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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O LÚDICO NA PRÉ-ESCOLA BRINCANDO SE APRENDE Por: Luiza Eduarda dos Reis Orientador Prof. Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O LÚDICO NA PRÉ-ESCOLA

BRINCANDO SE APRENDE

Por: Luiza Eduarda dos Reis

Orientador

Prof. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

LÚDICO NA PRÉ-ESCOLA

OBJETIVOS:

Pesquisar a importância do brincar tanto na pré-escola como na vida do educando e como o lúdico é facilitador no ensino-aprendizagem.

3

AGRADECIMENTOS

A concretização de uma trabalho é sempre motivo de satisfação e

de agradecimento a Deus e a todos que nos ajudam direta ou

indiretamente.

Agradeço em especial a Deus pela saúde, força e disposição que

me concedeu para vencer mais uma etapa do curso e de minha

vida.

À professora Fabiane Muniz, pela orientação e apoio, para que eu

pudesse realizar este trabalho.

Aos meus pais e à minha irmã e ao meu esposo pela paciência,

ajuda companheirismo e incentivo.

O meu “muito obrigada” a todos.

4

METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho foram utilizadas pesquisas bibliográficas

baseadas em vários autores com experiência no assunto abordado, foi utilizada também

pesquisas na internet e matérias em revistas e jornais.

5

RESUMO

A criança se envolve brincando, por isso é necessário que ela esteja em um

ambiente que lhe possibilite esse contato com os jogos e brinquedos de acordo com sua

faixa etária. Esse ambiente deverá ser facilitador em seu processo ensino-aprendizagem.

Na brincadeira a criança se interage melhor e passa a conviver com mais

facilidade com outras crianças, é um instrumento entre ela e o seu mundo a seu

descoberto. Brincando também, ela desenvolve uma estrutura de organização para

relações emocionais que lhe dá condições para o seu desenvolvimento em suas relações

sociais.

Toda criança deve ter em sala de aula o contato com o lúdico, assim sua

aprendizagem será mais fácil e prazerosa e o seu aprendizado ficará em sua mente sem

ser esquecido.

Através do jogo a criança cresce e se desenvolve, ela passa por algumas fases,

como o faz de conta, o jogo simbólico até a capacidade de brincar em grupo quando

atinge sua fase escolar. Tendo o conhecimento da linguagem a criança tem condições de

aprender a produzir seus próprios jogos com regras elaboradas por ela mesma.

Os jogos são importantes, pois exercitam os músculos, a inteligência, a

flexibilidade e o vigor. Servem para melhorar a socialização entre grupos e faz com que

as crianças fiquem menos egocêntricas.

O brincar contribui pra o desenvolvimento integral da criança e propicia a

construção do conhecimento, o professor é um facilitador nesse processo, pois ele é

quem vai criar, elaborar, dar condições a seus alunos para que possam ter conato com

esse mundo cheio de prazeres, conhecimento e aprendizagem que é o mundo dos jogos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07 CAPÍTLO I 09 CAPÍTULO II 13 CAPÍTULO II 23 CONCLUSÃO 34 BIBLIOGRAFIA 35 ÍNDICE 36

7

INTRODUÇÃO

Existem registros de brinquedos infantis, provenientes de diversas culturas, que

remontam as épocas pré-históricas, demonstrando assim que é natural ao homem

brincar, independente de sua origem e de seu tempo. O brinquedo enquanto objeto real,

manipulável, tem acompanhado a evolução do homem, interagindo em seu espaço físico,

em suas funções e em próprio espaço.

As atividades das crianças são essencialmente lúdicas e tem como função

primordial à descoberta do mundo que as rodeia: a criança se envolve brincando.

O objetivo desta pesquisa é resgatar dados históricos, que confirmem a

importância do lúdico como recurso para a aprendizagem, levando o educador a

perceber os benefícios que trazem para a construção do conhecimento do educando,

mostrando a ele que deve haver um elo entre o jogo e a educação e que isso contribuirá

para a formação de sua personalidade em todos os aspectos: cognitivo, social, físico...

Quando a criança aprende brincando, aprende mais rápido e com mais satisfação.

A importância do jogo para o desenvolvimento da criança foi reconhecida

recentemente. Ainda no século passado, predominava a idéia de que a criança era uma

miniatura do homem, portanto os brinquedos, em particular os bonecos, lembravam os

adultos com todos os seus detalhes.

A relação entre o jogo e a educação sempre despertou interesses dos

pesquisadores, que relacionam o brincar com o desenvolvimento motor, afetivo,

cognitivo, moral e social.

Na brincadeira infantil, a criança revive suas alegrias, seus medos, seus conflitos,

resolvendo-os a sua maneira e transformando sua realidade naquilo que quer,

internalizando regras de conduta e desenvolvendo valores que orientarão seu

comportamento.

Na brincadeira livre, a criança dá asas a sua imaginação aprendendo a lidar com

o mundo e a formar sua personalidade.

Podemos utilizar os jogos e brincadeiras (atividades lúdicas) na prática educativa,

como um importante facilitador no processo ensino-aprendizagem.

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A brincadeira é a melhor forma da criança de se comunicar, sendo um

instrumento que ela possui para conviver com outras crianças. Brincando ela aprende

sobre o mundo que a cerca, integrando-se.

A criança que estiver em um ambiente escolar onde o jogo e o lúdico estão

presentes, ela terá um melhor aprendizado. Suas áreas motoras serão bem mais

desenvolvidas do que aquelas crianças que não tem contato com brinquedos (o brincar) e

só vão a escola para exclusivamente aprender.

Se o brincar é instrumento importante para desenvolver a criança, é também

instrumento para a construção do conhecimento infantil. Pelo brincar, a criança

reorganiza suas experiências. Oferecer condições e oportunidades para a criança brincar

é criar espaço para a construção do conhecimento.

9

CAPÍTULO I

O lúdico

Não importa quão alta sejam suas aspirações; você deve primeiro crer, de maneira firme e sincera, que pode realizá-las.

Willian James

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1. O LÚDICO NA HISTÓRIA

As crianças sempre brincaram. Desde as épocas mais antigas, elas procuram decifrar

o mundo através de advinhas, faz de conta, jogos com bolas, arcos, rodas, cordas e

bonecos.

Pesquisas arqueológicas realizadas nas regiões onde se desenvolveram civilizações

da antiguidade encontraram durante as escavações, piões, dados, bolas, bonecos e outros

objetos- brinquedos no interior de túmulos em sepulturas de crianças. Com a morte da

criança que lhes conferia significado, também findava a utilidade a vida útil daqueles

objetos.

Nos murais, desenhos, esculturas e pinturas onde as diferentes gerações deixaram

registros de aspectos variados da vida cotidiana, podemos observar a presença dos jogos,

das brincadeiras, dos brinquedos (objetos), como elementos que geralmente caracterizam

como crianças, os indivíduos ali representados, eles quase sempre, revelam sua condição

brincando ou segurando brinquedos.

Por volta de 1600, a especialização das brincadeiras atingia apenas a primeira

infância; depois de três ou quatro anos, ele se atenuava ou desaparecia. A partir dessa

idade a criança jogava os mesmos jogos e participava das mesmas brincadeiras dos

adultos, quer entre crianças, quer misturadas com os adultos. Os jogos e os

divertimentos estendiam-se muito bem além dos momentos furtivos que lhe dedicamos:

formavam um dos principais meios de que se dispunha uma sociedade para estreitar seus

laços coletivos, para se sentir unidas.( Philipe, pág 174)

Há brincadeiras que existem desde a antiguidade, como os jogos como bola, os de

construir e demolir, os que envolvem bonecos, os de rolar aros, pular obstáculos e

cordas, os que produzem situações de trabalho realizado por adulto, as cirandas, os de

esconder. Esses jogos e brincadeiras talvez devam sua permanência ao fato de

oferecerem à criança, cada uma sua maneira e sem que ela o saiba, condições de

desenvolvimento para os diferentes aspectos físicos, sociais, emocionais e cognitivos.

Brincar é uma realidade cotidiana na vida das crianças. E para que brinquem, é

suficiente que não sejam impedidas de exercitar a imaginação simbólica, instrumentos

que lhes oferecem os meios de assimilar o real aos seus desejos e aos seus interesses. A

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brincadeira é um meio privilegiado de inserção na realidade: expressa a forma como a

criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo a sua maneira, é

também um espaço onde pode expressar, de modo simbólico suas fantasias, desejos,

medos, sentimentos e os conhecimentos construídos a partir da experiência vivida.

1.1 A evolução infantil e do brinquedo

A maioria dos adultos percebe que a criança avança em idade e conseqüentemente,

em seu desenvolvimento motor cognitivo e social, vai apresentando mudanças em sua

atividade lúdica.

Desde de o nascimento e durante toda a infância, a criança age e se relaciona com o

ambiente físico e social. Assim constrói seu conhecimento sobre a realidade que a rodeia

e pode ir se percebendo como individuo único entre os outros indivíduos. A cada

momento desse processo de conhecimento se utilizam de instrumentos diferentes e

sempre adequados as suas condições cognitivas.( Friendmam, 1992)

O jogo como brinquedo é um meio de comunicação de que a criança dispõe para se

relacionar, brincando ele se revela aos outros e a si própria. É o elo, que permite ligar o

mundo externo e o interno, a realidade objetiva e a fantasia.

A capacidade de transferir para o objeto simbólico as características do real é

essencialmente a todo o desenvolvimento humano. É o que permitirá a elaboração de

símbolos necessários à comunicação na linguagem e o que fará também com que o

homem consiga viver dentro de seu mundo real.

Com o crescimento e se tudo correr bem, a criança vai ampliando tanto o seu espaço

de objetos substitutos, como o tempo de espera na realização de seus desejos.

O jogo é o trabalho da criança e o meio pelo qual cresce e se desenvolve.

Por volta de dois anos, com o desenvolvimento da capacidade simbólica do

pensamento, atividade conhecida comumente como jogo de faz-de-conta ou

simplesmente brincadeira, passa a ser a atividade principal da criança e a prova

constante e evidente de sua capacidade criadora.

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Quando a criança atinge a idade escolar, já é capaz de brincar em grupo com outras,

pois já consegue constituir e elaborar regras.

As crianças brincam porque gostam de brincar. Gostam de brincar porque a

brincadeira é o melhor instrumento para a satisfação das necessidades que vão surgindo

no convívio diário com a realidade.

O desenvolvimento físico, intelectual e social habilita as crianças progressivamente a

formas de brincadeiras mais complexas, envolvendo símbolos e regras, sem eliminar ou

mesmo diminuir a ocorrência dos jogos de exercício. Basta observar as atividades

infantis para verificar que esta forma de brincar se desenvolve e ganha em diversidade à

medida que as brincadeiras crescem.

Também os jogos de exercícios intelectuais se desenvolvem e diversificam com o

crescimento. As perguntas que não esperavam respostas freqüentemente são substituídas

pelo gosto em aprender enigmas para serem propostos a outras crianças ou adultos. O

prazer que as crianças encontram neste tipo de divertimento parece estar relacionado à

intenção de colocar o outro num dilema, numa “armadilha” da qual só sairá conhecendo

a resposta. No entanto é comum quando ainda são pequenas (menores de 7 anos), as

crianças se contentarem em saber muitos “o que é o que ?”,fazer uma série de perguntas

sem esperar que sejam respondidas, apenas para se exercitar e demonstrar socialmente o

que já conhecem.

Com o desenvolvimento da linguagem, a criança tem condições de aprender e

reproduzir os jogos de combinações de palavras, como as parlendas e os trava-línguas.

O problema do crescimento das crianças na sociedade contemporânea sobrevém do

fato de que o desenvolvimento social, as interações sociais da criança com o adulto e

entre as próprias crianças, estão seriamente ameaçadas pelo avanço tecnológico.

Inúmeros estudos mostram que a sociabilização é tão necessária no desenvolvimento

infantil quanto à nutrição, cuidados e outros fatores que satisfazem as necessidades

vitais. Tais interações sociais acontecem através da descoberta e interiorização da

criança nos sistemas culturais e sociais que representam as propriedades determinadas

historicamente pelo homem. A brincadeira tem um papel especial e significativo no

desenvolvimento social do educando.(Adriana Friendmam, 1992)

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CAPÍTULO II

Brinquedos

O sonho representa a realização de um desejo.

SIGMUND FREUD

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2. BRINQUEDO E O DESENVOVIMENTO DO

EDUCANDO

No primeiro ano de vida a criança brinca, com seus próprios membros: faz com que

as pernas, os braços e os dedos; balbucia; agarra e sacode objetos mostrando grande

prazer nesses brinquedos motores. Olhar a luz e as cores, escutar sons e as canções de

ninar e outros constituem brinquedos sensoriais para a criança. Já numa parte posterior, a

partir de mais de dois anos, surgem os jogos simbólicos e continuam até a fase da

educação infantil. O jogo simbólico é uma coisa e outra ao mesmo tempo, a imitação de

situações reais aparecem misturadas à imaginação de novas cenas.

O processo simbólico tem início no desmame, quando ela sente medo de perder a

mãe pela forca de sua agressão e consegue deslocar para outros objetos seus impulsos.

Desde muito pequena a criança se depara com um mundo objetivo em permanente

expansão no qual atua e que tenta conhecer, saber como funciona e como um mundo

social, de relações e sentimentos, com o qual se relaciona enquanto se esforça na

construção de sua identidade.

Quando está brincando, a criança cria situações imaginárias que lhe permitem operar

com objetos e situações do mundo dos adultos. Enquanto brincar, seu conhecimento

desse mundo se amplia, pois ela pode fazer de conta que age de maneira adequada do

manipular objetos com os quais o adulto opera e ela ainda não. Quando é permitido a

criança, por exemplo, brincar em um automóvel, uma charrete ou um meio de

transporte; ela se preocupará, inclusive em reproduzir o barulho do motor ou o trote do

cavalo. O que a motiva não é o resultado de seus gestos. Isto é, ela não pretende se

transportar para outro lugar, mais o próprio processo da atividade, ou seja, seu objetivo,

ao brincar, é a própria ação e não seus resultados. As necessidades que satisfaz são de

conhecimento do mundo em que os homens agem e no qual ela precisa aprender a viver

e ela busca aprender agindo “como se”.

Quando brinca de dirigir, a criança geralmente reproduz forma de agir de motoristas

que já viu em ação. Não de um em particular, mas de um motorista “em geral”,

repetindo gestos observados por ela em suas diversas experiências. A criança reproduz o

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que típico, o que pode ser generalizado, o que ela já conhece sobre “ser Motorista”. É

por isso, que embora nem todo objeto possa servir para determinado jogo, os mesmos

objetos podem ter diferentes funções e participar com sentidos diferentes em diversas

brincadeiras.

A brincadeira é assim, um espaço de aprendizagem, onde a criança ultrapassa o

comportamento cotidiano habitual de sua idade, onde ela age como se fosse maior do

que é, representando simbolicamente o que mais tarde realizará. Um espaço onde,

embora aparente fazer o que mais gosta, aprende a se subordinar às regras das situações

que reconstrói, renunciando à ação impulsiva. A sujeição a essas regras é uma das fontes

de prazer no brinquedo. É ela que fornece a estrutura para aquisições que, no futuro,

serão à base das realizações e da moralidade da criança.

A atividade lúdica, além de ser um espaço de conhecimento sobre o mundo externo

(a realidade física e social), proporciona a criança à possibilidade de experimentar as

emoções com que convive em sua realidade interior.

Permite-lhe vivenciar, em ações concretas, reais, sentimentos que de outros modo

ficaram guardados em sonhos de que muitas vezes ela não se recorda. Enquanto brinca,

pode realizar de forma simbólica toda sexualidade que faz parte da experiência infantil

saudável e encontrar maneiras de lidar com sua carga de impulsos agressivos.

No convívio com esses impulsos e não querendo escondê-los, a criança desenvolve,

desde cedo, a disciplina de exprimi-los através do brinquedo, que pode envolver

sentimentos tanto de amor, quanto de ódio. Por isso, a presença da agressividade na

brincadeira não deve ser censurada; pelo contrario, é importante que seja preservado

esse espaço para que a criança possa exprimir seus sentimentos em momentos em que

não está realmente zangada, num meio conhecido, que não vai reagir com violência. Ela

sabe que num dado momento à brincadeira pode terminar e tem a segurança que

geralmente haverá um adulto por perto para controlar a situação. (WINNICOT, 1975, pág 28)

Assim, brincando, a criança desenvolve uma estrutura de organização para relações

emocionais que lhe dá condições para o desenvolvimento das relações sociais. Nas

brincadeiras que envolvem outras crianças ajustadas a papéis predeterminados, ela

encontra condições de aprender a aceitar que as outras tenham uma existência social e

emocional independente. (BETTELHEIM, 1988, pág 150)

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Embora as crianças brinquem das mesmas coisas em idades diferentes, elas brincam

de formas diversas. Em cada estágio de desenvolvimento do pensamento, os jogos

infantis terão características especificas. A atividade lúdica de uma criança entre 3 e 4

anos é diferente daquela de uma criança em idade escolar ou da de um adulto.

À medida que as crianças crescem e suas condições de pensamento se desenvolvem

num processo de socialização, os jogos com claras situações imaginárias e com regras

ocultas (como é o jogo do faz de conta) vão ligar progressivamente aos jogos com regras

claras e situação imaginaria oculta.

É muito difícil para uma criança de 3/4 anos obedecer às regras de um jogo.Isso

pressupõe relações sociais ou interindividuais e o abandono do jogo egocêntrico em

troca de uma aplicação efetiva das normas de cooperação entre os jogadores, a regra é

uma regularidade imposta pelo grupo. Nesse sentido é que o jogo com regra é

considerado a atividade lúdica do ser socializado.

Os jogos com regras, como os de esconder, a cabra-cega, lenço atrás, queimado, se

desenvolvem a partir das brincadeiras simbólicas e em decorrência de necessidades

internas à criança em desenvolvimento. Neste processo as brincadeiras que antecedem

seu interesse pelos jogos com regras explícitas são aquelas em que várias crianças estão

envolvidas e em que a complementaridade de papéis é fundamental para o

desenvolvimento da ação; são jogos com uma situação imaginária de relações sociais

onde as crianças se subordinam às regras de ação latente na função de cada participante.

Quando três ou quatro crianças resolvem brincar juntas, além de escolher o lugar

onde o jogo acontecerá, tem que decidir quais serão os “personagens” e o que eles farão.

Essas escolhas estabelecem a trama de relações que sustentará o desenrolar do jogo e

para que ele aconteça, será necessário que cada participante se submeta às regras

relativas a seu papel.

A ocorrência desses jogos que envolvem relações sociais é condição importante para

o surgimento dos jogos com regras, que serão a atividade lúdica por excelência das

crianças a partir dos 7 anos.

A atividade lúdica infantil inclui ainda brincadeiras que não supõe qualquer técnica

particular, são simples exercícios de condutas variadas, onde não intervém símbolos ou

regras.(LEONTIEV, 1989). Também chamados de jogos de exercício, tanto podem consistir

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apenas da repetição de gestos (como por exemplo, pular corda, aro ou pneu, pular riacho

ou rodar bambolê), como envolver ações mentais como acontece nos jogos de

combinações de palavras ou quando a criança se diverte inventando perguntas.

Podemos observar que desde muito pequenas, ainda bebês de berço, as crianças se

dedicam a jogos de repetir ações: sacudir um chocalho, balançar objetos pendentes sobre

o berço... Por isso, podemos dizer que os jogos de exercícios são suas primeiras formas

de brincadeiras.

O desenvolvimento físico, intelectual e social habilita as crianças progressivamente a

formas de brincadeiras mais complexas, envolvendo símbolos e regras, sem, no entanto

eliminar, ou mesmo diminuir a ocorrência dos jogos de exercícios. Basta observar as

atividades infantis para verificar que esta forma de brincar se desenvolve e ganha em

diversidade à medida que as crianças crescem.

2.1. BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS

Geralmente, a criança em suas brincadeiras se transforma em adulto, imitando

situações já vivenciadas, reproduzindo o comportamento dos pais, professores e irmãos.

Nesse momento ela passa a repetir situações vividas, às vezes, à procura de soluções

para algumas situações.

Nessa fase, a criança tem a tendência natural para expressar-se corporalmente,

utilizando palavras e gestos na expressão de suas emoções e idéias e usa a motricidade

para se relacionar com o ambiente em que está inserida e com as pessoas que o

compõem.

Na atividade lúdica, ela convive com os diferentes sentimentos de sua realidade

interior e aos poucos aprende a se conhecer e a aceitar a existência dos outros.

É importante receber as crianças em locais que proporcionem a ludicidade:

parquinho, sala de brinquedos, brincadeiras, etc... Outras atividades interessantes podem

ser a apresentação da escola, onde o professor conta à história da escola; brincadeiras

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cantadas que favorecem o relacionamento grupal. (Ciranda-cirandinha, Pirulito que bate-

bate; Atirei o pau no gato, etc).

Os brinquedos são suportes que ajudam as crianças a crescerem de modo

saudável, seja no aspecto físico, social, intelectual ou emocional.

É necessário escolher o brinquedo que melhor atenda às características infantis,

suas necessidades, de acordo com a faixa etária.

Qualquer brinquedo pode ser comprado ou feito, desde que não se esqueçam de

observar as seguintes características.

1) Liberar a emoção infantil.

2) Ser estimulador da imaginação infantil.

3) Ser facilitador do processo de construção do conhecimento.

4) Ser socializador.

5) Auxiliar na aquisição da autonomia, da auto-estima e da iniciativa.

6) Ter o objeto de explorar a ludicidade.

7) Ajudar no desenvolvimento da linguagem.

8) Auxiliar na aquisição da conduta afetiva.

♦ Conheça alguns brinquedos e para que servem:

→ Brinquedo com bola

- Desperta a atenção e favorece o controle do espaço por onde a criança se

desloca. Mobiliza os sentidos, a afetividade, a inteligência.

- Favorece também a socialização.

- Ajuda no desenvolvimento do ritmo, da atenção, da observação.

- Age sobre os membros inferiores, permitindo o gesto direcional, a mobilidade

do quadril, do tornozelo, do pé.

- Age sobre os membros superiores, favorecendo a apreensão direcional, a

mobilidade dos ombros, das mãos e dos dedos.

- Atua ainda sobre a cabeça, p tronco e a bacia, possibilitando ação seletiva e

motricidade geral.

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→ Encaixes (lego-lego) Monte, encaixe, quebra-cabeça

- Ajudam a criança na compreensão rápida de situações novas.

- Contribuem para a motricidade geral doa braços, facilitando a mobilidade dos

cotovelos, dos antebraços, dos pulsos, das mãos, dos dedos. Melhoram a capacidade de

apreensão e ajudam na coordenação do movimento.

- Facilita a coordenação viso-motora, a discriminação de formas, tamanho e

cores.

- Os encaixes podem ser de papelão, plástico, madeira.

→ Brinquedos de bater

- Contribuem para a motricidade geral dos braços, dos antebraços e dos pulsos.

Favorecem o gesto direcional, a coordenação, o ritmo e a estruturação temporal,

estímulo auditivo, tátil e bons auxiliadores na canalização da agressividade.

→ Mosaico

- Ajudam no desenvolvimento da motricidade geral dos braços, dedos e pés.

- Exigem estruturação espacial, atenção, observação, concentração, capacidade

de selecionar formas e cores.

→ Brinquedos do mundo imaginário

- Brinquedos como caixinha de surpresa, fantoches de anões, bruxas e fadas

desenvolvem a motricidade, o pensamento lógico, o controle dos movimentos finos,

levando à criatividade, à observação, enriquecendo o mundo infantil, juntamente com

bonecos e animais.

→ Brinquedos de utensílios de cozinha, ferros de passar, vassouras...

- Devem ser escolhidos de acordo com o tamanho da criança, desenvolvem a

motricidade global dos membros superiores, favorecem a comunicação e a imitação,

ajudam na motricidade geral do corpo e na aquisição do equilíbrio.

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→ Brinquedos que imitam meios de comunicação e transporte

- Desenvolvem o espírito de iniciativa à reflexão, à destreza, à criatividade.

- Contribuem para a educação relacional (socialização) e motricidade geral.

Incluem nesse grupo o cavalo de pau, o triciclo, a bicicleta e similares, que

desenvolvem a motricidade, favorecendo a socialização, desenvolvem a iniciativa, a

criatividade e a reflexão; aumentam o vocabulário, a nomeação de objetos e sons e a

imitação.

→ Fantoches e marionetes

- Levam ao mundo do faz-de-conta, despertam a imaginação, a iniciativa.

Exigem coordenação motora dos braços e das mãos. Estabelecem soluções de parceria.

Teatro de sombras imita o cinema, desperta a criatividade, a atenção e a observação.

2.2- CARACTERÍSTICAS E FUNÇÃO DO JOGO

Através das brincadeiras a criança inicia sua integração social, aprende a conviver

com os outros, a situar-se frente ao mundo que a cerca, ela se exercita brincando.(LUISE

Weiss, 1989, pág 24)

Criando a criança desenvolve seu lado emocional e afetivo bem como algumas áreas

do domínio cognitivo, tais como a capacidade de síntese, o jogo simbólico, etc.

A criança aprende brincando, continuamente.

Entre os autores que discutem a natureza do jogo, suas características ou como diz

Wittgenstein, “semelhanças de família”, encontram-se Caillois (1958), Huizingz (1951),

Henriot (1989) e mais recentemente Fromberg (1987) e Christie 1991 e muitos outros. (TISUKO Kishimoto, 2001, pág 23)

O jogo como elemento da cultura é considerado para Huizinga como prazer, o

caráter “não sério”, a liberdade, a separação dos fenômenos do cotidiano, as regras, o

caráter fictício ou representativo e sua limitação no tempo e no espaço.

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O que predomina geralmente nos jogos é o prazer, porém alguns têm o desprazer

como característica. Algumas brincadeiras apresentam sinais de esforços e desprazer na

busca do seu objetivo.

A psicanálise afirma que o desprazer é uma característica importante do jogo, porque

demonstra como a criança representa diante dos processos catárticos, situações

extremamente dolorosas.

O caráter “não sério” de Huizinga representa a forma como a criança se comporta no

jogo, com risos que contrapõe ao trabalho, considerado atividade séria. É uma atividade

livre, se imposta deixa de ser jogo.

As características marcantes de um jogo são as regras. Algumas regras são

explicitas, como no xadrez ou amarelinha e regras implícitas como nas brincadeiras de

faz-de-conta.

O jogo não visa a um resultado final, possui um fim em si mesmo. O que importa é o

processo em si de brincar que a criança se impõe. Quando brinca não está preocupada

com a aquisição de conhecimento ou desenvolvimento de qualquer habilidade mental ou

física. Quando se joga, nunca se sabem os rumos da ação do jogador, que dependerá

sempre de fatores internos, como a conduta de outros parceiros, por esse motivo é

considerado também como uma interação social.

Utilizando estudos de Garvey (1977), King (1979), Rubin (1983) e outros, Smith e

Volested (1985), eis os critérios para caracterizar o jogo infantil:(TISUKO Kishimoto, 2001, pág

25)

- a não – literalidade – A realidade interna predomina sobre a externa. O

sentido habitual é substituído por um novo.

- efeito positivo – Caracterizado pelos signos do prazer ou da alegria, entre os

quais o sorriso. Quando brinca livremente e se satisfaz a criança demonstra

por meios de sorrisos, trazendo vários efeitos positivos aos aspectos corporal,

moral e social.

- flexibilidade – brincando a criança se sente livre para buscar alternativas de

ação. A ausência de pressão do ambiente cria um clima propício para

investigações necessárias à solução de problemas, assim brincar torna as

crianças mais flexíveis.

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- prioridade do processo de brincar – enquanto a criança brinca, sua atenção

está concentrada na atividade em si e não em seus resultados ou efeitos. O

jogo pedagógico muitas vezes desvirtuam esse conceito ao dar prioridade ao

produto, à aprendizagem de noções e habilidades.

- livre escolha – o jogo só pode ser jogo quando escolhido livre e

espontaneamente pela criança. Caso contrario é trabalho ou ensino.

- controle interno – os próprios jogadores são quem determinam o

desenvolvimento dos acontecimentos. Quando um professor utiliza um jogo

educativo em sala de aula, de modo coercitivo, não oportuniza aos alunos

liberdade e controlo interno.

O jogo infantil inclui as características: simbolismo: representa a realidade e

atitudes; significação: permite relacionar ou expressar experiências; atividade: a criança

faz coisas; voluntário ou intrinsecamente motivado: incorpora motivos e interesses;

regrado: sujeito a regras implícitas ou explícitas e episódio: Metas desenvolvidas

espontaneamente.

Ao manifestar a conduta lúdica, a criança demonstra o nível de seus estágios

cognitivos e constrói conhecimento.

23

CAPÍTULO III

Jogos

O seu humano foi cosmicamente

projetado para vencer obstáculos.

Mas só tem sucesso aquele que

acredita em si mesmo.

Marten Claret

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3. BRINCANDO SE APRENDE

A brincadeira constitui-se basicamente em um sistema que integra a vida social das

crianças.Caracteriza-se por ser transmitida de forma expressiva de uma geração a outra

ou aprendida nos grupos infantis, na rua, nos parques, escolas, festas e etc e incorporada

pelas crianças de forma espontânea, variando as regras de uma cultura a outra ou de um

grupo a outro); muda a forma mais não o conteúdo da brincadeira; a forma é a

organização da brincadeira no que diz respeito aos objetos ou brinquedos, espaço,

temática, números de jogadores etc. Poe exemplo: na Amarelinha o objeto básico

consiste em lançar um objeto, pegá-lo aos pulos e voltar com ele. Esta brincadeira

conhecida universalmente muda sua forma de uma época a outra, de um país a outro ou

de um grupo a outro (o traçado, os objetos, o número de jogadores, etc).

Essas idéias são imitadas e reinterpretadas pelas crianças. Isto varia em função dos

diferentes estímulos, interesses e necessidades de cada grupo cultural de crianças.

Assim as brincadeiras fazem parte do patrimônio lúdico-cultural, traduzindo valores,

costumes, formas de pensamento e ensinamentos.

Brincar é essencial a saúde física, emocional e intelectual do ser humano. Brincar é

coisa séria, também, porque na brincadeira não há trapaça, há seriedade, engajamento

voluntário e doação. Brincando nos reequilibramos, reciclamos nossas emoções e nossa

necessidade de conhecer e reinventar. E tudo isso desenvolvendo atenção, concentração

e muitas outras habilidades.

É brincando que a criança mergulha na vida, sentindo-a na dimensão de duas

possibilidades. No espaço criado pelo brincar nessa aparente fantasia, acontece a

expressão de uma realidade interior que pode estar bloqueada pela necessidade de

ajustamento as expectativas sociais e familiares. A brincadeira espontânea proporciona

oportunidades de transferências significativas que resgatam situações conflituosas.(9)

Toda criança precisa usufruir os benefícios emocionas, intelectuais e culturais que as

atividades lúdicas proporcionam, mas nem todas as crianças têm essa oportunidade, ou

porque precisam trabalhar, ou porque precisam estudar, ou porque não podem atrapalhar

os adultos. Deixam de brincar também por falta de hábito ou por excesso de estímulos:

25

tanta agitação ao redor, tantos brinquedos desvalorizados pelo consumismo que lhes

tirou o sentido de parceria. Dentro do contexto utilitarista da sociedade moderna, cada

vez mais preocupada com o produto do ser humano e não com sua realização pessoal,

não há tempo, não a clima e não é prioridade.

Os adultos querem que as crianças se socializem, que aprendam, que se

desenvolvam, que sejam equilibradas, responsáveis, que prestem atenção no que estão

fazendo, que se acostumem a trabalhar, mas...Afinal, tudo isso não é exatamente o que

uma criança faz quando está brincando? Se deixarmos de lado nosso preconceito e

observarmos a criança enquanto brinca, certamente constataremos sua realidade, pois o

brinquedo é o momento da verdade da criança.

Enquanto brinca, a criança interage com o meio em que vive, pode concretizar seus

desejos, dá a brincadeira um caráter de liberdade, de prazer, de vivências, de

aprendizado, constrói sua autonomia e produz sua cultura.

3.1. O LÚDICO COMO RECURSO DE APRENDIZAGEM

A brincadeira e o jogo são as melhores maneiras de a criança comunicar-se,

sendo um instrumento que ela possui para relacionar-se com outras crianças.

É através das atividades lúdicas que a criança pode conviver com os diferentes

sentimentos que fazem parte de sua realidade interior. Ela irá aos poucos se conhecendo

melhor e aceitando a existência dos outros, estabelecendo suas relações sociais.

Os jogos podem oferecer oportunidades para explorarem aspectos da vida.

Quando jogam ou criam os seus, as crianças terão uma compreensão maior de

como o mundo funciona e de como poderão lidar com ele á sua maneira.

Os jogos podem ser afirmações do que está acontecendo, ou representações do

que as crianças entendem.

É preciso recuperar o caráter lúdico do ensino/aprendizagem. Dessa forma, nunca

é demais lembrar que a palavra “ludus” em sentido próprio significa jogo, divertimento e

por extensão escolar, aula. E não só no latim pode-se encontrar essa origem, mas

26

também em outras línguas, como por exemplo, o japonês. E o que é atividade lúdica? O

jogo, o brinquedo, a brincadeira, provoca prazer e não tem “caráter produtivo” em

termos materiais.(Machado, 1998)

Cada vez mais o lúdico vem sendo negado, em nome da “produtividade” da

sociedade moderna como um todo. Restrito a criança, faixa etária “improdutiva”, até

mesmo o âmbito infantil começa a ser negado cada vez mais precocemente na sociedade

moderna, em nome da necessidade de preparação para o futuro. E o mesmo acontece nas

salas de aula, as atividades lúdicas, geralmente, ocorrem em dias e horários

determinados, onde as crianças “fazem o que querem” com hora marcada, ou quando a

professora falta, ou nos horários de recreio, intervalos, desde que seja fora da sala de

aula. Será que procurar eliminar o lúdico, cada vez mais cedo, da vida da criança não

seria uma forma de repressão eficiente que tenderia a tornar desnecessária, ou pelo

menos muito mais amena, a repressão no adulto?

Se a resposta for afirmativa A Escola como um todo e particularmente as

relações estabelecidas na sala de aula, parece que vem tentando contribuir de modo

eficaz nessa tarefa.

O lúdico precisa ser bastante valorizado na sala de aula. A atividade lúdica, entre

outras características, tem um poder muito grande de fascinar aqueles que com ela se

envolvem, sendo desligada de “interesses” e praticada dentro de limites espaciais e

temporais próprios; é definida basicamente pela alegria, pelo prazer de sua vivência.

A doação de características lúdicas no relacionamento em sala de aula também

encontra resistência. Talvez a principal delas seja a crença de que os brinquedos, os

jogos, trazem em si “elementos perturbadores da ordem”, levando a atitudes de

disciplina. Muito ao contrário dessa crença generalizada e citando Huizinga mais uma

vez o verdadeiro jogo em si “cria ordem e é ordem”. Uma ordem muito mais eficaz

porque é aceita pelo grupo e elabora conjuntamente.

As tentativas de adaptação de características lúdicas na prática educativas da sala

de aula têm sido marcadas por uma série de equívocos. Um deles é que se confunde a

orientação e a motivação com um simples “deixar fazer”. Dessa forma o professor,

enquanto educador deixa de existir confundindo omissão com facilidades para liberdade

de expressão. Assim, não participa com os alunos do processo de desenvolvimento das

27

atividades encarando-a, não como parte de um plano de objetivos educacionais, portanto

não como parte de um processo educativo, mas como fins em si mesma, na perspectiva

do consumo fácil. O professor reduzido a mero espectador, deixa de assumir o seu papel

de educador, disfarçando um certo comodismo. Como se o processo de aprendizagem

acontecesse espontaneamente, não exigindo trabalho, dedicação e orientação.

O trabalho em sala poderá se beneficiar da espontaneidade na escolha dos temas

e do caráter lúdico como forma de abordagem. Mas isso não significa omissão ou

camuflagem da relação pedagógica. Creio que existe espaço para o lúdico na sala de

aula, ou melhor, que ela seja também um espaço para a manifestação do lúdico no dia-a-

dia, trazendo para sala de aula suas principais características.

3.2. A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS PEDAGÓGICOS

O jogo exercita não apenas os músculos, mas a inteligência, da flexibilidade e

vigor.

O jogo está presente no dia-a-dia do aluno. É através do jogo que ele constrói

grande parte de seu conhecimento, caracterizado pelo aspecto lúdico e prazeroso e a

integração com o outro é espontânea. Com o jogo a criança ultrapassa seus próprios

limites, adquirindo autonomia na aprendizagem.

Como recurso pedagógico, o professor poderá utilizar-se de jogos e brincadeiras

em atividades de leitura e escrita, em matemática e outros conteúdos, devendo, no

entanto saber usar o jogo no momento oportuno.

Vantagens de usar o jogo:

- Melhorar a socialização entre os alunos.

- Permitir a criança a ser menos egocêntrica.

- Viver situações de competição e colaboração.

- Desenvolver a capacidade de observação, comparando diferenças e

semelhanças.

- Aprender com mais facilidade de modo agradável.

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- Apresentar algo desafiador para as crianças resolverem.

- Aprender a trabalhar em grupo, respeitando o outro.

- Conseguir objetos mais abrangentes.

A importância dos jogos nas áreas:

Sócio-afetiva:

- O jogo ajuda a criança a ser menos egocêntrica.

- O jogo proporciona a criança viver momentos de colaboração, competição e

também de oposição.

- O jogo ensina a criança a conhecer regras respeitando o companheiro e

aumenta os seus contatos sociais.

Área cognitiva:

- O jogo proporciona a elaboração de algumas estruturas: ordenação,

classificação, estruturação de tempo e espaço, primeiros elementos de lógica

através da resolução de problemas simples, procurando estratégicas para

vencer o colega.

- O jogo ajuda a criança a se comunicar e se expressar usando a explicação de

regras, contestar ou comentar as fases do jogo.

Área motora:

- O jogo permite a criança oportunidade para criar e montar seus próprios

jogos, melhorando as suas habilidades.

- O jogo proporciona a criança a sua avaliação motora, sendo motivada a se

ultrapassar pelo auto desafio.

Segundo Piaget, o professor e a escola devem aproveitar os jogos para melhorar a

socialização de seus alunos, fazendo com que fiquem menos egocêntricos para melhorar

sua convivência em grupo.

O uso do jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a relevância

desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil.

Se considerarmos que a criança aprende de modo intuitivo, adquire noções espontâneas

em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições,

afetividade, corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande

relevância para desenvolvê-la.

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Utilizar o jogo na educação significa transportar para o campo do ensino-

aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as

propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora.

A utilização do jogo potencializa a exploração e a construção do conhecimento,

por contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer

a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de

conceitos em outras situações que não jogos. Ao utilizar de modo metafórico a forma

lúdica (objeto suporte de brincadeira) para estimular a construção do conhecimento, o

brinquedo educativo conquistou o espaço definitivo na educação.

Através de jogos, as crianças desenvolvem o seu raciocínio e constroem o seu

conhecimento de forma descontraída.

De acordo com o nível do aluno, o professor poderá desenvolver conteúdos

específicos, apresentando os mais variados tipos de jogos, não precisando usar jogos

caros e sofisticados.

Utilizando materiais de sucatas, poderão ser criados os mais variados e

interessantes jogos sem gastar praticamente nada.

3.3. JOGOS PEDAGÓGICOS

O jogo deve ser uma atividade espontânea do ser humano, onde a essência é o

elemento lúdico, o prazer proporcionado durante a atividade, não se esquecendo da

criatividade. Incentiva o trabalho em grupo, a busca de soluções coletivas, a trocas de

idéias, onde a cooperação é mais importante que a competição.

Para que os jogos ajudem como processo de construção do conhecimento, é preciso

diminuir o autoritarismo do professor, incluir atividades que favoreçam a troca de

sugestões e opiniões das questões e criar situações para o desenvolvimento da

autonomia.

É preciso incentivar e desafiar os alunos, criando um ambiente propício para o

desenvolvimento do pensamento crítico e a tomada de decisões no grupo social. A

30

participação do aluno no desenvolvimento dos jogos, da apresentação dos jogos. Da

discussão das regras, das possibilidades de jogadas é muito importante.

O jogo se torna muito mais rico quando é permitido ao aluno participar ativamente,

deixando-o falar sobre o que sabe do jogo. Deve-se explorar e observar a fala dos

alunos, apresentando e discutindo as regras dos jogos, o que levará à elaboração de

novas regras e conseqüentemente criando outras possibilidades de jogar.

Os jogos espontâneos e as atividades culturais(jogos tradicionais) podem contribuir

para a construção do conhecimento do aluno, desde que se tenha o cuidado para não

transformar uma atividade lúdica em uma atividade mecânica e repetitiva.

A criança se apropria do conhecimento coletivo quando toma iniciativa, levanta e

defende sua opinião, observa, fala, ouve, critica, sugere, pensa e se faz compreender no

grupo.

O jogo é o instrumento básico da visa psíquica da criança. Ë uma necessidade

instintiva para o aperfeiçoamento físico, mental e social dela, levando-a a tomar contato

com o seu ambiente, reagindo e se adaptando a ele.

Os jogos desenvolvem habilidades de: velocidade, agilidade, equilíbrio, força,

flexibilidade, ritmo, atenção, coordenação, etc. Existem vários jogos para cada fase do

crescimento da criança.

Quando brinca, a criança toma certa distância da vida cotidiana, entra no mundo

imaginário. Embora Huizinga não aprofunde essa questão, ela merecerá atenção de

psicólogos que discutem o papel do jogo na construção da representação mental da

realidade.

A existência de regras em todos os jogos é uma característica marcante. Todo jogo

acontece em um tempo e espaço, com uma seqüência própria da brincadeira.

Seguindo quase a mesma orientação de Huizinga, Caillois aponta como

característica do fojo: a liberdade de ação do jogador, a separação do jogo em limites de

espaço e tempo, a incerteza que predomina, o caráter improdutivo de não criar nem bens

nem riqueza e suas regras.

Entende-se que o jogo por ser uma ação voluntária da criança, um fim em si

mesmo, não pode criar nada, não visa a um resultado final. O que importa é o processo

31

em si de brincar que a criança se impõe. Quando ela brinca, não está preocupada com a

aquisição de conhecimento ou desenvolvimento de qualquer habilidade mental ou física.

Para Fromberg (1987, pág 36), o jogo infantil inclui as características: simbolismo:

representa a realidade e atitudes; significação: permite relacionar ou expressar

experiências; atitudes: a criança faz coisas; voluntário ou intrinsecamente motivado;

incorporar motivos e interesses; regrado; sujeito a regras implícitas ou explícitas, e

episódico; metas desenvolvidas espontaneamente.

O jogo não é apenas uma disputa, uma competição e nem apenas um fruto da

imaginação, da fantasia da criança. Faz parte do cotidiano infantil, tornando-se um canal

de comunicação com o mundo adulto.

3.3.1. Tipos de jogos

Pequenos – não têm regras oficiais, sendo aplicados para todas as idades. São de

fácil execução e tempo mínimo de duração entre 3 e 5 minutos; aproveitam-se todas as

atividades naturais da criança; tudo é variável, dependendo da capacidade do grupo

participante; a alegria espontânea é essencial.

Podem ser sensoriais, desenvolvendo os sentidos (tato, audição, olfato, visão e

paladar), e intelectivos, quando desenvolvem o intelecto.

Ex: correr, pular, saltar, equilibrar, atacar, etc.

Grandes – são jogos com regras bem definidas, com duração, distância e

números de participantes definidos anteriormente. Existem maior coordenação,

velocidade e intensidade. A duração varia entre 10 e 30 minutos.

Ex: queimada, vôlei, basquete, rouba-bandeira, pelada, etc. → Sugestões de jogos.

Passe a bola

Todas as crianças estarão assentadas em círculo. Inicia-se a passagem da bola de mão em mão, no ritmo de uma música conhecida.

Ao término da música, quem estiver com a bola deverá dizer o seu nome, ou o nome do seu colega, se assim for combinado.

32

Chamada na roda

Formar um círculo, ficando uma criança no centro, segurando uma bola. A criança que estiver nesse local deverá dizer seu nome e jogar a bola para um colega. A criança que pegou a bola vai para o centro da roda e repete o procedimento inicial do jogo.

Na trilha da letra

Formam-se equipes de quatro ou mais pessoas. O jogo consiste em formar palavras,

que deverão começar com a última letra da palavra precedente, até que se esgotem palavras conhecidas, passando então a prevalecer a penúltima letra. As palavras podem ser limitadas a nomes de mulheres, homens, cidades, animais, etc. O jogo se desenvolverá assim: CARMEM, MAGDA, ALAÏDE, ELZA

Sopra-sopra

Cada participante receberá uma bola de soprar, Dada a voz de começo, cada um

começará a encher sua bola até estourar. Vencerá quem conseguir estourar primeiro.

Ache seu tênis Os jogadores devem ficar atrás da linha de partida, tendo de antemão tirado os

calçados. Deve-se numerar cada jogador e escrever seu número no tênis. A uma distancia qualquer, misturam-se todos os tênis, que não devem estar amarrados. Dado o sinal de partida, todos correm ao monte de tênis, procurando-os, calçando-os e amarrando-os. Feito isso, voltam à linha de partida. Quem chegar primeiro será o vencedor.

História diferente O organizador do jogo escreverá um substantivo diferente em cinco fichas de cartolina ou outro papel. A primeira ficha será mostrada à criança escolhida, que deverá imediatamente iniciar uma história contendo a palavra mostrada. No desenrolar da narrativa, o apresentador continuará mostrando suas fichas e o contador de história deverá incluí-la rapidamente em seu enredo. Quem não puder fazê-lo pagará uma prenda.

Agarre o que puder

Este jogo será disputado entre duas crianças de cada vez. Dispõe-se em monte os objetos que deverão ficar no centro. Ao sinal dado, as crianças correm até o monte e pegam de uma só vez, quantos objetos puderem, levando-os até sua caixa e voltando para apanhar mais. O líder, que deverá estar de costas, fará soar novamente o sinal. Neste instante, serão contados somente os objetos que já estiverem dentro da caixa.

33

Pegue a bola

Neste jogo participam somente três crianças de cada vez. Uma criança deverá jogar a bola para a outra, tendo no meio uma terceira (peru), que tenta pegá-la. Se o peru consegue pegar a bola, troca de lugar com a pessoa que arremessou a bola pela última vez. Esta dará entrada a outra criança ou passará a ser o peru.

O pomar

Todos se sentam em círculo, deixando espaço para passar uma pessoa. O número de

participantes será de um a mais quantidade de cadeiras. Cada um receberá o nome de uma fruta ou qualquer outro alimento. O líder que está fora gira em torno, dizendo o nome das frutas da seguinte forma: O pomar está calmo. Que venha o abacate.”E a fruta nomeada deixará seu lugar, seguindo o líder, que continuará chamando as frutas. Em determinado momento. O líder exclamará:”o pomar está agitado!” Todos deverão correr para as cadeiras vazias.

Quem é que está diferente?

As crianças estarão em círculo, uma criança ficará destacada no centro do círculo

com os olhos vendados. As crianças da roda permanecerão na mesma posição e só uma tomará posição diferente. A criança destacada no meio da roda tira o lenço dos olhos e procura encontrar a que está diferente. Acertando, escolhe outra para substituí-la.

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CONCLUSÃO

As atividades lúdicas influenciam significativamente na construção do

conhecimento infantil, pois elas são fontes de prazer e descobertas, por isso, deve ser

usada como recurso de aprendizagem a fim de potencializar e explorar a prática

educativa.

Pesquisar sobre a importância do lúdico no desenvolvimento do educando, fio

bastante interessante, já que o assunto é atraente e o material para o estudo é amplo,

facilitando a exploração do conteúdo.

Esta pesquisa mostrou de forma sintetizada a grande contribuição da atividade

lúdica durante toda a história da humanidade, portanto ficou notório que a prática do

lúdico na educação favorece o desenvolvimento global do educando, estruturando sua

história de vida e contribuindo para a construção de sua cultura.

A relação entre o lúdico e a educação sempre despertou a atenção de pesadores, é

importante explicitar o brincar como uma ação metafórica, que contribui pra o

desenvolvimento integral da criança e propicia a construção do conhecimento.

Se mesmo assim, ainda havia alguma dúvida se brincando se aprende, está claro

que é muito mais que isto. Brincando a criança explora todas as suas possibilidades,

desenvolve sua atenção, criatividade, constrói seu conhecimento, sua autonomia e

adquire valores essenciais para a formação de sua personalidade.

O professor tem um papel muito importante ao utilizar o lúdico como recurso de

aprendizagem, pois ele vivencia a unicidade do significado do jogo e do material

pedagógico, na elaboração da atividade de ensino, ao considerar, nos planos afetivos e

cognitivos, os objetivos, a capacidade do aluno, os elementos culturais e os instrumentos

capazes de colocar o pensamento da criança em ação. Isto significa que o importante é

ter uma atividade orientadora de aprendizagem. O professor é quem organiza a ação

pedagógica, intervindo de forma responsável na atividade auto estruturante do aluno.

Enfim, esta pesquisa só reafirma a importância do lúdico na vida de cada

educando e de sua importância ao longo da história da humanidade

35

BIBLIOGRAFIA

ARIES, Philippe. História social da Criança e da família. Rio de Janeiro: Iahar. 1981.

FRIEDMANN, Adriana, O direito de brincar. São Paulo: Scritta Editorial,1992.

KISHIMOTO, Tisuko.M. O jogo, o brinquedo e a educação, São Paulo: Editora

Cortez, 2001.

PINTO, Gerusa Rodrigues, LIMA. Regina Célia Villaça O dia-a-dia do professor,

Volume 9, Editora Fapi LTDA.

REVISTA DO PROFESSOR. Porto Alegre: CPOEC, 2003.

REVISTA DO PROFESSOR. Porto Alegre: CPOEC, 1995.

WEISS, LUISE. Brinquedos e engenhocas, São Paulo: Scipione, 1989.

36

ÍNDICE INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I – O LÚDICO 09

1. O lúcido na história 10

1.1. A evolução infantil e do brinquedo 11

CAPÍTULO II - BRINQUEDOS 13

2. Brinquedo e desenvolvimento do educando 14

2.1. Brinquedos e brincadeiras 17

CAPÍTULO III – JOGOS 23

3. Brincando se aprende 24

3.1. O lúdico com recurso de aprendizagem 25

3.2. A importância dos jogos pedagógicos 27

3.3. Jogos pedagógicos 29

3.3.1. Tipos de jogos 31

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA 35

ÍNDICE 36

37

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-graduação “Lato Senso”

Título da monografia: Lúdico na pré-escola

Brincando de aprende

Avaliado por: _________________________________ Grau: ____________

_____________________,______ de ___________________ de __________