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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A SÍNDROME DE BURNOUT DECORRENTE DA RELAÇÃO DE TRABALHO Autor Por: Robinson Rodrigues Scalfone Orientador Prof. José Roberto Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A SÍNDROME DE BURNOUT

DECORRENTE DA RELAÇÃO DE TRABALHO

Autor

Por: Robinson Rodrigues Scalfone

Orientador

Prof. José Roberto

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A SÍNDROME DE BURNOUT

DECORRENTE DA RELAÇÃO DE TRABALHO

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Direito e Processo do Trabalho

Por: .Robinson Rodrigues Scalfone

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AGRADECIMENTOS

A minha família, meus amigos e

professores que permitiram buscar forças

para esta minha realização.

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DEDICATÓRIA

A minha esposa Elenice e minha filha Júlia,

nesta data um ano e sete meses de idade.

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RESUMO

Este trabalho monográfico tem como proposta discutir a “síndrome de Burnout”

decorrente da relação de trabalho e a vulnerabilidade do empregado às situações que o

expõe ao desenvolvimento desta doença e os reflexos na vida social e familiar do

trabalhador, focando a importância do diagnóstico para o tratamento imediato do obreiro

para cura da doença e o efetivo restabelecimento do mesmo à vida social, familiar e

laboral, buscando, ainda, demonstrar a possibilidade de reparação do dano junto ao

Poder Judiciário Trabalhista com fixação de indenização por danos morais,

exemplificando através de casos concretos nas decisões proferidas por estes Tribunais.

Portanto esta pesquisa justifica-se pela relevância do tema a ser tratado, bastante

tratado no meio científico, porém ainda pouco discutido nos tribunais do trabalho.

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METODOLOGIA

A realização do presente estudo tem por objetivo buscar através de pesquisas

bibliográficas em livros, jornais, revistas e internet onde foi descoberta uma forma mais

concreta de se demonstrar a existência de vários problemas sobre o tema e o

conhecimento de especialistas da área médica e buscando caminho para apontar o

problema antecipadamente ao trabalhador.

Este trabalho monográfico tem por escopo também apontar que casos da

síndrome de Burnout indicada no tema está, ainda que timidamente, sendo levado ao

conhecimento dos Tribunais para apreciação conforme será demonstrado através de

citação de casos concretos.

As pesquisas foram realizadas com base em artigos e citações dos mais diversos

profissionais da área médica; julgados nos Tribunais do Trabalho e Legislação.

.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

I- DEFINIÇÃO, CARACTERÍSTICAS, FASES E A DOENÇA

NO BRASIL 09

1.1. Definição 09

1.2. Características 09

1.3. Fases da doença 11

1.4. A doença no Brasil 13

1.5. As normas legais de proteção à saúde do trabalhador

II - A PREVIDÊNCIA E A ASSISTÊNCIA SOCIAL E O NEXO CAUSAL 15

2.1. A previdência social e o nexo de causalidade 15

2.2. A prevenção através da assistência social 17

III - A SÍNDROME DE BURNOUT E A VISÃO DO PELO PODER

JUDICIÁRIO TRABALHISTA BRASILEIRO 19

3.1. A fixação das indenizações pelos Tribunais 19

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 37

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INTRODUÇÃO

Inicialmente destaco que a motivação do tema deste trabalho se deu em razão da

pouca divulgação apesar da invariavelmente observarmos casos em que ocorrem na

prática de atos excessivos impostos pelos empresas, pois, considerando que a

globalização e a tendência das empresas voltada para o lucro e que para tanto determina

metas aos seus empregados sem observar as condições de trabalho e os seus limites,

impondo-lhes um ritmo intenso de trabalho para atingirem-se as referidas metas, as

quais impossíveis de seu cumprimento expõem esses ao desenvolvimento de uma

doença chamada de síndrome de Burnout, o que quer dizer (burn = queima e out =

total), em outras palavras, o empregado “deu o que tinha que dar”.

Uma característica marcante de Burnout é a dedicação exagerada à atividade

profissional, mas não é a única. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau

de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a

auto-estima pela capacidade de realização e sucesso profissional. O que tem início com

satisfação e prazer, termina quando esse desempenho não é reconhecido. Nesse estágio,

necessidade de se afirmar, o desejo de realização profissional se transforma em

obstinação e compulsão, causando danos, às vezes, irreparáveis na vida familiar e social

do empregado.

O presente trabalho monográfico aborda situações diária na relação de emprego

que demonstram a possibilidade de desencadeamento da síndrome de Burnout, ao passo

que no mesmo trabalho se demonstra métodos que podem para evitar a doença através

da interveniência assistência social.

No que se refere à doença já instalada em razão do estágio avançado apontamos

casos de reparações através de indenização por danos morais aplicado pela Justiça

Especializada do Trabalho.

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CAPÍTULO I

DEFINIÇÃO, CARACTERÍSTICAS, FASES E

A DOENÇA NO BRASIL

1.1. Definição

Síndrome de Burnout é definida por Herbert J. Freudenberger "(…) um estado

de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional"1

A síndrome de Burnout (do inglês to burn out, queimar por completo), também

chamada de síndrome do esgotamento profissional, foi assim denominada pelo

psicanalista nova-iorquino, Freudenberger, após constatá-la em si mesmo, no início dos

anos 1970.

Essa síndrome foi observada originalmente, em profissões predominantemente

relacionadas a um contato interpessoal mais exigente, tais como médicos, psicanalistas,

assistentes sociais, professores, etc., mas hoje, as observações já se estendem a todos

profissionais que interagem de forma ativa com pessoas, que cuidam e/ou solucionam

problemas de outras pessoas e obedecem a técnicas e métodos mais exigentes, fazendo

parte de organizações de trabalho submetidas a avaliações.

Entre os fatores visivelmente associados ao desenvolvimento da Síndrome de

Burnout, está a pouca autonomia no desenvolvimento profissional; problemas de

relacionamento com as chefias e de relacionamento com os colegas de trabalho ou

clientes; conflito entre trabalho e família e sentimento de desqualificação.

1.2. Características

A Síndrome de Burnout é uma resposta do estado prolongado de exposição do

empregado a trabalhos excessivos, ou seja, ultrapassando o extremo de tolerância e

resistência do empregado, tornando-se vítima do processo psicopatológico de estresse,

que pode inclusive levar a vítima ao suicídio.

1 Disponível no site: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Burnout – acessado em 30 de set. 2010.

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A Síndrome de Burnout é o diagnóstico encontrado em trabalhadores que são

normalmente assediados e que acabam por desestruturar-se como ser humano integral,

sendo levado a um sentimento de ruína emocional, isolamento afetivo e dificuldades

intensas no convívio com a família e amigos, e tudo pela via do meio ambiente doentio

no trabalho.

Cabe salientar que o Burnout é formado por vários estados sucessivos que

ocorrem em um tempo e representam uma forma de adaptação às fontes de estresse.

Assim, Burnout e estresse são fenômenos que expressam sua relevância na saúde do

indivíduo e da organização.

Entre os sintomas estão à depressão, ansiedade, absenteísmo, cansaço constante,

apatia, irritabilidade e despersonalização. As mais marcantes singularidades da

síndrome são a “exaustão emocional”, caracterizada pelo esgotamento, falta de energia e

baixa auto-estima, a “despersonalização”, na qual a pessoa torna-se fria no contato com

outras, revela-se constantemente impaciente e não raramente tem atitudes grosseiras,

cínicas e irônicas, e a “reduzida realização profissional”, sempre acompanhada de

sensação de inadequação, baixa avaliação profissional e insatisfação permanente.

As doenças ocupacionais são decorrentes da exposição do trabalhador aos riscos

que a desenvolvem.

De acordo com Pereira (2004, p 37): De forma geral, toda e

qualquer atividade pode vir a desencadear um processo de

Burnout, no entanto, algumas profissões têm sido apontadas

como mais predisponentes por características peculiares das

mesmas. As ocupações cujas atividades estão dirigidas a pessoas

e que envolvam contato muito próximo, preferentemente de

cunho emocional, são tidas de maior risco ao Burnout. Assim

sendo, têm-se encontrado um número considerável de pessoas

que se dedicam à docência, enfermagem, medicina, psicologia,

policiamento, etc.

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A síndrome é caracterizada pelo esgotamento físico e intelectual, pela

indiferença e pela sensação de fracasso pessoal e profissional, fazendo-os muitas vezes

perder a saúde pela qual são encarregados de cuidar. Os sintomas são fadiga física,

intelectual e sexual prolongadas, cansaço permanente e perturbações psicossomáticas de

diversos graus, assim como uma tendência à desmotivação e ao desinteresse, somadas a

uma dificuldade nos relacionamentos sociais que dificulta o contato com amigos e

colegas.

O Burnout também pode ter sua origem nas características individuais do

profissional, que pode ter expectativas muito elevadas, insistir em resolver problemas

fora da sua alçada e desejar ser reconhecido.

O constrangimento moral em tela pode gerar várias doenças, como estresse,

síndrome de burn-out, depressão, distúrbios cardíacos, endócrinos e digestivos,

alcoolismo, dependência de drogas, dentre outras. A vítima pode se sentir tão acuada

que pode tentar até o suicídio. O ofendido acaba por ter que escolher entre a saúde de

seu corpo e mente e o direito ao emprego, única fonte de sobrevivência.2

A partir do momento em que se descobre a síndrome, que se caracteriza por

sensação de esgotamento emocional e físico, o cotidiano passa a ser penoso e doloso.

1.3. Fases diagnosticadoras da doença

Segundo pesquisas realizadas são doze estágios relacionados à

Síndrome de Burnout os quais adiante relacionamos3

• Necessidade de se afirmar

• Dedicação intensificada - com predominância da

necessidade de fazer tudo sozinho;

2 Márcia Novaes GUEDES, Terror psicológico no trabalho, p. 31. 3 Disponível no site: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Burnout – acessado em 30 de set. 2010

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• Descaso com as necessidades pessoais - comer, dormir,

sair com os amigos começam a perder o sentido;

• Recalque de conflitos - o portador percebe que algo não

vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem

as manifestações físicas;

• Reinterpretação dos valores - isolamento, fuga dos

conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização:

lazer, casa, amigos, e a única medida da auto-estima é o

trabalho;

• Negação de problemas - nessa fase os outros são

completamente desvalorizados e tidos como incapazes. Os

contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os

sinais mais evidentes;

• Recolhimento;

• Mudanças evidentes de comportamento;

• Despersonalização;

• Vazio interior;

• Depressão - marcas de indiferença, desesperança,

exaustão. A vida perde o sentido;

• E, finalmente, a síndrome do esgotamento profissional

propriamente dita, que corresponde ao colapso físico e

mental. Esse estágio é considerado de emergência e a

ajuda médica e psicológica uma urgência

A Drª Sonaly Beatriz Frazão Silva, Pedagoga, especialista em Engenharia de

Transportes, Psicologia Organizacional de Trânsito, julga que esta síndrome seja a

conseqüência mais depressiva do estresse desencadeado pelo trabalho, exemplificando

em caso concreto adiante transcrito:

“Um motorista profissional que entra em Burnout

compromete suas relações afetivas e sociais. E enquanto as

empresas de ônibus implantam canais de comunicação

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com os clientes e se preocupam em atender com qualidade,

apenas submetendo seus profissionais a extensas horas nos

cursos de “Qualidade no Atendimento”, o motorista

manifesta seu sofrimento, sabotando sua própria imagem

perante toda uma sociedade que assiste ao comportamento

agressivo de destrato a idosos, colegas de trabalho e

demais usuários de seu serviço e do trânsito. Isso sem falar

em outras conseqüências como: consumo aumentado de

café, álcool, incapacidade de concentração, freqüentes

conflitos, sentimento de onipotência, baixo rendimento

pessoal e elevadas taxas de absenteísmo ocupacional.”

“Os sintomas mais comuns dessa síndrome evidenciam-se

inicialmente por exaustão emocional, onde a pessoa sente

que não pode mais ‘dar nada’ de si mesma. Em seguida

desenvolve sentimentos e atitudes muito negativas como,

por exemplo, certo cinismo na relação com as pessoas e

aparente insensibilidade afetiva.”

Verifica-se que a síndrome do esgotamento profissional, Síndrome de Burnout,

não acontece da noite para o dia, desenvolve-se lentamente, por um longo período.4

1.4. A doença nos de trabalhadores brasileiros e a estatística

De acordo com pesquisa realizada recentemente pelo Isma-BR (International

Stress Managemet Association no Brasil) a Síndrome de Bornout afeta cerca de 30%

dos profissionais brasileiros.

