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- 1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO PROJETO A VEZ DO MESTRE CURSO PSICOPEDAGOGIA A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Por: Amanda Bral Machado Orientador: Professor Mestre Nilson Guedes Freitas Rio de Janeiro abril 2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO – PROJETO A VEZ DO MESTRE

CURSO PSICOPEDAGOGIA

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Por: Amanda Bral Machado

Orientador: Professor Mestre Nilson Guedes Freitas

Rio de Janeiro

abril 2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO – PROJETO A VEZ DO MESTRE

CURSO PSICOPEDAGOGIA

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Apresentação de monografia a Universidade

Cândido Mendes, com condição prévia para

conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Psicopedagogia.

Por: Amanda Bral Machado.

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AGRADECIMENTOS

Sempre temos a quem agradecer o apoio prestado,

durante a realização do trabalho de monografia. Aos

meus pais, Margarida e Manuel, e minha irmã Aline

pelo apoio e incentivo. A dedicação e compreensão

prestada durante o desenvolvimento deste estudo,

pelo meu noivo Walter. Ao professor Nilson, por sua

orientação e atenção prestada ao meu trabalho. A

todas as minhas amigas e colegas do curso de

Psicopedagogia, pela união e apoio nos momentos

mais difíceis, e por mais esta vitória.

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DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado a todos os Professores /

Educadores que atuam na Educação Infantil, que

buscam a constante atualização, levando a criança à

construção de novos conhecimentos, através de

jogos e brincadeiras, de forma prazerosa.

Amanda Bral Machado

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EPÍGRAFE

“Ninguém pode conhecer por mim, assim como

não posso conhecer pelo aluno. O que posso e o que

devo fazer é na perspectiva progressivista em que

me acho, ao ensinar-lhe certo conteúdo, desafiá-lo a

que se vá percebendo na e pela própria prática,

sujeito capaz de saber” (FREIRE. 1996. p 140).

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RESUMO

Este trabalho é sobre a importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil. Baseou-se no problema, de como os jogos poderiam contribuir no desenvolvimento (motor-afetivo-cognitivo) do educando. Tendo como objetivo geral, ressaltar que para cada fase de desenvolvimento cognitivo existem jogos e brincadeiras adequados, que irão promover a criação, a criatividade e o prazer do educando em construir os seus conhecimentos. Foi utilizado como procedimentos metodológicos às pesquisas bibliográfica, dos autores: Pellegrini, afirma que quanto mais estímulo, mais facilidade o aluno terá para aprender, Vila e Muller, defendem a idéia que a criança brincando aprende de forma criativa e diferente, Mutschelle e Filho, a interação jogo-criança permite a criança situar-se no mundo, a aprender e conhecer, Nicolau observa que através do jogo a criança constrói interiormente o seu mundo. Assim sendo, a pesquisa é direcionada aos educadores da educação infantil, da rede privada do município do Rio de Janeiro.

PALAVRAS CHAVES: JOGOS – BRINCADEIRAS – DESENVOLVIMENTO – EDUCANDOS -

EDUCADORES.

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SUMÁRIO

Introdução 8

1. A Importância do Lúdico 10

2. As Estapas de Desenvolvimento Cognitivo, Segundo Jean Piaget 19

3. Os Jogos e os Brinquedos nas Salas de Aula 31

4. Conclusão 58

5. Referências Bibliográficas 60

6. Anexos 61

7. Índice 62

8. Folha de Avaliação 63

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INTRODUÇÃO

Devido à linha pedagógica utilizada pelas instituições, que

possuem uma prática construtivista, possibilitando ao educador e o

educando produzirem os conhecimentos (conteúdos), utilizando aulas

criativas e que estimulam o prazer e a participação dos educandos pelas

atividades propostas, tornou-se indispensável à pesquisa sobre os jogos e

brincadeiras na educação infantil, levantando o problema de como esses

jogos poderiam contribuir no desenvolvimento do educando, com o objetivo

de ressaltar, que para cada fase do desenvolvimento cognitivo, existem

jogos adequados. Estando a pesquisa direcionada aos educadores da

educação infantil, da rede privada do município do Rio de Janeiro, realizada

através de pesquisas bibliográficas, dos autores citados a baixo, nos

capítulos desenvolvidos e leituras de reportagens de jornais e revistas.

O capítulo um, tem como objetivo levar a compreensão do que é o

lúdico, mostrando a sua importância na prática educacional. Evidenciando o

significado do brincar e aprender, o papel da escola em relação ao lúdico e

também o lúdico na formação e na prática do educador, com a utilização dos

autores Winnicott, Vygotsky, Mutschelle e Filho, Santos, Vila e Muller e

Pellegrini.

No capítulo dois, o educador deverá conhecer as fases ou

estágios de desenvolvimento que se encontram os educandos, que estão

presentes, com o objetivo de proporcionar esse conhecimento aos

educadores, para que possam prepara os jogos e brincadeiras adequadas a

cada fase. Segundo Piaget,são quatro: Estágio Sensório-Motor, Estágio Pré

– Operacional, Estágio Operatório- Concreto e Estágio Operatório-Formal.

No terceiro capítulo, as objetivas são estabelecer os jogos e

brincadeiras adequadas às atividades pedagógicas.Por isso, ele mostra

como pode ser montada uma sala de aula da educação infantil, com seus

móveis, objetos e brinquedos (faz de conta e pedagógicos) e jogos.Relata a

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história dos brinquedos, as possibilidades que eles oferecem no

desenvolvimento da inteligência, concentração, linguagem, sociabilidade e

na relação criança e o adulto.Utilizando os autores Nicolau, Benjamin e

Vygotsk.

Assim, com a ludicidade, as crianças satisfazem suas

necessidades, desenvolvem sua personalidade infantil e sua auto confiança,

a medida que são desafiadas pelos jogos, que envolvam a identificação, a

observação, a comparação,a análise, a síntese e a generalização.

Conhecendo o seu mundo, os outros e a si mesmo, o educando poderá

interagir e provocar mudanças ao sue redor.

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1. A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO

Aquilo que toda criança mais gosta de fazer é brincar então,

porque não levar a diversão para a sala de aula? As aulas criativas, com

estórias, brincadeiras, bichos de panos, fantoches, frutas, dobraduras, entre

outros, despertam o interesse da classe e facilita a tarefa de ensinar e

aprender. Sem dúvida estas atividades diferentes realizadas em sala, para

transmitir os conteúdos, irão estimular mais a participação dos alunos e

despertar maior interesse das crianças em estudar fazendo assim, com que

haja uma melhoria da aprendizagem.

Segundo Pellegrini (1998) quanto mais estímulo o aluno recebe

mais facilidade ele tem para aprender. É importante que estes estímulos

estejam voltados para o seu mundo, para a realidade de cada um e que

estes, possam despertar emoções positivas, pois assim, o aprendizado se

dá de maneira mais eficiente.

Estes estímulos devem ter por objetivo, incentivar mais o discente

a participar das atividades propostas. Por isso, precisam ser relacionados

aquilo que as crianças gostam e que lhes chamam a atenção. Então, pode-

se afirmar que uma simples brincadeira pode transformar uma grande

dificuldade apresentada pela criança, em uma agradável forma de superar o

que não sabe, facilitando a aprendizagem.

De acordo com Vila e Muller (1998), é brincando que a criança

está aprendendo a todo o momento de forma criativa, diferente, despertando

todas as suas energias e ajudando no processo de desenvolvimento e

crescimento físico, mental e cultural de cada um. Os brinquedos ajudam

para que elas possam expressar tudo aquilo que gostam e que não gostam,

a desenvolver a coordenação motora, estimula o sentido e as percepções.

Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere

habilidades, além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia,

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desenvolvendo assim a linguagem, o pensamento e a concentração, ou seja,

desenvolve na criança uma série de fatores importantes que estas

necessitam para o seu crescimento e para sua construção.

Resgatamos o brincar prazeroso, a alegria lentamente ... brincar para produzir ... brincar ... pensar ... compartilhar ... conhecer ... significar ... saber ... aprender ... são os ingredientes para essa construção.

(NOFFS,1995,p.83)

A criança aprende brincando, é necessário que o ensinante

(professor) esteja alerta, para não cair no cotidiano repetitivo com atividades

onde a criança só reproduz, enquanto deveria estar construindo.

A brincadeira, na aprendizagem terá por objetivos:

§ Desenvolver a capacidade lúdica;

§ Propiciar a interligação entre o real e o imaginário, possibilitando

futuramente a abstração exigida nas séries posteriores;

§ Favorecer a construção e a interligação de conceitos na aquisição o

conhecimento;

§ Facilitar a ação, reflexão, ação após brincar;

§ Utilizar o seu próprio corpo como recurso para aprender;

§ Propiciar a vivência e elaboração de diferentes papéis.

1.1. O Significado do Brincar e Aprender.

Para Winnicott (1975), o brincar é universal, facilita o crescimento

e, portanto, a saúde, conduz os relacionamentos grupais, é uma forma de

comunicação consigo mesmo e com os outros; tem um lugar e um tempo

muito especiais, não sendo algo só de ‘dentro’, subjetivo, interno, ou só “de

fora”, objetivo, externo, mas se constituindo justamente num espaço

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potencial entre o eu e o não eu, entre o mundo interno e o externo, que

justamente vão se formando á medida em que o brincar se desenvolve de

forma criativa e original.

Winnicott (1975) não observava de forma passiva as crianças, ele

brincava com elas, lidando com a superposição de duas áreas de brincar, a

da criança e a do terapeuta, salientando a necessidade do terapeuta (ou

qualquer outra pessoa) ter condições de realmente saber e poder brincar

com. O brincar tem um papel insubstituível no processo vital de encontro

consigo mesmo e com o outro. Esse processo de crescimento gera

ansiedade, crescer é justamente aprender a lidar com a frustração.

Vygotsky (1984) parte do ponto que a criança tem um

desenvolvimento maior brincando, sobre a ação e o significado do

brinquedo.

Se a criança está brincando de ser irmã, ela tenta ser o que pensa que uma irmã deveria ser. Na vida, a criança comporta-se sem pensar que ela é a irmã de sua irmã. Se está brincando de ser mamãe, obedece as regras de comportamento maternal .

(VYGOTSKY, 1984, p 92)

No brinquedo a criança, usa espontaneamente sua capacidade de

separar significado do objeto sem saber o que está fazendo. A criação de

uma situação imaginária não é algo fortuito, é a primeira manifestação de

emancipação em relação as restrições situacionais.

A criança não tem que satisfazer as necessidades básicas da vida,

mas pode viver a procura do prazer.

Podemos afirmar que a criança se desenvolve através da

atividade de brincar. O brinquedo é muito mais a lembrança de alguma coisa

(ou cena) que realmente aconteceu do que imaginação; é mais memória em

ação do que uma situação totalmente imaginária nova. Para a criança o

brinquedo é um jogo sério, onde o brinquedo sério significa que ela brinca

sem separar a situação imaginária da real.

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Ao brincar demonstra o que sente, pensa e o que vivencia nos

seus ambientes diários, possibilitando ao outro (professor), é conhecê-la

melhor e entender a sua forma de agir e interagir com o mundo que a cerca.

1.2. O Papel da Escola em Relação ao Lúdico.

Cabe a cada escola, procurar atualizar-se, observar a maneira

veloz com que o mundo, as tecnologias e as próprias crianças estão

crescendo e mudando para então, perceberem que precisam oferecer um

ensino mais voltado para a realidade e as necessidades dos discentes de

hoje.

A implantação do lúdico nas escolas, e salas de aula, pode ser o

primeiro passo para a inovação e renovação da educação. “A escola deve

incentivar os alunos e professores a não apenas estudar mais também,

executar” (MUTSCHELLE & FILHO, 1992, p.27).

A escola deve pensar em primeiro lugar, na educação de cada um

e não apenas no acúmulo de conhecimentos. Não adianta a escola transmitir

muitos conteúdos e investir nas matérias realizadas em sala se os alunos

não estão sentindo interesse e prazer em ouvir e aprender.

É preciso que haja uma motivação.

É importante motivar aprendizagem para renovar a educação. Se o aluno puder construir na aprendizagem, a escola ficará mais dinâmica, rica em experiências, ligada a realidade de forma que os alunos entendam a vida e que trabalhem melhor em benefício próprio. A escola precisa articular-se com a vida social, econômica, política, cívica, artística, religiosa do país. Precisa ensinar a viver.

(MUTSCHELLE & FILHO, 1992, p.28)

A aprendizagem sem motivação resultará em inatividade, como

por exemplo, o sono. O educando poderá ficar disperso e não realizar a

atividade de forma construtiva e prazerosa, reproduzindo modelos ou

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normas determinadas pelo professor, sem compreender a dinâmica do

trabalho proposto.

A compreensão e o uso adequado das técnicas motivadoras

resultam em interesse, concentração da atenção e atividade produtiva e

eficiente de uma classe.

Para isso, a educação não deve manter-se passiva perante a

evolução da criança, deve atuar respeitando a atualidade infantil sem a

mutilar nem a traumatizar.

Com a ludicidade, é possível educar de forma abrangente

trabalhando com a realidade do aluno e as suas necessidades próprias de

ver o ensino e a escola.

A escola precisa manter, estimular e atender aquilo que é considerado como a forma mais intensa de aprendizagem: o modo espontâneo de a criança aprender através do jogo e das experiências que por si busca.

(NICOLAU, 2000, p. 60)

Nessa atmosfera o aluno é levado não a responder perguntas

como a escola tradicional, mas a formulá-las diante do mundo externo pois,

quanto mais se permitir ser tratado como um indivíduo, com algo a oferecer

à comunidade na qual ele se encontra na qualidade de criança, mais útil

poderá tornar-se como adulto; quanto mais se lhe permitir o uso da

experiência direta, tanto melhor “aprenderá a aprender”; quanto mais possa

participar da organização e da coletividade, mais poderá enfrentar a solução

de problemas, a tomadas de decisões e a colaboração com os outros.

Assim, com o lúdico, a escola pode implantar atividades que

envolvam as mais variadas áreas de estimulação, como por exemplo:

Comunicação e Expressão, Matemática, Ciências, Estudos Sociais,

Expressão Artística, Educação Física, Psicomotricidade etc.

Basta usar a criatividade. Não importa o conteúdo que será

abordado naquela aula ou disciplina, por exemplo:

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§ Em aulas de Ciências, pode-se usar experiências, pesquisas, objetos ou

animais;

§ Em Estudos Sociais, pode-se construir jogos didáticos como dominós

com figuras e personagens, assistir filmes, organizar peças de teatro;

§ Em Matemática, utilizar alimentos para repartir, bolos, biscoitos para

dividir, brincar de fazer compras etc.

São inúmeras as formas de ensinar de maneira diferente que

facilita a aprendizagem, fazendo com que a mesma fique guardada na

memória do aluno para toda a sua vida, pois se a escola junto com seus

funcionários e educadores, adotam esse método e incentivam aulas onde os

discentes possam participar, apresentar opiniões, dizer o que gostam e o

que não gostam, como gostariam que fosse aquela aula ou não, o ensino-

aprendizado ficará muito mais dinâmico, valorizado e satisfatório em relação

aos alunos. Diferente das aulas onde o aluno só tem direito de escutar e

fazer aquilo que o professor determina. Nestas aulas expositivas os

discentes crescerão como pessoas “mecanizadas” e jamais sentirão prazer

em aprender.

A motivação do aprendizado através da ludicidade, combate o

tédio de aulas pré-moldadas e repetitivas.

Para isso, é importante que o professor saiba conduzir estas aulas e ter sempre em mente que ele não trabalha com máquinas, mas com pessoas que precisam estar envolvidas no trabalho pedagógico com prazer, contribuindo crítica, criativa e ativamente.

(MUTSCHELLE & FILHO, 1992, p.30)

A escola precisa dar oportunidades e incentivo aos seus docentes,

para participarem de oficinas, de questionar, refletir na procura de soluções

próprias e não apenas da cópia de soluções pré-estabelecidas, fazer cursos

de aperfeiçoamento, ajudando-os assim, a formar sua autonomia podendo

com tudo, “fazer da educação uma ação permanente voltada para as

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realidades de vida baseada no passado, mas ao mesmo tempo voltada para

o progresso” (MUTSCHELLE & FILHO, 1992, p.30).

A escola deve tentar educar de maneira real, mas que relembre o

passado e seus fatos, sempre buscando inovações e observando seus

antigos erros, para não cometê-los outra vez.

Um professor junto a instituição deve ser entusiasta, alegre,

estimular a expressão espontânea do aluno para que este possa participar

da construção do seu aprendizado e tornar-se assim, mais participativo,

desenvolvendo a autonomia de cada um.

1.3. O Lúdico na Formação e na Prática do Educador.

O lúdico, cada vez mais, está adquirindo um grande e necessário

espaço dentro das instituições de ensino. Segundo um número significativo

de pensadores pós-modernos, “o 3° milênio será o da ludicidade onde, no

campo pedagógico, novas profissões surgirão como ludólogos,

ludoterapeutas, brinquedistas” (SANTOS, 2002, p.20).

Como a ludicidade é uma alternativa para a formação do ser

humano onde, valoriza a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da

afetividade e outros aspectos. É importante, que as escolas possuam

profissionais preparados para trabalhar com este método, onde todos os

funcionários, busquem sempre, se atualizarem e estarem cientes de seu

importante papel dentro da instituição e para a educação.

O papel de um educador não será apenas o de informar, mas

também o de ajudar as pessoas a encontrarem sua própria identidade. Por

isso, a ludicidade tem sido tão valorizada e pensada como conteúdo

curricular na formação de professores.

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As escolas de formação deveriam se adaptar a esta nova realidade proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas, experiências corporais, que se utilizam de ação do pensamento e da linguagem, tendo o jogo sua fonte dinamizadora.

(SANTOS, 2000, p.25)

Assim, a formação do educador ganharia em qualidade tendo a

formação teórica pedagógica e como inovação a formação lúdica. O lúdico

possibilitaria ao educador uma visão clara sobre a importância do jogo e do

brinquedo para a vida da criança.

O adulto, por exemplo, que volta a brincar, ele convive, revive e resgata com prazer a alegria do brincar, por isso é importante o resgate desta ludicidade, a fim de que se possa transpor esta experiência para o campo da educação.

(SANTOS, 2000, p.40)

Santos (2000) descreve acima, a presença do jogo, na expectativa

futura de um trabalho pedagógico mais envolvente junto à criança.

O professor estando imbuído da importância e indispensável

presença da ludicidade, em sua prática, pode ajudar seu educando em

alguns ponto cruciais a sua formação, como:

§ Construir a historicidade, ampliando o vocabulário e fazendo-o pensar em

termos de passado, presente e futuro;

§ Desenvolver seus pensamentos lógicos, levando a associar quantidade a

números e evoluindo pelo domínio de conceitos como: muito, pouco, grande

e pequeno;

§ Ampliar suas linguagens, fazendo com que busque alternativas (frases,

figuras, etc) para expor seus pensamentos;

§ Desafiar o pensar, propondo questões interrogativas que o façam falar

sobre coisas reais ou imaginárias;

§ Estimular a capacidade de associação, fazendo ligar figuras a sons,

imagens a textos, musicas a palavras;

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§ Aprimorar seu domínio motor;

§ Libertá-lo de estereótipos, mostrando-lhe a riqueza que existe nas

diferenças (menino / menina) e a beleza da diversidade cultural;

§ Ajudar a fazer amigos, aprendendo a aceitar o ganhar e o perder nos

jogos que realiza.

Sendo assim, o lúdico servirá como suporte na formação do

educador, com o objetivo de contribuir na sua reflexão-ação, buscando unir

teoria e prática.

Todo professor terá grandes responsabilidades na renovação das

práticas escolares e, conseqüentemente, na mudança que a sociedade

espera da escola, na medida em que é ele que faz surgir novas modalidades

educativas visando novas finalidades de formação, só atingível através dele

próprio. Assim, o professore responsável pela melhoria da qualidade do

processo ensino-aprendizagem, cabendo a ele desenvolver novas práticas

didáticas que permitam aos discentes um maior aprendizado.

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2. AS ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO,

SEGUNDO JEAN PIAGET

Jean Piaget nasceu em NeuchÂtel (Suíça) em , 9 de agosto de

1896 e morreu em Genebra em, 16 de setembro de 1980. Foi o filho mais

velho de Arthur Piaget, professor de Literatura Medieval na Universidade , e

de Rebeca Jackson.

Ao estudar o desenvolvimento mental, Jean Piaget baseou-se em

observações cuidadosas e detalhadas de crianças em situações naturais,

como lar e a escola.

Ele criava hipóteses para explicar os fatos que observava e, então,

desenvolvia meios para testar essas hipóteses: experimentos não-verbais,

ao observar bebes, e experimentos verbais, ao observar crianças maiores.

Segundo Lima (1980), Piaget chamou suas técnicas experimentais

de método clínico, por terem semelhanças com procedimentos usados em

Psiquiatria e Psicoterapia: entrevistas, aplicações de testes e outros

recursos.

Ao entrevistar a criança, Piaget se empenhava na tentativa de

seguir o pensamento dela para onde quer que ele se dirigisse. Para isso,

fazia novas perguntas. Este fato impedia suas entrevistas de seguirem um

padrão imutável.

Com as observações realizadas por esse método, Piaget, chegou

a formulação de uma teoria explicativa de como os conhecimentos são

adquiridos, de como se processa nosso desenvolvimento cognitivo.

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2.1. Conhecimento e Inteligência, Segundo Piaget.

O desenvolvimento da inteligência é explicado pela relação

recíproca existente com a gênese da inteligência e do conhecimento, criando

um modelo epistemológico com base na interação sujeito-objeto.

Pelo modelo epistemológico o conhecimento não está nem no

sujeito, nem no objeto, mas na interação entre ambos. A formação do

conhecimento depende da ação simultânea do sujeito e objeto um sobre o

outro e por tanto, é possível afirmar que o conhecimento se forma enquanto

o sujeito e o objeto também vão se formando.A ação tem a função de

estabelecer o equilíbrio rompido entre o sujeito e seu meio-ambiente, ou

seja, é o elo entre o indivíduo e o mundo exterior. Este elo envolve o aspecto

energético (afetividade) e o estrutural (cognição), portanto, a formação do

conhecimento, envolve a vida cognitiva e afetiva que se completam no

processo.

Existem três formas de conhecimentos:

§ Conhecimento Físico › É construído pela ação contínua da criança

sobre os objetos de sua realidade. Essa construção se inicia logo após o

nascimento (0 a 2 anos), pelo contato com o meio por intermédio dos

órgãos dos sentidos e da manipulação dos objetos. O conhecimento das

propriedades dos objetos (sua cor, forma, tamanho, peso, material de

que são feitos, etc), constitui um conhecimento físico.

Esse tipo de conhecimento resulta da abstração empírica ou

abstração simples ou direta, isto é, da percepção que a criança vai tendo de

algumas características do objeto, sem relacioná-las entre si. O

conhecimento físico resulta da observação direta

§ Conhecimento Lógico Matemático › Ao evoluir para estágios

superiores, a criança começará a “operar” sobre a realidade, isto é , a

relacionar seus diversos elementos (tanto concretamente como

mentalmente).

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Esse estabelecimento de relações entre os elementos da

realidade, ou essas “operações” sobre os objetos, é resultante de um outro

tipo de abstração: a abstração reflexiva, que é uma construção feita pela

mente.

A coordenação de relações entre os objetos nos possibilita o

conhecimento lógico-matemático. Por exemplo, ao coordenar as relações de

“igual”, “diferente” e “mais”, a criança se torna apta a deduzir que há mais no

mundo animais do que vaca. Da mesma forma, é coordenando a relação

entre “dois” e “dois” que ela deduz que 2 + 2 = 4 e que 2 x 2 = 4.

§ Conhecimento Social › Resulta das convenções construídas pelas

pessoas. A principal característica do conhecimento social é que sua

natureza é arbitrária, podendo ser ensinado por meio da transmissão

social (pela linguagem). Por exemplo: devemos ficar em pé ao ouvirmos

o hino nacional.

Portanto, inteligência é o processo interacional entre o sujeito e o

objeto, ou seja, inteligência é a capacidade do sujeito em adaptar-se à

realidade num processo dinâmico no qual o sujeito modifica os objetos e é

modificado por eles.

Sob o ponto de vista da Epistemologia Genética a inteligência é

um processo dinâmico que surge no início de sua gênese, de processos

orgânicos e inicia sua elaboração que evolui e passa a recorrer a funções

cognitivas como memória, percepção, hábitos que formam os primeiros

instrumentos de trocas funcionais.

Essas trocas funcionais passam a integrar operações, ou seja,

transformações que produzem pensamento e raciocínio. Em síntese,

inteligência é um processo ativo de interação entre o sujeito e o objeto, a

partir de ações que iniciam no organismo biológico e chegam à operações

reversíveis entre o sujeito e sua relação com os objetos, portanto é algo

construído e em permanente processo de transformação.

E como ocorrerá a construção do conhecimento?

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A construção do conhecimento ocorre quando acontecem ações

físicas e mentais sobre objetos que, provocando desequilíbrio, resultam em

assimilação ou acomodação e assimilação dessas ações e, assim, em

construção de esquemas ou conhecimento.Em outras palavras uma vez que

a criança não consegue assimilar o estímulo, ela tenta fazer uma

acomodação e após uma assimilação e o equilíbrio é, então,

alcançado.Adaptação é um equilíbrio entre a assimilação e a acomodação.

O esquema é como se fosse um arquivo de dados na nossa

cabeça, ou seja, são as estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os

indivíduos intelectualmente organizam o meio. Essas estruturas se

modificam com o desenvolvimento mental e tornam-se cada vez mais

refinadas à medida que a criança torna-se mais apta a generalizar os

estímulos. Por este motivo, os esquemas cognitivos do adulto são derivados

dos esquemas sensório-motor da criança e, os processos responsáveis por

essas mudanças nas estruturas cognitivas são, a assimilação e

acomodação.

A assimilação é o processo cognitivo de colocar (classificar) novos

eventos em esquemas existentes, sendo a incorporação de elementos do

meio externo (objeto, acontecimento,...) a um esquema ou estrutura que o

sujeito já possui.

A acomodação é a modificação de um esquema ou de uma

estrutura em função das particularidades do objeto a ser assimilado. Pode

ser de duas formas, visto que pode ter duas alternativas:

ü Criar um novo esquema no qual se possa encaixar o novo

estímulo, ou;

ü Modificar um já existente de modo que o estímulo possa ser

incluído nele.

Após ter havido a acomodação, a criança tenta novamente

encaixar o estímulo no esquema e aí ocorre a assimilação.Por isso, a

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acomodação não é determinada pelo objeto e sim pela atividade do sujeito

sobre este, para tentar assimilá-lo.

A equilibração é o processo da passagem de uma situação de

menor equilíbrio para uma de maior equilíbrio.

Uma fonte de desequilíbrio ocorre quando se espera que uma

situação aconteça de uma determinada forma e, esta não acontece.Ou seja,

fica caracterizada que a ação cognitiva dos seres-vivos constitui-se em uma

busca pelo equilíbrio de suas funções com o meio ambiente (adaptação) e

de suas funções entre si (consistência).

Quando uma convicção torna-se perturbadora, precisamos

reconciliar a nova informação com nossa velha teoria.Assim equilibramos e

aceitamos o fato de que nossa convicção anterior não era lógica ou

científica, podendo alcançar o equilíbrio, com o aparecimento de uma nova

estrutura cognitiva que reconcilia os conflitos de um estágio anterior.

Na verdade os conflitos levam as pessoas a um nível mais

elevado de conhecimento e, por isso, recomenda-se aos educadores,

produzirem conflitos cognitivos nos alunos, como uma forma de motivação

do trabalho escolar. Já que a transição entre um estágio de desenvolvimento

cognitivo e o seguinte é resultante de equilibrações dentro da criança.

2.2. Estágios de Desenvolvimento, a Partir de Piaget.

O desenvolvimento cognitivo é um processo de sucessivas

mudanças qualitativas e qualitativas das estruturas cognitivas, derivando

cada estrutura de estruturas precedentes. Ou seja, o individuo constrói e

reconstrói continuamente as estruturas que o tornam cada vez mais apto ao

equilíbrio. Essas construções seguem um padrão denominado de

ESTÁGIOS de acordo com idades mais ou menos determinadas.

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2.2.1. Estágio Sensório-motor (0 a 2 anos):

“Neste estágio a atividade intelectual da criança é de natureza

sensorial e motora. Estas atividades são o fundamento da atividade

intelectual superior futura” (NICOLAU, 2000, p.51).

É dividido em seis subestágios:

Þ Reflexo (0 a 1mês): é quando a criança exercita seu equipamento

reflexo, ou seja, realiza suas atividades por instinto. Por exemplo, a

sucção.

Þ Reação circular primária: quando a criança realiza algo casualmente

que a faz ter um resultado interessante e irá querer repetir. A criança

começa a imitar e a ter curiosidade pelas coisas elaborando assim suas

primeiras noções de realidade como espaço de tempo, causalidade e

permanência do objeto.

Þ Reações circulares secundárias: envolve objetos externos onde as

crianças começam a conseguir encontrar objetos que perderam ou que

esconderam, por acaso.

Þ Coordenação de esquemas secundários: agora, diferente do

esquema anterior, a criança já lembra e consegue encontrar os objetos

escondidos sem haver a casualidade, chama-se de “assimilação

generalizadora”.

Þ Reações circulares terciárias (12 a 19 meses): a criança começa a

ter e a experimentar novos comportamentos, ou seja, faz coisas

diferentes com os objetos e observa as ações. Por exemplo, joga seus

brinquedos em diferentes lugares e diferentes distancias observando

todas as ações.

Þ Início do simbolismo (18 meses a 2 anos): a linguagem passa a ser

a conquista marcante. A criança nos outros estágios usava as suas

experiências para lidar com o ambiente. Agora, ela usa as palavras para

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se comunicar, para falar dos objetos, das pessoas e brinquedos

ausentes. A criança começa a usar o pensamento.

2.2.2. Estágio Pré-operacional (2 a 6 anos):

Esta é a fase da criança pela qual Piaget mais se interessou em

pesquisar.

Nesta fase, a criança desenvolve a capacidade simbólica; já não

depende unicamente de suas sensações, de seus movimentos, mas já

distingue um significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele

significa (o objeto ausente), o significado.

Com três anos, a criança tem cerca de mil palavras em seu

vocabulário e compreende de duas mil a três mil, já estruturando frases

complexas.

O período do pensamento pré-operacional caracteriza-se pelo

egocentrismo, isto é, a criança não se torna capaz de colocar-se na

perspectiva do outro. “A criança vê um objeto do seu ponto de vista, mas

não consegue vê-lo pondo-se no lugar de seu interlocutor” (Nicolau, 2000,

p.52), ou seja, ela é incapaz de se colocar no lugar dos outros.

Divide-se este então, em quatro subestágios:

Þ A centralização e a descentralização: “no período pré-operacional a

criança aprende somente uma dimensão do estímulo; já na fase de

operações concretas, a criança é capaz de descentralizar” (Nicolau,

2000, p.52).

Þ Estados e transformações: o pensamento pré-operacional é parado

e rígido. A criança capta coisas de momento sem juntá-la num todo.

Þ Desequilíbrio: o período pré-operacional é o de mais desequilíbrio,

pois há a predominância das acomodações e não das assimilações.

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Þ Irreversibilidade: a criança não entende que possam existir

fenômenos que são reversíveis, ou seja, algo que podemos fazer e

depois desfazer. Como exemplo, “a água que se transforma em vapor e o

vapor quando esfriado volta à forma original” (NICOLAU, 2000, p.53).

2.2.3. Estágios das Operações Concretas (7 a 11 anos)

Neste estágio a criança possui uma organização mental integrada,

manipulando o mundo do seu jeito.

2.2.4. Estágios das Operações Formais (12 anos em diante)

“Neste estágio ocorre o desenvolvimento das operações de

raciocínio abstrato” (NICOLAU, 2000, p.53).

Mas, como este estágio não faz parte da educação infantil, não

será desenvolvido no trabalho.

Assim, entende-se que os estágios e períodos do

desenvolvimento, para Piaget, “caracterizam as formas diferentes de o

indivíduo interagir com a realidade, de organizar seus conhecimentos

visando a sua adaptação” (NICOLAU, 2000, p.50).

Cada um constrói desde pequeno, o seu próprio desenvolvimento

mental passando por todos os estágios e às vezes, ficando em vários ao

mesmo tempo, ou seja, as crianças podem passar de um estágio ao outro

em idades diferentes ou então, “pode ocorrer que uma criança esteja num

determinado estágio para alguns aspectos de seu desenvolvimento e noutro,

para outros” (NICOLAU, 2000, p.55).

Sabendo que cada um constrói a sua autonomia, e como as

pessoas tornam-se capazes de se governar, a educação infantil é que irá

compreender o que as crianças são capazes de fazer, o que estas ainda não

são capazes de realizar e o que não é compatível com o seu estágio de

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desenvolvimento. Então, os professores poderão trocar idéias e pontos de

vistas com a própria criança e ao invés de puni-las, discutirão os porquês

que estão mais de acordo a cada situação.

“As crianças adquirem valores morais não por internalizá-los ou

absorvê-los de fora, mas por construí-los interiormente, através da interação

com o meio ambiente” (NICOLAU, 2000, p.57).

2.3. O Brinquedo nas Fases do Desenvolvimento

Para que o processo de desenvolvimento da criança possa dar

excelentes e visíveis resultados, é importante colocar em evidencia as

diferentes fases de interesse a brinquedos e jogos que as crianças

despertam e que estes possam estar presentes de acordo com a realidade e

a idade de cada um.

No primeiro estágio de vida (período sensório-motor), são

indicados os jogos de exercícios, já que a criança busca obter a

possibilidade da satisfação de suas necessidades, através da repetição

incessante das suas ações. Como exemplo o aprender a engatinhar, andar,

falar e outros aspectos, ela se exercita, repete várias vezes os mesmos

movimentos até alcançar seu objetivo, conseqüentemente o prazer

desejado.

Os jogos simbólicos fazem parte da fase pré-operacional (2 a 6

anos de idade). A diferença que se torna presente da etapa de

desenvolvimento anterior, é que agora a criança objetiva a mesma sensação

de prazer só que utilizando a simbologia, marcada pelo fazer de conta, pela

representação, pelas possibilidades do teatro, das histórias dos fantoches,

do brincar com objetos dando a eles outra significação, ou seja, uma coisa

pode simbolizar outra. Isso porque ela já estruturou sua função simbólica, ou

seja, já produz imagens mentais, já domina a linguagem falada que lhe

possibilita usar símbolos para substituir os objetos.

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Os jogos de regras podem ser aplicados quando desejar-se

alcançar o socialização de modos de se portar, onde irão ser utilizadas

limitações impostas pelas regras que possuem relevância para que

determinadas normas / formas de conduta / convenções sociais/ valores e

perspectivas de viver consideradas como necessárias a uma determinada

cultura sejam continuamente exercitadas na vida social.

Para serem enquadrados como um jogo de regras, é necessário,

portanto, um objetivo claro a ser alcançado, regras sobre este objetivo,

intenções opostas de competidores, para que haja a possibilidade de cada

competidor levantar estratégias de ação. E as modificações que poderão

ocorrer na criança, a partir do jogo, encontrarão a reversão do pensar

operatório-concreto, assim conseguirão resolver ou buscar soluções para

“situação-problema”, que poderá surgir em sua vida.

Pode-se perceber, através do esquema anterior que a ludicidade

ajuda a criança a aprender mais, usando sua imaginação. O aluno

desenvolve o pensamento crítico e as opiniões próprias, passa a ser mais

participativo e observador. O lúdico desperta a curiosidade e transforma o

conteúdo difícil em alguma coisa interessante de aprender e brincando, do

jeito que qualquer criança gosta, pois ele traduz o real para a realidade

infantil.

“Os trabalhos manuais, por exemplo, são atividades que

satisfazem a necessidade de movimento, a curiosidade e o espírito de

informação” (MUTSCHELLE & FILHO, 1992, p.22), pois com eles, as

crianças podem construir objetos, álbum, fichas, jogos educativos,

documentos individuais, entre outras que favorecem até mesmo a tendência

social, onde estarão sendo orientados a trabalharem em conjunto, um

ajudando o outro e aprendendo a dividir tarefas como, um recorta, outro

cola, outro pinta, outro reúne materiais etc.

Assim, as crianças aprendem a conviver em conjunto, a se

respeitarem, a serem mais amigos e desenvolvem o espírito de

solidariedade.

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A interação jogo – criança, vem a indicar uma forma particular de conhecer e compreender a vida. É a maneira que a criança tem de se situar no mundo de aprender e conhecer. O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança. Com ele, é como se ela fosse maior do que é na realidade. Com eles, as crianças procuram situações que vivenciam.

(MUTSCHELLE & FILHO, 1992, p.22)

O lúdico ajuda no desenvolvimento da criança seja este,

intelectual, físico, psicomotor ou afetivo-social. Uma das fases em que ele

pode ajudar mais, são nos primeiros anos de vida do indivíduo, onde a

educação infantil é que terá uma grande responsabilidade quanto o processo

de desenvolvimento e relacionando-o no ensino-aprendizado.

Toda educação pré-escolar teria por finalidade provocar uma autentica participação das crianças em sua própria educação, respeitando, assim, os interesses de cada um pela escola e conteúdos desenvolvidos.

(NICOLAU, 2000, p.57)

Explicando a partir de Piaget, que agindo assim, não significa

“deixar a criança fazer tudo o que quer, mas delimitar a experiência que

estão ao seu alcance, a fim de que ela possa adquirir a segurança que

permitirá a continuidade de aprendizagem” (NICOLAU, 2000, p.58), então, a

partir daí, haverá uma contribuição para o desenvolvimento intelectual e

mental do indivíduo onde este, estará observando e raciocinando sobre o

melhor jeito de aprender.

E o jogo por sua vez, permite que a criança compreenda a

realidade e se adapte espontaneamente a ela pois, este é integrador. A

medida que a criança joga, esta vai se conhecendo melhor, e interagindo

com seus pares e adultos.

A ludicidade libera e canaliza as energias, transformam uma realidade difícil, dá razão à fantasia, que sempre encontra no jogo, uma abertura e é uma grande fonte de prazer, tanto para educandos quanto para educadores.

(NICOLAU, 2000, p.134)

Observa-se que através do jogo, a criança constrói interiormente o

seu mundo relacionando o lazer à sua realidade, ou seja, na escola

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relaciona o jogo ao conteúdo, em sua vida pessoal, relaciona-o ao seu modo

de lidar com as pessoas a sua volta etc.

Pois, para jogar, eles usam seu equipamento sensório motor,

acionando o corpo e principalmente o pensamento.

Assim, com a ludicidade, as crianças satisfazem suas

necessidades e desenvolvem a sua personalidade infantil e a sua auto

confiança a medida que é desafiada a desenvolver habilidades operatórias

que envolva a identificação, a observação, a comparação, a análise, a

síntese, a generalização, ela vai conhecendo suas próprias possibilidades.

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3. OS JOGOS E OS BRINQUEDOS NAS SALAS DE

AULA

As salas de aula da educação infantil deve ser bem arejadas e

iluminadas, com espaço condizente com a necessidade de liberdade e ação.

Será indispensável uma organização, disposição simples e funcional dos

móveis e objetos existentes.

É um importante possuir um espelho, para que os educandos

vejam seu corpo crescendo, tapete de material não alérgico para brincar,

armários para guardar jogos e brinquedos, som, mural para exposição de

trabalhos, quadro de giz, mesas, estas, se possível devem ser redondas,

evitando assim quaisquer acidente, cadeiras, alem de livros de histórias,

massa de modelar, pia lavar as mãos e se possível, banheiro próximo da

sala, e outros materiais que o educador considerar importante utilizar no

processo ensino aprendizagem.

Alguns materiais, como os jogos e os brinquedos, serão

essenciais para realização de um bom trabalho pedagógico, que terá como

objetivo o pleno desenvolvimento de educando.

“As crianças adquirem valores morais não por internalizá-los ou

absorvê-los de fora, mas por construí-los interiormente, através da interação

com o meio ambiente” (NICOLAU, 2000, p.57).

3.1. História dos Brinquedos

O brinquedo é um convite ao brincar, facilita e enriquece

aprendizagem, proporcionando desafio motivação.

Ao ver o brinquedo, a criança é tocada pela sua proposta;

reconhece umas coisas, descobre outra, experimenta e reinventa; analisa,

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compara e cria. Sua imaginação se desenvolve e suas habilidades também.

Enriquecendo seu mundo interior, tem mais coisas a comunicar e pode, cada

vez mais, participar do mundo que a cerca.

O brinquedo traduz o real para a realidade infantil. Suaviza o

impacto provocado pelo tamanho e pela força dos adultos, diminuindo o

sentimento de impotência da criança.

Um ursinho de pelúcia pode ser um bom companheiro. Uma bola

que convida para um pouco de exercício, um quebra-cabeças que desafia a

inteligência ou um colar de “pérolas” que faz a menina sentir-se bonita e

importante como a mamãe, todos são como amigos, servindo de

intermediários para que a criança consiga integrar-se melhor.

Através da experimentação, a criança aprende a controlar seus

movimentos e a estabelecer ordem em seu mundo.

Quando tem acesso a farto material, satisfaz suas necessidades

de desenvolvimento e sente-se atraída pelas possibilidades que eles

representam. As crianças trabalham com materiais não somente para

alcançar um objetivo, mas pelo prazer de experimentá-los e lidar com eles,

sendo possível utilizar os brinquedos para que possam contribuir no

desenvolvimento da aprendizagem e conhecimento do educando.

O brincar fornece aos educandos a possibilidade de

estabelecerem uma rede de relações onde estão implicados valores e

costumes.

Benjamim (1984) fez algumas reflexões importantes sobre o

lúdico, considerando o seu aspecto cultural. Brinquedo e brincar, para ele,

estão associados e documentam como o adulto se coloca em relação ao

mundo da criança. Seus estudos incursionam pela história cultural dos

brinquedos, desde épocas remotas atingindo o seu ápice no século XIX,

quando os objetos artesanais são substituídos paulatinamente pelos

industrializados.

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Segundo o autor, os brinquedos surgiram nas oficinas dos

artesãos, que só podiam fabricar produtos do seu ramo. Com a Reforma, os

artistas que só produziam para a Igreja, orientaram sua produção para

objetos artesanais de pequeno porte que segundo Benjamim (1984),

serviram de alegria às crianças. Devido ao pequeno tamanho, exigiam a

presença da mãe de forma mais íntima, o que por certo aumentava as

relações com os filhos.

No final do século XIX os brinquedos tornaram-se maiores devido

à emancipação do processo de industrialização e subtraíram-se

paulatinamente das famílias, tornando-se estranho às crianças e aos pais.

Começaram a sofisticar-se perdendo o vínculo com a simplicidade

e com o primitivo.

Os estudos de Benjamim (1984) mostraram como, desde as

origens, o brinquedo sempre foi um objeto do adulto para a criança. Mesmo

os brinquedos antigos com a bola, a pipa, são derivados de cultos religiosos,

uma vez dessacralizados, permitiram o desenvolvimento das fantasias

infantis. Apesar do fascínio que exercem sobre a criança, eles constituem,

da mesma forma, uma imposição dos mais velhos, para os quais os

pequenos respondem sabiamente através da correção ou da mudança na

forma de brincar.

Há brinquedos feitos da sucata dos adultos, que se transformaram

em objetos importantes para as crianças, que, a partir do lixo da história,

conseguem fazer história.

A simplicidade de determinados objetos e materiais talvez seja

responsável pelo encanto que possuem. É isso que, segundo o autor,

aproxima a criança do artista, do colecionador e do mágico.

Segundo Benjamim (1984), acreditava-se erroneamente que o

conteúdo imaginário do brinquedo é que determinava as brincadeiras

infantis, quando na verdade quem faz isso é a criança; pôr essa razão,

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quanto mais atraentes forem os brinquedos, mais distantes estarão do seu

valor como instrumentos do brincar.

A essência do brincar não é fazer como se, mas fazer sempre de

novo. É nesse momento que há a aquisição de um saber fazer, capaz de

transformar a experiência em hábito.

Além da relevância que a brincadeira assume do ponto de vista

cultural e social, ela também possui um importante papel do ponto de vista

psicológico. É através do brincar que a criança vê e constrói o mundo,

expressa aquilo que tem dificuldade de colocar em palavras. Sua escolha é

motivada pôr processos e desejos íntimos, pelos seus problemas e

ansiedades. É brincando que a criança aprende que, quando perde no jogo,

o mundo não se acaba.

Do ponto de vista psicológico, a obra de Vygotsky (1984), entre

outras, assume um papel fundamental. Para ele, definir o brinquedo como

atividade que dá prazer é insuficiente, porque existem outras experiências

que podem ser mais agradáveis à criança. O que atribui ao brinquedo um

papel importante é o fato de ele preencher uma atividade básica da criança,

ou seja, ele é um motivo para ação.

A criança pequena, para ele, por exemplo, tem uma necessidade

muito grande de satisfazer os seus desejos imediatamente. Quanto mais

jovem é a criança, menor será o espaço entre o desejo e a sua satisfação.

No pré-escolar há uma grande quantidade de tendências e

desejos não possíveis de ser realizados imediatamente e é nesse momento

que os brinquedos são inventados, justamente para que a criança possa

experimentar tendências irrealizáveis. A impossibilidade de realização

imediata dos desejos cria tensão e a criança se envolve com o ilusório e o

imaginário, onde seus desejos podem ser realizados. É o mundo dos

brinquedos.

É preciso um espaço onde a partir do brincar e do brinquedo as

pessoas lidam com a possibilidade de se aprender, permitindo a aquisição

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de conhecimentos que se movimentam em direção ao saber. Sob o olhar

psicopedagógico, constitui um recurso facilitador na construção de

conhecimentos e vínculos entre as pessoas, na criação da comunicação.

3.2. O Brinquedo no Desenvolvimento da Inteligência, Concentração, Linguagem e Sociabilidade

O brinquedo proporciona o aprender-fazendo e para ser melhor

aproveitado é conveniente que proporcione atividades dinâmicas e

desafiadoras, que exijam participação ativa da criança.

As situações-problema contidas na manipulação de certos

materiais, se estiverem adequadas às necessidades do desenvolvimento da

criança, fazem-na crescer através da procura de soluções e de alternativas.

O desempenho psicomotor da criança enquanto brinca alcança

níveis que só mesmo a motivação intrínseca consegue.

Para que o brinquedo seja significativo para a criança é preciso

que tenha pontos de contato com a sua realidade.

O brinquedo estimula a inteligência porque faz com que a criança

solte sua imaginação e desenvolva a criatividade. Mas, ao mesmo tempo,

possibilita exercício de concentração, de atenção e de engajamento.

Distrai, porque oferece uma saída para a tensão provocada pela

pressão do contexto adulto. Possibilita exercício de atenção e concentração,

porque leva a criança a absorver-se na atividade.

Pode-se aumentar gradativamente a capacidade para a criança

permanecer em uma mesma atividade fornecendo-se, inicialmente,

brinquedos que exijam menos tempo para que as atividades sejam

realizadas, e, à medida que a criança já consegue executá-las, oferecer

jogos que solicitem maior tempo de utilização.

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Como conseqüência da realização de uma atividade agradável e

que provocou concentração, a criança fica mais calma e relaxada.

O brinquedo e as brincadeiras são excelentes oportunidades para

nutrir a linguagem da criança. O contato com diferentes objetos e diferentes

situações estimula também a linguagem interna e o aumento de vocabulário.

O entusiasmo da brincadeira faz com que a linguagem verbal se

torne mais fluente e haja maior interesse pelo conhecimento de palavras

novas. A variedade de situações que o brinquedo possibilita pode favorecer

a aquisição de novos conceitos. A participação de um adulto, ou criança

mais velha, pode enriquecer o processo. A criança faz experiências

descobrindo as leis da natureza, o adulto introduz os novos conceitos por ela

vivenciados, completando assim, a sua integração.

No processo de evolução em direção à linguagem oral podemos

identificar três fatores que definitivamente concorrem para sua efetivação: a

rapidez com que as ligações entre os acontecimentos são feitas; o

pensamento que se apóia em extensões espaço-temporais cada vez mais

amplas e se liberta do imediato; a simultaneidade das representações, que

vem em decorrência dos fatores anteriores. A imitação tem um papel muito

importante no desenvolvimento da linguagem. É necessário reforçar que

vocabulário variado não é sinônimo de domínio de linguagem, duas frases

justapostas podem conter maior informação e adequada relação entre fatos

do que várias frases aleatórias, simplesmente emitidas, com vocabulários

repetidos. A respeito de comunicação fica claro perceber que a avaliação da

linguagem da criança nos primeiros anos, ou seja até os seis anos será feita

através da observação ativa na relação com o meio, com o indivíduo e com

o brinquedo.

Brincando, a criança desenvolve também, sue senso de

companheirismo; jogando com companheiros, aprende a conviver, ganhando

ou perdendo, procurando entender regras e conseguir uma participação

satisfatória.

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No jogo, a lei não deriva do poder ou da autoridade, mas das

regras, portanto, do jogo em si. Conhecidas as normas, todos têm as

mesmas oportunidades, e participando do jogo, a criança aprende a aceitar

regras, pois o desafio está, justamente, em saber respeitá-las. Esperar sua

vez, aceitar o resultado dos dados ou de outro fator de sorte são excelentes

exercícios para lidar com frustrações, e, ao mesmo tempo, elevar o nível de

motivação. Nas dramatizações, a criança vive personagens diferentes,

alargando assim sua compreensão sobre os relacionamentos humanos.

As relação cognitivas e afetivas, conseqüentes da interação lúdica,

propiciam amadurecimento emocional e vão, pouco a pouco, construindo a

sociabilidade infantil. Especialmente nos jogos grupais, a interação acontece

de maneira mais fácil, pois é estimulada pela necessidade que os elementos

de grupo têm de alcançar determinadas metas. Para extrair resultados mais

ricos dessa interação é necessário mudar sempre os elementos dentro de

cada grupo.

3.3. O Brinquedo na Relação Criança e Adulto

A maneira como as crianças tratam os brinquedos está

relacionada com a forma como os receberam.

A criança sente quando está recebendo um brinquedo por razões

subjetivas do adulto, que, muitas vezes, compra o brinquedo que gostaria de

ter tido, que lhe dá status, que vai comprar afeto ou servir como recurso para

livrar-se da criança por um bom espaço de tempo.

A forma de introduzir o brinquedo à criança é importante. Em

certas situações, pode apenas ser colocado no ambiente que a criança vai

explorar; outras vezes precisa ser apresentado a ela, e mostradas as

possibilidades de exploração que oferece. De qualquer maneira, é

indispensável que a criança seja atraída por ele.

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O adulto transmite à criança uma certa forma de “ver” as coisas.

Quando apresentamos várias coisas ao mesmo tempo, ou então, por tempo

insuficiente ou excessivo, estamos desestimulando o estabelecimento de

uma atitude de observação.

Se quisermos que a criança aprenda a observar, se quisermos

que ela realmente veja o que olha, teremos que escolher o momento certo

para apresentar-lhe o objeto, motivá-la e dar-lhe tempo suficiente para que

sua percepção penetre o objeto; teremos também que respeitar o seu

desinteresse. Insistir quando a criança já está cansada é propiciar o

aparecimento de certas reações negativas.

Aprender a ver é o primeiro passo para o processo de descoberta.

É o adulto quem pode proporcionar oportunidades para a criança ver coisas

interessantes, mas é indispensável que respeitemos o momento de

descoberta da criança para que ela possa desenvolver sua capacidade de

concentração.

Assim como a criatividade da pessoa que interage com a criança

poderá torná-la criativa, a paciência e a serenidade do adulto influenciarão

também o desenvolvimento da capacidade de observar e de concentrar a

atenção.

Brincar junto reforça os laços afetivos. É uma maneira de

manifestar nosso amor á criança. Todas as crianças gostam de brincar com

os pais, com a professora, com os avós ou irmãos mais velhos.

A participação do adulto no jogo da criança eleva o nível de

interesse, pelo enriquecimento que proporciona; pode também contribuir

para o esclarecimento de dúvidas referentes às regras do jogo.

A criança sente-se ao mesmo tempo prestigiada e desafiada

quando o parceiro da brincadeira é um adulto. Este, por sua vez, pode levar

a criança a fazer descobertas e a viver experiências que tornam o brinquedo

mais estimulante e mais rico em aprendizado.

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Através da observação do desempenho das crianças com seus

brinquedos podemos avaliar o nível de seu desenvolvimento motor e

cognitivo. Dentro da atmosfera lúdica, manifestam suas potencialidades e,

ao observá-las poderemos enriquecer sua aprendizagem, fornecendo,

através dos brinquedos, elementos nutrientes para seu desenvolvimento.

Devemos aproveitar esses momentos utilizando palavras

adequadas, escutar as próprias palavras para verificar se estamos falando

claramente e procurar responder por observações, perguntas ou ações. Não

colocar informações novas em excesso para que a criança possa aprender o

que ouve; adaptar as frases ao nível da compreensão da criança, mas sem

infantilizá-las.

O adulto interessado pode perceber o início do cansaço e do

aborrecimento, momento em que a sua intervenção poderá ou animar ou

propor uma outra atividade. Mas isto só deve acontecer quando realmente a

atividade estiver se esvaziando, para evitar que a saturação aconteça.

O adulto que interage pode despertar a atenção e a compreensão

da criança, enriquecendo seu brincar. Mas é imprescindível que antes de

mais nada se observe como ela está brincando para respeitá-la, respeitando

sua iniciativa, suas preferências, seu ritmo de ação e suas regras de jogo.

Não se deve interromper a concentração de uma criança que

brinca, seria um sacrilégio. O momento em que ela está completamente

absorvida pelo brinquedo é um momento mágico e precioso, em que está

sendo exercitada uma capacidade da maior importância, da qual depende

sua eficiência quando adulto, que é capacidade de observar e manter a

atenção concentrada.

A criança deve explorar livremente o brinquedo, mesmo que a

exploração não seja a que esperávamos. É preciso cuidado para a

intervenção do adulto não interrompa a linha de pensamento da criança e

não atrapalhe a simbolização que estava fazendo.

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Para preservar a ludicidade, o adulto deve limitar-se a sugerir, a

estimular, a explicar, sem impor determinada forma de agir. Que a criança

aprenda a utilizar o jogo descobrindo e compreendendo, e não por simples

imitação.

Por ser importante que as atividades envolvam operações do

pensamento, que solicitem a imaginação, a criatividade, e que possibilitem a

descoberta, é necessária a participação eventual do adulto. A criança

precisa de alguém que a escute e que a motive a falar, a pensar e a

inventar. Precisa tanto de atividades grupais que a levem a sociabilizar-se

quanto de atividades individualizadas que possibilitem o atendimento às

suas necessidades pessoais.

E quando a atividade tiver que ser interrompida, deve dar-se um

tempo para a transição e mudança de atividade. Não podemos violentar a

criança invadindo bruscamente o seu mundo.

Esta frase antipática “brinque mas depois você tem que arrumar

tudo”, mas necessária ,certamente tem uma justificativa, porém existem

formas bem mais eficazes de fazer com que a criança adquira hábitos de

ordem.

A arrumação dos brinquedos, colocada nestes termos, assume

caráter punitivo, que irá provocar má vontade na hora de guardá-los.

O hábito de guardar os brinquedos com cuidado pode ser

desenvolvido através da participação da criança na arrumação feita pelo

adulto. Quando os pais ou a professora têm o hábito de, constante e

naturalmente, guardar as peças com carinho depois de utilizá-las,

automaticamente a criança adquire o mesmo hábito e aprende que zelar

pela ordem e conservação do brinquedo é normal, e pode haver satisfação

em guardar como houve no brincar.

O brincar existe necessariamente participação e engajamento, o

brinquedo é certamente uma forma de desenvolver a capacidade de engajar-

se, de manter-se ativo e participante. A criança que brinca bastante será um

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adulto trabalhador. A criança que sempre participou de jogos e brincadeiras

grupais saberá trabalhar em grupo; por ter aprendido a aceitar as regras do

jogo, saberá também respeitar as normas grupais e sociais. É brincando

bastante que a criança vai aprender a ser um adulto consciente, capaz de

participar e engajar-se na vida de sua comunidade.

O brinquedo é o trabalho da criança. Como já dissemos antes, o

brinquedo exercita capacidades indispensáveis a qualquer adulto

profissionalmente bem-sucedido.

Se a criança brinca, acostuma-se a ter seu tempo livre

criativamente utilizado. Este hábito, se bem cultivado, além de trazer

satisfação, irá se transformando, com a maturidade, em atitudes de

predisposição para o trabalho. O importante é que seja preservada a

gratuidade e o prazer; o gosto de fazer as coisas por elas mesmas e não

somente pelos resultados que possam ser alcançados.

Permanecendo o prazer e o hábito de ocupar-se criativamente, a

escolha profissional certamente será mais fácil e trabalho e lazer ficarão tão

próximos que a única coisa que os distinguirá será a obrigatoriedade.

Quando a educação pela inteligência for uma realidade, não

haverá mais razão para se conceituar opostamente lazer-trabalho, pois

sendo o prazer e a criatividade preservados, a ludicidade estará igualmente

presente.

3.4. Os Diversos Tipos de Brinquedo

A maneira como as crianças tratam os brinquedos está

relacionada com a forma como os receberam.

Macios, gostosos de pegar, de aparência simpática, estes

brinquedos despertam, em todos que os vêem, uma vontade de acariciá-los

e abraçá-los. Ursinhos, gatinhos ou bebês muito “fofos” são um convite a

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ternura e ao gesto meigo. Provocam aconchego e oferecem consolo à

criança. Devem estar à sua disposição e merecer o respeito dos adultos.

Entre os vários que possam estar disponíveis, sempre haverá um

que será o “bichinho de estimação”. Algumas crianças apegam-se de tal

maneira a suas bonecas ou bichinhos, que não dormem sem eles e querem

trazê-los consigo mesmo quando vão à escola. Talvez estes brinquedos de

afeto tornem-se companheiros tão indispensáveis por representarem o apoio

de um amigo silencioso que nada pergunta e nada pede, só oferece

conforto.

Este é um brinquedo que, pelo tipo de vínculo afetivo que

possibilita, deve realmente pertencer à criança. Não é aconselhável tê-lo em

brinquedotecas para empréstimo pois a criança poderia ficar triste ao ter que

devolvê-lo.

O pensamento da criança evolui a partir de suas ações. As

crianças precisam vivenciar suas idéias em nível simbólico para poder

compreender seu significado na vida real.

Podem conhecer objetos ou pessoas, mas suas idéias a respeito

vão tornar-se mais claras quando representarem em seu jogo simbólico.

Os brinquedos de “faz-de-conta” funcionam como elementos

introdutórios e de apoio à fantasia; facilitam o processo de simbolização e

propiciam experiências que além de aumentarem o repertório de

conhecimentos da criança, favorecem a compreensão de atribuições e de

papéis; não é necessário que sejam cópias idênticas da realidade: um bloco

de madeira pode ser utilizado para representar um boneco. Entretanto,

quando forem miniaturas de objetos reais, devem possibilitar utilização

semelhante a eles; por exemplo, um carrinho deve rodar, um barquinho deve

flutuar e um bule deve poder conter um pouco de líquido; as ferramentas

também devem poder ser utilizadas. Caso contrário, perderão a finalidade de

provocar a vontade de brincar com eles como se fossem “de verdade”.

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Quando a vontade de “brincar de...” já existe, a atuação da criança

poder ser mais criativa, pois ela mesma poderá inventar os objetos, valendo-

se de qualquer sucata. A brincadeira fica até mais divertida quando as

crianças têm que descobrir o que está representando o quê.

O “faz-de-conta” dá oportunidade para expressão e elaboração em

forma simbólica de desejos e conflitos; quanto mais rica for a fantasia e a

imaginação da criança, maiores serão suas chances de ajustamento ao

mundo ao seu redor. Alguns brinquedos podem auxiliar ou despertar da

fantasia como: a casa de madeira, telefone, boliche, a boneca, os carros, os

fantoches, a caixa curiosa, o baú das fantasias, e o teatrinho de sombras.

§ Casa de madeira

A casa de madeira é um excelente brinquedo, pois nela é possível

: arrumar os diversos ambientes de diversas maneiras , nomear cada móvel

e dizer qual a sua utilidade e de que foi feito (madeira , plástico , etc.),

dramatizar situações que ocorrem no dia-a-dia de uma casa, os

personagens podem representar a família.

Utilizando a casa de madeira podemos:

ü Definir a função dos objetos.

ü Brincar de faz-de-conta.

ü Despertar a imaginação e criatividade.

ü Realizar dramatização.

ü Desenvolver a sociabilização, atenção e memória.

§ Telefone

O Telefone é outro brinquedo que as crianças gostam muito, são

coloridos, de diversas formas e tamanhos; não nos esquecendo que

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enquanto se brinca estamos explorando o aprender. O telefone pode ser

usado na dramatização, escolhendo participantes e tema central. Pode ainda

ser discado, explorando o som. Pode-se comunicar uma mensagem com

clareza usando cumprimentos e saudações. E ainda irá permitir ao

educador, explorar :

ü Fluência verbal.

ü Elaboração de diálogos.

ü Sociabilização.

ü Faz-de-conta.

ü Atenção e concentração.

§ BOLICHE

O boliche é um jogo em plástico colorido, contendo seis garrafas

de cores diferentes e duas bolas para fazer os arremessos. Para jogar o

boliche, rola-se a bola em direção às garrafas e procura-se derrubar o maior

número delas, é interessante variar a distância. Pode-se jogar: de costas,

por entre as pernas, usar as mãos direita e esquerda, chutar a bola com o pé

direito e esquerdo, e esse jogo possibilitará:

ü A socialização e competição.

ü Aprimoramento da coordenação motora ampla (arremessar), e

coordenação viso-motora ( acertar o alvo ).

ü Controle da força muscular.

ü Percepção de semelhanças e diferenças (cores ).

ü Posição no espaço e relações espaciais.

ü Concentração e atenção.

ü Desenvolve a sociabilização.

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§ Boneca

Não só as crianças são atraídas por bonecas, mas também os

adultos e até animais.

Como miniaturas do ser humano, elas recebem a forma que o

adulto aprecia e imagina que a criança vá gostar. Mas se o adulto as faz, é a

criança que lhes dá vida e lhes atribui sentimentos, projetando nelas suas

próprias emoções.

Quando são muito perfeitas ou sofisticadas, provocam admiração

e a criança, em vez de utilizá-la para a sua brincadeira de “faz-de-conta”,

passa a investigá-las ou exibi-las.

As crianças pequenas preferem bonecas macias e flexíveis e não

valorizam tanto os detalhes da aparência. Os meninos também gostam de

bonecas, mas, como não as têm, usam outros objetos para representar

pessoas.

As bonecas são imprescindíveis porque dão à criança a

oportunidade de exercer poder sobre elas, de sentir-se forte e grande como

um adulto, de repreender, de superproteger, de castigar, de cuidar, de amar

ou rejeitar, e como objetos de afeto, fazem companhia e transmitem

segurança.

A brincadeira com bonecas dá à criança a oportunidade de

amadurecer através da elaboração de sentimentos e da vivência do papel de

adulto. E, além disso:

ü Constitui um bom suporte de investimento afetivo.

ü Favorece os primeiros jogos de imitação e as personificações.

ü Evidencia a vida cotidiana (vestir, despir, banhar, alimentar, fazer

dormir).

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ü Trabalha o conhecimento do corpo humano, o esquema corporal,

desenvolvendo o pensamento e coordenação motora.

ü Utiliza criatividade a partir da boneca (acessórios necessários para

interagir, criar).

§ Carro

Os carros de plástico ou de madeira, desmontável ou não, é um

brinquedo muito atrativo. Pode ser puxado, empurrado ou desmontado.Toda

criança, menino ou menina gosta de brincar com carrinhos seja de que

modelo for. E eles oferecem a oportunidade ao educador de trabalhar a:

ü Coordenação dos movimentos amplos (puxar, empurrar).

ü Coordenação viso-motora (encaixar, se for de encaixe).

ü Discriminação de formas.

ü Orientação espacial.

ü Percepção auditiva e o controle da força muscular (se for de

pressionar).

§ Fantoche

Basta observar a fisionomia das crianças assistindo a um teatrinho

de fantoches para verificar como este tipo de brinquedo é fascinante para

elas. Fantoches de cara, de mão, de dedo, são sempre excelentes

estimuladores da imaginação e da linguagem.

Facilitando a concretização das fantasias e a expressão dos mais

íntimos e até desconhecidos sentimentos, os bonecos manipuláveis atraem

a atenção e encantam a criança.

Proporcionam o prazer de dar vida e voz a animais e a bonecos.

Através de um fantoche pode ser superada uma timidez que dificultava a

comunicação e podem ser expressos sentimentos antes difíceis de

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comunicar, porque ele passa a ser o foco da atenção em vez da criança que

o manipula.

Ela fala através deles, fala com eles e por eles e às vezes lhes

atribui papéis que não têm nada a ver com a sua caracterização.

O processo criativo que envolve a manipulação de fantoches

estimula também o desenvolvimento da linguagem e do pensamento, faz

com que a criança aprenda a tomar decisões e a expressar-se.

Quando as crianças brincam com fantoches, extravasam emoções

e manifestam sentimentos que talvez não se autorizassem a expressar

diretamente; quando os adultos os manipulam, tem em suas mãos um

recurso mágico de fácil penetração no mundo infantil, permitindo

desenvolver:

ü Brincadeira que desenvolve a imitação, fluência verbal, jogo

simbólico, imaginação, criatividade, dramatização e comunicação.

ü A integração em um grupo, favorecendo a projeção das tensões e dos

conflitos, por intermédio dos fantoches.

ü Coordenação de movimentos finos (fantoche de dedo).

ü Coordenação de movimentos amplos (fantoche de mão).

ü A sociabilização e o faz-de-conta.

§ Caixa curiosa

A caixa curiosa é uma caixa que tem dois cortes, uma de cada

lado: um maior para a criança colocar a mão e apalpar para adivinhar o que

tem dentro; e um menor para a criança tenta adivinhar com os olhos. Dentro

desta caixa podemos colocar vários objetos de: higiene, limpeza, material

escolar, objetos de casa, roupas de bonecas, carrinhos, miniaturas, etc.

Cada dia os objetos podem ser trocados, depois de identificados. Essa

atividade possibilitará:

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ü Desenvolvimento do pensamento lógico – imaginação, atenção e

memória.

ü Percepção, vocabulário e a sociabilização.

§ Baú da fantasia

Vestidos compridos, sapatos de salto alto, bolsa e maquilagem

são excelentes elementos de apoio para a fantasia. Quando a menina faz de

conta que é a mamãe, assumindo seu papel, passa a entender melhor suas

atitudes.

O baú da fantasia pode ser um baú plástico ou uma caixa grande

encapada devidamente. Dentro do baú ou da caixa podemos colocar vários

tipos de roupas e alguns objetos.

As roupas e os objetos que sugerem determinadas profissões são

fundamentais, pois facilitam o processo de busca de identificação.

Um bom baú de fantasias deve ter ainda chapéus femininos e

masculinos, de enfermeiras e de cozinheiros, uniformes, máscaras, perucas,

bigodes e fantasias de bichos. Peças avulsas como golas, lenços, xales,

punhos e colarinhos facilitam também a criação de personagens.

Cada dia, semana ou mês, as roupas (fantasias) podem ser

trocados conforme a necessidade.

O baú da fantasia auxilia no:

ü Desenvolvimento do pensamento lógico – imaginação, atenção e

memória.

ü Percepção, criatividade, vocabulário e a sociabilização.

§ Teatrinho de sombras

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Este tipo de teatrinho encanta as crianças pelo mistério

representado pelas sombras que se movem. Está baseado na combinação

de três elementos:

1 – Uma tela para projetar as sombras;

2 – Um foco de luz colocado atrás da tela;

3 – Silhuetas recortadas em papelão ou... As nossas mãos.

A tela pode ser feita do fundo de uma caixa de onde tiramos a

maior parte da superfície, deixando apenas uma moldura na qual se

prenderá a tela, de papel de seda ou de tecido translúcido. A luz pode ser a

de uma lanterna, de uma vela ou de uma lâmpada voltada para a tela.

Para produzir as sombras, utilizam-se figuras recortadas em

cartolina e, para ter melhor efeito, podem-se fazer articulações que

possibilitem movimentação das partes que as compõem. Para dar colorido

às sombras, corta-se a parte interna das figuras e cola-se papel celofane

colorido.

Esse trabalho com teatro de sombras poderá:

ü Despertar a curiosidade, a atenção e a concentração.

ü Trabalhar o medo com o escuro e o claro.

§ Bola

A bola é o brinquedo para todas as idades. Vale por um

companheiro para uma criança que está só. Porque pula, porque rola, é um

eterno convite à ação e ao jogo.

O bebê tenta pegá-la e engatinha atrás dela; o menino chuta,

cabeceia, dribla, arremessa; a menina joga para o alto, canta ou bate

palmas. Em todas as situações, há ludicidade e desenvolvimento da

coordenação dos movimentos amplos e da sociabilidade.

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A bola é um brinquedo básico e indispensável a qualquer criança

que possa movimentar-se, porque:

ü Serve como um bom suporte para uma atenção prolongada.

ü Permite trabalhar o ritmo: atenção, observação, destreza e agilidade.

ü Favorece a sociabilização, a utilização possível de um esquema

corporal, estimula a psicomotricidade.

ü Possibilita a coordenação de movimentos amplos e a ação

antecipatória.

Outros brinquedos são chamados de pedagógicos, já que foram

fabricados com o objetivo de proporcionar determinadas aprendizagens, tais

como cores, formas geométricas, números ou letras, etc.

Entretanto, tal denominação é bastante relativa pelas seguintes

razões:

Þ O que caracteriza o brinquedo é a atitude que envolve a sua utilização.

Um brinquedo pedagógico com as letras do alfabeto impressas em cubos de

madeira, por exemplo, pode ser usado para montar um trenzinho, e um

trenzinho pode ser usado como instrumento de alfabetização, quando a

criança se interessa em ler o nome do seu fabricante, por exemplo.

Þ O que é e o que não é pedagógico? Será que a pedagogia se restringe a

ensinar formas, cores, números e letras? A educação é um processo global

e contínuo. Cada etapa de desenvolvimento, cada momento da vida de uma

criança tem prioridades diferentes, que a atuação pedagógica precisa

atender. O ursinho de pelúcia é o mais pedagógico que se pode oferecer em

certos momentos, como uma bola de futebol pode ser em outros. Seguindo

esta linha de pensamento, poderíamos dizer que brinquedo pedagógico é

todo o objeto que atende à necessidade da criança no momento em que ela

o utiliza.

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Esta definição seria mais correta do ponto de vista conceitual, pois

também são tarefas da educação o desenvolvimento emocional e social, a

preservação da alegria e da saúde mental da criança.

Todo brinquedo pode ser pedagógico, dependendo das

circunstâncias, assim como também o mais educativo dos brinquedos pode

deixar de sê-lo em determinada situação, pois o valor do brinquedo está

diretamente relacionado com o que consegue provocar na criança.

No brinquedo simbólico (faz-de-conta), a satisfação acontece no

decorrer da atividade. Ao passo que no brinquedo pedagógico o desafio é

justamente obter a satisfação do final da atividade, ou seja, quando o

objetivo do jogo foi alcançado. Mas este prazer de ter conseguido pode ser

tão importante que a criança queira repetir o mesmo jogo muitas vezes, só

para revivê-lo.

Um determinado jogo pode atender de tal forma a uma

necessidade interior da criança, que ela o executa algumas dezenas de

vezes, polarizando sua atenção de tal forma que, ao largar o jogo, está mais

calma e relaxada, podendo até passar a ter comportamento mais

equilibrado.

O maior valor do brinquedo está na sua gratuidade. No brinquedo

livre e espontâneo, a criança chega a alcançar um nível de participação,

uma profundidade que a enriquece na medida em que aumenta sua

capacidade de engajamento, pelo livre exercício de concentração de

atenção.

Nem só os jogos que alimentam a fantasia da criança atendem a

suas necessidades, visto que existem outras necessidades inerentes ao seu

processo de desenvolvimento.

A proposta definida de um brinquedo pedagógico pode funcionar

como desafio à participação da criança. É motivador o subjacente convite a

uma auto-avaliação de habilidades ou à possibilidade de obter sucesso e

reforçar o autoconceito, já que as crianças gostam de superar-se.

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Os blocos de construção são provavelmente o brinquedo mais

antigo e mais usado na educação infantil.

A variedade de tamanhos, formas e cores que eles possuem

possibilita diferentes formas de utilização e de manifestação de criatividade.

Não constituem um jogo, pois não há regras para seu uso, mas

são uma excelente matéria-prima para concretização das mais diferentes

idéias.

O jogo dramático, o “faz-de-conta”, supera os blocos no interesse

que despertam na criança. Na verdade, os blocos também são matéria-

prima para o “faz-de-conta”.

A construção com blocos favorece diversos aspectos do

desenvolvimento infantil:

· Desenvolvimento da atenção e concentração;

· Desenvolvimento de movimentos amplos e finos;

· Desenvolvimento da coordenação viso-motora;

· Desenvolvimento da noção de equilíbrio, proporção e simetria;

· Desenvolvimento de paciência e perseverança;

· Desenvolvimento da independência;

· Desenvolvimento do sentimento de realização, que tanto reforça a auto-

imagem;

· Conhecimento das formas geométricas e suas peculiaridades;

· Desenvolvimento do pensamento abstrato

· Exploração de tamanhos, formas e espaços;

· Reconhecimento de semelhanças e diferenças;

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· Aquisição de conceitos matemáticos (maior do que, menor do que, em

cima, em baixo, ao lado, etc.);

· Encorajamento à solução de problemas e à formulação de projetos;

· Oportunidade para aprendizagem seqüencial e utilização no nível de

pensamento de cada criança;

· Satisfação de inventar, construir, destruir e transformar.

Os blocos de encaixe possibilitam construções mais sólidas e

estimulam a elaboração de estruturas mais complexas. Pode transformar-se

em quebra-cabeças tridimensionais, desenvolvendo assim o pensamento

lógico através do enriquecimento das situações-problema. Basta, para isso

que sejam propostos modelos para serem reproduzidos.

Com os blocos de encaixe os educadores podem trabalhar a:

ü Concentração e observação.

ü Estruturação espacial.

ü Criação, imitação, desenvolvimento da intencionalidade e do

pensamento.

ü Abordagem mecânica.

ü Auto-realização.

ü Coordenação bimanual ( empilhar, encaixar ) .

ü Coordenação motora ampla.

ü Reconhecimento de semelhanças e diferenças.

ü Discriminação de cor e tamanho.

ü Domínio do espaço.

§ Quebra-cabeça

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O interesse despertado por um quebra-cabeça está diretamente

ligado à relação entre o grau de dificuldade que ele apresenta e a

capacidade de quem vai montá-lo; se for fácil demais, não constituirá

desafio, mas também se for difícil demais, provocará desistência em vez de

motivação.

Para avaliar o grau de dificuldade de um quebra-cabeça vários

aspectos podem ser considerados: o número de peças que o compõem, o

tipo de recorte das peças, as cores e os detalhes da figura. Quanto maior o

número de peças, mais difícil é a montagem. No quebra-cabeça podemos

explorar as cores e figuras; se são de animais, alimentos ou pessoas.

Os recortes retos são mais difíceis porque não dão a sugestão dos

encaixes. Os espaços com a mesma cor, que não tenham detalhes de

desenhos para serem compostos, ficam mais difíceis.

É importante ressaltar que outros critérios podem eventualmente

ser mais significativos para a determinação do grau de dificuldade de um

quebra-cabeça do que o número de peças, pois os detalhes da figura, ou o

recorte das peças, podem facilitar ou dificultar a sua montagem.

A graduação dos níveis de dificuldade dos quebra-cabeças

também não deve ser utilizada para indicação por idade cronológica, pois a

habilidade para montar quebra-cabeças depende de vários outros fatores,

especialmente de treinos anteriores. Algumas crianças montam quebra-

cabeças muito mais rapidamente que adultos. No caso de se ter um quebra-

cabeça de complexidade maior do que a criança poderia montar, pode-se

usar o recurso de deixar o quebra-cabeça montado e retirar apenas algumas

peças para que ela recoloque. Gradativamente, aumenta-se o número de

peças a serem recolocadas, e também para facilitar a utilização correta do

quebra-cabeça, risque no fundo da prancha o contorno de suas peças. Com

o jogo montado, retire uma peça e risque o vão que ficou; coloque a peça de

volta, retire outra e faça a mesma coisa até Ter o contorno de todas as

peças desenhado no fundo da prancha. Esta medida facilitará a montagem e

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estimulará o comportamento de colocar as peças reconhecendo o seu

formato.

Usando o quebra-cabeça, pode-se trabalhar:

ü Bom treinamento óculo-motor.

ü Estruturação espacial: reconstituição de um todo a partir de seus

elementos, análise dos contornos.

ü Reconhecimento das formas, cores, objetos apresentados.

ü Ocupação estabilizante.

ü Discriminação visual.

ü Composição e decomposição de figuras.

ü Atenção e concentração.

ü Discriminação de formas.

ü Coordenação motora fina.

ü Percepção tátil.

ü Sociabilização.

ü Vocabulário.

ü Suporte atraente para exercícios com figura correspondente.

Um bom brinquedo é o que atende às necessidades da criança.

O brinquedo mais lindo e sofisticado não tem valor algum se não

der prazer à criança, pois sua validade é o interesse da criança que irá

determinar. Bom brinquedo é o que convida a criança a brincar, é o que

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desafia seu pensamento, é o que mobiliza sua percepção, é o que

proporciona experiências e descobertas.

Para diferentes momentos, diferentes brinquedos poderão ser

mais indicados. Um brinquedo que estimula a ação, outro que possibilite

uma aprendizagem, ou que satisfaça a imaginação e a fantasia da criança;

às vezes, apenas um ursinho de pelúcia que lhe faça companhia.

Nem sempre a criança sozinha irá escolher o melhor brinquedo

para ela; um menino, ao entrar numa loja, pode procurar só revólveres ou

carrinhos, mas isto não significa que só goste deste tipo de brinquedo, mas

sim que só reconhece estes objetos. Os carros estão nas ruas por onde a

criança passa e os revólveres e as metralhadoras são a fonte do poder,

segundo a mensagem passada pelas dezenas de filmes que a criança

assiste todos os dias na televisão. Por isso, certos brinquedos precisam ser

apresentados à criança para que possa imaginar o que pode fazer com eles.

Um brinquedo pode tornar-se irresistível e até imprescindível pelas

seguintes razões:

Þ Por haver-se tornado um objeto de afeto, quantas vezes a ligação com

uma boneca, ou um ursinho, é tão forte que a criança não dorme sem ele.

Þ Por representar status, como no caso dos brinquedos anunciados na

televisão ou importados.

Þ Por darem sensação de segurança, como os revólveres e as fardas de

soldados e super-heróis.

Þ Por atender a uma hiperatividade.

Þ Por funcionar como objeto intermediário entre a criança e uma situação

difícil para ela.

Þ Por satisfazer uma determinada carência ou atender a uma fantasia.

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Þ Por ser desafio a uma determinada habilidade, como os ioiôs, bambolês,

skates, etc.

Þ Porque alguma amigo têm.

Na verdade o brinquedo deve ser adequado à criança,

considerada como indivíduo especial e diferenciado; deve atender à etapa

de desenvolvimento em que a criança se encontra e às suas necessidades

psicológicas, sócio-culturais, físicas ou intelectuais.

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4. CONCLUSÃO

Com a realização dessa pesquisa sobre a importância dos jogos e

brincadeiras na educação infantil, tornou-se indispensável buscar as

respostas para o seguinte problema: Como os jogos podem contribuir no

desenvolvimento do educando, durante a educação infantil? E ainda utilizar

a hipótese, que evidencia que os jogos e brincadeiras na educação infantil

significam a possibilidade de auxiliar o professor na tarefa de ensinar,

dando-lhes condições de trabalho para ampliação do conhecimento da

criança de forma lúdica, prazerosa, agindo e interagindo com o objeto de

conhecimento, e com o outro, tomando iniciativa, sendo capaz de rever

ações e desenvolver-se em todos os aspectos.

O problema e a hipótese citados anteriormente foram constatados

com a pesquisa, que mostrou o que é o lúdico,a sua importância,

destacando que ao brincar a criança demonstra o que sente, pensa e o que

vivencia nos seus ambientes diários, possibilitando ao educador conhecê-la

melhor, sendo assim, poderá utilizar os jogos adequados a cada fase de

desenvolvimento cognitivo que o educando estiver . Para os educandos que

estão no estágio sensório-motor, são indicados os jogos de exercícios, já

que o prazer é alcançado através da repetição, no período pré-operacional,

são usados os jogos simbólicos, porque a criança objetiva alcançar também

o prazer, só que utilizando a simbologia, que é marcada pelo faz de conta.

O professor em sua sala de aula deverá possuir jogos e

brinquedos adequados, que possam auxiliar em sua prática, como os

brinquedos de faz-de-conta, que funcionam como elemento introdutório e de

apoio à fantasia, possibilitando a expressão e elaboração de desejos e

conflitos, são eles: a casa de madeira, telefone, boliche, a boneca, os carros,

os fantoches, a caixa curiosa, o baú das fantasias e o teatrinho de sombras.

E os brinquedos pedagógicos, que foram fabricados com o objetivo de

proporcionar determinadas aprendizagens e que tem como desafio a

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obtenção da satisfação no final da atividade, quando o objetivo foi

alcançado, ou melhor, o conteúdo aplicado foi bem desenvolvido, podem

ser: os blocos de construção, os blocos de encaixe e o quebra-cabeça.

Enfim, o brinquedo deve ser adequado a criança, considerada

como indivíduo especial e diferenciado, deve atender as necessidades

psicológicas, sócio-culturais, físicas ou intelectuais.

E a partir desse trabalho o educador (leitor), pode ampliar seus

conhecimentos, buscando mais informações sobre a utilização das músicas

que podem ser usadas nas brincadeiras e jogos; a necessidade e os

objetivos da rotina na educação infantil, para saber perceber ou identificar os

momentos adequados à aplicação dos jogos; e a montagem ou confecção

dos jogos com sucatas, podendo incluir o educando nesse processo, para

que o mesmo possa envolver-se com o seu processo de aprendizagem.

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5. BIBLIOGRAFIA

- MUTSCHELLE, M.S & FILHO.J.G. Oficinas Pedagógicas. “A arte e a

magia do fazer na escola”. São Paulo: Loyola, 1992.

- PELLEGRINE, D. Em cada aula um banho de sensações. Nova Escola,

São Paulo: Abril, 1998.

- NICOLAU, M.L.M.A . Educação pré-escolar. Fundamentos e didáticas.

São Paulo: Ática, 2000.

- PIAGET, Jean. Experiências básicas para utilização pelo professor.

Petrópolis: Vozes, 2003.

- SANTOS, S.M.P. Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. Rio de

Janeiro, Petrópolis: Ed. Vozes, 2002.

- SANTOS, S.M.P. Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos, em

7ª edição. Rio de Janeiro, Petrópolis: Ed. Vozes, 2002.

- SANTOS, S.M.P.2. O lúdico na formação do educador. Rio de Janeiro,

Petrópolis, Ed. Vozes, 2000.

- VYGOTSKY,L.S. A Formação Social da mente. Trab. José Cippola

Neto, Luís Silveira M. Barreto, Solange C. Afeche. São Paulo: Martins

Fontes, 1984.

- WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Trad. José O. de Aguiar

Abreu e Vanede Nobre. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

- NOFFS, Neide de Aquino. Psicopedagogia Institucional: A trajetória de

seus atores – autores. São Paulo, USP (tese de Doutorado em

educação)

- BENJAMIM, Walter. Reflexões: a criança o brinquedo a educação. São

Paulo: Summus, 1984.

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6. ANEXO

- ATIVIDADES CULTURAIS -

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7. ÍNDICE

Introdução 8

1. A Importância do Lúdico 10

1.1. O Significado do Brincar e Aprender 11

1.2. O Papel da Escola em Relação ao Lúdico 13

1.3. O Lúdico na Formação e na Prática do Educador 16

2. As Estapas de Desenvolvimento Cognitivo, Segundo Jean Piaget 19

2.1. Conhecimento e Inteligência, Segundo Piaget 20

2.2. Estágios de Desenvolvimento, a Partir de Piaget 23

2.2.1. Estágio Sensório-motor (0 a 2 anos) 24

2.2.2. Estágio Pré-Operacional (2 a 6 anos) 25

2.2.3. Estágios das Operações Concretas (7 A 11 Anos) 26

2.2.4. Estágios das Operações Formais (12 Anos em Diante) 26

2.3. O Brinquedo nas Fases do Desenvolvimento 27

3. Os Jogos e os Brinquedos nas Salas de Aula 31

3.1. História dos Brinquedos 31

3.2. O Brinquedo no Desenvolvimento da Inteligência, Concentração, Linguagem e Sociabilidade 35

3.3. O Brinquedo na Relação Criança e Adulto 37

3.4. Os Diversos Tipos de Brinquedo 41

4. Conclusão 58

5. Referências Bibliográficas 60

6. Anexos 61

7. Índice 62

8. Folha de Avaliação 63

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8. FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pó-Graduação “Lato Sensu”

Título: A Importância dos Jogos e Brincadeiras na Educação Infantil

Data de entrega: 09.04.2005

Avaliação:

Avaliado por: Professor Mestre NILSON GUEDES FREITAS

Rio de Janeiro, ______ de _________________ de 2005.