universidade de brasÍlia faculdade de ceilÂndia...

90
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CEILÂNDIA GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA DOUGLAS DOS SANTOS VASCO DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E CARGA DA TUBERCULOSE NO DISTRITO FEDERAL NO PERÍODO DE 2001 A 2014 BRASÍLIA, DF 2016

Upload: others

Post on 20-Oct-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CEILÂNDIA

    GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

    DOUGLAS DOS SANTOS VASCO

    DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E CARGA DA TUBERCULOSE NO

    DISTRITO FEDERAL NO PERÍODO DE 2001 A 2014

    BRASÍLIA, DF 2016

  • DOUGLAS DOS SANTOS VASCO

    DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E CARGA DA TUBERCULOSE NO

    DISTRITO FEDERAL NO PERÍODO DE 2001 A 2014

    Monografia apresentada como requisito para obtenção do título de Bacharel em Saúde Coletiva na graduação em Saúde Coletiva, na Universidade de Brasília, Campus Ceilândia.

    Orientador: Prof. Dr. Walter Massa Ramalho

    BRASÍLIA, DF

    2016

  • DOUGLAS DOS SANTOS VASCO

    DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E CARGA DA TUBERCULOSE NO DISTRITO

    FEDERAL NO PERÍODO DE 2001 A 2014

    Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel em

    Saúde Coletiva, na graduação em Saúde Coletiva, na Universidade de Brasília,

    Campus Ceilândia.

    Brasília, 06 de Julho de 2016.

    BANCA EXAMINADORA

    __________________________________

    Prof. Dr. Walter Massa Ramalho

    Universidade de Brasília

    Orientador

    __________________________________

    Prof. Dr. Wildo Navegantes de Araújo

    Universidade de Brasília

    __________________________________

    Prof.ª Dra. Priscila Almeida Andrade

    Universidade de Brasília

  • Ao Curso de Saúde Coletiva da

    Universidade de Brasília, Faculdade de

    Ceilândia, onde aprendi а refletir е nunca

    encarar а realidade como pronta. Às

    pessoas com quem convivi nesses

    espaços ао longo desses anos, fazendo

    esta vida valer cada vеz mais а pena. E à

    minha família, pоr sua capacidade dе

    acreditar е investir еm mim.

  • AGRADECIMENTOS

    À Deus, pois sem Ele nada disso seria possível e a Nossa Senhora por estar

    ao meu lado me protegendo, me guiando e me iluminando, não só durante esses

    quatro anos, mas durante toda a minha vida.

    À minha família pelo imenso amor, incentivo e apoio. Em especial a minha

    mãe pelos sacrifícios feitos em razão da minha educação e dos meus irmãos. A

    minha irmã Débora, por ser fonte de inspiração, me proporcionando todo amor,

    apoio e incentivo necessário para essa conquista. Aos meus irmãos Diego, Ricardo

    e Ronny, pela paciência com que aturaram meu estresse e minha bagunça. Por me

    acompanharem madrugada adentro me apoiando e incentivando. Agradeço também

    aos meus avós José Francisco e Enedilha Lira pelo amor incondicional. Não existe

    amor e nem agradecimento maior do que a vocês.

    Ao meu orientador, Profº Walter Massa Ramalho, por quem tenho grande

    apreço e admiração. Agradeço pelo apoio, pelo incentivo, pela disponibilidade, pelo

    bom humor e por estar sempre disposto a compartilhar seus conhecimentos que

    tanto me ajudaram. Aos demais mestres pelos ensinamentos e oportunidades,

    proporcionando valiosos conhecimentos no processo de formação profissional. Em

    especial ao Wildo Navegantes e Jamila Reis.

    À minha namorada Andreia Puttini, pela paciência, pelo apoio, pelo

    companheirismo e pela compreensão em todos os momentos de ausência e

    estresse. Obrigado pelo teu carinho, tua alegria, tua atenção, tua vibração com as

    minhas conquistas e teu ombro em cada momento difícil que você ajudou a

    atravessar. Sem você, essa conquista não teria o mesmo gosto.

    Aos meus grandes amigos Hendrix Dias, Danylo Vilaça, Walter Pamplona,

    Diego Nascimento, Lina Karla, Milena Frazão, Maiza Misquita, Rodrigo Souza,

    Leonardo Lourenço, Felipe Fernandes, Lucas Breno, Klauss Garcia, Samantha

    Linares, Karen Milhomem, Ronielcio Ramos, Felipe Santos, Sergio Carnevale,

    Rodrigo Vieira, Henrique Rocha, Lídia Maria, Mábia Milhomem e aos amigos não

    citados, mas que fizeram parte dessa história, me perdoem por essa ausência na

    fase final da faculdade, saibam que eu os tinha em pensamento todo o tempo.

    Obrigado por cada momento que dividimos. Poder compartilhar esses anos com

  • vocês foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. À vocês um carinho

    especial e a certeza que os levarei comigo por toda a vida.

    Agradeço também a todos que fizeram direta ou indiretamente parte da minha

    história na graduação. Ao curso de Saúde Coletiva, que me proporcionou um

    crescimento intelectual e principalmente pessoal, transformando-me em uma pessoa

    melhor. A todas as pessoas que se dedicam por um SUS mais aperfeiçoado, mais

    justo e direcionado ao seu objetivo.

    Sou muito grato!

  • “Que os vossos esforços desafiem as

    impossibilidades, lembrai-vos de que as

    grandes coisas do homem foram

    conquistadas do que parecia impossível.”

    (Charles Chaplin)

  • RESUMO

    Introdução: A abordagem da equidade em saúde é uma temática discutida cada

    vez mais, inferindo no monitoramento e enfrentamento das desigualdades sociais

    em saúde. Mesmo com a mudança do perfil epidemiológico geral, ainda é possível

    identificar um conjunto de doenças tipicamente de pobreza. A tuberculose é uma

    doença infecciosa de grande importância no perfil de morbidade, com

    comportamento influenciado pelo nível socioeconômico e condição de vida da

    população. Assim, a distribuição espacial pode identificar e descrever padrões

    espaciais da tuberculose, possibilitando a identificação dos locais de risco e gerando

    informações consistentes para o direcionamento de intervenções. Esse

    conhecimento é importante no debate sobre os determinantes das desigualdades,

    contribuindo na redução dos fatores de riscos em grupos mais vulneráveis.

    Objetivo: Analisar as desigualdades sócio espaciais da distribuição da tuberculose

    no Distrito Federal no período de 2001 a 2014. Método: Estudo epidemiológico

    descritivo ecológico. Dados sobre a tuberculose foram coletados das bases de

    dados nacionais do Ministério da Saúde. A carga de doença por tuberculose baseou-

    se no cálculo de Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade (DALY). O

    DALY foi estimado pela soma dos Anos de Vida Perdidos (YLL) e Anos Vividos com

    Incapacidade (YLD). Os valores de DALY foram calculados por sexo, faixa etária e

    Região Administrativa. Os valores foram transformados em taxas por 100 mil

    habitantes. A construção dos indicadores baseou-se na Curva de Lorenz, pois

    compara a distribuição de uma variável com uma distribuição uniforme de igualdade,

    representada graficamente por uma linha diagonal. Quanto mais distante desta linha,

    mais desigual a variável. O coeficiente de Gini varia de zero a um, onde zero

    corresponde a uma situação de igualdade. O mapeamento epidemiológico permite

    analisar as relações de ambiente e saúde, possibilitando a caracterização da

    situação dos eventos de saúde. Resultados: A carga de doença por tuberculose foi

    maior no ano de 2014, com taxa de 16,47 DALYs/100 mil habitantes, dos quais

    69,29% foram YLLs e 30,71% foram YLDs. As maiores taxas foram encontradas no

    sexo masculino e nas faixas etárias de 35 a 39 anos, com distribuição heterogênea

    entre as Regiões Administrativas. A maior carga foi estimada para a RA Vicente

    Pires, com 76,24 DALYs/100 mil habitantes, e menor para o Sudoeste, com 0,62

    DALYs/100 mil habitantes). O coeficiente de Gini foi calculado, a partir da taxa do

  • DALY, para os anos de 2004 e 2013, com resultados de 0,429 e 0,534

    respectivamente, representados pela curva de Lorenz. Conclusão: A carga de

    doença por tuberculose no Distrito Federal concentrou-se em homens na fase

    adulta, com distribuição heterogênea entre as Regiões Administrativas acometendo

    áreas mais pobres e/ou mais populosas. Os indicadores de desigualdade mostraram

    que a ocorrência da doença está ligada a condições sociais desfavoráveis.

    Palavras Chave: Determinantes Sociais, Desigualdades em Saúde, Análise

    Espacial, Carga de Doenças, Tuberculose.

  • ABSTRACT

    Introduction: The approach to health equity is a theme discussed increasingly more

    inferring monitoring and addressing social inequalities in health. Even with the

    change of the general epidemiological profile, you can still identify a set of typically

    poverty diseases. Tuberculosis is an infectious disease of great importance in

    morbidity profile with behavior influenced by socioeconomic status and living

    conditions of the population. Thus, the spatial distribution can identify and describe

    spatial patterns of tuberculosis, enabling the identification of risk areas and

    generating consistent information for targeting interventions. This knowledge is

    important in the debate on the determinants of inequalities, contributing to the

    reduction of risk factors in vulnerable groups. Objective: To analyze the spatial

    distribution of social inequalities of tuberculosis in the Federal District in the period

    2001-2014. Method: Ecological descriptive epidemiological study. Data on

    tuberculosis were collected from national databases of the Ministry of Health. TB

    disease burden was based on the calculation of Adjusted Years of Life Lost Disability

    (DALY). DALY was estimated by the sum of years of life lost (YLL) and Years Lived

    with Disability (YLD). The DALY values were calculated by sex, age and

    Administrative Region. The values were transformed into rates per 100.000

    inhabitants. The construction of the indicators based on the Lorenz curve, it

    compares the distribution of a variable with a uniform distribution equal graphically

    represented by a diagonal line. The further this line, the more unequal the variable.

    The Gini coefficient ranges from zero to one, where zero corresponds to an equal

    footing. The epidemiological mapping allows you to analyze the environment and

    health relationships, enabling the characterization of the situation of health events.

    Results: TB disease burden was higher in 2014 , with a rate of 16.47 DALYs /

    100,000 inhabitants, of which 69.29 % were YLLs and 30.71 % were YLD . The

    highest rates were found in males and in the age groups from 35 to 39 years, with

    heterogeneous distribution between administrative regions . The largest load was

    estimated for the RA Vicente Pires , with 76.24 DALYs / 100,000 inhabitants , and

    less to the Southwest , with 0.62 DALYs / 100,000 inhabitants) . The Gini coefficient

    was calculated from the DALY rate for the years 2004 and 2013 , with results of

    0.429 and 0.534 respectively , represented by the Lorenz curve. Conclusion: TB

    disease burden in the Federal District has focused on men in adulthood, with unequal

  • distribution between the administrative regions affecting the poorest and / or most

    populous . inequality indicators showed that the occurrence of the disease is linked to

    unfavorable social conditions.

    Keywords: Social Determinants, Health Inequalities, Spatial Analysis, Disease

    Burden, Tuberculosis.

  • LISTA DE ILUSTRAÇÕES

    Figura 1. Os principais Determinantes Sociais da Saúde proposto por Dahlgren a

    Whitehead. ................................................................................................................ 32

    Figura 2. Mapa do Distrito Federal por Regiões Administrativas. ............................. 37

    Figura 3. Representação gráfica da curva de Lorenz e área para o cálculo do

    coeficiente de Gini. .................................................................................................... 39

  • LISTA DE GRÁFICOS

    Gráfico 1. Coeficiente de Prevalência da Tuberculose no Distrito Federal no período

    de 2001 a 2014. ........................................................................................................ 45

    Gráfico 2. Coeficiente de Mortalidade da Tuberculose no Distrito Federal no período

    de 2001 a 2014. ........................................................................................................ 50

    Gráfico 3. Curva de Lorenz da taxa DALY por tuberculose, segundo as Regiões

    Administrativas, no Distrito Federal, no ano de 2004. ............................................... 73

    Gráfico 4. Curva de Lorenz da taxa DALY por tuberculose, segundo as Regiões

    Administrativas, no Distrito Federal, no ano de 2013. ............................................... 74

    Gráfico 5. Curva de concentração segundo renda per capita média mensal das

    Regiões Administrativas pela taxa DALY, no Distrito Federal, no ano de 2004. ....... 76

    Gráfico 6. Curva de concentração segundo renda per capita média mensal das

    Regiões Administrativas pela taxa DALY, no Distrito Federal, no ano de 2013. ....... 77

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Distribuição dos casos por tuberculose, segundo sexo, no Distrito Federal,

    no período de 2001 a 2007. ...................................................................................... 46

    Tabela 2. Distribuição dos casos por tuberculose, segundo sexo, no Distrito Federal,

    no período de 2008 a 2014. ...................................................................................... 46

    Tabela 3. Distribuição dos casos por tuberculose, segundo faixa etária, no Distrito

    Federal, no período de 2001 a 2007. ........................................................................ 46

    Tabela 4. Distribuição dos casos por tuberculose, segundo faixa etária, no Distrito

    Federal, no período de 2008 a 2014. ........................................................................ 47

    Tabela 5. Distribuição dos casos de tuberculose, segundo Região Administrativa, no

    Distrito Federal, no período de 2001 a 2007. ............................................................ 48

    Tabela 6. Distribuição dos casos de tuberculose, segundo Região Administrativa, no

    Distrito Federal, no período de 2008 a 2014. ............................................................ 49

    Tabela 7. Distribuição dos óbitos por tuberculose, segundo sexo, no Distrito Federal,

    no período de 2001 a 2014. ...................................................................................... 50

    Tabela 8. Distribuição dos óbitos por tuberculose, segundo faixa etária, no Distrito

    Federal, no período de 2001 a 2014. ........................................................................ 51

    Tabela 9. Distribuição dos óbitos por tuberculose, segundo Região Administrativa,

    no Distrito Federal, no período de 2001 a 2014. ....................................................... 52

    Tabela 10. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, no Distrito Federal, no período de 2001 a 2014................................... 53

    Tabela 11. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo sexo, no Distrito Federal, no período de 2001 a 2014. ......... 55

    Tabela 12. Distribuição dos Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade

    devido a Tuberculose, segundo faixa etária, no Distrito Federal, no período de 2001

    a 2014. ...................................................................................................................... 56

    Tabela 13. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2001. 57

    Tabela 14. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2002. 58

    Tabela 15. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2003. 59

  • Tabela 16. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2004. 60

    Tabela 17. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2005. 61

    Tabela 18. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2006. 62

    Tabela 19. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2007. 63

    Tabela 20. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2008. 64

    Tabela 21. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2009. 65

    Tabela 22. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2010. 66

    Tabela 23. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2011. 67

    Tabela 24. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2012. 68

    Tabela 25. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2013. 69

    Tabela 26. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade devido a

    Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal, no ano de 2014. 70

    Tabela 27. Distribuição das taxas dos Anos de Vida Perdidos Ajustados por

    Incapacidade devido a Tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito

    Federal, no período de 2001 a 2014. ........................................................................ 71

    Tabela 28. Distribuição dos indicadores de desigualdades no Distrito Federal, no

    ano de 2004. ............................................................................................................. 72

    Tabela 29. Distribuição das Regiões administrativas por quartis segundo indicador

    de saúde, no Distrito Federal, no ano de 2004. ......................................................... 72

    Tabela 30. Distribuição dos indicadores de desigualdades no Distrito Federal, ano

    de 2013. .................................................................................................................... 73

    Tabela 31. Distribuição das Regiões administrativas por quartis segundo indicador

    de saúde, no Distrito Federal, no ano de 2013. ......................................................... 74

  • Tabela 32. Distribuição da taxa DALY segundo quartis de renda per capita média

    mensal, no Distrito Federal, no ano de 2004. ............................................................ 75

    Tabela 33. Distribuição das Regiões administrativas por quartis segundo indicador

    de renda per capita média mensal, no Distrito Federal, no ano de 2004. ................. 75

    Tabela 34. Distribuição da taxa DALY segundo quartis de renda per capita média

    mensal, no Distrito Federal, no ano de 2013. ............................................................ 76

    Tabela 35. Distribuição das Regiões administrativas por quartis segundo indicador

    de renda per capita média mensal, no Distrito Federal, no ano de 2013. ................. 77

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

    APVP Anos Potenciais de Vida Perdidos

    BAAR Bacilo Álcool-Ácido Resistentes

    BCG Bacilo de Calmette e Guérin

    BK Bacilo de Koch

    CEP Comitê de Ética em Pesquisa

    CM Coeficiente de Mortalidade

    CNDSS Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde

    CNS Conselho Nacional de Saúde

    Codeplan Companhia de Planejamento do Distrito Federal

    CP Coeficiente de Prevalência

    DALY Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade

    Datasus Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

    DF Distrito Federal

    DN Doenças Negligenciadas

    DSS Determinantes Sociais de Saúde

    E Etambutol

    H Isoniazida

    HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

    IDH Índice de Desenvolvimento Humano

    MS Ministério da Saúde

  • OMS Organização Mundial de Saúde

    PDAD Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios

    PNCT Programa Nacional de Controle da Tuberculose

    R Rifampicina

    RA Região Administrativa

    SIG Sistemas de Informações Geográficas

    Sinan Sistema de Informações sobre Agravos e Notificações

    SUS Sistema Único de Saúde

    TB Tuberculose

    UF Unidade Federativa

    YLD Anos Vividos com Incapacidade

    YLL Anos de Vida Perdidos

    Z Pirazinamida

  • SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 20

    2. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 22

    2.1. Doenças Negligenciadas ........................................................................... 22

    2.2. Tuberculose ................................................................................................ 23

    2.2.1. Histórico ......................................................................................................... 23

    2.2.2. Etiologia ......................................................................................................... 23

    2.2.3. Manifestações Clínicas ............................................................................... 25

    2.2.3.1. Tuberculose Pulmonar .................................................................... 25

    2.2.3.2. Tuberculose Extrapulmonar ............................................................ 25

    2.2.3.3. Tuberculose Laríngea ..................................................................... 25

    2.2.3.4. Tuberculose Ganglionar Periférica .................................................. 26

    2.2.3.5. Tuberculose Meningoencefálica ...................................................... 26

    2.2.3.6. Tuberculose Cutânea e Ocular ....................................................... 26

    2.2.3.7. Tuberculose Óssea ......................................................................... 27

    2.2.3.8. Tuberculose Genitourinária ............................................................. 27

    2.2.3.9. Tuberculose Miliar ........................................................................... 27

    2.2.4. Diagnóstico e Tratamento ........................................................................... 27

    2.2.5. Populações Vulneráveis .............................................................................. 29

    2.2.5.1. População Privada de Liberdade .................................................... 29

    2.2.5.2. População Indígena ........................................................................ 29

    2.2.5.3. População em Situação de Rua ...................................................... 30

    2.2.5.4. Coinfecção TB/HIV .......................................................................... 30

    2.3. Determinantes Sociais da Saúde (DSS) ................................................... 30

    2.3.1. Desigualdades e Iniquidades Sociais em Saúde .................................... 33

    2.3.2. Impacto das Desigualdades na Saúde ..................................................... 34

    2.4. Distrito Federal ........................................................................................... 36

    2.4.1. Desigualdades em Saúde no Distrito Federal ......................................... 37

    2.5. Principais Medidas do Estudo .................................................................. 38

    2.5.1. Coeficiente de Gini ....................................................................................... 38

    2.5.2. Estudo de Carga de Doença: Anos de Vida Perdidos Ajustados por

    Incapacidade ................................................................................................................... 39

    3. OBJETIVO ...................................................................................................... 41

    3.1. Objetivo Geral ............................................................................................. 41

  • 3.2. Objetivos Específicos ................................................................................ 41

    4. METODOLOGIA ............................................................................................. 42

    4.1. Tipo de Estudo ........................................................................................... 42

    4.2. Local, Período e Objeto de Estudo ........................................................... 42

    4.3. Fonte de Dados .......................................................................................... 42

    4.4. Método ........................................................................................................ 42

    4.5. Aspectos Éticos da Pesquisa ................................................................... 44

    5. RESULTADOS ................................................................................................ 45

    5.1. Situação de Saúde ..................................................................................... 45

    5.2. Carga da Doença ........................................................................................ 53

    5.3. Indicadores de Desigualdades .................................................................. 72

    5.3.1. Indicador de Saúde ...................................................................................... 72

    5.3.2. Indicador Socioeconômico .......................................................................... 75

    6. DISCUSSÃO ................................................................................................... 78

    7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 82

    8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 83

    9. ANEXO ............................................................................................................ 89

  • 20

    1. INTRODUÇÃO

    A abordagem da equidade em Saúde vem se tornando cada vez mais

    popular, e alvo de grande desenvolvimento de instrumental metodológico,

    elaboração de indicadores compostos, lançamento de programas com o intuito de

    seu monitoramento e mitigação (WHO, 2011).

