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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A prescrição e as Entidades Fechadas de Previdência
Complementar.
Por: Thomás Vasconcellos da Silva
Orientador
Prof. José Roberto
Rio de Janeiro
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A PRESCRIÇÃO E AS ENTIDADES FECHADAS DE
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em processo civil
Por: . Maria Clara B. P.
3
AGRADECIMENTOS
Aos meus colegas de JCMB, meus
amigos do Carlos Silveira advogados,
minha namorada e minha família.
5
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo fazer um estudo sobre o
instituto da prescrição, aplicada as Entidades Fechadas de Previdência
Complementar.
Para tanto, será feito uma definição sobre a colocação das Entidades
Fechadas de Previdência Complementar dentro de nosso ordenamento
jurídico, definindo o instituto da prescrição e sua definição e objetivos.
Ademias, faremos um estudo sobre os diversos diplomas que regem
sobre o tema, fazendo um estudo sobre as súmulas de jurisprudências, tanto
do STJ quanto do TST, fazendo uma coleção de jurisprudencial, visando
elucidar a opinião dos tribunais, fazendo as devidas a devida conclusão, ao
final do trabalho.
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METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste trabalho, faremos inicialmente um estudo
sobre a natureza jurídica e finalidade das Entidades Fechadas de Previdência
Complementar, objetivando a explicitação de sua origem e colocação em
nosso ordenamento jurídico.
Pretende-se com tal ilustração delimitar o tema tratado no presente
trabalho, vez que pretendemos tratar apenas das Entidades Fechadas de
Previdência Complementar, portanto, faremos a devida diferenciação acerca
do regime público de previdência.
Por conseguinte, será feito um breve histórico sobre o instituto da
prescrição, dando ênfase a sua criação e instituição em nosso ordenamento
jurídico.
Para tanto, será citado diversos doutrinadores que lecionaram sobre o
tema, visando definir e delimitar a área de estudo.
Ademais, será traçado uma linha evolutiva do instituto da prescrição e
sua aplicação nas Entidades Fechadas de Previdência Complementar,
doravante denominadas EFPC.
Outrossim, será feito uma análise teleológica sobre os dispositivos de lei
que versem sobre o assunto, em especial o Código Civil e a Lei 109/01, bem
como as súmulas de jurisprudências editadas sobre o tema.
Por fim, será feito uma análise jurisprudencial, mostrando a tendência
adotada nos tribunais, para, ao final, nos posicionarmos sobre o tema.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................8
CAPÍTULO I - A Natureza e finalidade das EFPC.............................9
CAPÍTULO II - Breve Histórico sobre a Prescrição...........................13
II.1 - A aplicação da prescrição nas complementações de aposentadoria no âmbito da justiça comum.................................14 II.2 - A aplicação da prescrição nas complementações de aposentadoria no âmbito da justiça do trabalho.............................................................................................17
CAPÍTULO III – Posição dos Tribunais............................................ 19 CONCLUSÃO....................................................................................25
BIBLIOGRAFIA .................................................................................27
INDICE..............................................................................................28
8
INTRODUÇÃO
As Entidade Fechadas de Previdência Complementar visam garantir
benefícios complementares a aposentadoria do INSS, através de constituições
de reserva.
As Entidade Fechadas de Previdência Complementar são reguladas
pela LEI 109/2001 sendo a legislação especifica que rege a espécie.
Outrossim, temos que para garantir a estabilidade social, o instituo da
prescrição tem importante papel em nosso ordenamento jurídico, pois, caso
não existisse, haveria uma intensa insegurança social que abalaria as ordens
sociais.
O objetivo desse singelo trabalho, é fazer um estudo sobre a aplicação
da prescrição no que tange as complementações de aposentadoria, traçando
um paralelo entre o prazo prescricional disposto na Lei Complementar
109/2001 e os prazos sumulados no âmbito da justiça comum.
Por conseguinte, visando dar um sentido mais amplo ao trabalho, será
tratado dos prazos prescricionais, relacionados as complementações de
aposentadoria, disposto no âmbito da justiça do trabalho, pois, devido a
ampliação da competência dada pela EC 45, algumas ações são julgadas no
âmbito da especializada.
Ademais, devido ao fato ser considerada uma importante fonte do
direito, será feito uma análise da jurisprudencial sobre o tema, visando
sedimentar a opinião dos tribunais superiores.
Por fim, faremos nossas alegações finais, concluindo o tema
apresentado nesse estudo monográfico.
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CAPÍTULO I
A NATUREZA E FINALIDADE DAS EFPC
Antes de adentrarmos no cerne do presente trabalho, resta imperioso
tecer alguns esclarecimentos, visando a melhor compreensão acerca da
natureza jurídica e finalidade das Entidades Fechadas de Previdência
Complementar.
A Constituição da República de 1988 consagra a existência de três
regimes de previdência, quais sejam:
1. O regime geral de previdência social, operado pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia Federal, e destinado
aos trabalhadores da iniciativa privada, aos servidores de entes
federativos que não criarem regimes próprios e aos empregados
públicos;
2. Os regimes próprios de previdência, destinados aos servidores
titulares de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal
e alguns Municípios, incluídas suas autarquias e fundações;
3. O regime de previdência complementar, privado e facultativo,
operado por entidades abertas de previdência complementar (ou
seguradoras autorizadas a operar no ramo vida) e por entidades
fechadas de previdência complementar (ou fundos de pensão).
O regime público geral foi por diversas vezes considerado insuficiente
ou até mesmo não confiável por parte dos trabalhadores (em razão de dados
sobre um suposto déficit da previdência), fato este que originou a criação e o
fomento de um regime privado complementar.
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A nossa Magna Carta assim dispõe sobre a previdência
complementar:
"Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar
e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de
previdência social, será facultativo, baseado na constituição de
reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei
complementar." (redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98).
Pelo que prescreve o texto constitucional, destaca-se as seguintes
características básicas daquele regime:
• Tem natureza jurídica privada, sujeitando-se ao regime jurídico
de direito privado, em que prevalece a autonomia da vontade;
• Tem caráter complementar, distinto e autônomo em relação ao
regime geral;
• Está calcado na constituição de reservas capazes de garantir o
pagamento dos benefícios;
• A constituição dessas reservas se dá em regime de
capitalização;
• A regulamentação do regime de previdência complementar é
reservada à lei complementar.
Assim, as Entidades Fechadas de Previdência Complementar, prevê a
existência de uma patrocinada, geralmente a empregadora do participante do
plano, sendo a Entidade constituída sob a forma de sociedade civil sem fins
lucrativos, tendo, por finalidade, dentre outras, o pagamento aos participantes
de seus planos previdenciários de complementação dos benefícios concedidos
pela Previdência Oficial, custeados por contribuições pagas por sua
patrocinadora e esses participantes.
A Lei Complementar n˚ 109/2001, que revogou a Lei n° 6.435/1977,
em seu artigo 1º conceitua o que vem a ser entidade de previdência privada:
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“Art. 1º O regime de previdência privada, de caráter complementar e
organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de
previdência social, é facultativo, BASEADO NA CONSTITUIÇÃO DE
RESERVAS QUE GARANTAM O BENEFÍCIO, nos termos do caput
do art. 202 da Constituição Federal, observado o disposto nesta lei.”
Outrossim, o artigo 4º do mesmo dispositivo de Lei fez questão de
diferenciar as Entidades Fechadas das Entidades Abertas, conforme
determinada o inciso I, alínea a, vejamos:que
“Art.4º (...)
I – (...)
a) Fechadas, quando acessíveis exclusivamente aos empregados de
uma só empresa ou de um grupo de empresas, as quais, para os
efeitos desta Lei, serão denominadas patrocinadoras.”
Dessa forma, as Entidades Fechadas de Previdência Complementar,
que são o objeto de nosso humilde estudo, é constituída por meio de Estatuto
e Regulamento, devidamente aprovados pelo Ministério da Previdência Social,
tudo conforme os artigos 37 e 38 da Lei Complementar n˚ 109/2001.
Assim, o seu objetivo primordial é conceder a seus participantes e
dependentes suplementação de benefícios concedidos pela previdência social,
conforme estabelecido nos regulamentos dos planos de benefícios.
Vale notar que as Entidades Fechadas de Previdência Complementar,
estão enquadradas no âmbito do Ministério da Previdência Social, ao qual
compete fixar diretrizes e normas de política complementar da previdência, e
submetida à Superintendência Nacional de Previdência Complementar –
PREVIC, órgão que regula a constituição, a organização, funcionamento e
fiscalização das EFPC, inclusive para autorizar os planos de benéficos que
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administram e fiscalizar suas atividades quanto ao exato cumprimento da
legislação das normas em vigor que devem ser rigorosamente observadas.
Neste contexto, as Entidades fechadas de Previdência Complementar
atuam no sentido de garantir e assegurar aos seus participantes e assistidos o
fiel cumprimento dos objetivos estatutários, em estrita observância à Lei
Complementar nº 109/2001 (antiga Lei nº 6.435/1977), regulamentada pelo
Decreto nº 4.206/2002 (antigo Decreto nº 81.240/1978) e, sobretudo, seu
próprio Estatuto e Regulamento.
Frisa-se a existência de Lei específica que regula a espécie, sendo
aplicada a Lei Complementar 109/2001, mormente no que tange a atuação,
competência e, inclusive, os prazos prescricionais constantes no diploma legal.
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CAPÍTULO II
BREVE HISTÓRICO SOBRE O INSTITUTO DA PRESCRIÇÃO
A palavra prescrição vem do latim ‘’ praescriptio’’, do verbo "
praescribere’’, formado de "prae’’ e "escribere" , que significa escrever antes.1
Com brilhantismo singular, ensina Maria Helena Diniz2:
"O termo praescriptio originalmente era aplicado para designar a
extinção da ação reivindicatória, pela longa duração da posse;
tratava-se da praescriptio longissimi temporis e para indicar a
aquisição da propriedade, em razão do relevante papel
desempenhado pelo longo tempo, caso em que se tinha a
praescriptio longi temporis. Assim, no direito romano, sob o mesmo
vocábulo, surgiram duas instituições jurídicas, que partem dos
mesmos elementos: ação prolongada do tempo e inércia do titular. A
prescrição, que tinha caráter geral, destinada a extinguir as ações, e
o usucapião, que constituía meio aquisitivo do domínio”.
Todo instituto de direito deve basear-se num motivo de ordem jurídico-
social, seria incompreensível a criação de um instituto de direito sem um
fundamento que demonstrasse a sua necessidade. A norma é feita para o fato
social.
Baseando-se na estabilidade que a ordem jurídica deve assegurar as
relações jurídicas, é intuitivo que o tempo é o principal elemento da prescrição,
pois, a partir de determinado tempo em que o titular do direito poderia tê-lo
exercido e não o fez, deixou ele que situação nova se consolidasse, de sorte
que é mais conveniente ao equilíbrio social resguardar a nova situação do que
admitir o atraque daquele que desprezou, pela inércia, a prerrogativa que tinha
de fazer valer o seu direito.
1 LOTUFO, Renan. Código Civil Comentado. São Paulo: Saraiva, 2003, vol. 1 2 Curso de Direito Civil Brasileiro. v. 1: teoria geral do direito civil. 20. ed. rev. e aum. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 342
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Trata-se de instituto de direito material, regulado pelo Código Civil, nos
artigos 189/206 e sua conseqüência primordial é a perda da pretensão,
subsistindo o chamado direito de fundo3, embora não podendo mais o titular do
direito exigir o cumprimento da obrigação. Ela supõe o decurso do tempo e a
inércia do titular do direito4.
Destarte, a noção de prescrição foi erigida para satisfazer ao princípio
da segurança jurídica. Assim, não persiste indefinidamente no seio social a
prerrogativa que possui o detentor de determinada pretensão, tranqüilizando a
sociedade, em face da estabilização das relações entre os indivíduos.
Assim, temos que a prescrição tem vital importância em na sociedade
moderna, uma vez que não se mostra razoável prosperar a idéia de que
determinado direito é imprescritível, salvo os constitucionalmente previstos,
pois causaria uma imensa insegurança jurídica que prejudicaria a paz social.
II.1 - A aplicação da prescrição nas complementações de aposentadoria
no âmbito da justiça comum.
Muito tem se discutido acerca da correta aplicação do instituto da
prescrição nas complementações de aposentadorias pagas por Entidades
Fechadas de Previdência Complementar.
Conforme amplamente exposto no decorrer deste trabalho, temos que
a Lei aplicável as Entidades Fechadas de Previdência Complementar é a Lei
Complementar 109/2001.
Por conseguinte, temos que o legislador fez questão de dispor sobre o
prazo para prescricional para cobrar prejuízos decorrentes aos cálculos de
benefícios, vejamos:
3 FARIAS, Cristiano Chaves de. Direito Civil. Teoria Geral. 3ª Edição, Rio de Janeiro: Editora Lúmen Júris, 2005, p. 502.
15
“Art. 75. Sem prejuízo do benefício, prescreve em cinco anos o
direito às prestações não pagas nem reclamadas na época própria,
resguardados os direitos dos menores dependentes, dos incapazes
ou dos ausentes, na forma do Código Civil.”
De tal sorte, fazendo uma interpretação teleológica no artigo em
comento, temos que o legislador faz referencia ao instituto da prescrição total,
prescrevendo o direito de reclamar as parcelas não pagas no prazo de 5
(cinco) anos da data da lesão.
Por conseguinte, podemos visualizar a modalidade de prescrição total,
do fundo de direito, quando se tratar de complementação de aposentadoria,
oriunda de norma regulamentar ou verbas nunca pagas, como são os casos
dos reflexos de verbas Trabalhistas que concedidas por intermédio de RT e
que integram o salário de participação de modo a fazer reflexos na
complementação de aposentadoria, ou seja, nesse caso a prescrição seria
total, começando a fluir a partir da majoração salarial, ou quando falarmos de
cálculos de benefícios iniciais, bem como as metodologias para concessão de
benefícios complementares.
De tal sorte, muito embora a Lei 109/2001 disponha especificamente
sobre o tema, o entendimento tem divergido, face a aplicação do prazo
estipulado no seguinte dispositivo do CPC:
Art. 206. Prescreve:
§ 3º Em três anos:
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas
temporárias ou vitalícias;
4 PONTES DE MIRANDA. Tratado de Direito Privado. Rio de Janeiro: Borsoi, 1957, t. XIX.
16
Todavia, muito embora o debate ainda aflore o judiciário nas instâncias
inferiores, temos que o tema foi superado pela edição da súmula 291 do CPC,
que assim dispõe:
STJ Súmula nº 291 - 28/04/2004 - DJ 13.05.2004
Ação de Cobrança - Complementação de Aposentadoria -
Previdência Privada - Prescrição
A ação de cobrança de parcelas de complementação de
aposentadoria pela previdência privada prescreve em cinco anos.
Com efeito, quando se falar em ação de complementação de
aposentadoria, referente a diferenças de valores já recebidos, o correto é a
aplicação da prescrição parcial, como são os casos que se pleiteiam
diferenças de índices de atualização de benefícios (IGPDI, INPC...), expurgos,
Fator Vinculação e outros temas que serão demonstrados ao longo desse
trabalho.
Tal preceito, prega-se em obediência ao disposto no artigo 189 do
Código Civil, que estabelece como termo inicial da prescrição a violação do
direito, ocorrida, para as prestações periódicas, uma a uma, isoladamente.
Ademais o assunto já foi objeto de súmula pelo STJ, que assim
dispõe:
STJ Súmula nº 427 - 10/03/2010 - DJe 13/05/2010
Ação de Cobrança de Diferenças de Valores de Complementação de
Aposentadoria - Prescrição
A ação de cobrança de diferenças de valores de complementação
de aposentadoria prescreve em cinco anos contados da data do
pagamento.
Assim, temos que a doutrina fez questão de diferenciar a prescrição
total da parcial, delimitando o tema para evitar equívocos processuais, por
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conseguinte, os tribunais superiores editou as devidas súmulas de
jurisprudências, visando sedimentar o entendimento esposados em suas
Egrégias Câmaras
II.2 – A aplicação da prescrição nas complementações de
aposentadoria no âmbito da justiça do trabalho.
A Emenda Constitucional nº 45, alterou o artigo 114 da Carta Magna,
abarcando a competência da Justiça do Trabalho a matéria afeita a
previdência complementar.Vejamos:
“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
(...)
IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na
forma da lei.” (grifou-se)
Assim, deixando para um segundo momento a discursão acerca da
competência da justiça do trabalho para julgar matéria afeita a previdência
complementar, temos que muitas ações vem sendo ajuizadas no âmbito desta
especializada, razão pela qual se aflorou o debate acerca da prescrição.
Por conseguinte, temos que a lei complementar 109/2001, tem ampla
aplicação no âmbito da justiça do trabalho,mormente no que tange aos prazos
prescricionais nela constantes, todavia, tais dispositivos entram em confronto
com os prazos específicos da especializa.
Ademais o inc. XXIX do art. 7º da CF, assim como o inc. I do art. 11 da
CLT, prevêem que a ação quanto a créditos trabalhistas resultantes das
relações de trabalho prescreve em cinco anos contados da lesão ao direito,
desde que ajuizada no limite de até dois anos após a extinção ou rescisão do
contrato de trabalho.
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Corroborando com o tema foi editada a Súmula 326 pelo C. Tribunal
Superior do Trabalho, que assim dispõe:
“Tratando-se de pedido de complementação de aposentadoria
oriunda de norma regulamentar e jamais paga ao ex-empregado, a
prescrição aplicável é a total, começando a fluir o biênio a partir da
aposentadoria”.
Assim, quando o pleito inicial se insurgir contra o ato de concessão da
aposentadoria e não quanto ao não pagamento de parcelas ou pagamento
realizado a menor aplica-se a prescrição total.
Vale frisar que o ato de concessão é um ato único, não se renova mês-
a-mês, assim, dizemos que a prescrição aplicável ao caso é a chamada action
nata, afetando o fundo de direito e culminado com a perda do direito de ação.
De tal sorte, quando falamos de parcelas que se renovam mês a mês,
dispõe a Súmula 327 que a prescrição aplicável é a parcial, vejamos:
TST Enunciado nº 327 - Res. 19/1993, DJ 21.12.1993 - Nova
redação - Res. 121/2003, DJ 21.11.2003
Diferença de Complementação de Aposentadoria - Norma
Regulamentar - Prescrição
Tratando-se de pedido de diferença de complementação de
aposentadoria oriunda de norma regulamentar, a prescrição aplicável
é a parcial, não atingindo o direito de ação, mas, tão-somente, as
parcelas anteriores ao qüinqüênio.
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CAPÍTULO III
POSIÇÃO DOS TRIBUNAIS
A jurisprudência, por diversas vezes, vem se pronunciado sobre o
tema, vejamos a opinião dos tribunais superiores:
“CIVIL E PROCESSUAL. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR.
DIFERENÇAS DE COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL DAS
PARCELAS. LEIS NS. 6.435/77 E 8.213/91. LC N. 109/2001.
CC ANTERIOR, ART. 177. A prescrição das parcelas alusivas
a diferenças de complementação de aposentadoria, de
previdência privada, é de cinco anos e não vintenária, sendo
inaplicável à espécie o art. 177 do Código Civil anterior”.
(RESP 460168/RS, Quarta Turma do STJ, Rel. Min. Ruy
Rosado de Aguiar, DJ Data:19/04/2004)
“PREVIDÊNCIA PRIVADA. PRESCRIÇÃO.
1. Na forma de precedentes, não se aplica a prescrição
vintenária para o caso das parcelas devidas em decorrência de
plano de benefícios de entidade de previdência privada.
2. Recurso especial conhecido e provido”.
(RESP 180833/RJ, Terceira Turma do STJ, Rel. Min. Carlos
Alberto Menezes Direito, DJ Data:01/07/1999)
PREVIDÊNCIA PRIVADA - COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA - BANCÁRIOS - INSURGÊNCIA
ASSENTADA EM DISPOSIÇÕES ESTATUTÁRIAS E
REGULAMENTARES, DE APRECIAÇÃO INVIÁVEL NO
ESPECIAL (SÚMULA 05/STJ) – PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL
- PRECEDENTES - PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO.
20
I - A estreita via do recurso especial não comporta o reexame
de pretensão articulada com fundamento em disposições
estatutárias e regulamentares de entidades de previdência
privada.
II - Consolida-se nesta Corte jurisprudência no sentido de que,
em se tratando de parcelas devidas em decorrência de plano
de benefício de previdência privada, prevalece a prescrição
qüinqüenal, prevista na legislação de regência (Lei 8.213, de
24.07.91, art. 103), não incidindo a prescrição vintenária.
III - Recurso especial conhecido em parte e provido.
(RESP 173826/RS, Terceira Turma do STJ, Rel. Min.
Waldemar Zveiter, DJ Data:13/12/1999)
“CIVIL E PROCESSUAL. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR.
DIFERENÇAS DE COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL DAS
PARCELAS. LEIS NS. 6.435/77 E 8.213/91. LC N. 109/2001.
CC ANTERIOR, ART. 177. A prescrição das parcelas alusivas
a diferenças de complementação de aposentadoria, de
previdência privada, é de cinco anos e não vintenária, sendo
inaplicável à espécie o art. 177 do Código Civil anterior”.
(RESP 460168/RS, Quarta Turma do STJ, Rel. Min. Ruy
Rosado de Aguiar, DJ Data:19/04/2004)
“PREVIDÊNCIA PRIVADA. PRESCRIÇÃO.
1. Na forma de precedentes, não se aplica a prescrição
vintenária para o caso das parcelas devidas em decorrência de
plano de benefícios de entidade de previdência privada.
2. Recurso especial conhecido e provido”.
(RESP 180833/RJ, Terceira Turma do STJ, Rel. Min. Carlos
Alberto Menezes Direito, DJ Data:01/07/1999)
21
PREVIDÊNCIA PRIVADA - COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA - BANCÁRIOS - INSURGÊNCIA
ASSENTADA EM DISPOSIÇÕES ESTATUTÁRIAS E
REGULAMENTARES, DE APRECIAÇÃO INVIÁVEL NO
ESPECIAL (SÚMULA 05/STJ) – PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL
- PRECEDENTES - PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO.
I - A estreita via do recurso especial não comporta o reexame
de pretensão articulada com fundamento em disposições
estatutárias e regulamentares de entidades de previdência
privada.
II - Consolida-se nesta Corte jurisprudência no sentido de que,
em se tratando de parcelas devidas em decorrência de plano
de benefício de previdência privada, prevalece a prescrição
qüinqüenal, prevista na legislação de regência (Lei 8.213, de
24.07.91, art. 103), não incidindo a prescrição vintenária.
III - Recurso especial conhecido em parte e provido.
(RESP 173826/RS, Terceira Turma do STJ, Rel. Min.
Waldemar Zveiter, DJ Data:13/12/1999)
Nesse sentido, é o entendimento da SDI-1 do Tribunal Superior
do Trabalho, valendo transcrever as seguintes decisões:
“RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA
LEI 11.496/2007. PRESCRIÇÃO. COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA. REGULAMENTO DE PESSOAL DE1965 x
REGULAMENTO DE PESSOAL DE 1975. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA N.º 326 DESTE TRIBUNAL SUPERIOR. Postula-se o
percebimento de diferenças de complementação de
aposentadoria decorrentes da alteração da norma
regulamentar que rege a verba suplementar, levada a efeito no
curso do contrato de trabalho. Incide, em hipóteses tais, a
prescrição total.
22
Verifica-se, a propósito, que a partir do momento em que
houve a rescisão do contrato de trabalho, em decorrência da
aposentadoria, a Reclamante passou a receber a verba
complementar e em valor supostamente a menor. Reitere-se
que o Regulamento do Pessoal de Banespa de 1965 foi
alterado pelo Regulamento do Pessoal de 1975, de tal sorte
que a verba suplementar desde que o momento em foi paga,
observou as regras constantes no Regulamento de 1975, razão
pela qual a suposta lesão sofrida pela Reclamante ocorreu
desde o primeiro pagamento da complementação de
aposentadoria. Tal ilação atrai a incidência da Súmula n.º 326
deste Tribunal Superior. Prescrito, portanto, o núcleo do direito
perseguido na presente ação, porquanto ajuizada após
decorridos mais de dois anos da extinção do contrato de
trabalho. Recurso de Embargos conhecido e provido.”5
“PRESCRIÇÃO TOTAL. SÚMULA Nº 326 DO TST.
DIFERENÇAS DE COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA. DIFERENÇAS. ALTERAÇÃO DO
CRITÉRIO DE CÁLCULO EM FACE DOS REGULAMENTOS
DE 1965 E 1975. Tratando-se de pedido de diferenças de
complementação de aposentadoria em face do Regulamento
de Pessoal vigente à época da admissão do reclamante
(Regulamento de 1965) em detrimento do Regulamento de
1975 que lhe fora aplicado para efeito de cálculos dos seus
proventos de aposentadoria, a prescrição aplicável é a total,
nos termos da Súmula nº 326 da Corte (Precedentes da SBDI-
1: E-ED-RR-374/2005-054-02-40, DJ 05/12/2008; e E-ED-RR-
73.629/2003-900-02-00, DJ 12/12/2008). Assim, o prazo
prescricional tem início com a aposentadoria do empregado e,
no caso, restou prescrita a pretensão do reclamante às
5 SDI-1 do TST – E-ED-RR-46300-26.2003.5.02.0069, Rel. Maria de Assis Calsing – DJ 20.08.2010.
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diferenças postuladas visto que ajuizada a ação mais de 10
anos após a sua aposentadoria. Embargos providos.” 6
“EMBARGOS - COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA -
PRESCRIÇÃO TOTAL
O pedido refere-se à alteração do pagamento da
complementação de aposentadoria de proporcional para
integral. Os critérios de pagamento foram instituídos em 1996,
por ato único do empregador. A Reclamação Trabalhista
somente foi proposta em 2002. Como o direito pleiteado
decorre de modificação do regulamento da complementação
de aposentadoria e o critério pretendido jamais foi aplicado ao
ex-empregado, a prescrição aplicável é a total, nos termos da
Súmula nº 326/TST. Embargos conhecidos e providos.” 7
Ainda cabe transcrever, trecho do voto da Min. Rosa Maria
Weber Candiota da Rosa, no julgamento do AIRR nº
1743/2008 - 004- 21 - 40.8 perante a 3ª Turma do TST, que
assim se manifestou sobre a questão:
"Consignado, pois, pela Corte de origem, que a pretensão do
reclamante "se reporta à diferença de complementação de
aposentadoria que, desde a jubilação, nunca percebeu, pois os
proventos sempre foram calculados com base nos critérios
regulamentares de 1991 quando, no entender do recorrido,
seria mais vantajoso o regulamento de 1977", não há como
vislumbrar contrariedade às Súmulas 51, 288 e 327 do TST.
Isso porque o termo a quo do prazo prescricional é definido
pelo momento da suposta lesão que marca o surgimento da
pretensão de direito material - actio nata - o que, no caso de
complementação de aposentadoria, ocorre com a jubilação.
6 SDI-1 do TST - E-RR-2.302/2000-051-15-00, Rel. Min. Vantuil Abdala - DJ 29.10.2009.
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Adotada, pelo Colegiado, Regional, a data da aposentação
como termo inicial do biênio prescricional da pretensão ao
recebimento de complementação de aposentadoria, verifica-se
que a decisão embargada foi prolatada em estrita consonância
com a Súmula 326/TST, segundo a qual "tratando-se de
pedido de complementação de aposentadoria oriunda de
norma regulamentar e jamais paga ao ex-empregado, a
prescrição aplicável é a total, começando a fluir o biênio a
partir da aposentadoria."
7 SDI-1 do TST - E-RR-2.230/2002-023-02-00, Rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi - DJ 04.09.2009.
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CONCLUSÃO
Assim, concluímos que a as Entidades Fechadas de Previdência
Complementar, tem como principal objetivo conceder a seus participantes e
dependentes suplementação de benefícios concedidos pela previdência social,
conforme estabelecido nos regulamentos dos planos de benefícios.
Outrossim, temos que a Lei Complementar 109/2001 regula e
disciplina as Entidades de Previdência Complementar, disciplinando, inclusive,
sobre os prazos prescricionais.
Por sua vez, temos que a prescrição tem vital importância em na
sociedade moderna, uma vez que não se mostra razoável prosperar a idéia de
que determinado direito é imprescritível, salvo os constitucionalmente
previstos, pois causaria uma imensa insegurança jurídica que prejudicaria a
paz social.
No que tange a complementação de aposentadoria, pagas por
Entidades Fechadas de Previdência Complementar, temos que a própria Lei
109/201, dispõe que o prazo prescricional é de 5 anos, consonante dispõe o
art. 75 do referido diploma legal.
Outrossim, no âmbito da justiça comum, temos que a sumula 291 STJ
e a sumula 327 STJ, veio sedimentar o entendimento, diferenciando o instituto
da prescrição parcial e prescrição total.
De tal sorte, tendo em vista que, com a ampliação da competência da
justiça do trabalho, com a edição da EC/45, algumas ações que discutem
sobre complementação de aposentadoria, passaram a ser julgadas no âmbito
da especializada.
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Por conseguinte, foi necessária a edição de sumulas de
jurisprudências, visando elidir as discussão sobre o tema , foi definida a
aplicação da prescrição parcial e da total, com as edições da sumulas 326 e
327, ambas do TST.
Assim, concluímos que devemos ter bastante cuidado quanto a
aplicação da prescrição, levando-se em consideração as súmulas de
jurisprudências editadas no âmbito em que as ações foram propostas, fazendo
a devida distinção da prescrição parcial e da total.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
LOTUFO, Renan. Código Civil Comentado. São Paulo: Saraiva, 2003, vol. 1. Curso de Direito Civil Brasileiro. v. 1: teoria geral do direito civil. 20. ed. rev. e aum. São Paulo: Saraiva, 2003. FARIAS, Cristiano Chaves de. Direito Civil. Teoria Geral. 3ª Edição, Rio de Janeiro: Editora Lúmen Júris, 2005. PONTES DE MIRANDA. Tratado de Direito Privado. Rio de Janeiro: Borsoi,
1957, t. XIX.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - A Natureza e finalidade das EFPC 9
CAPÍTULO II - Breve Histórico sobre a Prescrição 13
II.1 - A aplicação da prescrição nas complementações de aposentadoria no âmbito da justiça comum 14 II.2 - A aplicação da prescrição nas complementações de aposentadoria no âmbito da justiça do trabalho 17 CAPÍTULO III – Posição dos Tribunais 19
CONCLUSÃO 25
BIBLIOGRAFIA 27
INDICE 28