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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EMPRESARIAL NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL Por: Dayane Cristine Ramos de Oliveira Orientador Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EMPRESARIAL NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL

Por: Dayane Cristine Ramos de Oliveira

Orientador

Marcelo Saldanha

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EMPRESARIAL NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em pedagogo empresarial

Por: Dayane Cristine Ramos de Oliveira

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu pai que me deu a oportunidade

de tornar meu sonho uma realidade, a minha mãe por

todo apoio e não me deixar desistir. A todos os

professores e colegas de turma que contribuíram para

conclusão deste trabalho e meu crescimento profissional

e pessoal.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha mãe Vera Lucia, que me

apoiou e ajudou durante esse um ano de estudo, não me

deixando desanimar.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo focar na atuação do pedagogo

empresarial no processo de aprendizagem organizacional, discutindo a nova

configuração empresarial no enfoque do campo de trabalho desse profissional

dentro das organizações. Diante do cenário que se apresenta no mundo corporativo,

os processos de mudanças organizacionais são baseados na gestão do

conhecimento de cada individuo.

O pedagogo empresarial visa sempre melhorar o processo de aprendizagem

organizacional, melhorando a qualidade da educação corporativa. As organizações

têm aberto espaço para este profissional, pois já entenderam o diferencial de sua

atuação em solucionar problemas, elaborar projetos educacionais visando a

melhoria dos processos estratégicos organizacionais.

Este estudo visa compreender os novos rumos que a atuação do pedagogo

empresarial tem assumido frente aos novos cenários organizacionais delimitados

pela globalização. A implementação de projetos educacionais, através de programas

de treinamento e desenvolvimento, pressupõe uma nova base para gerir este

conhecimento e as pessoas responsáveis pela sua disseminação.

O que podemos concluir é que para enfrentar os novos desafios impostos

pelo mundo dos negócios, as empresas precisam exercitar as capacidades

organizacionais, que devem estar alinhadas aos processos de educação corporativa

e as metas estratégicas da organização.

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METODOLOGIA

O presente estudo foi desenvolvido baseando-se na metodologia da investigação

cientifica com um enfoque teórico utilizando-se de materiais bibliográficos.

As aulas de conteúdos teóricos e vivencias adquiridas ao longo do curso e da minha

vida profissional, também contribuíram para a construção desse material.

Foram utilizadas referências bibliográficas de autores como: Maria Amélia Franco,

Idalberto Chiavenato, Peter Senge, Izolda Lopes, entre outros.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................8

CAPÍTULO I

As mudanças e transformações das organizações no século XX.............................10

1.1 -A Era da industrialização Clássica....................................................................11

1.2 - A Era da industrialização Neoclássica.............................................................11

1.3 - A Era da Informação........................................................................................12

CAPÍTULO II

A trajetória da área de Recursos Humanos..............................................................15

2.1 – O que significa Recursos Humanos.................................................................16

2.2 – As organizações...............................................................................................17

CAPÍTULO III

A pedagogia..............................................................................................................19

3.1 – A pedagogia no Brasil e sua identidade...........................................................20

3.2 – A necessidade de mudança diante do novo cenário econômico......................21

3.3 – A importância da educação no trabalho...........................................................22

CAPÍTULO IV

O pedagogo e a qualificação profissional..................................................................24

4.1 – O trabalho do pedagogo...................................................................................25

4.2 – O pedagogo Empresarial e suas práticas na organização...............................26

4.3 – O processo de aprendizagem organizacional...................................................29

4.4 – A influência da cultura organizacional no processo de aprendizagem.............32

4.5 – As organizações tornam-se educadoras...........................................................34

CONCLUSÃO............................................................................................................37

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO.............................................................................39

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INTRODUÇÃO

O mundo corporativo está cada vez mais competitivo e exigente, é nesse

cenário que o mercado cada vez mais seletivo, preferência profissionais altamente

qualificados e capacitados. Diante desse contexto, o pedagogo empresarial entra

para atuar como agente na capacitação de pessoas, nas relações interpessoais e na

educação de valores sociais.

O desafio hoje, é determinar a verdadeira identidade do pedagogo dentro das

organizações, porque ele é um profissional versátil, que norteia a prática educativa,

utilizando estratégias pedagógicas que o auxilia no saber e no saber fazer das

pessoas. Cabe a este profissional também, educar as organizações a fim de

proporcionar uma aprendizagem que permita às pessoas construir suas trajetórias

de conhecimento.

As questões relativas à atuação do pedagogo empresarial nas organizações,

precisam ser debatidas, tendo em vista que seu perfil profissional necessita estar

bem definido frente às exigências do mundo corporativo e no que tange a sociedade,

pois muito ainda se desconhece sobre sua atuação nas áreas que fogem do âmbito

escolar.

O pedagogo empresarial contribuirá com conteúdos teóricos e práticos

referentes ao processo de aprendizagem, auxiliando na formação e desenvolvimento

de habilidades, incentivando a formação de colaboradores aprendentes, facilitando

seu desempenho dentro da organização e na sua vida.

O ambiente corporativo busca colaboradores que sejam capazes de aprender,

pensantes, criativos, dinâmicos e dispostos a trabalharem em grupo, que sejam

flexíveis a mudanças, logo o papel do pedagogo dentro das organizações, é articular

o processo de aprendizado, ajudando e incentivando a busca de conhecimento, com

o objetivo de auxiliar os líderes e liderados no processo de construção de novos

projetos que estejam alinhados aos desafios enfrentados no mundo corporativo, a

fim de melhorar os resultados empresariais.

Para que este ambiente floresça é necessário criar e desenvolver projetos

educacionais e sociais, selecionando e planejando de forma estratégica cursos de

capacitação e desenvolvimento destes colaboradores promovendo a melhoria da

cultura organizacional.

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Diante deste cenário surge o questionamento: Como o pedagogo empresarial

poderá atuar na construção de um ambiente de aprendizagem e crescimento

organizacional? De que forma este profissional pode facilitar e contribuir para o

processo de aprendizagem organizacional?

Essas problemáticas permitirão entender de forma ampla a atuação do

pedagogo nas organizações e identificá-lo como um mediador-facilitador do

processo educativo. Desta forma o presente estudo, tem como objetivo entender a

importância dos saberes e fazeres do pedagogo em empresas.

A formação deste profissional o habilita a criar, desenvolver e acompanhar

programas educacionais com o propósito de educar o individuo na busca continua

pela educação e é neste sentido que o aprendizado organizacional deverá ser

explorado.

O pedagogo empresarial é capaz de desempenhar o papel de construtor de

aprendizagens, instigando novos pensamentos e atitudes, pois estimula a formação

de novas idéias, muda conceitos e articula diversas práticas educativas. Deverá

desenvolver suas competências apoiando-se em seus saberes e fazeres,

enfatizando que o ensinar não é transmitir conhecimento, mas também construí-lo

para que cada individuo note o quanto este processo de conhecimento é significativo

para seu viver e para sua qualificação profissional.

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CAPÍTULO I

AS MUDANÇAS E TRANSFORMAÇÕES DAS

ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XX

No decorrer do último século, as mudanças no trabalho e na estrutura

organizacional foram expressivas. A estrutura que até então era rígida e

hierarquizada, dá lugar a um ambiente organizacional propício ao trabalho em

equipe e colaborativo; os processos organizacionais tornam-se mais dependentes

da tecnologia, que por sua vez evolui a uma velocidade ímpar.

Estas transformações expressivas que passam a imperar nas organizações

exigem cada vez mais uma capacidade de se adaptar a novas estruturas, fazendo

com que as empresas desenvolvam continuamente processos que facilitem a

adaptação e com respostas rápidas e eficazes às mudanças do ambiente externo.

O século XX surgiu trazendo grandes mudanças e transformações no cenário

econômico, influenciando de forma agressiva as organizações, sua administração e

seu comportamento e sem dúvida alguma, estas mudanças e transformações

aconteceram de modo marcante na forma de administrar as pessoas.

Sabemos que o trabalho é uma das formas do homem atuar sobre o mundo e

que o faz de várias formas, mas com certeza a bagagem que traz de sua herança

cultural e sua ideologia acerca das relações sociais fazem toda a diferença na

execução.

Atualmente vivemos em uma era em que a informação e o conhecimento

dominam os processos, agregando valor nas relações tanto profissional quanto

pessoal. Sendo assim, em uma sociedade cada vez mais global e em um ambiente

econômico de crescente competitividade, as organizações devem adotar atitudes

positivas e estratégicas que façam a diferença no mercado.

E é neste contexto, que visualizamos durante o século XX, as três eras

organizacionais: A Era Industrial Clássica, a Era Industrial Neoclássica e a Era da

informação.

Iremos estudar as características de cada uma, compreendendo suas

ideologias e práticas de lidar com as pessoas que participam da organização.

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1.1 – A Era da industrialização Clássica

Caracterizou-se pelo intenso processo de industrialização no âmbito mundial,

surgindo assim os países desenvolvidos, também chamados de industrializados, que

se estendeu até meados dos anos 50.

Neste período, as organizações passam a adotar uma estrutura

organizacional burocrática, em formato piramidal e centralizador, enfatizando a

departamentalização. As decisões estão concentradas no topo da pirâmide, surgindo

assim regras e regulamentos internos, com o intuito de padronizar e disciplinar o

comportamento das pessoas na empresa.

O mundo se caracterizava por mudanças vagarosas, previsíveis e

progressivas, que aconteciam de forma lenta e gradativa. O ambiente organizacional

não era favorável a novos desafios, o que permitia que as organizações se

introvertessem e preocupassem única e exclusivamente com seus problemas

internos de produção.

A preocupação básica era de como se obter lucros e rendimentos financeiros.

E para alcançar este objetivo era necessário investir em medidas de padronização,

simplificação e especialização da mão de obra, permitindo assim largas escalas de

produção e com custos menores.

Nesse contexto, o que predominava era uma cultura organizacional voltada

para conservação das tradições e valores passados. As pessoas eram vistas e

consideradas única e exclusivamente como recursos de produção, juntamente com

os maquinários e equipamentos.

1.2 – A Era da Industrialização Neoclássica

Entendemos como o período que se iniciou após a segunda guerra mundial,

quando o mundo passou a sofrer mudanças com maior intensidade e rapidez,

aumentando de forma progressiva.

A partir desse momento, as transações comerciais passam de local para

regional, de regional para internacional, tornando-se assim mais intensas e menos

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previsíveis, acentuando cada vez mais a competição no mercado entre as

empresas.

A teoria Clássica dá lugar a teoria Neoclássica da administração sendo

redimensionada por uma teoria estruturalista.

A visão sistêmica e multidisciplinar dominam a administração e o velho

modelo burocrático e funcional, centralizador e piramidal, dá lugar a uma estrutura

mais rígida e vagarosa dificultando o acompanhamento das mudanças sofridas pelo

ambiente organizacional.

Uma abordagem matricial surge visando departamentizar, através de um

esquema lateral de estrutura por produtos e serviços, a fim de proporcionar inovação

e dinamismo na escala de produção e prestação de serviços que como

conseqüência iria gerar maior competitividade no mundo dos negócios.

De fato, a organização matricial promoveu uma melhoria na arquitetura

organizacional das grandes empresas, porém não o bastante para remover a velha

rigidez da antiga estrutura burocrática.

Entretanto vemos suas vantagens através da fragmentação das organizações

em unidades estratégicas de negócios, a fim de torná-las melhor administradas,

ágeis e mais próximas do mercado e do consumidor.

1.3 – A Era da informação

É a época na qual estamos vivendo atualmente. Sua principal característica

são as mudanças, que se tornam rápidas, imprevisíveis e inesperadas.

O mundo se transformou em uma grande aldeia global, através das

tecnologias de informação: a televisão, o telefone e o computador, que integradas

trouxeram desdobramentos e transformações comparáveis com a época da

Revolução industrial.

A informação passa a cruzar o planeta em questão de milésimos de

segundos, fornecendo condições para o surgimento da globalização da economia e

que tem como conseqüência a globalização da economia em mundial e global.

A competitividade entre as empresas tornou-se cada vez mais intensa e

complexa. O volúvel mercado passou a migrar de um continente para o outro em

segundos, procurando novas oportunidades de investimentos. Em uma época em

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que todos dispõem de informação em um simples clicar, em tempo real, são mais

bem sucedias as empresas que conseguem transformar a informação em

oportunidade de novos produtos e serviços.

Nessas circunstâncias, mais importante que o dinheiro, é o conhecimento e

como aplicá-lo de maneira mais rentável para a organização. É a vez do

conhecimento, do capital humano e intelectual tornar-se um diferencial útil,

competitivo, produtivo e de responsabilidade gerencial.

A Era da informação marca pela migração de empregos que antes estavam

concentrados no setor industrial para o setor de serviços. O trabalho manual é

substituído pelo trabalho mental, indicando um caminho para uma era baseada no

conhecimento e no setor de prestação de serviços.

No quadro a seguir de Chiavenato, temos um breve resumo das três eras e

como as pessoas e seus conhecimentos e habilidades passam a ser a base principal

da nova organização.

Industrialização Clássica Industrialização Neoclássica Era da Informação

Período 1900 1950-1990 Após 1990

Estrutura Organizacional Predominante

Funcional, burocrática, piramidal, centralizadora, rígida e inflexível. Ênfase nos órgãos.

Matricial enfatizando departamentalização por produtos/serviços ou unidades estratégicas.

Fluída e flexível, totalmente descentralizada, redes de equipes multifuncionais.

Cultura Organizacional

Foco no passado, nas tradições e nos valores. Ênfase na manutenção do status quo. Valor à experiência anterior.

Foco no presente e no atual. Ênfase na adaptação ao ambiente.

Foco no futuro destino. Ênfase na mudança e na inovação. Valor ao conhecimento e à criatividade.

Ambiente Organizacional

Estático, previsível, poucas e gradativas mudanças. Poucos desafios ambientais.

Intensificação das mudanças e com maior velocidade.

Mutável, imprevisível, turbulento, com grandes e intensas mudanças.

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Modo de lidar com as pessoas

Pessoas como fatores de produção inertes e estático sujeitos a regras e a regulamentos rígidos para serem controlados.

Pessoas como recursos organizacionais que precisam ser administrados.

Pessoas como seres humanos proativos dotados de inteligência e com habilidades que devem ser impulsionados.

Denominação Relações industriais. Administração de Recursos Humanos.

Gestão de Pessoas.

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CAPÍTULO II

A TRAJETÓRIA DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS

No passado os chefes de departamentos e seções eram profissionais como:

advogados, administradores, executivos e psicólogos, que tinham como missão

básica de suas atividades executar tarefas relacionadas a administração de pessoal

seguindo as leis, o que já era considerado um progresso. Contudo a relação

pessoas e organização era baseada em procedimentos regimentados nos termos da

lei.

Alguns fatores influenciaram para que a área de recursos humanos fosse

ganhando espaço dentro das organizações, como a abertura política, a lei de

incentivo fiscal de treinamento e um fato muito marcante foi o surgimento do

sindicalismo com políticas socialistas, que atuava de forma agressiva reivindicando

os direitos dos empregados.

Surge então, nesse cenário a figura de uma área de recursos humanos que

tinha como missão desenvolver planos e ações contingênciais que iam contra ao

que o sindicato reivindicava. De certo modo estava estabelecida a “guerra” contra os

sindicatos. Agora a área de recursos humanos tinha como objetivo maior manter a

empresa funcionando produtivamente, sem greve a qualquer custo.

A partir da década de 80, a área de recursos humanos “ganha” um novo

conceito, onde quem deve administrar e gerir pessoas são aqueles que têm

responsabilidade direta por seus resultados, ou seja, seus gestores imediatos, mas

para que esse papel fosse colocado em prática era necessário investir em

treinamento e desenvolvimento destes gestores. Contudo havia ainda um outro

agravante: o conteúdo aplicado nos cursos não ia de encontro com as práticas

gerenciadas no Brasil.

O esforço para educar os executivos não tornou a área mais estratégica e

nem mesmo trouxe resultados comprovados, mas mostrou que para a sobrevivência

da área de recursos humanos, seria necessário mensurar e mostrar o valor

agregado para a empresa eparaas pessoas em investir no desenvolvimento

organizacional.

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Com os processos de mudanças organizacional, as pessoas começam a

questionar os valores que até então norteavam sua relação com a empresa. O

modelo de gestão que até então era baseado em obediência e fidelidade aos poucos

vai dá lugar a um modelo baseado em resultado X oportunidade.

Dessa maneira a empresa deve deixar claro para seus colaboradores seus

objetivos, metas e resultados que desejam alcançar, a fim de que fique evidente as

oportunidades financeiras, crescimento profissional e social destes funcionários.

2.1 - O que significa Recursos Humanos?

A área de recursos humanos é relativamente nova, que surgiu a partir do

crescimento e da alta complexidade na execução das tarefas organizacionais. Tem

sua origem no início do século XX, após o impacto da Revolução Industrial. Já foi

chamada de “Relações Industriais”, onde sua principal atuação era na busca do

equilíbrio entre o capital (empresa) e o trabalho (funcionário) buscando diminuir os

conflitos que surgissem.

O RH dentro de uma empresa tem tanta importância quanto às demais áreas.

É uma área viva, dinâmica dentro da organização, voltada para o crescimento e

desenvolvimento das pessoas e da empresa.

É a área responsável por melhorar o resultado da empresa, através do

recurso: “pessoas”, fazendo com que a organização consiga atingir suas metas por

meio do conhecimento, trabalho e desenvolvimentos de seus colaboradores. Tem

um papel extremamente delicado e sensível, que deve ser desenvolvido por

profissionais qualificados e preparados, pois terão sob sua responsabilidade gerir

pessoas.

Dependendo da cultura e da estrutura organizacional de cada empresa, essa

área pode ser considerada estratégica e contingencial por ser responsável além das

pessoas, por políticas e processos internos adotados, que visam manter um clima

organizacional harmônico para todos os membros da empresa.

O recursos humanos auxilia em todas as atividades que estão relacionadas

diretamente ao comportamento e atitude das pessoas: estrutura organizacional,

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pagamento de salários, comunicação interna, feedback, gestão de processos e

metas, gestão de projetos, treinamento e desenvolvimento, etc.

Cabe ao profissional de Recursos Humanos identificar, capacitar,

desenvolver, avaliar e promover um ambiente harmônico e confiável, avaliando

continuamente os profissionais e permitindo que a empresa seja capaz de reter bons

funcionários. Daí a importância de se incluir o processo de qualificação profissional

junto à pedagogia, que vai responder de forma mais efetiva e contribuir para o

desenvolvimento organizacional.

2.2 – As organizações

A palavra organização, do grego organon, significa algo como “reunião de

meios para atingir um fim”. Na área jurídica, é uma reunião de pessoas e coisas com

o objetivo de produzir determinado bem ou prestar um determinado serviço.

Se partirmos do pressuposto de que o homem é um ser social, que precisa

estar se socializando e interagindo com outros, a fim de buscar atingir objetivos por

meio da cooperação, as organizações surgem dessa interação do homem com

outros indivíduos, superando assim suas limitações e a necessidade de socializar-se

aos demais.

Em um mundo globalizado e competitivo, surge a necessidade de as

organizações desenvolverem estratégias para se diferenciarem da concorrência e

ganharem posição de destaque no mercado. Nesta era de mudanças, as

organizações necessitam desenvolver capacidades próprias de produzir e gerir suas

mudanças para então conseguirem atingir os resultados almejados.

Hoje o cenário organizacional que se apresenta é desafiador no sentido de

fazer com que todos os colaboradores independente no nível hierárquico que

ocupam, sejam seres pensantes capazes de gerir suas atividades e não mais

somente executá-las. Cada pessoa deve ser capaz de se ver como o elemento

chave no processo de diagnóstico e solução de problemas, visando obter a melhoria

continua do seu trabalho dentro da organização.

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Nesse contexto, a atual Gestão de pessoas visa tratar as pessoas como

pessoas e não mais como meios de produção. São pessoas e não objetos, tão

pouco máquinas que podem ser substituídas a qualquer sinal de inoperância.

As pessoas deixam de ser vistas como recursos e começam a ser

consideradas como parceiras na organização, contribuindo com seus

conhecimentos, habilidades e decisões que dinamizam a organização. Elas

representam o papel ativo da empresa a ser mobilizado para utilizar eficientemente

os demais recursos da organização, visando atuar de forma eficaz na obtenção de

resultados positivos.

As empresas são compostas por pessoas, que precisam estar engajadas para

alcançar os objetivos organizacionais, mas nem sempre esta relação é fácil. Se as

empresas são diferentes uma das outras, imagine as pessoas que possuem

características individuais e únicas.

É importante reconhecer o talento humano que cada colaborador possui e

representa, para que assim ele se sinta motivado. A organização tem de

desenvolver um trabalho de sinergia entre as áreas, com o objetivo de melhorar o

clima e ambiente de trabalho, só assim seus colaboradores se sentirão realmente

estimulados, com alto-estima elevada, para assim serem capazes de

desempenharem seu trabalho de forma eficiente.

As mudanças significativas que estão ocorrendo no mundo, devido a

globalização são visíveis. Essas mudanças precisam ser enfrentadas

simultaneamente pelas organizações, que devem começar a repensar as

competências necessárias, mudando paradigmas conceituais, estruturais, de valores

e comportamentos, para então saber administrar as atuais competências,

desenvolvendo e incorporando novas.

O novo modelo de organização requer trabalhadores que sejam capazes de

pensar, criar, pró-ativos, analíticos, com habilidade para resolução de problemas e

tomada de decisões. Como conseguir desenvolver essas competências? Como

transformar o ambiente de trabalho em um ambiente de aprendizagem continua? As

respostas para tais perguntas estão na figura do Pedagogo Empresarial.

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CAPÍTULO III

A PEDAGOGIA

O primeiro passo para entendermos o que é pedagogia, é entendermos a sua

terminologia, que vem do grego antigo paidagogós, que inicialmente era composto

pelos paidos (crianças) e gogia (conduzir ou acompanhar).

A pedagogia está ligada às suas origens na Grécia antiga. Onde aquele que

os gregos antigos chamavam de “pedagogo” era o escravo que levava a criança

para o local da relação ensino-aprendizagem. Não era exclusivamente um instrutor,

mas sim, um condutor, alguém responsável pela melhoria da conduta moral e

intelectual do estudante, ou seja, o escravo pedagogo tinha a norma para a boa

educação.

Trata-se de uma ciência que tem caráter psicossocial, onde o objeto de

estudo é a educação. A pedagogia recebe influência de outras ciências como a

psicologia, sociologia, antropologia, filosofia entre outras.

É importante fazer a distinção da pedagogia como sendo a ciência que estuda

a educação e a didática, que vem ser uma disciplina dentro da área da pedagógica,

que visa facilitar o processo de aprendizagem.

A pedagogia tem como objetivo principal a melhoria no processo de

aprendizagem dos indivíduos, através da reflexão, sistematização e produção de

conhecimentos. Como ciência social, a pedagogia está conectada com os aspectos

da sociedade e também com as normas educacionais do país.

A concepção que diz que a pedagogia é a parte normativa do conjunto de

saberes que precisamos adquirir e manter se quisermos desenvolver uma boa

educação. A pedagogia é parte do saber que está ligada à razão.

O termo “pedagogia” designa a norma em relação à educação. “Que é que

devemos fazer e quais instrumentos didáticos devemos usar para nossa educação?”

Esta é a pergunta que norteia a pedagogia e que deve estar bem clara na mente do

pedagogo.

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3.1 – A Pedagogia no Brasil e sua identidade

Para falarmos do curso de pedagogia, antes devemos buscar a história da

educação no Brasil nos anos que antecederam a sua criação. O curso foi criado na

década de 1930, em uma época em que as manifestações sobre os fatos

educacionais e debates sobre a criação das primeiras universidades brasileiras

estão a todo vapor. Tais fatos são conseqüências dos acontecimentos

socioeconômicos e culturais da época.

O curso de pedagogia foi criado no Brasil como conseqüência da

preocupação com o preparo de docentes para a escola secundária. Surgiu junto com

as licenciaturas, instituídas ao ser organizada a antiga Faculdade Nacional de

Filosofia, da Universidade do Brasil, pelo Decreto-lei nº 1190 de 1939.

Essa faculdade visava à dupla formação bacharéis e licenciados para várias

áreas, entre elas, a área pedagógica, seguindo a fórmula conhecida como “3+1”, em

que as disciplinas de natureza pedagógica, cuja duração prevista era de um ano,

estavam justapostas às disciplinas de conteúdo, com duração de três anos.

Formava-se então o bacharel nos primeiros três anos do curso e, posteriormente,

após concluído o curso de didática, o estudante recebia o diploma de licenciado no

grupo de disciplinas que compunham o curso de bacharelado.

Como bacharel, o pedagogo poderia ocupar cargo de técnico de educação,

do Ministério de Educação, campo profissional muito vago quanto às suas funções.

Como licenciado, seu principal campo de trabalho era o curso normal, um campo

não exclusivo dos pedagogos, uma vez que, pela Lei Orgânica do Ensino Normal,

para lecionar nesse curso era suficiente o diploma de ensino superior.

Após o fim do período imperial, houve um crescimento das escolas

elementares e, contudo se fazia necessário o investimento em ensino que fosse de

qualidade, sendo necessário o investir na formação de professores.

Por quase meio século, para a formação de professores que viriam atuar na

educação de ensino fundamental, complementar e na própria escola de formação

normal, era obrigatória a formação destes profissionais na escola normal. Somente

no século XX é que se instalam nas escolas normais os cursos pós-normais, que

dariam inicio aos cursos de ensino superiores de pedagogia.

A primeira iniciativa de uma instituição pública para o ensino superior em

educação surgiu em São Paulo, que passou por diversas formulações até ser

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transformada em Instituo Pedagógico de São Paulo, onde era oferecido o curso de

aperfeiçoamento e preparo para profissionais da área de educação.

A pedagogia só passa a ser um curso de ensino superior em 1931, quando é

criado o decreto nº 19851 e 19852, surgindo assim a Faculdade de educação

ciências e letras da Universidade do Rio de janeiro, que foi reformulado no ano 1939

passando a ter uma seção específica para a pedagogia.

3.2 – A necessidade de mudança diante do novo cenário econômico

O mundo de hoje caracteriza-se por um ambiente em constante mudança. O

ambiente que envolve as organizações é extremamente dinâmico, exigindo delas

uma alta capacidade de adaptação, como condição básica de sobrevivência. A

tendência natural de toda organização é crescer e desenvolver-se, no entanto, o

desenvolvimento é um processo lento e gradativo, que conduz ao conhecimento do

ambiente organizacional.

Esse desenvolvimento organizacional é uma resposta da organização a essas

mudanças. É um esforço educacional complexo, que se destina a mudar valores,

atitudes, comportamentos e a estrutura organizacional, de tal forma que ela seja

capaz de se adaptar às novas conjunturas do mercado, as tecnologias, problemas

desafios que surgem a cada dia.

A globalização junto com a era pós–industrial, trouxeram benéficos para a

sociedade, mas também trariam graves problemas sociais. As inovações

tecnológicas fizeram com que as organizações se reestruturassem e fizessem

mudanças radicais em suas estruturas de produção de bens e serviços, causando

uma desregulamentação na atividade econômica.

Todas essas transformações nos levam para um novo modelo, um novo

paradigma de organização econômica e social: uma economia do saber. Estamos

diante de um cenário onde quem controla não é mais o capital financeiro ou a mão

de obra, mas sim o individuo, com suas experiências e conhecimentos.

O grande desejo das organizações que se preocupam com a globalização e

estão dispostas a quebrar paradigmas, é tornar-se uma “empresa que aprende”.

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Para isso é necessário focar no desenvolvimento do processo de aprendizagem

organizacional, de acordo com as suas metas e estratégias, testando assim novas

metodologias para criarem a “organização do aprendizado”, assim todos os

membros da empresa serão capazes de aprender e assimilar esse novo modelo

organizacional.

Isso significa que teremos que rever e mudar nosso modo de entender e de

agir em relação à educação. Precisamos mudar nossa postura em relação à

educação se quisermos nos tornar uma sociedade mais justa, disseminadora do

conhecimento e com inteligência competitiva.

