universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · ênfase na análise do meio externo, ... de...

59
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE MARKETING ESTRATÉGICO E INTELIGÊNCIA COMPETITIVA: Os impactos da Inteligência Competitiva na formulação do marketing estratégico empresarial Por: Luciana Gonçalves Orientador Prof. Carlos Alberto Cereja De Barros Rio de Janeiro 2011

Upload: vankhue

Post on 09-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MARKETING ESTRATÉGICO E INTELIGÊNCIA COMPETITIVA:

Os impactos da Inteligência Competitiva na formulação do

marketing estratégico empresarial

Por: Luciana Gonçalves

Orientador

Prof. Carlos Alberto Cereja De Barros

Rio de Janeiro

2011

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MARKETING ESTRATÉGICO E INTELIGÊNCIA COMPETITIVA:

Os impactos da Inteligência Competitiva na formulação do

marketing estratégico empresarial

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Empresarial.

Por: .Luciana Gonçalves.

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

3

RESUMO

Analisando o cenário competitivo atual, percebemos que o sucesso

corporativo está inteiramente ligado à capacidade de gestão de marketing que

as organizações possuem no âmbito de organização, destaque e diferenciação

frente aos seus concorrentes, precisando estar sempre acompanhando o

cenário competitivo, em busca de assumir uma posição de liderança no

mercado atuante, aprimorando continuamente seus processos, produtos e

serviços. Diante desse cenário, cada vez mais as organizações buscam meios

que lhe garantam habilidade e rapidez para mudanças, disposição para adotar

novas tecnologias e procedimentos de trabalho, assim como, uma imensa

capacidade para converter conhecimento em ações lucrativas. O tema a ser

apresentado aborda a importância da inteligência competitiva dentro do

marketing estratégico empresarial, em vista às mudanças no ambiente de

negócios e a busca incessante por manter-se competitivo no mercado global.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

4

METODOLOGIA

Para este desafio proposto, os dados foram coletados através de

pesquisas bibliográficas, com consultas a livros, artigos, revistas, trabalhos

acadêmicos, e através da internet, onde o conhecimento é disseminado no

formato de sites, bibliotecas virtuais e on-line, livres e colaborativas.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 06

CAPÍTULO I

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 08

CAPÍTULO II

MARKETING ESTRATÉGICO 13

FOCO NAS ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 21

CAPÍTULO III

INTELIGÊNCIA COMPETITIVA 40

CONCLUSÃO 50

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

WEBGRAFIA 53 ANEXOS 55 ÍNDICE 58

FOLHA DE AVALIAÇÃO 59

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

6

INTRODUÇÃO

O mundo está se transformando rapidamente, aproximando mais

consumidores e mercados. Ao passo que surgem novas oportunidades e

ameaças, tendo em vista as modificações no estilo de vida das pessoas, há um

aumento da complexidade do ambiente mercadológico, e o consumidor torna-

se cada vez mais exigente. Essa complexidade coloca um desafio às

organizações: o contínuo aprimoramento de seus processos, produtos e

serviços, buscando assumir uma posição de liderança no mercado atuante.

Quando analisamos o cenário competitivo atual, podemos perceber que o

sucesso das organizações está ligado à capacidade de gestão de marketing

que as empresas têm para se organizar, se destacar e se diferenciar na mente

do mercado, maximizando suas chances de sucesso e de sobrevivência, não

só no curto prazo, mas principalmente em um horizonte mais distante e, a partir

daí, traçar e executar estratégias competitivas. A obtenção de vantagens

competitivas, tem pautado o modo de gestão das organizações empresariais,

identificando as oportunidades e implementando soluções que atendam os

mercados atuais ou criem novos mercados. Visto isso, segue a questão: quais

os impactos da Inteligência Competitiva na formulação do Marketing

Estratégico?

Nesse sentido, a adoção dos princípios e instrumentos de inteligência

competitiva para a criação de um direcionamento estratégico, pode suprir com

eficiência as principais carências apontadas no processo, uma vez que a

Inteligência Competitiva caracteriza-se pelo foco na identificação de vantagens

competitivas.

Nos capítulos I e II, ficará claro que a importância do marketing às

empresas é crucial para que estas consigam alcançar os objetivos e as metas

estabelecidas em seus planejamentos estratégicos, principalmente, no que

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

7

tange ao atingimento de vendas e lucro. Isso só é possível, porque a área de

marketing dispõe de ferramentas a fim de compreender as necessidades e

comportamento do mercado para avaliar e testar as ações-chave que possam

garantir resultados expressivos em uma dada competição. Sendo assim, a

liderança do marketing é determinar no que diz respeito a propor e influenciar

estratégias que atinjam os clientes, de forma mais eficaz e eficiente, pois, o que

faz uma empresa ser viável, do ponto de vista estratégico e comercial, é a

capacidade dela administrar e gerenciar o nível de satisfação da demanda de

forma mais inteligente e criativa que os concorrentes. Uma boa estratégia de

marketing, é aquela que não pode ser copiada pelos concorrentes. Isso dá a

empresa uma vantagem competitiva sustentável, que lhe permite explorar sua

vantagem diferencial durante um período de tempo mais longo.

Necessitando identificar, a partir de estudos do ambiente externo, fontes

de vantagens competitivas sustentáveis, as empresas introduzem os conceitos

de inteligência competitiva, para a realização de um monitoramento contínuo e

dinâmico do ambiente externo, analisando e disseminando as informações

sobre as atividades dos concorrentes, enfatizando a busca pela informação que

agregue valor ao processo de tomada de decisões pelos gestores, conforme

abordará o capítulo III.

O capítulo IX, apresentará a relação entre marketing estratégico e

inteligência competitiva com intuito de sugerir as melhores estratégias para a

empresa, tendo em vista o mercado externo. Sendo o principal objetivo do ME

a garantia de que suas capacidades internas sejam compatíveis com o

ambiente competitivo do mercado (externo) em que atua, não apenas no

presente, mas também no futuro previsível, a IC vem tornando-se uma

ferramenta fundamental para essas empresas que enfrentam alta concorrência,

ou ainda pretendem manter-se competitivas no seu mercado de atuação,

monitorando permanentemente o mercado externo, para então, sugerir a

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

8

melhor estratégia a ser adotada, baseada na compreensão do ambiente

competitivo.

Este estudo demonstrará de forma simples e objetiva, através de uma

conceituação teórica a importância da Inteligência Competitiva para as

estratégias empresariais, tendo em vista sua busca continuamente por um

espaço significativo no mercado competitivo atual.

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

9

CAPÍTULO I

Planejamento Estratégico

No atual mercado globalizado, em que as mudanças são escalantes, a

competição acirrada, a tecnologia expansiva e o consumidor cada vez mais

exigente, não se pode imaginar uma empresa sem planejamento estratégico.

Pensar estrategicamente tornou-se competência indissociável da liderança no

século XXI e fator critico de sucesso para qualquer organização.

O mercado está em constante mutação e processo de melhoria, e, por

isso , as organizações precisam sempre estar atentos ao seu mercado atuante,

visando a melhoria de seus serviços ou mesmo a sua adequação a novos

mercados. Para isso, ela deve possuir informações que lhe dêem subsídios

suficientes para que possam ser tomadas decisões corretas e rápidas.

De maneira mais simples, o objetivo principal do planejamento

estratégico consiste em encontrar formas diferentes de conduzir os negócios

para melhorar o desempenho futuro da empresa.

O processo de planejamento começa com uma revisão, no âmbito

corporativo, do ambiente competitivo global e das orientações corporativas

para as várias divisões e negócios. Em seguida, solicita-se que divisões e

unidades de negócios atualizem suas estratégias de longo prazo e indiquem

como essas estratégias se encaixam nas principais prioridades e metas da

empresa. Em terceiro lugar, planos divisionais e de unidade de negócios são

revistos, avaliados, ajustados, coordenados e integrados em reuniões entre

gerentes corporativos e gestores da divisão ou unidade de negócios.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

10 Peter Drucker afirmou que “a tarefa mais importante de um líder de uma

organização é antecipar crises” (Swayne, Ginter e Duncan, 1996). No ambiente

instável e turbulento em que as empresas do século XXI se encontram, a

habilidade de antecipar as mudanças e pensar estrategicamente tornou-se uma

competência essencial para qualquer empresa que deseje ser bem-sucedida, e

até mesmo sobreviver.

Com o planejamento estratégico, a organização é capaz de saber qual

sua missão, sua visão de futuro e conhecer o ambiente interno e externo no

qual está inserida. Sem um planejamento estratégico bem definido, a empresa

fica sem rumo e conseqüentemente não consegue obter vantagens

competitivas que a façam ter sucesso perante seus concorrentes.

(CHIAVENATO, 2003)

Nas últimas duas décadas, o mundo vem passando por profundas

transformações. As mudanças no contexto econômico, sociocultural e

tecnológico estão afetando profundamente as organizações, exigindo-lhes

novas estratégias, novos modelos de gestão e novas competências como

respostas para adequação aos novos cenários.

De acordo com Chiavenato (2003), o sucesso no alcance dos objetivos

organizacionais almejados será função da implementação de boas estratégias

que possibilitem ao planejador deslocar, realocar, ajustar, reconciliar de modo

sistemático os recursos organizacionais disponíveis, aproveitando as

oportunidades emergentes no ambiente e neutralizando as ameaças. As

estratégias sustentam a capacidade da organização de se adaptarem em meio

a cenários mais competitivos e dinâmicos.

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

11 Procurando adaptar-se a uma realidade cada vez mais competitiva, as

organizações estão voltadas para a eficiência, aperfeiçoando o seu

relacionamento com os clientes, o controle da qualidade de produtos, a

racionalidade de despesas, buscando condições vantajosas de inserção num

mercado cuja tendência inexorável é a globalização.

Como citado anteriormente, os cenários cada vez mais complexos e

dinâmicos, tornam-se mais freqüentes em todos os segmentos de mercado,

não existe mais empresa que não possua concorrentes.

Para Francisco Gracioso (6ª edição), qualquer decisão que fixa novas

prioridades na distribuição dos recursos da empresa, com vistas a uma

eficiência operativa e competitiva maior no futuro, é estratégia.

Segundo Santiago (2004), diante de uma constante adoção de novos

modelos de gestão empresarial, como a gestão da qualidade total ou até

mesmo a terceirização, propõe a organização uma atualização contínua de

seus executivos e dos processos organizacionais. A comoditização, por

exemplo, que consiste na semelhança cada vez maior entre os serviços

prestados, exige cada vez mais qualidade dos serviços, inovação e melhorias

no atendimento como marco de diferenciação para a competitividade.

As empresas necessitavam buscar novas formas de planejamento que

pudesse satisfazer às necessidades internas e do meio onde estavam

inseridas, como a única alternativa viável de sobrevivência. Essas

necessidades fizeram com que os gestores procurassem adotar um novo

modelo de planejamento, o planejamento estratégico, permitindo-lhe coordenar

as atividades com mais segurança, dentro de um mercado competitivo, dando

ênfase na análise do meio externo, mas sem se descuidar do meio interno.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

12

Favorecendo assim uma informação qualitativa, onde se desenvolve um

processo de planejamento integrado, permitindo aos gestores tomar decisões,

a partir de uma perspectiva futura.

Segundo Francisco Gracioso (6ª edição) o sentido maior da estratégia

de competição é a luta contra o concorrente e, se possível, sua eliminação ou

neutralização. Pois não basta atender ás necessidades do cliente. Para se

obter êxito, precisamos fazer isso melhor, ou mais economicamente, do que

nossos concorrentes.

Conforme Francisco Gracioso (6ª edição) cita em sua obra, o que mais

distingue um sistema de planejamento orientado para o mercado não são as

estratégias escolhidas em si mesmas, mas os resultados que se pode esperar

delas, assim como: permite á empresa responder com mais vigor e rapidez aos

desafios do mercado e do concorrente; cria as condições necessárias para que

se faça uma análise estratégica em profundidade da situação corporativa,

tendo com isso, uma avaliação mais cuidadosa dos pontos fortes e fracos de

seus concorrentes; permite comparar a organização e avaliar o potencial

relativo de diversas opções estratégicas.

Ainda, para Aaker (2001), a administração estratégica de mercado, é

pró-ativa e orientada para o futuro. Mais do que simplesmente aceitar o

ambiente como dado, o seu papel estratégico confinado à adaptação e à

reação, a estratégia pró-ativa pode promover uma mudança ambiental afetiva.

Portanto, as necessidades dos clientes e o desenvolvimento tecnológico

podem ser influenciados com estratégias ativas e criativas.

Sendo assim, estratégia e sucesso empresarial estão intimamente

ligados. A sobrevivência à longo prazo, o crescimento sustentado, a

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

13

rentabilidade adequada, a capacidade de inovação e a vantagem competitiva

sustentável, como sendo os critérios reconhecidos apara o êxito

organizacional, podem ser atingidos com o auxílio da estratégia.

Após análise do ambiente interno e externo da organização, desenvolve-

se no planejamento estratégico, a análise swot, com o objetivo de analisar seus

pontos fortes, seus pontos fracos, suas oportunidades e ameaças.

Os pontos fortes podem ser controlados pelos dirigentes da organização,

já que ele é resultado de estratégias de atuação que são definidas pela

empresa. Desta forma, quando a organização percebe um ponto fraco, deve-se

agir para controlá-lo ou, pelo menos, minimizar seu efeito.

Embora o ambiente externo esteja fora do controle da organização, ela

consegue monitorá-lo de forma à aproveitar as oportunidades relevantes de

maneira mais ágil e eficiente e evitar também possíveis ameaças.

Um sistema de planejamento estratégico formal, tenta estruturar o

desenvolvimento e a implementação da estratégia como processo

primariamente linear e seqüencial. Quando surge um novo desafio ou

oportunidade competitiva, a empresa não pode se dar ao luxo de esperar para

reagir, reforçando assim, a compreensão de que mesmo que a estratégia se

refira a criar uma visão de longo prazo para a organização, ela deve manter

certo grau de flexibilidade sobre como chegar lá e conservar opções de

adaptação a eventuais mudanças.

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

14

CAPÍTULO II

Marketing Estratégico

Em mercados cada vez mais dinâmicos e competitivos, as organizações

com maior probabilidade de sucesso são as que percebem as expectativas,

desejos e necessidades dos clientes e se preparam para satisfazê-los melhor

que seus concorrentes. Esta a razão para que se reconheça que os clientes-

alvo só compram os produtos ou serviços de uma organização se esta atender

melhor os seus desejos e necessidades, comparado aos mesmos oferecidos

pelas organizações concorrentes.

Em mercados cada vez mais exigentes, abarrotados e competitivos, é

indispensável ser orientado ao mercado. Aproximar-se mais do cliente,

compreender suas necessidades e demandas, além de administrar os

recursos, os ativos e as capacidades da organização, de forma a oferecer algo

de valor superior ao do concorrente é o que importa.

Reconhecer que os mercados são heterogêneos e construídos por

vários segmentos de mercado, cada qual com suas exigências perante as

ofertas essencialmente similares, leva as organizações à necessidade de

decidir claramente qual mercado ou quais mercados-alvo a organização

procurará atender.

Novas capacidades precisam ser construídas ou adquiridas de outra

forma, seja através de alianças, fusões ou aquisições, para permitir que a

empresa possa competir no mercado atuante. Ao mesmo tempo, a organização

precisa examinar constantemente como se pode usar o seu conjunto atual de

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

15

capacidades e ativos nos mais diferentes mercados. Ou alternativa, seria

combinar suas capacidades existentes de formas inovadoras para criar novas

oportunidades.

A competitividade crescente dos mercados está impondo as empresas,

independente do seu porte ou área de atuação, o uso de instrumentos de

gestão que permitam desenvolver ações de marketing cada vez mais ajustadas

ás necessidades do mercado.

O modo mais óbvio de se analisar a dinâmica competitiva é a utilização

de informações preciosas sobre eles, no sentido de antecipar o que farão, com

o intuito de prevenir movimentos que possam afetar negativamente os

interesses de uma empresa e promover aqueles que a ajudarão.

Um modelo muito utilizado como instrumento básico de análise de

competitividade é a cadeia de valor. A cadeia de valor inclui as atividades que

geram valor ao cliente, revelando as diversas formas de obtenção de

vantagens competitivas através de suas atividades.

Um plano de marketing é o documento que resume o planejamento, é a

formalização do mesmo. È o que estimula a todos da organização, pois,

favorece o apontamento de todos para a mesma direção.

Um plano de marketing é essencial no processo de aproveitar uma

oportunidade oferecida pelo mercado, pois, nele contém inúmeros detalhes

relevantes, o que torna o processo de planejamento a principal atividade do

profissional da organização.

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

16 É crucial uma compreensão profunda da concorrência no mercado

global sob a perspectiva do cliente. Pois muitas vezes, ver o serviço pelo ponto

de vista do cliente é difícil, mas, sem essa perspectiva, uma estratégia de

marketing torna-se vulnerável ao ataque de fontes inesperadas da

concorrência.

O verdadeiro foco no cliente e a capacidade de resposta da empresa

formam o contexto em que a estratégia de marketing é construída e

implementada.

O verdadeiro desafio enfrentado pelas empresas hoje é transpor o

marketing “da boca para fora” e “cair na real” com o que é necessário para

obter uma posição competitiva sustentável e de longo prazo no mercado,

gerando lucros e valor para o acionista. Enfrentar esse desafio envolverá a

elaboração de uma estratégia de marketing baseada numa profunda

compreensão do mercado atuante ou que se pretenda atuar, para então definir

uma posição competitiva apoiada por um contínuo processo de aprendizagem

e ampliação de valor para o cliente.

Segundo Hooley, a essência do desenvolvimento de uma estratégia de

marketing para uma empresa é assegurar que as capacidades da empresa

correspondam ao ambiente de mercado competitivo no qual ele opera, não

apenas hoje, mas também no futuro próximo. Com outras palavras, o autor

afirma que tais capacidades e recursos sejam suficientes para corresponder às

necessidades e exigências do mercado operante.

Para qualquer estratégia ser eficaz, ela precisa estar em sintonia com as

necessidades e exigências dos clientes e com os recursos e capacidades da

empresa que busca implementá-la.

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

17 Não importa o quanto a estratégia é bem feita e articulada; se não tiver

focada em satisfazer as necessidades dos clientes, está destinada ao fracasso.

A organização bem-sucedida do futuro terá seu foco no cliente, e será

apoiada por uma competência de informação de mercado que ligue a voz do

cliente a todos os processos de entrega de valor da empresa. Organizações

bem-sucedidas em marketing terão as habilidades necessárias para gerenciar

processos múltiplos de marketing estratégico, muitos dos quais apenas

recentemente tem sido considerados como parte do campo de atuação de

marketing. (Webster, 1997)

Um mercado em constante mudanças requer uma coleta constante de

informações por parte da organização para assegurar que ela consiga se

manter em dia com as exigências dos clientes.

Com os concorrentes se tornando cada vez mais sofisticados em

encontrar oportunidades de mercados e em planejar programas de marketing

para explorá-las, a própria empresa precisa melhorar suas atividades de

marketing.

Um aspecto básico para o desenvolvimento de uma vantagem

competitiva sustentável em circunstâncias de mudanças rápidas e, muitas

vezes, imprevisíveis, é a habilidade de aprender a se adaptar rapidamente.

Uma vantagem competitiva sustentável, pode ser alcançada quando são

obtidos de recursos distintos imunes à imitação ou á reprodução por

concorrentes. Esses recursos, além de criar uma probabilidade maior de se

obter vantagem competitiva em relação ao concorrente, possuem várias

características-chave:

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

18

• possibilitam a oferta de valor superior aos concorrentes

para seus clientes;

• são imunes à reprodução pelos concorrentes;

• o seu valor pode ser agregado pela organização.

Para Hooley, a decisão de atender a um mercado-alvo é tomada em três

conjuntos principais de fatores: primeiro, quão atraentes são os alvos

alternativos em potencial; segundo, quão bem a empresa espera conseguir

atender cada alvo em potencial em relação à concorrência. Em outras palavras,

os pontos fortes ou competências relativas que a organização consegue reunir

para atender o mercado; e a terceira tarefa-chave é alinhar todos os recursos

organizacionais relevantes para planejar e executar a entrega de satisfação do

cliente.

O valor de um recurso na geração de valor para o cliente precisa ser

avaliado em relação aos recursos dos concorrentes. Ou seja, para que o

recurso que a organização possui, contribua para se construir uma vantagem

competitiva sustentável, ele precisa servir para diferenciar as ofertas da

organização das ofertas de seus concorrentes.

A estratégia não consiste na mera melhoria operacional, e nem no foco

de algumas competências. Uma verdadeira vantagem sustentável provém da

maneira pela qual se encaixam todos os diversos recursos, para então criar-se

uma base de recursos, buscando formular uma estratégia única, buscando

atingir o objetivo da organização.

Para Hooley, cada vez mais as empresas estão praticando o “marketing

de fatores múltiplos”, desenvolvendo estratégias de construção de intensos

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

19

relacionamentos com alguns clientes, estratégias de relacionamento menos

intenso com outros, e ainda, estratégias de fraco relacionamento com outros,

dependendo do valor do cliente no longo prazo, levando em consideração seu

grau de exigências.

O bom desempenho empresarial passou a ser considerado uma função

do ajuste da empresa ao seu ambiente, alcançado a partir de estratégias

adequadas. A sobrevivência de qualquer empresa depende da obtenção de

alguma vantagem sustentável em relação a seus concorrentes, segundo a

óptica dos clientes (LAMBIN,2000)

Segundo Zenone (2007), a interação com os clientes, é fundamental

para a competitividade e ainda a diferenciação. Portanto, o sucesso competitivo

passa a depender da criação e da renovação das vantagens competitivas, a fim

de buscar as peculiaridades que a distinguam favoravelmente das demais, para

então, alcançar seus objetivos e metas.

Atualmente, as empresas bem sucedidas são aquelas que ao longo do

tempo, deslocaram seu foco da visão interna de seus processos e se voltaram

para o mercado, focando seus objetivos no atendimento das necessidades e

desejos de seus clientes.

A estratégia de marketing de uma organização, é preparada para dar

uma integração total dos esforços que cumpram os objetivos propostos. Ela

envolve a seleção de um ou mais mercados alvos e, depois, o desenvolvimento

de compostos de marketing (produto, preço, promoção, distribuição) que

satisfaça as necessidades/desejos dos participantes d mercado alvo escolhido.

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

20 Embora a estratégia de marketing envolva a seleção de um mercado-

alvo, essas decisões não são tomadas no vácuo, ela deve seguir alguns

critérios importantes, assim como:

• ajustar-se ás necessidades e aos propósitos do mercado-alvo

selecionado;

• ser realista em relação aos recursos disponíveis e o ambiente

organizacional;

• ser consistente com sua missão, metas e objetivos.

Em sentido mais amplo, o marketing estratégico refere-se a como a

empresa gerenciará seus relacionamento com os consumidores, de maneira

que obtenha vantagem sobre a concorrência.

A função do marketing estratégico é seguir a evolução do mercado de

referência, identificar os diferentes produtos-mercado e segmentos atuais ou

potenciais, na base da análise de necessidades a satisfazer, e orientar a

empresa para as oportunidades existentes ou criar oportunidades atrativas, ou

seja, bem adaptadas aos seus recursos e ao seu saber-fazer, que oferecem

um potencial de crescimento e rentabilidade. (ZENONE, 2007)

De acordo com Zenone (2007) especificar a missão da Empresa, definir

suas metas, elaborar uma estratégia de desenvolvimento que melhor se

adéqüe às metas propostas pelo cliente e cuidar da manutenção de uma

estrutura equilibrada da carteira de produtos e serviços, são os principais

objetivos do ME.

Pressionadas por uma maior competitividade e à procura de novas

oportunidades de crescimento da produção e ampliação do mercado, as

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

21

grandes empresas foram impulsionadas à adoção de ovas estratégias,

limitando a concorrência. Essas estratégias são importantes para entender

como se comporta a empresa e seu desempenho no mercado atuante.

Segundo Zenone (2007), o ambiente externo é dinâmico, ou seja, novas

situações surgem a cada momento. Dessa maneira, ações estratégicas são

tomadas pela empresa, com a finalidade de retomar os rumos traçados,

independente das dificuldades que possam a vir surgir no percurso, visando

alcançar os objetivos estratégicos da empresa.

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

22

2.1 – FOCO NAS ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS

Com a abertura dos mercados, torna-se cada vez maior a concorrência

empresarial, e com isso, o conceito de competitividade fica cada vez mais

importante.

A complexibilidade do mercado, coloca um desafio às organizações: o

contínuo aprimoramento de seus processos, produtos ou serviços, visando

oferecer alta qualidade com custo competitivo, na busca de assumir uma

posição de liderança no mercado atuante. Redefinem-se os fatores

competitivos, fazendo emergir novas empresas de sucesso, tornando absoletas

as que forem incapazes de evoluir e adaptar-se ao novo ambiente

mercadológico.

Kluyver (2007) afirma que novos conceitos, tecnologias e idéias de

negócios nascem todos os dias. A internet, a qualidade total, a inovação, a

flexibilidade e a velocidade foram reconhecidas ao longo dos anos como

essenciais para a agilidade de uma organização. Como resultado, as

corporações continuam a abraçar iniciativas, tais como gestão da qualidade,

terceirização, reengenharia e uma variedade de outros conceitos, buscando

melhorar seu nível de competitividade.

Saber aonde se quer chegar e descobrir maneiras criativas e

cuidadosamente analisadas para atingir tal objetivo são as marcas

inconfundíveis de um desenvolvimento estratégico bem-sucedido. Entender

como se cria uma estratégia é importante, porque está provada a existência de

um elo entre as escolhas estratégicas de uma empresa e seu desempenho de

longo prazo. Empresas bem-sucedidas normalmente entendem melhor os

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

23

desejos e necessidades de seus clientes, os pontos fortes e fracos dos

concorrentes e a maneira de se criar valor.

Para Kluyver (2007), estratégia diz respeito a posicionar uma

organização para a obtenção de vantagem competitiva. Envolve escolhas a

respeito de que setores participar, quais produtos e serviços oferecer e como

alocar recursos corporativos. Seu objetivo principal é criar valor para acionistas

e outros stakeholders ao proporcionar valor para o cliente.

Segundo Kluyver (2007) aumentar a eficácia operacional é crucial no

ambiente competitivo atual, porém, não substitui o bom pensamento

estratégico. Há uma diferença fundamental entre estratégia e eficácia

operacional. Embora ambas sejam essenciais para a competitividade, a

eficácia está voltada para “fazer as coisas de uma forma melhor que os

concorrentes”, enquanto que a estratégia foca em “fazer as coisas de uma

maneira diferente”.

Conforme as afirmações de Kluyver (2007), o desempenho superior,

sustentável, de longo prazo, embora seja uma meta definitiva da estratégia, só

pode ser obtido se uma empresa puder reconhecer e conservar as diferenças

significativas entre ela e seus concorrentes.

Embora as ferramentas de eficácia operacional possam aumentar a

competitividade, elas não capazes, sozinhas, de forçar as empresas a escolher

entre conjuntos de atividades totalmente diferentes e internamente

consistentes.

Kluyver (2007) afirma que uma boa estratégia concentra-se na criação

de valor para os acionistas, parceiros e etc. por meio da satisfação das

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

24

necessidades dos consumidores de uma forma melhor que qualquer outra

empresa.

Para Kluyver (2007), as escolhas de posicionamento devem não apenas

ditar as atividades que uma empresa escolhe executar e o modo como vai

executá-las; devem especificar como elas se inter-relacionam para formar um

conjunto coerente que diferencie o conjunto escolhido de atividades das outras

muitas atividades concorrentes.

Kluyver (2007) afirma que a estratégia competitiva tem um duplo

propósito: desacelerar o processo de desgaste, por meio da proteção de fontes

atuais de vantagens contra a ação do concorrente, e investir em novas

competências que formem a base para a próxima posição de vantagem

competitiva.

Para Kluyver (2007), assim que uma empresa implementar uma diretriz

escolhida, começa a sentir o quanto ela está sintonizada com o ambiente

competitivo, a probabilidade de os rivais reagirem e até que ponto a empresa

está bem preparada para tornar reais suas intenções competitivas, pois um

elemento fundamental na formulação da estratégia é responder às

preocupações e a influência de todo o leque de stakeholders de uma

organização. Para isso, a organização precisa identificá-los e priorizar os

principais stakeholders e avaliar suas necessidades principais, assim como

suas preocupações, incorporando assim, suas idéias e percepções no

processo.

Segundo Kluyver (2007), declarações de visão e missão são, em sua

maioria, inputs para o processo de desenvolvimento da estratégia; elas

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

25

orientam os critérios pelos quais uma estratégia é desenvolvida e definem o

leque de opções que uma empresa deve considerar.

2.1.1 Formulando a estratégia

• Etapas

Segundo Kluyver (2007), o processo de criação de uma estratégia pode

ser baseado em 3 perguntas-chave: Onde estamos? Para onde vamos? E

Como chegaremos lá?

- Onde estamos?

Parte do processo referente à preocupação com a avaliação do estado

atual do negócio ou da empresa como um todo.

- Para onde vamos?

As perguntas desse tipo são projetadas para gerar e explorar

alternativas estratégicas baseadas nas respostas obtidas à primeira pergunta.

No nível da unidade de negócios, por exemplo, podem ser consideradas

opções como: focar o crescimento em alguns segmentos de mercado; enfrentar

o mercado sozinha ou se associar com outra empresa; ou até mesmo

concentra-se em soluções de alto valor agregado ou de baixo custo para os

clientes.

- Como chegaremos lá?

Esse componente do processo está focado em como atingir os objetivos

desejados. Uma das questões mais importantes abordadas nesse estágio, é a

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

26

de como preencher o gap de competência que separa as atuais habilidades e

capacidades organizacionais daquelas que são necessárias para atingir o

propósito estratégico declarado.

Para Mintzberg (2006) as principais subatividades da formulação da

estratégia incluem identificação de oportunidades e ameaças no ambiente da

organização e a inclusão de algumas estimativas de riscos para as alternativas

criadas. Antes de fazermos escolhas para a tomada de decisão, é importante

que o gestor avalie também as forças e fraquezas da organização, além de

levar em consideração os recursos disponíveis, pois, sua capacidade real ou

potencial de aproveitar as necessidades percebidas no mercado ou de lidar

com possíveis riscos, deve ser estimada de forma mais objetiva possível.

Segundo Mintzberg (2006), as estratégias são os objetivos estimados

em relação a capacidade relativa que a organização possui frente as

oportunidades no desenvolvimento de mercados. As alternativas devem ser

ordenadas em termos do grau de risco que apresentam, de forma que possam

ser comparadas com padrões de receptividade para as expectativas da

sociedade.

Kluyver (2007) afirma que o teste definitivo de qualquer estratégia é

verificar se ela produz vantagem competitiva com retornos acima da média.

Pois, estratégia é o posicionamento de uma organização para a obtenção de

vantagem competitiva e sua capacidade de fazer escolhas sobre em quais

setores participar, que serviços oferecer e como alocar os recursos

corporativos.

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

27

2.1.2 Implementando a estratégia

Para Mintzberg (2006), como a implementação efetiva pode tornar uma

decisão estratégica sólida ineficaz ou uma escolha bem-sucedida discutível, é

importante examinar os processos de implementação, pesando as vantagens

das alternativas estratégicas disponíveis.

Kluyver (2007) afirma que a implementação bem-sucedida de estratégia

só ocorre quando as pessoas certas, munidas das informações corretas e

motivadas pelos incentivos certos têm autoridade clara para tomar decisões

críticas.

• Identificando forças

Para Mintzberg (2006), a competência característica de uma

organização é mais do que aquilo que ela pode fazer; é aquilo que ela pode

fazer particularmente bem.

Segundo Mintzberg (2006), as informações necessárias para identificar

as forças essenciais que justifiquem novos empreendimentos não vêm

naturalmente. Seu cultivo pode provavelmente ser ajudado pelo

reconhecimento das necessidades a serem analisadas. O esforço para

encontrar ou criar competências realmente diferenciadas pode ser a verdadeira

chave para o sucesso empresarial ou até mesmo para seu desenvolvimento

futuro.

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

28

• Capital humano: o recurso estratégico mais valioso de

uma empresa

Segundo Kluyver (2007), as empresas são gerenciadas por e para

pessoas. Portanto, entender suas preocupações e competências é essencial

para determinar a posição e as opções estratégicas de uma organização.

Para Kluyver (2007), conhecimento e base de capital intelectual são

direcionadores importantes de uma vantagem competitiva, a qual vem do valor

que a empresa entrega a seus clientes. Portanto, a vantagem competitiva é

criada e sustentada quando as empresas continuam a mobilizar novos

conhecimentos mais rapidamente e com maior eficiência do que os

concorrentes.

• Combinando oportunidade e competência

Para Mintzberg (2006), a forma de estreitar o leque de alternativas,

ampliado pela identificação imaginativa de novas possibilidades, é combinar

oportunidade e competência, depois de identificar com cuidado e avaliar a

importância futura de cada uma. Tal combinação é criada para minimizar os

pontos fracos organizacionais e maximizar os pontos fortes.

Segundo Mintzberg (2006), quando a oportunidade parece superar a

competência diferenciada, a disposição para apostar que essa competência

pode ser levado ao nível exigido é quase indispensável para uma estratégia

que desafia a organização.

Mintzberg (2006) afirma que em todas as organizações, a forma de

combinar competência diferenciada, recursos e valores organizacionais deve

ser exclusiva, pois, as combinações de oportunidades para as quais podemos

aplicar competências diferenciadas, recursos e valores são numerosas e é

importante e desafiador que o resultado seja único para cada empresa e para

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

29

cada situação, porque as estratégias genéricas nem sempre se adéqua à

situação e os objetivos almejados.

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

30

2.2 Avaliando a Estratégia Empresarial

Por Richard R. Rumelt

Richard R. Rumelt afirma que a estratégia não pode ser formulada nem

ajustada para circunstâncias mutantes sem um processo de avaliação da

estratégia, pois ela constitui um passo essencial no processo de orientação da

empresa.

Segundo Richard R. Rumelt, a avaliação da estratégia é uma tentativa

de olhar para além dos fatos óbvios relacionados à saúde da empresa no curto

prazo e avaliar os fatos e tendências mais fundamentais que governam o

sucesso no campo de ação escolhido.

Para Richard R. Rumelt, não importa como seja atingido, o resultado da

avaliação de uma estratégia empresarial traz respostas a estas três perguntas:

- Os objetivos da empresa são apropriados?

- As principais políticas e planos são apropriados?

- O resultado obtido até agora afirma ou rebate as suposições

críticas nas quais as estratégias se baseiam?

Encontrar respostas adequadas para essas perguntas não é um

processo simples, em particular, as principais questões que dificultam a

avaliação e com os quais o analista deve lidar são:

• cada estratégia de negócios é única. A avaliação de uma

estratégia deve se basear em um tipo de lógica situacional que não se

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

31 concentre em uma “única melhor maneira”, mas naquela que possa ser

adaptada a cada problema à medida que ele surgir.

• a estratégia está principalmente relacionada com a seleção

de metas e objetivos.

• os sistemas formais de revisão estratégica, embora

atraentes em princípio, podem criar situações explosivas de conflito em

relação à quem está mais qualificado para fazer uma avaliação objetiva.

Richard R. Rumelt afirma que estratégia é um conjunto de objetivos,

políticas e planos que define o escopo da empresa e seus métodos de

sobrevivência e sucesso num determinado ambiente competitivo complexo.

Para ele, a estratégia deve representar uma resposta que se adapte ao

ambiente externo e às mudanças críticas que ocorrem nesse ambiente, criando

assim, uma vantagem competitiva em uma área de atividade selecionada, pois,

a experiência em um determinado segmento ou outro ambiente, permite ao

analista afiar estes critérios e acrescentar outros, apropriando à situação com a

qual está lidando.

Segundo Richard R. Rumelt, a maneira como uma empresa se relaciona

com o seu ambiente tem dois aspectos. A empresa deve se igualar e se

adaptar a seu ambiente e deve ao mesmo tempo, concorrer com outras

empresas que também estão tentando se adaptar.

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

32

2.2.1 Estratégia Genérica versus Estratégia Competitiva

Para Richard R. Rumelt, a estratégia genérica lida com a criação de

valores sociais – a questão de saber se os produtos e serviços que estão

sendo criados valem mais do que custam. Enquanto que, a estratégia

competitiva, lida com a necessidade da empresa de capturar alguns valores

sociais, como lucros.

Segundo Richard R. Rumelt, o papel do avaliador, no caso de uma

estratégia genérica é examinar o modelo básico de relações econômicas que

caracterizam a empresa e determinar se está ou não sendo criado valor

suficiente para sustentar a estratégia. A maioria das macro análises das

condições econômicas mutantes tem origem na formulação ou avaliação de

estratégicas genéricas. A chave para avaliar uma estratégia genérica é

entender por que a empresa existe em sua posição atual e como ela atingiu

seu padrão atual. Uma vez que o analista obtenha um bom entendimento da

base econômica que dá suporte e define a empresa, é possível estudar as

conseqüências das principais tendências e mudanças.

Não é exagero dizer que a estratégia competitiva é a arte de criar ou

explorar as vantagens mais fortes, duradouras e mais difíceis de duplicar. A

estratégia competitiva, e contraste com a estratégia genérica, concentra-se nas

diferenças entre as empresas, e não em suas missões comuns. O problema

que ela aborda não é tanto “como essa função pode ser desempenhada” mas

sim, “como podemos fazer melhor do que nossos concorrentes, ou pelo menos

igual a eles?” (Richard R. Rumelt)

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

33 Segundo Richard R. Rumelt, ao avaliar a capacidade da organização de

executar uma estratégia, é importante fazer três perguntas separadas:

- A organização demonstrou possuir capacidade para resolver

problemas e/ou competências especiais exigidas pela estratégia? O objetivo da

estratégia é fornecer estrutura para a questão geral das metas e métodos das

empresas para lidar com seu ambiente.

- A organização demonstrou o grau de habilidade de coordenação e

integração necessário para executar a estratégia?

- A estratégia desafia e motiva as principais pessoas e é aceitável para

aquelas que devem apoiá-la? O objetivo da estratégia é dispor efetivamente

dos recursos únicos e diferenciá-los da empresa. Se os principais gerentes não

são tocados pela estratégia, não se empolgam com suas metas ou seus

métodos, ou não dão um amplo suporte a essa alternativa, ela vai falhar.

2.2.2 Processo de avaliação da estratégia

Segundo Richard R. Rumelt, a avaliação da estratégia é uma parte

integrante do processo de planejamento, revisão e controle da organização.

Em algumas organizações, essa avaliação é informal, breve e apenas

ocasional. Outras criam sistemas elaborados, contendo sessões formais

periódicas de revisão de estratégia. Portanto, nos dois casos, a qualidade do

desempenho corporativo, será determinada mais pela capacidade da

organização de se auto-avaliar e aprender.

Para Richard R. Rumelt, os processos reais em qualquer organização

não são encontrados ao olhar as coisas que vêm a ser rotuladas de

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

34

“estratégias” ou “de longo prazo”. Muito pelo contrário, os componentes reais

do processo estratégico são as atividades que afetam mais profundamente a

seleção e a modificação dos objetivos e que de alguma maneira influenciam o

comprometimento irreversível de recursos considerados importantes para a

organização. Sendo assim, o método de avaliação da estratégia de uma

organização deve estar de acordo com sua postura estratégica e trabalhar em

conjunto com seus métodos de planejamento e controle.

Richard R. Rumelt afirma que uma boa estratégia não precisa de

reformulação constante, se a estratégia for repensada e articulada, não será

preciso ficar repensando sempre o plano inteiro, pode se concentrar apenas

nos detalhes. Dessa maneira, o essencial é sempre cuidar do quadro geral da

estratégia, fazendo pequenas mudanças necessárias, para adaptar a empresa

ao ambiente competitivo.

Portanto, avaliação de estratégia é a análise dos planos e dos resultados

que estão relacionados ou afetam a missão empresarial. Seu foco está na

separação entre os resultados operacionais e os fatores que sustentam o

sucesso ou fracasso no domínio das atividades escolhida.

Finalmente Richard R. Rumelt ressalta que, a capacidade de uma

empresa de manter sua posição competitiva em um mundo de rivalidade e

mudança, pode ser melhor trabalhada por gerentes que consigam manter uma

visão dupla de estratégia e avaliação de estratégia, desejando e percebendo a

estratégia dentro das atividades diárias, além de construir e manter as

estruturas e sistemas que fazem dos fatos estratégicos, o objeto da atividade

atual.

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

35

2.2.3 Objetivo estratégico

Segundo Richard R. Rumelt, as organizações de hoje estão lutando co

todas as forças em busca de uma vantagem competitiva dentro do enorme

mercado global, tentando sempre tomar o lugar do seu rival mercadológico. Na

busca por uma vantagem significativa, alguns executivos estão transferindo

suas fábricas para outros países, buscando o baixo custo da mão-de-obra,

racionalizando linhas de produtos para capturar economias de escala globais,

instituindo círculos de qualidade e produção just-in-time, e adotando práticas

japonesas de recursos humanos. Se a competitividade ainda parece fora de

alcance, fazem alianças estratégicas, normalmente com as mesmas empresas

que mais incomodam seu equilíbrio competitivo.

Richard R. Rumelt afirma que por um lado, o objetivo prevê uma posição

de liderança desejada e estabelece os critérios que a organização vai usar para

representar esse progresso. Ao mesmo tempo, o objetivo estratégico é mais do

que simplesmente ambição desenfreada. O conceito também engloba um

processo de gestão ativa que inclui: focar a atenção da organização na

essência da vitória; motivar pessoas ao comunicar o valor da meta; sustentar o

entusiasmo, fornecendo definições para novas operações à medida que as

circunstâncias mudam; e usar consistentemente o objetivo para guiar as

alocações de recursos.

Para Richard R. Rumelt, o objetivo estratégico é estável, garantindo

consistência às ações de curto prazo, ao mesmo tempo em que deixa espaço

para reinterpretações conforme o surgimento de novas oportunidades.

De acordo com Richard R. Rumelt, como o objetivo estratégico, os

desafios expandem a organização. Para que um desafio seja eficaz, as

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

36

pessoas e as equipes em toda a organização devem entendê-lo e ver as

implicações para o seu próprio trabalho. As empresas que estabelecem

desafios corporativos para criar novas vantagens competitivas, descobrem

rapidamente que, apara engajar toda a organização, a alta gerência precisa:

- criar um senso de urgência: ampliando os sinais fracos no ambiente

que apontam para a necessidade de melhoria, em vez de permitir que a falta

de ação precipite uma crise real.

- desenvolver um foco competitivo em todos os níveis, por meio do uso

generalizado de inteligência competitiva: cada funcionário deve ser capaz de

medir seus esforços contra os melhores concorrentes, de forma que o desafio

se torne pessoal.

- fornecer aos funcionários as habilidades de que precisam para

trabalhar efetivamente: treinamento em ferramentas estatísticas, solução de

problemas, engenharia de valor e montagem de equipes, por exemplo.

- dar tempo à organização para digerir um desafio antes de lançar outro:

quando iniciativas concorrentes sobrecarregam a organização, os gerentes de

nível intermediário sempre tentam proteger seu pessoal dos inconvenientes da

mudança de prioridade.

- estabelecer marcos claro e revisar mecanismos: para acompanhar o

progresso e assegurar que reconhecimento interno e recompensas reforcem o

comportamento desejado. A meta é tornar inevitável para todos na empresa.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

37 Para Richard R. Rumelt, criar um senso de responsabilidade recíproca é

crucial porque a competitividade depende oficial do ritmo no qual a empresa

implanta novas vantagens dentro da organização, não de seu estoque de

vantagens a qualquer momento. Poucas vantagens competitivas são muito

duradouras. Descobrir uma nova vantagem competitiva é mais ou menos como

conseguir uma boa dica sobre ações: a primeira pessoa a agir com base na

informação faz mais dinheiro do que a última.

Richard R. Rumelt defende a idéia de que manter o registro das

vantagens existentes não é o mesmo que construir novas vantagens. A

essência da estratégia está em criar vantagens competitivas de amanhã mais

rápido do que os concorrentes podem imitar aquelas que a organização possui,

hoje. Pois, a capacidade de uma organização de melhorar aptidões existentes

e aprender novas é a vantagem competitiva mais defensável de todas. Para

concorrentes inteligentes, a meta não é imitação competitiva, mas sim inovação

competitiva, a arte de ter riscos competitivos em proporções administráveis.

Para Richard R. Rumelt, quanto mais amplo o portfólio de vantagens de

uma organização, menor o risco que ela enfrenta nas batalhas competitivas. Os

novos competidores globais construíram tais portfólios expandindo

constantemente seu arsenal de armas competitivas. Eles se moveram

inexoravelmente das vantagens menos defensáveis, como baixo custo de mão-

de-obra, para vantagens mais defensáveis, como marcas globais.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

38

2.3 Estratégia como Tomada de Decisão Estratégica

Por Kathleen M. Eisenhardt

Para Kathleen M. Eisenhardt, estratégia é a tomada de decisão

estratégica principalmente nos mercados que mudam rapidamente. Sua

posição implícita é que decisões do tipo “apostar a empresa” – aquelas que

mudam a direção da empresa e geram novas vantagens competitivas – surgem

com muito mais freqüência nesses mercados. Portanto, a capacidade de tomar

decisões estratégicas rápidas, com amplo suporte e alta qualidade em bases

freqüentes, é parte fundamental da estratégia eficaz.

Kathleen M. Eisenhardt afirma que tomadores de decisão eficazes criam

estratégias ao:

- construir intuição coletiva que aumenta a capacidade de ver ameaças e

oportunidades mais cedo e mais acirradamente.

- estimular o conflito rápido para melhorar a qualidade do pensamento

estratégico sem sacrificar muito tempo.

- manter um ritmo disciplinado que conduza o processo de decisão a

uma conclusão precisa.

- enfraquecer o comportamento político que cria conflito improdutivo e

perda de tempo.

Segundo Kathleen M. Eisenhardt, em mercados dinâmicos, o conflito é

uma característica natural de tomadas de decisão de alto risco, pois gestores

razoáveis, sempre vão divergir em suas visões sobre como o mercado vai se

revelar. Além disso, como demonstra uma pesquisa, o conflito estimula o

pensamento inovador, cria um entendimento mais complexo das opções e

melhora a eficácia das decisões. Considerando o valor do conflito, os

tomadores de decisão estratégica eficazes, em mercados que mudam

rapidamente, não apenas toleram o conflito como o aceleram. Talvez, a forma

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

39

mais poderosa de acelerar o conflito, seja criar alternativas múltiplas, na qual a

idéia é desenvolver alternativas tão rapidamente quanto possível, de forma que

a equipe possa trabalhar com um leque de possibilidades simultaneamente.

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

40

CAPÍTULO III

INTELIGÊNCIA COMPETITIVA

A IC começou a ser adotada pelas empresas no início dos anos 80,

como resposta às novas exigências de um mercado globalizado e de acirrada

concorrência. Ter um sistema de inteligência competitiva (SIC) é considerado

estar à frente no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade.

A produção orientada para as necessidades do consumidor não é o suficiente

para garantir o sucesso empresarial. É preciso também monitorar a

concorrência e as novas tecnologias para que se possa identificar as ameaças

e antecipar oportunidades que permitam conquistar uma posição competitiva

favorável.

De acordo com Gonzalez, num mundo em que a competição atual e a

potencial são crescentes, em que os consumidores tornam-se cada vez mais

exigentes, em que a informação flui de forma veloz e a baixo custo, em que as

empresas reinventam-se constantemente, em que as fusões e aquisições são

uma constante, em que o ciclo de vida dos produtos encurta-se

significativamente, e em que tais produtos tornam-se cada vez mais

commodities, uma área produtora de informações passa a ser vital.

Segundo a ABRAIC – Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência

Competitiva, o ambiente de incerteza dos mercados atuais dificulta a tomada

de decisão, principalmente no que diz respeito ao longo prazo. Em muitas

indústrias, uma decisão errada pode levar à falência da organização. Para

sobreviverem, as empresas precisam dispor de um SIC que forneça

informações analisadas de forma integrada, permitindo tomar decisões mais

seguras e em tempo real.

Inteligência Competitiva, para Rostaing et al (1993), é o conjunto das

atividades de controle do ambiente de uma empresa, visando a oferecer dados

úteis à definição de suas estratégias de evolução. A coleção e análise das

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

41

informações de mercado, informações tecnológicas, informações sobre clientes

e concorrentes, assim como informações relativas a tendências externas à

organização (políticas e sócio-econômicas) podem ser definidas como

inteligência competitiva para os autores.

A IC é parte crucial da emergente economia do conhecimento.

Analisando os movimentos da concorrência, as empresas podem antecipar

desenvolvimentos do mercado em vez de simplesmente reagir a eles.

Dumaine (1988) definiu inteligência competitiva como a arte de espionar

legalmente os concorrentes, citando como exemplo as empresas japonesas,

que segundo o autor, treinam seus gerentes para praticar IC em cada negócio:

eles devem estar atentos o tempo todo, assumindo a função de coleta de

informações como parte implícita de seu trabalho.Sob esta ótica, a informação

é vital para conquistar vantagem competitiva e, portanto, se pretendem

contribuir com a empresa, precisam estar aptos a identificar tais vantagens.

Porter (1986) ressalta, entretanto, que a leitura dos sinais do ambiente

concorrencial exige técnicas. Na visão do autor, seria preciso determinar uma

metodologia para a decisão sobre quais são os dados cruciais e sobre o modo

como eles podem ser colhidos e analisados. A análise que pode produzir uma

compreensão mais profunda de um determinado setor e de seus concorrentes

exige um grande volume de dados e informações, alguns dos quais sutis e de

difícil obtenção, por isso, a compilação dos dados para uma análise sofisticada

da concorrência exige mais do que trabalho duro. É necessário o planejamento

de mecanismos organizados, que o autor chama de “sistema de inteligência” e,

para Porter, qualquer que seja o mecanismo para coletar dados de inteligência

sobre o concorrente, existe benefícios com um mecanismo que seja formal e

envolva documentação.

A IC também ajuda as empresas se organizarem internamente. “De um

modo geral, elas são depositárias de grande quantidade de informações, as

quais alimentam seu processo decisório. No entanto, é comum que as

informações se encontrem dispersas pelas diversas áreas que compõem a

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

42

empresa. Juntá-las, analisá-las e dar-lhes uma interpretação que contenha um

caráter corporativo constitui um grande desafio do processo de inteligência

competitiva.” (GONZALEZ, 2001).

Pesquisas divulgadas pela SCIP mostram que companhias com

programas de IC bem estabelecidos têm maior lucro por ação que companhias

na mesma indústria sem IC. Além de obter aumento nos lucros, as empresas

que utilizam IC evitam custos e têm processos de tomada de decisão melhores.

Quando a economia está em recessão, estas vantagens podem fazer toda a

diferença.

Pequenas empresas não precisariam tanto da IC porque suas ações são

mais intuitivas, mas grandes empresas, nas quais o conhecimento tende a ser

mais disperso e pulverizado, precisariam de maneiras de aglutinar tais

conhecimentos de forma a responder às ameaças e ações de seus

concorrentes, e do ambiente externo no geral.

No entendimento de Mairi (1992), uma das formas de coletar

informações sobre o desempenho dos concorrentes mais difundidas é o

benchmarking, que se resume em uma técnica para verificar, de uma forma

perfeitamente legal, como outros fazem alguma coisa melhor do que sua

organização. Para Evaristo (1995), contudo, é preciso ressaltar que o

benchmarking é apenas uma das formas possíveis de praticar inteligência

competitiva, onde, para se atingir os objetivos esperados, as organizações

precisam compreender seu ambiente concorrencial, além de atingirem elevado

grau de integração com este ambiente, que ademais, mostra-se em crescente

diversidade.

Os requisitos básicos para se produzir inteligência são:

• Preparação: é preciso ter uma idéia clara sobre as

necessidades de informação, ou seja, saber qual é o problema de

inteligência.

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

43

• Exploração sistemática de fontes: desenvolver um plano

para reunir informações e segui-lo, sempre tendo em mente o próximo

passo.

• Flexibilidade: informações novas e circunstâncias

desafiadoras inevitavelmente vão exigir alterações na abordagem – é

essencial que a metodologia de geração de inteligência permaneça

flexível á medida que se avança na procura de informações.

• Análise: desenvolver uma abordagem estruturada para

processar a informação reunida.

A SCIP reconhece seis passos diferentes no processo de IC:

planejamento, coleta, análise, entrega, aplicação e avaliação. As diversas

fontes teóricas sobre o assunto divergem quanto ao número de etapas da IC,

mas, de modo geral, pode-se identificar algumas que são sempre

consideradas: planejamento, coleta, análise e disseminação, as quais serão

abordadas a seguir.

• Planejamento: reunião efetiva de informações – também

conhecida como planejamento de coleta – requer redundância e

variedade, pois, através da redundância pode-se assegurar que as

informações possam ser verificadas em diversas fontes diferentes,

ajudando a empresa a se certificar que elas não estão simplesmente

repetindo informações da mesma fonte primária. Esse plano de coleta

deve estabelecer claramente os requisitos de inteligência em ordem de

prioridade, identificar os tipos e o montante de informação necessária,

adequar as fontes de informação aos requisitos, além de identificar os

aspectos que requerem monitoramento contínuo.

“Uma forma de controlar os custos do sistema de inteligência e ao

mesmo tempo criar um sistema amplo é espalhar a responsabilidade

pela coleta e análise de informações por toda a organização. (...) Quanto

mais as pessoas virem o desenvolvimento e o uso da inteligência como

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

44 parte de seus trabalhos, mais prontamente disponível estará a

inteligência e mais ela será utilizada”. (FULD, 1995).

• Coleta de dados: dados podem ser obtidos por meio de

pesquisas primárias quando se vai diretamente à fonte á procura da

informação desejada, ou através de pesquisas secundarias que são as

que sustentam as sugestões obtidas a partir das fontes primárias. Mas,

é importante lembrar que as empresas controlam as informações que

colocam na web. Para esgotar a pesquisa de IC, é necessário usar

outras fontes que adicionem profundidade e perspectiva.

• Processamento e análise: uma vez reunidas as

informações necessárias, é preciso identificar padrões e tendências

significativos, buscar insights exclusivos e relações até não detectadas

entre os dados. O arquivamento e a catalogação de dados e

informações, segundo Sammon, devem ser realizados no mais baixo

nível da organização, uma vez que os níveis superiores devem se ater à

sua análise. Os dados coletados devem ser dispostos em planilhas que

permitam sua visualização rápida e efetiva, separando as atividades dos

concorrentes em cada um dos aspectos sob foco. O passo seguinte

compreende a interpretação e análise dos dados de inteligência

disponíveis. Nesta fase, é especialmente importante que a pessoa

encarregada do processo de análise seja alguém também responsável

pelas decisões que envolvem as informações sob foco.

Essa visão lhe permite ”julgar o valor das informações coletadas e

catalogadas, formular hipóteses acerca dos objetivos, intenções e

movimentos potenciais dos concorrentes e, finalmente, testar e refinar

tais hipóteses através das informações que lhes chegam”. (CARVALHO,

1995).

A matriz SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) é

uma ferramenta de análise mais utilizada. Ela permite que se obtenha

uma boa comparação entre uma empresa e seus concorrentes; a partir

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

45 de acontecimentos passados importantes, aponta para onde eles

provavelmente se moverão e quais as ações que a empresa deveria

tomar frente a isso.

• Disseminação e uso das informações: sucede o processo

de análise e interpretação das mesmas. Segundo Carvalho, deve-se

desenvolver um conjunto integrado de relatórios que cubra quatro

categorias genéricas de inteligência:

- “estimativa síntese das estratégias do concorrente;

- relatórios periódicos das tendências e atividades do concorrente;

- pesquisa contínua de inteligência – estudo de caso acerca do

competidor denominado ‘caso base da inteligência’;

- flagrantes de inteligência sobre itens de interesse”.

Os flagrantes de inteligência compreendem estudos rápidos sobre

tópicos específicos, geralmente utilizados para suprir uma necessidade

imediata de um executivo da empresa.

O caso base para inteligência constitui um estudo minucioso e

contínuo de um determinado competidor. É formado por um conjunto de

arquivos atualizados que indexam vários aspectos do concorrente,

incluindo seu histórico estratégico, sua estratégia corporativa, as

estratégias das unidades de negócios, a análise funcional, o perfil de

seus executivos, bem como sua síntese estratégica.

Já os relatórios periódicos de inteligência (boletins,

exibições/demonstrações e quadros de avisos) têm por finalidade

disseminar por grande parte da empresa as informações decorrentes do

monitoramente concorrencial, constituindo, assim, uma forma de

feedback e motivação aos agentes internos coletores de informação.

Além desse objetivo, visam atualizar os estudos de caso para

inteligência, identificar novos elementos essenciais de informação sobre

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

46 o concorrente, constituir um sumário de desempenho comparativo e

fornecer um quadro de referência comum com a concorrência.

Por fim, a estimativa síntese das estratégias do concorrente

representa uma previsão do comportamento do concorrente, cuja

finalidade é “guiar as ações estratégicas e de marketing da empresa,

além de delimitar as alternativas contingenciais que devem ser

planejadas e acionadas caso sejam necessárias.” (CARVALHO, 1995).

Essa síntese é resultado do esforço da análise e interpretação de todos

os dados e informações coletadas.

Nenhuma empresa pode se dar ao luxo de ignorar os acontecimentos

externos, nem mesmo aquelas que operam em regime de monopólio, pois se

não são os concorrentes, outros fatores, como macroeconomia e inovações

tecnológicas, com certeza afetam a operação e nada garante que uma

empresa monopolista ou líder absoluta de mercado mantenha-se assim para

sempre. Para ser eficaz, é importante que a empresa esteja bem organizada

internamente. Caso isso não ocorra, deve-se observar práticas bem sucedidas

de outras empresas que podem trazer idéias para solucionar os problemas

internos organizacionais. Ao passo que são resolvidos, a empresa fica mais

preparada para lidar com o ambiente externo e adquire um entendimento cada

vez maior sobre concorrentes, fornecedores e clientes; no qual, a partir dos

pontos de vista desses players, ela pode, então, analisar suas próprias forças e

fraquezas, assim como melhorar seu funcionamento interno. Ou seja, olhar

para fora e olhar para dentro não si não são excludentes como também

reforçam continuamente. E esse é justamente um dos pressupostos da IC.

Apesar de, a princípio, estar mais voltada para o ambiente externo, a IC pode

contribuir para a melhoria das atividades internas, da forma que foi descrita

anteriormente.

Outra questão freqüentemente associada à contribuição da Inteligência

Competitiva diz respeito ao alinhamento entre as estratégias organizacionais e

as pessoas responsáveis pela consecução destas estratégias. A partir da

conceituação de Zanazi (1998), que entende IC como um sistema ou

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

47

mecanismo organizacional capaz de reunir informações sobre o ambiente

concorrencial, de forma a ajudar as empresas a compreender as forças e

fraquezas de seus concorrentes, avaliar seu posicionamento diante de outras

empresas do mesmo setor, prever ações de concorrentes e clientes e até

mesmo do governo, Rodrigues (2002) conclui que a IC pode oferecer uma

contribuição valiosa às organizações, desde que utiliza no sentido de criar um

sistema capaz de elaborar as estratégias organizacionais, tomar decisões de

maneira mais eficiente e, finalmente, integrar a organização, através do

alinhamento entre os objetivos desta e as ações individuais de cada pessoa,

funcionário e/ou departamento da organização.

Os próprios funcionários de uma empresa são sua fonte de informações

mais valiosa. Embora, ela normalmente não seja aproveitada como deveria. Há

consenso de que a empresa possui funcionários bem qualificados e

possuidores de grande conhecimento, mas cada um deles, muitas vezes nem

fica sabendo que o outro possui determinada informação, pois as mesmas

ficam fragmentadas pela empresa, o que impede que sejam reunidas e

analisadas em conjunto para gerar inteligência.

Talvez a principal causa de todos os problemas organizacionais seja a

indefinição quanto ao foco do negócio. Se a empresa não sabe qual é o

negócio (ou quais são os negócios) em que pretende concentrar seus esforços,

não há como definir objetivos, estratégias, atividades, competências exigidas

dos funcionários, enfim, não há como tomar nenhuma decisão fundamentada.

È importante que se tenha em mente que nem mesmo a decisão sobre o foco

de negócio é definitiva; ela deve ser revista continuamente, caso contrário

corre-se o risco de voltar ao estado inicial.

Rothberg e Erickson (2005) afirmam que a inteligência competitiva seria

uma questão envolvendo um determinado conjunto de conhecimentos de uma

organização. Na visão dos autores, a gestão do conhecimento seria o fator

central e mais relevante de qualquer iniciativa de IC, que requer, uma longa

lista de fontes de informações (balanços e demonstrações contábeis de

concorrentes, histórico econômico de um setor industrial, informações públicas

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

48

disponíveis em agências reguladoras e afins, especialistas e consultores

altamente qualificados naquela área organizacional, publicidade e

propagandas, etc.) para identificar, coletar, criar e disseminar dados, e,

finalmente, conhecimento. Os autores afirmam que a IC gerencia o

conhecimento de uma forma estratégica, visando ao maior interesse da

organização, sendo uma das proposições destes autores é chamada “equipe-

sombra”.

Trata-se de uma equipe designada a acompanhar, detalhadamente,

todos os movimentos, ações e estratégias de um concorrente em particular. O

caso da Microsoft é usado como exemplo: desconfia-se que a empresa de

software mantenha uma “equipe-sombra” dedicada a estudar tudo que se refira

ao Linux, enquanto especula-se que a própria Microsoft seja alvo de inúmeras

“equipes-sombra” de seus concorrentes. Outra proposição de Rothberg e

Erickson (2005) é que as empresas mantenham ao menos uma equipe de IC

encarregada de pesquisar conhecimentos que a empresa já detenha, mas que

porventura se encontrem pulverizados entre diversos departamentos, filiais ou

unidades de negócios. Tais informações seriam cruciais para enfrentar a

concorrência, em especial quando se trata de empresas que atuam em

diversos países ou mesmo num único país com grande extensão territorial.

Quanto aos objetivos pretendidos a partir da criação da área de IC, a

análise dos resultados permite identificar uma dicotomia: enquanto muitas

empresas valorizam a formulação de estratégias, tomada de decisões táticas e

análise do ambiente competitivo, poucas dão a mesma importância para a

vigilância tecnológica. Obviamente o impacto da vigilância tecnológica depende

sobremaneira do setor no qual a empresa encontra-se, mas, em linhas gerais,

a pouca observação das novas tecnologias pode causar perda de

competitividade, erros na definição de estratégias e ações táticas, e causar

surpresas às organizações.

As teorias preconizadas, em especial a observação de Porter (1986)

sobre a sistematização e planejamento de mecanismos organizados,

demonstram que há uma lacuna em termos práticos, o que, afinal, pode criar

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

49

problemas para as empresas, como a perda de informações importantes,

demora na disseminação e aproveitamento destas. Esta situação é agravada

quando retomamos a confirmação da hipercompetição atual, pois as empresas

que perdem tempo com adversidades, certamente demorarão mais a

responder às ações dos concorrentes, ou mesmo às novas ameaças criadas

pela inovação tecnológica.

Page 50: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

50

CONCLUSÃO

As rápidas mudanças estimuladas pela evolução tecnológica e pelo

modelo econômico praticado globalmente cada vez mais desafiam as

empresas em sua capacidade de resposta ás demandas do ambiente externo.

A agilidade e flexibilidade organizacional são requisitos indispensáveis à

integração e ao monitoramento do ambiente operacional e geral. Frente às

novas exigências de um mercado globalizado e de acirrada concorrência, as

empresas começam a adotar a inteligência competitiva, pois precisam saber

quais fatores devem ser levados em conta para maximizar suas chances de

sucesso e sobrevivência, não só no curto prazo, mas principalmente no

decorrer de sua existência e, a partir desses dados, traçar e executar

estratégias competitivas visando o retorno esperado.

No mundo atual, onde podemos perceber a competitividade empresarial,

se uma empresa não está enxergando as oportunidades do mercado em tempo

real, está perdendo clientes para a concorrência ou então utilizando políticas de

marketing e vendas inadequadas, a causa pode estar na falta de um sistema

de inteligência competitiva adequado. Pois quando se utilizam de informações

corretas, no momento oportuno, os gerentes são avisados com antecedência

sobre as oportunidades e ameaças do mercado, as investidas dos

concorrentes sobre seus valiosos clientes, e pontos fortes e vulnerabilidade da

empresa e, bem informados, podem definir, com maior eficácia, estratégias

comerciais defensivas e ofensivas. E esse é o papel da Inteligência

Competitiva, sendo ela uma ferramenta voltada à qualificação dos gestores

para a correta tomada de decisão, auxilia formalmente a captura e geração de

conhecimento mercadológico para a empresa, partindo do contínuo exercício

de monitoramento das relações da empresa com TODA sua cadeia de valor

(inclusive interna).

Page 51: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

51

Antecipar as ameaças e preparar-se para reagir adequadamente a elas

é o que faz a diferença entre o fracasso e o sucesso. Em um ambiente

competitivo volátil, incerto, complexo e ambíguo, com rápidas mudanças nas

necessidades dos consumidores e nas ações concorrenciais, um sistema de

informações competitivas bem organizado, pode fazer a diferença para a

continuidade do negócio. Visto que, quanto mais a empresa souber sobre seus

mercados, clientes e concorrentes, melhor e mais rápido poderá desenvolver

novos produtos, direcionar os esforços de vendas para mercados mais

promissores, prestar serviços diferenciados aos clientes, usar propaganda mais

eficiente e distribuir pelos canais mais adequados.

Enfim, a mente é a maior arma da estratégia. Sem informações corretas,

os dirigentes podem incorrer em erros catastróficos. Estar preparado,

devidamente informado, é requisito essencial para os administradores de

empresas, de qualquer tamanho ou ramo de atividade.

O conceito de IC já existe nas empresas, mesmo que de uma forma

incipiente. Não só as grandes organizações como também as micros e

pequenas empresas já realizam, no dia-a-dia, a busca de informações

referentes aos concorrentes a fim de tomarem decisões importantes para os

seus negócios. Entretanto, poucas conhecem ou utilizam de uma metodologia

apropriada, o que acaba é uma pena, pois a Inteligência Competitiva permite

que as empresas antecipem o futuro de seus mercados, tomando assim

decisões com menor grau de risco e atuem pro - ativamente com relação às

ameaças e oportunidades, ao invés de meramente reagir à elas.

Page 52: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

52

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

AAKER, D.A. Administração Estratégica de Mercado. Porto Alegre, 5ª

edição, 2001

CHIAVENATO, Idalberto; SAPIRO, Arão. Planejamento Estratégico:

Fundamentos e Aplicações. Rio de Janeiro, Campus, 2003.

GRACIOSO, Francisco. Marketing Estratégico - Planejamento Estratégico

orientado para o mercado. Editora Atlas, 6ª edição.

HOOLEY, Graham J.; Saunders, John A.; Piercy, Nigel F. Estratégia de

Marketing e Posicionamento Competitivo. Makron Books, 3ª edição.

KLUYVER, Cornelis A.; PEARCE II, John A.. Estratégia: uma visão executiva.

São Paulo, 2ª edição, 2007.

LAMBIN, J.J. Marketing Estratégico. Lisboa: MacGraw-Hill, 2000.

MINTZBERG, Henry et al.. O processo da estratégia: conceitos, contextos e

casos selecionados. Porto Alegre, Bookman, 2006.

ROTHBERG, Helen N., ERICKSON, G. Ecott. From knowledge to

intelligence: creating competitive advantage in the new economy.

Amsterdam: Elsevier Butterworth Heineman, 2005.

SANTIAGO, Antonio Claudio Queiroz. Marketing Estratégico. DVS Editora,

2004

STAREC, Claudio. Gestão Estratégica da Informação e Inteligência

Competitiva. Saraiva, 2005.

ZENONE, Luiz Claudio. Marketing Estratégico e Competitividade

Empresarial. Novatec, 2007.

Page 53: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

53

WEBGRAFIA

ANTHES, Gay H. Competitive intellegence. Computerworld. V.32, n. 27, Jul

1998. Disponível em: http://www.hottopos.com/convenit4/fernalme.htm. Acessado

em 02/11/2010.

CARVALHO, Dirceu Tornavoi de. Sistemas de Inteligência Competitiva. São

Paulo, 1995. Dissertação de mestrado - Depto. de Administração da Faculdade

de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo.

http://www.ead.fea.usp.br. Acessado em 05/10/2010.

EISENHARDT, Kathleen M.. Estratégia como Tomada de Decisão

Estratégica

EVARISTO, Roberto. Toward a theory of organizational intelligence. Revista

Brasileira de Administração Contemporânea. N.4, Set.1995. Disponível em:

http://www.abraic.org.br/V2/periodicos_teses/ic_a56.pdf. Acessado em 12/10/2010.

FULD, Leonard M. The New Competitor Intelligence. John Wiley and Sons,

Inc., 1995 . Disponível em http://www.fuld.com. Acessado em 17/11/2010.

GONZALEZ, Bernardo Celso. Inteligência Competitiva nas Empresas. 2001,

Disponível em http://www.abraic.org.br. Acessado em 08/09/2010.

MAIRI, Jeremy. How to steal the best ideas around. Fortune Magazine. 19

Out. 1992. Disponível em http://www.ufrgs.br. Acessado em 01/12/2010

ROSTAING, H; BALDIT, P; QUONIAM, L; HASSANALY, P.; DOU, H.

Bibliometric analysis os patent documents for R&D management.

Research evaluation. V.3, n.1, 1993. Disponível em:

http://editora.unoesc.edu.br/index.php/race/article/viewFile/365/111. Acessado em

18/12/2010.

RUMELT, Richard R.. Avaliando a Estratégia Empresarial

SAMMON, William L.; KURLAND, Mark A.; SPITALNIC, Robert. Business

Competitor Intelligence: Methods for Collecting, Organizing and Using

Page 54: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

54

Information. New York, John Wiley & Sons, 1984. Disponível em:

http://www.ead.fea.usp.br. Acessado em 27/11/2010

SCIP - Society of Competitive Intelligence Professionals. Disponível em:

http://www.jaimebastos.com.br/docs/publicacoes/pub0001.pdf. Acessado em 30/09/2010.

ZANASI, A. Competitiive intelligence trough data mining public sources.

Competitive Inteligence Review, v.9, nº1, 1998. Disponível em:

http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/(SICI)1520-6386(199801/03)9:1%3C44::AID-

CIR8%3E3.0.CO;2-A/abstract. Acessado em: 14/09/2010.

Page 55: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

55

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo I - Figura 1: O ciclo de vantagem competitiva

Anexo II – Tabela: Estratégia Genérica versus Estratégia Competitiva

Page 56: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

56

Fontes de vantagem *Recursos superiores *Competências superiores

Vantagens posicionais percebidas

* Valor superior para o cliente

Recompensas de desempenho

* Satisfação * Fidelidade *Lucro *Compartilhamento

Dinâmicas competitivas desgastam vantagens

Investimentos em renovação

Barreiras à

imitação

essenciais de sucesso

ANEXO 1

Figura 1: O ciclo de vantagem competitiva

Fonte: George S. Day e David J. Reibstein, Wharton on dynamic competitive strategy. © 1997 Juhn Wiley &

Sons, Inc.

Material usado mediante permissão da John Wiley & Sons, Inc.

Page 57: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

57

ANEXO 2

Estratégia Genérica versus Estratégia Competitiva

Estratégia Genérica Estratégia Competitiva

Questão de valor Valor social Valor corporativo

Restrição de valor Valor do cliente > custo Preço > Custo

Indicador de sucesso Crescimento de vendas

Mérito corporativo

aumentado

Tarefa estratégica

básica Adaptar-se à mudança

Inovar, impedir imitação

deter rivais

Como a estratégia é

expressa Definição de produto-mercado

Vantagem, posição e

políticas de suporte

Método básico para

análise

Estudo de um segmento através do

tempo Comparação entre rivais

Page 58: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

58

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

RESUMO 03

METODOLOGIA 04

SUMÁRIO 05

INTRODUÇÃO 06

CAPÍTULO I

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 08

CAPÍTULO II

MARKETING ESTRATÉGICO 13

2.1 - foco nas estratégias competitivas 21

CAPÍTULO III

INTELIGÊNCIA COMPETITIVA 40

CONCLUSÃO 50

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

WEBGRAFIA 53

ANEXOS 55

ÍNDICE 58

Page 59: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ênfase na análise do meio externo, ... de competição é a luta contra o concorrente e, ... uma avaliação mais cuidadosa dos

59

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre

Título da Monografia: MARKETING ESTRATÉGICO E

INTELIGÊNCIA COMPETITIVA: Os impactos da

Inteligência Competitiva na formulação do marketing

estratégico empresarial

Autor: Luciana Gonçalves

Data da entrega:

Avaliado por:

Conceito: