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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA PAPEL DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NO COTIDIANO ESCOLAR Por: Claudia Frederica Peres Gomes Orientador Profª Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PAPEL DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NO

COTIDIANO ESCOLAR

Por: Claudia Frederica Peres Gomes

Orientador

Profª Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2011

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PAPEL DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NO

COTIDIANO ESCOLAR

Apresentação de monografia à AVM

Faculdade Integrada como requisito

parcial para obtenção do grau de

especialista em Supervisão Educacio-

nal.

Por: Claudia Frederica Peres Gomes

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha orientadora, Profª Mary Sue pelo incentivo,

colaboração e participação neste trabalho.

Aos colegas do Curso pelas ideias abordadas em nossas conversas,

que me ajudaram bastante na elaboração desta monografia.

À minha mãe pela paciência nos momentos difíceis e pela falta de

tempo para me dedicar à família.

4

Aos meus pais, irmã, sobrinhos e amigos pelo apoio e carinho.

5

RESUMO

Este trabalho destaca o papel do supervisor educacional o qual deve

ter suas ações baseadas nas diretrizes e normas da educação nacional e,

através da supervisão aprimorar o ensino, trabalhando com pessoas que estão

lidando com alunos, sendo um processo de estimulação do crescimento e uma

maneira de ajudar os dirigentes educacionais a se ajudarem, atuando junto a

eles na condução das atividades didáticas, visando o desenvolvimento de

programas de ensino integrados tanto horizontal, ao nível de cada série, como

verticalmente, do primeiro ao último ano escolar, dando a necessária unidade

básica ao sistema. Seu trabalho, calcado nessas referências contribuirá

verdadeiramente para o alcance dos objetivos propostos pela escola.

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I – O que é o Supervisor Educacional? 12

CAPÍTULO II – Os desafios do Supervisor Educacional 24

CAPÍTULO III – A Ética Profissional do Supervisor Educacional 34

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

ÍNDICE 42

7

INTRODUÇÃO

A prática do Supervisor se dá numa sociedade de classes, que

apresenta sérias contradições, tanto no próprio sistema educacional, como na

forma de se encarar a educação. Assim, de um lado a educação recebe pouca

atenção de nossos dirigentes: as verbas para educação são diminutas, a taxa

de evasão escolar há quarenta anos se mantém praticamente a mesma, os

profissionais da educação são pessimamente remunerados, o ensino particular

é incentivado. De outro lado, há todo um cuidado do poder central para que a

educação não seja utilizada para desvelar a sociedade de classe na qual

vivemos: diretores de escola são punidos, associações de classe de

educadores são perseguidas, os livros didáticos são controlados. Por outro

lado, ainda, existem investimentos com educação no Brasil de hoje, que abrem

perspectivas de acesso à escola a uma parcela cada vez mais numerosa das

camadas populares.

Por essas e outras razões, não é de espantar que em muitas

escolas encontre-se um percentual de reprovação de 90%.

Neste contexto, tão complexo e tão contraditório, o profissional da

educação, obrigado a trabalhar muito com um salário cada vez mais reduzido,

fica esmagado pelo seu quotidiano e não consegue perceber a relação entre

educação e sociedade. Uma consequência disso é ou um ativismo

desenfreado, que faz que o educador não tenha tempo e condições de refletir

sobre sua ação, ou então um verbalismo vazio e inócuo que não leva a nada.

A superação dessa situação é um desafio que se oferece ao

Supervisor. Numa escola, compete ao Supervisor criar condições para que os

educadores que ali trabalham possam rever a sua atuação; não só constatar

que a escola vai mal, mas, principalmente, perceber o seu papel neste contexto

e o que fazer para melhorar a situação.

8

É possível melhorar esta escola que temos aí. É insensatez pensar

que antes precisamos transformar as estruturas sociais do país para então

podermos concretizar a escola dos nossos sonhos.

Uma das possibilidades concretas de atuação do supervisor é

exatamente a luta contra o ativismo e o verbalismo.

O ativismo não se resume apenas na sobrecarga de trabalho

didático, mas também nas burocráticas exigências absurdas de preenchimento

de guias, fichas, planos, etc. Também se manifesta na ausência de revisões

pedagógicas, onde um trabalho de equipe se concretize, ou na ausência de

momentos onde os educadores reflitam sobre sua prática, façam o caminho de

volta e percebam os atalhos em que entraram.

Nenhum educador cresce se não reflete sobre o seu desempenho

enquanto profissional e se não reflete sobre a ação que foi desenvolvida. Só

entramos na práxis quando refletimos sobre a prática. O ativismo, ao minimizar

a reflexão, nega a práxis verdadeira e impossibilita o diálogo.

E impressionante o tempo que perdemos na Universidade com

reuniões inúteis onde muitas vezes se discute apenas o acidental. Todos nós

sabemos, no entanto, que este problema atinge também a escola de ensino

Fundamental e Médio: tendo sido retirado da palavra a dimensão da ação, a

reflexão se transforma num verbalismo vazio, num blá-blá-blá alienado e

alienante. E forçoso reconhecer que nós educadores gostamos mais de nos

reunir para falar do que para fazer.

Para entrar na práxis e consequentemente superar o ativismo ou

verbalismo é indispensável que o Supervisor perceba a relação que existe

entre os problemas que enfrenta na escola e o contexto social, político e

econômico no qual a escola está inserida. Para tanto, é necessário não só que

o Supervisor esteja convencido de que o mundo não termina no portão da sua

escola, mas que também ele esteja realmente informado do que ocorre na

sociedade brasileira e procure perceber de que forma a sua prática é

9

influenciada por este contexto e por outro lado o que é possível fazer para

alterar esse contexto.

Muito ligado a este problema do ativismo e verbalismo está a

distância que separa a universidade da escola de ensino fundamental e médio.

Em geral, encontramos a seguinte dicotomia: a universidade pensa, a escola

de ensino fundamental e médio faz; ou então a universidade não faz, a escola

de ensino fundamental e médio não pensa. Esta dicotomia vai se refletir tanto

na formação quanto na atuação do supervisor.

Podemos levantar com tranquilidade a hipótese de que durante a

sua formação o futuro supervisor vai se deparar com professores universitários

que não passaram por uma experiência de sala de aula, ou, em muitos casos,

com professores universitários que nunca trabalharam como técnicos em

escolas. Esse fato vai aumentar a probabilidade de que a Universidade fique

discutindo grandes ideias, lindas teorias e não se debruce sobre o real. Além

disso, a Universidade em geral não oferece ao futuro Supervisor oportunidade

de passar por efetivas experiências em escolas, visto que os assim chamados

Estágios Supervisionados são um jogo de faz de conta.

Para aumentar essa distância, quando o recém-formado Supervisor

sai da Universidade, ele vai se defrontar com problemas na Escola para os

quais não possui um referencial que o habilite a enfrentá-los. São problemas

muito imediatos e concretos: alto índice de reprovação, a fome, a miséria, o

professor incompetente, a inadequação do livro didático, etc. Enquanto isso a

Universidade continua discutindo de onde uma forma puramente teórica a

reprodução das relações sociais, a mistificação pedagógica, a ideologia e as

relações entre educação e Grau: sociedade.

Para que possamos sair dessa situação muita coisa deve ser feita e

o Supervisor deve desempenhar um papel importante nessa luta. Gostaríamos

de apresentar alguns passos concretos que podem ser dados pelo Supervisor.

10

Em primeiro lugar é fundamental que todos nos engajemos na luta

por requalificar e revalorizar o professor, especialmente o professor de 1ª a 4ª

série.

A nível nacional este objetivo deve ser assumido pelas diversas

procure associações de educadores que nos últimos anos surgiram no país. A

nível da unidade escolar este também se constitui num desafio urgente. Neste

aspecto é necessário repensar o papel que o Supervisor vai desempenhar para

capacitar-se e capacitar o professor e, juntos, enfrentarem a tarefa de educar

as crianças que estão em nossas escolas. Deve ser superado o papel

tradicional desempenhado por muitos supervisores, no sentido de resumir a

sua prática na cobrança de planos, nas estratégias, objetivos e avaliações que

devem ser executadas pelo professor. Mais do que pretender ensinar novas

metodologias de ensino, a grande questão que se coloca ao Supervisor em

nossas escolas é encontrar alternativas de ação que possibilitem ao professor

viver a práxis, isto é, como possibilitar aos professores ocasiões para que eles

juntos possam rever a própria prática.

Neste sentido, o segundo passo proposto ao Supervisor é criar em

nossas escolas momentos de reflexão, para que juntos os educadores possam

trocar experiências, rever o que foi feito e juntos encontrar alternativa de ação.

Muitos supervisores têm se ancorado em razões de ordem burocrática para

justificar a ausência de contatos periódicos entre os professores. Sem dúvida

alguma, em muitos Estados do Brasil a legislação não só não favorece, como

impede que os professores se encontrem, pois não permite que as aulas sejam

suspensas para que haja reuniões e também não remunera o professor quando

estas ocorrem fora do horário escolar. No entanto, é imperioso encontrar

mecanismos que possibilitem burlar a burocracia e encontrar solução para este

problema. Na medida em que, através de um acordo tácito de consenso, a

maioria escolher esse caminho, a burocracia vai deixar de ser impedimento.

Finalmente, o terceiro desafio que se oferece ao Supervisor nas

escolas é criar estratégias que permitam detectar o tipo de vínculo que se

estabelece nas relações educador-educando e também entre os próprios

11

educadores. Se a complexidade da escola hoje, cada vez mais, exige um

trabalho de equipe, é absolutamente indispensável que as pessoas que se

disponham a trabalhar juntas se disponham também a rever a forma como se

relacionam.

Existem várias razões que justificam a necessidade urgente de o

educador na sua própria prática rever o tipo de relacionamento que mantém.

Em primeiro lugar "na relação pedagógica o que se aprende não é tanto o que

se ensina (o conteúdo) mas o tipo de vínculo educador-educando que se dá na

relação". (GARCIA, 1981) Esse vínculo pode assumir muitas formas diferentes:

dependência, autoritarismo, competição, cooperação etc. Em segundo lugar,

alguns psiquiatras, como Sullivan por exemplo, defendem a tese, segundo a

qual todo crescimento, lesão, regressão ou "cura" do ser humano resulta do

seu relacionamento com as pessoas. Em terceiro lugar os setores

conservadores da sociedade, desejosos de mantê-la como está, utilizam-se

não apenas do conteúdo das disciplinas ou dos livros didáticos, mas também

do vínculo que se estabelece entre os próprios educadores e também entre

educadores e educandos. Como a educação não é neutra haverá alguns

vínculos entre educadores e educandos, que generalizados na sociedade

melhor servirão aos interesses dominantes.

Neste sentido, é necessário que os Supervisores, tanto a nível de

sistema, como de unidade escolar revejam os vínculos implícitos em toda

prática educativa, pois parece-nos que ao invés de Supervisor Escolar (i. é.

educador) temos atuado como um Supervisor Gerente (i. é. controlador). As

relações educativas têm sido substituídas por relações burocráticas

(crescimento e amadurecimento substituídos por controles e programações).

Educação é uma tarefa e um encargo coletivo, no mundo de hoje.

Portanto, é imperioso que o Supervisor contribua decisiva e decididamente

para a formulação coletiva de projetos de saídas para os desafios propostos.

12

CAPÍTULO I

O QUE É SUPERVISOR EDUCACIONAL?

A escolha do tema apresentado deve-se, principalmente, a má ou

falta de informação sobre as profissões a serem seguidas, pois dúvidas em

relação à escolha sempre ocorrem. Escolher uma profissão não é somente

decidir o que fazer, mas decidir quem ser.

Assim, milhares de jovens apresentam dúvidas e enfrentam muitas

dificuldades, porém antes de escolher a profissão deve-se pensar muito para

não errar na escolha, assistindo ao jovem na solução das dificuldades que

enfrentam ao encarar a escolha da profissão, fazendo-os refletir sobre o projeto

de vida, exercer uma profissão e ser um bom profissional. Temos a obrigação

de oferecer maiores informações sobre as profissões, mercado de trabalho e

as universidades, auxiliando o jovem a refletir sobre a importância da profissão

como realização pessoal e profissional.

O primeiro registro legal sobre a atuação do Supervisor Educacional

no Brasil é de 1931. Neste período, estes profissionais executavam as normas

‘prescritas’ pelos órgãos superiores, e eram chamados de ’orientadores

pedagógicos’ ou ‘orientadores de escola’, tendo como função básica à

inspeção (ANJOS, 1988).

Relacionando o que Anjos nos traz com a origem etimológica da

palavra, torna-se possível aproximar o surgimento deste profissional com a

função que por ele deveria ser exercida. Colocar-se em plano superior aos

professores para inspecionar, ‘garantir a execução de’, seriam suas atribuições

neste momento da história.

De acordo com Saviani (2003, p. 26), a função de Supervisor

Educacional surge:

13

(...) quando se quer emprestar à figura do inspetor um papel predominantemente de orientação pedagógica e de estímulo à competência técnica, em lugar da fiscalização para detectar falhas e aplicar punições (...).

Este caráter, porém, não é assumido em sua essência, pois no final

da década de 50 e início da década de 60, em virtude do acordo firmado entre

Brasil e Estado Unidos da América para implantação do Programa de

Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar, o PABAEE, o

Supervisor Educacional tem estritamente a função de controlar e inspecionar.

O PABAEE tinha por objetivo ‘treinar’ os educadores brasileiros a fim

de que estes garantissem a execução de uma proposta pedagógica voltada

para a educação tecnicista, dentro dos moldes norte-americanos. Alguns

estados brasileiros como Minas Gerais, Goiás e São Paulo foram os principais

‘executores’ do Programa, porém esta tendência influenciou a educação e a

função do Supervisor Educacional em todo o país.

Neste período, a educação brasileira fundamentou-se basicamente

no PABAEE e o material elaborado pelos profissionais que trabalhavam no

programa eram fontes para especialização e aprimoramento dos docentes da

época.

Inicialmente os técnicos do PABAEE acreditavam que bastava

investir na formação dos professores através dos cursos ‘Normais’ para

garantir a execução das práticas impostas pelo Programa. Posteriormente

perceberam que o preparo do Supervisor Educacional, com base nas suas

concepções tecnicistas, teria uma eficácia maior, pois estes profissionais

poderiam atuar:

... interferindo, diretamente no que ensinar, no como ensinar e avaliar, educando professores e alunos para uma organização escolar fundada na ordem, na disciplina e na hierarquia e cimentada na visão liberal cristã. (GARCIA apud PAIVA, 1997, p. 40)

14

Os Supervisores desempenhavam um papel de multiplicadores e

inspecionavam a execução das idéias impostas pelo PABAEE, assim, o

programa passou a atingir um número maior de professores e alunos. Long, um

dos organizadores do programa, reforçando esta meta, conclui que: “isso indica

claramente que devemos trabalhar com pessoas que preparam professores,

em vez de trabalhar com professores regentes de classes” (apud PAIVA, 1997,

p. 48).

As Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, primeiramente

a LDB 4024/61, passam a prever setores especializados para coordenar as

atividades pedagógicas nas escolas como forma de buscar a execução das

políticas educacionais desejadas pelos Sistemas de Ensino.

No final da década de 80 inicia-se um movimento aberto de repensar

a educação. Alguns profissionais, insatisfeitos com a educação disseminada

nas escolas brasileiras, passam a refletir, discutir e buscar alternativas para

uma nova proposta sobre a função social da escola, o papel do educador e os

resultados que estas práticas pedagógicas trazem para os educandos.

A realidade provocada pela distância que a escola impôs entre a

vida real dos educandos e o objetivo da educação, passa a desagradar, a

desacomodar, a incomodar, a promover a problematização e a reflexão.

Dentre outros pensadores, encontra-se Paulo Freire (1992), cujas

teorias vão de encontro a esta realidade e assumem um papel importante

quando provocam uma reflexão e mobilizam em direção à mudança desta

perspectiva. Ele nos traz que a esperança, a tolerância, o formar-se para poder

formar, o respeito aos saberes dos educandos, a busca de respostas e de

conhecimentos, o saber-se inacabado, a escuta e o diálogo, são princípios que

desestabilizam a prática pedagógica de muitos educadores, fazendo-os

buscarem novos rumos, novos caminhos, impulsionando os profissionais da

educação a repensarem suas práticas.

15

Com o alvorecer desta nova realidade apontado, o Supervisor

Educacional passa a ter de refletir sobre: ‘o que fazer, por que fazer, para que

fazer’, assumindo, enquanto educador, a dimensão política de sua função.

Como diz Medina (2002, p. 46):

O supervisor abdica de exercer poder e controle sobre o trabalho do professor e assume uma posição de problematizador do desempenho docente, isto é, assume com o professor uma atitude de indagar, comparar, responder, opinar, duvidar, questionar, apreciar e desnudar situações de ensino, em geral, e, em especial, as da classe regida pelo professor

Esta mudança de paradigma demanda outras atribuições, fazendo

com que professores passem a buscar no Supervisor uma ação renovada,

apoio, formação, orientação, a fim de qualificar sua prática pedagógica.

Por esta razão, pensar a prática cotidiana da escola requer profundo esforço prático-teórico, teórico-prático por parte do supervisor. Este esforço contribui significativamente para compreender a realidade escolar, sugerindo perguntas e indicando possibilidades. Este esforço é feito em parceria com os demais agentes educacionais que atuam na escola, especialmente o professor regente de classe. (MEDINA, 1997, p. 29-30)

Neste sentido, e apontando para a evolução na atuação do

Supervisor Educacional, Rangel situa este profissional no sentido pedagógico,

caracterizando seu trabalho como de “assistência ao professor, em forma de

planejamento, acompanhamento, coordenação, controle, avaliação e

atualização do desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem” (1988, p.

13-14). Esta nova dimensão coloca-o como ‘professor’ de seus professores,

alguém que provoca, desafia, incita, questiona, faz pensar.

O serviço de supervisão educacional deve trabalhar em conjunto

com serviço de orientação que também é um setor existente dentro da escola

que se envolve com os alunos, realizando mediações entre professores alunos

16

e pais para que problemas relacionados à aprendizagem, a determinados

comportamentos, à inclusão de alunos portadores de deficiência entre outras,

possam ser mediados de maneira efetiva e qualitativa e participar na

construção do Projeto Político Pedagógico da escola, visando o

desenvolvimento dos alunos de acordo com a realidade a que pertencem.

Para que juntamente supervisão e orientação busquem realizar a

construção de uma educação de qualidade. É seu objetivo, através de um

trabalho em conjunto, procurar conhecer o contexto no qual a escola está

inserida, dar suporte e assessoramento à direção, professores, alunos e

comunidade, assim como atender às necessidades da escola.

É também função do supervisor educacional construir o Projeto

Político Pedagógico da escola, envolvendo direção, orientação, comunidade,

funcionários e professores, pois todos serão responsáveis pela educação dos

futuros cidadãos que constituirão uma nova concepção de mundo. E para que

isso aconteça é preciso que o setor pedagógico seja assumido por pessoas

qualificadas para se ter qualidade no serviço oferecido; qualidade essa

merecida pela educação, como nos aponta Vasconcellos (2002, p. 71):

[...] é preciso ter pessoas altamente qualificadas neste âmbito a fim de ajudar na coordenação da travessia, não como o ‘iluminado’, dono da verdade, mas naquela perspectiva que apontamos do intelectual orgânico: alguém que ajuda o grupo na tomada de consciência do que está vivendo para além das estratégias de intransparências que estão a nos alientar.

O setor de supervisão educacional é um órgão importante em uma

instituição escolar, principalmente no que se refere a pratica docente, pois é ele

um dos mediadores entre o saber fazer, o saber ser e o saber agir do

professor. Sabe-se o quanto é difícil propor aos professores uma pratica

inovadora ou uma nova forma de pensar.

Portanto, o setor pedagógico deve proporcionar assessoramentos ao

corpo docente, organizar palestras, cursos de qualificação, assim como

reuniões em que os professores desenvolvam projetos de pesquisa individuais

17

ou em grupos, apresentando-os aos colegas através de palestras ou

seminários, dando sentido ao fazer do professo e elevando, com isso, a sua

auto-estima.

Como se pode perceber, o setor pedagógico tem como papel na

formação continuada do docente mobilizar os diferentes saberes dos

profissionais da educação para que a escola possa cumprir com a sua função

de maneira efetiva: possibilitar que os alunos aprendam, sentindo-se sujeitos

pertencentes ao espaço escolar.

A supervisão educacional (ou escolar) constitui-se num trabalho

profissional que tem o compromisso juntamente com os professores de garantir

os princípios de liberdade e solidariedade humana, no pleno desenvolvimento

do educando, no seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação

para o trabalho e, para isso assegurar a qualidade de ensino, da educação, da

formação humana. No cenário nacional, a supervisão educacional tornou-se

“função meio”, que garantiria a eficiência da tarefa educativa, através do

controle da produtividade do trabalho docente.

Ao se estabelecer um conceito supervisão, é importante esclarecer o

sentido etimológico do termo. A palavra Supervisão é formada pelos vocábulos

super (sobre) e visão (ação de ver). Indica a atitude de ver com mais clareza

uma ação qualquer. Como significação estrita do termo, pode-se dizer que

significa olhar de cima, dando uma “idéia de visão global”.

Afirma Ferreira (1999) que supervisor é aquele que

... assegura a manutenção de estrutura ou regime de atividades na realização de uma programação/projeto. É uma influência consciente sobre determinado contexto, com a finalidade de ordenar, manter e desenvolver uma programação planejada e projetada coletivamente.

O supervisor educacional faz parte do corpo de professores e tem a

especificidade do seu trabalho caracterizado pela coordenação – organização

18

em comum – das atividades didáticas e curriculares e a promoção e o estímulo

de oportunidades coletivas de estudo.

Conforme Alarcão (1996), no contexto brasileiro, a supervisão

apresenta-se como uma prática relativamente recente. Remonta aos anos 70 e

surgiu no cenário sócio-político-econômico, historicamente, como a função de

controle.

Esta opinião pode ser vista nas palavras de Rangel et al. (2001, p.

12) que relatam:

A supervisão passa de escolar, como é frequentemente designada, a pedagógica e caracteriza-se por um trabalho de assistência ao professor, em forma de planejamento, acompanhamento, coordenação, controle, avaliação e atualização do desenvolvimento de processo ensino-aprendizagem. A sua função continua a ser política, mas é uma função sociopolítica crítica (...).

Nesta perspectiva, na atualidade pode-se dizer que o papel do

supervisor está ligado à gestão da escola como um todo. Uma vez que ele

busca junto com o professor diminuir as eventuais dificuldades do ensino

escolar em relação ao ensino-aprendizagem.

A supervisão da qual se fala neste contexto é a que se realiza na

escola, em conjunto com a equipe docente, com a função de ação didática e

curricular. É preciso, entretanto, reconhecer outros níveis centrais e

intermediários da função supervisora, à qual incluem ações de naturezas

pedagógicas, administrativas e de inspeção.

Todavia, são históricos, também os conceitos sobre a função do

Supervisor, que se representam a partir de práticas e modelos implícitos em

discursos que tornaram legítimos a ideologia, em quase todos os casos,

dominante. Como o período da ditadura não é um fato histórico tão distante,

muitos ainda não se desvencilharam totalmente de seus efeitos, utilizando

termos confusos, quando querem falar sobre fiscalização e inspeção.

19

A estruturação do Serviço de Supervisão se deu sobre esta ótica, o

que hoje levam muitos a confundir aspectos técnicos com administrativos, até

porque as ideias que geraram a Supervisão Educacional são decorrentes de

uma política perpetuadora (difundida) da estratificação social (pela formação de

classes sociais). “É neste contexto, que emerge a Supervisão Educacional

como um meio de controlar o que foi planejado ao nível central” (SILVA, 1987,

p. 72).

De acordo com Silva Júnior e Rangel (1997), em seu início a

Supervisão Educacional foi praticada no Brasil em condições que produziam o

ofuscamento e não a elaboração da vontade do supervisor. E esse era,

exatamente, o objetivo pretendido com a supervisão que se introduzia. Para

uma sociedade controlada, uma educação controlada; um supervisor

controlador e também controlado.

Lima (in RANGEL, 2001), acredita que, com a implantação dos

Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC, 1997), a supervisão educacional foi

considerada uma grande aliada do professor na implementação, associada à

avaliação crítica, desses parâmetros. Contudo, para que se possa alcançar

esse objetivo, é necessário que a supervisão seja vista de uma perspectiva

baseada na participação, na cooperação, na integração e na flexibilidade.

Nesse sentido, reconhece-se a necessidade de que o supervisor e o professor

sejam parceiros, com posições e diálogos definidos e garantidos na escola.

A questão do conceito é extremamente importante, uma vez que ela

determina uma prática, numa determinada ideia, em determinada época. Esta

ação pode ser restrita ou abrangente, burocrática ou pedagógica, política ou

muito condescendente, transferida ou comprometida. Permite optar por uma

ação que lança ideias, que, aliás, deve ser a característica de um Supervisor

Educacional. Assim, busca-se evidenciar, na prática, o papel da supervisão

educacional junto aos professores de uma escola.

20

1.1 – Objetivo Geral

O supervisor educacional tem como objetivo de trabalho articular

crítica e construtivamente o processo educacional, motivando a discussão

coletiva da comunidade escolar acerca da inovação da prática educativa, cujo

fim é garantir a qualidade do ensino, o ingresso, a permanência e o sucesso

dos alunos.

Ao refletir sobre o enunciado acima, ocorreu-me um

questionamento, que julgo importante para reflexão: que mecanismos e

ferramentas o supervisor educacional poderá utilizar para efetivar sua prática e

quais saberes serão necessários para tal?

Acredito que um supervisor consciente de suas responsabilidades,

possibilidades e limitações, poderá desenvolver seu trabalho com qualidade. A

qualidade desse trabalho vai além do comprometimento com a humanização

da administração escolar.

É necessário que o supervisor educacional tenha uma visão de todo

o processo ensino-aprendizagem, de tal forma que o possibilite perceber que

para se alcançar os objetivos de um trabalho, não pode perder a dimensão

humanística que reveste qualquer atividade trabalhista, ou seja, que trabalha

com pessoas e para pessoas, e portanto, tem que saber lidar com as diversas

situações do cotidiano das relações sociais que ocorrem no interior da escola e

da comunidade adjacente, articulando e mediando conflitos, gerando

oportunidades de participação e acesso na comunidade escolar, esta entendida

como professores, zeladores, merendeiras, funcionários da secretaria, a

direção, a comunidade do bairro, etc.

Enfim, a prática da supervisão deve possibilitar ao outro o

sentimento de inclusão no processo; o sentimento de estar vivo e fazer parte

da escola.

21

O supervisor deverá ser o mediador da relação de trabalho dos

diferentes segmentos educacionais. O trabalho do supervisor deverá ser

baseado em uma prática reflexiva e uma postura de parceria. Uma prática

reflexiva não é apenas uma competência a serviço dos interesses dos

professores é uma expressão da consciência profissional, assim o papel do

supervisor, já que também é um educador e deve estar comprometido com a

construção da aprendizagem significativa. O Supervisor deve estar sempre

pautado numa postura ética, numa prática reflexiva para que junto com os

demais envolvidos na educação, tenham como meta final a aprendizagem e a

assimilação, por parte dos alunos, de conteúdos relacionados com o mundo

atual, e todo este trabalho será mais eficaz se o supervisor for então este

articulador do processo de ensino-aprendizagem tendo uma atuação direta

com os docentes.

Conforme Silva Júnior e Rangel (1997) a ação supervisora, implica

ter-se uma concepção clara a respeito:

♦ Da escola como instituição social fincada numa sociedade que

tem sua base no sistema capitalista;

♦ Do sentido que tem a educação e o ensino;

♦ Da posição que o sistema de ensino atribui para o supervisor

como um dos agentes educacionais;

♦ Da posição que o próprio supervisor se atribui como agente do

ensino e da educação;

♦ Do objeto específico de trabalho do supervisor educacional e da

capacidade de observar o cotidiano, para através dele, transformar sua ação.

A função do Supervisor é uma referência frente ao grupo, frente ao

todo da escola. Este profissional enquanto responsável pela ‘coordenação’ do

trabalho pedagógico assume uma liderança, um papel de responsável pela

22

articulação dos saberes dos professores e sua relação com a proposta de

trabalho da escola.

1.2 – Objetivos Específicos

♦ Desenvolver pesquisa de campo, promovendo visitas, consultas e

debates no sentido socioeconômico educativo, para tomar conhecimento dos

recursos, problemas e necessidades de área educacional de sua

responsabilidade;

♦ Orientar o corpo docente no desenvolvimento de suas

potencialidades profissionais, assessorando de forma técnica e pedagógica a

fim de incentivar a criatividade, o espírito de autocrítica, o espírito de equipe e a

busca de aperfeiçoamento;

♦ Avaliar o processo ensino-aprendizagem, examinando relatórios

ou participando de conselhos de classe, para aferir a validade dos processos

de ensino;

♦ Participar da elaboração do projeto educacional da Unidade

Escolar;

♦ Coordenar o processo de elaboração dos planos de ensino;

♦ Promover a articulação entre os diversos segmentos que atuam

no contexto pedagógico e dos diferentes componentes curriculares;

♦ Coordenar os debates sobre as bases do projeto pedagógico;

♦ Acompanhar o trabalho desenvolvido em salas de aulas, oficinas,

laboratórios etc., propondo alternativas de aproveitamento profissional;

♦ Participar da definição de estratégias que visam a efetiva melhoria

do desempenho das turmas, dos alunos e dos profissionais envolvidos no

projeto pedagógico;

23

♦ Assessorar e acompanhar o trabalho estatístico da secretaria

escolar, visando o controle do desempenho de alunos profissionais da escola,

analisando seus resultados e encaminhando medidas a fim de melhorar o

processo pedagógico.

24

CAPÍTULO II

OS DESAFIOS DO SUPERVISOR EDUCACIONAL

Conforme Silva (1985), a caracterização e compreensão da função

supervisora no contexto educacional brasileiro decorre do sistema social,

econômico e político. A supervisão educacional se justifica como um meio de

garantir a execução do que foi planejado. Esclarece que a responsabilidade do

supervisor, como especialista da educação é de trabalhar em função do

desenvolvimento do homem, da promoção humana.

