universidade cÂndido mendes pÓs-graduaÇÃo … · a água de lastro é a água captada nos...

45
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE ÁGUA DE LASTRO, UMA AMEAÇA SILENCIOSA. Por: Daniely Corrêa Ferreira Dias Orientador Prof. Francisco Carrera Rio de Janeiro 2010

Upload: truongphuc

Post on 13-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ÁGUA DE LASTRO, UMA AMEAÇA SILENCIOSA.

Por: Daniely Corrêa Ferreira Dias

Orientador

Prof. Francisco Carrera

Rio de Janeiro

2010

- 2 -

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Água de lastro, uma ameaça silenciosa.

Apresentação de monografia à Universidade Cândido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão Ambiental.

Por: Daniely Corrêa Ferreira Dias

- 3 -

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por seu imenso amor, infinita misericórdia e

por estar sempre ao meu lado, me sustentando nos momentos mais difíceis e me

conduzindo a grandes vitórias.

À minha filha Sofia e ao meu esposo Arnaldo, por todo amor, carinho e pela

felicidade proporcionada por sua companhia; por todo apoio, e, especialmente, pela

compreensão nos momentos que mais precisei, além de todo incentivo para a

concretização deste sonho.

Aos meus queridos pais, Francisco e Tânia, por todo amor, confiança e por

estarem sempre ao meu lado em todos os momentos me apoiando.

Ao meu irmão Bruno por sempre encher minha vida de muita alegria e estar

sempre disposto a me ajudar.

Ao meu orientador Francisco Carrera do Instituto A Vez do Mestre,

Universidade Cândido Mendes, por ter me orientado e obrigada por toda a

dedicação que demonstrou ter durante a realização deste trabalho.

À Universidade Cândido Mendes, agradeço pela colaboração e por possibilitar

a realização do trabalho.

- 4 -

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia à minha filha, meu

esposo, meus pais e meu irmão. Sem vocês

nada seria possível. Amarei vocês eternamente.

- 5 -

RESUMO

O transporte de organismos exóticos através da água de lastro de navios é

considerado como um dos principais vetores de invasões biológicas. Este fenômeno

embora seja ainda pouco estudado, é reconhecido como uma das maiores ameaças

à biodiversidade do planeta e, portanto vem causando preocupações a nível

internacional. Diante desta problemática, é necessário o desenvolvimento de

trabalhos que promovam o esclarecimento do assunto e a conscientização da

população quanto aos impactos causados pela bioinvasão via água de lastro.

O presente estudo aborda a disseminação de organismos exóticos na biota

marinha, seus principais impactos e as principais diretrizes internacionais voltadas à

prevenção de desequilíbrios no ecossistema marinho, apontando possíveis soluções

que visem a redução de impactos causados pela carga e descarga de navios e

formas de conscientização da população acerca do problema, buscando assim, o

gerenciamento sustentável das atividades portuárias.

Palavras-Chave: Água de Lastro, Sustentabilidade, Espécies exóticas, Bioinvasão.

- 6 -

METODOLOGIA

A metodologia utilizada no presente trabalho foi baseada em uma revisão

bibliográfica de informações contidas em livros, revistas científicas e artigos

acadêmicos.

- 7 -

SUMÁRIO

Introdução ...........................................................................................................9

Capítulo I .............................................................................................................11

A água de lastro ...................................................................................................11

Capítulo II ............................................................................................................17

Impacto da bioinvasão aquática ...........................................................................17

1. Risco Ambiental ................................................................................................18

2. Impacto Econômico ..........................................................................................20

3. Impacto na Saúde Pública ................................................................................21

4. Principais Espécies invasoras ..........................................................................22

Capítulo III ............................................................................................................26

Controle e gestão da água de lastro .....................................................................26

1. Aspectos legais .................................................................................................26

1.1. Principais Ações Internacionais ...................................................................26

1.2. Ações adotadas no Brasil ............................................................................30

2. Métodos de controle e prevenção da água de lastro ........................................33

2.1. Opções de tratamento a bordo do navio ..................................................... 35

3. Medidas de gestão e controle das espécies exóticas .......................................36

4. Comunicação e Mobilização .............................................................................37

Considerações finais .........................................................................................38

- 8 -

Referências Bibliográficas ................................................................................41

- 9 -

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, o transporte marítimo tem contribuído para a

intensificação das trocas comerciais e para o intercâmbio de pessoas ao redor do

mundo. O avanço tecnológico permitiu o surgimento de embarcações cada vez

maiores e mais rápidas, propiciando o aumento da capacidade de carga

transportada pelas embarcações, o que levou a exigência de requisitos de

segurança operacional, como estabilidade estática e dinâmica, manobra e governo.

A realização de operações seguras e eficientes depende da estabilidade do

navio, esta é alcançada através do uso do lastro, que é o elemento equilibrador da

embarcação, em seus tanques ou porões. Até o século XIX, o lastro era sólido

(pedras e areia), o que causava instabilidade aos navios, especialmente com o

movimento de embarque e desembarque da carga nos portos. A partir desta data,

com o aperfeiçoamento da estrutura das embarcações, começou-se a utilizar água

nos tanques. Entretanto, é provável que somente durante e após a 2° Grande

Guerra Mundial, a água de lastro tenha começado a circular em grandes volumes,

dando início à introdução de espécies exóticas por esta via (Carlton et al, 1993).

O transporte de organismos nocivos através do lastro dos navios vem

ocorrendo durante vários séculos. O movimento destas espécies tem sido

desastroso e tem crescido alarmantemente, causando sérios prejuízos aos

ecossistemas marinhos, danos à saúde humana, à biodiversidade, às atividades

pesqueiras e de maricultura, resultando em um problema global, devido ao aumento

do impacto ecológico e econômico em vários ecossistemas.

O tráfego marítimo por ser responsável por cerca de 80% do comércio

mundial, vem contribuindo para a eliminação ou redução das barreiras naturais,

responsáveis pela integridade dos ecossistemas, o que resulta em uma perda da

- 10 -

diversidade e conseqüentemente na homogeneização da flora e fauna em todo o

mundo.

- 11 -

CAPÍTULO I

A ÁGUA DE LASTRO

Desde a antiguidade, o transporte marítimo representa um meio de

deslocamento de alta relevância. Ao longo dos séculos, este meio de transporte

sofreu várias inovações. Inicialmente as primitivas embarcações eram movidas a

remo e velas e seus cascos eram feitos de madeiras, mas após sucessivas

transformações e especialmente após a Primeira Grande Guerra, com a inovação do

campo tecnológico, ocorreu o surgimento de motores a combustão e a construção

de navios com casco de aço. A capacidade de carga transportada também passou

por evoluções. No século XVIII, as embarcações podiam transportar cerca de 1.000

toneladas, mas atualmente já podemos encontrar navios com capacidade para

transportar 500 mil toneladas. Toda essa evolução resultou em um aumento do

tráfego marítimo com o uso de embarcações maiores e mais rápidas, o que reduziu

o tempo de duração das viagens e intensificou as trocas comerciais. Ao mesmo

tempo, esse avanço contribuiu para o aumento da poluição no ambiente aquático,

além de necessitar de elevado investimento na construção de infra-estrutura

portuária, já que poucos são os portos capacitados para receber navios com 300 mil

toneladas ou mais. No Brasil, um dos principais problemas que afetam o transporte

marítimo é a falta de estrutura e ineficiência na rede portuária que é responsável

pelos grandes congestionamentos e pela deterioração de muitos produtos,

resultando em elevados prejuízos.

O aumento da capacidade de carga transportada levou à exigência de

requisitos de segurança e eficiência operacional, como estabilidade estática e

dinâmica, manobra e governo.

- 12 -

A estabilidade da embarcação é garantida pelo lastro utilizado, quando ela

está totalmente ou parcialmente descarregada. Ele é responsável por assegurar o

equilíbrio do navio, impedindo-o de virar ou afundar quando sujeito a qualquer força

externa, como as ondas e o vento.

Para que o navio realize uma manobra eficiente, é necessário que a sua

hélice encontra-se totalmente submersa. Quando os tanques são cheios com o

lastro, este aumenta o peso da embarcação e conseqüentemente provoca a imersão

da hélice.

O governo diz respeito à capacidade do navio em se manter na rota destinada

a ele, e está diretamente relacionado com a estabilidade e a manobra. Se a

embarcação encontra-se estável e sua hélice encontra-se imersa, ele tenderá a

seguir a sua rota de maneira eficaz.

Quando o navio está carregado, ele encontra-se estável, assim, as forças

externas como as ondas e o vento ao incidirem sobre ele, não poderão causar

nenhum comprometimento a sua estrutura e assim, a segurança da embarcação,

como também da sua tripulação está assegurada. Ao chegar em seu destino final e

entregar a carga, o navio caso não tenha mercadorias para trazer de volta, ele

necessita encher seus porões com um certo peso a fim de garantir a sua

estabilidade, do contrário correrá sérios riscos, pois se encontrará instável e poderá

sofrer impacto da ação do vento e das ondas podendo virar ou afundar.

A fim de garantir a estabilidade da embarcação, quando não está

completamente carregado, o navio depende de um contrapeso, o lastro, em seus

tanques para manter a estabilidade e a integridade estrutural. Durante séculos

utilizavam-se lastros sólidos na forma de pedras, areias e metais, mas após o século

- 13 -

XIX passou-se a utilizar a água do mar como elemento equilibrador, o que tornou o

procedimento mais econômico e eficiente que os usados anteriormente. A grande

desvantagem da utilização de lastros sólidos era a instabilidade causada aos navios,

especialmente no movimento de embarque e desembarque da carga nos portos,

além do alto tempo gasto para encher os porões e de trazer riscos para a vida da

tripulação.

A água de lastro é a água captada nos oceanos e armazenada em tanques

nos porões das embarcações. Esses tanques são carregados com a água do porto

ou do litoral em que se encontram e após a viagem, essa água é descarregada no

litoral ou porto da escala seguinte. Seu uso tem o propósito de dar estabilidade aos

navios quando eles estão navegando sem carga. Sem o lastro, os navios correm

sérios riscos de ter a sua estrutura danificada ou até mesmo afundar em alto mar.

Portanto, o peso do lastro compensa a ausência de carga, regulando a estabilidade

e mantendo a tripulação em segurança. O uso do lastro é imprescindível à

navegação, podendo representar até 50% do total de carga da embarcação.

Os navios bem antigos utilizavam os mesmos porões para carga e para o

lastro. Assim depois de descarregados, a tripulação deveria limpar todo o porão e

secá-lo, dependendo da carga transportada, antes de encher com o lastro, o que

resultava em um grande tempo gasto com todo esse processo. Com o avanço

tecnológico, os navios passaram a ser construído com porões específicos para carga

e para a água de lastro. Além de possuírem um dinâmico sistema de capitação de

água, que apresenta um sistema de bombas, válvulas, controles e tubulações que

atuam na distribuição de água em seus tanques.

O navio, no momento em que descarrega sua carga em seu local de destino,

e não há carga para retornar, simultaneamente bombeia água para dentro de seus

- 14 -

tanques, a fim de garantir a estabilidade. No processo de carregamento, ocorre o

inverso, a água é lançada ao mar. Esse procedimento de lastreamento e

deslastreamento via água de lastro, garante a estabilidade e integridade da

embarcação.

A utilização da água de lastro permitiu uma maior facilidade no processo de

lastrear e deslastrear o navio, entretanto, trouxe graves prejuízos ecológicos,

econômicos e também para a saúde da população, pois juntamente com a água de

lastro e com os sedimentos nela existente, são transportados diversos organismos

da fauna marinha, como bactérias, vírus, protozoários, fungos, algas, cistos, larvas,

pequenos invertebrados e peixes. Essas espécies são transportadas de um lado

para outro do mundo, na coluna d’água, associado aos sedimentos e aderidos na

parede dos tanques. Pelo menos 7.000 organismos marinhos são transportados

diariamente na água de lastro de navios e a maioria deles pertence ao plâncton

(Silva, 2002). A disseminação de tais espécies tem gerado impactos ambientais,

sócio-econômicos e a saúde humana em todo o mundo, especialmente a partir da

década de 1970 (IMO 1997).

No Brasil, o processo de introdução de espécies em ambientes onde antes

não existiam anteriormente conhecido como bioinvasão, ocorre há séculos. O

primeiro registro data da época do Descobrimento, com o tráfico de escravos, aonde

os navios originários do continente europeu e africano que aqui chegavam traziam

em seus cascos inúmeras espécies incrustadas. Nessa época, essas incrustações já

poderiam ser classificadas como principais responsáveis pelas introduções de

organismos invasores no litoral brasileiro. Espécies como o mexilhão Perna perna, o

vibrião da cólera Vibrio cholerae e a ascídia Styela plicata são exemplos de

organismos invasores introduzidos nesse período.

- 15 -

Durante o século XX, com os avanços econômicos e tecnológicos ocorridos

no Brasil e no mundo, resultando no aumento do comércio marítimo e a utilização da

água de lastro nas embarcações, ocorreu uma intensificação das bioinvasões

aquáticas que anteriormente já ocorriam via incrustação nos cascos de navios.

Algumas espécies invasoras se tornaram verdadeiras pragas em países

distantes do seu habitat natural, podendo causar um desequilíbrio na biota local,

além de causar prejuízos na pesca, aquicultura e outras atividades econômicas

quando encontram um ambiente com condições favoráveis à sua sobrevivência e

livre de predadores naturais. Embora haja outros vetores responsáveis pela

transferência de espécies marinhas entre os diferentes ecossistemas aquáticos, a

água de lastro se destaca como uma das vias mais importantes.

Incrustações nos cascos dos navios, materiais sólidos flutuantes como

madeira, plástico, borracha, isopores e materiais orgânicos variados, também são

responsáveis pela dispersão dos organismos invasores. Muitas espécies de vida

marinha como briozoários, cracas e poliquetas, hidrozoários e moluscos utilizam

esses objetos como casas, o que aumenta a sua disseminação. Recentemente com

o aumento da produção de lixo humano, especialmente o plástico, o problema se

agravou bastante. Segundo Barnes, a propagação de espécies devido ao lixo

humano dobrou nos subtrópicos e triplicou nas latitudes maiores que 50°. Espécies

de animais epibiontes, simbiontes ou parasitas que vivem em associação com outros

organismos também servem como via para a bioinvasão marinha.

