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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA Acupuntura no Tratamento da Osteoartrite no Joelho EDUARDO UTAKA SÃO PAULO 2013

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA

Acupuntura no Tratamento da Osteoartrite no Joelho

EDUARDO UTAKA

SÃO PAULO

2013

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA

Acupuntura no Tratamento da Osteoartrite no Joelho

EDUARDO UTAKA

Orientadores: Prof. Esp. Luiz A.Alfredo

e Profa. Ms. Bernadete Nunes Stolai

Monografia apresentada ao departamento de

Pós-Graduação da Universidade Cruzeiro do

Sul, como parte dos requisitos para a obtenção

do título de Especialista em Acupuntura.

SÃO PAULO

2013

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA

Acupuntura no Tratamento da Osteoartrite no Joelho

Eduardo Utaka

Monografia apresentada e aprovada pela

Banca Examinadora em _________

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Esp. Luiz A.Alfredo

UNICSUL-Universidade Cruzeiro do Sul

Profa. Ms. Bernadete Nunes Stolai

UNICSUL-Universidade Cruzeiro do Sul

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DEDICATÓRIA

Com o respeito e amor, dedico este trabalho de pesquisa efetuado principalmente aos

meus pais, Mitsue e Iuao Utaka que se dedicaram a mim com amor e educação.

Também dedico a todas as pessoas que pude ajudar utilizando a Acupuntura como

forma de diminuir a dor e o sofrimento causado por disfunção energética.

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AGRADECIMENTO

A todos os meus professores e colegas de classe nesses anos de convívio.

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“A doença é formada quando a mente enfraquece. Então reze, acredite e fortaleça

seu desejo de se recobrar. O corpo vai responder a esse desejo. Acredite que você

é por natureza forte e saudável.” (Ryuho Okawa)

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RESUMO

O presente trabalho foi feito devido à grande concentração de pessoas com problemas do joelho, principalmente a Osteoartrite na terceira idade. Devido aos problemas que as pessoas sofrem com um grande número de cirurgias e intervenções clínicas, a Acupuntura é uma alternativa no tratamento desse mal. Tem-se como objetivo verificar a eficácia da Acupuntura no tratamento da Osteoartrite no joelho (Gonartrose) como terapia complementar referente à melhora e diminuição nos níveis de dor nos joelhos dos enfermos, outros benefícios existentes no tratamento, e elaborar um protocolo com os principais pontos no tratamento. Assim, o material analisado fora pesquisado em trabalhos efetuados no Brasil e no mundo afora por meio de livros, teses e artigos publicados em banco de dados conceituados. Neste trabalho há a descrição da doença, como é vista pela medicina ocidental e pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e como as várias pesquisas com a Acupuntura foram feitas no mundo. Na medicina ocidental a Osteoartrite do joelho é uma doença degenerativa das articulações entre os ossos do joelho e os principais sintomas são a dor, o inchaço e a redução dos movimentos no joelho. Na MTC, a degeneração e a dor nas articulações podem ser acometidas pelo desequilíbrio do Qi (Energia), do Sangue e do sistema Zang-Fu (Órgãos e Vísceras). Assim, uma das principais causas pode ser pela degeneração do Qi que leva ao desequilíbrio energético, causando a falta de interação entre a Energia do Rim, Fígado e Baço-Pâncreas. Os três sistemas não interagem, e isso leva à Osteoartrite do joelho, caracterizada pela Estagnação de Sangue e acúmulo de Líquido Orgânico. O tratamento com a Acupuntura por meio das agulhas trabalha para aliviar a dor, a qual relaxa os músculos e tendões, além de fortalecer os meridianos do Fígado, da Vesícula Biliar e do Rim para que circule o Sangue e Qi. Portanto, alguns trabalhos pesquisados utilizaram esse método para que a dor fosse aliviada, mas as pesquisas são restritas com pacientes que já utilizavam medicamentos e não havendo encontrado nenhum estudo onde houvesse somente o tratamento com a Acupuntura na Gonartrose. Apesar dessa restrição e baseado nos dados dessas pesquisas, pode-se concluir que a Acupuntura é eficaz como terapia complementar no tratamento da dor em pacientes portadores de Gonartrose. Além de a Acupuntura promover também uma melhora na qualidade de vida, reduz a ingestão de medicamentos, diminuindo os seus efeitos colaterais.

Palavras-chave: Acupuntura. Gonartrose. Osteoartrite. Joelho. Dor. Articulação.

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ABSTRACT The actual research was written due to the great number of people with pain in their knees, mainly with osteoarthritis in the elderly people. Because of the surgeries and medical interventions that many people suffer, the Acupuncture refers as a complementary treatment to this ill called Gonarthrosis or Osteoarthritis of the Knees. The objective of this research is to verify the efficacy of Acupuncture in Gonarthrosis as a complementary therapy in order to reduce and relieve pain in the knees of the patients, verify other benefits and create a protocol with main points in the treatment. So the material of this research was analyzed from studies and researches with patients in Brazil and around the world from books and data base captured from internet. In this work there is a description of the ill, how it is seemed by the Occidental Medicine and by the Traditional Chinese Medicine and also how the researches with Acupuncture were done around the world. In the Occidental Medicine the Osteoarthritis of the Knees is a degenerative illness between the joint of the bones from the knees and the main medical symptom is the pain, swelling, and reduction of the movements of the knees. The Traditional Chinese Medicine looks the illness of the joints as an unbalance of the Qi (Energy) and Blood and also of the Zang-Fu system (Organs and Viscera). So, one of the main causes can be due to the degeneration of the Qi that leads to unbalanced of the energy and leading to a lack of interaction among the Energies of the Kidney, Liver, and Spleen. These three systems do not interact among them so leading to Blood stagnation and accumulation of Liquid Organic. The treatment using needles with Acupuncture works to relieve pain leading to relaxation of the muscles and tendons and also strengthen the meridians of Kidney, Liver, and Spleen in order to circulate Qi and Blood. Therefore, so many researches used some methods of treatment to relieve pain but the researches were restricted to patients who have already been using medicines for the treatment and then included the Acupuncture into their study. Indeed, there were not found any researches that describe a research only treating Gonarthrosis with Acupuncture. Therefore based on the data collected it concludes that Acupuncture is effective as a complementary therapy reducing pain in patients with Gonarthrosis. Also, Acupuncture provided improvement in the quality of life of those patients, reducing the medicines ingestion by decreasing their collateral effects. Key words: Acupuncture, Osteoarthritis, Gonarthrosis, Knee, Pain, Joint.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10

2 METODOLOGIA ................................................................................................... 12

3 DIAGNOSTICO OCIDENTAL ............................................................................... 13

3.1 Etiologia ............................................................................................................... 13

3.2 Localização da Artrose ....................................................................................... 14

3.3 Sintomas .............................................................................................................. 14

4 A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E A OSTEOARTRITE ......................... 15

5. TRATAMENTO DA GONARTROSE NA VISÃO ORIENTAL .............................. 19

6. TRATAMENTO DA GONARTROSE COM A ACUPUNTURA ............................ 21

7 RESULTADOS DO TRATAMENTO COM A ACUPUNTURA ............................. 24

8 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 34

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1 INTRODUÇÃO

A Osteoartrite ou Artrose ou Artrite degenerativa, é uma doença degenerativa

que ocorre entre as articulações dos ossos onde há a degeneração da cartilagem e

que leva a fricção de dois ossos. Com isso, dá-se a limitação dos movimentos e a

inflamação e irritação da articulação, ocorrendo a dor (OGIELA, 2009). Ainda não

existe a cura para essa moléstia, e muitas pessoas procuram os médicos para um

tratamento medicamentoso e/ou cirúrgico.

