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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE MOTIVAÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A QUALIDADE DO TRABALHO Autora: Silvana de Barros Borba Orientadora: Profa. MS. Adélia Araújo Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MOTIVAÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A QUALIDADE DO TRABALHO

Autora:

Silvana de Barros Borba

Orientadora:

Profa. MS. Adélia Araújo

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MOTIVAÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A QUALIDADE DO TRABALHO

Apresentação de Monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para a obtenção do grau de especialista em Gestão de Recursos Humanos.

Por: Silvana de Barros Borba

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me dar condições em todas as áreas da minha vida e por não me deixar desistir, por me acompanhar e me fortalecer nos momentos em que achei que fosse fracassar. Aos meus pais que sempre apóiam as minhas decisões. Ao meu namorado que me ajudou a realizar mais um sonho, sendo companheiro, amigo e compreensivo. Aos professores da IAVM pela força.

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais Luisa e Silvio, meu namorado e amigo Flávio e a todos que me fizeram acreditar que seria possível galgar mais um degrau na minha trajetória acadêmica e profissional.

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RESUMO

Um dos maiores desafios das organizações atuais é o de trabalhar a

motivação em seus colaboradores. Daí percebe-se a necessidade de se

motivar o indivíduo, a fim de que possa alcançar seus objetivos pessoais e

profissionais para, então, obter uma produção de qualidade. Para que isso

ocorra é necessário que as organizações empresariais trabalhem o indivíduo

como um todo, e não meramente como parte de uma máquina. Sendo assim,

essa pesquisa tem como objetivo verificar como as organizações empresariais

motivam seus colaboradores para obter um melhor rendimento no trabalho.

A pesquisa bibliográfica demonstrou que os programas que visam a

melhoria da qualidade de vida no trabalho de seus colaboradores pode ser uma

ferramenta poderosa no estímulo da motivação, do retorno em produtividade

para empresa, além da redução dos custos com a saúde do trabalhador. Para

os colaboradores, os ganhos também são expressivos, seja em aumento da

qualidade da sua vida privada e profissional, seja na sua valorização como

indivíduo no grupo a que pertence.

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METODOLOGIA

Com o intuito de salientar os questionamentos que iniciam este plano de

pesquisa, se faz necessário rudimentar os assuntos ofertados, delimitando os

parâmetros explorados para aprofundar o cerne desta proposta de leitura, para

tal o estudo aborda questões referentes aos fatores que contribuem para a

eficácia da motivação, e, como a mesma tem auxiliado na qualidade no

trabalho/serviço dentro das organizações.

Para atingir tais propósitos, foram utilizados alguns recursos

metodológicos como análises de textos e discussões teóricas.

Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo exploratório sobre seu

tema, no campo da Psicologia Organizacional da Administração e utilizará

como ferramenta para coleta de dados a bibliografia disponível em livros e

artigos acadêmicos disponíveis em bibliotecas físicas e virtuais.

Na primeira etapa do trabalho será feita uma leitura antecipada para

seleção da bibliografia a ser estudada e definição da necessidade da

motivação nas organizações, sendo assim, para tornar válido este trabalho foi

sugerido uma conversação teórica com os seguintes autores: Chiavenato

(2004), Stephen Paul Robbins (2005), Vergara (2003), entre outros

referenciados ao final deste texto.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

TEORIAS DA MOTIVAÇÃO 10

CAPÍTULO II

TEORIA DE PROCESSOS 23

CAPÍTULO III

LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO 35

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 45

FOLHA DE APROVAÇÃO 45

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INTRODUÇÃO

Quando um indivíduo assume um cargo de gestão, imediatamente

depara-se com uma nova realidade. Seus resultados não dependem mais,

predominantemente e de forma direta, de seus próprios esforços, mas sim do

desempenho de cada um dos funcionários de sua equipe. E o desempenho de

cada um, tão importante para o binômio produtividade/qualidade, é função não

apenas da capacidade de cada funcionário, pois se assim fosse, bastaria

investir em programas de capacitação para alcançar maior desempenho, mas

também de sua motivação, pois os indivíduos podem atuar eficaz ou

ineficazmente, ou mesmo não trabalhar (MEGGINSON et al., 1998).

Como bem observa Lévy-Leboyer (1990), sem motivação os dons mais

raros permanecem estéreis, as capacidades adquiridas ficam em desuso, as

técnicas mais sofisticadas sem rendimento. Adicionalmente, a motivação afeta

o próprio aprendizado, ou seja, as respostas a programas de capacitação.

Assim, perguntas como “o que faz algumas pessoas darem o máximo de

si enquanto outras procuram fazer apenas o mínimo indispensável?” e “como

posso influenciar o desempenho daqueles que trabalham para mim?” são feitas

por praticamente todos os gerentes (BOWDITCH e BUONO, 1992:39).

Questões como essas pretende-se responder no decorrer deste trabalho.

Para Stoner e Freeman (1985), motivação refere-se aos fatores que

provocam, canalizam e sustentam o comportamento de um indivíduo. A

motivação de um funcionário reflete-se na quantidade de tempo e na atenção

dedicadas às suas atividades.

Vergara (2003) enfatiza o seu caráter intrínseco, tendo em vista nascer

de necessidades interiores, de modo que o que os líderes podem fazer é

estimular, incentivar, provocar a motivação de seus funcionários. Esse é papel

da liderança, ao atuar de forma que o potencial de seus colaboradores se torne

ação, em prol dos objetivos organizacionais. Porém, para tal, faz-se necessário

conhecer os aspectos gerais do ser humano, em suas várias dimensões, e

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aspectos particulares de cada indivíduo, no tocante à sua singularidade, à sua

subjetividade.

Antes de prosseguirmos, é oportuno observar que o estudo do fenômeno

motivacional não objetiva apenas, dentro de uma ótica instrumental, obter mais

dos funcionários. Acredita-se que, sob um enfoque humanista, uma

compreensão profunda da dinâmica dos indivíduos permite aos líderes atuarem

de forma consciente, buscando uma interseção entre os mais legítimos

interesses de cada membro do corpo funcional e as demandas da organização

e da sociedade. Assim, torna-se possível resolver contradições, como a

apontada por Levy-Laboyer (1990, p. 56-57), de que o indivíduo “não pode

viver sem trabalho e, ao mesmo tempo, diz que o trabalho o impede de viver”.

A fim de compreender esse fenômeno, passamos a abordar as teorias

da motivação, além de considerar outras contribuições, como a gestão do

sentido, o envolvimento com a tarefa, a profecia auto-realizadora, a diversidade

e a subjetividade, a frustração no ambiente de trabalho, que devem ser levados

em conta na busca de provocar a motivação. As teorias fornecem visões

importantes e complementares para a compreensão da motivação.

Sendo assim, este trabalho propõe-se a discutir a motivação dentro do

ambiente organizacional, sua repercussão sobre as atitudes das pessoas e

sobre os resultados para a empresa.

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CAPÍTULO I

TEORIAS DA MOTIVAÇÃO

As teorias da motivação dividem-se em teorias de conteúdo e teorias de

processo. Neste capitulo estarão apresentados modelos teóricos, bem como

um estudo realizado por Argyris, também considerado como uma teoria de

processo.

1.1. Teorias de Conteúdo

1.1.1. A Teoria das Necessidades de Maslow

No início da década de 1940, Abraham Maslow desenvolveu sua teoria

sobre a hierarquia das necessidades, a partir da qual é possível inferir o que

motiva cada pessoa. Segundo Maslow, o princípio básico da motivação é: “uma

necessidade satisfeita não é um motivador de comportamento”.

Sendo assim, o que motiva as pessoas são as necessidades

insatisfeitas. O progresso é causado pelo esforço das pessoas para satisfazer

suas necessidades. As pessoas sempre têm necessidades insatisfeitas.

Quando uma necessidade prioritária é satisfeita, ainda que não seja à

saciedade, outras emergem e ocupam o primeiro lugar na lista das prioridades.

Damos um exemplo simples da variação de algumas necessidades básicas,

como fome, sono e sede.

O exemplo da Figura 1, a seguir, só considera três necessidades

básicas e simples. Como, então, definir prioridades entre essas necessidades

fisiológicas e outras vinculadas à segurança, status (ou auto-estima), relações

interpessoais harmoniosas e reconhecimento de mérito?

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Figura 1. Variação das Necessidades

Fonte: Stoner e Freeman (1985).

Abraham Maslow procurou definir uma hierarquia das necessidades e

chegou à conclusão mostrada na Figura 2.

Figura 2. A hierarquia das necessidades segundo Maslow

Fonte: Stoner e Freeman (1985).

Segundo Maslow, há uma tendência, na maioria das pessoas, de

procurar satisfazer, em primeiro lugar, as necessidades básicas. Após o

atendimento delas, procura-se satisfazer as de segurança e, a seguir, as de

associação, as de status e as de auto-realização, normalmente nessa ordem.

Dois pontos precisam ficar claros: as necessidades de cada pessoa variam no

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tempo, não só em função de sua satisfação como em função das alterações na

hierarquia dos valores de cada um; e a hierarquia de Maslow representa uma

tendência média e não deve ser encarada como uma escala rígida. Vejamos as

necessidades incluídas em cada um desses cinco conjuntos.

Figura 3. Tendência a satisfazer as necessidades (ordem indicada pelas setas).

Fonte: Stoner e Freeman (1985).

Figura 4. Necessidades fisiológicas básicas para a manutenção da vida: alimento, sono, abrigo, impulso sexual (preservação da espécie).

Fonte: Stoner e Freeman (1985).

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Figura 5. Satisfeitas as necessidades fisiológicas, tendem a assumir maior prioridade as necessidades de segurança: preservação, afastamento do perigo físico e do risco de privação das necessidades básicas.

Fonte: Stoner e Freeman (1985).

Figura 6. Satisfeitas as necessidades de segurança, a tendência é passarem a ser prioritárias as necessidades sociais: participação, identificação com os seus iguais, formação de famílias, grupos de amigos, equipes, associações etc.

Fonte: Stoner e Freeman (1985).

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Figura 7. Satisfeitas as necessidades sociais, a tendência é tornarem-se prioritárias as necessidades de status e auto-estima: necessidades do ego, amor-próprio, reconhecimento do valor por si mesmo e pelo respeito alheio.

Fonte: Stoner e Freeman (1985).

Figura 8. Satisfeitas as necessidades de status e auto-estima, a tendência prioritária são as necessidades de auto-realização: atingir o máximo do potencial individual, tornar-se aquilo de que se é capaz e dar uma contribuição efetiva para a sociedade e para o país.

Fonte: Stoner e Freeman (1985).

Como dissemos, essa ordem de prioridade corresponde a uma

tendência média, e a prioridade de uma necessidade não significa a eliminação

das demais. Todas as pessoas têm, em geral, todos os tipos de necessidades

em maior ou menor grau.

Testes denominados motivogramas detectam a prioridade que cada

pessoa atribui a essas necessidades no momento da realização do teste. O

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resultado, que reflete a importância atribuída às necessidades, varia de pessoa

para pessoa e de momento para momento (CHIAVENATO e CODA, 1997).

Quando uma necessidade aparece com baixa prioridade significa que,

naquele momento, não está sendo dada a ela a mesma importância que às

demais, porque já foi satisfeita ou porque, mesmo não tendo sido satisfeita,

prefere-se dar prioridade a outra, considerada mais importante. A maneira de

procurar a auto-realização, ou qualquer outra necessidade, pode variar durante

a vida da pessoa, em razão da mudança de seus objetivos.

A figura 9, a seguir, resume esses conceitos.

Figura 9. O que se quer em cada nível de necessidades

Fonte: Stoner e Freeman (1985).

Vroom apud Schermerhorn (1999) sugere, em sua teoria da expectativa,

que a motivação para trabalhar depende dos relacionamentos entre os três

fatores de expectativa, cujo modelo defende que a força de uma tendência para

atuar em determinado sentido depende da força de uma expectativa de que o

ato será acompanhado por determinado resultado e da atração desse resultado

para o indivíduo (ROBBINS, 2007). As relações dizem respeito a:

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- Relação esforço-desempenho ou expectativa: a probabilidade

percebida pelo indivíduo de que o dispêndio de determinada

quantidade de esforço resultará em desempenho;

- Relação desempenho-recompensa ou instrumentalidade: o grau

em que o indivíduo acredita que determinado nível de desempenho

resultará na consecução de um resultado desejado.

- Relação recompensas-metas pessoais ou valência: o grau em que

as recompensas organizacionais satisfazem as metas ou

necessidades pessoais e a atratividade dessas recompensas

potenciais para o indivíduo.

Em outras palavras, a teoria da expectativa diz que um funcionário será

motivado a se esforçar no trabalho quando acreditar que seu esforço levará a

uma boa avaliação de desempenho; que uma boa avaliação resultará em

recompensas organizacionais – como gratificação, aumento de salário ou

promoção – e que essas recompensas satisfarão suas metas pessoais.

Já Gareth Morgan (1996, p. 47) sugere as seguintes medidas a serem

usadas pelas empresas:

- auto-realização: estímulo ao completo comprometimento. O

trabalho como dimensão importante na vida do empregado;

- auto-estima: cargos que permitam realização, autonomia e

responsabilidade; trabalho que valorize a identidade;

- sociais: estímulo à interação com os colegas no trabalho;

possibilidade de atividades sociais e esportivas e reuniões fora da

organização;

- segurança: seguro-saúde e planos de aposentadoria, segurança no

emprego; estabelecimento e divulgação de plano de carreira;

- fisiológicas: salário e benefícios; segurança e condições agradáveis

de trabalho.

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1.1.2. A Teoria das Necessidades Manifestas de Murray

A teoria de Henry Murray sobre as necessidades manifestas define as

necessidades como preocupações recorrentes com determinadas metas ou

situações finais. Cada necessidade é composta de dois elementos. O primeiro

diz respeito ao objeto para o qual a necessidade está voltada (por exemplo,

realização ou autonomia). O segundo descreve a intensidade ou força da

necessidade daquele objeto particular (por exemplo, forte versus fraca). Murray

propôs mais de 20 necessidades, na figura 10, abaixo, estão descritas algumas

delas (WAGNER e HOLLENBECK, 2003).

Figura 10. Algumas das necessidades manifestas de Murray

Fonte: Wagner e Hollenbeck (2003).

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Devido ao fato de as necessidades de Murray não serem organizadas de

modo hierárquico, sua teoria dispõe de considerável flexibilidade. Ao contrário

de Maslow, Murray sustentava que um indivíduo pode ser motivado por mais

de uma necessidade de cada vez, e sugeria também que, às vezes, as

necessidades podiam entrar em conflito entre si. Também ao contrário de

Maslow, que considerava as necessidades como inatas e geneticamente

determinadas, Murray considerava que as necessidades eram aprendidas.

O trabalho original de Murray sobre as teorias das necessidades foi

desenvolvido e ampliado por outros teóricos. Um dos mais notáveis, David

McClelland, desenvolveu uma teoria da motivação centrada especificamente na

necessidade de realização, que ele chamou de nAch (McClelland apud

ROBBINS, 2007).

Segundo McClelland, as pessoas podem ser caracterizadas por um alto

ou baixo grau de necessidades de realização ou nAch. Aqueles que têm nAch

alta preferem situações nas quais tenham a oportunidade de assumir

responsabilidades. Preferem também receber crédito pessoal pelas

conseqüências de suas ações e feedback claro e inequívoco sobre o seu

desempenho (WAGNER e HOLLENBECK, 2003).

Shermerhorn (1999) relata que a dificuldade da tarefa é outra

característica considerada pelos indivíduos de nAch alta. De acordo com a

teoria de McClelland, essas pessoas preferem tarefas de dificuldade

intermediária – para as quais a probabilidade de sucesso seja de ordem de

50% – a tarefas que sejam muito fáceis ou muito difíceis. Situações que

tenham uma orientação futura ou permitam o desenvolvimento da novidade ou

soluções inovadoras são atraentes para pessoas voltadas para a realização.

A chave da motivação no local de trabalho para McClelland é encontrar

indivíduos de nAch alta (ou a elevação dos níveis dos indivíduos de nAch baixa

por meio de treinamento) e expô-los a situações que levem à satisfação da

necessidade de realização.

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1.1.3. Os Fatores de Motivação segundo Herzberg

Frederick Herzberg estudou de que forma e em que grau diversos

fatores motivam os empregados. Segundo ele, existem dois tipos de fatores

motivacionais:

1. Os fatores relacionados aos aspectos pessoais de realização

profissional e ao conteúdo do trabalho, como gosto pelo trabalho,

aumento de conhecimentos, responsabilidade, reconhecimento pelos

resultados, realização pessoal e profissional, que ele considera como os

fatores motivacionais propriamente ditos e que são intrínsecos ou

inerentes à pessoa.

2. Os fatores externos que dizem respeito ao ambiente de trabalho, como

tipo de supervisão, conforto, salário, benefícios, status e segurança, que

ele chamou de fatores higiênicos.

Segundo Herzberg, os fatores realmente motivadores operam no sentido

positivo, tendendo a aumentar a produtividade e os resultados, ao passo que

os fatores higiênicos tendem a atuar no sentido de impedir situações negativas,

isto é, se não forem bem administrados a produtividade cai, mas não adianta

aumentá-los além de determinado limite, pois isso não influiria na motivação

(DAVIS e NEWSTRON, 1992).

Os fatores motivadores são internos às pessoas: a motivação está dentro

de cada um. Os fatores higiênicos são externos, ou parcialmente externos. A

figura 11, a seguir, mostra a influência de cada fator na produtividade, segundo

a visão de Herzberg.

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Figura 11. Fatores de motivação segundo Herzberg

Fonte: Wagner e Hollenbeck (2003).

Como se vê pela figura 11, acima, as condições de trabalho e os

salários, embora sejam predominantemente fatores higiênicos, avançam até

certo ponto sobre o lado motivacional na linha divisória. A razão disso é que

ambos contêm, implicitamente, aspectos subjetivos relacionados ao

reconhecimento pelos resultados. Do ponto de vista concreto, o salário só pode

ser gasto fora do trabalho e, nesse sentido, é eminentemente higiênico (DAVIS

e NEWSTRON, 1992).

Estudos realizados sobre a motivação proporcionada pelo salário

mostram que o período de satisfação conseqüente de um aumento na

remuneração dura muito pouco. O aspecto motivador do salário é que é

interpretado, devida ou indevidamente, como sendo um reconhecimento do

mérito pela empresa (MARCHETI, 1997).

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O tamanho da barra horizontal de cada fator, na figura, indica a

importância que costumam ter os fatores para a maioria das pessoas. Os

fatores motivacionais proporcionam satisfação no trabalho, os higiênicos evitam

insatisfação no trabalho.

Segundo Herzberg, o que mais contribui para que as pessoas produzam

são os fatores motivacionais. Deve-se procurar aumentar ao máximo esses

fatores, pois são os principais responsáveis pela melhora dos resultados. Os

higiênicos devem ser administrados de forma a não ficarem abaixo do que

seria razoável nas condições normais do ambiente no qual a empresa opera

(WAGNER e ROLLEBECK, 2003).

Não adianta, porém, um grande esforço para aumentá-los acima desse

valor médio razoável, pois a influência nos resultados não traria um benefício

condizente com o custo desse aumento. Alguns fatores higiênicos precisam ser

dosados com cuidado. Por exemplo, uma empresa que não proporciona

nenhuma segurança de emprego aos empregados não conseguirá reter os

melhores nem obter bons resultados de seu pessoal.

Por outro lado, excesso de segurança poderá causar acomodação, que

se refletirá negativamente nos resultados. A conclusão de Herzberg é que os

fatores higiênicos têm limites inferiores e superiores, ao passo que os fatores

motivacionais devem ser proporcionados na maior quantidade possível.

Na realidade, a classificação de Herzberg, embora válida, merece

explicações. É verdade que os fatores que ele chama de motivadores podem

produzir efeitos positivos em limites mais elevados do que os higiênicos. Todos

os tipos de incentivos à motivação estão, no entanto, sujeitos à lei econômica

da utilidade marginal decrescente, isto é, quanto mais se possui de qualquer

coisa, tanto menos útil será a unidade adicional obtida. Isso vale para qualquer

tipo de incentivo, embora os fatores chamados higiênicos por Herzberg estejam

sujeitos a limites mais baixos sob esse aspecto (WAGNER e ROLLEBECK,

2003).

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Outro ponto a ser salientado é que não há incentivo ideal. Os incentivos

variam de ambiente para ambiente, de organização para organização e de

pessoa para pessoa, dependendo dos valores vigentes, da cultura da

organização e das necessidades satisfeitas de cada um. Os dados

apresentados por Herzberg referem-se, como ele mesmo diz, a valores médios

colhidos em universo amplo (PONTES, 1996).

Cumpre lembrar que as organizações são constituídas por pessoas e os

administradores só podem ser bem-sucedidos se estiverem atentos e

compreenderem bem os sentimentos, as necessidades e as motivações

dessas pessoas. Os administradores precisam motivar sua equipe. Nem

sempre isso é fácil, considerando as pressões a que estão submetidos.

O primeiro passo para isso é conhecer a equipe. Muitos consideram que

alguém que está produzindo com eficiência está satisfeito com o trabalho.

Embora isto seja verdade em muitos casos, às vezes não é. Quando tratamos

do planejamento de carreiras, abordamos este assunto em maior profundidade.

Segundo Butler e Waldroop (2001), as pessoas só estão satisfeitas com

o trabalho quando ele se encaixa profundamente em seus interesses vitais. O

administrador deve se preocupar acima de tudo em definir as

responsabilidades de cada um de modo a satisfazer aqueles interesses. O

problema é que a maioria das pessoas não tem um conhecimento preciso de

seus interesses vitais.

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CAPÍTULO II

TEORIAS DE PROCESSOS

Neste capítulo serão abordadas as seguintes teorias de processo: teoria

do estabelecimento de metas, teoria das expectativas, teoria da equidade e

teoria da fixação de objetivos. Vejamos, então, cada uma delas

detalhadamente.

2.1. Teoria do Estabelecimento de Metas

Essa teoria parte do princípio de que as pessoas concentram seus

esforços em direção a objetivos, de modo que o estabelecimento de metas

energiza um indivíduo, dirigindo seus pensamentos para uma finalidade. Assim,

um gestor deve dar a devida atenção à definição das metas de trabalho de

cada colaborador. E, naturalmente, dessa afirmativa surge uma pergunta: que

características deve ter uma meta, de forma a provocar maior nível de

motivação?

Inicialmente, as metas devem ser aceitáveis, de modo que façam

sentido para os indivíduos e não entrem em conflito com os seus valores

pessoais. Envolver os funcionários no estabelecimento de suas metas torna

mais provável tal aceitação, gerando maior comprometimento (ROBBINS,

2007).

Em segundo lugar, as metas devem ser desafiadoras, porém possíveis

de serem atingidas. Se um indivíduo não possuir as habilidades necessárias

para realizar uma tarefa e não houver tempo para adquiri-las, dificilmente se

sentirá motivado com o desafio. As metas devem também ser específicas e, se

possível, quantificáveis, mensuráveis. De acordo com Robbins (2007), definir

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especificamente o que se espera de um funcionário tende a produzir mais

resultados do que demandar que ele “dê o máximo de si”.

Na figura 12, a seguir, Dubrin (2003) este conceito está bem

demonstrado.

Figura 12. Teoria do estabelecimento de metas

Fonte: Dubrin (2003, p. 119).

Outro aspecto importante é que as pessoas saibam o quanto estão

avançando rumo às suas metas. Receber retornos precisos sobre seu

desempenho faz com que o funcionário se sinta encorajado a persistir na

direção dos objetivos e permite-lhe ajustar, se necessário, seus métodos de

trabalho (STORNER e FREEMAN, 1985). É relevante, também, que o

individuo, por si só, possa monitorar o próprio progresso (ROBBINS, 2007).

2.2. Teoria das Expectativas

Segundo Kondo (1994), esta teoria constitui um modelo mais complexo

de explicitar os processos cognitivos presentes na decisão de concentrar os

esforços em uma determinada direção. A motivação é vista como função de

três componentes:

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a) Expectativa: crença de que um esforço maior trará um bom

desempenho;

b) Instrumentalidade: percepção de que um bom desempenho trará

certa recompensa;

c) Valência: valor ou atração da recompensa para a pessoa.

Assim, para que um indivíduo esteja motivado, ele precisa dar valor à

recompensa, acreditar que um esforço adicional o levará a um desempenho

melhor e que o desempenho melhor resultará em recompensas maiores

(BOWDITCH e BUONO, 1992).

Stoner e Freeman (1985), a recompensa pode ser de duas naturezas.

Pode ser experimentada diretamente pelo indivíduo ao executar uma tarefa,

como os sentimentos de realização, de auto-estima e a satisfação por

desenvolver novas habilidades; ou pode ser dada por um agente externo, como

bonificações, elogios ou promoções. Estas últimas dependem de como os

outros avaliam o desempenho do indivíduo e da disposição da organização em

recompensar esse desempenho.

E acrescentam:

Note, ainda, que um único nível de desempenho pode

ser associado a vários resultados, cada um tendo sua

própria valência: “Se eu tenho um desempenho maior,

receberei um pagamento maior, serei notado pelo

supervisor, serei mais amado pela minha esposa e me

sentirei melhor”. Alguns desses resultados podem até

mesmo ter valência devido à expectativa do indivíduo de

que eles levarão a outros resultados: “Se meu supervisor

notar a qualidade de meu trabalho posso receber uma

promoção” (STONER e FREEMAN, 1985, p. 329).

No entanto, a perspectiva de obter uma promoção sempre motivará um

funcionário? Na visão de Schermerhom et al. (2003), a resposta para essa

teoria, é: “depende”. Segundo os autores, a motivação será baixa se o

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indivíduo se sente incapaz de alcançar o nível necessário de desempenho, se

não estiver confiante em que o alcance de um alto nível de desempenho

resultará numa promoção ou se considerar pouco importante a promoção.

Neste caso, quais seriam as implicações para a liderança da teoria em

foco, tendo em vista as suas três variáveis? Schermerhom et al. (2003)

acreditam que para atuar sobre a expectativa, devem-se escolher pessoas com

habilidades adequadas, treiná-las bem, apoiá-las com os recursos necessários

e definir metas de desempenho alcançáveis. Para influenciar a

instrumentalidade, é preciso esclarecer as relações entre desempenho e

recompensa e, principalmente, cumprir o estabelecimento, sob pena de tanto o

gerente quanto a organização perderem a credibilidade. Por fim, para

maximizar as valências, devem-se identificar as necessidades que são

importantes para cada pessoa e tentar combinar as recompensas disponíveis

com essas necessidades (SCHERMERHOM et al., 2003).

2.3. Teoria da Equidade

Robbins (2007) afirma que, segundo essa teoria, as pessoas não estão

apenas interessadas nas recompensas absolutas que recebem pelo seu

trabalho, mas são bastante sensíveis às diferenças relativas entre seus pares,

isto é, estão sempre se comparando, buscando garantir que não estão sendo

tratadas de forma injusta, recebendo menos que os outros pelo mesmo

esforço. O autor acrescenta que comparam o que recebem da organização

com aquilo que os outros funcionários, de características parecidas, recebem.

Assim, mesmo um indivíduo que ganhe bastante pode se desmotivar por não

se sentir tratado de forma equânime.

Dessa forma, as pessoas, então, comparam a relação entre suas

contribuições ao trabalho (como o esforço e a habilidade) e as recompensas

recebidas (como pagamento e promoção) com as relações entre contribuições

e recompensas de pessoas semelhantes. Se perceberem um desequilíbrio,

buscam restaurá-lo, seja diminuindo o ritmo de trabalho ou tentando obter

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recompensas maiores por outros meios, dedicando-se a outras atividades ou

até deixando a organização (ROBBINS, 2007).

Dubrin (2001) afirma que a teoria da equidade ajuda-nos a entender uma

disfunção grupal chamada ociosidade social, que ocorre quando as pessoas

dedicam menos esforço ao trabalhar coletivamente do que individualmente. De

acordo com o autor, uma explicação é a dispersão de responsabilidade, devido

ao fato de a contribuição de cada um, isoladamente, não poder ser medida,

ensejando a alguns indivíduos se tornarem “caroneiros”. A outra explicação

vem da busca da equidade, pois se os membros do grupo acreditam que os

outros não se dedicarão adequadamente, podem buscar estabelecer equidade

reduzindo seu esforço, de modo a não “carregar o grupo” (DUBRIN, 2001).

Uma boa saída, a partir dessa teoria, e das duas anteriores, é o

estabelecimento de metas individuais associadas às coletivas. E tais metas,

devem possuir um real significado para cada funcionário.

2.4. Teoria da Fixação de Objetivos de Edwin Locke

Essa teoria diz que as intenções – expressas como metas fixadas pela

organização – podem ser fonte principal de motivação no trabalho. Robbins

(2007) ressalta que objetivos específicos aprimoram o desempenho e que

objetivos difíceis, quando aceitos, acarretam melhor desempenho do que as

metas mais fáceis de serem alcançadas. A especificidade do objeto em si

funciona como estímulo interno.

Para Barreto e Pereira (2007), não existem evidências quanto à relação

entre a participação dos funcionários na fixação dos próprios objetivos e ao

resultado obtido, mas talvez a principal vantagem da participação seja a

aceitação crescente do objetivo como meta desejável em prol da qual irá

trabalhar. E isso se dá porque os indivíduos se comprometem mais com as

escolhas das quais participam. Sendo assim, as intenções – quando

articuladas em termos de objetivos específicos e difíceis – são uma força

motivacional poderosa.

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É de se pensar se o estabelecimento de uma meta por si só é força

motivadora ou se essa força não decorre da recompensa esperada pelo

indivíduo. A figura 13, abaixo, explica bem o ciclo da motivação conforme a

teoria do estabelecimento de metas.

Figura 13. Ciclo da motivação conforme a teoria do estabelecimento de metas

Fonte: Zanelli et al. (2004, p. 155).

Existem quatro fatores mediadores entre motivação e alto desempenho

que podem ser sintetizados na figura 14.

Figura 14: Síntese dos quatro fatores mediadores entre motivação e alto desempenho

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Fonte: Zanelli et al. (2004, p. 167).

Observe que as teorias de conteúdo podem servir de guia para

compreensão e identificação das necessidades que dão o valor motivacional às

possíveis recompensas (SCHERMERHORN et al., 2003). Então, podemos

concluir que as teorias expostas não se esgotam em si mesmas; elas se

complementam.

2.5. Os Estudos de Argyris

2.5.1. Maturidade e Imaturidade Pessoal e Profissional

Um brilhante estudo sobre motivação foi realizado por Chris Argyris, na

Universidade de Harvard. Este autor pesquisou efeitos da estrutura das

organizações na vida dos indivíduos e concluiu que as restrições impostas aos

empregados pelas estruturas empresariais, com o fim de garantir a ordem e a

eficiência, geram resistências e desestímulos.

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Segundo Argyris, citado em Tânia Casado (2002), freqüentemente

ocorre um conflito entre a personalidade do indivíduo e a organização. Ao

ingressar na empresa, o empregado traz consigo potencialidades e disposição

para o trabalho, muita vontade de realizar e de progredir. Infelizmente, essa

disposição nem sempre é estimulada, sendo comum o indivíduo ter seus

passos tolhidos, em decorrência das limitações e exigências da própria

estrutura formal.

Nas palavras da autora:

Assim, a organização, que deveria contribuir como meio

de o empregado dar vazão às suas qualidades, passa a

ser uma fonte de bloqueios para sua capacidade de

realização. Acontece com freqüência as empresas

contratarem uma pessoa talentosa, mas aproveitar o

mínimo de sua capacidade, porque grande parte do seu

potencial é bloqueado pelo ambiente de trabalho

(CASADO, 2002).

Argyris estudou como as pessoas evoluem de um estágio de

imaturidade pessoal e profissional para um de maturidade. Em seus estudos,

ele demonstra que pessoas imaturas tendem a ser passivas e dependentes e a

ter interesses superficiais e perspectivas limitadas do tempo, têm dificuldade

em antecipar e planejar o futuro, tendem a não ter consciência e controle do

“eu” e a ter dificuldade de perceber as situações sob o prisma de outras

pessoas (ARGYRIS, 1964 apud BARRETO e PEREIRA, 2007).

Para Argyris, o desenvolvimento da maturidade pessoal e profissional se

dá de forma gradual e contínua, desde uma completa imaturidade até a

maturidade. Na maturidade, as pessoas tendem a ser ativas e independentes;

são capazes de se comportar de diversas maneiras, dependendo das

circunstâncias; tendem a ter interesses profundos e ampla perspectiva do

tempo, sabendo antecipar situações e planejar; são capazes de ter consciência

do “eu”, de dominar seus impulsos e de perceber as situações sob o ângulo de

terceiros. O autor afirma que a maioria das pessoas se encontra num estágio

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intermediário entre os dois extremos (ARGYRIS, 1964 apud BARRETO e

PEREIRA, 2007).

Dependendo do estilo de administração utilizado, as pessoas podem ser

estimuladas ou não a amadurecer, podendo chegar a ponto de serem

impedidas de se desenvolver por causa das práticas administrativas adotadas.

2.5.2. Ampliação e Enriquecimento do Trabalho

Casado (2002) relata que Argyris propôs um tipo de organização do

trabalho que ficou conhecido como job enlargement, no qual as pessoas não se

limitam a uma tarefa, mas realizam diversas atividades correlatas e

seqüenciais, formando um processo ou parte de um processo, abrangendo um

conjunto completo de ações, pelas quais se responsabilizam.

Por exemplo, numa linha de produção, a mesma pessoa faria a

montagem final, a inspeção da qualidade e o empacotamento. Barreto e

Pereira (2007) acreditam que esse tipo de organização do trabalho tende a dar

resultados superiores em termos de produtividade e de resultados,

dependendo do nível de treinamento e de maturidade dos empregados, além

de diminuir o número de atividades que não agregam valor ao produto ou

serviço. Esta modalidade pode ser dividida em:

1. Job enlargement, ampliação do trabalho ou ampliação horizontal do

trabalho, significa uma abordagem que procura aumentar a motivação

das pessoas, descrevendo funções e cargos de forma a ampliar o

número de atividades atribuídas a cada um. Dessa forma, cada um tem

uma participação mais ampla no processo de trabalho;

2. Job enrichment, enriquecimento do trabalho ou ampliação vertical do

trabalho, significa uma abordagem que procura aumentar a motivação

das pessoas descrevendo cargos e funções de maneira a delegar as

atividades variadas, que envolvem algum grau de autonomia e de

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responsabilidade na forma de execução e de controle de resultados

(BARRETO e PEREIRA, 2007).

A tendência atual não é mais no sentido de dividir o trabalho em tarefas

muito elementares, pois isto cria grandes necessidades de coordenação e

comunicação, cada vez mais complexas nas grandes organizações. A ênfase

atual é nos processos, atribuindo a responsabilidade por eles a uma pessoa ou

a uma equipe.

2.5.3. Empowerment

Estudos subseqüentes desdobram os conceitos acima apresentados

criando a teoria do empowerment, que sustenta que a motivação individual

aumenta e os resultados melhoram quando são dadas às pessoas

oportunidades de participar com maior envolvimento e poder decisório em seu

trabalho e nas metas a eles pertinentes (BLANCHARD et al., 1996).

Segundo Blanchard et al. (1996), empowerment não é dar poder as

pessoas, mas permitir que façam uso do poder, conhecimentos e habilidades

que já possuem. Para isto, é necessário que os gerentes criem condições

favoráveis à aprendizagem, ação e decisão para que as pessoas possam fazer

uso da autonomia, iniciativa e responsabilidade e a organização deve

proporcionar um ambiente de apoio, voltado para a responsabilidade e o

desenvolvimento continuo, deixando de lado a velha mentalidade de comandar

e controlar.

Na prática, há que se considerar que algum poder é dado às pessoas,

embora dentro de um quadro de referência definido e limitado em um nível

estabelecido. O empowerment só traz resultados se tiver apoio da alta

administração. Para implantá-lo, Blanchard et al. (1996, p. 78) definem três

condições:

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1. Compartilhar informações com todos: sem informação as pessoas

não podem agir com responsabilidade; já com informação, as pessoas

são obrigadas a isso;

2. Criar autonomia por meio de limites: quando compreendem de que

forma sua contribuição influencia os resultados, a motivação e a

responsabilidade aumentam;

3. Substituir a hierarquia por equipes autogerenciadas: Ensinar as

pessoas o que podem fazer para terem autonomia.

Na visão de Hammer e Champy (1994, p. 39), desdobramentos

subseqüentes do job enlargement, job ernrichment e empowerment, são

encontrados na reengenharia, que usa esses conceitos de reformulação dos

processos da empresa. Os autores, no livro intitulado Reengenharia:

revolucionando a empresa em função dos clientes, da concorrência e das

grandes mudanças da gerência, descrevem que Integrar processos traz

benefícios, como redução de custos e tempo e diminuição de erros, atrasos e

reparos gerados por esses erros.

Para Barreto e Pereira (2007), no entanto, a reengenharia tem

proporcionado melhoras no desempenho, mas não produziu o número

necessário de pessoas altamente motivadas para assegurar desempenhos

consistentemente altos nas organizações.

Segundo os autores, se os administradores desejam que os empregados

assumam mais responsabilidades, devem encorajar o comprometimento

interno, intimamente relacionado com o empowerment.

E ressaltam:

É importante lembrar que empowerment é uma meta da

qual as empresas podem se aproximar, sem, contudo,

atingi-la. É possível existirem vários níveis de

comprometimento em uma organização e conseguir-se

que o trabalho seja bem feito (BARRETO e PEREIRA,

2007, p. 37).

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Por fim, vale lembrar que o empowerment tem seus limites. Infelizmente,

alguns administradores trabalham contra empowerment, com receio de perda

de poder, mas empregados não se sentirão comprometidos se alguém estiver

sempre controlando o que eles fazem.

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CAPÍTULO III

LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO

O tema liderança há muito tem ocupado um lugar de destaque nas

discussões em congressos, palestras, nas empresas, dentro das salas de aula

e em qualquer oportunidade em que pessoas se encontrem para discutir os

destinos dos negócios, em um mercado tão competitivo e em constante

mutação. Como conseguir resultados por meio das pessoas tornou-se um

aspecto importante a ser considerado, para avaliar a maneira pela qual as

organizações se desenvolvem, sobrevivem e prosperam.

Definir liderança não é uma tarefa simples. Talvez seja mais fácil

reconhecer quem a possui do que defini-la. A definição mais comum refere-se

à capacidade de influenciar pessoas ou grupos. Ao longo dos tempos, o

conceito de liderança vem passando por transformações, em função do

contexto cultural, social e ambiental das pesquisas e de seus pesquisadores.

Fica, então, evidente que é impossível estudar motivação sem estudar a

liderança.

Para alguns autores, liderança tem sido definida em termos de traços;

para outros, o estilo de influência é o que importa. Outros, ainda, a relacionam

às contingências em que o fenômeno da liderança se insere.

Segundo Bergamini (1997), a maioria das definições de liderança

apresenta dois elementos em comum: a liderança como um fenômeno grupal,

envolvendo duas ou mais pessoas, e a liderança como um processo de

influência exercida de forma intencional pelo líder sobre seus seguidores.

Para Zanelli et al. (2004), se, por um lado, as definições diferem em

alguns aspectos, tais como: quem exerce a influência, o objetivo pretendido na

influência, a maneira pela qual a influência é exercida e o resultado da tentativa

de influência, por outro, complementam-se mutualmente.

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Sendo assim, a conceituação de líder está diretamente relacionada à

capacidade de influenciação de uma pessoa sobre outras, não

necessariamente estando aquela que influencia em uma posição hierárquica

superior.

Historicamente os primeiros estudos sobre liderança norteavam-se pelos

traços de personalidade dos líderes, sendo por isso conhecida como teoria dos

traços. Como um segundo momento no estudo sobre a liderança os estudiosos

passaram a tentar identificar “conjuntos de comportamentos que pudessem

configurar aquilo que passa a ser chamado de habilidade de liderança”

(BERGAMINI, 1997), com base nesses conjuntos de comportamentos os

líderes puderam ser agrupados em diferentes estilos de liderança.

Likert, procurando estabelecer relações entre o comportamento de

liderança e sua eficácia, indicou como base para a classificação dois

guidelines: o estilo democrático e o estilo autocrático. Estes, de acordo com

Bergamini (1997), “dirigem suas ações mais no sentido de conseguirem ‘que o

trabalho saia’, ocupando-se prioritariamente com assuntos tais como

planejamento, formulação de procedimentos e estabelecimento de padrões de

produtividade”, enquanto aqueles, gerenciavam voltados aos seus

subordinados e suas respectivas necessidades, procurando apoiá-los e criar

um clima mais aberto e “familiar”.

Com o aprofundamento dos estudos sobre a teoria contingencial nas

organizações, surge o enfoque da liderança situacional, sendo aqui

representada pela Teoria do Caminho-objetivo (Path-Goal). Essa teoria está

fundamentada no processo motivacional apresentado pelo líder aos seguidores

e utiliza como referencial teórico o modelo desenvolvido por Vroom, chamado

de Teoria da Expectativa ou VIE, devido aos três conceitos essenciais,

utilizados por ele: valência, instrumentalidade e expectativa.

De acordo com Robbins (2007), o primeiro é: “uma medida da atração

que um determinado resultado exerce sobre um indivíduo ou a satisfação que

ele prevê receber de um determinado resultado”. O conceito de

instrumentalidade também recebe o nome expectativa desempenho-resultado e

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diz respeito à relação entre a execução de uma ação e a experimentação do

resultado. Expectativa, por sua vez, é a convicção entre uma relação de causa-

efeito, ou seja, referente ao vínculo entre esforçar-se e realmente

desempenhar-se bem.

Sobre o assunto Vroom (1964, apud ROBBINS, 2007, p. 269) escreve:

Sempre que um indivíduo escolhe entre alternativas que

envolvem resultados incertos, torna-se claro que seu

comportamento é afetado não só por suas preferências

entre esses resultados, mas também pelo grau em que

ele acredita que eles são prováveis.

Portanto, através da utilização da teoria de Vroom podemos dizer que a

vontade para uma ação só surge quando a instrumentalidade e a valência

estão altas e a ação só ocorre quando se eleva a expectativa e mantêm-se

altas a valência e a instrumentalidade.

A teoria do Caminho-objetivo apoiada na teoria de Vroom, vai apontar

que o trabalho de liderança envolve a manutenção dos três conceitos de VIE

de modo desejável. O líder passa a ter três responsabilidades: manipular as

valências dos seguidores, manusear a instrumentalidade dos mesmos,

certificando-se que o desempenho levado gerará resultados satisfatórios e

promover o controle das expectativas dos seguidores por meio da redução de

barreiras frustrantes do desempenho (WAGNER e HOLLEMBECK, 2003).

A teoria situacional, ainda aponta que as características da situação

devem abarcar a estrutura da tarefa e o poder de posição do líder, para

conseguir determinar o tipo de liderança mais eficaz. Nessa linha de estudo,

existem diversos estilos de liderança, dentre eles:

- Estilo Visionário: mantém seus colaboradores valorizados,

servem de sustentáculos para apoio dos problemas, explicitando

seus valores ambientais e sociais, criando um clima emocional

agradável onde cada um compreende o seu papel;

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- Estilo Conselheiro: é o estilo que os líderes tendem a exibir com

menos freqüência, porém, é uma das ferramentas mais poderosas

que os líderes poderiam ter em mãos, pois ela produz uma

resposta emocional positiva e melhores resultados. Os líderes

conselheiros estabelecem relações de simpatia e confiança com

seus colaboradores, procurando dar importância às conversas

pessoais em vez de vê-lo como meras ferramentas de trabalho;

- Estilo Agregador: promovem harmonia, mantém seus

colaboradores satisfeitos e dão prioridade às suas necessidades

emocionais. Um traço típico desse estilo agregador é ser firme nas

repreensões quando necessário;

- Estímulo Democrático: corresponde a um estilo de líder que atua

com participação, seus membros trabalham em conjunto e tem

interesse em ouvir a opinião das pessoas, não decide sozinho. São

pessoas participativas, colaboradoras, cooperativas, transparentes,

tranqüilas e pacientes;

- Estilo Agressivo: é o estilo de líder que cria uma ressonância,

atingindo metas desafiadoras e estimulantes. Geralmente é

extremamente negativo e quando obtém sucesso, depende sempre

de uma equipe motivada e competente.

Liderança não é sinônimo de gerência, embora cada gerente deva ser

um líder. Infelizmente, muitos sabem pouco do que a liderança exige. Um líder,

entretanto, não precisa necessariamente gerenciar coisa alguma. Motivação é

sinônimo de liderança. O sucesso de um líder pode depender quase que

exclusivamente de sua capacidade de motivar outras pessoas (DIAS, 2003).

Como visto anteriormente, aumento de salário, bônus e metas muitas

vezes são motivadores a curto prazo. Os incentivos à produtividade não

substituem uma gerência eficaz. Não são um modo decisivo de aumentar a

produção, e, às vezes, são oferecidos apenas como um presente para os

colaboradores.

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Prêmios individuais especiais não motivam outros a

imitarem os ganhadores. As metas podem ser

desmotivadores poderosos, a menos que tenham sido

estabelecidas com justiça. Devem existir regras

padronizadas para estabelecer os prêmios por metas

atingidas, de modo que todos saibam a que têm direito.

Estas regras podem ser baseadas em salário, tempo de

casa ou tipo de serviço envolvido (PONTES, 1996).

O medo, sob certas condições, pode ser um motivador muito forte, e um

líder precisa levar em consideração os temores de seus subordinados,

procurando erradicá-los ou ao menos diminuí-los (AZEVEDO, 1990).

Por fim, Davis e Newstron (1992, apud Barreto e Pereira, 2007)

concluem que nesse sentido, os líderes precisam constantemente de novos

métodos para estimular um desempenho maior e promover o

comprometimento. Para os autores, as políticas de recursos humanos devem

buscar se concentrar nos temas valorizados pelas pessoas, que as ajudam a

construir seus próprios futuros e a colher recompensas por suas contribuições.

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CONCLUSÃO

Analisando as teorias apresentadas fica nítido que a liderança é que cria

condições para que o colaborador esteja motivado no ambiente de trabalho. É

claro que, existem fatores internos e externos que influenciam na motivação. À

luz dessas considerações, uma autêntica liderança deve possibilitar ao líder a

capacidade de nos diversos campos da atividade organizacional:

1) desenhar estratégias que permitam atingir os objetivos por parte de

todos os que participam da organização;

2) desenvolver as capacidades operacionais dos colaboradores que

atuam na organização, de modo que se obtenha uma competência específica e

uma capacidade de bom desempenho de atividades determinadas, o que

constitui o objeto da organização; e

3) configurar e comunicar uma missão capaz de mover as pessoas pelo

sentido e pelo valor que reconhecem na sua contribuição à tarefa coletiva que

realiza a organização.

Vimos que não existe um dispositivo motivacional universalmente

consistente e aplicável a todos, a motivação no trabalho é de ordem individual,

por isso a dificuldade de motivar as pessoas de uma organização como um

todo.

Para um colaborador se motivar, primeiro ele tem que gostar da

organização onde atua. A relação com o líder é fundamental para que isso

aconteça, pois o líder constitui a primeira referência dele sobre a organização.

Ter um ótimo ambiente de trabalho também é fator importante para que o

colaborador se sinta motivado e satisfeito com o trabalho que executa.

Podemos concluir que a motivação é uma filosofia que deve ser

emanada de cima e espalhada para toda a organização. Essa filosofia é

descoberta sobre as necessidades e desejos de cada colaborador, é a

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engrenagem que cria um ambiente de trabalho que permite a ele dedicar-se,

como indivíduo, a tarefa de melhorar seu desempenho. A organização será

cada vez melhor quando o homem que nela atua for mais valorizado e

motivado ao crescimento.

Para finalizar, deixamos o pensamento de Carleial (1997, apud

BARRETO e PEREIRA, 2007):

A empresa não é uma entidade acéfala, isolada. Ela é

composta de sujeitos e por isso, deve levar em conta

esta condição. Somente as pessoas podem agregar

valor, através de seu trabalho, conhecimento, visão e

experiência de vida. Sem as pessoas de nada adiantaria,

pois é com elas e para elas que se trabalha.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – TEORIAS DA MOTIVAÇÃO 10

1.1. Teorias de Conteúdo 10

1.1.1. A Teoria das Necessidades de Maslow 10

1.1.2. A Teoria das Necessidades Manifestas de Murray 17

1.1.3. Os Fatores de Motivação segundo Herzberg 19

CAPÍTULO II – TEORIAS DE PROCESSOS 23

2.1. Teoria do Estabelecimento de Metas 23

2.2. Teoria das Expectativas 24

2.3. Teoria da Equidade 26

2.4. Teoria da Fixação de Objetivos de Edwin Locke 27

2.5. Os Estudos de Argyris 29

2.5.1. Maturidade e Imaturidade Pessoal e Profissional 29

2.5.2. Ampliação e Enriquecimento do Trabalho 31

2.5.3. Empowerment 32

CAPÍTULO III – LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO 35

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA CITADA 42

ÍNDICE 45

ÍNDICE DE FIGURAS 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Variação das Necessidades 11

Figura 2. A hierarquia das necessidades segundo Maslow 11

Figura 3. Tendência a satisfazer as necessidades (ordem indicada pelas setas)

12

Figura 4. Necessidades fisiológicas básicas para a manutenção da vida: alimento, sono, abrigo, impulso sexual (preservação da espécie)

12

Figura 5. Satisfeitas as necessidades fisiológicas, tendem a assumir maior prioridade as necessidades de segurança: preservação, afastamento do perigo físico e do risco de privação das necessidades básicas

13

Figura 6. Satisfeitas as necessidades de segurança, a tendência é passarem a ser prioritárias as necessidades sociais: participação, identificação com os seus iguais, formação de famílias, grupos de amigos, equipes, associações etc.

13

Figura 7. Satisfeitas as necessidades sociais, a tendência é tornarem-se prioritárias as necessidades de status e auto-estima: necessidades do ego, amor-próprio, reconhecimento do valor por si mesmo e pelo respeito alheio

14

Figura 8. Satisfeitas as necessidades de status e auto-estima, a tendência prioritária são as necessidades de auto-realização: atingir o máximo do potencial individual, tornar-se aquilo de que se é capaz e dar uma contribuição efetiva para a sociedade e para o país.

14

Figura 9. O que se quer em cada nível de necessidades 15

Figura 10. Algumas das necessidades manifestas de Murray 17

Figura 11. Fatores de motivação segundo Herzberg 20

Figura 12. Teoria do estabelecimento de metas 24

Figura 13. Ciclo da motivação conforme a teoria do estabelecimento de metas

28

Figura 14: Síntese dos quatro fatores mediadores entre motivação e alto desempenho

29

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes – Instituto a Vez do

Mestre

Título da Monografia: Motivação e sua Importância para a Qualidade no

Trabalho

Autor: Silvana de Barros Borba

Data da entrega: ___/___/___

Avaliado por