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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A comunicação no gerenciamento de projetos Por: Renata Goreth Costa Pantaleão Orientador Prof. Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A comunicação no gerenciamento de projetos

Por: Renata Goreth Costa Pantaleão

Orientador

Prof. Marcelo Saldanha

Rio de Janeiro

2010

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A comunicação no gerenciamento de projetos

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão de

Projetos

Por: Renata Goreth Costa Pantaleão

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por todos os momentos de

inspiração na minha vida.

A minha mãe grande companheira de todos os

dias, ao meu pai (in memorian) por sempre

incentivar a buscar pelo saber. Por sempre

acreditarem que à educação é o único caminho

para alcançar os sonhos.

Aos meus irmãos grandes companheiros, fonte

de inspiração, amigos de todas as horas alegres.

Agradeço toda atenção, dedicação e carinho

mesmo nas horas que estava cansada, me

ajudando sempre nesta etapa da minha vida.

Aos professores, que me ajudaram durante toda

essa jornada, sempre dando apoio e motivação

nos momentos mais complicados.

Aos colegas de curso, pelos momentos de alegria

e companheirismo durante todo esse período.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de pesquisa à minha mãe

Maria da Graça, que tanto me ajuda e me dá

força nessa etapa da minha vida.

5

RESUMO

Apesar de todos os avanços obtidos na área de Gerenciamento de

Projetos nos últimos anos, os fracassos continuam acontecendo. Um

benchmarking feito pelo PMI-RIO com cerca de 300 grandes empresas

atuando no Brasil colocou como causa primeira do fracasso de projetos os

chamados problemas de comunicação. Embora este seja um conceito um

tanto ou quanto vago, não podemos esquecer que, no próprio PMBOK, uma

qualidade considerada como fundamental para um bom Gerente de Projetos é

justamente a habilidade de comunicação; o problema é que muito pouco do

que se escreve ou produz sobre Gerência de Projetos versa sobre este

assunto. O estudo mostra o que existe é uma certa dificuldade para se lidar de

forma objetiva com estes conceitos mais sutis – afinal, o que é uma boa

comunicação? Existe alguma forma de aferir se estamos nos comunicando

bem ou mal? Esta dificuldade faz com que as pessoas acabem por adotar

duas posturas diametralmente opostas diante do tema; ou a indiferença total

ou seja, considerar que a habilidade em comunicação é um dom inato, e,

assim sendo, não adianta tentar ser científico nesta área ou a tentativa de

buscar um estudo profundo sobre o assunto – e aí surgem os famosos

“treinamentos” para extravasar emoções, desbloquear a mente, análises em

grupo, enfim, uma série de coisas que, normalmente, não conseguem gerar

qualquer resultado prático, caindo, por isto, na descrença e no ridículo.

Neste trabalho será adotada uma postura intermediária, estudando, da

forma mais objetiva possível, até onde uma comunicação boa ou ruim pode

afetar um projeto, e propondo alternativas para tentar melhorá-la, sem chegar

ao nível da neurolinguística ou da psicologia, mas apenas utilizando as boas

práticas do Guia PMBOK e estudos sobre o tema.

Palavras - chaves: gerenciamento, comunicações, de projetos

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Modelo Básico de Comunicação............................................. 12

Figura 2 Identificar as Partes Interessadas: entradas, ferramentas e

técnicas, e saídas.................................................................... 14

Figura 3 Planejar as Comunicações: entradas, ferramentas e

técnicas, e saídas.................................................................... 15

Figura 4 Diagrama de fluxo de Dados do Processo Planejar as

Comunicações......................................................................... 16

Figura 5 Distribuir Informações: entradas, ferramentas e técnicas, e

saídas...................................................................................... 16

Figura 6 Gerenciar as Expectativas das Partes Interessadas:

entradas, ferramentas e técnicas, e saídas............................. 17

Figura 7 Diagrama de Fluxo de dados do Processo Reportar o

desempenho............................................................................ 19

Figura 8 Resumo do Gerenciamento das comunicações em projeto.... 21

7

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Visão Geral do Gerenciamento das Comunicações do Projeto......................................................................................

20

Quadro 2 Causas e efeitos em projetos................................................... 34

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................... 9

1 VISÃO GERAL DA COMUNICAÇÃO................................................ 10

1.1 A Importância da Comunicação em Projetos.................................... 11

1.2 O Processo de Comunicação........................................................... 13

1.2.1 Identificar as Partes Interessadas.................................................... 13

1.2.2 Planejar as Comunicações................................................................ 14

1.2.3 Distribuir as Informações................................................................... 16

1.2.4 Gerenciar as Expectativas das Partes Interessadas......................... 17

1.2.5 Reportar o Desempenho................................................................... 18

2 QUEM NÃO SE COMUNICA SE TRUMBICA................................... 22

2.1 Pesquisa Realizada pelo Project Management Institute................... 23

2.2 Fracassos em Projetos de Sistemas de Informação......................... 25

2.2.1 Planejamento.................................................................................... 27

2.2.2 Distribuição........................................................................................ 28

2.2.3 Relatório de desempenho................................................................. 31

2.2.4 Encerramento.................................................................................... 32

2.3 Comunique-se: não é só peixe que morre pela boca........................ 32

2.3.1 Gerenciamento de Conflitos.............................................................. 33

3 SOLUÇÕES EM COMUNICAÇÕES DE PROJETOS COM BASE

NO GUIA DE BOAS PRÁTICAS PMBOK......................................... 35

CONCLUSÃO............................................................................................. 38

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................................. 41

FOLHA DE AVALIAÇÃO.............................................................................. 43

9

INTRODUÇÃO

De acordo com estudo de Benchmarking em Gerenciamento de

Projetos realizado pelo PMI Brasil em 2009, os problemas mais agravantes

encontrados nos projetos das empresas de grande porte relacionados ao

escopo mal definido, o não cumprimento de prazos e falhas na comunicação.

Estes problemas afetam, em geral, mais de 70% das organizações que

realizaram a pesquisa.

Pode-se afirmar, no entanto, que os problemas de comunicação estão

diretamente relacionados a muitos dos problemas encontrados em ambientes

todos os ambientes.

Considerando que problemas de escopo são frequentemente

encontrados, é importante verificar que uma má comunicação realizada entre o

gerente de projetos e os stakeholders, com certeza afetará o levantamento de

requisitos podendo trazer sérios agravantes para o projeto. A comunicação

também tem grande influência na equipe do projeto, pois de maneira

inadequada pode ocasionar um reflexo negativo na cooperação e

produtividade destes. Complementarmente, em projetos de TI é marcante a

interação entre os profissionais de diferentes áreas, o que pode gerar lacunas

nos processos de comunicação. Este estudo visa compreender o processo de

comunicação em projetos, bem como abordar os maiores problemas no que

concernem projetos e à importância da área de comunicações no

gerenciamento destes.