3.3 – A importância da educação no trabalho

Parece incontestável que estamos em plena era da mudança. Muda a

tecnologia, muda a estrutura social, mudam as necessidades, mudam as pessoas. E

como conseqüência temos verificado profundas alterações na relação entre empresa

e trabalhador. Seria ingênuo pensar que em uma época de mudanças e de

valorização destas mudanças, as estruturas que compõem a empresa não

precisassem mudar.

Cada vez mais percebemos a importância da educação nas organizações,

pois é necessário ter colaboradores que estejam em constante busca de novos

saberes e dispostos a compartilhá-los, para que ocorra o enriquecimento do seu

processo de aprendizagem e gestão do conhecimento.

Há algum tempo atrás, acreditava-se que a educação era de responsabilidade

única exclusivamente da escola e da família. Para a sociedade e a empresa era

como se não fossem atingidas diretamente pelo processo de educação do

profissional. Acreditavam que o individuo ao sair da escola estivesse pronto para

atuar no mercado de trabalho, tendo a missão de “devolver” a sociedade, o que foi

investido nele.

Essa mudança no cenário organizacional exige dos profissionais da educação

– o pedagogo, uma formação voltada a estimular no ambiente empresarial, um

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comportamento de reflexão sobre o que está acontecendo de novo e também a

adotar uma nova postura diante do contexto global.

A educação tem por finalidade possibilitar o crescimento das pessoas como

seres humanos, é um processo de humanização. Tornar-se humano significa

participar do processo civilizatório, da sociedade e dos problemas gerados

consequentemente por este mesmo processo.

Nesse sentido a educação tem de ser continua no que diz respeito a sua

transmissão de conhecimentos, valores e cultura, para então formamos um ciclo de

aprendizagem transformando nossos conhecimentos em novos, criando novas

culturas, novos valores, só assim então teremos avanço e crescimento no processo

de formação de cidadãos que buscam o desenvolvimento e transformação da

sociedade.

No momento em que o profissional entender que precisa de mais

conhecimento, ele será capaz de compreender o processo produtivo como um todo

e assim será mais valorizado pelo seu capital intelectual, terá mais autonomia na

realização do seu trabalho e maior capacidade de elaboração.

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CAPÍTULO IV

O PEDADODO E A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

Segundo Maria Holtz (2006), a palavra pedagogo na Grécia e em Roma,

significava aquele que era guardião, conduzia e acompanhava as crianças” e com o

passar do tempo foi titulado preceptores – “mestre encarregado da educação no lar”

(p.10).

O pedagogo caracteriza-se como sendo o profissional responsável pela

docência e especialidades da educação. No entanto ainda bem comum

encontrarmos profissionais que limitam seu campo de atuação a área escolar.

No atual cenário econômico em que vivemos, sofremos com as rápidas

transformações, devido aos avanços tecnológicos, nesse contexto há uma maior

valorização do componente intelectual em detrimento do manual. As exigências do

mercado de trabalho apontam para uma maior qualificação e para tanto, o pedagogo

pode contribuir nesse processo de qualificação do trabalhador.

No contexto brasileiro, a formação do Pedagogo Empresarial surgiu vinculada

à idéia da necessidade de preparação e formação dos Recursos Humanos nas

empresas. O desenvolvimento dos recursos humanos é o fator essencial para o

êxito empresarial.

De acordo com Almeida (2006, p. 130):

“A atua do profissional de pedagogia nas organizações

será importante e positiva na medida em que elas não

estejam visualizando apenas a manutenção de políticas de

RH clientelistas, mas sim estejam preocupadas com o

desenvolvimento humano de forma efetiva voltadas para a

potencialização da inteligência de cada um

individualmente e da organização como um todo”.

Sendo assim as necessidades organizacionais da empresa voltam-se para a

qualificação dos seus quadros de profissionais, a fim de que eles captem e

implementem as modificações rapidamente.

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As novas formas de organização do trabalho parecem requerer o profissional

com o potencial mais criativo e participativo, tendo em vista que as equipes de

trabalho propõem inovações, soluções aos problemas que surgem e a tendência é

que cada vez mais estes profissionais tenham responsabilidades que requerem um

certo desenvolvimento intelectual.

O pedagogo empresarial passa, assim, a ganhar espaço nas empresas para

atuar na administração de recursos humanos, na área de treinamentos e

desenvolvimento de pessoas, responsabilizando-se pela preparação e formação de

mão-de-obra, atendendo às exigências e às peculiaridades das pessoas e da

organização.

4.1 – O trabalho do pedagogo

As mudanças ocorridas no contexto social acabaram por influenciar a vida do

trabalhador que teve que deixar a comodidade de um emprego instável e buscar

uma melhor qualificação profissional para se ajustar à nova demanda de um

mercado de trabalho altamente competitivo.

Por esse motivo, faz-se necessário que as empresas busquem também

estratégias alternativas para capacitar seus colaboradores, do contrário não estarão

aptas a evoluir nesse mercado tão competitivo e carente de profissionais bem

qualificados.

O pedagogo é o profissional especialista em educação, sua função é produzir

e difundir o conhecimento educacional. Ele precisa ser capaz de atuar nas diversas

áreas educativas e compreender a educação como um fenômeno cultural, social e

psíquico complexo capaz de produzir e difundir a educação.

O trabalho desenvolvido pelo pedagogo é oferecer instrumentos para que o

individuo aprenda a aprender, para que o conhecimento aconteça por parte do

individuo. Não pretende ensinar a fazer o trabalho, mesmo porque ele não possui a

competência técnica para isso.

Como parte de uma equipe interdisciplinar, o pedagogo por compreender o

processo cognoscente pode contribuir na aprendizagem do profissional, aguçando o

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desenvolvimento intelectual individual, através da interação entre os profissionais e a

empresa, criando condições para que ocorra o processo de aprendizagem.

Outro aspecto que o pedagogo pode atuar é o de realizar na empresa

programas de treinamentos institucionais. Pode-se constatar nas organizações que

elas fazem um planejamento prévio das etapas de um treinamento, contendo

objetivos, técnicas, conteúdos e avaliação, porém esse planejamento não pode ser

feito sem suporte educacional, ainda que o objetivo seja a qualificação dos

trabalhadores.

4.2 – O Pedagogo Empresarial e suas práticas na organização

Diante da atual perspectiva do mundo corporativo, as empresas para terem

reconhecimento, precisam lançar mão de profissionais que sejam a favor de quebras

dos paradigmas. Tal afirmativa deve-se ao fato das necessidades de aprimoramento

do trabalho no interior das Organizações. Para que tal propósito seja alcançado, é

preciso olhar a empresa com outros olhos, ou seja, na perspectiva do cliente interno

e externo e não se habituar a realizar o trabalho de maneira rotineira sem se

importar com as necessidades em sintonia com o seu tempo.

O pedagogo no ambiente empresarial, por ser uma espécie de “gestor das

relações humanas”, está intimamente ligado às ações que envolvem a

aprendizagem. E esta, conseqüentemente, está relacionada às mudanças de

comportamentos num sentido mais amplo, ou seja, não basta apenas apreender o

conhecimento, mas deve-se praticá-lo.

Dessa forma a educação sofre mudanças em seu conceito, pois deixa de ser

restrita ao processo ensino-aprendizagem em ambiente escolares, se transpondo

aos muros da escola para outros segmentos como: ONGs, empresas, igrejas,

sindicatos, etc. Abre-se então um novo espaço para educação, onde a nova

proposta de atuação do pedagogo passa a ser de um profissional que é capacitado

para caminhar junto ao processo de aprendizado organizacional.

A Pedagogia Empresarial tem como foco principal a qualificação de

pedagogos para atuarem no interior das empresas, visando aos processos de

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planejamento, capacitação, treinamento e desenvolvimento de seus colaboradores,

com objetivo do aumento da produtividade e conseqüentemente a elevação da

lucratividade. Conforme Imbernón (2000, p. 65):

“Na formação para a aquisição do conhecimento profissional

pedagógico básico, deve haver lugar para a mudança, e não temos de

temer a utopia. Muitas coisas que hoje são realidade pareciam utópicas há

apenas alguns anos. A formação do professor de qualquer etapa educativa

não pode permitir que as tradições e costumes, que se perpetuaram com o

passar do temo, impeçam que se desenvolva e se ponha em prática uma

consciência crítica nem que dificultem a geração de novas alternativas que

tornem possível uma melhoria da profissão.”

Esse profissional apresenta-se agora, como um agente de transformação, que

está sendo inserido no mercado de trabalho mais amplo e diversificado, porque a

sociedade atual em que vivemos exige cada vez mais que o pedagogo empresarial

esteja capacitado e preparado para atuar no mundo empresarial.

O pedagogo empresarial pode atuar na área de recursos humanos da

empresa, ajudando na seleção de novos colaboradores e na área de

desenvolvimento humano. Devido à sua formação, que passa pela gestão em

ambientes escolares, em específico na área de planejamento, o pedagogo tem

condições de ajudar no ambiente empresarial a elaborar a missão, em que constem

as metas, valores, cultura e estratégias organizacionais a serem utilizadas pelos

colaboradores.

O ambiente organizacional atual requer um novo tipo de profissional, que seja

pensante, que tenha capacidade de trabalhar em equipe e com total rapidez de

transformação e flexibilização. Mas como conseguir isso?

Como contribuir para a construção de colaboradores autônomos e com

espírito de aprendizes?

Como transformar o ambiente de trabalho em um ambiente de aprendizagem

continuo e permanente?

Diante dessas indagações surge a figura do Pedagogo Empresarial, que não

é mais o profissional que atua somente em escolas, ao contrário atua em áreas

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especializadas como de treinamento e desenvolvimento organizacional ou em outras

áreas que exijam um trabalho educativo. Ele passa a ser o mediador e articulador de

ações educacionais no processo de administrar as informações dentro da empresa.

As organizações são formadas por pessoas. São elas que atendem ao

público, fazem pagamentos, tomam decisões... as pessoas dependem das

empresas e as empresas dependem das pessoas. E dentro dessa interdependência

e do novo cenário competitivo que vivemos o treinamento e o aprendizado são

indispensáveis tanto para os colaboradores quanto para as organizações.

A aprendizagem e o treinamento nas empresas são os diferenciais de

competitividade, qualidade e lucratividade. Por esse motivo o investimento no

conhecimento contínuo e coletivo do capital intelectual dentro das organizações

tende ao crescimento progressivo.

Segundo Peter Senge (1999, p.320), autor do livro A Quinta Disciplina, os

gerentes devem estimular e conduzir a mudança para criar organizações que

aprendam.

Torna-se evidente que a palavra de ordem hoje é Conhecimento e as

empresas que não repensarem seus modelos e agarrarem-se nos velhos

paradigmas do aprendizado e das relações humanas, certamente ficarão para trás.

É necessário transformar o ambiente de trabalho em um ambiente aprendizagem,

contribuindo para o desenvolvimento dos colaboradores e que eles estejam

preparados para as mudanças e saibam aprender a aprender.

As funções desempenhadas pelo pedagogo empresarial no ambiente

corporativo estão em constante movimento, tendo em vista que são influenciadas

por fatores diversos como o desenvolvimento de novas tecnologias, a

competitividade e exigências do mercado. Hoje as palavras chave dentro da

empresa são: mudança e gestão do conhecimento.

O papel do pedagogo empresarial é suma importância, pois todo processo de

mudança exige uma ação educacional e gerir o conhecimento é uma tarefa, antes

de tudo, de quebrar paradigmas, mudar conceitos de valores organizacionais e

comportamentais do individuo.

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4.3 – O processo de aprendizagem organizacional

Atualmente vivemos na chamada era do conhecimento, do capital intelectual,

da criatividade e inovação, o aprendizado de cada individuo que forma a

organização é considerado de suma importância no processo de aprendizagem

organizacional, tendo em vista que quem forma esse aprendizado e traz novas

informações são esses indivíduos.

Hoje nas organizações faz-se necessário implementar um sistema de

mudanças, onde haja a busca constate do aprimoramento e desenvolvimento

organizacional. É necessário experimentar e buscar novas alternativas para

enfrentar os desafios do mundo dos negócios em que atuam, desenvolvendo o

continuo aprendizado como filosofia de vida organizacional.

Por esse motivo as empresas precisam adaptar-se as mudanças, porque se

quiserem sobreviver nesse cenário altamente competitivo, terão de criar, sustentar e

ampliar estratégias que façam do aprendizado um “modo de ser” permanente e em

sintonia com o tempo.

Primeiro, podemos definir aprendizagem como um processo que gera

mudança no comportamento, por meio de aquisição de novos conhecimentos. É por

este motivo que não aprendemos somente na escola. A aprendizagem ocorre a

qualquer momento, em qualquer lugar. E mais aprender está diretamente

relacionado com o nosso comportamento, se realmente mudamos nossa maneira de

agir.

Segundo Paulo Freire, (1983, p.79):

“A educação é uma resposta da finitude da infinitude. A educação é

possível para o homem, porque este é inacabado e sabe-se inacabado. Isto

leva-o à sua perfeição. A educação, portanto, implica uma busca realizada

por um sujeito que é o homem. O homem deve ser o sujeito de sua própria

educação. Não pode ser o objeto dela. Por isso, ninguém educa ninguém.”

(p.79)

Não basta somente adquirir novos conhecimentos, é necessário colocar em

prática, aplicar o conhecimento adquirido para termos a certeza de que de fato o

aprendizado ocorreu.

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Entendemos como aprendizagem organizacional, os processos de mudanças

ocorridos na empresa e a partir da sua própria experiência. Quando a empresa

muda, é por conta de um processo de aprendizagem pelo qual ela sofreu. A

aprendizagem e a mudança caminham juntas.

Peter Senge (1994) já havia proposto isso quando formulou a idéia de

“organizações de aprendizagem” ou “organizações que aprendem”, ao sugerir que

as empresa que desenvolvessem uma cultura de aprendizagem constante estariam

mais aptas a enfrentar as mudanças do ambiente empresarial.

Não devemos confundir planejamento educacional com planejamento de

atividades a serem desenvolvidas no âmbito empresarial. Na empresa

desenvolvemos habilidades de comunicação, leitura e audição como meio de

aprimorar atitudes e conhecimentos e também há de se ter o cuidado de oferecer ao

colaborador uma linguagem das palavras de forma adequada.

A educação é um processo amplo que permite ao individuo desenvolver-se

como um todo e em todas as dimensões, cujo os objetivos buscam muito mais do

que acumular técnicas. Segundo Chiavenatto (1999, p.290):

“Desenvolver pessoas não é apenas dar-lhes informação para que

elas aprendam novos conhecimentos, habilidades e destrezas e se

tornarem mais eficientes naquilo que fazem. É, sobretudo, dar-lhes a

formação básica para que elas aprendam novas atitudes, soluções, ideias,

conceitos e que modifiquem seus hábitos e comportamentos e se tornem

mais eficazes naquilo que fazem. Formar é muito mais do que

simplesmente informar, pois representa um enriquecimento da

personalidade humana.” (1999, p.290)

A maior polêmica não está no conceito de aprendizagem organizacional, mas

em como as organizações aprendem, ou seja, no processo. Nós humanos

aprendemos utilizando um dos nossos valiosos órgãos: o cérebro.

Cabe, assim, às pessoas, a responsabilidade de perceber as mudanças que

ocorrem nos ambientes interno e externo, além de saber interpretá-las, analisá-las e

promover os ajustes que se façam necessários. Tais ajustes podem ser em sua

estrutura ou em suas metas. Esta tarefa de ajuste é o resultado de uma

aprendizagem organizacional.

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Dessa maneira, o pedagogo empresarial tem como desafio propor para

empresa um modelo de aprendizagem, que além de ser continua, precisa ser

cumulativa e distribuída igualmente para todos os colaboradores da organização. Ele

é responsável por juntar a vertente educacional voltada para o aprimoramento das

pessoas com a estratégia e o desenvolvimento das competências organizacionais

para que a empresa obtenha vantagem competitiva.

As ações voltadas para o desenvolvimento profissional, tem suas dimensões

filosóficas e educacionais. Os profissionais que desenvolverem melhor sua gestão

do conhecimento e tiverem domínio das área cognitivas, afetivas e físicas como

conseqüência conseguirão obter as competências necessárias para a gestão do

desenvolvimento organizacional, que lhes é exigido em termos de alinhamento às

estratégias empresariais e de adaptação ao cenário de mudanças permanentes e

velozes.

Aprender em grupo significa que, na ação educativa estamos preocupados

não somente com o produto da aprendizagem, mas com o processo que possibilitou

a mudança dos indivíduos. É uma ação que forma o individuo para a vida, que

rejeita a simples transmissão de “conversas de saber”. Aprendizagem, nessa

perspectiva, é a capacidade de compreensão e de ação transformadora de uma

realidade.

Contudo, o pedagogo tem a seu cargo atuar como um facilitador motivacional,

visando construir uma base sólida para os colaboradores e seus gestores de um

mundo mais educativo e promissor no processo de aprendizagem organizacional. A

educação está presente na escola e na empresa, ela é o fator que impulsiona a

transformação da nossa sociedade e o desenvolvimento da organização, portanto o

trabalho do pedagogo está em todos os lugares que existam pessoas que queiram

aprender e sejam capazes de aprender.

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4.4 – A influência da cultura organizacional no processo de

aprendizagem

A cultura organizacional é um tema muito amplo e complexo, que sofre

influência tanto da cultura das pessoas que trabalham nas organizações, quanto a

cultura do país em que se encontram instaladas as empresas.

Entende-se por cultura organizacional como o conjunto de hábitos e crenças

que são estabelecidos através de normas, valores e atitudes e compartilhados por

todos os colaboradores de uma empresa. A essência da cultura de uma empresa é

expressa através do seu meio de fazer negócios, como trata seus clientes e

colaboradores, a autonomia e liberdade que suas área possuem em relação a

empresa.

Em outras palavras, a cultura organizacional representa as normas informais

e não escritas que norteiam o comportamento das pessoas no seu dia a dia dentro

das organizações para o alcance dos objetivos corporativos. A cultura define a

missão da organização estabelecendo assim as metas e objetivos a serem

alcançados.

A Cultura Organizacional, segundo SCHEIN (1993, p.7):

“É o modelo dos pressupostos básicos, que determinado grupo tem

inventado, descoberto ou desenvolvido no processo de aprendizagem para

lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna. Uma vez

que os pressupostos tenham funcionado bem o suficiente para serem

considerados válidos, são ensinados aos demais membros como a maneira

correta para se perceber, se pensar e sentir-se em relação àqueles

problemas”.

Ainda segundo o autor, A preocupação deve ir além dos comportamentos que

podem ser observados e dos valores que podem ser justificados conscientemente.

Ainda que admita a importância desses elementos, ele privilegia a força de alguns

pressupostos que são tipicamente inconscientes e que realmente determinam como

os membros de um grupo percebem, sentem e pensam. Mas como um valor leva a

um comportamento, e tal comportamento inicia a resolução dos problemas, esse

valor é aos poucos transformado em um pressuposto subjacente sobre como as

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coisas realmente são. Tão logo o pressuposto é internalizado como verdade, ele sai

do nível da consciência, ou seja, torna-se uma verdade que não pode ser

questionada.

Logo podemos entender que, os comportamentos e atitudes das pessoas

dentro de uma organização são influenciados pela cultura já existente. Os valores e

a cultura da organização têm significativo impacto sobre o processo de

aprendizagem organizacional e também irá impactar no grau de eficácia que a

empresa adapta-se às mudanças.

Os comportamentos das pessoas dentro do ambiente organizacional

baseiam-se nas crenças, valores e atitudes em que o individuo acredita, vivenciou

ou experimentou em dado momento de sua vida.

Existem culturas que podem estimular o aprendizado e culturas que podem

de certa forma inibir esse processo. Segundo SCHEIN (1993, p.10), fatores como: a

visão empresarial, onde o único objetivo seja a obtenção de lucro, atividades

voltadas somente para resolução de problemas de maneira individual e não em

grupo, restrição à informações internas, estímulos a competição individual, são

alguns exemplos de uma organização conservadora, que favorecem o

compartilhamento de experiências, informações e conhecimentos de um modo

extremamente seletivo.

Por outro lado, podemos observar que as organizações que buscam formar

uma base na cultura de aprendizagem, onde são realizados experimentos, as

experiências são compartilhadas e busca-se a melhoria continua de

desenvolvimento e melhoria, esse tipo de organização conseguem inovar com mais

facilidade e romper com as “culturas” que estavam historicamente estabelecidas.

As organizações que incentivam o aprendizado possuem algumas

características próprias como: crença nas pessoas e no seu desenvolvimento,

crença na mudança do ambiente organizacional, dedicação de tempo para aprender,

trabalho em equipe e compartilhamento de conhecimentos e interesses equilibrados

(SCHEIN, 1993, p.21).

Todas estas premissas reunidas contribuem para a construção, formação e

consolidação de organizações que de fato se orientem pela aprendizagem

organizacional. Entretanto, para que as organizações se transformem em

verdadeiros espaços de aprendizagem, é necessário romper com os pressupostos

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culturais e rituais comportamentais considerados obsoletos. Isto implicaria em uma

mudança cultural, uma definição de um outro rumo, e uma nova maneira de fazer as

coisas, alicerçada em novos valores, símbolos e rituais.

4.5 – As Organizações tornam-se educadoras

A instabilidade do cenário mundial atual desencadeia em mudanças contínuas

nos sistemas sociais, que repercutem na configuração de novos formatos

organizacionais e na adoção de modelos de gerenciar. Esses modelos gerenciais,

demandam dos trabalhadores e de seus gestores a necessidade e disposição para

aprender, pois somente aquele que tem a capacidade de aprender desenvolverá

competências que permitirão a organização identificar, processar e reter novas

informações, a fim de ampliar e melhorar o processo de aprendizagem.

A essência do desenvolvimento hoje é a educação. No entanto a educação

não pode ser vista como um produto que se ofereça e muito menos que se exponha

em uma vitrine de comércio. Na construção do saber, a formação do conhecimento,

quem educa e ensina é aquele que tem como desafio aprender a ensinar e ensinar a

aprender. A experiência trazida por quem está aprendendo é a mais rica fonte de

aprendizagem e que auxiliam na fixação do conhecimento.

O que dizer então das empresas que destinam parte de suas verbas

orçamentárias para investir em treinamento, capacitação e desenvolvimento de seus

colaboradores? Seria um investimento desnecessário?

Não, não seria um “desperdício de dinheiro”. Certamente a organização que

hoje investe em seus colaboradores já conseguiu entender que formando

profissionais mais capacitados e conscientes, também estão investindo na

superação, que gera desenvolvimento para a empresa.

No antigo regime de economia em que vivíamos a vida do individuo era

dividida em dois momentos: aquele em que ele iria para escola e o posterior a sua

formatura, onde ele começava a trabalhar. Hoje o atual cenário econômico exige que

esse individuo, agora um profissional trabalhador, construa sua base de

conhecimento.

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O aperfeiçoamento do campo profissional sempre se faz necessário, mas hoje

ele é crucial para a manutenção e desenvolvimento das competências necessárias

para a sustentação da organização, portanto as empresas precisam complementar

os conhecimentos acadêmicos de seus colaboradores.

O processo de educação interno nas empresas, surge apartir da frustração

com a qualidade e o conteúdo da educação pós-secundária, quejunto com a

necessidade de formação de aprendizado permanente em que o colaborador tem de

se adaptar rápido as mudanças ocorridas no mercado de trabalho.

Há alguns anos a preocupação com a transmissão do conhecimento deixou

de ser exclusiva das escolas e das universidades. Dentro das organizações o

conceito tem sido cada vez mais difundido, seja através de programas de

capacitação formal, seja através da criação de um clima organizacional que permita

um ambiente de constante aprendizado.

Caminhando nessa direção, muitas organizações têm investido na

capacitação de multiplicadores, sejam eles colaboradores que atuam

exclusivamente com esse papel, o de multiplicador interno, sejam eles

colaboradores de diversas áreas que possuem dentre as suas atribuições propagar

o conhecimento.

O multiplicador precisa possuir uma visão sistêmica do negócio e muita

clareza do seu papel, para não entrar em situações delicadas onde a sua falta de

experiência no tema coloque em check sua capacidade de treinar outras pessoas. É

preciso entender os impactos do que se difunde na empresa e que seu papel está

em assimilar a informação e atuar exclusivamente na sua propagação, preparando

outras pessoas para sua utilização.

Todo conhecimento organizacional está armazenado no colaborador, porém

as empresas devem estar atentas para que o aprendizado não fique estático. É de

vital importância dar continuidade ao aprendizado organizacional, e mais do que

isso, é necessário buscar novos conhecimentos, novas formas de se aprender para

que os colaboradores se mantenham atualizados. É preciso treinar treinadores para

o exercício pleno dessa atividade que permite o desenvolvimento não só das

pessoas, mas também da organização.

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O pedagogo poderá promover ações multidisciplinares nas diversas áreas da

empresa, de forma a articular as pessoas, estimulando a gestão do conhecimento

para a formação de cidadãos ativos e dinâmicos que são essencialmente

significativos para o formato de processos empreendedores no contexto

organizacional.

Reforçar a importância desse papel é crucial para que toda engrenagem

movimente-se. Afinal mais do que ensinar, ajudar a aprender é desenvolver a

organização, expandir sua capacidade de criar resultados sustentáveis, é estimular

padrões de comportamento novos e abrangentes, é dar liberdade à aspiração

coletiva e é permitir o exercício do “aprender junto”.

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CONCLUSÃO

A atuação do pedagogo empresarial no processo de aprendizagem dentro da

organização é um tema relativamente novo e atual e que tem despertado interesse

tanto nas empresas como nos profissionais. É um novo horizonte que esse

profissional precisa desbravar e conhecer para assim conquistar seu espaço no

ambiente empresarial.

O presente estudo foi realizado, observando a evolução da atuação do

pedagogo nas organizações. Em um primeiro momento, algumas pessoas e

empresas ainda tendem a pensar que o pedagogo está estritamente relacionado ao

campo de atuação em escolas.

Hoje, a maioria das empresas já consegue reconhecer a importância de se ter

um pedagogo empresarial devido a sua formação e prática social da educação.

Percebeu-se também que é mais vantajoso e lucrativo para a organização manter

um colaborador melhor qualificado, que irá motivar a crescer e a produzir mais tanto

no âmbito profissional quanto pessoal.

As organizações estão atentas às mudanças que estão acontecendo no

ambiente externo e na sociedade de m modo geral. Para encarar esses desafios,

elas estão buscando na inovação tecnológica respostas para se mostrarem e

manterem competitivas no mercado.

O pedagogo empresarial pode focar seu trabalho em duas direções: no

colaborador ou no produto e serviço que são oferecidos pela empresa. Atuando

junto ao colaborador, ele terá a missão de junto com a área de recursos humanos

criar projetos educacionais, que visem facilitar e multiplicar o aprendizado. Já no

caso de atuar no produto ou serviço oferecido pela empresa, o pedagogo atuará

relacionado a venda destes serviços adequando a linguagem comercial ao tipo de

produto oferecido.

Tornar-se primordial para o desenvolvimento das organizações que o

pedagogo empresarial atue como responsável pela elaboração de projetos

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educacionais, como por exemplo, uma empresa que deseja implantar uma

universidade corporativa, ele irá viabilizar os programas educacionais, bem como o

recurso didático a ser utilizado.

É notório que o pedagogo empresarial está muito mais preparado e mais

capacitado para assumir tal cargo, com uma bagagem mais completa abordando

vários campos e conceitos que levam ao senso crítico de estar sempre mudando,

transformando e planejando ações voltadas para o processo de aprendizagem

organizacional.

As habilidades do pedagogo, diante das mudanças do mercado de trabalho

têm sido bem valorizadas dentro das organizações, tendo em vista que esse

profissional pode contribuir para o crescimento e principalmente para o

desenvolvimento das pessoas, através de programas de formação, que visam

identificar seus potenciais, levando-os a aprimorar seus processos de aprendizagem

com treinamentos estimuladores.

Contudo acredita-se que unindo força e conhecimento dos profissionais que

atuam no ambiente corporativo, construiremos organizações e competências de

grande porte que formarão acima de tudo colaboradores cidadãos com visão crítica

e conscientes da importância de se desenvolverem cada vez mais no processo de

aprendizagem continua.

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