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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE PROJETO “A VEZ DO MESTRE” OS BENEFÍCIOS DA PSICOMOTRICIDADE EM PACIENTES COM SÍNDROME DE PARKINSON COM IDADE ENTRE 60 E 70 ANOS JANAINA VIEIRA DA SILVA RIO DE JANEIRO 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

OS BENEFÍCIOS DA PSICOMOTRICIDADE EM PACIENTES

COM SÍNDROME DE PARKINSON COM IDADE ENTRE 60 E

70 ANOS

JANAINA VIEIRA DA SILVA

RIO DE JANEIRO

2003

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

OS BENEFÍCIOS DA PSICOMOTRICIDADE EM PACIENTES

COM SÍNDROME DE PARKINSON COM IDADE ENTRE 60 E

70 ANOS

JANAINA VIEIRA DA SILVA

Monografia apresentada a Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Psicomotricidade. Orientador: Professor Nilson Guedes de Freitas.

RIO DE JANEIRO

2003

DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado aos

meus familiares, por toda

paciência e compreensão que tem

tido comigo durante este

processo de aprendizagem e

aperfeiçoamento.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus,

por estar concluindo este curso tão

desejado por mim. Agradeço aos

professores pela atenção.

“Antes que sejam adquiridos

cinco ingredientes essenciais, o

sucesso não será sucesso.”

Howard Whitman

RESUMO

A doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central,

lentamente progressiva, raramente acontecendo antes dos 50 anos, comprometendo

ambos os sexos igualmente. A causa da doença ainda não é totalmente conhecida,

porém há um consenso internacional de que a enfermidade depende de vários fatores

que atuam num mesmo indivíduo. O envelhecimento, fatores genéticos e ambientais,

como a exposição a substâncias tóxicas (defensivos agrícolas, resíduos industriais,

substâncias químicas etc.), podem estar relacionados à doença e atuarem associados

em um indivíduo susceptível. Atualmente, foram detectados alguns genes

relacionados à doença, em casos marcadamente familiares. Entretanto, a maioria dos

casos observados não têm essa característica, aparecendo de maneira isolada. A

doença de Parkinson, entre outros, é caracterizada por: tremor; bradicinesia - lentidão

e pobreza de movimentos; rigidez - enrijecimento dos músculos sobretudo nas

articulações e alterações posturais que se manifestam por instabilidade na postura

ereta com quedas freqüentes, mudanças posturais, como a inclinação do tronco para

frente, etc. São comuns as perdas proprioceptivas, exercendo significativo impacto

sobre as habilidades motoras, é em cima desses sinais que a psicomotricidade atua. O

desenvolvimento do esquema corporal é a representação que cada pessoa tem de seu

corpo, permitindo-lhe situar-se na realidade que o cerca. Esta representação forma-se

a partir de dados sensoriais múltiplos proprioceptivos, exteroceptivos e

interoceptivos, que estão geralmente estão deficitários nos pacientes acometidos pela

doença de Parkinson. A reeducação psicomotora é a ação desenvolvida em

indivíduos que sofrem perturbações ou distúrbios psicomotores, intervindo assim no

estado patológico deste indivíduo.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................1

CAPÍTULO I – DOENÇA DE PARKINSON..............................................................3

1.1 – Definição..................................................................................................3

1.2 - Etiologia...................................................................................................4

1.3 – Aspectos Epidemiológicos.......................................................................4

1.4 – Possíveis Causas.......................................................................................4

1.4.1 – Mecanismos de Lesão Neuronal...............................................4

1.4.2 – Teoria do Estresse Oxidativo....................................................5

1.4.3 – Deficiência da Mitocôndria.......................................................5

1.4.4 – Teoria da Excitotoxicidade........................................................6

1.5 – Os Gânglios da Base – Função da Dopamina..........................................6

1.6 – Classificação............................................................................................8

1.7 – Fisiopatologia...........................................................................................9

1.8 – Quadro Clínico.........................................................................................9

1.8.1 – Tremor.......................................................................................9

1.8.2 – Rigidez....................................................................................10

1.8.3 – Acinesia e Bradicinesia...........................................................11

1.9 – Outros Sintomas.....................................................................................11

1.9.1 – Depressão................................................................................12

1.9.2 – Distúrbios do Sono..................................................................12

1.9.3 – Distúrbios Cognitivos..............................................................13

1.9.4 – Distúrbios da Fala....................................................................14

1.9.5 – Sialorréia.................................................................................15

1.9.6 – Distúrbios Respiratórios..........................................................15

1.9.7 – Dificuldades

Urinárias................................................................16

1.9.8 –

Tonturas.......................................................................................16

1.9.9 – Dores e Outras Sensações

Anormais...........................................17

1.10 – Os Sintomas

Iniciais.................................................................................18

1.11 –

Complicações............................................................................................19

CAPÍTULO II – TRATAMENTO DA DOENÇA DE

PARKINSON............................22

2.1 – Tratamento

Clínico.....................................................................................22

2.1.1 –

Levodopa......................................................................................22

2.1.2 – Agonistas da

Dopamina...............................................................24

2.1.3 – Inibidores da MAO-

B..................................................................25

2.1.4 – Inibidores da

COMT....................................................................25

2.1.5 –

Amantadina..................................................................................26

2.1.6 –

Anticolinérgicos...........................................................................27

2.2 – Tratamento

Cirúrgico..................................................................................28

CAPÍTULO III – PSICOMOTRICIDADE E

DESENVOLVIMENTO.........................29

3.1 – A Função

Motora........................................................................................29

3.2 – Tônus

Muscular..........................................................................................29

3.3 – A Estrutura do Esquema

Corporal..............................................................30

3.4 – Fatores e Subfatores

Psicomotores.............................................................31

CAPÍTULO IV – REEDUCAÇÃO

PSICOMOTORA..................................................44

4.1 – Sessão

Psicomotora.....................................................................................45

CAPÍTULO V – ORIENTAÇÕES PARA AS ATIVIDADES DE VIDA

DIÁRIA......47

5.1 –

Postura........................................................................................................47

5.2 – A Casa e Atividades do

Lar........................................................................48

5.3 –

Marcha........................................................................................................51

CONCLUSÃO................................................................................................................

.52

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................55

ANEXOS........................................................................................................................

.57

INTRODUÇÃO

De acordo com ANDRADE et al (1999), a doença de Parkinson foi descrita

em 1817, pelo médico James Parkinson , com o nome de paralisia agitante, e é

caracterizada por uma degeneração do sistema nervoso central, idiopática e

progressiva. A doença tem incidência de um por mil habitantes, atingindo ambos o

sexo e com predominância a partir dos 50 anos. O mal de Parkinson atinge cerca de

2% das pessoas acima dos 65 anos e por isso pode ser considerada comum em

idosos.

Para BENNET e PLUM (1999), a doença de Parkinson possui uma

evolução lenta e, na maioria das vezes, é progressiva levando o paciente a uma

incapacidade física, nas fases mais avançadas existindo, uma combinação de

sintomas que inclui, em diversos graus de intensidade, tremor, rigidez, acinesia,

bradicinesia e perda dos reflexos do ajuste postural, além de alterações da

motricidade automática.

A atividade física é sem dúvida de grande importância na vida de um

"parkinsonianos", proporcionado uma melhor qualidade vida destes pacientes, para

enfrentar as dificuldades que a doença impõe. Dentre os recursos disponíveis, a

psicomotricidade é uma forma eficaz para realizar esta tarefa, que será indicada de

acordo com o grau da doença e o físico estado geral do portador da moléstia.

A psicomotricidade consiste na unidade dinâmica das atividades, dos

gestos, das atitudes e posturas, enquanto sistema expressivo, realizador e

representativo do “ser em ação” e da coexistência com outrem.

Envolve toda a ação realizada pelo indivíduo, que represente suas necessidade

e permitem sua relação com os demais. É a integração psiquismo-motricidade

(BUENO, 1998).

A pessoa acometida pela doença de Parkinson apresenta disfunções motoras,

que será trabalhada através da reeducação psicomotora, onde a mobilidade será

compreendida em sua evolução, a partir dos movimentos reflexos e incoordenados,

até os movimentos coordenados que têm finalidade e os gestos, de valor simbólico.

CAPÍTULO I

DOENÇA DE PARKINSON

1.1 - Definição

A doença de Parkinson é uma afecção do sistema nervoso central que

acomete principalmente o sistema motor. É uma das condições neurológicas mais

freqüentes e sua causa permanece desconhecida. As estatísticas disponíveis revelam

que a prevalência da doença de Parkinson na população é de 100 a 150 casos por 100

000 habitantes e a cada ano surgem 20 novos casos por 100 000 habitantes. Os

sintomas motores mais comuns são: tremor, rigidez muscular, acinesia e alterações

posturais. Entretanto, manifestações não motoras também podem ocorrer, tais como:

comprometimento da memória, depressão, alterações do sono e distúrbios do sistema

nervoso autônomo (COOPER, 2002).

A doença de Parkinson é uma condição crônica. A evolução dos sintomas é

usualmente lenta mas é variável em cada caso. A doença de Parkinson é a forma

mais freqüente de parkinsonismo. O termo parkinsonismo refere-se a um grupo de

doenças que podem ter várias causas e que apresentam em comum os sintomas

descritos acima em combinações variáveis, associados ou não a outras manifestações

neurológicas. A doença de Parkinson é também chamada de parkinsonismo primário

porque é uma doença para a qual nenhuma causa conhecida foi identificada. Por

outro lado, diz-se que um parkinsonismo é secundário naqueles casos em que uma

causa pode ser identificada. Cerca de 75% de todas as formas de parkinsonismo

correspondem à forma primária (ROWLAND, 2001).

1.2 - Etiologia

Apesar dos novos conhecimentos adquiridos nos últimos anos, a causa da

Doença de Parkinson permanece desconhecida. Provavelmente, existem múltiplos

fatores que se somem: fatores genéticos, ambientais e do envelhecimento.

Dentre os vários possivelmente implicados na degeneração celular da doença

de Parkinson, estudos destacam os seguintes: ação de neurotoxinas ambientais,

produção de radicais livres; anormalidades mitocrondiais, predisposição genética e

envelhecimento cerebral (ROWLAND, 2001).

1.3 - Aspectos Epidemiológicos

A prevalência da doença de Parkinson aumenta de acordo coma idade. 74%

das pessoas com esta patologia têm mais de 70 anos de idade e a média de início é de

65,3 anos. No entanto, uma a cada sete parkinsonianos apresenta menos de cinqüenta

anos de idade (FELDMAN, 2000).

Não existe diferença na prevalência que se relacione ao sexo, classe social ou

diferenças geográficas.

1.4 - Possíveis Causas

1.4.1 - Mecanismos de Lesão Neuronal

Qualquer que seja a causa primária da doença de Parkinson, sabe-se que

ela ocorre quando há perda de pelo menos 50% das células da substância

negra o que corresponderia à perda de 80% da dopamina que chega ao

estriado. Quando analisados ao microscópio, os cortes de substância

negra apresentam poucos neurônios remanescentes e a presença

característica de inclusões citoplasmáticas conhecidas por corpos de

Lewy. Os mecanismos envolvidos no processo degenerativo estão longe

de ser elucidados. Evidências recentes sugerem a existência de defeitos

no metabolismo dos neurônios da substância negra que poderiam

desencadear o processo degenerativo. Tais defeitos, como discutido nos

parágrafos anteriores, poderiam ter origem em determinantes genéticos

ou ambientais. As principais teorias atualmente aceitas, como envolvidas

nos mecanismos de lesão, são descritas a seguir (O’SULLIVAN e

SCHMITZ, 1998):

1.4.2 - Teoria do Estresse Oxidativo

Segundo essa teoria, moléculas instáveis denominadas radicais livres

reagem com outras moléculas causando oxidação. Esse processo

bioquímico é nocivo a diversos elementos da célula (incluindo a

mitocôndria e a membrana celular) podendo levar à morte dessas células.

Os radicais livres são produzidos no curso de reações químicas normais

do organismo. Sabe-se há algum tempo que o processo normal de síntese

e metabolismo de dopamina produz quantidade considerável de radicais

livres. Em condições normais, o organismo livra-se dessas moléculas

indesejáveis através de mecanismos eficientes de remoção. Por algum

motivo, na doença de Parkinson parece haver acúmulo de radicais livres

na substância negra. Tal acúmulo poderia desencadear, ou pelo menos

agravar, o processo degenerativo (O’SULLIVAN e SCHMITZ, 1998).

1.4.3 - Deficiência da Mitocôndria

Mitocôndrias são organelas celulares responsáveis pela produção de

energia. Existem evidências de que mitocôndrias da substância negra

(mas também de plaquetas e fibroblastos) funcionem de maneira anormal

na doença de Parkinson. O motivo desse funcionamento anormal poderia

ser primário (determinado geneticamente?) ou secundário a outros

eventos como agressão por radicais livres ou por alguma toxina

ambiental. A esse respeito, vale lembrar que pelo menos uma toxina

relacionada à produção de parkinsonismo, o MPTP, é tóxica à

mitocôndria (O’SULLIVAN e SCHMITZ, 1998).

1.4.4 - Teoria da Excitotoxicidade

A comunicação entre células cerebrais realiza-se através de mensageiros

químicos conhecidos como neurotransmissores. De modo simplificado,

existem duas classes de neurotransmissores: excitatórios (como o

glutamato) e inibitórios (como o GABA). Outros podem ser excitatórios

ou inibitórios, dependendo do tipo de receptor que vai responder ao

estímulo. A dopamina tem essas características mistas, como será

discutido no capítulo seguinte.

Em determinadas situações, pode haver atividade aumentada de vias

excitatórias. Como resultado desse bombardeio, ocorre aumento da

quantidade de cálcio dentro da célula o que pode resultar no

desencadeamento de processos bioquímicos que levam à morte celular.

Essa série de fenômenos conhecidos por excitotoxicidade não parece

constituir o evento primário responsável pela morte celular na doença de

Parkinson, mas existem evidências de que pode surgir posteriormente,

contribuindo para amplificar e perpetuar o processo degenerativo.

É provável que a doença de Parkinson seja determinada pela combinação

dos processos descritos acima, ou de outros ainda não revelados, e que a

contribuição de cada um deles possa variar em cada caso

(O’SULLIVAN e SCHMITZ, 1998).

1.5 - Os Gânglios da Base – Função da Dopamina

A importância da dopamina na doença de Parkinson reside no papel que

esse neurotransmissor desempenha no funcionamento dos gânglios da base. Os

gânglios (ou núcleos) da base são constituídos por estruturas cerebrais de

importância em funções motoras complexas e no planejamento de estratégias

motoras. Os principais constituintes dos gânglios da base são: estriado (caudado e

putâmen), globo pálido externo e interno (Gpe, Gpi), núcleo subtalâmico e

substância negra. Essas estruturas formam conexões complexas (MARSDEN, 1999).

O estriado recebe informações de várias áreas do cérebro, inclusive do

córtex cerebral. O estriado e o GPi comunicam-se através de uma via direta e outra

indireta. Esta última comporta duas estações intermediárias: GPe e núcleo

subtalâmico (O’SULLIVAN e SCHMITZ, 1998).

O GPi é a via de saída principal e transmite informações para o tálamo que,

por sua vez, as repassa para áreas motoras do córtex cerebral, fechando o circuito.

Quando a via direta é ativada através da projeção cortico-estriatal ocorre

uma pausa no GPi que, por sua vez, libera o tálamo que excita o córtex cerebral. Por

outro lado, a ativação da via indireta inibe o GPe e excita o GPi , o que resulta em

inibição do tálamo e, conseqüentemente, da projeção tálamo-cortical. Desta forma os

dois sistemas, direto e indireto, apresentam efeitos antagônicos nas células-alvo do

tálamo: o direto facilitando o movimento e o indireto suprimindo movimentos

involuntários indesejados.

A dopamina influencia o funcionamento desse circuito, facilitando a via

direta e inibindo a via indireta. Dessa forma, quando ocorre deficiência desse

neurotransmissor, a via direta (que normalmente facilita o movimento) está inibida e

a via indireta (normalmente inibitória) encontra-se ativada. O resultado desse

desequilíbrio manifesta-se clinicamente na dificuldade em iniciar movimentos

(acinesia), lentidão na execução dos movimentos (bradicinesia), incapacidade de

executar movimentos automáticos, dificuldade na realização de seqüências motoras

complexas, entre outras manifestações.

Além da dopamina, outros neurotransmissores têm papel fundamental no

funcionamento desse circuito, como o ácido gama-aminobutírico (GABA),

acetilcolina, substância P, encefalina, glutamato, entre outros. Os níveis de

acetilcolina não se alteram na doença de Parkinson mas como a dopamina tem efeito

inibitório em neurônios do estriado, ricos em acetilcolina, sua falta resulta em

hiperatividade relativa dessas células colinérgicas.

1.6 - Classificação

A doença de Parkinson é classificada por O’SULLIVAN e SCHMITZ

(1998) como:

a) Parkinsonismo idiopático: este grupo inclui a doença de Parkinson

verdadeira, ou paralisia agitante, sendo a forma mais freqüente entre as

pessoas de meia-idade ou idosas;

b) Parkinsonismo pós-infeccioso (parkinsonismo pós-encefálico): este tipo de

parkinsonismo, segundo se teoriza, é causado por encefalite viral, sendo

atualmente pouco freqüente;

c) Parkinsonismo tóxico: sintomas parkinsonianos ocorrem em indivíduos

expostos a alguns venenos industriais, agentes químicos, e algumas drogas;

d) Parkinsonismo arteriosclerótico (parkinsonismo vascular): o envolvimento

arteriosclerótico e o infarto do tronco cerebral envolvendo a substãncia negra,

os tratos nigroestriais, ou gânglios de base, também podem gerar sintomas de

parkinsonismo;

e) Parkinsonismo atípico: este representa um grupo de várias patologias, onde é

muito comum haver uma síndrome parkinsoniana associada a outras

anormalidades neurológicas.

1.7 - Fisiopatologia

Segundo STOKES (2000), os sinais e sintomas do parkinsonismo é

conseqüência de uma perturbação da função de duas regiões dos núcleos da base: a

substância negra e o corpo estriado (núcleo caudado e putâmem). Praticamente toda a

dopamina do cérebro humano está contida nessas massas nucleares centrais da

substância cinzenta. Esta substância química é uma das aminas neurotransmissores

que transmitem impulsos de um neurônio para o próximo, através da sinapse.

Esta patologia consiste em uma diminuição das reservas de dopamina

(principal neurotransmissor da via nigrostrial) da substância negra com uma

conseqüente despigmentação desta estrutura e presença de corpos de Lewy.

Atualmente, teoriza-se que esta patologia é uma aceleração normal há uma

perda de cerca de 50% dos neurônios da substância negra, por volta dos 60 anos, e

os sintomas da patologia começam a surgir quando ocorre a redução de 70% destes

neurônios.

1.8 - Quadro Clínico

O quadro clínico da doença de Parkinson é constituído, princpialmente, pela

tríade: tremor, rigidez e bradicinesia. Os sinais e sintomas da doença de Parkinson

são de início insidioso e assimétrico, podendo qualquer um de suas manifestações

aparecer isoladamente ou em associação, podendo variar de paciente para paciente

(ROWLAND, 2001).

1.8.1 – Tremor

É o sintoma mais freqüente e o que mais chama a atenção embora não seja

o mais incapacitante. Para a maioria dos pacientes, o tremor é o principal motivo que

os leva a procurar, pela primeira vez, ajuda médica. O tremor apresenta-se de forma

característica: é rítmico, relativamente lento quando comparado com outros tipos de

tremor (4 a 7 ciclos por segundo) e ocorre principalmente quando o membro está em

repouso. Quando o paciente movimenta um membro, o tremor ali presente cessa de

imediato para retornar logo após o fim do movimento. No início da doença, o tremor

ocorre em um lado e assim permanece por períodos variáveis de tempo. Após algum

tempo, o outro lado também é acometido podendo aparecer na cabeça, mandíbula,

lábio, queixo e nos membros inferiores. Situações de estresse emocional ou a

sensação de ser observado aumentam visivelmente a intensidade do tremor. Por outro

lado, durante estado de relaxamento ou durante o sono, o tremor desaparece por

completo (ROWLAND, 2001).

1.8.2 - Rigidez

A rigidez muscular decorre do aumento da resistência que os músculos

oferecem quando um segmento do corpo é deslocado passivamente. Em outras

palavras: para cada grupo de músculos existem outros que possuem atividade oposta,

chamados músculos antagonistas. Dessa forma, quando um músculo é ativado para

realizar determinado movimento, em condições normais seu antagonista é inibido

para facilitar esse movimento.

Na doença de Parkinson, essa inibição não é feita de modo eficaz pois

alguns comandos originados do cérebro chegam aos músculos de modo alterado.

Como conseqüência, os músculos tornam-se mais tensos e contraídos e o paciente

sente-se rígido e com pouca mobilidade.

Quando determinado membro é deslocado passivamente pelo examinador,

pode-se sentir, superpostos à rigidez, curtos períodos de liberação rítmicos e

intermitentes, fenômeno que recebe o nome de sinal da roda denteada (ROWLAND,

2001).

1.8.3 - Acinesia e Bradicinesia

O termo acinesia refere-se à redução da quantidade de movimento enquanto

que bradicinesia significa lentidão na execução do movimento. O paciente apresenta

redução da movimentação espontânea em todas as esferas.

A mímica facial torna-se menos expressiva, transmitindo com menor

intensidade sentimentos e emoções que, por sua vez, mantém-se preservados. A

caligrafia torna-se menos legível e de tamanho reduzido, fenômeno conhecido por

micrografia.

As atividades diárias, antes realizadas com rapidez e desembaraço, são

agora realizadas com vagar e à custa de muito esforço.

O paciente anda com passos mais lentos e pode apresentar alguma

dificuldade para equilibrar-se. A postura geral do paciente modifica-se: existe

predominância dos músculos flexores de modo que a cabeça permanece fletida sobre

o tronco, este sobre o abdômen e os membros superiores são mantidos ligeiramente à

frente com os antebraços semi-fletidos na altura do cotovelo (ROWLAND, 2001).

1.9 - Outros Sintomas

Além dos sintomas motores acima mencionados, várias outras

manifestações podem ocorrer, muitas das quais podem ser tratadas com

medicação apropriada. Para SCOTT (2001), a intensidade desses

sintomas é variável em cada caso e podem ou não aparecer em

determinado paciente. Entretanto, em alguns casos, constituem motivo

de grande desconforto e não devem ser deixados de lado pois sua

resolução muitas vezes é possível com medidas médicas adequadas.

Alguns desses sintomas serão descritos a seguir (BENNET e PLUM,

1999).

1.9.1 - Depressão

Sintomas depressivos ocorrem em 40-50% dos pacientes parkinsonianos.

Embora considerada como reativa a uma condição que limita a atividade normal,

pacientes com doença de Parkinson costumam ter depressão mais freqüentemente se

comparados a pacientes portadores de outras doenças ainda mais incapacitantes.

Além disso, em número considerável de casos, a depressão inicia-se antes mesmo do

aparecimento dos sintomas clássicos, em um momento em que não há qualquer

evidência de incapacidade (BENNET e PLUM, 1999).

Em alguns pacientes, a depressão pode se acompanhar de ansiedade e, mais

raramente, de episódios de agitação. A intensidade dos sintomas depressivos pode

variar desde quadros leves até aqueles mais graves em que a depressão torna-se o

sintoma mais importante e um dos fatores determinantes de incapacidade. Nesses

casos, o tratamento específico com medicamentos antidepressivos é fundamental

para o controle dos sintomas.

Alterações emocionais também são comuns. Pacientes podem sentir-se

inseguros e temerosos quando submetidos a alguma situação nova. Podem evitar sair

ou viajar e muitos tendem a retrair-se e evitar contatos sociais. Alguns perdem a

motivação e tornam-se excessivamente dependentes dos familiares.

1.9.2 - Distúrbios do Sono

Constituem um dos problemas mais comuns. Compreendem uma ampla

gama de sintomas que incluem: dificuldade em conciliar o sono, freqüentes

despertares durante a noite, sonhos "reais" (em que o paciente tem dificuldade em

distinguir o sonho da realidade) e pesadelos. Uma das observações mais comuns é a

inversão do ciclo vigília-sono em que o paciente "troca o dia pela noite". Esse

fenômeno ocorre lentamente como resultado de uma combinação de fatores (que

incluem freqüentes cochilos durante o dia e dificuldade progressiva para dormir à

noite) que se auto-perpetuam e culminam em importante inversão do ciclo. Outras

vezes, ocorrem movimentos bruscos (pequenos pulos ou movimentos rápidos com os

membros) chamados mioclonias que podem ser normais quando ocorrem raramente.

Na doença de Parkinson, essa mioclonias podem ser mais freqüentes e intensas e

acordar o cônjuge e mesmo o próprio paciente (ROWLAND, 2001).

O tratamento dos vários distúrbios do sono vai depender de uma série de

fatores como idade, tipo específico de sintoma e o quadro clínico do paciente.

Medicamentos indutores do sono ou antidepressivos (lembre-se de que a depressão é

uma das causas de insônia) podem ser usados. A levodopa, ao mesmo tempo em que

pode melhorar a qualidade do sono, por proporcionar maior mobilidade, pode ser um

dos fatores na produção de mioclonias e sonhos "reais".

1.9.3 - Distúrbios Cognitivos

A maior parte dos pacientes com doença de Parkinson não apresenta

declínio intelectual. Isso significa que a capacidade de raciocínio, percepção e

julgamento encontram-se intactas. Entretanto, alguns pacientes relatam dificuldades

com a memória (geralmente na forma de "brancos" momentâneos), cálculos e em

atividades que requerem orientação espacial. Tais alterações podem ocorrer em

qualquer estágio da doença mas tendem a ser mais intensas nas fases mais adiantadas

e nos pacientes mais idosos. Por outro lado, demência franca pode ocorrer em cerca

de 20% dos pacientes mas, quando ocorre no início da doença, deve-se levar em

conta a possibilidade de outros diagnósticos que não a doença de Parkinson

(STEFANIWSKY e BILOWIT (2002)..

De acordo com KURLAND (2000), muitas vezes, a própria medicação

antiparkinsoniana pode contribuir para a produção de alterações mentais. Por

exemplo, os anticolinérgicos (grupo de drogas ainda largamente usado

principalmente contra o tremor) podem resultar em distúrbios de memória e, em

casos mais graves, confusão mental e alucinações. Esses sintomas ocorrem mais

freqüentemente em pacientes mais idosos que, em geral, não devem fazer uso desse

tipo de medicação. A própria levodopa, bem como os agonistas da dopamina e a

amantadina também podem, em alguns casos, desencadear reações semelhantes.

Felizmente, todos esses sintomas desaparecem quando o medicamente é suspenso ou

as doses são reduzidas.

1.9.4 - Distúrbios da Fala

A doença de Parkinson, em virtude da localização predominantemente

subcortical do processo degenerativo, não produz alterações da linguagem no que diz

respeito aos mecanismos de expressão e compreensão da palavra falada e/ou escrita.

Dessa forma, as afasias não fazem parte do rol de sintomas que podem acometer o

parkinsoniano. Além disso, alguns pacientes podem não apresentar qualquer

alteração da fala, seja em relação ao volume de emissão da voz ou à entonação e

melodia do fraseado (THOMSON, SKINNER e PIERCY, 2000).

Em outros, entretanto, a fala pode estar afetada de modo característico. Tais

alterações podem ocorrer no início da doença mas raramente constituem o primeiro

sintoma. A primeira manifestação é percebida geralmente por amigos ou familiares

que referem dificuldade na compreensão da palavra falada, principalmente ao

telefone. A voz torna-se mais fraca, o volume de voz diminui e pode haver certa

rouquidão. Dificuldade na articulação constitui sintoma freqüente em todas as fases

da doença, mas pode ser bastante incapacitante nas fases mais avançadas, ou

naqueles pacientes nos quais a voz é mais exigida como professores e atores, por

exemplo. Outra característica marcante é o que se denomina fala monótona: as frases

são emitidas de modo constante, pausado, com a perda da entonação e cadência

naturais que conferem à fala sua musicalidade e capacidade de expressão emocional

(THOMSON, SKINNER e PIERCY, 2000).

Alguns pacientes tendem a acelerar o ritmo da fala de modo a encurtar o

tempo de emissão de uma frase, embaralhando as palavras e dificultando sua

compreensão. A essa alteração do ritmo pode-se associar a palilalia, que consiste na

repetição de uma sílaba ou palavra uma ou várias vezes, no meio ou no fim de uma

frase. Outros pacientes, por sua vez, apresentam significativa redução da velocidade

da fala.

Embora a medicação antiparkinsoniana possa reverter algumas dessas

dificuldades, a terapia de voz resulta em evidente benefício e deve ser estimulada.

1.9.5 - Sialorréia

Ao contrário do que antes se imaginava, esse sintoma não decorre de

aumento de produção de saliva (embora em alguns pacientes isso possa

ocorrer) mas de maior dificuldade em degluti-la (O’SULLIVAN e

SCHMITZ, 1998). Em condições normais, engole-se saliva

automaticamente à medida que vai sendo produzida. Na doença de

Parkinson, esse comportamento motor automático (assim como vários

outros) deixa de ser realizado, o que leva a acúmulo de saliva, que pode

escorrer pelo canto da boca. Medicações anticolinérgicas (que inibem a

acetilcolina) costumam ser benéficas nesses casos.

1.9.6 - Distúrbios Respiratórios

Dificuldade para respirar ou falta de ar após pequenos esforços podem ser

sinais de comprometimento cardíaco ou pulmonar. Entretanto, esses mesmos

sintomas podem ocorrer como resultado de rigidez e/ou acinesia dos músculos da

parede torácica que dificultam a expansão dos pulmões. Nesses casos, um ajuste da

medicação antiparkinsoniana deve melhorar o problema.

Por outro lado, a própria levodopa pode causar movimentos anormais nos

músculos respiratórios e causar desconforto semelhante, geralmente acompanhado de

ruídos respiratórios. Esses sintomas são controlados com pequenas reduções nas

doses de levodopa (ROWLAND, 2001).

1.9.7 - Dificuldades Urinárias

Podem ocorrer disfunções urinárias como resultado da própria doença ou

pela ação de alguns medicamentos. A parede da bexiga pode tornar-se rígida e sua

contrações são mais lentas. Medicamentos anticolinérgicos podem precipitar

dificuldades urinárias ou agravar disfunções preexistentes (BENNET e PLUM,

1999).

Podem aparecer de várias formas: urgência urinária (necessidade imperiosa

de urinar, muitas vezes sem tempo de chegar ao banheiro), freqüência aumentada de

micções, esvaziamento incompleto da bexiga ou dificuldade em iniciar a micção.

Patologias locais próprias de idade mais avançada, tais como, aumento da próstata no

sexo masculino e flacidez dos músculos pélvicos no sexo feminino, podem contribuir

para agravar esses sintomas.

1.9.8 – Tonturas

Sensação de cabeça vazia ou de tonturas vagas, geralmente associada a

escurecimento visual quando o paciente se levanta podem ser sinais de

queda de pressão arterial dependente da postura (a que se dá o nome de

hipotensão ortostática ou hipotensão postural). Existem várias causas

para o seu aparecimento e as principais são (BENNET e PLUM, 1999):

- efeito de medicamentos (levodopa, agonistas da dopamina, alguns

antidepressivos, tranqüilizantes, antihipertensivos, diuréticos),

- desidratação (principalmente em pacientes mais idosos), diabetes e estados de

desnutrição

- doença cardíaca associada

- ação da própria doença. Embora a doença de Parkinson não cause hipotensão

postural significativa, algumas formas de parkinsonismo atípico - como a doença

de Shy-Drager - costumam evoluir com quedas acentuadas da pressão arterial).

O tratamento da hipotensão postural vai depender da (s) causa (s) específica

(s) que for (em) diagnosticada (s). Se houver suspeita de que algum determinado

medicamento possa ser a causa, sua dose deve ser reduzida ou o medicamento

suspenso. A suplementação de sal na dieta e o uso de medicamentos específicos para

evitar quedas importantes da pressão costumam dar bons resultados.

1.9.9 - Dores e Outras Sensações Anormais

De acordo com DUVOISIN (2001), a doença de Parkinson é uma afecção

essencialmente motora. Entretanto, é comum o aparecimento de dores musculares em

várias regiões do corpo. As áreas mais afetadas são os ombros, braços, membros

inferiores e região lombar. Muitas vezes o sintoma que mais incomoda é uma

sensação de fadiga muscular que piora em determinadas posições. A explicação mais

comum leva em conta a ação do tremor e da rigidez que resultam em aumento da

atividade muscular. Por outro lado, essas sensações dolorosas podem ocorrer mesmo

quando os sintomas motores são mínimos - o que sugere a existência de outros

mecanismos envolvidos. Em alguns casos, sensações dolorosas podem se manifestar

meses antes do aparecimento dos primeiros sintomas.

Para ANDRADE e FERRAZ (2001), uma das formas mais conhecidas de

sintomas dolorosos na doença de Parkinson são as câimbras. Câimbras nos pés

ocorrem geralmente pela manhã (câimbras matinais) ou durante a noite - o que pode

acordar o paciente. Câimbras nos pés podem também aparecer durante o caminhar e

dificultar a marcha pois os músculos da panturrilha e dos pés entram em espasmo e

curvam o pé em arco, com os artelhos em garra. Em alguns pacientes, câimbras nos

pés durante o caminhar podem constituir os primeiros sintomas da doença. Mais raro

é o aparecimento de câimbras em uma ou ambas as mãos, principalmente durante a

realização de movimentos finos.

Alguns pacientes relatam dores musculares na região do ombro e do

pescoço, ou mesmo dores de cabeça, relacionadas à rigidez da musculatura cervical.

Mais comum é a queixa de dor lombar em pacientes que apresentam alterações

posturais com flexão do tronco para a frente. São dores geralmente relacionadas à

posição, uma vez que melhoram quando o paciente procura assumir postura mais

ereta e tendem a piorar enquanto sentado.

Além das dores musculares descritas acima, outras sensações desagradáveis

podem ocorrer (BURKE e HAGBARTH, 2001). Sensações de frio em uma ou mais

extremidades podem ser muito incômodas. Acometem geralmente os pés ou as mãos

mas podem ser internas - geralmente associadas ao trato gastrintestinal. Mais comum

é a sensação de calor ou queimação em uma ou mais extremidades ou mesmo

referidas como sendo no esôfago ou estômago. As sensações térmicas anormais são

variáveis em um mesmo paciente e podem desaparecer por longos períodos de

tempo. Geralmente são mais intensas nos períodos em que os sintomas motores

também estão piores.

Os mecanismos envolvidos na produção de dor e sensações térmicas

anormais em pacientes parkinsonianos não são totalmente conhecidos. De modo

geral não há necessidade de medicação analgésica. Quando relacionadas a flutuações

motoras, podem responder ao ajuste da medicação antiparkinsoniana. Dores

musculares relacionadas a alterações da postura melhoram com fisioterapia e

reeducação postural. Câimbras matinais nos pés podem ser controladas com o uso de

levodopa de liberação lenta ou com injeções locais de toxina botulínica.

1.10 – Os Sintomas Iniciais

Os primeiros sintomas da doença de Parkinson têm início de modo quase

imperceptível o que faz com que o próprio paciente não consiga identificar o início

preciso das primeiras manifestações (SHARPE e CERMAK, 2000). Muitas vezes,

amigos ou familiares são os primeiros a notar as primeiras mudanças. O primeiro

sinal pode ser um ou mais dos seguintes:

- sensação de cansaço ou mal-estar no fim do dia

- caligrafia menos legível ou com tamanho diminuído

- fala monótona e menos articulada

- depressão ou isolamento sem motivo aparente

- lapsos de memória, dificuldade de concentração e irritabilidade

- dores musculares, principalmente na região lombar.

- um dos braços ou uma perna movimenta-se menos do que a do outro lado

- a expressão facial perde a espontaneidade, diminui a freqüência dos piscamentos

- os movimentos tornam-se mais vagarosos, a pessoa permanece por mais tempo

em uma mesma posição

1.11 - Complicações

Diversas complicações secundárias podem se associar ao quadro existente,

até mesmo porque a maior parte dos parkinsonianos são idosos.

Atrofia e fraqueza muscular secundárias ao desuso: quando não estimulado

e exercitar-se, o paciente permanece a maior parte do tempo sentado ou inativo.

- Alterações nutricionais: os parkinsonianos costumam perder peso devido a

fatores como o aumento do gasto energético decorrente da movimentação

patológica intensa; redução do apetite devido a náuseas, vômitos, mal estar

estomacal; redução da sensibilidade do paladar e do olfato; dificuldade de

mastigação e deglutição conseqüentes da rigidez facial (O’SULLIVAN e

SCHIMITZ, 1998).

- Alterações circulatórias: devido a imobilidade pode surgir, principalmente,

edemas de extremidades.

- Alterações respiratórias: provenientes da diminuição da expansibilidade torácica

pela rigidez dos intercostais e das posições deflexão e flexo-adução do tronco e

dos membros superiores respectivamente, além de uma discreta redução da

capacidade vital.

- Osteoporose: em geral, conseqüente a inatividade, idade típica e dieta deficiente.

- Contraturas e deformidades: ocorrem com freqüência e de maneira típica nos

flexores, adutores e pronadores e rotadores externos, levando ao encurtamento

muscular e a deformidade de tecidos moles.

- Úlceras de decúbito: nos casos avançados, a inatividade prolongada e o repouso

no leito podem levar ao desenvolvimento desta complicação.

CAPÍTULO II

TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON

Atualmente não há cura para a doença de Parkinson, e sua natureza é

progressiva. Com um tratamento precoce e vigoroso, os efeitos da

doença podem ser minimizados e as complicações secundárias

prevenidas ou minimizadas. Com muita freqüência o tratamento é menos

efetivo em pacientes mais idosos com a doença num estágio mais

avançado. Nos casos avançados ou graves, o paciente poderá depender

de cadeira de rodas, ou ficará entrevado numa cama (ANDRADE, 2003).

O diagnóstico é usualmente firmado com base na história e no exame

clínico. Testes sangüíneos, eletroencefalografia e a tomografia axial

computadorizada (TAC) podem ajudar no diagnóstico diferencial, ao

excluir as outras causas. Pode ser feita uma estimativa do estágio e

gravidade da doença, lançando mão das escalas existentes. Estas escalas

propiciam uma medida útil da progressão da doença e da resposta do

tratamento a longo prazo. Um programa cuidadosamente planejado de

terapêutica medicamentosa e de intervenção nutricional é um típico

componente no tratamento inicial e do tratamento a longo prazo.

2.1 - Tratamento Clínico

De acordo com HEILAMN (2001), embora, até o presente, não exista cura

para a doença de Parkinson, estão disponíveis alguns medicamentos capazes de

melhorar significativamente a maioria dos sintomas. A escolha do(s) medicamento(s)

vai depender das condições de cada paciente: idade, sintomas predominantes e

estágio da doença são alguns dos fatores que o médico deve levar em conta na hora

de planejar o tratamento. A tabela mostra os principais medicamentos utilizados em

nosso meio.

2.1.1 – Levodopa

A levodopa é a droga mais eficaz no alívio dos sintomas parkinsonianos,

mas nem sempre ela deve ser administrada no início da doença. Nessa

fase, a maioria dos especialistas prefere iniciar o tratamento com

medicamentos menos potentes e reservar a levodopa para as fases mais

avançadas. A levodopa é um aminoácido cujo nome químico é 3,4-

dihidroxi-fenilalanina. É uma substância precursora da dopamina, pois

quando sofre a ação da enzima dopa-descarboxilase dá origem à

dopamina. Portanto, a administração de levodopa aumenta os níveis de

dopamina no cérebro (MARKHAN e DIAMOND, 2000).

A levodopa é rapidamente absorvida na porção proximal do intestino

delgado. Alguns fatores como a redução da motilidade do estômago e a ingestão de

alimentos ricos em proteínas, próxima do horário da tomada da medicação, podem

retardar ou mesmo reduzir a absorção da levodopa. Parte da levodopa é metabolizada

em dopamina antes de conseguir atingir o cérebro. A enzima responsável por essa

transformação é a dopa-descarboxilase. Por esse motivo, a levodopa é sempre

administrada em conjunto com uma substância que inibe a dopa-descarboxilase. Os

medicamentos à base de levodopa disponíveis no mercado já vêm associados a um

inibidor da dopa-descarboxilase. Existem dois inibidores utilizados clinicamente:

carbidopa e benserazida.

Em geral, após 20 a 30 minutos da tomada da medicação, o efeito

antiparkinsoniano começa a aparecer. Como discutido acima, alguns

fatores, como a dieta, podem retardar o início do efeito terapêutico. A

duração do efeito de cada dose também é variável e depende, entre

outros fatores, do estágio da doença. Nas fases iniciais, quando ainda

existem células cerebrais capazes de funcionar como "depósitos", e

armazenar a dopamina produzida pela levodopa, cada dose pode ser

eficaz durante mais de 6 horas de modo que duas a três tomadas por dia

podem ser suficientes para o controle dos sintomas (MARKHAN e

DIAMOND, 2000).

Nos primeiros 4-5 anos de tratamento com levodopa, os sintomas podem

ser bem controlados com relativa facilidade. Após esse período, muitos pacientes

começam a experimentar complicações do tratamento. À medida que a doença

progride, e mais células cerebrais degeneram, o cérebro perde a capacidade de

armazenamento de dopamina e a duração do efeito torna-se progressivamente menor.

Observa-se então o fenômeno de "deterioração do fim da dose", em que os

sintomas voltam a aparecer antes da próxima tomada da medicação. Quando isso

ocorre, o médico geralmente reduz o intervalo entre as doses de modo a adequar o

paciente a essa nova situação. O tempo de benefício vai sendo encurtado

progressivamente ao longo do tempo, ocasião em que outras drogas devem ser

utilizadas para potencializar a ação da levodopa.

Outra complicação da levodopaterapia é representada pelo aparecimento de

discinesias. Discinesias são movimentos involuntários anormais de natureza

contínua, em forma de dança, que podem acometer os membros, tronco ou face e

lembram os movimentos da coréia.

Distúrbios psiquiátricos na forma de alucinações podem ocorrer,

principalmente quando doses mais altas são utilizadas. As alucinações são quase

sempre visuais, como por exemplo a percepção visual de pessoas estranhas, ou de

pessoas já falecidas dentro de casa. São também comuns os delírios, que são idéias

ou crenças falsas e sem qualquer embasamento lógico que são interpretadas como

verdadeiras.

Náuseas e vômitos podem ocorrer no início do tratamento. Podem ser

evitados com o uso de doses pequenas no início e com aumento gradual.

Outras vezes, o uso de um antiemético pode ser necessário (MARKHAN

e DIAMOND, 2000).

2.1.2 - Agonistas da Dopamina

São substâncias que têm ação semelhante à dopamina. Diferem da levodopa

por não necessitarem de transformação enzimática para serem ativas. Por outro lado,

como são substâncias que apenas mimetizam a ação da dopamina, seu efeito

antiparkinsoniano não é tão potente. A tabela mostra as principais vantagens e

desvantagens dos agonistas da dopamina (STOKES, 2000).

O efeito farmacológico dos agonistas tem como base sua ação nos

chamados receptores da dopamina. Esses receptores, localizados nas células do

estriado, são diretamente influenciados pela dopamina que normalmente é produzida

na substância negra. Quando ativados por um agonista, esses receptores respondem

de maneira semelhante de modo que a função motora pode ser restabelecida a partir

desse modo alternativo de estimulação. Existem duas famílias de receptores da

dopamina, D1 e D2. A família D1 compreende os sub-tipos D1 e D5, enquanto que a

família D2 compreende os sub-tipos D2, D3 e D4. Os sub-tipos mais importantes

para a atividade motora são D1 , D2 e possivelmente D3. Os subtipos D3 e D4

parecem estar relacionados ao controle do humor e outras funções cognitivas

enquanto que o D5 parece ter outras funções. A tabela mostra os principais agonistas

e a afinidade seletiva de cada um aos vários receptores.

Os primeiros agonistas utilizados foram os derivados do ergot (derivados do

esporão do centeio). Os principais são: bromocriptina (Parlodel, Bagren), pergolida

(Celance), lisurida (Dopergin) e cabergolina.

Mais recentemente, foram lançados agonistas não derivados do ergot como

o pramipexol (Mirapex, Sifrol) e o ropinerol (Requip). As vantagens dessas drogas

em relação aos derivados do ergot incluem maior eficácia antiparkinsoniana, melhor

adaptação no início do tratamento (menor incidência de náuseas e vômitos) e

ausência de efeitos colaterais relacionados ao ergot (isquemia de extremidades,

fibrose intersticial, etc) (ANDRADE e FERRAZ, 2000).

2.1.3 - Inibidores da MAO-B

A enzima monoamino-oxidase-B (MAO-B) ocorre principalmente no

cérebro e age na transformação da dopamina em seu metabólito, o ácido

homovanílico. É portanto, uma das enzimas responsáveis pela remoção natural da

dopamina após ter sido utilizada pelo seu receptor. Drogas inibidoras da MAO-B,

como a selegilina, (Deprenil, Jumexil, Niar, Elepril) atuam reduzindo a velocidade de

remoção da dopamina, aumentando seu tempo de vida útil e elevando os níveis de

dopamina. O efeito sintomático obtido com a selegilina é discreto mas muitas vezes

suficiente para o controle dos sintomas iniciais da doença. Quando administrado em

conjunto com a levodopa, pode potencializar sua eficácia, aumentando a duração do

efeito antiparkinsoniano. Deve ser administrada na primeira parte do dia em uma ou

duas tomadas. Quando administradas à noite, podem causar insônia (STOKES,

2000).

Durante alguns anos, levou-se seriamente em consideração que a

selegilina poderia agir como agente neuroprotetor, prevenindo ou ao

menos retardando a progressão da doença. Essa idéia surgiu do

conhecimento de que o metabolismo da dopamina produzia radicais

livres. Como conseqüência, a redução desse metabolismo induzida pela

selegilina poderia contribuir para menor produção desses radicais livres.

Entretanto, estudos detalhados envolvendo centenas de pacientes durante

quase uma década não conseguiram provar essa hipótese.

2.1.4 - Inibidores da COMT

Outra enzima importante no metabolismo da dopamina é a catecol-O-metil-

transferase (COMT). Ocorre tanto no cérebro quanto fora dele e é responsável, junto

com a MAO-B, pela remoção de dopamina (HARALSON (2001). Entretanto, essa

enzima atua também sofre a levodopa, transformando-a em 3-O-metildopa, uma

substância sem efeito terapêutico. Dessa forma, parte da levodopa é perdida pois

somente a porção restante vai entrar no cérebro e ser transformada em dopamina.

Segundo ILSON, BRESSMAN e FAHN (2003), medicamentos que inibem a COMT,

como o tolcapone (Tasmar) e o entacapone (Comtan) são utilizados para aumentar a

eficácia da levodopa nas fases em que ocorrem oscilações importantes do efeito

terapêutico. Existem algumas diferenças entre as duas drogas disponíveis. Enquanto

que o tolcapone atua tanto fora como dentro do cérebro, o entacapone atua apenas

fora do cérebro. Tal diferença não implicaria, por si só, na determinação da eficácia

de cada uma dessas drogas, uma vez que o passo realmente importante a ser inibido

situa-se fora do cérebro. Entretanto, as observações até o presente sugerem eficácia

ligeiramente menor do entacapone.

Por outro lado, o relato de complicações hepáticas, após o uso de tolcapone,

tornou seu uso menos disseminado e reservado apenas a situações específicas. Outros

efeitos colaterais dessa classe de medicamentos relacionam-se ao aumento da

atividade da dopamina (aumento de discinesias, alucinações e queda da pressão

arterial) de modo que seu uso deve ser sempre acompanhado de redução da dose de

levodopa. Diarréia tem sido observada em pequena porcentagem de pacientes que

utilizam o tolcapone durante alguns meses e obriga, quase sempre, a retirada do

medicamento (BENNET e PLUM, 1999).

2.1.5 - Amantadina

Originalmente uma droga antiviral, teve sua ação antiparkinsoniana

descoberta por acaso. Apresenta ação apenas moderada e tem sido ainda hoje

bastante utilizada nas fases iniciais da doença. Seu perfil farmacológico é curioso,

tendo sido considerada durante muitos anos apenas como tendo leve ação

anticolinérgica e dopaminérgica (BENNET e PLUM, 1999).

Atualmente, sabe-se que a amantadina (Mantidan) atua também como

antagonista de receptores excitatórios. Tais receptores existem normalmente em

várias regiões do cérebro, incluindo os gânglios da base, e respondem a determinados

neurotransmissores excitatórios como o glutamato. Em determinadas situações, essa

transmissão excitatória torna-se exagerada, podendo levar a dano celular em um

processo denominado excitotoxicidade. O uso da amantadina ampliou-se nos últimos

anos como adjuvante nos casos de flutuações motoras importantes e há quem

defenda a possibilidade de que possa atuar como droga neuroprotetora.

Efeitos colaterais da amantadina incluem alterações vasculares periféricas

na forma de manchas cutâneas nas pernas (livedo reticular), inchaço nas pernas,

secura da boca, obstipação intestinal, confusão mental e alucinações.

2.1.6 – Anticolinérgicos

São substâncias que inibem a ação da acetilcolina. Foram os primeiros

medicamentos utilizados no tratamento da doença de Parkinson

(JOHSON e GARRET (2001). Drogas anticolinérgicas atuam como

antiparkinsonianas ao restabelecer o equilíbrio entre acetilcolina e

dopamina que ocorre na doença de Parkinson. Têm ação apenas

moderada e agem principalmente contra o tremor. Nem sempre são

drogas bem toleradas, principalmente em pacientes idosos. Entretanto,

pode ser uma boa opção em pacientes jovens, nos quais se deseja adiar a

introdução da levodopa e quando o tremor é o sintoma predominante

(ROWLAND, 2001).

As drogas disponíveis em nosso meio, o biperideno (Akineton, Akineton-R)

e o trihexifenidil (Artane) são equivalentes e podem ser toleradas de modo diverso

em cada paciente.

Os efeitos colaterais podem ser periféricos e centrais. Os periféricos

incluem boca seca, borramento visual, obstipação intestinal e dificuldade para iniciar

a micção. Os efeitos centrais são mais freqüentes nos idosos e incluem: sonolência,

perda de memória, confusão e alucinações.

2.2 - Tratamento Cirúrgico

De acordo com MARSDEN (1999), a abordagem cirúrgica na doença de

Parkinson tem quase um século. Este tipo de tratamento pode ser dividido em duas

categorias: técnicas lesionais, estimulação cerebral.

- Técnicas lesionais: a talamotomia é uma técnica indicada para o tremor, podendo

reduzi-lo em até 80% , especialmente se este for predominante em um dimídio

corporal, também reduz parcialmente a rigidez; a palidotomia esterotática do

globo pálido interno é o procedimento cirúrgico de escolha no tratamento de

discinesias induzidas por levodopa, promovendo uma notável melhora dos

sintomas.

- Estimulação Cerebral Profunda (ECP): nesta técnica o eletrodo implantado no

núcleo subtalâmico ou no globo pálido interno, ao atenuar as discinesias permite

o aumento da dose de levodopa e melhora os sintomas parkinsonianos.

CAPÍTULO III

PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO

3.1 - A Função Motora

A função motora compreende o tônus muscular e o movimento propriamente

dito como também o estado de tensão/distensão das vísceras (BUENO, 1998).

3.2 - Tônus Muscular

Todo movimento humano, sob todas as suas formas, inclusive no relaxamento

elabora-se sobre o fundo tônico. O tônus muscular é uma tensão dos músculos pela

qual as posições relativas das diversas partes do corpo são corretamente mantidas e

que se opõe às modificações passivas destas posições.

Em condições normais o músculo esquelético está em repouso aparente, pois

ele é sede de uma constante contração tônica. Esta contração é controlada por centros

nervosos localizados no cerebelo e nódulos estriados.

Verifica-se o estado do tônus muscular através da resistência de um músculo

à mobilização passiva de um segmento do corpo.

3.3 - A Estrutura do Esquema Corporal

A construção do esquema corporal, a organização das sensações relativas ao

próprio corpo em relação com o mundo exterior tem um papel fundamental no

desenvolvimento da criança, pois é o ponto de partida para ela agir (ALVES, 2003).

O tônus muscular e mobilidade são dois aspectos complementares e

indissociáveis do esquema corporal. A educação psicomotora irá conduzir a criança a

estruturar o seu esquema corporal através de atividades de:

- Controle do tônus muscular

- Deslocamentos globais do corpo

- Equilíbrio do corpo

A compreensão do que seja esquema corporal é de fundamental

importância para o trabalho na área de psicomotricidade.

O esquema corporal pode ser considerado como uma intuição de conjunto

ou um conhecimento imediato que temos do nosso próprio corpo, seja em posição

estática ou em movimento, em relação às diversas partes entre si e, sobretudo, nas

relações com o espaço e os objetos que o circundam.

A partir do momento que o indivíduo descobre, utiliza e controla o seu

corpo, o esquema corporal é estruturado e passa a ter consciência dele e suas

possibilidades, na relação com o meio ambiente em que vive. Vivenciar estímulos

sensoriais, para descriminar as partes do próprio corpo e exercer um controle sobre

elas, implica:

- a percepção do corpo;

- o equilíbrio;

- a lateralidade;

- a independência dos membros em relação ao tronco e entre si;

- o controle muscular;

- o controle de respiração.

VAYER (1984), citado por ALVES (2003) afirma:

“Todas as experiências da criança (o prazer e a dor, o sucesso ou o fracasso) são sempre vividas corporalmente. Se acrescentarmos valores sociais que o meio dá ao corpo e a certas partes, este corpo termina por ser investido de significações, de sentimentos e de valores muito particulares e absolutamente pessoais”. (p. 48)

Vemos, portanto, que o corpo não é somente algo biológico e orgânico, mas

que também expressa emoções e está repleto de significados que são adquiridos

através da relação do indivíduo com o meio. Esses valores, aos quais VAYER

(1984), citado por ALVES (2003) se refere, influenciarão na formação do esquema

corporal e principalmente na imagem corporal. A imagem é uma impressão que se

tem de si mesmo, subjetivamente, e o esquema corporal.

A noção de esquema corporal é como noção de âmbito fisiológico. Ela

representa a experiência que cada um tem de seu corpo, quando em movimento ou

em posição estática, em relação com o meio. É consciente, um simples movimento

depende de seu esquema corporal.

O desenvolvimento do esquema corporal é a representação que cada pessoa

tem de seu corpo, permitindo-lhe situar-se na realidade que o cerca. Esta

representação forma-se a partir de dados sensoriais múltiplos proprioceptivos,

exteroceptivos e interceptivos (ALVES, 2003).

3.4 - Fatores e Subfatores Psicomotores

De acordo com NEGRINE (1987), compreendem os elementos que

concorrem para a produção ou não de resultados motores. São eles:

• Estruturação Espaço-Temporal

Resulta da integração de uma estrutura temporal e de outra espacial e que

estão relacionadas às percepções auditivas, visuais e proprioceptivas.

A estruturação espaço-temporal surge durante os movimentos e quando da

relação com os objetos e pessoas distribuídos (as) pelo espaço, onde ocorrem as

experiências com a lateralidade.

O corpo é provido de um sofisticado sistema neurofisiológico que permite

interpretar as informações do espaço em que está ‘’mergulhado’’ o indivíduo. Este

localiza-se a si próprio para depois se localizar no espaço e localizar os objetos e

pessoas.

• Praxia Global

A praxia global tem como função principal a organização da atividade

consciente e a sua regulação, programação e verificação. Compreende tarefas

motoras seguidas e simultâneas que se desenrolam num determinado período de

tempo e que exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares (LE BOUCH,

1983).

A praxia evoca quatro condições básicas: um projeto, vários engramas,

ligações projeto-engramas e instrumentos neuromusculares de expressão e comandos

em função do projeto.

Observa-se uma intenção por trás do movimento que será mantida ou

modificada por uma programação (que faz uma consulta à linguagem interior), uma

análise dos efeitos (receptores das ações) e uma auto-regulação (estabelecida por um

controle da atenção voluntária).

• Organização

Compreende a habilidade em calcular as distâncias e promover os ajustes

necessários dos planos motores para percorrer um determinado espaço, baseando-se

nas capacidades de análise espacial, processamento e julgamento das distâncias e das

direções, planificação motora e verbalização simbólica da experiência.

A tarefa requer a fusão de dados direcionais e espaciais ao mesmo tempo

que intervém uma programação do comprimento dos passos. A estrutura espacial é

guiada pela área de integração visual que contribui no fornecimento de informações

para os centros motores a fim de ajustamento das passadas (LE BOUCH, 1983).

• Representação Topográfica

Retrata a noção espacial e a capacidade de interiorização de uma trajetória

espacial apresentada num levantamento topográfico (planta do campo) e das

coordenações espaciais que são os vários pontos e linhas distribuídos (as).

• Coordenação Óculo-Manual

Compreende a capacidade de coordenar movimentos com os membros

superiores de acordo com as referências perceptivo-visuais presentes no espaço.

Envolve a percepção de distâncias, alturas e características dos alvos ou objetos tais

como forma, altura, comprimento, largura, textura, etc.; e a consciência cinestésica

do segmento corporal que irá executar o movimento (CHAZAUD, 1976).

Durante o ato motor entram em ação a capacidade de reprogramação de

seqüências motoras em face de uma análise de todos os efeitos decorrentes desde o

ato motor até a seleção dos engramas (experiência motora memorizada).

• Coordenação Óculo-Pedal

Compreende a capacidade de coordenar movimentos com os membros

inferiores de acordo com as referências perceptivo-visuais presentes no espaço.

Observação: Acompanha o mesmo raciocínio da coordenação óculo-manual.

• Dissociação

FONSECA (1983) relata que entende-se por dissociação a capacidade de

individualizar os segmentos corporais que tomam parte na execução de um gesto

intencional. A dissociação reveste-se de uma formulação melódico-quinestésica que

põe em causa aspectos do auto comando motor e aspectos de adaptação a situações

que exijam continuidade rítmica de execução. Dissociar é sinônimo de diferenciar, e

no campo da psicomotricidade está em relação com o grau de dificuldade do controle

mental do gesto.

Nesta observação, interessa verificar a possibilidade de independência dos

vários segmentos corporais, quando estruturados em função de um fim. A

independência segmentar que nos é mais significativa é a que se estabelece entre o

trem superior (diferenciação dos braços em relação ao tronco) e o trem inferior

(diferenciação das pernas em relação ao tronco).

O tronco está organizado pelo seu sistema cruzado, em forma de torção com

os membros. Situa-se na continuidade dos movimentos dos membros, unindo as

mãos e os pés. Sendo assim procura-se perceber a dissociação segmentar como uma

estrutura resultante da coordenação.

Numa primeira análise verifica a independência dos dois membros

superiores entre si. Posteriormente analisa-se a diferenciação dos dois membros

inferiores entre si, tomando em consideração, tanto num caso como no outro, a

execução de movimentos de percussão (membros superiores) e de batimento

(membros inferiores), em função de um ritmo de metrônomo. Nesta observação

temos, como preocupação essencial, verificar a libertação da globalização do gesto,

que normalmente se encontra presa em crianças.

Em 3° e 4° caso, procura-se inter-relacionar a execução de movimentos

unilaterais. Solicita-se ao paciente, para realizar um batimento de pé e de mão do

mesmo lado, em seguida do lado contrário.

Em seguida as observações que se seguem visam a dissociação da mão

direita e esquerda, do pé direito e esquerdo. Exemplo: do primeiro sinal bater com a

mão esquerda, depois com a mão direita, ao segundo; em seguida um batimento do

pé esquerdo, e por último no quarto sinal um batimento do pé direito. A prova deve

ser continuada e permitir a observação de aspectos relativos ao controle e

coordenação do gesto.

Deve-se tomar nota da qualidade do gesto (crispado, sacado, armonioso,

etc.) da disponibilidade e da elegância psicomotora. Pode-se observar as variações de

execução, as blocagens, as hesitações, as inibições, e através delas tomar consciência

das relações automática e voluntária.

Há ainda na dissociação, outra prova que visa relacionar aspectos da

agilidade, da coordenação e da dissociação.

Trata-se de solicitar ao paciente a realização de uma prova mais dinâmica,

que pode dar origem a reação de desorganização e descoordenação, visto exigir uma

maior perfeição motora:

1° - Afastar e juntar as pernas (agilidade)

2° - O mesmo movimento, com batimento de palmas no momento da junção

das pernas (coordenação)

3° - O mesmo movimento com batimento de palmas no momento do

afastamento das pernas (dissociação)

4° - Os mesmos saltos, com batimento de palmas no primeiro e segundo

tempos.

No que se refere ao caráter de dissociação, há os movimentos coordenados

dissociados, em que ambas as mãos executam movimentos distintos. Por exemplo:

enquanto se corta uma folha de papel com uma tesoura segura pela mão dominante, a

folha de papel é segura pela outra mão. este exemplo refere-se ao tipo simples de

dissociação. Mas pode-se executar movimentos mais complexos de dissociação, isto

é, enquanto uma das mãos realiza uma tarefa, a outra realiza outra diferente, por

exemplo: bater com uma mão na mesa e com a outra alisá-la.

Dentro deste grupo de movimentos há outros movimentos distintos que são

os movimentos gestuais que acompanham geralmente as conversações e ajudam a

expressão facial e corporal; são gestos naturais necessários para a harmonia da

conduta motora e se caracterizam por sua amplitude variável. São os movimentos em

que participam tanto o braço, como antebraço e a mão.

Nestes movimentos gestuais há dois tipos de dissociação: a manual e a dos

membros superiores e inferiores.

1.Dissociação manual - trata-se sobretudo da apreciação da dissociação

manual:

⇒ Bater sobre a mesa com as duas mãos, depois só com a esquerda;

⇒ De novo as duas mãos, depois só a direita;

⇒ Bater as duas mãos juntas em pronação, depois uma em pronação e outra

em supinação.

⇒ Estuda-se a seguir a "pianotage": os dedos batem rapidamente sobre a

mesa: mãos juntas e separadas.

⇒ Aprecia-se a oposição do polegar a cada um dos dedos (nos dois

sentidos); os movimentos de afastamento dos dedos, de dobramento.

2. Dissociação dos membros superiores e inferiores -

A) É procurada entre os cinco a oito anos, fazendo bater o pé e bater as

mãos; depois, pedindo-se uma batida de mãos e duas de pé. A prova é inicialmente

ajudada pela ordem verbal, depois deve-se desenrolar sem apoio.

B) Além dos oito anos, faz-se o sujeito saltar no lugar ajuntando e afastando

os pés; retoma-se a prova fazendo as mãos baterem no primeiro tempo, no segundo,

nos dois, etc.

• Ritmo e Ritmica

- Ritmo e alegria do movimento

A palavra grega rhytmós significa movimentos ondulares. Indica uma

alternância regular de força, velocidade e duração que pode ser motora, visual ou

auditiva (BUENO, 1998).

O ritmo do movimento é uma alternância entre a contração e o relaxamento

e pode ser forte ou fraco, rápido ou lento, acelerando ou diminuindo a velocidade,

súbito ou hesitante de durações diferentes.

O ritmo do movimento é algo vivo; constitui uma expressão natural do

estado de ânimo e da natureza de cada indivíduo.

O ritmo dos movimentos não deve ser confundido com batimentos, não

deve ser contado, mas deve ser experimentado e percebido. Esta percepção do ritmo

do movimento, juntamente com a circulação acelerada causada por ele, evoca a

alegria do movimento que é o principal objetivo da ginástica.

- Movimento rítmico

Mesmo quando bebê a criança experimenta movimentos rítmicos - ela

mama em um certo ritmo. Mais tarde ela engatinha, anda e corre ritmicamente, assim

como, como escreve seus movimentos são rítmicos. Todos estes movimentos variam

mais ou menos de indivíduo para indivíduo, sob a influência de fatores como:

percepção e reação, comprimento comparativo dos membros, temperamento e estado

de ânimo momentâneo.

A inteligência assim como as condições e características mentais e físicas,

determinam o ritmo de movimento da criança o qual pode mudar por influência

psicológica.

- A cooperação de diferentes sentidos:

O ritmo pode ser percebido através de vários sentidos:

Audição: O ritmo auditivo é observado na música, na fala, nas ondas

batendo na praia etc.

Sentido cinestésico: O ritmo cinestésico é encontrado em movimentos, tais

como, respirar, andar, correr e dançar.

Tato: O ritmo pode ser sentido através do tato, o qual é utilizado para

ensinar o surdo, por exemplo, no qual o ritmo da música de piano é conduzido

através do chão até a criança (o sentido cinestésico também é envolvido aqui).

Visão: Visualmente o ritmo é experimentado através dos movimentos das

pessoas e dos animais, das árvores curvando-se ao vento, das ondas encurvando-se

na superfície do mar. O ritmo também pode ser observado no arranjo e na relação das

cores, linhas e formas de paisagens, na pintura, na escultura e na arquitetura.

Senso de tempo: O comprimento das notas e a duração dos intervalos podem

ser observados.

- Rítmica

A palavra rítmica ou harmonia significa a ciência do ritmo, e também pode

abranger o estudo do ritmo do movimento.

Entretanto, a palavra rítmica, tal como utilizada na linguagem ordinária,

significa as muitas maneiras diferentes de produzir ritmos e movimentos rítmicos,

tais como: copiar simples padrões rítmicos, o que realmente significa copiar formas

métricas (metro: medida de verso ou de música) de elementos acentuados ou não

pela percussão sobre instrumentos, ou batendo palmas com os pés.

Como treinamento para audição e concentração, esta espécie de rítmica

pode ser uma excelente preparação para o aprendizado dos rítmos da linguagem,

assim como para realização de outras espécies de movimentos com música.

O psicomotricista, por exemplo, pode produzir padrões rítmicos simples que

as crianças tentam acompanhar enquanto se movimentam ao redor da sala, ou o

professor pode tocar um disco e deixar as crianças acompanharem a música enquanto

se movem mais ou menos à vontade.

- Influência dos fatores extrínsecos nos comportamentos rítmicos

Desde o nascimento, o organismo, com seus rítmicos espontâneos, é

confrontado a uma realidade temporalmente estruturada, seja por razões puramente

físicas como alternância dos dias e das noites, seja pela influência das normas sócio-

culturais. Colocado frente a uma realidade temporalmente estruturada, o organismo

deve poder adaptar-se e encontrar seu próprio equilíbrio. Chama-se este processo de

sintonização (NEGRINE, 1987).

1-A sintonização. Esta sintonização participa primeiro no campo do

comportamento global, na organização dos grandes rítmicos vitais: alimentação,

sono, a fim de permitir que o ritmo circadiano se instalar progressivamente. A este

respeito, a atitude familiar é muito importante.

2-A influência do meio nos ritmos espontâneos. Pode-se emitir a hipótese de

que a inter-relação entre o organismo materno e o organismo da criança tem um

papel fundamental na instalação de automatismos cadenciados mais primitivos, tais

como ritmias, balanceamento cadenciados de cabeça ou de tronco. Esta ritmias são a

tradução de uma oscilação tônica, ou pulsação, fazendo alternar tensão-relaxação sob

a dependência da atividade espontânea da formação reticular.

A relação entre o balanceio e a estimulação do aparelho labiríntico cria um

mecanismo de auto-alimentação que reveste um caráter fundamentalmente hedônico

e primitivo que se observa em deficientes mentais e nas crianças que se desligam do

meio. Este corte com o meio manifesta-se em certas psicoses ou em certos casos de

autismo.

- Ritmo e Afetividade

A forma como é vivida a relação com a outra pessoa joga um papel muito

importante no movimento ou, ao contrário, pode bloquear a espontaneidade do

movimento, do que depende seu caráter harmoniosamente rítmico (PICQ E VAYER,

1988).

Mais tarde, no transcurso do período de investigação e aquisição das praxias

fundamentais, a importância da atitude educativa do meio é essencial para manter e

aprimorar uma boa ordem temporal do movimento e da espontaneidade. O meio deve

favorecer as experiências práxicas em um clima bom de segurança e de bem-estar.

Em outros termos, o meio que priveligia a dimensão intelectual em detrimento da

experiência vivida do corpo terá uma influência importante, a favor da atividade

cortical no processo córtex-subcórtex.

• Sincinesias

O estudo do movimento voluntário revela que, quando nos expressamos

corporalmente através de uma ou outra ação, nem sempre os movimentos executados

obedecem a um controle cortical, acionado pelo sistema piramidal.

Movimentos e/ou expressões involuntárias, muitas vezes, estão presentes

em determinados ações, sem que o executante perceba estes movimentos parasitas

desencadeados e manifestados pelo corpo no momento em que realiza determinados

atos voluntários (FONSECA, 1983).

- Conceitos e Classificações

As SINCINESIAS são consideradas como um dos elementos da debilidade

motora, juntamente com as paratonias e as inabilidades, e que podem ser encontradas

em indivíduos psiquicamente normais e até intelectualmente superiores.

Da mesma forma, certos indivíduos com debilidade neurológica podem

apresentar desenvolvimento notável da força e da agilidade motora, constituindo um

exemplo inverso de que o cérebro motor, por vezes, é poupado, enquanto o cérebro

psíquico é detido em sua evolução.

Há de destacar-se que, nem sempre, as sincinesias representam debilidade

motora, até porque a imaturidade do feixe piramidal determina comportamento

motores involuntários que as caracterizam.

Entende-se, principalmente que as sincinesias podem ser definidas como

movimentos e/ou expressões involuntárias manifestadas pela criança no momento em

que realiza determinado movimento voluntário.

Para contribuir com o estudo das sincinesias Airton Negrine propõe a

seguinte classificação:

1-Sincinesias Faciais: ⇒ de expressão

⇒ de movimento

2 - Sincinesias Segmentares: ⇒ Hipertônica

⇒ Similar

SINCINESIAS FACIAIS: São movimentos ou expressões faciais

involuntárias manifestadas pelo indivíduo quando ele realiza algum movimento ou

expressão voluntária com qualquer parte do corpo (geralmente as mãos).

As sincinesias faciais podem ser manifestadas de duas formas distintas:

- Sincinesias Faciais de Expressões:

São aquelas manifestadas com expressões faciais (caretas), caracterizadas

como: abrir a boca, elevar as sobrancelhas, etc., enquanto algum segmento corporal

realiza algum movimento voluntário.

- Sincinesias Faciais de Movimento:

São manifestações dinâmicas realizadas com parte ou partes da face,

caracterizado como: morder a língua, elevar e baixar sucessivamente as

sobrancelhas, etc., enquanto o indivíduo realiza movimentos voluntários com

determinado segmento corporal.

SINCINESIAS SEGMENTARES: São caracterizadas como a falta de

controle segmentar nos braços, mãos e dedos, isto é, manifestam-se em atitudes

involuntárias no segmento contrário àquele que realiza o movimento voluntário.

Nesse caso também classifica-se em dois tipos distintos:

Sincinesia Segmentar Hipertônica

Refere-se ao estado de tensão da musculatura que se desencadeia no

segmento contrário àquele que realiza o movimento voluntário.

Nesse caso a Sincinesia ocorrida se dá de forma estática, isto é, sem

movimento no segmento contrário, muito próximo ao estado paratônico, que se

refere a uma dificuldade de relaxamento segmentar.

Sincinesia Segmentar Similar

Refere-se a movimentos desencadeados de forma involuntária do segmento

contrário àquele que realiza um determinado movimento voluntário.

Nesse caso, a Sincinesia aparente é evidenciada de uma forma dinâmica,

onde a característica principal é o movimento.

No momento em que se propõe uma classificação das sincinesias, deve-se

destacar que podem se r encontrados outros tipos de sincinesias e que vão depender

da posição em que se encontra a pessoa em que está sendo observada.

Por exemplo: se colocarmos um indivíduo sentado em uma cadeira e lhe

solicitarmos que abra e feche a mão sucessivamente, poderemos observar sincinesias

faciais e segmentares na mão contrária, ou ainda, sincinesias segmentares nos

membros inferiores.

Quando avaliamos, portanto, as sincinesias em um indivíduo, colocando-a

em posição em pé, estamos conseqüentemente, neutralizando as possíveis sincinesias

dos segmentos inferiores . O mesmo caso poderá acontecer se colocarmos uma

criança sentada no solo, apoiando suas mãos no chão, e lhe solicitarmos que, com um

pé faça extensão e flexão ou a circundação para fora e para dentro.

Neste caso, as sincinesias manifestadas poderão ser faciais ou segmentares

no pé contrário, porque as possíveis sincinesias dos segmentos superiores estarão

neutralizadas pelo apoio das mãos no solo.

CAPÍTULO IV

REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA

Segundo MEUR e STAES (1989), é a ação desenvolvida em indivíduos que

sofrem pertubações ou distúrbios psicomotores, por exemplo indivíduo acometido

pelo acidente acidente vascular cerebral.

A reeducação psicomotora tem como objetivo retomar as vivências anteriores

com falhas ou as fases da educação ultrapasadas inadequadamente. Em termos

gerais, reeducar significa educar o que o indivíduo não assimilou adequadamente em

etapas anteriores. Deve começar em tempo hábil em função da instalação das

condutas psicomotoras, diagnosticando as dificuldades a fim de traçar o programa de

reeducação.

A atribuição da reeducação está contida em várias áreas profissionais:

pedagogia, fisioterapia, terapia educacional, fonoaudiologia, dentre outros. Mas o

mais importante para uma boa reeducação é a tranqüilidade e o intercâmbio afetivo e

presente do reeducador com o indivíduo, condição básica para uma boa reeducação.

O artigo 7 da proposição da lei francesa de 15/02/74 cita que a reeducação

deve ser “neurológica em sua técnica, psicológica e psíquica em sua meta, destinada

pela intermediação do corpo atuar sobre as funções mentais e psicológicas

perturbadas tanto na criança como no adolescente ou no adulto”.

A reeducação embasa sua eficácia no fato de que se remonta às origens, aos

mecanismo de base que estão na origem da vida mental, controle gestual e do

pensamento, controle das reações tônico-emocionais, equilíbrio, fixação na atenção,

justa preensão do tempo e do espaço.

4.1 - Sessão Psicomotora

As sessões de reeducação realizam-se em função do indivíduo ou

do grupo por um profissional habilitado, em local apropriado (sala e

materiais) por meio de atividades (psicomotoras) que desenvolvam o

indivíduo no seu todo, global e harmonicamente (MEUR e STAES,

1989).

Em relação ao local de trabalho, esse pode ser interno ou externo e de

preferência exclusivo para atividades psicomotoras. Se é espaço interno deve ser uma

sala ampla a fim de que as pessoas possam correr, saltar, ficar tranqüilas e para uma

não interferir na atividade da outra se assim desejar. Deve ser ventilado, com janelas

mais altas que a altura das pessoas; se possível, um piso revestido com emborrachado

para poderem trabalhar com meias ou descalços e sem problemas com materiais

úmidos (água, tinta, etc.). Deve ter espelho, quadro negro e armários com os

materiais ali colocados. Lapierre sugere uma disposição conforme o objetivo, mas

entendemos que o mais importante é sabermos o que o indivíduo necessita e o que

cada material propicia, aliando a necessidade à possibilidade de exploração de seus

conteúdos por meio dos materiais.

Em relação à freqüência e duração da sessão, depende do trabalho

desenvolvido, mas não deve ser inferior a uma vez semanal de 45 minutos, podendo

chegar a sessões diárias, conforme a necessidade. Contudo, uma vez semanal é pouco

se não for associada a outras terapias, de forma interdisciplinar. O número de sessões

dependerá da natureza da dificuldade, da idade, do seu desenvolvimento e das

experiências vividas, ou seja de seu processo próprio.

Em relação à organização da sessão, é importante que esse momento seja de

prazer e de liberdade para a pessoa. Não podemos nunca deixar de lado o prazer do

movimento, da ação e da sensação prazerosa resgatada aí. A dosagem das propostas

deve levar a um resultado positivo com variabilidade de consignas, materiais e da

própria proposta, sendo a escolha do material feita pelo próprio terapeuta e às vezes

pelo indivíduo. As colocações espontâneas deverão ser ouvidas no momento, mesmo

que algumas vezes interrompam a ação motora. O humor faz parte das atividades,

deixando um ambiente descontraído e alegre.

Acreditamos que nenhuma técnica, por mais apropriada que seja, resolverá

um problema, mesmo o puramente intelectual, se a qualidade do relacionamento

entre reeducador e pessoa não estiver firmado na afetividade, e ainda mais, se não

passar pela via corporal.

CAPÍTULO V

ORIENTAÇÕES PARA AS ATIVIDADES

DE VIDA DIÁRIA

Segundo JANKOVIC e TOLOSA (2002), é fundamental que se estimule o

movimento nos pacientes com doença de Parkinson, orientando a família para que

essas pessoas não tenham períodos prolongados de inatividade.

Os exercícios de aquecimento de manhã cedo são úteis na redução da

rigidez aumentada que os pacientes podem experimentar ao levantar-se. Meios

ambientais auxiliares (ou adaptações) deverão ser usados conforme a necessidade

para ajudar os pacientes a suplantar problemas específicos.

Adaptações no vestuário, ou utensílios adaptados para a alimentação podem

melhorar o funcionamento.

5.1 - Postura

A postura incorreta pode influenciar o desempenho em muitas

atividades. Quando a cabeça fica posicionada na frente do corpo

associada ao enrolamento dos ombros para frente torna-se mais difícil o

movimento de elevação dos braços para cima - movimento necessário

para pegar objetos na parte superior dos armários, por exemplo. Neste

caso, bastaria um melhor alinhamento postural para readquirir esta

função.

5.2 - A Casa e Atividades do Lar

A casa deve ser organizada para se prevenir fatores de risco como: chão

liso ou encerado, tapetes soltos, fios soltos pela casa e tudo o que puder

causar acidentes.

A mobília deve ser arrumada de forma que haja maior espaço para a

movimentação. Embora as escadas não costumem representar grande

perigo para pessoas com doença de Parkinson, é prudente colocar

corrimões dentro e fora de casa.

Existem vários tipos de apetrechos auxiliares, entre eles: maçanetas

especiais para portas, telefones de tecla ou com acessórios para viva-voz.

Deve-se dispor de tempo necessário para as atividades - o que inclui um

tempo de descanso.

Caso haja dúvidas ou dificuldades específicas, um fisioterapeuta ou

terapeuta ocupacional poderá realizar uma avaliação cuidadosa das suas

atividades em casa e na vida social e indicar algumas soluções.

Vestir-se ou desvestir-se pode ser muito cansativo e se o paciente não se

sentir seguro para fazê-lo em pé, é melhor sentar-se na cama ou em cadeira com

apoio para os braços. È importante que se tenha uma barra de apoio fixa para

movimentar-se melhor quando tiver que ficar em pé.

A temperatura do ambiente deve estar agradável e as roupas que irão

necessitar devem ser previamente preparadas. A melhor hora para vestir-

se é enquanto o medicamento estiver fazendo um bom efeito.

