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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE, NA RELAÇÃO ENTRE PROFESSORES E ALUNOS, NA PREVENÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Por: Adersonylton Sales Coutinho Rodrigues Orientador Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves D.Sc Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE, NA RELAÇÃO ENTRE

PROFESSORES E ALUNOS, NA PREVENÇÃO DAS

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Por: Adersonylton Sales Coutinho Rodrigues

Orientador

Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves D.Sc

Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE, NA RELAÇÃO ENTRE

PROFESSORES E ALUNOS, NA PREVENÇÃO DAS

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Psicopedagogia Institucional

Por: Adersonylton Sales

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AGRADECIMENTOS Aos meus professores e amigos que

me incentivaram na realização deste

curso, e principalmente a minha

querida esposa, companheira que

muito me apoiou nas horas certas.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha amada

esposa, Cinthia Freitas Coutinho,

pessoa que muito me incentivou para a

realização deste curso.

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RESUMO

Um desafio enfrentado hoje pelos educadores é abandono escolar,

determinado por muitos fatores, entre eles o insucesso escolar. Através das

informações cotidianas, transmitidas pela mídia da atuação dos profissionais no

contexto escolar e dos diversos índices fornecidos por órgãos oficiais, nota-se

que esta realidade está a cada dia mais alarmante. É necessário que novos

rumos modifiquem este atual quadro no sistema educacional brasileiro. Porém,

estas modificações não ocorrem rapidamente, mas acredita-se que mediante

análise da atuação do professor, levando em consideração o seu conhecimento

profissional, sua motivação e a forma de relação estabelecida com o aluno, é

possível trabalhar na construção deste processo. Para tanto, os profissionais

da educação devem ter autenticidade na relação professor-aluno, possuindo

uma compreensão empática e afetiva, com uma aceitação incondicional das

qualidades, virtudes, valores, potencialidades e limitações dos alunos, além de

coerência nos aspectos emocionais, durante sua atuação profissional. Desta

forma estará permitindo que o aluno evidencie suas dificuldades e

necessidades, atuando efetivamente como elemento facilitador do aprendizado,

tendo como subsídio teórico os conhecimentos do campo da Psicologia e da

Pedagogia de Piaget, Vigotsky, Rogers, Celso Antunes e Paulo Freire,

tornando-se modelos de atuação para seus companheiros e alunos.

Palavras-Chave: Relação professor-aluno, Afetividade, Aprendizagem.

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METODOLOGIA

O trabalho foi realizado com base em anotações de aula, da leitura de

livros, dos jornais e vídeos; obtido por revisão da literatura sobre o tema e de

pesquisa bibliográfica particular, indicada por professores do curso.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO 1- A Cognição, Afetividade e Emoções 10

CAPÍTULO 2 - Aprendizagem e Fatores Influenciadores 14

CAPÍTULO 3 - As Dificuldades de Aprendizagem Relacionadas à

Afetividade 19

CAPÍTULO 4 - A Alfabetização e a Inteligência Emocional 25

CAPÍTULO 5 - Uma Postura do Educador na Dinâmica Afetiva na

Relação Professor - Aluno 29

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

BIBLIOGRAFIA CITADA 44

ANEXOS 39

ÍNDICE 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo dar início a uma discussão e verificar

como a relação afetiva entre o professor-aluno pode prevenir o fracasso

escolar observando as dinâmicas desta relação, se pode ou não, auxiliar na

prevenção das dificuldades de aprendizagem.

No cotidiano da sala de aula observa-se a existência de uma

proximidade entre a afetividade e o desenvolvimento cognitivo do aluno,

conseqüentemente o seu estágio de maturidade emocional.

O fracasso escolar, compreendido muitas vezes como o baixo

rendimento nos exames, identificado pelo insucesso no ano letivo e constantes

reprovações, confirma os problemas de aprendizagem causados pela má

organização dos esquemas cognitivos e também afetivos.

Considerando que pensar e sentir são ações intimamente ligadas,

indissociáveis, tentar-se-á defender esta idéia, direcionando-a ao campo

educacional, através de algumas reflexões acerca do papel da afetividade no

funcionamento psicológico e na construção de conhecimentos cognitivo-

afetivos.

Diante do quadro acima citado, nota-se que as dificuldades de

aprendizagem contribuem para auto-imagem negativa, causando reprovação,

repetência e indisciplina, além de baixo-estima e de problemas de

relacionamento.

Durante as avaliações escolares, algumas instituições não observam o

ambiente social no qual o aluno está inserido. No Brasil, predomina uma

educação que prioriza o depósito de informações, sendo que, instrumentos de

avaliação são empregados como indicadores do desempenho escolar, baseado

principalmente em conteúdos teóricos, que são memorizados mecanicamente

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pelos alunos, transformando-se num elemento de exclusão escolar e

conseqüentemente social.

Deve-se ressaltar que na educação tradicional, uma avaliação não

considera o aspecto sócio-emocional dos envolvidos nesta dinâmica,

resultando, muitas vezes, num distanciamento entre professor e aluno. Esta

separação fica evidenciada por um processo de julgamento de valores, sobre a

realidade em que ocorre a aprendizagem, inerentes ao contexto social ou

individual de cada aluno.

Como objetivo principal, buscar-se-á destacar a afetividade como

pressuposto básico para a aprendizagem e a sua eficácia na prevenção das

dificuldades de aprendizagem. Destacando-se ainda que os educadores,

dentro de uma visão da Psicologia e da Pedagogia, devem entender tanto da

dinâmica das relações humanas tanto quanto de conteúdos programáticos e

das metodologias de ensino. Pois, os conflitos na dinâmica afetiva contribuem

para a construção de diversos problemas psicológicos.

E ainda, procurar-se-á apresentar uma postura de como o professor

deve agir em sala, trabalhando o desenvolvimento das relações afetivas, as

emoções e a auto-estima do aluno, prevenindo desta forma os principais

problemas emocionais que influenciam a aprendizagem.

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CAPITULO I

COGNIÇÃO, AFETIVIDADE E EMOÇÕES

Neste capítulo procurar-se-á estabelecer uma correlação entre autores

que enfatizam os processos cognitivos, os processos afetivos e emocionais na

aprendizagem. Serão destacados os aspectos da Pedagogia e da Psicologia,

com Piaget, Vygotsky, Wallon, Rogers, entre outros, abordando além da

cognição, os aspectos emocionais.

Segundo caracterização do Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa

(1997), o verbete afetividade significa “o conjunto de fenômenos psíquicos que

manifestam sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de

dor, insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza”.