Assim, os profissionais da medicina, seja ela oriental ou ocidental, têm se

dedicado à pesquisa para a diminuição da dor da Osteoartrite e para o

aprimoramento da qualidade de vida e diminuição dos efeitos colaterais no

tratamento por medicamentos.

Conforme o National Institute of Arthritis and Musculoskeletal and Skin

Diseases (NIH), Acupuncture Treatment For Osteoarthritis (1997) dos EUA, em

1997, havia mais de 16 milhões de americanos com essa doença. A Osteoartrite

pode ser assintomática e geralmente ocorre em pessoas de 30 a 40 anos, mas com

aproximadamente 70 anos, a maioria sente os sintomas (U.S. Department of Health

and Human Services Public Health Service). Devido ao grande número de pessoas

que são acometidas por essa doença, principalmente nos joelhos e quadril, há vários

estudos da Acupuntura cuja eficácia no seu uso acarreta melhoras na condição da

dor crônica (WILEY, 2006).

No Brasil, de acordo com Trevisani (2009), da Universidade Federal de São

Paulo, a Osteoartrite representa 30% a 40% das doenças mais frequentes das

consultas médicas. Pelos dados da Previdência Social no Brasil, a Osteoartrite

afasta do trabalho 7,5% dos trabalhadores ativos e também é a segunda patologia

de todas as doenças com 10,5% na prorrogação do afastamento e com 6,2% a

aposentar por invalidez pela doença. Estima-se que 4% da população brasileira

apresentam Osteoartrite e 37% dessas pessoas sejam acometidas com artrose nos

joelhos (XAVIER, 2007).

Assim a pesquisa sobre a Acupuntura no tratamento da Osteoartrite nos

joelhos ou a Gonartrose é importante para tentar diminuir os sintomas, pois há um

aumento de pessoas, principalmente os idosos, com falta de mobilidade nos joelhos,

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gerando, assim, muitas dores e, como consequência, diminuição das atividades

diárias e efeitos colaterais devido à ingestão de remédios alopáticos. Portanto,

muitas pessoas procuram o bem-estar fora da medicina ocidental, como a

Acupuntura como uma medicina complementar, para diminuição da dor devido à

degeneração provocada pelos sintomas da doença, porque os remédios alopáticos

nem sempre resolvem ou as pessoas não desejam ingeri-los. Assim, não há

contraindicações nem efeitos colaterais.

No tratamento por Acupuntura, os resultados dependem das respostas do

organismo às agulhas aplicadas que nem sempre são iguais em todas as pessoas.

Entretanto, muitos pacientes reagem bem a esse tipo de tratamento (HARRES,

2008).

Assim, o objetivo deste estudo é verificar a eficácia da Acupuntura na melhora

e redução nos níveis de dor nos joelhos (nos pacientes portadores de Osteoartrite),

verificar se existem outros benefícios no tratamento da Acupuntura, e elaborar um

protocolo com os principais pontos no tratamento.

Portanto, o levantamento de dados a partir dos artigos e das pesquisas

servirá para entender a doença, como tratá-la, e se realmente haverá um resultado

satisfatório no tratamento por meio da utilização da Medicina Tradicional Chinesa

(MTC), sendo mais específico o uso da Acupuntura.

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2 METODOLOGIA

O estudo da Acupuntura empregado no tratamento da Osteoartrite nos

joelhos descreverá e observará a situação da doença com dados coletados em

várias fontes.

Assim, a pesquisa foi feita a partir de livros de estudiosos em Acupuntura

como Giovanni Maciocia, Peter Deadman e o médico brasileiro Dr. Ysao Yamamura,

literatura científica e revistas internacionais especializadas que fizeram estudos

sobre a Gonartrose e o tratamento de Acupuntura, além de sites e pesquisa da

internet. Também foi utilizado o auxílio das bibliotecas onde os artigos foram

pesquisados a partir de sites confiáveis como: Bireme, Scielo, Cochrane Library e

outros dos últimos dez anos nos idiomas inglês e português.

O texto foi produzido de acordo com as normas da ABNT, segundo as

Diretrizes para Apresentação de Dissertações e Teses da UNICSUL.

.

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3 DIAGNÓSTICO OCIDENTAL

Este capítulo foca os aspectos da doença em si, ou seja, como a Osteoartrite

degenerativa é provocada no organismo. Em adição, os sintomas e os tipos da

doença que acomete o ser humano serão apresentados para entender o mecanismo

da degeneração articular. Portanto, é importante saber o máximo possível sobre a

doença para aplicar a Acupuntura corretamente, podendo usar em adição ou

separadamente outras ferramentas da MTC.

Conforme a Arthritis Foundation, a Osteoartrite ou a artrite degenerativa,

como é mais conhecida, é uma doença degenerativa das articulações entre os ossos

e que causa dor, inchaço e reduz os movimentos entre as articulações em qualquer

parte do corpo, mas principalmente nas mãos, nos joelhos, nos quadris e na coluna.

De acordo com Ogiela (2009), a Artrite degenera a cartilagem entre os ossos.

A cartilagem é um tecido escorregadio que cobre o final dos ossos nas suas

articulações, na qual, sendo ela saudável absorve o impacto e o choque de um

movimento. É um tecido sem vasos sanguíneos com “fibras de colágenos,

proteoglicanos e glicosaminoaglicanos ligados ao ácido hialurônico e a uma única

linhagem celular, chamada condrócito”, na qual todos esses componentes retêm

água que dão elasticidade e compressibilidade da cartilagem. Quando essa

cartilagem se degenera, há um atrito entre os ossos, podendo danificar

permanentemente a cartilagem e a articulação, enfraquecendo músculos e

ligamentos (OGIELA, 2009).

3.1 Etiologia

Segundo Ogiela (2009), a Artrite tem sua causa desconhecida, mas alguns

aspectos para o aparecimento dela podem ser causados pelo avanço da idade

fisiológica; obesidade, que aumenta o risco; fratura de uma articulação; uso

demasiado no trabalho ou no esporte; e até pode ser um problema hereditário.

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Algumas condições médicas podem levar também a Artrite degenerativa

como um sangramento anormal que causa o sangramento nas articulações, levando

à hemofilia, desordens que bloqueiam o suplemento de sangue nas articulações, tal

como a necrose vascular e outros tipos de artrites, como gota, pseudo-gota ou artrite

reumatoide.

3.2 Localização da Artrose

Shannon (2006) relata que a Artrite degenerativa pode ser acometida em

várias partes do corpo como: mãos, onde geralmente é acometido mais em

mulheres, nas articulações dos dedos aparecerão inchaços e estalos que são

conhecidos como Nós de Heberdean, geralmente são seguidos de dor e

enrijecimentos dos dedos; joelhos, como são as articulações que mais carregam o

peso do corpo, tendem a ser mais acometidos pela Artrose, levando ao

enrijecimento do joelho, dor e inchaço; quadril, assim como outros lugares, também

tem os mesmos sintomas, em adição a dores nos joelhos, coxas e nádegas e assim

podem limitar os movimentos; coluna espinhal, nesse caso, a Artrose acomete

geralmente a região do pescoço e a lombar, podendo a pessoa sentir dor nos braços

e nas pernas conforme a região afetada.

3.3 Sintomas

Os sintomas aparecem normalmente na meia idade por volta dos 55 anos.

Antes disso, acomete igualmente homens e mulheres. Para as pessoas com mais de

55 anos, acometem mais as mulheres (OGIELA, 2009).

Algumas vezes, pode não haver sintomas, mas se ocorrerem, podem ser: dor

profunda na articulação depois de exercícios que melhoram com descanso; dor

fazendo atividade que piora depois de um longo período sem atividade física; dor

constante quando está mesmo em descanso; dor quando está em movimento;

aumento da dor no tempo úmido; inchaço da articulação; movimento limitado e

musculatura fraca em volta da região articular afetada (OGIELA, 2009). De acordo

com Harres (2008), no joelho e em outras articulações, as causas mais frequentes

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dos distúrbios e disfunções são: inflamações locais, lesões nos tendões, ligamentos,

meniscos e cápsulas, a postura inadequada que leva à falha da compensação dos

músculos como, por exemplo, no caso de um genu-varo, genu-valgo ou pé chato,

dores e perturbações secundárias – como a dor no joelho –, um único sintoma de

uma coxartrose ou de um processo degenerativo na coluna lombar e processos

degenerativos nas cartilagens articulares acompanhados de proliferações ósseas

reativas (Gonartrose com osteofitose).

No decorrer do tempo, o processo degenerativo que afeta as articulações

diminui a espessura das cartilagens e o espaço entre as articulações, formando

osteófitos, esclerose óssea, cistos e deformação da articulação, em que pode ser

observado nos exames de raios-X menor tamanho da espessura articular óssea

(XIN-NONG, 1987, p. 376-388).

Harres (2008) relata em seu estudo sobre a Gonartrose que as Artrites

degenerativas são mais frequentes em pessoas do sexo feminino com sintomas de

dor e diminuição da força muscular e ainda pode ocorrer dor súbita pelo atrito entre

os ossos pela articulação em degeneração. No começo do processo degenerativo,

são recomendados exercícios de alongamento e musculação para o fortalecimento

dos músculos envolvidos, associado à perda de peso, utilização de remédios

antiinflamatórios e o uso da Acupuntura para alívio dos sintomas.

Como Ogiela (2009) cita em seu estudo, a Artrite Degenerativa não pode ser

curada e que os remédios disponíveis não agem efetivamente a todas as pessoas

além de produzir efeitos colaterais. Nestes casos, as cirurgias podem ser feitas

dependendo da gravidade e das queixas dos pacientes.

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4 A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E A OSTEOARTRITE

Na visão da MTC, o corpo humano é constituído pelo Qi (Energia) e pela

matéria. A respiração e a alimentação que o corpo humano absorve é transformado

em Qi que é distribuído por todo o organismo em várias formas dessa Energia.

Quando o indivíduo adoece por alguma desarmonia física, psíquica ou outros

fatores, a energia (Qi) altera-se, desencadeando um desequilíbrio entre Yin e Yang e

instalando e aprofundando cada vez mais no Zang-Fu (Órgãos e Vísceras) se não

for tratada adequadamente (YAMAMURA, 2001, p.757-758).

Conforme Yamamura (2001, p. XLIII-LIV), a MTC baseia-se em três

conceitos: conceito do Yin e Yang (dois aspectos que são opostos, complementam-

se entre si e que se mantém em equilíbrio com constante transformação); conceito

dos Cinco Movimentos (movimentos da Água, Madeira, Fogo, Terra e Metal, na qual

um elemento gera e domina outro e vice-versa); e conceito do Zang-Fu (estudo dos

órgãos e vísceras sob o aspecto energético, funcional e orgânico).

No tratamento com a MTC, seja a Acupuntura, Fitoterápico ou outro

procedimento, existem alguns objetivos como restaurar o equilíbrio do corpo (as

funções do organismo e os seus componentes químicos), regeneração dos

processos degenerativos sem efeitos colaterais, tratamento da origem da doença e

dos sintomas como a dor e as alterações do organismo.

Maciocia (2007, p. 93-131) relata que a degeneração e a dor nas articulações

pode ser acometida pelo desequilíbrio do Qi e do Sangue do sistema Zang-Fu. O

padrão de Zang-Fu pode ser identificado de acordo com a sua função. Portanto as

funções dos principais órgãos (Zang) são: o Coração governa o Sangue, controla os

vasos sanguíneos e abriga a mente; o Fígado assegura o livre fluxo do Qi no

organismo, armazena o sangue e controla os tendões; o Pulmão governa o Qi e a

respiração, controla a dispersão e a descendência, regula a passagem das águas e

controla os meridianos e os vasos sanguíneos; o Baço governa a transformação e o

transporte, controla o sangue e os músculos e os quatro membros; e o Rim

armazena a Essência, governa nascimento, crescimento, reprodução e

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desenvolvimento, produz a medula, abastece o cérebro, controla os ossos, governa

a água e controla a recepção do Qi.

Na MTC, segundo Maa et al. (2008), o mecanismo que ativa a Osteoartrite é a

degeneração do Qi pela falta da interação entre a energia do Rim, Fígado e Baço-

Pâncreas. Os três sistemas não interagem levando a Gonartrose caracterizado pela

Estagnação de Sangue e acúmulo de Líquido Orgânico.

Conforme dito anteriormente, a função do Rim, segundo Maciocia (2007,

p.123), é produzir a medula e governar os ossos. Assim, se a Essência (Jing) do Rim

for forte, os ossos também serão. A causa mais comum da Osteoartrite é causada

pela Deficiência da Essência do Rim ou do Yin do Rim podendo ser causado pela

idade avançada, constituição hereditária debilitada ou pela atividade sexual em

excesso, além de uma doença crônica, perda de sangue por um período longo, uso

inadequado de fitoterapia aumentando o Yang do Rim ou a redução dos Fluídos

Corpóreos devido à febre prolongada.

A interação com o sistema do Fígado é inevitável, pois o Rim deixa de nutrir o

Fígado, levando-o a uma obstrução e Estagnação de Qi e Sangue, afetando também

as funções do Baço de transformar e transportar e gerando mais Estagnação de Qi e

Sangue. Assim, os fluídos se acumulam na forma de Umidade originando Calor que

nas articulações, por um período de tempo, leva a uma deformação chamada de

Osteoartrite (MACIOCIA, 2007, p. 279-337).

Portanto, o tratamento com a MTC pode retardar o envelhecimento e

consumo da Essência do Rim, restaurando o Qi do organismo e promovendo

equilíbrio energético (FRANÇA, 2006).

É importante ressaltar também que em seus estudos, Harres (2008) e Oliveira

(2010), citam que as dores articulares podem corresponder a vários padrões de

desarmonia, sendo o mais comum a Síndrome de Obstrução Dolorosa ou Síndrome

Bi que pode ser causada por agentes patogênicos externos como Vento, Frio e

Umidade. A Síndrome Bi significa bloqueio e obstrução dos movimentos e da

circulação de Sangue e Líquidos Corporais, gerando edema, acompanhado de dor

articular, na qual os dois autores adotaram pontos que tratam problemas

degenerativos articulares e do envelhecimento, que acometem os pacientes que

fizeram parte do estudo.

As Síndromes Bi dolorosas podem ocorrer nos joelhos (articulações e partes

moles adjacentes), o que inclui o Meridiano e Pontos que podem ser diferenciados

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conforme a natureza do fator patogênico como: Bi de Vento (Bi-migratório),

caracterizado por dores articulares que migram e limitam os movimentos; Bi de Frio

(Bi-doloroso), que apresenta uma dor articular severa, piorando com o Frio e

melhorando com o Calor, devido à contração muscular e compressão dos vasos, há

um bloqueio da circulação de Xue e dos Líquidos Corporais; Bi de Umidade (Bi-

fixo), que apresenta sensação de dormência, parestesia e peso nos membros e nas

articulações, retardando a circulação de Sangue e dos Líquidos Corporais, gerando

Estagnação, Edema e também uma dor que se agrava no clima chuvoso e nublado;

e Bi de Calor (Bi-febril), que apresenta uma dor articular extrema, com sintomas

inflamatórios, como calor local, edema e vermelhidão e melhora com a aplicação de

frio (HARRES, 2008).

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5 TRATAMENTO DA GONARTROSE NA VISÃO ORIENTAL

A MTC baseia-se na observação do universo como um todo. Assim como na

observação da natureza, o homem está inserido nesse contexto, em que ambos têm

os mesmos fenômenos naturais (YAMAMURA, 2001, p. XLIII). A Acupuntura é um

método terapêutico inserido na MTC com documentos datados de 700 a.C., mas no

ocidente, a MTC ainda é conhecida a menos tempo (MACIOCIA, 2007, p.1).

A Acupuntura como recurso terapêutico trabalha com a inserção de agulhas

ao longo dos canais de Energia chamados Meridianos. Nesses Meridianos, há o

trabalho de introduzir, mobilizar, circular e desbloquear a Energia, além de também

eliminar as chamadas Energias Perversas, harmonizando assim o Zang-Fu e o

corpo. Assim, o diagnóstico e o tratamento pela Acupuntura baseiam-se em

preceitos do Yin e Yang, Cinco Movimentos, Energia (Qi) e do Xue (Sangue). “A

Energia (Qi) é a forma imaterial que promove o dinamismo, a atividade do ser vivo”

(YAMAMURA, 2001, p. LVI).

De uma forma geral, a Energia (Qi) que percorre pelo corpo humano é um dos

fatores que ajuda o corpo físico (matéria) a se manter até o fim da vida. Entretanto,

para a MTC, se essa circulação de Energia (Qi) nos canais que percorre pelo corpo

nos Meridianos estiver bloqueada, Deficiente ou em Excesso, poderá ocasionar dor

ou qualquer moléstia no corpo físico. Assim, o tratamento com a Acupuntura visa

reestabelecer a circulação da Energia (Qi) nos Meridianos e Zang-Fu, resultando em

harmonia da Energia e da matéria no corpo humano (YAMAMURA, 2001, p. LVII).

A Acupuntura, nos últimos anos, tem sido estudada cientificamente no mundo

para atestar a qualidade do tratamento, pois é comprovado que algumas moléstias e

dores têm sido ajudados nesse tratamento alternativo ou complementar.

Conforme Harres (2008), “as pesquisas confirmaram que mecanismos neuroumorais, os quais incluem o sistema nervoso periférico envolvendo principalmente fibras Ac e fibras C, trato espinhal medular, tronco encefálico, hipotálamo, tálamo e vários núcleos do SNC, são ativados por meio do estimulo de pontos de Acupuntura” (p. 32) e que “tem sido demonstrado que muitos neurotransmissores estão incluídos no mecanismo de analgesia Acupuntural, entre eles, a dopamina e a serotonina, mas também participam o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), o hormônio do estresse” (p. 32).

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A Acupuntura age através das agulhas principalmente sobre “as fibras

nervosas A-delta e C, agindo nas membranas destas fibras com estímulo que

seguem para a medula espinhal, por onde as sinapses podem estabelecer arcos

reflexos, estimular os neurônios e projetar através dos tractos espinorreticular e

espinotalâmico para o encéfalo” (YAMAMURA, 2001, p. 767).

Assim, a Acupuntura provoca um efeito analgésico em longo prazo por dois

fatores pela teoria de Han: ativa a serotonina neurogênica e o circuito metencefálico

na parte superior do sistema descendente de inibição da dor, resultando numa

inibição contínua na medula espinhal e, assim, inibindo a dor e diminuindo a

excitação dos receptores musculares, gerando um maior volume de atividade de

fibras nervosas de maior calibre e não percepção da dor a longo prazo (XAVIER,

2007).

Harres (2008, p. 66) no seu estudo com pacientes com Gonartrose relata que “no tratamento pela Acupuntura, a ação dos pontos locais e adjacentes modula a dor, diminui a presença e a atuação de substâncias audiogênicas e inflamatórias na articulação e nos tecidos adjacentes pela liberação de dinorfina e serotonina em nível medular metameral. Essa ação combina-se com a dos pontos distais de efeito sistêmico que, liberando endorfinas, ACTH, encefalinas e serotonina no sistema nervoso central, vão promover uma analgesia neuroumoral mais geral e duradoura”.

Ainda, é citado no estudo de Xavier (2007) que a Acupuntura tem benefícios

que agem como analgésico e anti-inflamatório nos tratamentos de doenças,

comprovadamente melhores do que o grupo tratado com teste placebo relatado pela

Organização Mundial de Saúde em 1978.

Assim, com três importantes fatores, a Acupuntura tem: efeito local, com

efeito anti-inflamatório, estimulando a liberação de substâncias, ajudando na

vasodilatação sanguínea e aumentando a serotonina e as células de defesa; efeito

medular, na qual inibe a transmissão do impulso e a sequência de sinapses até os

centros superiores; e efeito cerebral, na qual ativa algumas partes do cérebro

liberando a endorfina (XAVIER, 2007).

Com essas informações, pode-se tratar a artrite degenerativa por meio da

MTC e da Acupuntura. As pessoas com dores podem se beneficiar e melhorar a

qualidade de suas vidas com um tratamento adequado.

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6 TRATAMENTO DA GONARTROSE COM A ACUPUNTURA

O tratamento para a Gonartrose com a Acupuntura foca principalmente no

alívio da dor, relaxando os músculos e os tendões, usando como estratégia o

fortalecimento dos Meridianos do Fígado, Vesícula Biliar e o Rim. Assim, ativa o

Sangue para resolver a Estase, promove a circulação de Sangue e Qi para relaxar

músculos e tendões e dispersa bloqueios ao longo dos Meridianos que vão ajudar

no alívio da dor (MAA, 2008).

Maa et al. (2008) e Harres (2008) citam que há três pontos selecionados que

devem ser aplicados em todos os tratamentos da Gonartrose (indicado pelo nome

do ponto e sigla em português). Primeiro ponto, Yanglinquan – VB34 ponto

importante, pois é o “ponto de reunião de Energia dos tendões e músculos”

(YAMAMURA, 2001, p. 373). Indicado para contração e desordem dos tendões,

músculos e articulações, pois beneficia os joelhos e membros inferiores, além de

trabalhar artrite reumatoide, hipertensão arterial, lombalgia e outros. Esse ponto

está localizado no aspecto lateral do joelho na depressão a um Tsun anterior e

inferior da cabeça da fíbula (DEADMAN, 2005, p. 451). Segundo ponto, Dubi – E35

– e o terceiro ponto extra chamado de Xiyan – M-MI-16 – (juntos, são chamados de

olhos do joelho), são usados em conjunto, estimulando os joelhos com ação local

para todas as suas afecções (HARRES, 2008), fortalece o Qi do joelho e limpa o

Calor (YAMAMURA, 2001, p. 128). Os dois pontos são localizados logo abaixo do

joelho e, quando flexionado, estão nas depressões do lado medial e lateral abaixo

do ligamento da patela (DEADMAN, 2005, p. 584).

Ainda de acordo com Oliveira (2010) e Maa et al. (2009), para dores do lado

medial da junta do joelho, recomenda-se adicionar mais dois pontos: ponto

Yinlinquan – BP9 – ponto indicado para edema, distensão, frio e dor abdominal,

dores e inchaços do joelho e obstrução e dores na perna. Esse ponto é localizado

no lado medial da perna na depressão do ângulo formado pelo côndilo medial e da

borda posterior da tíbia (DEADMAN, 2005, p. 194) e o outro ponto chamado de

Xuehai – BP10 – ponto gatilho miofacial, age local na dor do Joelho e na circulação

sanguínea (menstruação irregular, sangramentos, Deficiência de Qi e Sangue)

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(HARRES, 2008). Esse ponto está localizado acima da base da patela a dois Tsun

no meio do músculo vasto medial (YAMAMURA, 2001, p. 155).

Para as dores do lado lateral da perna, segundo Maa et al. (2009) e Oliveira

(2010), recomenda-se utilizar o ponto Liangqiu – E34 – ponto utilizado no

“tratamento da Síndrome da Obstrução Dolorosa do joelho para expelir a Umidade

exterior, Vento e Frio da articulação do joelho” (MACIOCIA, 2007, p. 506). Esse

ponto é localizado a dois Tsun lateral acima da borda da patela entre os músculos

reto femoral e vasto lateral (YAMAMURA, 2001, p. 127) e também o ponto

Yanglingquo – VB34 – localizado abaixo do aspecto lateral do joelho na depressão

aproximadamente um Tsun anterior e inferior da cabeça da fíbula (DEADMAN, 2005,

p. 450). O VB34 é um ponto importante no relaxamento dos tendões para Síndrome

Bi, Síndrome da Atrofia e das sequelas de AVE, revigorando a circulação do Qi e

Sangue nas pernas (MACIOCIA, 2007, p. 599).

Para as pessoas com dores acima do bordo superior da rótula, aconselha-se

utilizar, de acordo com Maa et al. (2008), o ponto Heding – M-MI-27 – ponto de ação

local que age diminuindo dor, inchaço e vento no joelho, aumenta o Qi da perna e

diminui a fraqueza do joelho e da perna (DEADMAN, 2005, p. 584). Esse ponto está

localizado logo acima do meio do bordo da patela no centro do tendão do

quadríceps (YAMAMURA, 2001, p. 633).

Para reclamações de dores na fossa poplítea, o ponto Weizhong (B40) é

muito utilizado, segundo o estudo feito por Maa et al (2008). Esse ponto tem a ação

de beneficiar a região lombar e joelhos, ativar o canal e aliviar a dor, beneficiar a

Bexiga, diminuir o Calor do Sangue, e mover o Sangue atuando na parte inferior da

perna pela Estagnação do Sangue (MACIOCIA, 2007, p. 553). Esse ponto está

localizado atrás do joelho no meio da depressão poplítea entre os tendões do bíceps

femural e semitendinoso (DEADMAN, 2005, p. 299).

Segundo Harres (2009), com o objetivo de ter uma resposta mais prolongada

no sistema nervoso central e indicados em relação ao trajeto anatômico da área

afetada, conforme os sintomas e o local da dor, e seguindo a teoria dos meridianos e

canais da MTC e sua distribuição pela superfície do corpo, são usados pontos

distais sistêmicos que têm efeito geral sobre o organismo. Assim, os pontos

selecionados foram efetivos no tratamento da Osteortrite no Joelho com “critérios

neuroanatomicos, neurofuncionais e neurossensoriais músculo-esqueléticos” e que

inclui também “pontos gatilho miofasciais e pontos relacionados com estruturas

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anatômicas articulares e justa-articulares.” São citados cinco pontos de Acupuntura,

no qual o primeiro é o Zusanli – E36 –, ponto importante para padrão de Deficiência

onde atua tonificando o Qi do Baço e do Estômago. Ele age também expelindo o

Vento e a Umidade dos Meridianos na Síndrome Bi, principalmente do joelho

(MACIOCIA, 2007, p. 507). Ainda tem a função de circular o Qi e o Sangue, tonifica

o Qi dos Rins e o Yuan Qi, tonifica o Qi Nutritivo, o Qi e o Sangue (YAMAMURA,

2001, p. 131). O ponto é localizado a três Tsun ao ponto E35 na lateral do joelho e a

um Tsun lateral da margem anterior da tíbia (DEADMAN, 2005, p. 158).

O segundo benéfico é o ponto Kunlun – B60 –, “ponto relacionado a sintomas

dolorosos no aspecto posterior e lateral do joelho que estimula sensores posteriores

aos ligamentos e tendões dos músculos perônios, relacionado com ramos do nervo

safeno externo” (HARRES, 2008, p. 64). Esse ponto está localizado entre o maléolo

lateral e o tendão do calcâneo (YAMAMURA, 2001, p. 262).

O terceiro ponto é o Taixi – R3 –, ponto que beneficia a Essência (Jing)

tonificando o Rim e agindo sobre os joelhos e parte inferior das costas (MACIOCIA,

2007, p. 565). Também age “sobre as gonalgias, gonartroses e doenças

inflamatórias osteoarticulares, segundo a MTC, ponto do sistema anatômico de

canais na MTC relacionado a sintomas dolorosos no aspecto posterior e medial do

joelho” (HARRES, 2008 p. 64). O ponto é localizado no centro da depressão entre o

tendão de Aquiles e da proeminência do maléolo medial (DEADMAN, 2005, p. 339).

O quarto ponto importante é Houxi – ID3 –, ponto de ação sistêmica

antiinflamatória e analgésica, segundo a MTC, localizado no bordo ulnar da mão, na

extremidade distal do 5º metacarpiano imediatamente proximal à articulação

metacarpo falangeana que estimula sensores da cápsula e do periósteo articular,

relacionado ao 4º ramo colateral do nervo ulnar (HARRES, 2008).

O último ponto é o ponto Hegu – IG4 –, “ponto de ação sistêmica analgésica,

segundo a MTC, ponto gatilho miofascial, no primeiro músculo inter-osseo dorsal da

mão” (HARRES, 2008 p. 66). Localizado no dorso da mão, entre o primeiro e

segundo ossos metacárpicos no ponto médio do segundo metacarpo e perto da sua

parte radial (DEADMAN, 2005, p. 103).

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7 RESULTADOS DO TRATAMENTO COM A ACUPUNTURA

Há vários artigos e pesquisas sobre a Gonartrose com o uso da Acupuntura,

mas somente é publicada a quantidade de pessoas se o procedimento utilizado é de

Acupuntura real ou Acupuntura placebo. Somente algumas dessas pesquisas foram

mostradas o que realmente foram feitos e que pontos foram utilizados. Em seguida,

abaixo estão algumas pesquisas realizadas nas quais a Acupuntura no tratamento

da Gonartrose é relatada como eficaz nesse tipo de algia.

Os chineses Maa et al. (2008) pesquisaram o efeito da Acupuntura na dor e

mobilidade em pacientes com Osteoartrite no joelho acima dos 55 anos. Estes foram

divididos em dois grupos: o de controle e o experimental. Foram selecionados 62

pacientes que já haviam tido algum tipo de problema no joelho e tinham feito algum

tratamento ocidental. De um total de 62 pacientes, 37 do grupo experimental e 25

do grupo de controle, 38 pessoas desistiram na quarta semana do experimento,

ficando somente 12 pessoas de cada grupo. O grupo de controle foram os

pacientes que já estavam fazendo o tratamento ocidental com remédios e

fisioterapia e continuaram fazendo o tratamento ocidental normalmente. O grupo

experimental também continuou tratando pela medicina ocidental, mas incluíram a

Acupuntura duas vezes por semana por mais de quatro semanas de tratamento com

6 a 9 pontos de Acupuntura. Os pontos mais utilizados foram Dubi – E35, Xiyan – M-

MI-16, Yanglinquan – VB-34, Yinlinquan – BP9, Xuehai – BP10, Taixi – R3, Liangqiu

– E34, Heding – M-MI-27 ou Weizhong – B40 e, depois de verificado o DeQi dos

pontos, também foram aplicados a Eletroacupuntura em dois pontos: um no joelho

afetado e em um outro ponto da perna (medial ou distal). A eletricidade foi exposta

com voltagem de 2 a 5 V (amplitude de pulsação), 2 Hz (baixa frequência que

produz analgesia de longa duração) e ondas D-D por 15 minutos. Além disso, foram

utilizados pequenos cones de Moxa em todos os pontos, exceto no Weizhong – B40

por 3 minutos. Depois de retirar a estimulação elétrica, as agulhas ficaram por mais

12 minutos.

Nesse estudo, foram analisados somente os pacientes que concluíram o

tratamento, com média de idade de 60 anos e com 2,6 anos com a doença no

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joelho. A maioria era mulheres (20) e alguns homens (4). Assim, nos dois grupos,

foram testados o nível de dor, a distância percorrida em seis minutos de caminhada

e a mobilidade. O grupo experimental que usou a Acupuntura, comparada com a do

grupo de controle, teve uma melhora significativa nos três níveis de teste que pode

ser explicada pela melhora da defesa natural do organismo e a habilidade do

organismo de se regenerar com um mínimo de efeitos colaterais.

Na pesquisa feita por Berman et al. (2004), foram testados a eficácia da

Acupuntura para redução da dor e melhorar a função dos pacientes com Osteoartrite

nos joelhos. Foram recrutadas 570 pessoas com Osteoartrite nos joelhos, sendo

64% mulheres e 36% homens acima de 60 anos, e foram divididos em dois grupos:

um testado com Acupuntura real e o outro com Acupuntura simulada numa duração

de no mínimo 8 semanas e no máximo de 26 semanas. Na Acupuntura real, os

pacientes receberam as inserções de agulhas nas seguintes frequências: 2 sessões

semanais por 8 semanas; 1 sessão semanal pelas 2 semanas seguintes; 1 sessão a

cada 2 semanas no período de 4 semanas; e 1 sessão por mês em 12 semanas. A

Acupuntura fora baseada no tratamento pela Síndrome Bi com cinco pontos locais

do joelho, Dubi – E35, Xiyan – M-MI-16, Yanglinquan – VB-34, Yinlinquan – BP9 e

Zhusanli – E36, além de mais quatro pontos distais: Taixi – R3, Kunlun – B60,

Xuanzhong – VB39 e Sanyinjian – R6, geralmente usados nos meridianos que

transversam ao local da dor. Nesses pontos, foram detectados o DeQi e também

utilizou-se a Eletroacupuntura com baixa frequência de 8 Hz com pulsação quadrada

bifásica somente no ponto Xiyan – M-MI-16, porque queriam utilizar o mesmo

procedimento em todos os pacientes pela importância do ponto em relação à doença

e pela inconveniência de usar a eletroestimulação em todos os nove pontos. Na

Acupuntura simulada, foram praticamente usados os mesmos pontos e também na

região abdominal, mas somente aplicados com mandril, sentindo-se a sensação de

ser colocado algo e depois colocado esparadrapos nesses pontos. Suas análises

foram que a Acupuntura real melhora em 40% as funções do joelho e também em

40% no alívio das dores até a 26ª semana de terapia comparando com a Acupuntura

simulada. Assim, eles acreditam que a Acupuntura pode ter um papel importante

como uma terapia complementar aos sintomas da Osteoartrite no joelho junto com o

tratamento ocidental.

Num estudo feito por França et al. (2006) sobre a Acupuntura na reabilitação

da terceira idade, foram selecionados 37 casos, sendo 28 mulheres e 9 homens com

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idade de 65 a 90 anos. Todos os casos envolviam dores nas juntas, sendo 5 casos

de gonalgia, 7 de cervicalgia, 11 de lombalgia, 5 de dorsalgia e 9 de ombralgia.

Nesse estudo, foram aplicados três fases, sendo que a primeira foi aplicada a

Acupuntura seguindo a MTC com a aplicação das agulhas. Os pontos utilizados

nesse estudo para a Gonalgia foram: Yanglinquan – VB34, Yinlinquan – BP9, Xuehai

– BP10, Xiyan – M-MI-16, Taixi – R3, Houxi – ID3, Hegu – IG4, Zusanli – E36,

Fenglong – E40, Sanyinjiao – BP6, Guanyuan – VC4, Zhongwan – VC12,

Xiyangguan – VB33, Xuanzhong – VB39, Zhaohai – R6, Taichong – F3 e Neiguan –

CS6. A segunda fase foi feita com a cinesioterapia, dando ênfase no alongamento,

na mobilização articular e na drenagem, sendo específico para cada algia. Na última

fase, foi utilizado a Auriculopuntura, sendo renovada semanalmente. Assim, o nível

de satisfação dos pacientes com a terapia realizada foi de 80%, dando maior

mobilidade e melhora da dor no dia a dia. Eles acreditam que a Acupuntura ajuda a

melhorar diversas estruturas do corpo através da oxigenação tissular, aumento da

circulação sanguínea, analgesia, relaxamento muscular e otimização do estado

emocional do paciente, favorecendo uma melhor mobilidade articular.

Uma pesquisa de Harres (2008) feito em Porto Alegre tinha o objetivo de

analisar a eficácia da Acupuntura como terapia complementar no tratamento da

Gonartrose no que se refere ao alívio da dor, redução da rigidez e melhora da

capacidade física funcional em conjunto com mudanças na qualidade de vida nos

pacientes. Participaram 52 pessoas acima dos 50 anos com 1 a 3 meses de dor nos

joelhos diagnosticados clinicamente sem a inclusão de próteses e não tratados com

corticoides. Assim, foram separados em dois grupos: um de 26 pessoas recebendo

tratamento pela Acupuntura; e o outro com também 26 pessoas recebendo

Acupuntura simulada (placebo) num período de 8 semanas com 2 aplicações

semanais. O modelo de tratamento escolhido foram aquelas síndromes

determinadas por problemas degenerativos articulares e do envelhecimento, que

acometem os pacientes que fizeram parte da amostra. A seleção dos pontos incluía

pontos locais e distais que se localizavam próximos ao joelho e que tinham,

preferencialmente, um efeito no local da doença e uma resposta preferencialmente

metameral e segmentar do sistema nervoso central.

Os pontos distais, também incluídos tinham um efeito mais sistêmico e geral, com o objetivo de proporcionar uma resposta sustentada do sistema nervoso central supra-segmentar. Outra indicação dos pontos distais tem relação com o trajeto anatômico da área afetada pela doença relacionando

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os sintomas e a localização da dor com a teoria dos meridianos e canais da Medicina Tradicional Chinesa e sua distribuição pela superfície do corpo. (Harres, 2008, p. 59)

Os pontos utilizados nessa pesquisa foram: Yanglinquan – VB34, Yinlinquan –

BP9, Xuehai – BP10, Liangqiu – E34, Zusanli – E36, Heding – M-MI-27, Xiyan – M-

MI-16, Taixi – R3, Kunlun – B60, Houxi – ID3 e Hegu – IG4. Nos pacientes do grupo

de Acupuntura simulada, as agulhas apenas tocavam a pele, sem penetração,

sustentadas por algodão e micropore, simulando uma aplicação de Acupuntura.

Nesse estudo de Harres (2008), as variáveis de desfecho primário foram as

modificações nas escalas funcionais e de dor da Western Ontario and McMaster

Universities Osteoarthrites index (WOMAC). Os desfechos secundários foram as

modificações nos escores de componentes físicos de qualidade de vida, 36 - Item

Short-Form Health Survey (SF-36) Physical Component Score. Todos os pacientes

incluídos completaram a pesquisa. Os escores WOMAC index apresentaram uma

modificação significativa na redução da dor no grupo que foi tratado com a

Acupuntura. A Acupuntura real com as agulhas introduzidas no corpo produziram

significativas modificações nos escores de componentes físicos de qualidade de vida

(SF-36) no que se refere à vitalidade (P=0,022). Concluíram que a Acupuntura,

como terapia complementar, foi efetiva no tratamento da dor em pacientes

portadores de Gonartrose. A Acupuntura promoveu também melhora na qualidade

de vida no que se refere à vitalidade dos pacientes.

Numa outra pesquisa, Vas et al. (2004) estudaram entre 2001 e 2002 um

grupo de 97 pacientes sobre a eficácia da Acupuntura como uma terapia

complementar para o tratamento farmacológico da Osteoartrite de joelho no alívio da

dor, redução da rigidez articular e incremento da funcionalidade física, bem como na

melhora da qualidade de vida. O grupo foi dividido em dois grupos: o de controle

com 49 pacientes e o outro experimental com 48 pacientes em 12 semanas de

tratamento. O grupo experimental recebeu o tratamento pela Acupuntura real com

aprofundamento da agulha e tratamento medicamentoso. Houve também o estímulo

por “DeQi” e foi utilizado um aparelho de Eletroacupuntura na ponta das agulhas. O

outro grupo de controle recebeu tratamento da Acupuntura (placebo) e mais o

remédio. Na Acupuntura placebo, a agulha foi colocada em um cilindro com

adesivos pequenos para que houvesse a sensação da Acupuntura sem inserir a

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agulha no corpo. Dessa forma, os pontos de Acupuntura utilizados nos dois grupos

foram os mesmos. Os pontos usados foram: Yanglinquan – VB34, Yinlinquan – BP9,

Xiyan – M-MI-16, Zusanli – E36, Taixi – R3, Hegu – IG4, Fenglong – E40 e

Sanyinjiao – BP6. As variáveis de medida examinadas incluíram a intensidade de

dor em uma tabela visual para medir a dor e usaram a escala da Western Ontario

and McMaster Universities (WOMAC) para checar índice da dor, função física e

mobilidade na Osteoartrite e também foi medida a qualidade de vida de acordo com

a doença antes e depois do tratamento. O tratamento com a Acupuntura promoveu

mudanças em pelo menos duas variáveis: a melhora na qualidade de vida e a

diminuição da dor. Embora somente 88 pessoas ficaram até o final do experimento,

desistiram 6 do grupo de controle e outras 3 do grupo da Acupuntura. Vas et al.

(2004) concluíram que o tratamento da Acupuntura real é mais efetiva no tratamento

dos sintomas da Osteoartrite de joelho que Acupuntura, em termos da redução da

dor, melhora da funcionalidade física e da qualidade de vida. Os pesquisadores

ainda afirmam que, com o tratamento pela Acupuntura, os pacientes podem diminuir

o uso dos remédios e ter uma melhor analgesia.

Witt et al. (2005) pesquisaram a Acupuntura em pacientes com Osteoartrite

nos joelhos com o objetivo de investigar a eficácia do tratamento com a Acupuntura,

com mínimo de Acupuntura ou sem nenhuma Acupuntura em pacientes com

Osteoartrite nos joelhos. Os 300 pacientes foram recrutados com sintomas de dor

crônica de Gonartrose. Desses pacientes, 150 foram designados para as sessões

de Acupuntura, 76 para Acupuntura mínima (agulhamento superficial fora dos

meridianos) e 74 para nenhuma sessão de Acupuntura. As sessões foram

administradas por especialistas em 12 sessões por mais de oito semanas e os

pacientes responderam a questionários referentes ao problema depois de 8

semanas, 26 semanas e 52 semanas. Os dados foram computados utilizando a

escala da Western Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis (WOMAC) no

final da oitava semana. No período de março de 2002 a janeiro de 2003, seis

pacientes desistiram, resultando 294 pacientes para a experiência. Depois disso,

mais oito pessoas também desistiram, mas foram incluídas na análise final. Os

pontos selecionados foram locais e distais do joelho escolhidos conforme a

utilização da MTC e alguns pontos relacionados a Auriculopuntura e pontos gatilhos.

As agulhas foram manipuladas manualmente pelo menos uma vez por sessão na

qual foram escolhidos pelo menos seis pontos da seguinte seleção: Liangqiu – E34,

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Dubi – E35, Zusanli – E36, Yanglinquan – VB34, Xiyangguan – VB33, Yinlinquan –

BP9, Xuehai – BP10, Heding – M-MI-27, Xiyan – M-MI-16, Ququan – F8, Weizhong

– B40 e Yingu – R10 e, em adição, foram selecionados pelo menos dois pontos

distais do joelho: Taixi – R3, Kunlun – B60, Gongsun – BP4, Shangqiu – BP5,

Sanyinjiao – BP6, Jiache – E6, Pishu – B20, Chengshan – B57, Feiyang – B58,

Kunlun – B60 e Shenmai – B62. Para a mínima Acupuntura, os profissionais foram

orientados a colocar a agulha superficialmente nos pontos fora dos meridianos e

longe dos joelhos. Para o grupo de não Acupuntura, os pacientes não receberam

estímulo nenhum. Depois de oito semanas de tratamento, a interpretação dos

resultados foi que a Acupuntura é um método seguro de tratamento, ocorrendo

somente dores na inserção da agulha e também o mais importante é que resultou na

diminuição da dor e a função do joelho melhorou com a Acupuntura tradicional mais

do que com o mínimo de Acupuntura ou sem Acupuntura nos pacientes com a

Osteoartrite nos joelhos. Nesse estudo, ainda ressaltam que, em curto prazo, o

tratamento é muito eficaz e seguro e que leva a um segundo benefício produzido

pela Acupuntura: a diminuição da ingestão de drogas anti-inflamatórias que são o

mais comum medicamento usado na medicina ocidental, em que se produz efeito

colateral como sangramento gastrointestinal levando até a morte.

Tillu et al. (2002) relataram em suas pesquisa uma triagem controlada na qual

comparou o resultado do tratamento com a Acupuntura de pacientes com

Osteoartrite de joelho com os resultados com nenhum tratamento de pacientes com

Osteoartrite de joelho avançada que esperavam cirurgia da articulação do joelho.

Sua amostra consistiu de 75 pacientes, embora 15 pacientes desistissem da

experiência, 30 pessoas no grupo de controle (sem tratamento da Acupuntura) e 30

pessoas do grupo experimental (com tratamento da Acupuntura baseado no

protocolo estudado pelos autores). Os pacientes receberam tratamento 1 vez por

semana por 15 minutos cada sessão durante seis semanas. Os pontos foram

inseridos profundamente em quatro pontos locais e um distal. Os pontos locais

escolhidos foram: Liangqiu – E34, Zusanli – E36, Yinlinquan – BP9 e Xuehai – BP10

e o ponto distal Hegu – IG4. Durante cada sessão, as agulhas foram estimuladas

manualmente por quatro vezes, buscando-se o “DeQi” local. Para esse estudo, foi

utilizado quatro parâmetros no começo e no final da pesquisa usando a escala da

Hospital for Special Surgery (HSS) referente ao joelho. Os pacientes andaram 5

vezes 50 metros, subiram 20 degraus e usaram uma escala visual de dor na qual a

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HSS consegue marcar nível da dor, habilidade funcional, grau de mobilidade, força

muscular, deformidade na flexão e instabilidade do joelho. A máxima pontual é 100.

A escala de dor medida pontua de zero a 10, em que zero representa nenhuma dor

e 10 a pior dor possível.

Baseado em seus resultados, eles concluíram que a Acupuntura deve ser

usada como uma terapia para a Osteoartrite no joelho, apesar de algumas

deficiências nesse estudo como que poderiam ter escolhidos pontos mais eficientes

da Acupuntura, da qual não mencionam, para a Osteoartrite, um tempo muito curto

(6 semanas) de experimento e o tratamento em todos os pacientes fora o mesmo. A

escala da HSS para a dor no joelho teve uma melhora significativa. Assim sendo, os

pacientes incapacitados obtiveram melhora dos sintomas da Osteoartrite de joelho

enquanto esperavam a cirurgia de artroplastia. Portanto, pode haver uma redução

do número de pacientes destinados a cirurgia do joelho e há uma melhora na

qualidade de vida desses pacientes, gerando um menor custo e sem efeitos

colaterais no organismo.

Kwon et al. (2006) realizaram uma pesquisa de levantamento bibliográfico, na

qual escolheram 31 estudos relevantes ao tema de Osteoartrite nas juntas, mas

elegeu somente dezoito, que foram incluídos e avaliados. Os estudos randomizados

e em vários idiomas tinham o objetivo de avaliar o processo do tratamento pela

Acupuntura em pacientes com Osteoartrite nas juntas. Dez estudos testaram

somente com a Acupuntura real e oito testaram junto com a Eletroacupuntura. Do

total, dez estudos demonstraram uma grande redução da dor utilizando a

Acupuntura comparada com os grupos de controle que não receberam o tratamento.

A análise dos dados mostrou um significativo efeito da Acupuntura real comparado

com a Acupuntura simulada ou placebo, na qual é efetiva para a Osteoartrite no

joelho. A pesquisa ainda cita que além da inserção dos pontos de Acupuntura,

também foi utilizada a Eletroacupuntura. O aparelho foi conectado nas agulhas

onde a incidência da dor era maior e usou-se frequências de 2 a 8 Hz com duração

de 20 a 30 minutos, na qual se gerou a sensação de DeQi ou entorpecimento na

estimulação das agulhas. Esse tratamento com a Eletroacupuntura resultou em um

relativo alívio da dor logo após o termino de cada sessão.

A conclusão de Kwon et al. (2006) no estudo da Acupuntura na Osteoartrite

das juntas periféricas é que, considerando a Acupuntura uma terapia segura, há um

efeito benéfico particularmente para Osteoartrite dos joelhos. Eles ainda concluem

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que a Acupuntura favorece a analgesia e sugerem ainda que os pacientes que

receberam a Acupuntura estão aptos a reduzirem as dosagens dos medicamentos e

consequentemente reduzir seus efeitos colaterais.

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8 CONCLUSÃO

A Gonartrose ou Osteoartrite do joelho é uma doença degenerativa de difícil

tratamento pela medicina ocidental, e muitos pacientes, principalmente idosos,

sofrem com a dor e a dificuldade de mobilidade ao andar.

Este estudo, que foi feito com base em dados bibliográficos sobre a

Acupuntura em pacientes com a Gonartrose com a ajuda de profissionais da área

médica e pesquisadores, propõe que a Acupuntura como terapia complementar tem

demonstrado ser efetiva no tratamento das dores, mobilidade do joelho e melhora da

vitalidade. Adicionando a esses fatos, pode-se incluir que para o paciente há um

alívio das dores no dia a dia, devido ao aumento da circulação sanguínea,

relaxamento muscular, aumento da defesa natural do organismo e melhora também

do estado emocional da pessoa com uma qualidade de vida muito melhor.

Ainda as pesquisas levantadas concluem que a Acupuntura é um método

seguro de tratamento, gerando uma redução de despesas na compra de remédios e

sem efeitos colaterais no organismo devido à redução nas dosagens dos

medicamentos. Também houve uma diminuição de pacientes encaminhados para a

cirurgia nos joelhos. A Acupuntura tem um efeito analgésico no joelho, diminuindo a

dor, pois gera a liberação de substâncias que ajudam na vasodilatação sanguínea

local, aumentando também a serotonina e células de defesa que diminuem o

processo inflamatório. Há ainda o efeito cerebral, no qual ativa a liberação de

endorfina e o efeito medular que gera um impulso nervoso menor na transmissão de

sinapses. De um modo geral, a Acupuntura ajuda o paciente, promovendo os

processos regenerativos no organismo e trata as origens e os sintomas das

doenças. Deve-se também salientar que para ter os efeitos desejados da

Acupuntura, é necessário ser aplicada corretamente por um período mais longo e

com uma frequência adequada de sessões.

Conclui-se que a pesquisa realizada comprova a eficácia da Acupuntura como

uma terapia complementar. Entretanto, como a maioria dos estudos foi feita com

pessoas que continuavam a tomar os medicamentos, seria necessário para uma

melhor definição no uso da Acupuntura que se recrutassem pacientes que não

utilizassem nenhum medicamento para que o real efeito da Acupuntura fosse

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investigado. Nesse aspecto, a utilização da Acupuntura mostrou que, como terapia

complementar, é muito eficaz e aceitável.

Para finalizar essa pesquisa, há vários pontos de tratamento da Acupuntura

que podem ser usados, mas baseado nos artigos e nas pesquisas sobre a

Gonartrose foram selecionados somente alguns que mais foram utilizados e que são

eficazes para esse tipo de algia: Dubi – E35, Xiyan – M-MI-16, Heding – M-MI-27 e

Yanglinquan – VB-34. Para dores do lado medial da perna, deve-se utilizar os

pontos Yinlinquan – BP9 e Xuehai – BP10. Para dores do lado lateral da perna,

deve-se incluir o ponto Liangqiu – E34 e sempre usar os pontos distais Zusanli –

E36, Kunlun – B60 e Taixi – R3. É importante salientar que em alguns experimentos,

o uso da Eletroacupuntura ajudou muito no alívio da dor em um curto espaço de

tempo, e, portanto, o seu uso é eficiente, usando-o no método de sedação para

aliviar a dor.

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