Existem algumas facilidades que podem ser acrescentadas em alguns tipos

de roupas. Para as mulheres, vestidos abertos na frente ou saias com elásticos na

cintura e para os homens, agasalhos do tipo abrigos para esporte e gravatas presas

com elásticos são mais fáceis de usar. Roupas com botões grandes podem ser mais

convenientes; mas se isto ainda for um problema, colocar velcro, principalmente nos

pijamas, é uma boa dica uma vez que é comum haver mais dificuldades durante a

noite.

Sapatos presos com velcro ou sapatos que não precisem ser amarrados

são mais recomendados. Apoiar os pés em um banquinho pode facilitar a

colocação de calças e meias. Além disso, existem no mercado

dispositivos que ajudam a colocação de meias e calçadeiras de cabo

longo.

No banheiro a segurança deve ter prioridade!

Ë aconselhável que se coloque tapetes antiderrapantes nas banheiras ou no

chuveiro. Algumas banheiras mais modernas têm revestimento antiderrapante. Para

levantar, é mais seguro a colocação de uma barra fixa na parede mais próxima. Se

necessário, pode ser colocado um banco no interior da banheira.

O banho de chuveiro é a melhor opção, inclusive com a possibilidade de se

usar o chuveirinho. Para aumentar a segurança, se pode tomar banho sentado em uma

cadeira, tendo o cuidado de apoiá-la em piso antiderrapante. A colocação de uma

barra no interior do boxe pode facilitar o seu banho.

Algumas pessoas apresentam dificuldade para sentar e levantar do vaso

sanitário. Se for o seu caso, é possível a colocação de uma barra na parede mais

próxima ou a instalação de um acessório, já disponível no nosso mercado, que

aumenta a altura do vaso e já vem com barras de apoio anexas.

Para os homens, o uso de barbeadores elétricos pode ser mais seguro.

Atividades como barbear-se, pentear os cabelos e escovar os dentes ficam mais fáceis

se os indivíduos sentar-se em uma cadeira próxima à pia e ao espelho.

Escovas de banho de cabo mais longo ou com fixadores para a mão caem

menos ao chão e facilitam o banho. É preferível usar sabonetes líquidos

ou uma luva de pano com um lugar para fixar o sabonete. O xampu,

escovas e sabonetes devem ficar em lugares de fácil acesso.

Pode ser que você tenha que reorganizar a sua cozinha!

O chão deve estar livre de objetos soltos para que você possa se

movimentar livremente, sem risco de tropeçar.

Algumas atividades como descascar legumes, lavar pratos e passar roupas

podem ser feitas na posição sentada.

O local de trabalho deve estar preparado para que o indivíduo não precise

movimentar-se o tempo todo.

Utilizar utensílios inquebráveis e trabalhe em cima de uma superfície

antiderrapante ou em cima de um pano úmido.

O tremor pode aumentar nas atividades à mesa e causar alguns

inconvenientes como derrubar a comida do prato e dificuldade em levar

o copo ou xícara à boca.

Isto pode ser resolvido com xícaras que possa se fixar às mãos. Se

houver dificuldade em levá-la à boca, usar canudos flexíveis. Para a

comida não cair do prato é melhor que suas bordas sejam mais altas.

Considere também o uso de toalhas antiderrapantes.

Pode-se adquirir talheres com cabos adaptados ou engrossá-los com uma

cobertura de espuma.

5.3 - Marcha

Caminhar diariamente e aumentar gradualmente a distância percorrida é

um excelente exercício.

Prestar atenção enquanto caminha deve ser uma regra a ser sempre

lembrada. Caso contrário é muito provável que aconteçam duas alterações da

marcha, conhecidas como festinação e congelamento (freezing) .

Pode-se começar a caminhar normalmente, mas após alguns passos pode

ser que estes tornem-se pequenos e o corpo tenderá a cair para frente. Sem perceber,

começa a caminhar mais rapidamente. Esta é a festinação.

Entretanto, se você sentir os seus pés presos no chão, sem conseguir

reiniciar a marcha, você está tendo o congelamento.

Se, durante a marcha, o indivíduo sentir que começa a ter alguma destas

alterações é melhor parar e concentrar-se nestas instruções:

- coloque os calcanhares firmemente no chão;

- corrija a postura, fique o mais ereto possível, e com os pés bem separados;

- pensar firmemente em colocar o calcanhar de um dos pés à frente. Depois, apoiar a

ponta deste pé. Levante o outro pé e repitir o mesmo processo. Procurar falar em voz

alta: calcanhar, calcanhar ou passo grande, passo grande.

Se o indivíduo estiver junto com acompanhante, ele poderá ajudar a seguir

estas etapas, falando em voz alta, como um comando. É melhor que esteja a seu lado

para não prejudicar o equilíbrio.

CONCLUSÃO

A Doença de Parkinson é uma doença que afeta o sistema nervoso central,

mais especificamente, os neurônios que liberam uma substância denominada

dopamina. A falta dessa substância acarreta os sintomas mais freqüentes vistos nesta

doença, quais sejam: tremor, principalmente nas mãos, quando estas estão paradas,

sem realizar nenhum movimento (tremor de repouso); lentidão dos movimentos (não

há paralisia) e desequilíbrio no andar.

Até o momento, ainda não houve a descoberta da causa da doença de

Parkinson. Apesar de não ser hereditária (não passar de pai para filho), não é

incomum encontrarmos em uma mesma família, mais de uma pessoa acometida por

esta doença. Não há cura, mas tratamento para melhorar os sintomas, principalmente

a lentidão dos movimentos e o tremor. Além da medicação oral, deve-se incentivar a

fisioterapia.

O foco da terapia física deve estar nos efeitos compostos da doença e nas

deficiências deles resultantes. A hidrocinesioterapia principalmente nos estágios

inicias da doença, pode reverter, retardar ou prevenir a perda de tecido muscular, seu

alongamento e sua flexibilidade e, dessa forma, reduzir os danos ao sistema músculo

esquelético e conseqüentes distúrbios dos ajustes posturais, perda de equilíbrio,

bradicinesia e condicionamento cardiopulmonar.

Os exercícios regulares, executados antes que ocorram as alterações

fixas do sistema músculo esquelético, proporcionam aumento da

capacidade física sobre a doença e geram um impacto positivo nas

dificuldades sociais e emocionais do paciente.

Por ser uma atividade agradável, com características lúdicas individual ou

em grupo, proporciona integração emocional e social.

A psicomotricidade constitui o estudo relativo às questões motoras e psico-

afetivas do ser humano. A mesma seria o ponto de encontro entre a expressão motora

(o que a pessoa faz) e a característica pessoal-emocional de cada ser humano (o que a

pessoa sente).

O corpo é o seu ponto de referência e o seu interesse objetivo de estudo.

As alterações corporais constituem-se, assim, no motivo das suas

pesquisas e no da sua intervenção.

A psicomotricidade é, dessa forma, um tipo de psicoterapia de índole

corporal.

Com isso, conclui-se neste estudo que através da reeducação psicomotora a

pessoa com a doença de Parkinson irá retomar as vivências anteriores com falhas,

através de atividades psicomotoras.

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ANEXOS

ANEXO 1

GLOSSÁRIO

Abdução –‘‘Movimento de um membro inteiro ou de um de seus segmentos

no sentido de distancia da linha mediana do corpo.’’ (O’Sullivan e

Schmitz, 1993)

Adução – ‘‘Movimento de um membro ou um segmento de membro cujo resultado é

aproximá-lo do plano mediano do corpo.’’ (O’Sullivan e Schmitz, 1993)

Agonista – “Diz-se de um músculo cuja ação produz o movimento desejado.”

(O’Sullivan e Schmitz, 1993)

Alongamento - “Técnica terapêutica com finalidade de aumentar o movimento através

de “estiramentos” em estruturas moles limitadas por patologias.” (O’Sullivan e

Schmitz, 1993)

Analgesia - “Completa perda da sensibilidade à dor”. (O’Sullivan e Schmitz, 1993)

Atrofia - “Diminuição do volume de um órgão ou de um tecido, provocada por nutrição

deficiente ou por involução, devida a diversas causas: traumatismo, inatividade

funcional, alimentação insuficiente”. (O’Sullivan e Schmitz, 1993)

Bradicinesia – “Movimentos anormalmente lentos”. (O’Sullivan e Schmitz, 1993)

Contraturas - “Contração muscular persistente, acompanhada de rigidez”. (O’Sullivan

e Schmitz, 1993)

Dissinergia - “Queda na capacidade de associar os músculos em conjunto, visando um

movimento complexo; decomposição do movimento.” (O’Sullivan e Schmitz, 1993)

Disfasia – “Um distúrbio da linguagem que pode, ou não, incluir dificuldades na

compreensão, mais usualmente a compreensão permanece intacta”. (O’Sullivan e

Schmitz, 1993)

Dopamina – “Um neurotransmissor inibitório secretado por neurônios que estão

localizados na substância negra e terminam na região estriada dos gânglios da base.”

(O’Sullivan e Schmitz, 1993)

Edema – ‘Infiltração seroso de diversos tecidos e em particular do tecido conjuntivo do

revestimento cutâneo ou mucoso.’’ (O’Sullivan e Schmitz, 1993)

Espasticidade - “Aumento do tônus ou da tensão de um músculo com aumento inicial

da resistência ao estiramento passivo, seguido de relaxamento brusco, associa-se ao

exagero dos reflexos profundos e à perda parcial ou completa de regulação voluntária.”

(O’Sullivan e Schmitz, 1993)

Esquema Corporal - “Um modelo postural do próprio corpo incluindo as relações

entre as partes do corpo e as relações entre o corpo e o ambiente”. (O’Sullivan e

Schmitz, 1993)

Face “de máscara” – “Ausência de expressão facial e de “piscadelas”. (O’Sullivan e

Schmitz, 1993)

Gânglio da base – “Massas de substância cinzenta localizadas por debaixo do córtex

cerebral e imediatamente laterais ao tálamo dorsal; incluem o núcleo caudado e putâmen

(corpo estriado), globo pálido, substância negra e subtálamo.” (O’Sullivan e Schmitz,

1993)

Hipotonia – “Diminuição da excitabilidade nervosa ou da tonicidade muscular.”

(O’Sullivan e Schmitz, 1993)

Paralisia – “Privação ou diminuição da sensibilidade ou do movimento de uma ou

várias partes do corpo”. (O’Sullivan e Schmitz, 1993)

Parestesia - “Sensação incomum sem causa aparente, de amortecimento, prurido ou

formigamento.” (O’Sullivan e Schmitz, 1993)

Parkinsonismo – “Uma doença degenerativa com envolvimento primário dos gânglios

da base; caracterizada por tremores, rigidez, bradicinesia e danos à postura, equilíbrio e

marcha. O seu início é tipicamente na 5ª ou 6ª década da vida.” (O’Sullivan e Schmitz,

1993)

Rigidez – “Aumento do tônus muscular; resulta em maior resistência ao movimento

passivo. A resistência é sentida de modo constante e uniforme (rigidez de cano de

chumbo), ou como “arrancos” convulsos (rigidez de roda denteada.” (O’Sullivan e

Schmitz, 1993)

Sialorréia – “Aumento na salivação”. (O’Sullivan e Schmitz, 1993)

Tônus muscular – “É o estado de leve tensão das fibras musculares, quando não estão

em uso que lhes permite responder mais rapidamente ao um estímulo” (O’Sullivan e

Schmitz, 1993)

Tremor – “Um movimento oscilatório involuntário resultante de contrações alternadas

de grupos musculares opostos.” (O’Sullivan e Schmitz, 1993)

ANEXO 2

ATIVIDADES EXTRA-CLASSES