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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A prescrição e as Entidades Fechadas de Previdência Complementar. Por: Thomás Vasconcellos da Silva Orientador Prof. José Roberto Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A prescrição e as Entidades Fechadas de Previdência

Complementar.

Por: Thomás Vasconcellos da Silva

Orientador

Prof. José Roberto

Rio de Janeiro

2011

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A PRESCRIÇÃO E AS ENTIDADES FECHADAS DE

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em processo civil

Por: . Maria Clara B. P.

3

AGRADECIMENTOS

Aos meus colegas de JCMB, meus

amigos do Carlos Silveira advogados,

minha namorada e minha família.

4

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, pois sem eles nada seria

possível.

5

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo fazer um estudo sobre o

instituto da prescrição, aplicada as Entidades Fechadas de Previdência

Complementar.

Para tanto, será feito uma definição sobre a colocação das Entidades

Fechadas de Previdência Complementar dentro de nosso ordenamento

jurídico, definindo o instituto da prescrição e sua definição e objetivos.

Ademias, faremos um estudo sobre os diversos diplomas que regem

sobre o tema, fazendo um estudo sobre as súmulas de jurisprudências, tanto

do STJ quanto do TST, fazendo uma coleção de jurisprudencial, visando

elucidar a opinião dos tribunais, fazendo as devidas a devida conclusão, ao

final do trabalho.

6

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste trabalho, faremos inicialmente um estudo

sobre a natureza jurídica e finalidade das Entidades Fechadas de Previdência

Complementar, objetivando a explicitação de sua origem e colocação em

nosso ordenamento jurídico.

Pretende-se com tal ilustração delimitar o tema tratado no presente

trabalho, vez que pretendemos tratar apenas das Entidades Fechadas de

Previdência Complementar, portanto, faremos a devida diferenciação acerca

do regime público de previdência.

Por conseguinte, será feito um breve histórico sobre o instituto da

prescrição, dando ênfase a sua criação e instituição em nosso ordenamento

jurídico.

Para tanto, será citado diversos doutrinadores que lecionaram sobre o

tema, visando definir e delimitar a área de estudo.

Ademais, será traçado uma linha evolutiva do instituto da prescrição e

sua aplicação nas Entidades Fechadas de Previdência Complementar,

doravante denominadas EFPC.

Outrossim, será feito uma análise teleológica sobre os dispositivos de lei

que versem sobre o assunto, em especial o Código Civil e a Lei 109/01, bem

como as súmulas de jurisprudências editadas sobre o tema.

Por fim, será feito uma análise jurisprudencial, mostrando a tendência

adotada nos tribunais, para, ao final, nos posicionarmos sobre o tema.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................8

CAPÍTULO I - A Natureza e finalidade das EFPC.............................9

CAPÍTULO II - Breve Histórico sobre a Prescrição...........................13

II.1 - A aplicação da prescrição nas complementações de aposentadoria no âmbito da justiça comum.................................14 II.2 - A aplicação da prescrição nas complementações de aposentadoria no âmbito da justiça do trabalho.............................................................................................17

CAPÍTULO III – Posição dos Tribunais............................................ 19 CONCLUSÃO....................................................................................25

BIBLIOGRAFIA .................................................................................27

INDICE..............................................................................................28

8

INTRODUÇÃO

As Entidade Fechadas de Previdência Complementar visam garantir

benefícios complementares a aposentadoria do INSS, através de constituições

de reserva.

As Entidade Fechadas de Previdência Complementar são reguladas

pela LEI 109/2001 sendo a legislação especifica que rege a espécie.

Outrossim, temos que para garantir a estabilidade social, o instituo da

prescrição tem importante papel em nosso ordenamento jurídico, pois, caso

não existisse, haveria uma intensa insegurança social que abalaria as ordens

sociais.

O objetivo desse singelo trabalho, é fazer um estudo sobre a aplicação

da prescrição no que tange as complementações de aposentadoria, traçando

um paralelo entre o prazo prescricional disposto na Lei Complementar

109/2001 e os prazos sumulados no âmbito da justiça comum.

Por conseguinte, visando dar um sentido mais amplo ao trabalho, será

tratado dos prazos prescricionais, relacionados as complementações de

aposentadoria, disposto no âmbito da justiça do trabalho, pois, devido a

ampliação da competência dada pela EC 45, algumas ações são julgadas no

âmbito da especializada.

Ademais, devido ao fato ser considerada uma importante fonte do

direito, será feito uma análise da jurisprudencial sobre o tema, visando

sedimentar a opinião dos tribunais superiores.

Por fim, faremos nossas alegações finais, concluindo o tema

apresentado nesse estudo monográfico.

9

CAPÍTULO I

A NATUREZA E FINALIDADE DAS EFPC

Antes de adentrarmos no cerne do presente trabalho, resta imperioso

tecer alguns esclarecimentos, visando a melhor compreensão acerca da

natureza jurídica e finalidade das Entidades Fechadas de Previdência

Complementar.

A Constituição da República de 1988 consagra a existência de três

regimes de previdência, quais sejam:

1. O regime geral de previdência social, operado pelo Instituto

Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia Federal, e destinado

aos trabalhadores da iniciativa privada, aos servidores de entes

federativos que não criarem regimes próprios e aos empregados

públicos;

2. Os regimes próprios de previdência, destinados aos servidores

titulares de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal

e alguns Municípios, incluídas suas autarquias e fundações;

3. O regime de previdência complementar, privado e facultativo,

operado por entidades abertas de previdência complementar (ou

seguradoras autorizadas a operar no ramo vida) e por entidades

fechadas de previdência complementar (ou fundos de pensão).

O regime público geral foi por diversas vezes considerado insuficiente

ou até mesmo não confiável por parte dos trabalhadores (em razão de dados

sobre um suposto déficit da previdência), fato este que originou a criação e o

fomento de um regime privado complementar.

10

A nossa Magna Carta assim dispõe sobre a previdência

complementar:

"Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar

e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de

previdência social, será facultativo, baseado na constituição de

reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei

complementar." (redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de

15/12/98).

Pelo que prescreve o texto constitucional, destaca-se as seguintes

características básicas daquele regime:

• Tem natureza jurídica privada, sujeitando-se ao regime jurídico

de direito privado, em que prevalece a autonomia da vontade;

• Tem caráter complementar, distinto e autônomo em relação ao

regime geral;

• Está calcado na constituição de reservas capazes de garantir o

pagamento dos benefícios;

• A constituição dessas reservas se dá em regime de

capitalização;

• A regulamentação do regime de previdência complementar é

reservada à lei complementar.

Assim, as Entidades Fechadas de Previdência Complementar, prevê a

existência de uma patrocinada, geralmente a empregadora do participante do

plano, sendo a Entidade constituída sob a forma de sociedade civil sem fins

lucrativos, tendo, por finalidade, dentre outras, o pagamento aos participantes

de seus planos previdenciários de complementação dos benefícios concedidos

pela Previdência Oficial, custeados por contribuições pagas por sua

patrocinadora e esses participantes.

A Lei Complementar n˚ 109/2001, que revogou a Lei n° 6.435/1977,

em seu artigo 1º conceitua o que vem a ser entidade de previdência privada:

11

“Art. 1º O regime de previdência privada, de caráter complementar e

organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de

previdência social, é facultativo, BASEADO NA CONSTITUIÇÃO DE

RESERVAS QUE GARANTAM O BENEFÍCIO, nos termos do caput

do art. 202 da Constituição Federal, observado o disposto nesta lei.”

Outrossim, o artigo 4º do mesmo dispositivo de Lei fez questão de

diferenciar as Entidades Fechadas das Entidades Abertas, conforme

determinada o inciso I, alínea a, vejamos:que

“Art.4º (...)

I – (...)

a) Fechadas, quando acessíveis exclusivamente aos empregados de

uma só empresa ou de um grupo de empresas, as quais, para os

efeitos desta Lei, serão denominadas patrocinadoras.”

Dessa forma, as Entidades Fechadas de Previdência Complementar,

que são o objeto de nosso humilde estudo, é constituída por meio de Estatuto

e Regulamento, devidamente aprovados pelo Ministério da Previdência Social,

tudo conforme os artigos 37 e 38 da Lei Complementar n˚ 109/2001.

Assim, o seu objetivo primordial é conceder a seus participantes e

dependentes suplementação de benefícios concedidos pela previdência social,

conforme estabelecido nos regulamentos dos planos de benefícios.

Vale notar que as Entidades Fechadas de Previdência Complementar,

estão enquadradas no âmbito do Ministério da Previdência Social, ao qual

compete fixar diretrizes e normas de política complementar da previdência, e

submetida à Superintendência Nacional de Previdência Complementar –

PREVIC, órgão que regula a constituição, a organização, funcionamento e

fiscalização das EFPC, inclusive para autorizar os planos de benéficos que

12

administram e fiscalizar suas atividades quanto ao exato cumprimento da

legislação das normas em vigor que devem ser rigorosamente observadas.

Neste contexto, as Entidades fechadas de Previdência Complementar

atuam no sentido de garantir e assegurar aos seus participantes e assistidos o

fiel cumprimento dos objetivos estatutários, em estrita observância à Lei

Complementar nº 109/2001 (antiga Lei nº 6.435/1977), regulamentada pelo

Decreto nº 4.206/2002 (antigo Decreto nº 81.240/1978) e, sobretudo, seu

próprio Estatuto e Regulamento.

Frisa-se a existência de Lei específica que regula a espécie, sendo

aplicada a Lei Complementar 109/2001, mormente no que tange a atuação,

competência e, inclusive, os prazos prescricionais constantes no diploma legal.

13

CAPÍTULO II

BREVE HISTÓRICO SOBRE O INSTITUTO DA PRESCRIÇÃO

A palavra prescrição vem do latim ‘’ praescriptio’’, do verbo "

praescribere’’, formado de "prae’’ e "escribere" , que significa escrever antes.1

Com brilhantismo singular, ensina Maria Helena Diniz2:

"O termo praescriptio originalmente era aplicado para designar a

extinção da ação reivindicatória, pela longa duração da posse;

tratava-se da praescriptio longissimi temporis e para indicar a

aquisição da propriedade, em razão do relevante papel

desempenhado pelo longo tempo, caso em que se tinha a

praescriptio longi temporis. Assim, no direito romano, sob o mesmo

vocábulo, surgiram duas instituições jurídicas, que partem dos

mesmos elementos: ação prolongada do tempo e inércia do titular. A

prescrição, que tinha caráter geral, destinada a extinguir as ações, e

o usucapião, que constituía meio aquisitivo do domínio”.

Todo instituto de direito deve basear-se num motivo de ordem jurídico-

social, seria incompreensível a criação de um instituto de direito sem um

fundamento que demonstrasse a sua necessidade. A norma é feita para o fato

social.

Baseando-se na estabilidade que a ordem jurídica deve assegurar as

relações jurídicas, é intuitivo que o tempo é o principal elemento da prescrição,

pois, a partir de determinado tempo em que o titular do direito poderia tê-lo

exercido e não o fez, deixou ele que situação nova se consolidasse, de sorte

que é mais conveniente ao equilíbrio social resguardar a nova situação do que

admitir o atraque daquele que desprezou, pela inércia, a prerrogativa que tinha

de fazer valer o seu direito.

1 LOTUFO, Renan. Código Civil Comentado. São Paulo: Saraiva, 2003, vol. 1 2 Curso de Direito Civil Brasileiro. v. 1: teoria geral do direito civil. 20. ed. rev. e aum. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 342

14

Trata-se de instituto de direito material, regulado pelo Código Civil, nos

artigos 189/206 e sua conseqüência primordial é a perda da pretensão,

subsistindo o chamado direito de fundo3, embora não podendo mais o titular do

direito exigir o cumprimento da obrigação. Ela supõe o decurso do tempo e a

inércia do titular do direito4.

Destarte, a noção de prescrição foi erigida para satisfazer ao princípio

da segurança jurídica. Assim, não persiste indefinidamente no seio social a

prerrogativa que possui o detentor de determinada pretensão, tranqüilizando a

sociedade, em face da estabilização das relações entre os indivíduos.

Assim, temos que a prescrição tem vital importância em na sociedade

moderna, uma vez que não se mostra razoável prosperar a idéia de que

determinado direito é imprescritível, salvo os constitucionalmente previstos,

pois causaria uma imensa insegurança jurídica que prejudicaria a paz social.

II.1 - A aplicação da prescrição nas complementações de aposentadoria

no âmbito da justiça comum.

Muito tem se discutido acerca da correta aplicação do instituto da

prescrição nas complementações de aposentadorias pagas por Entidades

Fechadas de Previdência Complementar.

Conforme amplamente exposto no decorrer deste trabalho, temos que

a Lei aplicável as Entidades Fechadas de Previdência Complementar é a Lei

Complementar 109/2001.

Por conseguinte, temos que o legislador fez questão de dispor sobre o

prazo para prescricional para cobrar prejuízos decorrentes aos cálculos de

benefícios, vejamos:

3 FARIAS, Cristiano Chaves de. Direito Civil. Teoria Geral. 3ª Edição, Rio de Janeiro: Editora Lúmen Júris, 2005, p. 502.

15

“Art. 75. Sem prejuízo do benefício, prescreve em cinco anos o

direito às prestações não pagas nem reclamadas na época própria,

resguardados os direitos dos menores dependentes, dos incapazes

ou dos ausentes, na forma do Código Civil.”

De tal sorte, fazendo uma interpretação teleológica no artigo em

comento, temos que o legislador faz referencia ao instituto da prescrição total,

prescrevendo o direito de reclamar as parcelas não pagas no prazo de 5

(cinco) anos da data da lesão.

Por conseguinte, podemos visualizar a modalidade de prescrição total,

do fundo de direito, quando se tratar de complementação de aposentadoria,

oriunda de norma regulamentar ou verbas nunca pagas, como são os casos

dos reflexos de verbas Trabalhistas que concedidas por intermédio de RT e

que integram o salário de participação de modo a fazer reflexos na

complementação de aposentadoria, ou seja, nesse caso a prescrição seria

total, começando a fluir a partir da majoração salarial, ou quando falarmos de

cálculos de benefícios iniciais, bem como as metodologias para concessão de

benefícios complementares.

De tal sorte, muito embora a Lei 109/2001 disponha especificamente

sobre o tema, o entendimento tem divergido, face a aplicação do prazo

estipulado no seguinte dispositivo do CPC:

Art. 206. Prescreve:

§ 3º Em três anos:

II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas

temporárias ou vitalícias;

4 PONTES DE MIRANDA. Tratado de Direito Privado. Rio de Janeiro: Borsoi, 1957, t. XIX.

16

Todavia, muito embora o debate ainda aflore o judiciário nas instâncias

inferiores, temos que o tema foi superado pela edição da súmula 291 do CPC,

que assim dispõe:

STJ Súmula nº 291 - 28/04/2004 - DJ 13.05.2004

Ação de Cobrança - Complementação de Aposentadoria -

Previdência Privada - Prescrição

A ação de cobrança de parcelas de complementação de

aposentadoria pela previdência privada prescreve em cinco anos.

Com efeito, quando se falar em ação de complementação de

aposentadoria, referente a diferenças de valores já recebidos, o correto é a

aplicação da prescrição parcial, como são os casos que se pleiteiam

diferenças de índices de atualização de benefícios (IGPDI, INPC...), expurgos,

Fator Vinculação e outros temas que serão demonstrados ao longo desse

trabalho.

Tal preceito, prega-se em obediência ao disposto no artigo 189 do

Código Civil, que estabelece como termo inicial da prescrição a violação do

direito, ocorrida, para as prestações periódicas, uma a uma, isoladamente.

Ademais o assunto já foi objeto de súmula pelo STJ, que assim

dispõe:

STJ Súmula nº 427 - 10/03/2010 - DJe 13/05/2010

Ação de Cobrança de Diferenças de Valores de Complementação de

Aposentadoria - Prescrição

A ação de cobrança de diferenças de valores de complementação

de aposentadoria prescreve em cinco anos contados da data do

pagamento.

Assim, temos que a doutrina fez questão de diferenciar a prescrição

total da parcial, delimitando o tema para evitar equívocos processuais, por

17

conseguinte, os tribunais superiores editou as devidas súmulas de

jurisprudências, visando sedimentar o entendimento esposados em suas

Egrégias Câmaras

II.2 – A aplicação da prescrição nas complementações de

aposentadoria no âmbito da justiça do trabalho.

A Emenda Constitucional nº 45, alterou o artigo 114 da Carta Magna,

abarcando a competência da Justiça do Trabalho a matéria afeita a

previdência complementar.Vejamos:

“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

(...)

IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na

forma da lei.” (grifou-se)

Assim, deixando para um segundo momento a discursão acerca da

competência da justiça do trabalho para julgar matéria afeita a previdência

complementar, temos que muitas ações vem sendo ajuizadas no âmbito desta

especializada, razão pela qual se aflorou o debate acerca da prescrição.

Por conseguinte, temos que a lei complementar 109/2001, tem ampla

aplicação no âmbito da justiça do trabalho,mormente no que tange aos prazos

prescricionais nela constantes, todavia, tais dispositivos entram em confronto

com os prazos específicos da especializa.

Ademais o inc. XXIX do art. 7º da CF, assim como o inc. I do art. 11 da

CLT, prevêem que a ação quanto a créditos trabalhistas resultantes das

relações de trabalho prescreve em cinco anos contados da lesão ao direito,

desde que ajuizada no limite de até dois anos após a extinção ou rescisão do

contrato de trabalho.

18

Corroborando com o tema foi editada a Súmula 326 pelo C. Tribunal

Superior do Trabalho, que assim dispõe:

“Tratando-se de pedido de complementação de aposentadoria

oriunda de norma regulamentar e jamais paga ao ex-empregado, a

prescrição aplicável é a total, começando a fluir o biênio a partir da

aposentadoria”.

Assim, quando o pleito inicial se insurgir contra o ato de concessão da

aposentadoria e não quanto ao não pagamento de parcelas ou pagamento

realizado a menor aplica-se a prescrição total.

Vale frisar que o ato de concessão é um ato único, não se renova mês-

a-mês, assim, dizemos que a prescrição aplicável ao caso é a chamada action

nata, afetando o fundo de direito e culminado com a perda do direito de ação.

De tal sorte, quando falamos de parcelas que se renovam mês a mês,

dispõe a Súmula 327 que a prescrição aplicável é a parcial, vejamos:

TST Enunciado nº 327 - Res. 19/1993, DJ 21.12.1993 - Nova

redação - Res. 121/2003, DJ 21.11.2003

Diferença de Complementação de Aposentadoria - Norma

Regulamentar - Prescrição

Tratando-se de pedido de diferença de complementação de

aposentadoria oriunda de norma regulamentar, a prescrição aplicável

é a parcial, não atingindo o direito de ação, mas, tão-somente, as

parcelas anteriores ao qüinqüênio.

19

CAPÍTULO III

POSIÇÃO DOS TRIBUNAIS

A jurisprudência, por diversas vezes, vem se pronunciado sobre o

tema, vejamos a opinião dos tribunais superiores:

“CIVIL E PROCESSUAL. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR.

DIFERENÇAS DE COMPLEMENTAÇÃO DE

APOSENTADORIA. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL DAS

PARCELAS. LEIS NS. 6.435/77 E 8.213/91. LC N. 109/2001.

CC ANTERIOR, ART. 177. A prescrição das parcelas alusivas

a diferenças de complementação de aposentadoria, de

previdência privada, é de cinco anos e não vintenária, sendo

inaplicável à espécie o art. 177 do Código Civil anterior”.

(RESP 460168/RS, Quarta Turma do STJ, Rel. Min. Ruy

Rosado de Aguiar, DJ Data:19/04/2004)

“PREVIDÊNCIA PRIVADA. PRESCRIÇÃO.

1. Na forma de precedentes, não se aplica a prescrição

vintenária para o caso das parcelas devidas em decorrência de

plano de benefícios de entidade de previdência privada.

2. Recurso especial conhecido e provido”.

(RESP 180833/RJ, Terceira Turma do STJ, Rel. Min. Carlos

Alberto Menezes Direito, DJ Data:01/07/1999)

PREVIDÊNCIA PRIVADA - COMPLEMENTAÇÃO DE

APOSENTADORIA - BANCÁRIOS - INSURGÊNCIA

ASSENTADA EM DISPOSIÇÕES ESTATUTÁRIAS E

REGULAMENTARES, DE APRECIAÇÃO INVIÁVEL NO

ESPECIAL (SÚMULA 05/STJ) – PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL

- PRECEDENTES - PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO.

20

I - A estreita via do recurso especial não comporta o reexame

de pretensão articulada com fundamento em disposições

estatutárias e regulamentares de entidades de previdência

privada.

II - Consolida-se nesta Corte jurisprudência no sentido de que,

em se tratando de parcelas devidas em decorrência de plano

de benefício de previdência privada, prevalece a prescrição

qüinqüenal, prevista na legislação de regência (Lei 8.213, de

24.07.91, art. 103), não incidindo a prescrição vintenária.

III - Recurso especial conhecido em parte e provido.

(RESP 173826/RS, Terceira Turma do STJ, Rel. Min.

Waldemar Zveiter, DJ Data:13/12/1999)

“CIVIL E PROCESSUAL. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR.

DIFERENÇAS DE COMPLEMENTAÇÃO DE

APOSENTADORIA. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL DAS

PARCELAS. LEIS NS. 6.435/77 E 8.213/91. LC N. 109/2001.

CC ANTERIOR, ART. 177. A prescrição das parcelas alusivas

a diferenças de complementação de aposentadoria, de

previdência privada, é de cinco anos e não vintenária, sendo

inaplicável à espécie o art. 177 do Código Civil anterior”.

(RESP 460168/RS, Quarta Turma do STJ, Rel. Min. Ruy

Rosado de Aguiar, DJ Data:19/04/2004)

“PREVIDÊNCIA PRIVADA. PRESCRIÇÃO.

1. Na forma de precedentes, não se aplica a prescrição

vintenária para o caso das parcelas devidas em decorrência de

plano de benefícios de entidade de previdência privada.

2. Recurso especial conhecido e provido”.

(RESP 180833/RJ, Terceira Turma do STJ, Rel. Min. Carlos

Alberto Menezes Direito, DJ Data:01/07/1999)

21

PREVIDÊNCIA PRIVADA - COMPLEMENTAÇÃO DE

APOSENTADORIA - BANCÁRIOS - INSURGÊNCIA

ASSENTADA EM DISPOSIÇÕES ESTATUTÁRIAS E

REGULAMENTARES, DE APRECIAÇÃO INVIÁVEL NO

ESPECIAL (SÚMULA 05/STJ) – PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL

- PRECEDENTES - PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO.

I - A estreita via do recurso especial não comporta o reexame

de pretensão articulada com fundamento em disposições

estatutárias e regulamentares de entidades de previdência

privada.

II - Consolida-se nesta Corte jurisprudência no sentido de que,

em se tratando de parcelas devidas em decorrência de plano

de benefício de previdência privada, prevalece a prescrição

qüinqüenal, prevista na legislação de regência (Lei 8.213, de

24.07.91, art. 103), não incidindo a prescrição vintenária.

III - Recurso especial conhecido em parte e provido.

(RESP 173826/RS, Terceira Turma do STJ, Rel. Min.

Waldemar Zveiter, DJ Data:13/12/1999)

Nesse sentido, é o entendimento da SDI-1 do Tribunal Superior

do Trabalho, valendo transcrever as seguintes decisões:

“RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA

LEI 11.496/2007. PRESCRIÇÃO. COMPLEMENTAÇÃO DE

APOSENTADORIA. REGULAMENTO DE PESSOAL DE1965 x

REGULAMENTO DE PESSOAL DE 1975. INCIDÊNCIA DA

SÚMULA N.º 326 DESTE TRIBUNAL SUPERIOR. Postula-se o

percebimento de diferenças de complementação de

aposentadoria decorrentes da alteração da norma

regulamentar que rege a verba suplementar, levada a efeito no

curso do contrato de trabalho. Incide, em hipóteses tais, a

prescrição total.

22

Verifica-se, a propósito, que a partir do momento em que

houve a rescisão do contrato de trabalho, em decorrência da

aposentadoria, a Reclamante passou a receber a verba

complementar e em valor supostamente a menor. Reitere-se

que o Regulamento do Pessoal de Banespa de 1965 foi

alterado pelo Regulamento do Pessoal de 1975, de tal sorte

que a verba suplementar desde que o momento em foi paga,

observou as regras constantes no Regulamento de 1975, razão

pela qual a suposta lesão sofrida pela Reclamante ocorreu

desde o primeiro pagamento da complementação de

aposentadoria. Tal ilação atrai a incidência da Súmula n.º 326

deste Tribunal Superior. Prescrito, portanto, o núcleo do direito

perseguido na presente ação, porquanto ajuizada após

decorridos mais de dois anos da extinção do contrato de

trabalho. Recurso de Embargos conhecido e provido.”5

“PRESCRIÇÃO TOTAL. SÚMULA Nº 326 DO TST.

DIFERENÇAS DE COMPLEMENTAÇÃO DE

APOSENTADORIA. DIFERENÇAS. ALTERAÇÃO DO

CRITÉRIO DE CÁLCULO EM FACE DOS REGULAMENTOS

DE 1965 E 1975. Tratando-se de pedido de diferenças de

complementação de aposentadoria em face do Regulamento

de Pessoal vigente à época da admissão do reclamante

(Regulamento de 1965) em detrimento do Regulamento de

1975 que lhe fora aplicado para efeito de cálculos dos seus

proventos de aposentadoria, a prescrição aplicável é a total,

nos termos da Súmula nº 326 da Corte (Precedentes da SBDI-

1: E-ED-RR-374/2005-054-02-40, DJ 05/12/2008; e E-ED-RR-

73.629/2003-900-02-00, DJ 12/12/2008). Assim, o prazo

prescricional tem início com a aposentadoria do empregado e,

no caso, restou prescrita a pretensão do reclamante às

5 SDI-1 do TST – E-ED-RR-46300-26.2003.5.02.0069, Rel. Maria de Assis Calsing – DJ 20.08.2010.

23

diferenças postuladas visto que ajuizada a ação mais de 10

anos após a sua aposentadoria. Embargos providos.” 6

“EMBARGOS - COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA -

PRESCRIÇÃO TOTAL

O pedido refere-se à alteração do pagamento da

complementação de aposentadoria de proporcional para

integral. Os critérios de pagamento foram instituídos em 1996,

por ato único do empregador. A Reclamação Trabalhista

somente foi proposta em 2002. Como o direito pleiteado

decorre de modificação do regulamento da complementação

de aposentadoria e o critério pretendido jamais foi aplicado ao

ex-empregado, a prescrição aplicável é a total, nos termos da

Súmula nº 326/TST. Embargos conhecidos e providos.” 7

Ainda cabe transcrever, trecho do voto da Min. Rosa Maria

Weber Candiota da Rosa, no julgamento do AIRR nº

1743/2008 - 004- 21 - 40.8 perante a 3ª Turma do TST, que

assim se manifestou sobre a questão:

"Consignado, pois, pela Corte de origem, que a pretensão do

reclamante "se reporta à diferença de complementação de

aposentadoria que, desde a jubilação, nunca percebeu, pois os

proventos sempre foram calculados com base nos critérios

regulamentares de 1991 quando, no entender do recorrido,

seria mais vantajoso o regulamento de 1977", não há como

vislumbrar contrariedade às Súmulas 51, 288 e 327 do TST.

Isso porque o termo a quo do prazo prescricional é definido

pelo momento da suposta lesão que marca o surgimento da

pretensão de direito material - actio nata - o que, no caso de

complementação de aposentadoria, ocorre com a jubilação.

6 SDI-1 do TST - E-RR-2.302/2000-051-15-00, Rel. Min. Vantuil Abdala - DJ 29.10.2009.

24

Adotada, pelo Colegiado, Regional, a data da aposentação

como termo inicial do biênio prescricional da pretensão ao

recebimento de complementação de aposentadoria, verifica-se

que a decisão embargada foi prolatada em estrita consonância

com a Súmula 326/TST, segundo a qual "tratando-se de

pedido de complementação de aposentadoria oriunda de

norma regulamentar e jamais paga ao ex-empregado, a

prescrição aplicável é a total, começando a fluir o biênio a

partir da aposentadoria."

7 SDI-1 do TST - E-RR-2.230/2002-023-02-00, Rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi - DJ 04.09.2009.

25

CONCLUSÃO

Assim, concluímos que a as Entidades Fechadas de Previdência

Complementar, tem como principal objetivo conceder a seus participantes e

dependentes suplementação de benefícios concedidos pela previdência social,

conforme estabelecido nos regulamentos dos planos de benefícios.

Outrossim, temos que a Lei Complementar 109/2001 regula e

disciplina as Entidades de Previdência Complementar, disciplinando, inclusive,

sobre os prazos prescricionais.

Por sua vez, temos que a prescrição tem vital importância em na

sociedade moderna, uma vez que não se mostra razoável prosperar a idéia de

que determinado direito é imprescritível, salvo os constitucionalmente

previstos, pois causaria uma imensa insegurança jurídica que prejudicaria a

paz social.

No que tange a complementação de aposentadoria, pagas por

Entidades Fechadas de Previdência Complementar, temos que a própria Lei

109/201, dispõe que o prazo prescricional é de 5 anos, consonante dispõe o

art. 75 do referido diploma legal.

Outrossim, no âmbito da justiça comum, temos que a sumula 291 STJ

e a sumula 327 STJ, veio sedimentar o entendimento, diferenciando o instituto

da prescrição parcial e prescrição total.

De tal sorte, tendo em vista que, com a ampliação da competência da

justiça do trabalho, com a edição da EC/45, algumas ações que discutem

sobre complementação de aposentadoria, passaram a ser julgadas no âmbito

da especializada.

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Por conseguinte, foi necessária a edição de sumulas de

jurisprudências, visando elidir as discussão sobre o tema , foi definida a

aplicação da prescrição parcial e da total, com as edições da sumulas 326 e

327, ambas do TST.

Assim, concluímos que devemos ter bastante cuidado quanto a

aplicação da prescrição, levando-se em consideração as súmulas de

jurisprudências editadas no âmbito em que as ações foram propostas, fazendo

a devida distinção da prescrição parcial e da total.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

LOTUFO, Renan. Código Civil Comentado. São Paulo: Saraiva, 2003, vol. 1. Curso de Direito Civil Brasileiro. v. 1: teoria geral do direito civil. 20. ed. rev. e aum. São Paulo: Saraiva, 2003. FARIAS, Cristiano Chaves de. Direito Civil. Teoria Geral. 3ª Edição, Rio de Janeiro: Editora Lúmen Júris, 2005. PONTES DE MIRANDA. Tratado de Direito Privado. Rio de Janeiro: Borsoi,

1957, t. XIX.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - A Natureza e finalidade das EFPC 9

CAPÍTULO II - Breve Histórico sobre a Prescrição 13

II.1 - A aplicação da prescrição nas complementações de aposentadoria no âmbito da justiça comum 14 II.2 - A aplicação da prescrição nas complementações de aposentadoria no âmbito da justiça do trabalho 17 CAPÍTULO III – Posição dos Tribunais 19

CONCLUSÃO 25

BIBLIOGRAFIA 27

INDICE 28