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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A PERCEPÇÃO DOS SENTIDOS DA PRODUÇÃO DE IMAGENS FOTOGRÁFICAS NA ASSESSORIA DE IMPRENSA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE MACAÉ Por: João Barreto Affonso Orientador Prof. Fernando Alves Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A PERCEPÇÃO DOS SENTIDOS DA PRODUÇÃO DE IMAGENS

FOTOGRÁFICAS NA ASSESSORIA DE IMPRENSA DA

PREFEITURA MUNICIPAL DE MACAÉ

Por: João Barreto Affonso

Orientador

Prof. Fernando Alves

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A PERCEPÇÃO DOS SENTIDOS DA PRODUÇÃO DE IMAGENS

FOTOGRÁFICAS NA ASSESSORIA DE IMPRENSA DA

PREFEITURA MUNICIPAL DE MACAÉ

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Comunicação Empresarial

Por: . João Barreto Affonso

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 05

CAPÍTULO I - A UTILIZAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ASSESSORIA DE

IMPRENSA COMO MEDIADOR DA CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE

POSITIVA 07

1.1 A construção de uma identidade positiva do cliente, no mundo onde a versão é mais importante que o fato ......................................................... 10

1.2 Ética na Comunicação................................................................................................... 14 1.2.1 Ética na Comunicação

Empresarial........................................................................................... 15 1.2.2 A construção de uma imagem embasada nos conceitos de ética......... 17 CAPÍTULO II - ASSESSORIA DE IMPRENSA E A BUSCA DA IMAGEM

FOTOGRÁFICA POSITIVA 19

2.1 O surgimento e as inovações possibilitadas pela tecnologia digital ...... 23 CAPÍTULO III – A PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ASSESSORIA DE

IMPRENSA SOBRE A MANIPULAÇÃO DIGITAL DAS IMAGENS

FOTOGRÁFICAS 29

3.1 Método ..................................................................................................... 30 3.2 – Resultados da pesquisa ....................................................................... 32 3.2.1 O processo de trabalho analógico ........................................................ 32 3.2.2 O processo de trabalho digital .............................................................. 36 3.2.3 A percepção dos profissionais envolvidos sobre as etapas da fotografia digital: desde o clique até a publicação........................................................... 40 CONCLUSÃO 47

BIBLIOGRAFIA 50

ANEXOS 53

Anexo 1 >> Roteiro de Perguntas.................................................................... 54

Anexo 2 >> Roteiro de opções......................................................................... 55

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende investigar o que os profissionais de

assessoria de imprensa entendem e pensam sobre manipulação nas imagens

fotojornalísticas, à partir do momento em que a fotografia digital dominou as

redações e incorporou-se definitivamente a praticamente todos os formatos

jornalísticos.

Para a realização deste estudo, elegemos como campo de trabalho a

assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Macaé.

Trata-se de um município produtor de petróleo, que concentra riqueza,

trabalhadores estrangeiros e população empobrecida. Os problemas sociais e

a convivência simultânea entre riqueza e pobreza, solicitam da assessoria de

imprensa da prefeitura intervenções no sentido de apresentar uma imagem de

bem estar da população e de funcionamento dos serviços públicos, produzindo

assim, uma imagem positiva da administração municipal.

O primeiro capítulo desta monografia traça a trajetória do profissional

de assessoria de imprensa ao longo da história. Os desafios encontrados e as

estratégias empregadas na política de relação com o mercado, para consolidar,

embasada na ética, uma imagem positiva do assessorado junto à opinião

pública.

O segundo capítulo trata das questões relacionadas à capacidade

representativa da fotografia junto ao texto jornalístico. Seu desenvolvimento

tecnológico desde o surgimento até a revolução causada pela tecnologia digital

e os questionamentos que põem em cheque a credibilidade e a veracidade

dessa reprodução técnica, também são abordados neste capítulo.

O terceiro capítulo apresenta a pesquisa feita com oito profissionais de

assessoria de imprensa, lotados na Secretaria de Comunicação da Prefeitura

Municipal de Macaé. É uma pesquisa qualitativa que, após uma análise

temática, organizou as principais categorias apresentadas por estes

profissionais para compreender os processos da utilização da fotografia em

suas atividades. Assim, foram elencados elementos do trabalho analógico, do

trabalho digital e a percepção desses profissionais no processo de produção e

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alteração de imagens que compreende desde a chegada da fotografia

jornalística nas redações, passando pelo tratamento até a publicação. E

Identificados quais os fatores que, segundo a percepção dos profissionais, são

relevantes para publicação de uma imagem.

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CAPÍTULO 1

A UTILIZAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ASSESSORIA DE

IMPRENSA COMO MEDIADOR DA CONSTRUÇÃO DE UMA

IDENTIDADE POSITIVA

.

As mídias, quer nas suas formas tradicionais (rádio, jornais,

revistas, televisão), quer em suas formas mais recentes (sites, portais de

notícias, e-mail, e celular), exercem uma função social relevante: levar

informação à sociedade.

Sabe-se que a maior parte do público considera as informações

fornecidas pela mídia como verdadeiras – principalmente as construídas de

forma jornalística e não publicitária – e, portanto, de extrema importância na

formação da opinião desse público a respeito do que é divulgado. Nos dias de

hoje é essencial que as organizações mantenham um bom relacionamento com

todos os tipos de mídia disponíveis e que se utilizem favoravelmente delas na

construção, manutenção ou melhoria de sua imagem.

Atuando como interlocutor entre seu cliente e os meios de

comunicação está o assessor de imprensa. Compete a ele facilitar a relação de

seu cliente com os formadores de opinião. É nesse contexto que o jornalista

que atua em assessoria de imprensa passa a exercer um papel estratégico:

elaborar planos de comunicação que privilegiem uma comunicação eficiente

junto à imprensa e estabelecer uma interlocução com ética e responsabilidade

social, comprometida com os valores da sociedade junto aos seus mais

diversos públicos.

De acordo com Lopes, assessoria de imprensa é:

[...] um dos mais importantes serviços de comunicação organizacional. É

a gestão dos fluxos de informação e relacionamento entre fontes de

informação e os jornalistas. [...] Trata-se de atividade que mescla o

caráter difusor de notícias, ou de acontecimentos programados, relativos

à instituição ou às pessoas físicas, com outro, de recorte mais

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estratégico, no qual se estabelecem mecanismos de relacionamento e

aproximação com os jornalistas (LOPES apud DUARTE, 2006. p. 404).

As assessorias reconhecem que a divulgação de suas empresas nos

meios de comunicação e o bom relacionamento com jornalistas potencializa a

disseminação de uma imagem corporativa positiva perante a opinião pública.

Com isso, as empresas passaram a ser julgadas pela sociedade de acordo

com o que é veiculado na mídia. Então, as organizações passaram a recorrer

aos assessores de imprensa para realizar o trabalho de relacionamento com a

mídia.

Para o contato com a mídia, é criado um Plano de Comunicação

através da utilização de um ou mais instrumentos de comunicação. Cabe ao

assessor decidir o melhor instrumento de acordo com o assunto a ser tratado e

o tipo de mídia. Alguns dos principais produtos são:

Release – ferramenta usada pela assessoria para organizar as

informações que está divulgando. Trata-se de um texto, cuja essência é

a informação;

Proposta/sugestão de pauta – informe sucinto enviado aos

veículos de comunicação a respeito de determinado assunto de

interesse para o veículo e à sociedade;

Pasta de Imprensa (Press Kit) – textos e fotos para subsidiar os

jornalistas de redação com informações, normalmente usadas em

entrevistas coletivas, individuais ou feiras e eventos;

Entrevista Exclusiva – são oferecidas a um único veículo de

comunicação. A iniciativa costuma valorizar a informação e conquistar

espaços mais qualificados de mídia espontânea.

Contato com a Imprensa – normalmente feito por telefone para

aprofundar informações enviadas por e-mail ou confirmar presenças em

coletivas, marcar encontros com assessorado etc (FENAJ - Manual

de Assessoria de Imprensa, 2007, p. 13)

Quando o material divulgado pela assessoria de imprensa desperta o

interesse do veículo de comunicação, ele é usado na publicação de notas,

matérias ou estimula o agendamento de entrevistas. Tanto a publicação

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imediata quanto a posterior de informações, são gratuitas; chamadas de mídia

espontânea.

O assessor de imprensa sabe que sua credibilidade junto aos

jornalistas dos veículos de comunicação cresce quando o relacionamento é

pautado pela transparência e por uma postura de colaboração. A credibilidade

baseada na ética valoriza a informação que o assessor está divulgando. Para o

jornalista de redação, a matéria-prima de seu trabalho é a informação com alto

potencial de se transformar em notícia. Portanto, consolidada a conquista da

confiança, o assessorado ganha status de excelente fonte de informação.

Consequentemente, aumentam os espaços de mídia espontânea.

Tornar os conteúdos a serem comunicados atraentes e de fácil

entendimento para o público é tarefa do assessor de imprensa. Ele sabe que

essa diversidade de canais aumenta a penetração do assessorado junto ao

público. Para isso utiliza a linguagem mais adequada à cada meio de

comunicação tornando mais eficaz a divulgação da imagem desejada. Quanto

mais as ações de comunicação forem segmentadas, mais chances terão de

atender a mídia e, por conseqüência, o assessorado e seus públicos.

Não há dúvidas da influência que os meios de comunicação exercem

na formação da imagem de uma empresa diante de seus públicos. A mídia

funciona como interlocutora da empresa e cabe às empresas saber utilizar

esses canais a seu favor, sempre que possível.

Como exemplo de atuação da assessoria de imprensa na elaboração

de um plano de conduta do assessorado, destacamos um tópico que encontra-

se no “Manual de Relacionamento com a Imprensa”, do Ministério Público da

União - 2ª edição, ampliada, Brasília, 2006: O cuidado com a imagem

O cuidado com a imagem também é fundamental,

principalmente quando se for tirar uma foto ou gravar uma sonora para a

TV. No caso de uma gravação, a vestimenta deve ser observada: terno e

gravata para homens, tailleur ou blazer para mulheres. Devem-se evitar

branco, preto, listras e cores muito fortes. Os ideais são os tecidos lisos.

No momento da entrevista, é importante lembrar-se de se sentar sobre a

bainha do paletó, para que as ombreiras não façam sombra. .(Ministério

Público da União, 2006, 18)

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1.1 A construção de uma identidade positiva do cliente, no

mundo onde a versão é mais importante que o fato

Em 1906, o jornalista norte-americano Yve Lee abandonou o jornalismo

e fundou em Nova York o primeiro escritório de assessoria de imprensa ou

relações públicas do mundo. Com um bem-sucedido projeto profissional e a

serviço de um cliente poderoso, Lee conseguiu recuperar a imagem do odiado

empresário americano John Rockfeller, que passou a ser venerado pela

opinião pública. Isso se chama mudança de imagem. Yve Lee conquistou, por

direito e mérito na história moderna da comunicação social, o título de fundador

das Relações Públicas, berço da assessoria de imprensa.

Segundo Cahen (1990, p. 29):

“Comunicação Empresarial é uma atividade sistêmica, de

caráter estratégico, ligada aos mais altos escalões da empresa e que

tem por objetivos: criar – onde ainda não existir ou for neutra – manter –

onde já existir – ou, ainda, mudar para favorável – onde for negativa – a

imagem da empresa junto a seus públicos prioritários.”

A popularização mundial da assessoria de imprensa, desde o

surgimento em 1906, precisou passar por diversas fases e países até

consolidar-se e atingir o presente status perante os empresários, os jornalistas

e o público.

No Brasil não foi diferente. Essa atividade começou a tomar forma em

1909 quando foi criado o informativo “Seção de Publicações e Bibliotheca”,

pelo presidente Nilo Peçanha e ao longo dos anos expandiu-se até chegar ao

formato atual. A maior evolução do trabalho de assessoria de imprensa ocorre

na década de 1980 quando o país resgata a democracia, afirmam-se os

direitos sociais, o movimento sindical se fortalece, retorna a liberdade de

imprensa, e o direito dos consumidores impulsionam a competitividade entre as

empresas. Nesse cenário a atividade é elevada a uma posição de destaque

pois, as empresas perceberam o caráter estratégico da comunicação com a

opinião pública, identificando no jornalismo um eficiente canal com o qual

constrói-se, repara-se e consolida-se a imagem empresarial perante o público-

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alvo, atingido por meio do relacionamento com a imprensa, para obter uma

imagem positiva.

Segundo Fumagalli:

“As corporações são avaliadas de acordo com a imagem

corporativa transferida à opinião pública, que pode ser passada por meio

de ações de marketing, de relações públicas, de propaganda e de

jornalismo, porém, dentre elas, o jornalismo confere autenticidade e

imparcialidade para a informação. Dependendo do teor da matéria onde

o nome da corporação se insere a empresa pode ter uma imagem

positiva ou negativa perante seu público.” (Fumagalli, 2007. p.22)

A comunicação empresarial é estratégica porque sendo ferramenta do

marketing empresarial, deve estar ligada ao mais alto escalão da empresa,

pois é a partir daí que serão tomadas as decisões que irão formar a imagem da

empresa.

Todas as técnicas e estratégias de comunicação utilizadas pelas

organizações têm o objetivo principal de cumprirem com sua função social e,

assim, construírem uma boa imagem organizacional, para que, a partir dela a

organização seja legitimada pela opinião pública, em síntese, pela sociedade.

Na sociedade atual uma imagem ruim pode acabar com uma organização.

Imagem é um termo que reporta a muitas interpretações. Para facilitar

o entendimento sobre o conceito de imagem positiva, precisamos compreender

o que é imagem.

De acordo com Cahen (1990, p. 57)

“‘Imagem” é o conceito que as pessoas têm e/ou formam sobre

as coisas. "Queiramos ou não, gostemos ou não, tudo e todos têm

imagem – inclusive a respeito de si próprios.” Sendo assim, a

preocupação dos comunicadores é com a formação de uma imagem

favorável e positiva para a empresa.

O conceito de imagem de Costa é mais completo; mais dirigido à

imagem empresarial especificamente:

“A imagem é a resultante da identidade organizacional,

expressa nos feitos e nas mensagens. Para a empresa a imagem é um

instrumento estratégico, um conjunto de técnicas mentais e materiais,

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que têm por objetivo criar e fixar na memória do público, os ‘valores’

positivos, motivadores e duradouros. Estes valores são reforçados ao

longo do tempo (reimpregnação da mente) por meio dos serviços, as

atuações e comunicações. A imagem é um valor que sempre se deseja

positivo – isto é, crescente e acumulativo – e cujos resultados são o

suporte favorável aos êxitos presentes e sucessivos da organização.”

(COSTA apud FARIAS, 1995, p. 45)

Formar a imagem institucional de uma empresa significa traçar,

delinear traços de identificação, determinar as políticas de relação com o

mercado no qual está inserida. Consiste em tornar claro para o público, seja

interno ou externo, quem é esta empresa. Pois, as ações e produtos de uma

empresa geram sua imagem corporativa no imaginário da opinião pública.

Podendo ser diferente para cada indivíduo, porque a influência na análise de

cada um é baseada na ética, na moral, na origem, no gosto e na experiência

pessoal.

O grande desafio na comunicação empresarial para a formação de

uma imagem empresarial real, positiva e eficaz é o fato de ter que atingir

públicos diferenciados. Dentro do contexto empresarial interno, a imagem

positiva da empresa deve abarcar desde altos executivos a trabalhadores não

especializados. Já fora do contexto externo empresarial, é preciso atingir a

população, em geral, em seus mais diversificados níveis sociais, culturais,

políticos, econômicos e financeiros.

Tudo e todos são julgados conforme sua imagem junto ao público. A

imagem de uma instituição influenciará diretamente seu relacionamento junto à

opinião pública, podendo ser bom ou ruim. A imagem corporativa também

pode mudar conceitos, valores e objetivos dentro da sociedade. De forma

inversa, a sociedade pode mudá-los em uma empresa. Julga-se a imagem

corporativa como o patrimônio mais valioso da empresa, podendo ultrapassar

os valores das instalações, dos profissionais e até dos produtos.

A construção da imagem deve ser sempre compatível com a realidade

do assessorado. Se o assessorado precisar de ajustes em suas ações, esses

ajustes devem proceder qualquer ação de comunicação. Aplicar as técnicas de

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marketing e comunicação na construção da imagem consolidam a imagem no

mercado.

A imagem, é uma referência construída, projetada e administrada pela

empresa. É como uma fotografia viva e dinâmica arquivada em nossa memória,

modelada por impulsos emitidos pela própria empresa e fortemente mediados

pela indústria da comunicação.

Para alcançar visibilidade, construir uma imagem e legitimar-se,

pessoas ou organizações cada vez mais recorrem à mídia, pois é através da

mídia que existe a oportunidade de se posicionarem no espaço público

(RODRIGUES, 1990) O campo dos media é o campo cuja legitimidade é por

natureza uma legitimidade delegada de outros campos da sociedade, porque

tem a característica principal da mediação.

Com o intuito de informar e conquistar cada vez mais a credibilidade de

seu público-alvo, as mídias se baseiam na informação para construir um

discurso interpretado e adaptado ao interesse de seu público. Desta maneira,

ao compararmos a descrição de um fato veiculado por diferentes meios,

percebemos similaridades e disparidades entre os discursos de cada um deles,

as quais originam um outro discurso, recriado, que atinge o público por meio do

sentido constituído pelas linguagens subentendidas dos meios midiáticos.

Nestas linguagens há características que mesclam o contexto real, bem como

a visão daquele que o reproduziu conforme o seu ponto de vista. Observam-se

traços da intencionalidade de quem reproduziu o contexto, de acordo com a

sua visão de mundo.

Como afirma o autor Patrick Charaudeau:

A informação é essencialmente uma questão de linguagem, e a

linguagem não é transparente ao mundo, ela apresenta sua própria

opacidade, através da qual se constrói uma visão, um sentido particular

do mundo. Mesmo a imagem, que se acreditava ser mais apta a refletir o

mundo como ele é, tem sua própria opacidade, que se descobre de

forma patente quando produz efeitos perversos... (CHARAUDEAU, 2006,

p. 19)

Charaudeau defende a idéia de que as mídias são seletivas nas

informações que veiculam, estando elas sujeitas à intencionalidade em relação

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ao que está sendo divulgado e, também, ao processamento informativo usual

em cada um dos suportes, desde que a informação é obtida pelo jornalista até

o momento em que é, de fato, publicada.

Na elaboração do discurso midiático busca-se persuadir o público-alvo

com uma linguagem que reúna as características de clareza, concisão,

objetividade, e que seja o mais direta possível a quem se direciona. Sendo

assim, a linguagem busca reconstituir para o leitor o fato, e procurar-se-á,

baseado nele, levar ao público um retrato mais próximo da autenticidade do

fato. E o texto jornalístico caracteriza-se por transcrever os fatos, de maneira

clara, objetiva e concisa ao leitor, permitindo ao mesmo formar uma opinião

sobre o que foi exposto por esta mídia.

Tal sentido também foi influenciado pela intencionalidade de quem o

produziu, portanto, foi um sentido reconstruído, que é determinante do

conteúdo dos produtos midiáticos que atingem os diferentes públicos dos

meios (CHARAUDEAU, 2006). As mídias não transmitem o que ocorre na

realidade social, elas impõem o que constroem do espaço público.

1.2 Ética na comunicação

A palavra ética é bastante antiga. Tem sua origem no termo do grego

ethos que significa usos e costumes. Se todas as sociedades ditam as normas

pelas quais buscam diferenciar o bem do mal, o justo do injusto, a ética serve

como balizador destes termos e se modifica em distintos contextos e tempos

históricos. Neste sentido, podemos definir a Ética como: o conjunto de normas

morais e valores pelo qual o indivíduo deve orientar seu comportamento na

busca do bem comum e da realização individual.

A ética também rege as atividades profissionais, uma vez que, na ação

humana, o fazer e o agir encontram-se interligados. O fazer diz respeito à

competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem

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a sua profissão. O agir se refere à conduta do profissional, conjunto de atitudes

que deve assumir no desempenho de sua profissão.

Quando tratamos de profissões como relativa autonomia profissional, a

fim de que sejam garantidas determinadas posturas no fazer profissional, a

categoria, após diversas reuniões, organiza normas de conduta do fazer

profissional através de seus “Códigos de ética”. Em se tratando dos

profissionais de comunicação, as diretrizes éticas encontram-se no “Código de

Ética dos Jornalistas Brasileiros” – FENAJ, 2007. Tais princípios éticos

funcionam como garantia de legitimidade da atividade jornalística.

Atualmente, com a presença cada vez mais intensa dos meios de

comunicação na sociedade os desafios éticos são ampliados, e há a

necessidade do reforço do compromisso ético dos profissionais de

comunicação, que têm a informação como o principal expoente do seu

trabalho. O Código de Ética do Jornalista atesta que “a divulgação da

informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser

cumprida independentemente da linha política de seus proprietários e/ou

diretores ou da natureza econômica de suas empresas” (art. 2º, §.I).

Deste modo, o fazer jornalístico, assim como qualquer outra profissão,

tem princípios éticos que norteiam a atividade e compromisso com a

informação verdadeira, que devem ser levados em conta quando é produzido o

material que será divulgado, mesmo que a solicitação por parte de seu

empregador seja divergente.

1.2.1 Ética na comunicação empresarial

Os comunicadores possuem uma função estratégica no interior das

empresas, pois planejam e divulgam as ações sociais que passam a fazer

parte das organizações e estabelecem padrões éticos no relacionamento com

os públicos. O jornalista Yve Lee, através de sua postura ética, inaugurou uma

nova postura ética frente aos meios de comunicação.

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Formalmente, em carta pública dirigida à imprensa, Lee

estabeleceu um pequeno conjunto de regras ético-morais, em favor da

informação confiável. Comprometeu-se a fornecer notícias – apenas

notícias – e de se colocar à disposição dos jornalistas, para respostas

honestas, verdadeiras, sempre que solicitado. Com o fornecimento de

informações tratadas pelos critérios da carta-compromisso, não custa

admitir que deve ter ajudado a fazer boas matérias jornalísticas. (Santos

apud CHAPARRO, 2001, p. 1).

Esta postura apresenta repercussões ainda na sociedade atual, pois,

as empresas necessitam de uma imagem de preocupação social e ética, que

são cada vez mais fundamentais para a construção de sua imagens,

manutenção no mercado e acumulação que lucros. Neste cenário ganha

destaque a participação dos profissionais de comunicação. A empresa ética

solidifica seu relacionamento com seus clientes e com o público com base em

uma imagem de honestidade. Neste sentido é fundamental ressaltar o papel do

relações públicas na efetivação de uma postura ética por parte das

organizações. A comunicação, portanto, está profundamente implicada nas

preocupações éticas, principalmente porque, tem grande influência na

construção e manutenção da credibilidade e identidade corporativa.

No universo corporativo, as organizações têm se preocupado em

resgatar valores éticos e em desenvolver ações voltadas para questões sociais.

Assim, é inegável a importância da ética empresarial e da responsabilidade

social como fatores competitivos para as empresas. As ações de

responsabilidade social praticadas pelas empresas devem ser reforçadas pelas

estratégias de comunicação, já que é através delas que a empresa se mostra.

Para isso, é fundamental a definição de um posicionamento junto aos seus

públicos.

Os públicos devem ser priorizados em qualquer ação da organização,

razão pela qual a postura ética deve estar presente na gestão da organização.

É impossível pensar num planejamento de comunicação sem se preocupar

com assuntos da ética. Segundo Chinem, “...a assessoria de imprensa, longe

de executar uma tarefa rotineira, enfadonha e repetitiva, exige conhecimentos

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técnicos e uma consciência ética de suas influências na opinião pública”.

(Sêmia Mauad apud CHINEM, 2003: 11).

As empresas, preocupadas com a imagem corporativa, com a

valorização de suas marcas ou com a manutenção e melhoria de sua

reputação, acabam também por compor uma agenda em que a reflexão ética

ganha estatuto de estratégia relevante; afinal, a reputação é uma das facetas

mais vulneráveis que as empresas apresentam. Neste contexto, percebe-se a

relevância dos profissionais de comunicação organizacional e relações públicas

ao sensibilizarem a alta administração a respeito das contribuições da gestão

ética às organizações.

.

1.2.2 A construção de uma imagem embasada nos conceitos de ética

Da mesma forma que o indivíduo é analisado pelos seus atos, as

empresas (que são formadas por indivíduos) passaram a ter sua conduta mais

controlada e analisada, sobretudo após a edição de leis que visam a defesa de

interesses coletivos.

Em virtude disso, observa-se a crescente preocupação, por parte dos

empresários, da adoção de padrões éticos para suas organizações e

divulgação destas imagens. Indubitavelmente, os integrantes das organizações

são analisados através do comportamento e das ações por eles praticadas,

tendo como base um conjunto de princípios e valores.

A credibilidade de uma instituição é o reflexo da prática efetiva de

valores como a integridade, honestidade, transparência, qualidade do produto,

eficiência do serviço, respeito ao consumidor, entre outros.

Por essa razão diversas empresas empreendem um esforço

organizado, a fim de encorajar a conduta ética entre seus empregados. Para

tanto, elegem princípios e valores em que se pauta sua organização. Sob

esses postulados, implantam códigos de ética, idealizam programas de

treinamento para seus executivos e empregados, capacitam lideres que

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percorrem os estabelecimentos da organização incentivando o

desenvolvimento de um clima ético.

Com efeito, a empresa que desenvolve programas de ética,

preocupando-se com a criação e desenvolvimento de clima ético no ambiente

de trabalho, terá agregada à sua imagem importante fator de

competitividade. Neste sentido, essa nova postura das empresas implica em

uma nova realidade de atuação das relações públicas. É necessário que a

comunicação das organizações reflita este novo ambiente empresarial.

“Os lideres empresariais descobriram que a ética passou a ser um fator

que agrega valor à imagem da empresa” (WHITAKER., 2012). Assim, os

profissionais de comunicação empresarial passam a desenvolver um trabalho

que visa divulgar uma imagem positiva da empresa, porém respeitando as

questões éticas e o compromisso com a informação verdadeira no seu

exercício profissional.

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CAPÍTULO 2

ASSESSORIA DE IMPRENSA E A BUSCA DA IMAGEM

FOTOGRÁFICA POSITIVA

As imagens possuem um apelo que, em todas suas formas (pinturas,

desenhos e afins), sempre despertaram deslumbramento e encantaram o

mundo. Especialmente após o surgimento da fotografia, cujo significado é

escrever com a luz, a imagem adquiriu status de objetividade e de espelho do

real por retratar a realidade. Em resumo, o mundo tornou-se de certa forma

familiar com a chegada da fotografia. Até então toda realidade era transmitida

unicamente pela tradição escrita, verbal e pictórica. A fotografia trouxe para o

mundo a possibilidade de comprovar a veracidade daquilo que se afirmava. O

conceito que qualificava esta descoberta da modernidade era o de que a

fotografia não mente.

A fotografia firmou-se, então como um documento absoluto de verdade

e reprodução exata da realidade. Até os mais ilustres questionadores desse

aforismo, como Roland Barthes em seu livro A Câmara Clara (1980),

reconhecem a autenticidade que a fotografia confere; por ser um “certificado de

presença”.

“Todavia, porque era uma fotografia, eu não podia negar que

eu tinha estado lá [...]. Nenhum escrito pode me dar essa certeza. O

infortúnio (mas também, talvez, a volúpia) da linguagem é não poder

autenticar-se a si mesma. O noema da linguagem talvez seja essa

impotência.” (BARTHES, 1980, p. 128)

Barthes conclui que a pintura pode muito bem simular a realidade sem

jamais tê-la visto. O discurso, idem, com seus referentes muitas vezes

ficcionais. Na fotografia acontece o contrário, pois o próprio Barthes afirma que

nunca poderia negar que a coisa fotografada realmente estivesse lá. Este

poder de evocar o testemunho, a comprovação, fez com que a fotografia fosse

incorporada à imprensa para reforçar a credibilidade das notícias veiculadas.

A fotografia, no jornalismo, não serve somente para referendar a

notícia. Cada vez mais ela assume a condição de fonte de informação,

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concorrendo em importância com o texto e, muitas vezes, sendo a principal

ferramenta usada para chamar a atenção do leitor. Talvez pela leitura direta

que proporciona, facilitando o entendimento do assunto; talvez pela rapidez

com a qual comunica.

Como afirma JORGE PEDRO SOUSA (2000, p.75).

“a fotografia jornalística ganhou força, ultrapassando o carácter

meramente ilustrativo-decorativo a que ainda era geralmente voltada. O

fotojornalismo de autor tornou-se referência obrigatória. Pela primeira

vez, privilegia-se a imagem em detrimento do texto, que surge como um

complemento, por vezes reduzido a pequenas legendas.”

São qualidades essenciais do fotojornalismo “o ineditismo, o impacto, a

originalidade e a plasticidade" - assim, afirma o "Manual de Redação" do jornal

Folha de S. Paulo.

“fotografia - A foto editada com destaque é a primeira coisa -

muitas vezes a única- que o leitor vê na página. Se a foto e a legenda

tiverem qualidade, o leitor poderá passar a dar atenção aos títulos e

outros elementos da página.” (Folha de São Paulo, 1996)

Segundo Flusser, “imagens são superfícies que pretendem representar

algo”. (2002, p.7), e a fotografia possibilita que mesmo um indivíduo pouco

alfabetizado possa compreender o objeto, cena, situação retratada e tirar dali

uma interpretação, isso é, qualquer indivíduo esta apto a “ler” uma imagem.

A capacidade de passar uma mensagem (intencionalidade de

comunicação), que é intrínseca à fotografia, é fundamental para o

fotojornalismo. O fotojornalismo busca exatamente isso, que o leitor

compreenda sem esforço a informação reunida na imagem bidimensional. Os

signos presentes na composição da imagem fotográfica tem esse papel.

Como já vimos no capítulo 1, as assessorias de imprensa constroem

sua narrativa com as características do jornalismo para alcançar o público alvo

com credibilidade. Da mesma forma, a fotografia utilizada para

ilustrar/comunicar deve ser produzida para reforçar ou criar uma imagem

positiva da organização.

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Para que a fotografia não perca as características de gênero e formato

do jornalismo, precisa enquadrar-se nos critérios de noticiabilidade, para ser

aceita e aproveitada nas redações.

O reconhecimento à importância da credibilidade que a fotografia

possui é inegável. Porém, necessita-se ressalvar que esta, sozinha, dificilmente

conseguiria realizar uma comunicação plenamente satisfatória. Sousa (2002)

compartilha desta compreensão, ao afirmar:

“não existe fotojornalismo sem texto. Imaginemos a fotografia

de um instante qualquer, por exemplo, de um instante de uma guerra.

Essa fotografia pode ser extraordinariamente expressiva e tecnicamente

irrepreensível. Mas se não possuir um texto que a ancore, a imagem

pode valer, por exemplo, como símbolo de qualquer guerra, mas não

vale como indício da guerra em particular que representa.” (SOUSA,

2002, p.76)

Quando a assessoria de imprensa planeja a inclusão de fotografias que

servirão para ilustrar as matérias enviadas às redações, procura transmitir ao

fotógrafo designado para a cobertura uma pauta dessa matéria, no intuito de

que ele construa, antecipadamente, um arranjo mental da imagem que irá

produzir. A imagem realizada, ao mesmo tempo em que representa o real,

reflete o ponto de vista de seu autor. A fotografia, de fato, não é resultado de

um simples “clique”. Para realizar a foto o fotógrafo exercita um trabalho

intelectual. Raciocina, sente e produz por meio de seu intelecto criativo, padrão

cultural, técnica e experiência de vida. (BARTHES, 1984). A fotografia não é

um mero “acidente fotográfico”, é o resultado de prévio projeto.

O fotógrafo consegue comunicar esta sensação combinando sua

sensibilidade – ou seja, seu olhar – com seus conhecimentos sobre

ferramentas e técnicas. Para obter uma imagem que seja ao mesmo tempo

uma foto do tema e um comentário sobre esse tema, o fotógrafo olha, pensa,

escolhe o equipamento certo e só então aperta o botão de disparo.

A intenção do fotógrafo de assessoria de imprensa é transmitir um

registro benéfico de seu assessorado. A premeditação da foto ocorre no

sentido de valorizar esteticamente o cenário, organizar os personagens e

objetos a serem fotografados, pensando com antecedência os conceitos e

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valores que quer transmitir ao leitor. O “flagrante”, considerado como o

fotojornalismo autêntico, dificilmente estará presente nas fotografias de

assessoria de imprensa.

“Os fotojornalistas trabalham com base numa linguagem de

instantes, numa linguagem do instante, procurando condensar num ou

em vários instantes, “congelados” nas imagens fotográficas, toda a

essência de um acontecimento e o seu significado. Portanto, o foto-

repórter tem de discernir a ocasião em que os elementos representativos

que observa adquirem um posicionamento tal que permitirão ao

observador atribuir claramente à mensagem fotográfica o sentido

desejado pelo fotojornalista.” (SOUSA, 2002, p.10)

Esta “liberdade” do repórter fotográfico em organizar os elementos que

serão fotografados, para melhorar o resultado da fotografia, é bastante comum.

Da mesma forma que a escolha do equipamento mais adequado ao evento que

irá fotografar (câmera, objetivas, flash, filtros etc) e das inúmeras combinações

técnicas possíveis (abertura do diafragma, velocidade do obturador, ISO,

resolução da imagem etc) e necessárias à realização da foto.

Fazer uso dos recursos técnicos e dos elementos da linguagem

fotográfica na direção da cena é inerente à atividade de todo fotógrafo. A

organização dos elementos, de forma a valorizar o evento e seus personagens,

premeditando o resultado que quer alcançar, possibilita ao repórter fotográfico

criar uma realidade que atenda ao ponto de vista do assessorado, procurando

induzir o leitor a fixar a imagem como referência, como conceito da

organização assessorada. Esses conceitos são transpostos para a imagem

fotográfica por elementos de significação entre outras estratégias de

construção de significados.

Os manuais profissionais (por exemplo: Kobre, 1991: 15)

aconselham os fotojornalistas a tirarem várias fotografias de cada um

dos pontos de vista mais pertinentes, para depois poderem ser

escolhidas as melhores, inclusive aquelas em que os sujeitos

fotografados fazem determinadas expressões ou gestos mais

significativos.” (SOUSA, 2002, p. 62)

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Quando se trata de atuação profissional voltada para um órgão público,

como uma prefeitura (onde está sendo delimitada a pesquisa deste trabalho), o

desafio é buscar que a imagem dessa administração se afirme de forma

positiva perante à população por ela atendida. Essa positividade é conseguida,

principalmente, quando os administradores e gestores do órgão público são

mostrados em ação, nas respectivas atividades que coordenam, bem como na

satisfação da população, usufruindo os serviços públicos e sendo alcançada

pelos projetos e programas que visam o atendimento público, melhorando sua

qualidade de vida. É através da fotografia, documental ou factual, que é dado o

testemunho em potencial que tal fato ocorreu.

A fotografia reforça o ângulo proposto pelo release, cuja finalidade é a

divulgação e, principalmente, a valorização das ações da prefeitura através do

destaque que é dado nas matérias. Texto e imagens se compõem num

enunciado articulado. A fotografia torna-se uma ferramenta estratégica, pois o

visto é mais lembrado do que o falado.

2.1 O surgimento e as inovações possibilitadas pela tecnologia Digital

Se datam dos anos 1800 a invenção da fotografia permanente, foi

apenas em 1925, com a criação das máquinas de 35mm, que as mesmas

puderam ser utilizadas em larga escala junto aos instrumentos de comunicação

(Alves, 2011). As novas câmeras, mais leves, ágeis e com objetivas mais

claras, facilitaram o trabalho dos fotógrafos, principalmente os que trabalhavam

com fotojornalismo, favorecendo as amplas reportagens fotográficas.

“Aparição de novos flashes e comercialização das câmaras de

35mm, sobretudo da Leica e da Ermanox, equipadas com lentes mais

luminosas e filmes mais sensíveis. Segundo Hicks (1952), a facilidade de

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manuseamento das câmaras de pequeno formato encorajou a prática do

foto-ensaio e a obtenção de sequências;” (SOUSA, 2002, p. 18)

A demanda por equipamentos mais leves e ágeis despertou o interesse

e a necessidade dos fabricantes em investir no setor, provocando uma

renovação nesse mercado e atraindo o grande público para as novidades

tecnológicas e favorecendo a produção das belas imagens que surgiam no dia-

a-dia da imprensa mundial.

A profissão de fotógrafo passou a ser valorizada em todo o mundo,

revelando profissionais altamente qualificados e respeitados em vários países,

como Erich Salomon, Cartier Bresson, Edward Weston, Eugene Smith, Robert

Capa, Robert Frank, Alexander Ródchenko, Pierre Verger e Jean Manzon,

entre outros. Esses profissionais viraram referência do fotojornalismo mundial,

devido a criatividade e ousadia mostradas em suas fotografias, fazendo delas

verdadeiras obras de artes, admiradas por milhões de pessoas.

A evolução constante das câmeras fotográficas foi o principal

combustível para o avanço do fotojornalismo e o aumento na produção das

fotografias pelos profissionais que surgiam.

Resolvida a questão da operacionalidade dos equipamentos, pelos

fabricantes, começava um outro entrave. A transmissão das imagens às

editorias para sua inserção nos veículos (jornais, revistas etc), somado ao

tempo de duração do processo químico da revelação e fixação das imagens,

era muito lento. Isso se resolve, principalmente, com o desenvolvimento de

aparelhos digitalizadores de imagens, os scanners e os softwares de edição de

imagens (BAPTISTA, 2002).

“Até a década dos 80, toda e qualquer fotografia era produzida

por processos físico-químicos. Até que foi inventada a câmera digital,

que dispensou a parte química do processo fotográfico e passou a

converter a luz em sinais eletrônicos. Além disso, o desenvolvimento de

aparelhos digitalizadores de imagens, os scanners, foram incorporados

na produção fotográfica editorial, fazendo com que todo o uso de

fotografias no campo editorial passe pelos computadores, mesmo que as

fotos tenham sido capturadas no processo físicoquímico tradicional.”

(BAPTISTA, 2002, p. 11)

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A conversão da fotografia analógica (cuja matriz é o filme, a película)

para o campo da computação (bits), potencializou a modificação de imagens

após o seu registro, caracterizando o que atualmente chamamos de “processo

pós-fotográfico”.

Evidentemente, era possível a manipulação e a alteração das imagens

pelo processo analógico. Entretanto, a dificuldade do processo e a lentidão

própria desta tecnologia inviabilizavam sua utilização em larga escala nos

processos jornalísticos. Estes entraves foram rapidamente removidos com o

advento da fotografia digital (Alves, 2011).

Enquanto no filme fotográfico, uma vez registrada, a informação

impressa no negativo é irreversível, nada pode ser mudado, a informação

digital representa exatamente o oposto. Tudo nela é variável e adaptável. Não

apenas pode ser controlada e manipulada em sua inteireza, mas também em

cada um de seus pontos individuais( SANTAELLA, 1998).

É o que afirma BAPTISTA, Eugênio Sávio Lessa:

“No jornalismo, as imagens são sempre produzidas com um

aparato mecânico e, em seguida, convertidas em uma matriz numérica

de pixels, podendo ser transformadas radicalmente, se tornando

“pósfotográficas”. Ao mesmo tempo, imagens geradas já em formato

eletrônico, através de câmeras digitais, podem não sofrer qualquer

transformação, vindo a ser usadas da mesma forma que a imagem

"fotográfica". E mais: imagens do paradigma “fotográfico” podem ser

puramente o resultado de uma construção do real, independentemente

da existência de manipulações eletrônicas, mas somente através dos

dispositivos da pose, da direção, resultando em pura mistura entre as

características que a autora aponta para as duas fases.” (BAPTISTA,

2002)

A mesma observação é compartilhada por Sousa (2002).

“A fotografia digital obedece igualmente ao princípio da câmara

escura, mas a informação (a imagem), em vez de ser armazenada num

filme é guardada electromagneticamente sob a forma de um código

binário de zeros e uns. Ou seja, numa máquina digital, a luz, em vez de

dar origem a uma imagem analógica, é transformada, por ação de um

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transdutor, num código digital. A informação é armazenada digitalmente

e não analogicamente, como nos filmes.

As máquinas digitais mais usadas em fotojornalismo podem

controlar-se como as máquinas analógicas. Portanto, os princípios de

utilização das máquinas fotográficas (velocidades, aberturas...), de

composição de imagem, de utilização expressiva da profundidade de

campo e das velocidades de obturação, etc. são idênticos quer se trate

de fotografia digital quer se trate de fotografia analógica.” (SOUSA,

2002,p.38)

O surgimento das câmeras digitais, no final dos anos de 1980, foi o

último grande avanço tecnológico; em contrapartida, sucitou o debate sobre a

legitimidade das imagens capturadas pela nova tecnologia. A virtualização da

imagem gerou a reconceituação da credibilidade conferida à fotografia em

todas as esferas de sua utilização.

“Porém, alguns casos dos finais dos anos oitenta e princípios

dos noventa vieram renovar o debate sobre as fotos e a sua capacidade

de referenciar a realidade, evidenciando, igualmente, que as novas

tecnologias vão provavelmente destruir de uma vez por todas a crença

de que uma imagem fotográfica é um reflexo natural da realidade. As

“culpas” recaem sobre a fotografia digital.” (SOUSA, 2000, p.212)

Todavia, é inegável que o processo atual contribuiu para um avanço

sem precedentes na agilidade da utilização das imagens, pelos diferentes tipos

de mídia. “Hoje, a tecnologia já permite a ligação directa das máquinas aos

computadores e/ou a interfaces próprios, como modens que permitem o envio

rápido das fotos” (SOUSA, 2000, p.212).

É necessário ressaltar que as poses armadas pelo fotógrafo, os

retoques e as correções feitas em laboratório e a edição das imagens antes da

publicação sempre ocorreram com a fotografia, desde a sua invenção. Dentre

os vários exemplos que ficaram conhecidos mundialmente e sempre

levantaram a discussão sobre os mesmos, talvez as mais comentadas sejam a

prática que a extinta URSS adotava com os dissidentes do Regime Comunista.

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“Apagar os adversários das fotografias (e também da vida) foi

uma das marcas do ditador soviético Joseph Stalin (1879-1953).

Companheiros que caíam em desgraça eram extirpados da galeria por

retocadores de fotos que adulteravam a representação da história

soviética. O inglês David King, um historiador da fotografia, reuniu as

principais falcatruas iconográficas do stalinismo no livro The Comissar

Vanishes (O comissário desaparece).” (Instituto Gutenberg, 1997)

Já na era do digital crescem os casos e questionamentos sobre a

alteração das imagens comumente feitas após a captura da imagem.

Alguns desses episódios são citados por Sousa:

“Entre os primeiros casos identificados de manipulação digital

de imagens fotográficas na imprensa, podemos referenciar os seguintes:

a) Apagamento, em 1989, no St. Louis Post-Dispatch, de uma

lata de Diet Coke numa fotografia de notícias, com o argumento de que

se deveria destrinçar publicidade de jornalismo;

b) Enegrecimento da cara de O.J. Simpson numa capa da

Time, revista que já em 1989, numa edição especial para

coleccionadores, tinha removido a antena de um walkie-talkie que

parecia sair da face da atleta olímpica Mary Decker;

c) Aparecimento, na Primavera de 1994, de várias disposições

de sequências fotográficas da execução de três paramilitares sul-

africanos da extrema-direita racista por tropas negras de um bandustão.

Os paramilitares foram executados na frente de um grupo de

fotojornalistas e os jornais aproveitaram diferentemente fotos de grande

parte desses fotojornalistas, apresentando-as em falsas sequências,

para criarem uma imagem do acontecimento. As sequências variaram de

órgão de comunicação social para órgão de comunicação social. O

acontecimento foi, assim, recriado fotograficamente, de uma forma mais

espectacularizada do que referencial;

d) A National Geographic "deslocou", em Fevereiro de 1982,

uma pirâmide de Gizé numa fotografia "ao baixo" para que a fotografia

pudesse ser colocada "ao alto", na primeira página;

e) Rotineiramente, os editores de fotolivros e de revistas

manipulam digitalmente as fotografias para a primeira página, pois elas

serão vistas mais como ilustração do que como documento.” (SOUSA,

2000, p.212)

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A evolução dos equipamentos digitais está transformando a prática tão

comum da fotografia analógica em artigo obsoleto. A conversão da imagem em

milhares de pulsos eletrônicos, e armazenada sob a forma de código binário

em computadores, dvd, cd-rom ou cartões de memórias, possibilita que a

fotografia digital seja transmitida por satélite logo após sua produção, com a

ajuda de um computador e telefone portáteis. Uma rapidez de que a fotografia

analógica não dispõe. (Oliveira, 2006)

Como vimos, estamos vivenciando um duplo momento: a necessidade

de veiculação de uma imagem positiva através da fotografia, como forma de

difundir valorizar versões de produtos, instituições e pessoas, aliado às

facilidades da manipulação de imagens gerada pela evolução tecnológica dos

equipamentos fotográficos.

Este processo vem se executando, muitas vezes, sem o

reconhecimento sobre o que pensam os profissionais que utilizam-se dessa

tecnologia no seu dia-a-dia. Conhecer as questões e reflexões destes

profissionais acerca do seu processo de trabalho e das repercussões sociais

oriundas destes torna-se fundamental na atualidade, já que o entendimento

acerca do impacto social de um trabalho tende a imprimir uma direção ao fazer

profissional em questão.

Deste modo, no capítulo três, iremos verificar o que os profissionais de

assessoria de imprensa da prefeitura municipal de Macaé entendem e pensam

sobre as questões aqui versadas.

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CAPÍTULO 3

A PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ASSESSORIA

DE IMPRENSA SOBRE A MANIPULAÇÃO DIGITAL DAS

IMAGENS FOTOGRÁFICAS

O avanço tecnológico da fotografia digital, nos últimos anos

revolucionou o processo e a forma de lidar com a imagem fotográfica. O que

antes era exclusivamente de competência do fotógrafo e do laboratorista, foi

incorporado ao fluxo de trabalho da maioria dos profissionais que atuam em

assessoria de imprensa.

Entretanto, são poucos os estudos que resgatam a percepção que os

profissionais têm de sua intervenção neste processo. Foi necessário

desenvolver uma pesquisa sobre as etapas pelas quais a fotografia transita

(desde a captura da imagem pelo fotógrafo até sua publicação nas diferentes

mídias), as mudanças tecnológicas e suas consequências na realização do

trabalho profissional e no cotidiano dos assessores de imprensa. A pesquisa foi

desenvolvida com o objetivo geral de verificar o que os profissionais de

assessoria de imprensa entendem e pensam sobre manipulação nas imagens

fotojornalísticas. Seus objetivos específicos eram:

• Descrever a percepção dos profissionais sobre o processo produção e alteração de imagens que compreende desde a chegada da fotografia jornalística nas redações, passando pelo tratamento até a publicação.

• Identificar quais os fatores que, segundo a percepção dos profissionais, são relevantes para publicação de uma imagem.

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3.1 Método

Foram selecionados para esta pesquisa os profissionais de assessoria

de imprensa lotados na secretaria de comunicação da prefeitura Municipal de

Macaé (Secom), priorizando os concursados. Uma vez que estes profissionais

possuem uma relativa autonomia no seu trabalho, mas também são

pressionados a responder a demanda institucional para o qual são convocados.

São eles: fotógrafos, jornalistas, arquivistas e tratadores de imagem, design

gráficos e publicitários.

Após o contato inicial e a concordância do sujeito para participar da

entrevista, foram coletados os dados empíricos através de entrevistas

individuais, realizadas a partir de um roteiro pré-estruturado (em anexo).

O método usado para definir o número necessário de entrevistas foi a

da saturação de informações (GASKELL, 2004). As entrevistas foram

encerradas quando as coletas de dados pararam de produzir novas

informações, o que ocorreu após a oitava entrevista. Desse modo iniciamos a

preparação dos dados para análise.

Os entrevistados serão apresentados pelo nome, tempo de profissão e

ramo de especialização, conforme quadro a seguir:

Entrevistado Tempo na profissão (em anos)

Perfil profissional

Ana Chaffin

14

Fotógrafa concursado da Prefeitura de Macaé. Iniciou na Secom em 1998.

Elis Regina Nuffer

21

Jornalista formada desde 1991; assessora de imprensa, atua na Secom como repórter redatora; concursada.

Edie Lameu

14

Atua como diretor de arte desde 1998; está na Secom há um ano; concursado.

Simone Noronha

7

Coordenadora de jornalismo da Secom desde 2005.

Rui Porto Filho

14

Fotógrafo concursado da Prefeitura de Macaé; Iniciou na Secom em 2006.

Kaná Manhães

5

Arquivista e fotógrafo. Iniciou na Secom em 2007.

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Catarina Brust

7

Jornalista concursada da Prefeitura de Macaé. Iniciou na Secom em 2005.

Thalita Prata

4

Criação de arte fotográfica e tratamento de imagem; concursada. Iniciou na Secom em 2008.

Após a realização das entrevistas, o material foi transcrito. Para a

exploração do material, as informações foram ordenadas a partir dos aspectos

relevantes das entrevistas, a fim de que este material pudesse ser analisado e

organizado para ser apresentado em categorias. O material foi submetido a

uma análise temática (BARDIN, 1979), que possibilitou identificar informações

e valores expressos nas falas.

Da leitura do material foram elencadas três categorias para análise, a

saber: (1) processo de trabalho analógico; (2) processo de trabalho digital; (3)

A percepção dos profissionais envolvidos sobre as etapas da fotografia digital:

desde o clique até a publicação. Os principais resultados da pesquisa serão

apresentados a seguir.

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3.2 – Resultados da pesquisa

3.2.1 O processo de trabalho analógico

O trabalho com filmes negativos ou positivos (cromos) de diferentes

formatos foi um dos fatores fundamentais para a disseminação da fotografia

profissional. Dentre esses formatos o 35 milímetros tornou-se insuperável, sua

popularização foi possível dado ao seu menor peso e tamanho, qualidade de

imagem, facilidades de transporte e baixo preço (Alves, 2011).

Em contrapartida exigia-se mais habilidade e concentração do fotógrafo

pois o filme (negativo ou positivo, cor ou preto e branco) possuía mais

limitações de registro fotográfico. As principais características que podemos

citar são: A sensibilidade – cada filme possuía um ISO invariável (100, 200, 400

ou 800 eram os mais comuns). Balanço de cor – também era invariável em

cada filme (Day-light ou tungstênio eram os principais). E, talvez, a principal

limitação do filme estava na quantidade de fotogramas (poses). Onde o de

maior capacidade era de 36 poses. Com isso, a quantidade de rolos de filme e

acessórios necessários para o fotógrafo realizar seu trabalho, dependendo do

evento, aumentava consideravelmente o volume da sua bolsa.

Após realizar as fotos iniciava-se o processo da revelação.

Normalmente a revelação de cada rolo de filme era feita depois de esgotar sua

capacidade. Muito embora após o registro de eventos importantes era natural

que o filme fosse enviado ao laboratório antes de ser esgotado (Alves, 2011).

Portanto, o fotógrafo também precisava controlar a quantidade de cliques de

forma a otimizar a capacidade do rolo de filme, para evitar desperdício de

poses pois a revelação é irreversível.

Era no laboratório, durante a revelação e a ampliação de cada

fotograma, impresso em papel (geralmente fazia-se as provas em tamanho

10x15cm para manter a proporcionalidade do tamanho do fotograma

24x36mm), que o laboratorista fazia as correções de cor, exposição e outras

intrínsecas ao processo, baseado em sua experiência e perícia para decidir o

que era considerado como ideal em cada fotografia.

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“Na época do filme também era feito. Era feito pelo laboratório

não é? Você chegava com o filme e não era exatamente o que estava no

filme que você via no papel. Se você mandasse lá pro laboratório copiar

suas fotinhas 10x15 coloridas, que todo mundo fazia, o laboratorista vai

alterar na máquina magenta, verde e toda aquela gama de cores” (Rui

Porto Filho)

Fazia parte do processo a espera de algumas horas, pela redação,

para poder avaliar se o material produzido estava de acordo com o idealizado.

Para o uso publicitário, esse processo era acrescido de outras etapas

que demandavam um tempo maior para ser concluído.

“Naquela época você tinha que fotografar, você tinha que

mandar fazer um chroma (que é o positivo da imagem, impresso numa

película muito pequena mas com uma qualidade absoluta da imagem),

aí esse chroma você tinha que mandar para um estúdio pra escanear o

scanner específico era muito caro. Aí essa imagem chegava para você

tratar. Nisso você já perdeu dois dias.” (Edie Lameu)

Caso o trabalho do fotógrafo fosse realizado em outra cidade distante

da redação, era ele quem analisava e selecionava no negativo, a(s)

ampliação(ões) que seriam transmitidas. Caso dispunha dessa possibilidade;

se não, seu retorno seria obrigatoriamente aguardado pela redação.

“Eu lembro de uma época que eu trabalhei no jornal O Dia no

RJ, na época era filme ainda eu trabalhava na base aqui de Macaé.

Tinha que mandar pelo ônibus, tinha que ligar falar o horário certinho

para o motoboy ir lá buscar. Às vezes, quando não dava tempo,

mandava na mão de um passageiro qualquer, tinha que contar com a

sorte. Já aconteceu de perder filme de perder foto importante. Era um

perrengue.” (Simone Noronha)

“Peguei uma época em que os filmes tinham horário bem cedo

para serem enviados via malote em ônibus da sucursal do Jornal O Dia

em Campos para a sede na capital. Era uma correria. Muita matéria boa

que acontecia à tarde ficava sem foto por causa disso.” (Elis Nuffer)

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De posse das imagens selecionadas, a assessoria se encarregava de

enviá-las aos jornais locais para ilustrar o release. Da mesma maneira ocorria

com as imagens produzidas para fins publicitários.

Devido as limitações do processo pós-fotográfico, restavam poucas

alterações da imagem original. Basicamente, podia-se adequá-la ao espaço

(formato) ao qual se destinava, fazendo-se cortes nas ampliações.

“Conseguia fazer alteração indicando ao laboratorista que iria

processar a cópia em papel o corte desejado. As cores eles ajustavam

no laboratório sem pedido prévio.” (Rui Porto Filho)

Mais tarde o processo de “escanear” (digitalizar) a imagem, permitiu

que a fotografia pudesse ser enviada mais rapidamente e com mais qualidade

gráfica do que a transmissão via rádio (UPI ou fac-símile - as mais utilizadas).

A fotografia agora era transformada em um arquivo de bytes. Entretanto, ficava

praticamente limitado ao uso jornalístico, pois para a publicidade, essa

qualidade ainda deixava a desejar.

“Exatamente tudo que é feito no computador, hoje em dia,

antigamente era feita a mão, com letra set, recortes, etc. A manipulação

nas imagens eram quase impossível de ser feita. Muitas vezes era mais

fácil produzir a foto novamente do que corrigí-la de alguma forma.” (Edie

Lameu)

Quando surgiram, os programas de tratamento de imagem ainda eram

utilizados de forma muito tímida. Praticamente somente pelos profissionais de

design gráfico e publicitários, com reservas devido à baixa qualidade gráfica.

Os fotógrafos e jornalistas ainda não haviam incorporado ao seu fluxo de

trabalho, o tratamento pós-fotográfico.

“Então durante alguns anos ainda me utilizei de chromos pela

alta definição. Contudo já podia existir a interferência na imagem

fazendo-se um tratamento digital depois da imagem digitalizada.” (Edie

Lameu)

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Como podemos notar, o tempo necessário à visualização da imagem, a

dificuldade em fazer o material chegar à redação e as limitações do trabalho de

pós-produção, faziam com que a fotografia utilizada para ilustrar um evento não

ficasse muito distante daquela imagem originalmente obtida pelo fotógrafo, no

momento do clique.

Muito provavelmente, a fotografia analógica e as limitações intrínsecas

ao processo contribuía para que os profissionais envolvidos em cada etapa

realizassem suas atividades com mais especificidade. Não sendo comum,

portanto, que todos possuíssem domínio em mais de uma etapa.

“Se tivesse só um fotógrafo na redação revelando os filmes,

tínhamos de esperar e atrasava todo o serviço do repórter e,

consequentemente, da edição.” (Elis Nuffer)

Com o surgimento da fotografia digital, desde a captura da imagem e o

desenvolvimento dos softwares de edição essas questões se modificam.

“Inicia-se um novo modo de fazer fotografia no Brasil e no mundo” (Alves,

2011, p.36).

A imprensa foi se adaptando à tecnologia digital e jornais e revistas

passaram a utilizar a imagem de pixels. Essa migração acrescentou velocidade

na produção, transmissão e armazenamento. Além disso, multiplicou as

possibilidades de edição e manipulação. Vejamos essas particularidades.

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3.2.2 O processo de trabalho digital

Câmeras digitais - uma tecnologia que dispensa o filme, a revelação e

a cópia em papel ou slide. As imagens são capturadas por um sensor,

transformadas em um código binário e armazenadas num chip, no interior da

câmera. Em frações de segundos aparecem no visor LCD e depois também

podem ser vistas e editadas numa tela de computador.

Obviamente que o jornalismo, a publicidade e todos os segmentos que

trabalham com imagem não podem renunciar a um avanço tecnológico desse

porte.

“A fotografia digital revolucionou tudo isso. Principalmente na

área de comunicação, na área de imprensa, na área de jornal e hoje eu

acho que não se vive mais, não se vê mais qualquer comunicação sem a

fotografia digital. Não existe! Acho que nem existe mais alguém que

trabalhe com filme” (Simone Noronha)

“Trabalho com direção de arte (design, programação visual) e a

chegada da tecnologia digital significou uma mudança de 180° graus no

trato com o trabalho.” (Edie Lameu)

É particularmente útil para fotos de eventos próximos ao fechamento

do jornal. A foto pode ser transmitida do próprio local, pelo fotógrafo, para o

computador da redação e em minutos está disponível à todas as mídias.

“Para o fotojornalismo e para a assessoria de imprensa a

fotografia digital foi um ganho muito grande. O mundo tá rápido, corrido e

a velocidade com que você consegue espalhar uma informação, por

causa da facilidade digital, ajudou muito esse trabalho.” (Rui Porto Filho)

A capacidade dos cartões de memória, onde as imagens digitais ficam

armazenadas após a captura digital, parece não ter limites. A quantidade de

imagens que estes dispositivos podem armazenar cresce assustadoramente,

isentando o fotógrafo da antiga preocupação de que o filme pudesse acabar a

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qualquer momento. Além da economia proporcionada. O custo com o filme, a

revelação e a ampliação, já não existem mais.

“Hoje a fotografia digital ela proporcionou você ter um custo

mínimo na hora de fotografar. Você não tem que gastar filme e revelar os

filmes, então os fotógrafos acabam fazendo mais. Isso tem pontos à

favor e pontos contra, sem querer discutir este fato. É que os fotógrafos

começaram a fotografar mais por causa desse baixo custo né?” (Rui

Porto Filho)

Não havendo preocupação com essa limitação surge uma tendência de

se fotografar em quantidades cada vez maiores. Substituindo muitas vezes o

pensar. Dessa forma, fica garantido que ao menos uma foto irá satisfazer a

necessidade do trabalho.

“Tem evento que você faz aí umas trezentas fotos depende da

sua empolgação também no evento, daquilo que te dê conteúdo pra

você ir fotografando.” (Ana Chaffin)

“Vai depender muito da campanha e às vezes para você poder

usar uma fotografia o fotógrafo precisa fazer até cem cliques. Hoje em

dia na era digital cem fotografias não é nada.” (Edie Lameu)

“Se eu vou fotografar um jogo de futebol eu bato de 700 a 1000

fotos num jogo de futebol para tirar 90 para mandar pra agência.” (Rui

Porto Filho)

“A gente saiu com uma equipe de produção, com uma fotógrafa

esses dias. Ela fez mais de 1.000 fotos correndo a cidade, fazendo

levantamento de obras e várias situações, várias coisas. Então ela fez (o

material) em quatro dias 1.000 fotos.” (Catarina Brust)

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Muito embora, a quantidade excessiva de fotografias tiradas em cada

evento servirá também para uma maior diversidade de imagens e enriquecerá

a proposta da assessoria em gerar material às diferentes mídias.

“A foto que a gente bota no site nem sempre é a mesma que a

gente bota no jornal, para não ficar muito repetitivo porque de repente é

a mesma pessoa que vai ver. Pega um pouco mal, a gente procura

mandar diferente.” (Simone Noronha)

“É publicado de várias formas. A imagem é diferente. A

imagem de uma publicidade é diferente da imagem jornalística, a

imagem da mídia para outdoor é uma, para o site é outra, para jornal é

outra. Sempre varia assim, com o tipo de mídia” (Catarina Brust)

“Eu separava três fotos diferentes para cada jornal. Justamente

para não ter a republicação e para a gente conseguir mostrar vários

ângulos do mesmo evento né? Eu acho isso muito legal, até porque

chama a atenção do leitor para os dois meios de comunicação” (Rui

Porto Filho)

“Eu busco diversificar um pouco para não ficar todas as mídias

com a mesma imagem. Eu procuro diversificar.” (Kaná Manhães)

O avanço tecnológico no campo da fotografia digital não se caracteriza

somente nas câmeras fotográficas tradicionais. O acesso a esse tipo de

equipamento torna-se cada dia mais comum em aparelhos celulares e

agendas de bolso com câmeras fotográficas acopladas. Bastando uma

resolução de imagem compatível com a mídia, para que qualquer pessoa,

fotógrafo ou não, possa veicular seu material.

“Hoje em dia até com um aparelho telefônico você consegue

fotografar. Se acontecer algum problema com seu equipamento

fotográfico você tendo um telefone, você não perde a pauta, você

consegue fazer a foto, você consegue enviar a foto é instantâneo o

processo. Rápido, mais rápido do que o seu raciocínio.” (Ana Chaffin)

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A qualidade da imagem, neste caso, está diretamente ligada à

resolução em Megapixels. Mesmo que se capture a imagem com a máxima

resolução que a câmera permite, há necessidade de adequar esse tamanho

ao tipo de mídia (jornal, revista, internet etc). Ou seja, uma mesma imagem

pode ser multiplicada para enquadrar-se aos diferentes destinos. É intrínseco

ao processo pós-fotográfico.

“Você tem que redimensionar porque hoje as câmeras digitais

geram arquivos muito grandes, então você transmitir pela internet é difícil

e nem sempre é necessário um tamanho tão grande para você fazer

impressão. Por isso depende para onde você vai mandar. Na assessoria

de imprensa da prefeitura de Macaé o foco principal é publicação em

jornal e publicação em site, então você tem que deixar a foto de uma

maneira qual seja suficiente para publicação em jornal e que não seja

muito pesado para transmitir no mailling.” (Rui Porto Filho)

Outra peculiaridade das câmeras digitais, que auxilia o fotógrafo em

seu trabalho é a visualização imediata das imagens no visor LCD. Este

dispositivo proporciona ao fotógrafo a possibilidade de conferir o resultado em

tempo real, pois o instante se revela automaticamente, instantaneamente na

pequena tela de cristal líquido.

O instante, com a digitalização passa a ser descartável e reconstruível.

Se a foto não fica boa, é só deletar e fazer outra, sem a necessidade de

esperar a revelação. E, se for o caso, repetir até que obtenha-se o resultado

desejado. Facilitando o trabalho do fotógrafo e contribuindo para que muitos se

aventurem na fotografia.

“Hoje tá muito banalizado. Qualquer pessoa acha: ah pega

uma máquina vai lá faz a foto tá tudo certo. E você acaba não

enriquecendo o material final que é a fotografia. Ela compõe muito a

história né? Ela chama a atenção.” (Rui Porto Filho)

Além da visualização instantânea da imagem. Esta tecnologia permite

que, através da informática, as imagens sejam armazenadas, transmitidas e

manipuladas, antes mesmo de os fotógrafos retornarem para a redação (Alves,

2011).

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3.2.3 A percepção dos profissionais envolvidos sobre as etapas da fotografia digital: desde o clique até a

publicação

Por se tratar de uma assessoria de imprensa, de um órgão público

como a prefeitura municipal de Macaé, os profissionais envolvidos possuem a

dimensão exata de seu papel. Sabem que fazem parte de uma equipe onde

todos estão engajados no mesmo propósito e devem seguir as diretrizes

propostas à garantir a manutenção da boa imagem do governo. E como em

todo organismo, a hierarquia deve ser respeitada.

“Tantos anos lidando com aquilo você já sabe mais ou menos o

que eles querem ver né? É de acordo com o texto deles aquilo que você

tem que fazer. Aqui é uma assessoria de imprensa. Já tem uma linha

padrão, não tem o que você fugir. Você pode usar a criatividade mas são

catorze anos fazendo a mesma coisa.” (Ana Chaffin)

A atuação de cada integrante da equipe não é realizada solitariamente.

As ações ocorrem sempre em conjunto.

“A gente atua no começo quando sai daqui, explica ao

fotógrafo qual é a pauta, qual é a situação, qual é a matéria. No meio do

caminho, lá durante o trabalho do fotógrafo também, a gente pode

interferir um pouco ou não, dependendo da situação. E na seleção

propriamente dita também. A gente tem um certo peso nesse processo.”

(Catarina Brust)

O fotógrafo, particularmente, como em toda assessoria de imprensa,

realiza seu trabalho atento, principalmente, à essas diretrizes. E sabe que, por

mais que tenha autoria sobre a imagem, além da formação técnica e domínio

da linguagem fotográfica necessária à desenvolver sua atividade, muitas vezes

não é dele a decisão sobre a imagem que será publicada.

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“Dependendo de uma situação assim de uma pauta que seja

mais delicada, a gente pede a opinião do próprio jornalista. Saber o que

ele acha pra escolher a melhor foto. De repente tem uma pessoa

naquela imagem que acha que não é legal ser veiculada naquele

momento. Aí procura dar uma editada na foto.” (Ana Chaffin)

“Primeiro é o alinhamento com a matéria. Pode esse

alinhamento ter sido feito previamente né? Como eu falei, ou

posteriormente depois que a foto está feita. Outra coisa que é

fundamental é a carga de informação que a imagem tem que ter. Isso aí

é inegável que tem que ter a fotografia que vai representar todo aquele

contexto. Ela tem que levar uma grande carga de informações.” (Rui

Porto Filho)

“No nosso caso realmente é a preocupação estética. A gente

vai pegar a melhor foto de acordo com a melhor iluminação, o melhor

ângulo. No caso quando a gente tem pessoa como modelo, a melhor foto

que aquele indivíduo apareça o mais natural possível. É o conjunto de

análises que são feitas mas a preocupação principal é estética.” (Edie

Lameu)

Faz parte da natureza do processo fotográfico digital o tratamento da

imagem. Por melhor que seja a câmera utilizada para capturar a imagem. A

fotografia digital, diferentemente do filme fotográfico, não captura e armazena

cores; transforma-as em números. Cada pixel é composto por um conjunto de

sensores RGB. Cada um com um número que representa suas cores e

tonalidades. Pode-se dizer que Isso seria o negativo das fotografias captadas.

É o chamado formato RAW e cada câmera possui um específico, proprietário

do fabricante.

“As câmeras digitais dos modelos SLR não geram arquivos

prontos, principalmente se você estiver fotografando em RAW. Para você

conseguir a qualidade máxima do arquivo ela tem que passar por um

pós- processamento que é feito nesse software de edição de imagem. O

mais famoso é o Photoshop que todo mundo conhece.

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Quais são os principais: Curvas, níveis, saturação,

luminosidade, luminância, sharpen e low pass. São os pontos bases que

você tem que mexer. Não quer dizer que você está alterando o material,

mas você está aperfeiçoando o que o sensor da máquina não consegue

fazer em primeira instância.” (Rui Porto Filho)

A partir daí, para obtermos a visualização das fotos, é necessário

converter estas informações para um formato específico. A maior parte das

câmeras faz automaticamente a conversão para o formato jpeg. O formato

jpeg é o mais utilizado pois, todos os softwares de edição e visualização de

imagem conseguem decifrá-lo. Assim, criou-se uma nova dimensão para a

fotografia que antes era sempre um corpo físico. E transformou-a nessa

imagem híbrida que é a fotografia digital.

Praticamente, todos os profissionais de assessoria de imprensa

incorporaram o manuseio das imagens à sua rotina de trabalho.

Hoje em dia não é prioridade do fotógrafo ou de um laboratorista

manipular essas imagens. Na verdade, as funções do laboratorista foram

transferidas ao fotógrafo e a todos que possuam alguma expertise no assunto.

“Às vezes quando está apertado eu também faço. Boto no

tamanho, no Photoshop, tanto pra jornal quanto pra internet e, às vezes,

também mando. Eu entendo um pouquinho do processo. Não sou

fotógrafa mas eu sei botar no tamanho, sei colocar no site, sei os meios

todos.” (Simone Noronha)

“Aqui no caso fotógrafo faz tudo. Não tem uma pessoa

específica para fazer cada processo.” (Ana Chaffin)

Esta tecnologia, de um modo geral, para o jornalismo e a publicidade,

atende a conceitos que se buscam nos dias atuais como agilidade, qualidade e

rapidez.

“Facilita na velocidade que a foto é enviada que é tratada e

com certeza a foto digital hoje em dia facilita muito o fotógrafo.” (Kaná

Manhães)

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“Quanto melhor a máquina melhor o computador mais rápido

se edita e faz o tratamento.” (Thalita Prata)

Na tecnologia digital, a manipulação se dá de forma mais fácil, rápida e

com visualização imediata. A credibilidade das imagens, que antes era um

dado quase incontestável, nos dias atuais pode ou não corresponder à

realidade (ALVES, 2011). Entretanto, ainda se confunde manipulação com

tratamento da imagem, que seria apenas melhorar a foto no aspecto

estético/visual.

“O tratamento é a gente melhorar a imagem que já vem. A

gente procura sempre trazer a imagem sempre pronta, mas é sempre

bom você melhorar a imagem.” (kaná Manhães)

“O tratamento com certeza né? Melhora a qualidade, você

botar uma corzinha ali outra aqui. Até pra nossa foto, da comunicação,

conseguir ser publicada nos veículos. Às vezes tem um evento vai o

fotógrafo do jornal e o nosso. A gente tem que querer sempre que a o

editor na hora de escolher, escolha a nossa foto. Então a nossa tem que

estar sempre bonitinha. Então acho que modifica sim em termos de cor

de tamanho muda sim.” (Simone Noronha)

“A foto de um menininho lá que a posição estava boa mas o

sorriso do outro rosto, da outra foto dele, estava melhor. Então

manipularam. Tiraram um sorriso de um rosto e botaram no outro. É nele

mesmo é do próprio menino, só que essa sequência foi manipulada um

pouco.” (Thalita Prata)

Essa possibilidade em escolher o que ressaltar em uma imagem, para

valorizar sua carga informativa e poder escolher os elementos significantes que

mais se encaixem na proposta da assessoria, foi bastante favorecida pela

tecnologia digital. Embora, a essência da fotografia ainda tenha relevância na

escolha da imagem que será publicada.

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“Eu acho que é a foto que mostra a emoção do evento. Por

exemplo uma inauguração: Não vai botar a foto de todo mundo parado,

vai botar a foto do cara cortando a fita, das pessoas alegres felizes. Uma

obra: Não vai mostrar a obra sem nada, vai mostrar a turma trabalhando.

uma festa de criança: A foto é da criança sorrindo, a criança se

divertindo. Eu acho que a emoção que determina, que faz escolher a

foto.” (Simone Noronha)

“Você bate os olhos e sabe, essa é a foto. É uma coisa assim

não tem como explicar, sei lá! Não sei explicar isso não, é intuitivo. Você

olha pra foto e vê que a foto tem uma distinção; aquela coisa que

justamente determina.” (Ana Chaffin)

Combinadas com softwares de edição e retoques gráficos, as fotos

digitais serviram para que os editores, depois de revirar os textos, também

“copidescassem” as imagens.

“Posso até modificar num detalhe, pedir para fazer um corte.

Até no caso, por exemplo, de evitar uma pessoa que está nessa foto,

que não deve ser incluída. Alguma coisa assim e a gente pode interferir

sim. Interfere à partir do momento que seja necessário.” (Catarina Brust)

Não há como negar que as imagens digitais gozam de um privilégio no

que se refere a essa possibilidade de modificações. Softwares simples e fáceis

de manusear permitem fazer recortes, colagens, alterar tamanhos e formas de

objetos, modificar cores, remover imperfeições, trabalhar com efeitos de luz e

sombras, texturas etc.

“Quem olhar não vai falar assim: Meu Deus isso não é real.

Ela vai saber que aquilo não é real. Sabe que aquela nuvem é

desenhada, que aquele contorno branco em volta da família foi colocado,

mas o objetivo é chamar a atenção de uma maneira mais objetiva para

aquilo que está sendo feito.” (Edie Lameu)

“Então eu acho que o que mais pode alterar, do momento do

clique até a hora da distribuição para os meios de comunicação, é a

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parte do corte mesmo, no reenquadramento da imagem. Porque os

outros ajustes que eu te falei são necessários por causa do equipamento

e sempre foram feitos, o que diferencia mais hoje, é o corte que você

pode dar e isso de certa forma é bom. Se tiver que ajustar você não

perde qualidade mas pode mudar o enfoque que você deu inicialmente

àquela imagem.” (Rui Porto Filho)

As possibilidades são praticamente inesgotáveis. Mas seu uso impõe

cuidados éticos mínimos.

“Vamos supor: Tem um lugar que tem que fotografar e tal e na

imagem está muito poluído em volta. A gente procura, naquele

determinado lugar, faz um corte ali mas não uma manipulação no sentido

de montar de modificar a foto nada disso.” (Simone Noronha)

“Depende, se quando for eu que faço a edição da foto não.

Mas se no caso, quando você de repente manda para um jornal aí sim

pode ser que aconteça isso. Porque cada jornal tem uma diagramação

diferente então há a necessidade e já aconteceu isso. Eu fiz uma foto de

um evento mandei esse material para um jornal de outra cidade, que era

oposição ao governo. Eles simplesmente foram lá e cortaram a minha

foto retirando o meu prefeito da foto, quase que eu perdi meu emprego

(risos). É rapaz já passei esse sufoco.” (Ana Chaffin)

Eis o problema: como não há negativo, o original pode ser alterado, e

se houver dúvida quanto à fidelidade da foto, não haverá matriz - o negativo -

para comparação.

Outro aspecto de suma importância é o arquivamento das imagens. A

facilidade da tecnologia em produzir uma grande quantidade de imagens,

requer um cuidado muito grande na organização e guarda dessas imagens.

“O arquivamento é muito importante, ainda mais num meio

como a comunicação que a gente trabalha que é um volume muito

grande de fotografia. É importante a gente ter uma organização para

poder trabalhar novamente com as fotos.” (kaná Manhães)

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“Na prefeitura de Macaé nós atuamos em todas as etapas até

indexar as imagens. Fora o arquivamento com a pessoa que faz o

arquivamento. Mas para que o trabalho do arquivista seja bem feito, o

fotógrafo vai ter que deixar no IPTC todas as informações possíveis da

imagem.” (Rui Porto Filho)

Por se tratar de uma prefeitura, é comum a produção de matérias que

façam comparações de épocas, como acompanhamentos de etapas de obras.

Além da importância documental da imagem.

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CONCLUSÃO

A utilização da manipulação e edição das imagens produzidas pela

mídia é atualmente um fato inquestionável. Já vimos também que a utilização

de tecnologias para a edição de imagens não é uma novidade surgida com a

fotografia digital. Porém, atualmente, o computador transformou-se na principal

ferramenta usada nesse processo. Pois, todos os profissionais envolvidos na

lida com a imagem, utilizam-se de softwares cada vez mais simples, com

possibilidade de transformar a imagem inicial alterando tamanhos, fazendo

recortes, modificando cores, corrigindo imperfeições, praticamente uma fonte

inesgotável de possibilidades; chegando ao ponto de até recriar o real

registrado pela câmera do fotógrafo. Transformando a fotografia original em

uma imagem aberta e em permanente processo de construção.

Muitas vezes, é tamanha a intervenção dos profissionais na

manipulação da imagem que os produtos finais estão bastante distantes dos

fatos registrados pelas lentes do fotógrafo. Já existem questionamentos sobre

os excessos no uso de manipulação nas imagens e as possíveis

conseqüências éticas dessas práticas.

A fotografia é considerada como obra intelectual, legalmente protegida

e como tal está amparada pelos art. 6 da Lei 5988/73 e art. 7º, inc. VII da Lei nº

9.610/98. Quaisquer modificações devem ter a anuência do fotógrafo.

A insatisfação por parte do autor pode ocorrer independentemente do

grau de modificação ou tratamento que sua fotografia seja submetida. Um caso

clássico, desta natureza, ocorreu com Sebastião Salgado, que teve uma

fotografia de sua autoria (Menino no campo de Ivankovo, Croácia oriental,

1994), originalmente feita no formato horizontal, transformada em vertical, para

caber no formato da capa de uma revista. “A alteração da foto, que passou de

horizontal para vertical muda o sentido da informação, cria uma nova foto. Isso

está absolutamente errado e tem minha total reprovação. Há que se respeitar a

obra original do fotógrafo.” (Sebastião Salgado, 2000, entrevista concedida ao

site Photosyntesis).

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Entretanto, não se percebe preocupação, sob esse aspecto, por parte

dos fotógrafos entrevistados. O fato de estarem prestando serviço para uma

assessoria de imprensa, faz com que eles assimilem que as imagens que

produzem não são de sua propriedade. A fotografia utilizada para

ilustrar/comunicar está a serviço da construção e manutenção positivas da

imagem da instituição. Há ressalvas apenas quando essa manipulação, feita

por outras editorias, prejudica seu assessorado.

Esta também é a percepção dos demais profissionais de assessoria de

imprensa que transformam livremente essas imagens, utilizando-se dos

recursos da tecnologia digital.

Da mesma forma que existe a liberdade do fotógrafo em organizar os

elementos que serão fotografados, para melhorar o resultado da fotografia, o

manuseio das imagens pelos profissionais de assessoria de imprensa também

é aceito. Eles já incorporaram a edição das imagens à sua rotina de trabalho.

Apesar de em cada evento, haver uma quantidade razoável de fotografias que

poderiam perfeitamente ilustrar a matéria jornalística, ou a campanha

publicitária.

Esta assertiva também foi conferida durante um outro momento. Foi

quando esses profissionais discorreram sobre a decisão de qual imagem, e

conteúdo, escolher para sua publicação. Fica claro que predominam as

características autênticas do fotojornalismo: informar e emocionar.

Por mais que o editor fotográfico tenha possibilidades de criar e recriar

uma imagem e saber que o espectador tende a desconfiar cada vez mais da

capacidade dessa fotografia, como elemento incontestável do real, ele sempre

estará trabalhando a partir de uma imagem original, que será preservada em

maior ou menor grau. Paradoxalmente dar-lhe-á sustentação, como um

autêntico certificado da verdade.

Vale salientar, que os profissionais entrevistados foram unânimes

quanto às práticas que utilizam servirem apenas a ilustrar situações existentes.

Jamais a utilizam para inventar ou criar uma realidade.

Enfim, para além da fraude deliberada e condenável, há uma zona de

fronteira tênue, entre a manipulação admissível e a manipulação perversa. E,

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tal como o fotojornalista não consegue isentar-se da sua subjetividade ao

captar imagens, os jornalistas e publicitários igualmente não em suas funções.

A prática de sacrificar uma fotografia em prol do projeto gráfico continua

existindo pois, a essência do trabalho da assessoria de imprensa continua

sendo a mesma. Valoriza-se sobretudo, então, a honestidade de processos.

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Mauad, semia. Os Segredos de um Bom Assessor de Imprensa - artigo publicado em www.bocc.ubi.pt Acesso em 04/05/2012 OLIVEIRA, Erivam Morais de. Da fotografia analógica à ascensão da fotografia digital. (2006) – In: Biblioteca on line de ciências de comunicação. Disponível em http://www.bocc.ubi.pt/pag/oliveira-erivam-fotografia-analogica-fotografia-digital.pdf. Acesso em 17/05/2012. O comissário desaparece).” (Instituto Gutenberg, Boletim nº 19 Novembro-Dezembro de 1997 - Disponível em: igutenberg.net/propa19.html Acesso em: 11/05/2012

Santos, José Carlos Sales dos. Comunicação Organizacional: análise contemporânea das organizações - Disponível em: artigocientifico.uol.com.br/uploads/artc_1150421699_37.doc Acesso em: 11/06/12 Whitaker, Maria do Carmo. Ética Empresarial. Artigo disponível em: http://www.eticaempresarial.com.br/artigos_eticaempresarial.htm Acesso em: 18/05/2012

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ANEXOS

Índice de anexos

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Anexo 1 >> Roteiro de Perguntas

Anexo 2 >> Roteiro de opções

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Roteiro de Perguntas • Nome:

• Função?

• Há quanto tempo?

• Você poderia descrever as etapas, desde o clique do fotógrafo até a

publicação da imagem?

• Em qual(is) desta(s) você atua?

• Você considera que sua atividade é facilitada pela utilização da fotografia

digital?

• Quais as principais vantagens obtidas com essa nova tecnologia?

• Em relação a fotografia original (o momento da captura pelo fotógrafo) e a

publicação, você considera que sua atividade modifica essa imagem?

• Quais suas lembranças da época em que o fotógrafo trabalhava com filme.

Como você fazia para usar essa imagem? Você conseguia fazer alguma

alteração (edição)?

• Quantas fotografias são feitas (pelo fotógrafo), em média, por evento?

• A mesma imagem (de cada evento) é publicada em todas as mídias (jornal,

revista, site, outdoor etc)?

• Na sua opinião, de quem é a decisão final sobre a(s) imagem(ns)

escolhida(s) para ser(em) publicadas?

• Na sua opinião, por quê?

• Na sua opinião, o que é determinante para uma foto ser escolhida para

representar um evento?

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Roteiro de Opções

Das opções abaixo, qual(is) você considera que seja(m) uma modificação, de fato, da imagem original.

( ) utilizar uma foto horizontal em um espaço cujo formato é vertical,

mantendo o assunto principal;

( ) Corrigir as cores de uma imagem;

( ) Alterar o brilho da imagem;

( ) Alterar o contraste da imagem;

( ) Cortar algum objeto indesejado (lata de lixo, nome de uma empresa,

pessoa, por ex) que apareça na imagem mas que não faça parte do

contexto do assunto principal;

( ) cortar parte da imagem, sem perder o assunto principal, para

adequá-la a um formato diferente (ex: foto retangular usada em um

espaço quadrado);

( ) transformar um céu “cinzento”, aparente em uma imagem, em um

belo céu azul;

( ) Usar software de edição para desfocar uma parte sem importância

da imagem, que esteja distraindo a atenção do assunto principal;

( ) selecionar a parte mais importante de uma imagem e aumentar a

nitidez para destacar essa parte;

( ) fazer uma correção da perspectiva de um prédio público (por ex) que

está sendo inaugurado, para que tenha uma aparência mais real;

( ) corrigir uma linha do horizonte inclinada, em uma imagem de uma

ponte, para que tenha uma aparência mais agradável;