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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE SURDEZ: FAMÍLIA, EDUCAÇÃO E CAPACITAÇÃO PARA O TRABALHO, GARANTIA DE INCLUSÃO SOCIAL. Por: Maria Inês Real Santos Astolpho Orientadora Profa. Mary Sue de Carvalho Pereira Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

SURDEZ: FAMÍLIA, EDUCAÇÃO E CAPACITAÇÃO PARA O

TRABALHO, GARANTIA DE INCLUSÃO SOCIAL.

Por: Maria Inês Real Santos Astolpho

Orientadora

Profa. Mary Sue de Carvalho Pereira

Rio de Janeiro

2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Surdez: Família, educação e capacitação para o trabalho,

garantia de inclusão social.

Por: Maria Inês Real Santos Astolpho

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes, Projeto A Vez do Mestre, como

parte dos requisitos para a obtenção do Grau de

Especialista em Educação Inclusiva, para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato

Sensu”.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela

minha vida e saúde perfeita.

`A minha família, razão da alegria de

viver, trabalhar e crescer sempre.

Aos meus queridos alunos e amigos

surdos, objeto do presente trabalho,

cuja condição sensorial levou-me ao

amadurecimento e compromisso, em

especial à vitoriosa aluna M.P.A.N.

E também aos caríssimos e

competentes professores e

profissionais do Projeto A Vez do

Mestre desta egrégia Universidade.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Paulo Maurício

Valente Astolpho, meu marido e grande

incentivador.

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RESUMO

Suponhamos que o mundo em vivemos fosse tudo igual, as pessoas, as

instituições, as empresas, as escolas, certamente haveria uma grande

monotonia e não teríamos crescimento humano e nós aprenderíamos com

quem? Certamente as pesquisas estagnariam e os estudos seriam

superficiais. Foi pensando no trabalho com pessoas surdas que ora

executamos, que buscamos atualização, aprofundamento, novas técnicas e

desenvolver outras competências.

O fato de serem jovens, surdos e prestes a ingressar no mercado de

trabalho, suscitou em nós as seguintes perguntas: - “O que um jovem surdo

precisa fazer para ser aceito em nosso meio”? “Quais são as suas

expectativas”? “Como a família interage nesse processo?”.

Há muito que pesquisar! Legislação, direitos, deveres, documentos,

formulários de cadastramento, postura profissional, entrevista, desapego

familiar, rotina de ida e volta para casa, escola e trabalho, enfim, muitos

assuntos a serem comentados. Nossos estudos tiveram como base os alunos

e profissionais do Instituto Nacional de Educação de Surdos, Centro de

Referência Nacional na área da Surdez. Entrevistamos profissionais, alunos e

família, coletamos dados, registramos muitos itens que nos permitiram

constatar que uma ação não deve ser isolada da outra.

Estado, Município e União devem buscar parcerias que estabeleçam

relações de confiança, eficiência e respeito às limitações. Talvez seja esse o

caminho, aliado a mudanças de postura desde o projeto político pedagógico

das escolas, a sensibilização de empresários bem como o esclarecimento

familiar para que possamos oferecer aos jovens surdos, um pequeno começo

para que eles possam ter a chance de tomar força para crescer e lutar e sair

definitivamente de uma sociedade excludente.

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METODOLOGIA

Utilizamos o método de observação em sala de aula, por força da nossa

área de interesse no magistério público federal, há vinte e sete anos, sendo

onze destes, dedicados ao alunado surdo, no Instituto Nacional de Educação

de Surdos, Bairro de Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro.

Uma Portaria Oficial, designou-nos a responder por um Projeto de

Ensino Produtivo Profissionalizante, o qual atende a jovens surdos: alunos, ex-

alunos e comunidade surda, acima de 14 anos, com escolaridade livre, ou seja,

do analfabeto a universitários. O atendimento se inicia com o preenchimento

de uma ficha de cadastro completa, pelo aluno ou na impossibilidade deste não

saber ler nem escrever, a pessoa que o acompanha pode preencher por ele.

O documento em questão é um prontuário onde se registra todas as

atividades, cursos, treinamento, capacitação, estágio e empregos, oferecidos

pelo INES e empresas conveniadas como Xerox do Brasil, Petrobras, Furnas,

Lojas Americanas, Banco do Brasil, Pão de Açúcar, Sendas, Extra, entre outras

55 firmas. Enquanto não surge a vaga para trabalhar, os técnicos do INES,

sugerem que os surdos façam os cursos profissionalizantes a saber:

Artesanato, Artes visuais, Assistente Educacional em Libras, Bijuteria,

Cerâmica, Corte e Costura, Desenho, Informática, Lavanderia, Marcenaria,

Origami, entre outros, dependendo de cada semestre.

Atuamos como professora da oficina profissionalizante de artesanato,

há quatro anos consecutivos e temos atualmente 18 alunos nos turnos da

manhã e da tarde, de segunda a quinta-feira. Trabalhamos com alunos surdos,

ensurdecidos e com outros comprometimentos (afasia, transtornos

psicológicos, cardiopatia e epilépticos).

Nossa observação em sala de aula voltou-se para uma aluna em

especial, motivada pelo fato da mesma ser analfabeta, ter 45 anos, com uma

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7história de vida sofrida e privada social e profissionalmente, tendo em vista que

a família só se deu conta de sua surdez aos 9 anos de idade. MPAN (deixo de

declinar o nome da aluna visando salvaguardar sua imagem, em observância

aos princípios da ética aplicada ao campo profissional) não sabia ler nem

escrever quando matriculada em nosso curso, sendo portanto o seu primeiro

contato com uma sala de aula. Começamos do zero pois não havia linguagem

a ser compartilhada, percebemos um bloqueio psíquico, resultado obviamente,

do desamparo.

Nossa proposta inicial foi de oferecer a ela um laço de respeito,

confiança e amizade, abrindo nossa sala como se fosse um “ninho” humano,

com uma configuração de suporte de comunicação entre ela e a realidade. O

único laudo que havia atestando a sua condição (feito na adolescência) fora

extraviado. De imediato solicitamos um exame de audiometria e

impedanciometria, por força de sua idade. Resultado: surdez bilateral profunda.

A aluna estava sempre de cabeça baixa pendente para o lado direito, ombros

caídos, olhava para o chão, balançava as pernas o tempo todo, insegura,

mergulhada em um mundo de tristeza, melancolia e depressão. Fazia uso de

remédio para dormir e notávamos um inchaço em seu rosto e corpo, tinha

tremores, às vezes chorava. Tínhamos nas mãos um desafio e um medo de

não dar certo, pois era o primeiro caso a ser enfrentado e que poderia resultar

em mais revolta e frustração, porém nosso compromisso era de oferecer a ela

o direito elementar: freqüentar a escola.

Procedimentos práticos e de rotina

1- Mobilização da equipe (com a máxima discrição), do porteiro

aos alunos, fizeram um pacto de cumprimentá-la ao chegar, na

saída, sendo cordiais e agradáveis com ela;

2- Fizemos o reconhecimento de todo o Colégio, instalações

internas e externas;

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83- A professora sempre chegava mais cedo um pouco que a

aluna para recebê-la e após o cumprimento, aproveitava para

comentarmos sobre o tempo (chuva, sol, nuvens bonitas, calor,

frio);

4- Escolhemos com ela um lugar adequado para que ela se

sentasse e explicamos a importância do uso do crachá no

curso ou na empresa.

5- Fotografávamos os alunos em atividades e depois

mostrávamos a ela, para que pudesse ter noção do “passado”

(trabalhávamos o que havia sido feito = “pensar e ter

linguagem”);

6- Falávamos com calma, sempre fazendo os sinais em libras,

apontando cada ação e objeto, com muita paciência e calma.

7- Finalmente, propomos pequenas ações internas como apagar

o quadro, abastecer os recipientes de cola, misturar tintas com

cores claras e escuras, apanhar a garrafa de café no refeitório,

entregar encomendas em lugar próximo da sala (com o

recebedor previamente avisado);

8- Agendamos horários permanentes com assistente social e

fonoaudiólogo (à época não dispúnhamos de psicólogo).

Vencida a fase de adaptação escolar, passamos a atividade propriamente dita.

Primeira atividade – técnica: papelagem

Ao aplicarmos essa atividade, trabalhamos a coordenação motora

grossa, a organização de espaço, a concentração e os aspectos estéticos.

Materiais utilizados: caixa confeccionada ou reaproveitada de papelão,

cola branca, tinta guache vermelha, pincel comum, um pequeno enfeite de flor,

trigo, ou gravetos e verniz fosco para o acabamento da peça.

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9 A primeira ação proposta a de confeccionar uma caixinha de papelão

que pode ser utilizada como cachepot ou caixa para guardar pequenos

objetos.

Ela deveria rasgar jornal com as mãos, fazendo pequenos pedaços, que

seriam colados com cola branca (colocada em um pratinho de isopor),

utilizando um pincel para aplicar a cola, isso despertou nela uma curiosidade,

porque ela sempre usou o dedo para espalhar a cola. Fizemos umas duas

vezes para que ela visse e após pedimos que ela fizesse igual, espalhasse a

cola com o pincel por todo o pedaço de jornal que ela havia recortado, mostrei-

lhe que ela deveria colar vários pedaços na caixinha de papelão, começando

de cima para baixo, por dentro e por fora. Ficamos alguns minutos ao seu lado

para dar-lhe segurança e balançávamos afirmativamente a cabeça quando ela

fez algumas aplicações.

Ela correspondeu e ficou feliz quando elogiamos a sua peça ao terminar

(figura em anexo), pedimos a ela mostrasse o trabalho às outras professoras,

que também a elogiaram e uma delas manifestou que queria comprar a caixa

quando ficasse pronta para presentear a irmã, que usaria a caixa para

guardar os enfeites de cabelo.

Conseguimos finalizar a primeira ação: início, meio e fim de uma etapa

em que a confiança em nós já estava fortalecida, os amigos a aplaudiram e

isso elevou sua alta estima, dias depois ela nos pedia para cortar o seu cabelo

no mesmo comprimento do nosso. Aproveitamos o ensejo e a presenteamos

com um batom de cor clara, pois ela não nunca havia usado.

Segunda atividade – técnica: pintura em madeira

Essa ação desenvolve a coordenação motora fina, estimula a

criatividade, trabalha a combinação de cores e a textura de elementos.

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10Materiais necessários: 1 retalho de madeira medida de 25x12 cm,

aproximadamente, massa corrida para preencher pequenos furos ou defeitos

da madeira, lixa se houver necessidade para retirar o excesso de massa, tinta

PVA de cores claras, pincel comum, palito de churrasco, 30 cm. de arame,

alicate, retalhos de tecido, lã, cola branca e papelão (2 ganchinhos de metal

caso queira transformar em porta-chave).

Foi proposta a confecção de uma placa em madeira para fazer porta-

chave ou um enfeite para a porta de quarto de meninas, para isso ela

precisaria aplicar massa corrida na peça, esperar secar, lixar e pintar de

branco, fazer o enfeite. Ela executou as tarefas no tempo pedido, só não

demonstrou iniciativa no que se refere ao enfeite, então foi sugerido que ela

confeccionasse uma pequena boneca (modelo em anexo), tendo feito a boneca

e colocado em sua cabeça um laço desproporcional, o que coube a

interferência da professora para orientá-la. Faltou o nariz da boneca. E assim

foram feitas as outras atividades de rotinas do Projeto em que buscamos variar

em texturas, formas e objetos. A aluna em comento também freqüentou o curso

de corte e costura, tendo grande habilidade para costura em máquina de

costura reta, permaneceu em nossos cursos de março de 2003 a maio de

2005. Atualmente, para nossa alegria, foi contratada para trabalhar como

auxiliar de costureira (costura reta) em um fábrica, próximo a sua casa, recebe

o salário mínimo, com carteira assinada mais os benefícios de trabalhador.

Nossa torcida é que ela agora continue no processo perseverante de vida

independente e a ser incluída socialmente, gozando dos benefícios da sua

cidadania.

A importância de um mostruário

Utilizamos uma placa de madeira pintada com diversas tonalidades para

atrair a atenção do olhar dos alunos nas figuras pintadas. Utilizamos sempre

um traço fino, de fácil elaboração e vamos lentamente, criando as formas até

concluir o desenho. Veja abaixo, alguns exemplos desenhados manualmente.

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11Esta técnica proporciona que os alunos acompanhem o estágio seqüencial de

montagem do desenho, do início à sua finalização, facilitando a informação.

A professora produz textos simples e resumidos, de cada peça a ser

confeccionada e antes de iniciar a aula é apresentado o trabalho aos alunos

em libras, oralmente e no quadro de giz. Ao término de cada módulo, o aluno

recebe uma pasta com todas as aulas teóricas que poderá ser utilizada ao

fazer suas peças para comercializá-las ou presentear. O Certificado de

conclusão é entregue após obter a freqüência e o rendimento exigidos pelas

regras dos cursos.

A Professora registra a presença de visitantes à sala em um livro,

tendo comprovado a visita de surdos de Lisboa, Argentina, Califórnia e outros

estados do Brasil. Solicita, também, a compra de material necessário, controla

o acervo de bens utilizáveis em sala e entrega mensalmente relatórios

pedagógico e financeiro do Curso.

A dinâmica do encaminhamento profissional

Observação na Secretaria da Divisão de Encaminhamento e

Qualificação Profissional do INES.

O surdo chega para procurar emprego, é atendido pelos técnicos da

Instituição, comunica-se em Libras, se não dominar, pede-se que ele escreva o

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12que quer. Preenche a ficha de cadastro. Aguarda a oferta de trabalho. A

empresa telefona para o INES, solicitando que os candidatos a vagas tenham o

perfil adequado, por exemplo: para trabalhar com digitalização, pedem-se

pessoas com o segundo grau, já para trabalhos braçais como limpeza e

conservação, só preciso ter a quarta série do ensino fundamental. O surdo é

comunicado da vaga e é encaminhado para a empresa, sempre com a

presença dos técnicos e se possível do intérprete.

Entrevistas

No próprio INES, elaboramos três entrevistas: a primeira com o pai de

um aluno surdo, que nos mostra a importância do ajustamento familiar. Na

segunda entrevista com um jovem surdo que não possui nenhum apoio familiar

(família desagregada) e a terceira, com uma assistente social cujo trabalho é

embasado no apoio às famílias (em anexo).

Eventos, pesquisas e outras observações

Participamos de Seminários e Fóruns de Educação e Debates sobre os

temas pertinentes à Inclusão social, surdez, legislação e educação.

Pesquisamos “sites” específicos sobre surdez – Mec, Apada, Feneis,

Entre amigos, e outros.

Consultas às revistas especializadas como: Espaço, Nova Escola.

Conversas com membros da Diretoria do INES, técnicos, professores e

alunos (estes em observação no pátio).

Participação na festa de confraternização de Natal de 2004, onde se

encontram surdos funcionários, alunos e ex-alunos da Instituição.

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13Atividades extra-classes como: fábrica de flores Floresdama, na Penha,

visita à Recicloteca, no Bairro de Laranjeiras, passeio ao Centro de

Reciclagem da Comlurb, visita ao Ciad, na Prefeitura e o mais recente ocorrido

dia 28/06/2005, passeio ao Centro Cultural Banco do Brasil.

Concluímos, portanto, que o mais importante é o compromisso do

respeito e envolver o nosso alunado em atividades realmente importantes para

a sua cidadania, pois eles aprendem e constituem a sua linguagem em

contextos que geram conhecimento e vivência.

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SUMÁRIO

Introdução 15

Capítulo I 17

As causas, conseqüências e privações da surdez.

Capítulo II 20

Inclusão: metas, empenho político, educacional, profissional e familiar.

Capítulo III 25

O adolescente ouvinte é igual ao adolescente surdo?

Capítulo IV 29

Um novo olhar para uma causa antiga

Conclusão 33

Anexos 35

Bibliografia 60

Índice 63

Atividades Extra-Classe 64

Folha de Avaliação 68

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INTRODUÇÃO

A plena integração das pessoas portadoras de necessidades especiais

está assegurada em dispositivos constitucionais pátrio e nas demais normas

legais vigentes cuja aplicabilidade impõe atendimento obrigatório às mesmas

que necessitam de acompanhamento em decorrência de alguma deficiência

genética, física, psíquica, sindrômica, neurológica ou patológica.

O trabalho com Projetos na área de ensino especial nos motivou a

ampliar nossa área de interesse e buscar novos caminhos onde pudéssemos

desenvolver ações de inserção social, gerar conhecimento e possibilitar

estruturas mais flexíveis para preparar os nossos alunos na capacitação e

inclusão do mercado de trabalho.

Para que ocorra um efetivo equilíbrio na estrutura da sociedade

brasileira, faz-se necessário promover nos variados níveis a cidadania ampla e

irrestrita, para assegurar a todos uma melhoria na qualidade de vida visando

estender condigmanente os benefícios educativos, econômicos e sociais. Cria-

se, portanto, uma situação de igualdade de oportunidade, esclarecimento sobre

a diversidade e a sociedade melhora como um todo gerando o bem-estar social

e o ajustamento através da superação de problemas já existentes desde a

antiguidade.

A surdez é caracterizada pela incapacidade do ser humano de ouvir

qualquer tipo de som. Essa ausência configura na pessoa surda ou deficiente

auditivo, inúmeros aspectos problemáticos refletidos ao longo de suas vidas

que convivem com um mundo que não consegue se comunicar com elas. A

informação é altamente prejudicada deixando a pessoa suscetível ao fracasso

escolar, profissional e social, se ela não tiver respeitado o seu direito como

cidadão. Quando é oferecida aos surdos a oportunidade adequada notam-se

grandes avanços. Para tal é preciso evitar o preconceito, buscar informação,

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16projetos e ensinos adequados, adaptados e fiscalizados corretamente, bem

como a ajuda de vários profissionais.

A Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, reconhece a Língua Brasileira

de Sinais como a forma de comunicação e expressão dos surdos e é através

dela que ele se sente seguro para ser incluído na sociedade.

Pretendemos abordar a importância da família, da educação e da

capacitação de jovens surdos, acima de 16 anos, assim como as principais

causas dos desajustamentos iniciais quando é manifestada a fase de procura

do primeiro emprego e a inserção no mercado de trabalho, tão competitiva para

os ouvintes, porém já assegurado por força legal quanto à porcentagem de

contratação de mão de obra destinada a portadores de necessidades

especiais, conforme garantem as Leis trabalhistas que iremos mencionar

posteriormente.

Após concluírem o Ensino Médio e alguns cursos profissionalizantes, os

alunos surdos buscam as instituições sociais, públicas e empresariais com o

objetivo de trabalhar, mas antes é necessário assegurar a sua preparação

pessoal frente aos seus direitos e deveres. É nesse momento que o tripé

família, escola e sociedade devem conectar-se para trazer ao jovem a

superação dos problemas na adaptação da rotina empresarial, a adequação de

suas competências, as ações práticas e teóricas da comunicação, a aparência

física e por fim a sua integração lenta, gradativa e respeitosa no meio

profissional. As pessoas portadoras de necessidades educativas especiais são

tão produtivas ou mais que outros grupos que não as possuem.

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17

CAPÍTULO I

Surdez: causas, conseqüências e privações sociais.

“Nós precisamos de um tipo de educação que seja hábil para sustentar a

pessoa como um todo – espírito, coração, cabeça e mãos”. Stephen Sterling.

É de particular importância o fato da Constituição Brasileira garantir o

atendimento às pessoas portadoras de necessidades especiais, pois são

aquelas que apresentam, em comparação com a maioria das pessoas

significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais decorrentes de

fatores inatos ou adquiridos, de caráter permanente e que acarretam

dificuldades em sua interação com o meio físico e social.

Os portadores de necessidades especiais são pessoas que sempre

lutaram por melhores condições de vida, mas nessa luta não houve união e sim

uma paradoxal situação chamada de negligência dolosa porque às autoridades

pouco lhes importa a situação de penúria dos portadores de necessidades

especiais. Basta acompanharmos as notícias e depoimentos de pessoas que

até hoje paternalizam seus entes e ficavam com duas opções: a primeira de ter

uma pessoa fragilizada e fazer disso a sua bandeira e a segunda de se

acomodar, pois já tinha problemas demais e isso lhe dava um certo “status”.É

aí que falta a união, mas, união com quem? Muito obrigado, é preferível estar

só do que mal acompanhado. Esse ditado é antigo, mas é verdadeiro. Sair,

lutar e conquistar seu direito, só por você e pelos que têm o que tem:

“dificuldade”. É preciso revidar com coragem, solidariedade e um pouco de

“egoísmo”, sim, mas para melhorar, para ter paz, para enfrentar os maiores

inimigos que são o desânimo, a omissão, o descaso a falta de ação eficiente e

imediata que gera a exclusão. Basta de sofrimento, humilhação e falta de

perspectiva! Vamos pensar no hoje, no agora como uma nova realidade a ser

enfrentada com responsabilidade, mobilização social, cumprimento e

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18fiscalização efetiva das Leis. O “deficiente” precisa do “normal” para se

referenciar? Por que não toma a iniciativa que a vida exige. Deve ser porque

essas pessoas, esses nossos irmãos queridos, encontraram a dificuldade antes

da cidadania. Ter uma “deficiência” dobra as dificuldades segundo o UNICEF.

A discriminação é crime.

O artigo publicado na Revista Presença Pedagógica n.54 (p.38) nov/dez

2003, informa-nos que: “Visando minimizar essas situações típicas de

países subdesenvolvidos, o Governo Federal aprovou em 9 de janeiro de

2001, a Lei n.10.172, que dispõe sobre o Plano Nacional de Educação e

estabeleceu o período de uma década para que algumas metas sejam

atingidas e outras superadas. A Educação Especial é considerada como

uma modalidade de ensino e traz como diretriz a plena integração das

pessoas com necessidades especiais em todas as áreas da sociedade”

segue mais adiante, complementando com o seguinte: “Segundo dados da

Organização Mundial da Saúde, (OMS), estima-se que 10% da população

apresenta algum tipo de necessidade especial. Isto significa que existem

15 milhões de brasileiros com necessidades especiais. Reconhece que

53,1% dos estabelecimentos que oferecem Educação Especial são da

iniciativa privada, 31,3% são estaduais, 15,2% são municipais e 0,3%

federais. ...” O diagnóstico também deixa claro que apesar das

marcantes discrepâncias regionais, as matrículas oficiais desse alunado

não chegam a 300.000 em todo o País“. (grifo nosso).

A legislação brasileira existe, sua aplicação precisa ser respeitada,

fiscalizada e administrada com competência, compromisso e vontade política.

Os países europeus já implantaram a inclusão desde a década de 70. A

exemplo da Itália, que obteve muito sucesso e segundo a Coordenadora Geral

da Universitá Roma IV, do Instituo Universitário di Science Motorie – IUSM,

Professora Doutora Lucia de Anna, em palestra ministrada no I SEMINÁRIO

DE POLÍTICAS E PRÁTICAS INSTITUCIONAIS DE ATENDIMENTO

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19ESPECIALIZADO Á PESSOA PORTADORA COM NECESSIDADES

ESPECIAS – outubro de 2004, a primeira providência foi que com uma única

Lei Nacional, extinguiram-se as escolas especiais, cujos profissionais foram

transferidos para as Universidades Públicas, aperfeiçoaram seus

conhecimentos e implantaram-se comissões de atendimentos especializados,

que vão até as escolas públicas e particulares a fim de promover e viabilizar a

capacitação de professores e funcionários, adaptação curricular, eliminação de

barreiras arquitetônicas bem como todo tipo de interferência necessária para

interagirem no acompanhamento aos alunos especiais nas escolas comuns,

obtendo-se um controle oficial e efetivo da malha de atendimento clínico,

terapêutico e especializado através de um cadastro altamente informatizado,

que mediante uma senha sigilosa, permite que haja a interação de

profissionais, família, escola e sociedade sobre a pessoa com necessidades

especiais possibilitando que os membros da família, professor, diretor e

profissional pode obter referência a respeito do atendimento e andamento da

vida escolar, social e profissional de cada portador “especial”, acompanhando-o

ao longo de sua vida, não desistindo dele em hipótese alguma. Foi comprovado

que a partir dessa ação governamental enérgica, devidamente preparada,

planejada, operacionalizada e providencial, os índices de alcoolismo, suicídio,

crimes passionais, conflitos familiares entre os portadores de necessidades

especiais caíram significativamente, pois se sentiram acolhidos pela pátria.

Esse sistema está em expansão, sendo revisto constantemente todas as vezes

que surgem novos fatos, tendo sido aprovado pela população italiana,

sobretudo pelas camadas mais pobres e referendado por altos técnicos da

UNESCO, segundo a Coordenadora Nacional da mencionada Universidade.

Assim é a vida, às vezes não é a falta de sorte e sim, as mudanças, as

reconstruções, os ajustes que fazem de cada cidadão perseguir o que todos

queremos: a felicidade!

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20

CAPÍTULO II

A Inclusão: metas, empenhos políticos, educacionais,

profissionais e familiares.

Desde antes da escrita sabemos que dos cinco sentidos, o mais

importante era a audição, pois através dela tudo era informado oralmente. O

conhecimento era armazenado na mente humana, a informação necessitava

ser “trabalhada” com ritmo, repetição de modo a ser entendido. Mas o mundo

evoluiu de tal forma que hoje se adaptam próteses auriculares e chips

imperceptíveis no corpo humano, trazendo grandes benefícios a quem

necessita e é obvio que a demanda desse custo financeiro infelizmente não é

acessível à maioria da população surda.

O ser humano quando nasce busca na sua formação a defesa de sua

sobrevivência em um processo perceptivo. A falta de um dos sentidos retarda

em alguns casos a tomada de decisões, pois a ausência de captação de sons o

inibe de transpor pequenos obstáculos em comparação ao ouvinte. Neste

sentido, podemos afirmar que é comum o atraso na escolaridade e na própria

vivência, pois quando aprendemos sobre os processos humanos nas situações

escolares, sociais e familiares, o surdo precisa de um tempo maior para

“entender”, “sentir” e “realizar” uma ação. Essa ação é conectada a três fatores:

comunicação, interação e compreensão.Como, então, podemos propor metas

“normais” a um jovem surdo sem adequá-las à sua necessidade? Vários

profissionais discursariam longamente sobre o tema, porém nossa realidade e

experiência de onze anos nos mostram que sob o ponto de vista individual o

surdo adolescente é engajado na expectativa de “tomar parte” de “alguma

coisa”: se ele tem o apoio de uma boa formação familiar, bases sócio-

educativas consistentes e adequadas, mesmo com a sua “deficiência” e

alguma dificuldade ele se empenha a provar que é merecedor de um emprego

e fazer uma promissora carreira, sentindo-se útil, respeitado e valorizado,

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querendo da vida o que todo ser humano quer: ter seu lar, constituir uma

família e levar uma “vida normal”.

Porém, nem sempre há um final feliz. Observamos que quando uma

pessoa surda emerge de vínculos familiares problemáticos suas metas são

bastante limitadas, e as dificuldades aparecem e crescem, minando seu

autocontrole na trajetória profissional que ora pretende traçar, pois já é um

jovem e não terá papai e mamãe para olharem por ele pelo resto de sua vida.

Se por um lado a dependência e o paternalismo impõe limitações à sua

vivência, por outro em conseqüência abrem-se portas para as dúvidas e

inseguranças diante do mundo, pois ele raramente é “ouvido”, “chamado a

falar”. O que está implícito, na verdade é um pedido de oriente-me, por favor,

que eu consigo!

O equilíbrio entre as instâncias da família participativa, do empenho

político e institucional formam bases sólidas para qualquer indivíduo desde que

assentadas nas competências construídas na educação geral.

Se todas as Instituições redefinirem os seus papéis, as competências,

atualizarem seus profissionais e tomarem o conhecimento elementar da

legislação bem como a sua aplicação, todos sairão ganhando, pois é assim que

se transforma uma situação.

A globalização nos permite isso. A troca do saber, do aprender com o

outro num micro sistema começa a mudar e transformar dentro da própria

educação infantil, com bases definidas. A interdependência nos ensina que

quando respeitamos a vez do próximo, chega também a nossa e juntos

crescemos, aprendendo unidos e com essas mudanças de atitudes,

implantamos a visão holística do ser humano, reconhecendo a diversidade.

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22Não há como negar que é uma situação que demanda trabalhar com a

informatização, o virtual e a tecnologia de ponta, desde que todos os

segmentos sociais, industriais e institucionais estejam empenhados na

integração com efeitos produtivos, crescentes e positivos.

O Decreto n.3.298, de 20 de dezembro de 1999, regulamenta a Lei

n. 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional da

Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá

outras providências. Esse Decreto contempla inúmeras situações

importantíssimas para os portadores de necessidades especiais, portanto,

basta cumpri-lo e fazer valer a sua fiscalização, a exemplo do que trata o seu

Artigo quanto à questão profissional que ora abordamos: Art. 36 – A empresa

com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de dois a cinco

por cento de seus cargos com beneficiários da Previdência Social

reabilitados ou com pessoa portadora de deficiência habilitada, na

seguinte proporção: I – até duzentos empregados, dois por cento; II – de

duzentos e um a quinhentos empregados...., ou seja, as vagas são poucas,

mas existem. Menciona o supracitado Decreto, quanto à capacitação das

pessoas a serem contratadas. O mundo mudou e temos uma nova sociedade e

se devemos pensar na diversidade, devemos buscar a transformação e

subsídios profissionais, jurídicos e socioculturais, pois o homem é definido pos

sua responsabilidade social.

Entendemos que devemos olhar essa questão tão complexa e tentar

colaborar fazendo o que sabemos da melhor maneira, por exemplo: se eu sou

professor, vou dar uma aula de boa qualidade, com conteúdo adequado para

que meus alunos tenham realmente o que aprender, pois cada uma deles tem

um nome, um sobrenome, história e perspectiva de vida!Nós precisamos

conhecer a pessoa, definir suas necessidades e aí traçar um norte para

fazermos as verdadeiras transformações e executarmos os projetos políticos e

pedagógicos de atendimento da educação infantil ao ensino acadêmico, com

uma estrutura clara de atendimento e realizada todas as perspectivas de

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23implantação como serviços de apoio especializado (intérpretes), literatura em

braile, salas, ruas e prédios adaptados, profissionais treinados sem a

conotação discriminatória acabando de vez com as omissões, a escassez dos

serviços necessários, pondo fim ao péssimo atendimento e debelando a

doença social que é a exclusão escolar. Um ensino para cada um, não para

uma massa sem identidade, contabilizada por estatísticas e números cruéis

que depois ficam esquecidos por nossos governantes e dirigentes. Educação é

para a vida toda.

Infere-se do texto da obra Educação Inclusiva – Peter Mittler, pág. 25 a

37, que os conceitos passaram por grandes mudanças ao longo do tempo e

que tanto as crianças como os adultos sofreram e sofrem por serem

“diferentes” e enfrentaram sérias dificuldades ao longo da vida.

Atualmente estamos avançando para novos contextos, que têm respaldo

em Organismos Internacionais, pois é considerado politicamente incorreto o

país que não cuida de sua população excluída. Os novos padrões requerem

discussões e avaliações nos bancos universitários, pois as Instituições alegam

não terem fórmulas prontas para as questões inclusivas, exceto quando se

trata da aplicação da Lei. O texto rico em experiência na questão do

atendimento individualizado e adaptado, tem embasamento em todas as

esferas as quais nos reportamos: políticas, sociais, pedagógicas, técnicas e

científicas, o que vem referendar as ações do Ministério da Educação quando

propõe à sociedade uma ampla participação ao planejamento de ações

sócioeducativas e interacionistas para pessoas surdas, pedindo que essas

sugestões sejam encaminhadas por meio oficial, de Instituição para Instituição.

Como vemos, todos podem opinar, basta haver um pouco de boa vontade,

organização de equipe e interesse nessa causa que foge da imposição

laborativa, mas nos seduz pelo lado humano e democrático, pois todos

crescemos quando aprendemos e no momento em que pensamos que já

sabemos muita coisa, nos deparamos com novas descobertas, seja na

dedicação exclusiva de uma nova pesquisa ou em uma simples troca de

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24experiência no dia a dia, basta estarmos atentos para a sintonia do mundo. O

autor relata também a importância de contribuir com as pessoas portadoras de

necessidades especiais de forma a integrá-las com parcimônia e continuidade,

mesmo que os progressos sejam lentos e desanimadores.

Alerta ainda, que nada se consegue no ímpeto de cobranças feitas por

prazos e o sucesso da inclusão de estar, sobretudo centralizado na criança,

devendo contemplar o tipo de necessidade educativa especial a ser incluída,

os recursos didáticos pedagógicos a serem utilizados, se necessário, mudança

no ambiente físico, capacitar pessoal, incentivar as atividades com as famílias

e por fim a adequação dos métodos avaliativos. O texto é um primor de

objetividade. Acreditamos que se as bases forem sólidas poderemos concluir

as três inserções que buscamos: a primeira quando nascemos, saímos ao

útero materno para a luz, a segunda no seio familiar, escolar e social, onde

temos as primeiras experiências (boas e ruins), mais tarde a terceira, no

trabalho, onde vamos buscar nosso sustento, passaremos a interagir com o

mundo do compromisso profissional, é ele que vai nos dignificar. Essa tarefa

requer de todos nós muita dedicação, pois temos um eixo ordenador na

qualidade do que nos propomos a dedicar. Está, portanto, formada uma grande

corrente cujos elos quando emendados circularão o mundo, num ponto de

articulação progressiva entre escola, trabalho e sociedade.

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Capítulo III

O adolescente ouvinte é igual ao adolescente surdo?

É obvio que a parte física não: o ouvinte não é privado de um dos mais

importantes sentidos, porém o surdo quer e se comporta da mesma forma que

um adolescente “normal”. O surdo namora, estuda, passeia, trabalha, com a

mesma intensidade, se ele for oralizado, as chances de aceitação na

sociedade são ainda maiores, aumentam as perguntas leigas do tipo: _ “Mas

se você não ouve, como aprendeu a falar?” E a resposta é sempre a mesma:

...”Eu estudei em escola boa, tive atendimento fonoaudiológico e a minha

família sempre me apoiou”.

Presenciamos muitos casos em que a família só de dá conta de que a

criança é surda com 1 ou 2 anos, e aí se perdem muitos resíduos auditivos que

poderiam e deveriam ter sido estimulados e interferidos para que os mesmos

fossem reativados. Segundo a fonoaudióloga Dra. Maria Cristina Simonek,

membro da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia e uma das precursoras do

Projeto, em sua palestra sobre educação precoce, a mãe deve exigir do

hospital no momento do parto, a realização do “teste da orelhinha”. Esse

procedimento é realizado pelos pediatras ou enfermeiros, com o neonato, ainda

na sala de parto, logo após o “teste do pezinho”, utilizando um pequeno

aparelho semelhante a um termômetro, detecta-se a normalidade ou não da

capacidade auditiva, reduzindo muitos problemas e as providências podem ser

tomadas de imediato, assim como a mãe deve ser informada de como proceder

e quais os órgãos públicos que a atenderão.

Infelizmente esse teste ainda não chegou a todos os hospitais e clínicas

brasileiras.

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26A saúde é o maior tesouro que todos nós temos. A sociedade brasileira

precisa dessa conscientização pública de que a prevenção é a melhor maneira

de nos cuidarmos e isso deve acontecer desde jovem, quando se inicia a vida

social, oportunidade em que os jovens irão se relacionar com outros.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a idade da adolescência

começa a partir dos 10 aos 19 anos, com limites flexíveis, dependendo de

questões biológicas.

Se começarmos a trabalhar com a prevenção, olhar a saúde

preventivamente, investir nas campanhas públicas educativas e eficazes em

escolas, que falem sobre Aids, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez

precoce, prevenção às drogas, orientação sexual e cuidados pessoais, teremos

uma massa de adolescentes preparada para enfrentar sua mocidade com um

pouco mais de esclarecimento, pois como sabemos, são poucas as famílias

que oportunizam o diálogo familiar abordando assuntos tão delicados. O papel

da escola não é o de informar? Então, precisamos nos capacitar para uma

linguagem mais livre, direta e aberta para promovermos uma ação real com

atrativos multidisciplinares promovendo hábitos saudáveis de vida para que o

jovem aprenda a conviver com as interfaces sociais.

A Dra. Viviane Castello Branco é gerente do Programa da Área de

Saúde do Adolescente da Secretaria Municipal da Prefeitura do Rio de Janeiro

e anunciou em entrevista ocorrido dia 03/04/2005, no Canal Universitário, em

rede a cabo, que...”Há 10 anos, as dificuldades do Programa é a surpresa dos

adolescentes quando se surpreendem grávidas e com as questões complexas

de falar sobre a intimidade e a vida que a espera (ela e um filho no mundo).

Para entender o mundo em torno da família, trabalho e paternidade é preciso

formar profissionais que envolvam valores, que escutem os adolescentes para

refletir com eles e serem trabalhados em forma de parceria e exigir as

contribuições governamentais. Ouvir os jovens no sentido de que cada um tem

a sua experiência, boa ou ruim, as mudanças precisam ser fontes

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27representativas no acolhimento, de ouvir, de aprimorar o sentimento e o trato

com o adolescente. É preciso cativá-los com o” papo cabeça “através de peças

teatrais, filmes, leitura, palestras e reflexões do cotidiano com interesse voltado

para a vida jovem. Para falar do seu meio social, da família e do futuro

profissional é preciso construir o estímulo do bem-estar no seu meio (bairro)

porque é ali que eles vivem e, portanto, é ali que eles precisam ser

melhorados. Basta perguntar ao jovem que ele sempre responde que quer se

formar, trabalhar e ganhar dinheiro para melhorar de vida!”“.

O jovem surdo quer e precisa destes mesmos cuidados, inclusive o de

ser aceito e visto como uma pessoa que pode ser vencedora. Porém essa

trajetória fica muito comprometida se ele não teve acesso á escolaridade na

faixa etária comum ao jovem adolescente e é preciso ter a continuidade da

escolaridade, do acesso aos cursos profissionalizantes e que as Instituições

organizem ações tendo como protagonistas os governos e a sociedade civil,

atuando com planejamento adequado e compatível com as necessidades

educativas especiais, para a garantia do atendimento inclusivista criando

diferentes oportunidades para ter a opção da escolha, ajudando ao jovem

surdo a vencer os conflitos familiares (veja entrevista aluno Jaime Pereira de

Souza), criando oportunidade para ter uma possível chance envolvendo a

flexibilidade, trabalhando com as sutilezas do “ser especial”, e ajudá-los a

resolverem as suas questões individuais. Mais uma vez notamos que o tripé

família, educação e trabalho não podem caminhar separados!

Afirmamos que um traço comum aos jovens surdos considerados

“rebeldes” é proveniente geralmente de famílias desagregadoras: pai e mãe

desempregados, alcoólicos, com baixa escolaridade, violência doméstica. Isso

também acontece com jovens ouvintes, porém se ensinarmos, desde cedo que

quem impõe os limites é a família e a escola deve dar ênfase e executar as

ações sociais, educativas e que essas combinem com os interesses dos

jovens.Todo jovem quer o tênis da moda, a calça moderna e a roupa de grife,

isso é gerado pelo massacre da propaganda e como o jovem não gosta e não

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28que ficar de fora, muitas vezes, pratica um crime para conseguir dinheiro, pois

a família não tem condições de lhe dar. Essa realidade não pode ser encarada

com medidas paliativas. A família deve assumir o seu papel assim como os

governos devem melhorar a sociedade para que possa ocorrer uma

distribuição de renda e escolaridade mais justa. Conclusão: Se há uma rede

social maior, melhor preparada, o adolescente conseguirá buscar o que ele

mais quer: a sua identidade.

Não conseguiremos conquistar um jovem com promessas de que tudo

na vida é fácil. Não será difícil se ele encontrar a adequação ao que quer, nas

sutilezas de pequenas mudanças, feitas para ele, que ele propôs, dentro do

limite da sua realidade. Ensinar o jovem a buscar uma profissão é olhar junto

com ele na direção do seu futuro, da sua limitação e do que ele mesmo precisa

entender: ser autoprodutivo, auto-independente e saber lutar no dia a dia. Um

dia por vez!

Em anexo, apresentamos três entrevistas:

- A primeira com um pai de aluno surdo paralisado cerebral leve e

cadeirante, que é exemplo de dedicação familiar;

- A segunda com um jovem surdo com outros comprometimentos, cuja

realidade choca os mais experientes intérpretes e professores.

- E a terceira, com uma assistente social que tem seu trabalho pautado

nas famílias de surdos.

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CAPÍTULO IV

Um Novo Olhar Para Uma Causa Antiga

Para aceitarmos a integração e a inclusão social na prática, precisamos

entender que os conceitos inclusivistas passam por vários sistemas da nossa

sociedade e gera um gigantesco processo de mudanças nas relações

institucionais. A aproximação entre o princípio da igualdade de direito e a

inclusão traz benefícios a toda a sociedade e ressalta em sua grade a

aceitação das diferenças individuais, da valorização da pessoa e do convívio

social.

O Estado deveria abraçar causas tão antigas com um novo olhar: o olhar

da outreficiência (Maturana, 1998) ou seja, aquele em que nós podemos

aprender com quem é diferente, com o ritmo que o diferente consegue

sobreviver e crescer. Os impedimentos devem servir para modificar os

conceitos, alguns de imediatos, outros em longo prazo, porém se aplicados

com informação correta e adequada, geram ações de mudança na qualidade

de milhões de pessoas que poderão sair de casa e passar muitas horas fora da

proteção familiar, contar ou não com pessoas motivadoras, todos estes itens

são lacunas que podem ser preenchidas com estudo, treino e trabalho.

O último censo realizado pelo IBGE em 2004 aponta que há no Brasil,

seis milhões de pessoas surdas, sendo 400 mil ensurdecidas ou com

problemas de audição. Visando atender a tão alta estatística, cabe às

autoridades a evolução e a renovação do atendimento, chamando-os à

responsabilidade social com efeitos imediatos. (grifo nosso).

O paradoxo do nosso tempo na história em que temos casas maiores e

famílias menores, compramos mais, mas desfrutamos cada vez menos, auto-

estradas mais largas, mas pontos de vista mais estreitos, multiplicamos nossas

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30posses, mas reduzimos os nossos valores, amamos raramente e odiamos com

mais freqüência, adicionamos anos à extensão de nossas vidas, mas não vida

aos nossos anos, fizemos coisas maiores, mas não coisas menores, já fomos à

lua dela voltamos, mas temos dificuldade de atravessar a rua e nos

encontrarmos com o nosso vizinho, limpamos o ar, mas poluímos a alma,

dividimos o átomo, mas não diminuímos os nossos preconceitos, aprendemos

a correr contra o tempo, mas não a esperar com paciência. Paciência essa

para permitir aos portadores de necessidades educativas especiais o seu

crescimento, a sua autopoiese. E é nesta linha de pensamento, de uma

autoreconstrução da importância do trabalho, do estímulo em desenvolver

talentos e potencialidades que devemos entender o processo de

multidisciplinaridade.

Em uma sociedade com padrões ditos perfeitos, podemos perceber o

distanciamento do mundo dos portadores de necessidades educativas

especiais com o nosso mundo. E é nesse momento que devemos unir famílias,

sociedade, instituição pública e particular para oferecermos oportunidade, para

aperfeiçoarmos a criatividade, abandonar o comodismo e abrir possibilidade

para algo novo. Aprender melhora a vida, o sucesso, atraem simpatia, novas

amizades e amplia os limites, isso equivale dizer: portadores de necessidades

educativas especiais, você desenvolve, você pode!

Para não ficarmos no plano teórico, inferimos de nossos textos lidos e

debatidos em sala de aula, no decorrer deste curso, bem como a experiência

da nossa prática pedagógica de 27 anos dedicados exclusivamente ao

magistério sendo 11 em trabalho como professora bilíngüe, um plano de ação

simples, porém concreto e com aplicabilidade a ser adotada por parte do corpo

diretivo de uma escola com proposta inclusiva, com base nos princípios da

Declaração de Salamanca, cujo objetivo é proporcionar um atendimento sócio-

interacionista aos alunos portadores de necessidades educativas especiais, no

campo da surdez.

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311 - Implantar um formulário detalhado para coletar a maior quantidade

possível de dados desde o princípio de gestação até a data da entrevista,

objetivando colher informações relevantes da real situação clínica, familiar e

escolar do aluno. O documento deve ser preenchido na presença dos pais ou

responsáveis;

2 - Examinar os documentos apresentados na fase de entrevista,

sobretudo os laudos técnicos e quando for necessário, encaminhar o aluno

para exames especiais complementares junto aos órgãos públicos;

3 - Promover a articulação com o município, estado e o governo federal,

a fim de obter consultoria técnica e assistência especializada a saber:

- Capacitar professor, orientador pedagógico, assistente social, merendeira e

inspetor de alunos, através do Curso de Libras;

- Solicitar liberação especial de verba para a contratação de interprete em

libras, caso o aluno já tenha algum conhecimento;

- Buscar adequação ao currículo escolar e planejamento;

- Conhecer a família e convidá-la a visitar o colégio, seus profissionais, as

instalações e envolvê-la em atividade na escola através de palestras, reuniões

e festas comemorativas;

- Convidar autoridades, professores e profissionais especializados para

proferirem palestras, reuniões e depoimentos sobre a questão;

- Promover reuniões informativas junto aos alunos e funcionários afim de

prepará-los para a chegada de alunos surdos e solicitar que seja tratada com

respeito, educação a fim de evitar qualquer tipo de exclusão, preconceito ou

discriminação e informá-los de que os surdos são pessoas normais, com os

mesmos direitos e deveres, porém devemos falar devagar, sempre de frente e

se possível sinalizando através de libras ou outra forma que ele consiga

entender. O diálogo é fundamental, lembrando a todos que: se você tivesse um

parente, você deixaria de amá-lo só por causa da “deficiência”? ou passaria a

ajudá-lo para vê-lo feliz e desenvolvendo-se normalmente;

- Treinamento e atualização constantes junto à equipe envolvida;

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32- O aluno deverá ser consultado quanto ao lugar adequado que se sentir

melhor na sala de aula cabendo ao professor jamais dar as costas enquanto

estiver falando;

- Designar pessoas com perfil humano adequado para atender o aluno, tendo

interesse e empatia pela questão, gostar de desafios, ser confiável, calmo e

com um pouco de experiência no magistério;

- Liberar os profissionais envolvidos para cursos e seminários específicos,

visando a atualização de conceitos e conhecimentos;

-Identificar com nomes e placas de fácil leitura, todas as dependências do

colégio;

- Criar ou adaptar salas de recursos especiais: biblioteca dança, videoteca, etc;

- Implantar programas voluntários com pessoas que dominem libras;

- Estabelecer convênio com instituições visando estágio na área de

especialidade para viabilizar o atendimento alternativo;

- Organizar reuniões pedagógicas para avaliar a evolução do atendimento e

não se esquecer de promover elogios e incentivo à equipe e ao alunado;

- A equipe responsável pelo atendimento será incumbida de proceder às

avaliações quanto às notas e exames tendo em vista o alto grau de

subjetividade a ser considerado;

- Encaminhar relatório mensal a Secretaria subordinada, informando

minuciosamente os aspectos positivos, negativos, sugestões, dificuldades e

avanço.

Acreditamos que com uma pequena parcela de esforço, a realidade de

exclusão pode ser mudada e muitas vidas podem ser transformadas, afinal é

como diz um velho ditado romano: “Se quiseres saber como será o futuro, olhe

para as suas ações no presente!”.

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CONCLUSÃO

Após os estudos elaborados, tendo como objeto a surdez em jovens a

serem incluídos no mercado de trabalho, visando enfocar a importância da

família, da escola e da capacitação profissional, concluímos que é de

fundamental importância que esse tripé esteja conectado entre si e deve

caminhar juntos para captar a realidade do cotidiano e oferecer um sentido

lógico às necessidades dos aprendizes surdos ao pleitear o ingresso no mundo

do trabalho.

Observamos que os surdos não têm muitas escolhas a fazer e os

aspectos que mais precisam de mudanças são aqueles relacionados às

obrigações da profissionalização, a saber: construir autonomia, melhorar a

qualidade com o meio em que vive, despertar para o prazer de se relacionar

com outras pessoas no trabalho, capacitar os treinandos em LIBRAS assim

como algumas pessoas das empresas contratantes e buscar alternativas

diferenciadas. As dificuldades lingüísticas ao serem respeitadas nos

treinamentos e capacitações, determinarão um papel importantíssimo na

qualificação dos surdos uma vez que ao se estabelecer o diálogo o ouvinte

deve saber que: para conviver com os surdos precisa respeitar uma regra que

é a via de sinalização, da constituição lingüística, do gestual, da leitura labial ou

da escrita, dependendo da escolarização.

Convém salientar, que a família deve ampliar sua participação indo até

as escolas, associações, empresas, pois a reciprocidade de compromisso

garante a continuidade do processo de superação de barreiras e no respeito à

pluralidade e à diversidade.

Acredita-se que ao ampliarmos os espaços de educação, socialização e

emprego não estaremos resolvendo todos os problemas, porém buscaremos

os incentivos nos pequenos gestos que poderão resultar em ajuda e

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34crescimento. Ao se trabalhar com as pessoas portadoras de necessidades

especiais não podemos nos esquecer em momento algum que o que há de

melhor no mundo são os “PRESENTES”: a família presente, a escola (equipe

multigraduada) presente, a sociedade presente e o trabalho presente. Inclusão

fazemos todos os dias do ano. Solidariedade e respeito são para todo o

sempre.

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ANEXOS

Índice de Anexos

Entrevista 1

Família: Participação e Sucesso 36

Entrevista 2

Família Ausente 40

Entrevista 3

Importância e Providências da Audição 46

1ª Atividade

Técnica de Papelagem 51

2ª Atividade

Técnica de Pintura em Madeira 54

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ENTREVISTA 1

Família: Participação e Sucesso

Objetivo: Coletar informação referente ao aluno surdo, com comprometimento

decorrente de uma paralisia cerebral leve, sendo cadeirante e também utiliza

muletas para circular internamente na Instituição onde estuda, buscando

observar a participação da família e como o mesmo interage no meio

educacional, social e na preparação para o futuro profissional.

Enfoque: Família participativa.

Data: 08/03/2005, às 11h30m.

Local: Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES – Laranjeiras - RJ.

Aluno: EDMAR FIGUEIREDO DA SILVA.

O Sr. Daniel Souza da Silva, nosso entrevistado, tem 45 anos é

brasileiro, casado com a Sra. Vilma de Fátima Figueiredo da Silva, tem 02

filhos sendo o caçula de 1 ano e Edmar, com 15. Conta nessa entrevista, que

moram em São João de Meriti, na Baixada Fluminense e formam uma família

muito feliz. D.Vilma trabalha em uma fábrica de azulejos e ele atualmente

trabalha no INES, na função de Inspetor de Alunos.

É um homem corajoso e demonstra amor e responsabilidade com

a família, de origem humilde e batalhadora, gosta de trabalhar, porém

encontrou algumas dificuldades na vida, mas isso não impediu que

conseguisse concluir o 1. grau. Sua experiência profissional (abaixo),

comprova a movimentação necessária que teve de fazer em função de

propiciar o melhor atendimento possível ao filho que tanto precisa dele.

- Forneiro de biscoitos da Fábrica Piraque – 12 anos;

- Cobrador de ônibus – 6 anos;

- Conferente do Supermercado Sendas – 3 anos;

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37- Auxiliar de Limpeza da Firma Tecnisan, terceirizada pelo INES – 1 ano.

- Inspetor de alunos do INES, contratado pela FENEIS em convênio com

o INES, até o presente momento. Foi preciso fazer as trocas de firmas tendo

em vista o crescimento do filho que enquanto a mamãe podia carregá-lo ela

assumia a ajuda na locomoção, porém Edmar foi crescendo, praticando

esportes (natação) e tornou-se um jovem muito forte e pesado (não obeso),

graças à boa orientação de um professor de educação física que indicou a

prática da natação desde pequeno para o fortalecimento de seus músculos.

Deu tão certo que hoje o jovem rapaz tem muita força física e só precisa da

ajuda do papai para subir nos ônibus e degraus altos.

Esse pai, tem uma linda história e todos na Instituição são testemunhas

da sua dedicação, força e bom humor para encarar a vida, o que o torna um

pai exemplar, amigo e conselheiro de tantos pais que ao saberem de “algum

problema” com os filhos, simplesmente os abandona . Ele nos conta que após

casar-se, sua esposa engravidou e ela comentava com ele que sentia que o

bebê mexia pouco na barriga, fizeram os exames de rotina de gestação e todos

os resultados foram normais. No oitavo mês, D. Vilma logo pela manhã sentiu

fortes dores e foram para o hospital. Seu filho, Edmar, nasceu nesse mesmo

dia, à noite em 26/05/1990, parto normal, porém muito pequenino, com 1 quilo

e 500 gramas, medindo 32 cm.O bebê foi levado direto para o berçário, mas

não ficou na incubadora, fato que lhe causou muita preocupação. Com uma

semana de vida, na primeira consulta, o médico pediatra percebeu que o

pequeno Edmar tinha um problema no coração chamado sopro e determinou a

sua internação imediata. Teve alta, foi para casa mas ficou doente, com

pneumonia, foi operado, ficou 6 meses internado no hospital. Recuperou e

voltou para casa. Quando o papai voltava do trabalho, no primeiro ano do bebê,

ao pegá-lo no colo para brincar, notava que alguma coisa não ia bem, voltaram

ao médico e após novos exames, foi dado o diagnóstico definitivo: Edmar era

portador de surdez e de uma paralisa celebral leve. A partir daí, os pais do

bebê, buscaram tratamento adequado na APAE, na natação e outras

especialidades. O pai conta que ele sempre foi uma criança feliz, receptiva e

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38sorridente. Nunca teve crises nervosas, alimenta-se bem, responde

otimamente aos tratamentos. Eles se comunicam o tempo todo, são alegres,

estão sempre juntos e se amam muito. Acordam às 4h30m manhã e pegam

três conduções para chegar ao INES, às 7h. Edmar possui uma ótima

aparência.Circula pelo INES todos os dias de muleta, sempre sorrindo e adora

bater papo, entende Libras e lê os lábios. Edmar é um guerreiro!

Pedimos ao Sr. Daniel para nos falar um pouco sobre o que Edmar

comenta sobre os itens abaixo:

Lazer: pela ordem de preferência, o que o jovem mais gosta é jogar

videogame, em segundo nadar – pratica os quatro estilos, jogar basquete com

cadeira de rodas e em quarto, jogar bola.

Social: adora festa de aniversário que tenha bastante surdo (o papai às

vezes atua como intérprete) e das festas juninas do INES. Edmar gosta de

comer as comidas das festas de aniversário e de dançar, toma iniciativa e aí

se começa o baile.

Religião: é católico, gosta de freqüentar a igreja com os amigos e

sempre pede ao papai para interpretar o seu pedido e agradecimento a Deus.

Transporte: acha muito cansativo, pois tem que subir no microônibus

que não é adaptado, saltar na Pavuna, subir a rampa que dá acesso ao metrô,

ir até o Estácio, fazer a conexão, chegar ao Largo do Machado e pegar um

outro ônibus com destino ao INES.

Estudo: Edmar gosta de estudar, cursa a 5. série e freqüenta o curso

básico de informática no INES.

Perguntamos ao Sr. Daniel, como pai, o que ele pensa sobre governo,

inclusão social, Presidente da República, um sonho que gostaria de ver

realizado e uma mensagem.

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Governo: acredita que os governantes poderiam criar condições para

que as leis fossem cumpridas quanto aos direitos das pessoas portadoras de

deficiências e no seu caso particularmente, na adaptação de ônibus e na

eliminação das barreiras, degraus e outras dificuldades que se encontram nas

vias públicas.

Inclusão (social, educacional e profissional): ele acredita!

Presidente da República: ele sabe que é muito difícil cuidar de um país

tão grande como o nosso, mas olharia com seriedade pelos portadores de

necessidades especiais.

Um sonho: no futuro (breve) ver seu filho lendo, estudando e

trabalhando. Conversa sobre tudo com o filho, olha dentro dos seus olhos e

passa sempre muita força e fé para o jovem, que manifesta querer trabalhar

com informática e ser chefe. (pausa/emoção) Sr. Daniel abaixa a cabeça,

esconde o rosto com as mãos e enxuga lágrima.

Mensagem: O pai diz que ama sua família, luta por ela, faz tudo o que

pode por seus filhos, quer ver Edmar forte e não medirá esforços para isso.

Vai até o fim do mundo para ver seu filho se desenvolvendo e feliz. Não o

superprotege pois sabe que um dia quando faltar, deseja que Edmar construa a

sua autonomia e supere as dificuldades!

OS DOIS SÃO GRANDES VENCEDORES!

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40

ENTREVISTA 2

Família Ausente

Objetivo: Coletar informação comparativa entre um aluno surdo com família

articulada e o aluno com total e grave desajustamento familiar.

Enfoque: Família ausente.

Data: 30/03/2005, às 8h.

Local: Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES – Laranjeiras – RJ

Aluno: Jaime Pereira de Sousa – 3. série – noturno .

Esta entrevista foi feita pela professora juntamente com o aluno acima

identificado, após três tentativas por escrito de entrevistá-lo na companhia de

seu pai, Sr. Jaime Pereira de Souza, o pai, cujo telefone comercial que consta

em sua ficha chama e não atende e não há telefone celular nem residencial, ou

seja, é muito difícil localizá-lo. O aluno foi informado de que a sua história seria

contada no papel para um “trabalho da Faculdade da professora”, tendo o

mesmo respondido: -“ Pode compreendo quero“.

O aluno mencionado é surdo, tem 26 anos e cursa a terceira série do

Ensino Fundamental à noite no INES, mora em Cascadura com o pai que

possui o mesmo nome que ele. Pedi ao aluno que falasse o pudesse sobre a

sua família e eis o seu relato: ... -- “Minha mamãe morreu eu pequeno não

tenho irmão irmã vovô vovó tio tia nada Meu papai camelô Madureira

precisa procura vende disco vinil velho vive madrasta três filhos bebe

álcool e cigarro muito cedo não gosta cuidar casa pai pegou faca ela

saiu nervosa e choro nervosa não faz comida porque queima fogo

filhos peqenos dela só não escola”. Jaime é uma pessoa sofrida, tímida se

considera burro, é muito pobre, com uma história de vida triste, sem a mínima

orientação maternal ou social e solitário.Diz que: “nunca namorou porque

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41gosta de moça que já tem noivo “. Mora com o pai e a madrasta a qual tem

três filhos pequenos, do seu primeiro casamento, que em uma pequena casa

de três cômodos muito precária, segundo consta em sua ficha escolar.

Perguntei como ele se lembra da mamãe...”.Mamãe morreu eu pequeno

não sei muito mamãe não faz fotografia vizinhos não sabem libras papai

não lembra fala nada só nervoso manda eu silêncio”.

Seu dia começa às 5h da manhã e fala que acorda vária vezes durante a

noite dorme pouco e mal, segundo fonte do Assistente Social do INES, já

chegou a dormir em um cômodo da casa que não tinha telhado nem forro

passou fome e já pegou comida no lixo.Ele conta que: - ... “Acorda sozinho

porque acostumou veste roupa ganhou professoras tem 2 calças 1 boné

3 camisetas 2 camisas manga fechada (comprida) tênis furado lado

mochila guarda caderno 100 folhas estojo plástico novo presente

amigo professor natal 2004 meio lápis uma caneta preta sem tampa.

Lava rosto põe pasta dente no dedo lava boca cospe água doce . Vai

para ponto ônibus entra ônibus motorista pára porque conhece Jaime.

Sobe ônibus chega Central troca vem outro ônibus chega INES. Espera

professora curso sentado pátio olha dia pouca gente chega amigos

surdos bom porque sabe libras entende bem”.

Jaime é meu aluno e freqüenta a Oficina de Artesanato de Ensino

Profissionalizante, há dois anos. Ele é querido e todos sabem das suas

dificuldades. Os funcionários quando podem, dão-lhe roupas, sapatos e objetos

de uso pessoal, porém ele alega que a madrasta vende para comprar comida e

cigarro. Jaime é prestativo, leva a garrafa de café no refeitório para abastecer e

volta para a sala de aula , pergunta de um por um se quer café, avisa que “está

muito quente porque foi no fogo”, começando sempre pela professora (que

aceita e agradece) e terminando pela aluna mais recente.Caminha com os

ombros caídos e sempre de cabeça baixa, arrastando os pés.É alto e muito

magro, sua pele tem um tom pálido.Está sempre de cabeça raspada e muito

introspectivo, só se comunica quando a professora fala com ele ou algum

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42colega puxa conversa. Tem “talento” para pintura em madeira, como caixas,

bandejas, placas e outras peças básicas, que não exijam muita criatividade, é

preciso sinalizar e repetir várias vezes o que ele vai fazer na aula, no início do

curso relutava em usar a cor vermelha em decorrência de um Pastor ter dito a

ele que não era “cor boa”. Possui péssimo asseio corporal. Está sempre com a

mesma roupa: de camiseta manga curta por baixo da camisa de mangas

compridas com o colarinho e punhos abotoados. A professora argumenta que

no verão não precisa usar roupa fechada, mas o aluno insiste em dizer que “é

bom não ter frio”. Ele transpira muito, mas não há quem o convença de tirar a

camisa e ficar como os demais colegas, só de camiseta que é o uniforme da

Instituição.

Não há registro da presença de seu pai nas reuniões de Pais e

Professores, alegando não poder. Segundo relatos o aluno chegou no INES há

10 anos, tem surdez bilateral profunda e suspeita-se de uma “microcefalia”,

pois aparentemente, sua cabeça é pequena porém sem um diagnóstico

definitivo, em decorrência da falta de informação familiar que explique um

pouco mais sobre sua história de vida e mesmo que faça um acompanhamento

médico pois não há quem possa atendê-lo nesse sentido. Não conhece os

bairros do Rio. Não torce por nenhum time, não namora. Quando saímos para

passear ou visitar alguma Instituição é sempre o último da fila e não se importa

de se não tiver lugar para ele.Não traz lanche nem almoço de casa, alegando

que não tem, tendo em vista que passa o dia inteiro (manhã e tarde nas

Oficinas), se a professora não conseguir uma refeição, fica o dia todo sem

comer e só se alimentará no final da tarde, momento em que se prepara para

entrar em aula no turno da noite. (O INES só pode oferecer refeição aos alunos

do colégio de aplicação nos seus respectivos turnos).Sua comida predileta é

arroz e feijão. Não gosta de carne de nenhuma espécie e não come verduras

nem legumes. Tem muita limitação para entender um simples diálogo, sinaliza

sempre que ele é burro, oportunidade em que a professora interfere

ressaltando que ele pode não entender muito bem as aulas de português e

matemática mas ele é bom aluno em artesanato (pintura) o que de imediato

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43abre um sorriso e faz sinal de aplauso em Libras. É difícil de ser entendido

pois mistura vários assuntos ao mesmo tempo, tem pouco domínio de sinais e

é complexo ao se expressar em Libras, escreve e lê pouco e quando sinaliza

alguma coisa se perde ou esquece o que estava “falando”. Por exemplo:

...”Não gosta Estados Unidos América porque faz guerra sem comida

verde não tem difícil igreja ajuda pobres compra pão homem não pode ir

lua sozinho briga confusão não gosta não pode precisa me ajuda

estudar.” Ou ...”Lula PT voto Brasília médico remédio quarta feira vi avião

sozinho” e pergunta-Você viu? Professora?

A situação desta Professora é difícil porque, não temos como avaliar a

dimensão do raciocínio do aluno. Eu apenas falo o que eu entendi,

relacionando o fato do presidente Lula ter ido fazer exames médicos em São

Paulo ou alguma notícia da compra do avião presidencial. Os surdos gostam

de comentar as manchetes de jornais das bancas de revistas e chegam

comentando sobre elas, oportunidade em que é aproveitado para se trabalhar o

contexto. Inteferir nessas situações exige muito cuidado. Jaime se envolveu em

um episódio que nos deu muito trabalho. Ele freqüentava uma igreja cujo

pastor uncutia nele que namorar era pecado, cor vermelha não podia porque

pertence ao diabo, não pode mostrar o corpo, etc, vendo-o passar por tantas

dificuldades , o mencionado pastor, nas férias escolares, arrumou-lhe um

emprego sem que o mesmo fosse preparado para tal. Ele relata que era uma

fábrica de detergentes e ele varria e limpava, até que um dia foi “esquecido” e

ficou trancado no banheiro masculino de um dia para o outro, ficando no escuro

e dentro de um banheiro! Foi a gota d’água para que ele surtasse de vez. No

dia seguinte ele foi encontrado nu quase morto, com os pulsos cortados pelo

vidro da janela. Esse fato chegou ao nosso conhecimento por intermédio de um

aluno, que mesmo sendo período de férias, procurou ajuda no INES. Ao ser

visitado no hospital por um técnico do INES, o mesmo disse: - “é bom morrer

não fica triste”.

Após esse episódio, o aluno Jaime passou a freqüentar o nosso Curso e

fazemos com ele um trabalho de resgate da sua cidadania, auto-estima e

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44crescimento pessoal.Em constante entendimento com os seus professores do

noturno, sua conduta apresenta uma leve melhora. Essa primeira experiência

profissional do Jaime durou poucas semanas. A assistente social da empresa

tentou ajudá-lo, com os benefícios da legislação, mas foi muito pouco.

Ele parecia não se dar conta da sua triste realidade. Chamamos o seu

pai para conversar antes e depois desse episódio porém sem sucesso algum!

Jaime passou por outros momentos de crise existencial. Há registro desse

episódio na Instituição. Perguntado sobre o que gosta, ele responde: - “gosta

fazer curso enfeite não tem nada só professores do INES bom para ele”.

A convivência com um aluno tão maltratado pela vida, privado de tantas

coisas boas e necessárias nos comove por saber que é um irmão, Filho do

Nosso Pai Maior e quem somos nós para fecharmos os olhos e não procurar

ajudá-lo. È muito difícil! Sem família (tem o pai, mas é como se não tivesse) e

o que esperar, qual a perspectiva para um jovem como ele? Qual é a política

pública e social que este jovem tem direito? A quem caberia conduzi-lo?

A PEDIDO DESTA PROFESSORA, ESTÁ EM ANDAMENTO DESDE O

ANO DE 2003, UM ESTUDO DE CASO DO ALUNO EM QUESTÃO,

FORMALIZADO ATRAVÉS DO ASSISTENTE SOCIAL DO INES, NO

SENTIDO DE QUE ELE SEJA BENEFICIADO POR UMA PENSÃO VITALÍCIA

DO GOVERNO QUE É CONCEDIDA PELO INSS, O QUE PODERÁ

GARANTIR SUA ALIMENTAÇÃO. O PROCESSO ANDA LENTAMENTE

TENDO EM VISTA QUE AS EXIGÊNCIAS A SEREM CUMPRIDAS PELO PAI

DE JAIME PERDEM OS PRAZOS PARA O RETORNO DAS RESPOSTAS,

FATO AGRAVADO NO ANO PASSADO PELA GREVE DO INSS. O INES

CUMPRE AS FORMALIDADES PROCESSUAIS, PORÉM CHEGA A UM

DETERMINADO MOMENTO EM QUE A EXIGENCIA NECESSITA DE

ACOMPANHAMENTO FAMILIAR. CASO O PAI DE JAIME NÃO O AJUDE, A

PRÓXIMA AÇÃO SERÁ INTERPELÁ-LO JUDICIALMENTE!

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45Tendo em vista a situação apresentada, concluímos que fica inviável a

inserção deste jovem no mercado de trabalho, primeiro porque além da surdez

ele possui outros comprometimentos não identificáveis e o mesmo não tem um

suporte familiar básico sequer para acordá-lo, cobrar o asseio corporal e

pessoal (apresentação) e o estímulo paternal para dialogar com ele sobre suas

dificuldades e dúvidas.É muito triste constatarmos que Jaime cairá na

estatística dos excluídos social e profissionalmente, salvo se o seu pai

empenhar-se um pouco mais e ter consciência de que seu filho precisa de

respeito, atenção e muita ajuda!

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ENTREVISTA 3

Importância e Providências da Audição

Objetivo: Coletar informação sobre a importância da família no contexto de

vida inicial, a partir do momento em que é detectada a surdez bem como as

providências necessárias quanto ao atendimento e apoio das instituições

governamentais tão necessários para que os surdos possam ser atendidos

no processo inclusivo.

Enfoque: Importância da família.

Data: 09/03/05, às 11h 30m.

Local: Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES – Laranjeiras- RJ

Técnica: Assistente Social Rosária Correa (RC).

Esta entrevista é composta de 6 perguntas à assistente social com vasta

experiência profissional, tendo a mesma proferido dezenas de palestras em

território nacional quando dos eventos de capacitação profissional executada

por técnicos e professores do INES, em cumprimento à sua competência, como

Centro Nacional de Referência para a Surdez.

1 - Nome, cargo, função, tempo de atuação no INES e atribuição?

RC – Meu nome é Rosária de Fátima Correa Maia, Assistente Social, 10

anos de atuação no INES, atendendo a familiares e alunos da educação infantil

ao Ensino de Jovens e Adultos, atuando em Projetos como : Fila de Espera

(avaliação de candidatos a Estimulação Precoce no INES), Projeto com o

Instituto Fernandes Figueira de avaliação de alunos do Colégio de Aplicação do

INES, objetivando conhecer as causas da surdez e aconselhamento genético

aos alunos e seus familiares. Participo também de Seminários Institucionais e

aulas no Curso de Estudos Adicionais do INES .

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Obs. O Curso de Estudos Adicionais do INES, é destinado à capacitação de

professores e profissionais, de todos os estados brasileiros que atuam na área

da surdez e saem habilitados e com o compromisso de atuarem em Colégios e

Instituições que atendam surdos.

2 - Há diferença entre a família do surdo e a família do ouvinte?

Quais são os aspectos que requerem maior atenção ao se receber pela

primeira vez uma família com portador de surdez?

RC – As relações familiares são construções sociais para manutenção

da sociedade, em nosso contexto atual, para atender os interesses da

sociedade capitalista. As famílias usuárias do INES, neste contexto, na sua

grande maioria pertencem à população considerada pobre ou abaixo dos

limites da pobreza, um grande número de chefe de família na economia

informal, sem vínculo previdenciário, residindo em áreas periféricas ao

município do Rio de Janeiro (Baixada Fluminense), Zona Oeste e áreas de

riscos como morros e favelas nas regiões Norte e Sul do município do Rio de

Janeiro. Os domicílios são normalmente caracterizados por 01 ou 02 quartos

com uma média de 5 a 6 habitantes por família. A renda familiar é constituída

por “bicos” e pelo Benefício de Prestação Continuada por aquelas famílias que

não tem vínculo empregatício. As que têm vínculo empregatício percebem até

05 salários mínimos.

A questão da surdez é mais um agravante das questões sociais que

envolvem essas famílias. Caracteriza-se como questão social à precariedade

das relações de trabalho e não acesso a bens e serviços.

Ao atendermos no Projeto de Fila de Espera que se caracteriza com

uma demanda de 0 a 03 anos, nosso primeiro olhar é em como a família

percebe, sente o primeiro impacto na questão da surdez, se há conhecimento

das potencialidades da criança, suas limitações quanto à questão da

comunicação e se ainda há o “luto” quanto à descoberta da surdez.

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48Nossa orientação baseia-se em que antes de surda a criança é criança,

devendo ser tratada como tal: com limites, atenção, cuidados de acordo com

sua faixa etária, independente da sua condição. Buscamos desde o início

enfatizar a questão do direito da criança e da família no sentido de não focar na

“deficiência” e sim na diferença, no respeito e não no “coitado”, no sujeito e

não em objeto.

3 - Você acredita que os governos municipal, estadual e federal

têm políticas públicas adequadas para dar o apoio necessário a essa

família? Sim ou não e por quê?

RC – As políticas públicas no atendimento à família são dicotomizadas,

excludentes, seletivas, não são de acesso a todas as famílias nas suas reais

necessidades. Programas como Bolsa Família, Bolsa Escola, Cheque Cidadão

aos Portadores de Deficiência, não atendem a todas as necessidades, alguns

usuários são contemplados em diversos programas de assistência, sendo que

não há um cadastro único e outros com total desassistência.

As políticas de saúde apesar de garantirem a aceso ao pré-natal, parto

puerpérico, diagnóstico precoce e acesso à reabilitação e ao recebimento de

aparelhos de amplificação sonora individual, estão longe de atender a toda a

demanda dessa população que é excluída no processo produtivo e acesso de

bens e serviços.

Um estudo realizado com a Fila de Espera temos a colocar que 95%

fazem o pré-natal mas que o ginecologista obstetra não é o mesmo que faz o

parto, que inúmeras crianças tem conseqüências no parto e pós parto , com

seqüelas que levam a perda da audição e muitas não são orientadas da

possibilidade da surdez. Quando tem a suspeita em torno dos 6 meses o

diagnóstico só é realizado com 1 ano e 6 meses. Há um hiato entre a queixa

da mãe e a solicitação de exames pelo pediatra .

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49Com o diagnóstico começa a via cruxis para encontrar atendimento

especializado e que na maioria das vezes é distante do local de moradia

levando a mãe àquela que ainda tem emprego a abandonar seus projetos de

vida para dar (sic) “atendimento a um filho” ou, seja, não há articulação entre

as ações de saúde e educação objetivando diagnóstico, encaminhamento e

atendimento ou serviço especializado próximo de sua residência visto que

pela legislação vigente saúde e educação básica são competências

constitucionais do município.

4 – Se você pudesse implantar um sistema em rede nacional de

atendimento sócio-educativo familiar em que este consistiria e quais os

profissionais requisitados para compor tal ação?

RC – Haveria de ser, pensamos, de uma equipe multidisciplinar não

como a da saúde da família que só contempla médico, enfermeiro e agente de

saúde, mas com assistente social, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, pedagogo,

psicólogo, médico, enfermeiro, técnico em enfermagem, que atuaria após visita

domiciliar de acordo com a demanda específica de cada família visitada.

Acredito que deveria ser um sistema definido por área de abrangência,

previamente delimitada de acordo com as realidades locais de cada município

a ser atendido por critérios baseados em pesquisa nacional de domicílios do

IBGE.

5- A inclusão no Brasil já está sendo implantada. Qual é a sua

mensagem para os profissionais que recebem pessoas portadoras de

necessidades educativas especiais e se mostram inseguros e reticentes

para recebê-los?

RC – Em princípio só discutimos inclusão pois vivemos num modelo

neoliberal, onde temos a exclusão social notadamente marcada. Entendo que

devemos entender nosso modelo de sociedade como ela está organizada ,

qual a sociedade que temos e que queremos construir e só a partir daí

podemos discutir o real sentido de inclusão social, numa sociedade onde todos

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50tenham direitos e deveres, o cidadão, os profissionais e o papel do Estado

nesse modelo de sociedade.

6- Seu trabalho tem sido reconhecido pelos profissionais desta

Instituição. Mencione uma frase ou episódio que a emociona.

RC – Toda Instituição é um espaço contraditório. Acredito que tenha

reconhecimento por uma parcela significativa da Instituição e por outros não.

“Os surdos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, no episódio do

Passe-Livre, pressionando os vereadores a derrubarem o veto do Prefeito

César Maia à Lei”.

Conseguimos mobilizar todos os alunos e responsáveis ocupando 95%

da galeria da Câmara com os surdos. Tivemos os votos necessários, a

derrubada do veto, nem a mais, nem a menos. Rosária Corrêa.

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ÍNDICE

Resumo 5

Metodologia 6

Sumário 14

Introdução 15

Capítulo I 17

As causas, conseqüências e privações da surdez.

Capítulo II 20

Inclusão: metas, empenho político, educacional, profissional e familiar.

Capítulo III 25

O adolescente ouvinte é igual ao adolescente surdo?

Capítulo IV 29

Um novo olhar para uma causa antiga

Conclusão 33

Anexos 35

Bibliografia 60

Índice 63

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Latu Sensu”

Título da monografia: Surdez: Família, Educação e Capacitação para o

Trabalho, Garantia de Inclusão Social.

Data da entrega: _______________________

Avaliado por: ________________________________ Grau _______________

Rio, _____ de _____________ de ______