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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE DA FORMALIDADE À INTERDISCIPLINARIDADE Por: Newton Jose Motta Orientador Prof. MarySue Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DA FORMALIDADE À INTERDISCIPLINARIDADE

Por: Newton Jose Motta

Orientador

Prof. MarySue

Rio de Janeiro

2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DA FORMALIDADE À INTERDISCIPLINARIDADE

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do curso de Pós-Graduação em Docência

do Ensino Superior

Por: Newton Jose Motta

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AGRADECIMENTOS

...Aos amigos e queridos; ao Deus

Supremo...

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DEDICATÓRIA

Mãe, querida, obrigado...

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RESUMO

O presente estudo se propõe a analisar resumidamente a interdisciplinaridade

entre a música e outras áreas da educação, desde a antiguidade até os dias atuais.

Passando por uma educação formal e livresca, até uma educação que abrange

todos os aspectos da existência humana, relatando o diálogo e contraponto com áreas

diversas do conhecimento, para uma educação mais contextual e formadora do ser

humano pleno; retomando e reinventando um caminho que com a fragmentação do

saber musical, tinha sido deixado ao largo da educação musical formadora.

Retomando a linha longa, da educação musical, do Império à República, e os

caminhos que a educação musical percorreu no Rio de Janeiro, até os dias atuais. Desde

a formação básica até o níveL superior.

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METODOLOGIA

A metodologia aplicada no trabalho está baseada na leitura de livros,

documentos, teses, artigos, documentos de arquivos pessoais.

O embasamento teórico abrange desde os primeiros filósofos que abordaram a

educação musical, entre eles Pitágoras e Platão, até Émile Jacques Dalcroze, Edgar

Willems, Carl Orff, Villa-Lobos entre outros.

Após coleta de dados e pesquisa bibliográfica, se elabora a redação do trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Educação Musical no Ocidente 10

CAPÍTULO II -Mudança de Paradigma e Criatividade 18

CAPÍTULO III - Educação Musical e Interdisciplinaridade 28

CONCLUSÃO 40

ANEXOS 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 49

ÍNDICE 52

FOLHA DE AVALIAÇÃO 54

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INTRODUÇÃO

Desde os primórdios até os dias atuais, a interdisciplinaridade já acompanha os

caminhos da educação musical, mas como um conceito moderno etimologicamente,

abrange várias definições e aplicabilidades.

Nos primórdios da civilização ocidental; Pitágoras desvelou a relação entre a

matemática e a música.

Platão concebeu a educação musical e a educação física como as facilitadoras da

educação geral na Grécia.

Na idade média a música fazia parte do Quadrivium e estava associada à

aritmética, geometria, astronomia, formando um todo amalgamado nos currículos das

primeiras universidades seculares.

No século XVIII aconteceu uma fragmentação do saber e a ruptura

epistemológica causou uma mudança de paradigma, o conhecimento baseou-se em

certas áreas específicas do saber, e a fragmentação cada vez mais evidente, afastou o ser

humano de uma educação holística.

A educação musical no novo milênio, não pôde mais ignorar que a educação

musical precisa ser praticada sob um prisma menos dicotômico, precisa de se não uma

volta ao conceito de Musike, ao Quadrivium; necessita novo olhar na educação

contemporânea, a interdisciplinaridade é uma necessidade social, e a formalidade tende

a perder espaço para uma aprendizagem mais facilitadora, via interdisciplinaridade.

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Esse trabalho será dividido em 3 capítulos; O primeiro capítulo descreve o

caminho histórico da Educação Musical desde os primórdios até os dias atuais e a

questão educacional inerente, faz-se necessário essa abordagem, para desvelar a

importância da música na evolução da história socioeducacional do ser humano;

No segundo capítulo nos deteremos na Educação Musical no antigo Distrito

Federal, e a análise em curso buscará desvelar os caminhos que a Educação Musical

percorreu, desde a implantação da reforma nos anos 30, até os dias atuais.

No terceiro capítulo, analisaremos a importância da interdisciplinaridade na

educação musical, as matérias afins, como a física, a biologia, os estudos do cérebro

relacionados à música e a interdisciplinaridade no ensino superior. E as questões

políticas sempre amalgamadas às questões educacionais, que muitas vezes conduziram a

educação musical, estancando, interrompendo processos em andamento, como

poderemos observar na análise em curso; e finalmente as considerações finais.

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CAPÍTULO I

EDUCAÇÃO MUSICAL NO OCIDENTE

“A música de Mozart tem relação próxima com a

geometria e com elementos da matemática básica ”

A matemática e a geometria presentes na música de Mozart podem ser

confirmadas com uma análise das freqüências utilizadas nas composições do músico:

uma tríade (seqüência de três sons simultâneos, base da música ocidental), corresponde

a um triângulo; corresponde também a determinada série de números representados por

vibrações do som.

Na interdisciplinaridade o prefixo "inter" aponta pluralidade, justaposição,

espaço comum, de conexão entre saberes diversos.

Berger define disciplina, como o conjunto específico de conhecimentos que têm

as suas características próprias no terreno do ensino, da formação, dos mecanismos, dos

métodos e dos materiais.

Especialistas de áreas distintas fora do seu território e da sua própria

especialidade.

A interdisciplinaridade supõe abertura de pensamento, curiosidade que se busca

além de si mesmo (Gusdorf).

Interação existente entre duas ou mais disciplinas. Segundo (Marion) e a

cooperação de várias disciplinas científicas no exame de um mesmo e único objeto.

Para (Thom) é a transferência de problemática, conceitos e métodos de uma

disciplina para outra.

A obra musical necessita de acompanhamento visual, espacial e tecnológica.

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11 Sob esse prisma, possibilita a integração de várias áreas na realização de um

projeto cênico, visual, comunicação e jornalismo, arquitetura, física, computação, e

tanto outros elementos que dialogam em contraponto com a música.

A idéia da fragmentação, da análise e síntese com forma de construção do

conhecimento, embora enfraquecida, continua presente em muitos recantos

educacionais; principalmente nas relações pessoais, nas questões culturais e na educação

do homem contemporâneo.

A educação musical no início do século foi pioneira no sentido de abolir esse

modelo equivocado, como veremos mais adiante, pois vários pedagogos revolucionaram

a educação musical no mundo ocidental.

Na segunda metade do século XX, essa mudança foi percebida nas outras áreas

do conhecimento, a proposta interdisciplinar voltou a pauta, e os vários campos do

conhecimento, ousaram uma aproximação que a formalidade tinha separado;

possibilitando uma nova abordagem de um conceito antigo que acompanha a história da

educação ocidental desde os tempos de Platão.

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12 1.1 – Educação Musical na Idade Antiga

Segundo pesquisadores como Fubini e Jaeger, assim como outros, a educação

Musical na Grécia clássica, não corresponde ao significado atual: Música do grego

mousiké na Grécia clássica correspondia a um todo amalgamado, formado por música,

dança, poesia e ginástica. Todos essas áreas não podiam ser separadas como acontece na

atualidade; a música, a palavra, a dança, eram atividades relacionadas, inseparáveis.

Esses aspectos da música grega já nos apontam a interdisciplinaridade como um

conceito praticado na sociedade grega, e embora não possamos falar de

interdisciplinaridade, pois seria anacrônico, podemos falar de um conceito de educação

integral praticado na Grécia.

Pitágoras já manipulava esse espaço comum, de conexão entre saberes diversos,

quando descobriu as relações entre a música, física e a matemática; por experiências

empíricas, descobriu que duas cordas da mesma espessura e igualmente tensas dão o

intervalo de oitava se uma (a mais aguda) medir a metade da outra; descreveu o

intervalo de quinta, se os comprimentos estão na razão dois para três; o intervalo de

quarta, se os comprimentos estão na razão três para quatro, e descobriu que todas as

relações estão contidas no quaternário 1-2-3-4.

Nas proposições de Pitágoras a música, a matemática e a física serviram de base

para a exposição dos princípios descobertos. E serviriam para explicar o Cosmos, a

origem dos elementos e todos os outros princípios que estavam relacionados com o

número e com as proposições musicais, que agiriam de maneira amalgamada.

Pitágoras utilizava a música para finalidades terapêuticas, acreditava que a

harmonia dos números equilibra o ser energeticamente, música e medicina na antiga

Grécia eram inseparáveis, a saúde constituindo uma harmonia musical do corpo

humano.

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13 Segundo Mirna Grzich, a música clássica Indiana vibra no ritmo do Cosmo, na

tradição cultural indiana, música, religião e filosofia são conceitos inseparáveis.

Platão descreve o uso amalgamado da música e da ginástica na educação geral

do grego; misturar, aplicar na alma na melhor medida, interagir, conectar saberes para a

formação do cidadão, isso pode ser averiguado na. República de Platão, nos parágrafos

401a até 402e onde se discute o papel da música na educação:

“- Não é então por este motivo, Glauco, que a educação pela música é capital, porque o

ritmo e a harmonia penetram mais fundo na alma e afetam-na mais fortemente,

trazendo consigo a perfeição, e tornando aquela perfeita, se se tiver sido educado?”

Aqui Platão conecta a música com a alma, corroborando as suspeitas de que a

educação não era dicotômica, mas abrangente e holística.

No livro III da República, temos o trecho que compreende de 410a até 412a.

a dialética será calcada na importância da relação equilibrada entre música e ginástica,

que deve ser a base de toda a educação e formação do cidadão para Platão.

“- Para estas duas faces da alma, a corajosa e a filosófica, ao que parece, eu diria que

a divindade concebeu aos homens duas artes, a música e a ginástica, não para a alma e

o corpo, a não ser marginalmente, mas para aquelas faces, a fim de que se harmonizem

uma com a outra, retesando-se ou afrouxando até onde lhes convier. Por conseguinte,

aquele que melhor misturar a ginástica com a música e as aplicar à alma na melhor

medida, de um homem assim diríamos com toda a razão que seria o mais consumado

músico e harmonista, muito mais do que o que afina as cordas umas pelas outras”.

A mistura, a harmonia da música e da ginástica, a aplicação na melhor medida

indica claramente a idéia contemporânea de interdisciplinaridade, um entrelaçamento,

não apenas duas disciplinas sendo ministradas, mas disciplinas interagindo, de forma

coesa e equilibrada.

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14 Podemos perceber que a questão da educação musical grega segue os princípios

gerais dos povos orientais; isso não é estranho, mas natural, não devemos esquecer que,

os gregos, são herdeiros de toda uma tradição musical, política, socioeconômica;

herdadas do oriente; que na Índia a música está relacionada organicamente com a vida

cotidiana, que do Egito fala-se das heranças que Platão e Pitágoras apreenderam nas

suas possíveis idas ao oriente.

Também quando se fala em Egito, falamos em África, e o inicio da vida na face

da terra; e todas as heranças e entrelaçamentos culturais já assimiladas pelo ser humano.

Esse amalgamento entre música e ginástica, esse envolvimento orgânico, entre

disciplinas que não são excludentes, mas complementares; é que serviram de âncora e

porto seguros, para a educação do homem grego. E se os ensinamentos não continuaram

o seu desenvolvimento natural, foram mais por questão dicotômicas, políticas,

territoriais; que por ideologias educacionais.

1.2 O Formalismo Medieval

Na Idade Média o isolamento do povo em geral, começou a ser quebrado à partir

do séc. XIII, núcleos populacionais ao redor dos castelos, habitantes praticando o

artesanato, surgimento dos burgos como nova classe social advinda do povo.

Mudanças econômicas, sociais e de atitudes se refletiram na arte da música, com

o aparecimento do ensino mestre-aprendiz, mas um ensino formal já imperava, sem a

visão holística do passado, mesmo com o renascimento do espírito secular investigador

da cultura da antiguidade clássica grego-romana nas letras, artes, ciência e filosofia que

teve início nos últimos séculos da Idade Média, não foram suficientes e não contemplou

a educação musical que seguiu por um caminho formalista, mesmo porque o índice de

alfabetização era baixíssimo e o ensino geral era para poucos.

Ocorre que o ensino da música tornou-se formal, intelectual, separado da

prática e do sentido lato que os gregos atribuíam à educação geral do povo grego, esses

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15 desvios eram previsíveis já que era grande a distancia temporal e orgânica da cultura

grega, que foi herdade amiúde do império romano e com mais substancia do oriente.

Boécio, um teórico medieval, chegou a dividir a música em três áreas de

aplicabilidade, onde a música prática, ou instrumental, era a menos importante dentro do

seu campo teórico.

Esse era o pensamento que dominava a arte musical na idade média, muita teoria

e pouca prática.

O ensino se dava na relação mestre-aprendiz, onde era quase monótono o ensino

de tão formal.

O pensamento formal se propagou nas proposições dos teóricos e dominou a

vida prática na idade média

Podemos apontar alguns sinais de abandono do significado lato do termo

“Musike”, como a destruição dos valores culturais gregos ou deturpações, que

aconteceram em conseqüência das guerras, invasões e destruições de documentos e

idéias, domínio do cantochão, ou música da igreja católica com a ascensão do

cristianismo, e a oficialização do culto; embora vários elementos da música grega

tenham sido utilizados pela igreja, como os Modos musicais; música a serviço da

espiritualidade e uso das melodias seculares na música litúrgica da igreja medieval.

1.3 – Renascimento e Educação Universitária

Na idade Média, por volta do século XII, a música fazia parte do quadrivium e

estava associada à aritmética, geometria, astronomia, formando um todo amalgamado

nos currículos das primeiras universidades seculares que surgiam. A teoria musical e a

prática instrumental eram básicas na educação universitária do período medieval e

renascentista.

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16 Grande parte do currículo dos alunos que não optavam pelo sacerdócio envolvia

o Quadrivium, que era formado por aritmética, geometria, astronomia e música. O

pensamento da época era que as quatro formavam uma unidade lógica e coerente. Assim

todos os alunos tinham acesso à teoria e prática da música e notação musical, todos

estudavam medidas extremamente complexas para o período, como medir o tempo

simbólico. A música era percebida como uma ciência, e o conceito de arte na

contemporaneidade, era estranho no período medieval renascentista.

Assim como decorrência dessa mousiké, e da volta ao passado grego, ocasionado

pelo renascimento, que segundo alguns autores, já se inicia no século IX, quando Carlos

Magno (cujo pai, Pepino o Breve, era analfabeto), incomodado com a ignorância de seus

súditos, criou, em seu castelo, um ginásio com biblioteca e trouxe do oriente eruditos

para ministrar o conhecimento; o renascimento do espírito secular investigador da

cultura da antiguidade clássica greco-romana nas letras, artes, ciência e filosofia teve

inicio nos últimos séculos da idade média, mais precisamente no século XIII e XIV, e

teriam ajudado no aparecimento das primeiras universidades seculares, onde os estudos

laicos, eram formados pelo trivium estudos "literários" compostos por gramática,

retórica e lógica e o quadrivium que abrangiam os estudos científicos de aritmética,

geometria, música e astronomia da idade média e que se tornaram a base da cultura

ocidental.

1.4 – Mudança de Paradigma

Comenius (1592-1671), no século XVII, deu os primeiros passos na direção de

um ensino intuitivo e ativo, e alguns séculos depois, no início do século XX, surgem os

autores reformadores e suas doutrinas pedagógicas que transformariam e trariam novo

alento, para a mudança de paradigma, de um ensino livresco e formal; na direção de um

ensino ativo, prático, renovador; e deixou também uma forte marca na educação geral,

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17 mas foi principalmente no início do séc. XX com Émile Jacques Dalcroze, que a

educação musical foi renovada.

O ensino da música puramente teórico, livresco e cansativo, onde a tônica era o

“eu sei”, foi substituído por um ensino ativo e intuitivo; a partir da pedagogia de

Dalcroze, que enfatiza o ritmo do corpo como catalisador do ritmo e norteou todas os

métodos musicais no Brasil, a partir daí, a tônica era o “eu sinto”;

O pedagogo alemão Carl Orff ampliou o ensino musical, introduzindo a

linguagem como geradora de ritmos;

Edgar Willens aplicou uma pedagogia psicológica, Willems ensinou e deixou

algumas contribuições para a psicologia e a música, para Willems(1961) nos primeiros

momentos da educação musical o que deve prevalecer para os professores é que a

criança viva os fatos e fenômenos musicais profundamente antes de adquirir a

consciência dos mesmos.

Na década de 60, uma nova abordagem passa a prevalecer, o experimentalismo,

da pesquisa e da descoberta sonora, dentro de um contexto mais abrangente, John Payter

desenvolveu um trabalho chamado de música criativa, onde o aluno experimenta

diversos materiais sonoros livremente, improvisando e criando uma composição com

forma definida, com partitura e ao fim ao cabo e finalmente analisada.

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CAPÍTULO II

MUDANÇA DE PARADIGMA E CRIATIVIDADE

“Não se pode alterar os modos musicais sem alterar ao

mesmo tempo as leis fundamentais do Estado" Damon

O primeiro programa de música da escola carioca data do século XIX, um ensino

formal e livresco, como atestam as críticas do periódico Gazeta Musical, em seus artigos

publicados na Gazeta Musical nos anos de 1891, 1892, 1893 que já comentavam o

péssimo nível do ensino musical nas escolas cariocas, nas críticas comentavam que

qualquer pessoa que tivesse certo conhecimento musical era considerado professor;

importava para a escola utilizar mais a integração e comunicação em detrimento do

conhecimento musical propriamente dito, os professores antigos não sabiam música e os

novos professores não atentavam para sua importância, ao que tudo indicava o canto

sempre teve a primazia no ensino musical e os cuidados técnicos quase sempre não

foram levados em conta.

Assim os alunos abandonavam as aulas, alunos estes que iriam no futuro lecionar

as aulas de música para as outras gerações, criando um círculo vicioso e de atraso

educacional musical.

Este paradoxo, que apontava um abandono da especificidade inerente a qualquer

área, e um dos primeiros passos na direção de caminhos para os descaminho da

educação musical no século XIX.

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19 2.1 – Reforma no Ensino do Distrito Federal

Em 1929, uma comissão liderada por Fernando Azevedo, que era diretor geral de

Instrução Pública, elabora um programa de música para os estabelecimentos do Distrito

Federal, buscando atender a todos os níveis, e declarando a importância da música na

formação das pessoas; no programa constava o ensino do canto, o ensino da música

instrumental e a formação de bandas escolares.

Em 1932, Anísio Teixeira, secretário de educação da prefeitura elabora o SEMA

(Superintendência de Educação Musical e Artística), que comandou a educação musical

no Rio de Janeiro e foi muito importante nos anos 30-40, entre os principais atributos do

SEMA, estava a preocupação com a especialização e o aperfeiçoamento dos professores.

Villa-Lobos que preparava as professoras levava muito sério a questão educacional.

Na quinta-feira dois de junho de 1932, as professoras do Curso de Pedagogia da

Música e do Canto Orfeônico redigiram uma carta anônima reclamando dos excessos do

maestro.

A carta além de demonstrar a seriedade do Professor Villa-lobos, serve para

corroborar, a idéia de que o programa de Música estava sendo ministrado a pleno, vapor,

tanto na preparação dos professores, quanto na aplicação dos ensinamentos.

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20 2.2 - Superintendência de Educação Musical e Artística

Na década de 30/40, o SEMA foi a instituição musical que comandou a

educação musical e não houve nem antes nem depois outro órgão com tanto poder de

comando na educação musical, orientou e organizou o serviço de música e canto coral

nas escolas primárias, ditando as diretrizes do ensino de música e canto orfeônico que

deveria ser incorporado ao sistema da escola.

Como exemplo, da organização do ensino da música no antigo Distrito Federal,

segue o texto do edital elaborado em 1934, com as diretrizes para a educação musical.

EDITAL

ORIENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO DE MÚSICA E CANTO

ORFEÔNICO DAS ESCOLAS PRIMÁRIAS NO ANO DE 1934

Serão destacados para cada escola, um ou dois professores, que trabalharão

com todas as turmas, ministrando o ensino sob forma rotativa; as quatro ou duas horas

de cada professor de música serão distribuídas pelos horários das turmas, de modo a

conciliar todas as matérias e atividades do programa.

O tempo de trabalho será da seguinte maneira distribuído: para as escolas de

dois turnos caberão 2 horas de aula para cada turno. Para as de três turnos caberão 80

minutos de aula para cada turno.

Afim de que todas as classes possam ter o ensino dessa disciplina, as

professoras especializadas, de acordo com as respectivas diretoras, poderão reunir 80

a 120 alunos para cada aula.

Quando houver duas professoras especializadas para a mesma escola, poderão

ser dadas aulas simultâneas, desde que as salas fiquem distantes umas das outras.

O ensino nas escolas de 4. E 5. anos ficará entregue, exclusivamente, as

professoras especializadas.

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21 Nas escolas de 4 e 5 anos em que já tenha sido implantado o ensino de música,

as professoras deverão aplicar o ensino de teoria musical, de um modo mais amplo do

que dos anos anteriores. Este ensino deverá ser feito quase sempre por meio de jogos,

historietas, etc., procurando a professora desse modo, conseguir de seus alunos,

resultados satisfatórios e fazendo desaparecer qualquer indisposição ou má vontade

que eles possam ter com a parte teórica.

Aos 4 e 5 anos que não tiverem ainda o ensino de música, deverão ser aplicados

os mesmos processos dos 1, 2, 3. anos, de forma intensiva, entretanto para alcançarem

um relativo adiantamento, de maneira a ficarem aptos ao estudo de hinos e canções que

deverão ser dados às escolas de todas as circunscrições.

As professoras especializadas deverão assistir às aulas das professoras de

classes elementares, isto é da parte referente à música, visitando todas as classes e

auxiliando toda a vez que se fizer mister, a orientação da disciplina geral, para a

preparação do canto orfeônico.Estas aulas de orientação das professoras

especializadas, terão a mesma duração que as demais, cujo tempo de trabalho já ficou

acima determinado.

As professoras responsáveis pelo serviço de música das circunscrições

retirarão um dia na semana, a fim de percorrerem as escolas afetas à sua

Circunscrição.

O ponto será feito na escola em que a professora especializada trabalhar, de

acordo com a escala de serviço.

As quintas-feiras não haverá aulas de música em nenhuma Circunscrição para

as professoras especializadas, afins de que as mesmas possam assistir às aulas de

aperfeiçoamento que se realizarão nesse dia, salvo serviço extraordinário deliberado

pelo SEMA.

Distrito Federal, três de março de 1934.- Anísio S. Teixeira, Diretor Geral.

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22 O edital fornece de maneira minuciosa as diretrizes para o ensino da música,

embasadas em um programa elaborado de forma criteriosa.

2.3 – Instabilidade Educacional e Política

Para Villa-Lobos, “a música é a própria voz da nacionalidade” (Villa-Lobos s.d).

Enquanto Villa-Lobos esteve no comando do SEMA, apesar das dificuldades inerentes

ao processo, o SEMA gozou de muito prestígio, e produziu muito para a educação

musical, mas com a saída de Villa-Lobos enfrentou momentos de dificuldades o SEMA

enfrentou também a mudança de paradigma nos anos 60 e por fim a implementação da

lei 5692/71, que instituía a educação artística em substituição a obrigatoriedade do

ensino da música, prevista na lei 4024/61.

Atualmente a lei 9394/96, confirma o ensino das artes, e parece que a questão da

música na educação curricular, passou por várias questões políticas e sociais, fez e

desfez, e na atualidade ainda se discute o papel da música na educação do ser humano;

importa ressaltar que nos anos 60, quando a lei 4024/61, foi implementada, na educação

musical, o movimento da contracultura emergente da década de 1960, representado pela

criatividade, já entrava em provável confronto com o canto orfeônico,materialmente

representada pelos professores disciplinadores chamados “festeiros” pois era os que

preparavam as festas, por outro lado os professores adeptos da criatividade com saberes

e práticas diluídos nas diversas linguagens, e que geralmente não dominavam de fato as

linguagens artísticas, não obstante, era o novo elemento, que fazia uma leitura

equivocada ou não dos princípios da arte-educação, fundamentado principalmente no

pensamento de Herbert Read (1964).

Em 23 de abril de 1929, o professor adjunto de 3. classe, Sylvio Salema Garção

Ribeiro, foi designado, para com o professor Francisco Braga e a inspetora escolar D.

Eulina de Nazareht, para fazerem parte da comissão organizadora dos programas de

música para a Escola Normal, e escolas primárias e profissionalizante.

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23 As contradições que acompanharam o SEMA, surgem dos documentos

examinados; o SEMA, elaborou programas de música elaborados e detalhados, mas não

conseguiu ter professores suficientes, mais tarde Villa-Lobos, organizou cursos de 30

dias para preparar os professores de música, o professor Sylvio Salema, era professor

primário e tornou-se técnico em educação, fazendo um curso de 1 ano e assumiu por

mais de 10 anos o comando do SEMA, após a saída de Villa-Lobos.

No prefácio do Programa de Música publicado em 1934, para Escolas Elementar

e Secundária Técnica, Curso de Especialização e Cursos de Orientação e

Aperfeiçoamento do Canto Orfeônico; lê-se que aconteceu a especialização e o

aperfeiçoamento do magistério, também indica que aconteceu uma campanha de

esclarecimento junto as pessoas, da importância da música na educação.

Esclarece que ao avaliar os professores envolvidos no processo de

aperfeiçoamento, foi necessário oferecer cursos de especialização com finalidades

pedagógicas, onde surgiu logo após, um coral de professores.

Indica também a dificuldade da administração escolar, no trato com pais de

alunos e a incompreensão do processo educacional em curso, não obstante, a ação de

longo alcance que era vislumbrada.

Segundo o texto, não era mais possível adiar ou retardar a importância da

educação musical para as novas gerações e a importância de elevar a auto-estima do

povo, por meio da elevação artística e cultural do povo brasileiro.

O canto coral, foi o elemento propulsor, segundo o texto, da elevação do gosto e

da cultura artística, possibilitando um despertar de sentimentos, sobretudo a moral e a

cívica, influindo na disciplina suave e não autoritária, e na compreensão da cooperação

da anulação das vaidades individuais.

O canto coral segundo Villa Lobos, adotado em outros países socializa as

crianças, estreita laços afetivos.

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24 Nas escolas primárias e mesmo nas secundárias, o que se pretende, sob o ponto

de vista estético, não é a formação integral de um músico, mas despertar nos alunos as

habilidades naturais, aprimorando-as e indicando os institutos superiores de arte.

Oferecendo-lhes as primeiras noções de arte, proporcionando-lhes audições

musicais, cultivando e cultuando os grandes artistas, como figuras de relevo da

humanidade em todos os tempos, esse ensino, embora elementar, há de contribuir,

poderosamente, para a elevação moral e artística do povo.

Finalidades

Assim, pois, as três finalidades distintas obedecem à orientação traçada para as

escolas do Distrito Federal:

a) Disciplina

b) Civismo

c) Educação artística

Sob esse tríplice aspecto, é que a Superintendência da Educação Musical e

Artística – em que se transformou o Serviço de Música e Canto Orfeônico; instituído em

1932 – desenvolve sua atuação sobre todos os setores educacionais do Distrito Federal.

Disciplina, civismo e educação artística, pela ordem são os principais elementos

do processo de educação musical na década de 30, instituídos pelo SEMA.

O programa indica também um coral com crianças de 5 anos, onde são

incentivadas as habilidades, com o objetivo de preparar os mais habilidosos para o

estudo profissional nas escolas secundárias técnicas. Nessa escola, os alunos gozam de

plena liberdade, para a fabricação de instrumentos musicais, com caixas de charutos, e

etc., por eles mesmos inventados.

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE DA FORMALIDADE À INTERDISCIPLINARIDADE Apresentação de

25 O objetivo do programa de música ao fim ao cabo, é permitir que as novas

gerações se formem dentro dos bons sentimentos estéticos e cívicos, e que a nossa

pátria, como sucede as nacionalidades vigorosas, possa ter uma arte digna da grandeza e

vitalidade de seu povo.

Villa Lobos queria integrar a educação musical na vida social da coletividade,

especializar e preparar professores, via cursos de especialização em música e canto

orfeônico, preparar e selecionar material para formar uma consciência musical; e para

isso usou o folclore brasileiro; selecionando melodias e formando um guia prático que

era usado pelos professores. Essa preocupação de Villa Lobos com a nossa música foi

idealizada na criação da Escola de Música Popular.

“ estuda-se a criação de um instituto de Educação Popular Musical. Com a

organização desse Instituto, o SEMA pretende lançar as bases de educação popular,

fazendo passar sob o julgamento imparcial e idôneo as produções dos compositores

populares, desde os de “cultura média” até os morros, classificando-os para que não se

influenciem pelo folclore estrangeiro” (Villa Lobos, 1937)

Na quarta-feira 14 de maio de 1952, a câmara do Distrito Federal, discute o

Projeto de Lei número 336 de 1951, que cria a Escola Popular de Educação Musical e

Artística. Tendo como justificativa amparar, estimular e orientar as vocações artísticas

nascentes, justamente nas classes populares, dos morros e bairros pobres,

desenvolvendo e ministrando a iniciação para as pessoas. O projeto foi apoiado e

assinado por Villa Lobos, Francisco Mignone, Oscar Lourenzo, entre outros

Villa Lobos nos ensina que para uma idéia virar realidade, é preciso trabalho. 15

anos depois da idéia da Escola de Música Popular, ela vira realidade, e hoje é a Escola

de Música Villas Lobos, que na atualidade, oferece cursos livres de música e cursos

técnicos de segundo grau em música.

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26 O Curso de Música Instrumental de grau secundário, foi regido pelo decreto de

23 de Dezembro de 1933, foi criado com o nome de curso de Educação Artística e

Musical, e seria feito em seis anos, divididos em dois ciclos, com o primeiro de dois

anos e o segundo ciclo de 4 anos.

No segundo ano do curso geral técnico, a Superintendência de Educação Musical

e Artística, faria a seleção dos candidatos aptos a iniciarem o curso no seu primeiro

ciclo.

No programa de música de 1934, o texto demonstra que a educação naqueles

tempos, já usava a interdisciplinaridade, pois, usavam o bailado, a educação física e

recreativa, desenho, cenografia; e todos os elementos contribuindo para a construção de

uma obra coletiva artística, essa interdisciplinaridade, pode ser notada também, nos

ensinamentos dos pedagogos que abandonavam a formalidade na educação musical.

Conhecimento teórico, passados sempre de maneira intuitiva, evitando o

desinteresse e o enfado, constam no texto do programa de música de 1934.

Villa Lobos, foi o educador que ampliou o ensino da música, nos anos de 1930-

40, com a ajuda do SEMA e seu enorme prestígio nacional e internacional, conduziu a

educação musical, acreditando que a nação poderia crescer junto com o país por meio da

música, organizou eventos, preparou professores para atuar na educação musical,

conduziu de forma personalista o processo educacional musical, o SEMA e Villa Lobos,

foram os dois elementos com mais poder de realização nesse período.

Para Villa Lobos, as demonstrações cívico-orfeônicas não eram exibições

artísticas ou de recreação, era uma ferramenta pedagógica para a formação e disciplina

do povo.

“ Elas visam tão somente prover o progresso cívico das escolas, pois que nossa

gente, talvez em conseqüência de razões raciais, de clima, de meio, ou dos poucos

séculos da existência do Brasil, ainda não compreende a importância da disciplina

coletiva dos homens. Devemos, pois, considerar cada uma dessas demonstrações como

“aula de civismo”, não só para os escolares, mas principalmente, para o povo, cuja

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27 prova de sua eficiência está justamente no visível progresso que, de ano a ano, se

observa nas atitudes cívicas do nosso povo.

A primeira demonstração realizada teve por principal fim despertar o entusiasmo

dos nossos escolares pelo ensino de música e canto coral, e, desse modo, colaborar com

os educadores na obra da educação cívica e do levantamento do gosto artístico do

Brasil”. (Villa Lobos, 1937).Nos anos de 1940-50, o SEMA perde força política com a

saída de Villa Lobos, e vai enfraquecendo aos poucos com o passar dos anos; O

envolvimento de Villa Lobos com Getúlio Vargas, foi motivo de muitas posições

divergentes, para Jose Maria Neves, Villa Lobos tirou proveito da situação, mas também

foi usado pelo Estado Novo, por causa de sua capacidade de organizar grandes

concentrações de canto coral, que serviam aos objetivos do populismo. D. Mindinha,

viúva do maestro observa que ele era apolítico, que sua única política era o progresso da

música e da educação musical; afirma ainda que Villa Lobos ao realizar as

concentrações orfeônicas seu objetivo maior era despertar o interesse das pessoas para a

música e para as artes, alfabetizando musicalmente as crianças e ensinando preceitos

educacionais, para despertar a responsabilidade em cada criança.

A infra-estrutura que o SEMA, proporcionava para a realização dos encontros

era primorosa. Detalhada e construída por professores especializados, que indicavam o

número de alunos envolvidos, classificação das vozes, repertório por escola,

proporcionado uma concentração em pouco tempo, sem prejuízo para o ano letivo.

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28

CAPÍTULO III

EDUCAÇÃO MUSICAL E INTERDISCIPLINARIDADE

Para Émile Jacques Dalcroze, a rítmica é a linguagem corporal dos ritmos

musicais, e sempre teve um papel importante na educação musical, Dalcroze foi o

pedagogo que começou a romper a barreira do formalismo na educação musical no

início do século XX, foi professor de harmonia do Conservatório de música de Genebra

e observou que seus alunos resolviam as questões musicais de forma mecânica, sem

entendimento e sensibilidade, a prática dos ritmos simples era realizados de forma

artificial;

Dalcroze começou a pesquisar e observando as crianças com suas brincadeiras

notou a naturalidade em suas atividades diárias, o correr, o caminhar, saltar, pular ...

refletiu, pesquisou, e em 1903 criou um método chamado Eurritimia, rapidamente o

método entrou em conflito com o ensino vigente, que era totalmente livresco, com base

nas realizações técnicas e virtuosas, voltados para a escrita e leitura da música, e

envolvendo somente exercícios de análise e classificação totalmente esvaziados de

aspecto criativo.

Para Elza Lancman Greif, o pensamento de Dalcroze estava em sintonia com o

pensamento pedagógico da época, apoiado na biologia e na psicologia de Dewey;

Dalcroze queria experimentar para se expressar, explica que a funcionalidade do

método associa exercícios rítmicos e possuem finalidade de reconhecimento de altura do

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29 som e dos intervalos musicais, acompanhamentos das vozes(notas musicais)

audição de sons e audição interior.

Dalcroze queria fazer a música fisicamente, para depois expressa-la.

3.1 – Da formalidade à Interdisciplinaridade

Esse momento da educação musical, é o momento da passagem de uma

educação formal, ainda praticado nos dias de hoje, mas que causou uma mudança de

paradigma de uma educação formal para uma educação interdisciplinar, da formalidade

à interdisciplinaridade.

O músico e pedagogo alemão Carl Orff, também sistematiza um método onde a

base é o ritmo da linguagem, a palavra é a célula geradora, reconhece que a música está

ligada a outras atividades como movimento e linguagem, para Orff nada substitui a

experiência e a prática, assim o ritmo da palavra, o ritmo do corpo, apontam para a

interdisciplinaridade.

Outro método inovador contra o formalismo que imperava foi o método Kodály,

que busca a interdisciplinaridade entre a música e a história social, priorizando o

folclore como matéria prima Kodály comenta: que na Hungria, a música faz parte do

currículo mínimo obrigatório, pois ela faz parte da formação geral, para ser gente, para

ser cidadão, a música é fundamental; ela acompanha o estudo do primário ao

secundário, com aulas em dias alternados, no mínimo, duas vezes por semana; caso o

aluno queira fazer música profissionalmente, deve se dirigir para o segundo grau, onde

terá um número maior de aulas e já num nível bastante avançado.

Isto nos remete de volta aos programas de música dos anos de 1930, quando foi

instituídos o ensino de música em nível superior e nas décadas seguintes um silêncio e

mudanças de leis, políticas públicas e mudanças de paradigmas abafaram quase que

completamente a educação musical no município do Rio de Janeiro.

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30 Os métodos usados pelos pedagogos-musicais brasileiros no início do século

XX, para abandonar a formalidade, a cultura livresca e fastidiosa, foram baseados nos

ensinamentos dos pedagogos europeus, não obstante, a criatividade dos pedagogos

brasileiros tratou de adaptar e desenvolver conteúdos e metodologias combinadas com a

finalidade de abandonar a cultura formal que imperava.

Na década de 1960, surge um novo movimento, baseado na contracultura, que

valorizava a criatividade, aconteceu um choque de metodologias, e ao mesmo tempo em

que a música tornava-se matéria obrigatória com a lei 4024/61, perdia força nos

estabelecimentos de ensino com a criatividade emergente.

A criatividade estava sendo interpretada de maneiras diversas pelos professores,

alguns achavam que não precisava saber mais nada, era só cantar, a música bater o pé...

Outros achavam que não ia longe tal metodologia tão aberta e carente de conteúdos,

pois, os professores adeptos da criatividade não possuíam conhecimentos profundos de

todas as áreas envolvidas no processo ensino-aprendizagem, alguns professores

sustentavam que usavam a criatividade para enriquecer seu trabalho educacional.

Na década de 1970, o SEMA já não possuía um ensino da educação musical tão

atuante, e com a implantação da lei 5692/71 a educação artística, foi implantada, mas os

professores não estavam preparados para fazer esse trabalho; nas décadas seguintes a

educação musical foi perdendo espaço e a educação artística fragmentou-se nas

deficiências dos profissionais e nas políticas equivocadas de acordo com os documentos

consultados.

A pró-criatividade dos anos 70, é herdeira da criatividade dos anos 60, pró-

criatividade que vai de encontro ao canto, mas esse encontro desencontro, acaba por

associar o canto coral à pró-criatividade, e esse paradoxo é absorvido pela instituição

escola que adota um procedimento interessante para o ensino musical pró-criatividade:

- Cada um faz o que quer

- Criação de letras, com direcionalidades educacionais a partir do

folclore.

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31 Assim a pró-criatividade se faz polivalente, não obstante, a precariedade

pedagógica específica dos profissionais envolvidos no processo ensino-aprendizagem.

Esse hibridismo educacional e ainda as leis que atropelaram processos em

cursos, foram a herança e conseqüência dos descaminhos da educação musical nos

períodos subseqüentes.

Os benefícios que a Superintendência de Educação Musical (SEMA) e Villa

Lobos, proporcionaram, foram sendo abandonados por questões políticas, por mudanças

de paradigmas; a desconstrução da educação musical, o abandono da lei 4024/61,

estancou o processo educacional. Também questões internas, como falta de preparo

técnico, de todo o pessoal envolvido no SEMA com o passar dos anos, influiu para

minar as forças da Superintendência de Educação Musical.

3.2 – Educação Musical e Neurociência

“Embora jamais pretenda eleger um conhecimento de algo, a Música se estabelece como

algo que dialoga com o conhecimento, além do que sua natureza objetal, estatuto

alcançado em razão da auto-referência com a qual ela se constrói, garante-lhe uma

“incompletude” capaz de induzir diferentes experiências”. ( Sekeff, 2003)

A música ajuda no crescimento físico e mental do indivíduo, integrando e

gerando condições para o desenvolvimento social do ser humano, dialoga com

diferentes áreas do conhecimento, demonstrando que a mensagem verbal não é única no

processo do desenvolvimento geral do ser humano.

A formalidade do ensino implicava em transmitir conceitos e copiar moldes;

atualmente o aluno é ativo no processo, e ele é o elemento principal no processo ensino

aprendizagem.

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32 A interdisciplinaridade com a música, é presente na física, em relação ao som;

na matemática, e a questão do número; na fisiologia com o pulso, com o ritmo; a

psicologia com as questões do timbre, intensidade; na antropologia que relaciona

natureza e cultura; na estética e filosofia em relação ao objeto musical; em relação a

biologia, somos seres biológicos, com uma história evolutiva, influenciados por fatores

sociais e culturais, onde a música atua no processo educacional, e participa no

descobrimento e conhecimento do educando, de si mesmo e do mundo, a educação

musical ajuda progressivamente pelos caminhos do conhecimento.

Marvin Minsky, músico e professor do Departamento da inteligência geral

(MIT) acredita que a música se associe intimamente à inteligência, de tal modo e de tal

forma que, estudando uma, se acaba por lançar luz sobre a outra.; a matemática remete à

música como número, medida, relações, pulso; a história lembra a música de diferentes

povos, o português lembra a prosódia musical e a interdisciplinaridade é orgânica, como

era o sentido de musica para os gregos.

Segundo Dale Purves, as conexões não se formam voluntária ou

involuntariamente, mas é promovido pela atividade, ouvir música reconecta circuitos

neurais, pesquisas em violinistas, mostram que quanto mais nova a criança praticar

música, mais desenvolve suas habilidades cognitivas.

Gordon Shaw, da Universidade da Califórnia, durante oito meses, ministrou

aulas de música para crianças em idade pré-escolar, os pesquisadores descobriram que

melhoraram muito o seu raciocínio espacial, comparado com crianças que não tiveram

aulas de música, como demonstrado em suas habilidades para jogos infantis, como

desenhar labirintos, desenhar figuras geométricas e copiar padrões com blocos de duas

cores, parece que quando as crianças exercitam os neurônios corticais ouvindo música

de boa qualidade, elas fortalecem ao mesmo tempo os circuitos utilizados para a

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE DA FORMALIDADE À INTERDISCIPLINARIDADE Apresentação de

33 matemática, a música segundo os pesquisadores da Universidade da Califórnia, excita

os próprios padrões cerebrais e realça o seu uso em tarefas de raciocínio complexo.

Os cérebros das crianças entre três e dez anos estão mais abertos para a

aprendizagem da música, o que não exclui as outras faixas etárias, o que o uso da

interdisciplinaridade pode propiciar para os profissionais das várias linguagens é a

possibilidade de tecer conexões entre as várias áreas do conhecimento, o que o “cérebro

interdisciplinar” já faz desde muito tempo.

Cientistas da Universidade de Rutgers, e da Universidade da Califórnia,

descreveram estudo de crianças com problemas de leitura, que afeta 7 milhões de

crianças nos Estados Unidos, Paula Tallal desconfia que o LLD surge da dificuldade da

criança de identificar sons curtos, “d” e “b” . Neurônios no córtex auditivo levam

aproximadamente 0,015 segundos para responder sinais do ouvido, relaxar e estar

preparado para responder ao próximo sinal. Crianças com LLD, levam 10 vezes o tempo

estimado.

Os cientistas fizeram exercícios com crianças de 5 a 10 anos, três horas por dia,

com sons produzidos por computador que extraíam consoantes curtas, tocados bem

devagar, como resultados as crianças com LLD , com dificuldades em habilidades de

linguagem recuperaram cerca de 2 anos em apenas quatro semanas, com melhora

duradoura, segundo Michael Merzenich, da Universidade da Califórnia parece que o

treino redesenhou o diagrama de conexões no córtex auditivo para processar sons

rápidos, e os problemas de leitura desapareceram como os sons das letras que, antes,

eles não escutavam..

A interdisciplinaridade entre a neurobiologia, usando a informática, resultou em

melhora no aprendizado da língua!. A revista Neurological Research, após dois anos de

experiências com crianças em idade pré-escolar, comandadas pela psicóloga Dra.

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE DA FORMALIDADE À INTERDISCIPLINARIDADE Apresentação de

34 Francês Rauscher da Universidade de Wiscosin em Oshkosh, e pelo físico Dr. Gordon

Dhaw, da Universidade da Califórnia, em Irvine; chegaram a resultados revolucionários,

observando que a música aumentava a habilidade de raciocínio espacial, crianças que

receberam treinamento musical apresentavam resultados 34% superiores nos testes que

mediam as habilidades têmporo-espacial em comparação com outros grupos que não

receberam aulas de música.

A experiência inclui três grupos de crianças em idade pré-escolar; um grupo

recebeu lições particulares de música, outro grupo recebeu lições particulares de

informática; um terceiro grupo não recebeu treinamento algum. As crianças que

receberam o treino em música, obtiveram resultados 34% superiores. Estas descobertas

indicam que a música, por si mesma, aumenta as funções cerebral superiores exigidas

para matemática, xadrez e engenharia.

O que os doutores Rauscher e Shaw enfatizam é a relação casual entre o

treinamento musical precoce e o desenvolvimento do circuito nervoso que controla a

inteligência espacial.

Seus estudos indicam que o treinamento musical gera as conexões neurais que se

utilizam para o raciocínio abstrato, incluindo aquelas que são necessárias para entender

os conceitos matemáticos; Especificamente, estudos indicam que existe uma relação

causal entre o treinamento musical e as melhorias da habilidade têmporo-espacial nas

crianças em idade pré-escolar, e entre estudantes universitários que simplesmente

escutaram uma sonata de Mozart.

Os estudos dos cientistas supracitados demonstram que a música ajuda muito nas

outras disciplinas, ela a música, como linguagem auxilia e desenvolve o cérebro das

pessoas não só na primeira idade, mas em todas as idades, por alguma razão, conexões

que pareciam não acontecer mais, podem acontecer e ativar certas habilidades musicais.

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35

Uma pesquisa do Instituto Gallup sobre as atitudes dos americanos em relação à

música, revelou que 90% dos abordados estão de acordo que a música deve ser parte de

uma educação ampla e balanceada, 88% crêem que todas as escolas deveriam incluir a

música instrumental como parte do currículo escolar, 89% acreditam que a música

auxilia as crianças em seu desenvolvimento intelectual total, 69% acreditam que a

participação em um programa escolar de música influênciam no fato de obter melhores

notas e melhores resultados nas provas, 85% acreditam que as comunidades deveriam

fornecer os recursos financeiros para apoiar estes programas.

Platão na idade antiga, acreditava que a música é um poderoso instrumento

educacional, e agora na contemporaneidade os cientistas comprovam os benefícios da

música, concluíram que a música treina o cérebro para formas superiores de raciocínio.

“É importante esclarecer que a utilização da música não se prende ao trabalho da

musicoterapia, que tem uma base teórica própria. Mas existem outros modelos que

trabalham com música tão científicos quanto, diferenciado-se nas técnicas”

Trigueiro, sd)

A música auxilia no tratamento das doenças psicossomáticas, sendo ministrada para

que as pessoas possam reequilibrar o sistema orgânico e imunológico.

A música pode ser ponte de comunicação com pessoas que portam diversos

distúrbios; pessoas que perdem contato com a realidade, podem recuperar-se via um

trabalho com a identidade sonora do paciente, que todos possuem.

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36

3.3 – Interdisciplinaridade Cerebral

Semir Zeki, aponta uma nova disciplina, a neuroestética, entre seus benefícios,

propicia um entendimento mais orgânico do cérebro e das artes.

O cérebro possui 100 bilhões de células neurais e dezenas de substâncias

neurotransmissoras, o potencial de conexão pode chegar a 500 trilhões.

As ciências cerebrais, com localização para habilidades específicas, como a

apresentada por Paul Broca, no século XIX, correspondem a corrente fragmentária do

século XIX; mas a “interdisciplinaridade cerebral” e evidenciada pelos pesquisadores

atuais, que concluíram que quando uma pessoa observa uma obra de arte, várias áreas

do cérebro são ativadas simultaneamente, não obstante certas áreas responderem por um

controle maior, dependendo da atividade cerebral.

As pesquisas apontam que os bebês ao nascerem já conseguem perceber

diferenças entre escalas musicais, preferem harmonia à dissonância, e são capazes de

reconhecer canções, o cérebro do bebê já está apto para decifrar o mundo musicalmente.

Tais evidências nos indicam várias possibilidades de aproveitamento da

educação musical, na mais tenra idade, como ferramenta auxiliar e indispensável na

evolução do ser humano pleno; e mais, as descobertas recentes corroboram e testificam

as proposições de Platão, e sua importância como “pedagogo” musical, deixando como

herança, a busca da educação geral do homem moderno com o auxilio da educação

musical; agora apoiadas nas descobertas dos cientistas e pesquisadores na

contemporaneidade.

Howard Gardner, além das outras inteligências, aponta a habilidade musical

como uma das múltiplas capacidades cerebrais, indica que a mistura dos vários tipos de

inteligência, e que produz o ser humano total. Isso nos leva ao fio condutor da

interdisciplinaridade e sua relação com todos os aspectos da vida do ser humano.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE DA FORMALIDADE À INTERDISCIPLINARIDADE Apresentação de

37 Isso indica que as relações internas e externas, seguem caminhos parecidos na

construção das habilidades do homem contemporâneo, que a biologia e a história

confirmam as proposições da educação musical na antiguidade, e que se a

interdisciplinaridade é ferramenta, a educação musical é fonte de desenvolvimento

pleno do ser humano.

3.4 – Música e Interdisciplinaridade

Como observado por (Sekeff, 2003) a música não é um fim em si, mas caminho

para o desenvolvimento das funções cognitivas, como ferramenta auxiliar, ela se inter-

relaciona com as demais áreas do conhecimento, esse diálogo comprovado pelos estudos

da neurociência e sua relação com a música, demonstram que a formalidade na

educação musical, combatida no início do século XX por Dalcroze, Orff e Kodály, foi

percebida na educação e na forma de pensar dos educadores, e cientistas que por meio

de estudos e pesquisas coerentes, percebem a interdisciplinaridade inerente as

disciplinas ensinadas na atualidade.

a interdisciplinaridade passou para a pauta de discussões nos anos de 1980 no

Brasil, mas na música, ela já estava presente desde o início do século de forma

embrionária, pelos pedagogos musicais que adaptaram e ampliaram as idéias e métodos

de Dalcroze, Orff e Kodály.

Edgar Willems (1961) ensina que no começo da educação musical as crianças

devem vivenciar os fatos e fenômenos musicais profundamente antes de adquirir a

consciência dos mesmos.

Wallon (s/d.), em sua obra “A evolução psicológica da criança”, afirma que toda

metodologia de ensino deve respeitar e estar apoiada num princípio básico e

fundamental: o concretismo no pensamento infantil se caracteriza por ação antes da

reflexão, gesto antes da palavra, demonstração antes da explicação;

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38 Para Willems ação motora e verbal precede elaboração de idéias, e formulações de

conceitos.

3.5 – Interdisciplinaridade no Ensino Superior

“Declaro, para os devidos fins, que procedendo a buscas nos arquivos do SEMA,

constatei que os registros de professor de canto Orfeônico fornecidos pelo MEC, de

acordo com os art. 14, da portaria n. 17 de 12/04/43, e art.9 da portaria 33 de 01/10/44

que reconheceu os cursos de formação de professores de Canto Orfeônico de nível

superior(currículo de 4 anos), ministrado no SEMA nos anos de 1932, 1933 1934,

sendo que, os cursos 1 e 2, eram realizados em caráter intensivo e concomitantemente

(1932), correspondendo, portanto, a dois anos e os outros dois, que completavam o

curso, nos dois anos subseqüentes”.

Esta declaração escrita em 8 de abril de 1963 pela diretora do SEMA Maria

Augusta Joppert, demonstrando que o curso de formação de professores de música em

nível superior já acontecia nos anos de 1930, reforça a importância da educação musical

nesse período.

A Lei 9394/96, que confirma o “ensino em artes, como componente curricular

obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o

desenvolvimento cultural dos alunos.” Acaba com a obrigatoriedade da educação

musical, e confirma a lei 5692/71, que foi o apogeu da criatividade, onde cada professor

fazia o que queria, ensinava o que queria. Duro golpe contra a lei 4024/61, que instituía

o ensino obrigatório de música.

Se lançarmos um olhar panorâmico ou detalhado nos programas de música que

da década de 1930, poderemos constatar que foram elaborados e detalhados e se

fizermos uma análise dos PCNs na atualidade, poderemos concluir que houve um

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE DA FORMALIDADE À INTERDISCIPLINARIDADE Apresentação de

39 aparente abandono de um projeto educacional musical de longo alcance, com vistas ao

desenvolvimento educacional do povo brasileiro, e as leis relativas ao ensino das artes,

baseadas mais em questões políticas e menos em questões técnicas foram âncoras nesse

processo paradoxal..

A lei 9394, de 20 de dezembro de 1996; no artigo 43, inciso v, indica

interdisciplinaridade quando lemos: “suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento

cultural e profissional e possibilitar a corresponde concretização, integrando aos

conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do

conhecimento de cada geração”

Esta é a finalidade, uma transformação, uma mudança de valores de paradigma,

de uma formalidade, à interdisciplinaridade.

O ensino superior forma profissionais, fornece educação em nível avançado, é

responsável por estudos, pesquisas e investigação científica e funciona como instituição

social. Na tentativa de solucionar e encontrar respostas para as indagações e desafios da

contemporaneidade, articula o conhecimento e seus executores não podem prescindir da

interdisciplinaridade na execução de um processo educacional.

Como reza a lei 9394/96, no início do novo milênio, percebe-se uma tentativa de

uma educação permanente, continuada, os alunos precisam aprender a aprender. Serem

eficientes. E educação musical, como ferramenta pedagógica na infância principalmente

fornece e prepara as crianças para uma educação mais abrangente, via

interdisciplinaridade, por tudo que foi exposto nos capítulos precedentes.

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CONCLUSÃO

O mundo antigo legou para a modernidade, um sentido lato da música, como

uma possibilidade de educação orgânica, onde as áreas do saber, não são fragmentadas,

mas amalgamadas, na Grécia clássica, E na Índia, a música seguia por esse prisma, ou

seja, um sentido integral, onde a educação integral do ser humano, onde uma formação

holística, do ser humano, foi fragmentada.

No século XIX a fragmentação foi à raiz do positivismo, do cientificismo, do

mecanicismo e do niilismo, no século XX ela foi a raiz do capitalismo, comunismo,

fascismo, nazismo.

A formalidade no ensino da educação musical, está hoje em xeque, pois a

Interdisciplinaridade, como transferência de método de uma disciplina para outra, está

sendo empregada em vários setores da educação, em áreas de conhecimento, como a

matemática, física, biologia; que interagem com a música, retornando aos conceitos de

Pitágoras e Platão, e da antiguidade principalmente no oriente.

No Brasil, a educação musical depois de uma formalidade no tempo do império,

experimentou um novo alento na república, na década de 30, o SEMA

(Superintendência de Educação Musical e Artística) esteve no comando na educação

musical, e com Villa-Lobos no comando atingiu o apogeu do poder de influenciar a

educação geral via educação musical.

Com a saída de Villa-Lobos e as questões políticas e sociais dos anos 60, a

educação musical perdeu forças e rupturas sucessivas provocadas pelas leis que foram

promulgadas, por isso e outro aspecto temporais, fizeram com que a educação musical,

adentrasse em uma espécie de hibernação, compasso de espera, pronta a emergir como

ferramenta auxiliar na educação geral da sociedade quando solicitada.

Pelo demonstrado nos escritos precedentes, tanto na área das disciplinas, quanto

nas exposições da neurobiologia; torna-se óbvio a importância da educação musical,

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41 desde os primeiros tempos da vida humana; e já que a música não é fim em si, mas

caminho para construção do conhecimento, essa ferramenta pedagógica, baseada nas

descobertas da neurociência, precisa ser utilizada interdisciplinarmente com as outras

disciplinas do saber, ou como preparação para os outros conhecimentos necessários para

a formação do cidadão pleno na sociedade contemporânea.

E por meio da interdisciplinaridade, que retornou a pauta educacional, nos dias

atuais se discute a importância do ensino interdisciplinar tendo a música como auxiliar

no processo pedagógico.

Da formalidade, onde o ensino imitativo e livresco e abandonado, a

interdisciplinaridade em favor de uma educação criativa, dinâmica, inclusiva, usando a

interdisciplinaridade como importante ferramenta metodológica. E a música como

caminho para o desvelar do ser humano pleno, necessária ferramenta que auxilia de

maneira poderosa no desenvolvimento do ser humano.

A interdisciplinaridade, como um conceito, sempre esteve presente na evolução

da educação do ser humano, em alguns momentos, foi negligenciada, mas continuou o

seu caminho, desde a antiguidade até os dias atuais, pois na contemporaneidade já não é

possível, um olhar fragmentado, mas uma visão holística do ser humano, uma

integralidade necessária para o desenvolvimento pleno do ser humano.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 Cópia da declaração que de acordo com portaria do MEC, que reconhece o

curso em nível superior em Canto Orfeônico, retroativo a 1932;

Anexo 2 cópia de documento Oficial Assinado por Fernando de Azevedo, Diretor

Geral de educação, de 23 de Abril de 1929, para formar comissão de elaboração do

Programa de Música da Escola Normal, Escolas Primárias e Profissional

Anexo 3 Cópia do documento que confirma, que o professor Syvio Salema, assumiu o

cargo de chefe do SEMA ( Serviço de Educação Musical e Artística), em quatro de

fevereiro de 1943 à sete de agosto de 1954.

Anexo 4 Professor Sylvio Salema é elogiado pelo seu trabalho na semana da pátria,

onde o coro de milhares de alunos, cantavam no campo de Vasco da Gama

Anexo 5 Cópia do documento que confirma instruções para curso de orientadores

especializados em Música e Canto Orfeônico, e que confirma que o professor primário

Sylvio Salema Garção Ribeiro, fez o curso que durou 1 ano 91936/1937).

Anexo Capa do Programa de Música dos Estabelecimentos de Ensino do Distrito

Federal, impresso em 1930;

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

PLATÃO. A Republica. Fundação Calouste Gulbenkiam

MARION, Jean-Luc. A Interdisciplinaridade Como Questão Para a Filosofia. Presença

Filosófica, IV, 1, pp. 15-27. 1978.

OCHOA, César González. La Música Del Universo. Universidade Nacional

Autônoma de México 1994

REPÚBLICA, 424. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.

BERGER, Guy. Conditions d'une Problématique de l'interdisciplinarité. In Ceri (eds.)

L'interdisciplinarité. Problèmes d'enseignement et de recherche dans les Université, pp.

21-24. Paris: UNESCO/OCDE. 1972.

THOM, René. Vertus et dangers de l'interdisciplinarité. In Apologie du Logos, pp. 636-

643. Paris: Hachette. 1990.

PAZ, Ermelinda. Pedagogia Musical Brasileira no Século XX. Brasília: Editora

MusiMed, 2000.

REVISTA ACADEMIA NACIONAL DE MÚSICA. Rio de Janeiro; 2003. Anual.p. 108

ÈPOCA. Rio de Janeiro; 2003. Semanal. p.100.

VEJA. Rio de Janeiro; 2007. Semanal. p.98.

VEJA. Rio de Janeiro; 2007. Semanal. p.11.

FUKS, Rosa. Contemporaneidade Musical na Escola Normal: Coexistência de Vários

Tempos. 1990. p.234.

Música na Escola Uma proposta Interdisciplinar.Comunicandido, Rio de Janeiro,

21mai.2007. p.3

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50 Associação Brasileira da Música.São Paulo;2002. Semestral

VILLA LOBOS, Heitor. O Ensino Popular da Música no Brasil. Distrito Federal:

Departamento de Educação do Distrito Federal, 1937.

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ATIVIDADES CULTURAIS

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

EDUCAÇÃO MUSICAL NO OCIDENTE 10

1.1 – Educação Musical na Idade Antiga 12

1.2 – O Formalismo Medieval e as Universidades 14

1.3 - Renascimento 15

1.4 – Mudança de Paradigma 16

CAPÍTULO I I 18

2.1 – Reforma no Ensino do Distrito Federal 19

2.2 – Superintendência de Educação Musical e Artística 20

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CAPÍTULO III 28

3.1 – Da Formalidade à Interdisciplinaridade 29

3.2 – Educação Musical e Neurociência 31

3.3 – Interdisciplinaridade Cerebral 36

3.4 – Música e Interdisciplinaridade 37

3.5 – Interdisciplinaridade no Ensino Superior 38

CONCLUSÃO 40

ANEXOS 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 49

ÍNDICE 52

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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