Atualmente, estima-se que cerca de dez bilhões de toneladas de água são

transportadas anualmente em todo o mundo. Um mesmo navio pode carregar cerca

de três mil espécies de plantas e animais em uma única viagem (Carlton & Geller,

1993). Vários estudos revelam que mais de 50.000 espécies de zooplâncton e de 10

- 16 -

milhões de células de fitoplâncton podem ser encontradas em um metro cúbico de

água de lastro (Subba Rao et al, 1994) e mais de 22.500 cistos foram encontrados

em sedimentos de tanques de lastro durante estudos na Austrália.

A intensificação do tráfego marítimo devido ao aumento da capacidade de

transporte, além da periodicidade das viagens e à diversidade de rotas permitiu que

a navegação fosse considerada o mecanismo mais eficiente de dispersão de

espécies marinhas e de água doce.

- 17 -

CAPÍTULO II

IMPACTOS DA BIOINVASÃO AQUÁTICA

Com a intensificação do transporte de espécies exóticas, centenas de

espécies se tornaram cosmopolitas, mostrando que o fenômeno de bioinvasão é a

maior causa da perda da diversidade do mundo. A introdução de espécies nativas

de outras regiões, resultam em grandes impactos sobre a biodiversidade dos

ecossistemas marinhos. Além do ecossistema marinho, o ambiente de água doce

também sofre com a invasão das espécies exóticas. A transferência de espécies de

água doce de uma bacia hidrográfica para outra pode ocasionar um grande dano,

ainda que no mesmo continente. Os peixes amazônicos, especialmente o tucunaré

(Cichla sp.) estão entre as espécies mais introduzidas em outras bacias

hidrográficas no Brasil. De acordo com Agostinho et al na bacia do Paraná, os

peixes da Amazônia alcançam maior sucesso.

A bioinvasão causada pelas atividades antropogênicas é o grande

responsável pela disseminação das espécies invasoras e homogeneização da flora

e fauna do ambiente aquático. No entanto, de acordo com estudos da biogeografia

pode-se observar que a distribuição atual de diversas espécies está relacionada com

fatores geológicos. O surgimento e o desaparecimento de barreiras físicas está

associado com as mudanças na configuração dos oceanos e continentes durante o

tempo geológico, assim, o processo de bioinvasão é um fenômeno esperado e

freqüente em todo o globo terrestre e não apenas de origem humana.

A dispersão de espécies invasoras representa na atualidade um problema

global que afeta não só a biodiversidade do planeta, como também gera prejuízos

para economia e saúde da população.

- 18 -

1. Risco ambiental

A água de lastro representa um dos maiores causadores de desequilíbrio no

ecossistema marinho. Os navios ao encherem seus tanques com o lastro

armazenam junto com a água os sedimentos por ele transportados, diferentes

espécies de organismos como peixes, algas, mariscos e outros invertebrados,

bactérias, vírus, além de ovos, cistos e larvas que pertencem ao local de onde a

água foi retirada. O tamanho desses organismos varia de milímetros até peixes de

30 cm. A água de lastro ao ser devolvida ao mar, transporta juntamente com ela

inúmeras espécies de organismos que apresentam características naturais de seu

lugar de origem e, portanto, totalmente diferentes do ambiente em que são

depositados, gerando um elevado risco para a diversidade do ambiente marinho

além de trazer riscos para a saúde da população humana.

Os tanques para armazenamento da água de lastro, geralmente são locais

desprovidos de luz, ventilação, apresenta pouco oxigênio além de não receberem a

luz solar. Assim, estima-se que pelo menos 90% das espécies ali existentes morrem

durante a viagem, no entanto, algumas espécies conseguem resistir às longas

viagens nessas condições adversas e acabam se tornando invasoras no novo

ambiente, oferecendo riscos para a população nativa (Endresen et al. 2004; Carlton

1985, Carlton 1996; Fernandes et al. 2007).

O transporte e a introdução de organismos em diferentes ambientes ocorre há

vários séculos e atualmente tem crescido alarmantemente na medida em que o

transporte marítimo internacional é responsável por aproximadamente 80% do

comércio mundial. No Brasil, são transportados por via marítima cerca de 95% de

todo o comércio exterior (Julieta et al, 2002). A transferência de espécies nocivas

- 19 -

através da água de lastro causa graves danos aos ecossistemas marinhos, prejuízos

à saúde humana, à biodiversidade, às atividades pesqueiras e de maricultura,

resultando em um problema de escala global, em virtude do aumento do impacto

ecológico e econômico em vários ecossistemas.

Essa prática vem contribuindo para dispersão de espécies exóticas e

conseqüentemente a homogeneização da flora e fauna em todo o mundo, pois

aumentam a eliminação ou redução de barreiras naturais, originadas pela história

geológica e biológica da Terra, responsáveis pela manutenção da integridade dos

ecossistemas.

Uma espécie exótica ou invasora é considerada qualquer organismo que se

encontre em um ambiente onde antes não ocorria naturalmente, ou seja, não é

nativa, e consegue se reproduzir e estabelecer uma população reprodutora no local,

tornando-se uma ameaça para o funcionamento do ecossistema nativo. Ela pode ser

introduzida por forma intencional (para cultura) ou acidental (via água de lastro ou

incrustada no casco de navios).

A transferência de espécies nocivas através do lastro para um novo ambiente,

constitui um risco ambiental e econômico, pois essas espécies ao encontrarem um

ambiente favorável às suas características e livres de predadores, parasitas e

competidores naturais conseguem se estabelecer podendo atingir elevada

densidade populacional. Uma vez estabelecidos, raramente serão eliminados

(Carlton, 1985).

Vários fatores são necessários para que um organismo consiga se

estabelecer em um determinado ambiente, os mais importantes são as

características biológicas das espécies e as condições do meio ambiente para onde

elas estão sendo transferidas, entre os quais destacamos o clima, a competição com

- 20 -

as espécies nativas, a disponibilidade de alimento e o número de indivíduos

introduzidos. Os portos de carga e descarga que apresentam características

ambientais semelhantes potencializam o risco de introdução de espécies invasoras,

além disso, suas águas portuárias são ricas em microrganismos o que também

facilita a dispersão das espécies invasoras. Ações como dragagens, drenagens,

canalizações que alteram e provocam danos ao ambiente ou o regime hidrográfico

também favorece a sobrevivência das espécies introduzidas, gerando novas

oportunidades para seu estabelecimento.

Após sua instalação, as espécies exóticas podem acarretar mudanças no

funcionamento da biota invadida, podendo levar a extinção de espécies nativas,

gerando prejuízo à comunidade local, além de causar doenças de transmissão

hídrica. Outra conseqüência grave está relacionada ao cruzamento da espécie

invasora com a espécie nativa promovendo mudanças na genética da população

local (Silva, 2002).

A redução ou o desaparecimento de espécies nativas causada pela

introdução de espécies invasoras pode provocar um dano ambiental de caráter

imensurável, na medida em que o organismo extinto fazia parte de uma cadeia

alimentar. Assim, a supressão de determinada espécie afeta outros organismos

dependentes da espécie eliminada, o que altera todo o funcionamento das relações

tróficas da cadeia alimentar.

2. Impacto econômico

A disseminação das espécies invasoras representa uma grande ameaça as

atividades econômicas como pesca, geração de energia e abastecimento de água.

- 21 -

Essas espécies ao serem transportadas para um novo habitat com ausência de

predadores, se reproduzem rapidamente, alcançando elevada densidade

populacional. Há vários casos registrados de bioinvasão através da água de lastro,

entre os quais podemos destacar a invasão do mexilhão-zebra europeu Dreissena

polymorpha nos EUA, que infestou 40% das vias navegáveis onde se estima que

resultaram em um prejuízo de cerca de U$$ 10 milhões para os cofres americanos.

Avalia-se que somente os Estados Unidos tem prejuízo de 138 milhões de dólares

por ano gastos com medidas de controle desses organismos.

No Brasil, o caso que merece grande destaque foi a introdução do

Limnoperna fortunei, um bivalve asiático conhecido como mexilhão dourado. Essa

espécie vem se expandindo de forma alarmante por todo o mundo, e é responsável

por grandes prejuízos econômicos, pois sua disseminação próximo as usinas

hidrelétricas altera o funcionamento das mesmas.

3. Impacto na saúde pública

O transporte de espécies exóticas gera problemas na saúde pública da

população, pois a água de lastro carrega juntamente com ela agentes patogênicos

altamente nocivos à saúde, como o vibrião da cólera e coliformes fecais, entre

outros, e esse risco é aumentado quando os navios recolhem o lastro em locais

próximos onde há despejo de esgoto. No entanto muitos desses organismos não

conseguem sobreviver à viagem em um ambiente inóspito dentro dos tanques de

lastro, porém alguns organismos resistem às baixas condições existentes e

conseguem se reproduzir como foi o caso do Vibre Cholerae (ANVISA, 2003).

- 22 -

Em 2002, a ANVISA realizou um estudo exploratório em alguns portos

brasileiros a fim de identificar as espécies patogênicas presentes na água de lastro.

Foi detectada a presença de coliformes fecais, Escherichia coli, enterococos fecais,

Clostridium perfrigens, colifagos e Vibrio cholerae, o que evidenciou a água de lastro

como um veiculador de risco epidemiológico.

A cólera surgiu na América Latina no ano de 1991 e desde então já causou

milhares de mortes. No Brasil, o maior número de casos ocorreu nos anos de 1993

e 1994. Estudos científicos revelam que os primeiros casos da doença ocorreram na

região costeira dos portos, apontando que o surto ocorrido teria sido provocado pelo

transporte da água de lastro oriunda de áreas endêmicas.

4. Principais espécies invasoras

Em todo o mundo, já foram registrados vários casos de bioinvasão bem

sucedida, e entre os quais podemos destacar:

• O mexilhão zebra, Dreissena polymorpha, nativo da Europa, se estabeleceu nos

Grandes Lagos, ao norte dos Estados Unidos e ocupa cerca de 40% dos rios

americanos de norte a sul do país, provocando prejuízo de milhões de dólares por

ano com a remoção da incrustação e controle (Gauthier & Stell, 1996).

• A estrela-do-mar, Asterias amurensis e os dinoflagelados tóxicos do gênero

Gymnodinium e Alexandrinium, originários do Japão, invadiram a Austrália causando

prejuízos na pesca a aquicultura industrial (Hallegraef & Bolch, 1991).

- 23 -

• O ctenóforo, Mnemiopsis leidy, endêmico do Atlântico Norte Americano, foi

registrado em 1982 nos mares Negro e Azov. Após o seu estabelecimento, essa

espécie alcançou elevada densidade e causou a extinção da população de

ctenóforos nativa, além da redução das espécies de peixes enchova e espada na

região (Gesamp, 1997). Em 1992, foi detectada a presença desta espécie invasora

no mar Mediterrâneo.

• Em 1961, foi registrada uma epidemia de cólera na Indonésia a qual completou seu

ciclo global em 1991. Acredita-se que essa espécie tenha sido introduzida na

América do Sul através do tráfego marítimo. Em 1991 e 1992, o V. cholerae foi

detectado nos Estados Unidos, em água de lastro de navios oriundos da América do

Sul, que apresentavam salinidades variadas, mostrando a sua habilidade de resistir

em meio ambiente estuarino e marinho (McCarthy & Khambaty, 1994).

• A alga Caulerpa taxifolia oriunda dos oceanos Pacífico e Atlântico tropical e do mar

Vermelho, foi introduzida acidentalmente no mar mediterrâneo e sua distribuição

ocorreu através de barcos e navios domésticos. Essa alga já foi documentada na

Espanha, França, Itália e mar Adriático, e é responsável por eliminar as algas

nativas, limitando o hábitat de larvas de peixes e invertebrados, comprometendo sua

sobrevivência (Meinesz & Boudouresque, 1996).

No Brasil, o caso mais conhecido e bem sucedido de invasão foi do Mexilhão

dourado (Limnoperna fortunei), bivalve asiático, encontrado em 1998, no Lago

Guaíba, afluente da Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul (Mansur et al 2003).

Esta espécie, segundo Darrigran (1997), por apresentar elevado poder reprodutivo,

- 24 -

falta de predadores naturais e grande capacidade de aderência, alcança

rapidamente grandes densidades. Esse mexilhão se tornou uma verdadeira praga

no Brasil e em toda América do Sul. Após alcançar o estuário do Rio da Prata, ele se

proliferou rapidamente para trechos superiores da Bacia do rio Paraná, chegando

aos grandes rios. Sua presença foi detectada na Usina de Itaipu no ano de 2001, e

em 2002, foi encontrado nas usinas hidrelétricas de Porto Primavera e Sérgio Motta

à jusante do rio Paraná em São Paulo.

O impacto causado pelo mexilhão dourado é bastante abrangente, pois além

do risco ambiental causado pela sua capacidade de exterminar as espécies nativas,

prejudicando a pesca e conseqüentemente promover o desequilíbrio do

ecossistema, ele é responsável pelo entupimento de tubulações, de filtros de usinas

hidrelétricas e de bombas de aspiração de água. Os custos para a manutenção e

limpeza das estruturas da hidrelétrica atacadas pelo mexilhão são elevados e o

aumento do custo operacional das usinas é repassado, direto ou indiretamente para

todos os brasileiros.

Além da invasão do Limnoperna fortunei, outras espécies exóticas podem ser

encontradas no nosso território como os crustáceos Pyromaia tuberculata, Scylla

serrata, Charybdis hellerii e outras espécies de decápodes que foram introduzidas

em áreas com grande fluxo de embarcações; o bivalve Isognomon bicolor e duas

espécies de coral, Stereoneophthya aff. Curvata e Tubastrea coccínea foram

registrados em Cabo Frio e na Baía da Ilha Grande.

A ocorrência de espécies de algas microscópicas exóticas causadoras de

floração, tem sido registradas em vários países. Essas microalgas se reproduzem

rapidamente e alcançam elevadas densidades. Além de reduzirem drasticamente a

concentração de oxigênio na água e conseqüentemente, a sobrevivência das

- 25 -

espécies, elas produzem substâncias tóxicas capazes de exterminar diversos

organismos marinhos. Organismos marinhos filtradores como os mariscos, são mais

suscetíveis as contaminações e há registros que o consumo desses mariscos

contaminados podem causar formigamento e entorpecimento dos lábios, boca e

dedos, além de dificuldade de respiração, paralisia e até a morte (IMO).

No Brasil e no mundo, há registros de outras inúmeras espécies invasoras e

estima-se que os impactos causados por elas, segundo a IMO, continuam em ritmo

acelerado, com novas invasões acontecendo em todo momento. A Agência Nacional

de Vigilância Sanitária (ANVISA) promove desde 2001, um estudo que informa a

proporção do risco exposto pela água de lastro, além de monitorar e controlar a

qualidade da água de lastro dos navios, onde os funcionários da embarcação devem

informar onde a água foi coletada e onde foi descarregada.

- 26 -

CAPÍTULO III

CONTROLE E GESTÃO DA ÁGUA DE LASTRO

Diante do conhecimento acerca dos problemas ambientais causados pela

água de lastro, diversos países se uniram a fim de buscar uma solução para a

questão da bioinvasão. No Brasil, programas de controle e combate às espécies

invasoras ainda são escassos, pois necessitam de elevados investimentos

financeiros.

1. Aspectos Legais

1.1. Principais Ações Internacionais

Devido os riscos causados pela água de lastro na biota marinha, vários

países tem se empenhado na busca de soluções para minimizar tal problema. Desde

1948, a Organização Marítima Internacional – IMO, Agência Especializada das

Nações Unidas (ONU), regulamenta o transporte e as atividades marítimas com

relação à segurança e a preservação do meio ambiente. Suas principais

responsabilidades estão relacionadas com a segurança da navegação; facilitação do

comércio marítimo; à prevenção da poluição do mar por navios; e aos regimes de

compensação por danos, tem promovido grandes esforços para minimizar a

disseminação das espécies invasoras por meio da água de lastro (IMO, 2006).

- 27 -

Dentre as principais convenções da IMO destaca-se a Convenção

Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS) e a Convenção

Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (MARPOL).

Em 1982, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar,

estabelecia que os estados deveriam se prevenir contra a introdução de espécies

exóticas capazes de prejudicar o funcionamento do ambiente marinho.

Em 1991, o Comitê de Proteção ao Meio Ambiente Marinho (MEPC) da IMO

adotou medidas para a prevenção da introdução de espécies exóticas transportadas

pela água de lastro. No ano seguinte, em 1992, a IMO, em virtude da solicitação da

Conferência de Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

(UNCED), buscou a definição de regras adequadas para evitar a dispersão de

organismos aquáticos não nativos através do transporte via água de lastro. Em

seguida, no ano de 1993, foram adotadas Diretrizes para o controle e gerenciamento

da água de lastro de navios para reduzir a transferência de organismos aquáticos

nocivos e patogênicos (CARTA DA TERRA, 1993). O melhoramento destas

diretrizes ocorreu em 1997, através da publicação da Resolução A.868(20) – IMO

“Diretrizes para Controle e Gerenciamento da Água de Lastro de Navios para

Minimizar a Transferência de Organismos Aquáticos Nocivos e Patogênicos”,

documento que aconselhou a adoção de varias medidas de gestão e controle da

água de lastro, que dentre as quais destacam-se:

- Durante o lastreamento, os navios devem evitar áreas portuárias onde se

tem informação da presença de populações de organismos nocivos.

- As embarcações devem realizar com regularidade a limpeza e remoção dos

sedimentos acumulados nos tanques de lastro.

- 28 -

- Evitar a descarga desnecessária do lastro e quando a troca for

imprescindível, deverá ser feita em alto mar, pois os organismos que vivem próximos

à costa (inclusive portos e estuários) geralmente não conseguem sobreviver às

condições do meio oceânico e as espécies oceânicas não conseguem sobreviver em

água costeiras devido as diferentes características ambientais que possuem.

O objetivo dessas Diretrizes elaboradas sob orientação técnica e científica, é auxiliar

as autoridades e governos relacionados com o problema gerado pela água de lastro,

os comandantes de navios, os operadores e armadores, as autoridades portuárias e

outros órgãos interessados, a reduzir os riscos causados pela introdução de

espécies aquáticas nocivas e patogênicas, oriundas da água de lastro e dos

sedimentos nela presentes, assim como proteger a segurança das embarcações.

Elas são destinadas aos Estados Membros, podendo ser aplicadas a todos os

navios, embora uma autoridade do Estado do Porto poderá determinar até que ponto

elas serão aplicáveis.

De acordo com a Resolução A.868(20), todo navio que fizer uso da água de

lastro deverá conter um plano para o seu gerenciamento com o objetivo de fornecer

procedimentos seguros e eficazes. O navio ao chegar ao local de destino é obrigado

a apresentar a documentação e certificação de que os procedimentos para a troca

do lastro foram feitos corretamente. Esse documento deverá ser incluso na

documentação operacional do navio e deverá estar disponível para a autoridade do

Estado do Porto. Os Estados do Porto deverão informar aos responsáveis pelo

navio, as áreas onde poderá ocorrer a descarga e o recolhimento de água de lastro

e também onde esta troca não poderá ser realizada. As áreas e as situações em que

o recebimento e a descarga de água de lastro devem ser restrito, a um mínimo, são

aquelas caracterizadas por apresentarem registros de organismos considerados

- 29 -

nocivos e patogênicos, locais onde há presença de floração dede fitoplâncton, áreas

com descarga de esgoto sanitário e dragagens nas proximidades, áreas em que a

corrente de maré acarreta turbilhonamento de sedimentos, em águas muito rasas

em que a hélice possa levantar os sedimentos e durante a noite, quando os

organismos que vivem em regiões mais profundas são trazidos a superfície pela

coluna d’água em busca de alimentos.

Em 2000, houve a criação do Programa Global de Gerenciamento de Água de

Lastro – GLOBALLAST, que tem como principal objetivo apoiar os países em

desenvolvimento, no trato do problema de água de lastro com recursos provenientes

do Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF), repassados por intermédio do

Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (UNDP). O projeto tem como

finalidade ajudar os países em desenvolvimento a implementar as medidas previstas

na Resolução A.868 (20) – “Diretrizes para o Controle e Gerenciamento da Água de

Lastro dos Navios para Minimizar a Transferência de Organismos Aquáticos Nocivos

e Agentes Patogênicos” e assim reduzir a transferência de organismos marinhos via

água de lastro dos navios. No Brasil, esse projeto foi coordenado pelo Ministério do

Meio Ambiente, por meio do Projeto de Gestão Integrada dos Ambientes Costeiro e

Marinho (PGT/GERCOM) que busca diretrizes e padrões de levantamento e

monitoramento de organismos invasores na costa brasileira, e auxiliado por um

assistente técnico, contratado pela IMO além de contar com ao apoio técnico e

institucional do instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira. O objetivo deste

programa foi avaliar a qualidade da água de lastro de seis portos distribuídos pelo

mundo, sendo Sepetiba – Brasil, Dalian – China, Bombaim – Índia, Ilha Kharg – Irã,

Saldanha - África do Sul e Odessa – Ucrânia.

- 30 -

As atividades realizadas no âmbito da GloBallast incluem: educação e

conscientização, avaliação do risco associado a água de lastro, amostragem da

água de lastro, levantamento da biodiversidade na área de influência do porto,

treinamento de funcionários dos portos e dos navios, assistência técnica na

elaboração de leis e regulamentos, mecanismos de financiamento, pois os locais

iniciais de demonstração serão replicados em cada região à medida que o programa

se desenvolva.

Por fim, no ano de 2004, após quatorze anos de difíceis negociações entre a

IMO, países membros, armadores e ONG’s dando origem a Convenção

Internacional para o Controle e Gerenciamento de Água de Lastro de Navios e

Sedimentos – CALS, que ratifica a resolução A.868(20) – IMO, onde as partes

contratantes se comprometem a utilizar medidas de prevenção, redução ou mesmo

eliminação de espécies nocivas através do controle e gestão da água de lastro dos

navios e dos sedimentos nele presente. As partes também ficam comprometidas em

oferecer instalações adequadas para a recepção e destinação segura dos

sedimentos; promoverem e cooperarem com a pesquisa científica sobre a gestão de

água de lastro; realizar vistorias e certificação nos navios, não permitindo, porém,

que as embarcações sejam indevidamente detidas e sofram atrasos em sua agenda

comercial. Fica determinado também, que além das embarcações realizarem a troca

da água de lastro em alto mar com no mínimo 200 milhas da costa e 200m de

profundidade (Pereira & Brinati, 2008), todos os navios tem até 2016 para implantar

um sistema de tratamento de água de lastro à bordo.

1.2. Ações adotadas no Brasil

- 31 -

No Brasil, há muitos anos se tem conhecimento do problema gerado pelo

processo da bioinvasão, no entanto, somente após a assinatura da Convenção

sobre a Diversidade Biológica em junho de 1992 durante a Conferência das Nações

Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) e após a mesma ser

ratificada em fevereiro de 1994, foi que esse assunto começou a receber a devida

atenção. A CNUMAD, através da Agenda 21 (conjunto de princípios e programa de

ação de desenvolvimento sustentável estabelecido para o século 21), recomendou

que a IMO e outros órgão internacionais tomassem providências a respeito da

transferência de organismos pelas embarcações.

Em 2001, o país deu início a sua participação no Programa Global de

Gerenciamento de Água de Lastro (GloBallast). No dia 20 de fevereiro de 2002 foi

publicado o Decreto n°. 4.136, que dispõe sobre a aplicação de sanções nos casos

de infrações às regras de prevenção, controle e fiscalização da poluição causada

por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas em águas sob jurisdição

nacional, já prevista na Lei n. 9.966, de 28 de abril de 2000. Durante os anos de

2001 e 2002, o Ministério do Meio Ambiente realizou um estudo para identificação

das espécies de fitoplâncton, o qual confirmou a presença de organismos invasores.

No ano de 2002, a Conferência sobre desenvolvimento sustentável, também

conhecida como Cúpula da Terra e Rio +10 reafirmou o compromisso da agenda 21

no sentido de inibir a disseminação das espécies exóticas via água de lastro e

solicitou a IMO, urgência em apressar a aprovação de uma convenção internacional

sobre o assunto. Diversos países tomaram a iniciativa e estabeleceram normas

nacionais contra a invasão de espécies exóticas. No entanto, segundo a IMO, a

forma mais eficaz de combater esse problema é a implementação de medidas que

sejam cumpridas a nível internacional.

- 32 -

Medida que impedem totalmente o transporte de organismos invasores ainda

é desconhecida, porém entre as possíveis soluções apresentadas, a que mais se

destaca é a troca da água de lastro em alto mar. De acordo com a IMO, este método

é apresentado como o mais eficaz e considerado como referencia internacional.

Em seguida, no ano de 2003 foi criado uma Força Tarefa Nacional para o

controle de espécies exóticas, onde foram feitas recomendações de pinturas das

embarcações com tintas antiincrustantes e limpeza dos navios. A Diretoria de Portos

e Costas (DPC), baseada na Lei n°. 9.537/97 colocou em vigor a Norma da

Autoridade Marítima para o Gerenciamento da Água de Lastro de Navios (NORMAN

20/DPC), voltada para a preservação do meio ambiente marinho (Brasil, 1998).

Em 15 de outubro de 2005, entrou em vigor a primeira regulamentação

nacional para tratar do problema gerado pela água de lastro denominada NORMAN

20/DPC – Norma da Autoridade Marítima (Diretoria de Portos e Costas, do Comando

da Marinha) para o Gerenciamento da Água de Lastro de Navios, que estabelece

que todas as embarcações devem realizar a troca da água de lastro a 200 milhas

náuticas da costa antes de entrar em um porto brasileiro, seguindo os mesmos

parâmetros estabelecidos pela CALS.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) junto com a Capitania

dos Portos tem atuado na fiscalização dos portos de acordo com as orientações

impostas pelo Programa Global de Gerenciamento de Água de Lastro (GloBallast)

de modo a evitar a entrada de doenças transmissíveis através das espécies exóticas

via água de lastro. Em 2001, ela publicou a Resolução RDC-nº217 a qual exige que

as embarcações, ao chegarem no porto, devem entregar à autoridade sanitária do

Porto de Controle Sanitário um formulário para informações sobre água de lastro, e

determina que os navios que captarem água de lastro em áreas consideradas de

- 33 -

risco à saúde publica e ao meio ambiente deverão ser inspecionados. Neste

formulário deverá estar registrado entre outras, as datas do carregamento ou

descarregamento, a posição geográfica do local, temperatura, salinidade,

quantidade de água recebida ou descarregada.

No Brasil, são várias as instituições que atuam na questão da água de lastro,

mas as principais são: Ministério do Meio Ambiente (MMA) – Instituto do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA); Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) – Ministério da Saúde; Diretoria de portos e Costas

(DPC), do Comando da Marinha (Marinha do Brasil), responsável pela coordenação

de estudos e ações; Agência Nacional dos Transportes Aquaviários (ANTAQ) –

Ministério dos Transportes; Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRÁS).

2. Métodos de controle e prevenção da água de lastro

Para qualquer método de tratamento que venha a ser utilizado deverão

obedecer as seguintes regras: ser seguro, prático, ambientalmente aceitável, baixo

custo e tecnicamente exequível. No entanto, não existe ainda um método totalmente

eficaz, pois os grandes volumes de água transportados pelos navios, as elevadas

taxas de fluxo, a diversidade de organismos e o baixo tempo de residência da água

no tanque, representam grandes dificuldades para o sucesso do tratamento.

A troca de lastro em alto mar representa o método mais efetivo no combate a

proliferação dos organismos invasores, porém dependendo do tipo do navio, da

carga transportada pelo mesmo, das condições climáticas e marítimas, essa

atividade pode não ser considerada segura e pode assim comprometer a estrutura

da embarcação.

- 34 -

De acordo com a Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (SOBENA), os

métodos mais utilizados para a realização da troca do lastro em alto mar são:

- Método de deslastro total e carregamento de lastro subseqüente

Representa o método mais eficaz de troca de lastro, onde todo o conteúdo do

tanque da embarcação é praticamente eliminado por completo. No entanto, ele traz

riscos para a estabilidade do navio e para a segurança da tripulação, pois a

embarcação descarrega toda a sua água de lastro para em seguida carregá-la

novamente.

- Método de fluxo contínuo

Neste, os tanques não são completamente esvaziados durante a troca, na

medida que os tanques são esvaziados a água é captada para o interior do

compartimento. este método é mais eficaz que o citado acima, pois as condições de

estabilidade são mantidas. A desvantagem deste método, é que a tripulação fica em

contato com a água contaminada e assim são expostos a várias doenças.

- Método de transbordamento

Neste método a água é bombeada durante um determinado tempo para que

haja um transbordamento da água dos tanques. Este método é semelhante ao do

fluxo contínuo, no entanto as espécies que se encontram no fundo dos tanques não

são eliminadas.

- Método brasileiro de diluição

- 35 -

Método desenvolvido por engenheiros navais da Petrobrás, como um sistema

para os navios petroleiros e representa o mais efetivo entre os citados acima. Seu

objetivo é fornecer uma contribuição técnica para a preservação do ecossistema

marinho, a prevenção da poluição e a total segurança do navio e consequentemente

da sua tripulação. A água é captada pelo topo do tanque e descarregada

simultaneamente pelo fundo do tanque de lastro com a mesma vazão. A principal

vantagem deste método é a garantia da estabilidade da embarcação no momento da

troca, além disso, os tripulantes não são expostos à água a ser trocada, não

comprometendo assim a sua saúde. Durante uma reunião do Comitê de Proteção ao

Meio Ambiente Marinho (MEPC), o Método de Diluição Brasileiro foi incluído como o

método de troca alternativo referente ao gerenciamento da água de lastro (SOBENA,

1999).

2.1. Opções de tratamento a bordo do navio

De acordo com a IMO, o controle e tratamento da água de lastro é bastante

complexo, envolvendo diferentes aspectos técnicos e legais e dificilmente um único

tratamento preventivo será eficaz.

Inúmeros métodos de tratamento para prevenção da disseminação das

espécies exóticas vem sendo testados, além da troca de lastro em alto mar ser a

alternativa mais eficaz e indicada, pode haver a necessidade do uso de métodos

alternativos a serem utilizados a bordo para o controle dos organismos invasores.

Entre eles podemos citar os seguintes tratamentos: filtração, esterelização por

ozônio, aplicação de biocidas oxidantes e não oxidantes, desoxigenação, campos

- 36 -

magnéticos, tratamentos térmico, elétricos, ultravioleta, acústico e biológico e

revestimentos antiaderentes.

3. Medidas de gestão e controle das espécies exóticas

Diferentemente de outras formas de poluição geradas por navios, o problema

da transferência e disseminação de espécies exóticas decorre de uma atividade

inerente a sua operação (Jablonnski & Neto). Atualmente não existem medidas

totalmente eficientes de prevenção. Diante disso, é importante a adoção de medidas

que possam colaborar para o controle e prevenção dos organismos invasores, entre

as quais podemos citar:

• Catalogar as espécies exóticas invasoras identificadas até hoje no Brasil;

• Identificar, avaliar e divulgar os impactos ambientais causados por esses

organismos;

• Realizar estudos que indiquem, quais espécies são mais facilmente introduzidas e

quais poderão se tornar potencialmente prejudiciais;

• Incentivar o desenvolvimento de pesquisa acadêmico-científico que busquem

soluções eficazes no combate a bioinvasão;

• Divulgar atividades e projetos desenvolvidos atualmente no Brasil sobre o assunto;

• Desenvolver um trabalho de educação ambiental a bordo dos navios para

conscientizá-los sobre a importância e necessidade da troca oceânica como medida

preventiva para preservação da biodiversidade;

• Divulgar novos planos de erradicação ou controle de espécies exóticas invasoras;

• Incentivar a publicação de manuais de identificação de espécies que possam

popularizar o conhecimento da sociedade sobre a biodiversidade local, permitindo a

diferenciação das espécies nativas e não nativas;

- 37 -

• Investigar o vetor de introdução das espécies bioinvasoras;

• Inspeção de navios nos portos;

• Esclarecer a importância de uma fiscalização e monitoramento das espécies

exóticas invasoras no âmbito nacional;

• Buscar parcerias para fortalecer mais o combate deste problema;

• Realização de campanhas de esclarecimento juntos as comunidades do entorno;

• Conhecimento da flora e fauna local para a realização do monitoramento

ambiental;

4. Comunicação e Mobilização

Diante de toda esta problemática causada pela invasão de organismos

exóticos através da água de lastro, há uma necessidade urgente de promover uma

divulgação de informações sobre os impactos gerados pela água de lastro no

ecossistema aquático e nas áreas portuárias. Essa iniciativa deverá ser voltada

especialmente para as comunidades que vivem no entorno das áreas portuárias e

também para o público em geral. Foi implementado um Plano de Comunicação que

inclui entre outras medidas, a produção e distribuição de material informativo sobre

as espécies invasoras e seus impactos; incentivar a produção de documentários

para a televisão sobre o assunto “água de lastro” e “espécies exóticas”; divulgação

do assunto em canais populares; inserção do assunto nas atividades escolares;

estimular os pesquisadores a produzir artigos relacionados ao assunto; criar um

informativo a respeito da implementação do Programa Global e de estudos de casos

no Brasil; preparar um material sobre o gerenciamento da água de lastro, voltado

para a educação a bordo dos navios, para a disseminação em companhias de

navegação.

- 38 -

Considerações finais

As invasões biológicas constituem um fenômeno ainda pouco estudado,

porém reconhecido na década de 90 como uma das maiores ameaças à

biodiversidade do planeta.

Os impactos causados pela água de lastro corresponde a umas das mais

severas ameaças ao ecossistema aquático. A adoção de medidas voltadas para o

controle e avaliação da qualidade ambiental é imprescindível, assim como a

integração de políticas intersetoriais, o desenvolvimento de incentivos econômicos e

a utilização de tecnologias limpas (Egler, 2002).

Em resposta aos impactos ambientais provocados pela introdução de

espécies exóticas, a Conferência Internacional das Nações Unidas para o Meio

Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), que teve sede no Rio de Janeiro, em 1992,

e sua Agenda 21, convocaram a Organização Marítima Internacional (IMO) e outros

órgãos internacionais para se unirem e promoverem soluções para o problema

causado pela água de lastro. Uma das propostas mais consistente na busca de

soluções para o caso pode ser encontrado na Agenda 21, principal documento da

Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,

especificamente no capítulo 17, que é de grande relevância, uma vez que o meio

ambiente marinho, inclusive os oceanos e todos os mares, zonas costeiras e

adjacentes, é um componente essencial do sistema que possibilita a existência de

vida sobre a Terra, além das possibilidades que oferece para o uso racional e

desenvolvimento de seus recursos vivos.

- 39 -

Pode-se observar que os esforços promovidos na realização do

gerenciamento dos recursos marinhos e costeiros ainda não têm sido capazes de

atingir o desenvolvimento sustentável (Teles, 2004).

A primeira barreira para a implantação rápida de leis e diretrizes que venham

a regulamentar as descargas de água de lastro é o grande tamanho do nosso

território. A variedade de ecossistemas o a existência de um grande número de

portos dificultam o monitoramento e controle do despejo da água de lastro ao longo

da costa brasileira, permitindo assim a disseminação dos organismos invasores.

Infelizmente, no Brasil ainda são escassos programas de controle e

erradicação de organismos invasores, devido ao alto custo financeiro que esses

programas necessitam e por não terem como garantir que conseguirão recuperar a

integridade biológica dos ecossistemas afetados. No entanto, a realização de ações

imediatas ao problema, podem reduzir os custos e aumentar a chance da obtenção

de êxito no processo de controle e prevenção.

A prevenção é sem dúvida a melhor medida a ser tomada para o controle das

espécies exóticas, visto que quando já estão instaladas, sua erradicação é

praticamente impossível. Porém o maior empecilho para a prevenção é a falta de

conhecimento da população acerca do problema. No Brasil, há uma grande carência

de divulgação global sobre o assunto, o qual na maioria das vezes fica restrito à

sociedade acadêmica, portanto, a necessidade de um maior conhecimento e

conscientização da população é a principal medida a ser tomada para chegar à

solução do problema gerado pelos organismos invasores.

Para obter um melhor entendimento sobre o problema gerado pela invasão

das espécies indesejáveis via água de lastro, é necessário conhecer os riscos aos

quais os países ficam expostos. É imprescindível a realização de estudos que

- 40 -

viabilizem e identifiquem os organismos invasores, assim como a identificação do

ambiente natural mais sensíveis e potencialmente ameaçados.

A gestão ambiental das áreas costeiras deve ter como objetivo a busca pelo

desenvolvimento sustentável, pelas parcerias intersetoriais, é importante garantir

que se adote em todos os níveis uma abordagem integrada e multisetorial das

questões marinhas.

Portanto, é extremamente necessário que tanto a comunidade marítima

internacional como a não marítima, continuem a buscar incessantemente soluções

seguras e viáveis para a questão da bioinvasão via água de lastro. É importante que

cada cidadão, especialmente aqueles que prezam pelo meio ambiente equilibrado,

atuem como difusores, participando da conscientização junto as comunidades,

informando-lhes sobre os impactos que água de lastro pode causar aos

ecossistemas, à saúde da população e à sustentabilidade do país, visto que a

disseminação de informações acerca do problema é primordial para a resolução da

questão.

- 41 -

Referências Bibliográficas AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Brasil – Água de lastro.

Projetos GGPAF, 2002-2003.

AGOSTINHO, A.A.; THOMAZ, S.M. & GOMES, L.C. “Conservação da

biodiversidade em águas continentais do Brasil”. Megadiversidade.1(1):70–78.

2005.

BARNES, D.K.A. “Invasions by marine life on plastic debris”. Nature 416:808–

809. 2002.

CARLTON, J. T. 1985. Transoceanic and interoceanic dispersal of coastal

marine organisms: the biology of ballast water. Oceanogr. Mar. Biol. Ann. Rev.

23: 313-371.

CARLTON, J. T. & GELLER, J. B. 1993. Ecological roulette: the global transport

of monindigenous marine organims. Science 261, 78-82.

CARLTON, J.T., 1996. Pattern, process, and prediction in marine invasion

ecology. Biological Conservation 78, p.97-106.

CARTA DA TERRA: Tratado sobre la contaminacion del medio ambiente

marino. ARG Organization: Centro de Comunicacion e Informacion (CCI), Buenos

Aires. Dezembro de 1993.

- 42 -

DARRIGRAN, G. 1997. El bivalvo invasor Limnoperna fortunei (Dunker, 1857):

Um problema para lãs tomas de agua Dulce de lãs plantas potabilizadoras e

industrias Del Mercosur. In: Encontro Brasileiro de Malacologia, 15, Florianópolis,

Resumos, São Leopoldo, Unisinos, p. 22

ENDRESEN, O.; BEHRENS, H. L.; BRYNESTAD, S.; ANDERSEN, A. B.; SKJONG,

R. 2004. Challenges in global ballast water management. Mar. Pollut. Bull. 48, p.

615-623.

FERNANDES, L. F.; PROENÇA, L. A. O.; MAFRA JR, L. L.; CARON JR, A.; DOMIT,

L. 2007. Água de Lastro. In: FNMA. Espécies da fauna e flora invasoras –

recomendações para manejo e políticas publicas. FNMA/MMA, Brasília, vol. 3,

2007 (no prelo).

GAUTHIER, D. & STEEL, D. A. 1996. A synopsis of the situation regardin the

introduction of nonindigenous species by ship-transported ballast water in

Canadá and selected countries. Can. Mar. Dep. Fish. Aquatic. Sci.

GESAMP (IMO/FAO/UNESCO-IOC/WMO/WHO/IAEA/UN/UNEP Joint Group of

Experts on the Scientific Aspects of Marine Environmental Proctetion). 01/1997.

Opportunistic settlers and the problem of the ctenophore Mnemiopsis leidyi

invasion in the Black Sea. Rep. Stud. GESEMP, 58-84 p. 21.

- 43 -

HALLEGRAEFF, G. M. & BOLCH, C. J. 1991. Transport of toxic dinoflagellate

cysts via ships ballast water. Mar. Pollut. Bull. 22, 27-30.

IMO. International Convention for the control and management of ships ballast

water and sediments, 2004, Mandatory National Legislation Pertaining to

requirements for ballast water, IMO, London, England, 2006.

LEAL NETO, Alexandre de Carvalho ; JABLONSKI, Silvio. O programa GloBallast no

Brasil. In : SILVA, Julieta Salles Vianna da ; SOUZA, Rosa Cristina Correia de Luz.

Água de lastro e bioinvasão. Rio de Janeiro : Interciência, 2004. p. 11-20. (Livros

sobre ciência e ambiente).

MANSUR, M. C. D.; SANTOS, C. P. dos; DARRIGRAN, G.; HEYDRICH, I.; CALLIL,

C.T. & CARDOSO, F. R. 2003. Primeiros dados quali-quantitativos do “mexilhão

dourado”, Limnoperna fortunei (Dunker, 1857), no lago Guaíba, Bacia da

laguna dos Patos, Rio Grande do Sul, Brasil e alguns aspectos de sua invasão

no novo ambiente. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, 22(1): 75-84.

McCARTHY, S. A. & KHAMBATY, F. M. 1994. International dissemination of

epidemic Vibrio cholerae by cargo ship ballast and other nonpotable waters.

American. Soc. For Microbiology vol. 60 n°7.

MEINESZ, A. & BOUDOURESQUE, C. F. 1996. Sur L’ origine de Caulerpa

toxifolia en Mediterranée nord-occidentale. Oceanologica Acta. Vol. 14, p. 415-

426.

- 44 -

Nascimento, F.L.; Catella, A.C. & Moraes, A.S. “Distribuição especial do

tucunaré; Cichla sp (pisces, Cichlidae), peixe amazônico introduzido no

Pantanal, Brasil”. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento – 24. Embrapa. 2001.

PEREIRA,N.N.; BRINATI, H.L., Um estudo sobre água de lastro. Congresso

Nacional de Transporte Aquaviário, Construção Naval e Offshore, 2008.

Resolução A.868 (20) – IMO, Diretoria de Portos e Costas, Marinha do Brasil, 1998.

SILVA, J. V. S.; FERNANDES, F. C.; LARSEN, K. T. S. & SOUZA, R. C. C. L. 2002.

Água de lastro: ameaça aos ecossistemas. Ciência Hoje 32(188): 38-43.

SUBBA ROA, D. V.; SPRILES, W. G.; LOCKE, A. & CALTON, J. T. 1994. Exotic

phytoplankton from ships’ ballast waters: Risk of potencial spread to

mariculture sites on Canada’s east cost. Ca. Data Rep. Fich. Aquatic. 937, 51 p.

INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZACION - IMO, 2010, Disponível em

http://www.imo.org. Acesso em: 10 de maio de 2010.

IMO. Briefing do documentário “Invaders from the Sea”. Disponível em:

<http://www.imo.org/Environment/mainframe.asp?topic_id=1602>. Acesso em: 10 de

maio de 2010.

- 45 -