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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENOVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” UMA COMPARAÇÃO ENTRE ORGANIZAÇÕES TRADICIONAIS E DE APRENDIZAGEM – SUA EVOLUÇÃO E DESAFIOS DULCE MARIA OLIVEIRA DANTAS ORIENTADOR: PROF. MESTRE ROBSON MATERKO RIO DE JANEIRO AGOSTO / 2001

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENOVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

UMA COMPARAÇÃO ENTRE ORGANIZAÇÕES TRADICIONAIS E DE APRENDIZAGEM – SUA EVOLUÇÃO E DESAFIOS

DULCE MARIA OLIVEIRA DANTAS

ORIENTADOR:

PROF. MESTRE ROBSON MATERKO

RIO DE JANEIRO

AGOSTO / 2001

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENOVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

UMA COMPARAÇÃO ENTRE ORGANIZAÇÕES TRADICIONAIS E DE APRENDIZAGEM – SUA EVOLUÇÃO E DESAFIOS

DULCE MARIA OLIVEIRA DANTAS

Trabalho monográfico apresentado como

requisito parcial para a obtenção do Grau de

Especialista em Reengenharia e Gestão

de

Recursos Humanos.

RIO DE JANEIRO

AGOSTO / 2001

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Dedico esta monografia a mim mesma pela

minha capacidade de vencer este desafio,

pelo ressurgimento dos sentimentos de auto

estima e auto-realização que me

fortaleceram e me conscientizaram sobre a

minha capacidade profissional.

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“Quando você descobre sua natureza

essencial, quando sabe quem realmente é,

encontra toda sua potencialidade. É no

conhecer-se que reside a capacidade de

realização de todos os sonhos, porque

você mesmo, representa a eterna e

imensurável potencialidade de tudo o que

foi e poderá vir a ser.”

Deepak Chopra

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SUMÁRIO

RESUMO

INTRODUÇÃO

1. ORGANIZAÇÕES TRADICIONAIS

1.1. Resumo evolutivo – comparativo das Teorias Administrativas:

da Teoria Pré-científica à Administração Japonesa

2. ORGANIZAÇÕES DE APRENDIZAGEM

2.1. Visão Holística

2.2. Origem, suas características e sua importância

3. O MOMENTO DA TRANSIÇÃO NA TRANSFORMAÇÃO DAS

ORGANIZAÇÕES TRADICIONAIS EM ORGANIZAÇÕES DE

APRENDIZAGEM

4. A MUDANÇA

5. OS DESAFIOS DA TRANSFORMAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES

TRADICIONAIS EM ORGANIZAÇÕES DE APRENDIZAGEM.

5.1. A Educação como elemento básico para a aprendizagem

5.2. A importância da Aprendizagem Individual e Aprendizagem

Organizacional

5.3. A Escola-Empresa

5.4. O Comportamento Organizacional relacionando a energia

emocional e o Capital Intelectual

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo comparar as

Organizações Tradicionais e as Organizações de Aprendizagem através da

evolução das teorias administrativas, obtendo compreensão global dos diversos

tipos de gestão empresarial e o posicionamento do recurso humano no decorrer

do processo evolutivo mostrando todo amadurecimento e os desafios para esta

transformação.

Utilizou-se a escala cronológica da evolução das

Teorias Administrativas através de um resumo padronizado onde, ao final,

existirão comentários que objetivam observar se o desenvolvimento das técnicas

e ou estratégias seguem um processo evolutivo linear, se estão relacionados à

influências sociais, políticas, econômicas e religiosas observando também, a

análise do processo evolutivo da qualidade de vida dos recursos humanos nas

organizações.

Até a Teoria do Desenvolvimento Organizacional, o

processo evolutivo funcionou como um “’pêndulo”; hora no racional, hora no

humanístico. Após esta, as teorias passam a apenas aprimorar os princípios e

práticas correntes passando assim, ao processo evolutivo de crescimento linear

até a Administração Japonesa que explode com a qualidade total e nota-se então,

que há um “salto” no processo administrativo até chegar às organizações de

aprendizagem em que verifica-se que o recurso humano é coroado como um

capital, o capital intelectual. Para explicar o que é, como é e os requisitos desta

nova “pérola administrativa” estudo todo processo de transformação e os desafios

para esta mudança de base principalmente, comportamental onde: a energia

emocional, a visão holística, a educação são elementos importantes para fluidez

dessa transformação das Organizações Tradicionais em Organizações que

aprendem.

INTRODUÇÃO

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Uma comparação entre organizações tradicionais e as

organizações de aprendizagem sua evolução e seus desafios surgiu com o

objetivo de obter uma aprendizagem de todo processo evolutivo das teorias

administrativas com a finalidade de observar o desenvolvimento e a evolução das

mesmas, e também, para compreender como surgiu o capital intelectual e a atual

valorização do Recurso Humano. Tomo como livro fonte, a Gestão Empresarial,

de Taylor aos nossos dias, de Ademir Antônio Ferreira e outros; onde, tem-se

todas as teorias administrativas; o que permitiu fazer um estudo comparativo em

escala cronológica mostrando o processo evolutivo até chegar às organizações de

aprendizagem. Objetiva-se verificar se o seu desenvolvimento ocorre de forma

linear, ou seja, uma descoberta desencadeando o aparecimento de outra e

também verificar sob quais influências isto ocorre; sociais, políticas, econômicas e

religiosas.

Essa compreensão global também auxiliará na

verificação da evolução e do posicionamento atual do recurso humano, a

visualização de sua tendência para o futuro. Futuro este que se abre de forma

incerta, que tem a educação, a aprendizagem e a criatividade como base para a

adaptação e flexibilidade às mudanças deste veloz mundo tecnológico e

globalizado.

Não há dúvidas que o homem passou a ser mais

valorizado desde a sua essência emocional até o seu conhecimento; o que é, um

ponto bastante positivo se comparado à época da Revolução Industrial onde eram

considerados máquinas promotoras de ação da produtividade.

Organizações que aprendem, este é um momento em

que culmina a quebra de diversos paradigmas dentre os quais, a dependência a

modelos formatados e compactos o que cede lugar à visão sistêmica, ao domínio

pessoal, a quebra dos modelos mentais, ao trabalho em equipe, todos, visando

obter o diferencial competitivo que assegure a sobrevivência à velocidade das

mudanças neste ambiente do novo milênio que chega sem “ bater à porta” com

todas suas incertezas e expectativas; as mesmas que no passado, nortearam os

homens primitivos quando os mesmos, descobriram o fogo; portanto se estamos

e se chegamos até aqui é porque somos capazes de nos adaptarmos; porém, a

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nossa vantagem sobre os homens primitivos está na experiência, ou seja, na

aprendizagem e por isso, ela é a chave para evolução e sobrevivência.

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1. ORGANIZAÇÕES TRADICIONAIS

1.1 RESUMO EOLUTIVO-COMPARATIVO DAS TEORIAS

ADMINISTRATIVAS:DA TEORIA PRÉ-CIENTÍFICA À ADMINISTRAÇÃO

JAPONESA.

Nesta seção, abordarei a evolução das teorias

administrativas pesquisada no livro Gestão Empresarial de Ademir Antônio

Ferreira com o objetivo de fazer um resumo evolutivo – comparativo. Finalizo,

com comentários sobre a minha análise das teorias até então estudadas, afim de

obter compreensão global dos diversos tipos de Gestão Empresarial e o

posicionamento do Recurso Humano no decorrer do processo evolutivo das

organizações.

TEORIA PRÉ-CIENTÍFICA

A transição fundamental que revolucionou a sociedade,

transformando-a de uma cultura rural baseada na agricultura, tendo a família

como unidade produção básica, para uma cultura baseada em tecnologia,

indústria e ambiente urbano, fez sentir a necessidade do desenvolvimento de

teorias que: defendiam a racionalização da produção, divisão de tarefas em

múltiplas etapas, supervisão cerrada e obediência hierárquica.

No princípio, deu-se pouca atenção sistemática ao

desenvolvimento de um corpo de conhecimentos sobre administração e

organização. Embora, houvesse certo interesse nos problemas de administração

na Grécia e no Egito da antigüidade, e mesmo nos tempos bíblicos, as

sociedades pré-industriais mantinham fortes preconceitos contra a idéia de

administrar organizações de maneira eficiente e eficaz.

Nessas sociedades, a classe governante tinha uma

percepção do trabalho e do comércio como algo abaixo de sua dignidade, algo a

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ser realizado por escravos e cidadãos “pouco respeitáveis”. Visto que, as fontes

de autoridade eram baseadas em instituições e em procedimentos entendidos

como legítimos pelos integrantes dessas sociedades, a maioria das pessoas

obedecia à elite governante conforme os hábitos tradicionais. Assim, dois temas

principais parecem caracterizar essas sociedades pré-industriais; 1) as pessoas

tinham uma visão relativamente limitada do papel que os administradores

poderiam desempenhar nas organizações, basicamente devido à natureza

estática da sociedade ( por exemplo, os indivíduos eram predestinados às suas

situações na vida, as regras não podiam ser questionadas ); 2) as culturas

prevalecentes tinham uma visão desfavorável da atividade com fins lucrativos.

Embora algumas tentativas tivessem sido feitas para

desenvolver a administração e organização durante essa era ( por exemplo, os

antigos egípcios, sabiam da importância do planejamento, da organização e da

amplitude de controle administrativo, Sócrates discutiu a universalidade dos

princípios de administração e Platão descreveu a especialização do trabalho),

esses esforços foram em boa parte esporádicos e geograficamente dispersos. Foi

somente no final da Idade Média, quando o comércio começou a florescer na

região do Mediterrâneo, que alguns dos instrumentos da administração atual

começaram a ser desenvolvidos. Por exemplo, no final do século XV, as

necessidades dos comerciantes da Itália levaram à criação da contabilidade em

partidas dobradas para manter o controle das transações. Uma vez que a

autoridade ainda era vista como depositada nas instituições tradicionais e nos

indivíduos associados a essas instituições, pouco se fez no sentido de

efetivamente formular teorias de administração. Além disso, tendo-se em conta

que a força de trabalho era majoritariamente composta de agricultores e artesãos,

e que a produção era parte da vida social em família, não havia necessidade real

de dar ênfase a práticas de administração.

Graças a aperfeiçoamentos gradativos na tecnologia e

a um questionamento da ordem social existente pelos membros mais jovens da

sociedade, os meios tradicionais de autoridade foram sendo lentamente

solapados, e finalmente cederam lugar a uma nova estrutura de autoridade na

sociedade. Ao invés de sistemas de autoridade legitimados pela tradição, emergiu

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uma forma de legitimação racional-legal, baseada na crença de que os detentores

do poder obtêm sua autoridade através de conjuntos gerais de leis, criados como

parte de hierarquias organizacionais. Em outras palavras, em lugar de a tradição

ser o principal motivo pelo qual algumas pessoas escutam ou obedecem outras

pessoas, alguns indivíduos têm poder sobre outros em função da posição ou do

papel que exercem dentro de uma estrutura organizacional. O acesso a esse

papel é baseado em regras e políticas amplamente difundidas e aceitas,

formando uma base “racional” e “legal” para a autoridade.