    Há um desenvolvimento de abordagens, metodológicas e conceitual tal como

    as que respeitam os diferentes níveis de determinação como o marco adotado no

    relatório final da Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde (DSS)

    (WHO, 2011).

    No Brasil, o monitoramento e o enfrentamento das desigualdades sociais têm

    sido pautados como uma política estratégica direcionada há pouco mais de uma

    década, para crescimento econômico vinculado à distribuição de renda, à redução

    das desigualdades sociais e da pobreza extrema no Brasil (WHO, 2011).

    Ainda que, a urbanização das cidades, as melhores condições de vida e de

    trabalho da população, o acesso aos serviços de saúde e as novas tecnologias de

    cuidado em saúde tem contribuído para a mudança do perfil epidemiológico geral do

    Brasil, ainda enfrentamos um conjunto de doenças tipicamente de pobreza, ou

    aquelas relacionadas às doenças infecciosas (BARRETO, 2011).

    A tuberculose (TB) ainda é uma das doenças infecciosas de grande

    importância no perfil de morbidade no Brasil com magnitude bastante expressiva

    (BARATA, 2008). Em 2012, no Brasil houve notificação de 71.230 casos da doença

    no Sistema de Informações sobre Agravos e Notificações (SINAN). A taxa de

    incidência foi de 36,7 casos por 100.000 habitantes e a taxa de mortalidade de 2,4

    por 100.000 habitantes. No mesmo ano 54,8% dos casos realizaram testagem para

    diagnóstico de co-infecção TB/HIV, desse percentual 6.932 foram positivos,

    correspondendo a uma proporção de co-infecção de TB/HIV de 9,7% (BRASIL,

    2014a).

    O comportamento da evolução da TB é muito influenciado, tanto, pelo nível de

    desenvolvimento socioeconômico e condições de vida da população, quanto, pela

    qualidade dos serviços de saúde específicos para o controle (WALDMAN; SILVA;

    MONTEIRO, 1999).

    O descontrole da TB resulta em implicações sociais e epidemiológicas de

    grande relevância para o meio em questão. O abandono ao tratamento que ocorre

  • 21

    em diversas regiões do Brasil possui variações distintas, caraterizadas como valores

    inaceitáveis em alguns municípios brasileiros. A não adesão ao tratamento pode ser

    influenciada por diversos fatores, tais fatores podem se relacionar aos serviços de

    saúde ofertados, ao atendimento realizado pelo médico e ao próprio doente

    (RIBEIRO et al, 2000).

    A distribuição espacial pode identificar e descrever padrões espaciais da TB,

    sendo possível identificar locais de risco para a população. As informações

    alcançadas fornecem embasamentos consistentes para dimensionar medidas de

    planejamento, monitoramento e avaliação do impacto destas ações em saúde assim

    como direcionar as intervenções.

    Assim, a distribuição epidemiológica também tem valor ao analisar as

    relações de ambiente e de saúde, possibilitando a caracterização da situação em

    que ocorrem os eventos de saúde, priorizando a alocação dos recursos e planejando

    ações de emergência epidemiológica.

    Dessa forma, devido à natureza deste tipo de estudo e a sua potencialidade

    para estudos de saúde, comunidade e ambiente, o presente trabalho pretende

    explorar aspectos epidemiológicos da ocorrência da TB no Distrito Federal (DF)

    mediante medidas epidemiológicas, buscando melhor compreensão da ocorrência

    deste agravo no DF, com especial ênfase às desigualdades entre distintos grupos

    sociais.

    Esse conhecimento é importante para fomentar o debate sobre os

    determinantes e contextos condicionantes dessas desigualdades, focalizar ações e

    monitorar avanços na redução dos excessos de risco nos grupos mais vulneráveis.

    Finalmente, justifica-se o projeto pela necessidade de sistematização técnicas de

    pesquisa em saúde com vistas à identificação de microáreas de extremas

    vulnerabilidades, oferecendo ao gestor local, possibilidades de intervenções mais

    localizadas.

  • 22

    2. REFERENCIAL TEÓRICO

    2.1. Doenças Negligenciadas

    As doenças negligenciadas (DN) são caracterizadas como um agrupamento

    de doenças causadas por agentes infeciosos ou parasitas que acarretam relevante

    dano físico, cognitivo e socioeconômico em crianças e adolescentes, sobretudo em

    comunidades pobres (MATHERS et al, 2012).

    As DN não predominam apenas em condições de pobreza, elas também

    contribuem para a manutenção do cenário de desigualdade, uma vez que

    manifestam amplo obstáculo ao avanço dos países. A denominação “doenças

    negligenciadas” foi proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) juntamente

    com a Organização Médico Sem Fronteira. Como exemplos dessas enfermidades,

    podemos citar dengue, doença de Chagas, esquistossomose, hanseníase,

    leishmaniose, malária, tuberculose, entre outras. De acordo com a OMS, mais de

    um sexto da população mundial portam um ou mais tipos de DN (BRASIL, 2010c).

    Essas doenças vêm sendo gradualmente excluídas de programas de

    pesquisas pelos seus responsáveis, tanto no setor privado quanto no setor público,

    especialmente porque as pessoas que acometem alguma dessas DN são de baixa

    renda e consequentemente não oferecem um retorno lucrativo suficiente para que a

    indústria farmacêutica invista em pesquisa e desenvolvimento de novos

    medicamentos voltados para tais doenças (CHIRAC; TORREELE, 2006).

    Nos últimos anos o Brasil tem obtido sucesso na contenção dessas doenças,

    porém algumas ainda persistem em várias regiões do país. Recursos são investidos

    em prol da redução da pobreza com esforços direcionados para o fortalecimento dos

    serviços de saúde locais, tornando o acesso universal. Mesmo dispondo desses

    investimentos, o país manifesta desigualdades intra-urbanas consideráveis, com

    diferentes determinantes que apoiam a permanência de alguns desses problemas

    de saúde pública (PERNAMBUCO, 2011).

  • 23

    2.2. Tuberculose

    2.2.1. Histórico

    A TB é um problema de saúde antigo, e sua existência é comprovada desde

    os períodos pré-históricos. A partir do final do século XIX, devido ao grande impacto

    consequente da doença e o fato de ter-se espalhado entre as populações mais

    pobres, passou a ser caracterizada como “mal social” ou “peste branca”

    (GONÇALVES, 2000).

    A doença chegou ao Brasil através da vinda dos jesuítas e colonos, durante o

    período de colonização. Muitos deles portavam a TB e vieram com a esperança de

    que as qualidades climáticas tropicais contribuiriam para o processo de cura da

    doença. Por ser uma doença infecciosa, disseminou-se rapidamente, se tornando

    uma epidemia nas maiores cidades brasileira (MELO et al., 2009).

    Durante o século XIX o tratamento da TB ocorria em sanatórios localizados

    afastados das cidades. Esses locais acabaram tornando-se centros de isolamento e

    tratamento, que servia para pessoas de qualquer classe social. Com o passar do

    tempo e com o descobrimento dos quimioterápicos, o tratamento dos tuberculosos

    foi transferido dos sanatórios para os ambulatórios (GONÇALVES, 2000).

    A TB era conhecida como “calamidade negligenciada”, pois constituía um

    problema de saúde pública mundial (FIGUEIREDO et al, 2009), o Brasil juntamente

    com outros 21 países em desenvolvimento, albergam 80% dos casos da doença,

    com isso, a OMS declarou a TB como um problema emergencial de saúde pública

    no mundo (BRASIL, 2010a).

    2.2.2. Etiologia

    A TB é uma doença infectocontagiosa de evolução crônica causada pelo

    Mycobacterium tuberculosis, apresentando um longo período entre a infecção inicial

    e a sua manifestação clínica. Na apresentação clínica, a doença afeta

    principalmente os pulmões, podendo ocorrer em outros órgãos do corpo, como

    ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro) (BRASIL, 2013a).

    O M. tuberculosis é também conhecido como bacilo de Koch (BK) por ter sido

    identificado, em 1882, pelo alemão, famoso bacteriologista, Robert Koch. Estima-se

  • 24

    que, durante um ano, numa comunidade, um indivíduo bacílifero pode infectar em

    média de 10 a 15 pessoas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).

    O micro-organismo é caracterizado morfologicamente como um bacilo reto ou

    levemente encurvado, com dimensão de aproximadamente 0,6 por 10 micrômetros,

    não possuindo espórulo nem capsula, permanecendo imóvel. O bacilo não produz

    toxinas e caracteriza-se como um patógeno intracelular aeróbico estrito, pois

    sobrevive no interior de células fagocitárias. É envolto por uma barreira hidrofóbica,

    constituída basicamente por ácidos micólicos, conferindo grande resistência, sendo

    essa a característica mais importante (MELO et al, 2009).

    A transmissão da doença acontece pela via aérea, especialmente por meio da

    tosse de um doente bacilífero, através dos aerossóis infectados. As gotículas mais

    pesadas armazenam-se rapidamente no solo, misturando-se com a poeira, enquanto

    as mais leves permanecem suspensas no ar. Apenas os núcleos secos das

    gotículas, denominado núcleo de Wells, de até 5u comportando até 2 bacilos, ao

    serem inaladas, podem chegar aos bronquíolos e alvéolos iniciando a propagação

    (RISK et al, 2013).

    A transmissão do bacilo é plena enquanto o tuberculoso estiver eliminando o

    micro-organismo para o ambiente, com a infecção de outros indivíduos a depender

    do estado bacteriológico do doente. Após o início do tratamento, a transmissão é

    reduzida, de forma gradual, para níveis insignificantes em pouco tempo, sendo que

    em crianças, geralmente, a doença não é infecciosa (RISK et al, 2013).

    São vários os fatores que contribuem para o adoecimento do indivíduo

    tornando-o mais susceptível à infecção. Dentre eles, destacam-se os fatores que se

    associam à competência do sistema imunológico e ao uso de medicamentos

    imunossupressores. A carga bacilífera e a virulência do micro-organismo são outras

    variáveis que também podem influenciar no surgimento da doença. De acordo com o

    Guia de Vigilância Epidemiológica, Caderno 7, para um indivíduo ser infectado e que

    essa infecção evolua para a doença dependerá de outros determinantes, em

    especial, idade avança, condições socioeconômicas em que o indivíduo estiver

    inserido e algumas condições clínicas. Na TB tanto os fatores clínicos quanto os

    fatores não clínicos devem ser levados em consideração (MELO et al, 2009;

    BRASIL, 2009).

  • 25

    2.2.3. Manifestações Clínicas

    A TB pode se manifestar de várias formas dependendo diretamente do órgão

    acometido. A forma pulmonar é a apresentação mais frequente da infecção, pois o

    agente etiológico tem preferência por este órgão. É também a forma mais relevante

    para os estudiosos em saúde pública, pois tem grande contribuição na cadeia de

    transmissão da doença. Porém existem outras manifestações extrapulmonares, com

    ocorrência ampliada em indivíduos imunosuprimidos (BRASIL, 2010a).

    2.2.3.1. Tuberculose Pulmonar

    O dano na TB pulmonar é causado pela presença de bacilos nos macrófagos

    desencadeando uma inflamação crônica descontrolada e progressiva, esta

    manifestação está ligada à resposta do hospedeiro ao micro-organismo, resultando

    em tosse seca ou produtiva com expectoração mucóide ou purulenta, com a

    presença ou não de hemoptise. Outros sintomas são: irritabilidade, sudorese

    noturna, falta de apetite, emagrecimento, entre outros (CAMPOS, 2006; BRASIL,

    2010a; MINAS GERAIS, 2006).

    2.2.3.2. Tuberculose Extrapulmonar

    Os sintomas da TB extrapulmonar dependem dos órgãos ou sistemas,

    classificando-se de acordo com a sua localização, podendo ser laríngea, ganglionar

    periférica, meningoencefálica, óssea, genitourinária, miliar e ainda cutânea e ocular.

    Nessa forma o paciente manifesta febre, comumente no período vespertino, além de

    tosse e sudorese. Outros sintomas são mal-estar, fadiga, perda de peso, dor

    torácica e dispneia. Esses sinais são mais brandos até que a doença esteja

    avançada (SILVA; MONTEIRO; FIGUEIREDO, 2011).

    2.2.3.3. Tuberculose Laríngea

    A TB laríngea é caracterizada pelo seu alto contagio e sua relação com as

    lesões tuberculosas pulmonares extensas. Essas lesões são granulomatosas ou

    semelhante a tumores, sendo encontradas nas pregas vocais, pregas vestibulares e

  • 26

    na epiglote. A disfonia é o sintoma mais comum nessa forma, estando presente em

    praticamente todos os casos, podendo se estender a afonia. Outras manifestações

    importantes são: disfagia, tosse, hemoptise e dispneia (MOTA et al., 2010).

    2.2.3.4. Tuberculose Ganglionar Periférica

    Esse tipo de TB é uma das mais comuns em nosso meio, sendo mais

    frequente entre crianças, paciente com idade inferior a quarenta anos e portadores

    do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Ela ocorre principalmente nos gânglios

    anteriores da cadeia cervical, mas em pacientes portadores do HIV, o acometimento

    ganglionar tende a ser bilateral. A evolução da doença inicia-se a partir do

    crescimento dos gânglios, nessa fase o desenvolvimento é lento, indolor e móvel.

    Em seguida a tendência é o aumento do volume agregando as partes separadas,

    formando uma massa, fazendo ligação com os tecidos. Nessa manifestação a

    sintomatologia é praticamente inexistente (BRASIL, 2010a).

    2.2.3.5. Tuberculose Meningoencefálica

    A TB meningoencefálica é uma mais manifestações mais graves da infecção,

    porém tem um pequeno impacto em relação ao numero de casos devido à

    implementação da vacina Bacilo de Calmette e Guérin (BCG). Nela, o processo

    inflamatório resulta no aumento da permeabilidade vascular, com acúmulo de

    células no local, formando edema e fibrose, podendo ainda levar à lesão vascular

    com trombose e infartos, além de hidrocefalia e aumento da pressão intracraniana.

    Os sintomas dessa infecção dependerão da intensidade e do local da inflamação

    (CAMPOS, 2006).

    2.2.3.6. Tuberculose Cutânea e Ocular

    As duas formas da doença são consideradas atípicas, pois não possuem o

    agente infeccioso no local da lesão. Ambas são causadas por reações de

    hipersensibilidade à tuberculoproteína, componente antigênico do micro-organismo

    causador da TB, porém possuem manifestações clínicas distintas. Na TB cutânea

  • 27

    são incluídos o eritema nodoso e o eritema endurecido, enquanto que na TB ocular

    a única apresentação típica é a ceratoconjuntivite flictenular (CAMPOS, 2006).

    2.2.3.7. Tuberculose Óssea

    A TB óssea manifesta-se em crianças e indivíduos com idade entre quarenta

    e cinquenta anos. Ela afeta principalmente as vértebras e as epífises dos ossos

    longos, acometendo também as articulações do joelho e do quadril. Nessa infecção,

    o micro-organismo se instala na vértebra gerando destruição óssea parcial,

    alterando o formato original das vertebras. Os sintomas apresentados são dores

    lombares, dor à palpação e sudorese noturna. Essas dores são insidiosas, surgindo

    de forma lenta e progressiva (CONDE et al., 2009).

    2.2.3.8. Tuberculose Genitourinária

    Ocorre principalmente em pacientes adultos com idade entre vinte e quarenta

    anos. Nela os principais sintomas são disúria, a polaciúria, hematúria, dor lombar e

    pode apresentar urgência urinária. O agente infeccioso atinge o sistema urinário

    através da disseminação linfo-hematogênica, alojando-se no córtex renal, onde

    acontece sua multiplicação (LOPES et al., 2006).

    2.2.3.9. Tuberculose Miliar

    A manifestação da doença depende da virulência do micro-organismo e da

    imunidade do hospedeiro, sendo considerada grave esta forma pode ter sintomas

    agudos e insidiosos, variando entre febre, adinamia e perda ponderal, o que a

    caracteriza como uma doença de sintomatologia inespecífica. Nela o sistema

    imunológico é incapaz de conter a disseminação hematogênica do agente infeccioso

    (MELO et al., 2009).

    2.2.4. Diagnóstico e Tratamento

    A TB se manifesta de diversas formas, dentre elas tosse prolongada com

    duração de mais de três semanas, dor no peito, hemoptise, febre, sudorese noturna,

  • 28

    perda de apetite, emagrecimento e fadiga. A partir desses sintomas é possível obter

    um diagnóstico clínico da doença, porém é necessário realizar exames

    bacteriológicos, achados radiológicos, histopatológicos, imunológicos e moleculares,

    entre outros a fim de confirmar da infecção (ZOCCHE; SILVA, 2009).

    A baciloscopia e cultura para micobactérias são alguns dos exames

    bacteriológicos para o diagnóstico da TB. A baciloscopia é a mais utilizada na rede

    pública de saúde, pois possui rapidez na obtenção dos resultados além de um baixo

    custo, porem possui baixa sensibilidade. Já o exame de cultura realiza a

    multiplicação e o isolamento de Bacilo Álcool-Ácido Resistentes (BAAR) com base

    na semeadura da amostra clínica em meios de cultura específicos (BRASIL, 2008;

    PAIVA; PEREIRA; MOREIRA, 2011).

    Outras formas de diagnóstico são os exames histopatológicos realizados

    através biópsia da amostra com suspeita da doença. A confirmação se dá através da

    presença de lesão granulomatosa com ou sem necrose caseosa e podendo ser

    confirmada também pela presença de BAAR no local da lesão (BRASIL, 2002).

    O teste radiológico passou a ser mais valorizado ao longo do tempo, pois com

    o avanço das tecnologias, permitiu-se um exame com maior exatidão. Nos testes

    imunológicos e moleculares, a obtenção de diagnóstico possui algumas

    desvantagens, pois é necessário profissional especializado em biologia molecular,

    além dos reagentes e equipamentos serem bastante caros (BRASIL, 2010a).

    A prestação de serviços aos usuários suspeitos de portarem o agente

    infeccioso da TB se baseia na promoção da saúde, prevenção, diagnóstico precoce

    e recuperação da doença. É necessário o acompanhamento adequando desses

    usuários, pois dessa forma há um impacto direto no controle da doença (MINAS

    GERAIS, 2006).

    A TB é caracterizada como uma doença grave, de difícil tratamento, porém se

    forem tomadas as doses corretas e o esquema medicamentoso for adequado tem

    cura. Os portadores da doença não devem ser segregados do convívio comunitário,

    pois após o inicio do tratamento, os bacilos da TB perdem gradativamente seu poder

    infectante. O tratamento é padronizado no Brasil, com os medicamentos sendo

    distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (CAMPOS, 2007; BRASIL, 2009).

    O Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) estipula ações

    para serem executadas nacionalmente. De acordo com o Ministério da Saúde (MS),

    a o esquema básico para o tratamento da TB em adultos e adolescentes, a base de

  • 29

    quimioprofilíticos, ocorrendo em um semestre. Os medicamentos utilizados no

    tratamento são: Rifampicina (R), Isoniazida (H), Pirazinamida (Z) e Etambutol (E).

    Esse esquema de tratamento é de curta duração, devendo o individuo medicar-se

    por 6 meses (BRASIL, 2011a).

    2.2.5. Populações Vulneráveis

    A partir da implantação do tratamento contra a TB no SUS, houve a

    diminuição do impacto da doença na população, porém em alguns grupos

    específicos ela se mantem em constante crescimento, denominando-se populações

    vulneráveis. São elas: população privada de liberdade, a população indígena, a

    população em situação de rua e as pessoas HIV positivo. São necessárias

    estratégias específicas para o controle da infecção nesses grupos populacionais,

    uma vez que, estão inseridos em condições de vida desfavoráveis (BRASIL, 2012a).

    2.2.5.1. População Privada de Liberdade

    Dentro de penitenciárias a TB é facilmente disseminada. Devido ao grande

    aglomerado de pessoas, a incidência da doença é maior que entre a população

    geral. A partir do banco de dados do SINAN, verificou-se que no ano de 2010, a

    população carcerária, cerca de 0,2% da população geral, contribuiu para 6,0% dos

    novos casos da doença. Esse panorama comprova a condição desfavorável e

    mostra a importância em ações e serviços de saúde específicos para esse grupo

    (BRASIL, 2012a).

    2.2.5.2. População Indígena

    A população indígena possui baixa representatividade na população

    brasileira, apenas 0,4% da população geral. De acordo com o SINAN, no ano de

    2010, a população indígena, contribuiu para 1,0% dos novos casos da doença. A

    taxa de incidência nesse mesmo ano configurou-se em valores altíssimos em

    relação ao valor da média nacional. A taxa foi de 95,5 casos por cada grupo de 100

    mil habitantes (BRASIL, 2012a).

  • 30

    2.2.5.3. População em Situação de Rua

    Dados que relacionam a TB e a população em situação de rua são escassos,

    porém, de acordo com profissionais que estão em constante contato com esse

    grupo, a taxa de incidência de TB é bastante elevada, com grande quantidade de

    abandono de tratamento. De acordo com alguns estudos realizados no sudeste,

    esse grupo específico possui de 48 a 67 vezes mais incidência de TB do que os

    demais grupos populacionais (BRASIL, 2012a).

    2.2.5.4. Coinfecção TB/HIV

    Dentre as causas de morte entre pacientes com Síndrome da

    Imunodeficiência Adquirida (AIDS), a TB segue em primeiro lugar. A coinfecção

    TB/HIV infere diretamente ao tratamento da doença, apresentando um desfecho

    desfavorável. No ano de 2010, cerca de 10% de todos os casos notificados no

    SINAN apresentavam a coinfecção TB/HIV (BRASIL, 2012a).

    As taxas elevadas de TB e coinfecção pelo HIV determinam desafios que

    impedem a redução da incidência de ambas às infecções. Com o surgimento do HIV

    no cenário global, houve sérios problemas a cerca do controle da TB, principalmente

    em países com altas taxas de prevalência. O HIV é um dos principais responsáveis

    pelo aumento da mortalidade entre os pacientes co-infectados (NUNN et al, 2005).

    2.3. Determinantes Sociais da Saúde (DSS)

    As diferenças na situação saúde da população são comuns no cotidiano atual

    e ainda podem persistir futuramente, pois cada indivíduo e grupo possuem

    características próprias que os diferem, seja a idade, sexo, entre outras, impactando

    na condição sanitária. Essas diferenças são consideradas naturais, porem há

    diferenças nas condições saúde que se relacionam aos DSS, ao contrário das

    outras, essas desigualdades são injustas e inaceitáveis (BRASIL, 2006).

    As relações entre os determinantes e o que determinam é mais complexa do

    que as relações de causa e efeito. No caso da TB, por exemplo, o causador é o BK,

    mas são os determinantes sociais que explicam porque determinados grupos da

  • 31

    população são mais susceptíveis do que outros para contrair a doença (BRASIL,

    2006).

    Os DSS possuem atualmente diversas definições, com o conceito bastante

    difuso de que as condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da

    população estão relacionadas com sua situação de saúde. A OMS defende uma

    definição mais direta, conforme a qual os DSS são as condições sociais em que as

    pessoas vivem e trabalham (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007). De formar mais

    abrangedora, Nancy Krieger (2001) os define como fatores e mecanismos através

    dos quais as condições sociais afetam a saúde e que potencialmente podem ser

    alterados através de ações baseadas em informação. Já Tarlov (1996) apresenta,

    incisivamente, a compreensão dos DSS como as características sociais dentro das

    quais a vida transcorre.

    Essas definições expressam a intenção de atacar as causas das causas das

    doenças e das iniquidades em matéria de saúde e os mecanismos pelos quais as

    condições do contexto social afetam a saúde e podem ser modificadas (GEIB,

    2012).

    As definições dos DSS manifestam o desejo de contestar as causas das

    causas das doenças e das iniquidades em saúde e os artifícios pelos quais as

    condições do contexto social interferem na saúde. Esses conceitos podem ser

    alterados por ações específicas sobre os determinantes como renda, educação,

    ocupação, estrutura familiar, disponibilidade de serviços, saneamento, exposições a

    doenças, redes e apoio social, discriminação social e acesso a ações preventivas de

    saúde (GEIB, 2012).

    Segundo Geib (2012) a rápida aquisição de conhecimento sobre os DSS

    possibilitou o desenvolvimento de vários modelos que visam demonstrar a relação

    entre as desigualdades e iniquidades sociais e os impactos na saúde. Dentre as

    opções, a Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS)

    adotou o modelo de Dahlgren e Whitehead (2006), por possuir uma visualização

    gráfica simplificada, tornando-o de fácil compreensão.

  • 32

    Figura 1. Os principais Determinantes Sociais da Saúde proposto por Dahlgren a Whitehead.

    Fonte: BRASIL, 2006.

    O modelo proposto por Dahlgren e Whitehead explica os mecanismos pelos

    quais as interações entre os níveis sociais produzem as desigualdades em saúde,

    variando do nível individual até níveis mais amplos, como as condições econômicas,

    culturais e ambientais, predominantes na sociedade (GEIB, 2012).

    Individualmente, algumas características influenciam a saúde do indivíduo,

    são elas: idade, gênero e fatores genéticos. No nível subsequente, encontram-se os

    fatores que se relacionam com o comportamento e estilo de vida, contribuindo para

    a exposição a fatores de risco à saúde. O próximo nível caracteriza as interações

    estabelecidas na sociedade e suas influencias na comunidade representada por

    meio de redes comunitárias e de apoio, serviços sociais, de lazer e de segurança. O

    nível seguinte demonstra as condições de vida e de trabalho, disponibilidade de

    alimentos e acesso a ambientes e serviços essenciais, colocando os indivíduos em

    desvantagem social pelo maior grau de exposição ao desemprego, à alimentação

    inadequada, às habitações insalubres, ao menor acesso aos serviços públicos, entre

    outros. No último nível estão as condições econômicas, culturais e ambientais,

    incluindo também determinantes supranacionais como o processo de globalização.

    Este modelo realça a importância dos fatores não-clínicos sobre a situação da saúde

    dos indivíduos e das populações (GEIB, 2012).

  • 33

    2.3.1. Desigualdades e Iniquidades Sociais em Saúde

    Em 1993, a TB foi declarada uma emergência em todo o mundo pela OMS.

    Toda essa gravidade se deve a alguns fatores como os grandes movimentos

    migratórios, envelhecimento da população, surgimento do HIV/AIDS e as

    desigualdades sociais. Outros fatores intrínsecos nas questões sociais são

    insuficiência de pesquisas com o intuito de desenvolver novos tratamentos e vacinas

    e deficiências do sistema de saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998;

    BARREIRA; GRANGEIRO, 2007).

    Quando se trata de desigualdades, referem-se à sinalização de variações,

    diferenças ou disparidades nos desfechos de saúde individuais ou coletivos. Ao

    levar para o âmbito da saúde, as desigualdades são vistas como diferenças na

    incidência, prevalência, mortalidade ou carga de doenças e de outros danos à saúde

    (KAWACHI; SUBRAMANIAN; ALMEIDA-FILHO, 2002).

    O termo desigualdade abrange vários aspectos. Dentre os aspectos

    relacionados à desigualdade em nível mundial, destaca-se como um problema

    social, a desigualdade econômica. Com o advento dessa desigualdade, a pobreza,

    a fome, a criação de favelas, o desemprego e a dificuldade de acesso aos serviços

    de saúde tornaram-se exemplos de impactos que assolam a sociedade (RAMALHO,

    DUARTE, 2015).

    As desigualdades são definidas de duas formas, categorizando como

    desigualdades naturais e sociais em saúde. As naturais ocorrem quando as

    divergências nos desfechos em saúde são causadas por características individuais

    como sexo, idade, etnia, entre outros. As sociais são caraterizadas por diferenças

    nos padrões de saúde a nível coletivo em grupos específicos. Quando as

    desigualdades sociais são consideradas injustas, surge o conceito das iniquidades

    (RAMALHO, DUARTE, 2015).

    A iniquidade pode ser compreendida como ausência de desigualdades

    caracterizadas inaceitáveis. No âmbito da saúde, ela refere-se a uma menor

    cobertura e/ou pior qualidade dos serviços oferecidos, tornando-se um importante

    indicador da relação entre oferta e necessidades de saúde. O conceito de iniquidade

    se difere do conceito de desigualdade por ser descritivo e normativo (ASIS, 2013;

    MANO et al, 2011)

  • 34

    A iniquidade em saúde entre grupos populacionais é caracterizada como

    injusta, desnecessária e acima de tudo evitável. A redução dessas iniquidades

    consiste em avaliar a magnitude do acesso entre os diversos grupos sociais e sua

    evolução ao longo do tempo (DAHLGREN, WHITEHEAD, 2006).

    Entendendo que o controle da TB fundamenta-se na interrupção da sua

    cadeia de transmissão é necessário considerar os indicadores sociais. Os

    programas de controle da doença atuam com a atenção individualizada aos

    pacientes e seus contactantes e com a vigilância em saúde dos agrupamentos

    populacionais. Na segunda perspectiva a infecção é compreendida em um nível

    ampliado, com interação de indivíduo e espaço social contribuindo na produção de

    locais que propiciam riscos de adoecimentos diversos, alterando assim, a

    programação de ações e a operacionalização dos programas de controle (COSTA et

    al, 1998; CARVALHO; SOUZA-SANTOS, 2005).

    2.3.2. Impacto das Desigualdades na Saúde

    As desigualdades possuem padrões que são influenciados pelo tempo e

    espaço, e podem ainda ter agravos em função de outros determinantes, sejam eles

    ambientais, demográficos e/ou acesso aos bens e serviços de saúde. Problemas

    relacionados à urbanização e ao aglomerado populacional determinam novos

    contornos à desigualdade em saúde. Alguns fatores resultantes desse processo são:

    consumo abusivo de drogas, crime, doenças mentais, vandalismo, padrões de

    moradia e dificuldade em lidar com o lixo produzido, impactando diretamente à

    saúde da sociedade (DUARTE et al, 2002).

    Dessa forma, as mudanças sociais possui grande contribuição ao que

    concerne à manutenção da saúde. As condições econômicas e ambientais levam à

    justaposição de doenças e agravos típicos de países desenvolvidos com aqueles

    próprios de países pouco avançados, denominando-se “dupla carga de doenças”

    (DUARTE et al, 2002).

    A exposição a fatores de risco determinam a ocorrência da dupla carga de

    doenças, sendo essas exposições caracterizadas como tradicionais, tratando de

    ausência de saneamento básico, poluição intradomiciliar e desnutrição, entre outros,

    ou caracterizados como riscos mais atuais, entre eles, violência e poluição. A

    justaposição dos riscos terá um maior impacto em populações mais empobrecidas,

  • 35

    onde a vulnerabilidade permite altos níveis de interação de risco (DUARTE et al,

    2002).

    O quadro de doenças resultantes do panorama de desigualdades em saúde

    pode resultar nas populações mais frágeis, mortalidade precoce, sobrecarga de

    determinados procedimentos médicos, maiores demandas de serviços sociais e

    redução da possibilidade de ascensão social, dentre outros problemas relacionados

    à saúde, tanto a nível individual quanto coletivo (DUARTE et al, 2002).

    Na literatura atual, é consenso que as condições sociais e econômicas

    desfavoráveis contribuem para uma pior condição de saúde. São nítidas as

    disparidades em saúde quando se observa populações com maior poder aquisitivo e

    com menor poder aquisitivo (SAGAR, 1994).

    Alguns estudos epidemiológicos realizados no mundo evidenciam as

    associações existentes entre desigualdades socioeconômicas e desigualdades em

    saúde. Essa análise da situação saúde a partir das condições sociais permite inferir

    a dimensão do impacto. Em alguns casos, a desigualdade nas distribuições salariais

    relaciona-se à distribuição desigual das tendências de mortalidade, ou até mesmo à

    expectativa de vida. Já em outros, essas diferenças nas rendas resultam em

    aumento ao número de homicídios e mortalidade infantil (DUARTE et al, 2002).

    Os diferenciais encontrados, no que se referem às desigualdades e impactos

    na saúde, podem esclarecidos por alguns determinantes, considerados mais amplos

    e de maiores impactos. Esses macrodeterminantes são: pobreza, urbanização e

    aspectos relacionados à organização dos serviços de saúde. Quando se trata de

    pobreza, trata-se da dificuldade em se obter bens e serviços que estão ligados, de

    forma direta ou indiretamente, à saúde. A falta de dinheiro infere na qualidade de

    vida, na moradia, na alimentação, no saneamento, entre diversos outros, gerando

    resultados, na maioria das vezes negativos, para a saúde da população. Em seguida

    temos a urbanização e com ela, a possível potencialização dos fatores de risco das

    doenças, ocorrendo assim uma sobreposição desses fatores com os fatores de risco

    resultantes do processo de urbanização. Por último, temos os serviços de saúde,

    destacados em suas variáveis mais importantes, acesso e qualidade. Esses

    aspectos relacionados aos serviços de saúde podem aumentar ou promover as

    desigualdades em saúde, tornando-se um fator extremamente relevante na

    discussão sobre desigualdades e saúde (DUARTE et al, 2002).

  • 36

    2.4. Distrito Federal

    De acordo com o último censo demográfico (2010) do Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatística (IBGE), a população do DF era de 2.570.160 habitantes, com

    estimativa de aumento para 2.914.830 habitantes em 2015. A área territorial do DF

    compreende a 5.779,999 km², equivalendo a 0,06% da superfície do País com

    444,66 por habitante/km² de densidade demográfica. No DF o número médio de

    moradores por domicílio é de 3,39 pessoas, de acordo com a Pesquisa Distrital por

    Amostra de Domicílios (PDAD) realizada em 2013 pela Companhia de Planejamento

    do Distrito Federal (CODEPLAN).

    A qualidade de vida no DF é considerada boa, pois o Índice de

    Desenvolvimento Humano (IDH) é o segundo melhor do Brasil, com 0,844, apenas

    0,003 pontos percentuais abaixo de Florianópolis, o maior do País. O DF acolhe

    pessoas de todos os lugares do Brasil. Após a percepção da agricultura como forma

    de impulsionar a economia local, ocorreu uma ocupação significativa. A população

    do DF, ainda é essencialmente urbana, com registro de 95,6% em 2000 (BRASIL,

    2012b).

    A população do DF reside em sua maioria na zona urbana, com o tipo de

    moradia variando de acordo com a condição econômica. Ao longo do tempo, em

    virtude da migração, novos espações habitacionais surgiram. Essa movimentação

    migratória se deu devido à busca de melhores condições de vida (BRASIL, 2014b).

    O DF é considerado um estado atípico, sendo dividido geograficamente por

    Regiões Administrativas (RA), um modelo organizacional diferente dos outros

    estados, que adotam a municipalização. O DF possui 31 RAs, são elas: Águas

    Claras; Brasília; Brazlândia; Candangolândia; Ceilândia; Cruzeiro; Fercal; Gama;

    Guará; Itapoã; Jardim Botânico; Lago Norte; Lago Sul; Núcleo Bandeirante;

    Paranoá; Park Way; Planaltina; Recanto das Emas; Riacho Fundo; Riacho Fundo II;

    Samambaia; Santa Maria; São Sebastião; SCIA - Setor Complementar de Indústria e

    Abastecimento (Cidade Estrutural e Cidade do Automóvel); SIA - Setor de Indústria e

    Abastecimento; Sobradinho; Sobradinho II; Sudoeste/Octogonal; Taguatinga; Varjão;

    Vicente Pires (BRASIL, 2014b).

  • 37

    Figura 2. Mapa do Distrito Federal por Regiões Administrativas.

    Fonte: www.codeplan.df.gov.br (2016)

    2.4.1. Desigualdades em Saúde no Distrito Federal

    O DF possui uma situação bastante privilegiada quando comparado com

    outras unidades federativas (UF). A capital possui maior disponibilidade de serviços

    públicos ao alcance de seus habitantes e àqueles oriundos de outras localidades

    que também usufruem de sua infraestrutura, porém, divergências acentuadas são

    apresentadas entre as RAs (BRASIL, 2007).

    No estado o processo de urbanização consolidou-se em uma sociedade com

    rendas distribuídas desigualmente, contribuindo para uma estrutura urbana

    fragmentada espacial e socialmente. Todo esse processo implicou em condições de

    vida não homogêneas, com a existência de zonas desassistida socialmente e com

    limitado acesso aos serviços de saúde essenciais (CAIADO, 2005).

    O DF possui um dos maiores IDH do país, possuindo também excelentes

    indicadores médios de desenvolvimento social e econômico. As informações obtidas

    a partir do censo demográfico de 2010, realizado pelo IBGE mostram que no estado

    a renda média domiciliar per capita é de R$ 1.326,23 e o rendimento médio do

    trabalho é de R$2.245,95. Apesar dos altos valores referentes a renda, o estado vive

  • 38

    um cenário diferente, pois parte da população vive em situação de baixa renda,

    enquanto outra concentra grande parte da renda (BRASIL, 2010b).

    A configuração socioespacial do DF é resultante do processo de migração

    que ocorre desde a criação do estado. A partir da sua origem o DF recebe pessoas

    de vários estados brasileiros e essa movimentação desenfreada gera conflitos por

    apropriação do espaço urbano, e consequentemente resulta em formação de

    extensas periferias social e economicamente desassistidas, evidenciando as

    desigualdades locais (CAIADO, 2005).

    A partir da variável renda é possível diagnosticar as dessemelhanças e

    similaridades, tornando-a um indicador de qualidade de vida e de caracterização

    populacional. Com base nesse indicador o DF apresenta diferenças concretas e

    acentuadas entre suas RAs, onde há um grupamento de regiões com excelente

    condição socioeconômica e outro grupo com renda irrisória e com pouco acesso aos

    serviços públicos (BRASIL, 2007).

    2.5. Principais Medidas do Estudo

    2.5.1. Coeficiente de Gini

    O índice de Gini é uma medida utilizada para descrever e analisar, através da

    curva de Lorenz, a distribuição de renda nos grupos populacionais, quantificando o

    grau de concentração populacional desses fenômenos (RAMALHO, DUARTE,

    2015).

    A curva de Lorenz é um gráfico que mostra a variação da proporção de renda

    acumulada em função da proporção da população, indicando uma distribuição

    uniforme de igualdade, representada no gráfico por uma linha diagonal. Assim,

    quanto mais distante a curva estiver da diagonal, mais desigual será a análise e

    quanto mais próxima, mais uniforme (RAMALHO, DUARTE, 2015).

    Dessa forma, esta é uma medida que quantifica a área entre a diagonal de

    igualdade e a curva de Lorenz, obtida através da razão, “a/(a+b)”, entre as áreas

    destacadas, representadas na Figura 3. O seu resultado consiste em um número

    entre 0 e 1, onde 0 corresponde à completa igualdade de renda e 1 corresponde à

    completa desigualdade. Por ser um coeficiente expresso em pontos percentuais, o

    valor do coeficiente é multiplicado por 100³º (RAMALHO, DUARTE, 2015).

  • 39

    Figura 3. Representação gráfica da curva de Lorenz e área para o cálculo do coeficiente de Gini.

    Fonte: ASIS, 2015.

    O coeficiente de Gini pode ser calculado com a Fórmula de Brown:

    Onde:

    Yᵢ, a proporção acumulada da variável de saúde até o grupo i

    Xᵢ, a proporção acumulada da variável de população até o grupo i

    Em perfeita igualdade o valor dos indivíduos dará o mesmo resultado, sendo

    o primeiro e o último igual a (Xk+1 – Xk = 1) e (Yk+1 + Yk = 1) respectivamente, e G

    igual a 0. Quando há desigualdade, qualquer individuo dará (Yk+1 + Yk = 0), e G

    fica igual a 1. A soma desses valores sempre resultará em um numero entre 0 e

    1(RAMALHO, DUARTE, 2015).

    2.5.2. Estudo de Carga de Doença: Anos de Vida Perdidos Ajustados por

    Incapacidade

    No ano de 1992, o Banco Mundial em parceria com a Escola de Saúde

    Pública de Havard desenvolveram uma metodologia capaz de medir a carga global

    de doenças nas populações, o estudo foi denominado Global Burden Disease.

    Diferente dos outros estudos já existentes na época, o método deveria incorporar as

  • 40

    medidas de mortalidade e morbidade no mesmo indicador, usando dados

    disponíveis nos países com a possibilidade de comparações a nível mundial,

    objetivando avaliar de forma ampla a carga de doença (MURRAY, 1994).

    Esse tipo de estudo permite a ampliação de debates referentes a valores

    sociais que contribuem na organização de recursos nos sistemas de saúde. Em sua

    metodologia utiliza-se um indicador denominado Disability-Adjusted Life Years,

    traduzido como Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade (DALY)

    (MURRAY, LOPEZ, 1997).

    O surgimento deste indicador deu-se a partir do aprimoramento de outro,

    denominado Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP) apresentado por Dempsey

    em 1947. Este indicador era utilizado de forma complementar para outros

    indicadores, a fim de obter-se uma análise mais ampla das doenças. Um estudo

    realizado com o APVP atribui um peso maior às mortes de pessoas mais jovens,

    enquanto o DALY além de considerar essas mortes prematuras, também

    compreende no estudo os anos vividos com incapacidade, tornando-o um indicador

    composto, capaz de identificar problemas de saúde negligenciados e as fortalezas e

    fragilidades nos sistemas de informação existentes (MURRAY, LOPEZ, 1997).

    A carga de doença é mensurada com o objetivo de efetivar propostas que

    abranjam todos os aspectos da doença dentro do contexto dos serviços de saúde.

    Assim torna-se possível elencar prioridades no âmbito de pesquisas em saúde e

    contribuir na identificação do público alvo das intervenções, e ainda, promover a

    comparações de resultados para programação, avaliação e planejamento em saúde

    (MURRAY, 1994).

    Estudos de cargas de doenças possuem grande valia no que concerne à

    gestão de serviços em saúde, pois fornecem aos gestores um panorama mais claro

    a respeito dos agravos e fatores de risco das doenças. Além disso, nesse tipo de

    estudo é possível medir mais de uma variável no mesmo indicador, transferindo

    praticidade e qualidade ao estudo (MURRAY, 1994).

  • 41

    3. OBJETIVO

    3.1. Objetivo Geral

    Analisar as desigualdades sócio-espaciais da distribuição da tuberculose no

    Distrito Federal no período de 2001 a 2014.

    3.2. Objetivos Específicos

    Descrever os coeficientes médios de prevalência e mortalidade da

    tuberculose para o período no DF;

    Descrever os números de casos segundo sexo, faixa etária e Regiões

    Administrativas no período;

    Calcular os Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade (DALY) por

    TB no período;

    Analisar a desigualdade sócioespacial referente aos casos de tuberculose no

    DF.

  • 42

    4. METODOLOGIA

    4.1. Tipo de Estudo

    Foi realizado um estudo do tipo descritivo ecológico com o propósito de

    verificar a distribuição espacial de casos novos de TB no período de 2001 a 2014,

    segundo região administrativa do DF.

    4.2. Local, Período e Objeto de Estudo

    Utilizou-se como objeto de pesquisa todos os casos notificados de TB e TB-

    HIV, incluindo os óbitos ocorridos por TB no DF, registrados no SINAN, no período

    de 2001 a 2014.

    4.3. Fonte de Dados

    Os dados utilizados para a pesquisa foram extraídos das bases de dados

    nacionais do SINAN do Ministério da Saúde. Foi utilizado o banco não-nominal de

    TB. As estimativas populacionais para o período de 2001 a 2014 foram extraídas do

    IBGE.

    4.4. Método

    Foram calculados os coeficientes de prevalência (CP) e mortalidade (CM),

    sendo que para prevalência os numeradores foram os casos de TB no DF no

    período do estudo e para mortalidade os numeradores foram os óbitos por TB no DF

    no período do estudo. Ambos os cálculos tiveram como denominadores a população

    do DF no mesmo período.

    As RAs foram distribuídas em 4 grupos, classificadas de acordo com as

    condições de saúde e socioeconômicas, de forma que o 4º quartil representa as

    regiões em melhores condições e o 1º quartil representa as piores condições.

    A construção do coeficiente baseia-se na “Curva de Lorenz”, a partir dela é

    possível mostrar como a proporção acumulada da taxa do DALY varia em função da

  • 43

    proporção acumulada da população, ordenando os indivíduos pelos valores

    decrescente da taxa DALY. O mesmo foi realizado para renda em função da

    proporção acumulada da população, estando os indivíduos ordenados pelos valores

    crescentes da renda. Para os indicadores de saúde obtêm-se o coeficiente de Gini,

    já para os indicadores socioeconômicos, obtêm-se o índice de concentração. O valor

    para ambos vai de zero a um, onde o zero corresponde a uma situação de total

    equilíbrio de igualdade.

    Neste estudo os indicadores selecionados foram à própria taxa DALY obtida

    no estudo e o indicador de renda per capita mensal, obtidos através das informações

    presentes na PDAD onde estão disponíveis informações socioeconômicas,

    demográficas e sanitárias desagregadas para as RAs no DF no período.

    Serão estimados também os anos de vida perdidos ajustados por

    incapacidade (DALY) a partir do somatório de seus componentes de mortalidade

    precoce (YLL) e incapacidade (YLD).

    DALY = YLL + YLD

    Para alcançar o YLL é necessário calcular a diferença entre a esperança de

    vida dos indivíduos e a idade em que ocorreu o óbito. A esperança de vida utilizada

    nesse estudo foi de 86 anos para ambos os sexos, expresso por:

    YLL = 86 anos – idade ao óbito

    Para calcular o YLD é necessário multiplicar o número de casos incidentes

    com o peso da tuberculose e com a mediana do tempo médio de sobrevida após o

    diagnóstico, representado por:

    YLD = casos incidentes x 0,331 x 1 ano

    Os indicadores foram calculados em taxas, por 100 mil habitantes, segundo o

    sexo, as faixas etárias e a RA, tendo como referência a população-padrão mundial.

    Utilizou-se o software R, para a manipulação dos dados, e o software Microsoft

    Excel 2010, para as estatísticas descritivas. Para as informações relativas aos casos

  • 44

    de tuberculose foram utilizados dados secundários provenientes do SINAN, sendo

    eliminados os casos de pacientes não residentes no DF.

    4.5. Aspectos Éticos da Pesquisa

    O estudo foi realizado exclusivamente com bases de dados secundários

    coletados nas bases nacionais do SUS, de acesso público, do sítio eletrônico do

    Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e do SINAN

    sem identificação dos indivíduos. O presente estudo limitou-se a apresentar

    informações de agregados, e foi realizado em conformidade com os princípios da

    ética em pesquisa envolvendo seres humanos, constantes na Resolução do

    Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Com isso,

    a proposta deste estudo é dispensada de apreciação por Comitê de Ética em

    Pesquisa (CEP).

  • 45

    5. RESULTADOS

    5.1. Situação de Saúde

    A partir do banco de dados do SINAN identificou-se que no DF, no período de

    2001 a 2014 ocorreram 5419 casos de TB, representando um CP de 16,15 casos

    por 100.000 habitantes. Observa-se no gráfico 1 que o maior registro deu-se no ano

    de 2003, com o CP de 19,47 casos por 100.000 habitantes e o menor no ano de

    2010, com o CP de 12,47 casos por 100.000 habitantes. A maioria dos registros foi

    do sexo masculino, com um percentual de 64,1%, já o sexo feminino totalizou

    35,9%, com os CP por sexo de 21,59 e 11,13 casos por 100.000 habitantes

    respectivamente. O registro menos considerável do sexo masculino ocorreu no ano

    de 2009, com o CP de 17,95 casos por 100.000 habitantes, enquanto o feminino

    ocorreu no ano de 2010, com o CP de 7,53 por 100.000 habitantes. Ambos os sexos

    registraram os maiores valores no ano de 2003, com o CP de 25,77 casos por

    100.000 habitantes para homens e 13,65 casos por 100.000 habitantes para

    mulheres.

    Gráfico 1. Coeficiente de Prevalência da Tuberculose no Distrito Federal no período de 2001 a 2014.

    Fonte: Elaboração própria.

    0,00

    5,00

    10,00

    15,00

    20,00

    25,00

    30,00

    20

    01

    20

    02

    20

    03

    20

    04

    20

    05

    20

    06

    20

    07

    20

    08

    20

    09

    20

    10

    20

    11

    20

    12

    20

    13

    20

    14

    Co

    efi

    cie

    nte

    de P

    rev

    alê

    ncia

    Ano

    F M Total

  • 46

    A partir das tabelas 1 e 2 nota-se que os valores referentes ao sexo

    masculino são os maiores em todo o período do estudo, com seu ápice no ano de

    2014, com 291 casos. O ano de 2014 registrou o maior numero de casos para o

    período, totalizando 452 casos. O sexo feminino possui baixo acometimento em

    relação ao masculino, tendo seu menor registro no ano de 2010, com 101 casos.

    Tabela 1. Distribuição dos casos por tuberculose, segundo sexo, no Distrito Federal, no período de 2001 a 2007.

    Sexo

    Ano

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Total Total Geral

    Masculino 224 225 258 245 245 257 276 1730 3475

    Feminino 142 144 148 133 149 151 162 1029 1944

    Total 366 369 406 378 394 408 438 2759 5419

    Fonte: Elaboração própria.

    Tabela 2. Distribuição dos casos por tuberculose, segundo sexo, no Distrito Federal, no período de 2008 a 2014.

    Sexo

    Ano

    2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total Total Geral

    Masculino 243 214 222 232 283 260 291 1745 3475

    Feminino 129 131 101 127 155 111 161 915 1944

    Total 372 345 323 359 438 371 452 2660 5419

    Fonte: Elaboração própria.

    Tabela 3. Distribuição dos casos por tuberculose, segundo faixa etária, no Distrito Federal, no período de 2001 a 2007.

    Faixa Etária (Anos)

    Ano

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Total Total Geral

    0 – 4 11 15 19 9 10 6 4 74 136

    5 – 14 9 13 5 13 12 8 9 69 118

    15 – 29 99 75 103 81 98 105 105 666 1282

    30 - 44 130 128 134 128 132 149 136 937 1843

    45 - 59 83 64 85 74 88 95 110 599 1214

    60 - 69 19 38 33 44 32 26 31 223 443

    70 - 79 9 25 23 17 15 15 28 132 275

    80 + 6 11 4 12 7 4 15 59 108

    Total 366 369 406 378 394 408 438 2759 5419

    Fonte: Elaboração própria.

  • 47

    Tabela 4. Distribuição dos casos por tuberculose, segundo faixa etária, no Distrito Federal, no

    período de 2008 a 2014.

    Faixa Etária (Anos)

    Ano

    2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total Total Geral

    0 – 4 7 8 5 10 9 6 17 62 136

    5 – 14 5 10 6 7 7 6 8 49 118

    15 – 29 96 67 78 86 105 85 99 616 1282

    30 - 44 128 116 106 116 163 118 159 906 1843

    45 - 59 85 84 74 89 102 90 91 615 1214

    60 - 69 24 29 36 25 29 34 43 220 443

    70 - 79 21 27 14 20 14 20 27 143 275

    80 + 6 4 4 6 9 12 8 49 108

    Total 372 345 323 359 438 371 452 2660 5419

    Fonte: Elaboração própria.

    Quando examinada a variável faixa etária (tabelas 3 e 4), identifica-se que

    houve um predomínio dos casos na faixa etária dos 30 aos 44 anos, totalizando

    1843 casos em todo o período do estudo, com o maior registro no ano de 2012, com

    163 casos. A faixa etária com menos registros de casos foi dos 80 anos ou mais,

    com apenas 108 casos em todo o período, marcando os menores valores nos anos

    2003 e 2006, com 4 registros cada.

    Em relação à distribuição dos casos de TB segundo RA (tabelas 5 e 6)

    mostra-se perceptível a disparidade entre os registros. No período, a RA com menor

    numero de casos de TB foi o Jardim Botânico, com 8 casos apenas. Liderando

    esses valores encontra-se a Ceilândia, sinalizando 948 casos no período, com os

    maiores valores apresentados nos anos 2001 e 2012, cada um com 82 casos. Em

    seguida temos Taguatinga, com 458 casos no período, registrando seu maior valor

    no ano de 2014, com 41 casos. As RAs, Brasília, Gama, Planaltina o Setor de

    Indústria e Abastecimento (SIA), também registraram altos valores referentes ao

    numero de casos no período. Identificou-se que algumas RAs não possuem registro

    de casos em alguns anos do período, como é o caso da RA Fercal, sinalizando

    registros apenas para os anos de 2003 a 2006, com um somatório de 13 casos para

    o período. Os itens denominados „não identificados‟ são de casos em que não foi

    possível identificar a RA de ocorrência, somando 24 casos no período do estudo.

  • 48

    Tabela 5. Distribuição dos casos de tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal,

    no período de 2001 a 2007.

    Região Administrativa

    Ano

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Total Total Geral

    Águas Claras - 3 3 3 8 4 3 24 75

    Brasília 30 26 30 34 35 23 41 219 383

    Brazlândia 13 7 8 9 8 6 9 60 100

    Candangolândia 3 3 3 2 1 3 5 20 30

    Ceilândia 82 75 78 54 75 60 77 501 948

    Cruzeiro 6 7 5 2 2 3 6 31 63

    Fercal - - 1 5 4 3 - 13 13

    Gama 21 20 22 18 31 19 20 151 306

    Guará 15 20 14 26 13 15 24 127 241

    Itapoã 1 1 1 - 2 4 1 10 49

    Jardim Botânico - 1 - 2 - 2 - 5 8

    Lago Norte 4 3 4 2 2 9 3 27 47

    Lago Sul 2 4 5 2 5 4 7 29 57

    Nucleo Bandeirante 6 8 8 7 3 6 9 47 73

    Paranoá 12 7 11 6 7 14 13 70 167

    Park Way 2 1 - 4 6 6 4 23 33

    Planaltina 31 36 30 29 30 34 26 216 434

    Recanto das Emas 19 16 21 26 23 16 20 141 285

    Riacho Fundo 5 2 1 4 1 3 9 25 62

    Riacho Fundo II - 4 2 7 5 3 8 29 52

    SIA 22 22 39 29 24 36 42 214 456

    Scia (Estrutural) 14 17 17 19 16 19 24 126 249

    Samambaia 12 18 22 17 29 39 17 154 266

    Santa Maria 4 1 3 2 3 7 2 22 72

    São Sebastião - 2 7 3 1 7 - 20 22

    Sobradinho 14 9 17 22 18 20 19 119 222

    Sobradinho II 7 13 8 3 3 4 8 46 117

    Sudoeste/Octogonal - 5 5 - 3 3 3 19 47

    Taguatinga 35 31 34 37 31 30 33 231 458

    Varjão 2 2 2 - 2 2 1 11 20

    Vicente Pires 4 4 2 1 2 4 2 19 40

    Não Identificados - 1 3 3 1 - 2 10 24

    Total 366 369 406 378 394 408 438 2759 5419

    Fonte: Elaboração própria.

  • 49

    Tabela 6. Distribuição dos casos de tuberculose, segundo Região Administrativa, no Distrito Federal,

    no período de 2008 a 2014.

    Região Administrativa

    Ano

    2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total Total Geral

    Águas Claras 4 4 2 6 10 9 16 51 75

    Brasília 29 25 13 23 22 24 28 164 383

    Brazlândia 5 2 5 7 9 6 6 40 100

    Candangolândia 4 2 - 1 1 - 2 10 30

    Ceilândia 61 55 65 50 82 57 77 447 948

    Cruzeiro 8 5 5 3 3 3 5 32 63

    Fercal - - - - - - - 0 13

    Gama 25 13 19 25 32 15 26 155 306

    Guará 9 21 4 20 19 16 25 114 241

    Itapoã 5 4 5 5 6 8 6 39 49

    Jardim Botânico 1 - - 1 - - 1 3 8

    Lago Norte 3 2 1 3 2 7 2 20 47

    Lago Sul 8 4 2 2 2 6 4 28 57

    Nucleo Bandeirante 2 1 2 6 7 2 6 26 73

    Paranoá 15 9 14 18 19 11 11 97 167

    Park Way 3 - 2 - 2 2 1 10 33

    Planaltina 18 27 26 29 43 30 45 218 434

    Recanto das Emas 21 22 23 23 12 19 24 144 285

    Riacho Fundo 2 3 6 6 7 7 6 37 62

    Riacho Fundo II 3 4 4 4 4 2 2 23 52

    SIA 32 33 32 26 40 38 41 242 456

    Scia (Estrutural) 17 16 23 13 21 15 18 123 249

    Samambaia 20 24 8 19 15 16 10 112 266

    Santa Maria 8 3 5 3 11 12 8 50 72

    São Sebastião 1 - - - - - 1 2 22

    Sobradinho 21 13 12 14 11 16 16 103 222

    Sobradinho II 8 7 10 11 12 8 15 71 117

    Sudoeste/Octogonal 3 7 3 3 4 6 2 28 47

    Taguatinga 34 37 26 33 30 26 41 227 458

    Varjão 1 - 2 3 1 2 - 9 20

    Vicente Pires 1 1 2 2 5 4 6 21 40

    Não Identificados - 1 2 - 6 4 1 14 24

    Total 372 345 323 359 438 371 452 2660 5419

    Fonte: Elaboração própria.

    Analisando os óbitos por tuberculose no DF no período do estudo, obteve-se

    um CM de 0,19 óbitos por 100.000 habitantes. A partir do gráfico 4 nota-se que o

    ano de 2010 registra um CM de 0,65 óbitos por 100.000 habitantes para o sexo

    masculino, estando acima do valor registrado para todo o período.