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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM ALUNOS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA. Por: Andréia Manso de Oliveira Orientadora Profª. Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM ALUNOS COM

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA.

Por: Andréia Manso de Oliveira

Orientadora

Profª. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM ALUNOS COM

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA.

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Psicopedagogia.

Por: Andréia Manso de Oliveira

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ser presente na minha vida.

A minha família, que com palavras de

incentivo me ajudou a ficar fortalecida

para seguir em frente.

A amiga Roberta pelos materiais

cedidos.

A todos que direta e indiretamente

contribuíram para este trabalho.

Aos meus queridos alunos.

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DEDICATÓRIA

A minha mãe por todo o seu amor.

Ao pai Mello que mesmo noutro plano

continua presente em minha vida.

Aos meus irmãos pelo carinho.

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RESUMO

Este trabalho monográfico procura discutir questões relativas às

dificuldades no processo de construção da linguagem escrita e a importância

da intervenção do psicopedagogo na prevenção e superação das dificuldades

de aprendizagem. Inicia com um breve estudo sobre a evolução da escrita ao

longo da história. A seguir aborda como se inicia o desenvolvimento da escrita

na infância e seus níveis de aquisição. Apresenta as dificuldades de

aprendizagem da escrita e o papel do educador diante o desafio. Descreve a

importância da intervenção psicopedagógica na Instituição Escolar e as

sugestões de atividades úteis aos educadores para prevenir e superar as

dificuldades na aprendizagem da linguagem escrita. É importante estudar esse

tema porque muitas crianças em fase escolar estão apresentando dificuldades

na aprendizagem e alguns educadores não estão preparados para trabalhar

com essa realidade.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada no presente trabalho monográfico foi a pesquisa

bibliográfica de obras relevantes as temáticas: Construção da Linguagem

Escrita, Dificuldades de Aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica. A

pesquisa foi realizada em diversas fontes como: livros, revistas especializadas,

web, sites, monografias etc.

Nessa pesquisa bibliográfica o embasamento teórico foi desenvolvido

através dos autores Ferreiro, Teberosky, Luria, Piaget, Vygotsky, Freud, Freire,

Cagliari, Donato, Smolka, García, Bossa, Porto, Olivier, Pain, Linhares, entre

outros profissionais preocupados em abordar as temáticas desenvolvidas neste

trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

A CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA 11

CAPÍTULO II

AS DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM DA ESCRITA 22

CAPÍTULO III

A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 33

CONCLUSÃO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 50

BIBLIOGRAFIA CITADA 52

ÍNDICE 55

FOLHA DE AVALIAÇÃO 57

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INTRODUÇÃO

Este trabalho monográfico abordará o tema dificuldades de

aprendizagem na linguagem escrita e tem como título: A Intervenção

Psicopedagógica em Alunos com Dificuldades de Aprendizagem da

Escrita. Trata-se de um breve em estudo em que tentarei discutir como o

psicopedagogo auxiliará o trabalho dos educadores objetivando minimizar e

prevenir as dificuldades de aprendizagem da escrita.

O interesse pelo tema abordado surgiu a partir da minha vivência como

professora do Primeiro Segmento do Ensino Fundamental em duas escolas

públicas, onde pude perceber como é grande o número de alunos que

apresentam dificuldades na construção da linguagem escrita.

Falar de dificuldades de aprendizagem é algo corriqueiro e comum nas

escolas. E quando os profissionais e estudiosos da área de educação vão

justificar e explicar porque uma criança não aprende são usadas

nomenclaturas e qualificações que vem merecendo destaque no meio

acadêmico.

Os educadores sabem o quanto é complexo para a criança aprender a

ler e a escrever. Qualquer que seja o método usado na alfabetização, para

ser um bom escritor e leitor, torna-se necessário que o convívio com a leitura

e a escrita se dê por intermédio de textos ou situações em que a leitura e a

escrita tenham significado. Muitas crianças aprenderão a ler e a escrever e

não encontrarão nenhuma dificuldade, mas outras necessitarão de alguma

ajuda especial.

Na busca pelo aprimoramento dos conhecimentos e da prática

educadores estão recorrendo na Psicopedagogia por ser um caminho que

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os auxiliará a entender algumas dificuldades de aprendizagem, observadas

nas salas de aula, que poderão ser minimizadas e contribuir para preencher

lacunas, auxiliando no trabalho como mediadores do processo ensino-

aprendizagem.

É com essa perspectiva que o presente trabalho foi dividido em três

capítulos e encontrou subsídios nas teorias de Ferreiro, Teberosky, Luria,

Piaget, Vygotsky, Freud, Freire, Cagliari, Donato, Smolka, García, Bossa,

Porto, Olivier, Pain, Linhares, entre outros profissionais preocupados em

abordar as temáticas: Construção da Linguagem Escrita, Dificuldades de

Aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica.

No primeiro capítulo, A Construção da Linguagem Escrita, considera-

se relevante aprofundar sobre o processo da construção da linguagem

escrita, fazendo um breve relato da evolução da escrita ao longo da história

e apresentando o desenvolvimento da escrita na infância, segundo as

pesquisa de Emília Ferreiro e colaboradores.

No segundo capítulo, As Dificuldades de Aprendizagem da Escrita,

faz-se necessário uma análise das dificuldades de aprendizagens, são

apresentados os principais distúrbios na aprendizagem da escrita, e o papel

do educador diante essas dificuldades, pois esse profissional deve ter o

compromisso de buscar novas formas de aprendizagem e novos programas

e processos de ensino que possam auxiliar seus educandos

No terceiro capítulo, A Intervenção Psicopedagógica, será abordado

como o psicopedagogo deverá atuar na Instituição Escolar para intervir na

aprendizagem dos alunos, prevenindo o fracasso e dificuldades escolares.

No final do capítulo são apresentadas sugestões de atividades úteis aos

educadores para prevenir e superar as dificuldades de aprendizagem da

leitura e escrita.

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Diante disso espera-se que as pesquisas e estudos realizados nesse

trabalho possam propiciar aos estudantes da área de educação, professores

e psicopedagogos, uma visão esclarecedora referente às dificuldades de

aprendizagem da linguagem escrita e a intervenção psicopedagógica,

auxiliando seus estudos e suas práticas no processo educativo.

.

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CAPÍTULO I

A CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA

“A criança constrói seu sistema

interpretativo, pensa, raciocina e

inventa buscando compreender esse e

objeto social complexo que é a escrita.”

Emília Ferreiro

1.1 – A evolução da escrita

O aparecimento da escrita entre os homens datam de 3.000 anos antes

de Cristo. No ocidente, ela chegou por volta de 600 anos antes de Cristo, o que

quer dizer que temos um sistema de comunicação gráfico com

aproximadamente 2.500 anos para nós. Como escreveu Almeida:

“... estamos ainda diante de um sistema de linguagem

verdadeiramente novo para o homem. Se a esse fato

temos de inevitavelmente acrescentar o número daqueles

que ainda sequer conhecem a existência deste sistema...”

(ALMEIDA, 2008, p.11).

Durante um longo período de sua história o ser humano comunicou-se

principalmente através da fala. Aos poucos foi desenvolvendo suas estruturas

fisiológicas, cognitivas e como ser dotado de curiosidades, inteligência e

necessidades percebeu que precisava registrar suas realizações, vivências,

experiências, fala, enfim alterar seu ambiente junto com as experiências de

outros homens.

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Diante desse fato iniciou o processo de construção da escrita que foi

caracterizada por Donato (1951) e Cagliari (1990) didaticamente dividida em

três fases distintas denominadas: fase pictórica, fase ideográfica e fase

alfabética. Faz-se necessário uma breve descrição destas fases da escrita:

A fase pictórica iniciou em tempos remotos, com os riscos feitos nas

cavernas pelos homens que registravam tudo aquilo que não queriam esquecer

e/ou desejavam que fosse conhecido por outros homens. Esses pictogramas

ou desenhos eram feitos com materiais de que dispunham como: lascas de

pedras, ossos, chifres, vegetais, minerais e outros. Com isso esses homens

tinham feito uma invenção preciosa que era a da linguagem escrita, pois se

entende por escrita todos os recursos gráficos utilizados pelo homem com a

intenção de transmitir suas idéias, sentimentos e necessidades. Dessa forma

podemos considerar a rocha como o primeiro livro da humanidade e a primeira

tela de pintura.

Os pictogramas não foram extintos, pois na atualidade é muito utilizado

nas relações entre os homens. Estes são sinais que não tem relação direta

com a expressão sonora lingüística, mas provocam a realização de um

conjunto de ações ou provocam uma conduta apenas com o valor semântico

da mensagem.

Muitos produtos que utilizamos atualmente fazem uso de instruções

neste sistema, tais como: revistas, eletrodomésticos, jogos infantis,

computadores, máquinas fotográficas, sinais de trânsito, parte da informática e

outros. Também esse sistema pictográfico está sendo utilizados em cartilhas

adotadas por professores que trabalham com a proposta construtivista.

A fase ideográfica surgiu quando o homem deu significado especial a

cada desenho isolado e resumindo um conjunto dessas representações.

Podemos diferenciar a escrita pictográfica da escrita ideográfica por esta última

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ser uma convenção. Por isso que esta escrita para ser lida precisa ser

compreendida.

Com o passar dos tempos foi surgindo à necessidade de aumentar o

número de desenhos ou de sinais para representar também as palavras

abstratas. O homem percebendo que não podia aumentar o número de

desenhos começou a combinar os que já conhecia. Com isso foi possível

representar palavras na ordem que eram faladas, “frases” de representações

concretas e símbolos abstratos. São exemplos de escrita ideográfica a egípcia,

a mesopotâmica e a chinesa.

A escrita ideográfica foi desenvolvendo até dá origem ao sistema

fonográfico. Assim, foram ocorrendo transformações e os desenhos

começaram a receber nomes. A escrita estava portanto em nova fase. Diante

disso Cagliari afirma:

“Historicamente, muitos sistemas ideográficos foram se

reformulando e acabavam incorporando muito elemento

de escrita fonográfica (...). As escritas ideográficas jogam

muito com a habilidade lexical do leitor, e as escritas

fonográficas com o poder de interpretação semântica.”

(CAGLIARI, 1990, p.114).

A fase alfabética inicia-se com a utilização de letras que tiveram origem

nos ideogramas. Estas letras que representavam sílabas foram gradativamente

assumindo uma representação puramente fonográfica. O ideograma foi

perdendo seu valor pictórico passando a adquirir representação fonética.

Como já vimos à origem da arte de comunicação por meio da escrita,

que podia ser lida por outros remonta nos sumérios, na Mesopotâmia, há cerca

de aproximadamente 3.000 anos antes de Cristo, época em que, na Europa as

únicas comunicações escritas consistiam em gravações de arte rupestre.

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Os fenícios foram os primeiros grandes navegadores e viajantes da

história por isso deram importância aos sinais da escrita. Estes povos e os

egípcios escreviam apenas as consoantes. A Fenícia começou a enfraquecer

e por muitos motivos perdeu seu poder e prestigio. Então o domínio do mundo

antigo passou aos gregos, que aprenderam o manejo dos sinais gráficos dos

fenícios, adicionando as vogais.

Neste momento o alfabeto estava completo, levando aos gregos outras

possibilidades, sendo amplamente difundindo enquanto dominava outros

povos. Depois os gregos foram subjugados pelos romanos, conseqüentemente

receberam aspectos da cultura e língua romana ao alfabeto, passando a

constituir o sistema alfabético greco-latino, que deu origem ao nosso alfabeto.

Todo sistema de escrita passou por inúmeras transformações ocorridas

durante séculos. Nasceu figurada, com representações que se acredita serem

complexas; avançando a ideográfica, com a representação de idéias e sons por

meio de objetos desenhados, e em seguida com representação, por meio de

um sinal único dos sons emitido pela voz humana, coexistindo, então o alfabeto

que lhe acrescenta as vogais. Seria ingenuidade pensar que o alfabeto está

acabado. Os sistemas de escrita passam e continuarão passando por

transformações.

1.2 – O desenvolvimento da escrita na infância

O desenvolvimento da leitura e da escrita começa muito antes da

escolarização, por isso não podemos considerar a aprendizagem da escrita

como um processo de aprendizagem escolar. Muitas crianças aprendem a ler

sozinhas, antes de entrar para a escola, pois desde que nascem são

construtoras de conhecimento. Como afirma Ferreiro:

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“No esforço de compreender o mundo que as rodeia,

levantam problemas muito difíceis e abstratos e tratam,

por si próprias, de descobrir respostas para eles. Estão

construindo objetos complexos de conhecimento e o

sistema de escrita é um deles.” (FERREIRO, 2001, p.65).

Com isso não se está desvalorizando a escola, pois ela continua sendo

importante para a aprendizagem dos conteúdos sistematizados. Como afirma

Ferreiro (1985) e Luria (1988) compreender que o indivíduo não aprende

somente através do ensino formal tem sido tarefa difícil de ser assimilada por

parte da maioria das escolas e de educadores.

As pesquisas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky foram inspiradas nos

estudos de Jean Piaget, partindo do pressuposto de que a gênese da escrita

baseia-se na atividade do sujeito que interage com a escrita. O trabalho dessas

autoras foi realizado com intuito de construir uma nova explicação sobre os

processos e as formas pelas quais as crianças se apropriam da leitura e da

escrita. A lecto-escrita (leitura e escrita) tem sido uma preocupação de muitos

educadores, apesar de uma grande variedade de métodos para ensinar a ler e

a escrever, existe um grande número de crianças com dificuldades na

aprendizagem, gerando o fracasso escolar. Ferreiro e Teberosky enfocam que

o fracasso não está na criança que não aprende, e sim no processo.

“Nossa atual visão do processo é radicalmente diferente:

no lugar de uma criança que espera passivamente o

reforço externo de uma resposta produzida pouco menos

que acaso, aparece uma criança que procura ativamente

compreender a natureza da linguagem que se fala à sua

volta, e que, tratando de compreendê-la formula

hipóteses, busca regularidades, coloca à prova suas

antecipações e cria sua própria gramática.” (FERREIRO e

TEBEROSKY, 1985, p.22).

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Assim no lugar de uma criança que incorpora uma linguagem fabricada

por outro, surge uma criança que constrói e reconstrói, segundo as suas

hipóteses a sua própria linguagem. Por isso a melhor forma para compreender

a natureza da escrita das crianças são suas produções espontâneas. Elas

escrevem como acreditam que poderiam ou deveriam escrever. Com isso os

educadores conseguem um importante material para ser interpretado e

avaliado. Como escreve Ferreiro essas escritas infantis são as garatujas, “puro-

jogo”, o resultado de fazer como se “soubesse escrever”.

Podemos observar que as primeiras escritas das crianças aparecem

como linhas onduladas ou quebradas do tipo ziguezague, contínuas ou

fragmentadas, ou como uma série de elementos discretos repetidos. Na

maioria das vezes aparência gráfica não é garantia de escrita.

Tradicionalmente valorizamos os aspectos gráficos das produções infantis,

ignorando os aspectos construtivos. Os aspectos gráficos têm a ver com a

qualidade do traço, a distribuição espacial das formas, a orientação

predominante (da esquerda para a direita, de cima para baixo), a orientação

dos caracteres individuais (inversões, rotações, etc.). Os aspectos construtivos

têm a ver com o que se quis representar e os meios utilizados para

diferenciações entre as representações.

1.2.1– Os níveis de aquisição da linguagem escrita

Emília Ferreiro e Ana Teberosky em suas pesquisas concluíram que as

crianças constroem hipóteses a respeito da linguagem escrita. Estas teorias se

sucedem numa progressão regular, constituindo o que as autoras

denominaram de níveis de aquisição: pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e

alfabético.

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Nível pré-silábico

Esse nível tem início quando a criança distingue entre o desenho

(icônico) e a escrita (não-icônico). Essa distinção é fundamental na gênese da

escrita, pois aproxima a criança da lógica do sistema convencional, onde as

formas dos grafismos não reproduzem a forma dos objetos, nem seus

contornos e colocação no espaço.

