatildeo seja como forma de diferenciar a assistecircncia prestada ou pela ampla visatildeo

humanista e profissional capaz de responder agraves necessidades individualizadas de cada

paciente em especial quando se trata de crianccedilas (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013)

Desta forma o nuacutecleo central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura

atraveacutes do reconhecimento pelo grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento

especiacutefico da profissatildeo permitindo ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica

cientiacutefica e humanizada

Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos

ldquoplanejamentordquo ldquorotinardquo ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeordquo remete agrave dimensatildeo praacutetica da

SAE ou seja o desenvolvimento do processo de enfermagem

98

A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude

positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem As evocaccedilotildees se

apresentam bem proacuteximas ao nuacutecleo central pois contam com frequecircncia de anaacutelise e

ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo

Sendo estas palavras elementos do sistema perifeacuterico eacute importante ressaltar que

estatildeo relacionadas a caracteriacutesticas e ao contexto do nuacutecleo central sendo dinacircmicas e

atualizaacuteveis (MOSCOVICI 2003) Desta forma pode-se inferir que os termos ldquorotinardquo

ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeo constituem elementos complementares e necessaacuterios ao

sistema central ou seja a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE eacute conhecimento importante e

humanizador e depende de planejamento da rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo

As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a atuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAE e constituem uma sequecircncia a ser desenvolvida para estabelecer a

sistematizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem agrave crianccedila ou seja o processo de enfermagem

Desta forma os termos que emergem na primeira periferia constituem a metodologia

utilizada para sistematizar o cuidado agrave crianccedila

Atualmente existe um conjunto de estudos sobre o processo de trabalho do

enfermeiro que mostra que as atividades deste profissional perpassam pelo gerenciamento

dos serviccedilos e pelo gerenciamento da assistecircncia (FERRAZ 2000) (LIMA GUSTAVO

COELHO SCHMITZ 2000) (PEDUZZI ANSELMI 2002)(GUSTAVO LIMA

2003) (ROSSI SILVA 2005)Com base nesta concepccedilatildeo o trabalho do enfermeiro ou a

ldquorotinardquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo eacute composto por duas dimensotildees que satildeo complementares a que

faz a gestatildeo administrativa e a que faz a gestatildeo do cuidado ambas satildeo possiacuteveis em

virtude da SAE

Aproximando a rotina hospitalar do cuidado agrave crianccedila eacute importante frisar que ao

se deparar com a necessidade da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila a famiacutelia pode compreender

o hospital como um ambiente estranho que fomenta sofrimento fiacutesico e emocional Este

fato faz com que a famiacutelia se sinta esgotada pouco agrave vontade para cuidar da crianccedila e

geralmente ignorada em suas necessidades o que pode tornar a hospitalizaccedilatildeo uma

experiecircncia traumatizante (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOUSA GOMES SILVA

SANTOS SILVA 2011)

O processo de enfermagem permite que o enfermeiro aplique um referencial

teoacuterico atraveacutes de um meacutetodo para organizar cientificamente o cuidado integral

99

implementando condiccedilotildees para uma rotina de serviccedilos planejada onde por exemplo as

necessidades luacutedicas sejam observadas e garantidas

Portanto o planejamento organiza a rotina das unidades hospitalares e do proacuteprio

cuidado Rodrigues e Calegari (2006) consideram que o planejamento permite

diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados

orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados Desta forma a

SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de base para o

planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e rotinas das

unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA SILVA

VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)

De acordo com o Dicionaacuterio Aureacutelio (2016) a palavra dedicaccedilatildeo eacute substantivo

feminino que significa desprendimento de si proacuteprio em favor de outrem ou de alguma

ideacuteia eacute sinocircnimo de empregar devotar-se entregar-se aplicar-se e destinar-se Alguns

estudos da aacuterea da enfermagem concluiacuteram que o desempenho do PE no seu formato

integral ainda sofre dificuldades de diversas naturezas entre elas o pouco envolvimento

do enfermeiro e sua equipe em sua operacionalizaccedilatildeo (NEVES 2010) (GARCIA-

SANTOS WERLANG 2013) (LORENZETTI ORO MATOS GELBCKE 2015)

Portanto o termo evocado ldquodedicaccedilatildeordquo faz parte da estrutura que sustenta a

atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE Para fortalecer a implementaccedilatildeo do PE eacute preciso aleacutem do

conhecimento cientiacutefico predisposiccedilatildeo do corpo de enfermagem acreditando e

desempenhando suas funccedilotildees nesta metodologia

Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)

ldquociecircnciardquo e ldquolideranccedilardquo organizam a RS dos enfermeiros acerca da atuaccedilatildeo na SAE

dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute o conhecimento especiacutefico da

profissatildeo que permite o cuidado humanizado Satildeo apontadas neste quadrante palavras

que valorizam aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como requisitos

importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila

A palavra ldquociecircnciardquo estabelece relaccedilatildeo proximal como caminho a ser seguido ou

seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem o processo de aplicaccedilatildeo da

SAE no cuidado agrave crianccedila

No processo de profissionalizaccedilatildeo da Enfermagem buscou-se desde o iniacutecio

construir um campo de conhecimentos especiacuteficos que deveria tanto manter operantes os

sistemas de valores que caracterizavam o feminino e o cuidado como sua extensatildeo quanto

100

adquirir o estatuto de ciecircncia (BARRA NASCIMENTO MARTINS

ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)

Os conhecimentos desta profissatildeo veem sendo desenvolvido atraveacutes de vaacuterias

correntes filosoacuteficas e teoacutericas que em um grande esforccedilo atraveacutes da histoacuteria tem

perseguido o crescimento e o aprimoramento Segundo Zagonel (1996) desde Florence

em 1859 ateacute os cientistas enfermeiros contemporacircneos o desvelamento e as influecircncias

dos paradigmas de Enfermagem tecircm contribuiacutedo para a construccedilatildeo da ciecircncia de

Enfermagem com definiccedilotildees de princiacutepios teoacutericos e metodoloacutegicos formas de

implementaccedilatildeo e instrumentalizaccedilatildeo atraveacutes do conjunto de crenccedilas valores e leis de

cada teoacuterico

Entende-se que a Enfermagem soacute vem conseguindo consolidar-se como ciecircncia e

arte porque tem produzido uma linguagem especiacutefica que atribui significado aos

elementos constitutivos do seu ser saber e fazer Assim a linguagem produzida por

determinado campo do saber possibilita a compreensatildeo acerca das representaccedilotildees do

pensamento e do mundo seja como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo ou como instrumento de

accedilatildeointeraccedilatildeo (GARCIA NOBREGA 2004) (SCHAURICH CROSSETTI 2010)

Abordando a ciecircncia e o campo de atuaccedilatildeo da sauacutede da crianccedila eacute importante frisar

que uma postura criacutetica-reflexiva deve ser adotada na busca da racionalizaccedilatildeo da

aquisiccedilatildeo e da incorporaccedilatildeo de novos conhecimentos e tecnologias de cuidado em virtude

da especificidade da clientela Como jaacute mencionado anteriormente neste trabalho a

praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees de cuidado

direto e indireto

As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do cuidado minus condiccedilotildees

voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si a ldquociecircnciardquo As accedilotildees

indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e organizam a assistecircncia O cuidado

de enfermagem para dar conta da complexidade e dinamicidade das questotildees que

envolvem o estar saudaacutevel e o estar doente de indiviacuteduos eou grupos populacionais

precisa abranger aleacutem dos aspectos teacutecnico-cientiacuteficos os preceitos eacuteticos esteacuteticos

filosoacuteficos humaniacutesticos e culturais (SCHAURICH CROSSETTI 2010)

Eacute importante salientar que para a ciecircncia e o cuidado estabeleccedilam uma linha tecircnue

e continua se faz necessaacuterio tambeacutem uma avaliaccedilatildeo sob o ponto de vista eacutetico da

qualidade da assistecircncia dos benefiacutecios das limitaccedilotildees dos riscos e da adequaccedilatildeo agraves

101

necessidades desta populaccedilatildeo (BARRA NASCIMENTO MARTINS

ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)

O segundo termo evocado nesta periferia foi a palavra ldquolideranccedilardquo que eacute tida

como uma das principais competecircncias a ser desenvolvida pelo profissional da

enfermagem pois no trabalho em equipe os enfermeiros deveratildeo estar aptos a assumir

posiccedilotildees de lideranccedila Nesse contexto o liacuteder eacute envolvido pelo compromisso

responsabilidade empatia habilidade para a tomada de decisotildees comunicaccedilatildeo e

gerenciamento de forma efetiva e eficaz qualificando o serviccedilo e atendendo as

expectativas da organizaccedilatildeo (PERES TRENDO 2006) (STRAPASSON MEDEIROS

2009)

No novo estilo de organizaccedilatildeo das instituiccedilotildees de sauacutede a lideranccedila vem sendo

exigida natildeo como um modelo hierarquizado e tradicional mas abrindo espaccedilo para um

trabalho mais flexiacutevel em equipe com unidades semiautocircnomas construiacutedas a partir de

uma relaccedilatildeo de poder e confianccedila muacutetua (GAIDZINSKI PERES FERNANDES 2004)

(STRAPASSON MEDEIROS 2009)

O conhecimento eacute sem duacutevida um dos valores de grande importacircncia para o

estimular novos liacutederes uma vez que confere aos profissionais seguranccedila na tomada de

decisotildees relacionadas ao paciente agrave sua equipe e agraves atividades administrativas da unidade

(DOMIGUES CHAVES 2005)

No que diz respeito ao atendimento agrave crianccedilas hospitalizadas acredito que quando

o enfermeiro organiza sua assistecircncia de forma a inspirar e motivar seus liderados a ir

aleacutem de seus proacuteprios interesses para o bem do cliente estrateacutegias especiacuteficas de

abordagem agrave crianccedila conseguem sair dos protocolos e serem implementadas na rotina das

clinicas como por exemplo o brinquedo terapecircutico e o cuidado centrado na famiacutelia

Assim a iniciativa para assumir novas condutas e atitudes inovadoras eacute ponto

favoraacutevel para a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede pois sendo a SAE

conhecimento da aacuterea da enfermagem tambeacutem ofereceraacute suporte ao conhecimento dos

liacutederes desencadeando a certeza de estarem agindo da maneira mais correta e adequada

(DOMIGUES CHAVES 2005)

A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que

possuem ordem meacutedia de evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos poreacutem tambeacutem

estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central que estrutura a RS O termo indutor gerou as palavras

102

ldquoadministraccedilatildeordquo ldquoautonomiardquo ldquocomprometimentordquo e ldquoresultadosrdquo todas traduzindo um

potencial positivo frente a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE

O conjunto de palavras levantadas pelo grupo social fortalecem a forma

sistemaacutetica e ordenada de delimitar problemas fazer e executar planos para resolvecirc-los

e a elaboraccedilatildeo de meios para sua avaliaccedilatildeo que traduzem a profissatildeo do enfermeiro ou

seja o PE O PE eacute a uma sistemaacutetica organizada de cuidar do paciente eacute um meacutetodo a ser

seguido a fim de alcanccedilar os objetivos desejados em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de enfermagem

o qual baseia-se num modelo assistencial e deve levar em conta a especialidade agrave que estaacute

sendo dirigido (HERMIDA 2004)

Segundo Moreira e colaboradores (2012) o PE eacute percebido pelos enfermeiros

como instrumento de suma importacircncia para subsidiar o trabalho da enfermagem e

proporcionar melhor assistecircncia aos neonatos pois contribui para a evoluccedilatildeo dos

prognoacutesticos favorecendo o retorno dos pacientes ao contexto familiar o mais

precocemente possiacutevel (MOREIRA etal2012)

Aproximando-o do contexto da sauacutede da crianccedila o processo de enfermagem pode

ser o caminho para o alcance da especificidade necessaacuteria para o cuidado diferenciado a

esta fase da vida Pois aleacutem de possibilitar o envolvimento da famiacutelia no processo de

cuidado tambeacutem eacute capaz de organizar o uso do brinquedo terapecircutico atividades na

brinquedoteca praacuteticas no banco de leite manutenccedilatildeo de atividades escolares Que satildeo

medidas capazes de aliviar o sofrimento fiacutesico e psiacutequico ocasionados pela doenccedila

Neste contexto a enfermagem pediaacutetrica por lidar com questotildees fiacutesicas e

existenciais dos seres humanos que cotidianamente cuida tem no PE uma importante

contribuiccedilatildeo para a organizaccedilatildeo do seu trabalho pois possibilita compreender atraveacutes da

ciecircncia e da rigorosidade do meacutetodo a realidade do dia-a-dia no qual estamos imersos

que eacute permeada de subjetividade e objetividade

103

43 CONHECENDO O CONTEUacuteDO DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DA

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam entre

duas pessoas ou dois grupos pressupotildeem

representaccedilotildees na realidade eacute isso que as

caracterizam []

(Serge Moscovici)

A anaacutelise do discurso obtida com auxiacutelio do software ALCESTE nos permite

desvendar as dimensotildees das representaccedilotildees sociais sobre a SAE Esta RS eacute descrita pela

frequecircncia de palavras contidas nos discursos destes participantes que demonstram

relaccedilatildeo com o objeto durante todo o percurso do texto

Conforme Reinert (1999) o ALCESTE examina no texto as ressonacircncias de

sentido que se estabelecem devido as coocorrecircncias de alguns termos os quais aparecem

reunidos em certas regiotildees do discurso em certos momentos O programa define nuacutemero

criteacuterio de separaccedilatildeo de classes definindo as classes estaacuteveis que conteacutem o texto a partir

do processamento do corpus

Na operaccedilatildeo de leitura do corpus desta pesquisa o Programa Alceste reconheceu

a separaccedilatildeo destes em 45 unidades de contexto inicial (UCI) as quais correspondem ao

quantitativo de entrevistas e de sujeitos Em seguida na operaccedilatildeo de caacutelculo do dicionaacuterio

foram encontradas 20597 palavras sendo 2659 palavras diferentes com frequecircncia

meacutedia de palavras diferentes igual a 8 Nesta mesma etapa o programa permitiu a

identificaccedilatildeo de 886 palavras com frequecircncia igual a um indicando alto valor de

heterogeneidade do vocabulaacuterio

Na etapa de operaccedilatildeo de seleccedilatildeo das unidades de contexto elementar (UCE) apoacutes

a reduccedilatildeo das palavras agraves duas raiacutezes obtiveram-se 480 palavras analisaacuteveis com

frequecircncia igual a 4 e variabilidade de 9763 Essas 480 palavras foram designadas

numa mesma classe em duas classificaccedilotildees descendentes e dois sub-corpus que utilizaram

UCE com tamanhos diferentes O primeiro sub-corpus gerou 108 UCEs e eacute formado pela

classe 1 e o segundo sub-corpus gerou 172 UCEs e eacute formado pelas classes 2 3 4 e 5 A

tabela 2 ilustra a descriccedilatildeo das classes

104

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes

1 2 3 4 e 5 geradas pelo Alceste Caacuteceres ndash 2015

Classes UCE Palavras

Consideradas

1 108 98 39

2 29 42 10

3 59 82 21

4 34 47 12

5 50 55 18

Fonte Dados da Pesquisa 2015

Analisando a tabela 2 constata-se que o maior predomiacutenio textual se encontra na

classe 1 com 39 das UCEs classificadas seguida pela classe 3 com 21 O menor

predomiacutenio encontra-se na classe 2 com 10 e nas classes 4 e 5 respectivamente 12 e 18

porcento

Ainda descrevendo as classes de UCE o Programa gerou um dendograma

resultado da Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente (CHD) ilustrando a relaccedilatildeo

interclasses do corpus Eacute necessaacuterio destacar que as relaccedilotildees entre os eixos satildeo fracas

demonstrando que as cinco classes satildeo independentes ou seja os discursos dos sujeitos

quanto a SAE satildeo distintos

Classe 4

Classe 5

Classe 2

Classe 3

Classe 1

Figura 5 Dendograma do corpus das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem (SAE) organizado em cinco classes e dois eixos

Eixo 1 Eixo 2

39

10

21

12

18

105

Nesse niacutevel de anaacutelise o agrupamento de palavras de maior qui quadrado ou seja

de maior relevacircncia permitiu a conformaccedilatildeo da anaacutelise qualitativa em classes nas quais

buscou-se identificar aspectos significativos das Representaccedilotildees Sociais da SAE Foi

considerado como criteacuterio reter as palavras com miacutenimo de associaccedilatildeo agrave classe igual ou

superior a 19 de acordo com a lista de indices e seu valor em X2 qui-quadrado

A figura 6 representa o dendograma com os tiacutetulos dos eixos e das classes

juntamente com as palavras destacadas que corresponde ao poder de associaccedilatildeo das

palavras que foram mais expressivas para compor as classes

Figura 6 Dendograma com os eixos classese palavras destacadas segundo software

Alceste

Classe 4 Classe 5 Classe 2 Classe 3 Classe 1

As Dificuldades Operacionais

para a Implantaccedilatildeo

da SAE

Accedilotildees e Envolvimen-

tos para Aproximaccedilatildeo

da SAE

Praacuteticas e dinacircmicas

operacionais da

Enfermagem

A Rotina do Cuidado de

Enfermagem

A construccedilatildeo do conceito da

SAE

Falta Secretaacuteria

Coleta Correria Dados Acho

Tempo Que-se Tivesse

Muito bom Computador

Nuacutemero

Momento Aplicaccedilatildeo

Assim Porque

Ta Entatildeo

Ele Uso

Diferente Vocecirc

Maneira Paciente

Setor Experiecircncia

Centro Relatoacuterio

Nesta Periacuteodo Noturno

Natildeo Hospital

Obsteacutetrico Aqui

Dentro Box

Recebo Plantatildeo

Faculdade Exame Verifico

Emergecircncia Quadro Estatildeo

Depois Pendecircncias

Colega Solicita Dietas

Carrinho

Enfermagem Enfermeira Faculdade

Foi SAE

Curso Contato

Sei Accedilotildees

Assistecircncia Ouvi

Durante Importante

Aula

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

EIXO 2

A dimensatildeo praacutetica sobre a SAE

EIXO 1

A dimensatildeo Teoacuterica sobre a

SAE

106

Da anaacutelise de conteuacutedo emergiram dois eixos temaacuteticos o primeiro faz referecircncia

a dimensatildeo do conhecimento acerca da SAE e foi composto pela classe 1 O segundo

eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem assinala as aproximaccedilotildees e distanciamentos da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem na praacutetica cotidiana Esse eixo foi composto pelas classes 4

(Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da SAE) 5 (Accedilotildees e

envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE) 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da

enfermagem) e 3 (A rotina praacutetica do cuidado de Enfermagem) conforme demonstrado

na figura 5

Estes dois eixos contemplam os objetivos - Apontar de que modo local e

momento do percurso profissional essas representaccedilotildees foram forjadas - Identificar o

grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE - Identificar quais os aspectos

facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado

a crianccedila e Relacionar as RS apreendidas ao conhecimento e o cuidado prestado nas

clinicas de atenccedilatildeo agrave crianccedila deste estudo

44 AS DIMENSOtildeES DO CONHECIMENTO E PRAacuteTICA DA

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM Agrave CRIANCcedilA

HOSPITALIZADA

441 Eixo 1 A dimensatildeo teoacuterica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem

Classe 1- A Construccedilatildeo do Conceito da SAE

A classe 1 foi composta pelas seguintes palavras enfermagem faculdade curso

accedilotildees SAE assistecircncia e importante As palavras ldquoenfermagemrdquo ldquofaculdaderdquo e ldquocursordquo

agrupadas pelo Alceste para esta classe expressam conceitos que provavelmente

assinalam o local e o momento em que ocorreu a primeira relaccedilatildeo com a significaccedilatildeo da

sistematizaccedilatildeo da assistecircncia oferecendo sustentaccedilatildeo para a compreensatildeo deste

fenocircmeno

Pode-se inferir que o desenvolvimento das habilidades necessaacuterias para atuar no

cuidado de enfermagem iniciou durante o periacuteodo da graduaccedilatildeo sendo aprimoradas ao

longo dos anos de exerciacutecio da profissatildeo capacitando o enfermeiro a exercer um papel

107

ativo e criacutetico contribuindo de forma efetiva na tomada de decisotildees nas questotildees sociais

e institucionais (ALVES COGO 2014)

O conteuacutedo das falas indica e vincula o curso de graduaccedilatildeo em enfermagem como

elemento importante e norteador desta construccedilatildeo como sugerem os extratos

Mas nunca tinha ouvido falar de SAE fora da faculdade Foi no

curso de enfermagem nas aulas tivemos tambeacutem alguns eventos

da faculdade durante o tempo que estava estudando tipo

minicurso ou ateacute mesmo palestras que falavam sobre a SAE

(E34)

O meu primeiro contato com a SAE foi no curso de enfermagem

na faculdade foi a primeira vez que eu ouvi falar Foi nas aulas

de Evoluccedilatildeo da Enfermagem comeccedilava falando da histoacuteria da

enfermagem desde Florence e no final do semestre chegava no

conteuacutedo da SAE (E9)

Desde as mateacuterias especiacuteficas de praacutetica eacute falado e cobrado a

SAE dos alunos Sou de uma famiacutelia com muitos enfermeiros

minha matildee eacute enfermeira mas nunca antes da faculdade havia

ouvido falar na SAE (E26)

Na formaccedilatildeo moderna da enfermagem conhecimentos relacionado as concepccedilotildees

teoacutericas e filosoacuteficas da profissatildeo e estudos sobre a SAE satildeo abordados durante o periacuteodo

de graduaccedilatildeo

O processo de formaccedilatildeo do profissional enfermeiro estaacute fortemente embasado na

visatildeo transformadora com base em teorias criacuteticas que buscam sua capacitaccedilatildeo

profissional para o exerciacutecio das competecircncias gerais e especiacuteficas aleacutem de habilidades

pautadas no ponto de vista do aluno como sujeito de seu processo de formaccedilatildeo (MEIRA

KURCGANT 2016) (SOUZA MARISCAL 2016)

No periacuteodo de formaccedilatildeo profissional os estudantes de enfermagem vivenciam as

primeiras praacuteticas curriculares entrando em contato com a realidade da sauacutede brasileira

Durante essas praacuteticas eles devem utilizar o conhecimento teacutecnico-cientiacutefico abordado

anteriormente de forma teoacuterica no curso exercer atividades teacutecnicas inerentes agrave profissatildeo

e estabelecer relaccedilotildees interpessoais com os colegas e os professores o paciente e seus

familiares e os profissionais de sauacutede interagindo e atuando de forma criacutetica-reflexiva

(ALVES COGO 2014)

Este momento deve ser compreendido como um processo transformador capaz de

modificar o cotidiano dos serviccedilos de sauacutede Assim o aluno deve ser visto como um

sujeito protagonista do seu processo de ensino-aprendizagem como algueacutem que executa

108

algo aleacutem de tarefas como algueacutem que gerencia e cuida para que a partir dessas vivecircncias

no cotidiano encontre elementos motivadores no processo de ensino aprendizagem

capazes de intervir na realidade buscando novas soluccedilotildees e incitando novas formas de

cuidado (FREITAS FERREIRA 2016)

Nesse cenaacuterio o espaccedilo sala de aula desempenha papel de grande importacircncia

para a integraccedilatildeo social e a consolidaccedilatildeo das experiecircncias relacionadas agrave compreensatildeo do

cuidado sistematizado e sua relaccedilatildeo com o saberfazerser do enfermeiro Neste ambiente

acontece a construccedilatildeo destas manifestaccedilotildees a significaccedilatildeo e a ressignificaccedilatildeo destes

conceitos segundo a valorizaccedilatildeo dos sujeitos envolvidos (JODELET 2005)

Portanto experiecircncias de aprendizagem significativas e estrateacutegias de capacitaccedilatildeo

podem contribuir para mudanccedilas nas representaccedilotildees Nessa loacutegica entendendo a

representaccedilatildeo como produccedilatildeo social concretizada na accedilatildeo a interaccedilatildeo professor-aluno

pode influenciar ambos especialmente os acadecircmicos a ressignificarem e

implementarem a SAE agrave sauacutede da crianccedila

As palavras ldquoaccedilotildeesrdquo ldquoassistecircnciardquo e ldquoimportanterdquo tambeacutem elencadas entre as mais

expressivas pelo Programa Alceste para esta classe parecem expressar ligaccedilatildeo com a

construccedilatildeo do conceito da SAE jaacute que suas significaccedilotildees estatildeo associadas ao conceito

baacutesico do meacutetodo ou seja um conjunto de accedilotildees reflexivas de grande importacircncia para

os atos de enfermagem (COFEN 2009)

Sistematizar a assistecircncia eacute viabilizar a organizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem

constituindo uma abordagem eacutetica e humanizada dirigida agrave resoluccedilatildeo de problemas

atendendo agraves necessidades de cuidados de sauacutede e de enfermagem de uma pessoa

(CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)

Eacute possiacutevel inferir que os sujeitos compreendem a importacircncia da SAE para a

enfermagem enquanto profissatildeo e ciecircncia identificam seus potenciais enquanto meacutetodo

de planejamento da assistecircncia e ratificam ser esta atividade privativa do enfermeiro

A SAE eacute o trabalho do enfermeiro eacute o caminho para organizar

a assistecircncia e prestar um cuidado individualizado e

humanizado Eacute atraveacutes dela que conseguimos avaliar o

atendimento que prestamos e gerar accedilotildees baseadas na evidecircncia

do achado (E15)

Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees com

o seu cliente Assim ele consegue conhecer realmente o cliente

109

biologicamente e psicologicamente para poder traccedilar o cuidado

necessaacuterio (E21)

Sei que o enfermeiro deve fazer para todos os clientes ela deve

acontecer em todos os dias de internaccedilatildeo ou contato com o

cliente Eacute um norte para as nossas accedilotildees (E14)

O estudo sobre a SAE no Brasil mereceu destaque somente no final de 1980

quando o Decreto ndeg 9440687 que regulamenta a Lei 749886 do Exerciacutecio Profissional

de Enfermagem no paiacutes reforccedilado pela Resoluccedilatildeo 3582009 do Conselho Federal de

Enfermagem (COFEN) dispocircs sobre a implementaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem (SAE) e a institui como atividade privativa do enfermeiro

O discurso dos entrevistados vislumbra o desenvolvimento da SAE agrave organizaccedilatildeo

do trabalho da enfermagem associando o desenvolvimento do processo a praacuteticas

individualizadas e exitosas Estas representaccedilotildees se aproximam dos resultados de outra

pesquisa em que os enfermeiros envolvidos indicam que aplicar um meacutetodo de prestaccedilatildeo

de cuidados favorece a obtenccedilatildeo de resultados satisfatoacuterios aleacutem de reduzir as

complicaccedilotildees durante o tratamento (CUNHA BARROS 2005)

O uso do meacutetodo requer o pensamento criacutetico do profissional que deve estar

focado nos objetivos e voltado para os resultados de forma a atender as necessidades do

paciente e de sua famiacutelia exigindo constante atualizaccedilatildeo habilidades e experiecircncia

sendo orientado pela eacutetica e padrotildees de conduta (SILVA OLIVEIRA NEVES

GUIMARAtildeES 2011)

Portanto eacute um modo de exercer a profissatildeo com autonomia baseada nos

conhecimentos teacutecnico-cientiacuteficos no qual a categoria vem trabalhando e se

desenvolvendo nas uacuteltimas deacutecadas

Observa-se tambeacutem que para os sujeitos o conceito de cuidado apresenta-se

associado aos procedimentos e intervenccedilotildees de enfermagem desenvolvidas

cotidianamente demonstram tambeacutem compreender que a aplicaccedilatildeo da SAE eacute importante

para direcionar este fazer

No conteuacutedo das falas tambeacutem foi possiacutevel apreender que o conhecimento

relacionado agrave operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo eacute vigorante Os entrevistados conhecem as

fases do processo de enfermagem e compreendem como os diagnoacutesticos satildeo elaborados

Eacute baseado na Teoria de Wanda Horta sendo formado por fases

ligadas que te direcionam para uma assistecircncia correta (E2)

110

Ela eacute composta de fases que satildeo interligadas e geram potencial

para lidar com condiccedilotildees de doenccedila e riscos (E22)

A SAE eacute um meacutetodo constituiacutedo de fases Coleta de dados

diagnoacutestico de enfermagem planejamento prescriccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo Eacute desenvolvida pelo enfermeiro para todo cliente que

ele tem contato (E18)

Eacute com base nos dados coletados que a avaliaccedilatildeo do paciente eacute

feita entatildeo observamos se existe algum diagnoacutestico utilizando o

NANDA aiacute estabelecemos metas de pequeno meacutedio e longo

prazo para depois prescrevemos cuidado (E25)

Os diagnoacutesticos que construiacutemos datildeo credibilidade para o meu

trabalho pois mostra que a accedilatildeo que eu estou desenvolvendo eacute

baseada em achados cientiacuteficos (E36)

Para Alfaro-Levefre (2000) o meacutetodo atraveacutes do qual a estrutura teoacuterica da

enfermagem eacute aplicada agrave praacutetica eacute apresentado em cinco fases investigaccedilatildeo diagnoacutestico

de enfermagem planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo De acordo com o referencial

teoacuterico utilizado pela instituiccedilatildeo a implementaccedilatildeo da SAE atraveacutes do PE pode ser

desenvolvida variando de quatro ateacute seis fases interligadas

Eacute necessaacuterio que toda a equipe de enfermagem envolvida no processo de

implementaccedilatildeo dessa metodologia saiba quais passos deve seguir e principalmente

como cada um destes deve ser implementado em sua praacutetica diaacuteria (AMANTE

ROSSETO SCHNEIDER 2009)

O PE nos dois hospitais dessa pesquisa estaacute ancorado no referencial teoacuterico das

Teoria das Necessidades Humanas Baacutesicas de Wanda de Aguiar Horta (1979) e

desenvolvem o processo de enfermagem em 5 fases Histoacuterico Diagnoacutestico

Planejamento de Metas Prescriccedilatildeo e Prognoacutestico com auxiacutelio de um software

Este software possibilita a normatizaccedilatildeo de todo o processo de transcriccedilatildeo das

informaccedilotildees de enfermagem em prontuaacuterio eletrocircnico visa possibilitar a construccedilatildeo de

um banco de informaccedilotildees rotineiras pelo enfermeiro que estaacute habilitado atraveacutes de senha

disponibilizada pela gerencia de enfermagem Este software esta estruturado de forma

que obriga o lanccedilamento das informaccedilotildees relacionadas ao atendimento de enfermagem

impossibilitando a mudanccedila de fase ou a finalizaccedilatildeo do processo sem que a etapa anterior

esteja preenchida

Acrescento que na execuccedilatildeo deste programa pelo menos algumas informaccedilotildees

precisam ser escritas pelo enfermeiro habilitado para que abra-se a proacutexima paacutegina para

111

preenchimento Desta forma o enfermeiro natildeo tem acesso a paacutegina de diagnoacutestico sem

antes preencher a paacutegina de histoacuterico e assim sucessivamente

Pode-se deduzir que em virtude deste recurso de operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo os

discursos dos enfermeiros revelem unanimidade ao associaacute-lo a praacutetica sistemaacutetica com

fases interligadas e obrigatoacuterias Esse resultado assemelha-se aos estudos de Nascimento

et al (2008) Lopes e Jorge (2008) e Ledesma-Delgado e Mendes (2009) que igualmente

reconheceram que as accedilotildees do PE estatildeo centralizadas nas regras estabelecidas pelas

instituiccedilotildees seguindo normas e rotinas preconizadas por estes estabelecimentos em

detrimento do cuidado centrado na especificidade do cliente

Divergente deste achado tese desenvolvida por Neves (2010) indicou que no

processo de desenvolvimento do PE a etapa de diagnoacutestico geralmente eacute desvalorizada

Assim o enfermeiro executa o Histoacuterico a Evoluccedilatildeo e a Prescriccedilatildeo desconsiderando os

Diagnoacutesticos de Enfermagem dos clientes baseando-se nos diagnoacutesticos meacutedicos para

completar as etapas anteriormente realizadas

Na concepccedilatildeo do grupo as representaccedilotildees sociais associadas ao Diagnoacutestico de

Enfermagem satildeo relativas aos benefiacutecios que esta fase traz a profissatildeo estabelecendo um

caminho para a autonomia e uma ligaccedilatildeo com a ciecircncia do cuidado Neves (2010)

acrescenta que eacute importante que o enfermeiro compreenda as formas de identificaccedilatildeo de

problemas baseados em modelos praacuteticos que possam ser aplicados a realidade e que

configurem resultados positivos na assistecircncia de Enfermagem

Nos discursos os enfermeiros participantes tambeacutem identificam a SAE como

forma de comunicaccedilatildeo entre as equipes de sauacutede e a associam agrave qualidade do cuidado e

agrave reduccedilatildeo de riscos Este resultado segue em consonacircncia com os elementos constitutivos

do sistema perifeacuterico da RS ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as falas do

grupo se ancoram na visatildeo politicamente correta dos aspectos que envolve a SAE e as

praacuteticas de cuidado de enfermagem se aproximando dos debates teoacutericos do assunto

Eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Eacute como a enfermagem registra

suas accedilotildees no prontuaacuterio uma forma de dizer estivemos neste

plantatildeo (E9)

Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees do

cliente e depois registrar no prontuaacuterio Desta forma toda equipe

tem conhecimento da condiccedilatildeo de sauacutede do cliente (E4)

A SAE eacute muito importante para o dia a dia da enfermagem eacute

uma forma de oferecer uma assistecircncia de qualidade longe de

riscos e valorizando o cliente (E26)

112

Atraveacutes deste processo a enfermagem consegue traccedilar accedilotildees que

precisam ser desenvolvidas para levar o cliente a homeostasia

(E8)

A SAE eacute um instrumento utilizado pela enfermagem para

planejar o cuidado Atraveacutes deste processo a enfermagem

consegue traccedilar accedilotildees que precisam ser desenvolvidas para

levar o cliente ao bem-estar fiacutesico psicoloacutegico e espiritual (E22)

A SAE foi compreendida pelos enfermeiros participantes como importante

requisito para a documentaccedilatildeo e registro da assistecircncia desenvolvida Esse registro foi

considerado essencial para o desenvolvimento do plano de cuidados agregando

significados que conduzem as praacuteticas do enfermeiro Para Matsuda e colaboradores as

informaccedilotildees a respeito dos clientes devem ser claras objetivas frequentes e completas

de modo que possibilite o monitoramento a avaliaccedilatildeo e o (re) planejamento global e

contiacutenuo dos cuidados (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)

O que foi coletado e identificado sobre o cuidado necessita ser registrado A

ausecircncia de registros e anotaccedilotildees relativas ao cuidado prestado colabora para a deficiecircncia

na continuidade da assistecircncia

Nessa perspectiva as falas dos enfermeiros fortalecem a visatildeo de burocratizaccedilatildeo

da assistecircncia prestada sobre esta abordagem Neves (2010) esclarece que a valorizaccedilatildeo

dos registros tem por base alguns significados pois asseguram o controle e a

burocratizaccedilatildeo do cuidado reforccedilando o modelo biomeacutedico de assistecircncia ao cliente

centrado nas praacuteticas de cuidado com o corpo e natildeo com o indiviacuteduo

Outro aspecto que emergiu nesta classe sugere que a SAE significa o meio que

favorece a qualidade da assistecircncia de enfermagem sendo um instrumento de grande

importacircncia para a praacutetica profissional do enfermeiro representando a ferramenta que

daraacute suporte para a aproximaccedilatildeo de uma prestaccedilatildeo de cuidados respeitando as

especificidades do cliente

O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao

cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste

garante a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do

pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia porque norteia as accedilotildees

(ANDRADE VIEIRA 2005)

Percebe-se na fala dos enfermeiros que a finalidade de implantaccedilatildeo da SAE nas

instituiccedilotildees investigadas foi organizar o cuidado a partir da adoccedilatildeo de um meacutetodo

113

sistemaacutetico proporcionando ao enfermeiro a (re)definiccedilatildeo do seu espaccedilo de atuaccedilatildeo A

aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a possibilidade da

prestaccedilatildeo de cuidados individualizados centrada nas necessidades humanas baacutesicas e

aleacutem de ser aplicado agrave assistecircncia pode nortear tomadas de decisatildeo em diversas situaccedilotildees

vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de enfermagem

(ANDRADE VIEIRA 2005)

Deste modo pode-se inferir que as RS acerca da SAE evidenciadas nesse eixo

indicam que a construccedilatildeo do saber e a aplicabilidade da SAE foram forjados inicialmente

durante a graduaccedilatildeo de enfermagem Entre os entrevistados parecer haver consenso

acerca da importacircncia do processo de enfermagem para a qualificaccedilatildeo do cuidado a ser

prestado

442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem

O segundo eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem eacute responsaacutevel por descrever as aproximaccedilotildees e os

distanciamentos da SAE no cuidado cotidiano agrave crianccedila hospitalizada Esse eixo foi

composto pelas classes 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem) 3 (A rotina

praacutetica do cuidado de Enfermagem) 4 (Desvelando as dificuldades operacionais para a

implantaccedilatildeo da SAE) e 5 (Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE)

Classe 2 Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem

A classe 2 nomeada Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem foi

composta pelas seguintes palavras ldquosetorrdquo ldquoexperiecircnciardquo ldquocentrordquo ldquorelatoacuteriordquo ldquoplantardquo

ldquoexamerdquo e ldquoquadrordquo estas palavras correspondem agraves atividades praacuteticas de enfermagem

ou seja as palavras fazem menccedilatildeo aos processos vinculados agrave rotina assistencial dos

setores como ocorre agrave conduccedilatildeo do trabalho dos enfermeiros e como as praacuteticas satildeo

planejadas

A organizaccedilatildeo do processo de trabalho constitui um dos meios que o enfermeiro

utiliza para alcanccedilar o seu objetivo final a praacutetica de um cuidado seguro e de qualidade

(CHRISTOVAM PORTO OLIVEIRA 2012) A Lei Nordm 749886 que regulamenta o

exerciacutecio dos profissionais de enfermagem explicita em seu art 11 que a organizaccedilatildeo o

114

planejamento a coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo dos serviccedilos da assistecircncia de

enfermagem satildeo responsabilidades privativas do enfermeiro

A SAE eacute um meio para organizar a assistecircncia ela incorpora instrumentos que

devem ser utilizados no trabalho gerencial fortalecendo o planejamento a tomada de

decisotildees comunicaccedilatildeo lideranccedila a administraccedilatildeo a educaccedilatildeo permanente etc

Ressalta-se que a gestatildeo do cuidado envolve a dialoacutegica entre o saber-fazer

gerenciar e o cuidar A articulaccedilatildeo dessas duas dimensotildees deve permitir ao enfermeiro

organizar a rotina de acordo com as necessidades de sauacutede do indiviacuteduo e por meio de

accedilotildees gerenciais promover a melhoria da assistecircncia prestada (VITURI EacuteVORA 2015)

Os fragmentos dos discursos dos enfermeiros se afastam desta proposta dialoacutegica

evidenciando que o cuidado desenvolvido nas cliacutenicas eacute uma praacutetica desarticulada de um

referencial metodoloacutegico natildeo acontecendo ou acontecendo de forma seletiva para alguns

pacientes

Natildeo utilizamos a SAE na sala de parto natildeo tenho uma rotina

relacionada agrave SAE Geralmente faccedilo meu relatoacuterio para cada

cliente que tem alta tento ser bem descritiva nas accedilotildees que

aconteceram aqui relato todas as intercorrecircncias mas natildeo

temos neste setor o processo de enfermagem (E21)

Neste setor soacute acontece a SAE se o paciente tambeacutem fizer parte

da comissatildeo de curativo se natildeo fizer parte fazemos um pequeno

relatoacuterio no formato SOAP e soacute (E8)

Natildeo natildeo tenho a SAE aqui Jaacute passei por vaacuterios setores deste

hospital Faccedilo geralmente a SAE dos pacientes mais criacuteticos

(E11)

Aqui na sala de Parto o bicho pega de verdade Acho que utilizei

a SAE mesmo durante a faculdade Natildeo consigo visualizar a

diferenccedila do meu trabalho com ou sem a SAE (E6)

Os conteuacutedos apreendidos nas falas dos participantes denotam ecircnfase na

intensidade das atividades desenvolvidas por plantatildeo levando a compreender que a alta

demanda de accedilotildees e o tempo satildeo as causas do natildeo desenvolvimento ou do

desenvolvimento parcial do cuidado sistematizado Observa-se que o cuidado eacute

desenvolvido cotidianamente poreacutem sem planejamento retratando a ideia de que os

sujeitos valorizam mais as praacuteticas e decisotildees relacionadas agrave gestatildeo imediata das

115

demandas do setor sem o uso da SAE provavelmente por entenderem que o uso dela

atrasaria o processo de trabalho

Outros estudos tambeacutem levantaram como dificuldades enfrentadas por

enfermeiros a implantaccedilatildeo da SAE o nuacutemero reduzido de profissionais de enfermagem

a falta de credibilidade dos teacutecnicos de enfermagem frente agrave SAE a sobrecarga de

trabalho do enfermeiro o tempo e a falta de motivaccedilatildeo profissional (GONCcedilALVES et

al 2007) (MEDEIROS SANTO CABRAL 2013) (NEVES 2010)

Alguns autores classificam em dois niacuteveis os desafios para a trajetoacuteria de

construccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede o primeiro eacute institucional e trata da organizaccedilatildeo

e articulaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede o nuacutemero de enfermeiros a valorizaccedilatildeo por parte da

administraccedilatildeo da instituiccedilatildeo bem como os indicadores de resultado da assistecircncia No

segundo niacutevel encontram-se aqueles relacionados ao profissional e dizem respeito agrave base

cientiacutefica e conhecimentos requeridos habilidades e atitudes pautadas no compromisso

eacutetico na responsabilidade e no assumir o cuidar do ser humano (CASTILHO RIBEIRO

CHIRELLI 2009) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

A natildeo utilizaccedilatildeo da SAE pelos profissionais deve-se ao distanciamento entre o

pensar e o fazer entre teoria e praacutetica principalmente por natildeo haver uma preocupaccedilatildeo

maior com a qualidade da assistecircncia e sim com a demanda do serviccedilo (KLETEMBERG

MANTOVANI LACERDA 2004)

Considerando a sobrecarga de atividades e o escasso tempo os enfermeiros

investigados acabam por selecionar quais satildeo as crianccedilas internadas merecedores de uma

abordagem integral e individualizada Eacute importante ressaltar que a qualidade da atenccedilatildeo

agrave sauacutede articula-se agrave questatildeo da responsabilidade social dos profissionais de sauacutede e dos

serviccedilos para com os seus clientes e estaacute sob a influecircncia direta de variaacuteveis carregadas

de subjetividade daiacute urge a necessidade de decisotildees fortalecidas na rigorosidade da

ciecircncia Como fazer a escolha correta Como prever o desfecho de um quadro clinico sem

a devida avaliaccedilatildeo e planejamento

A implementaccedilatildeo de um meacutetodo cientiacutefico aprimora todos os aspectos da praacutetica

de enfermagem angariando respeito profissional assegurando documentaccedilatildeo

consistente representando o julgamento preciso e profissional dos enfermeiros cliacutenicos

contribuindo deste modo para a seguranccedila do paciente por meio da integraccedilatildeo de uma

terminologia baseada em evidecircncias para a praacutetica cliacutenica e a tomada de decisatildeo

(LUNNEY 2012) (BACKES KOERICH NASCIMENTO ERDMANN 2013)

116

O descaso com o emprego sistemaacutetico do diagnoacutestico das accedilotildees intervenccedilotildees e

resultados de enfermagem pode resultar em ausecircncia de visibilidade e de reconhecimento

profissional aleacutem de poder acarretar ausecircncia ou dificuldade de avaliaccedilatildeo de sua praacutetica

e importacircncia como profissatildeo (GARCIA NOacuteBREGA 2004)

As praacuteticas desenvolvidas pelos enfermeiros estudados estatildeo em discordacircncia com

uma grande corrente de pensadores da enfermagem que veem trabalhando com o intuito

de normatizar e universalizar a linguagem dos sistemas de classificaccedilatildeo da praacutetica do

cuidado evidenciando seus elementos atraveacutes do processo de enfermagem por considerar

esta accedilatildeo importante agrave profissatildeo (NOacuteBREGA GARCIA 2005)

Florecircncio (2009) afirma que somente haveraacute a implantaccedilatildeo da SAE nas

instituiccedilotildees se os enfermeiros se conscientizarem da importacircncia destes cuidados e

tiverem a iniciativa e as condiccedilotildees necessaacuterias para que esta seja implantada em seu local

de trabalho

Eacute preciso dedicaccedilatildeo e tempo para sua aplicaccedilatildeo aperfeiccediloamento soluccedilotildees de

problemas tomada de decisotildees para que a enfermagem consiga atingir suas metas e

promover um cuidado com este cliente (LEFEVRE 2000)

O que causa certo estranhamento eacute verificar no discurso do grupo social a

referecircncia agrave natildeo diferenciaccedilatildeo nos resultados do cuidado de enfermagem prestado de

forma sistematizada e natildeo sistematizada

Estudo sobre a anaacutelise do processo de implantaccedilatildeo da SAE identificou que o

processo de enfermagem quando natildeo eacute operacionalizado resulta em um plano de

cuidados generalizado Dessa maneira natildeo importam as individualidades e necessidades

de cada caso tornando-se apenas uma atividade burocraacutetica centrada nas praacuteticas de

cuidado com o corpo e natildeo no indiviacuteduo (NEVES 2010)

Embora a Resoluccedilatildeo COREN 2722002 tenha estipulado a obrigatoriedade da

SAE em todas as instituiccedilotildees de sauacutede percebe-se que isto natildeo eacute a realidade do grupo

social estudado a aplicabilidade da SAE ainda representa um grande desafio pois existe

conhecimento do assunto por parte do enfermeiro faltando a iniciativa em introduzir o

meacutetodo na praacutetica cotidiana

As RS desta classe desqualificam a SAE como meio de organizaccedilatildeo do cuidado e

satildeo discordantes das representaccedilotildees encontradas no eixo 1 desta pesquisa Da mesma

forma tambeacutem se afastam da estrutura perifeacuterica anteriormente representada pelo grupo

sobre a SAE atraveacutes das palavras ldquoplanejamentordquo ldquoqualidaderdquo ldquocomprometimentordquo

117

ldquoresponsabilidaderdquo A aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado agrave qualidade da assistecircncia

visiacutevel nas falas do eixo que aborda a dimensatildeo teoacuterica da SAE eacute discrepante das accedilotildees

desenvolvidas na classe dois do eixo 2 onde eacute trabalhado a dimensatildeo praacutetica do cuidado

fortalecendo dissonacircncia entre a teoria e a praacutetica para este grupo

Eacute possiacutevel que a cultura interna do serviccedilo direcione as praacuteticas e atividades

diaacuterias considerando o fluxo dos atendimentos prioritaacuterios tendo por base a rotina de

trabalho Desta forma os processos necessaacuterios para atingir as demandas do tratamento

meacutedico e dos requisitos administrativos ligados a gestatildeo da unidade e do hospital

acontecem dando a sensaccedilatildeo ao profissional de enfermagem de dever cumprido poreacutem

muito distante de uma proposta autocircnoma fortalecida em conhecimento

Classe 3 A rotina do cuidado de enfermagem

Nesta classe satildeo descritas as praacuteticas e rotinas assistenciais dos campos de estudo

ou seja a maneira como o cuidado eacute prestado agrave clientela As palavras que ganharam

destaque nas falas dos sujeitos foram ldquorecebordquo ldquoplantatildeordquo ldquoexamerdquo ldquoemergecircnciasrdquo e

ldquopendecircncias - palavras estas que associadas aos estratos das falas aproximam o cuidado

prestado a um forte potencial mecanicista pouco individualizado para as necessidades da

crianccedila

No que tange agraves praacuteticas e agrave rotina dos setores de atendimento agrave crianccedila foi

possiacutevel apreender que haacute uma grande preocupaccedilatildeo dos enfermeiros em atenderem as

demandas da unidade de internaccedilatildeo e as solicitaccedilotildees meacutedicas Esse fato pode estar

atrelado a cultura existente de que os cuidados de enfermagem representam accedilotildees que

visam auxiliar as prescriccedilotildees meacutedicas

Com a equipe de meacutedicos e residentes recebo o plantatildeo quando

tem acadecircmico de enfermagem ele tambeacutem participa Faccedilo

primeiro as coisas que tem prazo ou que satildeo de urgecircncia depois

passo para as atividades privativas faccedilo curativo passo sondas

pics depois evoluo as crianccedilas e faccedilo as admissotildees (E5)

Recebo o plantatildeo confiro o senso dos pacientes tento organizar

o espaccedilo solicito os exames necessaacuterios faccedilo os

direcionamentos faccedilo os procedimentos tipo sondas curativos

eletros e depois vou atendendo os pacientes sem parar (E40)

Recebo o plantatildeo da colega e vou logo tentando organizar os

prontuaacuterios segundo a rotina dos meacutedicos da unidade cada um

chega em um horaacuterio entatildeo vou organizando as preacute-consultas

de forma a atender a todos (E34)

118

Nightingale a percussora da enfermagem moderna preconizava que as enfermeiras

deveriam estar submetidas a uma forte organizaccedilatildeo disciplinar cuja finalidade exclusiva

era capacitaacute-las para a execuccedilatildeo inteligente das tarefas ordenadas pelos meacutedicos

constituindo assim toda a praacutetica de enfermagem A boa enfermeira deveria trazer em

seu exerciacutecio diaacuterio a aproximaccedilatildeo de adjetivos como disciplina obediecircncia e a

subserviecircncia tanto nas accedilotildees assistenciais como nas relaccedilotildees enfermagemmedicina

(LUNARDI 2004) (ANDRADE 2007)

Para considerar a afirmativa anterior eacute preciso entender que para os padrotildees

sociais da eacutepoca e para a aplicaccedilatildeo do modelo biomeacutedico nos hospitais o conhecimento

meacutedico era o uacutenico vaacutelido por ser considerado cientiacutefico desvalorizando o cuidado de

enfermagem que era destinado agrave manutenccedilatildeo e promoccedilatildeo da vida percebidos como

secundaacuterios menores sem importacircncia significativa valor econocircmico ou cientiacutefico

(PADILHA et al1997) (ANDRADE 2007) A assistecircncia de enfermagem se resumia

em dar o remeacutedio na hora certa cuidar do asseio dar alimentaccedilatildeo fazer companhia

auxiliar o paciente na ocasiatildeo das necessidades e cuidar dos mortos (PADILHA et

al1997)

Alguns profissionais permanecem com suas visotildees arraigadas num modelo

tecnicista de assistecircncia no qual os procedimentos teacutecnicos imperam sobre os aspectos

cognitivos de atenccedilatildeo Assim o conceito de cuidado para alguns profissionais ainda

persiste baseado no modelo biomeacutedico em que cuidar eacute reconhecido apenas com o fazer

objetivo O que natildeo eacute cuidado direto natildeo eacute considerado por alguns como cuidado mesmo

que supra a necessidade apresentada pelo familiar naquele momento (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Tal loacutegica tecnoburocraacutetica centrada no modelo biomeacutedico vigente engessa o

cuidado intervencionista pautado predominantemente em teacutecnicas que isolam o cliente

de forma passiva no leito tratando-o como receptor de protocolos e procedimentos

teacutecnicos invasivos e natildeo invasivos

De acordo com Nunes (1999) os profissionais enfermeiros em geral apresentam-

se enfeiticcediladas pelo poder que aparentemente a tecnologia lhes concede Deste modo

muitas vezes sua praacutetica se direciona essencialmente para o exerciacutecio teacutecnico

distanciando-se portanto dos valores morais e poliacuteticos imbuiacutedos no cotidiano de

trabalho Nesta direccedilatildeo Kletemberg Mantovani e Lacerda (2004) lembram que agindo

119

assim os enfermeiros se afastam da anaacutelise criacutetica de sua realidade e mantecircm-se na

neutralidade rotineira de execuccedilatildeo de procedimentos

A enfermagem possui um conjunto de ideias e modos de atuar que constituem o

conhecimento o saber em que se baseia sua prestaccedilatildeo de serviccedilo agrave sociedade Na deacutecada

de 50 do seacuteculo XX as enfermeiras passaram a enfatizar a aplicaccedilatildeo de princiacutepios

cientiacuteficos em seus procedimentos aumentando as reflexotildees sobre a necessidade de se

desenvolver um corpo de conhecimento especiacutefico que pudesse conferir identidade e

autonomia agrave profissatildeo A elaboraccedilatildeo dos modelos conceituais e teorias de enfermagem

objetivam descrever e caracterizar os componentes dos fenocircmenos que lhe satildeo

pertinentes e cuja finalidade eacute explicar elucidar e interpretar ou seja dizer o significado

e o porquecirc dos fatos e suas relaccedilotildees (GEOVANINI 2002)

A enfermagem atual acredita ser obrigaccedilatildeo de cada profissional de sua equipe

contribuir para o crescimento e a renovaccedilatildeo dos conhecimentos de sua aacuterea Em seu agir

tem de observar e criticar a eficiecircncia dos meacutetodos e teacutecnicas que utiliza Um corpo de

conhecimentos e procedimentos teoricamente organizados sistematizados e sempre

reformulados se constitui em base segura para a accedilatildeo eficiente (SOUZA 1988)

(ANDRADE VIEIRA 2005)

A SAE enquanto processo organizacional eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o

desenvolvimento de meacutetodosmetodologias interdisciplinares e humanizadas de cuida-

do As metodologias de cuidado sejam quais forem as suas denominaccedilotildees representam

atualmente uma das mais importantes conquistas no campo assistencial da enfermagem

(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008)

Dessa forma pode-se inferir que o grupo social entrevistado manteacutem

comportamentos em relaccedilatildeo ao cuidado das crianccedilas hospitalizadas que reforccedilam o antigo

paradigma de cuidado centrado na doenccedila na realizaccedilatildeo de procedimentos sob as ordens

meacutedicas fortemente biologicista Natildeo se identificou menccedilatildeo agrave consulta de enfermagem

ou a procedimentos especiacuteficos da enfermagem em pediatria como por exemplo o uso

do brinquedo terapecircutico ou da Escala Analoacutegica de Dor que conferem autonomia ao

cuidado

Observa-se tambeacutem grande preocupaccedilatildeo na realizaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos

Existe um envolvimento do enfermeiro em atividades que poderiam ser delegadas a

secretaacuteria da unidade ou a outro membro da equipe como por exemplo o agendamento

de exames Delegar a outros membros da equipe essas atividades que natildeo satildeo exclusivas

120

do enfermeiro propiciaria maior tempo para as atividades privativas como por exemplo

a consulta de enfermagem

Natildeo se pode negligenciar a importacircncia das teacutecnicas hospitalares muitas satildeo

indispensaacuteveis para a manutenccedilatildeo da vida para favorecer o restabelecimento do fiacutesico

Poreacutem este tipo de intervenccedilatildeo privilegiando a assistecircncia curativa torna-se cara para o

hospital e natildeo resolve as causas dos problemas de sauacutede que na maioria das patologias

poderia ser evitado ou controlado com mudanccedilas estruturais nos modos de agir e viver o

qual a vertente subjetiva da enfermagem poderia alcanccedilar atraveacutes da SAE

O enfermeiro eacute fundamental na engrenagem de uma instituiccedilatildeo de sauacutede No

ambiente hospitalar ele eacute o responsaacutevel pelo gerenciamento da maior equipe de

profissionais da aacuterea de sauacutede necessitando desenvolver habilidades que favoreccedilam a

conduccedilatildeo equilibrada de um grupo heterogecircneo transmitindo seguranccedila na tomada de

decisotildees (RIBEIRO SANTOS MEIRA 2006)

A lideranccedila eacute uma das habilidades que inevitavelmente o enfermeiro deveraacute

desenvolver independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais Entende-se como

lideranccedila um fenocircmeno grupal onde a influecircncia de um indiviacuteduo sobre os demais eacute

compartilhada entre os membros de um grupo envolvendo a relaccedilatildeo interpessoal a

comunicaccedilatildeo e culminando com o trabalho em equipe (SIMOtildeES FAacuteVERO 2003) Com

a lideranccedila o enfermeiro eacute capaz de fomentar as capacidades e potencialidades de cada

membro do grupo estimulando o trabalho em equipe e desta forma distribuindo as

atividades segundo a competecircncia e habilidades dos membros da equipe (CARDOSO

RAMOS DrsquoINNOCENZO 2011)

Pode-se deduzir no discurso dos enfermeiros que as rotinas as atividades do

plantatildeo aparentemente acontecem cumprindo os prazos a serem vencidos e os

atendimentos prioritaacuterios Natildeo foi possiacutevel apreender nas falas e existecircncia de um

planejamento assistencial de meacutedio e longo prazo tanto administrativo quanto

assistencial ou a delegaccedilatildeo de atividades

Dessa forma Ledesma-Delgado e Mendes (2009) acreditam que na estrutura

hospitalar as accedilotildeesinteraccedilotildees de cuidado do enfermeiro seguem rotinas padronizadas e

funccedilotildees instituiacutedas pelo meio mostrando-se elementos direcionadores da assistecircncia As

falas dos enfermeiros participantes sugerem priorizaccedilatildeo das atividades do dia essenciais

para tocar o plantatildeo

121

O processo de trabalho dos enfermeiros participantes remete sobretudo ao

cuidado com foco nos procedimentos teacutecnicos Sua ampliaccedilatildeo de modo a abarcar a

interaccedilatildeo profissional-cliente no contexto histoacuterico-social da relaccedilatildeo e da vida do paciente

coloca-se como um projeto possiacutevel mas em grande parte ainda por ser construiacutedo

(MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Esta condiccedilatildeo ainda eacute intensa no cenaacuterio da

sauacutede em virtude da manutenccedilatildeo do modelo biomeacutedico de atenccedilatildeo agrave sauacutede

Neste contexto as contribuiccedilotildees da enfermagem caracterizam-se como

sustentaccedilotildees das praacuteticas meacutedicas Compotildeem assim um trabalho complementar que

reforccedila a hegemonia meacutedica favorecendo o reconhecimento social do segundo em

detrimento do primeiro (SALVADOR et al 2015)

No iniacutecio do plantatildeo eu verifico se toda a unidade esta

organizada faccedilo a divisatildeo dos consultoacuterios de acordo com as

especialidades Faccedilo um check-up verificando se nada estaacute

faltando desde lacircmpadas ateacute os instrumentos para os exames

meacutedicos divido os funcionaacuterios por alas (E9)

Entatildeo eu organizo o espaccedilo deixo a equipe preparada para o

trabalho Faccedilo o acompanhamento da evoluccedilatildeo de todas as

mulheres do preacute-parto quando esta quase para nascer chamo o

plantonista ou o residente (E34)

Chego no meu plantatildeo observo o quadro de cirurgias faccedilo a

escala dos funcionaacuterios para o plantatildeo resolvo as necessidades

de materiais e protocolos organizo o quadro de cirurgias a

equipe meacutedica aqui eacute muito exigente (E13)

Nas falas emergem equiacutevocos sobre o real significado do cuidar indicando a

necessidade de revisar e transformar a praacutetica e consequentemente o papel do

profissional de enfermagem no sentido de imprimir nova caracteriacutestica agrave sua atuaccedilatildeo

para garantir o reconhecimento do cuidado de enfermagem

Quanto agrave concepccedilatildeo do cuidado este deve ir muito aleacutem da oferta de

procedimentos e teacutecnicas de enfermagem agrave crianccedila Sua definiccedilatildeo ainda eacute amplamente

debatida entre profissionais de sauacutede posto que enquanto alguns o consideram sinocircnimo

de assistecircncia outros o descrevem como essecircncia da profissatildeo (NEVES 2010)

Entretanto todas as correntes convergem que para a sua efetivaccedilatildeo eacute necessaacuterio o

conhecimento sobre o outro envolvendo relacionamento interpessoal e baseando-se na

122

cooperaccedilatildeo muacutetua a partir de valores humaniacutesticos e conhecimento cientiacutefico

(ZEFERINO et al2008)

Um cuidado autecircntico acontece quando profissionais da enfermagem respondem

agraves necessidades de seus clientes e agem responsavelmente ajudando a desenvolver

restaurar ou desenvolver o cuidado de si na melhor maneira possiacutevel Ao agir assim os

clientes natildeo satildeo apenas ajudados a lidarem e a enfrentarem a doenccedila e a incapacidade

mas satildeo encorajados e empoderados a continuarem em sua busca pela plenitude humana

(WALDOW 2015)

Faz-se preciso superar o modelo hegemocircnico vigente e ressignificar o cuidado a

forma de cuidar construindo conjuntamente o plano terapecircutico entre o ser cuidado os

cuidadores os familiares e os profissionais envolvidos (ZEFERINO et al2008)

As praacuteticas assistenciais que emergiram nos estratos estatildeo distantes das

encontradas no nuacutecleo central da RS ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo que apontam a

cientificidade como um aspecto estruturador do fazer do enfermeiro Este posicionamento

se afasta das discussotildees travadas nos espaccedilos acadecircmicos sugerindo novamente um

abismo entre a dimensatildeo teoacuterica do cuidado e a dimensatildeo praacutetica

Percebe-se que o saber da enfermagem fica limitado a discussotildees fechadas nos

cursos e programas de formaccedilatildeo O saber teoacuterico dissociado do fazer praacutetico contribui

para perpetuaccedilatildeo do modelo biomeacutedico e reforccedila o papel social da enfermagem como

ajudante de meacutedico o que prejudica o reconhecimento social do enfermeiro

O cuidado de enfermagem aplicado a partir do conhecimento cientiacutefico e natildeo

somente originado da prescriccedilatildeo meacutedica soacute eacute possiacutevel mediante a sistematizaccedilatildeo da

assistecircncia de enfermagem como ponto essencial na cientificidade de nossa praacutetica e na

evoluccedilatildeo da profissatildeo Esta provavelmente eacute a uacutenica possibilidade do enfermeiro atingir

sua autonomia profissional e constitui a essecircncia de sua praacutetica profissional (ANDRADE

2007)

Dessa forma as falas confirmam que a ampla visatildeo sobre as praacuteticas de

enfermagem que o enfermeiro possui pelas competecircncias que adquire no envolvimento

iacutentimo com o paciente enquanto ser de necessidade seu nuacutecleo social e suas relaccedilotildees

com o ambiente tornam-se limitadas e invisiacuteveis ao processo (NEVES 2010)

(SALVADOR et al 2015)

A praacutetica de enfermagem nos setores da pesquisa eacute composta por grupos de

profissionais de diversas especialidades com distintas atribuiccedilotildees que convergem para

123

um objetivo comum que eacute o bem-estar do paciente Foi possiacutevel deduzir que os princiacutepios

que orientam as praacuteticas assistenciais agrave crianccedila da equipe de enfermagem satildeo constituiacutedos

pelo cumprimento das demandas instituiacutedas pelo corpo meacutedico para determinado

paciente

Outro aspecto observado nas falas foi agrave insatisfaccedilatildeo dos enfermeiros com os

desdobramentos da aplicabilidade da SAE nos setores Os sentimentos de insatisfaccedilatildeo

ratificam os resultados de estudo em que enfermeiros justificaram o preenchimento

incompleto do histoacuterico de enfermagem com a falta de checagem das prescriccedilotildees de

enfermagem pelos teacutecnicos e com a alegaccedilatildeo da falta de conhecimento do funcionamento

do processo de enfermagem (NEVES 2010)

Ter um impresso especiacutefico bem dividido ajuda na hora de

dar continuidade na coleta de dados Mas ela [SAE]

precisa ter um espaccedilo maior na instituiccedilatildeo para que ela

possa representar algo Na maioria das vezes ela se

transforma em um monte de papel impresso no prontuaacuterio

do paciente que nem mesmo a proacutepria equipe de

enfermagem lecirc (E34)

Sabe eu ateacute fazia a SAE mas com o tempo fui observando

que eu estava solitaacuteria Escrevia e ningueacutem lia a

participaccedilatildeo da equipe de enfermagem era zero os

teacutecnicos natildeo realizam e os colegas enfermeiros natildeo liam ou

davam continuidade (E7)

Os estratos apresentados aproximam a realizaccedilatildeo da SAE a um sentido de

protocolo a ser cumprido obrigaccedilatildeo desprazer teacutedio e natildeo meacuterito que se traduzem no

empecilho para sua operacionalizaccedilatildeo

Atitudes de rejeiccedilatildeo resistecircncia desinteresse e desvalorizaccedilatildeo da SAE pela equipe

de enfermagem tambeacutem foram observadas em outros estudos (NEVES 2010) (DINIZ

CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SILVA SILVA VALADARES SILVA

LEITE 2015) e o natildeo incremento da fase de diagnoacutestico de enfermagem (DINIZ

CAVALCANTE OTONI MATA 2015) e a pluraridade de formulaacuterios (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) figuraram como fatores dificultadores

para seu desenvolvimento

Registros satildeo elementos imprescindiacuteveis no processo do cuidar humano e

precisam ser fidedignos a realidade observada desta forma possibilitam a reflexatildeo sobre

cada caso e a comunicaccedilatildeo entre os profissionais envolvidos na assistecircncia

124

Estudo desenvolvido acerca da qualidade dos registros de enfermagem conclui

que estes natildeo refletiam a atuaccedilatildeo dos profissionais os cuidados recebidos pelo cliente e

as suas respostas e considerou fundamental maiores investimentos na intenccedilatildeo de

solucionarminimizar os problemas identificados principalmente nas anotaccedilotildees de

enfermagem (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)

No cuidado agrave crianccedila os registros devem compreender a histoacuteria de sauacutede

pregressa o exame fiacutesico completo testes especiacuteficos para avaliaccedilatildeo da maturaccedilatildeo e

desenvolvimento dos sistemas e a busca por malformaccedilotildees Aspectos ligados a adaptaccedilatildeo

da crianccedila ao meio envolvimento dos pais no cuidado disposiccedilatildeo para brincar tambeacutem

satildeo informaccedilotildees que oferecem bases importantes para a construccedilatildeo do plano de cuidados

Impressos especiacuteficos podem auxiliar na coleta de dados pois a adequaccedilatildeo do

roteiro a cada fase do desenvolvimento infantil reduz as chances de exame superficial ou

incompleto aleacutem de otimizar o tempo de contato com o paciente e sua famiacutelia

Para tanto eacute necessaacuterio a determinaccedilatildeo de um referencial teoacuterico para nortear a

elaboraccedilatildeo desses impressos e coordenar as accedilotildees do enfermeiro Para Monteiro et al

(2014) os enfermeiros que atuam nos programas de sauacutede da crianccedila desenvolvem accedilotildees

de avaliaccedilatildeo e anaacutelise para identificar informaccedilotildees conduzir as accedilotildees e promover o

desenvolvimento dos programas todavia ainda aplicam suas competecircncias e

habilidades de forma desarticulada sem a integraccedilatildeo com um referencial teoacuterico

Eacute pertinente ressaltar que o modelo teoacuterico torna a atuaccedilatildeo de enfermagem

cientificamente coerente e planejada para o alcance das metas almejadas O conhecimento

cientiacutefico motiva a compreensatildeo dos determinantes que repercutem na sauacutede da crianccedila

para atuar de forma preditiva bem como fortalece as accedilotildees profissionais para a

recuperaccedilatildeo da sauacutede Entatildeo para se trabalhar de forma organizada e operacionalizar os

cuidados de enfermagem eacute necessaacuterio estar pautado em conhecimentos cientiacuteficos pois

viabiliza a tomada de decisatildeo no planejamento das intervenccedilotildees subsidiando o raciociacutenio

cliacutenico e criacutetico (MEDEIRO et al 2010) (SILVA et al 2011a)

Classe 4 Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

Nessa classe as palavras em destaque ldquofaltardquo ldquosecretaacuteriardquo ldquocoletardquo ldquocorreriardquo

ldquodadosrdquo e ldquotempordquo satildeo termos que retratam condiccedilotildees que podem representar fatores

125

dificultadores na prestaccedilatildeo do cuidado sistematizado Eacute sabido que a busca pela qualidade

da assistecircncia perpassa pela organizaccedilatildeo do cuidado a partir de condutas e atitudes

seguras que embasam a tomada de decisatildeo apropriada com ofertas adequadas dos

distintos recursos

O paciente e suas especificidades suas necessidades sua alta ou recuperaccedilatildeo

constituem a principal razatildeo da assistecircncia de enfermagem a qual deve portanto ser

realizada eficientemente com comprometimento de quem a desenvolve garantindo

qualidade do cuidado prestado e principalmente a satisfaccedilatildeo do paciente e seus

familiares (DONNERWHEELER 2004)

A falta de atenccedilatildeo agraves praacuteticas da gestatildeo de pessoas interfere diretamente no alcance

dos objetivos organizacionais principalmente no que tange agrave implementaccedilatildeo de

processos de qualidade A qualidade resulta de um comportamento positivo e concentrado

dos colaboradores Para alcanccedilar a excelecircncia e a consequente e desejada competitividade

no mercado as organizaccedilotildees precisam considerar atualmente que gerir pessoas significa

estimular o envolvimento e desenvolvimento das mesmas (BARBOSA MELO 2008)

Os estratos a seguir apontam fragilidades que os enfermeiros participantes

vivenciam cotidianamente e que satildeo considerados por eles pendencias que prejudicam a

qualidade da assistecircncia prestada e o desenvolvimento da SAE

Laacute fora tem setor que vocecirc fica digladiando com aluno e

residente por conta de cadeira e um lugar no computador A falta

de impressos de coleta de dados a condiccedilatildeo fiacutesica de alguns

pacientes a grande quantidade de atendimentos a falta de

secretaacuteria nos plantotildees do setor (E34)

A falta de tempo e as vezes a reduccedilatildeo do nuacutemero de funcionaacuterios

A falta de um impresso especiacutefico A falta de interesses dos

colegas enfermeiros tambeacutem contribui (E24)

O nuacutemero reduzido de funcionaacuterios A proacutepria falta de secretaacuteria

no setor eu preciso ficar pedindo para as secretaacuterias de outros

setores pedir o material que eu preciso quando natildeo vou eu

mesmo na farmaacutecia ou na central de materiais buscar (E2)

Estudos desenvolvidos por enfermeiros nos uacuteltimos anos apontam diferentes

dificuldades para a implantaccedilatildeo da SAE dentre elas destacam-se falta de conhecimento

por parte do enfermeiro acerca da metodologia de assistecircncia e modelos teoacutericos

deficiecircncia na abordagem da temaacutetica durante o curso de graduaccedilatildeo grande demanda de

126

serviccedilos burocraacuteticos e administrativos aleacutem da falta de pessoal e de recursos materiais

para o cuidado falta de articulaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica e influecircncias do modelo

biomeacutedicocartesiano (NEVES 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)

(DINIZ CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SOUZA COSTA CARNEIRO et

al 2015)

Na perspectiva da atenccedilatildeo a crianccedila hospitalizada Moreira e colaboradores (2012)

apontou como dificuldade para a desenvolver a SAE ao receacutem-nascido internado em

UTIN a falta de formulaacuterios especiacuteficos para os registros Com referecircncia agrave aplicaccedilatildeo da

SAE agrave crianccedila no serviccedilo de urgecircncia e emergecircncia a falta de espaccedilo e a existecircncia de

apenas um enfermeiro assistencial no setor com muitos pacientes criacuteticos na unidade

foram listados como dificuldades para a implementaccedilatildeo (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013) No espaccedilo da pediatria as inuacutemeras atividades teacutecnicas e

burocraacuteticas foram consideradas como fatores que dificultam muitas vezes a aproximaccedilatildeo

a uma dimensatildeo do cuidado que favoreccedila o desenvolvimento da SAE (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

As causas apontadas pelo grupo estudado representam em sua maioria problemas

conceituais estruturais e organizacionais Indicam a necessidade de reorganizaccedilatildeo dessa

metodologia de assistecircncia como uma das prioridades organizacionais destes hospitais

sobretudo por meio do investimento na estrutura fiacutesica na contrataccedilatildeo de recursos

humanos e na educaccedilatildeo permanente dos enfermeiros aleacutem de um trabalho de

conscientizaccedilatildeo para que os mesmos se envolvam efetivamente no processo de

implantaccedilatildeo dessa sistematizaccedilatildeo de modo a melhorar a qualidade do cuidado ao paciente

Florecircncio (2009) afirma que a SAE eacute um meacutetodo de trabalho que proporciona a

melhoria da qualidade da assistecircncia ao cliente atraveacutes do planejamento e aplicaccedilatildeo de

accedilotildees do serviccedilo da enfermagem Essas accedilotildees elaboradas e supervisionadas pelo

enfermeiro e aplicadas pela equipe em conjunto eacute o proacuteprio gerenciamento do cuidado

cabendo ao enfermeiro conhecer sua equipe e o perfil de seus clientes

Apesar de saber que com a implantaccedilatildeo de um Processo de Enfermagem seu

trabalho seraacute mais valorizado pois todos os entrevistados referiram que a SAE eacute ldquomuito

importante para o cuidadordquo o profissional enfermeiro natildeo demonstra muitas expectativas

nem interesse em iniciar ou dar continuidade ao trabalho de colegas

Entende-se que a praacutetica da SAE deveria ser parte do cotidiano de qualquer

enfermeiro a realidade observada atraveacutes dos estratos de falas eacute que estes profissionais

127

natildeo se conscientizaram da sua importacircncia Natildeo havendo conscientizaccedilatildeo natildeo haacute

cobranccedila e nem realizaccedilatildeo Com isso perde o paciente que deixa de participar ativamente

no cuidado voltado aos problemas que ele apresenta ou possa vir a desenvolver perde a

instituiccedilatildeo pois deixa de ofertar uma estrutura na qual as necessidades do cliente de sua

famiacutelia ou da comunidade sejam satisfeitas e tambeacutem perde o enfermeiro que deixa de

demonstrar o alcance da atividade da enfermagem pois natildeo aproveita as oportunidades

de aumentar a satisfaccedilatildeo profissional e estimular o aperfeiccediloamento cientiacutefico

Menezes Priel Pereira (2011) e Carvalho et al (2013) consideram que algumas

medidas satildeo essenciais para a implantaccedilatildeo e operacionalizaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees

de sauacutede de forma a tornar o cuidado mais efetivo com o olhar voltado para o bem-estar

do paciente como capacitaccedilatildeo profissional ou educaccedilatildeo permanente sensibilizaccedilatildeo e

envolvimento da equipe multidisciplinar atuante no setor adequaccedilatildeo do

dimensionamento da equipe de enfermagem valorizaccedilatildeo por parte da administraccedilatildeo da

instituiccedilatildeo conhecimento habilidades e atitudes pautadas no compromisso eacutetico e na

responsabilidade do cuidar do outro

Silva Moreira (2011) e Costa Fernandes Noacutebrega (2011) ainda ressaltam a

importacircncia da definiccedilatildeo de modelos teoacutericos no contexto em que a SAE estaacute inserida

considerando o perfil dos pacientes atendidos e das necessidades especiacuteficas do cuidado

a ser prestado para auxiliar o enfermeiro no estabelecimento de prioridades e no

atendimento das necessidades compreendendo que a definiccedilatildeo do referencial teoacuterico

requer reflexatildeo e discussatildeo entre a equipe de enfermagem acerca das teorias de

enfermagem para o conhecimento dos conceitos e proposiccedilotildees para identificar a teoria

compatiacutevel com a realidade que a SAE seraacute instituiacuteda

Na desmistificaccedilatildeo dessas fragilidades estaacute o sucesso ou insucesso para

implantaccedilatildeo da SAE buscando fatores-chave como apoio colaboraccedilatildeo e interesse das

chefias de enfermagem aleacutem do preparo rigoroso constante e sistemaacutetico dos

enfermeiros (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Entende-se que desta forma eacute

possiacutevel promover uma alianccedila aproximando os processos de cuidar e de administrar que

permitam constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando (SALVADOR

SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015) (SOARES RESCK CAMELO

TERRA 2016)

128

Classe 5 Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem

Nessa classe as palavras ldquomomentordquo ldquoaplicaccedilatildeordquo ldquoassimrdquo ldquoporquerdquo

ldquodiferenterdquo ldquomaneirardquo e ldquopacienterdquo juntamente dos fragmentos de falas sugerem as

possiacuteveis concepccedilotildees que o corpo de enfermeiros aponta como caminhos para melhorar

a implementaccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila dos setores estudados

O processo de enfermagem aplicado agrave crianccedila eacute desenvolvido de forma contiacutenua

dinacircmica e individualizada abrangendo as fases de coleta de dados diagnoacutestico

planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (RODRIGUES

AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA VALADARES

SILVA LEITE 2015)

A crianccedila eacute um ser com anseios proacuteprios sob tutela dos pais com particularidades

ligadas a essa fase da vida que devem ser avaliadas no contexto da sua individualidade

Este conhecimento e a visatildeo ampliada do enfermeiro para o processo sauacutede-doenccedila na

infacircncia auxiliam na abordagem das fases da SAE

Entre as situaccedilotildees que ao serem vivenciadas pela crianccedila satildeo consideradas

determinadoras de estresse encontram-se a doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo que podem fazer

com que a crianccedila e sua famiacutelia fiquem emocionalmente traumatizados em maior grau do

que estaacute fisicamente doente (RIBEIRO ANGELO 2005) Ao ser hospitalizada a crianccedila

encontra-se duplamente doente aleacutem da patologia fiacutesica ela sofre de outra doenccedila a

proacutepria hospitalizaccedilatildeo que se natildeo for adequadamente tratada deixaraacute marcas em sua

sauacutede mental (COLLET 2001)

Os discursos a seguir sugerem que para o sucesso da implementaccedilatildeo da SAE agrave

crianccedila sua famiacutelia e o enfermeiro deve atuar com sensibilidade e paciecircncia de forma a

reduzir o estresse e a anguacutestia do primeiro impacto da internaccedilatildeo hospitalar

Para avaliar uma crianccedila vocecirc precisa de tempo Pois tem o

momento certo de vocecirc abordar a crianccedila e o acompanhante

Muitas vezes a emoccedilatildeo da situaccedilatildeo pode dificultar a coleta da

informaccedilatildeo Vaacuterias vezes eacute preciso voltar na matildee para ter uma

resposta de um sistema por exemplo (E41)

Eu faccedilo assim vou aos poucos o paciente deu entrada eu vou

colher o histoacuterico o que natildeo for abordado em um primeiro

momento eu abordo em um segundo momento (E38)

Na minha opiniatildeo a melhor hora para fazer a abordagem de

coleta de informaccedilotildees eacute quando o paciente e o acompanhante

129

estatildeo calmos a condiccedilatildeo da crianccedila jaacute estaacute estaacutevel aiacute busco uma

cadeira e sento ao lado e faccedilo minhas perguntas (E27)

Busco deixar todos calmos ofereccedilo informaccedilotildees sobre o

procedimento Eacute difiacutecil instaurar a SAE muitas vezes as

perguntas do questionaacuterio satildeo pouco aplicaacuteveis para o momento

(E13)

Nas falas emergem a importacircncia da individualidade e integralidade do cuidado Eacute

importante refletir tambeacutem que cuidar de uma crianccedila doente requer do profissional aleacutem

do cuidado teacutecnico imprescindiacutevel o cuidado subjetivo que envolve a singularidade de

cada crianccedila a sua individualidade e a forma como ela expressa seus sentimentos e

emoccedilotildees (WOISKI ROCHA 2010)

Cada famiacutelia reage de um modo a internaccedilatildeo infantil desta forma o enfermeiro

deve deixar de ser apenas um realizador de cuidados teacutecnicos e passar a exercer tambeacutem

sua funccedilatildeo como facilitador da experiecircncia para a crianccedila e para seus pais o que se

constitui num desafio porque demanda numa mudanccedila do enfoque da assistecircncia de

enfermagem tecnicista e centrado na patologia para um enfoque centrado na crianccedila e na

famiacutelia (COLLET 2001) (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET

2013)

A experiecircncia estressante da hospitalizaccedilatildeo pode ser amenizada pelo fornecimento

de certas condiccedilotildees como presenccedila de familiares disponibilidade afetiva dos

trabalhadores da sauacutede informaccedilatildeo atividades recreacionais entre outras

(NASCIMENTO KC BACKES DS KOERICH MS ERDMANN 2008) Saber o

momento e forma correta de abordagem a famiacutelia eacute um fator humanizador da assistecircncia

e importante para o sucesso na instauraccedilatildeo da SAE

Conforme Noacutebrega Silva (2009) a coleta de DadosHistoacuterico de Enfermagem eacute

fase imprescindiacutevel do processo de enfermagem em que ocorre a interaccedilatildeo entre

enfermeiro e paciente para coleta de dados anamnese e exame fiacutesico Essa etapa direciona

o cuidado portanto requer habilidades e embasamento de uma teoria de enfermagem

para fundamentar a assistecircncia para a recuperaccedilatildeo da sauacutede do paciente

Esta etapa eacute parte crucial do teor cientiacutefico do processo de trabalho do enfermeiro

tornando-se indispensaacutevel o investimento dos conhecimentos teacutecnicos cientiacuteficos e

valorizaccedilatildeo desta fase do processo de enfermagem para o respaldo profissional e

desenvolvimento de um cuidado de qualidade Assim concordamos com Noacutebrega e Silva

130

(2009) quando estes afirmam que a coleta de dados natildeo pode ser um momento estaacutetico e

restrito pois ela permeia todo o processo sendo necessaacuteria inclusive para se avaliar o

diagnoacutestico de enfermagem e as accedilotildees de enfermagem ateacute se chegar agraves definiccedilotildees sobre

a condiccedilatildeo do cliente

O modo para obter informaccedilotildees relativas a estas necessidades proveacutem dentre outras

da comunicaccedilatildeo quando dados obtidos atraveacutes da interaccedilatildeo iratildeo direcionar as atividades

de enfermagem As palavras e o comportamento possuem valor significativo expressando

uma comunicaccedilatildeo desta forma tanto a linguagem verbal como a natildeo verbal influenciam

a realidade onde a crianccedila estaacute inserida mudam a percepccedilatildeo das pessoas e permitem o

estabelecimento de uma comunicaccedilatildeo efetiva (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA

2013)

No que tange agrave comunicaccedilatildeo o enfermeiro eacute um elemento articulador e integrador

por estar mais proacuteximo do paciente e detectar com mais facilidade as alteraccedilotildees que se

processam ao longo das 24 horas do dia Por isso ele deve polarizar essas interaccedilotildees e

valorizar diferentes formas de pensar a fim de vir a compreender as correlaccedilotildees e

apreender o ser humano como um ser complexo (BACKES et al 2013)

Estudos que abordam o contato da enfermagem com a crianccedila e sua famiacutelia em

ambiente hospitalar consideram a comunicaccedilatildeo um elemento integrante da qualidade de

prestaccedilatildeo do cuidado de enfermagem Reforccedilando que o enfermeiro atraveacutes da

comunicaccedilatildeo deve permitir um envolvimento seguro construtivo e compreensivo para

que a crianccedila encontre caminhos para manter as capacidades proacuteprias de sua fase de

desenvolvimento e a participar de experiecircncias que estimulem o seu crescimento (SHIN

WHITE 2005) (JANSEN SANTOS FAVERO 2010) (MARTINEZ TOCANTINS

SOUZA 2013)

Aleacutem do mais quando existe a falta de interaccedilatildeo entre pais e enfermagem a

crianccedila fica mais resistente aos cuidados e natildeo haacute cooperaccedilatildeo por parte da crianccedila

Usualmente ela fica dividida agrave espera de indicaccedilotildees natildeo verbais dos pais no tangente a

como responder ou reagir frente agraves intervenccedilotildees feitas pela equipe A aceitaccedilatildeo do

tratamento pela crianccedila estaacute diretamente ligada agrave compreensatildeo que os pais tecircm deste

processo e ao aporte afetivo fornecido pelos mesmos durante esta experiecircncia

(MARQUES etal 2014)

Neste ponto o grupo estudado demonstra compreensatildeo sobre a importacircncia da

coleta de dados e suas representaccedilotildees sobre esta fase da SAE reforccedilam que o processo

131

de comunicaccedilatildeo cuidador e cuidado natildeo eacute accedilatildeo linear acontecendo de forma articulada e

em diversos momentos da internaccedilatildeo A sensibilidade do profissional para identificar o

momento correto de intervenccedilatildeo junto agrave famiacutelia tambeacutem eacute apontado como um requisito

importante para a coleta das informaccedilotildees que satildeo base para o planejamento da assistecircncia

A qualidade dos dados coletados deve gerar potencial para diagnoacutesticos de

enfermagem coerentes e intervenccedilotildees corretas Acompanhar o estado de sauacutede da crianccedila

e traccedilar um planejamento que estimule crescimento bioloacutegico pessoal e social requer do

enfermeiro conhecimento e domiacutenio dos procedimentos que integram a consulta de

enfermagem para desempenhar um cuidar sistematizado ordenado autecircntico e soliacutecito

(RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA

VALADARES SILVA LEITE 2015)

Eacute importante visualizar na famiacutelia e particularmente na matildee a peccedila chave e

fundamental para agregar qualidade ao seu plano de cuidado pois o conhecimento das

peculiaridades fiacutesicas e emocionais da crianccedila permite agrave matildee identificar os primeiros

sinaissintomas ou reaccedilotildees apresentadas por seu filho (MARQUES etal 2014)

Aleacutem da compreensatildeo da importacircncia do contato com a famiacutelia ao momento da

coleta de dados os fragmentos de falas tambeacutem indicam que o uso de um roteiro de coleta

de dados adequado a clientela infantil eacute caminho para facilitar a implementaccedilatildeo da SAE

nos setores de atendimento agrave crianccedila Como eacute possiacutevel observar a seguir

Um instrumento melhor elaborado para que natildeo se perca tanto

tempo o aplicando e que traga espaccedilos para coletar informaccedilotildees

realmente da crianccedila eacute o caminho para o uso da SAE (E38)

O fato de vocecirc ter um instrumento que eacute o correto para aquela

fase da vida e de faacutecil visualizaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo jaacute eacute oacutetimo para o

nosso serviccedilo (E39)

Agora noacutes temos um check list mas assim ainda precisa ser

melhorado para ser realmente direcionado para a faixa etaacuteria e

desenvolvimento da crianccedila Mas ele estaacute sendo aplicado de

maneira satisfatoacuteria (E41)

Durante as entrevistas foi exposto pelos enfermeiros que nos espaccedilos em que a

pesquisa foi realizada estava em processo de implantaccedilatildeo de um novo instrumento de

coleta de dados para o atendimento a crianccedila Este impresso estava sendo testado no setor

pediatria eacute formatado segundo uma lista de checagem organizado por necessidades

132

humanas baacutesicas e era composto por cinco roteiros direcionado para as fases de

desenvolvimento infantil neonato lactante preacute-escolar escolar e adolescente

Os enfermeiros em suas falas demonstram certa confianccedila de que a reestruturaccedilatildeo

da coleta de dados ao puacuteblico infantil possa trazer benefiacutecios para a assistecircncia como a

otimizaccedilatildeo do tempo e a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees significativas para cada faixa etaacuteria

em virtude da especificidade

Estudo desenvolvido por Neves (2010) permitiu identificar que para o grupo de

enfermeiros estudados um impresso de histoacuterico de enfermagem aprofundado

padronizado e direcionado para uma clientela especiacutefica facilita o registro e a coleta de

dados do cliente reduzindo inclusive o tempo gasto pelos enfermeiros nesta etapa

Medeiros Santos Cabral (2012) reconhecem que os instrumentos especiacuteficos

favorecem a execuccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem considerando que facilita

os registros e organiza os dados Neste contexto a padronizaccedilatildeo de instrumentos para a

crianccedila promove a organizaccedilatildeo e a reduccedilatildeo da subnotificaccedilatildeo de dados sobre os cuidados

prestados e otimiza o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil

(BARBOZA BARRETO MARCON 2012)

A coleta de dados deve se constituir em um roteiro sistematizado para o

levantamento de sinais e sintomas do ser humano ser significativo para o enfermeiro e

para o cliente e possibilitar o estabelecimento dos diagnoacutesticos de enfermagem das metas

e dos objetivos a prescriccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem deve viabilizar a interaccedilatildeo

enfermeiro cliente e um cuidado profissional que forneccedila dados que suscitem hipoacuteteses

para o desenvolvimento de pesquisas colaborando com os conhecimentos proacuteprios da

profissatildeo (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS 2006) A estrutura do instrumento

de coleta deve retratar o referencial teoacuterico adotado a dinacircmica do serviccedilo o padratildeo de

organizaccedilatildeo da assistecircncia e a especificidade da clientela assistida (CHIZZOTTI 1991)

Como a faixa etaacuteria classificada como crianccedila de acordo com o Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente permite conglomerar indiviacuteduos de um a treze anos de idade eacute

importante tambeacutem que estes instrumentos possam respeitando o grau de

desenvolvimento cognitivo favorecer a participaccedilatildeo efetiva do grupo em seu inqueacuterito de

sauacutede Incluir a crianccedila neste momento compartilhar a responsabilidade nas decisotildees

relacionadas com a sua condiccedilatildeo fiacutesica fortalece sua autonomia a transformando em

sujeito ativo do seu processo sauacutede- doenccedila e valorizando suas pontuaccedilotildees acerca da vida

133

Estudos demonstram que as crianccedilas conseguem descrever as formas como satildeo

abordadas para a realizaccedilatildeo dos procedimentos e identificar como fundamentais as

explicaccedilotildees recebidas pois entenderam que natildeo deviam permanecer com duacutevidas (SHIN

H WHITE-TRAUT 2005) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

(SANTOS et al 2015) Outro estudo desenvolvido com crianccedilas na faixa etaacuteria de

escolar conclui que este grupo etaacuterio manifestou natildeo gostar quando os profissionais natildeo

conversam com eles natildeo os orientam quanto aos procedimentos que seratildeo realizados e

falam de forma imperativa para permanecerem parados (SANTOS et al2015)

Com base no exposto eacute possiacutevel afirmar que as crianccedilas satildeo as melhores fontes

de informaccedilatildeo sobre suas experiecircncias e sentimentos Elas podem expressar seus

pensamentos de diferentes formas (verbal e natildeo verbal) e para tanto eacute necessaacuterio o

enfermeiro adentrar o universo infantil utilizando estrateacutegias de aproximaccedilatildeo adequadas

para cada faixa etaacuteria como por exemplo o brinquedo terapecircutico rodas de conversas de

forma a estimular e permitir que expressem as situaccedilotildees por elas vivenciadas

Os enfermeiros participantes tambeacutem sugerem como estrateacutegia para otimizar a

SAE no cuidado a crianccedila o desenvolvimento de cursostreinamentos de orientaccedilatildeo para

o uso do novo instrumento de coleta de dados pela gestatildeo hospitalar

A gerencia vai precisar organizar um treinamento para orientar

e ateacute conscientizar todo o hospital para a importacircncia desse novo

checklist(E38)

Por ser uma estrateacutegia nova acho que seraacute importante a

realizaccedilatildeo de treinamento curso palestra para orientar como

deve ser a implementaccedilatildeo e para tirar duacutevidas mesmo (E41)

Este instrumento eacute bem diferente para mim Acredito que a

educaccedilatildeo permanente precisa olhar com maior atenccedilatildeo para o

grupo que esta aqui na ponta senatildeo acho que sem um curso ou

orientaccedilatildeo mais direta natildeo vai ter sucesso natildeo (E39)

Kobayashi e Leite (2010) afirmam que lacunas na gestatildeo de recursos humanos

alteraccedilotildees do contexto produtivo e mudanccedilas tecnoloacutegicas geram desequiliacutebrios entre

qualificaccedilotildees e trabalho Portanto os profissionais devem investir de forma contiacutenua em

qualificaccedilotildees e atualizaccedilotildees para o desenvolvimento de competecircncias Diante desta

realidade eacute mister a necessidade de investimentos na educaccedilatildeo continuada para suprir as

dificuldades e qualificar os profissionais

134

O processo educativo em serviccedilo representa um dispositivo imprescindiacutevel para a

qualificaccedilatildeo da equipe de Enfermagem na medida em que agrega conhecimento e

seguranccedila ao profissional possibilitando que ele atue de forma competente colaborativa

e independente o que consequentemente causa impacto na qualidade do atendimento

(CUCOLO PERROCA 2015)

Essa estrateacutegia favorece a conquista da excelecircncia no processo de SAE sendo

necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de treinamentos para a equipe de enfermagem e o apoio

da instituiccedilatildeo Tal investimento requer o envolvimento de toda a equipe compreendendo

que a capacitaccedilatildeo gera benefiacutecios para os enfermeiros pacientes e instituiccedilatildeo (NEVES

SHIMIZU 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)

Para que transformaccedilotildees na praacutetica da SAE agrave sauacutede da crianccedila aconteccedilam eacute

necessaacuterio que as dificuldades relacionadas agrave sua operacionalizaccedilatildeo sejam conhecidas por

todos ou seja a desorganizaccedilatildeo do trabalho em grupo o desconhecimento teoacuterico dos

profissionais sobre as etapas do processo a deficiecircncia do serviccedilo de educaccedilatildeo

permanente e o nuacutemero reduzido de recursos humanos para sua aplicaccedilatildeo (SOARES

RESCK CAMELO TERRA 2016)

Sendo assim as RS desse eixo evidenciam maior aproximaccedilatildeo com o conceito de

tratar distanciando-se do conceito de cuidar As praacuteticas assistenciais de enfermagem satildeo

desenvolvidas segundo as solicitaccedilotildees meacutedicas Diante das dificuldades cotidianas para a

real implementaccedilatildeo do processo de enfermagem estatildeo fragilidades relativas ao pouco

conhecimento da metodologia pouco envolvimento da equipe de enfermagem e deacuteficit

de recursos materiais Satildeo representaccedilotildees levantadas pelo grupo como estrateacutegias de

aproximaccedilatildeo da SAE ao cuidado da crianccedilas a abordagem e comunicaccedilatildeo respeitando o

momento familiar o uso de instrumento de coleta de dados especiacutefico e por fase de

crescimento e desenvolvimento aleacutem de treinamento e cursos operacionalizados pela

educaccedilatildeo permanente do hospital

135

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Neste estudo procurou-se a partir da apreensatildeo e anaacutelise das RS da SAE

construiacutedas por enfermeiros que cuidam de crianccedilas explorar o conhecimento destes e

sua aplicaccedilatildeo na praacutetica cotidiana

Na primeira etapa do estudo foi possiacutevel identificar que o grupo social que

prestava cuidados a crianccedilas nos dois campos de estudo no periacuteodo desta pesquisa era

formado por adultos jovens com a idade meacutedia em torno de 335 anos de idade quase que

predominantemente do sexo feminino (933) Foram graduados em cinco anos pela

instituiccedilatildeo puacuteblica estadual de Mato Grosso (622) sendo a especializaccedilatildeo no formato

lato sensu a maior titulaccedilatildeo do grupo (622)

Noventa e cinco porcento (955) dos participantes jaacute possuiacutea viacutenculo

empregatiacutecio com o hospital a mais de 12 meses todos jaacute estavam no mesmo setor de

atendimento agrave crianccedila por no miacutenimo seis meses sendo que cerca de 155 atuavam no

mesmo setor de assistecircncia agrave crianccedila pelo tempo maacuteximo de um ano

Percebeu-se assim que a forccedila de trabalho que desenvolve o cuidado agrave crianccedila eacute

constituiacuteda predominantemente por um grupo social do sexo feminino jovem e

qualificado sendo o perfil dos envolvidos proacuteximos a tendecircncia de recursos humanos de

outras regiotildees do estado e paiacutes

Na segunda etapa do trabalho aprendeu-se que a estrutura das RS relacionadas a

SAE tem como nuacutecleo central o cuidado de enfermagem sendo esta representaccedilatildeo

sustentada e organizada por duas periferias formadas pelos termos planejamento e

qualidade primeira periferia e assistecircncia compromisso processo e responsabilidade

formando a segunda periferia todas em consonacircncia com a raiz essencial do termo

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo estabelecendo relaccedilatildeo proximal com as

dinacircmicas e estrateacutegias necessaacuterias para o desenvolvimento do cuidado bem como

fortalecendo a importacircncia deste

A estrutura da RS relativas a ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagemrdquo tem o nuacutecleo central representado pelas palavras

conhecimento humanizaccedilatildeo e importante refletindo o entendimento do grupo sobre as

funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Desta forma o nuacutecleo

central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura atraveacutes do reconhecimento pelo

grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento especiacutefico da profissatildeo que permite

ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica cientiacutefica e humanizada

136

Esta representaccedilatildeo eacute sustentada na primeira periferia pelos termos planejamento

rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo que remete agrave dimensatildeo praacutetica da SAE ou seja o

desenvolvimento do processo de enfermagem E na segunda periferia pelos termos

ciecircncia e lideranccedila As palavras expressam um posicionamento positivo dos enfermeiros

a esta metodologia valorizando aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como

requisitos importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila

As estruturas das duas representaccedilotildees satildeo proacuteximas dos conceitos formados ainda

na academia fortalecida nos aspectos eacuteticos teoacutericos e estruturais que organizam este

processo se afastando da realidade vivenciada nos espaccedilos de atendimento a crianccedila Este

fato deve despertar a reflexatildeo e anaacutelise criacutetica sobre a SAE agrave crianccedila desenvolvida pelo

grupo social em virtude da aproximaccedilatildeo dos conceitos de uma praacutetica politicamente

correta distante das realidades vivenciadas nos espaccedilos de sauacutede

Nesta etapa o estudo traz implicaccedilotildees importantes para as accedilotildees de enfermagem

destinadas agrave crianccedilas visto que ilustra questotildees referentes ao desenvolvimento de

competecircncias que envolvem a assistecircncia dos enfermeiros como por exemplo a

autocriacutetica desta forma a compreensatildeo das deficiecircncias que normalmente se encontram

nos espaccedilos de sauacutede auxiliariam a preparar o cuidado agrave crianccedila com base nestas

fragilidades esta conduta de aproximaccedilatildeo da realidade tende a refletir em resultados

positivos para a crianccedila famiacutelia e enfermagem

Na terceira parte do estudo os resultados que emergiram indicam que para os

enfermeiros entrevistados as RS relacionadas agrave SAE foram inicialmente forjadas durante

o periacuteodo da graduaccedilatildeo e se organizaram em torno da argumentaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo do

cuidado de enfermagem Apreendeu-se de forma consensual que os enfermeiros

conhecem a operacionalizaccedilatildeo da SAE e que classificam-na como um importante meacutetodo

de organizaccedilatildeo e planejamento das accedilotildees de enfermagem

Poreacutem no cotidiano profissional ela eacute compartilhada a partir de aproximaccedilotildees e

distanciamentos teoacutericos natildeo favorecendo que este conhecimento tenha um objetivo

praacutetico nas intervenccedilotildees das cliacutenicas As representaccedilotildees da dimensatildeo do conhecimento

natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a existecircncia de

importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees ou seja entre a valoraccedilatildeo do saber e a

qualidade do fazer desenvolvido no cotidiano

Dessa forma as discrepacircncias teoacuterico-praacuteticas natildeo contribuem para a construccedilatildeo

de uma realidade capaz de valorizar a praacutetica do cuidado de enfermagem agrave crianccedila pois

137

natildeo satildeo capazes de conferir autonomia profissional qualificar o cuidado implementar as

mudanccedilas de paradigma do cuidado requeridos na modernidade pela pediatria

Considerando as relaccedilotildees existentes entre as representaccedilotildees do saber e as

representaccedilotildees das praacuteticas e a influecircncia mutua entre uma e outra Pode-se dizer que o

saber sobre a SAE percebido como ciecircncia e meacutetodo importante para a valorizaccedilatildeo

profissional e que as praacuteticas exercidas influenciam na representaccedilatildeo que o grupo possui

da SAE delimitando e conformando as accedilotildees de cuidado prestado as crianccedilas

As RS revelaram que os enfermeiros dos diferentes cenaacuterios reconhecem as

lacunas que comprometem o desenvolvimento da SAE no cuidado agrave crianccedila fator

positivo por favorecer o desenvolvimento de estrateacutegias no acircmbito de trabalho para a

superaccedilatildeo das dificuldades vivenciadas e contribuir na assistecircncia Sendo assim

considera-se viaacutevel a integraccedilatildeo entre os envolvidos nesse processo compreendendo a

amplitude dos aspectos que emergiram

Outro ponto a ser instigado eacute a compreensatildeo da responsabilidade compartilhada

no desenvolvimento da SAE uma vez que os caminhos para a superaccedilatildeo das dificuldades

abrangem todos os participantes do estudo Somente desta forma seraacute possiacutevel a praacutetica

assistencial organizada e humanizada com a individualizaccedilatildeo do cuidado com o

planejamento das accedilotildees e a geraccedilatildeo de conhecimento a partir da praacutetica de enfermagem

A discrepacircncia observada entre a representaccedilatildeo da dimensatildeo do conhecimento e

a dimensatildeo praacutetica denunciam a imperatividade de reimprimir a marca do cuidado dentro

desses espaccedilos de atenccedilatildeo agrave crianccedila Urge entre os enfermeiros a necessidade de

incrementar a representaccedilatildeo forjada da SAE em suas atividades diaacuterias afim de resgatar

e manter sua identidade e a valorizaccedilatildeo do trabalho da enfermagem

Ressalta-se que a aplicaccedilatildeo da SAE no atendimento infantil contribui de maneira

positiva para o acolhimento efetivo da crianccedila e sua famiacutelia na trajetoacuteria da internaccedilatildeo

hospitalar Percebe-se a importacircncia da compreensatildeo do cuidado como praacutexis do

enfermeiro e do aprimoramento do conhecimento cientiacutefico como estrateacutegia de ampliaccedilatildeo

da autonomia profissional

Destaca-se como limitaccedilatildeo deste estudo a inclusatildeo apenas de profissionais

enfermeiros condiccedilatildeo que pode limitar a compreensatildeo do fenocircmeno estudado e natildeo

permitir explorar os conceitos construiacutedos pelos demais integrantes da equipe de

enfermagem como por exemplo os teacutecnicos de enfermagem que no cotidiano de trabalho

contribuem com a RS da praacutetica do cuidado

138

Embora ciente de que uma investigaccedilatildeo desta natureza natildeo se presta a obtenccedilatildeo

de resultados conclusivos espera-se ter contribuiacutedo para o aclaramento deste importante

construto da ciecircncia da Enfermagem Espera-se que os resultados deste estudo possam

contribuir para a necessidade de repensar a praacutetica de enfermagem tendo em vista a

possibilidade de ampliar as discussotildees relacionadas ao cuidado sistematizado a crianccedilas

Vislumbra-se a possibilidade de investimentos em treinamentos e construccedilatildeo de

instrumentos de trabalho especiacuteficos para esta clientela que aproximem as demandas

diaacuterias ao meacutetodo cientifico de planejamento do trabalho

139

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APEcircNDICE A ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa A sua

decisatildeo de participar ou natildeo eacute uma decisatildeo sua Por favor natildeo se apresse em tomar a

decisatildeo Leia cuidadosamente as informaccedilotildees a seguir Este estudo estaacute sendo conduzido

pela Enf Ms CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr

ELIOENAI DORNELLES ALVES e coorientaccedilatildeo da Prof Dra Moema Borges Os

resultados da pesquisa seratildeo analisados e publicados mas sua identidade natildeo seraacute

divulgada sendo guardada em sigilo Natildeo existem riscos ou ressarcimentos associados a

sua participaccedilatildeo neste estudo

Apoacutes ser esclarecido(a) sobre as informaccedilotildees a seguir no caso de aceitar fazer parte do

estudo assine ao final deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra

eacute do pesquisador responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado (a) de forma

alguma

ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA

Tiacutetulo do projeto Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em

Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT

Pesquisadores responsaacuteveis Elioenai Dornelles Alves e Carolina Sampaio de Oliveira

InstituiccedilatildeoDepartamento Universidade de Brasiacutelia ndash UnB Departamento de

Enfermagem Telefones para contato (61) 3107-1976

A pesquisa possui parecer favoraacutevel do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade

Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) Tem como objetivo Conhecer as representaccedilotildees

sociais a cerca da SAE entre enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em dois

hospitais escolas da cidade de Caacuteceres MT afim de refletir sobre a importacircncia do

emprego da SAE no planejamento das accedilotildees de enfermagemOptou-se pela pesquisa

descritiva e exploratoacuteria com abordagem qualitativa O universo do estudo seratildeo as

profissionais enfermeiros (as) que trabalham na assistecircncia agrave crianccedila

Seraacute garantido o acesso a pesquisa em qualquer etapa do estudo vocecirc teraacute acesso aos

pesquisadores responsaacuteveis para esclarecimento de eventuais duacutevidas Se vocecirc tiver

alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc

de Eacutetica em Pesquisa (CEP) da UNEMAT pelo telefone (65) 3221 0000 ou pelo e-mail

cepunematbr

Se vocecirc concordar em participar do estudo seu nome e identidade seratildeo mantidos em

sigilo Ressalta-se que a presente pesquisa natildeo traraacute risco prejuiacutezos desconfortos ou

lesotildees Natildeo existe para esta pesquisa indenizaccedilotildees ou formas de ressarcimento Vocecirc tem

o direito de retirar o consentimento a qualquer momento da pesquisa

162

Consentimento de participaccedilatildeo da pessoa como sujeito

Eu ______________________________________________RGCPF

____________________ abaixo assinado fui suficientemente informado sobre as

informaccedilotildees que eu li sobre o presente estudo ldquoRepresentaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermagem de enfermeiros que prestam cuidado agrave crianccedila em

hospitais escolas da regiatildeo de Caacuteceres ndash MTrdquoe concordo em participar do estudo como

sujeito Eu discuti com as pesquisadoras sobre a minha decisatildeo em participar nesse

estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os procedimentos a

serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes Concordo voluntariamente em participar deste estudo e

poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento antes ou durante o mesmo sem

penalidades ou prejuiacutezo

Caacuteceres _____de __________________de 20___

_____________________________________

Assinatura do participante

____________________________________

Assinatura do pesquisador

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e Esclarecido deste

sujeito de pesquisa ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo

Caacuteceres ______ de ____________ de 20_____

______________________________________

Carolina Sampaio de Oliveira

CPF834 627671 - 00

Pesquisadora responsaacutevel

163

APEcircNDICE B ndash ROTEIRO PARA A ENTREVISTA

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

TIacuteTULO DO ESTUDO Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em

Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT

ROTEIRO PARA ENTREVISTA

Solicitamos que responda de forma espontacircnea as perguntas a baixo O anonimato de todas as

suas falas seraacute garantido por meio da natildeo identificaccedilatildeo dos depoentes o registro das entrevistas

seratildeo destinados apenas para fins de investigaccedilatildeo cientiacutefica

Sujeito _____________________________________ Coacutedigo ______________________

Data ______________________

Idade _____________________

Sexo______________________

Tempo de serviccedilo na Instituiccedilatildeo ____________________

Tempo de serviccedilo no setor de atendimento agrave crianccedila _________________

Titulaccedilatildeo ______________________

1- Qual o seu conhecimento sobre a SAE

1a- Qual o seu primeiro contato com a SAE

2- Como e onde vocecirc ouviu falar sobre a SAE

2 a-Fale sobre a sua rotina de trabalho

2 b- Vocecirc utiliza a SAE na sua rotina de trabalho

2 c- Relate como eacute a rotina do setor em relaccedilatildeo a SAE

3- Fale sobre sua experiecircncia com a SAE

4- Vocecirc considera que a SAE favorece o cuidado de enfermagem

5- Na sua opiniatildeo quais satildeo os aspectos que facilitam a implementaccedilatildeo da SAE no seu

cotidiano de trabalho

6- E os que dificultam

164

APEcircNDICE C - TESTE DE ASSOCIACcedilAtildeO LIVRE DE PALAVRAS

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

APEcircNDICE C

Sujeito_______________________________________ Coacutedigo_____________

Data_______________________________

Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoSistematizaccedilatildeo

da assistecircncia de Enfermagemrdquo

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoAtuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAErdquo

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

A- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que

melhor expressem Sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de Enfermagem

(1ordm Lugar) _____________________________________

(2ordm Lugar)_____________________________________

(3ordm Lugar)_____________________________________

B- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que

melhor expressem Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE

(1ordm Lugar) _____________________________________

(2ordm Lugar)_____________________________________

(3ordm Lugar)_____________________________________

165

ANEXO 1

166

167

5

AGRADECIMENTO

A Deus pela sabedoria por iluminar o meu caminho e colocar pessoas tatildeo especiais em

minha vida A Universidade de Brasiacutelia e ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Enfermagem pela oportunidade de crescimento intelectual e profissional Agrave Profa Dra

Moema da Silva Borges minha eterna gratidatildeo pelo incentivo dedicaccedilatildeo paciecircncia e

sabedoria durante toda a construccedilatildeo desta pesquisa Aos membros da Banca Examinadora

pela disponibilidade e valiosas contribuiccedilotildees Aos meus pais que amo muito por terem

me guiado para o caminho certo e acreditarem em meu potencial Obrigada pela estrutura

familiar e pela educaccedilatildeo base para minha vida Ao meu marido Leandro Martins meu

grande companheiro pelo amor e apoio incondicional Por sempre me motivar a enfrentar

os desafios Aos meus filhos Gabriela e Eduardo pelos sorrisos abraccedilos e cheirinhos que

me motivam a ser melhor a cada dia A minha querida Tia Ivonir (in memorian) e primas

Josiane e Ivonise pelo constante apoio em Brasiacutelia Ao querido amigo professor Dr

Elioenai D Alves (in memorian) e sua famiacutelia pelo carinho incentivo amizade e trocas

de experiecircncias A todos que contribuiacuteram de alguma forma para a construccedilatildeo deste

sonho meus sinceros agradecimentos Muito obrigada a todos

6

[] nada eacute fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha []

Gaston Bachelard

7

RESUMO

OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas 2017 n 167 folhas Tese

(Doutorado) ndash Departamento de Enfermagem Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede

Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2017

Este estudo teve como objetivo conhecer as Representaccedilotildees Sociais de enfermeiros que

cuidam de crianccedilas hospitalizadas sobre a sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem

em dois hospitais escola da regiatildeo oeste de Mato Grosso Trata-se de um estudo

qualitativo descritivo e exploratoacuterio com base na Teoria das Representaccedilotildees Sociais de

Serge Moscovici realizado com 45 enfermeiros que atuavam na assistecircncia agrave crianccedila

hospitalizada Na coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos o primeiro foi

constituiacutedo por duas partes um questionaacuterio que possibilitou a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos

e um questionaacuterio semiestruturado que viabilizou a entrevista No segundo utilizou-se a

teacutecnica de associaccedilatildeo livre de palavras (TALP) Para anaacutelise dos dados realizou-se a

caracterizaccedilatildeo dos sujeitos utilizando o software Excel 2007 onde foi possiacutevel constatar

que os participantes eram adultos jovens predominantemente do sexo feminino e com

matildeo- de- obra qualificada Na segunda etapa o produto proveniente da teacutecnica de

associaccedilatildeo livre de palavras foi analisado pelo software EVOC que organizou as

evocaccedilotildees e apontou o provaacutevel nuacutecleo central da representaccedilatildeo social a partir de dois

estiacutemulos Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do Enfermeiro na

SAE Pode-se apreender que frente agrave primeira expressatildeo indutora os sujeitos evocaram

mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo que refletem a

dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem no atendimento agrave crianccedila sendo o proacuteprio cuidado o

provaacutevel nuacutecleo central que estrutura a representaccedilatildeo e remete a verdadeira competecircncia

do enfermeiro Para expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante

constituiacuteram o provaacutevel nuacutecleo central refletindo o entendimento do grupo sobre as

funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Na terceira etapa os

conteuacutedos verbais provenientes das entrevistas foram analisados utilizando o software

Alceste Da anaacutelise emergiram dois eixos que organizaram o conteuacutedo das representaccedilotildees

sociais dos participantes do estudo O primeiro eixo foi composto por uma classe e fez

referecircncia a dimensatildeo teoacuterica sobre a SAE O segundo eixo foi organizado por quatro

classe e faz menccedilatildeo a dimensatildeo praacutetica da SAE Aprendeu-se que as representaccedilotildees

teoacutericas natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a

existecircncia de importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees dessas duas dimensotildees

Essas representaccedilotildees natildeo contribuem para o estabelecimento de uma realidade capaz de

valorizar o cuidado de enfermagem pois natildeo satildeo capazes de conferir autonomia

profissional qualificar o cuidado e implementar mudanccedilas de paradigmas requeridos na

modernidade pela pediatria

Palavras chaves Cuidado sauacutede da crianccedila representaccedilatildeo social Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem

8

ABSTRACT

OLIVEIRA Carolina Sampaio Social Representations About the Systematization of

Care of Nurses Caring for Children 2017 167 leaves Thesis (Doctorate) - Department

of Nursing Faculty of Health Sciences University of Brasiacutelia Brasiacutelia 2017

This study aimed to know the Social Representations of nurses who care for hospitalized

children about the systematization of nursing care in two school hospitals in the western

region of Mato Grosso This is a qualitative descriptive and exploratory study based on

Serge Moscovicis Theory of Social Representations carried out with 45 nurses who

worked in the care of hospitalized children Two instruments were used in the data

collection the first one consisted of two parts a questionnaire that enabled the

characterization of the subjects and a semi-structured questionnaire that enabled the

interview In the second the technique of free association of words (TALP) was used

Data analysis was performed to characterize the subjects using the software Excel 2007

where it was possible to verify that the participants were young adults predominantly

female and with skilled labor In the second stage the product from the free word

association technique was analyzed by the EVOC software which organized the

evocations and pointed out the probable central nucleus of the social representation from

two stimuli Systematization of Nursing Assistance and Nursing Work at SAE It can be

understood that in the face of the first inductive expression the subjects more readily

evoked the words care nursing and organization which reflect the dimension of nursing

actions in the care of the child being care itself the probable central nucleus that structures

the representation And refers to the true competence of the nurse For the inductive

expression Nursing Work in Nursing Care Systematization the words knowledge

humanization and important constituted the probable central nucleus reflecting the

groups understanding of the functions developed by the nurse in systematizing care In

the third stage the verbal contents from the interviews were analyzed using Alceste

software From the analysis emerged two axes that organized the content of the social

representations of the study participants The first axis was composed of a class and

referred to the theoretical dimension on SAE The second axis was organized by four

classes and mentions the practical dimension of SAE It was learned that the theoretical

representations do not seem sufficient to anchor the care practice pointing out the

existence of important discrepancies between the representations of these two

dimensions These representations do not contribute to the establishment of a reality

capable of valuing nursing care since they are not capable of conferring professional

autonomy qualifying care and implementing paradigm changes required in modernity by

pediatrics

Keywords Care child health social representation nurse care sistematization

9

RESUMEM

OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaciones Sociales Acerca de la Sistematizacioacuten

de la asistencia de enfermeros que cuidan a los nintildeos 2017 n 167 hojas Tesis (Doctorado)

- Departamento de Enfermeriacutea de la Facultad de Ciencias de la Salud Universidad de

Brasilia Brasilia 2017

Este estudio tuvo como objetivo conocer las Representaciones Sociales de enfermeros

que cuidan de nintildeos hospitalizados sobre la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea

en dos hospitales escolares de la regioacuten oeste de Mato Grosso Se trata de un estudio

cualitativo descriptivo y exploratorio basado en la Teoriacutea de las Representaciones

Sociales de Serge Moscovici realizado con 45 enfermeros que actuaban en la asistencia

al nintildeo hospitalizado En la recoleccioacuten de los datos se utilizaron dos instrumentos el

primero fue constituido por dos partes un cuestionario que posibilitoacute la caracterizacioacuten

de los sujetos y un cuestionario semiestructurado que viabilizoacute la entrevista En el

segundo se utilizoacute la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras (TALP) Para el anaacutelisis de

los datos se realizoacute la caracterizacioacuten de los sujetos utilizando el software Excel 2007

donde fue posible constatar que los participantes eran adultos joacutevenes

predominantemente del sexo femenino y con mano de obra calificada En la segunda

etapa el producto proveniente de la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras fue analizado

por el software EVOC que organizoacute las evocaciones y apuntoacute el probable nuacutecleo central

de la representacioacuten social a partir de dos estiacutemulos Sistematizacioacuten de la Asistencia de

Enfermeriacutea y Actuacioacuten del Enfermero en la SAE Se puede aprehender que frente a la

primera expresioacuten inductora los sujetos evocaron maacutes prontamente las palabras cuidado

enfermeriacutea y organizacioacuten que reflejan la dimensioacuten de las acciones de enfermeriacutea en la

atencioacuten al nintildeo siendo el propio cuidado el probable nuacutecleo central que estructura la

representacioacuten Y remite la verdadera competencia del enfermero Para expresioacuten

inductora Actuacioacuten del enfermero en la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea

las palabras conocimiento humanizacioacuten e importante constituyeron el probable nuacutecleo

central reflejando el entendimiento del grupo sobre las funciones desarrolladas por el

enfermero al sistematizar el cuidado En la tercera etapa los contenidos verbales

provenientes de las entrevistas fueron analizados utilizando el software Alceste En el

anaacutelisis surgieron dos ejes que organizaron el contenido de las representaciones sociales

de los participantes del estudio El primer eje fue compuesto por una clase e hizo

referencia a la dimensioacuten teoacuterica sobre la SAE El segundo eje fue organizado por cuatro

clases y hace mencioacuten la dimensioacuten praacutectica de la SAE Se ha aprendido que las

representaciones teoacutericas no parecen suficientes para anclar la praacutectica asistencial

sentildealando la existencia de importantes discrepancias entre las representaciones de esas

dos dimensiones Estas representaciones no contribuyen al establecimiento de una

realidad capaz de valorar el cuidado de enfermeriacutea pues no son capaces de conferir

autonomiacutea profesional calificar el cuidado e implementar cambios de paradigmas

requeridos en la modernidad por la pediatriacutea

Palabras clave cuidado salud infantil representacioacuten social sistematizacioacuten de la

asistencia de enfermeriacutea

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 A natureza dos cuidados ldquocarerdquo por Colliegravere 199928

Quadro 2 Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989) 32

Quadro 3 Caracteriacutesticas das Abordagens de Assistecircncia agrave Crianccedila 55

Quadro 4 Caracteriacutesticas do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico 72

Quadro 5 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 89

Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do

Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 96

11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta

41

Figura 2 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Alfaro - Levefre 43

Figura 3 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo88

Figura 4 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoAtuaccedilatildeo do enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 95

Figura 5 Dendograma do corpus das representaccedilotildees sociais da SAE organizado em cinco

classes e dois eixos 104

Figura 6 Dendograma com os tiacutetulos dos eixos e classes das dimensotildees juntamente com

as palavras destacadas 105

12

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na instituiccedilatildeo

Caacuteceres ndashMT201585

Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo setor de

atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015 87

13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash MT2015

84

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes

12345 geradas pelo Alceste 104

14

LISTA DE SIGLAS

AFC Anaacutelise Fatorial de Correspondecircncia

ALCESTE Anaacutelise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de um Texto

ANVAR Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo agrave Pesquisa

CEPUNEMAT Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade do Estado de Mato

Grosso

CHD Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente

CNRS Centro Nacional Francecircs de Pesquisa Cientifica

CNS Conselho Nacional de Sauacutede

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

COREN Conselho Regional de Enfermagem

DCNENF Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem

EVOC Ensemble de Programm EspermettantlrsquoAnalyse decircs Evocations

MAE Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem

MS Ministeacuterio da Sauacutede

PE Processo de Enfermagem

RS Representaccedilotildees Sociais

SAE Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TALP Teste de Anaacutelise de Palavras

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TRS Teoria da Representaccedilatildeo Social

UCE Unidades de Contexto Elementar

UCI Unidade de Contexto Inicial

UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso

UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

UTIP Unidade de Terapia Intensiva Pediaacutetrica

15

SUMAacuteRIO

Apresentaccedilatildeo17

Introduccedilatildeo 19

1 Revisatildeo de Literatura 24

11 O Cuidado de Enfermagem 24

12 Trajetoacuteria de Construccedilatildeo de um Meacutetodo Sistematizado 29

13 A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem no Brasil ndash Aspectos Legais

35

14 Estrutura e Organizaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 37

141 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem 39

15 Dificuldades para a Implantaccedilatildeo e Desenvolvimento da SAE 45

16 A Evoluccedilatildeo do cuidado agrave Crianccedila 49

161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila 57

162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila 59

2 Referencial Teoacuterico 63

21 A teoria das Representaccedilotildees Sociais - Origem Conceitos e Definiccedilotildees 63

212 Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e Ancoragem

66

213 A Teoria do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico em Representaccedilotildees Sociais 69

3 Meacutetodo 73

31 Tipo de Estudo 73

32 Local de Estudo 73

33 Sujeitos de Estudo 75

34 Coleta de Dados 76

35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados 77

36 Aspectos Eacuteticos 81

4 Resultados e Discussatildeo 83

41 Conhecendo os Enfermeiros do Estudo que Cuidam de Crianccedilas

83

4 2 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas

88

16

421 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor

SAE88

422 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo

do Enfermeiro na SAE94

43 Conhecendo o conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem 103

44 As Dimensotildees do conhecimento e Praacutetica da SAE agrave Crianccedila Hospitalizada 106

441 Eixo 1 A Dimensatildeo do conhecimento sobre a SAE 106

442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a SAE 113

5 Consideraccedilotildees Finais 135

Referecircncias 139

Apecircndice A ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 161

Apecircndice B ndash Roteiro para Entrevista 163

Apecircndice C ndash Teste de Associaccedilatildeo Livre de Palavras 164

Anexo 1 - Parecer Consubstanciado do CEP 167

17

APRESENTACcedilAtildeO

Meu interesse pelo cuidado agrave crianccedila foi despertado ainda durante minha

formaccedilatildeo acadecircmica Em primeiro lugar foi minha paixatildeo despertada por meio das

especificidades da disciplina Sauacutede da Crianccedila aproximando a razatildeo da ciecircncia com a

emoccedilatildeo e a vibraccedilatildeo do luacutedico depois foi minha primeira aacuterea de experiecircncia

profissional onde cresci como enfermeira conquistei espaccedilos e fiz viacutenculos que se

projetam em minha trajetoacuteria profissional

A possibilidade de fazer parte da vida de uma crianccedila acompanhando seu

crescimento e desenvolvimento prevenindo doenccedilas e assistindo a famiacutelia durante as

dificuldades do processo sauacutede doenccedila eacute o que me fascina e manteacutem neste campo de

atuaccedilatildeo ateacute o momento

Hoje como docente me dedico a preparar meus alunos para se sensibilizarem e

realizarem um cuidado de enfermagem diferenciado a esta clientela individualizado e

organizado em um projeto terapecircutico que inclui a famiacutelia como parte integrante e

responsaacutevel pelo processo Uma das estrateacutegias que utilizo para atingir este propoacutesito eacute o

estiacutemulo a praacutetica do cuidado baseado no planejamento das accedilotildees de forma a atender as

necessidades especiacuteficas de cada crianccedila reduzindo o estresse relacionado ao processo

de adoecimento e internaccedilatildeo

Nessa linha argumentativa vislumbro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem (SAE) o caminho que o enfermeiro possui natildeo soacute para a humanizaccedilatildeo do

cuidado mas para o alcance de resultados especiacuteficos estiacutemulo a autoanaacutelise das accedilotildees

desenvolvidas e o iniacutecio de reflexotildees que conduzem a melhorias impactantes para a

enfermagem a crianccedila e sua famiacutelia

Acredito que organizar e fortalecer os referenciais assistenciais e o sentido do

cuidado de enfermagem prestado agrave crianccedila contribuiraacute para a reduccedilatildeo das iatrogecircnicas

tempo de internaccedilatildeo e agravos responsaacuteveis pelo aumento das taxas de morbimortalidade

neonatal e infantil bem como estimular conhecimento cientiacutefico da profissatildeo

Espero que as reflexotildees advindas neste estudo atraveacutes da compreensatildeo das RS da

SAE no cuidado agrave crianccedila de dois hospitais escolas da regiatildeo oeste do Mato Grosso (MT)

possam geram benefiacutecios aleacutem das fronteiras do meu Estado estimulando a discussatildeo

sobre a importacircncia de um meacutetodo sistemaacutetico e operacional no planejamento das accedilotildees

18

de enfermagem fortalecendo o conhecimento proacuteprio da categoria e ressignificando a

praacutetica assistencial agrave crianccedila

19

INTRODUCcedilAtildeO

Desde a deacutecada de 70 observa-se uma tendecircncia crescente na enfermagem pela busca

de atividades relacionadas agrave organizaccedilatildeo e planejamento de seus serviccedilos Os avanccedilos

cientiacuteficos associados agrave aacuterea do conhecimento da sauacutede estimulam a busca por processos

mais dinacircmicos e cooperacionais que valorizem as diferentes concepccedilotildees do ser humano

e que sejam capazes de integrar as vaacuterias dimensotildees do cuidado de forma inovadora e

criativa (NASCIMENTO KC BACKES KOERICH ERDMANN 2008)

A enfermagem utiliza um modelo de processo de trabalho que sistematiza a

assistecircncia e direciona o cuidado permitindo seguranccedila autonomia profissional e

qualidade das accedilotildees desenvolvidas denominado Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem - SAE Este meacutetodo objetiva a identificaccedilatildeo das necessidades do cliente

apresentando uma proposta de accedilotildees individualizadas de atendimento que eacute

implementada por todos os membros da equipe de enfermagem Trata-se de um processo

dinacircmico e que requer na praacutetica conhecimento teacutecnico-cientiacutefico (ALFARO-LEFEVRE

2000) (SALVADOR SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015)

A SAE constitui um instrumento flexiacutevel sustentado por accedilotildees reaccedilotildees e contiacutenuas

construccedilotildees que envolvem o profissional enfermeiro e seus clientes fundamentando a

tomada de decisatildeo a organizaccedilatildeo do cuidado e a construccedilatildeo do conhecimento a partir da

praacutetica Eacute capaz de organizar o trabalho da equipe de enfermagem em todos os niacuteveis de

sauacutede ao paciente famiacutelia ou comunidade (HORTA 1979)

A resoluccedilatildeo 358-2009 do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN que dispotildeem

sobre a implementaccedilatildeo da SAE considera que a mesma organiza o trabalho do

profissional frente ao meacutetodo sua equipe e instrumentos operacionalizando o processo

de enfermagem

Nesse enfoque a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem enquanto

metodologia cientiacutefica propotildee-se a ldquoorganizar o cuidadordquo Este objetivo eacute alcanccedilado a

partir da utilizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem (PE) meacutetodo de abordagem ao cliente

construiacutedo ou selecionado a partir de um referencial teoacuterico que possibilita e fornece

subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila as alteraccedilotildees riscos e potencialidades no

estado de sauacutede dos seus clientes (CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)

O PE pode ser denominado ainda como Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem

Processo de Enfermagem Processo de Cuidado Metodologia do Cuidado Processo de

20

Assistir Consulta de Enfermagem Seja qual for o termo utilizado trata-se de uma

organizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

Eacute uma ferramenta de grande importacircncia para a individualizaccedilatildeo do cuidado e

para subsidiar a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo da assistecircncia com base em um raciociacutenio cliacutenico

registrado de forma organizada Sua vinculaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica oferece ao enfermeiro

possibilidade de diagnosticar situaccedilotildees de sua responsabilidade e assim controlar as

mudanccedilas de estado (ALFARO-LEFEVRE 2005) (CHRISTOVAM PORTO

OLIVEIRA 2012)

Como metodologia ele proporciona as evidecircncias para embasar as accedilotildees apontar

e justificar as seleccedilotildees de determinados problemas e direcionar as atividades de cada um

dos integrantes da equipe de enfermagem aleacutem de ser um meacutetodo de registro das accedilotildees

fato que contribui para sua continuidade e visibilidade do cuidado (WESTPHALEN

CARRARO 2001)

Correlacionando o PE e o cuidado da crianccedila em ambiente hospitalar eacute importante

frisar que o modelo de cuidado utilizado pela enfermagem pediaacutetrica no Brasil atualmente

estaacute pautado na humanizaccedilatildeo da assistecircncia e tem como base as poliacuteticas puacuteblicas de

sauacutede adotadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) na perspectiva da universalidade

equidade e integralidade com a utilizaccedilatildeo de tecnologias e a valorizaccedilatildeo de crenccedilas e

modos de vida (COLETT 2001) (GAIacuteVA SCOCHI 2004) (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Considera-se entatildeo que o cuidado prestado deve estar aliado a uma visatildeo

humanista e que contemple essa atenccedilatildeo em relaccedilatildeo ao contexto social cultural e

econocircmico no qual estatildeo inseridos a crianccedila e sua famiacutelia

Em virtude das especificidades da assistecircncia pediaacutetrica que associa a intervenccedilatildeo

adequada ao niacutevel do crescimento e desenvolvimento infantil os trabalhadores de

enfermagem que prestam cuidados a este periacuteodo da vida independente do seu grau de

qualificaccedilatildeo enfrentam um quotidiano de trabalho com muitas exigecircncias e cobranccedilas

Nestes espaccedilos de atendimento a crianccedila e de trabalho multidisciplinar o

enfermeiro precisa de boa articulaccedilatildeo para estabelecer conexotildees com os saberes e

intervenccedilotildees distintas dos diversos profissionais da equipe Para Gaiacuteva e Scochi (2004)

o conhecimento deve ser compartilhado e experienciado principalmente em virtude das

caracteriacutesticas de vulnerabilidade do receacutem-nascido penso que esta conduta tambeacutem

deve se estender ao atendimento a todas as fases da infacircncia Salienta-se que um meacutetodo

21

rigoroso de trabalho se faz necessaacuterio para alcanccedilar tais objetivos facilitando as tomadas

de decisotildees que levam a melhora do quadro cliacutenico do cliente respeitando o envolvimento

familiar

Essa argumentaccedilatildeo eacute ratificada por autores que analisam que a enfermagem que

atua no cuidado agrave crianccedila deve exercer a sua funccedilatildeo utilizando meacutetodo cientiacutefico rigoroso

investigando avaliando planejando e realizando procedimentos que favoreccedilam o bem-

estar do cliente e sua famiacutelia e para atingir tal objetivo eacute necessaacuterio que o enfermeiro

esteja inserido na rede social de cuidados de forma consciente competente tanto teacutecnica

quanto cientificamente (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA 2010)

Nessa perspectiva a SAE oferece respaldo seguranccedila e o direcionamento para o

desempenho das atividades contribuindo para a credibilidade competecircncia e visibilidade

da Enfermagem e consequentemente para a autonomia e satisfaccedilatildeo profissional A SAE

eacute um caminho de autonomia para a profissatildeo pois ela representa uma estrateacutegia

reconhecida por permitir uma aproximaccedilatildeo do enfermeiro ao paciente tanto no momento

da sua elaboraccedilatildeo quanto na prestaccedilatildeo do cuidado por exigir conhecimento cientiacutefico

responsabilidade e compromisso profissional (NEVES 2010) (MENEZES PRIEL

PEREIRA 2011) (VITURI EacuteVORA 2015)

Entretanto minha experiecircncia como docente o contato com colegas de profissatildeo

atuantes na assistecircncia hospitalar e a leitura de publicaccedilotildees da aacuterea atentam para um

cenaacuterio onde se faz necessaacuterio uma maior sensibilizaccedilatildeo quanto ao emprego da SAE pelo

enfermeiro Observo uma fragmentaccedilatildeo no processo do cuidar em virtude da dicotomia

entre o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro e sua atividade praacutetica no mundo do trabalho

Falta consonacircncia entre o aprendido e o vivenciado o que favorece a perdas no referencial

pelo natildeo uso ou uso parcelado da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

A ausecircncia desta metodologia assistencial no cuidado agrave crianccedila transforma as

praacuteticas de enfermagem durante a internaccedilatildeo em meras replicaccedilotildees procedimentais ou

seja a teacutecnica pela teacutecnica (fazer sem saber) ou ateacute mesmo falhas na implementaccedilatildeo

destas como o uso de foacutermulas preacute-determinadas (fazer por fazer) natildeo individualizadas

Andrade e Vieira (2005) apontam algumas situaccedilotildees como possiacuteveis causas do

pouco ou natildeo uso da SAE nos estabelecimentos de sauacutede a falta de base cientiacutefica

conhecimento habilidade e atitudes para a fiel implementaccedilatildeo o nuacutemero reduzido de

enfermeiros nos serviccedilos o envolvimento dos enfermeiros em processos administrativos

em detrimento ao processo assistencial

22

Apoacutes um periacuteodo de reflexatildeo sobre a temaacutetica e associando-a ao ambiente e as

exigecircncias do cuidado agrave crianccedila questionei Quais seriam as causas para o natildeo uso da PE

pelos enfermeiros que assistem crianccedilas Qual a importacircncia atribuiacuteda a esta praacutetica pelos

enfermeiros pediaacutetricos Qual a representaccedilatildeo social da SAE para enfermeiros que

trabalham em setores com caracteriacutesticas tatildeo especiacuteficas

Eacute de fundamental importacircncia que toda a equipe de enfermagem compreenda e

incorpore o meacutetodo cientiacutefico no desenvolvimento do processo de cuidar cotidiano

gerando a sua competecircncia profissional Entende-se que a percepccedilatildeo da SAE pela equipe

que presta cuidado agrave crianccedila influencie na atividade terapecircutica favorecendo o bem-estar

e reforccedilando-a como uma praacutetica baseada em evidencias

Considerando a SAE como uma construccedilatildeo social para a enfermagem e aceitando

que os diversos indiviacuteduos constroem e reconstroem seus conhecimentos segundo suas

representaccedilotildees sociais sobre o objeto a partir de sentimentos atitudes conhecimentos

comportamentos e experiecircncias vivenciadas se faz necessaacuterio apreender qual a

representaccedilatildeo social a cerca desta ferramenta que subsidia as praacuteticas cotidianas do

enfermeiro no ambiente de cuidado a crianccedila

Ambiente este que em virtude das suas peculiaridades e singularidades requer uma

dinacircmica assistencial uacutenica com o uso de diversos tipos de tecnologias algumas

exclusivas e atreladas as especificidades de um corpo ainda em desenvolvimento As

representaccedilotildees sociais natildeo implicam sempre uma perspectiva de intervenccedilatildeo mas toda

intervenccedilatildeo supotildee necessariamente se considerar as representaccedilotildees sociais (RANGEL

2004)

Dessa forma por apresentar vaacuterias faces e um caraacuteter multidisciplinar a Teoria

das Representaccedilotildees Sociais - TRS inaugurada por Moscovici (1962) tem contribuiacutedo

bastante nas investigaccedilotildees da aacuterea de sauacutede pois revela grande utilidade particularmente

na enfermagem Em decorrecircncia da sua relevacircncia social da sua composiccedilatildeo polimorfa

que contempla conceitos proposiccedilotildees explicaccedilotildees originadas na vida cotidiana no curso

de comunicaccedilotildees interpessoais tecida por um conjunto de elementos de natureza diversa

como os processos cognitivos inserccedilotildees sociais fatores afetivos e sistema de valores

(SAacute 2002)

Diante destas consideraccedilotildees iniciais entende-se ser importante e justificaacutevel

proceder um estudo que desvele os processos de elaboraccedilatildeo organizaccedilatildeo e

funcionamento das Representaccedilotildees Sociais da SAE no atendimento a crianccedila pelos

23

enfermeiros Espera-se contribuir para a melhoria do cuidado prestado pois a

compreensatildeo das relaccedilotildees entre o conhecimento e a praacutetica assistencial nessa fase da vida

permeadas pelas crenccedilas e valores dos envolvidos possa fortalecer o profissional

enfermeiro garantindo-lhe autonomia e qualidade assistencial

Dessa forma este estudo tem como objetivo geral Conhecer as representaccedilotildees

sociais acerca da SAE de enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em hospitais

Pretende-se ainda atingir os seguintes objetivos especiacuteficos

1 Apreender o conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos enfermeiros acerca

SAE

2 Apreender a estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos enfermeiros

acerca da SAE

3 Identificar onde e como as representaccedilotildees foram forjadas

4 Identificar o grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE

5 Apontar quais os aspectos facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo

da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado a crianccedila

O texto esta estruturado em cinco partes organizando-se da seguinte forma

Parte I ndash Revisatildeo de Literatura Com a finalidade principal de apresentar

os conceitos a partir de uma breve discussatildeo teoacuterica do problema

Parte II - Referencial Teoacuterico Com a intenccedilatildeo principal de apresentar o

constructo teoacuterico e de validar a dimensatildeo interna da pesquisa

Parte III ndash Meacutetodo expotildee o caminho metodoloacutegico seguido a fim de

apreender as representaccedilotildees sociais relacionadas agrave SAE

Parte IV ndash Resultados e Discussatildeo revela de forma detalhada os

resultados obtidos caracterizando os personagens e explicando as

representaccedilotildees do grupo acerca da SAE aproximaccedilotildees e dificuldades

encontradas no ambiente para o desenvolvimento desta

Parte V ndash Conclusatildeo apresenta respostas aos objetivos desta pesquisa e

reflexotildees a respeito das dimensotildees que permeiam as representaccedilotildees sociais

da SAE no atendimento de crianccedilas

24

1REVISAtildeO DE LITERATURA

11 O CUIDADO DE ENFERMAGEM

A Enfermagem eacute uma arte e para realiza-la como arte

requer uma devoccedilatildeo tatildeo exclusiva um preparo tatildeo

rigoroso quanto a obra de qualquer pintor ou escultor

pois o que eacute tratar da tela morta ou do frio maacutermore

comparado ao tratar do corpo vivo o templo do espiacuterito

de Deus Eacute uma arte poder se ia dizer a mais bela das

artes

(Florence Nightingale)

Falar do cuidado eacute falar da histoacuteria de como fomos e somos cuidados o que

evidencia a dimensatildeo ontoloacutegica do cuidado elemento constituinte do ser humano Trata-

se para Heidegger (1989) do solo em que se move toda a interpretaccedilatildeo do ser humano

em sua visatildeo humanista natildeo sendo possiacutevel compreender o ser humano se natildeo nos

basearmos no cuidado O cuidado do outro requer uma atitude fundamental um modo de

agir em que a pessoa se desvincula de si proacutepria e centra-se no outro com desvelo e

solicitude (HEIDEGGER 2008)

Podemos afirmar que o ser humano eacute essencialmente um ser de necessidades a

serem satisfeitas e por isso um ser em busca de cuidado gregaacuterio social sujeito histoacuterico

que constroacutei relaccedilotildees sociais inseridas nas mais diversas condiccedilotildees culturais (BISON

2003)

O ser humano vem dotado de sacralidade dados os seus inalienaacuteveis direitos e

deveres e evolui constantemente rumo ao futuro Na trajetoacuteria histoacuterica do seu viver

molda-se mediante a cultura o meio ambiente o grupo social a que pertence introjetando

valores princiacutepios e idealizaccedilatildeo que daratildeo suporte a suas atitudes accedilotildees e opiniotildees

(BOFF 1999)

Como uma atitude e caracteriacutestica primeira do ser humano o cuidado revela a

natureza humana eacute a maneira mais concreta de ser humano Sem o cuidado o homem

deixa de ser humano desestrutura-se definha perde o sentido e morre Se ao longo da

vida natildeo fizer com cuidado tudo o que empreender acaba por prejudicar a si mesmo e

por destruir o que estiver a sua volta (BOFF 1999)

O cuidado apenas aparece quando a existecircncia de algueacutem adquire significado

Nesse sentido passamos a cuidar participar do destino do outro de suas buscas

sofrimentos e sucessos (BOFF 1999) Eacute um fenocircmeno culturalmente construiacutedo pois

25

cada povo tem sua maneira proacutepria de definir compreender e expressaacute-lo (LEININGER

1978) Eacute accedilatildeo de manutenccedilatildeo agrave vida que garante a satisfaccedilatildeo de um conjunto de

necessidades indispensaacuteveis mas que satildeo diversificadas na sua manifestaccedilatildeo (LIMA

VARGENS QUITETE MACEDO SANTOS 2008)

Para Horaacutecio (65-8 AC) apud Heidegger (2008) o cuidado eacute o permanente

companheiro do ser humano que nunca deixaraacute de amar e desse desvelar por algueacutem O

cuidado permite ao ser humano viver a experiecircncia fundamental do valor daquilo que o

cerca que tem importacircncia e definitivamente conta ou seja o valor intriacutenseco de cada

coisa

A expressatildeo cuidadocuidar tem inuacutemeros sentidos Na definiccedilatildeo de Aureacutelio

(2016) cuidado eacute sinocircnimo de atenccedilatildeo zelo desvelo responsabilidade por preocupaccedilatildeo

para com algueacutem Em Volichi (2000) tem se a descriccedilatildeo etimoloacutegica do termo mediante

diferentes culturas

1) Do latim cura tem o significado de desvelo de preocupaccedilatildeo e de inquietaccedilatildeo

pela pessoa ou objeto amado cogitare ndash cogitatus que significa cogitar

pensar mostrar interesse solicitude atenccedilatildeo bom trato

2) Do inglecircs arcaico carion tem o sentido de ter preocupaccedilatildeo sentir inclinaccedilatildeo

dar preferecircncia respeitar considerar ter afeto ter simpatia

3) Do termo goacutetico KaraKaron expressando afliccedilatildeo pesar tristeza

O verbo cuidar em portuguecircs denota atenccedilatildeo cautela desvelo zelo Assume ainda

caracteriacutesticas de sinocircnimo de palavras como imaginar meditar empregar atenccedilatildeo ou

prevenir-se Representa mais que um momento de atenccedilatildeo Eacute na realidade uma atitude de

preocupaccedilatildeo ocupaccedilatildeo responsabilizaccedilatildeo e envolvimento afetivo com o ser cuidado

(REMEN 1993 BOFF 1999 WALDOW 2001 SILVA et al 2001)

Desta forma compreende-se entatildeo que o cuidado eacute necessaacuterio aos seres humanos

a fim de permitir a continuidade da vida das pessoas dos grupos e das sociedades

pressupotildee-se que sua origem esteja relacionada a qualquer pessoa que ajude outra a ter

garantida a manutenccedilatildeo da sua vida e natildeo a um ofiacutecio ou profissatildeo (COLLIEgraveRE 1999)

Assim em seu sentido mais original o cuidado natildeo tem nenhuma relaccedilatildeo com

profissatildeo eacute uma praacutetica (COLLIEgraveRE 1999) Por profissatildeo entende-se como uma

ocupaccedilatildeo cujas obrigaccedilotildees criam e utilizam de forma sistemaacutetica o conhecimento geral

acumulado na soluccedilatildeo de problemas postulados por um cliente (MACHADO 1995)

26

O cuidado natildeo eacute proacuteprio ou privativo de nenhuma praacutetica profissional para

caracterizar-se como cuidado de enfermagem eacute necessaacuteria a apropriaccedilatildeo do cuidado

humano nato poreacutem com a intencionalidade da accedilatildeo (FILHO1997)

A praacutetica de cuidar na Enfermagem nasceu como intuiccedilatildeo feminina no seio

familiar para depois caminhar na direccedilatildeo de tornar-se uma ciecircncia humanizada

respaldada inicialmente no conhecimento de outras ciecircncias para mais recentemente

procurar fundamentaccedilatildeo em teorias proacuteprias ao que se denomina Enfermagem Moderna

(GEOVANINI 2002)

Ao longo dos seus 150 anos de trajetoacuteria desde sua fundaccedilatildeo no seacuteculo XIX a

enfermagem se fortalece como a profissatildeo voltada agrave ldquoarte e ciecircncia do cuidarrdquo Nesse

contexto a enfermagem como ciecircncia agrega e investe sistematicamente na construccedilatildeo

de uma praacutetica baseada em evidecircncias cientificamente apropriado agrave abordagem das

pessoas que necessitam de conforto bem-estar atenccedilatildeo e aliacutevio dos sofrimentos

(CESTARI 2003)

Jaacute a componente arte expressa o encontro do self com a intuiccedilatildeo com a

criatividade com a imaginaccedilatildeo (re) valorizando o ser e suas interaccedilotildees com a vida A

enfermagem ao adentrar no campo esteacutetico possibilita uma nova visatildeo sobre a praacutetica da

profissatildeo e sua relaccedilatildeo com a complexidade do ser humano Estabelece uma visatildeo

transpessoal sobre o cuidado direcionando-o para uma maior harmonia perfeiccedilatildeo e

evoluccedilatildeo assim como aquela estabelecida durante a concepccedilatildeo de qualquer atividade

artiacutestica (WALDO 2001)

O cuidado de enfermagem estaacute na maioria das vezes ligado ao conceito de sauacutede

e doenccedila uma breve revisatildeo das definiccedilotildees conceituais de cuidado e cuidar indicam esse

entrelaccedilamento descrito por diferentes teoristas

Para Peplau (1992) a enfermagem eacute terapecircutica pois auxilia o indiviacuteduo doente

eou necessitado de cuidados atraveacutes da relaccedilatildeo interpessoal apresentandondashse como um

agente especialmente preparado para reconhecer essa necessidade de ajuda e a ela

responder Newman (1991) afirma que a enfermagem eacute o estudo do cuidar na experiecircncia

de sauacutede humana Henderson (1973) insere o indiviacuteduo como foco do cuidado sendo a

enfermagem o instrumento para auxiliaacute-lo atraveacutes de atividades fundamentais que

mantenham a sauacutede recuperem-na ou contribuam para uma morte digna (POTTER

PERRY 2004)

27

O cuidado como conduta implica uma gama de atitudes e sentimentos que

permitem a quem o executa e a quem o recebe uma interaccedilatildeo capaz de produzir efeitos

extremamente beneacuteficos para ambas as partes

O cuidado de Enfermagem eacute expresso atraveacutes da garantia do aliacutevio do sofrimento

e manutenccedilatildeo da dignidade em meio agraves experiecircncias de sauacutede doenccedila vida e morte O

cuidado humano dispensado pelo enfermeiro deve atingir aleacutem dos clientes e seus

familiares a sua equipe de modo a garantir melhor relacionamento interdependecircncia

coesatildeo e competecircncia (WALDOW 2001)

Portanto o cuidado de enfermagem consiste em accedilotildees em defesa de um

funcionamento comportamental adequado que previna a doenccedila ou caso de algum

desequiliacutebrio ofereccedila uma assistecircncia que conduza a homeostase (BISON 2003)

Ele eacute complexo e demarcado por um amplo cenaacuterio de possiacuteveis accedilotildees O cuidado

de enfermagem eacute universal multidimensional e singular considerando os sistemas social

econocircmico e cultural dos envolvidos (COLLIEgraveRE 1999)

O cuidado compotildee a linguagem da enfermagem e ao visualizaacute-lo como um modo

de ser relacional e contextual caracteriza-se como a uacutenica accedilatildeo verdadeiramente

independente do enfermeiro (WALDOW 2015) Para conferir autonomia profissional o

ato de cuidar deve ser organizado de forma a respeitar a singularidade da experiecircncia do

adoecer e viver e significar um conjunto de relaccedilotildees e interaccedilotildees entre os indiviacuteduos

envolvidos no processo (FERREIRA PEREIRA SOUZA ALMEIDA 2016)

Portanto a atuaccedilatildeo da enfermagem esta compreendida em uma zona de intercessatildeo

entre o cuidado e o tratamento E embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo

de uma teacutecnica satildeo na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis

que presidem a sauacutede com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e

essenciais tanto para a manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)

Gamboa (1997) preconiza que cuidar natildeo eacute um ato uacutenico nem mesmo a soma de

procedimentos teacutecnicos ou qualidades humanas Trata-se do resultado de um processo em

que se conjugam sentimentos valores atitudes e princiacutepios cientiacuteficos com a finalidade

de satisfazer os indiviacuteduos nele envolvidos

Portanto para que o cuidado ocorra eacute mister que a intenccedilatildeo do cuidador fique

clara ou melhor seja demonstrada genuinamente por palavras e accedilotildees Esta accedilatildeo eacute repleta

de sensibilidade delicadeza solidariedade e profissionalismo pois deve excluir

preconceitos de qualquer ordem e utilizar a relaccedilatildeo interpessoal como base entre seres

28

humanos (WALDOW 2001) Nesse sentido o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai

aleacutem de procedimentos teacutecnicos engloba envolvimento e compromisso com o outro

tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada (HEIDEGGER 2008)

De acordo com Colliegravere (1999) os cuidados de enfermagem organizam-se em

duas tendecircncias segundo a sua natureza os cuidados de manutenccedilatildeo (care) que se

caracterizam por um conjunto de accedilotildees que asseguram a continuidade da vida e os

cuidados de reparaccedilatildeo ou tratamento (cure) que se organizam em torno de um conjunto

de accedilotildees dispensadas quando a vida se depara com algum obstaacuteculo Ambos satildeo

necessaacuterios para a manutenccedilatildeo humana poreacutem mudam de foco de acordo com o contexto

da sauacutede ou da doenccedila constituindo o fazer da enfermagem (COLLIEgraveRE 1999

BORGES 2011)

Quanto agrave natureza os cuidados (care) satildeo descritos no Quadro 1

Quadro 1- A natureza dos cuidados (care)

CUIDADOS CARE

Cuidados de

estimulaccedilatildeo

Despertam as capacidades fundamentais da vida seja no iniacutecio

(como mamar e respirar) ou apoacutes situaccedilotildees que diminuiacuteram essas

capacidades (como voltar a andar apoacutes um periacuteodo de coma)

Cuidados de

confortaccedilatildeo

Que fortalecem a seguranccedila fiacutesica e afetiva permitindo

aquisiccedilatildeo de confianccedila e favorecendo a renovaccedilatildeo e a integraccedilatildeo

da experiecircncia

Cuidados de parecer Que promovem a imagem de si proacuteprio e o sentimento de

pertenccedila ao grupo e satildeo fundamentais para manter o desejo de

comunicaccedilatildeo e partilha

Cuidados de

compensaccedilatildeo

Que substituem aquilo que ainda natildeo foi totalmente adquirido ou

que foi perdido assegurando as funccedilotildees vitais

Cuidados de

manutenccedilatildeo da vida

Que atendem agraves necessidades da vida cotidiana como lavar-se e

vestir-se

Cuidados de

apaziguamento

Que permitem o aliacutevio da dor e contribuem para superar melhor

os momentos de grande sofrimento facilitando a melhor

utilizaccedilatildeo dos recursos fiacutesico-afetivos e atenuando a repercussatildeo

psicomental desses momentos

Fonte Colliegravere 1999

29

A doenccedila eacute o campo de atuaccedilatildeo do enfermeiro nos cuidados (cure) Nesse domiacutenio

diferentes niacuteveis de responsabilidade satildeo estruturados 1 - atuaccedilatildeo com total autonomia

que depende apenas da decisatildeo e iniciativa do enfermeiro 2 - atuaccedilatildeo que estaacute acoplada

agrave prescriccedilatildeo do meacutedico ligado ao diagnoacutestico e tratamento da doenccedila e 3 - atuaccedilatildeo onde

as responsabilidades satildeo compartilhadas e que depende do enfermeiro para execuccedilatildeo do

tratamento (COLLIEgraveRE 1999)

Eacute necessaacuterio a distinccedilatildeo da natureza dos dois tipos de cuidado e a compreensatildeo de

que ambos satildeo importantes para o bem estar completo do indiviacuteduo natildeo devendo haver

a valorizaccedilatildeo de um sobre o outro Colliegravere (1999) considera

Quando haacute prevalecircncia do cure em sobre o care isto eacute dos

cuidados de reparaccedilatildeo negligenciando os cuidados cotidianos e

habituais haacute aniquilaccedilatildeo progressiva de todas as forccedilas vivas

da pessoa de tudo que a faz desejar reagir porque haacute

esgotamento das fontes de energia vital sejam de que natureza

forem (fiacutesica afetiva social etc) Esta aniquilaccedilatildeo pode ir ateacute

a deterioraccedilatildeo irreversiacutevel

Neste sentido a enfermagem assume uma dimensatildeo holiacutestica estabelecendo-se

como uma praacutetica de cuidado integralizadora auxiliando a fortalecer os viacutenculos entre o

sentir saber- fazer (WALDO 2001)

Salienta-se entatildeo que o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai aleacutem de

procedimentos teacutecnicos englobando o envolvimento e o compromisso com o outro

tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada Situado numa relaccedilatildeo com tudo o que

melhora as condiccedilotildees que favorecem a promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando

limitar a doenccedila e por outro em relaccedilatildeo a tudo que recupera revitaliza a pessoa doente

(BORGES 2011)

12 A TRAJETOacuteRIA DE CONSTRUCcedilAtildeO DE UM MEacuteTODO SISTEMATIZADO

A Enfermagem enquanto arte do cuidado eacute voltada agrave assistecircncia do indiviacuteduo e

das pessoas a ele relacionadas no ambiente em que estatildeo inseridos promovendo-lhes

sauacutede prevenindo agravos reabilitando e melhorando seu estado fiacutesico e mental

oferecendo-lhes conforto e respeitando sua singularidade e dignidade (HORTA 1979)

As relaccedilotildees da enfermagem com o cuidado satildeo antigas e no desenvolvimento da

profissatildeo vaacuterios paradigmas influenciaram essa relaccedilatildeo

30

O processo histoacuterico do cuidado coincidiu com a origem das espeacutecies vivas

Historicamente as mulheres satildeo os primeiros seres a praticar a medicina no sentido de

tratamento e cura em virtude das praacuteticas de agricultura que lhes conferiu a capacidade

de tratar medicar e cuidar As praacuteticas domeacutesticas determinadas pela divisatildeo sexual do

trabalho como a dedicaccedilatildeo agrave casa famiacutelia os cuidados aos idosos entre outras

capacitam a mulher em garantir ou compensar funccedilotildees vitais desde o nascimento ateacute a

morte Satildeo nas atividades de cuidar do outro que as mulheres inicialmente expressam uma

forma de relaccedilatildeo com o mundo (WALDOW 2001)

As lutas com a finalidade de assegurar a continuidade da vida utilizando-se da

proteccedilatildeo reflexa e instintiva fez o cuidado feminino se tornar objeto do xamatilde ou

feiticeiro depois do sacerdote e mais tarde do meacutedico (OGUISSO 2005)

Sobre influecircncia religiosa o cuidar foi centrado na disciplina e obrigaccedilatildeo em

realizar tarefas (CARNEIRO 2008) Dando inicialmente agrave profissatildeo uma aproximaccedilatildeo

cultural com esse cuidado natildeo profissionalizado A este respeito Alcacircntara (1963) apud

Oguisso (2005) fez referecircncias identificando o cuidado caritativo como valorizado pela

sociedade e o cuidado profissionalizado como desprestigiado Kruse (2006) afirma que

nesse momento ldquocristatildeordquo da enfermagem a atenccedilatildeo dedicada aos doentes era reconhecida

como missatildeo para alcanccedilar a vida eterna das cuidadoras

Esta prestaccedilatildeo de cuidados que inicialmente era intuitiva em virtude das

caracteriacutesticas do momento evolutivo passa a buscar a rigorosidade dos princiacutepios

cientiacuteficos atraveacutes do desenvolvimento do pensamento criacutetico fazendo com que aspectos

bioloacutegicos do ser humano se transformassem no referencial norteador da assistecircncia

(OGUISSO 2005)

Com o advento cientiacutefico e tecnoloacutegico a enfermagem passa a incorporar agrave sua

praacutetica algumas teacutecnicas e procedimentos passando a seguir normas e regras em

detrimento dos aspectos unicamente humaniacutesticos do cuidado Assim a praacutetica passou a

seguir o modelo biologicista centrado na cura da doenccedila e natildeo no sujeito (BUENO

QUEIROZ 2006)

Neste momento vigorava a valorizaccedilatildeo da teacutecnica pela teacutecnica a competecircncia da

enfermagem estava diretamente ligada agrave destreza manual e agrave rapidez no desempenho dos

procedimentos uma das qualidades do enfermeiro era a subserviecircncia A ausecircncia de

justificativas das accedilotildees desempenhadas e de questionamentos aos ldquoporquecircsrdquo a cada

31

situaccedilatildeo contribuiacuteram para a desvalorizaccedilatildeo do trabalho limitando a Enfermagem a

condutas meramente curativas (GOMES NASCIMENTO ARAUJO 2007)

Entre as deacutecadas de 40 e 60 do seacuteculo XIX a Enfermagem preocupou-se em

fundamentar suas accedilotildees conferindo-lhe cientificidade Segundo Lopes e Santos (2010)

a participaccedilatildeo de Florence Nightingale na Guerra da Crimeacuteia em 1854 foi determinante

para conferir agrave Enfermagem o estatuto soacutecio profissional que lhe faltava Suas accedilotildees

foram tatildeo significativas que originaram profundas mudanccedilas na sauacutede em todo o mundo

Sua habilidade empreendedora instaurou no campo da sauacutede processos de melhoria

contiacutenua baseados no levantamento de dados estatiacutesticos sobre os potenciais riscos de

infecccedilatildeo ou seja a sistematizaccedilatildeo de cuidados diretos com o paciente (BACKES

SCHWARTZ 2005) Com sagacidade e competecircncia Florence reestruturou os serviccedilos

de sauacutede de sua eacutepoca despertando um olhar mais apurado para o cuidar

Florence tambeacutem eacute a responsaacutevel pela fundaccedilatildeo da primeira escola de

enfermagem na Inglaterra aproximando a praacutetica da enfermagem agrave aspectos modernos e

cientiacuteficos e incentivando a criaccedilatildeo de outras escolas de enfermagem Segundo Atkinson

e Murray (1989 p6) ldquoas primeiras escolas nos EUA e Canadaacute praticamente copiaram as

escolas Nightingale da Inglaterrardquo Desta forma estimulou outras enfermeiras a

analisarem a qualidade do trabalho prestado e a re-pensarem a Enfermagem enquanto

profissatildeo

Os avanccedilos na formaccedilatildeo educacional e no cuidado prestado foram determinantes

para a qualificaccedilatildeo da assistecircncia e estimulou as enfermeiras a criarem teorias que

direcionavam as accedilotildees proacuteprias da Enfermagem ou seja a construccedilatildeo de um corpo de

conhecimentos proacuteprio do enfermeiro

Surgiram os Estudos de Caso precursores dos Planos de Cuidados propostos

como uma forma de organizaccedilatildeo e individualizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem A

primeira descriccedilatildeo do meacutetodo de estudo de caso foi publicada no Studentacutes Handbook on

Nursing Case Studies em 1929 por Deborah Maclurg Jensen com o objetivo de guiar o

estudante na elaboraccedilatildeo de estudos de caso na Escola de Enfermagem da Universidade

de Yale (NEVES 2010)

Desta forma o conhecimento proporcionado pelos Planos de Cuidados

influenciou a elaboraccedilatildeo dos processos de enfermagem Nessa eacutepoca tal processo

organizava-se em torno da doenccedila e era do ponto de vista do conhecimento especiacutefico da

enfermagem ldquoum esqueleto sem roupardquo como afirma Gordon (2002)

