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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A PSICOPEDAGOGIA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR Por: Rosana Ferrante da Silva Orientadora Prof.ª Dayse Serra Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A PSICOPEDAGOGIA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Por: Rosana Ferrante da Silva

Orientadora

Prof.ª Dayse Serra

Rio de Janeiro

2010

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A PSICOPEDAGOGIA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez

do Mestre como requisito parcial para obtenção

do grau de especialista em Psicopedagogia.

Por: Rosana Ferrante da Silva

3

AGRADECIMENTOS

... a todos os professores e as amigas do curso que tanto me ajudaram a compreender melhor o que é ser um psicopedagogo.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, força iluminadora que não nos permite desistir diante dos obstáculos da vida, aos meus queridos pais (Carlos Alexandre e Silvana), a minha irmã Rosele e ao meu namorado Francisco, sempre incentivadores da minha busca pelo aperfeiçoamento da profissão de educadora.

5

RESUMO

Esta monografia apresenta o estudo do conceito de psicopedagogia, pois esta é um campo de estudos recente que vem adquirindo destaque no ambiente escolar e despertando cada vez mais o interesse de profissionais que estão ligados a educação. Também, este trabalho mostra o objeto de estudo da psicopedagogia, ou seja, o principal foco de pesquisa que norteia o trabalho dos psicopedagogos é o processo de aprendizagem. A psicopedagogia surgiu justamente diante de uma demanda escolar, em que as questões da dificuldade de aprendizagem começaram a serem debatidas no cenário da educação, e, nessa discussão, a preocupação com o fracasso escolar. Se a psicopedagogia trabalha com o complexo ato de aprender, este estudo revela quais as contribuições que o psicopedagogo pode oferecer para melhorar o desempenho do rendimento escolar dos alunos, e, dessa forma, tentar garantir a diminuição da questão da evasão, e, sobretudo, do fracasso escolar.

Palavras-chave: Psicopedagogia, Aprendizagem e Escola.

.

6

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa teórica, de abordagem bibliográfica, e tem como base de estudo os autores: BOSSA, SCOZ, BEAUCLAIR, WEISS, dentre outros.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O CONCEITO DE PSICOPEDAGOGIA 10

CAPÍTULO II

O PROCESSO DE APRENDIZAGEM COMO OBJETO

DE ESTUDO DO PSICOPEDAGOGO 16

CAPÍTULO III

AS CONTRIBUIÇÕES DO PSICOPEDAGOGO NA

ESCOLA 26

CONCLUSÃO 36

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 38

ÍNDICE

8

INTRODUÇÃO

Esta monografia tem como tema de estudo “A psicopedagogia na

instituição escolar”.

Nas escolas nem sempre o profissional de educação consegue verificar

o sucesso na aprendizagem por parte da maioria dos alunos. O professor

depara-se com o bom ou mal desempenho dos discentes.

Também, nota-se uma crescente preocupação das escolas e dos

responsáveis dos alunos para que os aprendizes tenham um ótimo resultado

em relação às disciplinas ministradas nas escolas, pois, tendo uma boa

formação no ensino fundamental e no ensino médio, esses estudantes podem

alcançar uma colocação no mercado de trabalho.

No entanto, como profissional que trabalha numa instituição escolar,

anualmente, observo um índice grande de repetências e dificuldades de

aprendizagem entre os alunos das escolas, levando em conseqüência a

evasão dos estudantes.

Quando decidi fazer uma especialização na área de psicopedagogia,

descobri logo no início das aulas que o psicopedagogo trabalha com o

processo de aprendizagem. Então, esta monografia aborda como questão

central, as contribuições que o psicopedagogo pode oferecer para a instituição

escolar, visto que este profissional atua com o processo de aprendizagem.

A psicopedagogia tem sido uma área de estudo muito procurada pelos

educadores, pois lida com o processo de aprendizagem. O capítulo I aborda o

conceito de psicopedagogia e o seu objeto de estudo. Este primeiro capítulo é

de extrema importância para os estudantes que procuram esta especialização,

pois os discentes demonstram várias dúvidas acerca da definição da

9 psicopedagogia. Ou seja, a psicopedagogia é uma junção de psicologia com

pedagogia? O psicopedagogo tem só como foco de estudo o trabalho com a

equipe de professores da escola ou somente com o aluno durante as aulas

aplicadas no decorrer do ano letivo? Logo, este capítulo I tem como finalidade

ser esclarecedor do que é o conceito e o foco de atuação da psicopedagogia.

No capítulo II, identifico como a psicopedagogia se posiciona em

relação ao processo de aprendizagem, isto é, se os alunos têm demonstrado

dificuldades na aprendizagem, quais são os fatores que estão levando a este

“fracasso escolar”? Será que é culpa da família, da escola ou do próprio

estudante? Que falha pode estar havendo nesse processo de aprendizagem

que se torna um obstáculo para que os alunos consigam um bom desempenho

escolar?

Com base nos capítulos I e II, que já tratam do conceito, do foco de

atuação do psicopedagogo na escola e como esse profissional lida com o

processo de aprendizagem, finalmente, o capítulo III pode desvelar as

principais contribuições do psicopedagogo no espaço escolar. Será que o

psicopedagogo pode prevenir e, possivelmente, sanar os problemas de

aprendizagem já instalados no aluno, possibilitando um maior desenvolvimento

cognitivo e de desempenho no rendimento do estudante na escola?

Conclui-se que esta monografia é de fundamental importância para os

profissionais que queiram entender mais sobre o conceito de psicopedagogia,

as contribuições que pode trazer para a educação, e, dessa forma, despertar

cada vez mais o interesse e, por conseqüência, aumentar o número de alunos

inscritos no curso de psicopedagogia.

10

CAPÍTULO I

O CONCEITO DE PSICOPEDAGOGIA

As instituições de ensino têm seus conteúdos para ensinar aos alunos,

mas, muitas vezes, estes não conseguem aprender de maneira satisfatória,

resultando numa preocupação tanto dos educadores quanto dos responsáveis

dos alunos em relação a este fracasso escolar.

Os profissionais, que têm contato com situações ligadas ao processo de

aprendizagem de um individuo, começam a buscar soluções para entender a

razão de tanta dificuldade em aprender e como contribuir para solucionar os

problemas gerados pelo fracasso escolar.

Assim, a psicopedagogia surge como uma área de estudo que luta por

uma melhoria na qualidade de como ensinar para os alunos e um alcance de

uma relação mais positiva entre alunos e docentes.

A Psicopedagogia tem se estruturado como um corpo de

conhecimentos, que nele estão inseridos a prática como as teorias que

embasam esta recente área de estudos. A psicopedagogia já possui uma

Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) , que tem sua fundação na

década de 80, e tem como característica ser uma instituição de cunho

científico-cultural, que vem contribuindo para delinear sua prática

psicopedagógica, e, principalmente, reforçar a importância de um

psicopedagogo nas escolas, visto que essa nova área de estudo não é

regulamentada no Brasil e, portanto, os psicopedagogos não são tão

valorizados quanto o pedagogo, orientadores educacionais, psicólogos e

coordenadores.

11 A Associação Brasileira de Psicopedagogia redigiu o Código de Ética

dos psicopedagogos que entrou em vigor após sua aprovação em Assembléia

Geral, realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia da ABPp em

12/07/1997. Nesse Código de ética, citado por Nadia Bossa em seu livro “A

psicopedagogia no Brasil, contribuições a partir da prática”, pode-se encontrar

a definição do que é a psicopedagogia. Então,

“Artigo1 A psicopedagogia é um campo de atuação em educação e saúde que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio – família, escola e sociedade – no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia.” (Código de ética da ABPp, apud BOSSA, Nadia, 2007, p. 95).

Para esclarecer ainda melhor o que é psicopedagogia, o artigo

“Psicopedagogia e escola: um vínculo natural”, escrito pelas autoras Clara Geni

Berlim e Fabiane Ortiz Portella, revela que essa área de estudo tem como o

interesse principal o fenômeno da aprendizagem, propondo uma intervenção

nos obstáculos que levam os aprendizes a não se desenvolverem no seu

processo de adquirir conhecimentos e, além disso, tenta promover estratégias

para melhorar o desenvolvimento do aprender.

O psicopedagogo pode atuar em instituições educacionais, em

consultórios, em empresa, em hospitais, e atende a um público alvo que

compreende crianças, adolescentes, e, até mesmo, idosos. Contudo, esta

monografia tem como ênfase o estudo da psicopedagogia e suas contribuições

para o desenvolvimento da aprendizagem nas escolas.

Segundo BARBOSA, Laura Monte Serrat (2007) o termo psicopedagogia

já é subdividido em psicopedagogia institucional, psicopedagogia clínica,

psicopedagogia empresarial e outras. Todavia, o que a autora apresenta é que

12 temos que observar que o objeto de estudo da psicopedagogia, ou seja, a

aprendizagem é a mesma em todos os espaços de atuação da

psicopedagogia. Logo:

“Somos especialistas em aprendizagem, independente do espaço no qual essa aprendizagem se processa. (...) Dessa forma, não existe uma Psicopedagogia Institucional, e sim uma Psicopedagogia que está sendo desenvolvida dentro de uma instituição, num âmbito específico”. (BARBOSA, Laura Monte Serrat, 2007, p. 46 e p.49).

Na busca de compreender melhor o que é a psicopedagogia, o artigo 2

do Código de ética da ABPp traz mais subsídios para o entendimento, então:

“Artigo 2 – A psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprias. (Código de ética da ABPp, apud BOSSA, Nadia, 2007, p. 95).

Conforme Bossa (2007), vários autores, que se dedicam ao estudo da

psicopedagogia, relatam que esta área assume um caráter interdisciplinar,

com a finalidade de entender mais eficazmente o processo de aprendizagem

dos alunos. Pode-se citar quatro estudiosos, entre outros, que registram a

interdisciplinaridade da psicopedagogia, como João Beauclair, Beatriz Scoz e

Clara Geni Berlim e Fabiane Ortiz Portella.

Segundo Beauclair (2009), para esclarecer melhor o complexo processo

de aprendizagem, nas dificuldades ou nas estratégicas benéficas a melhoria

do rendimento escolar do educando, faz-se necessário o uso da integração

das diferentes ciências e disciplinas, como: a Psicologia, a Psicanálise, a

Filosofia, a Pedagogia, a Neurologia, entre outras.

13 Este autor, mencionado acima, ainda, propõe que os psicopedagogos

freqüentem cursos de formação presencial, pois, nesta modalidade de curso,

os alunos podem ter uma visão ampliada sobre os diversos temas que são

importantes para a psicopedagogia, por exemplo, o estudo da cognição, do

desejo, das estruturas mentais, dos jogos e brinquedos, da metodologia

científica, dos transtornos de aprendizagem, além de outros assuntos.

Scoz (2008) afirma este caráter interdisciplinar da psicopedagogia, e o

uso de várias ciências podem contribuir para que os educadores tenham uma

visão mais globalizante do processo de aprendizagem. Também, os

profissionais precisam entender que o uso de uma só teoria não é o bastante

para chegar o entendimento do complexo ato de aprender, em vista da

multiplicidade de fatores nos quais as diversas ciências podem colaborar com

a finalidade do alcance de um melhor desempenho dos alunos nas escolas.

Para esclarecer mais este conceito de psicopedagogia, a autora citada

acima revela que:

“A Psicopedagogia, área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e com os problemas dele decorrentes, recorrendo aos conhecimentos de várias ciências, sem perder de vista o fato educativo, nas suas articulações sociais mais amplas.” (SCOZ, 2008, p.12)

De acordo com Clara Geni Berlim e Fabiane Ortiz Portella (2007), a

psicopedagogia é uma área de estudo recente no Brasil e trabalha com a

união de diferentes conhecimentos de outras ciências, integrando os aspectos

pedagógicos e emocionais, assim como, os processos de desenvolvimento de

aprendizagem do indivíduo.

A psicopedagoga Grácia Maria Fenelon (2007) também aborda a

questão da interdisciplinaridade, e segundo a autora, a reunião de diversas

disciplinas e áreas de conhecimento possibilita uma visão mais esclarecedora

e ampliada da realidade do desenvolvimento do aprender. Porém, para o

14 profissional lidar bem com a interdisciplinaridade, este tem que assumir uma

postura de busca e envolvimento diante do conhecimento adquirido.

Assim, Grácia Fenelon (2007) contribui para a compreensão de que se

devem respeitar as fronteiras de cada área de conhecimento, todavia, como a

autora apresenta:

“... se rompe com a concepção de que o conhecimento se processa em campos fechados. Respeitam-se territórios, identidades, discriminando-os em seus pontos comuns e naqueles que os diferenciam” (FENELON, 2007, p. 83).

Conforme o Código de ética, redigido pela ABPp, no seu artigo 6, o

psicopedagogo deve ter uma atitude de crítica e de respeito em relação às

variadas visões de mundo, e, além disso, deve comprometer-se unicamente

com as responsabilidades para as quais esteja preparado dentro dos limites da

competência psicopedagógica

Com a definição de que a psicopedagogia é interdisciplinar, não é mais

significativo entender que a psicopedagogia é uma junção de psicologia com

pedagogia, pois os psicopedagogos possuem instrumentos próprios de

trabalho. Relembrando o conceito de interdisciplinaridade, esta consiste em

inventar um objeto novo que não pertença a nenhuma outra disciplina ou

ciência.

Segundo Beauclair (2009), o senso comum acredita que a

psicopedagogia reúne conhecimentos provenientes da Psicologia e da

Pedagogia, até em razão de sua denominação, isto é, psicopedagogia –

psicologia mais pedagogia – e, durante a pesquisa feita nesta monografia, é

possível constatar que essa definição da psicopedagogia é muito reducionista

diante do seu caráter interdisciplinar e, por conseguinte, da visão global que o

uso de várias ciências pode contribuir, visando à melhor compreensão do

complexo ato de aprender.

15 De acordo com Bossa (2007), a psicopedagogia não é uma mera

aplicação da psicologia à pedagogia, até porque a autora revela que essa

junção não resolveria a problemática do que resultou no surgimento da

psicopedagogia, ou seja, as inúmeras reclamações dos profissionais de

educação sobre o problema de aprendizagem escolar, resultando no fracasso

escolar.

Para a compreensão mais satisfatória de que está interseção da

psicologia com a pedagogia não soluciona a questão do problema de

aprendizagem, Nadia Bossa ressalta que:

“A psicologia oferece à pedagogia um conhecimento sobre a aprendizagem que considera o ser humano de um modo genérico, desvinculado dos conteúdos de ensino. A psicopedagogia é agregadora, pois articula o significado dos conteúdos com o sujeito que aprende.” (BOSSA, 2007, p.69)

A seguir, o capítulo II, desta monografia, apresenta uma reflexão acerca

do objeto de estudo da psicopedagogia. Mais especificamente, a preocupação

da psicopedagogia é com o estudo do processo de aprendizagem, mas

também, com o indivíduo que está construindo os conhecimentos – os

conteúdos – e, sobretudo, articulado com a parte emocional que o aprendiz

necessita para um melhor desempenho nos seus estudos.

16

CAPÍTULO II

O PROCESSO DE APRENDIZAGEM COMO OBJETO DE

ESTUDO DO PSICOPEDAGOGO

“É triste falhar na vida; porém mais triste ainda é não tentar vencer.” Franklin Roosevelt

O conceito de aprendizagem foi modificando ao longo da história da

educação brasileira.

Na escola tradicional, a equipe educacional tinha como concepção de

aluno aquele que chegava à escola como folhas de papel em branco, em que

os professores transmitiam os conteúdos e os alunos escutavam

passivamente, sem existir um diálogo entre quem ensina e quem está

aprendendo, pois o docente era o único que possuía o conhecimento

verdadeiro.

Portanto, os professores escreviam nessas “folhas de papel branco”, ou

seja, os alunos, e se estes não aprendessem os conteúdos, os únicos culpados

seriam os discentes, porque a equipe da escola não avaliava a metodologia

utilizada pelos mestres, as condições funcionais e estruturais da escola e,

muito menos, se questionava o que estava acontecendo com os alunos que

estavam com dificuldades de aprendizagem.

A visão de ensino da escola tradicional foi modificando seu significado

com a chegada das idéias da escola nova. Esta levava em consideração as

potencialidades dos indivíduos, as diferenças que cada aluno apresenta no

momento da aprendizagem. Todavia, a escola nova usava testes psicométricos

como instrumento de avaliação dos alunos e estes testes, ao longo de seu

17 emprego na escola, foram se apresentando como uma forma de rotular os

discentes, isto é, o aprendiz que conseguia um ótimo resultado no teste era o

aluno inteligente, e aquele que não alcançava um bom rendimento no teste, o

aprendiz era rotulado como burro pelos colegas de turma, pelos próprios

professores, e até mesmo, pela família.

O debate sobre o fracasso escolar foi surgindo ao longo do tempo entre

os profissionais de educação, suscitando em diversas teorias. Uma delas é a

teoria da carência cultural, especificando melhor, é uma teoria que tem como

significado considerar que os alunos, provenientes de família de baixa renda,

não tiveram um estímulo cultural adequado, e somente a cultura produzida pela

classe dominante seria um conhecimento propício para curar as deficiências

escolares dos aprendizes de classe econômica menos favorecida.

A psicopedagoga Beatriz Scoz revela uma informação interessante

sobre o entendimento da precariedade do ensino, a saber:

“Os diagnósticos sobre a precariedade da escola pública de primeiro grau continuam convivendo com a ideia de que as crianças pobres – sujas, doentes, indisciplinadas, vindas de famílias desarticuladas – são despreparadas para aprender.” (SCOZ, 2008, p. 11).

Nos séculos XVIII e XIX, o progresso das ciências médicas e biológicas

fez com que o problema de aprendizagem dos alunos fosse justificado pelo

viés orgânico, ou seja, o discente não conseguia aprender determinado

conteúdo, porque, na sua estrutura física ou mental, ele possuía algum tipo

de desajuste, como desnutrição, problemas genético, neurológico, dentre

outros, que impedia o sucesso do aluno no complexo ato de aprender.

Logo, do ponto de vista orgânico, se os alunos tivessem um mau

desempenho nos resultados das provas da escola, a culpa não recaía no

método de ensino dos professores, ou numa possível condição de falta de

18 infraestrutura da escola, mas sim, o culpado era o aluno, pois este era

considerado deficiente.

O livro “Diário de Escola”, de Daniel Pennac, conta a trajetória do

escritor como estudante, que foi considerado pelos familiares e professores

uma criança com dificuldades de aprendizagem, e, como superou estas

dificuldades, tornando-se um professor universitário de língua francesa.

Daniel Pennac nasceu em Casablanca, Marrocos, em 1944. Atualmente,

Daniel tem 66 anos de idade e, no mês de setembro de 1969, entrou pela

primeira vez numa sala de aula como professor, apesar de, ao longo de seu

percurso escolar, Pennac fosse considerado um aluno lerdo e incapaz.

O que se pretende a seguir, com a leitura de um trecho do livro de

Daniel Pennac, é suscitar uma reflexão no leitor desta monografia se

realmente o viés orgânico é o único fator decisivo para o aluno não obter um

bom resultado na escola. Segue o trecho do livro:

“Filho da burguesia do Estado, saído de uma família afetuosa, sem conflito, cercado de adultos responsáveis que me ajudavam a fazer meus deveres... Pai politécnico, mãe em casa, nada de divórcio nem alcoólatras, sem temperamentos fortes, sem taras hereditárias, três irmãos em faculdade (dois matemáticos e engenheiros, um oficial), ritmo familiar regular, alimentação sadia, biblioteca em casa...” (PENNAC, 2008, p. 21)

.

Com base no exemplo citado acima, Daniel Pennac foi um estudante

que tinha um apoio familiar, pois os pais o auxiliavam para fazer o dever de

casa, possuía uma alimentação sadia e tinha uma biblioteca em casa, o que

facilitava o seu acesso cultural. O autor não apresentava nenhum problema

orgânico, então, qual a razão de Daniel Pennac não ter bons resultados na

escola?

19 Para a psicopedagogia, o problema de aprendizagem não se localiza

apenas na questão orgânica ou familiar ou na metodologia de ensino

empregada pelo professor ou, por fim, na infraestrutura não adequada

oferecida para os alunos na escola. O ato de aprender para os

psicopedagogos conjuga vários fatores que tem que ser analisado com base

nos conhecimentos de várias ciências, para se tentar chegar a uma análise

da razão que leva um discente ter dificuldades de aprendizado na escola.

Entender como o aluno aprende, como este pode ter facilidade em

determinado conteúdo e, também, sentir dificuldades, por exemplo, no

estudo da matemática, em suma, compreender o que significa a

aprendizagem é de grande valia para os psicopedagogos, até porque, o

objeto de estudo da psicopedagogia é o processo de aprendizagem no seu

estado normal ou patológico.

Beatriz Scoz define muito bem a relação da psicopedagogia com a

aprendizagem, tendo como finalidade a promoção de uma transformação da

sociedade e, por conseqüência, um aumento da melhoria da qualidade de

ensino no Brasil, a saber:

“... os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos/sociais e pedagógicos, percebidos dentro das articulações sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade.” (SCOZ, 2008, p.22).

Segundo a psicopedagoga Olivia Porto (2009), a aprendizagem não

tem início quando o indivíduo ingressa na instituição escolar, mas sim, a

aprendizagem é um fenômeno cotidiano que acontece desde o início da vida.

E, é por meio da aprendizagem, que os sujeitos desenvolvem

20 comportamentos fundamentais para possibilitar a sua sobrevivência na

sociedade. Olivia Porto ressalta que:

“Todas as atividades e as realizações humanas exibem os resultados da aprendizagem. Pelos séculos, por meio da aprendizagem, cada geração foi capaz de se aproveitar das experiências e descobertas das gerações anteriores, como também, por sua vez, ofereceu sua contribuição para o crescente patrimônio do conhecimento e das técnicas humanas. Os costumes, as leis, a religião, a linguagem e as instituições sociais têm-se desenvolvido e perpetrado, como resultado do homem para aprender.” (PORTO, 2009, p.42)

Logo, a aprendizagem sempre esteve inserida na sociedade, e por

ser o processo de aprender um ato complexo, gerou entre os profissionais

interessados em entender este processo, diversos questionamentos do que

significava a aprendizagem, e, principalmente, compreender a aprendizagem

no seu estado patológico, isto é, quando um aluno apresenta dificuldades de

aprendizado na escola e que, por muitas ocasiões, quando o discente entra

na instituição de ensino para estudar já perde sua identidade perante os

colegas e os professores, pois já é rotulado como o estudante, dentro outros

“apelidos”, lerdo, incapaz e preguiçoso.

A psicopedagoga Olivia Porto contribui muito para o entendimento da

aprendizagem e ressalta que:

“... a aprendizagem constitui-se em um dos indicadores da capacidade de aprender, relacionado especialmente para com as crianças, com seu padrão de adaptação, com o nível de desenvolvimento da sua personalidade, a condição cognitiva refere-se às estruturas que permitem a organização dos estímulos e do conhecimento, e a dinâmica do comportamento caracteriza-se como o processamento da realidade e a ação sobre o meio. “Os aspectos afetivos, juntamente com os cognitivos e os biológicos, são comumente identificados como fatores individuais, internos da criança, que isoladamente ou em

21

interação determinam as condições de aprendizagem” (PORTO, 2009, p.40.)

Na citação acima, Olivia Porto identificou fatores individuais, quais

sejam, afetivos, biológicos e cognitivos, que podem determinar as condições

de aprendizagem de uma criança. Também, Alicia Fernández, psicopedagoga

argentina, revela que o problema de aprendizagem pode ser proveniente de

causas internas ou externas à estrutura familiar e individual, ainda que

sobrepostas.

Para Alicia Fernández (1991), quando as dificuldades de

aprendizagem são de ordem interna, que estão ligadas á estrutura de

personalidade ou familiar do sujeito, o fracasso escolar do aluno pode ser

resolvido com uma intervenção psicopedagógica especializada, utilizando

recursos, como grupo de tratamento psicopedagógico à criança, grupo de

orientação paralelo de mães, tratamento individual psicopedagógico, oficina

de trabalho, entrevistas familiares, entre outras atividades.

Porém, para a autora mencionada acima, quando o fracasso escolar

do aluno está relacionado à causa externa (problema de aprendizagem

reativo), isto é, quando o estudante não é prejudicado na sua inteligência,

Alicia informa que a metodologia de intervenção psicopedagógica é diferente

daquela empregada quando o problema do aluno é de ordem interna. Alicia

Fernández explica que:

‘“O problema de aprendizagem reativo”, ao contrário, afeta o aprender do sujeito em suas manifestações, sem chegar a atrapar a inteligência; geralmente surge a partir do choque entre o aprendente e a instituição educativa que funciona expulsivamente. Para entendê-lo e abordá-lo, devemos apelar à situação promotora do bloqueio. O não aprendiz não requer tratamento psicopedagógico, na maioria dos casos. “A intervenção do psicopedagogo dirigir-se-á fundamentalmente a sanear a instituição educativa (metodologia-ideologia-linguagem-vínculo).” (FERNÁNDEZ, 1991, p.82).

22 Por ser a educação uma questão social e primordial na sociedade, é

importante as instituições de ensino proporcionar não só uma boa

infraestrutura adequada para os alunos, como também, ser um espaço de

construção de bons vínculos entre professores e alunos. Para o vínculo

afetivo brotar nas escolas, o educador precisa conhecer as habilidades de

cada educando para poder oferecer condições sadias de aprendizagem.

Veja como exemplo a trajetória de vida de Daniel Pennac,

mencionado logo no início deste capítulo 2, um estudante fadado ao fracasso

escolar, que como Daniel escreveu no seu livro, a saber:

“Fui um objeto de estupor, e de estupor constante, porque os anos passavam sem trazer a menor melhoria a meu estado de idiotismo escolar. “Não é possível!”ou “Não acredito” são para mim exclamações familiares, associadas a olhares de adulto onde eu via muito bem que minha incapacidade de assimilar o que quer que fosse cavava um abismo de incredulidade” (PENNAC, 2008, p.16)

Todavia, o escritor encontrou três professores que não desistiram de

incentivá-lo nos seus estudos, e, dessa forma, Daniel pode se tornar um

professor de língua francesa. Veja a citação abaixo que mostra esta criação

do vínculo afetivo entre Daniel e esses três docentes:

“Pensando bem, esses três professores só tinham um ponto em comum: eles nunca renunciavam. Eles não se deixavam levar pelas nossas confissões de ignorância. (Quantas dissertações a professora Gi me fez refazer, por causa da ortografia falha? Quantas aulas suplementares o professor Bal me deu porque me encontrava com um ar desocupado, no corredor, ou sonhador, na sala de estudo?)... Na sua presença – em suas matérias, eu nascia para mim mesmo: um eu matemático, se posso dizer, um eu historiador, um eu filósofo, um eu que, no espaço de uma hora, me esquecia um pouco, me colocava entre parênteses, me desembaraçava do que eu que, até o encontro desses mestres, me tinha impedido de me sentir verdadeiramente lá”. (PENNAC, 2008, p.208)

23 Conforme, Albertina de Mattos Chraim, no seu livro denominado

“Família e Escola – a arte de aprender para ensinar” (2009), é preciso existir

uma empatia entre quem ensina e quem é ensinado para que ocorra o

processo de aprendizagem. A construção de um vínculo positivo só pode

nascer quando os educadores perceberem a necessidade de despender

tempo, atenção e dedicação para que haja uma integração entre alunos e

professores.

O amor do educador o faz buscar sempre novos caminhos, e o

psicopedagogo pode contribuir na escola para incentivar os professores a

utilizarem novos métodos de ensino, mais contextualizado com a vida dos

alunos. Assim, a psicopedagoga Nadia Bossa mostra que o grande motivo do

fracasso escolar não está em causa interna do aluno ou da estrutura familiar a

qual pertence o discente, mas sim o problema de aprendizagem está

localizado, muitas vezes, na instituição de ensino. Nadia nos diz que:

“Baseada em minha experiência, posso afirmar que muitas vezes o problema de aprendizagem que leva o sujeito ao consultório tem causa na sua estrutura de personalidade e/ou familiar, mas, sem sombra de dúvidas, a incidência de problemas de aprendizagem, conseqüência de inadequação dos métodos, do conteúdo, do professor, enfim, da estrutura de ensino, supera qualquer outra causa. É a escola, indubitavelmente, a principal responsável pelo grande número de crianças encaminhadas ao consultório por problemas de aprendizagem. Assim, é muito importante que a psicopedagogia dê sua contribuição à escola, seja no sentido de promover a aprendizagem, seja no de tratar de transtornos nesse processo. ”(BOSSA, 2007, p.87).

Segundo a psicopedagoga Maria Lúcia Lemme Weiss, a escola

necessita ser organizada sempre em função da melhor possibilidade de

ensino, e para tal organização, o ambiente escolar deve ser estimulante para

o aprender, deve haver uma condição de melhoria do ensino para o

crescimento do ensino-aprendizagem, com a finalidade de prevenir

dificuldades na produção escolar, deve contribuir para não agravar os

24 problemas de aprendizagem oriundos do decorrer da história pessoal do

aluno e de sua família, e por fim, fornecer meios, dentro da escola, para que o

discente possa superar dificuldades na busca de conhecimentos anteriores ao

seu ingresso na escola.

Logo, o objeto de estudo dos psicopedagogos é o processo de

aprendizagem do aluno e, também, a psicopedagogia preocupa-se com o

sujeito que aprende, isto é, o sujeito cognoscente, aquele que passa a

conhecer, tornando-se, assim, muito mais do que um aprendiz, um ser capaz

de saber sobre si e sobre o ambiente do qual é parte integrante.

A psicopedagoga Laura Monte Serrat Barbosa esclarece melhor o

que é o ser cognoscente quando diz que:

“Este ser cognoscente é um ser que nasce incompleto, que não possui todos os seus comportamentos determinados biologicamente. Para sobreviver, necessita relacionar-se com sua cultura, apropriar-se das ferramentas sociais, desejar viver, conviver, aprender e conhecer, respeitando o ambiente do qual faz parte constitutiva, os conhecimentos já produzidos através da história, nas diferentes culturas, a ética de ser humano e sujeito universal.” (BARBOSA, 2007, apud BARBOSA, 2007, 40).

Segundo João Beauclair (2009), a psicopedagogia é uma área de

estudos que faz e se refaz a cada contribuição de nova ciência, a cada

reflexão produzida pelos psicopedagogos sobre seu corpo teórico e sua

práxis, com a finalidade básica de entender a aprendizagem e suas

dificuldades.

E, nesse movimento de transformação, a psicopedagogia considera

os acertos ou os erros na produção do ser cognoscente. O erro não é mais

considerado pelos psicopedagogos como um fato negativo para o aprendiz,

25 mas sim, um elemento propulsor para o crescimento pessoal do aluno e para

a melhoria do rendimento na escola.

Conforme o psicopedagogo Eugênio Cunha (2010), tanto a equipe

educacional e os responsáveis pelos alunos esperam que estes sempre

acertem, porém, a educação não significa somente os números de respostas

certas. O autor apresenta que:

“Com medo de errar, muitos aprendentes inibem-se e não se expõem. Não erram, mas também deixam de aprender com os erros. Em nossa cultura, antes de ser visto como uma contingência natural das atividades em sala de aula, o erro possui vulto negativo e punitivo, precisando ser eliminado das atividades da classe. Como se fosse possível eliminá-lo da vida. As crianças tornam-se adultos inseguros porque não aprenderam a conviver naturalmente com ele.” (CUNHA, 2010, p.61)

A psicopedagogia é uma área de conhecimento recente no Brasil e

ainda está em processo de construção do seu corpo teórico e de sua práxis,

porém, a psicopedagogia aplicada na escola já mostra um delineamento do

seu objetivo principal que é a transformação da educação, através da

possibilidade efetiva de acreditar que o sujeito cognoscente pode aprender e

transforma-se em um cidadão que contribua com o desenvolvimento de nossa

sociedade.

Portanto, a seguir, o capítulo III vai desvelar as principais

contribuições que os psicopedagogos podem oferecer para a instituição

escolar.

26

CAPÍTULO III

AS CONTRIBUIÇÕES DO PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA

“Educar não é simplesmente passar conhecimentos, mas trocar corações.”

Frei Neylor J. Tonin

O psicopedagogo Eugênio Cunha escreveu uma frase muito

interessante que diz assim: “Alunos dispersos, desinteressados, desmotivados,

abatidos, irrequietos, agressivos, sempre os teremos, então, é melhor amá-los.

(CUNHA, 2010, p.67).

Para que os psicopedagogos e os professores possam amar os alunos,

é necessário que estes profissionais assumam uma postura de eterno

aprendiz, adquirindo uma visão multidisciplinar, com a finalidade de entender

os vários fatores que facilitam ou impedem o aprendizado de um estudante. Se

os seres humanos se reconhecessem como seres inacabados no seu

aprendizado, ou seja, se descobrissem que o conhecimento sofre

transformações no decorrer da história, dificilmente os conteúdos propostos

pela grade curricular da escola seriam transmitidos como verdades absolutas e,

conseqüentemente, os mestres não seriam os detentores dos valores

inquestionáveis. Paulo Freire apresenta que o ser humano, que possui a

consciência de seu inacabamento, pode se inserir numa permanente busca

pelo conhecimento, ou seja, nas palavras do autor:

“A consciência do mundo e a consciência de si como ser inacabado necessariamente inscrevem o ser consciente de sua inconclusão num permanente movimento de busca. Na verdade, seria uma contradição se, inacabado e consciente do inacabamento, o ser humano não se inserisse em tal movimento. É neste sentido que, para mulheres e homens,

27

estar no mundo necessariamente significa estar com o mundo e com os outros. Estar no mundo sem fazer história, sem por ela ser feito, sem fazer cultura, sem “tratar” sua própria presença no mundo, sem sonhar, sem cantar, sem musicar, sem pintar, sem cuidar da terra, das águas, sem usar as mãos, sem esculpir, sem filosofar, sem pontos de vista sobre o mundo, sem fazer ciência, ou teologia, sem assombro em face do mistério, sem aprender, sem ensinar, sem idéias de formação, sem politizar não é possível. É na inconclusão do ser, que se sabe como tal, que se funda a educação como processo permanente. Mulheres e homens se tornaram educáveis na medida em que se reconheceram inacabados. Não foi a educação que fez mulheres e homens educáveis, mas a consciência de sua inconclusão é que gerou sua educabilidade. É também na inconclusão de que nos tornamos conscientes e que nos inserta no movimento permanente de procura que se alicerça a esperança.” (FREIRE, 1996, p.64)

Na compreensão de que o ser humano é inacabado e que a educação

se estabelece como um processo de busca permanente, o trabalho

psicopedagógico pode ser muito útil no ambiente escolar, pois a

psicopedagogia se insere nesse movimento de transformação da educação,

visando à melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor

qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e educadores.

Segundo Nadia Bossa (2007), a psicopedagogia pode agir

preventivamente, isto é, o psicopedagogo trabalha no sentido de eleger a

metodologia ou a intervenção mais adequada para aplicar no espaço escolar,

com a finalidade de facilitar e/ou desobstruir o processo de aprendizagem. O

trabalho psicopedagógico pode se dar de forma individual ou em grupos.

No trabalho preventivo, algumas funções cabem ao psicopedagogo,

como:

“- detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; - participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, a fim de favorecer processos de integração e troca;

28

- promover orientações metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos; - realizar processos de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo.” (BOSSA, 2007, p. 33)

A psicopedagogia considera que muitos problemas de aprendizado são

gerados por uma inadequada pedagogia escolar e familiar. Portanto, no

trabalho preventivo, o processo didático-metodológico e a dinâmica das

relações do contexto escolar são avaliados pelos psicopedagogos, para

verificação se estes dois fatores estão facilitando ou dificultando o aprendizado

dos alunos.

Segundo Clara Geni Berlim e Fabiane Ortiz Portella (2007), ao conhecer

o processo didático-metodológico, o psicopedagogo pode auxiliar na

construção de um currículo mais flexível, para que este possa estar mais de

acordo com o contexto histórico e social que os alunos vivem, dessa forma,

oferecendo mais possibilidades de ação e interação na sociedade da qual os

discentes são partes integrantes.

Para o entendimento de como é importante a avaliação das relações do

contexto escolar pelo psicopedagogo, as duas autoras citadas acima

apresentam que:

“No âmbito das relações, o psicopedagogo (grifo meu) identifica as características dos sujeitos que compõem a comunidade escolar, instrumentalizando o professor para que ele possa compreender e interagir com seu grupo de alunos, estimulando a autoria de pensamento. Propomos a Escola como um espaço onde as significações do grupo possam ser trabalhadas, as diferenças respeitadas e reconhecidas, com a possibilidade de romper com a visão hegemônica de um modelo idealizado de homem, o qual precisa estar em situação de sucesso e compreende o fracasso como falha/falta e não como processo de crescimento humano.” (GENI e PORTELLA, 2007, p.86)

29 Uma das principais funções da psicopedagogia na escola é estimular a

autoria de pensamento tanto de alunos quanto de professores. Mas, o que

significa autoria de pensamento? Como define Alicia Fernández, a autoria de

pensamento é:

“o processo e o ato de produção de sentidos e de reconhecimento de si mesmo como protagonista ou participante de tal produção” (FERNÁNDEZ, 2001, apud, PORTO, 2009, p.16)

Para a conquista da autoria de pensamento, é preciso que os discentes

possam dialogar com os professores; se expressarem diante de atividades de

cunho reflexivo ou de jogos que os alunos precisem achar uma solução frente

a um impasse, como na utilização de jogo de regras; que os estudantes

encontrem alternativas de atividades, e, principalmente, que estas priorizem a

qualidade do que é ensinado e não a quantidade de acertos em determinado

trabalho produzido pelo aprendiz.

Os psicopedagogos podem investir na autonomia de pensamento dos

professores auxiliando-os a assumirem uma postura crítica diante do que é

ensinado para os alunos, incentivando os docentes a constantemente

avaliarem sua metodologia pedagógica utilizada em sala de aula,

questionando sempre se seu trabalho como professor está favorecendo ou

dificultando o aprendizado dos seus estudantes.

A psicopedagogia trabalha com a prevenção dos problemas de

aprendizagem que possam surgir no ato complexo de aprender, como

também pode realizar um diagnóstico no sentido de compreender a falha na

aprendizagem.

O diagnóstico não só ocorre na prática de um psicopedagogo num

consultório. Este instrumento de trabalho também é utilizado pela

30 psicopedagogia na sua atuação na instituição escolar. Veja o que tem a dizer

a psicopedagoga Olivia Porto sobre o diagnóstico, a saber:

“A investigação diagnóstica realizada por um psicopedagogo (grifo meu) em relação à modalidade de aprendizagem de cada aluno permite ao educador a organização de um planejamento de ensino adequado. Essa análise de cunho psicopedagógico deverá levar em consideração os aspectos orgânicos, cognitivos, afetivos e sociais, permitindo a identificação de como o aluno aprende, suas dificuldades e fraturas. Refletir sobre as dificuldades que a criança traz consigo segundo suas experiências de aprendizagem anteriores à escola ou mesmo aquelas já geradas pela própria escola, permite ao educador colaborar para a sua superação, contribuindo para o desenvolvimento da autonomia e da aprendizagem do aluno.” (PORTO, 2009, p. 118 – 119)

Também, Nadia Bossa revela a importância do diagnóstico feito pelo

psicopedagogo na instituição de ensino quando nos apresenta que:

“O psicopedagogo recorre a critérios diagnósticos no sentido de compreender a falha na aprendizagem – daí o caráter clínico da psicopedagogia, ainda que o seu objetivo seja a prevenção dos problemas de aprendizagem. É clínico porque envolve sempre um processo diagnóstico ou de investigação que precede o plano de trabalho. Esse diagnóstico consiste na busca de um saber para saber-fazer. Por meio das informações obtidas nesse processo de investigação, o psicopedagogo inicia a construção do seu plano de trabalho. O diagnóstico também ocorre no trabalho institucional, no qual, após o momento inicial de investigação, se inicia um processo de intervenção, com a implantação de recursos capazes de solucionar o problema tão logo este se anuncie.” (BOSSA, 2007, p.31)

O diagnóstico é importante para o psicopedagogo auxiliar o profissional

de educação a perceber as facilidades ou dificuldades que uma turma está

sentindo em relação ao que é ensinado no decorrer dos dias letivos e este

instrumento de trabalho usado pelo psicopedagogo pode contribuir para que o

rendimento da classe tenha uma melhora significativa, diminuindo assim a

questão do fracasso escolar.

31 Além disso, o diagnóstico é necessário para os psicopedagogos

realizarem os encaminhamentos de alunos que precisem de um auxílio mais

especializado, num consultório psicopedagógico. Porém, vale ressaltar que os

encaminhamentos só devem ser feitos quando os professores e a equipe da

direção da escola já utilizaram todas as estratégias para alcançar o

desenvolvimento do aprendizado do aluno na escola, e mesmo com todos os

recursos oferecidos pela instituição de ensino, ainda assim, o estudante não

consegue cumprir uma meta importante para seu desenvolvimento cognitivo e

social.

Um dos deveres fundamentais dos psicopedagogos é assumir somente

responsabilidades para os quais esteja habilitado dentro dos limites do que é

proposto pela psicopedagogia. Scoz (2008) esclarece bem está delimitação

que o psicopedagogo precisa ter em relação à sua profissão quando nos diz

que:

“A ampla visão da multiplicidade de fatores envolvidos no processo de aprendizagem permite, ainda, à Psicopedagogia, reconhecer os limites de sua própria atuação e estabelecer prioridades de atendimento, seja alertando a escola para o papel que lhe compete, seja encaminhando os alunos para outros profissionais quando necessário. Uma das opções para a realização desses encaminhamentos seriam os serviços públicos de atendimento, onde a Psicopedagogia poderia contribuir com uma visão mais integrada de aprendizagem e, consequentemente, com uma perspectiva mais fecunda de trabalho.” (SCOZ, 2008, p.160)

Uma das contribuições da psicopedagogia é sempre alertar a instituição

de ensino para o papel que lhe compete na sociedade. Vale lembrar-se da

concepção de escola de Daniel Pennac quando este era um estudante,

atualmente um professor de língua francesa, contudo, já foi considerado como

um aluno incapaz de aprender pelos seus colegas de turma, professores e

familiares. Seu sentimento de baixa auto-estima e de compreensão da escola

é revelado nas palavras de Daniel, ou seja:

32

“É, mas é assim com os lerdos, eles inventam, em série, a história de suas falhas: sou nulo, não vou conseguir nunca, nem vale a pena tentar, estou perdido mesmo, eu tinha dito a escola não foi feita pra mim... A escola lhes parece um clube muito fechado no qual eles se proíbem de entrar. Com a ajuda de alguns professores, ás vezes” (PENNAC, 2008, p.20)

A evasão escolar acontece por alguns motivos como o estudante achar

que a escola não é lugar que proporciona o prazer de conhecer, mas sim, um

espaço de obrigação frente aos conteúdos a serem lecionados pelos

professores, também a instituição de ensino é um local de extrema cobrança

no momento da avaliação da aprendizagem, e, por conseguinte, muitos

alunos não resistem a situações rígidas e acabam se achando incapaz de

aprender, e dessa forma, desistem de concluir os estudos.

Além disso, com o mundo globalizado, onde as informações podem ser

adquiridas com mais facilidade, através do uso de novas tecnologias, como o

computador, a escola se não rever suas estratégias de ensino deixa de ser

um espaço atraente para os discentes, e, portanto, dentro da sala de aula,

começam a aparecer algumas condutas nos alunos que atrapalham seu

processo de aprendizagem, como bem explica a psicopedagoga Maria Lúcia

Lemme Weiss:

“Entre as várias condutas assim originadas pode-se exemplificar: aluno com agitação intensa iniciada em determinada aula, aluno desatento em determinada aula que fica parado, alheio e de repente começa a se agitar, “doenças” (dor de cabeça, dor de barriga, dor na mão etc.) que só aparecem em certas aulas, “branco”, esquecimento de tudo que sabe na hora da prova, teste ou exame. Todas essas condutas podem conduzir a uma dificuldade posterior na aprendizagem escolar que vai se ampliando aos poucos. Algumas vezes, pode afetar apenas a produção escolar em determinada área ou momento da vida escolar, gerando, assim, o fracasso escolar. É preciso não confundir o aluno com dificuldade de aprendizagem com o aluno que aprende mas não tem a produção esperada pelo professor ou pela família.” (WEISS, 2008, p.22)

33 A escola tem que ser um espaço que proporcione o prazer de conhecer,

um lugar de construção de vínculos positivos entre alunos, professores,

equipe da direção, comunidade e todos os que estão envolvidos no processo

de educação, um ambiente socializador dos conhecimentos disponíveis e

promotor do desenvolvimento cognitivo e da construção de regras de conduta

necessárias à sobrevivência dos indivíduos na sociedade.

Como mostra Olivia Porto, a escola é um espaço de produção e

divulgação do saber e, também, é sede da aprendizagem social, ou seja, um

lugar que valorize a troca e intercâmbio das relações. Olivia Porto apresenta

que:

“A valorização das relações interpessoais e de um clima emocional positivo, em termos de respeito e liberdade, são fundamentais quanto os conteúdos trabalhados em sala de aula, para o desenvolvimento do educando. O entendimento de que o conhecimento é, simultaneamente, processo e produto de uma construção cognitiva, social e emocional nos possibilita entender a importância do ambiente escolar, já que o mesmo pode ser favorecido ou desencorajado, dependendo dos pressupostos sociopedagógicos adotados no próprio projeto pedagógico da instituição escolar e a forma como são postos em prática pelos profissionais competentes.” (PORTO, 2009, p.21)

Segundo Nadia Bossa (2007), a escola é participante do processo de

aprendizagem que inclui o sujeito no seu mundo sociocultural. A

psicopedagogia preocupa-se com a escola em razão de seu compromisso

preventivo, isto é, no seu comprometimento em prevenir e, possivelmente,

sanar os problemas de aprendizagem já instalados no aluno, possibilitando

um maior desenvolvimento cognitivo e de desempenho no rendimento do

estudante na escola.

34 Os psicopedagogos compreendem que cada aluno tem sua história

pessoal, da qual estão incluídas diversas histórias, como a familiar, a escolar,

dentre outras, as quais, articuladas, se condicionam mutuamente.

A psicopedagogia pode ajudar à instituição de ensino reforçando a união

entre a escola e a família, visando alcançar a construção de uma aliança

positiva entre os pais e os professores. Olivia Porto mostra com muita clareza

a importância da família e da comunidade escolar na educação dos alunos, a

saber:

“Repensar o papel da Escola é pensar no papel da família, comunidade e todos que, de certo modo, estão envolvidos nesse processo, pois, a Escola sozinha dificilmente consegue atingir aos objetivos pretendidos por ela. Quando ela envolve a comunidade família e a comunidade escolar faz uma triangulação que exerce um papel efetivo e eficaz em todo o processo educacional, integrando instituição e família, de modo que todo esse processo acarretará um envolvimento em todos os participantes diretamente ligados à aprendizagem, à formação e a participação do exercício pleno da cidadania.” (PORTO, 2009, p. 72)

Conforme Clara Geni Berlim e Fabiane Ortiz Portella (2007), o

psicopedagogo, que tem sua atuação nas escolas, com seu conhecimento

multidisciplinar, pode estar habilitado a integrar tanto aspectos pedagógicos e

emocionais quanto os processos de desenvolvimento e de aprendizagem.

Portanto, o trabalho psicopedagógico possui como foco o desvelamento das

redes que compõem as múltiplas facetas da aprendizagem.

Assim como as demais profissões, a psicopedagogia como recente área

de conhecimento precisa sempre ter profissionais que sempre busquem novos

conhecimentos, fortaleçam o reconhecimento da psicopedagogia como

profissão e tenham um compromisso ético e político com a educação como um

todo e com a psicopedagogia em particular.

35

Embora encontre ainda alguns obstáculos na sociedade brasileira, pois

não é uma profissão regulamentada no Brasil, a psicopedagogia pode ajudar

na transformação da educação, como bem escreve Beatriz Scoz, a conhecer:

“... a psicopedagogia também não desconhece que, apesar da Educação sofrer a determinação da sociedade, exerce sobre ela alguns influxos, podendo auxiliá-la em seu processo de transformação. E é nesse movimento que ela deseja realizar. Isso significa que uma ação psicopedagógica não estará a serviço da mera aceitação ou interpretação do mundo, nem possuirá um fim em si mesma como algo que não cria ou produz qualquer objeto alheio à sua atividade.” (SCOZ, 2008, p. 161 -162)

Logo, para a psicopedagogia poder ser uma área de conhecimento que

possua uma teoria e prática própria, os psicopedagogos precisam assumir

uma inquietação intelectual, ter senso crítico, humildade, escuta, olhar atento,

ser curioso e, sobretudo, se considerar um eterno aprendiz, aceitando suas

próprias limitações e dificuldades, sendo solucionadas pelo empenho e

dedicação diária ao seu trabalho.

36

CONCLUSÃO

“A vida está cheia de desafios que, se aproveitados de forma criativa, transformam-se em oportunidades.”

Maxwell Maltz

Esta monografia denominada “A psicopedagogia na instituição escolar”

foi de enorme valia para o meu desenvolvimento enquanto profissional de

educação do ensino fundamental.

No decorrer do curso de pós-graduação de psicopedagogia e no

percurso da pesquisa da monografia, descobri que a psicopedagogia não é

uma junção da psicologia com a pedagogia. O estudo da psicopedagogia

envolve o conhecimento de outras ciências para o entendimento do complexo

ato de aprender.

Por ser a psicopedagogia uma área interdisciplinar, o trabalho

psicopedagógico é necessário nas escolas, pois este profissional pode

investigar uma série de fatores que estejam atrapalhando o processo de ensino

aprendizagem dos alunos, como saber se a metodologia utilizada pelos

professores está sendo adequada para o bom desenvolvimento da turma, se a

escola está construindo um vínculo positivo com os professores, os alunos, a

família e a comunidade escolar, se as condições de infraestrutura estão

dificultando o trabalho escolar, dentro outros.

O estudo do conceito de psicopedagogia, do seu objeto de estudo e, por

conseguinte, as contribuições que o psicopedagogo pode oferecer as escolas,

possibilitam que o educador e a equipe da direção adquiram um novo olhar em

relação ao sujeito aprendiz.

37 O olhar psicopedagógico em relação à educação caracteriza-se pelo

respeito às habilidades que os alunos conseguem desenvolver, pela

compreensão à diversidade, e, sobretudo, não entender o erro do estudante

como falha, mas sim, como um começo de um despertar do aprendiz para o

alcance do sucesso no seu desenvolvimento cognitivo e interpessoal.

Se o aluno começar a entender o erro como uma maneira de chegar ao

êxito, as crianças não se tornarão adultos inseguros, ou mesmo, não sentirão

um sentimento de incapacidade diante das dificuldades que surgirão ao longo

da vida acadêmica ou na sua própria vida enquanto ser humano.

Concluo que a psicopedagogia é de suma importância para as escolas,

com a finalidade de buscar a transformação na qualidade de ensino da

educação, e, desse modo, tentar a diminuição das queixas da escola e dos

pais dos alunos acerca do fracasso escolar.

38

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

BEAUCLAIR, João. Psicopedagogia: trabalhando competências, criando

habilidades. 3 ed. Rio de Janeiro, Wak Ed., 2008.

BEAUCLAIR, João. Para entender psicopedagogia: perspectivas atuais,

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BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática.

3 ed. Porto Alegre, Artmed, 2007.

CHRAIM, Albertina de Mattos. Família e escola: a arte de aprender para

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CUNHA, Antônio Eugênio. Afeto e aprendizagem: relação de amorosidade e

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FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. Tradução Iara Rodrigues.

Porto Alegre. Artmed, 1991.

História da psicopedagogia e da ABPp no Brasil: fatos, protagonistas e

conquistas. Quezia Bombonatto e Maria Irene Maluf, organizadoras. Rio de

Janeiro. Wak Ed., 2007.

39 PENNAC, Daniel. Diário de escola. Tradução de Leny Werneck. Rio de Janeiro.

Rocco, 2008.

PORTO, Olívia. Psicopedagogia institucional: teoria, prática e assessoramento

psicopedagógico. 3 ed. Rio de Janeiro. Wak Ed., 2009.

SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de

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WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica – uma visão diagnóstica

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Lamparina, 2008.

ZENICOLA, Ana Maria; BARBOSA, Laura Monte Serrat; CARLBERG, Simone.

Psicopedagogia: saberes, olhares, fazeres. São José dos Campos: Pulso,

2007.

40

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O conceito de psicopedagogia 10

CAPÍTULO II

O processo de aprendizagem como objeto de

estudo do psicopedagogo 16

CAPÍTULO III

As contribuições do psicopedagogo na escola 26

CONCLUSÃO 36

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 38

ÍNDICE 40