Assim, essa mudança gradativa no modo pelo qual a

autoridade é legitimada na sociedade lançou as bases para a nossa forma atual

de capitalismo. Durante o século XVIII, nossa sociedade começou a se interessar

mais explicitamente pela economia e pela lucratividade ( por exemplo, a ênfase de

Adam Smith numa divisão do trabalho para assegurar um meio mais eficiente e

eficaz de se utilizar homens e máquinas). Os aperfeiçoamentos tecnológicos

começaram a minimizar a necessidade da mão-de-obra agrícola ( por exemplo, o

descaroçador de algodão) e criou as bases para um sistema de produção

contínua ( por exemplo, o conceito da intercambialidade de componentes ). Essas

mudanças criaram o cenário para o exame das práticas administrativas e dos

meios de se melhorar essas atividades.

ADMINISTRAÇÃO CLÁSSICA

Como foi visto, a revolução industrial foi o marco para o

desenvolvimento de um novo modelo, ou um novo paradigma de administração.

Tendo a Grã–Bretanha como país pioneiro para a

eclosão da primeira Revolução Industrial ( 1780 – 1840 ). O homem do campo e o

artesão passaram a vender a sua força de trabalho ao novo capitalista industrial.

Iniciada pelas invenções e aperfeiçoamento tecnológicos do século XVIII, levou à

mudanças não só no papel do trabalho, mas também na própria natureza da

sociedade. Conceitualmente, esta industrialização ocorre através de dois estágios

básicos: 1) o desenvolvimento de uma infa-estrutura industrial ; 2) a criação do

setor de bens de capital. A infra-estrutura industrial é constituída de elementos

como:

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a)Sistemas de transporte de alcance nacional ( inicialmente canais e ferrovias )

b)Fontes de energia a custo relativamente baixo ( carvão e petróleo ) c)Inovações

tecnológicas ( tais como descaroçador de algodão e a máquina a vapor ).

d)Sistemas modernos de telecomunicação ( o telégrafo ) e)Redes de instituições

financeiras ( bancos, bolsa de valores, moeda nacional ) f)Preparação da força de

trabalho ( através de educação vocacional e treinamento técnico).

Esta infra-estrutura, oferece a base para o

desenvolvimento de um setor de bens de capital, o qual se constitui no

maquinário e nas fábricas que possibilitam a produção em massa de bens e

serviços de consumo.

O processo de industrialização mudou a natureza do

trabalho, da agricultura e do artesanato para formas mais complexas de

fabricação e trabalho com máquinas. Também causou, a urbanização de nossa

sociedade à medida que o processo industrial transferia o local de trabalho da

fazenda e a moradia rural para a fábrica e a cidade. À medida que fábricas foram

sendo construídas em locais centrais ( próximos aos sistemas de transporte ), as

pessoas começaram a migrar das áreas rurais para onde seus “novos” empregos

se localizavam. As empresas e a divisão complexa do trabalho que evoluíram

dessa transição, intensificaram ainda mais os esforços de se estudar seriamente

estas novas formas de organização e sua administração.

A escola clássica da administração e a teoria

organizacional que se desenvolveram durante este período foram, assim ,

influenciadas por forças sociais, econômicas e tecnológicas mais amplas, que

precipitaram a transição de uma sociedade agrária para uma sociedade industrial.

O conjunto dominante de suposições sobre a natureza humana caracterizava as

pessoas como seres racionais e econômicos, que agiriam de modo a maximizar

seus próprios interesses pessoais. Da mesma forma, o enforque na prática

gerencial que emergiu, lidava com, como essas novas formas de organização

industrial poderiam ser estruturadas, como o trabalho poderia se delegado e

coordenado, e como as pessoas dentro dessas estruturas organizacionais

poderiam ser motivadas.

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TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA

Período: virada do século XIX

Pesquisador: Frederick Taylor

Origem: Primeiro paradigma de administração, com enfoque na produção, surgiu

no chão de fábrica.

Objetivos: Busca uma organização científica do trabalho que objetivava produção

máxima a custo mínimo.

Características: Racionalização da produção, divisão de tarefas em múltiplas

etapas, produção industrial e mecanizada.

Considerava o ser humano naturalmente preguiçoso,

considerava como mais importante para os trabalhadores as recompensas

financeiras. A organização é vista como uma máquina, sendo o funcionário, uma

engrenagem no corpo da empresa. Há falta de reconhecimento, de alienação, de

desrespeito à condição do ser humano, de exploração dos operários, de ausência

de leis e de movimentos sindicais.

Comentários: Considera-se como pontos positivos para a evolução a divisão do

trabalho em tarefas mínimas, estimulou o desenvolvimento de estudos de

tecnologia e automação industrial. O estudo de tempos e métodos continuam até

hoje sendo válidos ao processo produtivo moderno. O seu enfoque, baseia-se

principalmente na produção.

Segundo Thomas Kuhn: “ O

desenvolvimento da ciência ocorre através de uma

substituição de paradigmas, formando uma escada onde

cada degrau representaria um paradigma sendo galgado

graças ao que foi desenvolvido no degrau anterior. Assim,

por mais criticáveis que algumas teorias possam parecer

hoje ( ... ) é graças a elas que o conhecimento administrativo

pôde evoluir”(Kuhn, Thomas,1992,p.29).

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TEORIA CLÁSSICA

Período: virada do século XIX

Pesquisador: Henri Fayol

Origem: Com experiência na alta administração – gerência administrativa

Objetivos: Busca a estruturação formal da organização e a adoção de princípios e

funções administrativas necessárias a realização do trabalho. Os estudos foram

centralizados nas unidades de comando, na autoridade e na responsabilidade.

Características: Visão abrangente e completa forma de pensar a empresa e os

problemas básicos da administração prática. Especialização de todos os

funcionários, autoridade como responsabilidade dos superiores hierárquicos,

unidade de comando, unidade de direção, disciplina, prevalência dos interesses

gerais, centralização de autoridades, iniciativa, trabalho em conjunto, incentivo a

comunicação dentro das equipes. Criou o conjunto de funções administrativas.

A remuneração é ligada a garantia de satisfação dos

funcionários, a justiça prevalece no ambiente de trabalho justificando a lealdade e

a devoção dos funcionários à empresa, estabilidade do funcionário do emprego.

Reconhecimento do ser humano como um elemento para produção, valorizando-

se a influência do ambiente de trabalho como elemento importante à

produtividade.

Comentários: Apesar de ter-se ainda a manipulação dos trabalhadores, vê-se a

importância da responsabilidade, da autoridade, no planejamento da gestão, no

seu comando, organização, controle e coordenação. Fayol, estudou a

administração privilegiando as tarefas da organização, o que complementa o

estudo de Taylor, que estudou a administração privilegiando as tarefas da

produção. Observa-se então, que o estudo da metodologia da produção e das

tarefas administrativas estava consolidado, mas não basta para equilíbrio do

sistema, viu-se a necessidade do estudo da influência do fator humano no

trabalho. Ocorre a necessidade de reestruturar o paradigma administrativo de

forma radical.

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ESCOLA DE RELAÇÕES HUMANAS

Período: século XIX, 1929

Pesquisador: Elton Mayo

Origem: O “spleen industrial “: um abatimento moral dos trabalhadores

americanos, com perda de interesse pelo trabalho, fadiga, monotonia. A crise de

1929, funcionou como um sinal de que: tantos princípios econômicos como o

paradigma administrativo necessitavam de reformulação radical.

Objetivos: Estudar o fator humano no trabalho na busca de maior eficiência da

organização diante das novas exigências econômicas ( intervenção

governamental ).

Características: Busca integração e a conciliação dos objetivos empresariais com

os interesses subjetivos dos trabalhadores, a participação em decisões visando a

iniciativa dos funcionários afim de estimular a produtividade empresarial; o homem

social sendo prioridade, tendo reconhecimento, aprovação social e participação. A

motivação surge, através de tarefas estimulantes e incentivadoras da

produtividade e da qualidade do trabalhador.

Foi criado o salário mínimo, o limite máximo do trabalho

diário, a previdência social e a legalização das organizações sindicais.

Comentários: Surge um homem social no lugar do homem economicus, surge

uma filosofia de administração enfatizando as responsabilidades sociais da

empresa, surgem os métodos de pesquisa da psicologia do trabalho que defende

a criação de um clima de trabalho que satisfaça as necessidades do trabalhador;

surge a figura do administrador como sendo o líder capaz de conhecer a natureza

humana através do conhecimento, da capacidade e da reação dos seres com

finalidades de obter resultados por métodos e estratégias e não por instinto.

Apesar das limitações, a proposta foi a base dos

estudos sobre relações humanas levantando pela primeira vez, aspectos de

abordagem humanística que começaram a ser analisados com seriedade dentro

do contexto organizacional e o seu estudo foi tão coerente, que desperta, na

atualidade, interesse pelo assunto.

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TEORIA DO MODELO BUROCRÁTICO

Período: Segunda metade do século XIX

Pesquisador: Max Weber

Origem: Surgiu do interesse às obras de Weber na busca de uma teoria

adequada à nova complexidade das organizações emergentes devido às

limitações das teorias anteriores para este tipo de organização.

Sua origem, veio dos princípios do protestantismo que

defende a vida dedicada ao trabalho duro, a poupança e ao ascetismo, onde a

riqueza não é vista como meio mas como resultado de uma conduta.

Objetivos: Através de estudos das organizações, como parte de um contexto

social, influenciadas por mudanças sociais, econômicas e religiosas foi proposto

uma estrutura administrativa para organizações complexas, eficientes e com

características próprias.

Características: Padrão normativo, inflexibilidade hierárquica, preceitos

disciplinadores, ética protestante, racionalização na obtenção dos objetivos,

divisão sistemática do trabalho onde, cada pessoa tem sua tarefa específica; o

domínio dando o direito de impor autoridade e poder; negação às organizações

informais, por não serem racionais; defendem os objetivos organizacionais de

forma eficaz e eficiente, ou seja, fazer a coisa certa da melhor maneira; as

normas estão acima de tudo, até nas relações com os clientes.

Quanto aos aspectos sociais, observa-se: visão

racionalista do ser humano, a instabilidade das emoções e os comportamentos

aleatórios são vistos como perniciosos, o homem organizacional surge com um

tipo de personalidade flexível ocupando vários papéis, simultâneamente resistente

às frustações, a auto – realização e a obediência.

O trabalhador, passa a ser encarado não como um ser

humano dotado de personalidade e emoções, mas como um ocupante de um

cargo que tem sobre sua responsabilidade um conjunto de atribuições. Sua

espontaneidade, é limitada, há despersonalização do relacionamento intergrupal

e interpessoal.

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Comentários: A rigorosidade e disciplina de seu modelo, facilita a atividade da

supervisão do trabalhador, já que, está consciente de sua tarefa e o

comportamento desejado pela administração. Defende a execução de tarefas de

forma mais poupadora de esforços, defende a promoção por mérito e

desempenho, cortando o favoritismo.

Houve uma mudança radical em comparação às teorias

vistas até aqui; é a mudança da água para o vinho, do homem social para o

homem organizacional. Percebe-se, que o modelo burocrático de hoje, é o oposto

ao idealizado por Weber, completamente deturpado e descaracterizado.

MOVIMENTO BEHVIORISTA - BEHAVIORISMO

Período: Segunda metade do século XIX

Pesquisador: Chester Barnard, Hebert Simon, McGregor, Rensis Likert, Herzberg,

McClelland, Chirs Argyris

Origem: Surgiu de uma dissidência da escola de Relações Humanas, que

recusava a concepção de que a satisfação do trabalhador gerava de forma

intrínseca a eficiência no trabalho.

Objetivos: O Behaviorismo ou Teoria Comportamental, defende a valorização do

trabalhador, em qualquer empreendimento, baseado na cooperação; bastante

influenciado por estudos de outros campos como: antropologia, psicologia e

sociologia, buscou conhecimento mais amplo na verificação do que motiva as

pessoas no seu ato comportamental.

Características: O processo administrativo é, basicamente, um processo decisório

com a participação dos grupos; a presença do líder na estimulação de ações

coordenadas através do conhecimento da organização, dos indivíduos e suas

inter-relações; uso da autoridade e a presença do consentimento; homem

administrativo é aquele que sabe o caminho a ser seguido através da razão, sabe

a sua probabilidade e as alternativas à seguir, tomam decisões, tem um

comportamento satisfatório.

Comentários: Observa-se, em relação a escola de Relações Humanas é que o

Behaviorismo, vem mais amadurecido com relação à análise comportamental;

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porém, encontra dificuldades devido a falta de amadurecimento técnico dos seres,

tanto trabalhadores quanto os administradores, falta experiência mas, já

demonstra um passo maior à medida que se observa uma evolução com relação

a conceitos como: liderança, participação em processos decisórios, uso da

supervisão, etc... Apesar de identificar que a questão das relações conflitantes

são abordadas de forma simplista.

ESTRUTURALISMO

Período: Primeira metade do século XIX

Pesquisador: Amitai Etzioni

Origem: Surgiu como um desdobramento da burocracia que buscava resolver os

conflitos existentes entre as Teorias Clássica x Relações Humanas x Teoria

Burocrática, que forneciam um enfoque parcial e fragmentado da organização.

Objetivos: A idéia básica é considerar a organização em todos os seus aspectos

como uma só estrutura, tendo-se uma visão integrada, analisando-se a influência

de aspectos externos, internos e suas relações entre si.

Características: Com o objetivo de obter recompensas materiais e ou sociais, o

indivíduo desempenha vários papéis sociais no seu trabalho. Admite o conflito de

interesses, porém, acredita-se na sua minimização, a hierarquia é vista como

perniciosa à comunicação dentro da empresa, mas é fundamental para base da

organização formal, suas disfunções são consideradas um custo inevitável, custo

esse que poderá ser reduzido, mas não eliminado.

Quanto aos incentivos, passaram a ser mistos, ou seja, monetários e

sociais pois, não existem de maneira independente.

Quanto aos aspectos sociais, o ser é visto, nesta teoria

como capaz de se submeter à socialização para obter recompensas. Os seres

são vistos como complexos, foge-se de visualizá-lo na organização e no seu

ambiente, só a organização é o objeto de estudo.

Comentários: Critica-se a rigidez do modelo, pela falta de compreensão da

organização como um todo com sua teoria estática e definitiva. O estruturalismo

prega uma estratégia que ajusta as organizações ao seu ambiente podendo

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seguir vários modelos conforme seus objetivos, porém, foge de ver o trabalhador,

vê a estrutura da organização em si.

TEORIA DOS SISTEMAS

Período: Segunda metade do século XIX ( 1960 –1970 )

Pesquisador: lidwig Bertalanffy, Johnson, Kast e Rosenzwig, Churchman

Origem: Surgiu de uma percepção dos cientistas de que certos princípios eram

válidos e aplicáveis a diferentes ramos da ciência. O seu reconhecimento na

administração foi em função da necessidade de síntese e integração das teorias

precedentes.

Objetivos: Demonstrar que uma organização é um sistema composto de

subunidades ou subsistemas que interagem continuamente e dependem

mutuamente uns dos outros.

Características: Visão da organização como um todo organizado, completo e

inter-relacionado. Conforme esta integração os incentivos monetários, são mistos;

busca-se o equilíbrio entre os incentivos monetários e os não monetários

refletindo no melhor desempenho dos funcionários; os papéis são mais

enfatizados do que as pessoas; por ser um sistema aberto, se faz necessário que

os subgrupos que integram o sistema empresarial esteja em equilíbrio integrado

pronto para responder de forma una a qualquer estímulo externo; o planejamento

passa a ser o ícone para se obter o estado estável onde há, uma estabilidade na

troca entre a empresa e o meio ambiente.

O sistema organizacional, é representado como um

conjunto de três elementos interdependentes: entrada – processamento – saída,

sofrendo todos, às ações diretas do meio ambiente que lhes pode propiciar

alterações através do feedback.

Quanto aos aspectos sociais, o homem passa a ser entitulado como

homem funcional, o que se enfatiza é o relacionamento das pessoas como um

conjunto de papéis que tem diferentes variáveis interferindo nos mesmos como:

variáveis organizacionais, de personalidade e interpessoais, onde a sua

integração é fundamental para melhorar a produtividade. As pessoas não agem

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em função do que são, mas, em função dos papéis que ocupam onde, cada

papel, estabelece um certo tipo de comportamento. A forma como cada um se

comporta, neste complexo sistema de papéis, irá determinar sua alteração ou

manutenção.

Comentários: Nota-se que já começa a aparecer a importância da sistemática e

do planejamento nas organizações; existe também, pela primeira vez a visão e a

consideração dos fatores externos como elementos importantes, não só para o

aumento do lucro, mas, para a melhoria da qualidade do produto; vê-se a

influência do cliente na valorização da marca e na competitividade; é o primeiro

passo para existência da qualidade nas organizações e é a primeira vez que se

fala em sistema aberto.

Infelizmente, a visão integrada com cientificidade excessiva, coloca

o ser humano como um papel dentro do sistema. Mas uma vez, o ser e a

organização são vistos de forma paralela e não em simbiose.

DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL

Período: Segunda metade do século XIX ( 1960 )

Pesquisador: Warren Bennis, Edgard Schein, Richard Walton, Blake e Mouton,

Lawrence e Lorsch, Chris Argyris

Origem: Surgiu como reflexo provocado pelas mudanças provindas das

transformações sociais da década de 60. O marketing e as inovações

tecnológicas criam novos hábitos de consumo que permitiam ao consumidor, a

escolha dos produtos. Com isto, aumenta a concorrência e as corporações

menores passam a competir de forma acirrada com as organizações tradicionais

devido ao fato de possuírem tecnologia de ponta.

Isto tudo, propiciou a valorização e a especialização de

profissionais do ramo da administração. O homem organizacional passa a ser

reconhecido e ganha o interesse dos pesquisadores para desenvolver estudos

que permitam a conciliação dos objetivos pessoais x objetivos organizacionais.

Surgiu então, uma nova abordagem de gestão denominada Desenvolvimento

Organizacional.

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Objetivos: Foi reconhecido inicialmente como uma estratégia ou programa de

ação, voltado para gerenciar o processo de mudança organizacional. Com a

proposta de um modelo adequado aos novos desafios ambientais e às demandas

internas dos membros da organização, seu objetivo recaía nas seguintes

palavras-chaves: mudança, renovação, reconhecimento das crises e

principalmente comportamento dos indivíduos.

Características: O seu modelo, propõe a administração adequada dos novos

desafios ambientais e às demandas internas dos membros das organização.

Os funcionários passaram a ser considerados como

seres dotados de ambições complexas e mutáveis, sua participação e realização

foram estimuladas, gerando valores organizacionais voltados aos ideais

humanístico-democráticos. Veio como facilitador, às transformações do processo

de mudança, orientando as organizações à flexibilidade que possibilite a

adaptação, a sobrevivência e o crescimento.

Orienta para os processos de relacionamentos entre

pessoas e grupos dentro da organização, orienta para necessidade de uma

cultura organizacional adequada à consecução dos objetivos de eficiência e lucros

empresariais e para a necessidade de organizar o trabalho e os relacionamentos

humanos, em função de fatores intrínsecos às tarefas e de fatores externos à

organização.

Caracterizou o entendimento sobre a organização em

três aspectos que configuram sua atividade empresarial: estrutura, tecnologia e

comportamento. Se um destes elementos se altera, a organização muda, pois

estão em constante interação e sob a influência de forças comuns. Começa-se a

estudar teorias que mudem o comportamento das pessoas porque elas, agora,

passam a ser peças fundamentais no processo de desenvolvimento da

organização e por isso, podem ser resistentes ao processo e isto é visto tanto no

“homem social” como no “homem organizacional” , como uma coisa normal.

Identifica-se a importância de um fluxo de comunicação

interna como elemento que interpreta corretamente todo processo de mudança

impedindo intranqüilidade e incertezas.

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O trabalho do DO compreende um projeto, que abrange toda uma organização

através de um planejamento da mudança que se “âncora” na mudança

comportamental. São quatro as etapas: diagnóstico – plano de ação – intervenção

– avaliação e controle. A base do método, recai sobre as pessoas, na dificuldade

de se adotar novos padrões de comportamento favoráveis às inovações

propostas, sem diferenciação hierárquica. Envolve várias técnicas para o seu

desenvolvimento em instalação da mudança organizacional: através do

comportamento, da educação, treinamento e do desenvolvimento do

relacionamento interpessoal.

O processo de DO é contínuo, neste processo, tem-se

a avaliação como última e ao mesmo tempo como a primeira de um novo ciclo.

São fundamentais a postura e a atividade assumidas pela direção e funcionários

diretamente envolvidos com as propostas de mudanças e com os objetivos que se

pretende alcançar.

Comentários: Identifica-se que o congelamento e a visão da organização como

um sistema fechado impedia o seu crescimento. Pela primeira vez, nota-se a

importância de se aliar valores dos interesses dos funcionários aos da

organização como princípio para sobrevivência e crescimento da mesma.

Identifica-se, a necessidade de uma visão totalizadora

na implementação de uma mudança; pois reconhece-se que a organização é uma

“teia” interrelacionada que, se um fio for mexido, pode causar sua

desestruturalização. Aqui, já se percebe a necessidade de ver o todo integrado.

Pode-se fazer uma comparação aos aspectos

humanísticos com a Teoria de Relações Humanas valorizando o desenvolvimento

pessoal e a participação dos funcionários; porém aqui, isso se integra à tecnologia

e a estrutura e não é tratado isoladamente.

Identifica-se que, o que era considerado como busca

de somente remuneração para satisfação de suas necessidades, não era mais do

que resistência à mudança; com isto, a comunicação passa a ser o elemento

chave dissipador deste processo.

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Há de se reconhecer, que o salto de desenvolvimento

foi muito grande; começa-se a falar em treinamento, em parcerias para mudança.

Observa-se o projeto globalizador em todos os níveis hierárquicos diferentes das

demais, que só aplicavam nos níveis operacionais; fala-se pela primeira vez em

trabalho em equipe.

O surgimento do modelo de DO foi marcante, pois

estabeleceu uma base mais racional e equilibrada de gestão, integrando aspectos

da organização aos aspectos sociais, econômicos, tecnológicos e humanos por

isso, se manteve e vem até hoje adaptando-se a estes contextos; sendo a fonte

técnica de equilíbrio para o desequilíbrio organizacional.

TEORIA CONTINGENCIAL

Período: Década de 50 e 60

Pesquisador: Joan Woodward, Alfred Chandler, Tom Burns, G.M Staler

Origem: Sua fundamentação está na Teoria dos Sistemas que defende as inter-

relações entre as partes de uma organização.

Objetivos: As pesquisas concentravam-se no estudo da relação da empresa com

o ambiente e dentro do ambiente. Seu objetivo principal era aplicar os conceitos

das principais escolas em situações gerenciais concretas, pois muitas vezes,

métodos eficientes em certas situações não surtiam os mesmos resultados em

outras.

Características: Esta teoria enfatiza que não há nada de absoluto nas

organizações ou na Teoria Administrativa; tudo é relativo, tudo depende da

contingência. As ações administrativas são contingentes das características

situacionais para alcançar os resultados organizacionais; ou seja, não há nada de

absoluto nos princípios da organização. Os critérios normativos deverão ser

ajustados para critérios de ajustes entre organização, ambiente e tecnologia.

O ambiente foi estudado em suas relações com a

organização na sua natureza, sendo assim, numa mudança ambiental poderia se

estabelecer os impactos na organização. A organização é considerada como um

sistema dinâmico e adaptável a qualquer alteração do ambiente podendo com

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isso, sempre estar pronta para resolver os novos desafios, observa-se que, não

existe um modelo fechado de gestão e sim, uma gestão adaptada a nova

conjuntura.

Comentários: Neste modelo, o que marcou foi a presença pela primeira vez, da

palavra estratégia que afirma a mensagem de que nada é absoluto, de que

existem uma série de opções à disposição do administrador e só cabe a ele

diagnosticar e escolher a abordagem mais indicada. Este modelo, parece vir selar

toda a evolução das teorias anteriores considerando ser mais uma visão de

mundo do que um modelo administrativo.

ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS OU GESTÃO POR OBJETIVOS

Período: Por volta de 1954

Pesquisador: Peter Druker, John W.Humble, George Odiorne

Origem: Surge em uma época de mudanças sócio-econômicas muito grandes

onde, a televisão aumentava o estímulo ao consumismo, que explode após as

privações impostas pela Segunda Guerra Mundial.

Objetivos: Defende basicamente que a empresa deve se preocupar menos com

os fins e mais com as atividades que são desenvolvidas para atingí-los. Sem

intenção de contestar, mas de aprimorar as práticas correntes, surge com

melhores métodos de avaliação de resultados.

Características: As mudanças ambientais nesta gestão, requerem dos gestores

mudanças comportamentais definidas em termos de resultados a objetivos

estabelecidos e não a objetivos comuns. Os objetivos passam a ser prioritários

sendo continuamente revistos e reajustados. A gestão deve ser criativa e não

adaptativa, os objetivos devem expressar o que é desejável, o negócio é definido

não pelo produtor mas pelo consumidor; os recursos humanos passam com suas

responsabilidades e participação a ser a empresa. A descentralização

administrativa levando a um melhor desempenho; administração não por

dominação mas pelo autocontrole na capacidade de dirigir seu próprio trabalho; a

liderança é multigrupal; o marketing é aqui prioridade para o sucesso da empresa.

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Comentários: Neste modelo, ao mesmo tempo que nota-se o avanço em questões

como: marketing, descentralização, consumidor como prioridade, existe um

retrocesso no que diz respeito a globalidade das inter-relações organizacional e

com o ambiente; os objetivos são por gerência e não comuns; só se falou em

nível gerencial e não de operacional; não se leva em consideração a

personalidade do gestor e o ambiente passa a ser o agente de mudança. Mas, o

vai e vem, fazem parte do processo da lapidação evolutiva.

ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA

Período: Décadas de 60, 70 e 80

Pesquisador: Igor Ansoff

Origem: Surgiu em resposta aos tradicionais planejamentos e suas dificuldades

em se adaptarem a um ambiente turbulento em constante mutação; ampliando-

se; aprofundando-se.

Objetivos: Definir de forma clara a missão e estratégia empresariais para

obtenção mais facilmente dos objetivos organizacionais.

O desenvolvimento dos valores da corporação, sua

capacidade gerencial, suas responsabilidades como organização inserida na

sociedade e seus sistemas administrativos que interligam o processo de tomada

de decisão estratégica, tática e operacional em todos os níveis hierárquicos, tanto

entre os diversos negócios quanto entre as diferentes linhas de autoridade

funcional.

Características: Surge como uma evolução do planejamento empresarial

buscando considerar a variabilidade de todos os elementos envolvidos no

processo: a configuração interna da empresa, as condições ambientais e as

relações que se estabelecem entre a empresa e o ambiente em seus diversos

campos: econômico, social, político e cultura.

Questiona o que deve persistir e o que deve ser

alterado; desenvolve formas de acompanhamento, controle do estabelecimento e

implantação das etapas envolvidas no processo de administração estratégica.

Otimiza recursos, analisa os recursos, identifica oportunidades e ameaças.

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Comentários: Apresenta-se um processo evolutivo contínuo para busca da

otimização dos recursos na obtenção da lucratividade e sobrevivência em um

ambiente econômico e político instável. O que mudou: a visão a longo prazo,

criação de método de avaliação e controle mais sistematizados onde os objetivos

atuam no planejamento e não o são como visto na teoria por objetivos. Vê-se o

planejamento ocorrendo no nível estratégico norteando as atividades dos demais

níveis hierárquicos, o que me parece centralizado e padronizado ao ímpeto de

sobrevivência orientada para fornecimento de produtos e serviços adequados ao

seu ambiente.

ADMINISTRAÇÃO PARTICIPATIVA

Período: Surgiu na antigüidade e sobrevive nos nossos dias

Pesquisador: Rousseau, Stuart Mill e Tocqueville.

Origem: Existe desde a antigüidade, foi inventada pelos gregos com o nome de

democracia. Passou a tomar corpo a partir da Segunda Guerra Mundial onde

começa a despertar o interesse das organizações. Um conjunto de tendências

fortalece a adoção deste modelo como: a democratização das relações sociais, o

desenvolvimento de uma classe trabalhista, a elevação do nível educacional, a

complexidade das empresas modernas, a velocidade das mudanças e a

intensificação das comunicações são algumas das razões, que justificam a

adoção de um maior grau de envolvimento dos funcionários, na gestão das

empresas.

Defende a auto gestão e pode ser definida como

método que torna o conjunto do corpo social capaz de exercer sua liberdade a

cada instante.

Objetivos: O ambiente turbulento e o acirramento da concorrência mais uma vez é

o elemento desencadeador do processo de busca à sobrevivência através da

dinamização das relações internas com a valorização e incentivo a utilização das

potencialidades do seu corpo de funcionários.

Características: Começou-se a falar em participação dos lucros,

responsabilidades sociais na empresa, equilíbrio de interesses organizacionais e

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individuais, cultura democrática, redução da alienação, utilização de todo o

potencial das pessoas, cooperação, satisfação e motivação dos funcionários,

maior competitividade, enriquecimento e ampliação das tarefas, trabalho em

equipe, utilização de estratégias de implementação deste como: informação,

treinamento e comunicação para promover mudanças culturais, mudanças de

atitudes e mudanças de valores.

A efetivação da autogestão só se dá, com rompimento

da exclusividade do controle das informações promovido pela cúpula da empresa,

de forma que todos os seus integrantes tenham acesso às mesmas, passando

assim, a opinar na decisão de questões diversas. Ressalta a qualidade das

relações com o cliente como ponto fundamental para o seu desenvolvimento e

sobrevivência no mercado.

Comentários: Além do valorizado aspecto humanístico desta teoria, nota-se o

reconhecimento e a identificação do recurso humano como “tábua de salvação”, é

nítida a presença do espírito cooperativo e do trabalho em equipe como

diferenciadores de produtividade. Nota-se a quebra da hierarquia, o conflito pelo

poder é substituído pelo caminhar juntos, em grupo, na busca dos mesmos

objetivos.

Esta participação é importante como elemento de não

alienação dos seres, pelo contrário, atua como elemento de motivação diminuindo

o eterno problema de conflitos entre os interesses organizacionais e individuais.

Surge também, a proposta da qualidade como elemento de relação entre o

funcionário e o cliente de forma a fundamentar o desenvolvimento e a

permanência no mercado.

ADMINISTRAÇÃO JAPONESA

Período: 1615 até a atualidade

Pesquisadores: Womack, Jones & Roos, Deming, Archier & Serieyx, Heller,

Davidow & Malone, Ouchi, Masaaki Imai, Juran, Ishikawa

Origem: A origem da modernização do Japão ocorreu em 1868 com a Revolução

Meiji porém, os valores sociais, tem sua base na era Tokugawa entre 1615 e

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1868, valores estes que trouxeram especificidade ao processo de industrialização;

à sociedade e a forma de administrar os negócios no Japão.

A era Tokugawa, resgatou o confuncionismo cujos

objetivos básicos eram: benevolência, adequação, sabedoria e obediência. O

coletivo prevalece sobre o individual, era uma sociedade hierarquicamente

orientada pronta para defender o seu país de qualquer dominação.

Em 1853, após invadirem a Baía de Uraga os

americanos forçaram os japoneses a se abrirem para o comércio com outras

nações o que culminou, em uma guerra civil que terminou com a Revolução Meiji

onde ascenderam ao poder, os samurais, que na falta de atividade militar tinham

acumulado a atividade burocrática / administrativa. Entretanto, esses samurais

levaram consigo os valores de sua classe: compromisso com a educação,

responsabilidade social, auto-respeito e devoção à tarefa que deveriam cumprir.

Após a derrota na Segunda Guerra Mundial, uma nova

visão de poder se instala; não mais expansão através do poderio militar, mas

também do poder econômico. Este período pós-guerra, caracteriza-se por uma

crise generalizada, que cede com a consolidação do que se considera os três

pilares da recuperação do país em pouco mais de duas décadas: um partido

político forte consolidado no poder, paz trabalhista e unificação do povo além do

compromisso do governo com a educação, valorização cultural da instrução, alta

taxa de poupança interna, ampla utilização de serviços de consultoria para o

desenvolvimento empresarial, compra de tecnologia e a manutenção da essência

de valores culturais seculares. É a Administração Japonesa que transformou o

país numa máquina econômica, ambiciosa e cujos métodos tornaram-se alvo da

comunidade empresarial que buscam compreendê-los para adaptá-los afim de

alcançar melhores condições na competição global.

Vale a pena citar que, na história do processo de

industrialização do Japão, verificamos que o país buscou sem parcimônia a

transferência de tecnologias das Nações Ocidentais mais avançadas,

particularmente EUA e Alemanha.

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Objetivos: Nasceu no chão de fábrica, nos setores operacionais, com a filosofia

básica de evitar o desperdício ( muda ) e de promover o melhoramento contínuo (

Kaisen )

Características: Administração participativa; planejamento estratégico a fim de

ganhar flexibilidade para o atendimento dos seus clientes e a conquista dos

clientes da concorrência; visão sistêmica; supremacia do coletivo sobre o

individual; o ser humano visto como o bem mais valioso das organizações que

deve ser estimulado a direcionar seu trabalho para as metas da empresa,

preenchendo suas necessidades humanas e se auto realizando através do

trabalho; busca da qualidade total; produtividade através de uma visão

cooperativa entre os funcionários; incentivando o alcance das metas da empresa

utilizando-se de gratificações por níveis de produtividade; flexibilidade; trabalho

em grupo aproveitando a potencialidade humana com estabilidade no emprego,

distribuição de lucros e treinamento intenso; tecnologia e padronização para

garantir o fluxo contínuo de produção; racionalização dos processos; relação com

fornecedores e distribuidores, cultura organizacional com estabelecimento de um

clima de confiança e responsabilidade respeitando a hierarquia na participação

das pessoas no desenvolvimento da tarefa, nas decisões consensuais e na

harmonia das relações.

Comentários: A Administração Japonesa, com certeza foi um marco em toda a

evolução das teorias de gestão. O que se nota como base, é a cultura e a filosofia

de um povo na gestão organizacional; cultura esta, que prega a cooperação, a

priorização do coletivo, a obediência hierárquica, a flexibilidade de pensamentos e

ações, a interiorização do processo de mudança como algo natural na

manutenção do equilíbrio. Nota-se um sentimento de missão, de papel por cada

elemento da organização de forma patriótica.

O teor humanístico vê-se, presente de forma

dependente ao processo, o que poderia, em caso de erro, causar graves

repercussões em todo o processo. Só não ocorre em função da consciência da

missão que cada um tem dentro da organização que é constantemente motivada

através de treinamentos e reciclagens constantes.

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Infelizmente, é um modelo que recebe críticas na sua

adoção em outro contexto cultural, onde os valores giram em torno da lei, da

vantagem e da concorrência individualista.

O trabalho em equipe nesta administração, também é

valorizado e da certo em função da educação e da cultura que preserva a

harmonia, onde o coletivo prevalece sobre o individual, onde as ações são

julgadas pelo que podem representar ao grupo, isso foi cultivado como cultura

deste povo e talvez, esteja aí o segredo do sucesso.

Poder parecer uma visão romântica de que tudo são

flores neste tipo de gestão, mas observei também que passam por problemas

sociais, políticos e econômicos e o que é interessante, é a visão simplista de que

os problemas existem e são considerados como oportunidades para o

crescimento e desenvolvimento.

Apesar de Ter visto uma qualidade em termos de

aplicação de métodos e técnicas nas últimas teorias, vejo nesta, a presença do

equilíbrio entre os aspectos humanísticos e os aspectos organizacionais.

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2. ORGANIZAÇÕES DE APRENDIZAGEM

2.1 VISÃO HOLÍSTICA

O estudo pioneiro acerca do holísmo, foi publicado em

Londres, em 1926 pelo general Sul-Africano Ian Christian Smuts. O termo forjado

pelo autor surgiu para denominar o fator operativo fundamental referente à

criação de conjuntos no universo. Estabelece a verdade indissolúvel da

continuidade entre matéria,vida e mente. “Partes e todos em sentido absoluto não

existem, porém, o todo não é mera soma das partes, mas delas depende. As

partes compõem o todo, mas é o todo que determina o comportamento das partes

“( Fritjof Capra, 1982, p.40/p.81 ).

A palavra holísmo vem do grego holos, que significa

todo. A teoria defende que o homem é um ser indivisível que não pode ser

entendido através de uma análise separada de suas diferentes partes.

Ressurgiu nas décadas de 60 e 70 com movimentos

filosóficos, espirituais e políticos que caminhavam na direção de tentar

restabelecer um equilíbrio dos aspectos da natureza humana. O direcionamento,

para uma visão sistêmica da vida, oferece enormes oportunidades para a

criatividade, o espírito empreendedor e a iniciativa da humanidade.

A globalização política e econômica, significa na prática

a globalização das oportunidades e problemas também. É a realidade refletida

nestes dois aspectos que exige a aplicação da teoria sistêmica no confronto dos

fatos. O enfoque sistêmico é mais do que um modelo estruturado de ampla

aplicação em todas as ciências; ele exige dos indivíduos uma nova forma de

pensar, uma nova visão de mundo, que lhes permitirá perceber com todos os

seus sentidos, a unicidade de si mesmos e de tudo que os cerca.

A visão holística pode ser considerada a forma de

perceber a realidade, onde a abordagem sistêmica é o primeiro nível de

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operacionalização desta visão, sendo ambas aplicáveis portanto, a todas as áreas

do conhecimento e com certeza, a área da administração não será uma exceção.

A sua importância na administração das organizações

de aprendizagem está no fato de que, tais organizações não são vistas mais

como um conjunto de departamentos que executam atividades isoladas mas

como um corpo único, um sistema aberto, em contínua interação com o ambiente.

“Podemos até argumentar que a visão holística da

organização é uma filosofia de vida, onde o mundo das

idéias deveria acompanhar a realidade vivenciada nas

atividades e dificuldades diárias da administração de um

negócio. Ela propõe uma integração de conceitos defendidos

por outros modelos de administração, como: a valorização

da intuição preconizada pelo modelo japonês; o

desenvolvimento pessoal defendido pela administração por

objetivos e a interação valorizada pelo Desenvolvimento

Organizacional. Por outro lado, estes modelos repousam

sobre a teoria sistêmica que remonta aos anos 50, sendo

natural que o modelo de administração holística integre

conceitos desses modelos(...). Com a crescente globalização

dos sistemas financeiros, das informações, de toda

configuração sócio-cultural, com a percepção de que o

equilíbrio mundial é essencialmente delicado, a simples

aplicação do enfoque sistêmico não bastava mais. Surgiu a

necessidade urgente de estabelecer uma sabedoria

sistêmica ou da visão holística da realidade(...). Assim, o

pensamento holístico caminha lado a lado com a

globalização, evidenciando-se uma condição básica para a

globalização não só dos negócios, mas de todos os aspectos

envolvidos no comportamento do homem“(Ferreira, Ademir

et al ,2000, p.176).

A importância desta visão, nas organizações de

aprendizagem, recai no principal aspecto para se alcançar a situação de

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aprendizagem contínua, o raciocínio sistêmico, segundo Peter Senge é o

responsável pela integração de todos os demais componentes que caracterizam

tais organizações.

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2.2. ORGANIZAÇÕES DE APRENDIZAGEM – ORIGEM, CARACTERÍSTICAS E

IMPORTÂNCIA

Busquei as origens das organizações de aprendizagem

na literatura pioneira sobre o assunto: A Quinta Disciplina de Peter Senge.

Tudo começou a mais de duas décadas quando o

autor, através de seu mentor Jay W. Forrester, foi apresentado e introduzido ao

pensamento sistêmico como disciplina gerencial e de liderança; a partir daí, surgiu

um projeto que apresenta a idéia de organizações que aprendem.

A visão que se concretizou em A Quinta Disciplina,

nasceu numa manhã de outono em 1987 após uma meditação; “de repente houve

a conscientização de que a organização que aprende provavelmente se tornaria

uma nova coqueluche da administração”( Senge, Peter,1998, p.17). Estabeleceu-

se assim a estaca que define a base de idéias e as ferramentas para este novo

“modismo”; são elas: pensamento sistêmico, domínio pessoal, conscientização

dos modelos mentais, visão compartilhada, aprendizagem em equipe.

Para alcançar a condição de aprendizagem contínua,

estas cinco disciplinas haveriam de funcionar em conjunto, sendo o raciocínio

sistêmico, responsável pela integração de todas as demais. A idéia é sanar as

deficiências de aprendizagem, começando pela sua identificação e pela posterior

aplicação de algumas técnicas que exercitem o raciocínio sistêmico, o qual,

permitirá o desenvolvimento das outras disciplinas.

A proposta das organizações de aprendizagem na

verdade, se baseia, no resgate de uma premissa básica: a do aprendizado pela

experiência. A busca de uma cultura que valorize e promova a aprendizagem

contínua é uma realidade. Ela é função da crescente complexidade das

operações da empresa em uma ambiente de mudança contínua a velocidades

crescentes. Admite-se que a capacidade de aprendizagem organizacional será

um fator diferenciador para manutenção da competitividade do negócio numa

economia global.

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Entretanto, não se trata de uma nova teoria. Direta ou

indiretamente a aprendizagem é abordada através de vários enfoques na área de

administração, por exemplo, quando se trata de administração participativa,

trabalho em equipe, liderança, cultura organizacional; porém a organização de

aprendizagem tem o mérito de enfatizar os fatores de sucesso das empresas que

conseguirão avançar para o terceiro milênio. A dificuldade de operacionalizar a

organização de aprendizagem proposta por Senge, está na dificuldade de efetivar

o pensamento sistêmico nas estruturas organizacionais departamentalizadas,

sendo priorizadas, em detrimento dos processos, seriam componentes

essenciais para mudar a forma de pensar das pessoas, possibilitando que elas

adquiram e exercitem uma visão sistêmica da realidade; característica intrínseca

da cultura organizacional das organizações de aprendizagem.

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3. O MOMENTO DE TRANSIÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES

TRADICIONAIS EM ORGANIZAÇÕES DE APRENDIZAGEM

Falar em momento de transição, momento de

transformação e mudança é falar em progresso, evolução; porém no momento

atual existe algo que fornece insegurança quanto a capacidade de adaptação a

este processo: a velocidade com que vem ocorrendo.

Não existe um momento de transição específico, todas

as coisas estão em constante fluxo, em constante mudança. Segundo Sylvia

Vergara:

“No início do século passado, falava-se que na era da

eletricidade e do vapor o que ocorria em um século passou a

ocorrer em uma década; hoje, na era da informática e

telecomunicações, podemos dizer que o que acontecia em

décadas, passou a ocorrer em segundos. O presente nos

escapa das mãos ” (Vergara, Sylvia,1999,p.15).

Hoje, vivemos numa sociedade de informação, é

interessante ver que houve a inversão do eixo do poder: dos músculos para a

mente e a identificação do conhecimento como principal recurso. As informações

são muitas e o seu excesso “atrapalha” e nos deixa perturbados com relação a

adaptação principalmente porque não aprendemos a selecionar o que é relevante

e porque a informação viola as fronteiras revelando o movimento de globalização,

o mundo virou “uma aldeia global” onde existe: interdependência dos fenômenos;

economia sem fronteiras; alta complexidade; velocidade na quantidade das

informações; alta competitividade; parcerias e alianças.

Ao ler uma apresentação intitulada “O Brasil e os

Desafios do Século XXI” de Luiz Almeida Marins Filho, consultor, especialista em

planejamento estratégico em processos de mudança, competitividade, qualidade

e produtividade; achei interessante fazer suas citações como elementos desse

momento de transição.

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“Globalização significa que não existe mais

interior no mundo. De qualquer lugar do planeta, graças ao

comércio eletrônico e graças às facilidades de logística e

distribuição, uma empresa pode dominar mercados

mundiais...De repente não acompanhamos mais quase

nada. Internet, novos produtos, novas tecnologias exigem de

nós uma acelerada busca de atualização. E isso nem

sempre é fácil... Em síntese, este mundo exige de cada um

de nós, uma grande determinação para uma constante

aprendizagem... Os próximos cinco anos, mudarão mais do

que os últimos trinta anos... Os caminhos que nos trouxeram

até aqui, não são do mesmo tipo e espécie dos que nos

poderão conduzir daqui para frente... O diferencial estará,

portanto na capacidade da empresa em ser diferente... daí a

importância da inovação e da criatividade” (Marins, Luiz

Almeida , Internet).

Neste mundo de mudanças rápidas, a grande estrela

foi a tecnologia, a mesma tecnologia que tem facilitado nossas vidas, não tem

sido capaz de neutralizar por exemplo, problemas como: a distribuição de renda,

fome, o desemprego e etc. Fica neste momento este protesto, porém, este ícone

não é no momento o alvo desta discussão.

Podemos observar, o descompasso entre geração e

distribuição de riquezas, nota-se que o elevado desenvolvimento tecnológico que

aproxima, convive com baixo desenvolvimento pessoal e interpessoal e com isto,

cresce a consciência nos seres, “do estar no mundo”, que valoriza aspectos

relacionados: à qualidade de vida, desejo de maior participação pessoal,

realização do potencial humano, a visão do homem segundo uma perspectiva

integrada sendo considerado um gerador de recursos; fala-se em equipes

multifuncionais, alto gerenciadas isto tudo, com a finalidade de administrar as

surpresas na administração da mudança. E essa busca de adaptação, por parte

das empresas, criou nas mesmas a capacidade de aprender continuamente

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identificando-as como o que se convencionou chamar: learning organization,

organizações de aprendizagem.

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4.0 A MUDANÇA

“ Dos tempos de Taylor até os nossos dias, sucederam-se os

mais variados modelos e teorias de gestão. Eles ora

sugeriam uma nova forma de administrar que ainda contava

com elementos do antigo modelo, ora propunham uma

ruptura radical com o que anteriormente era considerado o

mais adequado modo de gerir uma organização.

Independente do grau de transformações envolvidas, dois

elementos são constantes nesse modelo e teoria.

O primeiro deles é a contextualização. Um paradigma de

gestão perde seu sentido se considerado fora da realidade

em que surgiu. Desde os primórdios da civilização humana,

qualquer empreendimento espelha o grau de

desenvolvimento e os anseios da sociedade em que se

insere: suas limitações tecnológicas, o nível de abertura

cultural de seu povo, o grau de ingerência do estado na vida

econômica, a autoridade e a austeridade de seus políticos,

sua riqueza e a qualificação de seus recursos. Todas essas

esferas interagem em um dinamismo que nas últimas

décadas vem se acelerando a taxas vertiginosas. Um

modelo de administração não pode ser analisado de forma

estanque, desvinculado de seu contexto. Rever propostas

antigas obriga o expectador a colocar os óculos da história,

a exemplo do que hoje fazemos ao estudar as teorias do

início do século. Adotar propostas contemporânea, frutuosas

em outra realidade, exige a consideração de todo o ambiente

a que estão integradas, como se ressalva rico modelo de

administração japonesa e no benchmarking.

O segundo fator que está sempre presente no surgimento de

teorias e modelos de gestão é a necessidade de mudanças.

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Seja utilizando elementos tecnológicos para revolucionar a

sociedade da época, seja respondendo às transformações

impostas por esta sociedade, a comunidade empresarial é

foco e alvo de mudanças.

Mudança contínua é uma característica intrínseca do

universo. A finalidade deste propósito de permanente estado

de mutação é uma questão em torno da qual cientistas e

filósofos constroem hipóteses e teorias para explicar o

fenômeno. Para a organização, mudança é a única

constante. Sua finalidade, as razões e os porquês, são

questões mais facilmente explicáveis em nível empresarial,

embora na maioria das vezes sempre depois que ocorrem a

única coisa que diferencia nossa época das anteriores é a

velocidade das mudanças que se tornam cada vez maiores.

Diante das pressões provocadas por mudanças, as

empresas podem reagir de forma construtiva, norteando

suas ações pelos princípios de flexibilidade e

desprendimento na análise de situações, ou então, resistir às

mudanças que é uma característica das empresas onde a

rigidez permeia as ações. Na verdade, nem tão flexível nem

tão rígido, o importante é a visão clara e lúcida no

direcionamento e acompanhamento no processo de

mudança, visto que até a resistência ao novo é parte

integrante do espírito questionador e tem o papel importante

de favorecer a preservação de um paradigma até que se

comprove que outro é mais adequado e melhor

fundamentado. Na situação ideal, a resistência deixa de

existir neste momento. Na prática isso nem sempre

acontece. Para resolver essa situação, o primeiro passo é

encontrar meio de motivar uma mudança radical na atitude

das pessoas. Convencê-las a encarar a mudança como um

desafio, incentiva-las a considerar um desafio pessoal e

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superar o que antes parecia inatingível. Mostrar-lhes os

benefícios que poderão tirar disso”(Ferreira, Ademir et

al,2000,p.239-240).

Nesse sentido, o fator humano passa a ser dominante

na concepção e na operacionalização dos outros recursos; compreendemos

então, o motivo pelo qual os modelos de gestão participativa vem se tornando

uma tendência irreversível. Mudança, esta é a idéia central. A única constante.

Por isso, é essencial a consciência da transitoriedade. É essencial a consciência

de que estamos tratando com ou integramos uma entidade também de natureza

mutante. E essa consciência é que deve permear todo o propósito da gestão das

organizações do futuro, a partir de agora.

5.0 OS DESAFIOS DA TRANSFORMAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES

TRADICIONAIS EM ORGANIZAÇÕES DE APRENDIZAGEM.

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Define-se aprendizagem organizacional, como a

capacidade ou os processos dentro da organização destinados a manter ou

melhorar o desempenho com base na experiência. É um fenômeno à nível de

sistema porque fica dentro da organização, mesmo que as pessoas mudem. A

aprendizagem é uma tarefa igual a produção, a entrega de mercadorias ou os

serviços prestados. É um constante aperfeiçoamento de sua base de

conhecimento que permite o desenvolvimento de competências, de mudanças

incrementais ou de transformação.

O foco está nas mudanças de suposições básicas que

as organizações necessitam no ambiente volúvel e freqüentemente caótico de

nossos dias. Existem três estágios identificáveis para o processo organizacional

de aprendizagem:

1. Aquisição de conhecimento – o desenvolvimento ou criação de habilidades,

insights e relacionamentos.

2. Compartilhamento do conhecimento – a disseminação do que foi aprendido

3. Utilização do conhecimento – a integração da aprendizagem de tal modo que

se torne amplamente disponível e possa ser generalizado.

A maioria dos estudos de aprendizagem organizacional

tem-se preocupado com a aquisição de conhecimento e, em menor grau, com o

compartilhamento ou disseminação do conhecimento adquirido.

Todas as organizações funcionam como sistemas de

aprendizagem podendo ser formais ou informais. A natureza da aprendizagem e a

forma como ela ocorre, são determinadas pelas culturas e subculturas da

organização, ou seja, podem ser informais, não ditada por programas fixos ou

formais ou colaborativa, que deriva mais da interação em e entre grupos de

trabalho transfuncionais e de comunicação melhorada.

A maximização também varia de uma cultura para

outra. A diferença está na facilidade ou dificuldade com que a aprendizagem útil

ocorre e na eficácia com que a organização está trabalhando seu estilo. Identifica-

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se sete orientações de aprendizagem. Essas orientações formam um padrão que

define o “estilo de aprendizagem” de uma organização.

a) Fonte de Conhecimento: mostra como a organização está internamente

desenvolvendo um novo conhecimento; ou se está simplesmente, procurando

inspiração em idéias externas. A distinção pode ser visualizada como

diferença entre inovação e adaptação – ou imitação. As organizações

tradicionais são adaptadoras e imitadoras; as organizações de aprendizagem

são inovadoras e utilizam a criatividade.

b) Foco Produto – Processo: mostra como a organização prefere acumular

conhecimento: se sobre os resultados de produtos e serviços ou sobre os

processos que dão seqüência aos produtos e serviços. As organizações

tradicionais investem no produto; as organizações de aprendizagem investem

nos processos.

c) Modo de Documentação: mostra como ocorre o modo de documentação do

conhecimento. Ele pode ser visto em termos pessoais, como algo conseguido

através de seu esforço, de educação e de sua experiência adquirida, o que se

esvai quando o empregado vai embora por não fazer parte da memória

coletiva, ou é definido em termos mais objetivos e sociais como sendo o

resultado consensual do processamento; a informação enfatizando a memória

organizacional, onde o conhecimento é publicamente documentado. As

organizações tradicionais possuem conhecimento sem memória coletiva; as

organizações de aprendizagem possuem conhecimento compartilhado, com

memória coletiva.

d) Modo de Disseminação: identifica como a organização estabelece a forma de

como a aprendizagem evolui; se por si, ou se o faz de forma mais estruturada.

Se estruturada, a empresa determina que métodos devem ser compartilhados

e usados por todos dentro da organização. Utiliza a escrita e os métodos

educacionais formais. Na abordagem mais informal, a aprendizagem se

difunde de encontros, onde, modelos de desempenho são compartilhados

entre os membros através do diálogo de suas experiências. Ao meu ver, esta

orientação ocorre nos dois tipos de organização, porém, as organizações

tradicionais tendem a seguir mais o modelo estruturado assim como, nas

organizações de aprendizagem seguirem o modelo informal.

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e) Focos de Aprendizagem: mostra se o foco da aprendizagem está direcionado

ao questionamento das suposições básicas, ou seja, melhorar as ferramentas

do que já está sendo feito ou levar o foco para o processo de desenvolvimento

de novos produtos. Nesta orientação, tanto as organizações tradicionais como

as organizações de aprendizagem utilizam este mecanismo.

f) Foco na Cadeia de Valores: mostra que tipo de investimento é feito. É feito em

competências essenciais e aprendizagem na organização; se possui:

treinamento e educação, projeto-piloto, missões de desenvolvimento, etc.

g) Foco no Desenvolvimento de Habilidades: mostra se as organizações

desenvolvem habilidades individuais como de grupo.

Existem alguns facilitadores que aceleram a

transformação para a aprendizagem:

a) O Imperativo da Varredura Minuciosa: este fator propicia à organização

compreender como o ambiente funciona através de uma varredura minuciosa

do mesmo conhecendo-o, desenvolvendo novos mecanismos para alcançar a

qualidade e o conhecimento pleno de toda a engrenagem da organização.

b) Lacuna de Desempenho: é o fator que mostra diferenças observadas entre os

resultados desejados e o desempenho real, as variâncias, representam

lacunas e se estas representam fracassos, isto irá propiciar à experimentação

e o desenvolvimento de novos insights e habilidades. O elemento que aponta

esta lacuna é o feedback; quando passa muito tempo sendo positivo, funciona

como barreira para aprendizagem.

c) Preocupação com a Medição: a medição propicia a configuração do aspecto

crítico da aprendizagem que evolui em resposta ao feedback. Existe o

interesse de buscar a medição mais apropriada. É de singular importância nos

programas de qualidade; impulsiona a mudança para um novo nível de

qualidade sendo portanto, uma oportunidade para ocorrência da

aprendizagem.

d) Mentalidade Experimental: fator que da ênfase a critérios de experimentação.

Quanto mais possam ser planejadas experiências dirigidas, mais se aprenderá

sobre novas abordagens à respeito de mercadorias e prestação de serviços.

e) Clima de Abertura: Fator que estabelece um fluxo de informações, com

liberdade de expressão, de forma informal em função das interações diárias ou

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com reuniões com outros grupos, através do debate; que proporciona o

compartilhamento dos erros, isso levanta investigações que impulsionam a

aprendizagem.

f) Educação Contínua: favorece desde programas formais de educação até o

apoio mais abrangente em qualquer experiência desenvolvimentista. Aqui,

existe um sentimento de que a aprendizagem e a prática jamais acabam.

g) Variedade Operacional: este fator estabelece que: variedades de estratégias,

políticas, processos e estruturas que variam a maneira de atingir os objetivos

poderão tornar a organização mais adaptável ao surgirem problemas

imprevistos, por contarem com mais opções e por fornecer riqueza de

estímulos em interpretações aos seus membros.

h) Advogados Múltiplos: fator que estabelece quanto maior o número de adeptos

que promovam a idéia nova, mais rápido e extensivamente a aprendizagem

ocorrerá. Qualquer membro deve poder atuar como um agente de

conscientização e de melhoria, como advogado do desenvolvimento de

competências. Desta forma, são passíveis tanto as iniciativas de cima para

baixo quanto as de baixo para cima.

i) Liderança Envolvida: prega o engajamento da liderança na interpretação de

qualquer esforço de aprendizagem. Os líderes, poderão obter dados

importantes e fornecer poderosos modelos de desempenho através do

envolvimento direto, que reflita: coordenação, visão e integração.

j) Perspectiva Sistêmica: estabelece a visão da interdependência das variáveis

organizacionais em termos abrangentes.

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5.1 A EDUCAÇÃO COMO ELEMENTO BÁSICO PARA A APRENDIZAGEM

E a escola? Mas afinal o que tem haver e o que a

escola pode ou deve fazer? Não se trata de submeter a escola às mudanças no

“mercado de trabalho” mas ela é de fundamental importância para a formação de

cidadãos que enfrentarão este mercado de trabalho. Segundo, Odair de Sá

Garcia em artigo publicado no site, RH.com.br em 21 de Novembro de 2001 sob o

título Os Impactos desta Nova Ordem Econômica na Escola; existem algumas

competências a serem desenvolvidas nos alunos como subsídio para este novo

“Mundo do Trabalho” como: comunicação, raciocínio lógico e entendimento de

estatística básica, habilidade para usar computador, bons conhecimentos de

Inglês ou Espanhol, pensamento crítico e resolução de problemas, autodisciplina,

perseverança, competitividade ( ética ), honestidade, integridade, justiça,

solidariedade, adaptabilidade ( aceitação e flexibilidade ) às mudanças,

consciência da necessidade de educação permanente, habilidade na resolução de

conflitos e em negociações, capacidade para assumir responsabilidades

referentes as suas próprias ações, postura empreendedora, desenvolvimento de

trabalhos em equipe, desenvolver dinâmicas de grupo.

As empresas ou organizações do conhecimento

buscam hoje, conciliar interesses pessoais e organizacionais. Os interesses

organizacionais baseiam-se na busca de novos talentos que se enquadrem no

novo modelo das organizações de aprendizagem e com certeza, o

desenvolvimento, por parte do ensino, do perfil acima descrito que será o

profissional de talento preparado para as tendências neste ambiente globalizado;

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com isto, quero ressaltar, a importância do processo educativo e as

responsabilidades da escola na formação deste profissional da Sociedade do

Conhecimento. Espera-se que este profissional do futuro–presente seja mais

ousado, seja capaz de correr riscos, de ser criativo, de ter habilidades e a

sabedoria de crescer na abundância e na escassez sendo como as bactérias,

mutantes e adaptáveis.

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5.2 A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM INDIVIDUAL E APRENDIZAGEM

ORGANIZACIONAL

Existe um elo entre a aprendizagem individual e a

aprendizagem organizacional. Este processo de transferência, permite o

gerenciamento ativo do processo de aprendizagem para torná-lo consistente com

as metas, a visão e os valores da organização.

“A importância da aprendizagem individual

para a aprendizagem organizacional é que, as organizações

podem aprender independentemente de qualquer indivíduo

específico mas, não independentemente de todos os

indivíduos” (Klein, David A.,1998,p.62-63).

a) Aprendizagem Individual

Existem dois níveis de aprendizagem: operacional e

conceitual. A aprendizagem operacional representa a aprendizagem em nível de

procedimentos, na qual se aprendem as etapas para se completar uma tarefa

específica, rotinas, operação e utilização de certa linha de produção. A

aprendizagem conceitual tem haver com pensar sobre porquê as coisas são

feitas, em primeiro lugar, desafiando algumas vezes a própria natureza ou a

existência de condições, procedimentos ou concepções que levam à novas

estruturas no modelo mental. As novas estruturas podem abrir oportunidades

para etapas contínuas de aprendizagem ao reestruturar um problema de forma

radicalmente diferente. A aprendizagem individual é um ciclo de aprendizagem

conceitual e operacional que informa e recebe informações de modelos mentais;

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daí a importância da aprendizagem individual sobre a aprendizagem

organizacional: os modelos mentais.

Os modelos mentais, são imagens que temos sobre o

funcionamento do mundo, formas de pensar e agir, que muitas vezes, se

conflitam com as novas imagens trazidas por mudanças ou novos insights por

termos imagens internas muito arraigadas. Os problemas dos modelos mentais

surgem quando se mantém inconsciente e aí, impedem de serem examinados,

permanecendo inalterados; e isto, leva à ações contra producentes, mina os

esforços para estimular o pensamento sistêmico, e o pior, aumenta a defasagem

em acompanhar as mudanças que ocorrem, impedindo a aprendizagem

condenando as empresas ao congelamento e práticas obsoletas. Outro grande

problema está nos procedimentos padronizados de operações, ou seja, na rotina;

na atuação da rotina impedindo a atenção a algo além da competência rotinizada

que poderia ser útil ou mesmo essencial para sobrevivência. Estes procedimentos

padronizados fazem parte de modelos mentais compartilhados pelo grupo, com

isto, se faz necessário um equilíbrio entre a aprendizagem conceitual e a

aprendizagem operacional para uma eficaz aprendizagem organizacional.

No momento de mudanças velozes do mundo

globalizado, dá para perceber a responsabilidade da aprendizagem individual que

dirá, a da aprendizagem organizacional, onde tem-se um complexo conjunto de

indivíduos diferentes.

b) Aprendizagem Organizacional

Nos primeiros estágios de existência de uma

organização, a aprendizagem organizacional é sinônimo de aprendizagem

individual. A medida que a organização cresce, surge uma distinção entre a

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aprendizagem individual e a aprendizagem organizacional. Portanto a

aprendizagem organizacional é dependente do aperfeiçoamento dos modelos

mentais de seus indivíduos que quando explícitos, passam a ser compartilhados;

o que permite, a aprendizagem organizacional independente de qualquer

indivíduo específico pois, já está incorporado à memória da organização. Sem

estes modelos mentais, uma organização estará incapacitada tanto para aprender

quanto para agir. À medida que os modelos mentais são expostos e ativamente

compartilhados, a base do significado compartilhado em uma organização se

expande e a capacidade da organização de realizar ações coordenadas eficazes,

aumenta.

O grande desafio ao meu ver, foi admitir essa

dependência dos indivíduos ou capital intelectual. Chega-se finalmente a

valorização do Recurso Humano nas organizações como memória, como base.

As teorias vêm se desenvolvendo, evoluindo nesse sentido; aquilo que era

considerado apenas como meio para produção, hoje é a própria produção, pois, a

cada dia o diferencial competitivo passa a ser dependente da mente humana

onde só ela, tem a capacidade de criar, criar e criar.

O grande modelo que prega a quebra de paradigmas é

justamente, abrir para a aprendizagem conceitual, a visão holística para que

assim, a criatividade ocorra mudando as rotinas, fornecendo e enriquecendo a

aprendizagem organizacional.

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5.3 A ESCOLA- EMPRESA

Segundo Letícia Colombini, em uma entrevista dada à revista Você S.A.

/Setembro 2000, com este ritmo vertiginoso das mudanças se faz necessário um

treinamento constante para que todos tenham as qualificações necessárias para

atender as metas organizacionais. E foi com este objetivo que algumas

organizações criaram suas próprias unidades educacionais denominadas

universidades corporativas, academia, faculdade ou instituto de aprendizagem.

Tem como característica, dar ao funcionário uma visão

global dos negócios, o que ajuda-o a compreender o seu papel dentro da missão

organizacional; dá ao funcionário a liberdade de escolher o seu programa de

treinamento o que torna o fato bastante motivador; a possibilidade de renovar

conhecimentos e habilidades as tornam atrativas e competitivas para aquisição de

novos talentos o que possibilita a diferenciação e destaque no mercado. Uma

outra característica interessante, é que os líderes internos, de cúpula, participam

e se envolvem no processo passando a sua experiência aos demais; são

chamados “diretores de aprendizagem”. Trabalham orientando os funcionários

para os valores e visão da organização, desenvolvendo competências como:

liderança, senso de equipe, delegação de poder, etc. A idéia é que todos

caminhem numa só direção, e tenham um modo de pensar compartilhado.

A universidade corporativa funciona de forma mais

centralizada, alinhando todos, aos objetivos da organização e oferece soluções de

aprendizagem com relevância estratégica para cada família de cargos. Elas são

um centro de resultados cujo foco está na criação de uma cultura de

aprendizagem contínua, onde os funcionários, aprendem uns com os outros e

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compartilham as inovações e as melhores práticas com o objetivo de solucionar

problemas empresariais reais.

Traçando uma linha comparativa entre o “Mundo do

Trabalho” e o “Mundo da Educação” , das organizações tradicionais, vale a pena

apresentar a nível ilustrativo-comparativo uma citação de Odair de Sá Garcia em

que se pode visualizar o grande diferencial em relação aos nossos dias.

“ Neste momento que tentamos estabelecer uma

relação entre o “Mundo do Trabalho” e o “Mundo da

Educação”, faz-se necessário um recorte histórico. Iniciemos

pela definição de trabalho encontrada na Grande

Enciclopédia de Diderot e d’Alembert, do séc. XVIII:

“Trabalho é uma condição de ocupação cotidiana na qual um

ser humano se vê condenado (submetido a), por seu mestre

( chefe ), ao qual deve ao mesmo tempo: obediência, sua

saúde, sua serenidade, sua sensatez e até sua virtude.”

Naquela época, para atender a demanda

para esse “perfil de trabalhador” , numa fase inicial do

Capitalismo, o saber profissional era transmitido de pai para

filho ou de mestre para aprendiz, sendo esta formação um

resquício das corporações de ofício. Mesmo quando

surgiram as primeiras escolas destinadas à classe

trabalhadora, elas objetivavam mais a “submissão da força

de trabalho” do que lhe proporcionar aptidões mais

complexas ( Bruno, 1996 ). E ratificando esse papel da

escola, o economista inglês, um dos principais teóricos do

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“Sistema Capitalista”, Adam Smith, autor do livro “ A Riqueza

das Nações”(1776), escrevia que a função única da escola

era “integrar os trabalhadores na disciplina social coletiva, já

que, aprender trabalhar, eles o faziam no próprio exercício

da função”.

Da mesma forma, podemos observar a

resposta, para atender a esta “demanda de trabalhador”, de

um dirigente de escola, fundada por uma empresa em Paris,

no século XVIII, na Rue de Epinettes destinadas a filhos de

operários: “Outro ponto da educação moral sobre a qual

nunca se insistirá demasiadamente é o que concerne à

obediência e à disciplina nas oficinas. Porque a produção

moderna não é verdadeira, útil e benéfica senão à medida

que se baseia em uma organização metódica. Entretanto, na

base de toda organização não é possível substituir a

autoridade pela anarquia. É preciso, portanto, que o operário

aprenda a vencer suas resistências naturais ao dever

absoluto de obedecer e é isto que lhes ensinamos na Escola

de Epinettes”. (Enguita, 1989 in Bruno-1996).

Ou seja: observamos que no século XVIII ( e de uma forma

”razoavelmente” adequada para época) a função da escola

era “ensinar a ser disciplinado”(sic), no pior sentido da

palavra, ou seja “a obedecer”, pois o resto, isto é, as

habilidades necessárias, seriam aprendidas pelos

trabalhadores no próprio local de trabalho. É claro que se

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algum dia foi assim, hoje já não é mais. A escola tem que

desenvolver um conjunto de competências para o trabalho e

para a vida”(Garcia, Odair, RH.com.br,21 fevereiro 2001).

Como é emocionante ver a evolução dos processos;

como é lindo, ver o crescimento e o desenvolvimento intelectual de uma raça.

Quando comecei o meu trabalho, estudando lá na época de Taylor, vi todo

esforço e empenho dos cientistas para exercer o domínio e o poder sobre o

conhecimento das organizações; os recursos humanos eram recursos obedientes,

frustrados, e hoje, o homem reconhece a importância da energia emocional e o

capital intelectual como seus principais recursos para a reumanização das

relações sociais no trabalho. Poderia dizer que sentimentos, emoções, a energia

não quantificável gerada por estes, estão tornando-se os novos “bens

organizacionais” não vendidos ou trocados no mercado, mas desenvolvidos a

partir da união, conscientização e humanização. Hoje, não basta remunerar

apenas, se faz necessário fazer sentir prazer em realizar, em dar, em trocar

informação e conhecimento.

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5.4. O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL RELACIONANDO A

ENERGIA EMOCIONAL E O CAPITAL INTELECTUAL

Analisando o processo evolutivo das organizações

nota-se que houve uma desumanização. A força energética emocional deixou de

ser impulsionadora do crescimento e os medos bloquearam a espontaneidade das

condutas humanas gerando comportamentos estandardizados. Todo esse

processo de desumanização, de robotização e enjaulamento normativo

burocrático, resultou em enormes perdas de energia e de talentos humanos.

Milhares de anos de evolução foram negados.

Hoje, estamos vivendo a era da informação e de novos

paradigmas científicos, o futuro será cada vez mais instável e pequenos eventos

poderão provocar grandes transformações como: mudanças, aprendizado, ordem

e desordem, isso tudo, nos obrigará a profundas transformações nas nossas

maneiras de pensar e de agir. É a quebra, a decadência dos modelos mentais, do

clássico modelo mecanicista; o novo pensamento exige esforço e raciocínio, exige

a visão do “ ser biológico “, o ser visto como um todo que integra corpo – mente e

espírito e com isto, a emoção deixa de ser orgânica e se integra aos valores

culturais.

Historicamente, as emoções foram consideradas um

desequilíbrio psicológico; na clássica concepção religiosa, as emoções eram

compreendidas a não ser como: inadequação, fraqueza ou perturbação mental.

Ainda hoje, quando assistimos as comunicações verbais de autoridades

eclesiásticas, chefes, dirigentes podemos constatar a grande preocupação em

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não deixar transparecer emoções. Nem sempre, as técnicas acadêmicas serão

capazes de resolver os problemas organizacionais, mas a capacidade de se

colocar no lugar do outro, capacidade de ouvir, humildade para aprender, por

vezes, um olhar, um abraço, um sorriso, e porque não dizer uma lágrima seriam

os maiores detonadores de processos a princípio, sem soluções catalogadas;

constatamos que deixamos de ser atores dos desejos organizacionais para

simplesmente SER.

Neste sentido, como podemos falar em organizações

saudáveis e qualidade de vida no trabalho, se ainda percebemos a repressão

emocional impedindo que laços satisfatórios se estabeleçam nos relacionamentos

interpessoais, sendo estes, essenciais para um bom trabalho em equipe e

domínio pessoal; premissa básica para as organizações que aprendem.

“as empresas competem numa economia de

conhecimento (...) é o capital intelectual das empresas – seu conhecimento,

experiência, especialização e diversos ativos intangíveis”(Klein, David,1998,p.1).

O comportamento organizacional, equilibrado através

da energia emocional, é o que propicia o inter-relacionamento de todos os

aspectos ligados ao clima organizacional, são de fundamental importância, junto

com as estratégias, a cultura, a capacidade e os recursos para o aproveitamento

do capital intelectual.

Segundo Tânia Zambelli, as organizações e as

pessoas devem deixar a “solidez” do passado e procurar a “fluidez”, a flexibilidade

para uma permanente adaptação; porque são os seres humanos que agregam o

valor que transforma os dados e as informações, em conhecimento. O principal

objetivo para que isto aconteça, é a incorporação do conhecimento, da memória

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organizacional, e o compartilhamento de conhecimento onde, nota-se aí a

importância fundamental do papel do gestor como líder na condução do

aprendizado fazendo com que: ele seja exposto, aplicado e mensurado através

dos resultados alcançados.

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CONCLUSÃO

A grande questão desse trabalho se deteve em três

pontos: o primeiro, baseia-se sobre a ocorrência de influências sociais, políticas e

econômicas na evolução das teorias administrativas; o desenvolvimento

tecnológico ao meu ver, foi o elemento primário para este processo evolutivo. Foi

após a Revolução industrial, que o mundo começou a crescer; as mudanças

geradas por este crescimento científico-tecnológico foram as disparadoras das

mudanças sociais, políticas e econômicas que por sua vez, influenciaram a forma

de gerir as organizações.

O segundo ponto, se detém em verificar se, sob estas

influências o processo evolutivo ocorreu de forma linear, ou seja, um fato

desencadeando o aparecimento de outro fato. Desde a Teoria Clássica até a

Teoria do Desenvolvimento Organizacional; a evolução dessas teorias pode ser

comparada ao movimento de um pêndulo, ora valorizando o racional, ora o

humanístico. Após e inclusive no modelo de Desenvolvimento Organizacional isso

parece desaparecer e as atenções, passam então a se concentrar, no processo

de vencer as mudanças internas e externas. O ambiente passou a ser o objeto de

estudo, pois ele é o grande fornecedor do: “sobreviver”, da adaptação e do

continuar competindo neste mercado cuja explosão tecnológica torna tudo

instável. Neste momento, acho que, o movimento de pêndulo cede lugar a um

movimento linear unificador e despolarizado onde, o objetivo é o

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acompanhamento e o crescimento conjunto em busca da manutenção no

mercado.

Nota-se também que as teorias que surgem

imediatamente após são teorias, que não trazem nada de revolucionário ou

contextador mais sim, trazem o aprimoramento dos princípios e práticas o que

vem confirmar o “andar” linear da evolução dessas teorias.

No decorrer do estudo evolutivo, surge o terceiro ponto:

como se posiciona o Recurso Humano nesses processos. O Recurso Humano

cada vez mais se firma como elemento de fundamental importância para o

desenvolvimento e sobrevivência das organizações. Aparece com isso, a

cooperação e a divisão de responsabilidades entre a máquina e o seu recurso. As

estruturas de hierarquias, não são mais definitivas e congeladas, o poder se

encontra distribuído de forma equidistante. Surge a visão holística que traz, uma

nova forma de pensar cuja abordagem sistêmica passa não só a integrar, a

unificar as organizações, mas, também, aos indivíduos, pois os mesmos são

partes desse todo. Surgem as organizações que aprendem, completamente

opostas às organizações tradicionais mas, ao mesmo tempo, um “MIX” de todo

processo evolutivo das teorias administrativas.

Considera-se desafiante a transformação das

organizações tradicionais em organizações de aprendizagem pois requer uma

mudança no clima organizacional. N este momento, ressalta-se a figura do líder

em seu papel condutor, facilitador e integrador do processo. Algo difícil, pois o

mesmo requer a consciência da necessidade de educação permanente, buscando

conciliar interesses pessoais e organizacionais.

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Os modelos mentais são o principal desafio para as

organizações tradicionais porque possuem, em sua maioria, os pensamentos

endurecidos, cristalizados e ou rotinizados dos processos; o que funciona como

barreira para o aprendizado e para a formação da memória organizacional. Outro

fator desafiante, é como fazer a conscientização para o aprendizado

organizacional; onde tem-se, um complexo conjunto de indivíduos com histórias

de vida, de comportamentos, de amadurecimento bem diferentes daí, a

importância do trabalho em equipe que possibilitará a realização de ações

coordenadas que orientará a ver em uma só direção, a direção da missão

organizacional. Nota-se que tornar uma organização tradicional em uma

organização que aprende, requer para muitos, demolir para construir. Demolir a

desumanização, os comportamentos estandardizados, que resultaram em

enormes perdas de energia e de talentos humanos. Quantos milhares de anos de

evolução foram negados por causa deste enjaulamento normativo e burocrático. A

mudança é grande, difícl e inevitável. Até quando? Até o dia em que este modelo

de gestão perca o seu sentido e seja considerado fora da realidade; a final de

contas, mudança, é uma característica do Universo aonde tudo se transforma. O

questionamento, este é o elemento chave de todo processo de mudança, pois,

poderá provocá-la ou poderá também bloquea-la.

Organizações tradicionais, organizações de

aprendizagem, uma comparação entre o ontem e o agora; o agora que muda para

se transformar no amanhã que hoje nos parece incerto, nebuloso, mas que, pelo

desenrolar do processo evolutivo, com certeza será um amanhã melhor, um

amanhã mais libertador onde o homem, deixará de ser escravo de sua própria

consciência para ser, simplesmente, SER HUMANO em toda a sua totalidade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOWDITCH, L.James.Elementos de Comportamento Organizacional. S.P.

Pioneira,2000.

CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação. Cultrix, S.P., 1982

CHOPRA, Deepak. As Sete Leis Espirituais do Sucesso. Best Seller, S.P., 1998.

KLEIN, David A. A Gestão Estratégica do Capital Intelectual. Qualitymark, R.J.,

1998.

SENGE, Peter M. A Quinta Disciplina.Best Seller, S.P., 1990.

VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de Pessoas. Atlas, S.P., 1999.

FERREIRA, Ademir Antônio.Gestão Empresarial. Pioneira,S.P.,2000.

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ANEXO

MINHA EXPERIÊNCIA PESSOAL

Trabalho a seis anos em uma empresa que vive por

Ter bases tradicionalistas, uma empresa de mais de quarenta e cinco anos no

mercado que já enfrentou diversos processos políticos, sociais e econômicos.

Sobrevive hoje, cheia de problemas a nível de gestão administrativa e

comportamental.

Por ser uma empresa com funcionários que chegam a

Ter mais de vinte anos de casa existem vícios, e os modelos mentais estão muito

arraigados, o falar em mudar, em modificar métodos e posturas é como se

estivéssemos falando em algo distante, algo de grande dificuldade pois a

segurança, está naquilo que se faz a mais de quarenta e cinco anos; resultado,

esta empresa não se preparou e nem se prepara para adaptar-se às mudanças,

não faz investimentos em novas tecnologias, até mesmo por não ter capital em

função de estar cada vez mais perdendo competitividade no mercado, repudia o

novo, ao arriscar-se . Vive à sombra de um passado longínquo que com certeza

não irá voltar.

Encontra-se acomodação, centralização, os erros são

encobertos, não há nenhum tipo de incentivo e valorização dos recursos

humanos, não há cobrança e ou motivação para o crescimento e aprendizagem

individual, a organização é fragmentada e polarizada com isto, a expectativa de

implementação de algo novo sempre é sufocada e sabotada; a hierarquia é algo

pesado que bloqueia a fluidez de ações e da comunicação na resolução de

processos variados, ou seja, um ambiente doente que mostra a força de um grupo

cristalizado.

Todas estas negatividades expressas acima, foram

fatores que motivaram-me para a pesquisa deste trabalho, onde quis buscar o

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quê, como, onde e quando para tentar entender; quis buscar a diferenciação para

tentar ajudar ou até mesmo, ser isto não for possível, ter conhecimento para

tornar-me imune ao errado.

É difícil ver uma empresa sólida ainda respeitada

socialmente sucumbir tendo uma grande possibilidade de reverter este processo.

Antes enxergava, e achava que existiam erros mas minha formação sendo de

outra área, me mostrava a verdade ofuscada; agora vejo com clareza, me sinto

segura em meus questionamentos, valeu a pena toda a dedicação e empenho até

mesmo, por Ter vencido o desafio tantas vezes desmotivado pela chefia que ao

invés de orientar-me para este curso, sugeriu-me fazer um curso de português.