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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM METODOLOGIAS PARA OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS Um estudo de caso Por: Aline Costa da Cunha Orientador Prof. Nelsom Magalhães Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

METODOLOGIAS PARA OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS

Um estudo de caso

Por: Aline Costa da Cunha

Orientador

Prof. Nelsom Magalhães

Rio de Janeiro

2011

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

METODOLOGIAS PARA OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS

Um estudo de caso

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão de

Projetos

Por: Aline Costa da Cunha

3

AGRADECIMENTOS

à empresa na qual trabalho, aos

professores deste curso

4

DEDICATÓRIA

dedica-se à minha família: pai, mãe, e

irmãs

5

RESUMO

Qualidade e otimização de processos são assuntos recorrentes no

mundo de negócios, onde se procura melhorar cada vez mais os produtos

oferecidos a fim de atender às expectativas dos clientes e exigências do

mercado. O objetivo deste estudo é verificar se há alguma ferramenta da

qualidade que seja mais eficaz para otimização do processo “analisar contratos

de investimento de PJ enquadrados nos Programas subsidiados pelo

Governo”. Para a realização deste trabalho foram efetuadas as etapas de

descrição do processo utilizando a metodologia BPM; apresentação das

ferramentas da qualidade e possíveis aplicações tendo como base a literatura

consultada e em seguida aplicou-se as ferramentas Diagrama de Pareto e

Matriz de Prioridade. Conforme previsto em publicações, observou-se que as

ferramentas podem e devem ser utilizadas em conjunto, visto que são

complementares e auxiliam na otimização do processo como um todo. Porém,

foi identificado neste estudo, que apesar de as ferramentas possuírem um

grande leque de abrangência, para que se alcance melhores resultados, é

sugerido selecionar e aplicar aquelas que mais se adequem ao processo a ser

analisado.

6

METODOLOGIA

O presente trabalho será baseado no estudo de caso de setor de uma

Instituição Financeira destinada a analisar os contratos enviados por toda sua

rede de agências em âmbito nacional, que visam pleitear recursos subsidiados

pelo BNDES para investimentos PJ.

O objetivo deste setor é centralizar os contratos para verificar a

conformidade, tendo como base as Normas internas e principalmente as

Normas do BNDES e submetê-los à análise daquela Instituição quando o

enquadramento estiver correto.

Será feita a descrição do processo “analisar contratos de investimento

de PJ enquadrados nos Programas subsidiados pelo Governo” utilizando o

BPM e a verificação dos pontos críticos será efetuada através da aplicação de

ferramentas da Qualidade.

As fontes das metodologias e ferramentas serão obtidas por meio de

referências de livros, artigos científicos e sites institucionais.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Descrição do processo 10

CAPÍTULO II - Ferramentas da Qualidade 23

CAPÍTULO III – Estudo de caso 46

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 54

ÍNDICE 56

8

INTRODUÇÃO

O atual crescimento da divulgação de programas do governo destinado

a investimentos com custo subsidiado pelo Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem proporcionado um

aumento da procura destes recursos pelas empresas de todo o país.

O apoio do BNDES se dá por meio de financiamentos a projetos de

investimentos, aquisição de equipamentos e exportação de bens e serviços.

Os Programas atualmente em vigência são bastante atrativos em função de ter

longo prazo de pagamento, incluir carência e a taxa de juros ser reduzida e

fixa.

Como normalmente estes recursos são repassados às empresas

solicitantes indiretamente através das Instituições Financeiras (IF’s)

credenciadas, há também um aumento na concorrência entre essas

Instituições financeiras por este mercado.

Tendo em vista que os recursos são limitados e o grau de

conformidade exigido para as solicitações é elevado, torna-se essencial que as

IF’s invistam na otimização do processo de análise dos contratos submetidos a

estes programas com o objetivo de elevar a possibilidade de garantir os

recursos e repassá-los aos seus clientes.

As IF’s precisam efetuar a análise com agilidade, sem prejuízo da

aderência às normas de conformidade (compliance) e com isso evitar

retrabalho, recusa ou até aplicação de penalidades.

Dentro deste contexto, o presente estudo visa analisar as principais

metodologias utilizadas para otimização de processos e verificar se há alguma

que seja mais eficaz a ser aplicada na empresa objeto do estudo de caso, que

servirá de ilustração para o desenvolvimento das etapas de descrição do

9

processo, identificação de pontos críticos e sugestão de melhorias, porém não

haverá implantação do novo processo.

No Capítulo I, será descrito o processo “analisar contratos de

investimento de pessoa jurídica (PJ) enquadrados nos Programas subsidiados

pelo Governo com recursos do BNDES” utilizando a metodologia BPM.

No Capítulo II, o foco será na descrição das ferramentas básicas e

gerenciais (novas) da Qualidade utilizadas na verificação de pontos críticos dos

processos.

As metodologias utilizadas na otimização de processos relacionadas

aos pontos críticos serão abordadas no Capítulo III, onde serão aplicadas

algumas ferramentas citadas no capítulo anterior através de um estudo de

caso.

10

CAPÍTULO I

DESCRIÇÃO DO PROCESSO

Com a crescente competitividade no mundo dos negócios, as

empresas procuram cada vez mais ser um diferencial no mercado para

conquistar e manter consumidores, sendo obrigadas a rever constantemente

seus produtos e processos.

1.1 – Processos de negócios

Processo pode ser definido como um encadeamento de atividades

executadas dentro de uma companhia ou organização, que transformam

entradas em saídas e que tem por finalidade transformar, montar, manipular e

processar insumos para produzir bens e serviços que serão disponibilizados

para clientes (Baldam et al, 2008; Cruz, 2000).

Conforme Cruz (2000) a principal necessidade empresarial atualmente

é organizar e documentar processos, o que se torna mais relevante quando a

conformidade é requerida e expressa em regras externas à organização, como

complementa Baldam et al.(2008).

A importância dos processos é ratificada por Madison (2005 apud

Neto, 2008) ao relacionar a causa de 85% dos problemas nas organizações a

processos, mecanismos de controle e estrutura mal elaborados e apenas 15%

às pessoas.

Desta forma, para funcionar de maneira eficaz, as empresas devem

ser capazes de identificar e gerir suas numerosas atividades interligadas

(Barbará, 2006 apud Amaral, 2008) e ignorar o sistema de processos pode ser

11

arriscado tendo em vista que é o eixo de alinhamento do desempenho e do

atingimento dos objetivos da empresa (Smith, 2009).

A gestão por processos preceitua que a resolução dos problemas seja

efetuada mediante a identificação dos problemas nos processos existentes e

para isso se torna cada vez mais relevante a participação humana para rever,

alterar e monitorar os processos que deverão ser continuamente otimizados.

(Smith & Fingar, 2003 apud Baldam et al, 2008).

A tecnologia vem então ao encontro desta necessidade de melhoria

contínua para auxiliar na eficiência e automação dos processos.

1.2 – Business Process Management – BPM

Conforme Baldam et al (2008), empresas em geral tem manifestado o

interesse no BPM como forma de resolver ou contribuir de maneira acentuada

na solução de uma série de problemas organizacionais.

1.2 1 – Definição

Business Process Management BPM- “É a disciplina de modelar,

automatizar, gerenciar e otimizar processos de negócios através de seu ciclo

de vida com propósito de lhes agregar valor.” (Khan ,2003 apud Baldam et al,

2007) além de permitir que clientes mapeiem graficamente processos de

negócios, como o de emissão e retirada de faturas, transformando este mapa

visual numa aplicação e gerenciam as mudanças no fluxo de trabalho

(Workflow) até que suas solicitações estejam concluídas (Computerworld apud

Cruz, 2008)

Para Cruz (2008), o BPM tem duas linhas de pesquisa e concepção

distintas, mas complementares entre si: a ORGANIZACIONAL e a

12

FERRAMENTAL. A primeira refere-se a teorias, normas, políticas e

metodologias pertinentes a análise, desenho, redesenho, modelagem,

organização, implantação, gerenciamento e melhoria de processos de negócio,

enquanto que a segunda trata do ferramental (TI) necessário para

operacionalizar o primeiro grupo, o do conceito BPM e todos os seus

elementos. E desta forma define:

“Business Process Management é o conjunto formado

por metodologias e tecnologias cujo objetivo é possibilitar

que processos de negócio integrem, lógica e

cronologicamente, clientes, fornecedores, parceiros,

influenciadores, funcionários e todo e qualquer elemento

com que eles possam, queiram ou tenham que interagir,

dando à organização visão completa e essencialmente

integrada do ambiente interno e externo das suas

operações e das atuações de cada participante em todos

os processos de negócio.” (Cruz, 2008, pág.67)

1.2 2 – Empresas e BPM

O conceito de BPM tem sido utilizado por diversas organizações com o

intuito de mapear, acompanhar e melhorar seus processos, uma vez que tem

como característica a agilidade e flexibilidade imprescindíveis para que os

produtos tenham um ciclo de vida menor, além de possibilitar ajustes e

alterações tempestivas voltados para a melhoria contínua.

Em empresas globais é necessário que haja a otimização e

racionalização das atividades operacionais (Jain, 2011). Ao que tudo indica, o

BPM surge com a possibilidade real de transformar mudanças necessárias na

forma como o trabalho é realizado nas empresas em processos otimizados,

analisados e validados de maneira a proporcionar mudanças mais rápidas

diante do mercado competitivo (Neto, 2008).

13

Como o BPM objetiva a otimização e automação dos processos de

negócio, este provê ferramentas, tecnologias e métodos, utilizados em

conjunto pelas áreas de TI e Negócio (Wahli et al, 2006) e com isso, permite

que as dificuldades entre estas áreas sejam minimizadas, de forma que os

gestores possam definir, controlar e otimizar os processos com mais agilidade

e a área de TI tenha condições de atender e incorporar alterações na estrutura

mais tempestivamente (Neto, 2008).

Assim, o BPM aumenta a satisfação dos clientes internos e externos,

pois possibilita que as informações sejam obtidas de forma mais rápida e fácil

devido à melhoria no tempo do ciclo dos processos e do monitoramento, já que

as ocorrências não se perdem ao longo do caminho, assim, ações preventivas

e corretivas são gerenciadas com maior celeridade (Amaral et al., 2008). Além

de viabilizar a inserção de mais pontos de controle com o objetivo de reduzir a

exposição ao risco (Vain, 2011).

Com o BPM, a transformação das organizações deixa de ser uma arte

imprecisa e de resultados imprevisíveis, tornando-se uma disciplina

administrativa e de engenharia, com indicadores predefinidos, porém passíveis

de alterações (Baldam et al, 2008).

O BPM consegue ir além da automação do fluxo de trabalho e da

modelagem gráfica dos processos, pois também envolve a monitoração dos

processos enquanto executados e uma integração de ponta a ponta,

englobando as tarefas humanas e as operações automatizadas, e desta forma

proporciona por mudanças significativas na forma como os processos de

negócio devem ser otimizados e gerenciados (Leite e Rezende, 2007 apud

Oliveira et al., 2010; Brodbeck e Gallina, 2007 apud Oliveira et al., 2010).

O BPM aproveita todos os benefícios advindos das metodologias,

ferramentas e tecnologias dos ciclos anteriores (qualidade total e

reengenharia) para implantar, gerenciar e melhorar processos de maneira

14

madura, sendo denominado, em função disto, “terceira onda” (Neto, 2008).

Assim, BPM não se trata de modismo, nem tão pouco uma nova onda de

“reengenharia de processos”, pois não preconiza ruptura nem traumas, pois é

voltado para a melhoria contínua dos processos (Zaniol et al., 2008)

1.2 3 – Ciclos de vida do BPM

Apenas definir ou “desenhar” um processo não é suficiente para q a

organização tenha os benefícios da gestão por processos. É preciso q todo o

ciclo de vida de um processo seja gerenciado para obter uma maximização de

resultados de maneira contínua e constante (Neto, 2008).

Diversos autores propõem modelos para orientar a gerenciamento de

processos, que normalmente assumem a forma cíclica, ou seja, ações que se

repetem nas fases posteriores, sendo então denominados Ciclos de BPM

(Baldam et al., 2008). A seguir serão apresentados os ciclos de BPM conforme

os modelos de Baldam et al.(2008) e Cruz (2008).

No modelo proposto por Baldam et al (2008), o ciclo é composto de 4

etapas e pode ser aplicado a um processo em particular ou a uma gestão

integrada de todo o feixe de processos da organização, existentes ou futuros.

Etapa1: Planejamento do BPM – são definidas as atividades de BPM

que contribuirão para o alcance das metas organizacionais, como verificação

dos pontos de falha nos processos que causam dano à organização, definição

de planos de ação para implantação, definição dos processos que necessitam

de ação imediata.

Etapa 2: Modelagem e otimização dos processos - atividades que

permitem gerar informações sobre o processos atual e/ou sobre a proposta de

processos futuro; documentar processos; prover dados de integração entre

processos; empregar metodologias para otimizar os processos; fazer

15

simulações, inovações e redesenhos; gerar especificações par implementação,

para configuração e customização, para execução e controle.

Etapa 3: Execução de processos - visa garantir a implantação e

execução dos processos através de atividades como implantação dos planos

de transferência de tecnologia, treinamentos, ajuste de equipamentos e

softwares, acompanhamento do processos implantado, monitoramento e

controle da execução de instâncias do processo.

Etapa 4: Controle e análise de dados – são realizadas atividades

relacionadas ao controle geral do processo mediante recursos como uso de

indicadores, métodos estatísticos, diagrama da causa e efeito, que vão gerar

informações para posteriormente realimentar as atividades de otimização e

planejamento. Abaixo, segue a representação do ciclo de BPM supracitado:

Figura 1: Ciclo do BPM adotado por Baldam et al., 2008, pág. 56

16

De acordo com Cruz (2008), dentro do BPM há um grande ciclo de

vida que se subdivide em vários outros ciclos, cada um deles ligado a um

aspecto do conjunto BPM.

O início do ciclo de vida do BPM se dá a partir do momento que a

organização decide mapear seus processos e conhecê-los por meio da

documentação detalhada de cada um dos elementos que deles fazem parte.

Cabe ressaltar que uma das primeiras preocupações da empresa deve

ser a de ter uma metodologia para a realização do trabalho de análise,

desenho, redesenho, modelagem organização, implantação, gerenciamento e

melhoria de processos de negócios, não sendo admitida a iniciação sem uma

metodologia, por mais simples que seja.

Fases da metodologia – tempo variável:

Análise inicial das necessidades (ou problema): é o início do

conhecimento do projeto, onde são comunicados seus requisitos e

características (extensão, duração, custo e objetivo), além de ser necessário

ter o conhecimento das expectativas do cliente e o que deve ser entregue no

final dos trabalhos. Enfim, captar as informações úteis para que se realize uma

proposta com menor grau de incerteza e com o cuidado necessário para que o

projeto não se torne um fracasso.

Documentação, desenho e análise do processo atual: nessa fase o

processo que já existe é documentado a fim de que suas condições de

execução e operação sejam melhoradas. Processos sem controle são todos os

que existem, produzem bens ou serviços, mas não são formalmente

conhecidos porque não são documentados. A documentação e desenho do

processo têm como objetivo de que seja formalmente conhecido, analisado e

entendido por todos que têm responsabilidade com o produto produzido. Caso

17

o processo não exista, esta fase não é executada, passando assim da fase

anterior para a próxima fase.

Análise, redesenho ou modelagem do novo processo: é efetuado o

desenho do novo processo com melhorias ou totalmente novo.

Implantação do novo processo: ocorre quando da implantação do novo

processo, as pessoas são treinadas e acompanhadas para garantir que o que

foi projetado e criado seja efetivamente executado e operacionalizado.

Segue abaixo o ciclo de vida geral do BPM:

Figura 2: Ciclo de vida geral do Business Process Management. Fonte: Cruz, 2008,

pág.198

1.2 4–Business Process Maturity Model– BPMM

As organizações e/ou setores podem apresentar estágios

diferenciados de evolução do BPM. Desta forma, para mensurar o estágio em

que se encontram em relação a sua orientação aos processos de negócios

pode ser utilizado um Modelo de Maturidade.

18

Na literatura são encontrados diversos modelos de maturidade, porém

a seguir serão apresentados os pontos em comum dos 5 estágios do Business

Process Maturity Model propostos por Paulk et al. apud Baldam, 2008

(baseado no CMM- Capability Maturity Model) e Curtis e Alden apud Neto,

2008 e Harmon apud Neto, 2008.

O estágio inicial se caracteriza pela inexistência de um modelo de

gestão por processos, ou possui poucas tentativas não coordenadas e não

estruturadas de BPM. Normalmente as pessoas não são conscientes de que

fazem parte de processos e comumente a carga de trabalho alocada para

unidade de negócios envolve decisões sem nenhum tipo de embasamento nos

processos inter-relacionados, há alto nível de intervenção manual e retrabalho

e os esforços são individuais, sem uma visão global.

No segundo nível de maturidade já há um progresso em relação ao

anterior e já apresenta as primeiras experiências com BPM, e primeiras

documentações de processos. Os funcionários de determinados setores já

executam atividades consistentes e padronizadas. Há um controle em nível

local dos processos.

O desenvolvimento das capacidades de BPM e expansão de

funcionários com a visão de processos dentro da organização ocorrem no

terceiro estágio. Há um gerenciamento dos processos de negócios que

envolvem atividades de setores diferentes da empresa, mas nem todos os

processos encontram-se mapeados. São feitas sessões de treinamento, as

ferramentas de BPM são mais elaboradas, além de ser aplicada uma

combinação de diferentes métodos e ferramentas de gerenciamento.

O controle dos processos, como análises estatísticas, é implantado no

quarto estágio, onde a organização se beneficia de ter firmemente implantado

o BPM. Propósitos do BPM encontram-se plenamente integrados à estratégia

19

e a posição do BPM está plenamente formal e designada. São mescladas

perspectivas de negócios e TI.

No último estágio, o BPM será parte integrante do gerenciamento

estratégico e operacional, e as proposta de melhoria permitirão que as

capacidades atuais da empresa sejam maximizadas a fim de atingir os

objetivos estratégicos. É fixado um ciclo de BPM.

1.2 5– Business Process Model and Notation – BPMN

O Business Process Model and Notation (BPMN- versão 2.0) é um

padrão de notação gráfica desenvolvido por Object Management Group (OMG)

e tem como objetivo facilitar o entendimento do processo pelos usuários do

negócio, como gestores, técnicos e a área de TI, além de padronizar a

linguagem de representação dos processos e seu fluxo de atividades.

O modelo propõe a visualização dos processos baseado no formato de

fluxogramas, que utiliza formas e ícones devidamente formalizados e

identificados para determinada representação, proporcionando o

reconhecimento e a compreensão de todos os envolvidos.

É importante ressaltar que paralelamente à criação de um mecanismo

simples e compreensível, o BPMN encontra-se preparado para atender à

complexidade inerente aos processos de negócios. A forma encontrada para

conciliar estes dois aspectos foi a organização de aspectos gráficos da

notação em categorias específicas, o que simplifica o reconhecimento dos

tipos básicos e o entendimento de um diagrama BPMN pelo leitor.

A versão atual do BPMN apresenta diversos elementos gráficos que

permitem combinar a leitura, flexibilidade e expansiblidade dos processos

(OMG, 2011).

20

No estudo de caso objeto desta monografia, será confeccionado um

fluxograma simplificado para descrever o processo “analisar contratos de

investimento de PJ enquadrados nos Programas subsidiados pelo Governo”, e

para isso serão utilizados apenas os elementos básicos da modelagem BPMN.

Desta forma, para possibilitar o entendimento do diagrama no próximo item,

segue abaixo tabela contendo apenas as figuras que serão utilizadas.

Elemento Descrição Notação

Evento Um Evento é algo que “ocorre” durante o curso de um processo. Estes eventos indicam o fluxo do processo e usualmente possuem uma causa (gatilho) ou um impacto (resultado). Três tipos são possíveis: início (inicia o processo), intermediário e final (finaliza o processo).

Tarefa (atômica)

Uma tarefa é uma atividade de pouca abrangência (atômica). É usada quando o trabalho no processo não será mais detalhado em níveis inferiores de detalhamento gráfico.

Portal (gateway)

É usado para controlar a divergência ou convergência de múltiplas seqüências de fluxos. Determinará a geração de ramificações, bifurcações e uniões de diversos caminhos do fluxo.

Seqüência de fluxo normal

Refere-se ao fluxo originado a partir de um evento e continua através de atividades até o evento final, não dependente de condições.

Figura 3: Tabela adaptada BPMN 2.0. Fonte: OMG, 2011, p. 29

1.3– Descrição do Processo “analisar contratos de

investimento de PJ enquadrados nos Programas subsidiados

pelo Governo”

21

Para que se tenha êxito na gestão de processos, é importante o

entendimento detalhado dos processos existentes e a previsão correta dos

resultados das mudanças nesses processos.

Conforme Cruz (2008), a documentação de qualquer processo pode

ser feita em três níveis de detalhamento distintos, mas complementares e o

que vai determinar o nível de profundidade do trabalho é motivo para o qual se

está realizando o levantamento e documentação do processo.

O primeiro nível de detalhamento da documentação de um processo

tem como finalidade conhecê-lo por meio do mapeamento das suas atividades,

papéis funcionais e padrões de medição e controle de desempenho. Não há

necessidade de descer a detalhes exigidos pelos outros dois níveis.

O segundo nível está relacionado à adoção de alguma norma, como as

da família ISO.

No terceiro nível, é exigido que o detalhamento seja mais minucioso,

pois se refere à implantação de softwares.

1.3.1 – Perfil da empresa objeto do estudo de caso

Na empresa objeto do presente estudo não há Gestão por processos e

conseqüentemente a também não há utilização dos conceitos do BPM, sendo

então enquadrada no nível 1 do BPMM.

A finalidade nesta etapa é desenhar o processo “analisar contratos de

investimento de PJ enquadrados nos Programas subsidiados pelo Governo”

utilizando a linguagem proposta pelo BPMN, porém de forma simplificada e

com nível 1 de detalhamento, apenas mapeando suas atividades. O referido

processo é desenvolvido por uma Centralizadora de uma instituição financeira

22

que visa verificar a conformidade dos contratos enviados pela sua rede

previamente ao envio ao BNDES.

1.3.2 – Fluxo de atividades do processo “analisar contratos de

investimento de PJ enquadrados nos Programas subsidiados pelo Governo”

Solicitante

Centralizadora

Analista 1

Analista 2

23

CAPÍTULO II

FERRAMENTAS DA QUALIDADE

As ferramentas da Qualidade vêm ao longo do tempo sendo

intensamente difundidas e aplicadas por empresas de todo mundo,

principalmente em função da exigência do mercado. Essas ferramentas são

utilizadas com diversas finalidades como melhorias de produto e serviços e

atendimento às normas e legislações vigentes.

1.1– Ferramentas básicas da Qualidade

Na década de 60, com o mercado voltado principalmente para

produção em larga escala, surgiram as sete ferramentas básicas da qualidade,

que tinham como foco aperfeiçoar os produtos industrializados através do

controle das variações apresentadas, detecção dos problemas e respectivas

causas. Com base nos resultados encontrados, eram propostas ações para

evitar os resultados indesejáveis e otimizar a produção, proporcionando então

a melhoria da qualidade.

Apesar de inicialmente permanecerem restritas às áreas de produção,

estas ferramentas se difundiram para outros setores e são aplicadas até hoje

em dia em empresas que atuam em diversos ramos.

1.1.1 – Estratificação- coleta de dados

Processo que permite a obtenção de dados numéricos ou não, de

maneira que sejam facilmente utilizáveis e verificados.

24

É utilizado quando precisar coletar dados baseados em observações,

medições e contagem para iniciar uma ação de melhoria.

Consiste em elaborar uma folha de verificação adequada, na qual os

dados serão registrados, coletar as informações de desejadas através desta

folha, estratificar os dados coletados e separá-los em categorias ou grupos.

Muito utilizada no estudo das caudas, quando estratifica-se os dados

até se chegar a raiz do problema. (Meira, 1999).

1.1.2 – Folha de verificação

Uma lista de verificação serve para a observação sistemática de

fenômenos, permitindo uma visualização da existência dos diversos fatores

envolvidos e seus padrões de comportamento (Daychouw, 2007) e é usada

para verificar se um conjunto de etapas necessárias foi executado. As listas de

verificação variam de simples a complexas com base nos requisitos e nas

práticas do processo. Muitas organizações têm listas de verificação

padronizadas disponíveis para garantir a consistência em tarefas realizadas

com freqüência (PMBOK, 2008).

Consiste em tabelas ou planilhas usadas para facilitar a coleta e

análise de dados de determinado problema. O uso de folhas de verificação

economiza tempo, eliminando o trabalho de se desenharem figuras ou

escreverem números repetitivos. Além disso, elas evitam comprometer a

análise de dados (Daychouw, 2007).

É o primeiro passo em qualquer atividade de qualidade, seja no caso

de dados de rejeição ou de entradas para gráficos de Pareto ou causa- efeito.

Principalmente os dados estatísticos devem se colocados na planilha, pois, por

vezes, simplesmente sua ordenação e organização já induzem a uma solução

ou a uma conclusão (Paranhos Filho, 2007).

25

1.1.3 – Diagrama de Pareto

O diagrama de Pareto, ou gráfico de Pareto, é um tipo de histograma,

ordenado por freqüência de ocorrência. Mostra quantos defeitos foram gerados

por tipo ou categoria de causa identificada. A ordem de classificação é usada

para direcionar a ação corretiva.

Os diagramas de Pareto estão conceitualmente relacionados com a Lei

de Pareto, que afirma que em geral um número relativamente pequeno de

causas é responsável pela maioria dos defeitos ou problemas (PMBOK, 2008).

Tem sua origem no século XVI e resultou dos estudos do italiano

Vilfredo Pareto, que demonstrou a sua constatação de que cerca de 80% da

riqueza mundial estava nas mãos de 20% da população. Essa proporção

(80/20) ocorre com freqüência também na análise de várias situações de

muitas operações (Paranhos Filho, 2007).

Essa regra é conhecida como o princípio 80/20, onde 80% dos

problemas se devem a 20% das causas. Os diagramas de Pareto também

podem ser usados para resumir vários tipos de dados visando análises 80/20

(PMBOK, 2008).

Análises desse tipo levaram à conclusão de que existem, em várias

circunstâncias, poucos itens vitais e muitos itens triviais, de modo que a

classificação deles, na forma de um gráfico, auxilia na análise e visualização

dos que são prioritários (Paranhos Filho, 2007), pois facilita o estabelecimento

de prioridades, uma vez que permite determinar a importância relativa de

problemas ou causas e identificar os mais relevantes para priorizar e orientar

as ações de melhoria (Meira, 1999).

26

Deve-se abordar em primeiro lugar as causas que estão gerando o

maior número de defeitos (PMBOK, 2008), já que ao concentrar os esforços

em alguns problemas vitais, estes, uma vez resolvidos, têm grande impacto.

A simples classificação dos defeitos por categoria estimula o gestor a

perguntar por que ocorreu cada defeito, o que pode levar a soluções (idéias)

para evitá-las. Tais estatísticas descritivas são fáceis de entender e podem

levar a muitos aperfeiçoamentos, mesmo quando manipuladas por pessoal

sem o conhecimento estatístico ou matemático, pois a estratificação é a

ferramenta mais importante do gerente.

Ainda que seja simples, essa técnica exige treinamento, não porque

seja difícil de entender, mas porque o hábito da pesquisa da causa lógica, em

conjunto com essa ferramenta, deve ser incutido em todos os níveis da

organização (Paranhos Filho, 2007).

Para elaborar um diagrama de Pareto, primeiramente deve ser definido

o problema e em sequência, coletar os dados sobre o problema, estratificar

esses dados por categorias/tipos, calcular as freqüências relativas de cada

categoria ou tipo, listar as categorias/tipos em ordem decrescente de

freqüência e fazer uma tabela. Com base nos dados da tabela, é construído

um gráfico sobre a freqüência de cada categoria (Meira, 1999).

Figura 4: Diagrama de Pareto. Fonte: Viola, 2011, p. 43

27

1.1.4 – Diagrama de causa e efeito – Ishikawa

Originalmente proposto pelo engenheiro químico Kaoru Ishikawa em

1943 e aperfeiçoado nos anos seguintes, é também conhecido como Diagrama

de causa e efeito ou diagrama de espinha de peixe.

É uma representação gráfica que permite organizar informações,

possibilitando a identificação das possíveis causas de um determinado efeito

(problema), ilustrando como diversos fatores podem estar ligados a problemas

ou efeitos potenciais e permitindo a percepção das relações entre causas e

efeitos que intervêm em qualquer processo. (Meira, 1999; PMBOK, 2008;

Daychouw, 2007).

O diagrama de causa-efeito ou diagrama de Ishikawa serve para

direcionar o processo de resolução de problemas, separando as causas do

efeito indesejado que é o problema (Paranhos Filho, 2007).

A nomenclatura “espinha de peixe” é devida à sua forma básica similar

a uma espinha de peixe. Todas as fases ou operações vão concorrendo para

uma espinha dorsal, uma após a outra, em sequência lógica.

Permite estruturar hierarquicamente as causas de determinado

problema ou sua oportunidade de melhoria, bem como seus efeitos sobre a

qualidade. Permite também estruturar qualquer sistema que necessite de

resposta de forma gráfica e sintética.

As causas ou fatores são representados como setas que concorrem

para o efeito (problema) que está sendo estudado. As causas ou fatores

complexos podem se decompostos em seus mínimos detalhes (causas

primárias e secundárias), sem com isso perder a visão de conjunto.

28

O diagrama pode evoluir de uma estrutura hierárquica para um

diagrama de relações, uma das Sete Ferramentas do Planejamento da

Qualidade por ele desenvolvidas, que apresenta uma estrutura mais complexa,

não hierárquica.

Tem como finalidade a apresentação ordenada da sequência de

operações ou fases de um processo ou sistema mostrando todas as etapas

componentes, sua sequência e inter-relações (Daychouw, 2007).

Para utilização desta ferramenta são efetuadas as seguintes etapas:

definir claramente o efeito (problema), desenhar a “espinha de peixe”,

identificar as grandes causas do efeito; fazer as ramificações nas grandes

causas e selecionar as principais (Meira,1999).

Em geral, as causas são levantadas em reuniões do tipo

“branstorming”. As causas mais prováveis podem então ser discutidas e

pesquisadas com maior profundidade para tentar detectar um determinado

problema e sugerir novas idéias para que a ação/ trabalho dê certo.

(Daychouw, 2007).

Se as causas forem eliminadas, o efeito também será. (Meira,1999).

Ao motivar os funcionários da empresa a usar a metodologia de

Ishikawa é fomentada uma cultura na empresa de procurar sempre a causa

dos problemas. No gráfico chamado de Espinha de Peixe, podem ser vistas

todas as variáveis e testar cada uma delas de modo a identificar a causa real

do problema (Paranhos Filho,2007).

29

Figura 5: Diagrama de causa e efeito. Fonte: Viola, 2011, p.36

1.1.5 – Diagrama correlação/ Diagrama de dispersão

Mostra o relacionamento entre duas variáveis. Essa ferramenta permite

que a equipe de qualidade estude e identifique o relacionamento possível entre

as mudanças observadas em duas variáveis. São plotadas as varáveis

dependentes e as variáveis independentes. Quanto mais próximos estiverem

os pontos em relação a uma linha diagonal, mais próximo será o

relacionamento entre eles (PMBOK, 2008).

Os diagramas de correlação são usados para determinar as possíveis

relações entre as variáveis e o tempo (correlação temporal) e entre duas

variáveis (correlação causal).

Este instrumento também é chamado de diagrama de dispersão, pois

pode indicar a correlação e a não correlação que nesse caso seria a dispersão

dos dados, o que provocaria a não relação entre as variáveis. Assim, oferecido

dois conjuntos de dados, plotando-os em um gráfico, com abscissas e

ordenadas, podemos concluir se existe ou não uma correlação entre dois

conjuntos.

A relação entre as variáveis pode ser de qualquer tipo, ex: desgaste de

pneus por km rodado X pressão; resistência à tração de um aço X diâmetro

(Paranhos Filho, 2007).

30

Figura 6: Diagrama de correlação. Fonte: Viola, 2011, p.46

1.1.6 – Histograma

Um histograma é um gráfico de barras verticais que mostra com que

freqüência ocorreu determinado estado de uma variável. É a forma gráfica

mais popular, dentre os vários modelos possíveis, para ilustrar uma distribuição

de freqüências.

Constitui-se de um gráfico de colunas onde se registram os valores ou

classes na horizontal e as respectivas freqüências na vertical. Cada coluna

representa um atributo ou uma característica de um problema ou uma

simulação. A altura de cada coluna representa a freqüência relativa de cada

característica.

Essa ferramenta ajuda a ilustrar a causa mais comum dos problemas

em um processo, com a quantidade e a altura relativa das barras.

É um meio excelente para visualizar o processo representado pelos

dados, pois, nele, podemos constatar que as medidas variam em torno de um

valor central denominado tendência central (PMBOK, 2008; Paranhos Filho,

2007).

31

Figura 7: Histograma. Fonte: Viola, 2011, p.41

1.1.7 – Gráficos de controle/ Cartas de controle do processo

Os gráficos de controle são usados para determinar se um processo é

estável ou se tem um desempenho previsível. Os limites de especificação

superior e inferior se baseiam nos requisitos estabelecidos para o processo.

Eles refletem os valores máximo e mínimo permitidos (PMBOK, 2008).

As cartas de controle têm como objetivo acompanhar as variações do

processo, analisando o comportamento de características críticas do produto e

propiciando ao gestor uma informação muito importante que é a tendência do

processo (Paranhos Filho, 2007).

Um processo é considerado fora do controle quando um ponto de

dados excede um limite de controle, ou se sete pontos consecutivos estiverem

acima ou abaixo da média (PMBOK, 2008).

Com as informações sobre a tendência de variação do processo, é

possível que esse seja corrigido ainda com as características dentro da faixa

admissível, antes de sair das especificações e perder a peça em termos de

qualidade. Controlando o processo estatisticamente, vamos notar a

estabilidade deste ou a tendência de o processo sair da zona de controle,

32

assim existe ainda a condição de parar o processo e verificar o que está

ocasionando essa tendência sem perder a peça que está sendo processada

(Paranhos Filho, 2007).

Os gráficos de controle ilustram como um processo se comporta com o

passar do tempo e quando um processo está sujeito a uma variação com

causa especial, resultando em uma situação fora de controle.

Quando um processo está dentro dos limites aceitáveis, ela está sob

controle e não precisa ser ajustado. Por outro lado, quando o processo está

fora dos limites aceitáveis, ele precisa ser ajustado.

Os gráficos de controle podem ser usados para monitorar vários tipos

de variáveis de saída. Embora sejam usados mais frequentemente para

rastrear as atividades repetitivas necessárias para produzir lotes

manufaturados, os gráficos de controle também podem ser usados para

monitorar variações de custos e prazos, volume e freqüência de mudanças no

escopo ou outros resultados de gerenciamento, para ajudar a determinar se os

processos de gerenciamento do projeto estão sob controle (PMBOK, 2008).

Boa qualidade não significa perfeição, mas um nível de qualidade

uniforme e previsível, que seja capaz de satisfazer as exigências do produto,

considerando que, quanto menor variabilidade, melhor será o processo.

O aprimoramento do processo é possível de ser conseguido por meio

da redução da variabilidade, o que tem impacto significativo também sobre a

produtividade. Assim, para termos elevados índices de qualidade e

produtividade, devemos procurar a estabilidade estatística do processo e o

constante aprimoramento do mesmo.

33

Uma importante análise a ser feita com a carta de processo é a das

características das causas das variações, se são sistêmicas (comuns) ou

especiais (Paranhos Filho, 2007).

Na figura abaixo, LSC (Limite Superior de controle) e LIC (Limite

Inferior de controle) representam a variação do próprio produto, enquanto LSE

(Limite Superior de Especificação) e LIE (Limite Inferior de Especificação)

representam limites estabelecidos como aceitáveis no processo.

Figura 8: Gráfico de controle. Fonte: Viola, 2011, p. 38

1.2 – As sete novas ferramentas da Qualidade

Conforme Moura (1994), as sete ferramentas básicas da qualidade

introduzidas nos anos 60 já vinham sendo amplamente utilizadas em todos os

níveis nas empresas japonesas, porem não eram adequadas em muitas

situações de planejamento gerencial para promoção do Gerenciamento da

Qualidade Total, quando decisões tinham de ser tomadas com base em dados

verbais (idéias, opinião e fatos) em vez de dados numéricos.

Faltavam aos executivos e gerentes ferramentas que os auxiliassem a

realizar essas tarefas, desde as etapas inicias do planejamento até o

34

acompanhamento cuidadoso da implementação.

Entre 1972 e 1978, uma comissão da JUSE (Union of Japonese

Scientists and Engineers) pesquisou e compilou as “sete ferramentas

gerencias da qualidade”: 7 FGQ.

Importante ressaltar que embora cada uma tenha utilidade

isoladamente, o uso concatenado das 7 FGQ que garantirá maior sucesso na

aplicação.

Além disso, cabe observar que as 7 FGQ vêm complementar e não

substituir as 7 ferramentas básicas da qualidade, as quais mantêm sua

importância crucial para a coleta e análise de dados, particularmente dos

dados numéricos.

1.2.1 – Diagrama de Afinidades (D/Af)

Esclarece problemas ou situações importantes, cujo estado inicial é

confuso, desordenado ou inexplorado. Dados verbais, que podem ser fatos,

opiniões e pensamentos na forma de frases independentes com um único e

claro significado, são coletados sobre o problema ao agrupados em diversos

conjuntos segundo suas afinidades e relações naturais.

Não se deve tentar construir um D/Af sobre problemas simples ou que

exijam solução imediata.

É a única ferramenta que explora a capacidade intuitiva, não lógica e

o poder de síntese. Desta forma, os participantes devem ler as cartelas e

encontrar “similares” que deverão ser colocadas uma ao lado da outra e em

breve, serão formados grupos de cartelas afins.

Conforme citado acima, a afinidade que se busca detectar deve

35

basear-se no feeling ou intuição, em vez da razão ou lógica. É perfeitamente

possível ter cartelas solitárias.

Uma vez concluída a divisão por grupos, estes devem receber

“rótulos” que descrevam sua afinidade. O D/Af pode ser desenhado utilizando

setas para indicar as inter-relações entre os grupos e cartelas. (Moura, 1994)

1.2.2 – Diagrama de Relações (D/Re)

O Diagrama de Relações (D/Re) mostra os diversos itens ou fatores

relevantes em uma situação ou problema complexo, indicando as relações

lógicas entre os mesmos através de setas. Desse modo, permite o

esclarecimento e entendimento amplo da questão, a partir do que soluções

adequadas podem ser identificadas.

O D/Re permite trabalhar tanto temas que envolvam um único objetivo

ou problema, quanto com temas ou situações que envolvam múltiplos

objetivos ou problemas. É a única ferramenta da qualidade para tratar com

eficácia casos que envolvam inter-relações complexas.

Os dados iniciais para a construção do D/Re podem vir de várias

fontes: Brainstorming (mais comum p/ coleta de dados verbais); Diagrama de

afinidades; Diagrama de Ishikawa; Diagrama em árvore.

Na montagem do D/Re são espalhadas cartelas contendo os dados

verbais obtidos onde se procura buscar relações entre elas. Ex: causa- efeito;

meio-objetivo. Quando são identificadas, coloca-se uma seta entre elas

mostrando a relação. Setas de duplo sentido devem ser evitadas, pois podem

gerar confusão, levando a “círculos viciosos”. Neste caso, escolher qual tem

mais influência e colocá-la como “causa”.

Após serem consideradas todas as cartelas, o diagrama deve ser

36

revisado e se necessário, são efetuados alterações.

Em seguida, são selecionados os pontos críticos (itens ou fatores mais

importantes no diagrama), sobre os quais pode e deve ser desenvolvido um

plano de ações. Normalmente, esses pontos são detectados através da

verificação de qual cartela possui maior número de setas entrando (podem ser

“gargalos”) ou saindo (tendem a ser as causas primárias). Os pontos críticos

devem ser realçados e não deve exceder sete para não “dispersar” a atenção.

Definida a forma final do diagrama e seus fatores críticos, deve ser

passado a limpo e distribuído aos participantes para futuras revisões e

atualizações.

É um trabalho difícil, que exige tempo e paciência. E apesar de ser

parte importante da resolução do problema, este não pode ser resolvido pela

simples construção de um D/Re. Desta forma, o problema ou situação

abordada deve ser complexo o suficiente para justificar o uso do D/Re.

Caracteriza-se como um processo de “lógica criativa”,

excepcionalmente adaptável tanto a questões administrativas quanto

operacionais. Possibilita “organizar” o problema, identificar fatores críticos com

exatidão, liberdade de expressão e consenso entre participantes, além de ser

útil para explicar situações ou problemas complexos a outras pessoas (Moura,

1994).

1.2.3 – Diagrama em árvore (D/Ar)

É uma ferramenta que permite identificar, em crescente grau de

detalhamento, todos os níveis e tarefas necessários para se atingir um dado

objetivo. Além disso, essa técnica habitua as pessoas a pensar em termos de

meios e objetivos, o que freqüentemente é difícil para quem está envolvido em

executar as tarefas específicas da rotina de trabalho.

37

Para se justificar o uso do Diagrama em árvore (D/Ar), o objetivo a ser

atingido deve envolver atividades de implementação suficientemente

complexas. Se o problema for simples e as tarefas de implementação

necessárias estiverem claras, é indicado partir para a ação, sem usar o D/Ar.

Neste diagrama, é estabelecido o vínculo racional entre o objetivo

primário e as tarefas de implementação.

Na construção de um D/Ar, deve-se primeiramente estabelecer o

objetivo primário a ser alcançado, que deve ser expresso de maneira clara e

simples. Tendo em vista o uso concatenado das 7 FGQ, o objetivo proposto

usualmente vem de algum item identificado como fator crítico no Diagrama de

Relações ou Diagrama de Afinidades.

Posteriormente devem ser listados e registrados em cartelas os meios

secundários e tarefas de implementação levantados como necessários para

atingir o objetivo. Os meios apontados pelo grupo devem passar por uma pré-

seleção.

Na sequência, são selecionados os meios e tarefas, os quais

receberão uma marca: O – Praticável; P - Potencialmente praticável; X –

Impraticável. As cartelas “potencialmente praticáveis” devem ser prontamente

investigadas e reclassificadas como “praticáveis” ou “impraticáveis”.

Ao organizar os meios e tarefas selecionados, coloque a cartela com o

objetivo primário à esquerda da superfície de trabalho. As cartelas que

respondem à pergunta “para atingir este objetivo, qual o meio mais

necessário?” mais adequadamente devem ser colocadas à direita do objetivo.

Para cada meio principal, coloca-se a pergunta “se agora este meio

for considerado um objetivo, que outros meios serão necessários para atingí-

lo?” e são selecionadas as cartelas que respondem a questão mais

adequadamente colocando-as à direita do respectivo meio principal.

38

Quando todas as cartelas tiverem sido arranjadas, traçam-se linhas

conectando as relações entre as tarefas/ meios e o objetivo.

A eficácia do D/Ar depende muito da relação direta de causa e efeito

entre cada objetivo e os meios, por isso procura-se confirmar que os meios

são de fato os mais adequados.

Geralmente o D/AR é utilizado em caso de desdobramento de

objetivos estratégicos, detalhamento de plano de desenvolvimento de novos

produtos, solução de problemas de qualidade, custo e prazo, desenvolvimento

de objetivos, políticas e tarefas de implementação de um plano de qualidade,

uso como um Diagrama Ishikawa.

Caso não seja possível implementar todas as tarefas levantadas pelo

D/Ar pode ser útil usar a Matriz de Priorização.(Moura, 1994)

1.2.4 – Matriz de priorização (M/Pr)

A M/Pr é uma ferramenta utilizada para tomada de decisões, pois

permitir estabelecer uma classificação numérica de prioridade entre um dado

conjunto de opções.

Possui um método racional de focalizar a atenção do grupo sobre as

opções mais importantes antes de se partir para o planejamento detalhado

das atividades.

Serão apresentados dois métodos para construção da Matriz de

prioridades: por critérios e causa e efeito.

No método de priorização por critérios são estabelecidos critérios de

seleção, que devem ser priorizados através do estabelecimento de grau de

importância/ peso. As opções sofrerão pontuações conforme cada critério

39

(“em que grau esta opção “X” atende ao critério “Y”?”), que serão calculadas

(multiplicar notas pelo respectivo peso) para verificar a ordem de prioridade.

O Método de priorização por causa e efeito é uma combinação do

D/Re com a Matriz de Relações.

É utilizado quando se deseja priorizar as opções com base na

existência e na intensidade das relações de causa e efeito entre elas.

Inicia com a construção da matriz, listando as opções nas linhas e

numerando-as em seqüência. As colunas também correspondem às mesmas

opções, pois serão comparadas entre si.

Na comparação entre as opções, deve ser verificado se existem

relações de causa e efeito entre elas e avaliar a intensidade das relações.

Quando se detecta uma relação de causa, desenha-se uma seta na célula

correspondente, no sentido da opção causadora/ influenciadora para a opção

causada/influenciada. Quanto à intensidade, utilizam-se símbolos que estão

associados à determinada pontuação.

É efetuada a totalização dos graus de relação para cada linha/ opção,

marcando o número de setas “para fora”, o número de setas “para dentro”, o

número total de setas e a soma dos pontos correspondentes aos símbolos

(coluna “grau”).

A interpretação da matriz se dá a partir da informação levantada na

M/Pr quando são identificadas as opções prioritárias.

Uma opção de alta prioridade certamente terá fortes relações com as

demais opções prioritárias e o maior número de pontos na coluna “grau”. As

opções com alto valor de “grau” e com total elevado de setas são as que têm

maior potencial para priorização, pois possuem várias e fortes relações com

40

as demais opções.

Dentro das opções selecionadas no item anterior, verificar os totais de

setas “para fora” e “para dentro”, ode são encontradas três situações

possíveis:

Maioria “para fora”: causa básica ou primária com impacto sobre um

grande número de opções. Via de regra, vale a pena priorizar e implementá-la

a curto prazo.

Maioria “para dentro”: indica gargalo ou ponto de convergência, do

qual muitas coisas dependem. Em geral, tarefa ou opção muito próxima do

objetivo inicial do Diagrama em árvore. Sua implementação a médio-longo

prazo é frequentemente um fator de sucesso ou conquista do objetivo final.

Empate: Pode-se comparar a soma dos pontos associados às setas

para dentro com a soma dos pontos para fora (Moura, 1994).

1.2.5 – Matriz de relação (M/Re)

Estimula o pensamento multidimensional através da investigação

sistemática das relações entre dois ou mais conjuntos de dados verbais e

permite indicar não apenas a presença, mas também a intensidade das

relações entre os fatores analisados. A partir do evidenciamento dos fatores-

chave, planos detalhados de implementação podem ser desenvolvidos.

Tipos de Matriz de relações: L, T, Y, X, cúbica.

Tipo L: Matriz básica e de ampla aplicação, a qual permite relacionar

dois conjuntos de fatores. Linhas e colunas são analisadas para verificar se

existe relação entre elas. Se houver, marca-se na célula correspondente um

símbolo que indica o grau da relação.

41

Tipo T: Permite verificar a relação entre um conjunto de dados verbais

com outros dois conjuntos. É uma superposição de duas M/Re tipo L.

Tipo Y: Combinação de três matrizes tipo L. Permite verificar as

relações AB, AC e BC conforme figura abaixo.

Tipo X: Combinação de quatro matrizes tipo L. Permite verificar as

relações AB, AD, CB, CD (figura abaixo). Seu uso é mais restrito.

Tipo cúbica: Permite verificar simultaneamente as relações entre três

conjuntos de fatores. Exige representação tridimensional. Interpretação é

difícil, por isso é raramente utilizada (Moura, 1994).

Figura 9: M/Re tipo L. Fonte: Moura,1994,

p.64

Figura 10: M/Re tipo T. Fonte: Moura,1994,

p. 68

Figura 11: M/Re tipo Y. Fonte: Moura,1994,

p.71

Figura 12: M/Re tipo X. Fonte: Moura,1994,

p.73

42

1.2.6 – Diagrama PDPC (Process Decision Program Chart)

O Diagrama PDPC é utilizado para resolver problemas que envolvam

novas circunstâncias e imprevistos, pois trata-se de uma ferramenta que

“mapeia” os vários caminhos e orienta na direção correta desde o início.

Possibilita selecionar a melhor alternativa para se atingir um objetivo (ou evitar

um resultado indesejável) diante de situações desconhecidas ou

particularmente sujeitas a imprevistos.

O campo para aplicação de PDPC é bastante amplo, mas ele é

particularmente eficaz para lidar com os efeitos do fator humano e de

mudanças no ambiente. Outro aspecto importante é ser uma ferramenta

gráfica, isto é, permite visualizar todo o processo para se atingir um dado

objetivo.

Cabe ressaltar que deve ser aplicado a todas as situações, sendo

indicada quando apresentar aos seguintes requisitos: o planejamento envolver

uma situação nova ou única, a implementação do plano for suficientemente

complexa, a possibilidade de falhas e imprevistos potenciais deve ser

considerável e o prazo de implementação for crítico.

Para construção do PDPC não existem regras estruturais rígidas. A

regra básica é: defina a situação futura e partindo da situação atual,

considerar uma possível solução ou caminho que leve à situação futura.

Devem ser previstas possíveis ocorrências e resultados indesejáveis e

apresentados meios de atingir um resultado melhor, sendo então decidido

como agir. A análise com o PDPC pode envolver mais de uma condição final.

É um método dinâmico, pois considera as ocorrências ao longo do

tempo. Por isso, para manter sua eficácia, o diagrama deve ser revisto à

medida que as atividades progridam (Moura, 1994).

43

1.2.7 – Diagrama de rede de atividades (D/At)

O Diagrama de Atividades é usado para estabelecer o plano mais

adequado para um projeto e acompanhar o seu andamento eficientemente,

quando se conhece a duração de todas as atividades envolvidas. Setas são

usadas para representar cada atividade do plano, formando uma rede que

evidencia o sequenciamento das atividades e suas relações de subordinação.

A partir de tal diagrama, torna-se possível analisar os tempos de maneira

conjunta, identificar as atividades críticas e discutir meios para melhorar o

plano e ganhar tempo.

Condições para usar: grande número de atividades devem ser

coordenadas simultaneamente (plano complexo); implementação crítica,

havendo pouca tolerância para erros e atrasos; responsáveis com grande

experiência na execução das atividades; os tempos para execução das

atividades são conhecidos ou estimados com boa precisão.

Para construir um D/At devem ser observadas as seguintes etapas:

listar as atividades, preparar as cartelas, identificar os caminhos seqüenciais

de atividades, arranjar as cartelas, esboçar as setas e eventos, anotar as

durações das atividades, desenhar a rede de eventos e atividades, numerar

os eventos, calcular as datas dos eventos e determinar o caminho crítico e

revisar o D/At.

Atividade é considerada como todo trabalho que consome tempo. São

representadas por setas de linha contínua indicando que é necessário

determinado tempo para ser executada. Inicia em um evento (evento-início de

atividade) e termina em outro evento (evento-fim da atividade). Os eventos

não consomem tempo, são identificados por números inteiros envoltos por

pequeno círculo. Atividades são referenciadas pelos números do evento-início

e evento-fim. O encadeamento das setas indica a sequência cronológica das

atividades.

44

Duas ou mais setas não podem ter o mesmo par de eventos de início

e fim. Quando for o caso, deve ser usada uma atividade fictícia (dummy),

representada por uma seta com linha tracejada. Indica dependência entre as

atividades, mas não implica dispêndio de tempo.

Tempo: A duração de cada deve ser indicada ao longo da respectiva

seta. Cada evento está associado a uma data ou ponto no tempo. A partir

dessas informações é possível identificar atividades críticas, com pouca ou

nenhuma folga de tempo e a partir daí aperfeiçoar o plano.

“Data mais cedo” de um evento (Tc) é a data mais cedo em que o

evento pode ocorrer. É calculada somando-se as durações de todas as

atividades precedentes.

Conhecidas as datas mais cedo de todos os eventos, para definir a

“data mais tarde” (Tt) é necessário atribuir arbitrariamente uma data máxima

ao evento final (quando termina a última atividade do plano). Pode ser no

mínimo igual à Tc do último evento, mas normalmente é maior, pois costuma-

se admitir uma folga que possa cobrir algum imprevisto.

O cálculo das datas Tt para todos os eventos inicia-se com a data

mais tarde atribuída ao evento final e prossegue deste para os eventos

precedentes até chegar ao evento inicial.

O gerenciamento de um plano será mais eficaz se forem conhecidas e

administradas as folgas existentes. Existem as folgas de evento e as folgas de

atividade.

Folgas de evento: É a diferença entre sua data mais tarde e a data

mais cedo. Representa o atraso que se pode suportar na ocorrência do evento

(conclusão de todas as atividades que para ele convergem) para que se

consiga cumprir a data final do plano. Chamam-se eventos críticos aqueles

45

com as menores folgas entre todos os demais.

Folga da atividade: Folga total de uma atividade é o atraso máximo

que uma atividade pode ter sem causar um atraso na data final do plano.

Folga livre é o atraso máximo que uma atividade pode ter sem causar um

atraso na data de início de qualquer atividade subsequente. A folga total de

uma atividade é igual à soma de sua folga livre com a folga de seu evento fim.

Se a folga livre for consumida, afetará a folga do evento fim.

São denominadas atividades críticas aquelas cujas folgas totais são

as menores entre todas as demais. Qualquer atraso nessas atividades

resultará em atraso na data final ou comprometimento da folga total do plano.

É importante identificá-las e acompanhar seu andamento. Determinam a

existência de um ou mais caminhos críticos.

Caminho crítico: do evento inicial até o final existem vários caminhos.

O caminho com maior duração total é determinado caminho crítico e

representa o menor prazo possível para a conclusão do projeto. É importante

detectá-los, pois permite saber se será possível ou não um prazo definido

para a conclusão do plano, além de identificar as atividades críticas que não

podem sofrer atrasos. No caso de redução da data final, permite priorizar

atividades cuja redução terá maior impacto sobre a antecipação da data final

(Moura, 1994).

46

CAPÍTULO III

ESTUDO DE CASO

O estudo de caso apresentado a seguir tem como objetivo a aplicação

de algumas ferramentas da Qualidade citadas no Capítulo II para verificar

quais os pontos críticos do processo “analisar contratos de investimento de PJ

enquadrados nos Programas subsidiados pelo Governo” descrito através do

fluxograma do item 1.3.2. Serão verificadas quais atividades apresentam maior

impacto em função do tempo utilizado para executar o processo e verificadas

algumas ações de melhoria que podem ser implantadas.

1.1 – Seleção das ferramentas

Para selecionar as ferramentas foram utilizados os critérios: tipo de

produto/ processo, tempo necessário para aplicação das ferramentas e

complexidade do problema.

Quanto ao tipo de produto/ processo por se tratar de execução de

serviço considerado administrativo, algumas ferramentas não apresentavam

boa aplicabilidade, como por exemplo, o diagrama de dispersão e gráfico de

controle, visto que são mais voltadas para processos de linha de produção.

O histograma, Diagrama de causa e efeito e Diagrama de Pareto se

enquadram mais adequadamente no perfil do processo objeto do estudo, já

que permitem análises de diversas variáveis e estimula a pensar nas possíveis

causas do problema.

Ao considerar que o tempo para execução da aplicação das

ferramentas é limitado e que o problema se caracteriza por baixa

47

complexidade, são indicadas dentro das ferramentas gerenciais a Matriz de

Priorização e Matriz de Relação.

Com base no exposto acima, foram selecionadas as ferramentas

Diagrama de Pareto (básica) e Matriz de Priorização (gerencial/ nova), pois

além de atenderem os critérios estabelecidos, apresentam fácil visualização e

entendimento, mostrando inclusive os pontos críticos e sugestão de soluções

em ordem de prioridade.

1.2 – Contexto do processo e descrição das atividades

Para aplicação das ferramentas selecionadas será considerado o

tempo para realização de cada atividade na execução do processo “analisar

contratos de investimento de PJ enquadrados nos Programas subsidiados pelo

Governo” em um dia de trabalho. A carga horária é de seis horas, porém para

efeito de cálculo serão computadas apenas cinco horas efetivamente

trabalhadas a fim de desconsiderar os intervalos e pausas.

Dentro das atividades citadas no fluxograma, serão avaliadas apenas

aquelas executadas por analistas de contratos, identificados no fluxograma

como analista 2. As demais atividades não serão consideradas, pois são

executadas por outros funcionários e conforme o fluxo vai se repetindo, vão

ocorrendo em paralelo, e não apresentam impacto direto na análise. Segue

abaixo a descrição das atividades que serão consideradas.

Imprimir documentação- Consiste em imprimir toda a documentação

necessária para análise do contrato: certidões negativas, nota fiscal eletrônica

e cadastro de equipamentos que são impressos dos respectivos sites e o

contrato e o check list que são impressos do sistema interno.

48

Analisar documentação – São verificados se os dados do contrato

cadastrados pelo solicitante encontram-se de acordo com as normas vigentes

e com a documentação pertinente, sendo então classificados como aptos ou

não para protocolo.

Informar pendências – Caso verifique que o contrato não atende às

exigências necessárias para o protocolo, é elaborado e-mail para o solicitante

contento todas as pendências que deverão ser regularizadas.

.

Cadastrar na planilha – Os dados de cada contrato são informados em

planilha específica para controle de andamento do processo.

1.3 – Aplicação das ferramentas selecionadas

1.3.1 – Diagrama de Pareto

O tempo de cada atividade foi mensurado e confeccionado o Diagrama

de Pareto. Conforme figura abaixo, apesar de não ilustrar exatamente os 80/20

previstos nesta prática, pode-se observar que as atividades de maior impacto

no processo analisado são informar pendências e imprimir documentação.

Desta forma, sugere-se implementar ações com o intuito de reduzir o tempo de

execução dessas atividades.

49

1.3.2 – Matriz de Priorização

A partir da detecção do grau de impacto das atividades no item anterior,

será aplicada a matriz de priorização por critérios, de modo simplificado, para

atividade “informar pendências”, uma vez que apresentou maior demanda de

tempo. Serão levantadas as possíveis soluções para redução do tempo

dispensado e verificada a ordem que devem ser implementadas.

Para elaboração da matriz de priorização são sugeridas diversas

opções como solução para os problemas e selecionados os critérios a serem

utilizados com os respectivos pesos.

Para determinar o peso dos critérios, os participantes devem distribuir

o peso 10 dentre os critérios conforme seu grau de relevância no processo. A

soma dos pesos tem que ser exatamente 10. Os critérios podem receber

pesos iguais.

50

Posteriormente, serão atribuídas notas para a relação entre as opções

sugeridas e os critérios selecionados. As notas vão de 1 (um) até 4 (quatro)

pois, no presente caso, é a quantidade máxima de opções. A opção que for

considerada que mais atende a determinado critério recebe nota 4 e a partir

daí vão se atribuindo notas decrescentes até chegar a opção com nota 1, que

será a que menos atende ao critério. Haverá apenas uma nota, visto que serão

atribuídas pelo grupo.

Para calcular a pontuação final e estabelecer a ordem de prioridade, é

multiplicado o peso do critério pela nota atribuída.

Critérios selecionados e respectivos pesos:

Critérios Partic. 1 Partic. 2 Partic. 3 Total Peso Rápido para implementar 1 2 4 7 0,7 Manutenção da conformidade 4 3 3 10 1 Possui alçada para implementar 3 3 2 8 0,8 Fácil aceitação dos envolvidos: analistas/solicitantes 2 2 1 5 0,5

Segue quadro abaixo, dividido em dois blocos, com as notas obtidas

na comparação dos critérios com as opções sugeridas. Já apresenta cálculo

considerando os pesos. Em seguida, em quadro separado, consta a indicação

de prioridade conforme total acumulado.

Opções sugeridas/ Critérios Rápido para implantar

Manutenção da conformidade

Relação Peso Subtotal Relação Peso Subtotal Reduzir a documentação a ser analisada/ impressa. Ex. Nota Fiscal 4 0,7 2,8 1 1 1

Treinamento do solicitante para evitar pendências 2 0,7 1,4 4 1 4 Criação de mensagem automática com pendências selecionadas através de mala direta 1 0,7 0,7 3 1 3

51

Disponibilização de check list completo para consulta e mensagens apenas com os tópicos referentes às pendências 4 0,7 2,8 3 1 3

Opções sugeridas/ critérios

Possui alçada para implementar

Fácil aceitação dos envolvidos

Relação Peso Subtotal Relação Peso Subtotal Reduzir a documentação a ser analisada/ impressa. Ex. Nota Fiscal 2 0,8 1,6 3 0,5 1,5 Treinamento do solicitante para evitar pendências 1 0,8 0,8 3 0,5 1,5 Criação de mensagem automática com pendências selecionadas através de mala direta 2 0,8 1,6 4 0,5 2 Disponibilização de check list completo para consulta e mensagens apenas com os tópicos referentes às pendências 2 0,8 1,6 1 0,5 0,5

Ordem Prioridade Opções sugeridas Total

1 Disponibilização de check list completo para consulta e mensagens apenas com os tópicos referentes às pendências 7,9

2 Treinamento do solicitante para evitar pendências 7,7

3 Criação de mensagem automática com pendências selecionadas através de mala direta 7,3

4 Reduzir a documentação a ser analisada/ impressa. Ex. Nota Fiscal 6,9

1.4 – Análise das ferramentas

Após o resultado das ferramentas, devem ser analisados os resultados

obtidos para que sejam propostas ações de melhoria.

52

No Diagrama de Pareto, verificou-se que as duas atividades com

maiores índices apresentaram valor muito próximo.

Para a atividade “impressão da documentação”, por ser considerada

de pouca exigência técnica, pode ser indicado como solução a transferência de

sua execução para outros funcionários, como estagiários ou analistas

iniciantes em fase de treinamento com o intuito, inclusive, de familiarização

com o trâmite e documentos utilizados nas análises. Por ter ação simples e

imediata, não justifica a aplicação de outra ferramenta da qualidade.

A atividade “informar pendências”, além de ter obtido o maior tempo na

execução do processo é também a atividade principal a ser desenvolvida e que

requer maior grau de conhecimento e treinamento dos analistas. Desta forma,

foi interessante aplicar a matriz de priorização para auxiliar nas ações com o

objetivo de otimizar o processo.

Na matriz de priorização, as duas opções sugeridas que computaram

maior pontuação, apresentaram resultados muito próximos. Em vista disso,

caso seja viável, deveriam ser implantadas simultaneamente, até porque

apresentam características complementares.

53

CONCLUSÃO

Diante do presente estudo foi observado que com o aumento da

concorrência, da exigência dos clientes e, em alguns casos, da necessidade de

adequação a normas e legislações, torna-se indispensável para as empresas

rever seus processos e implantar ações de melhoria. Com este objetivo são

disponibilizadas diversas metodologias e ferramentas relacionadas a

processos e gestão da qualidade voltadas para auxiliar na identificação de

pontos críticos e otimização de processos.

No processo utilizado como estudo de caso, ao selecionar as

ferramentas a serem aplicadas foi verificado que algumas não eram

adequadas ao processo, outras, apesar de se enquadrem no processo,

demandariam um tempo grande em relação a simplicidade do problema. Ao

aplicar a primeira ferramenta selcionada, foi detectado que um dos maiores

problemas poderia ter uma solução simples, sendo indicado uma solução

imediata, enquanto que para o problema que apresentou maior

representatividade no quesito tempo, foi necessário aplicar uma ferramenta

complementar que auxiliasse a tomada de decisão.

Desta forma, ao desenvolver este trabalho foi verificado que podem ser

utilizadas diversas metodologias, inclusive mais de uma, já que em vários

casos são complementares. Porém, cabe ressaltar a obtenção de resultados

mais eficazes e com maior probabilidade de êxito, está relacionada não só a

ferramenta em si, mas em sua aplicabilidade, sendo então sugerida uma

criteriosa seleção e aplicação das metodologias e ferramentas em função do

perfil do produto/ processo analisado.

54

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

AMARAL, Francisco Piedade; SASTRE, Priscila Tereza De Nadai; AMARAL,

Denis Mantelatto; MONTEIRO, Daniela Warris; ABRAHIM, Gisele Seabra. O

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MOURA, Eduardo C. As sete ferramentas gerenciais da qualidade –

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55

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ZANIOL, Marcos Dassumpção; FILHO, Airton Neubauer; ASSAD, Ricardo. O

desafio de gerenciamento contínuo dos processos de negócio. XXVIII Encontro

Nacional e Engenharia de Produção. Rio de Janeiro, 2008

56

.

ÍNDICE

OLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

DESCRIÇÃO DO PROCESSO 10

1.1 – Processos de negócios 10

1.2 – Business Process Management – BPM 11

1.2.1 - Definição 11

1.2.2 – Empresas e BPM 12

1.2.3 - Ciclos de vida do BPM 14

1.2.4 – Business Process Maturity Model- BPMM 17

1.2.5 – Business Process Model and Notation- BPMN 19

1.3 – Descrição do processo “analisar contratos de investimento de PJ enquadrados nos Programas subsidiados pelo Governo”

20

1.3.1 – Perfil da empresa objeto do estudo de caso 21

1.3.2 – Fluxo de atividades do processo analisar contratos de investimento de PJ enquadrados nos Programas subsidiados pelo Governo”

22

57

CAPÍTULO II 23

FERRAMENTAS DA QUALIDADE 23

1.1– Ferramentas básicas da Qualidade 23

1.1.1 – Estratificação- coleta de dados 23

1.1.2 – Folha de verificação 24

1.1.3 – Diagrama de Pareto 25

1.1.4 – Diagrama de causa e efeito – Ishikawa 27

1.1.5 – Diagrama correlação/ Diagrama de dispersão 29

1.1.6 – Histograma 30

1.1.7 – Gráficos de controle/ Cartas de controle do processo 31

1.2 – As sete novas ferramentas da Qualidade 33

1.2.1 – Diagrama de Afinidades (D/Af) 34

1.2.2 – Diagrama de Relações (D/Re) 35

1.2.3 – Diagrama em árvore (D/Ar) 36

1.2.4 – Matriz de priorização (M/Pr) 38

1.2.5 – Matriz de relação (M/Re) 40

1.2.6 – Diagrama PDPC (Process Decision Program Chart) 42

1.2.7 – Diagrama de rede de atividades (D/At) 43

CAPÍTULO III 46

ESTUDO DE CASO 46

1.1 – Seleção das ferramentas 46

1.2 – Contexto do processo e descrição das atividades 47

58

1.3 – Aplicação das ferramentas selecionadas 48

1.3.1 – Diagrama de Pareto 48

1.3.2 – Matriz de Priorização 49

1.4 – Análise das ferramentas 51

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 54

ÍNDICE 56