Afeto e cognição são aspectos inseparáveis, estando presente em

qualquer atividade a ser desenvolvida. La Taille, (1992), ao descrever o

desenvolvimento do juízo moral e da afetividade na teoria de Piaget, define

afeto como um regulador da ação, influindo na escolha de objetivos específicos

e na valorização de determinados elementos ou situações vividas pelo

indivíduo, desta forma observa-se que as emoções básicas como o amor, o

ódio, tristeza, alegria ou medo, direcionam o comportamento do indivíduo para

buscar, ou evitar, contato de certas pessoas ou experiências, de acordo com o

próprio juízo de valores.

Compreende-se então que afetividade e inteligência são aspectos

indissociáveis, influenciados pela socialização (Oliveira, 1992, p76).

Ainda sobre afetividade, Piaget a define como todos os movimentos

mentais conscientes e inconscientes não-racionais (razão), sendo o afeto um

elemento indiferenciado do domínio da afetividade. Afirma ele, que o afeto é a

energia, enquanto move a ação, necessária para o desenvolvimento cognitivo.

Estudos que integram as pesquisas de Freud e de Piaget especificam que a

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afetividade influi na construção do conhecimento de forma essencial através da

pulsão de vida e da busca pela excelência (La Taille, 1992, p66).

Henri Wallon, em sua teoria da emoção, traz a dimensão afetiva como

ponto fundamental em sua teoria psicogenética. "As emoções, assim como os

sentimentos e os desejos, são manifestações da vida afetiva. Na linguagem

comum costuma-se substituir emoção por afetividade, tratando os termos como

sinônimos. Todavia, não o são. A afetividade é um conceito mais abrangente

no qual se inserem várias manifestações." (Dantas, 1992, p85)

Durante toda a vida, o sujeito depara-se com diversos conflitos entre as

situações presentes, passadas e futuras, que, devido a seus valores e crenças,

produz uma infinidade de sensações e emoções complexas, ocasionando

diversos problemas psicológicos, como transtornos depressivos, sentimentos

de angústia, ansiedade, insônia e diversas outras alterações psicossomáticas.

Contudo, sabe-se que nem todas as pessoas conseguem resolver facilmente

estes conflitos, necessitando muitas vezes de atendimento especializado e

individual.

Portanto, face ao exposto, cresce a necessidade de ações preventivas

no tratamento destas psicopatologias, proporcionando assim um melhor

aproveitamento escolar do aluno, evitando intervir somente quando o problema

já está demasiadamente complexo para ser rapidamente resolvido, que

normalmente provoca o afastamento escolar e muitas vezes a repetência.

1.1 - A Cognição

A palavra cognição é o processo de conhecer, que envolve atenção,

percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. A

Psicologia Cognitiva estuda os processos de aprendizagem e de aquisição de

conhecimento. Deriva da Psicologia Cognitiva uma visão unitária dos

processos mentais, onde o aprendizado se dá pela apreensão dos dados e do

conhecimento imediato de um objeto mental.

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Porém a cognição é mais do que simplesmente a aquisição de

conhecimento e consequentemente é um processo pelo qual o ser humano

interage com os seus semelhantes e com o meio em que vive, sem perder a

sua identidade. Ela começa com a captação dos sentidos e logo em seguida

ocorre a percepção passando por diferentes estágios de desenvolvimento. É

portanto, um processo de conhecimento, que tem como material a informação

do meio em que vivemos e o que já está registado na nossa memória.

1.2 – A Afetividade

Esta palavra pode ser definida como a relação de carinho ou cuidado

que se tem com alguém íntimo ou querido. É o estado psicológico que permite

ao ser humano demonstrar os seus sentimentos e emoções a outro ser vivo.

Em psicologia, o termo afetividade é utilizado para designar a suscetibilidade

que o ser humano experimenta perante determinadas alterações que

acontecem no mundo exterior ou em si próprio.

A afetividade também compreende o estado de ânimo ou humor, os

sentimentos, as emoções e as paixões. Ela é quem determina a atitude geral

da pessoa diante de qualquer experiência vivencial, subjetivamente promove

os impulsos motivadores e inibidores, percebe os fatos de maneira agradável

ou sofrível, confere uma disposição indiferente ou entusiasmada além de

determinar os sentimentos que oscilam entre dois pólos, a depressão e a

euforia.

Desta forma, a afetividade é quem confere o modo de relação do

indivíduo à vida e será através da tonalidade de ânimo que a pessoa perceberá

o mundo e a realidade. Exerce, deste modo, grande influência sobre o

pensamento e toda a conduta do indivíduo.

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Para Wallon a afetividade corresponde a um período mais tardio na

evolução da criança, quando surgem os elementos simbólicos. É com este

aparecimento que ocorre a transformação das emoções em sentimentos. A

possibilidade de representação, que consequentemente implica na

transferência para o plano mental, confere aos sentimentos uma durabilidade e

moderação. (Dantas, 1992)

1.3 – As Emoções

Emoção ou sentimento humano, numa definição mais geral, é um

impulso neural que move um organismo para a ação. A emoção se diferencia

do sentimento, porque, conforme observado, é um estado psico-fisiológico. O

sentimento, por outro lado, é a emoção filtrada através dos centros cognitivos

do cérebro, especificamente o lobo frontal, produzindo uma mudança fisiológica

em acréscimo à mudança psico-fisiológica.

Existem diversas emoções dentro da sala de aula, podendo-se

destacar a aceitação, a alegria, o amor, angústia, ansiedade, o

arrependimento, o ciúme, a inveja, o medo, o ódio, o orgulho, o pânico, a

preocupação, a raiva, o remorso, a saudade, a surpresa, o susto, o tédio, a

tristeza e a vergonha, tudo isto acarreta no desenvolvimento dos laços afetivos

entre os professores e os alunos, influenciando assim, o comportamento e o

aprendizado do educando e também do educador.

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CAPÍTULO 2

A APRENDIZAGEM

A aprendizagem é influenciada pela inteligência, motivação, e também

pela hereditariedade, onde o estímulo, o impulso, o reforço e a resposta são os

elementos básicos para o processo de fixação das novas informações

absorvidas e processadas pelo indivíduo.

2.1 - Principais concepções Teóricas da Aprendizagem

Conforme Calvin, (2000), no livro “Teorias da Personalidade”, as teorias

que possuem ênfase na aprendizagem na formação da personalidade são as

do Condicionamento Operante, de Skinner e os esquemas de reforço, as

teorias de estímulo-resposta de Dollard e Miller e as teorias da Aprendizagem

Social de Albert Bandura, porém quando nos referimos as Teorias da

aprendizagem que predominam do nas tendências da educação

contemporânea são as desenvolvidas por Jean Piaget e por Lev Vygotsky,

porém muitas outras teorias encontram-se presente nas práticas educativas

desde os primórdios (Antunes,2002).

2.1.1 - BEHAVIORISMO

De acordo com o pensamento comportamentalista, a conduta dos

indivíduos é observável e mensurável, similarmente aos fatos e eventos nas

ciências naturais e nas exatas. O comportamentalismo tem as suas raízes nos

trabalhos pioneiros de Watson e Pavlov, mas a criação dos princípios e da

teoria em si, foi da responsabilidade do psicólogo americano Burruhs Skinner

tornando-se representante mais importante da escola comportamental, ao

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descrever o condicionamento operante (quando da sua experiência do rato na

caixa de Skinner). O condicionamento operante explica que quando um

comportamento ou atitude é seguida da apresentação de um reforço positivo o

comportamento repete-se.

2.1.2 - EMPIRISMO

De acordo com esta concepção, o processo de aprendizagem é tido

como uma transmissão de conhecimento de quem sabe para quem não sabe.

A aprendizagem ocorre de fora para dentro. O aluno capta as informações de

forma passiva, sendo considerado como um depósito de conhecimento, já que

não sabe nada.

O professor é o detentor do conhecimento e o único que pode transmitir

as informações educativas que formarão o repertório do saber do aluno. Isto é

claramente explicitado num exemplo simples em que o estudante memoriza um

conjunto de instruções e então opera corretamente o instrumento para o qual

são apropriadas. Em um exemplo que ele considera muito mais complexo, o

estudante adquire um repertório histórico extenso e então lida eficientemente

com uma situação concorrente quando algumas respostas naquele repertório

instruem-no apropriadamente.

2.1.3 - CONCEPÇÃO RACIONALISTA

Na concepção racionalista, a aprendizagem é fruto da capacidade

interna do aluno. Ele é, ou não, “inteligente” porque já nasceu com a

capacidade, ou não, de aprender. Sua aprendizagem também estará

relacionada à maturação biológica, só podendo aprender determinados

conteúdos quando tiver a prontidão necessária para isso. O aluno já traz uma

capacidade inata para aprender. Quando não aprende, é considerado incapaz,

se aprende diz-se que tem um bom grau de quociente intelectual (Q.I.). Nesta

concepção, o papel do professor é de organizador do conteúdo, levando em

consideração a idade do indivíduo.

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2.1.4 - CONCEPÇÃO CONSTRUTIVISTA

A concepção construtivista, define a aprendizagem como um processo

de troca mútua entre o meio e o indivíduo, tendo o outro como mediador. O

aluno é um elemento ativo que age e constrói sua aprendizagem. Cabe ao

professor instigar o sujeito, desafiando, mobilizando, questionando e utilizando

os “erros” de forma construtiva, garantindo assim uma reelaboração das

hipóteses levantadas, favorecendo a construção do conhecimento. Nesta

concepção o aluno não é apenas alguém que aprende, mas sim o que vivencia

os dois processos sendo ao mesmo tempo ensinante e aprendente.

2.2 - A Aprendizagem, Segundo Piaget (Psicologia Genética):

Segundo Porto, a Teoria da Equilibração, também conhecida por

Psicologia Genética é a teoria desenvolvida por Jean Piaget, e consiste numa

combinação das teorias então existentes, o apriorismo e o empirismo. Piaget

não acredita que todo o conhecimento seja, inerente ao próprio sujeito, como

postula o apriorismo, nem que o conhecimento provenha totalmente das

observações do meio que o cerca, como postula o empirismo.

Para este, o conhecimento é gerado através de uma interação do sujeito

com seu meio, a partir de estruturas existentes no sujeito. Assim sendo, a

aquisição de conhecimentos depende tanto das estruturas cognitivas do sujeito

como de sua relação com o objeto (La Taille,1992).

Segundo esta teoria, o desenvolvimento humano obedece certos

estágios hierárquicos, que decorrem do nascimento até se consolidarem no

final da adolescência. A ordem destes estágio seria invariável e inevitável a

todos os indivíduos, sendo assim uma sequência.

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- Estádio sensório-motor''' ( do nascimento aos 2 anos) - a criança é pura

ação sobre o objeto, que lhe permitem construir um conhecimento físico da

realidade. Logo, constrói esquemas sensório-motores possibilitando a

formação de representações mentais cada vez mais complexas

- Estádio pré-operatório''' (dos 2 aos 7 anos) - a criança inicia a relação

causa e efeito;

- Estádio operatório-concreto''' (dos 7 aos 12 anos) - a criança começa a

construir conceitos, através de estruturas lógicas, consolida a conservação de

quantidade e constrói o conceito de número. Seu pensamento apesar de

lógico, ainda está preso aos conceitos concretos, não fazendo ainda

abstrações.

- Estádio operatório-formal ou hipotético dedutivo (a partir dos doze

anos, da adolescência) - fase em que o adolescente possui para construir

sistemas e teorias abstratas. Conseguindo ter em conta os conceitos possíveis,

como amor, justiça, além dos diferentes pontos de vista.

Na concepção piagetiana, a aprendizagem só ocorre mediante a

consolidação das estruturas de pensamento, portanto a aprendizagem sempre

se dá após a consolidação do esquema que a suporta, da mesma forma a

passagem de um estádio a outro estaria dependente da consolidação e

superação do anterior.

2.3 - A Teoria Sócio-Interacionista

Os estudos de Vygotsky postulam uma dialética das interações com o

outro e com o meio, como desencadeador do desenvolvimento. Para Vygotsky

e seus colaboradores, o desenvolvimento é impulsionado pela linguagem. Eles

acreditam que a estrutura dos estádios descrita por Piaget seja correta, porém

diferem na concepção de sua dinâmica evolutiva. Enquanto Piaget defende que

a estruturação do organismo precede o desenvolvimento, para Vygotsky é o

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próprio processo de aprender que gera e promove o desenvolvimento das

estruturas mentais superiores.

Um ponto central da teoria vygotskyana é o conceito de Zona de

Desenvolvimento Proximal (ZPD), afirma que a aprendizagem acontece no

intervalo entre o conhecimento real do sujeito e o conhecimento potencial que

este possui. Em outras palavras, a ZDP é a distância existente entre o que o

sujeito já sabe e aquilo que ele tem potencial de aprender. Seria neste espaço

que o aprendizado ocorreria, com a participação do professor estimulando a

aquisição do potencial, partindo do conhecimento real que o aprendiz possui.

Após a interferência do professor, o conhecimento potencial passa a ser o

conhecimento real ocorrendo a aprendizagem.

Dentro desta visão, a interação entre aluno e professor têm um papel

crucial e determinante. Para definir o conhecimento real, Vygotsky sugere que

se avalie o que o sujeito é capaz de fazer sozinho, e o conhecimento potencial

é aquilo que ele consegue fazer com ajuda de outro sujeito. Portanto, quanto

mais ricas as interações, maior e mais sofisticado será o desenvolvimento do

educando.

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CAPÍTULO 3 -

AS DIFICULDADES E OS DISTÚRBIOS DE

APRENDIZAGEM RELACIONADOS À AFETIVIDADE

“A Vida Afetiva é a dimensão psíquica

que dá cor, brilho e calor a todas as

vivências humanas. Sem afetividade a

vida mental torna-se vazia, sem sabor.

