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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO Por: Érica da Cruz Torres Orientador Prof. Cereja Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO

Por: Érica da Cruz Torres

Orientador

Prof. Cereja

Rio de Janeiro

2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO

Apresentação de monografia ao Conjunto

Universitário Cândido Mendes como condição

prévia para a conclusão do Curso de Pós-

Graduação “Lato Sensu” em Docência do Ensino

Superior.

Por: Érica da Cruz Torres.

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AGRADECIMENTOS

À DEUS, pela oportunidade de realização

deste trabalho; e ao meu Marido pelo apoio e

compreenção dedicados a mim neste período.

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DEDICATÓRIA

À minha Filha, que além de me inspirar, faz

com que eu tente sempre ser uma pessoa

melhor.

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RESUMO

O planejamento relaciona-se com a vida diária do homem. Vive-se

planejando. De uma forma ou de outra, de uma maneira empírica ou científica, o

homem planeja. Sempre que se buscam determinados fins, relacionam-se alguns

meios necessários para atingi-los. Isto de certa forma, é planejamento. O

planejamento passa a ser pensado desta forma, como uma forma de relação

dialética entre 'pensar e fazer'. Este 'pensar e fazer' que depende de ações de

indivíduos, se concretiza numa ação coletiva e compartilhada da comunidade

escolar (interna e externa). Estas dimensões do processo de planejamento é

abordada nesta monografia, portanto, serão discutidas mediante alguns pontos

fundamentais na prática do planejamento educacional.

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METODOLOGIA

A metodologia usada para a realização deste trabalho foi a revisão

bibliográfica. Utilizou-se como fonte de consulta livros, artigos e trabalhos publicados

que abordam a assunto analisado.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 08 CAPITULO I CONSIDERAÇÕES INICIAIS ACERCA DO PLANEJAMENTO...................... 10 CAPÍTULO II O PLANEJAMENTO NO CONTEXTO EDUCACIONAL ................................. 16 CAPÍTULO III O PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES EDUCACIONAIS............................. 26 CONCLUSÃO ................................................................................................. 35 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 37 ÍNDICE ............................................................................................................ 39 FOLHA DE AVALIAÇÃO ................................................................................ 40 ANEXOS.......................................................................................................... 41

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INTRODUÇÃO

A educação, em sentido amplo, é um conjunto de valores (morais,

éticos, religiosos, econômicos e culturais). Para colocar em pr tica tais valores as

sociedades criam sistemas educacionais, que dependem de regras e de meios

educacionais (professores, administradores, prédios, equipamentos etc).

O planejamento educacional, em sentido amplo, é a aplicação da

análise sistemática e racional ao processo de desenvolvimento da educação: seu

objetivo é fazer a educação satisfazer, de modo o mais eficiente possível, as

necessidades e aos objetivos dos alunos e da sociedade.

O planejamento educacional compreende um conjunto de atividades

bastante variado para responder a todos os fatos relacionados com os sistemas

educacionais e sua gestão.

A gestão da educação compreende a tomada de decisões sobre: os

objetivos gerais do conjunto dos sistemas educacionais; as responsabilidades que

devem caber a cada nível e modalidade de ensino; as estruturas operacionais e as

formas particulares de gestão; os objetivos - qualitativos e quantitativos - a serem

atingidos curto, a médio e a longo prazo; as diretrizes de ações dos poderes

públicos segundo os níveis de ensino e as regiões; as reformas administrativas e os

investimentos em cada nível e modalidade de ensino; a implantação e o

acompanhamento das ações.

Na concepção do trabalho que estamos propondo, o planejamento é

fundamental. Ele é um momento estratégico para a organização de nossas ações,

que se caracterizam pela intenção de alcançar os melhores resultados no trabalho

educativo, mediante a seleção cuidadosa das atividades, do material necessário,

dos esforços, do tempo disponível, e dos objetivos a serem alcançados.

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O objetivo desta pesquisa é analisar o planejamento das atividades

educacionais, procurando demonstrar a importância de se estruturar uma equipe de

trabalho composta por professores, funcionários, representantes dos pais que

possam identificar as necessidades da escola e sugestionar métodos de trabalhos

para suprir as deficiências encontradas.

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CAPÍTULO I

CONSIDERAÇÕES INICIAIS ACERCA DO PLANEJAMENTO

1.1 Antecedentes históricos

Muito se tem discutido sobre planejamento, mas o planejamento que

conhecemos e lidamos hoje é o resultado da contribuição de inúmeros precursores

que no decorrer dos tempos foram desenvolvendo e divulgando suas descobertas,

estudos e práticas. Muitos desses precursores são autores preocupados com a

solidificação do embasamento que justifique a prática do planejamento nas

organizações.

A história de nossa civilização mostra que a necessidade de planejar

não é um privilégio dos tempos modernos, mas que esteve presente até nas mais

antigas civilizações de que temos notícias. Vários foram os feitos e muitos deles são

de tamanha dimensão que as evidências parecem claras de que reis, governantes

ou administradores, sempre tiveram ou têm necessidade de decidir antecipadamente

quais os rumos ou cursos de ação seguir (o que) e de que forma (como) para impor

o seu domínio (por quê); nem sempre fica claro a questão do tempo (quando)

principalmente em épocas mais remotas.

Desde os tempos mais remotos, temos notícias que os povos e

grandes líderes utilizavam práticas de planejamento. Por volta do ano 4000 a.C. os

antigos egípcios já reconheciam a necessidade de planejar; em 2600 a.C.

novamente os egípcios parecem praticar o planejamento. Eles desenvolveram

extensos projetos arquitetônicos e de engenharia, tais como canais de irrigação e

edificações de grande porte (CHIAVENATO, 2000).

Alguns exemplos que denotam a importância que o planejamento

representa para o desenvolvimento e fortalecimento das organizações e para o rumo

dos acontecimentos serão expostos a seguir:

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A necessidade de planejamento é evidente acerca de construções

erigidas durante a Antigüidade no Egito, Mesopotâmia e Assíria, que

“testemunharam a existência, em épocas remotas, de dirigentes capazes de planejar

e guiar os esforços de milhares de trabalhadores em monumentais obras que

perduram até os nossos dias” (CHIAVENATO, 2000, p. 22).

KWASNICKA (1995, p.11-2) destaca que “podemos situar

acontecimentos que permitiram a evolução das antigas civilizações com base em

princípios administrativos que são até hoje defendidos e utilizados por grandes

teóricos da administração”. Ressalta que “os egípcios, durante as construções das

pirâmides, praticavam ações que garantiram a legitimização das teorias

administrativas; eles reconheceram o valor do planejamento das atividades”

(KWASNICKA, 1995, p.12).

Assim, o planejamento evoluiu no decorrer do tempo tanto em sua

forma como em sua concepção; passou a incluir projeções de tendências, resultando

no planejamento de longo prazo; posteriormente surgiu o planejamento estratégico

para prever o futuro e ainda ganhou amplitude, profundidade e complexidade.

De acordo com TAVARES (2000, p. 43),

a evolução do planejamento teve início com a contribuição esparsa de teóricos e práticos da administração em sua interação com a prática, sistematizada em quatro momentos: planejamento financeiro, planejamento a longo prazo, planejamento estratégico e gestão estratégica.

O planejamento é uma importante técnica administrativa que auxilia a

ordenar as idéias das pessoas, porém ALMEIDA (2001, p. 13) salienta que é preciso

“saber dirigir os esforços para aquilo que traz resultados”.

De acordo com GRAEML (2000, p.141) o planejamento não dá

garantias de sucesso, mas aumenta a probabilidade de ocorrência de fatos

favoráveis, maximizando o retorno de investimento e minimizando a gravidade e as

chances de ocorrência de fatos desfavoráveis, o que justifica o seu uso.

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A necessidade de planejar fica clara quando PORTER (1996, p. 9)

afirma que “as empresas nunca podem parar de aprender sobre o setor em que

atuam, suas rivais ou formas de melhorar ou modificar sua posição competitiva”.

1.2 Dimensões do planejamento

O planejamento pode ser visto sob vários aspectos. Steiner (apud

OLIVEIRA, 1999) estabelece cinco dimensões para o planejamento: a primeira

dimensão corresponde ao assunto abordado, que pode ser produção, pesquisa,

novos produtos, finanças, marketing, instalações ou recursos humanos; a segunda

dimensão corresponde aos elementos constitutivos, dentre os quais podem ser

citados os propósitos, objetivos, estratégias, políticas, programas, orçamentos,

normas e procedimentos, dentre outros; a terceira dimensão corresponde aos níveis

de planejamento, que pode ser de longo, médio ou curto prazo; a quarta dimensão

corresponde às unidades organizacionais onde o julgamento é elaborado, e nesse

caso pode haver planejamento corporativo de subsidiárias, grupos funcionais,

divisões, departamentos ou produtos; a quinta dimensão corresponde às

características do planejamento, que pode ser representado por: complexidade ou

simplicidade, qualidade ou quantidade, estratégico ou tático, confidencial ou público,

formal ou informal, econômico ou caro.

Esses aspectos não são mutuamente exclusivos e nem apresentam

linhas demarcatórias muito claras, entretanto, tais dimensões permitem visualizar a

amplitude do assunto planejamento. Considerando os aspectos abordados por

essas dimensões, OLIVEIRA (1999) preconiza que o planejamento deve ser

encarado como um processo contínuo visando o estabelecimento de um conjunto de

providências a serem tomadas pela organização, levando-se em conta a vontade

dos executivos envolvidos em cada processo ou atividade.

O propósito do planejamento deve levar em consideração o

desenvolvimento de ações que proporcionem uma situação viável de alcançar os

objetivos pretendidos pela empresa.

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Para SILVA (2001, p. 37) “o planejamento é uma característica

intrínseca do desenvolvimento e da evolução do ser humano”. O autor afirma que

através do planejamento o ser humano consegue traçar metas para o seu bem-

estar, preparar-se para eventualidades e ameaças futuras e obter sucesso em

função da possibilidade de novas oportunidades. Portanto, para se atingir um

objetivo é preciso primeiro planejar o caminho a percorrer. Complementa que do

mesmo modo, as organizações precisam planejar o futuro como preparação para

essas metas, ameaças e oportunidades. Isso é conseguido por meio da análise e

avaliação do relacionamento com o ambiente, através da utilização de um processo

capaz de integrar os diversos aspectos da empresa e do seu ambiente.

PEREIRA (2002, p. 28) entende que

a palavra planejamento lembra pensar, criar, moldar ou mesmo tentar controlar o futuro da organização dentro um horizonte estratégico. Pode-se dizer que planejamento é o processo formalizado para gerar resultados a partir de um sistema integrado de decisões.

Para esse autor, o planejamento difere de improvisar; enquanto o

primeiro está preocupado em elaborar um plano para fazer alguma coisa ou criar um

esquema para agir, o segundo prepara algo no momento em que acontece ou age

ao acaso. Entretanto não se deve criar um plano para a organização que a engesse

por ser rígido, é permitido a criatividade, a inovação e a flexibilidade no momento de

colocar o planejado em ação.

O planejamento é, na concepção tradicional, uma função do órgão de

planejamento da organização a passo que, na concepção estratégica, passa a ser

uma função básica (mas não única) dos seus dirigentes.

Quanto ao produto do planejamento, este é na visão tradicional o plano

escrito e materializado, que norteará as ações administrativas, enquanto que o

processo de planejamento estratégico se materializa, na visão estratégica por um

conjunto de decisões críticas, sobre o problemas organizacionais que a desafiam,

sobre as linhas de ação a serem seguidas e sobre as áreas prioritárias, onde os

recursos estarão mais concentrados.

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Finalmente, quanto ao nível de participação de pessoas no processo, o

chamado planejamento tradicional tende a ser mais centralizado, a nível de órgão

central de planejamento, não incluindo participação mais ampla e ativa dos diversos

segmentos da organização.

MEYER (1992, p.58) afirma que o planejamento estratégico inclui no

seu processo a

participação dos vários setores e grupos que compõem a organização. A participação, neste tipo de planejamento é fundamental pois, a par das contribuições de cada um dos setores e grupos, o próprio envolvimento no processo já os identifica e os compromete com os propósitos a serem perseguidos e com as ações a serem desenvolvidas pela organização.

Essa participação, segundo BEER & EISENTAT (2000), é primordial,

pois os funcionários que estiverem mal-informados sobre quais são os objetivos

organizacionais, não poderão contribuir para que a empresa chegue ao destino

planejado. Os colaboradores que não estiverem bem informados, tendem a ficar com

receio de participar com idéias que poderiam fazer alguma diferença. Acabariam por

ficar como meros executores, sem a expressão de pontos de vista que poderiam vir

a apontar soluções. Ou seja, quando não há participação efetiva nos aspectos de

planejamento, o colaborador tende a se omitir e isso afetará o sentido de amplitude

do planejamento estratégico, pois todo tipo de ameaça e oportunidade, sentida por

cada um, deve fazer parte do conjunto que visa objetivos organizacionais. Em

resumo, o funcionário que não sabe o que a organização quer, não saberá ajudá-la

a chegar lá. Independente da área de atuação da organização.

Assim, pode-se dizer que quando, uma instituição de ensino superior,

por exemplo, que obviamente, tem como área de atuação escolhida, a educação

superior, volta-se para uma forma de atuação em área ainda mais ampla,

compreende-se que sua área seja a educação, que envolve outros aspectos

indiretos que afetam a educação superior.

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Ora, se a escolha da instituição de ensino superior for atuar na área de

educação, isso pode significar um leque de atuação muito amplo, pois, acabaria por

incluir a educação de adultos que há tempos não estudam, a educação continuada

nas suas mais diversas formas, a educação voltada para certas especificidades

técnicas e outras formas de atuação possível para uma organização concebida

inicialmente para o ensino superior.

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CAPÍTULO II

O PLANEJAMENTO NO CONTEXTO EDUCACIONAL

De uma forma geral, planejar é uma atividade que está dentro da

educação, visto que esta tem como características básicas: evitar a improvisação,

prever o futuro, estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a

execução da ação educativa, prever o acompanhamento e a avaliação da própria

ação. Planejar e avaliar andam de mãos dadas.

O que se observa, seja nas publicações, no ensino, seja na prática, é

que o planejamento tem sido visto como uma técnica neutra de prever a

administração dos recursos disponíveis da forma mais eficiente possível. Seja no

nível teórico, seja no nível prático, não se tem observado uma preocupação com as

finalidades político-sociais do planejamento. Questionam-se os meios, não os fins.

Contudo, ambos precisam ser questionados.

Planejar, nas instituições de ensino, tem sido um modo de

operacionalizar o uso de recursos materiais, financeiros, humanos, didáticos. As

denominadas semanas de planejamento acadêmico, que ocorrem no início de cada

ano letivo, nada mais têm sido do que um momento de preencher formulários para

serem arquivados na gaveta do diretor ou de um intermediário do processo

pedagógico, como o coordenador ou o supervisor.

Geralmente, essa semana de planejamento redunda no preenchimento

de um formulário em colunas, no qual o professor deve registrar o que vai fazer

durante o ano letivo na disciplina ou área de estudos que trabalha. As colunas do

formulário são: objetivos, conteúdos, atividades, material didático, método de ensino,

avaliação e cronograma. O preenchimento desse formulário geralmente se dá a

partir da segunda coluna - conteúdos. Os conteúdos são transcritos dos índices do

livro didático; a seguir, criam-se objetivos correspondentes aos conteúdos

transcritos; subseqüentemente, seguem as indicações das páginas do livro didático

correspondentes ao conteúdo, algumas atividades que poderão ser utilizadas no

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trabalho diário do ensino-aprendizagem etc. Isso, de fato, não é planejar - é

preencher formulário.

Essa é uma forma de fazer do ato de planejar um ato neutro, como

desejavam nossos ex-ministros e como desejam todos os que defendem uma

perspectiva conservadora para a sociedade.

Por outro lado, os livros de Didática, quando tratam do tema

planejamento, não apresentam uma postura muito diferente desta. Há exceções, é

claro, mas, no geral, o planejamento é apresentado como uma técnica neutra de

eficientização da ação.

Para VASCONCELLOS (1995, p. 53), "o planejamento do Sistema de

Educação é o de maior abrangência (entre os níveis do planejamento na educação

escolar), correspondendo ao planejamento que é feito em nível nacional, estadual e

municipal", incorporando as políticas educacionais.

Desde a definição mais genérica de planejamento como "um conjunto

de ações coordenadas", visando "atingir os resultados previstos de forma mais

eficiente e econômica", passando pela de planejamento educacional como

"abordagem racional e científica dos problemas de educação", pela de planejamento

curricular como "previsão de todas as atividades do educando para atingir os fins da

educação", até a mais específica de planejamento de ensino como "previsão

inteligente e calculada de todas as etapas de trabalho na escola, possibilitando

melhores resultados e, em conseqüência, maior produtividade", não se encontra

nenhuma referência à necessidade de uma discussão política da ação que se vai

realizar.

Com esse entendimento da prática de planejar, estamos assumindo a

vida e a prática educativa, em específico, como uma coisa estática, definitiva, como

se bastasse tão-somente operacionalizá-la sem necessidade de redimensioná-la.

Há que se mencionar que as atividades de planejamento perpassam

todo o sistema de ensino: os órgãos centrais (Ministério e Secretarias de Educação)

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elaboram planos abrangentes de educação que abarcam toda a área sob sua

jurisdição e todos os níveis/modalidade de educação; outros planos, também, de

caráter abrangente, podem enfocar regiões com características particulares, ou

algum dos níveis/modalidades de ensino; esses mesmos órgãos produzem planos

setoriais, também abrangentes, sobre aspectos particulares da educação (recursos

humanos, recursos materiais, assistência ao estudante etc.); os órgãos

descentralizados elaboram planos que definem suas relações com os integrantes

das redes educacionais que estão sob sua jurisdição; as direções dos

estabelecimentos escolares elaboram planos que regem a vida pedagógica e

administrativa, e que afetam as atividades de professores, funcionários, alunos e a

comunidade; os professores, por sua vez, elaboram seus planos de aula em

consonância com os projetos pedagógicos das escolas.

Como pode ser visto, o planejamento é uma atividade permanente,

abrangente e que afeta todos os envolvidos e em todos os níveis dos sistemas. Os

planos globais geram políticas, diretrizes, e orientações gerais. Pouco afetam cada

estabelecimento educacional diretamente; ao contrário, os planos locais,

obedecendo as políticas e diretrizes definidas pelos planos globais, estabelecem

políticas específicas e ações que afetam diretamente cada estabelecimento escolar.

Por isso distinguem-se os macroplanos (globais) e os microplanos educacionais

(locais).

2.1 O planejamento educacional

A educação é hoje em dia concebida como fator de mudança,

renovação e progresso. Por tais circunstâncias o planejamento se impõe, neste

setor, como recurso de organização. É o fundamento de toda ação educacional.

Como toda inovação ou mudança vai encontrar resistências o

planejamento é a forma de gerenciar essas mudanças para que sua implantação se

realize com o mínimo de resistências.

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A educação, por ser considerada um investimento indispensável à

globalidade desenvolvimentista, passou, nos últimos decênios de nosso século a

merecer maior atenção das autoridades, legisladores e educadores, pelo menos no

mundo desenvolvido. Amparados em legislação pertinente, foram desencadeados

processos de aceleração, principalmente no que diz respeito à expansão e melhoria

da rede escolar e preparação de recursos humanos. O planejamento educacional

põe em relevo esta área, integrando-a, ao mesmo tempo, no progresso global do

país.

Nesse contexto, SANT’ANNA (1995) define planejamento educacional

como sendo “o processo de abordagem racional e científica dos problemas de

educação, incluindo definição de prioridades e levando em Conta a relação entre os

diversos níveis do contexto educacional” (p. 13).

São objetivos do planejamento educacional, segundo COARACY

(1972, p. 78-79):

- relacionar o desenvolvimento do sistema educacional com o desenvolvimento econômico, social, político e cultural do país, em geral, e de cada comunidade, em particular; - estabelecer as condições necessárias para o aperfeiçoamento dos fatores que influem diretamente sobre a eficiência do sistema educacional (estrutura, administração, financiamento, pessoal, conteúdo, procedimentos e instrumentos); - alcançar maior coerência interna na determinação dos objetivos e nos meios mais adequados para atingi-los; - conciliar e aperfeiçoar a eficiência interna e externa do sistema.

É condição primordial do processo de planejamento integral da

educação que, em nenhum caso, interesses pessoais ou de grupos possam desviá-

lo de seus fins essenciais que vão contribuir para a dignificação do homem e para o

desenvolvimento cultural, social e econômico do país.

Os requisitos fundamentais do planejamento educacional são:

- aplicação do método científico na investigação da realidade educativa, cultural,

social e econômica do país;

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- apreciação objetiva das necessidades, para satisfazê-las a curto, médio e longo

prazo;

- apreciação realista das possibilidades de recursos humanos e financeiros, a fim de

assegurar a eficácia das soluções propostas;

- previsão dos fatores mais significativos que intervêm no desenvolvimento do

planejamento;

- continuidade que assegure a ação sistemática para alcançar os fins propostos;

- coordenação dos serviços da educação, e destes com os demais serviços do

Estado, em todos os níveis da administração pública;

- avaliação periódica dos planos e adaptação constante destes mesmos às novas

necessidades e circunstâncias;

- flexibilidade que permita a adaptação do plano a situações imprevistas ou

imprevisíveis;

- trabalho de equipe que garanta uma soma de esforços eficazes e coordenados;

- formulação e apresentação do plano como iniciativa e esforço nacionais, e não

como esforço de determinadas pessoas, grupos e setores.

O planejamento educacional tem, ainda, como pressupostos básicos:

- o delineamento da filosofia da Educação do País, evidenciando o valor da pessoa e

da escola na sociedade;

- a aplicação da análise - sistemática e racional - ao processo de desenvolvimento

da educação, buscando torná-lo mais eficiente e passível de responder com maior

precisão às necessidades e objetivos da sociedade.

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Podemos, portanto, considerar que o planejamento educacional

constitui a abordagem racional e científica dos problemas da educação, envolvendo

o aprimoramento gradual de conceitos e meios de análise, visando estudar a

eficiência e a produtividade do sistema educacional, em seus múltiplos aspectos.

2.2 O planejamento curricular

Para posicionar-se ante o sistema educacional e a nova dinâmica de

ensino, o educador é chamado a refletir, num primeiro momento, em torno de certos

elementos que recebem hoje um novo enfoque decorrente do progresso científico e

tecnológico.

Atualmente a instituição de ensino é vista como o centro da educação

sistemática, integrada na comunidade da qual faz parte. Cabe-lhe oferecer aos

alunos situações que lhes permitam desenvolver suas potencialidades de acordo

com a fase evolutiva em que se situam e com os interesses que os impelem à ação.

A instituição de ensino atual visa ao preparo de pessoas de

mentalidade flexível e adaptável para enfrentar as rápidas transformações do

mundo. Pessoas que aprendem a aprender e, conseqüentemente, estejam aptas a

continuar aprendendo sempre.

Portanto, o currículo de hoje deve ser funcional. Deve promover não só

a aprendizagem de conteúdo e habilidades específicas, mas também fornecer

condições favoráveis à aplicação e integração desses conhecimentos. Isto é viável

através da proposição de situações que favoreçam o desenvolvimento das

capacidades do aluno para solucionar problemas, muitos dos quais comuns no seu

dia-a-dia.

A previsão global e sistemática de toda ação a ser desencadeada pela

escola, em consonância com os objetivos educacionais, tendo por foco o aluno,

constitui o planejamento curricular. Portanto este nível de planejamento é relativo à

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escola. Através dele são estabelecidas as linhas-mestras que norteiam todo o

trabalho. Expressa, por meio dos objetivos gerais a linha filosófica do

estabelecimento.

LIBÂNEO (2001) define planejamento curricular da seguinte forma:

- é uma tarefa multidisciplinar que tem por objeto a organização de um sistema de relações lógicas e psicológicas dentro de um ou vários campos de conhecimento, de tal modo que se favoreça ao máximo o processo ensino-aprendizagem; - é a previsão de todas as atividades que o educando realiza sob a orientação da escola para atingir os fins da educação (p. 225).

São objetivos do planejamento curricular: ajudar aos membros da

comunidade escolar a definir seus objetivos; obter maior efetividade no ensino;

coordenar esforços para aperfeiçoar o processo ensino-aprendizagem; propiciar o

estabelecimento de um clima estimulante para o desenvolvimento das tarefas

educativas.

O planejamento curricular deve refletir os melhores meios de cultivar o

desenvolvimento da ação escolar, envolvendo, sempre, todos os elementos

participantes do processo.

Seus elaboradores devem estar alertas paras novas descobertas e

para os novos meios postos ao alcance das escolas. Estes devem ser

minuciosamente analisados para verificar sua real validade naquele âmbito escolar.

Posto isso, fica evidente a necessidade dos organizadores explorarem, aceitarem,

adaptarem, enriquecerem ou mesmo rejeitarem tais inovações. O planejamento

curricular é de complexa elaboração. Requer um contínuo estudo e uma constante

investigação da realidade imediata e dos avanços técnicos, principalmente na área

educacional. Constitui, por suas características, base vital do trabalho. A

dinamização e integração da escola como uma célula viva da sociedade, que

palmilha determinados caminhos conforme a linha filosófica adotada, é o

pressuposto inerente a sua estruturação.

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O planejamento curricular constitui, portanto, uma tarefa continua a

nível de escola, em função das crescentes exigências de nosso tempo e dos

processos que tentam acelerar a aprendizagem. Será sempre um desafio a todos

aqueles envolvidos no processo educacional, para busca dos meios mais

adequados à obtenção de maiores resultados.

2.3 O planejamento de ensino

Alicerçado nas linhas-mestras de ação da escola, isto é, no

planejamento curricular, surge, em nível mais específico, o planejamento de ensino.

Este é a tradução, em termos mais próximos e concretos, da ação que ficou

configurada a nível de escola. Indica a atividade direcional, metódica e sistematizada

que será empreendida pelo professor junto a seus alunos, em busca de propósitos

definidos.

O professor que deseja realizar uma boa atuação docente sabe que

deve participar, elaborar e organizar planos em diferentes níveis de complexidade

para atender, em classe, seus alunos. Pelo envolvimento no processo ensino-

aprendizagem, ele deve estimular a participação do aluno, a fim de que este possa,

realmente, efetuar uma aprendizagem tão significativa quanto o permitam suas

possibilidades e necessidades.

O planejamento, neste, caso, envolve a previsão de resultados

desejáveis, assim como também os meios necessários para alcançá-los. A

responsabilidade do mestre é imensa. Grande parte da eficácia de seu ensino

depende da organicidade, coerência e flexibilidade de seu planejamento.

Às vezes, o plano é elaborado somente por um professor; outras

vezes, no entanto, vários professores compartilham a responsabilidade de sua

elaboração. Neste último caso temos o planejamento de ensino cooperativo. Este,

por sua natureza, resulta de uma atividade de grupo, isto é, os professores (às

vezes, auxiliados por especialistas) congregam esforços para juntos estabelecerem

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linhas comuns de ação, com vistas a resultados semelhantes e bastante válidos para

a clientela atendida.

Planejando, executando e avaliando juntos, esses professores

desenvolvem habilidades necessárias à vida em comum com os colegas. Isso

proporciona, entre outros aspectos, crescimento profissional, ajustamento às

mudanças, exercício da autodisciplina, responsabilidade e união a nível de decisões

conjuntas.

Inúmeras são as conceituações sobre planejamento de ensino

encontradas nos diferentes autores consultados. VEIGA (1998, p. 18) entende que

O planejamento do ensino é a previsão inteligente e bem articulada de todas as etapas do trabalho escolar que envolvem as atividades docentes e discentes, de modo a tornar o ensino seguro, econômico e eficiente; é a previsão das situações específicas do professor com a classe; é o processo de tomada de decisões bem informadas que visam á racionalização das atividades do professor e do aluno, na situação ensino-aprendizagem, possibilitando melhores resultados e, em conseqüência, maior produtividade.

São objetivos do planejamento de ensino: racionalizar as atividades

educativas; assegurar um ensino efetivo e econômico; conduzir os alunos ao

alcance dos objetivos; verificar a marcha do processo educativo.

Por maior complexidade que envolva a organização da escola, é

indispensável ter sempre bem presente que a interação professor-aluno é o suporte

estrutural, cuja dinâmica concretiza ao fenômeno educativo. Portanto, o

planejamento de ensino deve ser alicerçado neste pressuposto básico.

O professor, ao planejar o trabalho, deve estar familiarizado com o que

pode pôr em prática, de maneira que possa selecionar o que é melhor, adaptando

tudo isso às necessidades e interesses de seus alunos. Na maioria das situações, o

professor dependerá de seus próprios recursos para elaborar seus planos de

trabalho. Por isso, deverá estar bem informado dos requisitos técnicos para que

possa planejar, independentemente, sem dificuldades.

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Ainda temos a considerar que as condições de trabalho diferem de

escola para escola, tendo sempre que adaptar seus projetos às circunstâncias e

exigências do meio.

Considerando que o ensino é o guia das situações de aprendizagem e

que ajuda os estudantes a alcançarem os resultados desejados, a ação de planejá-

lo é predominantemente importante para incrementar a eficiência da ação a ser

desencadeada no âmbito escolar.

O professor, durante o período (ano ou semestre) letivo, pode

organizar três tipos de planos de ensino. Por ordem de abrangência, vai: delinear,

globalmente, toda a ação a ser empreendida (Plano de Curso); disciplinar partes da

ação pretendida no plano global (Plano de Unidade); especificar as realizações

diárias para a concretização dos planos anteriores (Plano de Aula).

Pelo significativo apoio que o planejamento empresta à atividade do

professor e alunos, é considerado etapa obrigatória de todo o trabalho docente. O

planejamento tende a prevenir as vacilações do professor, oferecendo maior

segurança na consecução dos objetivos previstos, bem como na verificação da

qualidade do ensino que está sendo orientado pelo mestre e pela escola.

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CAPÍTULO III

O PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES EDUCACIONAIS

Conforme relata LIBÂNEO (2001), o planejamento é um processo de

racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade

escolar e a problemática o contexto social. A escola, os professores e os alunos são

integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o que acontece no meio escolar

está atravessado por influências econômicas, políticas e culturais que caracterizam a

sociedade de classes.

Isso significa que os elementos do planejamento escolar - objetivos,

conteúdos, métodos - estão recheados de implicações sociais, têm um significado

genuinamente político. Por essa sazão, o planejamento é uma atividade de reflexão

acerca das nossas opções e ações; se não pensarmos detidamente sobre o rumo

que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos

pelos interesses dominantes na sociedade.

A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento

de formulários para controle administrativo; é, antes, a atividade consciente de

previsão das ações docentes, fundamentadas em opções político-pedagógicas, e

tendo como referência permanente às situações didáticas concretas (isto é, a

problemática social, econômica, política e cultural que envolve a escola, os

professores, os alunos, os pais, a comunidade, que interagem no processo de

ensino).

GIL (1997) define o planejamento educacional como o processo

sistematizado, mediante o qual se pode conferir maior eficiência às atividades

educacionais para, em determinado prazo, alcançar o conjunto das metas

estabelecidas.

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O planejamento educacional pode ser concebido em três etapas:

preparação, acompanhamento e aperfeiçoamento. Na fase de preparação procede-

se à formulação dos objetos e à previsão de todos os passos necessários para

garantir a concretização desses objetivos. A fase de acompanhamento tem lugar

depois de ter sido o plano colocado em ação. Nesta fase acompanha-se a ação

educativa do professor e o aprendizado do aluno. A fase de aprimoramento, por fim,

envolve a avaliação do alcance dos objetivos propostos na fase de preparação. A

partir dessa avaliação procede-se aos ajustes que se fizerem necessários para a

consecução dos objetivos.

Como se pode verificar, o planejamento de ensino vincula-se

diretamente à execução. Assim, planejamento não pode ser visto como atividade

separada e envolve naturalmente o concurso de elementos envolvidos nas mais

diversas etapas do processo educacional.

Para LIBÂNEO (1994), o planejamento escolar é uma tarefa docente

que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e

coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no

decorrer do processo de ensino. O planejamento é um meio para se programar as

ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente

ligado à avaliação.

3.1 Níveis de planejamento

3.1.1 Planejamento educacional

O planejamento educacional é o que se desenvolve em nível mais

amplo. É o que prevê a estruturação e o funcionamento do sistema educacional

como um todo. Este planejamento está a cargo das autoridades educacionais, no

âmbito do Ministério da Educação, do Conselho Nacional de Educação e dos órgãos

estaduais e municipais que têm atribuições nesta área (GIL, 1997).

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Em relação ao ensino superior, cabe ao Ministério da Educação a

identificação de necessidades de aperfeiçoamento do sistema educacional e a

realização de estudos para a formulação de diretrizes. Ao Conselho Federal de

Educação. por sua vez, cabe fixar o currículo mínimo e carta horária dos cursos

superiores bem como definir critérios para autorização de funcionamento e

reconhecimento desses cursos. É também de sua competência a definição de

critérios pra a formação e aceitação de docentes para o ensino superior.

Há ainda os Conselhos Estaduais de Educação que exercem sua

competência em relação aos estabelecimentos isolados de ensino vinculados ao

poder público estadual ou municipal.

3.1.2 Planejamento curricular

O planejamento curricular desenvolve-se no âmbito da instituição de

ensino. Sua função é a de concretizar os planos em nível imediatamente superior, ou

seja, do planejamento educacional, considerando a realidade em que a escola está

inserida.

O planejamento curricular é de natureza multidisciplinar, envolve a direção do estabelecimento de ensino, seu corpo docente e também especialistas na área. Seu resultado é concretizado em planos, que definem os objetivos que a faculdade espera atingir, o perfil do profissional que pretende formar e as estratégias a serem adotadas para favorecer o processo ensino-aprendizagem. (GIL, 1997, p. 34).

O planejamento curricular constitui tarefa complexa, pois requer o

contínuo estudo das circunstâncias que envolvem a escola, bem como dos avanços

técnicos verificados na área educacional. Assim, o planejamento curricular deve ser

encarado como atividade permanente desenvolvida no nível da escola. E que tem

como objetivo fundamental harmonizar as exigências de uma formação efetiva com

os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis.

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3.1.3 Planejamento de ensino

“Planejamento de ensino é o que se desenvolve basicamente a partir

da ação do professor” (GIL, 1997, p. 35). Visa ao direcionamento metódico e

sistemático das atividades a serem desempenhadas pelo professor junto a seus

alunos para alcançar os objetivos pretendidos.

O professor de ensino superior, ao assumir uma disciplina, precisa

tomar uma série de decisões. Precisa, por exemplo, decidir acerca dos objetivos a

serem alcançados pelos alunos, do conteúdo programático adequado para o alcance

desses objetivos, das estratégias e dos recursos que vai adotar para facilitar a

aprendizagem, dos critérios de avaliação.

Todas essas decisões fazem parte do processo de planejamento de

ensino, que cada vez mais se configura como condição essencial para o êxito do

trabalho docente. De fato, à medida que as ações docentes são planejadas, evita-se

a improvisação, garante-se maior probabilidade de alcance dos objetivos, obtém-se

maior segurança na direção do ensino e também maior economia de tempo e

energia.

Para o planejamento do ensino o professor inicialmente procede ao

diagnóstico da realidade em que se insere sua disciplina. Essa realidade envolve as

necessidades e as expectativas dos alunos a importância e o status da disciplina no

contexto do curso, os recursos disponíveis para o seu desenvolvimento etc.

Com base nesse diagnóstico, o professor define objetivos, passa a ter

condições de receber feedback de seus alunos. Como o planejamento, de modo

geral, apresenta alguma flexibilidade, o professor pode, a partir desse feedback

proceder a alterações em seu curso. Assim, os alunos vão-se tornando, de certa

forma, co-participantes desse processo.

Também ao longo do desenvolvimento do curso, o professor faz novas

leituras, dialoga com outros professores, toma contato com novas experiências

educacionais e procede à avaliação dos alunos, da programação e de sua própria

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atuação. A partir da obtenção desses dados, o professor procede ao replanejamento

de seu curso. E, muitas vezes, alterações significativas podem ser feitas no decorrer

do próprio ano ou semestre letivo. Fica claro, portanto, que o planejamento efetivo

constitui atividade contínua e flexível.

3.2 A elaboração de planos de ensino

Do planejamento curricular, desenvolvido no âmbito das escolas,

também se originam planos. Estes, normalmente designados planos de curso,

esclarecem acerca dos objetivos dos cursos que a escola oferece, de sua estrutura

curricular, da clientela a quem são oferecidos, das condições para inscrição, dos

procedimentos de avaliação etc.

O professor também consolida as decisões tomadas a partir do

planejamento em planos de ensino. Primeiramente, elabora o plano da disciplina,

que envolve de forma global as ações a serem desenvolvidas durante o ano letivo

(ou semestre, conforme o caso). A seguir, elabora os planos de unidade, que visam

orientar sua ação em relação a cada uma das partes do plano da disciplina. Cada

uma dessas partes ou unidades corresponde naturalmente a ações a serem

desenvolvidas ao longo de uma, duas ou mais aulas. E à medida que o professor

especifica as realizações diárias, elabora também planos de aulas.

O plano de ensino é um roteiro organizado das unidades didáticas para

um ano ou semestre. É denominado também plano de curso ou ano de unidades

didáticas e contém os seguintes componentes: justificativa da disciplina em relação

aos objetivos da escola; objetivos gerais; objetivos específicos, conteúdo (com a

divisão temática de cada unidade); tempo provável e desenvolvimento metodológico

(atividades do professor e dos alunos) (LIBÂNEO, 1994).

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3.2.1 Plano de disciplina

O plano de disciplina constitui uma previsão das atividades a serem

desenvolvidas ao longo de um ano ou semestre. Constitui, portanto, um marco de

referência para as ações do professor voltadas para o alcance dos objetivos da

disciplina. Representa também um instrumento para identificar a relação da

disciplina com as disciplinas afins e com o curso tomado de forma global.

De modo geral, o plano de disciplina esclarece, acerca de sua duração,

objetivos gerais, conteúdo programático básico, procedimentos de ensino e

instrumentos de avaliação. Naturalmente para sua elaboração concorrem muitos

fatores, tais como orientação da escola, habilidades do professor, recursos

disponíveis etc. Todavia, alguns princípios norteadores da elaboração de planos são

muito aceitos.

Assim, conforme descreve GIL (1997), o plano de disciplina deve:

relacionar-se intimamente com o plano curricular de modo a garantir coerência com

o curso como um todo; adaptar-se às necessidades, capacidades e interesses do

aluno; ser elaborado a partir de objetivos realistas, levando em consideração os

meios disponíveis para alcançá-los; envolver conteúdos que efetivamente

constituam meios para o alcance dos objetivos; prever tempo suficiente para garantir

a assimilação dos conteúdos pelos alunos; ser suficientemente flexível para

possibilitar o seu ajustamento a situações que não foram previstas; possibilitar a

avaliação objetiva de sua eficácia.

Não existe um modelo rígido a ser seguido na elaboração de um plano

de ensino. Todo plano, entretanto, deve apresentar numa seqüência coerente os

elementos a serem considerados no processo de ensino-aprendizagem. GIL (1997),

sintetiza, de forma simples e funcional, como podem ser organizados um plano de

ensino:

a) Identificação do plano: é constituída por dados de identificação. Geralmente

nesta parte são indicados os seguintes dados: Nome da disciplina; Curso; Nome do

professor; Série ou semestre; Ano letivo; Carga horária; Classes em que será

aplicado o plano; Número de alunos em cada classe; Monitores (quando houver).

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Estes dados de identificação podem parecer óbvios e mesmo

dispensáveis. Todavia, sua inclusão é muito importante, pois o plano de disciplina

constitui um documento que poderá ser consultado a qualquer momento por alunos

e outros professores. A apresentação desses dados com certo nível de

detalhamento poderá ser importante para a avaliação do plano. Por exemplo, para

se verificar adequação entre a duração do curso e a extensão do conteúdo, ou entre

o número de alunos e as estratégias de aprendizagem.

b) Objetivos:

Os objetivos representam o elemento central do plano, de onde

derivam os demais elementos. Estes objetivos são formulados em termos gerais e

devem indicar de forma clara a função da disciplina no conjunto do curso. Por

exemplo, a disciplina Estatística num curso de Psicologia poderá apresentar como

objetivo geral “capacitar os alunos para a aplicação de medidas e testes estatísticos

necessários para a realização de exames e pesquisas psicológicas”. E o objetivo da

disciplina Legislação Tributária num curso de Administração de Empresas poderá

ser assim definido: “Proporcionar os conhecimentos básicos de legislação tributária

com vistas à sua aplicação no âmbito das empresas”.

c) Conteúdo:

No plano de disciplina, o conteúdo é geralmente apresentado a partir

da organização seqüencial das unidades que compõem. É comum também a

indicação nesta parte da bibliografia fundamental para o desenvolvimento da

disciplina.

d) Estratégias de aprendizagem:

Nesta parte o professor esclarece acerca dos procedimentos a serem

utilizados para facilitar o processo de aprendizagem. A especificação desses

procedimentos é feita de forma bastante sintética. Um professor pode, por exemplo,

indicar que para alcançar os objetivos previstos serão utilizadas as seguintes

estratégias: aulas expositivas; seminários; fracionamento; dramatização.

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e) Recursos:

É muito conveniente indicar os recursos necessários para o

desenvolvimento da disciplina. Desta forma a faculdade poderá constatar a

disponibilidade de tais recursos ou, na falta dos mesmos, tomar providências para

sua obtenção.

Existe grande variedade de recursos de ensino: desde os mais simples

como quadro-de-giz, cartazes, álbum seriado e textos mimeografados até os mais

complexos como retroprojetores, gravadores e equipamentos de vídeo. Convém,

portanto, que essa previsão acerca dos recursos seja feita de forma realista,

considerando principalmente a disponibilidade da instituição e da comunidade.

F) Estratégias de Avaliação:

A última parte do plano de disciplina é constituída pela indicação dos

procedimentos referentes à avaliação do alcance dos objetivos propostos. Esta

avaliação poderá ser feita por meio de provas objetivas, provas dissertativas, provas

práticas, registros de observação etc. Convém que na elaboração desta parte o

professor considere o sistema de avaliação vigente na escola. Isto porque seus

regimentos poderão limitar a atuação do professor quanto à modalidade da

avaliação, período de aplicação etc.

3.2.2 Plano de unidade

O plano de unidade é um documento mais pormenorizado que o plano

de disciplina. A unidade refere-se aos assuntos da disciplina que formam um todo

completo e que são desenvolvidos no espaço correspondente a uma ou algumas

aulas.

A unidade pode representar uma forma de organização de programa, articulada com um método de ensino, como pode representar a maneira, tão-só, de organizar o programa de uma disciplina, independentemente do modo como a matéria vai ser lecionada (NÉRICI, 1993, p. 105).

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Durante muito tempo os professores adotaram o critério de planejar o

ensino da disciplina por lições ou pontos. Todavia, o planejamento de unidades

mostras-se muito mais eficiente, pois, ao considerar um todo completo, proporciona

um ensino mais compreensivo e significativo para o aluno.

A elaboração de planos de unidade não impede que o professor

proceda também ao planejamento de cada aula. O inconveniente estará ao

pretender o professor derivar suas aulas, lições ou pontos diretamente do temário da

disciplina.

Para definir as unidades da disciplina, o professor cuidará para que

estas sejam compreensivas e significativas. Compreensivas no sentido de serem

constituídas de assuntos fins, que apresentem relação entre si. E significativa no

sentido de serem úteis e funcionais para os alunos.

Para que esses critérios sejam observados, as unidades poderão,

muitas vezes, ser desiguais quanto à extensão. E como regra geral admite-se que as

unidades devam ser suficientemente restritas para serem compreensivas.

O plano de unidade difere do plano de disciplina sobretudo em relação

à especificidade. Os objetivos são operacionais, isto é, designam clara e

precisamente os comportamentos esperados dos alunos. Os conteúdos são muito

mais pormenorizados. assim como as informações sobre estratégias de ensino,

recursos auxiliares, bibliografia e estratégias ele avaliação.

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CONCLUSÃO

As discussões sobre planejamento educacional têm se adequado às

questões "como", "com que meios" e "a partir de qual enfoque", e não às questões

"quem planeja" e "para que se planeja". No que se refere a uma perspectiva macro,

o planejamento tem sido predominantemente uma forma de intervenção do Estado

em educação, com o objetivo de implantação de alguma política educacional. Seja

sob a "pedagogia tecnicista" dos anos setenta seja sob a "pedagogia da qualidade

total", que gradativamente se instalou nos anos noventa, percebe-se o planejamento

como instrumento que coloca a educação a serviço do status quo, sendo

considerado como um exercício exclusivamente técnico e de técnicos, estando

normalmente fora do alcance dos professores-educadores.

A pedagogia tecnicista pretendeu que a educação pudesse se

organizar de forma racional, como se fosse possível eliminar a subjetividade do

processo educacional. Os programas de qualidade total dos anos noventa tinham

como metas, o planejamento, organização e controle, desenvolvendo a capacidade

da empresa estabelecer planos para atingir os objetivos propostos. Quanto à

educação, esses programas, gradativamente implantados em algumas escolas,

vêem o plano escolar como registro das estratégias de ação. Cabe à educação, em

uma e outra pedagogias, cumprir a função de formar indivíduos eficientes,

produtivos, que contribuam para o aumento da produtividade da sociedade.

Porém, há alguns anos, o planejamento vem exercendo uma função

secundária no processo de ensino e aprendizagem. As críticas à pedagogia

tecnicista com a intenção de superá-la, levaram à negação de suas propostas.

Também a interpretação dada à educação centrada na iniciativa e necessidade do

aluno levou muitos professores a acreditarem que as propostas de ensino emergiam,

somente, do interesse imediato demonstrado pelo aluno. A prática do planejamento

vista como tarefa burocrática, pouco contribuindo para a ação diária desenvolvida

em sala de aula, pode ter contribuído para a sua desvalorização e o seu desuso.

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No entanto, penso no planejamento não apenas como uma técnica,

como instrumento para organizar a ação do professor, mas também o abordo

enquanto prática social histórica. Tomo como ponto de partida a idéia de que todo

planejamento é uma práxis, consistindo numa ação orientada por um pensamento

transformador da realidade.

Para exercer a função mediadora entre os alunos e os conteúdos

historicamente construídos faz-se necessário o professor organizar as ações a

serem propostas, pois a aprendizagem não ocorrerá, na maioria das vezes, apenas

por encontros casuais entre alunos e conteúdos.

O planejamento, isto é, o instrumento para organização das propostas

de ação de cada um dos professores traduzir-se-á, então, nos objetivos e conteúdos

priorizados e na opção pela forma como o professor avaliará seus alunos. O

planejamento passa a ser visto, então, como forma de relação dialética entre

pensamento e ação e assim, o documento escrito constitui-se em uma síntese das

conclusões obtidas durante esse processo de reflexão, sendo utilizado pela

professora para consultar durante o trabalho diário desenvolvido com a turma,

tornando sua intervenção não só pedagógica como também política, consciente.

É importante destacar que entre a intenção do planejamento, a

situação ideal, e a real, vivida na prática da sala de aula, existe um espaço-tempo,

mas ainda assim o planejamento das atividades de ensino representa as hipóteses

iniciais do trabalho que orientam a intenção educativa.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS.................................................................................. 03 DEDICATÒRIA............................................................................................ 04 RESUMO..................................................................................................... 05 METODOLOGIA ......................................................................................... 06 SUMÁRIO................................................................................................... 07 INTRODUÇÃO........................................................................................... 08 CAPITULO I CONSIDERAÇÕES INICIAIS ACERCA DO PLANEJAMENTO................. 10

1.1 Antecedentes históricos................................................................... 10 1.2 Dimensões do planejamento............................................................ 12

CAPÍTULO II O PLANEJAMENTO NO CONTEXTO EDUCACIONAL ............................ 16

2.1 O planejamento educacional ........................................................... 18 2.2 O planejamento curricular ............................................................... 21 2.3 O planejamento de ensino .............................................................. 23

CAPÍTULO III O PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES EDUCACIONAIS........................ 26

3.1 Níveis de planejamento.................................................................... 27 3.1.1 Planejamento Educacional............................................................ 27 3.1.2 Planejamento Curricular................................................................ 28 3.1.3 Planejamento de ensino................................................................ 29 3.2 A elaboração de planos de ensino................................................... 30 3.2.1 Plano de disciplina......................................................................... 31 3.2.2 Plano de unidade........................................................................... 33

CONCLUSÃO ............................................................................................ 35 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 37 ÍNDICE ....................................................................................................... 39

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Projeto A Vez do Mestre

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Título da Monografia:

PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO PARA A QUALIDADE DO ENSINO SUPERIOR

Data da entrega: _______________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Avaliado por:_______________________________Grau______________.

Rio de Janeiro_____de_______________de 2005.

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ANEXOS

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ANEXOS