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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A TELEVISÃO É PARA ENTRETERIMENTO, A ESCOLA É PARA ESTUDAR Por: Karen Calixto Braz de Abreu Orientadora Prof.ª Mary Sue Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A TELEVISÃO É PARA ENTRETERIMENTO,

A ESCOLA É PARA ESTUDAR

Por: Karen Calixto Braz de Abreu

Orientadora

Prof.ª Mary Sue

Rio de Janeiro

2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A TELEVISÃO É PARA ENTRETERIMENTO,

A ESCOLA É PARA ESTUDAR

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Docência do

Ensino Superior.

Por: Karen Calixto Braz de Abreu

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3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus. A Creusa

Calixto, minha mãe, companheira e

conselheira, tão querida e amada, ao

Ronaldo Braz, meu pai e maior

incentivador em todos os momentos de

minha vida, à Karine Calixto, mais que

uma irmã, uma amiga. Aos meus novos

amigos da Pós Graduação: Leandro

Lacerda e Regina Vidal, ao Professor e

amigo Marco Antônio Larosa, a

professora Mary Sue, que a distância

não foi obstáculo para que pudesse

passar seus conhecimentos de forma

tão esclarecedora e a todos que

colaboraram direta ou indiretamente

para a confecção deste trabalho

DEDICATÓRIA

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4

Ao meu marido Wendel Costa de Abreu,

pela confiança depositada nos momentos

mais difíceis, companheiro inseparável

nesta jornada de vida.

Ao Jônatas Braz de Miranda, sobrinho e

afilhado amado, fonte de minha

inspiração e motivo permanente de minha

alegria.

RESUMO

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5

Esse trabalho traz reflexões sobre a influência da televisão na

educação, aparelho mágico que possui um trunfo que é a imagem em

movimento, nada pode prender mais a atenção de uma pessoa como a TV, a

história da televisão se confunde com a nossa própria história de vida. Portanto

esta monografia tem como objetivo traçar uma abordagem geral sobre o

surgimento da Teleducação no Brasil e no mundo. Como surgiu? Onde surgiu?

Experiências que deram certo, a importância da televisão na vida acadêmica.

Esses e outros aspectos é o que vamos analisar ao longo deste trabalho.

Vamos discutir e analisar este assunto tão polêmico que divide a opinião de

educadores. As questões traçadas aqui nos levam a refletir também sobre a

realidade do que se vê hoje na tela da TV Universitária.

METODOLOGIA

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6

A presente pesquisa nasceu do desejo de contar um pouco mais desse

universo fantástico que é a televisão e a sua participação na Teleducação,

essa aspiração surgiu durante os 9 anos de trabalho nos bastidores da

televisão e juntamente como docente do curso de Comunicação Social da

Universidade Candido Mendes, campus Niterói. Durante todo este período

fomos reunindo informações, escutando os professores e até mesmo os

alunos, e principalmente, buscando informações nos livros a fim de entender

essa união entre a Televisão e a Educação. Este foi um trabalho de pesquisa

bibliográfica, entrevistas ao longo de uma breve carreira dedicada ao

jornalismo e a educação e como não podia ser diferente, de muita observação,

característica essa primordial de todo o jornalista.

SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

TELEDUCAÇÃO NO BRASIL

10

CAPÍTULO II

A TELEVISÃO DE HOJE – TV ABERTAS E FECHADAS

20

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DA TELEVISÃO NA VIDA ACADÊMICA

29

CAPÍTULO IV

A TV UNIVERSITÁRIA

35

CONCLUSÃO

45

ÍNDICE

47

BIBLIOGRAFIA

49

ATIVIDADES CULTURAIS

51

FOLHA DE AVALIAÇÃO

53

INTRODUÇÃO

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É inegável que a presença da Televisão, nas grandes e pequenas

cidades brasileiras, interfere, vincula-se, está presente nos modos de agir, de

pensar e de criar novas estratégias de convivência cotidiana, na casa ou no

ambiente acadêmico.

O propósito deste estudo é mostrar a Tele Educação¹ no Brasil, sua

evolução e sua chegada à sala de aula, além disso, mostrar que a Televisão

ajuda ao bom professor atrai os alunos, mas não modifica substancialmente a

relação pedagógica.

Vamos também traçar um perfil dos programas educacionais oferecidos

pelas emissoras, abertas e fechadas, analisando seus pontos negativos e

positivos na vida acadêmica dos discentes.

O objetivo é mostrar o porquê ela se torna objeto de preocupação de

políticos, de empresários, de pensadores, artistas e especialmente, de pais e

educadores. O fato é que a TV se transformou em um eletrodoméstico do qual

já não abrimos mão: ela é um objeto técnico e eletrônico, que habita a

intimidade das residências, das salas de estar e jantar, das cozinhas e dos

quartos, bem como refeitórios de escolas.

1 Ao se falar em Televisão e Educação teríamos muitos aspectos a serem

analisados. Mas o principal será feito. Traçaremos um Programa Modelo, no

qual as Escolas e Universidades possam adotar, um programa que seja

realmente eficaz na Educação, um convite para que os educadores possam se

1 Teleducação. ‘Tele’ do grego Têle significa longe, ao longe. A expressão ‘teleducação’, neste texto, equivale a ‘educação de longe’, ou seja, educação através de um dos meios de comunicação de massa usados por uma sociedade.

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Aproximar ainda mais desse veículo, colocando-o efetivamente como objeto

cultural.

Este estudo tem como proposta contribuir para que os docentes saibam

refletir sobre a relação Mídia X Educação, sabendo que o mundo atual

depende cada vez mais dos veículos midiáticos e a Universidade, como parte

da sociedade, não deve ignorar; na verdade devemos é saber quando e por

que usa-los.

Portanto, sinta-se convidado a mergulhar neste meio de comunicação

fascinante que é a TELE EDUCAÇÃO.

CAPÍTULO I

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A HISTÓRIA DA TELEDUCAÇÃO

Iniciaremos este capítulo definindo o termo Teleducação. ‘Tele’ vem do

grego Têle, que significa longe, ao longe. A expressão teleducação, neste

contexto, equivale à educação de longe, ou seja, educação à distância,

através de um dos meios de comunicação de massa usados por uma

sociedade, como a mídia impressa, eletrônica, ou a combinação de vários

desses meios2. Porém, como a própria definição a que recorremos acima

mostra, a verdade é que, na origem, Teleducação em nada tinha a ver com

televisão. Esta associação só ocorreu anos mais tarde.

A Televisão desempenha indiretamente um papel relevante na

educação, pois alimenta e atualiza o universo sensorial, afetivo e ético dos

alunos. Como a TV o faz de forma despretensiosa e sedutora, é muito mais

difícil para o educador contrapor uma visão mais crítica, um universo mais

abstrato, complexo e na contra-mão do que a maioria das instituições de

ensino se propõe a fazer. A TV fala da vida, do presente, dos problemas

afetivos e utiliza uma linguagem sedutora, enquanto a escola é muito distante,

intelectualizada e padronizada. A teleducação, em sua forma embrionária, foi

conhecida desde o século XIX, mas somente nas ultimas décadas assumiu

status que a coloca no centro das atenções pedagógicas de um número cada

vez maior de países.

1.1 Breve Histórico Teleducação no Mundo

O ensino à distância surgiu da necessidade do preparo profissional e

cultural de milhões de pessoas que por vários motivos não podiam freqüentar

um estabelecimento de ensino presencial, e evoluiu com as tecnologias dispo-

2 Conceito apresentado pela professora da UNEB (Universidade Estadual da Bahia) e da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Kátia Siqueira de Freitas, Ph.D, na palestra proferida durante o “IV Seminário Estadual de Teleducação”, Fortaleza (CE), em 9/9/92.

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níveis em cada momento histórico, as quais influenciam não só no ambiente

educativo, mas a sociedade como um todo.

Seu início se deu primeiramente na Grécia e, posteriormente, em Roma,

foram registradas as primeiras evoluções já que na capital Italiana havia uma

rede de comunicação que permitia o desenvolvimento significativo da cor-

respondência. As cartas comunicando informações cientificas inauguraram

uma nova era na arte de ensinar. Segundo Lobo Neto (1995), um primeiro

marco da educação à distância foi o anúncio publicado na Gazeta de Boston,

no dia 20 de março de 1728, pelo professor de taquigrafia Cauleb Phillips:

"Toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber

em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída,

como as pessoas que vivem em Boston."

Em 1833, um anúncio publicado na Suécia já se referia ao ensino por

correspondência e na Inglaterra, em 1840, Isaac Pitman sintetiza os princípios

da taquigrafia em cartões postais que trocava com seus alunos.

No entanto, o desenvolvimento de uma ação institucionalizada de educação à

distância tem início a partir da metade do século XIX.

Em 1856, em Berlim, Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt fundam a pri-

meira escola por correspondência destinada ao ensino de línguas. Posterior-

mente, em 1873, em Boston, Anna Eliot Ticknor cria a Society to Encourage

Study at Home. Em 1891, Thomas J. Foster, em Scarnton (Pennsylvania) inicia

o International Correspondence Institute com um curso sobre medidas de

segurança no trabalho de mineração.

Em 1891, a administração da Universidade de Wisconsin aceita a proposta

de seus professores para organizar cursos por correspondência nos serviços

de extensão universitária.

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Um ano depois, em 1892, o Reitor da Universidade de Chicago, William

R. Harper, que já havia experimentado a utilização da correspondência na for-

mação de docentes para as escolas dominicais criou uma Divisão de Ensino

por Correspondência no Departamento de Extensão daquela Universidade.

Por volta de 1895, em Oxford, Joseph W. Knipe, após experiência bem

sucedida preparando por correspondência duas turmas de estudantes, a pri-

meira com seis e a segunda com trinta alunos, para o Certificated Teacher's

Examination, inicia os cursos de Wolsey Hall utilizando o mesmo método de

ensino.

Em 1898, em Malmoe na Suécia, Hans Hermod, diretor de uma escola

que ministrava cursos de línguas e cursos comerciais, oferece o primeiro curso

por correspondência dando início ao famoso Instituto Hermod.

No final da Primeira Guerra Mundial surgem novas iniciativas de ensino

à distância em virtude de um considerável aumento da demanda social por

educação, confirmando de certo modo, as palavras de William Harper, escritas

em1886:

"Chegará o dia que o volume da instrução recebida por correspondência

será maior do que o transmitido nas aulas de nossas escolas, em que o

número de estudantes por correspondência ultrapassará o dos

presenciais."

A partir de 1939, começa a utilização de um novo meio de comunicação,

o rádio, que penetra também no ensino formal. Este veículo alcançou muito

sucesso em experiências nacionais e internacionais, tendo sido bastante

explorado na América Latina, sobretudo nos programas de educação à

distância do Brasil, Colômbia, México, Venezuela, entre outros.

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A partir das décadas de 60 e 70, a educação à distância, embora man-

tendo materiais escritos como base, passa a incorporar articulada e integra-

damente o áudio e o videocassete, as transmissões de rádio e televisão, o vi-

deotexto, o computador e, mais recentemente, a tecnologia de multimeios, que

combina textos, sons, imagens, assim como mecanismos de geração de cami-

nhos alternativos de aprendizagem (hipertextos, diferentes linguagens) e ins-

trumentos para fixação de aprendizagem com feedback imediato (programas

tutoriais informatizados) entre outros. 2

Atualmente o ensino não presencial mobiliza os meios pedagógicos de

quase todo o mundo, tanto em nações industrializadas como em países em

desenvolvimento. Novos e mais complexos cursos são desenvolvidos, tanto no

âmbito dos sistemas de ensino formal quanto nas áreas de treinamento profis-

sional. Podemos ver inúmeros exemplos visitando-se os sites das

universidades públicas e privadas3.

Um desafio, uma necessidade imperiosa dos tempos modernos, uma

imposição a que não pode fugir, seja que for, a educação à distância é uma

das soluções para os tempos atuais. As novas tecnologias de comunicação e

informação como a televisão, o vídeo, a informática - com a Internet ganhando

espaços cada vez maiores - sem desprezar os meios tradicionais de correio,

telefone e postos pedagógicos organizacionais - convidam se é que não

exigem, um aproveitamento amplo de suas possibilidades em benefício da

educação.

De fato, em função de fatores como o modelo de educação à distância

de que se parta, os apoios políticos e sociais com que se conte, as

necessidades educativas da população, o desenvolvimento das tecnologias de

comunicação e informação, há grande diversidade de formas metodológicas,

estruturais e projetos de aplicação para essa modalidade de educação.

3 Como por exemplo, o site www.ucam.edu.br ou também www.ufrj.br.

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A educação à distância foi utilizada inicialmente como recurso para su-

peração de deficiências educacionais, para a qualificação profissional e aper-

feiçoamento ou atualização de conhecimentos. Hoje, cada vez mais é também

usada em programas que complementam outras formas tradicionais é vista por

muitos, como uma modalidade de ensino alternativo que pode substituir parte

do sistema regular de ensino presencial.

Segundo especialistas no tema educação à distância chegará o dia em

que o volume da instrução recebida por correspondência será maior do que o

transmitido nas aulas de academias e escolas; em que o número dos

estudantes por correspondência ultrapassará o dos presenciais. O

aperfeiçoamento dos serviços de correio, a agilização dos meios de transporte

e, sobretudo, o desenvolvimento tecnológico aplicado ao campo da

comunicação e da informação influíram decisivamente nos destinos da

educação à distância. Em 1922, a antiga União Soviética organiza um sistema

de ensino por correspondência que, em dois anos, passou a atender 350.000

usuários. A França cria, em 1939, um serviço de ensino por via postal para a

clientela de alunos deslocados pelo êxodo.

1.2 Teleducação no Brasil

A Teleducação no Brasil registra colaborações e inovações importantes

no segmento. Segundo Rosa Maria Bueno (1999), a Teleducação no Brasil

começou em 1923. A Fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro foi o

início de tudo. A emissora entrou no “ar” devido à ação de um grupo de

integrantes da Academia Brasileira de Ciências, que teve como lideres

Henrique Morize e Roquete Pinto.

Em 1965, iniciou-se uma comissão para Estudos e Planejamento da

Radiodifusão Edificativa, que colaborou com a criação do Programa Nacional

de Teleducação (PRONTEL), em 1972. O PRONTEL tinha como objetivo

integrar, em âmbito nacional, as atividades didáticas e educativas através do

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rádio, da TV e de outros meios de comunicação, de forma articulada como a

Política Nacional de Educação.

Foram instaladas novas emissoras educativas, no período de 1966 a

1974, como a TV Universitária de Pernambuco, a TV Educativa do Rio de

Janeiro, a TV Cultura de São Paulo, a TV Educativa do Amazonas, a TV

Educativa do Maranhão, a TV Universitária do Rio Grande do Norte, a TV

Educativa do Espírito Santo e a TV Educativa do Rio Grande do Sul. Somente

em 1983, foi fundada a décima emissora: A TV Educativa do Mato Grosso do

Sul.

A Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa (FCBTVE) foi

fundada em 1979 e passou a ser uma entidade vinculada ao MEC. Em 1981 a

Fundação teve a sua sigla trocada e passou a ser conhecida como FUNTEVE,

responsável pela coordenação das atividades da TV Educativa do Rio de

Janeiro, as Rádios MEC-RIO e Brasília, o centro de cinema Educativo e o

Centro de Informática Educativa. Essa mesma FUNTEVE, em 1972,

proporcionou o fortalecimento do Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa

(SINRED), do qual tomam parte diversas instituições que fazem parte a TV e o

rádio educacionais em todo o país.

1.3 Experiências Importantes da Teleducação no Brasil

Existem muitas experiências de Teleducação no Brasil. Algumas

destacaram-se por atingir uma grande massa, outras por seu estilo inovador e

ainda têm aquelas que fizeram abordagens pedagógicas diferenciadas e, por

isso, ganharam evidência.

Em 1969, foi realizado um projeto na TV Educativa do Maranhão para

alunos da 5ª série. O programa surgiu depois de uma pesquisa que revelou

ausências educacionais grandes na população. Dessa forma, o governo

resolveu recorrer à Televisão para contornar a questão. O Centro Educativo do

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Maranhão (CEMA), ainda em 1969, começou a transmitir, em circuito fechado,

programas para 1.304 estudantes, locais improvisados como salões de igrejas,

quartéis e associações de moradores. Em 1970, abriu-se um circuito,

ampliando-se a cobertura da programação para séries mais avançadas, ao

mesmo tempo em que surgia a Fundação Maranhense da TV Educativa.

Nessa fase, as aulas já eram transmitidas em unidades apropriadas. O

sucesso foi tão grande que, em 1981, as matriculadas chegaram as 26 mil,

sendo 11 mil alunos do interior e 15 mil da capital.

Atualmente, essas aulas chegaram a mais de 28 municípios

beneficiando milhares de estudantes. Além das aulas diárias, através da TV,

os alunos recebem livros que aprofundam as disciplinas.

A TVE do Ceará também desenvolveu um método de ensino através da

televisão devido à necessidade de se dar à população do interior do estado um

complemento no ensino de 5ª e 6ª séries. As teles-aulas eram geradas, em

1974, para 4.200 alunos, mas, em 1981, esse número cresceu para 17.600

participantes do programa.

No sudeste do país, destaca-se, entre outros, a Fundação Padre

Anchieta, criada em 1967 pelo governo de São Paulo, com o objetivo de

desenvolver atividades educacionais e culturais através do rádio e da televisão.

Suas transmissões tiveram início em junho de 1969. A Fundação estabeleceu

três tipos de tele postos: o tipo A era mantido pela própria Fundação em vários

postos da Grande São Paulo, especialmente em favelas e vilas pobres; o B foi

criado por funcionários que pertenciam a agremiações filiadas a

estabelecimentos comerciais; industriais, bancários e a hospitais, presídios e

instituições religiosas e assistenciais. Já os tele-postos do tipo C foram

organizados em núcleos que funcionavam junto aos Centros Juvenis Noturnos

da Secretaria de Educação e Cultura da Prefeitura. Ali, jovens operários e

comerciários que não puderam freqüentar a escala a escola encontraram

motivação para estudar.

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Outro exemplo da utilização da teleducação no Brasil foi o projeto SACI

(Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares), que começou de

forma experimental no Rio Grande do Norte em 1973, e tinha como objetivo

estabelecer um sistema nacional de teleducação via satélite, como EXERN

(Experimento Educacional do Rio Grande do Norte). Os programas recebiam

cerca de 500 pessoas, entre alunos e professores. Os docentes passavam por

um treinamento especifico. As tele-aulas eram realizadas nas escolas através

de rádio e TV ou apenas um dos meios de comunicação. O Projeto SACI foi

financiado, concebido e administrado pelo INPE (Instituto Nacional de

Pesquisas Especiais), com sede em São José dos Campos, São Paulo.

Em 04 de outubro de 1970, foi criado pelo governo federal o Projeto

Minerva, projeto fruto de um acordo entre o Ministério da Educação e o

Ministério das Comunicações que determinava que a transmissão Minerva

ocorreria em todas as rádios e televisões privadas do país, tendo duração de 5

horas semanais.

Outro projeto importante foi o Curso João da Silva, criado por Gilson

Amado, primeiramente foi transmitido pela TVE, em 1971 e logo após em 1974

foi transmitido pela TV Globo. O curso João da Silva, implementou um novo

conceito no campo da educação de adultos que foi a teatralização. Com uma

narrativa de novela, pretendia-se que o aluno brasileiro concluísse o antigo

curso primário. Os atores tinham além da responsabilidade de representar, a

responsabilidade de transmitir os ensinamentos pedagógicos. O Curso João da

Silva serviu de exemplo para outras criações do gênero telenovela, com o

Projeto Conquista voltado para últimas séries do 1º grau.

Em 1978, a Fundação Padre Anchieta (TV Cultura) de São Paulo, junto

com a Fundação Roberto Marinho, lançou o Telecurso 2º grau. O conteúdo

combinava programas de TV com fascículos impressos vendidos em bancas

de jornal. O curso, abrangendo todas as matérias, foi transmitido para todo o

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país, até o mesmo para regiões onde sequer os alunos que assistiam ao

Telecurso tiveram em desempenho muito melhor no supletivo do que os outros

candidatos, principalmente em história e geografia.

Em 1979, a TVE passou a transmitir em caráter experimental um projeto

de alfabetização, idealizado pela Fundação Educar (antigo MOBRAL,

Movimento Brasileiro de Alfabetização) e outras instituições. Foram preparados

60 programas de TV com formato de tele-aula dramatizada, com a duração de

20 minutos cada um e com apoio de material impresso. Os programas eram

passados em território nacional proclamadamente voltado a oferecer

alfabetização a amplas parcelas dos adultos analfabetos nas mais variadas

localidades do país. Diferentemente do que ocorrera na Campanha de 1947, o

governo federal investiu um volume significativo de recursos na montagem de

uma organização de âmbito nacional e autônoma em relação às secretarias

estaduais e ao próprio Ministério da Educação. O Mobral instalou comissões

municipais por todo o país, responsabilizando-as pela execução das

atividades, enquanto controlava rígida e centralizadamente a orientação,

supervisão pedagógica e produção de materiais didáticos.

Outro bom exemplo de utilização de um canal exclusivo para a

Educação à distância é a TV Escola. O projeto foi implantado no segundo

semestre de 1995, período em que começou a distribuição de verbas para

compra de Kits Tecnológicos54 .Dois anos antes, o próprio secretário de

Educação à Distância do MEC, Pedro Paulo Poppovic, reconheceu em matéria

publicada na Folha de São Paulo no dia 23 de fevereiro de 1997, que o Projeto

TV Escola cometeu erros. O principal deles foi a distribuição de verbas para os

Kits Tecnológicos antes de preparar os professores e sem ter informações

precisas sobre as condições das escolas para adequar o projeto as realidades

especificas. As avaliações do projeto continuaram sendo feitas e foi

apresentada uma pesquisa coordenada pelo núcleo de Estudos de Políticas

4 Kits Tecnológicos que vinham com um televisor, uma antena parabólica, um vídeo cassete e algumas fitas e eram distribuídos para Escolas Públicas com mais de 100 alunos.

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(NEEP) da Unicamp, iniciada em janeiro de 1997, avaliou o programa TV

Escola e os resultados apresentados levaram o MEC a pensar em mudanças

dentro do projeto para o ano seguinte, prevendo a criação de centros que

venham a promover a capacitação de professores para a utilização de recursos

tecnológicos dentro de sala de aula.

Ainda na década de 90, o universo dos canais abertos já se apresenta

mais amplo e enriquecido, com uma variedade de programas de qualidade

cultural, logo com grande potencial educativo da expansão dos serviços de TV

à cabo também ganha destaque canais como Discovery e, especialmente, o

canal Futura, que dedica boa parte da programação à escola e ao professor.

Como os canais tem orientado suas programações para ajudar na educação?

Isto é o que veremos no próximo capítulo.

CAPÍTULO II

A TELEVISÃO DE HOJE – TV ABERTA E FECHADA

Depois de vermos no capítulo anterior um breve histórico sobre a

Teleducação no Brasil e no Mundo, podemos observar que ao longo dos anos

houve um crescimento substancial da teleducação no país. Os canais abertos

mantêm os melhores índices de audiência pela liberdade de acesso, o que,

segundo especialistas no assunto, justifica a manutenção desta tendência

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mesmo com a expansão do sistema de distribuição dos canais de TV por

assinatura5.

Atualmente, aqueles que pagam para assistir televisão, atingem um

número que gira em torno de 1,9 milhão e ainda assim não representam 5% da

população. Mas forma uma elite bem informada que lança comportamentos e

idéias e, assim, crescem em um ritmo muito acelerado.

2.1 O Caso da CPI na TV Fechada

A TV Fechada, como o próprio nome diz, é segmentada e não projetada

para a massificação. Hoje existe cerca de 1,03 milhão de lares com TV paga

no Rio de Janeiro e em São Paulo.

A mudança nos hábitos da audiência de televisão decorrentes da crise

política6 acentuou o debate que já está sendo travado em torno das formas de

convivência entre as redes comerciais e as emissoras de serviço público face

às mudanças tecnológicas e os novos modelos de negócio que possam daí

derivar.

Podemos lembrar que quase toda a mídia chamou atenção para a ma-

neira como a população brasileira acompanhou os depoimentos nas CPIs e na

Comissão de Ética da Câmara, mas o enfoque diverge sutilmente. O Jornal “O

Globo” (07/08/2006), trouxe a matéria com chamada de primeira página –

"Loucos por CPI não saem da frente da TV" – sobre os "espectadores fiéis,

que deixaram de lado até futebol e novela". O texto conta o caso de um ex-

goleiro do Botafogo, Adalberto Leite Martins, que desmarcou viagem à Itália

para acompanhar o depoimento do deputado José Dirceu. A reportagem

mostrou também o caso da professora Cecília Macieira, que está deixando de

5 É preciso esclarecer a diferença dos termos TV por assinatura e TV a cabo, sendo que a primeira expressão será usada quando a referência for feita a todos os sistemas de distribuição de sinais pagos, a TV a cabo diz respeito somente ao sistema de distribuição de sinais via cabos. Isso definido pela própria distinção dos significados dos termos.

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assistir novelas por causa das CPIs, assim como do músico e sociólogo Luiz

Guilherme, que "volta correndo do trabalho para assistir a mais um episódio da

crise".

No mesmo dia, a Folha de S.Paulo publicou em sua primeira página,

que a "Crise política faz TV Senado multiplicar audiência por mais de dez

vezes em apenas cinco meses". Seguia-se texto sobre a mecânica de

funcionamento da TV Senado que atualmente emprega 160 funcionários. O

texto descreve como os sinais gerados pela TV Senado são distribuídos entre

as emissoras que agora pedem sua utilização e lembra que na época da CPI a

logomarca da TV Senado alcançou exposição maior que do que à de marcas

de anunciantes da novela das oito da Rede Globo Televisão, que é

considerada a quarta emissora maior do mundo, cobre 99,84% dos 5.043

municípios brasileiros, sendo que sua participação corresponde a 75% do total

de verbas publicitárias destinadas à televisão, com audiência superior a 40 mi-

lhões de pessoas.

Ainda que mesmo a TV fechada atinja cerca de três milhões de

brasileiros, não é difícil extrair daí a conclusão de que é pelo menos discutível

que 95% da população brasileira só tenha acesso ao cotidiano do Congresso

quando aparecem os “Delúbios e Silvinhos”7, ou seja, no entanto não existe

uma conspiração para que a população brasileira seja informada aos poucos.

2.2 Canal Futura um sucesso da TV Fechada

O Futura é mais um canal de TV paga, criado em 1997. Hoje leva sua

programação para sessenta milhões de pessoas, por meio de antenas

6 Escândalo do Mensalão ou "esquema de compra de votos de parlamentares" é o nome dado à maior crise política sofrida pelo governo brasileiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2005/2006. 7 Delúbio Soares ex-tesoureiro Nacional do PT e Rodrigo Silveirinha, ex-subsecretário de Administração Tributária, envolvidos no escândalo do mensalão. 8 Antena receptora de sinais transmitidos através de satélite. Recebe o nome parabólica a devido sua forma côncava.

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parabólicas8 TV por assinatura (Net, Sky e DirectTV). Além disso, os

programas do canal Futura são utilizados por cerca de 12 mil instituições, entre

escolas, creches, hospitais, centros de saúde, universidades, bibliotecas,

ONGs, sindicatos e órgãos públicos. Nesses locais, 2 milhões de pessoas têm

acesso à programação. Apenas em 2005, 400 mil educadores, jovens e líderes

comunitários foram capacitados para trabalhar os conteúdos que o canal ofe-

receu.

O objetivo do Futura se dá por atingindo quando o público se entende

o conteúdo do que é transmitido, estabelecendo parcerias locais para

promover melhorias em seu dia-a-dia. Para que isso aconteça a programação

procura refletir a realidade do Brasil.

Outra preocupação do Futura é a realização de pesquisas, sendo que

em 1997, foi realizado um grande levantamento sobre os hábitos de consumo

televisivo e as principais demandas educativas dos telespectadores de tevê por

assinatura e de possuidores de antena parabólica convencional. Desde então,

a pesquisa tem sido um instrumento estratégico do canal. A pesquisa é utili-

zada como orientação de seus programas até a elaboração da grade de pro-

gramação.

Em 2005, o canal Futura recebeu uma pesquisa produzida pelo

Datafolha9, realizada através de abordagem de pessoas nas ruas, conceito

diferente de audiência adotado pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e

Estatística (IBOPE), o resultado foi que o canal continua crescendo. Entre o

público que possui antena parabólica, o Futura é conhecido por 85% e

assistido por 41%. Segundo estimativas feitas pelo Datafolha o percentual que

assiste o canal Futura em termos absolutos é de cerca de 12 milhões de

pessoas. Em 1999, o ano do primeiro levantamento, o canal era assistido por

25% dos que possuíam parabólica em seus domicílios, ou seja, cerca de

9 Departamento de pesquisa do Grupo Folha da Manhã, criado para realizar pesquisas de opinião pública e eleitoral com o máximo rigor técnico e agilidade.

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quatro milhões de pessoas. Houve, portanto, nesses seis anos, um aumento

de 64% no público do canal.

Ainda em 2005, o Futura recebeu os resultados de uma pesquisa de

audiência feita pelo Ibope na região do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul,

onde o canal exibe a sua programação em parceria com a TV Universitária

Unisinos. Essa pesquisa mostra um desempenho considerável do Futura que,

em um ano e meio de exibição em sinal aberto (UHF)10, conquistou o 5º lugar

no ranking de canais daquela região. Constatamos ainda que o Futura seja um

grande sucesso entre as crianças (4 a 11 anos). Considerando apenas este

público, o canal Futura fica com a terceira maior audiência, ficando atrás

apenas da Globo e do SBT.

Foram realizadas ainda pesquisas qualitativas para avaliar quatro pro-

gramas-piloto11. O projeto Escola Digital é um exemplo de programa concebido

em conjunto com o público. O piloto foi submetido a avaliação de jovens das

instituições da Mobilização Comunitária e de jovens convidados a participar

dos grupos focais realizados no Recife, Campo Grande e Curitiba. Essas idéias

foram incorporadas pela equipe de produção e o resultado é um programa

mais próximo do universo desses jovens.

Ainda no mesmo ano, segundo informações extraídas do site do canal

Futura12, foi feita uma pesquisa qualitativa pela agência de publicidade

Contemporânea para saber mais detalhadamente o que os telespectadores do

Futura pensam sobre o canal. As pessoas que assistem ao canal foram dividi-

das em quatro grupos de discussão no Rio de Janeiro e em São Paulo: em

cada uma dessas cidades, foram formados dois grupos de classes A e B que

assistem ao Futura pela tevê por assinatura (um de 18 a 25 anos, e outro de

10 UHF é a sigla para o termo em inglês ultra high frequency, que significa freqüência ultra-alta. Designa a faixa de radiofreqüências de 300 MHz até 3 GHz. É uma freqüência comum para propagações de sinais de televisão, rádio e transceptores. 11 Programa Piloto é uma espécie de ensaio do programa, também conhecido como programa teste, é sempre gravado e tem a finalidade de testar a qualidade da programação que poderá ser ou não veiculada. 12 www.futura.com.br

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30 a 50 anos), e dois grupos de classes C e D que assistem ao Futura pela

parabólica convencional (com a mesma divisão etária). Todos os grupos foram

mistos quanto ao sexo.

A principal recomendação levantada foi a de que o Futura precisa ser

melhor divulgado. E, entre as qualidades apontadas pelos grupos, merece

destaque o fato de o Futura ser um canal de tevê voltado para o conhecimento,

à educação e a cultura; de possuir uma programação diversificada,

apresentadores carismáticos, linguagem fácil e conteúdo mais realista e

sincero do que as outras emissoras; e fazer uma abordagem criativa sobre os

temas interessantes.

Podemos afirmar, então, que a missão do canal Futura está sendo atin-

gida, que é contribuir para a formação educacional da população, desenvol-

vendo as capacidades básicas da criança, do jovem, do trabalhador e de toda

a sua família.

2.3 Canais da TV Fechada

A TV por assinatura, nascida primeiramente na forma de transmissão

realizada por cabo, representa um meio alternativo à informação e ao

entretenimento, assim como tem a função de acelerar em determinada área o

desenvolvimento social e econômico do país.

Alguns canais da TV Fechada

Antenas Parabólicas: Rede Globo, SBT, Rede Bandeirantes, Rede

Record, Rede TV!, TVE Brasil, Rede Vida, Canal Rural, Canal do Boi, Rede

Mulher, TV Escola, Agro Canal, Canal Ocasional (Embratel), TV Século 21, TV

Aparecida, TV Terra Viva, TV Canção Nova, TV Senado, TV Câmara, NBR,

Shoptime. Com, Canal Futura e TV Cultura.

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Canais Multinacionais: Cartoon Network, National Geografic Channel,

Universal Channel, Nickelodeon, JETIX, Warner Channel, TNT, Sony

Entertainment Television, Fox, FX, Disney Channel, Discovery Channel,

Discovery Kids, Discovery Travel & Living, Discovery Home & Health, ESPN,

Bomerang, HBO, HBO Family, HBO Plus, The History Channel, E!, AXN, Film

& Arts, Locomotion, Logo TV, Hallmark Channel, Retrochannel, Eurochannel,

Multipremier, Casa Club, Infinito, cl@se, Playboy TV, Venus, Spice Live e G

Channel.

Canais Nacionais: ABC 3 – Vivax, ESPN Brasil, GNT, Futura,

Shoptime.com, Premiere, Canal Rural, SpoTV, Globo News, Multishow, Rede

Telecine, (Telecine Premium, Telecine Action, Telecine Emotion, Telecine

Pipoca, Telecine Cult), ESPN Brasil, MTV Brasil (em algumas capitais e

cidades, possui o sinal de Tv aberta), BandNews, BandSport , Sexy Hot e For

Man.

Canais Internacionais: CNBC World, CNN International, CNN en

Español, Fox News Channel, TV5, BBC World, TVE (Espanha), Deutsche

Welle, NHK, SIC Internacional, RTPi, ART, RAI International, MTV Hits, MTV

Jams, VH1 Soul, HTV e Muchmusic.

Canais Governamentais: TV Câmara, TV Senado, TV Justiça, TV

Brasil Internacional, TV Escola, NBr e TV Assembléia.

2.4 TV Aberta

A família brasileira passa horas em frente à televisão, assistindo a diver-

sos programas que passam tanto na TV aberta quanto na TV fechada, com

uma diferença na programação. A televisão aberta é como são chamados os

canais de TV gratuitos no Brasil. Receberam essa denominação depois da

chegada da Televisão por Assinatura.

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No país, os cidadãos têm disponíveis gratuitamente as freqüencias VHS

e UHF para transmissão e recepção de canais de televisão. Futuramente,

estarão também disponíveis as freqüências para transmissão digital.

Na TV aberta, o telespectador está sujeito a assistir o que a emissora

lhe oferece na fechada ele tem à disposição programação mais variada,

enquanto com melhor segmentação e contando com os canais voltados para o

público especifico. Por outro lado, a TV aberta abrange a sociedade como um

todo, alcançando 140 milhões de telespectadores, comparado aos três milhões

da TV por assinatura.

Segundo José Carlos Araújo, diretor geral do programa Mesa Redonda

Rio, da CNT13, a TV aberta possui um estilo de programação é voltada para a

audiência geral “sua programação é muito repetitiva, não tenta inovar com no-

vos programas e, quando os convém, eles desviam o foco de seus programas

devido à audiência”, e complementa dizendo que a TV aberta deve que investir

mais em programas educativos e documentários.

Como falamos anteriormente, a TV aberta fala para 140 milhões de

brasileiros, enquanto a TV paga é essencialmente segmentada, não foi projeta-

da para massificação. O público que está acostumado a ver programas com

até 40 pontos de ibope na TV aberta vai estranhar os índices na TV fechada.

Por incrível que pareça, os assinantes ficam cerca de 80% do tempo na TV

aberta. Por isso, mesmo as atrações mais vistas da TV paga ficam com menos

de um ponto de audiência.

2.5 Canais da TV Aberta

Em média, a maioria das cidades brasileiras não possui mais de 10

canais de televisão disponíveis na TV aberta. Geralmente, as capitais

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possuem maior quantidade de canais. O gênero varia, mas eles tendem, na

TV aberta, a serem generalizados, mas é muito comum encontrar canais

religiosos e educativos. Com o aumento da disponibilidade de canais uma

oportunidade para a diversificação do cardápio oferecido pela TV aberta.

Canais Abertos: Rede Globo, SBT, Rede Record, Band, Rede TV!, TVE

Brasil, TV Cultura, Rede Brasil, Rede Mulher, Rede Mulher, Rede Vida, TV

Aparecida, TV Século 21, Canal 21, TV Gazeta, TV COM, Canção Nova, Canal

do Boi, RIT – Rede Internacional de Televisão, CBS Clip, NGT, TV da Gente,

CNT, Rede Gospel, RBN/CVC, TV Genesis, TV Bahia e Ulbra TV.

O certo é que desde a implantação do ambiente de TV por assinatura criou-

se a aparência de confronto entre a televisão aberta, generalista, voltada para

todos os públicos ao mesmo tempo, e a televisão fechada, segmentada,

dirigida a nichos específicos de audiência. Por outro lado, é claro que quando

um fato repercute de maneira diferente dentro de um ambiente fechado, ele

tende a extrapolar esse ambiente. Assim, um jogo de tênis pertence ao

ambiente de TV fechada, segmentada; mas quando um tenista brasileiro chega

à final de um grande torneio, então o fato migra para a televisão aberta,

generalista.

A televisão, em seus 56 anos de existência, tem sido a principal fonte de

informação, de entretenimento e também de educação para muitos brasileiros,

e com isso vamos estabelecer novas relações entre a TV e vida cotidiana do

aluno, é o que veremos no próximo capítulo.

13 Emissora da TV aberta, canal 09 – Central Nacional de Televisão.

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CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DA TELEVISÃO NA VIDA

ACADÊMICA

Nos últimos anos houve uma mudança na situação educacional da

sociedade: nos anos 60, as crianças eram educadas pelos pais, pela escola,

pelo cinema e pelos amigos; hoje, esse papel está distribuído entre televisão

(principalmente), jornais, revistas e internet. Portanto, cresce importância da

mídia como instrumento de informação no cenário do país e como formadora

de opinião. Se eliminarmos a idéia de que a educação deve ser restringir a

escola, quando, na verdade, está articulada com toda a sociedade como

instrumento essencial na formação do indivíduo, os meios de comunicação

poderão ser vistos como auxiliares na construção da cidadania. Para isso é

necessária, por um lado, a conscientização dos profissionais da mídia de seu

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papel como agentes dos processos educativos em favor da população; por

outro, a formação de educadores para dialogarem com a mídia e serem

críticos dos veículos.

O processo de educação está intimamente ligado às transformações

científicas e tecnológicas pelas quais o mundo está passando. Os avanços

tecnológicos e o surgimento de novos paradigmas são fundamentais para

viabilizar o desenvolvimento de qualquer sociedade. Estas mudanças são

dinâmicas e constantemente provocadas pelo próprio homem, mas nem

sempre elas são bem aceitas quando propostas pela primeira vez.

Por tanto, está se tornando cada vez mais necessário que as idéias

antigas sejam deixadas de lado para que se possa então buscar o novo, a

inovação a qual está relacionada diretamente com o ato de empreender, ou

seja, inovar. É necessário aperfeiçoar as tendências pedagógicas existentes e

procurar novos caminhos para a aprendizagem. Mas, nem todos os

educadores pensam desta maneira. Existem professores que acreditam que o

novo atrapalha o raciocínio do aluno. Está relação será assunto no próximo

item.

3.1 Relação dos docentes x televisão

Os meios de comunicação, principalmente a televisão, desenvolvem

formas sofisticadas e multidimensionais de comunicação sensorial, emocional

e racional, superpondo linguagens e mensagens que facilitam a interação com

o público. A televisão fala primeiro do sentimento, não o que você conheceu;

as idéias estão embutidas na roupagem sensorial, intuitiva e afetiva.

A televisão parte do concreto, do visível, do imediato, próximo, que toca

todos os sentidos. Mexe com o corpo e a pele. As sensações e os sentimentos

estão ao nosso alcance através dos recortes visuais, do close e do som

evolvente.

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Assim, muitos docentes começam em sala de aula pelo sensorial, pelo

afetivo pelo que toca o aluno antes de falar de idéias, de conceitos, de teorias.

Partimos do concreto para o abstrato, do imediato para o mediato, da ação

para a reflexão, da produção para a teorização.

Uma das características mais marcantes do mundo atual é a influência

dos meios de comunicação de massa na vida cotidiana de todos os brasileiros,

independentemente de raça, religião e classe social. Por isso mesmo estamos

freqüentemente presenciando uma polêmica sobre os benefícios e os

malefícios do poder da mídia. Utilizando como o exemplo o maior e mais

impactante veículo: a televisão, o uso de sua programação poderia auxiliar

professores e alunos ao serem incorporados à sala de aula servindo de

instrumentos pedagógicos. Considerando que a TV evolui e se modifica

rapidamente, ao contrário parece a escola, nossa reflexão caminha no sentido

de ajustar as relações entre as instituições de ensino e os modernos recursos

midiáticos.

Existem educadores que são totalmente contra o uso da televisão em

sala de aula. Dizem que quanto menos TV, principalmente programas como

reality shows e de baixa qualidade, citando, por exemplo, o programa do

“Ratinho”, que explora o drama particular do dia-a-dia de pessoas comuns que

procuram a televisão para terem os seus problemas solucionados. Argumentos

não faltam: quanto maior o número de horas diante televisão, mais aumenta o

risco da violência, devido à tendência de imitação de comportamentos

violentos; com isso, entramos no titulo deste projeto “A televisão é para

entretenimento, a escola é para estudar”.

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De acordo com Eugênio Bucci14, em sua coluna “De olho na televisão”,

publicada na revista Nova Escola (março de 2002), critica a programação

televisiva por não possibilitar o desenvolvimento do raciocínio do telespectador:

"Ver TV, quase sempre, é sinônimo de por o raciocínio em repouso, não

se aprende raciocinar vendo televisão. Existe hoje um certo

endeusamento da televisão como ferramenta da educação. E um

endeusamento indevido (...) A TV pode ajudar o professor, mas jamais

substituí-lo. Pode até ilustrar as lições, mas jamais guiar pensamento

abstrato, feito de palavras e números (...) O raciocínio não é

entretenimento, mas trabalho mental”.

Bucci termina seu texto dizendo que:

“A televisão não é capaz de pegar o aluno pela mão e leva-lo a

passeios do raciocínio. Para isso existe o professor, o diálogo, a

palavra escrita, o número e a escuridão do que ainda está por ser

conhecido”.

Ainda segundo a filosofia de Bucci, ele acredita que já não é mais na

escola que a criança aprende a separar o feio do bonito, o certo do errado, a

virtude do vício. É na mídia que se aprende isso. A função de hierarquizar os

valores, que já coube a religião e, até meados dos séculos XX, também à

instituição escolar, encontra-se hoje usurpada pela a tela da TV. Ele afirma que

o professor de sente competindo com a mídia e tem que ensinar valores éticos

e estéticos que a TV desensina.

Em favor do uso da mídia na formação do cidadão, José Marques de

Mello(1999)15, diz que:

14 Eugênio Bucci, jornalista, professor de Ética Jornalística da Faculdade “Cásper Líbero” e

presidente da Radiobrás.

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"Uma notícia de jornal conduz a um filme, um seriado de televisão

estimula a leitura de um livro, um programa de rádio incita à audição de

um disco, um filme motiva a compra de um fascículo ou uma revista”.

Ainda a favor do uso da mídia em sala de aula, Maria Inês Ghilardi16,

afirma que ler o discurso da mídia é condição para inserção do sujeito na

sociedade e na história do seu tempo:

"O acesso à leitura – um bem cultural – deve ser oportunizado a todos

os cidadãos. Ler a palavra escrita, a palavra oral, a palavra não-dita

implícita no contexto ou em uma imagem, e depreender o sentido que

emana de fatores lingüísticos e extralingüísticos torna-se prioridade na

escola e fora dela. O analfabeto, hoje, não é simplesmente aquele que

não sabe ler ou escrever, mas o que não compreende os textos que

circundam”.

Existem ainda docentes como Marcos Napolitano17, que acreditam que

a televisão em sala de aula nem é vilã e nem é a salvação da lavoura, tudo é

uma questão de saber quando e o porque usá-la:

"Levar a televisão para a sala de aula não tem nada a ver com motivar

alunos ou substituir a palavra escrita. Em vez de usá-la como mera

ilustração, a TV deve ser utilizada como geradora de discussões. No

entanto não se formam espectadores críticos que se conheça por

dentro como são produzidos os programas e sem estudar

sistematicamente a linguagem da televisão.”

15 José Marques de Mello - Professor em Comunicação e Artes, da Universidade de São Paulo (USP). 16 Maria Inês Ghilardi – Professora do Centro de Linguagem e Comunicação da PUC - Campinas. 17 Marcos Napolitano - Professor do Departamento de História da UFPR,

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De acordo com pesquisas realizadas recentemente pelo IBOPE

atestaram que os jovens passam muitas horas em frente à televisão e uma das

características de meio de comunicação é a falta de interatividade, assim o

telespectador não tem oportunidade de construir seu próprio discurso, mesmo

em relação àqueles programas que se dizem interativos, por não poder

dialogar com a televisão. Se partirmos da idéia de que o eu só se constrói na

relação com o outro falta aí à interatividade à construção do sujeito.

É comum o docente utilizar jornais para auxiliar no processo Educativo,

proporcionando a possibilidade de leitura crítica de seus textos com a televisão

poderá ocorrer o mesmo, e ainda ampliar-se o rol de gêneros de textos a

serem estudados, pois esse veículo contém a imagem em movimento além da

palavra, formando um conjunto interativo para ser lido e estudado.

Entretanto, não é fingindo que a televisão não existe que resolveremos

os problemas da educação. Esse veículo midiático está em quase todos os

lares e a maioria dos alunos está exposta à programação. Os estudantes,

assim como a maior parte da população em geral, assistem à televisão. E será

que ela só traz aspectos negativos ao ser utilizado na escola? Dessa, estudá-la

e olhar criticamente para a sua programação pode ser um caminho para não

se deixar contaminar pelos males que ela possa causar.

Educar com novas tecnologias é um desafio que até agora não foi

enfrentado com profundidade. Temos feito apenas adaptações, pequenas

mudanças. Agora nas universidades, no trabalho e em casa, podemos

aprender continuamente, de forma flexível, reunidos numa sala ou distantes

geograficamente, mas conectados através de redes de televisão e da internet.

O presencial se torna mais virtual e a educação à distância se torna mais

presencial. Os encontros em um mesmo espaço físico se combinam com os

espaços virtuais.

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CAPÍTULO IV

A TV UNIVERSITÁRIA

No início da década de 60, docentes brasileiros começaram se

conscientizar-se do valor da TV para a educação e iniciaram a criação de uma

televisão educativa brasileira. Em 1961, sob direção da professora Alfredina de

Paiva e Souza18, a TV Rio produziu um curso destinado à alfabetização de

adultos, projeto que permaneceu no ar até 1965 pela TVE Brasil. Em 1962, o

Dr. Gilson Amado19, lançou, através da TV Continental, a idéia da

“Universidade de Cultura Popular”, uma universidade sem paredes, capaz de

atender aos milhões de brasileiros maiores de 16 anos que perderam, na

época, a oportunidade de acesso à escola.

A primeira emissora educativa a entrar em operação no país, em 1967,

foi a TV Universitária do Recife, vinculada à Universidade Federal de

18 Alfredina de Paiva e Souza – Professora e catedrática do Instituto de Educação e coordenadora de televisão educativa. 19 Gilson Amado - Professor e Presidente da Fundação Brasileira de TV - Educativa, na década de 70.

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Pernambuco. No entanto, ela só viria a surgir, de fato, com a promulgação da

lei federal 8977, de 5 de janeiro de 1995, conhecida como a lei da TV a cabo.

Esse instrumento, em seu artigo 23, institui os chamados, “Canais Básicos de

Utilização Gratuita”. Dessa forma as operadoras são obrigadas a disponibilizar

os canais sem custos para os assinantes ou para os provedores de conteúdo

dos canais. Entre eles, especifica um canal universitário, reservado para o uso

compartilhado entre as universidades localizadas no município ou municípios

da área de prestação de serviço.

A TV Universitária é, portanto, o segmento mais novo da televisão

brasileira e também o de mais rápido crescimento. Desde 1995, quando a lei

referida anteriormente impulsionou as iniciativas das instituições de ensino

superior (IES) de se organizarem para a produção e veiculação regular de

conteúdos educativos e culturais por televisão nada menos do que 34 canais

surgiram em diversas operadoras de TV a cabo – uma média impressionante

de quase três canais por ano. Somando-se a eles as emissoras educativas

tradicionais de sinal aberto que são controladas pelas Instituições de Ensino

Superior, o número de canais em operação sobe para 49. Segundo Priolli,

(2003)20 atualmente cerca de 100 IES tem alguma atividade de produção de

vídeo no Brasil e 87 delas utilizam canais universitários.

Apesar deste crescimento apresentado nos últimos anos, a televisão

universitária apresenta ainda muitas dificuldades que a impedem de se

consolidar como uma televisão de qualidade. Um dos problemas ligados à TV

Universitária e de grande importância é traçar os elementos principais para a

construção do projeto de criação de uma linguagem visual representativa. A

questão reside no campo conceitual; visto, pois tendo sido difícil definir como é

esse modelo de televisão e para quem está direcionado. Para alguns, a TV

Universitária é apenas uma TV Laboratorial, onde estudantes produzem

programas orientados pelos professores, visando tão somente à capacitação

20 Gabriel Prioli – Professor, jornalista e presidente da ABTU (Associação Brasileira de TV Universitária).

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profissional desses alunos para o mercado de trabalho. Outros defendem a

idéia de uma TV Universitária feita para os estudantes e voltada

exclusivamente para suprir os interesses deste público. Esse modelo é seguido

por quase todas as emissoras universitárias estrangeiras, como a CTN –

College Television Network e a CSTV – College Sports Television, norte-

americanas, a Nexus TV e a Campus Television, inglesas ou similares

francesas, escocesas, alemãs e suecas.

Citando mais uma vez Priolli (2003), o professor defende a TV

Universitária, como uma TV com a participação de estudantes:

"A Televisão Universitária é aquela produzida no âmbito das Instituições

de Ensino Superior ou por orientação, em qualquer sistema técnico ou

em qualquer canal de difusão, independente da natureza de sua

propriedade. Uma televisão feita com participação de estudantes,

professores e funcionários com programação eclética e diversificada,

sem restrições ao entretenimento, salvo aquelas impostas pela

qualidade estética e boa ética. Uma televisão voltada para todo o

publico interessado em cultura, informação e vida universitária, no qual

prioritariamente se inclui, é certo, o próprio acadêmico e aquele que

gravita entorno: familiares, fornecedores, vestibulandos, gestores

públicos, da educação, etc.”.

Magalhães (2003)21, também defende a TV Universitária e sua

amplitude no mercado:

"Não importa se é produzido pelos alunos, professores, funcionários,

pesquisadores ou todos eles em conjunto, mas sim que seja pautada

estreitamente à promoção da educação, cultura e cidadania e que

tenha o desejo de ser visto pelo maior número de pessoas possível”.

21 Cláudio Magalhães – É mestre em comunicação Social e Doutorado em Educação, ambos pela Universidade Federal de Minas Gerais, Professor, jornalista, diretor da TV UNI-BH Inconfidentes em Ouro Preto (MG) e vice-presidente da Associação Brasileira de Televisão Universitária(ABTU).

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37

Portanto, existe uma noção bastante difundida de que a TV Universitária

é muito mais que uma TV Estudantil e deve explorar os limites da Universidade

ou das Instituições Superiores que as gera, criando um engajamento com a

sua comunidade e aceitando o papel gerador e difusor dos conhecimentos que

as universidades detêm.

A definição de TV Universitária, de acordo com o professor, Magalhães,

é qualquer produção feita por uma escola e veiculada regulamente, seja em

canal aberto, via satélite, circuito fechado ou pelo sistema a cabo. Já a

Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU), define como toda

instituição de ensino superior que produza televisão por meios legais e

reconhecidos com veiculação periódica.

Assim, um programa de TV Universitária ideal deve seguir princípios

básicos como:

w Ser uma televisão voltada para a comunidade;

w Apresentar uma programação atraente;

w Ser um espaço aberto à experimentação e a criação de formatos

e padrões;

w Não estar presa a padrões estabelecidos pelas televisões

comerciais;

w Ter compromisso com a geração e difusão de conhecimentos;

Nesse contexto, o desenvolvimento da linguagem gráfica e audiovisual

de uma TV Universitária deve estar embasado nos seguintes pontos:

w Ser uma TV atraente Esteticamente;

w Estar voltada para o público amplo e interessado em cultura, edu-

cação e assuntos acadêmicos;

w Possibilitar o uso de vários tipos de linguagem atrelados a sua

própria;

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w Representar a comunidade acadêmica local sem, necessaria-

mente, ter a identidade visual da mesma.

4.1 Como Montar uma TV Universitária

Para uma instituição de ensino superior montar sua própria

programação deve-se primeiramente oferecer o curso de graduação em

Comunicação Social com as habilitações em Jornalismo e Publicidade, pois

através desses alunos a TV terá a sua programação abastecida

periodicamente de informação e entretenimento além de cultura e educação

que regem a TV Universitária.

Segundo o manual da TV Universitária, para se montar uma

programação universitária em TV aberta, deve-se:

w Solicitar em estudo técnico de viabilização de canal no PBTV;

w Requerer o canal no Ministério das Comunicações;

w Produzir e Transmitir.

w Acompanhar o processo pelos vários setores do Ministério das

Comunicações;

w Outorga de concessão de canal pelo Ministério das Comunica-

ções;

w Aprovação pelo Congresso Nacional;

w Por último, produzir e transmitir.

Em uma TV a cabo deve-se:

w Verificar a existência de operadora de TV a cabo delegada pela

Anatel no município;

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w Organizar encontro entre as Instituições de ensino superior,

interessadas no sentido de estabelecer um cronograma de

utilização do canal, seu compartilhamento e sua forma de gestão;

w Organizar o consórcio das Instituições de ensino superior e

formalizar à operadora a ocupação do canal (imediata ou

planejada);

w Estabelecer os estatutos, regulamento interno e código de ética

do consórcio;

w Produzir e transmitir conforme as regras do consórcio.

Via Satélite:

w Estudo e disponibilização de canal em satélite para a cobertura da

área requerida;

w Projetar os recursos tecnológicos para transmissão de televisão

via satélite;

w Instalação do up-link e recursos tecnológicos para transmissão;

w Produzir e transmitir.

TV pela Internet:

w Projetar os recursos tecnológicos para a transmissão de

televisão via rede de computadores;

w Instalar ou ampliar os instrumentos de transmissão,

desenvolvimento e softwares e capacitando hardwares;

w Produzir e Transmitir.

Via Circuito:

w Solicitar estudo técnico de expansão de sinal de TV pela área

desejada;

w Instalar estrutura de transmissão via microondas ou cabo;

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w Produzir e transmitir.

4.2 A TV Universitária como Ambiente de Trabalho para

Futuros Profissionais

A TV Universitária possibilita aos estudantes e futuros profissionais,

especialmente aos discentes do curso de Comunicação Social, se utilizarem

da mídia audiovisual como suporte de preparação para a carreira desejada.

Esses estudantes têm nas TVs Universitárias um ambiente ideal para a etapa

de preparação para o mercado de trabalho. A produção da programação da TV

é feita por esses alunos que vivenciam uma etapa fundamental nesse

processo de aprendizagem, sendo, a responsabilidade perante a sociedade,

onde o público e não os professores, em sala de aula, estarão avaliando o

resultado final. Lopes (1989)22, já previa que surgiriam modelos com as Tvs

Universitárias para auxiliarem na formação de futuros jornalistas:

"Com a regulamentação da profissão de jornalista, em 1969, e com o

fim do estágio nos meios de comunicação, surgiram os órgãos

laboratoriais iniciando a articulação teórico – prática, mas deixando um

ponto essencial: não apenas fazer, mas refletir sobre o fazer”.

Ultrapassando este primeiro desafio é vez de conhecermos o segundo:

“refletir sobre o que fazer”. São grandes os riscos de transformar uma TV

Universitária em mera cópia de programas já consagrados em outras TVs

Educativas ou vêlas servindo de marketing para as instituições de ensino

superior que estará sendo beneficiada. É preciso ter a consciência de que a TV

Universitária é um espaço de experimentação ou um centro de conhecimentos

22 Dirceu Fernandes Lopes - Professor Doutor - Formado em jornalismo, lecionou no período de 1974 a 1989 no Departamento de Sociologia da PUC-SP.

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originais, conciliando o aprendizado teórico de sala de aula ao técnico e

prático. Temos como exemplo dos hospitais universitários e os centros de

pesquisas na área de informática, as TVs Universitárias podem cumprir o papel

de centro de pesquisa, experimentação e criatividade. Não deve ser repetidora

de modelos, como alerta Brasil (2002) 23:

"A falta de recursos não pode ser eternamente, a justificativa comum

para uma televisão tão conservadora, repetidora de modelos

estabelecidos, não experimental e tão pouco criativa”.

Com essa proposta do Antônio Cláudio Brasil e os conceitos de Dirceu

Lopes sobre a importância dos jornais laboratórios para a produção de TV em

um ambiente universitário, utilizando como recorte dessa problemática a

inserção do acadêmico nesse processo, onde ainda em fase de aprendizado,

tem a responsabilidade de um profissional.

Podemos citar Beltrão (1989)24 que salientava os benefícios do

laboratório na formação profissional:

"O jornal-laboratório é instrumento didático básico, sempre que usado

apropriadamente, com um planejamento racional, que se transforma no

substituto da prática de treinamento nas redações”.

As experiências de jornais-labaratório em instituições de ensino superior

são reconhecidas por suas qualidades, e aplicar esses conceitos pode ser o

caminho para obter o mesmo sucesso na especialização desses estudantes na

área audiovisual.

23 Antônio Cláudio Brasil, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi repórter e cinegrafista da Rede Globo. Regularmente, escreve artigos sobre telejornalismo no Portal Comunique-se. O jornalista é o fundador da TV UERJ, a primeira televisão universitária do Brasil. 24 Luiz Beltrão é Escritor, professor e pesquisador.

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Essas atividades acadêmicas dos estudantes nas TVs Universitárias,

devem ser desenvolvidas, publicadas ou exibidas, necessariamente, com

acompanhamento e supervisão de um professor universitário, jornalista ou de

um responsável pelo projeto.

4.3 Experiência da TV FEMA

A TV Fema tem a participação de cerca de 25 estagiários do laboratório

de Comunicação do Imesa (Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis),

mantido pela Fema (Fundação Educacional do Município de Assis). A emissora

conta com a presença em período integral de um professor de Jornalismo e um

de Publicidade e Propaganda, com mais de 15 anos de experiência em mídias

eletrônicas, que supervisionam o trabalho que é exibido. O projeto teve início

em fevereiro de 2001 e, atualmente, a TV Fema, filiada à ABTU, veicula sua

programação na TV a Cabo e futuramente será dirigida pelo Canal

Universitário, em fase de implantação juntamente com outras universidades e

instituições de ensino superior. São produzidos atualmente 13 programas

jornalísticos e de entretenimento, comerciais institucionais e vídeos-

documentários.

Sem duvidas, o projeto da TV Fema é uma experiência desafiadora a

todos os participantes, pois alunos e professores podem ter a possibilidade de

se familiarizarem com a responsabilidade de produção completa de conteúdo

de uma TV Universitária. Assim, a experiência precoce em uma TV

Universitária pode contribuir para um profissional com um maior grau de

amadurecimento.

O papel da TV Universitária deve ser o de criar oportunidades que

permitam o desenvolvimento desse processo, construindo as bases para uma

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emissora que experimente alternativas de programação jornalística e de

variedades, estimulando a criatividade dos envolvidos. Essa preocupação pela

experimentação deve contribuir para a formação do individuo critico,

consciente, capaz de atuar significativamente, interferindo e contribuindo para

o desenvolvimento da sociedade de que faz parte. Um espaço de constantes

questionamentos, desafios e metas.

Para finalizar, mais uma vez utilizando das palavras do professor

Cláudio Magalhães, em Manual para uma TV Universitária (2002), referindo

sobre o que entendemos sobre o papel da TV Universitária, e assim

fundamenta as nossas considerações finais:

"A Televisão Universitária oferece a oportunidade de uma integração

ativa entre ensino, pesquisa, extensão, sociabilidade, entre os seus

atores principais: alunos, professores, dirigentes, funcionários e a

comunidade onde atua. Por meio dela é possível compartilhar

conhecimentos com a sociedade, estabelecer um elo com as suas

comunidades acadêmica e social; é o lugar em-comum e não o lugar

comum”.

E ainda, sobre o verdadeiro papel da programação da TV Universitária:

"A TV Universitária não é lata de prateleira de supermercado, onde se

compra por impulso ou habito, como acontece com a programação da

TV comercial. A TV Universitária é como um livro na biblioteca: você só

consome depois de escolher e para usar em consonância com o seu

desejo de conhecimento. Se pudermos fazer isso e ainda entreter

nosso telespectador, assim como as grandes obras-primas da

literatura, estaremos, então, fazendo uma bela obra prima na telinha do

cidadão brasileiro”.

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Durante toda esta monografia vimos o poder deste aparelho mágico que

é a televisão, mas será que com toda a sua magia podemos abrir mão do

papel do professor? Questões como estas que vamos ver na conclusão desse

projeto.

CONCLUSÃO

Tendo em vista os aspectos que foram analisados, chega-se a

conclusão de que a televisão é um veículo de comunicação de grande

importância na formação do cidadão brasileiro, mas está longe de representar

uma ameaça a figura do professor. Na verdade, a televisão vem ocupando

espaço cada vez maior no cotidiano das pessoas, está inserida no dia-a-dia da

população. Não podemos negar a eficiência e a utilidade desde meio de

comunicação e até mesmo na área educacional, na área de entretenimento,

cultura. A televisão contribui para que o telespectador tenha uma visão mais

ampla do mundo ao estimular a verbalização do indivíduo e a vida em

sociedade. Porém, o papel da TV em sala de aula é, e ainda será secundário,

pois falta interatividade, palavra essa que representa a troca, ou seja, as

questões a serem abordadas em sala de aula com o professor, as dúvidas, os

conselhos e trocas de conhecimentos de ambas as partes. Por mais completa

que a televisão pareça ser, quando falamos em educação não podemos

afirmar nunca que o conteúdo foi plenamente compreendido do outro lado da

‘telinha”.

Existem outros mecanismos e agências socializadoras como a família, a

igreja, o grupo profissional, a comunidade e a universidade. O professor entra

com esse papel de socialização, onde a pergunta encontra a resposta, onde as

dúvidas são esclarecidas, onde o conhecimento ultrapassa barreiras. Já na

televisão essas questões não são esclarecidas, pois não existe a troca na qual

referimos anteriormente, as perguntas ficam no “ar” e as dúvidas ficam sem

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explicações, e dessa forma, o objetivo principal da educação – transmissão de

conhecimentos – nem sempre é atingido.

Analisando a história da Teledução no Brasil pode-se afirmar que a TV

Educativa perdeu suas características e se difunde hoje com uma

programação muito mais cultural do que educacional, como foi proposto

inicialmente. No entanto, devemos enxergar a televisão como o melhor meio

de comunicação para obtenção de informações. Através dela podemos ter

acesso a mundos distantes, outras culturas, outros povos, enfim outras

realidades, através da TV conhecemos países sem jamais ter saído da nossa

própria casa. Mas, ao se falar de educação não podemos esquecer que o

procedimento da educação implica na existência de um educador e de um

educando e sem conhecer o nosso educando, como podemos dar

continuidade a esse processo educativo? Como saber quais as suas aflições e

dificuldades?

Desde as primeiras experiências até os dias de hoje, milhares de

brasileiros vêm sendo beneficiados com os projetos no campo da Teleducação

transmitidos através de várias emissoras de canais abertos ou fechados. Logo,

o conjunto de analises mostrado nesta pesquisa indica a necessidade de se

continuar trabalhando para a construção dessa cultura televisiva na educação,

como um passo significativo para a aproximação do ensino com o mundo

externo, um mundo como já foi enfatizado, de imagens e informação. Não

podemos enxergar a televisão como um veículo educativo, mas sim como um

instrumento do docente dentro ou fora de sala de aula.

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46

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

INTRODUÇÃO

08

CAPÍTULO I

10

A HISTÓRIA DA TELEDUCAÇÃO

10

1.1 – Breve Histórico da Teleducação no Mundo 10

1.2 – Teleducação no Brasil 14

1.3 – Experiências Importantes da Teleducação no Brasil 15

CAPÍTULO II 20

A TELEVISÃO DE HOJE – A TV ABERTA E FECHADA 20

2.1 – O Caso da CPI na TV Fechada 20

2.2 – Canal Futura – Um Sucesso da TV Fechada 22

2.3 – Canais da TV Fechada 25

2.4 – TV Aberta 26

2.5 – Canais da TV Aberta 27

CAPÍTULO III 29

A IMPORTÂNCIA DA TELEVISÃO NA VIDA ACADÊMICA 29

3.1 – Relação Docentes X Televisão 30

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47

CAPÍTULO IV 35

A TV UNIVERSITÁRIA 35

4.1 – Como Montar uma TV Universitária 38

4.2 – A TV Universitária como Ambiente de Trabalho para

Futuros Profissionais

40

4.3 – Experiência da TV FEMA 43

CONCLUSÃO

45

BIBLIOGRAFIA 49

ATIVIDADES CULTURAIS 51

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BIBLIOGRAFIA

BRASIL, Antônio Cláudio. Telejornalismo, internet e Guerrilha Tecnológica. Rio

de Janeiro. Ed. Ciência Moderna, 2002.

BELLONI, Maria Luiz – O que é Mídia – Educação? 2ª ed – Campinas , SP –

Autores Associados, 2005.

FISCHER, Rosa Maria Bueno - Televisão e Educação: Fruir e Pensar TV –

3ªed Belo Horizonte, Autêntica, 2006.

LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal Laboratório. São Paulo: Summus, 1989.

MACHADO, Arlindo – A Televisão Levada a Sério – 4ª ed – Editora Senac,

2005.

MAGALHÃES, Cláudio. Manual para uma TV Universitária. Belo Horizonte:

Autêntica, 2002.

REVISTA NOVA ESCOLA. Março 2002. De Olho na Televisão - Eugênio

Bucci. Ed. Abril.

REVISTA NOVA ESCOLA. Janeiro/fevereiro de 2002. As Tristes Cópias do

Medíocre. Eugênio Bucci. Ed. Abril, p.12.

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REVISTA NOVA ESCOLA. Março de 2002.O Raciocínio e o Entretenimento.

Eugênio Bucci. Ed. Abril,p.14.

MAGALHÃES, Cláudio. TV Universitária: Uma Televisão Diferente.

www.abtu.org.br, 1-1p., acesso em 02/11/2006.

PRIOLLI, Gabiel. TV Digital e TVs Universitárias. www.abtu.org.br, acesso em

13/11/2006.

www.abtu.org.br, A TV Universitária como Ponte entre a Produção Científica

e as Massas: A TV FEMA em Assis (SP), acesso em 18/11/2006.

www.abtu.org.br, Televisão Universitária: TV Educativa em Terceiro Grau.

Texto publicado originalmente na revista “Verso & Reverso”, da Universidade

do Vale do Rio dos Sinos, em Julho de 2003, acesso em 09/11/2006.

www.tudosobretv.com.br, História da Televisão, 1-3., acesso em 04/10/2006

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ATIVIDADES CULTURAIS

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A TELEVISÃO É PARA ENTRETERIMENTO,

A ESCOLA É PARA ESTUDAR

Por: Karen Calixto Braz de Abreu

Orientadora

Prof. Mary Sue

Data de Entrega: ___/___/_2007_

Avaliado por: _______________________Conceito: _______________

Avaliado por: _______________________Conceito: _______________