O termo afetividade é genérico,

compreendendo várias modalidades de

vivências afetivas como o humor, as

emoções e os sentimentos.”

(Dalgalarrondo, 2000)

3.1 - Afetividade

Afetividade é o estado psicológico que permite ao ser humano

demonstrar os seus sentimentos e emoções a outro ser vivo. Em psicologia, o

termo afetividade é utilizado para designar a suscetibilidade que o ser humano

experimenta perante determinadas alterações que acontecem no mundo

exterior ou em si próprio. Tem por constituinte fundamental um processo

cambiante no âmbito das vivências do sujeito, em sua qualidade de

experiências agradáveis ou desagradáveis.

Segundo o autor acima citado, existem cinco tipos básicos de vivências

afetivas:

1. Humor ou estado de ânimo;

2. Emoções;

3. Sentimentos

4. Afetos

5. Paixões

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O humor ou estado de ânimo é definido como o tônus afetivo do

indivíduo, o estado emocional basal e difuso no qual se encontra a pessoa em

determinado momento.

As emoções podem ser definidas como reações afetivas agudas,

momentâneas, desencadeadas por estímulos significativos. Assim, a emoção é

um estado afetivo intenso, de curta duração, originado geralmente como uma

reação do indivíduo a certas excitações externas, conscientes ou

inconscientes. Assim o humor e as emoções acompanham-se freqüentemente

de reações somáticas. (Dalgalarrondo, 2000, pág. 100)

Os sentimentos são estados e configurações afetivas estáveis; em

relação às emoções, são mais acentuados em sua intensidade e menos

reativos a estímulos passageiros. Os sentimentos são mais associados a

conteúdos intelectuais, valores, representações e, no mais das vezes, não

implicam concomitantes somáticos. Constituem fenômenos muito mais mentais

que somáticos.

Os sentimentos podem ser classificados e ordenados em vários grupos,

como os da esfera da tristeza: melancolia, saudade, tristeza, nostalgia,

vergonha, impotência, culpa, remorso, infelicidade, desesperança, etc.; da

esfera da alegria: euforia, contentamento, satisfação, confiança, etc.;

sentimentos relacionados à atração pelo outro: amor, estima, tensão, carinho,

gratidão, apego, apreço, respeito, admiração, consideração, etc.

Afetos: é a qualidade e tônus emocional que acompanham uma idéia ou

representação mental. Os afetos acoplam-se as idéias, anexando a elas um

“colorido afetivo”. São o componente emocional de uma idéia.

Paixões: A paixão é um estado afetivo extremamente intenso, que

domina a atividade afetiva como um todo, captando o interesse do indivíduo em

uma só direção, inibindo os outros interesses. Porém uma paixão intensa

impede o exercício de uma lógica imparcial.

Segundo Porto,(2005) a dificuldade de aprendizagem são

comportamentos que podem levar o aluno ao fracasso escolar, que causa

grande angústia na família, no próprio aluno e também nos professores. Para

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compreendermos o que se passa em um processo educativo e o que ocasiona

estas dificuldades em fracassos deve-se observar as práticas educativas,

envolvendo os professores, coordenadores, diretores, alunos e a família, ou

seja toda a comunidade escolar que faz parte do processo ensino-

aprendizagem.

Para compreendermos as dificuldades que o aluno enfreta no

aprendizado, devemos ter uma postura empática e buscar identificar para

intervir na rede de relações cotidianas e sociaisdo aluno.

A sociedade atual está cada vez mais cobrando o lugar da mulher no

mercado de trabalho, só que não relacionados ao direitos de igualdade, como o

da independência financeira, mas estão sendo cobradas pela sobrevivência do

lar, tendo deixar os filhos em creches cada vez mais cedo, ou na escola

(aquelas que podem), um aspecto que até pode ser considerado positivo,

devido aos estímulos precoces que estas crianças estão recebendo do meio

social, porém como esta simbiose ocorre mais cedo, pode ocasionar

transtornos emocionais e cognitivos na criança, principalmente se esta não

estiver preparada para identificar a professoa e a escola como objetos de

substituição do lar, co-responsáveis de sua proteção e sobrevivência futura.

“Afeto e cognição se constituem em aspectos

inseparáveis, estando presentes em qualquer

atividade a ser desenvolvida, variando apenas

suas proporções (LAJONQUIERE,1998), citado

por PORTO, 2002.”

Segundo Dalgalarrondo, na tradição do pensamento ocidental, a emoção

se opõe frontalmente à razão, essa concepção concebe a emoção e a vida

afetiva como inferior à razão. Contrários a isto, vários autores afirmam que a

dimensão emocional pode contribuir no contato do homem com a realidade. E

ainda, alguns existencialistas supervalorizam a emoção no processo do

conhecimento.

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Este autor ainda destaca o conceito de CATATIMIA, que é a influência

que a vida afetiva exerce sobre as demais funções psíquicas. A atenção é

captada, dirigida, desviada ou concentrada em função do valor da afetividade

de determinado estímulo; a memória é altamente detalhada ou muito pobre,

dependendo dos fatos ocorridos, a sensopercepção pode se alterar em função

de estados afetivos intensos, e assim por diante. Apresenta ainda a REAÇÃO

AFETIVA como a resposta afetiva aos estímulos, podendo ser dividida em

sintonização afetiva, ou seja, é a capacidade do indivíduo ser influenciado

afetivamente por estímulos externos, em sintonia com o ambiente; e a

irradiação afetiva, que é a capacidade que o indivíduo tem de transmitir, irradiar

ou contagiar os outros com seu estado afetivo momentâneo, porém na

condição de rigidez afetiva, o indivíduo não deseja, tem dificuldade de reagir

afetivamente à situação existencial.

O Código Internacional de Doenças (CID-10) de Transtornos mentais e

de Comportamento apresenta os Transtornos Específicos do Desenvolvimento

das Habilidades Escolares (DEDHE) além de diversos outros transtornos

associados a afetividade.

As dificuldades de aprendizagem que são decorrentes de aspectos

naturais ou secundários são passíveis de mudanças através de recursos de

adequação ambiental. Pois, as dificuldades de aprendizagem decorrentes de

aspectos secundários são decorrentes de alterações estruturais, mentais,

emocionais ou neurológicas, que repercutem nos processos de aquisição,

construção e desenvolvimento das funções cognitivas.

3.2 - Alterações Patológicas da Afetividade:

3.2.1 - ALTERAÇÕES DO HUMOR:

a) Distimia: alteração básica do humor, sendo sua classificação,

conforme o CID 10 e do DSM-IV, é um transtorno depressivo leve e crônico.

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b) Humor triste e ideação suicida: Muito freqüentemente relacionado

com humor depressivo, hipotimia, hipertimia;

c) Puerilidade: é uma alteração do humor que se caracteriza por seu

aspecto infantil, simplório, “regredido”. O indivíduo ri ou chora por motivos

banais, sua vida afetiva é superficial, ausentes de afetos profundos,

consistentes e duradouros, ocorre geralmente em indivíduos com déficit

intelectual.

d) Irritabilidade patológica: há uma hiperatividade desagradável, hostil e

eventualmente agressiva a estímulos do meio externo.

3.2.2 - ANSIEDADE, ANGÚSTIA E MEDO:

A ansiedade é o estado de humor desconfortável, uma apreensão

negativa em relação ao futuro. Já a angústia relaciona-se a uma sensação de

aperto no peito e na garganta, tem uma conotação mais corporal e mais

relacionada ao passado.

Na escola psicanalítica existem o sentimento de angústia de castração,

de morte, depressiva, persecutória ou paranóide, e ainda, angústia de

separação. Na escola existencial, a angústia não seria um sintoma patológico,

mas um estado anímico básico, constituinte do ser humano. O homem sente

angústia diante das situações inescapáveis da vida. Nas escolas

comportamentalistas e cognitivistas existem a ansiedade de desempenho e

ansiedade antecipatória.

Existem ainda algumas alterações das emoções e dos sentimentos, nas

quais se destacam a apatia, hipomodulação do afeto; inadequação do afeto ou

paratimia; pobreza de sentimentos; embotamento afetivo e devastação afetiva;

o sentimento de falta de sentimento; anedonia; a labilidade afetiva;

ambivalência afetiva; neotimia; incluindo ainda o medo, as fobias (são medos

desproporcionais, nível determinado psicopatologicamente), agorafobia,

claustrofobia e o pânico.

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Face ao apresentado, constata-se que existem diversas patologias da

área afetiva que são resultados do meio social onde o sujeito interage, além de

algumas alterações de ordem biológicas e conflito de valores. Levando isto

para a sala de aula, encontrar-se-á um ambiente que em maior ou menor grau,

poderá ocorrer ou até mesmo proporcionar estes distúrbios emocionais e, em

conseqüência disto, levar alguns alunos a desenvolverem patologias e

transtornos psicológicos cognitivos, culminando na reprovação, no fracasso

escolar e conseqüentemente na evasão escolar.

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Capítulo 4

ALFABETIZAÇÃO E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

4.1 As Inteligências Múltiplas

As inteligências, segundo Antunes, 2003, citando Howard Gardner,

(1999), podem ser divididas em sete tipos:

1. Logico-matemática: Capacidade de analisar problemas, operacões

matemáticas e questões científicas. (matemáticos, engenheiros, cientistas)

2. Linguística: Sensibilidade para a língua escrita e falada. (oradores,

escritores, poetas.);

3. Espacial: Capacidade de compreender o mundo visual de modo

minucioso. (arquitetos, desenhistas, escultores)

4. Musical: Habilidade para tocar, compor e apreciar padrões musicais.

(Músicos, compositores, dançarinos)

5. Físico-cinestésica: Potencial de usar o corpo para dança, esportes.

(Mímicos, dançarinos, desportistas)

6. Intrapessoal: Capacidade de se conhecer. (escritores,

psicoterapeutas, conselheiros)

7. Interpessoal: Habilidade de entender as intenções, motivações e

desejos dos outros. (Políticos, religiosos, professores, alunos, pais)

Gardner explica que as inteligências não são objetos que podem ser

contados, e sim, potenciais que poderão ser ou não ativados, dependendo dos

valores de uma cultura específica, das oportunidades disponíveis nessa cultura

e das decisões pessoais tomadas por indivíduos e/ou suas famílias, seus

professores e outros.

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4.2 - A ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL

Segundo o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, (1997),

alfabetizar significa “ensinar a ler, dar instrução primária”, sendo alfabetização

o ato de ensinar, contudo, a aprendizagem, também pode ser compreendida

como o processo de alteração de conduta de um indivíduo, seja por

condicionamento operante, experiência ou ambos. As informações podem ser

absorvidas através de técnicas de ensino ou até pela simples aquisição de

hábitos.

O ato ou vontade de aprender é uma característica essencial do

psiquismo humano, pois somente este possui o caráter intencional, ou a

intenção de aprender; dinâmico, por estar sempre em mutação e procurar

informações para o aprendizagem; criador, por buscar novos métodos visando

a melhora da própria aprendizagem, por exemplo, pela tentativa e erro.

O ser humano tem por característica de sua natureza o ato de aprender,

tem sido assim desde os mais remotos dos tempos, sendo para tanto

necessário a presença de estímulos externos e internos para o aprendizado,

essenciais para a evolução humana.

Voltando a definição sugerida pelo Dicionário da Língua Portuguesa,

(1997), pode-se ainda compreender a alfabetização como o aprendizado do

alfabeto e de sua utilização como código de comunicação, de símbolo e sinais.

De um modo mais abrangente, no campo da lingüística, a alfabetização é

definida como um processo no qual o indivíduo constrói a gramática e em suas

variações. Esse processo não se resume apenas na aquisição dessas

habilidades do ato de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender,

criticar, resignificar e produzir conhecimento, utilizando os campos do

conhecimento como a memória, a inteligência, motivação, emoção, os

sentidos.

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“È possível afirmar que um trabalho

com a aprendizagem significativa é

mais eficiente para estimular o

aprendizado do aluno do que um

trabalho onde são usados apenas os

recursos da aprendizagem mecânica;

que distúrbios da atenção podem ser

corrigidos ou minimizados quando se

envolve o aluno em procedimentos que

despertam seu sentido de coerência,

motivação e interesse, e que a

alfabetização emocional, pode ajudá-lo

a perceber suas emoções e melhor

administrá-las”. ( Antunes, 2005).

Desta forma a alfabetização emocional envolve também o

desenvolvimento de novas formas de compreensão e uso da linguagem

emotiva de uma maneira geral. A alfabetização emocional de um indivíduo

promove sua socialização afetiva, já que possibilita o estabelecimento de novos

tipos de trocas simbólicas com os outros, permitindo o acesso a bens culturais ,

a valores e a facilidades oferecidas pelas instituições sociais. A alfabetização

emocional é um fator propulsor do exercício , proporcionando um ambiente

coletivo mais saudável, preparando o sujeito para a cidadania, permitindo

assim o desenvolvimento da sociedade como um todo, não somente afetivo.

Portando esta aprendizagem é de fundamental para as relações interpessoais.

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4.3 A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

Na psicologia, inteligência emocional é um tipo de inteligência que

envolve as habilidades para perceber, entender e influenciar as emoções.

Inteligência emocional, chamada também EI é medida frequentemente como

um Quociente de inteligência Emocional ou um QE emocional, descrevem uma

habilidade, uma capacidade, ou uma habilidade de perceber, para avaliar, e

controlar as emoções de si mesmo, de outro, e dos grupos.

O termo “inteligência emocional” foi popularizado por Daniel Goleman

(1995). A distinção entre a inteligência e o conhecimento na área da cognição

(Queficiente de Inteligência - QI) é que, geralmente, a pesquisa psicológica

demonstra que o QI é uma medida de confiança da capacidade cognitiva, e é

tempo excedente estável. Na área da emoção (QE, isto é ,Queficiente

Emocional) a distinção entre a inteligência e o conhecimento é ainda

desconhecido.

De acordo com o acima exposto, e com a finalidade de proporcionar

uma educação emocional, abordando a teoria das inteligências múltiplas de

Howard Gardner, os educadores devem apresentar uma possibilidade de

trabalhar as relações emocionais dentro do ambiente escolar.

Ao se trabalhar com educação emocional, deve-se manter o foco no

objetivo de amadurecer ainda mais o relacionamento afetivo entre educadores

e educandos, destacando a inteligência interpessoal, contribuindo para o

desenvolvimento do professor empático.

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CAPÍTULO 5

Uma Postura do Educador na Relação Afetiva

Professor - Aluno

“Problemática da passagem da família

nuclear para a nova família urbana:

mulher na busca por mercado de

trabalho cada vez mais competitivo e

exploratório faz com que as mulheres

saiam de casa para buscarem o

sustento do lar, delegando a tarefa da

educação dos filhos para a escola, não

tendo tempo para assumir mais esta

função básica familiar.” (Antunes,

1937)

5.1 Relação Professor-Aluno, segundo Vygotsky

A relação educador-educando não deve ser uma relação de imposição,

mas sim, uma relação de cooperação, de respeito e de crescimento. O aluno

deve ser considerado como um sujeito interativo e ativo no seu processo de

construção de conhecimento. Assumindo o educador um papel fundamental

nesse processo, como um indivíduo mais experiente. Por essa razão cabe ao

professor considerar também, o que o aluno já sabe, sua bagagem cultural e

intelectual, para a construção da aprendizagem.

O professor e os colegas formam um conjunto de mediadores da cultura

que possibilita progressos no desenvolvimento da criança. Nessa perspectiva,

não cabe analisar somente a relação professor-aluno, mas também a relação

aluno-aluno. Para Vygotsky, a construção do conhecimento se dará

coletivamente, portanto, sem ignorar a ação intrapsíquica do sujeito. Assim,

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Vygotsky conceituou o desenvolvimento intelectual de cada pessoa em dois

níveis: um real e um potencial. O real é aquele já adquirido ou formado, que

determina o que a criança já é capaz de fazer por si própria porque já tem um

conhecimento consolidado. Por exemplo, se domina a adição, esse é um nível

de desenvolvimento real. O potencial é quando a criança ainda não aprendeu

tal assunto, mas está próximo de aprender, e isso se dará principalmente com

a ajuda de outras pessoas. Por exemplo, quando ele já sabe somar, está bem

próximo de fazer uma multiplicação simples, precisa apenas de um “empurrão”.

Vai ser na distância desses dois níveis que estará um dos principais

conceitos de Vygotsky: as zonas de desenvolvimento proximal, já citada

anteriomente neste trabalho.

Esse conceito abre uma nova perspectiva a prática pedagógica

colocando a busca do conhecimento e não de respostas corretas. Ao educador,

restitui seu papel fundamental na aprendizagem, afinal, para o aluno construir

novos conhecimentos precisa-se de alguém que os ajude, eles não o farão

sozinhos. Assim, cabe ao professor ver seus alunos sob outra perspectiva, bem

como o trabalho conjunto entre colegas, que favorece também a ação do outro

na ZDP (zona de desenvolvimento proximal). Vygotsky acreditava que a noção

de ZDP já se fazia presente no bom senso do professor quando este elaborava

suas aulas.

“Os grandes profissionais, ainda que

sem saber ao certo, só se tornam

grandes por ter uma habilidade incrível

de se relacionar com as pessoas”.

(Crivelaro, 2005, Pg 09).

O professor seria o suporte, o apoio basal, para que a aprendizagem do

educando seja satisfatória. Para isso, o professor tem que interferir na Zona de

Desenvolvimento Proximal do aluno, utilizando alguma metodologia do diálogo

do professor com o aluno na sala de aula. Com um esquema I-R-F (iniciação –

resposta – feedback), que o professor indica para o aluno iniciar o processo,

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assim o aluno teria uma resposta e o professor dava o feedback a essa

resposta (Gomes, 2002).

Nessa perspectiva, a educação não fica à espera do desenvolvimento

intelectual da criança. Ao contrário, sua função é levar o aluno adiante, pois

quanto mais ele aprende, mais se desenvolve mentalmente.

5.2 - Relação Professor-Aluno, segundo Piaget

Para Piaget a aprendizagem do estudante será significativa quando este

for um sujeito ativo. Isso se dará quando a criança receber informações

relativas ao objeto de estudo para organizar suas atividades e agir sobre elas.

Geralmente os professores empregam somente os símbolos falados e escritos

para os alunos, alegando a falta de tempo. Segundo Piaget, esse tempo

utilizado apenas para a verbalização do professor é um tempo perdido, e se

gastá-lo permitindo que os alunos usem a abordagem tentativa e erro, esse

tempo gasto a mais, será na verdade um ganho.

O modelo tradicional de intervenção do professor consiste em explicar

como resolver os problemas e dizer “está certo” ou “está errado”. Isso está

contra a teoria da psicologia genética de Piaget, que coloca a importância da

observação do professor sobre o aluno. Uma observação criteriosa, para ver o

momento de desenvolvimento que a criança está vivendo, assim saber que

atividade cognitiva aquele aluno estará apto a investigar. O professor será o

incentivador, o encorajador para a iniciativa própria do estudante.

Ainda a respeito da relação professor-aluno, Piaget coloca que essa

relação tem que ser baseada no diálogo mais fecundo, onde os “erros” dos

estudantes passam a ser vistos como integrantes do processo de

aprendizagem. Isso se dá porque à medida que o aluno “erra” o professor

consegue ver o que já se está sabendo e o que ainda deve ser ensinado.

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Uma perspectiva possível para entender o relacionamento interpessoal

professor e aluno pode ser a da ética envolvendo questões de poder. Ao falar

de ética já está explícito o respeito que ambos os envolvidos devem cultivar no

relacionamento diário. O comportamento do professor deve ser uma referência

ao aluno que sempre busca modelos de retidão moral, caráter e ordem em

quem exerce o poder.

“Verificamos que praticamente dois

terços da vida passamos trabalhando...

Trabalho sinônimo de tortura é uma

visão medieval... Queremos sentir que

estamos aprendendo em nosso

trabalho. Queremos escolas que

ensinam nossos filhos a encontra a

alegria no ato de aprender. O prazer é

fundamental para o equilíbrio mental.

Não podemos menosprezar a alegria”

(Crivelaro, 2005, Pág. 20 -22)

É preciso que o professor transforme a sala de aula num ambiente

propício a aprendizagem, valorizando as múltiplas inteligências existentes e

através dos recursos tecnológicos disponíveis, fazer com que as aulas se

tornem participativas e atrativas aos alunos. Fazendo assim, o professor estará

recriando a sua prática pedagógica

De acordo com esta visão, todo processo de desenvolvimento inerente

ao ser humano passa pela dimensão social e envolve cognição, afeto e moral.

Esta teoria, portanto, fortalece mais ainda o foco central da relação professor-

aluno, caracterizada, positiva ou negativamente, pelas intenções afetivas que

por ela perpassam. Segundo Piaget, durante os últimos 30 anos, tanto

psicólogos, quanto educadores, voltaram mais atenção para o papel dos

conceitos cognitivos do que para os conceitos afetivos da sua teoria.

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“O desenvolvimento da

inteligência permite, sem dúvida que a

motivação possa ser despertada por

um número cada vez maior de

objetivos ou situações. Todavia, ao

longo desse desenvolvimento, o

princípio básico permanece o mesmo:

a afetividade é a mola propulsora das

ações, e a razão está ao seu serviço.”

(La Taille, 1992, p.65)

O relacionamento entre professor e aluno deve ser de amizade, de troca

de solidariedade, de respeito mútuo, enfim, não se concebe desenvolver

qualquer tipo de aprendizagem, em um ambiente hostil.

A relação do professor com os alunos tem dimensões diferentes, que

podem se reduzir pelo menos a estas duas: O tipo de relação-comunicação

mais pessoal: reconhecer êxitos, reforçar a autoconfiança dos alunos, manter

sempre uma atitude de cordialidade e de respeito. Outra dimensão é a

orientação apropriada para o estudo e para o aprendizado: criar e comunicar

uma estrutura que facilite a aprendizagem.

5.3 - Relação Professor-Aluno, segundo Carl Rogers

Rogers, na sexta parte do livro “Tornar-se Pessoa1” afirma que aquilo

que se pode ensinar a outra pessoa não tem grandes conseqüências, com

pouca ou nenhuma influência significativa sobre o comportamento. Que o único

aprendizado que influencia significativamente é o aprendizado autodescoberto,

1 Tornar-se Pessoa, Carl Rogers, Ed. Martins Fontes, 2001 – Sexta Parte “QUAIS SÃO AS IMPLICAÇÕES PARA A VIDA?”, do capítulo 13 ao 16.

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auto-apropriado. Como o conhecimento autodescoberto é realizado através da

própria experiência, não pode ser comunicada diretamente a outra pessoa,

disse ainda que é muito compensador aprender em grupo, nas relações com

outra pessoa, sendo que uma das melhores maneiras de aprender é

abandonando as próprias defesas e tentar compreender como a outra pessoa

encara e sente sua própria experiência, diz ainda que se as experiências dos

outros forem iguais as dele, decorrerão inúmeras conseqüências, entres estes

pensamentos destaca:

- renunciar ao ensino, pois as pessoas deveriam se reunir se quiserem

aprender;

- renunciar aos exames;

- acabar com as notas e créditos;

- abandonar os diplomas e títulos;

- abolir as exposições de conclusões, entre outras que não prefere

citar...

Na aprendizagem significativa da terapia, a pessoa começa a se ver de

modo diferente, torna-se mais autônoma e independente, torna-se quem

gostaria de ser, adotando inclusive objetivos mais realistas, modificando ainda

suas características de personalidade, aceitando mais abertamente o outro.

Na aprendizagem significativa da em educação afirma que os

educadores voltados para a aprendizagem devem provocar as mudanças no

comportamento, que penetrem no campo da psicoterapia para buscarem suas

idéias, pois isto pode fornecer possibilidades favoráveis.

O cliente assim como o aluno enfrenta um problema, mas para que este

tenha êxito é necessário que o terapeuta, bem como o professor seja

congruente, ele deve ser na relação aquilo que ele realmente é, não uma

fachada, mas um ser autêntico. Deve ter ainda uma postura positiva

incondicional, aceitando o outro como este realmente é, possuindo uma

compreensão empática, colocando-se no lugar do outro, compreendendo os

sentimentos, do paciente ou do aluno, uma outra condição é de que o cliente,

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ou aluno, deve experimentar ou apreender algo da congruência, aceitação

empática e empatia do terapeuta, não basta apenas que exista no terapeuta,

mas em ambos envolvidos no processo de terapia ou de aprendizagem.

Para Rogers, (2001), todos estes fatores influenciam diretamente na

maturação do sujeito, na sua aceitação incondicional dos conflitos mais íntimos

da pessoa e de seus familiares que a cercam.

Descreve que os problemas em psicoterapias estão focados em

problemas de comunicação, a pessoa desajustada emocionalmente, neurótica,

tem dificuldades de se comunicar com os outros e consigo mesmo, dificultando

um relacionamento interpessoal e intergrupal. Formula ainda que as relações

devem ser vividas numa base real, porem deve haver uma mínima vontade

entre as partes envolvidas no processo para que possam estabelecer um

contato, uma deve ter vontade de receber a comunicação com a outra.

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CONCLUSÃO

“Conceitos para um melhor relacionamento:

- aceitação total da outra pessoa;

- comprometimento com as atribuições profissionais,

observando o princípio da congruência rogeriana,

sendo uma pessoa autêntica, sincera.;

- compreensão empática, colocar-se no lugar do

outro, temos a possibilidade de aceitação interna.

“ser empático não significa resolver o problema do

outro, mas ouvir, compartilhar, dar o ombro amigo...”

(Crivelaro, 2005, Pág. 34)

Este trabalho procurou apresentar a afetividade na relação Professor-

aluno como condição imprescindível para o desenvolvimento do estudante.

Fundamenta-se nas teorias de Vigotsky, Piaget, Wallon, Rogers, entre outros.

Tem por objetivo fazer com que o professor entenda as diversas atitudes e

comportamentos dos alunos em sala de aula. Levando-o a perceber a

importância da afetividade na relação professor - aluno a fim de proporcionar

ambientes interativos de aprendizagem, prevenindo contra problemas de

aprendizagem e psicológicos dos alunos.

A escola, portanto, deve dar ênfase às questões como a interação social

e o desenvolvimento afetivo, como elementos fundamentais no processo de

construção de pensamento, durante o processo ensino-aprendizagem. Para

Piaget, o grande desafio da educação seria favorecer o desenvolvimento

intelectual em harmonia com o desenvolvimento afetivo-moral para que o

sujeito, aos poucos, pudesse conquistar sua autonomia intelectual, afetiva e

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moral; tendo como base as leis de reciprocidade construídas em suas

interações com meio físico-social e histórico-cultural.

Cabe ressaltar que a qualidade da relação professor-aluno deve ser

entendida como uma relação humana didática com os alunos. O professor não

vai à sala de aula para fazer os alunos rirem, tampouco para ser carinhoso, a

fim de que eles se sintam bem, e sim para ajudá-los em sua tarefa de

aprender. Se, em contrapartida, faltar à tarefa de aprender, a qualidade do

aprendizado padecerá e até mesmo se deixará de ser aprendizagem.

“Habilidade no Relacionamento

Interpessoal para sobrevivência

profissional: “Não adianta você ser um

profissional competente se não sabe

trabalhar em equipe e criar harmonia

no ambiente de trabalho” (Crivelaro,

2005, Pág. 40)”.

A qualidade das relações interpessoais pode ser manifestada com afeto

e interesse pelas falas e atitudes dos alunos. O elogio sincero e a interação

com os alunos com prazer. Apoiar a autonomia do aluno relaciona-se com a

margem de liberdade que lhe é concedida nas atividades de aprendizado, com

ausência de pressão, da cobrança por resultados imediatos ou de prêmios

externos. Relaciona-se também com a capacidade do professor de fomentar a

motivação interna e criar um clima de paz e trabalho.

É importante ressaltar, que quando falamos desta forma de relação

estabelecida entre professor-aluno, temos que ter a consciência de que esta

relação não é casual, mas socialmente e historicamente determinada. Dessa

forma, estas relações se diferenciam de acordo com as mudanças sociais que

vão acontecendo nas diferentes épocas, em função das necessidades que

surgem, e que ocorrem, através da relação entre as pessoas com o seu meio.

Em um relacionamento interpessoal devemos primeiramente ver o que é certo

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e positivo no que o outro fez, só após, procurar corrigir ou orientar sobre algum

erro ou coisa negativa percebida.

As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na

realização comportamental e profissional de um indivíduo. Desta forma, a

análise dos relacionamentos entre professor/aluno envolve interesses e

intenções, sendo esta interação o expoente das conseqüências, pois a

educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento

comportamental e agregação de valores nos membros da espécie humana.

Neste sentido, a interação estabelecida caracteriza-se pela seleção de

conteúdos, organização, sistematização didática para facilitar o aprendizado

dos alunos e exposição onde o professor demonstrará seus conteúdos.

No trabalho do professor em sala de aula, seu relacionamento com os

alunos é expresso pela relação afetiva que ele tem com a sociedade.

Apresentado isto, observa-se a importância da afetividade, desenvolvendo

diversos atributos como a confiança, a empatia e o respeito entre professores e

alunos, para que se desenvolva a leitura, a escrita, a reflexão, a aprendizagem

e a pesquisa autônoma.

Portanto, a afetividade, na relação entre professor e aluno depende,

fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática

com seus alunos, da aceitação incondicional, de sua capacidade de ouvir,

refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das

estratégias para a promoção da transferência entre o seu conhecimento e o

deles. Por fim, o educador deve trabalhar o lado positivo dos alunos e para a

formação de um cidadão consciente de seus deveres e de suas

responsabilidades sociais, promovendo um ambiente saudável prevenindo

contra diversos transtornos emocionais de vínculos afetivos.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

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Ed. Vozes, 1999.

_____; Glossário para Educadores(as), 2ª Edição, Petrópolis, RJ; Ed

Vozes,2002;

_____; A Linguagem do Afeto, como ensinar virtudes e transmitir valores, 2ª

Edição, Campinas, SP; Ed Papirus, 2005;

CALVIN S. Hall, GARDNER Lindzey, John B. CAMPBELL. Teorias da

Personalidade. Ed Artmed; 2000;

Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10,

Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas. Coord. Organização Mundial de

Saúde; trad. Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

CRIVELARO, Rafael. Dinâmica das Relações Interpessoais, Campinas, SP:

Editora Alínea, 2005.

DAGALARRONDO, Paulo. Psicopatologias e Semiologias dos Transtornos

Mentais. Porto Alegre Artes Médicas Sul, 2000.

Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa/ coordenação Raul Maia Jr., Nelson

Pastor. – São Paulo: Difusão Cultural do Livro (1997).

GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Ed. Objetiva, 71ª Edição, 1995;

LA TAILLE, Y. OLIVEIRA, M. DANTAS, H. Teorias Psicogenéticas em

Discussão. 18ª Edição. São Paulo, SP. Summus Editorial, 1992

PORTO, Olívia. Bases da Psicopedagogia: Diagnóstico e Intervenção nos

Problemas de Aprendizagem – Rio de Janeiro: Wak Ed., 2005.

ROGERS, Carl R. Tornar-se pessoa. 5 ed. - São Paulo, Martins Fontes, 2001

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ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO 1

A Cognição, Afetividade e Emoções 10

1.1 - A Cognição 11

1.2 - A Afetividade 12

1.3 - As Emoções 13

CAPÍTULO 2

A Aprendizagem 14

2.1 – Principais Concepções Teóricas da Aprendizagem 14

2.1.1 - Behaviorismo 15

2.1.2 - Empirismo 15

2.1.3 - Racionalismo 16

2.1.4 - Construtivismo 16

2.2 – A Aprendizagem Segundo Piaget 16

2.3 – Teoria Sócio-Interacionistas 17

CAPÍTULO 3

As Dificuldades e os Distúrbios de Aprendizagem Relacionados à Afetividade 19

3.1- A Afetividade 19

3.2 - Alterações Patológicas da Afetividade 22

3.2.1 - Alterações do Humor 22

3.2.2 - Ansiedade, Angústia e Medo 23

CAPÍTULO 4

A Alfabetização e A Inteligência Emocional 25

4.1 - As Inteligências Múltiplas 25

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4.2 - A Alfabetização Emocional 26

4.3 – A Inteligência Emocional 28

CAPÍTULO 5

Uma Postura do Educador na Relação Afetiva Professor - Aluno 29

5.1 – A Relação professor Aluno, segundo Vygotsky 29

5.2 - A Relação professor Aluno, segundo Piaget 31

5.3 – A Relação professor Aluno, segundo Rogers 33

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

BIBLIOGRAFIA CITADA 41

ÍNDICE 42

ANEXOS 44

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ANEXOS

Índice de anexos

Visitas Culturais realizadas durante o curso de pós-graduação

Anexo 1 >> Comprovante de Visita ao Museu Nacional e ao Planetário;

Anexo 2 >> Comprovante de Visita ao Teatro Miguel Fallabela e ao Show de Maria Bethânia;

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Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Título da Monografia: A Influência da Afetividade na Relação entre

Professores e Alunos, na Prevenção das Dificuldades de Aprendizagem

Autor: Adersonylton Sales Coutinho Rodrigues

Data da entrega: 03 de fevereiro de 2007

Avaliado por: Conceito: