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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Elizete da Costa Souza
ORIENTADORA: Profª Edla Trocoli
Rio de Janeiro 2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Infantil e Desenvolvimento. Por: Elizete da Costa Souza
Rio de Janeiro 2015
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
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AGRADECIMENTOS
À Deus por me dar força até o final do curso. À minha mãe que sempre me incentivou, e jamais poderei esquecer uma pessoa muito especial, a quem serei sempre grata, amiga e profª Patrícia Greco, que nos momentos cruciais da minha vida sempre esteve presente. A todos os amigos e colegas que de alguma forma contribuiu para esta pesquisa, muito obrigada! Que Deus abençoe a vida de cada um.
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DEDICATÓRIA
À Deus toda honra e toda glória.
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RESUMO
O presente trabalho é uma proposta de demonstrar a importância do
brincar na aprendizagem das crianças da educação infantil. Através da
ludicidade, não só os conteúdos escolares ganham vida, mas valores são
trazidos à tona como objetos de estudo. O desenvolvimento da criança, através
das brincadeiras e jogos, ganha maior potencialidade. A escola, revestida no
papel de promotora do lúdico, possibilita à inserção social, a inclusão e o
abarcamento de toda sua heterogeneidade. O lúdico inaugura na criança o
prazer em aprender, elemento indispensável ao sucesso escolar. E a escola,
por sua vez, ao oportunizar novas experiências, cumpre seu papel de
transformação social.
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METODOLOGIA
A pesquisa em epígrafe foi embasada numa ampla pesquisa
bibliográfica de autores renomados no assunto abordado.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – A Construção da Identidade da Educação Infantil nas Escolas
Públicas Cariocas 11
CAPÍTULO II – Currículo X Ludicidade: A Intencionalidade do Brincar na
Educação Infantil 20
CAPÍTULO III – A Educação Infantil e os Movimentos de Cooperação dentro
do Espaço Escolar 29
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 40
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INTRODUÇÃO
Durante décadas, a educação infantil foi marginalizada enquanto
segmento escolar. Tratava-se, a princípio de um espaço alternativo para pais
que precisavam antecipar a entrada dos filhos dentro do espaço escolar. Não
havia preocupação com a aprendizagem e, muito menos, não existia a
consciência da importância das atividades lúdicas como pré-requisitos para um
desenvolvimento pleno nas classes de alfabetização.
Com o passar do tempo, aliado ás mudanças de nomenclatura
(Jardim de Infância), Pré-escolar, Educação Infantil) veio a percepção de que
este segmento era fundamental para se alcançar uma alfabetização mais
plena. De que por trás do brincar havia um rol de conteúdos, trabalhados
assistematicamente, que precipitavam os mecanismos necessários para a
aprendizagem das diferentes linguagens.
O objetivo geral deste trabalho é pontuar as principais contribuições
da ludicidade no desenvolvimento biopsicossocial do aluno. Através de vasta
pesquisa bibliográfica, pretende-se acompanhar a evolução do sentido da
Educação Infantil dentro das escolas e creches municipais cariocas, realizando
aferições, no decorrer do presente, sobre a importância do lúdico na
aprendizagem da criança.
A relevância do tema concentra-se na necessidade de garantir um
espaço de discussão contínua sobra a organização do espaço e do currículo na
Educação Infantil, como forma de propiciar o fortalecimento do seu caráter
lúdico, mas vinculado a construções pedagógicas que favorecem a
aprendizagem de conceitos necessários à alfabetização escolar.
A realidade das famílias brasileiras vem exigindo , cada vez mais,
investimentos para ampliação dos espaços de educação infantil. Nas creches
municipais ainda há um grande abismo entre as vagas oferecidas e a real
necessidade da comunidade. Entretanto, é inegável avanços significativos
nesse processo. Já há um razoável número de creches, edis e escolas com
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turmas de educação infantil. Há, também, uma série de investimentos no
sentido da criação de outros espaços. Se, por um lado ainda é insuficiente, por
outro caminhamos no sentido de que todas as crianças terão sua vida escolar
iniciada antes dos seis anos, obrigatoriedade legal, que também já merece
revisão da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Essa nova faixa etária de inserção no espaço escolar colabora
definitivamente para o alcance de metas como o nosso Pacto Nacional de
Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) do governo federal, por exemplo, pois
traz para dentro da escola crianças que, até então, não teriam, em suas
famílias, condições de convivência com outras crianças e, muito menos,
contato com o mundo letrado.
Sabemos que a grande maioria das crianças atendidas pelas
creches, edis e escolas municipais é oriunda de comunidades carentes, que
apresentam carências de estrutura física, social e urbana. Essa realidade
conduz a escola para um grande desafio: o de garantir, nas classes de
educação infantil- área de atuação deste trabalho – um espaço de convivência
social, de formação cidadã e, principalmente, de aprendizagem escolar. Todos
esses conceitos, se desenvolvidos dentro da sistematização e da ludicidade,
garantem um processo de ensino-aprendizagem qualitativo que elimine as
disparidades observadas nas classes de alfabetização das escolas.
Na educação infantil, como se demonstrará neste espaço, está o
primeiro passo para destronar a desigualdade do berço que ainda insiste em
acontecer dentro das escolas públicas. A oferta de um espaço onde as
crianças possam brincar e aprender, através do contanto com outras crianças e
com profissionais capacitados para lhe conduzir a um aprendizado seguro, é o
ponto de partida para se modificar definitivamente os resultados dos últimos
anos.
No decorrer do trabalho, pretende-se pontuar os principais avanços
da política pública no sentido de assegurar os espaços de educação infantil.
Buscar-se-á construir também um mosaico do currículo e da importância da
ludicidade nele, propondo uma discussão acerca dos princípios norteadores do
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fazer pedagógico neste segmento. E enfim, buscar, à luz da bibliografia
sugerida,a real significação do jogo e do brincar dentro da educação infantil.
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CAPÍTULO I
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DA EDUCAÇÃO
INFANTIL NAS ESCOLAS PÚBLICAS CARIOCAS
Entender o percurso das turmas de educação infantil nas redes
públicas de ensino, principalmente na rede pública carioca, objeto deste
trabalho, é mergulhar nas mudanças sociais que forjaram o caráter das famílias
dentro de nosso país. Acreditar que a educação infantil, vem aos poucos,
construindo sua identidade, fortalecendo sua importância frente às
necessidades deste novo grupo de crianças e tornando-se definitivamente
parte integrante do processo de desenvolvimento humano dentro do espaço
escolar é o motivador deste capítulo.
Ao se construir um mosaico histórico dos processos constituintes da
mentalidade educacional deste segmento, busca-se não só traçar uma linha do
tempo sobre os avanços e retrocessos, mas principalmente oportunizar um
olhar minucioso sobre sua identidade, sobre a mentalidade educativa que se
propagou e que hoje se define, colocando em xeque não só seu currículo –
tema recorrente deste trabalho – mas também seus personagens, os sistemas
de ensino e os educadores que realizam, dentro de diferentes concepções, o
fazer pedagógicos dentro dessas salas.
1.1. Políticas Públicas de Educação Infantil: Avanços e
Retrocessos
A relevância da Educação Infantil, enquanto espaço de
aprendizagem, vem sendo salientada ao longo dos anos na rede pública de
ensino. Durante décadas, o Jardim Infância era um espaço alternativo e
deslocado das propostas pedagógicas das Unidades Escolares. Era um
universo em torno de si mesmo.
Não obstante, aliado a uma mudança das famílias brasileiras, onde a
maioria das mães saíram para trabalhar fora (em jornadas superiores a oito
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hora diárias), que alavancou a necessidade da multiplicação de espaços
educativos com vagas para os alunos com 04 e 05 anos, também houve a
contribuição de inúmeros pensadores, como Piaget, Vygotsky, entre outros.
Esses autores corroboraram para a necessidade de desenvolvimento de
práticas pedagógicas dentro desta faixa etária que propiciassem às crianças
múltiplas experiências sensoriais, afetivas e cognitivas necessárias à inserção
ao mundo letrado.
Traçando uma linha do tempo imaginário sobre a formação do
caráter atual nas classes de educação infantil, observa-se uma mudança
drástica em pouco mais de quarenta anos.
Durante as décadas de 80 e 90, o jardim de infância não
apresentava nenhum tipo de legislação própria e, portanto, os sistemas
educacionais não investiam, tanto no aspecto físico – da construção de prédios
ou salas adequadas – como também na ênfase das matrículas, uma vez que a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional não previa a obrigatoriedade
neste segmento. Portanto, como era de se esperar, as famílias resistiam à
entrada das crianças na escola antes dos seis anos (faixa etária prevista na
LDB 94/96) e, quando o faziam, registrava-se sempre altos índices de evasão e
baixa frequência.
Em decorrência desta mentalidade, as crianças chegavam às
classes de alfabetização – principalmente às oriundas de comunidades de
baixa renda – com sérias defasagens e, consequentemente, seus processo de
letramento eram deficitários. Observava-se, então, grande número de
repetência nas séries iniciais de alfabetização. Para tentar sanar tais
problemas, entre outras ações, viabilizou-se o que, comumente, denominou-se
aprovação automática, respaldada, então, pela política pública dos ciclos de
formação, já no final da década de noventa. Tal política, entretanto, longe de
eliminar os problemas de alfabetização nas escolas públicas, transformou-se
num grande desafio, pois, ao adiar a reprovação (que até então só ocorreria
em tese no terceiro ano de cada ciclo) criou turmas multisseriadas e com
características que o próprio sistema não conseguia dar conta. Surge então a
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política de projetos. Foram inúmeros e ainda restam resquícios desta política,
como as classes de realfabetização, aceleração, entre outros. Entretanto, o
esmagamento das classes de alfabetização fez despertar, dentro das redes de
ensino, o interesse pela pré-escola.
Somando esses dois pontos – a realidade social das famílias e o
déficit linguístico dos alunos oriundos das classes populares – há uma nova
investida das políticas públicas de educação nas classes da pré-escola.
Iniciando-se com o aumento gradativo da oferta de vagas nas
escolas regulares – com crianças de quatro e cinco anos - e, hoje, mais
especificamente com o aumento considerável do número de EDIs (Espaço de
Desenvolvimento Infantil) e de creches – que atendem dos seis meses aos 05
anos – a Educação Infantil vem assumindo definitivamente o lugar que lhe cabe
dentro da educação: o de lugar privilegiado de aprendizagem e
desenvolvimento sócio-afetivo.
Os avanços legais são inegáveis. Podemos citar, entre outros, As
Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, Parâmetros Básicos
da Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil, Plano Nacional pela
Primeira Infância, Indicadores da Qualidade de Educação Infantil e tantos mais
que subsidiam, hoje, a prática dos sistemas de ensino, fortalecendo enfim o
caráter sistêmico que este segmento precisa apresentar, sem contudo,
desvencilhar-se de sua predisposição para uma aprendizagem mais lúdica,
infelizmente realidade distantes da continuidade de nossa seriação.
Atualmente, o caráter lúdico da Educação Infantil não encontra mais
resistência. Nenhum professor negligencia a importância dos jogos e
brincadeiras na aprendizagem das crianças, embora, as dificuldades para
desenvolver práticas de aulas com eles ainda seja muito grande. O caráter de
futilidade que permeou as classes de pré-escola cede lugar à tomada de
consciência do poder psicossocial dos movimentos cooperativos dentro deste
espaço. A ação lúdica ultrapassa a diretiva dos conteúdos escolares para se
tornarem instrumentos de desenvolvimento de valores e conceitos necessários
a práticas educativas contextualizadas e carregadas de simbolismo.
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1.2. Do Jardim de Infancia À Educação Infantil: As Mudanças
Práticas no Currículo
Os Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil
trouxeram uma proposta de organização curricular para a educação infantil.
Distante da descontextualizarão das práticas escolares, o currículo ressurge
multidisciplinar e valorizando as experiências plurais e coletivas.
O ingresso na instituição de educação infantil pode alargar o universo inicial das crianças, em vista da possibilidade de conviverem com outras crianças e com adultos de origens e hábitos culturais diversos, de aprender novas brincadeiras, de adquirir conhecimentos sobre realidades distantes. (Referenciais Curriculares Nacionais, 1998, p. 13).
A importância das práticas coletivas, do jogo, do brincar, da musica
e todas as formas de manifestação humana ganham status dentro do currículo
de educação infantil Ultrapassam o primeiro objetivo de preconizar conteúdos
escolares para se tornarem instrumentos de desenvolvimento de múltiplas
potencialidades.
O desenvolvimento de um currículo por projetos pressupõe uma
relação constante entre o tempo de aprendizagem dos alunos, sua relações
com as situações apresentadas e um movimento constante de observações
acerca das respostas. Quanto maior a multiplicidade de representações
propostas, maior as possibilidades de respostas.
O retorno da prática de projetos é inegável. As turmas de educação
infantil que, em seu currículo, apresentam uma organização rica em situações
e temáticas são estimuladas constantemente a exercitar sua criatividade e
desenvolver diferentes potencialidades. Desta forma, os alunos iniciam sua
vida escolar participando ativamente das práticas escolares, de forma individual
e coletiva, e atribuindo sentido aos diferentes fazeres escolares.
As crianças, entre quatro e cinco anos, passam por diferentes
estágios de desenvolvimento. Desta forma, a construção de um currículo plural,
que ressignifique conceitos, que transponha a disciplinariedade e que valorize
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as realizações humanas como produto escolar é fundamental para novas
aprendizagens.
As turmas de educação infantil (quiçá todas as outras) devem
experimentar espaços de aprendizagens múltiplas, além de suas salas de
aulas, organizados para proporcionar diferentes experiências sensoriais,
cognitiva, relacionais, táteis... A pluralidade de espaços é tão importante quanto
a de conceitos e também passa pela organização curricular.
A dinamicidade da proposta e seu caráter plural anunciam uma
possibilidade maior de aprendizagens, respeitando-se o tempo e as
necessidades individuais de cada criança.
Nesse contexto, não se considera somente o meio físico ou material,
mas também as interações que se produzem nesse meio. É um todo
indissociável de objetos, odores, formas, cores, sons e pessoas que habitam e
que se relacionam dentro de uma estrutura física determinada que contém tudo
e que, ao mesmo tempo, é contida por esses elementos que pulsam dentro
dela como se tivessem vida. (BARBOSA e HORN, 2008, p. 48).
Dentro da proposta curricular de educação infantil a brincadeira e o
jogo adquirem um papel fundamental para sua realização. A interação e a
cooperação implícitas nas brincadeiras estimulam valores indispensáveis à
formação humana e, sobretudo, as experiências de aprendizagem futuras.
A capacidade criativa estimulada em inúmeras brincadeiras, a
oralidade, a experiência sensorial e corporal são pressupostos fundamentais
para estimular o prazer na aprendizagem do novo. Ao explorar dimensões
imaginárias, o conhecimento e o autoconhecimento caminham juntos na
direção da formação de uma criança segura e capaz de lidar com situações
novas.
A condução das práticas escolares através dos jogos e brincadeiras,
numa proposta curricular em projetos, viabiliza uma dinamicidade maior das
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relações humanas bem como abre espaço para um potencial criativo inerente à
criança.
Aliar a fantasia e a razão, o saber e o sabor, criando oportunidades
de aprendizagem é o grande desafio da proposta curricular das classes de
educação infantil neste nosso século. A vivência lúdica, através da qual se
reconfiguram aprendizagens, instiga a criança à descoberta, distanciando-se
das respostas prontas e do modelo verticalizado de proposta escolar.
1.3. A Formação do Professor de Educação Infantil
Não se pode falar em uma prática de projetos, embasada na
ludicidade, sem colocar em xeque, neste breve espaço de discussão, o caráter
da formação docente.
Apesar dos inúmeros investimentos, da criação de professores
“especialistas” em educação infantil, dos inúmeros cursos de graduação e pós-
graduação voltados para este campo, ainda se apresenta, diante das escolas,
professores despreparados para os inúmeros desafios descortinados nas
tramas da educação infantil.
O professor da classe de educação infantil ainda carrega consigo
uma visão pragmática da escola. Carregado de atividades sistêmicas
descontextualizadas, resumidas no uso do lápis e do papel, este professor
objetiva, exclusivamente, precipitar a alfabetização da criança, antes mesmo de
qualquer outra experiência escolar. Esse modelo docente é muito comum na
rede privada de ensino, onde a exigência por uma “educação de qualidade”
está intimamente relacionada ao nível de alfabetização das crianças. É muito
comum o discurso entre responsáveis de crianças entre quatro e cinco anos da
necessidade “emergencial” do desenvolvimento da capacidade leitora desses
alunos. Além disso, esse modelo escolar pratica, com constância, o currículo
dos eventos, numa espécie de propaganda de si mesmo, sem, no entanto,
preocupar-se com uma proposta pedagógica que viabilize o desenvolvimento
completo do potencial dos alunos.
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Há, por outro lado, outro perfil de professor de educação infantil.
Este já percebe a necessidade do lúdico na construção do conhecimento.
Todavia, não consegue elencar em sua proposta pedagógica ações voltadas
para viabilizar o uso do jogo e das brincadeiras de forma contextual. Torna-se,
então, um momento de brincadeira, sem a observação necessária, sem as
intervenções e sem a intencionalidade prevista numa organização curricular por
projetos. Essa realidade ainda está muito presente nas escolas públicas e, em
algumas poucas privadas.
São dois lados de uma mesma moeda. Por um lado um professor
apressado em fazer uma criança aprender a ler e a escrever dentro dos moldes
escolares. Muitas vezes a reputação da escola depende deste tipo de
resultado. Por outro lado, um professor já imbuído de uma pedagogia lúdica,
sem, entretanto, possuir o conhecimento metodológico necessário ao
desenvolvimento da proposta.
Neste sentido, precisamos reiterar que a formação dos professores
ainda é precária no que diz respeito aos conhecimentos específicos que
precisarão para construir sua prática, dentro dos princípios de valores e
conceitos. Assim, mesmo os docentes, que apresentam vontade de realizar
uma prática de projetos, esbarram na realização de um senso comum e, sem o
conhecimento necessário, tornam-se multiplicadores de práticas escolares não
contextualizadas, onde os jogos e brincadeiras são apenas momentos
estanques do processo.
Quanto maior for o conhecimento do professor acerca do tema ou problema, maior será a profundidade e a dimensão do projeto. Esse conhecimento não precisa ser prévio, podendo ser construído ao longo do projeto, junto com as crianças, por meio de pesquisas, estudos, discussões e assessoria de colegas. (BARBOSA e HORN, 2008, p.41)
O desafio que se coloca, então, diante dos docentes que se dedicam
as classes de educação infantil é o de enfrentar a acomodação das práticas
vigentes e buscar, incansavelmente, novas propostas para alcançar a
pluralidade humana dentro desse espaço. Com discussões coletivas dentro do
espaço escolar, da observação do seu entorno, de sua comunidade, no
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mergulho na realidade circundante encontram-se alguns pontos iniciais para a
construção de um currículo vivo, lúdico e dinâmico.
O investimento na formação docente nos cursos de graduação,
especialização das principais universidades, bem como um rol de eventos
(seminários, congressos...) dos sistemas de educação, além, é claro, de uma
vasta bibliografia, contribuem significativamente para alavancar essa formação
docente. Contudo, ainda há um grande abismo entre a teoria e a prática dentro
das escolas. Esta cisma pode ser, paulatinamente, diminuída a partir de uma
postura coletiva desde a construção do Projeto Político Pedagógico até a
coresponsabilidade dos processos autorais dentro do espaço escolar.
1.4- A PREDISPOSIÇÃO PARA O BRINCAR DENTRO DAS PRÁTICAS ESCOLARES A intenção pedagógica dentro das brincadeiras infantis é uma
armadilha para o professor de educação infantil. Se antes a brincadeira era
vista como um espaço de puro entretenimento, um refúgio para o cansaço do
cotidiano escolar, hoje nos deparamos com algumas situações em que a
brincadeira tornou-se instrumento de práticas escolares para fins estritamente
didáticos. Longe de contrariar a importância da ludicidade nos processos de
aprendizagem infantil, considera-se perigosa a intencionalidade excessiva em
seu uso.
A obviedade de certos jogos ou brincadeiras pode ser um perigo à
sua própria essência fantasiosa e dinâmica. Ao determinar parâmetros
educacionais para a seleção das brincadeiras, a implicação das regras ou
mesmo a divisão das propostas, corre-se o risco de marginalizar a
espontaneidade inerente ao lúdico, bem como a sua importância na
resignificação, por meio das crianças, de valores e comportamentos do dia a
dia.
Por mais paradoxal que pareça a assertiva de que brincar não pode ser
recurso exclusivamente pedagógico dentro da escola, ela parece dar a
dimensão correta acerca desta proposta. Ao brincar, a criança experimenta
sensações, movimentos, contatos, parcerias; constrói hipóteses e as
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desconstrói com a mesma volúpia; interpreta, questiona, aceita e rejeita o seu
meio. Copia, inaugura, modela novas formas de convivência. Todos esses
valores, inerentes ao espaço da ludicidade dentro do espaço escolar, não
precisa – embora possa ser eventualmente – castrado pela necessidade
pungente da escola em lançar mão de seus conteúdos.
Essa necessidade vem restringindo o brincar dentro do espaço das
classes de educação infantil ao papel secundário de motivador de conteúdos
elaborados para determinada faixa etária. Ao minimizar sua importância, o
educador, imbuído pelo seu papel intelectivo, não explora de forma mais ampla
esse universo.
Em caminho oposto, a urgência dos conteúdos e conceitos escolares
cede lugar a um espaço de criatividade humana, onde além do espaço para o
desenvolvimento das habilidades cognitivas, encontram-se possibilidades
infinitas de construção afetiva e valorativa, indispensáveis à formação global.
Ao exercitar a criatividade, a autonomia, as práticas coletivas dentro das
brincadeiras, estimulando a generosidade, a inversão de papéis, a cooperação,
a sinergia, o equilíbrio e o desequilíbrio como fontes de aprendizagem, a escola
propicia uma aprendizagem significativa e qualifica (ao contrário da
quantificação própria dos currículos) as crianças frente às propostas futuras.
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CAPÍTULO II
CURRÍCULO X LUDICIDADE: A INTENCIONALIDADE
DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Já houve um tempo em que o currículo era um programa de
conteúdos encarcerados pelas disciplinas que os compunham. No decorrer do
tempo, com estudos aprofundados, percebemos o grande naufrágio do
currículo baseado, exclusivamente, em conteúdos escolares.
Não se negligencia a importância das diferentes linguagens, no
conhecimento científico, ou ainda, na construção da identidade histórica de
uma sociedade. Todavia, o currículo deve ressignificar os conteúdos escolares
diante do contexto em que ele se realiza. Deve partir das reais necessidades
dos alunos e ser um instrumento de crescimento humano. Aliar a formação
escolar à formação humana é o grande desafio que as escolas precisam
aceitar.
Neste capítulo busca-se compreender os processos de
aprendizagem dos alunos frente a um modelo curricular que não engesse o
aprendizado da língua materna e promova a ruptura com os padrões clássicos
de aprendizagem dos conceitos matemáticos.
Ao repensar a estrutura curricular na educação infantil, incluindo
jogos e brincadeiras efetivamente no cotidiano escolar, não apenas como
pontes para este ou aquele conteúdo, mas como conceitos próprios que se
desenvolvem na dinâmica com o outro, pretende-se esboçar uma breve
discussão sobre o que se deseja realmente no aprendizado destas áreas do
conhecimento ao se tratar de crianças entre quatro e cinco anos.
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2.1. Educação Infantil: A Sintaxe da Língua no Jogo e na
Brincadeira
Não há nada mais espontâneo numa criança do que a ação de falar.
Toda criança gosta de falar, contar coisas, encher os nossos ouvidos de
novidades. Infelizmente, a escola – ao contrário do discurso politicamente
correto – muitas vezes castra esta autoria.
Vygotsky já nos aponta a linguagem como instrumento de
cooperação mútua entre as crianças. Essa capacidade de trabalhar e produzir
em grupo é costurada pela linguagem. O desenvolvimento sócio-afetivo da
criança está intimamente relacionado ao desenvolvimento da linguagem oral,
que desencadeará, mais tarde, a linguagem escrita, produto tão almejado pela
escola.
A linguagem oral não deve ser encarada como um simples suporte
para o uso da linguagem escrita. Elas têm igual valor no desenvolvimento do
potencial dos alunos. A capacidade oral e o contato com a linguagem escrita
devem acompanhar os alunos desde sua entrada na escola, pois já o
acompanham, de forma assistemática, em outros grupos sociais. Não se pode
destituir uma em relação a outra. O grande desafio é torná-las foco de desejo
das crianças. Uma criança de 04 e 05 anos que fale e goste de falar, que
deseje escrever, que crie hipóteses orais e escritas, se bem estimuladas e
direcionadas com propriedade, serão, indubitavelmente, serem autores de suas
próprias linhas. O medo e a insegurança frente à palavra devem ser revogados
pelos professores de educação infantil. Essa ação será definitiva para garantir
ao aluno a formação de sua identidade com a língua materna.
A formação do pensamento infantil, em toda sua abstração, vem
representada através das diferentes linguagens: oral, corporal, gestual. Todas
elas formam a subjetividade da criança e revelam sentimentos, pensamentos e
aprendizagens.
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Por muito tempo, a escola atrelou-se ao desenvolvimento da
linguagem oral através da contação de história. Sem desmerecê-la, pois
conduz a um fio sintático indispensável a organização do pensamento, não
pode reduzir o conjunto de propostas a serem desenvolvidas nas classes
infantis.
Ao contar uma história, pessoal ou recontada, a criança exercita o
jogo do pensamento sintático. Seleciona fatos, escolhe partes, destaca ações,
opta por sentimentos de forma espontânea. As práticas escolares movidas
através do contar/recontar histórias possibilita uma possibilidade de contato
com o mundo letrado, capaz de despertar o interesse da criança pelo
aprendizado da leitura e da escrita de forma espontânea, sem o pesado fardo
das classes de alfabetização.
Contudo, esse viés não pode encarcerar o aprendizado da língua,
como ainda acontece em muitas salas. A hora das novidades, a hora do conto,
o blocão de notas por si só não dão conta do universo a ser explorado dentro
do jogo linguístico. A linguagem oral, assim como a escrita, enquanto prática
social deve permear todo universo escolar. A brincadeira e o jogo, nesse
sentido, revestem-se de igual teor de produtividade lexical e sintática,
contribuindo definitivamente para oportunizar vivências significativas no uso da
língua.
Parece importante salientar a máxima respondida por Emília Ferreiro
em seu livro Com todas as letras: “Deve-se ensinar a ler e a escrever na pré-
escola ou não?”. Segundo a autora, “Não se deve ensinar, porém deve-se
permitir que a criança aprenda.” Lembrando as escolas que antecipam esse
aprendizado, em detrimento a um desenvolvimento das subjetividades,
reforçamos a resposta, completando – assim permitido – que ao possibilitar o
contato de forma harmoniosa com a leitura e a escrita, o professor está
ensinando, sem que haja o encarceramento escolar mas, com tanta ou mais,
intencionalidade em seu fazer.
A diversidade textual seja ela oral ou escrita, através de desenhos,
letras, símbolos, números, grafismos implica uma apreciação crítica constante
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do estágio de desenvolvimento da criança. Implica, também, uma constante
formulação de hipóteses planejadas para carregar de significação os processos
de leitura e escrita.
Na brincadeira e no jogo a palavra ganha funcionalidade. Ela
exercita, junto com as outras formas de expressão, a cumplicidade e a
cooperação entre as crianças. Ela dá forma ao pensamento. Ela explicita uma
subjetividade que se quer exteriorizar.
As crianças conquistam a capacidade linguística de falar e de ouvir, cada uma delas em seu tempo, por meio da participação nesse tipo de situação e em outros atos de comunicação (conversas no dia a dia e cantorias, por exemplo). Essas outras situações de comunicação podem envolver também a leitura e a escrita... (CARDOSO, 2012, p. 60).
Apesar dos inúmeros desencontros, ao longo da trajetória escolar,
entre o brincar e o aprender, não se pode passar desapercebido a sua estreita
relação com linguagem. Longe de reduzi-lo a um suporte da língua, capítulo
posterior deste trabalho, a sua relação com a mesma é intensa. Ambos
potencializam o sujeito, possibilitando a livre expressão da criança, carregada
de significados.
A valorização do jogo dentro da educação infantil é proporcional a
uma reinvenção da linguagem dentro das práticas escolares nesse segmento.
A linguagem oral e escrita adquire, nessas classes, uma importância que vai
muito além da decodificação de um código linguístico, pois remetem a própria
subjetividade do sujeito que a utiliza.
Estimular uma criança a ler, escrever, mesmo que hipoteticamente,
ou ainda, cantarolar uma música, repetir uma quadrinha, completar uma frase,
recontar uma história, desenhar, pintar, falar possibilita o uso prazeroso do
idioma. Um contato fértil e fomentado por ações que transportem essa criança
para o mundo letrado, fortalecida em sua capacidade de recriação.
É importante que a criança possa procurar informações em outros textos, suportes ou com colegas e o próprio professor. Aliás, o grande desafio do professor é intervir nesses momentos, proporcionando interações produtivas,
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instrumentalizando o aluno e levando-a à reflexão e ao avanço na aprendizagem. (CARDOSO, 2012, p. 81)
Ao contrário de antecipar aprendizagens, o professor de educação
infantil oferece, gentilmente, experiências com a linguagem, sem a emergência
da alfabetização, porém sem negligenciar o poder do mundo letrado. O
professor, como orientador do caminho, busca alternativas pedagógicas para,
através da ludicidade, desenvolver no aluno o gosto pelas letras. Uma
linguagem representada pela liberação dos sentidos, pela experiência prática e
pelo prazer de conhecer.
2.2. A Linguagem Matemática na Ludicidade
Durante o planejamento, o professor na educação infantil deve
privilegiar propostas que apontem para os conceitos matemáticos dentro do
cotidiano.
Atividades como a contagem de alunos, a roda com alunos
alternados em meninos e meninas, os gráficos das aptidões, dos gostos, das
histórias contadas, os materiais de contagem organizados e distribuídos em
diferentes cantos são meios de persuadir as crianças a mergulhar no universo
dos números.
Nesse sentido, as brincadeiras cantadas e os jogos permitem um
caminho seguro para este conhecimento. Uma turma de alunos quando brinca
de “mamãe posso ir”, por exemplo, além de mergulhar num universo cultural
diferente do seu, tem a possibilidade de compartilhar conceitos matemáticos
como medida, lateralidade, comparação, distância.... Neste momento, além do
prazer do jogo, do acolhimento e do resgate do teor infantil – tão enfraquecido
ultimamente – encontram-se vários outros eixos a serem explorados durante a
aula.
A necessidade de sistematização desses conceitos é discutível.
Observa-se, na criança de quatro e cinco anos, principalmente, uma
aprendizagem maior quando voltada para a experimentação, para a vivência de
diferentes aprendizagens. Transformar esta experiência sensível em conceito
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escolar, já na educação infantil, precipita uma exploração abstrata que em
nada contribui para o desenvolvimento dos conceitos matemáticos explorados.
Ainda hoje se observa um grande número de folhas de exercícios
que carecem de sentido prático nas turmas de educação infantil. As velhas
raízes de uma prática descontextualizada ainda persistem. Ao cobrir
pontilhados, completar linhas vazias, fazer bolinhas, quadradinhos ou
memorizar nomes de figuras geométricas, por exemplo, a criança não se vê
curiosa por não encontrar nestas atividades nenhum tipo de desafio.
A atividade lúdica é decisiva no desenvolvimento das crianças porque as liberta de situações difíceis. No brincar, as coisas e as ações não são o que aparentam ser; e, em situações imaginárias, as crianças começam a agir independentemente do que veem e a ser orientadas pelo significado da situação. (FRIEDMANN, 2012, p.40)
A matemática vem se tornando um grande desafio para os
educadores nos últimos anos. Os mecanismos de avaliação do ensino vêm
demonstrando um grande esmagamento desta disciplina. Muitos teóricos,
debruçados a fim de entender o que se passa no aprendizado desta ciência,
vem apontando para falhas contundentes no ensino matemático desde a
entrada da criança na educação infantil.
A urgência na assimilação dos conceitos, regras e fórmulas vem
trazendo o ensino da matemática para uma grande encruzilhada. Apesar dos
inúmeros investimentos em materiais concretos, cursos e formação docente
neste sentido, o que se observa é a continuidade de uma prática abstrata, onde
os números são apresentados e representados graficamente, sendo objetos de
memorização constante pelos pequenos.
Dessa forma, a matemática perde sua vivacidade, sua praticidade e
torna-se, definitivamente, o grande algoz das escolas. Os índices do PISA,
IDEB, SAEB e outros demonstram um grande retrocesso no desenvolvimento
dos alunos. Ao contrário dos processos de alfabetização, que aos poucos vem
ganhando novas abordagens e, principalmente, vem sendo revisitado
26
constantemente, a matemática parece encarcerada na incapacidade da escola
em torná-la lúdica.
Exemplos como os acima ainda são esporádicos e negligenciados
no dia a dia escolar. São práticas evasivas que, infelizmente, não pertencem a
um currículo vivo, dinâmico e sensível às manifestações da criança. Pensar na
inclusão dos jogos e brincadeiras para o ensino da matemática é abrir janelas
de descobertas para os alunos, instigando e distanciando-os de respostas
prontas.
2.3. Os Mecanismos de Aprendizagem na Educação Infantil
Como a criança aprende? Que processos são salientados em uma
ou outra forma de abordagem? Que apontamentos e observações devem
nortear as propostas pedagógicas? Conhecer os processos de aprendizado
dos alunos é fundamental para a construção de uma proposta segura.
Os pensamentos de Piaget e Vygotsky, por exemplo, fundamentam
práticas onde são permitidas diferentes experiências que possibilitam a
construção dos conceitos indispensáveis ao conhecimento formal.
Piaget, por exemplo, em algumas obras, pontua a relação entre o
jogo e o funcionamento intelectual. No livro A formação do símbolo na criança,
através da observação não deixa despercebida a contextualização do
pensamento infantil frente aos desafios lúdicos propostos ou mesmo
espontâneos. Ao pontuar alguns aspectos comuns a todos os jogos, Piaget
esclarece a importância dos mesmos para uma aprendizagem sólida e pessoal,
de forma sistêmica ou mais ampla, implícita no sentido do brincar.
O autor pontua a espontaneidade, o prazer, o interesse, a amplitude
da proposta, a libertação e a intensidade das emoções como pontos favoráveis
à aprendizagem que são acionados no decorrer de uma brincadeira.
Em seu trabalho sobre a importância das brincadeiras para a
formação do pensamento infantil, encontram-se os pilares do pensamento
piagetiano: os processos de acomodação e assimilação. A simbologia inerente
27
ao jogo, os exercícios e as regras (próprias ou criadas) estimulam o
aprendizado e tornam as crianças autoras de seus próprios pensamentos
formais. A intervenção do adulto, neste sentido, contribui para o
desenvolvimento dos processos intelectuais ou a tomada de consciência do
mundo a sua volta.
A sequência nas ideias deriva dos progressos na socialização. É interessante notar esse círculo de aquisições sociais e mentais no domínio do simbolismo lúdico, tal como se pode assinalá-lo incessantemente no da representação adaptada. Há passagem do egocentrismo inicial para a reciprocidade. No que diz respeito ao simbolismo lúdico, todo o progresso da socialização culmina em sua transformação, no sentido da imitação objetiva do real. (FRIEDMANN, 2012, p. 35).
Eis aí o ponto de encontro com o estudo de Vygotsky. Se Piaget
concentra seus esforços na esquematização do pensamento, no simbolismo
inerente ao brincar e nos processos de construção desses esquemas mentais,
Vygotsky recupera a ludicidade como mote indispensável à socialização do
indivíduo, que para ele, pressupõe condição fundamental para a aprendizagem.
Encarando os processos de aprendizagem como produtos sociais, o
pensamento vygotskyano nos apresenta o brincar como elemento propulsor
das ações de cooperação e compartilhamento necessárias para o
desenvolvimento humano.
Para ele, o brincar das crianças é imaginação em ação e condena a
intelectualização dos jogos, que o desconfigura como ato de criação pessoal ou
coletiva. Ao contrapor o caráter intelectual de alguns jogos, Vygotsky não
fragiliza as regras que, para o autor, são necessárias e implícitas a qualquer
ação humana. Como forma de representação social, as brincadeiras infantis
apresentam regras próprias ou criadas, consciente ou inconscientemente, que
colaboram para o desenvolvimento lógico e emocional dos alunos.
No contato pessoal e lúdico, as crianças desenvolvem-se social,
cognitiva e emocionalmente, compartilhando desejos, anseios e reconstruindo
significações até então incompreendidas. O desenvolvimento do pensamento
abstrato é favorecido pelos relacionamentos desenvolvidos durante o brincar.
28
Compreender os processos de aquisição do conhecimento das
crianças é tão fundamental quanto reconhecer suas necessidades, suas
dificuldades e seus medos. Transportá-las por um caminho seguro e feliz, a fim
de garantir-lhes a capacidade criadora e assegurar-lhes condições de
compreensão ampla dos conceitos trabalhados é condição sine qua non para o
desenvolvimento de todo seu potencial.
Nesse ponto, a relevância encontra-se no conhecimento do
professor sobre as reais necessidades dos alunos, seus interesses, sua
percepção de si e dos outros, sua capacidade de compartilhamento para
construir pontes para potencializar seus processos pessoais. O conhecimento
do seu repertório cultural e de sua historicidade contribui para a exploração do
universo lúdico.
Na observação de como as crianças brincam e de como se
relacionam umas com as outras, com objetos, com desafios, estímulos deve
pautar o desenvolvimento das propostas pedagógicas dos educadores. O
desenho das atitudes e respostas educativas dos alunos durante os jogos e
brincadeiras traz um grande leque de possibilidades as ações docentes,
desencadeando novas estruturas de aprendizagem para a inclusão de todos os
alunos.
29
CAPÍTULO III
A EDUCAÇÃO INFANTIL E OS MOVIMENTOS DE
COOPERAÇÃO DENTRO DO ESPAÇO ESCOLAR
A parte final deste trabalho concentra o desejo de reforçar a
importância do trabalho coletivo dentro do espaço de educação infantil.
Distante dos mecanismos de avaliação sistematizados, a educação infantil
torna-se libertadora. Em sua trajetória, durante um ou dois anos, as crianças
podem usufruir de diferentes estratégias de aprendizagem. Podem
experimentar o “eu” e o “nós” com a mesma desenvoltura.
A capacidade de cooperação, a possibilidade de vivências práticas e
a exploração do mundo, dos objetos, das pessoas e do sentido possibilitam
uma série de experiências que aguçam, na criança, a vontade de aprender,
conhecer e compreender tudo em seu entorno.
Essa flexibilidade curricular, proposta deste capítulo, traz consigo a
importância de uma avaliação integral, baseada não apenas nos conceitos
propostos no currículo, mas no desenvolvimento da criança como um todo. A
observação, como será pontuado, ganhará importância fulcral para o
reconhecimento dos resultados bem como o traçar de novos percursos.
As brinquedotecas, objeto deste estudo deste capítulo, tornam-se
instrumentos potencializadores desta nova forma de atuar. Aparecem como
espaços de formação de educandos e educadores. Fortalecem a relação entre
o real e o imaginário, o sentido e o palpável. Costuram uma nova forma de
encarar o brincar na educação infantil.
3.1. O Individual e o Coletivo dentro da Organização do
Trabalho na Educação Infantil
O tratamento dado aos jogos e brincadeiras dentro da proposta
curricular na educação infantil parece óbvio; a ênfase dada a sociabilidade e
30
aos processos de construção coletiva já não passam desapercebida da maioria
dos educadores. Contudo, ainda persiste a resistência quanto a elencar o
brincar num patamar mais elevado do que o de instrumento para compreensão
de conceitos escolares.
O ser humano se forma através das relações que estabelece com os
diferentes grupos sociais. Sua historicidade e seu repertório sensível são
influenciados pelas relações humanas que estabelece ao longo da vida. A
escola, portanto, é um lugar privilegiado para o desenvolvimento humano, do
ponto de vista cognitivo, ético, emocional e de valores.
Para as crianças, explorar diferentes referenciais de significação
com outras crianças permite uma segurança e o desenvolvimento de relações
que lhes permitem a troca, a cooperação e a cumplicidade, que deverão
permear suas relações futuras.
Quando a criança desenvolve atividades grupais, sejam grupos
pequenos ou amplos, começa a perceber o outro e a si mesmo de forma mais
generosa. Mesmo nos conflitos, derivados das fase egocêntrica (típica das
crianças da faixa etária desse estudo), há a oportunidade de se estimular a
consciência da importância do repartir, ceder, compreender, que pode se dá
por exemplos ou mesmo pelo diálogo, mas que será decisiva para a formação
de valores.
Reconhecer a importância do jogo para a infância nos permite pensar num ensino e numa aprendizagem mais abrangente, envolvente e inserida na realidade, pois possibilita a construção da ponte entre o real e o imaginário, sem perder de vista o vínculo entre o pensar, o agir e sentir. (SOMMERHALDER, 2011, p.29)
A realidade que se descortina atualmente é de um mundo cada vez
mais pragmático, acelerado e focado nas aptidões pessoais. Nunca houve
tanta apologia ao individualismo. A mentalidade de mercado, a visão positivista
do mundo e a competitividade chegam muito cedo aos olhos das crianças. Não
faltam exemplos. A velocidade das informações e a implicitude dos modelos
recriam valores e propagam verdades que acabam por precipitar os processos
31
de maturação das crianças. A infância vem sendo assolada por diferentes
formas de violência. A precocidade da vida adulta vem esmagando o
desenvolvimento da criança, tornando-a uma réplica impecável da sociedade
de consumo.
Nessa situação, o trabalho escolar ganha maior importância. Em seu
seio, a criança pode vivenciar outras formas de prazer, recriar valores da
primeira infância e experimentar, no contato com o outro, diferentes formas de
socialização.
Ao colocar a brincadeira no planejamento escolar da educação
infantil, no plano que lhe é cabível, a oportunidade de desenvolvimento das
relações afetivas de forma positiva será muito maior. Na ludicidade, a uma
atmosfera de liberdade e espontaneidade que foge aos padrões de
competitividade. Mesmo em jogos de disputa, como corridas de saco,
coelhinho na toca, onde há “vencedores”, a relação grupal sai fortalecida e o
resultado final não tem a menor relevância diante das emoções sugeridas
durante a atividade.
Brincar é uma ação cotidiana para a criança que a impele a tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si e ao outro, partilhar brincadeiras, construir sua identidade, explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura na perspectiva de compreendê-la, usar o corpo, os sentidos, os movimentos e as várias linguagens. (SOMMERHALDER, 2011, pág. 61)
Não se pode pensar em relação de grupo e desenvolvimento
humano através das relações sociais sem apontar para o estudo de Vygotsky
quando trata da zona proximal de desenvolvimento. Sem dúvida, uma das
grandes contribuições do autor foi elevar a importância da cooperação no
desenvolvimento das crianças, desmistificando o individualismo como fundador
da prática educativa.
A criança, durante seu desenvolvimento cognitivo e emocional,
apresenta momentos em que os desafios propostos pela escola são não
passíveis de realização sem a ajuda dos outros, sejam eles adultos ou
crianças. Neste momento, a sensibilidade do docente no sentido de oportunizar
32
a ação coletiva como dispositivo de aprendizagem mútua é fundamental, pois
com certeza, futuramente, tal proposta será facilmente desenvolvida pelo
mesmo aluno. A zona proximal define-se, a grosso modo, nas ações que,
momentaneamente, as crianças necessitam de apoio para desenvolver. Ao
obtê-lo reconhecem sua capacidade em realizar de forma coletiva e, aos
poucos, caminham para uma autonomia. Neste trabalho toma-se a licença,
quase poética, de redefinir a zona proximal como um grande exemplo de
solidariedade, que, permitida e, principalmente, valorizada e instigada pela
escola, contribui para o desenvolvimento maior da potencialidade dos alunos,
incluindo a todos no processo de construção do conhecimento.
A inclusão, neste princípio, torna-se elemento natural deste
processo. A realidade com que se deparam os educadores é de classes
heterogêneas, com necessidades múltiplas, que requerem, além da
sensibilidade humana, o desenvolvimento de diferentes habilidades. A inclusão,
em seu sentido amplo, não se restringe aos PNEE’s (Portadores de
Necessidades Educativas Especiais). Ela se concentra em toda e qualquer que
criança, que, por algum motivo, sofra qualquer espécie de discriminação ou de
violência. Entende-se que a impossibilidade de aprendizagem já gera, em uma
criança, marcas indeléveis de sofrimento. Assim, retoma-se nesta linha o
sentido de cooperação. A criança, que em seu estado natural é solidária,
favorece o trabalho do educador, torna-se autora de sua prática e coautora dos
seus amigos.
Hoje, o desafio lançado vai além do conhecer a teoria já tão
perfeitamente esboçada. Caminha-se para a construção de uma escola
humana, solidária e justa. Essa escola começa a se configurar nesses moldes
ou não no trabalho desenvolvido pela educação infantil.
33
3.2. Brinquedoteca: A Construção Formal do Espaço das
Brincadeiras
Já se pontuou neste trabalho a importância da multiplicidade dos
espaços como forma de aguçar os sentidos e a curiosidade das crianças
acerca dos objetos, ambientes e organizações.
Em um trabalho sobre “brincar” seria imperdoável uma breve
colocação sobre um espaço que a cada dia ganha maior importância na
organização escolar: a brinquedoteca.
Há algum tempo atrás, a brinquedoteca era um privilégio das
escolas particulares. Nelas, tratava-se de um espaço alternativo onde as
crianças circulavam por meios de brinquedos, muitas vezes sem a devida
atenção docente.
Com o passar dos anos, a brinquedoteca tornou-se elemento
agregador ao currículo de educação infantil Neste espaço, através da
diversidade de objetos e da organização espacial diversificada, a criança tem a
oportunidade de desenvolver diferentes habilidades e experimentar novas
formas de aprendizagem.
Através da exploração e do contato com diferentes materiais, a
criança desenvolve novas competências e agrega outros valores. Hoje, a
construção das creches e dos edis já prevê em sua estrutura as
brinquedotecas, não apenas como espaços de recreação – que o são em sua
essência – mas como alternativas pedagógicas para práticas mais sensíveis e
contextualizadas.
A brinquedoteca é um espaço cuidadosamente planejado e organizado para a concretização do brincar. Brinquedos variados, coloridos, novos, de madeira, plástico, metal, pano, etc. que permitem a realização de desejos, proporcionando à criança a oportunidade de brincar conforme sua vontade. Entretanto, a brinquedoteca não é apenas um lugar de brinquedo. Os objetos inertes nas estantes, quando chegam às mãos da criança, adquirem vida. (SOMMERHALDER, 2011, p. 68).
34
A ideia e o uso da brinquedoteca não é uma exclusividade do
espaço escolar. Cada vez mais hospitais, empresas e diferentes instituições
vem oportunizando a criação desse espaço e, com ele, reconhecendo o valor
da brincadeira para o desenvolvimento integral da criança. Outras iniciativas
são as brinquedotecas itinerantes, que, num país continental como o nosso,
possibilitam o abarcamento maior da população infantil.
Muitas empresas contribuíram para o expressivo aumento do
número de brinquedotecas em nosso país. A ABRINQ, a Organização Mundial
da Educação Pré-escolar (OMEP) e a Associação Mundial pelo Direito de
Brincar (IPA), por exemplo, são algumas instituições que contribuíram para a
disseminação dessa ideia, não só com investimentos, mas com propaganda e
esclarecimentos.
Os investimentos nesse espaço de aprendizagens múltiplas não se
restringem só às crianças. Embora elas sejam o principal objetivo, as ações
estendem-se às famílias, que aprendem a brincar com os filhos, que resgatam
uma memória infantil indispensável ao fortalecimento do elo familiar. Deixar o
brincar cair no esquecimento definitivamente é a luta que motiva a criação de
mais espaços como este.
O espaço da brinquedoteca não é suficiente por si mesmo enquanto
facilitador do aprendizado. Para que ele se configure como tal, é imprescindível
que o educador promova atividades lúdicas que potencialize todas as
competências. É preciso que interaja com o espaço e com os alunos, agindo e
sendo atingido pelo mesmo. O interesse do aluno pelo espaço da
brinquedoteca é proporcional ao interesse do professor pelo mesmo espaço. A
brinquedoteca, para a escola, torna-se um espaço de aprendizagem para
alunos e professores. Nele, durante os processos de construção do
conhecimento que perpassam pelas diferentes brincadeiras, professores e
alunos se encontram amorosamente e se reconfiguram como tais, de forma a
que um exerça influência direta sobre o outro, num movimento de feedback
constante.
35
Se brincar é uma necessidade inerente à criança e, quiçá, ao ser
humano, independente de sua idade, criar espaços como as brinquedotecas é
um grande investimento no sentido de oportunizar esta vivência e escapar
definitivamente da praticidade frígida do cotidiano. A escola, como promotora
de transformação social, não pode negar a importância desta conquista, ao
contrário, deve apropriar-se seguramente dela e utilizá-la em prol da
construção de uma escola cidadã e humana.
3.3- O FAZ DE CONTA: BRINCANDO DE CONTAR NOVAS HISTÓRIAS
Não há, dentro das políticas públicas de educação, propaganda mais
forte do que o desenvolvimento de leitores. Já se chegou a conclusão de que a
necessidade de ampliar os mecanismos leitores dentro das escolas é
fundamental para o desenvolvimento de uma educação de qualidade e
verdadeiramente cidadã.
Ao perceber a urgência em multiplicar as individualidades leitoras
dentro do espaço escolar, o sistema produziu inúmeros movimentos
pedagógicos: construção de salas de leitura (modelo mais afetivo das
bibliotecas públicas), o acesso financeiro a investimentos literários (as bienais,
os salões dos livros), a promoção de acervos para cada escola, com diferentes
faixas etárias, a capacitação de docentes para o uso e a organização dos
espaços criados, bem como do desenvolvimento das práticas de aula, entre
outros. Contudo, tamanho investimento não veio acompanhado de uma
mudança de mentalidade do próprio contar histórias. Novamente, a escola via-
se frente ao abismo do seu espírito “pedagogizante”.
Ao encurralar a contação de histórias a formalidade educativa, retirou-
se dela a essência de sua realização: o faz de conta, princípio básico dos jogos
e brincadeiras infantis.
A contação de histórias proporciona um grande leque de oportunidades
para o desenvolvimento do espírito lúdico dentro das crianças. Muito além de
contar, ouvir, recontar histórias, a criança imagina locais, personagens, ações,
cenas. Ao despertar a imaginação, já se constrói o jogo, a brincadeira. Ao
36
distanciar o contar histórias de práticas repetitivas e monótonas, imprimindo-lhe
um ritmo mais dinâmico, propicia-se um fazer lúdico construtivo e repleto de
significação.
Não se quer neste espaço conduzir o pensamento reflexivo a
contrariedade das práticas escolares formais. Sabe-se a importância da
aprendizagem de conceitos e conteúdos escolares que vão costurar a
formação intelectual dos alunos. Todavia, a reflexão que se propõe é a de que
até que ponto o encarceramento do faz de conta, e como um todo, da
ludicidade, dentro de modelos mais formais, descaracterizam o seu objetivo
maior: o de espaço de convivência humana e construção afetiva. Ao
negligenciar o faz de conta, privilegiando as estruturais formais do texto (oral e
escrito) já nas classes de educação infantil (realidade que, embora
aparentemente distante, torna-se cada vez mais comum), a escola se priva de
elementos indispensáveis a uma prática escolar mais humana.
37
CONCLUSÃO
Durante a tentativa de traçar essas linhas, abrindo uma discussão
sobre a importância da brincadeira na aprendizagem dos alunos de educação
infantil, surgiram questões pontuais que, se por um lado responderam alguns
dos pontos alavancados neste trabalho, por outro, deixaram ainda mais
questionamentos para discussões futuras.
O caráter emblemático do trabalho com a educação infantil traz à
tona a necessidade de constante reflexão acerca das práticas já estabelecidas
e da necessidade pungente da inauguração de novas práticas, que se
modificam conforme os diferentes contextos em que se apresentam.
Se, ao começar o trabalho, pairava certa convicção sobre a relação
entre o brincar e o desenvolvimento das diferentes potencialidades da criança,
ao término deste, concretiza-se a relevância e a inesgotabilidade do tema, para
além das fronteiras da escolarização.
As concepções aqui delineadas são norteadoras para um processo
de transformação do espaço escolar a priori e, em sentido amplo, ao próprio
conceito de educação.
As brincadeiras concentram em si mesmas ingredientes importantes
para desenvolver no aluno a motivação necessária para o processo de ensino-
aprendizagem. Ao vivenciar, ludicamente, com outras crianças, experiências
positivas dentro da escola, o aluno arrisca-se e mergulha no universo escolar
de forma prazerosa.
A escola precisa assumir, definitivamente, o compromisso com a
felicidade. Precisa resgatar a sua vocação para o sucesso. Discutir
amplamente a organização, as práticas educativas, os valores desejados, as
experiências vividas garante um importante passo rumo a revolução que
esperamos já começar na educação infantil.
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Não cabe mais nas salas de aula alunos apáticos, desmotivados ou
robotizados por aulas sem vida. Não cabe mais a repetição desnecessária, os
exercícios fatídicos de cópias incessantes e sem significação. A vida pulsa na
criança e, consequentemente, a escola é o lugar que deve deflagrar todos os
movimentos humanos. A criança de educação infantil chega à escola com
muitas expectativas. A vontade de aprender é inerente. A felicidade está nos
olhos. A escola, para os alunos, é o lugar onde eles aprenderão não só os
conteúdos, mas também os valores fundamentais à vida.
A crença de que já começamos a aprender a valorizar os alunos e
seus aprendizados desde o berçário é intensa. A escola passa por um
momento conflituoso, onde se despe da forma acomodada como sempre lidou
com os conteúdos escolares para mergulhar em novas propostas. Ainda
encontramos resistência, desconforto e descrença frente às mudanças e
principalmente à seriedade de algumas propostas. Mas o que se pretendeu
demonstrar neste espaço e deseja-se fervorosamente ter alcançado é que a
mudança é possível, o nascimento de uma práxis humana e lúdica não é fácil,
mas viável. E nela, concentram-se as esperanças de uma educação verdadeira
inclusiva.
39
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, Maria Carmen Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos
Pedagógicos na Educação Infantil. Porto Alegre: Grupo A, 2008.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto (MEC). Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil. Vol. 1, 2 e 3. Brasília, 1998.
BRITO, Teca Alencar de. Música na Educação Infantil. São Paulo: Peirópolis,
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Infantil. São Paulo: Anzol, 2012.
FRIEDMANN, Adriana. O Brincar na Educação Infantil: observação,
adequação e inclusão. São Paulo: Moderna, 2012.
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Paulo: Scipione, 1989.
SOMMERHALDER, Aline; ALVES, Fernando Donizete. Jogo e a Educação da
Infância. Curitiba: Editora CRV, 2011.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins
Fontes, 1993.
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I A Construção da Identidade da Educação Infantil nas Escolas Públicas Cariocas 11 1.1. Políticas Públicas de Educação Infantil: Avanços e Retrocessos 11 1.2. Do Jardim de Infância À Educação Infantil: As Mudanças Práticas no Currículo 14 1.3. A Formação do Professor de Educação Infantil 16 1.4. A Predisposição Para o Brincar Dentro das Práticas Escolares 18 CAPÍTULO II Currículo X Ludicidade: A Intencionalidade do Brincar na Educação Infantil 20 2.1. Educação Infantil: A Sintaxe da Língua no Jogo e na Brincadeira 21 2.2. A Linguagem Matemática na Ludicidade 24 2.3. Os Mecanismos de Aprendizagem na Educação Infantil 26 CAPÍTULO III A Educação Infantil e os Movimentos de Cooperação Dentro do Espaço Escolar 29 3.1. O Individual e o Coletivo dentro da Organização do Trabalho na Educação Infantil 29 3.2. Brinquedoteca: A Construção Formal do Espaço das Brincadeiras 33 3.3. O Faz de Conta: Brincando de Contar novas Histórias 35 CONCLUSÃO 37 BIBLIOGRAFIA 39