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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE, E A SUA VISÃO NA ESTRATÉGIA DO PROGRAMA DE GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL NA INSTITUIÇÃO POR: DANIELLE DUARTE MEDEIROS Orientador Prof. ANA PAULA RIBEIRO Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE, E A SUA VISÃO NA

ESTRATÉGIA DO PROGRAMA DE GESTÃO DA QUALIDADE

TOTAL NA INSTITUIÇÃO

POR: DANIELLE DUARTE MEDEIROS

Orientador

Prof. ANA PAULA RIBEIRO

Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE, E A SUA VISÃO NA

ESTRATÉGIA DO PROGRAMA DE GESTÃO DA QUALIDADE

TOTAL NA INSTITUIÇÃO.

Apresentação de monografia ao Instituto

A Vez do Mestre - Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

ADMINISTRAÇÃO EM SAÚDE

Por: DANIELLE DUARTE MEDEIROS

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AGRADECIMENTOS

Sempre ouvi minha mãe dizer que: - “a

ingratidão mata a afeição e a gratidão nos

enche de amor o coração”, assim, procurei

agradecer a todos que de alguma forma me

impulsionaram ou me guiaram até este

momento.

ALUNOS: Aos meus colegas de turma e de

grupo.

AMIGOS e TRABALHO: Não seria justo eu

citar um a um, mas existem alguns que

merecem fazer parte desta minha história de

vida. Natália que em todas as horas sempre

esteve disposta a me ouvir e ajudar sem nunca

pedir nada em troca, aos demais pelo

companheirismo e pelos momentos

compartilhados.

FAMÍLIA: É a razão de toda a minha

existência, minha mãe Bete pelo apoio sempre,

enfim um muito obrigada a todos que de

alguma forma contribuíram para a realização

deste momento.

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PROFESSORES: Aos que souberam com

maestria demonstrar o dom divino que

receberam de passar o saber adiante e fazer

com que ele seja uma constante fonte de

questionamentos e busca de respostas. Aos

mestres com carinho

Um homem também chora (Gonzaguinha)

Um homem também chora, menina morena. Também deseja colo,

palavras amenas. Precisa de carinho, precisa de ternura, precisa de um

abraço, da própria candura.

Guerreiros são pessoas, são fortes, são frágeis. Guerreiros são

meninos, no fundo peito. Precisam de um descanso, precisam de um remanso,

precisam de um sonho que os tornem perfeitos. É triste ver meu homem,

guerreiro menino, com a barra de seu tempo, por sobre seus ombros, eu vejo

que ele berra, eu vejo que ele sangra , a dor que tem no peito, pois ama e

ama.

Um homem se humilha se castram seu sonho, seu sonho é sua vida, e

vida é trabalho, e sem o seu trabalho, um homem não tem honra, e sem a sua

honra, se morre, se mata.

Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz, não dá para ser feliz,

não dá pra ser feliz...

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É triste ver meu homem, guerreiro menino, com a barra de seu tempo,

por sobre seus ombros, eu vejo que ele berra, eu vejo que ele sangra, a dor

que tem no peito, pois ama e ama.

Um homem se humilha se castram seu sonho, seu sonho é sua vida e

vida é trabalho, e sem o seu trabalho, um homem não tem honra, e sem a sua

honra, se morre , se mata.

Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz.

Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz.

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DEDICATÓRIA

Ao meu namorado pelos “nãos”

proferidos a ele, a minha mãe por todo

amor e dedicação,ao meu avô pelo

exemplo ético e pelo fazer, a meu

pai,meu tio e minha avó (in memória )

pelo amor, carinho,

Força e saudade eterna.

Obrigada Deus, por esse momento.

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SALMO 23

O Senhor é meu pastor,nada me

faltará.Deitar-me me faz em verdes

pastos, guia-me mansamente a águas

tranqüilas.Refrigera a minha alma;guia-

me pelas veredas da justiça por amor de

seu nome.

Ainda que eu andasse pelo vale das

sombras da morte,não temerei mal

algum,porque tu estás comigo;a tua vara

e o teu cajado me consolam.

Preparas uma mesa perante mim na

presença dos meus inimigos,unges a

minha cabeça com óleo,o meu cálice

transborda.

Certamente que a bondade e a

misericórdia me seguirão todos os dias da

minha vida e habitarei na casa do Senhor

por longos dias.

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Dedico esta mensagem aos meus entes

queridos,que sempre me apoiaram,minha

querida avó Iza Duarte,meu querido tio e

padrinho Pedro Ivo e meu amado pai

Angelo Marcos R. de Medeiros.

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RESUMO

O presente trabalho se propõe a realizar um breve histórico do Serviço

Social na área da saúde, e sua visão numa cartografia do Programa de Gestão

da Qualidade Total como prática na melhoria de serviços em todos os âmbitos

da instituição de saúde, hospital Hemorio .

O estudo fornece um panorama geral do Programa de Gestão da

Qualidade Total. Retrata a intervenção do Serviço Social na instituição

supracitada, junto à compreensão de como o PGQT contribuiu para o alcance

do objetivo.

Alerta-se para o fato que se trata de um programa de gestão que se

constitui numa avaliação da efetividade do mesmo, refere-se no quanto o

cumprimento das metas realmente contribuiu para o que se objetiva.

Palavras – chave: Serviço social, saúde, programa de gestão da

qualidade total.

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METODOLOGIA

A política social deve atuar de forma integrada,no caso,a de saúde

assegurando um processo de

Intersetorialidade entre os diferentes níveis de governo que garantem o

direito à saúde enfatizando o trabalho com a família.

O trabalho do Serviço Social deve se fundamentar na competência

técnica,ética e política da articulação interdiciplinar de todas as especialidades

em saúde de forma a atenuar ou superar as dificuldades encontradas na

instituição.

O tema têm como lócus privilegiado,uma instituição reconhecida

internacionalmente – trata-se do Instituto Estadual Arthur de Siqueira

Cavalcanti-HEMORIO que hoje é referência no Programa de Gestão da

Qualidade Total.

Com base no contexto exposto acima,surgiu o interesse em ampliar o

conhecimento sobre o assunto,tornando-se então objeto da pesquisa para o

trabalho em questão.

O objetivo geral é realizar uma avaliação de resultados do Programa

de Gestão da Qualidade Total pela visão do Serviço Social.

O objetivo específico e verificar se as estratégias utilizadas pelo PGQT

têm alcançado os resultados esperados.

A pesquisa irá ampliar os conhecimentos e conscientizar como

profissional do Serviço Social irá lidar com esses procedimentos na instituição.

Dentro desta perspectiva,o caminho da investigação está baseado na

abordagem qualitativa que é entendida,como aquela que não emprega

procedimentos estatísticos como centro do processo de análise de um

problema.

O pesquisador procura interpretar os fatos,para obter uma solução

para o problema proposto.

Uliliza-se a observação para o estudo da realidade em que se encontra

a pesquisa,pois por meio dela se pode constatar se o estudo pode ser

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preciso,interessante,sucessivo e metódico.A investigação sem a técnica da

observação reduz a um processo de simples adivinhação.

Aqui, se utiliza a observação participante entendida como aquela que o

investigador se envolve como o objeto da pesquisa.

Os dados coletados foram baseados em pesquisas bibliográficas como

também consultas em internet,pesquisa de campo e experiências vivenciadas

nas dependências do hospital.

Utiliza-se,ainda,o formulário aplicado por meio de uma entrevista

direta.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - 11

CAPÍTULO II - 20

CAPÍTULO III – 39

CONCLUSÃO 47

BIBLIOGRAFIA 55

ANEXOS 58

ÍNDICE 59

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INTRODUÇÃO

Partindo da premissa que o Serviço Social é uma profissão inserida no

processo de relações sociais, determinada pela forma como a sociedade está

organizada, conclui-se que a inserção do profissional na realidade deve ser

adequada às demandas impostas pelo contexto histórico, ou seja, é preciso

que o Assistente Social esteja em sintonia com o real, para assim buscar

alternativas capazes de contribuir com a população usuária.

O projeto profissional perpassa por duas dimensões: de um lado, é

necessário considerar as condições macro societárias que estabelecem o

contexto sócio-histórico em que se exerce a profissão, seus limites e

possibilidades; e de outro lado estão as respostas técnicas, ético-políticas dos

agentes profissionais, que traduzem como esses limites e possibilidades são

analisados, apropriados e projetados na ação cotidiana. Consideramos que a

compreensão dos processos societários em sua totalidade é fundamental para

o Assistente Social, pois esta compreensão pode contribuir para o exercício de

um trabalho profissional crítico e competente.

As mudanças na esfera do Estado, no mundo do trabalho, na sociedade

civil e na cultura, engendradas pela política e pela ideologia neoliberal, alteram

profundamente a demanda de trabalho do Assistente Social; as condições em

que o trabalho se realiza são diferentes. Sendo assim, pensar as competências

e atribuições do Assistente Social implica ter a compreensão do momento

particular de mudanças no padrão de acumulação e regulação social do

capitalismo, onde o mercado de trabalho se modifica e as relações de trabalho

tendem a ser desregulamentadas e flexibilizadas; onde existe uma escassez

de recursos para a área social e conseqüentemente uma diminuição dos

recursos institucionais que poderiam proporcionar o acesso aos direitos.

Destacando a área de saúde, em virtude de concordarmos que tal área

é capaz de expressar as reais condições de vida da população de um país.

Além disso, a saúde está articulada coma produção e reprodução do Capital e,

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por isso, é um setor que absorve um número grande de Assistentes Sociais

(Bravo, 1998:9-10), o que também motivou nossa escolha.

Por fim, abordamos questões relativas ao Serviço Social e seus desafios

frente às mudanças efetuadas sob a égide neoliberal. O fato de estar inserida,

enquanto profissional, no Instituto Estadual de Hematologia Artur de Siqueira

Cavalcanti/HEMORIO, me fez optar por um programa específico dessa

instituição,que é o Programa de Qualidade Total. Com relação ao Serviço

Social, busquei identificar se os profissionais que compõem a equipe pautam

seu exercício profissional no projeto ético-político da categoria e por isso, além

da observação participante, realizei entrevistas. A escolha pela mesma se deu

pelo fato desta oferecer a oportunidade do pesquisador obter dados que não

se encontram documentados e que podem ser significativos na análise do que

se propõe estudar. As perguntas foram formuladas com o intuito de extrair dos

discursos dos profissionais, o seu entendimento no que diz respeito às

mudanças ocorridas na sociedade e a relação com às dificuldades enfrentadas

no contexto de trabalho.

O HEMORIO conta com 24 assistentes sociais, que se dividem em

diversos setores e que estão ligados à diferentes equipes e chefias. Nosso

universo de pesquisa se centrou no Serviço Social da Hematologia, que lida

diretamente com a assistência ao usuário. Foram entrevistados 10 Assistentes

Sociais da instituição, sendo que no setor que daremos enfoque – o Serviço

Social da Hematologia – os entrevistados foram oito (8). A pesquisa procurou

averiguar o que o profissional vem realizando em termos de trabalho e o que

ele vislumbra como possibilidade para enfrentar os desafios impostos no

cotidiano. Por último, apresenta-se algumas considerações concernentes aos

resultados obtidos com a pesquisa.

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CAPÍTULO I

QUESTÃO DA SAÚDE 1.1 A Saúde como elemento fundamental da democracia

Não podemos separar a discussão sobre as questões de saúde pública

da discussão sobre a política macroeconômica. Na medida em que a saúde é

determinada por um conjunto de direitos sociais, ela pode explicitar as

condições de igualdade social de qualquer sociedade. Na realidade, ela é um

espelho da sociedade, uma vez que, partindo da análise das condições de

saúde, temos base para pensar todas as demais áreas. Segundo Escorel

(1989), a saúde é um componente fundamental da democracia e da

cidadania1. Não aquela democracia restritiva, mas a verdadeira democracia, no

sentido mais amplo e substancial da palavra2. A cidadania também é entendida

aqui como a possibilidade efetiva de exercer direitos e não à simples existência

formal desses.

Escorel (1989), vê a saúde como uma questão nacional, na medida

que esta é portadora de um projeto global de sociedade que é capaz de

superar todo corporativismo. Na sua opinião, a saúde é também um elemento

potencialmente revolucionário e de consenso. Revolucionário porque constitui

um campo privilegiado da luta de classes, onde se enfrentam o direito em si e

o exercício deste, onde se chocam as concepções de vida das diferentes

classes e onde existe a possibilidade da construção/formação de um bloco

histórico "alternativo" ao dominante; e de consenso porque é um

direito ao redor do qual pode unir-se um conjunto de forças, através de uma

1 Berlinguer (1978) foi um dos primeiros autores a enfatizar o caráter universal da saúde, relacionando-o ao da democracia. 2 Segundo Fleury (1997), na democracia substancial há "um conceito ético baseado na solidariedade e no desenvolvimento integral da comunidade política, assegurando a participação mais ampla possível à cidadania, quer no exercício do poder político, quer seja na distribuição das riquezas sociais".

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aliança, visto que as boas condições de saúde são um valor largamente

compartilhado (Escorel, 1989: 183-186).

Os conceitos de Escorel estão baseados na teoria gramsciana: a

autora vê a saúde como palco privilegiado e precursor de uma luta mais global

de transformação da sociedade. O movimento sanitário é caracterizado por

Escorel como um movimento suprapartidário e como "intelectual coletivamente

orgânico" das classes trabalhadoras, no campo de luta da saúde. Na

realidade, o referido movimento incorporou em sua luta as demandas da

sociedade como um todo, seu princípio fundamental era a democratização dos

serviços básicos prestados à população, dentre eles os de atenção à saúde

(Cohn apud Souza, 2001: 41).

Na realidade, a afirmativa de Escorel de que a saúde é um elemento

da democracia, está baseada no ideário do movimento de luta pela Reforma

Sanitária que sempre se preocupou com a participação da sociedade na

formulação das políticas com os "mecanismos de funcionamento" do Estado e

não só com os resultados redistributivos das políticas. Daí o emprego

simultâneo das consignas "Democracia é Saúde" e "Saúde é democracia",

emblema da Reforma Sanitária enquanto reforma também da política, no

sentido de que o direito universal à saúde deveria ser acompanhado, garantido

mesmo, pelo direito à participação no poder. Saúde como estratégia para a

democracia e democracia como estratégia para a saúde" (Carvalho, 1997:93).

Fleury (1997) também considera o Movimento Sanitário

como portador de um projeto global de sociedade e com

potencial construtor de uma sociedade democrática: "A

constituição do movimento sanitário como ator político

adotou como estratégia, por um lado, a difusão e a

ampliação da consciência sanitária, com vistas a alterar a

correlação de forças e a inserir-se no processo de

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construção de uma sociedade democrática. Por outro

lado, sob a bandeira da Saúde e Democracia (ou seria

Saúde é democracia?), o movimento da Reforma

Sanitária alia a eficiente organização política do

movimento social com a busca de formulação de um

projeto alternativo para o sistema de saúde, alcançando

ser, ao início do processo de democratização um ator

político impossível de ser ignorado. (...) Portanto, a

relação da Reforma Sanitária com a democracia revelou-

se com toda sua complexidade; como formulação

doutrinária que corporifica, na política pública, os ideais

igualitários; como frente de luta e arena na qual se

construíram, reforçaram-se ou reformularam-se

identidades políticas; como processo de transformação de

gestão social e reforma democrática do Estado dentro dos

limites constitucionais" (Fleury, 1997: 28-29).

O movimento Sanitário foi institucionalizado através da criação do

CEBES (Centro Brasileiro de Saúde Coletiva) e a posição deste foi consolidada

no documento apresentado no I Simpósio sobre Política Nacional de Saúde na

Câmara Federal, em outubro de 1979, onde foi apresentada a plataforma

programática do movimento sanitário, que proporcionou a adesão de

parlamentares e sindicalistas, dando início ao que culminaria com a inscrição

dessas propostas na Constituição Federal de 1988 (Fleury, 1997: 28). Entre as

propostas estavam: o reconhecimento da saúde como direito universal e

inalienável, o reconhecimento do caráter social da saúde e do caráter sócio-

econômico global das condições de emprego, salário, nutrição, saneamento,

habitação e preservação de níveis ambientais aceitáveis. Para viabilizar o que

se defendia, são enunciadas medidas concretas contra o empresariamento da

medicina e pela criação do Sistema Único de Saúde.

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Somente anos depois, o último estará previsto na Constituição Federal

de 88 e garantido legalmente através da Lei Orgânica de Saúde (LOS),

basicamente nas leis nº 8080/90 e 8142/90.

De fato, várias propostas do Movimento Sanitário aparecem como

princípios que norteiam o SUS. Entre eles:

• A universalidade – que garante a qualquer cidadão o direito de

acesso aos serviços públicos;

• Equidade – que significa igualdade com justiça;

• Integralidade – que busca a unidade da perspectiva curativa com a

preventiva. Sendo assim, as unidades de saúde devem ser capazes de prestar

assistência integral e o usuário percebido em sua totalidade;

• Descentralização – que é entendida como redistribuição quanto às

ações e serviços de saúde e que proporcionaria maior controle social por parte

da população;

• Regionalização e hierarquização – onde os serviços são

organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente. O acesso da

população à rede se dá por meio dos serviços de nível primário de atenção,

que devem ser qualificados para atender e resolver os principais problemas.

Os demais são referenciados para as unidades de maior complexidade.

• Resolutividade – os serviços devem ter capacidade de enfrentar e

resolver até o nível de sua competência todos os problemas de impacto

coletivo sobre a saúde;

• Participação popular – onde a população participa do processo de

planejamento e fiscalização da Política de Saúde. Essa participação se daria

através dos Conselhos de Saúde e Conferências da área;

• Complementaridade do setor privado – sua utilização só seria

necessária no caso de insuficiência do setor público e a unidade privada

deveria respeitar os princípios básicos do SUS;

• Financiamento – para realização e implantação de uma política de

saúde pautada na realidade, é necessário um suporte financeiro que a garanta.

Como se vê, todos os princípios estão interligados e são a expressão

do compromisso com a equidade associada à eficiência. No entanto, a pauta

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minimalista de política social, apregoada pelo ajuste neoliberal, colocará a

eficiência contra a equidade, sob a alegação de que suas "generosidades

universalistas" são "irremediavelmente geradoras de práticas perdulárias"

(Carvalho; 1997: 94).

No caso do Brasil, onde as políticas sociais nunca foram suficientes e

de qualidade, a situação é mais grave. A desigualdade social e a extrema

concentração de renda são o maior agravo à saúde. O aumento do

desemprego, do subemprego e a precarização do trabalho, conseqüentes da

política de ajuste neoliberal implementada no nosso país no decorrer da

década de 90, ocasionaram piores condições de habitação, saneamento,

alimentação, etc. Como pensar em saúde sem considerar esses elementos?

Como se pode ter saúde se não se tem na maioria das vezes nem mesmo a

alimentação garantida? É lógico que, se as condições de vida são precárias, a

saúde também será.

Apesar da Carta Constitucional de 1988, no seu artigo 196, definir "a

saúde como direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas

sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e outros

agravos e ao acesso universal, igualitário às ações e serviços para a

promoção, proteção e recuperação", na prática observamos que tal lei não é

cumprida, pois ainda não há políticas sociais e econômicas voltadas para tais

objetivos.

Ao longo da história do Brasil, a saúde não foi tratada numa

perspectiva de totalidade, mas sim de uma forma setorizada. Como vimos no

capítulo inicial deste trabalho, as políticas sociais, entre elas a saúde,

perpassam pelo assistencialismo, pelo corporativismo e clientelismo; as

"concessões" são de acordo com os interesses capitalistas. Em função disso, a

Constituição de 88 representou uma conquista para os segmentos populares.

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CAPÍTULO 2

O Serviço Social na Saúde.

2.1 A História do Serviço Social na Saúde e sua atuação.

No caso específico do setor saúde, o projeto ético-político está

intimamente relacionado ao projeto de Reforma Sanitária. Apesar da categoria

não ter participado efetivamente do Movimento Sanitário, visto que, nesse

período, ainda se construía o projeto profissional da atualidade, evidencia-se o

fato de que ambos projetos defendem uma sociedade mais justa.

Historicamente, a atuação do Serviço Social na saúde se deu no âmbito

curativo e com a abordagem individual. A preocupação com a saúde como uma

questão política, só aparece no seio da categoria na virada da década de 80

para 90 (Bravo, 1996, apud Matos, 2001:51).

Quando o movimento sanitário já lutava por uma assistência pública

mais digna na saúde, vendo a saúde no seu aspecto amplo, o Serviço Social

na área ainda se pautava numa visão restrita associada ao conservadorismo

em que a profissão se gestou. Somente após o processo de renovação da

profissão, quando esta tem uma interlocução maior com a tradição marxista, é

que o Serviço Social na saúde também será repensado.

Na década de 80, evidencia algumas alterações no que diz respeito ao

Serviço Social na saúde como: uma postura mais crítica dos trabalhos em

saúde apresentados nos congressos brasileiros (CBAS de 85 e 89),

apresentação de alguns trabalhos nos Congressos Brasileiros de Saúde

Coletiva; proposta de intervenção formulada pelas entidades da categoria

(ABESS, CFESS, ANAS) para o Serviço Social do INAMPS, em 1984; livros e

artigos divulgados pela Revista Serviço Social e Sociedade/ Cortez;

publicações do CELATS referentes à temática (Bravo, 1998:10). No entanto,

esses pequenos avanços não produzem alterações significativas na prática

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institucional, as experiências existentes na época são incipientes e a categoria

permanece desarticulada do movimento de Reforma Sanitária.

Na década de 90, a saúde e as demais políticas sociais foram abatidas

pela implantação do projeto neoliberal no país. Como vimos no capítulo

anterior, a reforma na saúde baseada nos ditames do Banco Mundial tem

como características a fiscalização das ações; a privatização da produção de

serviços; descentralização dos serviços em nível local; eliminação da

vinculação de fonte com relação ao financiamento e ao destaque do papel do

Governo Federal no controle de qualidade e previsão de informação ao

consumidor.

Com relação ao Serviço Social, na década de 90, observa-se a

ampliação de publicações relativas à área de saúde, que se pautam numa

perspectiva crítica, assim como, o crescimento de apresentações nos

congressos de trabalho que abordam a questão saúde. Na década de 90, há

um reconhecimento dentro da categoria da saúde como direito e uma defesa

estratégica do SUS. Apesar dessa incorporação dos princípios da reforma

sanitária, a categoria continuou desarticulada do movimento sanitário (Matos,

2001:59).

Matos aponta para o fato de que é preciso distinguir o movimento

sanitário da discussão de saúde coletiva que se gesta na década de 90.

Observa-se "a penetração de influências ideológicas e teóricas na saúde

coletiva que vão resgatar a questão do indivíduo e do universo micro,

desarticulado da totalidade" (Matos, 2000:59). O movimento sanitário, nesse

período, apesar de presente, apresenta menos fôlego devido à debandada de

profissionais para outras perspectivas em função do próprio contexto de

ofensiva contra os princípios da reforma sanitária.

Sendo assim, na década de 90, observamos que a hegemonia da

tendência marxista no debate da saúde coletiva perdeu expressivo espaço, ao

passo que, no debate do Serviço Social, esta conquistou grande parte da

categoria.

Matos, ao analisar o Serviço Social na saúde na década em questão

afirma:

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"O Serviço Social na década de 90 continua

desarticulado, enquanto categoria, do movimento

sanitário. Este, por sua vez, não detém hegemonia no

debate atual da saúde coletiva. Se a desarticulação era

considerada uma imensa debilidade, hoje pode ser

relativizada frente à direção que o debate da saúde

coletiva vem assumindo. Provas cabais de nossos

comentários são os dois encontros de Ciências Sociais e

Saúde (1995, em Curitiba/PR e 1999, em São Paulo/SP),

espaços estes onde ficou evidente o recurso hegemônico

a teorias não totalizantes e onde os impasses da

implementação dos ideais da reforma sanitária foram

temas laterais e a defesa da Seguridade Social. Tirando a

categoria dos Assistentes Sociais, nenhuma outra

categoria profissional e nem os fóruns da saúde coletiva

vêm priorizando esta luta" (...) (Matos, 2000:60).

Os dois projetos políticos em disputa na área de saúde, o projeto

privatista e o projeto de reforma sanitária colocam atribuições diferenciadas ao

Serviço Social. O projeto privatista de saúde voltada pra o mercado e

defendido na era Cardoso, exige do Assistente Social ações desenvolvidas no

passado e superadas pela maturidade teórico-metodológica e política da

profissão. Requisita-se do profissional a seleção socioeconômica, como

mecanismo de exclusão; atuação psicossocial através do aconselhamento;

ação nos planos de saúde com fiscalização dos usuários; assistencialismo

através da ideologia do favor, predomínio de práticas individuais; atividades

burocráticas e gerenciamento das unidades na busca de racionalização dos

gastos, bem como de "inovações gerenciais" associadas a técnicas de auto-

ajuda que resultam sempre na redução da oferta de serviços (Bravo, 1998:13).

Já o Projeto de Reforma Sanitária exige do Assistente Social uma

postura bem diferente. Entre as demandas colocadas ao profissional e

destacadas por Bravo (1998) estão: a construção de um novo modelo

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assistencial e de gestão; a articulação do ensino, pesquisa e assistência;

democratização da instituição; controle social no sentido de garantir o acesso

dos usuários às políticas públicas; elevação da consciência sanitária; ação

educativa na perspectiva problematizadora que beneficia os usuários; além do

estabelecimento de uma nova relação com o usuário, onde as bases são a

concepção de saúde como direito social e a interdisciplinaridade das ações. As

principais estratégias para por em prática as demandas citadas são: a ênfase

na abordagem grupal, estímulo à participação cidadã e democratização das

informações (Bravo, 1998:13).

Uma atuação em Serviço Social na saúde que pretenda ter como norte

princípios de justiça social, precisa estar pautada nos ideais do projeto ético

político da profissão e nos ideais do projeto de reforma sanitária. No interior da

categoria percebemos que a maioria dos profissionais tem seu discurso

baseado nos princípios desses dois projetos, porém há uma diferença grande

entre o posicionamento dos Assistentes Sociais e o trabalho desenvolvido.

No cotidiano das instituições, os Assistentes Sociais muitas vezes

exercem atribuições que acabam por reforçar o projeto privatista de saúde,

respondendo apenas aos objetivos institucionais.

Matos (2000), ao fazer um balanço do debate do Serviço Social na

saúde na década de 90, analisa artigos publicados na Revista Serviço Social e

Sociedade e também as comunicações apresentadas nos Congressos

Brasileiros de Assistentes Sociais e conclui que ainda que tal debate tenha

evoluído, isso aconteceu prioritariamente no meio acadêmico, visto que

observou-se um número reduzido de trabalhos produzidos por profissionais

inseridos nos serviços de saúde. Além disso, os trabalhos que realizam

reflexões sobre o cotidiano profissional existentes até então (período de

análise do autor), demonstraram a dificuldade de articular um fazer profissional

referenciado nos princípios do projeto político da profissão e no projeto de

reforma sanitária.

Vasconcelos (2002) também aponta essa dificuldade de articular o

fazer profissional ao projeto hegemônico na categoria, em uma criteriosa

pesquisa que realizou com Assistentes Sociais da rede de saúde do município

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do Rio de Janeiro. A autora identificou que os profissionais ainda reforçam os

objetivos da instituição e não os do projeto-ético-político profissional.

Através da pesquisa, Vasconcelos conclui que:

"(...) os assistentes sociais mesmo optando por articular

seu trabalho aos interesses e necessidades dos usuários,

não têm tido condições objetivas – a partir de uma leitura

crítica da realidade específica com a qual trabalham,

como parte e expressão da realidade social – de captar

possibilidades de ação contidas nessa realidade, visto

que não se apropriaram e/ou não estão se apropriando do

referencial teórico necessário e com qualidade suficiente

para uma análise teórico-crítica da sociedade na sua

historicidade, o que vem impossibilitando a previsão,

projeção e, conseqüentemente, a realização de um

trabalho que rompa com as práticas conservadoras"

(Vasconcelos, 2002:416).

A mesma autora ainda ressalta:

"Assim, assistentes sociais que se intitulam 'progressistas'

(...) também reproduzem uma prática conservadora, na

medida em que ter clareza de objetivos articulados aos

interesses dos usuários e/ou ser mais crítico em relação à

realidade social não assegura a qualidade da ação

profissional na direção pretendida (...) sem referências

concretas para uma ação na direção proposta, acabam

por reproduzir ações sem a dimensão das suas

características e conseqüências (...)" (Vasconcelos,

2002:118-119).

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O que a autora evidenciou a partir dos dados obtidos na pesquisa foi

que os profissionais realizam suas atividades basicamente através do plantão

do Serviço Social. As demandas que aí se apresentam são explícitas, provém

dos usuários, dos demais profissionais de saúde e da instituição em geral. Os

assistentes sociais diante dessas demandas realizam encaminhamentos

internos e externos e orientações diversas, mas acabam não identificando as

demandas implícitas que estão além da mera reprodução institucional, ou seja,

ao invés de se obter dados para criar e fortalecer estratégias e alternativas que

atendam aos interesses dos usuários, os profissionais restringem-se às

demandas institucionais, contribuindo para excluir, estigmatizar, rotular mais do

que os critérios seletivos e focalistas da política de saúde (Vasconcelos,

2002:417).

O exercício profissional acaba por se resumir na verificação da

possibilidade ou não de inserir o usuário nos critérios determinados pela

política social existente e/ou delegar a outros essa averiguação através de

encaminhamentos. Os profissionais deixam, então, de analisar todos os dados,

situações, indícios e informações disponíveis que poderiam assegurar o

acesso aos recursos existentes e, também, contribuir para a criação de formas

de pressão que, almejando os recursos necessários, os alcançasse (ibidem).

Se nas unidades de saúde os assistentes sociais trabalham e têm um

papel nos momentos de sofrimento, de dor, de perda; se constantemente se

deparam com a fome, o desespero e o abandono, suas ações não devem se

restringir a minimizar conflitos, buscando soluções temporárias, pois dessa

forma só estarão contribuindo para a reprodução da situação existente. O

apoio, o alívio das tensões, os encaminhamentos e orientações são

necessários, mas é preciso transpor isso, contribuindo verdadeiramente com

os interesses dos usuários e estimulando a participação desses nos

Conselhos, nas associações de pacientes e movimentos sociais em geral. Para

que essa participação seja qualificada, os assistentes sociais devem

democratizar as informações necessárias, capacitando os usuários. Isso só

pode ser feito mediante a sistematização dos dados; um mapeamento da

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realidade, o que supõe pesquisa e posterior planejamento das ações a serem

implementadas na unidade de saúde.

Se o Assistente Social tem a intenção de articular seu trabalho aos

interesses dos usuários, é necessário que os dados da realidade que se tem

acesso no cotidiano sejam sistematizadas com o fim de se buscar

possibilidades de ação que reafirmem tais interesses.

Vasconcelos indica uma série de requisitos para que os assistentes

sociais possam organizar e planejar suas ações de forma a intervir nos

determinantes sociais do processo saúde/doença e no resgate da saúde como

direito social, em contraposição a um trabalho instintivo e espontâneo. Entre

eles destacamos:

"(...) formação profissional e continuidade de qualidade

(...); coordenação/assessoria direta do trabalho

profissional na implementação de estratégias e táticas de

ação; prioridade ao desenvolvimento da consciência

sanitária (...); capacitação, incentivo e organização dos

usuários (...); levantamento dos recursos disponíveis e

possíveis de serem acessados e/ou conquistados (...);

opção necessária pelo trabalho coletivo; participação nos

organismos de controle social assegurado pela

Constituição; desenvolvimento, fortalecimento e criação

de espaços de capacitação política e técnica dos

conselheiros de saúde; capacitação e treinamento de

funcionários que intermedeiam as ações de saúde entre

usuários e profissionais de nível superior; (...);

fortalecimento e reconhecimento dos espaços de

participação, controle e/ou gestão, fazendo dos espaços

na área de saúde espaços de promoção e proteção da

saúde; criação de espaços externos às unidades de

saúde que propiciem o desenvolvimento da consciência

sanitária e o controle social; identificação dos diferentes

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riscos que permeiam o cotidiano dos usuários, reais e

potenciais, da unidade em que trabalha; criar

possibilidades e condições de acesso direto e universal

dos usuários ao Serviço Social da unidade" (Vasconcelos,

2002:520).

A pesquisa de Vasconcelos com os assistentes sociais da SMS/RJ é

um alerta para a categoria em geral. A conexão entre o trabalho realizado e o

debate teórico e ético-político hegemônico, ainda não existente, precisa ser

alcançada. A superação dessa situação não depende apenas da

capacitação/qualificação individual, mas sim da organização dos assistentes

sociais como equipe e/ou com equipes multiprofissionais. A busca de uma

ruptura com o fazer profissional conservador só será possível se houver uma

articulação sistemática e de qualidade entre academia, meio profissional e os

órgãos da categoria (ibidem).

No que diz respeito ao meio profissional, a articulação é indispensável

para a apropriação do conhecimento produzido (que deve ser associada às

mediações necessárias para fazer repercutir na prática o que está na teoria) e

a sinalização de temas pertinentes que possam interessar à academia. Por

outro lado, para o meio acadêmico, a articulação com o meio profissional é

necessária no sentido de definir temáticas relevantes para a análise da

realidade, para assim participar efetivamente na construção de um projeto de

profissão que alcance seus objetivos no cotidiano profissional.

Pereira sinaliza que uma das formas de se visualizar a possibilidade de

um projeto de formação profissional continuada "é a de aliar os esforços

locais/regionais da universidade com o conjunto CFESS/CRESS e ABEPSS,

qualificando os Conselhos Regionais como 'pára-raios' das demandas

provenientes da categoria profissional, visto que os mesmos, pela própria

Política Nacional de Fiscalização do conjunto CFESS/CRESS, realizam visitas

institucionais de fiscalização aos campos do exercício profissional" (Pereira,

2002:133).

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Os assistentes sociais que estão no campo profissional e que

vislumbram um trabalho coerente com o projeto ético-político e se sentem

inquietos em atender apenas as demandas da instituição, devem buscar

alternativas que os desprendam do trabalho conservador. Uma das estratégias

apontadas por Vasconcelos – o processo de Assessoria/Consultoria – pode ser

o primeiro passo para aqueles que buscam tornar o projeto hegemônico da

categoria uma realidade. Caminhar na direção do projeto ético-político significa

contribuir no enfrentamento de um grande desafio: a luta contra o projeto

neoliberal, contra o capitalismo.

Como já sinalizamos no Capítulo 2, a área de saúde é privilegiada e

estratégica e, por isso, repleta de possibilidades para os profissionais que

pretendem, com o seu trabalho, contribuir para o processo de mudança para

uma nova ordem social. Se o desejo existe e as possibilidades estão dadas na

realidade, falta apenas a atitude.

Foi a inquietude com relação ao exercício profissional, no que diz

respeito às respostas que o Serviço Social vem dando à população usuária no

local em que trabalho – o HEMORIO – e o desejo de melhorar a qualidade da

atenção prestada, que me motivou a discutir a questão no item a seguir. Fiz o

levantamento de alguns dados institucionais, incluindo o perfil da população

usuária e entrevistei os assistentes sociais com o objetivo de analisar o

trabalho desses profissionais frente ao contexto de aprofundamento do

programa de qualidade total e às mudanças ocorridas na própria instituição a

partir de 1995, com a implantação do Programa de Qualidade Total.

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CAPÍTULO 3

3.1. O HEMORIO:

Histórico, competências básicas e a "Gestão pela

Qualidade Total"

O HEMORIO teve como origem o primeiro Banco de Sangue Público

do país, inaugurado em 1944.

Doze anos depois, através da implantação de um Serviço de

Hematologia acoplado ao Banco de Sangue, originou-se o Instituto Estadual de

Hematologia Artur de Siqueira Cavalcanti. A atual sede, na rua Frei Caneca, no

centro do município do Rio de Janeiro, foi inaugurada em 1969. Na década de

80, o Ministério da Saúde, a partir de uma Política Nacional de Sangue e

Hemoderivados, começou a organizar uma rede pública de Hemoterapia e,

nesse contexto, o Instituto Estadual de Hematologia foi reconhecido, em 1986,

como Hemocentro Coordenador do Estado do Rio de Janeiro, passando a ser

reconhecido como HEMORIO.

Além de coordenar tecnicamente a Rede Estadual Pública de Órgãos

Executores de Atividades Hemoterápicas (a hemorrede, composta atualmente

de 4 hemocentros regionais, 11 hemonúcleos, 11 serviços de hemoterapia e

67 unidades transfusionais do Estado do Rio de Janeiro), atua como Centro de

Referência em Hematologia, para o atendimento a pacientes com doenças

hematológicas causadas por alterações da hemostasia (hemofilia e demais

patologias), com doenças hemolíticas hereditárias (principalmente Anemia

Falciforme), com doença de Gaucher e com doenças oncohematológicas

(leucemias, linfomas, etc) que representam uma parcela expressiva de

pacientes atendidos na instituição. Os serviços prestados são: emergência,

atendimento ambulatorial, internação, realização de exames laboratoriais e

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radiológicos, acompanhamento multidisciplinar com assistentes sociais,

psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e dentistas.

No HEMORIO vem sendo colocado em prática, desde 1995, um

Modelo de Implementação de Estratégias de Melhoria de Qualidade, visando

uma mudança nas práticas gerenciais, sustentada e alavancada por um

sistema de medição de desempenho alinhado à estratégia utilizada. Esse

modelo, internamente, é conhecido como Programa de Gestão pela Qualidade

Total – PGQT, que foi elaborado com base no "diagnóstico institucional". O

início do processo se deu mediante esse "diagnóstico" feito em parceria com o

Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear, onde foram verificados os pontos

fortes e fracos, as ameaças e oportunidades, com a finalidade de posicionar o

Instituto de Hematologia para a busca da melhoria contínua. O programa

baseia-se no chamado Planejamento estratégico, com metas a serem

alcançadas e indicadores para os processos críticos de cada serviço dentro da

unidade. A partir da implantação do Programa, estabeleceu-se sistemas de

avaliação do desempenho organizacional, entre eles as

certificações/acreditações (realizadas pela Organização Nacional de

Acreditação – ONA, pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação de Sistemas e

Serviços de Saúde – CBA e pela Associação Americana de Bancos de Sangue

– AABB); e as Premiações de Qualidade como o Prêmio Qualidade do

Governo Federal – PQGF e o Prêmio Qualidade Rio – PQRio.

O modelo implementado baseia-se no modelo existente em algumas

empresas e em função disso, a linguagem utilizada é a mesma,

desconsiderando-se o fato de tratar-se de uma instituição pública de saúde.

Sendo assim, o PGQT do HEMORIO apregoa a satisfação total dos clientes

que só pode ser alcançado através da internalização dos princípios da

Qualidade. Todos os funcionários foram treinados na época da implementação

e continuam sendo, com a justificativa de melhorarem seu desempenho. Ao

ingressar na instituição, antes mesmo de se iniciar o trabalho propriamente

dito, a participação no treinamento é obrigatória. Existe uma consultoria em

Qualidade (contratada) dentro da unidade que visa garantir o processo de

melhoria.

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O discurso dos adeptos do PGQT é de que todos ganham: 1)

Pacientes e doadores de sangue através da melhoria do atendimento, redução

do tempo de espera e maior atenção às suas necessidades; 2) Os funcionários

da Instituição que podem executar suas tarefas de maneira mais fácil se

sentem valorizados e podem ter melhores condições de trabalho e 3) O

HEMORIO que pode eliminar os desperdícios melhorando a aplicação das

verbas, ter um reconhecimento junto à sociedade como Centro de Excelência e

aumentar seu prestígio junto aos órgãos financiadores e instituições de ensino

e pesquisa.

"Dentre as inovações organizacionais está a Qualidade Total que

estabelece o fiel atendimento às necessidades dos clientes, o levantamento e

solução de problemas, o planejamento, checagem e avaliação de atividades e

o estabelecimento de itens de controle para acompanhamento dos resultados

do trabalho" (Fernandes, 1999:3).

Na verdade, a Qualidade Total tem o objetivo de promover o

envolvimento dos trabalhadores com as metas empresariais. No caso de uma

instituição pública de saúde, o objetivo é envolver os funcionários nas metas

da direção, que é a mesma desde a implantação do programa.

Fernandes (1999), num trabalho intitulado "Qualidade Total: o Capital

em busca da exploração consentida", analisa essa mudança na gestão do

trabalho, apresentando a multiplicidade de técnicas que, na realidade, estão

voltadas para o incentivo da participação dos trabalhadores enquanto

estratégia de obtenção do consentimento e aumento do controle sobre o

trabalho.

De fato, o HEMORIO tem conseguido o reconhecimento que almejava,

mas sabemos que nem sempre números e indicadores expressam a qualidade

do atendimento prestado. Não é possível negar alguns avanços, mas é preciso

demonstrar que ainda existem muitos problemas.

A deficiência de pessoal3 é grande e as exigências por melhor

desempenho também. O objetivo de cumprir metas e alcançar premiações faz

3 Em entrevista, a Assistente Social dos Recursos Humanos nos confirmou o déficit de funcionários constatado através de um levantamento do quadro ideal.

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crescer as atribuições, o que submete os funcionários a uma intensificação do

ritmo de trabalho e compromete a qualidade dos serviços prestados aos

usuários.

Em nossa pesquisa, entrevistamos dez assistentes sociais. Cinco delas

estão na Instituição desde a implantação do PGQT e, dessas, quatro

concordaram que houve um direcionamento melhor do trabalho e uma

melhoria com relação à organização/documentação do mesmo. No entanto,

salientaram o ritmo intenso de trabalho, temendo pela qualidade dos serviços.

A seguir veremos os trechos de algumas entrevistas que comprovam nossa

afirmativa:

"Hoje eu diria que o hospital cresceu muito com a Gestão

da Qualidade. Eu acho que serviu para dar um norte (...),

que estabelece metas, elege fatores críticos para o

sucesso, os nós da instituição e de que forma eles

precisam ser trabalhados. Então, eu acho que ela foi

importante nesse sentido: para apontar o caminho. Eu só

não concordo muito com a forma... eu acho que muitas

vezes a qualidade vem para escamotear algumas

questões... É um instrumento muitas vezes utilizado pela

gerência para escamotear uma realidade, ela é, de certa

forma, manipulada..." (Assistente Social – Hematologia).

"A gente sabe que há um enxugamento muito grande de

pessoal, isso é visível e ao mesmo tempo os trabalhos

O quadro de pessoal da instituição é composto por servidores públicos estaduais, funcionários da FUNDARJ – Fundação Pró-Instituto Estadual de Hematologia - (Celetistas), terceirizados (recepção, telefonia, limpeza, vigilância, manutenção, refrigeração e alimentação) e residentes em medicina e enfermagem. Atualmente, a Secretaria de Estado de Saúde alega dificuldades para contratar pessoal para o quadro permanente (concursados) e se comprometeu enviar profissionais contratados por tempo determinado (sem garantias trabalhistas). É necessário ressaltar o voluntariado que atua na Instituição, apesar deste não realizar nenhum trabalho técnico. Suas atividades estão voltadas para o atendimento do paciente, no que diz respeito a amenizar o período de internação e o tempo de espera pela consulta, através do lazer com as crianças, o apoio solidário, a assistência religiosa, o corte de cabelo etc.

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vão evoluindo. Porque se cria. O que eu percebo é que

essa importação de programas de gerenciamento... traz

muitas ferramentas novas e o profissional é quase que...

Existe uma demanda para que a gente dê conta e há uma

redução do número de profissionais. O Programa de

Qualidade impõe um ritmo acelerado..." (Assistente Social

– Recursos Humanos).

"A gente atende cada dia mais pacientes e o número vem

aumentando e a qualidade diminuindo. Isso é porque, na

verdade, se tem uma estatística. Trabalha-se com

estatística, para se saber a importância do serviço. Ela é

medida através da quantidade de pessoas que você

atende e não pela qualidade... Acaba caindo a qualidade

um pouco..." (Assistente Social – Hematologia).

"Em resumo, essa coisa de Gestão da Qualidade fez o

HEMORIO crescer muito, porque ninguém entra para

gerenciar sabendo... mostra o caminho, mas é um

instrumento que, de repente, é utilizado para se alcançar

outros objetivos." (Assistente Social – Hematologia).

É preciso considerar que os avanços citados pelos profissionais, bem

como os relacionados à tecnologia e aos recursos físicos, não

necessariamente estão atrelados ao Programa de Qualidade, visto que

poderiam ser alcançados mesmo sem a existência do mesmo.

Um outro fator deve ser ressaltado: em 1989 foi criada a FUNDARJ –

Fundação Pró-Instituto Estadual de Hematologia, que tem por objetivo atuar

como órgão de apoio às atividades do HEMORIO, com ênfase na captação de

recursos. A Fundação foi uma importante mola propulsora no que diz respeito

à disponibilidade de recursos, uma vez que as verbas chegam diretamente a

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esta sem intermediários, o que agiliza o processo de compra de insumos,

medicamentos etc.

O caráter de Fundação garante o recebimento de recursos da

iniciativa privada, mas atualmente esse percentual é mínimo. O que mantém

realmente o Instituto são as verbas provenientes do SUS.

HEMORIO DR - Demonstração de Resultados - 1º Sem/2005 Coordenação Técnica

Referencial Comparativo 1

Referencial Comparativo 2

Referencial Comparativo 3

---

---

---

Ficha do Indicador

Meta DG Influenciada

Meta DG Influenciada

Meta DG Influenciada

Meta DG Influenciada

Manter acima de 85% o índice de qualimetria

---

---

---

Meta DG Influenciada ---

Indicador

Perspectiva

Objetivo Institucional

Número de Serviços Especializados Oferecidos no Portifólio do HEMORIO

Produção

Beneficiar a Sociedade com serviços e produtos de qualidade

Item PNQ Clientes e Mercado

Fórmula de Cálculo ---

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HEMORIO DR - Demonstração de Resultados - 1º Sem/2005 Coordenação Técnica

Referencial Comparativo 1

Referencial Comparativo 2

Referencial Comparativo 3

---

---

---

Ficha do Indicador

Meta DG Influenciada

Meta DG Influenciada

Meta DG Influenciada

Meta DG Influenciada

Adequar o Programa de Qualidade do Hemorio

Manter a Acreditação pela AABB

---

---

Meta DG Influenciada ---

Indicador

Perspectiva

Objetivo Institucional

Índice de Conformidade Baseado nos Padrões da AABB

Excelência

Aprimorar a gestão com base nos padrãos

Item PNQ Processos-Produto

Fórmula de Cálculo ---

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Gráfico Análise

Para 2006: Até o final do ano teremos

também a citogenética por técnica de

FISH e DRM

Biologia Molecular para Grupo

Sangüíneo -Rh

Para 2007:

Automação da Imunematologia

de pacientes

Gel de plaquetas

2007

2006

NÍVEL

Operacional

CLASSIFICAÇÃO

Desenvolvimento

Número de Serviços Especializados Oferecidos

no Portifólio do HEMORIO

Indicador

Aumentar em 1 serviço especializado o portfólio do

HEMORIO a cada ano até mai 2010

Meta operacion

al

CT - HEMOTERAPIA

PE

JÁ IMPLANTADOS

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010002000300040005000600070008000900010000

1o sem 96

1o sem 97

1o sem 98

1o sem 99

1o sem 00

1o sem 01

1o sem 02

1o sem 03

1o sem 04

1o sem 05

1º sem 06

1º sem de 2006: 7818Previsto= 3%Queda de 2.3 %Período com muitos feriadosRevisão das estratégias da captação externa.

16/06/2006 a 15/07/2006 - 703616/07/2006 a 15/08/2006 - 729716/08/2006 a 15/09/2006 - 672216/09/2006 a 15/09/2006 -Média do trimestre - 7018/mês

NÚMERO DE COLETAS /MÊS NO HEMORIO

ANÁLISE

NÍVELSetorial

CLASSIFICAÇÃOAssistencial

Número de coletas/mês no HEMORIOIndicadorS DR

Aumentar em 6% o número de bolsas coletadas no HEMORIO a cada 12 meses para atingir 11400 até mai 2010

Meta setorial

CT - HEMOTERAPIA

Meta PE-Ger9: aumentar em 3%aa o no. bolsas de sangue coletadas pela Hemorrede pública até mai/2007

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44,67%55,33%

SAS/SH com captador treinado (130)

SAS/SH sem captador treinado (161)

Fonte: Sistema de Rede de Captação/IH/HEMORIO

ANÁLISE

Até o momento foram cadastrados e treinados 144 captadores, porém desses, 14 não executam a prática transfusional.

Total de SAS/SH que executam a prática transfusional de acordo com a planilha de distribuição de sangue e componentes dos SH que coletam (291).

Indicador annual

NÍVELSetorial

CLASSIFICAÇÃODesenvolvimento

Índice de SAS/SH que executam a prática transfusional com equipes capacitadas em captação de doadores de sangue

IndicadorS

Instituir e capacitar equipes de captação de doadores de sangue em 100% dos SAS e SH que executam a prática transfusional até mai/2007

Meta setorial

CT - HEMOTERAPIA

Meta PE-Op1: aumentar em 3% aa o índice de doadores de repetição no HEMORIO e em 2% na Hemorrede

Após realização do próximoseminário de captação

Deverá ser reformulado até 15.10 rever com a hemorrede

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CONCLUSÃO

O Assistente Social é um profissional que lida diretamente com as

expressões da desigualdade social. Em contrapartida, o projeto hegemônico

da profissão prima pelo aprofundamento da democracia e pela justiça social.

Trabalhar de acordo com esse projeto significa trabalhar de forma a fortalecer

os usuários dos serviços, materializando e implementando o que está na

teoria. Para isso, torna-se fundamental o abandono das práticas

conservadoras no interior das instituições.

No que diz respeito ao Serviço Social da Hematologia no HEMORIO, o

levantamento dos dados através das entrevistas demonstrou que o trabalho

que vem sendo realizado ainda não é condizente com o projeto hegemônico da

categoria. Apesar da equipe carregar o potencial de um trabalho coerente com

tal projeto, ele ainda precisa ser desenvolvido. O conhecimento crítico dos

profissionais ainda precisa ser aprimorado, de forma que possa ser usado no

trabalho cotidiano.

O assistente social do HEMORIO necessita de uma capacitação

teórica e técnica que lhe permita não interiorizar a ideologia dominante na

instituição. A defesa do apoio da iniciativa privada descaracteriza aquilo que é

um direito constitucional de qualquer cidadão: um serviço de saúde de

qualidade oferecido pelo Estado. Se os profissionais almejam um trabalho que

verdadeiramente prime pela justiça social e que não se restrinja à amenização

dos conflitos capitalistas, muitas são as alternativas.

O contexto atual ainda é adverso. "Dentre as inovações organizacionais está a Qualidade Total que estabelece o fiel atendimento às necessidades dos clientes, o levantamento e solução de problemas, o planejamento, checagem e avaliação de atividades e o estabelecimento de itens de controle para acompanhamento dos resultados do trabalho"

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Não é possível negar alguns avanços, mas é preciso demonstrar que

ainda existem muitos problemas. Se no nosso cotidiano lidamos

diretamente com a população – e essa sabe do que necessita –

devemos usar desse privilégio para trabalhar de forma a contribuir com a

construção de uma sociedade mais justa, lembrando sempre que as

mudanças são resultado de um processo, e que a História não existiria se não

houvesse a ousadia por parte dos sujeitos.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Entrevistas

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ANEXO 1

Formulário da Entrevista com os Assistentes Sociais do HEMORIO 1 – Identificação Nome: Ano de ingresso na instituição: 2 – Formação Profissional 2.1 Graduação: Universidade: Ano: 2.2 Pós-Graduação Local: Ano: Área: ( ) Serviço Social ( ) Outra. Qual? 3 – Participa de cursos de atualização/capacitação e dos eventos da categoria? Quais? 4 – Descreva suas atividades no dia-a-dia profissional. Você concorda com a sua rotina de trabalho? 5 – Como você vê o Programa de Qualidade Total implementado na instituição? 6 – Como as transformações ocorridas na esfera sócio-econômico e cultural nos últimos anos na sociedade brasileira, influenciam no seu trabalho? Ou seja, em termos de política social, você percebe mudanças no cotidiano institucional? 7-Como o Serviço Social tem enfrentado as dificuldades impostas? Quais os limites e possibilidades de atuação dentro do atual contexto?

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BIBLIOGRAFIA

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1997.

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BRAVO, M. I. S. "Superando desafios: o Serviço Social na Saúde na década de

90" in Superando Desafios 3. Rio de Janeiro. UERJ/HUPE/Serviço

Social, 1998.

BRAVO, M. I. S., MATOS, M. C. "A Saúde no Brasil: Reforma Sanitária e

Ofensiva Neoliberal" in BRAVO, M. I. S. e PEREIRA, P. A. P. (Orgs.)

Política Social e Democracia. São Paulo, Cortez. 2001, pp 197-215.

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CARVALHO, A. I. "Conselhos de Saúde, Responsabilidade Pública e

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Lemos Editorial, 1997, pp 93-111.

CAVALCANTI, S. A. U. A Reforma do Estado e Políticas Sociais no Brasil in

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Código de Ética da Profissão. Brasília. CFESS, 1993.

FERNANDES, E. S. B. Qualidade Total: O Capital em busca da exploração

consentida. Rio de Janeiro, ESS/UFRJ. Dissertação de mestrado,

1999 (mimeo).

ESCOREL, S. "Saúde uma questão nacional" in TEIXEIRA, S. F. (Org.)

Reforma Sanitária: em busca de uma Teoria. São Paulo, Ed. Cortez,

1995, pp 181-192.

FLEURY, S. "A questão democrática na saúde". In Saúde e Democracia: a luta

do CEBES (org). São Paulo. Lemos Editorial, 1997, pp 25-41.

IAMAMOTO, M.V. O Serviço Social na Contemporaneidade: Trabalho e

Formação Profissional. São Paulo, Cortez, 1998.

MATOS, M. C. O debate do Serviço Social na saúde na década de 90: sua

relação com o projeto ético político e com o projeto da Reforma

Sanitária. Rio de Janeiro, ESS/UFRJ, dissertação de mestrado, 2000.

(mimeo).

SOUZA, R. D. Serviço Social na Saúde: Contribuições Políticas e Profissionais

ao Controle Social. Rio de Janeiro, ESS/UFRJ, dissertação de

mestrado, 2001 (mimeo).

VASCONCELOS, A. M. A prática do Serviço Social – Cotidiano, formação e

alternativas na área da saúde. São Paulo. Ed. Cortez, 2002.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

(TÍTULO) 11

1.1 - A Busca do Saber 12

1.2 – O prazer de pesquisar 15

1.2.1 - Fator psicológico 15

1.2.2 - Estímulo e Resposta 17

CONCLUSÃO 48

ANEXOS 49

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

BIBLIOGRAFIA CITADA 54

ÍNDICE 55