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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES FACULDADE INTEGRADA AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU A PSICOPEDAGOGIA E AS INTERVENÇÕES NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Por: Marinalva Vicente Miranda Orientadora: Profª. Solange Monteiro RIO DE JANEIRO 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

FACULDADE INTEGRADA AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU

A PSICOPEDAGOGIA E AS INTERVENÇÕES NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Por: Marinalva Vicente Miranda

Orientadora: Profª. Solange Monteiro

RIO DE JANEIRO 2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

FACULDADE INTEGRADA AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU

A PSICOPEDAGOGIA E AS INTERVENÇÕES NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Psicopedagogia.

Por: Marinalva Vicente Miranda.

RIO DE JANEIRO

2014

Dedico este trabalho a minha querida filha

Thais que em todos os momentos esteve ao

meu lado, me ajudando e incentivando.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus Nosso criador, que com seu sopro divino fez acontecer à

existência humana, e assim olhou e olha por mim em todas as horas e sempre

me mostrou que eu seria capaz de vencer, principalmente por este momento

que tanto almejava: minha formação acadêmica.

A minha querida filha Thais por me motivar a prosseguir meus estudos e

ajudar-me nessa longa caminhada, com seu carinho e atenção.

A minha família pelo carinho e apoio dispensados em todos os momentos que

precisei.

A minha orientadora, professora Solange Monteiro, pelo ensinamento e

dedicação dispensados no auxilio a concretização dessa monografia.

“A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida.” Sêneca

RESUMO

A Psicopedagogia forma-se na justaposição de duas ciências: a

Psicologia e a Pedagogia, significando mais que a junção de duas palavras. É

uma ciência que estuda o processo de aprendizagem, sendo o seu objeto de

estudo o ser humano em processo de construção do conhecimento. O trabalho

do Psicopedagogo consiste em observar e avaliar a real necessidade da

instituição escolar para, então, assisti-la, constatar como a escola desenvolve o

processo ensino-aprendizagem e como a família atua como parceira no

complexo processo. Destacando a escola como co-responsável na formação

social, cognitiva e psicológica do aprendente, o trabalho do Psicopedagogo na

instituição escolar assume um caráter preventivo no sentido de proporcionar

competências e habilidades a fim de solucionar problemas, sejam eles

técnicos, sociais e outros. Por consequência das inúmeras dificuldades que

permeiam a escola que, por sua vez sente-se pressionada para atingir suas

metas, entra em cena o trabalho desse profissional que visa garantir o sucesso

do aluno, da escola e da família. O presente artigo torna-se relevante a partir

de questionamentos acerca das modernas concepções do que é aprender e

ensinar, e que versam sobre como os indivíduos constroem seus

conhecimentos por diversas formas, o objetivo é fazer uma abordagem sobre a

atuação e a importância do Psicopedagogo dentro de uma instituição escolar.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9

CAPÍTULO I

PRESSUPOSTO HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA.................................. 11

CAPÍTULO II

A VISÃO DA PSICOPEDAGOGIA SOBRE AS DIFICULDADES DE A APRENDIZAGEM............................................................................................. 20

CAPÍTULO III

A PSICOPEDAGOGIA E SUAS PRÁTICAS..................................................... 27

CONCLUSÃO................................................................................................... 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 42

ÍNDICE.............................................................................................................. 43

9

INTRODUÇÃO

O trabalho de pesquisa partiu do seguinte questionamento: Como o

psicopedagogo pode contribuir com suas intervenções nas dificuldades de

aprendizagem? Deste modo delineou- se o seguinte objetivo geral: Direcionar

uma intervenção com base psicopedagogica no foco da dificuldade,

possibilitando a busca de alternativa para uma aprendizagem mais significativa

e construtora. Neste sentido sintetizando os objetivos específicos: Construir

vínculo com o indivíduo e o aprender, através da psicopedagogia de forma

lúdica; Promover formas de intervenção nas dificuldades de aprendizagem a

partir de embasamento teórico; Investigar a perturbações no processo de

aprendizagem promovendo intervenções diretas no foco.

Para esta pesquisa de cunho bibliográfico e qualitativo foram usados

autores de grande relevância como: Bossa (2011), Sampaio (2011), Olivier

(2011), Relvas (2012), Teixeira (2013), entre outros.

No Primeiro capítulo aborda os pressupostos históricos da

Psicopedagogia, sua valorização, contribuição e intervenções nos possíveis

problemas encontrados no processo aprendizagem, a fim de promover um

desenvolvimento na aprendizagem que leve o sujeito a uma aprendizagem

significativa e prazerosa.

O segundo capítulo apresenta questões relacionadas ao tema, trata

do Psicopedagogo e as Intervenções nas Dificuldades de Aprendizagem, Como

este profissional juntamente com outros profissionais da saúde e educação,

poderão contribuir para o nivelamento, no processo ensino aprendizagem,

utilizando estratégicas para alcançar o individuo e proporcioná-lo a uma

aprendizagem de qualidade e prazerosa?

Seguindo esta mesma linha de pensamento o terceiro capítulo

aborda as intervenções psicopedagógicas na praticas. Buscando com muita

cautela, o psicopedagogo investigará, o porquê de todas as problemáticas de

aprendizagem, neste sentido é importante fazer um diagnóstico bem detalhado

a “amnésia”, o profissional usará toda sua habilidade, e seus conhecimentos

teóricos mesclando com a prática, sem perder o foco que o ser humano estar

sempre em processo de mudanças. Além disso, muitas vezes estas

10

problemáticas estão tão sistematizadas no individuo, sendo a sim o profissional

psicopedagogo terá que mergulhar em uma clara e profunda pesquisa de

investigação, com base nessas pesquisas e com ajuda dos demais

profissionais, para auxiliar-lo, na área que ele não tem o conhecimento

necessário para oferecer ajuda o sujeito. Essas áreas podem ser com

Psicólogo, Fonoaudióloga, Neurologista, Psiquiatra ou outros.

O Psicopedagogo estando bem alicerçado no seu trabalho, está

busca de outros profissionais só vai acrescentar no seu diagnostico,

promovendo uma aprendizagem de qualidade ao sujeito e prezando sua ética e

profissionalismo. Convém, no entanto, dividir a tarefa árdua de capacitar o

sujeito a uma vida de qualidade e significativa com outros profissionais se

tendo necessidades.

Este trabalho busca mostrar a importância do psicopedagogo, e

suas intervenções nas dificuldades de aprendizagem, na vida escolar do

sujeito. Entretanto é preciso um trabalho intenso com o corpo docente das

instituições, para algumas mudanças metodológicas buscando o entendimento

de adaptações para os sujeitos que necessitam de atenções especiais,

ampliando conhecimentos entre todo o grupo.

Com se pode observar, todo o trabalho aqui apresentado está

baseado em autores de grande relevância acadêmica, o objetivo é contribuir

para melhorar ainda mais o entendimento do papel do Psicopedagogo

Institucional. Que possamos ajudar de forma lúdica e responsável com uma

visão de Psicopedagogos.

11

CAPÍTULO I

PRESSUPOSTO HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA

Bossa, (2011, p.56) “A psicopedagogia não nasceu aqui tampouco

na Argentina. Investigando a literatura sobre o tema, podemos verificar que a

preocupação com os problemas de aprendizagem teve origem na Europa,

ainda no século XIX”. No que se refere à psicopedegogia, se sabe que foi na

Europa, em 1946 que foram fundados os primeiros centros psicopedagogicos,

por Boutonier e Geirge Mauro com uma visão médica e pedagógica, com a

união dos outros conhecimentos como psicologia, psicanálise e pedagogia,

onde tentavam ajudar crianças com comportamentos socialmente inadequados

no ambiente escolar ou até mesmo no lar, atendendo também nas dificuldades

de aprendizagem ainda que a criança fosse inteligente. Segundo Bossa ao

movimento da psicopedagogia no Brasil remete ao seu histórico na Argentina.

Devido à proximidade geográfica e ao acesso fácil á literatura (inclusive pela

facilidade da língua), as ideias dos argentinos muito têm influenciado a nossa

prática. (Bossa, 2011, p.55).

Através da união de vários saberes e conhecimentos, ressalta o

caráter de compreender mais e melhor a criança para transformá-la em um

homem racional e cristão, para determinar uma ação reeducadora, no decorrer

de todo os acontecimentos, diferenciar as crianças que não aprendiam apesar

de serem inteligentes, daquelas que apresentavam alguma deficiência mental,

física ou sensorial era uma das preocupações da época. A psicopedagogia

chegou ao Brasil, na década de 70, cujas dificuldades de aprendizagem nesta

época eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção

cerebral mínima (DCM) que virou moda neste período, servindo para camuflar

problemas sociopedagógicos. Inicialmente, os problemas de aprendizagem

foram estudados e tratados por médicos na Europa no século XIX e no Brasil

percebemos, ainda hoje, que na maioria das vezes a primeira atitude dos

familiares é levar seus filhos a uma consulta médica. Na prática do

psicopedagogo, ainda hoje é comum receber no consultório crianças que já

foram examinadas por um médico, por indicação da escola ou mesmo por

12

iniciativa da família, devido aos problemas que está apresentando na escola.

(Sampaio, 2000, p.50).

Como afirma Bossa a psicopedagogia foi introduzida aqui no Brasil

baseada nos modelos médicos de atuação e foi dentro desta concepção de

problema de aprendizagem que se iniciaram, a partir de 1970, cursos de

formação de especialistas em psicopedagogia na clinica médica-pedagogia de

Porto Alegre, com a duração de dois anos.

A palavra “psicopedagogia” nos anos 90 começou a fazer parte dos

debates sobre educação escolar de mos intenso. Neste contexto, essa

terminologia acabou tornando-se mistificada, amarada a debates de quem

sabia pouco ou até nada sobre o assunto não contribuindo para o

esclarecimento efetivo no processo ensino aprendizagem, por vez confundindo

com a psicologia.

A prática da reeducação consistia em identificar e trata dificuldade

de aprendizagem, a partir de ações de medicação, de classificação de desvios

e de elaboração de planos de trabalho.

Em 1940, para além da consideração dos casos de problemas

comportamental, o estudioso Debesse (1991) inseriu, ainda como preocupação

psicopedagogia, a ocorrência de crianças e adolescentes que, embora fossem

considerados inteligentes, apresentavam problemas de aprendizagem. Nestes

casos os tipos de cuidados quem era privilegiado para fazer os diagnósticos

eram os médicos-pedagogicos e o objetivo da ação era diferenciar esses

sujeitos daqueles que possuíram deficiências físicas, mentais e ou sensórias,

bem como lhes possibilitar ações reeducadoras que contribuíssem para o

desaparecimento de seus sintomas. Como afirma Kiguel.

Historicamente a Psicopedagogia surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com “distúrbios de aprendizagem”, consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional (...) no momento atual, á luz de pesquisas psicopedagógicas que vêm se desenvolvendo, inclusive no nosso meio, e de contribuição da área da Psicologia, Sociologia, Antropologia, Linguística, Epistemologia, o campo da Psicopedagogia passa por uma reformação. De uma perspectiva puramente clinica e individual busca-se uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem e uma atuação de natureza mais preventiva. (BOSSA, 2011 p.27 apud. KIGUEL, 1991, p.22)

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O objetivo central da Psicopedagogia está se estruturando em torno

do processo de aprendizagem humana e seus padrões evolutivos normais e

patológico-bem como a influência do meio, (familiar, escolar, social) no seu

desenvolvimento, a busca do autoconhecimento, a busca da autonomia,

permeada pela dimensão social, no que se refere aos valores e atitudes, a

dimensão pessoal, afetiva sentimental e preferência dos indivíduos, todos

esses fatos aliados ao desenvolvimento global explicam a perspectiva

globalizadora condizente com os rumos da aprendizagem nesse século. A

Psicopedagogia ocupa um espaço privilegiado justamente porque não está em

um único lugar. O trabalho psicopedagógico pode ter um caráter preventivo, no

sentido de reconstruir processos, definir papéis, valorizando novos

conhecimentos, novas formas de aprender, novas formas de avaliar o

conhecimento, pessoas, papeis, processos, produtos e objetos. Citando Bossa

a “Psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana, o jeito

que aprende como esta aprendizagem varia evolutivamente e está

condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na

aprendizagem , como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las.”

1.1 - A Psicopedagogia no Brasil

Como já foi mencionado o termo Psicopedagogia, não surgiu no

Brasil e sim na Europa, por volta de século XIX, a preocupação entre os

moralistas e os educadores do século era compreender mais e melhor a

criança para transformá-las. A Psicopedagogia chegou ao Brasil, na década de

70, com a colaboração de Jorge Visca. Nessa década já havia algum

movimento cientifico/ acadêmico em Porto Alegre. Kiguel afirma que

Historicamente a psicopedagogia surgiu na fronteira entre a Psicologia e a Pedagogia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com “distúrbios de aprendizagem”, consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional. (KIGUEL 1991 apud BOSSA, 2011, p. 29)

14

Os primeiros cursos formais de psicopedagogia eram denominados

de reeducação Psicopedagogico, Psicopedagogia terapêutico, dificuldades

Escolares, entre outros, Esses cursos ocorreram primeiramente em porto

Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Dr. Quirós, Jacob Feldmann, Sara Pain,

Alícia Fernandez, Ana Maria Muniz e Jorge Visca são alguns dos principais

nomes de grande relevância argentinos que trouxeram os conhecimentos da

Psicopedagogia para o Brasil e enriqueceram o desenvolvimento desta área de

conhecimento.

Há mais de 20 anos, vêm-se desenvolvendo cursos de formação e

especialização em Psicopedagogia. Também naquela época, o Professor Jorge

Visca começou a vir para o Brasil a fim de implantar os Centros de Estudos

psicopedagogicos (CEPs) que tinham e têm como objetivo difundir a

Epistemologia Convergente, linha teórica que apóia e fundamenta a

Psicopedagogia divulgada por ele, bem como formar profissionais nesta linha

de abordagem. No Brasil por muito tempo, explicou- se o problema de

aprendizagem como produto de fatores orgânicos, nessa trilha, na década de

70, foi amplamente difundida a idéia de que tais problemas teriam como causa

uma disfunção neurológica não detectável em exame clinico, chamada

disfunção cerebral mínima.

Estudiosos como Patto, Branão, Collares e outros representam

denúncia e protesto ao descaso dos nossos governantes com a educação do

nosso país. È fundamental abordar a questão do fracasso escolar do ponto de

vista dos fatores sociopolíticos, As dificuldades de aprendizagem passaram a

ser foco de atenção, e a Medicina começou a estudar a causa dos problemas e

suas possíveis correções. A primeira guerra mundial, em andamento na época,

oferecia à oportunidade de se descobrir, no cérebro dos guerrilheiros atingidos,

a relação das áreas cerebrais danificadas com as funções que apareciam

prejudicadas.

No final do século XIX, educadores, psiquiatras e neuro-psiquiatras

começaram a se preocupar com os aspectos que interferiam na aprendizagem

e a organizar métodos para a educação infantil. Desta época, temos a

colaboração de Seguin, Esquirol, Montessori e Decroly, entre outros. O

movimento europeu acabou por originar a Psicopedagogia, enquanto que o

15

movimento americano proliferou a crença de que os problemas de

aprendizagem possuíam causas orgânicas e precisavam de atendimento

especializado, influenciando parte do movimento da Psicologia Escolar que, até

bem pouco tempo, segundo Bossa (1994), determinou a forma de tratamento

dada ao fracasso escolar. A corrente européia influenciou a Argentina, que

passou a cuidar de suas pessoas portadoras de dificuldade de aprendizagem,

há mais de 30 anos, realizando um trabalho de reeducação. Mais tarde, este

acabou sendo o objeto de estudo que contava com os conhecimentos da

Psicanálise e da Psicologia Genética, além de todo o conhecimento de

linguagem e de psicomotricidade, que eram acionados para melhorar a

compreensão das referidas dificuldades.

O Brasil recebeu influências tanto americanas, quanto européias, via

Argentina. Principalmente no sul do país, receberam-se os conhecimentos de

renomados profissionais argentinos que muito contribuíram para a construção

do nosso conhecimento psicopedagógico. Na busca de caminhos que

possibilitasse uma ampla visão que incluísse aspectos psicomotores, cognitivo

e emocional envolvidos na aprendizagem fundaram vários cursos de

especialização Lato Sensu em Psicopedagogia, a principal em São Paulo e,

posteriormente, em outras instituições e regiões do Brasil, Como lembra Bossa

(2011) neste breve histórico da psicopedagogia no Brasil, não se pode deixar

de mencionar o trabalho de Moraes (1987), por sua contribuição na

compreensão e no tratamento dos problemas de aprendizagem. Priorizou

sempre o trabalho preventivo, deixando clara a sua preocupação no sentido de

fazer com que cada vez menos crianças cheguem a clinica por problemas

escolares. (Bossa, 2011 p. 84).

De acordo com Bossa (2011)

Estes centros uniam conhecimentos oriundos da área de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, onde tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar e atender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes. Buscavam unir os conhecimentos daquelas ciências para tratar comportamentos sociais impróprios a crianças, procurando utilizar os conhecimentos originais com o objetivo de manter uma readaptação por meio de um acompanhamento

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psicopedagógico. Através dessa união, esperava obter um resultado total da criança, o que tornaria possível a compreensão do caso. Com isso, a ação reeducadora poderia ser determinada e prevista de acordo com a orientação e gravidade do caso. (BOSSA, 2011, p. 59)

1.2 - A Psicopedagogia e as Intervenções na Escola

É valido ressaltar que a aprendizagem não está restrito á escola, ela

é um meio de transmitir conhecimentos de forma organizadora, mais o sujeito

aprende de forma voluntaria, a escola trabalha pedagogicamente no sentido

gerador de conduta ou estimulando para fazer este sujeito ingressar na cultura.

Na concepção de Bossa, o trabalho psicopedagogico, portanto, pelo

visto, pode e deve ser pensado a partir da instituição escolar, a qual cumpre

uma importante função social: a de socializar os conhecimentos disponíveis,

promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de regras de conduta

dentro de um projeto social mais amplo. A escola, afinal é responsável por

grande parte da aprendizagem do ser humano.

Portanto toda intervenção é uma interferência que o profissional faz

tanto o educador, quanto o psicopedagogo, na busca de realizar sobre o

processo de desenvolvimento ou aprendizagem do sujeito, o qual pode estar

apresentando problemas de aprendizagem. Entende-se que na intervenção o

procedimento adotado implica no processo, com o objetivo de compreendê-lo,

explicitá-lo ou corrigi-lo para conduzir o sujeito a uma nova percepção. O

trabalho do psicopedagogo é realmente a intervenção, a fim de colocar-se no

meio, de fazer a mediação entre o sujeito e suas dificuldades do conhecimento

adquirido. Neste sentido toda intervenção psicopedagogica reconhecendo

aquilo que não funciona adequadamente, tem seu papel de investigar as

características positivas da situação em que se encontra o sujeito, para a partir

delas, poder trocar métodos de modificação para o que aparece inadequado,

tendo o cuidado de trabalhar uma intervenção global não necessariamente

centrada no sujeito, considerando também os demais elementos do sistema

com os quais interagem este sujeito, é uma intervenção que não pode ser

esgotada com a demanda, mas procurar estar ligada ao contexto especifico

que neste caso a sala de aula e a instituição e ao mesmo tempo no contexto

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amplo que é a família e comunidade, juntamente com a equipe docente.

Segundo Bossa,

A aprendizagem sistemática é aquela que se opera na interação com as instituições educativas, mediadoras da sociedade, órgãos especializados para transmitir os conhecimentos, a atitudes e destrezas que a sociedade estima necessárias para a sobrevivência, capaz de manter uma relação equilibrada entre a identidade e a mudança. Estas instituições, além disso, promovem ao sujeito as aprendizagens instrumentais que irão permitir o acesso a níveis mais elaborados de pensamentos. (BOSSA 2011 p. 142, apud VISCA, 1988)

No entanto é importantíssimo ter bem resolvido as finalidades

traçadas quanto ao processo de intervenção psicopedagogicos, seguindo

orientação específica, não se baseando somente em um modelo de avaliação.

Construindo propostas de trabalho, articulando novas metodologias apontando

sempre na intervenção cotidiana.

Sabe-se que as escolas deparam com sujeitos com inúmeras

dificuldades tornando para eles a aprendizagem um processo cansativo e

sufocante, esta são umas das problemáticas que o profissional tem que lidar no

seu ambiente escolar, porem entra o trabalho do psicopedagogo para nortear

este processo, analisando o melhor procedimento necessários para o sujeito,

compreender a aprendizagem, permeando uma aprendizagem individual e

social, onde as estratégias do ensino esteja de acordo com o entendimento e a

compreensão do sujeito, levando-o a uma aprendizagem significativa.

Face a isto o psicopedagogo procura mapear as diferenças

funcionais que caracterizam o processo de aprendizagem nas instituições

Escolares, assumindo uma linha de ação focada a eliminar os aspectos que

venham ao encontro das necessidades identificadas.

A Intervenção Psicopedagogica na escola deve abranger a todos,

como recurso do sistema educacional, de todos os alunos e professores e não

somente daqueles que apresentam determinadas características de

dificuldades de aprendizagem, porém precisa de uma analise e reflexão

constante e sólida para atingir os objetivos. A psicopedagogia vem contribuir

para a formação do sujeito de um modo a levá-lo a uma vida cognitiva

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significativa e a melhora suas condições de vida social, formá-lo cidadoas que

sejam capazes de olhar o mundo real e interpretá-lo, decifrá-lo e nele ter

condições de interferir com segurança e competência.

Na psicopedagogia, o fundamental é conhecer, compreender o

processo de aprendizagem do sujeito para a partir da ir, compreender a

dificuldade apresentada por ele.

Esse pressuposto contribui para modificar a compreensão da

etimologia da dificuldade de aprendizagem bem como os métodos das

Intervenções Psicopedagogicos.

O papel da Psicopedagogia e da Educação é o de instituir caminhos

entre os opostos que liguem o saber e o não saber, o acesso ao conhecimento

e a falta desse acesso, a facilidade e a dificuldade, a rapidez e a lentidão e

outros opostos que possam se apresentar em um processo de aprendizagem.

A Psicopedagogia, como uma área responsável pela aprendizagem, tem muito

a aprender e muito a contribuir.

A Psicopedagogia tem a função de fazer o elo entre o “não saber

como fazer” e o como fazer, tirando toda a possibilidade do sujeito ser excluído

da sociedade, a Intervenção porem é necessária para que este sujeito alcance

os demais, dentro da sociedade, convém, no entanto dizer que a Intervenção

Psicopedagogica deve mostrar caminhos entre os opostos que liguem o acesso

ao conhecimento e a falta desse acesso, a facilidade e a dificuldade, a rapidez

e a lentidão e outros opostos que possam se apresentar em um processo de

aprendizagem. Como afirma o professor Severiano,

A Psicopedagogia é tomada como um corpo de conhecimentos, construído com vistas a encontrar soluções para os problemas da aprendizagem, em uma aplicação que, além da clinica, se quer também preventiva. (BOSSA p.19, 2011 apud SEVERIANO).

O trabalho do Psicopedagógico pode ter uma visão assistencial,

quando, por exemplo, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis que

elabora projetos, direção e evolução de planejamentos, e em todos os

programas educativos, ocupando-se assim de todo o contexto da

aprendizagem, deste modo o psicopedagogo contribui nas áreas clinica

19

preventiva, assistencial, sempre baseada em fundamentos teóricos. No

entendimento de Bossa,

A elaboração teórica visa criar um corpo teórico da Psicopedagogia, com processos de investigação e diagnóstico que lhe sejam específicos, por meio de estudos das questões educacionais e da saúde no que concerne ao processo de aprendizagem. Implica desta maneira, uma reflexão constante sobre a pertinência da aplicação das diversas teorias ao campo da Psicopedagogia, por meio de avaliação da pratica resultante desses pressupostos. (BOSSA, 2011, p.48)

A Intervenção Psicopedagogica tem seu caráter de reeducar, no

âmbito disciplinar de forma compreensiva dentro de um contexto complexo da

aprendizagem, articulando sempre o sujeito o ensino e a aprendizagem,

procurando provocar mudanças positivas e evolutivas no sujeito e em toda

Instituição a qual este sujeito esta inserido, atuando de forma organizadora a

conduzir todo este processo, programando também, recursos materiais para o

corpo discente e todo o pessoal escolar, atuando em uma visão global, dentro

da Instituição, para que seus objetivos possam ser atingidos.

Neste sentido todas as Intervenções Psicopedagogica, dentro do

contexto Escolar será o de melhorar o relacionamento entre todos os grupos,

tendo como meta á melhoria das condições de aprendizagem individual e

grupal.

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CAPÍTULO II

A PSICOPEDAGOGIA E AS INTERVENÇÕES NO

OLHAR DE GRANDES TEÓRICOS

Como Bossa comenta, “Autores franceses e argentinos como Dolto,

Mannoni, Ajuriaguerre, Jerusalinsky, Fernández, Paín entre outros

influenciaram muito no trabalho psicopedagógico no Brasil,” norteando uma

compreensão melhor no campo da aprendizagem, através também da

Psicanálise. Neste contexto a Psicopedagogia teve contribuição de vários

saberes, influenciando e atuando na busca de sanar problemas, nota-se que

diversos teóricos, tiveram olhares diferenciados, mais com os mesmos

objetivos de trazer soluções para as dificuldades de aprendizagem. Segundo

Fernandes,

Na França, a Psicopedagogia ficou marcada pela visão de Mery (1985), que a define como uma Pedagogia curativa, cujo método poderia levar á readaptação pedagógica do aluno, podendo tanto conduzir o sujeito no seu processo de construção do conhecimento quanto no seu processo de desenvolvimento da personalidade,Embora Mery aborde a Psicopedagogia no âmbito da readaptação pedagógica, amplia o foco de análise, quando inclui no campo da atuação profissional o desenvolvimento da personalidade, a partir de uma concepção psicanalítica. (FERNANDES, 2013, p. 44).

Como pode observar o documento oficias e dificuldades de

aprendizagem, percorrem em uma linha quais contra mão, sabemos que, a

construção de uma sociedade inclusiva é um processo de fundamental

importância para o desenvolvimento e a manutenção de um Estado

democrático. Entende-se por inclusão, segundo o Parecer CNE/CEB nº

17/2001 (Brasil, 2001), a garantia a todos do acesso contínuo ao espaço

comum da vida em sociedade, que deve estar orientada por relações de

acolhimento à diversidade humana, de aceitação das diferenças individuais, de

esforço coletivo na equiparação de oportunidades de desenvolvimento, com

qualidade, em todas as dimensões da vida.

21

Algumas proclamações da Declaração de Salamanca (Brasil, 1994)

merecem destaque, como, o direito e acesso das pessoas com necessidades

educativas especiais às escolas regulares, que devem adequar-se para

atender as necessidades dos alunos. A Declaração é clara sobre o

reconhecimento da importância da participação da família e sua inserção no

processo de inclusão. Sobre o papel das famílias e dos pais, o documento

acrescenta que esse deveria ser aprimorado por meio da provisão de

informações necessárias, uma tarefa importante em culturas onde a tradição de

escolarização seja pouca. A aprendizagem é um processo de construção do conhecimento que

ocorre na interação do indivíduo com seu meio, ou seja, a família, a escola e a

sociedade. As dificuldades neste processo, que levam ao fracasso escolar,

podem ser decorrentes de uma combinação possível de fatores de ordem

pessoal, familiar, pedagógica e social, envolvendo a interação do indivíduo com

seu meio, inclusive com seus pais. As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial no Brasil

considera, em seu artigo 5º da Resolução 02/2001, o aluno com necessidades

educacionais especiais aquele que durante o processo educacional apresentar

dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de

desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades

curriculares, tanto não vinculadas a uma causa orgânica específicas ou ainda,

relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências (Brasil, 2002).

Há um panorama que demonstra a necessidade de enfrentar as demandas que

envolvem inclusão de crianças com dificuldades de aprendizagem. O

paradigma sistêmico é uma abordagem que pode ser útil neste enfrentamento,

visto que considera as variáveis e dimensões provenientes tanto do âmbito da

escola quanto da família.

A aprendizagem, afinal, é responsável pela inserção da pessoa no mundo da cultura. Mediante a aprendizagem, o individuo se incorpora ao mundo cultural, com uma participação ativa, ao se apropriar de conhecimentos e técnicas, construindo em sua interioridade um universo de representações simbólicas. (BOSSA, 2011, p. 45)

22

A metodologia de trabalho da psicopedagogia permite que

professores busquem ter um olhar psicopedagógico para que tenham melhor

desenvolvimento da sua prática pedagógica, de maneira a contribuir com o

desempenho da aprendizagem e inclusão dos alunos.

Nesse pressuposto, chamamos à atenção de alguns profissionais da

educação para que trabalhem a partir de um novo olhar psicopedagógico,

diante de fatores intra e extras escolares, pois a escola configura como

ambiente propício ou não para acontecer aprendizagens, dependendo,

portanto, de como ela desenvolve sua prática pedagógica.

Na sequência apresento um pequeno enfoque da ação estratégica

da psicopedagogia, como contribuição na resolução de problemas de

aprendizagem escolar; como ocorrem e o que a escola pode fazer para

minimizar interferências de fatores que determinam dificuldades de

aprendizagem, provocam o insucesso da escola, da família e fracasso do

aluno.

Na compreensão de vários estudos no Brasil, romper com

problemas de aprendizagem escolar, ainda é preocupante. Fatores como falta

de preparo de educadores, condições precárias de funcionamento de gestão

administrativa, pedagógica e estrutural, da maioria das escolas; questões

econômicas/ sociais e culturais das famílias, entre outros, têm servido de pauta

para debates dentro e fora das escolas, responsabilizando estes fatores como

causadores dos problemas de aprendizagem escolar, contribuindo assim com a

falta de estímulo de alunos e professores.

Em relação a tal aspecto percebe que a escola para resolver

problemas de dificuldades de aprendizagem deve levar em conta todas as

esferas em que o indivíduo participa, ou seja, a própria escola, a família, o

ambiente fora da família e da escola, etc.

É imperativo lembrar que os primeiros ensinamentos vêm da família,

pois com eles os filhos aprendem a interagir e depois se desenvolvem e

aperfeiçoam ao participar de outros ambientes. Sabe-se que um aluno quando

apresenta dificuldades de aprendizagem nem sempre tem deficiência mental

ou algum tipo de distúrbio parecido. Na verdade existem fatores fundamentais

que precisam ser trabalhados para se obter melhor rendimento em todos os

23

níveis de aprendizagem. É óbvio que quando falamos em aprendizagem, não

estamos relacionando aquisição de conhecimentos apenas disciplinares, mas

também de outros que são de vital importância para o ser humano.

O professor como mediador do processo de ensino-aprendizagem,

precisa ser interventor na resolução de problemas e desenvolver um trabalho

consciente, que promova aprendizagens. Sendo assim a escola é um dos

lugares mais privilegiados para diminuir problemas de aprendizagem. Ela deve

oferecer condições favoráveis, satisfatórias e ambiente adequado para que o

aluno possa se sentir bem acomodado no modo da escola ensinar.

Neste contexto é preciso promover momentos de reflexão de ação

psicopedagógica, e priorizar o papel de reconstruir a figura do aluno e do

professor, onde o professor facilita a aprendizagem e o aluno seja o criador do

seu processo pessoal, educacional e social/cultural. Quando a escola ensina a

aprendizagem significativa, o conhecimento é aprendido e apreendido e passa

a ter significado para a vida do aluno.

A psicopedagogia é constituída a partir de dois saberes e práticas:

da psicologia e pedagogia. Também recebe influencia da psicanálise, porém

diferencia se da psicologia escolar nos aspectos: origem, formação e atuação.

Quanto à origem, a psicologia escolar tem como foco compreender as causas

do fracasso escolar e a psicopedagogia tem como função procurar as causas e

tratar determinadas dificuldades de aprendizagem específicas. Quanto à

formação, a psicologia escolar configura como uma especialização na área de

psicologia, enquanto a psicopedagogia é aberta a todos os tipos de

profissionais e áreas de atuação. A atuação da psicologia escolar configura

especificamente como área psicológica e a psicopedagogia age de forma

interdisciplinar, abrangendo a psicologia e a pedagogia.

[...] A psicopedagogia além de dominar a patologia e a etiologia dos problemas de aprendizagem, aprofundou conhecimentos que lhe possibilitam uma contribuição efetiva não só relacionada aos problemas de aprendizagem, mas, também, na melhoria da qualidade do ensino oferecido nas escolas. [...]. Dessa forma contribui para a percepção global do fato educativo e para a compreensão satisfatória dos objetivos da educação e da finalidade da escola, possibilitando, assim, uma ação transformadora. (SCOZ, 2002, p. 34).

24

Aprendizagem não se restringe apenas a aprender a ler escrever.

Porém muitos alunos não conseguem ler e escrever na idade/série que se

supõe que deva dar a aprendizagem. Nisto são freqüentes as queixas de

alguns professores de que, a maioria de seus alunos, está com problemas

relacionados ao grafismo e à leitura e que não conseguem assimilar o

conteúdo programático problemas de aprendizagem podem ser resultantes da

interação da criança com o seu meio. A nossa capacidade de concentração, de

trabalho e de reflexão, se altera dependendo de nosso estado emocional e

quando conseguimos um controle adequado do nível de nossa ansiedade, a

capacidade criativa, o pensar, o perceber e o aprender passa ter significados e

a partir de então, superamos nossas dificuldades. Sabe - se que alguns

ambiente familiar do aluno, neste momento, se for acolhedor propicia a ele

melhores condições para lidar com seus impulsos agressivo Sendo assim, a

psicopedagogia contribui com o trabalho de minimizar alguns problemas de

aprendizagem, tanto dos alunos que tem dificuldades de Aprendizagem, como

também daqueles que, na visão da escola, são considerados “normais” para

aprender, ou seja, bastam dominar a leitura, a escrita e situações matemáticas.

Quando as ações pedagógicas não são organizadas, resultam em desarmonia

e podem causar no aluno, situações problemas que requererão

encaminhamentos de intervenção específica com profissionais da área.

A capacidade de conseguir tolerar frustrações é um dos fatores

importantes para ser levado em conta pelos professores dentro da sala de aula,

pois o próprio ambiente escolar, quando não é capaz de supera desafios, pode

tornar- se motivador para acontecer falhas no desenvolvimento da

aprendizagem e leva à defasagem, desarmonia, problemas afetivos

emocionais e ao baixo rendimento escolar. Isto causa elevado nível de tensão

e de frustração, e conseqüentemente, ocorre o desinteresse e eventualmente

uma aversão generalizada aos estudos, por conta do baixo fator afetivo

promovido pela escola e também pela família. O aluno precisa ter uma

estrutura emocional controlada para ser capaz de tolerar as cobranças

impostas pela escola, pois muitas vezes é obrigado a cumprir atividades que

vem a partir de um currículo escolar inquestionável, que não tem muito a ver

25

com o momento, os anseios e suas expectativas. São atividades que não

contemplam as necessidades que a vida requer para o aluno no diz respeito a

um futuro promissor.

[...]. Sentimentos básicos de alegria e tristeza, sucesso e fracasso experimentados em relação aos objetos e situações também serão experimentados, futuramente, em relação ás próprias pessoas, o que dará origem aos sentimentos inter individuais. (SISTO, 2001, p.102).

O insucesso do aluno pode levá-lo ao fracasso e conseqüentemente

ao abandono escolar. A manifestação de baixo desempenho e ou dificuldades

de aprendizagem pode acontecer de forma momentânea ou duradoura, mas

qualquer destas situações deve ser motivo de preocupação e alerta, tanto para

a escola como para os pais.

Quando se leva em consideração as influências dos vínculos

afetivos, positivos e negativos, do sujeito com os objetos e situações, a escola

compreende o processo de aprendizagem dos alunos e assume diferentes

intensidades e postura para orientar condutas de personalidade e de

comportamento disciplinar, com menor ou maior grau de estabilidade.

Neste momento a intervenção psicopedagógica é de suma

importância acontecer, pois focaliza o sujeito na sua relação com a

aprendizagem. A intervenção psicopedagógica focaliza o sujeito na sua relação

com a aprendizagem. A meta do psicopedagogo é ajudar aquele que, por

diferentes razões, não consegue aprender formal ou informalmente, para que

consiga não apenas interessar- se por aprender, mas adquirir ou desenvolver

habilidades necessárias para tanto,

[...] Defender a necessidade da existência de psicopedagogos dentro das escolas, para auxiliar no trabalho do pedagogo, é fazer opção por uma intervenção que reeduque a prática pedagógica dos professores, para acontecer a melhoria da aprendizagem. É contar com o sucesso do aluno, da escola e da família do aluno. (RUBINSTEIN, 2001, p.25).

Os problemas de aprendizagem constituem uma situação real dentro

das Instituições escolares, portanto faz-se necessário que todos os envolvidos

no processo de ensino e aprendizagem sejam leitores e pesquisadores de

26

problemas de aprendizagem para que possa os possibilitá-los a entender

melhor como se dá a influencia de fatores intra e extras escolares e como

podem ser trabalhados de forma a minimizar problemas de aprendizagens, no

dia a dia da escola. Muitos alunos têm apresentado dificuldades de

aprendizagens já nas primeiras fases escolares e o acompanha por um longo

período de sua vida, ocasionando sérias dificuldades para desenvolver

aprendizagens.

Ainda são poucas as pesquisas sobre a importância da

psicopedagogia como metodologia primordial para o desenvolvimento do

trabalho das escolas, no combate aos problemas de aprendizagem dos alunos.

Mas quando educadores escolares fazem reflexão sobre sua prática de ensino,

é possível analisar o porquê do aluno não conseguir aprender e conseguem

detectar fatores que estão interferindo, negativamente, no processo de

aprendizagem e que provocam o insucesso do aluno, da escola e da família do

aluno. Para tanto, a escola precisa, recorrer aos psicopedagogos para juntos

estruturarem ações, estratégias e intervenções psicopedagógicas que

contribuam como solução para diminuir os problemas de aprendizagem, pois o

aluno, o aluno é sujeito de transformação e de aquisição de aprendizagens.

27

CAPÍTULO III

A PSICOPEDAGOGIA COMO INSTRUMENTO DE

AVALIAÇÃO

A Intervenção Psicopedagogica dentro das instituições de ensino é

vista por muitos como uma intervenção de natureza terapêutica e preventiva,

para sanar problemas diversos, mais é importante ressaltar que, este campo é

um campo específico para as dificuldades de aprendizagem. Contudo se

devem buscar recursos para que possam auxiliar e contribuir com a

psicopedagogia, para que o trabalho seja realizado dentro da visão de cada

profissional, de cada competência exigida, para levar o sujeito ao encontro de

uma vida prazerosa e significativa, e é por meio destes esforços e bases que

se busca sempre um subsídio para as dificuldades das salas de aulas, visando

à importância do diagnóstico de avaliação Pedagogica Institucional.

Neste caso o diagnóstico psicopedagogico visa compreender as

causas e a partir da sintomatologia, que leva as intervenções pertinentes, a fim

de ajudar o sujeito a se encontrar dentro de um padrão de equilíbrio e

reprodução de seus atos de aprendizados, e preparando também a instituição

de ensino, para atender seus educando. O diagnóstico é um processo que

permite investigar, levantar hipóteses provisórias ou não observadas ao longo

da caminha do educando, ajudando a identificar as lacunas deixadas ou os

obstáculos básicos da aprendizagem, mostrando uma grande ajuda na parte

cognitiva, afetiva e social do mesmo.

Com base neste diagnostico, pode-se observar em que tipo de

aquisição de alguns processos básicos estão o desenvolvimento cognitivo

como: memorização, classificação, relacionamento, organização espacial e

temporal, comparação, elaboração, categorização, contribuindo, desta forma,

para definir que conteúdos e que didáticas escolares serão aplicadas, conforme

cada caso, este processo será decisivo para a intervenção pedagógica junto ao

educando com dificuldade de aprendizagem.

28

Esta pesquisa terá que ser ampla, atingindo o educando e seu meio

de convívio como: família, relacionamento com professor, suas relações sociais

e interpessoais.

Para aprender não basta somente ser inteligente, é vital que o

educando esteja acompanhada de uma personalidade sadia tanto emocional

com cognitivo amadurecida.

Diante de tal investigação, o psicopedagogo tem em mãos materiais

importante, que pode dar base, para que ele, junto a todos os evolvidos no

processo, reestruture a função da instituição buscando renovação, e dando

sentido para que o educando tenha prazer em aprender e seja autônomo e

produtivo.

Segundo Bossa,

a Psicopedagogia no Brasil hoje é uma área que estuda e lida com a aprendizagem e suas dificuldades e, numa ação profissional, deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os. (BOSSA, 1994, p. 19)

O diagnóstico é entendido como um processo continua, no qual é

analisada a situação do educando dentro do contexto escolar, familiar e social.

Essa analise deverá estar embasada pelos fundamentos teóricos e pelo

desdobramento das atividades lúdicas e terapêuticas, através do olhar e da

escuta, numa atitude clinica envolvendo o educando e os pais, sobre como os

fatos ocorreram e não quando ocorreram.

Os profissionais da psicopedagogia ampliaram seu campo de

atuação para âmbitos mais abrangentes indo ao encontro das causas iniciais

das suas dificuldades. “Sendo assim, voltou-se para as instituições que são

constituídas pelo sujeito da aprendizagem, com ações mais preventivas do que

remediativas, transforma o foco de atenção individual em grupal” (Oliveira,

2008).

Para Silva e Oliveira

O caráter interdisciplinar da psicopedagogia coloca-a como um campo que teoriza contemporaneamente sobre a questão de aprendizagem, efetivando sua prática na relação de aprendizagem e saberem múltiplos. Não se fundamenta em bagagens conteudistas, mas sim em saberes significativos,

29

configurando uma relação positiva com a aquisição de conhecimento. Segundo a mesma autora, a ação preventiva do psicopedagogo evidenciará as aprendizagens múltiplas construídas no contexto do educando. (SILVA E OLIVEIRA, 2007 p.57)

Torna-se evidente e indiscutível a importância do profissional de

psicopedagogia no auxilio tanto às famílias, quanto às instituições, no que se

refere ao processo ensino aprendizagem, seja no sentido de prevenir ou

intervir. O educando deve ser visto como um ser biológico, afetivo e social,

dotado de particularidades e individualidades. O interesse por parte do

educando é indispensável, para o processo de ensino-aprendizagem. A coleta

de dados na escola permite concluir que nem sempre os problemas são

aparentes, mas mostram-se na inter-relação entre os vários indivíduos que

formam a instituição. Os profissionais da área de educação mostram certa

dificuldade ou podemos dizer resistência, quando necessitam expor suas ideias

no papel e nem sempre possuem um conhecimento profundo, embasada sobre

sua área de atuação. Sugere-se assim, uma continuidade do trabalho,

pesquisando mais a fundo o conhecimento dos professores sobre psicologia da

educação e didática. Ao realizar uma avaliação psicopedagógica deve-se

recordar que os problemas no desenvolvimento do educando, bem como as

dificuldades escolares não devem ser atribuídos apenas os educando e suas

famílias, é preciso que os profissionais envolvidos no processo ensino

aprendizagem passem a ver a realidade escolar sob uma ótica crítica e que

esta avaliação considere o contexto social e histórico da instituição, em que o

educando faz parte, não para se criar novos rótulos para dificuldades já

conhecidas. Lembrando que o objetivo de um psicopedagogo ao lançar mão da

avaliação psicopedagógica, consiste em indicar como a instituição na qual está

o educando, pode-se organizar para assisti-lo e, por conseguinte facilitar seu

desenvolvimento.

O diagnóstico psicopedagógico é sem dúvida o ponto de partida

para uma tentativa de compreensão das dificuldades de aprendizagem. A

tarefa diagnóstica, tanto em nível institucional quanto clínico, é, indispensável

ao psicopedagogo, pois o auxiliará na tomada de decisões. Constitui, na

30

verdade, um processo, um contínuo sempre revisável, pois a investigação das

causas das dificuldades prossegue durante todo o trabalho de intervenção.

A realização do diagnóstico vária entre os profissionais, dependendo

da postura teórica de cada um. Para a realização do diagnóstico

psicopedagógico o profissional, de um modo geral, desenvolve as seguintes

atividades:

ü Anamnese (reconstrução da história de vida da criança);

ü Análise do material escolar desde a pré- escola;

ü Contato com a escola (direto ou através de questionário);

ü Observação do desempenho em situação de aprendizagem;

ü Aplicação de testes psicopedagógicos específicos;

ü Solicitação de exames complementares (psicológicos,

neurológicos, oftalmológico, audiométrico, etc.) dependendo do caso.

O conhecimento da etiologia é fundamental, não somente para

determinação de prioridades de tratamento e para a escolha de metodologias

específicas, mas, especialmente, para o planejamento de soluções preventivas

e/ou de caráter social mais amplo. Cada linha de pensamento nos leva a fazer

uso às vezes, de algum tipo de instrumento de avaliação. Como fazermos a

leitura deste material, e uso do mesmo, será o grande desafio, será o momento

onde estaremos nos confrontando com nossa percepção, nossa observação,

nossa avaliação e, conclusivamente, diagnosticando alguém, alguém que,

muito provavelmente acatará resultados, sejam eles favoráveis ou não, e que

nos possibilitará trabalhar a defasagem correta do indivíduo.

A responsabilidade no uso de instrumentos de avaliação, sua

escolha, o momento adequado a ser utilizado, fazendo dele instrumento de

avaliação, por parte e não o princípio é o que levará ao sucesso de um

diagnóstico.

Avaliação, em sentido amplo, é parte da vida diária de todo docente.

Sem a orientação de quaisquer procedimentos formais, todos nós estamos

continuamente formulando avaliação da aprendizagem sobre toda a gama de

atividades humanas. No processo educativo a avaliação se reveste de suma

importância, pois é uma instancia que sintetiza a aprendizagem de determinado

conhecimento, não deve ser entendida simplesmente como um momento

31

determinado e pré-fixado desse processo, mas como integrante dele, pois no

mesmo instante que se realiza a aula, está acontecendo a aprendizagem,

concomitantemente com o ensino, o professor e o educando tem condições de

perceber se a aprendizagem esperada está ocorrendo, estão avaliando,

mesmo que não haja a preocupação de transformar essa avaliação "informal"

em números ou conceitos, sem a necessidade imediata de quantificá-la.

Nesse sentido, a avaliação psicopedagógica nos permite dispor de

informações relevantes não apenas em relação às dificuldades apresentadas

por um determinado educando ou grupo de educados, por um professor ou

alguns pais, mas também as suas capacidades e potencialidades. Desse

modo, não falamos de deficiências nem de dificuldades, mas sim de

necessidades educativas dos educandos que, necessariamente, devem ser

traduzidas em situações passíveis de melhora e na concretização de auxílio e

suporte. Partindo desse pressuposto, despertou-me o interesse de pesquisar a

avaliação da aprendizagem escolar numa visão psicopedagógica.

(...) o educador pode ter uma ação formativa sobre o educando de três maneiras distintas: por meio da palavra que ensina, pelo fazer pedagógico e por se oferecer como exemplo. (KIGUEL, 1999.p.12)

Com o intuito de apresentar o tema de modo claro e objetivo,

procurou-se definir de forma explícita as temáticas mencionadas como pontos

norteadores da pesquisa, os seguintes objetivos:

Identificar diferentes conceitos e concepções de avaliação e sua

aplicação no campo educacional na visão de vários autores.

É importante destacar que, no contexto geral da aprendizagem,

aparecem produções que apresentam variações significativas no desempenho

escolar. Estas variantes são de suma importância de serem levadas em conta

em uma avaliação. Uma vez finalizada a etapa diagnóstica e avaliados os

aspectos que consideramos pertinentes, terminamos de elaborar as hipóteses

acerca do problema. Posteriormente, pensamos nas estratégias adequadas à

sua abordagem. Estas se definirão de forma mais elaborada, quando a

avaliação for compartilhada com os educados e seus pais. Uma apreciação

mais integral poderá ser obtida através da avaliação de vários tipos como, Grau

32

de dificuldade, se é uma dificuldade parcial ou generalizada, se é temporária ou

permanente, manifesta-se em determinados âmbitos ou contextos, em relação

aos conteúdos, se há falhas na aquisição dos mesmos, ou se possui

metodologia e estratégia de aprendizagens adequadas.

Dentro de uma concepção pedagógica mais moderna, baseada na

psicologia genética a educação é concebida como experiência de vivência

multiplicada e variadas, tendo em vista o desenvolvimento motor, cognitivo,

objetivo e social do educando. Nessa abordagem o educando é um ser ativo e

dinâmico, que participa da construção de seu próprio conhecimento. Dentro

dessa visão, em que educar é formar e aprender é construir o próprio saber, a

avaliação, contempla dimensões, e não se reduz apenas em atribuir notas. Se

o ato de ensinar e aprender, consiste na realização em mudanças e aquisições

de comportamentos motores, cognitivos, afetivos e sociais, o ato de avaliar

consiste em verificar se eles estão sendo realmente atingidos e em que grau se

dá essa consecução, para ajudar o aluno a avançar na aprendizagem e na

construção do seu saber. Nessa perspectiva, a avaliação assume um sentido

orientador e cooperativo. Assim a avaliação assume uma dimensão

orientadora, pois permite que o aluno tome consciência de seus avanços e

dificuldades, para continuar progredindo na construção do conhecimento.

Para avaliar estes aspectos, a informação que nos podem oferecer a

instituição educativa, seus professores ou outros informantes, é um recurso

valioso. No entanto, também são importantes as considerações levantadas a

partir da observação direta do desempenho do sujeito frente a nossas

propostas pedagógicas. É importante destacar que, no contexto geral da

aprendizagem, aparecem produções que apresentam variações significativas

no desempenho escolar. Estas variantes são de suma importância de serem

levadas em conta em uma avaliação. Uma vez finalizada a etapa diagnóstica e

avaliados os aspectos que consideramos pertinentes, terminamos de elaborar

as hipóteses acerca do problema. Posteriormente, pensamos nas estratégias

adequadas à sua abordagem. Estas se definirão de forma mais elaborada,

quando a avaliação for compartilhada com os alunos e seus pais.

Sendo a avaliação um tema tão abordado, verifica-se que apesar

das tentativas de inovação, ela ainda continua fincada num sistema

33

conservador, onde quem determina as regras é o capitalismo vigente. Sistema

que acomoda os homens e, tornando seres vazios e desprovidos do verdadeiro

conhecimento, já que seguem uma ideologia determinada pela elite, que não

condiz com a realidade da maioria da população.

Como afirma Kaufman

A ênfase continua na testagem, a qual, (...) proporciona uma justificação única para as diferenças individuais a fim de manter uma provisão constante de mão-de-obra barata e manter a estratificação de classe. O papel das escolas em uma estrutura capitalista behaviorista é "produzir" trabalhadores que alimentam um sistema econômico desigual. (KAUFMAN 1993, p. 94, APUD HOFFMAN, 1998, p. 14-5),

Observa-se desse modo, que a educação, numa abordagem

tradicional, assume uma avaliação classificatória, a qual mantém a autoridade

exarcebada do educador sobre o educando, quando necessitamos de uma

educação que eleve o intelecto do homem, permitindo-lhe refletir sobre seu

próprio mundo, a fim de transformá-lo. Com isso, há grande responsabilidade

da educação sobre o homem, a qual deve libertá-lo e conduzi-lo pelo caminho

do real saber, que se percebe na criticidade e reflexão sobre o mundo.

A tendência é estabelecer uma forma autêntica de pensar e atuar,

sem dicotomizar este pensar da ação. Afinal, a utilização da função diagnóstica

da avaliação é eficiente, porém bastante trabalhosa e as pessoas estão

acostumados a produtos prontos e acabados, como é o caso da avaliação com

função classificatória do ensino tradicional.

Outro fator importante apontado por Hoffman (1998) é que: (...) As

notas e provas funcionam como redes de segurança em termos de controle

exercício pelos professores, do sistema sobre suas escolas. Controle esse que

parece não garantir o ensino de qualidade que viemos pretendendo, pois as

estatísticas são cruéis em relação à realidade das nossas escolas (idem, 1998,

p. 26). Esse controle é próprio da avaliação classificatória, pois na avaliação

diagnóstica, não se utiliza essa forma repressiva, uma vez que os sucessos

são conseguidos num processo contínuo de esforços mútuos, e o respeito é

criado pelo próprio trabalho educacional. Outro fator interessante é que no

34

sistema tradicional as notas determinam o nível de aprendizado, taxando o

intelecto dos educandos e registrando em definitivo o conceito a ele atribuído

Já no modelo diagnóstico, o aluno é visto em um contexto e avaliado

passo-a-passo no decorrer do processo ensino-aprendizagem.

3.1 - Nova perspectiva psicopedagogica para a avaliação da

aprendizagem escolar

Trabalhar com dificuldades de aprendizagem na avaliação

constitui verdadeiro desafio que, a cada passo conquistado, mostra-se

abrangência e complexidade do tema. Na verdade, falar dos problemas em

aprender implica, em termos, abordar uma série de áreas e disciplinas que vão

desde a neurologia até a psicologia, a pedagogia a assistência social, entre

outras. Muitos distúrbios neurológicos podem atingir tanto crianças quanto

adultos, causando problemas de fala, de locomoção, de cérebro (raciocínio)

etc. Esses distúrbios prejudicam qualquer tipo de aprendizagem.

Algumas observações levaram a algumas hipóteses. Professor e

escola, envolvidos num processo sociocultural desestruturado ou mal

estruturado, marcado pela inadequação pedagógica e pela deficiência de

recursos materiais e humanos, entre outros problemas, procuram falha ou

falhas em qualquer parte do processo, atribuindo-as sempre praticamente a

problemas de origem orgânica ou físicas facilmente detectadas e visíveis na

educando.

O problema, portanto, agrava-se sensivelmente no transcorrer do

processo avaliativo, com injustificáveis desperdícios de tempo e mão-de-obra

profissional, desgaste físico e emocional para o educando e sem soluções

objetivas para a escola. Grande parte da dificuldade em definir, conceituar e,

portanto, avaliar os problemas de aprendizagem surge basicamente da

necessidade de diferenciar aquilo que é considerado como distúrbio de

aprendizagem. "Uma mensagem que precisa ser decodificada pelo professor, é

uma mensagem que a educando emite, como um grito de desespero de

35

incompreensão do que aconteceu, é um pedido falido de ajuda, (Fernandez,

1991, p. 136).

Geralmente, dentro de nosso sistema educacional, a problemática

recai sobre o educando de forma incisiva. Frases como "ela não aprende

porque tem um problema” são comuns nos consultórios médicos e

psicológicos. Contudo, os problemas apresentados estão relacionados a outros

fatores, extremamente mais simples, como dificuldades socioeconômicas da

nossa população e, porque não dizê-lo de nossas escolas, problemas não

vinculados diretamente à incapacidade física para aprender. Essa situação

provoca com isso, falsos diagnósticos e prognósticos sombrios.

Devemos reconhecer as inúmeras diferenças, entendê-las e

respeitá-las. Percebe-se que em todas as escolas, em todas as séries,

encontram-se educandos com problemas de aprendizagem, agressividade e

com pouca estimulação para estudar. Estes educando, muitas vezes são

determinados e apontados como alunos problemas. São alunos que algum

momento apresentou problemas em seu desempenho escolar, e nada foi feito

ou muito pouco para compensar o que não aprenderam. Para a escola, às

vezes representam casos perdidos, que quanto mais rotulados mais problemas

apresentam.

A avaliação psicopedagógica é a investigação do processo de

aprendizagem do indivíduo visando entender a origem da dificuldade e/ou

distúrbio apresentado. Como se vê seu objetivo é bastante diferenciado.

Dependendo do conceito de avaliação que o psicopedagogo tenha, a avaliação

psicopedagógica seguirá o mesmo modelo.

No caso de um profissional que adota a avaliação de cunho

classificatório, certamente, irá utilizar um padrão de avaliação psicopedagógica

baseada na definição de categorias de problemas encontrados. Por outro lado,

se a postura for de utilização da avaliação de natureza diagnóstica, então, a

avaliação psicopedagógica terá por finalidade identificar possíveis causas dos

problemas e orientar quanto à melhor forma de trabalhar com o referido

educando.

De um modo geral, os procedimentos utilizados numa avaliação

psicopedagógica incluem entrevista (s) inicial (is) com os pais ou responsáveis

36

pela criança e/ou adolescente, análise do material escolar, aplicação de

diferentes modalidades de atividades e uso de testes para avaliação do

desenvolvimento, áreas de competência e dificuldades apresentadas.

Durante a avaliação podem ser realizadas atividades matemáticas,

provas de avaliação do nível de pensamento e outras funções cognitivas,

leitura, escrita, desenhos e jogos, dependendo do tipo de problema

apresentado.

Em termos específicos é preciso considerar cada caso para que se

proceda adequadamente no processo avaliativo. Contudo, em todas as

situações, faz-se necessário iniciar a avaliação psicopedagógica pela

anamnese que é a primeira etapa da avaliação. Consta de uma entrevista com

os pais, onde são ouvidas as queixas e levantado os dados da criança

(evolução geral, história clínica, história familiar e história escolar).

A partir das queixas iniciais, motivos do encaminhamento do aluno

para a avaliação e dos elementos coletados durante a anamnese, o

psicopedagogo ira definir a próxima etapa do processo. Se, a história clínica do

educando revela indícios de problemas orgânicos é preciso solicitar uma

avaliação dos profissionais adequados ao caso. Essa avaliação pode ser de

cunho psicológico, fonoaudiólogo, neurológico, pediátrico, psiquiátrico,

ortopédico, fisioterápico, etc.

A avaliação psicopedagógica pretende obter uma compreensão

global da forma de aprender do sujeito e dos desvios que estão ocorrendo na

sua aprendizagem. È, procura utilizar as contribuições de uma equipe

multidisciplinar para compor o diagnóstico e a intervenção mais adequada a

cada caso porque entende que o sujeito precisa ser considerado na sua

totalidade.

Existe uma tendência geral, em se privilegiar na avaliação e

intervenção psicopedagógica, o aspecto lúdico. Essa tendência é muito positiva

para se ajudar as crianças com dificuldades na aprendizagem e/ou com

deficiências e pode ser complementada com testes e atividades mais formais

nas áreas cognitiva, afetivo-social e corporal, lingüística, etc.

No universo das pessoas com deficiência ou com dificuldades de

37

aprendizagem é notório que os procedimentos de avaliação podem gerar

situações extremamente inadequadas e injustas.

Há vários casos de crianças encaminhadas para o atendimento

psicopedagógico erradamente.

As pesquisas revelam que, equivocadamente, inúmeras crianças

recebem laudos avaliativos com base em premissas teóricas e instrumentos de

diagnóstico inapropriados.

O problema maior dos diagnósticos errados se situa na forma como

se conduz o processo de avaliação desses indivíduos. O pior é que acabam se

construindo preconceitos sociais para com algumas crianças, a partir de uma

suspeita de deficiência ou de problemas de aprendizagem que não se justifica

e não possui razão de ser. Toda esta situação torna-se ainda mais grave,

quando o psicopedagogo (ou qualquer outro profissional) limita-se a oferecer

um diagnóstico que somente serve para rotular aquela criança ou jovem, mas

não subsidia o professor com alternativas de intervenção que facilitem o

processo de ensino e aprendizagem.

Assim, pode-se observar que o psicopedagogo precisa se aliar a

outros profissionais para construção de uma avaliação eficiente, no entanto,

cabe-lhe uma tarefa diferenciada, a de investigar os "aspectos relacionados às

condições de aprendizagem e de desenvolvimento da criança” e propor uma

intervenção psicopedagógica adequada.

O marco teórico básico de referência em que se apóia a avaliação

psicopedagógica tal como a entendemos é o da concepção construtivista do

processo de ensino-aprendizagem e da teoria sistêmica. Ao mesmo tempo,

entendemos que a avaliação psicopedagógica, deve nos permitir dispor de

informações relevantes não apenas em relação as dificuldades apresentadas

por um determinado educando ou grupo de educandos, por um professor ou

por alguns pais, mas também às suas capacidades e potencialidades.

Desse modo, não falamos de deficiências nem de dificuldades, mas

sim de necessidades educativas dos educando que, necessariamente, devem

ser traduzidas em situações passíveis de melhora e na concretização de auxílio

e suporte. Por trás de toda avaliação há sempre um julgamento técnico com

38

base em um critério, mediado por um enfoque conceitual, técnicas e

instrumentos não-neutros, que são uma medida interpretativa da realidade.

A avaliação psicopedagógica requer um processo prévio de

obtenção de dados e informações sobre o que pretendemos conhecer e

melhorar. Trata-se de um processo amplo que teria de ser compartilhado e

que, sob nosso ponto de vista, deveria incluir diferentes contribuições

profissionais, porque não tem apenas uma dimensão individual ou do grupo

que queremos avaliar, mas também uma vertente multiprofissional e

institucional. A maneira de entender e atender à diversidade a partir de uma

perspectiva global da escola determina o êxito ou o fracasso escolar, do

mesmo modo que um enfoque psicopedagógico centrado unicamente no

"problema¨ individual de um educando.

A avaliação psicopedagógica supõe contar com o critério técnico de

um profissional, do psicopedagogo ou da psicopedagoga, sem cair na

pretensão de considerá-lo único e determinante. Os processos de ensino-

aprendizagem mostram como cada pessoa e grupo de aprendizagem são

únicos e podem se desenvolver com diferenças significativas, não apenas pela

diversidade de habilidades físicas e cognitivas, mas também emocionais

manifestadas nas aptidões e atitudes relacionais, solidárias e de convivência,

cujo desenvolvimento, inibição ou repressão podem influenciar os contextos.

Entendemos, portanto, que a avaliação psicopedagógica é um processo

dinâmico, contínuo e preventivo; e, na escola, em particular, é compartilhado

por diferentes profissionais. Esse processo tema finalidade de favorecer a

tomada de decisões consensuais a partir de um acompanhamento contínuo

das interações entre os diversos elementos que incidem tanto no ensino quanto

na aprendizagem. Essas decisões devem traduzir-se em medidas factíveis, que

os profissionais possam implementar para que o processo de ensino-

aprendizagem leve ao progresso dos alunos como grupo e individualmente.

Portanto, a avaliação psicopedagógica parte do reconhecimento de que em

qualquer processo de ensino-aprendizagem existem elementos

assimetricamente incidentes: os alunos, os professores e o currículo. Esses

elementos configuram um clima relacional e não apenas de aprendizagem, que

é determinado também pelos contextos escolares, profissionais, familiares e as

39

concepções que criam esses ambientes com relação ao acolhimento, ao

ensino, à aprendizagem e, de maneira geral, ao desenvolvimento integral de

qualquer menino, menina ou adolescente.

Sob o olhar psicopedagógico da dificuldade de aprendizagem

compreendemos os processos de desenvolvimento e os caminhos da

aprendizagem. Vemos o aluno de maneira global, onde a busca por apoio nas

diversas áreas do conhecimento passa pela aprendizagem no contexto escolar,

familiar e nos aspectos afetivo, cognitivo e biológico.

Nessa visão, cabe aos profissionais da educação tornar-se um

investigador dos processos de aprendizagem dos educandos, com o intuito de

evitar que o problema de aprendizagem leve ao fracasso escolar. Se

acreditarmos que o problema de aprendizagem é responsabilidade do

educando, da família ou da escola é, um grande equivoco diante da

complexidade do processo ensino aprendizagem. A atitude que devemos tomar

como educadores conscientes de nosso papel diante de uma educação de

qualidade são intervir psicopedagogicamente sobre o problema de

aprendizagem.

Portanto, os problemas de aprendizagem constituem uma situação

real presente nas instituições escolares, sendo necessário que todos os

envolvidos com questões educacionais façam estudos que possibilitem

conhecer cada vez melhor as relações entre os problemas de aprendizagem.

Dessa maneira, podemos recorrer ao psicopedagogo para estruturar formas de

ações e/ou intervenções psicopedagógicas que esclareçam de forma amena o

caminho a ser percorrido por todos. Pois cada estudo, cada escola, traz uma

realidade que culminará em uma teoria.

40

CONCLUSÃO

A presente pesquisa inicia-se a partir da questão: Como a

Psicopedagogia pode contribuir para ajudar o sujeito com a sua intervenção e

avaliação? A partir dessa indagação foi possível estudar a trajetória da

Psicopedagogia e compreender a importância dessa área dentro da Instituição

de Ensino. Neste contexto, foi possível perceber e constatar que a

Psicopedagogia é, de fato, um instrumento de grande utilização para ajudar no

processo ensino-aprendizagem.

A Psicopedagogia é nova no Brasil, mais tem crescido muito em seu

percurso, ajudando muito a detectar problemas de aprendizagem, mostrando

soluções e técnicas para educadores e educando, sendo um veículo de

favorecimento global de formação significadora, o Psicopedagogo tem que

distinguir as teorias que lhe permitam conhecer de que modo se dá a

aprendizagem, o que é ensinar e aprender.

A psicopedagogia tem por objetivo compreender, estudar e

pesquisar a aprendizagem e as dificuldades humanas. Na concepção do termo

busca - se o resultado de uma investigação, sobre o homem e suas multifaces:

biológica, afetiva - intelectual como objeto de estudo da Psicopedagogia.

A aprendizagem humana é determinada pela interação entre o

individuo e o meio, da qual participam os aspectos biológicos, psicológicos e

sociais. Dentro dos aspectos biológicos, o sujeito apresenta uma serie de

características que lhe permitem, ou não, o desenvolvimento de

conhecimentos. As características psicológicas são consequentes da historia

individual, de interações com o ambiente e com a família, o que influenciara as

experiências futuras, como, por exemplo, o conceito de si próprio, insegurança,

interações sociais, etc. Porem nesse contexto, e pertinente concluir que é

fundamental que o sujeito seja estimulado em sua criatividade e que seja

respondida as suas curiosidades por meio de descobertas concretas,

desenvolvendo a sua auto-estima, criando em si uma maior segurança,

confiança, tão necessária a vida adulta.

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É importante que haja um envolvimento familiar nos processos

educativos desse sujeito no sentido de motivá-lo afetivamente ao aprendizado.

O aprendizado formal ou a educação escolar, para ser bem-sucedida não

depende apenas de uma boa escola ou de bons programas, mas,

principalmente, de como o sujeito e tratado em casa e dos estímulos que

recebe para aprender é preciso entender que o aprender é um processo

continuo e não cessa quando o sujeito esta em casa. As mudanças políticas,

sociais e culturais são referenciais para compreender o que acontece nas

escolas e no sistema educacional.

Diante disso, é preciso ressaltar que a aprendizagem é uma

capacidade inerente e reflexiva de todo sujeito e em toda tentativa de

aprendizagem, mesmo que esta pareça fracassada resultará sempre em uma

aprendizagem.

42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Partir da Prática - Wak Editora 2011.

FERNANDES, Anete. Avaliação Psicopedagógica, Historia de um percurso

- Wark Editora Rio de Janeiro 2013.

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Porto Alegre, Arte Médicas, 1995.

______________ Ministério da Educação. Diretrizes Nacionais para a

Educação Especial na Educação Básica -Resolução n° 2/2001.

MORAES, Manoel Antonio Pamplona. Distúrbios de Aprendizagem: Uma

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OLIVIER, Lou de. Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento. Wak

Editora 2011.

RELVAS, Marta Peres. Neurociência Na Prática Pedagógica. Wak Editora

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RUBINSTEIN, Edith. Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. 1 ed.

São Paulo: Casa da Editora, 2001.

SAMPAIO, Simaia; Freitas, Ivane de Braga. Transtornos e Dificuldades de

Aprendizagem, Entendendo Melhor os Alunos com Necessidades

Educativas Especiais. Wark Editora Rio de Janeiro 2011.

SÁNCHEZ, Jesús-Nicasio García. Dificuldades de Aprendizagem e

Intervenção Psicopedagógica. Trad. Emani Rosa – Porto Alegre Artmad,

2004.

SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e

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SISTO, Fermino Fernandes. Dificuldades de aprendizagem no contexto

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SOUZA, Maria Evanira de. Problemas de Aprendizagem: Crianças de 8 a 11

anos. Bauru, EDUSC,1996.

TEIXEIRA, Dr. Gustavo. Manual dos Transtornos Escolares: Entendendo

os problemas de crianças e adolescentes na escola. Best Seller, Rio de

Janeiro 2013.

43

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO........................................................................................................ 2

AGRADECIMENTO........................................................................................................ 4

RESUMO........................................................................................................................ 6

SUMÁRIO....................................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO............................................................................................................... 9

CAPÍTULO I.................................................................................................................. 11

PRESSUPOSTO HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA

1.1 - A Psicopedagogia no Brasil...................................................................... 13

1.2 - A Psicopedagogia e as Intervenções na Escola....................................... 16

CAPÍTULO II................................................................................................................. 20

A VISÃO DA PSICOPEDAGOGIA SOBRE AS DIFICULDADES DE A

APRENDIZAGEM

CAPÍTULO III................................................................................................................ 27

A PSICOPEDAGOGIA E SUAS PRÁTICAS

3.1 - Nova Perspectiva Psicopedagogica Para A Avaliação Da Aprendizagem

Escolar.......................................................................................................................... 34

CONCLUSÃO .............................................................................................................. 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 42

ÍNDICE......................................................................................................................... 43