O supervisor educacional deverá ser capaz de desenvolver e criar

métodos de análise para detectar a realidade e gerar assim estratégias para

agir, como afirma Silva (1985, p. 68):

É o Supervisor Educacional um criador de cultura e de aprendizagens não apenas intelectual e/ou técnica, mas também afetiva, ética, social e política, que se questiona e questiona o circunstancial, definindo e redefinindo propriedades em educação no momento histórico brasileiro.

Ao falar de supervisão educacional no Brasil (SILVA JUNIOR, 1997),

ressalta que poucas práticas profissionais pagaram um tributo tão alto quanto

ocorreu com a supervisão educacional.

Para que esse supervisor se fizesse possível foi lhe sugerido que o

controle, a decisão é sempre atributo dos que detêm o poder, e que a melhor

maneira de servir aos homens seria ensiná-los a submeterem-se ao poder,

uma forma de dominação do dominante nesse caso o supervisor.

A esse respeito Silva Junior (1997, p. 96) acrescenta:

Se não cabe ao supervisor impor soluções ou estabelecer critérios obrigatórios de interpretação, cabe-lhe, sem dúvida, por ser brasileiro e por ser um educador responsável, ajudar na construção da consciência histórico-política necessária à luta contra a dominação. Isso implica uma posição de profunda

25

atenção aos fatos do cotidiano escolar e do cotidiano da sociedade que lhe assegure condições de análise adequada do significado das ocorrências que se vão acumulado.

No entanto, educadores sejam professores ou supervisores, para

avançar na construção de um mundo e de uma educação adequada à

necessidade da luta contra a dominação tem sido uma tarefa delicada, árdua,

que necessita de tempo, não tem sido fácil o caminho percorrido por

educadores para conseguir tal objetivo.

Para mudar também se faz necessário que haja no sistema escolar

um maior número de supervisores e que estes sejam bem preparados.

Ensinar supervisão no Brasil hoje significa necessariamente

pesquisar supervisão. Pesquisar “a” e “para” a supervisão. Significa

consequentemente, examinar criticamente à prática que se desenvolve e

investiga as situações e as condições que possam contribuir para o

desenvolvimento qualitativo dessa prática. A ciência da supervisão será

construída sem abrigar a pretensão da objetividade absoluta. É da unidade

dialética das atividades teórica e prático-experimental que deverá resultar a

supervisão da educação adequada ao atendimento das necessidades reais do

conjunto da população.

As instituições que oferecem cursos com habilitação em supervisão

se defrontam com problemas com os acadêmicos que buscam se preparar

para o exercício da futura profissão. Por estarem sobrecarregados pelo

excessivo número de seus encargos, os futuros supervisores não podem se

dedicar ao curso de formação, o tempo e o empenho indispensáveis a uma

preparação criteriosa à nova função que aspiram.

Supervisionar uma escola é orientar sua administração para a

realização do ensino, seu objetivo precípuo. Como conseguir efetivamente

essa realização deve ser a preocupação central do processo de formação dos

supervisores. Dessa forma, aspira-se que com a sua prática o supervisor possa

26

superar as deficiências de sua formação, desenvolvendo assim seu papel de

articulador do projeto pedagógico.

Vale ressaltar que quando o supervisor se forma seus problemas

continuam com a necessidade de estar trabalhando muitas vezes em mais de

uma escola, dificultando ainda mais com a necessidade da multiplicação dos

locais de trabalho dos professores obrigados à fragmentação de sua jornada,

pois muitas vezes assim se faz necessário com remuneração por hora/aula.

Muitos educadores assumem aulas em várias escolas para atingir o

número de aulas que lhes são estipuladas, outros para garantir uma

remuneração que lhes deem uma estabilidade econômica além de seu padrão

assumem aulas extras. A partir dessa reflexão, pode-se afirmar que o ideal

para o supervisor ter melhores condições de estar desenvolvendo seu trabalho

com sucesso fosse possível que professores e supervisores permanecessem

presentes durante o dia todo de trabalho apenas em uma única escola.

Enredado na multiplicidade das tarefas que lhe são estipuladas para

desenvolver e aquelas que deve estipular e cobrar parece impossível direcionar

seu trabalho de forma a desenvolvê-las atendendo as necessidades desejadas

pelos professores, que muitas vezes esperam do supervisor apoio para se

desenvolver.

Pode-se afirmar, para que tal trabalho seja possível é importante que

o supervisor se torne um organizador de reflexões educativas com os demais

educadores, repensando sua relação com os professores de modo a ter

desses, sua confiança e prestigio.

O trabalho dos profissionais da educação em especial da supervisão

educacional é traduzir o novo processo pedagógico em curso na sociedade

mundial, elucidar a quem ele serve explicitar suas contradições e, com base

nas condições concretas dadas, promover necessárias articulações para

construir alternativas que ponham a educação a serviço do desenvolvimento de

relações verdadeiramente democráticas.

27

Para desenvolver o trabalho, o supervisor precisa ser um constante

pesquisador, é necessário que ele antecipe conhecimentos para o grupo de

professores, lendo muito, não só sobre conteúdos específicos, mas também

livros e diferentes jornais e revistas. Entre as tarefas do supervisor estão ajudar

a elaborar e aplicar o projeto da escola, dar orientação em questões

pedagógicas e principalmente, atuar na formação continua dos professores.

O supervisor faz a transposição da teoria para a prática escolar,

reflete sobre o trabalho em sala de aula, estuda e usa as teorias para

fundamentar o fazer e o pensar dos docentes. Um bom supervisor deve

apresentar em seu perfil as seguintes características: auxiliador, orientador,

dinâmico, acessível, eficiente, capaz, produtivo, apoiador, inovador, integrador,

cooperativo, facilitador, criativo, interessado, colaborador, seguro, incentivador,

atencioso, atualizado, com conhecimento e amigo.

A Supervisão Escolar passa então a ser uma ferramenta de atuação

tendo como princípio o fazer, o agir, o movimentar, o envolver-se, o modificar e

para isto é necessário que esteja firmado em nossa essência o querer moldar

pessoas. Os pequeninos vêm para nós como folhas em branco, onde muitos de

nós irão fazer parte de suas histórias e porque não dizer fazer a própria

diferença em seus futuros. Como é possível observar, a educação é uma tarefa

e um encargo coletivo no mundo de hoje, logo Cunha (2006, p. 271) diz o

seguinte:

É imperioso que o profissional da educação contribua decisiva e decididamente para melhor fluir os projetos propostos para a resolução de problemas e enfrentamentos de desafios na escola.

Apontado o primeiro passo, que é o querer, passemos para outro, o

fazer. Para se construir sociedades humanas é preciso interessar-se em

pessoas, já que pessoas são mais importantes que coisas, precisamos criar

uma cultura do fazer, do preocupar-se, do incomodar-se com este sistema que

hoje se faz presente.

28

A diferença está em aceitar como as crianças vêm, mas não deixá-

las sair da mesma forma que entraram. É preciso estar em um processo de

simbiose, onde passemos a sentir o que nossos pequeninos sentem e

compreender como podemos ser instrumentos de ajuste social no contexto que

se apresenta na escola. Isto só é possível se estivermos imbuídos de um

espírito de altruísmo, já que nem sempre a supervisão escolar terá a seu dispor

a estrutura necessária para desenvolver seus projetos e suas metas. Logo,

chegamos ao entendimento de que precisamos realmente ser apaixonados por

gente, amar as pessoas verdadeiramente, onde todo professor, educador,

supervisor, gestor etc., precisa dessas características. O segredo do sucesso

esta em ouvir os educandos em suas dificuldades e necessidades, buscar

estabelecer entre educandos e educadores um canal de comunicação que vise

dar a eles a condição de serem ouvidos.

A escola pode ajudar muito neste sentido, desde que todos os

envolvidos contribuam com sua parcela de ajuda comprometendo-se com o

desenvolvimento social, educacional e familiar de todos os educandos. O papel

da escola hoje é formar pessoas fortalecidas por seu conhecimento, orgulhosas

de seu saber, emocionalmente corretas, capazes de autocritica, solidárias com

o mundo exterioras e capacitadas tecnicamente para enfrentar o mundo do

trabalho e da realização profissional. Neste contexto, o diretor de escola é o

principal responsável pela execução eficaz da política educacional.

O desafio para o profissional da Supervisão Escolar é enorme, ele

terá que muitas vezes ser um visionário, já que o reflexo de suas ações poderá

acontecer talvez no futuro e a construção do educando só será sentida no

decorrer dos anos, já que o trabalho de supervisores e professores é feito

coletivamente. Não podemos vislumbrar como as nossas ações afetarão

aqueles que nos são confiados, ou de que forma afetarão todos que rodeiam

ou que sonham com a escola mais justa e mais humana. O que podemos ter

certeza é que o futuro não será o mesmo.

Existe muita negatividade dentro das escolas e em nossa prática

docente sempre nos encontramos com estas situações e poderemos até

29

vivenciar esta desesperança que às vezes se abate sobre nossos próprios

ombros. Sem dúvida construindo bases sólidas de conhecimento,

relacionamento e respeito poderemos mudar, este estado de coisas que hoje

se abate no sistema educacional brasileiro.

Cabe ao Supervisor Escolar criar, portanto, condições próprias para

este grande projeto de vida que será o seu sacerdócio durante sua vida

profissional. Podemos, com certeza, construir grandes valores no espaço da

escola criando uma onda de relacionamento com as famílias, comunidade,

escola, governo e envolvê-los na problemática da escola que irá com isto

atender os pressupostos básicos para a qual foi criada.

Os desafios são enorme, falta de estrutura, recursos escassos, má

vontade dos educadores, dos alunos dos funcionários administrativos, enfim,

uma série de coisas que dificultam o trabalho do Supervisor, mas que não

impedem que o mesmo possa criar na sua atividade profissional meios de

mudar esta realidade e fazer com que a escola mude sua cara, e se transforme

na escola de nossos sonhos.

As condições para mudar estão em nossas mãos. O diferencial

passa, então, pelo respeito às escolhas e depois a influência positiva que

podemos ter sobre as pessoas. Temos que ser como uma pequena pedra

atirada no rio que provoca pequenas ondas e que depois vão se tornando

grandes até o ponto de causar grandes transformações em todos que fazem

parte da sociedade.

Se quisermos podemos ser os agentes desta transformação, se

começarmos a colocar em prática os conteúdos aprendidos em sala de aula e

tão debatidos na construção da nova escola, a escola que queremos para

nossos filhos e para todos. Como agentes da transformação cabe aos

Supervisores Escolares dar o ponta pé inicial deste desejo nacional de

mudanças e que só precisa começar e para não mais parar, não podemos nos

conformar com este estado de coisas, não existe o não consigo, existe sim o

não quero.

30

O supervisor, na atual realidade, é capaz de pensar e agir com

inteligência, equilíbrio, liderança e autoridade, valores esses que requerem

habilidade para exercer suas atividades de forma responsável e comprometida.

Na década de 90, a supervisora é apontada como instrumento necessário para

mudança nas escolas. Justamente nesta década, segundo Ferreira (2003, p.

74):

[...] desempenha-se o supervisor competente, entendendo-se que a competência é, em si, um compromisso público com o social e, portanto, com o político, com a sua etimologia na polis, cidade, coletividade. E o interesse coletivo opõe-se ao interesse individualizado, na educação e no seu serviço de supervisor.

Os sinais de descaso estão por toda à parte. A falta de interesse de

nossos governantes, falta de recursos nas escolas, baixos salários, falta de um

projeto sério de escolarização e políticas públicas em todos os níveis, pois o

que temos hoje é um paliativo que não atende a demanda crescente de nosso

povo.

Cada vez mais nossos alunos saem das escolas sabendo menos do

que precisam para suas vidas, não há uma visão critica de formar cidadãos,

por isto, precisamos de supervisores audaciosos que ousem sonhar e realizar,

que sejam verdadeiros guerreiros da transformação, arautos do conhecimento,

defensores da verdade, e principalmente que ame as pessoas.

Alunos desinteressados, analfabetos funcionais, baixa qualificação

profissional, despreparo emocional, são apenas alguns sintomas desta doença

que se instalou no meio escolar. Reflexo da falta de interesse da maioria dos

envolvidos no processo que não querem ou não sabem que o sucesso desta

empreitada nacional é para toda a vida. Os supervisores devem pegar no

batente, importando-se com todos que passam pelo espaço da escola já que

muitos e quem sabe milhares de milhões, ficaram marcados para sempre neste

tempo, que pode ser construtivo ou destrutivo.

31

No livro o Monge e o Executivo, aprendemos que quando mais

autoridade, mais responsabilidade temos, e que só depende de cada um fazer

a diferença na escola. Segundo Hunter (2004, p. 95) "então, por definição

quando você exerce autoridade deverá doar-se, amar, servir e até sacrificar-se

pelos outros". Podemos contaminar a todos com nossa energia, alegria,

serviço, altruísmo, sonhos e fazer com que os educandos e educadores se

libertem deste sistema padronizado de escolhas que hoje está vigente.

Cabe, portanto, ao Supervisor Escolar estar sintonizado com as

necessidades da comunidade e propor projetos que atendam aos anseios de

todos que almejam futuro melhor. Muita coisa pode ser feita no contexto

escolar, podemos desenvolver atividades que aproximem a comunidade da

escola, da família e dos objetivos para a qual ela existe. A escola como espaço

social e público deve ter esta característica de servir a todos os que a

procuram, bem como envolver outros segmentos da sociedade em suas

atividades. Supervisor Escolar deve, portanto ser esta ponte de acesso entre

todos, possibilitando um maior conhecimento entre os participantes desta

grande aventura que é a formação de pessoas para a sociedade.

Somente sendo um profissional antenado com estas características

e com as necessidades de todos os envolvidos, tendo um forte senso de

responsabilidade e de iniciativa, não esperando por quem não vem, é que

seremos profissionais de sucesso e cidadãos realizados. O grande sucesso

que o Supervisor Escolar terá em sua vida pessoal será a certeza de ter

contribuído para o sucesso de muitas vidas que cruzarão seu caminho no

decorrer dos anos da docência.

Não há nada de mais belo do que ver uma vida desabrochando e

exalando o agradável aroma de ser chamado de cidadão. A escola tem,

portanto, a obrigação de fazer o melhor a seus alunos que buscam neste local

o pote no fim do arco-íris. Trabalhando em equipe, o Supervisor Escolar e

todos os profissionais envolvidos terão não as melhores condições para

desenvolver suas metas, mas com certeza terão o apoio moral que faz toda a

diferença nos dias atuais.

32

Diante das diferentes e diversificadas funções do Supervisor

Escolar, podemos citar como a de maior relevância a de coordenador, onde a

organização do trabalho é comum, assim como a unificação dos alunos,

professores, equipe pedagógica e direção da escola.

É diante destas responsabilidades que se faz necessário mudanças

significativas na formação e postura do Supervisor Escolar, e com isso

reconhecendo seus aspectos gerais, onde Ferreira (2003, p. 75) diz:

Ressignificar e revalorizar a supervisão, reconceitua-se, de modo a compreendê-la, na sua ação de natureza educativa e, portanto sociopedagógica, no campo didático e curricular do seu trabalho, no seu encaminhamento de coordenador.

Estamos acostumados a ouvir “manda quem pode”, “obedece quem

tem juízo”, mas no contexto escolar não existe esta premissa, mas sim o

exemplo, pois quem quer ser líder e estar em destaque, seja o primeiro que

faça. Talvez uma das grandes dificuldades do ser humano seja exatamente

esta, precisamos de destaque a todo o momento.

Mas o supervisor, o administrador não é assim, é antes um

profissional que não se importa se vai ser reconhecido ou não, e na maioria

das vezes não é mesmo, o que importa de verdade é ser útil à sociedade, as

pessoas, a todos. Na verdade, não deveriam ser chamados de Supervisores

Escolares, mas sim de administradores de vidas, pois muitas delas dependerão

de suas decisões e de como elas afetaram a vida dos alunos.

É preciso tomar a sábia decisão de fazer sempre o que for

necessário para direcionar nossas crianças e jovem para a maior aventura que

eles irão participar que é o seu futuro. Cada ser social, cada aluno é um

indivíduo em especial, com características próprias de aprendizagem e

necessidades diferentes. De acordo com Gadotti e Romão apud Oliveira (2003,

p. 330):

33

Todos os segmentos da comunidade podem compreender melhor o funcionamento da escola, conhecer com mais profundidade os que nela estudam e trabalham, intensificar seu envolvimento com ela e, assim, acompanhar melhor a educação ali oferecida.

Supervisor, Administrador talvez, líderes quem sabe, servos com

certeza. A recompensa será com certeza vidas transformadas, vidas salvas da

degradação moral e social, famílias restauradas e um forte sentimento de dever

cumprido. Portanto, Supervisores e Professores têm em suas mãos a chave da

vida ou da morte de muitos.

Muitos dizem que ensinar é uma arte e que servir é um dom. Para os

Supervisores Escolares é muito mais que isto. É um modo de vida, é o modo

como escolhem viver. Com suas dificuldades e seus desafios com suas

recompensas e suas frustrações.

Se o Supervisor Escolar pensar que será um mar de rosas é melhor

parar aqui. Mas, se quiser entrar nesta nave chamada "Conhecimento

Humano", não se arrependerá. Pois, trará um enorme beneficio à sua vida e a

de todos que o rodeiam.

A Supervisão Escolar é um exercício de cidadania, amor, altruísmo e

abnegação, onde só os fortemente determinados terão êxito. Não como todos

acham como riqueza, mas sucesso na sua vida emocional. Na sua psique, pois

nada dá mais prazer na vida do que ver seres humanos crescendo no seu

Saber e transformando seus sonhos em realidade.

Quer ser Supervisor? Excelente, então se dedique e busque de todo

o seu coração, pois somente lá poderá encontrar forças para chegar ao fim da

jornada.

34

CAPÍTULO III

A ÉTICA PROFISSIONAL DO SUPERVISOR

EDUCACIONAL

6.1 – Conceito de Ética

6.1.1 – Considerações gerais

Em razão dos múltiplos contatos que o supervisor educacional tem

com pessoas – diretores de escolas, professores, pais de alunos, outros

supervisores e orientadores educacionais, dentre outros -e, em conseqüência

do importante papel que ele desempenha no campo educacional, é necessário

que cumpra suas obrigações de forma honrada e correta. As virtudes como:

lealdade, fidelidade, honradez e justiça, dentre outras, são imprescindíveis na

personalidade do supervisor educacional.

O comportamento social do homem é uma prerrogativa básica no

convívio em grupo. Desde que o homem optou por viver em sociedade, teve

que aceitar as regras, as normas e os padrões comportamentais estabelecidos

pelo grupo.

As normas de comportamento foram se ampliando e aprimorando

com o passar dos tempos e com o aumento do número de pessoas que

integram cada agrupamento humano, até se tornarem em princípios, os quais

devem ser seguidos por todos os membros da comunidade.

6.1.2 – Conceito de ética

Os princípios de comportamento do homem social são orientados

pela Ética, que é a parte da Filosofia que se preocupa com a moral e as

obrigações do homem. Ela é a ciência descritiva dos fatos morais; do que é

certo e do que é errado; do bom e do mau.

35

É a ética, portanto, que orienta e dirige o comportamento social do

homem, oportunizando-lhe o “conhecimento das regras” que permitirão sua

integração no meio em que vive. Dentro da sociedade o indivíduo não é

inteiramente livre para agir “como lhe der na cabeça”. Ele tem sua conduta

sujeita a certas normas, a certas restrições. A não observação destas normas e

restrições marginalizam o indivíduo na sociedade.

6.2 – A Ética Profissional do Supervisor

Além deste comportamento geral a que estamos nos referindo e que

atinge a todos que convivem num determinado agrupamento humano, há

comportamentos ou atitudes que são próprios de agrupamentos específicos e

limitados dentro da sociedade. Assim, as agremiações sociais, culturais,

esportivas ou recreativas têm seu Estatuto que estabelece as normas de ação

para seus associados. As organizações, em geral têm seu Regimento Interno

que regulamenta as atividades de seus membros.

Também os grupos profissionais têm comportamentos específicos a

serem observados por seus membros. Há, portanto, uma Ética Profissional dos

Médicos, dos Engenheiros, dos Psicólogos, dos Advogados, etc., assim como

existem comportamentos e atitudes que são esperados dos diretores de

escolas, dos supervisores educacionais, orientadores educacionais, inspetores

de ensino, professores e alunos. Até mesmo entre os marginais existe uma

certa “ética profissional”, que estabelece o “Estatuto da Gafieira” ou que

regulamenta o comportamento de seus membros, como diz o ditado “ladrão

não rouba ladrão”.

A supervisão educacional é uma função relativamente recente em

nosso meio, mas que já conta com um número expressivo de pessoas

trabalhando em sistemas de ensino, em escolas (coordenadores pedagógicos)

e em programas especiais. Portanto, já é oportuno que se pense em

estabelecer uma Ética Profissional para os Supervisores educacionais, que

36

oriente o comportamento destes profissionais, através de um Código de Ética

Profissional dos Supervisores Educacionais.

Este código de ética estabelecerá as normas de conduta do

supervisor em relação à sociedade, ao governo, à entidade mantenedora, à

escola, aos professores, aos colegas, pais de alunos, etc.

6.3 -O Código de Ética do Supervisor Educacional

Como sugestão para associações de classe que reúnem os

supervisores educacionais, apresentamos alguns comportamentos que nos

parecem básicos pata todos que exercem a função de supervisão educacional.

♦ Código de Ética do Supervisor Educacional

O supervisor educacional, exercendo suas atividades no campo

educacional, onde a formação a juventude é seu maior objetivo, aceita a

responsabilidade de exercer sua profissão de acordo com os padrões de ética

profissional. Reconhece seus compromissos ao assumir suas funções e tudo

fará para dar o melhor de si no desempenho de suas tarefas profissionais.

No cumprimento de suas funções o supervisor educacional

observará os seguintes princípios éticos:

1º Princípio – compromisso com a sociedade

O supervisor educacional, como participante da obra educacional,

sabe que a educação da juventude deve ser conduzida de acordo com as

necessidades da sociedade em que vive.

No cumprimento de suas obrigações para com a sociedade o

supervisor deverá:

1) Colocar acima de seus interesses pessoais, os interesses da

Educação;

37

2) Dar atendimento a todos, sem distinção de raça, cor, credo ou

nacionalidade;

3) Respeitar a hierarquia administrativa instituída;

4) Integrar a família dos alunos nas atividades da escola;

5) Estimular o melhor relacionamento da escola com a comunidade;

6) Ser fiel a princípios estabelecidos pela sociedade;

7) Propugnar para o aprimoramento da comunidade.

2º Princípio – compromisso com o governo

O supervisor educacional, fiel ao governo de seu país e de seu

estado, preocupar-se-á em:

1) Preservar a integridade das instituições democráticas;.

2) Respeitar as autoridades administrativas;

3) Seguir a política e a filosofia educacionais estabelecidas pelos

governantes;

4) Aplicar objetivamente as leis e regulamentos oficiais;

5) Manter sigilo em questões que lhe forem apresentadas em

confiança;

6) Cumprir seus deveres e reivindicar seus direitos estabelecidos;

7) Não se valer do seu cargo para auferir vantagens pessoais.

3º Princípio – compromisso com os professores

O supervisor é um especialista no campo educacional e que atua no

sistema como um agente estimulador e inovador da ação educativa.

38

No desempenho de suas atribuições junto aos professores ele deve:

1) Exercer suas atividades com habilidade a fim de não colocar o

professor em situações embaraçosas;

2) Manter em alto nível o relacionamento com os professores;

3) Respeitar o professor como pessoa humana, reconhecendo seus

problemas e suas limitações;

4) Guardar sigilo com respeito a informações e dados coletados no

acompanhamento das ações dos professores;

5) Estimular o professor para que exponha e defenda seus pontos

de vistas.

6) Considerar os fatos como realmente eles se apresentam, sem

distorções ou interpretações tendenciosas;

7) Evitar de criticar o professor na presença de seus colegas ou

alunos.

4º Princípio – compromisso com o empregador

No desempenho de suas funções, o supervisor integrará uma equipe

de trabalho montada e organizada por uma entidade mantenedora. Com

respeito a seu empregador o supervisor deverá:

1) Acatar as determinações oriundas da direção superior;

2) Cumprir horários e executar as tarefas que lhe forem confiadas;

3) Submeter-se às normas e regulamentos estabelecidos pela

entidade mantenedora;

4) Respeitar seus superiores hierárquicos;

5) Aprimorar-se através de uma educação permanente;

39

6) Integrar-se na equipe administrativa da qual é membro efetivo;

7) Manter uma atitude de estímulo e de exemplo em todos os

momentos.

8) Ter um elevado senso de responsabilidade, discreção e

discernimento no trato com seus superiores ou subordinados.

5º Princípio – compromisso com a profissão

O supervisor escolar é um membro integrante de uma categoria

profissional e, como tal, ele deve:

1) Capacitar-se para o desempenho de suas funções;

2) Prestigiar sua profissão, enobrecendo-a;

3) Atualizar-se permanentemente;

4) Abster-se de criticar ou fazer campanha contra seus colegas de

profissão;

5) Exercer seu trabalho com dignidade, dedicação e esmero;

6) Manter uma constante linha de honestidade profissional;

7) Abster-se de tirar proveito próprio no exercício de suas atividades;

8) Reconhecer suas limitações e esforçar-se por superá-las;

9) Observar os Princípios de Ética Profissional.

40

CONCLUSÃO

Segundo nos contam os mais recentes analistas da educação

brasileira, a fada eficiência tem uma prima-irmã, a santa guerreira competência,

permanentemente em luta contra seu dragão da maldade particular, o velho

conformismo. Iluminaremos um pouco nossa discussão se conseguirmos

visualizar quem se pretende eficiente, de quem se exIge competência e a quem

se pode acusar justamente de conformismo. Se a burocracia for mesmo a

grande adversária será necessário que eficiência e competência, ao pretender

superá-la, se orientem pela sua grande estrela-guia, a consciência política, que

vai lhes mostrar, entre outras coisas, as fontes de alimentos da bruxa

burocrática. Talvez aí se descubra também com quantas vassouras se faz uma

bruxa.

Se perguntarmos aos supervisores quem são os incompetentes,

provavelmente a maioria nos dirá que são os professores. Em troca, nos dirão

quase que certamente os professores que, a seu ver, os supervisores não

costumam primar pela eficiência. Os analistas nos dirão que somos todos

conformistas/conformados e ouvirão de volta (ou deveriam ouvir) que é muito

fácil exercer o inconformismo no refúgio da Universidade. Isto posto,

extravasadas as hostilidades e acionadas as explicações imediatas, estaremos

nos colocando em condições de refletir, e de avançar um pouco na procura do

significado real dos nossos sistemas de supervisão educacional.

O supervisor de que estamos necessitados é aquele capaz de

estabelecer a relação entre a filosofia superior e o senso comum, entre o

pensamento dos especialistas e o de todos os homens, e, enfim, aquele

supervisor cuja figura possa ser percebida pelas massas docentes como a

referência para a concretização do seu projeto educacional. Para que um tal

projeto se elabore e se aperfeiçoe é necessário e possível fazer da supervisão

um fórum permanente de debate e avaliação do sentido do projeto educacional

que se desenvolve. Uma vez que disposição de trabalho e capacidade crítica

41

são condições perfeitamente evidenciáveis entre professores e supervisores, o

que nos falta, realmente, é revestir as relações entre docentes e especialistas

do conteúdo sócio-político que decorrerá de uma visão integrada do processo

educativo. A inevitabilidade da divisão interna do trabalho escolar não é,

necessariamente, uma fantasia autoritária a ameaçar permanentemente

nossos corações e nossas mentes. e antes um dado de realidade a possibilitar

o teste de nossa alardeada competência.

“Inchações” burocráticas e outros males da chamada “gerência

científica” são questões a serem enfrentadas no interior dos sistemas escolares

e também nas Universidades. Nestas, é preciso começar pelo reexame de

algumas questões teóricas fundamentais que estão na base do processo

alienador que envolve a formação de supervisores educacionais. Naqueles, é

indispensável superar a crença desarmada nos “modelos” e nos “módulos” e

alimentar a discussão aberta entre supervisores e entre supervisores e

professores. Por aí se poderá chegar ao supervisor que emerge do conjunto

dos professores; o supervisor intelectual organizador de seus pares, aquele

supervisor que orienta e coordena a elaboração do projeto educacional de toda

uma coletividade.

Podemos agora voltar à nossa fada Eficiência. O lugar em que a sua

varinha mágica se perdeu chama-se Confronto. Embora o nome assuste,

posso assegurar que se trata de local saudável e revigorante já que possibilita

o exercício da crítica e a superação de antagonismos. Quanto à varinha,

chama-se Discussão e reina absoluta na região. Por isso mesmo, lá não sobra

espaço para o Velho Conformismo que, para tentar sobreviver, refugiou-se na

casa de sua comadre Negociação Inconsequente. Parece que estão se dando

bem. Resta ver quem se dispõe a visitá-los.

42

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SAVIANI, Dermeval. A supervisão educacional em perspectiva histórica: da função à profissão pela mediação da idéia. In: FERREIRA, Naura Carapeto (org). Supervisão educacional para uma escola de qualidade. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2003, p. 13-38.

SILVA JUNIOR, C.A. da. Organização do trabalho na escola pública; o pedagógico e o administrativo na ação supervisora. In: JUNIOR, C.A. da S. e RANGEL, M. (orgs). Nove olhares sobre a supervisão. Campinas, SP: Papirus, 1997, p. 91-109.

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Vários artigos disponível em http://www.via6.com/topico/151738/supervisão-escolar. Acesso em: 10/10/11.

VASCONCELLOS, C. dos S. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2002.

44

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

SUMÁRIO 6

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I

O QUE É O SUPERVISOR EDUCACIONAL? 12

1.1 – Objetivo Geral 20

1.2 – Objetivos Específicos 22

CAPÍTULO II

OS DESAFIOS DO SUPERVISOR EDUCACIONAL 24

CAPÍTULO III

A ÉTICA PROFISSIONAL DO SUPERVISOR EDUCACIONAL 34

6.1 – Conceito de Ética 34

6.1.1 – Considerações gerais 34

6.1.2 – Conceito de ética 34

6.2 – A Ética Profissional do Supervisor 35

6.3 -O Código de Ética do Supervisor Educacional 36

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ÍNDICE 44