universidade de aveiro departamento de química ano 2020
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Universidade de Aveiro Ano 2020
Departamento de Química
BEATRIZ
SOUSA MELO
MACHADO
OTIMIZAÇÃO DOS MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DOS
METABOLITOS PRESENTES NA FOLHA DE OLIVEIRA
(Olea europaea L.)
Universidade de Aveiro Ano 2020
Departamento de Química
BEATRIZ
SOUSA MELO
MACHADO
OTIMIZAÇÃO DOS MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DOS
METABOLITOS PRESENTES NA FOLHA DE OLIVEIRA
(Olea europaea L.)
Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Mestre em Biotecnologia, realizada sob a
orientação científ ica da Professora Diana Pinto, professora auxiliar do Departamento
de Química da Universidade de Aveiro, e da Doutora Maria Celeste Pereira Dias,
investigadora do Centro de Ecologia Funcional, Departamento de Ciências da Vida da
Universidade de Coimbra.
o júri
Presidente Professora Doutora Luísa Alexandra Seuanes Seraf im Leal Professora Auxiliar, Universidade de Aveiro
Arguente Doutor Romeu António Videira Investigador, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Orientador Professora Doutora Diana Cláudia Gouveia Alves Pinto Professora Auxiliar, Universidade de Aveiro
Quero agradecer a todos os que contribuíram para a realização do presente
trabalho.
Às minhas orientadoras, Professora Diana Pinto e Doutora Celeste Dias, por todos
os conhecimentos trasmitidos, pelo apoio e sobretudo por toda a disponibilidade.
Aos amigos que f iz em Aveiro e que me f izeram sentir em casa.
E, por último, à minha família, pais, irmão e madrinha, pela dedicação, esforço,
paciência, conf iança e encorajamento ao longo de todo este percurso, e um
especial agradecimento ao meu avô por todas as palavras de conforto e de
sabedoria.
agradecimentos
palavras-chave
cromatograf ia gasosa acoplada a espetrometria de massa (GC-MS),
cromatograf ia líquida acoplada a espetrometria de massa (LC-MS), extração
assistida por micro-ondas (MAE), extração assistida por ultrassons (UAE),
f itocompostos, Olea europaea L.
resumo
Há vários séculos que a oliveira, Olea europaea L., é conhecida pelo seu
elevado valor económico na região do mediterrâneo, a qual é responsável pela
produção de 98% das azeitonas e 78% do azeite, a nível mundial. Após a
extração do azeite, são geradas, aproximadamente, um milhão de folhas de
oliveira, ricas em compostos bioativos, como polifenóis, que apresentam
propriedades benéf icas, nomeadamente cardio - e neuroprotetora, com elevada
aplicabilidade nas indústrias alimentar e farmacêutica. Assim, tendo em conta a
elevada disponibilidade e baixo custo deste subproduto, é imperativa a
otimização da extração dos metabolitos secundários presentes nas folhas de
oliveira, e a valorização deste subproduto agroindustrial como uma fonte
essencial de compostos bioativos. Deste modo, os metabolitos lipof ílicos e
fenólicos presentes nas folhas de oliveira foram extraídos pelas metodologias
não convencionais, extração assistida por micro-ondas (MAE) e extração
assistida por ultrassons (UAE), e foram utilizados n-hexano e etanol como
solventes. Posteriomente, os metabolitos, extraídos das folhas de oliveira
f rescas ou secas e inteiras ou maceradas, foram identif icados recorrendo a
técnicas de cromatograf ia (gasosa e líquida) acoplada à espetrometria de massa
(GC-MS e UHPLC-MS, respetivamente). Foram identif icados e quantif icados 26
e 37 compostos lipofílicos extraídos pelas técnicas MAE e UAE, respetivamente,
tendo-se obtido um maior teor de compostos lipofílicos pela técnica UAE na folha
de oliveira seca macerada, e 22 compostos fenólicos extraídos por ambas as
técnicas não convencionais, em maior quantidade na folha de oliveira f resca
macerada, a partir da técnica MAE. Em suma, estes métodos emergentes
provaram ser ef icientes na extração de metabolitos secundários presentes nas
folhas de oliveira, quando comparados com os métodos convencionais,
essencialmente extração sólido - líquido (com hexano, metanol, etanol e água,
com agitação) e extração por Soxhlet (com etanol), uma vez que foram utilizados
tempos de extração signif icamente inferiores (30 min) e menores quantidades
de solvente, evitando ainda gastos de tempo e energia, mantendo bons
rendimentos de extração e tendo, por conseguinte, um impacto positivo no
ambiente.
keywords
GC-MS, UHPLC-DAD ESI/MSn, MAE, Olea europaea L., phytocompounds,
Soxhlet, UAE
abstract
The olive tree, Olea europaea L., has been known for centuries in the
Mediterranean region for its economic value. About 98% of the world ’s olive and
78% of world olive oil are produced in this region. Af ter the olive oil extraction,
around one million tons of olive leaves remain f rom this process. Olive leaves
are rich in bioactive compounds, such as polyphenols, and present several
health properties, mainly cardio- and neuroprotective, with a wide application in
the food and pharmaceutical industries. So, considering the high availability and
low cost of this sub- product, it is very important to optimize metabolite extraction
f rom leaves and increase its value as a source of important bioactive
compounds. Olive leaves metabolites, lipophilic and phenolic, were extracted by
nonconventional methods, such as microwave-assisted extraction (MAE) and
ultrasound-assisted extraction (UAE), with n-hexane and ethanol. The
metabolites extracted f rom f resh or dry and intact or macerated olive leaves were
identif ied and quantif ied by chromatography (gas and liquid) coupled with mass
spectrometry (GC-MS and UHPLC-DAD ESI/MSn). Overall, 26 and 37 lipophilic
compounds were extracted by MAE and UAE, respectively, and the highest
content of these compounds was detected in the macerated dry olive leaf by
UAE, and 22 phenolic compounds extracted by both nonconventional methods,
where the highest content was verif ied in the macerated f resh olive leaf by MAE.
Thereby, microwave-assisted extraction and ultrasound-assisted extraction
proved to be ef f icient in extracting metabolites present in olive leaves when
compared with conventional methods such as solid -liquid extraction (with
hexane, methanol, ethanol, and water, with magnetic stirring) and Soxhlet
extraction (with ethanol), since signif icantly lower extraction times (30 min) and
amounts of solvent have been used, avoiding time and energy consumption,
maintaining good extraction yields and, therefore, having a positive impact on
the environment.
ÍNDICE
ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................................................. i
ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................................... iii
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ............................................................................................. v
INTRODUÇÃO GERAL............................................................................................................................... 1
1. Olea europaea L...................................................................................................................................... 2
2. Folhas de oliveira ................................................................................................................................... 3
3. Metabolitos presentes nas folhas de oliveira e sua aplicabilidade ......................................................... 4
3.1. Compostos fenólicos........................................................................................................................... 4
3.2. Ácidos gordos ..................................................................................................................................... 8
3.3. Terpenóides e esteróis......................................................................................................................... 9
3.4. Álcoois .............................................................................................................................................. 10
3.5. Hidrocarbonetos................................................................................................................................ 10
3.6. Açúcares ........................................................................................................................................... 11
4. Métodos de extração de compostos presentes em plantas .................................................................... 11
4.1. Métodos de extração convencionais ................................................................................................. 12
4.2. Métodos de extração não convencionais .......................................................................................... 15
4.2.1. Extração assistida por ultrassons (UAE) .................................................................................... 16
4.2.2. Extração assistida por micro-ondas (MAE) ............................................................................... 17
4.2.3. Extração por fluidos supercríticos (SFE) ................................................................................... 19
4.2.4. Extração por campo elétrico pulsado (PEF) ............................................................................... 21
4.2.5. Extração por líquido pressurizado (PLE) ................................................................................... 21
4.2.6. Extração assistida por enzimas (EAE) ....................................................................................... 22
5. Métodos de identificação e quantificação de compostos em extratos de folhas de oliveira ................ 23
OBJETIVOS ................................................................................................................................................ 25
MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................................................... 27
1. Amostras de folhas de oliveira ............................................................................................................. 27
2. Extração de metabolitos das folhas de oliveira .................................................................................... 27
3. Análise de metabolitos presentes nos extratos de folhas de oliveira ....................................................... 28
3.1. Análise por GC-MS .......................................................................................................................... 28
3.2. Análise por UHPLC-DAD ESI/MSn ................................................................................................ 29
4. Análise de dados ................................................................................................................................... 30
RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................................................. 31
1. Perfil lipofílico dos extratos de folhas de oliveira ................................................................................ 31
1.1. Composição lipofílica dos extratos de folhas de oliveira após MAE ........................................... 31
1.2. Composição lipofílica dos extratos de folhas de oliveira após UAE ............................................ 35
1.3. Comparação do perfil lipofílico dos extratos obtidos por MAE e UAE ....................................... 39
1.3.1. Comparação do perfil lipofílico dos extratos FI vs SI e FM vs SM extraídos por MAE e
UAE……………….. ............................................................................................................................ 40
1.3.2. Comparação do perfil lipofílico dos extratos obtidos pelos métodos não convencionais
(MAE e UAE) vs métodos convencionais ............................................................................................ 43
2. Perfil fenólico dos extratos de folhas de oliveira ................................................................................. 46
2.1. Composição fenólica dos extratos de folhas de oliveira após MAE............................................. 46
2.2. Composição fenólica dos extratos de folhas de oliveira após UAE ............................................. 50
2.3. Comparação do perfil fenólico dos extratos obtidos por MAE e UAE ........................................ 54
2.3.1. Comparação do perfil fenólico dos extratos FI vs SI e FM vs SM extraídos por MAE e UAE
............................................................................................................................................... 55
2.3.2. Comparação do perfil fenólico dos extratos obtidos pelos métodos não convencionais vs
métodos convencionais......................................................................................................................... 59
CONCLUSÃO ............................................................................................................................................. 65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 67
ANEXOS ..................................................................................................................................................... 77
Anexo1. Padrões utilizados na quantificação de compostos lipofílicos .................................................. 77
Anexo 2. Padrões utilizados na quantificação de compostos fenólicos................................................... 80
i
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Olea europaea L............................................................................................................................. 2
Figura 2. Folhas de oliveira. .......................................................................................................................... 3
Figura 3. Estrutura da oleuropeína................................................................................................................. 5
Figura 4. Estruturas dos fenóis simples encontrados nas folhas de oliveira: hidroxitirosol (A) e tirosol (B).
....................................................................................................................................................................... 5
Figura 5. Estrutura dos flavonoides presentes nos extratos das folhas de oliveira: apigenina-7-O-glicósido
(A), luteolina-7-O-glicósido (B), luteolina-4'-O-glicósido (C) e quercetina (D). ......................................... 6
Figura 6. Estrutura do ácido cafeico. ............................................................................................................. 6
Figura 7. Estrutura do verbascosídeo............................................................................................................. 7
Figura 8. Estrutura dos ácidos gordos encontrados nas folhas de oliveira: ácido α - linolénico (C18:3) (A)
e ácido palmítico (C16:0) (B). ....................................................................................................................... 8
Figura 9. Estruturas dos compostos terpénicos encontrados nos extratos de folha de oliveira: ácido
oleanólico (A), ácido ursólico (B) e ácido maslínico (C). ............................................................................. 9
Figura 10. Estrutura do β-sitosterol, esterol predominante nas folhas de oliveira. ..................................... 10
Figura 11. Estrutura do álcool Hexacosan-1-ol (C26H54O). ...................................................................... 10
Figura 12. Estruturas dos açúcares presentes nas folhas de oliveira: Glucose (A), Frutose (B) e Manitol (C).
..................................................................................................................................................................... 11
Figura 13. Aparelho de Soxhlet convencional. ............................................................................................ 13
Figura 14. Exemplo de extração assistida por ultrassons (UAE) em folhas de oliveira secas (A) e frescas
(B). ............................................................................................................................................................... 16
Figura 15. Aparelho de micro-ondas utilizado em laboratório. ................................................................... 18
Figura 16. Transformação da fase gasosa e líquida do CO2 no estado supercrítico. ................................... 19
Figura 17. Exemplo de um dos cromatogramas obtidos por GC-MS dos extratos de hexano, após extração
assistida por micro-ondas. Os picos identificados com números correspondem aos compostos identificados
na tabela 1. ................................................................................................................................................... 31
Figura 18. Exemplo de um dos cromatogramas obtidos por GC-MS dos extratos de hexano, após extração
assistida por ultrassons. Os picos identificados com números correspondem aos compostos identificados na
tabela 2. ........................................................................................................................................................ 35
Figura 19. Comparação do perfil lipofílico dos extratos das folhas de oliveira inteiras, frescas e secas,
extraídos por MAE e UAE (mg/g PF ou PS). ……………………………………………………………...41
Figura 20. Comparação do perfil lipofílico dos extratos das folhas de oliveira maceradas, frescas e secas,
extraídos por MAE e UAE (mg/g PF ou PS)............................................................................................... 42
ii
Figura 21. Exemplo de um dos cromatogramas obtidos por LC-MS dos extratos de etanol, após extração
assistida por micro-ondas. Os picos identificados com números correspondem aos compostos identificados
na tabela 3. ................................................................................................................................................... 46
Figura 22. Exemplo de um dos cromatogramas obtidos por LC-MS dos extratos de etanol, após extração
assistida por ultrassons. Os picos identificados com números correspondem aos compostos identificados na
tabela 4. ........................................................................................................................................................ 50
Figura 23. Comparação do perfil fenólico dos extratos de folhas de oliveira inteiras, frescas e secas,
extraídos por MAE e UAE (mg/Kg PF ou PS). ........................................................................................... 57
Figura 24. Comparação do perfil fenólico dos extratos de folhas de oliveira maceradas, frescas e secas,
extraídos por MAE e UAE (mg/Kg PF ou PS). ........................................................................................... 58
Figura A1. Reta de calibração do octadecano. ............................................................................................ 77
Figura A2. Reta de calibração do ácido palmítico. ...................................................................................... 77
Figura A3. Reta de calibração do colesterol. ............................................................................................... 78
Figura A4. Reta de calibração do octadecanol. ........................................................................................... 78
Figura A5. Reta de calibração da maltose. .................................................................................................. 79
Figura A6. Reta de calibração do ácido cafeico. ......................................................................................... 80
Figura A7. Reta de calibração da oleuropeína a 280 nm. ............................................................................ 80
Figura A8. Reta de calibração da oleuropeína a 240 nm. ............................................................................ 81
Figura A9. Reta de calibração da luteolina. ................................................................................................. 81
Figura A10. Reta de calibração da quercetina. ............................................................................................ 82
Figura A11. Reta de calibração da rutina. ................................................................................................... 82
iii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Composição lipofílica dos extratos de folhas de oliveira (mg/g PS) de cada grupo – folha fresca
inteira (FI), fresca macerada (FM), seca inteira (SI), e seca macerada (SM), após extração assistida por
micro-ondas (MAE). Os valores representam média ± desvio padrão (n = 3). ........................................... 32
Tabela 2. Composição lipofílica dos extratos de folhas de oliveira (mg/g PS) de cada grupo – folha fresca
inteira (FI), fresca macerada (FM), seca inteira (SI), e seca macerada (SM), após extração assistida por
ultrassons (UAE). Os valores representam média ± desvio padrão (n = 3)................................................. 36
Tabela 3. Composição fenólica dos extratos de folhas de oliveira (mg/Kg PF) de cada grupo – folha fresca
inteira (FI), fresca macerada (FM), seca inteira (SI) e seca macerada (SM), após extração assistida por
micro-ondas (MAE). Os valores representam média ± desvio padrão (n = 3). ........................................... 47
Tabela 4. Composição fenólica dos extratos de folhas de oliveira (mg/Kg PF) de cada grupo – folha fresca
inteira (FI), fresca macerada (FM), seca inteira (SI) e seca macerada (SM), após extração assistida por
ultrassons (UAE). Os valores representam média ± desvio padrão (n = 3)................................................. 51
iv
v
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
A/Api – razão área do pico/ área do pico do padrão interno
Api – área do pico correspondente ao padrão interno
ABTS - 2,29-azinobis-(3-etilbenzotiazolina-6-sulfonato)
ASE – extração por fluído acelerado, do inglês Accelerated Fluid Extraction
BHA – 2-t-butil-4-hidroxianisol
BHT – 3,5-di-t-butil-4-hidroxitolueno
BSTFA – bis(trimetilsilil)trifluoroacetamida
EAE – extração assistida por enzimas, do inglês Enzyme-assisted Extraction
ESE – extração aumentada por solvente, do inglês Enhanced Solvent Extraction
FI – fresca inteira
FM – fresca macerada
FRAP - poder antioxidante por redução do ião férrico, do inglês Fluorescence Recovery
After Photobleaching
GC – cromatografia gasosa, do inglês Gas Cromatography
HPLC – cromatografia líquida de elevada eficiência, do inglês High Performance Liquid
Chromatography
HPSE – extração por solvente de alta pressão, do inglês High Pressure Solvent Extraction
m/z – razão massa/carga
MAE – extração assistida por micro-ondas, do inglês Microwave-assisted Extraction
MS – espectrometria de massa, do inglês Mass Spectrometry
PEF – extração por um campo elétrico pulsado, do inglês Pulsed-electric Field Extraction
PFE – extração por um fluído pressurizado, do inglês Pressurized Fluid Extraction
PF – peso fresco
PLE – extração por líquido pressurizado, do inglês Pressurized Liquid Extraction
PS – peso seco
R2 – coeficiente de correlação
SFE – extração por fluidos supercríticos, do inglês Supercritical Fluid Extraction
SFMAE – extração assistida por micro-ondas sem a utilização de solvente, do inglês
Solvent Free Microwave Assisted Extraction
SI – seca inteira
vi
SM – seca macerada
TBHQ – t-butil-hidroquinona
TMSCl – cloreto de trimetilsililo
UAE – extração assistida por ultrassons, do inglês Ultrasound-assisted Extraction
UHPLC-DAD ESI/MSn – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detetor de foto-díodos acoplada a espetrometria de massa com ionização por electrospay
1
INTRODUÇÃO GERAL
A utilização de plantas, tanto na alimentação como para fins medicinais e
terapêuticos, data as origens da humanidade.
Atualmente, o conhecimento científico das diversas propriedades biológicas dos
fitocompostos e o seu papel, nomeadamente na promoção da saúde humana, tem
contribuído para um aumento significativo da procura por alimentos saudáveis, bem como
por alternativas contendo antioxidantes naturais com o intuito de substituir os
antioxidantes sintéticos (Benavente-García et al., 2000; Ferreira & Abreu, 2007).
Na indústria alimentar, são frequentemente utilizados antioxidantes sintéticos, tais
como BHA (2-t-butil-4-hidroxianisol), BHT (3,5-di-t-butil-4-hidroxitolueno) e TBHQ (t-
butil-hidroquinona), como aditivos alimentares, devido à sua elevada estabilidade térmica
e baixo custo. Contudo, a segurança dos mesmos tem sido questionada ao longo dos anos
por apresentarem atividade carcinogénica (Ito et al., 1985).
Os fitoquímicos são compostos produzidos pelas plantas e são classificados como
compostos bioativos. Estes incluem antioxidantes, como polifenóis, vitaminas,
carotenoides, ácidos gordos insaturados e açúcares redutores (Ramarathnam et al., 1995;
Škerget et al., 2005).
Deste modo, estes antioxidantes naturais presentes na dieta alimentar,
nomeadamente em frutos e vegetais, assumem uma grande importância como possíveis
agentes seguros e eficazes na proteção do corpo humano contra danos oxidativos, estando
associados à redução do risco de ocorrência de várias doenças crónicas causadas,
essencialmente, pelo stress oxidativo, como certos tipos de cancro e doenças
cardiovasculares (Ferreira & Abreu, 2007; Halliwell, 1996; Valko et al., 2007).
Alguns sectores agroalimentares, como por exemplo a olivicultura, a
vitivinicultura e os lacticínios, geram grandes quantidades de subprodutos, que
apresentam propriedades biológicas importantes, mas que são subaproveitados, causando
um grande impacto ambiental. Por conseguinte, a valorização destes subprodutos
agroalimentares apresenta-se não só como uma necessidade, mas também como uma
oportunidade na obtenção de produtos novos com valor acrescentado, o que pode
provocar um impacto positivo na economia destas indústrias.
2
Assim, os subprodutos agroalimentares têm suscitado, cada vez mais interesse,
tanto pela sua composição em fitoquímicos, como pelo seu baixo custo e elevado impacto
ambiental (Pintado & Teixeira, 2015).
Na cultura da oliveira e, consequentemente, na produção do azeite, uma das fontes
mais promissoras de compostos bioativos, com inúmeras aplicabilidades, são as folhas de
oliveira obtidas como biomassa após a poda das árvores e a apanha da azeitona (Erbay &
Icier, 2010). A importância deste subproduto é enfatizada tanto pela elevada
disponibilidade como também pelos efeitos nutricionais e terapêuticos das folhas de
oliveira, contribuindo, ainda, para uma economia circular (Balasundram et al., 2006;
Guinda et al., 2015).
1. Olea europaea L.
A oliveira, Olea europaea L., (Figura 1) é uma árvore de fruto com elevado valor
económico e é frequentemente associada à região mediterrânica, na qual se situam mais
de 80% dos olivais de todo o mundo (Rashid & Rashid, 2019).
A oliveira é uma árvore de porte médio, pertencente à família das oleáceas, e é a
espécie mais popular pertencente ao género Olea. Trata-se de uma árvore com grande
longevidade e distribuição geográfica, uma vez que consegue resistir a condições de
stress, como variações de temperatura, seca e exposição a radiação UV (Dias et al., 2020;
Martinelli et al., 2013). Das variedades de oliveira existentes, a Cobrançosa, Galega,
Figura 1. Olea europaea L.
3
Azeiteira, Cordovil e Blanqueta, são variedades típicas de Portugal e as principais
responsáveis pela produção de azeite (Cardoso, 2006).
Apesar de ser conhecida principalmente pelo seu óleo, o azeite, a oliveira é
também conhecida pelo seu fruto, a azeitona. A região do Mediterrâneo é responsável
pela produção de 98% das azeitonas e 78% do azeite a nível mundial (Ryan & Robards,
1998). Nos últimos anos o consumo de azeite tem vindo a aumentar devido ao
conhecimento dos efeitos benéficos do azeite na saúde, nomeadamente ao nível da
proteção contra doenças, como doenças cardiovasculares, e das suas propriedades
antioxidantes, anti-inflamatórias e anticancerígenas (Ghanbari et al., 2012; Talhaoui,
Gómez-Caravaca, et al., 2015).
Contudo, tanto o cultivo de oliveiras como a extração do azeite originam,
anualmente, quantidades significativas de produtos designados por “subprodutos da
oliveira”, como por exemplo as suas folhas. Após a extração do azeite são geradas,
aproximadamente, 1 milhão de folhas como subproduto, ricas em compostos bioativos e
com elevada aplicabilidade nas indústrias alimentar e farmacêutica (Abdellaoui et al.,
2018).
2. Folhas de oliveira
As folhas de oliveira (Figura 2) são uma fonte renovável, barata e abundante em
ácidos gordos e polifenóis, representando aproximadamente 10% do peso total da oliveira
(Abdellaoui et al., 2018; Balasundram et al., 2006).
Para além do azeite e da azeitona, as folhas têm também elevada aplicabilidade,
como infusões ou extratos na medicina tradicional, e nas indústrias farmacêutica,
Figura 2. Folhas de oliveira.
4
cosmética e alimentar. Na medicina tradicional, as folhas de oliveira são, há muitos anos,
utilizadas no tratamento de várias doenças, como malária, diabetes, doenças
cardiovasculares e no combate a infeções (Ben Salem et al., 2015; Benavente-García et
al., 2000), por apresentarem propriedades bioativas, tais como antioxidante, anti-
hipertensiva, anti-inflamatória, hipoglicémica e hipocolesterolémica (Boss et al., 2016).
3. Metabolitos presentes nas folhas de oliveira e sua aplicabilidade
As folhas de oliveira têm despertado elevado interesse devido aos metabolitos
presentes na sua composição, como compostos fenólicos, ácidos gordos, terpenóides,
álcoois e esteróis, hidrocarbonetos e hidratos de carbono, conferindo-lhes inúmeras
aplicabilidades nas diferentes indústrias (Peragon, 2013).
A presença e o teor destes metabolitos nas folhas de oliveira dependem sobretudo
da variedade, do estado de desenvolvimento, das condições ambientais de crescimento, e
ainda da região em que se encontra a oliveira. Já a composição dos extratos de folhas de
oliveira depende dos métodos e condições de extração utilizados (Taamalli, Arráez-
Román, Barrajón-Catalán, et al., 2012; Talhaoui, Taamalli, et al., 2015).
3.1. Compostos fenólicos
Os compostos fenólicos são metabolitos secundários que apresentam um anel
aromático na sua estrutura química, ao qual se liga um ou mais grupos hidroxilo. Estes
compostos ocorrem naturalmente em plantas e estão, frequentemente, associados às
qualidades sensoriais e nutricionais dos seus produtos, conferindo-lhes proteção contra
danos oxidativos, devido às suas atividades antimicrobiana e antioxidante (Talhaoui,
Gómez-Caravaca, et al., 2015).
Nas folhas de oliveira estão presentes diversos grupos de compostos fenólicos,
como secoiridoides, sendo esta a principal família de compostos presente nas folhas de
oliveira, e restrita à família oleaceae; flavonoides, lenhanos, fenóis simples e derivados
do ácido cinâmico, na sua maioria contendo grupos hidroxilo (Leouifoudi et al., 2014;
Talhaoui, Taamalli, et al., 2015).
A oleuropeína, representada na Figura 3, pertencente ao grupo dos secoiridoides,
é um dos compostos fenólicos mais abundantes nos extratos de folhas de oliveira (Irakli
5
et al., 2018; Talhaoui et al., 2014), podendo constituir até 9% da folha seca (Romani et
al., 2016). Além da oleuropeína, e ainda do grupo dos secoiridoides, também é possível
detetar nas folhas de oliveira o composto ligstrosido (Ben Salem et al., 2015; Irakli et al.,
2018).
O hidroxitirosol e o tirosol, cujas estruturas se encontram representadas na Figura
4, são os fenóis simples presentes nas folhas de oliveira e são percursores da oleuropeína
e seus derivados ( Silva et al., 2006).
Para além destes, já foram identificados flavonoides nos extratos de folhas de
oliveira, como a rutina, apigenina, apigenina-7-O-glucósido, glucósidos de luteolina,
nomeadamente luteolina-7-O-glucósido e luteolina-4'-O-glucósido, e quercetina,
representados na Figura 5 (Fu et al., 2010; Pereira et al., 2007; Talhaoui, Taamalli, et al.,
2015).
Figura 3. Estrutura da oleuropeína .
Figura 4. Estruturas dos fenóis simples encontrados nas folhas de oliveira: hidroxitirosol (A) e
tirosol (B).
A B
6
Relativamente aos derivados do ácido cinâmico, é possível detetar nas folhas de
oliveira a presença de ácido cafeico, representado na Figura 6 (Kiritsakis et al., 2010;
Pereira et al., 2007).
Por último, é possível ainda detetar a presença de um derivado do ácido cafeico
nas folhas de oliveira, o verbascosídeo, representado na Figura 7 (Ryan & Robards, 1998;
Taamalli, Arráez-Román, Ibañez, et al., 2012).
Figura 5. Estrutura dos flavonoides presentes nos extratos das folhas de oliveira: apigenina-7-O-
glicósido (A), luteolina -7-O-glicósido (B), luteolina -4'-O-glicósido (C) e quercetina (D).
A) R1 = H; R2 = H; R3 = H; R4 = glucose
B) R1 = H; R2 = OH; R3 = H; R4 = glucose
C) R1 = glucose; R2 = OH; R3 = H; R4 = H
D) R1 = H; R2 = OH; R3 = OH; R4 = H
Figura 6. Estrutura do ácido cafeico.
7
A família dos compostos fenólicos é a principal responsável pela capacidade
antioxidante detetada nas folhas de oliveira, essencialmente devido ao seu elevado poder
redutor.
A nível alimentar, as folhas podem estar presentes na extração do azeite,
conferindo-lhe um maior teor destes compostos antioxidantes, aumentando
consequentemente a estabilidade oxidativa do produto, uma vez que retarda a principal
causa de deterioração dos alimentos, a peroxidação lipídica, mantendo a sua qualidade e
propriedades sensoriais (Bouaziz et al., 2008; Ecker, 2003; Maisuthisakul et al., 2007).
Os extratos obtidos a partir das folhas de oliveira também podem ser usados na prevenção
da oxidação de outros óleos e carnes, apresentando-se como uma fonte promissora de
antioxidantes a ser incorporada em embalagens de alimentos perecíveis (Bouaziz et al.,
2008; Marcos et al., 2014).
A adição de extratos de folhas de oliveira também já provou ser eficaz no fabrico
de salsichas, carnes, saladas e sopas, melhorando a qualidade microbiológica, estabilidade
da cor, sabor e, assim, o tempo de prateleira (Ložiene et al., 2007; Novak et al., 2000).
Além disso, a adição de folhas de oliveira à ração de animais tem, também, um
impacto positivo na qualidade microbiológica da carne obtida, sendo adicionadas para
impedir o crescimento de bactérias indesejáveis, devido às propriedades antibióticas
Figura 7. Estrutura do verbascosídeo.
8
apresentadas pela oleuropeína e hidroxitirosol presentes nos extratos de folhas de oliveira
(Marangoni et al., 2015).
Existem, ainda, estudos que demonstram a eficácia do extrato das folhas de
oliveira rico em oleuropeína, ácido oleico e hidroxitirosol na inibição da infeção e
transmissão do vírus HIV-1, em parte devido à indução da apoptose celular, mas também
pela reversão dos danos causados pelo vírus a nível da expressão de genes envolvidos nas
vias sinalizadoras de sobrevivência, morte, diferenciação e proliferação celular (Boss et
al., 2016; Lee-Huang et al., 2008; Malik & Bradford, 2006).
3.2. Ácidos gordos
Nas folhas de oliveira já foram identificados diversos ácidos gordos
polinsaturados, como por exemplo, o ácido α - linolénico (C18:3), um ácido gordo ómega
3, o ácido linoleico (C18:2), um ácido gordo ómega 6 e o ácido oleico (C18:1), um ácido
gordo monoinsaturado, em quantidades significativas.
Os ácidos gordos polinsaturados apresentam inúmeros benefícios na saúde
humana, principalmente na prevenção de doenças cardiovasculares e obesidade. Por
exemplo, o ácido linolénico é um ácido ómega 3, que está presente nas folhas de oliveira.
A sua ingestão permite a regulação dos níveis de triglicéridos e ácidos gordos no plasma,
bem como o controlo da pressão arterial (Şahin et al., 2018).
Além destes, também já foram detetadas elevadas quantidades de ácidos gordos
saturados, nomeadamente, o ácido palmítico (C16:0), e em menores quantidades, o ácido
esteárico (C18:0) (Dias et al., 2018). Na Figura 8 encontram-se representadas as estruturas
dos ácidos α – linolénico e palmítico.
Figura 8. Estrutura dos ácidos gordos encontrados nas folhas de oliveira: ácido α - linolénico (C18:3) (A)
e ácido palmítico (C16:0) (B).
A
B
9
3.3. Terpenóides e esteróis
As folhas de oliveira também são ricas em terpenóides, os quais apresentam
elevada atividade antioxidante, conferindo-lhes propriedades benéficas, como
propriedades anticancerígenas e antiproliferativas, pelo que têm uma potencial aplicação
no combate a certos tipos de cancro, tais como cancro do cólon e da mama (Allouche et
al., 2011).
Nas folhas de oliveira, é de salientar a presença do ácido oleanólico, por ser o
mais abundante, e os ácidos maslínico e ursólico, evidenciados na Figura 9, e em menores
concentrações, uvaol e eritrodiol (Dias et al., 2019; Guinda et al., 2015; Peragon, 2013).
Para além destes, podem encontrar-se também o α-tocoferol, que é a forma mais
ativa da vitamina E, e o β-caroteno, precursor da vitamina A (Issaoui et al., 2017; Tabera
et al., 2004).
Relativamente aos esteróis presentes nas folhas de oliveira, o β-sitosterol é o
composto que se encontra em maiores concentrações, cuja estrutura se encontra
evidenciada na Figura 10, seguido do campesterol e estigmasterol. Contudo, também já
foram identificados outros compostos pertencentes a esta família como o colesterol e Δ5-
e Δ7-avenasterol, em menores quantidades (Mara Orozco-Solano et al., 2010; Tabera et
al., 2004).
A B C
Figura 9. Estruturas dos compostos terpénicos encontrados nos extratos de folha de oliveira: ácido
oleanólico (A), ácido ursólico (B) e ácido maslínico (C).
10
3.4. Álcoois
Geralmente, os álcoois encontram-se em maior abundância no fruto da oliveira do
que nas folhas. No entanto, verifica-se a presença de álcoois de cadeia longa como o
hexacosanol (C26H54O), representado na Figura 11, sendo este o mais relevante. De
salientar, ainda, a presença do álcool octacosanol (C28H58O), pelas suas propriedades
bioativas, e os álcoois tetracosanol (C24H50O) e docosanol (C22H46O), em quantidades
inferiores nas folhas de oliveira (Mara Orozco-Solano et al., 2010).
3.5. Hidrocarbonetos
Nas folhas de oliveira predominam os hidrocarbonetos alifáticos, ou seja, alcanos
de cadeia longa, que varia entre 24 e 35 átomos de carbono. Assim, verifica-se uma
predominância dos hidrocarbonetos nonacosano (C29H60), untriacontano (C31H64) e
tritriacontano (C33H68) (Issaoui et al., 2017).
Para além destes, também se encontram presentes hidrocarbonetos aromáticos,
tais como o tolueno, em quantidades superiores, e ainda orto- e para-xileno (Malheiro et
al., 2016; Ryan & Robards, 1998).
Figura 10. Estrutura do β-sitosterol, esterol predominante nas folhas de oliveira.
Figura 11. Estrutura do álcool Hexacosan-1-ol (C26H54O).
11
3.6. Açúcares
Os açúcares presentes nas folhas de oliveira resultam da fotossíntese realizada nas
mesmas, sendo uma fonte de energia e um constituinte fundamental da parede celular.
Nas folhas de oliveira predominam os açúcares glucose e frutose, e um derivado da
manose, o manitol, representados na Figura 12. O manitol também confere alguma
vantagem às folhas de oliveira, uma vez que pode ter aplicabilidade como adoçante na
indústria alimentar (Guinda et al., 2015).
Para além destes, também já foram descritos outros componentes importantes
como a celulose e açúcares hemicelulósicos, nomeadamente arabinose, galactose e xilose
(Gómez-González et al., 2010).
4. Métodos de extração de compostos presentes em plantas
Como resultados das suas propriedades, há um crescente interesse em isolar estes
compostos presentes nas folhas de oliveira, com o intuito de os utilizar como
antioxidantes naturais, a partir de diferentes métodos de extração (Jeong et al., 2004).
O processo de extração é uma das etapas mais importantes para a obtenção dos
compostos químicos presentes nas plantas. A seleção de uma técnica de extração
adequada é determinante para separar, identificar e caracterizar os compostos químicos,
bem como para evitar a sua degradação ou perda durante todo o processo de extração
(Tradit et al., 2007).
A B C
Figura 12. Estruturas dos açúcares presentes nas folhas de oliveira: Glucose (A), Frutose (B) e Manitol
(C).
12
A extração utilizando um solvente, orgânico ou inorgânico, também designada por
extração sólido-líquido, é uma das técnicas mais comuns na preparação de extratos a
partir de plantas, devido à simplicidade do método, à elevada eficiência e à vasta gama
de aplicações.
Por conseguinte, a eficiência da extração depende, essencialmente, da escolha dos
solventes que deve ter por base a polaridade dos compostos alvo. Além disso, a afinidade
molecular entre o soluto e o solvente, a transferência de massa, uso de co-solvente,
segurança ambiental, toxicidade humana e viabilidade económica também devem ser
tidos em conta aquando a seleção do solvente para a extração de compostos bioativos
(Murphy, 1999).
4.1. Métodos de extração convencionais
Os métodos de extração clássicos baseiam-se, sobretudo, na escolha e utilização
de um solvente, ou mistura de solventes, apropriado, bem como na utilização de elevadas
temperaturas e/ou agitação. Deste modo, o rendimento do processo de extração depende,
fortemente, do solvente líquido e da sua polaridade, do tempo e temperatura usados e, por
último, da quantidade e das propriedades físicas e químicas da amostra (Mircea Vinatoru,
2001).
O hexano, o metanol e o etanol são exemplos de solventes habitualmente
utilizados. No entanto, é de salientar que, por ser um solvente apolar, o hexano dissolve
preferencialmente compostos apolares. Já o metanol e o etanol dissolvem
preferencialmente compostos polares (Şahin et al., 2011).
Relativamente aos métodos de extração sólido-líquido convencionais, as técnicas
mais utilizadas são a maceração, a destilação por arrastamento de vapor e a extração por
Soxhlet, podendo ser aplicadas de forma individual ou combinada.
A maceração é um processo de extração que se apoia em dois efeitos
fundamentais, difusão e osmose. Nesta técnica, a amostra é inicialmente macerada com o
intuito de quebrar as paredes e membranas celulares e, assim, aumentar a área de
superfície em contacto com o solvente, podendo ser utilizadas elevadas temperaturas.
Após a maceração, é então adicionado o solvente apropriado e por último, procede-se à
filtração da mistura.
13
A agitação ocasional neste processo facilita a extração uma vez que aumenta a
difusão dos compostos presentes na matriz da amostra para o solvente, permit indo um
maior rendimento de extração (Naviglio et al., 2007).
A destilação por arrastamento de vapor consiste na adição de água à amostra e
posterior fervura da mesma. Alternativamente, é injetado vapor diretamente na amostra.
Assim, tanto a água como o vapor têm um papel fundamental na libertação dos compostos
bioativos a partir dos tecidos vegetais. A refrigeração indireta pela água condensa a
mistura de água e óleos essenciais, a qual flui até um separador, que diferencia,
automaticamente, os óleos e os compostos bioativos da água (L. V. Silva et al., 2005).
Por último, a extração por Soxhlet é, também, um método convencional
comumente utilizado na extração de metabolitos a partir de plantas. Nesta técnica usa-se
o aparelho de Soxhlet, representado na Figura 13, que é constituído por uma câmara de
extração ou extrator, uma câmara de vaporização (balão) e um condensador. Ambas as
câmaras comunicam por um intermediário de dois tubos laterais, um funciona como sifão
e o outro como passagem do vapor do solvente. A matriz sólida, inteira ou previamente
macerada, a ser extraída é colocada num cartucho de papel de filtro na câmara de extração
(Luque de Castro & Priego-Capote, 2010).
Deste modo, por aquecimento, o solvente presente no balão evapora até ao
condensador, através do tubo lateral, no qual condensa e enche a câmara de extração,
onde se encontra o cartucho de Soxhlet. Por conseguinte, o analito dissolvido é
Figura 13. Aparelho de Soxhlet convencional.
14
encaminhado para o sifão de recolha, no qual é descarregado, de volta, para o balão após
terminado o ciclo de extração. De seguida, inicia-se um novo ciclo de extração pela
evaporação do solvente livre do soluto, repetindo-se o processo descrito, até à extração
completa da amostra (Luque de Castro & Priego-Capote, 2010; Rodríguez-Bernaldo de
Quirós et al., 2010).
A extração convencional por Soxhlet apresenta diversas vantagens visto ser uma
metodologia simples e por extrair elevadas quantidades de amostra. Como resultado do
contacto permanente da amostra sólida com o solvente, a solubilização do analito ocorre
mais facilmente, e a quantidade de solvente é a mesma em todos os ciclos, até que a matriz
sólida se encontre livre de soluto, possibilitando o uso económico do solvente, e não
sendo necessário haver filtração após a extração (Mircea Vinatoru, 2001).
Porém, tanto a extração por Soxhlet como os restantes métodos convencionais
requerem, geralmente, tempos de extração significativamente longos (geralmente 72h, o
equivalente a 3 ciclos de extração), elevadas quantidades de amostra e,
consequentemente, de solvente, o que torna o processo consideravelmente dispendioso,
tendo um impacto negativo no ambiente e na saúde humana. Além disso, nas técnicas de
destilação por arrastamento de vapor e extração por Soxhlet, as amostras são, geralmente,
extraídas ao ponto de ebulição do solvente, podendo resultar na perda de componentes
voláteis, desvantagem que limita a utilização destes métodos convencionais na extração
de compostos termolábeis (Rodríguez-Bernaldo de Quirós et al., 2010).
Por último, o aparelho de Soxhlet convencional não apresenta agitação, o que
poderia ter um impacto no rendimento de extração, as elevadas quantidades de solvente
utilizado necessitam de ser evaporadas, após a extração, e esta técnica é limitada, ainda,
pela dificuldade em automatizar (Luque de Castro & Priego-Capote, 2010).
Apesar das suas desvantagens, a extração por Soxhlet tem sido usada como ponto
de partida para o desenvolvimento e otimização do processo de extração sólido - líquido,
pelo que a maior parte das modificações feitas tem como objetivo tornar o método
semelhante às técnicas de extração mais recentes, através da redução dos tempos de
extração, e da utilização de formas auxiliares de energia e automação do sistema de
extração (Luque de Castro & Priego-Capote, 2010; Zhang et al., 2005).
Na maior parte dos estudos realizados com folhas de oliveira, a extração de
compostos é feita através de métodos convencionais, nomeadamente através da utilização
de etanol ou metanol a frio, e de água ou etanol a quente (através do método de Soxhlet)
para a extração de compostos fenólicos (Fu et al., 2010; Meirinhos et al., 2005; Pereira et
15
al., 2007). Já para a extração dos compostos lipofílicos, o hexano e o diclorometano a frio
são os principais solventes usados (Cavalheiro et al., 2015; Dias et al., 2018, 2019; M.
Orozco-Solano et al., 2010).
4.2. Métodos de extração não convencionais
Alguns compostos bioativos, como os polifenóis, são termolábeis, pelo que a
elevadas temperaturas há alteração das suas estruturas químicas e consequente
decomposição (Vo et al., 2018). Assim, como referido anteriormente, as técnicas de
extração clássicas podem, por vezes, não ser adequadas. Ainda assim, é extremamente
difícil escolher a técnica de extração ideal para todos os compostos fenólicos presentes
em algumas espécies de plantas, uma vez que apresentam diferentes estruturas químicas
(Garcia-Salas et al., 2010). Além disso, a interação de compostos fenólicos com outras
moléculas, como proteínas e hidratos de carbono, é bastante comum e pode resultar na
formação de complexos insolúveis em solventes orgânicos (Khoddami et al., 2013).
O uso de compostos bioativos em diferentes setores comerciais como
farmacêutico, alimentar e químico, implica a utilização de técnicas mais apropriadas para
a extração desses compostos a partir das plantas, pelo que têm sido estudados novos
métodos de extração, nomeadamente extração assistida por ultrassons (“Ultrasound-
assisted extraction” – UAE), extração assistida por micro-ondas (“Microwave-assisted
extraction” – MAE), extração por fluidos supercríticos (“Supercritical fluid extraction”
– SFE), extração por um campo elétrico pulsado (“Pulsed-electric field extraction” –
PEF), extração por líquido pressurizado (“Pressurized liquid extraction” – PLE) e, por
último, extração assistida por enzimas (“Enzyme-assisted extraction” – EAE) (Garcia-
Salas et al., 2010; Huang et al., 2010; Shao et al., 2014).
Deste modo, estas técnicas de extração não convencionais surgem com o intuito
de ultrapassar as limitações apresentadas pelas técnicas clássicas, nomeadamente com o
intuito de encontrar métodos economicamente mais baratos, amigos do ambiente, sendo
algumas técnicas consideradas “verdes”, e evitar gastos de energia, tempo e solvente
(Chuyen et al., 2018).
Também já foram utilizadas diferentes técnicas de extração não convencionais,
como UAE (Cárcel et al., 2010; Irakli et al., 2018; M. Orozco-Solano et al., 2010), MAE
(Taamalli, Arráez-Román, Barrajón-Catalán, et al., 2012; Taamalli, Arráez-Román,
16
Ibañez, et al., 2012) e SFE (Taamalli, Arráez-Román, Barrajón-Catalán, et al., 2012), para
a extração de compostos fenólicos e lipofílicos presentes nos produtos da oliveira,
essencialmente da folha e do seu fruto.
4.2.1. Extração assistida por ultrassons (UAE)
A extração assistida por ultrassons, exemplo representado na Figura 14, é uma
tecnologia emergente que é cada vez mais utilizada em laboratórios para recuperar
compostos bioativos e de elevado valor, a partir de diferentes matrizes biológicas (Luque
de Castro & Priego-Capote, 2010; Rostagno et al., 2003).
O ultrassom é um tipo especial de onda sonora, normalmente entre 20 kHz e 100
MHz, para além da perceção da audição humana. Assim como as outras ondas, passa
através de um meio criando compressão e expansão, produzindo um fenómeno designado
por cativação, isto é, produção, crescimento e colapso de bolhas (Azmir et al., 2013). Dos
solventes mais utilizados, destacam-se o metanol, o etanol e a acetona (Lee & Lin, 2007).
Deste modo, o efeito mecânico de ultrassons, mais eficaz a baixas frequências
(entre 18 e 40 kHz), promove a libertação de compostos solúveis pela disrupção das
paredes celulares da planta, aumentando a transferência de massa e facilitando o acesso
ao conteúdo celular. Se a matriz tiver sofrido desidratação ou secagem, os ultrassons
promovem a sua reidratação, que ocorre em simultâneo com a fragmentação da matriz,
Figura 14. Exemplo de extração assistida por ultrassons (UAE) em folhas de oliveira secas (A) e frescas
(B).
A B
17
sem causar degradação química significativa (Cravotto et al., 2008; Mircea Vinatoru,
2001).
O mecanismo de extração por ultrassons envolve dois fenómenos físicos
principais: difusão através da parede celular e lavagem dos conteúdos da célula após a
quebra das paredes (Mason et al., 1996). O conteúdo de água na amostra, o grau de
tritura/moagem, tamanho das partículas e solvente são fatores cruciais na obtenção de
uma extração eficaz e eficiente. Além destes, a temperatura, pressão, frequência e tempo
de sonicação são os principais fatores para a ação de ultrassons.
As vantagens deste método incluem a redução do tempo de extração, energia e
uso de solvente, bem como o tamanho do equipamento. A utilização de energia ultrassons
também facilita o processo de mistura, permitindo uma transferência de energia mais
rápida, temperatura de extração e gradientes térmicos reduzidos, permitindo, ainda, uma
extração seletiva dos constituintes da planta (Khoddami et al., 2013).
Assim, a UAE tem sido incorporada em várias técnicas clássicas, uma vez que
aumenta o rendimento de extração de um sistema convencional (M. Vinatoru et al., 1997;
Mircea Vinatoru, 2001).
4.2.2. Extração assistida por micro-ondas (MAE)
A extração assistida por micro-ondas também é considerada como um novo
método para a extração de produtos solúveis, a partir de uma vasta gama de materiais,
usando energia micro-ondas (Punt et al., 1999).
A energia de micro-ondas é uma radiação não ionizante, com frequências entre
300 MHz e 300 GHz. Esta energia eletromagnética é convertida em calor segundo os
mecanismos de condução iónica e rotação dos dipolos (Hadkar et al., 2013). Por um lado,
durante o mecanismo de condução iónica, é gerado calor pela resistência do meio ao fluxo
de iões. Por outro lado, os iões mantêm a sua direção de acordo com os sinais do campo,
que podem mudar frequentemente. Esta alteração frequente de direções resulta na colisão
de moléculas gerando, por conseguinte, calor (Hadkar et al., 2013; Hemwimon et al.,
2007). O aparelho utilizado em laboratório encontra-se representado na Figura 15.
18
O mecanismo de MAE envolve três passos sequenciais: em primeiro lugar há a
separação dos solutos a partir dos locais ativos da matriz da amostra sob elevadas
condições de pressão e temperatura; em segundo lugar ocorre a difusão do solvente ao
longo da matriz da amostra; e em terceiro lugar, há a libertação dos solutos da matriz da
amostra para o solvente (ALUPULUI et al., 2012). Nesta técnica, os solventes mais
utilizados são o metanol, etanol, propanol, acetona, acetonitrilo e água (Eskilsson &
Bjorklund, 2000).
Neste método de extração, o aquecimento por micro-ondas requer a presença de
um composto dielétrico. Quanto maior a constante dielétrica, ou seja, a capacidade de
absorção de energia micro-ondas pela amostra, maior é a quantidade de energia térmica
libertada e, por conseguinte, mais rápido é o aquecimento a uma dada frequência
(Letellier & Budzinski, 1999).
Deste modo, o rendimento de extração depende, fortemente, da natureza da matriz
e do solvente, que deve ter uma elevada constante dielétrica. No entanto, em alguns casos
apenas a matriz da amostra pode ser aquecida para que os solutos sejam libertados num
determinado solvente, particularmente útil para compostos termolábeis, de forma a evitar
a sua degradação (Paris-grignon et al., 2000).
Figura 15. Aparelho de micro-ondas utilizado em laboratório.
19
Este método não convencional, conhecido como uma tecnologia verde, apresenta
várias vantagens, destacando-se o rápido aquecimento na extração de compostos
bioativos a partir de plantas, redução da degradação térmica de compostos termolábeis,
bem como a extração de compostos bioativos em tempos mais curtos, com uma maior
recuperação em relação aos processos de extração convencionais. A extração assistida
por micro-ondas é uma técnica seletiva capaz de extrair compostos orgânicos e
organometálicos mais difíceis (Cravotto et al., 2008). Além disso, uma das principais
vantagens deste método é a possibilidade de isolar compostos bioativos sem a utilização
de um solvente orgânico – “solvent free microwave assisted extraction” (SFMAE), ou
através da utilização de água (Mihiretu et al., 2017; Sahin et al., 2017).
4.2.3. Extração por fluidos supercríticos (SFE)
A extração por fluidos supercríticos foi, inicialmente, desenvolvida para a
extração da cafeína dos grãos de café no processo de descafeinação. Desde então é
utilizada tanto na indústria de preparação de café como na indústria alimentar, na análise
de alimentos, farmacêutica, na síntese de fármacos livres de resíduos, e ambiental
(Ndiomu & Simpson, 1988; Zougagh et al., 2004).
O estado supercrítico distingue-se dos três estados físicos da matéria, sólido,
líquido e gasoso, uma vez que só pode ser atingido se a substância for submetida a
condições de temperatura e pressão superiores às do seu ponto crítico, situação física
observada pela indistinção entre as suas fases gasosa e líquida, representada na Figura 16
(Brunner, 2005).
Figura 16. Transformação da fase gasosa e líquida do CO2 no estado supercrítico.
20
O dióxido de carbono é considerado um solvente ideal para a SFE, sendo o mais
utilizado por apresentar bom poder de solvatação, alta difusidade, custo acessível e não
constituir um problema ambiental. A temperatura crítica do CO2 é bastante próxima da
temperatura ambiente (31 ºC), e a baixa pressão crítica (74 bar) permite operar a pressões
moderadas, geralmente entre 100 e 450 bar. A única desvantagem apresentada pelo
dióxido de carbono é a sua baixa polaridade, o que o torna ideal para lípidos, gorduras e
substâncias não polares, mas impróprio para a maior parte das amostras farmacêuticas
(Brunner, 2005; Mendiola et al., 2007).
Na região supercrítica de um composto, este apresenta densidades semelhantes à
fase líquida, viscosidades semelhantes às dos gases e difusidades significativamente
superiores às dos líquidos. Estas propriedades tornam possível a extração de compostos
em tempos mais curtos com maior rendimento de extração (Sihvonen et al., 1999). Deste
modo, o processo de extração supercrítica (SFE) consiste, basicamente, em dois passos:
extração e separação. No extrator, o fluido em estado supercrítico (SCF) (solvente) passa
pela matriz sólida e dissolve os compostos (solutos). Na zona de separação, a mistura
soluto-solvente expande e o soluto precipita (Sihvonen et al., 1999).
O rendimento de extração de compostos bioativos a partir de materiais das plantas
depende de alguns parâmetros cruciais na SFE, como a temperatura, pressão, o tamanho
das partículas, teor de água no material, tempo de extração e taxa de fluxo do CO2 (Hayes,
2015; Mendiola et al., 2007).
Este método não convencional apresenta inúmeras vantagens na extração de
compostos bioativos, como: o fluido supercrítico tem um maior coeficiente de difusão,
menor viscosidade e tensão de superfície do que um solvente líquido, levando a uma
maior penetração na matriz da amostra, e favorecendo, consequentemente, a transferência
de massa; o tempo de extração é significativamente menor, em comparação com os
métodos convencionais; o refluxo constante do fluido supercrítico na amostra permite
uma extração completa; a seletividade do fluido supercrítico é maior que o solvente
líquido e o seu poder de solvatação pode ser regulado pela alteração da temperatura e/ou
pressão; a separação do soluto a partir do solvente no processo de extração convencional
pode ser contornado pela despressurização do fluido supercrítico.
Por ser realizada à temperatura ambiente, a SFE é um método ideal para a extração
de compostos termolábeis, e na qual é extraída uma pequena quantidade de amostra e de
solvente, pelo que o tempo de extração é reduzido, sendo considerada uma técnica verde.
Por último é possível reutilizar o fluido supercrítico após a extração (Lang & Wai, 2001).
21
4.2.4. Extração por campo elétrico pulsado (PEF)
O tratamento com campo elétrico pulsado (PEF) tem vindo a ser reconhecido nos
processos de secagem, extração e difusão durante as últimas décadas (Angersbach et al.,
2000). Esta técnica consiste, sobretudo, em destruir a estrutura da membrana celular, de
forma a aumentar a extração, através da aplicação de um potencial elétrico na célula,
durante a suspensão da célula num campo elétrico. Assim, há separação das moléculas,
tendo por base a natureza dos dipolos das moléculas da membrana, de acordo com as suas
cargas na membrana celular (Heinz et al., 2003). Após exceder 1 V do potencial
transmembranar, ocorre repulsão entre as moléculas com carga, formando poros nas
zonas mais fracas da membrana e, por conseguinte, aumentando significativamente a sua
permeabilidade (Bryant & Wolfe, 1987).
A eficácia deste método depende estritamente de parâmetros como a força do
campo, a energia específica aplicada, o número de pulsos, a temperatura e as propriedades
da amostra (Heinz et al., 2003).
O método de PEF pode aumentar a transferência de massa durante a extração, pela
destruição da estrutura da membrana dos materiais da planta, com o intuito de aumentar
o rendimento de extração e reduzir o tempo de extração. Além disso, um tratamento PEF
a um campo elétrico moderado (500 e 1000 V/cm, durante 10-4 a 10-2 s) já demonstrou
provocar danos na membrana celular do tecido vegetal com um aumento de temperatura
mínimo. Assim, a extração por campo elétrico pulsado consegue minimizar a degradação
dos compostos sensíveis a elevadas temperaturas (Ade-Omowaye et al., 2001).
4.2.5. Extração por líquido pressurizado (PLE)
A extração por líquido pressurizado, também conhecida por extração por fluido
pressurizado (“Pressurized Fluid Extraction” – PFE), extração por fluido acelerado
(“Accelerated Fluid Extraction” – ASE), extração aumentada por solvente (“Enhanced
Solvent Extraction” – ESE) e extração por solvente de alta pressão (“High Pressure
Solvent Extraction” – HPSE), baseia-se na aplicação de alta pressão no solvente líquido
remanescente, para além do seu ponto de ebulição, com o intuito de facilitar o processo
de extração (Nieto et al., 2007). A elevada temperatura de extração pode promover maior
solubilidade do analito, uma vez que diminui a viscosidade e a tensão de superfície dos
solventes, obtendo-se uma maior taxa de extração (Hayes, 2015). Em comparação com a
22
extração por Soxhlet tradicional, PLE demonstrou reduzir drasticamente o consumo de
tempo e a quantidade de solvente (Richter et al., 1996).
Atualmente, este método não convencional é considerado como uma potencial
alternativa à técnica de extração por fluidos supercríticos, aquando a extração de
compostos polares (Christen & Kaufmann, 2002). Além disso, esta técnica também tem
sido utilizada na extração de poluentes orgânicos a partir de matrizes ambientais, estáveis
a elevadas temperaturas (L. Wang & Weller, 2006), e na extração de compostos bioativos
a partir de esponjas marinhas (Hayes, 2015). Ademais, devido às pequenas quantidades
de solvente orgânico utilizadas, PLE é reconhecido como uma técnica de extração verde
(Hayes, 2015).
4.2.6. Extração assistida por enzimas (EAE)
Alguns fitoquímicos nas matrizes das plantas encontram-se dispersos no
citoplasma da célula, podendo até encontrarem-se retidos numa rede de polissacarídeos-
lignina, via ligações hidrofóbicas, pelo que os processos de extração convencionais não
são eficazes na extração destes compostos. Deste modo, o pré-tratamento enzimático tem
sido considerado útil na libertação destes compostos a partir das matrizes vegetais,
aumentando o rendimento da extração (Rosenthal et al., 1996). A adição de enzimas
específicas como celulase, α-amílase e pectinase durante a extração demonstrou aumentar
a recuperação (extrato), uma vez que quebra a parede celular e hidrolisa as estruturas dos
polissacarídeos e lípidos (Rosenthal et al., 1996; Sharma et al., 2002).
Por conseguinte, a extração assistida por enzimas tornou-se uma metodologia
ecológica relevante na extração de compostos a partir de material vegetal, por utilizar
quantidades de solventes inferiores e consumir menos energia que os métodos não-
enzimáticos (Puri et al., 2012).
23
5. Métodos de identificação e quantificação de compostos em extratos de folhas de oliveira
A identificação e quantificação dos compostos presentes no extrato de folhas pode
ser realizada, por exemplo, recorrendo a duas técnicas de cromatografia, gasosa e líquida,
acopladas à espetrometria de massa, GC-MS e LC-MS, respetivamente (Pessoa, 1993).
A cromatografia é uma técnica quantitativa usada na separação e purificação de
misturas, tendo por base a solubilidade, tamanho e massa dos componentes. Estes são
distribuídos por duas fases imiscíveis, a fase móvel e a fase estacionária, sendo separados
de acordo com a sua retenção no sistema. A cromatografia gasosa é utilizada para separar
os analitos voláteis presentes em solução, enquanto que a cromatografia líquida é usada
para separar os analitos polares, pouco voláteis e termolábeis. Deste modo, a análise dos
extratos de hexano pode ser feita por GC-MS e a análise dos extratos de etanol pode ser
feita recorrendo a LC-MS (Primer, 2001).
Também podem ser realizadas, previamente, reações de sililação com o intuito de
aumentar a volatilidade de alguns compostos e, consequentemente, obter melhores
resultados (Gómez-González et al., 2010).
Assim, a cromatografia separa os componentes presentes em solução com base
nos seus tempos de retenção que são, posteriormente, detetados e identificados através da
espetrometria de massa, permitindo obter o espetro de cada componente. No espetrómetro
de massa, os analitos são ionizados e separados por interação com compostos elétricos,
com base na razão massa/carga (m/z), são detetados e é feito o registo de iões para cada
m/z. No fim do processo, obtém-se um espetro cujos picos relacionam a abundância com
m/z de cada componente da amostra, pelo que é possível quantificar cada composto a
partir da área de cada pico do cromatograma (Pessoa, 1993; Primer, 2001).
Para além destes métodos, são também recorrentes a cromatografia líquida de
elevada eficiência (HPLC) (S. Silva et al., 2006), HPLC acoplada a espectrometria de
massa com ionização por electrospray e TOF (ESI-TOF-MS) (Taamalli, Arráez-Román,
Barrajón-Catalán, et al., 2012) e HPLC com detetor de foto - díodos (HPLC-DAD)
(Pereira et al., 2007), na quantificação de compostos fenólicos presentes nos extratos de
folhas de oliveira. Relativamente ao perfil lipofílico dos extratos de folhas de oliveira, a
cromatografia gasosa acoplada à espetrometria de massa (GC-MS) é o método mais
utilizado. Contudo, existem trabalhos que descrevem a análise de ácidos gordos e
24
terpenóides das folhas de oliveira recorrendo à cromatografia gasosa com detetor por
ionização de chama (GC-FID) (Guinda et al., 2010).
25
OBJETIVOS
A oliveira é uma das principais culturas na região mediterrânica, com elevado
valor económico, sendo valorizada principalmente pelo azeite extraído do seu fruto.
Contudo, para além do azeite e da azeitona, as folhas também são ricas em compostos
bioativos, com diversas aplicabilidades nas indústrias medicinal, farmacêutica e
alimentar.
Neste contexto, tendo em conta a elevada disponibilidade e baixo custo deste
desperdício agroindustrial, os objetivos deste trabalho consistem em:
• Otimizar a extração de metabolitos (compostos fenólicos e lipofílicos) a
partir das folhas de oliveira utilizando métodos não convencionais de
extração, como por exemplo os ultrassons e as micro-ondas, e vários tipos
de solventes de extração;
• Avaliar e comparar o tipo e quantidade de metabolitos extraidos pelos
métodos convencionais (ex. Soxhlet) e pelas técnicas emergentes
(métodos não convencionais: UAE e MAE), e os perfis de metabolitos
obtidos através da análise por várias técnicas de cromatografia (GC-MS e
UHPLC-DAD ESI/MSn).
26
27
MATERIAL E MÉTODOS
1. Amostras de folhas de oliveira
Foram colhidas folhas de oliveiras (Olea europaea L.) de árvores adultas, no
campus da Universidade de Aveiro. As folhas foram pesadas (aproximadamente, 1,5 g
para cada réplica), lavadas com água destilada (3 vezes) e organizadas em quatro grupos:
folhas frescas inteiras (FI), frescas maceradas (FM), secas inteiras (SI) e secas maceradas
(SM). As folhas usadas no grupo SI e SM (folha seca) tiveram de passar pelo processo de
secagem numa estufa durante sete dias a 40 ºC, e as folhas dos grupos FM e SM (folhas
maceradas) foram trituradas num moinho de café.
Foram preparadas 3 réplicas para cada amostra (grupo).
2. Extração de metabolitos das folhas de oliveira
As extrações dos metabolitos presentes nas folhas de oliveira foram realizadas
com solventes como n-hexano e etanol. Numa primeira fase, foram adicionados 25 mL
de n-hexano, às amostras previamente pesadas, para serem submetidas a processos de
extração não convencionais, nomeadamente extração assistida por micro-ondas (MAE)
usando o equipamento Discover® SP CEM, e extração assistida por ultrassons (UAE)
usando um aparelho de ultrassons bandelin Sanorex Digitec (Berlin, Germany). Ambos
os processos de extração para todas as amostras dos quatro grupos (FI, FM, SI e SM)
tiveram a duração de 30 min e os aparelhos foram ajustados para uma temperatura de 30
ºC. Após cada extração, o extrato foi filtrado, o solvente evaporado num evaporador
rotativo e, depois de se encontrar completamente seco, o resíduo total obtido foi pesado.
Numa segunda fase, foi realizado o mesmo processo utilizando etanol como solvente. Os
extratos obtidos foram, posteriormente, preparados e injetos no equipamento de
cromatografia gasosa e líquida.
28
3. Análise de metabolitos presentes nos extratos de folhas de oliveira
3.1. Análise por GC-MS
Os metabolitos presentes nos extratos de n-hexano foram identificados por análise
GC-MS. Primeiramente, os extratos foram dissolvidos em diclorometano, obtendo-se
soluções de concentração conhecida (aproximadamente 5 mg/mL). Foram realizadas
reações de sililação, nas quais foram utilizados tubos de sililação, com um volume de
solução correspondente a 15 mg de extrato, 50 µL de padrão interno (tetracosano 1,2
mmol/L), 250 µL de piridina, 250 µL de N,O-bis(trimetilsilil) trifluoroacetamida
(BSTFA) e 50 µL de trimetilsilil cloro (TMSCl). A reação decorreu durante uma hora a
70 ºC.
A análise cromatográfica dos extratos sililados foi realizada usando o
equipamento GC-MS QP2010 Ultra Shimadzu equipado com uma coluna capilar DB-5-
J&W (30 m x 0,25 mm de diâmetro interno e 0,25μm de espessura do filme). A fase
móvel utilizada foi hélio, com um fluxo de 1,13 mL/min e a amostra foi injetada no modo
split numa razão de 1:50. A temperatura inicial da coluna foi mantida a 70 ºC por 5 min,
depois foi aumentada, primeiro 4 ºC/min até aos 250 ºC, e posteriormente 2 ºC/min até
aos 300 ºC, onde se manteve por 5 min. A temperatura do injetor foi de 320 ºC e a da
linha de transferência foi de 200 ºC. A ionização foi realizada por impacto eletrónico,
com 70 eV de energia. A recolha dos dados foi feita numa taxa de 1 scan/s numa gr de
m/z 50 – 1000. A análise de GC-MS decorreu durante 87 min.
A identificação dos compostos presentes nos extratos de n-hexano foi feita através
da comparação direta com uma base de dados de espectroscopia de massa (NIST14 Mass
spectral e WILEY RegistryTM of Mass Spectra Data).
Os compostos lipofílicos identificados foram quantificados utilizando retas de
calibração obtidas para compostos padrão. Quando o composto padrão não estava
disponível, a quantificação do composto fenólico foi efetuada com um padrão com uma
estrutura semelhante. Assim, foram utilizadas retas de calibração de soluções padrão,
previamente preparadas, representativas de cada família de compostos presentes nas
amostras: ácido palmítico (100 mg/mL) para os ácidos gordos; octadecanol (2 mg/mL)
para álcoois; colesterol (2 mg/mL) para terpenóides e esteróis; octadecano (2,4 mg/mL)
para alcanos e maltose para açúcares e polióis. A maltose foi pesada diretamente para os
tudos de sililação nas várias concentrações representadas na curva de calibração. Os
29
padrões sililados foram injetados no GC-MS sob as mesmas condições que os extratos e
foram construídas curvas de calibração com um coeficiente de correlação (R2) superior a
0,98, para cada padrão. As referidas retas de calibração encontram-se no anexo 1.
3.2. Análise por UHPLC-DAD ESI/MSn
Os metabolitos presentes nos extratos de etanol foram analisados através de
UHPLC-DAD ESI/MSn (Cromatogradia Líquida de Alta Eficiência com detetor de foto-
díodos acoplada a espetrometria de massa com ionização por electrospay).
Primeiramente, os extratos secos foram dissolvidos em metanol, obtendo-se soluções de
concentração conhecida (15 mg/mL). As amostras foram filtradas através de uma
membrana de 0,2 mm de Nylon (Whatman). Para cada amostra foram realizadas três
réplicas.
A análise cromatográfica dos extratos foi realizada usando um Thermo Scientific
Ultimate 3000RSLC (Dionex) equipado com um detetor de matriz de diodo
DionexUltiMate 3000 RS acoplado a um espectrómetro de massa. A coluna utilizada foi
a “thermo scientific hypersil gold” (1000 mm x 20 mm) com 1,9 μm, tendo-se mantido a
sua temperatura a 30 ºC. A fase móvel utilizada foi acetonitrilo (solvente A) e ácido
fórmico 0,1% (v/v) (solvente B) previamente desgaseificados e filtrados, com um fluxo
de 0,2 mL/min. O gradiente de solvente foi iniciado com 5% de solvente B por 14 min,
de seguida, 40% de solvente B durante 2 min, posteriormente, 100% por mais de 7 min
e, por fim, 5% por mais de 10 min. Foi injetado 1 μL de amostra. Obtiveram-se dados
espetrais UV-vis na gama de 250 a 500 nm e os perfis cromatográficos foram registados
a 280 nm. Foi utilizado um espectrómetro de massa LTQ XL “linear ion trap 2D” com
uma fonte de ionização de eletrospray ortogonal (ESI) de temperatura capilar de 275 ºC.
A ionização foi realizada por uma fonte de eletrospray de 5,00 kV, tendo sido utilizado
no modo de ião negativo. A recolha dos dados foi feita numa gama de m/z 50,00 –
2000,00. Foram também obtidos, em simultâneo, dissociações de iões precursores
induzidas por colisão MS/MS e MSn.
Os compostos fenólicos analisados e identificados a 280 ou 240 nm foram
quantificados utilizando retas de calibração obtidas para compostos padrão. Quando o
composto padrão não estava disponível, a quantificação do composto fenólico foi
efetuada com um padrão com uma estrutura semelhante. Assim, foram utilizadas retas de
calibração de soluções padrão, previamente preparadas, representativas de cada família
30
de compostos presentes nas amostras, nomeadamente ácido cafeico (20 mg/ml) para os
derivados do ácido cinâmico, oleuropeína (5 mg/ml) para os secoiridoides, quercetina (20
mg/ml) para quercetina-O-hexósido, rutina (20 mg/ml) para a rutina e luteolina (5 mg/ml)
para os isómeros de glucósido e rutinósido de luteolina, luteolina, apigenina, apigenina-
7-glucósido e 7-O-(glucopiranosil-D)-crisoerio. Os padrões foram injetados no UHPLC-
DAD ESI/MSn sob as mesmas condições que os extratos e foram construídas curvas de
calibração com um coeficiente de correlação (R2) superior a 0,98, para cada padrão. As
referidas retas encontram-se no anexo 2.
4. Análise de dados
Os dados foram apresentados como média ± desvio padrão e são o resultado da
leitura de três replicas.
31
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1. Perfil lipofílico dos extratos de folhas de oliveira
1.1.Composição lipofílica dos extratos de folhas de oliveira após MAE
Na Figura 17 encontra-se representado um exemplo de um dos cromatogramas
obtidos por GC-MS, do perfil lipofílico dos extratos de folhas de oliveira, após extração
assistida por micro-ondas (MAE), nomeadamente o cromatograma obtido para o extrato
da folha seca macerada (SM), encontrando-se na Tabela 1 a identificação e composição
lipofílica do extrato correspondente a cada amostra – folha fresca inteira (FI), fresca
macerada (FM), seca inteira (SI) e seca macerada (SM).
3 8 7 9 10 11
Figura 17. Exemplo de um dos cromatogramas obtidos por GC-MS dos extratos de hexano, após extração assistida por micro-ondas. Os
picos identificados com números correspondem aos compostos identificados na tabela 1.
12
2
1 4 5
6
13
20
21
19
17 18 16 15
14
32
Tabela 1. Composição lipofílica dos extratos de folhas de oliveira (mg/g PF ou PS) de cada grupo – folha
fresca inteira (FI), fresca macerada (FM), seca inteira (SI), e seca macerada (SM), após extração assistida
por micro-ondas (MAE). Os valores representam média ± desvio padrão (n = 3).
Pico TR
(min) Composto FI FM SI SM
Hidrocarbonetos
12 67,45 Nanocosano ND 0,616 ± 0,011 0,429 ± 0,005 0,787 ± 0,024
- - Triacontano ND ND ND 0,112 ± 0,013
9 64,83 Dotriacontano ND ND ND 0,185 ± 0,003
2 57,34 Tetratriacontano ND 0,370 ± 0,002 0,334 ± 0,001 0,378 ± 0,002
6 62,29 Hexatriacontano 0,764 ± 0,030 0,668 ± 0,006 0,552 ± 0,003 0,728 ± 0,006
3 59,76 Tetracontano 0,446 ± 0,001 0,181 ± 0,001 0,118 ± 0,002 0,152 ± 0,004
16 69,35 Tetrapentacontano 0,665 ± 0,017 ND ND 0,103 ± 0,003
Total 1,875 1,835 1,433 2,445
Ácidos gordos
- - Ácido palmítico 0,248 ± 0,008 ND 0,281 ± 0,008 ND
7 63,08 Ácido octacosanóico ND ND ND 0,332 ± 0,002
10 65,68 Ácido nonacosanóico ND ND ND 0,329 ± 0,001
17 71,24 Ácido hentriacontanóico ND ND ND 0,340 ± 0,003
Total 0,248 0,000 0,281 1,001
Terpenóides
13 67,74 β-Amirina 0,235 ± 0,004 0,300 ± 0,007 0,237 ± 0,003 0,256 ± 0,005
14 68,77 α-Amirina 0,151 ± 0,003 0,180 ± 0,006 0,142 ± 0,02 0,196 ± 0,001
19 71,58 Olean-12-en-3-ol 0,152 ± 0,002 0,176 ± 0,001 ND 1,346 ± 0,026
18 71,24 Lup-20(29)-en-3-ol 0,155 ± 0,003 0,149 ± 0,016 0,145 ± 0,007 0,116 ± 0,006
15 68,9655 Lupeol ND 0,097 ± 0,005 ND 0,079 ± 0,000
- - Olean-12-ene-3,28-diol 1,041 ± 0,011 1,153 ± 0,014 0,890 ± 0,014 ND
20 72,541 Derivado de
lup-20(29)-en-28-al 0,598 ± 0,008 0,478 ± 0,040 0,753 ± 0,018 0,819 ± 0,016
21 73,084 Ácido ursólico 0,520 ± 0,019 0,295 ± 0,016 2,475 ± 0,060 0,233 ± 0,014
- - Derivado de ácido
ursólico ND ND 0,151 ± 0,026 ND
- -
Aldeído ursólico ND 0,124 ± 0,007 0,112 ± 0,018 ND
Total 2,852 2,952 4,905 3,045
33
Pico TR
(min) Composto FI FM SI SM
Esteróis
4 60,68 Cholesta-4,6-dien-3-ol ND ND ND 0,062 ± 0,001
11 66,97 Estigmast-5-en-3-ol ND ND ND 0,072 ± 0,005
5 61,21 β-Sitosterol ND ND ND 0,078 ± 0,002
Total 0,000 0,000 0,000 0,212
Álcoois
1 54,56 Glicerol ND 0,093 ± 0,000 ND 0,060 ± 0,001
8 63,32 Octacosan-1-ol ND ND ND 0,060 ± 0,001
Total 0,000 0,093 0,000 0,120
ND – Não detetado
No total, a extração assistida por micro-ondas permitiu a identificação e
quantificação de 26 compostos distintos divididos em cinco famílias: alcanos (7), ácidos
gordos (4), terpenóides (10), esteróis (3) e álcoois (2).
A família predominante é a dos terpenóides, como β - amirina, α - amirina, olean-
12-en-3-ol, lup-20(29)-en-3-ol, lupeol, olean-12-ene-3,28-diol, derivado de lup-20(29)-
en-28-al, ácido ursólico, derivado de ácido ursólico e aldeído ursólico, principalmente
nos extratos de folha seca inteira (4,905 mg/g PS) e seca macerada (3,045 mg/g PS), e em
menores quantidades nos extratos de folha fresca inteira (2,852 mg/g PF) e fresca
macerada (2,952 mg/g PF).
De seguida, também foi possível detetar, em quantidades significativas, a família
dos alcanos, tais como nanocosano, triacontano, dotriacontano, tetratriacontano,
hexatriacontano, tetracontano e tetrapentacontano, essencialmente no extrato de folha
seca macerada (2,445 mg/g PS), no extrato de folha fresca inteira (1,875 mg/g PF) e no
extrato de folha fresca macerada (1,835 mg/g PF) e, em menores quantidades, no extrato
de folha seca inteira (1,433 mg/g PS).
Relativamente à família dos ácidos gordos, foram identificados os ácidos
octacosanóico, nonacosanóico e hentriacontanóico no extrato de folha seca macerada
(1,001 mg/g PS), e o ácido palmítico nos extratos de folha seca inteira (0,281 mg/g PS) e
de folha fresca inteira (0,248 mg/g PF). Além disso, não foi detetada a presença destes
compostos no extrato de folha fresca macerada.
34
Só foi possível detetar a presença de esteróis, tais como cholesta-4,6-dien-3-ol,
estigmast-5-en-3-ol e β-sitosterol no extrato de folha seca macerada (0,212 mg/g PS).
Por último, foram identificados álcoois em apenas dois dos extratos de folha de
oliveira, o glicerol e o octacosan-1-ol, nomeadamente no extrato de folha seca macerada
(0,120 mg/g PS) e, em menor abundância, no extrato de folha fresca macerada (0,093
mg/g PF), tendo sido o glicerol o único composto identificado.
35
1.2.Composição lipofílica dos extratos de folhas de oliveira após UAE
Na Figura 18 encontra-se representado um exemplo de um dos cromatogramas
obtidos por GC-MS, do perfil lipofílico dos extratos de folhas de oliveira, após extração
assistida por ultrassons (UAE), nomeadamente o cromatograma obtido para o extrato da
folha seca macerada (SM), encontrando-se na Tabela 2 a identificação e composição
lipofílica do extrato correspondente a cada grupo – folha fresca inteira (FI), fresca
macerada (FM), seca inteira (SI) e seca macerada (SM).
4
6
16 18
11 2
3 5 7
8
9 12 10 11 13
14 15
17
19
Figure 18. Exemplo de um dos cromatogramas obtidos por GC-MS dos extratos de hexano, após extração assistida por ultrassons. Os
picos identificados com números correspondem aos compostos identificados na tabela 2.
36
Tabela 2. Composição lipofílica dos extratos de folhas de oliveira (mg/g PF ou PS) de cada grupo – folha
fresca inteira (FI), fresca macerada (FM), seca inteira (SI), e seca macerada (SM), após extração assistida
por ultrassons (UAE). Os valores representam média ± desvio padrão (n = 3).
Pico TR (min) Composto FI FM SI SM
Hidrocarbonetos
8 67,45 Nanocosano ND 0,838 ± 0,020 0,066 ± 0,007 1,037 ± 0,202
6 64,83 Dotriacontano 0,592 ± 0,031 0,195 ± 0,013 0,133 ± 0,018 0,227 ± 0,028
2 59,75 Tetratriacontano ND 0,478 ± 0,081 0,094 ± 0,009 0,171 ± 0,007
4 62,29 Hexatriacontano 0,512 ± 0,188 0,840 ± 0,117 0,699 ± 0,021 0,830 ± 0,158
1 57,35 Tetracontano 0,225 ± 0,146 0,153 ± 0,020 0,356 ± 0,005 0,436 ± 0,069
- - Tetrapentacontano ND ND 0,680 ± 0,121 ND
Total 1,329 2,504 2,028 2,701
Ácidos gordos
- - Ácido palmítico ND ND 0,262 ± 0,003 ND
- - Ácido α-linolénico ND ND 0,221 ± 0,002 ND
- - Ácido octacosanóico ND 0,484 ± 0,010 0.218 ± 0,004 ND
- - Ácido nonacosanóico ND ND 0,240 ± 0,009 0,491 ± 0,012
13 69,55 Ácido hentriacontanóico ND ND 0,257 ± 0,017 0,546 ± 0,017
- - Ácido dodecanóico ND ND 0,231 ± 0,009 ND
15 70,92 Ácido hexacosanóico ND ND 0,249 ± 0,008 4,393 ± 0,846
Total 0,000 0,484 1,678 5,430
Terpenóides
9 67,74 β-Amirina 0,338 ± 0,022 0,360 ± 0,047 0,254 ± 0,055 0,346 ± 0,045
11 68,46 α-Amirina 0,207 ± 0,038 0,227 ± 0,053 ND 0,271 ± 0,035
16 71,64 Olean-12-en-3-ol 0,135 ± 0,024 0,180 ± 0,023 ND 1,957 ± 0,528
14 70,01 Lup-20(29)-en-3-ol ND 0,199 ± 0,035 0,116 ± 0,022 0,182 ± 0,014
12 68,78 Lupeol 0,139 ± 0,019 0,096 ± 0,011 ND 0,110 ± 0,006
- - Olean-12-ene-3,28-diol 1,633 ± 0,470 2,205 ± 0,382 1,940 ± 0,040 ND
- - Lup-20(29)-en-28-al 0,995 ± 0,267 1,386 ± 0,423 1,288 ± 0,038 ND
18 73,24 Ácido ursólico 1,140 ± 0,392 1,508 ± 0,364 1,667 ± 0,102 0,124 ± 0,025
17 72,62 Derivado de ácido
ursólico ND ND ND 2,430 ± 0,529
- - Aldeído ursólico 0,156 ± 0,024 0,210 ± 0,054 0,075 ± 0,010 ND
37
Pico TR (min) Composto FI FM SI SM
- - Derivado de aldeído
ursólico ND ND 0,053 ± 0,008 ND
Total 4,743 7,433 5,393 5,420
Esteróis
3 61,22 β-Sitosterol ND ND ND 0,094 ± 0,001
Total 0,000 0,000 0,000 0,094
Álcoois
- - Glicerol ND 0,100 ± 0,009 ND 0,119 ± 0,022
5 63,32 Octacosan-1-ol ND 0,088 ± 0,007 0,054 ± 0,008 0,084 ± 0,008
10 68,31 Triacontan-1-ol ND ND 0,062 ± 0,006 0,102 ± 0,005
7 65,89 Hexatriacontan-1-ol ND ND 0,035 ± 0,003 0,079 ± 0,007
19 73,38 Heptatriacontan-1-ol ND ND ND 0,118 ± 0,025
Total 0,000 0,188 0,151 0,502
Açúcares e Polióis
- - D-Sorbitol 0,395 ± 0,099 0,403 ± 0,150 ND ND
- - Mio-Inositol 0,051 ± 0,008 0,054 ± 0,005 ND ND
- - D-Manopiranose 0,187 ± 0,052 0,296 ± 0,068 ND ND
- - D-Glucopiranose 0,321 ± 0,115 0,402 ± 0,085 ND ND
- - D-Fructofuranose ND 0,100 ± 0,026 ND ND
- - D-Psicofuranose ND 0,050 ± 0,013 ND ND
- - D-Lactose ND 0,064 ± 0,005 ND ND
Total 0,954 1,369 0,000 0,000
ND – Não detetado
No total, foram identificados e quantificados 37 compostos distintos, após a
extração assistida por ultrassons, divididos em seis famílias: alcanos (5), ácidos gordos
(7), terpenóides (11), esteróis (1), álcoois (5) e açúcares e polióis (7).
A família em maior predominância foi igualmente a família dos terpenóides,
tendo-se identificado compostos como β-amirina, α-amirina, olean-12-en-3-ol, lup-
20(29)-en-3-ol, lupeol, olean-12-ene-3,28-diol, lup-20(29)-en-28-al, ácido ursólico,
aldeído ursólicos e seus derivados, essencialmente no extrato de folha fresca macerada
38
(7,433 mg/g PF), e em menor quantidade nos extratos de folha seca inteira (5,393 mg/g
PS), seca macerada (5,420 mg/g PS) e fresca inteira (4,743 mg/g PF).
Também foi possível detetar a presença de alcanos tais como nanocosano,
dotriacontano, tetratriacontano, hexatriacontano, tetracontano e tetrapentacontano nos
extratos de folha de oliveira, em maior quantidade nos extratos de folha seca macerada
(2,701 mg/g PS), fresca macerada (2,504 mg/g PF) e seca inteira (2,028 mg/g PS), e em
menor quantidade no extrato de folha fresca inteira (1,329 mg/g PF).
Para além destes compostos, verificou-se um elevado teor de ácidos gordos, como
por exemplo o ácido palmítico, ácido α-linolénico e ácidos octacosanóico,
nonacosanóico, hentriacontanóico, docecanóico e hexacosanóico, essencialmente no
extrato de folha seca macerada (5,430 mg/g PS), tendo sido o ácido hexacosanóico o
composto predominante neste extrato (4,393 mg/g PS). Apesar de não se ter detetado a
presença de ácidos gordos no extrato de folha fresca inteira, foi possível verificar a
presença destes compostos no extrato de folha seca inteira (1,678 mg/g PS) e, em menor
abundância, no extrato de folha fresca macerada (0,484 mg/g PF).
Relativamente à família dos esteróis, só foi possível detetar e quantificar a
presença do composto β-sitosterol no extrato de folha seca macerada (0,094 mg/g PS).
Foram ainda identificados álcoois como o glicerol, octacosan-1-ol, triacontan-1-
ol, hexatriacontan-1-ol e heptatriacontan-1-ol, especialmente no extrato de folha seca
macerada (0,502 mg/g PS), e nos extratos de folha fresca macerada (0,188 mg/g PF) e de
folha seca inteira (0,151 mg/g PS).
Por fim, esta técnica de extração não convencional permitiu a extração de açúcares
e polióis como D-Sorbitol, Mio-inositol, D-Manopiranose, D-Glucopiranose, D-
Fructofuranose, D-Psicofuranose e D-Lactose, a partir dos dois extratos de folha fresca de
oliveira, macerada (1,369 mg/g PF) e inteira (0,954 mg/ PF).
39
1.3. Comparação do perfil lipofílico dos extratos obtidos por MAE e UAE
Foi possível obter um perfil lipofílico distinto em ambos os métodos não
convencionais estudados. Pelo que na técnica UAE, foram identificados e quantificados
37 compostos lipofílicos que pertenciam a seis famílias (alcanos, ácidos gordos,
terpenóides, esteróis, álcoois e açúcares e polióis), enquanto que na MAE foram
identificados e quantificados apenas 26 compostos que pertenciam a cinco famílias
(alcanos, ácidos gordos, terpenóides, esteróis e álcoois). De salientar que só foi possível
extrair açúcares e polióis a partir da técnica UAE. Também o número de ácidos gordos,
terpenóides e álcoois extraídos e identificados foi superior por UAE. Contudo, a técnica
de MAE permitiu identificar um maior número de alcanos (7) e esteróis (3). Deste modo,
a técnica MAE não demonstra ser muito apropriada, principalmente, para a extração de
açúcares e polióis em folhas de oliveiras.
Seria de esperar que a energia gerada pelas micro-ondas, na técnica MAE,
facilitasse a extração de mais metabolitos (Kaufmann et al., 2001), contudo tal não se
observou neste trabalho. Isto pode estar relacionado com a natureza da matriz e/ou do
solvente utilizado, neste caso o hexano, um solvente apolar, uma vez que este método
depende fortemente da suscetibilidade dielétrica do solvente. Assim, podem ser obtidos
melhores resultados se se utilizar solventes polares como o etanol, metanol ou a água
devido às suas elevadas constantes dielétricas (Brachet et al., 2002).
Os trabalhos publicados sobre este método de extração estão mais direcionados
para a extração de compostos como óleos essenciais a partir de matrizes vegetais como
por exemplo azeitonas (García-Ayuso & Luque de Castro, 2001; García-Ayuso & Luque
De Castro, 1999), folhas de hortelã (Sigouin & Lapointe, 1991) e a partir de sementes de
Cuminum cyminum e Zanthoxylum bungeanum (Wang et al., 2006).
Já a extração assistida por ultrassons demonstrou ser eficaz na extração de óleos
essenciais e lípidos, em trabalhos anteriormente publicados, nomeadamente na extração
de terpenóides a partir de sementes de Carum carvi (Chemat et al., 2004), de álcoois a
partir de farelo (resíduo da fabricação da farinha de gramíneas) (Cravotto et al., 2004), e
de óleos essenciais a partir de sementes oleaginosas (Luque-García & Luque De Castro,
2004).
40
1.3.1. Comparação do perfil lipofílico dos extratos FI vs SI e FM vs SM
extraídos por MAE e UAE
Nas Figuras 19 e 20 encontra-se graficamente representado o total de alcanos,
ácidos gordos, terpenóides, esteróis, álcoois, açúcares e polióis, presentes nos extratos de
folhas de oliveira inteira e macerada, respetivamente, extraídos por ambos os métodos
não convencionais, MAE e UAE.
Assim, quando se compara o perfil de metabolitos de FI vs SI extraídos por MAE
e UAE (Figura 19), verifica-se que a secagem da folha (SI) e a utilização do método UAE
permitiu extrair e identificar em maior quantidade alcanos, ácidos gordos e terpenóides.
Contudo, também foi possível verificar quantidades significativas de terpenóides no
extrato da folha SI pela extração assistida por micro-ondas. De salientar ainda que só
foram detetados álcoois nos extratos de folha seca inteira (SI), e açúcares e polióis no
extrato de folha fresca inteira (FI), ambos extraídos por UAE. Por último, através da
análise da Figura 19, é possível ainda verificar que não foram extraídos esteróis nas folhas
inteiras, a partir de ambos os métodos MAE e UAE.
Relativamente ao perfil de metabolitos das folhas de oliveira maceradas extraídos
por MAE e UAE (Figura 20), verifica-se que a utilização da folha seca (SM) e da técnica
UAE permitiram extrair em maior quantidade alcanos, ácidos gordos e álcoois. No
entanto, foi no extrato da folha SM, pela técnica MAE, que se verificou o maior teor de
esteróis. Além disso, foi possível obter o maior teor de terpenóides no extrato da folha
fresca macerada (FM) por UAE, tendo-se detetado ainda açúcares e polióis apenas neste
extrato de folha de oliveira, com a utilização do mesmo método.
De um modo geral, estes resultados indicam que o facto de se usar folhas de
oliveira frescas ou secas e inteiras ou maceradas, influencia a extração tanto em número
como em quantidade de metabolitos lipofílicos, tendo-se obtido melhores resultados para
a folha de oliveira seca macerada (SM) pela extração assistida por ultrassons (UAE). Em
suma, estes resultados estão de acordo com o expectável, uma vez que ambos os processos
de secagem e de maceração provocam a quebra das paredes e membranas celulares da
matriz vegetal, aumentando a área de superfície em contacto com o solvente, permitindo,
por conseguinte, uma extração mais eficiciente dos compostos presentes na mesma
(Saifullah et al., 2019).
41
Figura 19. Comparação do perfil lipofílico dos extratos das folhas de oliveira inteiras, frescas e secas,
extraídos por MAE e UAE (mg/g PF ou PS).
42
Figura 20. Comparação do perfil lipofílico dos extratos das folhas de oliveira maceradas, frescas e secas,
extraídos por MAE e UAE (mg/g PF ou PS).
43
1.3.2. Comparação do perfil lipofílico dos extratos obtidos pelos métodos
não convencionais (MAE e UAE) vs métodos convencionais
De acordo com a literatura disponível relativamente à extração de compostos para
a obtenção do perfil lipofílico de folhas de oliveiras, os métodos convencionais, tais como
extração sólido-líquido em hexano com agitação à temperatura ambiente, são os mais
usados [Dias et al. 2018, Dias et al. 2019, Figueiredo 2017]. Nestes trabalhos foram
usadas sempre folhas de oliveira secas e maceradas. Deste modo, será comparado o perfil
lipofílico dos extratos de oliveira seca macerada (SM) obtido no presente trabalho, a partir
dos métodos não convencionais (MAE e UAE), com os métodos convencionais já
estudados.
Assim, as técnicas não convencionais utilizadas neste trabalho, MAE e UAE,
demonstraram ser eficazes na extração de metabolitos lipofílicos a partir de folhas de
oliveira, tendo-se identificado e quantificado um total de 22 compostos nos extratos de
folha seca macerada (SM) através de ambos os métodos.
Relativamente à família dos terpenóides, as técnicas MAE e UAE conseguiram
extrair 7 compostos da folha SM, nomeadamente α-amirina (0,196 e 0,271 mg/g PS,
repetivamente), β-amirina (0,256 e 0,346 mg/g PS, repetivamente), olean-12-en-3-ol
(1,346 e 1,957 mg/g PS, respetivamente), lup-20(29)-en-3-ol (0,116 e 0,182 mg/g PS,
respetivamente), lupeol (0,079 e 0,110 mg/g PS, respetivamente), ácido ursólico (0,233 e
2,430 mg/g PS, respetivamente) e, no caso da extração assistida por micro-ondas o
derivado de lup-20(29)-en-28-al (0,819 mg/g PS) e na extração assistida por ultrassons,
o derivado de ácido ursólico (0,124 mg/g PS). Já em outros trabalhos desenvolvidos por
Dias et al. (2018) e Figueiredo (2017) foram identificados a α-amirina (0,102 - 0,200
mg/g PS), a β-amirina (0,094-0,250 mg/g PS), o lupeol (0,144 – 0,266 mg/g PS), lup-
20(29)-en-3-al (0,171 - 0,271 mg/g PS) e o ácido ursólico (0,054 – 0,087 mg/g PS) em
folhas de oliveira secas e maceradas, a partir de métodos convencionais (extração sólido-
líquido em hexano com agitação). Por conseguinte, estes valores obtidos por estes autores
para os compostos descritos são inferiores aos resultados obtidos no presente trabalho
pelos métodos de extração não convencionais, UAE e MAE.
Ambos os métodos, MAE e UAE, também permitiram a extração de alcanos de
cadeia longa com um teor variável entre 0,103 e 0,787 mg/g PS (MAE - SM), e 0,171 e
1,037 mg/g PS (UAE - SM). Estes compostos também foram identificados por outros
autores em folhas de oliveira e o seu conteúdo variou entre 0,3 – 0,75 mg/g PS (Dias et
44
al., 2018) e entre 1,7 – 2,6 mg/g PS (Figueiredo 2017), a partir de técnicas de extração
convencionais (folha macerada seca e extração sólido-líquido em hexano com agitação).
Assim, neste trabalho, nenhuma das técnicas de UAE e MAE com folhas de oliveira SI,
FI, SM e FM permitiram alcançar os valores atingidos pelos métodos convencionais
descritos por Figueiredo et al. (2018) de 2,6 mg/g PS. As folhas de oliveiras são, em geral,
muito ricas em ceras, e os alcanos de cadeia longa são um dos principais componentes
das ceras depositadas na superfície das folhas (Lv et al., 2016).
O perfil de ácidos gordos reportado em outros trabalhos ( Dias et al., 2018; Dias
et al., 2019), no qual foram usadas folhas de oliveira secas maceradas e uma extração
sólido-líquido em hexano com agitação, é um pouco diferente do obtido no presente
trabalho. Os ácidos oleico e palmítico são descritos por estes autores como os mais
abundantes, e os únicos identificados nestas folhas, tendo o seu conteúdo variado entre
0,4-2,6 mg/g PS. As extrações assistidas por micro-ondas e ultrassons permitiram uma
maior extração de ácidos gordos em folhas secas maceradas, tanto em número como em
quantidade, tendo-se detetado a presença de 3 ácidos gordos, nomeadamente ácido
nonacosanóico (0,332 e 0,491 mg/g PS, respetivamente), ácido hentriacontanóico (0,340
e 0,546 mg/g PS, respetivamente) e, no caso de MAE, o ácido hentriacontanóico (0,340
mg/g PS) e, no caso de UAE, o ácido hexacosanóico (4,393 mg/g PS). Contudo o acido
pálmitico não foi identificado nas folhas secas maceradas e extraidas por MAE e UAE.
Assim, os métodos não-convencionais usados no presente trabalho permitem extrair outro
tipo de ácidos gordos das folhas de oliveira.
Para além destes compostos, também foram identificados 3 esteróis nos extratos
de folhas de oliveira, e o seu conteúdo variou entre 0,062 e 0,094 mg/g PS na folha SM -
MAE e UAE. Dias et al. (2018), apenas identificou o β-sitosterol, no entanto o conteúdo
deste esterol extraído pelos métodos convencionais foi superior (0,2 a 0,4 mg/g PS) ao
obtido no presente trabalho. Já em outro trabalho, Figueiredo (2017), apenas identificou
o β-sitosterol e o estigmast-5-en-3-ol utilizando métodos convencionais, mas obteve
quantidades superiores às resultantes da extração por MAE e UAE (0,213-0,310 mg/g
PS).
Neste trabalho também foi possível extrair por MAE e UAE alguns álcoois (como
o álcool triacontan-1-ol) e ácidos gordos (como os ácidos nanocosanóico,
hentriacontanóico, dodecanóico e hexacosanóico) que não estão descritos na literatura
para folhas de oliveira.
45
É importante salientar ainda que as diferenças obtidas, principalmente na
quantidade de esteróis e alcanos, podem estar relacionadas com vários factores, como por
exemplo, a variedade da oliveira, apresença de stresses abióticos e biótico, a idade da
árvore e da estação do ano em que as folhas foram colhidas (Dias et al., 2018; Dias et al.
2019).
De um modo geral, os métodos não convencionais utilizados neste trabalho (MAE
e UAE), permitiram uma extração eficicente de compostos lipofílicos, quando
comparados com os métodos convencionais, nomeadamente extração sólido-líquido em
hexano com agitação, tendo-se verificado uma elevada quantidade de compostos
lipofílicos extraídos, essencialmente terpenóides e ácidos gordos, em apenas 30 min (um
ciclo de extração a 30 ºC). Além disso, foram utilizadas quantidades de solvente
significativamente inferiores às utilizadas nos métodos convencionais, reduzindo assim o
consumo de energia, solvente e tempo e, tornando, por conseguinte, estes métodos
emergentes (MAE e UAE) vantajosos na extração destes compostos benéficos para a
saúde humana, com diversas aplicabilidades nas indústrias medicinal, farmacêutica e
alimentar.
46
2. Perfil fenólico dos extratos de folhas de oliveira
2.1.Composição fenólica dos extratos de folhas de oliveira após MAE
Na Figura 21 encontra-se representado um exemplo de um dos cromatogramas
obtidos por UHPLC-DAD ESI/MSn, do perfil fenólico dos extratos de folhas de oliveira,
após extração assistida por micro-ondas (MAE), nomeadamente o cromatograma obtido
para o extrato da folha fresca macerada (FM). Na Tabela 3 encontra-se a identificação e
composição fenólica do extrato correspondente a cada amostra – folha fresca inteira (FI),
fresca macerada (FM), seca inteira (SI) e seca macerada (SM).
Figura 21. Exemplo de um dos cromatogramas obtidos por UHPLC-DAD ESI/MSn dos extratos de
etanol, após extração assistida por micro-ondas. Os picos identificados com números correspondem aos
compostos identificados na tabela 3.
2 3
4 5
1 6
7
8
9
14
13 12
10
11
47
Tabela 3. Composição fenólica dos extratos de folhas de oliveira (mg/Kg PF ou PS) de cada grupo – folha fresca inteira (FI), fresca macerada (FM), seca inteira (SI) e seca
macerada (SM), após extração assistida por micro-ondas (MAE). Os valores representam média ± desvio padrão (n = 3).
Pico TR (min) Composto [M-H]-
(m/z) MS2 (m/z) FI FM SI SM
Derivados do Ácido Cinâmico
- - Verbascósido 623 461 30,23 ± 0,442 ND ND ND
8 12,79 Isómero de verbascósido 623 461 35,48 ± 0,212 37,94 ± 5,640 28,69 ± 1,627 ND
12 13,79 Derivado do ácido cumárico 491 161; 175; 337 ND 33,84 ± 4,119 ND 29,14 ± 1,205
- - Calceolariosido 477 315 ND ND 30,78 ± 2,439 ND
- - Derivado do ácido ferúlico 519 193; 325 ND ND ND 24,29 ± 0,696
1 7,83 Ácido Cafeoil-Quínico 353 191 ND 24,79 ± 0,770 ND ND
2 9,80 Derivado do Ácido Sinápico 431 385 ND 25,03 ± 0,735 ND 24,62 ± 0,601
Total 65,71 121,6 59,47 78,05
Secoiridoides
- - Isómero de hidroxitirosol 1 315 153 161,9 ± 11,51 128,9 ± 30,89 ND 163,4 ± 31,40
- - Isómero de hidroxitirosol 2 315 153 583,9 ± 42,73 538,7 ± 204,1 ND 91,95 ± 12,16
3 10,22 Derivado da aglicona de
oleuropeína 377 197 18,94 ± 0,581 27,36 ± 7,564 ND 16,43 ± 2,341
48
Pico TR (min) Composto m/z MS2 FI FM SI SM
9 12,95 Dimetiloleuropeína 525 389; 345 42,89 ± 2,146 84,94 ± 29,73 ND 26,30 ± 6,432
- - Oleuropeína 539 377; 307; 275 7,841 ± 0,047 116,1 ± 42,04 30,27 ± 9,677 289,3 ± 42,64
Total 815,5 896,0 30,27 587,4
Flavonoides
- - Isómero de rutinósido de
luteolina 1 593 473; 503 ND ND ND 17,99 ± 0,148
4 11,53 Rutina 609 301 13,68 ± 1,307 39,67 ± 16,26 18,91 ± 9,246 8,851 ± 3,894
5 11,76 Isómero de rutinósido de
luteolina 2 593 285 27,54 ± 0,375 34,18 ± 7,303 19,37 ± 2,614 20,41 ± 1,168
6 11,91 Quercetina -O-hexósido 463 301; 300 69,78 ± 1,947 74,18 ± 4,337 72,28 ± 2,429 70,78 ± 0,762
7 12,07 Isómero de glucósido de luteolina
1 447 285 81,22 ± 4,563 146,5 ± 50,36 ND ND
10 13,25 Apigenina-7-glucósido 431 269 31,80 ± 0,750 43,85 ± 10,88 28,26 ± 1,307 53,75 ± 11,04
11 13,34 Isómero de glucósido de luteolina
2 447 285 44,94 ± 1,499 91,63 ± 29,19 52,20 ± 14,50 53,51 ± 11,24
- - 7-O-(D-Glucopiranosil)-crisoeriol 461 299; 446 27,63 ± 0,366 ND ND 21,90 ± 1,757
13 15,75 Luteolina 285 285 24,60 ± 0,256 28,79 ± 5,215 72,27 ± 31,30 23,66 ± 2,190
14 17,48 Apigenina 269 269 ND 17,77 ± 0,881 19,29 ± 0,523 ND
Total 321,2 476,6 282,6 270,9
49
No total, a extração assistida por micro-ondas permitiu a identificação e
quantificação de 22 compostos fenólicos divididos em três famílias: derivados do ácido
cinâmico (7), secoiridoides (5) e flavonoides (10).
Assim, a família predominante, em número de compostos, foi a dos flavonoides,
tendo sido identificados compostos como rutina, isómeros de rutinósido de luteolina,
quercetina -O-hexósido, isómeros de glucósido de luteolina, apigenina-7-glucósido, 7-O-
(D-glucopiranosil)-crisoeriol, luteolina e apigenina, principalmente nos extratos de folha
fresca macerada (476,6 mg/Kg PF) e de folha fresca inteira (321,2 mg/Kg PF), seguindo-
se os extratos de folha seca inteira (282,6 mg/Kg PS) e macerada (270,9 mg/Kg PS).
No entanto, foi na família dos secoiridoides que se detetou as maiores
quantidades, nomeadamente nos isómeros de hidroxitirosol, derivado da aglicona de
oleuropeína, dimetiloleuropeína e oleuropeína. Estes compostos foram identificados,
essencialmente nos extratos de folha fresca macerada (896,0 mg/Kg PF), de folha fresca
inteira (815,5 mg/Kg PF), e de folha seca macerada (587,4 mg/Kg PS), e em menores
quantidades na folha seca inteira (20,27 mg/Kg PS) uma vez que a oleuropeína foi o único
secoiridoide identificado neste extrato.
De seguida, também foi possível detetar, em quantidades significativas, derivados
do ácido cinâmico, tais como verbascósido, isómero de verbascósido, derivado do ácido
cumárico, calceolariosido, derivado do ácido ferúlico, ácido cafeoil - quínico e um
derivado do ácido sinápico, principalmente nos extratos de folha fresca macerada (121,6
mg/Kg PF), seca macerada (78,05 mg/Kg PS) e fresca inteira (65,71 mg/Kg PF), e em
menor abundância no extrato de folha seca inteira (59,47 mg/Kg PS).
Por último, a extração assistida por micro-ondas permitiu a extração de compostos
como isómero de delfinidina e galocatequina. No entanto não foi possível a sua
quantificação devido à inexistência de padrões apropriados no laboratório.
50
2.2. Composição fenólica dos extratos de folhas de oliveira após UAE
Na Figura 22 encontra-se representado um exemplo de um dos cromatogramas
obtidos por UHPLC-DAD ESI/MSn, do perfil fenólico dos extratos de folhas de oliveira,
após extração assistida por ultrassons (UAE), nomeadamente o cromatograma obtido para
o extrato da folha seca macerada (SM). Na Tabela 4 encontra-se a identificação e
composição fenólica do extrato correspondente a cada amostra – folha fresca inteira (FI),
fresca macerada (FM), seca inteira (SI) e seca macerada (SM).
Figura 22. Exemplo de um dos cromatogramas obtidos por UHPLC-DAD ESI/MSn dos extratos de
etanol, após extração assistida por ultrassons. Os picos identificados com números correspondem aos
compostos identificados na tabela 4.
1 2 3
4
6
5
7
8
9
15
14 13
12
11
10
51
Tabela 4. Composição fenólica dos extratos de folhas de oliveira (mg/Kg PF ou PS) de cada grupo – folha fresca inteira (FI), fresca macerada (FM), seca inteira (SI) e seca
macerada (SM), após extração assistida por ultrassons (UAE). Os valores representam média ± desvio padrão (n = 3).
Pico TR (min) Composto [M-H]-
(m/z) MS2 (m/z) FI FM SI SM
Derivados do Ácido Cinâmico
- - Verbascósido 623 461 32,09 ± 0,563 42,72 ± 9,894 ND ND
8 12,82 Isómero de Verbascósido 623 461 39,23 ± 1,283 43,96 ± 10,56 43,42 ± 2,553 41,67 ± 1,437
13 13,72 Derivado do Ácido Cumárico 491 161; 175; 337 26,30 ± 0,335 30,01 ± 2,964 24,66 ± 0,359 30,66 ± 3,711
- - Calceolariosido 477 315 27,90 ± 0,346 27,48 ± 1,595 27,28 ± 0,651 ND
- - Ácido Cafeoil-Quínico 353 191 25,75 ± 0,347 ND ND ND
2 9,82 Derivado do Ácido Sinápico 431 385 ND ND ND 26,66 ± 0,930
Total 151,3 144,2 95,36 98,99
Secoiridoides
- - Isómero de Oleósido 389 315 ND ND 88,61 ± 9,275 51,47 ± 15,94
- - Isómero de Hidroxitirosol 1 315 153 187,0 ± 36,48 181,9 ± 19,97 ND ND
- - Isómero de Hidroxitirosol 2 315 153 567,5 ± 57,09 361,5 ± 157,1 ND 533,3 ± 47,28
3 10,25 Derivado da Aglicona de
Oleuropeína 377 197 14,51 ± 0,818 18,68 ± 5,708 13,99 ± 0,798 25,26 ± 1,278
52
Pico TR (min) Composto m/z MS2 FI FM SI SM
9 12,99 Dimetiloleuropeína 525 389; 345 ND 39,82 ± 18,36 31,88 ± 3,125 58,76 ± 4,658
- - Oleuropeína 539 377; 307; 275 63,70 ± 5,685 111,3 ± 59,88 247,0 ± 27,34 17,83 ± 7,087
Total 832,7 713,2 381,5 686,6
Flavonoides
1 9,71 Isómero de Rutinósido de
Luteolina 1 593 473; 503 ND ND ND 18,78 ± 0,582
4 11,56 Rutina 609 301 16,99 ± 2,127 14,83 ± 10,26 14,42 ± 2,248 10,88 ± 1,376
5 11,78 Isómero de Rutinósido de
Luteolina 2 593 285 24,60 ± 3,378 27,66 ± 6,832 27,64 ± 3,193 34,02 ± 1,855
6 11,94 Quercetina -O-hexósido 463 301; 300 73,21 ± 1,803 73,83 ± 3,339 71,73 ± 3,492 74,63 ± 2,486
7 12,10 Isómero de Glucósido de
Luteolina 1 447 285 68,26 ± 5,219 92,83 ± 42,34 94,24 ± 9,469 130,9 ± 9,899
10 13,29 Apigenina-7-glucósido 431 269 42,95 ± 2,686 56,67 ± 22,10 48,99 ± 3,854 48,19 ± 2,738
11 13,38 Isómero de Glucósido de
Luteolina 2 447 285 67,57 ± 4,927 63,27 ± 26,00 59,23 ± 5,425 63,64 ± 3,842
12 13,54 7-O-(Glucopiranosil-D)-crisoeriol 461 299; 446 23,07 ± 0,614 27,61 ± 6,311 24,38 ± 1,247 36,38 ± 1,822
14 15,80 Luteolina 285 285 34,42 ± 2,163 29,34 ± 7,109 30,32 ± 1,804 32,90 ± 1,361
15 17,53 Apigenina 269 269 19,58 ± 0,307 18,55 ± 1,210 17,42 ± 0,385 19,55 ± 0,612
Total 370,7 404,6 388,4 469,9
53
Deste modo, o método de extração não convencional UAE permitiu a
identificação e quantificação de 22 compostos fenólicos divididos em quatro famílias:
derivados do ácido cinâmico (6), secoiridoides (6) e flavonoides (10).
Assim como a técnica de MAE, também a técnica de UAE permitiu a extração de
um maior número de flavonoides como rutina, isómeros de rutinósido de luteolina,
quercetina -O-hexósido, isómeros de glucósido de luteolina, apigenina-7-glucósido, 7-O-
(D-glucopiranosil)-crisoeriol, luteolina e apigenina, mas em maior quantidade no extrato
de folha seca macerada (469,9 mg/Kg PS), seguindo-se os extratos de folha fresca
macerada (404,6 mg/Kg PF), seca inteira (388,4 mg/Kg PS) e fresca inteira (370,7 mg/Kg
PF).
Contudo, a família detetada em maior abundância foi a família dos secoiridoides,
como isómeros de hidroxitirosol, derivado da aglicona de oleuropeína,
dimetiloleuropeína e oleuropeína, principalmente nos extratos de folha fresca inteira
(832,7 mg/Kg PF), fresca macerada (713,2 mg/Kg PF), seca macerada (686,6 mg/Kg PS)
e, em menor teor, no extrato de folha seca inteira (381,5 mg/Kg PS).
Também foram identificados e quantificados derivados do ácido cinâmico nos
extratos de folhas de oliveira, nomeadamente os compostos verbascósido, isómero de
verbascósido, calceolariosido, derivado do ácido cumárico, ácido cafeoil - quínico e
derivado do ácido sinápico. Estes compostos foram identificados essencialmente nos
extratos de folha fresca inteira (151,3 mg/Kg PF) e fresca macerada (144,2 mg/Kg PF), e
em menores quantidades, nos extratos de folha seca macerada (98,99 mg/Kg PS) e seca
inteira (95,36 mg/Kg PS).
Por fim, a extração assistida por ultrassons permitiu a extração de compostos
como isómero de delfinidina, galocatequina e derivado do ácido elenólico. Contudo, não
foi possível a sua quantificação devido à inexistência de padrões adequados no
laboratório.
54
2.3. Comparação do perfil fenólico dos extratos obtidos por MAE e UAE
Foi possível obter um perfil fenólico semelhante entre os métodos de extração não
convencionais, MAE e UAE, tendo-se identificado e quantificado 22 compostos
fenólicos, a partir de ambas as técnicas, pertencentes a três famílias: derivados do ácido
cinâmico, secoiridoides e flavonoides. Contudo a técnica de extração assistida por micro-
ondas permitiu identificar um maior número de derivados do ácido cinâmico (7) e a
técnica de extração assistida por ultrassons um maior número de secoiridoides (6).
Relativamente ao conteúdo de compostos presentes nos extratos de folhas de
oliveira, a técnica de extração assistida por micro-ondas permitiu uma maior extração de
secoiridoides e de flavonoides, e a técnica de extração assistida por ultrassons de
derivados do ácido cinâmico.
Deste modo, a energia gerada tanto em MAE como em UAE, permitiu uma
extração eficaz, como esperado. Isto também pode estar relacionado com a escolha do
solvente, o etanol, uma vez que a sua elevada constante dielétrica é um fator determinante
na extração de metabolitos, essencialmente na técnica de extração assistida por micro-
ondas (MAE).
55
2.3.1. Comparação do perfil fenólico dos extratos FI vs SI e FM vs SM extraídos
por MAE e UAE
Nas Figuras 23 e 24 encontra-se graficamente representado o total de compostos
fenólicos, tais como derivados do ácido cinâmico, secoiridoides e flavonoides, presentes
nos extratos de folhas de oliveira inteira e macerada, respetivamente, extraídos pelos
métodos não convencionais, MAE e UAE.
Deste modo, é possível verificar a partir da Figura 23, que ambos os perfis
fenólicos dos extratos de folha de oliveira fresca inteira, FI vs SI, obtidos pelas técnicas
de MAE e UAE foram muito similares.
No entanto, verifica-se que a folha fresca inteira (FI) aliada ao processo de
extração assistido por ultrassons (UAE) permitiu extrair e identificar um maior teor de
derivados do ácido cinâmico e secoiridoides.
Além disso, foi possível verificar uma diferença quantitativa significativa no
perfil de metabolitos fenólicos presentes nos extratos de folha de oliveira seca inteira (SI),
obtidos por MAE e UAE, tendo-se obtido um maior conteúdo de derivados do ácido
cinâmico, secoiridoides e flavonoides no extrato de folha SI, obtido por UAE.
Relativamente ao perfil fenólico dos extratos de folhas de oliveira maceradas, FM
vs SM extraídas por MAE e UAE (Figura 24), verifica-se que a folha fresca (FM) e a
utilização da técnica MAE permitiram extrair em maior quantidade secoiridoides e
flavonoides. O maior teor de derivados do ácido cinâmico foi detetado no extrato de folha
fresca macerada, obtido por UAE. Quando se compara o perfil fenólico dos extratos de
folha de oliveira seca macerada, verifica-se uma maior quantidade de compostos no
extrato de folha seca macerada obtido por UAE.
De um modo geral, estes resultados indicam que o facto de se usar folhas de
oliveira frescas ou secas e inteiras ou maceradas, influencia a extração tanto em número
como em quantidade de metabolitos fenólicos, tendo-se obtido melhores resultados na
extração de secoiridoides e flavonoides no extrato de folha de oliveira fresca macerada
pela técnica de MAE e, por último, derivados do ácido cinâmico no extrato de folha fresca
inteira pela técnica de UAE.
Em suma, verificou-se que o processo de maceração tornou o processo de extração
dos compostos fenólicos presentes nas folhas de oliveira mais eficaz, como era de esperar,
uma vez que este processo aumenta a área de superfície da amostra em contacto com o
solvente, através da quebra das paredes e membranas celulares das folhas de oliveira. Já
56
o processo de secagem das folhas, apesar de possibilitar um maior rendimento de extração
devido às modificões da estrutura física dos tecidos celulares, pode também induzir
efeitos adversos em alguns compostos, especialmente aqueles que são mais sensíveis ao
calor (Saifullah et al., 2019). Estudos conduzidos em folhas de Moringa oleifera
revelaram que alguns métodos de secagem (por exemplo, em estufa a 40 ºC e ao sol)
diminuem o conteúdo em alguns compostos fenólicos (tais como, rutina, campferol,
epicatequina, e ácidos cafeico e clorogénico) e a sua capacidade antioxidante (ex. ABTS
e FRAP), tendo-se obtido resultados inferiores aos resultados obtidos para folhas
congeladas (Ademiluyi et al., 2018). Nas folhas de oliveira, apesar de só ter sido usada
uma temperatura de 40ºC no processo de secagem, esta pode ter influenciado
negativamente alguns compostos fenólicos, possivelmente induzindo alterações na sua
estrutura. Assim, o presente trabalho indica que a utilização de material fresco parece ser
mais aconselhada para uma maior obtenção de compostos fenólicos presentes nas folhas
de oliveira.
57
Figura 23. Comparação do perfil fenólico dos extratos de folhas de oliveira inteiras, frescas e secas, extraídos
por MAE e UAE (mg/Kg PF ou PS).
58
Figura 24. Comparação do perfil fenólico dos extratos de folhas de oliveira maceradas, frescas e secas,
extraídos por MAE e UAE (mg/Kg PF ou PS).
59
2.3.2. Comparação do perfil fenólico dos extratos obtidos pelos métodos não
convencionais vs métodos convencionais
Os métodos de extração não convencionais aplicados neste trabalho, MAE e UAE,
possibilitaram uma extração eficaz de compostos fenólicos presentes nos extratos de
folhas de oliveira, tanto em número como em quantidade, tendo-se obtido resultados
similares a partir de ambos os processos de extração.
Assim, relativamente à folha seca macerada (SM), as técnicas não convencionais
utilizadas neste trabalho, MAE e UAE, permitiram a extração de um elevado número de
compostos pertencentes à família dos flavonoides, nomeadamente isómero de rutinósido
de luteolina 1 (17,99 e 18,78 mg/Kg PS, respetivemente), isómero de rutinósido de
luteolina 2 (20,41 e 34,01 mg/Kg PS, respetivamente), rutina (8,851 e 10,88 mg/Kg PS,
respetivamente), quercetina-O-hexósido (70,78 e 74,63 mg/Kg PS, respetivamente),
apigenina-7-glucósido (53,75 e 48,19 mg/Kg PS, respetivamente), isómero de glucósido
de luteolina 2 (53,51 e 63,64 mg/Kg PS, respetivamente), 7-O-(D-glucopiranosil)-
crisoeriol (21,90 e 36,38 mg/Kg PS, respetivamente) e luteolina (23,66 e 32,90 mg/Kg
PS). Para além destes, o método de extração assistida por ultrassons permitiu ainda a
extração da apigenina (19,55 mg/Kg PS) e do isómero de glucósido de luteolina 1 (130,9
mg/Kg PS). Dias et al. (2018) e Figueiredo (2017) conseguiram extrair apenas 5 destes
compostos, como rutina (517 – 930 mg/Kg PS), isómero de rutinósido de luteolina 1 e 2
(780 – 1348 mg/Kg PS e 2054 – 3475 mg/Kg PS, respetivamente), quercetina-O-hexósido
(20 – 122 mg/Kg PS), isómero de glucósido de luteolina (613 – 903 mg/Kg PS), através
da extração sólido - líquido em metanol com agitação à temperatura ambiente (Dias et al
2020) e por Soxhlet (Figueiredo 2017), mas em quantidades superiores. Também
Meirinhos et al. (2005), reportou a extração de 5 dos compostos identificados neste
trabalho em folha seca macerada, em quantidades superiores, nomeadamente dois
isómeros de glucósido de luteolina (85 – 1955 mg/Kg PS e 253 – 2674 mg/Kg PS), a
apigenina-7-glucósido (123 – 1261 mg/Kg PS), a luteolina (45 – 690 mg/Kg PS) e a
apigenina (5 – 340 mg/Kg PS), a partir da extração sólido - líquido em metanol com
agitação a uma temperatura de 45 ºC. Já Ahmad – Qasem et al. (2014) e Talhaoui et al.
(2014) reportaram a extração de vários compostos pertencentes à família dos flavonóides,
tais como isómero de rutinósido de luteolina (1860 e 199 – 491 mg/Kg PS,
respetivamente), isómero de glucósido de luteolina (1100 e 1072 – 5724 mg/Kg PS,
respetivamente), luteolina (280 e 367 – 497 mg/Kg PS, respetivamente), apigenina-7-
glucósido (698 mg/Kg PS, apenas em Ahmad – Qasem et al. 2014), e 7-O-(D-
60
glucopiranosil)-crisoeriol (581 – 845 mg/Kg PS, apenas em Talhaoui et al. 2014), a partir
de extração assistida por ultrassons (UAE), em folhas de oliveira secas maceradas,
utilizando etanol e metanol como solventes. Estes resultados de extração obtidos por UAE
demonstraram ser superiores aos resultados obtidos no presente trabalho, também por
extração assistida por ultrassons.
As técnicas de MAE e UAE (para a folha SM) também permitiram a extração de
quantidades significativas de secoiridoides, tais como isómero de hidroxitirosol 2 (91,95
e 533,3 mg/Kg PS, respetivamente), derivado da aglicona de oleuropeína (16,43 e 25,26
mg/Kg PS, respetivamente), dimetiloleuropeína (26,30 e 58,76 mg/Kg PS,
respetivamente), oleuropeína (289,3 e 17,83 mg/Kg PS, respetivamente). Para além
destes, a técnica de extração assistida por micro-ondas (para a folha SM) permitiu ainda
a extração de isómero de hidroxitirosol 1 (163,4 mg/Kg PS), e a técnica de extração
assistida por ultrassons a extração de um isómero de oleósido (51,47 mg/Kg PS). Os
valores resportados por Dias et al. (2018) e Figueiredo (2017), a partir de extração por
métodos convencionais em folhas secas maceradas foram superiores, mas apenas
conseguiram extrair três dos compostos mencionados, nomeadamente isómero de
oleósido (665 – 1087 mg/Kg PS), derivado da aglicona de oleuropeína (15 – 28 mg/Kg
PS) e oleuropeína (1300 – 2347 mg/Kg PS). Talhaoui et al. (2014) também reportou a
extração de 4 dos secoiridoides identificados no presente trabalho, utilizando métodos de
extração não convencionais (UAE) e metanol como solvente, em folhas secas maceradas,
nomeadamente dois isómeros de hidroxitirosol (341 – 438 mg/Kg PS e 469 – 793 mg/Kg
PS, respetivamente), a dimetiloleuropeína (1338 – 6382 mg/Kg PS) e a oleuropeína (2100
– 2337 mg/Kg PS). O conteúdo destes compostos reportado por Talhaoui et al. (2014) foi
em geral superior ao obtido no presente trabalho.
Relativamente à família dos derivados do ácido cinâmico, foram identificados três
compostos, extraídos por MAE e UAE, na folha SM, tais como derivado do ácido
cumárico (29,14 e 30,66 mg/Kg PS, respetivamente) e, no caso da técnica de MAE, um
derivado do ácido ferúlico (24,29 mg/Kg PS), e no caso de UAE, um isómero de
verbascósido (41,67 mg/Kg PS) e um derivado do ácido sinápico (98,99 mg/Kg PS). Já
Dias et al. (2019) conseguiu extrair apenas um destes compostos, mas em quantidades
superiores (74 – 288 mg/Kg PS), pelo método convencional, extração por Soxhlet (onde
o solvente usado foi o etanol).
Relativamente à folha fresca, os métodos de extração não convencionais aplicados
neste trabalho (MAE e UAE) demonstraram ser eficazes na extração de compostos
61
pertencentes às várias famílias, tendo-se obtido, de uma forma geral, um perfil qualitativo
similar na folha fresca inteira (FI) e macerada (FM), mas em termos quantitativos foi
superior na folha fresca macerada (FM). Assim, das famílias de compostos presentes nas
folhas de oliveira, é de salientar a família dos flavonóides, tendo-se extraído e
quantificado 8 destes compostos, a partir de MAE e UAE: rutina (39,67 e 14,83 mg/Kg
PF, respetivamente), isómero de rutinósido de luteolina (34,18 e 27,66 mg/Kg PF,
respetivamente), quercetina-O-hexósido (74,18 e 73,83 mg/Kg PF, respetivamente),
apigenina-7-glucósido (43,85 e 56,67 mg/Kg PF, respetivamente), isómeros de glucósido
de luteolina 1 e 2 (146,5 e 92,83 mg/Kg PF, e 91,63 e 63,27 mg/Kg PF, respetivamente),
luteolina (28,79 e 29,34 mg/Kg PF, respetivamente) e apigenina (17,77 e 18,55 mg/Kg
PF, respetivamente). A técnica de extração assistida por ultrassons também possibilitou
a extração do composto 7-O-(D-glucopiranosil)-crisoeriol em quantidade 27,61 mg/Kg
PF. Romani et al. (2017) reportou a extração de apenas dois compostos pertencentes a
esta família em folhas de oliveira frescas, a partir da extração sólido – líquido em
etanol/água (30:70, v/v), sob agitação, nomeadamente apigenina-7-glucósido (40 - 320
mg/Kg PF) e 7-O-(D-glucopiranosil)-crisoeriol (120 mg/Kg PF), mas em quantidades
superiores.
As técnicas não convencionais de MAE e UAE também permitiram a extração de
quantidades significativas de secoiridoides presentes na folha fresca macerada (FM),
nomeadamente isómeros de hidroxitirosol 1 e 2 (128,9 e 181,9 mg/Kg PF, e 538,7 e 361,5
mg/Kg PF, respetivamente), derivado da aglicona de oleuropeína (27,36 e 18,68 mg/Kg
PF, respetivamente), dimetiloleuropeína (84,94 e 39,82 mg/Kg PF, respetivamente) e, por
último, a oleuropeína (116,1 e 111,3 mg/Kg PF, respetivamente). Também Mert et al.
(2013) reportou a extração de oleuropeína a partir de métodos não convencionais,
nomeadamente extração assistida por ultrassons (UAE) em folhas frescas em quantidades
superiores, 730 – 7050 mg/Kg PF. Já Romani et al. (2016) reportou a extração de dois
destes compostos, a dimetiloleuropeína (450 – 1060 mg/Kg PF) e a oleuropeína (2790 –
13640 mg/Kg PF) a partir de técnicas de extração convencionais (extração sólido –
líquido em etanol/água (30:70, v/v), com agitação) em folhas frescas; e Ranalli et al.
(2006) apenas a extração de oleuropeína (780 – 8610 mg/Kg PF), em folhas frescas de
oliveira, utilizando o método convencional, extração sólido – líquido e a mistura de
solventes metanol/água (2:3:1, v/v) com agitação.
Por fim, a técnica UAE permitiu a extração de 4 compostos pertencentes à família
dos derivados do ácido cinâmico, presentes na folha FM, tais como o verbascósido (42,72
62
mg/Kg PF), um isómero de verbascósido (43,96 mg/Kg PF), um derivado do ácido
cumárico (30,01 mg/Kg PF) e o calceolariosido (27,48 mg/Kg PF). A técnica de extração
assistida por micro-ondas (MAE) permitiu apenas a extração de dois destes compostos,
nomeadamente o isómero de verbascósido (37,94 mg/Kg PF) e um derivado do ácido
cumárico (30,01 mg/Kg PF). No entanto, esta técnina também permitiu a extração do
ácido cafeoíl-quínico (24,79 mg/Kg PF) e de um derivado do ácido sinápico (25,03
mg/Kg PF), presentes na folha fresca macerada (FM). Também Romani et al. (2016)
reportou a extração de apenas um composto derivado do ácido cinâmico, o verbascósido,
a partir do método convencional extração sólido – líquido utilizando uma mistura de
solventes etanol/água (30:70, v/v), mas em quantidades superiores (160 – 730 mg/Kg PF).
É de salientar também que, apesar das diferenças nos conteúdos de vários
metabolitos obtidos neste trabalho por MAE e UAE e os reportados na literatura, os
valores obtidos tanto para o hidroxitirosol (128,9 – 538,7 mg/Kg PF e 91,95 – 533,3
mg/Kg PS), como para a luteolina, apigenina e ácido ferrúlico (23,66 – 32,90 mg/Kg PS;
19,55 mg/Kg PS e 24,29 mg/Kg PS, respetivamente) encontram-se dentro dos intervalos
descritos para os mesmos compostos nas folhas de oliveira descitos por Talhaoui et al.
(2015) (11,94 – 479,3 mg/Kg PF e 2,2 – 1120 mg/Kg PS; 10,1 – 5600 mg/Kg PS; 4,6 –
339,5 mg/Kg PS e 7 – 91,4 mg/Kg PS, respetivamente).
De um modo geral, quando comparados os resultados obtidos a partir de ambas
as extrações (MAE e UAE) em folhas de oliveira, verificou-se que a técnica MAE
possibilitou uma maior extração dos compostos fenólicos (derivados do ácido cinâmico,
secoiridoides e flavonoides) presentes na folha macerada (FM). O mesmo não se verificou
a partir da técnica UAE, tendo-se obtido uma maior quantidade de derivados do ácido
cinâmico e secoiridoides na folha FM, e uma maior quantidade de flavonoides na folha
seca macerada (SM).
Em suma, os métodos de extração não convencionais utilizados no presente
trabalho (MAE e UAE) permitiram uma extração eficiente de compostos fenólicos
presentes nas folhas de oliveira, tanto frescas como secas, quando comparados com os
métodos convencionais utilizados noutros trabalhos (extração sólido – líquido em
metanol, etanol e água, com agitação). Ambas as técnicas de extração assistidas por
micro-ondas e ultrassons demonstraram ser benéficas aquando a utilização da folha de
oliveira fresca, evitando processos de secagem e, por conseguinte, consumo de tempo e
energia. Além disso, também o tempo de extração de apenas 30 minutos e o menor uso
de solvente apresentam-se como vantagens da utilização destas técnicas de extração não
63
convencionais, quando comparadas com os métodos convencionais que, geralmente, são
mais longos e requerem elevadas quantidades de solvente (por exemplo, 72h –
equivalente a três ciclos de extração, (Dias et al., 2019, 2020)).
64
65
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos neste trabalho comprovam que as folhas de oliveira são
uma fonte essencial de compostos bioativos, pelo que é imperativa a valorização deste
subproduto alimentar de elevada disponibilidade com inúmeras aplicabilidades nas
indústrias alimentar, farmacêutica e medicinal.
Neste trabalho, a utilização de métodos emergentes não convencionais, MAE e
UAE, mostrou ser eficiente na extração dos compostos lipofílicos bem como dos
compostos fenólicos presentes nas folhas de oliveira, quando comparados com os
métodos convencionais, nomeadamente extração sólido – líquido (com hexano e folha
macerada) e extração por Soxhlet (com etanol e folha macerada). Alguns compostos
extraídos por estes métodos não convencionais permitiram a identificação de vários
compostos não reportados na literatura, até ao presente momento, nomeadamente, o
álcool triacontan-1-ol e os ácidos nanocosanóico e dodecanóico.
As diferenças obtidas na quantidade de alguns compostos lipofílicos e fenólicos
quando comparados com a literatura podem estar relacionadas com vários factores,
nomeadamente com a variedade da oliveira e a idade da árvore, as condições ambientais
de crescimento e tipo de solo, a estação do ano em que as folhas foram colhidas, o estado
fenológico da planta e, ainda, com as condições de processamento das amostras, do tipo
de solvente de extração, e do tempo e temperatura de extração.
Os resultados obtidos no presente trabalho indicam também que o facto de se usar
folhas de oliveiras frescas ou secas e inteiras ou maceradas, influencia tanto em número
como em quantidade de metabolitos (lipofílicos e fenólicos) extraídos, tendo-se obtido
um maior teor de compostos lipofílicos a partir da técnica de extração assistida por
ultrassons (UAE) na folha de oliveira seca macerada (SM), e um maior teor de compostos
fenólicos a partir da técnica de extração assistida por micro-ondas (MAE) na folha de
oliveira fresca macerada (FM), o que torna este método não convencional (MAE)
benéfico na extração de compostos fenólicos presentes nas folhas de oliveira, sem recorrer
a processos de secagem e, evitando, consequentemente, consumo de tempo e energia.
Além disso, os métodos utilizados no presente trabalho, MAE e UAE, utilizam menores
quantidades de solvente e tempos de extração reduzidos, geralmente 30 minutos,
mantendo bons rendimentos de extração e tendo, por conseguinte, um impacto positivo
no ambiente.
66
67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abdellaoui, K., Hazzoug, M., Boussadia, O., Miladi, M., Omri, G., Acheuk, F., Ben Halima -Kamel, M., &
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76
77
ANEXOS
Anexo1. Padrões utilizados na quantificação de compostos lipofílicos
y = 0,097x + 0,2123
R² = 0,992
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 20 40 60 80 100
[Ácid
o P
alm
ític
o]
(mg
/mL
)
A/Api
Figura A2. Reta de calibração do ácido palmítico.
y = 0,0952x + 0,0466
R² = 0,9921
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
[Octa
decan
o]
(mg
/mL
)
A/Api
Figura A1. Reta de calibração do octadecano.
78
y = 0,0611x + 0,032
R² = 0,9914
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0 2 4 6 8 10 12
[Cole
ste
rol]
(m
g/m
L)
A/Api
Figura A3. Reta de calibração do colesterol.
y = 0,0872x + 0,0243
R² = 0,996
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
[Octa
decan
ol]
(m
g/m
L)
A/Api
Figura A4. Reta de calibração do octadecanol.
79
y = 0,0414x + 0,0115
R² = 0,9909
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
[Malt
ose]
(mg
/mL
)
A/Api
Figura A5. Reta de calibração da maltose.
80
Anexo 2. Padrões utilizados na quantificação de compostos fenólicos
y = 9E-08x + 0,0358
R² = 0,9992
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0 5000000 10000000 15000000 20000000 25000000 30000000 35000000
[Ácid
o C
afe
ico]
(mg
/mL
)
Área
Figura A6. Reta de calibração do ácido cafeico.
y = 8E-07x + 0,0116
R² = 0,9841
0,000
0,200
0,400
0,600
0,800
1,000
1,200
0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000 1400000
[Ole
uropeín
a]
(mg
/mL
)
Área
Figura A7. Reta de calibração da oleuropeína a 280 nm.
81
y = 2E-07x + 0,0084
R² = 0,9882
0,000
0,200
0,400
0,600
0,800
1,000
1,200
0 1000000 2000000 3000000 4000000 5000000 6000000
[Ole
uropeín
a]
(mg
/mL
)
Área
y = 2E-07x + 0,0236
R² = 0,9817
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0 1000000 2000000 3000000 4000000 5000000
[Lu
teoli
na]
(mg
/mL
)
Área
Figura A8. Reta de calibração da oleuropeína a 240 nm.
Figura A9. Reta de calibração da luteolina.
82
y = 3E-07x + 0,0991
R² = 0,9989
0
1
2
3
4
5
6
0 5000000 10000000 15000000 20000000 25000000
[Qu
erceti
na]
(mg
/mL
)
Área
.
Figura A10. Reta de calibração da quercetina.
y = 5E-07x - 0,0045
R² = 0,9986
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0 1000000 2000000 3000000 4000000 5000000
[Ru
tin
a]
(mg
/mL
)
Área
Figura A11. Reta de calibração da rutina.
83