universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · do governo federal. È o principal executor da...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Por: Lidiane Alves de Lima
Orientador
Profª. Ana Cláudia Morrissy
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Finanças e Gestão
Corporativa.
Por: Lidiane Alves de Lima
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AGRADECIMENTOS
Aos amigos e professores pelo
crescimento que tivemos juntos.
4
DEDICATÓRIA
A minha mãe, com amor e gratidão .
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RESUMO
Este trabalho dedica-se a uma breve explanação sobre os crimes que
ameaçam a saúde e bom funcionamento do mercado financeiro. Milhões em
Reais e divisas estrangeiras são incorporados ao sistema financeiro de forma
aparentemente legal e cabe ao profissional do mercado financeiro reconhecer
as operações mais comuns em crimes de lavagem de dinheiro, atentar-se a
elas e comunicar aos órgãos competentes.
No primeiro capítulo iremos falar sobre a estrutura do sistema financeiro
descrevendo as funções de cada instituição que dele faz parte.. Instituições
estas que são diariamente visadas para a burla de seus sistemas e
incorporação de capital proveniente do crime.
No segundo capítulo falaremos sobre um dos participantes do crime
contra o sistema financeiro que é o gestor de instituição financeira. Este pode
cooperar com o crime caso venha a gerir a instituição financeira de forma
fraudulenta escamoteando operações ilícitas ou ainda pode ser severamente
punido caso assuma uma gestão de alto risco na custódia do capital de
terceiros. Trataremos da diferenciação entre gestão fraudulenta e temerária.
Por último, mas não menos importante, falaremos do crime mais
comum contra o sistema financeiro que é a lavagem de dinheiro.
Abordaremos brevemente a história da origem do termo em inglês,
diretamente ligada ao primeiro caso preocupante da circulação no mercado
financeiro de grande montante de capital originado pelo tráfico, naquele
momento ainda de bebida alcóolica que pertencia ao famoso Al Capone.
Falaremos também sobre as três fases do processo da lavagem e, finalmente
comentaremos a recente mudança na Lei que rege o assunto. Uma revolução
que veio facilitar a investigação e condenação dos envolvidos em crimes de
colarinho branco.
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METODOLOGIA
Trata-se de um trabalho descritivo baseado na leitura de livros e sites
oficiais do Banco Central, Receita Federal, Senado Federal entre outros.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Sistema Financeiro Nacional 11
CAPÍTULO II - Crimes Contra o Sistema Financeiro:
Gestão fraudulenta e gestão temerária 21
CAPÍTULO III – Lavagem de Dinheiro 26
CONCLUSÃO 33
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 34
BIBLIOGRAFIA CITADA 35
ÍNDICE 36
8
INTRODUÇÃO
O objeto deste trabalho é analisar os crimes mais comuns contra o
sistema financeiro, pois os profissionais do mercado financeiro devem estar
alertas quanto a transações aparentemente lucrativas mas que podem ser
advindas de origem ilícita.
Temos que estar atentos em nosso trabalho diário pois a convivência
com cobrança de metas e expectativas de lucro pode muitas vezes nos tirar a
noção de que possamos estar colaborando com algum crime de lavagem de
dinheiro ou ainda gerindo de maneira temerária pondo em risco a liquidez da
instituição financeira para qual trabalhamos.
As mudanças na Lei 9613/98 retiraram grandes barreiras à
condenação dos investigados por crimes de lavagem de dinheiro, o que
demonstra que o Brasil está no caminho certo no combate aos crimes contra o
sistema financeiro.
Nossa responsabilidade como profissionais da área aumenta a partir
deste momento, já que cumprimos um papel importante no combate à lavagem
de dinheiro intermediando informações bancárias relevantes junto aos órgãos
públicos competentes.
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CAPÍTULO I
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Antes de mais nada, iremos abordar conceitos sobre o Sistema
Financeiro Nacional, o sistema contra o qual são cometidos os crimes que
serão estudados neste trabalho.
O Sistema Financeiro Nacional é o conjunto de instituições e
instrumentos financeiros que tornam possíveis a transferência de recursos dos
poupadores para os tomadores, além de criar condições para que títulos e
valores mobiliários possuam liquidez no mercado.
As instituições financeiras podem ser monetárias ou não
monetárias. As monetárias são aquelas que são capazes de criar moeda
escritural. Recebem depósitos à vista e criam moeda através do repasse de
parte do saldo depositado em forma de empréstimos. São os bancos
comerciais os bancos múltiplos com carteira comercial e cooperativas de
crédito.
As instituições financeiras não monetárias são aquelas que não são
capazes de criar moeda escritural, portanto, não recebem depósitos à vista.
São bancos de investimento, bancos de desenvolvimento, financeiras,
sociedades de arrendamento mercantil e associações de poupança e
empréstimos.
1.1 – Estrutura do sistema financeiro nacional
1.1.1.Conselho Monetário Nacional
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O Conselho Monetário Nacional foi instituído pela lei 4595/64 e é o
órgão responsável pelos direcionamentos gerais pertinentes ao bom
funcionamento do SFN.
Fazem parte do CMN o Ministro da Fazenda ( presidente do
conselho), o Ministro do Planejamento , Orçamento e Gestão e o presidente do
Banco Central do Brasil.
Entre suas funções, cabe ao CMN adaptar a quantidade dos meios
de pagamento às reais necessidades da economia, zelar pela solvência e
liquidez das instituições financeiras e principalmente coordenar as políticas
monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa.
Junto ao CMN funciona a Comissão Técnica da Moeda e do Crédito
( COMOC), composta pelo presidente do Bacen na qualidade de coordenador,
pelo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo Secretário
executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento, pelo Secretário
executivo do Ministério da Fazenda, pelo Secretário de Política Econômica do
Ministério da Fazenda e por quatro diretores do Bacen indicados por seu
presidente.
Está revisto também junto ao CMN, o funcionamento de comissões
consultivas de normas e organização do sistema financeiro, de mercado de
valores mobiliários e de futuros, de crédito rural, de crédito industrial, de
crédito habitacional e para saneamento de infraestrutura urbana , de
endividamento público e de política monetária e cambial. Os seus membros
reúnem-se uma vez por mês para deliberarem sobre assuntos relacionados
com as competências do CMN.
1.1.2. Banco Central do Brasil
O Banco Central do Brasil é uma autarquia vinculada ao Ministério
da Fazenda que também foi criada pela Lei 4595/64. Funciona como o banco
dos bancos.
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É o principal executor as orientações do CMN e responsável por
garantir o poder de compra da moeda nacional tendo como objetivos:
Por ter patrimônio próprio, apesar de ser um órgão vinculado ao
Ministério da Fazenda, os resultados do trabalho do Banco Central são
incluídos no seu patrimônio. Sua central é na capital do país (Brasília), mas
tem “filiais” ou representações em Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza,
Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Apesar de não
estar em todas as capitais brasileiras, o Banco Central é acessível a todos os
brasileiros, por meio de seu site, na internet.
São várias as funções do BACEN, algumas bem conhecidas, como
a responsabilidade de emitir e produzir papel-moeda e moeda metálica,
levando sempre em consideração os limites dados pelo Conselho Monetário
Nacional e também realizar operações tipicamente bancárias ( como
empréstimos, redescontos às instituições financeiras bancárias).Outras
funções que cabem ao Banco Central são as de: ser depositário das reservas
oficiais de ouro e capital estrangeiro, receber os recolhimentos compulsórios e
depósitos voluntários das instituições financeiras. Também são funções do
Banco Central executar compras e venda de títulos públicos e federais de
forma a facilitar a política monetária adotada pelo governo, fiscalizar as outras
instituições financeiras e aplicar, se necessário, penalidades às mesmas.
1.1.3.. Instituições monetárias
1.1.3.1 Bancos múltiplos
Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou
públicas que realizam as operações ativas, passivas e acessórias das diversas
instituições financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de
investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento
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mercantil e de crédito, financiamento e investimento. Essas operações estão
sujeitas às mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis às instituições
singulares correspondentes às suas carteiras. A carteira de desenvolvimento
somente poderá ser operada por banco público. O banco múltiplo deve ser
constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas,
obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma
de sociedade anônima. As instituições com carteira comercial podem captar
depósitos à vista. Na sua denominação social deve constar a expressão
"Banco" (Resolução CMN 2.099, de 1994).
1.1.3.2 Bancos comerciais
Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou
públicas que têm como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos
necessários para financiar, a curto e a médio prazos, o comércio, a indústria,
as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral.
A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica
do banco comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo. Deve ser
constituído sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social
deve constar a expressão "Banco" (Resolução CMN 2.099, de 1994).
Os bancos comerciais são classificados como instituições
monetárias por terem o poder de criação de moeda escritural. Sucintamente,
os bancos comerciais são intermediários financeiros que tem como objetivo
captar recursos e distribuí-los de forma seletiva criando moeda através de seu
efeito multiplicador.
Principais operações dos bancos comerciais:
Ativas
1- desconto de títulos;
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2- crédito rural;
3- empréstimo em conta corrente;
4- repasse de recursos;
5- crédito pessoal;
6- operações de câmbio;
Passivas
7- depósitos à vista
8- depósitos à prazo
9- recursos do Bacen ( redesconto, repasse);
10-recursos de instituições financeiras oficiais e do exterior;
11-operações de câmbio.
1.1.3.3 Banco do Brasil
O Banco do Brasil -Sociedade Anônima de economia mista –
exercia até 1986 uma função típica de autoridade monetária, quando perdeu a
conta movimento por decisão do CMN. Essa conta colocava o Banco do Brasil
na posição privilegiada de banco corresponsável pela emissão de moeda.
Atualmente é um conglomerado ajustado à estrutura de banco
múltiplo, embora que ainda opere, em muitos casos, como agente financeiro
do Governo Federal. È o principal executor da política oficial de crédito rural.
Suas principais funções como parceiro principal do governo federal,
já que este é o maior acionista , são:
1- administrar a Câmara de compensação de cheques e outros
papéis ( executante);
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2- efetuar os pagamentos e suprimentos necessários à execução do
Orçamento Geral da União;
3- a aquisição e o financiamento dos estoques de produção
exportável;
4- agenciamento dos pagamentos e recebimentos fora do país;
5- a operação dos fundos de investimento setorial como pesca e
reflorestamento;
6- captação de depósitos de poupança direcionados ao crédito rural;
7- a realização, por conta própria, de operações de compra e venda
de moeda estrangeira e, por conta do Bacen nas condições
estabelecidas pelo CMN.
8- Recebimento, a crédito do Tesouro Nacional, das importâncias
provenientes da arrecadação de tributos ou rendas federais;
9- Como principal executor de serviços bancários de interesse
do Governo Federal, inclusive de suas autarquias, receber em depósito,
com exclusividade, as disponibilidades de quaisquer entidades federais,
compreendendo repartições de todos os ministérios civis e militares,
instituições de previdência e outras autarquias, comissões, departamentos,
entidades em regime especial de administração e quaisquer pessoas físicas
responsáveis por adiantamentos.
1.1.3.4. Caixa Econômica Federal
A Caixa Econômica Federal, criada em 1.861, está regulada pelo
Decreto-Lei 759, de 12 de agosto de 1969, como empresa pública
vinculada ao Ministério da Fazenda. Trata-se de instituição assemelhada
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aos bancos comerciais, podendo captar depósitos à vista, realizar
operações ativas e efetuar prestação de serviços. Uma característica
distintiva da Caixa é que ela prioriza a concessão de empréstimos e
financiamentos a programas e projetos nas áreas de assistência social,
saúde, educação, trabalho, transportes urbanos e esporte. Pode operar
com crédito direto ao consumidor, financiando bens de consumo duráveis,
emprestar sob garantia de penhor industrial e caução de títulos, bem como
tem o monopólio do empréstimo sob penhor de bens pessoais e sob
consignação e tem o monopólio da venda de bilhetes de loteria federal.
Além de centralizar o recolhimento e posterior aplicação de todos os
recursos oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS),
integra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o
Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Mais informações poderão ser
encontradas no endereço: www.caixa.gov.br
1.1.3.5. Cooperativas de Crédito
As cooperativas de crédito se dividem em: singulares, que
prestam serviços financeiros de captação e de crédito apenas aos
respectivos associados, podendo receber repasses de outras instituições
financeiras e realizar aplicações no mercado financeiro; centrais, que
prestam serviços às singulares filiadas, e são também responsáveis
auxiliares por sua supervisão; e confederações de cooperativas centrais,
que prestam serviços a centrais e suas filiadas. Observam, além da
legislação e normas gerais aplicáveis ao sistema financeiro: a Lei
Complementar nº 130, de 17 de abril de 2009, que institui o Sistema
Nacional de Crédito Cooperativo; a Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de
1971, que institui o regime jurídico das sociedades cooperativas; e a
Resolução nº 3.859, de 27 de maio de 2010, que disciplina sua constituição
e funcionamento. As regras prudenciais são mais estritas para as
cooperativas cujo quadro social é mais heterogêneo, como as cooperativas
de livre admissão.
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1.1.4. Demais instituições financeiras
1.1.4.1. Agências de fomento
As agências de fomento têm como objeto social a concessão de
financiamento de capital fixo e de giro associado a projetos na Unidade da
Federação onde tenham sede. Devem ser constituídas sob a forma de
sociedade anônima de capital fechado e estar sob o controle de Unidade da
Federação, sendo que cada Unidade só pode constituir uma agência. Tais
entidades têm status de instituição financeira, mas não podem captar recursos
junto ao público, recorrer ao redesconto, ter conta de reserva no Banco
Central, contratar depósitos interfinanceiros na qualidade de depositante ou de
depositária e nem ter participação societária em outras instituições financeiras.
De sua denominação social deve constar a expressão "Agência de Fomento"
acrescida da indicação da Unidade da Federação Controladora. É vedada a
sua transformação em qualquer outro tipo de instituição integrante do Sistema
Financeiro Nacional. As agências de fomento devem constituir e manter,
permanentemente, fundo de liquidez equivalente, no mínimo, a 10% do valor
de suas obrigações, a ser integralmente aplicado em títulos públicos federais.
(Resolução CMN 2.828, de 2001).
1.1.4.2 Associações de poupança e empréstimo
As associações de poupança e empréstimo são constituídas sob
a forma de sociedade civil, sendo de propriedade comum de seus
associados. Suas operações ativas são, basicamente, direcionadas ao
mercado imobiliário e ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH). As
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operações passivas são constituídas de emissão de letras e cédulas
hipotecárias, depósitos de cadernetas de poupança, depósitos
interfinanceiros e empréstimos externos. Os depositantes dessas entidades
são considerados acionistas da associação e, por isso, não recebem
rendimentos, mas dividendos. Os recursos dos depositantes são, assim,
classificados no patrimônio líquido da associação e não no passivo exigível
(Resolução CMN 52, de 1967).
1..1.4.3. Bancos de câmbio
Os bancos de câmbio são instituições financeiras autorizadas a
realizar, sem restrições, operações de câmbio e operações de crédito
vinculadas às de câmbio, como financiamentos à exportação e importação
e adiantamentos sobre contratos de câmbio, e ainda a receber depósitos
em contas sem remuneração, não movimentáveis por cheque ou por meio
eletrônico pelo titular, cujos recursos sejam destinados à realização das
operações acima citadas. Na denominação dessas instituições deve
constar a expressão "Banco de Câmbio" (Res. CMN 3.426, de 2006).
1.1.4.5. Bancos de desenvolvimento
Os bancos de desenvolvimento são instituições financeiras
controladas pelos governos estaduais, e têm como objetivo precípuo
proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários
ao financiamento, a médio e a longo prazos, de programas e projetos que
visem a promover o desenvolvimento econômico e social do respectivo
Estado. As operações passivas são depósitos a prazo, empréstimos
externos, emissão ou endosso de cédulas hipotecárias, emissão de cédulas
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pignoratícias de debêntures e de Títulos de Desenvolvimento Econômico.
As operações ativas são empréstimos e financiamentos, dirigidos
prioritariamente ao setor privado. Devem ser constituídos sob a forma de
sociedade anônima, com sede na capital do Estado que detiver seu
controle acionário, devendo adotar, obrigatória e privativamente, em sua
denominação social, a expressão "Banco de Desenvolvimento", seguida do
nome do Estado em que tenha sede (Resolução CMN 394, de 1976.
1.1.4.6. Bancos de investimento
Os bancos de investimento são instituições financeiras privadas
especializadas em operações de participação societária de caráter
temporário, de financiamento da atividade produtiva para suprimento de
capital fixo e de giro e de administração de recursos de terceiros. Devem
ser constituídos sob a forma de sociedade anônima e adotar,
obrigatoriamente, em sua denominação social, a expressão "Banco de
Investimento". Não possuem contas correntes e captam recursos via
depósitos a prazo, repasses de recursos externos, internos e venda de
cotas de fundos de investimento por eles administrados. As principais
operações ativas são financiamento de capital de giro e capital fixo,
subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários, depósitos
interfinanceiros e repasses de empréstimos externos (Resolução CMN
2.624, de 1999).
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1.1.4.7. Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), criado em 1952 como autarquia federal, foi enquadrado como
uma empresa pública federal, com personalidade jurídica de direito privado
e patrimônio próprio, pela Lei 5.662, de 21 de junho de 1971. O BNDES é
um órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior e tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para
o desenvolvimento do país. Suas linhas de apoio contemplam
financiamentos de longo prazo e custos competitivos, para o
desenvolvimento de projetos de investimentos e para a comercialização de
máquinas e equipamentos novos, fabricados no país, bem como para o
incremento das exportações brasileiras. Contribui, também, para o
fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas e
desenvolvimento do mercado de capitais. A BNDESPAR, subsidiária
integral, investe em empresas nacionais através da subscrição de ações e
debêntures conversíveis. O BNDES considera ser de fundamental
importância, na execução de sua política de apoio, a observância de
princípios ético-ambientais e assume o compromisso com os princípios do
desenvolvimento sustentável. As linhas de apoio financeiro e os programas
do BNDES atendem às necessidades de investimentos das empresas de
qualquer porte e setor, estabelecidas no país. A parceria com instituições
financeiras, com agências estabelecidas em todo o país, permite a
disseminação do crédito, possibilitando um maior acesso aos recursos do
BNDES
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Capítulo II
Crimes contra o sistema financeiro: gestão
fraudulenta e gestão temerária
:
O bem jurídico tutelado pela Lei 7.492/86 é o sistema financeiro
nacional. Em relação ao delito do artigo 4º , tenta-se coibir a perpetração de
fraudes nas atividades de gestão das instituições financeiras, buscando a
proteção, um perfeito desenvolvimento do mercado financeiro e de capitais.
Este é um assunto intrínseco à lavagem de dinheiro, visto que a
mesma depende de uma forte intenção de acobertar um crime.
Apesar de o assunto ser simples, existe grande dúvida quanto à
diferenciação entre a gestão fraudulenta ( art 4º da Lei 7.492/86) e a gestão
temerária ( art 4º, parágrafo único) em instituição financeira.
Art 4º
Gerir fraudulentamente instituição financeira: Pena- reclusão de 3 ( três ) a 12 ( doze) anos e multa. Parágrafo único: Se a gestão é temerária: Pena- reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos e multa. (1)
2.1. Precedente Legislativo Para compreendermos melhor a diferença entre os termos, devemos examinar o Art 3º, inciso IX da Lei nº 1.521/51 ( Crimes contra a economia popular), in verbis:
Art 3º. São também crimes desta natureza : IX- gerir fraudulentamente ou temerariamente bancos ou estabelecimentos bancários, ou de capitalização, sociedades de seguros, pecúlios, ou pensões vitalícias, sociedades para empréstimos ou financiamento de
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construções e de venda de imóveis a prestações , com ou sem sorteio ou preferência por meio de pontos ou cotas; caixas econômicas; caixas mútuas, de beneficência, socorros ou empréstimos, caixas de pecúlio, pensão e aposentadoria; caixas construtoras; cooperativas, sociedades de economia coletiva, levando-as a falência ou insolvência ou não cumprindo quaisquer das cláusulas contratuais com prejuízo dos interessados. (2)
A mera conduta, caso não gerasse prejuízos não era suficiente para
caracterizar o crime, pois este era tipicamente de dano concreto. Neste caso, a
gestão fraudulenta aconteceria apenas em situações em que ficaria
caracterizada a conduta típica, quais sejam, toda vez que as cláusulas
contratuais não fossem cumpridas e que isso causasse prejuízos aos
interessados, ou toda vez que a gestão levasse à falência ou insolvência da
instituição.
Naquele momento não houve preocupação do legislador em separar
conceitualmente os comportamentos: fosse gestão fraudulenta ou temerária, a
pena era idêntica.
2.2. Sobre a intenção do agente
O princípio da subjetividade da conduta está entre as maiores
conquistas do direito penal brasileiro e dele decorrem duas assertivas:
a) Ninguém pode ser condenado sem prévio cometimento
consciente de ato comissivo ou omissivo penalmente reprovável;
e
b) A responsabilidade deve ser individualizada e depurada para fins
de comparação com o tipo penal.
Existe grande discussão sobre a natureza da responsabilidade
penal adotada na Lei dos Crimes de Colarinho Branco – se subjetiva ou
objetiva, isto é, se depende de prova de dolo ou má-fé ou simplesmente o nexo
causal.
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No entanto, é opinião comum que o legislador penal pátrio, no que tange
à apreciação da prática criminosa
acata e louva, por tradição, a teoria finalista sobre a conduta. Assevera Júlio
Fabrini MIRABETE:
“...como todo comportamento do homem tem uma finalidade, a conduta é uma atividade final humana e não um comportamento simplesmente causal. Como ela é um fazer (ou não fazer) voluntário, implica necessariamente uma finalidade. Não se concebe vontade de nada ou para nada, e sim dirigida a um fim. A conduta realiza-se mediante a manifestação da vontade dirigida a um fim.” (1998, pp. 98/99)
Ora, relativamente aos crimes previstos no art. 4º da Lei do
Colarinho Branco, não poderia ser diferente: também naqueles casos será
necessário, para a imputação de responsabilidade e mesmo para a
caracterização do tipo, que a intenção do acusado seja devidamente
verificada, dentro dos estreitos limites componentes do dolo direto ou do dolo
eventual, sendo ainda certo que, intrinsecamente no Direito Penal Brasileiro,
vige o princípio geral de que a modalidade culposa só é punível em havendo
expressa previsão legal.
Ressaltemos que, quando o art. 25 da Lei nº 7.492/86 frisa a
responsabilidade penal sobre os administradores, controladores e gerentes da
Instituição Financeira, naturalmente o faz sob mera intenção indicativa, sem o
condão de afastar a necessária perquirição dos poderes estatutários do
acusado para o conhecimento e a perpetração do ato criminoso - e ainda
assim, frise-se, será condição imprescindível para o decreto condenatório a
comprovação da efetiva autoria do crime financeiro.
2.3. Aspectos conceituais e distintivos
A gestão fraudulenta em Instituição Financeira pode ser tida como o
recurso a qualquer tipo de ardil, sutileza ou astúcia hábil a dissimular o real
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objetivo de um ato ou negócio, com o que se busca ludibriar as autoridades
monetárias ou mesmo aqueles que mantêm relação jurídica com o agente
criminoso (correntistas, poupadores, investidores, etc.)
Observe-se, assim, que a gestão fraudulenta traz mais que um
excesso de risco. O tipo exige um dolo específico, ou seja, uma vontade
consciente do agente em praticar ato que dará aparência de legalidade a
negócio ou situação jurídica que, em sua natureza, é ilegal. Aqui o conceito de
fraude, pois, é mais abrangente que o do Código Civil Brasileiro, uma vez que
ocorre na própria dissimulação de objetivos, no tangenciamento de normas e
na deliberada ludibriação de outrem.
Por isso que a gestão fraudulenta é sempre um crime que serve
para ocultar outro crime, ou um ilícito administrativo. Ressalte-se que não se
trata de crime-meio, não integra e nem é absorvido pelo crime final, como o
seria, por exemplo, a lesão corporal causada à vítima de homicídio.
A gestão temerária traduz-se pela impetuosidade com que são
conduzidos os negócios, o que aumenta o risco de que as atividades
empresariais terminem por causar prejuízos a terceiros, ou por malversar o
dinheiro empregado na sociedade infratora.
A princípio, entendemos que o risco é algo absolutamente normal, e
até necessário dentro de uma gestão ativa de Instituição Financeira. O jogo de
mercado e a natureza dos produtos exigem desenvoltura e perspicácia, como
numa aposta em que se pode, legitimamente, ganhar ou perder. O que deve
ser observado, todavia, é que as Instituições Financeiras, em sua maioria, não
trabalham com dinheiro próprio, mas com o dinheiro dos correntistas e
investidores, entregues em fidúcia.
Isso significa que não se pode punir por gestão temerária, por
exemplo, os administradores de um banco que sofrera perdas irreversíveis por
causa de um investimento de alto risco, desde que a intenção fosse apenas
angariar lucros na operação, e não tripudiar com o dinheiro alheio. A situação
se inverte, todavia, caso fique comprovada a inobservância aos requisitos
básicos supra referidos, hipótese na qual se aceitara, implícita e
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temerariamente, que o fracasso da empreitada levasse à perigosa situação de
insolvência.
Finalmente, o crime de gestão temerária, nos moldes atuais,
também é de mera conduta, podendo ou não vir a se concretizar o efetivo
prejuízo, bastando, para o enquadramento penal, a efetiva manutenção da
Instituição Financeira em “corda circense”, o que sobremaneira repugna à
relevantíssima solidez sistêmica. Importante destacar que, na gestão
temerária, o agente não tenciona ocultar ou alcançar tangencialmente um
negócio ilícito.
Na gestão temerária, o administrador de instituição financeira é um
especulador irresponsável que assume riscos que colocam em cheque a
solvência, estabilidade e ainda a imagem da instituição financeira, não
havendo intenção de acobertar transações ilícitas.
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Capítulo III
Crimes contra o sistema financeiro:
Lavagem de Dinheiro
3.1. Conceituação
A lavagem de dinheiro é a atividade fim do crime organizado,
através dela, criminosos transformam dinheiro de origem ilegal em dinheiro
aparentemente lícito evitando qualquer comprometimento dos ativos com sua
origem criminosa.
É a lavagem de dinheiro que possibilita a validação dos recursos
obtidos de maneira ilícita e, como consequência, viabiliza e garante a
sobrevivência de grande parte da criminalidade, motivo pelo qual esse
fenômeno deve ser estudado, conhecido pela sociedade e efetivamente
combatido. A dissimulação é, portanto, a base para toda operação de lavagem
que envolva dinheiro proveniente de um crime antecedente.
Nas duas últimas décadas, a lavagem de dinheiro e os crimes
correlatos – entre os quais, narcotráfico, corrupção, sequestro e terrorismo –
tornaram-se delitos cujo impacto não pode mais ser medido em escala local.
Se antes essa prática estava restrita a determinadas regiões, seus efeitos
perniciosos hoje se espalham para além das fronteiras nacionais
desestabilizando sistemas financeiros e comprometendo atividades
econômicas.
Tendo em vista a natureza ilegal da lavagem de dinheiro, torna-se
dura tarefa estimar o volume de fundos lavados que circulam
internacionalmente. Por essa razão, o tema tornou-se objeto central de
discussões em todo o mundo. Poucas pessoas param para pensar sobre a
gravidade do problema, principalmente porque a lavagem de dinheiro parece
algo distante de nossa realidade.
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Entretanto, assim como todo tipo de crime organizado, o tema
merece reflexão se considerarmos que o controle da lavagem também
depende da sociedade.
Conceitualmente, a lavagem de dinheiro merece séria consideração
sob dois principais aspectos. Primeiro, permite a traficantes, contrabandistas
de armas, terroristas ou funcionários corruptos - entre outros - continuarem
com suas atividades criminosas, facilitando seu acesso aos lucros ilícitos. Além
disso, o crime de lavagem de dinheiro mancha as instituições financeiras e, se
não controlado, pode minar a confiança pública em sua integridade. Numa
época de rápido avanço tecnológico e globalização, a lavagem de dinheiro
pode comprometer a estabilidade financeira dos países. Vigilância constante é
necessário por parte de reguladores, bancos, centros financeiros e outras
instituições vulneráveis para evitar que o problema se intensifique.
Quanto à origem do termo ,a expressão “Lavagem de Dinheiro” , em
inglês “Money Laundering” teria surgido nos anos 20 quando o famoso Al
Capone adentrou nos ramos de lavanderias de roupas para explicar a imensa
fortuna obtida com seus negócios ilegais.
3.2. Base Legal
No dia 20 de dezembro de , do ano de 1988, após uma reunião da
Organização das Nações Unidas ( ONU), na Áustria, foi criada a Convenção de
Viena sobre o tráfico de entorpecentes e substâncias psicotrópicas. Naquela
época, o crime de lavagem de dinheiro estava inicialmente ligado ao tráfico de
drogas somente. E em março de 1988, dando continuidade a compromissos
assumidos nessa convenção, o Brasil aprovou a Lei nº 9613 que apresenta um
avanço no tratamento da questão, pois tipifica o crime de lavagem de dinheiro.
Também institui medidas que conferem maior responsabilidade a
intermediários econômicos e financeiros e cria, no âmbito do Ministério da
Fazenda, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF)
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A principal tarefa do COAF é promover um esforço conjunto por
parte dos vários órgãos governamentais do Brasil que cuidam da
implementação de políticas nacionais voltadas para o combate à lavagem de
dinheiro, evitando que setores da economia continuem sendo utilizados nessas
operações ilícitas.
Finalidades do COAF
1) Coordenar e propor mecanismos de cooperação e troca de
informações que viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à
ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores;
2) Receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de
atividades ilícitas previstas na legislação;
3) Disciplinar e aplicar penas administrativas, sem prejuízo da
competência de outros órgãos ou entidades;
4) Comunicar às autoridades competentes para a instauração dos
procedimentos cabíveis, quando concluir pela existência de fundados
indícios da prática de ilícitos.
3.3. Fases do processo de lavagem
3.3.1. Colocação
Esta é a fase inicial do processo. O crime organizado usa muito
dinheiro em espécie, o que torna sua movimentação perigosa. É preciso
transformá-lo em dinheiro “politicamente correto” depositando-o em conta
bancária.
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A primeira necessidade do lavador é remover o dinheiro de seu local
de aquisição para disfarçar e diminuir o perigo de que as autoridades venham
a perceber a atividade que o gerou, depois transformar esse dinheiro em
outras formas como traveller cheques , títulos ao portador, saldo em conta
corrente, bens de alto valor incluindo obras de arte.
O objetivo final desta etapa é fazer com que o dinheiro em espécie
seja transformado em outra forma de valor. As instituições citadas no primeiro
capítulo deste trabalho são as mais visadas nesta fase do processo. Concluída
a fase da colocação desse dinheiro no mercado, ele já está pronto para a
próxima fase, que é a ocultação.
3.3.2. Ocultação
Esta etapa do processo consiste em dificultar o rastreamento
contábil do dinheiro sujo. O objetivo é quebrar a cadeia de evidências ante a
possibilidade da realização de investigações sobre a origem do dinheiro. Os
criminosos buscam movimentá-lo de forma eletrônica. Na maioria das vezes o
dinheiro é enviado a paraísos fiscais através de transferências eletrônicas,
operações de câmbio com natureza cambial forjada.
Exemplo disso é um suposto pagamento antecipado de importação.
É uma operação cambial que não exige documentos comprobatórios da
operação além de uma proforma invoice, isto é, um mero orçamento. Como os
sistemas do Banco Central e da Receita Federal não são mais interligados no
processo de comércio exterior, passados cento e oitenta dias do envio do
dinheiro, não há como a Receita Federal ou o Banco Central exigirem a
nacionalização da mercadoria cabendo à instituição financeira que realizou a
operação realizar tal controle manualmente e fazer a cobrança da licença de
importação ao suposto importador passados cento e oitenta dias após a
assinatura do contrato de câmbio, o que pode não ocorrer por mera falha
humana.
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Outro exemplo disso é a transferência cambial entre pessoas físicas
com a natureza de “manutenção de pessoas físicas”. É uma natureza cambial
frágil pois segundo o regulamento de mercado de câmbio do Banco Central, a
mesma não possui valores limitados, podendo um correntista enviar ou receber
por exemplo U$ 50.000,00 em um contrato de câmbio de manutenção de
pessoa física.
Mais um exemplo típico é a transferência de valores para contas
fantasmas em paraísos fiscais que geralmente retornam na forma de
investimento direto externo, isto é, a mesma pessoa que enviou o dinheiro para
uma conta de empresa de faixada no exterior, pode retorná-lo investindo como
sócio de uma determinada empresa no Brasil na qual ele mesmo figure como
procurador, já que na empresa de faixada ele não é obrigado a revelar seu
nome pois este sigilo é protegido por lei, o lavador torna-se sócio da empresa
brasileira e procurador de si próprio. Esta operação é chamada de “Operação
triangular”.
3.3.3. Integração
Esta é a fase final do processo e frequentemente interligada à fase
anterior. É neste momento em que o dinheiro retorna ao sistema econômico
definitivamente com aparência de vir de uma fonte lícita e é assimilado com
todos os outros ativos existentes no sistema. Nessa fase, torna-se muito difícil
distinguir ou perceber a origem ilegal do dinheiro.
Em uma operação triangular, por exemplo, a reintegração é o
momento em que é executada uma operação de câmbio financeiro com
entrada de divisas no país em que o próprio lavador figura como procurador do
sócio estrangeiro que figura-se em sigilo ou é um “laranja”.
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3.4. Mudanças na Lei 9613/98
Em nove de Julho de 2012 foi aprovada a Lei 12683 que altera a
Lei 9613/88. As principais mudanças estão logo na revogação do primeiro
artigo que tipifica os crimes antecedentes que caracterizam a Lavagem de
Dinheiro, dentre eles estavam o terrorismo, trafico de entorpecentes, extorsão
mediante sequestro e crimes contra a administração pública brasileira e
estrangeira.
Tais especificações dificultavam a caracterização do crime de
lavagem de dinheiro visto que para a abertura desse processo era necessário
a comprovação de seu crime antecedente, o que tornava a investigação muito
difícil visto que além de comprovar que o dinheiro incorporado no mercado
financeiro possuía origem ilícita, a justiça ainda teria que ter provas dos crimes
que originaram o capital acobertado nas transações financeiras.
Com a mudança, a legislação brasileira passaria da chamada
segunda geração ( rol fechado de crimes antecedentes) para a terceira
geração ( rol aberto de crimes), adotada por vários países desenvolvidos.
Outro avanço é que o judiciário pode acolher a denúncia por lavagem de
dinheiro mesmo sem condenação pelo crime antecedente, o que pode ocorrer
nos casos de prescrição ou de insuficiência de provas. A nova lei também
permite delação premiada a qualquer tempo.
O novo texto também autoriza o judiciário a fazer confisco prévio
dos bens dos envolvidos no crime e leva-los a leilão com agilidade. A intenção
é evitar que automóveis, barcos, aviões e imóveis fiquem parados por muito
tempo à espera da liberação judicial para venda e, enquanto isso haja
depreciação de seus valores. Os recursos arrecadados nos leilões serão
destinados a uma conta vinculada. No caso de absolvição, retornam para os
réus e, em caso de condenação, vão para o Erário.
Outra inovação é a possibilidade de apreensão dos bens em nome
de terceiros, conhecidos como “laranjas”. Antes a legislação previa a
apreensão, no curso do inquérito ou da ação penal, apenas para os bens ou
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valores em nome do acusado de lavagem de dinheiro. Com a atualização da
lei, podem ser apreendidos também os bens que os criminosos registrarem em
nome de terceiros.
A partir deste momento, o profissional do mercado financeiro deve
estar atento, principalmente o gerente de banco, responsável por repassar
informações sobre movimentações suspeitas ao COAF, levando em
consideração que agora, qualquer transação financeira que possa ter origem
de atividade ilícita já está enquadrada como crime de lavagem de dinheiro e
não mais somente os crimes ligados ao tráfico de drogas e contra a
administração pública.
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CONCLUSÃO
Verificamos ao longo do trabalho quão amplo e pulverizado é o
sistema financeiro e como ele é visado e utilizado para fins de lavagem de
dinheiro bem como a gestão fraudulenta e a temerária também estão ligadas
aos crimes de lavagem visto que a lavagem ocorre por omissão do gestor de
instituição financeira ou, muitas vezes por sua própria vontade quando
participa efetivamente da atividade criminosa.
A lavagem de dinheiro é o processo que apoia o financiamento de
atividades criminosas cabendo ao profissional de instituição financeira
trabalhar com conduta ilibável e reconhecer seu papel neste cenário, que é a
identificação das operações sujas e devida comunicação aos órgãos
competentes.
Com a recente alteração da Lei 9613/98 através da Lei 12683/12 o
processo de condenação por crime de lavagem de dinheiro ficará mais simples
pois agora a lei abrange como crime antecedente todo tipo de atividade ilegal.
Tal alteração representa mais um motivo de atenção aos
profissionais da área de finanças que devem cumprir seu papel de “due
dilligence”, isto é, devem investigar e conhecer bem seus clientes a fim de não
se verem envolvidos em uma operação fraudulenta no mercado financeiro,
pois com a mudança da lei, qualquer capital inserido no sistema financeiro que
tenha origem ilícita é alvo de investigação pelo Conselho de Controle de
Atividades Financeiras ( COAF).
33
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
MIRABETE, Júlio Fabrini. Manual de Direito Penal- Parte Geral.13ªed. São
Paulo: Atlas, 1998.
MANTECCA, Paschoal. Crimes Contra a Economia Popular e sua Repressão,
São Paulo: Saraiva, 1985.
MAIA, Rodolfo Tigre. Dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional. São
Paulo: Malheiros,1996.
Congresso Nacional. Lei 9613. Brasíla-DF, 1998.
Congresso Nacional. Lei 12683. Brasília-DF,2012.
www.academico.direito-rio.fgv.br. Acesso em 20 julho 2012.
www.conpedi.org.br. Acesso em 20 julho 2012.
www.crimesdocolarinhobranco.adv.br. Acesso em 19 julho 2012.
www.12.senado.gov.br. Acesso em 19 julho 2012.
www. coaf.fazenda.gov.br. Acesso em 18 julho 2012.
www.bcb.gov.br. Acesso em 18 julho 2012.
www.ambito-juridico.com.br. Acesso em 18 julho 2012
www4.planalto.gov.br/legislação. Acesso em 15 julho 2012.
www.fraudes.org.br. Acesso em 15 julho 2012.
34
BIBLIOGRAFIA CITADA
1 – Congresso Nacional. Lei 7492. Brasília-DF, 1986.
2 – Congresso Nacional. Lei 1521. Brasília- DF, 1951.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
1.1 – Sistema Financeiro Nacional 9
1.1.2 – Banco Central do Brasil 10
1.1.3 – Instituições monetárias 11
1.1.4 – Demais Instituições Financeiras 16
CAPÍTULO II
2. – Crimes Contra o Sistema Financeiro:
gestão fraudulenta e gestão temerária 20
2.1- Precedente legislativo 20
2.2- Sobre a intenção do agente 21
2.3- Aspectos conceituais e distintivos 22
CAPÍTULO III
3. – Crimes Contra o Sistema Financeiro:
Lavagem de Dinheiro. 25
3.1- Conceituação 25
3.2- Base Legal 26
3.3- Fases do Processo de Lavagem 27
3.4- Mudanças na Lei 9613/98 30
36
CONCLUSÃO 32
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 33
BIBLIOGRAFIA CITADA 34
CONCLUSÃO 48
ANEXOS 49
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52
BIBLIOGRAFIA CITADA 54
ÍNDICE 55