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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DOS PROCESSOS LICITATÓRIOS NA
TRANSPARÊNCIA GOVERNAMENTAL
Por: Silvio Eduardo Lutz
Orientador
Professora Mary Sue de Carvalho Pereira
Rio de Janeiro
2009
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DOS PROCESSOS LICITATÓRIOS NA
TRANSPARÊNCIA GOVERNAMENTAL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão Pública
Por: Silvio Eduardo Lutz
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, em primeiro lugar, e
à minha família, pela força em todas as
minhas empreitadas. Agradeço aos
mestres pela paciência e dedicação.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família, que
me ajuda a caminhar enfrentando todos
os desafios, dia após dia, sempre me
dando apoio e colaborando para o meu
crescimento como ser humano.
RESUMO
O objetivo deste trabalho é mostrar, de maneira resumida e direta, como
se dá e a importância de uma licitação atualmente na Administração Pública,
tanto na esfera municipal, quanto estadual e federal. O assunto é extenso e
tem sido motivo de inspiração para diversos autores, como Paulo Boselli, Hely
Lopes Meirelles, Celso Antonio Bandeira de Mello, entre tantos outros nomes
ilustres, aos quais recorri para produzir esse trabalho.
No entanto, o que realmente determinou a escolha desse tema foi o
desejo de esclarecer, de forma quase didática, a questão das licitações.
Alguns itens foram deixados de lado, como a preparação de editais e análise
de propostas, por exemplo. Isto porque entraria em nuances específicas, que
merecem capítulos à parte. A legislação em vigor, na íntegra, também não foi
descrita, deixando espaço para que o pesquisador busque tais informações em
publicações oficiais específicas.
Neste trabalho temos conceitos básicos, tipos e modalidades, fases,
participação de micro e pequenas empresas como questões relevantes ao
entendimento do tema proposto. Como não poderia faltar, um breve histórico
traça o panorama e a evolução dos processos licitatórios no Brasil.
METODOLOGIA
A pesquisa foi feita em livros sobre processos licitatórios, direito administrativo
e artigos de publicações especializadas e internet. Além disso, aproveitei
minha experiência de trabalho junto a empresas públicas e particulares.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Conceito 09
CAPÍTULO II - Breve Histórico 12
CAPÍTULO III – Tipos e Modalidades 14
CAPÍTULO IV – Legislação 49
CONCLUSÃO 63
ANEXOS 64
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 70
ÍNDICE 72
FOLHA DE AVALIAÇÃO 73
8
INTRODUÇÃO
Quando recorremos ao dicionário para buscar a definição para a palavra
licitação encontramos diversas opções. No caso do presente trabalho, temos
‘escolha por concorrência de fornecedores de produtos ou serviços para
órgãos públicos, de acordo com edital publicado previamente em jornais”,
segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, da Editora Objetiva.
Esta definição, por si só, já demonstra a importância da licitação na
Administração Pública, como mecanismo de controle para garantir a aplicação
do grande volume de recursos disponíveis, com eficiência e, principalmente,
transparência. Na prática, a licitação tornou-se um modelo gerencial capaz de
realizar a função pública de forma eficiente e moderna, acompanhando a
evolução econômica e financeira da sociedade. O Estatuto das Licitações e
Contratos Administrativos foi instituído pela Lei Federal nº 8.666, de 21 de
junho de 1993. Para Adilson Abreu Dallari,
“O instituto da licitação assumiu grande importância atualmente,
devido ao aumento na esfera de atuação da Administração
Pública, por meio do desempenho de novas funções exigidas
pela complexidade da vida moderna”. (DALLARI, Aspectos
Jurídicos da Licitação, 1992. p. 89)
Portanto, a Administração Pública deverá recorrer à licitação sempre
que precisar comprar bens, executar obras, contratar serviços ou mesmo
conceder a um terceiro o poder de, em seu nome, prestar algum tipo de
serviço público, como no caso das concessões.
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CAPÍTULO I
CONCEITO
“A licitação é um procedimento que visa à satisfação do interesse público,
pautando-se pelo princípio da isonomia”
Eros Roberto Gran
Licitação é o procedimento administrativo formal em que a
Administração Pública convoca, mediante condições estabelecidas em ato
próprio (edital ou convite), empresas interessadas na apresentação de
propostas para o oferecimento de bens e serviços. A licitação objetiva garantir
a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta
mais vantajosa para a Administração, de maneira a assegurar oportunidade
igual a todos os interessados e possibilitar o comparecimento ao certame do
maior número possível de concorrentes.
De acordo com a Lei nº 8.666 de 1993, que estabeleceu normas gerais
sobre licitações e contratos administrativos relativos a obras, serviços,
compras, alienações e locações nas esferas dos Poderes da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, a celebração de contratos com terceiros na
Administração Pública deve ser necessariamente precedida de licitação,
exceto nos casos de dispensa e de inexigibilidade de licitação.
Os procedimentos licitatórios devem observar os seguintes princípios
básicos:
1 – Legalidade: vincula os licitantes e a Administração Pública às regras
estabelecidas, nas normas e princípios em vigor.
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2 – Isonomia: significa dar tratamento igual a todos os interessados,,, é
essencial em todas as fases do processo licitatório.
3 – Impessoalidade: obriga a Administração a observar critérios objetivos
previamente estabelecidos, afastando questões discriminatórias e subjetivas
na condução dos processos de licitação.
4 – Moralidade e Probidade Administrativa: a conduta dos licitantes e dos
agentes públicos tem que ser, além de lícita, compatível com a moral, ética, os
bons costumes e as regras da boa administração.
5 – Publicidade: Qualquer interessado deve ter acesso às licitações públicas e
seu controle, mediante divulgação dos atos praticados pelos administradores
em todas as fases da licitação.
6 – Vinculação ao Instrumento Convocatório: obriga a Administração e o
licitante a observarem as normas e condições estabelecidas no ato
convocatório. Nada poderá ser criado ou feito sem que haja previsão no ato
convocatório.
7 – Julgamento Objetivo: significa que o administrador deve observar critérios
objetivos definidos no ato convocatório para o julgamento das propostas.
Afasta a possibilidade de o julgador utilizar-se de fatores subjetivos ou de
critérios não previstos no ato convocatório, mesmo que em benefício da própria
Administração.
A seguir, alguns exemplos de conceitos no entender de especialistas na
matéria:
Para Celso Antonio Bandeira de Mello, “licitação – em suma síntese – é
um certame que as entidades governamentais devem promover e no qual
abrem disputa entre os interessados em com elas travar determinadas
relações de conteúdo patrimonial, para escolher a proposta mais vantajosa às
conveniências públicas. Estriba-se na idéia de competição, a ser travada
isonomicamente entre os que preencham os atributos e aptidões necessários
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ao bom cumprimento das obrigações que se propõem assumir”. (MELLO,
Curso de Direito Administrativo, 2004. p. 483.)
Odete Medauar afirma que, “licitação, no ordenamento brasileiro, é
processo administrativo em que a sucessão de fases e atos leva à indicação
de quem vai celebrar contrato com a Administração. Visa, portanto, a
selecionar quem vai contratar com a Administração, por oferecer proposta mais
vantajosa ao interesse público. A decisão final do processo licitatório aponta o
futuro contratado”. (MEDAUAR, Direito Administrativo Moderno, 1996. p. 205.)
Carlos Ari Sundfeld explica que “licitação é o procedimento
administrativo destinado à escolha de pessoa a ser contratada pela
Administração ou a ser beneficiada por ato administrativo singular, no qual são
assegurados tanto o direito dos interessados à disputa como a seleção do
beneficiário mais adequado ao interesse público”. (SUNDFELD, Licitação e
Contrato Administrativo, 1994. p. 15.)
Para Sayagues Laso, “licitação pode ser definida como um
procedimento relativo ao modo de celebrar determinados contratos, cuja
finalidade é a determinação da pessoa que ofereça à Administração condições
mais vantajosas, após um convite a eventuais interessados para que formulem
propostas, as quais serão submetidas a uma seleção”. (SAYAGUES LASO, La
Licitación pública, 1978. p. 9.)
Como podemos observar, elaborar um conceito próprio para licitação
pode não ser a decisão mais justa, uma vez que temos à nossa disposição
vasto material elaborado por estudiosos.
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CAPÍTULO II
BREVE HISTÓRICO
Segundo o Professor Hely Lopes Meirelles (MEIRELLES, Direito
Administrativo Brasileiro, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1991, p. 242), a
idéia de um procedimento licitatório teve origem na Idade Média, nos estados
medievais da Europa, onde se usou o sistema denominado “Vela e Pregão”,
que consistia em apregoar-se a obra desejada e, enquanto ardia uma vela, os
construtores interessados faziam suas ofertas. Quando extinguia a chama,
adjucava-se a obra a quem tivesse oferecido o melhor preço para o Estado. Os
princípios hoje buscados (citados no início deste trabalho) já estavam
presentes naquela época.
A licitação foi introduzida no direito público brasileiro há mais de 140
anos, pelo Decreto nº 2.926, de 14.05.1862, que regulamentava as
arrematações dos serviços a cargo do então Ministério da Agricultura,
Commercio e Obras Públicas. Após o advento de diversas outras leis que
trataram, de forma singela, do assunto, o procedimento licitatório veio a ser
consolidado, no âmbito federal, pelo Decreto nº 4.536, de 28.01.22, que
organizou o Código de Contabilidade da União (arts. 49-53).
Desde o antigo Código de Contabilidade da União, de 1922, o
procedimento licitatório veio evoluindo, com o objetivo de conferir maior
eficiência às contratações públicas, sendo sistematizado através do Decreto-
Lei nº 200, de 25.02.67 (arts. 125 a 144), que estabeleceu a reforma
administrativa federal, e estendido, com a edição da Lei nº 5.456, de 20.06.68,
às Administrações dos Estados e Municípios. O Decreto-lei nº 2.300, de
21.11.86, atualizado em 1987, pelos Decretos-lei 2.348 e 2.360, instituiu, pela
primeira vez, o Estatuto Jurídico das Licitações e Contratos Administrativos,
reunindo normas gerais e especiais relacionadas à matéria.
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A Constituição de 1988 representou um expressivo progresso na
institucionalização e democratização da Administração Pública. Apesar dos
textos constitucionais anteriores contemplarem dispositivos relacionados ao
acesso à função pública e ao regime do funcionalismo estatal, a verdadeira
constitucionalização da Administração Pública somente foi levada a efeito pela
Carta de 1988.
A partir de 1988 a licitação recebeu status de princípio constitucional de
observância obrigatória pela Administração Pública direta e indireta de todos
os poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Assim, ao
analisar o disposto no art. 37, XXI da Constituição Federal, pode-se observar
que a obrigatoriedade de licitar é princípio constitucional, apenas sendo
dispensada ou inexigida nos casos expressamente previstos em Lei.
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CAPÍTULO III
TIPOS E MODALIDADES
Ao tratar de licitação, algumas pessoas confundem os termos
modalidade e tipo de licitação. Modalidades de licitação são as formas em que
o procedimento de seleção se apresenta. Para que se obtenha o melhor
julgamento, para que saibamos como será escolhido o licitante vencedor,
definimos o tipo de licitação, que pode ser melhor técnica, técnica e preço ou
menor preço.
Quando um órgão público vai realizar uma compra, em primeiro lugar
faz uma pesquisa, normalmente rápida, de preços de mercado. Assim, prevê
os valores que vão ser gastos. Esta pesquisa é de fundamental importância
para o processo, pois o valor apurado será o teto que a Administração Pública
poderá gastar e isso é o que definirá a modalidade da licitação.
Assim que ficar decidido o valor já será possível escolher a modalidade
de licitação a ser usada, de acordo com a lei 8.666. Quando se trata de
pregão, o critério não é a faixa de preço, mas a natureza do produto. A escolha
da modalidade depende do órgão público. Mas é sabido que, recentemente, a
legislação brasileira obrigou o governo a dar preferência sempre ao pregão
eletrônico.
Confira as modalidades e seus limites de acordo com a lei de licitações:
Carta-convite – para compras e serviços de R$ 8 mil até R$ 80 mil, para obras
e serviços de engenharia de R$ 15 mil até R$ 150 mil. O convite é a
modalidade de licitação mais simples. A Administração escolhe quem quer
convidar, entre os possíveis interessados, cadastrados ou não. A divulgação
deve ser feita mediante afixação de cópia do convite em quadro de avisos do
órgão ou entidade, localizado em lugar de ampla divulgação.
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No convite é possível a participação de interessados que não tenham
sido formalmente convidados, mas que sejam do ramo do objeto licitado,
desde que cadastrados no órgão ou entidade licitadora ou no Sistema de
Cadastramento Unificado de Fornecedores – SICAF. Esses interessados
devem solicitar o convite com antecedência de até 24 horas da apresentação
das propostas.
No convite para que a contratação seja possível, são necessárias pelo
menos três propostas válidas, isto é, que atendam a todas as exigências do
ato convocatório. Não é suficiente a obtenção de três propostas. É preciso que
as três sejam válidas. Caso isso não ocorra, a Administração deve repetir o
convite e convidar mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não
convidados nas últimas licitações, ressalvadas as hipóteses de limitação de
mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, circunstâncias estas que
devem ser justificadas no processo de licitação.
Para alcançar o maior número possível de interessados no objeto
licitado e evitar a repetição do procedimento, muitos órgãos ou entidades vêm
utilizando a publicação do convite na imprensa oficial e em jornal de grande
circulação, além da distribuição direta aos fornecedores do ramo.
A publicação na imprensa e em jornal de grande circulação confere ao
convite divulgação idêntica à da concorrência e à tomada de preços e afasta a
discricionariedade do agente público.
Quando for impossível a obtenção de três propostas válidas, por
limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, essas
circunstâncias deverão ser devidamente motivada e justificados no processo,
sob pena de repetição de convite.
Limitações de mercado ou manifesto desinteresse das empresas
convidadas não se caracterizam e nem podem ser justificados quando são
inseridas na licitação condições que só uma ou outra empresa pode atender.
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Tomada de preços – A tomada de preços, segundo artigo de Simone
Zanatello, “é a modalidade de licitação utilizada para contratações que
possuam um valor estimado médio, compreendidas até o montante de
R$ 650.000,00 para a aquisição de materiais e serviços, e de R$ 1.500.000,00
para a execução de obras e serviços de engenharia”.
A principal característica da tomada de preços é que ela se destina a
interessados devidamente cadastrados e, por força da Lei n°. 8.666/93, ela
também passou a se estender aos interessados que atenderem a todas as
condições exigidas para o cadastramento até o terceiro dia anterior à data do
recebimento das propostas.
Esse "cadastramento" se refere à análise prévia da situação da
empresa, por meio da verificação de sua habilitação jurídica, de sua
regularidade fiscal, de sua qualificação econômico-financeira, de sua
qualificação técnica e do cumprimento das exigências do Ministério do
Trabalho com relação ao trabalho do menor, em conformidade com o disposto
nos arts. 27 a 31 da Lei n°. 8.666/93, atribuindo-lhe, posteriormente, caso
atenda a todos esses requisitos, o "certificado de registro cadastral".
Um aspecto importante a ser salientado é que, como os interessados
ainda não cadastrados poderão apresentar sua documentação até terceiro dia
anterior à data prevista para o recebimento das propostas, esse procedimento
de análise da documentação deverá ser agilizado pela comissão pertinente, a
fim de que as empresas não participem em condições de cadastramento
passíveis de serem revistas, causando prejuízos à licitação. Ademais, num
raciocínio raso, a Administração jamais poderá recusar um pedido de
cadastramento, alegando não haver tempo hábil para a análise dos
documentos. Caso necessário, a Administração deverá, inclusive, suspender a
data de abertura da licitação, com o objetivo de concluir essa análise, pois se
houver o prosseguimento da licitação e a empresa que se sagrar vencedora
não obtiver o cadastramento pretendido, mesmo após os recursos cabíveis,
todos os atos da licitação deverão ser revistos para a seleção de um novo
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vencedor, o que demandará um tempo muito grande, prejudicando as
atividades da comissão e do órgão que solicitou a contratação. Portanto, nesse
caso, julga-se ser a paralisação a decisão mais acertada.
Nesse quesito de análise da documentação, surge uma outra questão:
qual seria a comissão competente para a análise prévia dessa documentação?
Há alguns órgãos que impõem essa tarefa de análise à própria comissão de
licitações que será responsável pela condução dos trabalhos do certame.
Outros direcionam essa tarefa para a comissão de cadastro de fornecedores
existente no órgão (se houver), o que entendemos ser o mais plausível, já que,
na realidade, o interessado estará realizando o seu "cadastramento" e não sua
"habilitação prévia" numa licitação, aliado ao fato de que uma vez cadastrada,
a empresa poderá participar de outros procedimentos licitatórios para o qual o
seu cadastro se estenda, e não somente àquela determinada licitação e, por
fim, a análise pela comissão de cadastro visa à manutenção do princípio da
isonomia, ou seja, todos os interessados passarão pelo crivo dos mesmos
técnicos, impedindo análises diversas para uma mesma situação, em virtude
do conhecimento específico de cada profissional que efetuará a verificação dos
documentos.
Quando a Administração realiza uma tomada de preços e solicita dos
interessados a apresentação do certificado de registro cadastral, esse poderá
substituir os documentos indicados nos arts. 28 a 31 da Lei n°. 8.666/93,
desde que haja informações quanto a esses documentos disponibilizadas em
sistema informatizado para consulta direta e imediata por parte da comissão
que será responsável pelos trabalhos de abertura e condução da licitação.
Nessa hipótese, o licitante ficará obrigado a declarar, sob as penalidades
legais, a superveniência de fato impeditivo de sua habilitação.
Para a realização de tomadas de preços, fica facultada à Administração
a utilização de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da
Administração Pública, desde que tal condição esteja previamente estipulada
no edital. Essa é uma faculdade importante, pois permite que órgãos com uma
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infra-estrutura menor e que não possuam seu próprio setor de cadastramento,
não se furtem de realizar licitações nessa modalidade.
Se a Administração possuir um cadastro internacional de fornecedores
poderá, inclusive, realizar uma tomada de preços internacional, a qual deverá
manter as mesmas peculiaridades da concorrência, em especial no que tange
às estipulações que visem à manutenção do princípio da isonomia entre
empresas nacionais e estrangeiras.
Assim como ocorre com as concorrências, nas tomadas de preços as
propostas também serão processadas e julgadas por comissão permanente ou
especial de, no mínimo três membros, sendo que pelo menos dois deles
deverão ser servidores qualificados, pertencentes ao quadro permanente do
órgão responsável pela licitação”.
Concorrência – ainda aproveitando material publicado por Simone Zantello, “a
concorrência é a modalidade de licitação destinada a contratações de valor
mais elevado, ou seja, para a aquisição de materiais e serviços com valores
acima de R$ 650.000,00, e para a execução de obras e serviços de
engenharia com valores acima de R$ 1.500.000,00.
Embora haja, por conta da Lei n°. 8.666/93, uma definição mínima de
valores para a concorrência, é importante salientar que essa modalidade é
cabível para qualquer valor de contratação. Portanto, a utilização da
concorrência é possível mesmo para aqueles itens que apresentem valores
abaixo desse limite. No entanto, o administrador deverá pautar muito bem essa
escolha pois, às vezes, não é viável se efetuar uma concorrência para um
objeto com valor muito baixo, já que o custo processual poderá ser maior que o
valor do próprio objeto.
Isso ocorre, pois a concorrência possui um prazo de publicidade (entre a
última publicação do seu resumo ou a disponibilidade do edital até a data de
abertura) maior do que o das demais modalidades, sendo de no mínimo 30
(trinta) dias para as do tipo "menor preço", e de no mínimo 45 (quarenta e
19
cinco) dias para as do tipo "técnica e preço" ou "melhor técnica". Além disso,
exige gastos com publicações de seu resumo em diário oficial, jornal de grande
circulação, afixação em local visível no órgão, dentre outros, conforme o caso,
em conformidade com o disposto no art. 21 da Lei n°. 8.666/93. Esses fatores,
dentre outros, tornam o processo de concorrência mais lento e oneroso, razão
pela qual a seleção dessa modalidade de licitação deverá ser fruto de uma
análise criteriosa do administrador.
A principal característica da concorrência se refere à admissibilidade da
participação de quaisquer interessados na licitação, independentemente de
serem cadastrados ou não no órgão promotor da licitação, desde que atendam
às exigências do edital, em especial no que se referem às condições
preliminares de habilitação. É a chamada "universalidade".
A concorrência também é a modalidade de licitação cabível, qualquer
que seja o valor de seu objeto, para a compra ou alienação de bens imóveis
(ressalvado o disposto no art. 19 da Lei n°. 8.666/93), para as concessões de
direito real de uso, de serviços ou de obras públicas, para as contratações de
parcerias público-privadas (PPP), para as licitações internacionais, para os
registros de preços e para as contratações em que seja adotado o regime de
empreitada integral.
No que tange aos bens imóveis, de acordo com o art. 19 da Lei n°.
8.666/93, caso a aquisição desses bens tenha sido derivada de procedimentos
judiciais ou de dação em pagamento, esses poderão ser alienados por ato da
autoridade competente, também por meio de leilão, que será visto nos
próximos artigos, e não somente pela concorrência. Quanto aos bens imóveis
que foram adquiridos por outras formas (compra, permuta, etc.), é obrigatória a
utilização da concorrência.
De acordo com a Lei n°. 8.987/95, a concorrência é modalidade de
licitação obrigatória também para a concessão de serviço público. No entanto,
as concessões, permissões e autorizações, efetuadas como forma de
privatização ou desestatização, ou seja, transferindo para a iniciativa privada a
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execução de serviços públicos explorados pela União diretamente ou por meio
de entidades por ela controladas, também poderão ser realizadas pela
modalidade leilão. E, com relação à permissão de uso, essa poderá ser
outorgada por meio de licitação com modalidade correspondente ao valor da
contratação.
Com relação às contratações de parcerias público-privadas, para
concessões patrocinadas ou administrativas, regidas pela Lei Federal nº.
11.079//04, por força do art. 10 do referido diploma legal, a licitação também
deverá ser processada por meio da modalidade de concorrência.
No que concerne às concorrências internacionais, nelas se permite a
participação de empresas nacionais e estrangeiras, que competirão em
igualdade de condições, as quais poderão ser verificadas principalmente no
momento da cotação dos preços, pois quando for permitido à licitante
estrangeira apresentar proposta em moeda estrangeira, tal permissão também
se estenderá às licitantes nacionais. O mesmo ocorre com as garantias de
pagamento, que serão as mesmas para ambas.
As concorrências de âmbito internacional estão reguladas no art. 42 da
Lei n°. 8.666/93 e, além de necessitar de divulgação no exterior, uma de suas
principais exigências é que o edital deverá estar devidamente ajustado às
diretrizes da política monetária e do comércio exterior, atendendo às
estipulações dos órgãos competentes, em especial do Banco Central do Brasil
e do Ministério da Fazenda.
Se uma empresa estrangeira que não funcione no Brasil se interessar
em participar de uma concorrência internacional em nosso país, só poderá
fazê-lo se possuir um representante legal no país, que possa receber citações
e atuar administrativamente e judicialmente em nome da empresa. Só haverá
exceção a essa exigência se a empresa estrangeira estiver consorciada com
empresa brasileira, sendo que, nesse caso, somente esta última poderá
representar o consórcio. Nas concorrências internacionais também haverá a
possibilidade de participação de consórcio formado somente por empresas
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estrangeiras, mas, nesse caso, a empresa que for designada como a líder
desse consórcio deverá possuir representação no Brasil.
No que tange às exigências de habilitação numa concorrência
internacional, em conformidade com o art. 32, § 4º, da Lei n°. 8.666/93, a
documentação apresentada por empresas estrangeiras nas concorrências
internacionais deverá ser autenticada pelos respectivos consulados e traduzida
por tradutor juramentado.
Uma outra peculiaridade das licitações internacionais está prevista no
art. 42, § 5º da Lei n°. 8.666/93, que prevê que para a realização de obras,
prestação de serviços ou aquisição de bens com recursos provenientes de
financiamento ou doação advindos de agência oficial de cooperação
estrangeira ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte,
poderão ser admitidas na licitação as condições decorrentes de acordos,
protocolos, convenções ou tratados internacionais, que forem devidamente
aprovados pelo Congresso Nacional, além das normas e procedimentos
daquelas entidades. Isso significa que poderão ser adotados até outros
critérios para a seleção da proposta mais vantajosa, além do preço, como
fatores de avaliação, por exemplo, desde que não conflitem com o princípio do
julgamento objetivo, inerente às licitações, e que esses fatores sejam exigíveis
para a obtenção do financiamento e da doação.
E, finalmente, quando se estudam as licitações internacionais, surge
uma questão: quando a Administração promove uma licitação (não
internacional), na qual só participam empresas estrangeiras, ela poderá ser
considerada uma licitação internacional? Na realidade, a resposta é negativa,
pois a "internacionalidade" de uma licitação deverá estar presente desde sua
origem, ou seja, a partir de sua publicação em órgão de imprensa
internacional, e não porque dela participaram somente licitantes estrangeiras.
Quanto às concorrências sob o sistema de registro de preços, temos
que a seleção de empresas e valores utilizando obrigatoriamente essa
modalidade faz parte da exigência contida no art. 15, § 3º, I,
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da Lei n°. 8.666/93. Por meio do registro de preços, os interessados em
fornecer materiais, produtos, equipamentos, gêneros e serviços à
Administração, participam de uma licitação, na modalidade concorrência, na
qual ofertam seus preços que permanecem registrados por até um ano, sendo
que nesse período estão obrigados a fornecer os quantitativos ou a prestar os
serviços solicitados pela Administração nos prazos estipulados. Esses preços
contam com uma estipulação prévia de controle e atualização, além de
publicações trimestrais em imprensa oficial, para orientação dos órgãos da
Administração e para fiscalização de qualquer cidadão. A peculiaridade desse
sistema reside no fato de que a existência de preços registrados não obriga a
Administração a firmar as contratações que deles poderão advir, ficando-lhe
facultada a utilização de outros meios para a aquisição, ou seja, a adoção de
outros procedimentos, desde que respeitada a legislação vigente na seara das
licitações e que seja assegurada preferência ao detentor do registro na
hipótese de igualdade de condições. Atualmente, é possível se processar o
sistema de registro de preços também por meio de pregão, caso se trate de
bens e serviços comuns.
Para finalizar as hipóteses da utilização da concorrência, é importante
salientar que essa modalidade também será obrigatória em licitações nas
quais o contrato será firmado pelo regime da empreitada integral, na qual o
administrador deseja contratar um empreendimento em sua integralidade, com
todas as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, portanto, em
condições para entrar em operação, sendo todas essas etapas de
responsabilidade da empresa contratada. O prazo de publicidade para as
concorrências nesse regime será de 45 (quarenta e cinco) dias, e não de 30
(trinta) dias, como nas concorrências usuais.
Na concorrência a habilitação preliminar e as propostas deverão ser
processadas e julgadas por comissão permanente ou especial de, no mínimo,
três membros, sendo que pelo menos dois deles deverão ser servidores
qualificados, pertencentes ao quadro permanente do órgão responsável pela
licitação”.
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Pregão – modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns
em que a disputa pelo fornecimento é feita em sessão pública, através de
propostas e lances, para classificação e habilitação do licitante com a proposta
de menor preço. A inovação do pregão é a inversão das fases de habilitação e
análise das propostas. Assim, apenas a documentação do participante que
tenha apresentado a melhor proposta é analisada. O pregão foi instituído
exclusivamente no âmbito da União, ou seja, só pode ser aplicado na
Administração Pública Federal, compreendidos os três Poderes.
Especificamente, alcança os mesmos órgãos e entidades da Administração
Federal sujeitos à incidência da Lei n.º 8.666/93: a administração direta, as
autarquias, as fundações, as empresas públicas e as sociedades de economia
mista. Existem três tipos básicos de licitação. Vejamos a seguir:
Menor preço – nesse caso, o que vale é o menor preço. Teoricamente, esse
menor preço pode chegar a zero (ou até mesmo preço negativo). Muitas
empresas acabam aceitando preços menores que o viável economicamente
porque interessa a elas outros fatores como a vinculação da imagem a
determinado projeto ou a conquista de um novo cliente. No caso de algumas
licitações, o menor preço está limitado ao que pode ser exequível. É o caso de
obras públicas de grande porte. O tipo menor preço é estabelecido pela Lei
como a regra geral. Todavia, mesmo dela se tratando, outras condições, que
não o preço, são exigidas e analisadas, tais como: habilitação jurídica,
habilitação técnica, habilitação econômico-financeira e habilitação fiscal.
Parte-se do pressuposto então que o procedimento a ser realizado
adotará em regra o tipo (de licitação) menor preço, sendo importante destacar
que em que pese ser considerado nesse tipo de licitação apenas o preço para
fins de julgamento, isso não quer dizer que a qualidade do objeto e do
pretenso contratado seja desprezada. A qualidade do objeto e do pretenso
contratado não é fator que integra o critério julgamento da proposta, mas
requisito de aceitação do próprio interessado, pois esses critérios devem ser
vistos com o objetivo de atingir com eficiência o interesse público.
24
Melhor técnica – em alguns casos, principalmente quando o trabalho é
complexo, o órgão público pode basear-se nos parâmetros técnicos para
determinar o vencedor. O tipo de licitação melhor técnica tem utilização restrita
aos casos de contratação de serviços de natureza intelectual, mais
especificamente dos serviços técnicos profissionais especializados (arts. 13,
46, caput).
O instrumento convocatório fixará, obrigatoriamente, o preço máximo
que a Administração se propõe a pagar. Além disso e para assegurar
observância ao princípio do julgamento objetivo, é imprescindível que o edital
ou a carta-convite estabeleça os fatores de julgamento (capacitação,
experiência, qualidade técnica da equipe etc.) e os critérios pelos quais tais
fatores serão avaliados (ponderação de pesos matemáticos), bem como a nota
mínima que as propostas técnicas devem obter (art. 46, § 1º, incs. I e II). Esse
tipo implica mudança no processamento da modalidade de licitação adotada,
com inserção de mais uma fase (proposta técnica).
Os licitantes, no caso de uma concorrência, apresentarão três
envelopes: Envelope "A" - documentos de habilitação; Envelope "B" -
propostas técnicas; e Envelope "C" - propostas comerciais (de preço). Na
primeira fase, habilitação preliminar, a comissão analisará os requisitos
intrínsecos aos licitantes. Aos inabilitados serão devolvidos intactos os
respectivos envelopes "B" e "C", promovendo-se a abertura dos envelopes "B"
dos licitantes habilitados, desde que transcorrido o prazo sem interposição de
recurso, ou tenha havido desistência expressa, ou ainda após o julgamento
dos recursos interpostos (art. 46, § 1º, I, c/c art. 43, incs. I a III).
As propostas técnicas serão analisadas em conformidade com os
fatores e critérios de julgamento previstos no instrumento convocatório, sendo
desclassificadas aquelas que não obtiverem a nota mínima preestabelecida,
sendo devolvidos os envelopes "C" aos respectivos concorrentes de acordo
com o mesmo procedimento adotado na habilitação. É dizer que entendemos
25
possível por analogia ao art. 43-III que os licitantes nessa fase possam desistir
de interpor recurso.
As propostas técnicas, que tenham atingido a nota mínima, serão
classificadas em ordem decrescente das respectivas notas. Abertas as
propostas comerciais, serão desclassificadas aquelas cujos preços sejam
superiores ao fixado no edital ou carta-convite, após o que será iniciada
negociação com a licitante melhor classificada em técnica com o objetivo de a
Administração obter o menor preço apresentado na licitação (art. 46, II). Não
havendo êxito na negociação primeira, procedimento idêntico será adotado
com os demais licitantes, observada a ordem de classificação das propostas
técnicas, até a consecução da contratação (art. 46, III). Impossível deixar de
lastimar o equívoco do legislador ao estabelecer tal procedimento.
Com efeito, a lei, ao restringir a adoção desse tipo de licitação às
contratações de serviço de natureza intelectual, não levou em conta que a
técnica, quando o objeto do certame constituir-se de um serviço, é quase
sempre variável interdependente dos seus custos, valendo dizer que quanto
melhor for maior será o preço final da proposta.
A tendência do procedimento é fazer com que a Administração contrate
o menor preço e, consequentemente, uma técnica inferior. Nada mais razoável
do que supor que, nesse tipo de licitação, viesse a Administração contratar a
melhor técnica por um preço que ela mesma considerou não excessivo. Caso
contrário, melhor fora que, ao revés de melhor técnica, fosse esse tipo
denominado de técnica aceitável.
No sempre atual ensinamento de Hely Lopes Meirelles, não é outro o
entendimento:
"Nesse tipo de licitação o preço não é o elemento decisivo para o
julgamento, porque nem sempre se pode obter a melhor técnica pelo menor
preço. Diante dessa realidade, é lícito à Administração dar prevalência a outros
fatores sobre o preço. Em tais licitações o edital deve indicar o limite de
disponibilidade financeira para o contrato, a fim de que os interessados
26
possam formular suas propostas até o montante estabelecido. No julgamento
desse tipo de licitação vence o proponente que apresentar a melhor técnica
dentro das especificações do pedido e do limite máximo de preço fixado no
edital".
Claro que nada obstaria a negociação com a primeira colocada no
certame, que poderia, espontaneamente, conceder outras vantagens, inclusive
uma redução no preço por ela apresentado. Os prazos mínimos de publicidade
dos instrumentos convocatórios são os seguintes: concorrência (quarenta e
cinco dias); tomada de preços (trinta dias); e convite (cinco dias úteis).
Menor preço e melhor técnica – Nesse caso, os dois parâmetros são
importantes. Assim, no próprio edital de licitação deve estar claro o peso que
cada um dos parâmetros (preço e qualidade técnica) deve ter para que se
possa fazer uma média ponderada.
Segundo Paulo Boselli, existem ainda dois tipos de licitação totalmente
diferentes, que são denominados indistintamente de licitações internacionais.
“Um é aquele em que algum organismo financiador
internacional empresta dinheiro para a contratação do
objeto pretendido. O outro é aquele em que a
Administração resolve tentar obter a melhor proposta com
a admissão de empresas estrangeiras no certame, mesmo
sendo todo o recurso necessário para arcar com o objeto
contratual de origem própria” (BOSELLI, Paulo José Braga,
Como Ter Sucesso nas Licitações, 1998, p.58)
27
O tipo de licitação técnica e preço só pode ser utilizado quando o objeto
do certame contemplar a contratação de bens e serviços de informática, assim
como de serviços de natureza predominantemente intelectual (arts. 45, § 4º, e
46, caput).
Na hipótese de contratação de bens e serviços de informática, a
Administração federal é obrigada a adotar esse tipo de licitação, exceto na
modalidade de convite, quando poderá ser utilizado outro tipo (menor preço ou
melhor técnica). É o que se infere da combinação do art. 45, § 4º, da Lei nº
8.666/93 com o art. 1º, § 3º, do Dec. nº 1.070, de 2 de março de 1994.
O procedimento desse tipo de licitação é, nos termos da lei,
praticamente idêntico ao da melhor técnica. Portanto, os licitantes
apresentarão três envelopes, quando a modalidade for concorrência:
habilitação, propostas técnicas e propostas comerciais.
A doutrina recomenda que, à similitude do que ocorre na do tipo melhor
técnica, haja três fases e que o êxito em cada uma delas seja requisito sine
qua non à participação dos licitantes nas fases subseqüentes.
Entendemos, no entanto, que estaria o espírito da lei respeitado se os
envelopes de proposta técnica e de preços fossem abertos em uma mesma
oportunidade, com o fim de eliminar uma fase que na prática mostra-se
totalmente desnecessária.
Com efeito, é fundamental perceber que o inc. II do § 1º do art. 46 da
Lei nº 8.666/93 já não mais se aplica ao caso de licitações do tipo técnica e
preço, consoante se infere claramente do § 2º do mesmo art. 46.
Assim, o edital ou carta-convite, quando adotar esse tipo de licitação,
não estabelecerá um mínimo de técnica nem um preço máximo. As propostas
técnicas serão classificadas de acordo com os fatores e critérios previamente
indicados. Após tal procedimento, serão avaliadas as propostas de preço,
sendo que a classificação final será feita por meio da média ponderada das
valorizações das propostas técnicas e de preço, as quais ficarão obviamente
28
sujeitas à desclassificação na hipótese de ocorrer um dos casos elencados no
art. 48 da Lei nº 8.666/93.
Observe-se que desse modo haverá uma economia de tempo
considerável porquanto eliminada uma fase que, no mínimo, demandaria
quinze dias úteis de prazo de recurso. Atente-se, ademais, que o procedimento
proposto garante a observância do princípio constitucional do contraditório e
ampla defesa, posto que, uma vez intimada a classificação das propostas, os
licitantes se quiserem poderão ofertar suas petições contra o ato em questão.
Deste modo, não vemos nenhum prejuízo para os licitantes, tampouco para a
Administração, se tanto a técnica quanto o preço estiverem inseridos em uma
única oferta.
O procedimento adotado pelo Dec. nº 1.070, de 1994, que,
regulamentando o art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991,
estabeleceu critérios de julgamento de propostas em licitações desse tipo,
destinadas à contratação de bens e serviços de informática e automação,
prevê abertura de propostas de técnica e de preço em um único momento. É o
que se infere do rito estabelecido em seu art. 3º.
Naquele diploma legal, percebe-se claramente que a pré-classificação
das propostas - que o decreto denomina inadequadamente de pré-qualificação
(art. 3º, inc. VII) - dar-se-á em função do valor de avaliação, cujo cálculo como
se sabe inclui parâmetros relacionados com a técnica e com o preço,
consoante disposição contida no inciso IV daquele mesmo artigo.
Ora, se no cálculo do valor de avaliação utiliza-se critérios de análise de
preço, é óbvio que as propostas comerciais já foram abertas.
A propósito da contratação de bens e serviços de informática e
automação, entendemos que a Emenda Constitucional nº 6, de 15 de agosto
de 1995, ao revogar o art. 171 da CF, derrogou tacitamente o art. 3º da Lei nº
8.248/91, tornando sem efeito, por conseguinte, a preferência por empresa
brasileira de capital nacional em ditas contratações.
29
Em função disso, impõe-se interpretar os §§ 1º, II, e 2º do art. 3º da Lei
nº 8.666, de 1993, no sentido de que a preferência na contratação de bens e
serviços, inclusive de informática, só subsiste em relação àqueles produzidos
no País e exclusivamente na hipótese de igualdade de condições (empate)
entre duas ou mais propostas.
Entendemos também que o Dec. nº 1.070/94 encontra-se revogado nos
aspectos relacionados com qualquer outra preferência, devendo ser admitido
nas demais condições como regulamento do art. 45, § 4º, da Lei nº 8.666, de
1993.
Finalizando, cabe registrar que os prazos mínimos de publicidade dos
instrumentos convocatórios são idênticos aos estabelecidos para o tipo de
melhor técnica: quarenta e cinco dias para a concorrência; trinta dias para a
tomada de preço; e cinco dias úteis para o convite.
Maior lance ou oferta - Específico para os casos de alienação de bens ou
concessão de direito real de uso, onde os licitantes vencedores apresentam o
maior lance (leilão), ou a maior oferta (convite e concorrência).
É preciso destacar que, quando o objeto do contrato for uma concessão
de direito real de uso, uma compra ou alienação de bens imóveis, a
concorrência deve ser a modalidade de licitação a ser adotada,
independentemente do valor da contratação ( art. 23, § 3º). Registre-se, porém,
que a alienação de bens imóveis, cuja aquisição haja derivado de
procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderá ser procedida,
também, por intermédio de leilão (art. 19, III).
Apesar de tecnicamente ser possível a adoção de tomada de preços
para a alienação de material, entendemos que referida modalidade não é a
mais adequada para esse tipo de contrato, justamente por não ser finalidade
principal da Administração alienar seus bens e, por isso mesmo, não se
justificar a manutenção de um cadastro de fornecedores para esse fim. Nesses
30
casos, deve a Administração adotar o convite, o leilão ou a concorrência,
conforme o vulto ou o objeto da licitação.
3.1 – Fases da Licitação
Toda licitação passa por duas fases, subdivididas em diversas etapas,
atividades e tarefas. As fases das licitações são a interna e a externa. Também
chamada de fase preparatória, é na fase interna que são determinadas a
modalidade, o tipo e demais condições do processo de licitação. É na fase
interna que o instrumento convocatório é elaborado, recebe parecer jurídico,
revisado e é aprovado. Esta fase tem início com a ordem da autoridade
competente para que se compre determinado bem ou serviço constante em
requisição de materiais ou serviços ou outra solicitação administrativa.
Durante a fase interna da licitação, a Administração poderá corrigir
possíveis falhas verificadas no procedimento, sem precisar anular atos
praticados. Entre os exemplos estão a inobservância de dispositivos legais, o
estabelecimento de condições restritivas e a ausência de informações
necessárias.
Fazem parte da fase interna os seguintes procedimentos:
1. Solicitação expressa do setor requisitante interessado, com indicação de
sua necessidade;
2. Aprovação da autoridade competente para início do processo licitatório,
devidamente motivada e analisada sob a ótica da oportunidade,
conveniência e relevância para o interesse público;
3. Estimativa do valor da contratação, mediante comprovada pesquisa de
mercado;
4. Indicação de recursos orçamentários para fazer face à despesa;
31
5. Verificação da adequação orçamentária e financeira, em conformidade
com a Lei de responsabilidade Fiscal, quando for o caso;
6. Elaboração de projeto básico, obrigatório em caso de obras e serviços;
7. Definição da modalidade e do tipo de licitação a serem adotados.
A fase externa, denominada como pública, começa com a publicação do
instrumento convocatório, passa pela recepção das propostas, habilitação dos
licitantes, julgamento das propostas, adjudicação dos itens aos vencedores e a
homologação do processo (não necessariamente nesta ordem).
A Lei nº 8.666/93 prevê, no art. 3º, § 3º, que a licitação não será sigilosa,
sendo públicos e acessíveis ao público os seus atos, salvo quanto ao conteúdo
das propostas, até sua respectiva abertura. Com a publicação do edital, os
interessados tomarão conhecimento da licitação e regras da disputa, e
apresentarão suas ofertas. A habilitação tem como finalidade o exame de
idoneidade jurídica, técnica e financeira da empresa que pretende com a
Administração Pública contratar, de acordo com o previsto nos arts. 28, 29, 30
e 31, da Lei nº 8.666/93.
Atendidos os requisitos, o licitante terá suas propostas técnica e
comercial analisadas. Essa etapa é regida pelos arts. 44 a 48, da Lei nº
8.666/93. Para o professor Marçal Justen Filho, “a Lei nº 8.666 impôs a
obrigatoriedade da distinção formal entre o exame da regularidade das
propostas e o julgamento de sua vantajosidade. As propostas desconformes
com o edital ou a lei serão desclassificadas. Passar-se á ao exame apenas das
propostas cujo conteúdo se encontrar dentro dos parâmetros exigidos”.
(JUSTEN FILHO, Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos,
2008. p. 572.)
De acordo com o art. 45 da Lei nº 8.666/93, temos que o julgamento das
propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável
32
pelo convite realizá-lo de acordo com os tipos de licitação, os critérios
estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores nele referidos
para possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.
É importante ressaltar que, das decisões tomadas nesta fase cabem
recursos, os quais estão previstos no art. 109, da Lei nº 8.666/93. Definido o
vencedor, a Administração Pública procederá à homologação e adjudicação da
proposta, ato que antecede a formalização do contrato administrativo. A
execução do contrato administrativo não fugirá aos olhos da Administração
que, por lei, tem o dever de fiscalizá-lo, de acordo com os arts. 66 e 67, da Lei
de Licitações.
Há necessidade de licitação para quase todos os tipos de contratações
na Administração Pública, salvo exceções previstas pela lei e que serão
mostradas em outro capítulo da presente monografia. Mas o segmento “obras
e serviços” merece destaque pela sua complexidade. Vejamos então o que foi
postulado em publicação da UFRJ:
Para definir o objeto da licitação, o administrador deve estar atento às
peculiaridades do objeto e às diferentes exigências da Lei de Licitações na
contratação de obras, serviços ou compras. No caso de execução de obras e
prestação de serviços, as licitações somente poderão ser realizadas quando
houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para
exame dos interessados em participar do processo licitatório; existir orçamento
detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos
unitários; houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o
pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem
executadas no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo
cronograma de desembolso; a obra ou o serviço estiverem incluídos nas metas
estabelecidas no PPA, se for o caso.
Não poderão ser incluídos no objeto da licitação a obtenção de recursos
financeiros para execução de obras e serviços, qualquer que seja a sua
origem, exceto nos casos de empreendimentos executados e explorados sob o
33
regime de concessão, nos termos da legislação específica; o fornecimento de
bens e serviços sem similaridade ou de marcas, características e
especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamente
injustificável, ou quando o fornecimento desses materiais e serviços for feito
sob o regime de administração contratada, previsto no ato convocatório.
A execução das obras e dos serviços deve ser programada sempre em
sua totalidade, com previsão de seus custos atual e final, levando em conta o
prazo total da execução, e será realizada sob a forma de: execução direta –
quando a Administração utiliza meios próprios; execução indireta – quando a
Administração contrata com terceiros a execução das obras e dos serviços.
Na execução indireta, a contratação é feita sob os seguintes regimes:
empreitada por preço global; empreitada por preço unitário; tarefa;
empreitada integral.
A empreitada por preço global é utilizada quando se contrata a
execução da obra ou do serviço por preço certo e total. Seu uso se verifica,
geralmente, em contratações de objetos mais comuns, quando os quantitativos
de materiais empregados são pouco sujeitos a alterações durante a execução
da obra ou da prestação de serviços e podem ser aferidos mais facilmente.
A empreitada por preço unitário é usada quando se contrata a execução
da obra ou serviço por preço certo de unidades determinadas. É empregada
com mais freqüência em projetos de maior complexidade, cujas quantidades
de serviços e dos materiais relativos às parcelas de maior relevância e do valor
significativo são definidas de forma exata no ato convocatório, nem tampouco
no orçamento apresentado junto à proposta.
A tarefa é utilizada quando se contrata a mão-de-obra para pequenos
trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais.
A empreitada integral é usada quando se pretende contratar o objeto em
sua totalidade, ou seja, compreendendo todas as etapas da obra, serviços e
instalações necessárias. Nesse regime, o contratado assume inteira
34
responsabilidade pela execução do objeto até a sua entrega ao órgão ou
entidade da Administração em condições de ser utilizado. Devem ser
atendidos os requisitos técnicos e legais para o uso do objeto. Esse uso diz
respeito à segurança estrutural e operacional e deve ter as características
adequadas às finalidades para as quais o objeto que foi contratado.
A empreitada por preço global e a empreitada por preço unitário são os
regimes mais utilizados de contratação.
Na empreitada por preço global, o pagamento deve ser efetuadoapós a
conclusão dos serviços ou etapas definidos em cronograma físico-financeiro,
por exemplo: fundações, estrutura, concretagem da laje, cobertura,
revestimento, pintura e outras etapas.
Na empreitada por preço unitário, o pagamento deve ser realizado por
unidades feitas, pois seus quantitativos são pouco sujeitos a alterações.
Exemplo: metragem executada das fundações, de paredes levantadas, de
colocação de piso, de pintura, de colocação de gesso.
É recomendável que o estabelecimento das quantidades a serem
licitadas e contratadas seja o mais exato possível, a fim de evitar distorções na
execução de obras ou na prestação de serviços, que possam culminar com
acréscimos quantitativos além dos limites legais.
A licitação sob o regime de preço unitário é mais indicada quando o
objeto incluir o fornecimento de materiais ou serviços com previsão de
quantidades ou cujos quantitativos correspondam às previsões reais do projeto
básico ou executivo, os quais devem retratar, com adequado nível de precisão,
a realidade da execução da obra ou da prestação de serviços.
Independentemente da modalidade adotada, a Administração deverá
fornecer, obrigatoriamente, junto com o ato convocatório, todos os elementos e
informações necessárias para que os licitantes possam elaborar suas
propostas de preços com total e completo conhecimento do objeto da licitação.
35
Toda licitação de obra ou serviço deve ser precedida da elaboração do
projeto básico. A lei estabelece que o projeto básico deve estar anexado ao ato
convocatório, dele sendo parte integrante, e deve ser elaborado segundo as
exigências contidas na Lei nº 8.666 de 1993.
Projeto básico é o conjunto de elementos necessários e suficientes, com
nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou o serviço, ou
complexo de obras ou serviços. Deve ser elaborado com base nas indicações
de estudos técnicos preliminares. Tem como objeto assegurar a viabilidade
técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento.
Possibilita a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo
de execução. A legislação determina que o projeto básico, relativamente as
obras, deve conter os seguintes elementos: desenvolvimento da solução
escolhida; soluções técnicas globais e localizadas; identificação dos tipos de
serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorporar à obra;
informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos;
subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra; orçamento
detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços
e fornecimentos propriamente avaliados.
Um projeto básico bem elaborado para contratação de serviços de
manutenção preventiva e corretiva, por exemplo, deve fornecer, dentre outras
informações essenciais: detalhamento do objeto; periodicidade de visitas; se
diária, semanal, quinzenal, mensal, etc.; horário das visitas de manutenção;
prazo para atendimento às chamadas; equipe mínima/composição da equipe
técnica, com registro na entidade profissional competente; existência de
plantonistas quando for o caso; relação do material de reposição que deverá
estar coberto pelo futuro contrato; material mínimo necessário para estoque no
local dos serviços; local de conserto dos equipamentos, quando não puder ser
feito no próprio prédio; exigência de oficina, quando for o caso.
O projeto básico, além de ser peça imprescindível para execução de
obra ou prestação de serviço, é o documento que propicia à Administração
36
conhecimento pleno do objeto que se quer licitar, de forma detalhada, clara e
precisa. Deve permitir ao licitante as informações necessárias à boa
elaboração de sua proposta, mediante regras estabelecidas pela
Administração, a que estará sujeito.
Em qualquer licitação de obras e serviços, se o projeto básico for falho
ou incompleto, a licitação estará viciada e a contratação não atenderá aos
objetivos da Administração. As obras e serviços limitados aos valores máximos
a seguir estão dispensados de licitação e desobrigam o agente público da
elaboração do projeto básico:
1 - R$ 15.000,00, para obras e serviços de engenharia;
2 - R$ 8.000,00, para quaisquer outros serviços.
Os valores referidos serão acrescidos de 20% (vinte por cento) para
compras, obras e serviços contratados por sociedades de economia mista e
empresas públicas, além de autarquias e fundações qualificadas na forma de
agências executivas.
Nas licitações para contratação de obras também é exigido projeto
executivo. No ato convocatório deve ser informado se há projeto executivo
disponível, na data da sua publicação, e o local onde possa ser examinado e
adquirido. Projeto executivo é o conjunto de elementos necessários e
suficientes à realização do empreendimento a ser executado, com nível
máximo de detalhamento possível de todas as suas etapas.
Para realização do procedimento licitatório não há obrigatoriedade da
existência prévia de projeto executivo, uma vez que este poderá ser
desenvolvido concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde
que autorizado pela Administração. No caso, a licitação deverá prever a
elaboração do competente projeto executivo por parte da contratada ou por
preço previamente fixado pela Administração.
37
Não podem participar, direta ou indiretamente, da licitação, da execução
da obra, da prestação dos serviços e do fornecimento de bens necessários à
obra ou serviços: o autor de projeto básico ou executivo, pessoa física ou
jurídica; a empresa, isoladamente ou em consórcio, de responsável pela
elaboração de projeto básico ou executivo ou da qual o autor do projeto seja
dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do
capital com direito a voto, ou controlador, responsável técnico ou
subcontratado; o servidor dirigente de órgão ou entidade contratante ou
responsáveis pela licitação.
Considera-se participação indireta a existência de qualquer vínculo de
natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou trabalhista entre o autor
do projeto, pessoa física ou jurídica, e o licitante ou responsável pelos serviços,
fornecimento e obras, incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços a
estes necessários. Esse entendimento é extensivo aos membros da comissão
de licitação.
É permitido ao autor do projeto a participação na licitação de obra ou
serviços, ou na execução, apenas na qualidade de consultor ou técnico, desde
que nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, e
exclusivamente a serviço da Administração.
3.2 - Habilitação
Qualquer empresa pode participar de uma licitação, desde que
preencha os requisitos legais e apresente uma série de documentos. O
pretendente deve estar em dia com os seus impostos. Nada mais justo que
uma empresa que vai trabalhar para determinado governo não tenha dívidas
com o seu futuro cliente. A empresa precisa estar regularizada judicialmente,
ou seja, ter contrato social atualizado e em vigor. A empresa também deve ter
capacidade financeira para participar do negócio e capacidade técnica para o
serviço que vai prestar ou produto que vai fornecer. Todas as licitações exigem
38
que a empresa que vai participar esteja cadastrada no órgão público. Logo, é
interessante conhecer os seus possíveis clientes mesmo sem saber se vai
haver ou não uma licitação, ou seja, é importante se antecipar à licitação.
O processo licitatório exige uma série de documentos. A quantidade dos
mesmos vai depender do tipo de licitação a qual a empresa estará
participando. Normalmente, é preciso comprovar os seguintes itens:
Habilitação Jurídica – A documentação relativa à habilitação jurídica,
conforme o caso consistirá em cédula de identidade (quando se tratar de
pessoa física); registro comercial, no caso de empresa individual; ato
constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado, em
se tratando de sociedade por ações, acompanhado de documentos de eleição
de seus administradores; inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades
civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício; decreto de autorização,
em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em funcionamento no
país, e ato de registro ou autorização para funcionamento expedido pelo órgão
competente, quando a atividade assim o exigir.
Regularidade fiscal – A documentação relativa à regularidade fiscal, conforme
o caso, consistirá em prova de inscrição no cadastro de pessoa física (CPF),
ou no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda (CNPJ); prova
de inscrição no cadastro de contribuintes, estadual ou municipal, se houver,
relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e
compatível com o objeto contratual (ISSQN ou ICMS); prova de regularidade
para com as Fazendas Federal (incluindo da dívida ativa da União), Estadual e
Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente , na forma da
Lei; prova de regularidade relativa à Seguridade Social (INSS) e ao Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no
cumprimento dos encargos sociais instituídos por Lei.
Qualificação técnica – registro ou inscrição na entidade profissional
competente (CREA, CORE, CREC etc...); comprovação de aptidão para
desempenho de atividade pertinente e compatível em características,
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quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações e
do aparelhamento e do pessoal técnico adequado e disponíveis para a
realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos
membros da equipe técnica, que se responsabilizará pelos trabalhos;
Parágrafo 1º - A comprovação de aptidão referida no inciso II do caput
deste artigo, no caso de licitações pertinentes a obras e serviços , será feita
por atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado,
devidamente registrados nas entidades profissionais competentes.
Parágrafo 4º - Nas licitações para o fornecimento de bens, a
comprovação de aptidão, quando for o caso, será feita através de atestados
fornecidos por pessoa jurídica de direito público ou privado.
Qualificação econômico-financeira – Balanço patrimonial e demonstrações
contábeis do último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da
Lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua
substituição por balancetes ou balanços provisórios podendo ser atualizados
por índices oficiais, quando encerrado há mais de três meses da data de
apresentação da proposta. Certidão negativa de falência e concordata
expedidas pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução
patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física. Os documentos
necessários à habilitação, poderão ser apresentados em original, por qualquer
processo de cópia autenticada por tabelião de notas ou por funcionário da
unidade que realiza as licitações, ou publicação em órgão de imprensa oficial.
Balanço Patrimonial relativo ao último exercício social, devidamente registrado
na Junta Comercial, com indicação do livro em que se acha transcrito,
acompanhado de quadro demonstrativo e fotocópia da página de abertura e
fechamento do livro diário, assinado pelo representante legal da empresa
licitante e por contador registrado no Conselho Regional de Contabilidade
(CRC).
Alguns documentos podem ser tirados rapidamente via internet. A
Receita Federal, por exemplo, disponibiliza um serviço online para o CNPJ e
40
certidão conjunta. A Caixa Econômica Federal, o FGTS. Além disso, na
habilitação, o concorrente terá que apresentar os critérios técnicos e a
proposta de orçamento, em envelope marcado.
A Administração Pública com o objetivo de atingir o interesse público
numa contratação deve restringir a participação de pretensos licitantes que não
possuem qualificação técnica-operacional, a ser comprovada com atestados
técnicos, para a execução do objeto, podendo, para tanto, se valer de
exigências razoáveis. Tal comportamento passa longe de ser ofensor ao
princípio da isonomia, ao tempo que a exigência, na verdade, visa a efetivar o
interesse público.
Essa conclusão não é inovadora, já tendo alguns dos maiores
publicistas pátrios enfocado o tema e palmilhando pela mesma senda, como
Carlos Ari Sundfeld que de forma sábia, após mergulhar com fôlego sobre o
tema, posicionou-se com a seguinte pena:
"É válida a exigência de comprovação de aptidão técnico-
operacional, admitindo-se, inclusive, condicionamentos
relativos a quantidades mínimas e prazos máximos. É
juridicamente viável a exigência de comprovação de
aptidão técnico-operacional, mesmo quando já ter sido
exigido prova de aptidão técnico-profissional. As duas
exigências não são excludentes entre si. Ao contrário, são
complementares e perfeitamente aplicáveis num mesmo
certame."
O mesmo autor, no mesmo trabalho, exemplifica:
"O edital pode, como condição da aceitação do atestado,
exigir que ele se refira a obras ou serviços com certa
dimensão. Se a licitação se destina a contratar a
construção de obra gigantesca, seria irracional considerar
41
qualificada para realizá-la uma empresa que só houvesse
enfrentado obras diminutas."
Na mesma linha de pensamento Adilson Dallari com maestria firmou:
"O que a Constituição autoriza e determina [vide art. 37,
XXI, in fine] ao legislador que exija não é a comprovação
de uma qualificação técnica hipotética ou abstrata, mas,
sim, de qualificação técnica (tanto profissional quanto
operacional) necessária para garantir a fiel execução de
uma determinada obra que é posta em disputa por meio de
uma determinada licitação. (...) Pode a Administração
Pública, no edital, exigir que o licitante comprove a
execução anterior de obras e serviços em quantidades
compatíveis com o objeto do futuro contrato em disputa e
através de um único contrato.”
Valmir Pontes Filho ao enfocar sua inteligência a respeito de exigência
em edital de atestados de capacidade técnica-operacional também não
vislumbra qualquer ofensa à lei, desde que verificado o princípio da
razoabilidade, ou seja, desde que as exigências sejam adequadas à
complexidade e natureza do serviço a ser contratado e que digam com as suas
características, quantidades e prazos.
Toshio Mukai também não hesitou em afirmar que a Lei nº 8.666/93
estabelece que a qualificação técnica dos licitantes deve ser demonstrada por
meio de atestados que comprovem a aptidão para desempenho de atividade
pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto
da licitação.
É necessário também ficar atento à questão da Classificação (art.45) e
Desclassificação (art. 48). Quem melhor define este tópico é o eminente jurista
Celso Antônio Bandeira de Melo onde argui que classificação é o ato pelo qual
42
as propostas admitidas são ordenadas em função das vantagens que
oferecem. Nesta fase, será analisada a proposta quanto ao seu conteúdo, a
revés da habilitação, que analisa somente os requisitos formais.
A classificação se dará de forma diversa, nos moldes do artigo 45 da Lei
de Licitações, conforme varie o tipo de procedimento adotado. Vislumbramos,
nesse passo, que esta é a fase que atinge a proposta, já que verifica sua
conformidade com os requisitos do instrumento convocatório. Aqui as
perquirições vão além das da habilitação, pois esta se preocupa mais com a
forma, enquanto aquela se aprofunda na matéria. O que se faz nesta fase é a
ordenação das propostas de acordo com as prerrogativas que cada uma
concede à administração pública.
Pode ocorrer, ainda, a existência de propostas que não atendam às
exigências do ato convocatório, cujo valor global supere o limite estabelecido
para a modalidade ou cujos preços sejam inexeqüíveis, caso em que tais
propostas serão desclassificadas. Ainda haverá a desclassificação se houver
má-fé por parte do proponente ou se este estiver em falta com os requisitos
essenciais presentes no edital. Se houver a necessidade de perícia para aferir
determinados requisitos ou qualquer fato considerado importante pela
administração esta será feita.
Para tratarmos deste assunto de maneira completa, precisamos abordar
a questão da homologação e da adjucação. Este momento é o oportuno para
que a autoridade competente examine o processo para manifestar-se sobre a
legalidade e conveniência do procedimento licitatório. Esta atitude é a
homologação. Tal autoridade deve adotar uma das seguintes posições:
a) homologação do resultado;
b) anulação do certame, em caso de ilegalidade;
c) revogação do certame, por interesse público;
43
d) determinação à Comissão que esclareça dados ou proceda ao saneamento
de vícios ou irregularidades que não contaminem o resultado da licitação.
Já a adjudicação é o ato pelo qual o futuro contrato é atribuído ao vencedor da
licitação, que passa a ter expectativa, frise-se, expectativa de direito à
contratação. Este ato obsta que a Administração contrate com outra parte que
não o licitante o objeto licitado. Como é de observar-se há uma aceitação e
vinculação do vencedor a todos os termos do Edital. Caso haja
descumprimento deste vínculo poderá ocorrer algumas penalidades, que
deverão ser analisadas.
O ilustre Professor Marcos Chiovetti destaca, em sua apostila destinada
ao acompanhamento de aulas, quando trata do presente tema, três efeitos da
adjudicação:
a) direito do adjudicatário em assinar o contrato, caso de ele vir a ser
celebrado;
b) liberação dos demais proponentes em relação às propostas apresentadas; e
c) direito da Administração em exigir do adjudicatário o aperfeiçoamento do
contrato nos termos resultantes do procedimento licitatório."
Devemos ressaltar, ainda, que em regra a licitação poderá ser anulada.
Essa anulação consiste em desfazer o ato administrativo referente ao
procedimento licitatório. A anulação poderá ocorrer tanto pela Via Judicante
como pela Via Administrativa. Pode ocorrer, a Licitação, caso se verifique a
existência de ilegalidades. Esta anulação poderá ser total ou parcial, cabendo
ao Poder Judiciário ou à Administração a promoção da anulação.
A anulação gera efeitos ex tunc e, em regra, não enseja indenizações
(art. 49, § 1º), a não ser que ocorra a hipótese do parágrafo único do art. 59 da
lei em estudo. Este artigo regula a indenização do contratado se este não deu
razão ao vício que tenha gerado a anulação do contrato. Vale ressaltar que a
anulação pode ocorrer em qualquer fase e a qualquer tempo, mas deve
44
sempre ser motivada e acarretará em nulidade do contrato, nos termos do art.
49, § 2º da Lei em apreço.
Também pode ocorrer a revogação, que se assenta em motivos de
oportunidade e conveniência administrativa. É ato privativo da Administração.
Seus efeitos são ex nunc. Deve basear-se em fato superveniente, devidamente
comprovado, pertinente e suficiente para justificar a revogação. Vejamos a
cabeça do art. 49: "A autoridade competente para a aprovação do
procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse
público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente
e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de
ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente
fundamentado".
Vale lembrar que tanto na anulação quanto na revogação é necessária a
existência de motivação do ato, assegurando-se o contraditório e a ampla
defesa.
Quanto às sanções penais, podemos citar o ilustre Jorge Ulisses Jacoby
Fernandes. Ele declara que o dispositivo, o preceituado art. 89 da Lei em
destaque demonstra uma maior preocupação do Legislador e do Administrador
Público nos casos de dispensa de licitação, senão vejamos:
"Parece efetivamente que o art. 89 da Lei 8.666/93 situa-se
na linha evolutiva do aperfeiçoamento da Administração
Pública, pois, não raro, as justificativas da contratação
direta eram elaboradas posteriormente à celebração do
contrato, à sua execução e, às vezes, só após a ação dos
órgãos de controle, onde passavam a desafiar a
criatividade dos órgãos jurídicos das entidades públicas".
De outro modo, é evidente que se o fornecedor ou prestador de serviços
concorrer para a ilegalidade também deverá ser aplicada pena semelhante à
atribuída ao administrador.
45
Quanto à responsabilidade penal, temos que depois da entrada em vigor
da Lei 8.666/93 responderá, independentemente da responsabilidade
administrativa ou civil, penalmente aqueles que praticarem as condutas típicas
descritas no referido diploma legal. Será sujeito ativo dos delitos previstos
nesta Lei as pessoas físicas que praticarem condutas ilícitas, mesmo não
tendo vínculo com a Administração Pública.
Vale dizer que a Lei estabeleceu fatos típicos somente a título de dolo,
deste modo, aquele que imprudentemente praticar um ato ilícito não
responderá penalmente por tal ato. A ação pública será incondicionada e prevê
a Lei imposição de penas de detenção, ou seja, não haverá reclusão nos
ilícitos praticados referente à Licitação.
A Constituição Federal assegura, aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, no art. 5º, LV, o contraditório e a ampla defesa, como os meios
e recursos a ela inerentes. Doutrinariamente, fala-se em recursos judiciais e
administrativos.
Entendemos que os recursos administrativos, lato sensu, em termos de
licitação, são os instrumentos instauradores do processo de reexame interno
de ato, decisão ou comportamento da entidade licitante.
Com esse fim específico, aparecem as petições de recurso, de
representação e de pedido de reconsideração.
A Lei de licitações prevê, em seu artigo 109 três tipos de recursos
possíveis na licitação:
Recurso hierárquico: (recurso administrativo strictu sensu); Esta espécie de
recurso deve ser interposta no prazo de cinco dias (inciso I do art. 109),
ressalvados os casos de licitações efetuadas na modalidade de "carta-convite",
quando há redução para 2 (dois) dias úteis, conforme § 6o da lei 8.666, com
redação dada pela lei 8.883, de 8 de junho de 1994. Em ambos os casos,
conta-se a partir da intimação do ato ou da lavratura da ata.
46
Representação: esta modalidade de recurso administrativo está prevista no
inciso II do art. 109 da Lei 8.666/93. É cabível nos casos de decisão
relacionada como o objeto da licitação ou do contrato de que não caiba recurso
hierárquico e pode ser conceituada como a petição dirigida a quem de direito,
expondo situação determinada ou geral e solicitando providências na defesa
de seus interesses.
Pedido de Reconsideração: está descrito no inciso III do art. 109 da lei
8.666/93. É cabível contra ato de Ministro de Estado ou Secretário estadual ou
municipal. Em que pese seja dirigido ao próprio autor do ato, não se trata de
simples pedido, mas de verdadeira modalidade de recurso.
O pregão, nova modalidade de licitação voltada à contratação de bens e
serviços comuns, conforme definido em regulamento específico, inova em
relação à fase de habilitação, transposta para o final do certame e destinada a
verificar apenas as condições daquele que apresentou a melhor proposta. Não
admite, assim, a investigação concentrada da qualificação de todos os
participantes do certame licitatório.
A norma básica e instituidora do pregão, disciplinando essa fase
específica, estatui que "encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofertas,
o pregoeiro procederá à abertura do invólucro contendo os documentos de
habilitação do licitante que apresentou a melhor proposta, para verificação do
atendimento das condições fixadas no edital". Ou seja, selecionada a proposta
mais vantajosa, passa-se a seguir à verificação objetiva e vinculada das
condições alusivas à qualificação do proponente vencedor. Esse ato é
estritamente vinculado, não comportando espaço para a discricionariedade,
porquanto as exigências serão aquelas inscritas no edital e deverão estar
demonstradas pelo licitante por documentos incluídos no "invólucro"
previamente ofertado no momento de abertura do certame.
47
3.3 – Micro e Pequenas Empresas
A Lei Geral para Micro e Pequenas Empresas, promulgada em
dezembro de 2006, proporcionou vantagens para este tipo de empresa. Entre
elas, está a exclusividade de participação das micro e pequenas empresas em
licitações de pequeno valor. Segundo artigo, publicado no portal do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão, “O incremento da participação das
micro e pequenas empresas nas compras do Governo Federal reduziu o custo
dos bens e serviços contratados pelos órgãos públicos. (....) Considerando
todas as aquisições realizadas junto às micro e pequenas empresas, a
participação nas compras do Governo Federal subiu de apenas 8% em 2006
para 28% em 2007. Esse percentual cresceu ainda mais em 2008 quando
chegou a 32% das aquisições atingindo um montante de R$ 7,6 bilhões de
tudo o que foi contratado em 2008.”
Ainda segundo o artigo “as micro e pequenas empresas também foram
as que mais venceram licitações no valor de até R$ 80 mil com uma
participação de 61% de tudo o que foi contratado pelo Governo Federal nessa
faixa de preço. Em 2006 esse percentual foi de 48%. Um dos benefícios
introduzidos pela Lei Geral das Micro e Pequenas e Empresas foi a
determinação de que os órgãos públicos realizem licitações exclusivas para as
micro e pequenas empresas nas contratações de até R$ 80 mil”.
Promulgada em 14 de dezembro de 2006, a Lei Complementar nº 123
regulamentou artigo da Constituição de 1988 e determinou que os órgãos
públicos federais realizem licitações exclusivas para as MPE's nas
contratações no valor de até R$ 80 mil. Também regulamentou a possibilidade
de reservar até 25% do valor das licitações de bens e serviços divisíveis em
lote para as MPE's. A medida busca viabilizar a ocupação de espaços no
mercado ocupado majoritariamente por empresas de grande porte.
Outra inovação é a preferência para micro e pequenas empresas
quando houver empate em licitações do tipo menor preço. Elas terão
prioridade quando suas propostas forem iguais ou até 10% superiores à
48
proposta classificada em primeiro lugar. No pregão esse índice será de até 5%.
Em caso de equivalência nos valores apresentados pelas MPE's, será
realizado sorteio para definir quem poderá apresentar nova proposta.
Para licitações de valores superiores a R$ 80 mil, os órgãos também
podem exigir a subcontratação de micro e pequenas empresas. Esse
percentual é obrigatório até 30% do valor da licitação. Percentuais superiores
poderão ser solicitados pelos órgãos públicos no edital, mas não terão caráter
de obrigatoriedade. Essa medida visa possibilitar a participação desse
segmento nas contratações de grande vulto firmadas junto a grandes
empresas, como por exemplo obras de engenharia.
Tanto essa medida quanto a subcontratação e a contratação exclusiva
até R$ 80 mil somente são aplicáveis quando concorrerem na licitação no
mínimo três micro e pequenas empresas. Essas deverão estar sediadas local
ou regionalmente em relação à sede do órgão contratante.
Também ficaram mais flexíveis as exigências relativas à comprovação
de regularidade fiscal que passará a ser exigida das MPE's no momento do
contrato com a Administração. Se a micro e pequena empresa tiver alguma
restrição na comprovação de sua regularidade fiscal, terá até quatro dias úteis
para a regularização sem a perda de contrato de fornecimento com o Governo.
Atualmente, a regularidade fiscal é necessária para participar dos processos
licitatórios, com exceção do pregão eletrônico que já adota esta prática.
49
CAPÍTULO IV
LEGISLAÇÃO
A legislação que regula a licitação é extensa e mereceria um trabalho à
parte, com elucidações pertinentes de especialistas no assunto. Entretanto,
segue neste capítulo tópicos que dão a dimensão da amplitude jurídica nos
processos licitatórios. A Lei 8.666/93, com suas atualizações, é que trata do
assunto em questão. A essa legislação, como explica Paulo Boselli,
subordinam-se todos os órgãos da Administração Pública direta e indireta,
inclusive os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, conforme determinam os artigos 1º e 2º da Lei 8.666/93.
(BOSELLI, Paulo José Braga, Como ter sucesso nas licitações,1998, p.79)
Pela Lei Federal 8.666/93, primeiro deve ser analisada toda a
documentação do interessado na licitação, definindo se a empresa está ou não
apta a concorrer. Depois é verificada a proposta de preço.
O problema é que as empresas desclassificadas entram com processos
judiciais, fazendo com que a licitação se arraste numa longa batalha judicial.
De acordo com as últimas negociações entre o Planalto e o Senado, será
permitida a inversão de fases. Por exemplo: primeiro serão classificadas as
três empresas que ofereçam o melhor preço. Somente a partir daí é que será
avaliada a documentação, como habilitação jurídica e regularidade fiscal.
Serão estipulados valores para que as licitações de obras e serviços de
engenharia possam ser feitas por meio do pregão eletrônico. Apenas a
licitação com valores estimados em até R$ 500 mil deverá ser obrigatoriamente
feita pelo pregão.
50
A seguir, um sumário da lei que está em vigor atualmente:
CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais - arts. 1º a 19
Seção I Dos Princípios - arts. 1º a 5º
Seção II Das Definições - art. 6º
Seção III Das Obras e Serviços - arts. 7º a 12
Seção IV Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados - art. 13
Seção V Das Compras - arts. 14 a 16
Seção VI Das Alienações - arts. 17 a 19
CAPÍTULO II
Da Licitação - arts. 20 a 53
Seção I Das Modalidades, Limites e Dispensa - arts. 20 a 26
Seção II Da Habilitação - arts. 27 a 33
Seção III Dos Registros Cadastrais - arts. 34 a 37
Seção IV Do Procedimento e Julgamento - arts. 38 a 53
CAPÍTULO III
Dos Contratos - arts. 54 a 80
Seção I Disposições Preliminares - arts. 54 a 59
Seção II Da Formalização dos Contratos - arts. 60 a 64
Seção III Da Alteração dos Contratos - art. 65
Seção IV Da Execução dos Contratos - arts. 66 a 76
51
Seção V Da Inexecução e da Rescisão Dos Contratos - arts. 77 a 80
CAPÍTULO IV
Das Sanções Administrativas e da Tutela Judicial - arts. 81 a 108
Seção I Das Disposições Gerais - arts. 81 a 85
Seção II Das Sanções Administrativas - arts. 86 a 88
Seção III Dos Crimes e das Penas - arts. 89 a 99
Seção IV Do Processo e do Procedimento Judicial - arts. 100 a 108
CAPÍTULO V
Dos Recursos Administrativos - art. 109
CAPÍTULO VI
Das Disposições Finais e Transitórias - arts. 110 a 126.
4.1 – Exceções e Inexigibilidade
Toda regra tem as suas exceções e com as licitações não poderia ser
diferente. Existem casos em que a exigência do processo não existe. Vejamos
então o que determina a legislação específica:
Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
"Artigo 25 - É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição,
em especial:
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser
fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo,
vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser
feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local
52
em que ser realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato,
Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei,
de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização,
vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação.
A regra geral que disciplina as contratações públicas tem como
premissa a obrigatoriedade da realização de licitação para a aquisição de bens
e a execução de serviços e obras. Mas esse diploma legal dispõe algumas
hipóteses nas quais a obrigatoriedade de realizar licitação estará afastada.
Podemos classificar essas hipóteses em três figuras distintas: a licitação
dispensada, a licitação dispensável e a inexigibilidade de licitação.
Primeiramente, vamos nos ater às diferenças entre licitação dispensável e
licitação dispensada. Na licitação dispensável, o administrador, se quiser,
poderá realizar o procedimento licitatório, sendo, portanto, uma faculdade.
Com relação à licitação dispensada, o administrador não pode licitar, visto que
já se tem a definição da pessoa com quem se firmará o contrato.
Portanto, na licitação dispensada não existe a faculdade para se realizar
a licitação, enquanto que na licitação dispensável essa alternativa é possível,
cabendo ao administrador fazer a análise do caso concreto, inclusive com
relação ao custo-benefício desse procedimento e a bem do interesse público,
levando-se em conta o princípio da eficiência, pois, em certas hipóteses, licitar
pode não representar a melhor alternativa.
Já a inexigibilidade de licitação se refere aos casos em que o
administrador não tem a faculdade para licitar, em virtude de não haver
competição ao objeto a ser contratado, condição imprescindível para um
procedimento licitatório.
As hipóteses de ocorrência de licitação dispensada estão dispostas in
verbis no art. 17, incs. I e II da Lei n°. 8.666/93, que se apresentam por meio
de uma lista que possui caráter exaustivo. Confira abaixo:
53
"Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à
existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de
avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - Quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da
administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos,
inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de
licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes
casos:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da
Administração Pública, de qualquer esfera de governo;
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X
do art. 24 desta Lei;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer
esfera de governo;
f) alienação, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de
bens imóveis construídos e destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de
programas habitacionais de interesse social, por órgãos ou entidades da
administração pública especificamente criados para esse fim;
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada
esta nos seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após
avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente
à escolha de outra forma de alienação;
54
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da
Administração Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a
legislação específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da
Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da
Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe."
Pelo dispositivo acima transcrito, verificamos que as principais hipóteses
de licitação dispensada estão voltadas para os institutos da dação em
pagamento, da doação, da permuta, da investidura, da alienação de alguns
itens, da concessão do direito real de uso, da locação e da permissão de uso.
Além desses incisos, o art. 17 apresenta, ainda, o § 2o., que dispõe
sobre a possibilidade de licitação dispensada quando a Administração
conceder direito real de uso de bens imóveis, e esse uso se destinar a outro
órgão ou entidade da Administração Pública.
Como dissemos, essas figuras têm como característica a
impossibilidade de se obter um procedimento competitivo, pois em alguns
casos, inclusive, já se tem o destinatário certo do bem, como por exemplo, na
dação em pagamento.
Um fator importante a ser considerado na aplicação desse permissivo, é
que qualquer alienação, tanto de bens móveis, quanto de bens imóveis, deve
ser precedida de uma avaliação prévia da Administração, com a definição de
um valor mínimo, para fim de orientar os procedimentos, sem ferir o interesse
público.
55
Agora, vejamos os procedimentos para licitação dispensável a serem
seguidos pelos órgãos e entidades gestores de recursos públicos, nos casos
de emergência ou de calamidade pública.
No primeiro item, está a legislação federal e estadual aplicável para
essas contratações. No segundo item, a jurisprudência do TCU a respeito e,
por último, uma rotina que discrimina passo a passo todos os procedimentos a
serem observados nos processos de dispensa de licitação nos casos de
emergência ou de calamidade pública. Confira, abaixo, a legislação aplicável:
Lei nº 8.6666/93
Art. 24 É dispensável a licitação: (...)
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada
urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou
comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros
bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao
atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de
obras e serviços que possam ser concluídas dentro de 180 (cento e oitenta)
dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos.
Art. 25
[...]
§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se
comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado
à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público
responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.
56
Art. 26
As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 e no inc. III e seguintes do art.
24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente
justificadas (...) deverão ser comunicadas, dentro de 3 (três) dias, à autoridade
superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5
(cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos. (...)
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de
retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que couber, com os
seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a
dispensa, quando for o caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
III - justificativa do preço.
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens
serão alocados.
Decreto Federal nº 5.376/05
Art. 1o
Os órgãos e entidades da administração pública federal, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, as entidades privadas e a comunidade,
responsáveis pelas ações de defesa civil em todo o território nacional,
constituirão o Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC, sob a coordenação
da Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional.
57
Art. 3o
Para fins deste Decreto, considera-se:
II - desastre: o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo
homem sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais
ou ambientais e conseqüentes prejuízos econômicos e sociais;
III - situação de emergência: o reconhecimento pelo poder público de situação
anormal, provocada por desastres, causando danos superáveis pela
comunidade afetada;
IV - estado de calamidade pública: o reconhecimento pelo poder público de
situação anormal, provocada por desastres, causando sérios danos à
comunidade afetada, inclusive à incolumidade ou à vida de seus integrantes.
O Tribunal de Contas da União tem uma jurisprudência própria para
regulamentar a licitação dispensável em casos de emergência. Veja a seguir:
Somente dispense por emergência o certame licitatório nos casos
previstos no inciso IV do art. 24 da Lei 8.666/1993, ou seja, quando
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar
prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços,
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens
necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as
parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de
180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência
da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos
contratos.
Acórdão 628/2005 Segunda Câmara
58
Proceda, quando da realização de licitação, dispensa ou inexigibilidade,
à consulta de preços correntes no mercado, ou fixados por órgão oficial
competente ou, ainda, constantes do sistema de registro de preços, em
cumprimento ao disposto no art. 26, parágrafo único, inciso III, e art. 43, inciso
IV, da Lei 8.666/1993, os quais devem ser anexados ao procedimento
licitatório (...).
Acórdão 1705/2003 Plenário
Além das formalidades previstas no art. 26 e § único, são requisitos
necessários à caracterização dos casos de emergência ou de calamidade
pública que a situação adversa, dada como de emergência ou de calamidade
pública, não se tenha originado, total ou parcialmente, da falta de
planejamento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos
disponíveis, ou seja, que ela não possa, em alguma medida, ser atribuída à
culpa ou dolo do agente público que tinha o dever de agir para prevenir a
ocorrência de tal situação; exista urgência concreta e efetiva do atendimento à
situação decorrente do estado emergencial ou calamitoso, visando afastar
risco de danos a bens ou à saúde ou à vida de pessoas; o risco, além de
concreto e efetivamente provável, se mostre iminente e especialmente
gravoso; a imediata efetivação, por meio de contratação com terceiro, de
determinadas obras, serviços ou compras, segundo as especificações e
quantitativos tecnicamente apurados, seja o meio adequado, efetivo e eficiente
para afastar o risco iminente detectado.
Decisão 347/1994 Plenário
Observe o art. 195, § 3º, da Constituição Federal, que exige
comprovante de regularidade com o INSS e o FGTS de todos aqueles que
contratam com o poder público, inclusive nas contratações realizadas mediante
59
convite, dispensa ou inexigibilidade de licitação, mesmo quando se tratar de
compras para pronta entrega (...).
Acórdão 1467/2003 Plenário
O Tribunal de Contas da União firmou entendimento no sentido de que é
obrigatória a exigência da documentação relativa à regularidade para com a
Seguridade Social (CND) e com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS):
• nas licitações públicas, de qualquer modalidade, inclusive dispensa e
inexigibilidade, para contratar obras, serviços ou fornecimento, ainda que para
pronta entrega;
• na assinatura dos contratos;
• a cada pagamento efetivado pela administração contratante, inclusive
nos contratos de execução continuada ou parcelada.
Decisão 705/1994 Plenário
Abaixo, é descrita uma rotina para Licitação Dispensável Nos Casos de
Emergência ou de Calamidade Pública:
1 - Requisição do material, obras ou serviços com descrição sucinta e clara do
objeto, acompanhada das razões de interesse público que justificam a
contratação emergencial.
2 - Formalização por meio de processo administrativo autuado, protocolado e
numerado.
3 - Especificação do objeto com a definição das unidades e quantidades a
serem adquiridas.
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4 - Elaboração de projeto básico para obras e serviços, podendo ser
dispensado nos casos de emergência, quando caracterizada a urgência de
atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos
e privados. O responsável técnico do órgão contratante deverá justificar a
urgência para o atendimento dos casos de emergência, emitindo respectivo
laudo técnico com Anotação de Responsabilidade Técnica - ART.
5 - Justificativa do preço, considerando a prática de mercado. Estimativa do
valor da contratação. Quando houver outros possíveis fornecedores ou
prestadores de serviços ou de obra é recomendável juntar aos autos do
processo três orçamentos, escolhendo o de menor preço. Este procedimento
ficará prejudicado quando a gravidade da emergência exigir a contratação
imediata, a fim de eliminar situação que possa ocasionar prejuízo ou
comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros
bens, públicos ou particulares. Quando o órgão dispuser de alguns dias para
realizar a contratação deve ser assegurada a participação de, pelo menos, 3
interessados. No entanto, a justificativa do preço deve ser feita em qualquer
hipótese.
6 - Indicação dos recursos orçamentários, que assegurem o pagamento da
despesa.
7 - Autorização da autoridade competente somente para os bens necessários
ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de
obras e serviços que possam ser concluídas dentro de 180 dias consecutivos e
ininterruptos, vedada a prorrogação.
8 - Tratando-se de dispensa para aquisição de veículos ou contratação de
serviços, submeter à autorização da DGMS/SEA. Para aquisição de
equipamentos de informática e/ou software, submeter o processo à
homologação da DGOV/SEA.
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9 – Justificativa das situações de dispensa de licitação, com os
elementos necessários à sua caracterização. Anexar cópia do Decreto que
declarou a situação de emergência ou de calamidade pública.
4.2 – Divulgação
No Brasil, as licitações sempre foram consideradas um processo longo e
burocrático, variando geralmente de quatro a seis meses. Este cenário mudou
com a criação de uma nova modalidade, o pregão, que reduziu o prazo de
contratação, em média, para 19 dias. O modelo tem sido adotado por boa
parte dos órgãos públicos.
Vejamos os principais itens que marcam o processo nas suas
modalidades. O primeiro passo para que a licitação ocorra é a publicação de
edital. Para licitações nas modalidades tomada de preço, concorrência e
pregão, um resumo do produto a ser comprado deve ser publicado nos diários
oficiais – que são os jornais do governo. Se a verba for federal, o aviso de
licitação tem que ser publicado no Diário Oficial da União; se for Estadual, a
publicação é feita no Diário Oficial do Estado, e, ainda, se a verba for
municipal, a publicação é feita no Diário do Município (se a cidade não tiver um
jornal próprio publica-se no Diário do respectivo Estado).
Quando se trata de pregão eletrônico, além do Diário Oficial, a licitação
deve ser publicada na internet. Já no caso da modalidade carta-convite, basta
que o aviso seja afixado em um mural do próprio órgão que irá fazer a compra.
O edital, além de convocar para a licitação, é o documento que especifica o
que órgão público quer na compra, principalmente as questões técnicas. O
detalhamento e as exigências técnicas são a forma de limitar os fornecedores.
Logo que é publicado o edital, as empresas começam a reunir os documentos
de habilitação e a montar a proposta comercial. No próprio edital, é previsto o
prazo entre a publicação da intenção de compra e a data de sua realização.
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Para se ter idéia da importância da divulgação para a transparência dos
processos licitatórios, transcrevo abaixo matéria publicada no site
www.nominuto.com no dia 11 de março de 2009, a respeito da questão.
Confira:
“A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou nesta
quarta-feira (11) um projeto de lei que exige a divulgação, na Internet, dos
dados de todas as etapas das licitações realizadas pela administração pública.
Segundo o autor da proposição, senador Augusto Botelho (PT-RR), a medida
visa dar ‘maior transparência aos procedimentos administrativos para que o
controle social possa ser exercido de modo eficaz’.
O texto, no entanto, foi alterado pelo relator da matéria na CCJ, senador
Eduardo Azeredo (PSDB-MG). Ele argumentou que, devido às desigualdades
econômicas do país, nem todas as prefeituras têm acesso aos recursos
tecnológicos que lhes permitiriam apresentar tais dados na Internet - e,
portanto, não seria possível exigir essa divulgação de todos os órgãos
públicos.
A proposta acrescenta um parágrafo ao art. 4º da Lei nº 8.666, de 21 de
junho de 1993 - também chamada de Lei de Licitações. Com a emenda
apresentada por Azeredo, esse parágrafo determina o seguinte: ‘Para que o
cidadão possa fazer o acompanhamento de que trata o caput [do art. 4º], a
administração pública fará ampla divulgação dos dados sobre todas as etapas
dos procedimentos licitatórios, bem como dos correspondentes instrumentos
de contrato e de seus aditamentos, sendo obrigatória a utilização da respectiva
página na rede mundial de computadores, quando houver’.
Com essa redação, as prefeituras que não têm páginas na Internet, por
exemplo, terão de divulgar os dados sobre licitação, mas ficam desobrigadas
de fazê-lo na rede mundial de computadores.
A matéria foi aprovada pela CCJ em decisão terminativa.”
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CONCLUSÃO
O governo precisa comprar serviços e produtos para viabilizar a
Administração Pública em todos os seus setores e a maior parte da verba para
essas compras vem dos impostos pagos pelo contribuinte. Para que o dinheiro
do contribuinte seja bem aplicado, o governo deve escolher a proposta mais
vantajosa para suas compras, cujo processo se dá por meio de licitação.
Assim, as licitações tornam lícitas as operações de compras realizadas pelo
governo.
A ampliação desse processo, por meio da permissão para que as mais
diferentes empresas possam participar da concorrência e a divulgação na
imprensa, para que todos tenham acesso, a esses atos, ajuda a tornar mais
transparente a Administração.
De acordo com Paulo Boselli, a repercussão que o tema licitação
passou a ter na imprensa, nos últimos anos, forçou um maior cuidado da
Administração Pública na elaboração de seus procedimentos e um incremento
no profissionalismo das pessoas da iniciativa privada envolvidas com esse
mercado. (BOSELLI, Paulo José Braga, Como Ter Sucesso nas Licitações,
1998, p.7)
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ANEXOS
Índice de anexos
A seguir, em caráter meramente ilustrativo, temos alguns exemplos de
licitação da Prefeitura Municipal de Niterói.
Anexo 1 - Aviso de Licitação - Pregão Eletrônico 0002 / 08
Anexo 2 - Aviso de Licitação - Pregão Presencial 0014 / 08
Anexo 3 - Aviso de Licitação - Compra Direta 510-2179-08
Anexo 4 - Aviso de Licitação - PREGÃO nº 65/2009
Anexo 5 - Aviso de Licitação - PREGÃO nº 60/2009
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ANEXO 1
Aviso de Licitação - Pregão Eletrônico 0002 / 08
Orgão: Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento –
EMUSA
Objeto: Aquisição de álcool, óleo diesel e gasolina
Data: 07/02/2008
PREGÃO ELETRÔ%ICO 0002/08
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ANEXO 2
Aviso de Licitação - Pregão Presencial 0014 / 08
Orgão: Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento –
EMUSA
Objeto: Aquisição de material elétrico
Data: 13/05/2008
PREGÃO PRESE%CIAL 0014/08
ERRATA PRESE%CIAL 0014/08
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ANEXO 3
Aviso de Licitação - Compra Direta 510-2179-08
Orgão: Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento –
EMUSA
Objeto: Aquisição de CALHA TARO 2 X 36/40W completas –
BRANCA
Data: 03/06/2008
COMPRA DIRETA 510-2179-08
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ANEXO 4
Aviso de Licitação - PREGÃO nº 65/2009
Orgão: Fundação Municipal de Saúde
Objeto: MATERIAL DE CONSUMO - INSUMOS PARA
CAFÉZINHOS
Data: 05/10/2009
PREGÃO 65/2009
A%EXO I PREGÃO 65/2009
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ANEXO 5
Aviso de Licitação - PREGÃO nº 60/2009
Orgão: Fundação Municipal de Saúde
Objeto: MATERIAL PERMANENTE – CARRO DE ANESTESIA
Data: 28/09/2009
PREGÃO 60/2009
A%EXO I PREGÃO 60/2009
70
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BOSELLI, Paulo José Braga. Como Ter Sucesso nas Licitações. São Paulo:
Edicta, 1998.
DALLARI, Adilson Abreu. Aspectos Jurídicos da Licitação. São Paulo: Editora
Saraiva, 2006.
JUSTEN, Marçal Filho. Comentários à Lei de Licitações e Contratos
Administrativos. São Paulo: Editora Dialética, 2008.
MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2007.
MEIRELLES, Hely Lopes. Revista dos Tribunais. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 1988.
MELLO, Celso Antonio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. São Paulo:
Malheiros Editores, 2008.
www.licitacao.com.br. Site acessado em 25 de novembro de 2009.
71
www.niteroi.rj.gov.br. Site acessado em 14 de setembro de 2009.
www.nominuto.com . Site acessado em 25 de novembro de 2009.
72
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Conceito 09
CAPÍTULO II - Breve Histórico 12
CAPÍTULO III – Tipos e Modalidades 14
3.1 – Fases da licitação 30
3.2 – Habilitação 37
3.3 – Micro e Pequenas Empresas 47
CAPÍTULO IV – Legislação 49
4.1 - Exceções e Inexigibilidade 51
4.2 – Divulgação 61
CONCLUSÃO 63
ANEXOS 64
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 70
ÍNDICE 72
73
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: