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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE COMPLIANCE: SUA IMPORTÂNCIA NAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS Por: Sonia Moreira de Santana Almeida Orientador Prof. Luciano Gerard Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

COMPLIANCE: SUA IMPORTÂNCIA NAS INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS

Por: Sonia Moreira de Santana Almeida

Orientador

Prof. Luciano Gerard

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

COMPLIANCE: SUA IMPORTÂNCIA NAS INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Auditoria e

Controladoria

Por: . Sonia Moreira de Santana Almeida

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor e orientador Luciano

Gerard por seu apóio, aos demais

professores do IAVM e em especial a

minha amiga Régia, pelo apóio,

dedicação e pela amizade.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia aos meus filhos

e ao meu Pai, pela confiança, incentivo,

amor e amizade. A minha mãe por todo o

seu forço, por minha educação e

formação. Ao meu esposo por seu

incentivo e ajuda. Por vocês e por mim,

mais uma etapa da minha vida está

sendo concluída.

A Conclusão desse trabalho é prova de

que valeu a pena ter chegado até aqui,

apesar de todos os obstáculos e

dificuldades. Eu consegui!

“Tudo o que conquistamos na vida é fruto

de muito trabalho, dedicação, coragem,

persistência, garra, determinação, fé,

respeito e amor a Deus”.

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RESUMO

A abertura comercial incrementada nacionalmente em 1992, levou o

Brasil a alinhar-se com o Mercado Mundial de alta competitividade, e os

Órgõas Reguladores viram a necessidade de implementar novas regras de

segurança para as Instituições Financeiras, além de regulamentar o Mercado

Interno de acordo com às Regras Internacionais.

O Sistema Financeiro foi fortalecido com a criação do Comitê da

Basiléia. As Intituições Financeiras Brasileira enfrentavam uma disputa

acirrada no mercado interno, o que contribuiu para a quebra de algumas

instituições, que não adequaram seus Controles de acordo com o risco da

atividade.

As instituições financeiras foram compelidas a iniciar um ciclo de

mudanças radicais, adotando reestruturações estratégias, organizacionais e

tecnológicas, investindo em treinamento e fortalecendo a “Política de

Controles Internos” e o “Código de Ética e Normas de Conduta”.

As instituições financeiras estão cada vez mais preocupadas com a

integridade dos seus negócios e estão em busca de melhoria continua.

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METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido através dos seguintes métodos de

pesquisa, leitura de livros, consulta a legislações específica, material cedido

por profissionais da área, vivência profissional em mercado financeiro.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO 1 - ORIGEM 10

1.1 Histórico

1.2 Definição

1.3 Legislação

CAPÍTULO 2 – COMPLIANCE: Missão, Função e seus Desafios 20

2.1 Missão de Compliance

2.2 Função de Compliance no Brasil

2.3 Desafios da Função de Compliance

2.4 Responsabilidade da Alta Direção das Intituições Financeiras

CAPÍTULO 3 – Risco Operacional 26

3.1 Definição

3.2 O Relacionamento de Compliance com o risco operacional

CAPITÚLO 4 – Diferença entre Auditoria Interna e Compliance 28

CAPÍTULO 5 – Governança Corporativa 29

5.1 - Definição

5.2 - As oito principais características da boa Governança

5.3 - A importância da Governança Corporativa

5.4 - Integrando atividades de compliance com as atividades de Gestão de

Riscos e as práticas de Governança Corporativa

CONCLUSÃO 38

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

ANEXOS 42

ÍNDICE 94

FOLHA DE AVALIAÇÃO 95

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INTRODUÇÃO

O Objetivo deste trabalho é apresentar a importância do compliance

nas instituições financeiras.

As evoluções sofrida pelo mercado financeiro nos últimos anos,

contribuiu e contribui para criação de medidas efetivas de controle e

regulamentação que vão de encontro a postura das instituições brasileiras.

A função do compliance é orientar e proteger, contribuindo dessa

formar para a construção de uma imagem forte e de elevada credibilidade. O

Compliance veio para orientar e proteger as instituições e seus colaboradores

de sanções futuras. Por isso é indispensável que todos estejam

comprometidos em fornecer informações corretas e trabalhar para que as

normas e leis sejam seguidas.

As informações geradas pelas ações de Compliance precisam ser

repassadas aos colaboradores de forma clara e objetiva, sem ruído, para que

todos possam estar cientes do cenário, alinhados e conscientes de seu papel.

A área de Compliance atua em conjunto com as áreas de Risco e

Auditoria para vialibizar uma gestão controlada de risco e garantir a

integridade da instituição, clientes, acionistas e seus funcionários.

As instituições financeiras estão cada vez mais preocupadas com a

integridade dos seus negócios e estão em busca de melhoria continua, por

isso se faz necessário um acompanhamento constante dos processos. Cada

situação é avaliada minuciosamente. O Objetivo principal é evitar que as

instituições estejam envolvidas em operações fraudulentas e uso ilegal de

informações confidenciais.

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CAPÍTULO 1

ORIGEM

Com a abertura comercial incrementada nacionalmente a partir de

1992, o Brasil buscou alinhar-se com o Mercado Mundial da alta

competitividade e, simultaneamente, os Órgãos Reguladores aumentaram sua

preocupação em implementar novas regras de segurança para as Instituições

Financeiras e a regulamentar o Mercado Interno em aderência às Regras

Internacionais.

Internacionalmente, desde os primórdios dos anos 70, com a criação do

Comitê da Basiléia para Supervisão Bancária, procurou-se fortalecer o

Sistema Financeiro através da maior conceituação sistemática de suas

atividades, parametrizando-as pelas boas práticas financeiras e munindo-as

de procedimentos prudenciais na sua atuação. Iniciava-se o processo de

saneamento do Sistema Financeiro Internacional.

Em paralelo a este cenário, as Instituições Financeiras Brasileiras

continuaram a enfrentar uma acirrada disputa interna por uma fatia cada vez

mais representativa do mercado. Esta competitividade contribuiu para a

quebra de algumas instituições que, dentre outros fatores, não adequaram

seus Controles de acordo com o risco da atividade da instituição financeira.

Recentemente outros fatos relevantes no cenário mundial, tais como o

ato terrorista nos EUA em 2001 e os escândalos financeiros em Wall Street

em 2002, despertaram para a necessidade de regulamentações ainda mais

efetivas e rapidamente aplicáveis em todos os países, buscando gerir os riscos

aos quais as instituições estão sujeitas.

Com isso, as Instituições Financeiras foram compelidas a iniciar um

ciclo de mudanças cada vez mais radicais, com reestruturações estratégicas,

organizacionais e tecnológicas, além de reciclagem constante, buscando uma

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otimização do recurso humano, incrementando o treinamento e fortalecendo a

“Política de Controles Internos” e o “Código de Ética e Normas de Conduta”,

entre outras.

Buscou-se a construção de uma imagem forte da Instituição Financeira

junto a clientes e fornecedores, alinhando todo o conjunto de informações em

eficazes meios de comunicação e processos internos, de modo a facilitar o

acesso de colaboradores às informações institucionais, transformando-os em

membros comprometidos e efetivos na busca de melhores resultados.

1.1 – Histórico

As atividades de Compliance podem ser entendidas como uma

necessidade decorrente de fatos como seguem, que foram exigindo maiores

atividades de controles e a necessidade de “se estar em Compliance”:

1913 – Criação do Banco Central Americano (Board of Governors of the

Federal Reserve) para implementar um sistema financeiro mais

flexível, seguro e estável.

1929 – Quebra da Bolsa de New York, durante o governo liberal de Herbert

Clark Hoover.

1932 – Criação da Política Intervencionista “New Deal”, durante o governo

democrata de Franklin Roosevelt, que implantou os conceitos

Keynesianos, onde o Estado deve intervir na Economia, a fim de

corrigir as distorções naturais do capitalismo.

1933/34 – Diversos acontecimentos importantes:

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• Congresso Americano vota medidas com vistas a proteger o mercado

de títulos de valores mobiliários e seus investidores – Securities Act;

• Criação da SEC – Securities and Exchange Commission; com

exigência de registro do prospecto de emissão de títulos e valores

mobiliários.

1940 – Investment Advisers Act (registro dos consultores de investimento) e

Investment Company Act (registro de fundos mútuos);

1945 – Conferências de Bretton Woods – Criação do Fundo Monetário

Internacional e do BIRD, com o objetivo básico de zelar pela

estabilidade do Sistema Monetário Internacional;

1950 – Prudential Securities – contratação de advogados para acompanhar a

legislação e monitorar atividades com valores mobiliários;

1960 – Era COMPLIANCE;

A SEC passa a insistir na contratação de Compliance Officers, para:

• Criar Procedimentos Internos de Controles;

• Treinar Pessoas;

• Monitorar, com o objetivo de auxiliar as áreas de negócios a ter a

efetiva supervisão.

1970 – Desenvolvimento do Mercado de Opções e Metodologias de Corporate

Finance, Chinese Walls, Insider Trading, etc.

1974 – O Mercado Financeiro Mundial apresenta-se perplexo diante do caso

Watergate, que demonstrou a fragilidade de controles no Governo

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Americano, onde se viu o mau uso da máquina político-administrativa

para servir a propósitos particulares e ilícitos.

– Criação do Comitê da Basiléia para Supervisão Bancária;

1980 – A atividade de Compliance se expande para as demais atividades

financeiras no Mercado Americano;

1988 – Foi estabelecido o Primeiro Acordo de Capital da Basiléia,

estabelecendo padrões para a determinação do Capital mínimo das

Instituições Financeiras.

– A Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de

Entorpecentes e de Substâncias Psicotrópicas, Viena;

1990 – As 40 recomendações sobre lavagem de dinheiro da Financial Action

Task Force – ou Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de

Dinheiro (GAFI/FATF) – revisadas em 1996 e referidas como

Recomendações do GAFI/FATF;

- Criação do CFATF – Caribbean Financial Action Task Force

1992 – Elaboração pela Comissão Interamericana para o Controle do Abuso

de Drogas (CICAD) e aprovação pela Assembléia Geral da

Organização dos Estados Americanos (OEA) do “Regulamento Modelo

sobre Delitos de Lavagem Relacionados com o Tráfico Ilícito de

Drogas e Outros Delitos Graves”;

1995 – Importantes acontecimentos e mudança das regras prudenciais:

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─ A fragilidade no Sistema de Controles Internos contribuiu fortemente à

falência do Banco Barings;

─ Basiléia I – Publicação de Regras Prudenciais para o Mercado

Financeiro Internacional.

─ Criação do Grupo de Egmont com o objetivo de promover a troca de

informações, o recebimento e o tratamento de comunicações

suspeitas relacionadas à lavagem de dinheiro provenientes de outros

organismos financeiros;

1996 – Complementado o Primeiro Acordo de Capital de 1988 para inclusão

do Risco de Mercado dentro do cálculo do Capital Mínimo definido em

1988 pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia.

1997 – Divulgação pelo Comitê da Basiléia dos 25 princípios para uma

Supervisão Bancária Eficaz, com destaque para seu Princípio de n.º

14: “Os supervisores da atividade bancária devem certificar-se de que

os bancos tenham controles internos adequados para a natureza e

escala de seus negócios. Estes devem incluir arranjos claros de

delegação de autoridade e responsabilidade: segregação de funções

que envolvam comprometimento do banco, distribuição de seus

recursos e contabilização de seus ativos e obrigações; reconciliação

destes processos; salvaguarda de seus ativos; e funções apropriadas

e independentes de Auditoria Interna e Externa e de Compliance para

testar a adesão a estes controles, bem como a leis e regulamentos

aplicáveis”.

- Criação da AGP – Asia/Pacific Group on Money Laundering

1998 – Era dos Controles Internos

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─ Comitê de Basiléia – publicação dos 13 Princípios concernentes a

Supervisão pelos Administradores e Cultura / Avaliação de Controles

Internos, tendo como fundamento a:

o Ênfase na necessidade de Controles Internos efetivos e a

promoção da estabilidade do Sistema Financeiro Mundial.

─ Regulamentação no Brasil:

o Publicação pelo Congresso Nacional da Lei 9613/98, que dispõe

sobre crimes de lavagem ou ocultação de bens, a prevenção da

utilização do Sistema Financeiro Nacional para atos ilícitos

previstos na referida lei e cria o Conselho de Controle de

Atividades Financeiras (COAF);

o O Conselho Monetário Nacional, adotando para o Brasil os

conceitos dos 13 Princípios concernentes a Supervisão pelos

Administradores e Cultura / Avaliação de Controles Internos do

Comitê da Basiléia, publicou a Resolução n.º 2554/98 que dispõe

sobre a implantação e implementação de sistema de controles

internos.

o Inicio de estudos sobre o Basiléia II – Regras Prudenciais;

o Declaração Política e o Plano de Ação contra Lavagem de

Dinheiro, adotados na Sessão Especial da Assembléia Geral das

Nações Unidas sobre o Problema Mundial de Drogas, Nova

Iorque.

1999 – Criação do Eastern and Southern Africa Anti-Money Laundering Group

(ESAAMLG)

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2001 – Falha nos Controles Internos e Fraudes Contábeis levam a ENRON à

falência;

o Criação do GAFISUD – Uma organização intergovernamental,

criada formalmente em 08/12/2000, com o objetivo de atuar em

Prevenção à Lavagem de Dinheiro em âmbito regional,

agregando países da América do Sul.

2001 – US Patriot Act

2002 – Falha nos Controles Internos e Fraudes Contábeis levam à concordata

da WORLDCOM;

─ Congresso Americano publica o “Sarbanes-Oxley Act”, que determinou

às empresas registradas na SEC a adoção das melhores práticas

contábeis, independência da Auditoria e criação do Comitê de

Auditoria;

─ Resolução 3056 do CMN que altera a resolução 2554 dispondo sobre

a atividade de Auditoria sobre Controles Internos

2003 – O Conselho Monetário Nacional publica:

─ Resolução 3198 que trata da auditoria independente e regulamenta a

instituição do Comitê de Auditoria, com funções semelhantes àquelas

publicadas pelo “Sarbanes-Oxley Act”,

─ Carta-Circular 3098 que dispõe sobre a necessidade de registro e

comunicação ao BACEN de operações em espécie de depósito,

provisionamentos e saques a partir de R$100.000,00 (cem mil reais)

─ Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia – Práticas recomendáveis

para Gestão e Supervisão de Riscos Operacionais. Como pudemos

perceber, desde a quebra da Bolsa de Nova York (Final da Década de

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20), temos sinais claros de movimentos buscando a Melhoria do

Sistema de Controles Internos. Desde a década de 50, com a

publicação da Prudential Securities, que instituiu a contratação de

advogados para acompanhar a legislação e monitorar atividades com

valores mobiliários, existem registros de ações de Compliance.

1.2 – Definição

O que é Compliance:

“Vem do verbo em inglês “To Comply”, que significa “Cumprir”,

“Executar”, “Satisfazer”, “Realizar o que lhe foi imposto” ou seja,

Compliance é o dever de cumprir, de estar em conformidade e fazer

cumprir regulamentos internos e externos impostos às atividades da

Instituição”;

O que é estar em Compliance:

• Estar em compliance é estar em conformidade com leis e

regulamentos internos e externos;

• Estar em Compliance é, acima de tudo, uma obrigação individual

de cada colaborador dentro da Instituição.

O que é “Risco de Compliance”

• É o risco de sanções legais ou regulatórias, de perda financeira ou

de reputação que um banco pode sofrer como resultado da falha no

cumprimento da aplicação de leis, regulamentos ,código de conduta

e das Boas Práticas Bancárias.

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1.3 – Legislação

1.3.1 LEI 9.613/1998 – Dispõe sobre os crimes de “lavagem ou

ocultação de bens, direitos e valores”

Como medida de prevenção e proteção ao sistema financeiro, em 1998 foi

sanciona a Lei 9613 e também foi criado o Conselho de Controle de Atividades

Financeiras – COAF.

A criação da lei foi primordial para evitar que o sistema financeiro fosse

utilizado como meio de “lavagem de dinheiro”, seja pela ocultação de bens e

valores, e também oriundos de crimes: tráfico de drogas; terrorismo e seu

financiamento; contrabando e tráfico de armas; extorsão mediante seqüestro;

contra a Administração pública; entre outros.

1.3.2 RESOLUCAO 2.554 – Dispõe sobre e implantação e

implementação de sistema de controles internos.

As instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo

Banco Central do Brasil, foram determinadas a implantar e implementar

controles internos voltados para as atividades por elas desenvolvidas,

incluindo sistemas de informações financeiras, operacionais e gerenciais e

cumprimento das normas e regulamentações.

1.3.3 RESOLUÇÃO 3.056 – Altera a resolução 2.554 – dispõe sobre a

atividade de Auditoria sobre os controles internos.

A resolução 3.056 alterou a resolução 2.554, determinando que os controles

internos devem ser acessíveis a todos os colaboradores da instituição,

permitindo que todos estejam cientes de sua importância e responsabilidade

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dentro de cada processo, independente de nível hierárquico. Também teve

papel de extrema importância no que tange os controles internos da

instituição, facilitou o canal de comunicação, segregação das atividades

atribuídas aos funcionários da instituição evitando conflitos de interesse, bem

como meios de minimizar e monitorar adequadamente áreas identificadas

como potencial conflito da espécie. Realização de testes periódicos de

sistemas, maximizando a segurança da informação, minimizando exposição

ao risco. Integração das atividades executadas pela área de Auditoria.

1.3.4 LEI SARBANES-OXLEY - SOX

A Lei Sarbanes oxley ou SOX foi sancionada em Julho de 2002, foi uma

reação aos escândalos de fraudes contábeis em grandes empresas como

Enron e World Com, e que afetaram a credibilidade do mercado de ações nos

Estados Unidos. O principal objetivo é dar mais transparência e evitar

maquiagens em balanços financeiros. Podemos citar alguns benefícios com a

implantação da SOX, reforço as regras para uma governança corporativa

relacionadas aos relatório financeiros, bem como ter controles internos

consistentes e confiáveis, evitando fraudes, manipulações e surpresas. Com

ela o grau de responsabilidade aumentou, desde o presidente e a diretoria da

empresa até as audorias contratadas.

1.3.5 ACORDO DA BASILEIA

Basiléia I

O Acordo de Basiléia, definiu mecanismos para mensuração do risco de

crédito e estabeleceu a exigência de capital mínimo para suportar riscos.

Atualmente, este Acordo é conhecido como Basiléia I.

Os objetivos: reforçar a solidez e a estabilidade do sistema bancário

internacional e minimizar as desigualdades competitivas entre os bancos

internacionalmente ativos.

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Basiléia II

A regulamentação bancária vem apresentando avanços desde a criação do

Comitê da Basiléia em 1974. Assim, em junho de 1974, foi divulgado o Novo

Acordo de Capital, conhecido como Basiléia II. Propõe um enfoque mais

flexível para exigência de capital e mais abrangente com relação ao

fortalecimento da supervisão bancária e ao estímulo para maior transparência

na divulgação das informações ao mercado.

CAPÍTULO 2

COMPLIANCE: MISSÃO, FUNÇÃO E DESAFIOS

2.1 Missão

“Assegurar, em conjunto com as demais áreas, a adequação, fortalecimento e

o funcionamento do Sistema de Controles Internos da Instituição, procurando

mitigar os Riscos de acordo com a complexidade de seus negócios, bem como

disseminar a cultura de controles para assegurar o cumprimento de leis e

regulamentos existentes”.

2.2 Função

No Sistema de Controles Internos, a Função Compliance possui a seguinte

aplicabilidade:

Leis – certificar-se da aderência e do cumprimento;

Princípios Éticos e de Normas de Conduta – assegurar-se da existência e

observância;

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Regulamentos e Normas – assegurar-se da implementação, aderência e

atualização;

Procedimentos e Controles Internos – assegurar-se da existência de

Procedimentos associados aos Processos;

Sistema de Informações – assegurar-se da implementação e

funcionalidade;

Planos de Contingência – assegurar-se da implementação e efetividade por

meio de acompanhamento de testes periódicos;

Segregação de Funções – assegurar-se da adequada implementação da

Segregação de Funções nas atividades da Instituição, a fim de evitar o conflito

de interesses;

Prevenção à Lavagem de Dinheiro – fomentar a cultura de Prevenção à

Lavagem de Dinheiro, através de treinamentos específicos;

Cultura de Controles – fomentar a cultura de Controles em conjunto com os

demais pilares do Sistema de Controles Internos na busca incessante da sua

conformidade;

Relatório do Sistema de Controles Internos (Gestão de Compliance) –

Avaliação dos Riscos e dos Controles Internos – elaborar ou certificar-se da

elaboração do referido relatório com base nas informações obtidas junto às

diversas áreas da instituição, visando apresentar a situação qualitativa do

Sistema de Controles Internos em atendimento à Resolução n.º 2554/98;

Participar ativamente do desenvolvimento de políticas internas, que previnam

problemas futuros de não conformidade e a regulamentação aplicável a cada

negócio.

Relações com Órgãos Reguladores e Fiscalizadores – Assegurar-se de que

todos os itens requeridos pelos reguladores sejam prontamente atendidos

pelas várias áreas da Instituição Financeira assertivamente e com

representatividade e fidedignidade;

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Relações com Auditores Externos e Internos:

Assegurar-se que todos os itens de auditoria relacionados a não conformidade

com as leis, regulamentações e políticas da Instituição Financeira sejam

prontamente atendidos e corrigidos pelas várias áreas da Instituição

Financeira;

Manter a sinergia entre as áreas de Auditoria Interna, Auditores Externos e

Compliance;

Relações com Associações de Classe e importantes participantes do mercado

para promover a profissionalização da função e auxiliar na criação de

mecanismos renovados de revisão de regras de mercado, legislação e

regulamentação pertinentes, em linha com as necessidades dos negócios,

visando a integridade e credibilidade do sistema financeiro.

2.3 Desafios

Apesar de a “Função de Compliance” já ter sido entendida e estar em prática

na maioria das instituições e no mercado financeiro em geral, a sua evolução

deve ser contínua, a fim de acompanhar a crescente complexidade dos

negócios e exposição a riscos. Com a crise financeira ocorrida recentemente,

novas exigências regulatórias globais e locais deverão ser introduzidas para

amparar o crescimento sustentável e a criação de valor de longo prazo, ao

mesmo tempo em que o risco sistêmico seja controlado mais ativamente e os

direitos dos investidores sejam resguardados. Nesse contexto, além da

manutenção dos riscos já existentes, a “Função de Compliance” ganha uma

importância ímpar, pois essas novas regulamentações deverão ser discutidas,

entendidas, divulgadas, implementadas, e a aderência nos processos e

sistemas deverá ser acompanhada, para assegurar a mitigação de novos

riscos. Cabe, ainda, destacar os legados de fusões e aquisições recentes que

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também exigem atenção, pois compreendem riscos comprados e potenciais

do próprio período da integração das operações. A seguir, destacamos alguns

dos principais desafios da “Função de Compliance”:

Alguns dos principais desafios da “Função de Compliance”: Ter autoridade necessária para atingir os objetivos de compliance da

instituição: relatório independente com acesso ao Conselho e à Alta

Administração, desenvolvendo atividades de compliance sem intervenção e

veto de outras áreas.

Avaliar de forma geral a Governança Corporativa, Gestão de Riscos e os

controles na organização: trabalho focado na gestão integrada de riscos da

instituição e orientado para sua estratégia.

Zelar pela ética/conduta na organização de forma abrangente.

Avaliar o impacto da regulamentação no negócio, para entender melhor os

riscos envolvidos versus relação custo/ benefício de alterações necessárias de

processos/sistemas/produtos. Desenvolver contatos pró-ativos com órgãos

reguladores e/ou por intermédio de entidades de classe.

Desenvolver um trabalho cada vez mais próximo da área de negócio,

aumentando conhecimentos relacionados a negócios e produtos.

Participar pró-ativamente e preventivamente na aprovação dos riscos de novos

produtos/processos e respectivas alterações.

Avaliar a conformidade entre normas externas, internas e políticas

corporativas.

Avaliar a aderência das normas aos processos e procedimentos,

principalmente os processos com mudanças regulatórias.

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Avaliar processos que sejam otimizados com vistas a reduzir custos, sem que

isso comprometa a conformidade regulatória.

Identificar e utilizar sistemas que auxiliem na “Função de Compliance”.

Monitoramento eficiente baseado em risco de compliance: detectar desvios e

acompanhar a implementação de ações que mitiguem o risco, solicitar a

criação de relatórios faltantes/alertas para riscos significativos.

Revisitar o conteúdo dos relatórios de compliance encaminhados à Alta

Administração, a fim de reportar alterações regulatórias significativas, riscos de

compliance emergentes, relatar contatos com reguladores, mensuração do

desempenho de compliance, evidenciar a efetividade do programa de

compliance e apresentar proposta de novos trabalhos de compliance.

Capacitar e atualizar constantemente as equipes de compliance (descrição de

cargo, treinamento).

Mensurar o desempenho e a avaliação: definição clara da função com

objetivos mensuráveis contra os quais o progresso pode ser monitorado e

avaliado.

Disseminar cultura de riscos nas áreas gestoras: capacitar as linhas de

negócio a entender os processos, riscos e controles e a cuidar da qualidade

das informações que são enviadas aos reguladores com uso gerencial.

Integrar a relação entre custo e benefício em uma estrutura de compliance:

capacitar pessoas da linha de negócio para atuarem como representantes da

área de Compliance em suas áreas e introduzir monitoramento contínuo pelos

indicadores são dois exemplos que podem tornar a relação custo e benefício

da função vantajosa, em detrimento de uma equipe exclusiva para compliance.

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25

No entanto, a estrutura ideal deve ser definida de acordo com a dimensão e os

objetivos de cada organização, bem como a forma de mensurar essa relação

de custo e benefício.

2.4 Responsabilidades da Alta Administração das

Instituições Financeiras

A Alta Direção das Instituições Financeiras tem um papel de extrema

importância na disseminação da “Função de Compliance”. A seguir, estão

suas principais responsabilidades:

Buscar um Sistema de Controles Internos adequado ao risco de seus

negócios, a fim de proporcionar segurança operacional e maior confiabilidade

aos seus investidores e clientes.

Designar Oficiais de Compliance devendo provê-los de uma adequada

estrutura administrativa de apoio, a fim de assegurar a funcionalidade da

Gestão de Compliance. A nomeação de um Oficial de Compliance não exime

a instituição e cada uma de suas áreas e funcionários, da obrigatoriedade de

conhecer, aplicar e desenvolver controles internos adequados aos riscos de

seus negócios.

Estruturar a “Função de Compliance” de forma independente e autônoma das

demais áreas da instituição, para evitar os conflitos de interesses e assegurar

a isenta e atenta leitura dos fatos, visando a busca da conformidade por meio

de ações corretivas/preventivas e sendo munida com informações relevantes.

É esperado que o Programa de Compliance seja aprovado pela Alta Direção e

que haja um acompanhamento periódico das ações e dos resultados. Em

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26

suma, deve haver consciência de que todo trabalho preventivo é menos

custoso do que uma ação detectiva ou reativa.

CAPÍTULO 3

RISCO OPERACIONAL

3.1 Definição

De acordo com a Resolução 3.380, o Risco Operacional é a possibilidade de

ocorrência de perdas resultantes de falha, deficiência ou inadequação de

processos internos, pessoas e sistemas, ou de eventos externos.

São exemplos de eventos de Risco Operacional:

I – fraudes internas;

II – fraudes externas;

III – demandas trabalhistas;

IV – práticas inadequadas relativas a clientes, produtos e serviços;

V – danos à ativos fixos;

VI – eventos que interrompam as atividades da empresa;

VII – falhas em sistemas;

VIII – falhas em procedimentos;

XIX – falhas pessoais.

3.2 O Relacionamento de Compliance com o Risco

Operacional

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Com a evolução das discussões a respeito do novo acordo de capital da

Basiléia, referenciado como Basiléia II, novas normas e metodologias para

controle do risco operacional têm sido implementadas. A própria definição de

risco operacional como sendo “o risco de perda direta ou indireta decorrente

de sistemas, pessoas e processos internos inadequados ou reprovados”,

estabelece a necessidade de Modelos de Gestão baseados em normas,

procedimentos e controles.

A definição acima inclui o risco operacional em sua plenitude, significando que

todos os processos, desde o negócio-fim até os meios pelos quais estes são

realizados, são possíveis geradores de perdas e sujeitos aos controles e

acompanhamentos pertinentes.

O Risco Operacional, tal qual o Compliance, insere-se no contexto do Sistema

de Controles Internos de todas as Instituições, devendo ser controlado e

mitigado no âmbito geral, com o envolvimento de todos os níveis da

organização e acompanhamento da aderência, eficácia e efetividade de sua

aplicação.

Uma das etapas do Processo de Gestão de Risco Operacional é sua medição

quantitativa para, por meio de cálculos específicos, possibilitar a

transformação destas informações (falhas nos controles internos) em valores

para Alocação de Capital. Além disto, os órgãos reguladores têm enfatizado

que uma das principais ferramentas para determinar o valor de Alocação de

Capital, será a base histórica da Instituição de perdas e ocorrências, que a

Gestão de Risco Operacional deverá desenvolver e administrar.

O trabalho desenvolvido pela Gestão de Compliance, que atuará juntamente

com os gestores do negócio para a busca da Conformidade dos Controles

Internos, realiza-se por meio da monitoração qualitativa dos processos, sendo

fator mitigante da ocorrência de Risco Operacional pela adequação dos

controles à atividade, através da realização de Ações de Melhoria.

Podemos concluir que a atuação de Compliance estará voltada para assegurar

a existência de:

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28

Políticas e Normas;

Pontos de Controle nos Processos para mitigar os Riscos;

Relatórios, ou outros meios adequados, contendo informações da base de

dados do Risco Operacional materializado, para que os gestores possam a

atuar em conjunto com a Área de Compliance na busca da regularização e

melhoria dos Controles Internos procurando mitigar o Risco.

Práticas Saudáveis para a Gestão de Riscos Operacionais.

CAPÍTULO 4

DIFERENÇA ENTRE AUDITORIA INTERNA

E COMPLIANCE

Conforme publicado pelo “THE INSTITUTE OF INTERNAL AUDITORS” dos

EUA, a Auditoria Interna é uma atividade independente, de avaliação objetiva

e de consultoria, destinada a acrescentar valor e melhorar as operações de

uma organização. A Auditoria Interna assiste a organização na consecução

dos seus objetivos, através de uma abordagem sistemática e disciplinada, na

avaliação da eficácia da gestão de risco, do controle e dos processos de

governança.

Contudo, para executar seu trabalho é preciso que o profissional da Auditoria

Interna esteja inteirado sobre as atividades desenvolvidas pelo “Compliance”,

com o estabelecimento de um trabalho em parceria, coordenado onde, quando

de suas visitas, a Auditoria possa munir-se das informações relevantes,

principalmente sobre o resultado da identificação e avaliação dos controles e

riscos.

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29

As atividades desenvolvidas por estas áreas não são idênticas mas sim

complementares pois enquanto a Auditoria Interna efetua seus trabalhos de

forma aleatória e temporal, por meio de amostragens, a fim de certificar o

cumprimento das normas e processos instituídos pela Alta Administração, o

Compliance executa suas atividades de forma rotineira e permanente, sendo

responsável por monitorar e assegurar de maneira corporativa e tempestiva

que as diversas unidades da Instituição estejam respeitando as regras

aplicáveis a cada negócio, por meio do cumprimento das normas, dos

processos internos, da prevenção e do controle de riscos envolvidos em cada

atividade. Compliance é um braço dos Órgãos Reguladores junto a

Administração, no que se refere à segurança, respeito à normas e controles,

na busca da conformidade.

CAPÍTULO 5

GOVERNANÇA CORPORATIVA

5.1 Definição

Governança corporativa ou governo das sociedades ou das empresas é o

conjunto de processos, costumes, políticas, leis, regulamentos e instituições

que regulam a maneira como uma empresa é dirigida, administrada ou

controlada. O termo inclui também o estudo sobre as relações entre os

diversos atores envolvidos (os stakeholders) e os objetivos pelos quais a

empresa se orienta. Os principais atores tipicamente são os acionistas, a alta

administração e o conselho de administração. Outros participantes da

governança corporativa incluem os funcionários, fornecedores, clientes,

bancos e outros credores, instituições reguladoras (como a CVM, o Banco

Central, etc.), o meio-ambiente e a comunidade em geral.

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30

Governança corporativa é uma área de estudo com múltiplas abordagens.

Uma das principais preocupações é garantir a aderência dos principais atores

a códigos de conduta pré-acordados, através de mecanismos que tentam

reduzir ou eliminar os conflitos de interesse e as quebras do dever fiduciário.

Um problema relacionado, entretanto normalmente tratado em outro fórum de

discussão é o impacto da governança corporativa na eficiência econômica,

com uma forte ênfase em maximizar valor para os acionistas. Há ainda outros

temas em governança corporativa, como a preocupação com o ponto de vista

dos outros stakeholders que não os acionistas, bem como o estudo dos

diversos modelos de governança corporativa ao redor do mundo. Assim, o

corporate governance (ou o governo das sociedades) é composto pelo

conjunto de mecanismos e regras pelas quais se estabelecem formas de

controlo da gestão das sociedades de capital aberto, e onde se incluem

instrumentos para monitorização e possibilidade de responsabilização dos

gestores pelas suas decisões (ou actos de gestão). O corporate governance

visa diminuir os eventuais problemas que podem surgir na relação entre

gestores e accionistas e, consequentemente, diminuir o risco de custos de

agência.

5.2 As oito principais características da boa governança

1. Participação

2. Estado de direito

3. Transparência

4. Responsabilidade

5. Orientação por consenso

6. Igualdade e inclusividade

7. Efetividade e eficiência

8. Prestação de contas (accountability)

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5.3 A Importância da Governança Corporativa

A prática dos princípios de transparência, equidade e responsabilidade pelos

resultados perante os fundadores, sócios e herdeiros ajudam a evitar

conseqüências desagradáveis geradas por muitos conflitos típicos de

empresas familiares ao longo do tempo. Estima-se que cerca de mais de 80%

das empresas enfrentam problemas dessa natureza atualmente.

A falta dos valores de governança corporativa é o fator que mais potencializa

os conflitos e muitas vezes, põe em risco a própria sobrevivência de muitas

empresas de natureza familiar, justamente pela falta de transparência e

unidade de entendimento do negócio junto aos familiares que estão fora da

administração da empresa. Outras vezes é o tratamento distinto entre os

familiares com direitos iguais, ou ainda, a falta de responsabilidade pelos

resultados daqueles que estão na administração da empresa frente aos que

não estão que provocam tantos conflitos, chegando muitas vezes a

comprometer a sua continuidade do negócio.

As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de preservar e

aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para

sua perenidade.

Sem uma boa governança, a tradição e a solidez viram pó. ( Enron, Banco

Barings, entre outros)

Administração participativa, transparente, com respeito e responsabilidade.

Respeito ao acionista. Escolher corretamente o C.E.O e demais executivos.

Na teoria econômica tradicional, a governança corporativa surge para procurar

superar o chamado “conflito de agência”, presente a partir do fenômeno da

separação entre a propriedade e a gestão empresarial. O “principal”, titular da

propriedade, delega ao “agente” o poder de decisão sobre essa propriedade. A

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partir daí surgem os chamados conflitos de agência, pois os interesses

daquele que administra a propriedade nem sempre estão alinhados com os de

seu titular. Sob a perspectiva da teoria da agência, a preocupação maior é

criar mecanismos eficientes (sistemas de monitoramento e incentivos) para

garantir que o comportamento dos executivos esteja alinhado com o interesse

dos acionistas.

A boa governança corporativa proporciona aos proprietários (acionistas ou

cotistas) a gestão estratégica de sua empresa e a efetiva monitoração da

direção executiva. As principais ferramentas que asseguram o controle da

propriedade sobre a gestão são o Conselho de Administração, a Auditoria

Independente e o Conselho Fiscal.

A empresa que opta pelas boas práticas de governança corporativa adota

como linhas mestras transparência, prestação de contas (accountability) e

eqüidade. Para que essas estejam presentes em suas diretrizes de governo, é

necessário que o Conselho de Administração, representante dos proprietários

do capital (acionistas ou cotistas), exerça seu papel na organização, que

consiste especialmente em estabelecer estratégias para a empresa, eleger a

Diretoria, fiscalizar e avaliar o desempenho da gestão e escolher a auditoria

independente.

O Banco Mundial e o FMI consideram a adoção de boas práticas de

governança corporativa como parte da recuperação dos mercados mundiais,

abatidos por sucessivas crises em seus mercados de capitais. Praticamente

em todos os países surgiram instituições dedicadas a promover debates em

torno da governança corporativa.

Em junho de 2000, a McKinsey & Co, em parceria com o Banco Mundial

conduziu uma pesquisa (“Investors Opinion Survey”) junto a investidores,

representando um total de carteira superior a US$ 1.650 bilhões, destinada a

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detectar e medir eventuais acréscimos de valor às companhias que adotassem

boas práticas de governança corporativa.

Apurou-se que os investidores pagariam entre 18% e 28% a mais por ações

de empresas que adotam melhores práticas de administração e transparência.

Algumas outras das conclusões dessa pesquisa:

Os direitos dos acionistas foram classificados como a questão mais

importante de governança corporativa da América Latina;

Três quartos dos investidores dizem que as práticas do Conselho de

Administração são pelo menos tão importantes quanto a performance

financeira quando estão avaliando companhias para investimentos. Na

América Latina, quase metade dos respondentes considera que as práticas de

conselho de administração são mais importantes que a performance

financeira;

Na América Latina e na Ásia, onde os relatórios financeiros são limitados e

freqüentemente de má qualidade, os investidores preferem não confiar apenas

em números. Eles acreditam que seus investimentos estarão mais bem

protegidos por companhias com boa governança que respeitem direitos dos

acionistas;

A qualidade da administração da companhia não raro é mais importante do

que questões financeiras nas decisões sobre investimentos.

Governança Corporativa no Brasil

O modelo empresarial brasileiro encontra-se num momento de transição. De

grandes oligopólios, empresas de controle e administração exclusivamente

familiar e controle acionário definido e altamente concentrado, com acionistas

minoritários passivos e Conselhos de Administração sem poder de decisão,

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34

estamos caminhando para uma nova estrutura de empresa, marcada pela

participação de investidores institucionais, fragmentação do controle acionário

e pelo foco na eficiência econômica e transparência de gestão.

Há vários fatores de pressão a favor dessas mudanças:

As privatizações;

O movimento internacional de fusões e aquisições;

O impacto da globalização;

Necessidades de financiamento e, conseqüentemente, o custo do capital;

A intensificação dos investimentos de fundos de pensão; e

A postura mais ativa de atuação dos investidores institucionais nacionais e

internacionais.

Esse novo contexto foi detectado pela pesquisa “Panorama da Governança

Corporativa do Brasil” conduzida em 2001 em parceria pela McKinsey & Co. e

Korn Ferry International, onde são enfocadas características da estrutura de

propriedade e liderança das empresas nacionais e a organização e as práticas

dos Conselhos de Administração. A pesquisa nos dá conta de que as

empresas nacionais, premidas por necessidades de financiamento e pelos

desafios impostos pela competição em nível global, estão reformulando suas

práticas de governança corporativa.

A Lei Sarbanes-Oxley, assinada em julho de 2002, foi criada em resposta a

desconfiança dos investidores, após os escândalos financeiros e os abusos

contábeis descobertos nos últimos anos. A abrangência da Sarbanes-Oxley é

extraordinária: vai de questões sobre governança corporativa e

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35

responsabilidade dos administradores até regras para a negociação de títulos

e disclosure.

5.4 Integrando atividades de compliance com as

atividades de Gestão de Riscos e as práticas de

Governança Corporativa

A prática dos princípios de transparência, equidade e responsabilidade pelos

resultados perante os fundadores, sócios e herdeiros ajudam a evitar

conseqüências desagradáveis geradas por muitos conflitos típicos de

empresas familiares ao longo do tempo. Estima-se que cerca de mais de 80%

das empresas enfrentam problemas dessa natureza atualmente.

A falta dos valores de governança corporativa é o fator que mais potencializa

os conflitos e muitas vezes, põe em risco a própria sobrevivência de muitas

empresas de natureza familiar, justamente pela falta de transparência e

unidade de entendimento do negócio junto aos familiares que estão fora da

administração da empresa. Outras vezes é o tratamento distinto entre os

familiares com direitos iguais, ou ainda, a falta de responsabilidade pelos

resultados daqueles que estão na administração da empresa frente aos que

não estão que provocam tantos conflitos, chegando muitas vezes a

comprometer a sua continuidade do negócio.

Os princípios fundamentais da boa governança são:

g Transparência;

g Eqüidade;

g Prestação de Contas;

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g Cumprimento da lei;

g Ética.

g As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de preservar e

aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para

sua perenidade.

g Sem uma boa governança, a tradição e a solidez viram pó. ( Enron, Banco

Barings, entre outros)

g Administração participativa, transparente, com respeito e responsabilidade.

Respeito ao acionista. Escolher corretamente o C.E.O e demais executivos.

Na teoria econômica tradicional, a governança corporativa surge para procurar

superar o chamado “conflito de agência”, presente a partir do fenômeno da

separação entre a propriedade e a gestão empresarial. O “principal”, titular da

propriedade, delega ao “agente” o poder de decisão sobre essa propriedade. A

partir daí surgem os chamados conflitos de agência, pois os interesses

daquele que administra a propriedade nem sempre estão alinhados com os de

seu titular. Sob a perspectiva da teoria da agência, a preocupação maior é

criar mecanismos eficientes (sistemas de monitoramento e incentivos) para

garantir que o comportamento dos executivos esteja alinhado com o interesse

dos acionistas.

A boa governança corporativa proporciona aos proprietários (acionistas ou

cotistas) a gestão estratégica de sua empresa e a efetiva monitoração da

direção executiva. As principais ferramentas que asseguram o controle da

propriedade sobre a gestão são o Conselho de Administração, a Auditoria

Independente e o Conselho Fiscal.

A empresa que opta pelas boas práticas de governança corporativa adota

como linhas mestras transparência, prestação de contas (accountability) e

eqüidade. Para que essas estejam presentes em suas diretrizes de governo, é

necessário que o Conselho de Administração, representante dos proprietários

do capital (acionistas ou cotistas), exerça seu papel na organização, que

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consiste especialmente em estabelecer estratégias para a empresa, eleger a

Diretoria, fiscalizar e avaliar o desempenho da gestão e escolher a auditoria

independente.

O Banco Mundial e o FMI consideram a adoção de boas práticas de

governança corporativa como parte da recuperação dos mercados mundiais,

abatidos por sucessivas crises em seus mercados de capitais. Praticamente

em todos os países surgiram instituições dedicadas a promover debates em

torno da governança corporativa.

Em junho de 2000, a McKinsey & Co, em parceria com o Banco Mundial

conduziu uma pesquisa (“Investors Opinion Survey”) junto a investidores,

representando um total de carteira superior a US$ 1.650 bilhões, destinada a

detectar e medir eventuais acréscimos de valor às companhias que adotassem

boas práticas de governança corporativa.

Apurou-se que os investidores pagariam entre 18% e 28% a mais por ações

de empresas que adotam melhores práticas de administração e transparência.

Algumas outras das conclusões dessa pesquisa:

g Os direitos dos acionistas foram classificados como a questão mais

importante de governança corporativa da América Latina;

g Três quartos dos investidores dizem que as práticas do Conselho de

Administração são pelo menos tão importantes quanto a performance

financeira quando estão avaliando companhias para investimentos. Na

América Latina, quase metade dos respondentes considera que as práticas de

conselho de administração são mais importantes que a performance

financeira;

g Na América Latina e na Ásia, onde os relatórios financeiros são limitados e

freqüentemente de má qualidade, os investidores preferem não confiar apenas

em números. Eles acreditam que seus investimentos estarão mais bem

protegidos por companhias com boa governança que respeitem direitos dos

acionistas;

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g A qualidade da administração da companhia não raro é mais importante do

que questões financeiras nas decisões sobre investimentos.

Governança Corporativa no Brasil

O modelo empresarial brasileiro encontra-se num momento de transição. De

grandes oligopólios, empresas de controle e administração exclusivamente

familiar e controle acionário definido e altamente concentrado, com acionistas

minoritários passivos e Conselhos de Administração sem poder de decisão,

estamos caminhando para uma nova estrutura de empresa, marcada pela

participação de investidores institucionais, fragmentação do controle acionário

e pelo foco na eficiência econômica e transparência de gestão.

Há vários fatores de pressão a favor dessas mudanças:

g As privatizações;

g O movimento internacional de fusões e aquisições;

g O impacto da globalização;

g Necessidades de financiamento e, conseqüentemente, o custo do capital;

g A intensificação dos investimentos de fundos de pensão; e

g A postura mais ativa de atuação dos investidores institucionais nacionais e

internacionais.

Esse novo contexto foi detectado pela pesquisa “Panorama da Governança

Corporativa do Brasil” conduzida em 2001 em parceria pela McKinsey & Co. e

Korn Ferry International, onde são enfocadas características da estrutura de

propriedade e liderança das empresas nacionais e a organização e as práticas

dos Conselhos de Administração. A pesquisa nos dá conta de que as

empresas nacionais, premidas por necessidades de financiamento e pelos

desafios impostos pela competição em nível global, estão reformulando suas

práticas de governança corporativa.

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A Lei Sarbanes-Oxley, assinada em julho de 2002, foi criada em resposta a

desconfiança dos investidores, após os escândalos financeiros e os abusos

contábeis descobertos nos últimos anos. A abrangência da Sarbanes-Oxley é

extraordinária: vai de questões sobre governança corporativa e

responsabilidade dos administradores até regras para a negociação de títulos

e disclosure.

CONCLUSÃO

O Compliance é vital dentro de qualquer instituição, sobre tudo no

mercado financeiro. Sua função está alinhada com a área de Risco

Operacional e Auditoria. É é dever de todos os colaboradores, inclusive da

Alta Admistração estar em conformidade com as leis e regulamentos internos

e externos.

As instituições financeiras e demais empresas estão em busca de

melhoria contínua, investindo em treinamento e tecnologia e adequando os

seus controles de acordo com a necessidade do mercado.

A “Política de Controles Internos” e o “Código de Ética e Normas de

Conduta” é uma garantia, é um registro de como a Empresa/ Instituição deve

agir perante determinada situação, vem para resguardar, protejer.

A competitividade está cada vez mais acirrada, é isso fortelece ainda

mais a necessidade de estar em conformidade com os regulamentos internos

e externos. Por isso é que as instituições estão cada vez mais preocupadas

em protejer seu capital, a sua reputação e a sua imagem, que são os seus

maiores patrimônios.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1 - DUARTE JR., ANTONIO MARCOS, “A importancia do gerenciamento de riscos corporativos em bancos,” em Antonio M. Duarte Jr. E Gyvogy Varga (eds), Gestao de Riscos no Brasil, Rio de Janeiro: Financial Consultoria, 2003, pp. 3-12.

2 - ABBI- Resultado das Discussões promovidas sobre Compliance revisada

em 06/06/2002.

3 - FEBRABAN – Anexo 3 da Circular FB-084/2000 – Compliance e Controles Internos: conceituação e estruturação de programas de controles internos – publicado em 22/03/2000

4 - THE INSTITUTE OF INTERNAL AUDITORS - Normas para a Prática Profissional de Auditoria Interna. (2001). Disponível em www.theiia.org . Acesso em 18 fev. 2003.

5 - Manual da Supervisão, publicado pelo Bacen em 28/08/2002 - Brasil;

6 - Associação Brasileira de Bancos Internacionais - ABBI. Documento Consultivo “Função de Compliance”, 2004, disponível em <www.abbi.com.br> Trabalhos Especiais. 7 - Banco Central do Brasil. Auditoria Interna e Compliance na visão do BACEN: Perspectiva e Responsabilidade 8o. Congresso FEBRABAN de Auditoria Interna e Compliance, 2007. 8 - KPMG Regulation & Compliance (KPMG Australia) – Compliance Challenges, 2008. 9 - Manzi, Vanessa A. “Compliance - Função, Consolidação e Desafios”. Apresentação realizada no Centro de Governança Corporativa (CEG) em 19/9/2008.

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10 - www.bcb.gov.br

11 - www.febraban.org.br

12 - www.cvm.gov.br

13 - www.adminstradores.com.br

14 - www.bb.com.br

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Lei 9613/1998 Anexo 2 >> Resolução 2.554 Anexo 3 >> Resolução 3.056 Anexo 4 >> Lei Sarbanes Oxley (Sox) Anexo 5 >> Fraudes Contábeis e Internas Introdução à lei Sarbanes-Oxley

Anexo 6 >> Fraudes nos balanços corporativos e contra investidores

Anexo 7 >> Necessidade da implantação da Lei Sarbanes Oxley no Brasil ?

Anexo 8 >> Acordo da Basiléia

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ANEXO 1

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 9.613, DE 3 DE MARÇO DE 1998.

Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores;

a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta

Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá

outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso

Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

Dos Crimes de "Lavagem" ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição,

movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta

ou indiretamente, de crime:

I - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins;

II – de terrorismo e seu financiamento; (Redação dada pela Lei nº 10.701,

de 9.7.2003)

III - de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado

à sua produção;

IV - de extorsão mediante seqüestro;

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V - contra a Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para

outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou

preço para a prática ou omissão de atos administrativos;

VI - contra o sistema financeiro nacional;

VII - praticado por organização criminosa.

VIII – praticado por particular contra a administração pública estrangeira

(arts. 337-B, 337-C e 337-D do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de

1940 – Código Penal). (Inciso incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)

Pena: reclusão de três a dez anos e multa.

§ 1º Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização

de bens, direitos ou valores provenientes de qualquer dos crimes

antecedentes referidos neste artigo:

I - os converte em ativos lícitos;

II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda,

tem em depósito, movimenta ou transfere;

III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos

verdadeiros.

§ 2º Incorre, ainda, na mesma pena quem:

I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores

que sabe serem provenientes de qualquer dos crimes antecedentes referidos

neste artigo;

II - participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de

que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes

previstos nesta Lei.

§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do

Código Penal.

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§ 4º A pena será aumentada de um a dois terços, nos casos previstos

nos incisos I a VI do caput deste artigo, se o crime for cometido de forma

habitual ou por intermédio de organização criminosa.

§ 5º A pena será reduzida de um a dois terços e começará a ser

cumprida em regime aberto, podendo o juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la

por pena restritiva de direitos, se o autor, co-autor ou partícipe colaborar

espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que

conduzam à apuração das infrações penais e de sua autoria ou à localização

dos bens, direitos ou valores objeto do crime.

CAPÍTULO II

Disposições Processuais Especiais

Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:

I – obedecem às disposições relativas ao procedimento comum dos

crimes punidos com reclusão, da competência do juiz singular;

II - independem do processo e julgamento dos crimes antecedentes

referidos no artigo anterior, ainda que praticados em outro país;

III - são da competência da Justiça Federal:

a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-

financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de

suas entidades autárquicas ou empresas públicas;

b) quando o crime antecedente for de competência da Justiça Federal.

§ 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência do

crime antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que

desconhecido ou isento de pena o autor daquele crime.

§ 2º No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto

no art. 366 do Código de Processo Penal.

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46

Art. 3º Os crimes disciplinados nesta Lei são insuscetíveis de fiança e

liberdade provisória e, em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá

fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.

Art. 4º O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou

representação da autoridade policial, ouvido o Ministério Público em vinte e

quatro horas, havendo indícios suficientes, poderá decretar, no curso do

inquérito ou da ação penal, a apreensão ou o seqüestro de bens, direitos ou

valores do acusado, ou existentes em seu nome, objeto dos crimes previstos

nesta Lei, procedendo-se na forma dos arts. 125 a 144 do Decreto-Lei nº

3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.

§ 1º As medidas assecuratórias previstas neste artigo serão levantadas

se a ação penal não for iniciada no prazo de cento e vinte dias, contados da

data em que ficar concluída a diligência.

§ 2º O juiz determinará a liberação dos bens, direitos e valores

apreendidos ou seqüestrados quando comprovada a licitude de sua origem.

§ 3º Nenhum pedido de restituição será conhecido sem o

comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determinar a prática de

atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, nos casos do art.

366 do Código de Processo Penal.

§ 4º A ordem de prisão de pessoas ou da apreensão ou seqüestro de

bens, direitos ou valores, poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério

Público, quando a sua execução imediata possa comprometer as

investigações.

Art. 5º Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ouvido o

Ministério Público, nomeará pessoa qualificada para a administração dos

bens, direitos ou valores apreendidos ou seqüestrados, mediante termo de

compromisso.

Art. 6º O administrador dos bens:

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47

I - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será satisfeita com o

produto dos bens objeto da administração;

II - prestará, por determinação judicial, informações periódicas da

situação dos bens sob sua administração, bem como explicações e

detalhamentos sobre investimentos e reinvestimentos realizados.

Parágrafo único. Os atos relativos à administração dos bens apreendidos

ou seqüestrados serão levados ao conhecimento do Ministério Público, que

requererá o que entender cabível.

CAPÍTULO III

Dos Efeitos da Condenação

Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Código Penal:

I - a perda, em favor da União, dos bens, direitos e valores objeto de

crime previsto nesta Lei, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-

fé;

II - a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer

natureza e de diretor, de membro de conselho de administração ou de

gerência das pessoas jurídicas referidas no art. 9º, pelo dobro do tempo da

pena privativa de liberdade aplicada.

CAPÍTULO IV

Dos Bens, Direitos ou Valores Oriundos de Crimes Praticados no Estrangeiro

Art. 8º O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou

convenção internacional e por solicitação de autoridade estrangeira

competente, a apreensão ou o seqüestro de bens, direitos ou valores oriundos

de crimes descritos no art. 1º, praticados no estrangeiro.

§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de tratado ou

convenção internacional, quando o governo do país da autoridade solicitante

prometer reciprocidade ao Brasil.

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48

§ 2º Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou valores

apreendidos ou seqüestrados por solicitação de autoridade estrangeira

competente ou os recursos provenientes da sua alienação serão repartidos

entre o Estado requerente e o Brasil, na proporção de metade, ressalvado o

direito do lesado ou de terceiro de boa-fé.

CAPÍTULO V

Das Pessoas Sujeitas À Lei

Art. 9º Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas

jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade

principal ou acessória, cumulativamente ou não:

I - a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de

terceiros, em moeda nacional ou estrangeira;

II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo

financeiro ou instrumento cambial;

III - a custódia, emissão, distribuição, liqüidação, negociação,

intermediação ou administração de títulos ou valores mobiliários.

Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:

I - as bolsas de valores e bolsas de mercadorias ou futuros;

II - as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de

previdência complementar ou de capitalização;

III - as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de

crédito, bem como as administradoras de consórcios para aquisição de bens

ou serviços;

IV - as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou

qualquer outro meio eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a

transferência de fundos;

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49

V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento

comercial (factoring);

VI - as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer

bens móveis, imóveis, mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos

na sua aquisição, mediante sorteio ou método assemelhado;

VII - as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no

Brasil qualquer das atividades listadas neste artigo, ainda que de forma

eventual;

VIII - as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização

de órgão regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de

seguros;

IX - as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que

operem no Brasil como agentes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou

por qualquer forma representem interesses de ente estrangeiro que exerça

qualquer das atividades referidas neste artigo;

X - as pessoas jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária

ou compra e venda de imóveis;

XI - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pedras e

metais preciosos, objetos de arte e antigüidades.

XII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou

de alto valor ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos

em espécie. (Incluído pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003)

CAPÍTULO VI

Da Identificação dos Clientes e Manutenção de Registros

Art. 10. As pessoas referidas no art. 9º:

I - identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado, nos termos

de instruções emanadas das autoridades competentes;

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50

II - manterão registro de toda transação em moeda nacional ou

estrangeira, títulos e valores mobiliários, títulos de crédito, metais, ou qualquer

ativo passível de ser convertido em dinheiro, que ultrapassar limite fixado pela

autoridade competente e nos termos de instruções por esta expedidas;

III - deverão atender, no prazo fixado pelo órgão judicial competente, as

requisições formuladas pelo Conselho criado pelo art. 14, que se processarão

em segredo de justiça.

§ 1º Na hipótese de o cliente constituir-se em pessoa jurídica, a

identificação referida no inciso I deste artigo deverá abranger as pessoas

físicas autorizadas a representá-la, bem como seus proprietários.

§ 2º Os cadastros e registros referidos nos incisos I e II deste artigo

deverão ser conservados durante o período mínimo de cinco anos a partir do

encerramento da conta ou da conclusão da transação, prazo este que poderá

ser ampliado pela autoridade competente.

§ 3º O registro referido no inciso II deste artigo será efetuado também

quando a pessoa física ou jurídica, seus entes ligados, houver realizado, em

um mesmo mês-calendário, operações com uma mesma pessoa,

conglomerado ou grupo que, em seu conjunto, ultrapassem o limite fixado pela

autoridade competente.

Art. 10A. O Banco Central manterá registro centralizado formando o

cadastro geral de correntistas e clientes de instituições financeiras, bem como

de seus procuradores. (Incluído pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003)

CAPÍTULO VII

Da Comunicação de Operações Financeiras

Art. 11. As pessoas referidas no art. 9º:

I - dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de

instruções emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em

sérios indícios dos crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se;

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51

II - deverão comunicar, abstendo-se de dar aos clientes ciência de tal ato,

no prazo de vinte e quatro horas, às autoridades competentes:

a) todas as transações constantes do inciso II do art. 10 que

ultrapassarem limite fixado, para esse fim, pela mesma autoridade e na forma

e condições por ela estabelecidas, devendo ser juntada a identificação a que

se refere o inciso I do mesmo artigo; (Redação dada pela Lei nº 10.701, de

9.7.2003)

b) a proposta ou a realização de transação prevista no inciso I deste

artigo.

§ 1º As autoridades competentes, nas instruções referidas no inciso I

deste artigo, elaborarão relação de operações que, por suas características,

no que se refere às partes envolvidas, valores, forma de realização,

instrumentos utilizados, ou pela falta de fundamento econômico ou legal,

possam configurar a hipótese nele prevista.

§ 2º As comunicações de boa-fé, feitas na forma prevista neste artigo,

não acarretarão responsabilidade civil ou administrativa.

§ 3º As pessoas para as quais não exista órgão próprio fiscalizador ou

regulador farão as comunicações mencionadas neste artigo ao Conselho de

Controle das Atividades Financeiras - COAF e na forma por ele estabelecida.

CAPÍTULO VIII

Da Responsabilidade Administrativa

Art. 12. Às pessoas referidas no art. 9º, bem como aos administradores

das pessoas jurídicas, que deixem de cumprir as obrigações previstas nos

arts. 10 e 11 serão aplicadas, cumulativamente ou não, pelas autoridades

competentes, as seguintes sanções:

I - advertência;

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52

II - multa pecuniária variável, de um por cento até o dobro do valor da

operação, ou até duzentos por cento do lucro obtido ou que presumivelmente

seria obtido pela realização da operação, ou, ainda, multa de até R$

200.000,00 (duzentos mil reais);

III - inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, para o exercício

do cargo de administrador das pessoas jurídicas referidas no art. 9º;

IV - cassação da autorização para operação ou funcionamento.

§ 1º A pena de advertência será aplicada por irregularidade no

cumprimento das instruções referidas nos incisos I e II do art. 10.

§ 2º A multa será aplicada sempre que as pessoas referidas no art. 9º,

por negligência ou dolo:

I – deixarem de sanar as irregularidades objeto de advertência, no prazo

assinalado pela autoridade competente;

II – não realizarem a identificação ou o registro previstos nos incisos I e II

do art. 10;

III - deixarem de atender, no prazo, a requisição formulada nos termos do

inciso III do art. 10;

IV - descumprirem a vedação ou deixarem de fazer a comunicação a que

se refere o art. 11.

§ 3º A inabilitação temporária será aplicada quando forem verificadas

infrações graves quanto ao cumprimento das obrigações constantes desta Lei

ou quando ocorrer reincidência específica, devidamente caracterizada em

transgressões anteriormente punidas com multa.

§ 4º A cassação da autorização será aplicada nos casos de reincidência

específica de infrações anteriormente punidas com a pena prevista no inciso III

do caput deste artigo.

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53

Art. 13. O procedimento para a aplicação das sanções previstas neste

Capítulo será regulado por decreto, assegurados o contraditório e a ampla

defesa.

CAPÍTULO IX

Do Conselho de Controle de Atividades Financeiras

Art. 14. É criado, no âmbito do Ministério da Fazenda, o Conselho de

Controle de Atividades Financeiras - COAF, com a finalidade de disciplinar,

aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências

suspeitas de atividades ilícitas previstas nesta Lei, sem prejuízo da

competência de outros órgãos e entidades.

§ 1º As instruções referidas no art. 10 destinadas às pessoas

mencionadas no art. 9º, para as quais não exista órgão próprio fiscalizador ou

regulador, serão expedidas pelo COAF, competindo-lhe, para esses casos, a

definição das pessoas abrangidas e a aplicação das sanções enumeradas no

art. 12.

§ 2º O COAF deverá, ainda, coordenar e propor mecanismos de

cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e

eficientes no combate à ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores.

§ 3o O COAF poderá requerer aos órgãos da Administração Pública as

informações cadastrais bancárias e financeiras de pessoas envolvidas em

atividades suspeitas. (Incluído pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003)

Art. 15. O COAF comunicará às autoridades competentes para a

instauração dos procedimentos cabíveis, quando concluir pela existência de

crimes previstos nesta Lei, de fundados indícios de sua prática, ou de qualquer

outro ilícito.

Art. 16. O COAF será composto por servidores públicos de reputação

ilibada e reconhecida competência, designados em ato do Ministro de Estado

da Fazenda, dentre os integrantes do quadro de pessoal efetivo do Banco

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54

Central do Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários, da Superintendência de

Seguros Privados, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, da Secretaria

da Receita Federal, de órgão de inteligência do Poder Executivo, do

Departamento de Polícia Federal, do Ministério das Relações Exteriores e da

Controladoria-Geral da União, atendendo, nesses quatro últimos casos, à

indicação dos respectivos Ministros de Estado. (Redação dada pela Lei nº

10.683, de 28.5.2003)

§ 1º O Presidente do Conselho será nomeado pelo Presidente da

República, por indicação do Ministro de Estado da Fazenda.

§ 2º Das decisões do COAF relativas às aplicações de penas

administrativas caberá recurso ao Ministro de Estado da Fazenda.

Art. 17. O COAF terá organização e funcionamento definidos em estatuto

aprovado por decreto do Poder Executivo.

Art. 18. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 3 de março de 1998; 177º da Independência e 110º da

República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Iris Rezende

Luiz Felipe Lampreia

Pedro Malan

ANEXO 2

RESOLUCAO 2.554

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55

Dispõe sobre a implantação e implementação de sistema

de controles internos.

O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9º da Lei

nº 4.595, de 31.12.64, torna público que o CONSELHO MONETÁRIO

NACIONAL, em sessão realizada em 24.09.98, tendo em vista o disposto no

art. 4º, inciso VIII, da referida Lei, nos arts. 9ºe 10 da Lei nº

4.728, de 14.07.65, e na Lei nº 6.099, de 12.09.74, com as alterações

introduzidas pela Lei nº 7.132, de 26.10.83,

R E S O L V E U:

Art.1º Determinar às instituições financeiras e demais instituições

autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil a implantação e a

implementação de controles internos voltados para as atividades por elas

desenvolvidas, seus sistemas de informações financeiras, operacionais e

gerenciais e o cumprimento das normas legais e regulamentares a elas

aplicáveis.

Parágrafo 1º Os controles internos, independentemente do porte

da instituição, devem ser efetivos e consistentes com a natureza,

complexidade e risco das operações por ela realizadas.

Parágrafo 2º São de responsabilidade da diretoria da instituição:

I - a implantação e a implementação de uma estrutura de controles

internos efetiva mediante a definição de atividades de controle para todos os

níveis de negócios da instituição;

II - o estabelecimento dos objetivos e procedimentos pertinentes

aos mesmos;

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III - a verificação sistemática da adoção e do cumprimento dos

procedimentos definidos em função do disposto no inciso II.

Art. 2º Os controles internos, cujas disposições devem ser

acessíveis a todos os funcionários da instituição de forma a assegurar sejam

conhecidas a respectiva função no processo e as responsabilidades

atribuídas aos diversos níveis da organização, devem prever:

I - a definição de responsabilidades dentro da instituição;

II - a segregação das atividades atribuídas aos integrantes da

instituição de forma a que seja evitado o conflito de interesses, bem como

meios de minimizar e monitorar adequadamente áreas identificadas como de

potencial conflito da espécie;

III - meios de identificar e avaliar fatores internos e externos que

possam afetar adversamente a realização dos objetivos da instituição;

IV - a existência de canais de comunicação que assegurem aos

funcionários, segundo o correspondente nível de atuação, o acesso a

confiáveis, tempestivas e compreensíveis informações consideradas

relevantes para suas tarefas e responsabilidades;

V - a contínua avaliação dos diversos riscos associados às

atividades da instituição;

VI - o acompanhamento sistemático das atividades

desenvolvidas, de forma a que se possa avaliar se os objetivos da

instituição estão sendo alcançados, se os limites estabelecidos e as leis e

regulamentos aplicáveis estão sendo cumpridos, bem como a assegurar

que quaisquer desvios possam ser prontamente corrigidos;

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57

VII - a existência de testes periódicos de segurança para os

sistemas de informações, em especial para os mantidos em meio eletrônico.

Parágrafo 1º Os controles internos devem ser periodicamente

revisados e atualizados, de forma a que sejam a eles incorporadas medidas

relacionadas a riscos novos ou anteriormente não abordados.

Parágrafo 2º A atividade de auditoria interna deve fazer parte do

sistema de controles internos.

Parágrafo 3º A atividade de que trata o parágrafo 2º, quando não

executada por unidade específica da própria instituição ou de instituição

integrante do mesmo conglomerado financeiro, poderá ser exercida:

I - por auditor independente devidamente registrado na Comissão

de Valores Mobiliários - CVM, desde que não aquele responsável pela

auditoria das demonstrações financeiras;

II - pela auditoria da entidade ou associação de classe ou de órgão

central a que filiada a instituição;

III - por auditoria de entidade ou associação de classe de outras

instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central, mediante convênio,

previamente aprovado por este, firmado entre a entidade a que filiada a

instituição e a entidade prestadora do serviço.

Parágrafo 4º No caso de a atividade de auditoria interna ser

exercida por unidade própria, deverá essa estar diretamente

subordinada ao conselho de administração ou, na falta desse, à diretoria da

instituição.

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58

Parágrafo 5º No caso de a atividade de auditoria interna ser

exercida segundo uma das faculdades estabelecidas no parágrafo 3º, deverá

o responsável por sua execução reportar-se diretamente ao conselho de

administração ou, na falta desse, à diretoria da instituição.

Parágrafo 6º As faculdades estabelecidas no parágrafo 3º,

incisos II e III, somente poderão ser exercidas por cooperativas de crédito e

por sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, sociedades

corretoras de câmbio e sociedades distribuidoras de títulos e valores

mobiliários não integrantes de conglomerados financeiros.

Art. 3º O acompanhamento sistemático das atividades relacionadas

com o sistema de controles internos deve ser objeto de relatórios, no mínimo

semestrais, contendo:

I - as conclusões dos exames efetuados;

II - as recomendações a respeito de eventuais deficiências, com o

estabelecimento de cronograma de saneamento das mesmas, quando for o

caso;

III - a manifestação dos responsáveis pelas correspondentes áreas a

respeito das deficiências encontradas em verificações anteriores e das

medidas efetivamente adotadas para saná-las.

Parágrafo único. As conclusões, recomendações e manifestação

referidas nos incisos I, II e III deste artigo:

I - devem ser submetidas ao conselho de administração ou, na

falta desse, à diretoria, bem como à auditoria externa da instituição;

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59

II - devem permanecer à disposição do Banco Central do Brasil pelo

prazo de 5 (cinco) anos.

Art. 4º Incumbe à diretoria da instituição, além das

responsabilidades enumeradas no art. 1º, parágrafo 2º, a promoção de

elevados padrões éticos e de integridade e de uma cultura organizacional

que demonstre e enfatize, a todos os funcionários, a importância dos controles

internos e o papel de cada um no processo.

Art. 5º O sistema de controles internos deverá estar implementado

até 31.12.99, com a observância do seguinte cronograma:

I - definição das estruturas internas que tornarão efetivos a

implantação e o acompanhamento correspondentes até 31.01.99;

II - definição e disponibilização dos procedimentos pertinentes até

30.06.99.

Parágrafo único. A auditoria externa da instituição deve fazer

menção específica, em seus pareceres, à observância do cronograma

estabelecido neste artigo.

Art. 6º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a:

I - determinar a adoção de controles adicionais nos casos em que

constatada inadequação dos controles implementados pela instituição;

II - imputar limites operacionais mais restritivos à instituição que

deixe de observar determinação nos termos do inciso I no prazo para tanto

estabelecido;

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60

III - baixar as normas e adotar as medidas julgadas necessárias à

execução do disposto nesta Resolução, incluindo a alteração do cronograma

referido no art. 5º.

Art. 7º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 24 de setembro de 1998

Gustavo H. B. Franco

Presidente

ANEXO 3

RESOLUCAO 3.056

Dispõe sobre a auditoria interna das instituições financeiras e

demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil.

O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9º da Lei 4.595,de 31 de

dezembro de 1964, torna público que o CONSELHO

MONETÁRIONACIONAL, em sessão realizada em 19 de dezembro de 2002,

com base nosarts. 3º, inciso VI, 4º, incisos VIII e XII, e 10, inciso XI, com

aredação dada pelos arts. 19 e 20 da Lei 7.730, de 31 de janeiro de1989, da

referida lei, 2º da Lei 4.728, de 14 de julho de 1965, e 22,parágrafo 2º, e 26,

parágrafo 3º, da Lei 6.385, de 7 de dezembro de1976, com as redações

dadas, respectivamente, pelos arts. 1º doDecreto 3.995, de 31 de outubro de

2001, e 14 da Lei 9.447, de 14 demarço de 1997,

R E S O L V E U:

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Art. 1º Alterar o art. 2º da Resolução 2.554, de 24 desetembro de 1998, que

passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 2º Os controles internos, cujas disposições devem ser acessíveis a

todos os funcionários da instituição de forma a assegurar sejam conhecidas

a respectiva função no processo e as responsabilidades atribuídas aos

diversos níveis da organização, devem prever:

I – a definição de responsabilidades dentro da instituição;

II - a segregação das atividades atribuídas aos integrantes da instituição de

forma a que seja evitado o conflito de interesses, bem como meios

de minimizar e monitorar adequadamente áreas identificadas como de

potencial conflito da espécie;

III - meios de identificar e avaliar fatores internos e externos que possam

afetar adversamente a realização dos objetivos da instituição;

IV - a existência de canais de comunicação que assegurem aos funcionários,

segundo o correspondente nível de atuação, o acesso a confiáveis,

tempestivas e compreensíveis informações consideradas relevantes para

suas tarefas e responsabilidades;

V - a contínua avaliação dos diversos riscos associados às atividades da

instituição;

VI - o acompanhamento sistemático das atividades desenvolvidas, de

forma a que se possa avaliar se os objetivos da instituição estão sendo

alcançados, se os limites estabelecidos e as leis e regulamentos aplicáveis

estão sendo cumpridos, bem como a assegurar que quaisquer desvios

possam ser prontamente corrigidos;

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VII - a existência de testes periódicos de segurança para os sistemas de

informações, em especial para os mantidos em meio eletrônico.

Parágrafo 1º Os controles internos devem ser periodicamente revisados e

atualizados, de forma a que sejam a eles incorporadas medidas

relacionadas a riscos novos ou anteriormente não abordados.

Parágrafo 2º A atividade de auditoria interna deve fazer parte do sistema

de controles internos.

Parágrafo 3º A atividade de que trata o parágrafo 2º, quando não

executada por unidade específica da própria instituição ou de instituição

integrante do mesmo conglomerado financeiro, poderá ser exercida:

I - por auditor independente devidamente registrado na Comissão de

Valores Mobiliários (CVM), desde que não aquele responsável pela auditoria

das demonstrações financeiras;

II - pela auditoria da entidade ou associação de classe ou de órgão central

a que filiada a instituição;

III - por auditoria de entidade ou associação de classe de outras instituições

autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, mediante convênio,

previamente aprovado por este, firmado entre a entidade a que filiada

a instituição e a entidade prestadora do serviço.

Parágrafo 4º No caso de a atividade de auditoria interna ser exercida por

unidade própria, deverá essa estar diretamente subordinada ao conselho

de administração ou, na falta desse, à diretoria da instituição.

Parágrafo 5º No caso de a atividade de auditoria interna ser exercida

segundo uma das faculdades estabelecidas no parágrafo 3º, deverá o

responsável por sua execução reportar-se diretamente ao conselho de

administração ou, na falta desse, à diretoria da instituição.

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Parágrafo 6º As faculdades estabelecidas no parágrafo 3º, incisos II e III,

somente poderão ser exercidas por cooperativas de crédito e por sociedades

corretoras de títulos e valores mobiliários, sociedades corretoras de

câmbio e sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários não

integrantes de conglomerados financeiros.

Parágrafo 7º Em qualquer das situações previstas neste artigo, a

instituição deve manter à disposição e garantir o acesso irrestrito do

Banco Central do Brasil aos papéis de trabalho, relatórios e quaisquer

outros documentos elaborados pela auditoria interna da instituição." (NR)

Art. 2º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 19 de dezembro de 2002

Arminio Fraga Neto

Presidente

ANEXO 4

A Lei Sarbanes-Oxley (em inglês, Sarbanes-Oxley Act) é uma lei

estadunidense, assinada em 30 de julho de 2002 pelo senador Paul Sarbanes

(Democrata de Maryland) e pelo deputado Michael Oxley (Republicano de

Ohio).

Motivada por escândalos financeiros coorporativos (dentre eles o da Enron,

que acabou por afetar drasticamente a empresa de auditoria Arthur Andersen),

essa lei foi redigida com o objetivo de evitar o esvaziamento dos investimentos

financeiros e a fuga dos investidores causada pela aparente insegurança a

respeito da governança adequada das empresas.

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64

A lei Sarbanes-Oxley, apelidada de Sarbox ou ainda de SOX, visa garantir a

criação de mecanismos de auditoria e segurança confiáveis nas empresas,

incluindo ainda regras para a criação de comitês encarregados de

supervisionar suas atividades e operações, de modo a mitigar riscos aos

negócios, evitar a ocorrência de fraudes ou assegurar que haja meios de

identificá-las quando ocorrem, garantindo a transparência na gestão das

empresas.

Atualmente grandes empresas com operações financeiras no exterior seguem

a lei Sarbanes-Oxley. A lei também afeta dezenas de empresas brasileiras que

mantém ADRs (American Depositary Receipts) negociadas na NYSE, como a

Petrobras, a GOL Linhas Aéreas, a Sabesp,a TAM Linhas Aéreas, a Brasil

Telecom, Ultrapar (Ultragaz), a Companhia Brasileira de Distribuição (Grupo

Pão de Açúcar), Banco Itaú e a Telemig Celular.

Requisitos da lei

1. Controlar a criação, edição e versionamento dos documentos em um

ambiente de acordo com os padrões ISO, para controle de todos os

documentos relativos à seção 404;

2. Cadastrar os riscos associados aos processos de negócios e

armazenar os desenhos de processo;

3. Utilizar ferramentas como editor de texto e planilha eletrônica para

criação e alteração dos documentos da seção 404;

4. Publicar em múltiplos websites os conteúdos da seção 404;

5. Gerenciar todos os documentos controlando seus períodos de retenção

e distribuição;

6. Digitalizar e armazenar todos os documentos que estejam em papel,

ligados à seção 404.

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Seção 404

A seção 404 determina uma avaliação anual dos controles e procedimentos

internos para emissão de relatórios financeiros. Além disso, o auditor

independente da companhia deve emitir um relatório distinto, que ateste a

asserção da administração sobre a eficácia dos controles internos e dos

procedimentos executados para a emissão dos relatórios financeiros;

ANEXO 5

Fraudes Contábeis e Internas Introdução à lei Sarbanes-Oxley

A criação desta lei foi uma conseqüência das fraudes e escândalos contábeis

que, na época, atingiram grandes corporações nos Estados Unidos (Enron,

Arthur Andersen, WorldCom, Xerox etc...), e teve como intuito tentar evitar a

fuga dos investidores causada pela insegurança e perda de confiança em

relação as escriturações contábeis e aos princípios de governança nas

empresas.

A SOx se aplica a todas as empresas, sejam elas americanas ou estrangeiras,

que tenham ações registradas na SEC (Securities and Exchange Comission, o

equivalente americano da CVM brasileira). Isso inclui as empresas

estrangeiras que possuem programas de ADRs (American Depositary

Receipts), do nível 2 ou 3, nas bolsas de valores dos EUA.

Dividida em onze títulos (capítulos), com um número variável de seções cada

um, totalizando 69 seções (artigos), a SOx obriga as empresas a

reestruturarem processos para aumentar os controles, a segurança e a

transparência na condução dos negócios, na administração financeira, nas

escriturações contábeis e na gestão e divulgação das informações. Na prática

define por lei e rende obrigatórias uma série de medidas que já eram

consideradas, no mundo todo, como práticas de boa governança corporativa.

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A SOx prevê a criação, nas empresas, de mecanismos de auditoria e

segurança confiáveis, definindo regras para a criação de comitês

encarregados de supervisionar suas atividades e operações, formados em boa

parte por membros independentes. Isso com o intuito explícito de evitar a

ocorrência de fraudes e criar meios de identificá-las quando ocorrem,

reduzindo os riscos nos negócios e garantindo a transparência na gestão.

A SOx torna os Diretores Executivos e Diretores Financeiros explicitamente

responsáveis por estabelecer e monitorar a eficácia dos controles internos em

relação aos relatórios financeiros e a divulgação de informações. As empresas

de auditoria e os advogados contratados ganham maior independência, mas

também aumenta muito o grau de responsabilidade sobre seus atos. Também

aumenta muito a regulamentação sobre as modalidades de contratação de

tais serviços (auditoria, legais etc...), sobre o relacionamento entre empresa e

estes prestadores de serviços e sobre os limites de atuação (serviços que

podem e não podem ser prestados) e a gestão de eventuais conflitos de

interesses.

Para supervisionar os processos de auditoria das empresas sujeitas a SOx, foi

criado o Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB ou seja

Conselho de Auditores de Companhias Abertas) que tem a missão de

estabelecer as normas de auditoria, controle de qualidade, ética e

independência em relação aos processos de inspeção e a emissão dos

relatórios de auditoria. São previstas inspeções às empresas de auditoria para

obrigá-las a cumprir as regras estabelecidas e estar sempre em consonância

com a SEC. Os auditores de empresas sujeitas a SOx deverão registrar-se no

PCAOB.

A SOx se refere de forma explícita aos GAAP (Generally Accepted Accounting

Principles), na versão US GAAP, para a definição de quais sejam as normas e

práticas contábeis a serem aplicadas. É em andamento, sob a coordenação

da SEC, um processo oficial de adoção do padrão IFRS (International

Financial Reporting Standards), de influência européia e administrado pelo

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IASB (International Accounting Standards Board), no lugar do US GAAP, que

deverá se concluir até 2016. Outra legislação relevante e explicitamente

mencionada na SOx é o Securities Exchange Act de 1934.

As penalidades pelo descumprimento da SOx, em relação a integridade e

fidedignidade das demonstrações financeiras e a certificação de emonstrativos

em desacordo com a lei, são uma multa de até USD 1.000.000 e/ou a reclusão

por até 10 anos. Quando o descumprimento da lei for intencional

(normalmente com finalidades fraudulentas) a multa aumenta para até USD

5.000.000 e a reclusão pode chegar a 20 anos.

Os principais artigos da SOx (divididos por categoria) são os seguintes:

PCAOB:

Artigo 101: Cria o Public Company Accounting Oversight Board.

Artigo 102: Trata da organização do PCAOB e de suas atribuições.

Artigo 103: Define regras e padrões de auditoria, controle de qualidade e

independência.

Artigo 104: Determina que o PCAOB crie um programa permanente de

inspeção nas empresas de auditoria registradas na SEC.

Artigo 109: Define o financiamento e taxas de funcionamento do PCAOB.

Independência do auditor:

Artigo 201: Define serviços que são proibidos para os auditores dentro das

companhias que auditam.

Artigo 202: Determina a necessidade da aprovação prévia do comitê de

auditoria para qualquer outro serviço prestado pelos auditores

independentes da companhia.

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Artigo 203: Determina a rotatividade a cada 5 anos do sócio responsável

por cada cliente, em empresa de auditoria.

Artigo 204: Cria regras para comunicação entre os auditores contratados e

o comitê de auditoria da companhia.

Responsabilidades da empresa:

Artigo 301: Define as funções atribuídas e nível de independência do

comitê de auditoria em relação à direção da empresa.

Artigo 302: Determina a responsabilidade dos diretores das empresas, que

devem assinar os relatórios certificando que as demonstrações e outras

informações financeiras incluídas no relatório do período, apresentam

todos os fatos materiais e que não contém nenhuma declaração falsa

ou que fatos materiais tenham sido omitidos. Também devem declarar

que divulgaram todas e quaisquer deficiências significativas de

controles, insuficiências materiais e atos de fraude ao seu Comitê de

Auditoria.

Artigo 303: Proíbe a conduta imprópria de auditor por influência

fraudulenta, coação ou manipulação, não importando se intencional ou

por negligência. Proíbe diretores e funcionários da empresa de tomar

qualquer medida para influenciar os auditores.

Artigo 305: Define as responsabilidades e penalidades a cargo dos

diretores da empresa.

Artigo 307: Cria regras de responsabilidade para advogados obrigando-os

a relatar evidências de violação importante da companhia para a qual

prestam serviços, devendo reportar-se ao comitê de auditoria, se não

forem ouvidos pela diretoria.

Aprimoramento das divulgações financeiras:

Artigo 401: Obriga a divulgação das informações trimestrais e anuais sobre

todo fato material não relacionado com o balanço, patrimonial, tais

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como: transações, acordos, obrigações realizadas com entidades não

consolidadas, contingências e outras. Também exige a divulgação de

informações financeiras não relacionadas com as normas geralmente

aceitas (de acordo com o GAAP).

Artigo 402: Obriga a divulgação das principais transações envolvendo a

diretoria e os principais acionistas da companhia. Nenhum diretor ou

funcionário graduado de companhia aberta poderá receber, direta ou

indiretamente, empréstimos em companhia aberta.

Artigo 404: Determina uma avaliação anual dos controles e procedimentos

internos para a emissão de relatórios financeiros. Além disso, o auditor

independente deve emitir um relatório distinto que ateste a asserção da

administração sobre a eficácia dos controles internos e dos

procedimentos executados para a emissão dos relatórios financeiros.

Artigo 406: Define o Código de ética para os administradores, alta gerência

e gerência.

Artigo 409: Obriga a divulgação imediata e atual de informações adicionais

relativas a mudanças importantes na situação financeiras ou nas

operações da companhia.

Responsabilidade por fraude corporativa ou criminal:

Artigo 802: Define as penalidades criminais por alteração / destruição /

falsificação de documentos a serem utilizados nas vistorias da SEC.

Artigo 806: Cria os meios de proteção aos funcionários de empresas de

capital aberto que denunciarem fraude na companhia em que

trabalham.

Artigo 807: Define as penalidades criminais por prejudicar acionistas

minoritários de empresas de capital aberto com informações inverídicas.

Aumento das penalidades para crimes de colarinho branco:

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Artigo 906: Aumenta a responsabilidade da diretoria sobre as

demonstrações financeiras e define as penalidades para as infrações.

ANEXO 6

Fraudes nos balanços corporativos e contra investidores

Existem várias modalidades de fraude que envolvem distorções, omissões,

inclusão de dados falsos, maquiagens ou outras irregularidades nas

demonstrações financeiras de uma corporação. Este tipo de situação

fraudulenta, via de regra, envolve valores de grande monta.

Dependendo das modalidades e finalidades da fraude, as principais vítimas

potenciais deste tipo de fraude são:

Os investidores e acionistas de todos os tipos e, mais em geral, o mercado

financeiro (que pode sofrer abalos).

Os provedores de serviços financeiros (bancos, seguradoras, fundos etc...).

Os governos (que podem sofrer fraudes fiscais).

Os concorrentes e o setor econômico ao qual a corporação pertence.

Os fornecedores em geral.

As finalidades das fraudes podem ser muito complexas ou muito simples.

Existem casos famosos e menos famosos para a maioria dos tipos de

motivação fraudulenta. Resumindo, os principais motores das fraude em

balanços são:

Aumentar os rendimentos de alguns executivos, sobretudo na forma de

bônus por resultados (supostamente) alcançados.

Melhorar a imagem da empresa, sua aceitação no mercado e sua

capacidade de captar recursos.

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Favorecer operações comerciais, de fusão ou aquisição (M&A) ou de

expansão ao mostrar um valor de mercado e capacidades inverídicas.

Ocultar situações complicadas que poderiam dificultar a operação da

empresa, a captação de recursos ou até enfraquece-la até que se torne

alvo de aquisições.

Por sua complexidade intrínseca e pela complexidade das normas contábeis e

dos procedimentos de controle, existem inúmeras possibilidades de realizar

fraudes num balanço corporativo. Entre as mais comuns podemos lembrar:

Ocultamento ou omissão de perdas e custos.

Maqueamento de custos, sobretudo na forma de investimentos ou

imobilizações.

Omissão ou maqueamento de contingências (freqüentes as de origem

judicial).

Evasão de impostos e omissão, maqueamento ou ocultamento da relativa

contingência.

Contabilização de ativos duvidosos como se fossem consistentes.

Criação de receitas fictícias (muitas vezes através de operações intra-

corporativas ou de alugueis).

Todas estas situações de fraude são contempladas como crimes pela lei

Sarbanes-Oxley (SOx), obviamente em relação a empresas sujeitas a tal

legislação.

A aplicação rigorosa desta leia, quando possível, ou de leis similares em

outras jurisdições, juntamente com a adoção das melhores práticas de

governança corporativa e a fiscalização sistemática, preventiva e

independente das operações globais das corporações, podem coibir grande

parte destas situações fraudulentas.

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ANEXO 7

Necessidade da implantação da Lei Sarbanes Oxley no Brasil ?

04 de setembro de 2007 às 19:49

A lei Sarbanes Oxley, também conhecida pelas iniciais SOX, hoje, para as

empresas brasileiras (de capital brasileiro), que não atuam na Bolsa de Nova

Iorque, e/ou que não estão registradas na SEC, para estas não existe a

obrigatoriedade de implantá-la. Ela nasceu nos Estados Unidos, e Sarbanes e

Oxley são os sobrenomes dos relatores da lei sancionada em Julho de 2002

pelo Presidente George W. Bush, em reação aos escândalos de fraudes

contábeis em grandes empresas como Enron e WorldCom, e que afetaram a

credibilidade do mercado de ações dos Estados Unidos. O objetivo é dar mais

transparência e evitar as mais variadas maquiagens em balanços financeiros.

A Lei é ampla, mas reforça regras para uma governança corporativa

relacionadas aos relatórios financeiros, a ter controles internos consistentes e

acurados, evitando contingências, manipulações e surpresas, e na direção de

gerar informações confiáveis que permitam decisões gerenciais corretas e que

possam confortam o acionista. Com ela, o grau da responsabilidade aumenta,

desde o presidente e a diretoria da empresa até as auditorias contratados. Um

dos aspectos mais importantes é que a Lei Sarbanes-Oxley não isenta

empresas não americanas de seu alcance. Ela exige que todas as

companhias de capital aberto, com ações listadas na Bolsa de Valores de

Nova Iorque, possuam um comitê de auditoria, com o principal objetivo de

supervisionar os controles internos, o aspecto contábil da companhia e seu

relacionamento com os auditores independentes. Minha experiência, na

empresa onde trabalho, apesar de ser uma empresa instalada no Brasil, ela é

subsidiária de uma multinacional da Europa, e tívemos que implementar a

SOX em nossa unidade, pelo motivo que apesar dela estar na Europa ela tem

ações na Bolsa de Nova Iorque. Entre as principais regras há a proibição de

empréstimos a conselheiros/diretores, proibição de alguns tipos de serviços

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por auditores, criação de um código de ética para os administradores, etc... e

também há penalidades de multa até US$ 5 milhões e prisão de até 20 anos

no caso de informações erradas. O escopo de atividades que são abrangidas

normalmente são: Folha de Pagamento, Fechamento e Reporte Contábil,

Gerencimento dos Estoques, Tesouraria e Caixa, Gerenciamento de Compras,

Vendas, Ativo Fixo, Impostos e TI (Depto. Informática). Comprometendo as

pessoas que trabalham nessas atividade. Basicamente a implementação do

processo constituíu em: -Flow-Chart (fluxos das transações) -Descrição

Detalhada dos Processos, relatando nomes e cargos das pessoas

envolvidadas nos processo -Identificação, Análise e Gerenciamento dos

Riscos -Pontos de Controles nos Processos e “donos” do Processo -Self-Test

– recomendado no mínimo 2 vezes ao ano, juntando toda documentação

suporte Todos os documentos devem ser assinados, pelos “donos” do

processo, recomendando-se que seja um Diretor. Além dos testes internos,

feitos pelo próprio dono do processo – Self Test, haverão testes anuais em

relação aos nossos controles descritos na documentação SOX, a serem

performados por uma Auditoria Interna do Grupo, e também por uma Auditoria

Externa. É importante citar que para a SOX não basta que a empresa tenha os

procedimentos e controles escritos, é preciso provar que estes existem. Por

isso é necessário documentação e suportes que forneçam evidências efetivas

dos controles. Eu particularmente, encaro estas exigências, não como um

aumento de trabalho, não no sentido de mero cumprimento de exigências,

mas como uma oportunidade de rever nossos processos e controles internos,

e assegurar aos acionistas, diretores, e a nós mesmos contadores, uma

tranquilidade maior diante da gestão e controle dessas atividades. Também

acho, que se alguém quiser fraudar uma companhia este vai encontrar uma

maneira, mas vejo que com a SOX a dificuldade para a fraude será um pouco

maior, e ele terá que pensar que o risco é o de ficar na cadeia por uns 20

anos... Hoje, para ser um contador numa economia globalizada é preciso ter

mais que informações, leis, notícias, é preciso ter a habilidade de aprender, de

prestar atenção à detalhes, absorver os pontos básicos que afetam o negócio

onde você é também responsável, do contrário essas informações podem ser

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inúteis e você pode falhar. Espero ter contribuído com um pouco de meu

conhecimento. Autor: Andréa Sirtori Gerente de Controladoria Foi Professora

Universitária email para contato: [email protected]

ANEXO 8

Análise do Desempenho 4T07

7.1.4 Acordo de Basiléia

Comitê de Basiléia

Em 1973, o mercado financeiro mundial vivia momento de intensa volatilidade

com o fim do Sistema Monetário Internacional, baseado em taxas de câmbio

fixas. A liberação das taxas exigia medidas que minimizassem o risco do

sistema.

A fragilidade alcançou nível crítico em 1974, com o registro de distúrbios nos

mercados internacionais, como a falha na liquidação de contratos de câmbio

ocasionada pela insolvência do Bankhaus Herstatt, da Alemanha.

No final deste ano, os responsáveis pela supervisão bancária nos países do

G-10 decidiram criar o Comitê de Regulamentação Bancária e Práticas de

Supervisão, sediado no Banco de Compensações Internacionais - BIS, em

Basiléia, na Suíça. Daí a denominação Comitê de Basiléia.

O Comitê é constituído por representantes dos bancos centrais e por

autoridades com responsabilidade formal sobre a supervisão bancária dos

países membros do G-10. Neste Comitê, são discutidas questões relacionadas

à indústria bancária, visando a melhorar a qualidade da supervisão bancária e

fortalecer a segurança do sistema bancário internacional.

O Comitê de Basiléia não possui autoridade formal para supervisão

supranacional, mas tem o objetivo de induzir comportamento nos países

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membros do G-10. Estes, ao seguir as orientações, estarão contribuindo para

melhoria das práticas no mercado financeiro internacional.

Basiléia I

Em julho de 1988, após intenso processo de discussão, foi celebrado o Acordo

de Basiléia, que definiu mecanismos para mensuração do risco de crédito e

estabeleceu a exigência de capital mínimo para suportar riscos. Atualmente,

este Acordo é conhecido como Basiléia I.

Os objetivos do Acordo foram reforçar a solidez e a estabilidade do sistema

bancário internacional e minimizar as desigualdades competitivas entre os

bancos internacionalmente ativos. Essas desigualdades eram o resultado de

diferentes regras de exigência de capital mínimo pelos agentes reguladores

nacionais.

O Acordo de Basiléia de 1988 definiu três conceitos:

- Capital Regulatório - montante de capital próprio alocado para a cobertura de

riscos, considerando os parâmetros definidos pelo regulador;

- Fatores de Ponderação de Risco dos Ativos - a exposição a Risco de Crédito

dos ativos (dentro e fora do balanço) é ponderada por diferentes pesos

estabelecidos, considerando, principalmente, o perfil do tomador; e

- Índice Mínimo de Capital para Cobertura do Risco de Crédito (Índice de

Basiléia ou Razão BIS) - quociente entre o capital regulatório e os ativos

(dentro e fora do balanço) ponderados pelo risco. Se o valor apurado for igual

ou superior a 8%, o nível de capital do banco está adequado para a cobertura

de Risco de Crédito.

Emenda de Risco de Mercado de 1996

O avanço obtido com Basiléia I, em termos de marco regulatório e de

exigência de capital para suportar o Risco de Crédito, foi inegável. Entretanto,

algumas críticas surgiram, tornando-se necessário o aprimoramento daquele

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documento no âmbito do Comitê de Basiléia. Entre os ajustes, destacou-se a

necessidade de alocação de capital para cobertura de Riscos de Mercado.

Assim, em janeiro de 1996, foi publicado adendo ao Basiléia I, chamado de

Emenda de Risco de Mercado, cujos aspectos relevantes são:

- Ampliação dos controles sobre riscos incorridos pelos bancos;

- Extensão dos requisitos para a definição do capital mínimo (ou regulatório),

incorporando o Risco de Mercado;

- Possibilidade de utilização de modelos internos na mensuração de riscos,

desde que aprovados pelo regulador local.

Basiléia II

Desde a criação do Comitê de Basiléia, em 1974, a regulamentação bancária

vem apresentando avanços significativos. Assim, em junho de 2004, o Comitê

divulgou o Novo Acordo de Capital, comumente conhecido por Basiléia II, com

os seguintes objetivos:

- Promover a estabilidade financeira; g Fortalecer a estrutura de capital das

instituições;

- Favorecer a adoção das melhores práticas de gestão de riscos; e

- Estimular maior transparência e disciplina de mercado.

Basiléia II propõe um enfoque mais flexível para exigência de capital e mais

abrangente com relação ao fortalecimento da supervisão bancária e ao

estímulo para maior transparência na divulgação das informações ao mercado,

baseado em três grandes premissas:

- Pilar I – fortalecimento da estrutura de capitais das instituições;

- Pilar II – estímulo à adoção das melhores práticas de gestão de riscos, e;

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- Pilar III – redução da assimetria de informação e favorecimento da disciplina

de mercado.

Figura 25. Pilares de Basiléia II

Pilar I - Exigência de Capital

O Pilar I define o tratamento a ser dado para fins de determinação da

exigência de capital frente aos riscos incorridos nas atividades desenvolvidas

pelas instituições financeiras. Em relação ao Acordo de 1988, Basiléia II

introduz a exigência de capital para risco operacional e aprimora a discussão

acerca do risco de crédito.

Figura 26 . Alocação de Capital

Basiléia II estimula a adoção de modelos proprietários para mensuração dos

riscos (crédito, mercado e operacional), com graus diferenciados de

complexidade, sujeitos à aprovação do regulador, e possibilidade de

benefícios de redução de requerimento de capital por conta da adoção de

abordagens internas.

Risco de Crédito

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As abordagens de mensuração de Risco de Crédito, segundo o Novo Acordo,

são classificadas em dois tipos: padronizada e a baseada em classificações

internas - (Internal Ratings Based - IRB). Esta última é dividida em IRB básica

e IRB avançada.

Abordagem Padronizada

A abordagem padronizada constitui-se em revisão/aprimoramento do método

proposto no Acordo de 1988 que estabeleceu fatores de ponderações de risco

para os ativos. Nesta abordagem, os fatores de ponderação de riscos (FPR)

são fundamentados em classificações de riscos (ratings) oriundos de análises

feitas por instituições externas de avaliação de crédito (External Credit

Assessment Institution - ECAI), visando melhorar a qualidade da percepção de

risco e não introduzir demasiada complexidade ao método. Nesse sentido, foi

feita revisão do tratamento das exposições a países, empresas e bancos.

Contudo, a maioria das instituições financeiras deverá aplicar a abordagem

padrão simplificada, que consiste em aprimoramento da abordagem atual

mediante a incorporação de elementos que proporcionem grau mais elevado

de sensibilidade a riscos, com a conseqüente revisão dos fatores de

ponderação de risco. No Brasil, o BACEN, conforme Comunicado n° 12.746,

de 09.12.2004, informou que não utilizará agências de rating para fins de

apuração do requerimento de capital.

Abordagem Baseada em Classificações Internas – IRB

A abordagem IRB (Internal Ratings Based) oferece tratamento

conceitualmente similar ao método padronizado no tratamento das exposições

do banco, porém com maior grau de sensibilidade aos riscos. A apuração do

requerimento de capital deverá considerar os seguintes componentes de risco:

- PD (Probability of Default), também conhecida por FEI (Freqüência Esperada

de Inadimplência) - é a possibilidade de um determinado cliente ficar

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inadimplente. Deve considerar as características do cliente e está associada

ao risco do cliente (rating);

- LGD (Loss Given Default), também conhecida por PDI (Perda Dada a

Inadimplência) - é uma medida preditiva que informa o quanto efetivamente

não é recuperado quando um cliente entra em inadimplência. Na apuração

desta medida deve ser considerada a estimativa de quanto se recupera de

uma dívida em atraso menos os custos no processo de recuperação;

- EAD (Exposure at Default), também conhecida por Exposição no Momento

da Inadimplência - considerando que um cliente tende a aumentar seu

endividamento ao se aproximar de uma situação onde não terá capacidade de

honrar seus compromissos, este componente evidencia o montante (efetivo +

potencial) do endividamento do cliente no momento da inadimplência;

- M (Effective Maturity) ou Maturidade Efetiva - é o prazo até o vencimento da

operação podendo ser ajustado em função do fluxo de caixa ou critérios do

regulador.

Abordagem IRB Básica

Nesta abordagem, a instituição financeira deve estimar internamente a

probabilidade de inadimplência (PD) associada à categoria do tomador; os

demais componentes de risco serão disponibilizados pela autoridade de

supervisão.

Abordagem IRB Avançada

Na abordagem IRB avançada, as instituições financeiras utilizam estimativas

internas para todos os componentes de risco: PD, LGD, EAD e M.

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Abordagem IRB para Exposição Varejo

Na abordagem IRB para Varejo não há classificação ‘básica’ ou ‘avançada’, há

uma abordagem única em que as instituições financeiras utilizam estimativas

internas somente para os componentes de risco: PD, LGD e EAD. A figura

abaixo ilustra como está estruturado o Pilar I para Risco de Crédito:

Figura 27. Pilar I – Risco de Crédito

Pilar I – Risco de Mercado

Em janeiro de 1996, o Comitê de Basiléia editou a Emenda de Risco de

Mercado, com vistas a regulamentar as exigibilidades de capital para cobertura

do Risco de Mercado, o qual não havia sido contemplado quando da edição do

Acordo de Basiléia de 1988.

Basiléia II incorporou o conteúdo da emenda de Risco de Mercado, mantendo

as metodologias então vigentes. As metodologias de cálculo do Risco de

Mercado dividem-se em Modelo Padronizado e Modelo Avançado.

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O Modelo Padronizado subdivide-se em quatro categorias de risco: Ações,

Câmbio, Commodities e Taxas de Juros, apresentando metodologias de

cálculos simplificados específicos para cada categoria.

O Modelo Avançado baseia em metodologia estatística conhecida como

Value-at-Risk (VaR).

Para utilização deste modelo, os bancos devem atender a uma série de

requisitos qualitativos e quantitativos, os quais destacamos: Aspectos

Qualitativos:

- Segregação entre a área de Gestão de Riscos e as áreas negociais;

- Reporte direto com a alta administração;

- Backtesting; g Alta administração ativamente envolvida na Gestão de Riscos;

- Modelo de mensuração de riscos integrado ao dia-a-dia da gestão;

- Limites de exposição e análise da performance ajustada a riscos;

- Rigorosos testes de estresse; g Políticas e procedimentos documentados; e

- Auditoria independente dos sistemas de gerenciamento de risco e das áreas

de negócios.

Aspectos Quantitativos:

- VaR calculado diariamente;

- Intervalo de Confiança: 99%;

- Horizonte Temporal: 10 dias úteis;

- Série histórica não inferior a um ano; e

- Exigência de Capital: valor máximo entre o VaR do dia anterior e a média das

últimas 60 observações do VaR multiplicado por um fator entre 3 (mínimo) e 4

(máximo), de acordo com a aderência do modelo de VaR.

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Pilar I – Risco Operacional

Em função da complexidade de eventos que geram risco em função a

heterogeneidade de suas causas, Basiléia II propõe as seguintes abordagens

para sua mensuração:

- Indicador Básico;

- Padronizada;

- Padronizada Alternativa; e

- Avançada.

As três primeiras abordagens são caracterizadas como sintéticas, dado que a

exigência de capital é estimada com base em dados agregados, sem que haja

identificação dos eventos de perda de forma individualizada. A Abordagem

Avançada (Modelo Interno) assume caráter analítico, pois proporciona maior

conhecimento do perfil de risco da instituição e melhor adequação à qualidade

dos controles.

Abordagem do Indicador Básico – BIA

Percentual fixo (g) de 15% é aplicado sobre a média dos Resultados Brutos

dos últimos três anos. O Resultado bruto é obtido pela soma do Resultado da

Intermediação Financeira e das Receitas de Prestação de Serviços.

Abordagem Padronizada – STA

É semelhante à abordagem do Indicador Básico quanto à utilização do

resultado bruto. Porém, define parâmetros beta, de 12% a 18%, para o cálculo

do requerimento de capital a ser aplicado em oito linhas de negócios. A tabela

abaixo detalha as oito linhas de negócios e o percentual definido para cada

fator.

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Tabela 41. Pilar I – Risco Operacional

Abordagem Padronizada Alternativa - ASA

A abordagem Padronizada Alternativa é similar à Padronizada, exceto para as

Linhas de Negócios “Banco Comercial” e “Banco de Varejo”, dado que a

utilização do resultado bruto em linhas de negócios sensíveis às taxas de juros

pode distorcer resultados em ambientes de instabilidade de taxas, onde

spreads são consideravelmente elevados. Dessa forma, para estas duas

linhas de negócios, a exigência de capital equivale à média dos últimos três

anos do volume de empréstimos e adiantamentos multiplicada por um fator

“m” igual 0,035 e pelo beta definido na abordagem padronizada. Para as

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demais linhas de negócios, são utilizados os mesmos critérios da abordagem

padronizada.

Abordagem Avançada – AMA

A exigência de capital é baseada nos modelos de mensuração de risco

desenvolvidos internamente, para os quais os bancos terão que atender a

critérios de habilitação quantitativos e qualitativos que assegurem a

integridade e robustez do modelo de mensuração utilizado. O uso da AMA

está sujeito à aprovação do supervisor (o processo de autorização para uso de

modelos internos, segundo o Comunicado BACEN 16.137, deverá ser iniciado

em 2011, para implementação em 2013).

Pilar II - Governança e Processo de Supervisão

O processo de supervisão estabelece normas para o gerenciamento de risco,

tendo sido estabelecidos quatro princípios essenciais de revisão de

supervisão, que evidenciam a necessidade de os bancos avaliarem a

adequação de capital em relação aos riscos assumidos e de os supervisores

reverem suas estratégias e tomarem atitudes pertinentes em face dessas

avaliações. São eles:

1º. Princípio: os bancos devem ter um processo para estimar sua adequação

de capital em relação a seu perfil de risco e possuir uma estratégia para

manutenção de seus níveis adequados de capital.

2º. Princípio: os supervisores devem avaliar as estratégias, as estimativas de

adequação e a habilidade dos bancos em monitorarem e garantirem sua

conformidade com a exigência de capital mínimo.

3º. Princípio: os supervisores esperam, e podem exigir, que os bancos operem

acima das exigências de capital mínimo;

4º. Princípio: os supervisores podem intervir antecipadamente e exigir ações

rápidas dos bancos, se o nível de capital ficar abaixo do nível mínimo.

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De acordo com o Pilar II, a Alta Administração é responsável pela estratégia

de exposição aos riscos e pelos níveis de capital compatíveis. As principais

características da existência de um processo rigoroso de avaliação da

adequação de capital deverão envolver:

- Supervisão da Alta Administração do banco e do Conselho de Administração;

- Avaliação sólida das necessidades de capital para suportar os riscos de

negócios;

- Avaliação abrangente dos riscos;

- Monitoramento e emissão de relatórios;

- Revisão do controle interno.

O Pilar II enfatiza a necessidade de os bancos possuírem volume de capital

adequado para suportar todos os riscos envolvidos nos negócios. O capital

não deve ser visto apenas como a única opção que o regulador utilizará para

tratar a questão risco, mas também os controles internos e processos de

administração de riscos que se revelarem insuficientes ou inadequados.

Poderão ser utilizados outros meios para tratar da gestão dos riscos, tais como

aplicação de limites de exposição internos, fortalecimento do nível de

provisões e reservas e o aprimoramento dos controles internos de maneira

geral.

Pilar III - Disciplina de Mercado Representa o conjunto de exigências de

divulgação de informações que permitirá aos participantes do mercado

avaliarem as informações essenciais contidas na estrutura, na mensuração do

capital, nas exposições a risco, nos processos de gestão de riscos e ainda na

adequação de capital da instituição.

O Pilar III fundamenta-se em quatro categorias/divisões:

a) Escopo de aplicação – representa a relação entre as recomendações e a

estrutura do Banco;

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b) Capital – demonstra a capacidade de o banco absorver eventuais perdas;

c) Exposição a risco – evidencia os subsídios para avaliação da intensidade

dos riscos e as formas de avaliação destes.

d) Adequação de capital – Possibilita o julgamento da suficiência do capital

frente aos riscos incorridos.

Figura 28. Pilar III – Disciplina de Mercado

O intuito deste terceiro pilar é de complementaridade aos requerimentos

mínimos de capital (Pilar I) e ao processo de revisão da supervisão (Pilar II).

Significa dizer que, com o desenvolvimento de regras que estimulem e

requeiram maior abertura de informações quanto ao perfil de riscos e ao nível

de capitalização dos bancos, os agentes participantes do mercado sintam-se

estimulados a fiscalizar os bancos.

A utilização de determinados níveis de transparência será condição necessária

para o reconhecimento e habilitação de uma instituição financeira em uma

abordagem de mensuração de capital específica. São exemplos de divulgação

de informações qualitativas a estrutura dos sistemas de classificações internas

e o processo para administrar e reconhecer a mitigação de Risco de Crédito.

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Para garantir o cumprimento da transparência, Basiléia II prevê aos

supervisores a utilização de instrumentos de persuasão, que vão desde

diálogo com a administração do banco a multas financeiras, de acordo com a

deficiência de divulgação apresentada.

Com esse formato, cresce o papel dos reguladores no sentido de acessar e

avaliar as posturas dos bancos diante de suas exposições ao risco, com

ênfase em seu papel de supervisão. Ao estimular a abertura de informações, o

Basiléia II procura potencializar o poder de avaliação e atuação dos

participantes do mercado.

Basiléia II no Brasil

Agenda

A implementação de Basiléia II no BB está sob a condução da Diretoria de

Gestão de Riscos (DIRIS), que é a área responsável pela coordenação e

preparação para atendimento aos requisitos de Basiléia II.

Inicialmente, a DIRIS realizou análise do Novo Acordo de Capitais, com o

objetivo de identificar gaps para o atendimento de forma satisfatória às novas

exigências.

Foram identificadas e elencadas 407 ações relacionadas aos riscos de

Crédito, Operacional e de Mercado. Após análise e discussão das ações no

âmbito interno, passou-se à fase de implementação.

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Figura 29 . Pilar I – Ações de implementação de Basiléia II

O Banco do Brasil, sob orientação do Comitê de Risco Global, objetiva a

adoção da abordagem avançada de mensuração dos riscos. Atualmente, o BB

tem concentrado seus esforços na implementação da abordagem

padronizada, em conformidade com a regulamentação editada pelo BACEN

para os riscos de mercado, operacional e de crédito.

Normativos

O BACEN, alinhado com os procedimentos dos órgãos reguladores dos países

desenvolvidos, publicou uma série de normatizações prudenciais, dentre as

quais destacamos as principais:

- Resolução CMN 2.099, de 17 de agosto de 1994 – estabeleceu a exigência

de capital para cobertura de risco de crédito e a instituição dos limites mínimos

de capital e de patrimônio líquido para as instituições financeiras.

- Resolução CMN 2.682, de 21 de dezembro de 1999 – instituiu a classificação

das operações de crédito em nove níveis de risco (AA, A, B, C, D, E, F, G, H) e

a constituição de provisão para créditos de liquidação duvidosa.

- Resolução CMN 2.837, de 30 de maio de 2001 – Definiu o Patrimônio de

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Referência das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a

funcionar pelo BACEN.

- Comunicado BACEN nº 12.746, de 09 de dezembro de 2004 – Estabeleceu o

cronograma e os procedimentos a serem adotados na implementação do Novo

Acordo de Capital – Basiléia II – levando-se em consideração o nível de risco

associado às operações conduzidas pelas instituições financeiras.

- Resolução CMN 3.380, de 29 de junho de 2006 – Determinou a

implementação da estrutura de gerenciamento do risco operacional, com

destaque para a definição de política institucional, processos, procedimentos e

sistemas de suporte, além da indicação do diretor responsável pela gestão.

- Resolução CMN 3.464, de 26 de junho de 2007 – Determinou a

implementação da estrutura de gerenciamento de Risco de Mercado, com

destaque para a definição de política institucional, processos, procedimentos e

sistemas de suporte, além da indicação do diretor responsável pela gestão.

- Resolução CMN 3.444, de 28 de fevereiro de 2007 – revisou a definição do

conceito de Patrimônio de Referência (PR), revogando a Resolução 2.837, de

30 de maio de 2001.

- Resolução CMN 3.490/07, de 29 de agosto de 2007 – Alterou os critérios

para a apuração do Patrimônio de Referência Exigido (PRE), incorporando

parcelas de risco de mercado não contidas anteriormente, trazendo

modificações significativas na apuração de capital para risco de crédito e

incorporando o risco operacional.

- Comunicado nº 16.137, de 27/09/2007 – Estabeleceu novo cronograma,

ajustando o Comunicado nº 12.746, de 09/12/04. Conforme este documento, a

implementação das exigências para utilização de modelos avançados de

mensuração de capital deverá ocorrer até o final de 2012, com destaque para

a alocação de capital para risco operacional e mudanças na alocação de

capital para risco de crédito (Pilar I).

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Figura 30. Cronograma de Implementação de Basiléia II

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

ORIGEM 10

1.1 Histórico 11

1.2 Definição 17

1.3 Legislação 18

CAPÍTULO 2 – COMPLIANCE: Missão, Função e seus Desafios 20

2.1 Missão de Compliance 20

2.2 Função de Compliance no Brasil 20

2.3 Desafios da Função de Compliance 22

2.4 Responsabilidade da Alta Direção das Instituições Financeiras 25

CAPÍTULO 3 – Risco Operacional 26

3.1 Definição 26

3.2 O Relacionamento de Compliance com o risco operacional 26

CAPITÚLO 4 – Diferença entre Auditoria Interna e Compliance 28

CAPÍTULO 5 – Governança Corporativa 29

5.1 - Definição 29

5.2 - As oito principais características da boa Governança 30

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5.3 - A importância da Governança Corporativa 31

5.4 - Integrando atividades de compliance com as atividades de Gestão 35

de Riscos e as práticas de Governança Corporativa

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

ANEXOS 42

ÍNDICE 91

FOLHA DE AVALIAÇÃO 93

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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