universidade comunitÁria da regiÃo de …awmueller.com/psicologia/cafeina1.pdf · cola e bebidas...

50
UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ - UNOCHAPECÓ Área de Ciências da Saúde Curso de Graduação em Farmácia Gabrielle Di Domenico VERIFICAÇÃO DA QUANTIDADE DE CAFEÍNA EM REFRIGERANTES DE COLA E BEBIDAS ENERGÉTICAS Chapecó - SC, 2010.

Upload: hakien

Post on 12-Oct-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ - UNOCHAPECÓ Área de Ciências da Saúde

Curso de Graduação em Farmácia

Gabrielle Di Domenico

VERIFICAÇÃO DA QUANTIDADE DE CAFEÍNA EM REFRIGERANTES DE

COLA E BEBIDAS ENERGÉTICAS

Chapecó - SC, 2010.

GABRIELLE DI DOMENICO

VERIFICAÇÃO DA QUANTIDADE DE CAFEÍNA EM REFRIGERANTES DE

COLA E BEBIDAS ENERGÉTICAS

Monografia de Conclusão de Curso apresentada à UNOCHAPECÓ como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Farmácia. Orientadora: Prof. Msc. Rose Maria de Oliveira Mendes

Chapecó - SC, jun. 2010.

VERIFICAÇÃO DA QUANTIDADE DE CAFEÍNA EM REFRIGERANTES DE

COLA E BEBIDAS ENERGÉTICAS

GABRIELLE DI DOMENICO

Esta monografia foi julgada adequada para obtenção do grau de Bacharel em

Farmácia, aprovada em sua forma final pelo Curso de Graduação em Farmácia da

Universidade Comunitária Regional de Chapecó – UNOCHAPECÓ.

Profª: Marinez Amabile Antoniolli

Coordenadora do Curso de Farmácia

Banca Avaliadora:

Presidente: __________________________________________

Profª. Rose Maria de Oliveira Mendes – Orientadora

Mestre em Engenharia Química – UFSC

Membro: ___________________________________________

Profª. Maria Elena Krombauer Anselmini

Mestre em Ciências Ambientais – UNOCHAPECÓ

Membro: ___________________________________________

Profª. Tânia Cunha

Mestre em Ciências Ambientais – UNOCHAPECÓ

Chapecó – SC, junho de 2010.

Dedico este trabalho a minha família

que com muito amor nunca mediu

esforço para que meus sonhos fossem

realizados.

AGRADECIMENTOS

A Deus, o amigo verdadeiro e precioso, que me deu força e persistência

para cumprir mais uma etapa de minha vida, sempre iluminando o meu caminho.

Aos meus pais Jaime e Marlene e meu irmão Daniel, que são o meu porto

de abrigo, meu apoio, meu recanto, aos quais devo em grande parte o que eu sou.

A minha orientadora Prof. Msc. Rose Maria de Oliveira Mendes pelo

incentivo, confiança, amizade e dedicação e disponibilidade em todas as etapas

dessa pesquisa. Obrigada por todo o empenho.

As técnicas do laboratório de Química da UNOCHAPECÓ, pela

disponibilidade e disposição para realização das análises.

Aos meus colegas pelo convívio durante toda a faculdade.

A todos que de alguma forma fizeram sua contribuição a este trabalho,

minha gratidão.

“Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...”

(Fernando Pessoa)

RESUMO A cafeína é uma das substâncias psicoativas mais consumidas no mundo. É um alcalóide encontrado em grande variedade de bebidas e alimentos (café, chás, refrigerantes, bebidas energéticas, chocolates, erva-mate). Assim, o presente estudo teve por objetivo determinar a quantidade de cafeína em refrigerantes de cola e em bebidas energéticas. Foram analisadas seis amostras de refrigerantes de cola e seis amostras de bebidas energéticas, adquiridas em supermercado. A determinação do teor de cafeína foi feito através de extração com clorofórmio, verificando a quantidade de cafeína de cada amostra em espectrofotômetro (276 nm), segundo metodologia descrita pelo Instituto Adolf Lutz (2008). Os resultados demonstraram que o teor de cafeína de algumas amostras de bebidas energéticas analisadas está acima do valor permitido pela legislação e não está em conformidade com o descrito no rótulo do produto. Já para as amostras de refrigerantes os resultados estão de acordo com a legislação. A partir dos resultados, conclui-se que o consumo principalmente das bebidas energéticas deve ser controlado, uma vez que controversas persistem quanto à dose segura da ingestão da cafeína e seus efeitos tóxicos. PALAVRAS CHAVES: cafeína, bebidas energéticas, refrigerantes de cola.

ABSTRACT

Caffeine is one of most consumed psychoactive substances in the world. It is an alkaloid found in great variety of drinks and foods (coffee, teas, soft drink, energy drinks, chocolates, mate). Like this, the present study aimed at determine the amount of caffeine soft drink and energy drinks. Was analyzed six samples of energy drink and six samples of soft drink, acquired in supermarket. The determination of the caffeine content was made through extration with chloroform, checking the amount of caffeine of each sample in espectrum (276 nm), according to described methodology for the Institute Adolf Lutz (2008). The results demonstrated that the contends of caffeine of some analyzed energy drink samples is above of the value allowed for the legislation and they are not in accordance with the described in the label of the product. Already for soft drinks samples of the results are in accordance with the legislation. From the results, concluded that the consumption mainly of energy drinks must be controlled, a time that doubt persist how much are the safe dose of the ingestion of the caffeine and toxic effect.

KEY WORDS: caffeine, energy drinks, soft drink.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Volume pipetado de cada amostra (mL)...................................................37

Quadro 2: Desvio padrão das amostras de bebidas enérgeticas. .............................39

Quadro 3: Desvio padrão das amostras de refrigerantes de cola. ............................41

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 2: Determinação do teor de cafeína em bebidas energéticas em mg/100 mL.

..................................................................................................................................39

Gráfico 3: Determinação do teor de cafeína em refrigerantes de cola em mg/100 mL.

..................................................................................................................................41

Gráfico 1: Curva padrão para determinação de cafeína utilizando clorofórmio como

agente extrator. .........................................................................................................50

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Xantina e derivados – Fórmulas estruturais (ALTIMARI et al., 2001).........17

Figura 2: Procedimento para a extração da cafeína..................................................37

Figura 3: Quantidade de cafeína presente em bebidas e alimentos (ALTIMARI et

al.,2001)*; (KOPCAK, 2003)** apud (FERNANDES, 2007).......................................44

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................14

2 OBJETIVOS .........................................................................................................16

2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................16

2.2 Objetivos Específicos......................................................................................16

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................17

3.1 Cafeína..............................................................................................................17

3.2 Mecanismo de ação .........................................................................................18

3.3 Efeitos fisiológicos ..........................................................................................20

3.3.1 Sistema nervoso central .................................................................................22

3.3.2 Sistema cardiovascular...................................................................................22

3.3.3 Sistema respiratório ........................................................................................23

3.3.4 Sistema genitourinário ....................................................................................24

3.4 Administração e absorção ..............................................................................24

3.5 Metabolização e excreção...............................................................................25

3.6 Efeitos Tóxicos ................................................................................................26

3.7 Cafeína como agente de dopagem.................................................................28

3.8 Tolerância.........................................................................................................29

3.9 Bebidas energéticas e álcool..........................................................................30

3.10 Cafeína e seu efeito ergogênico.....................................................................31

3.11 Legislação de bebidas cafeinadas .................................................................32

3.12 Extração da cafeína .........................................................................................33

4 MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................35

4.1 Amostras ..........................................................................................................35

4.2 Reagentes.........................................................................................................35

4.3 Procedimento Experimental............................................................................36

4.4 Determinação da curva padrão de cafeína com clorofórmio.......................38

4.5 Análise e Interpretação ...................................................................................38

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................39

5.1 Extração de cafeína em bebidas energéticas................................................39

5.2 Extração de cafeína em refrigerantes de cola ...............................................40

13

6 CONCLUSÃO.......................................................................................................45

7 REFERÊNCIAS ....................................................................................................46

8 ANEXO 1 ..............................................................................................................50

1 INTRODUÇÃO

A análise bromatológica, desempenha importante papel avaliador da

qualidade e segurança dos alimentos, principalmente em bebidas que contém

cafeína, devido essa ser consumida por bilhões de pessoas no mundo. Cerca de

80% da população geral faz uso dessa substância diariamente, seja pelo consumo

de café, chá, chocolates, refrigerantes, energéticos ou medicamentos à base de

cafeína (VENTURINI FILHO, 2005).

A cafeína é um alcalóide pertencente ao grupo das metilxantinas mais

consumido no mundo, encontrado em grandes concentrações em produtos naturais,

tais como, nas folhas da planta do mate, nos grãos de café e nas sementes de

guaraná (SOARES; FONSECA, 2005).

Alcalóides são compostos orgânicos encontrados em produtos naturais.

Estas substâncias podem apresentar efeitos tóxicos no ser humano e animais,

porém apresentam propriedades terapêuticas quando usados em doses moderadas.

Alcalóides como cafeína, teofilina, teobromina, emetina e pilocarpina, entre outros,

são utilizados como princípios ativos em uma variedade de medicamentos e

estimulantes. Devido às suas propriedades, processos para a recuperação de

alcalóides de produtos naturais são de grande interesse para as indústrias de

alimentos, de cosméticos e farmacêuticas (SOARES; FONSECA, 2005).

A população em geral está exposta a cafeína através da ingestão em

diversas fontes, como bebidas, alimentos, medicamentos ou mesmo água potável.

Aproximadamente sete mil quilos de cafeína são consumidos anualmente, sendo

aproximadamente 90% consumidos na forma de café ou chá. O consumo médio

diário de cafeína nos EUA é de aproximadamente 200 mg por indivíduo, sendo

regulamentado pela FOOD and Drug Administatrion (FDA). Os dados de estudos

epidemiológicos sobre os efeitos a longo prazo da cafeína na saúde concluíram que

houveram elevações em risco na maioria dos estudos para a maioria das doenças,

incluindo as cardiovasculares, úlcera, câncer de mama (ZEIGER, 1999 apud LEITE,

2009).

15

Durante as últimas cinco décadas, o consumo mundial de cafeína (per

capita) dobrou através do consumo de água cafeinada, de bebidas energéticas e

principalmente, do café. Por esse motivo, muitos trabalhos tem sido realizados sobre

os efeitos fisiológicos desta substância, resultando até os dias de hoje, na

impossibilidade de se chegar a um consenso sobre seus efeitos positivos ou

negativos. Enquanto alguns estudos sugerem uma possível associação entre

consumo de café (integral) e doenças coronarianos e incidência de câncer, outros

estudos correlacionam seu consumo a diminuição de riscos de suicídios e da

incidência de cirroses, ao aumento do estado de alerta, a diminuição da fadiga e a

melhora do estado de espírito. Tal dicotomia acaba por acarretar aumento de

consumo de café descafeinado, muitas vezes por aconselhamento médico (TOCI,

2006 apud LEITE, 2009).

Segundo a farmacopéia brasileira, a cafeína está incluída entre os excitantes

psicomotores que tem, principalmente, a propriedade de estimular a atividade

mental. Em humanos, sob condições normais, em doses terapêuticas (100-200 mg),

produz leve excitação psíquica, favorecendo o trabalho intelectual, afastando a

sonolência e a sensação de fadiga, no entanto a ingestão de grandes quantidades

pode provocar problemas à saúde. A desinformação e as contradições existentes a

respeito do assunto provocam, nos consumidores, o desejo de buscar alternativas

em bebidas isentas de cafeína ou com teores reduzidos. (CHAVES et al., 2004).

Quantidades excessivas de cafeína podem causar uma síndrome chamada

de “cafeinismo”, cujos sintomas incluem ruídos no ouvido, mudanças de

temperamento, diarréia, delírios, aceleração da respiração, tensão muscular,

tremores, etc (ANDRADE et al., 2005).

Existe um grande interesse em identificar as fontes e níveis de cafeína em

alimentos comercialmente disponíveis, pois os limites de tolerância variam com os

indivíduos e, deste modo, torna-se necessário o conhecimento da quantidade

contida nos produtos que estes consomem (ANDRADE et al., 2005).

2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral

Avaliar a concentração de cafeína presente em refrigerantes de cola e em

bebidas energéticas.

2.2 Objetivos Específicos

a) Determinar a quantidade de cafeína presente nas amostras;

b) Comparar os resultados encontrados com a legislação vigente e com a

quantidade descrita no rótulo do produto;

c) Comparar a concentração de cafeína nas bebidas estudadas com outras

bebidas de consumo diário.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Cafeína

A cafeína é um alcalóide, identificado como 1, 3, 7 - trimetilxantina, cuja

estrutura contém um esqueleto de purina. A purina, em si não ocorre na natureza,

mas inúmeros derivados são biologicamente significativos (ANDRADE, 2004).

Segundo Altimari et al. (2001), a cafeína, a teofilina (1,3 - dimetilxantina) e

teobromina (3,7 - dimetilxantina) são bases desses grupos de purinas que possuem

importância farmacêutica e que são todas derivadas da xantina, quimicamente

conhecida por 2,6 dioxipurina, estimulantes mais antigos conhecidos, sendo a

cafeína um dos mais potentes, como mostra a figura.

Figura 1: Xantina e derivados – Fórmulas estruturais (ALTIMARI et al., 2001).

Este alcalóide é encontrado em grande quantidade nas sementes de café

(Coffee sp.) e nas folhas de chá verde (Camellia sinensis). Também pode ser

achado em outros produtos vegetais, particularmente no cacau (Theobroma cocoa),

no guaraná (Paullinia cupana) e na erva-mate (Ilex paraguayensis). Embora uma

parcela pequena da população consuma cafeína na forma de fármacos, como por

ex. antigripais, grande parte deste alcalóide é ingerida na forma de bebidas. Uma

18

xícara de café pode conter em média cerca de 80 mg de cafeína, enquanto uma lata

de coca-cola em torno de 34-41 mg (MARIA; MOREIRA, 2007).

É um composto contendo nitrogênio, que apresenta propriedades básicas

(BRENELLI, 2003). Caracteriza-se por ser um pó branco, cristalino, com sabor muito

amargo, sem cheiro e com aspecto brilhante. A fórmula molecular da cafeína é

C8H

10N

4O

2 e o seu peso molecular é de 194,19 (SOARES; FONSECA, 2005).

É adicionada, artificialmente, a muitos outros produtos, incluindo alguns

refrigerantes à base de cafeína, bebidas energéticas e em algumas formulações

farmacêuticas, não tendo qualquer valor nutricional para o organismo humano,

restringindo-se apenas aos seus efeitos estimulantes (MARIA; MOREIRA, 2007).

A concentração de cafeína no chá ou café depende de vários fatores,

incluindo a espécie da semente do café ou folha do chá, local de cultivo,

granulações da amostra, etc. Estudos mostraram que, no caso do chá, a localização

da folha na planta afeta o seu conteúdo de cafeína. Por este motivo, os valores

relatados na literatura são variáveis. No caso do café e do chá, eles podem variar

entre 2 a 4,6%. O conteúdo de cafeína no caso do guaraná pode variar entre 3 a 6%

(BRENELLI, 2003).

3.2 Mecanismo de ação

Muitas das ações que a cafeína exerce tem mecanismos semelhantes às

das anfetaminas, cocaína e heroína, no entanto os seus efeitos são bem mais leves

(SOARES; FONSECA, 2005).

A cafeína tem como mecanismo de ação:

• Mobilização intracelular do cálcio: a cafeína reduz o limiar da

estabilidade e prolonga a duração do período ativo da contração muscular, por

aumentar a liberação de cálcio de retículo sarcoplasmático para o sarcoplasma e

também inibir o mecanismo da recaptação de cálcio pelo retículo sarcoplasmático,

tornando o íon cálcio mais disponível para a contração. O aumento da força de

contração muscular, induzido pela cafeína, esta relacionado com o aumento da

concentração intracelular do cálcio e com uma maior sensibilidade das miofibrilas

19

(actina e miosina) ao cálcio. No entanto, esse mecanismo de ação da cafeína só

pode ser detectado em experimentos in vitro, utilizando dosagens muito altas, cujas

concentrações são tóxicas (FERREIRA, 2004).

• Inibição das fosfodiesterases: a cafeína inibe a ação das

fosfodiestares que é responsável pela degradação do mediador químico intracelular

denominado AMPc. Desta forma a cafeína aumenta o tempo de meia vida desse

mediardor. Esta descoberta representa um possível mecanismo de ação das

metilxantinas, como por exemplo, o acúmulo de AMPc e a potencialização dos seus

efeitos em estimular a ação de substâncias como as das catecolaminas. De fato as

catecolaminas participam de vários processos, incluindo a gliconenólise, elevação

da glicose, a gliconeogênese, lipólise do músculo e tecido adiposo, contratibilidade

muscular, respostas cronotrópicas e inotrópicas do coração e ajustes circulatórios

(FERREIRA, 2004).

• Antagonismo dos receptores de adenosina: a cafeína é um

antagonista competitivo dos receptores de adenosina. A adenosina é uma molécula

presente em todo o corpo humano, possuindo tipos de receptores (A1 e A2) e ao

interagir com os receptores A1 inibe a enzima adenilciclase. Essa inibição resulta em

uma redução do AMPc, que é um segundo mensageiro intracelular. A cafeína é um

antagonista dos receptores A1, portanto, ao impedir que sua interação com a

adenosina, aumenta os níveis de AMPc, provocando uma série de respostas no

organismo como: a liberação de catecolaminas, aumento da pressão sanguínea,

lipólise, aumento das secreções gástricas, aumento da diurese e da ativação do

sistema nervoso central. As ações do neurotransmissor adenosina, tanto no cérebro

como no organismo em geral, são de agente depressivos. Esses efeitos depressores

ocorrem porque a adenosina, promove a inibição da liberação de noradrenalina em

geral, predominante no sistema nervos simpático, assim a cafeína antagonizando

esses efeitos resulta numa estimulação dos sistemas envolvidos, aumentando tanto

a liberação de norepinefrina como a taxa de ativação espontânea dos neurônios

noradrenérgicos (FERREIRA, 2004).

• Ação na bomba NA+ e K+: a cafeína influência na regulamentação da

concentração de potássio no meio extracelular e intracelular, mantendo as

concentrações altas no meio intracelular e baixas no meio extracelular, o que

contribui para o retardamento da fadiga, sendo que as baixas concentrações de

20

potássio no plasma ajudam a manter a excitabilidade das membranas das células

nos músculos contratéis (LINDINGER, GRAHAM & SPRIET, 1993 apud

DALL’AGNOL, 2006).

3.3 Efeitos fisiológicos

Os efeitos da cafeína foram descobertos em 850 d. C pelos árabes, ao

observar que suas cabras ficavam excitadas após comerem as folhas e os frutos de

um certo tipo de arbusto. A partir destas observações aconteceram experiências que

levaram a elaborar a bebida preta que desde então é consumida em todo o mundo

por pelo menos 1/3 dos seus habitantes (MAZZAFERA; CARVALHO, 1991 apud

FERNANDES, 2007).

As metilxantinas tem as seguintes ações farmacológicas importantes:

• estimulação do sistema nervoso central;

• diurese;

• estimulação do músculo cardíaco;

• relaxamento da musculatura lisa, especialmente da musculatura

brônquica.

Os dois últimos efeitos assemelham-se aos da estimulação dos receptores

ß-adrenérgicos. Acredita-se que isso ocorra porque as metilxantinas inibem a

fosfodiesterase, que é responsável pelo metabolismo intracelular de AMPc. Deste

modo, aumentam o AMPc intracelular e produzem efeitos que simulam os de

mediadores que estimulam a adenilciclase. As metilxantinas também antagonizam

muitos dos efeitos da adenosina, atuando sobre os receptores A1 e A2.

Camundongos transgênicos que não possuem receptores A2, funcionais são

anormalmente ativos e agressivos e deixam de mostrar aumento da atividade

motora em resposta à cafeína, sugerindo que o antagonismo nos receptores A2 seja

responsável por parte, pelo menos, de sua ação estimulante do SNC. A

concentração de cafeína alcançada no plasma e cérebro depois de duas ou três

xícaras de café forte é suficiente para produzir apreciável bloqueio dos receptores de

adenosina e pequeno grau de inibição da fosfodiesterase. O efeito diurético

21

provavelmente decorre de vasodilatação da arteríola glomerular aferente, causando

aumento da taxa de filtração glomerular (RANG et al., 2007).

A cafeína e a teofilina tem efeitos estimulantes muito parecidos sobre o

SNC. Em humanos nota-se redução do cansaço, com melhora da concentração e

fluxo mais claro. Isto é confirmado por estudos, que tem mostrado que a cafeína

reduz o tempo de reação e produz aumento na velocidade em, que cálculos simples

podem ser realizados (embora sem muita melhora na precisão). O desempenho nas

tarefas motoras, como dirigir de maneira simulada, também melhora, particularmente

em indivíduos cansados. Tarefas mentais, como a aprendizagem de sílabas, testes

de associação e assim por diante, também são facilitadas por doses moderadas (até

200 mg de cafeína ou cerca de três xícaras de café), mas prejudicadas por doses

maiores. A insônia é comum, por comparação com as anfetaminas, as metilxantinas,

produzem menos efeitos de estimulação locomotora e não induzem a euforia,

padrões de comportamento estereotipados ou estado psicótico, mas seus efeitos

sobre o cansaço e a função mental são semelhantes (RANG et al., 2007).

Desenvolvem-se tolerância e hábito em pequena escala, porém muito menor

que com as anfetaminas, e são discretos os efeitos da retirada. A cafeína não leva a

auto-administração em animais e não pode ser classificada como fármaco produtor

de dependência (RANG et al., 2007).

Na medicina, a cafeína tem sido usada para auxiliar no tratamento de dores

principalmente de cabeça e enxaqueca. Mais recentemente a cafeína tem sido

utilizada como coadjuvantes em muitos remédios para o controle de peso, alívio de

alergias e para melhorar o estado e alerta (SPILLER, 1998 apud FERNANDES,

2007).

O consumo da cafeína também estimula a lipólise (quebra das moléculas de

gordura no organismo), o que teoricamente, favorece o emagrecimento. Porém,

essa ação ocorre a um custo elevado para o organismo, com a mobilização dos

depósitos de gordura fazendo aumentar os níveis da mesma no sangue. Com isso,

pode haver elevação do colesterol sanguíneo e consequentemente, aumento no

risco de infarto. A mobilização dos depósitos de gordura pode ser útil para atletas

em treinamento intensivo, fazendo com que o organismo utilize a gordura como

22

fonte de energia no lugar do glicogênio muscular, com isso, o corpo fica mais

resistente à fadiga (JACKMAN et al., 1996 apud FERNANDES, 2007).

3.3.1 Sistema nervoso central

No sistema nervoso central, mais precisamente no sistema nervoso

autônomo, o sistema de neurotransmissão baseado no neurotransmissor adenosina

age como redutor da frequência cardíaca, da pressão sanguínea e da temperatura

corporal. A cafeína exerce uma ação inibidora sobre os receptores do

neurotransmissor adenosina, situados nas células nervosas. Muitas das respostas

fisiológicas com a administração de cafeína são opostas às de adenosina, por isso

há uma sensação de revigoramento, diminuição do sono e fadiga. A cafeína exerce

um efeito sobre a descarga das células nervosas e a liberação de alguns outros

neurotransmissores e hormônios, tais como a adrenalina (CARVALHO et al., 2006).

Os efeitos estão relacionados à ativação do córtex melhorando estado de

vigília e eliminando a fadiga, quando em doses altas ocorre estimulação medular,

causando excitação reflexa e podendo causar convulsões, age também sobre os

centros bulbares, estimulado os centros respiratórios e vasomotores. Esses efeitos

sobre o SNC podem mascarar a sensação de esforço subjetivo auxiliando no

desempenho (BALLONE, 2003 apud PADILHA, 2003).

A cafeína também aumenta a concentração de dopamina no sangue (assim

como as anfetaminas, a cocaína e a heroína), por diminuir a recaptação desta no

SNC. A dopamina atua também como um neurotransmissor, estando relacionada

com o prazer, e pensa-se que seja este aumento dos níveis de dopamina que leva

ao vício da cafeína (SOARES; FONSECA, 2005).

3.3.2 Sistema cardiovascular

Segundo Katzung (2003) os efeitos da ingestão aguda de cafeína sobre o

sistema cardiovascular são: aumento da freqüência cardíaca e extrasístole, estímulo

do miocárdio e aumento no rendimento e frequência cardíaca, podendo haver

palpitações e aumento da pressão arterial.

23

Duas a três xícaras de café (aproximadamente 250 mg de cafeína), numa

pessoa que não faz uso regular da bebida, pode causar aumento da pressão

sanguínea desencadeada pela cafeína, juntamente com um aumento do fluxo

sanguíneo para os tecidos em geral, incluindo as coronárias. Os vasos sanguíneos

cerebrais, por sua vez, apresentam diminuição do calibre. Essa vasoconstrição

cerebral é a propriedade que justifica o emprego da cafeína no tratamento de crises

de enxaqueca, onde a vasodilatação existente é responsável pelo quadro, e é

combatida pela cafeína. Além disso, a cafeína potencializa os efeitos de outros

analgésicos. Entretanto, tudo isso pode ser modificado com o uso regulado de

cafeína. Essa mudança de resposta do organismo aos efeitos da cafeína dá-se pelo

desenvolvimento de uma tolerância a substância a partir da qual ela não causa mais

qualquer tipo de alteração na pressão sanguínea, na frequência cardíaca e no fluxo

de sangue aos tecidos (SPILLER, 1998 apud FERNANDES, 2007).

Segundo o Scientific Committee on Food (SCF) na Europa considera que há

um aumento no risco de doenças cardiovasculares por efeito da cafeína sozinha ou

em combinação com outros constituintes, como a taurina, presente em alguns tipos

de bebidas energéticas, particularmente consumidas durante ou depois do exercício

intenso. Os estudos com humanos incluíram indivíduos normais descansados,

indivíduos submetidos a exercícios intensos e indivíduos com predisposição a

arritmias cardíacas (CARVALHO et al., 2006).

3.3.3 Sistema respiratório

Ela estimula os neurônios do centro respiratório proporcionando um aumento

discreto da frequência e a intensidade da respiração, juntamente com um efeito local

nos brônquios, produzindo um satisfatório efeito broncodilatador. Essas

propriedades evidenciam a utilidade do consumo regular de bebidas que contém

cafeína, por pacientes asmáticos (CARVALHO et al., 2006).

24

3.3.4 Sistema genitourinário

Uma elevada dose de cafeína produz um ligeiro aumento no volume de urina

e na excreção urinária de sódio, diminuindo a reabsorção de sódio e de água nos

túbulos renais. Por outro lado há uma vasodilatação da arteríola glomerular aferente.

Este efeito diurético pode ser útil no alívio de cólicas menstruais (dismenorréia)

produzidas pela retenção de líquidos, no entanto, quando a cafeína é usada para a

perda de peso, pode haver perda de peso efetivo, mas que não corresponde a perda

de matéria gorda (SPILLER, 1998 apud FERNANDES, 2007).

Devido a este ligeiro efeito diurético, e não havendo reposição em

quantidade suficiente de água que compense as perdas, inicia-se um processo de

desidratação que pode trazer graves consequências ao organismo. Por este fato

devem-se evitar bebidas adicionadas de cafeína nas épocas mais quentes, mas, no

entanto, o “Institute of Medicine” refere que todas as bebidas, incluindo as que

contêm cafeína, podem contribuir para a quantidade recomendada de ingestão diária

de fluidos (SOARES; FONSECA, 2005).

3.4 Administração e absorção

A cafeína é uma substância absorvida de modo rápido e eficiente, via

administração oral, através do trato gastrointestinal com aproximadamente 100% de

biodisponibilidade, alcançando um pico de concentração máxima na corrente

sanguínea após 15 a 120 minutos de sua ingestão. Os níveis de absorção de

cafeína são similares quando da ingestão oral de bebidas, cápsulas ou barras de

chocolate. Entretanto uma possível variação na velocidade de absorção pode ser

determinada principalmente pela ocupação gástrica (ALTIMARI et al., 2001).

É moderadamente solúvel em água, ainda que também hidrofóbica

suficiente para passar facilmente através das membranas biológicas, provavelmente

a maior parte por difusão passiva. Assim a cafeína é rápida e completamente

absorvida a partir do trato gastrointestinal, sendo amplamente distribuída pelo

organismo (RAMALAKSHIM, 1999 apud LEITE, 2009).

25

Mais de 99% da dose ingerida é rapidamente absorvida a partir do trato

gastrintestinal, elevando sua concentração no plasma sanguíneo entre 15 e 45

minutos. Uma vez na corrente circulatória, a cafeína penetra eficazmente em todos

os tecidos corporais (CARVALHO et al, 2006).

A administração desta substância pode ser feita de diversas formas, dentre

as quais destacamos a administração oral, intraperitoneal, injeções subcutânea ou

intramuscular e também através da aplicação de supositórios. Sua ação pode atingir

todos os tecidos, pois o seu transporte é feito via corrente sanguínea, sendo

posteriormente degradada e excretada pela urina (ALTIMARI et al., 2006).

3.5 Metabolização e excreção

Após cinco minutos do consumo, a cafeína pode ser detectada em todo o

corpo humano, atingindo o seu máximo depois de 20-30 min. Ela é metabolizada no

fígado e tem uma meia vida de cerca de 3-6 h, não acumulando no corpo. A

ingestão de cafeína em excesso pode causar vários sintomas desagradáveis

incluindo a irritabilidade, dores de cabeça, insônia, diarréia, palpitações do coração.

A dose letal para uma pessoa adulta pesando 70 kg é cerca de 10 g o que é

equivalente a se tomar 100 xícaras de café ou 200 latas de Coca-Cola® ou ingerir

50 kg de chocolate (BRENELLI, 2003).

O período de semi-eliminação da cafeína (o tempo requerido para que o

corpo metabolize a metade da concentração no plasma sanguíneo: a meia vida)

oscila em horas e dias dependendo da idade, sexo, a medicação e as condições de

saúde, estado hormonal e se o individuo é ou não fumante (CARVALHO et al, 2006).

A metabolização da cafeína ocorre no fígado, iniciando pela remoção dos

grupos metila 1 e 7, sendo essa reação catalizada pelo citocromo P450 1A2, o que

possibilita a formação de três grupos metilxantina. Em humanos, a maior parte

dessa metabolização (84%) se processa na forma de paraxantina (1, 7-

dimetilxantina), seguida de teofilina (4%) (1,3-dimetilxantina) e de teobromina (12%)

(3,7- dimetilxantina), por meio da mudança na posição do grupos metila 1,3,7. Esses

três metabólitos têm se mostrado ativos biologicamente (ALTIMARI, et al., 2001).

26

Embora a maior parte da metabolização da cafeína ocorra no fígado, outros

tecidos, incluindo o cérebro e os rins, desempenham papel importante na produção

de citocromo P450 1A2, e consequentemente, no metabolismo da cafeína. Apesar

de apenas uma pequena quantidade de cafeína ser excretada (0,5 a 3%), sem

alteração na sua constituição química, sua detecção na urina é relativamente fácil

(ALTIMARI, et al., 2001).

A eliminação completa geralmente ocorre entre 24 e 48 horas após a

ingestão da última dose. A quantidade de cafeína excretada inalterada através dos

rins situa-se entre 0,5 a 1,5% da dose administrada, atingindo 4% em alguns

indivíduos. Medidas como diurese forçada ou hemodiálise não são efetivas para

tratamento de pacientes intoxicados (OGA, 2008).

Vale ressaltar que alguns fatores como a genética, a dieta, o uso de alguma

droga, o sexo, o peso corporal, o estado de hidratação, o tipo de exercício físico

praticado e o consumo habitual de cafeína, podem afetar seu metabolismo e,

conseqüentemente, influenciar na quantidade urinária total excretada (ALTIMARI, et

al., 2006).

3.6 Efeitos Tóxicos

A relação entre os efeitos tóxicos e os níveis plasmáticos é muito variada.

Estima-se que há efeitos tóxicos agudos quanto os níveis plasmáticos de cafeína

atingem 15 µg/mL. Esses níveis podem ser observados, sob certas circunstâncias

de uso repetido, no tratamento de distúrbios respiratórios em crianças,

principalmente recém-nascidas. Doses letais situam-se em torno de 50 mg/kg de

peso, ou 150 a 200 mg/kg de massa corpórea segundos outros autores, o que

equivale à ingestão de 2 a 5 g para um adulto, com níveis plasmático atingindo 50

µg/mL. Mas, mesmo com as doses altas a intoxicação por cafeína raramente é letal.

A causa da morte está relacionada à fibrilação ventricular decorrente dos efeitos da

cafeína no sistema cardiovascular. Em um relato de caso de intoxicação letal

intencional por cafeína em criança, a concentração plasmática atingiu 117 µg/mL,

quando níveis terapêuticos são da ordem de 5 a 12 µg/mL (OGA, 2008).

27

As principais manifestações ocorrem no sistema nervoso central e

cardiovascular: insônia, agitação e hipersensibilidade são manifestações clínicas. Na

hipersensibilidade a cafeína a pessoa sente-se inquieta, com um discreto mal estar e

ansiedade. A seguir ocorre taquicardia, sensação de zumbido no ouvido e distúrbios

visuais parecendo faíscas no ar. A musculatura torna-se tensa e trêmula, podem

ocorrer palpitações (MAUGHAN, 2004 apud MELLO et al., 2007).

A suspensão súbita da ingestão de cafeína pode levar à abstinência. Os

sintomas mais comuns são fadiga, ansiedade ou depressão, náuseas, vômitos,

cefaléia e diminuição da concentração. A ocorrência de ansiedade com a retirada

súbita da cafeína ocorre mesmo em indivíduos que consomem doses baixas dessa

substância (50 a 150 mg/dia) (FELIPE et al., 2005).

Um efeito adverso frequentemente sugerido é que a cafeína induz a maior

diurese com consequente perda de eletrólitos e fluídos e diminuição do plasma

sanguíneo, porém vários estudos os quais analisaram o volume urinário uma hora

após a ingestão de cafeína, não indicaram alterações da quantidade de urina,

independente da presença do exercício ou não (MELLO et al., 2007).

Os efeitos colaterais causados pela ingestão da cafeína ocorrem em mais

proporção em pessoas susceptíveis e que utilizam esta substância em excesso.

Fisicamente, a cafeína pode prejudicar a estabilidade de membros superiores

induzindo-os à trepidez e ao tremor, resultado de tesão muscular crônica (ALTIMARI

et al., 2001).

Os problemas estomacais são agravados nos indivíduos que já apresentam

tendência para a gastrite ou úlcera, principalmente quando ingerida em jejum

(ALTIMARI et al., 2001).

Apesar deste possível comportamento de aversão à cafeína ou redução do

consumo, alguns estudos têm demonstrado a associação entre a ingestão de

produtos cafeinados e efeitos não desejáveis para o feto, tais como baixo peso ao

nascer, aborto espontâneo, retardo de crescimento uterino e aumento do risco de

ruptura precoce das membranas, acarretando aumento das taxas de morbidade e

mortalidade perinatal e neonatal. Esses desfechos perinatais indesejáveis são

devidos, sobretudo, à ausência, no feto, de enzimas necessárias para a

desmetilação da cafeína, deixando o mesmo exposto por um longo período da vida

28

intra-uterina a esta substância. Alguns estudos relatam que, durante a gestação, a

cafeína aumenta os níveis de catecolaminas no sangue e esses hormônios

acarretam efeitos negativos para o feto, devido à vasoconstrição e à hipóxia fetal

(PACHECO et al., 2008) No entanto, é com apenas doses altas que esses efeitos

acontecem, visto que o consumo de cafeína a níveis moderados pelas mulheres

grávidas não afeta adversamente o feto.

A despeito das controvérsias quanto ao potencial de dependência da cafeína

existem evidências de que a sua utilização pode aumentar o uso de outras

substâncias de abuso. Por exemplo, foi demonstrada correlação positiva entre a

utilização de cafeína, tabaco e álcool. Assim a exposição prévia à cafeína causa

aumento dos efeitos comportamentais de outros psicoestimulantes, como cocaína e

anfetamina (PARO et al., 2008).

3.7 Cafeína como agente de dopagem

O histórico do uso de doping nos esportes mostra dois períodos de maior

consumo da cafeína: antes a disponibilidade comercial de anfetamínicos na segunda

metade do século passado e, nos últimos anos, pela oferta de vários produtos

industrializados contendo cafeína. Casos de intoxicações severas e morte durante

eventos esportivos foram associados ao uso de cafeína na primeira metade do

século passado e voltam a preocupar nos dias atuais (OGA, 2008).

Considerando os efeitos ergogênicos e estimulantes da cafeína, que

representam vantagens artificiais para os competidores, o seu uso foi controlado

durante muitos anos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e federações

esportivas, tendo por referência uma pesquisa realizada em 1984 na Bélgica, que

estabeleceu limites máximos aceitáveis na urina. Em 1988, o Laboratório de

Análises Toxicológicas da USP, em trabalho realizado com atletas e usuários de

alimentos xantínicos, demonstrou que os níveis de cafeína na urina mantinha-se

muito abaixo de 12 µg/mL, valor máximo então permitido pelo COI (OGA, 2008).

Em 2004, a Agência Mundial de Doping (WADA) considerando que não

havia uma definição quantos aos padrões normais de uso de cafeína e

desconhecendo o reflexo destes padrões no controle da dopagem, retirou a cafeína

29

da lista de “substâncias proibidas ou de uso restrito” incluindo-a na lista de

“substâncias que necessitam de monitoramento” a fim de se estabelecerem novas

regras para o seu controle. Essa situação permanece até os dias atuais. A lista de

substâncias proibidas ou de uso restrito, da qual a cafeína foi retirada, refere-se a

substâncias capazes de aumentar o desempenho e/ou prejudicar a saúde do atleta

(OGA, 2008).

Menos de um ano após essa decisão da WADA alguns atletas admitiram

publicamente usar a cafeína como agente de dopagem e várias entidade ligadas aos

esporte passaram a alertar sobre os perigos dessa atitude. A retirada da cafeína na

lista das substâncias proibidas foi considerada um erro e há manifestos profundo de

vária federações esportivas sobre o assunto (OGA, 2008).

3.8 Tolerância

O uso crônico da cafeína é frequentemente associada à habituação e a

tolerância. A ingestão de bebidas com cafeína por uma pessoa que não faz uso

regular da mesma pode causar um aumento dos níveis de alguns hormônios, como

a renina, as catecolaminas e mesmo insulina e o hormônio da paratireóide. Esses

efeitos, entretanto, não ocorrem na pessoa que faz uso regular da substância, pois

ocorre uma adaptação do organismo, não mais havendo estes aumentos (SOARES;

FONSECA, 2005).

A habituação da cafeína é atingida a partir de uma ingestão diária superior a

100 mg. Essa quantidade, quando ingerida diariamente, pode neutralizar as

respostas metabólicas desencadeadas pela ingestão comum da cafeína (SPRIET,

1995 apud MELLO et al., 2007).

A dependência da cafeína relaciona-se com as seguintes características:

síndrome da abstinência (irritabilidade, ansiedade, depressão, nervosismo) desejo

persistente pela cafeína, tolerância, etc (STRAIN, 2000 apud MELLO et al., 2007).

30

3.9 Bebidas energéticas e álcool

Recentemente, observou-se a crescente ingestão de bebidas alcoólicas,

principalmente destiladas, com bebidas energéticas. Estas bebidas vêem sendo

utilizadas para potencializar os efeitos das bebidas alcoólicas, devido possivelmente

a uma redução dos efeitos depressivos do álcool pela ação estimulante da cafeína

no córtex cerebral (CARVALHO et al., 2006).

A administração de doses equivalentes ao consumo de três latas de 250 mL

de bebida energética por um indivíduo de 70 Kg (aproximadamente 10,71 mL de

bebida energética por Kg corpóreo), apresentou ação antagônica aos efeitos

depressores do álcool na atividade locomotora de ratos (CARVALHO et al., 2006).

Uma importante questão sobre o uso de bebidas energéticas é a possível

alteração do padrão de uso de bebidas alcoólicas, especialmente das destiladas.

Grande parte da amostra relatou não ter por hábito ingerir uísque e/ou vodka, mas o

fazer, e por vezes em grande quantidade, quando em combinação com bebidas

energéticas. Isto sugere que a melhora no sabor, obtida pela mistura, poderia

estimular a ingestão de maiores quantidades de bebidas destiladas (FERREIRA;

MELLO; FORMIGONI, 2004).

Entre os poucos trabalhos encontrados na literatura a respeito da interação

entre álcool e bebidas energéticas, destaca-se o de Riesselman et al. (1996) que

sugeriram que usuários desta combinação poderiam fazer um juízo errôneo de suas

capacidades e provocar acidentes com maior probabilidade do que somente após a

ingestão de álcool (FERREIRA; MELLO; FORMIGONI, 2004).

No presente estudo, os relatos de diminuição do sono e de aumento da

sensação de prazer ao se ingerir bebidas alcoólicas em combinação com

energéticas sugerem que estas poderiam prolongar a duração dos efeitos

excitatórios do álcool. Uma possibilidade de explicação para este efeito seria uma

modulação da neurotransmissão gabaérgica exercida pela taurina. Sabe-se que o

efeito depressor do álcool está associado a aumento da neurotransmissão mediada

pelo GABA (ácido gama-amino-butírico). Desta forma, diminuindo a atividade

gabaérgica, a taurina reduziria o efeito depressor do álcool. É possível também que

a redução do efeito depressor do álcool seja devida às ações estimulantes da

31

cafeína no córtex cerebral. Alguns estudos demonstram que em determinadas doses

a co-administração de cafeína reduz alguns dos efeitos depressores do álcool.

Entretanto, não há estudos sobre a administração conjunta de taurina, cafeína e

álcool que permitam fortalecer alguma destas hipóteses (FERREIRA; MELLO;

FORMIGONI, 2004).

3.10 Cafeína e seu efeito ergogênico

A cafeína, presente nas bebidas energéticas tem demonstrado um papel

positivo durante o exercício devido, principalmente, a sua ação estimulante sobre o

sistema nervoso central. Em 2004, após a sua exclusão pela Agência Mundial de

Anti-Doping da lista de substâncias restritas, a cafeína e os suplementos que contêm

esse composto na formulação vêm sendo largamente utilizados no meio esportivo.

(GUTTIERRES et al., 2009).

Os efeitos fisiológicos da cafeína ainda são controversos, contudo, alguns

estudos demonstraram que o consumo de cafeína diminuiu a fadiga durante

exercícios prolongados. Outros autores avaliaram o efeito da cafeína sobre a

execução de habilidades específicas em atletas de esportes coletivos; identificaram

que esse composto foi capaz de aumentar o tempo de exercício, o pico de potência,

a capacidade de executar sprints, condução de bola e a acurácia dos passes. Outros

estudos observaram alguns efeitos que podem contribuir positivamente sobre o

desempenho esportivo de jogadores de futebol como, por exemplo: sua ação sobre

a reserva do glicogênio muscular, a potencialização na força de contração muscular,

diminuição da dor muscular nos membros inferiores produzidas pelo exercício

extenuante e diminuição da percepção de esforço (GUTTIERRES et al., 2009).

Em exercícios físicos com características aeróbias (moderados de média e

longa duração) tem sido envidenciado pela literatura. Contudo, o efeito desta

substância sobre a performance anaeróbia (alta intensidade e curta duração) ainda

não esta claro, da mesma forma que os mecanismos de ação envolvidos nesse tipo

de esforço físico, indicando a necessidade de novas pesquisas com intuito de

esclarecer a verdadeira ação desta substância sobre o metabolismo anaeróbio

(ALTIMARI et al., 2006).

32

Embora a maior parte dos estudos demonstrem a ação ergogênica da

cafeína, em alguns estudos nenhum efeito é encontrada. Isso pode ocorrer devido a

falta de padronização metodológica dos resultados, os efeitos podem variar do tipo

de exercício, intensidade e duração dos exercícios, o nível da aptidão física,

habituação ou não da cafeína, do estado nutricional, da associação da cafeína com

outras substâncias, da variabilidade individual das respostas, das funções das

diferentes doses de cafeína utilizadas e das condições ambientas onde são

realizados estes estudos (FERREIRA, 2004).

3.11 Legislação de bebidas cafeinadas

Devido à necessidade do Brasil aumentar a fabricação de produtos

industrializados e as exportações, é imperativo o incremento da produção de

bebidas, melhorando a qualidade e diminuindo os custos, aumentando o rendimento

e a competitividade no mercado nacional e internacional. Para que haja este

incremento na produção de bebidas, é necessário estabelecer regras que atendam

os interesses dos produtores, ao poder público (fiscalização) e os consumidores

nacionais e internacionais, para que exista harmonia entre as partes interessadas

(VENTURINI FILHO, 2005).

A cafeína é uma das substâncias presentes em bebidas energéticas e

refrigerantes de cola. Segundo a Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da

Saúde, bebidas energéticas são identificadas como compostos líquidos prontos para

o consumo, sendo estas constituídas de carboidratos, taurina, cafeína,

glucoronolactona, inositol e vitaminas do complexo B (DALL’AGNO, 2006).

Atualmente os padrões de bebidas são descritos no Decreto n° 6.871, de 4

de junho de 2009 que regulamenta a Lei no 8.918, de 14 de julho de 1994, que

dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a

fiscalização de bebidas. (BRASIL, 2009).

Os refrigerantes é uma bebida gaseificada, obtida pela dissolução em água

potável, de suco ou extrato vegetal de sua origem, adicionada de açucares. O

refrigerante deverá ser obrigatoriamente saturado de dióxido de carbono

industrialmente puro (VENTURINI FILHO, 2005). No Decreto n° 6.871 de junho de

33

2009 diz no artigo 13 que a bebida não-alcoólica que contiver ou for adicionada em

sua composição de cafeína (trimetilxantina), natural ou sintética, não deverá ter o

limite de cafeína superior a 20 mg/100 mL do produto a ser consumido (BRASIL,

2009).

A Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde publicou, no

Diário Oficial da União de 23 de setembro de 2005, a RDC n° 273 (que revogou a

Portaria n° 868, de 03-11-1998 do Ministério da Saúde) regulamentando a produção

e a venda de bebidas energéticas, identificando-as como composto líquido pronto

para o consumo, sendo que é permitida a adição de cafeína como ingrediente no

limite máximo de 350 mg/ L (BRASIL, 2005).

3.12 Extração da cafeína

Muitos métodos são utilizados para a obtenção da cafeína a partir dos

produtos naturais. Em sua grande maioria utilizam-se solventes orgânicos imiscíveis

em água, em geral prejudiciais ao meio ambiente e a saúde humana, podendo

apresentar toxicidade. Outras técnicas utilizam solvente solúveis em água (álcoois),

menos seletivos para o processo da extração. As etapas posteriores de purificação

destes dois tipos de processo para que o produto final esteja livre de contaminantes

e possua um rendimento satisfatório, são oneroso e demorados. Outro problema que

estes métodos apresentam é a degradação térmica de cafeína devido às

temperaturas alcançadas nos processo de extração e purificação (KOPCAK, 2003).

No entanto sempre procurou-se a melhoria tecnológica dos equipamentos

usados no processo de descafeinação, dando-se também atenção aos solventes

que deveriam se empregados. Isso porque o uso de um extratos adequado poderia

maximinizar a retirada do alcalóide das semente, como também minimizar a

extração de substâncias indesejáveis que podeiram afetar a qualidade da bebida.

Assim, o solvente deveria apresentar seletividade para a cafeína. Originalmente, o

benzeno foi utilizado como solvente e depois, substituído pro hidrocarbonetos

contendo cloro, sendo os mais empregados o triclorometano e diclorometano e

atualmente também se utiliza a água para se extrair esta cafeína (MAZZAFERA;

CARVALHO, 1991, apud FERNANDES, 2007).

34

Kopcak (2003) apresenta um procedimento para a extração de alcalóide,

onde o material vegetal é extraído em meio alcalino (NH4OH), com solvente

orgânico como o acetato de etila, o benzeno e o hexano. Ao extrato obtido é

adicionado, em seguida, em uma solução de ácido clórídrico diluído, formando duas

fases uma orgânica e uma fase aquosa. O alcalóide forma um sal de cloro, na fase

aquosa e é separado dos demais componente do extrato, que permanece na fase

orgânica. Uma base (NH4OH) é adicionada a fim de precipitar os alcalóides na fase

aquosa. Para alcançar um maior grau de pureza o precipitado obtido pode ser

dissolvido novamente em um outro solvente orgânico imiscível na água (clorofórmio)

cristalizando o alcalóide pela evaporação do solvente (SALDANA et al, 1997 apud

KOPCAK, 2003). A principal vantagem da extração utilizando solvente orgânico é a

seletividade pela cafeína. Sendo que a solubilidade da cafeína em clorofórmio é de

aproximadamente noves vezes mais que em água na mesma temperatura (AYNUR

e ALMET, apud FERNANDES, 2007).

Podeira ser utilizado a água como um um excelente solvente para a cafeína,

porém a baixa seletividade da água pra a cafeína resulta na extração de outros

componentes das matrizes vegetais, juntamente com o alcaloíde, necessitando-se

de outras etapas demoradas e dispensiosas para a recuperação de caféina

(WIGNORE e CARET, 1999 apud KOPCAK, 2003).

4 MATERIAL E MÉTODOS

Neste capítulo são descritos os equipamentos e materiais utilizados, bem

como os procedimentos experimentais adotados para a determinação da cafeína

presente nas amostras.

Os ensaios foram realizados no laboratório vinculados a área de ciências

ambientais da Universidade Comunitária da região de Chapecó – UNOCHAPECÓ.

4.1 Amostras

Foram analisadas marcas distintas de bebidas energéticas denominadas

amostras A, B, C, D, E e F e seis marcas distintas de refrigerantes de cola

denominadas amostras G, H, I, J, K e L, obtidas em supermercado.

4.2 Reagentes

Os reagentes usados foram:

• cafeína com pureza de 99%;

• clorofórmio, grau espectrofotométrico;

• solução redutora – pesou-se 5 g de sulfito de sódio e 5 g de tiocianato

de potássio, os quais foram dissolvidos em água e diluídos a 100 mL em balão

volumétrico;

• solução de hidróxido de sódio a 25% m/v;

• solução de permanganato de potássio a 1,5% m/v;

• solução de ácido fosfórico – foram diluídos 15 mL de ácido fosfórico

(d=1,69g/cm3) em 85 mL de água;

• sulfato de sódio anidro;

36

• solução-padrão de cafeína – foram pesados 100 mg de cafeína e

diluídos em clorofórmio num balão volumétrico de 100 mL. Foi pipetado 10 mL da

solução-estoque de cafeína e diluídos a 100 mL com clorofórmio. Esta solução tem a

concentração de 0,1 mg de cafeína por mL de clorofórmio.

4.3 Procedimento Experimental

A quantidade de cafeína extraída em cada amostra para todos os casos, foi

determinada por espectrofotometria, de acordo o método físico-químico para análise

de alimentos do Instituto Adolfo Lutz (2008), sendo determinado em triplicatas para

cada amostra.

Procedeu-se da conforme a figura 2. Devido amostras serem muito

concentradas pipetou - se de 5 a 2 mL da amostra (conforme o quadro número 1)

descarbonatada para um funil de separação, juntamente com 10 mL da solução de

permanganato de potássio a 1,5 % e agitou-se . Após 5 minutos, foi adicionado 20

mL da solução redutora com agitação contínua.

Após, adicionou-se 2 mL da solução de ácido fosfórico e agitou-se. Foi

adicionado 2ml da solução de hidróxido de sódio a 25 % e agitou – se. Extraiu-se a

cafeína com uma porções de 40 mL de clorofórmio. Após a separação, foi retirada a

camada inferior e filtrou-se em sulfato de sódio anidro e algodão recolhendo-se os

filtrados em um becker.

Efetuou-se a leitura em um espectrofotômetro Scinco SUV-2120 com

cubetas de quartzo a 276 nm, usando clorofórmio como branco.

Amostra Volume da amostra em mL

A 3

B 5

C 2

D 2

E 2

F 2

37

G 5

H 5

I 5

J 5

K 5

L 3

Quadro 1: Volume pipetado de cada amostra (mL).

Figura 2: Procedimento para a extração da cafeína.

38

4.4 Determinação da curva padrão de cafeína com clorofórmio

Para a realização da curva-padrão foi pipetado 1, 2, 3, 4, 5 e 6 mL da

solução-padrão de cafeína para balões volumétricos de 50 mL e completou-se o

volume com clorofórmio. Estas soluções continham, respectivamente, 0,2; 0,4; 0,6;

0,8; 1 e 1,2 mg de cafeína por 100 mL de clorofórmio. Foram determinadas as

absorbâncias dessas soluções a 276 nm, usando clorofórmio como branco. Traçou-

se a curva padrão, registrando os valores de absorbância nas ordenadas e as

concentrações de cafeína em mg/100 mL de clorofórmio nas abcissas (anexo 1).

4.5 Análise e Interpretação

A concentração da cafeína na amostra foi calculada usando a curva-padrão,

conforme a fórmula abaixo:

C X 100 X F = cafeína, em mg/100 ml

A C = concentração de cafeína na amostra correspondente à leitura da curva-padrão.

A = volume da amostra, em mL.

F = fator de diluição.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Extração de cafeína em bebidas energéticas

Os resultados experimentais, realizados conforme o precedimento descrito

no item métodos, para a extração de cafeína em bebidas energéticas, realizadas em

triplicatas estão apresentados no gráfico 2.

Bebidas energéticas

23,87

6,44

41,3 41,5 41,8 43,4

30

14,6

32 32 32 32

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

A B C D E F

Amostras

Média de concentração decafeína em mg/100mL (triplicata)

Valor descrito no rótulo doproduto (mg/100mL)

Gráfico 1: Determinação do teor de cafeína em bebidas energéticas em mg/100 mL.

Os resultados descritos no gráfico 2, possuem desvios médios padrões

conforme o quadro 2.

Amostra Desvio Padrão

A 0,02

B 0,12

C 0,37

D 0,44

E 0,28

F 0,32 Quadro 2: Desvio padrão das amostras de bebidas enérgeticas.

40

Analisando o gráfico 2 e comparando com a quantidade total de cafeína em

miligramas apresentado nos rótulos das embalagens dos produtos analisados, pode-

se observar que os resultados totais obtidos nas três extrações para as amostras

“C”, “D”, “E” e “F”, foram maiores que o esperado, visto que a concentração descrita

na embalagem para essas amostras é de 32 mg/100 mL. Além disso, essas

quantidades encontradas nas amostras estão acima do permitido na lei, sendo de 35

mg/100 mL.

Observa-se que as amostras “A” e “B”, estão de acordo com a legislação,

porém não estão em conformidade com o rótulo. Para a amostra “A” a concentração

descrita na embalagem é de 30 mg/100 mL e para a amostra B é de 14,60

mg/100mL e os resultados encontrados foram de 23,87 mg/100mL e 6,44 mg/100

mL respectivamente.

Ainda vale ressaltar que na legislação brasileira na RDC número 273/05, na

embalagem das bebidas energéticas (composto líquido para o consumo) essas

devem apresentar as advertências em destaque e negrito tais como: “crianças,

gestantes, nutrizes, idosos e portadores de enfermidades, consultar o médico antes

de consumir o produto”; “ não é recomendado o consumo com bebida alcoólica”.

Na lista de ingredientes devem ser informado as quantidades presentes no

produto de: cafeína, taurina, inositol, glucoronolactona. Além disso, não são

permitidas expressões como: “energético”, “estimulante”, “potencializadores”,

“melhora no desempenho”, ou frases equivalentes, inclusive em outro idioma. Já as

expressões permitidas são: bebida energética ou energy drink. O uso de qualquer

outra expressão pode ser autorizada após avaliação, caso a caso pela ANVISA.

5.2 Extração de cafeína em refrigerantes de cola

A quantidade de cafeína determinada na marcas de refrigerantes através

das análises em espectrofotômetro (276 nm) nas extrações com clorofórmio como

agente extrator é mostrado no gráfico número 3.

41

Refrigerantes

5,48 4,68 4,683,24

5,48

15,6

20 20 20 20 20 20

0

5

10

15

20

25

G H I J K L

Amostras

Média de concentração decafeína em mg/100mL (triplicata)

Valor permitido pelalegislação a cada 100mL

Gráfico 2: Determinação do teor de cafeína em refrigerantes de cola em mg/100 mL.

Os resultados descritos no gráfico 3, possuem desvios médios padrões

conforme a quadro 3:

Amostra Desvio Padrão

G 0,34 H 0,18 I 0,09 J 0,18 K 0,13 L 0,03

Quadro 3: Desvio padrão das amostras de refrigerantes de cola.

De acordo com os resultados apresentados no gráfico 3 pode-se verificar

que a amostra ”L” apresenta o mais elevado teor de cafeína comparando com todas

as amostras analisadas de refrigerantes de cola, e a concentração encontrada de

15,6 mg/100 ml está de acordo com a legislação sendo de 20mg/100 mL. Da mesma

forma as outras amostras de refrigerantes de cola utilizadas nessa pesquisa estão

com conformidade com a legislação.

Sabe-se que alguns produtos modificados, como alimentos e bebidas light

ou diet, possuem mais cafeína que suas respectivas versões tradicionais (por

exemplo, o chocolate meio amargo possui mais cafeína que o chocolate ao leite; a

42

Coca-cola® light possui mais cafeína que a tradicional) (PACHECO, 2008). Desse

mesmo modo isso foi observado nas análises realizadas, sendo que foram utilizadas

duas amostras de refrigerantes de cola (I e K), sendo uma normal e outra diet. A

amostra diet apresentou 0,8 mg/100 ml a mais do que comparada com a versão

normal do refrigerante.

Portanto todos os resultados encontrados tanto dos teores de cafeína em

bebidas energéticas e em refrigerantes de cola estão sujeitos a confirmação, em

virtude de que foi utilizado um padrão de cafeína vencida. Apesar de que a cafeína

ser bastante estável esse padrão pode ter influenciado nos resultados. Além disso,

são relevantes os erros de operador na execução do método. Também devido a

parte da execução do método ter sido realizada em um laboratório e a quantificação

da cafeína através do espectrofotômetro em outro, onde havia um deslocamento

para chegar a esse local para medir a absorbância e o uso de uma agente extrator

bem volátil, pode ter ocorrido evaporação do clorofórmio o que poder ter interferido

nos resultados. Talvez para uma maior exatidão dos resultados fosse melhor a

utilização de outro método para a quantificação da cafeína, podendo ser através do

CLAE.

Nota-se que, com base em Alves e Bragagnolo (2002) e pesquisa realizada

para a determinação de teofilina, teobromina e cafeína em amostras de chá, na

maioria das amostras não foi detectada a presença de cafeína pelo método de

CLAE, enquanto que pelo método espectrofotométrico utilizando a absorbância de

273 a 320 nm, apenas nas amostras de chá de camomila não foi observada a

presença desse alcalóide. Isso mostra que o método espectrofotométrico utilizado

não é específico para a cafeína, quantificando também outras metilxantinas como

teobromina e teofilina. Por outro lado, a extração dos alcalóides para o método por

cromatografia líquida é mais simples e rápida, com menos etapas, e apresenta a

vantagem de não utilizar reagentes nocivos à saúde humana e ao meio-ambiente,

como clorofórmio.

Portanto, com base nos resultados encontrados nesse trabalho e segundo

Oga (2008), o efeito diurético da cafeína é um dos efeitos nocivos mais temidos que

usualmente é observado com dose única igual ou maior que 250 mg de cafeína, mas

varia em função do hábito de consumir alimentos xantínicos e a presença de

tolerância. Com isso devemos levar em conta que o uso de bebidas energéticas são

43

bastante consumidas com o álcool onde esse também tem um efeito diurético o que

pode ocasionar desidratação, visto que em certas embalagens de bebidas

energéticas possuem 30 mg/100 mL de cafeína porém sua embalagem total é de

473 mL no qual a concentração de cafeína total é de 141 mg, sendo então que

apenas duas latas de energético já causariam esse efeito diurético.

Enquanto em algumas pessoas apresentam mais estímulo, outras

experimentam ansiedade e efeitos indesejáveis. Pelos critérios da Associação

Americana de Psiquiatria, 7% dos usuários habituais de cafeína quando ingerem

mais de 250 mg de cafeína ao dia, apresentam cinco ou mais distúrbios

relacionados aos efeitos no comportamento e doenças mentais, com sintomas

capazes de interferir em sua capacidade funcional (OGA, 2008).

Ainda segundo Fison, Borgkvist e Usiello (2004), citado por Vilela et al.,

(2007) há estudos que referem que altas doses de cafeína na dieta (acima de 200

mg), aumentam os níveis de ansiedade e podem induzir ataque de pânico.

Indivíduos com problemas de ansiedade e pânicos são especialmente susceptíveis

aos efeitos da cafeína. Embora muitos dos indivíduos ansiosos tendem a limitar o

consumo de cafeína consumida, alguns não o fazem e tendem posteriormente a

confundir os sintomas com os provocados pela cafeína.

De acordo com Rang et al. (2007) a cafeína estimula a secreção gástrica de

ácido clorídrico e da enzima pepsina no ser humano, em doses a partir de 250 mg.

Essas características da cafeína é contra indicada em pacientes com úlceras

digestivas. No entanto, em pessoas que não possuam nenhuma patologia digestiva

a cafeína não tem sido associada a um aumento do risco de ulcera péptica. E ainda

doses elevadas de cafeína (300-400 mg/pessoa de 70 kg) podem provocar

taquicardia e aumento da tensão arterial.

Contudo salienta-se, com base nos achados de estudos em animais, o Food

and Drug Administration dos Estados Unidos (FDA) sugeriu que as mulheres

grávidas evitassem ou diminuíssem o consumo de alimentos e/ou bebidas contendo

cafeína, pois ela facilmente atravessa a barreira placentária, em quantidades

substanciais passando para o líquido amniótico, sangue do cordão umbilical, plasma

e urina dos neonatos. Atualmente, as evidências disponíveis sugerem ser prudente

que mulheres grávidas limitem o consumo de cafeína a 300 mg/dia, para reduzir a

44

probabilidade de aborto espontâneo ou crescimento fetal prejudicado. (PACHECO,

2008).

Não existe um antídoto específico para a intoxicação com cafeína, sendo a

atenção e o cuidado são a melhor ajuda. O carvão ativado tem demonstrado ser útil

para se ligar à cafeína. Pode, também, ser usada uma sonda para remover do trato

gastrointestinal a droga. A lavagem gástrica, com solução salina, pode ser útil para

remover substâncias do estômago, bem como tratar hemorragias gastrointestinais.

Os anti-ácidos podem também ser utilizados nestas situações. Em situações mais

graves pode ser usados diazepam ou fenobarbital que neutralizam os efeitos da

cafeína no sistema nervoso central. As arritmias cardíacas devem ser tratadas com

agente apropriado, sendo a contribuição dos β-bloqueadores particularmente

importantes na neutralização da estimulação (SOARES; FONSECA, 2009).

Comparando os resultados encontrados com a figura 3 observa-se que o

café é uma das bebidas com a maior concentração de cafeína. Porém levando em

conta as quantidades médias de cafeína encontradas em algumas bebidas e

alimentos, a quantidade de cafeína em café, depende de uma séria de fatores como

a variedade da planta, método de cultivo, condições de crescimento, além do

aspectos genéticos sazonais. No caso de bebida, por exemplo, além da quantidade

ou pó da bebida também o tipo do produto (torrado, instantâneo, descafeinado ou

regular) e o processo de preparo (MOREIRA 1999, apud FERNANDES, 2007).

Figura 3: Quantidade de cafeína presente em bebidas e alimentos (ALTIMARI et al.,2001)*; (KOPCAK,

2003)** apud (FERNANDES, 2007).

6 CONCLUSÃO

Os resultados obtidos no presente estudo mostraram a grande variabilidade

existente em relação ao teor de cafeína nas diferentes marcas de bebidas

energéticas e refrigerantes de cola disponíveis no comércio. Verificou-se também

que, em média, a quantidade deste alcalóide em algumas marcas de bebidas

energéticas é maior do que descrito em suas embalagens, porém os resultados

encontrados estão sujeitos a confirmação por um método mais específico. Já para

os resultados encontrados em refrigerantes de cola eles se encontram de acordo

com a legislação.

Da mesma forma o consumo principalmente das bebidas energéticas deve

ser controlado, uma vez que controvérsias persistem quanto à dose segura de

ingestão de cafeína.

Dessa forma é de extrema importância a realização de programas de

controle de qualidade, visando detectar possíveis alterações na qualidade das

bebidas disponíveis para o consumo, para que os órgãos competentes tomem as

medidas cabíveis.

Com isso, conclui-se a importância das indústrias terem uma equipe

multiprofissional contando com o farmacêutico que atua na área de alimentos

exercendo várias funções entre elas a análise bromatológica e toxicológica, controle

microbiológico, os testes químico e físico-químico das matérias-primas e produtos

acabados, produção e controle de qualidade de alimentos e principalmente na

atuação na normatização e fiscalização junto à vigilância sanitária de alimentos.

7 REFERÊNCIAS ALTIMARI, L. R. et al. Cafeína: ergogênico nutricional no esporte. Rev. Bras. Ciên. e Mov., Brasília, v. 9, n. 3. julho 2001. Disponível em: www.sncsalvador.com.br/artigos/cafeinaergogeniconutricionalnoesporte.pdf. Acesso em: 15 jun. 2009. ALTIMARI, L. R. et al . Cafeína e performance em exercícios anaeróbios. Rev. Bras. Cien. Farm., São Paulo, v. 42, n. 1, mar. 2006 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-93322006000100003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 22 abr. 2010. ALVES, A. B.; BRAGAGNOLO, N. Determinação simultânea de teobromina, teofilina e cafeína em chás por cromatografia líquida de alta eficiência. Rev. Bras. Ciên, Farm., Campinas, v.38, n. 2, abr. 2002. Disponível em: http://www.cban.com.br/pdfs/teobromina.pdf. Acesso: 17 maio 2010. ANDRADE, J.B. et al. Determinação de cafeína em bebidas através de cromotografia líquida de alta eficiência (CLAE). Rev. Quím. Nova, Salvador. V.18, n. 4, 2005. Disponível em: http://quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/1995/vol18n4/v18_n4_10.pdf. Acesso 30 abr 2010. Acesso em 30 abr. 2010. ANDRADE, F, M. Avaliação de biomassa, clorofila, cafeína e taninos em Ilex Paraguariensis Saint-Hilaire, crescendo sob sombreamento e pleno sol. 2004, 95 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2004. Disponível em: http://www.floresta.ufpr.br/pos-graduacao/defesas/pdf_ms/2004/d382_0505-M.pdf. Acesso em 13 abr. 2010. BRASIL. Decreto n° 6871 de 04 de junho de 2009. Regulamento estabelece as normas gerais sobre registro, padronização, classificação e, ainda, inspeção e fiscalização da produção e do comércio de bebidas. Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento. Diário Oficial da União, Brasília, 2009. Disponível em: http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=20271. Acesso em 05 ago. 2009. BRASIL. Resolução RDC nº 273, de 22 de setembro de 2005. Regulamento técnico para misturas para o preparo de alimentos prontos para o consumo. Agência

47

Nacional de Vigilância Sanitária. Diário Oficial da União, Brasília, 2005. Disponível em: http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=18832&word=. Acesso em 10 maio 2010. BRENELLI, E. C. S.: Extração em bebidas estimulantes – uma nova abordagem para um experimento clássico em química orgânica. Rev. Quím. Nova, Niterói, n. 1, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/qn/v26n1/14313.pdf. Acesso em: 15 jun. 2009. CARVALHO, J, M. et al. Perfil dos principais componentes em bebidas energéticas: cafeína, taurina, guaraná e glucoronolactona. Rev. Inst. Adolfo Lutz, Ceará, v. 65, n. 2.ago/nov. 2006. CHAVES, J. C. D. et al. Estimativa do teor de cafeína nas sementes de café baseada na sua concentração nas folhas de mudas e de plantas adultas. Rev. Acta Scientiarum Agronomy, Maringá, v. 26, n. 3, 2004. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciAgron/article/viewArticle/1819. Acesso em 30 abr. 2010. DALL’AGNOL, T, M. Efeitos fisiológicos agudos da associação de taurina e cafeína contida em uma bebida energética em indivíduos fisicamente ativos. 2006, 98 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2006. FELIPE, L. Avaliação do efeito da cafeína no teste vestibular. Rev. Bras. Otorrinolaringologia, Minas Gerais, n.6, nov/dez. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/rboto/v71n6/a12v71n6.pdf Acesso em 15 jun. 2009. FERREIRA, G. M. H. Ação da cafeína sobre o rendimento esportivo de ciclista em condições de calor e umidade. 2004.109 f. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2004. Disponível em: http://en.scientificcommons.org/26271120. Acesso em 30 abr. 2010. FERREIRA, S. E.; MELLO, M. T.; FORMIGONI, M. O. S. O efeito das bebidas alcoólicas pode ser afetado pela combinação com bebidas energéticas? Um estudo com usuários. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 50, n. 1, 2004 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302004000100034&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 22 abr. 2010. FERNANDES, G. Extração e purificação de cafeína da casca da café. 2007. 126 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2007. Disponível em:

48

http://www.bdtd.ufu.br/tde_arquivos/12/TDE-2007-04-24T083940Z-526/Publico/GFernandesDISSPRT.pdf. Acesso 30 abr. 2010. GUTTIERRES, A. P. M. et al . Efeito ergogênico de uma bebida esportiva cafeinada sobre a performance em testes de habilidades específicas do futebol. Rev. Bras. Med Esporte, Niterói, v. 15, n. 6, dez. 2009 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922009000700010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 23 abr. 2010. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. São Paulo, 2008. Disponível: http://www.ial.sp.gov.br/index.php?option=com_remository&Itemid=0&func=select&orderby=1. Acesso em 04 ago. 2009. KATZUNG, B. G. Farmacologia básica e clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. KOPCAK, U. Extração de cafeína das sementes da planta guaraná (Paullinia cupana) com dióxido de carbono supercrítico e co-solventes. 2003, 122 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. Disponível em: http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000343274. Acesso 30 abr. 2010. LEITE, C. L. Aceitação e preferência por cafés submetidos a diferentes métodos de extração de cafeína. 2009, 121f. Dissertação (Pós graduação em Nutrição em Saúde Pública) Faculdade de Saúde Pública, São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-08012010-132422. Acesso em 30 abr. 2010. MARIA, C. A. B. ; MOREIRA, R. F. A. Cafeína: revisão sobre método de análise. Rev. Quim. Nova, v. 30, n. 1, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422007000100021&script=sci_arttext&tlng=en%5D. Acesso em: 15 jun. 2009. MELLO, D. et al. A cafeína e seu efeito ergogênico. Revista Brasileira de nutrição esportiva. São Paulo, v. 1, n. 2, mar/nov. 2007. Disponível em: http://ibpefex.com.br/site/images/stories/NE_02_MAR_ABR_2007_pdf/NE_14_N2V1_30_37.pdf. Acesso em 20 ago. 2009. OGA, Seizi. Fundamentos de toxicologia. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2008.

49

PACHECO, A. H. R. N. et al . Consumo de cafeína por grávidas usuárias de uma Unidade Básica de Saúde no município do Rio de Janeiro. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v. 30, n. 5, maio 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032008000500005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso 22 abr. 2010.

PADILHA, C. Os efeitos do consumo habitual de cafeína sobre desempenho de endurance, freqüência cardíaca, pressão arterial e composição corporal de indivíduos do sexo masculino de 18 a 30 anos. 2003, 37 f. Monografia (Conclusão do Curso de Educação Física) Universidade Comunitária Regional de Chapecó, Chapecó, 2003. PARO, A. H. et al . Exposição repetida à cafeína aumenta a atividade locomotora induzida pelo femproporex em ratos adolescentes e adultos. Rev. Bras. Cienc. Farm., São Paulo, v. 44, n. 3, set. 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-93322008000300011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 22 abr. 2010. RANG, H. P. et al. Farmacologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. SOARES, A. I. S. M. FONSECA, B. M. R. F. Cafeína. [S.l], 2005. Disponível: http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0405/Cafeina/cafeina.pdf. Acesso em: 15 jun. 2009. VENTURINI FILHO, W. G. Tecnologia de bebidas: matéria-prima, processamento, BPF/APPCC, legislação e mercado. 1. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. VILELA, D. A. et al. Análise da ausência do teor de cafeína na rotulagem dos cafés comercializados. Rev. Bras. de obesidade, nutrição e emagrecimento, São Paulo, v. n. 5, set. 2007. Disponível em: http://ibpefex.com.br/site/images/stories/ONE_05_SET_OUT_2007_pdf/ONE_50_N5V1_92_105.pdf. Acesso: 17 maio 2010.

50

8 ANEXO 1

O gráfico 01 demonstra a curva padrão da cafeína seno o com coeficiente de

correlação o R2 = 0,9986.

y = 0,093x + 0,0059

Sendo:

x: quantidade de cafeína na amostra (mg de cafeína/ mL de clorofórmio)

y: absorbâncias

Curva Cafeína y = 0,093x + 0,0059R2 = 0,9986

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0 1 2 3 4 5 6 7

cafeína em mg/100 mL

Ab

sorb

ânci

as (

276

mn

)

y

Linear (y)

Linear (y)

Gráfico 3: Curva padrão para determinação de cafeína utilizando clorofórmio como agente extrator.