universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · história da educação moderna. 2. ed. porto...

56
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA Por: Rita de Cássia Fraga Coelho de Moura Orientador Prof. Mary Sue Rio de Janeiro 2008

Upload: duongnguyet

Post on 11-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Por: Rita de Cássia Fraga Coelho de Moura

Orientador

Prof. Mary Sue

Rio de Janeiro

2008

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Educação

Infantil e Desenvolvimento

Por: . Rita de Cássia Fraga Coelho de Moura

3

AGRADECIMENTOS

.... Agradeço a Deus e a todos que

acreditaram chegar aqui era possível.

Mesmo quando nem eu tinha essa

certeza.

4

DEDICATÓRIA

..... Dedico este trabalho a todos que

sempre estiveram do meu lado nos

momentos mais difíceis desta longa

jornada. Eles sabem que os devo toda a

minha gratidão.

5

RESUMO

Qual a importância da Educação Infantil no desenvolvimento da

criança? Até os seis anos de idade o ser humano atinge cerca de 80% do seu

desenvolvimento bio-psico-social, a falta de atendimento adequado nesta fase

provoca danos irreversíveis na maturação da criança.

Das experiências que a criança traz para a escola é importante

proporcionar atividades que vão estimular seu desenvolvimento pleno. O papel

do professor é oferecer oportunidades!!! É por isso que o educador deve estar

preparado para cuidar e educar, e gostar de crianças! O educador deve

conhecer como se dá o desenvolvimento infantil e deve, também, refletir sobre

a sua própria prática.

Cabe a Educação Infantil, por meios de seus profissionais,

embasados em teorias e práticas de vivência escolar, oferecer ao mesmo

tempo afeto e educação de qualidade desde os primeiros anos de vida para a

formação futura de cidadãos reflexivos e prontos para atuarem na sociedade

em que vivem. Posto que, as crianças aprendem de forma ativa mediante a

relação com as pessoas, os objetos, o ambiente, outros bebês e outras

crianças.

Segundo Carlos Drumond de Andrade: “Brincar não é perder tempo,

é ganhá-lo”. Brincar é um componente crucial do desenvolvimento da criança.

Educação Infantil: O que se quer? O que se quer é, a partir da

realidade de cada turma, promover o desenvolvimento infantil e a aquisição

gradativa de conhecimentos sistematizados, contribuindo para a formação de

uma cidadania plena. É na Educação Infantil que a criança tem oportunidade

de conviver com adultos e crianças, conhecer e aprender a respeitar regras

diferentes daquelas que aprendeu com sua família, aprender a compartilhar,

preparar-se para a alfabetização.

6

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica,exploratória e descritiva.

Esta pesquisa estará fundamentada em livros, revistas científicas e sites da

internet.

O desenvolvimento do trabalho terá como base as teorias que

fornecerão a orientação geral da pesquisa. Teorias estas de educadores

como: Piaget, Wallon e Vygotsky e outros educadores.

Sendo que o foco da pesquisa será: Vygotsky, Piaget e Wallon.

A bibliografia básica inicial.

1) Charles, C.M. Piaget ao Alcance dos Professores. Rio de Janeiro,

Ao Livro Técnico, 1975.

2) Eby, Frederick. História da Educação Moderna. 2. Ed. Porto

Alegre, Globo, 1976.

3) LUZURIAGA, Lorenzo. História da Educação e da Pedagogia. 2.

Ed.São Paulo, Editora Nacional, 1963.

Após a leitura de livros, da bibliografia, foi feita uma seleção dos

textos livros de relevância para a feitura da produção da monografia.

Os textos escolhidos foram fichados, assim como as citações que

fazem parte da monografia.

A partir disso foi feita a parte escrita na qual foram sendo

encaixadas as citações, de acordo com o objeto de estudo.

O Curso de pós-graduação em Educação Infantil e

Desenvolvimento, no Projeto A vez do Mestre, foi na sua totalidade de grande

7

valia para a feitura da produção da monografia, e foi objeto de observação e

estudo.

8

SUMÁRIO

Introdução .............................................................................. 09

Capítulo I ................................................................................ 13

Um Pouco de História da Educação

Capítulo II ............................................................................... 24

Piaget e os Estágios de Desenvolvimento da Criança

Capítulo III .............................................................................. 31

A Educação Pré Escolar

Capítulo IV .............................................................................. 40

Vygotsky, Piaget e Wallon

Conclusão .............................................................................. 50

Bibliografia ............................................................................. 52

Atividades Culturais .............................................................. 54

Índice ...................................................................................... 55

Folha de Avaliação ................................................................ 56

9

INTRODUÇÃO

A atividade pedagógica é sempre formadora e há a crença de que o

homem é passível de ser modificado. A formação que uma sociedade

dispensa a seus educadores e suas crianças revela sua maturidade e a

confiança que deposita em seu próprio futuro.

A melhor maneira de compreender uma criança é conversar com

ela, achegar-se a ela, ouvindo-a,aceitando-a, acreditando no seu potencial e

oferecendo-lhe uma estimulação que vá ao encontro das suas necessidades.

Será nessa relação de reciprocidade que a criança nos ouvirá e captará nossa

intenção de favorecer o seu desenvolvimento.

“A educação é um “que-fazer” humano; que ocorre no tempo e

espaço, nas relações dos homens entre si.”

Paulo Freire

.

Qual a importância da educação infantil para o desenvolvimento da

criança como um ser biopsicossocial?

A opção didática se subordina aos fins da educação visados pelas

pessoas, grupos e instituições. É preciso reflitir sobre esta questão!

O pensamento é algo tão valioso que precisa ser cultivado e

estimulado desde muito cedo para que o indivíduo, gradativa e livremente,

construa a sua autonomia a partir de uma consciência crítica.

10

A criança,ser essencialmente ativo, precisa também desfrutar

oportunidades de manusear, explorar, observar, identificar, enumerar,

comparar, classificar e analisar objetos e siyuações do mundo que a cerca, de

modo que vá, gradativamente e no seu próprio ritmo, se situando no mundo da

natureza e da cultura.

A educação infantil será um recurso precioso, complementando a

ação desenvolvida pela família ou instituições que se encarreguem de prestar

serviços educacionais à criança, para a sua formação integral, nos aspectos

intelectual, afetivo-social e psicomotor.

Os pais encontram escolas onde deixar seus filhos enquanto

trabalham, podem eles estar convencidos de que o potencial das crianças está

sendo plenamente desenvolvido? Ou a instituição simplesmente as guarda?

Os primeiros anos de vida da criança são fundamentais para o

desenvolvimento posterior da criança, compreende-se o valor e a necessidade

da educação infantil de boa qualidade.

As famílias precisam contar com creches e pré-escolas onde

possam deixar os filhos com tranqüilidade e certas de que lhes estarão

prestados serviços educacionais de boa qualidade.

Desde que a criança nasce dispõe de esquemas que lhe permitem

adaptar-se aos desafios do mundo exterior.

Se a criança tiver oportunidades adequadas para aprender, adquirirá

novas habilidades e será capaz de lidar com tarefas cada vez mais complexas,

mas os progressos dependerão das atitudes e das formas adotadas pelos pais

para a educação dos filhos.

11

Dessa forma, os adultos desempenham um papel importantíssimo

no desenvolvimento da criança neste período, sejam eles seus pais,

educadores ou outras pessoas que cuidem dela, em casa ou em instituições

de ensino.

É preciso enfatizar que a aquisição de experiência social não implica

apenas a acumulação de conceitos e técnicas, mas também o

desenvolvimento de certos traços de personalidade. É errado pensar que os

adultos exercem influência unilateral sobre a consciência da criança.

A atividade da criança é de decisiva importância; sem ela nada é

realizado. Sua natureza varia à medida que a criança se desenvolve.

“(...) A criança necessita passar por um certo número de fases

caracterizadas por idéias que adiante irá considerar erradas, mas que

parecem ser necessárias para o encaminhamento às soluções finais

corretas”.

Piaget

A criança apresenta progressos marcantes na sua trajetória de

desenvolvimento. É muito importante que a criança se sinta aceita e amada e

que vá, gradativamente, construindo os limites daquilo que pode e que não

pode fazer; ao adulto, cabe orientar a criança, desde pequena a ir pouco a

pouco pensando acerca dos porquês de certos comportamentos não serem

aceitos. Afeto, medo, raiva, curiosidade e alegria são sentimentos

experenciados pela criança pequena quase que simultaneamente, e é

importante que ela os expresse. Aos poucos ela irá aprendendo a se conhecer

e a avaliar as suas próprias reações.

12

A convivência com outras crianças, sob a orientação do educador

que com elas troca experiências, poderá estimular a emergência de

comportamentos cooperativos e honestos, sempre levando-se em conta as

possibilidades infantis, considerando o estágio de desenvolvimento em que a

criança se encontra.

O tipo de educação recebida pela criança durante a fase pré-escolar

exerce influência decisiva em seu rendimento escolar e determina, até certo

ponto, suas realizações futuras nos diversos setores da produção, da atividade

científica e artística, sua posição na sociedade e de felicidade pessoal”.

A educação pré-escolar tem um caráter preventivo. A literatura

especializada é farta em exemplos e afirmações que comprovam que os

primeiros anos de vida são de fundamental importância ao desenvolvimento do

indivíduo.

13

CAPÍTULO I

Um Pouco de História da Educação

“A educação existe mesmo onde não há escolas. Nas

sociedades chamadas primitivas e de povos considerados “bárbaros”,

por exemplo, não existem escolas nem métodos de educação. No

entanto, existe educação, cujo objetivo é promover o ajustamento da

criança ao seu ambiente físico e social por meio da aquisição da

experiência de gerações passadas.”

Paul Monroe

Uma das formas pelas quais a criança adquire os conhecimentos

necessários entre os povos primitivos é a imitação. Nos primeiros anos de vida

a imitação é incosciente. As crianças brincam com pequenas reproduções dos

instrumentos utilizados pelos adultos. Com uma tora na água, por exemplo,

aprendem a equilibrar-se e remar. Assim, mais tarde, saberão manejar uma

canoa. As meninas, brincam de preparar a comida. Numa segunda etapa a

imitação torna-se consciente. As crianças participam das atividades dos

adultos e aprendem por imitação. Essa segunda etapa tem início quando se

começa a exigir trabalho da criança. Ela vai aprendendo, pouco a pouco, as

diversas ocupações da tribo: construção de utensílios; a pesca e a caça,

guarda do gado, trabalhos agrícolas.

A Grécia é considerada o berço da civilização ocidental, da qual nós

fazemos parte e cuja cultura assimilamos desde o nascimento.

Como resultado dessa característica da educação grega surgiu um

novo conceito de educação que ainda hoje é denominada liberal.

14

Entretanto, não podemos esquecer que esse novo conceito de

educação refere-se aos cidadãos livres da Grécia Antiga, que podiam tirar

proveito da sua liberdade, ao mesmo tempo em que cerca de 90% da

população viviam como escravos.

Já no século Ix a.C. Licurgo organizou o Estado e a educação em

Esparta, uma das cidades gregas.

Licurgo percebeu a importância do Estado nos assuntos

educacionais.

Até os sete anos de idade o menino ficava sob os cuidados diretos

de sua mãe, de quem recebia um treino rigoroso. Depois era tirado do lar e

colocado em casernas públicas custeadas pelo Estado. Nessas casernas os

meninos comiam em mesas comuns, ajudavam no fornecimento do alimento

necessário, caçavam os animais selvagens e participavam de danças corais.

Todo o resto do seu tempo era gasto com exercícios de ginástica, que

costituíam o elemento principal de sua educação.

A educação grega em Atenas, outra das grandes cidades gregas,

tinha pouco em comum com a educação de Esparta.

“(...) Em Atenas, os pais tinham a obrigação de cuidar que seus

filhos se preparassem eficazmente para a vida, mas dentro de um

ambiente de liberdade. Trata-se de um Estado de cultura, de uma

organização política atenta sempre ao desenvolvimento harmônico da

personalidade. (...) De outro lado, a própria vocação cultural de Atenas,

tão permeável à revolução da ciência e da Filosofia ocorrida no século vI

a.C., e que de modo tão natural elevou o nível intelectual de seus

cidadãos, convertendo-a no centro da cultura helênica, “a escola de todaa

Grécia”, como disse Tucídedes. A partir disso foi adquirindo forma o que

15

mais tarde veio chamar-se o aticismo, isto é, o gosto elegante e

equilibrado em todas as atividades humanas.”

Larroyo

Em Atenas a educação da criança, durante os primeiros sete anos,

estava inteiramente a cargo da família. A educação na família, no entanto, não

tinha um caráter tão elevado quanto em Esparta. Em Atenas, geralmente a

criança era entregue aos cuidados de amas e escravos, enquanto as mães

espartanas eram famosas em toda a Grécia pelo elevado nível do treino físico

e moral que davam as crianças.

O menino ateniense, mal deixava os cuidados com a ama, era

entregue aos cuidados de um pedagogo. Os pedagogos eram escravos ou

servos a quem os atenienses confiavam as crianças. A palavra pedagogo ( de

pais, paidós = criança; agein = conduzir) designa em sua origem o condutor de

meninos; por isso eram chamados de pedagogos os escravos encarregados de

guiar as crianças à escola.

Em relação à organização escolar, Comenius fez uma proposta que

só seria posta em prática dois séculos depois: trata-se da escola da infância

ou escola maternal.

A educação de um a cinco anos: Rousseau condena as restrições a

que a criança geralmente era submetida nesse período: o excesso e o aperto

das roupas, a falta de liberdade, a vida fechada, a repressão às inclinações e

aos desejos naturais, a punição antes que a criança consiga entender o erro e

o motivo da punição. A liberdade segundo a natureza, que tornará a criança

forte, implicará um corpo obidiente e protegido contra o vício.

“As principais contribuições de Rousseau, que influenciaram

toda a educação posterior, foram quatro: a educação natural, a educação

16

como processo, a simplificação do processo educativo e a importância da

criança.”

Paul Monroe

A educação natural: A educação deve respeitar o desenvolvimento

natural da criança. “Aconteça o que acontecer, abandonai tudo que torne

penosa a tarefa da criança, porque só é de importância que ela nada faça

contra a sua vontade e não que aprenda muito”.

A educação como processo: A educação é um processo contínuo,

que dura toda a vida. Por isso não se deve forçar a criança a aprender coisas

de adulto, que ela ainda não tem condições de aprender.

A simplificação do processo educativo: A educação deve ser tão

simples quanto é simples a natureza: que a Geografia seja aprendida nos

bosques e nos campos, pelo estudo dos rios, da chuva, da mudança da

temperatura; que a Botânica seja estudada em contato com as plantas; etc.

Só a História seria estudada por meio da leitura e, por isso, ficaria para o

último período do desenvolvimento. Em geral, nunca substituir a coisa pela

representação, salvo quando é impossível mostrar coisa, porque a

representação absorve a atenção da criança e a faz esquecer a coisa

representada.

A importância da criança: Até Rousseau a criança era considerada

um pequeno adulto, um adulto em miniatura, a ser tratada por padrões adultos,

vestindo-se com roupas de adultos, aprendendo coisas de adultos. Rousseau

foi praticamente o primeiro a considerar a criança como criança, com

sentimentos, desejos e idéias próprias, diferentes dos do adulto. Foi o

percussor da psicologia do desenvolvimento, ao dar atenção às diversas fases

do desenvolvimento da criança e ao defender uma educação diferente para

cada fase, cujo processo seria determinado pela natureza da criança e do seu

crescimento.

17

A partir de Rousseau começou a intensificar-se a tendência

psicológica na educação, a tendência a ver a educação a partir da criança, da

sua natureza, dos seus instintos, das suas capacidades e tendências, em

oposição aos padrões e normas impostos pela sociedade. Tal tendência

desenvolveu-se de forma acentuada durante o século xIx, principalmente com

os movimentos de Pestalozzi, Herbart e Froebel. Muitas idéias propostas por

Rousseau também influenciaram o movimento da educação nova e são

discutidas até hoje, já que, em muitos aspectos, ainda estamos tentando

realizar essas propostas.

Novas idéias acerca da educação, influenciadas pelas propostas de

Rousseau, surgiram durante o século xIx, principalmente a partir do trabalho de

Pestalozzi, Herbart e Froebel.

Alguns dos princípios gerais dos métodos propostos por Pestalozzi

foram:

1. A observação ou percepção sensorial (intuição) é a

base da instrução.

2. A linguagem deve estar sempre ligada à observação

( intuição), ou seja, ao objeto ou conteúdo.

3. A época de aprender não é época de julgamento e

crítica.

4. O ensino deve começar pelos elementos mais

simples e proceder gradualmente de acordo com o

desenvolvimento da criança, ou seja, em ordem

psicológica.

5. Tempo suficiente deve ser consagrado a cada ponto

do ensino, a fim de assegurar o domínio completo

dele pelo aluno.

6. O ensino deve ter por alvo o desenvolvimento e não

a exposição dogmática.

7. O mestre deve respeitar a individualidade do aluno.

18

8. O fim principal do ensino elementar não é ministrar

conhecimentos e talento ao aluno, mas sim

desenvolver e aumentar os poderes da sua

inteligência.

9. O saber deve corresponder ao poder e a

aprendizagem à conquista de técnicas.

10. As relações entre professor e aluno, especialmente

em disciplina, devem ser baseadas e reguladas pelo

amor.

11. A instrução deve estar subordinada ao fim mais

elevado da educação.

Pestalozzi encarava a educação, a ser promovida naturalmente

segundo o desenvolvimento das crianças, como o principal meio de reforma

social. Para ele a educação consistia no desenvolvimento moral, mental e

físico da natureza da criança, permitindo ao povo a superação de sua

ignorância, imundície e miséria.

Para Herbart, a instrução como mera informação não é educação.

Só é educativa a instrução que modifica os grupos de idéias já possídas pelo

espírito, levando-as a formar uma nova unidade ou uma série de unidades

harmoniosas, que determinam a conduta. A educação só é possível na

medida em que desperta o interesse dos alunos pelas matérias escolares. E

esse interesse só pode ser despertado pela seleção adequada dos conteúdos

de instrução e pela utilização de métodos condizentes com o desenvolvimento

psicológico do aluno.

“ A escola, para Froebel, é o lugar onde a criança deve

aprender as coisas importantes da vida, os elementos essenciais da

verdade, da justiça, da personalidade livre, da responsabilidade, da

19

iniciativa, das relações casuais e outras semelhantes, não as estudando,

mas vivendo-as.”

Paul Monroe

Para que tal vivência ocorra, Froebel considera de muita importância

o brinquedo, o trabalho manual e o estudo da natureza, enquanto processos

espontâneos na criança e, ao mesmo tempo, meios educativos.

Partindo dos interesses e tendências inatos da criança para a ação,

o jardim de infância deve ajudar os alunpos a expressarem-se e a

desenvolverem-se baseando-se na auto-atividade. A aquisição de

conhecimentos está em segundo plano, subordinado ao crescimento através

da atividade.

O gesto, o canto e a linguagem são formas de expressão de

sentimentos e idéias apropriados à educação infantil. A história contada pela

professora, por exemplo, deve ser expressa pela criança não somente na sua

própria linguagem, mas por meio de canções, representações, figuras ou

construção de objetos simples com papel, barro ou outro material adequado.

Avanços tecnológicos, guerras e revoluções marcaram o início do

século xx. Numerosos educadores procuram introduzir idéias e técnicas que

tornem o processo educativo mais eficiente e mais realizador para o ser

humano. É quando nasce o movimento da educação nova ou da escola nova.

A escola viu-se também colocada no centro de um vasto movimento

de idéias e de propostas de reforma, visando a torná-la mais adequada aos

novos tempos e às novas realidades.

O aluno só aprende na medida em que aquilo que é ensinado é

significativo para ele, é compreendido como capaz de satisfazer suas

necessidades. Dessa forma, passa-se a entender que todos os programas de

ensino devem ter as necessidades dos alunos, no contexto do mundo em que

20

vivem, como ponto de partida para que sejam alcançados os objetivos

educacionais mais gerais.

O aluno aprende de forma mais rápida e duradoura quando aprende

fazendo.

O aluno deveria deixar de ser um simples ouvinte passivo que, na

prova, se limitaria a repetir o que o professor dissera. O aluno deveria ter uma

participação ativa. Construindo, assim, ele próprio o conhecimento. O

professor seria um auxiliar, um orientador e não um mero transmissor de

conhecimentos prontos.

O processo educativo tem dois aspectos: um psicológico, que

consiste na exteriorização das potencialidades do indivíduo, e outro social, que

consiste em preparar o indivíduo para tarefas que desempenhará na

sociedade.

A escola deve representar uma vida que seja tão real para a criança

quanto aquela que vive em casa, na rua, no campo de futebol, etc.

A disciplina escolar deve surgir da vida da escola entendida como

um todo e não diretamente do professor.

Para Kilpatrick são quatro os grupos de projetos indicados:

1. Projetos de produção.

2. Projetos de consumo ( nos quais se aprende a utilizar algo

já pronto).

3. Projetos para resolver um problema.

4. Projetos para aperfeiçoar uma técnica de aprendizagem.

21

Um bom projeto didático apresenta quatro características: atividade

motivada; plano de trabalho; de preferência manual; diversidade globalizada de

ensino; e ambiente natural.

Decroly se preocupou com o aspecto da globalização do ensino, isto

é, com o processo que integra toda a aprendizagem em certa unidade da

experiência infantil.

As unidades de globalização, a que ele chama de “centros de

interesse”, devem ser determinadas de acordo com as necessidades

primordiais da criança – alimentação, respiração, asseio, proteção contra as

intempéries e os perigos, jogo e trabalho – e todas as atividades escolares, em

todas as matérias, devem girar em torno de tais centros.

Esses centros são os seguintes: a criança e a família; a criança e a

escola; a criança e o mundo animal; a criança e o mundo vegetal; a criança e o

mundo geográfico; a criança e o universo. Em relação a cada um desses

interesses, seguem-se três etapas de aprendizagem: observação direta das

coisas, associação das coisas observadas e expressão do pensamento da

criança através da linguagem, do desenho, da modelagem e de outros

trabalhos manuais.

“A educação é concebida como auto-educação, como um

processo espontâneo através do qual desenvolve-se na alma da criança o

homem que está lá adormecido.”

Maria Montessori

Os materiais de estudo são ricos e variados: caixas de vários

tamanhos, cubos, prismas, sólidos de diversas formas para serem encaixados

em aberturas especiais, botões para abotoar e desabotoar, superfícies ásperas

e lisas de várias graduações, campainhas de sons diversos, cartões coloridos,

22

etc. Tais materiais servem antes de tudo, para educar os sentidos, que são a

base do juízo e do raciocínio.

A escola deve formar cidadãos úteis à sociedade e ao Estado.

Para o professor francês Célestin freinet a atividade da criança se

desenvolve no grupo, em cooperativa. Por isso mesmo, não se deve nem

coagir a criança, obrigando-a a tarefas não-naturais, nem deixá-la por completo

entregue à atividade espontânea do jogo. Cabe à pedagogia social ou popular

opor-se a essa pedagogia dos ricos, promovendo a integração do

jogo com o trabalho na atividade escolar.

O artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos

estabelece:

1. Toda pessoa tem direito à educação.

2. Os pais têm, por prioridade, o direito de escolher o gênero de

educação a dar a seus filhos.

Em relação ao direito à educação, afirma Jean Piaget: “Afirmar o

direito da pessoa humana à educação é pois assumir uma

responsabilidade muito mais pesada do que assegurar a cada um a

possibilidade da leitura, da escrita e do cálculo: significa, (...) ao invés de

deixar que se desperdicem importantes frações e se sufoquem outras”.

Para fazer frente à situação de desrespeito ao direito à educação, a

Unesco estabeleceu a Comissão Internacional para o Desenvolvimento da

Educação.

Do relatório, onde constam 21 pontos que constituem a estratégia

educacional proposta pela Unesco, cito, aqui, a que interessa no que tange

esse estudo. A de número 5. “ A educação das crianças em idade pré-

23

escolar é um requisito prévio essencial de toda a política educativa e

cultural. Por isso, o desenvolvimento da educação pré-escolar deve

figurar entre os principais objetivos da estratégia educativa dos próximos

anos.”

No Brasil, os jesuítas dedicaram-se a duas tarefas principais: a

preparação da fé e o trabalho educativo.

Além do Padre Manuel da Nóbrega, merece destaque o Padre José

de Anchieta, fundador e primeiro professor do Colégio de São Paulo de

Piratininga ( 25 de janeiro de 1554).

Os jesuítas logo compreenderam que não seria possível converter

os índios à fé católica sem, ao mesmo tempo, ensinar-lhes a leitura e a escrita.

Por isso, ao lado da catequese, organizavam nas aldeias escolas de ler e

escrever, nas quais também se transmitiam o idioma e os costumes de

Portugal.

Os jesuítas responsabilizaram-se pela educação dos filhos dos

senhores de engenho, dos colonos, dos índios e dos escravos. A todos

procuravam transformar em filhos da Companhia de Jesus e da Igreja,

exercendo grande influência em todas as camadas da população.

Com a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil (1808) e com

a Independência (1822), a preocupação fundamental do governo, no que se

refere à educação, passou a ser a formação das elites dirigentes do país.

É nesta época que, pode-se dizer que, marca-se o início da

educação no Brasil.

24

CAPÍTULO II

Piaget e os Estágios de Desenvolvimento da criança

“A preocupação central de Piaget dirige-se à elaboração de uma

teoria do conhecimento, que possa explicar como o organismo conhece o

mundo. (...) Existe para ele, uma realidade externa ao sujeito do

conhecimento, e é a presença da realidade que regula e corrige o

desenvolvimmento do conhecimento adaptativo. A função do

desenvolvimento não consiste em produzir cópias internalizadas da

realidade externa, mas, sim, em produzir estruturas lógicas que permitam

ao indivíduo atuar sobre o mundo de formas cada vez mais flexíveis e

complexas.”

Rappaport

A preocupação mais forte de Jean Piaget foi o sujeito epistêmico.

Piaget estudou a evolução do pensamento até a adolescência.

O processo de desenvolvimento da inteligência leva-nos a alguns

conceitos fundamentais: a hereditariedade, a adaptação, os esquemas, e a

equilibração.

Hereditariedade: A qualidade da estimulação interferirá no

processo de desenvolvimento da inteligência.

Adaptação: Possibilita ao indivíduo responder aos desafios do

ambiente físico e social. Piaget valoriza a curiosidade intelectual e a

25

criatividade, sugerindo que o ato de conhecer é prazeroso e gratificante tanto

para a criança como para o adolescente e o adulto, e se constitui numa força

motivadora para o próprio desenvolvimento.

Os esquemas: Constituem “a nossa estrutura básica”. Os

esquemas estão em constante desenvolvimento e permitem ao indivíduo a

adaptação aos desafios ambientais.

A equilibração: O desenvolvimento consiste numa passagem

constante de um estado de equilíbrio para um estado de desequilíbrio – para

um equilíbrio superior - no sentido de que a criança terá desenvolvido uma

maneira mais eficiente (pode-se até dizer, mais inteligente) de lidar com seu

ambiente.

O desenvolvimento intelectual da criança no estágio pré-operacional

( 2 a 6 anos) mereceu um estudo mais profundo, por parte de Piaget. Neste

trabalho será exposto somente o estágio pré-operacional, devido ao recorte do

tema. Em alguns trabalhos, Piaget engloba o estágio pré-operacional como um

sub-estágio de operações concretas.

Estágio pré- operacional (2 a 6 anos )

Considerando que a idade de 6 a 7 anos é a época das aquisições

lógicas, talvez tenha sido por isso que Piaget se tenha interessado mais por

essa época da vida da criança. A criança desenvolve a capacidade simbólica;

já não depende unicamente de suas sensações, de seus movimentos, mas já

distingue um significador ( imagem, palavra ou símbolo ) daquilo que ele

significa ( o objeto ausente ), o significado.

Há nesse período, uma explosão linguística. Aos três anos, o

vocabulário da criança atinge cerca de 1.000 palavras; compreende de 2.000 a

3.000 palavras e já estrutura frases complexas.

26

O período do pensamento pré-operacional caracteriza-se pelo

egocentrismo, isto é, a criança não se mostra capaz de colocar-se na

perspectiva do outro. A criança vê um objeto so seu ponto de vista, mas não

consegue vê-lo pondo-se no lugar do seu interlocutor.

Biaggio exemplifica esta atitude com o seguinte diálogo:

“Quantos irmãos você tem? - ela responde corretamente: Um.

Mas se prosseguirmos: E o seu irmão, quantos ele tem? - ela geralmente

responde: nenhum, demonstrando a sua incapacidade de se colocar no

lugar dos outros.”

A centralização e a descentralização: No período pré-

operacional, a criança apreende somente uma dimensão do estímulo; já na

fase de operações concretas, a criança é capaz de descentralizar.

Estados e transformações: A criança capta estados

momentâneos, sem juntá-los num todo.

“O pensamento pré-operacional é estático e rígido”.

Biaggio

Desiquilíbrio: O período pré-operacional caracteriza-se mais pelo

desequilíbrio; há um predomínio das acomodações, não das assimilações.

Irreversibilidade: A criança mostra-se incapaz de compreender

que existem fenômenos que são reversíveis, isto é, se fizermos determinada

transformação, podemos restaurá-la – fazê-la voltar ao estágio original. Por

exemplo: a água se transforma em vapor e o vapor, quando esfriado, volta à

forma original.

27

“ Com efeito algumas plantinhas assemelham-se estranhamente

à salsa e a celolinha mais que as flores. Todos os dias me vem a tentação

de podá-las um pouco para ajudar a crescer, mas permaneço na dúvida

entre as duas concepções de mundo e da educação: se deixar agir de

acordo com Rosseau e deixar obrar a natureza que nunca se equivoca e é

fundamentalmente boa ou ser voluntarista e forçar a natureza

introduzindo na evolução a mão esperta do homem e o princípio da

autoridade.”

GRAMSCI

A relação infância e pedagogia é fundamental para aqueles que

atuam no campo da educação infantil (crianças de 4 a 6 anos ) e buscam

melhor compreender as finalidades e a própria delimitação deste campo

educativo.O significado da infância tem dois eixos para o desenvolvimento do

tema: a concepção de infância e a concepção de educação que se tem ao

definir um projeto educativo.

Cada idade, cada etapa da vida tem sua perfeição conveniente, a

espécie de maturidade que lhe é própria.Ou seja; cada criança tem o seu

próprio tempo. Cabe ao educador com sua sensibilidade perceber esse tempo

da criança. E não simplesmente rotulá-la de imatura.

A criança desenvolve talentos e criatividade no seu tempo certo.

Aquela criança, que nós educadores, rotulamos de imatura, muitas das vezes,

terá desenvolvido talento para as artes plásticas ou música, por exemplo. E

Isto não significa deixar a criança à própria sorte, evoluir espontaneamente. E

sim, exalta o papel do educador na condução das crianças, às quais deve

orientar em direção ao que é original. Rosseau, por exemplo, vê a infância

como um momento onde se vê, se pensa e se sente o mundo de um modo

próprio.

28

A ação do educador deve ser uma ação natural, que leve em conta

as peculiaridades da infância, a ingenuidade e a inconsciência que marcam a

falta da “razão adulta”.

“ A pobre criança que nada sabe, que não pode nada, nem nada

conhece, não está a vossa mercê? (...) Sem dúvida ele deve fazer só o que

deve, porém deve querer só o que qureis que ela faça.”

Rousseau

A função social de educar, de transformar novos seres humanos em

futuros cidadãos ainda é tomada pela pedagogia como sua maior tarefa. A

infância, como depositária das esperanças da sociedade futura, permanece no

horizonte, pela preservação e pela disciplinação.

Para Freinet, pela educação será possível construir um novo

amanhã, desde que as intervenções educativas se pautem nas “virtualidades

humanas”. Ou seja: criação, invenção, empreendimento, liberdade e

cooperação presentes na infância e que potencialmente possibilitarão a

construção de uma nova sociedade.

Tendo sido Freinet um dos educadores que mais se preocupou em

vincular a escola à vida concreta dos alunos (pois só a vida educa) e exaltou a

necessidade do respeito às condições sociais da criança e das diferenças não

escapou ao conflito tradicional da intervenção pedagógica.

O conceito de infância, segundo Ruth Rocha, em seuminidicionário,

quer dizer; o primeiro período da existência humana, do nascimento ao início

da puberdade. É o conjunto de seres dessa idade. É o princípio de uma coisa.

Educação, segundo Celso Antunes, como fenômeno cultural, é

considerada uma ação que as gerações mais velhas exercem sobre as mais

novas no sentido de fazer com que as mais novas assumam uma conduta

julgada desejável. Todas as ações e influências destinadas a desenvolver e

29

cultivar habilidades mentais, perícias, conhecimentos, atitudes e

comportamentos, de tal forma que a personalidade do indivíduo possa se

desenvolver o mais extensamente possível e ser de valor positivo para a

sociedade onde vive.

O conceito de pedagogia, também segundo Celso Antunes, em seu

sentido primitivo, a arte de educar crianças. No sentido atual indica o estudo

sistemático das diferentes manifestações do fenômeno educativo. Disciplina,

estudo ou um conjunto de normas referentes a um fato, processo ou atividade

educacional.

O pedagogo em seu sentido original, o escravo que, na Grécia

Antiga, conduzia a criança à escola. Atualmente, o que ensina, que aplica a

Pedagogia.

Será possível pensar alternativas para a educação da criança de 4 a

6 anos rompendo com os parâmetros pedagógicos estabelecidos a partir de

“infancia em situação escolar” delimitada pela pedagogia?

Pensar, analisar e perspectivar a educação de crianças pequenas

exige que se retome os diferentes níveis de análise sobre a criança,

percebendo-se as diferentes dimensões de sua constituição.

“(...) não tem problema: logo a engenharia genética resolverá

de vez os embaraços de nossa pedagogia, e nos oferecerá, como crianças

clones felizes, construídos à imagem e a semelhança de nossos sonhos.”

Calligaris

Trata-se de orientar a ação pedagógica por olhares que vislumbrem

sujeitos em sua diversidade, reconhecendo sobretudo a infância como sendo

um “tempo de direitos”.

30

Um novo momento que exige dos educadores consciência sobre a

necessidade de um espaço que contemple todas as dimensões do humano,

sem esquecer que toda intervenção educativa mantém em si um movimento

contraditório e dinâmico.

31

CAPÍTULO III

A Educação Pré-escolar

Nos dias de hoje, a mulher assume cada vez mais atividades fora do

lar cabendo a escola o papel de estimular e orientar as crianças.

Por outro lado, a sociedade exige dos indivíduos o desenvolvimento

de processos mentais superiores importantes tanto para a sua vida pessoal

quanto para a sua entrada no mercado de trabalho.

São cada vez mais intensas as aspirações da sociedade em função

de um padrão de vida melhor no mundo todo. Só que as mudanças

educacionais não ocorrem com a freqüência e a rapidez necessárias e

esperadas; os efeitos dos meios de comunicação não têm sido absorvidos

criticamente pela educação; cresce o número de indivíduos que não tem

oportunidade de desenvolver o seu potencial intelectual, afetivo-social e

psicomotor.

Há, também, as desigualdades marcantes na oferta de

oportunidades às várias classes sociais, as pessoas, de uma maneira geral,

não tem condições estimuladoras para desenvolver as capacidades e

habilidades exigidas pela sociedade atual.

A educação precisa enfatizar os processos superiores dos

indivíduos visando o “aprender a aprender” e o que fazer com o que foi

aprendido, em vez da preocupação pura e simples com a informação.

Vivemos numa sociedade em mudança constante, em que o indivíduo deve

encontrar novas formas de comportamentos. A escola precisa valorizar a

formação de indivíduos criativos.

32

Há de se enfatizar um ponto de real importância: o novo papel da

mulher, que cada vez mais, participa ativamente da força de trabalho.

Os primeiros anos de vida são importantes para o desenvolvimento

da criança. E é neste contexto que entra o papel da educação pré-escolar na

formação do indivíduo para uma sociedade em contínua mudança.

Os psicólogos infantis ,atualmente, dão uma enorme ênfase aos

cinco primeiros anos de vida da criança. Isto, devido à formação da

personalidade da criança, no que diz respeito ao desenvolvimento das

aptidões lógicas e lingüísticas, como do equilíbrio emocional de sua

capacidade de socialização.

Justifica-se, portanto, o atendimento pré-escolar, além de outros

benefícios, pela atuação preventiva à criança no momento ótimo para o

desenvolvimento infantil.

A educação pré-escolar visa à criação de condições para satisfazer

as necessidades básicas da criança, oferecendo-lhe um clima de bem-estar

físico, afetivo-social e intelectual, mediante a proposição de atividades lúdicas

que promovam a curiosidade e a espontaneidade, estimulando novas

descobertas e o estabelecimento de novas relações a partir do que já se

conhece.

A educação pré-escolar tem a finalidade de provocar uma

participação das crianças em sua própria educação.

A educação não deve ser passiva durante a evolução da criança, ela

deve atuar respeitando a realidade infantil sem comprometer mutilando ou

traumatizando a criança.

Conhecer a criança é conhecer, também, a sua realidade biológica,

psicológica, ou seja; intelectual, afetiva e social. E ,também, o meio em que

se desenvolve.

33

É fazer uma anamnese da história da criança. Verificando suas

experiências e etapas da sua formação.

Rousseau, Pestalozzi, Froebel, Decroly e Montessori muito

contribuiram para à prática pedagógica com a criança na idade pré-escolar.

Estes pensadores, que se preocuparam e se interessaram pelo

estudo da criança, através dos tempos, muito nos enriqueceram com suas

idéias.

É fundamental que levemos em consideração o tempo e o espaço

em que viveram, e também as influências que exercem até os nossos dias.A

contribuição de Rousseau para a educação infantil é inestimável.

O método da natureza vale para todas as coisas; lembrou às mães

acerca do valor do valor de amamentarem seus filhos. Salientou que não se

deveria moldar o espírito das crianças de acordo com um modelo estabelecido.

Mostrou que a criança devia fazer, sem ajuda dos outros, aquilo que ela é

capaz de fazer por si mesma; o período do nascimento aos 12 anos é a época

em que nascem os vícios; os afagos excessivos provocam vícios.

Rousseau afirmou que a educação não vem de fora, é a expressão

livre da criança no seu contato com a natureza. Foi um crítico da escola de

seu tempo, da severidade da instrução e do uso excessivo da memória.

Para Pestalozzi, o desenvolvimento é orgânico, sendo que a criança

se desenvolve por leis definidas; os poderes infantis brotam de dentro para

fora; os poderes inatos, uma vez despertados, lutam para se desenvolver até

a maturidade; a gradação deve ser respeitada; o método deve seguir a

natureza; o professor é comparado ao jardineiro que providencia as condições

para a planta crescer; a impressão sensorial é fundamental e os sentidos

devem estar em contato direto com os objetos; a mente é ativa.

34

“ (...) é necessário conhecimento não só da pedagogia como

também da história geral e da história da cultura, em particular, pois,

sem elas, a história da educação não tem sentido.”

Lorenzo Luzuriaga

A infância é o período em que a criança deve ser protegida pelos

pais, pois ela é dependente. As atividades motoras e os sentidos são

preponderantes nesse momento de vida.

Em l837, surge o Kindergarten (Jardim de Infância), onde as

crianças eram consideradas plantinhas de um jardim, cujo jardineiro seria o

professor. A criança se expressaria através da atividades de percepção

sensorial, da linguagem e do brinquedo. A linguagem oral se associaria à

natureza e à vida.

Froebel foi o primeiro educador a enfatizar o brinquedo, a atividade

lúdica; o desenho e as atividades que envolvem o movimento e os ritmos eram

muito importantes. Para a criança se conhecer, o primeiro passo seria chamar

a atenção para os membros de seu próprio corpo, para depois chegar aos

movimentos das partes do corpo.

Os materiais específicos – os blocos de construção – eram usados

pelas crianças nas suas atividades criadoras. Também eram usados: papel,

papelão, argila e serragem.

Froebel idealizou recursos sistematizados para as crianças se

expressarem. Chamou-os de “dons”, porque Deus os oferecia para que as

necessidades infantis fossem desenvolvidas. Os “dons” eram a bola, o cubo

e o cilindro. Os blocos eram utilizados meticulosamente , as crianças nem

podiam utilizá-los espontaneamente. As demais atividades já eram muito

mais livres.

35

Valorizando a família tanto quanto Pestalozzi, Froebel estendeu a

função familiar aos planos biológico, social, religioso e educacional. Foi o

primeiro educador que captou o significado da família nas relações humanas.

Observador da forma de reagir das crianças, constatou que elas se

valiam de símbolos para brincar. Por exemplo: um taquinho de madeira podia

ser determinado animal, ou uma boneca. Por isso, Froebel sentia especial

atração pelo simbolismo.

Decroly não deixou de lado nada que a escola deve ensinar à

criança; simplesmente, transformou a maneira de aprender e ensinar,

ajustando-a à psicologia da criança.

Para Decroly, a sala de aula está em toda a parte, na cozinha, no

jardim, no museu, no campo, na oficina, na fazenda, na loja, na excurssão, nas

viagens.

A associação possibilita que o conhecimento adquirido por meio da

observação seja compreendido em termos de tempo e espaço.

O método Montessori tem como principal foco as atividades motoras

e sensoriais visando, especialmente, à educação pré-escolar. Mesmo

considerando que o método Montessori surgiu da educação de crianças com

necessidades especiais, o seu material é voltado à estimulação sensorial e

intelectual.

Durante a Primeira Guerra Mundial surgiu a técnica admirável da

Dra. Maria Montessori.

É importante que se situe o movimento das Escolas Novas em

oposição aos métodos tradicionais, que não respeitavam as necessidades e a

evolução do desenvolvimento infantil.

36

Neste contexto da Escola Nova, lembra Angela Médici, Maria

Montessori ocupa pael de destaque pelas novas técnicas introduzidas nos

jardins de infância e nas primeiras séries do ensino formal.

Seus jogos são atraentes e instrutivos; apesar da relevante

contribuição da médica e educadora italiana, ela não é a pioneira exclusiva do

movimento, mas uma importante parte dele.

A concepção educacional de Montessori visa mais o crescimento e

desenvolvimento do que o ajustamento ou integração social. A ênfase de

Montessori volta-se mais para o ser biológico do que para o social.

Considerando que a vida é desenvolvimento, Montessori achava que `a

educação cabia favorecer esse desenvolvimento.

O material montessoriano pressupõe a análise pela criança de

alguma de suas qualidades: cor, forma, peso, tamanho. Não se trata de uma

psicologia dos elementos, mas da apreensão de qualidades gerais válidas.

Constitui-se de sólidos durávéis, que possibilitam movimentos e o crescimento

interior da criança.

Apresenta dez blocos, iguais em seu aspecto, incluindo a cor, mas

que, gradualmente, diminuem de tamanho (de 10 a 1 cm). As crianças

encontram variações para trabalhar com estas peças, adquirindo o senso de

equilíbrio e de força da gravidade.

Os prismas, em número de dez, são pintados de uma só cor e

diferenciam-se pela espessura, que aumenta ou diminui gradualmente. A

criança arruma os prismas, um em relação ao outro e, na medida que repete o

exercício, vai percebendo as diferenças.

Barras vermelhas: a mais longa tem um metro e as seguintes

diminuem de dez em dez centímetros. Este material possibilita a comparação

das diferenças existentes.

37

Os cilindros variam no diâmetro e são encaixáveis; todos têm a

mesma altura. Em outra série, o diâmetro é mantido e a altura varia. Há,

ainda, os cilindros que variam na altura e no diâmetro. A variação dos cilindros

é, em outra série, tridimensional, sendo que o diâmetro destes aumenta

inversamente à altura.

Os atributos, nestes exercícios, variam na quantidade e na

qualidade, chamando a atenção da criança. A partir dos materiais, Montessori

variava as lições; após ter experimentado o material, havia a demosntração

das identidades e contrastes existentes.

A idade é uma variável importante. A criança vai tornando a

atividade mais complexa à medida que trabalha sobre determinado material.

“Entre o “entender” quando alguém explica algo com palavras e

a compreensão das coisas a partir delas mesmas há uma distância

infinita”.

Maria Montessori

Há matizes de madeira com peças coloridas que se encaixam; o

centro das peças é sobressalente, facilitando a atividade da criança. O que

chama a atenção da criança é a cor. Há quadriláteros, círculos, triângulos,

polígonos e outras figuras; a criança mistura as peças e sente-lhes a forma,

passando os dedos sobre as mesmas; a visão, o tato e a audição são

exercitados mediante materiais variados; o mesmo ocorre com o

desenvolvimento da gustação e do olfato.

A função do material é estimular e desenvolver este impulso.

Para Montessori só há uma forma de ensinar: despertar o mais

profundo interesse do aluno e, fortalecer o interior da criança visando à sua

educação.

38

Montessori denomina a idade compreendida entre os três e os seis

anos de “a idade do jogo e do desenvolvimento da imaginação”. Trabalho

é aquilo que a criança faz. O trabalho infantil tem a finalidade na própria

atividade. A mente infantil é essencialmente ativa.

É preciso reletir e muito sobre a real importância da educação

infantil, mas sem deixar de lado a necessidade de uma profunda reforma na

Escola de primeiro grau em termos de sua estrutura, funcionamento e de sua

ação pedagógica.

O que realmente interessa é a infância, o desenvolvimento da

criança como um ser biopsicossocial, pois os tipos de pessoas que a

sociedade impõe, são seres não simplesmente adestrados, mas sim seres

capazes de encontrar soluções criativas para os problemasapresentados.

A opção didática não é uma questão técnica ou formal, mas está

diretamente ligada aos objetivos visados pela educação.

A educação sendo um “que-fazer” humano e o homem, um ser de

buscas, que dialoga com outros homens, analisa, critica e cria. Há de se

questionar e refletir, portanto, o quanto é importante a pré-escola para o

desenvolvimento da criança como um ser biopsicossocial.

“A educação é um “que-fazer” humano. Que ocorre no tempo e

no espaço, nas relações dos homens entre si”

Paulo Freire

Esse “que-fazer” humano deve ser libertador, pois só o homem é

capaz de estar no mundo e com ele, captando-o e compreendendo-o. Assim,

ele é um ser que capaz de enfrentar desafios e resolver problemas.

Problemas que consegue vencer através da reflexão crítica.

39

Assim, o pensamento é algo tão valioso que precisa ser cultivado e

estimulado desde muito cedo para que o indivíduo, gradativa e livremente,

construa a sua autonomia a partir de uma consciência crítica. E é neste

contexto que se pontua a importância da Educação Pré-Escolar.

40

CAPÍTULO IV

Vygotsky, Piaget e Wallon

O processo de formação de conceitos remete às relações entre

pensamento e linguagem, à questão cultual no processo de construção de

significados pelos indivíduos, ao processo de internalização e ao papel da

escola na transmissão de conhecimento, que é de natureza diferente daqueles

aprendidos na vida cotidiana.

O funcionamento do cérebro humano coloca que o cérebro é a base

biológica, e suas peculiariedades definem limites e possibilidades para o

desenvolvimento humano.

A mediação é uma idéia central para a compreensão de suas

concepções sobre o desenvolvimento humano como processo sócio-histórico é

a idéia de mediação: enquanto sujeito do conhecimento o homem não tem

acesso direto aos objetos, mas acesso mediado, através de recortes do real,

operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe, portanto enfatiza a

construção do conhecimento como uma interação mediada por várias relações,

ou seja, o conhecimento não está sendo visto como uma ação do sujeito sobre

a realidade, assim como no construtivismo e sim, pela mediação feita por

outros sujeitos.

O outro social pode apresentar-se por meios de objetos, da

organização do ambiente, do mundo cultural que rodeia o indivíduo.

A linguagem, sistema simbólico dos grupos humanos representa um

salto qualitativo na evolução da espécie. É ela que fornece os conceitos, as

41

formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do

conhecimento.

A cultura fornece os sistemas simbólicos de representação da

realidade, ou seja, o universo de significações que permite construir a

interpretação do mundo real.

O processo de internalização é fundamental para o desenvolvimento

do funcionamento psicológico humano.

Vygotsky usa o termo função mental para referir-se aos processos de

: pensamento, memória, percepção e atenção.

Ele coloca que o pensamento tem origem na motivação, interesse,

necessidade, impulso, afeto e emoção.

A interação social e o instrumento linguístico são decisivos para o

desenvolvimento.

Existem pelo menos dois nívéis de desenvolvimento identificados

por Vygotsky: um real, já adquirido ou formado, que determina o que a

criança já é capaz de fazer por si própria, e um potencial, ou seja, a

capacidade de aprender com outra pessoa.

A aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo

abertura nas zonas de desenvolvimento proximal ( distância entre aquilo que

a criança faz sozinha e o que ela é capaz de fazer com a intervenção de um

adulto; potencialidade para aprender, que não é a mesma para todas as

pessoas; ou seja, distância entre o nível de desenvolvimento real e o

potencial ) nas quais as interações sociais são centrais, estando então,

ambos os processos, aprendizagem e desenvolvimento, inte-relacionados;

asim, um conceito que se pretenda trabalhar, como por exemplo, em

matemática, requer sempre um grau de experiência anterior para a criança.

42

O professor tem o papel explícito de interferir no processo,

diferentemente de situações informais nas quais a criança aprende por imersão

em um ambiente cultural.

O desenvolvimento conitivo é uma teoria de etapas, uma teoria que

pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças

ordenadas e previsíveis.

Pressupostos básicos de sua teoria:

O interacionismo, a idéia de construtivismo seqüencial e os

fatores que interferem no desenvolvimento.

O desenvolvimento da inteligência ocorre através da

assimilação e acomodação. Os esquemas de assimilação

vão se modificando, configurando os estágios de

desenvolvimento.

A escola deve partir dos esquemas de assimilação da criança,

propondo atividades desafiadoras que provoquem

desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo a

descoberta e a construção do conhecimento.

O sujeito ativo é aquele que compara, exclui, ordena,

categoriza, classifica, reformula, comprova, formula

hipóteses, etc... Em uma ação interiorizada ( pensamento )

ou em ação efetiva ( segundo seu grau de desenvolvimento ).

As implicações do pensamento piagetiano para a aprendizagem:

Os objetivos pedagógicos necessitam estar centrados no

aluno, a partir das atividades do aluno.

Os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos,

mas como instrumentos que servem ao desenvolvimento

evolutivo natural.

43

Primazia de um método que leve ao descobrimento por parte

do aluno ao invés de receber passivamente através do

professor.

A aprendizagem é um processo construído internamente.

A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do

sujeito.

A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva.

Os conflitos cognitivos são importantes para o

desenvolvimento da aprendizagem.

A interação social favorece a aprendizagem.

As experiências de aprendizagem necessitam estruturar-se de modo

a privilegiarem a colaboração, a cooperação e intercâmbio de pontos de vista

na busca conjunta do conhecimento.

O processo se faz desde os movimentos mais simples até o ato

mental, desde o automático reflexo, passando pelos gestos de apelo dirigidos

às pessoas, pela mimese, até chegar à idéia.

A gênese da inteligência é genética e organicamente social, ou seja,

o ser humano é organicamente social e sua estrutura orgânica supõe a

intervenção da cultura para se atualizar.

Wallon realiza um estudo que é centrado na criança contextualizada,

onde o ritmo no qual se sucedem as etapas do desenvolvimento é descontínuo,

marcado por rupturas, retrocessos e reviravoltas, provocando em cada etapa

profundas mudanças nas anteriores.

O objeto de ação mental vem do ambiente no qual o sujeito está

inserido, ou seja, de fora.

O homem é determinado fisiológica e socialmente, sujeito às

disposições internas e às situações exteriores.

44

Wallon estuda a criança contextualizada, nas relações com o meio.

A análise genética dos processos psíquicos, no entanto, pretendia a

gênese da pessoa.

O método adotado por Wallon é o da observação pura. Considera

que esta metodologia permite conhecer a criança em seu contexto, “só

podemos entender as atitudes da criança se entender a trama do ambiente no

qual está inserida”.

Um dos pontos divergentes entre Piaget e Vygotsky parece estar

basicamente centrado na concepção de desenvolvimento. A teoria piagetiana

considera-o em sua forma retrospectiva, isto é, o nível mental atingido

determina o que o sujeito pode fazer. A teoria vygotskyana, considera-o na

dimensão prospectiva, ou seja, enfatiza que o processo em formação pode ser

concluído através da ajuda oferecida ao sujeito na realização de uma tarefa.

Enquanto Piaget não aceita em suas provas “ajudas externas”, por

considerá-las inviáveis para detectar e possibilitar a evolução mental do sujeito,

Vygotsky não só as considera fundamentais para o processo evolutivo.

Se em Piaget deve-se levar em conta o desenvolvimento como um

limite para adequar o tipo de conteúdo de ensino a um nível evolutivo do aluno,

em Vygotsky o que tem que ser estabelecido é uma seqüência que permita o

progresso de forma adequada, impulsionando ao longo de novas aquisições,

sem esperar a maduração “mecânica” e com isso evitando que possa

pressupor dificuldades para prosperar por não gerar um desiquilíbrio adequado.

É desta concepção que Vygotsky afirma que a aprendizagem vai à frente do

desenvolvimento.

Assim, para Vygotsky, as vantagens do indivíduo devem ser

levadas em conta durante o processo de ensino-aprendizagem. Isto porque, a

partir do contato com uma pessoa mais experiente e com um quadro histórico-

cultural, as potencialidades do aprendiz são transformadas em situações que

45

ativam nele esquemas processuais cognitivos ou comportamentais, ou de que

este convívio produza no indivíduo novas potencialidades, num processo

dialético contínuo. Como para ele a aprendizagem impulsiona o

desenvolvimento, a escola tem um papel essencial na construção desse ser;

ela deveria dirigir o ensino não para etapas intelectuais já alcançadas, mas

sim, para etapas ainda não alcançadas pelos alunos, funcionando como

incentivadora de novas conquistas, do desenvolvimento potencial do aluno.

O período de 4 a 6 anos, nas crianças, é caracterizado como a

segunda Infância, onde a fantasia e a imaginação prevalecem.

Dos 3 aos 6 anos prevalece a fase lúdica e o predomínio do

pensamento mágico.

A criança aumenta,rapidamente, seu vocabulário e faz muitas

perguntas. Quer saber “como” e “por quê”? Apresenta a fase do egocentrismo

– narcismo.

Não há diferenciação entre a realidade externa e os produtos da

fantasia infantil.

Desenvolvimento do sentido do “eu”. Tem mais noção de limites

(meu/teu/nosso/certo/errado).

O tempo não tem significação – não há passado nem futuro, a vida é

o momento presente.

Muitas imagens ainda completando, ou sugerindo os textos. Os

textos são curtos e elucidativos.

Há consolidação da linguagem, onde as palavras devem

corresponder às figuras.

Para Piaget, etapa animista, pois todas as coisas são dotadas de

vida e vontade.

O elemento maravilhoso começa a despertar interesse na criança.

Ou seja, o interesse por ler e escrever, que ocorre dos 6 aos 6 anos e 11

meses, aproximadamente.

46

A atenção da criança esta voltada para o significado das coisas.O

egocentrismo está diminuindo e já inclui outras pessoas no seu universo. O

seu pensamento está cada se tornando estável e lógico, mas ainda não é capaz

de compreender idéias totalmente abstratas.

As Histórias Infantis como forma de consciência do mundo, nas

crianças de 3 a 6 anos, tem como livros adequados aqueles que propõe

“vivências radicadas” no cotidiano familiar da criança e apresentar

determinadas características estilísticas.

Predomínio absoluto da imagem, (gravuras, ilustrações, desenhos,

etc.), sem texto escrito, ou com textos brevíssimos, que podem ser lidos, ou

dramatizados pelo adulto, a fim de que a criança perceba a inter-relação

existente entre o “mundo real”, que a cerca, e o “mundo da palavra”, que

nomeia o real. É a nomeação das coisas que leva a criança a um convívio

inteligente, afetivo e profundo com a realidade circundante.

As imagens devem sugerir uma situação que seja significativa para

a criança, ou que lhe seja, de alguma forma, atraente.

A graça e o humor, um certo clima de expectativa, ou mistério são

fatores essenciais nos livros para o pré-leitor.

As crianças, nessa fase, gostam de ouvir a história várias vezes. É

a fase de “conte outra vez”.

Histórias com dobraduras simples, que a criança possa

acompanhar, também exercem grande fascínio. Outro recurso é a

transformação do contador de histórias com roupas e objetos característicos.

A criança acredita, realmente, que o contador de histórias se transformou no

personagem ao colocar uma máscara, chapéu, capa, etc.

Podemos enriquecer a base de experiências da criança, variando o

material que lhe é oferecido. Materiais como massa de modelar e argila atrem

47

a criança para novas experimentações. Por exemplo, a história do

“Bonequinho Doce” sugere a confecção de um bonequinho de massa, e a

história da “Galinha Ruiva” pode sugerir amassar e assar um pão.

Assim como as histórias infantis, os contos de fadas têm um

determinado momento para serem introduzidos no desenvolvimento da

criança, variando de acordo com o grau de complexidade de cada história.

Os contos de fadas, tais como: “O Lobo e os Sete Cabritinhos”,

“Os Três Porquinhos”, “Cachinhos de Ouro”, “A Galinha Ruiva” e o

“Patinho Feio” apresentam uma estrutura bastante simples e têm poucos

personagens, sendo adequados à crianças entre 3 a 4 anos. Enquanto,

“Chapeuzinho Vermelho”, “O Soldadinho de Chumbo” (conto de

Andersen), “Pedro e o Lobo”, “João e Maria”, “Mindinha” e o “Pequeno

Polegar” são adequados a crianças entre 4 a 6 anos.

Já nas crianças de 6 a 6 anos e 11 meses, aproximadamente, os

contos de fadas citados na fase anterior ainda exercem fascínio nessa fase.

Como: “Branca de Neve e os Sete Anões”, “Cinderela”, “A Bela

Adormecida”, “João e o Pé de Feijão”, “Pinóquio” e “O Gato de Botas”

podem ser contadas com pequenos detalhes.

A criança nesta fase, só consegue raciocinar a partir do concreto.

Começa a agir cooperativamente. Começa a produzir textos mais longos, mas

as imagens ainda devem predominar sobre o texto. O elemento maravilhoso

exerce um grande fascínio sobre a criança.

O conceito da visão histórica da criança fazendo-se um paralelo com

a tecnologia, foi evoluindo com o passar do tempo, mostrando que a visão que

temos da criança também foi se modificando e ampliando com as novas

tendências e teorias científicas a respeito de seu desenvolvimento.

O conceito de crescimento e desenvolvimento é bem definido por

teóricos como Rogers, Maslow e outros que afirmam que: Tal como ocorre

com as plantas que, mesmo em locais insalubres lutam em busca do lugar ao

48

sol e da vida, embora os meios lhe sejam adversos, nós, seres humanos,

temos um impulso inerente ao organismo como um todo para nos

direcionarmos ao desenvolvimento de nossas capacidades tanto quanto for

possível, quer sejam físicas, intelectuais ou morais, em conjunto, sendo a

finalidade ou propósito do desenvolvimento a “auto-realização”.

Tanto o crescimento como o desenvolvimento produzem mudanças

nos componentes físicos, mental, emocional e social do indivíduo,

independente de sua vontade. Antes de andar, a criança engatinha. Essa

sequência segue um padrão de evolução e da mesma forma acontece em

outras áreas do desenvolvimento.

O crescimento e desenvolvimento da criança reafirma o

compromisso de nós, enquanto educadores, termos grande cuidado em não

comparar uma criança com a outra, pois cada uma segue um estilo próprio e

um ritmo peculiar de desenvolvimento.

A importância de se fazer a distinção entre crescimento e

desenvolvimento, maturação e aprendizagem, é para saber o que esperar da

criança em cada estágio e não exigir dela determinada atitude ou

comportamento que não está de acordo com seu grau de maturidade.

Sobre a maturidade: A criança que anda com um ano de idade,

apresenta maturidade nesta função, porém não existe apenas maturidade

física, mas também maturidade mental, social, emocional, sexual, enfim

maturidade geral da personalidade

Quanto a aprendizagem: Se a criança não está madura para

executar uma determinada atividade, não poderá aprendê-la, pois não

disporá de condições para a sua realização.

As teorias de desenvolvimento dá as diretrizes, pois descreve as

várias fases que é comum no processo de amadurecimento de todos os

indivíduos e isto garante certa previsibilidade, o que nos possibilita avaliar,

49

como educadores, cada criança, bem como orientar seus pais e educadores a

lidar com a criança.

50

CONCLUSÃO

A estimulação precoce é fundamental para que o ritmo do

desenvolvimento infantil não seja bloqueado e que, portanto, possa ocorrer

adequadamente.

“(...) a real importância de programas de ação preventiva na

educação pré-escolar, quando se consideram as múltiplas vantagens

derivadas dos mesmos”. Acresce ainda que estes “visam possibilitar a

evolução integral da criança e permitem diminuir, em número considerável,

a população portadora de distúrbios do desenvolvimento.” “(...)Há

evidências de que mais de 50% dos casos de retardo mental poderiam ser

evitados, caso fossem adotados os conhecimentos já existentes sobre

prevenção."

Queiroz

A educação pré-escolar reveste-se deste caráter preventivo,

especialmente quando é de boa qualidade, isto é, quando vem ao encontro

das necessidades da criança, partindo daquilo que ela já conhece para chegar

às aprendizagens subseqüentes, considerando a continuidade de todo o

processo.

Por que não oferecer à criança oportunidade de ser estimulada, no

momento conviniente e respeitar o tempo necessário para ela amadurecer?

Para aprender a ler e escrever, o aluno precisa ter adquirido um

nível suficiente de desenvolvimento intelectual, afetivo-social e físico. Além de

apresentar certas funções específicas desenvolvidas, tais como: linguagem,

percepção, lateralidade, orientação espacial e temporal, bem como esquema

corporal.

51

O potencial herdado e o tipo de experiências pelas quais a criança

passou são responsáveis pelas condições de seu desenvolvimento e pela sua

prontidão para a aquisição do processo de alfabetização.

A Educação Infantil muito poderá fazer para o desenvolvimento e

para o enriquecimento das experiências das crianças. O que a criança quer

saber e conhecer deve ser abordado pela escola, de modo a estimular o

desenvolvimento do pensamento, da curiosidade, e também o

desenvolvimento da criança como um todo. Cabe à pré-escola provocar na

criança o conhecer o mundo e o conhecer-se a si mesma e aos outros.

Uma maneira prática de desafiar a criança a pensar é propor-lhe

perguntas inteligentes, que a levem a operar mentalmente. Observar,

identificar, comparar, interpretar, imaginar, organizar dados, estimar, levantar

hipóteses, decidir são operações perfeitamente passíveis de ser estimuladas e

desenvolvidas pela criança pré-escolar.

Assim, finalizando: Cultivar, na criança, a possibilidade de

conhecer a realidade é outro princípio metodológico fundamental para o

desenvolvimento de atividades com crianças pré-escolares.

Concordo com Madalena Freire Weffort, quando afirma que:

“Quando se tira da criança a possibilidade de conhecer este ou aquele

aspecto da realidade, na verdade se está alienando-a da sua capacidade

de construir seu conhecimento. Porque o ato de conhecer é tão vital

como comer ou dormir, e eu não posso comer ou dormir por alguém.”

A escola em geral tem esta prática, a de que o conhecimento pode

ser doado, impedindo que a criança e, também, os professores o construam.

Mas, por outro lado há escola que tem a prática da construção do

conhecimento permitindo que professores e alunos se beneficiem.

52

BIBLIOGRAFIA

1. BIAGGIO, Ângela M. Psicologia do Desenvolvimento. Petrópolis,

Vozes, 1976

2. CALLIGARIS, C.A adolescência.São Paulo,Publifolha,2000.

3. CORDEIRO,Jaime.Didática contexto educação.Rio de

Janeiro,Ed.Contexto,2007.

4. FREIRE, Paulo. A Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e

Terra, 1970.

5. _______.Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro, Paz e

Terra, 1967.

6. GRAMSCI, Antônio. Cartas do Cárcere, R.J, Civilização Brasileira.

1978.

7. LARROYO, Francisco. História Geral da Pedagogia. São Paulo, Mestre

Jou, 1970

8. LUZURIAGA, Lorenzo. História da Educação e da Pedagogia. 2ª. Ed.

São Paulo, Editora Nacional, 1963

9. MONROE, Paul. História da educação . 6. Ed. São Paulo, Nacional,

1983.

10. MONTESSORI, Maria.A Educação e Paz.São Paulo,Ed.Papirus,2004.

53

11. PIAGET, Jean. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro, J.Olympio,

1973.

12. QUEIROZ, Aiydil M. de e RAMOS, Juan Pérez. “Ação preventiva na

educação pré-escolar”. In: Revista brasileira de estudos pedagógicos,

out/dez. 1976, número 61.

13. RAPPAPORT, Clara Regina et alii. Psicologia do Desenvolvimento.

São Paulo, EPU, 1981.

14. ROUSSEAU, Jean-Jacques.Emílio ou da Educação. R.J, Difel, 1979.

15. WWW.monografias.brasilescola.com/pedagogia/a-historia-das-

creches,acesso em 13/03/2008.

16. WWW.fenixonline.com.br/content.php?article.74,acesso em 12/06/2008

17. WWW.escolamagistra.com.br/ensinofundamental.asp,acesso em

12/06/2008

18. WWW.ciadaescola.com.br/noticia.asp?noticia=37604,acesso em

12/06/2008

54

ATIVIDADES CULTURAIS

Ver anexos:

55

ÍNDICE

Introdução .............................................................................. 08

Capítulo I ................................................................................ 12

Um Pouco de História da Educação

Capítulo II ............................................................................... 22

Piaget e os Estágios de Desenvolvimento da Criança

Capítulo III .............................................................................. 28

A Educação Pré Escolar

Capítulo IV .............................................................................. 36

Vygotsky, Piaget e Wallon

CONCLUSÃO .......................................................................... 45

Bibliografia ............................................................................. 47

Atividades Culturais .............................................................. 49

Índice ...................................................................................... 50

Folha de Avaliação ................................................................ 51

56

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: