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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
SIMPLES NACIONAL – UMA NOVA VISÃO
Por: Ana Carina Recaite Pereira Abeyá
Orientador
Prof. Anselmo Souza
Niterói, Janeiro de 2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
SIMPLES NACIONAL – UMA NOVA VISÃO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito para conclusão do
curso de Pós-Graduação Latu Senso em Direito
Público e Tributário.
Por: Ana Carina Recaite Pereira Abeyá
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AGRADECIMENTO
Agradeço em primeiro lugar a Deus e
ao meu marido e filho pela paciência e
carinho no dia a dia e ao meu
professor orientador Anselmo Souza
pela atenção e carinho.
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RESUMO
O Simples Nacional, sistema de tributação que entrou em vigor no dia 01 de
julho de 2007, substituindo o Simples Federal, este que foi implantado em 05
de dezembro de 1996. O intuito é analisar, mostrar e evidenciar as mudanças
ocorridas na legislação, que afetam as empresas interessadas em aderir ao
sistema, apresentando de forma clara e concisa, a real situação desse método
de simplificação, visto que na maioria das vezes ajuda, mas também prejudica
algumas empresas. Serão feitas comparações entre o antigo Simples Federal,
o Simples Nacional e o Lucro Presumido, onde cada empresa poderá escolher
o ideal para seu tipo de atividade, analisando os valores dos impostos porque,
em caso de decisões equivocadas, ficará afetado o andamento do processo de
expansão do empreendimento.A pesquisa concluiu que a escolha pelo sistema
de tributação adequado depende de muitos fatores, que devem ser
cuidadosamente analisados, para que seja possível fazer a opção mais viável
ao contribuinte e, apesar de ser chamado de Supersimples, este regime de
tributação pode acarretar muitos problemas para o empresário e o contador
que não analisá-lo cuidadosamente.
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I – DEFINIÇÃO DE MICRO E PEQUENA EMPRESA 8
1.1 O INÍCIO DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO DO SIMPLES 9 1.2 ABRANGÊNCIA DO SIMPLES NACIONAL 9 1.3 IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES ABRANGIDOS PELO SIMPLES 10 CAPÍTULO II - MUDANÇAS NO SIMPLES NACIONAL 11
2.1 SIMPLES NACIONAL X DÉBITO 11 2.2 EMPRESAS IMPEDIDAS DE OPTAR PELO SIMPLES NACIONAL 12 2.3 PRESTADORAS DE SERVIÇOS PERMITIDAS NO SISTEMA 14 CAPÍTULO III – IMPOSTOS 15 3.1 SIMPLES NACIONAL OU LUCRO PRESUMIDO 21 3.2 A VISÃO DO MERCADO EM RELAÇÃO AO CRÉDITO DE ICMS 22 3.3 OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS 22 3.4 EXCLUSÃO DA OPÇÃO 23 3.5 DIFICULDADES NO SIMPLES 23 3.6 FISCALIZAÇÃO, MULTAS E OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS 28 CONCLUSÃO 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 30
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INTRODUÇÃO
A Constituição Federal de 1998 estabelece, em seus artigos 146,
170,179, que no âmbito dos poderes da união dos estados e municípios devem
ser dispensados as microempresas (ME) e as empresas de pequeno porte
(EPP), um tratamento diferenciado, simplificado e favorecido, a ser definido em
lei complementar, aprovada pelo Congresso Nacional. Em 14 de dezembro de
2006 foi aprovada a Lei Complementar nº 123, que foi denominada de Estatuto
Nacional das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte,
estabelecendo normas gerais aplicáveis a esse segmento.
No aspecto tributário a Lei Complementar instituiu o Simples Nacional, que se
refere à aplicação e recolhimento dos impostos e contribuições da união, dos
Estados, do Distrito Federal e dos municípios, mediante regime único de
arrecadação, inclusive obrigações acessórias e as normas não tributárias, que
abrangem a inscrição e baixa simplificadas, novas regras civis e empresariais,
acesso facilitado e privilegiado às licitações públicas, simplificação das
relações trabalhistas, protesto de titulos, acesso a justiça, incentivos ao credito,
à capacitação, à inovação tecnológica e ao associativismo.
O Brasil ocupou a 155ª posição no quesito "tempo gasto com o pagamento de
tributos". No quesito "facilidade no pagamento de tributos" o Brasil ocupa a
140ª posição, revelando, de forma categórica, que a burocracia fiscal impera
em nosso país. Grande parte dessa burocracia surge no âmbito das chamadas
obrigações acessórias. A importância destes deveres instrumentais é levar ao
conhecimento dos entes tributantes a ocorrência dos fatos geradores dos
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inúmeros tributos que são devidos a todas as esferas da administração pública
brasileira.
Desta forma, exige a mencionada lei maior atenção já que estaria abordando
temática não só tributária, mas também trabalhista, previdenciária,
administrativa, empresarial, etc., estes já em plena vigência. Apesar da
autonomia de cada matéria, transborda da lei, contudo, alguns princípios
comuns, tais como a simplificação das obrigações acessórias e o tratamento
diferenciado em favor das ME e EPP.
A Lei Geral da ME e EPP abrangerá as três esferas do poder público. Isso
significa que todas as suas disposições serão aplicadas no âmbito da
federação, das unidades da federação e dos municípios, trazendo muito mais
eficácia a seus dispositivos e resultados muito mais concretos e efetivos para
os pequenos negócios, que passarão a ser regidos por um sistema legal
uniforme, numa espécie de consolidação de todo o conjunto de obrigações em
único sistema.
O problema será abordado de uma forma objetiva e simplificado. Inicialmente
abordaremos definição de micro e pequena empresa e posteriormente faremos
uma conceituação conforme o Código Tributário Nacional de obrigações
acessória, e como ficou e quais são, pela nova Lei Complementar 123/2006 de
14 de dezembro de 2006 as suas obrigações acessórias.
O presente trabalho fará uma explanação sobre as obrigações acessórias, nas
micro e pequenas empresas, e quais os seus efeitos e obrigatoriedades nas
áreas administrativa, tributária, previdenciária e trabalhista.
LEI COMPLEMENTAR 123/2006 E 127/2007, disponível no site: http://receita.fazenda.gov.br/legislacao/leiscomplementares
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CAPÍTULO I
1 DEFINIÇÃO DE MICRO E PEQUENA EMPRESA
Considera-se microempresa ou empresas de pequeno porte, a
sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário a que se refere o
art. 966 da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil Brasileiro),
devidamente registrados no registro de empresas mercantis ou no Registro
Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que, tenha auferido no ano
calendário imediatamente anterior, receita bruta igual ou inferior a R$
240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais), para as microempresas, e quando
a receita bruta for superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e
igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais)
considera-se empresa de pequeno porte. (Art. 3º, incisos II e III – Lei
Complementar 123/2006). A sociedade empresária é aquela que os sócios vão
exercer seu objeto com elemento de empresa e se esta, para levar adiante
seus objetivos, se vale da noção de organismo, ela também será uma
sociedade de natureza empresária. Já o objeto social explorado sem
empresarialidade (isto é, sem profissionalmente organizar os fatores de
produção) confere à sociedade o caráter de simples. E, finalmente o
empresário, conforme o Art. 966 do Código Civil é aquele que exerce
profissionalmente atividade econômica organizada.
No caso de início de atividade no próprio ano-calendário, os limites
acima mencionados serão proporcionais ao número de meses em que a
pessoa jurídica houver exercido atividade, desconsideradas as frações de
meses.
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1.1 O INÍCIO DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO DO SIMPLES
Antes do surgimento do Simples Nacional no ano de 2007, houve a
implantação da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996. Esta visou à
simplificação do pagamento de impostos para as micro e pequenas empresas,
através do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições –
SIMPLES, sendo incluídos IRPJ (Imposto de Renda Pessoas Jurídicas),
PIS/PASEP (Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do
Servidor Público), CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), COFINS
(Contribuição para Financiamento da Seguridade Social), IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) e Contribuições para a Seguridade Social, a cargo
de pessoa jurídica. O Simples Federal possibilitou a muitas empresas que
tinham um faturamento relativamente baixo, mudarem suas condições de
Lucro Real ou Presumido, ao passarem a ser vistas como micro e pequenas
empresas, tendo seu imposto reduzido.
1.2 ABRANGÊNCIA DO SIMPLES NACIONAL
A Lei Complementar nº 123, de 14 e dezembro de 2006, que entrou em
vigor em 1º de julho de 2007 foi criada para as ME’s (Micro Empresas):
entidades que possuem uma receita bruta anual de até 240.000,00 (duzentos e
quarenta mil reais) e EPP’s (Empresas de Pequeno Porte): as que ultrapassem
esse valor, com o limite de até 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil
reais). Essa lei possibilita a simplificação da contabilidade, tornando mais
rápida a comunicação com os órgãos federais, estaduais e municipais.
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1.3 IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES ABRANGIDOS PELO SIMPLES
Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes tributos:
• Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ);
• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
• Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);
• Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS);
• Contribuição para o PIS/Pasep;
• Contribuição Patronal Previdenciária (CPP);
• Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS);
• Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).
HIRATSUKA, William Ken Iti. O modelo de simplificação do pagamento de tributos federais para micro e pequenas empresas http://www.classecontabil.com.br
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CAPÍTULO II 2 MUDANÇAS NO SIMPLES NACIONAL
O Simples Nacional superou o Simples Federal, pelo fato de incluir mais
dois impostos: o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e
o ISS (Imposto sobre Serviços), destinados às Receitas: estadual e municipal,
respectivamente. Houve a possibilidade de opção de algumas atividades que
antes não se enquadravam no sistema Simples, assim como escritórios
contábeis, escolas técnicas de línguas e construção civil.
Outra significante mudança ocorreu na base de cálculo do imposto
onde, ao invés de considerar o valor acumulado durante o ano corrente, será
preciso saber a média das receitas nos últimos 12 meses. Por exemplo: para
se calcular o imposto referente a outubro de 2008, o Programa Gerador do
Documento de Arrecadação do Simples Nacional (PGDAS) utiliza como base
de cálculo a receita bruta do mês de novembro de 2007 até outubro de 2008. A
alíquota é identificada baseando-se nessa soma, podendo então variar
mensalmente.
Várias outras mudanças ocorreram, conforme se verá a seguir, além de
tantas outras que não serão mencionadas, devido à complexidade do tema.
2.1 SIMPLES NACIONAL X DÉBITOS
O caos tomou conta das empresas que já participavam do simples, mas
tinham débitos com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e Receitas:
Federal, Estadual e Municipal.
Isso se deve ao fato de que, só poderiam aderir ao Simples Nacional, as que
estavam em dia com todos os órgãos ou parcelaram seus débitos. No
município de São Paulo há mais de 800 mil empresas devedoras, que
correspondem a 70% daquelas com condições de optar pelo SuperSimples”.
Portanto, uma grande quantidade de empresas teve dificuldades em aderir ao
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novo sistema. Além do mais, uma vez feito o parcelamento, a entidade não
poderá atrasar o valor ajustado ou deixar de pagar o imposto do exercício
corrente, se não quiser ser excluída da opção pelo Simples Nacional.
O pagamento de débitos não é a única preocupação que o sócio e o contador
devem ter na hora da escolha pelo Simples Nacional. Existem normas a serem
seguidas e, só poderá aderir ao sistema, empresas que se enquadrarem nas
atividades permitidas e que não tenham nenhum tipo de impedimento “extra”,
conforme se verá a seguir.
2.2 EMPRESAS IMPEDIDAS DE OPTAR PELO SIMPLES NACIONAL
Estão impedidas de aderir ao Simples Nacional as empresas que:
• Tenham como sócio outra pessoa jurídica;
• Sejam filiais, sucursais, agências ou representações de pessoa jurídica com
sede no exterior;
Se o titular ou sócio da empresa participar de outra beneficiada pela Lei
Complementar 123/2006, para que possa aderir ao sistema:
• Sua receita bruta global não poderá ultrapassar R$ 2.400.000,00 (dois
milhões e quatrocentos mil reais).
Se o titular ou sócio da empresa participar de outra não beneficiada pela Lei
Complementar 123/2006:
• Caso sua receita bruta global ultrapasse R$ 2.400.000,00 (dois milhões e
quatrocentos mil reais), para optar pelo Simples Nacional, a participação não
poderá ser maior que 10% do capital e, caso não ultrapasse, a porcentagem
não influencia.
A opção também não poderá ser feita caso a empresa:
• Tenha como sócio ou titular um administrador equiparado de outra pessoa
jurídica
com fins lucrativos, desde que a receita brutal global ultrapasse o limite de R$
2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais);
• Seja cooperativa, exceto as de consumo;
• Seja constituída como Sociedade anônima;
• Tenha sócio domiciliado no exterior;
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• De cujo capital participe entidades públicas;
• Esteja em débito com o INSS e Receitas: Federal, Estadual e Municipal;
• Seja resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de
desmembramento
de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos cinco anos-calendário
anteriores;
• Seja instituição financeira e equiparada;
• Exerça atividades intelectuais;
• Produza bebidas alcoólicas, bebidas tributadas pelo IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados), produtos relacionados ao fumo e armas;
• Seja corretora, despachante e que exerça qualquer tipo de intermediação de
negócios;
• Preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros;
• Seja geradora, transmissora, distribuidora ou que comercialize energia
elétrica;
• Tenha como atividade a consultoria;
• Seja responsável por loteamento e incorporação de imóveis.
2.3 PRESTADORAS DE SERVIÇOS PERMITIDAS NO SISTEMA
Algumas atividades de prestadoras de serviços são admitidas no
Simples Nacional,desde que não exerçam em conjunto atividades vedadas
pelo sistema. São elas:
• Agência lotérica;
• Creche pré-escola e estabelecimento de ensino fundamental;
• Centro de formação de condutores de veículos automotores de transporte
terrestre de passageiros e de carga;
• Agência terceirizada de correios;
• Serviços de instalação, manutenção e reparação de acessórios para veículos
automotores;
• Serviços de instalação e reparação de máquinas de escritório e de
informática;
• Serviços de reparos hidráulicos elétricos e carpintaria em residência ou
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estabelecimentos civis ou empresariais, bem como manutenção e reparação
de aparelhos eletrodomésticos;
• Serviços de manutenção e reparação de automóveis, caminhões, ônibus e
outros veículos pesados como tratores, máquinas e equipamentos agrícolas;
• Serviços de instalação e manutenção de aparelhos e sistemas de ar-
condicionado, refrigeração, ventilação, aquecimento e tratamento de ar em
ambientes controlados;
• Veículos de comunicação de radiodifusão sonora e de sons e imagens e
mídia externa;
• Construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma
de subempreitada;
• Transporte municipal de passageiros;
• Empresas montadoras de estandes para feiras;
• Escolas livres de línguas estrangeiras, artes, cursos técnicos e gerenciais;
• Produção cultural e artística;
• Produção cinematográfica e de artes cênicas;
• Cumulativamente administração e locação de imóveis de terceiros;
• Academias de dança de capoeira, de ioga e de artes marciais;
• Academias de atividades físicas desportivas de natação e escola de esportes;
• Elaboração de programas de computadores, inclusive jogos eletrônicos
desde que envolvidos em estabelecimento de optante;
• Licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação;
• Planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas,
desde que realizados em estabelecimento de optante;
• Escritórios de serviços contábeis;
• Serviço de vigilância, limpeza ou conservação;
• Empresas que se dediquem exclusivamente à prestação de outros serviços
que não tenham sido objeto de vedação expressa.
Supersimples. Suplemento Especial COAD (Centro de Orientação, Atualização e
Desenvolvimento Profissional).
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CAPÍTULO III
3 IMPOSTOS
Uma inevitável conseqüência da mudança foi o aumento dos impostos para
contribuintes do setor de comércio varejista. Empresas que pagavam 3% sobre
o faturamento no DARF Simples (Documento de Arrecadação da Receita
Federal – Simples), passaram a recolher aos cofres públicos 4% no DAS
(Documento de Arrecadação do Simples Nacional), ou seja, houve um
aumento de quase 34%. Outro comentário interessante se dá a respeito do
ICMS. Em primeira instância, o Simples Nacional aboliu o recolhimento da
diferença de alíquota para compras fora do Estado, incluindo-o no DAS. No
entanto, a partir do dia 30 de agosto de 2007, as empresas foram obrigadas
novamente a recolherem essa diferença. Portanto, além do ICMS sobre os
produtos das compras fora do Estado, que já era devido com o Simples
Federal, as companhias estão contribuindo também com esse imposto na guia
DAS.
Vale lembrar também que, para algumas atividades de empresas
prestadoras de serviços, que até então não pagavam o imposto previdenciário
patronal (incluído na guia do Simples Federal), com a entrada da nova lei, a
contribuição foi devida desde agosto de 2007 até dezembro do mesmo ano.
Com isso, além do valor descontado do funcionário, tiveram que ser pagos
mais 20% sobre seu salário, aumentando extraordinariamente a carga
tributária.
Algumas das atividades prejudicadas foram: salões de beleza,
borracharias, transportes de cargas, entre outras. Porém, uma boa notícia é
que a partir de 1º de janeiro de 2008, essas empresas ficaram livres
novamente do INSS patronal, tendo em vista que houve um erro na elaboração
da lei.
Muitas vezes, as autoridades públicas responsáveis pela elaboração das
leis, cometem erros que colocam em risco os contribuintes, concluiu Pereira
(2007), Pós Graduado em Direito e Processo Tributário.
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3.1 SIMPLES NACIONAL OU LUCRO PRESUMIDO?
Ao analisar o sistema de tributação Simples Nacional, muitos
empresários perguntam se essa é a melhor escolha. Para a micro e pequena
empresa, sabe-se que a tributação através do Lucro Presumido pode levar à
falência muitas entidades, devido à elevada carga tributária mediante esse
sistema. Com isso, na maioria das vezes, o adequado é continuar no sistema
Simples. Avaliando-se uma empresa no ramo de comércio varejista de roupas,
é visto que esta se enquadra no Anexo I da Lei Complementar 123/2006,
conforme tabela abaixo:
Anexo I – Partilha do Simples Nacional – Comércio Efeitos a partir de 01/01/2009
Receita Bruta em 12 meses (em R$) Alíquota IRPJ CSLL COFINS PIS/
PASEP CPP ICMS
Até 120.000,00 4,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,75% 1,25%
De 120.000,01 a 240.000,00 5,47% 0,00% 0,00% 0,86% 0,00% 2,75% 1,86%
De 240.000,01 a 360.000,00 6,84% 0,27% 0,31% 0,95% 0,23% 2,75% 2,33%
De 360.000,01 a 480.000,00 7,54% 0,35% 0,35% 1,04% 0,25% 2,99% 2,56%
De 480.000,01 a 600.000,00 7,60% 0,35% 0,35% 1,05% 0,25% 3,02% 2,58%
De 600.000,01 a 720.000,00 8,28% 0,38% 0,38% 1,15% 0,27% 3,28% 2,82%
De 720.000,01 a 840.000,00 8,36% 0,39% 0,39% 1,16% 0,28% 3,30% 2,84%
De 840.000,01 a 960.000,00 8,45% 0,39% 0,39% 1,17% 0,28% 3,35% 2,87%
De 960.000,01 a 1.080.000,00 9,03% 0,42% 0,42% 1,25% 0,30% 3,57% 3,07%
De 1.080.000,01 a 1.200.000,00 9,12% 0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10%
De 1.200.000,01 a 1.320.000,00 9,95% 0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38%
De 1.320.000,01 a 1.440.000,00 10,04% 0,46% 0,46% 1,39% 0,33% 3,99% 3,41%
De 1.440.000,01 a 1.560.000,00 10,13% 0,47% 0,47% 1,40% 0,33% 4,01% 3,45%
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De 1.560.000,01 a 1.680.000,00 10,23% 0,47% 0,47% 1,42% 0,34% 4,05% 3,48%
De 1.680.000,01 a 1.800.000,00 10,32% 0,48% 0,48% 1,43% 0,34% 4,08% 3,51%
De 1.800.000,01 a 1.920.000,00 11,23% 0,52% 0,52% 1,56% 0,37% 4,44% 3,82%
De 1.920.000,01 a 2.040.000,00 11,32% 0,52% 0,52% 1,57% 0,37% 4,49% 3,85%
De 2.040.000,01 a 2.160.000,00 11,42% 0,53% 0,53% 1,58% 0,38% 4,52% 3,88%
De 2.160.000,01 a 2.280.000,00 11,51% 0,53% 0,53% 1,60% 0,38% 4,56% 3,91%
De 2.280.000,01 a 2.400.000,00 11,61% 0,54% 0,54% 1,60% 0,38% 4,60% 3,95%
Fonte: Suplemento Especial do COAD (Centro de Orientação, Atualização e Desenvolvimento Profissional).
Considera-se que essa empresa iniciou suas atividades em
janeiro/2008, e optou imediatamente pelo Simples Nacional. Ela obteve um
faturamento mensal de R$ 9.000,00 e, se continuar faturando esse valor até
dezembro/2008, pagará na guia DAS R$ 360,00 por mês, já que sua base de
cálculo é de R$ 108.000,00, se enquadrando na tabela em questão na alíquota
de 4%. Portanto:
Receita mensal = R$ 9.000,00
Receita acumulada = R$ 9.000,00 x 12 = R$ 108.000,00
Impostos pagos até 12/2008 = R$ 108.000,00 x 4,00% = R$ 4.320,00
Se a empresa optasse pelo sistema de tributação sobre o Lucro Presumido, os
valores a pagar seriam os seguintes:
Impostos Periodicidade Base de Cálculo Alíquota Imposto Anual
COFINS mensal R$ 9.000,00 3,00% R$ 3.240,00
PIS mensal R$ 9.000,00 0,65% R$ 702,00
IRPJ trimestral R$ 27.000,00 x 8,00% 15,00% R$ 1.296,00
CSLL trimestral R$ 27.000,00 x 8,00% 9,00% R$ 777,60
Impostos pagos até 12/2008 R$ 6.015,60
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Conforme foi observado, ao passar do Simples Nacional para o Lucro
Presumido, houve um aumento de 39,25% nos impostos. Vale lembrar que
para os cálculos, foram utilizados somente tributos direcionados à Receita
Federal. Como a empresa atua na área do comércio varejista, caso opte pelo
Lucro Presumido, deve ser feita a apuração do ICMS, encarecendo ainda mais
as despesas, ficando o empresário com uma alternativa a seguir: optar pelo
Simples Nacional.
Outra comparação pode ser feita observando os valores pagos com a
implantação do Simples Nacional e os devidos anteriormente, com o Simples
Federal. No exemplo dado, se lei em vigor continuasse sendo a nº 9.317/1996,
os valores seriam os seguintes:
Meses Faturamento Receita Bruta Acumulada Alíquota Imposto a pagar
jan/08 R$ 9.000,00 R$ 9.000,00 3,00% R$ 270,00
fev/08 R$ 9.000,00 R$ 18.000,00 3,00% R$ 270,00
mar/08 R$ 9.000,00 R$ 27.000,00 3,00% R$ 270,00
abr/08 R$ 9.000,00 R$ 36.000,00 3,00% R$ 270,00
maio/08 R$ 9.000,00 R$ 45.000,00 3,00% R$ 270,00
jun/08 R$ 9.000,00 R$ 54.000,00 3,00% R$ 270,00
jul/08 R$ 9.000,00 R$ 63.000,00 4,00% R$ 360,00
ago/08 R$ 9.000,00 R$ 72.000,00 4,00% R$ 360,00
set/08 R$ 9.000,00 R$ 81.000,00 4,00% R$ 360,00
out/08 R$ 9.000,00 R$ 90.000,00 4,00% R$ 360,00
nov/08 R$ 9.000,00 R$ 99.000,00 5,00% R$ 450,00
dez/08 R$ 9.000,00 R$ 108.000,00 5,00% R$ 450,00
Total pago em 12/2008 R$ 3.960,00
Observando a tabela acima, pode-se perceber que os valores do antigo
sistema são menores com relação ao Simples Nacional. Este, no entanto, veio
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substituir o outro, não restando escolha ao contribuinte, a não ser optar pelo
regime de tributação vigente com impostos menos onerosos.
Prestadores de serviços
Para uma empresa de transporte municipal de passageiros, com ISS devido ao
próprio município, os cálculos deverão ser feitos baseados na Tabela 1, Seção
II, Anexo IV da Lei Complementar 123/2006, mostrada a seguir:
Anexo IV Partilha do Simples Nacional – Serviços
Receita Bruta Total em 12 meses (em R$) Alíquota IRPJ CSLL COFINS
PIS/PASEP ISS
Até 120.000,00 4,50% 0,00% 1,22% 1,28% 0,00% 2,00% De 120.000,01 a 240.000,00 6,54% 0,00% 1,84% 1,91% 0,00% 2,79% De 240.000,01 a 360.000,00 7,70% 0,16% 1,85% 1,95% 0,24% 3,50% De 360.000,01 a 480.000,00 8,49% 0,52% 1,87% 1,99% 0,27% 3,84% De 480.000,01 a 600.000,00 8,97% 0,89% 1,89% 2,03% 0,29% 3,87% De 600.000,01 a 720.000,00 9,78% 1,25% 1,91% 2,07% 0,32% 4,23% De 720.000,01 a 840.000,00 10,26% 1,62% 1,93% 2,11% 0,34% 4,26% De 840.000,01 a 960.000,00 10,76% 2,00% 1,95% 2,15% 0,35% 4,31% De 960.000,01 a 1.080.000,00 11,51% 2,37% 1,97% 2,19% 0,37% 4,61% De 1.080.000,01 a 1.200.000,00 12,00% 2,74% 2,00% 2,23% 0,38% 4,65% De 1.200.000,01 a 1.320.000,00 12,80% 3,12% 2,01% 2,27% 0,40% 5,00% De 1.320.000,01 a 1.440.000,00 13,25% 3,49% 2,03% 2,31% 0,42% 5,00% De 1.440.000,01 a 1.560.000,00 13,70% 3,86% 2,05% 2,35% 0,44% 5,00% De 1.560.000,01 a 1.680.000,00 14,15% 4,23% 2,07% 2,39% 0,46% 5,00% De 1.680.000,01 a 1.800.000,00 14,60% 4,60% 2,10% 2,43% 0,47% 5,00% De 1.800.000,01 a 1.920.000,00 15,05% 4,90% 2,19% 2,47% 0,49% 5,00% De 1.920.000,01 a 2.040.000,00 15,50% 5,21% 2,27% 2,51% 0,51% 5,00% De 2.040.000,01 a 2.160.000,00 15,95% 5,51% 2,36% 2,55% 0,53% 5,00% De 2.160.000,01 a 2.280.000,00 16,40% 5,81% 2,45% 2,59% 0,55% 5,00% De 2.280.000,01 a 2.400.000,00 16,85% 6,12% 2,53% 2,63% 0,57% 5,00%
Para fins de comparação, utiliza-se a mesma receita bruta do exemplo anterior,
passando para a alíquota de 4,50%, conforme se observa na tabela.
Receita mensal = R$ 9.000,00
Receita acumulada = R$ 9.000,00 x 12 = R$ 108.000,00
20
Impostos pagos na guia DAS até 12/2008 = R$ 108.000,00 x 4,50% = R$
4.860,00
Exemplo baseado no Lucro Presumido:
Impostos Periodicidade Base de Cálculo Alíquota Imposto Anual
COFINS mensal R$ 9.000,00 3,00% R$ 3.240,00
PIS mensal R$ 9.000,00 0,65% R$ 702,00
IRPJ trimestral R$ 27.000,00 x 16,00% 15,00% R$ 2.592,00
CSLL trimestral R$ 27.000,00 x 16,00% 9,00% R$ 1.555,20
ISS mensal R$ 9.000,00 3,00% R$ 3.240,00
Impostos pagos até 12/2008 R$ 11.329,20
Analisando o exemplo acima, pode-se perceber que a diferença entre os
valores do
Simples Nacional e Lucro Presumido é maior do que no caso do comércio
varejista.
Agora, é comparada ao Simples Federal:
Meses Faturamento Receita Bruta Acumulada Alíquota Imposto a pagar
jan/08 R$ 9.000,00 R$ 9.000,00 4,50% R$ 405,00
fev/08 R$ 9.000,00 R$ 18.000,00 4,50% R$ 405,00
mar/08 R$ 9.000,00 R$ 27.000,00 4,50% R$ 405,00
abr/08 R$ 9.000,00 R$ 36.000,00 4,50% R$ 405,00
maio/08 R$ 9.000,00 R$ 45.000,00 4,50% R$ 405,00
jun/08 R$ 9.000,00 R$ 54.000,00 4,50% R$ 405,00
jul/08 R$ 9.000,00 R$ 63.000,00 6,00% R$ 540,00
ago/08 R$ 9.000,00 R$ 72.000,00 6,00% R$ 540,00
set/08 R$ 9.000,00 R$ 81.000,00 6,00% R$ 540,00
out/08 R$ 9.000,00 R$ 90.000,00 6,00% R$ 540,00
21
nov/08 R$ 9.000,00 R$ 99.000,00 7,50% R$ 675,00
dez/08 R$ 9.000,00 R$ 108.000,00 7,50% R$ 675,00
Total pago em 12/2008 R$ 5.940,00
Ao contrário do comércio varejista, para a prestadora de serviços do exemplo,
fica evidente a vantagem do Simples Nacional. Se neste todos os impostos
estão incluídos, no antigo Simples teria que ser pago o ISS, encarecendo
ainda mais os tributos.
Desvantagem do Lucro Presumido
Quando se compara o sistema Simples Nacional ao Lucro Presumido,
dependendo da
alíquota imposta pela tabela, podem ocorrer casos onde os valores devidos
são semelhantes.
No entanto, é preciso estar atento a outros tipos de impostos, assim
como o INSS patronal, que é devido para não optantes do sistema de
tributação simples. O cálculo desse imposto é
feito considerando os valores brutos dos salários dos funcionários, do
trabalhador autônomo e das retiradas de pró-labore feitas pelos sócios. Vinte
por cento do valor bruto da folha de pagamento da empresa é recolhida ao
INSS por parte do empregador (fora os valoresdescontados dos
trabalhadores). Esse tipo de imposto geralmente é o mais temido pelos
empregadores porque, como já mencionado, encarece muito o encargo
trabalhista, sendo considerado, portanto, o maior agravante na escolha do
regime de tributação.
3.2 A VISÃO DO MERCADO EM RELAÇÃO AO CRÉDITO DE ICMS
Muitas vezes, a preferência pelo que é simples acaba prejudicando, ao
invés de diminuir a carga tributária. Isso se deve, apesar de outros aspectos,
ao fato de a empresa que optar pelo Simples Nacional não poder transferir
22
crédito de ICMS. Muitos empresários, ao optarem pelo sistema simplificado,
não levaram em consideração suas vendas fora do Estado.
Com isso, muitos empreendedores estão diminuindo o valor das mercadorias,
para que não haja perda de competitividade no mercado, quando suas
empresas são comparadas a outras sob regime de tributação diferente.
3.3 OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS
Muitas das obrigações do empregador foram mantidas, assim como
anotações na CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social), guarda de
documentos para possíveis análises, envio do CAGED (Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados) e transmissão do arquivo SEFIP (Sistema
Empresa de Recolhimento do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço) e Informações à Previdência Social). Entretanto, foi facultada ao
empregador a fixação do Quadro de Trabalho em suas dependências, a
anotação das férias dos empregados nos respectivos livros ou fichas de
registro, a comunicação ao Ministério do Trabalho e Emprego a concessão de
férias coletivas, entre outras.
No primeiro momento, é comum deixar-se de fazer o que não é
obrigatório. No entanto, com relação ao Quadro de Trabalho e anotações de
férias, ambos fazem-se necessários para fins de controle, tanto para o
empregador quanto para o empregado, cabendo à empresa analisar o grau de
importância da informação para sua organização.
Outra mudança ocorreu no que diz respeito ao recolhimento da
Contribuição Sindical Patronal às empresas optantes pelo Simples Nacional.
Uma grande confusão se fez em torno desse assunto. Contradições nas
interpretações do artigo 13º, § 3º e do 53º da Lei Complementar 123/2006,
foram esclarecidas pelo artigo 3º da Lei Complementar nº 127/2007, que
revogou o artigo 53º, deixando clara a dispensa do pagamento da contribuição.
23
3.4 EXCLUSÃO DA OPÇÃO
Poderão ser excluídas da opção pelo Simples Nacional, as empresas
que não pagaram os valores relativos ao parcelamento feito para entrar no
sistema, ou que ainda mantém débitos com o INSS e as Receitas Federal,
Estadual ou Municipal.
Os prazos de opção e a grande quantidade de informações também
fazem com que muitas empresas tenham que aderir ao sistema, para só então
saber se o programa é interessante ou não. É o que ocorreu no ano passado
porque, devido ao pouco tempo de estudo, vários empresários que optaram
pelo regime de tributação Simples Nacional tiveram que sair, observando que
esse não era o melhor caminho para expansão de seus negócios.
Vale lembrar que, se houver exclusão do sistema, a entidade passará
para o regime normal de tributação, podendo optar novamente pelo Simples
Nacional somente no ano seguinte.
3.5 DIFICULDADES NO SIMPLES
Para os escritórios que fazem a contabilidade das empresas
enquadradas no Simples Nacional, a tarefa não é fácil. Além das 57 tabelas
para cálculo de impostos, estes ainda dependem do valor da folha de
pagamento e receita bruta, mas é claro, sendo influenciados também pela
atividade econômica.
Na abertura de empresas deve-se verificar primeiramente, a possível aceitação
da atividade no sistema Simples e, com isso, saber em qual dos cinco anexos
a pessoa jurídica se enquadrará. Cada anexo possui várias tabelas com
valores diferentes de alíquotas e partilhas, especificando cada um dos
impostos incluídos.
A análise do contador é extremamente importante na decisão porque,
ele não deve somente verificar a possibilidade de enquadramento da empresa
no regime. É preciso obter dados minuciosos quanto à real necessidade de
adesão, comparando entre os sistemas de tributações existentes, optando pelo
24
mais favorável, tanto financeiramente quanto com relação à competitividade no
mercado.
3.6 FISCALIZAÇÃO, MULTAS E OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Há muita responsabilidade envolvida nos lançamentos que devem ser
feitos para os cálculos da guia única. Tanto o contador quanto o empresário
precisam estar atentos aos prazos, estes que mudam constantemente, pois,
um mero deslize poderá acarretar gastos não previstos.
A multa mínima pela entrega em atraso da Declaração Simplificada será
de R$ 500,00 e, para cada grupo de 10 informações incorretas ou omitidas da
declaração, a multa será de R$ 100,00. A fiscalização será feita pela
Secretaria da Receita Federal (RFB) e Secretarias de Fazenda ou de Finanças
do Estado, ou do Distrito Federal, segundo a localização do estabelecimento.
Cabe também ao município a fiscalização das prestações de serviços,
abrangendo os tributos de sua competência.
É considerada inflação a ação ou omissões voluntárias ou involuntárias,
no que diz respeito à inobservância das normas do Simples Nacional, assim
como omissão de receitas, diferenças na base de cálculo e recolhimento a
menor de tributos. As multas para esses tipos de penalidades vão desde 75%
do valor não pago, até 225%, devendo então se redobrar a atenção para que
sejam feitos corretos atendimentos das obrigações fiscais.
As obrigações acessórias ou deveres instrumentais são as relações
jurídicas de cunho não-patrimonial, que segundo o Código Tributário Nacional
em seu art. 44 113 § 2, define que é a obrigação do contribuinte em fazer ou
não fazer determinado ato no interesse da entidade tributante, assim, constitui
fato gerador da obrigação acessória qualquer situação que, na forma da
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não constitua a
obrigação principal (exemplo: apresentação de declarações, preenchimento de
guias, escrituração de livros, formulários virtuais, etc.).
O descumprimento de obrigação acessória sujeita o infrator à multa de
acordo com a legislação.
As microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples
25
Nacional (Lei Complementar 123/2006) estão obrigadas a cumprir as seguintes
obrigações acessórias:
a) Escrituração e Documentação:
A escrituração comercial é aquela feita de acordo com a legislação comercial
e baseada nas normas e princípios contábeis (NBC T 2). Já a escrituração
fiscal envolve todos os aspectos ligados á tributação, como definição da base
de cálculo e o respectivo tributo devido.
Somente o empresário individual caracterizado como microempresa,
queaufere receita bruta anual de até R$ 36.000,00 (Art. 68 da LC 123/2006)
está desobrigado de manter escrituração contábil, ou seja, todos os demais
contribuintes estão obrigados à manutenção da escrita contábil.
A dispensa da escrituração contábil para as microempresas (ME) e as
empresas de pequeno porte (EPP) previsto pela Lei Complementar 123, só é
válida na legislação do Imposto de Renda, no que se refere à apuração dos
tributos federais. Os demais dispositivos legais, tais como Código Civil (Lei
10.406/2002), artigo 1179, bem como a Nova Lei das Falências (Lei
11.101/2005), artigo 51, Legislação Previdenciária, entre outros, continuam
exigindo que as empresas mantenham sua escrituração comercial. A
escrituração contábil atende à legislação e padrões estabelecidos pelas
Normas Brasileiras de Contabilidade.
As empresas optantes pelo Simples Nacional opcionalmente para
"efeitos fiscais" podem proceder à escrituração apenas do livro caixa, mas tal
opção produz efeitos unicamente para fins de imposto de renda, não se
estendendo à legislação comercial, previdenciária entre outras.
b) Escrituração Fiscal: A Lei 6404/76 estabelece a separação entre
escrituração comercial e fiscal, no sentido de que as demonstrações
financeiras que a companhia está obrigada a elaborar e publicar devem
observar exclusivamente a lei comercial e os princípios gerais de contabilidade.
Os livros obrigatórios a ser escriturados são:
I - Livro Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os
estoques existentes no término de cada ano-calendário, quando contribuinte
de ICMS;
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II - Livro Registro de Entradas, destinados à escrituração dos documentos
fiscais relativos às entradas de mercadorias ou bens e às aquisições de
serviços de transporte e de comunicação efetuadas a qualquer titulo pelo
estabelecimento;
III - Livros de Registro dos Serviços prestados e serviços tomados, registro
referente aos serviços prestados e tomados sujeitos a ISS, quando contribuinte
de ISS;
IV - Livro Registro de Impressão de Documentos Fiscais, pelo estabelecimento
gráfico para registro dos impressos que confeccionar para terceiros ou para
uso próprio; e
V - todos os documentos e demais papéis que servirem de base para a
escrituração dos livros citados anteriormente.
c) Placa Indicativa:
As empresas optantes pelo SIMPLES deverão manter em seus
estabelecimentos, em local visível ao público, placa indicativa que esclareça
esta condição. Esta placa deve ter dimensões de, no mínimo 297 mm de
largura por 210 mm de altura e conterá, obrigatoriamente, o termo “SIMPLES”
e a indicação “CNPJ nº........” na qual constará o número de inscrição completo
do respectivo estabelecimento,com o intuito de facilitar a identificação do
sistema de tributação ao qual a empresa se submete.
d) Entrega da Declaração Simplificada:
Também devem apresentar anualmente declaração única e simplificada, de
informações socioeconômicas e fiscais que será entregue a Secretaria da
Receita Federal do Brasil (RFB), por meio da internet, até o último dia útil do
mês de março do ano-calendário subseqüente ao da ocorrência dos fatos
geradores. A finalidade da entrega é a de comprovar junto ao Fisco que
durante o ano permaneceu com receita auferida dentro dos limetes
estabelecidos na Lei 123/2006.
e) Documentos Fiscais:
As ME e EPP optantes pelo Simples Nacional utilizarão, conforme as
operações e prestações de serviços que realizarem, os documentos fiscais,
inclusive os emitidos por meio eletrônico. E não será destacado a base de
cálculo e nem o imposto, ICMS ou ISS, de obrigação própria, devendo constar,
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no campo destinado às informações complementares ou, em sua falta, no
corpo da nota, as seguintes declarações: “DOCUMENTO EMITIDO POR ME
OU EPP OPTANTE PELO SIMPLES NACIONAL” e "NÃO GERA DIREITO A
CRÉDITO FISCAL DE ICMS, DE ISS E DE IPI".
f) Obrigações Trabalhistas – Particularidades:
Em seu art. 51 a Lei Complementar 123/2006 trás significativas simplificações
das relações de trabalho, para as microempresas e as empresas de pequeno
porte, dispensadas de diversos deveres acessorios, tais como:
- Afixação de quadro de horário de trabalho dos empregados, exceto do
menor; - anotações das férias dos empregados em livros ou ficha de registro
no momento da concessão; no entanto, por ocasião da rescisão do contrato de
trabalho, a anotação deve ser feita; - manutenção do livro de inspeção do
trabalho; e - empregar e matricular menores de 18 anos (aprendizes) nos
cursos especializados mantidos pelo Senai.
As demais obrigações trabalistas permanecem sendo obrigadas, em especial:
- Anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS;
- arquivamento de documentos comprobatórios de cumprimento das
obrigações trabalhistas e previdenciárias, enquanto não prescreverem essas
obrigações;
- apresentação das Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP; e
- apresentação das Relações Anuais de Empregados e da Relação Anual de
Informações Sociais – RAIS e do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados CAGED.
g) Prazos de Comunicação de Exclusão do Simples:
As empresas que forem excluídas do Simples devem prestar informação junto
à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) por meio do portal do Simples
Nacional na internet, nas seguintes situações:
- Quando for por opção pode ser efetuada a qualquer tempo;
- que tenha tido, no ano-calendario imediatamente anterior, receita bruta
superior a R$ 2.400.000,00, ela tem que obrigatoriamente informar até o último
dia útil do mês de janeiro do ano-calendário subseqüente àquele em que tiver
ocorrido o excesso de receita bruta;
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- ultrapassado, no ano-calendário de início de atividades, o limite de receita
bruta correspondente a R$ 200.000,00 multiplicados pelo número de meses de
funcionamento nesse período, tem que obrigatoriamente comunicar até o
último dia útil do mês de janeiro do ano-calendário subseqüente ao início de
atividades.
- incorrer em qualquer das situações excludentes constantante na LC 123/2006
ou que possua débito com o INSS ou com as Fazendas Públicas
Federal,Estadual ou Municipal, fica obrigada a informar até o último dia útil do
mês subseqüente àquela em que tiver ocorrido o fato que dê ensejo à
exclusão.
h) Mudança de Enquadramento:
A microempresa (ME) que no ano-calendário, exceder o limite de receita bruta
anual de R$ 240.000,00 passa, no ano-calendário seguinte, automaticamente,
a condição de empresa de pequeno porte (EPP).
A empresa de pequeno porte (EPP) que no ano-calendário, não ultrapassar o
limite de receita bruta de R$ 240.000,00 passa, no ano-calendário seguinte,
automaticamente, à condição de microempresa (ME).
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CONCLUSÃO
O SIMPLES NACIONAL é um regime tributário que veio para diferenciar,
simplificar e favorecer as Micro e Pequenas Empresas. Este sistema tem
garantido uma importante redução da tributação e se tornou uma das principais
maneiras que o governo encontrou para garantir a sobrevivência e
promover o desenvolvimento destas. Ela simplificou e favoreceu os pequenos
negócios, tornando mais simples o pagamento de impostos a obtenção de
crédito acesso a tecnologia, a exportação, a venda para o governo, a
formalização, e reduziu a burocracia.
Com o predomínio da burocracia fiscal no Brasil, que é gerada em
virtude das obrigações acessórias, a proposta do Simples Nacional veio para
fomentar o pequeno negócio e para incentivar o desenvolvimento das micro e
pequenas empresas.
A consolidação de todo o conjunto de obrigações nas áreas tributárias,
trabalhistas e previdenciária; o acesso ao crédito, a tecnologia e ao mercado,
deu sim uma nova dinâmica ao processo, o que para muitos empresários e
políticos representa a redução da informalidade e o início de uma nova visão
na economia do país.
Porém este espectro de assuntos requer uma atenção para que não se
vá de encontro às normas vigentes nestas áreas, pois as entrelinhas do texto
revelam complexidades de toda ordem, o que está deixando especialistas do
setor apreensivos.
Para concluir, destaca-se a importância do fiel cumprimento das obrigações
acessórias das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte optantes pelo
SIMPLES NACIONAL, uma vez que não sejam observadas as suas
peculiaridades, o seu descumprimento importará na aplicação de multa
sancionadora, que será cobrada como se fosse tributo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://receita.fazenda.gov.br/legislacao/leiscomplementares
RIR – Regulamento do Imposto de Renda – Decreto nº 3.000/99.
COAD – Informativos Tributários – Suplemento Especial do Super Simples
PÊGAS, Paulo Henrique. Manual da Contabilidade Tributária 3 ed. Freitas Bastos,2005.
COSIF, Super Simples. Disponível em http:\\cosif.com.br HIRATSUKA, William Ken Iti. O modelo de simplificação do pagamento de
tributos federais para micro e pequenas empresas. Disponível em:
<http://www.classecontabil.com.br
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<http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/LeisComplementares/2007/leicp
127.htm
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<http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Leis/Ant2001/lei931796.htm>.
Lucro Presumido. Disponível em:
http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/
PEREIRA, Mazenildo Feliciano. SIMPLES NACIONAL: A irresponsabilidade do
Congresso Nacional. Disponível em: