universidade candido mendes-ucam diretoria de … sa ferreira.pdf · sobre o papel da avaliação...

39
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AMPLIANDO O CONCEITO DE AVALIAÇÃO LUBETE SÁ FERREIRA RIO DE JANEIRO / RJ JUNHO /2003

Upload: vonguyet

Post on 25-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AMPLIANDO O CONCEITO DE AVALIAÇÃO

LUBETE SÁ FERREIRA

RIO DE JANEIRO / RJ

JUNHO /2003

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM

SUPERVISÃO ESCOLAR

AMPLIANDO O CONCEITO DE AVALIAÇÃO

Monografia apresentada para Universidade

Candido Mendes por Lubete Sá Ferreira, como

requisito parcial à obtenção do título de

Especialista em Supervisão Escolar.

Professor Orientador: Diva Nereida M.M.

Maranhão.

RIO DE JANEIRO / RJ

JUNHO / 2003

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES- UCAM

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM SUPERVISAÕ ESCOLAR

LUBETE SÁ FERREIRA

AMPLIANDO O CONCEITO DE AVALIAÇÃO

TRABALHO MONOGRÁFICO APRESENTADO COMO REQUISITO

PARCIAL PARA OBTENÇÃO DE CERTIFICAÇÃO DO CURSO DE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

_______________________________________

Autor

Aprovado por:

_______________________________________

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a DEUS, meu protetor.

Obrigado Senhor, por ter me dado coragem para

chegar até aqui e a sabedoria suficiente para

ultrapassar os obstáculos.

Aos meus familiares, por acreditarem em meu

potencial.

A minha amiga Cláudia, por abnegar a sua vida

pessoal,

cuidando do meu filho Lucas, durante meu período

de estudos. As minhas amigas: Isabel Rosa, Lúcia e Laura,

que dividiram comigo momentos de aprendizagem e

reflexões.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

EPÍGRAFE “Não é o desafio que determina quem somos, mas a maneira

com que respondemos a esse desafio. Somos combatentes,

mas idealistas,

porque o ter consciência não nos obriga a sermos

conscientes.

Enquanto acreditarmos no nosso sonho, nada será por acaso.”

Henfil

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

RESUMO

Sabemos que avaliar é um ato extremamente complexo, cuja

responsabilidade não deve ser de competência única do professor, mas sim

de todos os elementos integrantes do processo educacional. Procuramos

demonstrar a importância do sistema de avaliação escolar que venha a refletir

a realidade e os objetivos específicos no desempenho dos alunos,

determinando as deficiências da aprendizagem. Neste viés, falaremos da

mensuração no desempenho cognitivo, construindo instrumentos de forma a

identificar os diferentes níveis de desempenho. Pretendemos iniciar reflexões

sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de

exclusão social, tendo consciência de que para aceitar o grande desafio do

desenvolvimento educacional, precisamos avaliar o aluno em sua plenitude.

Nossa pesquisa está centrada nas classes de Ensino Fundamental,

abrangendo uma instituição particular de ensino, de classe média,

fundamenta-se em dados bibliográficos de origem histórica, além de

nossa experiência vivenciada em sala de aula, ao longo dos últimos

anos. Mostraremos que a avaliação deve ser o elemento regulador e sua

realização precisa oferecer a informação sobre a qualidade do processo de

ensino aprendizagem, e a efetividade dos outros componentes, que vão das

necessidades de ajuste, às modificações que o sistema educacional escolar

deve usufruir.

Palavras-chave: Avaliação, Conselho de Classe, Critérios e

Instrumentos.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

ÍNDICE

DEDICATÓRIA II

AGRADECIMENTOS III

EPÍGRAFE IV

SUMÁRIO IV

RESUMO VI

INTRODUÇÃO 07

1- AVALIAÇÃO 10

1.1- Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem 16

2- MULTIPLICIDADE DE FORMAS DE AVALIAR 20

2.1- Refletindo 21

3- CRITÉRIOS AVALIATIVOS 23

3.1- Objetivos 24

3.2- Realidade 25

3.3- Uma Crítica 27

4- CONSELHO DE CLASSE – APONTANDO CAMINHOS 28

CONCLUSÃO 30

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32

BIBLIOGRAFIA CITADA 34

ANEXOS 36

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 07

1- AVALIAÇÃO................................................................................................... 10

2- MULTIPLICIDADE DE FORMAS DE AVALIAR............................................. 20

3- CRITÉRIOS AVALIATIVOS............................................................................ 23

4- CONSELHO DE CLASSE – APONTANDO CAMINHOS............................... 28

CONCLUSÃO...................................................................................................... 30

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.......................................................................... 32

BIBLIOGRAFIA CITADA..................................................................................... 34

ÍNDICE................................................................................................................. 35

ANEXOS.............................................................................................................. 36

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

INTRODUÇÃO

A Avaliação na Escola ainda precisa ganhar, realmente, a

preocupação dos coletivos constituídos. Sair do campo de preocupação

individual, da angústia de cada um e ter dimensões dos grupos de trabalho em

toda a escola. A Avaliação é um dos componentes do sistema escolar e não

está separada de outros elementos. Não deve ser discutida isoladamente,

mas propiciar a criação de maneiras mais eficazes de ensinar, inter-

relacionando as várias áreas do conhecimento.

Buscamos com essa pesquisa a melhoria da aprendizagem através

do envolvimento dos professores e alunos com as propostas a serem

desenvolvidas, veremos então, a importância dos trabalhos e produções

individuais, dos exercícios e da correta análise das situações problema, que

vai da observação à evolução do comportamento do aluno no contexto

educacional.

Demonstraremos a importância da coordenação das atividades e

a divisão de tarefas como aliada ao aperfeiçoamento dos Conselhos de

Classe e dos procedimentos de avaliação, usados pelos professores,

onde a melhoria do relacionamento da equipe escolar, técnico e

professores é fundamental.

Precisamos rever os paradigmas da avaliação para que a

aprendizagem possa ir para além da sala de aula. Como educadores,

sabemos que o modelo classificatório de avaliação, onde os alunos são

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

considerados aprovados ou não aprovados, oficializa a concepção de uma

sociedade excludente que a escola adotou.

Criticamos esse modelo de avaliação, que simplesmente dá ao aluno

uma sentença, como se assim pudesse ser atestada a sua capacidade, onde

o mais deprimente é que os resultados expressos no “Boletim” não revelam o

que o aluno conseguiu aprender, sendo uma simples mensuração.

Analisamos que o ponto de partida é a definição dos instrumentos de

avaliação, que irão determinar as idéias e modelos da realidade do sistema

em que o docente trabalha. A avaliação deve ser entendida como meio e

nunca fim do processo de ensino, não deve se comprometer em ajuizar, mas

reconhecer, a formação de atitudes e valores.

A LDB, no artigo 24, V, ao se referir à verificação do rendimento

escolar, determina que nós docentes observemos os critérios de avaliação

contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos

aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do

período sobre as provas finais.

Deve então, estar submetida aos objetivos de formação do aluno,

especialmente de levá-lo ao desenvolvimento da capacidade de

aprendizagem. A avaliação de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos

prrecisa estar em sintonia com o planejamento e desenvolvimento das

atividades em função do projeto pedagógico construído pela escola. O

processo de avaliação abrange, pois, todas as facetas do ato de educar,

entendendo-se por avaliação um processo mais amplo do que a simples

aferição de conhecimentos constituído pelos alunos em um determinado

momento de sua trajetória escolar.

Por isso a avaliação deve ser contínua num processo constante que

permita ao professor identificar e criar formas de incentivarem seus alunos a

trocar experiências entre si e a confrontarem pontos de vista divergentes. Ao

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

acreditarmos que a diversidade é uma característica marcante em qualquer

grupo humano, devemos levar em consideração, no ato de avaliar, ritmos,

comportamentos, experiências e as trajetórias pessoais que produzem

diferentes formas de agir, pensar e conhecer.

Coerente com esta visão, a Avaliação deve observar a

heterogeneidade dos processos de construção de conhecimentos e não

apenas o seu produto final. Precisará levar em conta não apenas o que foi

aprendido na sala de aula, mas tudo aquilo que está sendo construindo pelos

alunos em diversas instancias e a partir de outras mediações, porque a

avaliação deve estar sempre a serviço da aprendizagem.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

CAPÍTULO 1

AVALIAÇÃO

A Avaliação deve ser uma tarefa didática necessária e

permanente acompanhando o processo de ensino e aprendizagem a fim

de constatar progressos, dificuldades e reorientar o trabalho. Talvez

possamos dizer que é como se realizássemos uma reunião de Conselho

de Classe conosco mesmo, todos os dias, onde as nossas observações e

reflexões fizessem parte do todo, da análise, do conjunto.

Ao analisarmos a situação atual da prática educativa na escola

em que objetivamos basear este estudo, notamos que existem problemas

como: a grande ênfase dada a memorização em contrapartida com a

pouca preocupação com o desenvolvimento de habilidades para reflexão

crítica e autocrítica dos conhecimentos que a criança aprende. Nesse

universo, as ações ainda são centradas nos professores que determinam

o que e como deve ser aprendido.

“Avaliar é julgar ou fazer uma apreciação sobre alguém ou

alguma coisa, tendo como base uma escala de valores. Assim,

a avaliação consiste na coleta de dados quantitativos e

qualitativos e na interpretação desses dados com base em

critérios previamente definidos.”

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

(HAYDT, 1997: 20).

Em tempos passados, a avaliação escolar era feita para verificar

se o aluno memorizou os conteúdos que constam na grade curricular. No

entanto, ainda hoje essa postura da educação tradicional continua em

nossas escolas, apenas expressada de forma diferente. A avaliação,

nesta concepção, é motivo de repressão pelo qual o professor não dá

importância ao que foi construído ao longo do processo de ensino-

aprendizagem.

Fica claro que, para a maioria dos professores, na prática, avaliar

é: dar notas, fazer provas, registrar notas e conceitos. HOFFMANN

(2000), ressalta que essas notas dos educandos são decorrentes do

termo medida em que os professores medem extensão, volume e outros

atributos dos objetos e fenômenos. Neste enfoque, o instrumento de

avaliação mais utilizado é a prova pelo qual ficam os objetivos

educacionais distorcidos e muitas vezes são marcados para castigar os

alunos e ameaçá-los a reprovação.

"(...) conceber e nomear o ' fazer testes', o 'dar notas', por

avaliação é uma atitude simplista e ingênua! Significa reduzir o processo

avaliativo, de acompanhamento e ação com base na reflexão, a parcos

instrumentos auxiliares desse processo, como se nomeássemos por

bisturi um procedimento cirúrgico".

(HOFFMANN, 2000: 53)

Desse modo, a avaliação se torna uma razão de controvérsias

entre educando e educadores, havendo uma enorme diferenciação entre

educar e avaliar. É algo meramente burocrático em que perde o sentido

de que a avaliação é essencial à educação, uma vez que esta oportunize

uma reflexão sobre a ação educativa. No processo quantitativo de

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

avaliação, o erro na prova do aluno é visto de forma estanque, os

professores voltados para essa prática tradicional abordam a ação

avaliativa como garantia de um ensino de qualidade.

Contudo, a avaliação classificatória faz com que o conhecimento

continue sendo fragmentado, o que impede que se mantenha uma relação

interativa entre docente e discentes a partir da reflexão conjunta.

continue sendo fragmentado, o que impede que se mantenha uma relação

interativa entre docente e discentes a partir da reflexão conjunta.

Nossas pesquisas nos levaram aos resultados na classificação da

avaliação em três modalidades: diagnóstica, formativa e somativa. A

modalidade diagnóstica consiste na projeção e retrospecção das

situações do desenvolvimento do aluno, permitindo constatar as causas

de repetidas dificuldades da aprendizagem. Quando os objetivos não são

atingidos, devem ser retomados e onde o professor elabora novas

estratégias para que se efetua a produção do conhecimento. Esta

modalidade deve ser feita no início de cada ciclo de estudos através de

uma reflexão constante, crítica e participativa.

A modalidade formativa mostra ao professor e ao aluno os

resultados da aprendizagem no desenvolvimento das atividades

escolares. O educador utiliza esses dados durante o decorrer do ano

letivo. A modalidade somativa tem por função classificar os educandos ao

final da unidade, segundo os níveis de aproveitamento apresentados, não

apenas com os objetivos individuais, mas também grupais.

A avaliação possui três funções de fundamental importância para

o processo educativo como: diagnosticar, controlar e classificar. A função

diagnóstica tem como objetivo identificar e analisar as causas de

repetidas incapacidades na aprendizagem, evidenciando dificuldades em

seu desempenho escolar, sendo que a função formativa ou de controle

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

tem a finalidade de localizar, apontar as deficiências no decorrer do

processo educativo.

Quanto ao contexto da função classificatória podemos dizer que o

professor deve desenvolver o papel de problematizador, diante das

diversas situações de sala de aula, fazendo com que o aluno venha a

construir o conhecimento dentro do tema abordado de acordo com o

contexto histórico social e político no qual está inserido. Dessa forma,

teremos uma igualdade entre educador-educando, onde ambos

aprendem, trocam experiências e social social e político no qual está

inserido. Dessa forma, teremos uma igualdade entre educador-educando,

onde ambos aprendem, trocam experiências e aprendizagens no processo

educativo. Segundo BECKER (1997:147): "Não há educador tão sábio

que nada possa aprender, nem educando tão ignorante que nada possa

ensinar."

Diante da citação de BECKER, comprovamos a interação do

aluno no processo de ensino-aprendizagem em que cada um tem a

ensinar para o outro, sendo a avaliação um elo entre a sociedade, as

escolas e os estudantes. É necessário então, uma conscientização de

todos estes segmentos, onde a avaliação seja repensada para que a

qualidade do ensino não fique comprometida.

Segundo HOFFMANN (2000), avaliar nesse novo paradigma é

dinamizar oportunidades de ação-reflexão, num acompanhamento

permanente do professor e este deve propiciar ao aluno em seu processo

de aprendência, reflexões acerca do mundo, formando seres críticos

libertários e participativos na construção de verdades formuladas e

reformuladas.

Vejamos o que diz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, sobre a avaliação escolar:

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

“Uma avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno,

com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos

resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; a

possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;

a possibilidade de avanços nos cursos e nas séries mediante verificação

do aprendizado; o aproveitamento de estudos concluídos com êxito; a

obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao

período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem

disciplinados pelas instituições de ensino e seus regimentos.”

(LDB 9394/96 art. 24, inciso V)

Podemos dizer que a avaliação escolar é um processo pelo qual se

observa, se verifica, se analisa e se interpreta um determinado fenômeno,

neste caso a construção do conhecimento do aluno, situando-o

concretamente quanto os dados relevantes, objetivando uma tomada de

decisão em busca da produção humana e de sua evolução na aprendizagem.

Segundo LUCKESI, avaliar tem basicamente três passos:

Conhecer o nível de desempenho do aluno em forma de constatação da

realidade; comparar essa informação com aquilo que é considerado

importante no processo educativo a qualificação e tomar as decisões que

possibilitem atingir os resultados esperados.

Neste sentido, é essencial definir critérios onde caberá ao

professor listar os itens realmente importantes e informá-los aos alunos. A

avaliação só tem sentido quando é contínua, provocando o

desenvolvimento do educando, tendo como base o diálogo relacional, eixo

norteador e significativo papel da ação pedagógica. Vemos essa

importância nas palavras de FREIRE:

"O diálogo é a confirmação conjunta do professor e dos alunos

no ato comum de conhecer e reconhecer o objeto de estudo. Então, em

vez de transferir o conhecimento estaticamente, como se fosse fixa do

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

professor, o diálogo requer uma aproximação dinâmica na direção do

objeto".

(1986: 125)

Ao ler VASCONCELLOS (1995), notamos que ele exprime seu

entendimento sobre a importância do diálogo que é visto como uma

concepção dialética de educação, pois supera-se tanto o sujeito passivo

da educação tradicional, quanto o sujeito ativo da educação nova, em

busca de um sujeito interativo. Faz-se necessário ao educador o

comprometimento durante as suas inter-relações, que não pode ser um

ato passivo, mas sim a inserção da práxis na prática educativa de

professor e aluno.

"Se a possibilidade de reflexão sobre si, sobre seu estar no

mundo, associada indiscutivelmente à sua ação sobre o mundo, não

existe no ser, seu estar no mundo se reduz a um não poder transpor os

limites que lhe são impostos pelo próprio mundo, do que resulta que

este ser não é capaz de compromisso. É um ser imerso no mundo, no

seu estar, adaptado a ele e sem ter dele consciência (...)".

(FREIRE, 1999: 16)

Para que ocorra uma avaliação qualitativa e não classificatória

deve acontecer uma mudança nos paradigmas de ensino. Esta

democratização tem sido um dos maiores problemas com os quais a

escola se defronta, como ter um projeto se não existe espaço sistemático

de encontro dos que compõe a comunidade escolar para que haja uma

realização coletiva.

Vemos então que o professor deve utilizar instrumentos

avaliativos vinculados a necessidade de dinamizar, problematizar e refletir

sobre a ação educativa podendo utilizar métodos tais como:

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

Auto- avaliação - este instrumento de avaliação deve ser

utilizado pelo educador que se preocupa em formar indivíduos

críticos, sendo capazes de analisarem as suas próprias aptidões,

atitudes, comportamentos, pontos favoráveis e desfavoráveis e

êxitos na dimensão dos propósitos. Ao ser utilizado, os

educandos começam a ter mais responsabilidade por suas

próprias construções individuais. Propicia, portanto, condições

para o aluno refletir sobre si mesmo e o que tem construído ao

longo da vida.

Portfólio - é uma pasta portátil que contém a trajetória, a

caminhada do aluno pela qual poderá conter textos, documentos,

dúvidas, certezas, relações da própria vida ou até mesmo fatos

que acontecem fora da escola. Portanto, esta pasta servirá para o

educando perceber a construção das suas próprias aprendizagens

e análises que ele mesmo faz sobre si. Em algumas escolas é

chamada de Dossiê do Aluno, em outras Dossiê de Ocorrências.

faz sobre si. Em algumas escolas é chamada de Dossiê do Aluno,

em outras Dossiê de Ocorrências.

Observação - o educador deve observar os seus educandos

constantemente para constatar quais apresentam dificuldades na

aprendizagem e quais ainda conseguiram produzir conhecimento

sobre determinado conteúdo. O professor pode utilizar fichas de

observação para a melhor eficácia dos resultados. Fizemos muito

isso nas classes de Educação Infantil, onde não temos de dar

notas ou conceitos, simplesmente observamos e anotamos.

A intervenção pedagógica avaliativa deverá ocorrer no sentido de

provocar novas interações e buscas e, neste momento a processualidade

da avaliação requer observações, registros e análises sistemáticas do

processo de elaboração do conhecimento pelo aluno, registrando seu

crescimento e desenvolvimento no que se refere a autonomia intelectual,

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

a criatividade, a organização e a participação, as condições de elaboração

e generalização, e a comunicação dentre outros critérios que julgarmos

pertinentes.

Podemos dizer que não são apenas instrumentos usados

que caracterizam uma avaliação conservadora, mas

principalmente as formas de como estes instrumentos serão

usados e analisados, pois a avaliação é vista como um

processo abrangente da existência humana que implica uma

reflexão crítica no sentido de captar seus avanços, suas

resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de

decisão de o que fazer para superar os obstáculos, tendo como

função o processo transformador da educação na sociedade.

1.1- Avaliação do Processo de Ensino-Aprendizagem

Para FERNÁNDEZ (1998), as reflexões sobre o estado atual do

processo ensino-aprendizagem nos permite identificar um movimento de

idéias de diferentes correntes teóricas sobre a profundidade do binômio

ensino e aprendizagem. Entre os fatores que estão provocando esse

movimento de de de de diferentes correntes teóricas sobre a profundidade do

binômio ensino e aprendizagem. Entre os fatores que estão provocando esse

movimento podemos apontar as contribuições da Psicologia atual, que nos

leva a repensar nossa prática educativa, buscando uma conceitualização do

processo. As contribuições da teoria construtivista de PIAGET, sobre a

construção do conhecimento e os mecanismos de influência educativa têm

chamado a atenção para os processos individuais, que têm lugar em um

contexto interpessoal e que procuram analisar como os alunos aprendem,

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

estabelecendo uma estreita relação com os processos de ensino em que

estão conectados.

Os mecanismos de influência educativa têm um lugar no processo de

ensino-aprendizagem, como um processo onde não se centra atenção em um

dos aspectos que o compreendem, mas em todos os envolvidos. Ao

analisarmos a situação atual da prática educativa em nossas escolas

identificaremos problemas como: a grande ênfase dada a memorização,

pouca preocupação com o desenvolvimento de habilidades para reflexão

crítica e auto-crítica dos conhecimento que o aluno aprende onde as ações

ainda são centradas nos professores que determinam o quê e como deve ser

aprendido e a separação entre educação e instrução.

A solução para tais problemas está no aprofundamento de como os

educandos aprendem e como o processo de ensinar pode conduzir à

aprendizagem. O processo de ensino-aprendizagem tem sido historicamente

caracterizado de formas diferentes, que vão desde a ênfase no papel do

professor como transmissor de conhecimento, até as concepções atuais que

concebem o processo de ensino-aprendizagem com um todo integrado com

destaque no papel do educando. Nesse enfoque, considera-se a integração

do cognitivo e do afetivo, do instrutivo e do educativo como requisitos

psicológicos e pedagógicos essenciais.

A concepção de que o processo de ensino-aprendizagem é uma

unidade dialética entre a instrução e a educação está associada à idéia de

que igual característica existe entre ensinar e aprender. Esta relação nos

remete a unidade dialética entre a instrução e a educação está associada à

idéia de que igual característica existe entre ensinar e aprender. Esta relação

nos remete a uma concepção de que o processo de ensino-aprendizagem tem

uma estrutura e um funcionamento sistêmico, isto é, está composto por

elementos estreitamente inter-relacionados.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

Todo ato educativo obedece determinados fins e propósitos de

desenvolvimento social e econômico e em conseqüência responde a

determinados interesses sociais, sustentando-se em uma filosofia da

educação, que adere a concepções epistemológicas específicas, levando em

conta os interesses institucionais e, depende, em grande parte, das

características, interesses e possibilidades dos sujeitos participantes, alunos,

professores, comunidades escolares e demais fatores do processo.

Todas estas influências exercem sua ação inclusive nos pequenos

atos que ocorrem na sala de aula, ainda que não sejam conscientes. O

componente do processo ensino-aprendizagem é uma propriedade ou atributo

de um sistema que o caracteriza, não sendo parte do sistema e sim uma

propriedade do mesmo.

Buscamos então identificar os componentes desse processo e

podemos dizer que o problema é determinado a partir da necessidade do

aluno, tendo como objetivo interrogativo o porque ensinar e o que aprender.

“A avaliação para ser considerada válida deve ser realizada

em função dos objetivos previstos, pois, do contrário, o

professor poderá obter muitos dados isolados, mas de pouco

valor para determinar o que cada aluno realmente aprendeu. É

a partir da formulação dos objetivos, que vão nortear o

processo ensino-aprendizagem, que se define o que e como

julgar, ou seja, o que e como avaliar. É por isso que

normalmente se diz que o processo de avaliação começa com

a definição dos objetivos.”

(HAYDT, 1997: 30)

Avaliação é o elemento regulador e sua realização oferece

informação sobre a qualidade do processo de ensino aprendizagem, sobre

a efetividade dos outros componentes e das necessidades de ajuste,

modificações que o sistema deva realizar.

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de
Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

CAPÍTULO 2

MULTIPLICIDADE DE FORMAS DE AVALIAR

Avaliar se configura, portanto, numa atitude eminentemente política e

humana. Sendo parte de um processo, que exige de todos uma contribuição,

a Avaliação exige co-participação, exige comprometimento, auto-avaliação de

todos que vivem esse processo, análise crítica das ações: que facilitem e

orientem o planejamento, e o aprimoramento das relações escolares.

A Avaliação não pode ser fechada aos novos elementos que

surgirão no decorrer do caminho. Os pesos e as medidas terão que ser

relativos. Os alunos terão que ser tratados como partícipes desse

processo, deverão ter seus espaços garantidos, tanto no que diz respeito

aos seus direitos, mas com igual importância quanto as suas obrigações.

“Todas as provas devem ser de livro aberto, todas as informações

devem estar disponíveis aos alunos. Não obriguemos ninguém a

memorizar nada. A tecnologia atual permite que tudo, todas as

informações sobre as diversas áreas do conhecimento, estejam

devidamente armazenadas nos computadores. Então, nós não

temos que memorizar nada. Quando pedimos aos estudantes que

memorizem algo, estamos dizendo-lhes ao mesmo tempo, que não

acreditamos em qualidade. O importante é utilizar a capacidade de

pensar de produzir e de criar.”

(GLASSER, 1993: 27)

2.1- Refletindo:

A avaliação deve verificar a congruência entre objetivos e

desempenho. Há um certo descompasso entre os princípios e conceitos

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

que nortearam nossa formação profissional, calcada não só na pedagogia

tradicional, mas em toda a representação cultural alicerçada na seleção,

na estratificação, na padronização e a real performance do alunado de

hoje.

Temos um alunado questionador, resistente e crédulo que pode

mudar o rumo das coisas quando deseja. Esse fenômeno tem se

manifestado com muita freqüência na escola. Isso tem levado diversos e

experientes educadores a se debruçarem sobre o assunto, sem tréguas.

Nos desempenhamos em fazer o melhor na aula e quando chega a hora

da avaliação, da prova ou dos testes, os resultados revelam resultados

desanimadores.

Escutamos os colegas dizerem que os alunos não querem nada

com os estudos, e por poucas vezes dizem: "a culpa é toda minha, não

consegui fazê-los entender a matéria". Este é um sentimento geral nas

escolas e tem empurrado muitos de nós para o aprofundamento, mas,

temos conseguido identificar os principais problemas.

Alguns teimam em entender por avaliação os tipos de provas, de

exercícios, de testes, de trabalhos etc. Não compreendem a avaliação como

um processo amplo da aprendizagem, indissociável do todo, que envolve

responsabilidades do professor e do aluno. Ao tratar a avaliação dessa forma,

afastam-na de seus verdadeiros propósitos, de sua relação com o

ensinamento, de seu aspecto formativo.

O alargamento do conceito da Avaliação nos faz ver seu fim e os

seus meios. Falar da Avaliação no âmbito da Educação Escolar, nos leva

pensar a sua função, o papel social do professor, a razão da existência da

Escola. Traz a discussão sobre inclusão e exclusão, privilégios e direitos,

direitos e obrigações, instrução e formação, que alunos queremos formar, que

escola estamos tona a discussão sobre inclusão e exclusão, privilégios e

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

direitos, direitos e obrigações, instrução e formação, que alunos queremos

formar, que escola estamos construindo para a nossa sociedade.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

CAPÍTULO 3

CRITÉRIOS AVALIATIVOS

O sistema de tirânico de atribuir notas e médias finais,

concentrado no poder individual do professor, não tem estimulado a

aprendizagem, nosso objetivo é o de demonstrar a urgente necessidade

de novas posturas dos docentes no processo de avaliação escolar.

Há uma relação estreita, oriunda da tradição jesuítica, entre o

sistema de notas e a avaliação escolar. Aos olhos da educação em

valores, essa relação pode não ser assim tão próxima e inseparável, isto

é, a atribuição de notas e médias finais não tem que obrigatoriamente

estar inserida no processo de avaliação.

São tarefas inerentes a avaliação: a verificação, a qualificação e a

apreciação qualitativa. A verificação prima pela coleta de dados sobre o

aproveitamento. A qualificação faz a comprovação dos resultados

alcançados. Já a apreciação qualitativa demonstra os padrões de

desempenho. Neste momento a avaliação cumpre pelo menos três

funções: pedagógico-didática, de diagnóstico e de controle.

A função de controle, sem a função de diagnóstico e sem o seu

significado pedagógico didático, fica restringida à simples tarefa de

atribuição de notas e classificação.

Não podemos tomar a avaliação unicamente como o ato de

aplicar provas, atribuir notas e classificar alunos, nem tampouco usar a

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

avaliação como recompensa ou punição. Se o professor demonstra um

verdadeiro propósito educativo, o próprio controle de tarefas e exercícios

de consolidação são vistos pelos alunos como efetiva ajuda ao seu

desenvolvimento, na medida em que mostram evidências concretas da

realização dos objetivos propostos.

A avaliação é parte integrante do processo e não uma etapa

isolada. Ajuda a tornar mais claros os objetivos que se quer atingir e

estabelecer os novos objetivos. As atividades avaliativas concorrem para

o desenvolvimento intelectual, social e moral dos alunos, e visam

diagnosticar como a escola e o professor estão contribuindo para isso.

Deve possibilitar o conhecimento de cada um, sendo um termômetro dos

esforços do professor, é um ato pedagógico.

3.1- Objetivos

Precisamos de um programa de avaliação que defina com

precisão os objetivos, que venham a abranger os quatro aspectos

considerados da maior relevância para a caracterização da qualidade do

ensino, hoje:

Conhecer o desempenho dos alunos em aspectos cognitivos

dos conteúdos curriculares;

Levantar dados e informações para servirem de subsídios na

tomada de decisões sobre o desenvolvimento do processo de

ensino;

Identificar, nos conteúdos curriculares, pontos críticos que

necessitam maior atenção e requerem intervenção imediata e

prioritária para a melhoria da aprendizagem;

Fornecer, a partir dos dados levantados, subsídios para que os

professores possam atuar com maior eficiência na condução do

processo de ensino.

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

Ao ser definido um programa, várias decisões devem ser tomadas

em função do contexto educacional. Partimos então da premissa que o

modelo de avaliação deve ser integrado ao modelo instrucional; ou seja,

entre ambos deve existir uma unicidade, sem a qual não se poderá se

afirmar que o ensino estaria concretizando seus objetivos, e nem que a

avaliação estaria efetivamente constatando a experiência entre o ensino e

o desempenho escolar.

3.2- Realidade

Sabemos que a principal função de uma avaliação por critério é

verificar se o estudante domina um critério específico ou se atingiu um

determinado padrão de desempenho. A escola brasileira não segue um

ensino por objetivos comportamentais e com bastante freqüência se

observa grande dificuldade por parte de professores e administradores em

estabelecer objetivos instrucionais precisos, prevalecendo objetivos

gerais. O ensino não é individualizado e a avaliação não tem caráter

formativo, salvo exceções, sendo, na verdade, somativa e episódica.

Ainda que a teoria pedagógica tenha sofrido alguma influência

behaviorista, a prática docente no país não se baseia em objetivos

instrucionais explícitos e mensuráveis, como seria desejável. Toda a

estrutura do ensino tende a concentrar-se na transmissão pura e simples

de "conhecimentos".

Na prática, a realidade brasileira, não considera, na avaliação, o

conceito de "domain” *1, como ocorre em contextos que adotam

instrumentos referenciados a critério. Seria impossível, num sistema que

não prioriza o atendimento individual dos alunos, estabelecer um nível

predeterminado de capacitação sob risco de invalidar o processo de

avaliação, com a fixação de níveis inteiramente irrealistas.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

*1- Domain - conjunto de conteúdos, comportamentos,

habilidades, destrezas e atitudes em certa área curricular.

Todo o sistema brasileiro atual fundamenta-se na discriminação, a

fim de aumentar a variância dos resultados obtidos e promover uma

melhor discriminação dos vários níveis de desempenho.

Vemos que é impossível, em curto prazo, modificar uma idéia

consolidada na maioria dos professores, para que surja uma nova

mentalidade relativa ao processo de ensino, em que a questão da

variabilidade não constitua elemento prioritário, conforme seria desejável.

Temos então os resultados, numa avaliação referenciada a critério,

apresentam-se num sistema binário: satisfatório x insatisfatório; sucesso x

fracasso, etc.

“Perigosamente, as condições concretas da prática avaliativa

atual, autoritária e coercitiva, determinam continuamente

situações de sucesso e fracasso escolar com base em

exigências de memorização e reprodução de dados pelo aluno.

O cotidiano da escola desmente um discurso inovador de

considerar a criança e o jovem a partir de suas possibilidades

reais. A avaliação assume a função comparativa e

classificatória, negando as relações dinâmicas necessárias à

construção do conhecimento e solidificando lacunas de

aprendizagem.”

(HOFFMAN, 1994: 74)

Esta forma de apresentação dos resultados de um teste não diz

grande coisa aos professores, que se sentem mais gratificados com as

informações expressas em uma escala decimal ou centesimal, ainda que,

na realidade, isso pouco diga sobre o desempenho do aluno.

A avaliação na escola brasileira valoriza o resultado bruto,

apresentado em escala de 10 ou 100 pontos, permitindo inferências bem

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

restritas sobre o desempenho grupal, face às limitações dos dados

informativos. Habitualmente, os testes elaborados em nossas escolas são

um conjunto de questões com a finalidade de verificar o conhecimento

substantivo, sem nenhuma preocupação com a identificação dos

comportamentos, ficando a validade da amostra do instrumento

comprometida por verificar apenas a dimensão conteúdo. E uma avaliação

eminentemente voltada para o conteúdo substantivo.

“Considero muito importante discutir os entendimentos sobre

fracassos de aprendizagem, porque as enunciadas “culpas”

sobre tais fracassos podem significar um dos maiores entraves

à discussão entre os professores sobre a sua prática avaliativa

nas escolas e universidades. Sentindo-se responsáveis, não há

diálogo entre os educadores a esse respeito, não há trocas ou

sugestões dentre eles.”

(HOFFMAN , 1994: 42)

Alguns professores tecem uma visão behaviorista da

aprendizagem, e muitos partem do famoso pressuposto: todo aluno pode

aprender tudo, desde que ensinado com competência.

3.3- Uma Crítica

Antes de discutir a importância dos instrumentos de avaliação faz-se

necessário discutir os seus fundamentos, a sua concepção. Não nos fará

crescer, perder tempo em travar longas horas de debates sobre o fim ou não

da prova, ou se ela deva ser de múltipla escolha ou dissertativa.

Nossa experiência em sala de aula tem mostrado que não há

problema em utilizar as provas, os testes, os trabalhos diversos etc. Em si só,

não guardam nenhuma oposição a uma Avaliação mais processual e

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

contínua, nem ofendem a definição de um modelo mais democrático. A Escola

existe para ser um dos espaços de educação das pessoas, entendendo como

educação a aprendizagem de conhecimentos importantes para sua vida,

relacionados com a sua história e com o seu tempo e, que contribua para o

seu crescimento humano. A Escola se justifica pela possibilidade de se

configurar num ambiente de manifestação cultural e de produção/criação de

conhecimento.

CAPÍTULO 4

CONSELHO DE CLASSE – APONTANDO CAMINHOS

A avaliação deve acompanhar o percurso e sinalizar novos

caminhos, não mais ser vista como “arma” que minimiza o progresso e

elimina a autenticidade dos envolvidos. Todo processo de avaliação deve

nos encaminhar por trilhas seguras, onde mesmo “errando” poderemos

perceber que somos capazes de acrescentar, amadurecer e acertar.

A avaliação é um dos meios pelos quais podemos conhecer os

alunos. Ela permite acompanhar os seus passos no dia-a-dia, descreve as

trajetórias, seus problemas e suas potencialidades, favorecendo que o

trabalho de ensino-aprendizagem se dê de forma coerente com os

objetivos e desejos de professores e alunos, portanto, ela é diagnóstica.

Nos dá idéia do material humano que temos, das expectativas criadas ou

do que podemos fazer para provocá-las quando existe clima de apatia.

Mostra-nos os conhecimentos que a turma já acumulou e os que ainda

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

não dominam e, assim as possibilidades de projetos a serem

desenvolvidos.

Diagnóstica, em todo o decorrer do processo. Uma diagnose que

depende de diálogo, que não se configura como instrumento legítimo sem

essa premissa.

“... a distinção entre julgamento e avaliação, no sentido de

que o julgamento define uma situação do ponto de vista do sim e do

não, do certo e do errado; a avaliação acolhe alguma coisa, ato,

pessoa ou situação e então, reconhece-a como é (diagnóstico),

pessoa ou situação e então, reconhece-a como é (diagnóstico), para

uma tomada de decisão sobre a possibilidade de uma melhoria de

sua qualidade, para avaliação não há uma separação entre o certo e

o errado; há o que existe e esta situação que existe é acolhida, para

ser modificada. Na avaliação não há exclusão.”

(LUCKESI, 1995: 172.)

A Avaliação, na sua forma, é fruto de negociações e cumplicidade

dos seus autores, nós, professores. A maior dificuldade que se tem hoje,

na discussão sobre a avaliação, é enxergá-la como um componente do

processo, afinal a idéia de processo não é fácil de ser assimilada.

A avaliação tem esbarrado em um problema crônico na Educação: a

dificuldade do trabalho coletivo. E é exatamente na hora que vai se discutir

resultados ou normas que o problema mais aparece. Nos conselhos de classe

e nas reuniões de planejamento tentamos achar critérios comuns, ações

conjuntas para valorizar ou punir, formas únicas de distribuição de créditos. A

dificuldade é que, sem aprofundar no conteúdo do problema, acabamos por

não conseguir seguir em frente, vemos claramente a dificuldade em se

trabalhar em equipe.

É preciso criar uma cultura da avaliação em todo o sistema,

considerando que a prática avaliativa é bastante episódica na escola. A

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

avaliação, quando mau empregada pode expulsar o aluno da Escola, causar

danos em seu autoconceito, impedindo que tenha acesso a um conhecimento

sistematizado e, portanto, restringindo a partir daí suas oportunidades de

participação social.

CONCLUSÃO

A Avaliação Educacional é um sistema de informações que tem como

objetivos fornecer diagnóstico e subsídios para a implementação ou

manutenção de políticas educacionais. Ela deve ser concebida também para

prover um contínuo monitoramento do sistema educacional com vistas a

detectar os efeitos positivos ou negativos de políticas adotadas.

Um sistema de avaliação deve obter e organizar informações

periódicas e comparáveis sobre os diferentes aspectos do sistema

educacional. Podemos dizer que é um termômetro dos esforços do

professor, um ato pedagógico. Percebemos o quanto a avaliação escolar

é importante e fundamental em todo o processo de aprendizagem e

ensino. Porém, não a faz necessária através de notas ou menções.

A observação, o registro e a avaliação do professor devem fazer

parte de sua rotina de trabalho. A avaliação passa a ser a reflexão sobre

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

esse processo e as condições oferecidas por ele para que ela realmente

aconteça e tenha êxito.

Sendo parte de um processo, que exige de todos uma contribuição,

exige co-participação, comprometimento, auto-avaliação de todos que vivem

esse processo e a análise crítica das ações que facilitam e orientam o

replanejamento, e a elaboração e desenvolvimento de projetos coletivos que

aprimorem as relações escolares.

Cabe a nós educadores, a reflexão e ação imediata ao perceber

que a turma não vai bem, seja dentro ou fora da sala de aula,

identificando as causas do problema, e discutindo com os alunos as

soluções procurando transformar adversidades em desafios. Quando o

Aluno que começar a apresentar problemas de aprendizagem deve ser

encaminhado a um sistema de reforço, de forma motivacional onde

possam integrar-se aos colegas e ao ambiente escolar melhorando a

auto-estima.

O professor que consegue captar efetivamente a importância do

processo de ensinar e aprender tende a mudar seu comportamento em

sala de aula. Avaliar se configura, portanto, numa atitude eminentemente

política e humana. Só tem sentido, na Educação, se for utilizada para

proporcionar a todos conhecer o seu mundo, propiciar prazer e favorecer

a autodescoberta, não se justifica, para punir e selecionar.

O enraizamento do conceito seletivo da Avaliação, a transformou

autoritariamente no lastro do ensino da unidade escolar, ignorando os

elementos vivos da escola, sua história, o seu contexto, suas aspirações.

Imposta pela política da exclusão atropela todas as negociações, nega

qualquer possibilidade de diálogo não tendo nenhuma relação com o avaliado

estrangulando desse modo tudo que nasce para contestá-la, essa é a nossa

crítica.

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

Apontamos então o caminho da transformação. Sem dúvida a

avaliação pode expressar a qualidade do ensino com muito mais fidelidade, se

acondicionada dentro dos próprios limites, se estiver alinhada à filosofia de

trabalho da escola, do projeto político-pedagógico e não sendo tratada como

um fim em si mesma.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

FALCÃO FILHO, José Leão M. Avaliação, classificação e freqüência na

nova LDB. Minas Gerais, SINEP, 1997.

FERNANDEZ, A. A Inteligência Aprisionada. Porto Alegre, Artes Médicas:

1990.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. São Paulo: Paz e Terra, 1979.

_______, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

1987.

FREITAS, Nilson Guedes de. Pedagogia do Amor: Caminho da Libertação

na Relação Professor-Aluno. Rio de Janeiro: WAK, 2000.

HAYDT, Regina Célia Cazaux. Avaliação do Processo Ensino-

Aprendizagem. São Paulo: Ática, 1997.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da

pré- escola à universidade. 14ª ed. Porto Alegre: Mediação, 1998.

LUCKESI, Cicpriano Carlos. Avaliação educacional escolar: para além do

autoritarismo. São Paulo: Ande, 1986.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

PERRENOUD, Philippe. Não mexam na minha avaliação! Para uma

abordagem sistêmica da mudança pedagógica. In: ESTRELA, Albano &

NÓVOA, Antônio. Avaliações em educação. Lisboa: Educa, 1992. p.155-

73.

, Jean. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária,

1976.

SANTOS, Theobaldo Miranda. Noções de prática de ensino. SP:

Companhia Editora Nacional, 1961.

SOUZA, Sandra Zákia Lean de. Revisando a Teoria da Avaliação da

Aprendizagem. In: SOUZA, Sandra Zákia Lean de. (org). Avaliação do

rendimento escolar. Campinas: Papirus, 1991.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação: concepção dialética

libertadora do processo de avaliação escolar. São Paulo: Libertad,

1993.

VEIGA, Ilma Passos de Alencastro. Repensando a didática. Campinas SP:

Papirus, 1996.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de

BIBLIOGRAFIA CITADA

FERNANDEZ, A. A Inteligência Aprisionada. Porto Alegre, Artes Médicas:

1990.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. São Paulo: Paz e Terra, 1979.

HAYDT, Regina Célia Cazaux. Avaliação do Processo Ensino-

Aprendizagem. São Paulo: Ática, 1997.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da

pré- escola à universidade. 14ª ed. Porto Alegre: Mediação, 1998.

LUCKESI, Cicpriano Carlos. Avaliação educacional escolar: para além do

autoritarismo. São Paulo: Ande, 1986.

, Jean. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária,

1976.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação: concepção dialética

libertadora do processo de avaliação escolar. São Paulo: Libertad,

1993.

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE … SA FERREIRA.pdf · sobre o papel da avaliação do desempenho escolar como ferramenta de exclusão social, tendo consciência de