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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM ONÃ DA SILVA APOLINÁRIO AS ONDAS REVITALIZADORAS DA CRIATIVIDADE NO ENSINO SUPERIOR DE ENFERMAGEM - ESTUDO COMPARATIVO E MULTIFATORIAL DO PERFIL CRIATIVO DOS ATORES EDUCACIONAIS BRASÍLIA 2015

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  • UNIVERSIDADE DE BRASLIA

    FACULDADE DE CINCIAS DA SADE

    DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEM

    ON DA SILVA APOLINRIO

    AS ONDAS REVITALIZADORAS DA CRIATIVIDADE NO ENSINO

    SUPERIOR DE ENFERMAGEM - ESTUDO COMPARATIVO E

    MULTIFATORIAL DO PERFIL CRIATIVO DOS ATORES

    EDUCACIONAIS

    BRASLIA

    2015

  • UNIVERSIDADE DE BRASLIA

    FACULDADE DE CINCIAS DA SADE

    DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEM

    ON DA SILVA APOLINRIO

    AS ONDAS REVITALIZADORAS DA CRIATIVIDADE NO ENSINO

    SUPERIOR DE ENFERMAGEM - ESTUDO COMPARATIVO E

    MULTIFATORIAL DO PERFIL CRIATIVO DOS ATORES

    EDUCACIONAIS

    Tese apresentada como requisito

    parcial para a obteno do Ttulo

    de Doutor em Enfermagem pelo

    Programa de Ps-Graduao em

    Enfermagem da Universidade de

    Braslia.

    rea de Concentrao: Poltica,

    Prticas e Cuidado em Sade e

    Enfermagem.

    Linha de Pesquisa: Gesto da

    Ateno a Sade e Organizao

    dos Servios em Sade.

    Orientador: Prof. Dr. Elioenai Dornelles Alves

    Coorientadora: Prof. Dr. Maria Cristina Soares Rodrigues

    BRASLIA

    2015

  • ON DA SILVA APOLINRIO

    AS ONDAS REVITALIZADORAS DA CRIATIVIDADE NO ENSINO

    SUPERIOR DE ENFERMAGEM - ESTUDO COMPARATIVO E

    MULTIFATORIAL DO PERFIL CRIATIVO DOS ATORES

    EDUCACIONAIS

    Tese apresentada como requisito parcial

    para a obteno do ttulo de Doutor em

    Enfermagem pelo Programa de Ps-

    Graduao em Enfermagem da

    Universidade de Braslia.

    Aprovado em 30 de maro de 2015

    BANCA EXAMINADORA

    ______________________________________________________

    Prof. Dr. Elioenai Dornelles Alves Universidade de Braslia/UnB

    Presidente

    ______________________________________________________

    Prof. Dr. Moema da Silva Borges Universidade de Braslia/UnB

    Membro

    __________________________________________________________________________

    Prof. Dr. Nbia Maria Almeida Figueiredo Escola de Enfermagem Alfredo Pinto/Unirio

    Membro

    _______________________________________________________________

    Prof. Dr. Antnio Villar Marques de S Universidade de Braslia/UnB

    Membro

    _____________________________________________________________________

    Prof. Dr. Otlia Maria Alves da Nbrega Alberto Dantas Universidade de Braslia/UnB

    Membro

    _______________________________________________________________

    Prof. Dr. Paula Eliane Diniz dos Reis Universidade de Braslia/UnB

    Suplente

  • minha famlia- enfermagem que:

    Cuida continuamente: pela manh, tarde, noite;

    Cuida em todas as estaes do ano: vero, inverno, outono e primavera;

    Cuida de bebs, crianas, adolescentes, jovens, adultos e idosos;

    Cuida antes da concepo, e da vida intrauterina at o ps-mortem;

    Cuida sem discriminar: sexo, raa, idade, convico poltica, escolaridade;

    Cuida de pessoas, famlias e comunidades;

    Cuida nos cenrios diversos de ateno sade: hospitais, ruas, escolas...;

    Cuida usando emoes e sentimentos: choro, risos, toques, olhares...;

    Cuida na dor e na alegria, fazendo a arte sensvel, do amor e da flor;

    Cuida sem parar, de forma dinmica, nas ondas revitalizadoras do cuidado.

    Dedico aos meus irmos e minha gente da enfermagem.

    Aos atores da grandiosa arte a arte do cuidar minha homenagem e

    dedicatria.

    Sempre!

    ..

  • AGRADECIMENTOS

    Gratido foi a palavra geradora e inspiradora para escrever esta mensagem.

    Gratido ao Grande Poeta meu Deus que a fonte inspiradora do cuidado que pesquiso,

    escrevo e realizo dentro das ondas revitalizadoras da criatividade.

    Gratido minha famlia, o bero da minha existncia, origem que me possibilitou

    desenvolver os recursos prvios para o meu potencial criativo em prol da arte da enfermagem.

    Lembranas do meu pai, que no final de 2014 recebeu o meu ltimo abrao. O trmino desta

    Tese foi realizado em momento de luto, saudade, dor da separao e reflexo sobre o cuidado.

    Gratido sem fim minha famlia, lugar da minha vivncia e experincias ao meu esposo

    Maurcio Apolinrio e ao meu lindo filho de cachos de ouro Ncolas Augusto, o Anjinho

    Minho... que me ajudaram sobremaneira alcanar esta conquista de doutoramento. Quantas

    vezes eu queria silncio para trabalhar na Tese, mas o meu filho queria assistir o Chapolin

    Colorado e, como este personagem eu me perguntava: E agora quem poder me defender?

    Gratido ao meu esposo pelas incontveis revises gramaticais realizadas no trabalho.

    Gratido pela vivncia, convivncia e troca de saberes oriundos da minha trajetria estudantil

    da educao bsica ao doutorado junto aos meus pares e professores, em processo de

    ensinar-aprender contnuo, significativo e em ondas revitalizadoras.

    Gratido hoje e sempre aos professores e colegas do Programa de Ps-Graduao em

    Enfermagem/PPGEnf-UnB pela experincia relacional e aprendizagem mtua, na roda da

    dialogicidade plural.

    Gratido especial ao amigo e incentivador. Refiro-me ao Professor Doutor Elioenai Dornelles

    Alves, exemplo de mestre e educador singular que tem contribudo notadamente em prol de

    avanos educacionais e pesquisa cincia da enfermagem.

    Gratido especial tambm a amiga-professora Dr. Maria Cristina Soares Rodrigues, docente

    valiosa e que engrandece a profisso do cuidar, pela seriedade e compromisso no exerccio

    profissional.

    Gratido aos Professores Doutores, partcipes das Bancas de Qualificao e de Defesa da Tese

    contribuindo cincia do cuidar, por meio da criatividade e ludicidade no ensino superior.

    Gratido aos Cenrios de Pesquisa pela autorizao e a possibilidade de operacionalizar a

    importante fase de coleta de dados, em prol da inteireza do trabalho delineado.

    Gratido aos participantes da pesquisa que compuseram os quatro grupos distintos, pela

    grande contribuio cincia e temtica, possibilitando identificar o perfil criativo dos

    atores educacionais dos Cenrios de Pesquisa selecionados.

    Gratido aos funcionrios do Programa de Ps-Graduao em Enfermagem/PPGEnf-UnB,

    Programa de Graduao em Enfermagem/PGEnf/UnB e do Centro Universitrio-UDF que se

    colocaram disposio para atender as minhas constantes solicitaes referentes pesquisa.

  • Gratido aos espaos e canais cientficos que esto abertos para eu desenvolver os estudos e

    os projetos de pesquisa na temtica de criatividade e ludicidade, quais sejam os Grupos de

    Pesquisa cadastrados no CNPq: Criatividade, Ensino, Pensamento e Personalidade Criativos,

    Processos criativos, Promoo da Sade e Ldico; e Aprendizagem Ldica: Pesquisas e

    Intervenes em Educao e Desporto.

    mais que agradecimento porque so muitas as pessoas partcipes comigo na realizao deste

    trabalho em prol do conhecimento esttico da enfermagem.

    Gratido um bem valioso que guardarei de todas as pessoas e parceiros que caminharam

    comigo neste processo de doutoramento.

    gratido porque todas estas palavras no ficaro apenas nesta folha pr-textual, mas ficaro

    guardadas em local especial e significativo, no lcus que emergem a arte do cuidar e, rima

    com gratido: o corao.

  • AGRADECIMENTO POTICO AO ORIENTADOR

    PoesiAHA!

    1 Ao enfermeiro-criativo

    Autora: On Silva

    Para: Prof. Dr. Elioenai Dornelles Alves2

    Analisando a enfermagem e o cientifismo

    Surgiu entre um seleto grupo de atores

    Algum que pretendia romper o tecnicismo

    De modo inovador, dizendo sobre cuidado e flores

    Estimulando a reflexo do povo enfermeiro

    A metfora potica a este docente: jardineiro.

    E ele comeou a semear a inovao

    Mostrando outro olhar na profisso

    Investindo no campo da docncia

    Um novo estilo de aprendncia:

    Divulgando sade e sua promoo

    Falando do ser e da sua essncia.

    Cuidar em sade, no apenas a prtica

    A justificativa dele sempre muito enftica

    Nas suas falas o enfoque interdisciplinar

    Para romper o paradigma hospitalar.

    O cuidado humano para ele vivo

    Usa tecnologia leve, a sensibilidade,

    Quem enfermeiro sujeito ativo

    Planta inovao no campo da enfermagem.

    E muitos so os trabalhos de sua autoria

    Cuidado humano traduzido em inovao

    Seu potencial trouxe enfermagem: alegria

    Pelos girassis plantados nos campos da profisso.

    Poesiaha!

    sua vida e experincia:

    Ele tem

    Criatividade na docncia

    Ele pro-

    Move aprendncia

    Ele

    Jardineiro por excelncia

    Dr. Elioenai

    Criativo na essncia!

    1 AHA! Termo usado pelo terico Csikszentmihalyi para referir ao momento mgico da inspirao criativa.

    ---------------------------------------------------------------------------------- 2 Este poema dedicado ao Dr. Elioenai Dornelles Alves uma forma de agradecer e reconhecer o trabalho desenvolvido pelo

    mesmo que estimulou a mim e a tantos outros a semear e promover aes criativas no cuidado de enfermagem.

  • AGRADECIMENTO POTICO COORIENTADORA

    Autora: On Silva

    Para: Prof Dr Maria Cristina Soares Rodrigues

    Eu poderia homenage-la em prosa

    Mas em verso foi a minha inspirao

    Sou poetisa que se revitaliza nas ondas

    Nestas fontes que originam a emoo.

    Agradeo-lhe pelos momentos de saber

    Construindo um referencial esttico

    Porque a enfermagem uma linda arte

    No pode se reduzir ao fazer tcnico.

    Nos encontros de saber partilhados

    De arte, de criao e re(criao),

    O objeto do estudo foi nosso foco

    Em prol da cincia em construo.

    Delineamos todo o estado da arte

    Em prol da arte da enfermagem

    Desde o prlogo introduo

    E dos objetivos at a concluso.

    Conversamos sobre os tericos

    Sobre conceitos e fundamentos

    Partilhamos as coisas da vida

    Como saber, estes momentos.

    Refletimos sobre o ensino

    Da nossa profisso do cuidar

    Nesta temtica ns discutimos

    Sobre o aprender e o ensinar.

    Como a aprendizagem mtua

    Contigo aprendi neste caminho

    Nesta Tese que ns construmos:

    Registro minha gratido e carinho.

  • Na escola dos cata-ventos tem muita ao, cores, movimentos...

    O professor facilita o processo e entra plenamente na construo de cata-ventos. Ele ensina e

    aprende de forma ldica onde encontrar as melhores fontes do saber.

    O estudante tambm tem um lugar importante na construo de cata-ventos: ele aprende

    brincando e divertindo encontra as melhores fontes do saber. On Silva A Poetisa do Cuidar

    (Epgrafe extrada do poema A pedagogia dos cata-ventos e as ondas revitalizadoras da criatividade)

  • RESUMO

    OSA (Silva, On). As ondas revitalizadoras da criatividade no ensino superior de

    Enfermagem - estudo comparativo e multifatorial do perfil criativo dos atores

    educacionais. 2015. 296. Tese (Doutorado) Departamento de Enfermagem, Faculdade de

    Cincias da Sade, Universidade de Braslia, Braslia, 2015.

    Introduo Investigaes relacionadas cultura dos cuidados precisam colocar a

    criatividade no temrio cientfico. Na cincia da enfermagem existem poucos estudos na

    temtica devido nfase investigativa clnico-tecnicista. Objetivo geral Caracterizar a

    fisionomia expressivo-criativa na formao de enfermeiros em dois Cursos de Graduao do

    Distrito Federal-Brasil, sendo um pblico e outro particular, e a relao com a produo do

    cuidado integral, mediada por Teorias da criatividade e do Ser Humano Unitrio. Mtodo

    Estudo exploratrio, descritivo e analtico, de natureza quali-quantitativa. Definiu-se a

    questo norteadora: na opinio de professores e alunos, em que extenso o Curso de

    Graduao em Enfermagem favorece o desenvolvimento e a expresso da criatividade dos

    atores educacionais, considerando o enfoque multifatorial: atuao docente, nvel de

    criatividade e barreiras? Referente ao enquadramento conceitual, baseou-se na Cincia do Ser

    Humano Unitrio, Teoria Geral para o Desenvolvimento da Produtividade Criativa em

    Jovens, Teoria Sistmica da Criatividade. O perodo de coleta de dados ocorreu de agosto de

    2013 a maio de 2014. Os cenrios da pesquisa foram representados por dois Cursos de

    Graduao de Enfermagem, um particular (Cenrio 1) e outro pblico (Cenrio 2), localizados

    em Braslia-DF. Participaram do estudo 277 pessoas: Cenrio 1, Grupo Alegrar (A) com 18

    docentes e Grupo Brincar (B) com 136 estudantes; Cenrio 2, Grupo Colorir (C) com oito

    docentes e Grupo Divertir (D) com 115 estudantes. Coletaram-se os dados utilizando

    Cadernos de Pesquisa especficos: Grupo A (azul), Grupo B (verde), Grupo C (amarelo),

    Grupo D (lils). Utilizaram-se os instrumentos de pesquisa: Questionrio de Avaliao de

    Procedimentos Docentes, Escala de Avaliao do Nvel de Criatividade e Inventrio de

    Barreiras Criatividade Pessoal, Quadro de caractersticas criativas, trs perguntas abertas e

    dados complementares. Realizaram-se anlises estatsticas aos dados quantitativos de

    frequncia absoluta e percentual, mdia, desvio padro, teste t de Student, Anlise de

    Varincia; anlise temtica de contedo e o NVivo aos dados qualitativos. Resultados

  • relativo ao Questionrio de Avaliao de Procedimentos Docentes, a amostra geral docente

    concordou que o prprio desempenho favorece o desenvolvimento da criatividade; porm, a

    amostra discente duvidou ou discordou (p-valor=0,00). Relativo Escala de Avaliao do

    Nvel de Criatividade, no constatou diferena significativa entre as amostras docentes e

    discentes (p-valor=0,17), da percepo de nvel de criativo, considerando autoavaliao,

    avaliao professores-alunos e avaliao interpares. As caractersticas do perfil criativo

    amostral destacadas foram curiosidade, espontaneidade, coragem e persistncia. Resultados

    do Inventrio de Barreiras Criatividade Pessoal sobre os aspectos que afetam a criatividade

    foram significativos s amostras: Fator 1(Inibio/Timidez), Fator 3(Represso Social), Fator

    4 (Falta de Motivao), excetuando o Fator 2 (Falta de Tempo/Oportunidade). As trs

    perguntas abertas, submetidas anlise temtica de contedo, resultaram em Quadros

    Matriciais, Categorias, Unidades Temticas e Unidades de Registro. Utilizou-se o software

    NVivo para sistematizar o resultado final, com ilustrao de Cata-ventos de Palavras mais

    frequentes. Concluso: a criatividade elemento da essncia humana importante no contexto

    educativo. O ensino de enfermagem pode promover a expresso criativa docente-discente

    emergindo caractersticas da complexidade como o pensamento independente, divergente,

    flexvel, intuio, outras, desenvolvendo potencialidades necessrias ao cuidado inovador e

    criativo.

    Descritores: Enfermagem; Educao Superior; Criatividade; Pesquisa em Enfermagem;

    Teoria de enfermagem.

  • ABSTRACT

    OSA (Silva, On). The revitalizing waves of creativity in higher education of nursing

    comparative and multifactorial study of the creative profile of educational actors. 2015.

    296. Thesis (Doctorate) Nursing Department, Faculty of Health Sciences, University of

    Braslia, Braslia, 2015.

    Introduction Investigations related to the caring culture need to put the creativity in the

    scientific agenda. In the science of nursing, there are few studies on the theme due to clinical-

    technical investigative emphasis. General objective Characterize the creative-expressive

    physiognomy nursing formation in two undergraduate courses of the Federal District-Brazil,

    being one private and the other public, and the relation with the production of integral care,

    mediated by theories of creativity and Unitary Human Being. Method - Exploratory study,

    descriptive and analytical, quali-quantitative in nature. It was defined the guiding question: in

    the opinion of teachers and students in what extent the nursing undergraduate program

    encourages the development and expression of creativity of educational actors, considering

    the multifactorial approach: teaching performance level of creativity and barriers? Concerning

    the conceptual framework was based on the science of the Unitary Human Being, General

    Theory for the Development of Creative Productivity in Young People, Systemic Theory of

    Creativity. The data collection period occurred from August 2013 to May 2014. The search

    scenarios were represented by two Nursing Undergraduate Programs, one private (Scenario 1)

    and the other public (Scenario 2), located in Braslia- Federal District. 277 people participated

    in the study: Scenario 1, Alegrar Group (A) with 18 teachers and Brincar Group (B) with 136

    students; Scenario 2, Colorir Group (C) with 8 teachers and Divertir Group (D) with 115

    students. Specific Research Notebooks were used to collect data: Group A (blue), Group B

    (green), Group C (yellow), Group D (lilac). Research tools were used: Survey Assessment of

    Faculty Procedures, Scale Evaluation of Creativity Level and Inventory Barriers to Personal

    Creativity, Table of creative features, three open questions and additional data. Statistical

    analyzes of quantitative data of absolute frequency and percentages were performed, average,

    standard deviation, Students t test, Variance Analysis; thematic analysis of content and the

    NVivo qualitative data. Results Related to the Survey Assessment of Faculty Procedures,

    the faculty general sample agreed that the performance itself favors the development of

    creativity, however the student sample doubted or disagreed (p-value=0,00). Related to the

  • Scale Evaluation of Creativity Level no significant difference between the facultys and

    students samples was verified (p-value=0,17), from the perception of creative level,

    considering self-evaluation, teacher-student evaluation and peer evaluation. The

    characteristics of creative sampling profile highlighted were curiosity, spontaneity, courage

    and persistence. Results from Inventory Barriers to Personal Creativity about the aspects that

    affect the creativity were significant samples: Factor 2 (Inhibition/Shyness), Factor 3 (Social

    Repression), Factor 4 (Lack of Motivation), except the Factor 2 (Lack of Time/Opportunity).

    The three open questions submitted to thematic content analysis, resulted in Matrix Frames,

    Categories, Thematic Units and Registration Units. The software NVivo was used to

    systemize the final result, with the illustration of the most frequent Words Pinwheel.

    Conclusion: creativity is the element of the human essence important in educational context.

    Nursing education can promote creative expression teacher-student aiming to emerge

    characteristics of complexity independent thinking, divergent and flexible, intuition, others

    developing the necessary capabilities to the innovative and creative caring.

    Descriptors: Nursing; Education Higher; Creativity; Nursing Research; Nursing Theory.

  • RESUMEN

    OSA (Silva, On). Las olas revitalizadoras de la creatividad en la educacin superior de

    Enfermera - estudio comparativo y multifactorial del perfil creativo de los actores

    educacionales. 2015. 296. Tesis (Doctorado) Departamento de Enfermera, Facultad de

    Ciencias de la Salud, Universidad de Brasilia, Brasilia, 2015.

    Introduccin Investigaciones relacionadas a la cultura de los cuidados necesitan colocar la

    creatividad en el temario cientfico. En la ciencia de la enfermera hay pocos estudios en la

    temtica debido a la nfasis investigativa clnico-tecnicista. Objetivo general Caracterizar la

    fisonoma expresivo-creativa en la formacin de enfermeros en dos Cursos de Graduacin del

    Distrito Federal, siendo uno pblico y otro particular, y la relacin con la produccin del

    cuidado integral, mediada por Teoras de la Creatividad y del Ser Humano Unitario. Mtodo

    Estudio exploratorio, descriptivo y analtico, de naturaleza cuali-cuantitativa. Fue definida

    la cuestin norteadora: en la opinin de profesores y alumnos, en qu extensin el Curso de

    Graduacin en Enfermera favorece el desarrollo y la expresin de la creatividad de los

    actores educacionales, considerando el enfoque multifactorial: actuacin docente, nivel de

    creatividad y barreras? Referente al encuadramiento conceptual fue basado en la Ciencia del

    Ser Humano Unitario, Teora General para el Desarrollo de la Productividad Creativa en

    Jvenes, Teora Sistmica de la Creatividad. El periodo de colecta de datos ocurri de agosto

    de 2013 a mayo de 2014. Los escenarios de la investigacin fueron representados por dos

    Cursos de Graduacin de Enfermera, uno particular (Escenario 1) y otro pblico (Escenario

    2), ubicados en Brasilia-DF. Participaron del estudio 277 personas: Escenario 1, Grupo

    Alegrar (A) con 18 docentes y Grupo Jugar (B) con 136 estudiantes; Escenario 2, Grupo

    Colorir (C) con 8 docentes y Grupo Divertir (D) con 115 estudiantes. Fueron colectados los

    datos utilizando Cuadernos de Investigacin especficos: Grupo A (azul), Grupo B (verde),

    Grupo C (amarillo), Grupo D (lila). Fueron utilizados los instrumentos de investigacin:

    Cuestionario de Evaluacin de Procedimientos Docentes, Escala de Evaluacin del Nivel de

    Creatividad e Inventario de Barreras a la Creatividad Personal, Cuadro de caractersticas

    creativas, tres preguntas abiertas y datos complementares. Fueron realizadas anlisis

    estadsticas a los datos cuantitativos de frecuencia absoluta y porcentual, media, desviacin

    estndar, teste t de Student, Anlisis de varianza; anlisis temtica de contenido y el NVivo a

    los datos cualitativos. Resultados relativo al Cuestionario de Evaluacin de Procedimientos

    Docentes, la muestra general docente concord que el propio desempeo favorece el

  • desarrollo de la creatividad; sin embargo la muestra discente dud o discord (p-valor=0,00).

    Relativo a la Escala de Evaluacin del Nivel de Creatividad no constat diferencia

    significativa entre las muestras docentes y discentes (p-valor=0,17), de la percepcin de nivel

    de creativo, considerando autoevaluacin, evaluacin profesores-alumnos y evaluacin por

    pares. Las caractersticas del perfil creativo muestral destacadas fueron curiosidad,

    espontaneidad, coraje y persistencia. Resultados del Inventario de Barreras a la Creatividad

    Personal sobre aspectos que afectan la creatividad fueron significativos a las muestras: Factor

    1(Inhibicin/Timidez), Factor 3(Represin Social), Factor 4(Falta de Motivacin),

    exceptuando el Factor 2 (Falta de Tiempo/Oportunidad). Las tres preguntas abiertas,

    sometidas a anlisis temtico de contenido, resultaron en Cuadros Matriciales, Categoras,

    Unidades Temticas y Unidades de Registro. Fue utilizado el software NVivo para

    sistematizar el resultado final, con ilustracin de Cata-vientos de Palabras ms frecuentes.

    Conclusin: la creatividad es elemento de la esencia humana importante en el contexto

    educativo. La enseanza de enfermera puede promover la expresin creativa docente-

    discente visando emerger caractersticas de la complexidad - pensamiento independiente,

    divergente y flexible, intuicin, otras - desarrollando potencialidades necesarias al cuidado

    innovador y creativo.

    Descriptores: Enfermera; Educacin Superior; Creatividad; Investigacin en Enfermera;

    Teora de Enfermera.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Dramatizao Sade Pblica e Polticas Pblicas de Sade ........................ 30

    Figura 2 Pea Teatral: Tum-Tr. Tema: Sistema nico de Sade ............................. 31

    Figura 3 Pea Teatral: Ah! Se todos fossem iguais a voc. Tema: Histria dos 70

    anos da Aben ................................................................................................ 32

    Figura 4 Cenas referentes ao romance Miri, uma Enfermeira Bambamb ............... 34

    Figura 5 Cenas do Espao Criatividade, 63 CBEn, Alagoas-Macei, 2011 ............ 35

    Figura 6 Cenas referentes ao livro Histrias da Enfermagem no Universo do

    Cordel ........................................................................................................... 36

    Figura 7 Prmios Cepen 2012 e 2013, Associao Brasileira de Enfermagem-Seo

    DF ................................................................................................................. 36

    Figura 8 Comenda Gonalves Dias e Posse ALANEG .............................................. 37

    Figura 9 A autora e sua colcha de memrias criativas ............................................... 39

    Figura 10 Representao esquemtica da Cincia do Ser Humano Unitrio, Rogers,

    1970 .............................................................................................................. 53

    Figura 11 Representao esquemtica da Teoria na Perspectiva de Sistemas da

    Criatividade, Csikszentmihalyi, 1996 .......................................................... 54

    Figura 12 Representao esquemtica da Teoria Geral para o Desenvolvimento da

    Produtividade Criativa em Jovens, Renzulli, 1992 ...................................... 55

    Figura 13 Representao do Cata-Vento para ilustrar os Cenrios, Grupos de Pesquisa

    e as cores ...................................................................................................... 74

    Figura 14 Cadernos de pesquisa contendo os instrumentos referentes ao Cenrio de

    Pesquisa 1 e os Grupos (A- Alegrar e B- Brincar) ...................................... 75

    Figura 15 Cadernos de pesquisa contendo os instrumentos referentes ao Cenrio de

    Pesquisa 2 e os Grupos (C- Colorir e D- Divertir) ...................................... 75

    Figura 16 Distribuio da frequncia percentual da avaliao de procedimentos

    docentes Grupo Alegrar-A, do Curso de Graduao em Enfermagem,

    Braslia-DF, 2014 ......................................................................................... 87

    Figura 17 Distribuio da frequncia percentual da avaliao de procedimentos

    docentes Grupo Brincar-B, do Curso de Graduao em Enfermagem,

    Braslia, DF, 2014 ........................................................................................ 88

    Figura 18 Distribuio da frequncia percentual da avaliao de procedimentos

    docentes Grupo Colorir-C, do Curso de Graduao em Enfermagem,

    Braslia, DF, 2014 ........................................................................................ 89

    Figura 19 Distribuio da frequncia percentual da avaliao de procedimentos

    docentes Grupo Divertir-D, do Curso de Graduao em Enfermagem,

    Braslia, DF, 2014 ........................................................................................ 90

    Figura 20 Distribuio das mdias calculadas para todos os itens do Questionrio de

    Avaliao de Procedimentos Docentes, referentes aos Grupos A, B, C e D,

    Braslia, DF, 2014 ....................................................................................... 91

  • Figura 21 Lista de caractersticas do perfil criativo para os Grupos A, B, C e D dos

    Cursos de Graduao em Enfermagem ....................................................... 96

    Figura 22 Caractersticas do perfil criativo, segundo os respondentes dos Grupos A, B,

    C e D, dos Cursos de Graduao em Enfermagem, Braslia, DF, Brasil,

    2014 ............................................................................................................ 98

    Figura 23 Mdias do Fator 1- Inibio/Timidez, segundo os respondentes dos Grupos

    A, B, C e D, dos Cursos de Graduao em Enfermagem, Braslia,

    DF, Brasil, 2014 ........................................................................................ 100

    Figura 24 Mdias do Fator 2- Falta de Tempo/Oportunidade, segundo os respondentes

    dos Grupos A, B, C e D, dos Cursos de Graduao em Enfermagem,

    Braslia, DF, Brasil, 2014 .......................................................................... 100

    Figura 25 Mdias do Fator 3- Represso Social, segundo os respondentes dos Grupos

    A, B, C e D, dos Cursos de Graduao em Enfermagem, Braslia, DF,

    Brasil, 2014 ................................................................................................ 101

    Figura 26 Mdias do Fator 4- Falta de Motivao, segundo os respondentes dos

    Grupos A, B, C e D, dos Cursos de Graduao em Enfermagem, Braslia,

    DF, Brasil, 2014 ......................................................................................... 102

    Figura 27 Total geral das Unidades Temticas e Unidades de Registro, extradas do

    material de anlise dos Grupos A, B, C e D, Cursos de Graduao em

    Enfermagem, Braslia, DF, Brasil, 2014 .................................................... 104

    Figura 28 Cata-ventos das Palavras frequentes nas Unidades de Registro, relativas

    pergunta O que criatividade na sua opinio?, segundo as respostas dos

    Grupos A, B, C e D, Cursos de Graduao em Enfermagem, Braslia, DF,

    Brasil, 2014 ............................................................................................... 105

    Figura 29 Cata-ventos das Palavras frequentes nas Unidades de Registro, relativas

    pergunta O Currculo terico e prtico do seu curso de enfermagem tem

    contemplado o desenvolvimento e expresso da criatividade?, segundo as

    respostas dos Grupos A, B, C e D, Cursos de Graduao em Enfermagem,

    Braslia, DF, Brasil, 2014 .......................................................................... 106

    Figura 30 Cata-ventos das Palavras frequentes nas Unidades de Registro referente

    pergunta A sua atuao como professor do Curso de Graduao em

    Enfermagem desta Faculdade favorece a expresso e o desenvolvimento da

    criatividade dos alunos? segundo as respostas dos Grupos A, B, C e D,

    Cursos de Graduao em Enfermagem, Braslia, DF, Brasil, 2014 ........... 107

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Resultado da estratificao inicial referente s amostras docentes e discentes

    dos Cenrios de Pesquisa 1 e 2, Cursos de Graduao em Enfermagem,

    Braslia, DF, 2014 ........................................................................................ 71

    Tabela 2 Resultado da estratificao final referente s amostras docentes e discentes

    dos Cenrios de Pesquisa 1 e 2, Cursos de Graduao em Enfermagem,

    Braslia, DF, 2014 ....................................................................................... 72

    Tabela 3 Distribuio dos Grupos A, B, C, D dos Cursos de Graduao em

    Enfermagem, segundo as variveis sexo, estado civil e faixa etria. Braslia,

    DF, Brasil, 2014 .......................................................................................... 85

    Tabela 4 Frequncia absoluta e percentual, referente 1 pergunta da Escala de

    Avaliao do Nvel de Criatividade, segundo os respondentes dos Grupos A,

    B, C, D dos Cursos de Graduao em Enfermagem, Braslia, DF, Brasil,

    2014 ............................................................................................................. 93

    Tabela 5 Frequncia absoluta e percentual, referente 2 pergunta da Escala de

    Avaliao do Nvel de Criatividade, segundo os respondentes dos Grupos A,

    B, C, D dos Cursos de Graduao em Enfermagem, Braslia, DF, Brasil,

    2014 .............................................................................................................. 94

    Tabela 6 Frequncia absoluta e percentual, referente 3 pergunta da Escala de

    Avaliao do Nvel de Criatividade, segundo os respondentes dos Grupos A,

    B, C e D, dos Cursos de Graduao em Enfermagem, Braslia, DF, Brasil,

    2014 .............................................................................................................. 95

    Tabela 7 Frequncia absoluta e percentual, referente s caractersticas do perfil

    criativo, segundo os respondentes dos Grupos A, B, C e D, dos Cursos de

    Graduao em Enfermagem, Braslia, DF, Brasil, 2014 ............................. 97

  • LISTA DE ILUSTRAES CRIADAS PARA A TESE

    Caderno Azul referente ao Grupo A (Alegrar) docentes do Cenrio

    de Pesquisa 1

    Caderno Verde referente ao Grupo B (Brincar) discentes do

    Cenrio de Pesquisa 1

    Caderno Amarelo referente ao Grupo C (Colorir) docentes do

    Cenrio de Pesquisa 2

    Caderno Lils referente ao Grupo D (Divertir) discentes do Cenrio

    de Pesquisa 2

    Cata-vento representando as ondas revitalizadoras no processo

    ensino-aprendizagem

    Cata-vento azul representando o Grupo Alegrar (A) professores do

    Cenrio de Pesquisa 1

    Cata-vento verde representando o Grupo Brincar (B) estudantes do

    Cenrio de Pesquisa 1

    Cata-vento amarelo representando o Grupo Colorir (C) professores

    do Cenrio de Pesquisa 2

    Cata-vento lils representando o Grupo Divertir (D) estudantes do

    Cenrio de Pesquisa 2

    Logomarca cata-vento criada pela autora simbolizando as ondas

    criativas

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome (em ingls)

    Sndrome da Imunodeficincia Adquirida (em portugus)

    ABEn Associao Brasileira de Enfermagem

    ABRADHENF Academia Brasileira de Histria da Enfermagem

    ALANEG Academia de Letras e Artes do Nordeste Goiano

    CBEn Congresso Brasileiro de Enfermagem

    Ce Cear

    CEPEn Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem

    CSHU Cincia do Ser Humano Unitrio

    DCN/ENF Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduao em

    Enfermagem

    DF Distrito Federal

    DP Desvio Padro

    DST Doenas Sexualmente Transmissveis

    EEAP Escola de Enfermagem Alfredo Pinto

    ENEM Exame Nacional do Ensino Mdio

    ESCS Escola Superior de Cincias da Sade

    FAC Fundo de Apoio Cultura

    FEPECS Fundao de Ensino e Pesquisa em Cincias da Sade

    Fiocruz Fundao Oswaldo Cruz

    GDF Governo do Distrito Federal

    HIV/VIH HIV (Human Immunodeficiency Virus - sigla em ingls)

    VIH(Vrus da Imunodeficincia Humana - sigla em portugus)

    MuNEAN Museu Nacional de Enfermagem Anna Nery

    NVivo Software para Anlise de Dados Qualitativos

    OMS Organizao Mundial da Sade

    OPAS Organizao Panamericana da Sade

    PPP Projeto Poltico Pedaggico

    PAS/UnB Programa de Avaliao Seriada

    PUC-GO Pontifcia Universidade Catlica - Gois

    QDA Qualitative Data Analysis

    RA Regio Administrativa

    RN Rio Grande do Norte

    RS Rio Grande do Sul

    SENADEn Seminrio Nacional de Diretrizes para a Educao em

    Enfermagem

    SP So Paulo

    SPSS Statistical Package for the Social Sciences for Windows

    SUS Sistema nico de Sade

    TA Termo de Assentimento para alunos menores de idade

    Teste t Teste t de Student para anlise de significncia entre as mdias

    TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    UCG Universidade Catlica de Gois

    UnB Universidade de Braslia

    UnBTV Canal Universitrio de Braslia

    UNIRIO Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

    UR Unidade de Registro

    UT Unidade Temtica

  • SUMRIO

    PRLOGO ............................................................................................................................. 25

    1 INTRODUO/ REVISO DA LITERATURA ............................................................ 41

    1.1 AH! CRIATIVIDADE: FONTE DE PRAZER, FELICIDADE, LUDICIDADE E

    SADE MENTAL ................................................................................................................ 41

    1.2 A PERSONALIDADE CRIATIVA, O PENSAMENTO CRIATIVO E AS

    DIMENSES DA COMPLEXIDADE ................................................................................ 42

    1.3 A IMPORTNCIA DO CONTEXTO SOCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DA

    CRIATIVIDADE ................................................................................................................. 43

    1.3.1 Barreiras oriundas do contexto sociocultural que inibem a expresso criativa 43

    1.4 A ESCOLA: AMBIENTE DE DESENVOLVIMENTO E BLOQUEIO DA

    CRIATIVIDADE .................................................................................................................. 45

    1.5 DESENVOLVIMENTO E ESTMULO CRIATIVIDADE NO CONTEXTO

    UNIVERSITRIO ................................................................................................................ 46

    1.6 A CRIATIVIDADE NO ENSINO SUPERIOR DE ENFERMAGEM E A PRODUO

    DO CUIDADO INTEGRAL ................................................................................................. 48

    1.6.1 Desenvolvimento de pesquisas e estudos sobre criatividade no ensino de

    enfermagem .................................................................................................................... 48

    1.6.2 Criatividade na reconfigurao de saberes nos processos de formao de

    enfermagem .................................................................................................................... 50

    1.7 REFERENCIAL TERICO SOBRE A CRIATIVIDADE NO PROCESSO ENSINO

    APRENDIZAGEM ............................................................................................................... 52

    1.7.1 A Cincia do Ser Humano Unitrio (CSHU ....................................................... 52

    1.7.2 A Teoria na Perspectiva de Sistemas ou Teoria Sistmica da Criatividade .... 53

    1.7.3 A Teoria Geral para o Desenvolvimento da Produtividade Criativa em Jovens 54 1.7.4 A Teoria da Complexidade ou Pensamento da Complexidade ......................... 55

    2 OBJETO DE ESTUDO ...................................................................................................... 57

    2.1 TEMA .............................................................................................................................. 57

    2.2 DELIMITAO DO TEMA .......................................................................................... 57

    2.3 PROBLEMA ................................................................................................................... 57

    2.4 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 64

    2.5 OBJETIVOS ESPECFICOS .......................................................................................... 64

  • 3 MTODO ............................................................................................................................. 66

    3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA .............................................................................. 66

    3.2 DELIMITAO DO UNIVERSO ................................................................................. 67

    3.2.1 Contexto da Pesquisa ............................................................................................ 67

    a) Critrios para a seleo das instituies .............................................................. 67

    b) Cenrio de Pesquisa 1 Curso Superior de Enfermagem Pblico ..................... 68

    c) Cenrio de Pesquisa 2 Curso Superior de Enfermagem particular .................. 69

    3.2.2 Os participantes da pesquisa ............................................................................... 70

    a) Clculo e definio das amostras docentes e discentes ...................................... 70

    b) Critrios para incluso dos participantes da pesquisa ......................................... 72

    c) Critrios para excluso dos participantes da pesquisa ........................................ 72

    3.3 INSTRUMENTOS ......................................................................................................... 74

    3.4 ANLISE DOS DADOS ............................................................................................... 77

    3.5 TICA NA PESQUISA ................................................................................................. 81

    4 RESULTADOS .................................................................................................................... 84

    5 DISCUSSO ...................................................................................................................... 110

    6 CONCLUSES .................................................................................................................. 128

    REFERNCIAS ................................................................................................................... 134

    APNDICES ......................................................................................................................... 154

    ANEXOS ............................................................................................................................... 289

  • APNDICES

    APNDICE A Caderno de Pesquisa Azul referente ao Grupo A (Alegrar) .................... 155

    APNDICE B Caderno de Pesquisa Verde referente ao Grupo B (Brincar) ..................... 164

    APNDICE C Caderno de Pesquisa Amarelo referente ao Grupo C (Colorir) ................. 174

    APNDICE D Caderno de Pesquisa Lils referente ao Grupo D (Divertir) ...................... 184

    APNDICE E TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - destinado aos docentes ........................................................................................................................... 194

    APNDICE F TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - destinado

    aos estudantes ......................................................................................................................... 196

    APNDICE G TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - destinado

    aos responsveis/representantes legais dos estudantes menores de idade .............................. 198

    APNDICE H TERMO DE ASSENTIMENTO - destinado aos estudantes menores de

    idade ...................................................................................................................................... 200

    APNDICE I Quadro matricial Categorias, temas e extratos das respostas do Grupo

    Alegrar(A), Curso de Graduao em Enfermagem, referente pergunta O que criatividade

    na sua opinio?, Braslia, DF, Brasil, 2014 .......................................................................... 202

    APNDICE J Quadro matricial Categorias, temas e extratos das respostas do Grupo Alegrar(A), Curso de Graduao em Enfermagem, referente pergunta O Currculo terico e

    prtico do seu curso de enfermagem tem contemplado o desenvolvimento e expresso da

    criatividade?, Braslia, DF, Brasil, 2014 .............................................................................. 204

    APNDICE K Quadro matricial Categorias, temas e extratos das respostas do Grupo

    Alegrar(A), Curso de Graduao em Enfermagem, referente pergunta A sua atuao como

    professor do Curso de Graduao em Enfermagem desta Faculdade favorece a expresso e o

    desenvolvimento da criatividade dos alunos?, Braslia, DF, Brasil, 2014............................ 205

    APNDICE L Quadro matricial Categorias, temas e extratos das respostas do Grupo Brincar(B), Curso de Graduao em Enfermagem, referente pergunta O que criatividade

    na sua opinio?, Braslia, DF, Brasil, 2014 .......................................................................... 207

    APNDICE M Quadro matricial Categorias, temas e extratos das respostas do Grupo

    Brincar(B), Cenrio 1- Curso de Graduao em Enfermagem, referente pergunta O

    Currculo terico e prtico do seu curso de enfermagem tem contemplado o desenvolvimento

    e expresso da criatividade?, Braslia, DF, Brasil, 2014 ..................................................... 212

    APNDICE N Quadro Matricial Categorias, temas e extratos das respostas do Grupo

    Brincar(B),Cenrio 1-Curso de Graduao em Enfermagem, referente pergunta A atuao

    dos professores do Curso de Graduao em Enfermagem desta Faculdade favorece o

    desenvolvimento e a expresso da criatividade dos alunos?, Braslia, DF, Brasil, 2014 ..... 219

    APNDICE O Quadro matricial Categorias, temas e extratos das respostas do Grupo

    Colorir(C), Cenrio 2- Curso de Graduao em Enfermagem, referente pergunta O que

    criatividade na sua opinio?, Braslia, DF, Brasil, 2014...................................................... 226

    APNDICE P Quadro matricial Categorias, temas e extratos das respostas do Grupo Colorir (C), Cenrio 2- Curso de Graduao em Enfermagem, referente pergunta "O

  • Currculo terico e prtico do seu curso de enfermagem tem contemplado o desenvolvimento

    e expresso da criatividade?, Braslia, DF, Brasil, 2014 ...................................................... 227

    APNDICE Q Quadro matricial Categorias, temas e extratos das respostas do Grupo Colorir (C), Cenrio 2- Curso de Graduao em Enfermagem, referente pergunta A sua

    atuao como professor do Curso de Graduao em Enfermagem desta Faculdade favorece a

    expresso e o desenvolvimento da criatividade dos alunos?, Braslia, DF, Brasil, 2014 ..... 228

    APNDICE R Quadro matricial Categorias, temas e extratos das respostas do Grupo

    Divertir (D), Cenrio 2- Curso de Graduao em Enfermagem, referente pergunta O que

    Criatividade na sua opinio?, Braslia, DF, Brasil, 2014 ..................................................... 229

    APNDICE S Quadro matricial Categorias, temas e extratos das respostas do Grupo

    Divertir (D), Cenrio 2- Curso de Graduao em Enfermagem, referente pergunta O

    Currculo terico e prtico do seu curso de enfermagem tem contemplado o desenvolvimento

    e expresso da criatividade?, Braslia, DF, Brasil, 2014 ..................................................... 234

    APNDICE T Quadro Matricial Categorias, temas e extratos das respostas do Grupo

    Divertir (D),Cenrio 2-Curso de Graduao em Enfermagem, referente pergunta A atuao

    dos professores do Curso de Graduao em Enfermagem desta Faculdade favorece o

    desenvolvimento e a expresso da criatividade dos alunos?,Braslia,DF, Brasil,2014 ........ 239

    APNDICE U Frequncia numrica e percentual do Fator 1- Inibio/Timidez, segundo os

    respondentes dos Grupos A, B, C e D, dos Cursos de Graduao em Enfermagem, Braslia,

    DF, Brasil, 2014 ..................................................................................................................... 244

    APNDICE V Frequncia numrica e percentual do Fator 2- Falta de

    Tempo/Oportunidade, segundo os respondentes dos Grupos A, B, C e D, dos Cursos de

    Graduao em Enfermagem, Braslia, DF, Brasil, 2014 ........................................................ 245

    APNDICE W Frequncia numrica e percentual do Fator 3- Represso Social, segundo os respondentes dos Grupos A, B, C e D, dos Cursos de Graduao em Enfermagem, Braslia,

    DF, Brasil, 2014 ..................................................................................................................... 246

    APNDICE X Frequncia numrica e percentual do Fator 4 Falta de Motivao, segundo

    os respondentes dos Grupos A, B, C e D, dos Cursos de Graduao em Enfermagem, Braslia,

    DF, Brasil, 2014 ..................................................................................................................... 247

    APNDICE Y Artigo Liricidad y toque de arte para la produccin del conocimiento esttico de enfermera una reflexin potica inspirada en la Teora de la Complejidad,

    publicado na Revista Cultura de los Cuidados ....................................................................... 248

    APNDICE Z Artigo Creativity in higher education of nursing from the theoretical

    concepts to the pedagogical effects, publicado na Revista Cultura de los Cuidados ............. 264

    APNDICE AA Artigo Modelo Criativo dos Cata-Ventos referencial para estudo da

    criatividade no ensino de enfermagem submetido publicao ............................................ 273

  • ANEXOS

    ANEXO A Parecer Consubstanciado do Comit de tica em Pesquisa ............................. 291

    ANEXO B Quadro de Dados Cadastrais, Curso de Graduao em Enfermagem, Instituio

    Pblica, Cenrio de Pesquisa 1 ............................................................................................... 293

    ANEXO C Matriz Curricular do Curso de Graduao em Enfermagem, Instituio Pblica,

    Cenrio de Pesquisa 1 ............................................................................................................. 294

    ANEXO D Quadro de Dados Cadastrais, Curso de Graduao em Enfermagem, Instituio

    Particular, Cenrio de Pesquisa 2 ........................................................................................... 295

    ANEXO E Matriz Curricular do Curso de Graduao em Enfermagem, Instituio Privada,

    Cenrio de Pesquisa 2 ............................................................................................................. 296

  • PRLOGO

    On Silva... se desvela apaixonada, motivada e (in)satisfeita com a criao educativa em

    enfermagem. Ora ela fala em homenagem, ora em denncia. Mas tambm se lembra das suas

    experincias bem vividas, comprometidas com a profisso que cuida e conforta o ser

    humano: a enfermagem

    (ALVES, 2012)1

    1 Esta citao parte integrante do texto escrito pelo Dr. Elioenai Dornelles Alves que consta na capa do livro Histrias da Enfermagem no

    Universo de Cordel, de autoria de On Silva, 2012.

  • 25

    PRLOGO

    A enfermagem nas ondas da criatividade e ludicidade: relato de experincia2

    Foi em momento potico-refletivo e ldico que este trabalho se originou. Fui inspirada

    por um lindo e mgico cata-vento colorido que me encantou e reencantou, conduzindo-me em

    ondas revitalizadoras. Assim iniciou a minha trajetria profissional pr-enfermagem criativa.

    Este prlogo apresenta um relato de experincia da minha trajetria profissional e

    como pesquisadora da temtica criatividade e ludicidade na rea de enfermagem. O relato foi

    apresentado como trabalho cientfico em Lisboa-Portugal e encontra-se, parcialmente,

    publicado como captulo de livro(1-2)

    .

    O percurso histrico da enfermagem mostra avanos importantes graas s

    personalidades que atuaram em prol da profisso, em distintos pontos geogrficos do mundo

    assim como em diversas reas de atuao. Neste caminho, os percursores contriburam para a

    enfermagem traar a sua histria utilizando as mais variadas estratgias, tecnologias e

    abordagens no que se refere promoo, preveno, reabilitao e recuperao da sade.

    A rea do saber enfermagem tem realizado aes cuidativas que solicitam

    desenvolvimento de competncias, habilidades e atitudes criativas, multidisciplinares e

    ldicas do profissional de enfermagem, contribuindo sobremaneira na produo do

    conhecimento esttico cincia ainda em processo de construo.

    No delineamento de narrar a presente experincia que apresenta uma memria do meu

    exerccio profissional, foi definido como objetivo: relatar a produo de saber esttico

    desenvolvido pela autora que utiliza recursos e expresses criativas e ldicas, no exerccio

    profissional na rea de Enfermagem, desde a dcada de 1980.

    Quanto aos aspectos metodolgicos deste relato, importante destacar que foi utilizado

    como fonte de referncia o meu acervo pessoal material de enfermagem, arte e literatura

    visto que tenho produzido conhecimento esttico h mais de duas dcadas. Foram materiais

    de pesquisa: fotos, projetos, artigos, reportagens que narram a histria da enfermagem de

    2 Este trabalho foi apresentado no I Simpsio Internacional de Histria da Enfermagem ocorrido em Lisboa, Portugal, em

    maio de 2013. Tambm encontra-se publicado como captulo, no livro Ludicidade e suas interfaces. 1 ed. Braslia-DF:

    Editora Liber Livro Ltda; 2013. p. 17-38.

  • 26

    forma criativa. Posteriormente, consegui realizar uma categorizao das estratgias criativas

    desenvolvidas, sendo encontradas: duas peas teatrais; um romance; trs artigos; um livro de

    cordel; uma exposio fotogrfica; uma dissertao; trs pardias e lbuns fotogrficos.

    Quanto ao referencial terico, tenho fundamentado o meu trabalho ldico-criativo

    naquelas teorias que permitem discutir esta cientificidade artstica da enfermagem: a Cincia

    do Ser Humano Unitrio, de autoria de Martha Rogers(3)

    ; a Teoria da Complexidade, de Edgar

    Morin(4)

    ; e a Teoria na Perspectiva de Sistemas da Criatividade, de Mihaly

    Csikszentmihalyi(5)

    .

    Relato inicial: a descoberta da criatividade na minha prpria histria de vida

    Vasculhando as minhas memrias, deparei com a minha histria tal qual uma colcha

    de retalhos feita com diversas cores, tamanhos e formatos de tecidos correspondendo s fases,

    pocas e datas que esto no meu enredo vitae, em construo, inacabado...

    E totalmente envolvida no movimento das ondas revitalizadoras percebi que, de modo

    atraente, fui sendo conduzida s minhas reminiscncias: minha histria. Encontrei-me em

    cada retrospectiva, em cada volta e em cada caminhar adiante, observando que fios, os mais

    diferentes, foram utilizados para costurar e juntar os tecidos que permitiram a composio

    integral da minha histria, at a presente data. Passado e presente diante de mim. Minha vida.

    Na tessitura do meu viver, utilizei vrios novelos de fios de acordo com as vivncias,

    experincias, andanas, insight, construes, desvelamentos, proposies, gestao de ideias e

    de filho. Ou seja, a criatividade sempre esteve dentro de mim, no meu self e tambm ao meu

    lado, como potencial de energia imensa, emergindo continuamente inclusive para o

    desenvolvimento do cuidado de enfermagem.

    Quanto formao acadmica, sou egressa do Curso de Graduao em Enfermagem,

    da Universidade Catlica de Gois (hoje, PUC-Gois). Ingressei como aluna, no ano de 1982,

    final do perodo da ditadura militar. Eu apresentava uma caracterstica similar ao novo mundo

    poltico que se iniciava aps a ditadura: guerreira. Esta caracterstica inerente fisionomia

    das pessoas criativas. Busquei, internamente, os fios de espessura mais fortes, inatos ao meu

    esprito guerreiro, capazes de superar diversos problemas. Utilizei potencialidades e talentos

    para cursar o ensino superior to sonhado. Transcendi vrios percalos na trajetria

    acadmica, impulsionada pelas caractersticas inerentes ao meu self criativo. As

  • 27

    caractersticas inerentes pessoa criativa emergiram de mim: persistncia, autoconfiana,

    autoestima, determinao, intuio e coragem(6)

    .

    Em contraposio, observava que a construo do saber, muitas vezes ficava restrita s

    literaturas indicadas nas referncias dos contedos programticos referenciais geralmente

    norte-americanos, portanto, desvinculados da realidade brasileira, o que dificultava muitas

    vezes a concretizao da prtica descrita nas fontes consultadas. No meu tempo livre que

    era nfimo dedicava-me leitura de vrias bibliografias, tanto do campo do saber da

    enfermagem, quanto de outras reas.

    O resultado de toda aquela dedicao era evidente no processo acadmico: resolvi

    estudar alm das referncias bibliogrficas indicadas e comparar os contedos entre literaturas

    distintas. Aprendi a buscar, interagir e compartilhar o saber com outras reas do

    conhecimento, incluindo a literatura e as artes cnicas, por exemplo.

    A despeito da vivncia acadmica e formao tecnicista, eu refletia sobre a

    importncia do saber saboroso que contm alegria, espontaneidade e fluncia criativa no

    processo ensino-aprendizagem. Foi assim que eu comeava a entender, de forma ampliada, o

    processo ensino-aprendizagem, na perspectiva freiriana(7-9)

    . Busquei e estudei com alegria

    algumas referncias complementares que me fizeram visualizar alm dos contedos prontos e

    massificados dentro das diversas gavetas que muitas vezes asfixia o saber curricular. E fui

    inspirada a escrever e publicar o meu primeiro livro ... Mas a alegria vem pela manh(10)

    .

    Comecei a desvelar que, alm do saber engavetado, hermtico e fragmentado, havia

    outros caminhos que poderiam auxiliar na construo do saber profissional. Tambm debaixo

    das imensas sombras dos Flamboyants, ora na Rua 70, ora na Avenida Paranaba l, eu

    chorava, ensaiava os primeiros passos de produo cientfica, escrevia poemas e refletia,

    lendo e relendo o artigo A enfermagem no ontem, no hoje e no amanh(11)

    . As intempries

    tentavam me desestabilizar, mas as seguintes palavras fortaleciam sobremaneira o meu self:

    Discutir as tendncias da prtica de enfermagem nas prximas dcadas (...) H quem diga

    que intil fazer alguma coisa porque a estrutura muito forte. Devo dizer tambm que

    intil no fazer nada(11:47)

    .

    Em julho de 1987, sentei-me pela ltima vez sombra dos flamboyants goianienses.

    Conclu o Curso de Graduao em Enfermagem. Ao receber o diploma de graduao,

  • 28

    considerei-o parte importante da minha colcha de retalhos vitae e uma onda revitalizadora

    criativa. Paralelamente, fui aprovada em concurso pblico em Braslia-Distrito Federal.

    Relatando a fase da histria da arte da enfermagem: a criatividade e as flores de ip

    Outro pedao de mim, neste memorial, refere-se ainda ao ano de 1987 que, sem

    dvida, um marco histrico na minha vida. A despeito de ser recm-formada, eu j

    planejava um futuro distinto na profisso de enfermagem. Futuro este relacionado ao meu self

    criativo.

    Definitivamente o ano de 1987 me presenteou com algumas inesquecveis conquistas

    pessoais, literrias e cientficas, que sero descritas, resumidamente, adiante. Em junho,

    aconteceu a publicao do segundo livro da minha autoria intitulado de O Sol da Justia(12)

    .

    Em julho, relembro os dias marcantes dos eventos de concluso do Curso de Graduao em

    Enfermagem. Nos meses de agosto e setembro participei de processo seletivo em Braslia-

    Distrito Federal, sendo aprovada em concurso pblico para exercer a enfermagem, logo aps a

    formatura. Quando chegou novembro, apresentei o meu primeiro trabalho cientfico no

    XXXIX Congresso Brasileiro de Enfermagem, em Salvador-Bahia(13)

    resultados que esto

    ligados pelo fio do investimento constante na seara do conhecimento, em especial do saber

    esttico.

    No final de 1987, desembarquei em Braslia-Distrito Federal, carregando um projeto

    de trajetria profissional: atuar com profissionalismo, tica, e tambm desenvolver a profisso

    de enfermagem de forma criativa no Distrito Federal(6)

    . Era um sonho e resolvi que queria ser

    uma enfermeira com atuao relacionada viso integral. E dentro desta viso estava a

    possibilidade de atuar de forma criativa e ldica em prol da sade humana.

    No Distrito Federal, dedicava-me s leituras de pesquisas, atualizao e relatos de

    experincia publicados em vrios peridicos. Procurei as sombras de flamboyants, haja vista o

    clima seco da capital federal. Mas, qual! As rvores do planalto central que encantaram os

    meus olhos poticos foram os ips roxos e os amarelos. Foi assim que os ips brasilienses me

    encantaram e tornaram-se cenrios e elementos estimuladores para o desenvolvimento do meu

    potencial criativo(6)

    e, auxiliaram-me nas narrativas da histria da enfermagem, de forma

    criativa.

  • 29

    Na vivncia profissional, muitas vezes fiquei decepcionada com a falta de espao para

    discutir os temas atuais e pesquisas do campo-saber da enfermagem. Infelizmente, encontrei

    enfermeiros que desconheciam a enfermagem como cincia-arte, ao ponto de os mesmos

    considerarem a experincia como elemento suficiente no exerccio profissional.

    Triste sina da enfermagem: dissociar teoria e prtica, assistncia e pesquisa, e no

    compreender a enfermagem como cincia e arte. Tal descompasso vem sendo denunciado, h

    muito tempo, por estudiosos da educao em enfermagem(14-19)

    e outros.

    Relatando algumas experincias de cuidado de enfermagem expressivo-criativas

    Chegou o tempo de fundamentar e buscar mais conhecimento esttico visando

    desenvolver a arte da enfermagem. Aproximei-me da entidade que historicamente tem

    contribudo para o desenvolvimento da profisso: a Associao Brasileira de Enfermagem

    (ABEn). Esta instituio luta pelo desenvolvimento tcnico, cientfico, cultural e poltico da

    profisso. Era incio da dcada de 1990.

    Ainda no incio da dcada de 1990, dentro do projeto de exercer a profisso de forma

    inovadora, criativa e interdisciplinar como possibilidade de incrementar o saber esttico ,

    eu iniciei o curso de Especializao em Sade Pblica, na Universidade de Braslia (UnB).

    Este curso foi um amlgama que reforou a minha deciso profissional de trilhar na

    diretriz inerente ao meu self: sentia a criatividade emergir de tal forma, que a mesma foi

    canalizada para debater, analisar, protestar e at dramatizar as questes sociais que interferem

    diretamente na sade da populao.

    O novo conhecimento formava uma camada especial na sustentao do alicerce do

    processo de construo do conhecimento esttico em enfermagem. Ajudou-me a decidir

    definitivamente pela trajetria no campo da arte da enfermagem.

  • 30

    Figura 1: Dramatizao Sade Pblica e Polticas Pblicas de Sade

    Fonte: Arquivo da autora.

    Alguns profissionais questionaram-me sobre aqueles novos rumos que eu passara a

    trilhar interrogaes prprias daqueles que so norteados pelo modelo tecnicista. Foi um

    tempo de catarse profissional, quando enfim entendi o significado-mor do exerccio

    interdisciplinar. Comecei ento a estudar mais amide os arrazoados da Cincia do Ser

    Humano Unitrio(3)

    e da Teoria Sistmica da Criatividade(5)

    .

    Foi catarse e encontro com a minha essncia e segui confiante nas ondas

    revitalizadoras da criatividade inata.

    Dediquei-me, assim, a acompanhar a onda revitalizadora que emergia dentro de mim,

    e doravante passei a canalizar as minhas aes cuidativas aliadas de alguma forma ao saber

    esttico. Nas memrias vm algumas lembranas da fonte revitalizadora e inspirativa,

    principalmente a interrelao com um grupo de escritores do Distrito Federal sendo uma

    rica experincia que me ajudou no desenvolvimento do campo esttico, da reflexo, da

    imaginao e criatividade, tendo reflexos na produo de poemas e peas teatrais que

    retratavam a realidade social e as suas interferncias na rea da sade(20-21)

    .

    Dentre os muitos poemas, conseguia relacionar o dilogo entre as reas da sade,

    literatura, cultura. Dentre os poemas que escrevi no perodo, citam-se os seguintes: Tragdia

    (sobre desnutrio infantil), Sagazes Serpentes (falta de recursos financeiros para a sade) e

    Tum-Tr, que foram publicados em Antologia de Poetas Brasilienses(20)

    e retratam a falncia

    do sistema de sade.

  • 31

    Posteriormente, em 1996, trabalhei o poema Tum-Tr, que passou por uma releitura,

    sendo transformado em pea teatral e encenado por alunos do Curso de Graduao em

    Enfermagem, da Universidade de Braslia (UnB), em espaos pblicos como a Rodoviria do

    Plano Piloto e a Praa dos Trs Poderes; bem como em Encontro de Estudantes, realizado em

    Goinia-Gois e no Congresso Brasileiro de Enfermagem, realizado em So Paulo-SP(22)

    .

    Figura 2: Pea Teatral: Tum-Tr. Tema: Sistema nico de Sade

    Fonte: Arquivo da autora.

    As ondas revitalizadoras da criatividade inspirando narrativas da histria da

    enfermagem

    No perodo compreendido entre 1996 e 1998, comecei a desenvolver mais amide

    projetos na rea de criatividade e ludicidade sustentados por fundamentao terico-

    metodolgica.

    Na mesma ocasio, ocupava o cargo de Diretora do Cepen3-ABEn-DF. Ademais, na

    oportunidade, fui convidada para escrever, dirigir e apresentar uma pea teatral sobre os 70

    anos da ABEn. No princpio, achei difcil concretizar o projeto, haja vista a tarefa homrica

    de transformar a histria registrada em livros e artigos para a linguagem teatral.

    Mas, movida pelo potencial criativo e ldico a fora que libera a energia diante dos

    desafios e problemas a minha resposta foi sim. Aceitei o desafio. Foram noites adentro,

    lendo e relendo a histria da ABEn nas mais distintas referncias. Paralelamente, eu era

    estudante de graduao em Artes Cnicas, na Faculdade de Artes Dulcina de Morais, o que

    permitiu dialogar tambm com as fundamentaes da dramaturgia.

    3 CEPEN- Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem.

  • 32

    A pea teatral foi intitulada Se todos fossem iguais a voc aos 70 anos(23)

    , sendo

    apresentada no Teatro Dulcina, em Braslia-DF no ms de agosto de 1996 e no Teatro

    Anhembi-So Paulo no ms de outubro de 1996 , durante o 48 Congresso Brasileiro de

    Enfermagem. O elenco teatral foi composto por discentes e docentes do Curso de Graduao

    em Enfermagem (UnB).

    Figura 3: Pea Teatral: Ah! Se todos fossem iguais a voc. Tema: Histria dos 70 anos da Aben

    Fonte: Arquivo da autora.

    No 49 Congresso Brasileiro de Enfermagem, realizado em Belo Horizonte-Minas

    Gerais, em 1997, apresentei novo projeto literrio-cnico A Quadradinha de Gude ,

    fundamentado na criatividade, cuja temtica a preveno a drogas(24)

    . O projeto literrio-

    cnico A Quadradinha de Gude foi amplamente desenvolvido em vrios espaos: escolas,

    praas, igrejas, hospitais, eventos, parques de diverso, tanto no Distrito Federal quanto em

    outros estados da Federao, com o objetivo de abordar a preveno a drogas. A histria do

    livro A Quadradinha de Gude em linguagem infanto-juvenil tem sido trabalhada em espao

    escolar at os dias atuais com integrao disciplinar, envolvendo educadores, pais e

    familiares, e tambm profissionais de sade e outras reas do saber.

    No 50 Congresso Brasileiro de Enfermagem (1998), realizado em Salvador-Bahia, fui

    convidada para ministrar o curso Tcnicas de Teatro para Profissionais de Sade, com o

    objetivo de desenvolver as habilidades expressivas e cnicas dos participantes inscritos(25)

    o

    grupo era composto de docentes e discentes de cursos de graduao em enfermagem

    brasileiros.

  • 33

    Aprofundando o saber esttico da enfermagem: estudo sobre criatividade

    No perodo entre 1998 e 2001, a minha dedicao profissional foi voltada ao estudo

    aprofundado da criatividade no cuidado de enfermagem, especialmente da Cincia do Ser

    Humano Unitrio(3)

    e da Teoria Sistmica(5)

    . Na ocasio, estava cursando Mestrado em

    Educao na Universidade Catlica de Braslia. Envolvi-me com a criatividade e a ludicidade

    visando absorver as teorias e estudos sobre o tema. Na produo da dissertao, defendida

    para obter o ttulo de Mestre em Educao, foi destacado o problema do modelo educacional e

    exerccio tecnicista que tem acompanhado a profisso de enfermagem e a criatividade como

    elemento revitalizador do cuidado sade humana(26-27)

    .

    Enquanto construa o saber esttico da enfermagem, percebi que o nvel de reflexo

    sobre a enfermagem criativa expandia dentro da minha essncia ldico-criativa, mediada pelo

    movimento espiral inerente ao conhecimento. Porm, pude notar que, nos peridicos da

    enfermagem, o tema criatividade era pouco semeado este fato funcionou como uma

    motivao pessoal para continuar trabalhando com a temtica, em prol da produo cientfica

    sobre criatividade, na seara da enfermagem.

    O clmax das leituras foram artigos, relatrios, legislaes e outras referncias sobre os

    novos rumos educacionais da enfermagem brasileira, para superar o modelo tecnicista desde o

    campo da formao como forma de revitalizao do cuidado, de forma integral, em todas as

    reas de ateno sade.

    A criatividade e a ludicidade revitalizadas pela maternidade e diversos projetos criativos

    Quando enfim o sculo XXI chegou, senti que a criatividade aumentava ainda mais na

    minha vida. O novo tempo acrescentou muitos estmulos ao meu potencial criador e ldico,

    sendo agora revitalizado pelas ondas da maternidade. Foi uma fase importante de

    desenvolvimento de autocuidado e cuidado de outro ser o meu lindo filho , que chegou

    revitalizando-me e criando, internamente, mais ondas criativas e ldicas.

    Em 2004, coordenei o projeto intitulado Multicena, no qual participaram vrios grupos

    de teatro do Distrito Federal, para apresentao de espetculos cnicos referentes temtica

    de preveno a drogas, Doenas Sexualmente Transmissveis (DST) e Aids.

  • 34

    Na mesma ocasio, pensando em estratgias criativas e inovadoras para a profisso de

    enfermagem, comecei a escrever um romance sobre a enfermagem. O objetivo foi relatar a

    experincia desafiadora de pesquisar, escrever, publicar e circular a histria da enfermagem

    revitalizada pela literatura romanceada. Utilizei o processo criativo e complexo, construindo o

    material de ressignificao esttico-romanceada.

    Como resultado, foi produzido o romance intitulado Miri, uma enfermeira

    bambamb(28)

    , que foi pr-selecionado em concurso de romance; posteriormente, obteve

    apoio da ABEn no centenrio de Florence Nightingale. Esta obra est publicada e j foi

    lanada e apresentada em vrios estados do Brasil, em Portugal e em diversos eventos.

    Tambm utilizada como referncia em alguns Cursos de Enfermagem(28-29)

    .

    Figura 4: Cenas referentes ao romance Miri, uma Enfermeira Bambamb

    Fonte: Arquivo da autora.

    Em 2010, idealizei e coordenei o Projeto Cuidarte com o objetivo de estimular a

    criatividade e a ludicidade aos docentes e discentes do Curso de Graduao em Enfermagem e

    profissionais de sade dos cenrios de prtica, visando a produo do cuidado integral. O

    Projeto Cuidarte ocorreu na modalidade de extenso. Quanto ao cenrio, foi desenvolvido no

    mbito da Escola Superior de Cincias da Sade/ESCS/Fepecs/GDF, sendo contemplados

    estudantes e docentes da mesma(30)

    . O relato de experincia do Projeto Cuidarte foi

    apresentado em 2012, no VII Congresso IberoAmericano de Docncia Universitria (CIDU),

    na cidade de Porto (Portugal), evento de suma importncia que debateu o tema geral Ensino

    Superior Inovao e Qualidade na Docncia(31)

    .

    Em 2011, participei e fui aprovada no processo seletivo para vaga de doutorado, no

    Programa de Ps-graduao em Enfermagem, da Universidade de Braslia (PPGEnf-UnB),

    apresentando anteprojeto relacionado criatividade no ensino superior de enfermagem(32)

    .

  • 35

    Neste mesmo ano, encarei, com alegria e prazer, o desafio de propor, planejar e

    coordenar o Espao Criatividade que objetivou desenvolver habilidades de comunicao,

    expressivas, cnicas, ldicas e criativas visando aes de promoo sade com arte e a

    produo do cuidado integral, aos participantes do 63 CBEn. O Espao Criatividade

    funcionou no decorrer do 63 CBEn, expondo trabalhos criativos relacionados ao cuidar com

    arte, consultoria de projetos e mini oficinas previamente programadas(33)

    .

    Figura 5 Cenas do Espao Criatividade, 63 CBEn, Alagoas-Macei, 2011

    Fonte: Arquivo da autora.

    Paralelamente, desenvolvia uma pesquisa indita em prol do saber esttico da rea de

    enfermagem. Desde o ano de 2009, pesquisava uma nova linguagem para ressignificar a

    histria da enfermagem: a literatura de cordel. Esta pesquisa demandou quatro anos de

    trabalho complexo: leitura e releitura de 85 referncias distintas; acesso a 40 sites de internet,

    aprendizagem da escrita do cordel mediada por um consultor de cordel; trabalho junto a uma

    artista plstica para composio do perfil dos personagens para fins das ilustraes.

    Ao final, produzi o livro intitulado Histrias da enfermagem no universo de cordel(34),

    contendo quatro captulos, 28 cordis, 65 ilustraes, homenageando diversas personalidades

    da enfermagem do passado e da atualidade. Primeiro, esta obra foi lanada em 2012, no 64

    Congresso Brasileiro de Enfermagem, ocorrido em Porto Alegre-RS; no Distrito Federal, em

    cidades do estado de Gois e em Lisboa-Portugal. Posteriormente, foi publicada a 2 edio

    do referido livro com apoio do Fundo de Apoio Cultura, Secretaria de Cultura do Distrito

    Federal, Governo do Distrito Federal (FAC/ SECULT/GDF)(35)

    .

    A obra de cordel tem sido referncia em disciplinas de Cursos de Graduao em

    Enfermagem. Alguns veculos de comunicao rdio, TV, revistas cientficas, jornais e

  • 36

    mdias da rede social tm divulgado o livro de cordel, destacando o ineditismo, a

    criatividade do mesmo(36-43)

    . Vale ressaltar a premiao concedida ao referido livro com

    recorde homologado pelo RankBrasil, como 1 livro sobre histrias da enfermagem utilizando

    a literatura de cordel(44)

    . Tambm esta publicao foi agraciada com outras premiaes, no

    ano de 2014, com Meno Honrosa no 1 Simpsio de Histria da Enfermagem do Museu

    Nacional de Enfermagem Anna Nery (MuNEAN) e 3 Colquio da Academia Brasileira de

    Histria da Enfermagem (ABRADHENF) e no Concurso Poetizar o Mundo com Poesias(45-46)

    .

    Figura 6 Cenas referentes ao livro Histrias da Enfermagem no Universo do Cordel

    Fonte: Arquivo da autora.

    Por dois anos consecutivos 2012 e 2013 fui classificada ao apresentar trabalhos

    cientficos no Prmio Cepen, organizado pela Associao Brasileira de Enfermagem-Seo

    DF. Em 2012, o trabalho vencedor do 2 lugar foi Liricidade e toque de arte para a produo

    do conhecimento esttico de enfermagem uma reflexo potica inspirada na Teoria da

    Complexidade. Em 2013, fui agraciada com o 1 lugar, referente ao trabalho No espelho da

    biotica crtica: a imagem refletida das vulnerabilidades das pessoas que vivem-convivem

    com HIV/Aids. Estes trabalhos foram publicados, posteriormente, contribuindo para produo

    do saber esttico de enfermagem(47-48)

    .

    Figura 7 Prmios Cepen 2012 e 2013, Associao Brasileira de Enfermagem-Seo DF

    Fonte: Arquivo da autora.

  • 37

    Recentemente, tambm fui laureada com a medalha e diploma concedidos pelo

    Instituto Histrico e Geogrfico do Maranho, pela participao no Projeto 1000 poemas

    sobre Gonalves Dias sou autora de cinco poemas e um trabalho cientfico sobre o poeta

    homenageado(49)

    . Fui empossada como acadmica efetiva da Academia de Letras e Artes do

    Nordeste Goiano (ALANEG), ocupando a Cadeira n 25, cuja patronesse a escritora Regina

    Lacerda(50)

    .

    Figura 8 Comenda Gonalves Dias e Posse ALANEG

    Fonte: Arquivo da autora.

    Longe de ser uma concluso porque as ondas revitalizadoras da criatividade so

    contnuas na minha trajetria de enfermeira , ressalto as experincias mais recentes

    vivenciadas como facilitadora de oficinas de produo literria de cordel Projeto da

    Fundao Oswaldo Cruz (Fiocruz), Seminrio Nacional de Diretrizes para a Educao em

    Enfermagem (Senaden) e Cursos de Enfermagem(51-52)

    ; de oficina teatral para profissionais de

    sade, na Mostra da Ateno Bsica(53)

    ; e gravao de vdeos sobre criatividade e ludicidade,

    pelo Canal Universitrio de Braslia-UnBTV(54-56)

    . Para desenvolver os estudos e os projetos

    de pesquisa na temtica de criatividade e ludicidade, participo dos seguintes Grupos de

    Pesquisa cadastrados no CNPq: Criatividade, Ensino, Pensamento e Personalidade Criativos,

    Processos criativos, Promoo da Sade e Ldico; e Aprendizagem Ldica: Pesquisas e

    Intervenes em Educao e Desporto.

    Consideraes no movimento das ondas revitalizadoras

    Por fim, este captulo apresenta uma narrativa histrica de alguns momentos de meus

    25 anos de exerccio profissional e como pesquisadora. Nesta trajetria ldico-criativa

    profissional, venho apresentando as mais diversas estratgias relacionadas temtica

    criatividade e ao cuidado integral para a sade humana: palestras, cursos, oficinas, peas

    teatrais, pardias, livros criativos, projetos e outras estratgias e linguagens artsticas.

  • 38

    Na trajetria profissional, conforme o portflio de vida que estou construdo, tenho

    vivenciado a arte da enfermagem, criando e recriando nas ondas revitalizadoras da

    criatividade. Neste caminhar, quero registrar o sabor saboroso que a experincia da

    aprendizagem ldico-criativa tem significado na minha vida. Na experincia tambm descobri

    pessoas com grande potencial criativo o que me leva a acreditar sempre que toda pessoa

    um ser criativo, e que a criatividade como potencial humano pode de fato revitalizar o

    cuidado de enfermagem, conforme estudos e vrios relatos de experincia.

    Depois de mais de dois decnios de exerccio profissional, no curso do Doutorado, o

    tema de estudo no poderia ser outro a criatividade , pois as pesquisas referentes ao saber

    esttico da enfermagem ainda so escassas, e este recurso humano a criatividade um

    bem e um potencial que pode muito ajudar na promoo da sade, no cuidado e conforto aos

    usurios, famlias e comunidades.

    E como ser integral, unitria, indivisvel, que cria, recria, revitaliza-se e revitaliza o

    cuidado, jamais voltaria atrs para escolher outra forma de desenvolver o cuidado, a no ser

    atuando dentro das ondas revitalizadoras da criatividade. De igual modo, veio-me o insight de

    que neste fluxo energtico e esttico a felicidade profissional um bem legtimo enquanto

    ser-enfermeira. Esta felicidade profissional a encontrei tambm desenvolvendo pesquisas

    relacionadas s temticas que envolvem o saber esttico da enfermagem.

    Continuarei sendo guiada pelas ondas revitalizadoras, como profissional e

    pesquisadora. Tenho algumas outras produes criativas como pesquisadora, visando narrar a

    histria da enfermagem, e so estratgias desafiadoras dentro do contexto histrico tecnicista

    hegemnico. Ou seja, a minha experincia ainda continuar sendo movimentada pelo fluxo

    revitalizador ldico-criativo para narrar histria da enfermagem em vrios enfoques

    permitindo assim a democratizao histrica, para profissionais e demais atores sociais, pois

    as linguagens estticas despertam interesse humano.

    Partilhei um pouco da minha experincia que vivenciei e vivencio desenvolvendo a

    arte da enfermagem nesta importante obra que destaca a aprendizagem ldica e as suas

    interfaces, pois estas memrias, de alguma forma, podem contribuir na contao histrica da

    enfermagem que realizei de forma criativa. Ademais, este captulo pode fomentar o

    desenvolvimento cientfico, produzir conhecimento e contribuir na divulgao da profisso,

    dentro da viso e da natureza esttico-histrica.

  • 39

    Compartilhar esta experincia tambm uma responsabilidade pessoal como

    profissional e pesquisadora de envolver mais como o estado da arte; naquelas ondas onde

    contm o ineditismo, inovao e a criatividade.

    Na minha histria certamente ainda surgiro outros captulos, para completar este

    desafio cientfico-ldico e vitae: produzir saber criativo para narrar a histria da enfermagem,

    definida como cincia-arte. Percebi na elaborao deste captulo que muita energia

    revitalizadora j fluiu na minha vida criativa. Momentos nicos. Mergulhos inesquecveis no

    mar da criatividade em busca de resultados positivos.

    Nesta trajetria como enfermeira da cincia-arte, hoje postulo o ttulo de doutora, mas

    o meu codinome sempre ser A Poetisa do Cuidar.

    Figura 9 A autora e sua colcha de memrias criativas

    Fonte: Arquivo da autora

  • 40

    CAPTULO I

    INTRODUO

    O movimento dos cata-ventos ensina a cincia e o caminho a percorrer no processo:

    aprender-ensinar-ensinar-aprender.

    Ensina a cincia ldica da aprendizagem: alegrar-brincar-construir-divertir. Aprender! On Silva A Poetisa do Cuidar

    (Epgrafe extrada do poema A pedagogia dos cata-ventos e as ondas revitalizadoras da criatividade)

  • 41

    CAPTULO I

    INTRODUO

    1 REVISO DA LITERATURA

    1.1 AH! CRIATIVIDADE: FONTE DE PRAZER, FELICIDADE, LUDICIDADE E SADE

    MENTAL

    A criatividade um fenmeno que vem sendo pesquisado amide. Historicamente, a

    criatividade no estava no temrio cientfico, nem no plano curricular. Estava merc

    cientfica e sendo tratada como uma utopia. Mas, hoje, alm ser referencial terico

    constructo validado na rea cientfica , tem sido no aspecto pessoal uma fonte de prazer,

    felicidade, sade mental e aprendizagem.

    A criatividade capaz de reencantar a vida da pessoa, famlia e ambiente

    contribuindo sobremaneira na educao. Estudiosos contemporneos, precursores da

    inovao, renovao e transformao do modelo educacional dos ltimos anos , aliados a

    outros que consideram a educao como uma apaixonante tarefa de formar seres humanos ,

    discutem e analisam a criatividade na perspectiva de resgatar elementos da essncia vital, tais

    como a felicidade, a ludicidade e, por conseguinte, a sade mental(5,57-59)

    .

    Estes postulados j apresentam resultados sobre a criatividade como uma fonte

    energtica que conduz a pessoa ao eficiente diante dos conflitos e tenses dirias.

    Tericos tm se juntado, em unssono, defendendo que o comportamento criativo uma fonte

    de prazer, porque permite a pessoa realizar as suas potencialidades criativas e ldicas.

    A espcie humana no sobrevive sem o realce criativo(5)

    ao publicar esta mxima, o

    autor tambm, paralelamente, fez uma abordagem sobre a busca da felicidade e a interessante

    experincia flow: estado de conscincia e concentrao mxima que torna o indivduo

    completamente absorvido pela atividade que realiza. Ao sentir a experincia do fluir, o

    indivduo resgata a sua essncia vital e envolvido por um sentimento genuno de felicidade.

    Seguindo nesta diretriz, o autor realizou um estudo rico em detalhes sobre pessoas que

    experimentaram flow(5)

    . So 91 histrias de pessoas criativas contemporneas, autores de

    realizaes importantes, em plena atividade e acima de 60 anos. A partir das experincias dos

    entrevistados, constatou-se que a criatividade fascinante, quem se envolve com ela sente-a

  • 42

    vida afora, pois ela proporciona um excitante modelo vital. Os entrevistados surpreenderam o

    autor, a ponto dele indagar: qual o divertimento? Alguns descreveram as condies que

    tornavam suas vidas importantes e significativas, reportando s atividades que os deixavam

    completamente absorvidos, a ponto de produzir neles a experincia agradvel: flow.

    Como cultivar flow e tornar a vida realada pela criatividade e felicidade? essencial

    as pessoas criativas manterem a simplicidade de modo que a criatividade permanea viosa e

    estimulante at os 90 anos de idade ou mais, conforme demonstraram os entrevistados.

    1.2 A PERSONALIDADE CRIATIVA, O PENSAMENTO CRIATIVO E AS DIMENSES

    DA COMPLEXIDADE

    Pesquisas sobre a personalidade e o pensamento criativo tm sido de interesse de

    alguns estudiosos na temtica. Quanto s caractersticas criativas, dentre os mais destacados

    constam os estudos pioneiros(60-61)

    que destacaram a flexibilidade cognitiva, persistncia e

    dedicao ao trabalho, pensamento independente, abertura s experincias, ambiguidade e

    aos interesses no convencionais. Outro referencial importante(62)

    com diversos profissionais

    inclusive mulheres mais criativas identificou caractersticas como intuio,

    espontaneidade, tolerncia desordem e complexidade, abertura aos impulsos e s fantasias,

    dotados de alto grau energtico. O mesmo autor destacou ainda traos inerentes aos escritores

    e artistas, a saber: fantasia, originalidade, experincias msticas e inusitadas.

    Sobre os aspectos influenciadores do pensamento criativo, existe uma concepo

    histrica sobre o pensar divergente e as suas particularidades: fluncia, flexibilidade,

    originalidade, elaborao, redefinio e sensibilidade aos problemas e outros detalhes

    associados s habilidades criativas como temperamento, interesses e atitudes(63-64)

    . Outra

    investigao(65)

    apresentou dados referentes criatividade; descobrindo no perfil criativo de

    crianas: ideias divergentes e inusitadas, humor e fantasia, preferncia pela aprendizagem

    independente, busca de objetivo, divergncia das normas vigentes quanto ao prprio gnero.

    Dos estudos posteriores, no que tange personalidade criativa, destacam-se trs

    definies da concepo sistmica(5)

    : a pessoa brilhante sendo aquela que expressa

    pensamentos inusitados e estimulantes; a personalidade criativa referindo-se s pessoas de

    percepo tranquila e cheias de insight; e pessoas criativas as que mudaram a cultura com

    realizaes notveis, como Leonardo da Vinci, Tomas Edison, Picasso, Einstein. Tal

    concepo define a criatividade resultante de relaes sistmicas com trs fatores: o domnio,

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    que so as regras simblicas e procedimentos; a rea, em que h deciso se a nova ideia ser

    includa no domnio e a pessoa. A criatividade surge quando a pessoa usa os smbolos de um

    domnio (msica, engenharia e outras) e a sua ideia reconhecida pela rea. A criatividade a

    interao tridica domnio, rea e pessoa e fruto da oportunidade, perseverana, estar no

    lugar e na hora certa. O autor complementa que existem traos fac