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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ- REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM E SUA INTERFERÊNCIA NO PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA Por: Georgina de Freitas Pereira Orientadora Professora Ms. Ana Cristina Guimarães RIO DE JANEIRO 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM E SUA

INTERFERÊNCIA NO PROCESSO ENSINO-

APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

Por: Georgina de Freitas Pereira

Orientadora

Professora Ms. Ana Cristina Guimarães

RIO DE JANEIRO

2005

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2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM E SUA

INTERFERÊNCIA NO PROCESSO ENSINO-

APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

Apresentação de monografia ao Conjunto Universitário

Cândido Mendes como condição prévia para a conclusão

do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em

Psicopedagogia.

Por: Georgina de Freitas Pereira

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3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me dar forças para

continuar esta jornada, que por muitas vezes pensei em

abandonar, e a todos os mestres do PROJETO A VEZ

DO MESTRE, pela dedicação e paciente, nos momentos

em que minhas angústias afloravam.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a meus filhos, Marcus Vinícius e

Bárbara Louise, por me darem força para nunca desistir e

principalmente, por serem a razão de minha vida e o

motivo pelo qual estou em constante busca e, a Jorge

Vetromille por estar sempre a meu lado e que, hoje,

ocupa um lugar especial em meu coração.

A Maria de Fátima, minha mãe, que apesar de distante,

sempre fará parte de minha vida.

À memória de meus avós, Aurora e Jaime Pereira, meus

eternos protetores.

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RESUMO

Os distúrbios de aprendizagem vêm causando angústia nos

profissionais das áreas de educação e da saúde, por apresentarem grande

complexidade em seu diagnóstico, tratamento e prevenção e, principalmente,

por se tratar de um problema que atinge percentuais cada vez mais elevados,

de crianças e adolescentes em idade escolar, dificuldades advindas de

problemas biológicos, psicológicos ou sociais.

O objetivo da presente monografia é a busca de compreensão

dos processos neuropsicológicos e neuroanatômicos das dificuldades de

aprendizagem da matemática e conseqüentemente ter uma visão integral do

indivíduo, assim como, procurar fundamentação científica que comprove que

as dificuldades de aprendizagem da matemática não estão relacionadas

meramente com um comprometimento em determinada área cerebral, mas sim

por vários fatores associados, que dificultam ou agravam sua compreensão.

A interação com jogos, arte e brincadeiras, estimula as funções

cognitivas como a memória, a atenção, a criatividade, a imaginação e a

percepção, o que permite às crianças a descoberta de novas formas de

conhecimento e o prazer pelo aprender. Esses são recursos de intervenções

pedagógicas e psicopedagógicas eficazes e de plena aceitação, que serão

abordados nesta pesquisa.

O professor cumpre um papel decisivo nessas intervenções,

porém sua eficácia estará comprometida caso não haja um trabalho integrado

com profissionais especializados, tais como: fonoaudiólogos, psicólogos,

psicopedagogos e médicos, conforme a necessidade de cada caso em

particular.

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METODOLOGIA

Para a realização da presente pesquisa optou-se por uma

pesquisa bibliográfica especializada em Educação, livros didáticos adotados

nas mais diversas Instituições de Ensino, jornais, revistas e Internet, de forma a

mostrar opiniões diversas sobre o tema em questão, limitando a análise dos

dados consultados aos jovens estudantes, cursando o ensino fundamental.

As dificuldades e a falta de interesse apresentadas por crianças e

jovens, na aprendizagem da Matemática e a crescente angústia dos

professores dessa disciplina em não atender às expectativas desses

indivíduos, motivaram o interesse e o desejo de investigar e escrever sobre o

tema em pauta.

O trabalho de formatação e digitação segue os moldes propostos

no manual fornecido pelo Projeto a Vez do Mestre.

.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 08

CAPÍTULO I

CÉREBRO, INTELIGÊNCIA E MEMÓRIA...................................................... 10

CAPÍTULO II

DEFINIÇÕES PROPOSTAS PARA AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM,

AO LONGO DA HISTÓRIA..............................................................................................

32

CAPÍTULO III

PRINCIPAIS DISTÚRBIOS QUE INTERFEREM NO PROCESSO ENSINO-

APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA............................................................

42

CAPÍTULO IV

O JOGO, A ARTE E A BRINCADEIRA, COMO FACILITADORES DO PROCESSO

ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA........................................................

59

CONCLUSÃO................................................................................................. 75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................. 78

ANEXOS......................................................................................................... 80

ÍNDICE DE ANEXOS...................................................................................... 80

ÍNDICE............................................................................................................ 81

ÍNDICE DE FIGURAS..................................................................................... 83

FOLHA DE AVALIAÇÃO................................................................................. 84

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INTRODUÇÃO

O ensino da matemática está passando por profundas mudanças

nas escolas, principalmente o conceito de matemática escolar e seu ensino.

Essa disciplina é vista cada vez menos como um sistema estático, e seus

objetivos vão sendo ampliados a partir da mudança dessa visão do processo

ensino-aprendizagem da matemática.

O que se percebe, em pleno século XXI, é que apesar de toda

tecnologia alcançada nas últimas décadas e com toda preocupação com as

modificações da didática nas escolas, não só com a didática da matemática,

mas com a didática global, que os transtornos de aprendizagem são cada vez

mais freqüentes.

Os distúrbios de aprendizagem centram-se em dificuldades nos

processos implicados na linguagem e nos rendimentos acadêmicos

independentemente da idade do indivíduo e cuja causa seria ou uma disfunção

cerebral, ou uma alteração emocional ou de conduta.

Este trabalho será iniciado por uma breve descrição da anatomia

cerebral, suas principais funções, segundo um novo enfoque da organização

dessas estruturas, com embasamento científico de dois profissionais

respeitados da área médica: Dr. Dráuzio Varella e Dr. José Carlos Fragomeni,

que mostram com primazia que as funções do cérebro não estão isoladas e

compartimentadas, mas que se integram para o pleno funcionamento do corpo

e da mente e ainda na visão do Biólogo Humberto Maturana. E como não se

pode falar de cérebro sem se pensar em inteligência e memória, ainda neste

primeiro capítulo serão abordados os tópicos: inteligência, com suas múltiplas

definições, e memória.

O processo histórico das definições das dificuldades de

aprendizagem será abordado no capítulo II.

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9 No capítulo III os principais distúrbios de aprendizagem que

interferem, direta ou indiretamente, no processo ensino-aprendizagem da

Matemática, serão descritos dando primazia importância aos distúrbios de

linguagem, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), a

discalculia e acalculia, por acreditar serem os principais fatores de interferência

na aprendizagem da matemática.

Finalizando este trabalho, algumas técnicas utilizando jogos, artes

e brincadeiras serão aqui descritas, com o objetivo de apresenta-los como

meios transformadores da transmissão de conteúdos, do ensino da matemática

mais dinâmico e atraente ao educando e, por conseguinte, melhorar a

qualidade da aprendizagem da disciplina e principalmente, utiliza-los como

recurso de resgate de conteúdos não apreendidos, seja por reais problemas de

aprendizagem, seja por práticas pedagógicas inadequadas durante o processo

ensino-aprendizagem da disciplina.

O objetivo deste trabalho não é transmitir verdades absolutas, mas

sim buscar esclarecimentos para que se possa observar, entender e trabalhar as

dificuldades de aprendizagem da matemática no contexto educacional, social e

cultural brasileiro e com isto, ter uma melhor percepção da sala de aula e das

relações nelas inseridas para que se possa intervir de forma mais eficaz nas

atividades propostas e indicar para atendimento especializado os reais distúrbios

de aprendizado, ou pressupostos distúrbios, para avaliação e tratamento por

profissionais qualificados: Psicopedagogos, Fonoaudiólogos, Neurologistas,

entre outros, que de forma integrada, proporcionarão uma educação calcada no

equilíbrio do indivíduo como um todo e não de forma fragmentada.

“Nós, seres vivos, somos sistemas determinados em nossa

estrutura. (...) quando algo externo incide sobre nós, o que

acontece conosco depende de nós, de nossa estrutura nesse

momento, e não de algo externo”. (MATURANA1, 1998b, p.27).

1 Humberto Maturana, doutor em biologia pela Universidade de Harvard, Prêmio Nacional de Ciências em 1974.

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CAPÍTULO I

CÉREBRO, INTELIGÊNCIA E MEMÓRIA.

“... o desenvolvimento mental é uma construção contínua,

comparável à edificação de um grande prédio que, à

medida que se acrescenta algo, ficará mais sólido, ou à

montagem de um mecanismo delicado, cujas fases

gradativas de ajustamento conduziriam a uma

flexibilidade das peças tanto maiores quanto mais estável

se tornasse o equilíbrio...” (PIAGET, 2002, p. 14).

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2 - Cérebro, Inteligência e Memória.

Humberto Maturana (1998) afirma que para que o ser humano

possa aprender, o cérebro tem que ser capaz de criar e armazenar

informações e se reorganizar a cada instante, para que sejam formadas novas

estruturas mentais. Esta nova estrutura neural, ao possibilitar a atividade

assimiladora do sujeito, gera e ativa o processo de assimilação e acomodação,

possibilitando assim, a aquisição do novo conhecimento, conforme afirma:

“A aprendizagem é o caminho da mudança estrutural que

segue o organismo (incluindo seu sistema nervoso) em

congruência com as mudanças estruturais do meio como

resultado da recíproca seleção estrutural que se produz

entre ele e este, durante a recorrência de suas interações,

com conservação de suas respectivas identidades“

(MATURANA, 1998, p. 32).

O sistema nervoso está em constante mudança estrutural, a qual

se denomina plasticidade neural, afirma Maturana . Esta plasticidade explica-se

pelo fato dos neurônios não estarem interligados de forma fixa. Os pontos de

interação entre as células nervosas, as sinapses, são delicados equilíbrios

dinâmicos. Entretanto, as mudanças estruturais que ocorrem, lenta e

gradativamente, acontecem sempre segundo uma arquitetura própria da

espécie, o que pressupõe que toda esta movimentação indica que as sinapses

modificáveis e relacionadas com a aprendizagem também são responsáveis

pela memória.

Maturana (op cite) afirma ainda que os novos esquemas de

assimilação são construídos a partir da interação do corpo e cérebro do sujeito

da aprendizagem com o ambiente que o rodeia. Os aparelhos sensoriais do

individuo e o movimento do seu organismo, são os mediadores destas

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12 relações. Suas ações sensório-motoras se dão através destes mediadores. As

ações interiorizadas, por sua vez, se dão na mente do sujeito, através do

processo chamado pensamento, processo este que gera imagens formadas

por representações neurais, que promovem modificações biológicas criadas

por aprendizagem num circuito de neurônios.

Esse desenvolvimento mental é definido por Piaget como sendo:

“(...) uma construção contínua, comparável à edificação

de um grande prédio que, à medida que se acrescenta

algo, ficará mais sólido, ou à montagem de um

mecanismo delicado, cujas fases gradativas de

ajustamento conduziriam a uma flexibilidade das peças

tanto maiores quanto mais estável se tornasse o

equilíbrio...”. (PIAGET, 2002, p.14).

1.1 - O Cérebro Humano.

O cérebro humano é a estrutura mais complexa do universo. Pesa

ao redor de um quilo e meio, e contém 100 bilhões de neurônios, afirma Dr.

Dráuzio Varella2 em seu artigo: As Borboletas Misteriosas da Alma, onde

afirma ainda que para dar idéia da complexidade de nosso sistema nervoso,

em um milímetro cúbico de tecido cerebral existem 100 mil neurônios que

estabelecem um bilhão de conexões uns com os outros.

Dr. José Carlos Fragomeni3, em seu artigo: A catapulta do

emocional descreve o cérebro como sendo composto por três unidades

distintas que funcionam em conjunto: o cérebro primitivo, o cérebro

intermediário e o cérebro superior.

2 Dr.Dráuzio Varela é médico oncologista e escritor.

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13 A teoria da catapulta do emocional, defendida por Fragomeni,

propõe que o neocórtex, córtex mais complexo, não passa de um órgão criado

pela experiência evolutiva da vida, com a finalidade de proporcionar

consciência de todo o conhecimento que está inscrito nas sinapses do cérebro

primitivo. O neocórtex teria se formado através da utilização do cérebro

intermediário, considerado o cérebro das emoções.

Não obstante, com o avanço da neurociência nos estudos do

funcionamento do cérebro humano, este ainda continua a representar um dos

maiores enigmas da atualidade, com questões ainda indecifráveis.

A ontogenia - evolução do embrião humano - constitui uma prova

de que o homem é fruto de contínua evolução das espécies. Neste processo,

que decorreu de forma acelerada se comparado ao processo de adaptação do

homem ao meio, notou-se, em determinado estágio, um homem dotado de um

cérebro pensante, tal como se conhece hoje, sem que se consiga a exatidão do

momento dessa consciência nem como ela se deu, afirma o Dr. Fragomeni.

Tentando conceituar cientificamente as emoções, bem como

definir seu papel na rede neural e localizar suas conexões, a neurociência vem

observando sua relação com o sistema límbico, na busca de entendimento

desse complexo sistema, que é o cérebro humano.

Outro aspecto importante do cérebro, igualmente indefinido

quanto à localização e funcionamento é a consciência. Como e por que grupos

de células cerebrais se interligam em certos momentos, formando redes de

neurônios que numa situação específica vão determinar uma impressão sob

forma de vivência.

3 Dr.José Carlos Fragomeni é médico urologista.

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1.1.2 - Principais Estruturas Cerebrais.

Conforme vimos no item anterior, o cérebro humano é disposto

em três camadas que representam três fases da evolução. Essas camadas,

embora claramente definidas, não são totalmente estanques nem tão pouco se

formaram independentes.

A primeira camada, o cérebro primitivo, é formada pelo tronco

cerebral, pelo cerebelo, ponte e mesencéfalo, pelo globo pálido e o bulbo. É o

cérebro responsável pela manutenção da vida vegetativa. Apresenta a

capacidade: de adaptar-se ao frio, ao calor, à fome e à sede; de comandar a

maior ou a menor intensidade de multiplicação das partes e do todo; de corrigir

os inúmeros desvios do processo de formação do ser; de identificar o perigo e

comandar a resposta.

As informações de maior importância da experiência evolutiva do

homem, desde a primeira célula encontram-se localizadas nesta área do

cérebro. De alguma forma, esse processo evolutivo, todas as experiências do

homem, estão inscritas nas sinapses do cérebro primitivo.

O cérebro primitivo comunica-se com o corpo, integrando-se ao

sistema nervoso simpático e parassimpático, e se comunica através das

glândulas de secreção internas. Nessas conexões encontram-se neurônios

com capacidade de receber, analisar e responder a estímulos.

O cérebro intermediário recobre o cérebro primitivo, onde se

encontram as estruturas límbicas que têm como principal função coordenar as

emoções.

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15 FIGURA 1

VISTA DO CÉREBRO EM CORTE FRONTAL

Fonte: Atlas de Anatomia Humana4, 1998, lâmina 104.

O Sistema Límbico é um grupo de estruturas que inclui

hipotálamo, tálamo, amígdala, hipocampo, os corpos mamilares e o giro do

cíngulo, estruturas estas, importantes para as reações emocionais. O

hipocampo é também importante estrutura para a memória e o aprendizado.

Muito se tem estudado e discutido quanto à localização e aos

caminhos que as emoções percorrem, contudo não há uma delimitação precisa

da região onde se dão as emoções, podendo-se apenas afirmar, que a região

que intermedeia as emoções localiza-se entre o cérebro primitivo e o

neocórtex. Na comparação com os outros cérebros, observa-se que o sistema

límbico tem um modo de agir diferente dos outros dois.

4 Atlas de Anatomia Humana, Frank H.Netter, M.D., Editora Artmed, Porto alegre, 1998.

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FIGURA 2

VISTA DO CÉREBRO EM CORTE SAGITAL

Fonte: Atlas de Anatomia Humana, 1998, lâmina 103.

O cérebro superior, também denominado cérebro racional,

posiciona-se recobrindo todo o encéfalo, sendo constituído por um tipo de

tecido cortical de formação recente chamado neocórtex que funciona como a

sede da consciência. É o último a ser formado no processo evolutivo do

embrião humano, sendo composto pelos dois hemisférios cerebrais: direito e

esquerdo, e de alguns conjuntos de neurônios subcorticais.

O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas

funcionalmente distintas, sendo a maioria pertencente ao neocórtex,

considerado como o córtex mais complexo. Este se subdivide em diferentes

áreas funcionais, muito embora estejam interconectadas.

A área somatomotora é responsável por todos os movimentos

voluntários dos músculos do corpo e a área somatosensorial recebe impulsos

desde a superfície cutânea, sendo as sensações como o tato e o gosto

também processados nesta região.

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FIGURA 3

VISTA SUPERIOR DOS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS

Fonte: www.afh.bio.br - Capturado em 25/06/2005

A zona do córtex relacionada à audição encontra-se na parte

superior do lóbulo temporal e a área relativa à visão localiza-se na parte

posterior ou lóbulo occipital e a área olfativa situa-se na parte anterior, na parte

interna do lóbulo temporal. Uma única região controla a linguagem: a área de

Broca, situada logo abaixo da área motora e por último observa-se uma parte

muito importante do córtex cerebral, a área frontal, que intervém no

conhecimento, na inteligência e na memória.

FIGURA 4

VISTA LATERAL DOS LOBOS CEREBRAIS

Fonte: Atlas de Anatomia Humana, 1998, lâmina 99.

Lobo frontal

Lobo parietal

Lobo temporal

Lobo occipital

Circunvoluções

Hemisférios cerebrais

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FIGURA 5

COMO O CÉREBRO FUNCIONA

Fonte: www.afh.bio.br - Capturado em 25/06/2005

É o trabalho integrado de todas as estruturas cerebrais que irá

propiciar o amadurecimento e a equilibração do indivíduo, tornando-o capaz de

se desenvolver, física e intelectualmente.

O homem, na busca desse equilíbrio, procura atingir a totalidade

da sua capacidade cerebral, visto que o ser humano utiliza apenas 10% do

potencial de seu cérebro o que tem levado pesquisadores a se perguntarem o

que será que o homem é capaz de fazer com sua utilização plena.

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1.1.3 - Os Neurônios

"A plasticidade neural é a propriedade do sistema nervoso

que permite o desenvolvimento de alterações estruturais

em resposta à experiência, e como adaptação a

condições mutantes e a estímulos repetidos". (deGROOT,

apud MATURANA, 1998, p. 33)

“...são as misteriosas borboletas da alma, cujo bater de

asas poderá algum dia - quem sabe? - esclarecer os

segredos da vida mental”. (CAJAL5, apud VARELLA,

www.drauziovarella.com.br)

O sistema nervoso detecta estímulos externos e internos, tanto

físicos quanto químicos, e desencadeia as respostas musculares e glandulares,

sendo responsável pela integração do organismo com o seu meio ambiente.

Ele é formado, basicamente, por células nervosas, que se

interligam de forma específica e precisa, formando os circuitos neurais, por

onde o organismo é capaz de produzir respostas estereotipadas que

constituem os comportamentos fixos e invariáveis, que se pode exemplificar

com os reflexos, ou então, produzir comportamentos variáveis em maior ou

menor grau.

O ser vivo dotado de um sistema nervoso é capaz de alterar o seu

comportamento em função de experiências passadas. As modificações

comportamentais são chamadas de aprendizado, e ocorrem no sistema

nervoso através de sua propriedade classificada de plasticidade cerebral.

5 Santiago Ramon y Cajal, anatomista espanhol.

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O Neurônio ou célula nervosa é o principal componente do

sistema nervoso, sendo considerando sua unidade anatomo-fisiológica,

responsáveis por todas as funções desse sistema.

Existem diversos tipos de neurônios, com diferentes funções

dependendo da sua localização e estrutura morfológica, mas em geral

constituem-se dos mesmos componentes básicos, conforme ilustração abaixo:

FIGURA 6

VISTA ESQUEMÁTICA DE UM NEURÔNIO

Fonte: CESAR E SEZAR, Biologia 1, 1995, p.330

O corpo do neurônio, constituído de núcleo e pericário dão

suporte metabólico a toda célula.

O axônio, fibra nervosa, prolongamento único e grande é

responsável pela condução do impulso nervoso para o próximo neurônio,

podendo ser revestido ou não por mielina (bainha axonial).

E por último os dendritos que são prolongamentos menores em

forma de ramificações que emergem do pericário e do final do axônio, sendo,

na maioria das vezes, responsáveis pela comunicação entre os neurônios

através das sinapses. Basicamente, cada neurônio, possui uma região

receptiva e outra efetora em relação à condução da sinalização.

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A Sinapse é a estrutura dos neurônios através da qual ocorrem os

processos de comunicação entre os mesmos. Em uma sinapse os neurônios

não se tocam, permanecendo um espaço entre eles denominado fenda

sináptica, onde um neurônio pré-sináptico liga-se a um outro denominado

neurônio pós-sináptico. O impulso ou sinal nervoso, que vem através do axônio

da célula pré-sináptica chega em sua extremidade e provoca na fenda a

liberação de neurotransmissores depositados em bolsas chamadas de

vesículas sinápticas. Este elemento químico se liga quimicamente a receptores

específicos no neurônio pós-sináptico, dando continuidade à propagação do

sinal.

Um neurônio pode receber ou enviar entre 1.000 a 100.000

conexões sinápticas em relação a outros neurônios, dependendo de seu tipo e

localização no sistema nervoso. O número e a qualidade das sinapses em um

neurônio pode variar, entre outros fatores, pela experiência e aprendizagem,

demonstrando a capacidade plástica do Sistema Nervoso.

Funcionalmente, o Sistema Nervoso é composto por neurônios

sensoriais, motores e de associação. As informações provenientes dos

receptores sensoriais aferem ao Sistema Nervoso Central (SNC), onde são

integradas - codificação/comparação/armazenagem/decisão - por neurônios de

associação ou interneurônios, e enviam uma resposta que efere a algum órgão

efetor - músculo, glândula.

O cérebro necessita de uma intrincada rede de circuitos neurais

conectando suas principais áreas sensoriais e motoras, ou seja, grandes

concentrações de neurônios capazes de armazenar, interpretar e emitir

respostas eficientes a qualquer estímulo, tendo também a capacidade de, a

todo instante, em decorrência de novas informações, provocar modificações e

rearranjos em suas conexões sinápticas, possibilitando novas aprendizagens.

Todo o córtex cerebral é organizado em áreas funcionais que

assumem tarefas receptivas, integrativas ou motoras no comportamento. São

responsáveis por todos os atos conscientes, pensamentos e pela capacidade

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22 de resposta a qualquer estímulo ambiental de forma voluntária. Existe um

verdadeiro mapa cortical com divisões precisas a nível anatomo-funcional, mas

que todo ele está praticamente sempre mais ou menos ativado dependendo da

atividade que o cérebro desempenha, visto a interdependência e a

necessidade de integração constante de suas informações frente aos mais

simples comportamentos.

1.1.4 - A Plasticidade Neural

“A atividade neural poderá ser iniciada espontaneamente

pelo embrião em fases ainda precoces do

desenvolvimento. No entanto, para a circuitaria

desenvolver sua potencialidade serão imprescindíveis os

estímulos ambientais. A experiência exerce impacto

decisivo na organização das redes neuronais; sem ela, o

sistema nervoso não atinge a maturidade plena”.

(VARELLA, www.drausiovarella.com.br).

Estudos em Neurobiologia têm comprovado que a plasticidade do

sistema nervoso é uma característica única em relação a todos os outros

sistemas orgânicos. Fato este melhor compreendido através do conhecimento

morfológico-estrutural do neurônio, da natureza das suas conexões sinápticas

e da organização das áreas associativas cerebrais. Sem dúvida nenhuma a

"aprendizagem pode levar a alterações estruturais no cérebro" (KANDEL6,

apud MATURANA, 1998, p. 40).

6 Eric Kandel, destacado neurocientista, resume o novo alinhamento entre Neurociência e Psicologia, em publicação na revista Science.

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23

A cada nova experiência do indivíduo, redes de neurônios são

reorganizadas, e muitas outras sinapses são reforçadas e inúmeras

possibilidades de respostas ao ambiente tornam-se possíveis. Portanto, um

indivíduo está sujeito a constantes modificações com base no uso ou atividade

de seu sistema sensorial periférico, permitindo que novas redes se formem,

gerando novas informações, novas estruturas.

“O poder computacional do cérebro é conferido pelas

interações existentes entre bilhões de células nervosas,

organizadas em redes ou circuitos que executam

operações específicas para dar suporte ao

comportamento e à cognição”. (KANDEL, apud VARELLA,

www.drausiovarella.com.br).

A neurociência procura esclarecer o que acontece no cérebro

humano, desde a sua formação até o envelhecimento, não obstante, tem

demonstrado que todas as estruturas cerebrais aqui apresentadas funcionam

de forma integrada para seu pleno desenvolvimento e para um

desencadeamento equilibrado do processo de aprendizagem. Todavia, esse

processo de equilíbrio, depende do emocional e do amadurecimento do corpo e

do cérebro. “Temos uma genética própria da espécie que determina os tempos

de amadurecimento. Aprendemos conforme o corpo e o cérebro ficam aptos

para isso”. (LIMA7, apud GENTILE8, Revista Nova Escola, no 170, 2005, p.52).

7 Elvira Souza Lima – Psicóloga, antropóloga e especialista em comportamento humano. 8 Paola Gentile – Editora da Revista Nova Escola

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24

1.2 - Inteligência

Inteligência pura e simplesmente é a habilidade de um agente de

gerar conhecimento.

Agente é um sistema (organismo ou máquina) que pode trocar

informação com o meio ambiente que o cerca e que tem estados internos que

se alteram com o tempo. Algumas dessas alterações internas de estado devem

ser função da troca de informações que o agente executa com o ambiente que

o circunda.

Conhecimento é uma coleção de informações situadas no interior

de um agente e que o habilita a atuar no meio ambiente com eficácia maior do

que se esse agente não dispusesse dessa informação.

Existe um consenso intelectual de que inteligência é a capacidade

de resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um

ou mais ambientes culturais ou comunitários ou ainda como a faculdade de

conhecer, compreender, discernir e adaptar-se. Todavia, já se afasta esse

conceito de inteligência única e geral, para dar lugar a uma nova concepção,

baseada nas idéias de Howard Gardner (NOVA ESCOLA, 1997, p.42-45), que

defende a tese de que o ser humano é dotado de inteligências múltiplas que

abrangem as dimensões: lingüísticas, lógico-matemática, espacial, musical,

cinestésio-corporal, naturalista ou biológica, interpessoal e intrapessoal,

classificando cada indivíduo de acordo com suas habilidades.

Piaget (1973) defende que a inteligência é um processo

adaptativo e que a sua função é estruturar o universo, da mesma forma que o

organismo estrutura o meio ambiente. Não há, portanto, diferenças funcionais

entre os seres vivos, mas somente diferenças estruturais de acordo com os

níveis de organização. Logo, as estruturas da inteligência mudam no processo

adaptativo em decorrência das modificações ou acomodações dos esquemas

ou estruturas de assimilação. O ato inteligente se traduz pelo equilíbrio

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25 alcançado pela acomodação e pela assimilação das novas experiências

vividas.

Os cinco primeiros anos de vida de um ser humano, segundo

Antunes9 (2003), são fundamentais para o desenvolvimento de suas

inteligências, não esquecendo a potencialidade do cérebro de se apresentar

como produto de uma carga genética importante que se pressupõe interferir,

positiva ou negativamente, nesse processo do desenvolvimento.

Como já abordado anteriormente, múltiplas conexões entre

neurônios formam uma rede de informações que se apresentam em pontos

diferentes do cérebro e, acredita-se que possuem especificações que

diferenciam uma inteligência da outra. Antunes (op cite) defende que essa

área do organismo não nasce pronta, isso acontece progressivamente,

sobretudo entre os cinco e dez anos de idade, quando no hemisfério

correspondente, terminações nervosas de conectam sendo responsáveis pelo

desenvolvimento da fala, visão, tato, percepção lógica, lingüística, sonora,

entre outras, desenvolvendo-se de forma harmônica para o perfeito equilíbrio

do indivíduo.

Para que o desenvolvimento da inteligência ocorra de forma

eficaz e para que o cérebro atinja toda sua potencialidade e multiplique seu

poder de conexão, este necessita ser estimulado. Este estímulo deve ser

oferecido pelos pais, educadores e por outras crianças, porém, adverte

Antunes (op cite, p.14): “A obsessão por tentar estimular o cérebro, o tempo

inteiro, é tão nociva quanto dar comida ao estômago em quantidade

excessiva”.

Antunes (op cite), afirma que Gardner, muito mais que Piaget, é

da opinião que as habilidades cognitivas podem ser aceleradas e pesquisas

recentes sugerem que a maior parte das crianças pequenas, desde que

estimuladas de forma coerente e em áreas de suas inteligências específicas,

são ligeiramente mais competentes que Piaget imaginava.

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26 As inteligências múltiplas de Gardner, conforme entrevista

concedida à revista Nova Escola (1997) e na visão de Antunes (2003):

Inteligência lingüística – Se caracteriza pela sensibilidade para os

sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial percepção das

diferentes funções da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem para

convencer, agradar, estimular ou transmitir idéias. Gardner indica que é a

habilidade exibida na sua maior intensidade pelos poetas. Em crianças, esta

habilidade se manifesta através da capacidade para contar histórias originais

ou para relatar, com precisão, experiências vividas.

Inteligência musical - Se manifesta através de uma habilidade

para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de

sons, habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos,

texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. A criança

pequena com habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes sons

no seu ambiente e, freqüentemente, canta para si mesma.

Inteligência lógico-matemática – As características principais

desta inteligência são descritos por Gardner como a sensibilidade para

padrões, ordem e sistematização. É a habilidade para explorar relações,

categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e para

experimentar de forma controlada. É a habilidade para lidar com séries de

raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los, característica de

matemáticos e cientistas. Gardner, explica que, embora o talento cientifico e o

talento matemático possa estar presentes num mesmo indivíduo, os motivos

que movem as ações dos cientistas e dos matemáticos não são os mesmos.

Enquanto os matemáticos desejam criar um mundo abstrato consistente, os

cientistas pretendem explicar a natureza. A criança, com especial aptidão nesta

inteligência, demonstra facilidade para contar e fazer cálculos matemáticos e

para criar notações práticas de seu raciocínio.

9 Celso Antunes, professor e escritor, autor do livro: Jogos para estimulação das múltiplas inteligências.

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27 Inteligência espacial – Se manifesta pela capacidade para

perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para

manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais,

criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. É

a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos. Em

crianças pequenas, o potencial especial nessa inteligência é percebido através

da habilidade para quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a atenção a

detalhes visuais.

Inteligência corporal cinestésica - Se refere à habilidade para

resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o

corpo. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes,

artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na

manipulação de objetos com destreza. A criança especialmente dotada na

inteligência cinestésica se move com graça e expressão a partir de estímulos

musicais ou verbais demonstra uma grande habilidade atlética ou uma

coordenação fina apurada.

Inteligência interpessoal - Pode ser descrita como habilidade para

entender e responder adequadamente a humores, temperamentos motivações

e desejos de outras pessoas, sendo adequadamente apreciada na observação

de psicoterapeutas, professores, políticos e vendedores bem sucedidos. Na

sua forma mais primitiva, a inteligência interpessoal se manifesta em crianças

pequenas como a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais

avançada, como a habilidade para perceber intenções e desejos de outras

pessoas e para reagir apropriadamente a partir dessa percepção. Crianças

especialmente dotadas demonstram muito cedo uma habilidade para liderar

outras crianças, uma vez que são extremamente sensíveis às necessidades e

sentimentos de outros.

Inteligência intrapessoal - É a habilidade para acessar os próprios

sentimentos, sonhos e idéias, para discriminá-los e lançar mão deles na

solução de problemas pessoais. É o reconhecimento de habilidades,

necessidades, desejos e inteligências próprias, a capacidade para formular

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28 uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem para

funcionar de forma efetiva. Como esta inteligência é a mais pessoal de todas,

ela só é observável através dos sistemas simbólicos das outras inteligências,

ou seja, através de manifestações lingüísticas, musicais ou cinestésicas.

Gardner (Nova Escola, 1997), descreve ainda uma oitava

inteligência: a inteligência naturalista, que consiste na “habilidade humana de

reconhecer objetos na natureza. Em outras palavras, trata-se da capacidade de

distinguir plantas, animais, rochas”. O autor cita Charles Darwin, o criador da

Teoria da Evolução, como sendo exemplo de comprovação dessa nova

inteligência, por se tratar de alguém que possuía a inteligência naturalista em

seu nível mais elevado.

O indivíduo nasce com todas as inteligências e devem ser

desenvolvidas, contudo, afirma Gardner (op cite, p.43): “Temos potenciais

diferentes, mas todos nascemos com capacidade para desenvolver todas as

inteligências (...) Deve-se considerar também que a carga genética pode ser

decisiva”.

Piaget (1973), o conhecimento é construído a partir de três

fatores: a hereditariedade, o ambiente e a equilibração.

Piaget (op cite) descobriu que o pensamento lógico aparece

somente no final da infância, sendo a capacidade de raciocínio aperfeiçoada na

medida em que o indivíduo percorre sucessivos estádios de desenvolvimento,

concluindo-se que a inteligência em sua forma lógica depende não somente do

desenvolvimento orgânico, mas também da estimulação ambiental.

Não obstante, a constituição biológica fornece ao indivíduo

estruturas físicas, reflexos, e funções - assimilação e acomodação - que entram

em contato com o fator ambiental, que oferece não apenas conteúdos, mas

resistência e perturbações à assimilação. Ao interagir com o ambiente, o

indivíduo coloca em exercício os esquemas ou estruturas de assimilação, que

na medida em que aparecem perturbações proporcionadas pelo meio, ocorre

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29 um desequilíbrio cognitivo levando o indivíduo a tentar compensar esta

situação diferenciando o esquema original em novos esquemas. Este processo

de busca de equilíbrio é chamado por Piaget de processo de equilibração. A

construção se dá sempre sobre as bases anteriores, que permanecem

equilibradas até o momento em que, assimiladas novas aquisições, o processo

se repita.

Piaget (1973) divide o desenvolvimento intelectual em três

períodos: o período da inteligência Sensório Motora que compreende a fase de

0 a 2 anos; o período Operacional Concreto compreendido entre 2 e 7 anos

(Pré-operatório ) e dos 8 aos 12 ( Operatório Concreto ) e, o período das

Operações Formais, que ocorre a partir dos 12 anos. Os vários estádios

ocorrem sempre em uma mesma ordem, todavia não se prendem a idades

cronológicas fixas e são relativamente independentes do ambiente social em

que o indivíduo vive.

A contribuição dos estudos de Piaget, no que se refere ao

desenvolvimento humano é de suma importância, pois conseguiu demonstrar

que a criança não pensa como o adulto e que este pensamento não é inato ao

homem, ele possui sim condições físicas e neurológicas para o

desenvolvimento do mesmo.

“[...] a criança raciocina somente sobre estados ou

configurações estáticas, negligenciando as

transformações como tais. Para atingir a estas últimas, ao

contrário, é preciso raciocinar por meio de “operações”

reversíveis e estas só se constroem pouco a pouco, por

uma regularização progressiva das compensações em

jogo.” (PIAGET, 2002, p.72)

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30

1.3 - Memória

“Homem, tens memória? Se não a tens como reténs o

que digo? Sim, talvez tenhas esquecido o que eu há

pouco "disse". Mas, e este "disse" que acabo de proferir,

estas duas sílabas, só as reténs porque tens memória.

Como saberias que são duas, se ao soar a segunda, já

tivesses esquecido a primeira? Por que continuar, por que

me esforço por convencer, se é evidente que tens

memória? (...) Quando eu anunciei que ia falar de três

realidades já ouvi algumas vozes antecipando:

"Memória!". Para dizer isto, de que te valeste? Esta

palavra que disseste,"memória", foi produto da tua

memória que a reteve; da inteligência, para saber o que

retinhas; da vontade, para proferir o que sabias. Demos

graças ao Senhor nosso Deus, que nos ajudou na tua

pessoa e na minha! Digo-vos com toda a sinceridade que

eu estava com muito medo de entrar nessa questão.

Temia que satisfazendo os mais capazes, entediasse os

mais tardos. Mas, agora, vejo pela atenção com que

escutais e pela rapidez com que compreendeis, que não

só entendestes, mas até vos antecipais ao que eu ia

dizer. Graças a Deus! Das três realidades em questão só

a memória foi mencionada. Memória é só uma delas e, no

entanto, dizer "memória" foi obra das três. Não se pode

nem dizer a palavra "memória" sem a ação da vontade,

da inteligência e da memória. Não se pode nem dizer a

palavra "inteligência" sem a ação da memória, da vontade

e da inteligência. Não se pode nem dizer a palavra

"vontade" sem a ação da memória, da inteligência e da

vontade”. (SÃO TOMÁS DE AQUINO, sermão, 52, 19-20 )

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31 O cérebro humano é constituído de uma notável plasticidade, a

habilidade em ser modelado e modificado pelo crescimento de novas e mais

complexas conexões entre células. A propriedade básica do córtex cerebral é

armazenar informação. Embora não se entenda exatamente como ocorre tal

armazenamento, são as múltiplas áreas corticais responsáveis pelos diferentes

tipos de memória.

Algumas áreas se desenvolvem em sistemas de conhecimento

que surgem das memórias lingüísticas, visuo-espaciais ou motoras. Outras

regiões do cérebro armazenam informações a respeito de experiências

emocionais, entre outras, com diversos tipos de armazenamento de

informações imprescindíveis para o pleno desenvolvimento cognitivo. Portanto,

aprendizado e memória não estão limitados a um único sistema neural ou

processo. Existem múltiplos sistemas de memória, espalhados por diferentes

áreas cerebrais, com conexões e vias que podem interconectá-las em distintos

meios, variando até mesmo de individuo para individuo.

Segundo García10 (1998), como as habilidades de aprendizado e

memória não estão geralmente desenvolvidas por completo em todas essas

áreas, as abordagens educacionais que usam o conceito de sistemas de

memória múltipla podem levar a um conhecimento mais profundo e com maior

apreensão. Estudantes que se demonstram fracos em um fluxo de

processamento de memória, podem facilmente compensar isso quando outros

modos de processamento estão disponíveis, como por exemplo, materiais

didáticos que usam analogias visuais e pessoais, esquemas visuais que

mostram como conceitos verbais se relacionam espacialmente uns com os

outros, e atividades que implementam passos de resolução de problemas

(jogos e brincadeiras), oferecem oportunidades para o envolvimento de

sistemas múltiplos de memória.

10 Jesus Nicasio García – Manual de Dificuldades de Aprendizagem. 1998, Artmed.

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CAPÍTULO II

DEFINIÇÕES PROPOSTAS PARA AS DIFICULDADES

DE APRENDIZAGEM, AO LONGO DA HISTÓRIA

“Se pensarmos no problema de aprendizagem como só

derivado do organismo ou só da inteligência, para a sua

cura não haverá necessidade de recorrer à família. Se ao

contrário, as patologias no aprender surgissem na criança

somente a partir da sua função equilibradora do sistema

familiar, não necessitaríamos, para seu diagnóstico e cura

recorrer ao sujeito separadamente da sua família (...)”.

(FERNANDEZ11, apud SILVA, 1997, p.86).

11 Alicia Fernandez, autora do livro: A Inteligência Aprisionada. 1990

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33

2 - Definições Propostas Para As Dificuldades De

Aprendizagem, Ao Longo Da História.

Segundo Silver (apud García, 1998), foram utilizados antes de

1940 termos como ‘transtornados emocionalmente’, ‘desvantajados culturais’

ou ‘retardados mentais’, para crianças com dificuldades de aprendizagem.

Somente após os anos 40 pensou-se na possibilidade de causas neurológicas

para os problemas ou dificuldades de aprendizagem, termos estes sugeridos

por Werner e Strauss, 1941 e Strauss e Lehtinem, 1947.

Ainda que, de uma maneira ou de outra, as diversas definições

convivam parcialmente nos escritos atuais e, sobretudo, nas práticas

educativas, foram realizados intentos para oferecer uma alternativa a cada uma

das definições que colaboraram, ao longo dos anos, para que o campo das

dificuldades de aprendizagem fosse se desenvolvendo.

Uma síntese dessa sucessão histórica reflete-se muito bem em

Hammill (1990), Hammill Leigh, McNutt e Larsen (1987). A influência desse

artigo foi enorme no mundo anglo-saxão e isso se reflete no fato de ter sido

editado, inicialmente em 1981, em Learning Disability Quarterly, e, em 1988,

em Learning Disability Quarterly,11, 217-223, com algumas adaptações.

As dificuldades de aprendizagem centram-se em dificuldades nos

processos implicados na linguagem e nos rendimentos acadêmicos

independentemente da idade das pessoas e cuja causa seria ou uma disfunção

cerebral, ou uma alteração emocional-condutual, definição proposta por Silver

(1988). Foi utilizada pela primeira vez, no Congresso de 1963 da Association

for Children With Learning Disabilities, atualmente Learning Disabilities

Association of America. Essa definição foi adaptada por Kirk, e suas idéias

seriam melhor refletidas nas definições do National Advisory Committee on

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34 Handicapped Children NACHC, 1968) e na de United States Office of

Education (USOE, 1977).

Definição proposta por Kirk em 1962:

“Uma dificuldade de aprendizagem refere-se a um

retardamento, transtorno, ou desenvolvimento lento em

um ou mais processos da fala, linguagem, leitura, escrita,

aritmética ou outras áreas escolares, resultantes de um

handicap causado por uma possível disfunção cerebral

e/ou alteração emocional ou condutual. Não é o resultado

de retardamento mental, deprivação sensorial ou fatores

culturais e instrucionais”. (KIRK, apud GARCÍA, 1998,

p.8).

Posteriormente à definição proposta por Kirk, Bateman (apud

Garcia), em 1965, propõe nova definição, onde introduziu o conceito de

discrepância aptidão-rendimento, além de não fazer referência à causa da

dificuldade de aprendizagem e enfatizar o papel da criança, sem especificar o

tipo de dificuldade de aprendizagem. Quase não influiu no campo das DA.

O National Advisory Committee on Handicapped Children foi

criado pelo Bureau of Education for the Handicapped dentro da U.S. Office of

Education (USOE) e dirigido por Samuel Kirk. Uma nova definição foi proposta

no informe de 31 de janeiro de 1968, com semelhanças conceituais com a de

Kirk de 1962, exceto pelo fato de terem sido eliminadas as alterações

emocionais como causas das dificuldades de aprendizagem; limitou as

dificuldades de aprendizagem às crianças e acrescentou transtornos do

pensamento.

Essa definição serviu de base para a definição que seria

incorporada à Lei Pública 94-142, em 1977, pela USOE.

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35

Definição proposta pelo NACHC:

“As crianças com dificuldades de aprendizagem especiais

(específicas) manifestam um transtorno em um ou mais

processos psicológicos básicos na compreensão ou no

uso da linguagem falada ou escrita. Estes podem

manifestar-se em transtornos da audição, do pensamento,

da fala, da leitura, da silabação ou da aritmética. Incluem

condições que foram referidas como handicaps

perceptivos, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima,

dislexia, afasia do desenvolvimento, etc. Não incluem

problemas de aprendizagem devido primariamente a

handicaps visuais, auditivos ou motores, ao retardamento

mental, alteração emocional ou à desvantagem

ambiental.” (NACHC, apud GARCÍA, 1998, p.9)

Diante da diversidade de definições e com a finalidade de atender

às necessidades da educação especial, a USOE constitui um Institute for

Advanced Study at Northwestern University, que por intermédio de seus

representantes criam uma nova definição para a deficiência de aprendizagem.

A definição da USOE distancia-se da do NACHC ao reintroduzir o conceito de

discrepância entre aptidão e rendimento; não são sugeridas causas das

dificuldades de aprendizagem; foram excluídos os transtornos de pensamento

das dificuldades de aprendizagem e incluídos os “transtornos da orientação

espacial” entre as dificuldades de aprendizagem.

Definição proposta pela NORTHWESTERN UNIVERSITY:

“Dificuldade de aprendizagem refere-se a um ou mais

déficits significativos nos processos de aprendizagem

essenciais que requerem técnicas de educação especial

para a remediação:

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36 As crianças com dificuldades de aprendizagem

demonstram geralmente uma discrepância entre o

aproveitamento atual e o esperado em uma ou mais

áreas, tais como a fala, a leitura, a linguagem escrita, a

matemática, a orientação espacial;

A dificuldade de aprendizagem referida não é

primariamente o resultado de deficiências sensoriais,

motrizes, intelectuais ou emocionais, ou ausência de

oportunidades para aprender;

Os déficits significativos se definem em termos de

procedimentos aceitos de diagnóstico em educação e em

psicologia;

Os processos de aprendizagem essenciais são os

habitualmente referidos na ciência da conduta como

implicando a percepção, a integração e a expressão, seja

verbal ou não verbal;

As técnicas de educação especial para a remediação

referam-se ao planejamento educativo, baseadas em

procedimentos e resultados diagnósticos.” (KASS E

MYKLEBUST, apud GARCÍA, 1998, p.9).

A definição proposta pela unidade do Council for Exceptional

Children (CEC) no final dos anos sessenta, a Division for Children with

Learning Disabilities (DCLD), não podendo nesta definição, que as crianças

com dificuldades de aprendizagem ser consideradas com diversos déficits, ou

dentro de diagnósticos superpostos. Por definição, uma criança com

dificuldades de aprendizagem não pode apresentar, simultaneamente,

problemas educativos, transtornos emocionais, deficiência mental, visual ou

auditiva, entre outros. É a única definição que não permite a coexistência de

uma dificuldade de aprendizagem e de outros déficits. Esta definição teve muito

pouco uso e influência.

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37 Tendo em vista que o rótulo “dificuldades de aprendizagem” inclui

tantas alterações, o National Project on the Classification of Exceptional

Children propõe que só se considere tal rótulo quando se dá um déficit nos

processos perceptivos que produzam problemas acadêmicos. Isso teve como

conseqüência seu escasso uso e aceitação.

Posteriormente, na busca de critérios operacionais, buscava-se

melhorar a definição do NACHC (1968), para o qual a U.S. Office of Education,

através do Bureau of Education for the Handicapped, propôs o seguinte, no

Federal Register, em 1976:

“Uma dificuldade de aprendizagem específica pode ser

encontrada se uma criança tem uma discrepância severa

entre o aproveitamento e a habilidade intelectual em uma

ou mais das diversas áreas: expressão oral, expressão

escrita, compreensão oral ou compreensão escrita,

habilidades de leituras básicas, cálculo matemático,

raciocínio matemático ou soletração. Uma “discrepância

severa” é definida como existente quando o

aproveitamento em uma ou mais áreas está em ou abaixo

de 50% do nível de aproveitamento esperado da criança,

quando a idade e as experiências educativas prévias são

levadas em consideração.” (USOE, apud GARCÍA, 1998,

p.10)

A idéia de “discrepância severa” implica o uso de fórmulas para

sua determinação, o que foi muito discutido e criticado tanto do ponto de vista

puramente técnico como do ideológico.

Posto que o Bureau of Education for Handicapped foi designado

para encontrar uma melhor definição, alcançou-se o consenso na proposta pelo

NACHC, em 1968 (cf., Adelman e Taylor, 1986). Esta, com poucas

modificações foi incorporada, em 1969, à legislação federal, em 1975 à P.L. 94-

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38 142, na Education for All Handicapped Children Act, em 1986 na

Reauthorization of the Education of the Handicapped Act e, em 1977, foi

publicado no Federal Register, com a seguinte redação:

“O termo ‘dificuldade de aprendizagem específica quer

dizer um transtorno em um ou mais dos processos

psicológicos básicos implicados na compreensão ou no

uso da linguagem, falada ou escrita, que se pode

manifestar numa habilidade imperfeita para escutar, falar,

ler, escrever, soletrar, ou fazer cálculos matemáticos. O

termo não inclui crianças que apresentam problemas de

aprendizagem que são primariamente o resultado de

déficits visuais, auditivos ou motores ou retardamento

mental, ou alterações emocionais, ou desvantagens

ambientais, culturais ou econômicas”. (USOE, apud

GARCÍA, 1998, p.12).

No Registro Federal, foram incluídos, além da definição, uma

série de critérios operacionais com a finalidade de orientar a detecção e

diagnóstico das pessoas com dificuldades de aprendizagem. Contudo, existe

incoerência entre a definição e os critérios estabelecidos.

Não obstante, existe unanimidade em admitir que esta definição e

a do NJCLD são as mais amplamente utilizadas e assumidas. A definição da

USOE de 1977 foi assumida pela maioria dos Estados, se convertendo assim

no critério “legal” para a provisão de serviços educativos para as pessoas com

dificuldades de aprendizagem.

Uma definição consensual sobre o que se entende por dificuldade

de aprendizagem, sobretudo nos EUA, como aplicação e desenvolvimento da

lei federal de 1975, trata-se da definição proposta pelo National Joint

Committee on Learning Disabilities (NJCLD), composto por representantes de

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39 oito das mais importantes organizações nacionais dos EUA envolvidas no tema

de dificuldades de aprendizagem, que versa:

“Dificuldade de Aprendizagem (DA) é um termo geral que

se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se

manifestam por dificuldades significativas na aquisição e

uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou

habilidades matemáticas. Esses transtornos são

intrínsecos ao indivíduo, supondo-se devido à disfunção

do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do

ciclo vital. Podem existir, junto com as dificuldades de

aprendizagem, problemas nas condutas de auto-

regulação, percepção social e interação social, mas não

constituem, por si próprias, uma dificuldade de

aprendizagem. Ainda que as dificuldades de

aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com

outras condições incapacitantes (deficiência sensorial,

retardamento mental, transtornos emocionais graves), ou

com influência extrínsecas (tais como as diferenças

culturais, instrução inapropriada ou insuficiente), não são

o resultado dessas condições ou influências”. (NJCLD,

apud GARCIA, 1998, p.32).

Essa definição foi apoiada pela maioria das organizações de

profissionais e científicas implicadas nos temas de educação especial.

A Association of Children with Learning Disabilities (ACLD), que, a

partir de 1989, passou a denominar-se Learning Disabilities Association of

America ou LDA (Associação de dificuldades de aprendizagem da América)

opôs-se à definição do NJCLD de 1981, propondo uma definição diferente e

uma justificativa, em 1986. Esta definição teve pouca influência e uso.

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40 O Interagency Committee on Learning Disabilities (ICLD), em

1987, propôs uma definição que enviou ao Congresso, sendo basicamente

similar à do NJCLD, com a adição da dificuldade de aprendizagem por déficit

nas habilidades sociais. A inclusão desta dificuldade de aprendizagem

específica foi amplamente criticada.

“O fato de muitas pessoas com dificuldades de

aprendizagem desenvolverem simultânea ou

subseqüentemente problemas sociais não é razão

suficiente para considerar esses problemas como

constitutivos, por si sós, de uma nova dificuldade de

aprendizagem”. (SILVER, apud GARCIA, 1998, p.14).

O NJCLD se opôs de forma majoritária a esta inclusão em 1988.

Definição proposta pela ICLD:

“As dificuldades de aprendizagem são um termo genérico

que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos

manifestados por dificuldades significativas na aquisição e

uso da recepção, fala, leitura, escrita, raciocínio, ou

habilidades matemáticas, ou habilidades sociais. Esses

transtornos são intrínsecos ao indivíduo e presume-se

que sejam devido à disfunção do sistema nervoso central.

Inclusive, ainda que um problema de aprendizagem possa

ocorrer concomitantemente com outras condições

incapacitantes, com influências sócio-ambientais, e,

especialmente, transtornos por déficit de atenção, todos

os quais podendo causar dificuldades de aprendizagem,

uma dificuldade de aprendizagem não é o resultado direto

destas influências ou condições”. (ICLD,apud GARCIA,

1998, p.14).

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41

Apesar da definição ter sido desenvolvida por um comitê

governamental, não teve aplicabilidade oficial, posto que razões pragmáticas

assim aconselharam ao Departamento de Educação, pois acarretaria mudança

na lei PL 94-142 para incluir as dificuldades nas habilidades sociais; teria

aumentado a confusão na seleção das dificuldades de aprendizagem e, seria

aumentado o número de crianças classificadas como apresentando

dificuldades de aprendizagem. Por tudo isso, seu uso e influência foram

limitados.

Na atualidade, somente quatro definições têm habilidade

profissional: as da USOE de 1977, a do NJCLD, a do LDA e a do ICLD, tendo

as demais definições apenas valor histórico.

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42

CAPÍTULO III

PRINCIPAIS DISTÚRBIOS QUE INTERFEREM NO

PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA

MATEMÁTICA

“O diagnóstico escolar consiste na utilização de recursos,

meios e técnicas apropriadas ao objetivo de analisar ou

avaliar as situações educacionais, os problemas e as

dificuldades dos alunos, bem como determinar suas

causas para preveni-las e corrigi-las. Implica, portanto,

uma avaliação que represente, conseqüentemente, uma

das fases mais importantes do trabalho da educação por

proceder sistematicamente à análise das dificuldades do

rendimento escolar, dos desajustamentos e das falhas do

processo educativo”. (SEE12, apud SILVA, 1997, p.29)

12 Secretaria de Estado da Educação – São Paulo – Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – Serviço de Educação Especial – A importância do diagnóstico – 1983.

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43

2 - Principais Distúrbios Que Interferem No Processo Ensino-

Aprendizagem da Matemática

“Quando pela primeira vez se demonstrou que a

capacidade das crianças de idêntico nível de

desenvolvimento mental para aprender sob a orientação

de um professor variava em grande medida, tornou-se

patente que ambas as crianças não possuíam a mesma

idade mental e que, evidentemente, o curso subseqüente

de sua aprendizagem seria distinto. Essa diferença é o

que denominamos zona de desenvolvimento proximal.

Não é outra coisa que a distância entre o nível real de

desenvolvimento, determinado pela capacidade de

resolver independentemente um problema, e o nível de

desenvolvimento potencial, determinado através da

resolução de um problema sob a orientação de um adulto

ou em colaboração com outro companheiro mais capaz”.

(VYGOTSKY, apud GARCIA, 1998, p.1)

Os distúrbios de aprendizagem se caracterizam por dificuldades

experimentadas pela criança em seu desenvolvimento de habilidades

cognitivas específicas e que não estejam associadas a uma redução global da

cognição que caracteriza a deficiência mental.

A dificuldade de aprendizagem é uma das maiores preocupações

dos educadores e de profissionais da área de saúde, preocupados com o bem

estar bio-psico-social da criança e do adolescente, o que tem provocado uma

grande mobilização desses profissionais na busca pelo entendimento dos

diversos distúrbios apresentados, suas causas e meios de supera-los.

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44 As dificuldades que afetam o aprendizado da matemática, mais

conhecida como discalculia ou acalculia, estão também presentes nas

dificuldades típicas da aquisição de linguagem, apresentadas por alunos

disléxicos, assim como os distúrbios comportamentais de atenção e

hiperatividade (TDAH), talvez por terem em comum a disfunção de circuitos

neurais fronto-temporo-parietais.

Problemas nessas áreas do cérebro podem afetar o

processamento eficiente de qualquer material simbólico, linguagem e

matemática, incluídos, significando que as falhas em uma área de

aprendizagem podem estar freqüentemente vinculadas à falhas em outras

áreas.

É neste enfoque que este capítulo se desenvolverá, na

interferência desses distúrbios no processo ensino-aprendizagem da

matemática.

3.1 - Aprendizagem e Problemas, Uma Abordagem Global.

Como em todos os processos que envolvem diversas escolas de

pensamento, a definição de aprendizagem é complexa e varia de autor para

autor, gerando definições diversas e conflitantes durante o avanço da história.

A definição de aprendizagem não deve ser confundida com a

definição de ensino, pois este é o processo pedagógico por meio do qual se

transmitem informações sobre um tema determinado.

O ensino moderno busca o aperfeiçoamento do indivíduo através

da aprendizagem, e esta é a capacidade de aprender. A aprendizagem

representa uma adaptação ao meio e é necessária à sobrevivência de todo ser

vivo.

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45

Desta forma, afirma Maturana:

“A aprendizagem é o caminho da mudança estrutural que

segue o organismo (incluindo seu sistema nervoso) em

congruência com as mudanças estruturais do meio como

resultado da recíproca seleção estrutural que se produz

entre ele e este, durante a recorrência de suas interações,

com conservação de suas respectivas identidades

(MATURANA, 1998, p 32)

Segundo Maturana:

"A operação cognitiva básica que nós realizamos como

observadores é a operação de distinção. Através dessa

operação nós especificamos uma unidade como uma

entidade distinta do seu meio ambiente, caracterizamos

ambos unidade e ambiente com as propriedades as quais

esta operação lhes fornece e especificamos sua

diferenciação. Uma unidade assim especificada é uma

unidade simples que define através de suas propriedades

o espaço no qual ela existe e o domínio fenomenal que

ela pode gerar na sua interação com outras unidades".

(MATURANA, 1980, p.19)

É comum associar a aquisição de conhecimentos intelectuais,

somente a competências de ordem cognitiva. Entretanto, afeto e cognição são

fatores importantes e toda e qualquer aprendizagem necessita de ambos para

se efetivar como competência.

Segundo Silva13 (1997), crianças com problemas de

aprendizagem constituem um desafio em matéria de diagnóstico e educação.

Todavia, existem educadores, que consideram alguns alunos preguiçosos e

desinteressados, o que não só rotula o aluno, mas também esconde a prática

13 Maria Cecília da Silva – Aprendizagem e Problemas, 1997, Ícone Editora.

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46 docente do professor, que por muitas vezes desconhece, inteiramente, que

essas mesmas crianças podem apresentar algum problema de aprendizagem,

de ordem orgânica, psicológica, social, entre outras. São tantas as variáveis,

que é imprescindível ao educador, conhecer os problemas mais comuns no

processo de ensino-aprendizagem.

“Diagnosticar, significa localizar as causas que provocam

os sintomas de uma doença. Diagnosticar Problemas de

Aprendizagem, implica em descobrir ou localizar as

causas que impedem ou dificultam a realização da

aprendizagem. É uma tarefa extremamente difícil em

função da complexidade dos diversos fatores norteantes

do processo. Tarefa em que o professor não é o único

profissional que busca soluções. Ele caminha junto a

outros (psiquiatra, neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo,

etc.)”. (SILVA, 1997, p.28).

A forma de ensinar abrange a observação da criança na sala ou

em outras atividades. Verificar como a criança brinca, ouvir o que ela tem a

dizer, ouvir as conversas das crianças entre si, tentar perceber como ela vê o

mundo, como organiza o seu modo de pensar, qual a sua lógica, permitir que

ela manipule objetos diversos, que movimente e aprenda os diferentes

conteúdos, utilizando o seu corpo, propicia o desenvolvimento pleno do

indivíduo. “O professor que mantém uma relação saudável com os alunos faz

com que os mesmos confiem no seu trabalho e se interessem pelo mesmo,

efetivando assim a aprendizagem”. (op. cite, p.30).

A maior dificuldade no relacionamento entre educadores e

crianças com problemas de aprendizagem é justamente a falta desta visão

global do ser humano, pois a tendência atual ainda é analisar a criança

compartimentada, como se ela fosse apenas um cérebro, e não um ser

integral, provido de razão e emoção.

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47 Carvalho14 (1981), em seu artigo: Os alunos de aprendizagem

lenta - publicado no Jornal do Professor, define o termo “desordens” de

aprendizagem e aponta uma variação de grau onde os transtornos de

aprendizagem podem ser apresentados como:

® Dificuldade de aprendizado - é transtorno simples,

experimentado por todos nós, em algum momento. É transitório

e é comum ocorrer;

® Problema de aprendizado - dificuldade mais intensa, não

patológica, decorrente de determinantes psicológicos, sociais,

pedagógicos, etc.

® Ou distúrbios de aprendizado - transtornos mais complexos, de

natureza patológica; excluem, porém, outros fatores primários

como retardo mental, deficiências sensoriais, incapacidades

motoras e/ou perturbações emocionais graves.

A autora classifica os distúrbios de aprendizagem em:

® Distúrbio Específico de Aprendizagem, onde o indivíduo não tem

deficiência física nem mental. Ele apresenta potencial, mas tem

grande dificuldade em trabalhá-lo e desenvolvê-lo. O educando

demonstra sensível dificuldade em acompanhar o ritmo de

aprendizagem das demais pessoas da sua faixa etária,

evidenciando um desempenho escolar claramente abaixo das

expectativas. A etiologia deste distúrbio está relacionada a

fatores sociais, emocionais, neurológicos e/ou pedagógicos.

Distúrbio Inespecíficos de Aprendizagem está ligado aos

sintomas e quadro clínico da deficiência física e/ou mental.

14 Rosita Edler Carvalho – Pedagoga, psicóloga, Doutora em educação.

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48 Segundo Grunspun15 (2003), os distúrbios de aprendizagem

escolar são considerados Transtornos Específicos das Habilidades Escolares,

pela CID-10, e no DSM-IV como Transtornos de Aprendizagem, incluindo os

Transtornos de Leitura, Transtornos de Matemática, Transtornos da Expressão

Escrita e Transtorno de Aprendizagem sem outra Especificação.

“Temos que analisar as dificuldades próprias do

aprendizado e os distúrbios evolutivos do comportamento

– DEC específicos, além de TDAH (Transtorno de déficit

de atenção com hiperatividade), que, num continuum,

podem interferir e se não houver terapias adequadas que

se antecipam aos distúrbios da escolaridade”.

(GRUNSPUN, 2003, p.327)

Segundo García (1998), os ADHD (attention déficit-hyperativity

disorder), ou TDAH (transtorno por déficit de atenção e hiperatividade), não

fazem parte das dificuldades de aprendizagem, contudo, como esses

indivíduos apresentam, em geral, algum tipo de problema escolar e acadêmico,

“esses aspectos poderiam ser encaixados entre as dificuldades de

aprendizagem”. (op. cite, p.73).

3.2 - Dificuldades de aprendizagem da Matemática.

Trata-se de dificuldades significativas no desenvolvimento das

habilidades relacionadas com a matemática, não ocasionadas pela deficiência

mental, nem por escolarização escassa ou inadequada, nem por déficits visuais

ou auditivos, conforme abordado anteriormente, sendo classificada como tal se

15 Haim Grunspun – Distúrbios Neuróticos da Criança: Psicopatologia e Psicodinâmica, 2003, editora Atheneu.

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49 acontecer uma alteração ou deterioração relevante dos rendimentos escolares

ou da vida cotidiana.

As dificuldades dos transtornos do desenvolvimento da

matemática incidirão em diversas atividades.

“Estas incluem habilidades ‘lingüísticas’ (como a

compreensão e o emprego da nomenclatura matemática,

a compreensão ou denominação de operações

matemáticas e a codificação de problemas representados

com símbolos matemáticos), habilidades ‘perceptivas’

(como o reconhecimento ou a leitura de símbolos

numéricos ou sinais aritméticos, e o agrupamento de

objetos em conjuntos), habilidades de ‘atenção’ (como

copiar figuras corretamente nas operações matemáticas

básicas, recordar o número que ‘transportamos’ e que

devemos acrescentar a cada passo, e observar os sinais

das operações) e as habilidades ‘matemáticas’ (como o

seguimento das seqüências de cada passo nas

operações matemáticas, contar objetos e aprender as

tabuadas de multiplicação)”. (GARCIA, 1998, p.211)

Geary (apud GARCIA, 1998), associa os transtornos do

desenvolvimento da linguagem, os transtornos do desenvolvimento da leitura e

escrita, os transtornos do desenvolvimento na coordenação e as dificuldades

de atenção e de memória, aos transtornos da matemática, por esta estar

intimamente ligada às habilidades neles inseridas e comprometidas.

Tanto do curso quanto da incidência ou dos antecedentes

familiares dispõe-se apenas de dados, uma vez que o interesse em seu estudo

apenas aconteceu a partir de 1992, com Semrud-Clikeman e Hynd.

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50

Termos como “problemas de aprendizagem da matemática”,

“transtornos aritméticos”, “transtornos de matemática”, “problemas específicos

de matemática”, são utilizados para o mesmo problema. Contudo, dois termos

são mais freqüentemente utilizados e conhecidos: a acalculia e a discalculia.

Alguns critérios para o diagnóstico do transtorno do

desenvolvimento no cálculo aritmético são utilizados para identificação da

criança portadora de transtornos aritméticos:

a) O rendimento nas provas padronizadas de aritmética é menor do que

o nível esperado, dada a escolarização e capacidade intelectual da

criança.

b) Esse baixo rendimento interfere de maneira significativa nas

aprendizagens acadêmicas ou nas atividades da vida cotidiana que

requerem habilidades no cálculo aritmético.

c) A alteração não se deve a um defeito na acuidade visual ou auditiva

ou a um transtorno neurológico.

3.2.1 - Acalculia

Novick e Arnold (apud GARCIA, 1998), definiram acalculia como

sendo um transtorno relacionado com a aritmética, adquirido após uma lesão

cerebral, sabendo que as habilidades já se haviam consolidado e desenvolvido.

Diferenciam-se duas formas de acalculia, segundo Garcia (op.

cite):

1. Acalculia primária ou verdadeira acalculia ou “anaritmetia”.

2. Acalculia secundária, em que se diferenciam dois tipos:

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51 - acalculia afásica ou acalculia com alexia e/ou agrafia para

os números.

- acalculia secundária ou alterações viso-espaciais.

Identifica-se ainda a Síndrome de Gerstmann que apresenta

quatro características, mas que pode referir-se a diferentes tipos de acalculia,

que, segundo Benton (apud GARCIA, 1998), são a desorientação direita-

esquerda, a agnosia digital, a agrafia e a acalculia, e que aparece com

dificuldade na execução das operações matemáticas e com a orientação das

seqüências de números e que pode se manifestar após lesão cerebral, em

adultos, ou sem sinais neurológicos de lesão, em crianças.

3.2.2 - Discalculia

A discalculia ou discalculia de desenvolvimento é o termo utilizado

para o transtorno estrutural da maturação das habilidades matemáticas,

segundo Kocs (apud GARCIA, op cite), referente, sobretudo a crianças, e que

se manifesta pela quantidade de erros variados na compreensão dos números,

habilidades de contagem, habilidades computacionais e solução de problemas

verbais.

A discalculia é diferenciada em seis subgrupos:

1. A discalculia verbal com manifestações em dificuldades em

nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos,

os símbolos e as relações.

2. A discalculia practognóstica, ou dificuldades para enumerar,

comparar, manipular objetos reais ou em imagens,

matematicamente.

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52 3. A discalculia léxica, em relação com dificuldades na escrita de

símbolos matemáticos.

4. A discalculia gráfica, em relação com dificuldades na escrita

de símbolos matemáticos.

5. A discalculia ideognóstica, ou dificuldades em fazer

operações mentais e na compreensão de conceitos

matemáticos.

6. A discalculia operacional, em relação com dificuldades na

execução de operações e cálculos numéricos.

A discalculia difere da acalculia, quanto à sua origem e causa. A

acalculia se refere a adultos ou a crianças e jovens, porém é de caráter lesional

e ocorre após ter sido iniciada a aquisição da função. Por outro lado, a

discalculia refere-se, sobretudo a crianças, é evolutiva, pode dar-se em adultos,

mas não é lesional, e estaria associada, principalmente, com as dificuldades de

aprendizagem da matemática tal como é conhecida.

3.3 - O Fracasso Escolar e o Crescente Interesse pelo

Estudo dos Transtornos da Matemática.

A matemática é disciplina considerada como uma das principais

responsáveis pelo fracasso escolar e pela conseqüente evasão, o que tem

levado a um crescente aumento pelo interesse em compreender a natureza e

importância da competência matemática, assim como, pelos fatores recentes

que incidiram no aumento do valor atribuído a seu estudo e as bases e

processos neuropsicológicos e neuroanatômicos que estão na base das

dificuldades de aprendizagem da matemática, além de outras questões

relacionadas com a conquista das habilidades matemáticas com a

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53 aprendizagem e o desenvolvimento, sua representação, a forma de abordar a

solução de problemas e a compreensão do pensamento matemático,

integrando as contribuições interdisciplinares dos últimos anos, não podendo

deixar de valorizar as contribuições e o interesse da psicologia.

O conhecimento e as habilidades matemáticas fazem parte da

vida cotidiana de todo indivíduo desde a sua infância, nas tarefas habituais ou

relacionadas com o trabalho e nas demandas sociais, e o fato de muitas

pessoas com dificuldades de aprendizagem apresentarem,

concomitantemente, dificuldades na aprendizagem da matemática, tem

aumentado seu interesse e valorização.

García (1998), cita vários estudiosos, que ao longo da história, e

através de amostragem, descobriram que o índice de pessoas, com dificuldade

de aprendizagem crescia no momento em que se avaliavam os diversos

comprometimentos existentes em um mesmo indivíduo:

“Keller e Sutton (1991) citam Kocs, que, em 1974,

identificou 6,4% da amostra de estudantes de quinto grau,

na Checoeslováquia, como discalcúlicos; ou Norman e

Zigmond, que, em 1980, encontraram que 8,1% de sua

amostra apresentavam discrepâncias severas em

matemática apenas, enquanto 13,1% as apresentavam

em matemática e leitura, simultaneamente; ou Mcleod e

Armstrong, que, em 1982, encontraram, numa enquete

com professores de estudantes com dificuldades de

aprendizagem, que 26,2% de seus alunos apresentavam

primariamente, dificuldades em matemática, e esse

número chegava a 40,3% quando se conjugava com

outros problemas (...)”. (GARCÍA, 1998, p.214).

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54

O interesse pela compreensão dos processos neuropsicológicos e

neuroanatômicos das dificuldades de aprendizagem da matemática, vem

demonstrar a importância de se conhecer o ser humano de forma integral,

como um sistema integrado.

García (1997), apresenta em sua obra, um quadro que sintetiza

as áreas corticais que medeiam as diferentes aptidões relacionadas com a

correspondência matemática, quadro este adaptado de Keller e Sutton. (apud

GARCÍA, 1997, p.215)

Tabela 1 – Áreas Corticais e a correspondência matemática.

Região Capacidade

Hemisférios direito Organização viso-espacial.

Hemisfério dominante da linguagem Habilidades lingüísticas.

Áreas de associação do hemisfério

dominante

Leitura e compreensão de problemas

verbais, compreensão de conceitos e

procedimentos matemáticos.

Lóbulos frontais Cálculos mentais rápidos, conceitualização

abstrata, habilidades de solução de

problemas, execução oral e escrita.

Lóbulos parietais Funções motoras, uso das sensações táteis.

Lóbulo parietal esquerdo Habilidades de seqüênciação

Lóbulos occipitais Discriminação visual de símbolos

matemáticos escritos

Lóbulos Temporais Percepção auditiva, memória verbal a

longo prazo.

Lóbulo temporal dominante Memória de séries, realizações

matemáticas básicas, subvocalização

durante a solução de problemas.

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55 As dificuldades de aprendizagem da matemática não estão

relacionada meramente com um comprometimento em determinada área

cerebral, mas sim por vários fatores associados, que dificultam ou agravam sua

compreensão. A matemática é uma linguagem, e como tal requer ser

interpretada e escrita, o que pressupõe a necessidade de uma perfeita

integração entre as diversas áreas cerebrais e de conhecimento humano,

assim como, de um perfeito equilíbrio emocional, fator este imprescindível em

qualquer nível de aprendizagem, e é esta complexidade que tem gerado

interesse pelo estudo das dificuldades de aprendizagem da matemática.

Vários são os fatores que implicam no fracasso escolar e na

evasão, porém não se pode atribuir esses fatos a uma ou outra disciplina, e sim

a diversos fatores existentes: pedagógicos, biológicos, psicológicos e sociais.

Pain16, em entrevista concedida à Revista Nova Escola, em 1973

(p.20-24), declara existir pelo menos dois tipos de fracasso escolar, e

acrescenta um terceiro, que é aquele que satisfaz à reprodução do sistema

social, e que, o sistema de ensino contabiliza como fracasso:

“(...) um terceiro, que o próprio sistema de ensino

contabiliza como fracasso, mas que, na minha opinião, é

um êxito do ponto de vista do papel que este sistema

cumpre em nossas sociedades. (...) uma das funções da

escola é justamente a repetição do status quo da

sociedade. Na minha opinião, se 50% dos estudantes das

escolas públicas se perdem pelo caminho, são excluídos

do sistema escolar ou saem dele com instrumentos muito

fracos para seguir estudando é porque esta taxa atende

às necessidades mínimas de reprodução do sistema.

Esses 50% serão a mão-de-obra barata da sociedade

(...)”. (PAIN, Nova Escola, no.70, 1973)

16 Sara Pain. Psicopedagoga Argentina, em entrevista à Revista Nova Escola: “Educar é ensinar a pensar.”, edição no. 70, 1973.

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56 3.4 - Efeitos Das Dificuldades De Aprendizagem Da

Matemática.

Os efeitos das dificuldades de aprendizagem da matemática

geralmente são diversos e vão além da área específica, afetando áreas como a

atenção, a impulsividade, a perseverança, a linguagem, a leitura e escrita, a

memória, a auto-estima ou as habilidades sociais. Em certos casos, a

dificuldade de aprendizagem da matemática é primária e essas outras áreas de

dificuldade secundárias, em outros ela passa a secundária e as demais

primárias, ou acontecem simultaneamente.

A simples descrição dessas áreas não podem ser utilizadas como

único meio diagnóstico, para as dificuldades da aprendizagem da matemática,

posto que, essa simples descrição das áreas afetadas, possa tratar-se de

transtorno por déficit de atenção com ou sem hiperatividade (ADHD ou TDAH),

supostos com uma dificuldade de aprendizagem, que é muito freqüente e que

nesse tipo de indivíduo as dificuldades nas habilidades sociais, atenção, entre

outros, encontram-se presentes o que torna o estudo das dificuldades de

aprendizagem, tema de extrema complexidade.

3.5 - Meios de Intervenção

Os meios de intervenção serão desenvolvidos mais amplamente

no próximo capítulo, que terá uma abordagem lúdica do se fazer aprender

matemática, fazer este, que torna a disciplina mais adequada à idade do aluno

e que transforma a matemática em algo agradável e aplicável no dia-a-dia do

educando, reduzindo a distância existente entre professor, aluno e o aprender.

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57

Cabe neste momento descrever algumas sugestões para a

intervenção a ser aplicada quando da sistematização dos conteúdos inerentes

à disciplina:

1. Torna-se necessário esclarecer a estrutura e exigências ao aluno;

propiciando a responsabilidade do mesmo com a disciplina.

2. Iniciar a aula com um resumo das lições anteriores e uma visão gral

dos novos temas, com o objetivo de encadear as informações.

3. Ao finalizar cada aula, fazer uma síntese, para facilitar a captação das

idéias fundamentais e a aquisição das aprendizagens.

4. Estimular a participação ativa e independente no processo de

aprendizagem e no processo de avaliação, objetivando motivar o

interesse e propiciar a responsabilidade do aluno.

5. Expor questões e pedir auxílio aos alunos para a resolução dos

mesmos, para prender a atenção e favorecer a participação.

6. Esclarecer todos os termos relevantes do vocabulário.

7. Usar a terminologia de forma consistente na descrição dos

procedimentos sem com isto utilizar formas prolongadas ou estruturas

sintáticas complicadas, de difícil assimilação pelo aluno.

8. Usar estratégias que estimulem a memorização e recuperação da

informação, como reforço.

9. Estimular a execução das tarefas passo a passo.

10. Fazer uso de códigos visuais, diagramas, sublinhados, esquemas,

entre outros, que facilite sua compreensão, aprendizagem e

generalização.

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58 11. Utilizar a experiência prévia do aluno, com exemplificações de seu

mundo, para que ele consiga fazer uma relação entre o formal e a vida

prática.

12. Ter uma prática pedagógica flexível, para estimular o aluno a construir

seu próprio conhecimento, e com isto propiciar a melhora da auto-

estima e criar autonomia.

13. Provas e exames devem ser freqüentes ou acumulativas, com o

objetivo de se analisar os erros tanto processuais como do resultado e

com isto trabalhar o reforço.

14. As provas e exames devem conter instruções claras, utilizando poucas

diretrizes escritas e as perguntas ou as tarefas deverão ser variadas no

formato, com a finalidade de que se adquiram os conceitos de forma

flexível. Utilizar ilustrações que facilitem o entendimento.

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CAPÍTULO IV

O JOGO, A ARTE E A BRINCADEIRA COMO

FACILITADORES DO PROCESSO ENSINO-

APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

“Através do brincar a criança experimente, organiza-se,

regula-se, constrói normas para si e para o outro. Ela cria

e recria, a cada nova brincadeira, o mundo que a cerca. O

brincar é uma forma de linguagem que a criança usa para

compreender e interagir consigo, com o outro, com o

mundo”.(DORNELLES, apud MEYER17, 2004, p.43)

17 Ivanise Corrêa Rezende Meyer – Brincar & Viver: Projetos em Educação Infantil, 2004.

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4.1 - O Jogo, a Arte e a Brincadeira.

O desenvolvimento mental da criança, antes dos seis anos de

idade, segundo Piaget (apud, Meyer, 2004), pode ser sensivelmente

estimulado através de jogos. A brincadeira representa tanto uma atividade

cognitiva quanto social e através das mesmas as crianças exercitam suas

habilidades físicas, crescem cognitivamente e aprendem a interagir com outras

crianças.

Das situações acadêmicas, provavelmente a mais produtiva é a

que envolve o jogo, quer na aprendizagem de noções, quer como meios de

favorecer os processos que intervêm no ato de aprender e não se ignora o

aspecto afetivo que, por sua vez, se encontra implícito no próprio ato de jogar,

uma vez que o elemento mais importante é o envolvimento do indivíduo que

brinca. A atividade lúdica é, essencialmente, um grande laboratório em que

ocorrem experiências inteligentes e reflexivas e essas experiências produzem

conhecimento, visto que, com base na característica que definem os jogos de

regra, o aspecto afetivo manifesta-se na liberdade da sua prática, prática essa

inserida num sistema que a define pr meio de regras, o que é, no entanto,

aceito de forma espontânea.

A participação em jogos de grupo permite conquista cognitiva,

emocional, moral e social para o estudante, uma vez que poderão agir como

produtores de seu conhecimento, tomando decisões e resolvendo problemas, o

que consiste um estímulo para o desenvolvimento da competência matemática

e a formação de verdadeiros cidadãos.

Huizinga (apud ANTUNES, 2003) afirma que o jogo cria ordem e

se configura nela própria, se organiza através de formas ordenadas compostas

de elementos como equilíbrio, tensão, compensação, contraste, variação,

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61 solução, união e desunião; e a menor desobediência a esta ordem “estraga o

jogo”.

Os jogos geram competições. A teoria de Piaget mostra que a

competição nos jogos é parte de um desenvolvimento maior, que vai do

egocentrismo a uma habilidade cada vez maior em descentrar e coordenar

pontos de vista. A competição não é boa nem má. Ela caracteriza uma

situação onde duas pessoas ou grupos de pessoas desejam a mesma coisa ou

dela necessitam ao mesmo tempo, o que ocorre com freqüência na vida

cotidiana, contudo o ponto principal é a forma de se reagir diante dela.

Ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o

pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver

problemas e, os jogos são instrumentos adequados para exercitar e estimular

um agir e pensar com lógica e critério, condições para jogar bem e ter um bom

desempenho.

Segundo Vygotsky (apud Meyer, 2004), o brinquedo estimula a

curiosidade e a autoconfiança, proporcionando desenvolvimento da linguagem,

do pensamento, da concentração e da atenção, e que através do brinquedo a

criança aprende a agir numa esfera cognitivista livre para determinar suas

próprias ações.

O jogo, por seu caráter educativo, requer um plano de ação que

permita a aprendizagem de conceitos matemáticos, para que este não seja

utilizado apenas no sentido de diversão, devendo estar prevista a sua utilização

dentro do planejamento, de modo a permitir que o professor explore todo o

potencial do jogo, processos de solução, registros e discussões sobre

possíveis caminhos que poderão surgir. Por isso, é essencial a escolha de uma

metodologia de trabalho que permita a exploração do potencial dos jogos no

desenvolvimento de todas as habilidades.

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62 ''Finalmente, um aspecto relevante nos jogos é o desafio

genuíno que eles provocam no aluno, que gera interesse

e prazer. Por isso, é importante que os jogos façam parte

da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar

a potencialidade educativa dos diferentes jogos e o

aspecto curricular que se deseja desenvolver''. (PCN,

1997, p.48-49)

Os jogos devem ser escolhidos de forma que estimulem a

resolução de problemas, principalmente quando o conteúdo a ser estudado for

abstrato, difícil e desvinculado da prática diária, bem como, devem ser

utilizados na aprendizagem, como facilitadores, colaborando para trabalhar os

bloqueios que os alunos apresentam em relação a alguns conteúdos

matemáticos, gerando no aluno autonomia e autoconfiança.

''Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de

matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios

apresentados por muitos de nossos alunos que temem a

Matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la.

Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma

atitude passiva e a motivação é grande, notamos que, ao

mesmo tempo em que estes alunos falam Matemática,

apresentam também um melhor desempenho e atitudes

mais positivas frente a seus processos de aprendizagem.''

(BORIN, 1998, p.9)

O uso de jogos, para o ensino, representa uma mudança de

postura do professor em relação ao que é ensinar matemática. O papel do

professor muda de comunicador de conhecimento para o de observador,

organizador, consultor, mediador, interventor, controlador e incentivador da

aprendizagem, do processo de construção do saber pelo aluno.

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63 Os jogos são classificados em três tipos:

® Jogos estratégicos - são trabalhadas as habilidades que

compõem o raciocínio lógico. Os alunos lêem as regras e

buscam caminhos para atingirem o objetivo final, utilizando

estratégias para isso.O xadrez, a batalha naval, entre muitos

outros

® Jogos de treinamento - são utilizados quando o professor

percebe que alguns alunos precisam de reforço num

determinado conteúdo.

® Jogos geométricos - têm como objetivo desenvolver a habilidade

de observação e o pensamento lógico. O Tangram ilustra bem

este tipo de jogo, que envolve a arte do origami, o jogo e o

aprender geométrico..

Os jogos devem conter regras, importantes para o

desenvolvimento do pensamento lógico, pois a aplicação sistemática das

mesmas encaminha a deduções. Estes propiciam o desenvolvimento de

habilidades de pensamento. As regras e os procedimentos devem ser

apresentados aos jogadores antes da partida e preestabelecer os limites e

possibilidades de ação de cada jogador. A responsabilidade de cumprir normas

e zelar pelo seu cumprimento encoraja o desenvolvimento da iniciativa, da

atenção e da confiança.

Os jogos estão intimamente ligados com o pensamento

matemático, visto que, ambos possuem regras, instruções, operações,

definições, deduções, desenvolvimento, utilização de normas e novos

conhecimentos que geram resultados.

Para a aprendizagem é necessário que o aprendiz tenha um

determinado nível de desenvolvimento. As situações de jogo são consideradas

parte das atividades pedagógicas, justamente por serem elementos

estimuladores do desenvolvimento.

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64 Benefícios alcançados com a prática de jogos.

® Consegue-se detectar o aluno que apresenta dificuldades reais;

® O aluno demonstra se o assunto foi bem assimilado;

® Existe uma competição entre os jogadores, pois almejam vencer

e para isso aperfeiçoam-se e ultrapassam seus limites;

® Durante o jogo, observa-se que o aluno se torna mais crítico,

atento e confiante, expressando o que pensa, elaborando

perguntas e tirando conclusões sem necessidade da

interferência ou aprovação do professor;

® Não existe o medo de errar, pois o erro é considerado um

degrau necessário para se chegar a uma resposta correta;

® O aluno se empolga com as atividades, o que faz com que

aprenda sem perceber.

Cuidados ao escolher os jogos a serem aplicados:

® Não tornar o jogo algo obrigatório.

® Escolher jogos em que o fator sorte não interfira nas jogadas,

permitindo que vença aquele que descobrir as melhores

estratégias.

® Utilizar atividades que envolvam dois ou mais alunos, para

oportunizar a interação social.

® Estabelecer regras, que podem ou não ser modificadas no

decorrer do jogo, se for adequado e solicitado.

® Trabalhar a frustração pela derrota na criança, no sentido de

minimizá-la.

® Conhecer o jogo antes de aplica-lo em sala de aula.

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4.1.1 - Tangram - Um Jogo Milenar na Construção do Conhecimento.

O Tangram surgiu na China e seu nome significa Tábua das Sete

Sabedorias.

Conta-se que, no século XII, um monge Taoísta deu a seu

discípulo um quadrado de porcelana, um rolo de papel de arroz, pincel e tintas,

e disse: “_Vai e viaja pelo mundo. Anota tudo que vires de belo e depois volta.”

A emoção da tarefa fez com que o discípulo deixasse cair o

quadrado de porcelana, que se partiu em sete pedaços. O discípulo, tentando

reproduzir o quadrado, viu formar uma imensidão de figuras belas e conhecidas

a partir das sete peças. De repente percebeu que não precisaria mais correr o

mundo. Tudo de belo que existia poderia ser formado pelo Tangram.

O tangram é um jogo, que envolve arte e brincadeira. Formado a

partir de um quadrado, o próprio aluno confecciona, propiciando a melhor

integração entre jogador e jogo.

Objetivos do Tangram:

- Treinar a precisão no ato de dobrar,

- Trabalhar com medidas sem usar instrumentos (aproximação),

- Calcular as áreas das figuras;

- Observar a simetria nas figuras;

- Observar a semelhança entre figuras;

- Construir figuras da imaginação, utilizando as peças do tangram.

- Decompor o quadrado e o teorema de Pitágoras (em séries mais

avançadas).

Para propor uma atividade com origami em sala de aula, é

necessário que o professor domine pelos menos as técnicas básicas. Como

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66 isso não é comum, perdem-se boas oportunidades com a ausência desse

excelente recurso didático.

FIGURA 7

MODELO DE TANGRAM BÁSICO

Fonte: www.calculando.com.br, capturado em 15/01/2005

O modelo acima mostra apenas o início do processo e o resultado

final. O tangram é útil não apenas nas aulas de matemática, mas também na

ilustração de histórias ou simplesmente para a criança a criar suas próprias

figuras, favorecendo uma infinidade de possibilidades e meios de exploração

em um trabalho interdisciplinar.

FIGURA 8

IMAGENS PROPOSTAS PARA MONTAGEM

Fonte: http://www.jogos.antigos.nom.br, capturado em 23/07/2005

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Em turmas do 2o segmento do ensino fundamental, pode-se

utilizar outros modelos de Tangram, tais como: o oval, o circular e o de

coração, que exigem uma habilidade maior para seu manuseio e conseqüente

confecção, mas que geram em adolescentes, curiosidade e interesse. São

recursos imprescindíveis para o entendimento de conceitos geométricos, além

dos já citado no tangram tradicional.

FIGURA 9

MODELO DO TANGRAM EM FORMA DE CORAÇÃO

Fonte: www.cp.com.br, capturado em 15/01/2005

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4.1.2 - Xadrez – O Poder da Organização do Pensamento.

Em uma época na qual os conhecimentos nos ultrapassam em

quantidade e a vida é efêmera, uma das melhores lições que a criança pode

obter na escola é como organizar seu pensamento, e esta lição pode ser obtida

mediante o estudo e o xadrez.

Tabela 2 - Características do Xadrez e suas Implicações Educativas

CARACTERÍSTICAS DO XADREZ IMPLICAÇÕES NOS ASPECTOS EDUCACIONAIS E DE FORMAÇÃO DO

CARÁTER

Fica concentrado e imóvel na cadeira. O desenvolvimento do autocontrole psicofísico.

Fornecer um número de movimentos num determinado tempo.

Avaliação da estrutura do problema e a distribuição do tempo disponível.

Movimentar peças após análise de lances.

Desenvolvimento da capacidade de pensar com abrangência e profundidade.

Após encontrar um lance, procurar outro melhor.

Tenacidade e empenho no progresso contínuo.

Partindo de uma posição a princípio igual, direcionar para uma conclusão brilhante (combinação).

Criatividade e imaginação.

O resultado indica quem tinha o melhor plano.

Respeito à opinião do interlocutor.

Dentre as várias possibilidades, escolher uma única, sem ajuda externa.

Estímulo à tomada de decisões com autonomia.

Um movimento deve ser conseqüência lógica do anterior e deve apresentar o seguinte.

Exercício do pensamento lógico, autoconsistência e fluidez de raciocínio.

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Este é um jogo que tem sido muito debatido no meio educacional,

porém, devido a sua complexidade, torna-se necessário que o professor aprenda como

jogar e tenha tempo para dispor nesta atividade, o que tem dificultado a sua aplicação

em sala de aula, contudo, várias instituições de ensino, público e privado, têm se

mobilizado e estão montando espaços reservados para a instalação do jogo, como

atividade complementar e de recreação.

Esta iniciativa requer a contratação de um professor especializado e de

material adequado para o pleno desenvolvimento do jogo, não obstante, dada sua

grande importância educacional, todos os esforços devem se realizados para que se

efetive sua implantação em todos os estabelecimentos de ensino.

FIGURA 10

POSIÇÃO INICIAL DAS PEÇAS DO JOGO DE XADREZ

Fonte: http://www.jogos.antigos.nom.br, capturada em 23/07/2005

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4.1.3 - Quebra-Cabeça-Lógico: Desafios na Resolução de

Problemas.

Os quebra-cabeças lógicos são aqueles em que não se utiliza,

diretamente, a matemática, mas sim a lógica pura, que depois de apresentado

o problema, o objetivo é atingir o resultado.

Dado sua forma enigmática, torna-se envolvente e desafiador,

pois provoca a curiosidade do aluno, que se mobiliza, por si só ou em grupos,

na busca da solução, principalmente, porque na maioria dos casos, não exigem

cálculos elaborados ou qualquer tipo de sistematização da resposta, mas

simplesmente a sua lógica de pensamento, fator preponderante neste tipo de

atividade.

Contudo, Sir.Arthur Conan Doyle, representado por seu maior

personagem, Sherlock Holmes, declara: "Tendo excluído tudo que é

impossível, aquilo que fica, por mais improvável que pareça, é a verdade (...)".

Enigma no 1 - Você precisa atravessar um rio com um leão, um

carneiro e um fardo de capim. Na canoa, só cabe um animal ou o fardo de

capim por vez. Se você levar o capim, o leão come o carneiro; se levar o leão,

o carneiro come o capim. Como fazer?

Enigma no 2 - Um homem vai visitar sua namorada. Ao chegar no

prédio da amada, ele entra no elevador, sobe até o 10° andar. De lá, segue,

pelas escadas, até o 18° andar, onde mora a moça. Na hora de ir embora,

chama o elevador, no 18° andar, descendo direto até o térreo. Sabendo-se que

o homem não é atleta, e não sobe as escadas para fazer exercícios, nem o

elevador encontra-se quebrado, explique porque ele age desta forma.

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71 Enigma no. 3 - Na época em que os bichos falavam, numa floresta

viviam dona Onça e dona Hiena, comadres inseparáveis, com características

peculiares. Dona Hiena mente às segundas, terças e quartas-feiras; dona Onça

mente às quintas, sextas e sábados. Nos dias em que não mentem, elas dizem

a verdade.

Certa vez, num encontro, dona Hiena e dona Onça conversaram:

_ Olá, dona Onça! Ontem eu menti.

_ Olá, dona Hiena! Eu também menti ontem.

Em que dia aconteceu esse encontro?

Enigma no 4: Construa a figura abaixo com quatro palitos e um

pedaço de papel. Essa figura representa uma pá com lixo.

FIGURA 11

Agora, desloque dois palitos e retire o lixo da pá, sem, contudo

deslocar o lixo e de forma que a pá mantenha a forma inicial.

Fonte: www.calculando.com.br, capturada em 15/02/2005

São muitas as possibilidades de uso do quebra-cabeça-

matemático, e de fácil aquisição, visto que, com o avanço da internet, vários

desses jogos são disponibilizados, com livre acesso, a todos os usuários, o que

facilita o trabalho do professor em selecionar aqueles que são mais adequados

para utilização em sala de aula e em cada momento do seu planejamento.

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4.1.4 - Arte e Matemática: Geometria dos Mosaicos e Simetria.

O trabalho voltado para as dificuldades de aprendizagem, tendo a

arte como mediadora, pode resgatar tanto a auto-estima como a capacidade

criativa do sujeito.

A produção artística dos mosaicos e de trabalhos envolvendo a

simetria, em diversos contextos socioculturais, expressa a criatividade, o

pensamento e a sensibilidade humana, bem como sua utilização em diferentes

épocas da história da humanidade.

FIGURA 12

MODELOS DE MOSAICOS

a) b)

Fonte: http://ciencias.huascaran.edu.pe. Capturado em 02/07/2005

Os mosaicos são amplamente utilizados com o objetivo de levar o

aluno a entender conceitos geométricos:

® Espaço e Forma: Classificação de figuras bidimensionais,

segundo critérios variados: números de lados dos polígonos,

eixos de simetria de um polígono, medidas de ângulos e

lados. Composição e decomposição de figuras planas.

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73 ® Grandezas e Medidas: Utilização de instrumentos de medida e

desenho com régua, compasso, transferidor. Noção de

medida de superfície e de equivalência de figuras planas por

meio da composição e decomposição de figuras. Cálculo de

área de figuras planas pela composição e decomposição em

figuras conhecidas.

A construção geométrica torna-se divertida e desperta a

curiosidade, atraindo o olhar despreocupado, direcionando-o para a

Matemática através da arte.

Ao término da atividade de montagem do mosaico, os alunos

deverão ser capazes de:

® Discriminar visualmente os detalhes dos mosaicos.

® Decompor as formas geométricas encontradas na pintura em

outras formas.

® Ampliar e reduzir a pintura, com o auxílio de malha de papel

quadriculado ou malhas diversas.

® Reproduzir as figuras geométricas, com o auxilio do material

de desenho, para análise e formulação de conceitos..

O trabalho envolvendo simetria é adequado para iniciar o conceito

de eixo de simetria das figuras geométricas, semelhança, noção de números

simétricos, entre outros conceitos.

É um tipo de trabalho que sugere organização e harmonia, pois é

calcado na criatividade, no prazer e na alegria de sua realização, aproximando

o aluno de conceitos matemáticos de forma natural.

Essas são atividades que podem ser exploradas por diversas

disciplinas, propiciando um trabalho interdisciplinar consistente, que possibilita

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74 a análise do material produzido por todos os envolvidos na tarefa de avaliação

obtendo-se assim uma visão global do desenvolvimento do aluno.

FIGURA 13

TRABALHO DE SIMETRIA REALIZADO COM TINTA.

Fonte: Criatividade em Arteterapia, p.39

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CONCLUSÃO

Com este trabalho foi possível refletir sobre os diversos aspectos

envolvidos na condição das dificuldades de aprendizagem da matemática e nas

dificuldades como um todo e ressaltar que, embora a dificuldade de

aprendizagem possa ser uma condição ligada a múltiplos fatores internos à

criança, ela sofre influência do meio familiar, escolar e social.

Os distúrbios de aprendizagem vêm causando angústia nos

profissionais das diversas áreas, por apresentarem grande complexidade em

seu diagnóstico, tratamento e prevenção e, principalmente, por se tratar de um

problema que atinge percentuais cada vez mais elevados, de crianças e

adolescentes em idade escola.

A neurociência procura esclarecer o que acontece no cérebro

humano, desde a sua formação até o envelhecimento, não obstante, tem

demonstrado que todas as estruturas cerebrais aqui apresentadas funcionam

de forma integrada para que haja um desenvolvimento equilibrado do processo

de aprendizagem. Todavia, esse processo de equilíbrio, depende do

amadurecimento do corpo e do cérebro e do bem estar emocional.

Mudanças na estrutura escolar e na forma de direcionar as

atividades acadêmicas são evidentes e de vital urgência. A forma de ensinar

abrange a observação da criança na sala ou em outras atividades. Observar

como a criança brinca, ouvir o que ela tem a dizer, tentar perceber como ela vê

o mundo, como organiza o seu modo de pensar, qual a sua lógica, permitir que

ela manipule objetos diversos, que movimente e aprenda os diferentes

conteúdos, utilizando o seu corpo, conhece-la é o melhor recurso para se

desenvolver um trabalho voltado para o aluno, suas necessidades e

expectativas e com isto propicia o desenvolvimento pleno do indivíduo. A

relação professor-aluno determinará o trabalho e o interesse desse aluno.

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76 Quando a escola se preocupa em desenvolver competências, os

conteúdos deixam de ser um fim em si mesmos; o professor passa de

transmissor do conhecimento a facilitador da aprendizagem. A avaliação, de

classificatória e excludente, se transforma em instrumento para guiar

intervenções pedagógicas; e o aluno, antes passivo, vira participante ativo na

construção do próprio conhecimento.

Este trabalho de pesquisa comprovou que as dificuldades de

aprendizagem da matemática vão além do comprometimento em determinada

área cerebral, mas sim por vários fatores associados, como os transtornos da

leitura, da escrita, da atenção, da afetividade, entre outros, o que agravam ou

dificultam o desenvolvimento cognitivo dessas crianças, em especial, na

matemática.

Estando as finalidades da escola claramente redefinidas e as

missões dos educadores reconhecidas, torna-se possível um novo olhar no

educar e no compreender a criança, quaisquer que sejam as suas

particularidades, as suas diferenças e as suas dificuldades, e as origens

presumidas destas, sem julgamento prévio, que rotule os comportamentos.

A intervenção com jogos e brincadeiras, estimula as funções

cognitivas como a memória, a atenção, a criatividade, a imaginação e a

percepção, o que permite às crianças a descoberta de novas formas de

conhecimento e o prazer pelo aprender. Esses são recursos de intervenções

pedagógicas e psicopedagógicas eficazes e de plena aceitação, todavia não

devem servir para mascarar resultados ou utilizados com o simples sentido do

brincar, pois se assim for, teremos outro fator de interferência no rendimento

escolar agravando ainda mais a situação que já se encontra deficitária.

O professor cumpre um papel decisivo nessas intervenções,

porém sua eficácia estará comprometida caso não haja um trabalho integrado

com profissionais especializados, fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos,

médicos e principalmente o comprometimento familiar, imprescindível para a

superação das dificuldades de aprendizagem.

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77 Deve existir um tempo pessoal em alternância com o tempo

pedagógico que deve permitir a cada criança desenvolver e tornar funcionais

as suas competências, revelar as suas capacidades, mostrar que é capaz,

pelo menos em certas ocasiões de ajustar a sua organização temporal e os

seus ritmos de ação aos dos outros.

Fica claro ao final deste trabalho a necessidade de aprofundar

cada vez mais nossos conhecimentos em relação às dificuldades de

aprendizagem. Muito há para ser desvendado. Seria prematuro pensar que a

busca termina aqui.

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PAIN, Sara. “Educar é ensinar a pensar”. RJ: Nova Escola, ano III, no 70,

outubro, 1993.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 –

Anexo 2 –

Anexo 3 –

Anexo 4 –

Anexo 5 –

Anexo 6 –

Anexo 7 –

Anexo 8 –

Anexo 9 –

Anexo 10 –

Anexo 11 –

Anexo 12 –

Anexo 13 –

Anexo 14 –

Anexo 15 –

Anexo 16 –

É assim que se aprende

O funcionamento do cérebro no processo de aprendizagem

O guru das inteligências múltiplas.

Dislexia: o distúrbio das letras.

Dislexia: uma síndrome ainda pouco desconhecida.

Dificuldade escolar afeta de algum modo 70% das pessoas.

Reportagem: Matemática que vem do tabuleiro de xadrez.

Leitura traz mais sentido à Matemática

Gingado geométrico.

Um jogo para treinar o cálculo mental.

Explore o saber da antiguidade.

Bons leitores são bons alunos em qualquer disciplina.

A matemática do pega-varetas.

Matemática: Uma proposta de ensino a partir da teoria das

inteligências múltiplas.

Matemática legal. Pode pagar!

Eventos culturais em atendimento às exigências do curso.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS.................................................................................. 03

DEDICATÒRIA............................................................................................ 04

RESUMO.................................................................................................... 05

METODOLOGIA ........................................................................................ 06

SUMÁRIO................................................................................................... 07

INTRODUÇÃO........................................................................................... 08

CAPÍTULO I

CÉREBRO, INTELIGÊNCIA E MEMÓRIA................................................. 10

1 – Cérebro, Inteligência e Memória...................................................... 11

1.1 – O Cérebro Humano....................................................................... 12

1.1.2 – Principais Estruturas Cerebrais......................................... 14

1.1.3 – Os Neurônios.....................................................................

1.1.4 – A Plasticidade Neural........................................................

1.2 – Inteligência....................................................................................

1.3 – Memória.........................................................................................

19

22

24

30

CAPÍTULO II

DEFINIÇÕES PROPOSTAS PARA AS DIFICULDADES DE

APRENDIZAGEM, AO LONGO DA HISTÓRIA.........................................

32

2 – Definições para as Dificuldades de Aprendizagem........................ 33

CAPÍTULO III

PRINCIPAIS DISTÚRBIOS QUE INTERFEREM NO PROCESSO

ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA......................................

42

3 – Principais Distúrbios que Interferem no Processo Ensino –

Aprendizagem da Matemática.........................................................

43

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82

3.1 – Aprendizagem e Problemas, uma abordagem Global.................

3.2 – Dificuldades de Aprendizagem da Matemática...........................

44

48

3.2.1 – Acalculia...........................................................................

3.2.2 – Discalculia.........................................................................

50

51

3.3 – O Fracasso Escolar e o Crescente Interesse pelo Estudo dos

Transtornos da matemática..........................................................

52

3.4 – Efeitos das Dificuldades de Aprendizagem da Matemática................ 56

3.5 – Meios de Intervenção................................................................... 56

CAPÍTULO IV

O JOGO, A ARTE E O BRINCAR COMO FACILITADORES DO

PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA....................

59

4.1 – O Jogo, a Arte e a Brincadeira..................................................... 60

4.1.1 – Tangram – Um Jogo Milenar na Construção do

Conhecimento.................................................................. 65

4.1.2 – Xadrez – O Poder da Organização do Pensamento........

4.1.3 – Quebra-Cabeça-Lógico: desafios na Resolução de

Problemas........................................................................

68

70

4.1.4 – Arte e Matemática: Geometria dos Mosaicos e Simetria.. 72

CONLCUSÃO............................................................................................. 75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 78

ANEXOS..................................................................................................... 80

ÍNDICE DE ANEXOS.................................................................................. 80

ÍNDICE ...................................................................................................... 82

ÍNDICE DE FIGURAS................................................................................ 84

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Vista do cérebro em corte frontal. 15

Figura 2 – Vista do cérebro em corte sagital. 16

Figura 3 – Vista superior dos hemisférios cerebrais 17

Figura 4 – Vista lateral dos lobos cerebrais 17

Figura 5 – Como o cérebro funciona. 18

Figura 6 – Vista esquemática de um neurônio. 20

Figura 7 – Modelo de Tangram básico 66

Figura 8 – Imagens propostas para montagem. 66

Figura 9 – Modelo do tangram em forma de coração 67

Figura 10 – Posição inicial das peças do jogo de xadrez 69

Figura 11 – Enigma no. 4. 71

Figura 12a e 12b – Modelos de mosaicos 72

Figura 13 – Trabalho de simetria realizado com tinta. 74

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Lato Sensu”

TÍTULO DA MONOGRAFIA:

DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM E SUA INTERFERÊNCIA NO

PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA.

Data da entrega: _________________________________________________

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Avaliado por:_______________________________ Grau ______________.

Rio de Janeiro_____de_______________de 2005