Nesse período a criança começa a delimitar as fronteiras entre o

desenho e a escrita, ela coloca grafias no interior dos desenhos, em seguida na

fronteira, depois do lado de fora e, por último, apenas próximo do desenho.

Interpretando esse fato percebe-se que inicialmente as letras não dizem nada,

necessitam ser incluídas no desenho, do contrário seu sentido desaparece.

Quando as letras estão nos contornos dos desenhos por proximidade

espacial garantem o significado da escrita. As grafias neste nível são apenas

objetos em si, chamados de letras e tratados de letras e tratados

independentemente dos desenhos. Depois, o afastamento das letras em

relação às imagens é acompanhado de forte restrição na quantidade

empregada. É freqüente que está acompanhe as imagens ou o número que as

compõem numa relação biunívoca. Assim as letras passam a representar

características da imagem: seu nome.

Nessa fase, a criança incorpora a dimensão simbólica da escrita ao

atribuir-lhe à representação do nome. Em seguida a grafia da criança vai

sofrendo alterações, indo da semelhança do objeto que vai grafar. Segundo a

forma de interpretar neste momento a palavra passarinho deve ser escrita com

poucas letras enquanto que a escrita da palavra onça deve ser muito maior.

Segundo Ferreiro:

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“A escrita é uma escrita de nomes, mas os portadores

desses nomes têm, além disso, outras propriedades que a

escrita poderia refletir, já que a escrita do nome não é

ainda a escrita de uma determinada forma sonora.”

(FERREIRO, 1985, p.184).

Em seguida a criança tenta criar diferenciações entre os grafismos

produzidos. Ela realiza essa diferenciação variando o repertório, ou seja,

usando letras, ou caracteres correspondentes a estas, diferente a estas,

diferentes de cada vez, variando a quantidade ou mudando essas mesmas

letras de posição. Com isso houve uma redução na quantidade e na categoria

de elementos com que a criança trabalha. Observa-se então que as

diferenciações quantitativas e qualitativas são problemas que as crianças

enfrentam nesse nível de aquisição da escrita.

Nível silábico

O que constitui esse nível é a estratégia utilizada pela criança de atribuir

a cada letra ou marca escrita o registro de uma sílaba falada. Por exemplo, se

a criança tem que escrever a palavra boneco, ela segmentará três sílabas e

colocará três letras para representá-la através da escrita. Como afirma Ferreiro:

“A escrita silábica é o resultado de um dos esquemas

mais importantes e complexos que se constroem durante

o desenvolvimento da leitura-e-escrita. Esse esquema

permite à criança relacionar, pela primeira vez, a escrita à

pauta sonora da palavra: uma letra para cada sílaba;

tantas letras quantas sílabas.” (FERREIRO, 2001, p.79).

As razões que explicam o ingresso das crianças nesse nível são

decorrentes de necessidade lógica. O uso inicial da hipótese silábica

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caracteriza um período potencialmente conflitivo, porque coexistem esquemas

de assimilação contraditórios para a criança. Nesse momento a criança se vê

diante da necessidade de cumprir o requisito do mínimo de letras que garantam

a legibilidade do que escreveu constata com a interpretação de marcas gráficas

unitárias em correspondência ao número de sílabas da emissão sonora.

A existência da discórdia da leitura feita pela criança, onde há sempre

letras mais ou menos a empurra a realizar uma nova acomodação. Então a

criança descobre a necessidade de fazer uma análise que vão mais além

dessa hipótese silábica.

Nível silábico-alfabético

Diante dos confrontos surgidos anteriormente a criança chega a esse

nível coexistindo com duas hipóteses de escritas ou dois esquemas de

assimilação. É um momento de transição, em que a criança, sem abandonar a

hipótese anterior (silábica) ensaia em alguns segmentos e análise da escrita

segundo o princípio alfabético.

Ao compararmos as escritas decorrentes da concepção silábica com a

de agora, poderemos enxergar a existência de acréscimo de letras ao de

omissão. A criança agora agrega mais letras à escrita, tentando aproximar-se

do princípio alfabético, onde o som da fala é registrado pelo uso de mais de

uma letra.

Neste momento, apresenta-se como valioso para a criança a escrita

adequada de algumas palavras, isto é, reconhecer como correta a grafia de

certos escritos. Neste nível muitas crianças parecem regredir ao pré-silábico

porque percebe que sua escrita não é satisfatória por ter menos letras do que o

previsto. Diante desse conflito a criança poderá reagir de três formas. A criança

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pode voltar a escrever com qualquer letra, mas com muitas, ou podem

continuar escrevendo silabicamente, acrescentando no final mais letras

aleatoriamente. Ou poderá deparar-se com esse conflito, mas, ao mesmo

tempo encará-lo naturalmente transpondo rapidamente as barreiras. A partir

dessa análise Ferreiro acrescenta:

“... é muito difícil julgar o nível conceitual de uma criança,

considerando unicamente os resultados, sem levar em

conta o processo de construção. Só a consideração

conjunta do resultado e do processo permite-nos

estabelecer interpretações significativas. Resultados

praticamente idênticos podem ser produzidos por

diferentes processos, assim como processos semelhantes

podem levar a produtos diversos...” (FERREIRO, 2001,

p.83).

Nível alfabético

Neste nível a criança vai em busca de uma solução mais completa para

resolver o problema referente à necessidade de ter que haver mais letras nas

palavras e chega a fonetização das grafias.

A criança nesse nível começa a escrever alfabeticamente algumas

sílabas e, para a escrita de outras, permanece silábico. É claro que há razões

lógicas para esse comportamento. Uma delas ocorre porque certas letras, pelo

seu nome, podem ser consideradas como uma sílaba completa.

Nessa hipótese a criança incorpora a idéia de que a escrita silábica

falada nem sempre pode ser realizada com uma letra, não afasta os problemas

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qualitativos que deverão ser enfrentados na aprendizagem da ortografia. É

importante frisar que uma criança que atingiu o nível alfabético não está

plenamente alfabetizada, pois pode não conhecer as regras da convenção da

escrita. O interessante é que a criança não deixa de escrever por medo de

cometer erros. A presença dos erros ortográficos ajudará a criança a descobrir

as funções da escrita.

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CAPÍTULO II

AS DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM DA ESCRITA

“A criança aprende a ouvir, a entender

o outro através da leitura; aprende a

falar e a dizer o que quer pela escrita.”

Smolka

Para compreender as dificuldades de aprendizagem da escrita é

necessário antes saber o que significa escrever. No capítulo anterior podemos

ver o processo do desenvolvimento da escrita na infância e percebemos como

é um processo complexo. Neste capítulo vamos analisar como se dá as

dificuldades de aprendizagem da escrita.

2.1 – O que significa escrever:

Para conhecer o que significa escrever é preciso comparar a habilidade

de escrever com outra habilidade lingüística: a de falar. Quando comparamos

essas habilidades surgem perguntas que nos conduzem a entender melhor a

aprendizagem da língua escrita. Como indaga Salvador Mata:

“Falar é o mesmo que escrever? É mais fácil falar do que

escrever? Naturalmente que sim; mas, por quê? Se as

crianças aprendem a falar ouvindo outras pessoas (seus

familiares, seus vizinhos ou seus amigos) por que não

aprendem a escrever vendo como outros escrevem?”

(SALVADOR MATA, 2003, p.11).

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A aprendizagem da escrita é uma aprendizagem específica. Existem

muitas diferenças entre a língua falada e a escrita, e algumas características da

escrita ajudam quem está aprendendo a escrever, mas outras tornam essa

aprendizagem mais difícil.

Em relação ao modo de aquisição podemos afirmar que a criança

aprende a falar espontaneamente, a não ser que ela tenha alguma patologia.

Mas para aprender à escrita a criança tem que realizar uma atividade

consciente e sistemática. O uso da linguagem escrita é uma atividade mais

consciente que a fala. Como afirma Salvador Mata:

“De fato, quando escrevemos, mais do que falamos,

temos de pensar no que vamos comunicar e como vamos

expressar isso. Quando falamos, contudo, muitas vezes o

fazemos quase sem pensar no que vamos dizer e nem

sequer em como vamos dizer.” (SALVADOR MATA, 2003,

p.12).

O uso do grafismo como meio para transmitir a mensagem é uma

habilidade de caráter perceptivo e psicomotor. A criança demonstra

dificuldades para expressar o que deseja comunicar quando não tiver

automatização e o domínio dessa habilidade. Pois quem aprende a escrever

encontra dificuldades em encontrar os grafemas que compõem uma palavra e

de realizar os movimentos necessários para escrevê-la.

Quando está usando a escrita utiliza-se de instrumentos físicos e a

coordenação de habilidades motoras e cognitivas. Para escrever também

temos que utilizar as letras que são mais difíceis de aprender do que os sons

da fala. Na escrita acabamos usando os mesmos procedimentos da fala, mas

para diferenciar umas letras das outras usamos a percepção visual, e para

traçar o desenho da letra usamos a habilidade motora que é exclusiva da

língua escrita.

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A situação de comunicação é outra característica que diferencia a fala

da escrita. A comunicação por escrito é uma comunicação à distância, que

supera os condicionamentos do espaço e do tempo. O que se comunica não

está presente. Na fala a presença do interlocutor facilita a comunicação.

É importante frisar a relação que existe entre a escrita e o

desenvolvimento cognitivo. Essa relação tem uma dupla vertente. Podemos

definir a escrita como um processo cognitivo e também com outros processos

cognitivos, considerados como requisitos para seu desenvolvimento.

A língua escrita é um instrumento privilegiado na aprendizagem escolar,

pois é um meio para ter acesso à aprendizagem e à cultura, pois os conteúdos

escolares são apresentados quase exclusivamente como discurso escrito.

2.2 – Dificuldades e Distúrbios de Aprendizagem da Escrita

Antes de falarmos sobre os distúrbios, é preciso explicar o que é

aprendizagem. Segundo José e Coelho (1999) aprendizagem é o resultado de

estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maduro, que se expressa, diante

de uma situação - problema, sob forma de uma mudança de comportamento

em função de experiência.

Outra autora, Olivier (2007) acrescenta que a aprendizagem ocorre

basicamente em três estágios:

A subaprendizagem quando a criança entrou em contato com o

assunto, mas não prestou atenção, portanto não assimilou; a aprendizagem

simples quando ela entrou em contato com o assunto, prestou atenção, mas

não memorizou, e a superaprendizagem ou aprendizagem ideal quando a

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criança entrou em contato com o assunto, prestou atenção, assimilou e

memorizou.

Os dois primeiros casos necessitam de acompanhamento. A orientação

indicada é procurar um psicopedagogo e fazer análise para detectar onde há e

qual é a falha existente nessa aprendizagem. Neste ponto, vêm as dificuldades,

os problemas e os distúrbios que também podem ocorrer basicamente de três

formas:

As causas psicológicas que são os traumas, problemas familiares,

problemas financeiros entre outros; as causas orgânicas que são causadas

pela desnutrição, anemia ou distúrbios, como dislexia, disgrafia etc., e as

causas do sistema que é a inadequação dos métodos aplicados em

aprendizagem, despreparo de alguns professores etc. Analisados todos esses

fatores, devem-se avaliar os sintomas para identificar o distúrbio.

Para introduzirmos o tema dificuldades de aprendizagem utilizaremos a

conceituação apresentada por García:

“Trata de uma dificuldade significativa no desenvolvimento

das habilidades relacionadas com a escrita. Esse

transtorno não se explica nem pela presença de uma

deficiência mental, nem por escolarização insuficiente,

nem por déficit visual ou auditivo, nem por alteração

neurológica. Classifica-se como tal apenas se produzem

alterações relevantes no rendimento acadêmico ou nas

atividades da vida cotidiana.” (GARCÍA, 1998, p.191).

Diversos autores, a partir de suas pesquisas, procuram esclarecer os

pontos divergentes na literatura em relação às alterações na aprendizagem

escolar e, por conta dos seus enfoques (pedagógico ou clínico), têm-se as

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variações na conceituação e caracterização dos mesmos no processo de

ensino-aprendizagem.

Para Fonseca (1995), a criança com dificuldade de aprendizagem não

deve ser “classificada” como deficiente. Trata-se de uma criança normal que

aprende de uma forma diferente, a qual apresenta uma discrepância entre o

potencial atual e o potencial esperado.

Na mesma linha de raciocínio, Soares (2005) refere que, exigir de todos

os alunos a mesma atuação, é um caminho improdutivo; cada um é diferente,

com o seu próprio tempo lógico e psicológico, e cada um tem uma maneira

específica de lidar com o conhecimento. Respeitar essa “veia”, este ritmo para

o ato de aprender é preservar o cérebro de uma possível sobrecarga que

contribuiria para uma desintegração total do processo ensino- aprendizagem.

2.2.1 – Disgrafia, disortografia e outras dificuldades

A disgrafia que é a desordem de integração visual-motora (não há

coordenação entre os dois) é a dificuldade ou a ausência na aquisição da

escrita. A criança fala, lê, mas não consegue transmitir informações visuais ao

sistema motor. Resumindo a criança lê, mas não escreve, além de,

possivelmente, ter graves problemas motores e de equilíbrio.

Olivier (2007) apresenta algumas características da disgrafia:

• A criança não possui dificuldades visuais nem motoras, mas não

consegue transmitir as informações ao sistema motor. Deficiência de

“transmissão”.

• Fala e lê, mas não encontra padrões motores para a escrita de letras,

números e palavras.

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• Não possui senso de direção, falta-lhe equilíbrio.

• Pode soletrar oralmente, mas não consegue expressar idéias, por meios

de símbolos visuais, pois não consegue escrever.

• Resumindo: a criança lê, mas não escreve.

As dificuldades de aprendizagem da escrita ou disgrafias poderiam ser

conceitualizadas nos seguintes termos, segundo García:

“... trata-se de casos que, sem nenhuma razão aparente,

manifestam-se dificuldades na aprendizagem da escrita

no contexto de uma inteligência normal, bom ambiente

familiar e sócio-econômico, escolarização correta,

normalidade na percepção e na motricidade, e suspeita-

se que o déficit esteja em alguma disfunção na área da

linguagem.” (GARCÍA, 1998, p.198).

É comum observarmos as dificuldades de aprendizagem da escrita

associadas às da leitura, por isso às vezes falam de dificuldades de

aprendizagem da leitura e da escrita ou de dislexias-disgráficas.

Uma dificuldade observada nas disgrafias ou dificuldades de

aprendizagem da escrita é a escrita em espelho. No ambiente popular falar de

escrita em espelho significava que a criança era dislexia. Muitas hipóteses

foram levantadas como a da lateralidade deficiente, a do esquema corporal

deficitário entre outras. Falava-se também da inversão de traços.

Outra explicação mais simples diz que se a criança ao não possuir uma

representação estável dos traços componentes dos grafemas e possuir apenas

parte da informação, produz uma confusão e uma escrita em espelho. Uma

ilustração disso é a confusão entre o p e o q. A criança sabe que existe um

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traço em forma de semicírculo e outro em linha vertical, a questão está em

saber o que vem antes ou depois.

De qualquer forma, a direcionalidade da maioria das letras se dá de cima

para baixo e da esquerda para a direita, quando se dão exceções, por

exemplo, o d e o q, isso complica a representação estável na memória desses

grafemas. Temos no semicírculo que começar da direita para a esquerda,

motivo pelo qual os erros se devam à sobregeneralização das regras. A criança

com predomínio esquerdo, o canhoto, deverá seguir uma orientação ao

contrário, da direita para a esquerda, se não cometerá mais “erros” porque está

sendo ensinada a escrever como se fosse destra.

Outra dificuldade observada é no caso de intercâmbio de letras.

Exemplo: sol por los. É possível que se dê uma representação deficitária, seja

por dificuldades na rota ortográfica, seja por dificuldades das regras de

transformação de fonema a grafema – rota fonológica- ou em ambas, se dá

inversão de letras no contexto da palavra do mesmo modo que se dava

inversão de traços no contexto da letra, como afirma García (1998). A criança

sabe que a palavra é formada por l, s, o, mas não sabe a ordem certa.

No intercâmbio de letras as dificuldades se apresentam, principalmente,

nos grafemas com traços comuns, como p e q, b e d, p e b, etc. Como afirma

García esse problema é psicolingüístico por dificuldades léxicas, seja na rota

ortográfica ou fonológica, ainda que às vezes, e isso deve ser diferenciado,

podem ser produzidas essas confusões por uma memória operativa reduzida

ou por falta de estratégias adequadas a memorização.

O atraso na escrita, ainda que seja possível observar um mau

funcionamento nos processos léxicos da mesma forma que nas dificuldades de

aprendizagem da escrita ou disgrafias, a origem do atraso é diferente e deverá

ser encontrado em escolarização inadequada, escassa motivação e, sobretudo,

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baixa motivação de aproveitamento, baixa inteligência ou ambiente familiar

inadequado ou desfavorável.

Os atrasos na escrita podem apresentar escassa criatividade ou

entornos culturalmente empobrecidos, que se manifestam em pouca

quantidade de escrita espontânea e impulsiva – sem pensar –, mais escrita

valorativa, sem julgar sua importância, etc. Apresenta uma linguagem com

poucos elementos gramaticais ou com gírias de classes sociais concretas ou

de dialetos marginais.

As crianças com atraso na escrita também podem apresentar confusões,

mescla de maiúsculas e minúsculas ou de diferentes tipos de escrita, adições

ou omissões. Aparecem manifestações de desenhos inadequados das letras,

grafemas grandes ou pequenos em excesso, inclinação, desproporção entre as

letras. E a organização geral com linhas inclinadas, espaços excessivos,

amontoamento de letras e palavras, não respeito a margens.

Olivier (2007) define a disortografia como a dificuldade na expressão

da linguagem escrita, revelada por fraseologia incorretamente construída e/ou

por palavras escritas de forma errada, associada geralmente a atrasos na

compreensão e/ou na expressão da linguagem escrita.

A disortografia tem sido definida erroneamente como letra feia ou letra

de médico. Na verdade, trata-se de algo mais complexo do que apenas letra

feia.

A disortografia mais complexa necessita de exames e de testes

específicos para detectar a causa e os melhores tratamentos. É importante

antes de fazer os testes e exames analisar a classe social e a forma como a

criança foi ou está sendo educada e alfabetizada. Em uma casa onde todos

pronunciam e escrevem incorretamente as palavras, é muito difícil a criança

aprender de forma correta, na escola

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Algumas características da disortografia apresentadas por Olivier (2007):

• Confusão de letras (trocas auditivas).

• Consoantes surdas por sonoras: f/v, p/b, ch/j

• Vogais nasais por orais: an/a, en/e, in/i, on/o, un/u

• Confusão de sílabas com tonicidade semelhante: cantarão/cantaram

• Confusão de letras (trocas auditivas): simétricas (b/d, p/q) e semelhantes

(e/a, b/h, f/t)

• Confusão de palavras com configurações semelhantes: pato/pelo

• Uso de palavras com um mesmo som para várias letras: casa/caza

2.3 – O Papel do Educador nas Dificuldades de Aprendizagem

O Educador precisa pesquisar estudar e reconhecer as características

das dificuldades de aprendizagem, para poder evitar anos de sofrimento na

criança, que acaba se desinteressando pela escola, gerando muitas vezes

quadros de fobias, em relação às tarefas ligadas a leitura e a escrita.

Quando a criança apresenta dificuldades escolares seja qual for à raiz

do problema, necessita de educação, atenção e ensino diferenciados para que

possa desenvolver suas habilidades. Quanto antes o problema for detectado,

melhores são resultados e a criança consegue apresentar um melhor

rendimento.

O lugar em que essas crianças poderiam receber o apoio necessário

seria a escola, com os professores, mas estes muitas vezes não foram

capacitados para trabalhar com os sérios problemas de aprendizagem. As

Universidades não preparam os professores para atender as necessidades das

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crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem. Como educadores

precisamos caminhar, por conta própria, em busca das informações

necessárias para que esse quadro se modifique. Como afirmava Freire:

“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino.

Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro.

Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando.

Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e

me indago. Pesquiso para constatar, constatando,

intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para

conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou

anunciar a novidade.” (FREIRE, 1996, p.32).

É lamentável sabermos que em muitas escolas crianças são atingidas

em cheio na sua auto-estima, com atitudes de professores rotulando-as como

preguiçosas, lentas, desqualificadas etc. Pior é saber que por essa atitude

muitas desistem de estudar. Como afirma Porto:

“(...) Cabe ao professor tornar o processo de

aprendizagem incentivador, em si mesmo, levando as

crianças a direcionar toda sua energia e sua motivação no

enfrentamento dos desafios intelectuais propostos pela

escola, para o desempenho do trabalho de construção do

conhecimento. O prazer virá não só da aprendizagem em

si, mas do sentimento de competência pessoal, da

segurança de ser hábil para solucionar problemas.”

(PORTO, 2007, p.46).

É papel do educador ter como base e ética o compromisso de ver

desenvolver-se dignamente e efetivamente a aprendizagem de seu educando,

buscando novas formas de aprendizagem e novos programas e processos de

ensino que possam incluir as crianças com dificuldades de aprendizagem.

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Para auxiliar o trabalho do professor e desenvolvimento da criança com

dificuldades de aprendizagem também seria muito importante a ajuda de

profissionais especializados como Psicopedagogos, Psicólogos, Pedagogos,

Fonoaudiólogos entre outros.

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CAPÍTULO III

A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

“Quando o professor faz o aluno refletir,

criticar e, de algum modo, permite o

extravasamento de raivas contidas, ele

se torna o primeiro alvo do exercício de

liberdade do aluno.” Weiss

3.1 – A Psicopedagogia Institucional

A psicopedagogia é uma área de estudo nova, voltada para o

atendimento de pessoas que apresentam problemas de aprendizagem. Desde

a década de 80, a psicopedagogia vem sendo desenvolvida no Brasil. Segundo

Bossa (2007), a psicopedagogia nasce com o objetivo de atender a uma

demanda – a da dificuldade de aprendizagem.

A psicóloga e psicopedagoga Bossa (2007) destaca que o termo

psicopedagogia parece deixar claro que se trata de uma aplicação da

psicologia, embora essa definição não reflita o verdadeiro significado do termo.

De fato a psicopedagogia vai além da aplicação de psicologia à pedagogia,

pois não pode ser vista sem um caráter interdisciplinar, que implica a

dependência da contribuição teórica e prática de outras áreas de estudo para

se constituir como tal.

Por outro lado, a psicopedagogia não é apenas o estudo da atividade

psíquica da criança e dos princípios que daí decorrem, visto que ela não se

limita à aprendizagem da criança, mas abrange todo o processo de

aprendizagem e, conseqüentemente, incluí quem está aprendendo,

independente de ser criança, adolescente ou adulto. Como afirma Porto:

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“A psicopedagogia é um campo de atuação que integra

saúde e educação e lida com o conhecimento, sua

ampliação, sua aquisição, suas distorções, suas

diferenças e seu desenvolvimento por meio de múltiplos

processos.” (PORTO, 2007, p.108).

A instituição escolar é um espaço de construção do conhecimento não

só para o aluno, mas para todos nele envolvidos. Na escola, a investigação e a

ação psicopedagógica têm como foco a prevenção das dificuldades de

aprendizagem. Para Porto (2007) essa prevenção passa pela construção de

uma dinâmica relacional sadia na instituição, onde o contexto escolar possa

voltar-se para os aspectos sadios da aprendizagem e do conhecimento.

Diante disso a ação da Psicopedagogia Inconstitucional busca,

fundamentalmente, auxiliar o resgate da identidade da instituição como o saber

e, portanto, com a possibilidade de aprender. Como afirma Porto (2007) a

reflexão sobre o individual e o coletivo traz as possibilidade da tomada de

consciência e da inovação por meio da criação de novos espaços de relação

com a aprendizagem.

A ação do psicopedagogo na Psicopedagogia Institucional está centrada

na prevenção do fracasso e das dificuldades escolares não só do aluno como

também dos educadores e demais envolvidos no processo. A intervenção

psicopedagógica precisa também atuar na melhoria das relações de

aprendizagem e na construção da autonomia dos educandos e dos

educadores. Segundo Bossa:

“Nesse trabalho preventivo junto à escola, deve-se levar

em consideração, inicialmente, quem são os

protagonistas dessa história: professor e aluno. Todavia,

estes não estão sozinhos: participam, também, a família e

outros membros da comunidade que interferem no

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processo de aprendizagem – aqueles que decidem sobre

as necessidades e prioridades escolares.” (BOSSA, 2007,

p.90).

3.2 – A Prevenção no trabalho Psicopedagógico

A psicóloga e psicopedagoga Bossa (2007) define três níveis de

prevenção no trabalho psicopedagógico institucional:

No primeiro nível de prevenção, o psicopedagogo atua nos processos

educativos com o objetivo de diminuir a freqüência dos problemas de

aprendizagem. Seu trabalho incide nas questões didático-metodológica, bem

como na formação e orientação de professores, além de fazer

aconselhamentos aos pais.

No segundo nível de prevenção no trabalho psicopedagógico

institucional, o psicopedagogo tem como objetivo diminuir e tratar problemas de

aprendizagem já instalados. Para tanto, cria-se um plano diagnóstico da

realidade institucional e elabora- se planos de intervenção baseados nesse

diagnóstico, a partir do qual procura-se avaliar os currículos com os

professores para que não se repitam tais transtornos.

No terceiro nível de prevenção, o psicopedagogo tem como objetivo

eliminar os transtornos já instalados, em um procedimento clínico com todas as

suas implicações.

Como acrescenta Porto (2007), entendendo a profilaxia como eixo

central da ação psicopedagógica institucional, o primeiro nível indicado por

Bossa torna-se o ideal, o ponto chave da intervenção do psicopedagogo na

escola. Porém, um aspecto é inerente aos três níveis descritos, e pode indicar

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se bem realizado, estratégias de ação pedagógica ou psicopedagógica de

sucesso – o diagnóstico.

Podemos concluir que o campo de atuação da psicopedagogia é a

aprendizagem, e sua intervenção é preventiva e curativa, pois se dispõe a

detectar problemas de aprendizagem e “resolvê-los”, além de preveni-los,

evitando que surjam outros.

No enfoque preventivo, como afirma Porto, o papel do psicopedagogo é

detectar possíveis problemas no processo ensino-aprendizagem; participar da

dinâmica das relações da comunidade educativa, objetivando favorecer

processos de integração e trocas; realizar orientações metodológicas para o

indivíduo ou grupo; colocar em prática alguns processos de orientação

educacional, vocacional e ocupacional em grupo ou individual.

O psicopedagogo para realizar seu trabalho de diagnóstico, após a

coleta e a investigação dos diferentes aspectos institucionais, deverá proceder

à análise dos dados, buscando identificar, segundo as necessidades expressas

pelos professores, alunos e pais, bem como as possibilidades da escola e do

próprio psicopedagogo, e viabilizar, por meios de técnicas, discussões,

reuniões, sensibilização e inúmeras atividades, o resgate e a ressignificação da

relação com o aprender, foco da ação do psicopedagogo na instituição. Como

afirma Porto:

“O desenvolvimento da intervenção psicopedagógica

precisa, necessariamente, privilegiar a autoria do próprio

grupo de educadores e pessoas envolvidas no que diz

respeito à elaboração e a criação de novas estratégias no

espaço de aprendizagem. A ação do psicopedagogo na

instituição é, sobretudo, coletiva.” (PORTO, 2007, p.118).

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Como vimos no primeiro capítulo às teorias de Emília Ferreiro

contribuíram no processo psicopedagógico aliado aos problemas de

aprendizagem. Suas contribuições que, partindo da teoria de Piaget, buscam

novos caminhos para o entendimento da construção da aprendizagem de

leitura e escrita que redimensiona a concepção de problema de aprendizagem

ao considerar muito dos erros freqüentemente cometidos na produção oral e

escrita como hipótese que a criança elabora na construção do conhecimento.

Segundo Drouet (1995) é necessário que a criança tenha algumas

capacidades básicas para a aprendizagem. São elas:

• Área de desenvolvimento da motricidade geral: rolar, sentar, engatinhar,

andar, correr, arremessar, pular, saltitar, dançar, auto-identificação,

localização do corpo – esquema corporal, abstração do corpo, força

muscular.

• Área de integração sensório-motora ou sensório-motriz: equilíbrio e

ritmo, organização do corpo no espaço, habilidade para reações rápidas, de

destreza e agilidade, discriminação tátil, sentido de direção, lateralidade,

orientação no tempo.

• Área de habilidades perceptivo-motoras: acuidade auditiva,

decodificação auditiva, associação audioverbal, memória auditiva, seqüência

auditiva, acuidade visual, coordenação e acompanhamento visuais,

discriminação visual de formas, diferenciação visual de figura-fundo,

memória visual, memória visomotora, coordenação muscular visomotora

fina, manipulação visomotora de forma e espaço, velocidade de

aprendizagem visomotora, integração visomotora, percepções gustativas e

olfativas.

• Área de desenvolvimento da linguagem: vocabulário, fluência na

comunicação, articulação das palavras.

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• Áreas de habilidades conceituais: conceito de número, classificação,

seriação, informação geral, compreensão.

• Áreas de habilidades sociais: aceitação social, respostas antecipatórias,

julgamento de valor, maturidade social, criatividade e intervenção.

“(...) o desenvolvimento é um processo contínuo. É

preciso, portanto, um certo grau de relacionamento entre

todas as funções, além de uma linguagem anterior já

adquirida, para chegar à escrita e à leitura...” (DROUET,

1995, p.17).

3.2.1 – O Diagnóstico Psicopedagógico

O diagnóstico psicopedagógico utilizado pelo psicopedagogo serve para

detectar problemas de aprendizagem. Rubinstein (1996) compara o diagnóstico

psicopedagógico com um processo de investigação, no qual o psicopedagogo

assemelha-se a um detetive à procura de pistas, selecionando-se e centrando-

se na investigação de todo o processo de aprendizagem, levando em conta a

totalidade dos fatores envolvidos.

Esse diagnóstico é considerado uma intervenção psicopedagógica, pois

o psicopedagogo interage com o aluno, a família e a escola, partes envolvidas

na dinâmica do problema. Durante esse processo serão construídos

conhecimentos e compreensão sobre o processo de aprendizagem.

Segundo Rubinstein (1996), o psicopedagogo pode usar como recurso a

entrevista com a família; pode, também, investigar, o motivo da consulta,

procurar conhecer a história de vida da criança, realizando a anamnese,

entrevistar a criança, fazer contato com a escola e outros profissionais que

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atendem a criança, manter os pais informados do seu desenvolvimento e da

intervenção que está sendo realizada e encaminhar o caso para outros

profissionais, quando necessário. Desta forma,

“O diagnóstico psicopedagógico clínico deve concentra-se

em levantar hipóteses, verificar o potencial de

aprendizagem, mobilizar o aprendiz e o seu entorno

(família e escola) no sentido da construção de um olhar

sobre o não-aprender.” (RUBINSTEIN, 1996, p.134)

Segundo Olívia Porto (2007a), os recursos constituem instrumentos para

a realização do diagnóstico e da intervenção psicopedagógica. Por meio dos

jogos, a criança pode manifestar, sem mecanismos de defesa, os desejos

contidos em seu inconsciente. Levando-se em conta que a criança possui

poucos recursos para se comunicar, expressar o que sente e o que deseja, ela

pode fazer uso dos jogos, desenhos e brincadeiras para manifestar suas

emoções. O psicopedagogo deve ficar atento para escutar e analisar as

mensagens. A autora acrescenta,

“que o psicopedagogo pode ser criativo e desenvolver

atividades que possibilitem observar os aspectos da

inteligência e da projeção e, se achar que os testes

psicológicos são importantíssimos para concluir um

diagnóstico, poderá encaminhar a criança a um psicólogo

a fim de que ele realize uma avaliação psicológica,

efetivando um trabalho multidisciplinar.” (PORTO, 2007a,

p.94).

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3.2.2 – A Avaliação Assistida

O diagnóstico psicopedagógico conta com uma dinâmica que faz o

psicopedagogo participe ativamente do processo. A conduta dinâmica proposta

por Rubinstein no diagnóstico psicopedagógico é a avaliação assistida. Assim,

segundo Linhares (1995), a avaliação assistida vem a ser a combinação entre

avaliar e intervir, ensinando diretamente e examinando durante o processo de

avaliação.

Segundo Porto (2007a), a avaliação assistida ou dinâmica está

fundamentada na tória socioconstrutivista proposta por Vygotsky, que aborda a

aprendizagem mediada e a zona de desenvolvimento proximal.

Segundo Linhares (1995), a diferença entre a avaliação assistida e a

avaliação padronizada está no fato de que a primeira se caracteriza pelo fator

dinâmico, e a segunda é estática: o avaliador é uma pessoa neutra, que deve

apenas ditar tarefas e esperar que o avaliado as execute.

“Entendendo a avaliação como processo dinâmico e

contínuo, conclui-se que a avaliação dinâmica atende as

necessidades do processo ensino-aprendizagem no que

diz respeito ao diagnóstico e à intervenção

psicopedagógica. Assim, ambos podem ser realizados

com competência e contribuir para que os quatro pilares

da educação - conforme proposto pela Unesco – sejam

atingidos: aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a

ser.” (PORTO, 2007a, p.95).

Como acrescenta Porto, a utilização da avaliação assistida não só as

sessões de psicopedagogia, mas também em sala de aula, o educador pode,

de fato, contribuir para a eficiência do ensino. Comparando a avaliação

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assistida com a padronizada, é possível avaliar suas contribuições para o

processo de ensino e aprendizagem.

3.2.3 – O Jogo como Instrumento de Intervenção

Como afirma Porto (2007a), para Freud o jogo é uma atividade criativa e

curativa, pois permite à criança (re)viver ativamente as situações dolorosas que

viveu passivamente, modificando os enlances dolorosos e ensaiando na

brincadeira as suas expectativas da realidade. Constitui-se em uma importante

ferramenta terapêutica. Do ponto de vista cognitivo, significa a via de acesso ao

saber.

É no jogo que a criança relaciona as idéias com a função corporal. A

agressão pode ser prazerosa, mas inevitavelmente conduz consigo um dano

real ou imaginário contra alguém, de modo que a criança não pode deixar de

enfrentar essa complicação

Segundo Porto (2007a), Piaget afirma que o jogo simbólico, que surge

ao redor dos dois anos, permite à criança assimilar o mundo na medida do seu

eu, deformando-o para atender aos seus desejos e às fantasias. Afirma

também,

“que o jogo tem uma evolução, começando com

exercícios funcionais (correr, saltar, jogar bolinha etc.) e

seguidos pelos jogos simbólicos (imitar, dramatizar).

Aparecem depois os jogos de construção, que vão

aproximando-se cada vez mais do modelo, e os jogos e

regras, introduzindo a lógica operatória” (PORTO, 2007a,

p.82).

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Como sabemos nas perspectivas psicanalíticas, os jogos orais como “as

brincadeiras de fazer comidinha”, também muito apreciados pelas crianças,

simbolizariam as possibilidades internalizadas de dar e receber amor. Um

cenário simbólico em relação à alimentação é construído a partir da forma

como são vivenciadas as questões da oralidade.

Há também outros tipos de jogos que são utilizados nos tratamentos

psicopedagógicos como os jogos com argila, água, areia, tinta plástica etc.,

como representantes excrementícios em forma de substitutos socialmente

aceitos; os jogos com bonecas e animais, como expressão da fantasia da

criança sobre a relação dos pais; e os jogos com veículos, simbolizando

fantasias, que penetrarão e, representando a forma de controle funcional,

fornecem ao psicopedagogo elementos de análise.

Desta forma, Bossa (2007), afirma que é importante mencionar os

elementos de investigação que essa atividade nos oferece, já que a maneira de

nos assegurarmos da eficiência dos procedimentos adotados. Além do mais, o

efeito terapêutico está implícito no próprio ato de jogar e, mais precisamente,

na interpretação do psicopedagogo, quando este, devidamente preparado,

pode inferir o sentido latente que se mostra no jogo, pois ele funciona como

uma via de expressão metonímica do desejo.

“Salientamos que não só nos quadro psicopatológicos

mas também em todas as circunstâncias em que é

indicada a intervenção psicopedagógica, é importante que

o psicopedagogo possa jogar o jogo da criança, sem, no

entanto, perder de vista o seu compromisso com a

aprendizagem e lembrando que toda relação do sujeito

com o mundo, depois que deixa de ser conseqüência de

um reflexo, demanda aprendizagem.” (PORTO, 2007a,

p.84).

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3.3 – Sugestões de Atividades para Prevenir Dificuldades na

Escrita

As atividades de intervenção terão como ponto de partida as

experiências do cotidiano da criança, tendo em vista o seu universo cultural.

Conhecendo e considerando os conhecimentos prévios da criança, é possível

organizar situações de aprendizagem mais significativas.

É importante valorizar as manifestações espontâneas da criança:

representações, o faz-de-conta, as imitações, os desenhos, as histórias e

narrativas, a fala criando e propiciando espaço na sala de aula para essas

atividades. Oportunizar sempre o planejamento coletivo das atividades e

projetos pedagógicos, criando espaços para que os alunos participem

ativamente das decisões.

Segundo Ribeiro (1999), precisamos criar espaços na sala de aula para

que as crianças possam ampliar suas leituras de mundo: cantinho de leitura, de

dramatização, brinquedoteca e outros. Utilizar o lúdico, o brinquedo, como

instrumento que permita à criança a possibilidade de desenvolver e fazer

representações.

As atividades devem ser centradas nos interesses das crianças e

organizadas de modo a respeitar as condições de realização de cada uma

delas. Cada criança deve ter a possibilidade de realizar tarefas que lhe

interessem, nas quais se envolvem afetivamente, e que possa realizá-la sem

fracasso. Isso não significa que as atividades não devam representar um

desafio que a estimule a vencer mais uma etapa em seu desenvolvimento. A

força que movimenta a criança para responder a esse desafio deve ser sempre

o interesse real pela atividade.

Os jogos e as brincadeiras farão parte das atividades diárias, podendo

ser indicadas pelo professor ou escolhidas pelo aluno. Essa escolha será

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limitada pelo aqui e agora, de acordo com o planejamento e a organização de

educador. As atividades em grupo devem ser priorizadas. A interação com o

outro (colega/professor) é um dos maiores suportes para a aprendizagem.

As atividades de auto-expressão estarão presentes durante todo o

processo de alfabetização. A expressão oral, plástica e corporal – das emoções

e dos pensamentos – tem fundamental importância para o desenvolvimento

das crianças. Com afirma Ribeiro (1999), a maior facilidade de expressão

dependerá essencialmente do clima afetivo que o educador conseguiu criar no

seu grupo. E no estímulo à expressão verbal, é importante que as crianças não

sejam criticadas nem mesmo pelos colegas.

Não há certo ou errado nas produções dos alunos em processo de

alfabetização. Existe, sim, a demonstração do seu nível conceitual. Nesse

sentido a avaliação será em termos de diagnóstico de sua evolução nos

aspectos cognitivo, psicomotor, afetivo, social e, principalmente, na gênese da

aprendizagem da leitura e escrita.

Serão sugeridas algumas atividades para auxiliar o trabalho do educador

e o desenvolvimento da criança na sua aprendizagem. Que essas sugestões

não sejam vistas como receitas prontas para a prática, como modelos a serem

copiados, mas sim como atividades possíveis de serem aplicáveis e coerentes

com o processo de aquisição da escrita.

Sugestões de Atividades para o trabalho com letras

Segundo Ribeiro (1999) o trabalho com letras encerra três objetivos

fundamentais: identificá-las como um conjunto de identidades específicas;

reconhecer e reproduzir as suas formas nas posições arbitrárias adequadas; e

associar-lhes os sons correspondentes.

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• Alfabetos variados (tamanho, forma de letra, material) para montagem de

palavras ou frases mediante desafios interessantes do professor.

• Num monte de letras, solicitar a criança que encontre todas as letras de

seu nome. Separar as letras dos nomes dos colegas do grupo.

• Construir dados de letras (4 dados com as 26 letras do nosso alfabeto).

• Jogos industrializados ou criados pelos alunos e professor (inclusive de

ordem ortográfica).

Sugestões de Atividades para o trabalho com sílabas e palavras:

Nesta proposta Ribeiro (1999), sugere desenvolver um trabalho com

sílabas começando pela sua identificação parcial, pelo desmembramento das

palavras em todas as suas sílabas e pela montagem de palavras por meio de

sílabas, só chegando às famílias silábicas através das descobertas dos

próprios alunos.

• Atividades para completar a primeira ou a última sílaba dos nomes ou

palavras com material concreto (fichas, jogos).

• Ligar nomes às sílabas iniciais.

• Jogos: mico preto, bingo, memória, dominó ( com palavras ou nomes e

sílabas iniciais ou finais)

• Classificação de palavras com o mesmo número de sílabas.

• Constituição de palavras com sílabas e alfabeto móveis.

• Separação de palavras em sílabas (com fichas para recortar e colar ou

por escrito).

• Escrita de palavras e nomes que iniciam ou terminam com uma

determinada sílaba.

Sugestões de Atividades para o trabalho com textos:

Segundo Ribeiro (1999), a leitura de histórias infantis é um contato

essencial com textos escritos. Elas encerram um interesse particular para as

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crianças e envolvem elementos fecundos para a sua iniciação sobre o que é ler

e escrever. Também é importante o trabalho com diferentes textos como

parlendas, músicas, poesias entre outros.

• Produção de texto a partir do desenho do aluno.

• Exploração de textos individuais com toda a classe.

• Sugerir a escrita de textos a partir de outros textos já conhecidos pelos

alunos: letras de música, poesias, histórias memorizadas, descrição de

brincadeiras, regras de jogos etc.

• Produção de textos coletivos sobre acontecimentos ou interesses dos

alunos naquele momento.

• Leitura de diferentes textos: livros, revistas, partes de jornais, cartas,

bilhetes, convites, propagandas, anúncios, músicas, poesias, parlendas,

adivinhações, trava-línguas etc.

• Análise de palavras numa frase ou texto.

• Caderno de produções de texto individual (para registro de histórias com

ou sem desenho, relatos de acontecimentos, notícias, listas de palavras

etc.). Esse caderno pode ser trabalhado em casa ou em sala de aula.

Outras Sugestões de Atividades:

Outras atividades sugeridas por Ribeiro (1999) para auxiliar o

desenvolvimento dos alunos na leitura e escrita:

• Trabalhar com a escrita do próprio nome - atividades como: bingo de

letras, bingo de nomes, caça-palavras, lacunado (com letras móveis de

madeira), jogo da forca, alfabeto móvel (com letras de madeira ou letras em

cartolina), escrita coletiva, acróstico.

• Elaboração de listas: pelo professor, pela criança ou em grupo, com os

desenhos das palavras feitos e pintados pelos alunos. Listas com nome de

animais, brinquedo que mais gosta, nome de cores, nomes de fruta, material

escolar, roupas de verão, personagens da turma da Mônica etc.

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• Brincadeiras, brinquedos cantados, cantigas de roda, dramatizações,

confecções de brinquedos com sucatas, piquenique, jornal falado, hora de

surpresa, histórias mudas, entre outros.

• Recorte de figuras ou palavras para montagem de álbuns, cartazes ou

dicionários.

• Recontar vídeos, excursões, experiências.

• Ler para os alunos.

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CONCLUSÃO

A questão fundamental da aprendizagem da linguagem escrita para

crianças é como ensiná-las a compreender esse processo. As pesquisas de

Emília Ferreiro e colaboradores trouxeram uma nova perspectiva para essa

questão. Deslocando-se o foco de “como se ensina” para “como se aprende”.

Com a psicogênese da língua escrita vimos que o desenvolvimento da escrita

foi dividido em etapas, em que a criança percorre, explicando os processos e

as formas mediante as quais ela aprende a ler e a escrever.

Com freqüência percebemos crianças com algum problema na

aprendizagem. A dificuldade escolar aparece hoje entre os problemas de nosso

sistema educacional mais estudado e discutido. E sempre procura-se os

responsáveis possíveis pela dificuldade da aprendizagem: o professor, a

criança, a família, uma determinada classe social, todo um sistema econômico,

político e social.

Muitos fatores influenciam o desenvolvimento humano. Fatores esses

que atuam em conjunto. A própria criança reage de maneira ao seu legado

hereditário. A sua inteligência pode ser parcialmente determinada por

hereditariedade; mas a espécie de lar em que ela cresce, o grau em que é

encorajada a seguir interesses intelectuais, sua saúde física, a espécie de

educação que recebe e suas próprias decisões de vida, tudo terá efeito sobre a

sua aprendizagem.

Com isso podemos concluir que os fatores relacionados às dificuldades

e ao fracasso escolar estão interligados. Então a responsabilidade pode está

distribuída a cada sujeito (professor, criança e sociedade), o que requer uma

delicada investigação desenvolvida num constante processo de auto-avaliação.

Como já vimos a educação requer compromisso, paciência, dedicação,

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portanto, é dever da escola, da família e também da sociedade completarem

mutuamente.

Diante disso a Psicopedagogia tem muito a contribuir na dificuldade de

aprendizagem. Como nos apresentou Porto (2007), podemos concluir que o

campo de atuação da Psicopedagogia é a aprendizagem, e sua intervenção é

preventiva e curativa, pois se dispõe a detectar problemas de aprendizagem e

“resolvê-los”, além de preveni-los, evitando que surjam outros

No enfoque preventivo, como afirma Porto, o papel do psicopedagogo é

detectar possíveis problemas no processo ensino-aprendizagem; participar da

dinâmica das relações da comunidade educativa, objetivando favorecer

processos de integração e trocas; realizar orientações metodológicas para o

indivíduo ou grupo; colocar em prática alguns processos de orientação

educacional, vocacional e ocupacional em grupo ou individual.

Esclarecido o que é a Psicopedagogia e qual a sua área de atuação,

podemos compreender e refletir sobre os recursos que o psicopedagogo utiliza

para detectar as dificuldades de aprendizagem e fazer a intervenção

necessária.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA 11

1.1 - A Evolução da Escrita 11

1.2 – O Desenvolvimento da Escrita na Infância 14

1.2.1 – Os Níveis de Aquisição da Linguagem Escrita 16

CAPÍTULO II

AS DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM DA ESCRITA 22

2.1 – O Que Significa Escrever 22

2.2 – Dificuldades e Distúrbios de Aprendizagem da Escrita 24

2.2.1 – Disgrafia, Disortografia e Outras Dificuldades 26

2.3 – O Papel do Educador nas Dificuldades de Aprendizagem 30

CAPÍTULO III

A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 33

3.1 – A Psicopedagogia Institucional 33

3.2 – A Prevenção no Trabalho Psicopedagógico 35

3.2.1 – O Diagnóstico Psicopedagógico 38

3.2.2 – A Avaliação Assistida 40

3.2.3 – O Jogo como Instrumento de Intervenção 41

3.3 – Sugestões de Atividades para Prevenir Dificuldades na Escrita 43

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CONCLUSÃO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 50

BIBLIOGRAFIA CITADA 52

ÍNDICE 55

FOLHA DE AVALIAÇÃO 57

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes.

Título da Monografia: A Intervenção Psicopedagógica em Alunos com

Dificuldades de Aprendizagem da Escrita.

Autor: Andréia Manso de Oliveira.

Data de Entrega: 31/01/2009.

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final: