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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUIÇÃO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU JOGOS E BRINCADEIRA: “SUA IMPORTÂNCIA E INFLUÊNCIA NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL” MARISA GAMA DA SILVA DE SOUZA ORIENTADOR: PROF. DR. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO RIO DE JANEIRO

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUIÇÃO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO

LATO-SENSU

JOGOS E BRINCADEIRA:

“SUA IMPORTÂNCIA E INFLUÊNCIA NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

INFANTIL”

MARISA GAMA DA SILVA DE SOUZA

ORIENTADOR: PROF. DR. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO

RIO DE JANEIRO

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Universidade Candido Mendes

Instituição A Vez do Mestre

Pós – Graduação

Lato- Sensu

Jogos e Brincadeira:

“Sua importância e influência na história da educação infantil”

Monografia apresentado junto ao curso de psicopedagogia da

universidade Candido Mendes na área da pedagogia com o requisito

parcial de conclusão da pós-graduação.

Rio de Janeiro

2010

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que faz os meus sonhos entrar no meu intimo, antes mesmo

que eu possa experimentá-los na realidade.

Ao meu orientador que tornou possível a concretização desse trabalho.

A minha família: esposo e filhos pela paciência e compreensão para

comigo.

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DEDICATÓRIA:

À, Deus meu criador.

A minha mãe, Irene, que me deu a vida.

A, João Batista, esposo e companheiro de todos os

momentos.

Aos meus filhos Jonatha e Lyncoln, motivo pelos quais me esforço-me na

formação acadêmica, para que eu seja excelência de exemplo.

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RESUMO

“Somos os únicos seres que, social e

historicamente nos tornamos capazes de aprender.”

Paulo Freire

Quando a espécie humana surge, nasce com ela, o jogo, uma

necessidade para o seu desenvolvimento intelectual.

Os jogos do decorrer dos tempos passam por altos e baixos na sua

própria historicidade. É destinado ao aprendizado das letras, após algum tempo

é pregado como uma prática deleitosa que levava à prostituição e embriaguez.

Apesar de todos dificuldade históricas, os jogos proliferam pelo mundo. É no

renascimento que perde o caráter de ilegalidade e passa a ser visto como

diversão.

No romantismo, ao separar o mundo adulto do mundo infantil, surge à

relação entre o jogo e a educação e ao diferenciar a atividade da brincadeira,

cria-se a imagem da criança que brincar.

O jogo é um estimulante que permite o desenvolvimento afetivo, motor

cognitivo moral e conceitual, do qual através do mesmo a criança faz

experimentações faz descobertas, aperfeiçoa suas habilidades.

O Jogo é o facilitador da aprendizagem esse trabalho destina-se aos

jogos (atividades lúdicas) como uma proposta de caráter bibliográfico e esta

dividida em três capítulos destinados a historia dos jogos, sua importância,

teorias e realizações de jogos como intervenção a aprendizagem.

Piaget diz que a atividade lúdica e indispensável a pratica educativa,

Vygotsk afirma que a brincadeira e o jogo e uma atividade especifica da

infância.

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Embalsado nas teorias desses dois pensadores, valorizarem-se as

intervenções problemas de aprendizagem, visando à importância dos jogos na

educação infantil.

As dimensões educativas da brincadeira do jogo são formas ricas e

poderosas de estimulação a atividade construtiva da criança e devera

encontrar maior espaço para ser entendido como educação, na medida em que

os educadores compreendam melhor toda sua capacidade potencial de

contribuição para o desenvolvimento da aprendizagem. No processo desse

desenvolvimento e de grande importância o papel do educador, pois e ele

quem cria os espaços, disponibiliza os matérias, participa das brincadeiras, ou

seja, e o medidor da construção do conhecimento.

Segundo Almeida (1992) é necessário que o educador se conscientiza

de que ao desenvolver o conteúdo programático, por intermédio do ato de

brincar, não significa que está ocorrendo um descaso ou desleixo com a

aprendizagem do conteúdo formal.

Ao contrario, o educador estará trabalhando construção de

conhecimento, respeitando o estagio do desenvolvimento no qual a criança se

encontra e de uma forma agradável e significativa.

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METODOLOGIA

Para concretizar esse trabalho, que se trata de uma pesquisa

bibliográfica, foi revisto bibliografias de autores de autores como Kishimoto e

Almeida.Tentar definir o jogo não é tarefa fácil.Quando se pronúncia a palavra

jogo cada um pode entendê-la de modo diferente, Como por exemplo pode se

estar falando de jogos de adultos, jogos de animais, políticos, jogos de crianças

e ou uma infinidade de outros jogos.

Kishimoto (1994), diz que o jogo é uma proposta para a educação de

crianças com base nos mesmos e nas linguagens artísticas, vê o jogo como o

início da vida humana.

A ludicidade e a aprendizagem têm que serem consideradas como

ações com objetivos distintos.

Almeida (2003), diz que educar ludicamente tem um significado muito

profundo e está presente em todos os segmentos da vida. Essa proposta é

uma contribuição para a melhoria do ensino, Quer para redefinir valores ou

para melhorar o relacionamento e ajustamento das pessoas na sociedade.

A importância do processo lúdico na educação das crianças foi frisada

por teóricos, entre tantos, foi utilizado às teorias de Piaget e Vygotsk que

também contribuíram na realização deste trabalho. Para Piaget, os jogos

tornam-se mais significativo à medida que a criança se desenvolve a partir da

livre manipulação de materiais variados, ela passa a reconstrução dos mesmos

e a reinventar, que consiste numa síntese progressiva da assimilação com a

acomodação. Já Vygotsk (1998), diferentemente de Piaget, considera que o

desenvolvimento ocorre ao longo da vida. Ele não estabelece o aprendizado

por fases como Piaget, a criança para Vygotsk é interativo.

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SUMÁRIO

Introdução..........................................................................................................09

Capítulo I – A origem dos jogos.........................................................................11

1.1 A importância dos jogos, segundo alguns teóricos.................................15

Capitulo II – A importância dos jogos na educação infantil...............................21

Capitulo III – O jogo como instrumento psicopedagogico..................................27

3.1 Jogos para alfabetização..........................................................................31

Considerações Finais........................................................................................34

Bibliografia.........................................................................................................36

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INTRODUÇÃO

O tema deste estudo é a Importância e influência do lúdico na educação

infantil, como questão central: Qual é o verdadeiro papel dos jogos e

brincadeira na ótica da psicopedagogia, pois o trabalho desenvolvido, na

educação infantil ainda é um desafio na atualidade.

As atividades lúdicas infantis são muito variadas e a maioria delas está

intimamente ligada às brincadeiras difundidas pela família, pelos grupos de

crianças da comunidade na qual está inserida, de colegas da escola, e também

por influências contemporâneas que colocam em evidências este ou aquele

brinquedo. Este trabalho tenciona alcançar a realização da atividade docente,

favorecendo uma melhor qualidade de trabalho pedagógico, na qual se crie

condições adversas como se conhecem, se descobrirem e ressignifiquem

novos sentimentos, idéias, valores etc. Tendo por objetivos a compreensão e

valorização dos jogos e atividades lúdicas, o desenvolvimento de estudos

sobre situações lúdicas que ofereçam às crianças a estimulação necessária

para a aprendizagem.

Atualmente, no campo da psicopedagogia, tem suscitado muitas

pesquisas quanto ao jogo, tanto na educação infantil quanto a necessidade da

continuidade dos mesmos.

Vale lembrar que a história dos jogos vem desde o surgimento da

espécie humana, que nasceu com uma necessidade vital para o seu processo

intelectual: o próprio jogo da vida. A importância do jogo como canal da

educação com a criança surge a partir do século XVIII entre os Gregos e

Romanos que já falavam dessa ligação, introduzindo–se assim nas instituições

escolares a partir de então.

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É preciso dizer que a brincadeira acontece onde quer que a criança se

encontre, independente do local. Basta um pequeno estímulo para que a sua

imaginação a leve para um mundo repleto de criatividade e movimento,

expressando o Seu interior. O ser humano por natureza é afetivo, expressivo e

relacional, porém muitas vezes essas qualidades são bloqueadas por algum

motivo.

Nesta abordagem do processo educativo a afetividade ganha destaque,

pois se acredita que a interação afetiva ajuda mais a compreender e modificar

as pessoas do que um raciocínio brilhante, repassado mecanicamente. Está

idéia, cada vez mais, ganha adeptos ao enfocar as atividades lúdicas no

processo do desenvolvimento humano.

O jogo, o brincar proporciona interações sócio-educativas e afetivas

entre o professor e o educando. Não se deve olhar a ludicidade e a

aprendizagem como ações com objetivos distintos.O jogo e a brincadeira são

por si só uma solução para a aprendizagem, através deles a criança age como

se fosse maior que a realidade, e isto, inegavelmente, contribuem de forma

especial para o desenvolvimento da aprendizagem satisfazendo suas

necessidades básicas.

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CAPÍTULO I – A ORIGEM DOS JOGOS

Junto com o nascimento da espécie humana. Nasceu uma necessidade

vital para o seu crescimento intelectual: O jogo.

Somos seres históricos, nada escapa à dimensão do tempo, de geração

a geração assimilamos a herança cultural dos nossos antepassados e

estabelecemos projetos de mudanças.

Manuscritos milenares falam dos jogos praticados em todas as regiões

do planeta. Dificilmente poderá se fazer um sumário quantos a origem do

primeiro jogo surgido no mundo. Existem grandes controvérsias a respeito de

qual foi o primeiro jogo, contudo adeptos da teoria darwiniana afirmam que foi

um jogo chamado de jogo da evolução, praticado pelos Neandertal, outros

pesquisadores, de doutrina religiosa, em contrapartida veementemente

afirmam que o primeiro jogo foi inventado por adão.

Os primeiros estudos, em relação ao jogo advêm do século XVI e foram

realizados na Grécia e em Roma, que já falavam da importância do jogo,

destinados ao aprendizado das letras, que cresceu com o aparecimento do

cristianismo, que visava uma educação e obediência. Durante muito tempo a

partir daí, o ato de jogar passou a ser praticado apenas castas mais baixa da

humanidade, ainda assim secretamente, pois os jogos passaram a serem

vistos como delituosos, que levavam a prostituição e a embriaguez.

Entre os maiores jogadores da historia da humanidade destacaram-se

nomes como Joana D’arc, Rei Arthur (que construiu uma mesa redonda

enorme para receber seus amigos para jogar, Jeseu que inventou os jogos de

labirintos e outros.

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A historicidade dos jogos prosseguiu tendo seus períodos de altos e

baixos. Apesar de todas as dificuldades, os jogos proliferam pelo mundo e com

a chegada das grandes navegações as culturas se encontraram e trocaram

informações as culturas de encontraram e trocaram informações as culturas se

encontraram e trocaram informações. Aqui no Brasil apesar do gravíssimo erro

histórico que atribuiu a descoberta de nosso país aos portugueses. Antigos

documentos encontrados em escavações dão conta de que outros povos já

visitavam regularmente o país, trazendo pra cá inúmeros jogos, na maioria das

vezes ilegais, (Acredito que a fama da pirataria brasileira comece a parti daí)

Termos como jogos, brinquedo e brincadeira ainda são empregados de forma

indistinta demonstrando um nível baixo de conceituação deste campo.

É no renascimento que de fato o jogo perde esse caráter de ilegalidade,

reprovação e entra no cotidiano da humanidade como diversão.

A palavra jogo, do latim “incus” quer dizer diversão, brincadeira. Nos

dicionários da língua portuguesa, as definições mais gerais encontradas são:

brincadeira, divertimento, distração e passatempo.

A relação entre o jogo e a educação sempre desperta a atenção de

pensadores desde os mais remotos tempos da humanidade relacionadas à

criança e a educação o jogo é considerado como uma importante atividade na

educação.

Em tempos passados o jogo foi tido como inútil, ilegal, coisas não sérias.

Já nos tempos do romantismo, o jogo aparece como algo sério e destinado a

educar a criança.

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Uma vez que pode permitir o desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo

moral e conceitual, pois jogando a criança experimenta, descobre, inventa,

exercita e confere as suas habilidades, cada contexto social constrói ema

imagem de jogo conforme seus valores e modo de vida que se expressa por

meio da linguagem.

Um sistema de regras permite identificar em qualquer jogo, uma

estrutura seqüencial que especifica sua modalidade, quando alguém joga, esta

executando as regras do jogo e, ao mesmo tempo, desenvolvendo uma

atividade lúdica. O jogo estimula a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança

proporcionando aprendizagem no desenvolvimento da linguagem, do

pensamento e da concentração da atenção sendo indispensável para a saúde

física, emocional e intelectual da criança.

Embasado nesse conhecimento adquirido pode se afirmar que o jogo foi

considerado ilegal. Durante a idade media por sua associação aos jogos de

azar, bastante divulgados na época.

Já no renascimento o jogo é tido como conduta livre que favorece o

desenvolvimento da inteligência e é facilitador do estudo, ou seja. O jogo torna-

se forma adequada para a aprendizagem, o jogo é um instrumento de

desenvolvimento da linguagem e do imaginário.

A criança adotada de valor positivo, de natureza boa. Espontaneidade

por meio expressivos através dos jogos, faz surgir dentro do quadro do

romantismo o jogo como conduta típica e espontânea da criança.

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A introdução à brincadeira em seu contexto histórico infantil inicia-se

com a criação dos jardins de infâncias, surgindo da proposta de Froebel (1782-

1852 – Primeiro filosofo a ver o uso de jogos para educar crianças pré-

escolares) que considera que a criança desperta suas faculdades próprias

mediante estímulos. Esta proposta influenciou a educação infantil de todo o

mundo.

Com o aparecimento da companhia de Jesus (Organização religiosa que

se inspirou em moldes militares, em prol do catolicismo utilizaram o processo

educacional como sua arma), o jogo educativo passou a ser um instrumento

como auxilio a aprendizagem.

Kishimoto (Apud Spock e Saracho, 1990) comenta que os Estados

Unidos serviu como modelo inicial paa a grande maioria dos países

missionários cristãos protestantes disseminavam o jardim froebelino em muitos

países asiáticos e latino-americanos.

Nos Estados Unidos, a literatura mais recente surgiria que os programas

froebelianos buscassem enfatizar o brincar supervisionado, encorajando o

uniformidade e o controle nos estabelecimentos destinados a crianças pobres e

o brincar livre à crianças de elite. Predominaram crenças a cerca da diferença

de necessidades de crianças pobres e de elite, de que as crianças aprendem

melhor por meio do brincar, mas rejeita-se a noção do brincar não

supervisionado como educação. Essa interpretação fortalece a perspectiva do

jogo educativo, do brincar orientado, visando à aquisição de conteúdos

escolares.

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1.1 O JOGO NA CONCEPÇÃO DE ALGUNS TEÓRICOS

Brincar e parte integrante da vida social e é um processo interpretativo

com uma textura complexa, onde fazer realidade requer negociações do

significado, conduzido pelo corpo e pela linguagem.

(Ferreira, 2004, p.84)

O surgimento de novas concepções sobre como se da o conhecimento

tem possibilitado outras formas de considerar o papel do jogo no ensino.

(Kishimoto, 2009).

No século XIX, nas suas ultimas décadas viu-se nascer Rudolf Stuner,

Freinet, Maria Montessori, Piaget e Vygotsky pensadores em cujas teorias,

pesquisas e praticas criaram-se as bases das metodologias educacionais em

prática atualmente.

Sem dúvida e em Piaget que encontramos as bases de estudos para o

entendimento da forma e compreensão e raciocínio da criança, já a importância

de Vygotsky só não pode ser comparável pela quantidade menor de sua

produção científica, devido ao seu lamentável curto período de vida. Como já

se sabe esses dois estudiosos trazem grandes divergências e grandes

convergências.

Não se pode deixar de citar que de fato, suas contribuições são

imensuráveis no campo da psicopedagogia que tem como objeto de estudar a

aprendizagem humana.

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O jogo na concepção de Piaget (1896 - 1980)

Para Piaget (1978), a origem das manifestações lúdicas acompanha o

desenvolvimento da inteligência vinculando-se aos estágios do

desenvolvimento cognitivo. Cada etapa do desenvolvimento está relacionada a

um tipo de atividade lúdica que se sucede de forma igual aos indivíduos, outro

conceito essencial da teoria piagetiana sobre jogo é seu relacionamento com o

processo de adaptação, que implica os processes complementares a

assimilação e a acomodação.

Este conceito se evidencia na atividade lúdica infantil à medida que as

crianças, ao jogarem, assimilam novas informações e acomodam-nas às suas

estruturas mentais. A brincadeira não recebe uma conceituação específica.

Entendida como ação assimiladora, a brincadeira aparece como forma

de expressão da conduta, dotada de características metafóricas como

espontânea e prazerosa. Ao colocar a brincadeira dentro do conteúdo da

inteligência e não na estrutura cognitiva. Piaget distingue a construção de

estruturas mentas aquisição de conhecimentos. A brincadeira, enquanto

processo assimilativa, participa do conteúdo da inteligência, à semelhança da

aprendizagem. (Kishimoto, 2009)

A assimilação se caracteriza como o processo pelo qual a criança,

quando se depara com determinados problemas de mundo externo, utiliza,

para resolvê-los estruturas mentais já existentes, por sua vez a acomodação e

o processo pelo qual a criança, quando se depara com problema e não

consegue resolver com as estruturas existentes, modifica-as.

Piaget acredita que os jogos são essenciais na vida da criança.

Piaget (1978). Identifica três grandes tipos de estruturas mentais que surgem

sucessivamente na evolução do brincar infantil: O exercício, o símbolo e a

regras

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O jogo de exercício é aquele em que a criança repete uma determinada

situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos, ou seja, representa a

forma inicial do jogo na criança e caracteriza o período sensório-motor do

desenvolvimento cognitivo. Manifesta-se na faixa etária de zero a dois anos e

acompanha o ser humano durante toda a sua existência, da infância à idade

adulta.

Alves (2001) analisando o jogo no processo de aprendizagem, diz que a

inteligência gosta de brincar e que é brincando que se aprende. Para ele, a

brincadeira é Tonico para a inteligência (Aguiar, 1996).

O jogo de exercícios não supõe o pensamento nem qualquer estrutura

representativa especificamente lúdica. Consiste na repetição de ações, com o

único objetivo de satisfazer a necessidade de alcançar um objetivo, de realizar

um movimento, de ultrapassar obstáculos. É um exercício que só termina com

a satisfação plena do fim perseguido de natureza sensório-motora.

De acordo com Piaget (1978). O jogo simbólico tem inicio com o

aparecimento da função simbólica, no final do segundo ano de vida, quando a

criança entra na etapa pré-operatória do desenvolvimento cognitivo. Um dos

marcos da função simbólica é a habilidade de estabelecer a diferença entre

alguma coisa usada como símbolo e o que ela representa seu significado.

Sendo assim, concebendo a estrutura do símbolo como instrumento de

assimilação lúdica, Piaget observa que durante o desenvolvimento da criança,

surgem novos e diversos símbolos lúdicos que determinam à evolução do jogo

simbólico.

O jogo simbólico será, por conseguinte um jogo em que a criança faz de

conta que é outrem, ou se imagina numa qualquer situação, ou atribui uma

nova função a um objeto.

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Para Piaget (1978), o jogo de regras constitui-se os jogos do ser

socializado e se manifestam quando, por volta dos 4 anos, acontece um

declínio nos jogos simbólicos e a criança começa a se interessar pelas regras,

mas é só a parti dos 6,7 anos, que a criança se consegue submeter

verdadeiramente à regra.

O jogo das regras é uma das formas e adaptação progressiva da criança

à vida em sociedade, marcando a passagem do jogo infantil para o jogo adulto.

As regras conferem legitimidade ao jogo, inserindo, na competição, uma

disciplina coletiva e uma moral de honra.

“jogar e pensar”, diz Piaget.

O jogo na concepção de Vygotsky (1896 - 1934)

Vygotsky (1999) estabelece uma relação estreita entre o jogo e a

aprendizagem, atribuindo-lhe uma grande importância. Para que possamos

melhor compreender essa importância e necessário que recordemos algumas

idéias de sua teoria do desenvolvimento cognitivo. A principal é que o

desenvolvimento cognitivo resulta da interação entre a criança e as pessoas

com quem mantém contato constante. Convém lembrar também que o principal

conceito da teoria de Vygotsky é o zona de desenvolvimento proximal, que se

define como diferença entre o desenvolvimento atual da criança e o nível que

atinge quando resolve problemas com auxilio, o que leva à conseqüência de

que as crianças podem fazer mais do que conseguem fazer por si só.

Conforme Vygotsky, não é todo jogo da criança que possibilita a criação

de uma zona de desenvolvimento proximal, do mesmo modo que nem todo o

ensino o consegue; porém, no jogo simbólico, normalmente, as condições para

que ela se estabeleça estão presentes, haja vista que nesse jogo estão

presentes uma situação imaginária e a sujeição a certas regras de conduta.

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Sendo assim o teórico, afirma que as regras são partes integrantes do

jogo simbólico, embora, não tenham o caráter de antecipação e sistematização

como nos jogos habitualmente regrados. Ao desenvolver um jogo simbólico a

criança ensaia comportamentos e papéis, projeta-se em atividades dos adultos,

ensaia atitudes, valores, hábitos e situações para os quais não está preparada

na vida real.

Vygotsky, também detecta no jogo outro elemento a que atribui grande

importância: o papel da imaginação que coloca em estreita relação com a

atividade criadora. Ele afirma que os processos de criação são observáveis

principalmente no jogo da criança, porque no jogo ela representa e produz

muito mais do que aquilo que viu.

Na visão, sócio-histórico de Vygotsky, a brincadeira, o jogo, é uma

atividade especifica da infância, em que a criança recria a realidade usando

sistemas simbólicos.

Essa e uma atividade social, com contexto cultural e social.

A noção de zona proximal de desenvolvimento interliga-se, portanto, de

maneira muito forte, à sensibilidade do professor em relação às necessidades e

capacidades da criança e à sua aptidão para utilizar para o que não sabe.

Assim sendo, as brincadeiras que são oferecidas à criança devem estar

de acordo com a zona de desenvolvimento em que ela se encontra, desta

forma, pode-se perceber a importância do professor conhecer a teoria de

Vygotsky.

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Analisando as teorias desses pensadores em relação ao jogo; conclui-se

que o aprendizado é conhecimento proveniente das relações interpessoais.

Mas o significativo é que ambos os pensadores reconhecem o papel ativo da

criança na construção do conhecimento e que o brincar é fundamental no

desenvolvimento da criança.

Segundo Piaget, os jogos não são apenas uma forma de desafogo ou

entretimento para gastar energia das crianças, mas meios que favorecem e

enriquecem esse conhecimento. Por isso, os métodos ativos de educação das

crianças exigem a todos que se forneça às crianças um material conveniente, a

fim de que, ao jogar, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais e que,

sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil.

Já Vigotsky, diferentemente de Piaget, considera que o desenvolvimento

ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são

construídas ao longo dela Vygotsky não estabelece fases para explicar o

desenvolvimento como Piaget e para ele o sujeito não é ativo nem passivo: é

interativo.

Piaget diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades

intelectuais da criança sendo por isso, indispensável à pratica educativa

(Aguiar, 1977,58).

Na visão sócio-histórica de Vygotsky, a brincadeira, o jogo, é uma

atividade especifica da infância, em que a criança recreia a realidade usando

sistemas simbólicos.

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CAPITÚLO II – A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFALTIL

O trabalho desenvolvido com crianças de educação infantil é um desafio

na atualidade, mas, não se pode deixar de citar que o sujeito desse trabalho

nem sempre foi considerado como o é hoje. A criança em tempos atrás não

tinha existência social, era considerada miniatura do adulto, ou quase adulto, e

ate miniatura do adulto tinha um valor relativo; nas classes altas era educada

para o futuro, já nas classes baixas esse valor surgia quando ela podia ser útil

ao trabalho e assim colabora com a renda familiar, e assim também foram os

jogos e brincadeiras, como já visto no primeiro capitulo cheio de altos e baixas

foram considerados fúteis e tinham apenas objetivos recreativos e de distração.

A partir da compreensão dessa criança como sujeito especial, como

especificidade, características e necessidades próprias, de direitos e da

educação infantil como etapa da educação básica, algumas idéias que dão

suporte às praticas com essas crianças vêm sendo questionadas e

transformadas.

No final do século XX a constituição de 1988 e a LDB 1996, garantem o

direito das crianças à educação infantil.

Surge a partir daí a preocupação com a qualidade do trabalho neste

segmento. A educação infantil passa a ser considerada como a etapa da

educação como lugar de construção da identidade e da autonomia, que estão

relacionados com os processos de socialização, baseados em relacionamentos

seguros e aconchegos, que também deve ser focada nos desenvolvimentos da

ética e da estética.

Portanto, a partir dessas perspectivas novas, o trabalho na educação

infantil passa a focalizar à própria criança em seu desenvolvimento presente,

nas relações dela com o outro e com a sua realidade cultural.

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O trabalho na instituição de educação infantil pode e deve aprender um

trabalho no qual se criem condições para as crianças se conhecerem,

descobrirem, ressignificarem novos valores, sentimentos, idéias, etc.

O ato de brincar evolui, altera-se de acordo com os interesses próprios e

da faixa etária, conforme as necessidades de cada criança e também com os

valores da sociedade a qual pertence.

O que é brincar?

Brincar é uma proposta criativa e recreativa de caráter físico e mental,

desenvolvida “espontaneamente”, cuja evolução e definida e o final nem

sempre prevista. Quando sujeita regras estas são simples e flexíveis e o seu

maior objetivo é a pratica da atividade em si.

O brincar faz com que a criança desenvolva sua imaginação, reproduza

suas vivencias “entenda o mundo”, mas, para isso se faz necessário um

ambiente rico de possibilidades.

Pode se observar que brincar não significa apenas recrear, ao vermos a

interação que há do bebê com seus familiares, através das brincadeiras, que

decorrem no dia-a-dia de uma família, vemos que muito mais do que uma

recreação o brincar é uma das formas mais complexas que a criança tem de

comunicar-se consigo mesmo e com o mundo.

O brincar que se inicia na comunidade de familiar, ou seja, as

brincadeiras tradicionais vêm sendo cada vez reconhecidas como fontes de

benefícios para o aprendizado das crianças, tanto por pais, edificadores e

psicopedagogos; tanto que, a programação vem incluindo atividades lúdicas à

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educação infantil e aos primeiros anos do ensino fundamental, (lúdico tudo

aquilo que diverte e entretém, seja em forma de atividades físicas ou mentais)

que vem comprovando que a inclusão do lúdico atesta sua importância no

processo cultural da criança.

Brincar e ser um direito fundamental de toda criança do planeta.

Existe uma pluralidade de ações lúdicas praticadas espontaneamente

pelas crianças, que contribuem para o seu desenvolvimento de habilidades

psicomotoras e cognitivas, a afetividade e laços de vínculos. O significado da

atividade lúdica esta ligado a vários aspectos: a prazer de brincar livremente; o

desenvolvimento físico; o controle da agressividade; a experimentação especial

em habilidades e papéis diversificados; a compreensão e incorporação de

conceitos; entre outros. Nas brincadeiras, a criança também experimenta

sentimentos diferentes, como: amor, confiança, união, respeito, solidariedade,

proteção, mas também pode sentir inveja, frustrações, rejeição, ansiedade e

outros. No ato e brincar há o incentivo à curiosidade, o estimulo às

descobertas, à competição, a uma interação simbólica do mundo do infantil e

do adulto, no qual a criança busca soluções, interage, manipula problemas,

descobre caminhos, coloca-se inteira, desenvolve-se como ser social ativo e

participativo de um processo crescente e saudável, que decorre no seu

cotidiano.

Fica difícil imaginar a infância sem seus sorrisos e suas brincadeiras

(hoje me alegrei ao ver crianças, correndo, pelas ruas, de crianças de bate-

bola).

Entenda-se que o sentido da vida de uma criança é a brincadeira e pelo

jogo e o brinquedo (objeto) que cresce a alma e a inteligência.

A criança que não sabe brincar será um adulto que não saberá pensar.

ao brincar a criança reproduz situações concretas pondo-se no papel dos

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adultos, isso reflete na atitude de imitação, pois tenta entender o seu

comportamento a brincadeira, o jogo e o movimento natural e espontâneo são

fatores fundamentais em toda e qualquer escola de educação infantil e

fundamental, uma vez que os mesmos contribuem e muito na educação e

formação geral do educado.

E através do lúdico que ela abandona o seu mundo de necessidades e

constrangimentos e se desenvolve, criando e adaptando-se a uma nova

realidade de personalidade. A infância é, portanto um período de aprendizagem

necessária à idade adulta.

Para a criança a brincadeira não é apenas um passatempo. Seus jogos

estão relacionados com um aprendizado fundamental, através das

brincadeiras, suas emoções constroem seu próprio conhecimento de mundo.

Por meio de jogos e brincadeiras ela cria uma série de indagações a

respeito da vida esses mesmos questionamentos, na fase adulta, ela voltara a

descobrir e ordenar através do raciocínio , ou seja, através da atividade lúdica

a criança flui liberdade e expressa sentimentos mediantes aos quais constrói a

realidade, desenvolve as possibilidades que emergem de sua estrutura

particular, concretiza as potencialidades virtuais que afloram sucessivamente à

superfície de seu ser, assimila-as e as desenvolvem, une-as e as combinem,

coordena seu ser e lhe dá vigor.

No jogo o desafio sempre existe. Há sempre um caráter novo e a

novidade é importante para despertar o interesse e a curiosidade já aguçada

na infância. Por isso o jogo é por excelência, integrador. À medida que se joga

a criança compreende mais e mais a realidade e se adapta espontaneamente a

ela. Enfim, a criança, através do jogo, constrói interiormente o seu mundo.

(Revista criança, 2002).

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Cabe ao adulto ajudar na construção da auto-estima infantil, fornecendo

à criança uma imagem positiva de si mesmo, aceitando-a e apoiando-a sempre

que for preciso.

Para Severino (1991) a auto-estima refere-se á capacidade que o

individuo tem de gostar de si mesmo, condição básica para sentir confiante,

amado, respeitado. Essa capacidade faz-se a parti de um longo processo, que

tem sua origem na infância.

“... é preciso que os profissionais de educação infantil tenham acesso ao

conhecimento produzido na área da educação infantil e da cultura em geral,

para repensarem sua prática, se reconstruírem enquanto cidadãos e atuarem

enquanto sujeitos da produção de conhecimento. E para que possam, mais do

que “implantar” currículos ou “aplicar” propostas à realidade da creche/pré-

escola em que atuam, efetivamente participa da sua concepção, construção e

consolidação ”. (Kramer apud MEC/SEF/COEDI. 1996 p.19).

A pesar de o jogo ser uma atividade espontânea nas crianças, isso

não significa que o professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ela,

inclusive, uma atitude de a observação que lhe permitira conhecer muito sobre

as crianças com que trabalha.

“os professores podem guiá-las proporcionando-lhes os materiais

apropriados mais o essencial é que, para que uma criança entenda, deve

construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma

criança estamos impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado,

aquilo que permitimos que descubra por si mesma, permanecera com ela. ”

(Jean Piaget).

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Uma das tarefas mais importantes do profissional da educação infantil é

a criação de espaços e tempos para os jogos, que devem ser organizados de

modo a permitir as diferentes formas de jogar.

O professor precisa estar atento à idade e às capacidades de seus

alunos para selecionar e deixar à disposição matérias adequados. O material

deve ser suficiente tanto quanto à quantidade, como pela diversidade, pelo

interesse que desperta pelo material de que são feitos. Lembrando sempre da

importância de respeitar e propiciar elementos que favoreçam a criatividade

das crianças.

As atividades lúdicas devem ser encorajadas pelo educador/ professor

de uma forma prazerosa que faz surgir vínculos e interessar-se pelas

atividades, incentivando as crianças, ou seja, deve contemplar a brincadeira

como principio norteador das atividades didático - pedagógicas, possibilitando

às manifestações corporais encontrarem significado pela ludicidade presente

na relação que as crianças mantêm como o mundo.

O brincar é facilitador do crescimento e, em conseqüência disto promove

o desenvolvimento.

Sabe-se que a criança que não brinca não se constituirá de maneira

saudável, terá prejuízos no seu desenvolvimento motor e sócio/afetivo.

Possivelmente tornara-se uma criança apática diante de situações-problemas

que proporcionam o raciocínio lógico, a interação, a atenção.

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CAPITULO III – O JOGO COMO INSTRUMENTO PSICOPEDAGOGICO

No âmbito da psicopedagogia, o jogo é utilizado para que a criança

possa explicitar suas experiências sejam elas boas ou mai, que incidem como

obstáculos a aprendizagem.

A intervenção psicopedagogica tem-se mostrado de grande valia no que

diz respeito à incursão da criança em um meio sociocultural, propulsionando

condições mais tranqüilas para o aprendizado.

É muito importante o vinculo do psicopedagogico, no jogo da criança, e

que ele possa jogar, sem que perca de vista o processo da aprendizagem. No

jogo o saber se constrói fazendo próprio o conhecimento que e do outro,

reconstruindo sabores.

O objetivo lúdico tem por finalidade despertar estruturas cognitivas:

atenção, memória, concentração. Criatividade entre outros aspectos. Trabalho

começa pelo jogo e vai desenvolvendo outros jogos que, de certa forma, atuam

como facilitador da aprendizagem. O interesse pela leitura é um dos pontos

cruciais nesse trabalho, o não ler significa o não falar, o não se expressas,

sendo assim, através do jogo (atividades lúdicas) pode-se perceber

dificuldades motoras, individuais e afetivas, de forma individual na criança.

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Pensar a importância do brincar nos remete as mais diversas

abordagens existentes, tais como a cultura, que analisa o jogo como expressão

da cultura, especificamente a infantil; a educacional, que analisa a contribuição

do jogo para a educação, desenvolvimento e aprendizagem da criança e a

psicologia que vê o jogo como uma forma de compreender melhor a

funcionamento da psique dos indivíduos (revista Criança, 2002).

Sabe-se que em cada um desses enfoques há varias formas de

classificar e analisar as atividades lúdicas.

(...) “o objetivo de estudo da psicopedagogia deve ser entendido a partir

de dois enfoques: preventivo e terapêutico. (...) seu objeto de estudo é a

pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e as alterações de

tais processos. Focaliza as possibilidades do aprender, num sentido amplo.”

(GOLBERT apud bossa, 2000, p.20).

O jogo proporciona interações socioculturais, é um instrumento que

desperta interesse e motivação, durante uma atividade psicopedagogica que

permite o desenvolvimento do raciocínio lógico a construção do pensamento e

de conceitos e a autonomia. A valorização do lúdico como mediador da

aprendizagem é um elemento de grande importância para se repensar as

praticas pedagógicas. Segundo Kishimoto (2009, p.110).

Pode-se afirmar que o jogo e de fundamental importância na nossa

inserção no mundo.

Daí fica mais fácil analisarmos as idéias de Piaget e Vygotsky.

As estruturas propostas por Piaget, a classificação dos jogos de

exercício, simbólicos e de regras são fundamentais para que possamos

entender o desenvolvimento. Permitem ao psicopedagogo uma possibilidade

de intervenção dentro de faixas etárias, permitindo o uso de jogos da forma

mais racional possível.

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De Vygotsky aprendemos que a pratica psicopedagogica adequada e

não somente deixar as crianças brincarem, mas, fundamentalmente ajudá-las a

brincar, brincar com as crianças e ate mesmo ensiná-las a brincar, pois brincar

co crianças não é perder tempo, é ganha-la, o psicopedagogo, atua como

organizador do ambiente ao oferecer o que é adequado a crianças nesse

sentido é necessário termos a atuação as duas modalidades de brincadeiras a

saudável e a patológica. A criança que repete pode estar querendo interiorizar

um esquema de ação, automatizar um mecanismo, a criança que escolhe

sempre a mesma coisa, não demonstra expectativa; essa repetição esta a

serviço não de interiorizar um novo esquema, uma vez que não esta

conseguindo enfrentar uma situação nova. Para o psicopedagogo, o brincar

serve como um meio de desvendar conflitos; mostrar se aquele comportamento

da criança frente o brinquedo é saudável ou patológico e o uso que se pode

fazer disso.

O psicopedagogo pode oferecer possibilidades que minimizem os traços

patológicos às crianças, todavia, deve sempre propor atividades que tenha

condições de realizar. O profissional poderá identificar e compreender a

modalidade de aprendizagem através de jogos (do brincar). O brincar se

destaca para revelar os esquemas que a criança usa para organizar as

brincadeiras são os mesmos que usa para lidar com o conhecimento. Nessa

perspectiva, e fundamental esse entendimento para que o psicopedagogo

possa identificar e intervir positivamente nas dificuldades existentes da criança.

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A prática da psicopedagogia se aplica a aprendizagem humana, seja ela

de caráter individual, grupal ou institucional. Não podemos nos esquecer que a

aprendizagem se inicia desde o primeiro contato do sujeito com o mundo

externo e se perpetua por toda a vida, portanto tem que se levar em conta os

acontecimentos desde a infância a vida adulta, o que nos obriga a considerar a

aprendizagem”ad eterno”. Estamos falando, portanto, de um sujeito, cuja

subjetividade e marcada e constituída sob uma ótica que abrange as influencia

histórico-culturais e, portanto, as mudanças oriundas de varias gerações.

Embora existam muitos conceitos acerca do que é a psicopedagogia, é

preciso que haja clareza no que tange a sua definição e principalmente a sua

prática, a fim de que se conferir uma situação pertinente e efetiva, já que esta é

uma “ciência” que atua na prevenção, analise clinica e na intervenção

psicopedagoga.

Para que haja uma intervenção psicopedagogia adequada é necessário

que seja um diagnostico psicopedagogico e para tal, e fundamental o “olhar

clinico” com o intuito de verificar e compreender qual o sintoma apresentado

pelo sujeito e então, através dessa analise clinica, elaborar o diagnostico

psicopedagogico com o intuito de averiguar as dificuldades de aprendizagem

apresentadas, a fim de descobrir as causas que geraram o sintoma, lembrando

que o sintoma se caracteriza pela manifestação de um conflito, de problemas,

ou até mesmo, muitas vezes, por uma somarização, que denota um mal estar

psíquico.

Esse olhar psicopedagogico investigativo deve conhecer como a criança

pensa e aprende analisar esses processos ao longo da sua vida e buscar

reorganizá-los num novo momento e numa participação mais ativa e interativa

da mesma.

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Froebel dizia que “o jogo é o espelho da vida e o suporte da

aprendizagem”. Ele criou matérias diversas, que conferiram ao jogo uma

dimensão educativa.

Apesar de toda a historicidade aos jogos educativos, atualmente há uma

infindável quantidade de jogos didáticos.

Há uma grande responsabilidade ao planejar e selecionar as atividades

lúdicas, para isso e bom levar em conta quanto critérios: o valor da

estruturação e o valor lúdico prazeroso devem ser conciliados com as

aprendizagens que se desejam alcançar.

3.1 JOGOS PARA ALFABETIZAÇÃO

• Pescaria das letras

Montar vários peixes contendo as letras do alfabeto e simular um lago com

uma caixa de papelão para que os alunos pequem as letras do alfabeto .A

cada pescaria, deve-se dizer o nome da letra e de uma palavra iniciada pela

mesma.

• Jogo de boliche do alfabeto

Montar com garrafas descartáveis (pet), latinhas ou boliche (brinquedo

comercializado), recortar as letras do alfabeto e colar na garrafa.Fazer uma

bola de meia para que os alunos possam jogar.A cada garrafa derrubada, o

aluno deverá falar uma palavra iniciada pela letra correspondente.

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• Trilho do alfabeto

Montar uma trilha grande com as letras do alfabeto. Providenciar um dado e

marcadores para todos os jogadores. O aluno joga o dado anda o número de

casas fazendo a leitura e na casa que parar, deverá falar (ou escrever) uma

palavra com a letra correspondente.

Almeida (2003) É importante relembrar que esses jogos não são fins,

mas meios que completam e devem ser somados ao trabalho do educador.

Não são receitas, mas sugestões que adequadas às realidades, ao contexto

aplicadas com correção, podem contribuir eficazmente para o desenvolvimento

das funções cognitivas, lingüística, sociais e culturais e contribuir para auxiliar

na interiorização de inúmeros conhecimentos.

• Vareta sábia (Almeida, p.132 )

Objetivo: desenvolver o raciocínio, a agilidade motora e a comunicação oral.

Metas: Resolver exercícios, analisar itens, identificar nomes.

Formação dos alunos: Circulo ou semicírculo.

Funcionamento: Após a atividade apresentada, o professor entregará uma

vareta a um aluno do circulo. Dado o sinal, o aluno devera passar rapidamente

a vareta ao colega da direita, este ao seguinte e assim sucessivamente. Toda

vez que o professor repetir o sinal (pode ser um apito), quem estiver com a

vareta devera resolver a atividade.

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• Os imprevisíveis (Almeida, p. 153)

Objetivo: desenvolver o raciocínio, a memorização e a percepção auditiva.

Metas: Resolver exercícios e perguntas objetivas referentes a um conteúdo

dado.

Funcionamento: O mestre distribui uma bexiga a cada equipe. Dentro da

bexiga, um exer5cicio do assunto programado. Um jogador da equipe sopra a

bexiga até estourar. Então a equipe pega o exercício e o resolve.

Regras:

Tirar o exercício somente quando a bexiga estourar.

Todas as equipes deverão iniciar a atividade ao mesmo tempo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Jogos e brincadeiras são fundamentais no desenvolvimento da criança,

estes são inseridos na vida do individuo desde o seu nascimento, no contexto

social em que vive. A criança desenvolve-se pelas experiências sociais. O jogo

e as brincadeiras são atividades nas quais as crianças constituem-se em um

modo de assimilar e recrear a experiência sócio-cultural dos adultos.

Objetivando mostrar à supra importância e influência dos jogos e

brincadeiras na historia da educação infantil e sua fundamentação na

aprendizagem que se dá desde o primeiro contato da criança com o mundo e

se perpetua por toda a vida, nota-se que pela ótica da psicopedagogia, as

brincadeiras e jogos na escola estabelecem vínculos entre o adulto e a criança

e que esses vínculos influenciam, muito, lingüístico e motor as atividades

lúdicas também são relevantes e que na verdade, tomar consciência desse

processo requer mudanças em cada um de nos educadores, pais, pedagogos,

psicólogos e psicopedagogos, essas mudanças estão nas vivencias pessoais

para resgatar e incorporar o espírito lúdico em nossas vidas.

Conclui-se que para trabalhar com jogos e brincadeiras na educação

infantil é necessário que encontramos nos mesmos, prazer na atividade lúdica.

O jogo deverá encontrar maior espaço para ser entendimento como

educação e como forma rica e poderosa de estimular a atividade construtiva da

criança. Devemos redefinir e formular conceitos e pensar em termos

ressignificantes para a aprendizagem, dando mais ênfase a atividades que

ensinem a criança a pensar ou incentivá-la ao uso do pensamento como

procurar respostas para as questões suscitadas, instigar sua vontade de

aprender, desafiar sua inteligência, aproveitando suas idéias, seus

conhecimentos e os seus já existentes aprendizados cotidianos.

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Brincar e talvez um dos mais característicos atributos humanos. Para

muitos autores a atividade lúdica esta na origem da cultura humana. Mais que

na atividade o lúdico e uma atividade diante da vida. À medida que a criança se

integra ludicamente é necessário que os jogos e brincadeiras sejam vistos

como recurso metodológico de ensino e conceitos relevantes e o

desenvolvimento cotidiano.

“A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um

amigo, um guia, um animador, um líder alguém muito consciente e que se

preocupe com ela e que a faça pensar, tornar consciência de si, do mundo e

que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela uma nova historia e

uma sociedade melhor.”(Almeida, 1987, p.195)

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BIBLIOGRAFIA

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conceitos – Campinas, SP: Papirus, 2004.

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SP: Layola, 21 ª edição, 2003.

Benjamim, Walter - reflexões - SP: summus, 1984.

Chateau, Jean – O jogo e a criança tradução de Guido Almeida - SP:

Summus, 1987

Kshimoto, Yzuk M. – O brincar e suas teorias - SP: Pioneira, 2002.

Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação - SP: Cortez, 2009.

Piaget, Jean (1946), “A formação do símbolo na criança” – RJ: Zahar, 1978

Revista Criança. Do professor de educação infantil, “Brinquedos e infância”,

novembro, 2002. UNESCO.

Vygotsky, L.S.A, “A formação social da mente” - SP: Martins Fontes, 1984.

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WWW.jogos.antigos.nom.br/artigos.asp

WWW.coladaweb.com/pedagogia/jean.piaget

WWW.pucrs.br

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