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UNIVERSIDA DE CANDIDO MENDES PÓS-GRA DUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL E A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PREVIDÊNCIÁRIA Por: George André Palermo Santoro Orientador Prof. Denise de Almeida Guimarães Rio de Janeiro 2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A PREVIDÊNCIA SOCIAL E A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

PREVIDÊNCIÁRIA

Por: George André Palermo Santoro

Orientador

Prof. Denise de Almeida Guimarães

Rio de Janeiro

2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A PREVIDÊNCIA SOCIAL E A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

PREVIDÊNCIÁRIA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Direito do

Trabalho.

Por: George André Palermo Santoro.

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AGRADECIMENTOS

A minha família pela compreensão ao

tempo de convívio que lhes furtei. A

minha esposa Danielle, pela revisão. A

meus amigos Fabrício Tanure e

Guilherme Coutinho, pelas opiniões e

críticas. A todos aqueles que de

alguma forma me ajudaram.

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DEDICATÓRIA

A Danielle, meu amor.

A Luiz Eduardo, meu filho, fonte de

infindáveis alegrias.

A meus pais, Concetta e Salvatore (in

memorian).

A minhas irmãs e amigos.

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RESUMO

Qualquer cidadão atento ao que ocorre no mundo haverá de constatar

que nestas últimas décadas um número surpreendente de países apresentou

graves crises em seus sistemas previdenciários que se transformaram em

temas fundamentais de política nacional.

O objetivo desse trabalho é fazer a análise da legalidade da cobrança

da Contribuição Previdenciária dos servidores públicos detentores de cargos

ditos de confiança.

Para a realização dessa análise foi necessário abordar a evolução

histórica da Previdência Social no Brasil e no mundo, com o objetivo de

familiarizar o leitor com a problemática do tema e, principalmente, situá-lo

quanto à evolução dos marcos legais reguladores do Sistema Previdenciário

Brasileiro e sua relação com o Direito do Trabalho e Tributário. Também foi

necessário explicitar a organização desse sistema para uma melhor

interpretação e aplicação das normas de Direito Previdenciário.

Não menos importante para o referido estudo foi definir as fontes de

custeio dos benefícios previdenciários e interpretá-las a luz dos conceitos do

Direito do Trabalho, do Direito Tributário, e dos Princípios Constitucionais.

Tendo sempre como princípio orientador da análise, o inter-relacionamento dos

diversos ramos do Direito, com o objetivo de interpretar a normas de modo a

preservar essa unicidade do sistema jurídico.

Após essa abordagem histórica e conceitual, inicia-se a análise

específica da legalidade da cobrança da Contribuição Previdenciária, na

hipótese de incidência suscitada.

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METODOLOGIA

A partir da análise de casos concretos com os quais me deparei durante

o exercício da profissão, iniciando intensas pesquisas para definir uma

bibliografia adequada ao objeto de estudo. A partir dessa seleção de títulos foi

possível delinear a melhor doutrina a ser aplicável definindo-se premissas, que

conduziram o trabalho a inferências lógicas sobre o objeto de estudo.

Também foi realizada pesquisa jurisprudencial específica para verificar o

entendimento das Cortes Superiores sobre a matéria.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA

PREVIDÊNCIA SOCIAL NO MUNDO E NO BRASIL 11

CAPÍTULO II - O SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO 20

CAPÍTULO III - A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PREVIDENCIÁRIA 39

CAPÍTULO IV – A CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SERVIDORES

PÚBLICOS DETENTORES DE CARGOS EM COMISSÃO 24

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37

BIBLIOGRAFIA CITADA 39

ÍNDICE 41

FOLHA DE AVALIAÇÃO 43

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INTRODUÇÃO

Qualquer cidadão atento ao que ocorre no mundo constatará que,

nestas últimas décadas, um número considerável de países tem apresentado

graves crises em seus sistemas previdenciários que se transformaram em

temas fundamentais de política nacional.

Essa situação fica mais patente em países que enfrentaram ou

enfrentam problemas com desequilíbrios fiscais. Nesse contexto, o déficit do

sistema previdenciário assume uma dimensão política e estratégica, pois a

correção do desequilíbrio financeiro desse sistema acaba se tornando uma

necessidade para diminuir o problema fiscal de curto, médio e longo prazo. A

diminuição das despesas previdenciárias é uma das formas de aumentar os

recursos destinados ao pagamento de outras despesas, principalmente os

juros e encargos da dívida pública. Neste quadro, as mazelas e imperfeições

existentes são trazidas à tona e transformadas em argumentos para sustentar

os governos nos processos de reforma previdenciária.

Esse processo contínuo de mudanças executadas por economistas

preocupados em diminuir o déficit do sistema, acaba por se descuidar dos

aspectos formais e jurídicos fazendo com o governo muitas vezes não observe

regras constitucionais e legais, tanto na hora de definir o custeio do sistema

previdenciário quanto no momento de definir os benefícios previdenciários.

Desta forma, a vontade reformista acaba por criar uma série de conflitos e

insegurança jurídica nas relações entre os administradores do sistema e seus

administrados. É importante ainda destacar o absurdo modelo governamental

de legislar por atos administrativos sob a fundamentação da urgência,

tornando completamente enfadonha a tarefa dos operadores do direito.

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CAPÍTULO I

A EVOLUÇÃO HISTÓRIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO

BRASIL E NO MUNDO

Na história da humanidade é relativamente recente o estabelecimento

normativo da proteção aos direitos sociais. A preocupação estatal com a

proteção social1 de seus cidadãos é parte integrante da acepção mais intensa

da grande evolução ocorrida no século passado.

Os menos favorecidos não detinham instrumentos jurídicos capazes de

promover a melhoria das condições de vida, já que os direitos fundamentais

restringiam-se às prestações negativas, chamadas liberdades públicas. Sem

mecanismos eficientes para compelir o Estado ao cumprimento das prestações

positivas, ainda que meramente assistenciais, ficavam reféns da idiossincrasia

de cada governo.

Os trabalhadores tinham que se acobertar por conta própria, por meio

de seguros privados, ou valer-se das associações de classe, sem qualquer

ingerência estatal. Apesar de a classe trabalhadora ter tentado aprimorar as

associações mutualistas, as condições deploráveis do mercado de trabalho da

época não permitiram o desenvolvimento das referidas instituições sustentadas

apenas à custa das contribuições dos trabalhadores.

O início da estabilidade do Estado nacional no mundo foi determinante

para a instituição da Previdência Social, tendo com marco o Seguro Social

criado na Alemanha de Otto Von Bismarck, em 1883.

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1.1 – A Evolução do Direito Previdenciário no Mundo

É possível situar a marcha evolutiva da Previdência Social em três

grandes fases: a) do nascimento da previdência social – com o plano de

previdência aos acidentes do trabalho inaugurado por Bismarck, em 1883, até

o término da 1衣 Guerra Mundial; b) do Tratado de Versalhes até o fim da 2衣

Guerra Mundial, em 1945; c) do fim da 2衣 Guerra Mundial até os dias atuais2.

1.1.1 – Primeira Fase - Plano de Previdência de Otto Von

Bismarck, em 1883, até o Término da 1衣 Guerra Mundial

Inicialmente, em 1883, foi instituído o seguro-doença e logo depois, em

1884, o seguro contra acidente do trabalho e, em 1889, o seguro-invalidez e a

velhice. O custeio das prestações, por seu turno, tinha sustentação nas

contribuições dos empregados, empregadores e do Estado.

O sucesso do plano de seguro social de Bismarck levou essa nova

tendência aos demais países da Europa, protegendo principalmente os

trabalhadores, sem que se descuidasse da proteção fornecida pelos

mecanismos de assistência social aos demais atores sociais.

Sem dúvida, a formação do seguro social foi uma elevação significativa

que sucedeu as congregações de cunho mutualista que, por seu turno, já

haviam superado o estágio inicial da mera assistência social pública.

O seguro social, por sua vez, impunha a vinculação obrigatória com a

compulsória filiação de um grupo de trabalhadores ou certa camada da

população, verificando-se maior abrangência na proteção aos trabalhadores

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expostos aos enormes riscos decorrentes da recente realidade ofertada pela

revolução industrial. É importante destacar que, apesar da participação

governamental, o seguro social foi concebido atrelado às concepções do

seguro de direito privado.

1.1.2 – Segunda Fase - Do Tratado de Versalhes até o

término da 2衣 Guerra Mundial, em 1945

Após a celebração do Tratado de Versalhes, em 1919, os países

europeus voltaram suas atenções para os problemas sociais, por conta da

situação vivida no pós-guerra, dando grande ênfase à proteção do trabalho.

Neste contexto, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), um

organismo especializado da Organização das Nações Unidas (ONU), cuja

finalidade era - e ainda é - atuar em todos os países, fixando princípios

programáticos ou regras imperativas sobre Direito do Trabalho e Previdência

Social. A OIT teve um desempenho extraordinário na uniformização e no

aperfeiçoamento das legislações nacionais.

Nesse período foi iniciado o processo de constitucionalização dos

direitos sociais, que teve como precursoras as Constituições do México, de

1917, e a de Weimar, da Alemanha, de 1919 – passando a alçar os direitos

sociais ao nível constitucional, consagrando-os, contudo, como normas

programáticas. Também é imperioso destacar que, em 14 de agosto de 1935,

foi editada nos Estados Unidos, como uma das medidas do New Deal, a Social

Security Act, como medida para diminuir os sérios problemas sociais trazidos

pela crise econômica de 1929.

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1.1.3 – Terceira Fase - Do fim da 2衣 Guerra Mundial até

os dias atuais

Com o fim da 2ҥ Guerra Mundial, mesmo vitoriosas, as potências

democráticas liberais foram compelidas a reformular suas políticas sociais, pois

era necessário demonstrar a preocupação com os temas sociais em

contraposição ao facismo e ao socialismo. Assim, iniciava-se a formação dos

Estados do Bem-Estar Social - Welfare State -, ao menos até o início da

década de 1970, mobilizando grande parte das estruturas dos Estados para

uma frente intervencionista, adaptando-se às novas exigências políticas e

sociais, nas quais os direitos sociais ganharam muito mais relevância.

As potências democráticas liberais concretizaram-se, nas constituições

dos Estados, não apenas como normas programáticas, sem nenhuma eficácia,

mas como certo grau de eficácia com limites muitos menos estreitos. Ainda

hoje, mesmo as normas constitucionais meramente programáticas não são

consideradas apenas como simples valores, diretrizes ou comandos sem

eficácia. A doutrina mais moderna, pelo contrário, atribui eficácia normativa aos

comandos programáticos, garantindo-lhes um comando mínimo de eficácia. 3

Com efeito, desse processo, houve uma grande ampliação dos gastos

públicos. Assim, inicia-se novo processo decorrente do déficit fiscal

apresentado em muitos países, sobretudo no continente latino-americano.

Dessa forma, foi criado um processo de privatização que possui dois fatores

como elos comuns: a escassez crônica de capital e a dependência exagerada

dos fluxos de capital estrangeiro para financiar o crescimento. 4 Apesar da

semelhança dos sintomas entre os problemas enfrentados pelos países latino-

americanos e europeus, suas razões são bem diferentes, exigindo agendas

diferentes de reformas.

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1.2 – A Evolução do Direito Previdenciário no Brasil

No Brasil a evolução da proteção social seguiu um caminho

semelhante ao trilhado pelo resto do mundo. Inicialmente, a simples caridade,

após o mutualismo de caráter privado e facultativo, seguido pelo seguro social,

tenta-se implementar atualmente o sistema de seguridade social como

consagrado na Constituição de 1988.

1.2.1 – Brasil: do Período Colonial ao Império

A primeira iniciativa brasileira em relação à Previdência Social foi no

séc. XIX, antes da independência, quando Dom Pedro I, ainda príncipe

regente, logrou uma carta de lei que concedia aos professores régios com 30

anos de serviço, uma aposentadoria. Na época, tal aposentadoria era

denominada jubilação, e quem optasse por permanecer no trabalho receberia

um abono de 25% em sua folha de pagamento.

Em 22 de junho de 1835 foi criado o Montepio Geral dos Servidores do

Estado (Mongeral). Montepios são instituições que, mediante o pagamento de

cotas, cada membro adquire o direito de, ao falecer, deixar uma pensão

pagável a alguém de sua escolha.

Em 1888, conforme o Decreto n° 9.912-A, de 26 de março, os

empregados dos Correios receberam o direito à aposentadoria. O decreto

estabelecia 30 anos de permanência no serviço ou 60 anos de idade.

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1.2.2 – Brasil: do Período Republicano até a Constituição

Federal de 1988

No período de vigência da Constituição Republicana se propalou toda

a legislação previdenciária, que veio a preparar a evolução dos regimes de

previdência social existentes no Brasil.

De início, legislava-se de forma esparsa atendendo, quando possível, a

determinados setores predeterminados, principalmente aos servidores

públicos, já que constituíam uma grande massa de trabalhadores na época, já

que o Brasil era um país essencialmente agrícola. A única exceção dizia

respeito aos ferroviários, em razão de seu poder de organização, já que eram

capazes de deflagrar greves e, também, por exercerem uma atividade

extremamente importante para a economia do país. 5

Em função disso, foram criados fundos de pensão para os

trabalhadores das estradas de ferro e forças armadas. Em 1919 surgiu o

seguro contra acidades de trabalho em certas atividades.

Somente em 14 de janeiro de 1923, a Lei Eloy Chaves inaugurou um

período de grande evolução da previdência social em nosso país com a

criação de uma caixa de aposentadorias e pensões para cada uma das

empresas ferroviárias, considerada por muitos como o ponto de partida da

Previdência Social Brasileira, apesar de, anteriormente, terem sido editadas

outras leis previdenciárias.

A proliferação do regime de Caixas de Aposentadorias e Pensões por

empresas criou pequenos regimes de Previdência. Tal mecanismo tinha o

inconveniente do pequeno número de segurados indispensáveis ao

funcionamento em bases securitárias. Cabe ainda destacar a grande

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quantidade de trabalhadores que permaneciam à margem da proteção

previdenciária por não ocuparem postos de trabalhos em empresas protegidas.

Pouco a pouco, foi abandonada a criação das Caixas de

Aposentadoria e Pensões, passando, nos anos 30, para os Institutos de

Aposentadoria e Pensões, que tinham como principal diferencial a criação de

institutos especializados em função da atividade profissional de seus

segurados, e não mais por determinadas categorias como bancários,

marítimos, industriários, comerciários, pessoal de transportes e cargas,

possuindo abrangência nacional.

O primeiro instituto de previdência de âmbito nacional, com base na

atividade econômica, foi o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos

Marítimos, criado em 1933, pelo Decreto n° 22.872, de 29 de junho deste

mesmo ano.

Acrescenta-se, ainda, como outro ponto relevante na criação dos

Institutos de Aposentadoria e Pensões a vinculação dessas entidades a órgãos

do governo federal, submetidos ao controle financeiro, administrativo e diretivo

do Estado. 6

Em 1° de maio de 1943, o Decreto-Lei n° 5.452, aprovou a

Consolidação das Leis do Trabalho – CLT -, elaborada pelo Ministério do

Trabalho, Indústria e Comércio que criou também o primeiro projeto de

Consolidação das Leis de Previdência Social.

Sob a égide da Constituição de 1937, foi editado o Decreto-Lei n°

7.526, de 07 de maio de 1945, que determinou a criação de um só Instituto de

Previdência, o Instituto dos Seguros Sociais do Brasil – ISSB -,, que não

chegou a ser instalado em virtude de desinteresses políticos. Em 1946 foram

criados o Conselho Superior da Previdência Social e o Departamento Nacional

de Previdência Social.

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Em 1953 foi editado o Decreto n° 34.586, de 12 de novembro desse

ano, determinando a fusão de todas as Caixas em uma única entidade no

intuito de unificar o sistema, tanto do ponto de vista legislativo como

administrativo.

A Lei n° 3.807, de 26 de agosto de 1960, criou a Lei Orgânica de

Previdência Social – LOPS -, que unificou a legislação referente aos Institutos

de Aposentadorias e Pensões. O limite de idade para a aposentadoria, que

antes era de 50 anos, foi ampliado para 55 devido à expectativa de vida, que

aumentou consideravelmente em comparação aos anos 20. E para não

estimular a aposentadoria precoce, a lei passou a exigir um novo limite etário

para homens e mulheres. Em 1963 foi criado o Fundo de Assistência ao

Trabalhador Rural – FUNRURAL -, e o Regime Único dos Institutos de

Aposentadorias e Pensões.

O Decreto-Lei n° 72, de 21 de novembro de 1966, reuniu os seis

Institutos de Aposentadorias e Pensões no Instituto Nacional de Previdência

Social – INPS -. A Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, criou o

Programa de Integração Social- PIS -, e a Lei Complementar nº 8, de 3 de

dezembro de 1970, que instituiu o Programa de Formação do Patrimônio do

Servidor Público – PASEP -. Em 1974 foi instituído o Ministério da Previdência

e Assistência Social desmembrado do Ministério do Trabalho e da Previdência

Social. No mesmo ano foi autorizado ao poder executivo construir uma

empresa de processamento de dados da Previdência Social.

Em 1° de setembro de 1977, criou-se o Sistema Nacional de

Previdência e Assistência Social - SINPAS - com a finalidade de integrar todas

as atribuições ligadas à previdência social rural e urbana, tanto dos servidores

públicos federais quanto dos empregados das empresas privadas, composto

por sete entidades: INPS, IAPAS, INAMPS, LBA, FUNABEM, DATAPREV e

CEME.

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A Emenda n° 18, de 1981, por sua vez, acrescentou o preceito que

constitucionalizava a aposentadoria especial do professor aos 30 anos, e da

professora aos 25, por tempo de serviço.

1.2.3 – Brasil: após a Constituição Federal de 1988

A nova Constituição de 1988 é decorrente do processo de restauração

do Estado democrático de direito, rompendo com o autoritarismo do regime

militar, sendo o reflexo direto da participação da sociedade civil brasileira, com

um passado de exclusão das decisões políticas e econômicas da Nação. Isso

levou a um produto final – a Constituição - extremamente heterogênea e

delineada por certas proteções corporativas.

Aliás, nesse ponto, vale transcrever a lapidar manifestação de Luís

Roberto Barroso 7, a saber:

“Na euforia – saudável euforia – de

recuperação das liberdades públicas, a constituinte

foi um amplo exercício de participação popular.

Neste sentido, é inegável o seu caráter democrático.

Mas, paradoxalmente, foi este mesmo caráter

democrático que fez com que o texto final

expressasse uma vasta mistura de interesses

legítimos de trabalhadores e categorias econômicas,

cumulados com interesses cartoriais, corporativos,

ambições pessoais etc”.

Na realidade, como ensina Wagner Balera, a CF/88 instituiu um

autêntico Sistema Nacional de Seguridade Social, que configura um conjunto

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normativo integrado de um sem-número de preceitos de diferentes hierarquias

e configurações8.

Pode-se destacar a edição das leis nº 8.212/91 e 8.213/91 e suas

alterações como marco regulatório do sistema previdenciário brasileiro

instituindo, respectivamente, o Plano de Custeio e o Plano de Benefícios

Previdenciários.

As reformas constitucionais ao texto original de 1988 são decorrentes

da impossibilidade de se separar a realidade econômica da jurídica, pois não

se pode pretender concretizar o irrealizável, já que se deve obediência aos

limites econômicos na forma da lei. Nesse sentido, pode-se destacar

especialmente a Emenda Constitucional nº 20, de 1998, que reforçou o regime

previdenciário contributivo e de cobertura limitada a certo valor, enfatizando,

por outro lado, os regimes de previdência social complementares, em que

vigora a vinculação facultativa e sem limite de cobertura. Normatizando as

regras previdenciárias dos servidores públicos.

Como conseqüência natural da EC nº 20/98 tivemos a edição da Lei nº

9.717/98, que estabeleceu as regras gerais para os Regimes Próprios de

Previdência Social. Podem se destacar ainda: a lei nº 9.983/00, que tipifica os

Crimes Previdenciários; a lei nº 10.035/00, que trata dos procedimentos para

execução de contribuições na Justiça do Trabalho; a lei complementar 108/01,

que Dispõe sobre a Previdência Complementar dos Servidores e a lei nº

109/01, que dispõe sobre o Regime de Previdência Complementar.

A reforma constitucional promovida pelas Emendas nº. 41, de 2003 e

nº. 47, de 2005, que apesar das diversas críticas, por parte dos servidores

públicos, foram implementadas diminuindo a diferença entre o Regime Geral

de Previdência Social e o Regime Próprio dos Servidores Públicos.

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CAPÍTULO II

O SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO

A situação do Sistema Previdenciário no Brasil ficou mais bem

definida, após a aprovação da EC n º. 20/98, apesar das profundas alterações

que se sucederam, principalmente na previdência dos servidores públicos

decorrentes das Emendas Constitucionais n º 41/03 e n º 47/05.

O referido sistema é complexo, sendo constituído por dois subsistemas

básicos:

O Subsistema Público;

O Subsistema Privado.

O Subsistema Público, de natureza estatutária, é subdividido em:

Regime Geral de Previdência Social – RGPS;

Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS.

O Subsistema Privado, de natureza contratual, é subdividido em:

Previdência Complementar Aberta;

Previdência Complementar Fechada.

2.1 – Subsistema Público - O Regime Geral de

Previdência Social - RGPS

Esse regime é de caráter contributivo e regido pelo princípio do

equilíbrio financeiro e atuarial e que dá guarida a todos os trabalhadores que

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exercem atividades remuneradas, com exceção dos que estejam filiados ao

subsistema do Regime Próprio de Previdência Social e é administrado pelo

INSS. A filiação a esse subsistema pode ser obrigatório ou facultativa.

Esse regime adota como modelo de financiamento, o sistema de

repartição simples, também chamado de sistema de caixa. O fluxo dos

recursos baseia-se em processos estanques onde o caixa do Tesouro ou do

Instituto de Previdência recebe contribuições dos servidores, quando elas

existem, e as complementa com os recursos faltantes e necessários para

suportar os benefícios previdenciários, não havendo correspondência entre as

contribuições ao subsistema e o pagamento dos benefícios previdenciários.

2.2 – Subsistema Público - O Regime Próprio de

Previdência Social - RPPS

Esse regime também é de caráter contributivo e regido pelo princípio

do equilíbrio financeiro e atuarial, que é assegurado exclusivamente aos

servidores titulares de cargo efetivo.

O RPPS organiza tanto a previdência dos atuais servidores titulares de

cargo efetivo (servidores em atividade), como a dos atuais servidores inativos e

pensionistas cujos benefícios estejam sendo pagos pelo ente estatal.

Esse regime pode se organizar como entidade autônoma ou órgão, os

quais deverão ser únicos no ente federado. Deve possuir contabilidade e

controles apartados do restante do ente público.

São sujeitos ao controle e à fiscalização do Ministério de Previdência e

Assistência Social, sendo-lhes vedada, entre outras, a utilização dos seus

recursos para fins que não sejam o pagamento de benefícios previdenciários,

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os quais não podem ser distintos dos oferecidos pelo RGPS. Cabe acrescentar

que lhes são vedado a prestação de assistência financeira ou de saúde aos

seus segurados.

São regulados pela Lei n º 9.917/98 que estabelece, diferentemente do

ocorre no RGPS, o modelo de financiamento calcado na capitalização

individual das contribuições ao subsistema.

2.3 – Subsistema Privado - Previdência Complementar

Aberta ou Fechada

É caracterizado por não ter caráter obrigatório, sendo, pois facultativa a

adesão dos segurados. Tem por finalidade suprir a necessidade de renda

adicional, por ocasião da inatividade, conseqüência das mudanças decorrentes

das EC n º. 41 e 47 que limitaram o valor do benefício previdenciário por

ocasião da inatividade.

A distinção entre o tipo aberto ou fechado é decorrente da

possibilidade de filiação livre ou restrita dos segurados.

Tipo Aberto - São administradas normalmente por entidades com fins

lucrativos – bancos e seguradoras;

Tipo Fechado - São administradas por instituição sem fins lucrativos –

Fundos de Pensão, de que são exemplos a Previ (funcionários do Banco do

Brasil) e a Petros (funcionários da Petrobrás).

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A situação do Sistema Previdenciário no Brasil pode ser mais bem

visualizada no gráfico abaixo:

Previdência no Brasil

RPPS Previdência Complementar

RGPS

Entidades Abertas

Entidades Fechadas

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CAPÍTULO III

A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PREVIDENCIÁRIA

As Contribuições “parafiscais” ou especiais são classificadas em três

tipos, conforme o art. 149, da CF/88: sociais, de intervenção no domínio

econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas. Não

tendo como objetivo precípuo à obtenção de receitas, mas sim a

correspondente finalidade de sua instituição, que induz a idéia de vinculação

direta: a) do órgão do Poder Público incumbido da intervenção no domínio

econômico; b) da entidade gestora dos interesses da categoria profissional ou

econômica. 9

Conforme muito bem sintetiza o professor Marcelo Leonardo Tavares

“é relativamente pacífica a aceitação das contribuições sociais como tributo, na

forma disciplinada no Código Tributário Nacional, art. 3º.” O referido jurista,

para reforçar esse posicionamento, cita ainda, o entendimento dos professores

Paulo de Barros Carvalho, para quem as contribuições são entidades

tributárias subordinadas ao regime constitucional tributário e Roque Antonio

Carraza, que entende serem tributos pois devem necessariamente obedecer

ao regime jurídico tributário. 10

O objeto desse trabalho é a contribuição social, mais especificamente

a prevista nos incisos I, a, e II, do art. 195, da Constituição Federal –

Contribuição Previdenciária – que somente podem ser empregadas no custeio

específico da Previdência Social, art. 167, XI, da CF/88.

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3.1 – O Fato Gerador e a Natureza Jurídica da Contribuição Previdenciária

3.1.1 - O Fato Gerador do Tributo

O fato gerador do tributo, isto é, o fato gerador da obrigação tributária

principal é, conforme o previsto no art. 114, do Código Tributário Nacional:

"a situação definida em lei como necessária e

suficiente a sua ocorrência".

Dessa forma a relação tributária, como qualquer outra relação jurídica,

surge da ocorrência de um fato previsto em uma norma como capaz de

produzir esse efeito.

Os fatos jurídicos são, em geral, fatos geradores de direito material.

Assim, o direito que um empregado tem de receber o seu salário nasce do fato

da execução do respectivo contrato de trabalho, com a prestação de serviço ao

empregador. Essa prestação de serviço, nos termos de um contrato de

trabalho, é o fato gerador do direito ao salário. Do contrato de compra e venda

nasce para o comprador o direito de receber a coisa comprada, e para o

vendedor o direito de receber o preço respectivo. O fato jurídico da compra e

venda é o fato gerador desses direitos.

A identificação do fato gerador de cada tributo é primordial para se

distinguir, entre os diversos tributos em suas espécies e subespécies, a

tipificação do fato jurídico.

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25

3.1.2 - Natureza Jurídica Específica do Tributo

A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato

gerador da respectiva obrigação, conforme o previsto no art. 4º do Código

Tributário Nacional. Essa regra explicita o critério fundamental para

identificação de cada espécie tributária: imposto, taxa, contribuição de

melhoria, contribuições sociais e os empréstimos compulsórios. Fornece,

igualmente, um critério seguro para a identificação de cada imposto, dentro da

espécie impostos, de cada taxa, dentro da espécie taxas, e de cada

contribuição.

É importante ressaltar que a natureza específica do tributo não é

definida por sua base de cálculo. Todavia, como ensinou o ilustre professor

Geraldo Ataliba, "a base imponível é a dimensão do aspecto material da

hipótese de incidência".11

O fato gerador é a concretização da hipótese de incidência, sendo

correto afirmar que a base imponível, ou base tributável, nada mais é do que o

aspecto dimensível do fato gerador da obrigação tributária.

3.1.3 - O Fato Gerador da Contribuição Previdenciária

O núcleo da contribuição previdenciária alberga como elemento

essencial à condição inerente ao seguro, e este, em face de sua natureza,

envolve sempre a possibilidade de auferimento de um prêmio. No caso da

seguridade social, esse prêmio é o benefício, com o qual o segurado tem a

garantia dos meios de subsistência, em face de eventual invalidez, ou da

velhice.

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26

O fato gerador da Contribuição Previdenciária está limitado no próprio

texto constitucional, desta forma a legislação infra-constitucional deve

obedecer essa limitação.

3.2 - O Sujeito Passivo da Contribuição Previdenciária

Assim, nos exatos termos do art. 195, da Constituição Federal de

1988, somente podem ser colhidos pelo legislador como sujeitos passivos da

contribuição de seguridade social, no que importa ao assunto em exame: os

empregadores e os trabalhadores.

O conceito de empregador deveria ser o mesmo que o utilizado na

legislação trabalhista, mas há diversos entendimentos, inclusive

jurisprudenciais, que ampliam o referido conceito. Partem do pressuposto de

que a lei ordinária mais recente deu novo entendimento ao conceito, mesmo

que esteja a revelia do entendimento sedimentado na CF/88.12

Sendo que trabalhador é todo aquele que presta serviços, seja a

empregador, seja a pessoa com a qual não mantém vínculo empregatício. Por

isto mesmo o trabalhador autônomo e o avulso são contribuintes da

Previdência Social. Em relação a ele a Constituição não definiu o suporte para

a exigência da contribuição, mas é razoável entender-se que esta há de incidir

sobre a remuneração percebida em razão de seu trabalho. Não pode a

contribuição cobrada, do trabalhador, ter como base de cálculo qualquer outra

coisa que não seja a remuneração, posto que é ela que o qualifica como

trabalhador.13

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27

3.3 - Tributos da Competência Residual

A Constituição vigente em seu art. 154, foi atribuída à União a

possibilidade de que novos impostos pudessem ser criados, além daqueles já

previstos nas competências privativas da União, Estados, Distrito Federal e

Municípios. Essa competência é chamada de residual.

Estabelece, porém, limitações ao exercício dessa competência residual

que são:

devem ser instituídos mediante lei complementar;

que sejam não cumulativos; e

não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios daqueles

já atribuídos a cada uma das três entidades integrantes da

Federação.

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CAPÍTULO IV

A CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS

SERVIDORES PÚBLICOS DETENTORES DE CARGOS

EM COMISSÃO

4.1 – Da Ilegitimidade da Cobrança de Contribuição

Previdenciária Relativamente aos Servidores Comissionados

A redação original da Constituição de 1988, em seu art. 195, assim

dispunha:

“Art. 195. A seguridade social será financiada por

toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos

termos da lei, mediante recursos provenientes dos

orçamentos da União, dos Estados, do Distrito

Federal e das seguintes contribuições sociais:

I – dos empregadores, incidente sobre a folha de

salários, o faturamento e o lucro;

II – dos trabalhadores;

III – sobre a receita de concursos de prognósticos.”

Desde a promulgação da Constituição, o Supremo Tribunal Federal

vinha dando interpretação bastante restrita ao significado da expressão

“trabalhador”. Entendia a Corte Suprema que, no caso dos entes de direito

público, somente aqueles que tivessem vínculo “celetista”, isto é, regido pelo

Direito do Trabalho, poderiam ser considerados “trabalhadores” para os efeitos

legais.

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Esta leitura do Supremo Tribunal Federal já era perceptível em antigos

precedentes, como na ação direta de inconstitucionalidade nº 492-1, relatada

pelo eminente Ministro CARLOS VELLOSO, e que reconheceu a

inconstitucionalidade da aliena “e” do art. 240 da Lei 8.112/90 (Estatuto dos

Servidores Públicos Federais), excluindo da Justiça do Trabalho as causas

cuja relação jurídica subjacente não fosse de vínculo celetista.

O pensamento da Corte Suprema, entretanto, ficou absolutamente

claro no julgamento do recurso extraordinário nº 351.717-1-PR, do qual se

destaca a seguinte passagem do acórdão:

“É dizer, o trabalhador seria segurado da

previdência social, certo que trabalhador, no caso,

seria aquele que prestasse serviço a entidade de

direito privado ou mesmo entidade de direito público,

desde que abrangido pelo regime celetista. A

contribuição social seria devida por esse

trabalhador.”

Vale ressaltar que, embora proferida após a Emenda Constitucional nº

20/98, a decisão foi baseada na redação original da Constituição, exatamente

porque estava em discussão a constitucionalidade de dispositivo da Lei 9.506,

de 1997, anterior, portanto, à Emenda.

Assim, não pode restar qualquer dúvida de que a vinculação de

servidor público não-celetista ao regime geral de previdência (RGPS), antes da

Emenda Constitucional nº 20, de 1998, violaria a Constituição, em sua redação

original.

Pois bem: assentada tal premissa, qual era o fundamento infra-

constitucional da vinculação de tais servidores, ao menos a nível federal, ao

RGPS? A resposta está no art. 3º da Lei 8.647, de 13/04/93, que incluiu a

alínea “g” no art. 12-I da Lei 8.212/91, com a seguinte redação:

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Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência

Social as seguintes pessoas físicas:

I – como empregado

g) o servidor público ocupante de cargo em

comissão, sem vínculo efetivo com a União,

Autarquias, inclusive em regime especial, e

Fundações Públicas Federais.

Conquanto o dispositivo fosse voltado exclusivamente aos servidores

federais, é fácil perceber que contra ele podem ser opostos os mesmos

argumentos que levaram o STF, por unanimidade, a declarar a

inconstitucionalidade da aliena “h” do mesmo dispositivo.

Analise-se agora a situação posterior à chamada “Primeira Reforma

Previdenciária”.

Com o advento da Emenda Constitucional nº 20, em 1998, o art 195-II

da Constituição passou a ter a seguinte redação, que conserva até hoje:

“Art. 195. (omissis)

II – do trabalhador e dos demais segurados da

previdência social, não incidindo contribuição sobre

aposentadoria e pensão concedidas pelo regime

geral de previdência social de que trata o art. 201.”

É fácil perceber que a modificação do dispositivo pretendeu esvaziar

as seguidas impugnações que se faziam quanto ao sentido da expressão

“trabalhador” no texto constitucional.

Para um intérprete mais apressado, poderia parecer que a Emenda

20/98 teria superado o problema, permitindo a cobrança aqui impugnada, ou

mesmo “constitucionalizando” a natimorta disposição da Lei 8.647/93, ainda

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mais quando a mesma Emenda introduziu o § 13 no art. 40 da Carta da

República, com o seguinte teor:

Ҥ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de

cargo em comissão declarado em lei de livre

nomeação e exoneração bem como de outro cargo

temporário ou de emprego público, aplica-se o

regime geral de previdência social”.

Todavia, a melhor interpretação não é aquela que parece sobressair de

um primeiro olhar sobre a referida Emenda, como se demonstrará a seguir.

Retome-se o raciocínio a partir da decisão do STF no recurso

extraordinário nº 351.717-1-PR, cuja esclarecedora ementa se transcreve

integralmente a seguir:

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO.

PREVIDÊNCIA SOCIAL. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL:

PARLAMENTAR: EXERCENTE DE MANDATO

ELETIVO FEDERAL, ESTADUAL ou MUNICIPAL.

Lei 9.506, de 30.10.97. Lei 8.212, de 24.7.91. C.F.,

art. 195, II, sem a EC 20/98; art. 195, § 4º; art. 154,

I. I. - A Lei 9.506/97, § 1º do art. 13, acrescentou a

alínea h ao inc. I do art. 12 da Lei 8.212/91,

tornando segurado obrigatório do regime geral de

previdência social o exercente de mandato eletivo,

desde que não vinculado a regime próprio de

previdência social. II. - Todavia, não poderia a lei

criar figura nova de segurado obrigatório da

previdência social, tendo em vista o disposto no art.

195, II, C.F.. Ademais, a Lei 9.506/97, ao criar figura

nova de segurado obrigatório, instituiu fonte nova de

custeio da seguridade social, instituindo contribuição

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social sobre o subsídio de agente político. A

instituição dessa nova contribuição, que não estaria

incidindo sobre "a folha de salários, o faturamento e

os lucros" (C.F., art. 195, I, sem a EC 20/98), exigiria

a técnica da competência residual da União, art.

154, I, ex vi do disposto no art. 195, § 4º, ambos da

C.F. É dizer, somente por lei complementar poderia

ser instituída citada contribuição. III. -

Inconstitucionalidade da alínea h do inc. I do art. 12

da Lei 8.212/91, introduzida pela Lei 9.506/97, § 1º

do art. 13. IV. - R.E. conhecido e provido.”

Analisando a ementa a seguir, nota-se que o STF entendeu

inconstitucional, sob a égide da redação original da Constituição de 1988, a

vinculação dos detentores de mandatos eletivos ao INSS, sob dois

fundamentos distintos, a saber:

i) não subsunção dos servidores efetivos ao conceito de

“trabalhador” (art. 195,II da Constituição da República);

ii) exigência de lei complementar para a criação de nova

fonte de custeio da previdência (§ 4º do mesmo

dispositivo).

Assim, ainda que se considere que o primeiro fundamento teria sido

superado pela Emenda Constitucional nº 20/98, que alterou o art. 195 da

Constituição, restaria saber a União e o INSS estariam autorizados a cobrar a

referida contribuição, mesmo na ausência de lei complementar instituidora da

exação. A indagação é pertinente na medida em que permanece íntegro –

mesmo após sucessivas reformas – o § 4º do art. 195 da Carta Magna, que

tem o seguinte teor:

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“§ 4º. A lei poderá instituir outras fontes destinadas a

garantir a manutenção ou expansão da seguridade

social, obedecido o disposto no art. 154,I.”

O art. 154, I, com é cediço, trata da competência tributária residual da

União, que só pode ser exercida por lei complementar.

A pergunta – singela, mas irrespondível – que se pode fazer é a

seguinte: onde está a lei complementar que instituiu a contribuição que a União

e o INSS, ilegitimamente, vêm cobrando das unidades subnacionais (Estados,

Distrito Federal e Municípios)?

Decerto que a Lei 8.647/93, ordinária e anterior à Emenda, além de

dirigida aos servidores federais, jamais poderia cumprir este papel.

Restaria as unidades subnacionais invocar o § 13 do art. 40 da

Constituição, já transcrito acima. O dispositivo, entretanto, não tem o alcance

que se lhe pretende dar. Veja-se, uma vez mais sua redação: ao dizer que ao

servidor ocupante de cargo em comissão “aplica-se o regime geral de

previdência social”, a Emenda não teve o condão de criar nova fonte de

custeio da previdência social.

O efeito imediato do novo § 13 foi tão somente o de desligar os

servidores comissionados do regime próprio de previdência, que passou a ser

privativo dos servidores com vínculo efetivo. Ainda que se possa dizer – já

com razoável elastério interpretativo – que tais servidores estariam, desde a

promulgação da Emenda – protegidos pelo RGPS, daí não se pode concluir,

sem mais, que estariam obrigados a sustentar uma nova fonte de custeio para

o sistema previdenciário, pois isto dependeria de lei complementar.

Entendimento contrário equivaleria a, simplesmente, negar qualquer utilidade

ao § 4º do art. 195 da Carta da República.

Não se venha, neste passo, com a argumentação “por exclusão”, no

sentido de que os servidores comissionados, ao serem desligados do regime

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próprio, deveriam naturalmente “cair” no RGPS, pois ninguém poderia

permanecer desvinculado de qualquer regime previdenciário. O argumento,

além de impróprio à seriedade necessária nas interpretações jurídicas, é

rebatido pela simples comparação com a situação dos detentores de mandato

eletivo, que passaram vários anos sem estarem vinculados a qualquer regime

previdenciário, exatamente porque o STF entendeu que a edição lei

complementar era essencial à instituição de nova fonte de custeio para o

RGPS.

Resta patente, assim, a ausência de fundamento constitucional ou

legal para a cobrança de contribuições ao regime geral de previdência, em

razão do vínculo de servidores comissionados com a Administração Pública

Municipal.

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CONCLUSÃO

O processo histórico de mudanças de valores e de urbanização da

sociedade brasileira pressionou o Estado a se incumbir do papel de guardião

dos idosos e pensionistas, inicialmente de forma bastante assimétrica, lenta e

excludente, com benefícios proporcionais à capacidade de organização e

pressão política dos diversos grupos sociais. Depois, com o conseqüente

processo de universalização e revisão das inconsistências técnicas do sistema,

buscando-se inicialmente o equilíbrio financeiro e depois o equilíbrio atuarial.

A necessidade de se buscar caminhos para superar as dificuldades

fiscais fez com fossem implementas reformas ajustando o sistema de

repartição existente, alterando a idade mínima para aposentadoria, elevando o

valor das contribuições ou eliminando benefícios especiais.

É claro que o Sistema Previdenciário Brasileiro sofreu o impacto do

envelhecimento da população e da queda das taxas de fertilidade, mas não há

dúvida que as principais causas das reformas foram decorrentes da baixa

cobertura, dos índices precários de contribuição entre os trabalhadores e de

muitas regalias de caráter clientelista e corporativista.

As reformas implementadas foram feitas sem a devida discussão com

os diversos atores sociais envolvidos, enfrentando paradigmas jurídicos como

os princípios da segurança jurídica e do direito adquirido.

A grande crítica que se pode vislumbrar é a excessiva utilização de

atos administrativos no lugar da Lei e a imprecisão da utilização da técnica

jurídica na implementação dos marcos regulatórios sem a devida observação

da teoria constitucional.

Isso fica patente quando se verifica que a instituição da contribuição

previdenciária para os ocupantes de cargo em comissão não seguiu a norma

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constitucional, pois não foi utilizado o correto instrumento jurídico – a exigência

de lei complementar para a criação de nova fonte de custeio da previdência.

A definição de um novo fato gerador da contribuição previdenciária

pela inclusão de um novo sujeito passivo no texto constitucional, não pode ser

interpretada como de eficácia imediata e sim contida, pois fato gerador da

obrigação tributária somente pode ser criado mediante lei.

No caso específico, sua instituição requer lei complementar, pois está

dentro da competência residual da União instituir tributos – fonte de custeio

para a seguridade social – não inicialmente previstos no texto constitucional.

Desta forma fica patente a absoluta ilegalidade da cobrança da contribuição

sobre esse fato gerador seja considerando o relativo aos funcionários, seja da

entidade pública.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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da Legislação Previdenciária Brasileira, São Paulo: Editora Revista dos

Tribunais;

ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária, 4ª Edição. São Paulo:

Editora Revista dos Tribunais, 1990;

BALERA, Wagner. A Seguridade Social na Constituição de 1988. São Paulo:

Editora Revista dos Tribunais, 1989;

BALERA, Wagner. A Seguridade Social na Constituição de 1988. São Paulo:

Editora Revista dos Tribunais, 1989;

BARROSO, Luís Roberto. Temas de Direito Constitucional. In: Doze anos da

Constituição Brasileira de 1988. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2001;

BORBA, Cláudio. Direito Tributário, 7ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Impetus,

2001;

CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição.

Almedina: Editora Coimbra, 1997;

COELHO, Vera Schattan P. Coelho. A Reforma da Previdência Social na

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latino-americana – Gosta Esping-Andersen. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003;

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Constituição de 1988. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1989;

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 27 ª Edição. Fortaleza:

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38

MODESTO, Paulo. Reforma da Previdência, Belo Horizonte: Editora Fórum,

2004;

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional, 19ª Edição. São Paulo: Editora

Atlas S.A., 2006;

OLIVEIRA, André. Legislação Previdenciária, 13ª Edição. Rio de Janeiro:

Editora Lúmen Júris, 2005;

RODRIGUES, Flavio Martins. Fundos de Pensão: Temas Jurídicos, Rio de

Janeiro: Editora Renovar, 2003;

RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de Previdência Social. Rio de Janeiro:

Editora Forense, 1978;

SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais, 4ª Edição.

São Paulo: Malheiros Editores, 2000;

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 24ª Edição.

São Paulo: Malheiros Editores, 2005.

TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 7ª Edição. Rio de

Janeiro: Editora Lúmen Júris, 2005;

TORRES, Ricardo Lobo. Normas de Interpretação e Integração do Direito

Tributário, 3ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2000;

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BIBLIOGRAFIA CITADA

1 LEITE, Celso Barroso. Apud BALERA, Wagner. A Seguridade Social na

Constituição de 1988. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1989, p. 16;

2 RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de Previdência Social. Rio de Janeiro:

Forense. 1978, p. 12-13;

3 CANOTILHO. J. J. Gomes. Direito Constitucional e teoria da constituição.

Coimbra: Almedina, 1997. p. 182;

4 Coelho, Vera Schattan P. Coelho. A Reforma da Previdência Social na

América Latina. In: Uma perspectiva transatlântica da política de privatização

latino-americana – Gosta Esping-Andersen. Rio de Janeiro, Editoria FGV,

2003. p. 13-14;

5BALERA, Wagner. A Seguridade Social na Constituição de 1988. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1989, p. 14;

6 ALVIM, Ruy Carlos Machado. Apud FERNANDES, Aníbal. Uma história crítica

da legislação previdenciária Brasileira. RDT 18/21;

7 BARROSO, Luís Roberto. Temas de Direito Constitucional. In: Doze anos da

Constituição Brasileira de 1988. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 9

8 BALERA, Wagner. A Seguridade Social na Constituição de 1988. São Paulo:

Revista dos Tribunais, 1989, p. 11.

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40

9 Machado, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 27 ª Edição. Editora Malheiros. Fortaleza, p. 418.

10 Tavares, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 7ª Edição. Editora Lúmen Júris, Rio de Janeiro, p. 10-11.

11 Ataliba, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária, 4ª edição, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1990, p. 108.

12 Machado, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 27 ª Edição. Editora Malheiros. Fortaleza, p. 426.

13 Machado, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 27 ª Edição. Editora Malheiros. Fortaleza, p. 427.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

NO BRASIL E NO MUNDO 09

1.1 - A Evolução do Direito Previdenciário no Mundo 10

1.1.1 - Primeira Fase 10

1.1.2 – Segunda Fase 11

1.1.3 – Terceira Fase 12

1.2 – A Evolução do Direito Previdenciário no Brasil 13

1.2.1 – Brasil: do Período Colonial ao Império 13

1.2.2 - Brasil: do Período Republicano até a CF/88 14

1.2.3 - Brasil: após a CF/88 17

CAPÍTULO II

O SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO 19

2.1 – Subsistema Público – RGPS 19

2.2 – Subsistema Público – RPPS 20

2.3 – Subsistema Privado – Previdência Complementar 21

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CAPÍTULO III

A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PREVIDENCIÁRIA 23

3.1 – O Fato Gerador e a Natureza Jurídica

da Contribuição Previdenciária 24

3.1.1 – O Fato Gerador do Tributo 24

3.1.2 – A Natureza Jurídica Específica do Tributo 25

3.1.2 – O Fato Gerador da Contribuição Previdenciária 25

3.2 – O Sujeito Passivo da Contribuição Previdenciária 26

3.3 – Tributos da Competência Residual 27

CAPÍTULO IV

A CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SERVIDORES

PÚBLICOS DETENTORES DE CARGOS EM COMISSÃO 28

4.1 – Da Ilegitimidade da Cobrança de Contribuição

Previdenciária Relativamente aos Servidores Comissionados 28

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37

BIBLIOGRAFIA CITADA 39

ÍNDICE 41

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