O estudo está estruturado em três capítulos. O primeiro capítulo

apresenta uma síntese da visão geral da comunicação e o processo de

comunicação em projetos. No segundo capítulo apresenta-se uma sinopse

sobre as falhas em projetos nas empresas brasileiras relacionadas a

comunicação em ambientes de projetos. O terceiro capítulo aborda as

soluções das falhas em projetos de acordo com o Guia de Boas Práticas

PMBOK.

10

CAPÍTULO I

Visão Geral da Comunicação

Este capítulo trata a origem da comunicação na sociedade, a evolução

dos meios de comunicação e por último a importância da comunicação em

gerenciamento de projetos de acordo com o guia de boas práticas PMBOK.

Desde as primeiras sociedades primitivas se observa a necessidade de

se comunicar, sejam por gestos, palavras, olhares, sinais, sons, pinturas,

teatro, livros e descobertas tecnológicas são meios que melhoraram a

comunicação humana. O ato de falar é comunicar-se através do diálogo. No

teatro os artistas transmitem em cena, a idéia do escritor e a mensagem da

peça. Daí o valor do teatro no fato comunicação. O canto, a pintura, a mímica,

o alfabeto Braile são recursos de comunicabilidade.

Há exemplo do homem primitivo que há mais de 40 mil anos se

expressou com as gerações futuras através das pinturas rupestres gravadas

nas pedras das antigas cavernas. Os antigos Vikings, com um enorme chifre,

como instrumento faziam comunicar a chegada dos navios de além mar.

Graças a Joanenses Gutemberg, que inventou a prensa e revolucionou a

técnica de impressão tornando possível a transmissão da palavra escrita a um

crescente número de pessoas, outros meios de comunicação surgiram como o

Serviço Postal com pobre soldado da Maratona, o telégrafo de Samuel Morse,

o rádio de Guglielmo Marconi, o telefone Alexander Grahan Bell e a televisão

de Philo Farnsworth encurtaram as distâncias e possibilitaram a comunicação

mais rápida e universal entre as pessoas. Nos tempos modernos uso de fax,

computador e por último a internet através de suas redes sociais nos

possibilitam acesso imediato as informações e nos comunicarmos com rapidez

e segurança. Hoje podemos nos comunicar com pessoas em longas

distâncias, através de e-mails, de vídeo – conferencias que nos facilitam nas

tomadas de decisão.

11

1.1 A importância da Comunicação em Projetos

De acordo com o dicionário Aurélio Comunicação:

“Ato ou efeito de comunicar-(se). Ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ ou processos convencionados. A mensagem recebida por esses meios. A capacidade de trocar ou discutir ideias, de dialogar, de convencer, com vista ao bom entendimento entre pessoas.”

Conceitualmente em projetos comunicação eficaz ocorre quando a

mensagem é enviada, recebida e entendida conforme pretendida pelo emissor.

É um processo de duas partes, que requer boa vontade, motivação e disciplina

do emissor e do receptor.

Segundo o PMBOK “o gerenciamento de comunicações

do projeto é a área de conhecimento que emprega os

processos necessários para garantir a geração, coleta,

distribuição, armazenamento, recuperação e destinação

final das informações sobre o projeto de forma oportuna e

adequada. Os processos de gerenciamento de

comunicações do projeto fornecem as ligações críticas

entre pessoas e informações que são necessárias para

comunicações bem -sucedidas”.

Vivemos numa sociedade do conhecimento, onde os valores

fundamentais são centrados na posse da informação, na aplicação do

conhecimento e na utilização do capital humano. Sob esta perspectiva,

gerenciar requer flexibilidade das comunicações, no qual o gerente de projetos

representa a peça fundamental. A comunicação é essencial no relacionamento

interpessoal e gera mudanças no comportamento dos indivíduos e das

organizações. A perspectiva social do gerenciamento de projetos envolve

participação, motivação, comunicação e, sobretudo, as necessidades

humanas, pois estes fatores influenciam diretamente no sucesso dos projetos.

12

A comunicação eficaz entre todos os membros da equipe é o meio que

acelera os processos internos e facilita na solução de problemas, conflitos e

tomada de decisão com maior agilidade. A eficácia na comunicação

proporciona uma equipe unida e com alto desempenho. Mensagens claras

enviadas, recebidas e interpretadas de forma acurada tornam esta

comunicação adequada e oferecem vários benefícios para o projeto, por outro

lado pode oferecer efeitos devastadores se for mal apresentada, se utilizar o

tipo de abordagem ou mesmo se ofertada em excesso.

Modernamente o processo de comunicação pode ser representado

pelo modelo emissor receptor da figura 1.

Figura 1 – Modelo Básico de Comunicação

Fonte: PMBOK 4ª Edição

O gerenciamento de comunicações emprega os processos necessários

para garantir a geração, coleta, distribuição, armazenamento, recuperação e

destinação final de todas as informações sobre o projeto de forma oportuna e

adequada.

Este processo fornece as ligações muitas vezes conturbadas e críticas

entre pessoas a fim de atender a uma expectativa real em busca de um

objetivo comum do projeto.

O gerente de projetos é o guardião dos interesses do projeto ele

deverá ser a pessoa mais comunicativa e se utilizará um tempo excessivo para

fazer isto. Cabe a ele tomar as ações necessárias para atender as

necessidades e expectativas do cliente e do patrocinador, que o projeto trilhe o

seu ciclo de vida e atenda aos objetivos que se propôs.

13

1.2 O processo de comunicação

Reconhecer a comunicação como um processo, conhecendo seus

elementos, formas de comunicação e partes envolvidas, é o primeiro passo

para a implantação de um sistema de gestão eficiente.

No gerenciamento de projetos, comumente todas as forças são

voltadas para a administração de prazo, escopo e custo. A administração de

todas estas áreas requer do gerente de projeto inúmeras habilidades e

técnicas para que todos os elementos sejam coordenados. Mas a coordenação

somente destas áreas de conhecimento nem sempre garantem o sucesso do

projeto. Um bom plano de comunicação pode ser decisivo para que a

execução e o controle do projeto tenham sucesso. Um plano de comunicação

bem elaborado inclui importantes fatores tais como: administração de

informação, expectativas de stakeholders, conteúdo e precisão da informação.

É importante conhecer o que será gerenciado, ou seja, não se pode gerenciar

o que não se conhece. A era atual da informação possui uma quantidade

imensa de dados maior que a capacidade cognitiva de absorver, e este

excesso de informação afeta a capacidade de transmiti-las e organizá-las de

forma eficaz.

O Guia PMBOK trata especificamente do gerenciamento de

comunicações em projetos como uma área do conhecimento que permite a

geração, coleta, distribuição, armazenamento, recuperação, e disposição das

informações do projeto na forma e no prazo apropriado e reconhece a

existência de cinco processos:

1.2.1 Identificar as partes interessadas

São pessoas e organizações ativamente envolvidas no projeto ou cujo

interesse pode ser afetado como resultado de execução ou término do projeto.

Nesta etapa se identifica as posições chave da diretoria da organização,

seguido pela gerência funcional e estendendo para fora da empresa,

relacionando consultores e conselheiros, ás demais partes interessadas. Neste

14

momento é preciso ter um olhar amplo em relação às partes interessadas

específicas envolvidas, mas considerar o seu envolvimento e papel no projeto

e no processo de comunicação.

O processo é realizado associando as partes interessadas com as

diversas perspectivas de quem está investido de interesse no projeto, seja em

termo de processo ou resultados, de informação ou conhecimento para

contribuir, de responsabilidade funcional pelo projeto ou seu produto; de quem

o projeto precisa de decisões críticas, quem tem autoridade para aprovar

despesas e aquisições ou alocar recursos para o projeto e quem precisa ser

envolvido sob uma perspectiva política da organização.

Figura 2 – Identificar as Partes Interessadas: entradas, ferramentas e

técnicas, e saídas

Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição

1.2.2 Planejar as comunicações

Determinar as necessidades de informações e comunicações das

partes interessadas no projeto e definir à abordagem de comunicação. No

processo de planejar o plano de comunicações eficaz tem que atingir os

seguintes propósitos assegurar que as informações importantes cheguem ás

partes corretas nos prazos adequados, apontar e identificar problemas

potenciais, por meio de reportes de andamento programados e consistentes,

gerar entusiasmo e empolgação com o projeto, facilitar a tomada de decisão e

controle de mudanças, oferecer um processo específico para feedback e

15

resolução de conflitos e melhorar e facilitar o trabalho em equipe, a

colaboração e cooperação.

Ainda que se tenha uma variação de detalhes no plano de

comunicação de acordo com a complexidade, tamanho e duração do projeto,

qualquer plano tem estes aspectos básicos: propósito dos objetivos da

comunicação do projeto sejam formal ou informal, métodos de mecanismos e

formatos da comunicação no projeto, frequência de data e evento, e das

atividades formais de comunicação.

A comunicação no projeto não deve ser apenas resultado das ações

do projeto durante a sua realização. Ao contrário, deve ser planejada.

Conforme Verma (pg. 75), “se a base do gerenciamento de projetos é a

formalização de processos para alcançar melhor o desempenho, a informação

e a comunicação não podem ser relegadas ao improviso e à intuição.”

Figura 3 – Planejar as Comunicações: entradas, ferramentas e técnicas, e

saídas

Fonte: Guia PMBOK 4ª Edição

16

Figura 4 – Diagrama de fluxo de Dados do Processo Planejar as

Comunicações

Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição

1.2.3 Distribuir as informações

A distribuição das informações de projeto é simultânea e execução do

projeto. Conforme o GUIA PMBOK (pg.215 Ed.2009), a distribuição das

informações significa “colocar as informações necessárias à disposição das

partes interessadas no projeto, conforme o planejado”. Significam também,

incorporar permanente novas demandas de informação.

Muitas são as formas de distribuição de informação como uso de

ferramentas eletrônicas, processamento de formulários, gerenciamento de

documentos digitais, sistemas de recuperação de informações, reuniões,

apresentações, informativos em meio físico.

Figura 5 – Distribuir Informações: entradas, ferramentas e técnicas, e

saídas

Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição

17

1.2.4 Gerenciar as expectativas das partes interessadas

Gerenciamento para satisfazer requisitos das partes interessadas e

gerenciando possíveis conflitos. A boa comunicação com as partes

interessadas é um fator crítico de sucesso do empreendimento. Esta

comunicação já terá sido planejada e inserida no Plano de Comunicação. O

gerenciamento da expectativa das partes interessadas é uma questão. Manter

as partes interessadas permanentemente bem informadas pode ser

considerado uma ação preventiva. Um contato permanente e próximo,

principalmente através de reuniões, contribuirá para a atualização ou correção

da própria informação e para a relação de confiança essencial.

O gerente de projetos é o responsável pelo gerenciamento das

expectativas das partes interessadas. Para o gerente de projetos existem

algumas razões importantes para gerenciar as expectativas como: as

expectativas do cliente são parâmetros muito importantes para sua percepção

de satisfação, expectativa mal gerenciada se torna depois de algum tempo

uma pendência ou comprometimento no projeto e por último expectativas

irreais são intangíveis, comprometem a imagem do projeto.

Figura 6 – Gerenciar as Expectativas das Partes Interessadas: entradas,

ferramentas e técnicas, e saídas

Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição

“Gerenciar expectativas não é simplesmente identificar o que o cliente quer. Gerenciar expectativas é guiar o cliente de tal forma que ele espere por aquilo que você pode oferecer”. (Hallows Jolyon, 1998)

18

1.2.5 Reportar o desempenho

Reportar o desempenho é coletar e distribuir as informações em todo o

ciclo da vida do projeto, o que inclui a preparação de relatórios de

desempenho, relatórios de progresso e de projeções. O relatório de

desempenho é definido como componente do processo de controle projeto

onde se tem informações de progresso e desempenho mostrando como essas

peças são cruciais para o gerenciamento de um projeto. O fato é que só, a

partir de uma visão clara do comportamento das variáveis críticas do projeto,

existem condições de se propor mudanças e corrigir rumos para que os

objetivos sejam alcançados. Desta forma podemos apresentar três modelos de

relatórios, o primeiro o relatório de valor agregado muito utilizado em projetos

de engenharia, que relaciona o custo, o prazo e o trabalho efetivamente

realizado pelo projeto. O segundo o relatório de desempenho de atendimento a

produtos dos projetos, que conferi uma estimativa de qualidade do projeto do

ponto de vista do cliente. E por último o relatório de scorecard do projeto que

faz um balanceamento das quantidades relevantes que precisam ser

alcançadas para que o projeto obtenha sucesso.

19

Figura 7 – Diagrama de Fluxo de dados do Processo Reportar o

desempenho

Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição

O quadro 1 apresenta a visão geral desses processos, conforme

proposta do Guia PMBOK , relacionando suas entradas, ferramentas e

técnicas utilizadas em seu processamento, e suas saídas, além do

relacionamento com os três grupos de processos do projeto: planejamento,

execução e controle e monitoramento. Nos processos de iniciação e

encerramento dos projetos não são relacionados processos específicos de

comunicação.

20

Quadro 1 – Visão Geral do Gerenciamento das Comunicações do Projeto

Fonte: GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO EM PROJETO ED. 6ª

21

Figura 8 – Resumo do Gerenciamento das comunicações em projeto

Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição

22

CAPÍTULO II

QUEM NÃO SE COMUNICA SE TRUMBICA

(Chacrinha;Abelardo Barbosa )

Neste capítulo será abordado as dificuldades em comunicação nos

projetos nas empresas de grande porte conforme pesquisa PMI e os fracassos

em projetos de sistemas de informação no segmento de Telecomunicações,

Indústria e Governo.

A importância do entendimento da informação que se quer passar está

diretamente ligada em saber comunicar-se. Através da história temos

conhecimento de grandes comunicadores os quais souberam influenciar

multidões. Qual o segredo deles? Ao longo de nossas jornadas profissionais

muitos exemplos temos presenciado de má comunicação entre as pessoas

com as quais trabalhamos. Nem sempre se tem atribuído o devido esforço

para se conseguir fazer entender. Sair fazendo, sair divulgando, sair falando,

sem um prévio planejamento pode repercutir em resultados não satisfatórios.

Fazer chegar informações a quem de direito, ou evitar mal entendidos entre

integrantes de equipes fazem parte do dia-a-dia do gerente de projetos.

Projetos são desenvolvidos por pessoas, as quais necessitam de integração,

de cumplicidade, até mesmo de compreensão, para que se obtenha o

resultado esperado – projeto bem sucedido. Então quando se fala em planejar

um projeto, entende-se estar contido um planejamento voltado para as

comunicações.

Esta afirmação é um exemplo de que nem sempre se consegue

claramente atingir o receptor da mensagem a qual enviamos. Importamo-nos

com restrição tripla (Tempo, Custo, Risco, Escopo/Qualidade), e qual a

relevância que tem sido atribuída às informações, aos entendimentos, às

responsabilidades referentes?

Para Vargas as principais falhas na comunicação em projetos são

dados insuficientes ou não confiáveis, pouca sistematização, pouca

23

importância dada a distribuição da informação, interesse voluntário em ocultar

informações e falta de um padrão de comunicação.

Quando li a frase “Quem não se comunica se trumbica” achei muito

pertinente para há atualidade em que vivemos hoje, somos cercados por vários

canais de comunicações que nos sobrecarregam com milhares de informações

que na maioria das vezes não temos capacidade de absorver, principalmente

quando o tema abordado é gerenciamento de comunicações em projetos.

2.1 Pesquisa realizada pelo Project Management Institute

De acordo com o Project Management Institute(PMI) , 90% do trabalho

de um gerente de projeto está ligado com as atividades através da

comunicação, pois ela é a base e a essência para o sucesso do Projeto.

Em 2009 um estudo realizado pelo o Project Management

Institute(PMI) com trezentas empresas de grande porte de diversos

segmentos(entre elas Petrobras, Nestlé, Vale, Volkswagen, Votorantim, Lojas

Renner, Embraer, Guerdau,IBM, Promon, Tim e BNDES) revelou que para

76% das empresas pesquisadas a falha na comunicação é o principal motivo

para os projetos fracassarem, para 71% o não cumprimento de prazos é o

fator para o fracasso e para 70% citam as constantes mudanças no escopo.

Em 2008 o mesmo estudo revelou a deficiência na comunicação em

14% das empresas paulistas, 15% em empresas do Rio Grande do Sul e 15%

no Rio de Janeiro.

A pesquisa também mostra que fracassar em projetos é perder muito

dinheiro, pois 46% do investimento na faixai de R$1 milhão a R$10 milhões na

área de projetos, porém mesmo com altos valores, 58% das corporações não

possuem um departamento de gerenciamento de projetos.

Com um olhar investigativo sobre as organizações participantes desta

enquete mostra que um grande número delas possui setores de comunicação

interna com múltiplas competências que poderiam contribuir para o sucesso na

execução desses empreendimentos. Pelos dados da pesquisa isso não vem

ocorrendo, é um contra senso perto de todos os avanços e conquistas da

24

comunicação corporativa. Reconhecida como elemento estratégico para a

competitividade das organizações, estruturada de forma multidisciplinar,

baseada em métodos e técnicas de relações públicas, pesquisa, marketing,

publicidade, propaganda, jornalismo, promoções e recursos humanos ela é tão

fundamental que o envolvimento dos principais gestores de uma empresa em

seu management transformou-se em vantagem competitiva. Porém, à luz das

necessidades dos gestores de projetos, a comunicação ainda é um grande

problema.

Diante deste dilema pergunto se a comunicação é tão importante para

o sucesso dos projetos? Reconhecida pelos seus próprios gestores como fator

crítico de sucesso na implantação dos empreendimentos, capaz de auxiliar no

controle do escopo, tempo e custo, por que motivo, durante todos esses anos

em que a pesquisa de benchmarking vem sendo realizada, esta questão se

repete? É um problema da formação dos gestores de projetos ou uma

desfuncionalidade da comunicação? Estamos diante de uma nova realidade?

De um novo paradigma? Quando isso ocorre, temos que questionar nossas

verdades, desestruturar modelos, redefinir pensamentos, alinhar nossas

emoções para evitar a repetição, calibrar o olhar e ver a diferença. É possível

que o principal problema para se criar uma cultura eficaz voltada para a

elaboração, implantação e controle dos processos de comunicação em

projetos seja a própria comunicação. Vivemos em uma sociedade com

excesso de comunicação. O gestor do projeto e sua equipe praticam

comunicação. É esta comunicação que constrói escopo, segmenta

stakeholders, informa os riscos, cobra resultados e integra as equipes. É esta

mesma comunicação que divulga a ausência de uma comunicação eficaz. No

mundo onde tudo é comunicação, a negativa desta sentença neutraliza a

maioria das heróicas tentativas de sucesso da comunicação.

Não se trata de falta de competência da comunicação, mas de uma

reflexão crítica sobre projetos em que esta comunicação se realiza.

Provavelmente, os conhecimentos e o modelo atual de comunicação utilizado

em projetos não respondem aos novos desafios das organizações

25

projetizadas. Os paradigmas atuais cegam nossa percepção evitando que o

cérebro processe uma nova alquimia.

Conforme Krause Walhter(2009)

“O problema de comunicação é antigo, mas está se

tornando mais evidente. Não sabemos escrever bem, não

falamos bem o que queremos, não nos relacionamos bem

com todos os perfis existentes num ambiente de projeto.

Paradoxalmente, estamos na era da tecnologia onde

todas as informações podem chegar a todos

imediatamente, esteja onde estiverem”.

2.2 Fracassos em projetos de sistemas de informação

A emersão de metodologias de gerenciamento de projetos é fruto da

necessidade de um instrumento para lidar com a complexidade da produção

moderna de bens e serviços. Conforme Meredith e Mantel (2003), tal

necessidade decorre de três principais fatores:

a) A grande expansão do conhecimento humano;

b) A crescente demanda por mercadorias e serviços mais sofisticados,

complexos e, ao mesmo tempo, “customizados”;

c) A evolução da competitividade dos mercados mundiais na produção e

consumo de mercadorias e serviços.

O conceito de projeto há muito vem atraindo a atenção dos indivíduos

responsáveis por decisões estratégicas nas organizações, uma vez que as

práticas de trabalhos orientados a projetos vêm sinalizando possibilidades de

tratamento mais adequado para problemas complexos de gestão, resultando

na redução de custos e prazos e na melhoria da qualidade do produto gerado.

Maximiniano (1997, p. 36) compreende que administrar projetos envolve a

utilização de um conjunto estruturado de técnicas e procedimentos; a definição

de responsabilidades e autoridade; e a estruturação de um sistema de

documentação. Com isto, a empresa terá maiores chances de apresentar

26

resposta adequada à complexidade de empreendimentos de valor. Desta

forma, parece evidente que, para alcançar seus objetivos, empresas

envolvidas com empreendimentos complexos terão de estruturar seus

processos de trabalho, definir metodologias, difundir suas práticas e

disseminar uma cultura de gerenciamento sistêmico.

Por outro lado, apesar da crescente utilização do gerenciamento de

projeto pelas empresas, pesquisas apontam elevados índices de falhas em

projetos. Um estudo bastante conhecido que vem sendo sistematicamente

realizado pelo Standish Group, denominado Relatório “Chaos” (STANDISH,

1995), revela que o índice de sucesso em projetos de sistemas de informação

é de 9% para grandes empresas e de 16% para as de pequeno e médio porte.

A evolução da pesquisa mostra que a taxa de sucesso dos projetos, ainda que

seja baixa, vem aumentando ao longo do tempo, permitindo inferir que as

práticas de gestão de projetos vêm sendo crescentemente aplicadas nas

empresas fornecedoras de sistemas de informação, as quais estão evoluindo

no aspecto gerencial e melhorando seus resultados. Conforme o último estudo

publicado no “Chaos” (STANDISH, 1999), a maioria dos projetos falha não por

causa de falta de dinheiro ou tecnologia, mas por motivos diversos, como

política interna, leis, usuários, demanda dos clientes, dentre outros. Conforme

conclusão do relatório, os problemas e as soluções residem nas pessoas e nos

processos.

Vale mencionar que, a este respeito, autores como Meredith e Mantel

(2003) são ainda mais exigentes entendendo que o sucesso de um projeto

extrapola as questões de custos (orçamento), prazo (programação) e

qualidade (desempenho), devendo atingir também critérios de uso e satisfação

do cliente.

Os fracassos em um projeto estão relacionados a causas diversas, que

vão de obstáculos externos e fora do controle da empresa a mudanças na sua

estrutura organizacional. Entretanto, segundo Vargas (2002, p.22), a maioria

dos insucessos é decorrente de falhas gerenciais como: concepção do projeto

mal elaborada; dimensionamento incorreto do projeto em termos de

estimativas de prazos, custos e recursos humanos; comunicação falha;

27

informação indisponível; sistema de controle ineficaz; estimativas financeiras

inadequadas; falta de um gerente de projeto ou troca de gerentes no mesmo

projeto; dependência do uso de softwares de gestão de projetos; treinamento e

capacitação inadequados; falta de liderança; expectativas distintas entre

cliente/projeto; e falta de estabelecimento de padrões.

Parece que o gerenciamento de projeto é apenas uma metodologia,

que para ser implementada dependerá da forte relação entre tecnologia,

organização e pessoas, em que a harmonia destes fatores é crucial para o

sucesso. As variáveis tecnologia, organização e pessoas têm características

que afetam diretamente o desenvolvimento do projeto e, neste contexto,

presume-se que a comunicação tem uma importância visivelmente relevante,

atuando como elo indispensável de ligação.

O resultado desta pesquisa está apresentado da seguinte forma:

2.2.1 Planejamento

Essa é a prática que mais se distancia da realidade da empresa

estudada. Conforme os dados da pesquisa, os gerentes de projetos não

elaboram o Plano de Comunicações para os seus projetos. Dentre as

explicações obtidas para a não realização desta prática, destacam-se, por

ordem decrescente de frequência: a comunicação é vista como um item

importante, porém é uma consequência do relacionamento normal de trabalho

e ocorre naturalmente, sem exigir uma ação de planejamento; as práticas de

comunicação do PMBOK são utilizadas, porém é dada maior ênfase aos itens

escopo, prazo, custo, qualidade e risco; o tempo para planejar é reduzido e,

muitas vezes, o projeto é iniciado sem definição do pessoal da equipe

definitiva, inclusive do gerente de projetos; falta de conhecimento dos

envolvidos quanto à necessidade de um plano de informações para cada um

deles; e a empresa já dispõe de diretrizes comunicacionais e, para parte dos

gestores, essas diretrizes são suficientes.

28

Apesar de conhecerem as práticas do PMBOK, os gerentes de

projetos, em geral, não percebem o valor da criação do Plano de

Comunicação.

Em contrapartida, a ação de comunicação é suportada por diretrizes

institucionais coordenadas pelo comitê de projetos da empresa, que instituiu

um portal de projetos. Esse portal é acessado via WEB, conforme o perfil do

usuário, e contempla parte dos registros formais do projeto: atas, escopos,

relatos de desempenhos, cronograma, orçamentos e todo o material gerado

durante o projeto. As informações disponibilizadas no portal são atualizadas

periodicamente, conforme a evolução do projeto. Por outro lado, para os

profissionais da equipe de projeto, o planejamento das comunicações é visto

como prática vantajosa para o gerenciamento, uma vez que eles gastam muito

tempo na busca pelas informações, quando estas deveriam vir até eles.

Assim, pode-se afirmar que as práticas de planejamento da

comunicação limitam-se à publicação de parte da comunicação das

informações do projeto no portal, de forma pouco estruturada. Apesar de,

tecnologicamente, o portal ser uma ferramenta robusta, a sua utilização tem

sido tímida, pois a consulta ao mesmo não é vista como uma rotina regular de

trabalho. Assim, fica evidente que as diretrizes da empresa para o fator

comunicação não correspondem às prescrições de planejamento da

metodologia PMBoK.

2.2.2 Distribuição

Os dados obtidos indicam que 90% das empresas pesquisadas

consideram que o acesso à informação é simples e fácil e 78% acreditam que

a informação disponibilizada é clara e precisa. No entanto, apenas 34% deles

consideram que a informação está disponível no momento oportuno. Convém

lembrar que a indisponibilidade da informação é uma verdadeira contradição

no trabalho com projetos, o qual requer agilidade e disponibilidade permanente

da informação necessária no momento do uso. Um total de 82% das empresas

consultadas acham que a informação é disponibilizada no meio conveniente e,

29

quanto à flexibilidade, 75% afirmam que não se sentem confortáveis em

atualizar informações que não foram disponibilizadas pelos mesmos.

No que se refere à confiabilidade da informação, 58% dos

entrevistados não confiam na informação disponível e ficam na dúvida se a

mesma corresponde ou não à última versão do documento que utilizam. Para o

representante do comitê de projetos da empresa, essa é uma questão cultural

a ser vencida, uma vez que “as pessoas têm o hábito de duvidar da veracidade

e atualização da informação disponibilizada eletronicamente”.

Dentre aqueles que consideram insatisfatória a distribuição da

informação, o principal motivo da insatisfação está relacionado à demora em

obter a informação, o que, muitas vezes, resulta em atraso e,

consequentemente, no não cumprimento das metas estabelecidas. Levantados

os motivos para a citada disfunção, destacaram-se, as dificuldades em

consolidar a informação e transformá-la em registro (documento); as

dificuldades em uniformizar a informação recebida; e a falta de

comprometimento dos envolvidos em distribuir a informação a tempo. Outro

obstáculo encontrado na disseminação da comunicação foi a falta do hábito de

compilar e distribuir a informação na oportunidade adequada, sendo comum

encontrar pessoas mantendo registros documentados em arquivos particulares

na própria máquina ou na rede. Como consequência, é uma prática comum na

empresa identificar-se, em conversas informais, a necessidade de uma

informação por parte de um dos membros da equipe e a disponibilidade da

mesma com outro membro, ocasião em que o “proprietário” do registro toma a

iniciativa de encaminhá-lo diretamente para o usuário, através de e-mail. Isso

acaba gerando uma distribuição de comunicação fragmentada e incompleta

para o projeto, que resulta, muitas vezes, na necessidade de retrabalhos. A

carência por um procedimento sistêmico de distribuição da informação

estimula, talvez por questão de necessidade, formas de bom relacionamento e

integração entre os membros da equipe de projeto, o que facilita as trocas de

informação na empresa. Assim, a informalidade agiliza, em parte, a distribuição

de informações entre os membros da equipe, porém, ao final do projeto,

percebe-se que informações relevantes foram perdidas. Com 58% das

30

empresas respondentes desconfiam, num primeiro momento, da informação

recebida, a equipe de projetos costuma solicitar informações técnicas

supostamente complementares e detalhamentos de mudanças, de aquisições

e de prazos alterados. Desse modo, a ausência de procedimentos sistêmicos

de distribuição de informações gera impactos negativos no projeto, como

retrabalhos e ociosidade, afetando, por consequência, o cronograma e, em

alguns casos, o orçamento do empreendimento. Dificuldades na comunicação

também foram relatadas pelas áreas de interface dos projetos Compras e

Finanças. Para elas, a distribuição da informação é lenta e normalmente os

gerentes de projetos exigem agilidade na execução das atividades de apoio.

Ruídos de comunicação também acontecem no setor financeiro e a dificuldade

maior está na prestação de contas referentes aos gastos do projeto, em

especial, daqueles que envolvem grande número de viagens. Todo esse atraso

na disponibilização da informação causa impactos negativos como conflitos,

“stress”, atrasos no cronograma e gastos não previstos.

A pesquisa revela que não existe procedimento sistêmico de geração e

distribuição de informação, exceto aquelas informações iniciais previamente

disponibilizadas pelo gerente de projetos, reforçam a importância e a

necessidade do Plano de Comunicação na empresa. Além disso, como a

responsabilidade pela distribuição de informações é descentralizada e não está

claramente definida, as pessoas não se sentem comprometidas em disseminar

a informação. Outros fatores relatados que dificultam a distribuição das

informações relativas ao projeto foram: desconhecimento do conjunto das

informações que devem ser disponibilizadas; ausência da cultura do registro

documental de ações e decisões; preferência pela comunicação informal;

excesso de prioridades; distância geográfica; e falta de tempo.

Apesar das tecnologias estarem revolucionando a forma da

comunicação, o conteúdo gerado pelas pessoas ainda é o componente crítico

desse processo. Conforme enfatiza a literatura que trata da gestão de projetos,

cabe ao gerente de projetos definir, com antecipação, quem precisa de quais

conteúdos e garantir que o receptor receba e entenda a mensagem. Assim,

conclui-se que a distribuição das informações na empresa investigada é

31

precária, principalmente em razão da ausência de um planejamento das

comunicações.

2.2.3 Relatório de desempenho

Foi evidenciado que as informações geradas e atualizadas nos

relatórios de desempenho são aquelas que a alta direção prioriza, destacando-

se: escopo, tempo, custo e qualidade. Os riscos são identificados no início do

projeto, porém sua descrição quase nunca sofre atualizações. Já as

informações relativas à comunicação do projeto não são formalizadas, uma

vez que essas não são vistas como necessárias. Os registros de aquisições,

requisições de mudança e relatórios de desempenho são gerados e

atualizados de forma reativa. Os relatórios de desempenho estão em

consonância com as práticas do PMI (2008), que afirma que os esta

modalidade de documento deve fornecer informações sobre escopo, prazo,

custo e qualidade. Os relatórios de desempenho não têm periodicidade

definida para sua emissão, sendo emitidos sempre que demandado pelo

cliente ou pelos diretores da empresa. É uma prática da empresa avaliar os

relatórios de desempenho através de reuniões presenciais, das quais

participam os gerentes de projetos, os coordenadores de equipe e o cliente. A

alta direção da empresa, eventualmente, participa das reuniões, porém,

rotineiramente, costuma fazer o acompanhamento das ações através do portal

de projetos e de reuniões particulares com o gerente de projetos.

As requisições de mudanças ocorrem com frequência relativamente

alta, porém em quantidade aceitável para projetos de sistemas de informações.

Essas são devidamente documentadas e disponibilizadas no portal. Por outro

lado, as revisões de outros documentos, como cronogramas e planilhas de

custo, que podem ser afetados em virtude de mudanças solicitadas, não são

feitas na mesma frequência. Tais documentos são alterados a espaços de

tempo maiores ou ao final do projeto. Como se sabe, uma solicitação de

mudança pode afetar diversos documentos e implicar em um replanejamento,

com reflexos nos registros do projeto e nos relatórios de desempenho. A falta

32

de sincronismo na atualização da comunicação da informação pode levar a

ruídos de comunicação. A grande maioria das empresas pesquisadas (83%)

concorda que a forma mais adequada para análise de desempenho são as

reuniões, pois nesse momento dúvidas e questionamentos são esclarecidos de

forma presencial. As principais dificuldades encontradas na distribuição dos

relatórios de desempenho foram: entrega da informação em tempo hábil,

mudança no escopo do projeto, dificuldade em produzir os relatórios, falta de

hábito dos “stakeholders” em ler o relato e dificuldade em entender os

conceitos utilizados.

2.2.4 Encerramento

Na visão dos gerentes de projeto da empresas pesquisadas, o sucesso

do projeto depende de quatro fatores: prazo, custo, qualidade e satisfação do

cliente. Apesar da literatura abordar o fator uso utilização efetiva do produto

pelo cliente os gestores pesquisados não entendem esse fator como relevante.

Os projetos estudados estão, sem exceção, disponibilizados na base de dados

da empresa, confirmando a prática prescrita na literatura relativa à metodologia

de implementação de projetos, que enfatiza a necessidade de manter arquivos

com os registros do projeto. No entanto, apesar do conteúdo estar acessível, o

armazenamento do mesmo não é satisfatório. As informações arquivadas são

passíveis de alguns aprimoramentos, dentre os quais destacam-se o

ordenamento lógico dos documentos e o registro dos relatos de processos

falhos e/ou deficientes, para melhoramento e uso em projetos futuros.

2.3 Comunique-se: não é só peixe que morre pela boca

Quando há falta de comunicação, os boatos e outras formas de ruídos

tomam seu lugar. Na falta de uma versão oficial, ficam circulando informações

que podem minar a moral da equipe e levantar suspeitas sem fundamento. O

gerente de projeto deve evitar esse tipo de prática, conhecida por "rádio peão",

dando informações claras e confiáveis sobre o status do projeto. Aqui vemos o

33

boato organizacional como a saída para o silêncio da comunicação formal.

Silenciar sobre um assunto não significa eliminá-lo, a comunicação, discursos

e sentidos - busca o seu curso, ainda que à margem. Cabe aos profissionais

responsáveis pela comunicação criar canais para dar voz e vez aos

funcionários e evitar que falas com toda sorte de acréscimos e entendimentos

se tornem verdades. Certamente esta é uma área em que a diplomacia é

essencial. Se há um problema, o gerente de projetos pode e deve não só falar

sobre ele, mas também informar que está trabalhando na solução, e não

apenas comunicar que o problema existe. Problemas sem uma perspectiva de

solução são angustiantes e causam um desconforto na equipe que muitas

vezes é desnecessário.

2.3.1 Gerenciamento de Conflitos

O ponto central no gerenciamento do relacionamento é o conflito, que

por definição é a divergência de ideias ,objetivos e relacionamento

interpessoais negativos. Isso acontece em todos os níveis de um projeto.

Pontos de discordância vão desde a escolha de uma metodologia e práticas

utilizadas no processo até atritos por falta de empatia entre pessoas. Os

conflitos pessoais, talvez os mais desgastantes, podem ser causados por

diferentes expectativas e objetivos pessoais no projeto. Embora, se controlado

os conflitos podem ser benéficos para motivar a criatividade do grupo,

estabelecendo uma competição saudável. Cabe ao gerente do projeto

identificar quando isso é saudável ou não. A melhor forma para isso é adotar

uma metodologia com técnicas adequadas para resolvê-los, procurando

sempre focar nos processos do que nas pessoas. Algumas situações onde a

equipe de projetos pode falhar: metas confusas pessoas que não sabem o que

se esperam delas, ou que não entendem o sentindo do que falam; papéis

poucos claros os membros da equipe não sabem com certeza qual é seu

trabalho; conflitos de personalidades os membros da equipe têm diferenças,

feedback e informação insuficiente, sistema de recompensas mal concebido,

resistências a mudanças.

34

Quadro 2 – Causas e efeitos em projetos

Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição

35

CAPÍTULO III

SOLUÇÕES EM COMUNICAÇÕES DE PROJETOS COM

BASE NO GUIA DE BOAS PRÁTICAS PMBOK

Nos capítulos anteriores foram analisadas algumas situações que

levam os projetos ao fracasso, neste capítulo o assunto exposto serão as

soluções utilizadas a partir do Guia de boas práticas PMBOK.

Já é amplamente conhecido no meio de gerenciamento de projetos de

que o processo de comunicação ocupa a maior parte do tempo do gerente de

projetos.

Pelos processos definidos no guia PMBOK podemos identificar que o

planejamento das comunicações é considerado essencial para alcançar o

sucesso nos projetos. Algumas boas práticas podem auxiliar este fluxo de

informações e mitigar o risco do Gerente de Projetos não comunicar decisões

importantes para os envolvidos.

O que é planejar as comunicações? Para a elaboração de um plano

de comunicação de boa qualidade, é importante o levantamento de alguns

itens como: os stakeholders, quais informações são importantes para as partes

envolvidas, qual melhor meio de comunicação, periodicidade da comunicação

e quem é o responsável pela transmissão da comunicação. Após a elaboração

do Plano de Comunicação é importante a sua divulgação para os envolvidos

com a finalidade de que todos fiquem cientes e comprometidos com a sua

execução. Na prática é executar o que foi planejado no Plano de

Comunicações, algumas práticas adotadas em desenvolvimentos de projetos.

Os pontos de controle com a equipe técnica são reuniões presenciais e

periódicas, realizadas com toda a equipe para identificar principais pendências,

sugestões e problemas do período. Estas reuniões não devem ser longas e

para isto é importante o gerente de projetos atuar como mediador e evitar que

assuntos técnicos entrem na pauta de discussão. Se houver dúvidas técnicas,

36

elas devem ser pontuadas e deixadas para serem discutidas em reunião à

parte dos pontos de controle. O resultado dos pontos de controle deve ser uma

base de informação que identifique as pendências com os prazos e

responsáveis pela resolução, sugestões com as indicações dos responsáveis

pela avaliação e prazo para término desta atividade e lista de problemas com

prazo para a solução.

Reuniões para informar sobre o andamento do projeto. São reuniões

presenciais que podem envolver vários perfis diferentes de usuários que

podem estar reunidos ao mesmo tempo ou não, dependendo do interesse de

cada grupo. É comum a participação nestas reuniões dos patrocinadores do

projeto, usuários finais, envolvidos de departamentos parceiros, dentre outros.

O interesse nas informações destas reuniões pode envolver o conhecimento

dos problemas que o projeto enfrenta em termos de prazo, custo e escopo. O

resultado destas reuniões pode ser Status Report enviado à alta direção da

empresa.

A mudança no projeto é um item extremamente importante nesta área

de Comunicações. Muitas vezes deparamos com mudanças que são

realizadas pela equipe e não são comunicadas aos demais envolvidos. Para

evitar este problema, a sugestão é adotar uma estrutura de Comitê Controle de

Mudanças onde participem os principais responsáveis pelas decisões e

aprovações das mudanças. Toda mudança deve ser realizada apenas após a

aprovação deste Comitê.

As lições aprendidas são valiosas informações para as organizações.

Os membros das organizações devem apresentar as vantagens de ser ter

acesso aos exemplos vivenciados em situações e momentos diversos. Lançar

mão de métodos fáceis para capturar este conhecimento é essencial para a

aceitação desta prática. Orientar para que sejam documentados itens

relevantes, organizados em assuntos de interesse da organização, por tipos de

projeto, por áreas de conhecimento. Avaliar o que deu errado e porque, ou que

ações contribuíram para bons resultados, fará com que se possa entender o

contexto em que estão inseridos os registros, e adotar o que for aplicável,

gerando melhorias no processo como um todo para os projetos e

37

consequentemente para a organização. Divulgar, tornar público trará

benefícios aos membros da organização. Porém é importante priorizar,

direcionar a informação de acordo com os interesses de cada grupo, ou

através de solicitações específicas. A disponibilidade de informações deverá

ser constante e as atualizações seguirão as ocorrências.

Gerenciar Lições Aprendidas requer antes de tudo patrocínio, depende

de apoio de instâncias superiores, diretrizes bem delineadas, participação,

motivação, enfim o envolvimento e comprometimento de todos.

38

CONCLUSÃO

Os impactos causados por deficiências na comunicação das

informações de um projeto podem variar bastante, dependendo do tipo de

projeto e das pessoas envolvidas. A comunicação parece ter um papel vital no

sucesso de um projeto, uma vez que ela é um elemento de construção de

grupos e uma via de conexão entre as pessoas e os processos. Dentre os

pesquisados, 40% acreditam que a comunicação é um fator importante para o

sucesso do projeto. Os demais entendem que a comunicação é importante,

mas o cumprimento do prazo e os custos são os reais motivos do sucesso.

Ainda que muitos não percebam, diretamente, o valor da comunicação em

projetos e indiquem às variáveis, prazo e custo como os responsáveis únicos

pelo êxito do projeto, a pesquisa evidenciou a relevância das comunicações e

sua ligação com o sucesso dos projetos. Isto pode ser afirmado porque, ao

analisar detalhadamente as causas do não cumprimento dos prazos, fica

evidente a sua relação com a comunicação, uma vez que os prazos são

afetados por disfunções como atraso no acesso à informação, falta de

entendimento do escopo, solicitação de mudanças e atraso na solicitação de

contratação de pessoal. Estes problemas, que não receberam análise

detalhada neste trabalho, apontam para o impacto negativo do fator

comunicação da informação sobre o sucesso do projeto, quando aquele fator

não recebe tratamento sistêmico, surgindo, em consequência, ruídos no

entendimento ou indisponibilidade da informação no momento requerido.

De maneira análoga, as causas do não cumprimento do orçamento

podem ter, igualmente, correlação com as falhas nas comunicações, pois

fatores como mudanças feitas no projeto sem a devida análise de impacto nos

custos, atrasos na liberação de pagamentos de fornecedores, aluguel de

equipamentos por período além do necessário e outras disfunções que afetam

o sucesso do orçamento do projeto têm suas causas associadas ao tratamento

inadequado da comunicação. Uma comunicação imperfeita, uma informação

39

técnica incorreta ou uma informação gerencial inadequada podem prejudicar o

processo de tomada de decisão e levar o projeto ao fracasso. Sendo assim,

conclui-se que as falhas de comunicação fazem elevadas cobranças ao

sucesso do projeto. Os gerentes de projetos e sua equipe gastam a maior

parte do tempo se comunicando, em atividades como definição de objetivos,

resolução de problemas, elaboração de registros, solicitação de mudanças e

outras. Isto significa que para atender-se a um projeto em termos de prazo,

custo, qualidade, escopo, risco, integração, aquisição e recurso humano

fazem-se necessário o adequado tratamento do fator comunicação. Apesar de

muitos não perceberem, a comunicação está no cerne de todos os eventos do

projeto, onde a maior parte das falhas parece estar fortemente vinculada a

ruídos e atrasos na comunicação.

É perceptível a importância de uma boa comunicação em ambientes

de projetos e por consequência na organização como um todo.

Em qualquer organização sempre existirão opiniões divergentes,

desentendimentos e equívocos entre os profissionais ao tentar expor suas

ideias.

Entretanto, quando se trata de projetos, é imprescindível que todos

saibam dos objetivos do projeto e para qual finalidade o mesmo foi proposto.

Com isso, tenta-se minimizar ao máximo os problemas que ocorrem ao

longo do projeto, buscando aprofundar os conhecimentos a este relacionado e

tentando sanar todas as plausíveis divergências que poderão ocorrer.

A pesquisa de Benchmarking de Gerenciamento de Projetos conduzida

pelo PMI em 2009 revelou os vários problemas enfrentados pelas empresas

brasileiras. É importante gerar uma reflexão diante deste artigo, a ponto de

aumentar a maturidade das organizações e seus gestores a fim de buscar uma

maior e melhor comunicação nos seus projetos.

As constatações resultantes da pesquisa realizada permitiram concluir

que há desvios entre a prática nas empresas estudadas e a metodologia para

o tratamento da comunicação proposta pelo PMBOK. Parte dos desvios pode

ser justificada pelo fato das empresas estarem em fase inicial de implantação

de uma cultura de gestão de projetos. Por outro lado, a metodologia do

40

planejamento, distribuição e controle das comunicações poderia estar

recebendo prioridade mais elevada nesta fase inicial,evitando-se o tratamento

informal, não sistêmico e reativo que a pesquisa evidenciou. Para tanto, a

elaboração de um Plano de Comunicação parece ser o ponto de partida para

garantir a qualidade das comunicações das informações do projeto, pois

quando se dispõe de um plano formalizado os stakeholders identificam, com

maior precisão, seus papéis de coleta, distribuição, arquivamento e

recuperação da informação durante o projeto.

41

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estratégico.

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