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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” O PAPEL VITAL DA LIDERANÇA DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES Isabela Dias Costa Prof. Mario Luiz Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

O PAPEL VITAL DA LIDERANÇA DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES

Isabela Dias Costa

Prof. Mario Luiz

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL VITAL DA LIDERANÇA DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES

Esta publicação atende a contemplação

didático-pedagógica de metodologia da

pesquisa e a produção e desenvolvimento

de monografia, para o curso de pós-

graduação.

3

AGRADECIMENTOS

Ao professor Mario Luiz, pela orientação

na elaboração desta monografia. A todos

que direta ou indiretamente contribuíram

para a construção deste projeto, através

de seus livros, textos, comentários e

críticas.

4

DEDICATÓRIA

A minha mãe, Deise Dias da Costa, por ter

me dar apoio e carinho em todos os

momentos, e ao meu marido, Raphael

Aversa, pela sua paciência e amor que

sempre esteve presente em seu coração

fortalecendo nosso relacionamento e me

fazendo ser uma mulher cada vez mais

completa.

5

RESUMO

Atualmente a liderança não significa mais pôr a mão na cintura e dizer: “Aqui

mando eu, inteligente quem obedece”. Liderança é ter um poder de influência

positiva em pessoas ou grupos, conquistando credibilidade, confiança, aceitação,

consenso e ação na consecução de objetivos. No início do século quando se

pensava em liderança a primeira coisa que vinha a mente era algo do tipo mandar,

exigir, em outras palavras uma liderança autocrática. Em nossos dias

mencionados à palavra liderança associa-se a idéia de que é o melhor, é o

primeiro, ou produto topo de linha e até mesmo, o único. Todos querem ser líderes

seja qual for o seu ramo de atividade. Um bom líder, nos dias de hoje,

diferentemente do que muitos pensam, não está relacionado à simplesmente

ordenar e delegar tarefas, mas sim em reconhecer e valorizar seus colaboradores,

logicamente isso implica que o líder deve estar sempre presente. Segundo Kotler

o líder é bom quando ninguém sabe que ele existe.

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METODOLOGIA

Os métodos que levam ao problema proposto, como leitura de livros, jornais,

revistas, questionários, e a resposta, após coleta de dados, pesquisa bibliográfica,

pesquisa de campo, observação do objeto de estudo, as entrevistas, os

questionários, etc. Contar passo a passo o processo de produção da monografia.

É importante incluir os créditos às instituições que cederam o material ou que

foram o objeto de observação e estudo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – Definição de conceitos 12

CAPÍTULO II – Tipos de liderança 16

CAPÍTULO III – Princípios da liderança 24

3.1 – O poder da liderança 24

3.2 – Elimine os limites 31

3.3 – Mudança e oportunidade 31

3.4 – Gerencie menos 32

3.5 – Trabalhando com alegria 34

CAPÍTULO IV – Liderança feminina x masculina 35

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 43

8

INTRODUÇÃO

Nada mais comum nos nossos dias atuais do que ouvir palestras de

administração sobre questões como liderança e trabalho em equipe. Nelas escuta-

se apaixonados discutindo acerca da importância do líder, assistir a “gurus’’ de

management lançar as frases reveladoras, os insights iluminados que devem

alimentar o arcabouço dialético dos gerentes para esse ano, junto aos livros de

auto-ajuda e management na moda. Frases para todos os gostos do tipo: “O líder

nasce, não se faz” em oposição à “O líder também pode se fazer”; ou então “A

liderança deve ser compartilhada”, oposta à “A liderança deve ser única e clara, ou

então não é liderança”. Isto é só uma pequena amostra da dificuldade de se obter

um consenso nas questões que cercam atualmente a definição do líder.

O objetivo desta serie de artigos é chamar a atenção para uma abordagem

mais seria do tema da liderança dentro da administração, assim como de levantar

algumas hipóteses sobre a necessidade da liderança e dos motivos que levam a

ela. Finalmente, trata-se da dificuldade atual de encontrar verdadeiros líderes na

sociedade.

As diversas polêmicas geradas em torno ao tema da liderança, imersas dentro

de uma disciplina como é a administração, que já arrasta seus próprios e

importantes problemas, porém que pela sua natureza, precisa do auxílio de outras

disciplinas como a psicologia ou a antropologia, entre outras, para exercer um

discurso sério neste tema, permitiu e permite que todo tipo de oportunistas sem

escrúpulos tirem proveito da confusão reinante e exerçam as mais mirabolantes

consultorias nas empresas. Isto forma parte do circo corporativo.

É um circo que desvia a atenção das engrenagens da máquina corporativa que

tritura as vidas das pessoas, reduzindo tudo ao aprendizado de técnicas de

pastoreio. Existe, porém, no entender destes autores, um lado sério do

management que é pouco explorado pela sua exigência de uma grande cultura

geral, de uma visão sistêmica dos problemas e de um conhecimento humano no

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sentido mais amplo da palavra. Isto porque resulta mais fácil aprender a “receita

da vovó” para fazer o bolo do que se adentrar nas profundidades dos problemas.

Não obstante, em algumas questões relativas à liderança parece que há um

certo consenso. Reconhece-se que o líder é alguém que conduz, ou melhor ainda,

que emerge para conduzir uma situação, que faz as coisas acontecerem e ainda é

reconhecido pelos liderados como o mais capaz para fazê-lo. O interessante do

líder é que não é imposto aos demais, e sim reconhecido como tal. Ele

simplesmente surge.

Utiliza-se a figura do líder por se entender que tal efígie constitui-se em

representante emblemática da estrutura e valores concernentes à teoria e prática

organizacional, representando autoridade, ordem e controle, partes fundamentais

do pensamento administrativo. Além disso, as recorrentes alterações na

composição de sua imagem refletem com propriedade as mutações da retórica

constitutiva do fenômeno Organização, evidenciando as reformulações

desencadeadas nos momentos em que se vislumbram possíveis ameaças ao

ordenamento estabelecido.

A intenção de refletir sobre os desdobramentos discursivos pertinentes ao

conceito de liderança repousa na crença de que estes vêm contribuindo para a

construção e a manutenção de uma realidade naturalizada, quer dizer, desprovida

de historicidade, em que são desconsideradas as dimensões ideológicas.

A esta altura, o leitor talvez esteja se perguntando em que medida tudo isso se

relaciona com transtornos em introduções... Por que um início tão desconexo com

o assunto a ser desenvolvido? Enquanto se pensa coletivamente a esse respeito,

que ilustra a motivação para a elaboração deste artigo: “Contrariamente à

idealização que aparece com freqüência no mundo dos negócios, a organização

aparece freqüentemente como um lugar propício ao sofrimento, à violência física e

psicológica, ao tédio e mesmo ao desespero [...]”.

10

Reforça a justificativa de se questionar a teoria organizacional através da

liderança: “Numa sociedade de mercado, o empregado eficiente deve ser um ator

despersonalizado. Espera-se dele que acate as determinações impostas, de cima

para baixo, e que definem o papel que tem que desempenhar”.

O fato é que se apresenta como pressuposto as relações alicerçadas em

mandantes e obedientes. Estudar, portanto, a liderança, diz respeito a

compreender as organizações e a própria sociedade. Da mesma forma, a

investigação da ação discursiva também fornece elementos para uma reflexão em

escala ampla, dada sua capacidade construtora do campo social.

O líder é muito mais que um superior hierárquico. É alguém que possui

sabedoria, conhecimentos e técnicas para desenvolver pessoas, criando à sua

volta um ambiente no qual a comunicação, a coesão, a criatividade e o trabalho

em equipe estão sempre presentes.

Liderar é persuadir e pedir o comprometimento dos seus seguidores através de

seu próprio exemplo. É motivá-los a desempenhar suas atividades corretamente,

comprometendo-se com os resultados. Não só por meio de disciplina e

responsabilidade como também pelo entusiasmo.

Existe uma grande diferença entre um chefe e um líder. Um chefe executa

suas funções e cumpre as metas traçadas. Um líder faz isso tudo e ainda

desenvolve as pessoas que estão ao seu lado nesse processo.

Com isso o líder gera junto ao seu grupo de trabalho, um ambiente progressivo

gerando resultados superiores, pois sabe criar em torno de si um clima aberto e

seguro para que as pessoas troquem idéias e experiências. Com essa atitude, ele

desperta maior senso de participação e valores comuns, fazendo com que cada

um sinta que seu envolvimento é extremamente importante, que sua contribuição

é respeitada e levada em conta, sendo este o maior estímulo que um profissional

pode receber em qualquer nível para desempenhar suas atividades de maneira

satisfatória.

11

O objetivo do trabalho é identificar que com o passar do tempo, o estilo de

liderança vai se inovando, e para que se obtenha pleno sucesso, é necessário que

ocorra a adaptação às novas tendências, isto é, os membros da organização têm

que se esforçarem ao máximo para torná-la uma realidade. Quem não estiver

envolvido, estará fora do mercado.

- Capítulo I : concentua o que é a liderança;

- Capítulo II : mostra as principais características de cada tipo de liderança (

Autoritária, Liberal e Democrática), trabalhando as suas vantagens e

desvantagens de cada uma;

- Capítulo III : descreve os princípios da liderança : poder, limites, mudanças,

oportunidade, gerenciamento e motivação.

- Capítulo IV : destaca a liderança feminina que cada dia vem ocupando

espaços sociais, profissionais, culturais e políticos que tradicionalmente eram

reservados aos homens. A busca pela igualdade de direitos e deveres tem sido

uma constante nas reivindicações das mulheres.

12

CAPÍTULO I

DEFINIÇÃO DE CONCEITOS

A liderança está intimamente relacionada com as competências de

comunicação e de transmissão de idéias. Assim, tem sido muito complicado definir

o que é ser líder e o que é Liderança, havendo inúmeras definições para este

elaborado conceito. Bass (1990, apud Rego, 1998) refere que “existem quase

tantas definições de liderança quantas as pessoas a tentar defini-la”. Apresentam-

se, em seguida, algumas definições encontradas, referentes ao conceito de

Liderança:

· É ter imaginação, conhecimento e inteligência, e somente sua eficácia poderá

converter estas qualidades em resultados. Um líder deverá tomar decisões, não

somente obedecendo a ordens. Este é parte de uma organização, e só é eficaz na

medida em que contribui com as outras pessoas, conhece seu tempo e suas

necessidades, trabalhando sistematicamente. Percebe-se também com o que

pode contribuir, olha seus objetivos e desempenho, buscando uma comunicação

eficaz, trabalho de equipe, o autodesenvolvimento e o desenvolvimento dos

outros. Um líder transforma a força produtiva, uma vez que nada se constrói sobre

a fraqueza, focaliza a força e faz exigências para a realização de determinado

objetivo. (DRUCKER, 1967).

· É a capacidade para promover a ação coordenada, com vista ao alcance dos

objetivos organizacionais (GOMES, 2000);

· É um fenômeno de influência interpessoal exercida em determinada situação

através do processo de comunicação humana, com vista à comunicação de

determinados objetivos (FACHADA, 1998);

· É um processo de influência e de desempenho de uma função grupal orientada

para a consecução de resultados, aceites pelos membros dos grupos. Liderara é

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pilotar a equipe, o grupo, a reunião; é prever, decidir, organizar (PARREIRA,

2000);

· É necessária maturidade para considerar os sentimentos e convicções alheias

para a obtenção de resultados e para o bem-estar dos outros. Esta maturidade

leva à expansão e ao desenvolvendo novas habilidades e interesses. Pessoas

assim são líderes que irradiam energia positiva e dirigem-na, auto-realizando-se.

(COVEY, 2002).

Assim, enquanto que a liderança pode ser vista como um fenômeno de

influência interpessoal, o líder pode ser percebido como aquele que decide o que

deve ser feito e faz com que as pessoas executem essa decisão. Deste modo, o

líder será avaliado pelos resultados simbólicos, mais do que pelos resultados

substantivos, ser responsável é aceitar ter que responder por algo e perante

alguém. Noutros termos, é ter que prestar contas. E a prestação de contas é uma

prestação discursiva. Por isso, a prestação do líder conta e o seu discurso produz

efeitos que importa ter em conta. (GOMES, 2000).

Daqui se depreende o quanto é importante, atender ao modo como o líder é

visto pelos outros na sua função de liderar, bem como atender à percepção que o

próprio líder tem acerca do modo como utiliza a sua liderança. O líder deve avaliar

o seu próprio estilo, auto-percepcionar-se, ser autocrítico e questionar-se.

Com efeito, antes de se aprofundar mais os conceitos, será conveniente

distinguir entre liderança estatutária e emergente. A liderança estatutária ou formal

está associada a uma posição na estrutura de poder formal, as quais

correspondem comportamentos esperados de indivíduos, ocupando um estatuto

oficialmente reconhecido. Por contraste, a liderança emergente corresponde

àquela que é exercida por alguém, independentemente da posição oficial que

ocupa. Um membro que não detenha uma posição oficial de liderança pode

exercer uma influência decisiva no grupo, por exemplo, ao expressar uma idéia

proveitosa, ao colocar uma questão pertinente, ao ajudar o grupo a formular um

plano ou mesmo ao fazer sugestões úteis ao líder estatutário.

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Muitos estudiosos parecem pensar a liderança como se ela fosse somente, ou

primariamente, fixada quer através de nomeação ou eleição quer a partir de

habilidades especiais, preparação e formação. Nesta base, aqueles que dividem

as pessoas em dois grupos: líderes e seguidores, ou, se preferirmos líderes e

subordinados. Desta forma, assiste-se à identificação restritiva da liderança com a

liderança formal.

A liderança é, desejavelmente, um processo que implica capacidade de

influenciar os outros através de um processo de comunicação, o objetivo final de

realizar uma tarefa. A liderança deve ser alvo de auto-análise e autocrítica, já que

ela é um processo interativo, que não acontece com uma pessoa isolada.

O comportamento dos sujeitos implica que o líder adapte um estilo de liderança

específico e adequado às características desse grupo. Pelo processo de

influência, o líder pode alterar o comportamento dos sujeitos, de modo

intencional, através das estratégias que utiliza para impor o seu domínio e

ascendência. É importante que o líder se relacione com todos os elementos do

grupo que lidera. Como apareceu numa definição de Liderança, anteriormente

citada, neste processo complexo de liderar, há uma influência interpessoal que

surge como resultado da comunicação entre os interlocutores envolvidos no

processo, acerca de um determinado objetivo (FACHADA, 1998).

Max De Pree, gestor da norte-americana Herman Miller Inc., faz uma outra

abordagem da liderança, colocando a ênfase na liberdade dos subordinados e na

serviciência dos líderes. Na verdade, este autor considera a liderança como a arte

de “libertar as pessoas para fazerem o que se exige delas de maneira mais

eficiente e humana possível”. Max De Pree considera ainda que a primeira

responsabilidade de um líder é a definição da realidade e a última é agradecer;

entre as duas deverá tornar-se um servidor da organização e dos seus membros -

é o contraste entre os conceitos de propriedade e de dependência. Desta forma, a

medida de uma boa liderança encontra-se nos seus seguidores: quando estes

atingem o seu potencial, alcançam os resultados pretendidos e estão motivados, é

sinal de uma boa liderança.

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O comportamento de liderança engloba diversas funções relacionadas com o

estruturar, distribuir funções, orientar, coordenar, controlar, motivar, elogiar, punir,

reforçar, etc. Contudo, o fundamental da liderança baseia-se no direcionar o grupo

para metas específicas.

Durante muito tempo, a liderança foi estudada como estando relacionada com

características pessoais e inatas do sujeito. Considerava-se que as qualidades

inerentes ao líder, tais como a inteligência, a amabilidade, a força física, etc. eram

determinadoras dos potenciais lideres. Conforme Fachada (1998) e Parreira

(2000), a teoria dos traços de personalidade que considerava que o líder possuía

características que o identificavam e que o tornavam o grande homem, e em que a

liderança era percebida como intrinsecamente individual. O líder era, então, visto

como possuindo características em potência ou atualizadas, sendo que esta

competência era um traço estável da sua personalidade. A teoria do traço

considerava que a capacidade de liderança poderia ser diagnosticada através de

testes e questionários.

No entanto, esta teoria depara-se com duas dificuldades, que não conseguiu

ultrapassar, segundo Parreira, (2000): dificuldade em isolar um conjunto finito de

características e traços que defina todos os líderes e, que todos os líderes

possuam; dificuldade em assegurar que essas características estejam ausentes

em todos os não líderes. Abandonou-se, em conseqüência, a teoria em causa, por

não ser possível encontrar traços de personalidade que diferenciassem um líder

de um não líder.

Passou a ser foco de estudo, em vez do indivíduo líder, o processo de

liderança. A liderança é atualmente percebida como algo que pode ser treinado e

aprendido, através da adaptação do líder às funções de liderança.

"A moral da história é clara: para ser líder é necessário saber para onde se

vai. Definir a direção e apalpar o terreno que nos levará ao cumprimento da

missão e dos objetivos fazem parte do processo ( ... )" (Bothwell, 1991, p. 25). Na

mesma linha, também, Chiavenato (1999), define o comportamento do líder como

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aquele cuja função comporta planejar, dar informações, avaliar, arbitrar, controlar,

recompensar, punir, entre outras, tendo como finalidade ajudar o grupo a atingir os

seus objetivos ou a satisfazer as suas necessidades.

Porém, definir normas não constitui a essência de ser líder. Ordenar, gerir

chefiar, embora sejam atribuições importantes da sua função, não são sinônimos

de liderança. Liderança e gestão, no dizer de Bothwell (1991), não são

necessariamente a mesma coisa. Apesar de, preferencialmente, os gestores

deverem ter capacidades de liderança e os lideres capacidades de gestão, não é

isto que normalmente acontece. Pois, liderança tal como a define Estanqueiro

(1992), é a arte de Influenciar pessoas. O verdadeiro líder é aquele que tem

capacidade para influenciar (leia-se motivar) ou inspirar os outros a segui-lo.

Durante muito tempo, julgou-se que o mais importante na arte de liderar,

eram as características pessoais do líder e investigaram-se quais os traços de

personalidade, os sistemas de valores e os estilos de vida dos líderes. Daqui

resultou uma listagem imensa que vai desde a estatura e energia físicas até à

competência técnica e espírito de decisão passando pela inteligência,

conhecimentos, sabedoria e imaginação.

Atualmente, as opiniões divergem quando se trata de saber quais os traços

que devem ser incluídos ou excluídos e a sua respectiva importância e, inclusive,

como nos diz Estanqueiro (1992) “dá-se mais relevo aos comportamentos do líder,

isto é, ao seu estilo de liderança, embora as qualidades individuais (...) não sejam

de desprezar” (p. 85). Surgem, assim, novas teorias cuja abordagem se centra nos

possíveis estilos de comportamento do líder em relação aos seus subordinados. A

abordagem dos estilos de liderança refere àquilo que o líder faz enquanto a

abordagem anterior, a abordagem dos traços, se refere àquilo que o líder é

(Chiaveniato, 1999).

17

CAPÍTULO II

TIPOS DE LIDERANÇA

Vários foram os autores que abordaram os tipos de liderança. No entanto,

sobressai-se uma teoria mais comumente referenciada, e bastante utilizada, de

White e Lippitt (1939). De acordo com estes autores existem essencialmente três

tipos de liderança: Autoritária, Liberal e Democrática.

Assim, explorar-se-ão as características principais de cada tipo, trabalhando

vantagens e inconvenientes de cada um.

Inicia-se esta abordagem pelo estudo do líder autoritário: fixa diretrizes sem a

participação do grupo, determina as técnicas para a execução das tarefas. É

também ele que designa qual a tarefa de cada um dos subordinados, e qual será o

companheiro de trabalho de cada sujeito. É dominador, provocando tensão e

frustração no grupo. Tem umas posturas essencialmente diretivas, dando

instruções concretas, sem deixar espaço para a criatividade dos liderados. Este

líder é pessoal, quer nos elogios, quer nas críticas que faz. As conseqüências

desta liderança estão relacionadas com uma ausência de espontaneidade e de

iniciativa por parte dos liderados, bem como pela inexistência de qualquer

amizade no grupo, visto que os objetivos são o lucro e os resultados de produção.

O trabalho só se desenvolve na presença física do líder, visto que quando este se

ausenta, o grupo produz pouco e tende a indisciplinar-se, expandindo sentimentos

recalcados. O líder autoritário provoca grande tensão, agressividade e frustração

no grupo. Relativamente ao estilo de líder liberal, também denominado de laissez

faire, não há imposição de regras.

O líder não se impõe ao grupo e conseqüentemente não é respeitado. Os

liderados têm liberdade total para tomar decisões, quase sem consultar o líder.

Não há grande investimento na função, no estilo liberal, havendo participações

mínimas e limitadas por parte do líder. Quem decide sobre a divisão das tarefas e

sobre quem trabalha com quem, é o próprio grupo. Os elementos do grupo

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tendem a pensar que podem agir livremente, tendo também desejo de abandonar

o grupo, visto que não esperam nada daquele líder. Como não há demarcação

dos níveis hierárquicos, corre-se o risco do contágio desta atitude de abandono

entre os subordinados. Este é freqüentemente considerado o pior estilo de

liderança, pois reina a desorganização, a confusão, o desrespeito e a falta de uma

voz que determine funções e resolva conflitos.

Segundo White e Lippitt (1939), no que respeita ao terceiro estilo de liderança,

o líder democrático assistem e estimulam o debate entre todos os elementos. É o

grupo, em conjunto, que esboça as providências e técnicas para atingir os

objetivos. Todos participam nas decisões. As diretrizes são decididas pelo grupo,

havendo, contudo um predomínio, pouco demarcado, da voz do líder. O grupo

solicita o aconselhamento técnico do líder, sugerindo estas várias alternativas para

o grupo escolher. Cada membro do grupo decide com quem trabalhará e é o

próprio grupo que decide sobre a divisão das tarefas. O líder tenta ser um membro

igual aos outros elementos do grupo.

O líder democrático, quando critica ou elogia, limita-se aos fatos, é objetivo.

Este tipo de liderança promove o bom relacionamento e a amizade entre o grupo,

tendo como conseqüência um ritmo de trabalho progressivo e seguro. O

comportamento deste líder é essencialmente de orientação e de apoio. Surgem,

em resumo, grandes qualidades de relação a nível interpessoal, bem como bons

resultados ao nível da produção e resultados.

Mediante estes três tipos de liderança, cabe a cada sujeito escolher aquele que

mais se adapta ás suas próprias características, às funções, competências e

feitios dos liderados, bem como às tarefas e contextos de realização dos objetivos.

Perante o que foi exposto e, sabendo-se já que a liderança é uma competência a

ser trabalhada e exercida, devemos, talvez, escolher o estilo que mais resultados

positivos tragam, quer para o líder, quer para os liderados.

É, no entanto, importante salientar que não há estilos puros, em termos

práticos: ninguém é um único estilo de liderança, mas o que acontece é que os

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líderes têm mais ou menos características de um ou de outro tipo. Sucede,

também, que mediante situações específicas os líderes adaptem um estilo mais

adaptado e mais eficaz às vicissitudes do projeto, da equipe, do contexto, dos

prazos, etc.

Assim, se os tentássemos representar, os tipos de liderança ficariam numa

espécie de um contínuo, em que se tocam e até se podem sobrepor nalguns

aspectos.

Os diferentes estilos tocam-se e não têm, portanto, uma delimitação específica.

Por exemplo, um líder laissez-faire que perceba que perdeu o controle da equipe,

pode adaptar um estilo mais autoritário. Um líder democrático, num momento em

que tem um trabalho para realizar e a entrega têm de ser imediata, pode também

optar por uma postura um pouco mais autoritária. Da mesma forma, um líder

democrático que sinta que a equipe está a correr muito bem, pode desleixar-se um

pouco e cair num estilo mais laissez-faire.

Os estilos vão variando conforme a motivação da equipe e o momento em que

esta se encontra.

O estilo de liderança depende, também, das características pessoais: uma

pessoa insegura irá optar, defensivamente, por um estilo que a proteja, por

exemplo, o autoritário, que não permite que a questionem.

O estilo de liderança depende, similarmente, da equipe que temos em mão, da

competência dessas equipa. Uma equipe de pessoas mais jovens, com pouca

experiência precisará de mais alguma diretividade. Poderá, do mesmo modo,

depender do tamanho do grupo: um grupo grande terá uma liderança mais

autoritária e democrática quanto baste; enquanto que um grupo médio deverá ter

diretrizes mais democráticas e menos autoritárias; já um grupo pequeno poderá

ser liderado com mais democracia e laissez-faire. Também se arriscaria a dizer

que, provavelmente, uma liderança diretiva, mais autoritária estará mais

20

apropriada a sujeitos com baixa competência, que necessitam de instruções

precisas para a realização eficaz das tarefas.

Será, talvez, um estilo importante para principiantes inseguros. Com pessoas

com elevados níveis de competência, com vasta experiência, o estilo de liderança

mais eficaz será participativo (democrático) no sentido de fornecer orientação e

apoio. Este estilo motiva muito as pessoas visto que lhes atribui bastante

responsabilidade (FACHADA, 2000).

Contudo, a liderança não deriva unicamente das características idiossincráticas

do líder. Há uma série de outras variáveis que influenciam a dinâmica deste

processo. Assim, o exercício da liderança é, também, dependente da situação e

do contexto.

De acordo com a teoria do traço de personalidade, como já visto

anteriormente, um líder seria sempre líder, em todas as condições, sempre de

modo eficaz e com todos os indivíduos. Isto não se verifica: acontece sim, que um

líder pode ter muito sucesso num contexto e numa outra situação, verificar-se o

insucesso. O comportamento do líder é, então, influenciado pelo contexto e pelos

liderados com quem se relaciona.

Não existe, pois, nenhum estilo de liderança único e válido para todas as

situações e para todos os sujeitos e, será consequentemente, importante atender

a três fatores: o líder (valores, convicções, confiança nos subordinados, modo de

liderar, etc.); o subordinado (gosto pelo trabalho, receptividade ao líder,

expectativa de participação nas decisões, experiência na resolução de problemas,

etc.); o contexto (a situação: tipo de empresa, valores, diretrizes, objetivos,

complexidade, organograma, etc.), segundo Fachada, 1998.

Não se pode, no entanto, esquecer que a liderança não se realiza em

isolamento. Para liderar é necessário que haja interação entre um elemento, que

será implícito ou explicitamente, o líder e outros sujeitos, os liderados. Mediante

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esta interação, a liderança pode ter dois tipos de orientação, havendo a

possibilidade de ser mais orientada para as pessoas ou para as tarefas.

Quando a essência do líder está direcionada para as pessoas, existe nele uma

maior sensibilidade às problemáticas dos outros. Atende às pessoas como seres

humanos e não como máquinas de trabalho. Existe uma preocupação autêntica

pelos elementos da equipe, quer relativa ao modo como estes realizam as tarefas,

quer relativa ao seu bem-estar e motivação. Como consequência, há uma maior

satisfação por parte dos liderados, que se traduz numa melhor coesão grupal.

Contudo, este estilo de liderança não origina um aumento direto da produtividade,

visto o objetivo estar mais orientado para os sujeitos.

Quando a orientação do líder está mais direcionada para a tarefa, ou para a

produção, existe uma preocupação com a realização das às atividades,

valorizando-se os resultados e os lucros, sempre com o objetivo de desenvolver a

organização.

Há uma preocupação excessiva com as tarefas em deterioramento das

pessoas que as executam. Isto pode provocar a diminuição da coesão grupal e da

satisfação dos liderados. Contudo, esta satisfação poderá aumentar se o líder

mostrar aos subordinados que espera deles. Isto significa que o efeito sobre a

produtividade estará dependente do estilo de liderança para a tarefa.

Assim sendo, uma liderança autoritária terá conseqüências negativas, ao

passo que uma liderança diretiva e estruturada terá conseqüências de produção

mais positivas, no sentido que cada um sabe o que se espera dele e isto não lhe é

imposto de modo rígido e inflexível.

Conforme White e Lippitt (1939), da combinação destes dois estilos de

liderança, resultam cinco posições:

a) Gerência empobrecida: baixa orientação para a tarefa e baixa orientação

para as pessoas. Este tipo de líder deseja apenas permanecer no sistema,

reagindo o menos possível. Não contribui significativamente para a organização.

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Planifica pouco. Adepta uma postura passiva, não se envolvendo demasiada nas

situações, reagindo com indiferença. Não contribui para a produtividade e

considera que, se algo correr mal, nada pode fazer para alterar a situação. Evita o

conflito para não defender pontos de vista, mantendo-se indiferente. Ignora o erro

dos colaboradores e reenvia�lhes a totalidade da responsabilidade.

b) Clube Recreativo: alta orientação para as pessoas e baixa orientação para

as tarefas. O líder valoriza muito as atitudes e os sentimentos dos seus

subordinados, preocupando�se com o que estes pensam e querendo a

aprovação destes. Por isso, apresenta uma postura simpática e disponível,

privilegiando, apenas, o convívio e a boa disposição Não impõe a vontade própria

aos outros, acontecendo que cada um faz as tarefas que quer a um ritmo próprio.

Esta postura cria sérias dificuldades na obtenção dos objetivos de produção, visto

que este líder tem grande dificuldade em exigir algo aos liderados. Não tem

coragem de chamar a atenção para as falhas cometidas. Como também não

pretende um ambiente de conflito, as tarefas são dificilmente realizadas. Este tipo

de liderança provoca também alguma insatisfação ou frustração nos liderados

visto que não são propostos novos desafios, as pessoas não se sentem

realizadas.

c) O homem organizacional: orientado de igual forma para as pessoas e para

as tarefas. O líder procura ter um bom relacionamento com os seus subordinados,

estando atento ao que eles pensam. É importante, para este líder, ser

positivamente avaliado pelos colegas o que faz com que adapte como suas as

opiniões que lhe parecem mais acertadas e que interessam à maioria. Em função

desta apreciação positiva do grupo, o líder não se expõe muito, tendo relações

superficiais com os subordinados. Procura envolver os liderados no trabalho, não

exerce muita pressão neles e só lhes exige o que eles permitem. Evita extremo.

Planeje o trabalho sem pormenores para promover a iniciativa, a autonomia e a

responsabilidade. Ceda em alguns aspectos para obter vantagens noutros.

23

d) Gerência: alta orientação para a tarefa e baixa orientação para as pessoas.

O líder quer ser dominador e poderoso, sendo o seu objetivo vencer. É

determinado e sente�se realizado quando atinge níveis altos de produção,

olhando somente para os resultados. Não valoriza os esforços dos subordinados

atribuindo-lhes culpas quando surgem falhas no sistema. O seu relacionamento

com os subordinados rege�se pela autoridade. Este líder impõe a sua vontade,

mesmo que vá contra a vontade dos outros nunca confiando nestes. Organiza

condições de trabalho que reduzem os aspectos afetivos de modo a impedir que

os fatores humanos possam prejudicar a eficácia.

e) Equipe: alta orientação para a tarefa e alta orientação para as pessoas. O

líder acredita na relação existente entre as necessidades de produção da

organização e as necessidades dos indivíduos que trabalham essa organização,

favorecendo o desejo de auto-realização. Assim, adepta uma postura de motivar

os subordinados, no sentido destes ambicionarem elevados padrões de

desempenho, promovendo também o trabalho em equipa e a responsabilidade

dos sujeitos em que tudo é partilhado sucessos e fracassos. Estabelece desafios

às equipas com objetivos claros a cumprir. Faz as pessoas participarem nas

exigências da produção. Reagem às falhas e infrações, tirando daí ensinamentos

procurando compreender o responsável antes de puni-lo.

O estilo de liderança e a orientação adaptada têm de estar adaptadas a cada

sujeito ou equipe e à tarefa em causa. Consoante as diferentes tarefas, o mesmo

indivíduo pode ter mais eficácia com estilos de liderança também diferentes.

Assim, “a liderança é mais arte do que ciência. Nessa arte, o líder tem de aplicar a

sua experiência e o seu bom senso para decidir quando, como, e com quem deve

usar cada um dos estilos” (ESTANQUEIRO, 1992). Percebe-se então, que uma

liderança eficaz está atenta às necessidades concretas das pessoas e à

idiossincrasia do grupo.

24

CAPÍTULO III

PRINCÍPIOS DA LIDERANÇA

Felizmente, a liderança pode ser ensinada e aprendida. A liderança parece

ser a convocação de habilidades possuídas por uma maioria, mas utilizada por

uma minoria. É, porém, algo que pode ser aprendido por qualquer pessoa,

ensinado a todos, não devendo ser negado a ninguém".

3.1 O PODER DA LIDERANÇA

Algumas maneiras de liderar que parecem sempre funcionar. Essas regras são

de Jack Welch (2005):

a) Os líderes são incansáveis em melhorar a equipe, usando todos os

encontros como oportunidades para avaliar, treinar e reforçar a

autoconfiança.

A autoconfiança energiza, dando ao pessoal a coragem para ousar, para

assumir riscos e para superar os próprios sonhos. É o combustível das equipes

vencedoras.

Com muita freqüência, os gerentes acham que o desenvolvimento de pessoas

ocorre uma vez por ano, nas avaliações do desempenho. Estão muito longe da

verdade.

O desenvolvimento de pessoas deve ser uma tarefa diária, integrada em todos

os aspectos cotidianos.

Não há evento em qualquer dia que não possa ser usado para o

desenvolvimento de pessoas.

25

As visitas dos clientes são uma chance para avaliar a força de vendas. Os

passeios pela fábrica são uma oportunidade para conhecer novos gerentes de

linha promissores e ver se eles têm capacidade para dirigir algo maior. O intervalo

para o café durante uma reunião é um bom momento para treinar um membro da

equipe que esteja preste a fazer sua primeira apresentação importante.

E em todos esses encontros lembre-se de que a avaliação e o treinamento são

ótimos, mas o desenvolvimento da autoconfiança é, no final das contas,

provavelmente sua tarefa mais importante. Aproveite todas as oportunidades para

injetar autoconfiança em quem merece. Abuse dos elogios, quanto mais

específicos, melhor.

Além de seu enorme impacto em termos de melhoria da equipe, a melhor

conseqüência de usar todos os encontros para o desenvolvimento de pessoas é

tornar o processo muito mais divertido. Em vez de reuniões sonolentas para a

análise de números e passeios pela fábrica para a exibição de novas máquinas,

todo dia é dia de promover o crescimento das pessoas. E então, observe o

florescimento.

b) Os líderes se empenham para que as pessoas não só compreendam a

visão, mas também para que a vivenciem e a respirem.

Não precisa dizer que os líderes devem projetar a visão da equipe e a maioria

age assim. Mas essa coisa de visão não fica só nisso. Como lidere você precisa

dar visão.

Como conseguir isso? Antes de tudo, sem jargões. Os objetivos não podem

parecer nobres, mas vagos. As metas não podem ser tão nebulosas a ponto de

parecerem inatingíveis.

É preciso falar constantemente sobre a missão, até o ponto de engasgar. E

falar para todos.

26

Um dos problemas mais comuns nas organizações é que os líderes

comunicam a visão para seus colegas mais próximos e suas implicações nunca

filtram até as pessoas em posições de linha de frente. Lembre-se de todas as

vezes que você se deparou com um funcionário grosseiro ou apressado numa loja

de departamento ou ficou esperando ser atendido pelo call center em uma

empresa que promete velocidade e conveniência.

Por algum outro motivo, eles não ouviram a missão, talvez porque ela não

tenha sido gritada para eles, bastante alta ou com uma freqüência suficiente. Ou

talvez o sistema de recompensa não tivesse alinhado com a visão.

Essa é a parte final desta regra de liderança. Se você quer que as pessoas

vivam e respirem a visão, mostre-lhes o dinheiro quando agirem dessa maneira

seja como salário, bônus ou qualquer outra forma.

A visão é um elemento essencial do trabalho do líder. Mas nenhuma visão vale

o papel em que esta impressa se não for comunicada de maneira constante e se

não for forçada por meio de recompensas. Apenas nessas circunstâncias ela

saltará da página, e ganhará vida.

c) Os líderes se põem no lugar de todos, transpirando energia positiva e

otimismo.

O trabalho do líder é, na falta de melhor palavra, contagiante. Você já viu essa

dinâmica uma centena de vezes. Um gerente vibrante, que passa o dia com uma

atitude positiva, de alguma maneira acaba liderando uma equipe ou organização

cheia de pessoas vibrantes, com atitudes positivas. Já que o pessimista crônico,

sempre mal-humorado e de cara fechada, acaba com uma tribo infeliz. E as tribos

infelizes têm muita dificuldade para vencer.

Evidentemente, às vezes há razões de sobra para se sentir por baixo. A

economia vai mal, a competição é brutal ou qualquer outra. O trabalho às vezes é

difícil.

27

Mas seu trabalho como líder é combater a força da gravidade do negativismo.

Isso não significa adoçar os desafios de sua equipe. Quer dizer exibir uma atitude

energizante e corajosa quanto à capacidade de superar as dificuldades. Significa

sair de sua sala e se pôr no lugar de todos, importando-se de fato com o que

estão fazendo e como está sentido, enquanto vocês sobem a ladeira juntos. Adote

essa atitude.

d) Os líderes angariam confiança com franqueza, transparência

reconhecendo os méritos alheios.

Para algumas pessoas, tornar-se líder pode ser um verdadeiro exercício de

poder. Elas curtem o sentimento de controle sobre pessoas e informações. E

assim guardam segredos, poucos revelam do que pensam sobre as pessoas e

seu desempenho e ocultam o que sabe, sobre a empresa e seu futuro.

Esse tipo de comportamento sem dúvida promove o líder como chefe, mas

drena a confiança da equipe. A confiança surge quando os líderes são

transparentes, simples e cumprem a palavra. Só isso. Os líderes também

conquistam confiança reconhecendo o mérito quando devido. Eles nunca tapeiam

seu próprio pessoal, roubando uma idéia e dizendo que ela é sua. Não beijam os

de cima e chutam os de baixo, pois têm autoconfiança e maturidade suficientes

para saber que o sucesso da equipe angariará reconhecimento, mais cedo do que

se supõe. Nas épocas difíceis, os líderes assumem responsabilidade pelo que dá

errado. Nas épocas boas, generosamente repassam elogios.

Lembre-se, ao se tornar líder você não recebe uma coroa, apenas passa a ter

a responsabilidade de conseguir o máximo dos outros. Por isso, seu pessoal

precisa confiar em você. E confiarão desde que você demonstre franqueza,

reconheça os méritos e mantenha os pés no chão.

e) Os líderes têm coragem para tomar decisões impopulares e agir com

base no instinto.

Quando você é um colaborador individual, tenta encontrar todas as respostas.

28

Essa é função, ser especialistas, o melhor no que faz, talvez até a pessoa mais

inteligente na sala. Quando você é líder, sua tarefa é fazer todos os tipos de

perguntas. Só o questionamento, contudo, nunca é o suficiente. É preciso ter

certeza de que suas perguntas provocam debates e levantam temas que exigem

ação.

Lembre-se que porque você é líder, dizer alguma coisa não significa que ela vá

acontecer.

Se você acerta numa previsão ou ouve seus instintos, mas não insiste em que

se faça alguma coisa para desmentir ou confirmar suas dúvidas e preocupações,

elas de pouco valem quando se mostram verdadeiras.

Sei que muita gente detesta o processo de sondagem. É muito desagradável

acreditar num produto ou entrar na sala de reuniões com uma bela apresentação,

e depois vê-la invalidada por perguntas do chefe. Mas essa é sua função. Você

quer soluções maiores e melhores. Perguntas inteligentes, debates produtivos,

decisões fundamentadas e ações oportunas pipocarão em todos os lugares.

f) Os líderes inspiram à assunção de riscos e o aprendizado constante,

dando o exemplo.

As empresas vencedoras promovem à assunção de riscos e o aprendizado

constante. Mas, na realidade, esses dois conceitos geralmente ficam apenas no

discurso e em mais nada. Muitos gerentes insistem para que seu pessoal tente

novas experiências e depois metem o pau nos mais ousados quando algo não dá

certo. E muitos se refugiam no seu próprio mundo do não-inventado-aqui. Para

que seu pessoal experimente e expanda seus horizontes, dê o exemplo.

Aceite correr risco. Você pode criar uma cultura propícia à assunção de riscos

ao admitir abertamente seus erros e ao salientar o que aprendeu com eles. Essas

experiências não foram nem um pouco animadoras, mas falei sobre elas

abertamente para mostrar que é normal fazer apostas ousadas e perder, desde

que delas se extraia alguma lição.

29

Você não precisa ser moralizante ou muito humilde sobre seus erros. De fato,

quanto maior o senso de humor e a espontaneidade com que você encarar a

situação, mais as pessoas captarão a mensagem de que os erros não são

mortais.

Quanto ao aprendizado, viva-o e aproveite-o intensamente. Ser chefe não

significa que você seja a fonte de todos os conhecimentos. É bem possível que se

exagere, mas sempre deixe claro o entusiasmo em relação à nova idéia. Os

líderes também podem e devem aprender uns com os outros.

Não existe lei no mundo que obrigue as pessoas a assumir riscos ou há passar

o tempo aprendendo. Na maioria dos casos, a equação risco-retorno de cada um

não é muito clara.

Se você quiser mudar a situação, dê o exemplo. Você adorará a nova cultura

vibrante e os resultados daí decorrentes e também a sua equipe ficará empolgada.

g) Os líderes comemoram.

Porque será que as comemorações deixam os gerentes tão nervosos? Talvez

porque dar festas não seja muito profissional, ou quem sabe eles receiem que

pareçam pouco sérios para os realmente poderosos, ou que, se tudo ficar muito

festivo no escritório, as pessoas deixem de levar as coisas a sério.

Qualquer que sejam as razões, as comemorações não são muito comuns nos

ambientes de trabalho em qualquer lugar.

As comemorações fazem com que as pessoas se sintam vencedoras e criam

uma atmosfera de reconhecimento do mérito e de energia positiva. Imagine uma

final de campeonato sem que a equipe vencedora festeje a vitória. É inimaginável!

No entanto, as empresas não raro realizam grandes proezas e deixam tudo passar

em branca nuvem.

30

O trabalho está muito presente na vida de todos para que não se reconheçam

os momentos de realização. Explore-os tanto quanto possível. Transforme-os em

grandes feitos.

3.2 ELIMINEM OS LIMITES

Há ações que podem ser adotadas para eliminar limites dentro das empresas,

segundo Drucker (2006):

a) Mantenha os olhos e ouvidos bem abertos: Algumas das barreiras mais

destrutivas são as que separam os colaboradores uns dos outros. Ao desenvolver

e escutar todo mundo, você remove as barreiras verticais e horizontais. Escute

com especial atenção quem está mais perto do dia-a-dia do trabalho e dos

clientes.

b) Olhe em volta á procura de novidades: Não tenha preconceitos, nem sempre

as novidades que vêm de fora da empresa são ruins. Parte do trabalho de cada

colaborador era descobrir novas idéias.

c) Elimine os limites: Implantar limites numa empresa “sem limites” é quase um

estilo de vida que não pode ser alvo de uma única investida e depois ser

esquecido. O processo de motivação e de aprendizado é permanente, assim,

como o incentivo e outros comportamentos desafiadores.

3.3 MUDANÇA E OPORTUNIDADE

A mudança é um insumo básico para a fábrica da vida. Ela pode trazer muitas

coisas boas e, nos negócios, é freqüentemente a centelha que acende a luz de

uma boa idéia, de um novo projeto ou mesmo de um produto revolucionário. Há

muitas oportunidades nas mudanças. Basta prestar atenção, diz Drucker (2006)

31

A seguir vão algumas dicas para ajudá-lo na mudança em sua empresa e em

sua vida:

a) Aprenda a lidar com o novo: Esteja sempre consciente de que a mudança o

acompanha onde quer que você esteja. Se você aceitar e usar isso a seu favor,

ficará numa posição de vantagem em relação àqueles que não sabem lidar com

novidades.

b) Estimule sua capacidade de antecipação: Muitas vezes a diferença entre o

sucesso e o fracasso está na sua capacidade de antecipação, enquanto a

concorrência fica apenas no planejamento.

c) Prepare sua equipe para as mudanças: Não basta você se preparar sua

equipe também precisa estar atenta. Use um enfoque positivo quando abordar o

tema e trate a mudança como uma oportunidade, não como uma ameaça.

3.4 GERENCIEM MENOS

As pessoas deveriam tomar suas próprias decisões sem tanta interferência

gerencial.

Como os negócios dependem da inteligência, os colaboradores passaram a

serem encorajados a pensar por eles mesmos e a se auto-administrar. Ao

incentivar o livre pensamento e a autonomia, as empresas se preparam melhor

para enfrentar o cenário ultracompetitivo atual. O oposto acontece nas empresas

que valorizam o gerenciamento do detalhe. Nesse caso, todo mundo tem medo de

pensar e agir por conta própria- o que gera demora na tomada de decisões ou

erros e, sem dúvida, deixa a empresa menos competitiva.

Fornecer as ferramentas e a habilitação necessárias para que todos melhorem

seu desempenho é responsabilidade da empresa. Ao investir em treinamento e

32

priorizar o aprendizado, prepara a equipe para assumir as responsabilidades do

próprio trabalho.

A partir do momento em que isso acontece com naturalidade, os gerentes

podem se concentrar na essência do seu trabalho, que é criar uma visão e liderar

a equipe naquela direção. Profissionais detalhistas acabam se envolvendo em

minúcias sem importância e perdem a visão do todo.

Como grande parte do negócio depende da maneira como entendemos a

realidade e lidamos com ela, as pessoas detalhistas são um fator altamente

perturbador. Concentrar a atenção em detalhes banais pode impedir que se

enxergue a realidade.

Conforme Drucker (2006), para evitar se tornar um gerente detalhista siga as

seguintes sugestões:

a) Mantenha o foco em seus objetivos: Não perca a concentração. Aproveite

períodos mais tranqüilos para descobrir exatamente o que você precisa fazer para

atingir suas metas.

b) Gerencie menos: Se você está exagerando no gerenciamento, descubra a

razão. Será que é porque os colaboradores estão recebendo pouco treinamento?

Ou será que sua personalidade compulsiva o impede de relaxar? Encare a

realidade e tome as providências necessárias.

c) Delegue poder e saia do caminho: Você não conseguirá fazer tudo sozinho.

A chave da liderança é desenvolver e formar grandes líderes. Você nunca saberá

aonde a pessoa pode chegar se não lhe der oportunidade de tentar.

3.5 TRABALHANDO COM ALEGRIA

Ninguém deve se ocupar de algo que não lhe proporcione satisfação. Se você não

levanta da cama estimulada para enfrentar novos desafios, é provável que esteja

no emprego errado.

33

As pessoas não devem se levar muito a sério. Enquanto muitos líderes

empresariais vestiam a camisa do formalismo, outros mostravam na prática que

não havia problema em afrouxar a gravata e relaxar a expressão do rosto

enquanto discutia o orçamento do próximo ano.

Veja o que você pode fazer para ter maior prazer no trabalho, segundo Drucker

(2006):

a) Transforme o trabalho num “laboratório de idéias”: Encoraje todo mundo a

relaxar, vestir-se de modo despojado e a tornar o ambiente de trabalho um

“laboratório de idéias”.

b) Procure um emprego que o inspire: Procure trabalhos ou tarefas que

desafiem sua mente. Você só saberá do que é capaz se tiver um trabalho que o

inspire.

c) Busque sempre novos desafios: A vida, assim como o mundo dos negócios,

tem a ver com aprendizado e crescimento. Para ter prazer, era preciso transcrever

seus objetivos de tempos em tempos e sair em busca de novos desafios e

crescimento intelectual.

34

CAPÍTULO IV

LIDERANÇA FEMININA X MASCULINA

Observaram-se semelhanças nos resultados das entrevistas com as mulheres

gerentes e suas equipes em relação ao gerenciamento exercido por mulheres

como: organização, eficiência, flexibilidade e cuidado com o outro. Pode-se dizer

que uma representação social de uma forma feminina de gerenciar está sendo

construída, no contexto onde ocorreu a pesquisa, que se caracteriza por uma

tentativa de conciliação entre a exigência de si e do outro e atenção e cuidado

com a equipe (FRANKEL, 2007).

Os resultados apontaram para uma idealização do gerenciamento feminino

onde deve existir uma forma conciliatória entre eficiência, competência e as

responsabilidades no cuidado com o outro.

Outra questão que se apresentou diz respeito à distinção entre competências

pessoais e competências de gênero. Até que ponto a mulher atribui as suas

habilidades ao fato de ser mulher? Ou as atribui a uma competência pessoal, fruto

de sua personalidade e história pessoal? Pensar em uma competência pessoal

não é uma maneira de obscurecer a questão de gênero nas organizações? Ou

indica uma superação das diferenças? São também questões que se abriram.

O desempenho dos papéis na família é tão importante no discurso das

mulheres gerentes que a dupla jornada é assumida com sacrifícios a fim de

preservar, mais harmoniosamente, seu papel de mãe e de mulher profissional. A

excessiva carga de trabalho das mulheres, que acumulam as suas atividades na

esfera pública com afazeres domésticos indica que a divisão das tarefas

domésticas ainda é desigual, bem como falta à provisão, pelo Estado, de

equipamentos sociais, como creches e escolas de tempo integral.

Por outro lado, as gerentes atribuem o apoio familiar como essencial: tanto no

incentivo à aceitação de novos desafios (apoio do marido e filhos), quanto no

35

modelo ou parâmetro a serem seguidos (pessoa da família da qual a gerente

descende, sobretudo a mãe). Buscam formas mais flexíveis de lidar com as

inúmeras demandas que estariam relacionadas com a maneira feminina de

trabalhar com processos gerenciais e equipes, adquiridas na aprendizagem no

âmbito doméstico. Uma flexibilidade necessária tanto para conciliar as demandas

da família quanto aquelas do trabalho. Mas a persistência, refletida no espaço da

conquista do sucesso sem fazer concessões e na competência, é outro traço que

caracteriza este estilo de gerenciar.

Percebe-se que, além de um movimento de “feminização” (LAVINAS, 2001)

significando um aumento na participação das mulheres no mercado de trabalho,

pode-se observar, também, uma “feminização” na maneira de gerenciar. Em

outras palavras, um novo modelo de gerenciamento que busca a conciliação

daquelas características tradicionalmente consideradas femininas com as

características tidas como masculinas, para a obtenção de melhores resultados.

Considerando as relações de gênero, podemos também apontar como

relevante a reflexão sobre a forma feminina de gerenciar. Até que ponto estaria

havendo uma manutenção da dicotomia, só que agora sob a ótica inversa,

legitimando diferenças naturais. Poderíamos apontar para um estágio além do

híbrido - masculino e feminino - e sim para uma forma simplesmente com

características humanas de gerenciar, sem a necessidade de afirmar diferenças?

Desta sorte, mesmo trabalhando critérios aparentemente naturais de definição

do masculino e do feminino, como por exemplo, força e delicadeza, as implicações

do seu uso remeteriam a uma hierarquia que não estava contida na diferença

biológica, mas na relação social subjacente. Valem dizer, em uma cultura do

trabalho que fundamenta as divisões de tarefas em representativas do masculino

e do feminino, essas divisões obedecem a tradições e hierarquias que são

componentes simbólicos, socialmente construídos e vivenciados.

Outra questão que se apresenta é a de que o sucesso de mulheres em postos

gerenciais já não sucinta ostracismo social, ao contrário, há uma valorização para

36

sua maior participação e um sentimento de orgulho quando elas chegam ao poder.

Foi-se o tempo em que imperativamente, as mulheres deviam apagar-se,

renunciando aos estudos prolongados bem como aos postos de responsabilidade.

Felizmente, em nossos dias, as mulheres não têm medo de vencer, ao

contrário, sentem-se orgulhosas de alcançar sucesso profissional. Por outro lado,

demonstram que não se beneficiam das mesmas motivações sociais que os

homens para elevasse ao topo. As mulheres gerentes deste estudo raramente se

mostraram determinadas a alcançar os últimos escalões das organizações, elas

remetem que o sucesso foi ocorrendo em decorrência de sua competência e grau

de articulação, o alcance do posto de comando se deu como meio e não como fim.

Lançam igualmente um olhar crítico à corrida por postos e honras, ao

carreirismo e ao oportunismo que animam os homens. Neste sentido, Lipovetsky

(2000) aponta que não se pode separar essa distância feminina em relação às

lutas de poder de uma socialização com dominância privada, dirigida para os

valores relacionais e afetivos. A orientação para as pessoas, constitutiva da

socialização feminina, torna as mulheres refratárias às lutas pelos postos e pelo

poder, esvazia de sentido existencial a busca de poder pelo poder e leva-as, ao

contrário dos homens, a cogitar o sacrifício de sua carreira se esta prejudicar sua

vida privada.

Cabe ressalvar, que o fato das mulheres não ter a ambição pelo poder, isso

não deve significar que seja a causa de tão poucas mulheres alcançarem os

postos de alta hierarquia. Fatores como: opção por maior qualidade de vida;

“homens escolhem homens” para postos no poder: e dificuldades e falta de

estímulo organizacional para maior inclusão de mulheres em postos de alta

hierarquia são apontadas como alguns dos elementos que impedem maior número

de mulheres no topo de carreira.

Por outro lado, Wolf (2006) afirma que é preciso ter clara a perspectiva

histórica da participação feminina no mercado de trabalho. É preciso entender que

tudo o que as mulheres conquistaram no mercado de trabalho teve início nos

37

últimos 50 anos e de forma progressiva. As pessoas que detêm os mais altos

postos, atualmente, estão na casa dos 50 anos e entraram no mercado de

trabalho antes dessa abertura. Fazem parte de uma geração na qual ainda havia

poucas mulheres na universidade e dispostas a enfrentar o mercado.

Se olhar a geração que hoje está com 20 anos e imaginarmos como ela estará

daqui a três décadas, podemos inferir que nos postos mais altos das organizações

haverá tantas mulheres quantos homens (WOLF, 2006).

É importante assinalar a necessidade de novos estudos que possam

identificar, no discurso e nas práticas dos sujeitos, possíveis elementos de

transformação das representações e suas conseqüências na construção do

gerenciamento feminino. Ainda no âmbito deste trabalho, analisar os resultados

das equipes com distinção por sexo e por categoria funcional, o que poderá trazer

informações importantes para a melhor compreensão do tema proposto.

Estudos comparativos entre o gerenciamento feminino e o gerenciamento

masculino são recomendados, assim como, estudos sobre o gerenciamento de

mulheres que gerenciam em escalões mais baixos.

Resta, por fim, desejar boas lideranças e, que em situação de liderado, saiba

ser o subordinado que gostaria de ter, e que em situação de líder, saiba ser o líder

que gostava de ter quando foi liderado.

38

CONCLUSÃO

Este trabalho de pesquisa em administração adquire relevância ao contribuir

para a produção de conhecimento crítico na área de estudos organizacionais

acerca da gestão da diversidade especificamente as relações de gênero tema

emergente, presente no dia a dia das empresas brasileiras e ainda com muitas

lacunas a serem preenchidas.

Para as empresas, este estudo pode contribuir no sentido de acrescentar uma

visão mais crítica acerca de si própria, de seus interesses e de seu

relacionamento com a sociedade assumindo uma posição mais coerente e

transparente com relação aos seus objetivos, a sinergia com os seus funcionários

podem ser reforçados gerando benefícios para todos: executivos, acionistas,

fornecedores, funcionários, clientes, governo, entre outros.

Para o pesquisador da área de administração de empresas, um trabalho que

prioriza a questão do Comportamento Organizacional, relação de gênero nas

organizações, suas teorias, fenômeno teto de vidro e representações sociais que

podem contribuir para o desenvolvimento de um profissional com posturas mais

questionadoras, mais reflexivas e, principalmente, mais emancipatórias.

Imagine um anúncio de emprego em que se lê: “procura-se: indivíduo com

habilidades de treinador, professor, líder de torcida, herói, visionário,

administrador, artista, ser humano sensível e atento para com as pessoas que o

cercam, segundo o que as circunstâncias exigem. Precisa ter facilidade para

vivenciar mudanças culturais. Uma qualidade essencial é o compromisso profundo

com nossa missão e nosso pessoal, mas o candidato deve conseguir distanciar-

se, para perder sua visão objetiva da realidade”. É por essa razão que falta líderes

em todo o mundo.

A preocupação que existia na Grécia antiga em formar líderes capazes de

liderar suas instituições perdeu-se ao longo do tempo, hoje o que se vê dentro das

organizações são exatamente ao contrário, as pessoas ficam vulneráveis em

39

busca de oportunidades, gerando assim o descomprometimento com a empresa a

qual é prestado determinado serviço. Não sabemos de fato, a veracidade, mas

existem estudos que mostram que daqui a cerca de quinze anos não haverá mais

líderes no mundo, tudo isso, devido à falta de investimento das empresas, que por

sua vez percebendo isso, tem mudado o presente quadro.

Sabendo que liderança é algo inato e pode ser desenvolvida, porque não

investir no que podemos chamar de futuro da organização. As organizações que

acertadamente investem em seus colaboradores, obtêm como feedback a

qualidade de vida no trabalho. É a chave para quem ser líder de mercado. É um

ciclo, que quando o investimento é para formar líderes o resultado é a liderança de

mercado.

A liderança deve ser vista como a ação que auxilia o grupo a atingir seus

objetivos dentro de uma determinada situação. É a capacidade de influenciar

pessoas para trabalharem entusiasticamente na busca de objetivos identificados

como sendo para o bem comum. Por esse enfoque, percebe-se que a liderança

pode ser compartilhada. É a chamada liderança democrática, na qual o líder

exerce a autoridade pelo consentimento grupal. A liderança autocrática, por outro

lado, essencial em algumas “situações”, é responsável pelas loucuras mais

extravagantes e até por crimes monstruosos, como foi o caso de Hitler, uma vez

que o líder pode esquecer que sua autoridade foi-lhe outorgada pelo grupo e

passa a ser autoritário, com comportamento dominante.

O fato de estar em posição central, diferenciada dos liderados, facilita-lhe, com

o passar do tempo, características de dominação. Eis porque a liderança não é

propriamente inata. A “situação” em que se encontra o grupo também varia de um

momento histórico para outro, no mesmo grupo. As expectativas externas, a

estrutura grupal, o número de membros, seus objetivos, as atitudes,

necessidades, aptidões dos membros, são aspectos da situação. O líder, em

suma, será aquele que mais exerce influência no grupo, na direção dos seus

objetivos, numa determinada situação. Liderança e realização de grupo estão,

assim, relacionadas.

40

O papel do líder é extremamente exigente, porque haverá sempre duas

dinâmicas em jogo: a tarefa e o relacionamento. A chave para a liderança é

executar as tarefas enquanto se constroem os relacionamentos, pois tudo na vida

gira em torno deles. O ingrediente mais importante num relacionamento bem-

sucedido é a confiança. Sem ela, é impossível conservar um bom relacionamento.

Se o líder não corresponder às necessidades de seus liderados, através de

relacionamentos saudáveis, alguém o fará, e ele então perderá a confiança da

equipe e sua liderança. Confiar é, antes de mais nada, saber ouvir, mesmo que a

fala seja um desafio. Quando as idéias são desafiadas, as pessoas são forçadas a

repensar sua posição (liderança), e isso é sempre desconfortável. Sem isso,

porém, não há progresso. As estatísticas mostram que na comunicação uma

pessoa gasta em média 65% do tempo ouvindo, 20% falando, 9% lendo e 6%

escrevendo. No entanto, as escolas procuram ensinar a ler e a escrever, mas

geralmente não se esforçam para ensinar a prática de ouvir.

O papel do líder, portanto, não é impor regras e dar ordens. É servir. Para

liderar é preciso servir, e isso requer que ele tenha humildade, seja aberto,

honesto e direto com as pessoas, sempre de maneira respeitosa. Servir não

significa fazer o que os outros querem, mas o que os outros precisam para serem

responsáveis. As pessoas têm necessidade de receber estímulo para se tornarem

o melhor que puderem ser, e a necessidade é uma legítima exigência física ou

psicológica para o bem-estar do ser humano.

No fundo, liderar é identificar e satisfazer necessidades legítimas. É através do

serviço que se constrói a autoridade. O líder comprometido dedica-se ao

crescimento e aperfeiçoamento de seus liderados. Ao pedir às pessoas que lidera

para que se tornem o melhor que puderem que se esforcem no sentido de se

aperfeiçoarem sempre, devem também demonstrar que, como líderes, estarem

também empenhados em crescer e tornar o melhor que puder.

Liderar com autoridade exige muito trabalho e esforço, requer compromisso,

paixão, investimento nos liderados e clareza por parte do líder a respeito do que

ele pretende conseguir do grupo. O trabalho de tratar os outros com bondade, de

41

ouvir ativamente, de ter e expressar consideração, de elogiar, de reconhecer, de

estabelecer o padrão, de deixar claras as expectativas, de dar às pessoas

condições para manterem o padrão estabelecido – isto é de fato uma missão

diária. Liderança não é estilo, mas sim essência, isto é, caráter.

42

BIBLIOGRAFIA:

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prática. Universidade de Aveiro. Lisboa: Editora, Aster.

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