32

O conceito de Processo de Enfermagem - PE foi introduzido na deacutecada de 1950

como um processo sistematizado compreendendo etapas como histoacuterico planejamento e

evoluccedilatildeo Este tornou-se parte do referencial conceitual de diversos curriacuteculos de

Enfermagem no mundo e estava baseado na observaccedilatildeo e na mensuraccedilatildeo como caminho

para a anaacutelise dos dados (DOENGES MOORHOUSE GEISSLER 2003)

Conforme Pesut e Hermam (1999) apud Neves (2010) o PE tem trecircs geraccedilotildees A

primeira situa-se no decorrer das deacutecadas de 1950 a 1970 quando foi identificada como

problemas e processo A segunda ocorreu entre 1970 a 1990 com a inserccedilatildeo do

diagnoacutestico de enfermagem A terceira geraccedilatildeo situa-se a partir de 1990 seguindo ateacute os

dias de hoje esta geraccedilatildeo realiza todas as etapas do PE fazendo a especificaccedilatildeo e o teste

dos resultados

Nos anos 70 houve uma grande preocupaccedilatildeo da enfermagem com o

desenvolvimento de teorias proacuteprias como um meio de estabelecer a enfermagem como

profissatildeo (HERMIDA 2004) Espiacuterito Santo e Porto (2006) salientam que o

desenvolvimento das teorias representa uma tentativa de ampliaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de

conhecimento como um saber especiacutefico para a Enfermagem Constituem a base da

assistecircncia a ser prestada sustentando as decisotildees do enfermeiro O desenvolvimento

destes modelossistemas conceituais e teorias de enfermagem onde o cerne da

enfermagem tem sua natureza e o escopo refletidos com base em ponto de vista filosoacutefico

forneceu o foco conceitual necessaacuterio ao PE (GORDON 2002)

Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989)

Ano

primeira

publicaccedilatildeo

Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave

1952 Hildegard E

Peplau

Processo interpessoal eacute a forccedila de amadurecimento da

personalidade

1960 Faye G Abdellah

Irene L Beland

Almeda Martin

Ruth V Matheney

Os problemas dos pacientes determinam o cuidado de

enfermagem

1961 Ida Jean Orlando

O processo interpessoal alivia o sofrimento

1964 Ernestine

Weidenbach

O processo de ajuda atende as necessidades atraveacutes da

arte de cuidado individualizado

33

Continuaccedilatildeo Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952

ndash 1989)

Ano

primeira

publicaccedilatildeo

Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave

1966 Lydia E Hall O cuidado de enfermagem eacute dirigido agrave pessoa e voltado

para a auto-estima

1967 Myra E Levine O holismo eacute mantido conservando a integridade

1970 Martha E Rogers O ambiente da pessoa satildeo campos de energia que

evoluem ldquonegentropicalmenterdquo

1971 Dorothea E Orem O autocuidado manteacutem a integralidade

1971 Imogene M King As transaccedilotildees fornecem um paracircmetro de referecircncia em

direccedilatildeo ao estabelecimento de metas

1974 Sr Callista Roy Os estiacutemulos rompem um sistema adaptaacutevel

1976 Josephine G

Paterson

Loretta T Zderad

Enfermagem eacute uma experiecircncia existencial de cuidar

1978 Madeleine M

Leininger

O cuidado eacute universal e varia atraveacutes das diferentes

culturas

1979 Jean Watson O cuidado eacute ideal no sentido moral mente-corpo-alma

engajados um ao outro

1980 Dorothy E

Johnson

Os subsistemas existem em estabilidade dinacircmica

1981 Rosemarie Rizzo

Parse

Seres indivisiacuteveis e ambiente em conjunto criam a sauacutede

1989 Patricia Benner

Judith Wrubel

O cuidado eacute vital para a essecircncia da enfermagem

Estabelece o que eacute importante permitindo conexatildeo e

consciecircncia Cria possibilidade de ajuda muacutetua

Fonte POTTER PERRY Fundamentos de enfermagem 5 ed Rio de Janeiro Guanabara

Koogan 2004 p 68-80

Conforme ressalta Waldow (2001) as Teorias de Enfermagem em sua essecircncia

tinham a intenccedilatildeo de humanizar o cuidado Alguns teoacutericos defenderam a ideacuteia do

cuidado integral e incluiacuteram em seus modelos as dimensotildees bioloacutegicas e psicossociais

inclusive a espiritual e o meio ambiente enfatizando a direccedilatildeo e a prioridade das accedilotildees

para o ser humano

34

Fato eacute que a enfermagem nesta proposiccedilatildeo se aproxima da visatildeo positivista da

sauacutede produzindo uma praacutetica de cuidado dos corpos dentro de uma associaccedilatildeo de

conhecimentos baseado em teorias de enfermagem ou seja o saber proacuteprio do enfermeiro

(KRUSE 2006)

O interesse pelo PE cresceu rapidamente nas escolas de Enfermagem sendo

inicialmente utilizado com um instrumento de ensino tornando as accedilotildees de enfermagem

em acordes como o meacutetodo cientiacutefico Na deacutecada de 60 apenas poucos hospitais dos

Estados Unidos e no Reino Unido haviam implementado essa metodologia de

assistecircncia Foi na deacutecada de 70 que o PE comeccedilou a ser utilizado nos hospitais embora

ainda com dificuldades servindo principalmente como guia para normatizar a praacutetica de

enfermagem (DE LA CUESTA 1983) (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

O Processo de Enfermagem enquanto metodologia cientiacutefica propotildee-se a

organizar e sistematizar o cuidado fornece subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila

alteraccedilotildees no estado de sauacutede dos clientes que necessitam de intervenccedilotildees

individualizadas visando a reabilitaccedilatildeo dos mesmos O planejamento de uma assistecircncia

personalizada a cada cliente possibilita a adoccedilatildeo de intervenccedilotildees de acordo com as

necessidades especiacuteficas a ele considerando-o em sua singularidade e norteando o

cuidado prestado Contribuem com a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da

sauacutede do indiviacuteduo famiacutelia e comunidade (TRUPPEL et al 2009)

A SAE eacute um processo que instrumentaliza o enfermeiro para uma atuaccedilatildeo

cientiacutefica baseada em evidecircncias e contribui para solidificar a atuaccedilatildeo desse profissional

o que seraacute um diferencial dentro da equipe de enfermagem Este processo desenvolvido

atraveacutes do PE respalda o enfermeiro a realizar com maior eficaacutecia accedilotildees de supervisatildeo

de avaliaccedilatildeo e de gerenciamento dos cuidados prestados pela equipe bem como

acompanhar os resultados das accedilotildees implementadas (MUSSI et al 1997)

Para este conceito destaca-se que a SAE envolve todos os elementos do processo

de trabalho em enfermagem Assim podem-se elencar diversos componentes que

influenciam o funcionamento desse sistema ou seja o cenaacuterio de sauacutede escolhido os

recursos humanos existentes o meacutetodo de assistecircncia de enfermagem adotado e a

implantaccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem bem como seus instrumentos

(NEVES 2010)

Segundo Leopardi (2006) a SAE organiza o trabalho segundo as fases do seu

fluxo Implica tanto a definiccedilatildeo da natureza do trabalho a ser realizada Quanto a definiccedilatildeo

35

do PE desde a base teacutecnico-filosoacutefica ateacute o tipo de profissional requerido as teacutecnicas os

procedimentos os meacutetodos os objetivos e os recursos materiais para a produccedilatildeo do

cuidado Eacute a organizaccedilatildeo do trabalho de enfermagem quanto ao meacutetodo pessoal e

instrumentos de modo que seja possiacutevel a realizaccedilatildeo do PE (LEOPARDI 2006)

13 A SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENEFERMAGEM NO

BRASIL - ASPECTOS LEGAIS

As iniciativas em planejar cientificamente a assistecircncia de enfermagem no Brasil

tiveram iniacutecio na deacutecada de 50 por influecircncia Norte Americana por meio das obras de

Rogers e Henderson (GEOVANINI 2002) No ano de 1965 o Congresso Brasileiro de

Enfermagem recomendou a utilizaccedilatildeo do plano de enfermagem tendo por repercussatildeo do

cientificismo que norteava a profissatildeo num contexto histoacuterico em que a enfermagem

abria campo para a produccedilatildeo cientiacutefica (PAIM 1976) Dentro deste contexto surgiram

os teoacutericos de enfermagem que visaram a construccedilatildeo de um arcabouccedilo metodoloacutegico que

desse suporte ao planejamento da assistecircncia de enfermagem

No Brasil a sistematizaccedilatildeo das accedilotildees de enfermagem teve ecircnfase com Wanda de

Aguiar Horta a partir da publicaccedilatildeo do livro intitulado Processo de Enfermagem na

deacutecada de 70 Fundamentada na teoria das necessidades humanas baacutesicas orientada por

Maslow Wanda Horta propocircs accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas para a assistecircncia

ao ser humano Sabe-se que os estudos de Horta impulsionaram o ensino e a pesquisa do

processo de enfermagem no Brasil promovendo o desenvolvimento da metodologia

cientiacutefica (KLETEMBERG MANTOVANI LACERDA 2004)

O marco conceitual de Horta preconizou o processo de enfermagem na praacutetica

profissional Essa teoria foi considerada como a essecircncia da enfermagem e estimulou a

utilizaccedilatildeo desta nova metodologia de trabalho nas escolas de enfermagem brasileiras

(OGUISSO 2005)

A SAE foi reconhecida pelo Conselho de Enfermagem como atividade privativa

do enfermeiro segundo a Lei do Exerciacutecio Profissional nordm 7486 de 25 de junho de 1986

visando planejar a assistecircncia de enfermagem para assistir o ser humano integralmente

com accedilotildees especiacuteficas que possam colaborar para o bem-estar do indiviacuteduo famiacutelia e

comunidade Entretanto apenas em 2002 recebeu apoio legal do COFEN pela Resoluccedilatildeo

nordm 272 para ser implementada em acircmbito nacional nas instituiccedilotildees de sauacutede brasileiras

36

A Resoluccedilatildeo COFEN 2722002 ndash revogada pela resoluccedilatildeo COFEN nordm 3582009

dispotildeem sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem estabelecendo que

compete exclusivamente ao enfermeiro implantar planejar organizar executar e avaliar

o processo de enfermagem

Assim sendo esta resoluccedilatildeo possibilitou tambeacutem ordenar metodicamente e em

todos os ambientes de atenccedilatildeo agrave sauacutede o trabalho prestado pelo enfermeiro bem como

direcionar as accedilotildees da equipe de enfermagem para a promoccedilatildeo do cuidado particular e

totalitaacuterio aos clientes

Art 1ordm O Processo de Enfermagem deve ser realizado de modo

deliberado e sistematizado em todos os ambientes puacuteblicos ou

privados em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem

sect 1ordm ndash Os ambientes de que trata o caput deste artigo referem-

se a instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos de internaccedilatildeo

hospitalar instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos ambulatoriais de

sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees comunitaacuterias fabricas

entre outros

sect 2ordm ndash quando realizado em instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos

ambulatoriais de sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees

comunitaacuterias entre outros o Processo de Sauacutede de Enfermagem

corresponde ao usualmente denominado nesses ambientes como

Consulta de Enfermagem

A referida Resoluccedilatildeo define SAE como a organizaccedilatildeo do trabalho profissional

quanto ao meacutetodo para a operacionalizaccedilatildeo do processo de enfermagem e conceitua o

processo de enfermagem como um instrumento metodoloacutegico que direciona e documenta

os cuidados de enfermagem baseado em um suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados

o estabelecimento de diagnoacutesticos de enfermagem o planejamento das accedilotildees a

implementaccedilatildeo e que forneccedila a base para a avaliaccedilatildeo dos resultados alcanccedilados (COFEN

2009)

Art 3ordm O Processo de Enfermagem deve estar baseado num

suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados o estabelecimento

de diagnoacutesticos de enfermagem e o planejamento das accedilotildees ou

intervenccedilotildees de enfermagem e que forneccedila a base para a

avaliaccedilatildeo dos resultados de enfermagem alcanccedilados

Art 4ordm Ao enfermeiro observadas as disposiccedilotildees da Lei no

7498 de 25 de junho de 1986 e do Decreto no 94406 de 08 de

junho de 1987 que regulamenta incumbe a lideranccedila na

execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do Processo de Enfermagem de modo a

alcanccedilar os resultados de enfermagem esperados cabendo-lhe

privativamente o diagnoacutestico de enfermagem acerca das

37

respostas da pessoa famiacutelia ou coletividade humana em um

dado momento do processo sauacutede e doenccedila bem como a

prescriccedilatildeo das accedilotildees ou intervenccedilotildees de enfermagem a serem

realizadas face a essas respostas

Portanto a implantaccedilatildeo do processo de enfermagem requer o envolvimento

profissional para a representatividade do enfermeiro na equipe de sauacutede o que

proporciona a construccedilatildeo de sua identidade na assistecircncia e desmitifica conceitos

errocircneos quanto ao real papel do mesmo Gonccedilalves et al (2007) ressaltam que a SAE

favorece o cuidado em virtude de uma atenccedilatildeo individualizada sistemaacutetica planejada e

baseada em evidecircncias cientiacuteficas refletindo no desenvolvimento da profissatildeo como

ciecircncia e integra as aacutereas da assistecircncia ensino e pesquisa

14 ESTRUTURA E ORGANIZACcedilAtildeO DA SISTEMATIZACcedilAtildeO DA

ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

O planejamento do cuidado representa um avanccedilo para a equipe de enfermagem

por atestar a qualidade e eficaacutecia do atendimento expandir a visibilidade da atuaccedilatildeo do

enfermeiro e contribuir para a conquista do reconhecimento profissional perante o

paciente famiacutelia e membros da equipe de sauacutede Para Menezes Priel Pereira (2011) a

implantaccedilatildeo do processo de cuidado insere o enfermeiro em seu papel social e o assegura

atuar com autonomia contemplando o paciente com um cuidado qualificado

fundamentado nos princiacutepios da integralidade e humanizaccedilatildeo no conhecimento teacutecnico

cientiacutefico na responsabilidade profissional e nas relaccedilotildees interpessoais e institucionais

estabelecidas

Esta metodologia oferece suporte agrave consolidaccedilatildeo profissional o instrumento

otimiza a comunicaccedilatildeo com a equipe multidisciplinar amplia a atuaccedilatildeo do enfermeiro

organiza o serviccedilo da equipe de enfermagem e beneficia a instituiccedilatildeo e o sistema de sauacutede

que com a documentaccedilatildeo tem informaccedilotildees relevantes para utilizaccedilatildeo na assistecircncia

ensino pesquisa e desenvolvimento de planejamento para accedilotildees voltadas para a sauacutede da

populaccedilatildeo (TRUPPEL et al 2009)

O processo de enfermagem eacute baseado em princiacutepios e regras que satildeo conhecidos

por promover o cuidado de enfermagem eficiente Ele eacute definido como a dinacircmica das

accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas visando a assistecircncia ao ser humano este

38

instrumento possibilita ao enfermeiro colocar em praacutetica uma Teoria para isso precisa

estar inserido na realidade concreta de forma consciente competente teacutecnica e

cientificamente (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

A implantaccedilatildeo da SAE deve ser processo originado no conhecimento especiacutefico

fruto de uma reflexatildeo criacutetica e problematizadora acerca da organizaccedilatildeo e filosofia do

trabalho de enfermagem constitui-se um instrumento de fundamental importacircncia para

que o enfermeiro possa gerenciar e otimizar a assistecircncia de enfermagem de forma

organizada segura dinacircmica e competente (BACKES SCHWARTZ 2005)

Eacute uma atividade privativa do enfermeiro que atraveacutes de um meacutetodo e estrateacutegia

de trabalho cientiacutefico realiza a identificaccedilatildeo das situaccedilotildees de sauacutededoenccedila subsidiando

a prescriccedilatildeo e implementaccedilatildeo das accedilotildees de Assistecircncia de Enfermagem que possam

contribuir para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo em sauacutede do indiviacuteduo

famiacutelia e comunidade (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TEIXEIRA PAIM SANTO

2004)

A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indiviacuteduo

utilizando para isto seus conhecimentos e habilidades aleacutem de orientaccedilatildeo e treinamento

da equipe de enfermagem para a implementaccedilatildeo das accedilotildees sistematizadas (HORTA

1979) (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TANNURE GONCcedilALVES 2010)

A implantaccedilatildeo e o desenvolvimento da SAE nos ambientes de atuaccedilatildeo do

enfermeiro possibilitam benefiacutecios para o cliente para a profissatildeo e para a instituiccedilatildeo

Takahashi e colaboradores (2008) concluem que a assistecircncia individualizada eacute uma

prerrogativa da SAE e pressupotildee a participaccedilatildeo do paciente no processo de cuidar

mantendo sua autonomia destacam tambeacutem que o cuidado individualizado articula uma

relaccedilatildeo favoraacutevel com a equipe multiprofissional paciente e famiacutelia favorecendo a

humanizaccedilatildeo da assistecircncia

A autonomia do enfermeiro com a implantaccedilatildeoimplementaccedilatildeo do Processo de

Enfermagem eacute considerada um benefiacutecio do uso deste meacutetodo pois imprime a

possibilidade de o enfermeiro aplicar seus conhecimentos e conquistar o reconhecimento

pela qualidade do cuidado prestado ao paciente tanto na instituiccedilatildeo como junto agrave famiacutelia

refletindo seu papel na sociedade e na responsabilidade profissional (DUARTE

ELLENSOHN 2007) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

Tannure e Gonccedilalves (2010) acrescenta ainda que trabalhar dentro de uma

metodologia cientiacutefica natildeo apenas daacute autonomia agrave profissatildeo como organiza o cotidiano

39

da equipe pois permite a utilizaccedilatildeo de ferramentas apropriadas que facilitam os registros

e controles Para os serviccedilos quantificarem a assistecircncia controlar custos e facilitar a

auditoria o uso do processo de qualidade

A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada

e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila Dessa forma a

atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades individuais e

com isso promove a qualidade de vida e a prevenccedilatildeo de doenccedilas

141 Etapas e organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem

A SAE eacute um processo dinacircmico em constante avanccedilo eacutetico e legal que atende

aos princiacutepios da profissatildeo e classifica a assistecircncia de enfermagem como um meacutetodo

organizado de planejamento e implementaccedilatildeo de cuidados (CASAFUS DELLacuteACQUA

BOCCHI 2013)

Logo a SAE viabiliza ao enfermeiro atuar em diversos acircmbitos e desempenhar

atividades de assistecircncia supervisatildeo avaliaccedilatildeo e gerenciamento do cuidado para

promover mudanccedilas na atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem organiza o Processo de Enfermagem que constitui um caminho

metodoloacutegico organizado em etapas que auxilia o enfermeiro no desenvolvimento do

cuidado cientiacutefico humano e dinacircmico tendo como alicerce teorias organizacionais

(TANNURE GONCcedilALVES 2010)

De acordo com Horta (1979) o processo de enfermagem eacute uma seacuterie de accedilotildees

sistemaacuteticas visando certo resultado ato de proceder accedilatildeo de ser feito progressivamente

qualquer fenocircmeno que mostra uma continua mudanccedila no tempo como o processo de

crescimento ou uma seacuterie de accedilotildees ou operaccedilotildees que conduzem definitivamente a um

fim caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos

(HORTA 1979)

Segundo Castellanos e Castilho (2000) o PE representa a implementaccedilatildeo da SAE

elaborado a partir dos dados e levantamentos realizados pelo enfermeiro visando a

proporcionar o cuidado individualizado e de qualidade aos clientes com embasamento

cientiacutefico Por se tratar de um conjunto de elementos dispostos de uma forma determinada

e coordenados entre si para que possam funcionar como uma estrutura organizada da

40

assistecircncia de enfermagem eacute necessaacuterio engajamento natildeo soacute das equipes mas tambeacutem

da instituiccedilatildeo hospitalar

Eacute uma metodologia de soluccedilatildeo de problemas que requer habilidades cognitivas

teacutecnicas e interpessoais voltadas para a satisfaccedilatildeo das necessidades do cliente e da

famiacutelia buscando o alcance do bem-estar ou a melhoria da qualidade de vida pelo tempo

que for possiacutevel (SILVA DAMASCENO CARVALHO SOUZA 2001)

O PE geralmente eacute elaborado a partir do desenvolvimento de cinco fases

Investigaccedilatildeo Diagnoacutestico Planejamento Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo O nuacutemero de fases

em que se organiza o processo de enfermagem modifica-se de acordo com diversos

autores variando de quatro a seis fases Esta divergecircncia de opiniotildees consiste na questatildeo

de considerar a etapa de diagnoacutestico como uma etapa distinta ou consideraacute-la incluiacuteda na

primeira etapa o histoacuterico Importante se faz ressaltar que essa divisatildeo em etapas eacute uacutetil

para fins didaacuteticos sendo que na praacutetica o processo de enfermagem deve ser integrado

com suas etapas inter-relacionadas e interdependentes (ALFARO-LEFEVRE 2005)

Cianciarullo et al (2005) expotildeem que durante todo o PE o enfermeiro utiliza-se

de instrumentos baacutesicos especiacuteficos para extrair do cliente subsiacutedios que direcionem a

assistecircncia de enfermagem Aleacutem da percepccedilatildeo sensorial apurada (visatildeo audiccedilatildeo fala

tato e olfato) o enfermeiro deve saber como e o que perguntar bem como saber ouvir

Muitas vezes o paciente natildeo fornece respostas concretas e sim subsiacutedios que instigam

alertando e direcionando os questionamentos

Fase I ndash Investigaccedilatildeo Histoacuterico de Enfermagem

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PE eacute a Investigaccedilatildeo Eacute a etapa que oferece

a estrutura pela qual se justifica o plano de cuidados adotado pelo enfermeiro Possibilita

obter informaccedilotildees precisas completas e estruturadas do indiviacuteduo e do contexto em que

estaacute inserido servindo de base para as proacuteximas fases (ALFARO-LEFEVRE 2005)

(NEVES 2010)

Desta maneira Tannure e Gonccedilalves (2008) enfatiza que a pontualidade e a

autenticidade dos dados coletados contribuem na identificaccedilatildeo e delimitaccedilatildeo das

caracteriacutesticas biopsicossociais do cliente norteando o cuidado a ser estabelecido

A coleta de dados para a construccedilatildeo do histoacuterico natildeo eacute realizada apenas nesta fase

inicial mas perdura durante todo o tempo em que o cliente estiver assistido finalizando

ao momento em que este receba alta (ATKINSON MURRAY 1989) Para Alfaro-

41

LeFevre (2005) pode-se colher dados diretamente do indiviacuteduo ou obtecirc-los indiretamente

de outras fontes como pessoas prontuaacuterios ou exames

Desta forma para atingir o objetivo fim desta fase do processo a construccedilatildeo do

instrumento de coleta de dados natildeo pode ser accedilatildeo estaacutetica e pontual A elaboraccedilatildeo deste

instrumento deve ser accedilatildeo dinacircmica podendo sofrer alteraccedilotildees constantes para que atenda

os propoacutesitos da SAE

Figura 1 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta

Fonte Horta 1979

Sendo assim deve levar em consideraccedilatildeo o marco teoacuterico utilizado pelo serviccedilo

ou setor e a visatildeo dos paradigmas de enfermagem utilizados naquele espaccedilo

(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008) O instrumento deve

capturar informaccedilotildees relevantes e determinantes a todo o PE Barros (2009) complementa

que aleacutem de ser adequado ao puacuteblico a que se destina deve-se considerar as

peculiaridades da equipe de Enfermagem e as particularidades de cada Instituiccedilatildeo onde o

instrumento de coleta de dados seraacute utilizado

Os formulaacuterios satildeo importantes porque padronizam os registros e respaldam

legalmente as accedilotildees de enfermagem As anotaccedilotildees devem conter termos teacutecnicos numa

42

sequecircncia loacutegica e objetiva para que permita a continuidade do planejamento dos

cuidados prestados Satildeo tambeacutem importantes para a consulta de pesquisa e ensino fonte

de dados e para processos administrativos (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS

2006) (SILVA OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

O enfermeiro deve tambeacutem para sucesso desta fase estabelecer uma relaccedilatildeo de

confianccedila uma comunicaccedilatildeo sem ruiacutedos com o cliente de forma a capturar informaccedilotildees

relevantes Deve valer-se da eacutetica e respeitar o cliente em sua singularidade e dignidade

sua privacidade seus haacutebitos pessoais e crenccedilas mantendo em sigilo os dados obtidos

abstendo-se de preacute-julgamentos (ALFARO-LEFEVRE 2005) (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Fase II - O Diagnoacutestico de Enfermagem

A partir dos dados coletados eacute possiacutevel estabelecer o Diagnoacutestico de Enfermagem

Estes satildeo interpretaccedilotildees cientiacuteficas dos dados levantados usados para orientar o

planejamento de enfermagem a implementaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo (NANDA 2008) No

processo de elaboraccedilatildeo desta segunda fase o enfermeiro deve fundamentar-se em

evidecircncias a partir dos indicadores obtidos ao momento da investigaccedilatildeo possibilitando

a validaccedilatildeo dos seus diagnoacutesticos e intervenccedilotildees por outra pessoa (ALFARO-LEFEVRE

2005)

Segundo Tannure e Gonccedilalves (2010) o enfermeiro deveraacute ter capacidade de

anaacutelise de julgamento de siacutentese e de percepccedilatildeo ao interpretar dados cliacutenicos Alfaro-

LeFevre (2005) complementa que os erros na elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos levam a

intervenccedilotildees equivocadas e ateacute mesmo nocivas ao paciente Ainda nesta etapa eacute possiacutevel

detectar a necessidade de um cuidado multidisciplinar com a atuaccedilatildeo de profissionais de

outras aacutereas de forma a atender o cliente em sua totalidade

Uma vez identificadas agraves necessidades do cliente eacute preciso interpretaacute-las e

classificaacute-las utilizando-se de termos proacuteprios da enfermagem com informaccedilotildees

consistentes e precisas Isso possibilita uma linguagem comum a toda a equipe

consequumlentemente otimizando o tempo e permitindo um cuidado mais eficaz

(TANNURE GONCcedilALVES 2010)

O diagnoacutestico de enfermagem eacute considerado por alguns autores como uma das

etapas mais complexas causando muitas divergecircncias na sua realizaccedilatildeo O enfermeiro

encontra grande dificuldade para implementaacute-lo na sua praacutetica diaacuteria aleacutem de outros

43

profissionais de sauacutede a julgarem desnecessaacuteria (SILVA OLIVEIRA NEVES

GUIMARAtildeES 2011)

Figura 2 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Alfaro-LeFevre

Fonte Alfaro-Lefevre 2005

Fase III ndash O Planejamento da Assistecircncia

Na terceira etapa denominada Planejamento ocorre a determinaccedilatildeo das

prioridades para a resoluccedilatildeo dos diagnoacutesticos estabelecidos na fase anterior estabelecer

quais os resultados a serem alcanccedilados com o tratamento que favoreccedilam ao paciente

definir quais as intervenccedilotildees se faratildeo necessaacuterias para atender diretamente cada

diagnoacutestico de enfermagem prescrito e efetuar o registro do plano de cuidados

(ALFARO-LEFEVRE 2005)

O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao

cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste

propicia a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do

pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia (ANDRADE VIEIRA

2005)

A formalizaccedilatildeo do plano de cuidados (por meio das anotaccedilotildees) oferece subsiacutedios

que facilitam a troca de informaccedilotildees entre os agentes responsaacuteveis pelo cuidar norteia as

intervenccedilotildees a serem realizadas promove o registro de dados que possibilitem

posteriormente avaliar o cuidado prestado Servem tambeacutem como subsiacutedios que

44

propiciam a realizaccedilatildeo de pesquisas e fornecem agraves seguradoras de planos de sauacutede os

registros dos cuidados prestados a determinado cliente Assim sendo as informaccedilotildees

registradas devem ser claras e consistentes dirimindo quaisquer duacutevidas que possam

surgir (CARPENITO 2005)

Fase IV ndash A Implementaccedilatildeo da Assistecircncia

A fase de Implementaccedilatildeo eacute caracterizada pela execuccedilatildeo do plano de cuidados eacute o

momento em que o enfermeiro coloca em praacutetica as accedilotildees que foram estabelecidas na

fase de planejamento

Eacute o roteiro diaacuterio que coordena a accedilatildeo da equipe de enfermagem na execuccedilatildeo dos

cuidados decorrentes da implantaccedilatildeo do plano assistencial de enfermagem adequados as

necessidades baacutesicas e especiacuteficas de cada cliente (HORTA 1979) Para Alfaro Levefre

(2005) eacute a colocaccedilatildeo do plano em accedilatildeo eacute pensar sobre o plano eacute refletir sobre o que se

estaacute fazendo nos seguintes pontos investigar a situaccedilatildeo atual da pessoa antes de agir

realizar as intervenccedilotildees e reinvestigar para determinar as respostas iniciais comunicar e

registrar

Nesta etapa satildeo realizadas as prescriccedilotildees de enfermagem Estas devem ser

anotadas de forma que permitam um faacutecil entendimento pela equipe que iraacute colocaacute-la em

praacutetica Seu conteuacutedo deve estimular a equipe a se empenhar no cuidado prestado ao

cliente desenvolvendo o senso criacutetico Aleacutem de estabelecer o que fazer tambeacutem deve

determinar como quando onde com que frequumlecircncia e por quanto tempo as accedilotildees devam

ser realizadas (TANNURE GONCcedilALVES 2010)

Assim como os diagnoacutesticos de enfermagem as prescriccedilotildees tambeacutem devem ser

realizadas de acordo com a ordem de prioridades e grau de gravidade do cliente (SILVA

OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

Fase V ndash A Avaliaccedilatildeo de Enfermagem

A quinta etapa do processo de enfermagem eacute denominada de Avaliaccedilatildeo Segundo

Alfaro-LeFevre (2005) uma avaliaccedilatildeo criteriosa a partir de uma sensata reflexatildeo da

assistecircncia prestada ao cliente em seus pormenores confere ao enfermeiro a primazia na

qualidade do plano de cuidados

Nesta fase seraacute examinada a eficaacutecia da assistecircncia de enfermagem se estaacute

solucionando ou minimizando os problemas reais ou potenciais identificados na segunda

45

etapa Agrave medida que atendem ao que foi proposto satildeo realizados ajustes que se adequam

ao estado do cliente neste momento Conforme satildeo solucionados os problemas a

prescriccedilatildeo e respectivas intervenccedilotildees satildeo suspensas (POTTER 2004)

Carpenito (2005) refere que a anaacutelise minuciosa do plano de cuidados eacute

fundamental para atingir a excelecircncia na assistecircncia de enfermagem personalizada para

cada paciente assistido Desta forma faz-se necessaacuterio o registro de todas as atividades

realizadas bem como dos resultados alcanccedilados com as mesmas o que fundamentaria as

decisotildees no que tange ao quadro de pessoal avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do cuidado prestado

(tanto na resolutividade das necessidades do cliente quanto no custo com a realizaccedilatildeo dos

procedimentos) ou no tipo da assistecircncia oferecida

15 - DIFICULDADES PARA A IMPLANTACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO DA

SAE

Embora cientes da importacircncia da SAE na organizaccedilatildeo do serviccedilo de enfermagem

o processo de implantaccedilatildeo assim como a escolha de um referencial teoacuterico e de uma

metodologia adequada na praacutetica ainda carece de estrateacutegias e subsiacutediosevidecircncias

operacionais eficazes e comprometedoras capazes de nortear um novo perfil assistencial

Tem-se percebido empiricamente uma dicotomia entre ensino e praacutetica de

trabalho nas instituiccedilotildees gerando inseguranccedilas e descreacutedito nos estudantes e profissionais

em carreira uma vez que muitas situaccedilotildees de ensino se situam no niacutevel do ideal

sistematizado buscando a qualidade enquanto os serviccedilos deixam de atentar para estas

condiccedilotildees (ANDRADE VIEIRA 2005)

A falta de relaccedilatildeo entre os conceitos teoacutericos e a praacutetica profissional cria uma

dissonacircncia e gera conflitos na assistecircncia de enfermagem no que se refere ao uso da

metodologia que ao ser aplicada se torna de modo fracionada e distorcida dos princiacutepios

teoacutericos (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

A formaccedilatildeo acadecircmica dos enfermeiros muitas vezes contribui para que estes natildeo

busquem nem apliquem uma assistecircncia sistematizada pois durante aulas praacuteticas pode-

se perceber uma preocupaccedilatildeo maior tanto por parte de alguns docentes quanto pela

maioria dos alunos em adquirir habilidades teacutecnicas Assim deixam de levantar os

problemas de enfermagem do paciente e de planejar os cuidados ficando a assistecircncia

46

neste caso limitada a accedilotildees isoladas no decorrer de suas atividades (ANDRADE

VIEIRA 2005)

Para o desenvolvimento da SAE muito mais do que competecircncia teacutecnica eacute

preciso que os enfermeiros tenham sensibilidade para captar as necessidades emergentes

habilidade para empreender e estimular accedilotildees inovadoras e principalmente

conhecimento e capacidade estrateacutegica para envolver e comprometer criativamente os

demais profissionais da equipe de sauacutede (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)

A lei do exerciacutecio profissional (no 7498 1986) prevecirc como atribuiccedilatildeo do

enfermeiro ligada agrave metodologia da assistecircncia de enfermagem o desenvolvimento da

SAE poreacutem mesmo com respaldo legal para a execuccedilatildeo da metodologia da assistecircncia

poucos efeitos tecircm-se observado no cotidiano da praacutetica

Hermida e Araujo (2006) relatam que um trabalho de fiscalizaccedilatildeo do COREN-

SP nas instituiccedilotildees de sauacutede do Estado apoacutes investimento desse oacutergatildeo em capacitaccedilatildeo

dos enfermeiros para a realizaccedilatildeo da SAE revelou que 65 das instituiccedilotildees natildeo souberam

como implantar a SAE 38 estavam em fase de implantaccedilatildeo em 15 houve relutacircncia

eou impedimento dos profissionais de sauacutede e em 10 houve impedimento por parte da

instituiccedilatildeo para o desfecho desta (HERMIDA ARAUacuteJO 2006)

Teixeira Paim e Santos (2004) colocam como dificuldades para o

desenvolvimento da SAE as condiccedilotildees de trabalho do enfermeiro tais como

desproporccedilatildeo enfermeiroleito ausecircncia de uma filosofia de trabalho distorccedilatildeo entre a

formaccedilatildeo e a praacutetica problemas referentes agraves atribuiccedilotildees do enfermeiro preocupaccedilatildeo em

conceder uma assistecircncia de qualidade sobrecarga de trabalho

Backes e Schwartz (2005) acrescentam que as resistecircncias mais comuns para a

implementaccedilatildeo da SAE satildeo os proacuteprios profissionais de enfermagem ou seja os

profissionais com mais de dez anos de formados em virtude do desestiacutemulo a criaccedilatildeo de

estrateacutegias ousadas e para os profissionais com poucos anos de formaccedilatildeo associadas agrave

inexperiecircncia e despreparo teacutecnico e gerencial

Ainda como problema decorrente da natildeo utilizaccedilatildeo de uma metodologia

assistencial eacute possiacutevel considerar o desgaste de recursos humanos Nestes casos no

momento em que o enfermeiro percebe problemas e dificuldades no funcionamento e

rendimento da sua equipe de trabalho pode em alguns casos passar a desacreditar no seu

potencial de liacuteder e gerente produzindo sensaccedilotildees de impotecircncia e frustraccedilatildeo o que por

47

sua vez proporciona maior desgaste fiacutesico e consequentemente maacute produtividade

(ANDRADE VIEIRA 2005)

A carecircncia de pessoal de enfermagemenfermeiros dificulta tambeacutem a

implementaccedilatildeo da SAE portanto se faz necessaacuterio salientar a responsabilidade das

instituiccedilotildees propiciarem todas as condiccedilotildees necessaacuterias ao enfermeiro para executar de

forma efetiva o planejamento da assistecircncia pois natildeo basta fazer eacute preciso fazecirc-lo bem

natildeo basta exigir eacute preciso oferecer condiccedilotildees (HERMIDA 2004)

Contribuindo para esta reflexatildeo Backes e Schwatz (2005) acrescentam que o tipo

de organizaccedilatildeo dos serviccedilos associado ao modelo de gestatildeo tradicional gera contradiccedilotildees

em virtude de sua estrutura riacutegida excessivamente especializada com funccedilotildees rotineiras

e pouco desafiadoras Neste sentido a enfermagem conformou-se basicamente com uma

cultura do ldquofazerrdquo sem contudo refletir acerca de novas possibilidades do ser e agir na

praacutetica assistencial e gerencial

Para a elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo de um modelo assistencial em um serviccedilo

hospitalar acredita-se ser necessaacuterio a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico do trabalho da equipe

de enfermagem ressaltando seu preparo teacutecnico-cientiacutefico sobre o processo de

enfermagem bem como a existecircncia de problemas decorrentes de uma assistecircncia natildeo

sistematizada (ANDRADE VIEIRA 2005)

Nascimento e colaboradores (2008) relatam que eacute possiacutevel perceber na praacutetica a

insatisfaccedilatildeo de membros da equipe quanto o ter que fazer a SAE ou a exclusatildeo dos

profissionais de niacutevel meacutedio que apenas executam as prescriccedilotildees sem participar de sua

elaboraccedilatildeo existe um grande desencontro de informaccedilotildees entre o que eacute relatado pelo

paciente a outro profissional e o que o enfermeiro anotou como avaliaccedilatildeo ou evoluccedilatildeo

A falta de tempo para realizar a metodologia ou uma melhor assistecircncia direta ao

paciente eacute uma constante no discurso do enfermeiro O trabalho na instituiccedilatildeo muitas

vezes compartimentalizado pouco reflexivo forccedila o enfermeiro a ocupar um espaccedilo que

natildeo favorece a percepccedilatildeo da totalidade do seu trabalho Aliado a isto o saber meacutedico

hegemocircnico institucionalizado faz com que a praacutetica de enfermagem lhe sirva de esteio

(GARCIA-SANTOS WERLANG 2013) (BENEDET GELBCKE AMANTE 2016)

Em um ambiente de trabalho onde natildeo existe planejamento das atividades nem

determinaccedilatildeo de prioridades haacute um uma perda de tempo significativa no processo de

gerenciamento levando os profissionais a refazerem as atividades realizadas sem ecircxito

Assim perde-se tempo em resolver problemas inerentes a outros profissionais da equipe

48

e quando realmente se trata de atividades que competem ao enfermeiro este natildeo mais

dispotildee de tempo para realizaacute-las (ANDRADE VIEIRA 2005) (MEDEIROS SANTOS

CABRAL 2013)

Eacute importante salientar que as proacuteprias prescriccedilotildees de enfermagem tambeacutem podem

contribuir para dificultar a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede jaacute que muitas

vezes estas natildeo refletem uma anaacutelise justa do caso sendo elaborada contendo somente

cuidados rotineiros de forma repetitivas perdendo a credibilidade junto a equipe

(SHIMIZU CIAMPONE 2002)

A enfermagem por se caracterizar como uma profissatildeo dinacircmica necessita de

uma metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo O processo de enfermagem eacute

considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo facilitando a

troca de informaccedilotildees entre enfermeiros de vaacuterias instituiccedilotildees (BORK 2003)

Conhecer o aspecto subjetivo que permeia toda essa problemaacutetica configura-se

um importante investimento acadecircmico a ser explorado do ponto de vista psicossocial

Para uma efetiva implantaccedilatildeo do PE eacute necessaacuterio haver primeiro um comprometimento

da chefia de enfermagem com a proposta promovendo reuniotildees e elaborando um plano

de accedilatildeo que incluiria a sensibilizaccedilatildeo da equipe para a importacircncia dessa metodologia o

desenvolvimento de um estudo aprofundado do tema com o envolvimento de toda a

equipe e a construccedilatildeo coletiva dos meios para viabilizar a execuccedilatildeo do processo

(HERMIDA 2004) (ANDRADE VIEIRA 2005)

Para que o enfermeiro realize o PE eacute necessaacuterio que este assuma o compromisso

com sua aplicaccedilatildeo na praacutetica e a responsabilidade em executar suas etapas orientar a

equipe aprimorar e atualizar seus conhecimentos Exigiraacute tempo e determinaccedilatildeo de todos

que compartilharem desta jornada poreacutem o resultado se traduz em crescimento individual

e consequentemente qualidade da assistecircncia

Eacute necessaacuterio investimento nas condiccedilotildees materiais de trabalho no treinamento de

pessoal na promoccedilatildeo de sessotildees de estudo entre outras e posteriormente em questotildees

mais qualitativas com a adoccedilatildeo de novas posturas profissionais para melhoria da

qualidade do atendimento (MOURA RAMOS SOUSA SILVA ALVES 2008)

49

16 ndash A EVOLUCcedilAtildeO DO CUIDADO Agrave CRIANCcedilA

Na realizaccedilatildeo do trabalho de cada profissional que cuida

da crianccedila internada natildeo basta apenas a teacutecnica e a

afeiccedilatildeo por ela Faz-se necessaacuterio tambeacutem um

ldquosentimento de infacircnciardquo assim definido por considerar

a crianccedila como sujeito de sua histoacuteria pleno de direitos

dentre os quais ressaltamos o direito ao respeito agrave

liberdade e agrave dignidade

(Beatriz Oliveira 1997)

A assistecircncia agrave crianccedila passou por transformaccedilotildees significativas desde os seacuteculos

passados ateacute a proposta de alojamento conjunto pediaacutetrico Estas alteraccedilotildees

acompanharam a modificaccedilatildeo dos conceitos sociais e sempre estiveram diretamente

relacionadas com o valor e o significado que a sociedade daacute agrave crianccedila com o modo de

produccedilatildeo e com o desenvolvimento da praacutetica meacutedica

Antigamente as crianccedilas eram tidas como adultos em miniatura e posteriormente

passaram a ser reconhecidas como indiviacuteduos uacutenicos com necessidades e capacidades

especiacuteficas (AIREgraveS 1994)

Em funccedilatildeo da percepccedilatildeo da sociedade do ldquoser crianccedilardquo nos seacuteculos passados natildeo

se registraram intervenccedilotildees sistemaacuteticas sobre a sauacutede destas A questatildeo da sauacutede de um

modo geral envolvendo uma preocupaccedilatildeo com a assistecircncia meacutedica ou com a higiene das

cidades era subalterna ou inexistente Assim natildeo havia tampouco uma poliacutetica de sauacutede

para as crianccedilas ou mesmo para o conjunto da populaccedilatildeo (ELSEN 2002)

O indiviacuteduo adulto natildeo existia socialmente fora dos limites da propriedade e a

crianccedila soacute era vista como um elemento posto a serviccedilo do poder paterno Para a famiacutelia

cujo epicentro repousava na figura do pai a crianccedila soacute poderia receber uma atenccedilatildeo

geneacuterica Nos seacuteculos passados a infacircncia natildeo era tematizada nem pela famiacutelia nem pelo

Estado A famiacutelia baseava-se na manutenccedilatildeo do patrimocircnio com isso as relaccedilotildees pessoais

e de afetividade natildeo apareciam como centrais (AIREgraveS 1994)

A reestruturaccedilatildeo do nuacutecleo familiar implicava na mudanccedila de concepccedilatildeo

desenvolvida tradicionalmente sobre a crianccedila Os cuidados gerais que a crianccedila comeccedilou

a receber no fim do seacuteculo XIX foram substituiacutedos por uma assistecircncia sistematizada

quanto a condutas alimentares disciplinares pedagoacutegicas e mesmo de vestuaacuterio (AIREgraveS

1994) Para desempenhar estes cuidados a famiacutelia precisou redefinir o papel do pai e da

matildee buscando organizar-se em novos conceitos (WHALEY WONG 2015)

50

Esta nova forma de organizaccedilatildeo familiar com o objetivo de criar e educar crianccedilas

sadias para tornarem-se fortes e produtivas era compatiacutevel com a nova ordem que se

pretendia instaurar de paiacuteses independentes voltados para a produccedilatildeo e o acuacutemulo de

capital Podemos perceber entatildeo que a concepccedilatildeo de crianccedila esteve relacionada aos

problemas que as sociedades tinham para administrar (OLIVEIRA 1997) (ELSEN

2002) O controle das doenccedilas transmissiacuteveis a prevenccedilatildeo da mortalidade infantil e

reduccedilatildeo da populaccedilatildeo eram associados agrave produtividade no trabalho e agrave prosperidade do

paiacutes

No seacuteculo XVIII os hospitais ainda estavam se organizando como nuacutecleos de

praacutetica meacutedica cliacutenica individualizada e a pediatria como especialidade meacutedica ainda natildeo

havia surgido A apreensatildeo da crianccedila pela medicina se daacute inicialmente por meio de

conhecimentos que possibilitem crescimento e desenvolvimento saudaacutevel da higiene

corporal e do ambiente da alimentaccedilatildeo dos cuidados preacute-natais e poacutes-natais imediatos

Medidas legais para protege-la dos agravos do meio ambiente comeccedilam a ser adotadas

como a regulamentaccedilatildeo do trabalho da pueacuterpera possibilitando agrave matildee cuidar da crianccedila

nos primeiros meses e a proteccedilatildeo da crianccedila contra trabalhos insalubres entre outras

medidas (ROCHA ALMEIDA 1993) (WHALEY WONG 2015)

O primeiro hospital infantil foi construiacutedo em Paris em 1802 seguido pelo

ldquoHospital for Sick Childrenrdquo em Londres que precedem os hospitais norte-americanos

e podem ser considerados como marco inicial da assistecircncia agrave crianccedila (ROCHA

ALMEIDA 1993) O precursor da pediatria foi o meacutedico Abraham Jacobi (1830 ndash 1919)

cujas realizaccedilotildees influenciaram as investigaccedilotildees cientiacuteficas e cliacutenicas das doenccedilas da

infacircncia no seacuteculo XIX motivo pelo qual eacute conhecido como o ldquopai da pediatriardquo

(WHALEY WONG 2015)

O hospital como instrumento terapecircutico mudou a percepccedilatildeo da sociedade sobre

a assistecircncia agrave sauacutede uma vez que retirou das famiacutelias a responsabilidade sobre o cuidado

dos seus doentes Para as crianccedilas as regras e teacutecnicas de isolamento eram extremamente

riacutegidas as infecccedilotildees sem o auxiacutelio dos antibioacuteticos eram graves e temidas as visitas eram

consideradas ameaccedilas ao tratamento ficando estas isoladas uma das outras e confinadas

aos seus leitos (ROCHA ALMEIDA 1993)

A internaccedilatildeo hospitalar contribuiu para a observaccedilatildeo sistematizada de sinais e

sintomas levando ao aperfeiccediloamento dos procedimentos para o diagnoacutestico e

terapecircutica Esta evoluccedilatildeo consequentemente foi afastando a famiacutelia de um envolvimento

51

com a crianccedila e os profissionais durante os episoacutedios de tratamento meacutedico O saber e a

praacutetica familiar foram ignorados pelo cientificismo da praacutetica meacutedica (ROCHA LIMA

SCHOCHI 1997) O modelo de atendimento agrave sauacutede vigente neste momento era o

hospitalocentrico bioloacutegico individual e curativo

Os registros mais antigos da enfermagem no cuidado agrave crianccedila datam de 1859

nos apontamentos de Florence Nightingale estes refletem e evoluiacuteram de acordo com a

praacutetica meacutedica e seguindo a mesma filosofia trata-se de apontamentos centrados na

puericultura como o conjunto de regras e noccedilotildees sobre a arte de criar fisiologicamente e

higienicamente crianccedilas (COLLET 2001)

A origem da enfermagem pediaacutetrica moderna aparece associada agrave pediatria

especialidade meacutedica Somente apoacutes os departamentos de pediatria terem-se estabelecido

nas escolas meacutedicas eacute que a pediatria tornou-se disciplina nos curriacuteculos das escolas de

enfermagem Contudo na maioria das escolas omitia-se a importacircncia do crescimento e

desenvolvimento das reaccedilotildees psicoloacutegicas da crianccedila e da necessidade de educar o que

fazia com que os profissionais de sauacutede estivessem aptos a cuidar da crianccedila doente mas

sem saber lidar com sua convalescenccedila ou com a prevenccedilatildeo das doenccedilas (LIMA 1996)

Posteriormente esta concepccedilatildeo foi sendo transformada a partir do momento em

que se identificou que crianccedila apresenta especificidades e reaccedilotildees que variam conforme

a idade Tal fato ocorre por estar ela em constante evoluccedilatildeo desde seu nascimento ateacute a

fase adulta ultrapassando vaacuterias etapas que se modificam por forccedila das transformaccedilotildees

inerentes ao seu crescimento e desenvolvimento (RIBEIRO ANGELO 2005)

A sauacutede infantil que emergia com as demais praacuteticas sanitaacuterias no processo de

expansatildeo capitalista apesar de jaacute se articular em termos de serviccedilos de sauacutede inclusive

utilizando uma terapecircutica cientiacutefica mantinha seu caraacuteter ideoloacutegico quanto agrave

constituiccedilatildeo de uma visatildeo de mundo adequada agraves elites dirigentes e assumia um papel

cada vez mais importante nessa estrateacutegia de controle (ELSEN 2002)

O cuidado de enfermagem agrave crianccedila evolui em linhas gerais e superficiais

baseando-se no conhecimento da medicina de forma que o conhecimento era limitado

possibilitando apenas a fundamentaccedilatildeo de algumas teacutecnicas de trabalho mantendo

contudo extremamente limitada sua autonomia no processo de trabalho Neste contexto

Rocha e Almeida (1993) colocam

[] ao final da deacutecada de 30 as enfermeiras pediatras

identificam as limitaccedilotildees do referencial teoacuterico insuficiente em

fornecer elementos para lidar com a crianccedila e ajudaacute-la um ser

52

em crescimento e desenvolvimento temporariamente afastado de

seu ambiente e da famiacutelia durante a hospitalizaccedilatildeo Passam

entatildeo a procurar no estudo do crescimento e desenvolvimento

infantil referencial teoacuterico trazido em parte da psicologia para

instrumentalizar-se e lidar com problemas de comportamento e

nas relaccedilotildees entre a crianccedila a famiacutelia e o conjunto de pessoas

que compotildeem a equipe de sauacutede (ROCHA ALMEIDA 1993

p25)

Datam da deacutecada de 70 do seacuteculo passado as mais significativas modificaccedilotildees

ligadas ao cuidado e praacuteticas de sauacutede para a crianccedila e estatildeo relacionadas ao surgimento

e valorizaccedilatildeo do sentimento de infacircncia que natildeo era estimulado ou protegido as

evoluccedilotildees das praacuteticas meacutedicas e hospitalares e ao avanccedilo de tecnologias que possibilitam

a sobrevivecircncia de crianccedilas prematuras como o surgimento das incubadoras e

respiradores (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

Com este advento as bases da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada tecircm-se

modificado nas uacuteltimas deacutecadas estas contribuiccedilotildees estimularam e desenvolveram

diferentes perspectivas de como assistir a crianccedila no processo sauacutede-doenccedila perspectivas

estas que vecircm orientando a praacutetica pediaacutetrica Elas influenciam a visatildeo dos profissionais

sobre o ser crianccedila o papel da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem

identificados os objetivos a abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-

relacionamento da equipe de sauacutede (LIMA 1996)

Este novo perfil assistencial provoca uma grande transformaccedilatildeo na assistecircncia agrave

crianccedila favorecendo um universo mais amplo aos cuidados e modificando a finalidade

do trabalho que passa a exigir do profissional a racionalidade para a recuperaccedilatildeo do corpo

anaacutetomo-fisioloacutegico poreacutem preocupando-se agora tambeacutem com estrateacutegias que busquem

o bem-estar da famiacutelia e a qualidade de vida (GAIacuteVA SCOCHI 2004)

Todo o hospital dispotildee de uma abordagem de assistecircncia agrave crianccedila que mesmo

natildeo estando expliacutecita em suas normatizaccedilotildees pode ser facilmente identificada pela

observaccedilatildeo

As normas hospitalares riacutegidas e inflexiacuteveis que se baseavam apenas na questatildeo

da contaminaccedilatildeo do ambiente hospitalar numa oacutetica microbioloacutegica das causas das

doenccedilas foram-se modificando com o passar do tempo pois foi sendo demonstrado que

os germes hospitalares eram muito mais agressivos do que os germes que provinham do

ambiente domiciliar do paciente e de seus familiares Paralelamente a psicologia

avanccedilou no atendimento dos distuacuterbios da crianccedila evidenciando que o distanciamento

53

ou a ausecircncia dos pais em eacutepocas importantes da vida da crianccedila participavam da gecircnese

desses distuacuterbios fossem eles precoces ou tardios (ROCHA ALMEIDA 1993)

(WHALEY WONG 2015)

No Brasil a partir da constituiccedilatildeo de 1988 eacute que efetivamente avanccedilou-se no

conceito da humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila com a promulgaccedilatildeo do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente (ECA) Com a Lei nordm 8069 de 13 de julho de 1990 agrave crianccedila

passa a gozar de direitos fundamentais sendo garantidos a sauacutede alimentaccedilatildeo proteccedilatildeo

educaccedilatildeo esporte lazer e cultura E aleacutem da famiacutelia o Estado como um todo possui o

dever de zelar e garantir esses direitos baacutesicos

Entre outros avanccedilos vinculados a esta proposta estaacute o direito a internaccedilatildeo

hospitalar com o acompanhamento dos familiares (BRASIL 1991)

Com a humanizaccedilatildeo do atendimento hospitalar objetiva-se

principalmente dar apoio psicoloacutegico agrave crianccedila internada e sua

famiacutelia diminuir o tempo de internaccedilatildeo reduzir o nuacutemero de

reinternaccedilotildees trocar experiecircncias com as matildees acerca do

cuidado das crianccedilas durante o tempo de permanecircncia no

hospital Com isso pretende-se preservar a indissolubilidade do

binocircmio matildee-filho reduzir o custo da internaccedilatildeo aumentar o

calor afetivo e a colaboraccedilatildeo da equipe de sauacutede criando-se um

viacutenculo entre a famiacutelia o hospital e a comunidade (ROCHA

ALMEIDA 1997)

Contudo a praacutetica da maioria das instituiccedilotildees hospitalares em nosso paiacutes continua

a do cuidado centrado na patologia com a crianccedila internada sem a presenccedila dos

familiares natildeo havendo portanto respeito pelas necessidades da crianccedila Esta realidade

vem sendo modificada em algumas instituiccedilotildees hospitalares que desenvolvem propostas

para permitir a humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada com a permanecircncia do

acompanhante durante o tratamento e o envolvimento da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila

(SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)

Vale lembrar que nem sempre as leis satildeo colocadas em praacutetica o que reforccedila a

ideacuteia de que meros dispositivos legais natildeo resolvem os problemas sociais fazendo-se

necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas que garantam o acesso aos direitos para a edificaccedilatildeo

de uma naccedilatildeo efetivamente cidadatilde (COLLET 2001)

A hospitalizaccedilatildeo altera a vida da crianccedila e de sua famiacutelia quando a proposta de

assistecircncia eacute integral portanto humanizada esta experiecircncia estressante pode ser

amenizada pelo fornecimento de certas condiccedilotildees como a presenccedila de familiares o

54

contato com outras crianccedilas a disponibilidade afetiva dos trabalhadores de sauacutede a

informaccedilatildeo as atividades recreacionais entre outras A adoccedilatildeo do alojamento conjunto

pediaacutetrico eacute uma das estrateacutegias que possibilitam a reduccedilatildeo do estresse emocional durante

a internaccedilatildeo (LIMA 1996) (SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)

Ao pensar a inserccedilatildeo da famiacutelia no ambiente hospitalar precisamos levar em

consideraccedilatildeo seus direitos e deveres bem como o papel a ser desenvolvido A burocracia

hospitalar a falta de diretrizes de planejamento e de organizaccedilatildeo de um projeto

terapecircutico comum na unidade de pediaacutetrica demostram a possibilidade de desencadear

problemas das mais variadas ordens tanto para a equipe de sauacutede como para as crianccedilas

e suas famiacutelias (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOARES ROSA HIGARASHI

MARCON MOLINA 2016)

A evoluccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da crianccedila caminhou da internaccedilatildeo hospitalar

que rompia o viacutenculo afetivo com a famiacutelia para a proposta de alojamento conjunto que

envolve os familiares na hospitalizaccedilatildeo na promoccedilatildeo da sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas a

seus filhos

As diferentes abordagens para assistir agrave crianccedila no processo sauacutede-doenccedila

orientam e influenciam a visatildeo dos profissionais sobre o que significa ser crianccedila o papel

da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem identificados os objetivos a

abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-relacionamento da equipe de sauacutede

(ELSEN 2002)

A tendecircncia atual ainda que mal definida na praacutetica eacute prestar uma assistecircncia

integral agrave crianccedila o que pode ser entendido como olhar a crianccedila em sua totalidade um

ser em crescimento e desenvolvimento que pertence a uma famiacutelia cujos membros

portanto devem ser incluiacutedos na assistecircncia Ela eacute um ser cujo processo sauacutede ndash doenccedila eacute

determinado socialmente isto eacute pertence a um grupo social que o caracteriza (COLLET

ROCHA 2001) O quadro abaixo apresenta trecircs propostas de abordagem ao cuidado da

crianccedila hospitalizada

55

Quadro 3 - Caracteriacutesticas das abordagens de assistecircncia agrave crianccedila

Aspectos

Assistenciais

Centrada na

Patologia

Centrada na

Crianccedila

Centrada na

Famiacutelia

Foco Doenccedila da crianccedila

com abrangecircncia

intra-hospitalar

Crianccedila doente com

suas caracteriacutesticas de

desenvolvimento

abrangecircncia intra-

hospitalar

Famiacutelia vivenciando

a doenccedila e

hospitalizaccedilatildeo de

uma de suas crianccedilas

abrangecircncia intra e

extra-hospitalar

Objetivos Tratar a doenccedila ou

recuperar a sauacutede da

crianccedila

Tratar a doenccedila

minimizar os traumas

da hospitalizaccedilatildeo

favorecer o

desenvolvimento da

crianccedila estimular a

participaccedilatildeo da

famiacutelia no cuidado da

crianccedila

Tratar a doenccedila

minimizar os traumas

da hospitalizaccedilatildeo

para a crianccedila e sua

famiacutelia incentivar a

co-participaccedilatildeo da

famiacutelia nas tomadas

de decisatildeo favorecer

sua integridade e

pontencializar forccedilas

Visatildeo da

Hospitalizaccedilatildeo

Evento necessaacuterio ao

diagnoacutestico e

tratamento manejado

por uma equipe de

especialistas

Evento necessaacuterio

poreacutem determinador

de estresse para a

crianccedila

Evento estressante

para a crianccedila e sua

famiacutelia que pode

determinar ruptura no

funcionamento

familiar

Caracteriacutesticas fiacutesicas

da unidade

Ecircnfase na

organizaccedilatildeo e no

funcionamento

normas e rotinas

rigorosas

estabelecidas

pobreza de decoraccedilatildeo

ou outras

caracteriacutesticas

infantis leitos

distribuiacutedos pela

enfermaria por

patologias

Maior flexibilidade

de organizaccedilatildeo e

funcionamento

decoraccedilatildeo infantil

ambiente para

recreaccedilatildeo e

caracteriacutesticas fiacutesicas

adequadas agraves

necessidades das

diferentes faixas

etaacuterias e ao conforto

do acompanhamento

leitos distribuiacutedos

conforme a idade e as

necessidades das

crianccedilas

Flexibilizaccedilatildeo de

organizaccedilatildeo e

funcionamento com

vistas tanto a

favorecer a atuaccedilatildeo

da equipe como da

famiacutelia decoraccedilatildeo

infantil local para

recreaccedilatildeo e conviacutevio

entre famiacutelia-crianccedila-

equipe

Tomada de decisotildees Vertical centrada na

figura do meacutedico

Horizontal poreacutem

centrada na equipe de

sauacutede

Horizontal

compartilhada entre a

equipe e a famiacutelia

Avaliaccedilatildeo Baseada em criteacuterios

objetivos como

evoluccedilatildeo dos sinais e

sintomas tempo de

hospitalizaccedilatildeo

estatiacutestica de alta com

Baseada nos mesmos

criteacuterios objetivos e

outros subjetivos

como o grau de

participaccedilatildeo da

crianccedila e da famiacutelia

influencias no

Baseada nos mesmos

criteacuterios objetivos e

subjetivos anteriores

e outros como

satisfaccedilatildeo e niacutevel de

funcionamento da

famiacutelia tanto no

56

a doenccedila curada

melhorada oacutebitos

comportamento

assim como no

crescimento e

desenvolvimento da

crianccedila

acircmbito hospitalar

como na busca e

utilizaccedilatildeo dos

recursos da

comunidade extra-

hospitalar

Fonte PETTENGIL RIBEIRO BORBA O cuidado centrado na crianccedila e sua famiacutelia uma

perspectiva para a atuaccedilatildeo do enfermeiro pediaacutetrico In ALMEIDA FA SABATEacuteS AL

Enfermagem pediaacutetrica a crianccedila o adolescente e sua famiacutelia no hospital p 35-37 2008

A abordagem do cuidado a crianccedila a partir da perspectiva familiar eacute parte processo

de humanizaccedilatildeo da assistecircncia A preocupaccedilatildeo com a humanizaccedilatildeo da assistecircncia

hospitalar natildeo se restringe agrave atenccedilatildeo agrave crianccedila mas integra uma nova cultura nacional de

melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais expressa por meio do

aperfeiccediloamento da gestatildeo hospitalar da melhoria da infraestrutura das instituiccedilotildees e do

fortalecimento do compromisso da equipe de profissionais de sauacutede (BRASIL 2001)

A Poliacutetica Nacional de humanizaccedilatildeo entende que para que exista humanizaccedilatildeo eacute

preciso haver a valorizaccedilatildeo da dimensatildeo subjetiva e social em todas as praacuteticas de atenccedilatildeo

agrave sauacutede fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadatildeo (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011) Esta vem se estruturando e solidifica-se por meio de

um conjunto de elementos tecnocientiacuteficos e subjetivos os quais direcionam as accedilotildees para

o cuidado com as pessoas Esta forma de cuidar deve ser iniciada no acircmbito familiar mas

ao mesmo tempo ser consolidada por accedilotildees nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede acessiacuteveis e

resolutivas (BRASIL 2001) (SILVA VIERA 2014)

Faz parte tambeacutem deste processo de valorizaccedilatildeo da integralidade e resolutividade

assistencial a construccedilatildeo das redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila e agrave sauacutede familiar

Busca-se com as redes de sauacutede a produccedilatildeo de sauacutede a co-responsabilidade dos atores

envolvidos no processo o fortalecimento do controle social com caraacuteter participativo em

todas as instacircncias gestoras do SUS compromisso com a democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de

trabalho e valorizaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede estimulando processos de educaccedilatildeo

permanente (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

A integralidade do cuidado amplamente discutida e difundida haacute tantos anos pelas

enfermeiras encontra na humanizaccedilatildeo um instrumento consolidador deste modo operante

da profissatildeo

Promover um cuidado humanizado e de qualidade a esta clientela vincula-se a

processos que natildeo se expressam por caracterizaccedilotildees e definiccedilotildees precisas e facilmente

medidas Envolver a famiacutelia no cuidado por exemplo eacute ir aleacutem da sua participaccedilatildeo na

57

divisatildeo funcional de tarefas Implica compreender a dimensatildeo social na qual as famiacutelias

estatildeo inseridas levando-se em consideraccedilatildeo suas demandas psiacutequicas emocionais

afetivas Significa apreender a famiacutelia natildeo mais de forma estereotipada e idealizada mas

na complexidade do seu processo social de sua subjetividade enfim de suas relaccedilotildees

Enfim eacute preciso que se pense coletivamente na construccedilatildeo de um projeto

terapecircutico sem estruturaccedilotildees riacutegidas com a possibilidade de repensar e refazer no

cotidiano as accedilotildees de cuidado e organizacionais (SOARES ROSA HIGARASHI

MARCON MOLINA 2016)

161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila

Existem inuacutemeras razotildees para a internaccedilatildeo de crianccedilas ou adolescentes em uma

unidade hospitalar A principal delas eacute a obtenccedilatildeo do pleno restabelecimento fiacutesico sem

agravos no estado psicoemocional aos quais estaacute clientela estaacute sujeita em decorrecircncia de

vaacuterias situaccedilotildees que lhe satildeo peculiares durante a internaccedilatildeo hospitalar como a separaccedilatildeo

dos pais os procedimentos dolorosos invasivos e desconhecidos entre outros

No entanto para que essa hospitalizaccedilatildeo seja segura no mais amplo sentido o

planejamento do cuidado deve ser feito pelo enfermeiro de modo que atenda as

caracteriacutesticas do crescimento e desenvolvimento dessa clientela e ainda seja harmocircnico

com as necessidades da famiacutelia e equipe de sauacutede favorecendo a humanizaccedilatildeo e

seguranccedila do atendimento (COLLET ROCHA 2001) (GAIacuteVA SOUZA XAVIER

2013)

Na maioria das instituiccedilotildees hospitalares ainda vigora a perspectiva biologicista

dando ecircnfase agrave doenccedila da crianccedila e ao seu tratamento Os pais satildeo obrigados a seguir uma

organizaccedilatildeo predeterminada pelos serviccedilos Natildeo existindo estiacutemulo para a participaccedilatildeo e

o envolvimento deles nas decisotildees relativas ao tratamento e aos cuidados prestados aos

filhos atuando mais como expectadores da assistecircncia (COLLET 2001)

Eacute importante salientar que o cuidado de enfermagem agrave crianccedila natildeo se restringe agrave

busca do ecircxito teacutecnico pois apesar da preocupaccedilatildeo do enfermeiro com as praacuteticas de

sauacutede por meio de accedilotildees curativistas deve-se atentar para as atitudes compreensivas no

processo de cuidar caminhando para a construccedilatildeo de novos entendimentos das situaccedilotildees

que a crianccedila e a famiacutelia enfrentam (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA

2010)

58

O modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila implementado pelo hospital implica o

desenvolvimento de accedilotildees para o cuidado tais praacuteticas para serem integrais e

possibilitarem intervenccedilotildees geradoras de bem-estar e qualidade de vida precisam ser

sistematizadas portanto o enfermeiro que atua nestes espaccedilos deve utilizar a SAE e o PE

para efetuar sua praacutetica profissional junto agrave crianccedila

A SAE em pediatria requer o planejamento e implementaccedilatildeo de accedilotildees em uma

abordagem processual que fundamente a tomada de decisotildees acerca do cuidado

(WHALEY WONG 2015) Aos enfermeiros que atuam na pediatria cabe o desafio de

adequar a SAE aacutes necessidades das crianccedilas e suas famiacutelias pois o contexto do hospital

algumas vezes provoca nos profissionais uma forte tendecircncia em focar sua atenccedilatildeo no

cliente de forma fragmentada percebendo cliente e famiacutelia a partir de uma visatildeo

dicotomizada inviabilizando uma abordagem humaniacutestica do cuidado (SOUSA

GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

Horta (1979) afirma que a variaccedilatildeo das necessidades de um indiviacuteduo para o outro

se daacute na maneira como se manifesta e como satildeo satisfeitas ou atendidas Alguns fatores

interferem na manifestaccedilatildeo ou no atendimento entre eles podem ser descritos a

individualidade a idade o sexo a cultura a escolaridade os fatores socioeconocircmicos o

ciclo sauacutede-enfermidade e o ambiente fiacutesico

A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada

e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila da crianccedila

Dessa forma a atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades

individuais e com isso promove o crescimento e desenvolvimento saudaacutevel assim como

a prevenccedilatildeo de doenccedilas (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)

Desta forma devemos considerar a SAE portanto um instrumento que

proporciona natildeo apenas uma melhora na qualidade da assistecircncia mas tambeacutem confere

ao profissional maior autonomia de suas accedilotildees o respaldo legal e ao aumento do viacutenculo

entre o profissional e o paciente (CARVALHO SILVA FERREIRA CORREA 2008)

Enquanto processo organizacional ela eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o

desenvolvimento de meacutetodos interdisciplinares e humanizados de cuidado (MOREIRA

etal2012)

Para Duran e Toledo (2011) o processo de enfermagem contribui para minimizar

complicaccedilotildees referentes ao estado de sauacutede e cuidados prescritos bem como maior

estabilidade e seguranccedila na assistecircncia prestada Por isso a seguranccedila da assistecircncia agrave

59

crianccedila deve ser preservada considerando a maior vulnerabilidade do grupo de

atendimento (GAIacuteVA SOUZA XAVIER 2013)

Neste contexto a SAE eacute de extrema importacircncia pois direciona as intervenccedilotildees

conforme as necessidades do paciente aleacutem de facilitar a avaliaccedilatildeo dos cuidados de

enfermagem Estudo desenvolvido avaliando a utilizaccedilatildeo da sistematizaccedilatildeo do cuidado

ao receacutem-nascido internado em UTI neonatal concluiu que a SAE garante a qualidade e

a organizaccedilatildeo da assistecircncia o que promove maior sobrevida e menor tempo de

permanecircncia da crianccedila na UTIN (MOREIRA etal2012)

Assim a aplicaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees de sauacutede apresenta como aspectos

positivos seguranccedila no planejamento execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das condutas de enfermagem

individualizaccedilatildeo da assistecircncia visibilidade e autonomia para o enfermeiro (SILVA

OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)

Com isso a SAE acaba por se constituir um processo de qualificaccedilatildeo profissional

que aleacutem de propiciar valorizaccedilatildeo do papel do enfermeiro na Instituiccedilatildeo induz maior

qualidade da assistecircncia como poderoso veiacuteculo que requer pensamento criacutetico e criativo

para desenvolver um cuidado de excelecircncia e boa relaccedilatildeo custobenefiacutecio desenvolvendo

um ambiente de assistecircncia agrave sauacutede multidisciplinar (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013)

162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila

A implementaccedilatildeo do PE deve promover o encontro de subjetividade entre o

profissional de enfermagem e a famiacutelia da crianccedila Desse encontro surgem novas

compreensotildees e interpretaccedilotildees que contribuem para o sucesso do cuidado e a superaccedilatildeo

da crise ocorrida durante a hospitalizaccedilatildeo (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do PE aleacutem de organizar o cuidado prestado

proporciona tambeacutem melhor comunicaccedilatildeo pois evita interpretaccedilatildeo duvidosa e encoraja a

participaccedilatildeo do cliente no planejamento e na assistecircncia de enfermagem individualizada

e humanizada Auxilia ainda a definir o papel do enfermeiro junto ao cliente e a outros

profissionais de sauacutede intensificando a satisfaccedilatildeo profissional e acentuando o

desenvolvimento de habilidades cognitivas teacutecnicas e interpessoais (MOREIRA

etal2012)

60

Assim para que a accedilatildeo do profissional de enfermagem seja feita a partir de

condutas e atitudes seguras que embasem a tomada de decisotildees relacionadas ao cliente o

conhecimento constitui valor de grande importacircncia (COLLET ROCHA 2001)

(MOREIRA etal2012) No caso da crianccedila todo o arcabouccedilo de conhecimento

relacionados ao seu processo de crescer e desenvolver devem ser considerados de forma

que o cuidado a ser prestado seja significativo e faccedila alteraccedilotildees positivas no estado de

sauacutede da crianccedila e dos familiares envolvidos no processo

A baixo satildeo descritas de acordo com as fases do processo de enfermagem algumas

especificidades levantadas em bibliografias que precisam ser abordados ao momento de

organizar o gerenciamento do cuidado a crianccedila e sua famiacutelia jaacute que estas especificidades

relacionadas a clientela infantil proporcionaram maior embasamento para a tomadas de

decisotildees criacuteticas e natildeo meramente advindas de uma seacuterie de tentativas

Fase I - Histoacuterico de enfermagem

Consiste no levantamento de dados obtidos por meio de diferentes fontes de

informaccedilatildeo requer do enfermeiro habilidades diferenciadas como a capacidade de

observaccedilatildeo comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com o paciente aleacutem do conhecimento especiacutefico

(COLLET OLIVEIRA 2002) (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA 2013)

Conveacutem reunir o maior nuacutemero de informaccedilotildees possiacuteveis referentes aos aspectos

fiacutesicos sensomotores intelectuais soacutecio-afetivos da crianccedila a fim de avaliar seu niacutevel de

desenvolvimento e propor em seguida accedilotildees e encaminhamentos que favoreccedilam o seu

desenvolvimento (SCHMITZ 2005)

No histoacuterico de pediatria alguns pontos devem ser observado ao momento da

coleta da informaccedilatildeo deve ser concedido espaccedilo para a crianccedila participar da entrevista

juntamente com sua famiacutelia considerando suas colocaccedilotildees e ponto de vista a

caracteriacutestica e estrutura interna da famiacutelia deve ser coletado por meio de diagramas como

o genograma e o ecomapa o cuidador principal da crianccedila deve ser identificado no

atendimento de lactentes ou de patologias correlacionadas a injurias na gestaccedilatildeo o

histoacuterico deste periacuteodo deve ser coletado atividades recreacionais e educacionais devem

ser levantadas a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento deve ser feita comparando as habilidades

e marcos de desenvolvimento para cada estaacutegio (WHALEY WONG 2015)

61

Fase II - Diagnoacutestico de Enfermagem

Consiste no julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo famiacutelia ou

comunidade aos problemas de sauacutede processos de vida vigentes e potenciais

proporcionando a base para a seleccedilatildeo de intervenccedilotildees de enfermagem visando ao alcance

de resultados pelo qual o enfermeiro eacute responsaacutevel (CARPENITO 2005) (NANDA

2008)

Para que o enfermeiro possa realizar o diagnoacutestico faz se necessaacuterio utilizar um

sistema uacutenico de classificaccedilatildeo Existem cinco tipos de diagnoacutesticos de enfermagem (reais

de risco de bem-estar de promoccedilatildeo a sauacutede e de siacutendrome) sendo que os diagnoacutesticos

reais e de risco satildeo os mais utilizados na praacutetica (NANDA 2008)

Estudo que avaliou os diagnoacutesticos de enfermagem mais utilizados no cuidado a

crianccedila elencou nove diagnoacutesticos reais segundo a taxonomia da NANDA natildeo

relacionados a patologias como os mais utilizados Proteccedilatildeo ineficaz Comunicaccedilatildeo

verbal prejudicada Processos familiares interrompidos Mobilidade fiacutesica prejudicada

Padratildeo de sono perturbado Atividades de recreaccedilatildeo deficientes Medo Ansiedade

Tensatildeo do papel do cuidador (SILVA 2004) (SIQUEIRA 2005) (MONTEIRO

SILVALOPES 2006)

Fase III - Planejamento de Enfermagem

A formulaccedilatildeo do plano eacute a fase de tomada de decisatildeo do processo baseado no

diagnoacutestico de enfermagem especiacutefico formulado de modo que permita uma meta ou

resultado esperado (CARPENITO 2005)

Nesta fase eacute importante acrescentar ao plano de metas a participaccedilatildeo da famiacutelia

no cuidado (LIMA 1996) (COLLET 2001) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS

SILVA 2011) aleacutem de incluir as potencialidades inerentes aos recursos humanos e a

estrutura fiacutesica das unidades de cuidado agrave crianccedila Estes espaccedilos geralmente possuem uma

estrutura fiacutesica especiacutefica a infacircncia e singular frente a outras clinicas hospitalares como

brinquedotecas ambiente para a educaccedilatildeo durante a internaccedilatildeo banco de leite e lactaacuterios

etc (WHALEY WONG 2015)

Fase IV - Prescriccedilatildeo de Enfermagem

Nesta etapa da SAE o enfermeiro decide acerca das condutas a serem

implantadas objetivando uma assistecircncia personalizada e de qualidade As intervenccedilotildees

62

de enfermagem constituem-se em estrateacutegias especiacuteficas que auxiliam tanto a crianccedila

como a famiacutelia a chegar aos resultados Envolve tomada de decisatildeo do profissional na

medida em que ele indica o tipo de cuidado necessaacuterio em uma determinada situaccedilatildeo

(HORTA 1979) (CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)

A prescriccedilatildeo de enfermagem em pediatria deve incluir itens relacionados a

cuidados padronizados e comuns a todas as crianccedilas internadas cuidados especiacuteficos aos

problemas identificados atividades de estimulaccedilatildeo neuropsicomotora de acordo com o

estaacutegio de desenvolvimento do cliente orientaccedilotildees a crianccedilas e adolescentes

acompanhantes visitantes encaminhamento a outros profissionais (WHALEY WONG

2015)

Fase V - Avaliaccedilatildeo de Enfermagem

Eacute o registro realizado apoacutes a avaliaccedilatildeo do estado geral da crianccedila com o objetivo

de nortear o planejamento da assistecircncia a ser prestada e informar o resultado das

condutas de enfermagem implementadas Neste registro deve constar os problemas novos

identificados um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas

a serem abordados nas 24 horas subsequentes (CAMPEDELLI 1989)

(CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)

Alguns itens satildeo considerados importantes para a avaliaccedilatildeo dos pacientes

pediaacutetricos a caracterizaccedilatildeo da crianccedila quanto ao seu estaacutegio de desenvolvimento

(lactente preacute-escolar etc) dependecircncia para o autocuidado alteraccedilotildees observadas no

desenvolvimento reaccedilotildees emocionais observadas na crianccedila em relaccedilatildeo a interaccedilatildeo com

a famiacutelia equipe e ambiente uso de objetos preferidos (chupeta paninho brinquedo) ou

rituais (chupar dedo enrolar cabelo etc)

Compreendendo que a implementaccedilatildeo do PE promove um meacutetodo organizado e

individualizado para o cuidado de enfermagem agrave sauacutede da crianccedila por permitir o

envolvimento da crianccedila famiacutelia e das equipes de sauacutede nas diferentes etapas do processo

facilitando a continuidade dos processos e prevenindo omissotildees e repeticcedilotildees

desnecessaacuterias (MOREIRA etal2012) Cabe ao enfermeiro o desafio de adequar o

conhecimento disponiacutevel incentivar a participaccedilatildeo da equipe de enfermagem tanto no

planejamento como na implementaccedilatildeo do PE para que seu uso seja de fato efetivo na

praacutetica com resultados positivos na qualidade da assistecircncia

63

2- REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 - A TEORIA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ORIGEM CONCEITO E

DEFINICcedilOtildeES

[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam elas entre

duas pessoas ou entre dois grupos pressupotildeem

representaccedilotildees Na realidade eacute isso que as caracteriza

(Serge Moscovici)

Definida como o ldquoconjunto de conceitos frases e explicaccedilotildees originaacuterias na vida

diaacuteria durante o curso das comunicaccedilotildees interpessoaisrdquo (Moscovici 1978 p181) as

representaccedilotildees sociais englobam uma vasta gama de crenccedilas ideologias opiniotildees e

valores que satildeo socialmente construiacutedos por grupos delimitados acerca de um

determinado objeto de pesquisa presente na realidade existencial concreta As

Representaccedilotildees Sociais configuram-se como uma estrateacutegia particular de apropriaccedilatildeo

dos grupos sociais para orientar e justificar as tomadas de decisotildees em relaccedilatildeo ao objeto

de investigaccedilatildeo em estudo (MOSCOVICI 2003)

A representaccedilatildeo social designa tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito

que os engloba eacute a teoria construiacuteda para explicaacute-los bem como afirmaccedilotildees que se

originam no cotidiano atraveacutes de comunicaccedilotildees inter-individuais que contribuem para a

formaccedilatildeo de condutas e a orientaccedilatildeo das comunicaccedilotildees sociais (SAacute 2005)

O percussor do conceito das RS foi Durkheim que a partir da noccedilatildeo de

representaccedilatildeo coletiva defendida pela escola positivista de tradiccedilatildeo socioloacutegica

possibilitou a definiccedilatildeo do novo conceito Foi com o psicoacutelogo social Serve Moscovici

nas deacutecadas de 1960 e 1970 que ela ganhou uma nova configuraccedilatildeo cientiacutefica

conquistando gradativamente espaccedilo e aceitaccedilatildeo acadecircmica no campo das Ciecircncias

Humanas e das Ciecircncias Sociais Aplicadas a partir dos anos 80 tanto em niacutevel nacional

quanto internacional Essa linha de pensamento tem como pressuposto baacutesico considerar

a sociedade como um conjunto de fatos sociais ou seja as representaccedilotildees natildeo poderiam

ser reduzidas a representaccedilotildees individuais (ARRUDA 2002)

As representaccedilotildees coletivas se constituem fora da consciecircncia e estatildeo presentes

nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e os grupos em que a vida representativa se estende para

aleacutem de fenocircmenos meramente fiacutesicos e psiacutequicos implica nas maneiras de agir e pensar

64

Assim essas maneiras de pensar e agir satildeo construccedilotildees coletivas e portanto natildeo derivam

de indiviacuteduos isolados (TURA MOREIRA 2005)

Desde a origem da formulaccedilatildeo proposta por Moscovici em 1961 as

representaccedilotildees sociais satildeo caracterizadas como fenocircmenos complexos que dizem respeito

ao processo pelo qual o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no contexto

de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)

Para Abric (2003) as RS satildeo um conjunto organizado e estruturado de

informaccedilotildees crenccedilas opiniotildees e atitudes Jaacute Jodelet (2005) afirma que as RS circulam

nos discursos satildeo trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagens e imagens

midiaacuteticas cristalizadas em condutas e em organizaccedilotildees materiais e espaciais Para

Markovaacute (2006) as representaccedilotildees sociais satildeo fenocircmenos dinacircmicos e abertos e o

conceito da representaccedilatildeo social eacute formado e retransformado juntamente com a

transformaccedilatildeo da sua teoria Na perspectiva de Moreira e colaboradores (2007) elas satildeo

o equivalente em nossa sociedade aos mitos e sistemas de crenccedilas das sociedades

tradicionais podendo ser consideradas como a versatildeo contemporacircnea do senso comum

Portanto as representaccedilotildees sociais se configuram um tipo de conhecimento do

senso comum que se constroacutei a partir da influecircncia social e individual (subjetividade)

Estudar o senso comum o conhecimento popular eacute afirmar que se estaacute estudando algo

que liga a sociedade ou indiviacuteduos agrave sua cultura sua linguagem seu mundo familiar

Esse aspecto eacute justificado pela polifasia cognitiva na transformaccedilatildeo das noccedilotildees do

senso comum em noccedilotildees cientiacuteficas e vice-versa os limites e os problemas de tais

transformaccedilotildees por serem as representaccedilotildees sociais vivas tomando forma nesta tensatildeo e

conflito inerente ao pensamento e a cultura (ARRUDA 2002)

De acordo com Saacute (2005) quando aceitamos estudar as representaccedilotildees sociais

buscamos pesquisar um fenocircmeno que nos chama atenccedilatildeo a partir de sua relevacircncia

social seu valor intriacutenseco ou sua relevacircncia acadecircmica Os fenocircmenos referentes agraves

representaccedilotildees sociais podem circular por vaacuterios acircmbitos culturais ou sociais

Os fenocircmenos da representaccedilatildeo social estatildeo na cultura nas

instituiccedilotildees nas praacuteticas sociais nas comunicaccedilotildees

interpessoais e de massa e nos pensamentos individuais [] os

fenocircmenos satildeo [] difusos fugidos multifacetados em

constante movimento e presentes em inuacutemeras instacircncias da

interaccedilatildeo social (SAacute 2005p21)

65

Nobrega (2003) enfoca que as representaccedilotildees sociais satildeo elaboradas no acircmbito

dos fenocircmenos comunicacionais que repercutem sobre as mudanccedilas sociais Eacute importante

pensar os fenocircmenos das representaccedilotildees sociais em termos de status simboacutelico A esse

respeito Moscovici (2003) compreende que as RS satildeo portanto

Entidades quase tangiacuteveis que circulam cruzam-se e se

cristalizam incessantemente atraveacutes de uma fala um gesto um

encontro em nosso universo cotidiano A maioria das relaccedilotildees

sociais estabelecidas os objetos produzidos ou consumidos as

comunicaccedilotildees trocadas delas estatildeo impregnados []

Correspondem por um lado agrave substacircncia simboacutelica que entra

na elaboraccedilatildeo e por outro agrave praacutetica que produz a dita

substacircncia tal como a ciecircncia ou os mitos correspondem a uma

praacutetica cientiacutefica e miacutetica (MOSCOVICI 2003 p41)

Portanto ao abordar a constituiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais Moscovici ressalta

que este eacute um processo que preconiza trocas e composiccedilatildeo de ideacuteias as quais visam a

responder demandas individuais e coletivas Dessa forma as representaccedilotildees sociais

[] satildeo sobretudo o objeto de um permanente trabalho social

no e atraveacutes do discurso de tal modo que cada novo fenocircmeno

pode sempre ser reincorporado dentro de modelos explicativos e

justificativos que satildeo familiares e consequentemente aceitaacuteveis

Esse processo de troca e composiccedilatildeo de ideacuteias eacute sobretudo

necessaacuterio pois ele reponde agraves duplas exigecircncias dos indiviacuteduos

e das coletividades [] para construir um sistema de

pensamento e compreensatildeo e por outro lado para adotar visotildees

consensuais de accedilatildeo que lhes permitem manter viacutenculo social

ateacute mesmo a continuidade da comunicaccedilatildeo da ideacuteia

(MOSCOVICI 2003 p216)

Para tanto eacute preciso considerar que o sujeito eacute um ser permeado de crenccedilas e

valores que satildeo embutidos ao longo da sua vida a partir de suas experiecircncias e vivecircncias

socialmente compartilhadas relacionadas ao seu esforccedilo para o enfrentamento de

situaccedilotildees cotidianas as quais orientam a sua conduta e a sua comunicaccedilatildeo As RS podem

influenciar o comportamento do indiviacuteduo participante de uma coletividade dessa forma

o proacuteprio coletivo penetra dentro do pensamento individual (TURA MADEIRA SILVA

GAZE CARVALHO 2008)

O sujeito interpreta e compreende diversas situaccedilotildees nas quais se encontra mas

pode se comportar de forma diferente diante de um procedimento aparentemente idecircntico

de acordo com a sua representaccedilatildeo perante o objeto considerado e o ambiente a que ele

66

pertenccedila a partir da transformaccedilatildeo do conhecimento interaccedilotildees subjetivas e relaccedilotildees

interpessoais (OSOacuteRIO QUEIROZ 2007)

A representaccedilatildeo natildeo eacute um simples reflexo da realidade mas uma organizaccedilatildeo

significativa que depende ao mesmo tempo de fatores contingentes tais como natureza

e dificuldades colocadas pela situaccedilatildeo contexto imediato finalidade da situaccedilatildeo e de

fatores mais gerais que ultrapassam a proacutepria situaccedilatildeo como contexto social e ideoloacutegico

lugar do indiviacuteduo na organizaccedilatildeo social histoacuteria do indiviacuteduo e do grupo relaccedilotildees de

poder socialmente estabelecidas

A TRS procura esclarecer qual eacute o caminho percorrido pelas abstraccedilotildees

cientiacuteficas por ser uma teoria da crenccedila e do conhecimento de seus respectivos conteuacutedos

aproximando os problemas da teoria do pensamento social agravequeles da epistemologia O

senso comum eacute o pensamento social por excelecircncia por isso eacute o mais compartilhado e o

mais utilizado no cotidiano em qualquer sociedade (MOSCOVICI 2003)

Portanto os profissionais que atuam no cuidado hospitalar agrave crianccedila satildeo seres de

categorias e formaccedilatildeo diferentes mas que dividem o mesmo objeto e ambiente de

trabalho cada um com a sua experiecircncia e conhecimentos variados que guiam suas

condutas posturas e atitudes de abordagem atendimento e comunicaccedilatildeo interpessoal

Cada indiviacuteduo possui as suas crenccedilas e valores que norteiam seus comportamentos que

poderatildeo conduzir processos de decisatildeo

A TRS pode se manifestar neste estudo de vaacuterias maneiras devido a sua

flexibilidade diante dos diversos fenocircmenos que ocorrem em torno da SAE no

atendimento agrave crianccedila e sua famiacutelia Tanto a utilizaccedilatildeo da SAE quanto a aplicaccedilatildeo da

TRS envolvem a participaccedilatildeo de um sujeito e um objeto numa relaccedilatildeo complexa de

interdependecircncia entre os personagens que permeado pelo ambiente rico nas suas

interaccedilotildees rotineiras eacute capaz de interferir nas condutas e atitudes da equipe Neste

processo o conhecimento eacute compartilhado e agregado aos jaacute existentes construindo as

rotinas e cultura do ambiente

212 ndash Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e

Ancoragem

Para se realizar um estudo sobre as representaccedilotildees sociais eacute necessaacuterio delimitar

o objeto a ser pesquisado De acordo com Saacute (2005) o objeto de pesquisa eacute formado a

67

partir da simplificaccedilatildeo e compreensatildeo do fenocircmeno da representaccedilatildeo social pela teoria

conforme a finalidade da pesquisa A construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais inicia-se na

relaccedilatildeo de como o sujeito representa o objeto

Entretanto representar algo consiste natildeo somente em descrevecirc-lo ou reproduzi-

lo eacute reconstruiacute-lo modificaacute-lo a partir de trocas interaccedilotildees e experiecircncias humanas De

haacutebito precisa-se necessariamente das informaccedilotildees das palavras do conhecimento para

compreender ou descrever os fenocircmenos que aparecem no ambiente (ESCUDEIRO

1997)

Por meio da TRS Moscovici definiu padrotildees para analisar cientificamente o

conhecimento produzido dos processos de comunicaccedilotildees sociais denominado de ldquosenso

comumrdquo os quais refletem nas mudanccedilas e interaccedilotildees do grupo Com a aplicaccedilatildeo da TRS

esse conhecimento antes banalizado passou a ter importacircncia cientiacutefica e diversos

estudos foram desenvolvidos buscando compreender o comportamento social

(NOacuteBREGA 2001)

A interaccedilatildeo de saberes e conhecimento satildeo indispensaacuteveis para o bom

atendimento a crianccedila devido suas especialidades e fragilidades atreladas ao processo de

crescimento e desenvolvimento eacute nesta perspectiva que a TRS de Serge Moscovici

(1978) a partir de seus conceitos e definiccedilotildees possibilita englobar todo o contexto que

permeia o desenvolvimento da Assistecircncia Sistematizada de Enfermagem a esta clientela

Na dinacircmica do atendimento a crianccedila os profissionais interagem entre si para sanar as

dificuldades e necessidades relativas ao processo de internaccedilatildeo o objetivo maior consiste

em prestar atendimento seguro e de qualidade

Conforme postula a TRS natildeo existe representaccedilatildeo que natildeo seja de um objeto e de

um sujeito O sujeito se apropria e constroacutei as representaccedilotildees processos que podem ser

cognitivos do tipo emocional ou depender de uma experiecircncia particular que inclua uma

accedilatildeo no mundo Esses fenocircmenos que ocorrem de maneira cotidiana pelas accedilotildees de um

ou vaacuterios sujeitos soacute poderiam existir pela presenccedila de um objeto (MOREIRA

CAMARGO 2007)

Assim as RS tornam lsquofamiliarrsquo o que natildeo o eacute fazendo com que o objeto de

representaccedilatildeo (material ou natildeo material) a ser processado mentalmente pelos sujeitos

sociais sofra determinadas transformaccedilotildees Isto significa dizer que no processo de

formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social estatildeo presentes dois conceitos determinantes a

saber objetivaccedilatildeo e ancoragem

68

Baseado em Moscovici (1978 p76) a elaboraccedilatildeo e funcionamento de uma

representaccedilatildeo podem ser compreendidos atraveacutes dos processos de objetivaccedilatildeo e

ancoragem eles fazem com que o pensamento a ideacuteia se concretize por meio da accedilatildeo

humana O primeiro pode ser entendido como o ato de ldquoreabsorver um excesso de

significaccedilotildees materializando-asrdquo Eacute tambeacutem transplantar para o niacutevel de observaccedilatildeo o

que antes era apenas inferecircncia ou siacutembolo

Moscovici (1978) introduz assim os processos de objetivaccedilatildeo e ancoragem que

datildeo origem agraves representaccedilotildees sociais

O processo de objetivaccedilatildeo consiste na operaccedilatildeo que permite

tornar concretos os conceitos abstratos ao materializar

abstraccedilotildees em imagens ldquo A objetivaccedilatildeo eacute caracterizada como

passagem de conceitos ou ideacuteias para esquemas ou imagens

concretas os quais pela generalidade de seu emprego se

transformam em supostos reflexos do real (MOSCOVICI 1978

p289)

A objetivaccedilatildeo eacute uma etapa importante no desenvolvimento das RS visto que ela

significa dar forma ao pensamento cognitivo agraves ideacuteias Constitui-se em trecircs fases a

seleccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo da teoria a formaccedilatildeo do nuacutecleo figurativo e a

naturalizaccedilatildeo

A primeira fase eacute a triagem de elementos a partir do campo da cultura e

especialmente normativos informaccedilotildees cientiacuteficas que satildeo apropriadas por puacuteblico

determinado de acordo com esquemas que lhes satildeo proacuteprios a seguinte satildeo elementos

que formam um conjunto coerente e imageacutetico que torna concreto aquilo que eacute abstrato

e finalmente a naturalizaccedilatildeo que consiste nos vaacuterios elementos do nuacutecleo figurativo que

satildeo coordenados e tornam-se elementos da realidade Transformam-se em evidecircncia que

orientam as percepccedilotildees e o julgamento da realidade socialmente construiacuteda (TURA

MOREIRA 2005)

A objetivaccedilatildeo pode ser definida como a transferecircncia de uma ideacuteia de um

conceito ou de uma opiniatildeo em algo concreto Cristaliza-se a partir de um processo

figurativo e social e passa a constituir um nuacutecleo figurativo de uma determinada

representaccedilatildeo seguidamente evocada concretizada e disseminada como se fosse o real

daqueles que o expressam (COELHO SILVA PADILHA 2009)

Outro processo de funcionamento da TRS eacute a ancoragem que se refere agrave

incorporaccedilatildeo de novas informaccedilotildees ao sistema de categorias sociais jaacute existentes

69

comparando-as interpretando-as e reproduzindo-as para que adquiram caracteriacutesticas e

se ajustem agraves relaccedilotildees do grupo (MOSCOVICI 2003)

A ancoragem ou seja a inserccedilatildeo do novo objeto no acervo de conhecimentos jaacute

existentes constitui-se como uma rede de significaccedilotildees em torno do objeto relacionando-

o a valores e praacuteticas sociais

A representaccedilatildeo sempre se constroacutei sobre algo jaacute pensado ou manifesto A

familiarizaccedilatildeo com o estranho pode com a ancoragem fazer prevalecer quadros de

pensamento antigos posiccedilotildees preestabelecidas utilizando mecanismos como a

classificaccedilatildeo a categorizaccedilatildeo e a rotulaccedilatildeo E classificar comparar rotular supotildee sempre

um julgamento que revela algo da teoria que temos sobre o objeto classificado (COELHO

SILVA PADILHA 2009)

Para Arruda (2002) a ancoragem daacute significado ao objeto desconhecido o natildeo

familiar torna-se familiar O indiviacuteduo recorre ao que eacute familiar para fazer uma espeacutecie

de modificaccedilatildeo da novidade traz ao terreno conhecido ancora o desconhecido neste

lugar retirando-o assim do territoacuterio natildeo familiar

Para Jodelet (2005) no processo de formaccedilatildeo das representaccedilotildees

[] a ancoragem interveacutem assegurando sua incorporaccedilatildeo ao

social [] enraiacuteza a representaccedilatildeo e seu objeto numa rede de

significaccedilotildees que permite situaacute-los em relaccedilatildeo aos valores

sociais e dar-lhe coerecircncia [] A ancoragem serve para a

instrumentalizaccedilatildeo do saber conferindo-lhe um valor funcional

para a interpretaccedilatildeo e a gestatildeo do ambiente (JODELET 2005

p38-39)

Ao procurar compreender o novo o natildeo familiar dialogamos com nossos

conhecimentos e experiecircncias anteriores preexistentes e assim ancoramos o novo em um

enquadramento de saberes (valores cogniccedilotildees afetividades) jaacute vivenciado Eacute nesse

sentido que eacute afirmado haver um contiacutenuo processo dialeacutetico de construccedilatildeo de

conhecimento pelo qual aderimos integralmente ou natildeo agraves novidades ao que nos eacute

proposto de acordo com o conhecimento e valores que tiacutenhamos

213 ndash A Teoria do Nuacutecleo Central e Perifeacuterico em Representaccedilatildeo Social

A Teoria do Nuacutecleo Central ou Teoria da Abordagem Estrutural das

Representaccedilotildees Sociais de Jean-Claude Abric pretende prioritariamente estabelecer o

70

iniacutecio e a organizaccedilatildeo da RS explicando a estruturaccedilatildeo das representaccedilotildees sociais

(ABRIC 2003)

Para o autor uma representaccedilatildeo social eacute organizada em torno de dois subsistemas

distintos quais sejam central e perifeacuterico Nesse arranjo o sistema central eacute composto

por um ou mais elementos que oferece grande dimensatildeo e solidez agrave representaccedilatildeo eacute

responsaacutevel pela unificaccedilatildeo desta sendo responsaacutevel pela significaccedilatildeo da representaccedilatildeo

social Pode ser entendido como um espaccedilo onde haacute conformidade consensual de um

grupo e que proporciona a esse grupo estabilidade coerecircncia e continuidade das

representaccedilotildees mostrando-se relativamente independente do contexto social e material

imediato (ARRUDA 2002) (ABRIC 2003)

O nuacutecleo central consiste em uma conjuntura de elementos altamente resistentes

a mudanccedilas pois estaacute ligado agrave memoacuteria coletiva conferindo significado consistecircncia e

permanecircncia agrave representaccedilatildeo (ABRIC 2003)

A volta deste elemento central estatildeo os elementos perifeacutericos aqueles que fazem

a interconexatildeo com as situaccedilotildees em que se origina a representaccedilatildeo e os modos individuais

de conhecer o mundo estas garantem a sustentaccedilatildeo configurando-se como uma espeacutecie

de componente estruturante ou seja os elementos perifeacutericos configuram-se em um

sistema que permiti ao nuacutecleo central adaptar-se agrave realidade (ARRUDA 2002) (ABRIC

2003)

Os elementos perifeacutericos contribuem para clarear o caminho conceitual teoacuterico e

metodoloacutegico do estudo das representaccedilotildees sociais Os elementos do nuacutecleo central

tendem a se apresentar como funcionais e normativos Isto implica dizer que o nuacutecleo

central tem um papel relevante para a representaccedilatildeo social uma vez que organiza as

significaccedilotildees e prescreve accedilotildees para que a representaccedilatildeo seja mantida Eacute formado pela

natureza do objeto e pelo sistema de valores e normas sociais que estabelecem o contexto

ideoloacutegico do grupo (ARRUDA 2002)

Abric (2003) coloca que no nuacutecleo central haacute uma organizaccedilatildeo dos elementos

fundantes e estabilizantes das RS dos grupos Isso acontece porque no nuacutecleo central

ocorrem as funccedilotildees fundamentais na estruturaccedilatildeo e no funcionamento das representaccedilotildees

sociais Satildeo elas

1ordf) geradora ndash ele eacute o elemento pelo qual se cria e se transforma uma

representaccedilatildeo dando significaccedilatildeo aos outros elementos constitutivos da representaccedilatildeo eacute

por essa funccedilatildeo que esses elementos tomam um sentido um valor

71

2ordf) organizadora ndash eacute ele que determina a natureza das ligaccedilotildees entre os elementos

de uma representaccedilatildeo social Eacute por ela que o nuacutecleo central se torna o elemento unificador

e estabilizador da representaccedilatildeo e

3ordf) estabilizadora ndash seus elementos satildeo os que mais resistem agraves mudanccedilas

O nuacutecleo central sustenta-se no fato de ser ele o elemento que define o significado

de uma representaccedilatildeo e ao mesmo tempo colabora para sua organizaccedilatildeo interna Ele eacute

entendido como a base comum que define a homogeneidade do grupo tendo um papel

importante na estabilidade coerecircncia e continuidade das representaccedilotildees sendo

relativamente independente do contexto social e material imediato

Jaacute o sistema perifeacuterico faz a interface entre a realidade concreta e o nuacutecleo central

Ele permite uma flexibilizaccedilatildeo em funccedilatildeo do vivido uma integraccedilatildeo das experiecircncias

cotidianas e comporta certa heterogeneidade de comportamentos e conteuacutedo Satildeo essas

caracteriacutesticas que nos permitem vislumbrar as alteraccedilotildees sutis em seus componentes

transitando entre o sistema perifeacuterico antes que venha a se constituir e integrar o nuacutecleo

central

O processo de construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais ocorre na incorporaccedilatildeo de

informaccedilotildees e fatos que ocorrem no cotidiano que as pessoas atraveacutes do seu sistema

perifeacuterico aos poucos vatildeo constituindo-se como verdades do grupo e com isso aos

poucos modificando as dimensotildees estabelecidas nos conhecimentos valores e crenccedilas

enraizadas do nuacutecleo central pois eacute no sistema perifeacuterico que se permite alienar algum

objeto ou fato social uma vez que pela sua consciecircncia permite conferir um novo

significado para esse objeto ou fato

Por sua vez os elementos do sistema perifeacuterico tambeacutem apresentam trecircs funccedilotildees

principais quais sejam (RANGEL 2004)

1ordf) ser a interface entre o nuacutecleo central e o contexto

2ordf) adaptar as representaccedilotildees diante das mudanccedilas do meio e

3ordf) preservar a representaccedilatildeo

Nesse sistema eacute possiacutevel que exista a presenccedila de elementos histoacutericos relativos

ao indiviacuteduo e que consequumlentemente atuam na constituiccedilatildeo desse sistema

caracterizando assim uma maior heterogeneidade dos conceitos em relaccedilatildeo ao grupo

72

Quadro 4 ndash Caracteriacutesticas do nuacutecleo central e sistema perifeacuterico

Nuacutecleo Central Sistema Perifeacuterico

Ligado a memoacuteria coletiva e a histoacuteria do

grupo

Permite a integraccedilatildeo das experiecircncias e das

histoacuterias individuais

Consensual define a homogeneidade do

grupo

Suporta a heterogeneidade do grupo

Estaacutevel coerente erigido Flexiacutevel suporta contradiccedilotildees

Resistente agrave mudanccedila Transforma-se

Pouco sensiacutevel ao contexto imediato Sensiacutevel ao contexto imediato

Gera a significaccedilatildeo da representaccedilatildeo e

determina sua organizaccedilatildeo

Permite a adaptaccedilatildeo agrave realidade concreta e a

diferenciaccedilatildeo do conteuacutedo protege o sistema

central

Fonte AlvesMazzotti (2007 p23)

A anaacutelise de uma representaccedilatildeo social natildeo eacute atividade simples pois deve ser

permeada pela compreensatildeo dos saberes crenccedilas e valores relacionados com aspectos

cognitivos e sociais do objeto Em funccedilatildeo disso a abordagem estrutural das

representaccedilotildees sociais abriga distintos meacutetodos de pesquisa cientiacutefica bem como

diferentes instrumentos de coleta de dados

As representaccedilotildees criadas durante as relaccedilotildees fazem com que ideacuteias se

materializem e novos conhecimentos sejam incorporados (COELHO SILVA

PADILHA 2009)

73

3 MEacuteTODO

[] natildeo eacute a pertenccedila de um sujeito a determinado grupo

social que faz com que ele se comporte socialmente da

maneira como faz mas a sua representaccedilatildeo mental dos

fatos sociais []

(Wolfgang Wagner)

31 Tipo de Estudo

Trata-se de estudo exploratoacuterio descritivo de abordagem qualitativa A pesquisa

qualitativa exige maior preocupaccedilatildeo com o aprofundamento e abrangecircncia da

compreensatildeo do objeto do que com sua generalizaccedilatildeo (MINAYO 2010) Para Marconi

e Lakatos (2009) a pesquisa descritiva se refere aos fatos que satildeo observados registrados

analisados classificados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles Isto

significa que os fenocircmenos do mundo fiacutesico e humano satildeo estudados mas natildeo

manipulados pelo pesquisador Gil (2007) refere que a pesquisa exploratoacuteria proporciona

maior familiaridade com o problema com vista a tornaacute-lo mais expliacutecito Seu

planejamento eacute bastante flexiacutevel de modo que possibilita a consideraccedilatildeo dos mais

variados aspectos relativos ao fato estudado

Foi utilizado como meacutetodo a Teoria das Representaccedilotildees Sociais (TRS) de Serge

Moscovici que eacute definida como uma forma de conhecimento do senso comum e que esta

diretamente relacionado com agrave maneira como as pessoas entendem e introjetam as

informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaboram o saber cientiacutefico

segundo sua proacutepria conveniecircncia ou de acordo com os meios e recursos que estatildeo

disponiacuteveis (MOSCOVICI 1978) A aplicaccedilatildeo da teoria de Representaccedilotildees Sociais neste

estudo vincula-se tanto as relaccedilotildees que o sujeito estabelece com o cotidiano de suas

praacuteticas quanto agrave significaccedilatildeo que este mesmo sujeito atribui ao processo de organizaccedilatildeo

planejamento e execuccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila

32 Local de Estudo

O cenaacuterio para este estudo foram as unidades de atendimento agrave crianccedila de dois

Hospitais Escolas do municiacutepio de Caacuteceres ndash MT

O municiacutepio de Caacuteceres localiza-se a 16deg 04 16 de latitude ao Sul e 57deg 40 44

de longitude ao Oeste no pantanal Matogrossense Pertence ao estado de Mato Grosso e

situa-se a 211 quilocircmetros da capital ndash Cuiabaacute Possui uma aacuterea de 24351 Km e uma

populaccedilatildeo de 87912 habitantes Seu bioma eacute Cerrado Amazocircnia e Pantanal e a principal

74

atividade econocircmica da cidade eacute a agropecuaacuteria Faz divisa com os municiacutepios de Gloacuteria

DrsquoOeste Curvelacircndia Lambari DrsquoOeste e Porto Estrela ao norte Poconeacute Porto

Esperidiatildeo e Repuacuteblica da Boliacutevia ao sul (IBGE 2006)

Os dois hospitais constituem unidades terciaacuterias filantroacutepicas gerenciados pela

mesma mantenedora cuja clientela usuaacuteria eacute de aproximadamente 80 do Sistema Uacutenico

de Sauacutede (SUS) estas unidades estatildeo credenciadas para realizaccedilatildeo de procedimentos de

alta complexidade e possuem as seguintes aacutereas de assistecircncia agrave crianccedila

Hospital A 10 leitos de atendimento ambulatorial 23 leitos de internaccedilatildeo

pediaacutetrica 10 leitos de atendimento intensivo ao neonato (UTIN) e 10

leitos de atendimento intensivo a crianccedila (UTIPED)

O Hospital B natildeo possui leitos ambulatoriais exclusivos para crianccedilas

tem 16 leitos de internaccedilatildeo pediaacutetrica 27 leitos de UTIN subdivididos em

9 de alto risco 10 para risco intermediaacuterio e 8 de baixo risco estruturados

no formato matildee canguru A unidade de tratamento intensivo pediaacutetrico

funciona com 8 leitos

A estrutura fiacutesica destes espaccedilos eacute organizado e decorado ludicamente de forma a

respeitar o sentido da infacircncia durante a internaccedilatildeo Possuem paredes com pinturas

lavaacuteveis de personagens que remetem ao universo infantil ambos os hospitais possuem

brinquedoteca estruturada com brinquedos e livros estimuladores para as diversas fases

da infacircncia e possuem calendaacuterio de atividades recreacionais desenvolvidas por

acadecircmicos dos cursos de Pedagogia Educaccedilatildeo Fiacutesica e Fisioterapia aleacutem de projetos de

extensatildeo vinculados ao curso de Enfermagem desenvolvidos em datas especiacuteficas de

celebraccedilatildeo

O hospital B ainda possui espaccedilo para recreaccedilatildeo ao sol com brinquedos de

estiacutemulo motor e sala de computaccedilatildeo para o desenvolvimento de atividades escolares e

jogos

Em ambos hospitais o uso do branco foi abolido pela equipe de sauacutede sendo

utilizado pelo corpo de enfermagem roupa privativa confeccionada nas cores verde e azul

Considerando que este estudo tem como proposta investigar as RS dos

enfermeiros que prestam atendimento agrave crianccedila entatildeo tambeacutem foram incluiacutedos os

espaccedilos sala de parto (recepccedilatildeo do neonato) e centro ciruacutergico (cirurgias pediaacutetricas)

como ambientes de pesquisa

75

A escolha dos locais para a realizaccedilatildeo do estudo foi pautada no fato de estes serem

hospitais de referecircncia para atendimentos agrave crianccedila agrave gestantes e a neonatos de alto risco

da regiatildeo por possuiacuterem a SAE implantada em todos os setores do hospital desde o ano

2000 aleacutem de constituiacuterem campo de atuaccedilatildeo da investigadora como docente

33 Sujeitos de Estudo

O nuacutecleo de enfermagem que atua no cuidado agrave crianccedila das duas unidades

hospitalares eacute composto por aproximadamente 60 enfermeiros e cerca de 250 teacutecnicos de

enfermagem

Participaram do estudo 45 enfermeiros dos setores de atenccedilatildeo agrave crianccedila dos turnos

diurno e noturno que estavam em atividade profissional no mesmo setor por no miacutenimo

seis meses e demonstraram disponibilidade em participar do estudo de acordo com a sua

aceitaccedilatildeo verbal e em seguida a manifestaccedilatildeo escrita por meio da assinatura do termo

de consentimento livre e esclarecido - TCLE (Apecircndice A)

O criteacuterio de tempo miacutenimo de seis meses de trabalho no setor de atendimento a

crianccedila foi escolhido para inclusatildeo na pesquisa pois a RS eacute a forma de conhecimento

socialmente elaborado e partilhado tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo para a

construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Para que esta construccedilatildeo

aconteccedila eacute necessaacuterio um tempo de conviacutevio para que as pessoas entendam e introjetem

as informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaborem o saber

cientiacutefico

Foram excluiacutedos os enfermeiros que trabalhavam no sistema de plantatildeo avulso

ou seja prestadores de serviccedilo pertencentes ao quadro de enfermagem do hospital mas

que por acordo institucional realizam cobertura de profissionais faltosos

esporadicamente

Ao final foram excluiacutedos 9 enfermeiros por natildeo corresponderem ao criteacuterio de

inclusatildeo tempo miacutenimo de trabalho no mesmo setor 2 por estar em gozo de feacuterias 1 por

se enquadrar no criteacuterio de exclusatildeo e 3 por incompatibilidade de agenda

76

Os 45 enfermeiros participantes ao periacuteodo da pesquisa estavam assim lotados

nas cliacutenicas das instituiccedilotildees

Espaccedilo Hospitalar Hospital A Hospital B Total

Pediatria 4 3 7

UTIN 5 4 9

UTPED 5 4 9

Ambulatoacuterio 3 2 5

Sala de Parto 4 4 8

Centro Ciruacutergico 3 4 7

Total 24 21 45

Todos os preceitos eacuteticos e legais relacionados a pesquisas utilizando sujeitos de

estudo foram respeitadas segundo os requisitos da Resoluccedilatildeo 4662012 do Conselho

Nacional de Sauacutede que trata das diretrizes e normas de pesquisa envolvendo seres

humanos

34 Coleta de Dados

Na coleta de dados foram utilizados dois instrumentos O primeiro foi composto

por perguntas que objetivaram desenhar o perfil dos entrevistados e uma entrevista

semiestruturada que abordou aspectos relacionados ao conhecimento sobre a SAE no que

se refere agrave praacutexis da enfermagem ao planejamento desenvolvimento e avaliaccedilatildeo da

assistecircncia de enfermagem ao cliente (Apecircndice B) A entrevista visou aprender o

conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos sujeitos

O segundo instrumento foi um questionaacuterio de livre associaccedilatildeo que ofereceu

suporte para o emprego da teacutecnica de livre associaccedilatildeo de palavras (TALP) que consistiu

em apresentar as expressotildees indutoras ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo

e ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo solicitando aos participantes a produccedilatildeo e a posterior

classificaccedilatildeo por ordem de prioridade de trecircs palavras expressotildees eou adjetivos que lhe

viessem agrave mente (Apecircndice C)

Os dados foram coletados no periacuteodo de maio e junho de 2015 poacutes parecer

favoraacutevel do CEPUNEMAT com preacutevio agendamento e seguiu calendaacuterio proposto

pelos enfermeiros do estudo

77

Apesar do agendamento das entrevistas segundo a disponibilidade do sujeito em

virtude de tarefas e intercorrecircncias nos setores houve a necessidade de retornar inuacutemeras

vezes ao campo para aplicar os questionaacuterios esperando pacientemente o tempo do

sujeito para respondecirc-lo

A aplicaccedilatildeo do teste de associaccedilatildeo livre de palavras - TALP (Apecircndice C) tornou

possiacutevel compreender a estrutura das representaccedilotildees sociais dos sujeitos atraveacutes das

manifestaccedilotildees reaccedilotildees evocaccedilotildees e escolhas Portanto foi solicitado que os participantes

verbalizassem em menor tempo possiacutevel as primeiras palavras adjetivos e ou expressotildees

que lhe viessem agrave mente ao ouvirem as palavras e expressotildees indutoras Sistematizaccedilatildeo

da assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE com a finalidade de

apreender as representaccedilotildees sociais dos participantes estas depois foram organizadas

pelo sujeito segundo sua percepccedilatildeo de prioridade

A entrevista foi implementada em segunda etapa com gravaccedilatildeo de aacuteudio dos

questionamentos Para Minayo (2010) a entrevista semiestruturada eacute uma teacutecnica de

pesquisa que obedece a um roteiro apropriado fisicamente e utilizado pelo entrevistador

tem uma sequecircncia clara de questotildees que facilita a abordagem e assegura sobretudo aos

investigadores menos experientes que suas hipoacuteteses ou pressupostos seratildeo cobertos na

conversa

Todas as fases da coleta e anaacutelise de dados foram realizadas pela pesquisadora

Considerando que os dois hospitais satildeo tambeacutem ambientes de trabalho da pesquisadora

atraveacutes do acompanhamento das praacuteticas de campos de estaacutegio de acadecircmicos de

enfermagem e por esta tambeacutem ser conhecida nos dois ambientes hospitalares tendo

inclusive participado da formaccedilatildeo de vaacuterios dos sujeitos da pesquisa na fase de coleta de

dados houve grande preocupaccedilatildeo em minimizar as possibilidades de vieacutes na coleta Assim

foi permitido aos enfermeiros que respondessem calmamente o questionaacuterio e entrevista

enfatizando que o resultado da avaliaccedilatildeo natildeo seria identificado

35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados

Para a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos foi utilizado o software Excel 2007 as

informaccedilotildees foram apresentadas no formato de tabelas segundo suas frequecircncias por

meio de valores absolutos e relativos

Para a anaacutelise dos dados das entrevistas utilizou-se o software ldquoAnaacutelise Lexical

por Contexto de um Conjunto de segmentos de Texto (ALCESTE) versatildeo 410 que foi

78

criado na Franccedila em 1979 por Max Reinert no CNRS (Centro Nacional Francecircs de

Pesquisa Cientifica) com apoio da ANVAR (Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo

agrave Pesquisa) O software apesar de originalmente trabalhar com a liacutengua francesa possui

dicionaacuterios em outros idiomas fato que permite sua utilizaccedilatildeo com materiais em

portuguecircs (GOMES OLIVEIRA 2005) Ele permite realizar a anaacutelise de conteuacutedo de

material diverso podendo ser entrevistas obras literaacuterias artigos de revistas entre outros

com o objetivo de quantificar o texto para extrair as estruturas mais significativas as quais

estatildeo relacionadas com a distribuiccedilatildeo de palavras anaacutelise lexical

O meacutetodo utilizado pelo Alceste eacute a Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente

(CHD) de conteuacutedo textual tendo a palavra como unidade considerando seus respectivos

contextos de ocorrecircncia (GOMES OLIVEIRA 2005) (VITORIA REGIS 2011)

O programa toma como base um uacutenico arquivo (corpus) que deve ser formatado

seguindo regras proacuteprias do software para que possua homogeneidade na sua

apresentaccedilatildeo Para um melhor aproveitamento da anaacutelise eacute essencial o seguimento dessas

regras

Devido a estrutura do programa para o reconhecimento de vocaacutebulos faz-se

necessaacuterio a padronizaccedilatildeo de expressotildees ou temas ou ateacute a mesmo a uniatildeo de palavras

atraveacutes do traccedilo subscrito o qual tambeacutem foi utilizado para substituiccedilatildeo do hifeacuten em

palavras compostas Foram retirados do texto giacuterias eou viacutecios de linguagem Foram

corrigidos tambeacutem os tempos verbais e as falas foram colocadas em uma linguagem mais

formal poreacutem com a preocupaccedilatildeo de natildeo alterar o sentido do texto Vale ressaltar que

estas alteraccedilotildees somente foram feitas com o objetivo de adequar o texto transcrito das

entrevistas para anaacutelise do software No entanto para a apresentaccedilatildeo dos resultados as

falas dos participantes satildeo utilizadas na integra exatamente como foram expressas no

momento da entrevista

A anaacutelise Alceste eacute organizada em quatro fases de operaccedilotildees (A B C D) as quais

satildeo desenvolvidas em cinco etapas principais (CAMARGO 2005) (VITORIA REGIS

2011)

1- Identificaccedilatildeo das unidades de contexto

2- Pesquisa das formas reduzidas de palavras plenas analisadas

3- Definiccedilatildeo dos quadros de dados associados

4- Pesquisa de classes de unidades de contexto

79

5- Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo das classes

1-Identificaccedilatildeo das unidades de contexto

O Alceste divide o material a ser analisado em grandes unidades denominadas

Unidades de Contexto Iniciais (UCI) que satildeo as divisotildees naturais do corpus Elas satildeo os

primeiros iacutendices de uma estrutura e satildeo assinadas pelas chamadas linhas estreladas As

linhas estreladas identificam cada UCI e possuem as informaccedilotildees que caracterizam cada

entrevistado atraveacutes das variaacuteveis escolhidas pelo pesquisador

Apoacutes reconhecer as UCI o software novamente formata e divide o texto em

segmentos de algumas linhas denominadas Unidades de Contexto Elementares (UCE)

que correspondem ao material discursivo referente agrave formaccedilatildeo das classes (CAMARGO

2005)

2-Pesquisa de formas reduzidas de palavras plenas analisadas

Nesta etapa eacute que ocorre a fase A do conjunto de operaccedilotildees de anaacutelise do

software Leitura do texto e Caacutelculo dos dicionaacuterios O Alceste prepara o corpus

reconhece as UCI faz uma primeira segmentaccedilatildeo do texto agrupa as ocorrecircncias das

palavras em funccedilatildeo de suas raiacutezes e procede o caacutelculo da frequecircncia das formas reduzidas

destas palavras (VITORIA REGIS 2011) A fase A possui trecircs sub-fases A1)

Reformataccedilatildeo e divisatildeo do texto em segmentos de tamanho similar ou as chamadas UCE

A2) Pesquisa do vocabulaacuterio e reduccedilatildeo das palavras com base em suas raiacutezes (formas

reduzidas) A3) Criaccedilatildeo do dicionaacuterio de formas reduzidas

Conveacutem lembrar que no processo descrito acima o software pode identificar

diferentes conjugaccedilotildees verbais aleacutem de diferenciar palavras que tenham apenas funccedilatildeo

sintaacutetica (pronomes artigos adveacuterbios) das com significados (verbos substantivos

adjetivos) pois ele possui dicionaacuterios acoplados inclusive de portuguecircs (NASCIMENTO

MENANDRO 2006) Satildeo com as palavras com ldquosignificadordquo que o programa trabalha

3-Definiccedilatildeo e caacutelculo dos quadros de dados associados

Neste momento eacute que se desenvolve a fase B Caacutelculo das matrizes de dados e

classificaccedilatildeo das UCE Eacute quando ocorre a seleccedilatildeo das UCE a serem consideradas e o

caacutelculo da matriz (as UCE satildeo classificadas em funccedilatildeo dos seus respectivos vocabulaacuterios)

formas reduzidas X UCE (Sub- fase B1) caacutelculo das CHD propriamente dito (Sub-fase

80

B3) obtendo-se uma classificaccedilatildeo definitiva O procedimento eacute efetuado continuamente

ateacute que natildeo resulte em novas classes (NASCIMENTO MENANDRO 2006) Nesta etapa

satildeo construiacutedos trecircs quadros de dados que possibilitaratildeo a segmentaccedilatildeo das UCE em

subconjuntos de texto ateacute a definiccedilatildeo das classes (VITORIA REGIS 2011)

4-Pesquisa das classes de unidades de contexto

Desenvolve-se nesta etapa a fase C Descriccedilatildeo das classes de UCE escolhidas Eacute

uma etapa de caacutelculo que fornece os principais arquivos de resultados Nestes arquivos

ficam as diferentes classes escolhidas sua dependecircncia mutual o vocabulaacuterio

predominante de cada uma delas as palavras estreladas e as palavras ferramentas

caracteriacutesticas sobre as quais o pesquisador basearaacute sua interpretaccedilatildeo (VITORIA REGIS

2011)

A fase C eacute dividida em trecircs sub-fases C1) comparaccedilatildeo de duas classificaccedilotildees e

redefiniccedilatildeo das classes escolhidas C2) descriccedilatildeo dos perfis das classes C3) anaacutelise

fatorial de correspondecircncia ou AFC (representaccedilatildeo das relaccedilotildees entre as classes num

plano fatorial)

O meacutetodo de classificaccedilatildeo utilizado pelo Alceste para construccedilatildeo das classes eacute o

de CHD que permite a divisatildeo do corpus de base em um nuacutemero determinado de grupos

de UCE denominado de classes

5-Descriccedilatildeo das classes e bases para a sua interpretaccedilatildeo

A fase D Caacutelculos complementares uacuteltima fase do conjunto de operaccedilotildees do

software nesse momento ele calcula e fornece as UCE mais caracteriacutesticas de cada classe

permitindo a contextualizaccedilatildeo do vocabulaacuterio tiacutepico de cada uma delas Constitui-se por

quatro subfases D1) Seleccedilatildeo das chaves de contexto e das UCE caracteriacutesticas de cada

classe D2) Pesquisa das duas de palavras e dos segmentos repetidos por classe D3)

Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Ascendente de cada classe D4) Seleccedilatildeo das palavras

caracteriacutesticas das classes

A extraccedilatildeo das UCE representativas de cada classe permite apreender o sentido

delas com a ajuda de frases reais extraiacutedas do corpus Cada UCE eacute precedida de seu

nuacutemero de ordem no corpus e do respectivo khi2 (Qui- quadrado) cuja escolha eacute feita por

ordem decrescente de associaccedilatildeo agrave classe com um grau de liberdade (VITORIA REGIS

2011)

81

O khi2 calcula a frequecircncia de apariccedilatildeo da palavra Quanto maior o khi2 mais

relevante eacute a palavra para a construccedilatildeo da classe O programa fornece entatildeo o nuacutemero de

classes resultantes da anaacutelise assim como as formas reduzidas o contexto semacircntico e as

UCE caracteriacutesticas de cada uma delas consolidada as quais seratildeo denominadas e

interpretadas

A partir deste ponto utilizando os dados quantitativos iniciou-se a anaacutelise

qualitativa do agrupamento de estratos de discursos realizados pelo software em

dimensotildees explorando e buscando compreender seu significado dentro da fala dos

sujeitos interpretando-as por inferecircncias com a literatura pesquisada embasada na Teoria

da Representaccedilatildeo Social

O produto proveniente do teste TALP foi organizado previamente construindo o

corpus para anaacutelise este entatildeo foi tratado pelo software desenvolvido por Vergegraves

denominado EVOC (Ensemble de programm espermettantlrsquoanalyse decircs evocations) que

organiza as evocaccedilotildees produzidas de acordo com as suas frequecircncias e com a ordem de

evocaccedilatildeo O cruzamento entre esses dois criteacuterios (frequecircncia e ordem das evocaccedilotildees)

possibilitou a formaccedilatildeo de um Quadro de Quatro Casas que expressa o conteuacutedo e a

estrutura das representaccedilotildees sociais para dado objeto de estudo (OLIVEIRA 2001)

As palavras que foram evocadas de forma mais frequente constituiacuteram elementos

centrais da representaccedilatildeo Assim o software Evoc permitiu vislumbrar o nuacutecleo central

em funccedilatildeo de duplo criteacuterio frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo das palavras

A partir do cruzamento dos criteacuterios de frequecircncia e evocaccedilotildees foram definidas a

relevacircncia dos elementos associados (palavras frases e expressotildees) ao termo indutor

Esses resultados foram apresentados em quatro quadrantes organizados em dois eixos O

eixo vertical contempla a frequecircncia enquanto o eixo horizontal a ordem de evocaccedilatildeo

No quadrante superior esquerdo aparece os elementos mais relevantes que surgem nos

primeiros lugares da ordem de evocaccedilatildeo com uma frequecircncia significativamente mais

elevada (nuacutecleo central) Os elementos menos niacutetidos na estrutura de representaccedilatildeo

foram designados no quadrante superior direito e inferior esquerdo constituindo a

representaccedilatildeo perifeacuterica do fenocircmeno (nuacutecleo perifeacuterico)

36 Aspectos Eacuteticos

Para a implementaccedilatildeo deste projeto foram obedecidas todas as exigecircncias e

recomendaccedilotildees do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) O projeto de pesquisa foi

82

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Estadual de Mato Grosso ndash

UNEMAT por meio do CAAE de nuacutemero 42685215700005166 e do parecer

favoraacutevel 1065610 de 14 de maio de 2015 (ANEXO 1) Todos os participantes

assinaram o TCLE

83

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados do estudo seratildeo apresentados em trecircs partes

- Na primeira parte Conhecendo os enfermeiros do estudo que cuidam de

crianccedilas foi apresentado o perfil dos enfermeiros

- A segunda parte A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que

Cuidam de Crianccedilas apresentando a estrutura central e perifeacuterica das representaccedilotildees dos

enfermeiros sobre a SAE no atendimento a crianccedila

- Na terceira parte O conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem resultante da anaacutelise de conteuacutedo das entrevistas eacute

apresentado

41 CONHECENDO OS ENFERMEIROS DO ESTUDO QUE CUIDAM DE

CRIANCcedilAS

A viagem mais importante que podemos fazer na

vida eacute encontrar pessoas pelo caminho

(autor desconhecido)

Os dados apresentados neste item descrevem os sujeitos da pesquisa e suas

principais caracteriacutesticas ligadas a formaccedilatildeo e a sua atividade nos hospitais estudados

para Jodelet (2005) ldquoquem sabe e de onde saberdquo eacute questatildeo fundamental em estudos de

Representaccedilatildeo Social

Nesta etapa 45 enfermeiros responderam ao questionaacuterio sendo que o perfil dos

participantes do estudo ficou delineado da seguinte forma Vinte e nove dos entrevistados

tinham entre 22 e 29 anos quinze tinham entre 30 e 37 anos dois tinham entre 38 e 45

anos Quanto ao sexo 42 dos entrevistados eram do sexo feminino e 03 do sexo

masculino Quanto a instituiccedilatildeo formadora 28 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica estadual

do municiacutepio da pesquisa 3 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica federal do estado onde a

pesquisa foi realizada 12 fizeram o curso em instituiccedilotildees particulares do estado de Mato

Grosso e 2 cursaram em Universidades federais fora do estado de Mato Grosso Quanto

agrave titulaccedilatildeo dos enfermeiros 17 eram graduados e 28 eram especialistas Trecircs participante

finalizaram o curso de enfermagem em 4 anos e os outros 39 dos participantes terminaram

o curso em 5 anos

84

Na tabela 1 segue a apresentaccedilatildeo do perfil dos sujeitos de acordo com o sexo

idade tipo de instituiccedilatildeo em que cursou a graduaccedilatildeo em enfermagem tempo de formaccedilatildeo

e titulaccedilatildeo

Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash

MT2015

Variaacuteveis N

Faixa etaacuteria (anos)

22 a 29 28 622

30 a 37 15 333

38 a 45

2 44

Sexo

Feminino

Masculino

42

3

933

66

Instituiccedilatildeo de Formaccedilatildeo

Publica Federal 5 111

Publica Estadual 28 622

Privada 12 266

Anos de Formaccedilatildeo

lt de 5 anos 3 66

5 anos 39 866

4 anos 3 66

Titulaccedilatildeo

Graduaccedilatildeo 17 377

Especializaccedilatildeo 28 622

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

A meacutedia de idade dos profissionais participantes da pesquisa foi de 335 anos

variando entre 22 e 45 anos sendo a faixa etaacuteria entre 22 a 29 anos agrave de maior incidecircncia

(622) Nota-se que os participantes satildeo enfermeiros adultos jovens (idade entre 22 e 37

anos) estando em fase de pleno desenvolvimento e produtividade profissional Menzani

e Bianch (2009) em estudo que apresentou o perfil de enfermeiros de todas as regiotildees do

paiacutes demonstrou o predomiacutenio de enfermeiros na faixa etaacuteria abaixo dos 40 anos (717)

atuando profissionalmente em todas as regiotildees brasileiras

Quanto ao sexo dos entrevistados foi observado que 933 por cento eram do sexo

feminino refletindo que nos dois hospitais pesquisados esta variaacutevel segue em

consonacircncia com os hospitais das outras regiotildees do paiacutes onde ainda prevalece o sexo

85

feminino como a grande matildeo de obra de trabalho da enfermagem reforccedilando a forte

influecircncia da mulher nas accedilotildees de cuidado agrave vida (NAUDERER LIMA 2005)

(MENZANI BIANCH 2009)

Na formaccedilatildeo destes profissionais eacute possiacutevel observar que a grande maioria era

proveniente do ensino puacuteblico estadual (622) levaram cerca de 5 anos para finalizar o

processo de formaccedilatildeo o que sugere que o curriacuteculo da instituiccedilatildeo formadora estava

atualizado segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem (DCNENF) que

abordam na estruturaccedilatildeo dos curriacuteculos as quatro principais dimensotildees do trabalho da

enfermagem gerencial assistencial de educaccedilatildeo e de pesquisa

A poacutes-graduaccedilatildeo do tipo especializaccedilatildeo no formato lato sensu foi a maior titulaccedilatildeo

dos envolvidos (622) Se faz importante refletir sobre estes dados no intuito de

estimular a expansatildeo de programas de mestrado e doutorados na aacuterea de enfermagem para

a regiatildeo estudada haja visto que desta forma tambeacutem se agrega qualidade a formaccedilatildeo

profissional e a prestaccedilatildeo de cuidado a sauacutede Atualmente o Estado de Mato Grosso possui

um programa de doutorado acadecircmico em enfermagem vinculados a Universidade

Federal do Mato Grosso que oferecem 12 e 5 vagas respectivamente semestrais no

campus da capital do estado

Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na

instituiccedilatildeo Caacuteceres ndash MT2015

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

6MESES

9MESES

12MESES

24MESES

36MESES

48MESES

72MESES

84MESES

96MESES

120MESES

144MESES

Seacuterie1 1 1 13 11 12 1 1 1 2 1 1

NUacute

ME

RO

DE

PA

RT

ICIP

AN

TE

S

86

Eacute possiacutevel observar que 955 dos enfermeiros jaacute trabalham nos hospitais

pesquisados a mais de 12 meses Este dado eacute importante pois aproxima o grupo do nosso

objeto de estudo Provavelmente todos os 955 jaacute vivenciaram a SAE no espaccedilo de

atendimento agrave crianccedila e conseguem pontuar e descrever esta experiecircncia

O contato prolongado com o mesmo ambiente (local pessoas rotinas etc) eacute de

grande importacircncia para a formaccedilatildeo de elos de pertenccedila grupal No estudo das RS eacute sabido

que estas vivecircncias e trocas satildeo importantes para a formaccedilatildeo e ressignificaccedilatildeo de

conceitos ou seja como o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no

contexto de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)

Outro dado que chama atenccedilatildeo neste graacutefico eacute o nuacutemero de profissionais com

tempo de trabalho na instituiccedilatildeo ateacute 24 meses representando cerca de 577 o que pode

indicar rotatividade de profissionais de enfermagem

Segundo Aquino (1991) a rotatividade eacute a flutuaccedilatildeo dos recursos humanos entre

uma organizaccedilatildeo e seu ambiente Geralmente a rotaccedilatildeo de pessoal eacute expressa por uma

relaccedilatildeo percentual entre admissotildees e as demissotildees satildeo expressas de acordo com a relaccedilatildeo

do nuacutemero meacutedio de participantes da organizaccedilatildeo no decorrer de certo periacuteodo

Esta sucessatildeo de mudanccedila na composiccedilatildeo da forccedila de trabalho revela a

movimentaccedilatildeo da forccedila de trabalho entre o mercado de trabalho e a instituiccedilatildeo

(ANSELMI DUARTE ANGERAMI 2001)

A rotatividade de equipes de sauacutede requer investimento em treinamento constante

para a formaccedilatildeo e adequaccedilatildeo do profissional dentro dos referenciais da instituiccedilatildeo

principalmente no que se refere a SAE

A frequecircncia com que ocorre a rotatividade da forccedila de trabalho pode provocar

seacuterias consequecircncias para as organizaccedilotildees pelos prejuiacutezos natildeo soacute financeiros no que se

refere agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo mas tambeacutem no tempo que seraacute gasto para convocar

selecionar e treinar um novo profissional (STANCATO ZILLI 2010)

O Graacutefico 2 demonstra que cerca de 822 dos enfermeiros atuavam no mesmo

setor de assistecircncia agrave crianccedila agrave pelo tempo maacuteximo de 1 ano O enfermeiro com maior

tempo de atuaccedilatildeo no mesmo espaccedilo de cuidado a crianccedila dos hospitais estudado o esta

por cerca de 5 anos fortalecendo a hipoacutetese de provaacutevel rotatividade de profissionais na

instituiccedilatildeo

87

Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo

setor de atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015

Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015

Quando se correlaciona esta informaccedilatildeo a porcentagem de enfermeiros somente

graduados a idade e o sexo destes sujeitos eacute possiacutevel concluir que o perfil do corpo de

enfermagem que assiste as crianccedilas nestes dois hospitais eacute constituiacutedo respectivamente

de enfermeiros do sexo feminino receacutem-formados ainda natildeo especializados e com pouco

tempo de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

Os recursos humanos necessitam ser mantidos em niacuteveis suficientes para atender

a demanda de serviccedilos Uma rotatividade excessiva proveniente da intensificaccedilatildeo de

saiacuteda de profissionais provocam desequiliacutebrios na composiccedilatildeo do quadro de pessoal

acarretando custos e impondo efeitos indesejaacuteveis afetando a qualidade e a quantidade

de serviccedilos prestados e prejudicando a assistecircncia de enfermagem (STANCATO ZILLI

2010)

6MESES

7MESES

8MESES

9MESES

10MESES

11MESES

12MESES

14MESES

16MESES

24MESES

60MESES

Seacuterie1 7 5 5 5 4 4 7 3 2 2 1

NUacute

MER

O D

E P

AR

TIC

IPA

NTE

S

88

42 A ESTRUTURA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DOS ENFERMEIROS

QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS

421 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem

A construccedilatildeo social eacute sempre um processo natildeo

intencional construir um objeto socialmente

significativo eacute algo que o grupo ou seus membros

fazem e natildeo algo que tentam fazer depois de

meditar sobre eles

(Wolfgang Wagner)

O software EVOC busca atraveacutes da frequecircncia de evocaccedilotildees identificar nas

representaccedilotildees seus elementos centrais e perifeacutericos Em resposta ao termo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo a anaacutelise do corpus formado pelas

evocaccedilotildees dos 45 participantes nos dois hospitais-escola revelou que foram evocadas

135 palavras

Das 135 palavras evocadas foram selecionados pelo software 13 termos com

meacutedia da ordem de evocaccedilatildeo de 20 Foram desprezadas as evocaccedilotildees cuja frequecircncia foi

inferior a 3 sendo a frequecircncia meacutedia de 8 evocaccedilotildees A Figura 3 foi resultante da anaacutelise

combinada desses indicadores (frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo)

Figura 3 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres MT Brasil 2015

Nuacutecleo Central

Cuidado

Enfermagem

Organizaccedilatildeo

1ordf Periferia

Planejamento

Qualidade

2ordf Periferia

Assistecircncia

Comprometimento

Processo

Responsabilidade

89

A anaacutelise dos resultados dos questionaacuterios de livre associaccedilatildeo de palavras permitiu

apreender os valores as crenccedilas e a praacutetica dos participantes diante da expressatildeo indutora

percebendo os termos formadores do provaacutevel nuacutecleo central (quadrante superior

esquerdo) desta representaccedilatildeo e do sistema perifeacuterico (quadrante superior e inferior

direito) (Quadro 5)

Quadro 5 - Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermagem Caacuteceres MT Brasil 2015

OMI lt20 ge20

Frequecircncia

Media

Nuacutecleo central F Rangdagger Elementos

perifeacutericos 1

F Rang

Cuidado 17 1765 Planejamento 8 2500

Enfermagem 10 1600 Qualidade 17 2059

ge8 Organizaccedilatildeo

13 1538

Elementos de

contraste

F Rang Elementos

perifeacutericos 2

F Rang

3le

Ciecircncia 5 1200 Assistecircncia 4 2000

Humanizaccedilatildeo 3 1667 Comprometimento 4 2000

lt7 Obrigaccedilatildeo 3 1667 Processo 4 2500

Responsabilidade 3 2000

Ordem meacutedia das evocaccedilotildees frequecircncia das evocaccedilotildees dagger distribuiccedilatildeo das evocaccedilotildees

Frente agrave expressatildeo indutora ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os

sujeitos evocaram mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo

estas palavras tiveram as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o

nuacutecleo central desta representaccedilatildeo e refletem a dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem para

estes profissionais ou seja traduzem o entendimento do cuidado organizado como objeto

de trabalho da enfermagem

O termo ldquocuidadordquo obteve maior frequecircncia de evocaccedilatildeo apontando ser o

provaacutevel nuacutecleo central das representaccedilotildees sociais acerca da SAE

O cuidado de enfermagem eacute universal multidimensional singular e deve

considerar os sistemas social econocircmico e cultural dos envolvidos Assim a atuaccedilatildeo da

enfermagem estaacute compreendida em uma zona de intercessatildeo entre o cuidado e o

tratamento Embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo de uma teacutecnica satildeo

na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis que presidem a sauacutede

90

com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e essenciais tanto para a

manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)

Nessa perspectiva o cuidado de enfermagem pode ser explicado como um

conjunto de accedilotildees desenvolvidas pelo profissional de enfermagem em substituiccedilatildeo dos

cuidados que a pessoa natildeo pode temporariamente garantir a si proacutepria ou que natildeo pode

ser garantido por seu entorno social (COLLIEgraveRE 1999) A este termo reforccedila a

concepccedilatildeo do ser enfermeiro expressando sua ciecircncia e seu objeto de trabalho

O cuidado ao atendimento de sauacutede da crianccedila foi durante muitos anos pautado

na cura da doenccedila Atualmente estaacute em construccedilatildeo um modelo assistencial em que a

crianccedila deixa de ser compreendida como ser unicamente bioloacutegico que privilegia cuidado

assistencial centrado em suas especificidades e de sua famiacutelia mediante a construccedilatildeo de

redes de apoio buscando sua integralidade (ABUD GAIacuteVA 2015)

Nesta nova perspectiva o cuidado de enfermagem deve promover e restaurar o

bem-estar fiacutesico psiacutequico e social considerando aspectos intriacutensecos ligados agrave sua

condiccedilatildeo de crianccedila e reconhecendo o protagonismo familiar bem como as legislaccedilotildees

que garantem suas especificidades (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT

COLLET 2013) (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN HIGARASHI

2014)

Desta forma ao considerar o cuidado como o possiacutevel nuacutecleo central da RS da

SAE os participantes reconhecem que o cuidado constitui a verdadeira competecircncia da

enfermagem Traduz uma accedilatildeo que vai aleacutem de procedimentos teacutecnicos englobando o

envolvimento e o compromisso com o outro e portanto uma accedilatildeo humanizada que

melhora as condiccedilotildees e favorece a promoccedilatildeo e a prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando limitar

a doenccedila e promover a vida (BORGES SANTOS 2013)

Quando profissionais da enfermagem respondem agraves necessidades de cuidado e

agem responsavelmente ajudando a desenvolver restaurar ou ampliar o cuidado na

melhor maneira possiacutevel temos o cuidado autecircntico Ao agir assim os pacientes natildeo satildeo

apenas ajudados a lidar e a enfrentar a doenccedila e a incapacidade mas satildeo encorajados e

empoderados a continuar em sua busca pela plenitude humana (WALDOW 2015)

O segundo estiacutemulo respondido tambeacutem como provaacutevel termo associado ao

nuacutecleo central da RS da SAE com frequecircncia de apresentaccedilatildeo igual a dez e que fortalece

as discussotildees relacionadas ao cuidado foi a palavra Enfermagem Deve-se ressaltar que

a Enfermagem moderna tem predominacircncia do modelo humaniacutestico e suas praacuteticas

91

profissionais foram historicamente marcadas pela forte influecircncia do espiacuterito religioso

da organizaccedilatildeo militar dos princiacutepios da divisatildeo social do trabalho e mais recentemente

pela busca de conhecimento proacuteprio (ALVES COGO 2014)

Eacute por essecircncia desde o seu nascimento expressa atraveacutes do cuidado e este

cuidado durante todo o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro eacute abordado dentro de uma

dimensatildeo essencial e complexa tanto na experiecircncia de quem cuida quanto de quem

recebe o cuidado ou ateacute mesmo de quem ensina a cuidar (CASAFUS DELLrsquoACQUA

BOCCHI 2013)

A profissatildeo de enfermagem eacute regulamentada no territoacuterio brasileiro pela lei

749886 composta por trecircs classes profissionais com atribuiccedilotildees especiacuteficas e

proporcionais aos niacuteveis de complexidade assistencial e ao tempo de formaccedilatildeo de cada

categoria As inuacutemeras atribuiccedilotildees desenvolvidas por essa profissatildeo abrangem afazeres

teacutecnicos e procedimentais abordando caracteriacutesticas pessoais como lideranccedila

humanizaccedilatildeo competecircncia gerencial e inovaccedilatildeo bem como o desenvolvimento de boas

relaccedilotildees pessoais (MEIRA KURCGANT 2016)

Conveacutem ressaltar que o cuidado dispensado pelo enfermeiro agrave crianccedila envolve

tambeacutem seus familiares e sua equipe e seu singular significativo pois somente por meio

desta dinacircmica eacute possiacutevel garantir melhor relacionamento interdependecircncia coesatildeo e

competecircncia nas accedilotildees (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN

HIGARASHI 2014)

Desse modo a enfermagem contemporacircnea une a arte-ciecircncia-ideal do cuidar

possibilitando accedilotildees que beneficiam o resgate do ser humano integral fortalecendo os

viacutenculos entre o sentir-saber-fazer (ALVES COGO 2014) Assim a enfermagem

assume a proposta de abordagem global do indiviacuteduo estabelecendo-se como praacutetica de

cuidado integralizadora

A terceira palavra encontrada relacionada agrave formaccedilatildeo do nuacutecleo central desta

representaccedilatildeo foi o termo ldquoorganizaccedilatildeordquo Considerando o cuidado a marca e o nuacutecleo de

atenccedilatildeo da enfermagem eacute preciso compreender que para cuidar satildeo necessaacuterios

instrumentos e processos metoacutedicos ou seja de organizaccedilatildeo para que o desfecho da accedilatildeo

base possa ser considerado integral e resolutivo

As accedilotildees provenientes da rotina do enfermeiro devem estar voltadas para a

qualidade do cuidado de forma a abraccedilar as dimensotildees assistencial e gerencial desta

praacutetica Uma accedilatildeo cuidadora responsaacutevel perpassa pela avaliaccedilatildeo e pelo planejamento de

92

todas as condiccedilotildees que envolvem determinada intervenccedilatildeo ou seja a organizaccedilatildeo da

assistecircncia atraveacutes da adoccedilatildeo de determinado meacutetodo e o embasamento em

conhecimentos cientiacuteficos (VITURI EacuteVORA 2015)

Apreendendo os trecircs termos com maior frequecircncia de evocaccedilatildeo ldquocuidadordquo

ldquoenfermagemrdquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo e que por esta razatildeo constituem o nuacutecleo central desta

representaccedilatildeo observa-se que estes satildeo congruentes e convergem para o termo indutor da

pesquisa ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo

Tratando-se de representaccedilatildeo do nuacutecleo central ou seja daquela que se manteacutem

resistente a mudanccedilas pode-se inferir que a representaccedilatildeo analisada reflete a premissa

baacutesica das praacuteticas de enfermagem proposta por diversos referenciais da aacuterea Ou seja a

enfermagem eacute uma profissatildeo que necessita de modelo de organizaccedilatildeo para administrar

os diversos recursos necessaacuterios para o desenvolvimento do cuidado

Portanto a SAE no cuidado agrave crianccedila constitui um arqueacutetipo teoacuterico para a praacutetica

assistencial integral fazendo com que a atuaccedilatildeo dos profissionais de enfermagem seja

cientificamente coerente planejada quanto agrave identificaccedilatildeo de necessidades da crianccedila e

sua famiacutelia obtendo estabelecimento alcance de metas e avaliaccedilatildeo

O sistema perifeacuterico desta representaccedilatildeo eacute formado por duas periferias

constituiacutedas de palavras que organizam a representaccedilatildeo do nuacutecleo central As palavras da

primeira e segunda periferia seguem a moda ou o discurso politicamente correto no

momento da coleta de dados Constatou-se que foram formados por palavras que tinham

sua significaccedilatildeo atrelada agraves caracteriacutesticas desenhadas para a construccedilatildeo do perfil ideal

do contemporacircneo profissional de enfermagem salientando os benefiacutecios da aplicaccedilatildeo do

cuidado sistematizado

Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos

ldquoplanejamentordquo e ldquoqualidaderdquo remete agrave dimensatildeo avaliativa do cuidado e expressa

posicionamento positivo diante da assistecircncia de enfermagem Os termos evocados se

apresentam bem proacuteximos ao nuacutecleo central jaacute que contam com frequecircncia de anaacutelise e

ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo

O sistema perifeacuterico eacute formado por elementos mais dinacircmicos e passiacuteveis de

atualizaccedilotildees relacionado agraves caracteriacutesticas individuais e ao contexto adaptando-se agraves

situaccedilotildees especiacuteficas e contribuindo para sua organizaccedilatildeo (MOSCOVICI 2003) Pode-

se inferir entatildeo que os conceitos de planejamento e qualidade constituem complementos

93

indispensaacuteveis do sistema central do qual ele depende ou seja o cuidado sistematizado

depende de planejamento e leva agrave qualidade

A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude

positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem

As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a raiz

essencial do termo ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo e fortalecem a

importacircncia desta para o desenvolvimento do cuidado de enfermagem agrave crianccedila Os

termos que emergem na primeira periferia satildeo respectivamente meio e resposta ao

desenvolvimento do cuidado

O planejamento da assistecircncia eacute uma imposiccedilatildeo legal Ao planejar o cuidado o

enfermeiro incorpora a responsabilidade da assistecircncia O planejamento permite

diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados

orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados (CASAFUS

DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (RODRIGUES CALEGARI 2016)

Portanto o planejamento do cuidado gera qualidade assistencial A qualidade

pode ser observada e mensurada quando o planejamento do cuidado eacute fundamentado na

cientificidade nas experiecircncias individuais e coletivas e nas constantes construccedilotildees e

reconstruccedilotildees dos processos (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015)

Desta forma a SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de

base para o planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e

rotinas das unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)

Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)

ldquoassistecircnciardquo ldquocompromissordquo ldquoprocessordquo e ldquoresponsabilidaderdquo organizam a RS dos

enfermeiros acerca da SAE dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute

o cuidado Satildeo apontadas neste quadrante palavras que valorizam aspectos ligados agrave

dimensatildeo atitudinal do indiviacuteduo como requisitos importantes para o exerciacutecio do

cuidado

As palavras ldquoassistecircnciardquo e ldquoprocessordquo estabelecem relaccedilatildeo proximal como

caminho a ser seguido ou seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem

o processo de aplicaccedilatildeo da SAE no cuidado

94

A praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees

de cuidado direto e indireto As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do

cuidado condiccedilotildees voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si

As accedilotildees indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e devem organizar e

individualizar a sua assistecircncia com base no seu compromisso com os valores eacuteticos e

morais a percepccedilatildeo que este tem do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o

conhecimento das poliacuteticas de apoio agrave crianccedila em todas as suas fases da vida e sobretudo

o empenho e a responsabilidade que este esboccedila no processo de cuidar

A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que

foram evocadas e estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central poreacutem obtiveram ordem meacutedia de

evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos Com relaccedilatildeo ao termo indutor

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras ldquociecircnciardquo ldquohumanizaccedilatildeordquo e

ldquoobrigaccedilatildeordquo traduzem avaliaccedilatildeo positiva da SAE

A sistematizaccedilatildeo do cuidado por meio da rigorosidade metoacutedica expressa agrave ciecircncia

da enfermagem A aproximaccedilatildeo da SAE agrave estrateacutegia de humanizaccedilatildeo do cuidado de

enfermagem modifica o ambiente hospitalar vinculando os avanccedilos cientiacuteficos da aacuterea

agraves individualidades do cliente permeando o processo assistencial por atitudes

humaniacutesticas (RODRIGUES CALEGARI 2016)

Entretanto ainda neste quadrante a palavra ldquoobrigaccedilatildeordquo associa o

desenvolvimento do cuidado sistematizado agrave tendecircncia negativa pois o desenvolvimento

da SAE constitui parte da ciecircncia do enfermeiro A aproximaccedilatildeo da SAE ao conceito de

obrigaccedilatildeo pode estar atrelada agrave fraacutegil visatildeo do processo de trabalho da enfermagem e da

autonomia deste profissional jaacute que as demandas assistecircncias deveriam ser fortalecidas

por esta metodologia

422 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do Enfermeiro

na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

Analisando a segunda expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os sujeitos evocaram mais prontamente

as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante (Figura 4) estas palavras tiveram

as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o provaacutevel nuacutecleo central

95

desta representaccedilatildeo e refletem o entendimento do grupo sobre as funccedilotildees desenvolvidas

pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado

Figura 4 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor

ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres

MT Brasil 2015

A anaacutelise das trecircs palavras torna possiacutevel refletir que para o grupo social estudado

a atuaccedilatildeo do enfermeiro no cuidado sistematizado eacute accedilatildeo de importacircncia fundamentada

em conhecimento e que proporciona a humanizaccedilatildeo da assistecircncia (Quadro 6)

A SAE eacute um dos conhecimentos da aacuterea de enfermagem e permite atraveacutes da

pesquisa da anaacutelise loacutegica e do raciociacutenio analiacutetico desenvolver e implementar cuidados

tanto teacutecnicos como interpessoais ou de relacionamento e comunicaccedilatildeo (HUITZI

PUYADENA ETXABE IRAOLA 2014) Como conhecimento ela eacute fortalecida por

modelos e teorias que orientam e datildeo sentido a praacutetica profissional do enfermeiro com

base na experiecircncia pessoal e nos pressupostos cientiacuteficos e filosoacuteficos (RAILE

MARRINER 2010)

Portanto eacute constituiacuteda de elementos cientiacuteficos e filosoacuteficos gerais que se tornam

elementos especiacuteficos e uacutenicos que serviratildeo para definir os elementos empiacutericos e

operacionais de cada modelo conceitual (MELEIS 2012)

Nuacutecleo Central

Conhecimento

Humanizaccedilatildeo

Importante

1ordf Periferia

Planejamento

Dedicaccedilatildeo

Organizaccedilatildeo

Rotina

2ordf Periferia

Ciecircncia

Lideranccedila

96

Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Atuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAE Caacuteceres Mato Grosso 2015

OMI lt 20 gt = 20

Freq Med Nuacutecleo Central F Rang Elementos

Perifeacutericos 1

F Rang

gt

=

6

Conhecimento

Humanizaccedilatildeo

Importante

7

7

7

1000

1143

1857

Planejamento

Dedicaccedilatildeo

Organizaccedilatildeo

Rotina

17

6

6

6

2294

2167

2000

2833

Elementos de

Contraste

F Rang Elementos

Perifeacutericos 2

F Rang

3 lt =

lt 5

Administraccedilatildeo

Autonomia

Comprometimento

Resultados

3

4

5

4

1333

1500

1600

1750

Ciecircncia

Lideranccedila

5

5

2000

2000

Legenda Frequecircncia das evocaccedilotildees Ordem meacutedia das evocaccedilotildees

A palavra importacircncia evocada como atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE pode estar

relacionada a orientaccedilatildeo que esta metodologia organizada atraveacutes do processo de

enfermagem propotildeem agrave praacutetica cliacutenica do enfermeiro atraveacutes dos trabalhos de

investigaccedilatildeo intervenccedilatildeo e avaliaccedilatildeo (DURAN TOLEDO 2011) (BENEDET

GELBCKE AMANTE et al 2016) Bem como a legitimidade que esta favorece agrave

assistecircncia mediante a equipe de sauacutede e a sociedade e a garantia do exerciacutecio do direito

de decidir sobre o cuidado do ser humano com independecircncia intelectual teacutecnica e

cientiacutefica (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCH 2013)

Haacute que se salientar ainda que a evocaccedilatildeo da palavra ldquoimportacircnciardquo tambeacutem pode

ser correlacionada a funccedilatildeo exercida pela SAE na estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos serviccedilos

e ao reconhecimento desta como instrumento de planejamento do cuidado

Outro aspecto a ser observado foi a aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado a

perspectiva de humanizaccedilatildeo da assistecircncia Esta filosofia atual faz parte da realidade dos

serviccedilos de sauacutede e diz respeito agrave valorizaccedilatildeo da especificidade do indiviacuteduo e da praacutetica

integral na realizaccedilatildeo dos cuidados de enfermagem A humanizaccedilatildeo do cuidado eacute possiacutevel

atraveacutes da SAE pelo potencial de reestruturaccedilatildeo da praacutetica que esta metodologia favorece

haja visto que sua implementaccedilatildeo gera potencial de mudanccedilas na organizaccedilatildeo e

articulaccedilatildeo dos serviccedilos e dos profissionais de sauacutede (CASTILHO RIBEIRO

CHIRELLI 2009)

97

Outros estudos tambeacutem destacam as contribuiccedilotildees da SAE para a humanizaccedilatildeo da

assistecircncia considerando esta ser um processo articulador que assegura continuidade agrave

assistecircncia de enfermagem proporciona cuidado individualizado implica modificaccedilotildees

no estilo de assistir e na forma de conceber a enfermagem que passa do estilo funcional

para o estilo centrado no paciente favorecendo uma relaccedilatildeo pessoa a pessoa na qual o

cliente eacute participante na tomada de decisatildeo (DUARTE ELLENSOHN 2007)

(PEDUZZI ANSELMI 2002) (PERES CIAMPONE 2006)

A SAE no cuidado agrave crianccedila possibilita a implementaccedilatildeo da abordagem do

cuidado centrado no binocircmio crianccedila e famiacutelia estrateacutegia humanizadora pois inclui o

cliente e seu familiar no processo de tomada de decisatildeo garantindo sua autonomia

Assim as normas e regras necessaacuterias agrave organizaccedilatildeo do processo de trabalho poderatildeo

tornar-se facilitadoras da dinacircmica do trabalho na unidade pediaacutetrica ao inveacutes de se

tornarem empecilhos agrave necessaacuteria recriaccedilatildeo cotidiana da assistecircncia em cada situaccedilatildeo

singular (MOREIRA et al 2012)

Para a efetivaccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na praacutetica de enfermagem deve haver um

encontro entre profissional e cliente o qual eacute condicionado agrave disposiccedilatildeo desses sujeitos e

tambeacutem do auxiacutelio de todos os envolvidos no processo O exerciacutecio da humanizaccedilatildeo

revela-se positivo e de qualidade quando conta com a intencionalidade daquele que o faz

agregando valores e significado (SALICIO GAIVA 2006)

Contudo a SAE eacute a oportunidade que o enfermeiro tem para mostrar sua

competecircncia teacutecnica e cientiacutefica com destaque ao cuidado humanizado Acredita-se que

o conhecimento acerca deste assunto constitui-se uma arma a favor da viabilidade da

sistematizaccedilatildeo seja como forma de diferenciar a assistecircncia prestada ou pela ampla visatildeo

humanista e profissional capaz de responder agraves necessidades individualizadas de cada

paciente em especial quando se trata de crianccedilas (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013)

Desta forma o nuacutecleo central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura

atraveacutes do reconhecimento pelo grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento

especiacutefico da profissatildeo permitindo ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica

cientiacutefica e humanizada

Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos

ldquoplanejamentordquo ldquorotinardquo ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeordquo remete agrave dimensatildeo praacutetica da

SAE ou seja o desenvolvimento do processo de enfermagem

98

A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude

positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem As evocaccedilotildees se

apresentam bem proacuteximas ao nuacutecleo central pois contam com frequecircncia de anaacutelise e

ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo

Sendo estas palavras elementos do sistema perifeacuterico eacute importante ressaltar que

estatildeo relacionadas a caracteriacutesticas e ao contexto do nuacutecleo central sendo dinacircmicas e

atualizaacuteveis (MOSCOVICI 2003) Desta forma pode-se inferir que os termos ldquorotinardquo

ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeo constituem elementos complementares e necessaacuterios ao

sistema central ou seja a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE eacute conhecimento importante e

humanizador e depende de planejamento da rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo

As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a atuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAE e constituem uma sequecircncia a ser desenvolvida para estabelecer a

sistematizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem agrave crianccedila ou seja o processo de enfermagem

Desta forma os termos que emergem na primeira periferia constituem a metodologia

utilizada para sistematizar o cuidado agrave crianccedila

Atualmente existe um conjunto de estudos sobre o processo de trabalho do

enfermeiro que mostra que as atividades deste profissional perpassam pelo gerenciamento

dos serviccedilos e pelo gerenciamento da assistecircncia (FERRAZ 2000) (LIMA GUSTAVO

COELHO SCHMITZ 2000) (PEDUZZI ANSELMI 2002)(GUSTAVO LIMA

2003) (ROSSI SILVA 2005)Com base nesta concepccedilatildeo o trabalho do enfermeiro ou a

ldquorotinardquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo eacute composto por duas dimensotildees que satildeo complementares a que

faz a gestatildeo administrativa e a que faz a gestatildeo do cuidado ambas satildeo possiacuteveis em

virtude da SAE

Aproximando a rotina hospitalar do cuidado agrave crianccedila eacute importante frisar que ao

se deparar com a necessidade da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila a famiacutelia pode compreender

o hospital como um ambiente estranho que fomenta sofrimento fiacutesico e emocional Este

fato faz com que a famiacutelia se sinta esgotada pouco agrave vontade para cuidar da crianccedila e

geralmente ignorada em suas necessidades o que pode tornar a hospitalizaccedilatildeo uma

experiecircncia traumatizante (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOUSA GOMES SILVA

SANTOS SILVA 2011)

O processo de enfermagem permite que o enfermeiro aplique um referencial

teoacuterico atraveacutes de um meacutetodo para organizar cientificamente o cuidado integral

99

implementando condiccedilotildees para uma rotina de serviccedilos planejada onde por exemplo as

necessidades luacutedicas sejam observadas e garantidas

Portanto o planejamento organiza a rotina das unidades hospitalares e do proacuteprio

cuidado Rodrigues e Calegari (2006) consideram que o planejamento permite

diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados

orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados Desta forma a

SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de base para o

planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e rotinas das

unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA SILVA

VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)

De acordo com o Dicionaacuterio Aureacutelio (2016) a palavra dedicaccedilatildeo eacute substantivo

feminino que significa desprendimento de si proacuteprio em favor de outrem ou de alguma

ideacuteia eacute sinocircnimo de empregar devotar-se entregar-se aplicar-se e destinar-se Alguns

estudos da aacuterea da enfermagem concluiacuteram que o desempenho do PE no seu formato

integral ainda sofre dificuldades de diversas naturezas entre elas o pouco envolvimento

do enfermeiro e sua equipe em sua operacionalizaccedilatildeo (NEVES 2010) (GARCIA-

SANTOS WERLANG 2013) (LORENZETTI ORO MATOS GELBCKE 2015)

Portanto o termo evocado ldquodedicaccedilatildeordquo faz parte da estrutura que sustenta a

atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE Para fortalecer a implementaccedilatildeo do PE eacute preciso aleacutem do

conhecimento cientiacutefico predisposiccedilatildeo do corpo de enfermagem acreditando e

desempenhando suas funccedilotildees nesta metodologia

Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)

ldquociecircnciardquo e ldquolideranccedilardquo organizam a RS dos enfermeiros acerca da atuaccedilatildeo na SAE

dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute o conhecimento especiacutefico da

profissatildeo que permite o cuidado humanizado Satildeo apontadas neste quadrante palavras

que valorizam aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como requisitos

importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila

A palavra ldquociecircnciardquo estabelece relaccedilatildeo proximal como caminho a ser seguido ou

seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem o processo de aplicaccedilatildeo da

SAE no cuidado agrave crianccedila

No processo de profissionalizaccedilatildeo da Enfermagem buscou-se desde o iniacutecio

construir um campo de conhecimentos especiacuteficos que deveria tanto manter operantes os

sistemas de valores que caracterizavam o feminino e o cuidado como sua extensatildeo quanto

100

adquirir o estatuto de ciecircncia (BARRA NASCIMENTO MARTINS

ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)

Os conhecimentos desta profissatildeo veem sendo desenvolvido atraveacutes de vaacuterias

correntes filosoacuteficas e teoacutericas que em um grande esforccedilo atraveacutes da histoacuteria tem

perseguido o crescimento e o aprimoramento Segundo Zagonel (1996) desde Florence

em 1859 ateacute os cientistas enfermeiros contemporacircneos o desvelamento e as influecircncias

dos paradigmas de Enfermagem tecircm contribuiacutedo para a construccedilatildeo da ciecircncia de

Enfermagem com definiccedilotildees de princiacutepios teoacutericos e metodoloacutegicos formas de

implementaccedilatildeo e instrumentalizaccedilatildeo atraveacutes do conjunto de crenccedilas valores e leis de

cada teoacuterico

Entende-se que a Enfermagem soacute vem conseguindo consolidar-se como ciecircncia e

arte porque tem produzido uma linguagem especiacutefica que atribui significado aos

elementos constitutivos do seu ser saber e fazer Assim a linguagem produzida por

determinado campo do saber possibilita a compreensatildeo acerca das representaccedilotildees do

pensamento e do mundo seja como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo ou como instrumento de

accedilatildeointeraccedilatildeo (GARCIA NOBREGA 2004) (SCHAURICH CROSSETTI 2010)

Abordando a ciecircncia e o campo de atuaccedilatildeo da sauacutede da crianccedila eacute importante frisar

que uma postura criacutetica-reflexiva deve ser adotada na busca da racionalizaccedilatildeo da

aquisiccedilatildeo e da incorporaccedilatildeo de novos conhecimentos e tecnologias de cuidado em virtude

da especificidade da clientela Como jaacute mencionado anteriormente neste trabalho a

praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees de cuidado

direto e indireto

As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do cuidado minus condiccedilotildees

voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si a ldquociecircnciardquo As accedilotildees

indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e organizam a assistecircncia O cuidado

de enfermagem para dar conta da complexidade e dinamicidade das questotildees que

envolvem o estar saudaacutevel e o estar doente de indiviacuteduos eou grupos populacionais

precisa abranger aleacutem dos aspectos teacutecnico-cientiacuteficos os preceitos eacuteticos esteacuteticos

filosoacuteficos humaniacutesticos e culturais (SCHAURICH CROSSETTI 2010)

Eacute importante salientar que para a ciecircncia e o cuidado estabeleccedilam uma linha tecircnue

e continua se faz necessaacuterio tambeacutem uma avaliaccedilatildeo sob o ponto de vista eacutetico da

qualidade da assistecircncia dos benefiacutecios das limitaccedilotildees dos riscos e da adequaccedilatildeo agraves

101

necessidades desta populaccedilatildeo (BARRA NASCIMENTO MARTINS

ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)

O segundo termo evocado nesta periferia foi a palavra ldquolideranccedilardquo que eacute tida

como uma das principais competecircncias a ser desenvolvida pelo profissional da

enfermagem pois no trabalho em equipe os enfermeiros deveratildeo estar aptos a assumir

posiccedilotildees de lideranccedila Nesse contexto o liacuteder eacute envolvido pelo compromisso

responsabilidade empatia habilidade para a tomada de decisotildees comunicaccedilatildeo e

gerenciamento de forma efetiva e eficaz qualificando o serviccedilo e atendendo as

expectativas da organizaccedilatildeo (PERES TRENDO 2006) (STRAPASSON MEDEIROS

2009)

No novo estilo de organizaccedilatildeo das instituiccedilotildees de sauacutede a lideranccedila vem sendo

exigida natildeo como um modelo hierarquizado e tradicional mas abrindo espaccedilo para um

trabalho mais flexiacutevel em equipe com unidades semiautocircnomas construiacutedas a partir de

uma relaccedilatildeo de poder e confianccedila muacutetua (GAIDZINSKI PERES FERNANDES 2004)

(STRAPASSON MEDEIROS 2009)

O conhecimento eacute sem duacutevida um dos valores de grande importacircncia para o

estimular novos liacutederes uma vez que confere aos profissionais seguranccedila na tomada de

decisotildees relacionadas ao paciente agrave sua equipe e agraves atividades administrativas da unidade

(DOMIGUES CHAVES 2005)

No que diz respeito ao atendimento agrave crianccedilas hospitalizadas acredito que quando

o enfermeiro organiza sua assistecircncia de forma a inspirar e motivar seus liderados a ir

aleacutem de seus proacuteprios interesses para o bem do cliente estrateacutegias especiacuteficas de

abordagem agrave crianccedila conseguem sair dos protocolos e serem implementadas na rotina das

clinicas como por exemplo o brinquedo terapecircutico e o cuidado centrado na famiacutelia

Assim a iniciativa para assumir novas condutas e atitudes inovadoras eacute ponto

favoraacutevel para a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede pois sendo a SAE

conhecimento da aacuterea da enfermagem tambeacutem ofereceraacute suporte ao conhecimento dos

liacutederes desencadeando a certeza de estarem agindo da maneira mais correta e adequada

(DOMIGUES CHAVES 2005)

A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que

possuem ordem meacutedia de evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos poreacutem tambeacutem

estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central que estrutura a RS O termo indutor gerou as palavras

102

ldquoadministraccedilatildeordquo ldquoautonomiardquo ldquocomprometimentordquo e ldquoresultadosrdquo todas traduzindo um

potencial positivo frente a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE

O conjunto de palavras levantadas pelo grupo social fortalecem a forma

sistemaacutetica e ordenada de delimitar problemas fazer e executar planos para resolvecirc-los

e a elaboraccedilatildeo de meios para sua avaliaccedilatildeo que traduzem a profissatildeo do enfermeiro ou

seja o PE O PE eacute a uma sistemaacutetica organizada de cuidar do paciente eacute um meacutetodo a ser

seguido a fim de alcanccedilar os objetivos desejados em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de enfermagem

o qual baseia-se num modelo assistencial e deve levar em conta a especialidade agrave que estaacute

sendo dirigido (HERMIDA 2004)

Segundo Moreira e colaboradores (2012) o PE eacute percebido pelos enfermeiros

como instrumento de suma importacircncia para subsidiar o trabalho da enfermagem e

proporcionar melhor assistecircncia aos neonatos pois contribui para a evoluccedilatildeo dos

prognoacutesticos favorecendo o retorno dos pacientes ao contexto familiar o mais

precocemente possiacutevel (MOREIRA etal2012)

Aproximando-o do contexto da sauacutede da crianccedila o processo de enfermagem pode

ser o caminho para o alcance da especificidade necessaacuteria para o cuidado diferenciado a

esta fase da vida Pois aleacutem de possibilitar o envolvimento da famiacutelia no processo de

cuidado tambeacutem eacute capaz de organizar o uso do brinquedo terapecircutico atividades na

brinquedoteca praacuteticas no banco de leite manutenccedilatildeo de atividades escolares Que satildeo

medidas capazes de aliviar o sofrimento fiacutesico e psiacutequico ocasionados pela doenccedila

Neste contexto a enfermagem pediaacutetrica por lidar com questotildees fiacutesicas e

existenciais dos seres humanos que cotidianamente cuida tem no PE uma importante

contribuiccedilatildeo para a organizaccedilatildeo do seu trabalho pois possibilita compreender atraveacutes da

ciecircncia e da rigorosidade do meacutetodo a realidade do dia-a-dia no qual estamos imersos

que eacute permeada de subjetividade e objetividade

103

43 CONHECENDO O CONTEUacuteDO DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DA

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam entre

duas pessoas ou dois grupos pressupotildeem

representaccedilotildees na realidade eacute isso que as

caracterizam []

(Serge Moscovici)

A anaacutelise do discurso obtida com auxiacutelio do software ALCESTE nos permite

desvendar as dimensotildees das representaccedilotildees sociais sobre a SAE Esta RS eacute descrita pela

frequecircncia de palavras contidas nos discursos destes participantes que demonstram

relaccedilatildeo com o objeto durante todo o percurso do texto

Conforme Reinert (1999) o ALCESTE examina no texto as ressonacircncias de

sentido que se estabelecem devido as coocorrecircncias de alguns termos os quais aparecem

reunidos em certas regiotildees do discurso em certos momentos O programa define nuacutemero

criteacuterio de separaccedilatildeo de classes definindo as classes estaacuteveis que conteacutem o texto a partir

do processamento do corpus

Na operaccedilatildeo de leitura do corpus desta pesquisa o Programa Alceste reconheceu

a separaccedilatildeo destes em 45 unidades de contexto inicial (UCI) as quais correspondem ao

quantitativo de entrevistas e de sujeitos Em seguida na operaccedilatildeo de caacutelculo do dicionaacuterio

foram encontradas 20597 palavras sendo 2659 palavras diferentes com frequecircncia

meacutedia de palavras diferentes igual a 8 Nesta mesma etapa o programa permitiu a

identificaccedilatildeo de 886 palavras com frequecircncia igual a um indicando alto valor de

heterogeneidade do vocabulaacuterio

Na etapa de operaccedilatildeo de seleccedilatildeo das unidades de contexto elementar (UCE) apoacutes

a reduccedilatildeo das palavras agraves duas raiacutezes obtiveram-se 480 palavras analisaacuteveis com

frequecircncia igual a 4 e variabilidade de 9763 Essas 480 palavras foram designadas

numa mesma classe em duas classificaccedilotildees descendentes e dois sub-corpus que utilizaram

UCE com tamanhos diferentes O primeiro sub-corpus gerou 108 UCEs e eacute formado pela

classe 1 e o segundo sub-corpus gerou 172 UCEs e eacute formado pelas classes 2 3 4 e 5 A

tabela 2 ilustra a descriccedilatildeo das classes

104

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes

1 2 3 4 e 5 geradas pelo Alceste Caacuteceres ndash 2015

Classes UCE Palavras

Consideradas

1 108 98 39

2 29 42 10

3 59 82 21

4 34 47 12

5 50 55 18

Fonte Dados da Pesquisa 2015

Analisando a tabela 2 constata-se que o maior predomiacutenio textual se encontra na

classe 1 com 39 das UCEs classificadas seguida pela classe 3 com 21 O menor

predomiacutenio encontra-se na classe 2 com 10 e nas classes 4 e 5 respectivamente 12 e 18

porcento

Ainda descrevendo as classes de UCE o Programa gerou um dendograma

resultado da Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente (CHD) ilustrando a relaccedilatildeo

interclasses do corpus Eacute necessaacuterio destacar que as relaccedilotildees entre os eixos satildeo fracas

demonstrando que as cinco classes satildeo independentes ou seja os discursos dos sujeitos

quanto a SAE satildeo distintos

Classe 4

Classe 5

Classe 2

Classe 3

Classe 1

Figura 5 Dendograma do corpus das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem (SAE) organizado em cinco classes e dois eixos

Eixo 1 Eixo 2

39

10

21

12

18

105

Nesse niacutevel de anaacutelise o agrupamento de palavras de maior qui quadrado ou seja

de maior relevacircncia permitiu a conformaccedilatildeo da anaacutelise qualitativa em classes nas quais

buscou-se identificar aspectos significativos das Representaccedilotildees Sociais da SAE Foi

considerado como criteacuterio reter as palavras com miacutenimo de associaccedilatildeo agrave classe igual ou

superior a 19 de acordo com a lista de indices e seu valor em X2 qui-quadrado

A figura 6 representa o dendograma com os tiacutetulos dos eixos e das classes

juntamente com as palavras destacadas que corresponde ao poder de associaccedilatildeo das

palavras que foram mais expressivas para compor as classes

Figura 6 Dendograma com os eixos classese palavras destacadas segundo software

Alceste

Classe 4 Classe 5 Classe 2 Classe 3 Classe 1

As Dificuldades Operacionais

para a Implantaccedilatildeo

da SAE

Accedilotildees e Envolvimen-

tos para Aproximaccedilatildeo

da SAE

Praacuteticas e dinacircmicas

operacionais da

Enfermagem

A Rotina do Cuidado de

Enfermagem

A construccedilatildeo do conceito da

SAE

Falta Secretaacuteria

Coleta Correria Dados Acho

Tempo Que-se Tivesse

Muito bom Computador

Nuacutemero

Momento Aplicaccedilatildeo

Assim Porque

Ta Entatildeo

Ele Uso

Diferente Vocecirc

Maneira Paciente

Setor Experiecircncia

Centro Relatoacuterio

Nesta Periacuteodo Noturno

Natildeo Hospital

Obsteacutetrico Aqui

Dentro Box

Recebo Plantatildeo

Faculdade Exame Verifico

Emergecircncia Quadro Estatildeo

Depois Pendecircncias

Colega Solicita Dietas

Carrinho

Enfermagem Enfermeira Faculdade

Foi SAE

Curso Contato

Sei Accedilotildees

Assistecircncia Ouvi

Durante Importante

Aula

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM

EIXO 2

A dimensatildeo praacutetica sobre a SAE

EIXO 1

A dimensatildeo Teoacuterica sobre a

SAE

106

Da anaacutelise de conteuacutedo emergiram dois eixos temaacuteticos o primeiro faz referecircncia

a dimensatildeo do conhecimento acerca da SAE e foi composto pela classe 1 O segundo

eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem assinala as aproximaccedilotildees e distanciamentos da Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem na praacutetica cotidiana Esse eixo foi composto pelas classes 4

(Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da SAE) 5 (Accedilotildees e

envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE) 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da

enfermagem) e 3 (A rotina praacutetica do cuidado de Enfermagem) conforme demonstrado

na figura 5

Estes dois eixos contemplam os objetivos - Apontar de que modo local e

momento do percurso profissional essas representaccedilotildees foram forjadas - Identificar o

grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE - Identificar quais os aspectos

facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado

a crianccedila e Relacionar as RS apreendidas ao conhecimento e o cuidado prestado nas

clinicas de atenccedilatildeo agrave crianccedila deste estudo

44 AS DIMENSOtildeES DO CONHECIMENTO E PRAacuteTICA DA

SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM Agrave CRIANCcedilA

HOSPITALIZADA

441 Eixo 1 A dimensatildeo teoacuterica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem

Classe 1- A Construccedilatildeo do Conceito da SAE

A classe 1 foi composta pelas seguintes palavras enfermagem faculdade curso

accedilotildees SAE assistecircncia e importante As palavras ldquoenfermagemrdquo ldquofaculdaderdquo e ldquocursordquo

agrupadas pelo Alceste para esta classe expressam conceitos que provavelmente

assinalam o local e o momento em que ocorreu a primeira relaccedilatildeo com a significaccedilatildeo da

sistematizaccedilatildeo da assistecircncia oferecendo sustentaccedilatildeo para a compreensatildeo deste

fenocircmeno

Pode-se inferir que o desenvolvimento das habilidades necessaacuterias para atuar no

cuidado de enfermagem iniciou durante o periacuteodo da graduaccedilatildeo sendo aprimoradas ao

longo dos anos de exerciacutecio da profissatildeo capacitando o enfermeiro a exercer um papel

107

ativo e criacutetico contribuindo de forma efetiva na tomada de decisotildees nas questotildees sociais

e institucionais (ALVES COGO 2014)

O conteuacutedo das falas indica e vincula o curso de graduaccedilatildeo em enfermagem como

elemento importante e norteador desta construccedilatildeo como sugerem os extratos

Mas nunca tinha ouvido falar de SAE fora da faculdade Foi no

curso de enfermagem nas aulas tivemos tambeacutem alguns eventos

da faculdade durante o tempo que estava estudando tipo

minicurso ou ateacute mesmo palestras que falavam sobre a SAE

(E34)

O meu primeiro contato com a SAE foi no curso de enfermagem

na faculdade foi a primeira vez que eu ouvi falar Foi nas aulas

de Evoluccedilatildeo da Enfermagem comeccedilava falando da histoacuteria da

enfermagem desde Florence e no final do semestre chegava no

conteuacutedo da SAE (E9)

Desde as mateacuterias especiacuteficas de praacutetica eacute falado e cobrado a

SAE dos alunos Sou de uma famiacutelia com muitos enfermeiros

minha matildee eacute enfermeira mas nunca antes da faculdade havia

ouvido falar na SAE (E26)

Na formaccedilatildeo moderna da enfermagem conhecimentos relacionado as concepccedilotildees

teoacutericas e filosoacuteficas da profissatildeo e estudos sobre a SAE satildeo abordados durante o periacuteodo

de graduaccedilatildeo

O processo de formaccedilatildeo do profissional enfermeiro estaacute fortemente embasado na

visatildeo transformadora com base em teorias criacuteticas que buscam sua capacitaccedilatildeo

profissional para o exerciacutecio das competecircncias gerais e especiacuteficas aleacutem de habilidades

pautadas no ponto de vista do aluno como sujeito de seu processo de formaccedilatildeo (MEIRA

KURCGANT 2016) (SOUZA MARISCAL 2016)

No periacuteodo de formaccedilatildeo profissional os estudantes de enfermagem vivenciam as

primeiras praacuteticas curriculares entrando em contato com a realidade da sauacutede brasileira

Durante essas praacuteticas eles devem utilizar o conhecimento teacutecnico-cientiacutefico abordado

anteriormente de forma teoacuterica no curso exercer atividades teacutecnicas inerentes agrave profissatildeo

e estabelecer relaccedilotildees interpessoais com os colegas e os professores o paciente e seus

familiares e os profissionais de sauacutede interagindo e atuando de forma criacutetica-reflexiva

(ALVES COGO 2014)

Este momento deve ser compreendido como um processo transformador capaz de

modificar o cotidiano dos serviccedilos de sauacutede Assim o aluno deve ser visto como um

sujeito protagonista do seu processo de ensino-aprendizagem como algueacutem que executa

108

algo aleacutem de tarefas como algueacutem que gerencia e cuida para que a partir dessas vivecircncias

no cotidiano encontre elementos motivadores no processo de ensino aprendizagem

capazes de intervir na realidade buscando novas soluccedilotildees e incitando novas formas de

cuidado (FREITAS FERREIRA 2016)

Nesse cenaacuterio o espaccedilo sala de aula desempenha papel de grande importacircncia

para a integraccedilatildeo social e a consolidaccedilatildeo das experiecircncias relacionadas agrave compreensatildeo do

cuidado sistematizado e sua relaccedilatildeo com o saberfazerser do enfermeiro Neste ambiente

acontece a construccedilatildeo destas manifestaccedilotildees a significaccedilatildeo e a ressignificaccedilatildeo destes

conceitos segundo a valorizaccedilatildeo dos sujeitos envolvidos (JODELET 2005)

Portanto experiecircncias de aprendizagem significativas e estrateacutegias de capacitaccedilatildeo

podem contribuir para mudanccedilas nas representaccedilotildees Nessa loacutegica entendendo a

representaccedilatildeo como produccedilatildeo social concretizada na accedilatildeo a interaccedilatildeo professor-aluno

pode influenciar ambos especialmente os acadecircmicos a ressignificarem e

implementarem a SAE agrave sauacutede da crianccedila

As palavras ldquoaccedilotildeesrdquo ldquoassistecircnciardquo e ldquoimportanterdquo tambeacutem elencadas entre as mais

expressivas pelo Programa Alceste para esta classe parecem expressar ligaccedilatildeo com a

construccedilatildeo do conceito da SAE jaacute que suas significaccedilotildees estatildeo associadas ao conceito

baacutesico do meacutetodo ou seja um conjunto de accedilotildees reflexivas de grande importacircncia para

os atos de enfermagem (COFEN 2009)

Sistematizar a assistecircncia eacute viabilizar a organizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem

constituindo uma abordagem eacutetica e humanizada dirigida agrave resoluccedilatildeo de problemas

atendendo agraves necessidades de cuidados de sauacutede e de enfermagem de uma pessoa

(CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)

Eacute possiacutevel inferir que os sujeitos compreendem a importacircncia da SAE para a

enfermagem enquanto profissatildeo e ciecircncia identificam seus potenciais enquanto meacutetodo

de planejamento da assistecircncia e ratificam ser esta atividade privativa do enfermeiro

A SAE eacute o trabalho do enfermeiro eacute o caminho para organizar

a assistecircncia e prestar um cuidado individualizado e

humanizado Eacute atraveacutes dela que conseguimos avaliar o

atendimento que prestamos e gerar accedilotildees baseadas na evidecircncia

do achado (E15)

Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees com

o seu cliente Assim ele consegue conhecer realmente o cliente

109

biologicamente e psicologicamente para poder traccedilar o cuidado

necessaacuterio (E21)

Sei que o enfermeiro deve fazer para todos os clientes ela deve

acontecer em todos os dias de internaccedilatildeo ou contato com o

cliente Eacute um norte para as nossas accedilotildees (E14)

O estudo sobre a SAE no Brasil mereceu destaque somente no final de 1980

quando o Decreto ndeg 9440687 que regulamenta a Lei 749886 do Exerciacutecio Profissional

de Enfermagem no paiacutes reforccedilado pela Resoluccedilatildeo 3582009 do Conselho Federal de

Enfermagem (COFEN) dispocircs sobre a implementaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem (SAE) e a institui como atividade privativa do enfermeiro

O discurso dos entrevistados vislumbra o desenvolvimento da SAE agrave organizaccedilatildeo

do trabalho da enfermagem associando o desenvolvimento do processo a praacuteticas

individualizadas e exitosas Estas representaccedilotildees se aproximam dos resultados de outra

pesquisa em que os enfermeiros envolvidos indicam que aplicar um meacutetodo de prestaccedilatildeo

de cuidados favorece a obtenccedilatildeo de resultados satisfatoacuterios aleacutem de reduzir as

complicaccedilotildees durante o tratamento (CUNHA BARROS 2005)

O uso do meacutetodo requer o pensamento criacutetico do profissional que deve estar

focado nos objetivos e voltado para os resultados de forma a atender as necessidades do

paciente e de sua famiacutelia exigindo constante atualizaccedilatildeo habilidades e experiecircncia

sendo orientado pela eacutetica e padrotildees de conduta (SILVA OLIVEIRA NEVES

GUIMARAtildeES 2011)

Portanto eacute um modo de exercer a profissatildeo com autonomia baseada nos

conhecimentos teacutecnico-cientiacuteficos no qual a categoria vem trabalhando e se

desenvolvendo nas uacuteltimas deacutecadas

Observa-se tambeacutem que para os sujeitos o conceito de cuidado apresenta-se

associado aos procedimentos e intervenccedilotildees de enfermagem desenvolvidas

cotidianamente demonstram tambeacutem compreender que a aplicaccedilatildeo da SAE eacute importante

para direcionar este fazer

No conteuacutedo das falas tambeacutem foi possiacutevel apreender que o conhecimento

relacionado agrave operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo eacute vigorante Os entrevistados conhecem as

fases do processo de enfermagem e compreendem como os diagnoacutesticos satildeo elaborados

Eacute baseado na Teoria de Wanda Horta sendo formado por fases

ligadas que te direcionam para uma assistecircncia correta (E2)

110

Ela eacute composta de fases que satildeo interligadas e geram potencial

para lidar com condiccedilotildees de doenccedila e riscos (E22)

A SAE eacute um meacutetodo constituiacutedo de fases Coleta de dados

diagnoacutestico de enfermagem planejamento prescriccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo Eacute desenvolvida pelo enfermeiro para todo cliente que

ele tem contato (E18)

Eacute com base nos dados coletados que a avaliaccedilatildeo do paciente eacute

feita entatildeo observamos se existe algum diagnoacutestico utilizando o

NANDA aiacute estabelecemos metas de pequeno meacutedio e longo

prazo para depois prescrevemos cuidado (E25)

Os diagnoacutesticos que construiacutemos datildeo credibilidade para o meu

trabalho pois mostra que a accedilatildeo que eu estou desenvolvendo eacute

baseada em achados cientiacuteficos (E36)

Para Alfaro-Levefre (2000) o meacutetodo atraveacutes do qual a estrutura teoacuterica da

enfermagem eacute aplicada agrave praacutetica eacute apresentado em cinco fases investigaccedilatildeo diagnoacutestico

de enfermagem planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo De acordo com o referencial

teoacuterico utilizado pela instituiccedilatildeo a implementaccedilatildeo da SAE atraveacutes do PE pode ser

desenvolvida variando de quatro ateacute seis fases interligadas

Eacute necessaacuterio que toda a equipe de enfermagem envolvida no processo de

implementaccedilatildeo dessa metodologia saiba quais passos deve seguir e principalmente

como cada um destes deve ser implementado em sua praacutetica diaacuteria (AMANTE

ROSSETO SCHNEIDER 2009)

O PE nos dois hospitais dessa pesquisa estaacute ancorado no referencial teoacuterico das

Teoria das Necessidades Humanas Baacutesicas de Wanda de Aguiar Horta (1979) e

desenvolvem o processo de enfermagem em 5 fases Histoacuterico Diagnoacutestico

Planejamento de Metas Prescriccedilatildeo e Prognoacutestico com auxiacutelio de um software

Este software possibilita a normatizaccedilatildeo de todo o processo de transcriccedilatildeo das

informaccedilotildees de enfermagem em prontuaacuterio eletrocircnico visa possibilitar a construccedilatildeo de

um banco de informaccedilotildees rotineiras pelo enfermeiro que estaacute habilitado atraveacutes de senha

disponibilizada pela gerencia de enfermagem Este software esta estruturado de forma

que obriga o lanccedilamento das informaccedilotildees relacionadas ao atendimento de enfermagem

impossibilitando a mudanccedila de fase ou a finalizaccedilatildeo do processo sem que a etapa anterior

esteja preenchida

Acrescento que na execuccedilatildeo deste programa pelo menos algumas informaccedilotildees

precisam ser escritas pelo enfermeiro habilitado para que abra-se a proacutexima paacutegina para

111

preenchimento Desta forma o enfermeiro natildeo tem acesso a paacutegina de diagnoacutestico sem

antes preencher a paacutegina de histoacuterico e assim sucessivamente

Pode-se deduzir que em virtude deste recurso de operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo os

discursos dos enfermeiros revelem unanimidade ao associaacute-lo a praacutetica sistemaacutetica com

fases interligadas e obrigatoacuterias Esse resultado assemelha-se aos estudos de Nascimento

et al (2008) Lopes e Jorge (2008) e Ledesma-Delgado e Mendes (2009) que igualmente

reconheceram que as accedilotildees do PE estatildeo centralizadas nas regras estabelecidas pelas

instituiccedilotildees seguindo normas e rotinas preconizadas por estes estabelecimentos em

detrimento do cuidado centrado na especificidade do cliente

Divergente deste achado tese desenvolvida por Neves (2010) indicou que no

processo de desenvolvimento do PE a etapa de diagnoacutestico geralmente eacute desvalorizada

Assim o enfermeiro executa o Histoacuterico a Evoluccedilatildeo e a Prescriccedilatildeo desconsiderando os

Diagnoacutesticos de Enfermagem dos clientes baseando-se nos diagnoacutesticos meacutedicos para

completar as etapas anteriormente realizadas

Na concepccedilatildeo do grupo as representaccedilotildees sociais associadas ao Diagnoacutestico de

Enfermagem satildeo relativas aos benefiacutecios que esta fase traz a profissatildeo estabelecendo um

caminho para a autonomia e uma ligaccedilatildeo com a ciecircncia do cuidado Neves (2010)

acrescenta que eacute importante que o enfermeiro compreenda as formas de identificaccedilatildeo de

problemas baseados em modelos praacuteticos que possam ser aplicados a realidade e que

configurem resultados positivos na assistecircncia de Enfermagem

Nos discursos os enfermeiros participantes tambeacutem identificam a SAE como

forma de comunicaccedilatildeo entre as equipes de sauacutede e a associam agrave qualidade do cuidado e

agrave reduccedilatildeo de riscos Este resultado segue em consonacircncia com os elementos constitutivos

do sistema perifeacuterico da RS ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as falas do

grupo se ancoram na visatildeo politicamente correta dos aspectos que envolve a SAE e as

praacuteticas de cuidado de enfermagem se aproximando dos debates teoacutericos do assunto

Eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Eacute como a enfermagem registra

suas accedilotildees no prontuaacuterio uma forma de dizer estivemos neste

plantatildeo (E9)

Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees do

cliente e depois registrar no prontuaacuterio Desta forma toda equipe

tem conhecimento da condiccedilatildeo de sauacutede do cliente (E4)

A SAE eacute muito importante para o dia a dia da enfermagem eacute

uma forma de oferecer uma assistecircncia de qualidade longe de

riscos e valorizando o cliente (E26)

112

Atraveacutes deste processo a enfermagem consegue traccedilar accedilotildees que

precisam ser desenvolvidas para levar o cliente a homeostasia

(E8)

A SAE eacute um instrumento utilizado pela enfermagem para

planejar o cuidado Atraveacutes deste processo a enfermagem

consegue traccedilar accedilotildees que precisam ser desenvolvidas para

levar o cliente ao bem-estar fiacutesico psicoloacutegico e espiritual (E22)

A SAE foi compreendida pelos enfermeiros participantes como importante

requisito para a documentaccedilatildeo e registro da assistecircncia desenvolvida Esse registro foi

considerado essencial para o desenvolvimento do plano de cuidados agregando

significados que conduzem as praacuteticas do enfermeiro Para Matsuda e colaboradores as

informaccedilotildees a respeito dos clientes devem ser claras objetivas frequentes e completas

de modo que possibilite o monitoramento a avaliaccedilatildeo e o (re) planejamento global e

contiacutenuo dos cuidados (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)

O que foi coletado e identificado sobre o cuidado necessita ser registrado A

ausecircncia de registros e anotaccedilotildees relativas ao cuidado prestado colabora para a deficiecircncia

na continuidade da assistecircncia

Nessa perspectiva as falas dos enfermeiros fortalecem a visatildeo de burocratizaccedilatildeo

da assistecircncia prestada sobre esta abordagem Neves (2010) esclarece que a valorizaccedilatildeo

dos registros tem por base alguns significados pois asseguram o controle e a

burocratizaccedilatildeo do cuidado reforccedilando o modelo biomeacutedico de assistecircncia ao cliente

centrado nas praacuteticas de cuidado com o corpo e natildeo com o indiviacuteduo

Outro aspecto que emergiu nesta classe sugere que a SAE significa o meio que

favorece a qualidade da assistecircncia de enfermagem sendo um instrumento de grande

importacircncia para a praacutetica profissional do enfermeiro representando a ferramenta que

daraacute suporte para a aproximaccedilatildeo de uma prestaccedilatildeo de cuidados respeitando as

especificidades do cliente

O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao

cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste

garante a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do

pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia porque norteia as accedilotildees

(ANDRADE VIEIRA 2005)

Percebe-se na fala dos enfermeiros que a finalidade de implantaccedilatildeo da SAE nas

instituiccedilotildees investigadas foi organizar o cuidado a partir da adoccedilatildeo de um meacutetodo

113

sistemaacutetico proporcionando ao enfermeiro a (re)definiccedilatildeo do seu espaccedilo de atuaccedilatildeo A

aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a possibilidade da

prestaccedilatildeo de cuidados individualizados centrada nas necessidades humanas baacutesicas e

aleacutem de ser aplicado agrave assistecircncia pode nortear tomadas de decisatildeo em diversas situaccedilotildees

vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de enfermagem

(ANDRADE VIEIRA 2005)

Deste modo pode-se inferir que as RS acerca da SAE evidenciadas nesse eixo

indicam que a construccedilatildeo do saber e a aplicabilidade da SAE foram forjados inicialmente

durante a graduaccedilatildeo de enfermagem Entre os entrevistados parecer haver consenso

acerca da importacircncia do processo de enfermagem para a qualificaccedilatildeo do cuidado a ser

prestado

442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem

O segundo eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagem eacute responsaacutevel por descrever as aproximaccedilotildees e os

distanciamentos da SAE no cuidado cotidiano agrave crianccedila hospitalizada Esse eixo foi

composto pelas classes 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem) 3 (A rotina

praacutetica do cuidado de Enfermagem) 4 (Desvelando as dificuldades operacionais para a

implantaccedilatildeo da SAE) e 5 (Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE)

Classe 2 Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem

A classe 2 nomeada Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem foi

composta pelas seguintes palavras ldquosetorrdquo ldquoexperiecircnciardquo ldquocentrordquo ldquorelatoacuteriordquo ldquoplantardquo

ldquoexamerdquo e ldquoquadrordquo estas palavras correspondem agraves atividades praacuteticas de enfermagem

ou seja as palavras fazem menccedilatildeo aos processos vinculados agrave rotina assistencial dos

setores como ocorre agrave conduccedilatildeo do trabalho dos enfermeiros e como as praacuteticas satildeo

planejadas

A organizaccedilatildeo do processo de trabalho constitui um dos meios que o enfermeiro

utiliza para alcanccedilar o seu objetivo final a praacutetica de um cuidado seguro e de qualidade

(CHRISTOVAM PORTO OLIVEIRA 2012) A Lei Nordm 749886 que regulamenta o

exerciacutecio dos profissionais de enfermagem explicita em seu art 11 que a organizaccedilatildeo o

114

planejamento a coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo dos serviccedilos da assistecircncia de

enfermagem satildeo responsabilidades privativas do enfermeiro

A SAE eacute um meio para organizar a assistecircncia ela incorpora instrumentos que

devem ser utilizados no trabalho gerencial fortalecendo o planejamento a tomada de

decisotildees comunicaccedilatildeo lideranccedila a administraccedilatildeo a educaccedilatildeo permanente etc

Ressalta-se que a gestatildeo do cuidado envolve a dialoacutegica entre o saber-fazer

gerenciar e o cuidar A articulaccedilatildeo dessas duas dimensotildees deve permitir ao enfermeiro

organizar a rotina de acordo com as necessidades de sauacutede do indiviacuteduo e por meio de

accedilotildees gerenciais promover a melhoria da assistecircncia prestada (VITURI EacuteVORA 2015)

Os fragmentos dos discursos dos enfermeiros se afastam desta proposta dialoacutegica

evidenciando que o cuidado desenvolvido nas cliacutenicas eacute uma praacutetica desarticulada de um

referencial metodoloacutegico natildeo acontecendo ou acontecendo de forma seletiva para alguns

pacientes

Natildeo utilizamos a SAE na sala de parto natildeo tenho uma rotina

relacionada agrave SAE Geralmente faccedilo meu relatoacuterio para cada

cliente que tem alta tento ser bem descritiva nas accedilotildees que

aconteceram aqui relato todas as intercorrecircncias mas natildeo

temos neste setor o processo de enfermagem (E21)

Neste setor soacute acontece a SAE se o paciente tambeacutem fizer parte

da comissatildeo de curativo se natildeo fizer parte fazemos um pequeno

relatoacuterio no formato SOAP e soacute (E8)

Natildeo natildeo tenho a SAE aqui Jaacute passei por vaacuterios setores deste

hospital Faccedilo geralmente a SAE dos pacientes mais criacuteticos

(E11)

Aqui na sala de Parto o bicho pega de verdade Acho que utilizei

a SAE mesmo durante a faculdade Natildeo consigo visualizar a

diferenccedila do meu trabalho com ou sem a SAE (E6)

Os conteuacutedos apreendidos nas falas dos participantes denotam ecircnfase na

intensidade das atividades desenvolvidas por plantatildeo levando a compreender que a alta

demanda de accedilotildees e o tempo satildeo as causas do natildeo desenvolvimento ou do

desenvolvimento parcial do cuidado sistematizado Observa-se que o cuidado eacute

desenvolvido cotidianamente poreacutem sem planejamento retratando a ideia de que os

sujeitos valorizam mais as praacuteticas e decisotildees relacionadas agrave gestatildeo imediata das

115

demandas do setor sem o uso da SAE provavelmente por entenderem que o uso dela

atrasaria o processo de trabalho

Outros estudos tambeacutem levantaram como dificuldades enfrentadas por

enfermeiros a implantaccedilatildeo da SAE o nuacutemero reduzido de profissionais de enfermagem

a falta de credibilidade dos teacutecnicos de enfermagem frente agrave SAE a sobrecarga de

trabalho do enfermeiro o tempo e a falta de motivaccedilatildeo profissional (GONCcedilALVES et

al 2007) (MEDEIROS SANTO CABRAL 2013) (NEVES 2010)

Alguns autores classificam em dois niacuteveis os desafios para a trajetoacuteria de

construccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede o primeiro eacute institucional e trata da organizaccedilatildeo

e articulaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede o nuacutemero de enfermeiros a valorizaccedilatildeo por parte da

administraccedilatildeo da instituiccedilatildeo bem como os indicadores de resultado da assistecircncia No

segundo niacutevel encontram-se aqueles relacionados ao profissional e dizem respeito agrave base

cientiacutefica e conhecimentos requeridos habilidades e atitudes pautadas no compromisso

eacutetico na responsabilidade e no assumir o cuidar do ser humano (CASTILHO RIBEIRO

CHIRELLI 2009) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)

A natildeo utilizaccedilatildeo da SAE pelos profissionais deve-se ao distanciamento entre o

pensar e o fazer entre teoria e praacutetica principalmente por natildeo haver uma preocupaccedilatildeo

maior com a qualidade da assistecircncia e sim com a demanda do serviccedilo (KLETEMBERG

MANTOVANI LACERDA 2004)

Considerando a sobrecarga de atividades e o escasso tempo os enfermeiros

investigados acabam por selecionar quais satildeo as crianccedilas internadas merecedores de uma

abordagem integral e individualizada Eacute importante ressaltar que a qualidade da atenccedilatildeo

agrave sauacutede articula-se agrave questatildeo da responsabilidade social dos profissionais de sauacutede e dos

serviccedilos para com os seus clientes e estaacute sob a influecircncia direta de variaacuteveis carregadas

de subjetividade daiacute urge a necessidade de decisotildees fortalecidas na rigorosidade da

ciecircncia Como fazer a escolha correta Como prever o desfecho de um quadro clinico sem

a devida avaliaccedilatildeo e planejamento

A implementaccedilatildeo de um meacutetodo cientiacutefico aprimora todos os aspectos da praacutetica

de enfermagem angariando respeito profissional assegurando documentaccedilatildeo

consistente representando o julgamento preciso e profissional dos enfermeiros cliacutenicos

contribuindo deste modo para a seguranccedila do paciente por meio da integraccedilatildeo de uma

terminologia baseada em evidecircncias para a praacutetica cliacutenica e a tomada de decisatildeo

(LUNNEY 2012) (BACKES KOERICH NASCIMENTO ERDMANN 2013)

116

O descaso com o emprego sistemaacutetico do diagnoacutestico das accedilotildees intervenccedilotildees e

resultados de enfermagem pode resultar em ausecircncia de visibilidade e de reconhecimento

profissional aleacutem de poder acarretar ausecircncia ou dificuldade de avaliaccedilatildeo de sua praacutetica

e importacircncia como profissatildeo (GARCIA NOacuteBREGA 2004)

As praacuteticas desenvolvidas pelos enfermeiros estudados estatildeo em discordacircncia com

uma grande corrente de pensadores da enfermagem que veem trabalhando com o intuito

de normatizar e universalizar a linguagem dos sistemas de classificaccedilatildeo da praacutetica do

cuidado evidenciando seus elementos atraveacutes do processo de enfermagem por considerar

esta accedilatildeo importante agrave profissatildeo (NOacuteBREGA GARCIA 2005)

Florecircncio (2009) afirma que somente haveraacute a implantaccedilatildeo da SAE nas

instituiccedilotildees se os enfermeiros se conscientizarem da importacircncia destes cuidados e

tiverem a iniciativa e as condiccedilotildees necessaacuterias para que esta seja implantada em seu local

de trabalho

Eacute preciso dedicaccedilatildeo e tempo para sua aplicaccedilatildeo aperfeiccediloamento soluccedilotildees de

problemas tomada de decisotildees para que a enfermagem consiga atingir suas metas e

promover um cuidado com este cliente (LEFEVRE 2000)

O que causa certo estranhamento eacute verificar no discurso do grupo social a

referecircncia agrave natildeo diferenciaccedilatildeo nos resultados do cuidado de enfermagem prestado de

forma sistematizada e natildeo sistematizada

Estudo sobre a anaacutelise do processo de implantaccedilatildeo da SAE identificou que o

processo de enfermagem quando natildeo eacute operacionalizado resulta em um plano de

cuidados generalizado Dessa maneira natildeo importam as individualidades e necessidades

de cada caso tornando-se apenas uma atividade burocraacutetica centrada nas praacuteticas de

cuidado com o corpo e natildeo no indiviacuteduo (NEVES 2010)

Embora a Resoluccedilatildeo COREN 2722002 tenha estipulado a obrigatoriedade da

SAE em todas as instituiccedilotildees de sauacutede percebe-se que isto natildeo eacute a realidade do grupo

social estudado a aplicabilidade da SAE ainda representa um grande desafio pois existe

conhecimento do assunto por parte do enfermeiro faltando a iniciativa em introduzir o

meacutetodo na praacutetica cotidiana

As RS desta classe desqualificam a SAE como meio de organizaccedilatildeo do cuidado e

satildeo discordantes das representaccedilotildees encontradas no eixo 1 desta pesquisa Da mesma

forma tambeacutem se afastam da estrutura perifeacuterica anteriormente representada pelo grupo

sobre a SAE atraveacutes das palavras ldquoplanejamentordquo ldquoqualidaderdquo ldquocomprometimentordquo

117

ldquoresponsabilidaderdquo A aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado agrave qualidade da assistecircncia

visiacutevel nas falas do eixo que aborda a dimensatildeo teoacuterica da SAE eacute discrepante das accedilotildees

desenvolvidas na classe dois do eixo 2 onde eacute trabalhado a dimensatildeo praacutetica do cuidado

fortalecendo dissonacircncia entre a teoria e a praacutetica para este grupo

Eacute possiacutevel que a cultura interna do serviccedilo direcione as praacuteticas e atividades

diaacuterias considerando o fluxo dos atendimentos prioritaacuterios tendo por base a rotina de

trabalho Desta forma os processos necessaacuterios para atingir as demandas do tratamento

meacutedico e dos requisitos administrativos ligados a gestatildeo da unidade e do hospital

acontecem dando a sensaccedilatildeo ao profissional de enfermagem de dever cumprido poreacutem

muito distante de uma proposta autocircnoma fortalecida em conhecimento

Classe 3 A rotina do cuidado de enfermagem

Nesta classe satildeo descritas as praacuteticas e rotinas assistenciais dos campos de estudo

ou seja a maneira como o cuidado eacute prestado agrave clientela As palavras que ganharam

destaque nas falas dos sujeitos foram ldquorecebordquo ldquoplantatildeordquo ldquoexamerdquo ldquoemergecircnciasrdquo e

ldquopendecircncias - palavras estas que associadas aos estratos das falas aproximam o cuidado

prestado a um forte potencial mecanicista pouco individualizado para as necessidades da

crianccedila

No que tange agraves praacuteticas e agrave rotina dos setores de atendimento agrave crianccedila foi

possiacutevel apreender que haacute uma grande preocupaccedilatildeo dos enfermeiros em atenderem as

demandas da unidade de internaccedilatildeo e as solicitaccedilotildees meacutedicas Esse fato pode estar

atrelado a cultura existente de que os cuidados de enfermagem representam accedilotildees que

visam auxiliar as prescriccedilotildees meacutedicas

Com a equipe de meacutedicos e residentes recebo o plantatildeo quando

tem acadecircmico de enfermagem ele tambeacutem participa Faccedilo

primeiro as coisas que tem prazo ou que satildeo de urgecircncia depois

passo para as atividades privativas faccedilo curativo passo sondas

pics depois evoluo as crianccedilas e faccedilo as admissotildees (E5)

Recebo o plantatildeo confiro o senso dos pacientes tento organizar

o espaccedilo solicito os exames necessaacuterios faccedilo os

direcionamentos faccedilo os procedimentos tipo sondas curativos

eletros e depois vou atendendo os pacientes sem parar (E40)

Recebo o plantatildeo da colega e vou logo tentando organizar os

prontuaacuterios segundo a rotina dos meacutedicos da unidade cada um

chega em um horaacuterio entatildeo vou organizando as preacute-consultas

de forma a atender a todos (E34)

118

Nightingale a percussora da enfermagem moderna preconizava que as enfermeiras

deveriam estar submetidas a uma forte organizaccedilatildeo disciplinar cuja finalidade exclusiva

era capacitaacute-las para a execuccedilatildeo inteligente das tarefas ordenadas pelos meacutedicos

constituindo assim toda a praacutetica de enfermagem A boa enfermeira deveria trazer em

seu exerciacutecio diaacuterio a aproximaccedilatildeo de adjetivos como disciplina obediecircncia e a

subserviecircncia tanto nas accedilotildees assistenciais como nas relaccedilotildees enfermagemmedicina

(LUNARDI 2004) (ANDRADE 2007)

Para considerar a afirmativa anterior eacute preciso entender que para os padrotildees

sociais da eacutepoca e para a aplicaccedilatildeo do modelo biomeacutedico nos hospitais o conhecimento

meacutedico era o uacutenico vaacutelido por ser considerado cientiacutefico desvalorizando o cuidado de

enfermagem que era destinado agrave manutenccedilatildeo e promoccedilatildeo da vida percebidos como

secundaacuterios menores sem importacircncia significativa valor econocircmico ou cientiacutefico

(PADILHA et al1997) (ANDRADE 2007) A assistecircncia de enfermagem se resumia

em dar o remeacutedio na hora certa cuidar do asseio dar alimentaccedilatildeo fazer companhia

auxiliar o paciente na ocasiatildeo das necessidades e cuidar dos mortos (PADILHA et

al1997)

Alguns profissionais permanecem com suas visotildees arraigadas num modelo

tecnicista de assistecircncia no qual os procedimentos teacutecnicos imperam sobre os aspectos

cognitivos de atenccedilatildeo Assim o conceito de cuidado para alguns profissionais ainda

persiste baseado no modelo biomeacutedico em que cuidar eacute reconhecido apenas com o fazer

objetivo O que natildeo eacute cuidado direto natildeo eacute considerado por alguns como cuidado mesmo

que supra a necessidade apresentada pelo familiar naquele momento (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

Tal loacutegica tecnoburocraacutetica centrada no modelo biomeacutedico vigente engessa o

cuidado intervencionista pautado predominantemente em teacutecnicas que isolam o cliente

de forma passiva no leito tratando-o como receptor de protocolos e procedimentos

teacutecnicos invasivos e natildeo invasivos

De acordo com Nunes (1999) os profissionais enfermeiros em geral apresentam-

se enfeiticcediladas pelo poder que aparentemente a tecnologia lhes concede Deste modo

muitas vezes sua praacutetica se direciona essencialmente para o exerciacutecio teacutecnico

distanciando-se portanto dos valores morais e poliacuteticos imbuiacutedos no cotidiano de

trabalho Nesta direccedilatildeo Kletemberg Mantovani e Lacerda (2004) lembram que agindo

119

assim os enfermeiros se afastam da anaacutelise criacutetica de sua realidade e mantecircm-se na

neutralidade rotineira de execuccedilatildeo de procedimentos

A enfermagem possui um conjunto de ideias e modos de atuar que constituem o

conhecimento o saber em que se baseia sua prestaccedilatildeo de serviccedilo agrave sociedade Na deacutecada

de 50 do seacuteculo XX as enfermeiras passaram a enfatizar a aplicaccedilatildeo de princiacutepios

cientiacuteficos em seus procedimentos aumentando as reflexotildees sobre a necessidade de se

desenvolver um corpo de conhecimento especiacutefico que pudesse conferir identidade e

autonomia agrave profissatildeo A elaboraccedilatildeo dos modelos conceituais e teorias de enfermagem

objetivam descrever e caracterizar os componentes dos fenocircmenos que lhe satildeo

pertinentes e cuja finalidade eacute explicar elucidar e interpretar ou seja dizer o significado

e o porquecirc dos fatos e suas relaccedilotildees (GEOVANINI 2002)

A enfermagem atual acredita ser obrigaccedilatildeo de cada profissional de sua equipe

contribuir para o crescimento e a renovaccedilatildeo dos conhecimentos de sua aacuterea Em seu agir

tem de observar e criticar a eficiecircncia dos meacutetodos e teacutecnicas que utiliza Um corpo de

conhecimentos e procedimentos teoricamente organizados sistematizados e sempre

reformulados se constitui em base segura para a accedilatildeo eficiente (SOUZA 1988)

(ANDRADE VIEIRA 2005)

A SAE enquanto processo organizacional eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o

desenvolvimento de meacutetodosmetodologias interdisciplinares e humanizadas de cuida-

do As metodologias de cuidado sejam quais forem as suas denominaccedilotildees representam

atualmente uma das mais importantes conquistas no campo assistencial da enfermagem

(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008)

Dessa forma pode-se inferir que o grupo social entrevistado manteacutem

comportamentos em relaccedilatildeo ao cuidado das crianccedilas hospitalizadas que reforccedilam o antigo

paradigma de cuidado centrado na doenccedila na realizaccedilatildeo de procedimentos sob as ordens

meacutedicas fortemente biologicista Natildeo se identificou menccedilatildeo agrave consulta de enfermagem

ou a procedimentos especiacuteficos da enfermagem em pediatria como por exemplo o uso

do brinquedo terapecircutico ou da Escala Analoacutegica de Dor que conferem autonomia ao

cuidado

Observa-se tambeacutem grande preocupaccedilatildeo na realizaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos

Existe um envolvimento do enfermeiro em atividades que poderiam ser delegadas a

secretaacuteria da unidade ou a outro membro da equipe como por exemplo o agendamento

de exames Delegar a outros membros da equipe essas atividades que natildeo satildeo exclusivas

120

do enfermeiro propiciaria maior tempo para as atividades privativas como por exemplo

a consulta de enfermagem

Natildeo se pode negligenciar a importacircncia das teacutecnicas hospitalares muitas satildeo

indispensaacuteveis para a manutenccedilatildeo da vida para favorecer o restabelecimento do fiacutesico

Poreacutem este tipo de intervenccedilatildeo privilegiando a assistecircncia curativa torna-se cara para o

hospital e natildeo resolve as causas dos problemas de sauacutede que na maioria das patologias

poderia ser evitado ou controlado com mudanccedilas estruturais nos modos de agir e viver o

qual a vertente subjetiva da enfermagem poderia alcanccedilar atraveacutes da SAE

O enfermeiro eacute fundamental na engrenagem de uma instituiccedilatildeo de sauacutede No

ambiente hospitalar ele eacute o responsaacutevel pelo gerenciamento da maior equipe de

profissionais da aacuterea de sauacutede necessitando desenvolver habilidades que favoreccedilam a

conduccedilatildeo equilibrada de um grupo heterogecircneo transmitindo seguranccedila na tomada de

decisotildees (RIBEIRO SANTOS MEIRA 2006)

A lideranccedila eacute uma das habilidades que inevitavelmente o enfermeiro deveraacute

desenvolver independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais Entende-se como

lideranccedila um fenocircmeno grupal onde a influecircncia de um indiviacuteduo sobre os demais eacute

compartilhada entre os membros de um grupo envolvendo a relaccedilatildeo interpessoal a

comunicaccedilatildeo e culminando com o trabalho em equipe (SIMOtildeES FAacuteVERO 2003) Com

a lideranccedila o enfermeiro eacute capaz de fomentar as capacidades e potencialidades de cada

membro do grupo estimulando o trabalho em equipe e desta forma distribuindo as

atividades segundo a competecircncia e habilidades dos membros da equipe (CARDOSO

RAMOS DrsquoINNOCENZO 2011)

Pode-se deduzir no discurso dos enfermeiros que as rotinas as atividades do

plantatildeo aparentemente acontecem cumprindo os prazos a serem vencidos e os

atendimentos prioritaacuterios Natildeo foi possiacutevel apreender nas falas e existecircncia de um

planejamento assistencial de meacutedio e longo prazo tanto administrativo quanto

assistencial ou a delegaccedilatildeo de atividades

Dessa forma Ledesma-Delgado e Mendes (2009) acreditam que na estrutura

hospitalar as accedilotildeesinteraccedilotildees de cuidado do enfermeiro seguem rotinas padronizadas e

funccedilotildees instituiacutedas pelo meio mostrando-se elementos direcionadores da assistecircncia As

falas dos enfermeiros participantes sugerem priorizaccedilatildeo das atividades do dia essenciais

para tocar o plantatildeo

121

O processo de trabalho dos enfermeiros participantes remete sobretudo ao

cuidado com foco nos procedimentos teacutecnicos Sua ampliaccedilatildeo de modo a abarcar a

interaccedilatildeo profissional-cliente no contexto histoacuterico-social da relaccedilatildeo e da vida do paciente

coloca-se como um projeto possiacutevel mas em grande parte ainda por ser construiacutedo

(MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Esta condiccedilatildeo ainda eacute intensa no cenaacuterio da

sauacutede em virtude da manutenccedilatildeo do modelo biomeacutedico de atenccedilatildeo agrave sauacutede

Neste contexto as contribuiccedilotildees da enfermagem caracterizam-se como

sustentaccedilotildees das praacuteticas meacutedicas Compotildeem assim um trabalho complementar que

reforccedila a hegemonia meacutedica favorecendo o reconhecimento social do segundo em

detrimento do primeiro (SALVADOR et al 2015)

No iniacutecio do plantatildeo eu verifico se toda a unidade esta

organizada faccedilo a divisatildeo dos consultoacuterios de acordo com as

especialidades Faccedilo um check-up verificando se nada estaacute

faltando desde lacircmpadas ateacute os instrumentos para os exames

meacutedicos divido os funcionaacuterios por alas (E9)

Entatildeo eu organizo o espaccedilo deixo a equipe preparada para o

trabalho Faccedilo o acompanhamento da evoluccedilatildeo de todas as

mulheres do preacute-parto quando esta quase para nascer chamo o

plantonista ou o residente (E34)

Chego no meu plantatildeo observo o quadro de cirurgias faccedilo a

escala dos funcionaacuterios para o plantatildeo resolvo as necessidades

de materiais e protocolos organizo o quadro de cirurgias a

equipe meacutedica aqui eacute muito exigente (E13)

Nas falas emergem equiacutevocos sobre o real significado do cuidar indicando a

necessidade de revisar e transformar a praacutetica e consequentemente o papel do

profissional de enfermagem no sentido de imprimir nova caracteriacutestica agrave sua atuaccedilatildeo

para garantir o reconhecimento do cuidado de enfermagem

Quanto agrave concepccedilatildeo do cuidado este deve ir muito aleacutem da oferta de

procedimentos e teacutecnicas de enfermagem agrave crianccedila Sua definiccedilatildeo ainda eacute amplamente

debatida entre profissionais de sauacutede posto que enquanto alguns o consideram sinocircnimo

de assistecircncia outros o descrevem como essecircncia da profissatildeo (NEVES 2010)

Entretanto todas as correntes convergem que para a sua efetivaccedilatildeo eacute necessaacuterio o

conhecimento sobre o outro envolvendo relacionamento interpessoal e baseando-se na

122

cooperaccedilatildeo muacutetua a partir de valores humaniacutesticos e conhecimento cientiacutefico

(ZEFERINO et al2008)

Um cuidado autecircntico acontece quando profissionais da enfermagem respondem

agraves necessidades de seus clientes e agem responsavelmente ajudando a desenvolver

restaurar ou desenvolver o cuidado de si na melhor maneira possiacutevel Ao agir assim os

clientes natildeo satildeo apenas ajudados a lidarem e a enfrentarem a doenccedila e a incapacidade

mas satildeo encorajados e empoderados a continuarem em sua busca pela plenitude humana

(WALDOW 2015)

Faz-se preciso superar o modelo hegemocircnico vigente e ressignificar o cuidado a

forma de cuidar construindo conjuntamente o plano terapecircutico entre o ser cuidado os

cuidadores os familiares e os profissionais envolvidos (ZEFERINO et al2008)

As praacuteticas assistenciais que emergiram nos estratos estatildeo distantes das

encontradas no nuacutecleo central da RS ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo que apontam a

cientificidade como um aspecto estruturador do fazer do enfermeiro Este posicionamento

se afasta das discussotildees travadas nos espaccedilos acadecircmicos sugerindo novamente um

abismo entre a dimensatildeo teoacuterica do cuidado e a dimensatildeo praacutetica

Percebe-se que o saber da enfermagem fica limitado a discussotildees fechadas nos

cursos e programas de formaccedilatildeo O saber teoacuterico dissociado do fazer praacutetico contribui

para perpetuaccedilatildeo do modelo biomeacutedico e reforccedila o papel social da enfermagem como

ajudante de meacutedico o que prejudica o reconhecimento social do enfermeiro

O cuidado de enfermagem aplicado a partir do conhecimento cientiacutefico e natildeo

somente originado da prescriccedilatildeo meacutedica soacute eacute possiacutevel mediante a sistematizaccedilatildeo da

assistecircncia de enfermagem como ponto essencial na cientificidade de nossa praacutetica e na

evoluccedilatildeo da profissatildeo Esta provavelmente eacute a uacutenica possibilidade do enfermeiro atingir

sua autonomia profissional e constitui a essecircncia de sua praacutetica profissional (ANDRADE

2007)

Dessa forma as falas confirmam que a ampla visatildeo sobre as praacuteticas de

enfermagem que o enfermeiro possui pelas competecircncias que adquire no envolvimento

iacutentimo com o paciente enquanto ser de necessidade seu nuacutecleo social e suas relaccedilotildees

com o ambiente tornam-se limitadas e invisiacuteveis ao processo (NEVES 2010)

(SALVADOR et al 2015)

A praacutetica de enfermagem nos setores da pesquisa eacute composta por grupos de

profissionais de diversas especialidades com distintas atribuiccedilotildees que convergem para

123

um objetivo comum que eacute o bem-estar do paciente Foi possiacutevel deduzir que os princiacutepios

que orientam as praacuteticas assistenciais agrave crianccedila da equipe de enfermagem satildeo constituiacutedos

pelo cumprimento das demandas instituiacutedas pelo corpo meacutedico para determinado

paciente

Outro aspecto observado nas falas foi agrave insatisfaccedilatildeo dos enfermeiros com os

desdobramentos da aplicabilidade da SAE nos setores Os sentimentos de insatisfaccedilatildeo

ratificam os resultados de estudo em que enfermeiros justificaram o preenchimento

incompleto do histoacuterico de enfermagem com a falta de checagem das prescriccedilotildees de

enfermagem pelos teacutecnicos e com a alegaccedilatildeo da falta de conhecimento do funcionamento

do processo de enfermagem (NEVES 2010)

Ter um impresso especiacutefico bem dividido ajuda na hora de

dar continuidade na coleta de dados Mas ela [SAE]

precisa ter um espaccedilo maior na instituiccedilatildeo para que ela

possa representar algo Na maioria das vezes ela se

transforma em um monte de papel impresso no prontuaacuterio

do paciente que nem mesmo a proacutepria equipe de

enfermagem lecirc (E34)

Sabe eu ateacute fazia a SAE mas com o tempo fui observando

que eu estava solitaacuteria Escrevia e ningueacutem lia a

participaccedilatildeo da equipe de enfermagem era zero os

teacutecnicos natildeo realizam e os colegas enfermeiros natildeo liam ou

davam continuidade (E7)

Os estratos apresentados aproximam a realizaccedilatildeo da SAE a um sentido de

protocolo a ser cumprido obrigaccedilatildeo desprazer teacutedio e natildeo meacuterito que se traduzem no

empecilho para sua operacionalizaccedilatildeo

Atitudes de rejeiccedilatildeo resistecircncia desinteresse e desvalorizaccedilatildeo da SAE pela equipe

de enfermagem tambeacutem foram observadas em outros estudos (NEVES 2010) (DINIZ

CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SILVA SILVA VALADARES SILVA

LEITE 2015) e o natildeo incremento da fase de diagnoacutestico de enfermagem (DINIZ

CAVALCANTE OTONI MATA 2015) e a pluraridade de formulaacuterios (SILVA

SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) figuraram como fatores dificultadores

para seu desenvolvimento

Registros satildeo elementos imprescindiacuteveis no processo do cuidar humano e

precisam ser fidedignos a realidade observada desta forma possibilitam a reflexatildeo sobre

cada caso e a comunicaccedilatildeo entre os profissionais envolvidos na assistecircncia

124

Estudo desenvolvido acerca da qualidade dos registros de enfermagem conclui

que estes natildeo refletiam a atuaccedilatildeo dos profissionais os cuidados recebidos pelo cliente e

as suas respostas e considerou fundamental maiores investimentos na intenccedilatildeo de

solucionarminimizar os problemas identificados principalmente nas anotaccedilotildees de

enfermagem (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)

No cuidado agrave crianccedila os registros devem compreender a histoacuteria de sauacutede

pregressa o exame fiacutesico completo testes especiacuteficos para avaliaccedilatildeo da maturaccedilatildeo e

desenvolvimento dos sistemas e a busca por malformaccedilotildees Aspectos ligados a adaptaccedilatildeo

da crianccedila ao meio envolvimento dos pais no cuidado disposiccedilatildeo para brincar tambeacutem

satildeo informaccedilotildees que oferecem bases importantes para a construccedilatildeo do plano de cuidados

Impressos especiacuteficos podem auxiliar na coleta de dados pois a adequaccedilatildeo do

roteiro a cada fase do desenvolvimento infantil reduz as chances de exame superficial ou

incompleto aleacutem de otimizar o tempo de contato com o paciente e sua famiacutelia

Para tanto eacute necessaacuterio a determinaccedilatildeo de um referencial teoacuterico para nortear a

elaboraccedilatildeo desses impressos e coordenar as accedilotildees do enfermeiro Para Monteiro et al

(2014) os enfermeiros que atuam nos programas de sauacutede da crianccedila desenvolvem accedilotildees

de avaliaccedilatildeo e anaacutelise para identificar informaccedilotildees conduzir as accedilotildees e promover o

desenvolvimento dos programas todavia ainda aplicam suas competecircncias e

habilidades de forma desarticulada sem a integraccedilatildeo com um referencial teoacuterico

Eacute pertinente ressaltar que o modelo teoacuterico torna a atuaccedilatildeo de enfermagem

cientificamente coerente e planejada para o alcance das metas almejadas O conhecimento

cientiacutefico motiva a compreensatildeo dos determinantes que repercutem na sauacutede da crianccedila

para atuar de forma preditiva bem como fortalece as accedilotildees profissionais para a

recuperaccedilatildeo da sauacutede Entatildeo para se trabalhar de forma organizada e operacionalizar os

cuidados de enfermagem eacute necessaacuterio estar pautado em conhecimentos cientiacuteficos pois

viabiliza a tomada de decisatildeo no planejamento das intervenccedilotildees subsidiando o raciociacutenio

cliacutenico e criacutetico (MEDEIRO et al 2010) (SILVA et al 2011a)

Classe 4 Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da

Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem

Nessa classe as palavras em destaque ldquofaltardquo ldquosecretaacuteriardquo ldquocoletardquo ldquocorreriardquo

ldquodadosrdquo e ldquotempordquo satildeo termos que retratam condiccedilotildees que podem representar fatores

125

dificultadores na prestaccedilatildeo do cuidado sistematizado Eacute sabido que a busca pela qualidade

da assistecircncia perpassa pela organizaccedilatildeo do cuidado a partir de condutas e atitudes

seguras que embasam a tomada de decisatildeo apropriada com ofertas adequadas dos

distintos recursos

O paciente e suas especificidades suas necessidades sua alta ou recuperaccedilatildeo

constituem a principal razatildeo da assistecircncia de enfermagem a qual deve portanto ser

realizada eficientemente com comprometimento de quem a desenvolve garantindo

qualidade do cuidado prestado e principalmente a satisfaccedilatildeo do paciente e seus

familiares (DONNERWHEELER 2004)

A falta de atenccedilatildeo agraves praacuteticas da gestatildeo de pessoas interfere diretamente no alcance

dos objetivos organizacionais principalmente no que tange agrave implementaccedilatildeo de

processos de qualidade A qualidade resulta de um comportamento positivo e concentrado

dos colaboradores Para alcanccedilar a excelecircncia e a consequente e desejada competitividade

no mercado as organizaccedilotildees precisam considerar atualmente que gerir pessoas significa

estimular o envolvimento e desenvolvimento das mesmas (BARBOSA MELO 2008)

Os estratos a seguir apontam fragilidades que os enfermeiros participantes

vivenciam cotidianamente e que satildeo considerados por eles pendencias que prejudicam a

qualidade da assistecircncia prestada e o desenvolvimento da SAE

Laacute fora tem setor que vocecirc fica digladiando com aluno e

residente por conta de cadeira e um lugar no computador A falta

de impressos de coleta de dados a condiccedilatildeo fiacutesica de alguns

pacientes a grande quantidade de atendimentos a falta de

secretaacuteria nos plantotildees do setor (E34)

A falta de tempo e as vezes a reduccedilatildeo do nuacutemero de funcionaacuterios

A falta de um impresso especiacutefico A falta de interesses dos

colegas enfermeiros tambeacutem contribui (E24)

O nuacutemero reduzido de funcionaacuterios A proacutepria falta de secretaacuteria

no setor eu preciso ficar pedindo para as secretaacuterias de outros

setores pedir o material que eu preciso quando natildeo vou eu

mesmo na farmaacutecia ou na central de materiais buscar (E2)

Estudos desenvolvidos por enfermeiros nos uacuteltimos anos apontam diferentes

dificuldades para a implantaccedilatildeo da SAE dentre elas destacam-se falta de conhecimento

por parte do enfermeiro acerca da metodologia de assistecircncia e modelos teoacutericos

deficiecircncia na abordagem da temaacutetica durante o curso de graduaccedilatildeo grande demanda de

126

serviccedilos burocraacuteticos e administrativos aleacutem da falta de pessoal e de recursos materiais

para o cuidado falta de articulaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica e influecircncias do modelo

biomeacutedicocartesiano (NEVES 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)

(DINIZ CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SOUZA COSTA CARNEIRO et

al 2015)

Na perspectiva da atenccedilatildeo a crianccedila hospitalizada Moreira e colaboradores (2012)

apontou como dificuldade para a desenvolver a SAE ao receacutem-nascido internado em

UTIN a falta de formulaacuterios especiacuteficos para os registros Com referecircncia agrave aplicaccedilatildeo da

SAE agrave crianccedila no serviccedilo de urgecircncia e emergecircncia a falta de espaccedilo e a existecircncia de

apenas um enfermeiro assistencial no setor com muitos pacientes criacuteticos na unidade

foram listados como dificuldades para a implementaccedilatildeo (MARTINS SILVA SOUZA

FERREIRA 2013) No espaccedilo da pediatria as inuacutemeras atividades teacutecnicas e

burocraacuteticas foram consideradas como fatores que dificultam muitas vezes a aproximaccedilatildeo

a uma dimensatildeo do cuidado que favoreccedila o desenvolvimento da SAE (SOUSA GOMES

SILVA SANTOS SILVA 2011)

As causas apontadas pelo grupo estudado representam em sua maioria problemas

conceituais estruturais e organizacionais Indicam a necessidade de reorganizaccedilatildeo dessa

metodologia de assistecircncia como uma das prioridades organizacionais destes hospitais

sobretudo por meio do investimento na estrutura fiacutesica na contrataccedilatildeo de recursos

humanos e na educaccedilatildeo permanente dos enfermeiros aleacutem de um trabalho de

conscientizaccedilatildeo para que os mesmos se envolvam efetivamente no processo de

implantaccedilatildeo dessa sistematizaccedilatildeo de modo a melhorar a qualidade do cuidado ao paciente

Florecircncio (2009) afirma que a SAE eacute um meacutetodo de trabalho que proporciona a

melhoria da qualidade da assistecircncia ao cliente atraveacutes do planejamento e aplicaccedilatildeo de

accedilotildees do serviccedilo da enfermagem Essas accedilotildees elaboradas e supervisionadas pelo

enfermeiro e aplicadas pela equipe em conjunto eacute o proacuteprio gerenciamento do cuidado

cabendo ao enfermeiro conhecer sua equipe e o perfil de seus clientes

Apesar de saber que com a implantaccedilatildeo de um Processo de Enfermagem seu

trabalho seraacute mais valorizado pois todos os entrevistados referiram que a SAE eacute ldquomuito

importante para o cuidadordquo o profissional enfermeiro natildeo demonstra muitas expectativas

nem interesse em iniciar ou dar continuidade ao trabalho de colegas

Entende-se que a praacutetica da SAE deveria ser parte do cotidiano de qualquer

enfermeiro a realidade observada atraveacutes dos estratos de falas eacute que estes profissionais

127

natildeo se conscientizaram da sua importacircncia Natildeo havendo conscientizaccedilatildeo natildeo haacute

cobranccedila e nem realizaccedilatildeo Com isso perde o paciente que deixa de participar ativamente

no cuidado voltado aos problemas que ele apresenta ou possa vir a desenvolver perde a

instituiccedilatildeo pois deixa de ofertar uma estrutura na qual as necessidades do cliente de sua

famiacutelia ou da comunidade sejam satisfeitas e tambeacutem perde o enfermeiro que deixa de

demonstrar o alcance da atividade da enfermagem pois natildeo aproveita as oportunidades

de aumentar a satisfaccedilatildeo profissional e estimular o aperfeiccediloamento cientiacutefico

Menezes Priel Pereira (2011) e Carvalho et al (2013) consideram que algumas

medidas satildeo essenciais para a implantaccedilatildeo e operacionalizaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees

de sauacutede de forma a tornar o cuidado mais efetivo com o olhar voltado para o bem-estar

do paciente como capacitaccedilatildeo profissional ou educaccedilatildeo permanente sensibilizaccedilatildeo e

envolvimento da equipe multidisciplinar atuante no setor adequaccedilatildeo do

dimensionamento da equipe de enfermagem valorizaccedilatildeo por parte da administraccedilatildeo da

instituiccedilatildeo conhecimento habilidades e atitudes pautadas no compromisso eacutetico e na

responsabilidade do cuidar do outro

Silva Moreira (2011) e Costa Fernandes Noacutebrega (2011) ainda ressaltam a

importacircncia da definiccedilatildeo de modelos teoacutericos no contexto em que a SAE estaacute inserida

considerando o perfil dos pacientes atendidos e das necessidades especiacuteficas do cuidado

a ser prestado para auxiliar o enfermeiro no estabelecimento de prioridades e no

atendimento das necessidades compreendendo que a definiccedilatildeo do referencial teoacuterico

requer reflexatildeo e discussatildeo entre a equipe de enfermagem acerca das teorias de

enfermagem para o conhecimento dos conceitos e proposiccedilotildees para identificar a teoria

compatiacutevel com a realidade que a SAE seraacute instituiacuteda

Na desmistificaccedilatildeo dessas fragilidades estaacute o sucesso ou insucesso para

implantaccedilatildeo da SAE buscando fatores-chave como apoio colaboraccedilatildeo e interesse das

chefias de enfermagem aleacutem do preparo rigoroso constante e sistemaacutetico dos

enfermeiros (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Entende-se que desta forma eacute

possiacutevel promover uma alianccedila aproximando os processos de cuidar e de administrar que

permitam constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando (SALVADOR

SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015) (SOARES RESCK CAMELO

TERRA 2016)

128

Classe 5 Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem

Nessa classe as palavras ldquomomentordquo ldquoaplicaccedilatildeordquo ldquoassimrdquo ldquoporquerdquo

ldquodiferenterdquo ldquomaneirardquo e ldquopacienterdquo juntamente dos fragmentos de falas sugerem as

possiacuteveis concepccedilotildees que o corpo de enfermeiros aponta como caminhos para melhorar

a implementaccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila dos setores estudados

O processo de enfermagem aplicado agrave crianccedila eacute desenvolvido de forma contiacutenua

dinacircmica e individualizada abrangendo as fases de coleta de dados diagnoacutestico

planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (RODRIGUES

AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA VALADARES

SILVA LEITE 2015)

A crianccedila eacute um ser com anseios proacuteprios sob tutela dos pais com particularidades

ligadas a essa fase da vida que devem ser avaliadas no contexto da sua individualidade

Este conhecimento e a visatildeo ampliada do enfermeiro para o processo sauacutede-doenccedila na

infacircncia auxiliam na abordagem das fases da SAE

Entre as situaccedilotildees que ao serem vivenciadas pela crianccedila satildeo consideradas

determinadoras de estresse encontram-se a doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo que podem fazer

com que a crianccedila e sua famiacutelia fiquem emocionalmente traumatizados em maior grau do

que estaacute fisicamente doente (RIBEIRO ANGELO 2005) Ao ser hospitalizada a crianccedila

encontra-se duplamente doente aleacutem da patologia fiacutesica ela sofre de outra doenccedila a

proacutepria hospitalizaccedilatildeo que se natildeo for adequadamente tratada deixaraacute marcas em sua

sauacutede mental (COLLET 2001)

Os discursos a seguir sugerem que para o sucesso da implementaccedilatildeo da SAE agrave

crianccedila sua famiacutelia e o enfermeiro deve atuar com sensibilidade e paciecircncia de forma a

reduzir o estresse e a anguacutestia do primeiro impacto da internaccedilatildeo hospitalar

Para avaliar uma crianccedila vocecirc precisa de tempo Pois tem o

momento certo de vocecirc abordar a crianccedila e o acompanhante

Muitas vezes a emoccedilatildeo da situaccedilatildeo pode dificultar a coleta da

informaccedilatildeo Vaacuterias vezes eacute preciso voltar na matildee para ter uma

resposta de um sistema por exemplo (E41)

Eu faccedilo assim vou aos poucos o paciente deu entrada eu vou

colher o histoacuterico o que natildeo for abordado em um primeiro

momento eu abordo em um segundo momento (E38)

Na minha opiniatildeo a melhor hora para fazer a abordagem de

coleta de informaccedilotildees eacute quando o paciente e o acompanhante

129

estatildeo calmos a condiccedilatildeo da crianccedila jaacute estaacute estaacutevel aiacute busco uma

cadeira e sento ao lado e faccedilo minhas perguntas (E27)

Busco deixar todos calmos ofereccedilo informaccedilotildees sobre o

procedimento Eacute difiacutecil instaurar a SAE muitas vezes as

perguntas do questionaacuterio satildeo pouco aplicaacuteveis para o momento

(E13)

Nas falas emergem a importacircncia da individualidade e integralidade do cuidado Eacute

importante refletir tambeacutem que cuidar de uma crianccedila doente requer do profissional aleacutem

do cuidado teacutecnico imprescindiacutevel o cuidado subjetivo que envolve a singularidade de

cada crianccedila a sua individualidade e a forma como ela expressa seus sentimentos e

emoccedilotildees (WOISKI ROCHA 2010)

Cada famiacutelia reage de um modo a internaccedilatildeo infantil desta forma o enfermeiro

deve deixar de ser apenas um realizador de cuidados teacutecnicos e passar a exercer tambeacutem

sua funccedilatildeo como facilitador da experiecircncia para a crianccedila e para seus pais o que se

constitui num desafio porque demanda numa mudanccedila do enfoque da assistecircncia de

enfermagem tecnicista e centrado na patologia para um enfoque centrado na crianccedila e na

famiacutelia (COLLET 2001) (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET

2013)

A experiecircncia estressante da hospitalizaccedilatildeo pode ser amenizada pelo fornecimento

de certas condiccedilotildees como presenccedila de familiares disponibilidade afetiva dos

trabalhadores da sauacutede informaccedilatildeo atividades recreacionais entre outras

(NASCIMENTO KC BACKES DS KOERICH MS ERDMANN 2008) Saber o

momento e forma correta de abordagem a famiacutelia eacute um fator humanizador da assistecircncia

e importante para o sucesso na instauraccedilatildeo da SAE

Conforme Noacutebrega Silva (2009) a coleta de DadosHistoacuterico de Enfermagem eacute

fase imprescindiacutevel do processo de enfermagem em que ocorre a interaccedilatildeo entre

enfermeiro e paciente para coleta de dados anamnese e exame fiacutesico Essa etapa direciona

o cuidado portanto requer habilidades e embasamento de uma teoria de enfermagem

para fundamentar a assistecircncia para a recuperaccedilatildeo da sauacutede do paciente

Esta etapa eacute parte crucial do teor cientiacutefico do processo de trabalho do enfermeiro

tornando-se indispensaacutevel o investimento dos conhecimentos teacutecnicos cientiacuteficos e

valorizaccedilatildeo desta fase do processo de enfermagem para o respaldo profissional e

desenvolvimento de um cuidado de qualidade Assim concordamos com Noacutebrega e Silva

130

(2009) quando estes afirmam que a coleta de dados natildeo pode ser um momento estaacutetico e

restrito pois ela permeia todo o processo sendo necessaacuteria inclusive para se avaliar o

diagnoacutestico de enfermagem e as accedilotildees de enfermagem ateacute se chegar agraves definiccedilotildees sobre

a condiccedilatildeo do cliente

O modo para obter informaccedilotildees relativas a estas necessidades proveacutem dentre outras

da comunicaccedilatildeo quando dados obtidos atraveacutes da interaccedilatildeo iratildeo direcionar as atividades

de enfermagem As palavras e o comportamento possuem valor significativo expressando

uma comunicaccedilatildeo desta forma tanto a linguagem verbal como a natildeo verbal influenciam

a realidade onde a crianccedila estaacute inserida mudam a percepccedilatildeo das pessoas e permitem o

estabelecimento de uma comunicaccedilatildeo efetiva (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA

2013)

No que tange agrave comunicaccedilatildeo o enfermeiro eacute um elemento articulador e integrador

por estar mais proacuteximo do paciente e detectar com mais facilidade as alteraccedilotildees que se

processam ao longo das 24 horas do dia Por isso ele deve polarizar essas interaccedilotildees e

valorizar diferentes formas de pensar a fim de vir a compreender as correlaccedilotildees e

apreender o ser humano como um ser complexo (BACKES et al 2013)

Estudos que abordam o contato da enfermagem com a crianccedila e sua famiacutelia em

ambiente hospitalar consideram a comunicaccedilatildeo um elemento integrante da qualidade de

prestaccedilatildeo do cuidado de enfermagem Reforccedilando que o enfermeiro atraveacutes da

comunicaccedilatildeo deve permitir um envolvimento seguro construtivo e compreensivo para

que a crianccedila encontre caminhos para manter as capacidades proacuteprias de sua fase de

desenvolvimento e a participar de experiecircncias que estimulem o seu crescimento (SHIN

WHITE 2005) (JANSEN SANTOS FAVERO 2010) (MARTINEZ TOCANTINS

SOUZA 2013)

Aleacutem do mais quando existe a falta de interaccedilatildeo entre pais e enfermagem a

crianccedila fica mais resistente aos cuidados e natildeo haacute cooperaccedilatildeo por parte da crianccedila

Usualmente ela fica dividida agrave espera de indicaccedilotildees natildeo verbais dos pais no tangente a

como responder ou reagir frente agraves intervenccedilotildees feitas pela equipe A aceitaccedilatildeo do

tratamento pela crianccedila estaacute diretamente ligada agrave compreensatildeo que os pais tecircm deste

processo e ao aporte afetivo fornecido pelos mesmos durante esta experiecircncia

(MARQUES etal 2014)

Neste ponto o grupo estudado demonstra compreensatildeo sobre a importacircncia da

coleta de dados e suas representaccedilotildees sobre esta fase da SAE reforccedilam que o processo

131

de comunicaccedilatildeo cuidador e cuidado natildeo eacute accedilatildeo linear acontecendo de forma articulada e

em diversos momentos da internaccedilatildeo A sensibilidade do profissional para identificar o

momento correto de intervenccedilatildeo junto agrave famiacutelia tambeacutem eacute apontado como um requisito

importante para a coleta das informaccedilotildees que satildeo base para o planejamento da assistecircncia

A qualidade dos dados coletados deve gerar potencial para diagnoacutesticos de

enfermagem coerentes e intervenccedilotildees corretas Acompanhar o estado de sauacutede da crianccedila

e traccedilar um planejamento que estimule crescimento bioloacutegico pessoal e social requer do

enfermeiro conhecimento e domiacutenio dos procedimentos que integram a consulta de

enfermagem para desempenhar um cuidar sistematizado ordenado autecircntico e soliacutecito

(RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA

VALADARES SILVA LEITE 2015)

Eacute importante visualizar na famiacutelia e particularmente na matildee a peccedila chave e

fundamental para agregar qualidade ao seu plano de cuidado pois o conhecimento das

peculiaridades fiacutesicas e emocionais da crianccedila permite agrave matildee identificar os primeiros

sinaissintomas ou reaccedilotildees apresentadas por seu filho (MARQUES etal 2014)

Aleacutem da compreensatildeo da importacircncia do contato com a famiacutelia ao momento da

coleta de dados os fragmentos de falas tambeacutem indicam que o uso de um roteiro de coleta

de dados adequado a clientela infantil eacute caminho para facilitar a implementaccedilatildeo da SAE

nos setores de atendimento agrave crianccedila Como eacute possiacutevel observar a seguir

Um instrumento melhor elaborado para que natildeo se perca tanto

tempo o aplicando e que traga espaccedilos para coletar informaccedilotildees

realmente da crianccedila eacute o caminho para o uso da SAE (E38)

O fato de vocecirc ter um instrumento que eacute o correto para aquela

fase da vida e de faacutecil visualizaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo jaacute eacute oacutetimo para o

nosso serviccedilo (E39)

Agora noacutes temos um check list mas assim ainda precisa ser

melhorado para ser realmente direcionado para a faixa etaacuteria e

desenvolvimento da crianccedila Mas ele estaacute sendo aplicado de

maneira satisfatoacuteria (E41)

Durante as entrevistas foi exposto pelos enfermeiros que nos espaccedilos em que a

pesquisa foi realizada estava em processo de implantaccedilatildeo de um novo instrumento de

coleta de dados para o atendimento a crianccedila Este impresso estava sendo testado no setor

pediatria eacute formatado segundo uma lista de checagem organizado por necessidades

132

humanas baacutesicas e era composto por cinco roteiros direcionado para as fases de

desenvolvimento infantil neonato lactante preacute-escolar escolar e adolescente

Os enfermeiros em suas falas demonstram certa confianccedila de que a reestruturaccedilatildeo

da coleta de dados ao puacuteblico infantil possa trazer benefiacutecios para a assistecircncia como a

otimizaccedilatildeo do tempo e a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees significativas para cada faixa etaacuteria

em virtude da especificidade

Estudo desenvolvido por Neves (2010) permitiu identificar que para o grupo de

enfermeiros estudados um impresso de histoacuterico de enfermagem aprofundado

padronizado e direcionado para uma clientela especiacutefica facilita o registro e a coleta de

dados do cliente reduzindo inclusive o tempo gasto pelos enfermeiros nesta etapa

Medeiros Santos Cabral (2012) reconhecem que os instrumentos especiacuteficos

favorecem a execuccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem considerando que facilita

os registros e organiza os dados Neste contexto a padronizaccedilatildeo de instrumentos para a

crianccedila promove a organizaccedilatildeo e a reduccedilatildeo da subnotificaccedilatildeo de dados sobre os cuidados

prestados e otimiza o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil

(BARBOZA BARRETO MARCON 2012)

A coleta de dados deve se constituir em um roteiro sistematizado para o

levantamento de sinais e sintomas do ser humano ser significativo para o enfermeiro e

para o cliente e possibilitar o estabelecimento dos diagnoacutesticos de enfermagem das metas

e dos objetivos a prescriccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem deve viabilizar a interaccedilatildeo

enfermeiro cliente e um cuidado profissional que forneccedila dados que suscitem hipoacuteteses

para o desenvolvimento de pesquisas colaborando com os conhecimentos proacuteprios da

profissatildeo (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS 2006) A estrutura do instrumento

de coleta deve retratar o referencial teoacuterico adotado a dinacircmica do serviccedilo o padratildeo de

organizaccedilatildeo da assistecircncia e a especificidade da clientela assistida (CHIZZOTTI 1991)

Como a faixa etaacuteria classificada como crianccedila de acordo com o Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente permite conglomerar indiviacuteduos de um a treze anos de idade eacute

importante tambeacutem que estes instrumentos possam respeitando o grau de

desenvolvimento cognitivo favorecer a participaccedilatildeo efetiva do grupo em seu inqueacuterito de

sauacutede Incluir a crianccedila neste momento compartilhar a responsabilidade nas decisotildees

relacionadas com a sua condiccedilatildeo fiacutesica fortalece sua autonomia a transformando em

sujeito ativo do seu processo sauacutede- doenccedila e valorizando suas pontuaccedilotildees acerca da vida

133

Estudos demonstram que as crianccedilas conseguem descrever as formas como satildeo

abordadas para a realizaccedilatildeo dos procedimentos e identificar como fundamentais as

explicaccedilotildees recebidas pois entenderam que natildeo deviam permanecer com duacutevidas (SHIN

H WHITE-TRAUT 2005) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)

(SANTOS et al 2015) Outro estudo desenvolvido com crianccedilas na faixa etaacuteria de

escolar conclui que este grupo etaacuterio manifestou natildeo gostar quando os profissionais natildeo

conversam com eles natildeo os orientam quanto aos procedimentos que seratildeo realizados e

falam de forma imperativa para permanecerem parados (SANTOS et al2015)

Com base no exposto eacute possiacutevel afirmar que as crianccedilas satildeo as melhores fontes

de informaccedilatildeo sobre suas experiecircncias e sentimentos Elas podem expressar seus

pensamentos de diferentes formas (verbal e natildeo verbal) e para tanto eacute necessaacuterio o

enfermeiro adentrar o universo infantil utilizando estrateacutegias de aproximaccedilatildeo adequadas

para cada faixa etaacuteria como por exemplo o brinquedo terapecircutico rodas de conversas de

forma a estimular e permitir que expressem as situaccedilotildees por elas vivenciadas

Os enfermeiros participantes tambeacutem sugerem como estrateacutegia para otimizar a

SAE no cuidado a crianccedila o desenvolvimento de cursostreinamentos de orientaccedilatildeo para

o uso do novo instrumento de coleta de dados pela gestatildeo hospitalar

A gerencia vai precisar organizar um treinamento para orientar

e ateacute conscientizar todo o hospital para a importacircncia desse novo

checklist(E38)

Por ser uma estrateacutegia nova acho que seraacute importante a

realizaccedilatildeo de treinamento curso palestra para orientar como

deve ser a implementaccedilatildeo e para tirar duacutevidas mesmo (E41)

Este instrumento eacute bem diferente para mim Acredito que a

educaccedilatildeo permanente precisa olhar com maior atenccedilatildeo para o

grupo que esta aqui na ponta senatildeo acho que sem um curso ou

orientaccedilatildeo mais direta natildeo vai ter sucesso natildeo (E39)

Kobayashi e Leite (2010) afirmam que lacunas na gestatildeo de recursos humanos

alteraccedilotildees do contexto produtivo e mudanccedilas tecnoloacutegicas geram desequiliacutebrios entre

qualificaccedilotildees e trabalho Portanto os profissionais devem investir de forma contiacutenua em

qualificaccedilotildees e atualizaccedilotildees para o desenvolvimento de competecircncias Diante desta

realidade eacute mister a necessidade de investimentos na educaccedilatildeo continuada para suprir as

dificuldades e qualificar os profissionais

134

O processo educativo em serviccedilo representa um dispositivo imprescindiacutevel para a

qualificaccedilatildeo da equipe de Enfermagem na medida em que agrega conhecimento e

seguranccedila ao profissional possibilitando que ele atue de forma competente colaborativa

e independente o que consequentemente causa impacto na qualidade do atendimento

(CUCOLO PERROCA 2015)

Essa estrateacutegia favorece a conquista da excelecircncia no processo de SAE sendo

necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de treinamentos para a equipe de enfermagem e o apoio

da instituiccedilatildeo Tal investimento requer o envolvimento de toda a equipe compreendendo

que a capacitaccedilatildeo gera benefiacutecios para os enfermeiros pacientes e instituiccedilatildeo (NEVES

SHIMIZU 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)

Para que transformaccedilotildees na praacutetica da SAE agrave sauacutede da crianccedila aconteccedilam eacute

necessaacuterio que as dificuldades relacionadas agrave sua operacionalizaccedilatildeo sejam conhecidas por

todos ou seja a desorganizaccedilatildeo do trabalho em grupo o desconhecimento teoacuterico dos

profissionais sobre as etapas do processo a deficiecircncia do serviccedilo de educaccedilatildeo

permanente e o nuacutemero reduzido de recursos humanos para sua aplicaccedilatildeo (SOARES

RESCK CAMELO TERRA 2016)

Sendo assim as RS desse eixo evidenciam maior aproximaccedilatildeo com o conceito de

tratar distanciando-se do conceito de cuidar As praacuteticas assistenciais de enfermagem satildeo

desenvolvidas segundo as solicitaccedilotildees meacutedicas Diante das dificuldades cotidianas para a

real implementaccedilatildeo do processo de enfermagem estatildeo fragilidades relativas ao pouco

conhecimento da metodologia pouco envolvimento da equipe de enfermagem e deacuteficit

de recursos materiais Satildeo representaccedilotildees levantadas pelo grupo como estrateacutegias de

aproximaccedilatildeo da SAE ao cuidado da crianccedilas a abordagem e comunicaccedilatildeo respeitando o

momento familiar o uso de instrumento de coleta de dados especiacutefico e por fase de

crescimento e desenvolvimento aleacutem de treinamento e cursos operacionalizados pela

educaccedilatildeo permanente do hospital

135

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Neste estudo procurou-se a partir da apreensatildeo e anaacutelise das RS da SAE

construiacutedas por enfermeiros que cuidam de crianccedilas explorar o conhecimento destes e

sua aplicaccedilatildeo na praacutetica cotidiana

Na primeira etapa do estudo foi possiacutevel identificar que o grupo social que

prestava cuidados a crianccedilas nos dois campos de estudo no periacuteodo desta pesquisa era

formado por adultos jovens com a idade meacutedia em torno de 335 anos de idade quase que

predominantemente do sexo feminino (933) Foram graduados em cinco anos pela

instituiccedilatildeo puacuteblica estadual de Mato Grosso (622) sendo a especializaccedilatildeo no formato

lato sensu a maior titulaccedilatildeo do grupo (622)

Noventa e cinco porcento (955) dos participantes jaacute possuiacutea viacutenculo

empregatiacutecio com o hospital a mais de 12 meses todos jaacute estavam no mesmo setor de

atendimento agrave crianccedila por no miacutenimo seis meses sendo que cerca de 155 atuavam no

mesmo setor de assistecircncia agrave crianccedila pelo tempo maacuteximo de um ano

Percebeu-se assim que a forccedila de trabalho que desenvolve o cuidado agrave crianccedila eacute

constituiacuteda predominantemente por um grupo social do sexo feminino jovem e

qualificado sendo o perfil dos envolvidos proacuteximos a tendecircncia de recursos humanos de

outras regiotildees do estado e paiacutes

Na segunda etapa do trabalho aprendeu-se que a estrutura das RS relacionadas a

SAE tem como nuacutecleo central o cuidado de enfermagem sendo esta representaccedilatildeo

sustentada e organizada por duas periferias formadas pelos termos planejamento e

qualidade primeira periferia e assistecircncia compromisso processo e responsabilidade

formando a segunda periferia todas em consonacircncia com a raiz essencial do termo

ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo estabelecendo relaccedilatildeo proximal com as

dinacircmicas e estrateacutegias necessaacuterias para o desenvolvimento do cuidado bem como

fortalecendo a importacircncia deste

A estrutura da RS relativas a ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da

Assistecircncia de Enfermagemrdquo tem o nuacutecleo central representado pelas palavras

conhecimento humanizaccedilatildeo e importante refletindo o entendimento do grupo sobre as

funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Desta forma o nuacutecleo

central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura atraveacutes do reconhecimento pelo

grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento especiacutefico da profissatildeo que permite

ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica cientiacutefica e humanizada

136

Esta representaccedilatildeo eacute sustentada na primeira periferia pelos termos planejamento

rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo que remete agrave dimensatildeo praacutetica da SAE ou seja o

desenvolvimento do processo de enfermagem E na segunda periferia pelos termos

ciecircncia e lideranccedila As palavras expressam um posicionamento positivo dos enfermeiros

a esta metodologia valorizando aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como

requisitos importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila

As estruturas das duas representaccedilotildees satildeo proacuteximas dos conceitos formados ainda

na academia fortalecida nos aspectos eacuteticos teoacutericos e estruturais que organizam este

processo se afastando da realidade vivenciada nos espaccedilos de atendimento a crianccedila Este

fato deve despertar a reflexatildeo e anaacutelise criacutetica sobre a SAE agrave crianccedila desenvolvida pelo

grupo social em virtude da aproximaccedilatildeo dos conceitos de uma praacutetica politicamente

correta distante das realidades vivenciadas nos espaccedilos de sauacutede

Nesta etapa o estudo traz implicaccedilotildees importantes para as accedilotildees de enfermagem

destinadas agrave crianccedilas visto que ilustra questotildees referentes ao desenvolvimento de

competecircncias que envolvem a assistecircncia dos enfermeiros como por exemplo a

autocriacutetica desta forma a compreensatildeo das deficiecircncias que normalmente se encontram

nos espaccedilos de sauacutede auxiliariam a preparar o cuidado agrave crianccedila com base nestas

fragilidades esta conduta de aproximaccedilatildeo da realidade tende a refletir em resultados

positivos para a crianccedila famiacutelia e enfermagem

Na terceira parte do estudo os resultados que emergiram indicam que para os

enfermeiros entrevistados as RS relacionadas agrave SAE foram inicialmente forjadas durante

o periacuteodo da graduaccedilatildeo e se organizaram em torno da argumentaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo do

cuidado de enfermagem Apreendeu-se de forma consensual que os enfermeiros

conhecem a operacionalizaccedilatildeo da SAE e que classificam-na como um importante meacutetodo

de organizaccedilatildeo e planejamento das accedilotildees de enfermagem

Poreacutem no cotidiano profissional ela eacute compartilhada a partir de aproximaccedilotildees e

distanciamentos teoacutericos natildeo favorecendo que este conhecimento tenha um objetivo

praacutetico nas intervenccedilotildees das cliacutenicas As representaccedilotildees da dimensatildeo do conhecimento

natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a existecircncia de

importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees ou seja entre a valoraccedilatildeo do saber e a

qualidade do fazer desenvolvido no cotidiano

Dessa forma as discrepacircncias teoacuterico-praacuteticas natildeo contribuem para a construccedilatildeo

de uma realidade capaz de valorizar a praacutetica do cuidado de enfermagem agrave crianccedila pois

137

natildeo satildeo capazes de conferir autonomia profissional qualificar o cuidado implementar as

mudanccedilas de paradigma do cuidado requeridos na modernidade pela pediatria

Considerando as relaccedilotildees existentes entre as representaccedilotildees do saber e as

representaccedilotildees das praacuteticas e a influecircncia mutua entre uma e outra Pode-se dizer que o

saber sobre a SAE percebido como ciecircncia e meacutetodo importante para a valorizaccedilatildeo

profissional e que as praacuteticas exercidas influenciam na representaccedilatildeo que o grupo possui

da SAE delimitando e conformando as accedilotildees de cuidado prestado as crianccedilas

As RS revelaram que os enfermeiros dos diferentes cenaacuterios reconhecem as

lacunas que comprometem o desenvolvimento da SAE no cuidado agrave crianccedila fator

positivo por favorecer o desenvolvimento de estrateacutegias no acircmbito de trabalho para a

superaccedilatildeo das dificuldades vivenciadas e contribuir na assistecircncia Sendo assim

considera-se viaacutevel a integraccedilatildeo entre os envolvidos nesse processo compreendendo a

amplitude dos aspectos que emergiram

Outro ponto a ser instigado eacute a compreensatildeo da responsabilidade compartilhada

no desenvolvimento da SAE uma vez que os caminhos para a superaccedilatildeo das dificuldades

abrangem todos os participantes do estudo Somente desta forma seraacute possiacutevel a praacutetica

assistencial organizada e humanizada com a individualizaccedilatildeo do cuidado com o

planejamento das accedilotildees e a geraccedilatildeo de conhecimento a partir da praacutetica de enfermagem

A discrepacircncia observada entre a representaccedilatildeo da dimensatildeo do conhecimento e

a dimensatildeo praacutetica denunciam a imperatividade de reimprimir a marca do cuidado dentro

desses espaccedilos de atenccedilatildeo agrave crianccedila Urge entre os enfermeiros a necessidade de

incrementar a representaccedilatildeo forjada da SAE em suas atividades diaacuterias afim de resgatar

e manter sua identidade e a valorizaccedilatildeo do trabalho da enfermagem

Ressalta-se que a aplicaccedilatildeo da SAE no atendimento infantil contribui de maneira

positiva para o acolhimento efetivo da crianccedila e sua famiacutelia na trajetoacuteria da internaccedilatildeo

hospitalar Percebe-se a importacircncia da compreensatildeo do cuidado como praacutexis do

enfermeiro e do aprimoramento do conhecimento cientiacutefico como estrateacutegia de ampliaccedilatildeo

da autonomia profissional

Destaca-se como limitaccedilatildeo deste estudo a inclusatildeo apenas de profissionais

enfermeiros condiccedilatildeo que pode limitar a compreensatildeo do fenocircmeno estudado e natildeo

permitir explorar os conceitos construiacutedos pelos demais integrantes da equipe de

enfermagem como por exemplo os teacutecnicos de enfermagem que no cotidiano de trabalho

contribuem com a RS da praacutetica do cuidado

138

Embora ciente de que uma investigaccedilatildeo desta natureza natildeo se presta a obtenccedilatildeo

de resultados conclusivos espera-se ter contribuiacutedo para o aclaramento deste importante

construto da ciecircncia da Enfermagem Espera-se que os resultados deste estudo possam

contribuir para a necessidade de repensar a praacutetica de enfermagem tendo em vista a

possibilidade de ampliar as discussotildees relacionadas ao cuidado sistematizado a crianccedilas

Vislumbra-se a possibilidade de investimentos em treinamentos e construccedilatildeo de

instrumentos de trabalho especiacuteficos para esta clientela que aproximem as demandas

diaacuterias ao meacutetodo cientifico de planejamento do trabalho

139

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161

APEcircNDICE A ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa A sua

decisatildeo de participar ou natildeo eacute uma decisatildeo sua Por favor natildeo se apresse em tomar a

decisatildeo Leia cuidadosamente as informaccedilotildees a seguir Este estudo estaacute sendo conduzido

pela Enf Ms CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr

ELIOENAI DORNELLES ALVES e coorientaccedilatildeo da Prof Dra Moema Borges Os

resultados da pesquisa seratildeo analisados e publicados mas sua identidade natildeo seraacute

divulgada sendo guardada em sigilo Natildeo existem riscos ou ressarcimentos associados a

sua participaccedilatildeo neste estudo

Apoacutes ser esclarecido(a) sobre as informaccedilotildees a seguir no caso de aceitar fazer parte do

estudo assine ao final deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra

eacute do pesquisador responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado (a) de forma

alguma

ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA

Tiacutetulo do projeto Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de

Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em

Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT

Pesquisadores responsaacuteveis Elioenai Dornelles Alves e Carolina Sampaio de Oliveira

InstituiccedilatildeoDepartamento Universidade de Brasiacutelia ndash UnB Departamento de

Enfermagem Telefones para contato (61) 3107-1976

A pesquisa possui parecer favoraacutevel do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade

Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) Tem como objetivo Conhecer as representaccedilotildees

sociais a cerca da SAE entre enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em dois

hospitais escolas da cidade de Caacuteceres MT afim de refletir sobre a importacircncia do

emprego da SAE no planejamento das accedilotildees de enfermagemOptou-se pela pesquisa

descritiva e exploratoacuteria com abordagem qualitativa O universo do estudo seratildeo as

profissionais enfermeiros (as) que trabalham na assistecircncia agrave crianccedila

Seraacute garantido o acesso a pesquisa em qualquer etapa do estudo vocecirc teraacute acesso aos

pesquisadores responsaacuteveis para esclarecimento de eventuais duacutevidas Se vocecirc tiver

alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc

de Eacutetica em Pesquisa (CEP) da UNEMAT pelo telefone (65) 3221 0000 ou pelo e-mail

cepunematbr

Se vocecirc concordar em participar do estudo seu nome e identidade seratildeo mantidos em

sigilo Ressalta-se que a presente pesquisa natildeo traraacute risco prejuiacutezos desconfortos ou

lesotildees Natildeo existe para esta pesquisa indenizaccedilotildees ou formas de ressarcimento Vocecirc tem

o direito de retirar o consentimento a qualquer momento da pesquisa

162

Consentimento de participaccedilatildeo da pessoa como sujeito

Eu ______________________________________________RGCPF

____________________ abaixo assinado fui suficientemente informado sobre as

informaccedilotildees que eu li sobre o presente estudo ldquoRepresentaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo

da Assistecircncia de Enfermagem de enfermeiros que prestam cuidado agrave crianccedila em

hospitais escolas da regiatildeo de Caacuteceres ndash MTrdquoe concordo em participar do estudo como

sujeito Eu discuti com as pesquisadoras sobre a minha decisatildeo em participar nesse

estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os procedimentos a

serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes Concordo voluntariamente em participar deste estudo e

poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento antes ou durante o mesmo sem

penalidades ou prejuiacutezo

Caacuteceres _____de __________________de 20___

_____________________________________

Assinatura do participante

____________________________________

Assinatura do pesquisador

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e Esclarecido deste

sujeito de pesquisa ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo

Caacuteceres ______ de ____________ de 20_____

______________________________________

Carolina Sampaio de Oliveira

CPF834 627671 - 00

Pesquisadora responsaacutevel

163

APEcircNDICE B ndash ROTEIRO PARA A ENTREVISTA

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

TIacuteTULO DO ESTUDO Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia

de Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em

Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT

ROTEIRO PARA ENTREVISTA

Solicitamos que responda de forma espontacircnea as perguntas a baixo O anonimato de todas as

suas falas seraacute garantido por meio da natildeo identificaccedilatildeo dos depoentes o registro das entrevistas

seratildeo destinados apenas para fins de investigaccedilatildeo cientiacutefica

Sujeito _____________________________________ Coacutedigo ______________________

Data ______________________

Idade _____________________

Sexo______________________

Tempo de serviccedilo na Instituiccedilatildeo ____________________

Tempo de serviccedilo no setor de atendimento agrave crianccedila _________________

Titulaccedilatildeo ______________________

1- Qual o seu conhecimento sobre a SAE

1a- Qual o seu primeiro contato com a SAE

2- Como e onde vocecirc ouviu falar sobre a SAE

2 a-Fale sobre a sua rotina de trabalho

2 b- Vocecirc utiliza a SAE na sua rotina de trabalho

2 c- Relate como eacute a rotina do setor em relaccedilatildeo a SAE

3- Fale sobre sua experiecircncia com a SAE

4- Vocecirc considera que a SAE favorece o cuidado de enfermagem

5- Na sua opiniatildeo quais satildeo os aspectos que facilitam a implementaccedilatildeo da SAE no seu

cotidiano de trabalho

6- E os que dificultam

164

APEcircNDICE C - TESTE DE ASSOCIACcedilAtildeO LIVRE DE PALAVRAS

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB

PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM

APEcircNDICE C

Sujeito_______________________________________ Coacutedigo_____________

Data_______________________________

Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoSistematizaccedilatildeo

da assistecircncia de Enfermagemrdquo

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoAtuaccedilatildeo do

enfermeiro na SAErdquo

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

A- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que

melhor expressem Sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de Enfermagem

(1ordm Lugar) _____________________________________

(2ordm Lugar)_____________________________________

(3ordm Lugar)_____________________________________

B- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que

melhor expressem Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE

(1ordm Lugar) _____________________________________

(2ordm Lugar)_____________________________________

(3ordm Lugar)_____________________________________

165

ANEXO 1

166

167