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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO
POR
ELISABETE PINHEIRO GLIELMO
ORIENTADOR
PROFº MARCO ANTONIO CHAVES
Rio de Janeiro, RJ, março/2001
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO
POR
ELISABETE PINHEIRO GLIELMO
Trabalho monográfico apresentado
como requisito parcial para a
obtenção do Grau de Especialista
em Marketing no Mercado
Globalizado.
Rio de Janeiro, RJ, março/2001
Agradeço ao professor, Marco
Antônio Chaves, pela orientação
do presente trabalho e à amiga
Denise Saltarelli pelo incentivo e
companheirismo.
Dedico este trabalho aos meus
filhos Aline e Leandro, pela
força, e ao meu marido, José
Antônio, pela compreensão.
“A Educação à Distância é a
globalização do ensino no
terceiro milênio”
Revista Brasileira de
Comunicação.”
SUMÀRIO
P.
RESUMO............................................................................................... 7
INTRODUÇÃO....................................................................................... 9
1. A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: HISTÓRICO.................................... 11
1.1. EAD no Brasil................................................................................ 12
2. CARACTERÍSTICAS E CONCEITOS DA EAD................................ 14
3. A EAD E A GLOBALIZAÇÃO........................................................... 18
CONCLUSÃO........................................................................................ 22
BIBLIOGRAFIA..................................................................................... 24
RESUMO
A educação à distância é um sistema tecnológico de educação
bidirecional e organizado de auto-estudo, capaz de oferecer acesso a objetivos
educacionais específicos, com um potencial de maior cobertura geográfica do
que os sistemas educativos tradicionais. Como em qualquer sistema de
aprendizado, a educação à distância também apresenta vantagens e
desvantagens. Entre os pontos positivos estão: a possibilidade de atingir um
grande número de pessoas, mesmo que estas estejam separadas
geograficamente; o custo reduzido para o aprendizado, que acontece de
acordo com a capacidade de cada aluno; melhor aproveitamento dos docentes;
e o desenvolvimento do autodidatismo nos alunos. Já, entre os pontos
negativos estão: a desconfiança por ser um sistema não-convencional de
ensino; o conceito de ser um ensino de segunda categoria; a captação de um
público disperso; a falta de revisão constante nos materiais didáticos e de
renovação pedagógica; além, da grande evasão de alunos. A informação geral
da sociedade capitalista é uma tendência avassaladora, por esta razão,
exige-se da educação um maior envolvimento na construção desse ambiente
cultural. A globalização faz com que os países desenvolvidos acelerem suas
reformas educacionais, a partir de políticas públicas, nas quais a educação e a
comunicação são desafiadas a estabelecer metas para contribuir melhor com
suas funções socializadoras. As Tecnologias da Informação e da
Comunicação podem levar à constituição de novos espaços de conhecimento,
contribuindo para a busca de caminhos que favoreçam a democratização e a
universalização do saber. É a globalização chegando no campo mais recente
do conhecimento: o da educação à distância. O crescimento do uso da
educação à distância é uma tendência neste início de século, intensamente
propagada ainda no século passado. Graças à globalização, cada vez mais
presente na vida das pessoas, a educação à distância pode ir a todos os
lugares.
INTRODUÇÃO
Os avanços alcançados nas mais diversas áreas: indústria,
comércio, transportes, medicina e, principalmente, nas comunicações estão
cada vez mais acessíveis ao ser humano.
A queda nos preços das tecnologias de comunicação e a facilidade
de acesso ao conhecimento, através da utilização da informática, são
possibilitados pela globalização da economia. Tudo isto está tornando maior o
universo de pessoas que procuram informações a uma velocidade quase
instantânea.
Hoje em dia, a educação à distância já é considerada como uma das
modalidades que vem suprindo essa busca pelo conhecimento. Em vários
países do mundo, ela tem sido um meio essencial para disponibilizar o saber,
podendo atingir populações que não freqüentam as instituições escolares
convencionais.
O universo que envolve a prática da educação à distância,
considerada como um recurso de grande importância para a democratização
do saber, é o propósito da presente monografia. Esta alternativa de ensino
tornou-se universal graças à difusão proporcionada pela presença da
globalização mundial e vem permitindo o aprendizado no seu contexto
imediato.
No primeiro capítulo, um histórico da educação à distância, é
apresentado ao leitor. A origem e o progresso desta modalidade de ensino são
os componentes da primeira parte do capítulo. Logo em seguida, são
abordados a prática e o desenvolvimento da educação à distância no Brasil.
O segundo capítulo mostra os principais conceitos que definem a
educação à distância, segundo diversos autores e faz menção aos principais
veículos utilizados na propagação da educação à distância, como as mídias
impressa, audiovisuais e a internet.
O enfoque do terceiro capítulo fica para a investida da globalização
no processo educacional e as conseqüências que ela gerou no sistema de
ensino-aprendizagem.
1. A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: HISTÓRICO
A educação à distância teve sua origem a partir de experimentos de
educação por correspondência, iniciados na Europa, no final do século XVIII e
com largo desenvolvimento, em meados do século XIX.
A partir do século XX até a Segunda Guerra Mundial, ela passou por
uma longa fase de experiências e diversos ensaios foram adotados, com
destaque para as metodologias já aplicadas ao ensino por correspondência.
O principal meio de comunicação da educação à distância, até 1970, foram os
materiais impressos, geralmente um guia de estudo com tarefas ou outros
exercícios enviados pelo correio.
A partir daí, passou a ser fortemente influenciada pela introdução de
novos meios de comunicação de massa. Em 1970, surgiram as primeiras
Universidades Abertas, com estilo e implementação sistematizados de cursos à
distância. Elas faziam uso, além do material impresso, de transmissões por
televisão aberta, rádio e fitas de áudio e vídeo, com interação por telefone,
satélite e TV a cabo, tornando-se populares, no que diz respeito ao processo
educacional.
Mais tarde, a educação à distância adotou como base as redes de
conferência por computador e as estações de trabalho multimídia, ou seja,
meios de propagação de um universo globalizado e amplamente tecnológico.
1.1. EAD no Brasil
No Brasil, o surgimento da educação à distância não esteve
associado ao material impresso, e sim, ao rádio. O ponto marcante aconteceu
em 1923, quando Roquete Pinto fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
Na ocasião eram transmitidos programas de literatura, radiotelegrafia e
telefonia, de línguas, de literatura infantil e outros de interesse comunitário.
O Instituto Rádio Técnico Monitor, com programas dirigidos ao ramo
da eletrônica, foi fundado pouco mais de uma década depois, no ano de 1939.
Em 1941, foi a vez do Instituto Universal Brasileiro, dedicado à formação
profissional de nível elementar e médio, e que utilizava material impresso.
O Movimento de Educação de Base-MED, criado em 1959 pela
Diocese de Natal, no Rio Grande do Norte, merece destaque. A sua principal
preocupação era alfabetizar e apoiar os primeiros passos da educação de
milhares de jovens e adultos, através das chamadas escolas radiofônicas,
principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde o número de analfabetos
era um entrave à modernização do País. Esse movimento abrangia as classes
mais populares através da utilização do rádio. O projeto teve que ser
encerrado devido a forte repressão política surgida após o golpe de 1964.
No início dos anos 70 foi a vez do Projeto produzido pela Fundação
Padre Landell de Moura - FEPLAM e pela Fundação Padre Anchieta. Foi
implantado no momento em que o País atravessava um período de
crescimento econômico, conhecido como o milagre brasileiro, onde o
pressuposto da educação era de preparação de mão de obra para fazer frente
a este desenvolvimento e à competição internacional. O Projeto Minerva foi
mantido até o início dos anos 80, apesar das críticas feitas a ele quanto ao seu
baixo índice de aprovação dos inscritos.
O grave problema da educação está diretamente ligado à
descontinuidade de projetos, principalmente, os governamentais. No caso de
projetos veiculados pela TV, os principais motivos de descrédito e que ainda
atrapalham o progresso e a massificação da educação à distância, são:
despreparo na organização de projetos-piloto; falta de avaliação e treinamento
de pessoal; falta de estruturas para a gerência dos projetos e a prestação de
contas de seus objetivos; e programas exibidos em datas aleatórias, sem
qualquer prestação de contas à sociedade. Este é, sem dúvida, o ponto
negativo sobre a educação à distância no País.
Por outro lado, existiram pontos positivos durante as tentativas de
implantação de programas de educação à distância no Brasil. É o caso da
Fundação Padre Anchieta e da Fundação Roberto Marinho (TV Globo e TV
Cultura) que lançaram, em 1978, o Telecurso 2º Grau, no ar até hoje, utilizando
programas de TV e material impresso vendido em bancas de jornais, para
preparar os alunos para o exame supletivo. Sua versão atualizada é o
Telecurso 2000, lançado em 1995.
Não se pode negar que, nas últimas décadas, as experiências
brasileiras, governamentais, não-governamentais e privadas, representaram a
mobilização de grandes contingentes de técnicos e recursos financeiros nada
desprezíveis para adotar projetos de aprendizado, via educação à distância.
Contudo, seus resultados não foram ainda suficientes para gerar um processo
de irreversibilidade na aceitação governamental e social dessa modalidade de
ensino no País.
2. CARACTERÍSTICAS E CONCEITOS DA EAD
A educação à distância é um sistema tecnológico de educação
bidirecional e organizado de auto-estudo, capaz de oferecer acesso a objetivos
educacionais específicos, com um potencial de maior cobertura geográfica do
que os sistemas educativos tradicionais. Podemos chamá-lo de bidirecional,
pois o processo de ensino-aprendizagem envolve com intensidade igual o
aluno e o docente. Ela combina tecnologias convencionais e modernas que
viabilizam o estudo individual ou em grupo, nos locais de trabalho ou fora, por
intermédio de métodos de orientação à distância. Nela, o aluno realiza a maior
parte da sua aprendizagem, através de materiais didáticos previamente
preparados e quase não tem contato direto com os professores.
A educação à distância leva à efetivação os princípios e os fins da
educação permanente e aberta, onde qualquer pessoa pode adquirir
conhecimento, graças ao uso sistemático de materiais educativos, reforçados
por diferentes meios e formas de comunicação.
Como em qualquer sistema de aprendizado, a educação à distância
também apresenta vantagens e desvantagens. Entre os pontos positivos
estão: a possibilidade de atingir um grande número de pessoas, mesmo que
estas estejam separadas geograficamente; o custo reduzido para o
aprendizado, que acontece de acordo com a capacidade de cada aluno; melhor
aproveitamento dos docentes; e o desenvolvimento do autodidatismo nos
alunos. Já, entre os pontos negativos estão: a desconfiança por ser um
sistema não-convencional de ensino; o conceito de ser um ensino de segunda
categoria; a captação de um público disperso; a falta de revisão constante nos
materiais didáticos e de renovação pedagógica; além, da grande evasão de
alunos.
Com alunos e professores distantes uns dos outros, educadores
passaram a utilizar ferramentas multimídia que vão desde os impressos on-line,
em redes de computadores, avançando em direção da comunicação
instantânea de dados, voz e imagem via satélite ou por cabos de fibra ótica.
Todos estes artifícios são capazes de proporcionar a aplicação de formas de
grande interação entre o aluno e o centro produtor, através da inteligência
artificial ou mesmo de comunicação imediata com professores e monitores.
Os principais veículos utilizados são:
Mídia Impressa: É bastante aplicada na educação à distância,
através do uso de livros, apostilas e artigos. Mesmo com a evolução, o texto
ainda é fundamental na educação, tanto à distância como presencial, já que
quando os dados são impressos permitem a posse permanente para consulta e
a segurança que o papel propicia. Entre os tipos de impressos mais utilizados
estão: Livro Texto, Livro de Exercícios, Guia de Estudo, Plano de Estudo e
Jornais. O material impresso é parte importante da educação à distância e o
cuidado e adequação na sua utilização podem fazer um diferencial positivo
tanto no aprendizado dos alunos quanto na motivação e desempenho no curso.
Vídeo e TV: Em todo o mundo, muitas instituições de ensino à
distância utilizam o vídeo e a TV em seus processos de difusão do
aprendizado. Como mídias audiovisuais, o vídeo possibilita o uso de recursos
técnicos e estéticos do cinema e televisão para fins educativos. Vale lembrar
que a TV carrega as características de portabilidade, acessibilidade e
flexibilidade, podendo o material produzido em vídeo ser adquirido com
facilidade em bancas, transmitido por satélite com recepção por parabólica ou
ainda por emissoras de TV abertas e gravado localmente. O forte dos meios
audiovisuais são as associações e novos significados para os assuntos
abordados, principalmente através das imagens, já que elas, associadas às
palavras, são complementares.
Teleconferência: A teleconferência é vista como uma modalidade
de geração onde ocorre um trabalho de produção do programa, sendo
transmitido aos pontos de recepção no momento do evento. É definida no
Brasil como a transmissão ao vivo de programas via EMBRATEL, principal
fornecedor de linhas do País. Pode ser uma aula ou conferência que é
transmitida via satélite, a recepção ocorre através de antena parabólica
conectada a um monitor de TV. A teleconferência tem capacidade para
atender a milhares de alunos, mesmo que a interação com os professores, em
nível individual, seja restrita. Um modelo básico de teleconferência é da
apresentação do conferencista ou do professor que responde a perguntas que
vão chegando dos telespectadores, por meio do uso do telefone, telefax ou
internet.
Videoconferência: É o que conhecemos por TV interativa porque
trabalha com compressão de áudio e vídeo, utilizando vários tipos de linhas
para transmissão em tempo real para salas que possuam o equipamento de
transmissão e recepção das informações. Ela é o meio que mais se aproxima
da sala de aula tradicional, permitindo a interação entre alunos e professor em
tempo real. Apesar de ser bastante semelhante a uma aula presencial, a
dinâmica e o material necessitam ser remodulados, cortando os erros e
potencializando as vantagens do meio.
O número de participantes de uma vídeoconferência depende da
quantidade de pontos instalados com o equipamento, já que este tipo de mídia
não permite atendimento em larga escala.
Internet: É uma ferramenta que tem sido muito utilizada,
possibilitando a elaboração de cursos à distância com avançados recursos,
através de instrumentos como o e-mail e o www . A educação, de um modo
geral, está passando por uma série de transformações graças a Internet. Ela
iniciou um novo conceito na comunicação, mudando o modo como trabalhamos
e aprendemos.
Através da comunicação transmitida pela rede mundial de
computadores, é possível o envio de textos, arquivos, imagens e sons,
dependendo da capacidade do equipamento utilizado. A distribuição da
informação é imediata, em tempo real, com várias pessoas participando em
locais diferentes.
Apesar destas facilidades, vale a pena ressaltar que os cursos de
educação à distância, via internet precisam ter um formato específico, com a
linguagem e as mensagens adequadas ao meio - estudantes, professores e,
principalmente, internautas. Antes de colocar um curso acessável via internet é
necessário que os estudantes sejam treinados para o uso da tecnologia, além
do suporte pedagógico mínimo para que toda esta surpreendente engrenagem
funcione.
Pode-se dizer que o futuro da educação à distância será mesmo
através da Internet.
3. EAD E GLOBALIZAÇÃO
A informação geral da sociedade capitalista é uma tendência
avassaladora, por esta razão, exige-se da educação um maior envolvimento na
construção desse ambiente cultural.
A globalização faz com que os países desenvolvidos acelerem suas
reformas educacionais, a partir de políticas públicas, nas quais a educação e a
comunicação são desafiadas a estabelecer metas para contribuir melhor com
suas funções socializadoras. As Tecnologias da Informação e da
Comunicação podem levar à constituição de novos espaços de conhecimento,
contribuindo para a busca de caminhos que favoreçam a democratização e a
universalização do saber. É a globalização chegando no campo mais recente
do conhecimento: o da educação à distância.
Graças à globalização, cada vez mais presente na vida das pessoas,
a educação à distância pode ir a todos os lugares. O mundo virtual faz o tempo
real chegar mais rápido. O crescimento do uso da educação à distância é uma
tendência neste início de século, intensamente propagado ainda no século
passado. A globalização da economia e a rapidez das inovações tecnológicas
estão exigindo, a cada dia, um esforço constante e maior da população quanto
à formação, treinamento e reciclagem profissional. A educação à distância
está, gradativamente, assumindo um novo lugar frente às mudanças
tecnológicas provocadas pela globalização. Nesse contexto, as instituições
têm que investir em programas de educação à distância, uma vez que o antigo
paradigma educacional tornou-se incapaz de lidar com as constantes
mudanças ocorridas na sociedade nos últimos vinte ou trinta anos.
O impacto da globalização não está limitado ao comércio e às
empresas. Ele chega também aos serviços que até agora têm sido públicos,
tal como a cultura e a educação.
A globalização neo-liberal tem um impacto importante na educação,
principalmente no ensino à distância. Afeta o universo escolar, uma vez que
repensa de que maneira a educação está atuando, quem tem acesso à
educação e a quanto e como o que é transmitido para os alunos tem
importância nas experiências culturais de quem está sendo formado. A
educação é fundamental no projeto neo-liberal por causa do tamanho do
mercado que representa.
Enquanto a educação básica é financiada, principalmente pelo
estado, na maioria de paises desenvolvidos, nas nações menos desenvolvidas,
os altos custos fazem com que a educação torne-se um alvo atrativo para
cortes aos gastos.
O desenvolvimento de educação à distância oferece a chegada mais
fácil para projetos de educação transnacionais. Levados através de fronteiras
pelas novas tecnologias, podem ser oferecidos com menos custos por meio da
base transnacional do que qualquer outra forma de educação.
As vantagens nesta área são semelhantes às de filme e de
televisão. Cursos podem ser desenvolvidos para um mercado e podem ser
resgatados e oferecidos para outros países a um preço baixo e proporcionar
lucro. Assim, a educação à distância está sendo promovida como uma forma
de educação de contexto global.
Os Estados Unidos são o maior exportador da educação à distância
em um contexto de comércio internacional. Além de ser um mercado para ser
explorado, a educação também colabora como base para a produção
econômica.
A educação tem que se adaptar às necessidades das sociedades
que serve. O grande desafio atual é o de se adaptar às grandes mutações
sociais, culturais e econômicas criadas pela eclosão das novas tecnologias.
Por isso a inserção da EAD. Nesse sentido, a adaptação é indispensável e
urgente, mas não se trata de adaptar a educação às tecnologias. Os maiores
desafios não são de natureza tecnológica, de natureza social, cultural e
econômica.
A escolaridade, enquanto sistema dirigido às massas, praticamente
não existia antes do século XIX. Foi criada para corresponder às necessidades
de massificação da educação criadas pela Sociedade Industrial. À medida que
as economias transitam de lógicas industriais para lógicas do saber, as
necessidades passam a centrar-se na obtenção de "trabalhadores do saber”.
Porém, a aprendizagem adquirida nas escolas representa uma parcela cada
vez menor da aprendizagem que se adquire no dia-a-dia. A eclosão das
tecnologias multimídia, suportadas por poderosas indústrias culturais, e as
potencialidades de interação através de redes de dados, confirmam um cenário
explosivo de oportunidades de auto-educação e de educação à distância, não
só na idade escolar, mas ao longo de toda a vida.
Neste contexto, cada vez mais jovens e adultos exigem variedade de
canais de aprendizagem, num sistema de elevada escolha. Exigem também
maior atividade e interatividade, mobilidade, convertibilidade, conectividade e
globalização. As escolas tradicionais não conseguem fugir a este desafio. A
mudança, da massificação das escolas para a individualização da escolha livre,
através das redes de dados, tenderá a retirar parte da importância às escolas e
a colocá-la na casa de cada um.
As novas tecnologias já são as ferramentas usadas para ensinar e
aprender. Tudo porque as escolas não têm condições financeiras para manter
um grande número de equipamentos que se tornarão obsoletos em dois ou três
anos. Além disso, o ritmo de evolução das tecnologias torna incompatível em
termos financeiros, e insustentável em termos profissionais, para garantir uma
formação e reciclagem permanente dos professores. Mesmo assim, o papel
para as novas tecnologias nas escolas, embora confinado aos tais centros de
recursos, será de importância vital.
Para que se mantenha integrada na realidade que a circunda, a
escola tem que estar familiarizada com o recurso a ferramentas de informática
e tem que saber integrar essa familiaridade na ação educativa normal. Tem,
por outro lado, que saber marcar a sua presença no ciberespaço, facultando
aos alunos uma familiarização no acesso, não só a vastos repositórios de
dados, mas também às múltiplas oportunidades de interação social.
O grande desafio já não é o de preparar os professores para usar as
tecnologias da informação nas suas disciplinas, mas o de manter uma reflexão
interdisciplinar, e permanentemente renovada, acerca dos modos como
enfrentar as oportunidades e as ameaças de uma sociedade da informação.
Além dos professores e dos alunos, também as próprias escolas
terão muito a ganhar com a sua ligação às redes de dados. Cada escola
poderá criar o seu ambiente virtual próprio e torná-lo acessível tanto interna
como externamente.
CONCLUSÃO
A demanda por conhecimento e atualização deve continuar em ritmo
cada vez mais acelerado. Não importa se existem diferentes necessidades e
velocidades em vários contextos e em diversas áreas de conhecimento. O que
podemos perceber a cada instante é o aumento do consumo de informações.
No mundo de hoje, aprender - além de servir para ganhar a vida - é
tão essencial como comer, independente da condição social e financeira das
pessoas.
A ineficiência do sistema educacional tradicional e a acirrada
competição no mercado de trabalho colocaram em xeque a estrutura da
educação presencial e abriram as portas para um novo módulo de
aprendizagem: educação à distância. Isso ocorreu porque a chamada
educação tradicional não está conseguindo atender satisfatoriamente a
demanda por ensino.
No momento em que o Brasil apresenta enorme diversidade de
estágios de desenvolvimento e necessidades na área do saber, surge a
educação à distância como uma alternativa viável para a melhoria em
qualidade e aumento da quantidade de atendimento na educação do País.
Para que a educação à distância se torne plenamente possível em
nosso País, onde a diversidade de contextos e experiências fracassadas
criaram uma imagem de descrédito e resistência, é preciso fazer um trabalho
meticuloso de pesquisa e avaliação das iniciativas, na busca da estruturação
de modelos que sejam adequados à realidade brasileira e que a consolidem
enquanto prática educativa.
Não se pode mais desprezar os efeitos trazidos pela globalização ao
processo educacional mundial.
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