A mesma pesquisa aponta que ente os sintomas do Burnout, 93% dos afetados

alegam sentir exaustão, 86%, irritabilidade, 82%, falta de atenção e 74% têm dificuldade

4 Artigo disponível no site: http://www.webartigos.com/articles/31794/1/SINDROME-DE-BURNOUT-Consequencia-Depressiva-Desencadeada-pelo-Estresse-no-Trabalho-/pagina1.html acessado em 09/09/2010

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de relacionamento no ambiente profissional. Além disso, outros 47% sofrem de

depressão.5

Com essa estatística confirma-se o que vem sido abordado nesta pesquisa

monográfica, que com o passar dos anos, a globalização a evolução e o crescimento do

Brasil nos últimos anos e a tendência das empresar em auferir lucros sem se preocupar

com um ambiente de trabalho saudável tem aumentado a quantidade de empregados

afetados pela Síndrome de Burnout.

5 Artigo disponível no site - http://www.administradores.com.br/informe-se/administracao-e-negocios/burnout-afeta-30-dos-profissionais-brasileiros-diz-pesquisa/36994- acessado em 09/09/2010

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CAPÍTULO II

A PREVIDÊNCIA E A ASSISTÊNCIA

SOCIAL E O NEXO CAUSAL

2.1. A previdência social e o nexo de causalidade

Pouco conhecida, a Síndrome de Burnout atinge muitos trabalhadores que, no

entanto, acabam por assumir a responsabilidade de falhas existentes no ambiente

laboral, uma vez que passam a ser vistos, por seus empregadores, como problemáticos,

pessoas que sempre estão doentes, e, portanto, não mais produtivas para o desempenho

de suas funções.

Esse fato, muitas das vezes, acaba gerando o desligamento do trabalhador da

empresa, sem, no entanto, que este tenha os seus direitos trabalhistas garantidos pela

legislação, pois se desconhece o problema, e mais ainda, um dano à saúde que foi

gerado no próprio ambiente de trabalho.

A solução deste problema não é simples para o empregado que está exposto a

Síndrome de Bornout, pois as condições adversas na empresas, nas relações ou no

ambiente de trabalho, dificultam a solução do problema imediatamente.

A falta de recursos internos ou externos de enfrentamento desses problemas leva

ao cansaço e desistência simbólica como saída do emprego e em alguns casos acidente

de trabalho e até mesmo a demissão por justa causa por descumprimento das normas

trabalhistas.

Para minimizar os efeitos da doença há necessidade de o empregador oferecer

segurança no trabalho, proporcionar apoio social, promover um ambiente saudável

obedecendo aos limites de seus empregados.

A Constituição de 1988 consagra o direito à saúde como um direito social, no

art. 6º e o assegura, no art. 196, como um “direito de todos e dever do Estado, garantido

mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de

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outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,

proteção e recuperação”, inserindo a saúde na seguridade social, juntamente com a

previdência e a assistência social, no art.195. O art. 225 reconhece o direito a um meio

ambiente equilibrado e o art. 200, inciso VIII, consagra a proteção ao meio ambiente,

nele compreendido o do trabalho. Conforme Pedro Vidal Neto, o direto à saúde é um

direito público subjetivo, de acesso universal e igualitário às ações e serviços para a

promoção, proteção e recuperação da saúde6

Por sua vez a proposta para reparar da lesão provocada pelo desequilíbrio na

relação de trabalho entre empregado e empregador seria o ingresso na justiça do

trabalho que uma vez comprovado o nexo de causalidade da doença relacionada ao

trabalho realizado, assegurando-lhe a estabilidade provisória no emprego e o gozo do

beneficio previdenciário como doença do trabalho.

No decreto N° 3048/99 que regulamenta a Previdência Social, o grupo V da

Classificação Internacional de Doenças (CID) 10 menciona no inciso XII a “Síndrome

de Burnout, “Síndrome do Esgotamento Profissional”, também identificada como

“Sensação de Estar Acabado”. Adiante demonstramos o quadro extraído do anexo da

norma acima referida direcionada a Síndrome de Burnout: 7

6 Natureza jurídica da seguridade social, p.169 7 Acessado no dia 30 de set. 2010 através do site http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/Decretos/Ant2001/1999/decreto3048/default.htm

Doenças Agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional

Sensação de Estar Acabado ("Síndrome de Burnout", "Síndrome do Esgotamento Profissional") (Z73.0)

• Ritmo de trabalho penoso (Z56.3)

• Outras dificuldades físicas e mentais relacionadas com o trabalho (Z56.6)

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Ademais, as normas brasileiras referentes à segurança e medicina do trabalho

compreendem a saúde do trabalhador num aspecto não apenas físico como psíquico. A

NR-17, que trata da ergonomia no trabalho, dispõe, no item 17.1, que as características

psicofisiológicas dos trabalhadores devem ser levadas em conta a fim de proporcionar,

no meio ambiente de trabalho, o máximo de segurança, conforto e desempenho

eficiente.8

Com isso certamente na situação em que restar comprovado que há o nexo

causal ente a Síndrome de Burnout adquirida e o trabalho realizado o empregado terá

assegurado direitos previdenciários que englobam as prestações devidas ao acidentado

ou dependentes, como o auxílio-doença, o auxílio-acidente, a aposentadoria por

invalidez e a pensão por morte.

Portanto, provada a relação com o trabalho, na seara trabalhista, além da

estabilidade por um ano e do FGTS depositado na conta vinculada, poderá o trabalhador

ajuizar ação indenizatória por danos morais e materiais decorrentes da doença do

trabalho, com amparo no inciso XXVIII do art. 7º da Constituição Federal e artigos 186

e 927 do Código Civil.9

2.2. A prevenção através da assistência social

O profissional de Serviço Social por seu conhecimento técnico para estudar o

indivíduo e projetar sua inclusão ou até mesmo re-inclusão na sociedade, tornando a

trabalhar com seus direitos e deveres sempre com a satisfação de identificar suas

fragilidades e garantir seus direitos e comprometimento com a profissão.

De acordo com o tema em questão, a proposta objetivaria o Serviço Social nas

empresas trabalhar a educação continuada, qualidade de vida e saúde do trabalhador,

8 Márcia Novaes GUEDES, Terror psicológico no trabalho, p. 31. 9 Constituição Federal – URL http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm Acessada em 15/09/2010 Código Civil Brasileiro – URL http://www.google.com.br/search?sourceid=navclient&aq=4&oq=planalto.gov.br&hl=pt-BR&ie=UTF-8&rlz=1T4GGLL_pt-BRBR345BR346&q=planalto.gov.br+codigo+civil – Acessado em 15/09/2010

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prestar atendimento aos funcionários, buscando a integração entre os mesmos na

empresa.

O propósito da função do Serviço Social seria o debate com os usuários sobre as

demandas e suas necessidades, e o que pode estaria afligindo tanto o trabalhador quanto

ao cidadão, buscando uma melhor qualidade de vida ao mesmo.

A razão da intervenção do Assistente Social nas organizações inicia-se com um

estudo de informações, para assim criar um diagnóstico e melhor analise que influencia

de forma positiva e negativa o ambiente de trabalho.

Cabe ressaltar a importância dos gestores estarem atentos a equipe, visando a

ética e bem-estar dos trabalhadores, quanto as solicitações dos funcionários, licenças

para tratamento de saúde, desmotivação, atrasos, ou seja, tudo que possa manifestar a

praticas que desencadeiem na Síndrome de Burnout.

O Assistente Social como profissional mediador poderia oferecer as pessoas

envolvidas à oportunidade de se compreenderem e, analisando o corrido e negociando

uma solução.

Em acordo com Tarcitano (2004), a implantação da cultura de aprendizado, no

lugar da punição; permitir a cada trabalhador condições de escolher a forma de realizar

o seu trabalho; redução dos trabalhos monótonos e repetitivos; aumentar a informação

sobre os objetivos organizacionais; desenvolver políticas de qualidade de vida para

dentro e fora do ambiente organizacional são atitudes de compostura a serem adotadas.

Com isso resta demonstrado que se faz necessária implementações de regras

éticas e/ou disciplinares, a prevenção a e fiscalização do ambiente do trabalho do

empregado com intuito de evitar o desenvolvimento da Síndrome de Burnout nos

mesmos em razão das graves conseqüências.

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CAPÍTULO III

A SÍNDROME DE BURNOUT E A VISÃO DO PELO PODER

JUDICIÁRIO TRABALHISTA BRASILEIRO

Destaco inicialmente que no dia 05 de julho de 2010 foi realizado o Segundo

Painel do Tribunal Regional da 15ª Região, para se discutir as conseqüências da

violência no trabalho sendo adiante transcritos tópicos em que o Desembargador

Cláudio Armando Couce de Menezes salientou sobre a ocorrência da síndrome de

Burnout, vejamos:

“Abrindo a programação da tarde do primeiro dia do

Congresso Nacional de Direito do Trabalho e Processual do

Trabalho do TRT da 15ª Região, o painel "Violência no

Trabalho - Assédio Sexual, Assédio Moral e Burnout" trouxe

ao palco do Theatro de Paulínia, na quarta-feira (30/6), o

psicoterapeuta Ivan Capelatto e os magistrados Sônia das

Dores Dionísio, juíza titular da 11ª Vara do Trabalho de

Vitória (ES), e Cláudio Armando Couce de Menezes,

desembargador do TRT da 17ª Região (ES). O painel,

acompanhado por cerca de 1.300 congressistas, foi coordenado

pelo vice-presidente judicial do TRT da 15ª, desembargador

Eduardo Benedito de Oliveira Zanella.

(...)

“Estresse crônico e Burnout”

“O segundo painelista, desembargador Cláudio Armando

Couce de Menezes, focou nas práticas estressantes do trabalho

e suas consequências, atribuídas pelo magistrado a uma

sociedade de hiperconsumo, que cada vez mais exige um

comprometimento total do empregado com a empresa.

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Segundo o desembargador, que é mestre em Direito do

Trabalho pela PUC-SP, doutorando em Direitos Fundamentais

pela Universidade de Castilha - La Mancha, na Espanha, e

autor de mais de dez livros na área, "apesar de a Constituição

proteger a saúde física, psíquica e mental do trabalhador e

exigir do empregador a manutenção de um ambiente de

trabalho sadio e seguro, direitos fundamentais que são

indisponíveis e irrenunciáveis, o Judiciário muitas vezes tem

posto a Constituição de lado para prestigiar acordos coletivos

que reduzem intervalos ou repousos semanais, ou homologar

normas que são sabidamente nocivas ao trabalhador, agravando

um quadro de estresse, decorrente de um ambiente de trabalho

desconfortável, com excesso de ruídos, sobrecarga de trabalho,

cobrança absurda de produtividade, de cumprimento de metas

quase sobre-humanas, sob pena de punição ou perda do

emprego".

“Por fim, Couce de Menezes tratou de um tema ainda pouco

debatido no meio jurídico, mas que afeta um número cada vez

maior de trabalhadores: a síndrome de Burnout - do inglês burn

out, queimar de dentro para fora -, que se caracteriza pela

dedicação exagerada do empregado ao trabalho, levando ao seu

esgotamento físico e mental. Fadiga, dores na coluna,

hipertensão arterial, úlcera, impotência, apatia, irritabilidade,

rejeição ao trabalho e aos colegas de serviço ou excessiva

agressividade são, segundo o desembargador, algumas das

possíveis reações ao estresse crônico que tem atingido

especialmente algumas categorias profissionais, como os

motoboys, os bancários, os operadores de telemarketing e os

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empregados de empresas de alta tecnologia em geral, entre

outras.”10

3.1. A fixação das indenizações pelos Tribunais

Apesar de a matéria ser ainda objeto de pouca discussão nos nossos Tribunais do

Trabalho, uma vez comprovado o nexo de causalidade entre a doença e a função

exercida, tem sido o empregador condenado ao pagamento de um quantum indenizatório

a título de danos morais conforme se verifica nas decisões adiante, sendo a primeira da

lavra do Exmo. Juiz d trabalho da 9ª Vara de João Pessoa – Pernambuco — Dr. Carlos

Hindemburg de Figueiredo, vejamos:

9ª VARA DO TRABALHO DE JOÃO PESSOA-PB RECLAMAÇÃO TRABALHISTA N° 00279.2009.026.13.00-0 RITO ORDINÁRIO RECLAMANTE: ALBERTO THADEU FERREIRA PERRUSI RECLAMADO: UNIBANCO – UNIÃO DE BANCOS BRASILEIROS S/A SENTENÇA I - RELATÓRIO “Vistos etc.

Trata-se de reclamação trabalhista ajuizada pela parte reclamante

acima identificada em face da parte reclamada também acima

identificada.”

(...)

“Sem mais provas a apresentar, foi encerrada a instrução. Razões

finais aduzidas e rejeitada a última proposta de acordo.”

É o relatório.

(...)

“Para tanto, narra, em suma, o seguinte: (...) a jornada excessiva

causou-lhe desgaste físico e psicológico, com seqüelas em sua

vida pessoal e profissional; no curso do contrato de trabalho, o

10

Matéria disponível no site http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2267232/2-painel-do-congresso-do-trt-discute-as-causas-e-consequencias-da-violencia-no-trabalho

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reclamante, por diversas vezes, tentou se insurgir contra a longa

jornada de trabalho, inclusive porque sentia fortes dores na coluna

vertebral, mas teve as respostas indicadas às fls. 03-041; o

reclamado, por seus prepostos, justificava, ainda, a longa jornada

de trabalho com a necessidade de se cumprir metas, com vendas

de produtos do banco (seguro, previdência privada, cartões de

crédito, capitalizações, consórcio, geração de crédito de pessoas

físicas e jurídica, cobranças, captação de investimentos, abertura

de contas, etc.); em razão da jornada de trabalho excessiva, teve

privações na sua vida pessoal, com poucas horas de convívio com

sua esposa, redução da possibilidade de lazer, de atividade física e

de atividade cultural, aumento de desânimo; o reclamante

chegou a ter um início de esgotamento físico/psíquico,

chamado de burn out; o próprio reclamado, por médico do

trabalho, diagnosticou o esgotamento físico e mensal do

reclamante, reconhecendo que este estava submetido a

“estresse”, “prorrogação da jornada de trabalho”, “posto de

trabalho inadequado”, “movimentos repetitivos” (destaques

nossos)

(...)

“Ademais, a testemunha do reclamante, sua contemporânea na

relação de emprego e colega presencial de trabalho, realçou a

existência de circunstâncias de violação de direitos do reclamante,

por parte do reclamado...”

(...)

“Se não caracterizada, no presente caso, a síndrome de burn out

(da expressão em inglês to burn out, significando queimar por

completo), o reclamante esteve a algum estágio de adquiri-la.

Essa constatação decorre da análise foi feita por médico a

serviço do próprio reclamado, quando detectou, em exame no

reclamante, estresse decorrente de intensa jornada de

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trabalho (fl. 42). Essa síndrome caracteriza-se, segundo o

psicanalista novaiorquino Herbert J. Freudenberger, por “um

estado de esgotamento físico e mental cuja causa está

intimamente ligada à vida profissional".

Embora tal síndrome possa ter alguma contribuição da

própria vítima, essa provável contribuição decorre, em

elevado grau, de circunstâncias perversas, decorrentes de atos

omissivos e comissivos do empregador.

Dispositivos constitucionais e legais, mencionados na petição

inicial, foram violados pelo reclamado, que tinha a obrigação

de oferecer aos seus empregados ambiente de trabalho

saudável, seja por orientação de ordem constitucional, em sua

interpretação sistemática, seja por imposição legal.

A questão de um meio ambiente de trabalho equilibrado está

umbilicalmente ligada à saúde do trabalhador, bem igualmente

protegido na esfera constitucional (elevado à categoria de direito

social fundamental – artigo 6º da Constituição Federal) e também

pelas normas da CLT.”

(...)

“A responsabilidade civil dá-se com a presença de três elementos

básicos: ato ilícito, culpa do agente, dano experimentado pela

vítima e nexo causal. Todos eles encontram-se presentes no caso

em análise.

A reparação civil possui espectro de ordem constitucional (artigo

5º, inciso X) e infraconstitucional (um dos quais, os artigos 186,

187 e 927 do Código Civil).

Considerando elementos como a permanência temporal do

sofrimento, a extensão do fato lamentado, a gravidade do ato

doloso e a situação econômica do ofensor (o reclamado é uma

instituição bancária, cujo ramo de atividade econômica tem como

base o lucro decorrente, principalmente, do empréstimo de

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dinheiro a altas taxas de juros, setor da economia que mais auferiu

lucros nos últimos anos, como é fato incontroverso), assim como

a razoabilidade do valor, nessa incluindo-se o caráter punitivo da

medida, de modo a realmente desestimular a repetição de atos

dessa natureza, estabeleço, na data desta sentença, o valor da

indenização por danos morais, de acordo com o seguinte: a) R$

400.000,00 decorrentes do assédio moral sofrido –

itens 1, 2, 3 e 3.1 da petição inicial; b) R$ 400.000,00 decorrentes

da obstaculação ao emprego – itens 1, 2 e 4 da petição inicial; c)

R$ 200.000,00 decorrentes da violação ao direito fundamental ao

lazer – itens 1, 2 e 5 da petição inicial.”

III - DECISÃO

“ISTO POSTO, julgo PROCEDENTES EM PARTE os pedidos

formulados por ALBERTO THADEU FERREIRA PERRUSI na

petição inicial da reclamação trabalhista ajuizada em face do

UNIBANCO – UNIÃO DE BANCOS BRASILEIROS para

condenar o reclamado a pagar à parte reclamante, no prazo de 15

dias após intimação (CLT, artigo 832, § 1º), o valor relativo às

indenizações por danos morais, equivalentes a R$ 1.000.000,00

(um milhão de reais). A natureza não-remuneratória da verba

objeto da condenação impede a incidência de contribuições

previdenciárias e, na forma da lei, de dedução de imposto de

renda. Custas, pelo reclamado, no valor de R$ 20.000,00,

calculadas sobre R$ 1.000.000,00.

Intimem-se as partes e a União (artigo 832, § 5º, da CLT).”

João Pessoa – PB.

Carlos Hindemburg de Figueiredo

JUIZ DO TRABALHO

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Em sede de Recurso Ordinário a decisão de primeiro grau foi reformada

referente ao quantum indenizatório havendo redução, sob a fundamentação da

razoabilidade quanto ao valor aplicado, mas mantendo o motivo da condenação,

conforme diante se verifica no acórdão sob a relatoria da desembargadora d E. Tribunal

do Trabalho Drª Herminegilda Leite Machado

ACÓRDÃO PROC. Nº 00279.2009.026.13.00-0-D RECURSO ORDINÁRIO RECORRENTES: UNIBANCO – UNIÃO DE BANCOS BRASILEIROS S.A. E ALBERTO THADEU FERREIRA PERRUSI RECORRIDOS: OS MESMOS E M E N T A: RECURSO DO BANCO. DANO POR ASSÉDIO MORAL. CONFIGURAÇÃO.

“Demonstrada nos autos a existência de conduta do empregador

capaz de afetar o patrimônio ideal do empregado, configurado

encontra-se o dano moral, de modo a justificar a indenização

prevista nos artigos 5º, inciso X, da Constituição Federal e 927 do

Código Civil.”

(...)

“Assim, sopesados todos os elementos do caso concreto como a

extensão do fato, a intensidade do ato ilícito, o prolongamento

temporal, os antecedentes do agente, a situação econômica das

partes e a razoabilidade do valor arbitrado, tenho como razoável

uma indenização de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), que, se

não é capaz de trazer riqueza desmesurada à vítima, é suficiente

para compensar seu constrangimento e para desestimular a

repetição do ato do agente causador do dano.”

(...)

“Isto posto, nego provimento ao Recurso Ordinário.

ACORDAM os Desembargadores da Colenda 2ª Turma do

Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região, com a presença do

Representante da Procuradoria Regional do Trabalho, Sua

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Excelência o Sr. Procurador EDUARDO VARANDAS

ARARUNA, EM RELAÇÃO AO RECURSO DO

RECLAMADO: por unanimidade, REJEITAR A PRELIMINAR

de nulidade da sentença; Mérito: por unanimidade, DAR

PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Ordinário do Banco para

reduzir a indenização por danos morais para o valor de R$

100.000,00 (cem mil reais); EM RELAÇÃO AO RECURSO DO

RECLAMANTE: por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao

recurso. Custas reduzidas para R$ 2.000,00.”

João Pessoa, 14 de outubro de 2009.

HERMINEGILDA LEITE MACHADO

Juíza Relatora11

O trabalho monográfico demonstra adiante duas outras decisões proferidas junto

ao C. Tribunal Superior do Trabalho nas quais se verifica que a condenação se deu pela

conseqüência de trabalho exercido em ambiente considerado não saudável, sendo o

primeiro acórdão sob a relatoria do Ministro Vantuil Abdala, conforme trechos

transcritos adiante.

A C Ó R D Ã O 2ª Turma AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. PRELIMINAR DE NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. JULGAMENTO ULTRA PETITA. JULGAMENTO EXTRA PETITA. MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. RESCISÃO INDIRETA. DANO MORAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MULTA.

(...)

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de

Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-267/2007-

11 Site http://www.trt13.jus.br/engine/principal.php - acessado em 23/09/2010.

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009-17-40.0, em que é Agravante ASSOCIAÇÃO DO

PESSOAL DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - APCEF e

Agravada LILIAN KEILA DOS SANTOS COSTA.

A) OS FATOS

O alegado assédio moral, utilizado como motivo ensejador da

justa causa indireta, teve por fundamento o tratamento vexatório

imposto pelo, novo Presidente da reclamada aos empregados. O

assédio moral pode ser caracterizado por ofensas reiteradas,

exposição a situações vexatórias, humilhações contínuas e

inúmeros outros procedimentos constrangedores. A reclamante

(f.73) e as testemunhas foram uníssonas quanto à caracterização

do assédio moral institucional ou gerencial. O tratamento

humilhante imposto aos empregados restou muito claro no

depoimento de f. 74:

‘não havia muito respeito do Sr. (omissis...) pelos funcionários

que eram chamados de ‘AQUELAZINHA, AQUELA OUTRA E

ATÉ DESGRAÇADA’, ... já chegou várias vezes ao trabalho e

encontrou a reclamante e a Sra CINTIA chorando, que a Sra

JOSIMARA já ligou para a depoente, chorando, dizendo que

estava sendo VIGIADA pelo Sr. (omissis...); que nesta ocasião o

Sr. (omissis...) jogou em cima da depoente o TRCT da

reclamante que não havia sido assinado, dizendo: ‘você é a

gerente, resolva’; que já viu o Sr. (omissis...) jogar em cima das

mesas dos funcionários documentos que havia redigido

chamando-os de ‘BURROS’. (grifos originais). Não bastasse, a

testemunha (f. 76) acrescentou: ‘que o Sr. (omissis...) gritava,

xingava e jogava documentos nos empregados; que nunca

presenciou tais fatos, mas sabe porque os próprios empregados

falavam, tais como: PAULO, LUZIA, a reclamante, CINTIA e

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JOSI’(grifos nossos). Ficou claro que o novo dirigente da

reclamada, como prática gerencial, usou a superioridade

hierárquica para se impor de forma agressiva e vexatória,

evidenciando a prática de mobbing desestimulador do equilíbrio

emocional do trabalhador, prática hoje denominada assédio

moral institucional, no qual todos os empregados podem ser

considerados vítimas.

Uma das conseqüências mais freqüentes do assédio moral,

institucional ou individual, é justamente o afastamento ‘a pedido’

do empregado que não suporta mais o constrangimento a que é

submetido. Essa demissão, aparentemente voluntária, deve ser

considerada ineficaz ou inválida, pois oriunda do desequilíbrio

psíquico de quem foi submetido a procedimento assediador.

(...)

A reclamante afirmou, em seu depoimento pessoal (f.73): ‘na

época da rescisão havia muitos funcionários de atestado,

chorando constantemente e a depoente estava desgastada com a

situação, QUE JÁ NÃO TINHA MAIS VONTADE DE

TRABALHAR’.

(...)

Os sintomas descritos pela reclamante enquadram-se na

denominada Síndrome de Burnout, termo psicológico que

descreve o estado de exaustão prolongada e diminuição de

interesse, especialmente em relação ao trabalho.

Segundo Ana Maria T. Benevides Pereira, professora do

departamento de Psicologia da Universidade Estadual de

Maringá, pertencente ao PSICO - Centro de Formação e

Desenvolvimento Pessoal e GEPEB - Grupo de Estudos e

Pesquisas sobre Estresse e Burnout, entende-se por Burnout:

‘O Burnout é uma síndrome caracterizada pelo esgotamento

físico, psíquico e emocional, em decorrência de trabalho

estressante e excessivo. É um quadro clínico resultante da má

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adaptação do homem ao seu trabalho’ Hudson Hübner França

(1987).

(...)

Portanto, o direito ao meio ambiente do trabalho que assegure a

saúde física e psíquica do prestador do serviço gera a sua

contrapartida: o dever do Estado e do empregador de observá-lo.

Esse dever acaso descumprido pelo empregador, importa em

responsabilização administrativa, penal e civil.

(...)

O ambiente do trabalho nocivo - comprometido pela

acumulação de fatores geradores do stress, como o assédio

moral, a sobrecarga de serviço, o acúmulo de tarefas, maus

tratos, exigências de produtividade superiores à capacidade do

obreiro, metas impossíveis, jornada de trabalho em regime

contínuo de horas extras, regime de sobre aviso ou prontidão

permanente (com conexão a celulares, computadores, telefone,

bip, laptop, blackberry, etc.) - conduz facilmente à síndrome de

Burnout, talvez sua conseqüência mais marcante pelo quadro

degenerador da saúde mental, até profissional, sem falar na

afronta à sua dignidade e autoestima. (destaquei)

(...)

No Brasil, no sentido de cada vez mais haver visibilidade no

Diagnóstico dos Transtornos Mentais e Psicológicos

relacionadas ao trabalho, o Decreto n. 3048/99 de 06/05/1999 do

Ministério da Previdência e Assistência Social do Brasil, através

do DOU- 12.05.99- no. 89 apresenta uma Nova Lista de Doenças

Ocupacionais e Relacionadas ao Trabalho, a qual inclui 12

categorias diagnósticas de Transtornos Mentais. Encontram-se

elencados a seguir, aqueles Diagnósticos que podem ser úteis

para o Diagnóstico Diferencial:

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Síndrome de Esgotamento Profissional - BURNOUT- CID- 10

‘Problemas relacionados ao emprego e desemprego : ritmo de

trabalho penoso’ (Z. 56.3) ou ‘Circunstância relativa às

condições de trabalho’ (Z. 56.6);

Episódios depressivos relacionados ao trabalho (F. 32);

Síndrome de Fadiga (Neurastenia- F. 48.0).

DANO MORAL - VALOR DA INDENIZAÇÃO

Alegação(ões):

- divergência jurisprudencial.

Consta do v. acórdão (fls. 148/150):

‘O Juízo a quo entendeu que a quantia de R$ 2.500,00 é

adequada à reparação por danos morais. Pretende-se a

majoração do valor destinado à reparação dos danos morais,

com fundamento na desproporcionalidade entre a gravidade dos

fatos e a quantia encontrada.

Com razão.

(...)

O tratamento humilhante imposto pelo novo Presidente da

reclamada aos empregados restou muito claro nos depoimentos

de f. 74 e 76, transcritos no item 2.2.1.1. A lesão descrita pela

reclamante configura uma violação a um dos direitos da

personalidade: a honra. A classe dos direitos da personalidade é

composta por aqueles direitos que constituem o mínimo

necessário e indispensável ao conteúdo da personalidade e

existentes desde o nascimento.

(...)

O dano moral possui natureza jurídica compensatório-punitiva.

Essa finalidade deve ser estendida também aos seus empregados,

evitando práticas estressantes de trabalho.

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Visa compensar a dor sofrida pelo lesado, através de uma

compensação financeira, e tem por finalidade punir o lesante.

A quantia a ser encontrada deve ser quantificada de acordo com

o prudente critério do magistrado e não pode ser tão elevada a

ponto de gerar um enriquecimento sem causa para o lesado e,

também, não pode ser tão ínfima que não sirva de lição ao

lesante, para que tenha receios e não pratique mais a conduta

lesiva.

Ante os fatos narrados e as suas conseqüências, entendo que o

valor de R$ 20.000,00 atende razoavelmente aos critérios

propostos para a quantificação do dano moral.

Dou provimento.’

(...)

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal

Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao

agravo de instrumento.

Brasília, 05 de agosto de 2009. VANTUIL ABDALA12

O segundo acórdão adiante é oriundo da 6ª Turma do C. TST, sob a relatoria do

Ministro do Maurício Godinho Delgado, julgado no dia 10 de agosto de 2010, trata do

tema da presente monografia, que também é de grande contribuição ao presente

trabalho, vejamos os principais trechos.

A C Ó R D Ã O (Ac. 6ª Turma) AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ASSÉDIO MORAL. DANO MORAL – VALOR DA INDENIZAÇÃO. DECISÃO DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO. “...Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de

Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-90140-

12 Acórdão disponível no site: http://www.tst.gov.br/ - processo número 267/2007-009.17.40.0

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72.2005.5.17.0013, em que é Agravante BANCO MERCANTIL

DO BRASIL S.A. e Agravada MARLEIDE BASTOS SIMER.

II) MÉRITO ASSÉDIO MORAL. DANO MORAL – VALOR

DA INDENIZAÇÃO. DECISÃO DENEGATÓRIA.

MANUTENÇÃO”

(...)

“O Tribunal Regional, ao exame dos temas “assédio moral” e

“dano moral – valor da indenização”, denegou seguimento ao

recurso de revista, mantendo a condenação da Reclamada ao

pagamento de danos morais no importe de R$150.000,00 (cento e

cinqüenta mil reais).

No agravo de instrumento, o Reclamado reitera as alegações

trazidas no recurso de revista, ao argumento de que foram

preenchidos os requisitos de admissibilidade do art. 896 da CLT.

Contudo, a argumentação do Reclamado não logra desconstituir

os termos da decisão agravada, que subsiste pelos seus próprios

fundamentos, ora endossados e integrantes das presentes razões de

decidir...”:

(...)

“Segundo a reclamante, o gerente geral lhe dispensava

tratamento diferenciado em relação aos demais gerentes,

controlando seus horários de intervalo e de visitas aos clientes;

obrigando-a a ocupar mesa afastada dos demais e de costas para

a agência, exposta ao sol da tarde e ao calor; excluindo-a de

reuniões, que eram marcadas mas não eram comunicadas à

autora; gritando com mesma na frente dos colegas e dos clientes;

rotulando-a de devagar, lenta e sentimental; ameaçando

descontar de seu salário as dívidas de clientes; impondo-lhe

metas superiores aos dos demais gerentes e tomando crédito

pelas metas atingidas pela autora. Aduziu que tais atitudes

foram-lhe minando as forças e a auto-estima, fazendo com que

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desenvolvesse quadro de depressão. Afirmou que sequer

conseguiu obter permissão para sair mais cedo do trabalho para

ir ao casamento da irmã.

(...)

Dentro do modelo econômico capitalista em que vivemos, é

normal a busca por maior lucro, de forma que não há qualquer

óbice a que o empregador fixe metas a serem cumpridas pelos

trabalhadores, como forma de melhor fiscalizar o trabalho e

alcançar maiores níveis de produtividade. O problema surge

quando o empregador estabelece para os empregados metas

difíceis ou impossíveis de atender, submetendo os trabalhadores a

uma pressão excessiva, que lhes afeta a saúde e a capacidade de

trabalho.

(...)

O laudo médico juntado às fls. 37 descreve que a reclamante foi

diagnosticada com quadro de transtorno psiquiátrico a época do

afastamento, sendo que ta1 quadro é desenvolvido a partir de

certas situações organizacionais que conduzem a processos de

estafa ('burn-out’) pessoas que investem intensamente seus

esforços e ideais em determinada atividade.

Tal laudo descreve que a autora foi afastada de suas atividades

laborais, tendo em vista a vivência de estresse relacionado à

situação de trabalho, sendo medicada com Fluoxetina 20mg, 2

vezes ao dia, e Olcadil 2mg, 1cp ao dia. Afirma que tal

tratamento estava evoluindo bem, até que por ocasião de visita ao

banco para resolução de assuntos pessoais, houve a

recrudescência do quadro, sendo recomendado que a autora

continuasse afastada do trabalho.

Do conjunto probatório verifica-se que, ao contrário do que

alega o reclamado, a violência psicológica efetuada pelo gerente

geral do banco minava a auto-estima dos empregados, tendo

havido a ofensa a esfera íntima da autora”

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(...).

“Portanto, não se acolhe a alegação do reclamado de que não

cometeu qualquer ato ilícito e de que não poderia ser condenado

no pagamento de qualquer indenização por danos morais.

Nega-se provimento”

DANO MORAL -VALOR DA INDENIZAÇÃO

“Insurge-se o banco reclamado contra o valor fixado para a

indenização por danos morais (R$ 150.000,00). Também alega ter

havido, na sentença, bis in idem, no tocante aos danos morais, na

medida em que a decisão de primeiro grau fixou indenização de

R$ 7.000,00 e depois de R$ 150.000,00, ambas a título de danos

morais. “

(...)

“Quanto ao valor fixado para a indenização ,não se vislumbra, em

tese, violação à literalidade do dispositivo constitucional

invocado, conforme exige-a alínea "c" do artigo 896 Consolidado.

Pelo seu acerto, portanto, adoto como razões de decidir os

fundamentos da decisão agravada e NEGO PROVIMENTO ao

agravo de instrumento.”

“PROCESSO Nº TST-AIRR-90140-72.2005.5.17.0013

ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do

Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, negar

provimento ao agravo de instrumento.”

Brasília, 04 de agosto de 2010.

MAURICIO GODINHO DELGADO - Ministro Relator13

Diante dos depoimentos destacados nas decisões acima podemos citar a

afirmativa de Marie-France Hirigoyen de que as agressões, no assédio moral, são fruto

de um processo inconsciente de destruição psicológica, constituindo-se, tal processo, de

13 Acórdão disponível no site - http://www.tst.gov.br/ processo nº 90140-72.2005.5.17.0013

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atos hostis mascarados ou implícitos, de um ou vários indivíduos sobre um indivíduo

específico, por meio de palavras, alusões, sugestões de “não-ditos”14

Concluindo este capítulo, destaco que as decisões acima citadas são de grande

valia para o presente trabalho, já que os depoimentos transcritos demonstram, na prática

in casu, a relação de trabalho não saudável e consequentemente a propensão do

empregado ao desencadeamento da Síndrome de Burnout na relação de trabalho.

Em contrapartida as decisões citadas demonstram que o Poder Judiciário

Trabalhista tem sido ao menos o ponto de partida para inibir a prática de maus tratos

psicológicos pelo empregador aos seus empregados.

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CONCLUSÃO

Com o intuito de alcançar o objetivo maior deste trabalho, esta pesquisa se

propôs a: (i) desenvolver uma pesquisa bibliográfica, a fim de abrir demonstrar a

necessidade de uma discussão ampla sobre a síndrome de Burnout; (ii) demonstrar como

ocorre na prática e os danos a sua saúde; (iii) apresentar e discutir a importância do

Serviço Social evitando a exposição do trabalhador a síndrome de Burnout; (iv)

demonstrar que a síndrome de Burnout caracteriza-se devido a relação de trabalho onde

o empregador aproveita-se a condição de vulnerabilidade relativa ao ambiente de

trabalho e associado a outros fatores hostis do ambiente de trabalho prejudicando a sua

saúde e por fim (v) a busca da reparação judicial quando da exposição do empregado ao

doença devido a relação de trabalho imposta e o benefício previdenciário.

A pesquisa termina denunciando o alarmante crescimento da quantidade de

empregados afetados pela Síndrome de Burnout sem qualquer projeto de fiscalização

imediato para proteção do trabalhador.

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BIBLIOGRAFIA

HIRIGOYEN, Marie-France. Assédio moral: a violência perversa no cotidiano. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 2001.

Márcia Novaes GUEDES, Terror psicológico no trabalho, Editora São Paulo - 2003

Sites Acessados:

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http://www.webartigos.com - acessado em 09/09/2010

http://www.receita.fazenda.gov.br – acessado em 09/09/2010

http://www.planalto.gov.br - acessado em 15/09/2010

http://www.tst.gov.br/ - acessado em 23/09/2010

http://www.trt13.jus.br - acessado em 23/09/2010

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