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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Crianças e Infâncias – As Dificuldades de Aprendizagem na Sociedade Contemporânea
Por: Ingrid Vieira dos Santos
Orientador
Dayse Serra
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Crianças e Infâncias – As Dificuldades de Aprendizagem na Sociedade Contemporânea
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia
Por: Ingrid Vieira dos Santos
AGRADECIMENTOS
3
....a minha família, que é base de tudo,
ao meu marido, aos meus professores
e queridos alunos......
DEDICATÓRIA
4
.....dedico a todos que participaram,
participam e ainda irão participar do meu
eterno processo de aprendizagem,.......
RESUMO
5
Neste trabalho pretendemos compreender um pouco melhor como as
mudanças ocorridas nas Sociedades através dos tempos, na estrutura familiar
e no conceito de ser criança corroboraram para que muito de novos jovens
atualmente encontrem dificuldades em sua aprendizagem, principalmente no
âmbito escolar.
Ao longo dos capítulos iremos trabalho os conceitos de Sociedade
Contemporânea, Família e Infância, tentando sempre fazer uma correlação
destas com as dificuldades de aprendizagem.
Desejamos assim, poder contribuir um pouco mais para melhor entender as
complexidades do não aprender.
METODOLOGIA
Neste trabalho, iremos utilizar como método de pesquisa, a leitura de obras referentes ao tema a ser estudado, para obtermos embasamento teórico
6
suficiente, que dê conta do desenvolvimento desta monografia. Para isso temos como principal base teórica a discussão sobre o que seria: Sociedade Contemporânea, Família, Infância e Dificuldades de Aprendizagem, discutidos por diversos autores.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Os Tipos de Sociedades 09
CAPÍTULO II - Família – Transformações 13
e rupturas através dos tempos
CAPÍTULO III – A Infância como território 22
CAPÍTULO IV - Sociedade Contemporânea, 30
Família e Criança, quais as suas relações
com as dificuldades encontradas
durante o processo de aprendizagem?
CONSIDERAÇÕES FINAIS 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41
ANEXOS 45
FOLHA DE AVALIAÇÃO
8
INTRODUÇÃO
A criança sempre existiu em nossos vários tipos de sociedade,
entretanto o conceito de infância veio a ser fortalecido a partir do fim do século
XVI e durante o século XVII. Com a Era da Informatização e dos novos
aparatos tecnológicos podemos observar que a escola vem perdendo seu lugar
de única detentora do saber. Em contra partida, os meios midiáticos, como a
televisão e a internet, vêm ganhando cada vez mais espaço em nossa
sociedade, principalmente entre os mais jovens.
Todas essas mudanças ocorridas com o passar das décadas afetaram
diversos setores da sociedade, sendo assim podemos observar que a própria
estrutura familiar vem sofrendo grandes transformações. Neste contexto,
notamos que muitas crianças vêm apresentando dificuldades de aprendizagem
em seu ambiente escolar. Por que essas dificuldades vêm se mostrando cada
vez mais presentes nas escolas? Por que nossos alunos, que a cada dia se
deparam com novas tecnologias e uma gama de informações, vêm
demostrando um baixo aproveitamento escolar? Essas e muitas outras
perguntas, dentro desse contexto, surgem sendo feita por pais, professores e
os vários profissionais que lidam diariamente com esses alunos.
Queremos mostrar nesta monografia como as mudanças que vêm
ocorrendo em várias instâncias da sociedade contemporânea, principalmente
infância, escola e família, vêm fazendo com que apareçam uma série de
dificuldades de aprendizagens em nossas crianças.
Através desse estudo poderemos observar que lançando mão de
algumas mudanças de postura no âmbito escolar e familiar poderemos ter uma
diminuição dos problemas de aprendizagem.
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CAPÍTULO I
OS TIPOS DE SOCIEDADES
Neste capítulo iremos falar sobre a evolução da sociedade e quais
foram às consequências desta evolução.
1. 1 - Tipos de sociedades
Com o passar do tempo histórico, as sociedades foram se modificando,
assim como as diversas imagens que se constituíram sobre o homem. A cada
época temos uma determinada sociedade que acompanha um determinado
tipo de homem, estes interagem entre si, influenciando e sendo influenciado
um pelo outro num processo dialético, homem e sociedade se formam, seja no
contexto socioeconômico ou cultural. Podemos observar assim que cada tipo
de sociedade vai formar em seus indivíduos traços de personalidade mais
adequados à sua manutenção, a sua lógica, a sua ideologia vigente.
“Podemos distinguir três períodos – embora sem nenhuma ruptura com o modo de produção capitalista – nas sociedades ocidentais modernas: o de um capitalismo predominantemente voltado para a produção, o de uma sociedade com ênfase no consumo de massas e o de uma sociedade preocupada com o consumo de forma segmentada, cada um com características próprias e tipologias de personalidade distintas.” (SEVERIANO e ESTRAMIANA, 2006, p.28)
Podemos então observar que haveria três períodos de acordo com os
autores. O primeiro deles se denominaria Capitalismo de mercado (século XIX
e início do século XX), onde a mão-de-obra seria explorada com longas
jornadas de trabalho. Os indivíduos são racionais, prudentes e soberanos nas
suas decisões, há também uma racionalização nos diversos setores da vida.
Já o consumo neste período seria de caráter instrumental, orientado
10
fundamentalmente pelas condições e funcionalidades do produto, destinado a
satisfazer as necessidades básicas dos consumidores.
Na Sociedade de Consumo de Massa (a partir da metade do século XX),
encontraríamos o segundo período, porém temos que reforçar a idéia que
estes períodos viviam a ocorrer sem rupturas, nesta sociedade a produção
passa a ser orientada para realização de desejos abstratos com anseio de se
atingir um status. Para alcançar determinado anseio, a ordem industrial agora
passa a ser o modo de produção fordista, que seria uma produção em série. A
predominância do consumo passa a ser simbólica, tendo a valorização da
estética e do design dos objetos.
Aproximadamente por volta da década de 80, surge a Sociedade de
Consumo Segmentada, com o consumo sendo fundado nas imagens das
marcas dos produtos vinculados pela publicidade. Desaparece o produto e
intensifica-se o seu valor-signo. A auto-realização se faz agora por meio do
consumo, e este se torna uma marca para demonstrar Liberdade e
Democracia.
A partir desse contexto fomos sendo introduzidos em uma sociedade
que passou a nos qualificar como consumidores, aonde são sendo induzido
em nossas escolhas buscar saciar nossas necessidades, carências e desejos
no ato da compra. Uma boa confirmação da parte acima comentada pode se
observar neste trecho:
“Num tal contexto, e ainda que acredite agir em liberdade, o consumidor cai numa armadilha invisível, onde cada um de seus gestos foi previsto antecipadamente. Cada uma de suas decisões foi previamente estudada. E de repente, a compra impulsiva se torna compulsiva. As pressões externas transformaram-se, para alegria dos especialistas em marketing, em pulsões incompreensíveis, que se inscrevem, do mesmo modo que o álcool, na dependência e nos distúrbios psiquiátricos”. 1
1 http://diplo.uol.com.br/2008-04,a2358
11
Podemos assim observar que essa liberdade não é real. Seria mais uma
manipulação da sociedade capitalista para conseguir gerar mais mercados
consumidores, através da construção de um temário “ideal” para os indivíduos,
a partir de pesquisas. É a lógica de mercado ultrapassando os limites
comercias e invadindo os espaços sociais, públicos e democráticos, onde,
“Uma sociedade voltada eminentemente para o consumo requer, necessariamente, um tipo de personalidade que se identifique com os ideais projetados nos mais diversos objetos fetichizados do grande mercado de capital. O sistema capitalista das atuais sociedades de consumo necessita, pois, de um indivíduo narcisista, hedonista, em que todo o investimento volte para ele mesmo – já bastante distanciado, portanto, daquele ideal ascético puritano do individuo dos primeiros estágios do capitalismo”. (SEVERIANO e ESTRAMIANA, 2006, P. 91).
Entendemos desta forma que neste momento histórico, de acordo com
Milton Santos, “seus fundamentos são a informação e o seu império, que
encontram alicerce na produção de imagens e do imaginário, e se põem ao
serviço do império do dinheiro fundando este na economização e na
monetarização da vida social e da vida pessoal.” O dinheiro e a imagem
passam a ser à base deste modelo de sociedade, que está pautada também
no ato de consumir. Procuram sempre formar e moldar novos mercados
consumidores e quanto mais jovem este mercado for forjado melhor para o
capital, desta maneira
“A ótica neoliberal, construída no jogo de interesses dos conglomerados nacionais e internacionais, tem encontrado nas crianças uma fonte fértil para a produção de capital e tem exercido um papel de reformulação em sua concepção tradicional ao elaborar novos currículos de aprendizagem, assumindo a condição de educadores. (LOPES e VASCONCELLOS, 2005, p.58)
12
Notamos assim que “a infância figurada está sendo lentamente retocada
e definida a partir de novos traços que marcam o que é ser criança,
convencionados pelo marco do consumidor” (LOPES e VASCONCELLOS, 2005,
p.60).
Percebemos assim, que essas mudanças sociais afetam diretamente a
postura do homem perante a sociedade, dessa maneira, este vive regendo
suas preocupações e sonhos entorno do que esta sociedade lhe diz ser o que
é bom ou ruim. Desse modo, o ser criança e o conceito de família também
foram sofrendo diversas modificações através dos tempos.
CAPÍTULO II
13
FAMÍLIA – TRASNFORMAÇÕES E RUPTURAS
ATRAVÉS DOS TEMPOS
Atualmente nos encontramos em um mundo onde as barreiras cada vez
mais estão sendo vencidas pela globalização, e a informação chega aos
lugares e grupos sociais cada vez mais rápida. Essas mudanças, observadas
no capítulo anterior, modificaram o modo de ser e ver a vida. E uma instituição
que sofreu grandes transformações com o passar das décadas foi a familiar.
2.1 – A FAMÍLIA E O LUGAR DA MULHER ATRAVÉS DOS TEMPOS
No século XX observamos uma família nuclear com forte tendência
patriarcal, onde todos tinham seus lugares bem definidos. A estrutura familiar
era bem parecida nas sociedades ocidentais. Porém, com o passar das
décadas, devido a diversas causas, esse modelo foi sofrendo modificações.
“Essa família nuclear, tendo o pai como figura central, foi
experimentando modificações: o grande patriarca foi perdendo
este status. Mãe e filho deslocaram-se de seus lugares mais
periféricos para ocupar um novo espaço.”
(TURKENICK, 2011, P.12)
Podemos observar, de acordo com diversos autores, que as principais
causas dessa modificação foram: O aumento do número de divórcios e
separações, as guerras, o processo de industrialização, a informação dos
métodos contraceptivos e descoberta do corpo. Essas transformações
afetaram diretamente o modelo das estruturas familiares
“Apesar de o modelo “pai, mãe e filhos” ainda representar a
maior parte dos lares brasileiros, solteiros (10,4%), casais sem
filhos (15,2%), mães solteiras (18,3%) e outras formas de
arranjo (6,3%) cresceram exponencialmente e já respondem
pela outra metade das famílias”.(Fonte:
14
http://acapa.virgula.uol.com.br/politica/modelo-tradicional-de-
familia-diminui-segundo-ibge-e-abre-espaco-para-a-
diversidade/2/14/931)
Iremos comentar sobre alguns desses fatos, apenas para um maior
embasamento teórico, pois nosso foco não são as causas da mudança do
conceito de familiar e sim o porquê a mudança nessa estrutura influenciou tão
diretamente nossas crianças em seu processo de aprendizagem.
2.1.1 – AS GUERRAS E SUAS FATALIDADES NA FAMÍLIA
Nos momentos de guerra e pós-guerra as famílias são as que mais
sentem este fato. Quando o homem da família (geralmente o pai, que é o mais
velho) vai para o conflito a mãe é que segue sendo, a partir desse momento, o
expoente principal de seu núcleo familiar. Desse modo com a eclosão da I e II
Guerra Mundial, muitas mulheres ficaram a frente da família. A fuga da penúria
fez com que as mulheres entrassem no mundo do trabalho fora do ambiente
doméstico.
A mulher, que antes era vista apenas como tento atividades de cunho
caseiro e de cuidado para com os filhos, agora passa a ser o chefe da família.
As teses feministas passam a ter uma grande investida, mostrando que a
mulher tem direito a suas realizações pessoais e que o trabalho doméstico era
visto como uma alienação, diferente do trabalhar fora, que gerava uma maior
conscientização.
“A luta pela sobrevivência impôs um caráter de necessidade...
promoveu um movimento de ampliação do horizonte das
mulheres, tanto na direção do mercado de trabalho quanto na
configuração dos novos perfis familiares, que se prolongou por
todo século XX.”
(TURKENICK, 2011, P.12)
15
2.1.2 – DIVÓRCIOS E SEPARAÇÕES, ONDE FICA O CASAMENTO?
Atualmente percebemos um grande número de casais que ao não
conseguirem mais superar os obstáculos acabam se separando. Porém, esta
prática já vem se mostrando muito habitual há décadas. De acordo com
Turkenicz, 2011, a separação dos casais, principalmente a partir da década de
80 abandonava o caráter de exceção e ia paulatinamente em direção de torna-
se regra.
Para efeito de melhor conceituação, o que seria então casamento?
è De acordo com o dicionário Soares Amora da Editora Saraiva
casamento significa: União legítima entre homem e mulher, ato de casar
e no sentido figurado seria harmonia.
è De acordo com o IBGE seria: É o ato, cerimônia ou processo pela qual é
constituída a relação entre o homem e a mulher. A legalidade da união
pode ser estabelecida no casamento civil ou religioso com efeito civil e
reconhecida pelas leis de cada país. No Brasil, um indivíduo só poderá
casar legalmente se o seu estado civil for solteiro, viúvo ou divorciado. A
dissolução da união legal pode ocorrer de duas maneiras: pela morte de
um dos cônjuges ou pelo divórcio.
Em nossa sociedade o casamento também veio sofrendo diversas
rupturas ao longo do tempo. Hoje em dia encontramos pessoas que confiam
plenamente nesta união e outras já a desacreditam por inteiro.
“O mais recente estudo do IBGE revelou dados a respeito do
número de casamentos no país no período de 2006 a 2007. De
16
acordo com a pesquisa, apenas no ano passado, foram
realizados 916.006 casamentos, 2,9% a mais que o ano
anterior (889.828). Apesar do aumento de uniões, também
cresceu o número de dissoluções, que compreende a soma
dos divórcios diretos sem recurso e separações. No mesmo
período, foram registrados 231.329, ou seja, um crescimento
de 200%, a maior taxa na série mantida pelo IBGE desde
1984. O divórcio sofreu um acréscimo de 0,46% em 1984 para
1,49% em 2007, um salto de 30.847 para 179.432. Em 2006
foram confirmadas 160.848 dissoluções.” (Fonte:
http://www.nominuto.com/noticias/cidades/ibge-registra-
aumento-no-numero-de-casamentos-e-de-divorcios/24833/).
Observamos assim que ambos, tanto o casamento quanto o divórcio,
vêm crescendo em nosso território. Mas se pensarmos em tempos passados o
divórcio era mal visto e até mesmo proibido em certos sociedades. O que
mudou então para a taxa de divórcio ir aumento através dos tempos?
A união (casamento), assim como a sociedade como um todo, vem
sofrendo influências dos meios políticos, cultural, social e mesmo o religioso. A
própria questão do amor, da fidelidade, do romantismo e do que é ser mulher e
homem nos dias de hoje mudam a todo o momento. Turkenicz, 2011, nos
mostra que aquele amor romântico do século XIX dera lugar, nas primeiras
décadas do século XX, a um “amor mais maduro”: tratava-se de um “apoio
emocional”.
Se pensarmos em século XXI, há uma banalização do que é ser um
casal, principalmente devido à informatização (novas tecnologias), que hoje faz
parte de muitos relacionamentos, ele são os: sites de relacionamento, e-mails,
SMS, torpedos, telefone, sites de redes sociais (Faceboock, Orkut, Twitter,
dentre outros), namoro à distância, temos até programas de auditório que
arrumam um parceiro para você. O advento da internet, da globalização de
maneira geral, modificou profundamente a maneira das pessoas se
relacionarem.
17
2.1.3 - O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO
A sociedade contemporânea trouxe para mulher um novo status, se
antes ela era vista apenas como mãe e esposa, a partir desse novo modelo de
sociedade a mesma sai do casulo e passa a conquistar cada vez mais espaço.
Com o processo de industrialização crescente era preciso de uma maior
mão de obra para se empregar nas empresas e fábricas que estavam em
processo de desenvolvimento. Como este processo se expandiu
principalmente depois do período do pós-guerra, como já vimos, as mulheres
ficaram a frente do sustento de suas famílias, pois muitos homens perderam
suas vidas na guerra e outros, mesmo sobrevivendo, voltaram mutilados e
ficaram incapacitados para trabalhar. Através dessa entrada no mercado de
trabalho as mulheres foram fortificando cada vez mais as teses feministas e
fortalecendo seu lugar de estaque em nossas sociedades ocidentais.
“As convenções do início do século, ditavam que o marido era
o provedor do lar. A mulher não precisava e não deveria
ganhar dinheiro. As que ficavam viúvas, ou eram de uma elite
empobrecida, e precisavam se virar para se sustentar e aos
filhos, faziam doces por encomendas, arranjo de flores,
bordados e crivos, davam aulas de piano etc. Mas além de
pouco valorizadas, essas atividades eram mal vistas pela
sociedade. Mesmo assim algumas conseguiram transpor as
barreiras do papel de ser apenas esposa, mãe e dona do lar,
ficou, para atrás a partir da década de 70 quando as mulheres
foram conquistando um espaço maior no mercado de
trabalho.”(Fonte:Probst,http://www.posuniasselvi.com.br/artigos
/rev02-05.pdf)
Atualmente já encontramos a mulher na presidência de países, grandes
empresas, que sustentam suas famílias, que a cada dia mais se instruem e
buscam suprir seus desejos e necessidades.
18
O número de mulheres assumindo a chefia da família é uma realidade
crescente atualmente no Brasil. O gráfico abaixo nos mostra bem essa
constatação:
2.1.4 – MÉTODOS CONTRACEPTIVOS E O CULTO AO CORPO
Na sociedade do consumo, a imagem ganha destaque mundial, nessa
perspectiva, o corpo, antes oprimido pela Igreja, ganha um novo status,
principalmente o corpo feminino.
Para manter o corpo em forma, homens e principalmente mulheres,
começam a recorrer a práticas de atividades físicas, cirurgias plásticas para
rejuvenescimento facial ou mesmo para eliminar as gordurinhas em excesso,
fórmulas milagrosas para emagrecer, dentre tantas outras tentativas. Isso tudo
para de manter jovem e se sentir livre, pois esses são alguns dos modismos da
sociedade de consumo, onde há o prevalecer do ter em relação ao ser.
Seguindo nessa perspectiva observamos uma tentativa maior da
população de manutenção dessa jovialidade e liberdade, desse modo os pares
começaram a se casar mais tardiamente. Outro fato foi que as próprias
mulheres começaram a demorar mais para engravidar, pois também houve
uma expansão dos mecanismos de contracepção.
19
“Considera-se que, por outra via, a tecnologia contraceptiva,
disponível a partir de 1960, expandia-se em modalidades e
eficiência, deixando a vida sexual cada vez mais livre das
necessidades da reprodução. Isso fez com que aumentasse o
número de parceiros sexuais de homens e mulheres.”
(Turkenicz, 2011,p.22).
Podemos constatar através de um a pesquisa feita pelo IBGE que nas
duas últimas décadas houve uma diminuição no número de membros da
família. A família brasileira diminuiu em todas as regiões dos Brasil. O número
médio de filhos atualmente por família é de 1,6 filhos do ano anterior: de 1,6
para 1,5 filhos na família em domicílios particulares. Vejamos abaixo o gráfico
da situação em 2001: (Fonte:
http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/familia.html
Desse modo podemos observar que a
“A instituição familiar tem passado por várias
modificações decorrentes de mudanças havidas no seu
contexto sociocultural e. por ser uma instituição flexível,
ela tem se adaptado às mais diversas formas de
influências, tanto sociais e culturais como psicológicas e
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biológicas, em diferentes épocas e lugares. Ao
considerarmos a evolução família no tempo, devemos
considerar aspectos. tais como: demografia, vida privada,
papéis familiares, relações estado-família, lugar,
parentesco, transmissão de bens, ciclo vital da família e
rituais de passagem”. (Fonte:
http://www.domusterapia.com.br/pdf/PF3HelenaHintz.pdf)
2.2 - AMARRANDO AS IDEIAS
As influências do mundo globalizado alcançaram a família e seu modo
de viver. Na sociedade de hoje, observamos um conflito de valores que
modificam os referenciais do comportamento humano, as relações entre as
pessoas e o modo de viver como um todo. O capitalismo exige um consumo
exagerado de “necessidades” que quase nunca conseguimos suprir.
As sociedades foram sendo modificadas, as estruturas familiares
estão a todo o momento se reestruturando e tentando que se adequar a
demanda social, cultural e política. Nesse turbilhão de mudanças se encontram
nossas crianças, que acabam sendo as que mais sofrem, e onde melhor
conseguimos perceber as dificuldades encontradas por essas é no âmbito
escolar.
Vários estudiosos nos mostram, principalmente na área da
Psicologia, que a qualidade das relações familiares é fundamental para um
desenvolvimento saudável do indivíduo. Porém, constata-se que hoje em dia a
família, a escola e a sociedade parecem estar encontrando diversas
dificuldades na educação de nossas crianças, como efeito, encontra-se nos
dias de hoje um número significativo de crianças e adolescentes com fortes
dificuldades para se adaptar na sociedade e na escola.
Esse tripé família-escola-sociedade vive um momento crítico em suas
relações como nos mostra Simaia Sampaio em seu livro Dificuldades de
Aprendizagem, 2011:
21
“Ao considerar o processo de aprendizagem como resultante
da construção que envolve as relações do sujeito aprendente
nos vários contextos em que está inserido, não pode deixar de
se preocupar com o processo relacional que se estabelece
entre a escola e a família.”
No próximo capítulo iremos visitar o conceito de infância através dos
tempos e como esse conceito foi se modificando. Iremos perceber que o
território da infantil perpassou por diversos setores da sociedade.
CAPÍTULO III
A INFÂNCIA COMO TERRITÓRIO
Neste capítulo discutiremos a concepção de infância para melhor
entender como a criança era vista em sociedades anteriores. E de como o
território da infância esta sendo visto e posto atualmente em nossa sociedade.
22
3. 1 - Idade Média: A rua como território da infância
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente é considera
criança a pessoa até doze anos de idade incompletos. Esta lei de nº8069
defende que a criança e o adolescente gozam de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral e
também decreta, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
No seu 4º artigo decreta também que é dever da família, da
comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
O ECA completou, no ano de 2008, 18 anos de implementação e
podemos observar uma melhor atenção dada à criança, tendo muitas
atribuições a esta faixa etária afirmadas agora por lei, porém nem sempre foi
assim em sociedades anteriores, onde muitas vezes as crianças eram
exploradas e não tinham seus direitos defendidos, sendo vistas como mini-
adultos pela sociedade.
A criança sempre existiu em nossos vários tipos de sociedade, mas o
conceito de infância, como fase que deve ser tratada diferencialmente da
adulta e que contêm suas peculiaridades, só veio a se fortalecer a partir do fim
do século XVI e durante o século XVII.
“Até por volta do século XII, à arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo” (ARIÈS, 1981, p. 17)
Philippe Ariès em no seu livro História social da criança e da família,
nos fala que na Idade Média a criança e o adolescente eram mal vistos pela
23
sociedade e no caso das crianças, logo que se passasse a fase da
paparicação era comum que fossem criadas por outras famílias, sendo assim
não ter um sentimento forte por aquele ser era considera normal. As crianças
recebiam mais atenção quando eram bem pequeninas, pois os adultos
achavam-nas engraçadinhas, porém este emoção era muito breve, desta
forma, assim que atravessassem esta fase mais frágil, em seguida eram
inseridas ao mundo dos adultos.
Esta entrada tão precoce no cotidiano da vida adulta era uma situação
normal nesta época. Era através desta inserção que a criança descobria o
mundo, nem mesmo a transferência dos valores e dos conhecimentos, e de
modo geral, a socialização e interação da criança eram passadas pela família.
Durante séculos a educação foi garantida pala aprendizagem prática, pois a
criança e o jovem aprendiam auxiliando os adultos em seus afazeres.
Outra pessoa que nos traz grandes contribuições sobre este tema é
Sonimar Faria, segundo a autora,
“No que dia respeito às crianças, na Idade Média não existia um sentimento de infância que distinguisse a criança do adulto. Ela era considerada um adulto de pequeno tamanho, pois executava as mesmas atividades dos mais velhos. Nessa época, devido às condições precárias de existência e, conseqüentemente à pequena expectativa de vida, a sociedade dos adultos era constituída, em parte, de crianças e jovens de pouca idade” (FARIA, 1997, p. 10)
Até mesmo as vestimentas das crianças eram iguais as dos adultos, não
havia trajes diferenciados reservados a esta faixa etária. A distinção das
roupas, nesta época, era feita em relação à divisão de classes e não em
afinidade com a faixa etária. Assim sendo pessoas de classe social inferiores
eram perfeitamente distinguidas das de classes mais abastadas apenas
observando suas indumentárias.
“A infância, nesta época, era vista como um estado de transição para a vida adulta. Não se dispensava um tratamento especial para as crianças, o que tornava sua sobrevivência difícil. Para a sociedade medieval, o
24
importante era a criança crescer rapidamente para poder participar do trabalho e de outras atividades do mundo adulto.” (FARIA, 1997, p. 11)
Mesmo nos poucos que colégios existentes a convivência com o mundo
adulto era praticada, pois nas escolas era considerado normal um adulto
assistir aula com as crianças. “Deste modo, o ingresso na escola significava
outra forma de entrada da criança no mundo dos adultos”. (FARIA, 1997, p.
12). Assim notamos que a criança não tinha um território próprio neste modelo
de sociedade, sua vida se mistura com a dos adultos nos seus vários
aspectos.
O principal modelo de criança que se enquadrava neste momento
histórico seria o de criança trabalhadora, pois numa sociedade tão carente e
pobre de recursos, para uma grande maioria da população, a criança serviria
muito mais a família e a sociedade de uma forma geral, se através dela
também podem conseguir algum tipo de sustento ou mesmo sustentarem a si.
“Em condições tão precárias, as crianças transformavam-se rapidamente em trabalhadoras, como forma de engrossar a força produtiva, tentando romper, assim, os limites malthusianos. E outras situações, eram vendidas ou “soltas” pelo mundo para buscarem sua própria sobrevivência.” (LOPES e VASCONCELLOS, 2005, p. 25-26).
3. 2 - Modernidade: O enclausuramento da infância
Entretanto a partir do século XVII percebeu-se uma mudança
significativa em relação à criança, isso pode ser observado nos trajes e nas
artes. Nas roupas começa a haver uma diferenciação em relação não apenas
a classe social, mas também às idades. A criança começa a não ser mais vista
como um mini-adulto e suas peculiaridades começam a serem mais
observadas, como por exemplo, suas roupas começam a ser diferenciadas dos
adultos. Estes acontecimentos mostram que começa a haver uma mudança de
pensamento e principalmente de sentimento em relação à criança.
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Outro fato importante que se pode notar é que a escola assumiria o
papel de educação da criança, ela já não estaria que estar misturada ao
mundo dos adultos para poder aprender. Através do processo que recebeu o
nome de escolarização é que a criança agora viria a aprender. A partir de
então os pais começaram a se importa mais com suas proles, a família
começou então a se organizar em torno da criança e a lhe dar tal importância,
de modo que ela aos poucos, começou a sair do anonimato.
“No período de transição do feudalismo para o capitalismo ocorrerem, na Europa Ocidental, alterações nas relações sociais que tiveram reflexos na organização familiar, escolar e no sentimento de infância. A criança nobre tornou-se fonte de alegria dos adultos; surgiu um sentimento de dor e piedade pelas crianças que morriam cedo e passou-se a conservar os retratos dos filhos falecidos e vivos.” (FARIA, 1997, p. 12)
Evidenciamos com o advento da Idade Moderna a importância da escola
na vida da criança e da sociedade, pois foi principalmente depois do processo
de escolarização que a criança saiu de sua obscuridade, porém pode-se notar
também que durante muitas décadas a criança só foi visível através do e no
universo escolar. Ela passou de um pequeno ser praticamente anônimo para
uma criança cuja vida familiar passou a girar em torno desta. Porém esta
mudança veio a ocorrer principalmente nas classes nobres, ao contrário das
classes subalternas, onde ainda não haviam ocorrido mudanças de sentimento
e tratamento em relação à infância.
Com o processo de escolarização a aprendizagem deixou de ser feita de
forma prática, através da vivencia precoce na vida adulta, e passou a
transmitida pela escola de forma teórica. O número de escolas segundo
Sonimar “no início do século XVII, foram multiplicadas, com a finalidade de
aproximá-las das famílias, impedindo desde modo, o afastamento pais-
crianças.”.
Nos colégios uma prática que veio a ser considerada normal era o uso
dos castigos corporais, durante esta prática era freqüente o uso de chicotes.
26
Esse método, mesmo dentro do ambiente familiar, passou a ser utilizado, pois
a instituição familiar agora também era entendida como um lugar educativo.
“A aplicação do castigo estava associada à ideologia que considerava a natureza infantil como sendo frágil e incompleta, o que legitimava o adulto para exercer uma autoridade constante sobre a criança. Essa prática, que é social e não natural, produziu formas de autoridade social onde os mais “poderosos” dominam os “fracos”. A concepção de natureza frágil da criança era compartilhada pela pedagogia “tradicional” que considerava a natureza dos garotos originalmente corrompida, cabendo à educação disciplinar e inculcar regras, através da ação direto do adulto e da permanente transmissão de modelos. Isto refletia a ideologia da época: moralização e enquadramento da criança ” (FARIA, 1997, p. 13)
Podemos observar na citação acima que mesmo havendo esta
mudança na concepção de infância, esta tendo se tornado mais visível para a
sociedade e para as famílias, não há ainda um pensamento de criança no
sentindo atual, como muitos autores defendem, como um ser que tem e
constrói cultura também, um ser ativo na dinâmica social. Na Idade Moderna
podemos perceber que as crianças são vistas como pessoas que precisam ser
moldadas, enquadradas num modelo para poder mais tarde fazer parte
ativamente da sociedade a qual pertence.
Outro fato que dever ser retomado é que o território da infância muda de
conjuntura, passando das ruas, onde ocorriam sua sociabilização e
aprendizagem, para um espaço fechado e reservado, que no caso seria a
escola e a família.
“As mudanças sociais, econômicas, religiosas, políticas ocorridas ao final do século XVII começam a criar o início da particularização da infância, que emerge junto com a organização da sociedade burguesa, pautada nos ideais do liberalismo e, com ela, a reestruturação do espaço destinado para as crianças.” (LOPES e VASCONCELLOS, 2005 p.19-20)
27
3. 3 - Infância de hoje: Os novos territórios da infância
Nos dois momentos históricos relatados acima, Idade Medieval e Idade
Moderna, podemos observar a mudança que ocorreu em relação ao
sentimento referente à criança, passando de um anonimato, porém solta nas
ruas, para um reconhecimento, entretanto enclausurado nos espaços da
escola e dentro do seio familiar.
Contudo temos que ter em mente que
“A mesma noção de infância apresenta diferentes apropriações de acordo com os interesses de quem a utiliza, e a sua pretensa universalidade só existe quando necessária. Dessa forma, os feixes que definem o sentido de infância variam de acordo com os interesses destinados pela sociedade às suas diferentes camadas sociais, estabelecendo diferentes caminhos para a vida adulta.” (LOPES e VASCONCELLOS, 2005, p.23)
Neste sentido conseguimos perceber que a criança é forjada de modo
que a sua concepção de mundo venha a convergir com o modelo de sociedade
vigente, tendo como seus ideais, costumes e modos de ver e pensar os
mesmos que os defendidos pelo modelo social em que se encontram como já
tínhamos discutido no capítulo I.
Hoje percebemos uma infância não mais enclausurada ou restrita a
determinados territórios, atualmente as crianças ganharam as ruas, os
parques, o salão de beleza, o Shopping Center e se encontram até mesmo no
meio televisivo. As crianças que por tanto tempo ficaram restritas ao ambiente
escolar e da casa “voltaram” as ruas e tornaram-se a ser postas como mini-
adultos.
Observamos assim uma nova forma de territorialização da criança, está
regulada também pelos adultos, porém dando-se conforme o interesse do
Capital, com a criação dos territórios infantis, ou territórios exclusivos para
elas. Nesses locais, observamos uma série de estratégias de marketing
voltadas para atrair o público infantil com atrações voltadas para elas. Ou
28
então observamos locais onde anteriormente eram exclusivos para o usufruto
de adultos que cada vez mais estão se adaptando para uma demanda infantil
(tal qual, salões de beleza que promovem festas e tratamento especial para
crianças, entre outros estabelecimentos comerciais que praticam outras
estratégias que possam atrair esse público).
“Os “shopping centers”, as grandes redes de fast-food, os parques pagos tornam-se os lugares privilegiados das crianças que, no passado, foram deslocadas das ruas para dentro de casa e, agora, são deslocadas da casa para esses espaços privados, mediatizados pelo senso de segurança, encerrados na lógica do consumo, acessados através do capital” (LOPES e VASCONCELLOS, 2005, p. 60).
Para isso lança-se mão de enormes campanhas midiáticas, onde as
grandes empresas dispendem enormes quantidades de dinheiro em busca de
consumidores “mirins”.
“Os comerciais descortinam um novo mundo infantil, que reduz o ser criança ao que é produzido para a infância. A criança contemporânea é aquela que consome o leite industrializado e enriquecido para os recém-nascidos; bolachas, iogurtes e fermentados para o desenvolvimento, que compra brinquedos, que veste determinada roupa ou calça, determinado tênis ou sandália, que se “alimenta” de tudo o que o mercado de consumo convencionalmente destinou a ela, que altera seu modo de vestir, que se perde no “fetichismo” do corpo e que cada vez mais rompe as barreiras do mundo adulto” (LOPES e VASCONCELLOS, 2005, p. 59-60)
Conforme o exposto, podemos considerar que a apropriação da
infância pelo grande Capital cresce cada vez mais, assim como o mercado
consumidor, pois o mesmo sempre se encontra na necessidade de estar
inserido nas tendências que são postas a todo o momento nas sociedades
capitalistas, pois uma vez estando fora da “moda”, cria-se um sentimento de
vazio, de não estar inserido na sociedade, pois este mesmo grupo não lhe
reconhece como um membro desse contexto social, de modo que se esta ideia
antes só se aplicava aos adultos, hoje em dia, já podemos observar que
29
também existe na camada infantil da sociedade, de modo que isso acaba por
gerar tensões e cobranças entre os indivíduos, ainda que seja de maneira
precoce e que estas crianças não estejam preparadas ou cientes daquilo que
já estão sofrendo por via dessas relações que permeiam os indivíduos.
Ao encerrar desses três capítulos percebemos como é grande e
intrínseca a relação em sociedade-família-criança-escola, a todo o momento
estes conceitos estão se modificando e se influenciando e sofrendo
influências. No próximo capítulo iremos verificar como várias das
transformações sofridas por estas instâncias vão de encontro com as
dificuldades encontradas durante o processo de aprendizagem no ambiente
escolar.
CAPÍTULO IV
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA, FAMÍLIA E
CRIANÇA, QUAIS AS SUAS RELAÇÕES COM AS
DIFICULDADES ENCONTRADAS DURANTE O
PROCESSO DE APRENDIZAGEM?
Como já discutimos nos capítulos anteriores nos encontramos numa
sociedade pautada no consumo. Esta se tornou uma instância legisladora de
comportamentos, valores, e estilos de vida, na qual os “produtos” são
consumidos pelo seu valor simbólico e não mais por sua funcionalidade; por
meio deles, as pessoas se reconhecem e se diferenciam, estabelecendo suas
30
identidades ao sabor do mercado, havendo dessa forma uma fetichização das
mercadorias. Mas como essas mudanças nos conceitos de sociedade, família
e infância vêm corroborando para que nossas crianças se deparem com
dificuldades de aprendizagens?
Se pensarmos que atualmente a criança é um ser com muito mais
liberdade e direitos, em todos os sentidos de sua vivência; que a cada dia que
passa nossos jovens têm acesso a muito mais informações e que os mesmos
tem acesso a várias ferramentas que vem a auxiliar sua aprendizagem
(calculadores, livros, internet, vídeos, dentre outros), como podemos ter um
aumento tão significativo de queixas, de pais e professores, sobre
aprendizagem e comportamento não só no ambiente escolar como familiar?
“A patologia do não aprender não pode ser compreendida
como uma falta individual, mas como uma confluência de
fatores que envolvem o tripé sujeito/família/escola,
estabelecendo uma rede ampla de relações sociais.”
(SIMAIA SAMPAIO, 2011, P.13)
Uma pergunta difícil de ser respondida, porém se analisarmos bem
essas modificações ocorridas nas últimas décadas, nos conceitos discutidos
nos capítulos anteriores, veremos que realmente essas mudanças
influenciaram essa crescente dificuldade de aprendizagem apresentada por
nossos alunos.
4.1 – MAIOR ACESSO AOS MEIOS TECNOLÓGICOS
Um fato que observamos com certa relevância neste novo contexto em
que a criança está inserida é sua relação com a escola-família-novas
tecnologias. Se antes a criança se sociabilizava e descobria o mundo através
da escola, da interação com o meio e com as pessoas, este caminho
atualmente foi encurtado pelos aparatos tecnológicos.
31
4.1.1 - PEDAGOGIZAÇÃO PELA MÍDIA
A escola, que tem um papel de tamanha importância na educação e
socialização da criança vem perdendo seu espaço e status quo. Antes a
criança tinha assegurado seu lugar na sociedade através do ambiente escolar.
Era por meio da escola e não mais na aprendizagem prática na vida dos
adultos que as crianças viriam a ocupar seu lugar no mundo, lugar este que
emanaria a partir de seu esforço e maturação, através de processos de
sociabilização e interação entre seus pares. Porém esta caminhada foi
encurtada e estes processos não são tão necessários para que nossas
crianças tenham seu lugar de reconhecimento dentro da sociedade
contemporânea ou como vimos para alguns autores, pós-moderna.
Com a Era da Informatização e dos novos aparatos tecnológicos, a
escola vem aos poucos perdendo seu lugar de única detentora do saber e os
meios midiáticos, como a televisão e a internet, vêm ganhando cada vez mais
espaço em nossa sociedade e principalmente entre os jovens. Com o advento
da Globalização e Mundialização, a informação, a cultura, e mesmo o
conhecimento estão postos para todos em qualquer lugar do mundo, desde
que estejam munidos pelos aparatos tecnológicos. Hoje podemos dizer que
temos uma pedagogização pela mídia como nos mostrar Lúcia Rabello.
“Os processos de pedagogização foram assumidos por outras instituições, tal como os mass-media, na medida em que estes também deslancharam processos de integração de crianças e adolescentes na dinâmica social. Diferentemente, no entanto, dos mecanismos tradicionais das instituições educacionais, a pedagogização pela mídia introduziu uma visão paradigmática diferente tanto sobre a infância, como sobre sua posição na sociedade, assim como tem proposto lógicas alternativas de subordinação cultural. (RABELLO,)”
Se antes a criança precisa passar por toda uma formação acadêmica,
relação entre os pares e uma sociabilização para mais tarde ter seu lugar de
reconhecimento na sociedade, ultimamente este caminho foi encurtado e é
32
conseguido de outras formas. Estas novas formas de reconhecimento também
podem vir através do ato de consumir.
Desta maneira podemos observar como é grande a influencia das novas
tecnologias, de modo geral, na formação e desenvolvimento da criança. Por
isso a importância de pais e educadores de discutirem e refletirem sobre este
assunto, e principalmente de alertarem as nossas crianças para este fato.
Não apenas discutirem sobre esses meios como também utilizá-los nas
escolas como ferramentas para a apresentação de antigos conteúdos
disciplinares, porém com uma nova roupagem.
Nossos alunos a cada ano sofrem transformações gigantes,
principalmente devido a gama de informações com que são bombardeados
diariamente. A cada nova geração, e com menor idade, as crianças e jovens
interagem com essas novas tecnologias, porém parece que este fato ainda não
chegou à escola.
“Os meios de comunicação assumiram o controle da
informação, que antes era feito especialmente pela família e
pela escola, alterando não só o tipo de acesso a ela pelas
crianças e pelos adolescentes à informação, como também
passando a ser um dos mais importantes instrumentos de
socialização, disseminação de valores, modos de ser e
padrões de comportamento, especialmente através da
publicidade.” (JOBIM E SOUZA, 2003, p.15)
Podemos verificar neste momento que poderá haver uma ruptura no
processo de aprendizagem, pois quando não compreendo meu aluno, não
incluo a sua vivencia, por menor tempo que seja, no seu espaço escolar, seu
foco de atenção e motivação pode diminuir e assim o processo de
aprendizagem começa a sofrer perdas, principalmente os relacionados a
leitura e escrita.
Solange Jobim e Souza nos mostra como a relação professor-aluno
pode se tornar tensa devido às diferença entre as gerações.
33
“Em sala de aula, na relação com a leitura e a escrita,
encontramos hoje a representação concreta desse abismo
entre as gerações. De um lado o professor, com sua história e
sua temporalidade inscritas em modos particulares de leitura,
formandos a partir de sua inserção acadêmica e profissional;
de outro lado, o aluno, representando o novo trazido por sua
geração e pela cultura já modificada que a permeia.”
Os educadores devem ficar atentos, pois realmente muitos professores
não se aproveitam dos aparatos tecnológicos disponíveis em suas escolas
para dinamizar melhor as suas aulas. Muitas das vezes o que ouvimos é que
os próprios professores não sabem como utilizar esses aparelhos. Outros,
mesmo quando o sabem utilizar estes aparelhos, não o fazem para não terem
que refazer suas aulas ou pior, por pura preguiça, pois acham mais cômodo
deixar o aluno copiando do quadro ou fazendo deveres nos livros.
Percebemos assim que muitos profissionais realmente querem
dinamizar suas aulas para melhor atender seus alunos, porém lhes falta
experiência nessas novas tecnologias voltadas para o ambiente escolar.
De acordo com o site Gazeta do Povo “menos de 2% das disciplinas dos
cursos de Pedagogia e de outras licenciaturas são dedicadas ao uso das
tecnologias em sala de aula”
“Há muito tempo o giz e o quadro-negro deixaram de ser as únicas ferramentas à disposição do professor, que hoje pode utilizar computadores, sites, celulares e redes sociais com o objetivo de tornar o processo de aprendizagem mais atraente. Para usar esses recursos de forma produtiva, porém, os docentes precisam ser capacitados, de preferência quando ainda estão na graduação. O problema é que a inclusão das TICs na formação inicial do professor não funciona tão rápido como um “torpedo”. Um estudo encomendado pela Orga-nização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostra que menos de 2% das disciplinas de cursos que formam professores são dedicados ao uso de tecnologias em sala de aula. Em Pedagogia, esse número é de apenas 0,7%. Entre as disciplinas optativas, 3,2% tratam especificamente de tecnologias.”(Fonte:
34
http://www.gazetadopovo.com.br/ensino/conteudo.phtml?tl=1&id=1004369&tit=Tecnologia-fica-fora-da-sala-de-aula)
Observamos assim que muitos cursos de nível Superior ainda não
dedicam muito de sua grade curricular para as novas tecnologias. Os
profissionais responsáveis pelas modificações curriculares devem estar bem
atentos, pois eles estão formando futuros professores para atuarem com
alunos, no qual seu mundo é voltado quase que totalmente à atividades de
cunho tecnológico.
Queremos que o aluno absorva tudo que é passado naquele momento
em sala de aula, porém muitos profissionais esquecem que não estão lidando
com o mesmo jovem de uma década atrás, e sim com um jovem onde a sua
vivência é marcada pelo interesse dos aparatos eletrônicos e tecnológicos.
Então por que não trazer esse interesse, essa motivação para o ambiente
escolar?
Devemos repensar a questão de ensino e aprendizagem na Sociedade
Contemporânea, não podemos mais ficar presa aos métodos de ensino
tradicional, onde o professor era o único detentor do saber. Necessitamos
aprimorar cada vez mais a nossa didática para deixar nossas aulas mais
dinâmicas e atrativas e se possível utilizando a ludicidade sempre que
possível.
“O turbilhão de estímulos visuais e sonoros que nos
atravessa cotidianamente anuncia a necessidade de
atualizarmos nossos conceitos sobre leitura e escrita,
incorporando a experiência com as novas imagens-signos.
Devemos, portanto, nos indagar o que significa aprendizagem
e conhecimento, considerando o momento da sociedade
informacional.” (SOLANGE JOBIM E SOUZA, 2003, P. 29)
35
4.1.2 – INTERAÇÃO EXCESSIVA ATRAVÉS DOS MEIOS TECNOLÓGICOS
E MUITAS DAS VEZES QUASE NENHUMA COM A PRÓPRIA FAMÍLIA
Antigamente às crianças tinham modelos fixos a serem seguidos,
exemplos de pessoas que poderiam se identificar e caso quisessem forjar suas
identidades baseadas nestes modelos que de uma maneira geral, eram
pessoas ligadas ao seu cotidiano. Porém, com o passar do tempo, observamos
uma mudança neste tipo de modelo, se antes as crianças tinham seus pais e
avós ou mesmo irmão mais velhos como modelos e serem seguidos, hoje com
a expansão da televisão, da internet, da mídia, de uma forma geral, esses
modelos foram sendo substituídos por outros, como por exemplo: o super herói
da história em quadrinhos, o personagem do desenho animado, a atriz do
momento ou até mesmo o vilão da novela das oito.
Através da fala de Rita Ribes e Solange Jobim e Souza podemos
constatar muito bem como nossa criança se encontra na Sociedade
Contemporânea.
“Criança pequena com agenda lotada. Televisão que se
transforma em babá. Os pais ausentes. Carinho transformado
em objeto. O tamasoghi e a afetividade objetificada. Erotização
da infância. Sexualidade. Publicidade. Cultura e consumo. O
outdoor anuncia: “Xtrim. Pra quem tem, beijinho, beijinho. Pra
quem não tem, tchau, tchau!’ individualismo desencadeado
pela ausência do outro. Apagamento da relação de alteridade.
Criança sozinha. Criança que manda nos pais...ruptura do
contato e do diálogo entre adultos e crianças.”
Atualmente contatamos que as mulheres assumindo cada vez mais a
chefia dos lares, o números de divórcios e separações vêm aumentado com o
passar das décadas, a globalização e informatização perpassam por
praticamente dos os meios sociais, a interação ente os pares se dando através
de aparatos tecnológicos. Desse modo notamos que as transformações
36
ocorridas na Sociedade através dos tempos impactaram o seio familiar,
mudando seus modos de vivência e convivência entre seus pares.
As primeiras aprendizagens da criança advêm no ambiente familiar, pois
é a família que propicia a construção de laços afetivos e a satisfação das
necessidades no desenvolvimento da criança. A criança necessita de
segurança, estabilidade, afetividade e compreensão para que seu
desenvolvimento ocorra de maneira adequada e sadia. A família cumpre um
papel determinante na socialização e na educação, pois é através dessa que
os primeiros saberes são absorvidos e onde os vínculos humanos são
desenvolvidos e aprimorados.
Para manter um status que a Sociedade Contemporânea impõe, muitos
homes e mulheres necessitam alongar sua jornada de trabalho para ter um
maior rendimento financeiro, para assim conseguir satisfazer as
“necessidades” impostas por nossa sociedade capitalista-consumista.
Aumentando sua carga horária consequentemente ficam com menor tempo
para interagirem e realmente educarem seus filhos. Essa função de educar e
cuidar de suas proles ficam a cargo de babás ou mesmo a mercê das próprias
crianças, que sem ter quem as guie, chegam à escola muitas das vezes sem
limites, não sabem distinguir o que é certo ou errado no ambiente escolar.
Muitos autores como Jorge Visca, Jean Piaget, Wallon, Vygotsky, Pichon
Riviére dentre muitos outros brilhantes estudiosos, nos mostram como boa
relação familiar é essencial para o processo de aprendizagem. O próprio Jorge
Visca diz que não apenas o bom desenvolvimento cognitivo é que implica na
boa aprendizagem, outros fatores da ordem afetiva e social também influem de
forma positiva ou negativa na aprendizagem, sua própria teoria da
Epistemologia Convergente integra os aportes da Escola de Genebra com os
aportes da Psicanalítica e da Psicologia Social.
Percebemos assim que um meio familiar que se mostra desestruturado,
onde não há espaço para: o diálogo, troca de experiências, respeito mútuo
entre seus pares, afetividade e segurança, fará, provavelmente, que a criança
oriunda desse meio tenha dificuldades em suas aprendizagens. A diminuição
37
desse afeto, dessa troca, empobrece consideravelmente a criança e limita
suas possibilidades de amadurecimento.
Podemos entender que essa dificuldade de aprendizagem encontrada
na criança, ou no adolescente, pode ser uma forma encontrada de manifestar
a falta, a precariedade dos vínculos familiares.
Vemos nas palavras de Simaia Sampaio a importância da interação
na família,
“O conhecimento do sujeito é construído na interação com o
seu meio, seja o familiar, o escolar ou mesmo o bairro, e, deste
meio, depende para se desenvolver como pessoa. Entretanto,
quando o meio é qualificado como inadequado pra um
desenvolvimento sadio, tanto físico quanto psicológico, o
sujeito poderá encontrar obstáculos, mas poderão ser
superados à medida que encontramos na família, na escola e
no próprio sujeito uma porta, que nos permita entrar e
(re)construir, junto a estes, uma nova aprendizagem.”
38
CONSIDERAÇÕES FINAIS
MUITO AINDA TÊM QUE SER PENSADO E PESADO
Atualmente vivemos em uma sociedade em que as mudanças e
transformações ocorridas, principalmente, nas últimas décadas, modificaram
substancialmente o nosso modo de ver e de viver. A partir da lógica do capital,
somos vistos simplesmente como meros consumidores. As gigantescas
indústrias transnacionais ganham bilhões com a venda de produtos ditos como
necessários para nossa existência. E se utilizam da mídia para nos
convencerem dessa “necessidade” que deve ser suprimida imediatamente.
Encontramo-nos numa sociedade capitalista em que tudo gira em torno
de lucro e onde o tempo é muito precioso, desta forma não podemos perdê-lo,
pensando ou refletindo para julgar se realmente determinado produto nos é
necessário ou não. Muitas vezes nem precisamos ponderar, pois a mídia se
encarrega de nos ditar sobre o que precisamos ou não, ela nos dita o que é
bom e o que é ruim para nossa vida e imagem pessoal, utilizando-se das
propagandas e do marketing para conseguir nos persuadir.
A imagem se tornou a grande questão deste século e a quantidade
gigantesca de informações que recebemos diariamente, nos chegam com
superficialidade e completamente fragmentadas. Os conteúdos midiáticos,
muitas vezes são destituídos de um maior aprofundamento teórico.
39
Devido a todas essas mudanças, percebemos que a família e a escola
têm uma difícil tarefa de educar e ensinar os jovens de hoje, principalmente
devido às transformações que a sociedade vem sofrendo ao longo do tempo.
Como consequência, observamos que muitos jovens estão demostrando ter
dificuldades em suas aprendizagens não por terem algum déficit cognitivo e
sim por não terem a atenção que necessitam suas seus lares.
Simaia Sampaio já nos falava que a base se dá na família. É por meio
dela que o sujeito se estrutura, cria vínculos afetivos, inicia seu
desenvolvimento cognitivo e emocional.
Podemos observar com este trabalho que a estrutura familiar passou
por diversas modificações ao passar dos tempos. Atualmente há diversos tipos
de família, desse modo não podemos classificar apenas “um modelo” de
família ou o “modelo ideal” de família.
O que nossa sociedade, como um todo, necessita compreender é que
não importa se a família é feita de 2 ou 25 pessoas, o importante é a qualidade
da interação das pessoas constituintes dessa família.
As primeiras aprendizagens de um ser humano acontecem no ambiente
familiar, pois é a família que propicia a construção de laços afetivos e a
satisfação das necessidades no desenvolvimento da criança.
Muitos autores como Jorge Visca, Jean Piaget, Wallon, Vygotsky,
Pichon Riviére dentre muitos outros brilhantes estudiosos já discutiam sobre a
importância da afetividade como um dos aspectos centrais do
desenvolvimento.
A Escola nuca irá suprir as carências familiares e a família tão pouco
pode ocupar o lugar da Escola na vida de um indivíduo. Ambas têm que andar
juntas em prol de uma Educação (função da família) e um Ensino (função da
escola) de qualidade, porém cada uma com as suas tarefas e deveres.
“ Para enfrentarmos o mundo das informação, não basta, simplesmente, encará-lo com a razão. O melhor caminho para as convivências sociais do mundo atual é unir razão e emoção, para que se construa o alicerce necessário à construção do conhecimento e da aprendizagem significativa...” (MARTA RELVES, 2011)
40
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http://www.periodicos.proped.pro.br/index.php/revistateias/article/viewPDFInterstitial/1
57/154
44
ANEXO
1.Crianças na Idade Média e Moderna
1- 2-
1- http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/album/images/Menina%20a%20ler%20-%201860.jpg
2http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://seleti.files.wordpress.com/2008/07/velazquez_meninas.jpg&imgrefurl=http://seleti.wordpress.com/2008/07/&usg=__vKbpFj_BlD2VEGJfQENexVWAQtE=&h=985&w=865&sz=127&hl=pt-BR&start=1&tbnid=e-C5k9HOJFM27M:&tbnh=149&tbnw=131&prev=/images%3Fq%3Dvelazquez%2Bmeninas%26gbv%3D2%26hl%3Dpt-BR
45
3- 4-
3- http://www.scielo.br/img/revistas/es/v25n86/a05f01.gif
4- http://www.chabad.org.br/datas/rosh/imagens/criancas1.jpg
2 Crianças do capitalismo
Nas fotos 1 podemos observar meninas se vestindo como adultas
Na foto 2 notamos que a menina, mesmo aparentando ser nova, já mostra ao adulto o que quer.
Na foto 3 o modelo de beleza imposto.
1- 2-
1-http://www.terra.com.br/istoe/1901/fotos/vida_moderna_01.jpg
2- http://amanha.terra.com.br/edicoes/218/especial01.jpg
46
3-
3- http://www.affluentusa.com/wp-content/uploads/Gifts/barbie_big.jpg
Consumo de aparelhos eletrônicos, que antes eram destinados apenas para o uso de adultos.
4-
4- http://nosblogamos.files.wordpress.com/2008/05/01471738200.jpg
47
5-
5- http://lh4.ggpht.com/rosanemmarques2006/SDxOq_ZMxPI/AAAAAAAAA60/YTkIpusKm-g/s400/0,,14757380-EX,00.jpg
Não basta TER um, Tem que ter a coleção. A diversidade é um dos princípios da lógica mercadológica.
http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://bp2.blogger.com/_-Nv1V6cO11w/SCjarSkP9AI/AAAAAAAAAAg/o68geS6q_QA/s320/ipod_nano_second_gen
eration-thumb.jpg&imgrefurl=http://consumismoatual.blogspot.com/2008/05/consumismo-
entre-crianas-culpa-mesmo-da.html&usg=__4pRdOSY6ry4QVi2RY0nL38sbqWk=&h=245&w=320&sz=17&hl=pt-
BR&start=137&tbnid=kFwYRBuTSZrbEM:&tbnh=90&tbnw=118&prev=/images%3Fq%3DCRIAN%25C3%2587AS%2BCONSUMO%26start%3D126%26gbv%3D2%26ndsp%3D18%26hl%3Dp
t-BR%26sa%3DN
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3. Algumas consequências
Propaganda instigando a erotização precoce.
1-
1http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://bp0.blogger.com/_ooLOE4teOrg/SGzGh72Ho3I/AAAAAAAABNI/J_0Abg8ZFbo/s400/marketing.jpg&imgrefurl=http://www.marketing69.com/2008/07/crianas-e-consumo.html&usg=__K1CeWijJEESnpg_Wbb9-qFLFDmQ=&h=300&w=400&sz=25&hl=pt-BR&start=62&tbnid=-YivZp9O-U0x7M:&tbnh=93&tbnw=124&prev=/images%3Fq%3DCRIAN%25C3%2587AS%2BCONSUMO%26start%3D54%26gbv%3D2%26ndsp%3D18%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN
Pedagogização pela mídia
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2- http://www.citrus7.com.br/imgmat/2007/10/30_brasil_tem.jpg
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Muitas crianças atualmente se encontram acima do peso devido aos maus hábitos alimentares.
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3 http://eblog.com.ar/wp-content/uploads/ninos_mcdonalds1.jpg
4. Alguns dos novos territórios da infância
O shopping Center
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O salão de beleza
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2 http://heronsantana.files.wordpress.com/2008/03/crianca-beleza.jpg
5. Sátiras frente ao consumismo e a informatização.
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http://biosferams.org/2010/06/tecnologia-em-sala-de-aula/
http://www.uaitech.net/site/index.php/2009/a-tecnologia-dentro-da-sala-de-aula/
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http://izaqueifg.wordpress.com/
Reportagens
1. Pesquisa do IBGE
Nas duas últimas décadas houve uma queda substancial do tamanho da família.
O tamanho da família brasileira diminuiu em todas as regiões: de 4,3 pessoas por família em 1981, chegou a 3,3 pessoas em 2001. O número médio de filhos por família é de 1,6 filhos.
Em 2002, o número médio de pessoas na família se manteve o mesmo em quase todas as regiões e por isso a média para o país se manteve em 3,3 pessoas, segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2003. O número médio de filhos apresentou uma diferença mínima em relação do ano anterior: de 1,6 para 1,5 filhos na família em domicílios particulares. Veja abaixo o gráfico da situação em 2001:
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Aumentou o número de famílias do tipo mulheres sem cônjuge com filhos.
Mas ainda predomina o padrão histórico de família, casal com filhos. Veja o gráfico
abaixo.
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O novo padrão de família, mulheres sem cônjuge com filhos, definiu-se mais claramente no Norte e Nordeste durante os anos 90.
• Norte – 20,4% das famílias eram famílias de mulheres sem cônjuge com filhos
• Nordeste – 18,5% das famílias eram famílias de mulheres sem cônjuge com filhos
Veja no gráfico.
Porém, esse novo padrão apresentou, no mesmo período (1992-1999), um crescimento relativo maior no Sudeste e no Centro-Oeste.
Crescimento relativo do tipo "mulheres sem cônjuge com filhos"
Grandes Regiões Crescimento Norte 9,68% Nordeste 12,20% Sudeste 15,33% Sul 7,50% Centro-Oeste 13,91%
Cresceu o números de famílias cujas pessoas de referência são mulheres.
Desde a década de 80 vem crescendo continuamente a proporção de mulheres como pessoa de referência da família. Essa é uma tendência que pode ser observada no gráfico a seguir.
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http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/familia.html
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FONTE: Folhão CABE. Edição trimestral, jul/ago/set 2007. Ano 1. Nº 1. CEAEX/UFF.
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FONTE: Revista do jornal O Fluminense. Janeiro de 2007. Nº 29.
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FONTE: Revista do jornal O Fluminense. Janeiro de 2007. Nº 29.