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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INDÚSTRIA NAVAL E A INDULGÊNCIA DA ÁGUA DE LASTRO
Por: GISELE VILLAÇA LIMA
Prof. MARIA ESTHER
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INDÚSTRIA NAVAL E A INDULGÊNCIA DA ÁGUA DE LASTRO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Ambiental
Por: . Gisele Villaça Lima
3
AGRADECIMENTOS
....aos amigos e parentes, meu
trabalho, meus pais, meus eternos e
verdadeiros amores...
4
DEDICATÓRIA
.....dedica-se ao meu pai Geová, a minha
mãe Marilena, aos meus novos e aos
eternos amigos...
5
RESUMO
O aumento do tráfego marítimo, com o uso de embarcações cada vez
maiores e mais rápidas permitiu a redução do tempo das viagens e a
intensificação das trocas internacionais. Tais fatores contribuíram
decisivamente para fazer da água de lastro e do sedimento associado, bem
como da incrustação no casco das embarcações, mecanismos extremamente
eficientes na dispersão de organismos exóticos e de água doce, com ameaças
para os ecossistemas, habitats e espécies.
Entre as conseqüências adversas dessas invasões estão a modificação
estrutural do ambiente, a perda de biodiversidade local ou regional, a
introdução de microorganismos patogênicos, a modificação da paisagem e os
prejuízos econômicos associados. Atualmente, a introdução de espécies
marinhas invasoras é considerada uma das grandes ameaças à integridade
dos oceanos.
O Ministério do Meio Ambiente(MMA) entende que as soluções para os
problemas decorrentes da introdução de organismos exóticos pela água de
lastro encontram viabilidade em medidas preventivas, coordenadas entre os
três níveis de governo, a iniciativa privada e a sociedade organizada,
privilegiando ações de prevenção, controle e gestão ambiental, apoiadas por
atividades de capacitação, de monitoramento e de avaliação de risco, de
normalização, de divulgação e de mobilização, em âmbito nacional e regional.
A Organização Marítima Internacional (IMO), a partir da Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio ambiente, realizada no Rio de Janeiro em 1992,
deu início a uma abordagem sistemática da questão da água de lastro,
buscando a definição de regras adequadas, para evitar a disseminação de
organismos aquáticos exóticos nas regiões nas quais as descargas são
realizadas.
6
A proposta deste trabalho é contribuir para a disseminação de
informação sobre a questão da água de lastro e das bioinvasões para a
conservação dos recursos naturais e a biossegurança.
7
METODOLOGIA
Este trabalho propõe-se a explanar sobre água de lastro e seu impacto
na nossa biodiversidade, abordar temas como prevenção e controle da água
de lastro pelos órgãos fiscalizadores e a relação do crescimento da indústria
naval e a água de lastro.
Tal explanação se dará através de pesquisas bibliográficas, artigos
publicados em revistas e sites e atualização das leis através das chamadas “
Norman” disponíveis na página virtual do site fiscalizador do deslastro em
águas brasileiras.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Água de Lastro e a Bioinvasão 11
1.1- Controle da Introdução de espécies exóticas ou patogênicas 14
1.2- Principais invasões documentadas no mundo 15
CAPÍTULO II - Cascos de Navios e Plataforma como Vetores na
Introdução de Espécies Exóticas 18
2.2 Água de Lastro VS. Incrustações em Casco 19
2.2 A eficácia de cascos e plataformas como vetores 19
CAPÍTULO III – Prevenção e Controle da Água de Lastro 22
1.1- Métodos de prevenção e controle da água de lastro 22
1.2- Iniciativas e Programas 24
1.3- Legislação no Brasil
CONCLUSÃO 28
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
9
INTRODUÇÃO
Estamos vivendo na era da tecnologia o que trouxe para toda a
Humanidade muitos benefícios, mas em contra partida trouxe também muitos
problemas pela idéia que se criou que para compreender a natureza era
preciso dominá-la.
Conseqüência disso foram ações humanas altamente agressivas ao
meio ambiente, e quem paga a conta dessas ações são todos que fazem parte
do sistema.
Engana-se quem imagina que está à parte dessa problemática. Vivemos
em uma época de mudanças bruscas de temperatura, somos muitas vezes
obrigados a racionar água e energia, passamos por enchentes, somos
intoxicados pelo ar que se apresenta poluído, nos intoxicamos através de
alimentos e muitas outras coisas que nos acontecem por conta dessas ações
praticadas pelo ser humano.
A diversidade biológica marinha vem mudando, em alguns casos,
drasticamente. A introdução de espécies marinhas como resultado de
atividades humanas, seja internacional ou não, é um processo antigo. Navios
vêm transportando durante séculos organismos incrustantes e perfurantes em
seus cascos muito antes dos polinésios, egípcios e vikings. No entanto, apesar
da incrustação em cascos de navios ser a via responsável pelo maior número
de introduções marinhas ao longo do tempo, atualmente, pode-se dizer que a
descarga de água de lastro é potencialmente a mais importante via de
introdução de espécies indesejáveis nos portos de todo o mundo e uma das
grandes ameaças ao equilíbrio ecológico do ambiente marinho.
As transferências de organismos nocivos através da água de lastro de
navios tem sido desastrosas e têm crescido alarmantemente, causando danos
aos ecossistemas marinhos, prejuízos à saúde humana, à biodiversidade, às
atividades pesqueiras e de maricultura, resultando em problema global.
Os navios utilizam água nos tanques de lastro para manter a segurança,
aumentar seu calado e ajudar na propulsão e manobras, compensar perdas de
10
peso por consumo de combustíveis e de água, regular a estabilidade e manter
os níveis de estresse na estrutura em patamares aceitáveis.
O vasto território nacional é a primeira barreira para a execução rápida e
eficiente de leis e diretrizes que venham regulamentar as descargas de água
de lastro. O grande número de portos e a variedade de ecossistemas trarão,
com certeza, dificuldade para o monitoramento e controle das descargas de
água de lastro ao longo da costa brasileira.
Então podemos dizer que todos são responsáveis pela preservação do
meio ambiente, pois todos sofrerão a reação ocasionada por uma ação
indevida contra ele.
11
CAPÍTULO I
Água de Lastro
Os navios utilizam atualmente água nos tanques de lastro para manter a
estabilidade, segurança e eficiência operacional, especialmente quando o
navio não está carregado.
Com o desenvolvimento dos materiais, surgiram também novas
tecnologias, com o objetivo melhorar o desempenho e o rendimento das
embarcações; assim, elas ficaram mais potentes, velozes e capazes de
realizar viagens cada vez mais distantes, cruzando praticamente todos os
oceanos do mundo. Dessa maneira, os navios saem de portos brasileiros e
navegam por vários dias até chegarem a portos da Europa ou da Ásia
transportando milhares de toneladas de carga; como existem diversos tipos
de cargas a serem transportadas, as embarcações foram sendo projetadas
para atenderem às características de cada uma delas.
Logo, existem diversos tipos de embarcações, sendo algumas
dedicadas a um único tipo de carga (navios porta-contêiner) e outras de uso
misto (navios graneleiros), ou seja, uma mesma embarcação tem
capacidade de transportar no interior dos seus porões cargas diferentes a
cada viagem. Desse modo, uma determinada embarcação especializada,
por exemplo, um navio mineraleiro, pode ir até um porto transportando
minério de ferro e não encontrar carga para trazer na sua viagem de volta,
devido a sua especificidade.
Nessa situação, surge uma grande dificuldade para a operação do
navio, pois ele é projetado para transportar, além do seu próprio peso
estrutural, uma determinada quantidade de carga, bem como outros
elementos, como água potável, combustível, dentre outros itens que são
consumidos durante a viagem, os quais são classificados como “víveres”.
Quando o navio está viajando completamente carregado, encontra-se na
12
condição de equilíbrio “estável”, pois as forças externas que podem agir
contra ele, como as ondas e ventos, não comprometerão sua segurança;
todavia, não encontrando carga para fazer a viagem de retorno, o navio não
atende a sua missão principal, que é transportar carga, e pode ficar instável,
tendo um comportamento muito parecido com o de um “joão-bobo1”, ou
seja, quando as ondas e o vento agem sobre o navio, pode acontecer,
dependendo da força desses elementos, de ele não conseguir retornar a
sua condição de equilíbrio, correndo risco de emborcar ou de naufragar.
Assim, para minimizar o problema do navio que se encontra na condição
de realizar a viagem de retorno sem carga ou com uma pequena quantidade
dela o que pode comprometer sua segurança, é necessário adicionar um
peso extra, para garantir que tenha um comportamento estável e não fique
jogando de um lado para outro, conservando seu casco imerso na água,
conforme os padrões determinados no projeto “calado do navio2”. Esse peso
adicional é conhecido como Lastro.
O lastro pode ser definido como qualquer material usado para aumentar
o peso e/ou balancear um objeto; um exemplo são os sacos de areia
usados em balões de ar quente que podem ser descartados para aliviar a
carga,, permitindo sua subida. As embarcações de madeira também se
utilizam de lastro para garantir sua condição de segurança quando estão
navegando. Em outros tempos, os materiais empregados eram blocos de
pedra, sacos de areia, dentre outros elementos que fizessem com que o
peso da embarcação aumentasse. Utilizar esse tipo de material não é uma
tarefa fácil, pois tanto sua colocação quanto sua retirada pode criar uma
situação de risco para o navio, em função de seu deslocamento dentro do
casco, o que pode alterar a condição de equilíbrio do navio e das pessoas
que manuseiam esses materiais a bordo. Além disso, existe outro problema:
o tempo gasto para colocar o peso no local certo e para içá-lo, pois, em
geral, os blocos de pedra e os sacos de areia são pesados.
1 João Bobo: Boneco de borracha construído com a parte de baixo muito pesada; quando movimentado lateralmente, sempre volta para o mesmo lugar. 2 Calado do Navio: É a distância vertical entre a superfície da água e a parte mais baixa do navio naquele ponto.
13
Com o aparecimento de embarcações com cascos de aço, surgiu um
novo desafio para os projetistas e dono das embarcações, qual seja
encontrar uma forma mais eficiente de colocar lastro no navio com
segurança e praticidade.
A partir deste ponto cogitou-se a possibilidade de usar água do mar para
aumentar o peso do navio, uma vez que os mesmos não eram mais feitos
de madeira, e conseqüentemente a água não iria escoar pelas frestas dos
cascos. Do ponto de vista da engenharia de produção foi ótimo, pois como o
casco de aço passou a ser completamente vedado, a água colocada em seu
interior poderia ficar retida, aumentando o peso do navio; além disso,
quando fosse necessário carregar o navio novamente, bastaria retornar a
água ao mar. A partir desse momento, ficou decidido que a água do mar
seria utilizada em substituição ao lastro sólido, conhecida como água de
lastro, conforme mostrado na Figura 1.
Figura 1 - Uso da água de lastro
14
1.1 – Controle da Introdução da Espécie Exótica ou Patogênica
A Organização Marítima Internacional – IMO, Agência especializada
das Nações Unidas (ONU), desde 1948, regulamenta o transporte e as
atividades marítimas com relação à segurança, à preservação do meio
ambiente e às matérias legais relacionadas. Entre as principais convenções da
IMO estão a SOLAS (Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida
Humana no Mar) e a MARPOL ( Convenção Internacional para a Prevenção da
Poluição por Navios). Os principais comitês dessa organização, que discutem e
regulamentam as matérias de segurança e de prevenção à poluição, são MSC
( Comitê de Segurança Marítima) e o MEPC ( Comitê de Proteção ao Meio
Marítimo). A navegação marítima internacional tem como lema “ navegação
segura e mares limpos” e a água de lastro passou a constituir um dos temas
mais importantes nas suas convenções. A possibilidade da água de lastro
descarregada nos portos causar males foi reconhecida também pela
Organização Mundial de Saúde, que está preocupada com o papel
desempenhado pela água de lastro, como meio propagador de bactérias
causadoras de doenças epidêmicas.
A Assembléia da IMO adotou em 1997, por meio da Resolução
A.868(20), “ As diretrizes para o controle e gerenciamento de água de lastro
dos navios”. Essa Resolução apresentou um conjunto de normas, ainda não
obrigatórias, com o propósito de controlar e limitar a transferência indesejável
de organismos aquáticos e patogênicos por água de lastro. Ela permanece em
vigor, e solicita aos governos que empreendam ações urgentes no sentido de
aplicar essas novas Diretrizes, recomendando-as inclusive à indústria de
construção naval, para ser utilizada como base em quaisquer medidas que
venham ser adotadas com o propósito de minimizar os riscos mencionados.
Foi solicitado, ainda aos Governos que informem ao MEPC qualquer
experiência adquirida com a implementação dessas Diretrizes, no sentido de
colaborar nos dispositivos legais sobre o assunto.
Segundo a Resolução A.868(20) todo o navio que utilizar água como
lastro deverá ser dotado de um plano para seu gerenciamento, com o
15
propósito de fornecer procedimentos seguros e eficazes. O plano de
gerenciamento da água de lastro deve ser incluído na documentação
operacional do navio. O modelo é apresentado no anexo. Esse registro deve
estar disponível para a autoridade do Estado do Porto3, que no Brasil é
reconhecida pelo Representando nacional ou regional ou Local da Autoridade
Marítima, exercida, por lei, pelo comandante da Marinha do Brasil.
Os Estados do Porto devem informar aos agentes locais e/ou aos
navios, as áreas e as situações em que o recebimento e a descarga de água
de lastro devem ser restritos a um mínimo ou não devem ocorrer. São áreas
onde já existe registro de organismos considerados “perigosos” ou em que seja
conhecida a existência de uma população de organismos aquáticos nocivos e
agentes patogênicos, onde esteja ocorrendo florescimento de algas, com
descarga de esgotos sanitários e operações de drenagem nas proximidades, à
noite, quando alguns organismos planctônicos migram para a superfície e em
águas muito rasas ou quando os hélices puderem levantar sedimentos.
A Resolução reconhece que na ausência de meios de controle dotados
de maior base científica, a troca da água de lastro, em áreas oceânicas
profundas, oferece atualmente um meio de limitar a probabilidade de que
espécies contidas na água doce, ou em águas costeiras, sejam transferidas na
água utilizada como lastro e alerta aos construtores, armadores e sociedades
classificadoras a levarem em consideração essas Diretrizes ao projetar navios
novos, ou ao modificar os existentes.
1.2 – Principais Invasões Documentadas no Mundo
Espécies exóticas, alienígenas, não nativas, não indígenas, invasoras
ou indesejáveis são organismos ou qualquer material biológico capaz de
propagar espécies, incluindo sementes, ovos, esporos, etc.; que entram em um
ecossistema sem registro anterior( Commitee on Ship´s Ballast Operation,
1996) . A primeira menção à introdução de organismos exóticos, via água de
3 Autoridade do Estado do Porto significa qualquer funcionário ou organização autorizada pelo Governo de um Estado do Porto a conduzir as diretrizes, ou a exigir o cumprimento das normas e regulamentos pertinentes à implementação das medidas de controle da navegação nacional e internacional.
16
lastro, foi feita por Ostenfeld (1908) depois da ocorrência de uma floração da
alga diatomácea Odontella sinensis no Mar do Norte, endêmica da costa
tropical do Indo-Pacífico. Somente 70 anos mais tarde, um navio foi estudado
com amostragem de água de lastro ( Medcof, 1975).
A introdução de uma espécie em um novo habitat constitui risco
ambiental e econômico. Em condições ambientais favoráveis e livres de
predadores, parasitas e competidores naturais, esses novos organismos
podem atingir altas densidades populacionais. Uma vez estabelecidos,
dificilmente serão eliminados.
O estabelecimento de uma espécie depende de vários fatores; entre
ao mais importantes são as características biológicas das espécies e as
condições do meio ambiente onde elas estão sendo introduzidas; o clima; o
número de indivíduos introduzidos (número suficiente para estabelecimento de
uma população); a competição com as espécies nativas e a disponibilidade de
alimento. Os pontos de descarga são a chave para o sucesso da colonização,
sendo as áreas fechadas, como os portos, as mais suscetíveis. Se os portos
de carga ou descarga forem ecologicamente semelhantes, o risco da
introdução é alto. Dragagens e drenagens mudam o regime hidrográfico e
abrem as portas para a colonização de novas espécies, já que o ambiente está
alterado ou degradado criando oportunidades em diferentes nichos.
Dentre as principais invasões documentadas em todo o mundo,
podemos desracar:
ü O mexilhão zebra, Dreissena polymorpha, que se estabeleceu nos
Grandes Lagos, EUA, e hoje ocupa 40% dos rios americanos de norte a
sul do país, oriundo da Europa, vem causando prejuízo de milhões de
dólares por ano com remoção da incrustação e controle.
ü O ctenóforo, Mnemiopsis leidy, endêmico do Atlântico Norte Americano,
teve o primeiro registro nos mares Negro e Azov em 1982, hoje em dia,
a espécie está estabelecida e ocorre em grandes densidades. A
população de ctenóforo nativa foi extinta do local e a pescaria de
enchovas e espadas na região decresceu vertiginosamente. Em 1992, a
presença da espécie foi constatada no mar Mediterrâneo.
17
ü A estrela do mar Asterias amurensis e os dinoflagelados tóxicos do
gênero Gymnodinium e Alexandrium, oriundos do Japão, foram
introduzidos na Austrália, com implicações na pescaria e aqüicultura
industrial. Outras espécies críticas como patogênico Vibrio cholerae, a
alga Undaria pinnatifida, o caranguejo Carcinus maenas e o poliqueta
Sabella spallanzanii também foram introduzidas.
ü Uma epidemia de Cólera começou na Indonésia em 1961 e completou
seu ciclo global em 1991. Acredita-se que tenha sido introduzida na
América do Sul por tráfego marítimo. Em 1991 e 1992, os Estados
Unidos detectaram o Vibrio cholerae em água de lastro de navios
oriundos da América do Sul, sendo encontrado em água de lastro
salinidades de 12,13,14,20 e 32, indicando sua habilidade de
sobrevivência em meio ambiente estuarino e marinho.
ü A alga Caulerpa taxifolia introduzida acidentalmente no Mar
Mediterrâneo e sua distribuição ocorreu através de barcos e navios
domésticos e tem sido objeto de pesquisas pela Comunidade Européia.
Ela cobria, em 1984, um metro quadrado e em 1996, cerca de 3.000
hectares. Hoje em dia cobre milhares de hectares ao longo da Costa da
França, já tendo sido documentada na Espanha, Itália e no Mar
Adriático. A ctaxifolia substituiu as algas nativas, limitando o habitat de
larvas de peixes e invertebrados, comprometendo sua sobrevivência.
No Brasil, ocorrências de espécies exóticas tem sido registradas;
Pyromaia tuberculata, Scylla serrata, Charybdis hellerii e outras espécies de
decápodes foram introduzidas em áreas que recebem grande fluxo de
navios. Um recente relato de introdução bem sucedida no Brasil em
ambiente de água doce, é o mexilhão dourado Limnoperna fortunei que
vem causando problemas nos equipamentos das unidades da Usina
Hidrelétrica de Itaipu.
18
CAPÍTULO II
Cascos de Navios e Plataformas como Vetores na
Introdução de Espécies Exóticas
Nos últimos anos tem-se observado uma acentuada perda de
diversidade de espécies causada pela degradação de habitats e impactos
diversos associados ao crescimento exponencial da população humana e
suas necessidades de proteína e insumos primários. Paralelamente, o
homem tem aumentado a distribuição de várias espécies de organismos
pelo processo denominado “introdução de espécies exóticas”, o qual
contribui para o fenômeno de perda da diversidade, e tem sido
documentado como uma das mais sérias e potenciais origens de estresses
nos ecossistemas marinhos. Séculos de transporte marítimo têm tornado
obscura nossa compreensão sobre padrões naturais de distribuição de
várias espécies largamente distribuídas, e muitas vezes consideradas
cosmopolitas, mascarando possíveis introduções por meio destes veículos.
Geralmente, a menos que uma espécie exótica tenha um impacto ecológico
pronunciado, como dinoflagelados tóxicos ou cause drásticas mudanças na
composição de comunidades, o processo de introdução de exóticos pode
acontecer sem detecção imediata. A falta de levantamentos faunísticos e
florísticos e de programas de monitoramento, constituem agravantes a tal
processo. A ausência de estudos históricos da flora e fauna em países
como o Brasil, dificultam a comparação com os levantamentos atuais dos
organismos, pois impedem uma avaliação objetiva do processo de
introdução de espécies.
19
2.1 – Água de Lastro VS. Incrustações em Cascos
A capacidade de distinção do vetor de introdução de uma espécie não
nativa no ambiente marinho tem sido tema de debate. Muitos organismos com
o tempo de larva curto no plâncton têm sido detectados como introduzidas em
várias partes do mundo. Nesses casos, somente via incrustações em cascos
tais invasões seriam possíveis, visto que as larvas destes organismos não são
resistentes o suficiente para sobreviver às longas viagens na água de lastro
dos navios. Contudo, o grande número de propágulos de espécies observadas
em análises feitas na água de lastro tenha tido nos últimos anos uma atenção
especial. A presença de organismos patogênicos tendo como vetor a água de
lastro, também tem sido motivo de preocupação fazendo com que um grande
influxo de pesquisas e financiamentos sejam alocados para o estudo de água
de lastro.
Por outro lado, alguns autores têm apontado o vetor “incrustação” como
principal fonte de introdução de espécies exóticas em vários países costeiros,
baseando-se principalmente no tipo de ciclo de vida do organismo e na sua
presença em cascos de navios e plataformas. Apesar de inúmeras espécies de
organismos conseguirem sobreviver a longas viagens nos cascos das
embarcações, iniciativas importantes de pesquisa, tanto internacionais quanto
nacionais, têm desconsiderado os cascos de navio e plataformas como vetores
importantes.
2.2 – A Eficácia de Cascos e Plataformas como Vetores
As incrustações em cascos e estruturas flutuantes consistem em um
problema de ordem mundial, que gera ônus consideráveis ao ramos da
navegação e outras atividades marítimas. Estes prejuízos estão associados,
por exemplo, ao aumento da rugosidade dos cascos de navios causado pela
incrustação, que provoca uma redução significativa na velocidade e
20
capacidade de manobra de embarcações, além de aumentar o consumo de
combustível e sobrecarregar os seus motores de propulsão, acarretando um
maior tempo de docagem.
As tintas a base de tributil-estanho (TBT) são dentre outras várias
composições antiincrustantes, as mais eficientes no mercado. Apesar disso,
direcionado pelas regulamentações IMO (International Maritime Organization),
devido a sua alta toxidade e persistência no ambiente marinho, o TBT foi
banido a partir de 2003 e, embora a convenção ainda precise ser ratificada, as
principais empresas de tintas já se comprometeram perante a comunidade
internacional a não produzir ou comercializar qualquer tinta que contenha TBT
como biocida ativo. Embora o TBT possua alta toxidade e uma eficiência
antiincrustantes comparativamente melhor do que outras tintas sem este
composto químico, testes diversos realizados com diferentes tintas
antiincrustantes mostram que a garantia prometida pelos fabricantes à Marinha
do Brasil, por exemplo, de 2 anos com 25% de cobertura de incrustação
biológica, nunca foi alcançada.
Apesar da propaganda das empresas de tintas de garantia de que a
nova geração de tintas disporem de alternativas ao uso do TBT com eficiência
mínima semelhante, ainda não temos a garantia de que a nova geração de
tintas pode realmente reduzir a presença de incrustações nos cascos,
especialmente em navios que operam em regiões costeiras. Esse fato torna a
possibilidade do aumento do transporte de espécies através dos cascos de
navio ainda mais pertinentes.
O problema das incrustações em plataformas pode ser ainda mais
agravante, visto que as mesmas não possuem proteção antiincrustantes eficaz,
e podem passar longos períodos estacionados, proporcionado condições
perfeitas para a colonização de organismos diversos. Adicionalmente, as
docagens ou raspagens das estruturas flutuantes de uma plataforma são
realizadas com freqüência e locais distantes de onde operam, fazendo com
que os organismos retirados possam encontrar condições propiciais para o seu
crescimento no novo ambiente. Sabendo que a maioria das plataformas em
operação na costa do Brasil são construídas em e/ou arrendadas de outros
países, o perigo de introdução de espécies é eminente.
21
A prática mostra que o fator tintas antiincrustantes não fornece certeza,
mesmo a curto prazo, de que as incrustações em cascos não possam ser
levadas à grandes distâncias. Ainda, existem várias partes de navios e
plataformas onde não são aplicadas tintas antiincrustantes, como ralos de
aspiração, hélice, domos e etc.. Agrava-se a situação, quando as normas
nacionais de utilização de tintas, consta que as plataformas não necessitam
utilizar tintas antiincrustantes ( Convenção IMO, 2001). A IMO apesar de
implantar um rígido e extensivo programa para estudos com objetivo de
respeito às incrustações de cascos. O problema claramente merece crédito
das autoridades e órgãos competentes bem como da comunidade científica.
Fica clara a gravidade do processo de introdução por incrustações,
ocasionando possível perda de diversidade. Tal fato pode acarretar sérios
impactos ao meio ambiente marinho, que, por conseguinte pode ter
implicações profundas em níveis sócio-econômicos, visto a exploração dos
recursos marinhos constituírem uma atividade importante em toda a costa do
Brasil.
22
CAPÍTULO III
Prevenção e Controle da Água de Lastro
O vasto território nacional é a primeira barreira para a execução rápida e
eficiente de leis e Diretrizes que venham a regulamentar as descargas de água
de lastro. O grande número de portos e a variedade de ecossistemas trazem,
com certeza, dificuldades para o monitoramento e controle das descargas de
água de lastro ao longo da costa brasileira.
O monitoramento do ambiente marinho é imprescindível no controle e
gerenciamento do problema, o pré-requisito para qualquer tentativa de controle
está no conhecimento da distribuição e abundância de espécies exóticas e,
ainda, no conhecimento da fauna e flora local, identificando espécies
endêmicas.
3.1 – Métodos de Prevenção e Controle da Água de Lastro
Qualquer tratamento a ser utilizado precisa preencher diversos quesitos,
tais como: ser seguro, prático, tecnicamente exeqüível, de baixo custo e
ambientalmente aceitável. Os grandes volumes de água, as altas taxas de
fluxo, a diversidade de organismos e o tempo curto de resistência da água nos
tanques representam o grande desafio dos tratamentos a bordo.
Não é possível um tratamento 100% eficiente. A total esterilização da
água de lastro pode não ser economicamente viável, mas a implementação de
um sistema de gerenciamento e controle pode reduzir a probabilidade de
introdução de espécies indesejáveis.
23
A troca de lastro em alto-mar (profundidade superior a 500 metros) é
vista como o mais efetivo método preventivo, disponível no momento, para
minimizar a transferência de espécies indesejáveis. O meio ambiente oceânico
é inóspito a organismos de água doce, estuarinos e á maioria dos organismos
de águas costeiras. Em geral, organismos oriundos de portos tropicais não
sobreviverão nem se reproduzirão em águas geladas, temperadas, polares ou
vice-versa.
É impossível prever-se que o impacto ocorrerá com a introdução de uma
espécie não nativa. Uma espécie que não causa impacto negativo na sua área
de origem pode causar efeitos drásticos quando introduzidas em novos
ambientes. Logo, não é possível identificar áreas de risco zero onde o controle
do lastro não seja necessário. Entretanto, a segurança do navio pode impedir
este tipo de operação. Trocas de água de lastro em alto-mar podem não ser
consideradas seguras, dependendo do tipo do navio e da carga e, ainda das
condições do tempo e do mar, podendo afetar a estabilidade e a estrutura do
navio e colocar em risco a vida a tripulação.
Segundo a Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (SOBENA), os
métodos mais usados de troca em alto-mar são:
a) Deslastro Total e Carregamento de Lastro Subseqüente
É a técnica mais simples e eficaz de troca de água de lastro, já que
elimina praticamente todo o conteúdo dos tanques. No entanto,
apresenta riscos para a estabilidade do navio, para isso, as manobras
devem ser realizadas seqüencialmente, seja um tanque por vez, ou por
pares de tanque.
b) Método de Fluxo Contínuo
Consiste em trocar o lastro sem esvaziar os tanques, enchendo-os ao
mesmo tempo com água limpa numa quantidade três vezes maior ao
volume do tanque. Este método é mais eficaz do que o método anterior,
já que o navio não fica exposto aos riscos de segurança pois são
mantidas constantes a saída e a entrada da água. No entanto, os
tripulantes ficam em contato com a água contaminada, com riscos de
24
doenças e os tanques de lastro podem ser submetidos a pressão
excessiva.
c) Método Brasileiro de Diluição
Este método foi concebido por engenheiros navais da Petrobrás, como
um sistema para navios petroleiros. O conceito básico deste método
envolve o carregamento da água pelo topo do tanque de lastro e,
simultaneamente, a descarga pelo fundo do tanque com a mesma
vazão. A principal vantagem deste método é manter níveis adequados
de esforços na estrutura do navio, sua estabilidade e outros problemas
associados a trocas em alto-mar, não descarregando completamente os
tanques de lastro. Os tanques não são submetidos a uma pressão
interna excessiva sobre suas estruturas, nem os tripulantes são
expostos aos problemas e riscos mencionados acima e ainda facilita a
remoção de sedimentos dos tanques.
3.2 – Iniciativas e Programas
No Brasil, pesquisadores organizam-se a cada 2 anos para discutirem o
problema da gestão da água de lastro, no Seminário Brasileiro Sobre Água de
Lastro. Nesses seminários são discutidos os principais problemas e as ações
que devem ser tomadas para se garantir uma melhor gestão da água de lastro.
Na Universidade de São Paulo, o Instituto Oceanográfico tem desenvolvido
muitas pesquisas sobre o monitoramento e identificação de espécies presentes
na água de lastro; a Universidade Federal do Maranhão tem pesquisado
formas alternativas para lidar com um caranguejo invasor que está trazendo
grandes prejuízos aos pescadores da região; a Universidade Federal do
Espírito Santo também está desenvolvendo pesquisas para identificar novas
espécies invasoras provenientes da água de lastro de navios que atracam nos
portos do estado.
25
A criação da ONG Água de Lastro Brasil, em 2008, foi uma iniciativa
importante como elemento de divulgação e conscientização sobre o problema.
Outras associações ainda podem ser criadas com o objetivo de lidar com o
fenômeno.
Um passo importante que deve ser implementado no Brasil é o banco
de dados on-line com registro da qualidade da água despejada pelo navios nos
nossos portos. A publicação desses dados é muito importante para que
pesquisadores, professores, estudantes e as tripulações possam identificar
áreas de risco e prover um cuidado especial com a água de lastro captada
antes de despejá-la nas águas brasileiras.
Cursos de Gestão Ambiental Portuária poderiam ser difundidos com o
objetivo de conscientizar os agentes portuários dos riscos causados pela água
de lastro. Centros de pesquisas focados no assunto deveriam ser criados no
país, para identificar espécies e estudar formas alternativas para tratar a água
de lastro. Existe um mercado fabuloso para aqueles que desenvolverem
tecnologias que atendam aos 5 requisitos básicos para ser implementada: ser
seguro para o navio e sua tripulação, ser ambientalmente aceitável, ser
praticável, ser biologicamente efetiva e ser economicamente viável.
3.3 – Legislação no Brasil
Segundo a Diretoria de Portos e Costas, o Brasil possui 89 portos
comerciais e terminais dos quais 22 são portos importantes, com grande
volume de carga e descarga, 17 destes marítimos e 5 fluviais.
A agenda 21, elaborada a partir da RIO/92, inclui no seu capítulo 17,
considerações sobre a adoção de regras apropriadas a descarga de água de
lastro para prevenir a dispersão de organismos indesejáveis. A proteção ao
ambiente marinho é de responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente, dos
Transportes, Turismo e da Marinha do Brasil; o Ministério da Saúde também
está envolvido no processo, através do serviço de inspeção sanitária, com a
responsabilidade do controle preliminar de doenças nos navios.
26
De concreto em relação às ações para gerenciar a introdução de
espécies exóticas no Brasil podemos destacar a NORMAM 20, anteriormente
existia somente um capítulo na NORMAM 08 “ relatório de água de lastro”,
para instruir o usuário sobre as diretrizes para o controle de gerenciamento de
água de lastro. Esta portaria veio em resposta à Resolução A.868(20). Sendo
que, com a criação da NORMAM 20 em Outubro de 2005, houve o
cancelamento do capítulo que constava na NORMAM 08.
Quanto à disposição do que consta na NORMAM 20, podemos destacar
alguns pontos importantes:
3.3.1 – Fiscalização
O sistema de fiscalização é um componente essencial no controle
do Gerenciamento da água de lastro e, dessa forma deve basear-se no regime
de gestão adotado, ser coerente a prática internacional e ser capaz de avaliar
as exigências do Estado do Porto foram atendidas e, em caso negativo,
assegurar que as medidas ou sanções apropriadas sejam adotadas.
3.3.2 – Controle
O controle da troca de água de lastro deve ser exercido a partir
da verificação do Plano de Gerenciamento de Água de Lastro e do Formulário
de Água de Lastro (Anexo A/Anexo B). O Livro de Registro de Água de Lastro
e o Certificado Internacional de Gestão de Água de Lastro , quando existentes,
deverão ser analisados, respectivamente, quanto aos registros das operações
de lastro realizadas e quanto a sua validade.
3.3.3 – Padronização
Tanto o Certificado Internacional de Gestão de Água de Lastro
quanto o Livro de Registro de Água de Lastro devem seguir o padrão previsto
27
na Convenção Internacional de Controle de Gestão de Água de Lastro e
Sedimentos de Navios (Apêndice I e II da referida Convenção).
3.3.4 – Penalidades e Sanções
As multas aplicadas por ocasião do descumprimento dos
preceitos emanados na NORMAN 20 serão determinadas em função da
gravidade da infração, coerentes com as demais penalidades empregadas na
navegação internacional e de acordo com os valores estabelecidos no Decreto
nº 6.514, de 22 de Julho de 2008.
A Lei nº 9.966, de 28 de Abril de 2000, conhecida como a Lei do Óleo,
“dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por
lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas, qualquer
substância que, descarregada nas águas, seja capaz de gerar riscos ou causar
danos a saúde humana, ao ecossistema aquático ou prejudicar o uso da água
e do seu entorno.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou a
Resolução RDC-nº 217, 21 de Novembro de 2001, e nos artigos 6ª e 19ª, exige
aos navios a entrega à autoridade sanitária do Porto de Controle Sanitário o “
Formulário para Informação sobre Água de Lastro” e determina que sejam
inspecionados os navios que captaram água de lastro em área de risco à
saúde pública e ao meio ambiente. Reconhecida nacional e internacionalmente
pelos órgãos públicos competentes, a ANVISA é também responsável pela
centralização e análise desses relatórios.
28
CONCLUSÃO
A água de lastro e a bioincrustação são atualmente os maiores vetores de
propagação de espécies exóticas pelo mundo. A introdução de espécies
exóticas pode gerar diversos problemas econômicos ou ambientais, pois os
ecossistemas que não são de origem não estão adaptados a essas espécies,
ocasionando competição entre espécies, hibridação das mesmas ou vedação
de tubulações de água, que demandam tempo e dinheiro com a sua remoção.
O transporte marítimo, responsável pela movimentação de mais de
80% das mercadorias do planeta, também movimenta, entre os portos, cerca
de 10 bilhões de toneladas de água, após a mesma ser utilizada como lastro
pelos navios. Dessa forma, transfere a cada dia mais de sete mil espécies
marinhas exóticas entre diferentes regiões do globo. Essa "invasão",
considerada uma das quatro maiores ameaças aos oceanos, já provocou, em
alguns locais, danos irreversíveis à biodiversidade e à saúde, além de
prejuízos econômicos. A continuar assim, tanto a conservação quanto a
utilização sustentável da diversidade biológica estarão ameaçadas.
Embora merecendo a atenção da comunidade marítima internacional,
da IMO e da própria ONU, o problema parece estar longe de uma solução.
Afinal, como afirma a própria IMO, a bioinvasão continua em ritmo alarmante e
em alguns casos, de forma exponencial, com novas áreas sendo invadidas a
todo momento. Frise-se também que a quantidade de água movimentada
tende a aumentar na mesma proporção do incremento das trocas comerciais.
Por não existir, ainda, um substituto para a água como lastro dos
navios, busca-se aperfeiçoar um sistema para "gerenciar" essa água – de
forma a minimizar a presença e a proliferação de organismos marinhos
exóticos – antes de ser despejada nas proximidades dos portos de destino.
Contudo, no estágio atual da técnica, há uma certeza internacional: o
risco da invasão desses organismos pode ser administrado e controlado, mas
dificilmente será erradicado. O gerenciamento da água de lastro – foco quase
29
único das medidas de combate à bioinvasão, ainda não é eficaz o suficiente
para impedir novas invasões.
30
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo A >> Formulário para Informações Relativas à Água Utilizada
como Lastro
Anexo B >> Ballast Water Reporting Form
ANEXO A
FORMULÁRIO PARA INFORMAÇÕES RELATIVAS À ÁGUA UTILIZADA COMO LASTRO
1.
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Tipo:
Nº IMO
Especificar as Unidades: m
3 , MT, LT, ST
Proprietário
AB:
Indicativo de chamada:
Total de Água de Lastro a Bordo
Bandeira:
Data de Chegada:
Agente:
Último Porto:
Porto de Chegada
Capacidade Total de Água de Lastro
Próximo Porto:
3.
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O EXISTE PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA DE LASTRO A BORDO? SIM___ NÃO___ FOI IMPLEMENTADO? SIM___
NÃO___
Nº TOTAL DE TANQUES A BORDO ____ Nº DE TANQUES EM LASTRO ______ SE NENHUM EM LASTRO, PASSE PARA Nº 5
Nº DE TANQUES COM TROCA DE ÁGUA ______ Nº DE TANQUES SEM TROCA DE ÁGUA _________
4.
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(unidades)
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Lat/Long.
Volum
e unidades
% de
troca
Prof. (m)
Método
de troca
(1/2/3)
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DDMMAA
Porto ou
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SE
NÃO
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SIDO
EFETUADA
NENHUMA,
INDICAR
PORQUE
NÃO
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ASSINATURA
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*Nos cam
pos PORTO ou LAT. LONG., preencher preferencialmente com
o nom
e do PORTO.
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BALLAST WATER REPORTING FORM
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Specify Units: M
3, M
T
Owner:
Gross Tonnage:
Call Sign:
Total Ballast Water on Board:
Flag:
Arrival Date:
Agent:
Last Port and Country:
Arrival Port:
Total Ballast Water Capacity:
Next Port and Country:
3.
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ent Plan on board? YES _____ NO _________ Managem
ent Plan Implem
ented? YES NO
Total num
ber of ballast tanks on board: ________________ No. of tanks in ballast: ________________ IF NONE IN BALLAST GO TO No. 5.
No. of tanks exchanged: ________________
No. of tanks not exchanged: _________________
4. B
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WATER
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tank
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DATE
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*
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Endpoint
Lat/Long.
Volum
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Depth
(m)
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DDMMYY
Port or
Lat/Long
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IF EXCHANGES WERE NOT CONDUCTED, STATE OTHER CONTROL ACTION(S) TAKEN:________________________________________________
IF NONE STATE REASON WHY NOT:___________________________________________________
5:
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*Fulfil with Port’s nam
e, preferably.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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SILVA JSV, Fernandes FC, Larsen KTS and Souza RCCL (2002) Água de
lastro ameaça aos ecossistemas. Ciência Hoje 32(188): 38-43
35
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
(Água de Lastro e a Bioinvasão) 11
1.1 – Controle da Introdução de Espécies Exóticas ou Patogênicas 12
1.2 – Principais Invasões Documentadas no Mundo 15
CAPÍTULO II
(Cascos de Navios e Plataformas como Vetores na Introdução de Espécies
Exóticas) 18
2.1 – Água de Lastro VS. Incrustações em Casco 19
2.2 – A Eficácia de Cascos e Plataformas como Vetores 19
CAPÍTULO III
(Prevenção e Controle da Água de Lastro) 22
3.1 – Métodos de Prevenção e Controle da Água de Lastro 22
3.2 – Iniciativas e Programas 24
3.3 – Legislação no Brasil
3.3.1 – Fiscalização 26
3.3.2 – Controle 26
3.3.3 – Padronização 26
3.3.4 – Penalidades e Sanções 26
CONCLUSÃO 28
ANEXOS 30
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 33
ÍNDICE 35
36
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: