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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA ALUNOS AUTISTAS EM ESCOLAS REGULARES DO RIO DE JANEIRO
Por: Vivalcilene Pereira Alves Rangel
Orientador
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA ALUNOS AUTISTAS EM ESCOLAS REGULARES DO RIO DE JANEIRO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Psicopedagogia
Por: Vivalcilene Pereira Alves Rangel
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AGRADECIMENTOS
Inicialmente a Deus, por ter me concedido a graça de chegar até aqui e realizar
este sonho. A minha mãe, Lucia Helena Pereira Alves e meu pai Vivaldo Alves Rangel (in
memorian), pelo apoio e incentivo visando sempre a minha formação pessoal. Ao meu namorado, Júlio Cesar Ferreira Valle Junior, meu amor, pessoa que me
impulsiona a cada dia a alcançar o meu objetivos. Aos mestres e amigos que me acompanharam nesse momento tão importante.
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DEDICATÓRIA
...À Lucia Helena Pereira Alves, minha mãe.
...À Vivaldo Alves Rangel, meu pai (in memorian).
RESUMO
O presente trabalho buscou analisar como ocorrem as práticas inclusivas para alunos
autistas em escolas regulares, focando nas principais características da síndrome e no
papel da mediação escolar para um bom desenvolvimento, destacou como é vista a
inclusão escolar e os direitos em legislação e a formação de professores e atividades
adaptadas para esses alunos.
Palavras-chave: AUTISMO-INCLUSÃO-ESCOLA-PROFESSORES
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METODOLOGIA
O trabalho será desenvolvido através de pesquisas bibliográficas e web gráficas
de autores que discorrem sobre Autismo e inclusão escolar.Dentre esses autores estão:
Maryse Suplino, Eugênio Cunha, além da Cartilha do Ministério da Educação,
Legislação Inclusiva, entre outros que serão citados ao longo da pesquisa sendo de
fundamental importância para a obtenção da resposta do problema.
.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Autismo e Mediação 09
CAPÍTULO II - Legislação e Inclusão Escolar 17
CAPÍTULO III – Formação dos Professores e
Atividades Adaptadas 31
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 43
WEBGRAFIA 44
ÍNDICE 46
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho intitulado “Práticas Inclusivas para Alunos Autistas em
Escolas Regulares do Rio de Janeiro apresenta uma análise atual do modo que ocorre a
inclusão dos portadores de Autismo nos segmentos da educação infantil e ensino
fundamental de escolas regulares do Rio de janeiro, buscando compreender as questões
sobre a situação atual da inclusão escolar dos mesmos, promover o conhecimento das
limitações de aprendizado e os direitos garantidos em legislação, colaborando com
profissionais de educação e familiares que desejam saber mais sobre o tema que tem se
tornado cada vez mais importante na sociedade onde são diagnosticados muitos casos de
portadores desta síndrome, sendo necessário investigar se existe uma “fórmula” correta
e ou adequada para o ensino de alunos que tenham espectros de Autismo, inclusos em
turmas regulares, onde haja interação com outros alunos e profissionais da escola e a
resposta que esses alunos apresentam através desse contato sendo o psicopedagogo o
principal mediador para a construção desse processo, tendo o papel essencial de
supervisionar e avaliar se a inclusão está sendo bem encaminhado e sempre que
necessário intervir para melhorar o aproveitamento do aluno autista.
Será dividido em três capítulos, onde no primeiro discorro sobre Autismo e
mediação escolar, destacando as características do autismo e o papel da mediação
escolar para o desenvolvimento do aluno autista. No segundo capítulo, apresento a
legislação inclusiva e como é vista a inclusão escolar. No terceiro capítulo, destaco a
formação de professores e as atividades adaptadas para alunos com essa síndrome,
deixando claro como se dá esse processo na vida dos alunos e profissionais diariamente.
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CAPÍTULO I
AUTISMO E MEDIAÇÃO
A palavra autismo é uma palavra de origem grega “autos” que significa por si
mesmo. O nome, empregado no sentido que conhecemos para a descrição da condição
autística, surgiu em 1943 quando Leo Kanner, ao observar crianças internadas numa
instituição, percebeu que o comportamento de um grupo delas diferenciava-se dos
demais. Tais crianças estavam sempre distanciadas das outras e pareciam manter uma
relação não funcional com os objetos, inclusive brinquedos. Em 1949, Kanner passou a
classificar esta condição como uma síndrome. De acordo com o dicionário Stedman
(1987), síndrome significa:
“Agregado de sinais e sintomas associados a uma mesma patologia que em seu conjunto definem o diagnóstico e o quadro clínico de uma condição médica.Em geral são um conjunto de determinados sintomas, de causa desconhecida ou em estudos, que são classificados, geralmente com o nome do cientista que o descreveu ou o nome que o cientista lhes atribuir. Uma síndrome não caracteriza necessariamente uma só doença, mas um grupo de doenças”
De acordo com o DSM-IV-TR, o Transtorno Autista (TA) se caracteriza por
um quadro clínico em que prevalecem prejuízos na interação social, nos
comportamentos não verbais (como contato visual, postura e expressão facial) e na
comunicação (verbal e não verbal), podendo existir atraso ou mesmo ausência da
linguagem. Pode haver, também, ecolalia e uso de linguagem estereotipada.
Apresentando dificuldades em:
-relações sociais, preferindo atividades mais solitárias;
-Dificuldades sociais para compartilhar interesses, iniciar ou manter interações
sociais;
-Possuem dificuldades em compreender expressões faciais de sentimentos e afetos;
-Comportamentos estereotipados são observados (como bater palmas ou flapping,
movimentar os braços como que batendo asas);
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-Os interesses são limitados, e há dificuldade em mudar rotinas, dentre outras
alterações.
Os primeiros sinais do transtorno podem ser identificados antes dos 3 anos de
idade. É importante relatar que há risco maior de ocorrência desse transtorno em pessoas
do sexo masculino e entre irmãos de pessoas afetadas.
Também de acordo com o DSM-IV-TR, o Transtorno de Asperger é apresentado
como um transtorno que ocasiona de leves a graves prejuízos na interação social,
restrição de interesses e atividades, adesão aparentemente inflexível a rotinas e
rituais, alteração da prosódia (entonação da fala) e comportamentos repetitivos. Uma
diferença clínica que existe entre o Transtorno de Asperger e o Transtorno Autista é que,
nesse último, geralmente têm sido identificados atrasos de linguagem e atrasos
expressivos nas habilidades cognitivas e de autocuidado, diferentemente do que
ocorre em pessoas com Transtorno de Asperger.
O DSM-IV-TR considera como classificação diagnóstica de Transtorno
Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (TID-SOE) o quadro
clínico caracterizado por prejuízos severos na interação social e na comunicação verbal
e não verbal e por comportamentos estereotipados que não satisfazem o critério
de TA devido ao seu início tardio. Para esse diagnóstico ser adotado o critério deve
ser o de exclusão de TA. Essa condição pode ser considerada mesmo se a pessoa
apresentar menos do que seis sintomas no total, que é o mínimo requerido pelo
DSM-IV-TR, e/ou apresentar idade de início maior do que 36 meses, também
requerido pelo DSM-IV-TR. Contudo, autores destacam que o diagnóstico de TID-
SOE é mais complexo que o diagnóstico das outras categorias.
Até o começo de 2013, os manuais em que os profissionais se baseavam para
diagnosticar esse tipo de transtorno eram o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-IV-TR) e a Classificação Internacional de Doenças (CID-
10).
Esses manuais de classificação diagnóstica utilizam os termos Transtorno
Global do Desenvolvimento (TGD) e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID).
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A versão para o Português brasileiro da CID-10 descreve oito tipos de TGD:
“Autismo Infantil, Autismo Atípico, Síndrome de Rett, Transtorno Desintegrativo
da Infância, Transtorno com Hipercinesia associada a Retardo Mental e Movimentos
Estereotipados, Síndrome de Asperger, Outros Transtornos Globais do
Desenvolvimento e Transtornos Globais do Desenvolvimento Não Especificados. Já
a versão para o Português brasileiro do DSM-IV-TR apresenta cinco tipos clínicos
na categoria TID: “Transtorno Autista, Transtorno de Rett, Transtorno
Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento sem Outra Especificação
Embora os manuais de classificação diagnóstica anteriormente citados utilizem
os termos TGD e TID, há mais de 20 anos que os estudos sobre o autismo utilizam
o termo Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) para se referir a apenas três
transtornos relacionados aos TGD ou aos TID, que são o Transtorno Autista, o
Transtorno de Asperger e o Transtorno Global ou Invasivo do Desenvolvimento
Sem Outra Especificação Ou seja, nem todos os transtornos classificados como
TGD ou TID no DSM-IV e na CID-10 são considerados na categoria diagnóstica dos
TEA.
Assim, o Transtorno de Rett e o Transtorno Desintegrativo da Infância não
fazem parte desse espectro.
Em maio de 2013, a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais – DSM-5 foi publicada incluindo mudanças expressivas nos
critérios diagnósticos de autismo e adotando, finalmente, o termo TEA como
categoria diagnóstica.
O DSM-5 agrupou e incluiu quatro das cinco categorias dos TID do DSM-IV na
condição de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Foram elas: Transtorno
Autista, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e Transtorno
Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação. De acordo com o DSM-
5, esses transtornos não terão mais validade em termos de condições diagnósticas
distintas. Assim, passarão a ser considerados no mesmo espectro do autismo. O
transtorno de Rett, no DSM-5, tampouco foi considerado como um dos TEA e, sim,
como uma doença distinta.
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Segundo pesquisas o autismo não tem cura e seu tratamento envolve
intervenções psicoeducacionais, orientação familiar, desenvolvimento da linguagem
e/ou comunicação. O recomendado é que uma equipe multidisciplinar avalie e
desenvolva um programa de intervenção orientado a satisfazer as necessidades
particulares a cada indivíduo. Dentre alguns profissionais que podem ser necessários,
podemos citar: psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais,
fisioterapeutas e educadores físicos. Os métodos de intervenção mais conhecidos e mais
utilizados para promover o desenvolvimento da pessoa com autismo e que possuem
comprovação científica de eficácia são:
TEACCHR (Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handcapped Children): é um programa estruturado que combina diferentes materiais
visuais para organizar o ambiente físico através de rotinas e sistemas de trabalho, de
forma a tornar o ambiente mais compreensível, esse método visa à independência e o
aprendizado.
PECSR (Picture Exchange Communication System) é um método de comunicação
alternativa através de troca de figuras, é uma ferramenta valiosa tanto na vida das
pessoas com autismo que não desenvolvem a linguagem falada quanto na vida daquelas
que apresentam dificuldades ou limitações na fala.
ABA (Applied Behavior Analysis) ou seja, análise comportamental aplicada que se
embasa na aplicação dos princípios fundamentais da teoria do aprendizado baseado no
condicionamento operante e reforçadores para incrementar comportamentos socialmente
significativos, reduzir comportamentos indesejáveis e desenvolver habilidades. Há
várias técnicas e estratégias de ensino e tratamento comportamentais associados a
analise do comportamento aplicada que tem se mostrado útil no contexto da intervenção
incluindo tentativas discretas, análise de tarefas, ensino incidental, análise funcional.
O uso de medicamento deve ser prescrito pelo médico, e é indicado quando
existe alguma comorbidade neurológica e/ou psiquiátrica e quando os sintomas
interferem no cotidiano. Mas vale ressaltar que até o momento não existe uma
medicação específica para o tratamento de autismo. É importante o médico informar
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sobre o que se espera da medicação, qual o prazo esperado para que se perceba os
efeitos, bem como os possíveis efeitos colaterais.
As instituições de ensino recebem a cada ano mais e mais alunos com essas
diferenças e nem sempre estão preparadas para receber essas crianças geralmente as
crianças autistas têm um mediador que segundo Suplino (2011) seria um facilitador,
uma “ponte” entre a criança e o meio social para que haja interação entre as partes mais
rapidamente e agradavelmente do que apenas utilizar maneiras como “colocar” a criança
na escola e esperar que o processo de inclusão ocorra, o que muitas vezes não acontece
nem com pessoas ditas “normais” em um ambiente novo, pois sempre há um
estranhamento inicial sendo sempre mais fácil quando já temos conhecidos nesse
ambiente. Segundo Suplino (2011 p.34), “A inclusão como um processo mediado é a
possibilidade da facilitação na interação entre o individuo com deficiência e o objeto de
conhecimento (competências oferecidas pelo meio social”.
Para Cunha (2013) ,a ação do mediador não é a de “facilitar”, porque mediar
processos de aprendizagem é, sem sombras de dúvidas, provocar, trazer desafios,
motivar quem aprende. Um dos principais alvos da mediação é criar vínculos entre o
educando, o professor e o espaço escolar.
Ainda segundo ele, mediar é servir de elo entre um estímulo e uma resposta. É
provocar o estímulo a fim de se obter a resposta. O mediador deve estar ativamente
engajado nesse elo. A mediação é o processo de intervenção na relação do aluno com o
conhecimento. É toda intervenção pedagógica que possibilita essa interação. A
mediação é consequência da observação e da avaliação. Mediar é transformar a intenção
de ensinar em prática docente e a intenção de aprender em aprendizagem.
Na mediação, o professor utiliza as atividades que permitirão o melhor
desenvolvimento do aprendente , o que mais se afina ao seu perfil, atentando para as
qualidades, as dificuldades, as carências e os desafios. A mediação terá caráter
avaliativo, pois uma tarefa superada requer uma nova. Novas avaliações para novos
objetivos a serem conquistados.
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A mediação é um movimento pedagógico que requer observação e avaliação.
Decerto, a prática pedagógica no ensino do aprendente com autismo revelará um
movimento conjunto dessas três ações.
Segundo Bossa (2007) a psicopedagogia por ser uma área do conhecimento
interdisciplinar e multidisciplinar busca compreender como ocorrem os processos de
aquisição do saber e entender as possíveis dificuldades que o aluno encontra nesse
processo. Requer observação para atingir o entendimento, prevenção, atuação e
intervenção. Por meio da observação, é possível selecionar os estímulos que tornam o
aprendente mais receptivo ás práticas pedagógicas, deve utilizar o afeto e os estimulo,
enriquecendo-os com o saber, para que s possibilidades de aprendizagem floresçam a
partir do interior do aprendente. Como resultado, as suas estruturas cognitivas,
emocionais e sociais adquirem qualidades que determinarão seu desenvolvimento.
Quanto maior for o número de mediações, maiores e melhores serão as oportunidades de
aprender.
De acordo com Mello, Miranda e Muszkat (2005), existem quatro critérios de
mediações psicopedagógicas aplicáveis nos casos de autismo: a intencionalidade onde o
mediador precisa interagir com o mediado, selecionando, moldando e interpretando
estímulos específicos. Mas, a intencionalidade não deve ser propriedade unilateral,
exclusiva do mediador e, sim compartilhada. Não há necessidade, inicialmente de total
consciência da intencionalidade por parte do mediado, já que, aos poucos, ele formará
essa consciência, o que é muito comum em crianças com autismo. O segundo critério é
a reciprocidade que implica a troca, a permuta.
O mediador deve estar aberto para as respostas do mediado que fornece
indicações de cooperação e de envolvimento no processo de aprendizagem.
Recompensar as respostas positivas para inibir as inadequadas é comum nos casos de
autismo. A reciprocidade é um caminho que torna explicito o retorno do aprendente ao
processo de aprendizagem. O terceiro critério é o significado a mediação do significado
ocorre quando o mediador traz significado e finalidade a uma atividade. Assim, o aluno
descobre que cuidar de sua sala,por exemplo, refletirá, também, o cuidado que devemos
ter uns pelos outros, pela nossa cidade,etc. Nessa simples comparação, desenvolvem-se
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vários aspectos relevantes que ajudarão na formação interior e na sua convivência
social.
O quarto critério é a transcendência esta mediação ocorre quando uma ação vai
além da necessidade direta e imediata, ampliando e diversificando o sistema de
necessidades do aluno. O objetivo da mediação de transcendência é promover a
aquisição de princípios, conceitos ou estratégias que podem generalizar-se para outras
situações. Assim, o autista aprende que, quando estiver com sede e quiser beber água,
deverá apanhar um copo que está guardado no armário. Nessa simples tarefa, ela
desenvolve vários aspectos implícitos e relevantes que estimulam a interação com os
outros, a cognição e a coordenação motora. Descobre que, por sua independência em
realizar essa ação, poderá beber água sempre que quiser. Desenvolverá habilidades e
articulações que o farão iniciar e concluir atividades da vida diária, outorgando-lhe
aptidões essenciais para a aquisição de autonomia.
Para Vygotsky (1993), a construção do conhecimento é uma ação compartilhada.
É no grupo que os sujeitos se apropriam dos modos de funcionamento psicológico, do
comportamento e da cultura, enfim, do patrimônio histórico da humanidade e de seu
próprio grupo cultural ou seja o individuo só poderá aprender em decorrência da
interação entre ele e o seu objeto de conhecimento, interação que não se dá de modo
direto, mas a partir da mediação de outro sujeito, da linguagem e da cultura.
Ainda de acordo com Vygotsky, a aprendizagem estimula o desenvolvimento e
não o contrário. Assim, independentemente do nível cognitivo de um sujeito ele poderá
aprender e quanto mais aprende, mais o que é aprendido se incorpora como
desenvolvimento mental, alavancando o processo. Por isso é importante que as pessoas
com deficiência intelectual e autismo estejam inseridas nos diferentes contextos sociais
tendo um ou mais mediadores que facilitem o processo de aprender, de construir seu
conhecimento e de desenvolverem seus processos mentais.
O papel do mediador inclusivo não deverá apenas incumbir-se da inserção da
pessoa com deficiência nos diferentes ambientes. Ele deverá como já dito, ser a ponte
entre ela e o espaço social. Sua tarefa consiste em observar as características do meio,
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bem como as interações que ali ocorrem. Favorecer o estabelecimento da comunicação
entre os membros do grupo, assim como a resolução dos problemas.
Algumas qualidades que devem compor o perfil do mediador inclusivo são:
empatia, simpatia, sensibilidade, senso de humor, bom senso, reflexibilidade e auto
conhecimento. É importante ressaltar que o mediador é a ponte “removível” não um
apoio imprescindível. Assim o aluno autista caminhará rumo aos seus direitos legais
bem como sua inclusão que serão apresentados no capítulo a seguir.
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CAPÍTULO Il
LEGISLAÇÃO E INCLUSÃO ESCOLAR
A inserção de alunos especiais nas escolas regulares aumenta a cada ano e com
ela, o desafio de assegurar uma educação efetiva para todos. Para que ocorra
genuinamente o processo de inserção de alunos com necessidades especiais além de
todo o cuidado em estruturação física, capacitação do grupo escolar, é essencial ter
consciência que, os direitos de uma criança portadora de necessidades especiais é sim
garantido por leis e que ir contra a elas, fere a Constituição Federal.
De acordo com Rodrigues (2001, p: 12), “muito se lutou para que as pessoas
com qualquer tipo de deficiência pudesse ter o livre acesso em escolas regulares e assim
compartilhar sua vida com outras pessoas”.
Para que esses direitos fossem acatados, várias leis foram criadas e vigoradas no
Brasil e no mundo resguardando o acesso de crianças a escolas regulares. No Brasil,
iniciou-se a Constituição Federal de 1988 publicada oficialmente em 05.10.88 e que
tem como alguns dos princípios fundamentais explícitos nos seguintes artigos:
Art. 3º- Constituem objetivos fundamentais da República do Brasil, promover o bem de
todos, sem preconceito de origem, raça, sexo,cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
No Art205º- O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantir:
III- atendimento educacional especificado aos portadores de deficiência
preferencialmente na rede regular de ensino. Podemos citar também o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA). O Estatuto é um órgão que visa proteger os direitos
das crianças e adolescentes e que no seu capítulo IV artigo 53 discute os direitos á
educação visando pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da
cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-lhes:
I- Igualdade de condição para o acesso e permanência na escola;
II- Direito de ser respeitado por seus educadores
III- Direito de contestar critérios avaliados, podendo recorrer as instâncias escolares
superiores
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IV- Direito de organização e participação em entidades estudantis
V- Acesso a escola pública e gratuita próxima a sua casa.
Com a criação do ECA pela lei federal, as crianças e adolescentes tiveram uma
outra forma de garantir seus direitos na sociedade, como instrumento legítimo de
inclusão, democracia, solidariedade e pluralidade.
A lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 de 20 de dezembro de
1996 também dedicou um capítulo para a Educação Especial. No capítulo V artigo 58º:
entende-se por educação especial para os efeitos desta lei, a modalidade de educação
escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos de
necessidades especiais.
No parágrafo 1º a LBD ressalta que quando necessário haverá serviços de apoio
especializado. Já no parágrafo 1º artigo 59º assegura aos educandos currículos, métodos,
técnicas e recursos educativos para atender as suas necessidades, professores
capacitados no nível médio ou superior. Ressalta-se também alguns documentos
internacionais que trataram a questão da inserção de pessoas portadoras de necessidades
especiais como via de entendimento.
- Declaração de Salamanca
- Convenção da Guatemala
O primeiro documento foi realizado em Salamanca/Espanha em uma conferência
mundial de educação representado por 88 governos e 25 organizações internacionais em
assembléias. No mesmo, é assegurada a educação para todos os jovens e crianças
portadores de necessidades especiais dentro dos órgãos regulares de ensino, com uma
pedagogia centrada na criança.
A convenção da Guatemala, que é um decreto nº 3.956 e põem fim as
interpretações confusas da LDB, deixando clara a impossibilidade de tratamento
desigual com base na deficiência. O acesso ao Ensino fundamental é, portanto, um
direito humano e privar pessoas em idade escolar dele, mantendo-as unicamente em
escolas ou classes especiais, fere a convenção e a Constituição.
A Lei N 12.764 de 27 de Dezembro de 2012 institui a Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3o do
art. 98 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
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Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução.
§ 1o Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista
aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou
II:
I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação
sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada
para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e
manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;
II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades,
manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por
comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de
comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.
§ 2o A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência,
para todos os efeitos legais.
Art. 2o São diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista:
I - a intersetorialidade no desenvolvimento das ações e das políticas e no atendimento à
pessoa com transtorno do espectro autista;
II - a participação da comunidade na formulação de políticas públicas voltadas para as
pessoas com transtorno do espectro autista e o controle social da sua implantação,
acompanhamento e avaliação;
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III - a atenção integral às necessidades de saúde da pessoa com transtorno do espectro
autista, objetivando o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional e o acesso a
medicamentos e nutrientes;
IV - (VETADO);
V - o estímulo à inserção da pessoa com transtorno do espectro autista no mercado de
trabalho, observadas as peculiaridades da deficiência e as disposições da Lei no 8.069,
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
VI - a responsabilidade do poder público quanto à informação pública relativa ao
transtorno e suas implicações;
VII - o incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados no
atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista, bem como a pais e
responsáveis;
VIII - o estímulo à pesquisa científica, com prioridade para estudos epidemiológicos
tendentes a dimensionar a magnitude e as características do problema relativo ao
transtorno do espectro autista no País.
Parágrafo único. Para cumprimento das diretrizes de que trata este artigo, o poder
público poderá firmar contrato de direito público ou convênio com pessoas jurídicas de
direito privado.
Art. 3o São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:
I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade,
a segurança e o lazer;
II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
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III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas
necessidades de saúde, incluindo:
a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
b) o atendimento multiprofissional;
c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;
d) os medicamentos;
e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;
IV - o acesso:
a) à educação e ao ensino profissionalizante;
b) à moradia, inclusive à residência protegida;
c) ao mercado de trabalho;
d) à previdência social e à assistência social.
Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do
espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV
do art. 2o, terá direito a acompanhante especializado.
Art. 4o A pessoa com transtorno do espectro autista não será submetida a tratamento
desumano ou degradante, não será privada de sua liberdade ou do convívio familiar nem
sofrerá discriminação por motivo da deficiência.
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Parágrafo único. Nos casos de necessidade de internação médica em unidades
especializadas, observar-se-á o que dispõe o art. 4o da Lei no 10.216, de 6 de abril de
2001.
Art. 5o A pessoa com transtorno do espectro autista não será impedida de participar de
planos privados de assistência à saúde em razão de sua condição de pessoa com
deficiência, conforme dispõe o art. 14 da Lei no 9.656, de 3 de junho de 1998.
Art. 6o (VETADO).
Art. 7o O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a matrícula de aluno
com transtorno do espectro autista, ou qualquer outro tipo de deficiência, será punido
com multa de 3 (três) a 20 (vinte) salários-mínimos.
§ 1o Em caso de reincidência, apurada por processo administrativo, assegurado o
contraditório e a ampla defesa, haverá a perda do cargo.
§ 2o (VETADO).
Art. 8o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Essas leis além de terem um importante significado na vida escolar das crianças,
e concebem uma transformação no velho protótipo que determinadas instituições
seguiram ao longo dos tempos em relação ao estudo de pessoas vistas como “anormais”
pela sociedade em geral.
Desde a publicação oficial da primeira lei sobre Educação Inclusiva em 1988,
muito mudou, porém, nos dias atuais ainda encontramos grandes resistências de escolas
que não aceitam incluir essas crianças em seu ambiente institucional, seja por
despreparo de seus profissionais, normas da escola ou por preconceito de pais de outros
alunos.
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.A Escola Inclusiva precisa estar afinada com as mudanças ocorridas na
sociedade. Necessita, então, se re-significar para poder lidar com a heterogeneidade e
com a diversidade. (SUPLINO, 2006).
Ainda segundo Suplino o aluno com autismo não deveria aprender para ser
incluído,ele deveria estar incluído para aprender.
Para ela a palavra incluir significa inserir. Estar incluído é “fazer parte de”, se o
aluno não está incluído, “não faz parte de” um determinado grupo. Tal situação se
estabelece a partir de critérios que determinam as características de quem estará apto a
fazer parte do grupo seleto.
Se a escola assume a posição de que é necessário incluir, significa que tem a
compreensão de que há uma categoria definida de alunos com a qual ela se identifica e
várias outras categorias que estão à deriva por não reunirem elementos suficientes para
alcançarem tal identificação.
Incluir, nessa medida, seria romper o compromisso com uma determinada
categoria e abrir-se para abranger (compreender) os mais diversos tipos de alunos que
chegam diariamente ao ambiente escolar.
Sugerir que para incluir basta romper com as ideologias que marcaram a relação
da escola com seus alunos excluídos, e assim transformar práticas excludentes em
práticas que propiciem a integração, pode parecer simples. Entretanto, o processo
mostra-se um tanto mais complexo porque implica na desconstrução do vínculo já
estabelecido entre a escola e o aluno, como o conhecemos.
Há cerca de quase uma década, o Brasil é cenário de discussões sobre a
Educação Inclusiva. Contudo, ainda nos encontramos trilhando os primeiros passos para
a efetivação da proposta.
A primeira dificuldade está na mudança de perspectiva que teria que operar na
escola, de modo que a mesma pudesse rever suas bases de entendimento e constituição
de si mesma, que a direcionam para um aluno ideal.
A escola brasileira está marcada pelo discurso moderno de homem. A
Modernidade trouxe consigo a demanda de um certo tipo de homem que, conforme
Senna (2003), deveria ser constituído sob condições especiais: ele deveria abrir mão da
espontaneidade para ajustar-se a um padrão determinado de comportamento.
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Ainda de acordo com Senna (2003), o homem moderno começa a necessitar da
educação formal para aprender os padrões de comportamento acadêmicos e científicos
que passam a ser sociais. A escola surge então para dar conta dessa demanda. Ela
aparece para formar “colocar na fôrma” os homens comuns e devolver à sociedade,
homens civilizados.
Se a Modernidade engendrou um sujeito imutável, unificado, centrado na Razão,
que podia conhecer a si e o mundo através da ciência e a escola surgiu para auxiliar na
formação desse indivíduo.
O sujeito dos nossos dias, pós-moderno, de acordo com Hall (2002) “está se
tornando fragmentado, composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas
vezes contraditórias ou não resolvidas”. Esse é o sujeito com o qual a escola precisa
lidar.
De modo geral, o conflito entre os valores trazidos pelos alunos e aqueles
considerados ideais pela escola tem estado presente “desde sempre”, uma vez que o
sujeito ideal buscado por ela possivelmente nunca existiu.
Em se tratando de escola pública, a maioria dos estudantes vêm das classes
economicamente desfavorecidas que trazem um repertório de atitudes e valores que
refletem a cultura da qual fazem parte. Contudo, como coloca Fernandes (1983):
“A escola oficial é organizada para receber um tipo de criança diferente daquela com a qual realmente lida. É permeada de valores e conteúdos que fazem parte de um mundo estranho ‘à criança das classes populares. A vida desta criança, suas experiências fora da escola, suas relações familiares, sua cultura não têm lugar neste espaço de educação formal. Em seu interior são valorizador os modos de vida das classes dominantes, suas formas de falar, de vestir, de se relacionar com o outro e etc”. (FERNANDES, 1983, pág.4).
Se a escola deseja continuar participando da inscrição dos sujeitos na sociedade,
precisa descobrir e/ou reinventar seus conceitos, valores, linguagens e formas de
ensinar, de modo que atendam às demandas desses novos sujeitos, que estão para além
do desejo da inscrição na sociedade via saberes escolares.
A sociedade, através de sua dinâmica própria, diluiu e enfraqueceu a orientação
moderna de homem unificado pela razão e engendrou uma nova concepção de homem:
o homem plural.
25
De acordo com Laclau citado por Hall (2002), as sociedades pós-modernas são
caracterizadas pela diferença por “uma variedade de diferentes posições do sujeito”.
Mas a escola, conforme a conhecemos, ainda tem bases na Modernidade. Estamos,
então, novamente diante do problema básico da escola atual: como incluir um sujeito
que possui características que não podem ser atendidas por ela, já que a mesma é
desenhada para atender a um outro sujeito (que já não mais existe)?
Se, como já asseverara há quase duas décadas atrás Fernandes (1983), “o êxito
no sistema escolar depende de uma série de mudanças de condutas e de valores que são
impostos aos alunos que chegam”, quanto mais esses alunos se afastam da possibilidade
de uma mudança, transformação que a escola considere ideal, menores suas chances de
êxito. Se os alunos oriundos das classes populares encontram inúmeras dificuldades
para serem incluídos, quanto mais as pessoas portadoras de deficiências que, em muitos
casos, apresentam características e condutas que não são passíveis de alterações tão
rápidas quanto desejaria o ambiente escolar.
Grande parte das discussões acerca da educação inclusiva está atrelada às
chamadas adaptações curriculares e dos chamados suportes pedagógicos.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), definiu-se adaptações
curriculares como “estratégias e critérios de atuação docente, admitindo decisões que
oportunizam adequar a ação educativa escolar às maneiras peculiares de aprendizagem
dos alunos, considerando que o processo ensino- aprendizagem pressupõe atender à
diversificação de necessidades dos alunos na escola.” Para o estabelecimento de uma
inclusão efetiva para aluno portadores de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento,
seria necessário discutir sobre que “suporte necessário à ação pedagógica” se está
falando, bem como quais seriam as “adaptações curriculares” necessárias. Uma escola
realmente inclusiva, estaria disposta a lidar com a heterogeneidade e com a diversidade.
Elaborar um currículo representa tomar-se decisões sobre os saberes que serão
considerados e transmitidos. Um currículo expressa a visão de mundo e de vida
daqueles que o constroem e utilizam. Pode ser flexível e aberto ou rígido fechado. Um
currículo elaborado para receber pessoas com deficiências precisa pertencer a primeira
categoria. Um currículo inclusivo precisa estar comprometido com a diversidade.
26
Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem toda uma flexibilização na
prática educacional de modo que todos os alunos possam ser atendidos. Tal
flexibilização se daria através das já citadas adaptações curriculares classificadas em não
significativas, também chamadas de pequeno porte, que são modificações realizadas
com certa facilidade no planejamento das atividades (organizativas, relativas aos
objetivos e conteúdos, nos procedimentos didáticos e atividades, na temporalidade e
avaliativas) e as significativas, conhecidas como de grande porte consideradas profundas
(nos objetivos, nos conteúdos, nas metodologias e organização didática, na
temporalidade e avaliativas).
As adaptações curriculares pedagógicas implicam na modificação do
planejamento, objetivos, atividades e formas de avaliação. Essas avaliações indicariam o
movimento das escolas na busca por atender as necessidades especificas dos alunos com
deficiência. Nesse contexto as estratégias de avaliação são tão fundamentais quanto
aquelas consideradas para o ensino.
O primeiro passo para se elaborar as adaptações curriculares é identificar quais
são as necessidades dos alunos incluídos. É de fundamental importância a criação de um
Plano de Inclusão Individual (MITLER, 2003), para o estabelecimento das ações
adaptativas, de modo que o currículo possa ser flexibilizado e desenvolvido de fato no
interior das salas de aula e atividades da escola.
“Não bastam pequenas modificações pontuais que o professor venha a fazer, em termos de métodos e conteúdos. Ao contrário implica, sobretudo, na reorganização do projeto político-pedagógico de cada escola e do sistema escolar como um todo, levando em consideração as adaptações necessárias para a inclusão e participação efetiva de alunos com necessidades especiais, em todas as atividades escolares.” (OLIVEIRA e GLAT,2001)
Conforme anteriormente salientado, as adaptações curriculares podem ser de
grande ou pequeno porte, de acordo com o nível de modificações propostas as estruturas
e ferramentas utilizadas no decorrer do processo de ensino da pessoa com deficiência.
A aprendizagem escolar está diretamente vinculada ao currículo, organizado para
orientar, dentre outros, os diversos níveis de ensino e as ações docentes. O conceito de
currículo é difícil de estabelecer, em face dos diversos ângulos envolvidos.
27
Contém as experiências, bem como a sua planificação no âmbito da escola,
colocada à disposição dos alunos visando a potencializar o seu desenvolvimento
integral, a sua aprendizagem e a capacidade de conviver de forma produtiva e
construtiva na sociedade.
Nessa concepção, o currículo é construído a partir do projeto pedagógico da
escola e viabiliza a sua operacionalização (do PPP),orientando as atividades educativas,
as formas de executá-las e definindo suas finalidades. Assim, pode ser visto como um
guia sugerido sobre o que, quando e como ensinar; o que, como e quando avaliar.
Essas noções de projeto pedagógico da escola e de concepção curricular estão
intimamente ligadas à educação para todos que se almeja conquistar. Em última
instância, viabilizam a sua concretização.
O projeto pedagógico tem um caráter político e cultural e reflete os interesses, as
aspirações, as dúvidas e as expectativas da comunidade escolar. Devem encontrar
reflexo na cultura escolar e na expressão dessa cultura, ou seja, no currículo.
Essas noções de projeto pedagógico da escola e de concepção curricular estão
intimamente ligadas à educação para todos que se almeja conquistar. Em última
instância, viabilizam a sua concretização.
O projeto pedagógico tem um caráter político e cultural e reflete os interesses, as
aspirações, as dúvidas e as expectativas da comunidade escolar. Devem encontrar
reflexo na cultura escolar e na expressão dessa cultura, ou seja, no currículo.
Essa concepção coloca em destaque a adequação curricular como um elemento
dinâmico da educação para todos e a sua viabilização para os alunos com necessidades
educacionais especiais: não se fixar no que de especial possa ter a educação dos alunos,
mas flexibilizar a prática educacional para atender a todos e propiciar seu progresso em
função de suas possibilidades e diferenças individuais.
As adaptações curriculares constituem, pois, possibilidades educacionais de
atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a
adaptação do currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às
peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. Não um novo currículo, mas um
currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que atenda realmente a todos
os educandos.
28
Adaptações Curriculares implicam a planificação pedagógica e a ações docentes
fundamentadas em critérios que definem: o que o aluno deve aprender; como e quando
aprender; que formas de organização do ensino são mais eficientes para o processo de
aprendizagem; como e quando avaliar o aluno.
Ser capaz de uma ação pedagógica criativa que possa solucionar o desafio
colocado por um aluno que não fala diretamente com as pessoas, entretanto demonstra
excelente memória auditiva quando reproduz todos os comerciais da televisão, ou ainda
consiga lidar com um outro aluno que insista em pressionar o globo ocular, parecendo
não estar atento à coisa alguma que se passa ao seu redor. Uma escola capaz de
compreender que os comportamentos exibidos por alunos portadores de TID podem e
devem ser trabalhados no seu interior, não se tratando, portanto, de uma tarefa
impossível. Uma escola que, acima de tudo, considere que possui muito a oferecer a tais
alunos, bem como acredite que a permanência dos mesmos em seu interior trará
benefícios não só para eles como também para toda a comunidade escolar.
Para o estabelecimento dessa educação inclusiva, seria necessário mais que
discutir sobre “o suporte necessário à ação pedagógica” do professor ou promover as
chamadas “adaptações curriculares”. Perrenoud (2000) aponta três tipos de reforma
necessárias à transformação da escola. As de primeiro tipo referem-se as estruturas
escolares (organização do curso); as de segundo tipo modificam os currículos e as de
terceiro tipo atingem diretamente a atuação dos professores:
“Hoje em dia, [...] é preciso atingir as práticas a relação pedagógica, o contrato didático, as culturas profissionais, a colaboração entre professores. [...] afinal de contas, são as práticas profissionais, o trabalho dos professores que se trata de transformar. Os valores, as atitudes, as representações, os conhecimentos, as competências, a identidade e os projetos de uns e de outros são, portanto decisivos”.(PERRENOUD, 2000, p. 160)
As adaptações curriculares, e também as arquitetônicas, de materiais, de
comunicação seriam conseqüência natural de um processo maior de busca de saídas e
soluções para receber as diferentes demandas no seu interior.
Atualmente, existem alunos portadores de autismo frequentando, em sua
maioria, escolas especiais ou classes especiais de condutas típicas, dentro das escolas
29
regulares. Há umas poucas iniciativas de inclusão desses alunos em classes regulares.
Neste último caso, a inclusão tem sido efetivada sob quatro condições: a) o aluno
frequenta a classe regular todos os dias, durante o tempo total da aula; b) o aluno
frequenta a classe regular todos os dias, em horário parcial; b) o aluno frequenta a classe
regular algumas vezes na semana, durante o tempo total da aula; d) o aluno frequenta a
classe regular algumas vezes na semana, em horário parcial. Praticamente na totalidade
dos casos, tais alunos fazem uso de recursos especializados de apoio como escolas de
educação especial, fonoaudiologia, dietas especiais, terapia ocupacional, entre outros.
O psicopedagogo tem um papel fundamental nesse processo trabalhando para
orientar a todos a não focar no problema da criança, rotulando-a, e sim focar em suas
habilidades, pois toda pessoa tem o poder de aprender, independente de suas condições
físicas, mentais ou sociais.
Bossa definiu a psicopedagogia institucional:
“cabe ao psicopedagogo institucional perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo e orientando metodologias de acordo com as características e particularidade dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação.” (BOSSA, 1994, p. 23)
Em virtude disso, o trabalho do Psicopedagogo é tão importante dente da escola
inclusiva, pois é através dele que pais, professores irão ter o suporte para saber como
lidar com cada deficiência e como transformar sua prática, sua avaliação em ferramentas
de aprendizagem, e desse modo garantir a permanência e sucesso desse aluno no
contexto escolar pois, a psicopedagogia institucional está voltada para a intervenção e
prevenção precoce dos insucessos da aprendizagem e essas intervenções são feitas
através de métodos próprios dentro do ambiente da instituição. Além da intervenção, a
psicopedagogia institucional elege a metodologia e forma de intervenção com o objetivo
de facilitar o processo pois o principal objetivo do psicopedagogo é fazer adequações
psicopedagógicas ás necessidades do seu público, e principalmente, ser uma ponte entre
pais, aluno e professores, apoiando em momentos de angústias e inseguranças e
principalmente em dúvidas que surgirá no processo de aprendizagem.
Como reforça Bossa:
30
“no caráter assistencialista, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e as necessidades individuais de aprendizagem da criança, ou da própria imagem” (BOSSA, 1994, P: 23)
Educar um aluno com autismo é constituir uma relação dialógica; uma relação
dialógica que pressupõe um jeito diferente de aprender e um jeito diferente de ensinar
ou seja, mas do que boas intenções, a lei precisa ser vista como um instrumento eficaz,
legítimo e legal para colocar em prática ações que irão superar os obstáculos e as
limitações impostas ao ensino deste aluno.
31
CAPÍTULO Ill
FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ATIVIDADES
ADAPTADAS
Para Perrenoud (2002), a formação, inicial e contínua, embora não seja o único
vetor de uma profissionalização progressiva do ofício de professor, continua sendo um
dos propulsores que permitem elevar o nível de competência dos profissionais.
Sobre o conceito de profissional reflexivo (PERRENOUD,2000), explicita que a
formação e a capacitação dos professores para lidar com alunos com deficiência
incluídos é fundamental, entretanto as instituições e agências formadoras desses
profissionais também precisariam se transformar na busca por perpetrar um outro tipo
de profissionalização, que não se limite à transmissão de informações, mas em levar os
profissionais para, além de conhecer o assunto no qual trabalham, possam também
pensar e analisar suas práticas, com vistas a transformá-las. (SUPLINO, 2006).
Os profissionais têm que buscar constantemente uma melhor formação,
preparação e aperfeiçoamento de seus conhecimentos e buscar sempre a integração da
família, comunidade, área de saúde, psicologia, assistência social, trabalho e justiça. A
formação dos educadores do ensino regular exige conhecimento das práticas de ensino a
serem adotadas em classe tendo em vista as diferentes necessidades e potencialidades
dos alunos. Na maioria das escolas o educador não tem preparação necessária para
receber aluno com necessidade especial. No Brasil a população é atendida por serviços
de ensino especial tendo em vista o despreparo do ensino regular, deixando de cumprir
os direitos da população portadora de necessidades.
Vê-se que, na busca por respostas as questões geradas pela demanda da inclusão,
no que tange ás práticas docentes os professores ainda se apoiam nas teorias tradicionais
de ensino e aprendizagem ,pois não há a consolidação de um arcabouço teórico
específico. Ademais há carências quanto á formação docente. É visível a fragmentação
formativa com diferentes abordagens em diferentes instâncias formadoras.
Como afirma Tardif (2012), o saber dos professores parece estar assentado em
transações constantes entre o que eles são (incluindo as emoções, a cognição, as
expectativas, a história pessoal) e o que fazem .O ser e o fazer aparecem não como dois
32
polos separados, mas como resultados dinâmicos das próprias transações inseridas no
processo de trabalho escolar. Os professores não usam o saber em si, mas saberes
produzidos por esse ou por aquele grupo, oriundos dessa ou daquela instituição,
incorporados ao trabalho por meio de mecanismos sociais.
Tardif acrescenta que os professores em situação precária tem a sua
aprendizagem para o exercício docente mais dificultada,pois esta comporta sempre certa
distância em relação á identidade e á situação profissional de outros professores.
Evidentemente, os docentes antes de se formarem já receberam influências
comportamentais nas salas de aula e nas escolas que frequentaram quando discente, pois
o professor de hoje foi o aluno de ontem."Ora, tal imersão é necessariamente formadora
pois leva os futuros professores a adquirirem crenças, representações e certezas sobre a
prática do ofício de professor, bem como sobre o que é ser aluno" (TARDIF, 2012 p.20)
Naturalmente, trazemos as impressões dos tempos de aluno quando iniciamos
nosso trabalho docente. Isso se torna mais evidente e crítico no campo da inclusão, pois
em tempos passados, raro era haver em uma sala de aula da escola regular algum aluno
com necessidades educacionais especiais.
Fica a impressão de que o processo de inclusão escolar é um processo estranho,
não familiar. Isto influencia grandemente as representações sociais dos professores
acerca do exercício pedagógico.
Os saberes dos professores não provêm de uma fonte única, mas têm diferentes
origens. Partem de sua história pessoal e social,l da sua subjetividade, dos seus grupos
de pertença, das suas crenças, da família, da mídia, da cultura e de tantas outras fontes.A
questão é descobrir como os docentes amalgamam esses conhecimentos.
Certamente existem conflitos e contradições para a predominância de um ou
outro saber, principalmente o saber pedagógico.
Tardif ressalta que, até agora, a formação para o magistério esteve dominada,
sobretudo pelos conhecimentos disciplinares, produzidos em uma redoma de vidro, sem
nenhuma conexão com a ação professional, devendo ser aplicado, todavia, na
prática.Para o autor essa visão disciplinar não tem mais sentido hoje, não somente no
campo do ensino, mas também nos demais setores profissionais. O espaço de prática do
professor torna-se um espaço onde ele procura aplicar saberes distantes de seu cotidiano,
33
porém, como assinala Tardif, os saberes originários da experiência cotidiana de trabalho
parecem constituir o alicerce da prática e da competência profissional, pois essa
experiência é para o professor a condição para a aquisição e produção de seus próprios
saberes profissionais.
Os professores não colocam todos os saberes em pé de igualdade, mas tendem a
hierarquizá- los, em razão de sua utilidade no ensino. Assim, os saberes construídos
pela prática tornam- se os mais importantes, ainda que não possuam fundamentos
teóricos e que tenham origem no senso comum ou em representações de grupos sociais
Dessa forma, muitos trabalhos na educação de estudantes com espectro autista
têm sido instituídos. Também é notória uma aparência fabril na articulação desses
saberes. É possível constatar essa concepção que se estratificou na história, pois a escola
foi pensada de certa maneira como uma fábrica, como instituição que se estabeleceu
pelas influências da Revolução industrial.
Assim, os caminhos pedagógicos que hoje surgem para traçar as veredas da
inclusão podem ter origem no antigo, “exatamente porque o antigo é reutilizado
constantemente por meio dos processos de aprendizagem”(TARDIF, 2012 p.36).
Mas, os saberes antigos não estão sozinhos. Eles se incorporam aos diferentes
saberes que permeiam as práticas escolares, como por exemplo: saberes ideológicos,
que impregnam a formação docente, produzidos em grande parte pelas ciências da
educação; saberes curriculares, que são incorporados ao trabalho do professor pelas
instituições educacionais; saberes experienciais que são produzidos e desenvolvidos
pelo próprio grupo de professores.
Por isso nota se que há um grande movimento nas políticas públicas com vistas a
sobrepujar os problemas da formação e do trabalho docente. Mas, este movimento gera
outras perguntas, pois está articulado em múltiplos braços de ação. Onde deve ser
formado o professor?Como? Com quais conteúdos? Para que devemos formá-lo? São
perguntas que tem demandado distintas respostas.
Como resultado, a formação do professor tem sido extremamente diferenciada e
fragmentada. Há professores federais, estaduais e municipais; professores concursados e
não concursados; professores urbanos e rurais; professores das redes públicas e
particulares; das redes patronais profissionais e professores titulados e sem
34
titulação.(SCHEIBE,2010).
Em decorrência as dificuldades e os embates continuam sendo inúmeros. É
preciso dar continuidade ás ações, corrigindo os percursos e fomentando novas
iniciativas com base na dinâmica social e no trabalho em sala de aula.
Gatti (2010), corrobora o imperativo de uma verdadeira revolução nas estruturas
institucionais e nos currículos da formação, devido á fragmentação formativa, sendo
preciso integrar essa formação em currículos articulados e voltados para a experiência
cotidiana. Para ela, a formação de professores não pode ser pensada a partir das Ciências
e seus diversos campos disciplinares, como adendo destas áreas, mas a partir da função
social própria a escolarização, isto é, ensinar as novas gerações o conhecimento
acumulado e consolidar valores e práticas coerentes com nossa vida civil.
A formação de professores profissionais para a educação básica tem de partir de
seu campo de prática. A pouca literatura pedagógica ligada á prática na educação
especial também contribui para o estado das coisas . A maior parte da produção
acadêmica vem da área médica. O professor fica sem suporte específico para o trabalho
docente.
O aluno da educação especial precisa dispor de uma série de condições
educativas em um ambiente expressamente preparado com metodologia,literatura e
materiais. Consequentemente, há na prática docente dificuldades para a elaboração de
atividades diante da necessidade desses educandos.
Ademais, as impressões históricas do atendimento a pessoas com autismo
remetem-nos aos estigmas existentes na educação, ainda carregada de preconceitos.
Com efeito, o preconceito também trouxe as dificuldades para ensinar, criando barreiras
e indiferenças. O aluno que é compreendido pela ciência, nem sempre é compreendido e
ensinado pela escolar. Ainda assim, como já falamos, nota-se um grande movimento
nas políticas públicas de educação
Porém, as políticas necessitam de apoio dos governos para terem sucesso. Em
decorrência da formação fragmentada, apontada neste texto, e com base nos autores aqui
mencionados, podemos dizer que é emergencial a adoção de ações articuladas entre as
diferentes instâncias de formação para a docência, com qualidade e dentro do seu campo
de prática. No ensino do aluno com o espectro autista, não há metodologias ou técnicas
35
salvadoras.Há sim, grandes possibilidades de aprendizagem, considerando a função
social e construtivista da escolar. Entretanto, o ensino não precisa estar centrado nas
funções formais e nos limites preestabelecidos pelo currículo escolar. Afinal, a escola
necessita se relacionar com a realidade do educando. Nessa relação, quem primeiro
aprende é o professor e quem primeiro ensina é o aluno.
Para planejar atividades para o desenvolvimento cognitivo será pertinente o
professor observar os seguintes aspectos:
-Conhecer seu aluno, seus afetos, seus interesses. Isso possibilitará a instituição de
exercícios e atividades que ajudarão a canalizar sua atenção.
-Propor atividades que facam sentido para o aluno; -Propor atividades que estimulem a classificação, a associação e a generalização da palavra; -Propor tarefas que explorem ações verbais e cognitivas; Estimular o aluno a pensar a
palavra antes de dizê-la ou escrevê-la;
-Privilegiar trabalhos curtos, realizando uma tarefa por vez;
--Oferecer sempre ao aluno o retorno positivo sobre seu desempenho, para mantê-lo
focado na atividade escolar;
-Estimular a comunicação;
-Cooperar nas suas atividades;
-Trabalhar em consonância com a familía;
-Permitir que o aluno dê sugestões;
-Utilizar tecnologias que despertem o interesse e medeiem a comunicação;
36
-Evitar tarefas monótonas e repetitivas;
-Evitar tarefas extremamente longas;
-Compartilhar tarefas e estimular trabalhos em grupo;
Desenvolvimento matemático: O aluno reconhece as operações matemáticas?Çonhece
os numerais?Consegue sequência-los? Faz operações mentais complexas ou simples?
Utiliza- se sempre do concreto?
O professor poderá estabelecer atividades observando os seguintes critérios:
-Usar linguagem objetiva;
-Utilizar o concreto e o lúdico;
-Utilizar a abordagem sensoriais (estímulo visual, auditivo e cinestésico);
-Explorar o cotidiano;
-Utilizar jogos;
-Propor atividades que estimulem o pensamento lógico;
-Evitar atividades muito longas;
-Propor tarefas pequenas, mesmo que sejam diversas;
-Adaptar currículo, provas e avaliações;
-Incentivar sempre o aluno;
-Privilegiar os vínculos afetivos;
-Privilegiar as habilidades;
Poderá estimular a independência e autonomia diária do aluno, por meio de
atividades, jogos ou brinquedos que representem e exercitem os seguintes aspectos da
vida cotidiana:
-Arrumação e manutenção na vida familiar;
37
-Atitudes e responsabilidades;
-Cuidados pessoais, autonomia e segurança;
-Cuidados com objetos, animais, plantas;
-Atividades típicas do lar;
-Independência e autonomia nas refeições;
-Autonomia na resolução dos deveres de casa oriundos da escolar;
-Interação social e participação na comunidade onde o aluno reside;
Além disso, as práticas de ensino poderão:
-Relacionar-se com artes, esportes, jogos coletivos e individuais;
-Estimular a coordenação ampla e fina, a lateralidade, o esquema corporal, o espaço e
tempo, os canais sensoriais, a comunicação oral e escrita, o vocabulário, as formas
gramaticais e a linguagem gestual;
-Trabalhar a compreensão matemática, a contagem, os sequenciamentos, a medição, as
comparações, os pareamentos e promover o contato sensorial com distintos materiais e
formas.
Com base nessas sugestões, o professor poderá planejar ações que promovam habilidade
ou áreas da aprendizagem. Poderá fazer um plano de ensino, coletando informações e
avaliando seu aluno. Sintetizando temos as seguintes orientações para o exercício
docente em cada atividade proposta:
-Penetrar nos afetos do aprendente;
-Concentrar se no contato visual;
-Trazer sempre o olhar do aluno para as atividades que ele está fazendo;
-Entreter-se com as suas brincadeiras;
-Procurar sempre enriquecer a comunicação;
-Mostrar a cada palavra uma ação e a cada ação uma palavra;
-Tornar hábitos cotidianos agradáveis;
-Fazer tudo com serenidade, mas com voz clara e firme; -Executar uma atividade de
cada vez;
-Trabalhar a função simbólica por meio de livros, contação de histórias, música, artes e
outros canais sensoriais;
-Privilegiar os vínculos afetivos;
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-Corrigir ensinando e não reprimindo;
-Disciplinar a atividade e não imobilizar o estudante; -Estimular uma boa alimentação;
-Não se alterar diante de comportamentos disruptivos, mas redirecionar a atenção e a
ação do aluno; falar baixo, manter o mesmo tom de voz e o contato visual.
Áreas da aprendizagem trabalhadas:
-Memória, concentração e equilíbrio: em atividades que estimulem a organização do
material de trabalho; -Socialização direitos e deveres: em exercícios que trabalhem
limites e vida prática;
-Organização do pensamento e da linguagem: na ordem de execução das atividades;
-Aprendizagem global: em atividades que tragam objetivos pedagógicos diretos e
indiretos;
-A internalização do papel de aprendente no aluno: em atividades que valorizem a
escola e os seus atores;
-Socialização, alteridade, afetividade e inclusão: em atividades com a participação do
grupo discente, em atividades de vida prática e durante as refeições com demais alunos.
Pode-se planejar o trabalho, conforme a seguir:
-Atividade para comunicação, cognição e linguagem: livros, jogos coletivos,
pareamento do concreto com o simbólico, música, desenho, pintura, jogos e atividades
que utilizem novas tecnologias digitais e estimulem o raciocínio lógico;
-Atividades para desenvolvimento matemático: blocos lógicos, pareamento do concreto
com o simbólico, encaixes geometricos, jogos e atividades que utilizem novas
tecnologias digitais, atividades com temas do cotidiano e que estimulem o raciocínio
39
lógico-matemático;
-Atividade para desenvolvimento motor: exercícios que trabalhem as funções motoras e
sensoriais, encaixes diversos, colagem, recorte, atividades físicas, atividades com
músicas e de vida prática;
-Atividades para socialização: atividades esportivas individuais e coletivas; atividades
pedagógicas em que o aluno possa compartilhar com a turma o seu saber; atividades que
possam ser realizados por todos os alunos;
-Atividades para desenvolvimento do foco de atenção: atividades e pesquisas em
distintas áreas do conhecimento sobre temas que o educando tem interesse; atividades
com novas tecnologias digitais, recortes diversos com tesoura, música, artes, desenho,
pintura e vida prática.
CARACTERÍSTICAS DE UM PROFESSOR INCLUSIVO
CRIATIVIDADE
“A criatividade não é um dom como muitas pessoas afirmam. Ela existe, em
maior ou menor intensidade em cada pessoa e possibilita estabelecer relações entre os
aspectos isolados da informação, do material e da experiência que antes estavam
correlacionados de outro modo ou segundo outros padrões.” (VIANA, 2003) .
REFLEXIVIDADE
As ideias de Perrenoud (2001) sobre o professor reflexivo podem trazer uma
contribuição na presente reflexão. Para esse autor, ser reflexivo significa tomar
consciência, ter acesso aos esquemas que nos levam a agir de uma certa maneira no
cotidiano. Perrenoud assinala que uma das funções de uma prática reflexiva é levar o
40
profissional, na medida em que percebe que seus esquemas são inadequados, a fazê-los
evoluir, modificá-los.
Todos estes aspectos discutidos podem não estar presentes nas pessoas, mas certamente
podem se desenvolver, podem ser construídos, podem se estabelecer. O que garante isto
é que cada professor, disposto a desenvolver estas características, tenha uma atitude
realmente promissora: que se permita incluir-se, que se permita viver experiências de
inclusão, descobrindo o valor e a riqueza de manter-se em permanente estado de relação
positiva com seus pares, com sua equipe de trabalho, com seus orientadores e
coordenadores para que possam alcançar os objetivos almejados.
41
CONCLUSÃO
Pode-se considerar, portanto, que o sucesso da inclusão escolar vai depender, em
grande medida, do trabalho pedagógico do professor da classe comum, pois este deve
ser qualificado para responder as necessidades diferenciadas de seus alunos, para propor
situações de ensino aprendizagem satisfatória para todos:
Uma política de formação de professores é um dos pilares para a construção da
inclusão escolar, pois a mudança requer um potencial instalado, em termos de recursos
humanos, em condições de trabalho para que possa ser posta em prática. (MENDES,
2004, p. 227)
As práticas pedagógicas advindas da política da inclusão escolar, inclusive as
práticas pedagógicas dos professores de classe comum com alunos com necessidades
educacionais especiais, são ainda recentes no nosso país. Neste sentido, é interessante
que estas práticas possam ser avaliadas e monitoras, para que possamos socializar
indicadores de sucesso e também os problemas encontrados.
Em relação as propostas governamentais, muito ainda deve ser feito na formação
e preparação dos professores para uma educação inclusiva que traga resultado no
trabalho pedagógico.
Apesar das resistências legítimas ou preconceituosas, a educação inclusiva visa
resgatar valores sociais condizentes com a igualdade de direitos e oportunidades para
todos.Não basta simplesmente a promulgação de leis que obriguem a matrícula nas
escolas de rede pública, nem a criação de cursos de capacitação dos educadores, mas
sim de um programa de capacitação e acompanhamento contínuo, orientando o trabalho
docente e diminuindo a exclusão escolar, beneficiando de forma geral a educação
escolar tendo a participação de um psicopedagogo na equipe que, com sua formação,
atuará como facilitador destas relações e contribuirá para o desenvolvimento da equipe.
Participar de grupos, ter um trabalho menos solitário, aceitar e oferecer, isto é,
trocar idéias, recursos, experiências, sugestões, construir a possibilidade de nos
sentirmos incluídos, de vivermos novas experiências de inclusão pessoal. E, assim, abrir
caminhos e criar formas de atuação que garantam a inclusão do outro, de tantos outros
que se encontram em situação de exclusão.
42
BIBLIOGRAFIAS
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