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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA AUTOR MARIA LUÍZA DA SILVA PIMENTEL ORIENTADOR PROFESSOR WILLIAM ROCHA RIO DE JANEIRO 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA

AUTOR

MARIA LUÍZA DA SILVA PIMENTEL

ORIENTADOR

PROFESSOR WILLIAM ROCHA

RIO DE JANEIRO 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes – AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito e Processo do Trabalho. Por: Maria Luíza da Silva Pimentel.

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Agradeço ao meu marido Marco Antônio, as minhas filhas Veluma Souza e Naomi pela a paciência e compreensão que tiveram. E a minha amiga Jucy Cunha Luz que me dá forças para continuar indo nas aulas até a conclusão do curso.

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Dedico este trabalho ao meu esposo Marco Antônio, às minhas filhas Veluma Souza e Naomi Pimentel, com alegria, admiração, amor e gratidão pelos estímulos e pela generosidade na entrega das horas subtraídas à sua companhia.

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RESUMO

Na esfera trabalhista há o rito ordinário e o rito sumaríssimo. No caso do rito sumaríssimo a parte autora tem que liquidar os pedidos na petição inicial, e no rito ordinário este só é liquidado após o trânsito em julgado da fase de conhecimento. Pois, quase todas as sentenças condenatórias que transitam em julgado na Justiça do trabalho, exigem a sua liquidação, ainda que para fins de mera atualização monetária do principal e acréscimo de juros de mora. Com isto, há a necessidade de apurar o quantum devido ao credor da ação Trabalhista, e o primeiro passo, depois do Transito em julgado da sentença, é verificar se a sentença é líquida ou ilíquida. Sendo ilíquida a parte interessada promoverá a sua liquidação . Assim, temos que a liquidação de Sentença é o elo entre a sentença condenatória, que lhe será a sua base, e a execução, que será seu objetivo. A liquidação de sentença é norteada pelo princípio da imodificabilidade e o da inovabilidade da sentença liquidante, ou seja, deve ser extremamente fiel à sentença. Dessa forma, é importante ressaltar que a liquidação de sentença quando ilíquida poderá ser elaborada através de cálculo de liquidação, por arbitramento ou por artigos. Sua natureza jurídica é declaratória, pois é ela que determina a quantificação ou acertamento do título judicial, pois o seu objetivo é estabelecer o valor do débito, ou seja, entre o transito em julgado da sentença e o início da execução há uma fase em que são praticados os atos processuais com a finalidade de determinar e declarar o efetivo quantum debeatur. Ao final da liquidação de sentença, o cálculo que o Juízo entender correto à luz do julgado será homologado, através de uma decisão homologatória de cálculo, de natureza declaratória, com isto, fixa os valores dos créditos devidos, tornando, assim, líquido o título executivo judicial.

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METODOLOGIA

O estudo foi realizado a partir do método de pesquisa bibliográfica.

Foram abordados os tipos e conseqüências da liquidação de sentença

Trabalhista, enfocando o seu conceito, a sua natureza jurídica, as regras e os

princípios, a prescrição, as formas de liquidação, os elementos integrantes do

cálculo de liquidação, a legitimidade para liquidar a sentença e também outros

subitens correlatos aplicados na legislação brasileira dentro do direito do trabalho,

nos tempos atuais.

A coleta dos dados deu-se através de pesquisa na literatura

disponível, e os dados foram interpretados a partir da legislação trabalhista à luz

da constituição federal, do código Civil, do Código de Processo Civil, Súmulas do

TST e do STJ, Jurisprudência pertinente e a bibliografia com títulos dos

doutrinadores renomados.

Para tanto, o estudo foi concatenado, organizado e analisado com base

na distinção entre as categorias pesquisadas: legislação, doutrina, jurisprudência,

periódicos e revistas especializadas em direito do trabalho, que resultou, também,

na identificação do método de pesquisa aplicada, por pretender produzir

conhecimento para aplicação prática, assim como com o método da pesquisa

quantitativa, porque procurou entender a realidade a partir da interpretação e

qualificação dos fenômenos estudados.

Ainda, identifica-se com a pesquisa exploratória, porque buscou

proporcionar maior conhecimento sobre a questão proposta, além da pesquisa

descritiva, porque visou a obtenção de um resultado puramente descritivo, sem a

pretensão de uma análise crítica do tema. Sendo que as fontes que foram

utilizadas para a realização do trabalho proposto fazem parte da biblioteca da

autora da presente monografia.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 9

CAPÍTULO I

CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA E PRINCÍPIOS.......................................... 11

1.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS.......................................................................11

1.2 – CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA........................................................ 11

1.3 – REGRAS E PRINCÍPIOS INFORMADORES ..............................................15

CAPÍTULO II

MODALIDADE DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA .................. 21

2.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS.......................................................................21

2.2 – FORMAS DE LIQUIDAÇÃO.........................................................................22

2.3 – PRESCRIÇÃO..............................................................................................28

2.4 – LEGITIMIDADE PARA LIQUIDAR A SENTENÇA......................................29

CAPÍTULO III

CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO............................................................................ 32

3.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS.......................................................................32

3.2 – ELEMENTOS INTEGRANTES DO CÁLCULO DE LIQUIDAÇÃO..............32

3.3 – FORMA DO CÁLCULO................................................................................33

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3.4 – CRITÉRIOS MATEMÁTICOS APLICADOS AOS CÁLCULOS...................35

3.5 – ALGUMAS DAS VERBAS TRABALHISTA.................................................37

CONCLUSÃO........................................................................................................48

BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................50

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é um estudo sobre a liquidação de sentença

trabalhista. Nesse contexto, frisa-se que na Justiça do Trabalho há dois tipos de

ritos; um sumaríssimo, no qual a parte autora já liquida os seus pedidos na sua

peça exordial e o outro é o rito ordinário, no qual só é liquidado após a sentença

condenatória, observando-se por tanto, que entre o transito em julgado da

sentença de mérito e o início propriamente dito, do processo de execução, existe

uma fase onde são praticados atos processuais com a finalidade de determinar e

declarar o efetivo quantum debeatur. Essa fase intermediária corresponde à

nominada liquidação de sentença, que carrega em seu bojo a natureza jurídica

declaratória.

Outro aspecto que este trabalho dedica-se, é de evidenciar que quase

todas as sentenças condenatórias que transitam em julgado na Justiça do

Trabalho exigem liquidação, ainda que para fins de mera atualização monetária

do principal e acréscimo de juros de mora, havendo portanto, que se efetuar

prévia delimitação do valor da obrigação condenatória reconhecida, tornando esta

exeqüível. Assim, a primeira coisa que tem que verificar, após o transito em

julgado, é se a sentença é líquida ou ilíquida. Pois, a maior parte dos processos

que tramitam na Justiça do trabalho tem sido decididos através de sentenças

ilíquidas, onde são fixados os parâmetros básicos para a elaboração da

liquidação da sentença.

Dedica-se, ainda, a identificação de todas as hipóteses possíveis em

que a liquidação de sentença possa ser promovida, conforme discorre o artigo

878 da Consolidação das leis Trabalhista (CLT), sendo que a liquidação da

Sentença Trabalhista pode ser promovida por qualquer pessoa interessada, e até

mesmo, pelo próprio juiz, ou seja de ex-ofício, levando em conta o marco

prescricional. Adicionalmente, o presente estudo apresenta os procedimentos

que devem ser adotados tanto para a constatação e a apuração dos cálculos das

parcelas deferidas na sentença de mérito, levando em conta a primazia dos

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princípios aplicados na fase liquidante. Isto equivale a dizer que a sentença

exeqüenda é intocável no processo de liquidação, não admitindo qualquer

inovação da coisa julgada.

O estudo do tema e das questões analisadas em torno do mesmo

justifica-se pelo fato de que às inúmeras questões polemicas e controvertidas que

envolvem a matéria em foco, pontificam a sua complexidade e o campo da

aplicação restrito ao direito do trabalho; inclusive, levando em conta a utilização

permanentemente do bom senso, da atenção a alguns princípios da execução e

da decisão exeqüenda. Cabe ressaltar a atualidade e a viabilidade do tema em

virtude do grande número de ações que circundam a jurisdição trabalhista, e

conseqüentemente chegam à fase da liquidação de sentença.

A pesquisa que precedeu esta monografia teve como ponto de partida

estudar os tipos e conseqüências da liquidação da sentença trabalhista,

enfocando o seu conceito, a sua natureza jurídica, as regras e os princípios, a

prescrição, as formas de liquidação, os elementos integrantes do cálculo de

liquidação, a legitimidade para liquidar a sentença e também outros subitens

correlatos aplicados na legislação brasileira dentro do Direito do trabalho, nos

tempos atuais.

Por fim, cumpre destacar a experiência profissional da autora, no

Cargo de Técnico Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho/RJ – 1ª Região,

estando em contato diário com processos versando, exclusivamente ações

trabalhistas, fez com que a escolha recaísse em um tema correlato, propiciando,

outrossim, a oportunidade de aprofundar conhecimentos nesta área.

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CAPÍTULO I

CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA E PRINCÍPIOS

1 . 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

De acordo com a legislação trabalhista, há dois tipos de ritos: o

ordinário e o sumaríssimo. Sendo que, na petição inicial, às vezes denominada

peça vestibular ou proemial, em ambos os ritos, tem que fazer pedidos certos e

determinados, e, ainda, no rito sumaríssimo o pedido tem que vir liquidado. É a

petição inicial que dá início ao processo, que é conhecido como a fase de

conhecimento.

O réu em sua resposta, que é a contestação, pode refutar o pedido,

como também reconhecer em parte ou integralmente o alegado na inicial. Sendo

que esta, na Justiça do trabalho, ela é apresentada na primeira audiência. Após o

encerramento da instrução, ocorre-se a prolação da sentença.

O Juízo, diante do pedido formulado na inicial, aprecia os fundamentos

e as provas oferecidas por ambas as partes e profere uma decisão. Esta pode

condenar o réu a adimplir diferentes tipos de obrigações: de fazer; de não fazer;

de entregar coisa certa e obrigações de pagar quantia certa.

Diz-se que a sentença é líquida quando ela própria indica o valor da

condenação, e ilíquida quando se omite a respeito do valor da parcela, remetendo

para a fase de liquidação a apuração do valor exato da dívida.

1. 2 – CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA

Em sentido genérico, o verbo liquidar sugere a acepção de averiguar,

tornar líquido, tirar a limpo; na terminologia processual, porém, o substantivo

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liquidação indica o conjunto de atos que devem ser praticados com a finalidade de

estabelecer o exato valor da condenação ou de individualizar o objeto da

obrigação. De acordo com o renomado doutrinador Moacyr Amaral Santos

(SANTOS, 1981, p. 2396), assinala:

Pela liquidação se visa a estabelecer o valor, a quantidade ou a espécie de obrigação, vale dizer, o que ou quanto é devido.

A doutrina dominante define a liquidação como um conjunto de atos

antecedentes e preparatórios da execução, destinados à quantificação da

condenação, integra a execução, embora na maioria dos casos seja pressuposto

essencial dela. Pode também ser entendida como um elo entre a sentença e a

execução, havendo quem a perceba como uma continuidade da fase de

conhecimento, em complementação à sentença, ou como parte inicial e integrante

da execução.

A liquidação deve ser extremamente fiel à sentença, que lhe constituiu

o pressuposto da existência como capítulo preparatório da execução. Daí a

natureza declaratória da sentença de liquidação. Quase todas as sentenças

condenatórias que transitam em julgados exigem liquidação, ainda que para fins

de mera atualização monetária do principal e acréscimo de juros de mora,

havendo, portanto, que se efetuar prévia delimitação do valor da obrigação

condenatória reconhecida, antes de se iniciar a constrição de bens do devedor.

Assim, entre o trânsito em julgado da sentença e o início da execução

propriamente dita existe uma fase em que são praticados atos processuais com a

finalidade de determinar e declarar o efetivo quantum debeatur. Essa fase

intermediária corresponde à nominada “liquidação da sentença”, também referida

como “quantificação” ou “acertamento do título executivo judicial”, pois o seu

objetivo único é estabelecer o valor do débito.

Ao final da liquidação, o cálculo que o juízo entender como correto à

luz do julgado será homologado, através de uma decisão homologatória de

cálculo, de natureza substancialmente declaratória, fixando os valores dos

créditos devidos, tornando, assim, líquido o título executivo judicial.

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A doutrina formula vários conceitos para o instituto da liquidação de

sentença. Segundo Edson Baccaria (BACCARIA, 1974, p.20) a liquidação de

sentença é como “a operação pela qual atingimos um valor absoluto”.

Para Pontes de Miranda, a liquidação de sentença é “o processo pelo qual se torna líquido o objeto ilíquido do pedido da condenação“.

Conforme revela as palavras de Cândido Rangel Dinamarco,

(DINAMARCO, 1999, p.1117) liquidação de sentença:

Constitui atividade jurisdicional congnitiva destinada a produzir declaração do quantum debeatur ainda não revelado quanto à obrigação a que o título executivo se refere.

Nelson Nery Junior salienta que a liquidação de sentença è:

Ação de conhecimento, pois visa completar o título executivo (judicial ou extrajudicial) com o atributo da liquidez, isto é, com o quantum debeatur. Essa quantidade explica a possibilidade de haver liquidação zero, pois, a se entender declaratória a sentença de liquidação, não poderia ter resultado zero ou negativo o quantum debeatur da condenação.

Nesse sentido, a liquidação de sentença seria uma ação autônoma que

por sua vez, instauraria um processo também autônomo: o processo de

liquidação de sentença. Essa posição é adotada por grande parte da doutrina

civilista. Para o direito processual trabalhista, não tem sido aceita a autonomia da

liquidação de sentença. Tanto isso é verdade que Manoel Antônio Teixeira Filho,

(FILHO, 2002, p. 328), sustenta que a liquidação é:

A fase preparatória da execução, em que um ou mais atos são praticados, por uma ou por ambas as partes, com a finalidade de estabelecer o valor da condenação ou de individuar o objeto da obrigação, mediante a utilização, quando necessário, dos diversos modos de prova admitidos em lei.

Vê-se que esse emérito juslaborista não admite a liquidação como

ação ou processo autônomo, mas sim como simples fase preparatória da

execução.

Parece-nos que na seara laboral o art. 879 da CLT, ao prescrever que

sendo ilíquida a sentença ordenar-se-á previamente a sua liquidação, deixando

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claro que a liquidação constitui simples procedimento prévio da execução. Com

isto, na seara de execução trabalhista, não se pode falar que a liquidação é uma

ação autônoma. Inclusive, no § 1º do mesmo dispositivo veda a rediscussão da

matéria que fora objeto do processo de conhecimento, nem para modificar a

sentença, tampouco para inová-la.

Se a liquidação de sentença trabalhista fosse uma ação autônoma,

haveria obrigatoriamente o contraditório amplo, o que, nos termos do art. 879, §

2º, da CLT, não ocorre, haja vista que, depois de torná-la líquida o Juiz “poderá

abrir às partes o prazo sucessivo de 10 dias para impugnação fundamentada da

decisão”.

Outro aspecto assegura que a liquidação de sentença é um simples

procedimento é que não há previsão para a interposição de recurso da sentença

de liquidação, que, de acordo com o art. 884, § 3º, da CLT, somente poderá ser

impugnada por meio autônomo de embargos do devedor por parte do exequendo

ou impugnação por parte do credor.

A liquidação de sentença trabalhista está esculpido topologicamente no

Capítulo V do Livro X da CLT, que trata da parte de execução trabalhista.

Segundo Manuel Antônio Teixeira Filho (TEIXEIRA FILHO, 1999, p.

330-331), a natureza jurídica da liquidação, leciona ter sido ela:

Instituída, finalisticamente, para tornar possível a execução da obrigação expressa no título judicial; daí o sentido preparatório de que ela se reveste. A liquidação, em muitos casos, é pressuposto essencial à execução. Laboram em erro, por isso, os que sustentam ser a liquidação um processo incidente no de execução. Como dissemos, a liquidação não se apresenta como processo autônomo, se não como fase preparatória daquela. Logo, a liquidação antecede à execução, a despeito de reconhecermos que do ponto de vista sistemático ela integra o processo de execução. Stricto sensu, a liquidação pode ser entendida espécie de elo, a unir a sentença exeqüenda à execução propriamente dita.

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1. 3 – REGRAS E PRINCÍPIOS INFORMADORES

1. 3 .1 – Princípio da Inalterabilidade da Sentença / Título Judicial

A correta liquidação depende da exata interpretação do conteúdo da

sentença condenatória. Para tanto, os cálculos não podem modificar o decidido,

nem para restringi-lo, nem para ampliá-lo, não podendo a liquidação ir além ou

ficar aquém do que a sentença condenou. Conforme determina o artigo 879, da

CLT:

Art. 879, § 1º - Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa principal.

Ressalta-se, também, no artigo 475-G, do código do processo Civil:

Art. 475 – G – É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.

A incidência da correção monetária e os juros de mora são

considerados elementos implícitos no pedido. Matéria sumulada pelo TST:

Súmula nº 211/ TST – Juros de mora e Correção Monetária – Liquidação de Sentença Trabalhista. Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a condenação.

Além disso, os juros de mora serão sempre aplicados sobre o principal

corrigido monetariamente, conforme discorre a Súmula nº 200 do TST, sendo

vedada a prática de anatocismo, ou seja, a incidência de juros sobre parcela de

juros já apurada, Decreto 22.626/33 e art. 4, § 3º , Lei 1.521/51 e Súmula nº 121

do STF.

A contribuição previdenciária, também, deverá constar dos cálculos de

liquidação na forma do art. 879, § 1º - B, da CLT. Todavia, o processo está

centrado numa presunção de veracidade e justiça da sentença que transitou em

julgado. Não será o calculista na elaboração dos cálculos quem corrigirá

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eventuais injustiças cometidas pelo julgador quando lhe resulte claro, da análise

completa da sentença, qual foi a sua intenção. Assim, a regra principal no

procedimento intelectivo de elaboração dos cálculos é que não se pode modificar

o decidido na sentença, conforme preceitua a lei específica em seu art. 879,§ 1º e

o CPC, no art. 610, seja para ampliar a condenação, seja para diminuir seu

objeto. Dessa forma, o princípio fundamental a ser observado no momento da

realização dos cálculos, e seu comando denuncia que o intérprete deve verificar

na sentença o seu conteúdo exato, sem restringir ou ampliar o que foi deferido.

Dessa forma, parece ser simples liquidar uma sentença trabalhista,

mas a atividade judiciária demonstra que não, pois, quando surgem dúvidas, elas

dizem respeito exatamente à compreensão do que foi decidido, do que não deve

ser modificado. De qualquer sorte, a interpretação a ser dada deve ser sempre

aquela que conduza à inexistência de modificação da sentença ou pelo menos,

quando a imutabilidade seja impossível, daquela que preserve os aspectos mais

importantes do que foi decidido, mantendo o maior grau de coerência possível.

Quando ocorrer na sentença uma contradição ou impossibilidade fato,

o intérprete deve adotar sempre a interpretação que menor alteração produza

naquilo que foi decido, preservando o mais relevante em detrimento de aspectos

secundários.

1.3.2 – Princípio da Interpretação Restritiva da Condenação

Esse princípio é muito útil na realização dos cálculos, pois deve-se

interpretar restritivamente o número e a quantidade das parcelas deferidas na

sentença. Assim, só podem ser calculadas as parcelas que tenham sido

expressamente deferidas na sentença, sendo inconcebível o calculista incluir

outras parcelas sob a alegação de que se encontram implicitamente embutidas

nas que foram deferidas, ou seja, por mera presunção. Pois, o próprio pedido

deve ser interpretado restritivamente, conforme o art. 283 do CPC, não se

concebe que a sentença também não o seja.

Deve-se salientar que o pedido tem que ser feito de forma certo e

determinado. A certeza é um requisito do pedido, de acordo com o art. 286, do

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CPC, e uma característica da sentença condenatória, o que faz com que não se

admita no processo o pedido implícito ou tácito, princípio que visa preservar o

direito de defesa e o contraditório.

Há quem entenda que no processo do trabalho os pedidos podem ser

interpretados extensivamente. Assim, v.g., se o autor limita-se a pedir horas

extras, existe quem defenda a existência dos reflexos em repouso remunerado

encontram-se inseridos no pedido. Há que se divergir dessa tese, pois vai ao

desencontra com o CPC em seu artigo 286 e, também, ao afronto com a nossa

Lei Maior, ao direito constitucional da ampla defesa. Com isto, o exeqüendo

poderá ser condenado a pagar parcela da qual nem mesmo tinha conhecimento,

e da qual não se defendeu.

Acolhendo essa tese, a sentença deverá conter explicitamente o

deferimento da parcela acessória, para que não seja violado mais um dispositivo

legal, qual seja, o § 1º, do art. 879 da CLT. Cumpre destacar que a regra básica é

que na realização dos cálculos só devem ser incluídas as parcelas

expressamente deferidas, inclusive aquelas ditas “reflexos”. Sendo que, os

cálculos só poderão abranger aquilo que foi expressamente consignado no

dispositivo da sentença, ou seja, o Juiz especifica no dispositivo quais foram às

parcelas deferidas. È necessário distinguir-se, entretanto, quando a liquidação

estará, realmente, modificando a sentença exeqüenda e quando essa modificação

é apenas aparente, pois determinadas parcelas estavam implícitas no provimento

jurisdicional.

1.3. 3 – Princípio da Adequação da Sentença ao Pedido

Aplica-se o princípio da adequação da sentença ao pedido, sempre que

houver dúvida entre o que foi pedido e o que foi deferido, pois, na dúvida,

presume-se que aquilo que não foi pedido não foi deferido na sentença. Assim, se

há dúvida razoável a respeito do alcance da decisão, há que se interpretá-la como

se o julgado não pretendesse deferir ao demandante coisa diversa da pretendida,

nem mais do que foi pleiteado.

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Quando a sentença deferir algo além do pedido – sentença ultra petita,

ou algo totalmente diverso daquilo que foi pleiteado – sentença extra petita,

nesses casos, o calculista deve calcular as parcelas exatamente como deferidas.

Embora, há momentos em que surge dúvida a respeito do alcance daquilo que foi

deferido na sentença, e torna-se necessário uma análise do que se afirma na

inicial e na contestação para que o calculista possa realizar os cálculos, na

tentativa de verificar qual o exato sentido.

Havendo dúvida razoável a respeito do alcance da decisão, há que se

interpretar a sentença de forma como se o julgador não pretendesse deferir ao

demandante coisa diversa da pretendida, nem mais do foi pleiteado. Assim, não

pode ser feita, na realidade, literal e isoladamente pelo seu dispositivo, mas em

cotejo com o pedido formulado na peça exordial da ação de conhecimento. Pois,

há uma íntima correlação entre o pedido, e a sentença e a coisa julgada.

Esse é um princípio muito útil na realização dos cálculos, que decorre

de uma regra imposta pelo bom senso e pela lei.

1.3. 4 – Princípio da Unicidade da Sentença

Geralmente a sentença trabalhista é proferida por partes, mas traz em

sua essência a finalidade de constituir um todo orgânico, mesmo que estas partes

pareçam independentes e possivelmente conflitantes, a eventual fragmentação

não afasta a evidência de que suas partes são interdependentes e constituem um

conjunto, ou seja, formam um só ato judicial, pois as partes da sentença se

comunicam e buscam a unidade lógica.

A sentença extrai os fatos que reputam relevantes para fixar uma

conseqüência jurídica orgânica. Quando a sentença sofre alterações por meio de

decisões posteriores, não se pode esquecer que ainda assim o que dali resulta

deve constituir um conjunto.

Interpretar a sentença como se ela fosse constituída por partes

totalmente independentes, e não interligados, seria desprezar a base lógica e

consagrar a injustiça, pois seriam obtidos apenas destroços. Na sentença o juiz

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colhe diversos fatos e decide diversas questões jurídicas. E com base nos fatos e

nestas questões que o calculista deve realizar os cálculos no sentido de conjunto

orgânico que orientou o julgador, assim o calculista está preservando essa

unicidade.

Ao efetuarem os cálculos de liquidação, deve ser observado que tudo

quanto foi decidido constitui um conjunto, um todo orgânico, pois só assim que o

calculista estaria atendendo à real intenção do julgador. Se houver dúvida acerca

do alcance e do sentido exato de determinada parte da sentença, deve o

intérprete buscar a resposta que melhor se enquadre nas demais partes da

decisão, buscando sempre integrar o ponto duvidoso com aqueles sobre os quais

não paira dúvida.

1.3. 5 – Princípio da Razoabilidade ou da Proporcionalidade

Reza este princípio que deve presumir-se que a sentença visa ao

razoável e usual nos meios jurídicos, e não ao que seria tido como absurdo. A

Regra é que os cálculos não devem modificar o que foi deferido na sentença.

Aplica-se a isso, inclusive, um antigo adágio: sententia facit de albo nigrum, de

quadrato rotundum – a sentença faz do branco, negro; do quadrado, redondo.

Reputa-se que não só todo ato jurídico, como, também, a sentença

deva ser analisado sob regras que atendam ao razoável na realidade social em

que foi emitido, e não uma mera ficção. Nem sempre a decisão proferida na

sentença condiz com a realidade. Assim, o interprete deve partir da premissa de

que o julgador não visava a uma aberração jurídica, e sim, visava a algo útil e

razoável. Há momentos em que a única conclusão que é possível extrair de

determinado preceito ou frase é que houve mero equívoco a ser desconsiderado.

Sendo assim, o erro material, não faz coisa julgada, podendo ser corrigido a

qualquer tempo, conforme discorre o art. 833, da CLT:

Art. 833 – Existindo na decisão evidente erros ou enganos de escrita, de datilografia ou de cálculo, poderão os mesmos, antes da execução, ser corrigidos, ex officio, ou a requerimento dos interessados ou da Procuradoria da Justiça do Trabalho.

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Em certos casos, porém, há erro material não sanado, que só é

detectado pelas partes quando da elaboração dos cálculos da liquidação da

sentença. Estes erros ocorrem, geralmente, por falhas aritméticas ou por simples

incorreção de datilografia. Sendo que este tipo de erro material que salta aos

olhos, podendo ser detectados até mesmo por leigos, não há necessidade de

oposição de Embargos de Declaração, pode-se aplicar o dispositivo acima

referendado, ou seja, o art. 833 da CLT.

Tratando-se de outros tipos de erros que não sejam materiais, tais

como erro ou engano interpretativo de provas ou de texto legal, estão impedidos

de serem revistos, pois a boa ou a má interpretação de provas ou de lei sequer

enseja Ação Rescisória, conforme a Súmula 343, do STF.

Em suma, os procedimentos adotados pelo calculista deverão estar em

consonância com o entendimento do juízo quanto aos critérios de liquidação.

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CAPÍTULO II

MODALIDADES DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA

2.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Nem todas as decisões exeqüíveis no processo do trabalho encontram-

se quantificadas a ponto de permitirem, desde logo, a execução forçada. O § 1º

do art. 879, da CLT, fixa o princípio básico: na liquidação não se pode modificar

ou inovar a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente a causa principal.

A liquidação visa, portanto, apenas individualizar o objeto da condenação, através

da “quantificação” em dinheiro das verbas previstas na decisão, ou seja, tornar

certo, claro e definido o que foi deferido na sentença, cujos limites não podem

ultrapassar o que foi deferido.

A liquidação constitui requisito essencial para que a sentença

condenatória se torne exeqüível – exigível como título executivo, pois é por

intermédio daquela que se irá determinar o quantum da condenação, ou

individualizar o objeto da obrigação a ser cumprida pelo devedor. Nesta fase, o

que se pretende é apenas fixar o valor do débito, se a sentença não fixa de forma

integral e satisfatória o valor do débito. Pois, quase todas as sentenças

condenatórias que transitam em julgado exigem liquidação, ainda que para fins de

mera atualização monetária do principal e acréscimo de juros de mora, havendo,

portanto que se efetuar prévia delimitação do valor da obrigação condenatória

reconhecida, tornando esta exeqüível antes de se iniciar a constrição de bens do

devedor.

Portanto, é imprescindível esta fase de quantificação da dívida ou da

individualização obrigacional, sempre que a sentença exeqüenda não possuir

elementos que permitam ao interessado promover, desde logo, a pertinente

execução. A liquidação da sentença é uma formalidade indispensável, para que o

credor formule uma pretensão executiva e por outro lado, para que o devedor

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saiba o quanto terá de pagar, ou qual a prestação que deverá realizar. Inclusive, a

falta de liquidação da sentença, quando esta for necessária, torna e execução

nula, em face da inexigibilidade do título em que se funda, conforme dispõe o art.

618, I, do CPC; e o artigo 586, § 1º do CPC, discorre:

Art. 586,§ 1º - Sendo o título executivo sentença que contenha condenação genérica, a correspondente execução será antecedida pela liquidação, pois só assim o título se torna líquido, certo e exigível.

E a regra da imperatividade da liquidação é reiterada pelo art. 603 do

CPC. À exceção são as sentenças proferidas nas ações trabalhistas sujeitas ao

procedimento sumaríssimo, que já estabelecem no seu bojo o valor líquido. Mas

assim mesmo,sendo líquida, há necessidade de apurar valores acessórios, como

os juros de mora e a correção monetária , que irão incidir sobre o valor do

principal. No que diz respeito a esta matéria, há uma lacuna na legislação

trabalhista, o que se impõe, por força do art. 769 da CLT c/c com ao art. 8º do

mesmo dispositivo, a aplicação subsidiária do CPC, com as devidas adaptações.

2.2 – FORMAS DE LIQUIDAÇÃO

Se a sentença for ilíquida, será ordenada, previamente, sua liquidação,

que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos, conforme

discorre o art. 879, da CLT.

A legislação trabalhista não esclarece em que hipótese será utilizada

as três formas de liquidação, prevista no dispositivo, 879, da CLT. Embora, o

Código de Processo civil supri, essa omissão, sendo que suas disposições são de

direito público e, portanto, a incidência das regras processuais não depende da

vontade das partes.

Portanto, não lhes cabem, aos litigantes, escolherem a forma de

liquidação, exceto quando a lei, expressamente, faculta a convenção, o que pode

ocorrer em um único caso que é por arbitramento.

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Embora o preceptivo em causa, o art. 870, da CLT, utiliza o verbo

“ordenar”, com caráter imperativo, a interpretação lógica dessa norma autoriza a

dizer que somente as liquidações por cálculo e por arbitramento admitem o seu

processamento ex officio.

2.2.1 – Liquidação Por Cálculo

A liquidação será feita por cálculos quando a apuração do valor da

condenação depender de cálculos aritméticos, conforme discorre o art. 604, do

CPC. Nesse caso, a sentença abriga em seu interior todos os elementos

necessários à fixação do quantum debeatur, destinando-se essa fase, em virtude

disso, apenas a revelar a exata expressão pecuniária desses elementos, o que

será feito por meio de cálculos do contador, podendo ser elaborada pelo contador

do juízo, pelas partes ou por peritos. Esta é a forma mais usual no processo do

trabalho.

Por exclusão, essa modalidade apresenta-se sempre que seja

desnecessário provar fato novo (artigos) ou efetuar perícias (arbitramento). A CLT

não fala em cálculos por contador, ficando assim autorizado sejam realizados pela

secretaria, pelas partes, pelo calculista designado pelo juízo ou por perito.

Originalmente, a CLT possuía um só sistema de liquidação por

cálculos: efetuadas as contas por uma das partes ou até mesmo por alguém

designado pelo Juízo, elas eram homologadas de imediato, o que implicava que

eventual impugnação só poderia ser realizada mediante embargos à execução ou

por meio de impugnação do exeqüente, de acordo com a CLT, art. 884, § 3º.

Houve diversas alterações no procedimento de liquidação, sendo a

primeira foi feita pela Lei 8.432/92, que acrescentou um segundo parágrafo ao art.

879 da CLT, mediante o qual se criou um procedimento alternativo para a

liquidação por cálculos. No qual, antes que as contas fossem homologadas, o Juiz

poderá abrir às partes prazo de 10 dias para impugnação fundamentada com a

indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão, o

que suscitou inúmeras e antagônicas interpretações acerca das formas corretas e

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mais adequadas de liquidação da condenação imposta pela sentença, sobre as

quais até hoje doutrinadores e juízes não se entendem.

De acordo com o novo dispositivo, as partes devem, sempre, ser

previamente intimadas para “ambas” oferecerem cálculos de liquidação. Após, a

elaboração da conta e tornada líquida o juiz dará vista as partes. O § 3º do

mesmo diploma legal, autoriza a realização dos cálculos de liquidação tanto pelas

partes, uma delas ou ambas, como por serventuário, calculista do Juízo ou por

perito. Essas alterações ocorridas neste dispositivo, para o doutrinador José

Aparecido dos Santos (SANTOS, 2007, p. 38) relata que a corrente majoritária

afirma que , quando o contador ou perito do juízo oferece cálculos de liquidação

(e apenas quando os cálculos são oriundos de órgãos auxiliares), se o juiz utilizar

o procedimento previsto do § 2º do art. 879 da CLT e a parte não impugnar as

contas, haverá preclusão, e ela não poderá servir-se dos embargos ou da

impugnação do exeqüente, CLT, art.884, § 3º, para sanar sua inércia.

Outra alteração, ocorrida na modalidade de liquidação por cálculos foi

feita pela Lei 10.035/00, cuja finalidade era apenas disciplinar a execução das

contribuições previdenciárias e nesse afã acabou por interferir drasticamente na

liquidação trabalhista como um todo. Desconsiderando a complexidade dos

cálculos necessários á apuração dessas contribuições, o legislador dispôs de que

a conta do montante devido deverá ser apresentado pela parte, ou pelos órgãos

auxiliares da justiça do Trabalho, ou seja, ao contador do Juízo, presumivelmente.

Portanto, se a parte não apresentar o cálculo das contribuições ao

INSS, deverá o Juiz determinar ao contador que elabore a conta de liquidação,

segundo se extrai do art. 879, § 3º, da CLT. Mas essa elaboração da conta

oferece muitas dificuldades, a começar pela falta de meios materiais para que o

contador do juízo possa desempenhar essa tarefa, e, também, há informações

imprescindíveis para realizar os cálculos das contas que só o INSS detém, sem

esses dados, a liquidação processada ex officio não passará de uma tentativa

precária de fixação do débito, pouco mais do que uma adivinhação do valor

devido.

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A liquidação por cálculos, obviamente, é a mais comum no processo do

trabalho, lembrando que para esta modalidade é preciso que todos os elementos

necessários para as contas estejam nos autos. Mas, quando a liquidação dos

cálculos fica obstada por falta de poucos documentos, por economia processual,

a prática na Justiça do trabalho tem aplicado o princípio da economia processual,

adotando a alternativa de determinar a juntada dos documentos faltantes,

suprimindo assim o sempre dispendioso trâmite dos artigos de liquidação.

Contudo, caso os documentos não sejam juntados pela parte que os detêm ou

deveria detê-los, quase sempre só restará o caminho dos artigos para prova dos

fatos inexistentes nos autos.

Se for necessário juntar novos documentos, interrogar as partes e

testemunhas ou oferecer qualquer outro elemento de prova para apurar o valor do

débito, deverá ser utilizado o caminho dos artigos de liquidação. É vedado ao

calculista efetuar presunções a respeito de fatos que conduziriam à obtenção do

valor do crédito, como a de presumir quais os números que deveriam constar de

possíveis documentos não juntados pelas partes.

Por fim, os cálculos trabalhistas estejam entre a liquidação por cálculos

do processo civil e a liquidação por arbitramento. Sendo que, o complexo sistema

de contas que envolve a liquidação trabalhista, mais se assemelha a uma perícia

do que propriamente à mera realização de contas, pois, há muitas circunstâncias

em que o calculista não se limita á mera realização de operações aritméticas,

mas adota critérios técnicos e jurídicos bem mais complexos.

2.2. 2 – Liquidação Por Arbitramento

A liquidação será feita por arbitramento quando as partes o

convencionarem expressamente ou for determinado pela sentença, ex officio, e

ainda, quando o exigir a natureza do objeto da liquidação. Tendo em vista a

omissão da CLT, impõe-se a aplicação do art. 606 do CPC. A convenção das

partes, único caso em que a lei lhes defere a escolha da forma de liquidação,

somente poderá ser feita após a sentença, e ainda assim, desde que a liquidação

não possa ser realizada por simples cálculo.

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O juiz deverá indeferir a convenção e ordenar a liquidação por cálculo,

se esta forma for viável. Somente no caso de as partes preferirem poupar as

despesas e o tempo gasto com a liquidação por artigos, renunciando à prova de

fatos novos para se contentarem com uma arbitragem, será possível deferir a

convenção.

É muito comum o engano de partes e advogados, quando ao

procedimento da liquidação por esta forma, pretendendo indicar peritos. Perícia é

meio de prova, e não forma de se liquidar a condenação. E o árbitro é único,

nomeado pelo juiz. Sendo que a arbitragem não se confunde com a perícia. Para

a realização da perícia é necessário as partes formularem quesitos. No

arbitramento não há necessidade das partes formularem quesitos, isso por falta

de previsão legal. O árbitro limita-se a estimar o valor, em dinheiro, dos direitos

assegurados ao exeqüente pela sentença, agindo como se fosse avaliador.

O árbitro poderá ser um perito ou outra pessoa, que não irá julgar, mas

sim estima o valor, agindo como se fosse um avaliador, ou buscar obter os

elementos técnicos e racionais que permitam ao juiz fixar o valor exato ou

aproximado do débito. Sendo que, a liquidação por arbitramento constitui exame

ou vistoria pericial com a finalidade de apurar o quantum correspondente à

obrigação que deve ser satisfeita pelo devedor.

Com a apresentação do laudo, será dada vista às partes e, após, o juiz

poderá proferir a decisão e fixar o quantum da condenação, ou designar audiência

de instrução e julgamento, para que nela o perito apresente esclarecimentos.

Exemplo: Um empregado de banco reclamou em juízo o pagamento dos serviços

que fazia, além das funções bancárias, concernentes à troca de lâmpadas

queimadas no local de trabalho; a sentença reconheceu o direito, determinando a

apuração do valor por arbitramento.

Embora a sentença condenatória tenha determinado que a forma para

liquidar os cálculos deva ser feita por arbitramento, poderá o juízo da execução,

verificando a desnecessidade de tal procedimento, ordenar, de ofício, que a

liquidação seja feita por cálculo, que é o procedimento mais simples e célere que

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se afina com o princípio da economia processual. E, também, poderá o juiz adotar

tal providencia, quando verificar que a liquidação por cálculos, se possível, é a

menos gravosa para o devedor.

Em ambos os casos, não houve violação à coisa julgada, pois não se

estará alterando ou inovando o conteúdo substancial da sentença exeqüenda e

sim estabelecendo o procedimento que conduza ao resultado útil do processo.

Mas há jurisprudência no sentido de que foi determinado na própria sentença que

a forma da liquidação seria por arbitramento, e, também, há coisa julgada. Porém,

tal comando deve ser obedecido, porque integra a res judicata, imodificável em

liquidação. Requerida a liquidação por arbitragem ou determinada ex officio o juiz

nomeará perito e fixará o prazo para a entrega do laudo. Apresentado o laudo, as

partes terão o prazo de 10 dias para manifestar-se, conforme o art. 607, parágrafo

único, do CPC.

2.2.3 – Liquidação Por Artigos

A grande maioria das sentenças de mérito, quando ilíquidas, determina

os parâmetros básicos através dos quais serão efetuados os cálculos. Ocorrem

casos em que a sentença, por absoluta falta de dados, deixa de proceder à

apuração do montante devido da condenação, especialmente quando há

necessidade de se alegar e provar fato novo, para efeito de quantificar o valor da

condenação, ou de individualizar o seu objeto, será indispensável a liquidação por

artigos, é o que discorre o art. 608 do CPC, aplicado subsidiariamente ao

processo de execução trabalhista, por força do art. 769 da CLT.

É importante ressaltar que fato novo não é outra coisa senão a

“extensão de um fato velho”, já demonstrado nos autos e cuja existência fora

admitida e proclamada na sentença já transitada em julgado, pois se repise, na

fase de liquidação não se pode discutir o mérito da sentença exeqüenda.

Denomina-se por artigos a essa modalidade de liquidação porque

incumbe à parte, em geral, o credor, articular, em sua petição inicial, aquilo que

deve ser liquidado, ou seja, indicar um a um, os diversos pontos que constituirão

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o objeto da quantificação, concluindo por pedir, quantia, quantidade e qualidade

certas.

O procedimento dos artigos de liquidação, contudo, é mais simples,

bastando que o exeqüente faça uma nova petição inicial semelhante à do

processo de conhecimento, petição que diferencia daquela somente porque o

objeto é diverso, visto que nos artigos o que se pretende é provar o fato novo.

Sendo que, na maior parte dos casos, a prova é obtida através de documentos e

em geral, são suficientes para obtenção da prova.

Os artigos se iniciam por petição escrita articulada contendo a

alegação dos fatos a serem provados e os meios de prova. A parte contraria é

notificada para apresentar contestação no prazo de 15 dias. Não havendo

contestação, os fatos alegados pelo liquidante serão tidos como provados, desde

que condizentes com o julgado, art. 319, do CPC. Havendo contestação, o juiz

decidirá, após determinar as provas, essas se necessárias. Os artigos terão por

objeto especificar os dados e fatos que possibilitem a fixação das verbas já

contidas na condenação.

A liquidação por artigos termina com uma sentença que acolhe o

pedido, julga “aprovados” ou rejeita, julga “improvados”, sendo que improvados,

faculta-se ao exeqüente a propositura de novos artigos de liquidação, na tentativa

de provar o fato novo. Se a sentença acolher o pedido, o juiz poderá, se possível,

fixar de imediato o valor total da condenação, senão determinará ao calculista do

Juízo, ou então uma das partes para que apresente os cálculos de liquidação com

base no que foi decidido na sentença dos artigos. E se a liquidação tiver sido

promovida pelo executado e o exeqüente se recusar a quantia apurada, esta será

depositada.

2.3 – PRESCRIÇÃO

Em nosso ordenamento jurídico, há duas formas de prescrição: a

prescrição aquisitiva e a prescrição extintiva. A prescrição aquisitiva age no

sentido de que o titular do direito material da ação visa a aquisição do direito.

Permitindo ao possuidor de algum bem, transformar a posse em propriedade. v.g.,

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usucapião – artigos 1.238/1.243 do Código Civil, sendo que esta modalidade é

inaplicável no direito do trabalho.

A prescrição extintiva constitui força extintiva da ação ou do direito de

exigir ou da pretensão do direito, ou seja, é a perda do poder de exigir, no plano

jurídico, o cumprimento de um dever jurídico, pelo não exercício dessa pretensão,

num determinado prazo, estabelecido pelo legislador.

Com o advento da Lei 11.280/2006, que alterou o artigo 219, § 5º do

Código do Processo Civil, o juiz pronunciará de ofício a prescrição. Pois antes, só

era argüida pela parte interessada, e somente então o juiz se pronunciava, com

isto, gerava muitas execuções de créditos, em princípio, prescritas. Esta nova

regra foi recepcionada pela CLT, em virtude do art. 8º, parágrafo único c/c art. 769

do mesmo dispositivo legal, sendo que só será aplicado o direito comum como

fonte subsidiária do direito do trabalho, nos casos omissos e naquilo em que não

for incompatível com os princípios fundamentais, com as normas processuais

trabalhistas.

De acordo com a Súmula nº 153 do TST, tal regra passou a ser

adotada na Justiça do Trabalho, porém, não se podendo aplicá-la a qualquer

tempo, mas somente antes do trânsito em julgado, na fase ordinária. Em suma, se

não houver pronunciamento do Juízo sobre a matéria (arguida ou não), com o

trânsito em julgado, não se poderá na execução ser alterada.

2.4 – LEGITIMIDADE PARA LIQUIDAR A SENTENÇA

Segundo o art. 878, da CLT a execução pode ser promovida por

qualquer interessado e até ex officio, pelo juiz. Este dispositivo é tão amplo que

até para o credor do exeqüente, que é um terceiro interessado na satisfação do

julgado, pode, em tese, dar início à execução, promovendo a liquidação da

sentença, com o intuito de depois poder cobrar o seu crédito com o exeqüente.

A iniciativa da liquidação cabe primordialmente, ao vencedor da ação,

ou aos seus herdeiros, em caso de falecimento. O vencido, ou seja, o executado,

também poderá apresentar os cálculos de liquidação, para se exonerar do

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pagamento de juros e da correção monetária, pois ele é o maior interessado em

fazê-lo no caso específico de condenação à reintegração de emprego estável,

pois terá que pagar ao empregado os salários vencidos até a efetiva reintegração,

para não ser onerado pelo acréscimo da verba salarial resultante da inércia do

vencedor.

O juiz do feito, também, poderá tomar a iniciativa de propor a

liquidação da sentença, não há a necessidade de aguardar a provocação dos

interessados. Assim, ordena às partes que ofereçam cálculos de liquidação da

sentença, ou a remessa dos autos ao contador do Juízo, para que este os efetue,

ou pode também, dar impulso no feito, nomeando árbitro, quando for o caso.

Ouvidas as partes, o juiz homologa os cálculos de liquidação.

Apesar do verbo ordenar está inserido no escopo do art. 878 da CLT ,

no caso de liquidação da sentença por artigos é absolutamente imprescindível

que a parte exeqüente ou os seus herdeiros, em caso de falecimento do

exeqüente, tenha a iniciativa de apresentar a petição inicial articulada, com as

alegações dos fatos a serem provados e os meios de prova que serão utilizados,

pois neste caso, o juiz não poderá fazê-lo por ela.

Quando uma ou as partes apresentam seus cálculos, mas, assim

mesmo, o juiz verifica que há uma grande complexidade nos cálculos ela nomeia

um perito contábil de sua confiança, que não é nenhuma das partes, e sim, um

terceiro que não tem interesse na lide, para a elaboração do laudo técnico, ou

seja da referida conta, sobre o qual abri-se vista às partes para manifestação e/ou

impugnação.

Este procedimento, sem dúvida, tem o objetivo de dar maior celeridade

ao andamento processual na fase de liquidação de sentença, evitando assim, o

interminável vai e vem de manifestações, nem sempre carregadas do rigor

técnico-contábil que se exigem nesta fase. Mesmo porque não se pode exigir

muito rigor técnico-contábil dos advogados e juízes nesta área de cálculos, pois

ela está muito mais ligada às ciências exatas do que às ciências humanas, como

é no caso do direito.

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Apresentado o laudo contábil, ou seja, a conta elaborada pelo perito

contábil de confiança do juízo, o juiz dará vista às partes, e depois poderá

homologar os valores apurados, desde que, obviamente, firme convencimento

neste sentido. Outra forma de celeridade processual, que não só as partes

almeijam, como também o Judiciário, é quando às partes – reclamante e

reclamadas apresentam parecer técnico e/ou laudo contábil esclarecedor, o juiz

tendo um convencimento real da conta elaborada ele de prontidão homologa-se

os cálculos.

Nada impede que antes do trânsito em julgado da sentença a parte

interessada, pode vir nos autos com peças para a formação da carta de sentença,

ou seja, é uma forma de antecipação da liquidação da sentença. Neste caso, é

uma liquidação provisória, pois a sentença não transitou em julgado. O

procedimento ex officio, neste caso, limita-se a uma provocação à parte, pelo juiz

trabalhista, a fim de que impulsione o feito, ou seja, apresentar os cálculos de

liquidação da sentença. Tratando-se de verbas previdenciárias, se as partes não

propuserem o cálculo das contribuições ao INSS, o juiz trabalhista de ex officio

deverá determinar ao contador do juízo para que elabore a conta de liquidação,

segundo discorre o ar. 879, § 3º, da CLT.

Em suma, a liquidação de sentença pode ser proposta por qualquer

interessado, e até mesmo pelo juiz, ex officio. Em princípio, a iniciativa é do

vencedor, mas o vencido também poderá propor a liquidação de sentença. O juiz

somente providenciará ex officio a liquidação por cálculo e por arbitragem, sendo

que os artigos de liquidação devem ser obrigatoriamente propostos por uma das

partes, ou seja,o exeqüente ou o executado.

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CAPÍTULO III

CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO

3.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Para apurar o quantum devido ao credor da ação trabalhista, a

sentença condenatória passa pela liquidação, onde, ao final, os cálculos que o

Juízo entender corretos serão homologados, para imediata execução do valor

apurado, com as devidas atualizações monetárias e os juros de mora.

Quando a sentença de mérito, desde logo, fixa o quantum devido, diz-

se que a sentença é líquida, pois o valor a ser executado posteriormente depende

apenas de simples cálculos, tais como os de atualização monetária em

decorrência do espaço de tempo transcorrido. Por outro lado, quando a sentença

deixar de fixar o valor a ser executado, por quaisquer dos possíveis motivos, diz-

se que a sentença é ilíquida, devendo, dessa forma, ser previamente elaborada

sua liquidação antes do início da execução, art. 879, da CLT.

A grande maioria das sentenças proferidas na esfera trabalhista tem

sido ilíquida, apenas são fixados os parâmetros básicos para a elaboração da

liquidação da sentença, que poderá ser liquidadas através de cálculos, por

arbitramento ou artigos, art. 879, da CLT.

3.2 – ELEMENTOS INTEGRANTES DO CÁLCULO DE LIQUIDAÇÃO

Os elementos essenciais de um cálculo são: o principal, a correção

monetária, os juros de mora, as contribuições previdenciárias, imposto de renda,

o valor atualizado do FGTS a ser depositado em conta vinculada, as despesas

processuais ( custas processuais, custas de execução, honorários advocatícios,

honorários periciais, imprensa oficial ou edital de praça, despesas com leiloeiro).

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O principal corresponde ás verbas deferidas, grupadas em principais,

acessórias ou secundárias. As verbas principais possuem títulos próprios e

específicos, e o seu deferimento independe de qualquer outra verba; ex: horas

extras, férias, 13º salário, aviso prévio etc.

As verbas acessórias (integrações e reflexos) são aquelas que passam

a existir em função do reconhecimento das verbas principais, ficando a essas

dependentes; assim, caso a verba principal venha a ser indeferida, a acessória

também será retirada da liquidação. Ex.: reflexos de horas extras deferidas em

férias, em 13º salário, em aviso prévio, em Repouso Semanal Remunerado etc.

As verbas secundárias são verbas que não são ligadas diretamente ao

vínculo empregatício, mas que decorrem de contratos individuais de trabalho,

acordos coletivos, convenções coletivas ou imposição legal. Ex.: multa por

descumprimento de acordo coletivo, cujo pagamento é feito à parte contrária.

3.3 – FORMA DO CÁLCULO

O cálculo trabalhista deve conter a memória de cálculo e o resumo.

A memória de cálculo é a demonstração dos detalhes da apuração das

verbas deferidas, que, se possível, deve manter a seguinte sequência de passos:

1. salário base – equiparação salarial, diferenças salariais decorrentes de

reajustes legais e normativos, comissões, saldo de salários etc;

2. gratificações salariais comuns – gratificações habituais: pela função, por tempo

de serviço;

3. complementos salariais de 1º grau – repouso remunerado, adicionais de

periculosidade ou insalubridade, adicional transferência, de produtividade etc;

4. complementos salariais de 2º grau: horas extras, adicional noturno, sobreaviso;

5. gratificações semestrais e salário-maternidade;

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6. aviso prévio, remuneração das férias e 13º salário;

7. verbas diversas de caráter indenizatórios: FGTS e indenização de 40%, férias

indenizadas, indenização de estabilidade, vale transporte, devolução de

descontos, ajudas de custo, ressarcimento de valores adiantados pelo reclamante

para despesas processuais etc;

8. multas: multas previstas em norma coletiva, multa do § 8º do artigo 477 da CLT;

9. cota previdenciária: empregado, empresa e RAT;

10. correção monetária e juros de mora;

11. imposto de renda;

12. despesas processuais: honorários advocatícios, honorários periciais, custas etc.

O resumo Geral corresponde à consolidação do cálculo, contendo:

1. o total líquido do crédito;

2. o valor do FGTS separadamente na hipótese de FGTS a ser depositado em

conta vinculada;

3. a contribuição previdenciária da cota do reclamante, já deduzida na memória e

a cota patronal;

4. o valor do Imposto de Renda deduzido;

5. custas, honorários, editais e outras despesas processuais;

6. o valor do total geral da execução, que representa o somatório das parcelas

apuradas, destacando-se a data final de atualização.

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3.4 – CRITÉRIOS MATEMÁTICOS APLICADOS AOS CÁLCULOS

3.4.1 – Transformação de percentual em números índices

A transformação de percentual em números índices é importante na

atividade de cálculo, principalmente quando se trabalha com acumulação de

índices de correção monetária ou de reajustes salariais. É comum um índice ser

apresentado em percentual (INPC, IGP, TR entre outros). Porém, para acumular

tais percentuais a fim de se apurar a variação ocorrida em um determinado

período, torna-se necessário transformar por 100 e somar um inteiro, conforme

demonstração a seguir:

Percentual Número índice Metodologia de cálculo

( + ) ( x ) .

20% 1,20 20 / 100 + 1

2,6045% 1,026045 2,6045/100+1

1,69095% 1,0169095 1,6909 /100+1

150% 2,5 150 / 100 + 1

3.526,72% 36,2672 3526,72 / 100 + 1

Para acumular percentuais ou apurar a variação ocorrida em um

determinado período não se somam ou diminuem percentuais. O correto é

transformar primeiramente os percentuais em números índices e depois trabalhar

com estes valores seja para acumular percentuais (nº índice / nº índice),

indicando a variação ocorrida.

Dessa forma:

- Adição de percentuais: % + % = Nº índice X Nº índice

20% + 50% => 1,20 x 1,50 = 1,80 => 80%

- subtração de percentuais: % - % = Nº índice / Nº índice

50% - 20% => 1,50 / 1,20 => 1,25 => 25%

Exemplos:

1º) Apuração da TR de 01/02/2004 a 22/03/2004:

TR de 01/02/04 a 29/02/04 = 0,0458% ou 1,000458 (0,0458/100+1)

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TR de 01/03/04 a 22/03/04 = 0,123592% ou 1,00123592 (0,123592/100+1), logo

TR acumulada de 01/02/04 a 22/03/04 = 0,169449% ou 1,00169449 (1,000458

x 1,00123592).

2º) Apuração da variação da TR entre 11/11/2003 a 28/11/2003:

TR de 10/11/2003 = 0,053232% ou 1,00053232

TR de 28/11/2003 = 0,1776% ou 1,001776, logo

TR entre 11/11/2003 a 28/11/03 = 0,1243% ou 1,001243 (1,001776 / 1,00053232)

Observação: Foi utilizado o índice do dia 10, visto que ao dividir um

índice pelo outro, a variação correspondente ao primeiro dia é excluída (nesta

hipótese dia 10), ou seja, se fosse utilizada a TR referente ao dia 11, o índice

deste dia estaria excluído da variação apurada.

3.4.2 – Transformação de Hora Relógio em Hora centesimal

A apuração de número de horas em cálculo trabalhista deve ser

efetuada com base na hora centesimal, e não na hora relógio. A hora relógio

possui 60 minutos e a hora centesimal trabalha com frações de 100. Para

transformar hora relógio em hora centesimal basta dividir o número de minutos

por 60.Assim, para transformar 25 minutos em hora centesimal deve-se dividir 25

por 60, apurando-se 0,42 centésimos da hora.

A hora relógio deve ser separada por dois pontos e a hora centesimal

por vírgula. Exemplos:

1:25 (1 hora e 25 minutos) = 1,42 ( 1 hora e 42 centésimos )

4:45 (4 horas e 45 minutos) = 4,75 ( 4 + 45/60 )

8 horas e 10 minutos = 8,17 ( 8+ 10/60 )

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3.4.3 – Números de Semanas do Mês

Para fins de cálculos, 01 mês possui 4,285714 semanas, equivalente à

divisão de 30 (padrão de nº de dias por mês) por 7 (nº de dias por semana). Com

este fator é possível, a partir de qualquer valor fixo apurado por semana,

determinar o correspondente valor mensal.

Exemplos:

- O deferimento de 5 horas extras(HE) semanais resultará em 21,43 horas extras

no mês, ou seja número semanal de HE = 5; número de semanas no mês =

4,285714; número de hora extra mensal = 21,43 (5 x 4,285714).

- Se o empregado recebe salário fixo de R$180,00 por semana, a remuneração

média mensal será R$ 771,43. Então o valor da remuneração semanal = 180,00 e

o número de semanas no mês = 4,285714, com isto a remuneração média mensal

é R$ 771,43 (R$ 180,00 x 4,285714).

3.5 – ALGUMAS DAS VERBAS TRABALHISTAS

3.5.1 – Formação da Base de Cálculo e Implicações

A base de cálculo está prevista na norma jurídica. A formação da base

de cálculo tem por objetivo inicial apurar o valor ou quantidade de determinada

prestação pecuniária que o empregador deve ao empregado. A base de cálculo

de uma determinada verba corresponde ao somatório dos valores de outras

verbas, (deferidas pela coisa julgada e/ou pagas em função do contrato de

trabalho) a ser utilizado como ponto de partida para sua apuração.

A base de cálculo da verba principal difere da base de cálculo da verba

acessória. Em geral a base de cálculo da verba acessória corresponde ao valor

da verba principal. A base de cálculo de uma determinada parcela é extraída do

que ficou estipulado na norma legal ou coletiva ou no contrato entre as partes,

sendo que, em alguns casos, a base de cálculo pode corresponder apenas ao

salário-base. Em outros, este é acrescido de determinadas verbas, e em outros,

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ainda, à totalidade da remuneração, podendo em algumas circunstancias, não

guardar nenhuma relação com as parcelas auferidas pelo empregado. Por isso,

ao analisar as verbas mais frequentemente deferidas nas ações trabalhistas, far-

se-á expressa referência à base de cálculo de cada uma delas.

As verbas trabalhistas são pagas por força de lei, por previsão em

acordo ou convenção coletiva, em decorrência do que ficou contratado, tácito ou

expressamente, ou do regulamento da empresa. É por meio da interpretação

dessas fontes normativas e da jurisprudência que se obtém a base de cálculo a

ser usada na determinação do valor de cada parcela deferida, quando o julgado

não discriminar a composição de tal base.

Para integrar determinada verba na base de cálculo, é necessário

verificar se houve deferimento de reflexos no comando sentencial e, em casos

controversos, cabe checar a habitualidade do pagamento. Recebida com

habitualidade, integra o salário durante o período de sua percepção.

A habitualidade pressupõe pagamento regular e permanente. Quando

ao lapso temporal, pode ser mensal, bimestral, trimestral, semestral ou anual. Os

abonos e prêmios eventuais não integram a remuneração, como também a

gratificação auferida por substituição do chefe. Ressalta-se que o salário mensal

abrange o pagamento dos dias trabalhados e também dos dias de repouso e

feriados, Decreto nº 605/49, art.7º, § 2º.

Um conceito mais amplo de salário é o de retribuição devida e paga

diretamente pelo empregador ao empregado, de forma habitual, não só pelos

serviços prestados, mas pelo fato de que se encontra à disposição daquele, por

força do contrato de trabalho.

A remuneração pode ser extraída da CTPS, dos recibos salariais, do

contrato de trabalho, de fichas de registro de empregados e fichas financeiras.

Pode estar informado na petição inicial ou na defesa, na sentença, no laudo

pericial. Os recibos salariais, desde que comuns às partes, correspondem à fonte

mais confiável.

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3.5.2 – Salário e Remuneração

De acordo com o art. 457 da CLT e o § 1º do mesmo dispositivo legal

considera-se salário a contraprestação do serviço devida e paga diretamente pelo

empregador ao empregado, em virtude da relação de emprego. O mesmo

dispositivo legal atribui à remuneração um conceito mais amplo, quando afirma

que ela abrange o salário, com todos os seus componentes, e ainda as gorjetas,

que são pagas por terceiros, de forma habitual, em virtude do contrato de

trabalho.

Chama-se salário básico a retribuição que compete ao empregado pelo

fato de estar à disposição do empregador e cujo valor foi previamente ajustado

entre as partes contratantes, para uma jornada normal de trabalho, sem quaisquer

tipos de acréscimos. É composto de parcela fixa - valor que obedece a um critério

constante, estipulado apenas por unidade de tempo - ou de parcela variável –

valor que se altera dependendo da atividade ou da produção do empregado - ,

podendo ser misto, quando configuram os dois tipos.

Além das gratificações ajustadas, das diárias( >50%) e abonos, as

parcelas relativas a adicionais decorrentes do ambiente do trabalho

(periculosidade e insalubridade), da duração e do horário de trabalho (hora extra e

noturno) , do tempo de trabalho ( tempo de serviço, triênios, qüinqüênios etc.) ou

da execução do trabalho ( prêmios habituais) compõem, juntamente com o salário

básico, o complexo salarial.

O salário complessivo corresponde ao valor salarial fixado para atender

e remunerar o salário base e adicionais devidos, sem individualizar, definir ou

distinguir percentuais e valores, esta prática é vedada, conforme a Súmula nº 91,

TST. Assim, por exemplo: não se pode considerar o repouso semanal

remunerado como já incluído no percentual atribuído às comissões de um

empregado. Pois, quando um trabalhador recebe uma indenização trabalhista, ou

seja, uma verba com o nítido caráter de compensação em pecúnia por um dano

sofrido, qualquer que seja o título dado á referida verba quando do seu

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pagamento, tal verba não poderá integrar a remuneração do empregado para

efeito de base de cálculo de outras verbas trabalhistas.

3.5.3 – Comissões

É uma verba de caráter salarial normalmente devida em percentual

predeterminado incidente sobre o valor das vendas realizadas. A comissão

distingue-se da percentagem, por possuir um conceito mais amplo, visto que é

possível o pagamento de comissões através de unidades, e não somente através

de percentuais.

Conforme o art. 457, § 1º da CLT, a comissão integra a remuneração

pela média dos últimos doze meses, refletindo no 13º salários, férias, FGTS,

verbas rescisórias, aviso prévio, Repouso Semanal Remunerado e horas extras.

Para o cálculo da média, cabe corrigir monetariamente o valor das comissões

recebidas no período, de acordo com a OJ nº 181/SBDI-I/TST.

Outros dispositivos que regulam as comissões estão elencados no

artigo 7º, c, da Lei 605/49; os artigos 142, §3º e 487, §§ 3º e 4º, da CLT; artigo 2º

do Decreto nº 5.7155/65 e a Súmula nº 340 do TST.

Para o cálculo do repouso semanal remunerado sem comissões,

divide-se o valor total das comissões pelo número de dias úteis trabalhados e

multiplica-se pelo total de dias de repouso semanal remunerado e feriados. O

cálculo foi é efetuado de acordo com a OJ nº 181, TST. Todavia deve ser

observado também que alguns documentos coletivos de trabalho fixam a forma

de correção das comissões, assim como estabelecem prazo inferior para

apuração da média.

3.5.4 – Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina

É um direito que se vai conquistando paulatinamente, mês a mês. É

paga pelos empregadores aos seus empregados uma gratificação no final de

cada ano. Corresponde a 1/12 da remuneração de dezembro, por mês de serviço

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ou fração igual ou superior a 15 dias. Este direito foi positivado com a Lei

4.090/62, tornando o seu pagamento obrigatório.

O 13º salário é devido a todo empregado, inclusive ao empregado rural

e ao doméstico. O empregado só perde o direito ao recebimento do 13º salário, e

mesmo assim, somente o 13º proporcional, quando é dispensado por justa causa,

conforme o art. 3º da Lei 4.090/62 c/c art. 7º do Decreto 57.155/65. Portanto, nos

outros casos de rescisão ou extinção de contrato de trabalho, pedido de

demissão, dispensa sem justa causa, contrato a prazo, aposentadoria etc, a

gratificação natalina será sempre devida, independente do período em que o

empregado tenha trabalhado.

Havendo rescisão contratual, o 13º salário será apurado de acordo com

a remuneração do mês da ruptura contratual, conforme o art 3º da Lei 4090/62.

Podendo ser pago em 02 parcelas, sendo que a primeira parcela deve ser

adiantada entre fevereiro a novembro, ou por ocasião das férias, e a segunda

parcela deve ser paga até o dia 20 de dezembro do mesmo ano.

A base de cálculo do 13º salário deve corresponder ao valor da

remuneração devida em dezembro ou no mês da rescisão, estando integradas

horas extras, Súmula nº 45, TST e adicionais noturnos, Súmula nº 60,TST, pela

média física dos quantitativos pagos no respectivo ano; também as gorjetas e as

comissões, integradas pela média dos valores pagos no respectivo ano e

atualizados monetariamente, OJ nº 181, SDI-1/TST; adicionais habituais e

gratificações, sendo que a gratificação semestral repercute pelo seu duodécimo,

Súmula nº 253,TST.

A remuneração das férias não faz parte da base de cálculo do 13º

salário, mesmo que sua época coincida com o mês de dezembro. Ainda no

cálculo deve observar a quantidade de meses trabalhados, para fins de

determinação da proporcionalidade devida. O valor da gratificação corresponde a

1/12 avos da remuneração devida no mês de dezembro do ano correspondente

ou do mês da rescisão do contrato para cada mês completo de serviço prestado,

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ou período igual ou superior a 15 dias de trabalho, art. 1º, §§1º e 2º, da lei

4.090/62, mesmo nos meses com 28 e 31 dias.

O período de aviso prévio sempre integra o período contratual,

refletindo no cálculo do 13º salário proporcional relativo ao ano da rescisão ou

extinção. De acordo com o art. 15 da Lei 8.036/90, o décimo terceiro salário gera

reflexo no FGTS, além de fazer parte da base de cálculo para as contribuições

previdenciárias, conforme o art. 638 do Decreto 3000/99, sendo que a tributação

fiscal é realizada de forma exclusiva e separada dos demais rendimentos.

Exemplo:

Período de trabalho: 20/03/2008 a 17/03/2010, foi dispensado sem justa causa

Remuneração: R$ 600,00 – todo o período trabalhado

13º salário de 2008 – nº de meses trabalhados em 2008 (com fração igual ou superior a 15 dias) = 9 meses – valor 13º/2008 => 9 : 12 x 600,00 = R$ 450,00

13º salário de 2009 – nº de meses trabalhados em 2009 = 12 meses ( período integral ) Valor 13º/2009 => 12/12 => 12 : 12 x 600 = R$ 600,00

13º salário de 2010 – nº de meses trabalhados mais a projeção do aviso prévio

indenizado: 04 meses – valor 13º/2010 => 4 : 12 x 600 = R$ 180,00; o

empregador terá que pagar ao empregado demitido o valor de R$ 1.230,00

correspondente ao 13º salário do período de 2008/2010 que não foram pagos e

serão pagos na rescisão do contrato de trabalho.

3.5.5 – Férias

É um dos direitos trabalhista, consagrado em nossa Lei Máxima,

assegurado a todas as categorias de empregados urbanos, rurais, avulsos e

domésticos, sendo que para algumas categorias específicas a sua fruição se faz

através de regras especiais. Trata-se de um direito de ordem pública, ou seja, não

pode ser renunciado pelo empregado, pois, o empregado só terá direito às férias

após 12 meses de trabalho, cujo objetivo principal consiste em evitar a estafa

física e mental do trabalhador, é um período de descanso.

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Mas o empregado possui o direito facultativo de converter 1/3 de suas

férias em pecúnia, ou seja ele pode vender 1/3 de suas férias, que

correspondente a 10 dias de férias, em trabalho remunerado, não comportando

oposição ou imposição por parte do empregador, denominado como abono

pecuniário, conforme o art.143 da CLT. De acordo com a instrução normativa nº

01 de 12/10/88, o abono pecuniário previsto no art. 143 da CLT deve ser

calculado sobre a remuneração já acrescida de um terço.

O computo da verba das férias envolve dias corridos, diferente do 13º

salário que leva em conta o mês civil, mas nem sempre isto é vantajoso para o

empregado, pois no contrato de trabalho de 16/08 a 15/09, temos 1/12 para as

férias e 2/12 para o 13º salário. As férias normais gozadas na vigência do contrato

de trabalho ou em dobro, pagas também durante o decorrer do período laboral,

são apuradas com base na remuneração do mês, mais o terço legal, conforme

dispõe o art. 142, CLT e Enunciado nº 328. Em relação às férias indenizadas,

estas são pagas com a remuneração do mês da rescisão, de acordo com o

Enunciado nº 07- TST.

De acordo com o art. 130 da CLT os trabalhadores tem o direito a 30

dias corridos de férias, uma vez que tenham no máximo, dentro do período

aquisitivo, 05 faltas não justificadas. Nos casos em que a quantidade de faltas for

superior, será observada a tabela constante do dispositivo em referencia acima.

Sendo que não é permitida a compensação de faltas, justificadas ou não, por dias

de férias, ou seja, o empregado não pode ter o número de dias de férias reduzido

para fins de compensar suas faltas.

Quando o empregado permanecer em gozo de licença, com percepção

de salários, por mais de 30 dias; receber da Seguridade Social prestações a título

de acidente de trabalho ou de auxílio doença por mais de 06 meses, mesmo

descontínuos, o empregado perde o seu direito de gozar suas férias, conforme

dispõem no art. 133 da CLT.

De acordo com a OJ nº 181- SDI-I TST, o empregado que recebe seu

salário por comissão ou percentagem, para saber o valor devido referente às

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férias apura-se a média dos pagamentos relativos aos 12 meses anteriores à

concessão devidamente corrigidos monetariamente.

Para calcular às férias utiliza-se como base de cálculo à remuneração

normalmente paga ao empregado. Com isto, faz parte da base de cálculo o

salário-base, as gratificações comuns pagas mensalmente, o repouso

remunerado, os adicionais de: periculosidade, insalubridade, de transferência, de

horas extras, noturno, bem como as parcelas variáveis, tais como: comissões,

percentagens e gorjetas; e as utilidades salariais, art. 142, da CLT.

3.5.6 – Adicional Por Tempo de Serviço

O adicional por tempo de serviço é uma verba salarial devida ao

trabalhador em virtude de um determinado espaço de tempo em que está

prestando serviços à empresa. Previsto em contratos individuais de trabalho ou

em acordo ou convenção coletiva, dependendo de cada categoria profissional

específica. Integra o salário para todos os efeitos legais, conforme as Súmulas do

TST nº 52,181,202,203,225 e 240.

3.5.7 – Aviso prévio

O aviso prévio está previsto na CLT em seu artigo 487, no qual

determina que a parte que queira rescindir o contrato de trabalho avise a outra

parte dessa intenção, com antecedência mínima de 30 dias. O aviso prévio é um

direito indisponível, não pode ser renunciado, conforme Súmula nº 276 do TST.

De acordo com o art. 487, § 6º, da CLT, o aviso prévio sempre integra

o período contratual, inclusive para o pagamento da indenização do adicional do

art. 9º da Lei 6.708/79 e Sumulado pelo TST nº 182, somando-se ao período de

garantia de emprego, Súmula nº 348 do TST, bem como para fins de

aposentadoria do trabalhador. Incide, também, para o cálculo de férias e do 13º

salário.

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O cálculo do aviso prévio é simples, tendo a sua base de cálculo no

total das verbas salariais habitualmente pagas. Inclui, portanto, as parcelas que

compõem o salário-base (fixo, variável ou misto), inclusive utilidade, salário por

unidade de obra e comissões, as gratificações comuns (de tempo de serviço, de

função etc), os adicionais de salário (periculosidade, insalubridade, transferência

etc), horas extras, adicionais noturnos, repousos semanais remunerados etc.

O aviso prévio reflete no cálculo de férias e do 13º salário. Quanto ao

FGTS, a Súmula nº 305 do TST pacificou a questão, reconhecendo que o aviso

prévio, trabalhado ou indenizado, está sujeito à contribuição do FGTS. Em relação

à contribuição do INSS, só há incidência quando o aviso prévio for trabalhado.

Embora o Decreto nº 6.727/2009 tenha revogado o disposto na alínea “f” do inciso

V, § 9º do art. 214 do Decreto 3.048/2009, o qual autoriza a incidência sobre o

aviso prévio indenizado, a Resolução Administrativa nº 21/2010 do TRT-1ª Região

aprovou a edição da Súmula nº 07, na qual discorre que o aviso prévio indenizado

não incide no cálculo da contribuição previdenciária.

Vejam, também as OJ’s / SDI nº 40, que veda a aquisição de

estabilidade no período de aviso prévio indenizado; nº 82(a baixa na CTPS

corresponder à data do final do aviso prévio, mesmo indenizado), nº 83 (a

contagem da prescrição também leva em conta a data do final do aviso), nº 84

(aviso proporcional depende de legislação regulamentadora).

Também devem ser consideradas as seguintes Súmulas do TST: nº 14

(se a causa da rescisão for culpa recíproca, o empregador terá direito a 50% do

valor do aviso prévio); nº 230, a redução da jornada não poderá ser substituída

pelo número de horas correspondentes, sob pena de nulidade; nº 380 (aplica-se

as regras do art. 132 do Código Civil para a contagem do aviso prévio, ou seja,

exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento.

Não compõem a base de cálculo as gratificações semestrais, Súmula

nº 253 do TST e as gorjetas, Súmula nº 354 do TST.

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3.5.8 – Gratificações

As gratificações pagas com habitualidade, em dinheiro, ao empregado

pelo empregador, de forma espontânea, sem que haja a necessidade do

empregado fazer algo, ou seja, independe da sua vontade, sendo, apenas mera

liberalidade por parte do empregador, estas passam a integrar o salário do

empregado para todos os efeitos legais.

3.5.9 – Prêmio

O prêmio difere das gratificações, pois este está diretamente ligado a

atos concretos do empregado. Trata-se de um tipo de salário devido ao

empregado em função de fatores de ordem pessoal, como sua produtividade,

eficiência, assiduidade etc. Para o empregado fazer jus à este benefício é preciso

que o empregador pague com habitualidade, só assim, o prêmio integrará a

remuneração do empregado, para todos os efeitos legais. Quando o prêmio for

pago esporádico, ou seja, o prêmio denominado troféu não integra a remuneração

do empregado para fins de base de cálculo.

3.5.10 – Abonos

São quantias pagas em dinheiro como antecipação ou adiantamento

salarial. Integram o salário dos empregados, para todos os efeitos, conforme

discorre o art. 457, § 1º, da CLT, exceto quando expressamente vedado pela lei

que o criou.

3.5.11 – Salário In Natura

De acordo com o art. 458 da CLT, o salário poderá ser pago em

dinheiro ou em utilidades, como alimentação, habitação, vestuário ou outras

prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou costume, fornecer

habitualmente ao empregado, podendo abranger outros fornecimentos, como

higiene e transporte. Estas utilidades integram ao salário para todos os efeitos

legais, pois fazem parte da sua remuneração. Sendo que as utilidades concedidas

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pelo empregador que não são consideradas salário encontram-se discriminadas

no art. 458, § 2º, da CLT.

3.5.12 – Gorjetas

O conceito de gorjeta está disciplinado no §3º, do artigo 457 da CLT,

no qual considera a gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo

cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa do

cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição

aos empregados. Ocorre que há dois tipos de gorjeta, a própria que é paga

diretamente pelo cliente ao empregado e a outra que é a gorjeta imprópria que é

cobrada como um adicional na conta do cliente e paga ao empregador para

posterior repasse aos empregados.

A gorjeta integra a remuneração, mas não faz parte do salário, e gera

reflexos exclusivamente em férias, 13º salário, FGTS e RSR, art. 7º da Lei 605/49

e a súmula nº 354/TST.

3.5.13 – Horas extras

Nenhum trabalhador pode trabalhar mais de 8 (oito) horas por dia, a

não ser que haja algum acordo/convenção ou contrato, por escrito, se não houver

nenhum destes, então haverá hora extra. E a hora extra só pode ser

suplementada só por mais duas horas, se ultrapassar terá outras conseqüências,

caso não esteja por escrito que haverá compensação, se não houver, então

ocorrerá hora extra.

A hora extra ou hora suplementar ou labor extraordinário são

expressões que indicam o período de trabalho excedente à jornada

contratualmente acordada. Assim, quando o empregado exceder o seu horário de

trabalho ou permanecer à disposição do empregador antes do horário inicial,

durante o intervalo intrajornada ou após, o horário de saída, estará configurada a

jornada extraordinária. A fórmula básica para cálculo de horas extraordinárias

mensais é a seguinte: remuneração mensal / divisor x adicional (nº índice) x nº

mensal de HE.

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CONCLUSÃO

A presente pesquisa partiu do pressuposto de que as inúmeras

questões polêmicas e controvertidas que envolvem a matéria em foco, pontifica a

sua complexidade e o campo de aplicação, restrito ao direito do trabalho.

Observa-se, portanto, que a liquidação de sentença traz em seu bojo a sua

natureza jurídica declaratória, visto que, apenas o an debeatur é conhecido. Há a

incerteza no quantum devido. Por tanto, há que se efetuar prévia delimitação do

valor da obrigação condenatória reconhecida, tornando-a exeqüível.

O tema abordado leva em conta quem tem a legitimidade para

apresentar os cálculos de liquidação da sentença de mérito. Pois o domínio da

atividade de cálculo pressupõe o conhecimento da Consolidação da Leis

Trabalhistas, sobretudo dos Títulos II – que tratam das Normas Gerais de Tutela

do Trabalho, precisamente em seus artigos 13 a 201 e do Título IV – que discorre

sobre o Contrato Individual de Trabalho, nos artigos 442 a 510 do mesmo

dispositivo, dos Enunciados do Colendo Tribunal Superior do Trabalho e alguns

do EXC. do STF. Depende também, e sempre, da leitura completa e da

interpretação correta do acordo, decisão e acórdão, enfim, dos comandos

decisórios.

Contudo, depende, ainda, do domínio da técnica de composição da

remuneração mensal do reclamante para cálculo das verbas deferidas; dos

critérios de apuração de cada uma dessas verbas deferidas; da técnica de

atualização e aplicação dos juros de mora; dos diversos critérios de apuração dos

descontos legais. Impõe-se, também, a utilização permanentemente do bom

senso e da atenção a alguns princípios da execução, como o da inalterabilidade

da decisão liquidanda, conforme os artigos 879 da CLT e 610 do CPC, a

razoabilidade, celeridade processual, vedação ao enriquecimento ilícito ou sem

causa e entre outros.

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Como a liquidação se destina a traduzir, com fidelidade, o conteúdo da

condenação, por tornar o título executivo exigível, isso significa que, nessa fase,

não se pode modificar ou inovar a decisão liquidanda, nem modificar os limites

objetivos da lide, sob pena de nulidade, conforme discorre o artigo 879, parágrafo

1º da Consolidação das Leis do Trabalho, conquanto seja lícito interpretá-la em

certos casos, desde que com razoabilidade e levando em conta o marco

prescricional. Pois, nessa fase, só se pode mesmo é explicitar, declarar o que já

está na sentença, mas que por ser ela ilíquida e não pode discutir de novo o

mérito da causa, nem apreciar a justiça ou injustiça da sentença, nem reexaminar

a prova em que ela se fundou.

Por fim, cabe salientar, ainda, que a atualidade do tema e as variadas

abordagens que comporta, servem como uma contribuição à reflexão sobre a

matéria em foco. Não se pretende esgotar o tema, mas apenas, oferecer uma

pequena contribuição à reflexão sobre a matéria em questão. E diante deste

emaranhado de controvérsias, se faz necessário estabelecer uma posição que

mais se ajusta a realidade. Desta forma prevalece uma ordem jurídico-social,

mesmo quando uma lei tem por fim prover a um interesse privado, ela age

primeiramente com o intuito no interesse público. Com isto, sua função é

influenciar no equilíbrio das relações privadas exercendo sobre a ordem pública.

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BIBLIOGRAFIA

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1974.

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 3ª ed. São Paulo:

LTR, 2007.

CANUTO, Raimundo. Cálculos Trabalhistas Passo a Passo. 3ª ed. São José dos

Campos: Asseart, 2007.

CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis Trabalhista: legislação

complementar e jurisprudência. 29ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

CASTILHO, Paulo Cesar Baria de. Prática de Cálculos Trabalhistas na Liquidação

de Sentença. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.

COSTA, Armando Casimiro; Irany Ferrari e Melchiades Rodrigues Martins.

Consolidação das leis Trabalhistas. 38ª ed. São Paulo: LTR, 2011.

DINAMARCO, Cândido Rangel. Execução Civil. 5ª ed. São Paulo: Malheiros,

1997.

FILHO, Manuel Antonio Teixeira. Execução no processo do Trabalho. 8ª ed. São

Paulo: LTR, 2004.

GIGLIO, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: Saraiva,

2002.

JUNIOR, Nelson Nery. Código de processo Civil Comentado. 4ª ed. São Paulo:

Revista dos Tribunais, 1999.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito processual do Trabalho. 5ª ed.

São Paulo: LTR, 2007.

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SANTOS, José Aparecido dos. Curso Prático Cálculos de Liquidação Trabalhista.

5ª ed. Curitiba: Juruá, 2007.

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. 5ª ed. São

Paulo: Saraiva, 1981.

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ÍNDICE

RESUMO............................................................................................................... 5

METODOLOGIA.................................................................................................... 6

SUMÁRIO.............................................................................................................. 7

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 9

CAPÍTULO I

CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA E PRINCÍPIOS.......................................... 11

1.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS...................................................................... 11

1.2 – CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA........................................................ 11

1.3 – REGRAS E PRINCÍPIOS INFORMADORES ..............................................15

1.3.1 – Princípio da Inalterabilidade da Sentença/Título Judicial..................15

1.3. 2 – Princípio da Interpretação Restritiva da Condenação.........................16

1.3. 3 – Princípio da Adequação da Sentença ao Pedido.................................17

1.3. 4 – Princípio da Unicidade da sentença......................................................18

1.3. 5 – Princípio da razoabilidade ou da Proporcionalidade..........................19

CAPÍTULO II

MODALIDADE DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA................... 21

2.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS.......................................................................21

2.2 – FORMAS DE LIQUIDAÇÃO.........................................................................22

2.2.1 – Liquidação Por Cálculo...........................................................................23

2.2.2 – Liquidação Por Arbitramento..................................................................25

2.2.3 – Liquidação Por artigos............................................................................27

2.3 – PRESCRIÇÃO..............................................................................................28

2.4 – LEGITIMIDADE PARA LIQUIDAR A SENTENÇA......................................29

CAPÍTULO III

CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO.............................................................................32

3.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS.......................................................................32

3.2 – ELEMENTOS INTEGRANTES DO CÁLCULO DE LIQUIDAÇÃO..............32

3.3 – FORMA DO CÁLCULO................................................................................33

3.4 – CRITÉRIOS MATEMÁTICOS APLICADOS AOS CÁLCULOS...................35

3.4.1 – Transformação de Percentual em Números Índices............................35

3.4.2 – Transformação de Hora Relógio em Hora Centesimal.........................36

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3.4.3 – Números de Semana do Mês..................................................................37

3.5 – ALGUMAS DAS VERBAS TRABALHISTAS..............................................37

3.5.1 – Formação da Base de Cálculo e Implicações.......................................37

3.5.2 – Salário e Remuneração...........................................................................39

3.5.3 – Comissões................................................................................................40

3.5.4 – Décimo Terceiro Salário / Gratificação natalina....................................40

3.5.5 – Férias.........................................................................................................42

3.5.6 – Adicional Por Tempo de Serviço............................................................44

3.5.7 – Aviso Prévio.............................................................................................44

3.5.8 – Gratificações............................................................................................46

3.5.9 – Prêmio.......................................................................................................46

3.5.10 – Abonos....................................................................................................46

3.5.11 – salário in natura.....................................................................................46

3.5.12 – Gorjetas...................................................................................................47

3.5.13 – Horas Extras...........................................................................................47

CONCLUSÃO........................................................................................................48

BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................50