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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” O LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Por: Nely Rodrigues Vieira da Silva Orientador Profª Fabiane Muniz Rio de Janeiro, RJ Agosto/2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

O LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Por: Nely Rodrigues Vieira da Silva

Orientador

Profª Fabiane Muniz

Rio de Janeiro, RJ

Agosto/2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

O LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia ao Conjunto

Universitário Cândido Mendes como

condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação em

Psicopedagogia.

Por Nely Rodrigues Vieira da Silva

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AGRADECIMENTOS

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DEDICATÓRIA

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RESUMO

A prática de atividades lúdicas ainda não é considerada pela

maioria dos professores como base facilitadora para uma teoria pedagógica. O

mover espontâneo da criança é reprimido e os valores à prática de brincadeiras

são sancionados de acordo com o seu próprio sexo. As normas sociais

vigentes condicionam a partilha das habilidades motoras da criança entre o

mundo masculino e o feminino. Nesse entendimento, o objetivo deste trabalho

é levar o leitor a refletir sobre a questão de gênero e a influência das normas

sociais falocêntricas no desenvolvimento natural e global da criança.

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METODOLOGIA

O presente trabalho foi elaborado com base em pesquisa

documental feita em livros e artigos publicados em revistas e periódicos

referentes ao assunto escolhido.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................... 08 CAPÍTULO I A ESCOLA COMO ESPAÇO LÚDICO ...................................................... 11 CAPÍTULO II O LÚDICO NA CONCEPÇÃO DE ALGUNS AUTORES ........................... 19 CAPÍTULO III O LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM .................................. 26 CONCLUSÃO ............................................................................................ 43 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 46 ÍNDICE ....................................................................................................... 49 FOLHA DE AVALIAÇÃO ........................................................................... 50

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INTRODUÇÃO

Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças

também se apropriam do repertório da cultura corporal na qual estão inseridas.

Nesse sentido, as instituições de educação infantil devem favorecer um

ambiente físico e sociais onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e

ao mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer desafios. Quanto mais rico

e desafiador for esse ambiente, mais lhe possibilitará a ampliação de

conhecimentos acerca de si mesmo, dos outros e do meio em que vivem.

A diversidade de práticas pedagógicas que caracterizam o

universo da educação infantil reflete diferentes concepções quanto ao sentido e

funções atribuídas ao lúdico no cotidiano das pré-escolas. É muito comum que

visando garantir uma atmosfera de ordem e harmonia, algumas práticas

educativas procurem simplesmente suprimir o lúdico, impondo às crianças de

diferentes idades, rígidas restrições posturais.

Isso se traduz, por exemplo, na imposição de longos momentos

de espera – em fila ou sentada – em que a criança deve ficar quieta, sem se

mover, ou na realização de atividades mais sistematizada, como de desenho,

escrita ou leitura, em que qualquer deslocamento, gesto ou mudança de

posição, pode ser visto como desordem ou indisciplina.

Em linhas gerais, as conseqüências dessa rigidez podem apontar

tanto para o desenvolvimento de uma atitude de passividade nas crianças

como para a instalação de um clima de hostilidade, em que o professor tenta, a

todo custo, conter e controlar as manifestações motoras infantis. Os jogos, as

brincadeiras, a dança e as práticas esportivas revelam, a cultura corporal de

cada grupo social. Constituindo-se em atividades privilegiado nas quais o

movimento é aprendido e significado.

Dado o alcance que a questão motora assume no cotidiano da

criança, é muito importante que, ao lado das situações planejadas

especialmente para trabalhar o movimento em sua veria dimensões, a

instituição reflita sobre o espaço dado ao movimento em todos os momentos da

vida diária, incorporando os diferentes significados que lhe são atribuídos pelos

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familiares e pela comunidade. Portanto, é importante que o trabalho incorpore a

expressividade e a mobilidade própria das crianças.

Assim, um grupo disciplinado não é aquele em que todos se

mantêm quietos e calados e sim, um grupo em que vários elementos se

encontram envolvidas e mobilizados pelas atividades propostas. Os

deslocamentos, as conversas, as brincadeiras resultantes desse envolvimento

não podem ser entendidos como dispersão ou desordem e sim como uma

manifestação natural das crianças.

Assim, o lúdico ganha cada vez mais espaço nas escolas, e para

desempenhar bem o papel de professor nesse novo contexto, este deverá

modificar sua postura frente à classe. De dono absoluto do saber, o educador

passa a ser intermediário entre o conhecimento acumulado e o interesse e a

necessidade do aluno. Mais do que isso, ele se torna o elemento que

desencadeia (e sacia) a curiosidade da turma, ao mesmo tempo em que

aprende com ela.

O novo educador é um profissional em constante mudança,

pronto para transformar em saber as ansiedades da classe. É importante

observar que além, de resgatar o direito à infância, o lúdico tenta salvar a

criatividade e a espontaneidade da criança. Esse processo criativo é uma

tentativa de encontrar um sentido maior interesse dentro da sala de aula.

Nesse contexto, a presente monografia propõe-se a abordar as

atividades lúdicas, assim como a importância do uso de jogos e brincadeiras no

processo de aprendizagem; enumerar atividades lúdicas capazes de contribuir

para o desenvolvimento cognitivo de escolares; verificar qual o valor psico-

pedagógico atribuídos por educadores em sua prática educativa junto a

crianças no processo de aprendizagem.

Assim, a pesquisa busca demonstrar que a compreensão do

caráter lúdico e expressivo das manifestações da motricidade infantil poderá

ajudar o professor a organizar melhor sua prática, levando em conta as

necessidades da criança de acordo com o seu contexto social. O educador

necessita transportar-se para o mundo infantil e a partir daí transformar as

aulas em foco de atração, com sensibilidade e energia (motivar), conquistar os

alunos, trabalhar com prazer. É fundamental mostrar que estudar também é

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divertido. Não existe aluno sem solução, de um jeito ou de outro se descobre

algo que ele goste. Para isso o profissional deve estar atento, valorizando as

crianças em suas participações, afinal cada uma traz características diferentes

dificultando em criar o clima para a aprendizagem. A criança precisa perceber

que o que ela faz é valorizado.

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CAPÍTULO I

A ESCOLA COMO ESPAÇO LÚDICO

A introdução da brincadeira no contexto infantil inicia-se,

timidamente, com a criação dos jardins de infância, fruto da expansão da

proposta froebeliana que influencia a educação infantil de todos os países. A

difusão não é uniforme, pois depende de valores selecionados, apropriações

de elementos da teoria e forma como seus discípulos a traduzem. A

apropriação resume o modo pelo qual cada realidade interpreta um dado

teórico que reflete a orientação cultural de cada país.

Spodek e Saracho (1990, p. 49) comentam que os Estados

Unidos foram o modelo inicial para a grande maioria dos países. Missionários

cristãos, protestantes disseminaram o jardim froebeliano em muitos países

asiáticos e latino-americanos.

Para adaptar a pedagogia froebeliana aos pressupostos da

filosofia confuciana que subsidia culturas orientais, China e Coréia modificam

idéias relativas ao desenvolvimento individual para justificar a enfase no grupo,

a base do sistema desses países. Da mesma forma, a implantação do modelo

froebeliano no período de modernização do Japão, na era Meiji (1868-1880),

sob a influência americana, exige a tradução e adaptação da obra Mutter und

Koselieder, que inclui músicas e gravuras coerentes com valores da cultura

japonesa.(Spodek e Saracho, 1996, p. 67)

A apropriação do brincar enquanto ação livre ou supervisionada

depende da forma como foi divulgada pelos discípulos froebelianos: Schrader-

Breymann e Bertha von Marenholz-Büllow. A primeira cria a Casa Pestalozzi-

Fröbel, com orientação para o brincar livre, influenciando a Suécia e, a

segunda, volta-se para o uso diretivo dos dons froebelianos, recebendo o apoio

dos americanos. (Haddad e Johansson, 1995, p. 92)

Marenholz-Büllow seleciona os dons, deixando de lado o

simbolismo das brincadeiras interativas e a ação livre da criança, tornando a

instituição mais parecida com a escola. Schrader-Breymann, opõe-se ao

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caráter disciplinador, faz o jardim de infância aproximar-se do lar, introduzindo

tarefas domésticas como parte do currículo, que juntamente com as

brincadeiras, representam os eixos do desenvolvimento da criança na proposta

sueca. (Haddad e Johansson, 1995, p. 84)

Nos Estados Unidos, na virada do século, a literatura mais

recente sugere que os programas froebelianos enfatizam o brincar

supervisionado, que encoraja a uniformidade e o controle nos estabelecimentos

destinados a imigrantes pobres e o brincar livre prevalece nas escolas

particulares de elite (Bloch e Choi, 1990, p. 34).

Bloch e Choi (1990, p. 15) indicam a presença do brincar

supervisionado nas creches que surgem ainda no século XIX, durante a Guerra

Civil, estimuladas pelo Movimento de Assentamento das Famílias, pelo

crescente aumento de pobres urbanos, fruto de deslocamentos sociais

causados pela industrialização, urbanização e intensa imigração.

Nessa época, a América sendo uma sociedade relativamente

homogênea busca ideais como liberdade individual, ordem social e unidade

nacional. Com a penetração dos imigrantes e o crescimento da pobreza

urbana, buscam-se meios para americanizar imigrantes a partir da educação.

Predominam crenças acerca da diferença de necessidades de crianças pobres

e de elite, de que as crianças aprendem melhor por meio do brincar, mas

rejeita-se a noção do brincar não supervisionado como educação. Essa

interpretação fortalece a perspectiva do jogo educativo, do brincar orientado

visando a aquisição de conteúdos escolares, a perspectiva adotada pela

Baronesa Marenholz-Büllow, divulgadora dos jardins de infância nos Estados

Unidos. (Vandewalder, 1923, p. 72)

Embora Froebel definisse o brincar como ação livre da criança, a

adoção da supervisão relaciona-se com o interesse em concebê-lo como forma

eficaz de gerar unidade ideológica e social em populações éticas e classes

sociais distintas (Bloch e Choi, 1990, p. 31).

Sendo a primeira meta da educação infantil americana, daquele

período, a socialização (entenda-se americanização) de crianças de diferentes

etnias, de nível econômico baixo, a maioria dos jardins urbanos destinadas a

essa população incluem disciplina e ordem no cotidiano institucional. Tais

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escolas encorajam o brincar em sua forma estruturada incluindo música, jogos

formalizados, marchas, atividades contendo programas estruturados e

dirigidos. Ao privilegiar dons e ocupações, a experiência americana exclui

brincadeiras simbólicas livres, justificando as críticas de William Harris e Susan

Blow. (Kishimoto, 1998, p. 27).

A teoria froebeliana, ao considerar o brincar como atividade livre e

espontânea da criança e, dons e atividades, um suporte para o ensino, permite

a variação do brincar ora como atividade livre ora orientada.

As concepções froebelianas de educação, homem e sociedade

estão intimamente vinculados ao brincar e expressas em The Education of Man

(Froebel, 1912c, p. 43).

Froebel diverge de Rousseau ao apontar a necessidade da

jardineira, o profissional que deve, à semelhança do jardineiro, cuidar da

planta, podá-la e regá-la, no jardim de infância, a metáfora da criança

semelhante à planta em crescimento. Entretanto, sugere que, no início, a

educação deve ser "somente protetora, guardadora e não prescritiva,

categórica, interferidora" (Froebel, 1912c, p.7) e que o desenvolvimento da

humanidade requer a liberdade de ação do ser humano, "a livre e espontânea

representação do divino no homem" (Froebel, 1912c, p.7), "objeto de toda

educação bem como o destino do homem" (Froebel, 1912c, p.10).

Entende que é destino da criança

"viver de acordo com sua natureza, tratada corretamente,

e deixada livre, para que use todo seu poder. (...) A

criança precisa aprender cedo como encontrar por si

mesmo o centro de todos os seus poderes e membros,

para agarrar e pegar com suas próprias mãos, andar com

seus próprios pés, encontrar e observar com seus

próprios olhos" (Froebel, 1912c, p.21).

Ao elevar o homem à imagem de Deus, criador de todas as

coisas, postula que a criança deve possuir as mesmas qualidades e "ser

produtiva e criativa" (Froebel, 1912c, p.21). Dessa forma, para que o ser

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humano expresse a espiritualidade de Deus, seria necessária "a liberdade para

auto-atividade e autodeterminação da parte do homem, criado para ser livre à

imagem de Deus. " (Froebel, 1912c, p.11)

Concepções de homem e sociedade envolvendo a liberdade do

ser humano de auto-determinar-se, buscar o conhecimento para a humanidade

desenvolver-se, definem a função da educação infantil que se reflete no

brincar, considerado " a fase mais importante da infância - do desenvolvimento

humano neste período - por ser a auto-ativa representação do interno - a

representação de necessidades e impulsos internos," (Froebel, 1912c, p. 54-

55)

"a atividade espiritual mais pura do homem neste estágio

e, ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um

todo - da vida natural interna no homem e de todas as

coisas. Ela dá alegria, liberdade, contentamento,

descanso externo e interno, paz com o mundo...A criança

que brinca sempre, com determinação auto-ativa,

perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode

certamente tornar-se um homem determinado, capaz de

auto-sacrifício para a promoção do seu bem e de

outros....Como sempre indicamos, o brincar em qualquer

tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda

significação. " (Froebel, 1912c, p.55)

Para Harris, editor das obras froebelianas:

"Froebel é o reformador pedagógico que fez mais que

todos os restantes juntos, por dar valor à educação, ao

que os alemães chamam "método de desenvolvimento

pela atividade espontânea", que permite plena expressão,

porque os atos da criança que joga são o resultado de

suas próprias decisões e motivações e não obediência ao

mando ou sinal do mestre. "( Hughes, 1925, p. 194)

15

Considerado por Blow (1991, p. 54), psicólogo da infância,

Froebel introduz o brincar para educar e desenvolver a criança. Sua teoria

metafísica pressupõe que o brincar permite o estabelecimento de relações

entre objetos culturais e a natureza, unificados pelo mundo espiritual. Froebel

concebe o brincar como atividade livre e espontânea, responsável pelo

desenvolvimento físico, moral, cognitivo, e os dons ou brinquedos, objetos que

subsidiam atividades infantis. Entende, também, que a criança necessita de

orientação para seu desenvolvimento.

A perspicácia do educador leva-o a compreender que a educação

é ato intencional, que requer orientação, materializados na função da jardineira

usar materiais para facilitar a construção do conhecimento de pré-escolares.

Entretanto, a aquisição do conhecimento, requer a auto-atividade, capaz de

gerar auto-determinação que se processa especialmente pelo brincar.

Programas froebelianos permitem a inclusão de atividades orientadas

subsidiadas por pequenos objetos geométricos, chamados dons, materiais

como bolas, cilindros, cubos, papéis recortados, anéis, argila, desenhos,

ervilhas, palitos de madeira pelos quais se realizam atividades orientadas, as

ocupações, geralmente intercaladas por movimentos e músicas.

Representada pelas brincadeiras interativas entre a mãe e a

criança, há outra modalidade, de natureza simbólica, de imitação de situações

do cotidiano, por gestos e cantos, o espaço propício para a ação iniciada da

criança, que permite a expressão e determinação. Desta forma, a teoria

froebeliana proporciona subsídios para a compreensão da brincadeira como

ação livre da criança e o uso dos dons, objetos, suporte da ação docente,

conhecidos hoje como materiais pedagógicos, permite a aquisição de

habilidades e conhecimentos, justificando os jogos educativos.

A apropriação da teoria froebeliana como brincar supervisionado

pode ser analisada a partir de categorias como: tipo de instituição, classe social

de seus freqüentadores, concepções de criança e instituição infantil e a forma

de funcionamento das mesmas ( tempo integral ou parcial).

Nos primeiros tempos da educação infantil brasileira, à

semelhança da experiência americana, o brincar, no imaginário dos

profissionais apresenta tonalidades diferenciadas conforme o tipo de instituição

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e a clientela atendida. Prestam serviços à criança pequena: jardins de infância

e instituições de atendimento infantil (asilos infantis, creches, escolas

maternais, parques infantis). Os jardins de infância froebelianos penetram nas

instituições particulares, como inovação pedagógica, destinadas à elite da

época, como exemplo de modernidade, que oferece um curso semelhante ao

divulgado no então modelar sistema educacional americano.

Os estudos sobre o brincar indicam graduais alterações

especialmente nos materiais destinados às brincadeiras.

Os materiais froebelianos foram questionados por não atender às

necessidades das crianças. Para G. Stanley Hall, dons e atividades

froebelianas propiciam atividades sedentárias e não desenvolvem os grandes

músculos, cujos movimentos precedem a manipulação, nem oportunizam a

linguagem, exploração e criatividade. Tais discussões redundaram em críticas

aos dons e ocupações, considerados tediosos e sua substituição por artes,

marcenaria, grandes blocos de construção e brincadeiras de faz-de-conta. Alice

Temple, Patt Hill e Caroly Pratts recomendam blocos de construção maiores e

leves, acessórios para brincadeiras de faz-de-conta e animais como novas

formas de suporte material para brincadeiras. (Bloch e Choi, 1990, p. 50)

Essa evolução dos materiais cria a necessidade de adequar o

espaço da brincadeira, sem que se perca a característica do brincar como ação

livre, iniciada e mantida pela criança. A prática pedagógica brasileira por longo

tempo não referenda a associação íntima entre materiais, espaços e

brincadeiras.

A dissociação passa a ser revista em propostas que começam a

circular a partir da expansão das creches, fruto de movimentos sociais que se

acentuam nos anos 70 e avançam nas décadas seguintes. Questionamentos

sobre a natureza das instituições infantis colocam em destaque o brincar como

proposta para educar crianças em idade infantil. Preocupadas prioritariamente

com a educação higiênica, emocional, religiosa e física, as creches começam a

discutir a educação das crianças em novas bases. Algumas adotam propostas

conteudísticas incluindo, na rotina diária, atividades gráficas voltadas para

tarefas de alfabetização, outras adotam o brincar espontâneo, sem suporte

material e outras começam a formar grupos de estudos para compreender

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melhor a natureza de um trabalho educativo vinculado ao brincar. A concepção

biológica, de criança natural e espontaneísta como opção para instituições

destinadas às classes populares recebe o apoio do governo nos programas de

educação compensatória.

O grande viés desse movimento é a adoção do brincar livre sem

materiais e espaços adequados às crianças. O brincar livre, embora desejável,

torna-se utópico, uma vez que a criança não dispõe de alternativas, de objetos

culturais, ou espaços para implementar seus projetos de brincadeira. Pretende-

se desenvolver a criança a partir do que se tem na instituição, ou seja, quase

nada.

A proposta de Vygotski (1993, p. 83) de inserir objetos culturais

para estimular o imaginário infantil não se expande. Grandes espaços internos

e externos, como salões, salas e corredores sempre vazios, são utilizados para

as ditas brincadeiras livres, que pela ausência de objetos ou cantos

estimuladores, favorecem correrias, empurrões. Alguns exemplares de

brinquedos, geralmente doados, por sua quantidade e natureza, impedem a

elaboração de qualquer temática de brincadeira, regra que prevalece nas

instituições. Naquelas que adquirem brinquedos observa-se uma inadequação

de tipo e uso.

Pela visão do profissional, o brincar não pode integrar-se às

atividades educativas, ocupa lugar fora da sala, não sendo sua tarefa interagir

com a criança por meio da brincadeira, cabe a outro esse papel. As razões da

dicotomia entre o educar e o brincar indicam as dificuldades enfrentadas pelas

profissionais de compreender o lúdico: "Você ter pessoas, assim, que fossem

treinadas, e que tivessem sempre nessa questão da brincadeira. Porque eu

acho que a brincadeira é uma coisa muito difícil, porque eu tenho dificuldade

prá criar brincadeiras" (Veillard, 1996, p. 84).

O rodízio de uso da sala por várias turmas permite que, pelo

menos uma vez por semana, as crianças tenham acesso aos brinquedos e

brincadeiras. Mas mesmo nessas ocasiões, nem sempre se garante o uso livre

dos brinquedos. Predominam atividades dirigidas pelos professores

selecionando brinquedos educativos ou delimitando o tipo de brinquedo

18

utilizado pela criança. O brincar enquanto recurso para desenvolver a

autonomia da criança deixa de ser contemplado nesse tipo de utilização.

Nas instituições em que se permite o uso livre, cantos

extremamente estruturados e fixos, impedem a criação de projetos de

brincadeiras por parte da criança. A concepção de brincar como forma de

desenvolver a autonomia das crianças requer um uso livre de brinquedos e

materiais, que permita a expressão dos projetos criados pelas crianças. Só

assim, o brincar estará contribuindo para a construção da autonomia. A pré-

escola japonesa dá um exemplo muito claro de como é possível acreditar na

criança, dar espaço para que cada uma crie seu projeto de brincadeira na

companhia de seus pares.(Kishimoto, 1996a, p. 84).

19

CAPÍTULO II

O LÚDICO NA CONCEPÇÃO DE ALGUNS AUTORES

2.1 O brincar na visão de Piaget

Piaget (1974, p. 102) estrutura o jogo em três categorias: o jogo

de exercício - onde o objetivo é exercitar a função em si -, o jogo simbólico -

onde o indivíduo se coloca independente das características do objeto,

funcionando em esquema de assimilação, e o jogo de regra, no qual está

implícita uma relação inter individual que exige a resignação por parte do

sujeito. Piaget cita ainda uma quarta modalidade, que é o jogo de construção,

em que a criança cria algo. Esta última situa-se a meio caminho entre o jogo e

o trabalho, pelo compromisso com as características do objeto. Tais

modalidades não se sucedem simplesmente acompanhando as etapas das

estruturas cognitivas, pois, tanto o bebê pode fazer um jogo de exercício, como

também uma criança poderá fazer sucessivas perguntas só pelo prazer de

perguntar.

Para ele, a origem do jogo está na imitação que surge da

preparação reflexa. Imitar consiste em reproduzir um objeto na presença do

mesmo. É um processo de assimilação funcional, quando o exercício ocorre

pelo simples prazer. A essa modalidade especial de jogo, Piaget denominou de

jogo de exercício. Em suas pesquisas ele mostra que a imitação passa por

várias etapas até que, com o passar do tempo, a criança é capaz de

representar um objeto na ausência do mesmo. Quando isso acontece, significa

que há uma evocação simbólica de realidades ausentes. É uma ligação entre a

imagem (significante) e o conceito (significado), capaz de originar o jogo

simbólico, também chamado de faz-de-conta.

Para Piaget, o símbolo nada mais é do que um meio de agregar o

real aos desejos e interesses da criança. Paulatinamente, o jogo simbólico vai

cedendo lugar ao jogo de regras, porque a criança passa do exercício simples

às combinações sem finalidade e depois com finalidade. Esse exercício vai se

20

tornando coletivo, tendendo a evoluir para o aparecimento de regras que

constituem a base do contrato moral.

As regras pressupõem relações sociais ou interpessoais. Elas

substituem o símbolo, enquadrando o exercício nas relações sociais. As regras

são, para Piaget, a prova concreta do desenvolvimento da criança.

2.2 O brincar na visão de Vygotsky

O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal

(capacidade que a criança possui), pois na brincadeira a criança comporta-se

num nível que ultrapassa o que está habituada a fazer, funcionando como se

fosse maior do que é.

O jogo traz oportunidade para o preenchimento de necessidades

irrealizáveis e também a possibilidade para exercitar-se no domínio do

simbolismo. Quando a criança é pequena, o jogo é o objeto que determina sua

ação.

Na medida em que cresce, a criança impõe ao objeto um

significado. O exercício do simbolismo ocorre justamente quando o significado

fica em primeiro plano.

Do ponto de desenvolvimento da criança, a brincadeira traz

vantagens sociais, cognitivas e afetivas. Ainda, segundo esse autor, a

brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a regra. Elas

estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, tanto nas

tradicionais, naquelas de faz-de-conta, como ainda nas que exigem regras.

Podem aparecer também no desenho, como atividade lúdica.

Do ponto de vista psicológico, Vygotsky atribui ao brinquedo um

papel importante, aquele de preencher uma atividade básica da criança, ou

seja, ele é um motivo para a ação.

Segundo o autor, a criança pequena, por exemplo, tem uma

necessidade muito grande de satisfazer os seus desejos imediatamente.

Quanto mais jovem é a criança, menor será o espaço entre o desejo e sua

satisfação. No pré-escolar há uma grande quantidade de tendências e desejos

21

não possíveis de ser realizados imediatamente, e é nesse momento que os

brinquedos são inventados, justamente para que a criança possa experimentar

tendências irrealizáveis.

A impossibilidade de realização imediata dos desejos cria tensão,

e a criança se envolve com o ilusório e o imaginário, onde seus desejos podem

ser realizados. É o mundo dos brinquedos.

Segundo Vygotsky (1991, p. 24), a imaginação é um processo

novo para a criança, pois constitui uma característica típica da atividade

humana consciente. É certo, porém, que a imaginação surge da ação, e é a

primeira manifestação da emancipação da criança em relação às restrições

situacionais. Isso não significa necessariamente que todos os desejos não

satisfeitos dão origem aos brinquedos.

2.3 O brincar na visão de Winnicott

Para o psicanalista Winnicott (1975, p. 43), a garantia do espaço

de brincar é suporte do sentimento de que vale a pena viver, insistir, “querer

ser maior do que é na realidade”. Esse autor talvez esteja entre os teóricos do

brincar que mais tenham ressaltado a importância do aspecto relacional da

brincadeira.

A partir de uma extensa investigação clínica com bebês, postula

para o brincar o espaço potencial de relação de criatividade com o mundo.

Caracteriza essa atividade que permite ao homem conhecer o mundo e a si

próprio criativamente, como “espaço de função da liberdade de criação”. No

brincar, e, talvez, apenas no brincar, é que a criança inicia sua liberdade de

criação”(1975, p.79)

Winnicott postula, ainda, que é no “brincar mútuo”, e não no

“brincar submisso” que se realiza esse espaço potencial de relação criativa

com o mundo. Sua “Teoria Sobre os Fenômenos Transacionais” fala desse

campo relacional, onde os primeiros diálogos da criança com o mundo

parecem como fundamentos de suas experiências culturais.

22

Em sua obra “Brincar e a Realidade”(1975, p. 17), Winnicott

analisa o conceito dos fenômenos transacionais. Esses fenômenos estão na

origem da vida imaginativa e localizam-se no espaço potencial das primeiras

relações do bebê com o mundo. O brincar e a experiência cultural são a

ampliação desse espaço. Winnicott estudou, ainda, o impulso criativo,

ressaltando a complexidade e a significância dos estágios primitivos da relação

de objeto e da formação de símbolos. A teoria “dos objetos transacionais” é

resultado desse estudo, “não tanto o objeto usado, quanto o uso do objeto”

(1975, p.10). Para esse autor, os fenômenos transacionais descrevem a

jornada do bebê, desde o puramente subjetivo até a objetivação. Revelar o seu

sentido desperta o respeito à infância e às suas formas próprias de aprender.

Desde o nascimento, o ser humano está envolvido com o

problema da relação entre o que é objetivamente percebido e aquilo que é

subjetivamente concebido. Na sustentação deste paradoxo”, situa-se o seu

grau de saúde. Nessa relação entre “mundo interno”e “mundo externo”,

Winnicott reivindica uma terceira área de experimentação, onde se dão os

espaços transacionais: espaços intermediário entre a viabilidade do bebê e a

sua crescente habilidade...”.

É sabido que, assim que nascem, os bebês tendem a usar o

punho, os dedos e os polegares. Sabe-se, igualmente, que após alguns

meses, bebês de ambos os sexos passam a gostar de brincar com bonecas e

que a maioria das mães não permitem aos seus bebês acesso a algum objeto

especial... Encontra-se, então, uma grande variação de eventos desde as

primeiras atividades do “punho na boca” (objetos “EU”), até a ligação a um

ursinho, uma boneca e os brinquedos em geral (objetos “não EU”) (1975, p.13).

Na relação com o objeto transacional, o bebê passa do controle

onipotente, mágico, para o controle da manipulação, envolvendo o erotismo

muscular e o prazer da coordenação dos movimentos.

A adaptação da mãe às necessidades do bebê dá a este a

“ilusão” de que existe uma realidade externa correspondente à sua própria

capacidade de criar. A coordenação psicomotora que se dá na passagem da

motilidade (movimento sem deslocamento) para a mobilidade, tem a ver com o

23

ritmo da curiosidade satisfeita, permitindo à criança construir sua relação objeto

com o mundo.

Segundo Winnicott, esta experiência de poder criar a partir de si

próprio é suporte do sentimento de segurança. O fato de a criança sentir que

vale a pena viver, sentir-se segura para crescer, investir, brincar, aprender,...

garante o seu verdadeiro self.

Winnicott associa, ainda, o verdadeiro self ao gesto espontâneo,

no sentido do gesto não reprimido. É na expressão espontânea que está,

também, a possibilidade de conexão entre o corpo e o sentimento...”. É através

da brincadeira que a criança liga idéias com a função corporal; pode-se, então,

reconhecer mais nitidamente a tendência saudável que existe na brincadeira,

que relaciona mutuamente os dois aspectos da vida: o funcionamento físico e a

vivência de idéias.” (Winnicott, 1975, p. 164).

Desta forma, o autor fundamenta a importância do impulso de

curiosidade de poder exprimir-se. Se este é constantemente reprimido, o que

se observa é o impulso infantil submetido a um controle, o que pode provocar

ansiedade.

Para Winnicott, o impulso de curiosidade é o próprio impulso

criativo... “este pode ser considerado algo em si..., mas também, algo que se

faz presente quando qualquer pessoa – bebê, criança, adolescente, adulto ou

velho – se inclina de maneira saudável para algo ou realiza deliberadamente

alguma coisa.” (1975, p.100). À medida que a criança amplia as suas relações,

o ritmo desse impulso, inicialmente por ela estabelecido, vai, aos poucos,

encontrando o ritmo do outro.

Na relação do adulto com a criança, o ritmo mais adequado a um

desenvolvimento saudável é aquele que equilibra a interdição (proibição de

fazer) e a invasão (anulação do fazer). Quando está presente esse equilíbrio, o

adulto é “continente” para a criança. Esta contensão de seu “apetite de viver”

propicia, ao mesmo tempo, segurança e liberdade para ser, arriscar,

experimentar, aprender...! A perda do viver criativo é, para este autor, a perda

do sentimento de que a vida tem significado. Viver criativamente, ou não,

estaria relacionado à ... “qualidade e quantidade das provisões ambientais no

começo ou nas fases primitivas ...” (1975, p.103). Winnicott lembra, ainda, que

24

o que se contrapõe ao viver criativo é um tipo de relacionamento de submissão,

onde a pessoa reconhece o mundo, apenas, como algo a que se ajustar, ou a

exigir adaptação.

O destino dos fenômenos transacionais é perderem o seu

significado. A sua ampliação tem ligação direta com o brincar, espalhando-se

por todo o campo cultural da vida adulta.

Sobre isso, Winnicott afirma:

“Concretizo minha idéia sobre a brincadeira, reivindicando

que o brincar tem um lugar... não é dentro ... tampouco é

fora. Para controlar o que está fora, há que fazer coisa,

não simplesmente pensar ou desejar; e fazer coisas toma

tempo. Brincar é fazer”. (Winnicott 1975, pg.63).

A criança traz para dentro da área da brincadeira objetos e

fenômenos oriundos da realidade externa, usando-os a serviço da realidade

interna. Nesse processo, ela coloca para fora uma amostra de seu potencial

onírico.

“Na área de superposição entre o brincar da criança e o de outra

pessoa, á possibilidade de introduzir enriquecimentos”(idem, pg.74). Porém,

para permitir o brincar como experiência criativa, Winnicott esclarece, é preciso

que ele aconteça no “brincar mútuo”.

O adulto envolvido com a criança que brinca assume um lugar

dentro da relação. Sendo o adulto capaz de entrar na brincadeira, permite à

criança “surpreender-se na brincadeira”. Esta atitude é diferente daquela cujo

interesse recai sobre o “uso da brincadeira” na utilização do seu conteúdo para

fins de qualquer tipo de tratamento.

Para Winnicott, uma atitude de respeito ao brincar deve incluir o

reconhecimento de que este pode tornar-se assustador...

“Os jogos e sua organização devem ser encarados como

o uma tentativa de prevenir o aspecto assustador do

brincar. Quando o organizador tem de se envolver numa

25

posição de administrador, ocorre a implicação de que a

criança, ou crianças são incapazes de brincar no sentido

criativo” (idem, pg.75).

A teoria de Winnicott postula, portanto, que o desenvolvimento da

percepção objetiva da criança acerca do mundo e de si própria necessita de

um ambiente relacional “suficientemente bom” - um ambiente que a acolha, ao

mesmo tempo em que permita a sua livre expressão. Esse ambiente assim

concebido possibilita a socialização das crianças na direção de sujeitos mais

seguros, críticos e criativos:

”As atividades lúdicas são, neste ponto, especialmente

importante, visto serem, ao mesmo tempo, reais e

concretas, por uma parte, e imaginada ou sonhada, por

outra; e, embora as experiências lúdicas permitam

sentimentos de todos os gêneros, as brincadeiras livres e

o comportamento precisam tornar-se relacionados com o

grupo”. (idem, pg.219).

A brincadeira facilita esse diálogo, constituindo-se num dos meios

característicos das crianças de fazer perguntas e explicar coisas e fatos.

26

CAPÍTULO III

O LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

3.1 O jogo no processo de aprendizagem

Por tudo que vimos até aqui, a escola não pode prescindir do

jogo, como um recurso pedagógico importantíssimo. Por intermédio do jogo, a

escola pode viabilizar a construção de conhecimentos de forma prazerosa,

garantindo a motivação intrínseca necessária para a aprendizagem.

Os jogos, na escola, devem ser empregados de acordo com a

faixa etária dos alunos e suas necessidades. Não é apropriação da professora.

Ela não é “ dona “ do jogo.

Se a criança está em fase de alfabetização, aprendendo a

escrever seu nome e as palavras de sua língua, a escola pode lhe propor

jogos de exercício, a fim de que os esquemas de ação motora, tão necessários

para esta tarefa, sejam adquiridos. A abolição total de exercícios, pela escola,

longe de ser uma indicação construtivista, é o total desconhecimento das

teorias a este respeito.

Quando o domínio da leitura e da escrita já está suficientemente

garantido, os jogos simbólicos são chamados à cena, para garantir a

entonação, a análise dos personagens de um texto, o brincar que a linguagem

oral e escrita propicia, num recriar incessante de novas formas e estilos.

No momento em que a escrita precisa ser trabalhada em seus

aspectos ortográficos e sintáticos, os jogos de regras têm especial importância,

visto que a gramática, assim aplicada, deixa de ser um amontoado de regras e

ganha em significação.

27

3.2 A importância da Educação Artística no desenvolvimento

da aprendizagem

Partindo do pressuposto que a criança olha, cheira, toca, ouve, se

move, experimenta, sente, pensa... e que o corpo é ação e pensamento, pode-

se afirmar que ela é um todo em relação ao mundo que a cerca, pois precisa

interagir com o meio para que possa construir o seu conhecimento e fazer

novas descobertas. A criança está atenta e aberta às experiências e ao mundo,

sem medo dos riscos, por isso arrisca-se. Vive intensamente, maravilha-se com

tudo que está ao seu redor.

Neste sentido, o pensamento se dá na ação, na sensação, na

percepção, através do sentimento. Através deste processo de construção e de

descoberta do mundo, ela vai ampliando seus horizontes de sonhos e

conhecimentos na relação com outras pessoas, com o mundo, com os objetos,

adquirindo com isso as percepções iniciais que influenciarão toda a sua

subseqüente compreensão do seu contexto de vida.

Assim é a Arte em todo seu contexto. Pensar o ensino de arte é

também pensar o processo de poetizar, fruir e conhecer Arte. Poetizar no

sentido de se encantar com tudo que nos rodeia, sendo capaz de se

emocionar, criar, imaginar, fantasiar. Fruir é sem dúvida nenhuma, aproveitar o

momento da descoberta como se fosse único e todo seu, a única possibilidade

de prazer e encantamento. Já o conhecer é algo que simplesmente se une

para dar sentido e significado a tudo, seria a razão das descobertas, das

vivências, das experiências, da evolução, do progresso, da transcendência.

O ensino de arte é, então, pensar na leitura e produção na

linguagem da arte, o que, por assim dizer, é um modo único de despertar a

consciência e novos modos de sensibilidade, emoção, medos, conhecimentos.

A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento

artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de

ordenar e dar sentido à experiência humana. Este componente curricular

favorece ao aluno relacionar-se criadoramente com outras disciplinas do

currículo. Podem-se estabelecer relações mais amplas quando estuda um

determinado período histórico, exercitar sua imaginação construindo textos,

28

desenvolver estratégias pessoais na resolução de problemas, conhecer outras

culturas, valores, além de perceber, valorizar e problematizar a sua realidade

cotidiana.

A arte solicita a visão, a escuta e os demais sentidos como portas

de entrada para uma compreensão mais significativa das questões sociais,

valores que governam os diferentes tipos de relações entre os indivíduos na

sociedade. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), a Arte é

assim vista:

“O conhecimento da arte abre perspectivas para que o

aluno tenha uma compreensão do mundo na qual a

dimensão poética esteja presente: a arte ensina que é

possível transformar continuamente a existência, que é

preciso mudar referências a cada momento, ser flexível

Isso quer dizer que criar e conhecer são indissociáveis e

a flexibilidade é condição fundamental para aprender”.

(p.20 e 21).

A Arte como componente curricular precisa ser trabalhada

observando alguns critérios fundamentais, que são seus campos fundamentais:

a) O conhecimento artístico como produção e fruição. O

conhecimento artístico não tem como objetivo definir leis e compreender como

as coisas são, nem mesmo conceituar como elas se encontram ou se

formaram. A intenção da arte é que através das formas artísticas, combinações

de imagens, a criança possa ter o domínio do imaginário, da criatividade. A

produção neste sentido tem a intenção de desafiar o cotidiano para revelar

como as coisas que estão ao nosso redor poderiam ser, expressando desta

forma através da linguagem da arte seus pensamentos, idéias, emoções. A

obra de arte apresenta o resultado da experiência humana, é o seu produto

histórico/cultural.

A fruição acontece no momento em que os espectadores ao

apreciarem uma obra de arte, posicionam-se e dão sentido e significado às

29

obras observadas. A significação, a compreensão, está na interação entre o

espectador e a obra de arte. O conhecimento através da fruição se dá a partir

das relações significativas, das percepções das qualidades de linhas, texturas,

cores, sons, movimentos. O sentimento, a intuição, a apropriação da obra de

arte como elemento seu, faz com que a criança perceba-se como sujeito parte

daquele contexto, conseguindo desta forma que ela possa imaginar-se dentro

deste processo, além de conceber idéias e situações novas.

Tanto na produção quando na fruição – apreciação – estão

presentes habilidades de relacionar e solucionar questões propostas pela

organização dos elementos que compõem as formas artísticas. Conhecer arte

envolve o exercício conjunto do pensamento, da intuição, da sensibilidade e da

imaginação.

b) conhecimento artístico como reflexão. Para que aconteça a

produção de sentidos e assim o enriquecimento do seu conhecimento sobre a

arte, é necessário que aconteça o processo de investigação sobre o campo

artístico como atividade humana. É a partir deste momento que o

conhecimento que está sendo construído começa a ser contextualizado no

tempo, num sentido histórico, e no espaço.

“A experiência de refletir sobre a arte como objeto de

conhecimento, onde importam dados sobre a cultura em

que o trabalho artístico foi realizado, a história da arte e

os elementos e princípios formais que constituem a

produção artística, tanto de artistas quanto dos próprios

alunos”.(PCN, 1997, p.43 e 44).

O repensar no já pensado, que é o processo de reflexão,

proporciona uma aprendizagem rica em significados para o processo de

construção do conhecimento.

Aprender arte, nesta perspectiva envolve não apenas uma

atividade de produção artística pelas crianças, mas também a conquista da

30

significação do que fazem, pelo desenvolvimento da percepção estética, tendo

o contato com o fenômeno artístico visto e estudado.

A criança que passa por este processo de aprendizagem,

consegue desenvolver potencialidades que podem ser alicerçadas a

consciência do seu lugar no mundo e também contribui para sua capacidade

de relacionar os conteúdos dos outros componentes curriculares a sua

construção do conhecimento.

Gardner, autor da teoria das inteligências múltiplas, afirma que os

primeiros conhecimentos realizados pelas crianças são de certa forma

intuitivos, pois, são construídos a partir das interações com objetos físicos e

com outras pessoas, adquirindo através de sistemas de percepções sensoriais

e interações motoras, estimuladas pelo mundo externo.

Relações de causa-efeito, compreensões da natureza e da

constituição de objetos e do mundo, também dos números, formarão a base de

teorias que surgirão depois. Neste sentido, a criança passa por um processo de

construção para a elaboração do seu conhecimento baseada nas descobertas

e experiências vividas. No livro Didática do Ensino de Arte, as autoras

contextualizam este processo da seguinte maneira:

(1) O modo intuitivo de estar no mundo - A imitação é também um

dos fatores que são necessários nesta fase, pois é através dela que a criança

produz ações (gestos, escrever, pintar, agir, desenhar, recortar, cantar, dançar,

tocar...) e começa a interessar-se pelas coisas que a rodeia.

(2) O modo simbólico de mostrar o mundo - A função simbólica é

o centro do processo de ensino-aprendizagem. A criança constrói seus

símbolos através de suas ações e de diferentes formas de linguagem,

representa os objetos e as ações sobre eles, representando também seus

conceitos. São representações sobre as representações, buscando dar

significado sobre as ações verbais, visuais, gestuais, sonoras. A linguagem

verbal é um sistema simbólico fundamental, mas não o único. A arte tem um

papel prioritário no exercício dessa competência, pois é através das

experiências artísticas que o significado e o sentido vão dando asas à

imaginação e ao conhecimento.

31

(3) O modo noticioso de mostrar o mundo - A criança vive

intensamente a leitura e a produção sígnica do mundo. Apresenta a realidade

de maneira a noticiar o que viveu, experienciou, de forma que, aos poucos,

dentro de um processo de observação, vá enriquecendo seus registros para

que este fique com a mais “pura” realidade do que ocorreu.

Neste sentido, o desenho, o registro, vai ganhando vida própria, pois fica

completamente rico de detalhes, de percepções, de observações, de

sentimentos e de pensamentos que irão ser demonstrados para todos aqueles

que o lerem a partir da sua construção.

(4) O modo de pensar sobre o pensar - O pensar sobre o pensar

seria a reflexão do que já foi pensado, isto é, é a abstração e a compreensão

maior dos fatos e acontecimentos que estão ao nosso redor. Este pensamento

acontece quando as crianças começam a problematizar, analisar, observar o

que está ao seu redor, com um olhar mais crítico, investigativo e criterioso em

busca do saber “verdadeiro”.

Neste sentido, o prazer de manejar e explorar, a ótica de ver-

pensar-sentir o mundo, a maneira de se expor, de se sentir e se posicionar nas

mais diversas situações do dia-a-dia fazem com que as crianças comecem a

perceber idéias de formas diferentes.

A Arte nos possibilita a junção entre pensamento e sentimento

que nos ajuda a significar o mundo. Assim, o ser humano é a soma de suas

percepções singulares, únicas que buscam o constante despertar, no sentido

da constante busca do conhecimento.

3.2.1 Arte e educação infantil

As reflexões recentes sobre ensino de arte vão no sentido de

considerá-la como área de conhecimento e apontam para transformações nos

seus fundamentos (metodologia, objetivos, conteúdos, papel do professora e

avaliação), relacionando-as à organização da escola em sua proposta

curricular. Como afirmam Ferraz e Fusari (1993: 15):

32

"Quando praticamos o ensino e aprendizagem da arte na

escola surgem também questões que se referem ao seu

processo educacional. Uma delas diz respeito ao

posicionamento que assumimos sobre os modos de

encaminhar esse trabalho em consonância com os

objetivos de um processo escolarizado que atenda às

necessidades de cultura artística no mundo

contemporâneo".

Os documentos oficiais para Educação Infantil (RCNei-1999)

chegaram às escolas propondo que se observe tanto princípios gerais de

organização da escola quanto princípios específicos relacionados aos objetos

de conhecimento, mas por seu caráter de referência geral para os educadores,

propõe que a relação entre essas duas demandas deverá ser construção de

cada unidade escolar.

Reconhecendo que essa articulação das demandas não é trivial e

que algumas escolas a buscam já há algum tempo, estudar estes processos

pode contribuir para o enfrentamento do desafio colocado pelos PCNei.

A arte na educação infantil está organizada em dois blocos: 1-

fazer artístico; 2- apreciação em Artes Visuais. Apesar dos blocos, as crianças

vivenciam esses conteúdos de maneira integrada.

a) Crianças de zero a três anos

A instituição deve organizar sua prática em torno da

aprendizagem em arte, permitindo com que as crianças sejam capazes de:

- Ampliar o conhecimento de mundo que possuem, manipulando diferentes

objetos e materiais, explorando suas características, propriedades e

possibilidades de manuseio e entrando em contato com formas diversas de

expressão artística;

- Utilizar diversos materiais gráficos e plásticos sobre diferentes superfícies

para ampliar suas possibilidades de expressão e comunicação.

33

- Orientações Didáticas

Exploração e manipulação de materiais, como lápis e pincéis de

diferentes texturas e espessuras, brochas, carvão, carimbo etc.; de

meios, como tintas, água, terra, argila etc.; e de variados suportes

gráficos, como jornal, papel, papelão, parede, chão, caixas, madeiras

etc.

Exploração e reconhecimento de diferentes movimentos gestuais,

visando a produção de marcas gráficas.

Cuidado com o próprio corpo e dos colegas no contato com os suportes

e materiais de artes.

Cuidado com os materiais e com os trabalhos e objetos produzidos

individualmente ou em grupo.

Utilização de materiais diversos.

O interesse das crianças dessa idade é de curta duração.

Evitar modelos padronizados.

Realizar marcas no próprio corpo.

b) Crianças de quatro a seis anos

Os objetivos da faixa de 0-3 anos devem ser aprofundados e

ampliados. Além disso, garante-se às crianças a oportunidade de:

- Interessar-se pelas próprias produções, pelas de outras crianças e pelas

diversas obras artísticas (regionais, nacionais ou internacionais) com as quais

entrem em contato, ampliando seu conhecimento do mundo e da cultura;

- Produzir trabalhos de arte, utilizando a linguagem do desenho, da pintura, da

modelagem, da colagem, da construção, desenvolvendo o gosto, o cuidado e o

respeito pelo processo de produção e criação.

- Orientações Didáticas

Criação de desenhos, pinturas, colagens, modelagens a partir de seu

próprio repertório e da utilização dos elementos da linguagem das Artes

Visuais: ponto, linha, forma, cor, volume, espaço, textura etc.

34

Exploração e utilização de alguns procedimentos necessários para

desenhar, pintar, modelar etc.

Exploração e aprofundamento das possibilidades oferecidas pelos

diversos materiais, instrumentos e suportes necessários para o fazer

artístico.

Exploração dos espaços bidimensionais e tridimensionais na realização

de seus projetos artísticos.

Organização e cuidado com os materiais no espaço físico da sala.

Respeito e cuidado com os objetos produzidos individualmente e em

grupo.

Valorização de suas próprias produções, das de outras crianças e da

produção de arte em geral.

Para as crianças criarem suas produções, o professor deve ser um

facilitador das crianças com os meios utilizados e a reflexão sobre eles.

Alguns tipos de intervenção ajudam no desenvolvimento do desenho da

criança.

Observação deve ser estimulada.

Ajudam no trabalho expressivo as histórias, as imagens significativas e

fatos do cotidiano.

Ajudam a criança na percepção de seu processo evolutivo: guardar,

organizar a sala e documentar as produções. O professor pode realizar

isso junto ao grupo.

Expor os trabalhos realizados propicia a leitura dos objetos feitos pelas

crianças e a valorização de suas produções.

3.3 O teatro no processo de aprendizagem

Vygotsky defendeu possibilitar à criança em idade escolar

oportunidade para o exercício pleno da criação artística. As suas indicações

para a organização de intervenções pedagógicas que têm como objetivo

promoverem o exercício da atividade criadora de natureza estética na

35

educação escolar sinalizam claramente a espontaneidade da expressão

infantil, como é possível comprovar na transcrição abaixo:

“O teatro das crianças, quando pretende reproduzir

diretamente as formas do teatro adulto, constitui uma

ocupação pouco recomendável para crianças. Começar

com um texto literário, memorizar palavras estranhas

como fazem os atores profissionais, palavras que nem

sempre correspondem à compreensão e aos sentimentos

das crianças, interrompe a criação infantil e converte as

crianças em repetidores de frases de outros obrigados

pelo roteiro. Por isso se aproximam mais da compreensão

infantil as obras compostas pelas próprias crianças ou

improvisadas por elas no curso de sua criação.(...) Estas

obras resultam sem dúvida mais imperfeitas e menos

literárias que as preparadas e escritas por autores

adultos, mas possuem a enorme vantagem de terem sido

criadas pelas próprias crianças. Não se deve esquecer

que a lei básica da criação artística infantil consiste em

que seu valor não reside no resultado, no produto da

criação, mas no processo de criação em si.” (1982:87-88)

Algumas conseqüências da atividade ludodramática de natureza estética

para o desenvolvimento cultural da criança em idade escolar foram inclusive

destacadas por Vygotsky. Entre elas: 1) Incremento das intenções voluntárias;

2) Formação e distinção dos planos da realidade e da fantasia; 3)

Fortalecimento das noções de lazer e trabalho; 4) Internalização de papéis

sociais e 5) Exercício da representação simbólica de segunda ordem - que

facilita a compreensão da escrita como processo de representação semiótico.

Para ele, o jogo dramático infantil constitui importante área potencial de

desenvolvimento da criança.

Mas como começar a trabalhar com o teatro na educação? Duas

são as correntes possíveis em arte-educação:

36

1. Corrente contextualista - Sinaliza os aspectos sociais e

psicológicos da criança, levando em conta suas etapas evolutivas. Nesta

corrente estão inseridos os jogos dramáticos. Quase toda bibliografia

especializada brasileira pertence a esta corrente. O que importa é o jogar. O

único perigo é transformar cada encontro com os alunos em uma aula-show,

esquecendo-se de que o trabalho deveria ser sistemático e cumulativo,

obedecendo a graus de dificuldade.

2. Corrente essencialista - Trabalha com a essência da arte, o

teatro existe independente de qualquer aspecto educativo, embora eduque. O

Teatro na Escola tem uma importância fundamental na educação pois permite

ao aluno uma enorme “gama” de aprendizados podendo citar como exemplos,

a socialização, a criatividade, a coordenação, a memorização, o vocabulário e

muitos outros.

Através do teatro, o professor pode perceber traços da

personalidade do aluno, seu comportamento individual e em grupo, traços do

seu desenvolvimento e essa situação permite ao educador, um melhor

direcionamento para a aplicação do seu trabalho pedagógico.

3.3.1 Tipos de atividades

- Teatro de Máscaras

O homem usa máscaras desde a Pré-História nos rituais

religiosos. Na África, elas são esculpidas em madeira e pintadas. Já os índios

americanos fazem-nas de couro pintado e adornos de penas. Na Oceania, são

feitas de conchas e madeira e com madrepérolas incrustadas.

Existe um tipo muito antigo de máscara que é aquela desenhada

no próprio rosto com tintas especiais, maquiagens e pinturas. Este tipo é muito

utilizado pelos índios e pelos africanos nos seus rituais religiosos, de guerra,

festas , etc..

Na China, as cores das máscaras representam sentimentos e no

Japão, os homens usavam máscaras representando personagens femininos.

Em Veneza, no século XVIII, o uso de máscaras tornou-se um hábito fazendo

37

parte do vestuário da época. No Brasil, as máscaras são usadas nas festas

folclóricas e no carnaval.

As crianças gostam muito de vestir máscaras, principalmente de

super-heróis que elas vêem na TV. O importante é deixar que elas

confeccionem as máscaras em sala de aula ou no pátio da escola.

Para a confecção, pode-se usar sacos de papel, cartolinas,

tecidos, tintas, pratos de papelão, jornal, material de sucata, etc.. Esta atividade

não é difícil de ser executada e será prazerosa para asa crianças, pois elas

poderão representar uma história com um material que elas mesmo

elaboraram, pois estarão criando e recriando à sua própria dialética.

O teatro de máscaras promove a recreação, o jogo, a

socialização, melhoria na fala da criança, desinibição dos alunos mais tímidos.

Quando o trabalho em aula exigir o uso da palavra, a máscara a

ser utilizada é aquela que cobre os olhos e o nariz deixando a boca livre,

permitindo que a voz saia clara, exibindo a sua expressão verbal. As crianças

representando com o rosto oculto, se permitem viver o enredo dos próprios

personagens e o cotidiano social a que pertence.

- Teatro de Sombras

O teatro de sombras é uma arte muito antiga, originária da China

e se espalhou pelos países da Europa. Existe uma lenda chinesa a respeito do

teatro de sombras. Diz a lenda que no ano 121, o imperador Wu Ti, da dinastia

dos Han, desesperado com a morte de sua bailarina favorita, ordenou ao mago

da corte que a trouxesse de volta do “Reino das Sombras”, caso contrário,

seria decapitado. O mago usou a sua imaginação e através de uma pele de

peixe macia e transparente, confeccionou a silhueta de uma bailarina.

Quando tudo estava pronto, o mago ordenou que no jardim do

palácio, fosse armada uma cortina branca contra a luz do sol e que esta

deixasse transparecer essa luz. Houve uma apresentação para o imperador e

sua corte. Esta apresentação foi acompanhada de um som de uma flauta que

“fez surgir a sombra de uma bailarina movimentando-se com leveza e

graciosidade”. Neste momento, teria surgido o teatro de sombras.

38

Este tipo de teatro ainda é pouco conhecido no Brasil. É uma

atividade muito divertida que estimula a criatividade da criança.

Para realizar o teatro de sombras é necessário ter como material:

uma fonte luminosa, uma tela (ou um lençol bem esticado) e silhuetas para

serem projetadas. As lâmpadas indicadas são as de 40 ou 60 watts,

transparentes, dentro de latas de óleo para possibilitar a concentração da luz. A

tela deve ser de um tecido totalmente branco e não transparente.

Como silhueta, pode-se usar fantoches de varas recortados em

papel cartão, cartolina ou papel grosso. Pode-se também utilizar outros objetos.

Os fantoches movimentam-se atrás do papel, projetando a sombra. As crianças

ficam atrás do palco interpretando a história, participando na movimentação

dos bonecos, além de poderem confeccionar o material do teatro.

Outra atividade relacionada ao teatro de sombras, são as

sombras feitas através das mãos onde se projetam com elas, as sombras

numa parede, formando figuras de animais em movimento como abrindo e

fechando as asas, a boca , mexendo as orelhas.

Cada aluno cria as mais diversas figuras, compara-as com as dos

colegas, fala sobre as sombras projetadas. O teatro de sombras proporciona o

desenvolvimento da criatividade e da motricidade das mãos na criança,

importante no período da pré-escola e da alfabetização. Para que aconteça o

teatro de sombras com as mãos, é necessário que o ambiente esteja escuro,

iluminado somente com uma lâmpada ou uma vela acesa.

- Teatro de Fantoches

O teatro de bonecos tem sua origem na Antigüidade. Os homens

começaram a modelar bonecos no barro, mas sem movimentos e aos poucos

foram aprimorando esses bonecos, conseguindo mais tarde a articulação da

cabeça e membros para fazer representações com eles. Na China, Índia e Java

já existia o teatro de bonecos.

Na Grécia Antiga, os bonecos não só tinham uma importância

cultural, mas religiosa também. A cultura grega do teatro de bonecos foi

assimilada pelo Império Romano e se espalhou por toda a Europa.

39

Na Idade Média, os bonecos eram utilizados em feiras populares

e nas doutrinas religiosas. Na Itália, o boneco “maceus” antecessor do

polichinelo, era o boneco mais popular. Na América, os fantoches foram

trazidos pelos colonizadores, apesar dos nativos já fazerem bonecos

articulados e que imitavam os movimentos dos homens e dos animais.

Depois da Primeira Guerra, os bonecos articulados por fios, varas

e marionetes começaram a ser utilizados nas escolas americana e tcheca e no

Brasil, as representações com bonecos datam do século XVI. No Nordeste, o

teatro de bonecos apareceu principalmente em Pernambuco, onde a tradição

permanece até os dias de hoje. Somente em meados do século XX é que o

teatro de bonecos se consolidou fortemente em nosso país.

Os bonecos utilizados pelos alunos na escola seguindo a

orientação de um professor tem um papel importantíssimo na educação, pois

eles podem ajudar a desenvolver vários aspectos educacionais principalmente

aos que estão relacionados à comunicação e a expressão sensório-motora.

O professor deve deixar a criança manipular os bonecos à

vontade. Aos poucos, a criança irá sentir uma vontade de criar uma fala, um

diálogo para aquele boneco, aliando o movimento dele com a palavra.

A criança sendo estimulada nesta situação, ela irá começar a

inventar personagens, desenvolvendo e aprimorando o diálogo com eles. Essa

criação livre e natural pode levar à diálogos proporcionados por histórias lidas e

ouvidas, textos prontos para este tipo de teatro.

Geralmente, as crianças pequenas começam a brincar sozinhas

com seus bonecos e pouco a pouco, vão unindo-se com outras crianças

criando os seus próprios fantoches e iniciando a socialização, pois percebem a

necessidade de esperar sua vez para falarem, para ouvir os outros, respeitar a

opinião dos colegas e exprimirem um manifesto de suas opiniões usando de

argumentos plausíveis.

As brincadeiras com fantoches, por exemplo, permitem que a

criança desenvolva a expressão oral e artística, pois os bonecos levam a

criança sempre ao mundo da imaginação e do faz-de-conta.

Já os alunos maiores (geralmente do ensino fundamental), usam

o fantoche para expressarem seus pensamentos de uma forma mais livre.

40

Contam suas ações, seus desejos, aventuras, reproduzem fatos e histórias

lidas e ouvidas do seu dia-a-dia.

O teatro de bonecos também estimula a criança a desenvolver a

potencialidade da voz porque de acordo com o personagem representado, a

criança pode falar grosso, fino, imitar sons de bichos, de elementos da

natureza como por exemplo, chuva e trovoadas, abrindo momentos lúdicos e

sensórias. Elas começam a adequar a voz às diversas situações aliando o

ritmo vocal ao gestual.

A criança ao ouvir aos mais diversos sons, ela provavelmente

ouve com mais interesse o que os outros falam. Isso faz com que ela perceba a

musicalidade de uma canção e o seu ritmo, sendo considerado um fator

fundamental na educação da audição (sensorial).

Um outro fato é que os bonecos confeccionados pelos alunos,

mesmo que o professor participe da confecção, são mais adequados para o

aprendizado do que os comprados prontos, pois quando eles mesmos criam os

fantoches, passam a gostar mais deles unindo neste momento, três aspectos

da educação: a expressão oral, a plástica e as emoções vivenciadas

anteriormente.

O teatro de bonecos na formação do educando tem como

objetivos: a percepção visual, auditiva e tátil; a percepção da seqüência de

fatos (noção espaço-temporal); coordenação de movimentos; expressão

gestual, oral e plástica; criatividade; imaginação; memória; socialização e o

vocabulário.

Este tipo de teatro pode ainda revelar ao professor, aspectos do

desenvolvimento da criança que não são observados durante os trabalhos

escolares tradicionais. Com isso, o professor poderá direcionar atividades

educativas e recreativas de acordo com a capacidade da criança. Assim, o

teatro de bonecos significa para a criança um jogo e para o professor, uma

técnica didático-pedagógico no processo de ensino-aprendizagem.

Para a confecção dos fantoches são utilizados vários tipos de

material inclusive sucata, que pode ser um recurso muito bem aproveitado e

sem custos para o professor e para a escola, pois pode ser trazido pelos

41

próprios alunos, o que tornaria a atividade de confeccioná-los ainda mais

interessante.

Tudo pode ser aproveitado. Tachinhas, fita crepe, latas, sacos,

durex, esparadrapo, rolos de papel higiênico vazios, tintas, etc.. Um outro

recurso é utilizar as próprias mãos como fantoches, não necessitando de um

material elaborado. Basta desenhá-lo na própria mão com caneta esferográfica,

carvão, tintas especiais, etc.. O uso de várias cores tornará os bonecos mais

alegres. Pode-se acrescentar acessórios às figuras enfeitando as mãos e os

dedinhos das crianças. Como exemplo, lã, chapéu, meias, penas. Etc.. Outros

tipos também são muito utilizados como mãos com luvas, costas das mãos,

fantoches de copinhos, de meias, de garrafas e até mesmo de galhos de

árvores e flores.

O professor deve incentivar os alunos a explorar todos os

movimentos dos dedos, mãos e braços, criando uma atmosfera do

conhecimento do próprio corpo. Para isso, a utilização de músicas populares,

folclóricas ou clássicas são fundamentais para que o trabalho com o fantoche

seja desenvolvido, além do diálogo, desenvolvido entre os participantes.

- Pantomima

A pantomima pode ser considerada um jogo teatral que é

realizado por cenas de ação dramática que se caracterizam por explicação da

ação através do gesto. Podemos exemplificar essa afirmação através deste

exemplo: a primeira atividade proposta foi a de arrumar uma casa; os

elementos foram entrando e ordenando aos cantos da cada, e ao final de cada

um estava fazendo alguma coisa- ou lendo um livro, ou cozinhando, ou

escutando música.

A atividade do segundo jogo era colocar água num copo e bebe-

la. Mas, assim que subiram mais jogadores ao palco estourou-se a disputa pela

água. No terceiro jogo, a atividade era tocar um instrumento, e os jogadores

subiam ao palco tocando cada um seu instrumento, até que um dos

participantes regeu a orquestra, que passou a existir em função do

estabelecimento de uma ordem mais ampla, fixando uma relação lógica da

cena. Algo mais próximo ao jogo da atividade foi atingido quando um dos

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jogadores subiu ao palco e propôs atividades de “tecer”. Mas ainda que o grupo

elaborou um cenografia, configurando um oficina de tecelagem, na qual eram

desenvolvidas as mais diferentes atividades, desde dobrar panos até crochê ou

costura à máquina. Somente numa fase posterior, quando voltamos ao jogo da

atividade, o grupo manteve o foco solicitado pelo jogo.

Quando o foco na atividade foi descoberto pelo grupo, houve

seleção e detalhamento no gesto, o que provocou uma modificação na

atuação. Em comparação com o primeiro momento, quando há disputa pela

água gerava um clima quase frenético, demonstrando a preocupação de fazer

alguma coisa no palco, o segundo revelava um relaxamento de tensão, o que

favorecia o surgimento de ações improvisadas. As imposições individuais e a

linearidade da narrativa cederam lugar a autenticidade do jogo. Tem como

objetivos: diversão, socialização, coordenação motora e aprender a usar o

corpo como um todo.

Pantomima resume-se ao:

- Uso de caricaturas,

- Dramatização (exemplo: Charles Chaplin);

- Uso de características fortes sem uso de palavras,

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CONCLUSÃO

Acredito que, quando a escola deixar de moldar e influenciar o

comportamento de meninos e de meninas de acordo com as normas e

comportamentos sexistas, principalmente nas ofertas de brincadeiras

estereotipadas, a desigualdade tão enfocada entre as crianças será

compreendida por alteridade, em que cada criança é dona de um corpo

singular, com seu ritmo pessoal e com uma história de vida única e

intransferível.

As diferenças entre os indivíduos precisam ser percebidas além

da variável sexo (em que a justificativa se dá pelas suas diferenças biológicas),

de forma global, em uma perspectiva de não-separação das instâncias

psicológicas, biológicas, neurológicas e sociológicas que interagem e

transcendem sem interrupção no processo evolutivo e subjetivo do ser

humano, e que cada um tem um ritmo próprio, carências, desejos e anseios.

Assim, propiciar o desenvolvimento global da criança é

conscientizar a família, assim como a comunidade escolar, da necessidade das

crianças em aprenderem no prazer, no diálogo corporal, na articulação com as

brincadeiras, independentemente de sexo, porque é no movimento que essas

atividades proporcionam que conseguimos alcançar o outro, tanto humano,

quanto individual, social e culturalmente.

Atualmente, têm se tornado clichê de publicidade educacional

máximas do tipo "aprender brincando" ; as escolas estão repletas de jogos e de

brinquedos cuja finalidade seria adquirir habilidades e, na melhor das

hipóteses, ajudar na construção de conceitos (os chamados brinquedos

pedagógicos). A todo momento, os educadores se perguntam se, enquanto

propõem jogos ou brincadeiras, as crianças estão "trabalhando" este ou aquele

conceito; em que este ou aquele jogo irá desafiá-la enquanto ser cognoscente.

Na verdade, o "uso pedagógico das atividades lúdicas" pode ser

apontado como um avanço. Não deixa de ser uma entrada do lúdico na sala de

aula, antes quase que desprovida de ludicidade. O problema é considerar-se

apenas este lado da moeda: existe ainda um outro lado, muitas vezes obscuro,

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do percurso em direção a um verdadeiro encontro de dois mundos – adulto e

criança.

O que alguma reflexão mais acurada sugere é que o centro da

prática pedagógica seria ainda, apesar deste avanço, a cultura do adulto.

Estamos sempre tentando trazer a criança para o conhecimento culturalmente

acumulado pelos homens (e até levá-lo a ela da melhor maneira possível...)

mas quase nunca nos debruçamos sobre o conhecimento dela, sobre o

verdadeiro manancial de conhecimentos que cada criança do mundo foi

tecendo aqui e ali e que, a exemplo da teia cultural do adulto, também se

instituiu como cultura.

Os educadores modernos conhecem e se interessam pelas

diversas áreas de conhecimento (estão se tornando mais generalistas,

propagam a interdisciplinaridade...). Buscam informar-se técnica e

estruturalmente acerca dos diversos conteúdos no intuito louvável de transmiti-

los da maneira interessante e didática, lúdica, prazerosa a seus alunos. Mas

poucos se interessam em escutar as crianças, conhecer seus segredos e suas

invenções.

A Cultura da Criança precisa, com urgência, ser resgatada pela

Educação sem, contudo, ser abarcada pela pedagogia, transformando-se em

método pedagógico. O começo deste processo seria que o educador se

dispusesse a escutar as crianças, como já se disse; mas a partir daí o caminho

é longo em direção a uma mudança ampla de perspectiva. Pois quem assume

a Cultura da Criança como viés educacional precisa abrir mão de certos

pressupostos já consagrados pela pedagogia.

As oficinas de arte criatividade, através da colagem, da mistura do

experimentar, por exemplo, o vazio e o tudo-ao-mesmo-tempo, permitem-nos

inventar, surpreender, provocar a ousadia, despertar a dimensão performática

de cada educador participante. Os participantes percorrem do relaxamento à

agitação, ou será que para muitas pessoas a ansiedade, por exemplo, não

seria um insumo básico da criação?

Neste sentido, a arte criatividade no processo educativo permite

experimentar também a quebra dessa forma regular, deixando transparecer a

vontade de dar uma dimensão ilimitada e infinita à criação. Vivenciar a

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sensação nova de perceber que nem sempre a obra quer ligar o homem ao

cotidiano que ele repugna, conciliar o temporal com o eterno. Quer sim

transformar esse cotidiano em eterno, achando a eternidade na temporal

idade.

A curiosidade, o prazer em aprender, o interesse em criar uma

conexão com o diferente é que sinalizam o caminho a percorrer.

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ZANOTTI, Celia Regina. O brincar na visão dos professores da pré-escola

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS.................................................................................. 03 DEDICATÒRIA............................................................................................ 04 RESUMO..................................................................................................... 05 METODOLOGIA ......................................................................................... 06 SUMÁRIO................................................................................................... 07 INTRODUÇÃO........................................................................................... 08 CAPÍTULO I A ESCOLA COMO ESPAÇO LÚDICO ....................................................... 11 CAPÍTULO II O LÚDICO NA CONCEPÇÃO DE ALGUNS AUTORES ........................... 19

2.1 O brincar na visão de Piaget ........................................................... 19 2.2 O brincar na visão de Vygotsky ...................................................... 20 2.3 O brincar na visão de Winnicott ...................................................... 21

CAPÍTULO III O LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM .................................. 26

3.1 O jogo no processo de aprendizagem ............................................ 26 3.2 A importância da Educação Artística no desenvolvimento da aprendizagem .......................................................................................

27

3.2.1 Arte e educação infantil ........................................................... 31 3.3 O teatro no processo de aprendizagem .......................................... 34

3.3.1 Tipos de atividades .................................................................. 36 CONCLUSÃO ............................................................................................. 43 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 46 ÍNDICE ....................................................................................................... 49

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Projeto A Vez do Mestre

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Título da Monografia: “O LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM”

Data da entrega: _______________________________________

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Avaliado por:_______________________________Grau______________.

Rio de Janeiro_____de_______________de 20___

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ANEXOS