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Universidade de Brasília Faculdade de Ceilândia A visibilidade do negro no Instagram do Ministério da Saúde Carolina Magalhães de Souza Silva Trabalho de Conclusão de Curso em Saúde Coletiva apresentado a Faculdade de Ceilândia da Universidade de Brasília para obtenção do título de Bacharel em Saúde Coletiva. Orientadora: Profª Drª Larissa Grandi Vaitsman Bastos Ceilândia - DF 2019

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Universidade de Brasília

Faculdade de Ceilândia

A visibilidade do negro no Instagram do Ministério da Saúde

Carolina Magalhães de Souza Silva

Trabalho de Conclusão de Curso em Saúde

Coletiva apresentado a Faculdade de Ceilândia

da Universidade de Brasília para obtenção do

título de Bacharel em Saúde Coletiva.

Orientadora: Profª Drª Larissa Grandi Vaitsman

Bastos

Ceilândia - DF

2019

A visibilidade do negro no Instagram do Ministério da Saúde

Carolina Magalhães de Souza Silva

Trabalho de Conclusão de Curso em Saúde

Coletiva apresentado a Faculdade de Ceilândia

da Universidade de Brasília para obtenção do

título de Bacharel em Saúde Coletiva.

Orientadora: Profª Drª Larissa Grandi Vaitsman

Bastos

Ceilândia - DF

2019

Carolina Magalhães de Souza Silva

A visibilidade do negro no Instagram do Ministério da Saúde

Trabalho de Conclusão de Curso em Saúde Coletiva apresentado a Faculdade de Ceilândia da Universidade de Brasília para obtenção do título de Bacharel em Saúde Coletiva.

Ceilândia, 02 de dezembro de 2019.

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________ Profª. Larissa Grandi Vaitsman Bastos

Faculdade de Ceilândia - Universidade de Brasília

_____________________________ Profª. Givânia Maria da Silva

Decanato de Extensão/ Faculdade de Educação - Universidade de Brasília

_____________________________ Profº. Breitner Tavares

Faculdade de Ceilândia - Universidade de Brasília

DEDICATÓRIA

Dedico esta contribuição científica a toda população que se vê como negra e para àquel@s

pessoas que, independentemente de como se veja, luta/age/vive/fala/canta/manifesta contra

o racismo.

Periferia Grita!

AGRADECIMENTOS

À minha mãe e pai por insistirem na minha educação e na da minha irmã, nos apoiando desde

os primeiros trabalhos de escola.

À irmã nerd, Débora, que foi meu primeiro exemplo de aposta no mundo acadêmico, para

além do ensino médio.

Ao companheirismo da Rayane, pelo “simples” fato de acompanhar todo o processo.

À Ester, uma amiga que me fez repensar sobre como me vejo e sou vista, bem como sobre

fazer uso do sistema de cotas raciais na UnB.

À Professora Larissa Grandi, que entende e corrige com muito carinho e ainda acha que é

carrasca. Também pela disposição, confiança e trabalho em equipe!

À Professora Givania Silva, pelo aprendizado, mas, com igual importância, por lutar também

em meu nome.

Ao professor Breitner Tavares, que com sua paciência e disponibilidade alivia o estresse

dessa etapa, além de também ser exemplo de resistência.

Agradeço a todos que passaram por mim enquanto parte do Laboratório ECoS, por todas as

contribuições.

Gratidão imensa à minha avó Hildete, pelas palavras de força e carinho e à toda minha

família, com a qual aprendemos a cada dia.

E a todas e todos que acreditaram em mim.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Subíndices do IDHM, Cor, Brasil - 2010

Figura 2 - Ato genocida do Correio Brasiliense

Figura 3 - Postagem exemplo do primeiro critério de exclusão - Imagem nº 2 na tabela

anexo de análise.1

Figura 4 - Postagem exemplo do segundo critério de exclusão - Imagem nº 5 na tabela

anexo de análise.

Figura 5 - Imagem nº 24 na tabela anexo de análise

Figura 6 - Imagem nº 508 na tabela anexo de análise

Figura 7 - Imagem nº 30 na tabela anexo de análise

Figura 8 - Imagem nº 312 na tabela anexo de análise

Figura 9 - Imagem nº 402 na tabela anexo de análise

Figura 10 - Imagem nº 19 na tabela anexo de análise

Figura 11 - O destaque do médico negro

Figura 12 - Imagem nº 83 na tabela anexo de análise

Figura 13 - Exemplo inclusivo de representação de população negra.

Figura 14 - Determinantes sociais de Saúde.

Figura 15 - Exemplo de imagem classificada como de gênero educativo.

1 Todas as imagens analisadas foram retiradas do Instagram do Ministério da Saúde. Todas as imagens estão

listadas e numeradas na tabela do anexo 1. Tal numeração não coincide com a numeração utilizada no texto.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Número de personagens segmentados por grupos étnicos analisados nas imagens

com personagens com etnia definida, coletadas do instagram no Ministério da Saúde, do

início de 2019.

Gráfico 2 - Número de imagens com personagens com etnia definida, coletadas do instagram

no Ministério da Saúde, no início de 2019, relacionadas à promoção da visibilidade negra.

Gráfico 3 - Frequência de temas nas imagens com personagens com etnia definida, coletadas

do instagram no Ministério da Saúde, no início de 2019.

Gráfico 4 - Frequência de gêneros jornalísticos nas imagens com personagens com etnia

definida, coletadas do instagram do Ministério da Saúde, no início de 2019.

LISTA DE SIGLAS

Constituição da República Federativa do Brasil (CF88)

Organização Mundial de Saúde (OMS)

Movimento da Reforma Sanitária Brasileira (MRSB)

Sistema Único de Saúde (SUS)

Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC)

Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS)

RESUMO

A saúde é um direito social do Brasil e um conceito amplo, que vai além do aspecto puramente fisiológico do corpo. O profissional de saúde coletiva, quando comprometido com a promoção da cidadania, deve buscar a inclusão social e o respeito às diferenças étnicas e culturais como um todo. No Brasil, a desigualdade social ainda é latente, especialmente no que se refere à questão racial. Esta pesquisa destaca a população negra, que ainda sofre as consequências do período colonial, como da invisibilidade na mídia, bem como nas redes sociais. Portanto, o objetivo geral deste estudo foi de analisar de que forma o Ministério da Saúde vem apresentando e representando a população negra em seu perfil da rede social Instagram, durante o primeiro semestre de 2019, e, em específico, discutir os significados das imagens coletadas e analisar se elas estão mais próximas do racismo institucional ou da promoção da igualdade racial. Para tal, foram analisadas 231 imagens produzidas pelo Ministério da Saúde e postadas no perfil da instituição na rede social Instagram, com suas informações organizadas em banco de dados do Excel. Como os principais resultados obtidos com a amostra, identificou-se lacunas, no sentido de ainda percebermos a invisibilidade da população negra nessa estratégia, quando se observou que apenas um terço da amostra apresenta imagens que promovem a visibilidade negra. Além disso, do total de 382 personagens com etnia definida, 121 (31,67%) personagens eram negros e 250 (65,44%), brancos. A luta contra o racismo ocorre com mudanças de paradigmas e de cultura, que recaem sobre o processo saúde-doença-cura, quando contribuímos para uma nova percepção e escolha de fatos políticos. Dessa forma, o caminho a ser seguido deve focar na efetivação de políticas, como a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial - PNPIR e Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.

Palavras-chave: Saúde da população negra, imagem e comunicação.

ABSTRACT

Health is a social right in Brazil and a broad concept that goes beyond the purely physiological aspect of the body. The collective health professional, when committed to the promotion of citizenship, should seek social inclusion and respect for ethnic and cultural differences as a whole. In Brazil, social inequality is still latent, especially in relation to the racial issue. This research highlights the black population, which still suffers the consequences of the colonial period, such as invisibility in the media, as well as in social networks. Therefore, the general objective of this study was to analyze how the Ministry of Health has been presenting and representing the black population in its profile of the Instagram social network, during the first half of 2019, and, specifically, to discuss the meanings of the images collected and analyze if they are closer to institutional racism or the promotion of racial equality. To this end, 231 images produced and posted by the Ministry of Health were analyzed in the profile of the institution in the social network Instagram, with their information organized in Excel database. As the main results obtained with the sample, gaps were identified, in the sense that we still perceive the invisibility of the black population in this strategy, when it was observed that only one third of the sample presents images that promote black visibility. In addition, of the total of 382 characters with defined ethnicity, 121 (31.67%) characters were black and 250 (65.44%) were white. The fight against racism occurs with changes in paradigms and culture, which fall on the health-illness-healing process, when we contribute to a new perception and choice of political facts. Thus, the path to be followed should focus on the implementation of policies, such as the National Policy for the Promotion of Racial Equality - PNPIR and the National Policy for Integral Health of the Black Population.

Keywords: Black population health, image and communication.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12

JUSTIFICATIVA 15

OBJETIVOS 18

Geral 18

Específicos 18

MÉTODOS 19

REFERENCIAL TEÓRICO 20

I - IMAGEM, IDENTIDADE E REPRESENTATIVIDADE DO NEGRO 21

II - INTERDISCIPLINARIDADE DA COMUNICAÇÃO EM SAÚDE 26

RESULTADOS E DISCUSSÕES 29

RESULTADO 1 - População negra na invisibilidade 30

RESULTADO 2 - O que mais o perfil demonstra? 42

CONSIDERAÇÕES FINAIS 47

REFERÊNCIAS 50

Anexo 54

12

INTRODUÇÃO

“Quem vive na extrema pobreza

Têm em comum o escuro na cor”.

(Rincon Sapiência - Ostentação à Pobreza).

Os cuidados em saúde, bem como o acesso aos serviços de saúde são temas

constantes na vida dos brasileiros. Nossa saúde é assunto transversal ao trabalho, à família

e aos amigos, sempre lembrado nas conversas de corredor, na mídia, na escola, na

faculdade. Entre tantos lugares e momentos, recorremos também à ancestralidade na

busca e compreensão de nossa saúde, o que nos remete ao povo negro e indígena, que

segue sofrendo e sendo desvalorizado.

A saúde é um direito social como preconiza a Constituição da República

Federativa do Brasil (CF88), no capítulo II, Art. 6º: “São direitos sociais a educação, a

saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a

previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,

na forma desta Constituição”. (BRASIL, 1988, p. 18).

Já a Saúde Coletiva surge como uma área do conhecimento, a partir do

Movimento da Reforma Sanitária Brasileira (MRSB), iniciado nos anos 70, abraçando os

direitos sociais, bem como o entendimento amplo do que é saúde. O curso herdou os

princípios - como da troca de saberes, da interdisciplinaridade e do vínculo - e a

resistência do MRSB - como de lutar pela saúde pública e como o direito que é (SOUTO

E OLIVEIRA, 2016).

Dessa forma, o sanitarista é o profissional da Saúde Coletiva, que deve ser

comprometido ética e politicamente com a valorização, defesa e preservação da vida, do

meio ambiente e da cidadania, no atendimento às necessidades sociais e individuais em

saúde. O trabalho desse profissional de saúde é de promover que a sociedade evolua, não

só no aspecto epidemiológico, reduzindo taxas de analfabetismo e mortes evitáveis, mas

também no sentido da inclusão social, do respeito às diferenças étnicas, religiosas e

culturais como um todo e no sentido da preservação dos espaços públicos. (Faculdade de

Ceilândia, 2017).

Por isso, compreender o quanto as desigualdades sociais como determinante

social de saúde compõem nosso estado de saúde que é aspecto fundamental na discussão.

13

Fato é, que a desigualdade social se vincula a um desenvolvimento que causa o

distanciamento entre o rico e o pobre, ao invés da justiça social e da real liberdade e

oportunidade dos cidadãos. Aspecto totalmente relacionado às determinações de saúde,

como a educação, moradia trabalho e participação social (AMARTYA SEN, 2001 Apud

MENDONÇA, 2014).

Existem grupos populacionais que necessitam de um pouco mais da nossa atenção

e cuidado. Não por ser uma questão de inferioridade, mas por uma condição imposta a

eles, o cuidado de saúde não deve ocorrer nunca por questão de pena, doação ou caridade.

Portanto, é por uma questão de direito que essas pessoas devem receber atendimento

diferenciado de acordo com as próprias especificidades.

São considerados em desigualdade social ou em desvantagem - não por escolha,

mas porque a isso foram submetidos, como acontece com o racismo institucional - quando

se trata, por exemplo, de escolaridade, renda e mortalidade.

O racismo institucional pode ser considerado como

“um modo de subordinar o direito e a democracia às necessidades do racismo,

fazendo com que os primeiros inexistam ou existam de forma precária, diante de

barreiras interpostas na vivência dos grupos e indivíduos aprisionados pelos

esquemas de subordinação desse último” (QUERINO et al, 2013 Apud

FLORES, 2017, p. 59).

Tais distâncias muitas vezes são oriundos de processos históricos, da persistência

de uma cultura excludente e de pessoas que desconhecem ou são desinformadas, o que

ocasiona preconceito e discriminação, como o machismo e a LGBTq+fobia.

Entre esses grupos estratégicos estão: população de Lésbicas, Gays, Bissexuais,

Transexuais, Travestis e de gênero fluido e não binário (LGBTq+), povos indígenas,

quilombolas, comunidades tradicionais de religião de matriz africana, ciganos, pessoas

com as mais diferentes síndromes e deficiências, idosos, imigrantes, ciganos, população

rural, entre tantos outros grupos que ficam fora do dito senso comum.

Esta pesquisa destaca um desses grupos, a população negra. Em 2016, 54,9% da

população brasileira se autodeclarou como negros e pardos, enquanto 45,3% como

brancos. (IBGE, 2017).

Esse grupo ainda sofre as consequências do período colonial e por isso ainda vive

desigualdade étnico racial, um dos desafios atuais da sociedade brasileira (FLORES,

2017).

Assim, partir da inquietação de como vem sendo promovida a igualdade racial no

ambiente virtual e considerando a possibilidade de atuação do sanitarista em todos os

14

níveis de complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e que devem utilizar-se de

todas as estratégias possíveis para o alcance do bem-estar coletivo e pessoal, torna-se

fundamental refletirmos o motivo de vermos pouco ou de não vermos pessoas negras no

que é veiculado em massa no Brasil.

Muitas campanhas publicitárias, sendo elas públicas ou privadas, apresentam o

mínimo de pessoas negras. Parece uma cota obrigatória, o que não representa, ou seja,

contradiz, o contexto do Brasil, por ser um país que possui a maior parte da população de

negros e pardos (KALCKMANN et al. 2007, p. 147).

Janes e Marques (2013) destacam, ainda, que a comunicação institucional

elaborada pelas autoridades de saúde quase sempre apresenta aspecto de

prescrição/obediência, o que aponta para a necessidade de mudanças nesse tipo de

atuação, na busca de entender o que a população entende do próprio processo saúde-

doença e sua relação com o ambiente de cada grupo.

As instituições de saúde, com as próprias assessorias de comunicação (Ascom),

fazem uso de modelo privado, o que deixa de lado a possível comunicação em favor do

SUS, buscando que seja pública e muito mais ampla e dialógica (ALBARADO, 2018).

Certamente, tal entendimento se estende também ao setor privado, mas

subentende-se que o setor público deve ser pioneiro e exemplo de uma experiência exitosa

como de buscar uma comunicação ideal, rumo ao diálogo, que compreenda o poder desse

papel e que “transite da situação de o Estado ter o poder sobre o cidadão, para a situação

de o cidadão empoderar-se de seus direitos” da cidadania (LEFEVRE e LEFEVRE, 2004

Apud JANES e MARQUES, 2013).

Ou seja, cabe ao setor público e privado; à comunicação institucional,

comunitária, pública e de imprensa; e às instituições públicas, para além das da saúde

praticarem o olhar sensível à visibilidade dos negros.

Assim, como estratégia de Informação, Educação e Comunicação em Saúde

(IEC), as redes sociais têm sido usadas como espaço de otimização do ambiente virtual

da comunicação. Elas têm o poder, não apenas de veicular, compartilhar e publicizar

informação, mas também de contar uma outra história, de otimizar a comunicação

interpessoal, de amenizar desigualdades e promover a equidade. (ALENCAR, 2014). Ou

seja, esses ambientes reproduzem o pensamento social, que tantas vezes marginaliza, por

meio do racismo, homofobia e machismo. Sim, somos um país racista.

A plataforma Instagram é uma rede social que surgiu em 2010 e tem mais de 400

milhões de usuários ao redor do mundo, que compartilham mais de 80 milhões de fotos

15

por dia, de acordo com informações do próprio aplicativo (INSTAGRAM, 2016 apud

HAGE e KUBLIKOWSKI, 2019).

Os brasileiros são destaque no público dessa plataforma, como das mídias sociais

como um todo, o que também aponta para a necessidade de discutirmos sobre o

significado das experiências on-line que é uma exposição contínua e idealizada, que

produz subjetividades e significados (SIBILA, 2008 apud HAGE e KUBLIKOWSKI,

2019).

Sabemos, ainda, que imagens produzem sentidos e têm seus significados, além de

serem capazes de mobilizar, divertir e emocionar. É necessário considerar que o que a

criança vê e o que todos nós crescemos vendo influência na identificação de cada um, de

cada grupo, no processo de amadurecimento, de saúde-doença e na qualidade de vida

como um todo.

As limitações desta obra convergem no pouco tempo e pequena amostra de

análise, visto que, realizada de outras maneiras, bem como de modo comparativo pode

revelar diferentes resultados.

Dessa forma, compreendido o tema e o contexto, resta destacar o objeto desta

pesquisa. Trata-se das imagens produzidas pelo Ministério da Saúde e postadas no perfil

da instituição, na rede social Instagram, durante o primeiro semestre de 2019, que foi o

recorte temporal selecionado pelo critério de atualidade.

Partindo, ainda, dos pressupostos teóricos abordados, a pergunta deste trabalho

gira em torno de verificar de que forma o Ministério da Saúde vem apresentando e

representando a população negra em seu perfil da rede social Instagram.

JUSTIFICATIVA

“Ceis abafaram nossa história, pra esconder potencial.

Fez parecer que desde sempre é cana ou cafezal”.

(Gabi Nyarai - Psicopretas vol. 2)

O tema da Saúde se conecta totalmente à Educação, no espaço das identidades,

quando levantamos a amplitude de tal relação, que constrói desde o imaginário da criança

em suas primeiras interações extrafamiliares, até a formação didática das profissões de

saúde, com ensino fragmentado, elitista e meritocrático.

16

Portanto, pertinente à discussão, a Comunicação apresenta-se como espaço com

características próprias que produz sentidos sociais; trocando e incorporando elementos

da saúde e [re]produzindo sentidos na sociedade, o que interfere na condição de saúde

individual e coletiva (ARAÚJO e CARDOSO, 2007). Ou seja, quando temos contato com

notícias incorporadas de dados e imagens, existem sentidos que estamos recebendo, de

forma crítica ou totalmente inquestionável.

Conectando tal produção e troca de sentidos, Martine (1994) propõe que a imagem

deve ser analisada pela sua significação e considerando a produção de sentido que possui

e que interage com atores e situações.

O discurso comunicacional sobre saúde não existe apenas de forma oficial.

Também devem ser considerados os discursos dos diversos emissores/receptores

envolvidos no processo. A vantagem principal dessa multiplicidade é o incentivo à

participação social, democrática e política na saúde pública. (JANES e MARQUES,

2013).

A relevância de abordar a interface Saúde e Comunicação se estabelece, pois

promove-se o “controle social (princípio garantido na Constituição de 1988 e na Lei 8080

que regulamentou a criação do Sistema Único de Saúde), o que evidencia a sua

importância” (JANES e MARQUES, 2013).

Tal participação social ocorre tanto na abertura ou facilitação ao diálogo com as

instituições de saúde, como na tomada de decisão informada, bem informada ou mais

bem informada, já que o acesso à informação, bem como seu real e total entendimento,

também determina a qualidade de vida de todos.

Outro aspecto importante nessa relação é quando percebemos que a classe

dominante em nossa sociedade, que porventura, é branca, pode utilizar poderes de

controle sociocultural, como a comunicação institucional, para reduzir ou não promover

a pessoa negra, o que, limita a ascensão vertical desse grupo na sociedade

(NASCIMENTO, 1978).

Por isso, a importância da visibilidade e representatividade negra na mídia ou nos

meios de comunicação, já que são espaço de convívio, de influência, de troca de saberes,

cuidado e informação. Contribuição de um dos eixos da Saúde Coletiva, ao articular ações

e estratégias de Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC), a partir das

demandas que surgem com a intensificação da relação humana com a tecnologia.

17

Dentre os meios de comunicação, pode-se considerar que as mídias sociais como

o Instagram podem ser utilizadas para promover saúde, como apontam notícias

disponibilizadas no Blog da Saúde, em pesquisa na página.

No Blog da Saúde, ao buscar pelo descritor “Instagram”, encontram-se alguns

exemplos de uso eficiente da plataforma no sentido do promover saúde. É o caso de Thaís

Amorim, de 25 anos, que passou por ostomia, uma cirurgia realizada para construir um

novo trajeto de eliminação de fezes e urina. Compartilhando sua rotina, ela utilizou do

Instagram como uma estratégia positiva para promover visibilidade a essas pessoas que

consideradas com deficiência física e por isso podem se utilizar dos direitos pertinentes.

(BOLONEZI, 2018).

Esta notícia corrobora com o objetivo desta análise e discussão, no sentido da

necessidade de apresentar de forma positiva de segmentos populacionais que necessitem

de cuidados ou direitos diferenciados, ou muitas vezes, apenas empatia e respeito. Outro

caso relatado no Blog da Saúde, aponta para o projeto que busca o resgate da autoestima

de mulheres com vitiligo no Brasil. Trata-se da história da carioca Beth Filippelle, de 48

anos, que tem vitiligo desde os 16 anos.

“Há dois anos eu fiz meu Instagram e comecei a fazer fotografias propositais

com as minhas manchas bem aparentes e tive muitas curtidas e comentários. Até

que um comentário me chamou atenção, pois uma moça disse que não se

aceitava, mas estava feliz por eu me aceitar”. (TINÉ, 2018).

É nesses sentidos, de visibilizar e promover a autoestima de grupos estratégicos,

que podemos prosseguir com a discussão da relação da comunicação, enquanto mídias

sociais, com a visibilidade, e, portanto, com a saúde. Tal relação se reproduz no espaço

digital, que tantas vezes e de diversas formas interage com a área da saúde, que pode

perpetuar ou ressignificar a situação de desigualdade racial da população negra no Brasil.

Em específico para tal povo, Sueli Carneiro (2003) complementa que quando o

significado que representa o grupo é negativo ou superficial na mídia, torna-se uma das

práticas que perpetuam a discriminação racial. Isso porque, dessa forma, a hegemonia da

branquitude prevalece e essa cultura continua se apresentando como uma violência

simbólica. Cotidianamente cria e mantém estereótipos que acabam sendo um forte

disparador da discriminação racial, o que gera consequências drásticas, também na saúde

individual e coletiva (CARNEIRO, 2003).

Segundo o Atlas da violência de 2018, a forte concentração de homicídios na

população negra é um dos mais escancarados exemplos da desigualdade racial do Brasil:

18

em 2016, a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros

(16,0% contra 40,2%). Entre 2006 e 2016, a taxa de homicídios de negros cresceu 23,1%,

enquanto a de não negros teve uma redução de 6,8%, e ainda, a taxa de homicídios de

mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não negras. Os homens jovens negros

são o perfil mais frequente do homicídio, são as principais vítimas da ação letal das

polícias e o perfil predominante da população prisional do Brasil (IPEA e FBSP, 2018).

Isso não nos permite concluir que simplesmente o país, como um todo, é violento, já que,

uma parcela da população vive em situação tão contrária à outra parcela, no aspecto racial.

Incluir pessoas diversas, como da raça negra ou parda, num folder, pode parecer

simples, mas causará muito mais afinidade com o público desejado - considerando o

cenário brasileiro - do que apontam campanhas publicitárias de cunho muito amplo e nada

inclusivo. Isso sim seria uma ação de visibilidade dessas pessoas, que poderia

proporcionar maior representatividade, contemplando populações específicas que

desaparecem diante do senso comum. Nota-se onde se adequam as políticas de ações

afirmativas, que têm seu papel e potencial fundamentais que poderiam estar sendo

amplamente utilizadas como mecanismo de mudança cultural.

Assim, subentende-se as possíveis consequências dessa violência simbólica na

vida do grupo estratégico de pessoas negras no Brasil. O que se torna fundamental discutir

o tema da imagem do negro, bem como da visibilidade negra no Instagram do Ministério

da Saúde, a fim de subsidiar práticas de enfrentamento ao antiquado, histórico, porém

persistente problema do racismo. Na saúde, um dos impactos desse problema aparece em

taxas de mortalidade mais expressiva para pessoas negras, que também acessam menos

os serviços desse tipo de assistência.

OBJETIVOS

Geral

Analisar de que forma o Ministério da Saúde vem apresentando e representando

a população negra em seu perfil do Instagram, com recorte temporal do primeiro semestre

de 2019.

Específicos

19

Discutir os significados das imagens coletadas, especialmente frente à

representatividade e visibilidade negra, do perfil do instagram do Ministério da Saúde;

Analisar se as imagens produzidas estão mais próximas do racismo institucional

ou da promoção da igualdade racial.

MÉTODOS

Este estudo exploratório apresenta aspecto qualitativo e quantitativo, já que se

procura identificar como e o quanto a população negra vem sendo apresentada. Para tanto,

apresenta-se uma análise de imagens. Foram utilizados os produtos divulgados pelo

Ministério da Saúde, no âmbito da mídia social Instagram. A princípio, 627 imagens

foram coletadas de ambiente online, especificamente do perfil da instituição no

Instagram, apenas do primeiro semestre de 2019, ou seja, de 1º de janeiro até 30 de junho,

destacando um período representativo.

Os itens foram coletados por meio de cópias de tela, enumerados com auxílio da

plataforma Canva, com suas informações organizadas em banco de dados do Excel. A

data de início da análise foi 18 de setembro de 2019, quando foi realizada a contabilização

e a coleta de todas as publicações do período.

Para contemplar o objeto deste estudo, a amostra da pesquisa foi elaborada com

231 unidades de análise. Quer dizer que do total das 627, foram excluídas 343 imagens

que apresentaram os seguintes critérios de exclusão: a imagem não apresenta qualquer

personagem visível ou a imagem possui personagens, mas que não tiveram a etnia

possível de ser definida, como é o caso de sombras, silhuetas, desenhos, entre outros.

Apontadas pelos objetivos específicos e que guiam o resultado, foi elaborado um

quadro com as informações de registro e das categorias que foram analisadas para cada

imagem coletada. As informações de cada imagem foram registradas de acordo com o

número da imagem, tema, cenário e características dos personagens (quantidade,

identidade de gênero, raça/etnia, ocupação profissional). Foram utilizadas também,

variáveis da análise que buscaram compreender a prática da instituição quanto à

promoção da visibilidade e da representatividade negra, a fim de identificar como a

Política Nacional de Saúde da População Negra vem se concretizando nas imagens

produzidas pelo Ministério da Saúde.

20

REFERENCIAL TEÓRICO

Saúde como “Direito de todos e dever do Estado”, é um conceito de saúde

prescrito no Art. 196, da seção II, da CF88, o qual também aborda que este direito deve

ser “garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de

doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua

promoção, proteção e recuperação”. (BRASIL, 1988, p. 118).

Neste trabalho considera-se também o entendimento de saúde preconizado pela

Organização Mundial de Saúde (OMS), como sendo um estado, que deve buscar se

aproximar, do bem-estar físico, mental e social e não somente como a ausência de

afecções ou enfermidades, ampliando o entendimento apenas biológico, do que é estar

saudável ou não.

Tais conceitos e entendimentos foram e continuam sendo alinhados desde o início

do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira (MRSB). Nesse período, a falta de uma

política pública voltada para a garantia do direito social que é a saúde se tornou latente, o

que fez surgir o Sistema Único de Saúde (SUS) como uma demanda conquistada pelo

povo, regulamentado em 1990. (SOUTO e OLIVEIRA, 2016).

O campo da Saúde Coletiva surge no Brasil, a partir da crítica à medicina

preventiva e da aproximação à medicina social, com as proposições de Sérgio Arouca

(2003), um dos destaques do MRSB. (SOUTO e OLIVEIRA, 2016).

Na dimensão epistemológica, a criação do plural e aberto campo da saúde

coletiva que vem possibilitando a emergência de múltiplos saberes, e de uma

justiça cognitiva pelo exercício real de uma ecologia de saberes, constituindo-

se como um dos valores do projeto do MRSB de resistência e construção de

alternativas, frente ao projeto de uma globalização neoliberal excludente e

monocultural.(SOUTO e OLIVEIRA, 2016).

Portanto, a Saúde Coletiva se torna um campo que envolve a epidemiologia, a

gestão e administração de serviços, o planejamento e o monitoramento de políticas

públicas, ao passar pela compreensão de financiamento, de participação e de controle

social, de direito, de modelos de atenção, sem excluir os aspectos socioculturais também

determinam como está a saúde.

Estratégias e práticas de IEC também compõem a formação do profissional

sanitarista, o qual compreende que todo esse referencial teórico e prático é igualmente

fundamental para a eficiência do SUS e para a melhoria da qualidade de vida de todos,

assim como de grupos estratégicos, como é o caso do povo negro.

21

Consequentemente, é construída a proposta de uma otimização no

compartilhamento, na troca de conhecimento e no acesso à informação. Então, isso gera

maior visibilidade e agrega valor à finalidade proposta de qualquer instituição ou política,

uma estratégia cada vez mais utilizada pelo SUS (ALENCAR, 2014).

Dentro das habilidades que a saúde coletiva propõe aos seus profissionais está

a de planejar, administrar e supervisionar, daí a relevância e escolha do objeto

do estudo que é mostrar a importância das organizações de saúde em utilizar

dessas ferramentas para transmitir, informar, comunicar e aproximar com

conteúdos inteligentes e relevantes (ALENCAR, 2014).

Dessa forma, destaca-se dentro da dimensão de IEC o campo da comunicação que

se apresenta também como um aspecto organizacional, como um sistema tecnológico e

ainda como um espaço com características próprias. Ou seja, um campo que produz

sentidos sociais, um ator social que influencia no cotidiano e processo saúde-doença das

pessoas e de grupos específicos. (ARAÚJO e CARDOSO, 2007).

Os meios de comunicação transferem ao público as representações sociais que vão

formando nosso imaginário social, já que são agentes que executam, constroem e

(re)significam na sua produção os sistemas de representação, posição de destaque na

consolidação de imagens e sentidos sobre culturas ou povos, como o negro (CARNEIRO,

2003).

I - IMAGEM, IDENTIDADE E REPRESENTATIVIDADE DO NEGRO

Levante a cabeça o mais alto que puder

Amo vê-los, vocês são pequenos homens

Porque a vida às vezes é fria e cruel

Baby, ninguém mais lhe dirá

Então, lembre-se de que você é

Você é ouro negro, ouro negro

Você é ouro negro!

(Black Gold - Esperanza Spalding)

De acordo com Diretoria de Pesquisas do IBGE, em 2012, a população de negros

e pardos era de 52,7%, enquanto a população branca ocupava 46,6%. Em 2016, a

população do Brasil era de 54,9% que se autodeclararam como negros e pardos e 45,3%

como brancos. (IBGE, 2017).

22

Apesar de ser a minoria, observa-se que o grupo étnico que ocupa as melhores

posições como de emprego e escolaridade é a população branca. Quer dizer que a

desigualdade racial ainda é muito evidente:

Na área da saúde, estudos recentes têm evidenciado “que as desigualdades

quanto à saúde e [à] assistência sanitária dos grupos étnicos e raciais são óbvias

e que, das explicações de tais desigualdades, o racismo é a mais preocupante”

(ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2001, p. 7 apud

KALCKMANN et al. 2007, p. 147).

Pessoas negras estão entre as maiores vítimas no país, sendo muitas vezes, vítimas

fatais. No caso do sistema penal não é diferente: são os negros que mais morrem pela

polícia, frente à diminuição dos mesmos tipos de casos com pessoas brancas (FLORES,

2017).

São as mães negras que mais morrem, muitas vezes por agravos decorrentes de

pressão arterial alta, o que é bastante prevenível, entre outros casos em que a população

negra é apontada como mais vulnerável.

A pesquisa nacional Desenvolvimento Humano para Além das Médias, publicado

pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), elaborada em

parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e a Fundação João

Pinheiro (FJP); revela a desvantagem de 10 anos entre pessoas negras e brancas. O IDHM

dos negros em 2010 (0,679) se equiparou ao IDHM dos brancos dez anos antes, em 2000

(0,675), revelando uma desigualdade que precisa ser reparada. A evidente desigualdade

aparece, ainda, nos detalhes do Índice, como aponta a figura nº 1. (PNUD, 2017).

Figura 1 - Subíndices do IDHM, Cor, Brasil - 2010 (com adaptações)

23

As desigualdades ainda persistem nas estruturas sociais, gerando reflexo nas

condições de vida das mulheres negras, com destaque para o processo, diferenciado, de

saúde-doença. As mulheres negras em vários aspectos estão em desvantagem em relação

às mulheres brancas. Em relação ao acesso universal aos serviços de saúde existem

determinados grupos populacionais com o acesso integral facilitado em detrimento de

outros (GOES, 2012).

Mais uma vez, o sofrimento - mesmo que atrelado à resistência dessa população -

pode ser visto como prática genocida contra essas pessoas, mesmo na área da

comunicação, como aponta Abdias Nascimento (1978), referência fundamental nessa

discussão.

Recusa do direito de existência a grupos humanos inteiros, pela exterminação

de seus indivíduos, desintegração de suas instituições políticas, sociais,

culturais, linguísticas e de seus sentimentos nacionais e religiosos. Ex.:

perseguição hitlerista aos judeus, segregação racial, etc. (BRASIL, 1963, p. 580.

Apud NASCIMENTO, 1978).

Ou seja, o embranquecimento cultural é uma estratégia de genocídio da população

negra no Brasil, ao não inserir no cenário do país, permitindo as desastrosas

consequências sociais, como de potenciais que não foram desenvolvidos. A exemplo,

percebe-se uma capa recente de um Jornal de grande circulação pelo Distrito Federal, o

Correio Braziliense.

Figura 2: - Ato genocida do Correio Brasiliense

24

Observe que a imagem mostra os rostos do futuro do Brasil. Perceba: existe algum

tipo de inclusão social na imagem? Após críticas, a equipe divulgou uma nota de

desculpa, mas também, ao mesmo tempo, de autopromoção. É esse tipo de cultura que

deve ser repensada, para ser desinstitucionalizada.

designar o racismo estilo brasileiro: não tão óbvio como o racismo dos Estados

Unidos e nem legalizado qual o apartheid da África do Sul, mas eficazmente

institucionalizado nos níveis oficiais de governo assim como difuso no tecido

social, psicológico, econômico, político e cultural da sociedade do país

(Nascimento, 1978).

Tal pensamento acompanha a dificuldade em nos aceitarmos enquanto sociedade

racista, que ainda convive sim com um apartheid, apesar de sermos ludibriados pela falsa

democracia racial.

Dessa forma, torna-se obrigatório compreender que a imagem é um símbolo que

transmite discursos e que faz parte da construção da realidade. Elas relacionam o

significante e o referente, permitindo o seu reconhecimento ou não por quem a vê

(MARTINE, 1994). Ou seja, por meio da imagem e visibilidade, pode incentivar ou

invisibilizar um grupo, uma situação-problema ou uma informação de saúde.

Também por ser histórica, a questão da identificação étnico-racial da população

é, de fato, bastante complexa. O fenômeno de se identificar ou rotular como sendo de uma

raça, pode ser compreendido de muitas maneiras.

Uma das questões-chave no estudo da identificação étnico-racial da população

se refere à pluridimensionalidade deste fenômeno, como já foi assinalado

anteriormente. Esta característica, entretanto, não aparece revelada a partir do

atual sistema de classificação utilizado nas pesquisas, na medida em que este

sistema se restringe à utilização de cinco categorias, sendo que as mesmas não

são nem excludentes – já que existe interseção de significado e uso entre elas –

nem exaustivas – dado que não recobrem totalmente o campo da variabilidade

empírica do fenômeno (BRASIL, 2013).

Quanto à discussão sobre o termo “raça”, ela não se dá no campo da linguística

ou da gramática, nem tampouco se aplica à genética. Trata-se, portanto, neste trabalho,

duma definição social, ou seja, explica uma realidade vivenciada e percebida por todos,

por meio de práticas, crenças e do status de indivíduos e grupos na sociedade (BRASIL,

2013).

Quer dizer que, admite-se “o postulado da arbitrariedade do signo e da autonomia

do significante, o que importa a considerar é o sentido e os efeitos dos sentidos do termo,

25

recordando que não existe <verdade> destes, mas apenas dos usos do termo.”

(BONNAFOUS; FIALA, 1992 apud BRASIL, 2013, p.15).

A persistência da utilização dessa palavra, raça, a reafirma como sendo uma

realidade simbólica extremamente eficaz nos seus efeitos sociais, com poder que “se

apoia sobre uma marca “natural”, visível, transmissível de maneira hereditária, pregnante

à percepção imediata”, mas que permite o agrupamento ou a segregação das pessoas

(BONNIOL, 1992b apud BRASIL, 2013. p. 17).

Dessa maneira, a noção de raça ainda permeia o conjunto de relações sociais, no

sentido de a pessoa poder ser “identificada, classificada, hierarquizada, priorizada ou

subalternizada a partir de uma cor/raça/etnia ou origem a ela atribuída por quem a

observa” (BRASIL, 2013. p. 17).

Ao refletirmos sobre visibilidade negra, compreende-se a raça também como uma

construção histórica, bem como os estigmas relacionados à questão. É um processo

elaborado “a partir de um ou mais signos ou traços culturalmente destacados entre as

características dos indivíduos: uma representação simbólica de identidades produzidas

desde referentes físicos e culturais” (GARCIA, 2006 apud BRASIL, 2013. p. 17).

O caminho desta análise permitiu, ademais, o conhecimento de que o termo negro,

que historicamente é uma palavra estigmatizada e pejorativa, causou muito sofrimento,

até que foi ressignificado em especial por conta do Movimento Negro Unificado (MNU),

fundado em 1978, quando o termo voltou a ser utilizado como deveria (BRASIL e TRAD,

2012).

A atuação do MNU voltou-se contra a discriminação racial, a violência e o

desemprego, procurou fazer do termo “negro” uma designação positiva,

referente aos descendentes de africanos e buscou resgatar a identidade étnica

específica do negro a partir do que se poderia denominar “africanização”. O

MNU tornou-se um movimento de vanguarda que buscou igualdade na diferença

e a valorização de símbolos relacionados à cultura negra (DOMINGUES, 2007

Apud BRASIL e TRAD, 2012).

Portanto, são fundamentais as referências Portanto, são fundamentais as

referências negras, nos guiando com relação à “estética, artes, cultura e, especialmente,

política”. A compreensão sobre o que é representatividade é muito pertinente como

importante “chave para que grandes mudanças possam ocorrer num horizonte de uma

sociedade mais justa e igualitária”. (Pires, 2019).

Precisamos fortalecer essa população em vários sentidos. E um deles, que pode

ser muito pequeno, “é garantir que as pessoas negras estejam presentes -

proporcionalmente - nas equipes, nos esportes, nas revistas, na televisão, na academia, na

26

literatura, nos cargos do Executivo, do Legislativo e do Judiciário”. Qualquer pessoa

deveria ter a possibilidade de esgotar seus potenciais e autoconhecimento e chegar onde

quiser. “Num país onde 54% da população é negra, nunca será normal situações

institucionais sem pessoas negras” (PIRES, 2019). O apagamento da história e cultura

negra e indígena são permanentemente utilizados como mecanismo de dominação.

Não abandonar a discussão nos diferentes espaços, especialmente de formação de

profissionais da saúde e educação é um benefício para todas e todos, “contribui para a

redução das desigualdades, para a promoção da empatia e da tolerância e, por

conseguinte, para combater a violência”, ou seja, temos uma estratégia urgente a praticar

(PIRES, 2019).

II - INTERDISCIPLINARIDADE DA COMUNICAÇÃO EM SAÚDE

A comunicação já foi bastante utilizada de forma apenas instrumentalizada,

cumprindo objetivos da ou para a saúde, bem como de outras áreas. Porém, tratar como

Comunicação e Saúde se torna um conceito mais completo, já que os campos se misturam

e se envolvem com outros campos, como o da educação popular e o da informática, e já

que reunimos diversas habilidades que nos possibilitam trabalhar simultâneos às duas

perspectivas (ARAÚJO e CARDOSO, 2007).

Se tratando de Comunicação e Saúde, quando o espaço de fala é o da saúde, o

Sistema Único de Saúde (SUS) não deve deixar de ser mencionado e isso se relaciona

com nossa compreensão e atitude sobre “os processos sociais de produção dos sentidos

que afetam diretamente o campo da saúde”. E assim, todo aparato teórico, conceitual e

metodológico da comunicação passa a fazer parte do campo da saúde, quando opera sob

o cenário do SUS e assim, os interesses tanto da comunicação quanto da saúde interagem

e os campos se fundem. (ARAÚJO e CARDOSO, 2007).

Para além disso, percebe-se a força que a mídia tem, quando se fala da percepção

dos usuários dos serviços de saúde:

A ampliação dos horizontes de interlocução do campo da saúde com a

comunidade, representada pelos diferentes segmentos que a

constituem, depende em grande parte dos meios de comunicação. A

mídia, em seus mais diversos veículos de comunicação, exerce nesse

contexto um papel de fundamental importância, seja na difusão de

orientações e informações de interesse coletivo, em relação a

procedimentos sanitários básicos, seja na formação da opinião pública

27

quanto à promoção da saúde como um direito do cidadão (JANES e

MARQUES, 2013).

Então, ao considerar o papel da comunicação em saúde e sendo o Ministério da

Saúde o órgão federal executivo que cuida da saúde no Brasil, seu perfil no instagram,

bem como em outras redes sociais, tem alguma relevância na construção da identidade e

dos princípios, moral e preceitos da sociedade ou, ao menos do público que ali se

encontra.

Dentro disso, o Instagram é uma mídia social que tem sua importância no sentido

do reconhecimento pelo espelhamento - ou seja, quando não se vê, sente que não pertence.

Pode ocorrer o sentimento de frustração e exclusão e com isso, a pessoa se vê realizando

um movimento de se adequar ao grupo aceito - percebe-se mais uma vez, o poder das

produções de instituições com alta credibilidade.

O Ministério da Saúde necessita de equipes de Assessoria de Comunicação Social,

para a execução da política de Comunicação Social da instituição, e ainda:

responsável pela formulação, implementação e utilização de meios diversos para

divulgação da imagem institucional, da missão e ações do órgão estabelece

objetivos estratégicos definidos em planos anuais de comunicação e está

estruturada em três áreas de atuação: Eventos, Imprensa e Publicidade. Já a

Assessoria de Imprensa, Jornalismo e Divulgação elabora os planos de

divulgação das ações e programas do Ministério da Saúde e é, também, a

responsável pela criação e promoção de instrumentos para essas divulgações.

Outra atribuição da Assessoria de Imprensa é a coordenação das ações de

comunicação do Ministério da Saúde direcionadas à imprensa. Além da

produção de notícias de interesse público e relacionadas às ações do órgão,

constam das competências da área, o relacionamento com instituições

responsáveis pela captação, produção e difusão de notícias para a promoção e

articulação do Ministério da Saúde como fonte de informação. (BRASIL, 2019).

A área de Assessoria de Imprensa coordena o Portal da Saúde, que concentra

informações gerais da pasta, além de conteúdos noticiosos e multimídia voltados para o

cidadão, imprensa, profissionais de saúde e gestores. Ela também responde pela utilização

de mídias alternativas direcionadas às temáticas da Saúde com a produção de conteúdo

para mídias sociais. (Brasil, 2019).

A comunicação também pode ser vista de forma simples, como “ação de tornar

algo comum a muitos”, o que propõe uma otimização no compartilhamento de

informação, que passa a ser produzida por muitos, dando visibilidade e agregando valor

à finalidade proposta da instituição (ALENCAR, 2014); o que corrobora com o bom uso

das redes sociais.

Isso também se aplica ao Sistema Único de Saúde - SUS, uma vez que possui todo

um sistema de significados, construído nas relações e conexões existentes entre os

28

diversos autores dessa política, que se constituem, por exemplo, por meio das mídias

sociais, já que, afinal, a real rede social é formada pelos atores sociais por trás das telas e

por um conjunto de “nós” que se conectam (ALENCAR, 2014).

O Instagram, uma das redes sociais mais usadas no Brasil, foi criado pelo

brasileiro, Mike Krieger e o empreendedor de informática e fotógrafo, Kevin Systrom.

Ao repaginar o aplicativo burbn, focaram no que era mais elogiado nos testes: postar

fotografias, interagir e marcar onde você estava. O nome surge da fusão de instantâneo

com telegram, já que as fotos eram enviadas a todo momento, mas de forma online

(KLENA, 2019).

Em seguida, surge a proposta dos filtros no aplicativo, para dar um tom artístico

e de melhor qualidade para as fotos. Isso difere o Instagram até hoje, no sentido de

promover uma estetização social, para além do diálogo proposto pelo Twitter e Facebook,

que também apresentam suas características positivas e negativas (KLENA, 2019).

Lançado em 2010, apenas para o sistema operacional móvel da Apple, o IOS, após

dois meses o Instagram já tinha 1 milhão de usuários, incluindo celebridades e pessoas

influentes. Desde então, o Facebook comprou o aplicativo, diversas atualizações foram

realizadas ao longo dos anos e houve o alto uso da plataforma pelos perfis comerciais e

de influenciadores digitais (KLENA, 2019).

Uma pesquisa realizada em 2017 pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil,

apontou os principais usos da internet pela população brasileira, em que, o uso de redes

sociais como Facebook ou Instagram é o terceiro mais frequente, com 71% do total das

atividades online (HAGE e KUBLIKOWSKI, 2019). Além disso, a cada “1.000 jovens

brasileiros entre 18 e 35 anos, foi concluído que 61% acessam pelo menos uma vez por

dia o aplicativo” (TOZETTO, 2015 apud HAGE e KUBLIKOWSKI, 2019).

Percebendo, mais uma vez, a amplitude de alcance do Instagram, compreendemos

porque os espaços da mídia, onde podemos incluir as mídias sociais, são pauta constante

no movimento de mulheres negras (SUELI CARNEIRO, 2003), mas que também se

aplica à população negra em geral, porque a naturalização do racismo e do sexismo pode

ser reproduzida, cristaliza ou enraizada por meio dela, ao perpetuar “sistematicamente,

estereótipos e estigmas que prejudicam, em larga escala, a afirmação de identidade racial

e o valor social desse grupo” (CARNEIRO, 2003). Se existe esse poder da mídia, ela

também é uma forte estratégia para realizar o contrário: promover a visibilidade dessa

população.

29

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A fim de alcançar o objetivo geral, de analisar de que forma o Ministério da Saúde

vem apresentando e representando a população negra em seu perfil do Instagram,

identificou-se lacunas, no sentido de ainda percebermos a invisibilidade da população

negra nessa estratégia de IEC.

Em específico segue uma breve discussão ao redor dos significados das imagens

coletadas, especialmente frente à visibilidade negra, do que foi coletado como amostra

do perfil do Instagram do Ministério da Saúde.

Foi elaborado um quadro de análise demonstrando as informações de registro e

das categorias que foram analisadas para cada imagem coletada, a fim de facilitar na

compreensão dos resultados. Assim, o quadro 1 (anexo 1) compreende o objeto de estudo,

elaborado após a análise das 231 imagens que continham personagens, que por sua vez,

teria a etnia possível de ser definida.

Assim, a Figura 3 exemplifica aquelas que não possuem personagem, um dos

critérios de exclusão para compor a amostra, abordando o cuidado com marmitas.

Destaca-se também, que nos casos de postagem múltipla, foram consideradas apenas as

imagens de capa de cada uma.

Figura 3 – Postagem exemplo do primeiro critério de exclusão.2

A figura 4, sobre cuidado de saúde, que mostra aparentemente um corredor vazio

de prédio ou unidade de saúde, um ambiente de cor clara, com foto com sombra, com

foco nos homens, e com um homem na foto, aponta a existência de personagem, mas que

2 Na tabela do anexo a imagem é número 2

30

tem a etnia impossível de ser definida, outro critério de exclusão selecionado para não

compor a amostra.

Figura 4 - Postagem exemplo do segundo critério de exclusão3

Assim, segue os resultados principais desta pesquisa, que focou nos personagens

do objeto de estudo. Isso porque o grupo que obtém ou predomina os espaços de fala,

define quem tem o privilégio de delimitar “os objetos, metodologias e as práticas”

(ARAÚJO e CARDOSO, 2007, p. 20). Ou seja, mais uma vez os privilegiados adquirem

poder, nesse caso, inicialmente no âmbito acadêmico, com pesquisas que muitas vezes

podem não ser direcionadas a povos ou situações em vulnerabilidade, mantendo

recorrentes não-respostas para os problemas dessas pessoas.

RESULTADO 1 - População negra na invisibilidade

E nem venha me dizer que isso é vitimismo

Não bota a culpa em mim pra encobrir o seu racismo!

(Bia Ferreira - Cota Não é Esmola)

Fazendo referência ao significado da imagem da população negra numa

comunicação que produz sentidos, destaca-se a VI diretriz da Política Nacional de Saúde

Integral da População Negra, indicando a necessidade de promover a igualdade racial nos

processos e produtos de comunicação. A VI diretriz aponta para o “Desenvolvimento de

3 Na tabela do anexo a imagem é número 5

31

processos de informação, comunicação e educação, que desconstruam estigmas e

preconceitos, fortaleçam uma identidade negra positiva e contribuam para a redução das

vulnerabilidades”. (SEPIR, 2007).

O destaque também se dá ao observar um dos princípios nos quais se assegura a

Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial - PNPIR. Trata-se do documento

Brasil sem Racismo, que indica a implementação de políticas de promoção da igualdade

racial em áreas como o trabalho, cultura e comunicação, educação e saúde. (BRASIL,

2003).

A inserção da questão racial na agenda política se arrasta no Brasil desde a criação

do conselho de participação e desenvolvimento da comunidade negra, no estado de São

Paulo, em 1984. Passou pelo reconhecimento do racismo no país, pelo Presidente

Fernando Henrique Cardoso, em 1995, de Zumbi como herói nacional e do dia 20 de

novembro como dia -quase- nacional da consciência negra, em 1996 (RIBEIRO, 2009).

A Política surge para promover a equidade racial em saúde, por ser uma demanda

social latente especialmente do movimento negro. Uma das primeiras solicitações foi de

adicionar a categoria do quesito raça em diversos documentos.

A própria existência da Política é um reconhecimento formal do racismo

institucional existente no país e no SUS. O mito da democracia racial ainda vigora,

diferente do que aprendemos quando crianças, de que somos todos iguais. A elaboração

da política une elementos das instituições sociais e também da superestrutura, aqueles

“aspectos ideológicos e hegemônicos em torno da formação da identidade nacional

brasileira” (BRASIL e TRAD, 2012. p. 64). Dentro disso, cabe o imaginário que temos

sobre pessoas, grupos e instituições, que por sua vez é bastante alimentado nas mídias.

Quando entendemos como são a dimensão, a estrutura, a articulação e as disputas

que estão ao redor desses poderes começamos a pensar a atuação desses atores. Quem são

esses representantes que de fato concretizam essas decisões? (BRASIL e TRAD, 2012).

Nesse sentido, o movimento negro seguiu sendo protagonista nesta parte da história do

Brasil, demandando especificidade e não apenas o caráter universal so SUS, que de tão

amplo, não reconhecia ou não enfatizava o problema do racismo, já que, quando não se

fala, se esconde o problema e isso não é neutralidade.

Outras conquistas ocorreram de 2003 a 2006, listadas como:

❖ Lei nº 10.678/2003 – Criação da SEPPIR em 23 de maio;

32

❖ Lei nº 10.639/2003 – Inclusão da obrigatoriedade da temática e Cultura

Afro-Brasileira no currículo oficial da Rede de Ensino;

❖ Decreto nº 4.886/2003 – Institui a Política Nacional de Promoção da

Igualdade Racial- PNPIR;

❖ Decreto 4887/2003 - Institui a identificação, reconhecimento, delimitação,

demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades

dos quilombos;

❖ Instituição do Programa Brasil Quilombola, em março de 2004;

❖ Conselho Nacional de Saúde aprova Política Nacional de Saúde Integral

da População Negra.

Finalmente em 2010, ano em que o IBGE declara a maior parte da população

como negra, exacerbando os resultados esperados (BRASIL, 2013), foi lançado o Estatuto

da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010), grande marco na história dessa população, mas

que ainda necessita de destaque. Na sequência, outro grande marco é a Lei de Cotas (nº

12.711/2012) que universaliza reserva de vagas para negros nas instituições de ensino

superior e institutos técnicos federais e a Lei 12.990/2014 que Reserva aos Negros 20%

das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e

empregos públicos no âmbito da Administração Federal (RIBEIRO, 2009).

Dessa forma, como principal resultado, observou-se na análise, que a maioria das

imagens apresenta pessoas brancas e não promovem a visibilidade da pessoa negra. Ou

seja, a comunicação realizada está mais institucionalizada no sentido do racismo do que

da efetivação das políticas de promoção da igualdade racial.

É possível justificar tal resultado, quando se percebe quantas vezes o racismo pode

ser considerado como um pilar de nossa história, que se apresenta cotidianamente, velado

ou não, como uma trança perversa de vulnerabilidades: a social, a individual e a subjetiva.

(SAMPAIO, 2011).

Portanto, para a análise elaborada, as pessoas foram analisadas por meio da

heteroclassificação, deixando de lado a autoclassificação, mas na tentativa de não focar

apenas nas características fenotípicas, como a primeira preconiza (Brasil, 2013). Assim,

foram classificadas como da raça negra também de acordo com o fato desta definição ser

uma questão social, que permeia o modo de como essa pessoa é vista nos espaços

coletivos, se ela poderia receber um tratamento diferente nos serviços de saúde, se ela

possivelmente já tenha sofrido alguma discriminação. Analisou-se aspectos que vão além

33

do visual de pele escura ou parda, do cabelo crespo e do formato da testa ou do nariz. E,

quando em dúvida, os personagens foram classificados dentre os de etnia indefinida.

Parece problemático fazer uso desse tipo de classificação de raça, mas quando se

trata de discriminações, as mesmas características fenotípicas chegam antes que os

sentimentos e opiniões, disparando o racismo. Por isso, nesse caso, a heteroclassificação

foi pertinente.

A pergunta de pesquisa, sobre se existe visibilidade negra no perfil, foi respondida

de forma quantitativa com o total de personagens negras e brancas e de imagens com

essas pessoas, além de contabilizarmos quantas das imagens promovem a visibilidade do

povo negro. O aspecto qualitativo foi utilizado ao descrever se esses personagens estão

na posição de profissionais de saúde, além da descrição e discussão de imagens

destacadas intuitivamente, identificando se a cultura negra foi apresentada com destaque

positivo, se os produtos são exemplos de comunicação promotora de saúde, bem como de

equidade racial.

Destaca-se que não foi observada nenhuma menção à população quilombola, de

religião de matriz africana, indígena, cigana ou de imigrantes, entre as postagens

analisadas. Tal percepção aponta para o desconhecimento ou desinteresse na inclusão

desses povos e culturas, por não promoverem um espaço de troca de conhecimento sobre

pessoas que existem, mas são invisibilizadas. São civilizações das quais tantas vezes a

medicina ocidental se utilizou, mas que insiste no não reconhecimento, afastando-as dos

cuidados de saúde.

Assim, a fim de corroborar com a resposta, foram analisadas as seguintes

características dos personagens: quantidade, identidade de gênero, raça/etnia e ocupação

profissional.

E entre as 231 imagens foram encontrados um total de 382 personagens, sendo

que, dentre eles, 11 (2,88%) não tiveram a etnia definida, 121 (31,67%) personagens eram

negros e 250 (65,44%), brancos, como aponta o gráfico 1.

34

Gráfico 1 - Número de personagens segmentados por grupos étnicos analisados nas

imagens com personagens com etnia definida, coletadas do instagram no Ministério da

Saúde, do início de 2019.

A fim de exemplificar cada categoria de análise, ou seja, cada etnia avaliada,

destaca-se a figura 5, que aponta personagens negros e brancos, sendo selecionada

também por ser a primeira da amostra a apresentar pelo menos um personagem negro.

Quer dizer que, da primeira até a de número 23, não apareceu nenhum personagem negro.

figura 5 - Postagem com critério de exclusão da imagem na análise dos dados 4

Trata-se de uma notícia, aparentemente numa Unidade de Saúde, por conter uma

maca ao fundo da foto. Uma provável profissional de saúde, por conta do jaleco que

utiliza, fala e gesticula com uma mãe ou cuidadora, que segura um bebê no colo. Na

análise, a profissional de saúde foi considerada negra, a mãe, branca e o bebê com etnia

indefinida.

A figura 6 trata-se de um conteúdo de atualização profissional, sendo uma foto de

uma profissional de saúde com pacientes e família, em ambiente domiciliar e espaço

aberto. A postagem é voltada para profissionais de saúde, oferecendo cursos à distância

4 No anexo a imagem é número 24

35

sobre abordagem familiar na Atenção Domiciliar. Dentre os cinco personagens ilustrados,

todos são brancos, sendo uma profissional de saúde, um homem e uma mulher idosos, um

menino e uma mulher adulta. Existiu referência ao SUS, por conta de ser um curso da

Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), por meio do logotipo da instituição.

Figura 6 - Postagem com critério de inclusão da imagem na análise dos dados 5

Este é um exemplo da máxima falta de representatividade negra, dentre as

produções analisadas, pois não promoveu a saúde da população negra que vê isso e não

se reconhece, nem como profissional de saúde, nem como paciente, nesse caso. Fora isso,

a população como um todo passa por um processo de confirmação da existência, da

valorização e do reconhecimento apenas da população branca, o que pode ocasionar na

discriminação contra os outros povos. Além do mais, se tratando de Atenção Domiciliar,

arrisca-se supor, que muitas e muitas vezes não é esse o público nem o cenário encontrado

no serviço, mas sim, pessoas pobres e negras, que compõem a maior população das

periferias, idosos morando sozinhos, tradições religiosas e culturais múltiplas, ambiente

rural e até portas fechadas e respostas ofensivas.

Por outro lado, apresenta-se um bom exemplo de produção, considerado o

primeiro exemplo positivo encontrado.

5 Na tabela do anexo a imagem é número 508

36

Figura 7 - Postagem com critério de inclusão da imagem na análise dos dados 6

A figura 7 faz referência a um novo serviço do SUS, por isso foca na saúde e tem

caráter informacional. Os dois personagens são negros e por isso considerou-se que a

imagem, apontando um cuidado de saúde, promove a visibilidade negra. Apesar de

infelizmente não ser tão comum os homens ficarem com bebês no colo.

Na continuação de analisar e discutir se as imagens produzidas estão mais

próximas do racismo institucional ou da promoção da igualdade racial, deve-se conhecer

também um pouco do que é o racismo institucional. Esta modalidade de discriminação

caracteriza-se por exemplo na dificuldade de acesso aos serviços e insumos de saúde e na

invisibilidade de pesquisas e práticas voltados para doenças prevalentes em grupos como

o de negros e indígenas. Além disso, ocorre “a não inclusão da questão racial nos

aparelhos de formação (...) a qualidade da atenção à saúde, que determinam diferenças

importantes nos perfis de adoecimento e morte entre brancos e negros” (LOUREIRO e

ROZENFELD, 2005; LOPES, 2005a; BATISTA e col., 2005 apud KALCKMANN et al.

2007, p. 148).

Sobre as imagens do objeto de estudo, dentre as 231, apenas 85 (36,8%) imagens

apresentaram ao menos uma personagem negra. Enquanto isso, 174 (75,3%) imagens

apresentam ao menos uma personagem branca, sendo que, entre elas, havia imagens com

ambas as etnias e imagens com personagens de etnias indefinidas.

Destaca-se a figura 8, a seguir, por conter um grande grupo de pessoas, mas

perceba que, não são pessoas negras as que protagonizam a imagem, nem em posição de

destaque, nem em quantidade.

6 No anexo a imagem é número 30

37

Figura 8 - Postagem com critério de inclusão da imagem na análise dos dados 7

A figura 8 mencionada é de cunho educativo, com o tema e foco de conhecer

doença/agravo, incentivando que as pessoas sejam fisicamente ativas, por ser uma das

formas de se proteger do câncer. Entre os sete personagens, são três mulheres brancas,

duas mulheres negras e dois homens brancos; por isso, considerou-se que o produto não

promove a visibilidade negra, apesar de existir a cota de pessoas negras.

Em contraponto, a figura 9 é um bom exemplo, de promoção da saúde desse

grupo, já que aponta 4 personagens negros, entre os 5; com dois possíveis médicos

indiscutivelmente negros; estando todos lado-a-lado, indicando igualdade de poder,

apesar da única pessoa branca - por coincidência - estar no centro.

Figura 9 - Postagem com critério de inclusão da imagem na análise dos dados 8

7 No anexo a imagem é número 312 8 No anexo a imagem é número 402

38

O exemplo da figura 9 seria perfeito se tivesse citado o SUS, se ao menos um dos

profissionais não estivessem com roupas clínicas, cirúrgicas ou de jaleco e se a única

pessoa branca não estivesse no centro.

Ainda pode-se contabilizar que 72 (31,2%), das 231 imagens, promovem a

visibilidade negra, enquanto 151 (65,4%) não o fazem, com 8 (3,5%) resultados

indefinidos, como aponta o gráfico 2.

Gráfico 2 - Número de imagens com personagens com etnia definida, coletadas do

instagram no Ministério da Saúde, no início de 2019, relacionadas à promoção da

visibilidade negra.

Cabe destacar a figura 10, porque remete à reafirmação clássica do médico branco.

A existência dessa reafirmação da branquitude não deveria ser criticada, porém, quando

comparada à inexistência da mesma representação por pessoas negras (negritude) ou não-

brancas é que está o problema. Pois, tradicionalmente não os negros que ocupam espaços

de destaque nos padrões de beleza, cargos de chefia, entre tantos outros; são os que mais

sofrem - até hoje - com a estrutura de exploração racial.

Um médico negro pode ser uma representação tão importante, que para a Dona

Eunice, de Conceição de Macabu, interior do Rio de Janeiro, o registro fotográfico, não

poderia faltar, quando, após 74 anos de idade ela foi consultada por um médico negro

(SCARINI e MARQUES, 2018).

39

Figura 10 - Postagem com critério de inclusão da imagem na análise dos dados 9

Quando a mídia se presta a esse papel, deve ter o cuidado em buscar a

neutralidade, que significaria, digamos assim, buscar a equidade, por meio de ações

afirmativas. Ou seja, a representatividade negra deve existir em mais da metade dos

conteúdos produzidos, para possibilitar o negro de alcançar os anos, espaços e

possibilidades perdidos pela desigualdade.

O fato de um homem branco estar em destaque, perpetua o modelo de atenção

biomédico e previdenciário-privatista. Tais modelos são criticados perante os princípios

do SUS por focar na doença e na intervenção apenas no corpo, pelo caráter

hospitalocêntrico e da assistência médico-curativa. (FIOCRUZ, 2009).

Uma história muito diferente se relaciona com este resultado. Trata-se da notícia

de uma foto tirada por uma usuária do SUS, como aponta a figura 11.

Figura 11 - O destaque do médico negro

9 No anexo a imagem é número 19

40

O médico Fred Nicácio “postou a reação de uma paciente idosa que, pela primeira

vez, havia sido consultada por um negro em toda a sua vida”. O fato ocorreu no estado

do Rio de Janeiro, mas extrapolou fronteiras quando o encontro foi mencionado “nas

redes sociais para provocar uma reflexão sobre o número de médicos negros no Brasil”.

Ainda em contraponto com a representação do médico encontrada na análise, a

figura 12 ilustra uma tentativa de abraçar a diversidade, apresentando o que podem ser

consideradas como as três principais etnias do Brasil, representadas por três mulheres:

uma negra, uma branca e uma parda, talvez, realizando menção aos povos indígenas,

como é possível analisar abaixo.

Figura 12 - Postagem com critério de inclusão da imagem na análise dos dados 10

Na produção, houve o interesse de não incluir apenas mulheres magras, mas não

existe uma idosa ou com aparente deficiência física ou intelectual. Entretanto, o conteúdo

foi considerado como promotora da representatividade negra, para além da crítica de que

a representação do povo do Brasil seja “igual”, mas quantitativamente, aparecem duas

negras e uma branca - que curiosamente, mais uma vez, é a que está ao centro.

Obviamente, nem sempre, nem em toda imagem, cabe ou é possível incluir a todos.

Porém, o não destaque, bem como a menor expressão de inclusão social é bastante

evidente entre os resultados.

Para apresentar um bom exemplo do que é de fato um material com

representatividade negra, no sentido de ser uma ação afirmativa, destacou-se uma das

ilustrações do documento Desenvolvimento Humano para Além das Médias, que

comprova o privilégio de brancos em detrimento do de negros. Parece que o documento,

10 No anexo a imagem é número 83

41

desde as ilustrações, tenta reduzir essa desigualdade, como pode ser observada na figura

nº 13.

Figura 13 - Exemplo inclusivo de representação de população negra.

De acordo com Vianna, os determinantes sociais se expressam na Saúde em

fatores sociais, econômicos e políticos. Tal relação consiste em estabelecer uma

hierarquia entre fatores, sejam mais distantes ou mais próximos, relacionados ao modo

de vida, que afetam a situação de saúde de grupos ou pessoas, variam (VIANNA, 2018).

A clássica ilustração sobre tais determinações em saúde pode ser observada na imagem

14, que enfatizam que a educação, o trabalho, a urbanização, entre outros fatores, fazem

com que nossa vida seja com mais ou menos de qualidade.

Figura14 – Determinantes Sociais de Saúde

42

Percebe-se que a cultura e o acesso aos serviços de saúde entram na descrição.

Consequentemente, compreende-se que o racismo se repercute no processo de

saúde/doença da população (SEYFERTH, 2002 Apud SAMPAIO, 2011).

Nota-se o quanto interfere até no subjetivo do sujeito, quando é estabelecida uma

situação conflitual traumatizante, que inclui a negação de si mesmo, seja de forma sutil

ou direta, mas que são consequências da não identificação e intolerância, que, por sua

vez, causam o trauma. Isso ocorre pela contradição psíquica que a vítima de discriminação

racial pode sofrer. Tal sofrimento psíquico tem origem histórica, mas ainda pouco

reconhecida e muito banalizada (SAMPAIO, 2011).

Os aspectos socioculturais podem gerar a manutenção e o amadurecimento desse

campo, mas também pode ocorrer dor psíquica se ocorrer o impedimento da pessoa

realizar seus reais potenciais. Por isso, o plano racial no Brasil vai além da questão de

classe, apesar de muitas vezes aproximar-se com esse outro determinante de saúde

(PODKAMENI e GUIMARÃES, 2004 apud SAMPAIO, 2011).

Se as pessoas negras só são vistas servindo a outras (brancas, em geral) ou nas

páginas policiais, como uma criança negra, por exemplo, poderá naturalmente se imaginar

como juíza, astronauta, cientista ou presidenta? Representar é inspirar, ampliar padrões e

consolidar identidades (PIRES, 2019).

Várias questões influenciam na qualidade de vida do sujeito. Como é o caso de

alguém não ser empregado por não ter, supostamente, uma boa aparência. “Esse

imaginário reproduzido e naturalizado se concretiza no racismo institucional” (conferir

referência e página), além de esconder uma violência simbólica, moral e psicológica que

é demonstrada todos os dias nos meios e produtos de comunicação (CARNEIRO, 2003).

RESULTADO 2 - O que mais o perfil demonstra?

Identificar uma população e como ela é apresentada, associada a quais temas, é

muito importante, já que, comunicar é diferente de informar, ainda que, nesse caso, não

só a informação é o foco, mas também, como ela caminha.

Conforme a análise foi sendo realizada, os temas que emergiram naturalmente

foram: Alimentos, Amamentação, Atualização profissional, Conhecer doença/agravo,

Cuidado de saúde, Curiosidade, Data especial, Fake news, Infecções Sexualmente

Transmissíveis (IST), Notícia, Obesidade infantil, Programa Saúde na Escola (PSE),

Saúde e ambiente, Serviço de Saúde, Serviço do SUS, Suicídio, Tela automática e

43

Vacinação. Dentre eles, o tema mais mencionado foi de conhecer doença/agravo (22,9%),

seguido por Cuidado de Saúde (16%) e por Data especial (10%). Temas como Alimentos

e Serviços de saúde tiveram a menor frequência, de 1,3% cada uma, conforme aponta o

gráfico 3.

Gráfico 3 - Frequência de temas nas imagens com personagens com etnia definida,

coletadas do instagram no Ministério da Saúde, no início de 2019.

O fato de o tema mais frequente ser sobre conhecer doença/agravo (22,9%),

aponta para relaciona-se com modelo biomédico, além do previdenciário- privatista, no

qual o foco era no tratamento rápido e mecânico das doenças, quando também se

fragmentou e hierarquizou-se as profissões de saúde (Fiocruz, 2009).

Por outro lado, os resultados da categoria “se promovem/falam de saúde ou se

previne/fala de doença/agravo”; apontou que 80 imagens (50%) promovem saúde, frente

a 68 (42,7%) que focam na doença, com 11 imagens com caráter indefinido. Quer dizer

que o perfil, não tem a proposta tão latente de focar na doença. Fica compreendido como

estratégia que também promove saúde.

Quanto ao cenário, foram identificadas 127 imagens que apresentaram foto de

alguém, de detalhes do corpo humano ou de elementos; as demais, apresentaram desenhos

ou outros tipos de representação de pessoas, mas que também foram considerados como

personagens. Com relação ao exposto, destaca-se que as cores branca, amarela e azul.

44

Ou seja, a identidade visual do perfil reflete a proposta de identidade do governo,

associada ao logotipo oficial federal. Com o atual momento político é impossível não

relacionar o achado com a postura do atual governo, bem como da ideologia e seguidores

dele, que apontam para uma única forma nacionalista e desenvolvimentista, na qual não

existe equidade, um princípio do SUS previsto para a reforma de toda a sociedade, que

prevê mais do que a igualdade, mas sim, tratar os desiguais de forma desigual.

A mensagem linguística presente nesse tipo de análise é um aspecto relevante,

uma vez que imagem e texto mantêm íntima relação na atribuição de sentidos (JOLY,

2012). Podemos observar também o quão o racismo está inserido na nossa cultura, quando

percebemos o uso rotineiro de expressões linguísticas e gírias, que usam apenas a

desculpa de ser um irrelevante jeito de falar, mas que perpetua uma cultura racista. Assim,

as categorias de texto e de gênero jornalístico também foram analisadas.

Foi considerado do gênero informativo as imagens que se referiam a fatos,

noticiados com objetividade e imparcialidade estruturados a partir dos acontecimentos

ocorridos além da empresa jornalística (MARQUES DE MELO, 2003 apud

ALBARADO, 2018), no caso, da instituição Ministério da Saúde, como comunicados,

notícias e boletins (ALBARADO, 2018).

Já o gênero educativo foi contemplado quando as imagens de alguma maneira

abordaram um compartilhamento de conhecimento ou cuidado, relacionado ao ambiente

e com as relações sociais e linguagens que ele carrega (RANGEL 2008. apud

ALBARADO, 2018). Além disso, cabe à relação entre comunicação e educação,

“reorientar, ressignificar, ampliar ou reduzir as significações dos discursos midiáticos,

utilizando a comunicação nos processos formativos por meio da didática comunicacional”

(CITELLI 2014 apud ALBARADO, 2018. p. 86).

O gênero campanhista aparece quando se trata de dispositivos estratégicos que

visam “alcançar uma meta definida a partir da integração de uma série de instrumentos e

ações em um prazo previamente determinado e com um objetivo claramente definido”,

(DUARTE e VERAS 2006, p. 7). Buscam informar e persuadir as pessoas para adoção

ou mudança de determinados comportamentos, ideias e atitudes. São caracterizadas por

possuir mensagens rápidas e de fácil memorização, bem como exibições regulares na

mídia (ALBARADO, 2018).

Portanto, quanto aos gêneros jornalísticos que apareceram na amostra, observou-

se um total de 121 (52,4%) imagens apresentaram o gênero educativo, enquanto 43

45

(18,6%) postagens foram de gênero informativo e 40 (17,3%) do gênero campanhista,

com 27 (11,7%) imagens com proposta indefinida, como aponta o gráfico 4.

Gráfico 4 - Frequência de gêneros jornalísticos nas imagens com personagens com etnia

definida, coletadas do instagram do Ministério da Saúde, no início de 2019.

Este resultado é interessante porque aponta o perfil da rede social institucional

como uma estratégia educativa, como exemplifica a figura 15, referente a cuidado de

saúde.

Figura 15 - Postagem com critério de inclusão da imagem na análise dos dados 11

A princípio, o incentivo ao cuidado bucal é voltado para as mães, os pais e

cuidadores de crianças, como público específico, pois, além da interpretação visual, o

texto apresentado é para tornar a escovação bucal “em algo interessante para seu filho”.

A moça e o homem apresentados foram considerados negros, promovendo a visibilidade

negra.

11 A referida numeração se refere aos dados coletados do Instagram e analisados.

46

Para além disso, a categoria “existe referência direta ao SUS” (por escrito ou com

a logo), buscou conhecer melhor a proposta do perfil, com relação à proposta e à

promoção positiva do Sistema. Em apenas 37 (23%) imagens o SUS teve visibilidade,

enquanto em 119 (75%), não, com 3 imagens com resposta indefinida. Langbecker,

Andrea et al (2019), exemplificam a relação entre a Saúde Coletiva e a Comunicação e

justifica a importância do tipo de análise na área de IEC.

Muitas vezes existe pouca divergência entre o que é colocado e o que é recebido

pelo público com relação ao SUS, quando se destaca apenas “uma suposta ineficiência

do Estado, incompetência das autoridades ou dos profissionais da área, levando à

construção de uma ordem simbólica pouco reflexiva sobre o campo da política de saúde

representada pelo SUS” (LANGBECKER et al, 2019). Isso, porque, o SUS praticamente

não foi mencionado, mesmo quando se tratava de notícia divulgando novo serviço de

saúde.

Foi a partir desse tipo de percepção de que havia a necessidade de garantir o acesso

às ações e serviços de saúde, por meio, também, da democratização da informação de

saúde, que surge o campo da Informação, Educação e Comunicação em Saúde (IEC),

ainda em 1996. O fato ocorre após delegados da então, 10ª Conferência Nacional de

Saúde, discutiram e compreenderam que era necessário um aporte teórico sobre IEC, a

fim de alcançar as novas demandas de saúde, destacando, ainda, a proposta de: “manter

o “setor de Informação, Educação e Comunicação ao nível do Ministério da Saúde e

implantar estruturas similares ao nível dos Estados e Municípios”. (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 1996).

Para efetivar o resultado positivo do processo comunicativo, é necessário integrar

a comunicação e a gestão do conhecimento, que precisam ser vistas como parte essencial

do processo para alcançar a ação em redes, de mobilização ou interação entre pessoas ou

grupos. Assim, as mídias sociais podem ser compreendidas como canal de disseminação

que tem facilitado a gestão em saúde também no sentido de transmitir informações em

tempo rápido e estar presente onde as pessoas estão (ALENCAR, 2014).

Assim, tais mídias se apresentam como um recurso teórico e metodológico de

gerenciamento, num momento no qual a informática, bem como a internet é tão presente

no cotidiano de todos. São um forte canal de inovação, com alto fluxo, “em que a

confiança e o respeito entre atores os aproximam e os levam ao compartilhamento de

informações que incide no conhecimento detido por eles, modificando-o ou ampliando-

O” (ALENCAR, 2014).

47

Além disso, em vistas à comunicação corporativa, esse tipo de rede interna,

alinhadas ao uso das Tecnologias de Informação, pode ser considerada uma revolução,

devido aos diversos ganhos como a redução óbvia dos custos e das distâncias entre os

interlocutores. (ALENCAR, 2014).

As mídias sociais de saúde são atualizadas com informações de saúde pública,

com dados, dicas, vídeos e imagens de produção própria ou não, acerca de temas variados,

de resultados de iniciativas, anúncios de serviços públicos e personalidades públicas. É

um espaço de acessibilidade que pode apresentar fontes seguras e interação com a

população, além de ser compartilhada mundialmente e publicizada a todos. Um ambiente

dinâmico, com os conteúdos relevantes, atualidades e datas mundiais da saúde. A OPAS

é um exemplo de instituição de saúde que utiliza essas redes para disponibilizar conteúdos

à sociedade, além de interagir, sistematizar o discurso e comunicar saúde, com confiança

da informação e atuando na gestão do conhecimento e comunicação (ALENCAR, 2014).

É importante discutir o tema realizando uma análise de imagem, já que hoje, com

o alto fluxo de informações - reais e não reais - produzidas por muitos e para muitos, as

imagens são mais atrativas para os espectadores. Para além disso, comunicam valores e

emoções de forma mais rápida, profunda e eficiente do que apenas com as palavras. As

redes sociais cumprem eficientemente esse papel, no sentido de serem amplamente e cada

vez mais utilizadas, inclusive por instituições de saúde como o Ministério da Saúde que

possui perfil no Instagram, Facebook e outras redes.

A compreensão de que os processos sociais de produção dos sentidos, como os

produtos e meios de comunicação de saúde, afetam o campo da saúde, é reproduzida na

Internet, com suas várias mídias sociais, como do Instagram, e suas diversas relações. Já

que o lugar de onde se fala também é espaço de poder, e das relações de poder se

reproduzem no meio digital (ARAÚJO e CARDOSO, 2007).

Ou seja, se faz necessário compreendermos, por exemplo, quem possui o poder

da fala na saúde e, em específico, se a maioria desses espaços ainda é ocupado por um

grupo privilegiado ou se está sendo promovida uma igualdade, nesse caso, racial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Escolhas não são livres e devem ser bem informadas, de maneira imparcial e

completa e que não venha causar prejuízos ao coletivo. Escolher uma cor preferida para

48

se vestir é diferente de escolher não se relacionar com um grupo de pessoas, sem um

motivo, que não seja o do racismo.

Podemos acreditar que realizamos mudanças de paradigmas, de cultura e de

processo saúde-doença-cura, quando contribuímos para uma nova percepção e escolha de

fatos políticos.

Entre eles, não rir ou contar alguns tipos de piadas, que podem vir a ofender

pessoas com baixa estatura, com deficiências físicas ou cognitivas, pessoas de outras

religiões, etnias e culturas. Entre uma criança negra ou branca, é interessante promover a

autoestima da criança negra, no sentido de buscar alcançar aqueles 50% ou até ultrapassá-

los, já que, com certeza, na maioria dos espaços as crianças de pele e olhos claros são

aquelas elogiadas. Você também pode evoluir pensamentos ao insistir em abordar alguns

assuntos que são “chatos” porque são politicamente corretos, mas que devem ser

visibilizados. Além disso, listar e não utilizar palavras ou expressões como: obscurecer,

no sentido negativo; negão ou negona, ao se referir sexualmente de pessoas negras,

mesmo que você tenha a intenção de elogiar; tornar claro, que fique claro, esclarecer, no

sentido de melhorar o entendimento.

Dessa forma, o caminho a ser seguido deve focar na efetivação de políticas, como

a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial - PNPIR e Política Nacional de

Saúde Integral da População Negra, mesmo que por si só, elas não possam resolver o

complexo desafio da desigualdade étnico-racial, por serem impostas de fora para dentro,

quando deveriam ser elaboradas de dentro para fora e de baixo para cima.

Assim, deve-se entender a relação da Comunicação com as Políticas Públicas

como sendo um aspecto que possibilita ou facilita o conhecimento por uma população

específica, como a negra. Isso porque uma política pública só se concretiza quando o

grupo estratégico para a qual ela se refere, bem como a sociedade como um todo, já está

apropriada desse processo. A comunicação, obviamente, tem forte relação com essa

questão porque faz parte da elaboração, implantação e gestão de Políticas Públicas nos

domínios onde se queira realizar uma intervenção social, que é um dos estudos

primordiais da área de comunicação. (ARAÚJO e CARDOSO, 2007).

Compreende-se, ainda, que a Comunicação e Saúde envolve diferentes emissores,

receptores, canais e mensagens, numa espiral de produção e de circulação de conteúdos.

Considerando esse campo complexo e a influência das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs) nas relações sociais, se faz necessário pensar como é planejada e

comunicada tal produção e sua circulação (MENDONÇA, 2014).

49

Para além disso, o desenvolvimento tecnológico, a partir da implantação das TICs

deve ser orientado para um caráter equitativo, por isso a produção de imagens deve ser

valorizada e compreendida como parte do processo, também, de tal desenvolvimento

(GADELHA, 2013).

Obviamente busca-se a melhoria na qualidade de vida e a ampliação das

liberdades que devem ser desfrutadas por cada indivíduo. Mas a avaliação do país que se

desenvolve deve ir além da acumulação de riqueza, do crescimento do Produto Interno

Bruto (PIB) e de outras variáveis relacionadas apenas à renda (AMARTYA SEN, 2001

Apud MENDONÇA, 2014).

Da mesma maneira, a liberdade deve ser vista como fim e meio do

desenvolvimento, que consiste no fim das privações de liberdade que limitam as escolhas

e as oportunidades das pessoas em exercer ponderadamente sua condição de gente

(MENDONÇA, 2014).

Como refletir e cuidar de algo que dizem ou que parece que NÃO existe? Vivo,

sinto, sofro, mas o outro diz o contrário. Por isso é necessário verbalizar e promover a

visibilidade, espaços de fala e fortalecimento, além de ações afirmativas e políticas

públicas especialmente para populações como a negra no Brasil, estratégias organizadas

e acompanhadas de educação permanente e fiscalização.

Almeja-se que estes resultados possam subsidiar discussões, aquecer debates e

contemplar o ponto de vista da saúde coletiva com relação ao grupo estratégico da

população negra. E também de, em alguma medida, sofisticar ou formalizar pelo menos

uma parte da luta negra, uma demanda dos movimentos sociais afros.

A proposta que ainda resta enfatizar, é de que os resultados desta análise que

indicam a postura antiquada da representação do negro no Instagram do Ministério da

Saúde, postura essa que materializa e aprimora o racismo institucional, possam contribuir

para a redução do racismo na sociedade brasileira e para a visibilidade em si deste povo,

que sofre até hoje de forma desnecessária, injusta e burra, que não faz o menor sentido.

Por fim, com os resultados, a indicação é do quanto é fundamental enfatizar a

necessidade da construção inclusiva e positiva da imagem da pessoa negra na atuação do

sanitarista, no âmbito de todo o SUS e de toda a sociedade.

50

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54

ANEXOS ANEXO 1 Quadro 1 - Objeto de estudo: Análise das imagens publicadas e coletadas do instagram do Ministério da Saúde, de janeiro a junho de 2019, que apresentaram personagens com raça definida.

Imagem Nº TEMA CENÁRIO Quant.

Ident. de

Gênero Raça Gêne.

Jornal. Promove

a POP NEGRA?

Saúde OU

Doença

Referência direta ao

SUS

1 Data especial Natureza, pôr ou nascer do sol, grama, céu aberto, sem árvores, 1 F B C N S N

3 Data especial foto antiga de homem branco, idoso, dá a entender que é personalidade

da saúde ou cientista 1 M B C N S N

7 Notícia foto de ministro da saúde com microfone de mesa, telão ao fundo. 2 MM BB INFO N S N

19 Serviço do SUS

Representação de médico e cor verde 1 M B INFO N S N

20 Amamentação Foto de cima, de família jovem com bebê no colo do pai, todxs no sofá 3 FM- BBB E N S N

24 Notícia

Unidade de Saúde, por conter uma maca ao fundo. Paredes brancas com o nome João Gabriel. Uma

profissional de saúde fala e gesticula com mãe, que tem bebê

no colo. 3 FF- BN- INFO S S N

25 Conhecer doença/agravo Foto de boca apertando os dentes 1 - B E N D N

27 AP Fundo marrom com elementos e com textos em branco e amarelo 3 FM- BN-

INFOR S S N

28 Cuidado S Foto de 3 idosos e uma mulher, todos sorrindo e olhando para a

câmera. texto em branco e verde. AMBIENTE CLARO 4 FFMF NBBB E S S N

29 Conhecer doença/agravo

Foto ao fundo mulher adulta, com a mão no peito. Película escura por

cima 1 F B E N D N

30 Serviço do SUS

Foto de pai com bebê no colo, com parede ao fundo com elementos

infantis. 2 M- NN INFO

R S S S

31 Fake News Foto de celular na mão 1 - B

INFOR N S S

32 Cuidado S Doméstico, com malas e mosquito aedes, personagem fazendo uma

busca com binóculos. 1 F B E N D N

34 Depoimento/participação Pessoa de costas para a TV 1 M B - N - N

37 Cuidado S Clima de conversa, pessoas sentadas 2 MF BN E S D S

39 AP Sala de aula 1 F N I S S N

44 Serviço do SUS Representação de médico e cor

verde 1 M B INFO

R N S N

55

49 Tela automática

desenho de rosto de menino triste com fundo laranjado e texto amarelo 1 M B - -

50 Conhecer doença/agravo Fundo preto, desenho de idoso 1 M B E N D N

54 - desenho de pescoço de uma pessoa

demonstrando de forma lúdica o interior do pescoço. borda amarelo

texto branco 1 - B E N - N

55 Cuidado S Película azul claro por cima de foto de duas pessoas indo escovar os

dentes 2 FM NN E S S N

56 Cuidado S foto de bebê ao fundo com texto

amarelo e roxo por cima de película preta 1 - B - N - N

57 AP Idosa sentada ao ar livre 1 F B

INFOR N S N

58 Data especial representação de farmácia, com prateleiras com remédias 1 F N C S S N

59 Amamentação Foto com zoom de bebê mamando 2 F- BB E N S N

64 Serviço do SUS Fundo verde 1 M B I N S N

65 Cuidado S Bebendo copo de água 1 F B E N S N

71 AP ambiente de trabalho de saúde por conter pessoas com jaleco branco,

poderia ser uma sala de aula.De dia. 4 FFFF NNN

B I S S N

72 Conhecer doença/agravo

pessoas dentro do carro, numa rua com chão de asfalto 4 FFMM BBBB E N D N

73 Conhecer doença/agravo

foto de personagens encostadxs em parede qualquer 2 F- BB E N D N

74 Cuidado S janela alta com vegetação ao redor, área rural, início ou fim do dia 1 M B E N S N

83 AP Foto de mulheres rindo, juntas, em estúdio, em movimento, todas de vestido que parece padrão, nas

cores azul e amarelo 3 FFF BNN I N S S (UNA SUS)

84 Conhecer doença/agravo berço atrás da mulher 1 FFF B E N D N

88 Serviço do SUS

Imagem cortada de vídeo, com mulher sorrindo. 1 F B - N - S

89 notícia foto de ministro da saúde

caminhando de terno em ambiente fechado acompanhado 3 MMM BBB

INFOR N S N

90 - Foto preta e branco de alguém com mão no rosto 1 M N - S - N

91 Serviço do SUS

Fundo azul, com mão segurando documento 1 - B I N D N

92 Amamentação fotos com fundo rosa 1 F B C N S S

93 Conhecer doença/agravo Foto com zoom de criança no colo, 2 F- NN E S D N

97 Alimentos Foto com pessoas no pique-nique,

céu aberto e vegetação. com pelicula em azul por cima 3 FFF NNB E S D N

98 Cuidado S Desenho com fundo azul, personagem com a boca aberta 1 F B E N D N

56

101 Data especial foto de mulher jovem olhando para cima com arte laranjado texto

branco e roxo elementos 1 F B C N S S

104 Conhecer doença/agravo

Ambiente doméstico, família em casa num clima sério 3 FM- BBB E N D N

105 Data especial Foto com cor azul clara 1 F N C S D N

107 - Garagem doméstica 1 M N - S S N

110 Conhecer doença/agravo cama doméstica com forros brancos 1 F N E S D N

111 Vacinação Fundo branco letras em laranjado e preto 3 FMF BBB

INFOR N D N

113 Cuidado S Afeto, contato físico com tranquilidade 2 MM NN

INFOR S S N

114 Serviço do SUS

fundo roxo, com foto que representa profissional de saúde 1 M N C S D

115 Conhecer doença/agravo - 2 F- BB E N D N

117 Cuidado S espaço coberto amplo, com

colchonetes azuis para atividade fisica no chão, janela ao fundo 2 FF BB E N S N

120 AP Empregado de fábrica trabalhando 1 M N E S S

S UNA- SUS

121 AP Fundo amarelo letras em branco e amarelo 3 MF- NB- E N S N

122 Serviço do SUS unidade de saúde com tom azul

letras em amarelo e branco 2 FF NB INFO

R S S S

124 - foto de rosto de homem ao ar livre com árvore e prédios ao fundo 1 M N - S - N

127 Vacinação Fundo branco com borda azul claro e letras em preto. 2 M- B- E N D N

128 Conhecer doença/agravo

Fundo e foto de mãos segurando uma camisinha em tom azul, letras

em branco e amarelo 2 -- BB E N D N

131 Vacinação fundo azul com foto de campanha de vacinação, onde várias pessoas

são vacinadas ou atendidas ao mesmo tempo 3 MFF NBN

INFOR S D N

134 Data especial ônibus, passando pela cidade 1 F N C S S N

138 Conhecer doença/agravo

História em quadrinhos, em 4 momentos. 4 MFMM BBBB E N D

144 Vacinação ministro da saúde em ambiente

formal, estilo senado, por aparecer determinado sofá atrás 1 M B

INFOR N D N

145 Serviço do SUS foto de um telefone sendo utilizado 1 F B E N S N

146 Serviço do SUS local com crianças e caixa de texto

laranja 1 F N INFO

R S S N

151 Vacinação unidade de saúde com ceixas de texto em azul e amaerelo e letras

em branco, azul e amarelo. 3 FFM NBB INFO

R S D N

152 Saúde e ambiente

apresentação pública do ministro da saúde, com alguma logo ao fundo,

alem de outros convidados na mesa. 2 MM BB INFO

R N S N

57

153 Serviço do SUS

exame de paciente deitada numa maca, remetendo a uma unidade de

saúde 2 FF BB E N D S

157 vacinação fundo azul letras em amarelo e branco 1 - B E N D S

161 Cuidado S fundo em tons amarelos e borba azul. caixas de texto azul e rosa e

letras em azul e branco. 1 - N E S S N

162 AP foto de duas mãos adultas segurando duas mãos de um BB 2 -- BB E N S

S UNA- SUS

163 Notícia

auditório com ministro da saúde sentado no palco entre um círculo

de pessoas. uma delas, com tambor ou caixa. parede branca a ao fundo.

momento de integração política. 10 ---------

-

BBBNNNBNNN

INFOR N S N

165 Conhecer doença/agravo

foto de socorrista em pé numa sala com paredes brancas com boneco

de bebê nas mãos. texto vermelho e amarelo. elementos 2 F- BB E N D N

166 Conhecer doença/agravo

foto de homem num ambiente interno com quadros na parede ao

fundo 1 M B C N - N

171 Conhecer doença/agravo

foto de socorrista em pé numa sala com paredes brancas com boneco

de bebê nas mãos. texto vermelho e amarelo. elementos 2 F- BB E N D N

172 - Foto de homem filmando outro com

celular no tripé, em ambiente fechado, 2 MM BB - N - N

173 Conhecer doença/agravo

fundo azul claro, com letras em vermelho, branco e preto e

elementos 1 M B E N D N

174 IST foto de homem segurando

camisinha. fundo branco letras em roxo cinza e amarelo e elementos 1 M B E N D S

176 Conhecer doença/agravo

fundo azul claro com caixa de texto azul e letras em vermelho, branco e

preto 1 M B E N D N

182 Vacinação fundo vermelho claro com rosto de perfil de uma criança 1 M B C N D N

183 Serviço do SUS fundo escuro, apresentação pública

do ministro da saúde 1 M B INFO

R N S N

184 Conhecer doença/agravo

fundo azul claro letras em vermelho e branco 1 M B E N D N

189 Conhecer doença/agravo

fundo azul claro letras em vermelho e branco 1 F B E N D N

192 Cuidado S foto do ministro da saúde em aparição pública 3 MMM BBB

INFOR N S N

193 Conhecer doença/agravo

fundo azul claro letras em vermelho e branco 1 M B E N D N

194 Cuidado S foto com casal ao ar livre, comemorando o carnaval 2 FM NB E N D S

197 Conhecer doença/agravo

fundo azul claro letras em vermelho e branco 1 M B E N D N

207 - foto de rosto de homem sorrindo 1 M B - N - N

219 Conhecer doença/agravo Fundo azul claro letra em laranjado

e verde 4 MF-F NNN

N E S D N

58

220 Conhecer doença/agravo

fundo vermelho claro com letra vermelho foto de braço e elementos 1 - B E N D N

221 Data especial foto com três mulheres de idade adulta 3 FFF NNB C S S N

222 Conhecer doença/agravo

FUNDO BRANCO COM SILHUETAS de perfis de rostos de mulheres coloridos e sobrepostos.

letras cinza 4 FFFF NN-- INFO

R S S N

224 Serviço do SUS

foto de criança beijando mulher no rosto com a logo viva mais sus por

cima 2 MF BN - S -

S VIVA MAIS SUS

228 Conhecer doença/agravo

fundo vermelho claro foto de parte do corpo de garoto letra vermelho e

azul 1 M B E N D N

230 notícia homens de roupa social e todos com

capacete de obras branco, conversando ao ar livre, ouvindo o

homem ao centro 8

MMMMMMMM

BBBBBBBB

INFOR N - N

232 Conhecer doença/agravo

foto de socorrista em pé numa sala com paredes brancas realizando

simulação com outr mulher adulta. texto vermelho e amarelo.

elementos 2 FF NB E N D N

233 AP foto com zoom no olhar de um homem com letras em azul e branco 1 M N E S S

S UNA- SUS

234 Cuidado S foto de BB de perto, limpando ou fazendo curativo 2 -- BB E N S N

235 Serviço do SUS foto de ministro em aparição pública 1 M B

INFOR N S N

236 Cuidado S foto de mukher adulta com tom

salmão e letras em branco e amarelo 1 F N C S S N

242 Vacinação foto de ministro em aparição pública 1 M B

INFOR N D N

246 Fake news fundo azul claro com caixa laranjado e letra em branco. elementos 1 F B

INFOR N S N

248 Conhecer doença/agravo

foto representando o local da dor, com arte em azul e letras em branco 1 F B E N D N

250 Conhecer doença/agravo

tom roxo sobre foto letras em branco e caixa em amarelo 1 F N E S D S

253 Vacinação foto de ministro em aparição pública 1 M B

INFOR N D N

256 Cuidado S fundo vermelho letra em branco e personagem 1 F B E N S N

257 Data especial abraço ao ar livre com tarjas azul e preto e texto em branco 2 FF BB C N S N

262 Fake news fundo amarelo com letras em branco 1 F N

INFOR S S N

265 Conhecer doença/agravo

ao ar livre, dois homens com afeto, interagindo 2 MM NI E S D N

266 AP foto com soom na orelha de um idoso 1 - B E N S

S UNA- SUS

269 Conhecer doença/agravo foto de mão num espaço público 1 - B E N D N

59

270 Cuidado S fundo azul letras em branco e personagens 4 FMFF BBBN E N D N

271 Cuidado S fundo branco com foto de lavagem de mãos 1 - N E S D N

274 Cuidado S fundo verde numa unidade de saúde letra em branco 2 FM NN C S D S

275 AP foto com zoom no rosto de jovem realizando exame ocular 1 FM B E N S

S UNA- SUS

277 Cuidado S doméstico, no sofá, descontraídas 2 FF BB - N - N

284 Conhecer doença/agravo

foto ao fundo com alguém com mão na cabeça letras em vranco

elementos em verde 1 M B E N D N

286 Cuidado S foto em tom de verde com letras em branco e caixa em laranjado 2 MF NB E S D S

287 Data especial cozinha doméstica, parece clara, interação com afeto. tarja azul e

preto e letra em branco 2 FF NN C S S N

288 Conhecer doença/agravo

foto de criança com dor de cabeça letra em branco 1 F B E N D N

290 AP ar livre letra branca e azul 1 F N E S S

S UNA- SUS

291 Serviço do SUS

fundo branco com elementos e letras em azul 1 M N C S S N

292 Data especial afeto ao ar livre tarjas pretas e verde letra branco e amarelo 2 MM BB C N S N

294 Vacinação momento de vacinação 2 -- -N E N D S

296 AP teste de bancada letra azul e branco 1 M B E N S

S UNA- SUS

297 Cuidado S fundo verde numa unidade de saúde letra em branco 2 FM NN C S D S

300 Conhecer doença/agravo

fundo branco borda azul letra em preto e branco caixa em verde 1 M N E S D N

301 Curiosidade fundo roxo com letra branco 1 F B - N - S

308 Cuidado S foto de prática de esporte, num

ponte, ao ar livre. letras em azul e branco 1 F B E N S N

312 Conhecer doença/agravo fundo claro letraa azul amarelo e

branco personagens 7 FFMMFFF

BNBBNBB E N D S

314 Serviço do SUS

foto de alunos na sala de aula, alguns com o dedo levantado. texto

branco e amarelo 4 MMM- NNB

N INFO

R S S N

318 Curiosidade afeto ao ar livre 2 MM BB - N - N

319 Conhecer doença/agravo afeto ao ar livre 2 FF B- E N D N

322 Vacinação Foto de aparição pública do ministro

da saúde, com camiseta de camapnha de vacinação texto

branco 2 M- BB E N D N

327 Conhecer doença/agravo

depoimento do ministro da saúde num ambiente fechado 1 M B - -

328 Conhecer doença/agravo foto dum momento de autocuidado 1 F B E N D S

60

330 SERVIÇO DE SAÚDE

foto de consulta médica, com interação entre médica e paciente, tom azul, caixas amarela e cinza,

texto azul branco preto 2 FF NN E S S N

331 AP foto de mãos unidas, de braços

todos com jaleco fundo branco texto azul e branco 4 FM--

BBNN E ? S

S UNA -SUS

334 Cuidado S foto com zoom nos rostos, afeto ao ar livre 2 FF BB E N S S

337 Conhecer doença/agravo

fundo branco caixa azul elementor texto branco e preto 1 F B E N D N

338 SERVIÇO DE SAÚDE

foto de consulta médica, com interação entre médica e paciente, tom azul, caixas amarela e cinza,

texto azul branco preto. comemoração 2 F- NI E S S N

341 notícia depoimento de ministro da saúde em escritório 1 M B

INFOR N - N

344 Vacinação foto de padre apoiando campanha de vacinação parede branca 1 M B C N S N

348 notícia depoimento de ministro da saúde em auditório 1 M B - N - N

360 Vacinação Fundo azul letras amarelo azul rosa elementos 1 F B E N S N

364 Vacinação fundo marrom elementos texto azul amarelo branco 2 M- BB E N S N

368 NOTÍCIA aparição pública do ministro da

saúde com famoso em protesto ou pedido público 2 MM NB

INFOR S S N

370 NOTÍCIA fundo azul foto da protagonista da noticia texto branco amarelo 1 F N

INFOR S - N

373 Serviço do SUS depoimento público do ministro da

saúde em espaço público 3 MFM BBB INFO

R N S S

375 Conhecer doença/agravo

foto de um rosto texto branco e verde elementos 1 M N E S D S

379 Vacinação fundo verde texto branco 2 -M BN E S S N

380 Conhecer doença/agravo

foto de um rosto texto branco e verde elementos 1 F N E S D S

381 Vacinação foto de momento de vacinação de

criança indígena, em ambiente doméstico com texto em branco e

verde e elementos 3 FMF NNN C S S N

382 ALIMENTOS foto de pessoa no mercado 1 M N E S S N

386 Conhecer doença/agravo

fundo preto texto azul branco elementos 1 M B E N D S

389 Conhecer doença/agravo

foto de um rosto texto branco e verde elementos 1 F N E S D S

391 cuidado S fundo branco foto de duas pessoas dançando texto ezul 2 MF NB E S S N

394 Conhecer doença/agravo

foto com foco na queda de uma pessoa no chão em tom de sépia 1 F B E N D N

396 Vacinação fundo marrom texto marrom e azul 2 F- NB E S S N

402 Data especial foto de equipe de trabalho com arte azul texto branco 5

MFFMM

NNBBN C S S N

61

404 Conhecer doença/agravo

fundo preto foto de rosto sério elementos texto branco 1 F N C S D S

414 Vacinação foto de momento de vacinação arte azul texto branco 2 FF BB E N S N

425 Conhecer doença/agravo

foto de momento de cólica menstrual película vinho texto rosa 1 F B E N D N

426 Conhecer doença/agravo

foto de perto de alguém utilizando bombinha de ar, tom vermelho, texto

branco e amarelo 1 - B E N D N

429 Data especial foto de espirro arte verde e azul texto brando e amarelo 1 F N C S D N

434 Fake news foto de criança em casa brincando arte azul texto branco 1 F B

INFOR N S N

438 cuidado S fundo roxo texto branco 1 F B E N S N

442 cuidado S Fundo azul texto branco atentimento em farmácia 2 MF BB E N S N

443 Cuidado S arte em cinza e amarelo imagem com mãos 4 ---- BNBB E N S N

445 CUIdado S foto de mãos com arte azul texto rosa e branco 1 - B E N S N

447 AP foto de amamentação arte azul texto branco e azul 2 F- BB E N S

S UNA- SUS

455 Vacinação fundo cinza escuro texto rosa elementos 1 - B E N S S

456 Conhecer doença/agravo fundo azul texto branco elementos 1 - N E S D N

461 Data especial foto de lavagem de mãos em

ambiente hospitalar com arte em azul e texto amarelo e branco 1 - B C N S N

465 AP foto de alguém segurando cesta com legumes texto branco e azul 1 - N E S S

S UNA-SU

S

470 Data especial foto de menina com ursinho de

pelúcia arte em azul texto branco amarelo 1 F B C N D N

471 Cuidado S foto de menina recusando alimento de um adulto arte branco e laranjado 2 -F NN E S D N

472 Data especial Foto de bebê na incubadora

recebendo cuidado da mãe com arte em amarelo texto branco 2 -F NN C S S S

473 Data especial foto de zoom de cuidado entre

profissional de saúde e paciente arte verde texto branco e amarelo 2 -- BB C N S N

479 Amamentação Foto de bebê na incubadora

recebendo cuidado da mãe com arte em amarelo texto branco e preto 2 -F NN C S S S

486 Curiosidade foto de mãos na barriga de uma

gestante sem mostrar os rostos arte azul texto branco 2 F- BI E N S N

488 Conhecer doença/agravo

foto de mulher sentada na cama, em ambiente doméstico, com cólica 1 F B E N D N

501 Data especial foto de motorista olhando o celular com arte preto branco amarelo 1 H B C N D N

503 Data especial fundo estrelado com toalha na mão texto branco 1 - B C - S N

504 Data especial foto que representa atropelamento com arte por cima em preto branco

e amarelo 1 - B C N D N

62

506 Curiosidade foto de zoom de olho com arte em azul texto branco 1 - B E N D N

507 Data especial foto de garota com cinto de

segurança no banco de tráz do carro com arte em preto branco e amarelo

por cima 1 F N C S D N

508 AP foto de profissional de saúde com pacientes e família, em ambiente

domiciliar. espaço aberto 5 FMFM

F BBBB

B E NÃAAA

AAO S S UNA-

SUS

510 AP foto de paciente adulta tossindo ao

fundo e mão de profissional de Saúde à frente, preparando cuidado.

ambiente de unidade de saúde 2 F- BB E N S S UNA- SU S

511 Serviço do SUS

ministro da saúde em depoimento público com logo da folha de são

paulo ao fundo e texto branco 1 M B INFO

R N S N

514 Cuidado S foto de gabriel diniz com texto branco 1 H B C N S S

516 amamentação foto de bebê na incubadora

recebendo cuidado da mãe com texto branco 2 -F NN E S S N

528 - foto de moça sorrindo 1 F N - - - N

529 - foto com zoom de ministro da justiça falando 1 M B - - - N

530 Data especial foto de motorista 1 M B C N D N

534 - foto de rosto de alguém falando 1 M N - S - N

538 Cuidado S foto de menino negando comida fundo azul clao texto cinza 1 M B E - S N

539 AP foto de homem com a cabeça baixa

fundo azul escuro texto azul e branco 1 M B E N S

S UNA- SUS

541 - foto com zoom de ministro da saúde falando 1 M B - - - N

544 cuidado S foto de criança sorrindo com arte em azul por cima texto branco 1 - B E N S N

550 Data especial foto de pés de bebê texto azul 1 - N C S S N

552 - foto com zoom de ministro da saúde falando 1 M B - N - N

556 - Foto de José Aldo falando 1 M N - N - N

560 curiosidade fundo azul desenho de menino tossindo texto branco amarelo e

leranjado 1 M N E S S N

563 COnhecer doença/agravo

foto de menina tossindo fundo branco elemnetos verde azul texto

branco 1 F B E N D N

564 - foto de homem quebrando um

cigarro ao ar livre com desenho de ondas sonoras à frente 1 M N - N - N

565 curiosidade fundo amarelo mão segurando

camisinha texto em verde laranjado e preto 1 - B E N S N

566 alimentos foto de menina comendo uva fundo

branco texto azul verde marrom elementos azul 1 F N E S S N

567 data especial desenho de professora escrevendo no quadro fundo azul escuro texto

amarelo e branco 1 F B C N S N

568 curiosidade foto de gestante com escova de

dente fundo amarelo texto vermelho rosa e elementos 1 F B E N S N

63

569 Serviço de Saúde

fundo verde desenho de bolsas de sangue e mãos formando coração 1 - B C N S N

570 Cuidado S desenho de homem sendo

examinado com fundo azul de cidade texto amarelo branco e

elementos 2 M- NB E S S N

573 COnhecer doença/agravo

foto de homem abraçando criança fundo claro texto e arte em amarelo

e roxo 2 MM NN C S S S

574 Serviço do SUS

foto de ministro da saúde em aparição pública fundo azul texto

branco 1 M B INFO

R N S N

575 Serviço do SUS

foto de rosto de homem sorrindo fundo azul claro elementos em

vermelho texto azul 1 M N C S S S

578 - foto de rosto do ministro da saúde falando 1 M B - N - N

579 - foto de mãos dadas de pessoas sentadas num ambiente fechado

com paredes claras 2 -- BB - N - N

583 Cuidado S foto de mão segurando camisinha

com fundo azul escuro texto branco amarelo e rosa 1 F B E N S N

584 Serviço do SUS

desenho de homem utilizando binóculo com sombra de pessoas

comemorando ao fundo. texto branco elementos azul e amarelo 1 M B

INFOR N S S

588 - foto de rosto de bebê ao ar livre 1 - B - N - N

591 - foto de rosto do ministro da saúde falando 1 M B - N - N

595 curiosidade foto de dois bebês dormindo juntos. fundo branco texto preto elementos

azul e laranjado 2 -- BB E N S N

598 Cuidado S desenho de homem tossindo fundo azul escuro texto branco 1 M B C N S N

602 vacinação fundo azul e verde texto amarelo e azul elementos foto da convidada 1 F B E N S N

605 CUIdado S foto de bebê sendo tocado no rosto

fundo branco texto salmão elementos azul 2 -- BB E N S N

608 Serviço do SUS

foto de rosto de mulher sorrindo fundo vermelho claro elementos em

vermelho texto azul 1 F B C N S S

609 conhecer doença/agravo

foto de mãos utilizando o celular dentro do carro 1 - B E N D N

617 vacinação fundo azul e verde texto branco interação entre profissional de

saúde e paciente 2 FM BB E N S N

618 vacinação imagem de notícia com Drauzio Varella 1 M B

INFOR N S

622 conhecer doença/agravo

criança sendo examinada por profissional de saúde 2 -F BB E N D N

625 conhecer doença/agravo

foto de motorista dirigindo um automóvel texto branco e amarelo 1 M B E N D N

626 AP foto de atendimento entre

profissional de saúde e paciente texto branco e azul 2 -- BB E N S

S UNA- SUS

627 NOTÍCIA imagem de notícia de aparição do ministro da saúde fundo verde 1 M B

INFOR N - N