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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
ANÁLISE JURÍDICO-COMPARATIVA SOBRE
A JUSTIÇA DESPORTIVA NO BRASIL E NA BOLIVIA
Por: Carlos Fernando Dabdoub Roda
Orientador
Prof. Willians Rocha
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
ANÁLISE JURÍDICO-COMPARATIVA SOBRE
A JUSTIÇA DESPORTIVA NO BRASIL E NA BOLIVIA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Direito Desportivo.
Por: Carlos Fernando Dabdoub Roda
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais por me dar a
oportunidade de vir para o Rio de
Janeiro para fazer esta especialidade
que vai me ajudar muito a ser uma
pessoa e profissional melhor.
Também agradeço aos meus docentes,
de quem aprendi muito e de modo
especial ao Prof. Dr. Martinho Neves,
meu coordenador em esta especiali-
dade.
Finalmente, agradeço profundamente
aos Sres. Rómer Osuna Añez, e Hildo
Nejar, que me orientarem para
encontrar o caminho para lavrar meu
futuro.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família por
sempre apoiar-me em esta nova etapa da
minha vida, me dando amor, carinho,
confiança e força para continuar adiante.
5
RESUMO
No meu país, Bolívia, o debate sobre a modificação da atual Lei
Desportiva de Bolívia, tornou-se um assunto de discussão permanente, por
achar que a lei não cumpre com as necessidades do povo boliviano, no
existindo algum estudo comparativo com a Lei Pelé do Brasil.
O objetivo geral do presente estudo inclui uma “análise jurídico -
comparativo sobre a justiça desportiva no Brasil e na Bolívia”. Portanto, é feito
uma comparação entre a Lei Pelé (Capítulo VI, Capítulo I) e a legislação
boliviana (Titulo Sexto, Capítulo I da Lei do Esporte boliviano, seu Decreto
Supremo Nº 27.779 (Regulamento a Lei do Esporte boliviano) em seu anexo
IV, Titulo Primeiro em seu Capitulo I, e por último o Anexo ao Decreto Supremo
Nº 27.779 em seu Capitulo X, Seccion I, com referencia a justiça desportiva. Se
analisa as suas semelhanças y se consideram aspectos a serem melhoradas
na Lei boliviana. Neste trabalho foi utilizado o método de pesquisa documental.
Os objetivos específicos incluem: 1) Apresentar este estudo para
melhorar o debate, que começou na Bolívia sobre as alterações a Lei do
Esporte boliviano. 2) Encontrar áreas a serem melhoradas na justiça desportiva
em base a Lei Pelé, e assim, dar um maior apoio no desenvolvimento da
prática desportiva na Bolívia.
Esta monografia contém 4 Capítulos. A “Introdução”, compreende uma
primeira parte que se refere à aspectos conceptuais do deporte, uma breve
historia do deporte no mundo e os direitos humanos no deporte. O Capítulo I,
“Esporte Boliviano”, menciona aspectos conceptuais do esporte em Bolívia,
também contém os antecedentes históricos da Ley do Esporte boliviano. O
Capítulo II, “Desporto Brasileiro”, além de mencionar aspectos conceptuais do
desporto neste país, também é feito um resumo da historia da legislação
desportiva brasileira. O Capítulo III, “Justiça Desportiva”, menciona alguns
6
conceitos e depois um resumo histórico da justiça desportiva no Brasil e na
Bolívia.
Finalmente, no Capítulo IV, é feito a “Análise jurídico-comparativa sobre
a justiça desportiva no Brasil e na Bolívia”, fazendo alguns comentários dos
artigos estudados.
Por último, as Conclusões do trabalho e os Anexos correspondentes.
7
METODOLOGIA
Neste trabalho, usarei o método de pesquisa documental, pois serão
estudados, analisados e comparados os capítulos VII da Lei Pelé e o Titulo
sexto, Capítulo I da Lei do Esporte Boliviano e seu Decreto Supremo Nº 27779,
(Regulamento a Lei do Esporte boliviano) em seu anexo IV, Titulo Primeiro em
seu Capitulo I, e por último o Anexo ao Decreto Supremo Nº 27.779 em seu
Capitulo X, Seccion I, com referencia a justiça desportiva especificamente.
Acompanham a este documento, coleta de dados e pesquisa bibliográfica.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I – Esporte Boliviano 14
CAPÍTULO II – Desporto Brasileiro 18
CAPÍTULO III – Justiça Desportiva 23
CAPÍTULO IV – Análise jurídico-comparativa sobre a
justiça desportiva no Brasil e na Bolívia 28
CONCLUSÃO 55
ANEXOS 58
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 63
BIBLIOGRAFIA CITADA 65
ÍNDICE 67
FOLHA DE AVALIAÇÃO 69
9
INTRODUÇÃO
Aspectos Conceituais. História.
Pode-se começar dizendo que o desporte é um espetáculo que move
massas e uma distração escolhida pela juventude. Jacques May e Paul Soucho
deram a seguinte definição de esporte: "O desporte é uma luta e um jogo". Por
outra parte, segundo o que escreve Eliseo Reclus na sua obra "L'homme et la
Terre", pode-se considerar ao desporte como uma das principais atividades do
ser humano, considerando a alimentação como a primeira delas. 1
De acordo com muitos sociólogos do desporte, o desporte é
caracterizado por alguma forma de competição que ocorre sob condições
formais e organizadas. Em outras palavras, o fenômeno desporte envolve uma
atividade física competitiva que é institucionalizada. Competição neste caso é
definida como um processo através do qual o sucesso é medido diretamente
pela comparação das realizações daqueles que estão executando a mesma
atividade física, com regras e condições padronizadas. Quando dizemos que o
desporte é uma atividade física institucionalizada, competitiva, os elementos da
institucionalização geralmente incluem o seguinte: 2
1. As regras da atividade são padronizadas. Isto significa que as regras
não são simplesmente o produto de um simples grupo que se reúne
informalmente e não são apenas expressões espontâneas de interesses e
preocupações individuais. No desporte, as regras do jogo definem um conjunto
de procedimentos com guias e restrições.
1 Bernard Gillet.Historia del Deporte. Editorial: Oikos−tau S.A.−Ediciones Barcelona− España
Primera edición en castellano en 1971.
2 Valdir Barbanti. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde. Escola de Educação Física e
Esporte da USP.
10
2. O cumprimento das regras é feita por entidades oficiais. Quando os
resultados individuais ou de equipes são comparados de uma competição ou
campeonato para outras é necessário que alguma entidade oficial que
programa as competições assegure que as regras foram obedecidas e as
condições padronizadas.
3. Os aspectos técnicos e organizacionais da atividade se tornam
importantes. A competição combinada com a exigência de regras externas
conduz a atividade para se tornar cada vez mais racionalizada. Isto significa
que os jogadores e treinadores têm que desenvolver estratégias e programas
de treinamento para aumentar suas chances de sucesso. Também os
equipamentos desportivos, tênis, uniformes, materiais, etc., são desenvolvidos
e produzidos para aumentar o rendimento.
4. A aprendizagem das habilidades desportivas se torna mais
formalizada. Com a organização e as regras da atividade se tornam mais
complexas elas devem ser aprendidas sistematicamente. E como a
preocupação de ter sucesso aumenta, os participantes procuram a orientação
de especialistas. Além do treinador, outros elementos são requisitados como
preparador físico, médico, psicólogo, massagista, fisioterapeuta, nutricionista,
etc.
Em resumo, a transformação de uma atividade física competitiva em
desporte, geralmente envolve a padronização e imposição de regras e o
desenvolvimento formal de habilidades. Em outras palavras, a atividade se
torna padronizada e regularizada. Em termos sociológicos, ela passa por um
processo de institucionalização.
Por outro lado, a história do desporte é de grande interesse pois permite
saber a influencia que esta pôde causar sobre os povos e sua cultura.
Historicamente, a dança primitiva foi criada a partir da associação de
11
movimentos do corpo com a imaginação. No inicio estas danças estavam
submetidas a fins culturais, mas como tempo adquiriram um caráter desportivo.
A civilização chinesa vai ser a primeira que põe em prática os exercícios físicos
através do Kung−fu, no ano 2700 a. C., outorgando-lhe uma conotação
religiosa e também curativa. Posteriormente é o povo egipcio quem praticará a
luta com paus e treinará seus soldados. Também destacamos as contribuições
feitas pelas civilizações Persa e Asteca na prática de jogos como, por exemplo,
"Juego de Prevost". Outro fato histórico são as Olimpíadas iniciadas pelos
antigos gregos, em homenagem a Zeus (Júpiter), a partir do ano 776 A.C. .
Realizaram-se a cada 4 anos em Olímpia, cidade de Elida, até o ano 393 da
nossa Era (293 Olimpíadas). Seria Pierre de Fredi, barão de Coubertín, a figura
crucial para o estabelecimento dos modernos jogos olímpicos no século XIX.
Este nobre francês defendeu a ideia olímpica como fenômeno cultural,
propondo seu estabelecimento em París, coincidindo com a Exposição
Universal de París no ano de 1900, embora em 23 de junho de 1894, os 79
delegados do Congresso Atlético, aprovaram reestabelecer os jogos olímpicos,
cuja primeira edição anteciparam para 1896, designando à Grécia como sede,
em homenagem aos jogos da antiguidade.3
Com o passar dos anos o desporte se converteu num direito
fundamental dos povos quase sempre estabelecido nas constituições dos
Estados obrigando aos estados dar a máxima possibilidade de infraestrutura,
promover, impulsionar e estimular o desenvolvimento do desporte para todos,
sem distinção de gênero, cor ou raça para garantir a possibilidade de acesso e
a livre prática do desporte.
Os direitos humanos no desporte
Referem-se aos direitos humanos no desporte, o mandato que abrange
uma serie de direitos relacionados entre si. O conceito fundamental é que o 3 Historia Del Deporte. (2012, April 17). Buenas Tareas.com. Retrieved from
http://www.buenastareas.com/ensayos/Historia-Del-Deporte/3914983.html.
12
esporte e o tempo livre são direitos de todos os seres humanos, necessários
para o desenvolvimento, saúde e bem estar tanto dos indivíduos como da
sociedade. O direito ao desporte e ao tempo livre que para muitos pode ser
algo trivial são direitos fundamentais de qualquer pessoa, porque enriquecem
nossas vidas num sentido físico, mental e espiritual. Com este propósito e
sob a bandeira dos direitos humanos, os defensores do esporte e da atividade
física do mundo, vêm lutando para fazer que esta disciplina seja mais
acessível, humana e justa. A expressão fundamental dos direitos do homem é
a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pelas Nações Unidas
em 1948 e ratificada por quase todos os Estados do mundo. Esta declaração
mundial proclama numerosos direitos, entre os que se encontram os direitos ao
tempo livre, e a níveis adequados de saúde, educação e cultura.4
A Carta Magna de muitos países junto a outros Tratados ou Convênios
internacionais que têm rango de lei nos países signatários, também apoiam
esses postulados. Com esse motivo, a Organização das Nações Unidas se
pronunciou na sua conferência geral, reunida em París (1978), lançando a
“Carta Internacional da Educação, Ciência e Cultura”, que consta de 10 artigos.
A Carta proclama, “Y com o fim de colocar o desenvolvimento da educação
física e o esporte ao serviço do progresso humano, favorecer o seu
desenvolvimento e exortar aos governos, às organizações não governamentais
competentes, aos educadores, às famílias e aos próprios indivíduos a inspirar-
se, difundir e pôr a educação física em prática”.5
Outros exemplos são a Convenção Internacional para os Direitos da
infância (1990), o Estatuto Internacional da Educação Física e do Esporte
(1978), a Convenção Internacional para a Eliminação de Todo Tipo de
Discriminação Racial (1965), o Convênio sobre Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais (1966), e a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as
4 Bruce Kidd. Los Derechos Humanos en el Deporte. Educación Física y Deportes. 5 http://portal.unesco.org/es/ev.php-
URL_ID=13150&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html.
13
formas de Discriminação contra as Mulheres (1979), que garantem a
participação de todas as pessoas no desporte e tempo livre.
O artigo 1º da Carta Europeia para o Esporte (1992) estabelece que “o
esporte (é) um importante fator do desenvolvimento humano” e que “todos os
jovens deveriam ter a oportunidade de receber educação física e de adquirir as
técnicas básicas do desporte”. Por último mencionar a Resolução Nº 58/05 das
Organizações das Nações Unidas adotada pela Assembleia Geral, do dia 3 de
Novembro de 2003, com o título “Esporte como forma de promover a
educação, saúde, desenvolvimento e paz”. Mesmo que não estabeleça o
desporte como direito fundamental do ser humano, esta reconhece sua
importância para viabilizar a materialização de determinados direitos básicos
do indivíduo quanto ao fator de desenvolvimento educacional, de promover
saúde, de formação cidadã e inclusão social. Está especialmente dirigida aos
governos nacionais transmitindo duas importantes mensagens. Primeiro a
valorização do esporte como instrumento importante para a saúde, educação e
desenvolvimento sociocultural (Art. 1 parágrafo ‘e’). Segundo, a necessidade
de programar a prática esportiva tornando-a disponível para todos ( Art. 1
parágrafo ‘f’).6
As Constituições Políticas dos Estados, Tratados e Convenções
Internacionais, assim como a legislação regional e nacional evidenciam que o
desporte já é considerado como um direito humano. A luta em defesa do
desporte não tem sido fácil. Inclui batalhas visíveis como a luta das mulheres
por participar nos Jogos Olímpicos ou a disputa pela igualdade de
representantes nestes Jogos.
Os ‘Direitos Humanos no desporte’, é o direito a participar, é um direito
fundamental, independente da nossa capacidade esportiva, de quem somos ou
de onde vivemos.
6 Martinho Neves Miranda, O Direito no Desporto, 2ª.Edição. Editora Lumen Juris, 2011 pagina
23-24.
14
CAPÍTULO I
ESPORTE BOLIVIANO
O CONCEITO
Aqui podemos dar inúmeras definições para esporte. Uma delas está no
Decreto Supremo Nº 27.779 no anexo I que fala da nomenclatura do esporte
boliviano e diz o seguinte: “Es el conjunto de actividades motrices e
interacciones sociales cuyos rasgos fundamentales son el entrenamiento, la
competicion y reglas”. Este decreto cita 12 tipos de definições de diferentes
deportes como:
“Deporte aficionado, deporte amateur, deporte associado competitivo,
deporte competitivo, deporte de alta competição, deporte de alto rendimento,
deporte de la discapacidad, deporte extraescolar, deporte formativo, deporte
integrado, deporte profissional e deporte recreativo”.
Entretanto no artigo 2 da Lei do Esporte boliviano, diz:
“A prática física e desportiva é diferenciada pelos objetivos a alcançar e
por sua natureza. O estado Boliviano reconhece como modalidades de
desporte: o esporte formador, o esporte recreativo, o esporte associado
competitivo, profissional e de alto rendimento, que deverão ser incorporados
nos planos de desenvolvimento desportivos correspondentes em seus níveis
nacionais, departamentais e municipais. Assim também reconhece os direitos
sociais, culturais e esportivos dos povos indígenas, originários e comunais.”
1.1.- A HISTÓRIA DA LEI ESPORTIVA BOLIVIANA
A Lei sobre o Esporte na Bolívia passou por diversas etapas ao largo da
sua história. Entre as primeiras normas, temos o Decreto Supremo de 23 de
Junho de 1932, promulgado pelo presidente da república Daniel Salamanca faz
15
referência sobre a criação do Comitê Olímpico Boliviano, assim
comprometendo a presença da Bolívia na X Olimpíada Mundial que se
realizaria em Los Angeles.
A Lei promulgada 28 de Dezembro de 1957 reestabelece a autonomia
técnica e administrativa do Comitê Nacional de Deportes (Art. 1º), cujo
presidente era eleito de uma lista de três nomes, proposta pelo Ministério da
Educação ao Presidente da República (Art. 3º).
Posteriormente, se dita o Decreto Lei Nº 10.663 sobre a “Lei Geral de
Esportes”,no dia 25 de dezembro de 1972, derrogando os D.S. do dia 13 de
janeiro de 1939, o D.S. do dia 5 de janeiro de 1940 e a Lei do dia 28 de
dezembro de 1957. Esta Lei em seu artigo 1º diz que as atividades esportivas
dentro do território da nação, nas suas diversas manifestações, serão regidas
pela presente lei, sendo que o Estado atenderá às atividades esportivas, (artigo
2º). Nos seus diferentes capítulos fala das formas e organização esportiva, do
Instituto Nacional de Deportes, o registro nacional de entidades esportivas, dos
recursos econômicos do esporte. O Capítulo V se refere ao Comitê Olímpico
Boliviano, enquanto que o Capítulo VI fala da Sociedade Boliviana de Medicina
Esportiva.
Em Julio do ano 1979, se dita o Decreto Lei Nº 16.921 que no seu
artigo 1º da por aprovada a nova “Lei Geral do Deporte”, apresentada nos
seus XIII Capítulos e seus trinta e nove artigos, revogando o Decreto Lei No
10.663 de 1972 (artigo 2º), que até essa data no havia satisfeito as
necessidades e planos do espporte em geral, sendo necessário ditar uma nova
ordem jurídica, que equilibre as atividades em geral.
No ano seguinte promulga-se o Decreto Lei N° 17.605. Nesta norma
jurídica são observados especificamente direitos e deveres de instituições
reitores, normativas e executivas. Esclarecendo as contradições que existiam
entre os órgãos do esporte boliviano, a secretaria Geral de Esportes e
Juventude é o organismo hierarquicamente superior do esporte na ordem
16
nacional, constituindo-se na organização representativa e autorizada em
assuntos da sua competência, convertendo-a na máxima autoridade técnica e
administrativa do esporte no país.
Posteriormente, o D. S. Nº 23.660 de 12 de outubro de 1993, elimina a
autonomia do COB, institucionalizando-o como organização do Poder
Executivo, sob-responsabilidade do Ministério de Desenvolvimento Humano.
Depois é promulgado o D. S. N° 26.713 que adéqua a natureza institucional do
Comitê Olímpico Boliviano, de acordo ao estabelecido pela Carta Olímpica
Internacional, constituindo-se numa instituição privada sem fins lucrativos, que
é regida pelo Comitê Olímpico Internacional, gozando de autonomia para
eleger às suas autoridades e funcionários, estabelecer suas normas
específicas e conduzir independentemente seus recursos econômicos.
A atual Lei do Esporte boliviano foi promulgada dia 7 de Julho de 2004.
Esta lei abrange: O Título Primeiro sobre o esporte em geral, consta do
Capítulo I dividido em duas seções de objetivo e finalidades dessa lei. O título
Segundo se refere à organização do sistema do esporte boliviano. No seu
Capítulo I fala sobre a conformação do mesmo. O Capítulo II está dividido em
três seções, com referencia à regularização a nível nacional, departamental
(estadual) e municipal. O Capítulo III deste Título inclui duas seções, que fazem
referencia ao Conselho Superior do Esporte e dos Conselhos departamentais
(estaduais) e municipais. O Capítulo IV, dividido em uma seção, menciona as
organizações operativas do sistema esportivo boliviano: o Capítulo V se refere
ao esporte profissional, enquanto que o Capítulo VI fala das organizações de
representação do esporte, e no Capítulo VII fala do Comitê Olímpico Boliviano.
No Título Terceiro dos cenários e direitos de transmissão. O Título Quarto, se
refere aos recursos humanos, no Capítulo I fala dos direitos e deveres; seu
Capítulo II se refere às entidades de formação de recursos humanos e o
Capítulo III fala da incorporação ao seguro social. O Título Quinto sobre o
regime econômico e fiscal, seu Capítulo I em suas três Seções fala do fundo de
inversão do esporte, a nível departamental (estadual) e a nível municipal. O
17
Capítulo II abrange o regime fiscal. O Título Sexto fala sobre o regime
disciplinar. Seu Capítulo I fala sobre la disciplina do esporte e o Capítulo II
sobre as medidas de prevenção. O Título Sétimo contém três Capítulos que
correspondem às disposições adicionais, transitórias, disposições revogatórias
e derrogatórias, totalizando 41 artigos.
Posteriormente é aprovado o D.S. Nº 27.779 “Regulamento à Lei do
Esporte”, de 8 de outubro de 2004. Constam de cinco Títulos, 13 Capítulos e
133 artigos. Finalmente existe o Anexo a este mesmo D.S..
Com a promulgação da Constituição Política do estado Boliviano, em
2007 e outras leis posteriores, surgem uma forte corrente para modificar a Lei
do Esporte, que segundo as autoridades atuais, deve adaptar-se à nova
realidade do Estado Plurinacional. A proposta do governo plateia que a
organização que dirija o esporte no país tenha autonomia de gestão e dependa
diretamente da Presidência do Estado. Para isso seria criado o Ministério de
Esportes, ou em todo caso o Instituto ou a Secretaria nacional de Esportes. Se
for mantido o Vice-ministério de Esportes, este passaria a depender do
Ministério da Presidência, ao invés de depender o Ministério da Saúde, onde
não existe autonomia de gestão.
De acordo aos projetistas, a Lei do Esporte de 2004 tem muitos vazios
jurídicos. A nova norma teria que ser ampla, dinâmica, inclusiva, que tome em
conta certos aspectos da atual Constituição Política do Estado, como a
discriminação e o não racismo devem contemplar mecanismos de supervisão e
coordenação, a mudança de estruturas, certos trabalhos no esporte recreativo,
formador e competitivo, ver o tema fiscal e de arrecadação de recursos
econômicos, patrocínios para os esportistas, a quem necessitam ser dotados
de ferramentas e instrumentos para seu desenvolvimento.
18
CAPÍTULO II
DESPORTO BRASILEIRO
O CONCEITO
Podemos dar inúmeras definições para desporto. Uma delas é a
seguinte: é toda a forma de praticar atividade física que, através de
participação ocasional ou organizada, visa equilibrar a saúde ou melhorar a
aptidão física e proporcionar entretenimento aos participantes. Pode ser
competitivo, onde o vencedor ou vencedores podem ser identificados por
obtenção de um objetivo. São centenas os tipos de desportos existentes,
incluindo aqueles para um único participante, até aqueles com centenas de
participantes simultâneos, em equipas ou individualmente. Desportos são
normalmente geridos por um conjunto de regras ou costumes. Os desportos
são na maioria das vezes jogados apenas por diversão ou pelo simples fato
das pessoas precisarem de exercício para se manterem em boas condições
físicas. No entanto, o desporto e em especial o profissional é muito competitivo
e uma importante fonte de rendimento econômico e entretenimento.7
Também o Dr. Valdir Balbanti, diz que: “Esporte é uma atividade
competitiva institucionalizada que envolve esforço físico vigoroso ou o uso de
habilidades motoras relativamente complexas, por indivíduos, cuja participação
é motivada por uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos”. Esta
definição proposta é do ponto de vista sociológico e se refere ao que é
popularmente descrito como esporte organizado. Isto foi feito para distinguir o
que acontece num recreio de escola com o que ocorre nos Jogos Olímpicos.8
Outra definição importante para esporte esta em a Lei Nº 9615 sobre o
desporto brasileiro que diz:
7 http://pt.wikipedia.org/wiki/Desporto. 8 Revista Brasileira de atividade física & saúde, http://www.sbafs.org.br/_artigos/25.pdf.
19
“O desporto brasileiro abrange praticas formais e não formais e
obedecem as normas gerais desta lei, inspirados nos fundamentos
constitucionais do estado democrático de direito.” “A pratica desportiva formal e
regulada por normas nacionais e internacionais e pelas regras de pratica
desportiva de cada modalidade, aceitas pelas respectivas entidades nacionais
de administração do desporto. A pratica desportiva não formal e caracterizada
pela liberdade lúdica de seus participantes”
Também na mesma lei em seu capitulo III fala que o desporto pode ser
reconhecido em qualquer das seguintes manifestações:
Desporto educacional, desporto participação, desporto rendimento e esta
podem ser organizados e praticados de modo profissional e de modo não
profissional.
2.1. A HISTÓRIA DA LEI DESPORTIVA BRASILEIRA9
A pratica desportiva no Brasil durante a fase de colonização e se ter
noticia do surgimento de modalidade esportiva de caráter mais lúdico, e fato
durante o Brasil império, a primeira legislação que tratou do tema e da qual se
tem noticia ocorreu soa mente em 1938 com a criação do conselho nacional
da cultura pelo decreto-Lei Nº 526, de 1 de Julho de 1938.
Posteriormente em 1941 sob os auspícios da segunda grande guerra,
que, através do decreto-Lei Nº 3.199, a pratica desportiva foi regulamentada de
maneira sutil. Tal decreto ditou as normas do desporto por um longo período no
país. Cabia ao CND deliberar a quem competia a outorga de licença para
funcionamento de entidades de pratica desportiva, os registros e a
normatização do passe e das transferências dos atletas. O estado exercia,
9 Gustavo Delbin, Rodrigo Ferreira da Costa Silva y Ricardo Graiche. Elementos de Direito
desportivo sistêmico. Editora Quartier Latin do Brasil, outono de 2008. Pagina (16-20).
20
como os punhos de ferro autoritários de então, o controle absoluto sobre toda a
atividade desportiva nacional.
Este Decreto-Lei também criou as Confederações, Federações e as
Associações de Futebol, sendo considerado o primeiro regramento sobre as
relações entre o atleta e o clube. Mais na frente, a criação da CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho), através do Decreto-Lei Nº 5.452, de 1º de
maio de 1943, passou também a disciplinar essas relações (atleta e clube),
especificamente na regulamentação dos atletas. Em 1964, com o Decreto Nº
53.820, o atleta profissional de futebol recebe uma legislação própria,
disciplinando as partidas, o “passe”, as férias, o intervalo entre as partidas, a
criação de seguro e o contrato de trabalho em si.10
Na mesma linha de autoritarismo, foram sancionados, já nos anos 70,
sob o regime da ditadura militar, a Lei Nº 6.215/75 e seu decreto regulamentar
de Nº 80.228/77. Tais normas tratavam especialmente do desporto de
rendimento. No ano seguinte, dando prosseguimento a mudanças legislativas
que tratavam do esporte como fator de propaganda do estado, foi promulgada
a Lei Nº 6354/76, que tratava especificamente da relação de trabalho do atleta
de futebol, com claro propósito de proteger um bem nacional. Cumpre
esclarecer que parte dessa lei continua em vigor ate os dias de hoje.
Posteriormente, foi sancionando o Decreto Nº 91,452, de 19/07/1985,
por iniciativa de MEC, e instituída a Comissão de Reformulação do Esporte
Brasileiro, que deu inicio ao processo de constitucionalização do desporto
brasileiro.
O grande salto na legislação brasileira sobre o desporto, contudo,
aconteceu somente em 1988, com a promulgação da Constituição da
10 http://www.trt21.jus.br/ej/pdfs/cursos-realizados/Lei-do-Atleta.pdf.
21
Republica, quando, pela vez primeira, o desporto foi elevado ao nível
constitucional, através do artigo 217 da Carta Magna.
Em 14 de abril de 1989, foi sancionada a Lei Nº 7.752, trazendo
benefícios e incentivos fiscais às organizações com investimento no esporte.
Nesse contexto, com a elevação do desporto ao nível constitucional e a criação
de uma Lei de Incentivo Fiscal, a Lei Nº 6.251/75 estava praticamente
revogada, fazendo-se, pois, necessária uma nova legislação, em consonância
com o novo cenário desportivo nacional. Tal necessidade foi sanada com a
aprovação da Lei Nº 8.672/93, conhecida popularmente com Lei Zico. A Lei
Zico renovou e inovou, em certo aspecto, o conceito do desporto no país,
transformando o esporte em “desporto educacional”, “ desporto de rendimento”
e “ desporto de participação”. Inúmeras questões acerca do desporto foram
suscitadas neste período, notadamente quanto a intenção e se estabelecer
passe livre – liberdade de trabalho – aos atletas profissionais de futebol.
Depois a Lei Nº 8.946 de 5 de dezembro de 1994 foi a primeira instituiu
normas gerais sobre desportos e outras providências e a segunda criou o
Sistema Educacional Desportivo Brasileiro, integrado ao Sistema Brasileiro de
Desporto.11
Em consequência disso, devido a constante busca por melhores
condições de trabalho aos atletas e ao desenvolvimento do desporto por
iniciativa do então Ministro Extraordinário de Esporte, o extraordinário atleta
Edson Arantes do Nascimento, o Pele, em 24 de marco de 1998, foi
sancionada a Lei Nº 9.615, a Lei Geral sobre o Desporto, conhecida
popularmente como Lei Pele.
A Lei Pele fez parte do processo de evolução do desporto no país e,
apesar de manter alguns conceitos e princípios da Lei Zico, culminou com
importantes inovações no cenário desportivo brasileiro, trazendo os efeito do
11 http://www.trt21.jus.br/ej/pdfs/cursos-realizados/Lei-do-Atleta.pdf.
22
caso Bosman ao nosso ordenamento jurídico, colocando fim ao instituto do “
passe” e trazendo ao esporte a liberdade ao trabalho, prevista expressamente
na Constituição Federal de 1988.
Atualmente, a Lei Nº 9.615/98 vigor como a diversas alterações, dadas
pelas Leis Nº 9.940/99, Nº 9.981/00, Nº 10.364/01 e Nº 11.118/05A .
Recentemente foi instituída a Lei Nº 12.395/11, que alterou as Leis Nº 9.615/98
e 10.891/2004, criando os Programas Atleta Pódio e Cidade Esportiva, com
revogação da Lei Nº 6.354/76. A Lei Nº 12.395, de 16 de março de 2011, fez
várias alterações na Lei Nº 9.615/98) e, em relação às normas aplicáveis na
área trabalhista.12
Forçoso, portanto, concluir que a partir da Constituição de 1988, o
desporto, o Direito Desportivo e a Justiça Desportiva ganharam o status
merecido e o tratamento adequado na legislação pátria, existindo atualmente
inúmeras outras normas regulamentadoras, dentre as quais o Estatuto do
Torcedor (Lei Nº 10.671/03) e a aprovada Lei da Timemania (Lei Nº 11.345/06),
criticadas por muitos, mas que indubitavelmente enriquecem o debate acerca
dos problemas e soluções sobre o desporto no Brasil.
12 http://www.trt21.jus.br/ej/pdfs/cursos-realizados/Lei-do-Atleta.pdf.
23
CAPÍTULO III
JUSTIÇA DESPORTIVA
O CONCEITO
Podemos dar inúmeras definições para justiça desportiva. Uma delas é a
seguinte: Justiça desportiva e o aparelhamento político-administrativo-jurídico
que aplica o Direito Desportivo aos casos de infração disciplinar às normas e
regulamentos desportivos, bem como às transgressões das respectivas
competições, obedecidos os requisitos constitucionais e legais que lhe são
aplicáveis.
Todas as modalidades de desporto institucionalizado ou formal regem-se
por regras e normas a cujo cumprimento estão obrigados os seus praticantes,
as entidades dirigentes e de prática e as pessoas que a elas prestam serviços
como atletas, treinadores, massagistas, fisicultores, médicos, bem assim os
árbitros e auxiliares, e os membros dos respectivos tribunais de justiça.
3.1. A JUSTIÇA DESPORTIVA
O Direito Desportivo surgiu, como todos os ramos do direito, através
das normas sociais e regras do esporte.
Este direito e a parte ou ramo do direito positivo que regula as relações
desportivas, assim entidades aquelas formadas pelas regras e normas
internacionais e nacionais estabelecidas para cada modalidade, bem como as
disposições relativas ao regulamento e a disciplina das competições. A prática
do esporte, cada vez mais intensa, nas mais variadas modalidades, exercidas
24
de forma individual e coletivamente, foi a fonte geradora de normas e regras
impostas nas competições esportivas.13
O Direito Desportivo tem por base os Direitos Civil e Penal, por
excelência. Onde nasce a justiça desportiva para julgar as questões de
descumprimento de normas relativas a disciplina desportiva, bem como as
infrações referentes as competições desportivas.
3.1.1. A justiça desportiva Brasileira14
A justiça desportiva brasileira iniciou-se, oficialmente, no ano de 1941,
quando, através do decreto-Lei Nº 3199 de 14/04/1941, foi criado o conselho
nacional de desportos- CND com a função precípua de nortear os esportes,
competindo-lhe também legislar sobre a matéria, e com poder de julgar em
grau recursal e final.
Em consequência, foi baixada a portaria 24/41 e, com esta, a resolução
4/42, determinando que fosse criado em cada federação um tribunal de penas,
composto por 07 (sete) membros.
O tribunal de penas julgava as infrações cometidas por atletas, árbitros,
clubes, entidade e pessoas físicas ao mesmo vinculadas, cabendo ao CND,
que também tinha poder judicante, apreciar qualquer recurso em última
instância. Posteriormente, com o intuito de atender as necessidades em todos
os estados, foi elaborado pelo Dr. Max Gomes de Paiva, o Código brasileiro de
futebol, que passou a vigorar através da deliberação 48/45.
O referido código normatizou, e bem especificou a organização dos
tribunais, mantendo, ao CND, o seu poder judicante, ao STJD – superior
tribunal de justiça desportiva, a jurisdição em todo território nacional, ao TJD-
tribunal de justiça desportiva, a jurisdição nos seus respectivos territórios
13 Krieger, Marcilio. Revista Brasileira de Direito Desportivo. São Paulo: Editora OAB/SP, 2002.
Vol. I, Pag. 40. 14 Histórico - Justiça Desportiva: http://justicadesportiva.uol.com.br/jdlegislacao_historico.asp.
25
estadual e, nos municípios, as Juntas disciplinares desportivas. Estes tribunais
eram integrados por um vasto grupo de juristas e desportistas de reputação
ilibada e grande saber jurídico-desportivo.
O código brasileiro de futebol vigeu até 1956, tendo sido alterado pelas
deliberações 52 e 55/46 e pela deliberação 03/56. Anos se passaram e,
aperfeiçoando-se sempre o campo do direito desportivo, em 1962, o CND
aprovou o Código brasileiro disciplinar do futebol– CBDF e o código brasileiro
de justiça e disciplina desportiva– CBJDD.
O CBDF era dividido em duas partes – processual e penal – e tinha
aplicabilidade no futebol, enquanto que o CBJDD aplicava-se aos demais
esportes. Tais codificações desenvolveram em muito os órgãos judicantes
desportivos, englobando aspectos cíveis, penais e trabalhistas. No aspecto
penal, apreciavam questões disciplinares através das infrações cometidas.
No aspecto cível, cobranças e compromissos contratuais e compra e
venda, ou cessão, de direitos. No aspecto trabalhista, litígios laborais entre
atletas e clubes, ao ponto de serem criadas juntas trabalhistas desportivas que
muito serviram ao desporto.
Entretanto, a constituinte de 1988 reconheceu a justiça desportiva, no
seu art. 217, estabelecendo, dentre outras coisas, um limite formal de
conhecimento dos litígios desportivos perante o poder judiciário, vinculando ao
esgotamento das instâncias da justiça desportiva.
A Lei Nº 9. 615/98 instituiu normas gerais sobre o desporto,
incorporando, mais tarde, as modificações promovidas pelas Leis Nº
9.981/2000, Nº 10.264/2001 e Nº 10.671/2003, porém mantendo em vigor o
CBDF e o CBJDD até que nova legislação viesse a ser aprovada pelo atual
conselho nacional de esportes – CNE. E assim foi, até que o novel código
brasileiro de justiça desportiva – CBJD veio para substituir e unificar os
arcaicos códigos precedentes: CBDF e CBJDD.
26
O CBJD, o primeiro código após o reconhecimento da Justiça Desportiva
na Constituição Federal, é resultado do trabalho extraordinário da Comissão
Especial, designada pelo Ministro do Esporte, para adequá-lo à legislação
desportiva vigente. Foi criado em razão do comando do art. 42 de Lei Nº
10.671/2003 (estatuto do torcedor) e aprovado pela resolução CNE no 01 de
23/12/2003, nos termos do art. 11, inciso VI da Lei Nº 9.615/1998 (Lei Pelé),
concebido para ser aplicado em todas as modalidades desportivas praticadas
formalmente.
Visando aprimorar as regras codificadas, foi formulada uma proposta de
revisão corretiva e modificativa do CBJD pela comissão de estudos jurídicos
desportivos do ministério do esporte, em 24 de março de 2006, o que resultou
na alteração de alguns dispositivos do CBJD, através da resolução CNE Nº 11
de 29 de março de 2006. O CBJD tem total aplicabilidade na justiça desportiva
e dirigido a todas as modalidades esportivas.
Assim, a Justiça Desportiva encontra – se regulada e a organizada de
acordo com as disposições do CBJD, o qual instituiu os suas órgãos judicantes,
quais sejam, as Comissões Disciplinares (CD), funcionando como 1 instancia,
os Tribunais de Justiça Desportiva (TJD), funcionando como 2 instância, e o
Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), funcionando como 3 e ultima
instancia.15
3.1.2. A justiça desportiva Boliviana
A nova justiça desportiva boliviana, criada e instituída pela lei do esporte
boliviano do ano 2004, e a máxima instância para julgar as questões de
descumprimento de normas relativas a disciplina desportiva, bem como as
infrações referentes as competições desportivas. As normas desportivas
relativas as competições desportivas estão atualmente prevista na lei do
esporte boliviano Lei Nº 2770, DS Nº 27.779 (Regulamento a lei do esporte) , 8 15 Gustavo Delbin, Rodrigo Ferreira da Costa Silva y Ricardo Graiche, “Elementos de direito
desportivo sistêmico”. Editora Quartier Latin do Brasil, outono de 2008. Pagina 72.
27
de outubro de 2004 e também no Anexo do mencionado D.S. referente ao
código nacional de penas.
Apesar da criação da Justiça Desportiva ter sido fundamental para o
desenvolvimento do esporte, contribuindo com o funcionamento das
competições desportivas, existem muitos aspectos polêmicos e de
aplicabilidade incongruente.
A Lei do esporte boliviano de 7 de Julho de 2004, através do seu titulo
sexto, capitulo I, determinou seu objetivo, aplicação, organização e
funcionamento da justiça desportiva, limitadas ao processo e julgamento de
infrações disciplinares e as competições desportivas, seriam definidas em
códigos desportivos, como o regulamento a lei do esporte (Lei Nº 2.770), DS Nº
27.779, 8 de outubro de 2004 no anexo IV referente ao código nacional de
penas.
A Justiça Desportiva encontra – se regulada e a organizada de acordo
com as disposições do regulamento a lei do esporte (Lei Nº 2.770), DS Nº
27.779, 8 de outubro de 2004 no anexo IV, capitulo II, artigo 10 o qual instituiu
os suas órgãos judicantes, sob esquema de pirâmide: El Tribunal Supremo de
Justicia Deportiva – TSJD, los Tribunales Superiores de Federaciones – T.S.P.,
los Tribunales de Penas de Asociaciones Departamentales – T.P. los Comités
de Disciplina de Asociaciones Municipales - C.D.A.M.,los Comités de Disciplina
de Ligas Deportivas – C.D.L.
28
CAPÍTULO IV
ANÁLISE JURÍDICO-COMPARATIVA SOBRE A
JUSTIÇA DESPORTIVA NO BRASIL E NA BOLIVIA
4.1. Nomenclatura a ser utilizada
Lei Pelé: Lei Desportiva Brasileira.
Lei Nº 8.028: Estatuto do Torcedor.
Ley Nº 2.770: Ley Deportiva Boliviana.
D.S. Nº 27.779: Decreto Supremo, Reglamentación a la Ley Deportiva
boliviana.
Anexo al D.S. Nº 27.779: Anexo al Decreto Supremo Nº 27779 boliviano.
STJD: Superior Tribunal de Justiça Desportiva (Brasil).
TJD: Tribunal de Justiça Desportiva (Brasil).
COB: Comitê Olímpico Brasileiro.
CPB: Comitê Paraolímpico Brasileiro.
TSDD: Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva (Bolivia).
TDD: Tribunal de Disciplina Deportiva (Bolivia).
TSJD: Tribunal Supremo de Justicia Deportiva (Bolivia).
T.S.P.: Tribunales Superiores de Federaciones (Bolivia).
T.P.: Tribunales de Penas de Asociaciones Departamentales (Bolivia).
C.D.A.M.: Comités de Disciplina de Asociaciones Municipales (Bolivia).
C.D.L.: Comités de Disciplina de Ligas Deportivas (Bolivia).
4.2. Análise jurídica comparativa
Neste capítulo, serão estudados, analisados e comparados os Capítulos
VII da Lei Pelé, o Título Sexto, Capítulo I da Lei do Desporte boliviano, seu
Decreto Supremo Nº 27.779 (Regulamento a Lei do Esporte boliviano) em seu
anexo IV, Título Primeiro em seu Capítulo I e por último o Anexo ao Decreto
29
supremo Nº 27.779 em seu capitulo X, Sección I, com referencia a justiça
desportiva.
4.3. Constitucionalização da Justiça Desportiva
Lei Pelé, Art. 49. A Justiça Desportiva a que se referem os §§ 1º e 2º do
art. 217 da Constituição Federal e o art. 33 da Lei Nº 8.028, de 12 de abril de
1990, regula-se pelas disposições deste Capítulo.
Ley del Deporte Boliviano, ARTICULO 32°.- (Objeto y Aplicación)
II. El campo de acción del régimen disciplinario en el deporte abarca las áreas
referidas al cumplimiento de las reglas de juego para cada disciplina deportiva,
la violencia en los escenarios deportivos y el control del "doping".
Ley del Deporte Boliviano, ARTICULO 33°.- (Organización).
I. Los organismos competentes para ejercer la disciplina deportiva son el
Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva, los Tribunales de Disciplina
Deportiva de las federaciones nacionales, de las ligas deportivas locales, de las
asociaciones municipales que se rigen por sus propios Reglamentos, sin
perjuicio a que los afectados por las decisiones adoptadas puedan recurrir a la
Justicia Ordinaria en la vía que corresponda.
Anexo al D.S. Nº 27.779, ARTICULO 82.- (Del objeto de la disciplina
en el deporte). La disciplina en el deporte, es el elemento mediante el cual se
construye el principio de respeto a las reglas deportivas y la prevención del
consumo de sustancias prohibidas. El régimen disciplinario en el deporte
abarca las áreas referidas al cumplimiento de las reglas de juego para cada
disciplina deportiva, la violencia en los escenarios deportivos y el control del
dopaje.
Comentário: Neste subtítulo observa-se primeiramente que a
Constituição Federal do Brasil instituiu a Justiça Desportiva através da redação
30
do seu artigo 217 da e dos seus parágrafos e incisos dando com caráter
constitucional, um limite formal de conhecimento dos litígios desportivos
perante o poder judiciário, vinculando ao esgotamento das instâncias da justiça
desportiva para acudir ao judiciário. Sobre este assunto, podemos ver que no
art. 33 de la Ley del Deporte boliviano no seu inciso I, primeiro parágrafo,
estabelece que os afetados pelas decisões adotadas na justiça desportiva
possam recorrer à Justiça Ordinaria pela via correspondente, não
especificando se deve-se esgotar primeiro as instancias desportivas, sendo
que na própria Constituição Boliviana não se fala sobre este tipo de justiça,
demonstrando a pouca importância a respeito desse tema, por outro lado Brasil
lhe outorga um caráter constitucional à justiça desportiva e ao deporte com
autonomia, algo imprescindível nesta érea.
Também se pode citar a Lei Nº 8.028 (Estatuto do Torcedor) que no seu
art. 33 fala que os litígios desportivos serão por questões relativas à disciplina e
às competições desportivas, enquanto que na norma boliviana podemos
encontrar algo parecido nos artigos 32 parágrafo II da Lei do deporte e o artigo
82 do anexo ao D.S. Nº 27.779 que nos falam também das questões a serem
tomadas em conta nos litígios desportivos, acrescentando o legislador boliviano
não somente o cumprimento das regras do jogo para cada disciplina desportiva
(assuntos relativos à disciplina), a violência nos cenários desportivos (assuntos
relativos às competições desportivas), assim como também o controle do
"doping", uma matéria muito importante mundialmente. (O “doping” é tratado na
legislação brasileira na seção VI do Código Brasileiro de Justiça Desportiva,
não será analisado nesta investigação). Voltando à análise do artigo em
questão, o legislador brasileiro determina que a justiça desportiva se conduza
pelas disposições deste Capítulo da Lei Pelé.
31
4.4. Organização, funcionamento e atribuições da Justiça
Desportiva.
Lei Pelé, Art. 50. A organização, o funcionamento e as atribuições da
Justiça Desportiva, limitadas ao processo e julgamento das infrações
disciplinares e às competições desportivas, serão definidos nos Códigos de
Justiça Desportiva, facultando-se às ligas constituir seus próprios órgãos
judicantes desportivos, com atuação restrita às suas competições. (Redação
dada pela Lei Nº 12.395, de 2011).
Ley del Deporte Boliviano, ARTICULO 33°.- (Organización).
I. Los organismos competentes para ejercer la disciplina deportiva son el
Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva, los Tribunales de Disciplina
Deportiva de las federaciones nacionales, de las ligas deportivas locales, de las
asociaciones municipales que se rigen por sus propios Reglamentos, sin
perjuicio a que los afectados por las decisiones adoptadas puedan recurrir a la
Justicia Ordinaria en la vía que corresponda. El Deporte Profesional se sujetará
a sus propias normas disciplinarias comprendidas dentro de sus Estatutos y
Reglamentos que no deben estar en contraposición a aquellas normas
generales de la disciplina deportiva. El Poder Ejecutivo elaborará un
reglamento que tipifique las infracciones, sanciones y procedimientos
administrativos previos que deberá cumplir todo recurso para llegar al Tribunal
Supremo de Disciplina Deportiva.
Anexo al D.S. Nº 27.779, ARTICULO 84.- (DE LOS ORGANOS
COMPETENTES).
b) El Deporte profesional se sujetará a sus propias normas disciplinarias
comprendidas dentro de sus Estatutos y Reglamentos que no deben estar en
contraposición a aquellas normas generales de la disciplina deportiva.
Anexo al D.S. Nº 27.779, ARTICULO 86.- (DEL CODIGO NACIONAL
DE PENAS). Se aprueba el Código Nacional de Penas, en sus 133 artículos,
32
de acuerdo a lo establecido en el ANEXO IV que constituye parte integrante e
indivisible del presente Reglamento, en el marco de lo dispuesto en el Artículo
33 de la Ley Nº 2.770.
Comentário: Aqui o legislador brasileiro fala da organização,
funcionamento e atribuições da justiça desportiva limitada ao julgamento (sobre
infrações disciplinares e às competições desportivas) e regida pelos códigos
implementados por cada desporte/ligas assim ter seus próprios órgãos
judicantes mas com suas atuações restringidas às suas competições,
descentralizando assim a justiça desportiva.
Neste aspecto, o art. 33 da Lei do Desporte Boliviano, inciso I, fala
também dos tribunais onde a justiça desportiva operará , dando-lhe assim a
faculdade de criar e ter seus próprios regulamentos e estatutos que não
estejam em contra dos princípios gerais do desporte. Também no mesmo
parágrafo a norma faculta o poder executivo para que elabore um regulamento
sobre esta matéria. No Anexo ao D.S. Nº 27.779, no seu Art. 84 nos fala
também que o desporte profissional tem a mesma faculdade de criar e ter seus
próprios regulamentos e estatutos que não estejam em contra dos princípios
gerais do desporte. E o Anexo ao D.S. Nº 27.779, Art. 86 fala da aprovação
deste Código Nacional de Penas, elaborado pelo executivo que constitui parte
integrante e indivisível do presente Regulamento, dentro do disposto no Artigo
33 da Lei Nº 2.770. A diferença entre o Brasil e a Bolívia, é que no Brasil o
código brasileiro de justiça desportiva é um código autônomo, separado da lei
do desporte, enquanto que na Bolívia este código nacional de penas (CNP)
está incluído no D.S. que é o regulamento de la lei, formando parte da mesma
Lei Pelé, § 1o As transgressões relativas à disciplina e às competições
desportivas sujeitam o infrator a:
I - advertência;
II - eliminação;
III - exclusão de campeonato ou torneio;
33
IV - indenização;
V - interdição de praça de desportos;
VI - multa;
VII - perda do mando do campo;
VIII - perda de pontos;
IX - perda de renda;
X - suspensão por partida;
XI - suspensão por prazo.
Comentário: Este artigo faz referência as transgressões relativas à
disciplina e às competições desportivas, sujeitam ao infrator, dando-lhes as
diferentes sanções quando infrinja os códigos ou regulamentos do desporte.
Na legislação boliviana, estas infrações se encontram no anexo IV,
Código Nacional de Penas, Título Segundo: Sanções e Circunstancias Capítulo
III Das Sanções no seu artigo 28 do D.S. Nº 27.779 (Não entra neste estudo).
Neste regulamento detalham-se as normas, infrações e procedimentos a seguir
na justiça desportiva boliviana. Este Regulamento de Lei do Desporte da
Bolívia, onde está o código nacional de penas, viria ser como o código
brasileiro de justiça desportiva (CBJD), com a diferença de não ser de maneira
autônoma como é o brasileiro, mas incluído na Lei do Desporte Boliviano.
Lei Pelé, § 2o As penas disciplinares não serão aplicadas aos menores
de quatorze anos.
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 16º.- (Sujetos Procesales).
Son sujetos procesales para la Justicia Deportiva:
a) Quienes cumplen una o más de las siguientes actividades, se
consideran deportistas:
7 Atleta o jugador
8 Instructor o entrenador.
9 Juez o árbitro.
34
10 Directivo en todas sus formas de ejercicio deportivo cuando no
reciban remuneración económica.
11 Al médico Deportólogo o profesional análogo.
12 Al auxiliar deportivo en todas especialidades.
b) Federaciones y Asociaciones
c) Instituciones y Entidades Deportivas
d) Miembros de Directorios de Asambleas
e) Miembros de Tribunales de Penas y Comités de disciplina.
Comentário: Neste parágrafo os juristas brasileiros introduzem que, as
penas pelo não cumprimento da legislação desportiva, referentes a penas
disciplinares não serão aplicadas para menores de quatorze anos,
considerando-os desportivamente inimputáveis, especificando as pessoas
sujeitas a processo no Código brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).
No caso boliviano, o art.16 do Decreto Supremo Nº 27.779
(Regulamento da Lei do Desporte boliviano), refere-se aos sujeitos
processuais, não especificando em momento algum se os menores de idade
são sujeitos a sanções exclusivamente disciplinares, assim existindo um vazio
na normativa boliviana.
Lei Pelé, § 3o As penas pecuniárias não serão aplicadas a atletas não-
profissionais.
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 16º.- (Sujetos Procesales).
Son sujetos procesales para la Justicia Deportiva:
a) Quienes cumplen una o más de las siguientes actividades, se
consideran deportistas
7 Atleta o jugador
8 Instructor o entrenador.
9 Juez o árbitro.
35
10 Directivo en todas sus formas de ejercicio deportivo cuando no
reciban remuneración económica.
11 Al médico Deportólogo o profesional análogo.
12 Al auxiliar deportivo en todas especialidades.
b) Federaciones y Asociaciones
c) Instituciones y Entidades Deportivas
d) Miembros de Directorios de Asambleas
e) Miembros de Tribunales de Penas y Comités de disciplina.
Comentário: Neste artigo, fica estabelecido que as penas pecuinárias
(econômicas) não se aplicam aos atletas que não sejam profissionais, porque
exercem o desporte de modo voluntário, sem fins lucrativos. Sendo assim, não
poderiam pagar, em alguns casos, esse tipo de multas. Encontramos também
na Constituição do Brasil, que o estado dá tratamento diferenciado para o
desporto profissional e não profissional.
No caso boliviano, no Regulamento da Lei do Desporte Boliviano (D.S. Nº
27.779), no seu artigo 16º fala dos sujeitos processuais , não especificando
esta diferenciação com este tipo de atletas.
Lei Pelé, § 4o Compete às entidades de administração do desporto
promover o custeio do funcionamento dos órgãos da Justiça Desportiva que
funcionem junto a si. (Incluído pela Lei Nº 9.981, de 2000)
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 17º.- (Acción).
I. El Instituto Boliviano del Deporte, la Educación Física y la Recreación –
BOLIVIA DEPORTES, Comité Olímpico Boliviano, Direcciones
Departamentales y Municipales del Deporte, promoverán ante los Tribunales
componentes, el procedimiento en la justicia deportiva de las personas
naturales y/o jurídicas señaladas en el artículo procedente, que hayan cometido
transgresiones o faltas en la jurisdicción deportiva.
II. Las Federaciones, Asociaciones y Liga de Fútbol Profesional Boliviano,
elevarán en primera instancia ante los tribunales correspondientes, los casos
36
suscitados dentro de sus disciplinas y jurisdicciones para su procedimiento
respectivo.
III. Las entidades deportivas descritas en el Artículo 16° podrán acudir
directamente o por conducto de sus organismos afiladores ante los tribunales
correspondientes, en demanda de justicia deportiva.
Comentário: Neste artigo a legislação brasileira especifica um ponto
importante a considerar, como é a manutenção econômica dos órgãos judiciais
desportivos, dando-lhes a função de promover e manter os custos das
entidades de administração do desporte (particulares) que funcionem junto a
ele (confederações, federações). Isso não significando que estas organizações
tenham poder sobre os órgãos de justiça desportiva, porque estas gozam de
autonomia no seu funcionamento não tendo assim que render contas a
ninguém.
Não se encontra nada na legislação boliviana a esse respeito, deixando
entrever que o estado é quem sustenta este poder, fazendo ver que este poder
não goza de autonomia no país, já que forma parte de estrutura pública
desportiva nacional, ao formar parte da estrutura desportiva nacional (El
Instituto Boliviano del Deporte, la Educación Física y la Recreación – BOLIVIA
DEPORTES), que é de ordem pública, assim exercendo uma intromissão na
justiça desportiva.
Cito o art. 17º do D.S. Nº 27.779 para demonstrar que a legislação
boliviana menciona unicamente que as organizações, que regulam tanto o
desporte público como o privado, estão obrigados a dar andamento ao
procedimento na justiça desportiva, das pessoas naturais e ou jurídicas, que
tenham cometido transgressões ou faltas nesta jurisdição (parágrafo I). O
segundo e terceiro parágrafo falam que as entidades de organização do
desporte, como as pessoas que executam alguma função desportiva (atletas,
treinadores, árbitros, diretores, etc.) podem acudir de maneira direta ou pelas
37
suas organizações afiladoras aos tribunais correspondentes em primeira
instancia, nos casos suscitados nas suas disciplinas.
Lei Pelé, Art. 51. O disposto nesta Lei sobre Justiça Desportiva não se
aplica aos Comitês Olímpico e Paraolímpico Brasileiros.
Ley del Deporte Boliviano, ARTICULO 34°.- (Funciones).
El Tribunal Superior de Disciplina Deportiva tiene las siguientes funciones:
i) Queda excluido de los alcances del Tribunal Supremo de Disciplina
Deportiva: el fútbol, por estar sujeto a normas FIFA y a sus propios Tribunales
de Justicia Deportiva y Disciplinarios.
Anexo al D.S. Nº 27.779, ARTICULO 88.- (De las funciones del
Tribunal Superior). El Tribunal Superior de Disciplina Deportiva tiene las
siguientes funciones:
i) Queda excluido de los alcances del Tribunal Supremo de Disciplina
Deportiva: el fútbol, por estar sujeto a normas FIFA y a sus propios Tribunales
de Justicia Deportiva y Disciplinarios
Comentário: Comentário: A legislação brasileira diz nesse artigo que a
justiça desportiva não se aplica ao Comitê Olímpico Brasileiro nem ao Comitê
Paraolímpico, porque o COB e o CPB (organizações jurídicas de direito
privado) conformam um subsistema específico do sistema nacional do
desporte, dando-lhes maior liberdade, sem tirar os direitos e benefícios
estabelecidos nas leis e organizações nacionais de administração do desporte.
No caso boliviano, não existe nenhum artigo que isente deste tipo de justiça
a estas organizações, e também não o menciona especificamente como sujeito
processual em nenhum artigo. No entanto, no D.S. Nº 27.779, Título Terceiro,
Capítulo II (Não entra nesse estudo) fala sobre as transgressões cometidas
pelo COB, cujas faltas são julgadas pelo TSDD.
38
Com o art. 34 da Lei do Desporte boliviano e o art. 88 do Anexo ao D.S. Nº
27.779, acontece algo singular ao eximir o futebol dos alcances do TSDD, por
estar sujeito às normas da FIFA e aos seus próprios tribunais, emquanto que
no Brasil, cada modalidade esportiva tem o seu próprio STJD, não existindo um
STJD unificado.
Lei Pelé, Art. 52. Os órgãos integrantes da Justiça Desportiva são
autônomos e independentes das entidades de administração do desporto de
cada sistema, compondo-se do Superior Tribunal de Justiça Desportiva,
funcionando junto às entidades nacionais de administração do desporto; dos
Tribunais de Justiça Desportiva, funcionando junto às entidades regionais da
administração do desporto, e das Comissões Disciplinares, com competência
para processar e julgar as questões previstas nos Códigos de Justiça
Desportiva, sempre assegurados a ampla defesa e o contraditório. (Redação
dada pela Lei nº 9.981, de 2000).
Ley del Deporte Boliviano, ARTICULO 33°.- (Organización).
II. El Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva es el órgano de decisión de
máxima jerarquía dentro de la estructura deportiva nacional y su jurisdicción
abarca todo el territorio de la República. Su competencia será en única
instancia y sin recurso ulterior.
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 10º.- (Ejercicio). La justicia y
disciplina deportiva en toda la República se ejerce bajo el sistema piramidal por
los siguientes órganos:
a) El Tribunal Supremo de Justicia Deportiva – TSJD.
b) Los Tribunales Superiores de Federaciones – T.S.P.
c) Los Tribunales de Penas de Asociaciones Departamentales – T.P.
d) Los Comités de Disciplina de Asociaciones Municipales - C.D.A.M.
e) Los Comités de Disciplina de Ligas Deportivas – C.D.L.
Anexo al D.S. Nº 27.779, ARTICULO 84.- (DE LOS ORGANOS
COMPETENTES). Para ejercer disciplina deportiva son Órganos competentes:
39
a) El Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva, los Tribunales de Disciplina
Deportiva de las Federaciones Nacionales, de las Ligas Deportivas Locales, de
las Asociaciones Municipales que se rigen por sus propios Reglamentos, sin
perjuicio a que los afectados por las decisiones adoptadas puedan recurrir a la
justicia Ordinaria en la vía correspondiente.
b) El Deporte profesional se sujetará a sus propias normas disciplinarias
comprendidas dentro de sus Estatutos y Reglamentos que no deben estar en
contraposición a aquellas normas generales de la disciplina deportiva.
Comentário: Comentário: Neste artigo, a legislação brasileira mais
uma vez ressalta a autonomia e independência dos órgãos integrantes da
justiça desportiva sobre os órgãos de administração do desporte e fala da
composição da justiça desportiva, colocando o STJD como máxima instancia
na jurisdição desportiva nacional (funcionando com as confederações), seguida
dos TJD nos estados (funcionando com as federações) assegurando a ampla
defesa e o contraditório dos imputados. Mais este artigo no parágrafo final tem
uma questão polemica onde trata de restringir a competência da justiça
desportiva a aplicação do CBJD, ignorando não solo a competência
constitucional dada referentes a questões de disciplina e competições
esportivas sino também as demais leis integrantes do ordenamento jus-
desportivo (Lei Nº 9.615/98 ou Lei Nº 10.671/03).
Neste caso, de acordo a Lei do Desporte Boliviano no seu art. Nº 33
indica que o STDD é a máxima instancia em matéria judicial desportiva e sua
competência será em única estância e sem recurso posterior. Não se
estabelece com rango de lei o direito fundamental de todas as pessoas, como
assegurar a ampla defesa e o contraditório. Seguindo o art. 10 do D.S. Nº
27.779, estabelece que a justiça desportiva seja regida de forma piramidal,
colocando o STDD, como máxima instancia seguida dos Tribunais Superiores
das Federações (âmbito nacional), tribunais de Penas de Associações
Departamentais (âmbito departamental), Comitês de Disciplina Municipais
(âmbito municipal) e por último, os Comitês de Disciplina de Ligas Desportivas.
40
O art. 84 do Anexo al D.S. Nº27.779 nos fala também dos órgãos competentes
para exercer justiça no estado.
Todos esses pontos evidenciam a diferença entre os sistemas
desportivos judiciais nos dois países. No Brasil se fundamenta um sistema
mais simples, evitando o retardamento da justiça, já que neste âmbito a rapidez
é fundamental ( A própria Constituição Brasileira, no artigo 217, parágrafo 2º
diz: “A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da
instauração do processo, para proferir decisão final”), coloca os STJD a nível
federal de cada ramo desportivo separadamente e aos TJD a nível estadual
ambos compostos por comissões disciplinares que são primeira instancia,
enquanto na Bolívia, além do STDD, que regulamenta todos os desportes
menos o futebol, como máxima instancia, tem os TSP a nível nacional, os TP a
nível departamental, os CDAM a nível municipal e por último os CDL das ligas
locais, fazendo que tudo se torne complicado e difuso ao mesmo tempo,
coadjuvando assim ao retardamento da justiça.
Lei Pelé, § 1o Sem prejuízo do disposto neste artigo, as decisões finais
dos Tribunais de Justiça Desportiva são impugnáveis nos termos gerais do
direito, respeitados os pressupostos processuais estabelecidos nos §§ 1º e 2º
do art. 217 da Constituição Federal.
Anexo al D.S. Nº 27.779, ARTICULO 85.- (De la competencia del
Tribunal Supremo). El Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva es el órgano
de decisión de máxima jerarquía dentro de la estructura deportiva nacional y su
jurisdicción abarca todo el territorio de la República. Su competencia será en
última instancia y sin recurso ulterior en materia de justicia deportiva.
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 77°.- (Competencia).
Competencia es la facultad que tiene el Tribunal de Justicia Deportiva o Comité
de Disciplina, para conocer y emitir fallo sobre un asunto determinado, en razón
del territorio y de la procedencia.
41
I. La competencia en razón del territorio, sólo puede ejercerse en primera
instancia por los Tribunales de Asociaciones Departamentales y Comités de
Asociaciones Municipales Departamentales.
II. La competencia en razón de la procedencia, se ejerce por los Tribunales
Superiores de Federación y Tribunal Supremo de Justicia Deportiva.
Comentário: Diz a legislação brasileira que as decisões dos TJD são
impugnáveis respeitando os pressupostos processuais estabelecidos na sua
carta magna, nos parágrafos 1º e 2º do art. 217, levando os casos impugnados
à seguinte estância e última, que seriam os STJD dos diversos ramos do
desporte brasileiro.
No caso Boliviano, cito o art. 85 do Anexo ao D.S. Nº 27.779, onde diz
que o STDD é a máxima instancia dentro da estrutura nacional desportiva, e
que sua competência será em única instancia sem recurso posterior. Enquanto
que o art. 77 do D.S. Nº 27.779, fala que na Bolívia existem dois tipos de
competências na matéria desportiva: a competência em razão de território
como primeira instancia e a competência em razão de procedência como
segunda instancia. até chegar ao STDD.
En la legislación brasilera dice que las decisiones de los TJD son
impugnables, respetando los presupuestos procesales establecido en su carta
magna, en los párrafos 1º e 2º do art. 217, llevando los casos impugnados a la
siguiente instancia y ultima que serian los STJD de las diversas ramas del
deporte brasilero.
Lei Pelé, § 2o O recurso ao Poder Judiciário não prejudicará os efeitos
desportivos validamente produzidos em conseqüência da decisão proferida
pelos Tribunais de Justiça Desportiva.
42
Ley del Deporte Boliviano, ARTICULO 33°.- (Organización).
I. Los organismos competentes para ejercer la disciplina deportiva son el
Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva, los Tribunales de Disciplina
Deportiva de las federaciones nacionales, de las ligas deportivas locales, de las
asociaciones municipales que se rigen por sus propios Reglamentos, sin
perjuicio a que los afectados por las decisiones adoptadas puedan recurrir a la
Justicia Ordinaria en la vía que corresponda. El Deporte Profesional se sujetará
a sus propias normas disciplinarias comprendidas dentro de sus Estatutos y
Reglamentos que no deben estar en contraposición a aquellas normas
generales de la disciplina deportiva. El Poder Ejecutivo elaborará un
reglamento que tipifique las infracciones, sanciones y procedimientos
administrativos previos que deberá cumplir todo recurso para llegar al Tribunal
Supremo de Disciplina Deportiva.
Comentário: De acordo com a legislação brasileira, o Poder Judicial
não pode tomar ações sobre as decisões dos Tribunais de justiça desportiva,
nem mudar os efeitos desportivos (regras do jogo, sanções desportivas
unicamente do mesmo jogo, resultados, etc.) porque estes possuem autonomia
e liberdade de funcionamento, e ao serem regulamentados pelos órgãos de
prática desportiva de ordem privado, possuem seus próprios códigos, regras
que regulam o desporte que representam.
Na legislação boliviana, o art. 33 da Lei do Desporte no inciso I, primeiro
parágrafo, diz que os afetados pelas decisões adotadas na justiça desportiva
podem recorrer à Justiça Ordinária na via correspondente, sem estabelecer
sobre que matéria, nem se sobre se poderá ou não modificar os efectos
desportivos. Este vazio jurídico pode chegar a produzir efeitos negativos ao
desporte.
43
4.5. Jerarquia e composição da Justiça Desportiva
Lei Pelé, Art. 53. No Superior Tribunal de Justiça Desportiva, para
julgamento envolvendo competições interestaduais ou nacionais, e nos
Tribunais de Justiça Desportiva, funcionarão tantas Comissões Disciplinares
quantas se fizerem necessárias, compostas cada qual de 5 (cinco) membros
que não pertençam aos referidos órgãos judicantes, mas sejam por estes
escolhidos. (Redação dada pela Lei Nº 12.395, de 2011).
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 10º.- (Ejercicio). La justicia y
disciplina deportiva en toda la República se ejerce bajo el sistema piramidal por
los siguientes órganos:
a) El Tribunal Supremo de Justicia Deportiva – TSJD.
b) Los Tribunales Superiores de Federaciones – T.S.P.
c) Los Tribunales de Penas de Asociaciones Departamentales – T.P.
d) Los Comités de Disciplina de Asociaciones Municipales - C.D.A.M.
e) Los Comités de Disciplina de Ligas Deportivas – C.D.L.
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 1°.- (Jurisdicción). El
Tribunal Supremo de Justicia Deportiva –T.S.J.D., como órgano de decisión
dentro de la estructura deportiva del país, es la máxima autoridad para
administrar justicia deportiva en el territorio de la República.
Comentário: Comentário: neste artigo a legislação brasileira fala sobre
a hierarquia e as competências do sistema judicial desportivo no qual o STJD
abrange os campeonatos nacionais, o TJD os campeonatos estaduais e que os
dois podem possuir as comissões disciplinares que sejam necessárias,
compostas de cinco membros.
Na legislação boliviana, o art. 10 do Decreto Supremo Nº 27.779, fala de
forma piramidal da hierarquia dos tribunais no país, exercendo suas funções
nos seus respectivos territórios seja ele nacional, departamental, municipal ou
44
local. O artigo primeiro do Decreto Supremo Nº 27.779, também fala que o
STJD é o máximo órgão do país para administrar a justiça desportiva.
Lei Pelé, § 1o (VETADO)
Comentário: Este artigo está vetado, então não tem nenhum
comentário.
Lei Pelé, § 2o A Comissão Disciplinar aplicará sanções em
procedimento sumário, assegurados a ampla defesa e o contraditório.
Comentário: Neste parágrafo diz que a comissão disciplinar aplicará
sanções em seus procedimentos sumários assegurando a ampla defensa e o
contraditório dos imputados (atletas, desportistas, treinadores, juízes, pessoas
relacionadas ao desporte, etc.)
Não encontramos nada parecido na legislação boliviana estudada. Neste
sentido, a legislação brasileira é muito importante ao colocar com rango de lei,
um direito fundamental de todas as pessoas, seja qual for o motivo pelo qual
estão sendo julgadas, como assegurar a sua ampla defesa e o direito a
contraditório no nosso estudo desportivo. Lei Pelé, § 3o Das decisões da
Comissão Disciplinar caberá recurso ao Tribunal de Justiça Desportiva e deste
ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva, nas hipóteses previstas nos
respectivos Códigos de Justiça Desportiva. (Redação dada pela Lei Nº 9.981,
de 2000).
Lei Pelé, § 3o Das decisões da Comissão Disciplinar caberá recurso ao
Tribunal de Justiça Desportiva e deste ao Superior Tribunal de Justiça
Desportiva, nas hipóteses previstas nos respectivos Códigos de Justiça
Desportiva. (Redação dada pela Lei Nº 9.981, de 2000).
45
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 77°.- (Competencia).
Competencia es la facultad que tiene el Tribunal de Justicia Deportiva o Comité
de Disciplina, para conocer y emitir fallo sobre un asunto determinado, en razón
del territorio y de la procedencia.
I. La competencia en razón del territorio, sólo puede ejercerse en
primera instancia por los Tribunales de Asociaciones Departamentales y
Comités de Asociaciones Municipales Departamentales.
II. La competencia en razón de la procedencia, se ejerce por los
Tribunales Superiores de Federación y Tribunal Supremo de Justicia Deportiva
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 2°.- (Competencia). El
T.S.J.D. tiene competencia para conocer y resolver los asuntos de justicia,
disciplina y honorabilidad deportiva, en los siguientes grados:
a) En única instancia y sin recurso ulterior:
1. De los miembros de los Directorios de Federaciones Nacionales.
2. De los miembros de los Directorios de Asambleas Nacionales.
3. De los miembros de los Directorios de Asambleas Departamen-
tales.
4. De los miembros de los Directorios de Instituciones Deportivas
inscritas en el Registro Único Deportivo del Instituto Boliviano del
Deporte la Educación Física y la Recreación – BOLIVIA
DEPORTES.
5. De los miembros de Tribunales Superiores de penas.
6 De las transgresiones cometidas en el extranjero.
b) En grado de apelación:
Los casos resueltos en primera instancia por los Tribunales
Superiores de Federaciones Nacionales.
c) En grado de nulidad o casación:
Los casos resueltos en primera instancia por los Tribunales de penas
de Asociaciones y de la Liga del Fútbol Profesional Boliviano.
d) En grado de Revisión:
Los casos conocidos en última instancia por los Tribunales
Superiores de Federaciones Deportivas Nacionales.
46
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 78°.- (Instancias). La justicia
y la disciplina deportiva, se administran en las siguientes instancias:
I. Única instancia sin recurso ulterior:
Por el Tribunal Supremo de Justicia Deportiva (T.S.J.D.) los casos señalados
en el artículo 98° del presente Código Nacional de Penas.
II. Primera Instancia; los casos conocidos por:
a) Tribunales Superiores de Federación.
b) Tribunales de Asociaciones Departamentales.
c) Tribunales de la Liga al Fútbol Profesional Boliviano.
d) Comités de Asociaciones Municipales.
e) Comités de Organizaciones de Deporte Aficionado.
III. En grado de Apelación; Los casos conocidos por el Tribunal inmediato
Superior de los señalados en el numeral II.
IV. En grado de Casación o Nulidad; los casos conocidos en grado de
apelación por el Tribunal inmediato Superior en grado que correspondan al
numeral III.
V. En grado de Revisión; los casos conocidos en última instancia por los
Tribunales Superiores de Federación cuyo conocimiento corresponde al
Tribunal Supremo de Justicia Deportiva.
Comentário: Neste artigo a legislação brasileira nos fala que as
decisões da Comissão disciplinar caberão ao tribunal de Justiça Desportiva e
deste ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva, assim obedecendo à
hierarquia e ao procedimento a seguir na justiça desportiva brasileira.
Na legislação boliviana podemos associar o art.77 do Decreto Supremo
Nº 27.779 que fala sobre a hierarquia e procedimento a seguir, baseando-se na
competência em razão do território (municipal e departamental) e em razão a
procedência (nacional pelas federações e em última instancia do STDD), com
os arts. 2 e 78 do mesmo D.S. que falam das instancias que seguem na
administração da justiça desportiva
47
Esta comparação nos mostra que o ordenamento jurídico brasileiro em
razão a competências e às instancias é mais breve e está melhor estruturado,
evitando assim o possível retardamento da justiça.
Lei Pelé, § 4o O recurso ao qual se refere o parágrafo anterior será
recebido e processado com efeito suspensivo quando a penalidade exceder de
duas partidas consecutivas ou quinze dias.
Comentário: Comentário: Este artigo da Lei Pelé diz que o recurso que
se refere no parágrafo anterior (Decisões da Comissão Disciplinar caberá
recurso ao tribunal superior de justiça desportiva) tem efeito suspensivo (se
suspende o recurso) quando a penalidade cometida pelo atleta se exceda de
duas partidas consecutivas ou quinze dias.
Não encontrei nada parecido na legislação boliviana estudada, assim
que considero que vale a pena agregar este conceito sobre as penas, na nova
Lei do Desporte boliviano.
Lei Pelé, Art. 54. O membro do Tribunal de Justiça Desportiva exerce
função considerada de relevante interesse público e, sendo servidor público,
terá abonadas suas faltas, computando-se como de efetivo exercício a
participação nas respectivas sessões.
Comentário: Não encontrei na legislação boliviana nenhum artigo que
fale sobre a função que exercem os membros do tribunal, mas ao ter
participação do estado na justiça desportiva e por pertencer a esta (Vice-
ministerio do esporte), se entende que os membros são servidores públicos.
A legislação brasileira fala que os membros do Tribunal exercem função
considerada de interesse público e sendo servidor público, já que o desporte
mesmo sendo regulado por organizações privadas é um direito público de
48
todos os cidadãos, sendo obrigação do estado facilitar a prática, o exercício e a
infraestrutura para a sua realização.
Lei Pelé, Art. 55. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva e os
Tribunais de Justiça Desportiva serão compostos por nove membros, sendo:
(Redação dada pela Lei Nº 9.981, de 2000).
I - dois indicados pela entidade de administração do desporto;
(Redação dada pela Lei Nº 9.981, de 2000).
II - dois indicados pelas entidades de prática desportiva que participem
de competições oficiais da divisão principal; (Redação dada pela Lei Nº 9.981,
de 2000).
III - dois advogados com notório saber jurídico desportivo, indicados
pela Ordem dos Advogados do Brasil; (Redação dada pela Lei Nº 9.981, de
2000).
IV - 1 (um) representante dos árbitros, indicado pela respectiva
entidade de classe; (Redação dada pela Lei Nº 12.395, de 2011).
V - 2 (dois) representantes dos atletas, indicados pelas respectivas
entidades sindicais. (Redação dada pela Lei Nº 12.395, de 2011).
Ley del Deporte Boliviano, ARTICULO 33°.- (Organización).
III. El Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva estará conformado
por los siguientes miembros, preferentemente abogados:
- Un representante del Ministerio de Salud y Deportes.
- Un representante del Viceministerio de Justicia.
- Un representante del Colegio de Abogados de Bolivia.
- Un representante del Consejo Nacional del Deporte, elegido en la
sesión anual del Consejo.
- Un representante de las Federaciones Deportivas Nacionales,
elegido en sesión de la Asamblea Nacional del Deporte.
49
Anexo al D.S. Nº 27.779, ARTICULO 87.- (De la conformación del
Tribunal Supremo). El Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva estará
conformado por los siguientes miembros, preferentemente abogados:
a) Un representante del Ministerio de Salud y Deportes.
b) Un representante del Viceministerio de Justicia.
c) Un representante del Colegio de Abogados de Bolivia.
d) Un representante del Consejo Superior del Deporte, elegido en la
primera sesión anual del Consejo.
e) Un representante de las Federaciones Deportivas Nacionales,
elegido en sesión de la Asamblea Nacional del Deporte.
Comentário: A legislação brasileira nos fala da composição do STJD e
do TJD, que são compostos por nove membros. Na legislação boliviana, os art.
33 da Lei Geral do Desporte e o art. 87 do Anexo ao D.S. Nº 27.779, falam
também da composição do TSDD, composto por 5 membros ( 2 eleitos pelo
estado, coisa que não acontece no Brasil, 1 nomeado pelo Colégio de
Advogados, igualmente à norma brasileira que nomeia a 2, e outros 2 que
representam ao Conselho Superior do Desporte e ás federações desportivas
nacionais, em quanto que no Brasil existe um representante dos atletas e outro
representante dos árbitros, permitindo assim uma maior participação de outras
partes que conformam o desporte obtendo assim um melhor controle das
decisões julgadas, e portanto menor ingerência do estado.
Lei Pelé, § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei Nº 9.981, de 2000)
Comentário: Este artigo está revogado, então não tenho nenhum
comentário.
Lei Pelé, § 2o O mandato dos membros dos Tribunais de Justiça
Desportiva terá duração máxima de quatro anos, permitida apenas uma
recondução. (Redação dada pela Lei Nº 9.981, de 2000)
50
Ley del Deporte Boliviano, ARTICULO 34°.- (Funciones).
El Tribunal Superior de Disciplina Deportiva tiene las siguientes
funciones:
b) Elegir a su Presidente y Vicepresidente, para períodos de un año.
Anexo al D.S. Nº 27.779, ARTICULO 88.- (De las funciones del
Tribunal Superior). El Tribunal Superior de Disciplina Deportiva tiene las
siguientes funciones:
b) Elegir a su presidente y Vicepresidente, por el período de un año.
Comentário: A legislação brasileira nos fala do mandato Máximo dos
membros dos tribunais de justiça e que está permitido ir a apena uma
reeleição.
No regime boliviano não se fala sobre duração da permanência dos
membros nos tribunais de justiça. Somente o art.34 da Lei do Desporte
boliviano, assim como o art. 88 do anexo ao D.S., indicam que entre as funções
do Tribunal Superior de justiça desportiva, está a de eleger um presidente e um
vice-presidente pelo período de um ano, não indicando se poderão ser
reelegidos ou por quanto tempo poderão estar em suas funções, assim
outorgando aos cargos um rango de “cargo político”, já que o governo de turno
ou que queira mudar os funcionários, possa fazer a qualquer momento ao não
estarem tipificados os mandatos.
Lei Pelé, § 3o É vedado aos dirigentes desportivos das entidades de
administração e das entidades de prática o exercício de cargo ou função na
Justiça Desportiva, exceção feita aos membros dos conselhos deliberativos das
entidades de prática desportiva. (Redação dada pela Lei Nº 9.981, de 2000)
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 13º.- (Incompatibilidades).
I. No pueden ejercer funciones en el mismo tribunal o en tribunales
inmediatos en grado de la misma disciplina deportiva, los que fueren parientes
51
hasta el cuarto grado de consanguinidad o tengan relación de afinidad en
primer grado.
II. Tampoco se puede ejercer funciones en causa propia o en la de
parientes en los grados del Parágrafo I, ni en la que tuvieran interés directo por
haber sido abogados, directivos, deportistas, representantes o gestores.
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 14º.- (Impedimentos). Son
impedimentos para ejercer funciones en tribunales de Justicia Deportiva y
Comités de Disciplina, los señalados en el Estatuto del Tribunal Supremo de
Justicia Deportiva
Comentário: Este tanto na legislação brasileira como na boliviana, fala
sobre as pessoas que estão vedadas de exercer funções na justiça desportiva.
No caso brasileiro fala-se de maneira geral e faz uma exceção aos membros
dos conselhos deliberativos das entidades de prática desportiva.
Neste sentido, a lei boliviana é mais específica, pois faz referencia até aos
familiares de quarto grau em consanguinidade ou pessoas que tenham relação
de afinidade em primeiro grau e os estabelecidos no estatuto do Tribunal
Supremo de Justiça Desportiva.
Lei Pelé, § 4o Os membros dos Tribunais de Justiça Desportiva poderão
ser bacharéis em Direito ou pessoas de notório saber jurídico, e de conduta
ilibada. (Redação dada pela Lei Nº 9.981, de 2000)
Ley del Deporte Boliviano, ARTICULO 33°.- (Organización).
III.El Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva estará conformado por
los siguientes miembros, preferentemente abogados:
Anexo al D.S. Nº 27.779, ARTICULO 87.- (De la conformación del
Tribunal Supremo). El Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva estará
conformado por los siguientes miembros, preferentemente abogados:
52
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 5º.- (Funcionarios
Dependientes). El T.S.J.D. tendrá como funcionario dependiente a un
Secretario el cual deberá ser estudiante de Derecho con materias procesales
vencidas y el personal de apoyo que se considere necesario.
Comentário: Comentário: Neste artigo, a legislação brasileira fala
sobre os requisitos que devem cumprir as pessoas que integrem o Tribunal de
Justiça Desportiva.
Isto não ocorre na Bolívia, deixando de exigir importantes requisitos para
os membros que possam exercer estes cargos, assim evitando melhorar a
qualidade dos legisladores, porque no art. 33 da lei do Desporte Boliviano,
assim como no art.87 do D.S. Nº 27.779, somente menciona-se que os
membros sejam de preferência advogados. No mesmo D.S. (art. 5) fala-se que
o TSJD terá como funcionário dependente a um Secretário que deverá ser
estudante de Direito com matérias processuais vencidas.
Lei Pelé, § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei Nº 12.395, de 2011).
Comentário: Este artigo está vetado, então não tem nenhum
comentário.
4.6. Outros artigos da Justiça Desportiva
Comentário: Estes artigos da legislação boliviana dos textos
analisados, falam sobre coisas mais específicas do TSJD, como seu canal
regulador, atribuições do presidente, quórum, férias, aplicação de normas, etc.
que se encontram na legislação brasileira mais especificamente no CBJD.
Esses temas não som comparados porque se encontram no código brasileiro
de justiça desportiva que não e analisado, e por tanto não entram nesse estudo
por isso somente faço referencia.
53
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 3º.- (Conducto regular). El
presidente del T.S.J.D, es el conducto regular por donde deben dirigirse los
despachos y demás comunicaciones oficiales, correspondiéndole a éste
presentarlos en sala para su consideración.
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 4º.- (Atribuciones). El
T.S.J.D. por intermedio de su presidencia, tiene las siguientes atribuciones:
a) Representar al máximo organismo de justicia deportiva en el país.
b) Dirigir la correspondencia suscrita por el tribunal en pleno.
c) Cumplir y hacer cumplir las resoluciones.
d) Velar por la correcta y oportuna administración de justicia deportiva en los
tribunales menores y superiores que sobre materia deportiva existentes en el
país, aplicando las medidas disciplinarias correspondientes.
e) Conocer y resolver las quejas y consultas verbales y escritas de abogados y
personas naturales o jurídicas referidas a tribunales menores de Asociación y
superiores de Federación.
f) Confrontar y rubricar las diferentes comisiones, provisiones y otros
libramientos.
g) Conceder licencias por un máximo de veinte (20) días a uno de sus vocales.
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 6º.- (Oportunidad). El
tribunal Supremo de Justicia deportiva se reunirá ordinariamente a citación
anticipada de su presidente por conducto del Instituto Boliviano del Deporte la
Educación Física y la Recreación – BOLIVIA DEPORTES, tantas veces como
sea necesario para la administración de justicia deportiva.
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 7º.- (Quórum). T.S.J.D.
deliberará y resolverá con la presencia de la mayoría de sus miembros.
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 8º.- (Vacación). El T.S.J.D.
gozara de vacación en pleno, durante el mes de febrero de cada año.
54
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 9º.- (Vigencia). El presente
Estatuto del Tribunal Supremo de Justicia Deportiva, tiene vigencia plena a
partir de la publicación del decreto Reglamentario de la Ley Nº 2770.
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 11º.- (Preferencia en la
aplicación de las normas). Los componentes de Tribunales de justicia
deportiva y Comités de Disciplina son independientes en el ejercicio de sus
funciones y solo están sometidos a las disposiciones legales. En el
conocimiento y decisión de los asuntos, aplicarán la Constitución Política del
Estado con preferencia a las Leyes y éstas con preferencia a las demás
disposiciones. Las Disposiciones Legales especiales serán aplicadas con
preferencia a las generales.
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 12º.- (Aplicación de otras
normas). La administración de justicia deportiva, para su ejercicio podrá utilizar
las disposiciones de los Códigos de Procedimiento Civil y Penal, ley de
Organización Judicial, con los arreglos que sean pertinentes.
Decreto Supremo Nº 27.779, ARTICULO 15º.- (Reuniones).
I. Los Tribunales de Comités y disciplina deportiva se reunirán tantas veces
sea necesario para resolver los casos que sean sometidos a su conocimiento.
II. Las audiencias se efectuarán dentro de las reuniones, con la dinámica e
impulso procesal necesario para que los asuntos se resuelvan dentro de los
plazos previstos en el presente Código.
Anexo al D.S. Nº 27.779, ARTICULO 18º.- (Registros). Cada Tribunal o
Comité de Disciplina, por si o por Secretaría General del Directorio del
Organismo al que represente mantendrán organizados y actualizados, los
siguientes registros:
a) De los casos elevados a conocimiento del tribunal, incluyendo
expedientes
b) De los fallos emitidos, en forma cronológica.
55
c) De las apelaciones concedidas y elevadas.
d) Finalmente de los anteriores tres registros, en un libro denominado
“Copiador” se asentará cada uno de los casos recibidos; en proceso y
resueltos.
Anexo al D.S. Nº 27.779, ARTICULO 83.- (DEL AMBITO DE
APLICACION DE LA DISCIPLINA EN EL DEPORTE). Dentro de la aplicación
del régimen disciplinario, están comprendidos todos los deportistas, dirigentes,
entrenadores, personal técnico, de apoyo, de arbitraje y juzgamiento, de
acuerdo a disposiciones reglamentarias y estatutarias de las entidades que
conforman el Sistema del Deporte Boliviano y del fútbol profesional y asociado.
56
CONCLUSÃO
O esporte é um e fenômeno que envolve uma atividade física
competitiva que está institucionalizada. A transformação de uma atividade
física competitiva em desporte, geralmente envolve a padronização e
imposição de regras e o desenvolvimento formal de habilidades. Em outras
palavras, a atividade se torna padronizada e regularizada.
Além disso, as Constituições Políticas dos Estados, Tratados e
Convenções Internacionais, assim como as legislações regionais e nacionais
evidenciam que o desporte já é considerado como um direito humano. Isto faz
que tenha uma grande importância na vida diária e cotidiana dos seres
humanos. A imposição de regras para o cumprimento do jogo de qualquer
esporte e do ‘Fair Play’ é para o melhor desenvolvimento da prática desportiva.
Ao existir repetidamente o incumprimento dos atletas e desportistas com
as organizações desportivas, foram criados os Tribunais de Justiça Desportiva,
com o fim de fazer-se cumprir as normas dos jogos e sancionar de melhor
forma aos infratores. Por esta razão, neste trabalho, analiso e comparo os
sistemas jurídicos desportivos do Brasil e da Bolívia. O brasileiro composto
pela Lei Pelé, assim criando seu próprio código de justiça desportiva (CBJD)
fato muito importante, e o boliviano, com a Lei de Desporte Boliviano, o Decreto
Supremo Nº 27.779 e seu Anexo do mencionado D.S., não criando seu próprio
código de justiça desportiva, juntando assim toda a regulamentação, funções,
atribuições e sanções nas suas normas desportivas.
Primeiramente, pude perceber que no caso brasileiro, a justiça
desportiva tem um caráter de rango constitucional, um limite formal de
conhecimento dos litígios desportivos perante o poder judiciário, vinculando ao
esgotamento das instâncias da justiça desportiva para acudir ao judiciário,
dando-lhe autonomia ao desporte, um fato muito importante, já que na
57
legislação Boliviana, somente encontram-se na sua Constituição os deveres do
Estado no desporte.
Outro ponto importante é a manutenção dos órgãos de justiça
desportiva, dando a eles a função de promover e manter os custos financeiros
dos órgãos de administração do desporte (Privados) que funcionam junto a
eles (confederações, federações). Isso não significa que essas organizações
tenham poder sobre os órgãos de justiça desportiva, porque estes têm
autonomia sobre o seu funcionamento, não devendo assim, render contas a
ninguém. Todo isto da uma natureza jurídica de caráter privado a justiça
desportiva, pois estão vinculados as entidades de administração do desporte
que são pessoas de direito privado e regulam a competição desportiva
organizada e praticada por entes privados.
No caso boliviano, a justiça desportiva depende do estado (El Instituto
Boliviano del Deporte, la Educación Física y la Recreación – BOLIVIA
DEPORTES), portanto é negado em alguns casos liberdade, autonomia e
independência ao poder judiciário do desporte, assim dando um caráter publico
a justiça desportiva.
Outro ponto a ser ressaltado é que o sistema jurídico desportivo
brasileiro está composto do STJD a nível nacional e os TJD a nível estadual,
tendo ambos, tantas comissões como sejam necessárias, essa composição em
todas as disciplinas desportivas praticadas no Brasil. Na Bolívia ficou
estabelecido que a justiça desportiva fosse regida de maneira piramidal, sendo
o STDD a máxima instancia, seguido dos Tribunais Superiores das Federações
(âmbito nacional), os Tribunais de Penas das Associações Departamentais
(âmbito departamental) os Comitês de Disciplina das Associações Municipais
(âmbito municipal) e por último, os Comitês de Disciplina das Ligas
Desportivas. Isto faz com que o sistema judicial desportivo boliviano esteja
centralizado, excetuando o futebol que possui seu próprio sistema judicial.
58
Este tipo organizacional faz que exista maior burocracia e, portanto maior
retardação de justiça.
Outro ponto importante sobre os tribunais da justiça desportiva e sua
composição e que no Brasil esta composto de 9 membros propostos por
diversas entidades do desporto como por exemplo o colégio de árbitros,
representante dos atletas, a ordem dos advogados do Brasil, etc. Na Bolívia a
composição e composta de 5 membros mais a maioria são elegidos por o
estado não permitindo uma maior participação de outras partes que conformam
ativamente o desporte.
Contudo podemos chegar à conclusão que a legislação brasileira
estrutura melhor o tema analisado (Justiça Desportiva), dando-lhe um nível
constitucional e sobre tudo, dando-lhe ao desporte e à justiça desportiva
autonomia de gestão em quanto à sua organização e funcionamento,
melhorando desta forma o desempenho das suas organizações assim como
dos administradores de justiça desportiva e do desporte no país.
59
ANEXOS
ANEXO 1. Lei Pelé. Capitulo VII. Da Justiça Desportiva.
ANEXO 2. Lei do Esporte Boliviano. Titulo VI. Capitulo I. Disciplina del
Deporte.
ANEXO 3. D.S. Nº 2.779. Anexo IV. Código Nacional de Penas. Título
Primero. Tribunal Supremo de Justicia Deportiva.
ANEXO 4. Anexo al D.S. Nº 27.779. Capítulo X. Del Subsistema Disciplina-
rio. Seccion I. De la Disciplina en el Deporte.
60
ANEXO 1
Lei Pelé. Capitulo VII. Da Justiça Desportiva
Art. 49 Justiça Desportiva a que se referem o Art. 1 e 2 da CFB e Art 33 da lei 8028 regula-se pelas disposições deste Capítulo.
A organização, o funcionamento e as atribuições da Justiça Desportiva, limitadas ao processo e julgamento das infrações disciplinares e às
competições desportivas, serão definidos nos Códigos de Justiça Desportiva.
§ 1o Transgressões relativas à disciplina e às competições desportivas.
§ 2o As penas disciplinares não serão aplicadas aos menores de quatorze anos.
§ 3o As penas pecuniárias não serão aplicadas a atletas não-profissionais.
§ 4o Compete às entidades de administração do desporto promover o custeio do funcionamento dos órgãos da Justiça Desportiva.
Art. 51 O disposto nesta Lei sobre Justiça Desportiva não se aplica aos Comitês Olímpico e Paraolímpico Brasileiros.
Art. 52 Os órgãos integrantes da Justiça Desportiva são autônomos e independentes das entidades de administração do desporto de cada sistema.
§ 1o Decisões finais dos Tribunais de Justiça Desportiva são impugnáveis nos termos gerais do direito.
O recurso ao Poder Judiciário não prejudicará os efeitos desportivos validamente produzidos em conseqüência da decisão proferida pelos Tribunais
de Justiça Desportiva.
STJD, para julgamento envolvendo competições interestaduais ou nacionais, e nos TJD, funcionarão tantas Comissões Disciplinares quantas se
fizerem necessárias compostas cada qual de 5 membros.
11 (VETADO)
12 Comissão Disciplinar aplicará sanções em procedimento sumário, assegurados a ampla defesa e o contraditório
13 Das decisões da Comissão Disciplinar caberá recurso ao Tribunal de Justiça Desportiva e deste ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
O recurso ao qual se refere anterior será recebido e processado com efeito suspensivo quando a penalidade exceder de duas partidas consecutivas
ou 15 dias.
15 O membro do Tribunal de Justiça Desportiva exerce função considerada de relevante interesse público.
16 O Superior Tribunal de Justiça Desportiva e os Tribunais de Justiça Desportiva serão compostos por nove membros:
17 (Revogado)
18 Mandato dos membros dos Tribunais de Justiça Desportiva terá duração máxima de quatro anos, permitida apenas uma recondução
19 É vedado aos dirigentes desportivos das entidades de administração e das entidades de prática o exercício de cargo ou função na Justiça Desportiva.
20 Membros dos Tribunais de Justiça Desportiva poderão ser bacharéis em Direito ou pessoas de notório saber jurídico, e de conduta ilibada.
21 (VETADO)
14
Art. 50
9
10
LEY PELE
61
ANEXO 2
Lei do Esporte Boliviano. Titulo VI. Capitulo I. Disciplina del Deporte
Art. 32 (Objeto y Aplicación)
Están comprendidos, en el campo de aplicación del régimen disciplinario, los deportistas, dirigentes,entrenadores, personal técnico, de apoyo,
de arbitraje y juzgamiento
El campo de acción del régimen disciplinario en el deporte abarca cumplimiento de las reglas de juego para cada disciplina deportiva, la
violencia en los escenarios deportivos y el control del "doping".
Art. 33 (Organización)
Los organismos competentes para ejercer la disciplina deportiva son el TS d Disciplina Deportiva, los Tribunales d Disciplina Deportiva de las
federaciones nacionales, d las ligas deportivas locales, d las asociaciones municipales que se rigen por sus propios reglamento
§ II El Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva es el órgano de decisión de máxima
§ III Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva estará conformado por los siguientes miembros
Art. 34 (Funciones) El Tribunal Superior de Disciplina Deportiva tiene las siguientes funciones:
A) Reglamentar su funcionamiento
B) Elegir a su Presidente y Vicepresidente, para períodos de un año
Tramitar y resolver, en última instancia, los recursos interpuestos contra las decisiones pronunciadas por los Tribunales Deportivos de las
federaciones nacionales, de las ligas deportivas locales, d las asociaciones municipales que se rigen por sus propios reglamento
D) Tramitar y resolver en única instancia, sobre las faltas cometidas por los miembros de los Tribunales Deportivos de las Federaciones
E) Revisar los procesos disciplinarios tramitados por los Tribunales Deportivos de los clubes, asociaciones, ligas y federaciones
F) Revisar los conflictos de competencias que se presenten entre Tribunales Deportivos de inferior jerarquía
G) Servir como órgano de consulta a los demás Tribunales Deportivos y demas
H) Conocer y resolver, en única instancia, sobre las faltas cometidas por los miembros de delegaciones deportivas en competiciones
internacionales
I) Queda excluido de los alcances del Tribunal Supremo de Disciplina Deportiva: el fútbol, por estar sujeto a normas FIFA
LEY DEL DEPORTE BOLIVIANO
§ I
§ II
§ I
C)
62
ANEXO 3
D.S. Nº 2.779. Anexo IV. Código Nacional de Penas. Título Primero. Tribunal Supremo de Justicia Deportiva.
Art.
Art. 1 (Jurisdicción)
Art. 2 (Competencia)
Art. 3 (Conducto Regular) Art. 4 (Atribuciones)
Art. 5 (Funciones Dependientes)
Art. 6 (Oportunidad)
Art. 7 (Quórum)
Art. 8 (Vacación)
Art. 9 (Vigencia)
Art. 10 (Ejercicio)
Art. 11 (Preferencia en la Aplicación de las Normas)
Art. 12 (Aplicación de otras Normas)
Art. 13 (Incompatibilidades)
§ I No pueden ejercer funciones en el mismo tribunal en grado de la misma disciplina deportiva, parientes hasta el 4 grado de consanguinidad
§ II Tampoco se puede ejercer funciones en causa propia o en la de parientes Art. 14 (Impedimentos) Art. 15 (Reuniones) § I Los Tribunales de Comités y disciplina deportiva se reunirán tantas veces sea necesario
§ II Las audiencias se efectuarán dentro de las reuniones, con la dinámica e impulso procesal necesario
Art. 16 (Sujetos Procesales) Art. 17 (Acción)
§ I
Instituto Boliviano del Deporte, la Educación Física y la Recreación, COBol, Direcciones Departamentales y Municipales, promoverán ante los Tribunales componentes,
el procedimiento en la justicia deportiva de las personas naturales y/o jurídicas
§ II Las Federaciones, Asociaciones y Liga de Fútbol Profesional Boliviano, elevarán en primera instancia ante los tribunales correspondientes, los casos suscitados
§ III Las entidades deportivas descritas en el Artículo 16° podrán acudir directamente o por conducto de sus organismos afiladores ante los tribunales correspondientes
Art. 18 (Registros)
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ANEXO 4
Anexo al D.S. Nº 27.779. Capítulo X.
Del Subsistema Disciplinario. Sección I. De la
Disciplina en el Deporte.
Art. ANEXO AL D.S.N°27779
Art. 82 ( Del Objeto de la disciplina en el Deporte)
Art. 83 (Del ámbito de aplicación de la disciplina en el Deporte)
Art. 84 (De los órganos competentes)
Art. 85 (De la competencia del Tribunal Supremo)
Art. 86 (Del Código Nacional de penas)
Art. 87 (De la conformación del Tribunal Supremo)
Art. 88 (De las funciones del Tribunal Superior)
64
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1. Anexo al DS Nº 27.779 Reglamento a la Ley del Deporte, 2004.
2. Código Disciplinario de la Federación Boliviana de Futbol, 2007.
3. Código de Procedimiento Disciplinar Deportivo de la Federación
Boliviana de Futbol. 2007.
4. Congresso Nacional. Lei 9.615 Lei Pele. Brasília-DF, 1998.
5. Congresso Nacional. Lei 10.671 Estatuto do Torcedor. Brasília-DF, 2003.
6. Constituição da República Federativa do Brasil. Serie Legislação
Brasileira, Editora Saraiva, 1988.
7. Constitución del Estado Plurinacional de Bolivia, 2009.
8. DELBIN, Gustavo, FERREIRA DA COSTA SILVA, Rodrigo, GRICHE,
Ricardo, Elementos de Direito Desportivo Sistêmico, Editora Quartier
Latin do Brasil, 2008.
9. Estatuto Orgánico de la Federación Boliviana de Futbol, 2007.
10. Gillet, Bernard. Historia del Deporte. Editorial Oikos−tau S.A.−Ediciones
Barcelona− España Primera edición en castellano en 1971.
11. Legislação de Direito Desportivo, Serie Legislação Brasileira, Editora
Saraiva, 2011.
65
12. Ley del Deporte Boliviano Nº 2.770, 2004.
13. MELO FILHO, Álvaro. Nova Lei Pele Avanços e Impactos, Editora
Maquinaria, 2011.
14. MESA GUISBERT, Carlos D. La epopeya del futbol boliviano. PAT,1994.
15. NEVES MIRANDA, Martinho, O Direito no Desporto, Editora Lumen
Juris, 2011. 2 Edição.
16. NUÑEZ JIMENEZ, Fernando Edgar, Investigación Jurídica, Editorial El
País 2010.
17. RIVERO JORDAN, Pedro Fernando, Retazos de Historia 1910-2010,
100 años del futbol cruceño, Editorial La Hoguera 2009.
18. Reglamento a la Ley del Deporte (Ley Nº 2.770), DS Nº 27.779, 2004.
19. Resolução do Conselho Nacional do Esporte n.1, Código Brasileiro de
Justiça desportiva, 2003.
20. SCHMITT DE BEM, Leonardo, TEIXEIRA RAMOS,Rafael, Direito
Desportivo tributo a Marcilio Krieger, Editora Quartier Latin, 2009.
21. Servulo da Cunha, Sergio, Dicionário Compacto de Direito, Editora
Saraiva, 2010.
66
BIBLIOGRAFIA CITADA
1. Bernard Gillet. Historia del Deporte. Editorial: Oikos−Tau. S.A.−Ediciones
Barcelona− España Primera edición en castellano en 1971. .
2. Valdir Barbanti. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde Escola de
Educação Física e Esporte da USP.
3. Historia Del Deporte. (2012, April 17). Buenas Tareas.com. Retrieved from http://www.buenastareas.com/ensayos/Historia-Del-eporte/3914983.html.
4. Bruce Kidd. Los derechos humanos en el deporte. Educación Física y
Deportes.
5. http://portal.unesco.org/es/ev.php-
URL_ID=13150&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201. Htm.
6. Martinho Neves Miranda. O Direito no Desporto, 2ª.Edição. Editora Lumen
Juris, 2011 pagina 23-24.
7. http://pt.wikipedia.org/wiki/Desporto.
8. Revista Brasileira de atividade física & saúde,
http://www.sbafs.org.br/_artigos/25.pdf .
9. Gustavo Delbin, Rodrigo Ferreira da Costa Silva y Ricardo Graiche.
Elementos de direito desportivo sistêmico, Editora quartier latin do Brasil,
outono de 2008. Pagina 16-20.
10. http://www.trt21.jus.br/ej/pdfs/cursos-realizados/Lei-do-Atleta.pdf.
11. Krieger, Marcilio. Revista Brasileira de Direito Desportivo. São Paulo:
Editora OAB/SP, 2002. Vol. I, Pag. 40
12. Histórico - Justiça Desportiva:
http://justicadesportiva.uol.com.br/jdlegislacao_historico.asp.
67
13. Gustavo Delbin, Rodrigo Ferreira da Costa Silva y Ricardo Graiche.
Elementos de direito desportivo sistêmico. Editora Quartier Latin do Brasil,
outono de 2008. Pagina 72.
68
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
– Aspectos Conceituais. 9
– Os Direitos Humanos no esporte. 11
CAPÍTULO I
Esporte Boliviano. 14
1.1. – Historia da Lei Desportiva Boliviana. 14
CAPÍTULO II
Desporto Brasileiro. 18
2.1. – História da Lei Desportiva Brasileira. 19
CAPÍTULO III
Justiça Desportiva. 23
3.1. – A Justiça Desportiva. 23
3.1.1. – A Justiça Desportiva no Brasil. 24
3.1.2. – A Justiça Desportiva na Bolívia. 26
CAPÍTULO IV
Análise jurídico-comparativa sobre a justiça desportiva
no Brasil e na Bolívia. 28
4.1 – Nomenclatura a utilizar 28
4.2 – Analise jurídico comparativa 28
69
4.3. – Constitucionalização da justiça desportiva 29
4.4. – Organização, funcionamento e atribuições da
justiça desportiva 31
4.5. – Jerarquia e composição da justiça desportiva 43
4.6. – Outros artigos da justiça desportiva 52
CONCLUSÃO 55
ANEXOS 58
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 63
BIBLIOGRAFIA CITADA 65
ÍNDICE 67
FOLHA DE AVALIAÇÃO 69